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Apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do municipio de Irani-SC. Segala, C.Z.S; Silva, I.T. da. Custos e @gronegócio on line - v. 3, n. 1 - Jan/Jun - 2007. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 61 Apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do municipio de Irani-SC. Cristiane Zucchi Sopelsa Segala Especialista em Ciências Contábeis pela UnC Instituição: Universidade do Contestado Endereço: Travessa Lamonatto, 299. Centro. Concórdia-SC. CEP: 89.700-000. E-mail: [email protected] Ivanir Techio da Silva Metre em Engenharia da Produção pela UFRGS Instituição: Universidade do Contestado Endereço: Travessa Lamonatto, 299. Centro. Concórdia-SC. CEP: 89.700-000. E-mail: [email protected] Resumo O presente estudo desenvolveu-se em uma propriedade rural localizada no município de Irani- SC onde foram apurados os custos na atividade de produção de leite utilizando os princípios do custeio por absorção integral. Foram acompanhados os custos incorridos durante os meses de março, abril e maio de 2006. Para isso foi necessário que se adaptassem planilhas de controles já existentes e criassem outras para melhorar a eficiência das informações. Os dados foram coletados semanalmente pelo proprietário. A análise dos dados possibilitou, além da apuração dos custos de produção, uma análise comparativa entre as receitas e despesas da atividade no trimestre estudado, bem como dos resultados operacional, contábil e financeiro. Foi possível verificar que os três períodos apresentaram prejuízo contábil, no entanto uma análise econômica-financeira mostra prejuízos inferiores nos meses de março e abril e lucro no mês de maio. O mau desempenho demonstrado pela atividade no período justifica-se devido às dificuldades que a agricultura se deparava, com longos períodos de estiagem, aumento dos preços dos implementos e insumos agrícolas e principalmente pelos baixos preços pagos ao produtor por litro de leite comercializado. Finalmente, recomendou-se ao produtor que continuasse a acompanhar dos custos utilizando as planilhas elaboradas no sentido de manter um controle confiável subsidiando informações úteis ao gerenciamento da propriedade. Palavras-chave: Custos, Produção de leite, Contabilidade rural 1. Introdução Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhor qualidade, o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas tanto na área de produção como também no gerenciamento financeiro de sua propriedade.

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Custos e @gronegócio on line - v. 3, n. 1 - Jan/Jun - 2007. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br

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Apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do municipio de Irani-SC.

Cristiane Zucchi Sopelsa Segala

Especialista em Ciências Contábeis pela UnC Instituição: Universidade do Contestado

Endereço: Travessa Lamonatto, 299. Centro. Concórdia-SC. CEP: 89.700-000.

E-mail: [email protected]

Ivanir Techio da Silva Metre em Engenharia da Produção pela UFRGS

Instituição: Universidade do Contestado Endereço: Travessa Lamonatto, 299. Centro.

Concórdia-SC. CEP: 89.700-000. E-mail: [email protected]

Resumo O presente estudo desenvolveu-se em uma propriedade rural localizada no município de Irani-SC onde foram apurados os custos na atividade de produção de leite utilizando os princípios do custeio por absorção integral. Foram acompanhados os custos incorridos durante os meses de março, abril e maio de 2006. Para isso foi necessário que se adaptassem planilhas de controles já existentes e criassem outras para melhorar a eficiência das informações. Os dados foram coletados semanalmente pelo proprietário. A análise dos dados possibilitou, além da apuração dos custos de produção, uma análise comparativa entre as receitas e despesas da atividade no trimestre estudado, bem como dos resultados operacional, contábil e financeiro. Foi possível verificar que os três períodos apresentaram prejuízo contábil, no entanto uma análise econômica-financeira mostra prejuízos inferiores nos meses de março e abril e lucro no mês de maio. O mau desempenho demonstrado pela atividade no período justifica-se devido às dificuldades que a agricultura se deparava, com longos períodos de estiagem, aumento dos preços dos implementos e insumos agrícolas e principalmente pelos baixos preços pagos ao produtor por litro de leite comercializado. Finalmente, recomendou-se ao produtor que continuasse a acompanhar dos custos utilizando as planilhas elaboradas no sentido de manter um controle confiável subsidiando informações úteis ao gerenciamento da propriedade. Palavras-chave: Custos, Produção de leite, Contabilidade rural

1. Introdução

Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhor qualidade, o

produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas tanto na área de produção como

também no gerenciamento financeiro de sua propriedade.

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Neste sentido Miranda (2006) destaca que a agricultura passou por uma crise na

década de 1990 onde muitos ficaram no meio do caminho e só sobreviveram aqueles que

adotaram métodos de gestão profissional no campo.

Através desses acontecimentos houve uma melhor exploração dos recursos com a

finalidade de obter de forma ágil e segura o retorno do investimento e adquirir maior

rentabilidade dentro da atividade desenvolvida. Associado a isso, passaram a ofertar melhores

produtos e serviços a um mercado consumidor cada vez mais exigente e em busca de

qualidade.

A autora contribui ainda salientando que a contabilidade pode desempenhar um

importante papel como ferramenta gerencial, através do fornecimento de informações que

permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisões, transformando as propriedades

rurais em empresas com capacidade para acompanhar a evolução do setor, principalmente no

que tange aos objetivos e atribuições da administração financeira, controle dos custos,

diversificação de culturas e comparação de resultados.

Para que uma empresa se mantenha no mercado atual, independente do ramo de

atividade em que atua, é essencial que possua um amplo conhecimento e um gerenciamento

apropriado às suas necessidades e às exigências impostas pelo mercado em que está inserida.

(MIRANDA, 2006)

Para Crepaldi (2005, p.23-24)

Nos últimos anos tem havido especialização da agricultura na produção (...) da mesma forma intensifica-se cada vez mais a mecanização da lavoura, o que possibilita melhoria significativa de qualidade nas práticas agrícolas, mas torna necessário o desembolso de quantias vultuosas para sua compra, conservação e serviço. (...) assim, torna-se indispensável aos produtores rurais o conhecimento aprofundado do seu negócio.

O autor complementa enfatizando a importância do produtor estar sempre atualizado

sobre o mercado para que possa optar pelo tipo de atividade que lhe proporcione maior

retorno financeiro.

Segundo dados da Embrapa Gado de Leite (2003), Santa Catarina possui um rebanho

de 643.420 vacas ordenhadas, sendo que cerca de 59% concentram-se na região Oeste

representando 68,3% da produção de leite do estado.

Neste sentido, o estudo aborda uma investigação centrada nos custos de produção da

atividade leiteira, devido a sua forte influência na economia da região oeste de Santa Catarina,

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em uma Cabanha (um estabelecimento moderno e especializado para a pecuária, com sistemas

aperfeiçoados de criação das espécies) localizada no município de Irani-SC, que tem como

principal atividade a produção de leite de bovinos da raça Jersey.

O presente artigo é produto de uma monografia de especialização Lato sensu com

concentração em Controladoria da Universidade do Contestado-UnC, campus Concórdia-SC.

Considera-se que o estudo proporciona informações importantes que contribuem para

o gerenciamento da atividade de produção de leite na propriedade, subsidio importante pois,

como foi possível verificar em visita prévia ao estudo, os controles internos desenvolvidos

não atendiam eficientemente às necessidades gerenciais da propriedade.

Apesar de existirem planilhas para controle interno estruturadas, elas não eram

atualizadas periodicamente, o que vinha dificultando o fornecimento de informações ágeis e

precisas aos proprietários da cabanha.

2. Contabilidade de Custos na Atividade Rural

Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhores qualidades,

o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas na produção e também no

gerenciamento financeiro de sua propriedade.

A contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial,

através de informações que permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisão,

transformando as propriedades rurais em empresas com capacidade para acompanhar a

evolução do setor, principalmente no que tange aos objetivos e atribuições da administração

financeira, controle dos custos, diversificação de culturas e comparação de resultados.

2.1. Sistemas de custeio

Sistema de custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra, de

forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção empregados no

processo. (SANTOS, MARION e SEGATTI, 2002).

De maneira geral, como descrito por Bornia (1997), “um sistema é composto por um

princípio geral, que norteia o tratamento das informações, e métodos que viabilizam a

operacionalização daquele princípio”.

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Dentro da bibliografia pesquisada não há uma definição que estruture o sistema de custeio de forma clara e que o vincule à definição como apresentada por Bornia anteriormente, isto é, dentro de um princípio e métodos de custeio. Ainda não há consenso a respeito deste assunto entre os autores abordados. Há uma certa confusão ao se referir a métodos e princípios, onde, muitas vezes estes dois conceitos misturam-se. Os termos definidos nesse tópico não são entendidos da mesma forma por todos os autores. (SAKAMOTO, 1999, p.71).

Os objetivos básicos para estruturação de um sistema de custeio estão intimamente

ligados aos propósitos a que se destinam, isto é, financeiro, operacional e estratégico

(PLAYER et. al, 1997, p. 8).

Para Bornia (1997), o alcance das diferentes necessidades de informações demandadas

por estes três propósitos distintos, podem ser considerados três princípios de custeio para

estruturação de um sistema:

Custeio variável ou direto (Variable Costing);

Custeio por absorção integral ou total (Total Costing);

Custeio por absorção ideal;

2.2. Princípios de custeio

A modificação de um princípio no sistema de custeio pode provocar resultados

diferenciados para uma mesma base de dados analisada.

2.2.1. Custeio por absorção integral ou total

Este princípio de custeio procura alocar a totalidade dos custos de produção aos

produtos (figura 1) isto é, considera como custo de produção para avaliação de estoque os

custos fixos e variáveis.

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Figura 1 - Modelo de custeio por absorção integral ou Total. Fonte: Drury (1996).

Dentro da literatura contábil o custeio por absorção integral também é conhecido

como custeio por absorção, custeio integral e custeio total. Porém, como explicado

inicialmente, as definições adotadas fazem parte de uma linha de pensamento que os

diferencia. Este princípio é o oficial para o custeio dos produtos, conforme a Lei das S.A.

6.404 de 1976.

Martins (1998), salienta que Custeio por Absorção caracteriza-se por ser um método

tradicional de custeio e, principalmente, por ser utilizado com a finalidade de atendimento a

fins fiscais, no entanto, não possui critérios confiáveis para a alocação dos custos indiretos, já

que estes não são facilmente identificados e, em empresas modernas, automatizadas e com

grande montante de custos indiretos, geralmente, são alocados aos produtos através de

técnicas arbitrárias de rateio.

Nota-se que o método de Custeio por Absorção define como custos, todos os gastos

despendidos e necessários ao processo de produção. Os custos diretos são distribuídos

diretamente aos produtos, enquanto os indiretos, como citado acima, são alocados aos

produtos com base em critérios de rateio.

Por outro lado, as despesas não são apropriadas aos produtos, visto que este método

não as considera como custo. O custeio por absorção pode ser utilizado através de

departamentalização. Nesse caso, a fábrica é dividida em departamentos ou centros de custos

e os custos são apropriados a esses centros de custos, antes de serem alocados para os

produtos fabricados.

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2.2.2. Custeio variável (direto)

Este princípio propõe que somente os custos variáveis sejam alocados aos produtos,

sendo os demais custos lançados para o resultado do período. Na figura 2 pode-se visualizar

como se processa esta alocação.

Figura 2 - Modelo de Custeio Variável. Fonte: Drury (1996).

A mão-de-obra neste exemplo é considerada variável. Porém, alguns autores a

consideram como custo fixo.

O custeio variável tem grande relevância para as tomadas de decisões de curto-prazo.

Estas decisões são referentes a questões envolvendo mix de produção, fazer ou comprar. Por

exemplo, a escolha do mix de produção que traga a melhor margem de contribuição.

No que diz respeito ao custeio variável, há uma divisão dos gastos em fixos e

variáveis, onde os custos e as despesas fixos não são considerados parte do custo dos produtos

e são lançados como despesas no demonstrativo de resultado. Somente os custos e despesas

variáveis compõem o custo dos produtos.

Este método possui caráter gerencial, já que não é aceito pela legislação. O seu uso

possibilita o cálculo da margem de contribuição, importante para decisões que devem ser

tomadas em curto prazo (NASCIMENTO e ALMEIDA, 2002)

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2.2.3. Custeio por absorção ideal

Neste princípio, os custos fixos também integram os custos dos produtos. Contudo, os

custos fixos relacionados com a capacidade não usada (ociosidade) ou mal usada

(ineficiência), são lançadas como perdas do período. Procura-se isolar as diferentes perdas

ocorridas em um determinado período, tendo por finalidade um melhor controle sobre elas e

conseqüente eliminação.

O procedimento neste princípio é o de separar a parcela de custo relacionada à

produção não usada. A caracterização desta parcela não usada como perda parte do

pressuposto que a estrutura produtiva montada deve ser utilizada em seu nível ótimo.

2.2.4. Comparação entre os princípios

Pela comparação entre os princípios apresentados, percebe-se o foco de análise

contido em cada um. O primeiro (custeio por absorção integral ou total) está ligado à parte da

gestão de custos que visa principalmente a avaliação de estoques para fins de apuração de

resultado contábil, sendo este princípio considerado o oficial para tal fim (legislação).

O custeio variável é usado para tomada de decisão de curto-prazo, já que não engloba

para efeito de análise de custos os Custos Indiretos de Fabricação (normalmente custos fixos).

Utilizado principalmente nas análises de custo-volume-lucro. Essa análise é voltada

para a verificação dos efeitos sobre os resultados de alterações em:

Custos fixos;

Custos variáveis;

Volume físico de venda;

Preços de venda e

Mix de produção.

As análises custo-volume-lucro também contemplam os efeitos dessas alterações no

ponto de equilíbrio da organização (MARTINS, 1998:232).

O enfoque do terceiro princípio (custeio por absorção ideal) é para levantamentos

gerenciais ligados principalmente às perdas do processo produtivo. No custeio por absorção

ideal, procura-se identificar as perdas do processo produtivo. Esta classificação possibilita ao

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gestor direcionar esforços para sanar tais problemas já que podem visualizar de forma distinta

os pontos de correção, facilitando a atuação nestes. As perdas do processo ainda podem ser

separadas em perdas por superprodução, transporte, processamento, fabricação de produtos

defeituosos, movimento, espera, estoque e desperdício de matéria-prima (BORNIA,1995).

Para a operacionalização destes sistemas de custeio, têm-se os métodos como o custo

padrão, centro de custos, custeio baseado em atividades e unidade de esforço de produção

(UEP).

2.3. Custos na agropecuária

Para Santos; Marion e Segatti (2002, p.44)

Um sistema de custos completo tem atualmente, objetivos amplos e bem definidos, que refletem sua importância como ferramenta básica para a administração de qualquer empreendimento, especialmente na agropecuária, onde os espaços de tempo entre produção e vendas, ou seja, entre custos e receitas, fogem à simplicidade de outros tipos de negócio, exigindo técnicas especiais para apresentação não dos custos, mas dos resultados econômicos do empreendimento.

A partir da consideração dos autores pode-se salientar que a contabilidade de custos

pode ser utilizada de forma a suprir as necessidades das empresas, indiferente do segmento

que atuam.

Conforme já salientado anteriormente é de fundamental importância que o gestor rural

esteja informado a respeito do que ocorre em sua empresa, bem como do funcionamento e

tendências do mercado. Devido às oscilações climáticas, para os produtores e empresas rurais

a exigência é ainda maior.

Conforme Santos; Marion e Segatti (2002, p.45) “Os custos para tomada de decisão

trazem informações de relevância estratégica”, portanto, a partir das informações que se

desejam adquirir em um levantamento de custos, é possível utilizar-se da contabilidade de

custos adaptando-a de acordo com as necessidades específicas de cada empresa/produtor.

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3. Material e Métodos

A definição pelo tema abordado no estudo se deu devido ao interesse pela aplicação da

ciência contábil à área rural tendo em vista sua forte contribuição à economia regional e,

ainda, por sugestão do proprietário da cabanha que encontrava dificuldades quanto à gestão

da propriedade.

Inicialmente foi realizada visita à propriedade, observação à rotina diária de produção

e diagnóstico no departamento administrativo onde foi possível perceber algumas falhas no

preenchimento dos controles internos utilizados. Desta forma, propôs-se o acompanhamento

dos gastos incorridos durante os meses de março, abril e maio de 2006, para apuração dos

custos de produção de leite, já que esta é a principal atividade realizada na propriedade e não

existiam informações exatas com relação ao custo da produção.

Sabe-se que o ideal seria que o tempo de realização do estudo fosse de pelo menos um

ano, no entanto, como trata-se de um estudo para conclusão de um curso de especialização,

existem prazos legais a serem cumpridos que, pelo menos no momento de sua realização, não

permitiram que o estudo se prolongasse por mais do que o período citado.

O estudo propôs-se contribuir na organização das informações obtidas em planilhas

adequadas possibilitando assim a apuração confiável dos custos de produção e

conseqüentemente proporcionando informações fidedignas para a estruturação de quaisquer

informações necessárias à gestão da propriedade que sejam relacionadas aos custos para a

produção de leite.

O estudo baseou-se em informações e dados quantitativos, no entanto, possui também

caráter qualitativo à medida que se utilizou dessas informações para análises e tomada de

decisões. A partir do momento em que a pesquisa centra-se em um problema específico, é em virtude desse problema específico que o pesquisador escolherá o procedimento mais apto, segundo ele, para chegar à compreensão visada. Poderá ser um procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma mistura de ambos. O essencial permanecerá: que a escolha da abordagem esteja a serviço do objeto da pesquisa, e não o contrário (LAVILLE e DIONNE, 1999, 43).

Na visão de Portella (2004) a melhor forma de se pesquisar é através da integração

entre os métodos quantitativo e qualitativo, pois para analisar-se com fidedignidade uma

situação é necessário o uso de dados estatísticos, bem como de outros dados quantitativos, e

também da análise qualitativa dos dados obtidos por meio de instrumentos quantitativos.

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A autora aborda a pesquisa quantitativa como a busca por exprimir as relações de

dependência funcional entre variáveis para tratar do como dos fenômenos procurando

identificar os elementos constituintes do objeto estudado e estabelecendo a estrutura e a

evolução das relações entre os elementos.

A respeito da pesquisa qualitativa, Godoy (1995 apud LIMA, 1999) considera que

pode envolver várias situações de pesquisa, tais como a pesquisa documental, o estudo de

caso e a etnografia. Na mesma perspectiva, Bryman (1995 apud LIMA, 1999) classifica a

prática da pesquisa qualitativa segundo quatro níveis de participação do investigador:

• Totalmente participante, com ênfase na técnica de observação participante,

algumas entrevistas e análise de documentos;

• Semi-participante, em que o pesquisador é um observador, mas com um papel

indireto, incluindo também algumas entrevistas e análise de documentos;

• Baseada em entrevistas, geralmente envolvendo o estudo de 1 a 5 organizações

havendo análises de documentos e observações eventuais;

• Multi-organizacional, com ênfase em entrevistas a indivíduos em 6 ou mais

organizações, freqüentemente mais de 10 com uso de documentos e algumas

observações.

A partir da visão dos autores, optou-se em utilizar para a coleta de dados técnicas de

observação participante, combinada com algumas entrevistas com funcionários e proprietários

e análise documental.

A metodologia utilizada para a apuração dos custos de produção seguiu os princípios

do custeio por absorção integral, onde todos os custos são alocados à produção, diretos e

indiretos, fixos e/ou variáveis.

Sendo os diretos alocados diretamente ao produto que os consumiu e os indiretos

alocados de acordo com o percentual de utilização. Este método não considera as despesas

como custo e por isso não as apropria aos produtos.

Após a coleta, os dados foram organizados em planilhas no Microsoft Excel, para

facilitar os cálculos e as análises. O estudo fundamentou-se em literaturas atuais sobre os

seguintes temas: contabilidade rural; contabilidade de custos; produção de leite, bovinocultura

e seu histórico na região sul do Brasil.

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4. Análise dos Resultados

A propriedade rural onde foi realizado o estudo localiza-se no interior do município de

Irani-SC, possui extensão de 118 hectares de terras, sendo que 25 ha. são utilizados pelo gado

de leite, 18 ha. para lavoura e pastagens e os demais para criação de ovinos, suínos, campo

nativo e reserva natural.

Caracteriza-se como propriedade rural, não registrada como empresa na Junta

Comercial e, portanto, imune á obrigação estabelecida pelo artigo 1.179 do Novo Código

Civil (NCC), que regulamenta a obrigatoriedade da escrituração contábil às empresas rurais e

elaboração anual do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

É uma propriedade consideravelmente jovem que impressiona pela estrutura física,

equipamentos, instalações, qualidade das matrizes e do leite produzido. Fundada em 2000 está

em plena fase de expansão e melhoramento da qualidade dos animais e produtos

comercializados.

A forma de criação do gado caracteriza-se como sistema semi-intensivo, onde são

aproveitados os recursos naturais, pois os animais permanecem a maior parte do dia soltos

sendo recolhidos duas vezes ao dia para a ordenha e alimentação com rações e concentrados

que contribuem para o aumento da produção de leite. Neste sistema, as instalações são mais

higiênicas e a utilização de mão-de-obra é menor.

4.1. Apuração dos custos do processo de produção de leite

4.1.1. Plantel

A propriedade possui atualmente um plantel com 122 animais, sendo 74 matrizes de

gado Jersey puras de origem, com idades variadas de 2 a 8 anos de vida, e 48 animais

classificados como novilhas ou bezerras devido à faixa etária.

A média de idade para a primeira inseminação é de 14 a 18 meses, parindo a primeira

cria por volta dos 24 meses de idade e produzindo por um período de 6 a 7 anos, conforme

informações repassadas pelo proprietário.

Segundo a Associação de criadores de gado Jersey do Estado do Rio de Janeiro (2005)

as fêmeas Jersey tornam-se aptas a dar crias ainda muito jovens. Novilhas pesando em torno

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de 230 a 250 kg podem ser cobertas ou inseminadas artificialmente. Estes pesos, com um bom

manejo, são alcançáveis de 14 a 16 meses de idade. Assim, aos dois anos nasce o primeiro

bezerro e, a partir de então fornece uma cria a cada ano.

Durante os três meses analisados não houve alteração na quantidade de fêmeas que

constituem o plantel, conforme se observa na tabela abaixo.

Tabela 1 – Constituição do Plantel durante o período analisado Matrizes março abril Maio Em lactação 61 57 59 Secas 13 17 15 Novilhas e bezerras 48 48 48 TOTAL 122 122 122

Fonte: Dados da pesquisa 4.1.1.1. Depreciação dos animais

Quanto à depreciação das matrizes considerou-se as observações feitas por Marion

(2005) que entende que, para efeito de depreciação, a vida útil do rebanho reprodutor deverá

ser contada a partir do momento em que estiver em condições de reprodução. Conforme a

Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil (2006) a vaca Jersey de boa linhagem pode

iniciar a reprodução a partir dos dois anos de idade.

Tendo em vista o exposto, calculou-se a depreciação das matrizes com idade superior

a 24 meses. Atualmente no plantel existem 74 matrizes com esta característica. Para efetuar a

depreciação foi necessário verificar o preço médio de aquisição de cada matriz, que

confirmou-se em R$ 1.600,00, conforme observado nas notas fiscais de aquisição do rebanho.

No quadro a seguir é possível verificar o valor a ser depreciado mensalmente nas condições

apresentadas anteriormente.

QUADRO 01: Depreciação mensal de matrizes a ser atribuída à produção de leite

Plantel Matrizes Valor Médio de

aquisição Valor total sujeito à

depreciação Depr/ano % Depr/mês Valor

depr/mês 74 Vacas com mais de 24 meses de idade 1.600,00 118.400,00 10,00% 0,83% 986,67

Fonte: Dados da Pesquisa

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4.1.2. Alimentação

A alimentação é à base de rações concentradas e silagem. A alimentação concentrada

é fornecida conforme a necessidade de manutenção e produção de leite por animal, sendo

constituída de milho moído, farelo de soja, farelo de trigo, sal mineral e sal comum, podendo

haver a substituição de alguns componentes se houver necessidade, e de acordo com a

quantidade de nutrientes que cada animal necessita para melhorar a quantidade e qualidade do

leite produzido.

QUADRO 02: Consumo de alimentos durante o trimestre

Alimentação vacas em lactação março/06Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total

Ração 61 5,5 kg 0,42 2,31 4.368,21 Cilagem 61 15 kg 0,08 1,20 2.269,20 Gasto total com alimentação de vacas em lactação 6.637,41

Alimentação vacas secas e novilhas março/06Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total

Cilagem 61 12 kg 0,08 0,96 1.815,36 Gasto total com alimentação de vacas secas e novilhas 1.815,36GASTO TOTAL COM ALIMENTAÇÃO DO GADO MARÇO/06 8.452,77

Alimentação vacas em lactação abril/06Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total

Ração 57 5,5 kg 0,42 2,31 3.950,10 Cilagem 57 15 kg 0,08 1,20 2.052,00

Gasto total com alimentação de vacas em lactação 6.002,10Alimentação vacas secas e novilhas abril/06

Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total Cilagem 65 12 kg 0,08 0,96 1.934,40 Gasto total com alimentação de vacas secas e novilhas 1.934,40GASTO TOTAL COM ALIMENTAÇÃO DO GADO ABRIL/06 7.936,50

Alimentação vacas em lactação maio/06Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total

Ração 69 5,5 kg 0,42 2,31 4.224,99 Cilagem 69 15 kg 0,08 1,20 2.194,80 Gasto total com alimentação de vacas em lactação 6.419,79

Alimentação vacas secas e novilhas maio/06Descrição Numero de vacas Qtd/vaca/dia un R$ un R$/vaca/dia R$ Total

Cilagem 53 12 kg 0,08 0,96 1.874,88 Gasto total com alimentação de vacas secas e novilhas 1.874,88 GASTO TOTAL COM ALIMENTAÇÃO DO GADO MAIO/06 8.294,67

Fonte: Dados da Pesquisa

Silagem é o alimento onde se transforma a forragem recém-cortada preservada por sua

própria fermentação em silos, dos quais o ar foi eliminado. A silagem é o alimento mais

utilizado no meio agropecuário para ser oferecido ao gado, principalmente em épocas de seca

ou inverno quando há escassez de pastos verdes. A alimentação concentrada é adquirida a um

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custo de R$ 0,42 por quilograma e a silagem a R$ 0,08 por quilograma. O consumo médio

apurado encontra-se detalhado no quadro 2.

4.1.3. Inseminação

O manejo reprodutivo é realizado através de inseminação artificial, portanto não

existem reprodutores na propriedade. O custo de aquisição do sêmen varia de acordo com a

pureza da raça do reprodutor e de seu valor de mercado estimado.

Conforme observa-se no quadro 3, nos meses de abril e maio houve uma maior

incidência de inseminações, isso se deve ao planejamento que é feito pelos proprietário para

que as parições ocorram na estação onde existe maior abundância de alimentos o que

conseqüentemente aumenta a produção de leite.

QUADRO 03: Controle de Inseminações

Coberturas / Inseminações Mês No. de inseminações Custo Total

Março 3 90,00 Abril 13 490,00 Maio 9 334,00

Fonte: Dados da Pesquisa 4.1.4. Manutenção, conservação e limpeza

Refere-se à manutenção, conservação e limpeza de equipamentos e instalações

utilizados pelo gado de leite.

Após a ordenha é realizada a desinfecção das tetas com solução desinfetante

apropriada para evitar a penetração de germes. A limpeza diária do local de ordenha, dos

equipamentos dos utensílios é fator decisivo na produção de leite de ótima qualidade.

(ZOCCAL, 2006).

Este é um custo que não tende a apresentar grandes variações desde que a estrutura

física se mantenha inalterada e que não ocorram grandes variações nos preços de aquisição

dos materiais de limpeza.

Desta forma observa-se que os custos com conservação, limpeza e manutenção

mantiveram-se praticamente constantes durante o trimestre, apresentando um pequeno

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decréscimo no mês de abril, provavelmente por ser o mês com menor quantidade de vacas em

lactação.

4.1.5. Combustíveis e lubrificantes

Esse item é composto pelos gastos com manejo do rebanho, principalmente transporte

de alimentação e medicamentos.

Foram apurados os gastos despendidos especificamente pela atividade, através do

cálculo de equivalência descrito no quadro 08 onde se verificou o gasto total de combustível,

o consumo por veículo e/ou máquina agrícola, e o percentual de utilização pela atividade. Os

custos com combustíveis e lubrificantes estão descritos no quadro 06.

4.1.6. Consumo de água e luz

A região onde está instalada a propriedade é extremamente rica em água de ótima

qualidade, que pode e é utilizada tanto para consumo animal quanto humano. Desta forma,

tendo em vista que é um recurso natural extremamente abundante, decidiu-se que os custos da

exaustão não seriam calculados, restando somente o custo com energia a ser apurado.

O consumo de energia referente à atividade de produção de leite foi facilmente

identificado, já que existe um medidor de energia específico para a ordenha e freestal, locais

utilizados integralmente pelo gado de leite. Esses valores podem ser observados no quadro 06.

4.1.7. Medicamentos e vacinas

O gasto com medicamentos e vacinas é registrado em uma caderneta específica onde

são anotadas todas as aplicações, com a descrição da data de ocorrência, tipo de

medicamento, quantidade, valor da dose e o número do registro do animal.

Com base nessas informações apurou-se o custo total com medicamentos referente aos

três meses de realização do estudo, conforme pode-se observar no quadro 06. Esses valores

podem variar de acordo com a incidência de agentes patogênicos ou parasitas que causam

danos aos animais, afetando a produtividade do rebanho.

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4.1.8. Mão-de-obra

Trabalham diretamente na atividade de produção de leite 2 funcionários sob

supervisão do proprietário. A sala de ordenha é totalmente automatizada, o que facilita o

manejo e possibilita a reduzida utilização de mão-de-obra.

Os animais são separados e alimentados em lotes baseados na produção de leite,

período de lactação e reprodução, o que garante mais leite e mais crias durante a vida

produtiva da vaca, com menor custo.

A retirada do leite é efetuada duas vezes ao dia, sendo a primeira por volta das 06:00

horas e a segunda por volta das 17:00 horas. Para que isso ocorra é necessário que a ordenha

seja preparada antes da chegada das matrizes. Essa preparação inclui a distribuição do

alimento individualmente para que depois da ordenha as vacas recebam o alimento que

necessitam para produzir leite de qualidade e em maior quantidade possível.

Segundo Zoccal (2006) deve-se manter água e alimento fresco no cocho para as vacas

logo após a ordenha o que evita que os animais se deitem, diminuindo os riscos de mastite.

Logo após, as matrizes são soltas no pasto onde permanecerão até à tarde quando é

realizada a segunda ordenha diária.

Após a segunda ordenha as matrizes permanecem no freestal onde passam a noite. Por

isso, no período da manhã, quando é realizada a primeira ordenha, não é necessário que sejam

recolhidas do pasto como ocorre no período da tarde. Os custos com mão-de-obra e encargos

dos dois funcionários estão descritos no quadro 06.

4.1.9. Equipamentos e instalações

Devido às demais atividades desenvolvidas na propriedade, foram identificados os

equipamentos utilizados integralmente ou parcialmente na atividade de produção de leite,

conforme se pode observar no quadro 08, onde estão descritos, assim como seu percentual de

utilização pela atividade estudada.

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4.1.9.1. Depreciação dos equipamentos e instalações

Consta a seguir quadro de máquinas e equipamentos utilizados direta ou indiretamente

para a produção do leite. É importante salientar que além dos itens relacionados no quadro 08

existem outras máquinas e equipamentos que não estão contemplados pois não são utilizados

por esta atividade.

QUADRO 04: Depreciação mensal de máquinas e equipamentos a ser atribuída à produção de leite

Veículos e Máquinas Valor aquis. Data aquis.

Depr. Anual

% utiliz. Bov

% utiliz. Outras ativ

Valor deprec/ mês

Adubadeira 6.800,00 2002 12,50% 50% 50% 35,42 Balança 1.800,00 2005 10% 100% 0% 15,00 Caminhão 78.000,00 2003 20% 10% 90% 130,00 Cam. Boiadeira 76.000,00 2004 20% 20% 80% 253,33 Carroça 1.000,00 1972 10% 80% 20% 8,33 Carroça 4.000,00 2003 10% 80% 20% 33,33 Ensiladeira 9.700,00 2004 14,28% 77% 23% 88,88 Gerico - 1969 10% 80% 20% * Maq. Calcário 2.700,00 2005 12,50% 50% 50% 14,06 Motocicleta 4.800,00 2002 20% 33% 66% 26,40 Ordenhadeira 26.000,00 2004 10% 100% 0% 216,67 Plantadeira - 1982 10% 80% 20% * Plantadeira - 1987 10% 80% 20% * Pulverizador 6.200,00 2002 10% 80% 20% 41,33 Resfriador 32.000,00 2005 6,67% 100% 0% 177,87 Roçadeira trator 2.800,00 2003 10% 50% 50% 11,67 Roda água 1.800,00 2005 10,00% 50% 50% 7,50 Trator - 1978 10% 80% 20% * Trator - 1994 10% 80% 20% * Depre. mensal de máq. e equip. a ser atribuída à produção de leite 1.059,79 * Equipamentos depreciados integralmente devido a data de aquisição Fonte: Dados da Pesquisa

No quadro 05 constam os imóveis e instalações utilizados pela atividade de produção

de leite. Cabe salientar que, da mesma forma que comentado no quadro anterior, existem

outros imóveis na propriedade, porém são utilizados por outras atividades que não se

relacionam a atividade estudada e, por esse motivo, não foram citados.

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QUADRO 05: Depreciação mensal de imóveis e instalações a ser atribuída à produção de leite

Imóveis e instalações Investi-mento Aquisição

Depr/ Ano % Bov

% outras ativ

Depr/mês Bovinos

Galpão Bov. Alv. 8.250,00 2004 4,00% 100,00% 0,00% 27,50 Galpão Bov. Alv. 30.000,00 2004 4,00% 100,00% 0,00% 100,00 Galpão Novilhas Mad. 12.000,00 2003 6,67% 100,00% 0,00% 66,70 Galpão Maq. 20.000,00 2003 4,00% 33,00% 66,00% 22,00 Cercas 21.000,00 2004 10,00% 100,00% 0,00% 175,00 Rede Elétrica 12.000,00 2004 10,00% 100,00% 0,00% 100,00 Rede de água/encan. 8.000,00 2000 10,00% 20,00% 80,00% 13,33 Deprec. mensal de imóveis e instalações a ser atribuída à produção de leite 504,53

Fonte: Dados da Pesquisa

4.1.10. Custo total de produção

Após coletados os dados necessários para a composição do custo do produto

organizou-se um quadro geral que contempla, dentre outras informações necessárias à análise,

a descrição dos custos de produção e valor médio recebido por litro de leite durante os três

meses de estudo.

Observando o quadro 06 é possível verificar que o custo total de produção apresentou

pouca variação nos três meses analisados. No entanto se realizada uma análise do custo médio

por litro produzido percebe-se claramente que o mês de março apresentou custo mais elevado

devido à produção inferior em comparação aos demais.

Observa-se que o custo com alimentação representa a maior fatia dos custos sobretudo

no mês de março onde alcança 58,72% do total, superando os percentuais apresentados nos

meses de abril e maio, possível conseqüência do período de estiagem ocorrido no mês de

março deste ano.

Durante os períodos secos ou de baixo crescimento das forrageiras torna-se necessário

o fornecimento de forragem conservada de alto valor nutritivo além de rações concentradas,

prática que onera o custo de produção de leite.

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QUADRO 06: Apuração do custo da produção de leite do trimestre

Custos Produção de leite Março AV Abril AV Maio AV

AH Mar/Abr

AH Abr/Mai

AH Mar/Mai

Combustível e lubrificante 487,12 3,38% 512,33 3,60% 423,64 2,94% 5,18% -17,31% -13,03% Consumo de luz 755,57 5,25% 694,96 4,88% 734,97 5,10% -8,02% 5,76% -2,73% Depreciação das instalações 504,53 3,50% 504,53 3,54% 504,53 3,50% 0,00% 0,00% 0,00% Depreciação de matrizes 986,67 6,85% 986,67 6,93% 986,67 6,85% 0,00% 0,00% 0,00% Depreciação de máquinas e equipamentos 1.059,79 7,36% 1.059,79 7,45% 1.059,79 7,36% 0,00% 0,00% 0,00% Inseminação 90,00 0,63% 490,00 3,44% 334,00 2,32% 444,44% -31,84% 271,11% Manutenção, conservação e limpeza 232,18 1,61% 187,14 1,31% 236,12 1,64% -19,40% 26,17% 1,70% Medicamentos, vacinas e inseticidas 114,50 0,80% 148,00 1,04% 112,00 0,78% 29,26% -24,32% -2,18% Sal, rações, farelos e outros alimentos 8.452,77 58,72% 7.936,50 55,76% 8.294,67 57,60% -6,11% 4,51% -1,87% Salários (Incluindo 13, Férias, INSS e FGTS) 1.712,87 11,90% 1.712,87 12,03% 1.712,87 11,90% 0,00% 0,00% 0,00% Total dos custos 14.396,00 100,00% 14.232,79 100,00%

14.399,26 100,00% -1,13% 1,17% 0,02%

Produção mensal em litros de leite 25.042 26.509 26.737 5,86% 0,86% 6,77% Custo/litro 0,57 0,54 0,54 -5,26% 0,00% -5,26% Receita/litro 0,43 0,43 0,45 0,80% 3,72% 4,55% Incentivo qualidade/granel 0,06 0,09 0,06 50,00% -33,33% 0,00% # -0,08 -0,02 -0,03 -75,00% 50,00% -62,50%

AV – Análise Vertical: representatividade dos itens no todo AH – Análise Horizontal: evolução entre os períodos analisados Fonte: Dados da pesquisa

Portanto, esse sistema de alimentação com o uso de concentrados deve ser

economicamente competitivo, como acontece na América do Norte, em Israel e em alguns

países europeus para que não inviabilize o negócio. (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2006)

Segundo CEPEA (2006) nos últimos 12 meses, os custos da dieta à base de cana

picada, para vacas de 15 litros/dia, diminuíram 5,9%, enquanto para a silagem de milho,

subiram 3,6%.

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De junho de 2004 a julho de 2006, a valorização do Real frente ao Dólar poderia trazer

alguns benefícios aos produtores de leite, já que os concentrados - indexados em dólar -

sofreram reajustes negativos nos preços.

Entretanto, os custos com o óleo diesel, bem como aumentos nos custos com mão-de-

obra e com máquinas e equipamentos não deixaram os custos finais da dieta recuar na mesma

intensidade que a taxa de câmbio. Isso prejudica, principalmente, pequenos e médios

produtores para os quais os concentrados representam uma parcela menor dos custos que para

os de grande escala. CEPEA (2006).

Deve-se destacar o aumento considerável do custo com Inseminações devido ao

planejamento para partos futuros conforme já comentado no item 3.1.3.

É importante destacar ainda o Incentivo qualidade/granel disposto no Quadro 06.

Trata-se de um incentivo agregado à receita do produto mensalmente e que é repassada

através da cooperativa, a qual integra esse percentual após medição da qualidade do leite e da

concentração de gordura, cálcio e proteína.

O leite Jersey oferece grande quantidade de proteína, comprovando assim sua

qualidade. O leite Jersey contém 20% mais de proteína e 15% mais de cálcio, mineral

essencial na dieta humana, necessário para dentes e ossos fortes, do que outras raças. Contém

maior quantidade de sólidos não gordurosos - proteínas, lactose, vitaminas e minerais -

oferecendo um leite mais completo que o de qualquer outra raça leiteira. (ASSOCIAÇÃO

DOS CRIADORES DE GADO JERSEY DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2005)

Em relação à receita alcançada por litro comercializado destaca-se que de acordo com

informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA, 2006), o

valor pago ao produtor por litro de leite nos três meses analisados apresentou uma média de

R$0,43 no estado de Santa Catarina. Os dados conferem com os valores constantes nas notas

fiscais de pagamento ao produtor analisadas.

4.2. Produção de leite

Segundo a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Estado do Rio de Janeiro

(2005) a vaca Jersey é a que mais produz leite nas pequenas e médias propriedades, pois

apresenta uma alta eficiência de conversão alimentar. Sua lactação apresenta menores

intervalos e a alimentação no período precedente a produção é menor do que o necessário

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para outras raças, possibilitando assim maior número de lactação na vida útil. Transforma, de

maneira eficiente, as rações e a forragem em leite, produzindo mais por área, por tonelada de

forragem.

O quadro 07 destaca a produção mensal e a média de produtividade por vaca em

lactação durante os três meses analisados.

QUADRO 07: Produção mensal de leite em litros Matrizes março abril maio Em lactação 61 57 59 Produção mensal em litros de leite 25.042 26.509 26.737 Média de produção vaca/litros/mês 411 465 453 Média de produção vaca/litros/dia 13 15 15

Fonte: Dados da pesquisa

É possível observar que a média de litros produzidos por vaca foi inferior no mês de

março em relação aos demais. Segundo informações repassadas pelo produtor e observadas na

pesquisa, o mês de março apresentou temperaturas mais elevadas prejudicando a alimentação

dos animais e conseqüentemente refletindo na diminuição da capacidade produtiva das

matrizes e na onerosidade do custo de produção conforme salientado anteriormente.

4.3. Apuração do resultado

Apresenta-se a seguir demonstrativo de resultado do trimestre analisado. Os

demonstrativos foram apurados individualmente ao final de cada mês analisado e

posteriormente adaptados em um demonstrativo integrado para facilitar a análise. É

importante ressaltar que os demonstrativos foram apurados especialmente para fins de análise

deste estudo e por isso possuem caráter extremamente gerencial.

Observa-se no quadro 08 que a atividade de produção de leite não vem apresentando

resultado contábil positivo. Isso se deve ao alto custo de produção. No entanto, observando a

composição do custo do produto é possível perceber que as depreciações representam alto

percentual em relação ao custo total, sendo aproximadamente 18% dos custos mensais.

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QUADRO 08: Demonstrativo do Resultado do trimestre (março/abril/maio-2006) Receitas Março Abril Maio Receita leite vendido no mês 10.768,06 11.398,87 13.504,86 Incentivo qualidade 1.028,15 1.594,68 1.710,62 Incentivo a granel 447,80 662,73 625,23 Funrural 2,3% (247,67) (262,17) (310,61) Receita Operacional 11.996,34 13.394,10 15.530,09 CPV (14.396,00) (14.232,79) (14.399,26) LB (2.399,66) (838,69) 1.130,83 Despesas Luz (261,53) (215,53) (215,53) Folha de pagamento func adm (800,00) (500,00) (500,00) Pagamento Diaristas (675,00) - - Outras despesas (mercado) (550,00) (560,00) (560,00) Combustíveis (3.000,00) (1.500,00) (1.500,00) LAIR (7.686,19) (3.614,22) (1.644,70) IRRF - - - CSLL - - - Resultado Operacional (7.686,19) (3.614,22) (1.644,70)

Fonte: Dados da pesquisa

Sabe-se que as depreciações são custos que não representam desembolsos de valores,

portanto se fossem desconsiderados para uma análise financeira (quadro 09) poder-se-ia

observar a considerável redução do prejuízo nos meses de março e abril e geração de lucro no

mês de maio conforme aponta o quadro 10.

QUADRO 09: Apuração dos custos de produção excluindo depreciações Custos Produção de leite Março Abril Maio Total dos custos sem Depreciações 11.845,01 11.681,80 11.848,27 Produção mensal em litros de leite 25.042 26.509 26.737 Custo/litro 0,47 0,44 0,44 Receita/litro 0,43 0,43 0,45 Incentivo qualidade/granel 0,06 0,09 0,06 # 0,01 0,08 0,06

Fonte: Dados da pesquisa QUADRO 10: Apuração dos resultados dos exercícios excluindo depreciações Receitas Março Abril Maio Receita Operacional 11.996,34 13.394,10 15.530,09 CPV (11.845,01) (11.681,80) (11.848,27) LB 151,33 1.712,30 3.681,82 Despesas (5.286,53) (2.775,53) (2.560,00) Resultado Operacional (5.135,20) (1.063,23) 1.121,82

Fonte: Dados da pesquisa

Apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do municipio de Irani-SC. Segala, C.Z.S; Silva, I.T. da.

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De qualquer forma é fato que, mesmo analisando apenas os valores financeiros, os

resultados apresentados não são positivos em uma primeira análise. No entanto se considerada

a evolução financeira apresentada em cada um dos meses estudados, percebe-se a evidente

recuperação do resultado operacional apresentado pela atividade na propriedade.

Deve-se considerar também que trata-se de uma propriedade extremamente jovem,

ainda não consolidada, e deverá inicialmente apresentar retorno do investimento em

imobilizado e circulante para posteriormente iniciar a geração de lucros.

5. Considerações Finais

Conforme Santos, Marion e Segatti (2002), nos últimos anos houve grandes mudanças

no setor agropecuário. Hoje a profissionalização do campo em todos os seus setores é

extremamente necessária. A gerência da atividade já não pode ser desconsiderada. Uma

ferramenta de auxilio ao administrador/produtor rural é a informática.

Os controles administrativos de uma empresa são extremamente importantes, pois, de

nada adianta que a empresa possua capacidade de produção, produtos de qualidade, espaço no

mercado se não dispor de controles administrativos rigorosos e confiáveis.

Portanto, torna-se imprescindível o gerenciamento de todo o processo de produção,

bem como de processos auxiliares, de forma a controlar os custos, diretos ou indiretos,

agregados aos produtos, resultando assim em produtos mais rentáveis e atrativos à empresa.

Neste sentido o presente estudo propôs a apuração dos custos na atividade de

produção de leite em uma propriedade rural localizada no município de Irani-SC, tendo em

vista que em uma visita inicial foi possível identificar a necessidade de realização de um

estudo que pudesse auxiliar na organização de informações geradas por um controle confiável

dos custos de produção e consequentemente proporcionasse informações fidedignas para a

estruturação de qualquer informação necessária para a gestão da propriedade.

O estudo possibilitou, além da apuração dos custos de produção, uma análise

comparativa entre as receitas e despesas da atividade no trimestre estudado, bem como dos

resultados operacional, contábil e financeiro, apresentados.

Foi possível verificar que os três períodos analisados apresentaram prejuízo contábil,

no entanto uma análise econômica financeira, onde analisa-se apenas os fatos que envolvem

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desembolso e entrada de valores, mostra resultados mais positivos, com prejuízos inferiores

nos meses de março e abril e lucro no mês de maio.

Esse resultado confirmou as expectativas negativas do produtor, que havia comentado

ao início do estudo que a realidade da atividade naquele período possivelmente não seria

positiva, devido às dificuldades que a agricultura se deparava, com longos períodos de

estiagem, aumento dos preços dos implementos e insumos agrícolas e principalmente pelos

baixos preços pagos ao produtor por litro de leite comercializado.

As demais atividades cultivadas na cabanha, como reprodução e comercialização de

ovinos e caprinos e engorda de suínos, possibilitaram a compensação da inexistência de

geração de lucros pela atividade estudada neste período, tendo desta forma, parte de seu

resultado sacrificado em função do prejuízo apresentado pela atividade leiteira.

É fato que ainda existe muito trabalho a ser desenvolvido em termos de aplicação da

ciência contábil e suas metodologias na área rural, pois, apesar de ser uma atividade

desenvolvida há muitos e muitos anos, ainda há muito a se melhorar principalmente em

empresas, ou propriedades menores, que constituem o perfil da grande maioria dos produtores

da região Oeste de Santa Catarina.

Uma característica forte nesta região é a constituição de cooperativas que fortaleçam

os pequenos produtores/empresários perante o mercado, escoando seus produtos com maior

facilidade e garantindo uma fatia de mercado que, provavelmente, não lhes seria possibilitada

se atuassem individualmente.

Para Crepaldi (2005, p.211) “A obtenção e a compreensão das informações sobre

custos são essenciais para o sucesso do negócio” por isso, ao concluir o estudo, recomendou-

se ao produtor a continuidade do experimento adotando a utilização das planilhas elaboradas

para a apuração dos custos e de resultados futuros no sentido de manter um controle confiável

que possa subsidiar informações úteis ao gerenciamento da propriedade.

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Recebimento dos originais: 13/07/2007

Aceitação para publicação: 28/09/2007