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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · 3 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA A proposta desse Caderno Pedagógico é, através de 4 Unidades, estudar o que Chartier (1991)

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

RACISMO, PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E MISCIGENAÇÃO

Foto dos Avós Paternos da autora – Acervo Particular

“Somos todos juntos uma miscigenação e não podemos fugir da nossa etnia

Índios, brancos, negros e mestiços, nada de errado em seus princípios” (Etnia – música de Chico Science)

TEMA: História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena

TÍTULO: Caderno Pedagógico - Proposta Pedagógica para a Utilização de Filmes com Temática Racista Contra o

Negro na Sala de Aula

Autora: Edna Benedita Silveira Orientador: Profº. Drº. Alfredo dos Santos Oliva

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SUMÁRIO

Apresentação

1 Fundamentação teórica e metodológica 2 Preconceito e racismo explícito e velado: Exibição de alguns filmes 2.1 A outra história americana 2.2 Mandela - Luta pela liberdade 2.3 Cidade de Deus 2.4 Atividades 2.5 Sugestões de outros filmes sobre o assunto 3 Ainda sobre preconceito e racismo: Análise de Textos 3.1 Metáforas negras 3.2 Os demônios do demônio 3.3 Entre o asfalto e o morro 3.4 Atividades 4 Construção da identidade e valorização do fenótipo dos afro-descendentes 4.1 Ditadura de padrões estéticos 4.2 Análise do vídeo “Bonecas negras” ou “Auto-racismo” 4.3 Atividades 5 Preconceito, racismo e discriminação: Análise de alguns conceitos 5.1 Preconceito, racismo e discriminação 5.2 Análise, discussão e crítica sobre o e-mail “El Negro” 5.3 Atividades 5.4 Análise de uma enquete realizada com um grupo de pessoas sobre o racismo inconsciente 5.5 Análise sobre uma experiência pessoal da autora sobre o racismo reproduzido 5.6 Atividades Bibliografia

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APRESENTAÇÃO

O Caderno Pedagógico “Proposta pedagógica para a utilização de filmes com

temática racista contra o negro na sala de aula” foi elaborado com o objetivo de,

através da análise de filmes, textos, vídeos, história em quadrinhos e outros

materiais educacionais, propiciar aos alunos condições para compreender, discutir e

para desconstruir as raízes das práticas racistas na sociedade contemporânea.

Procura, ainda, formas de implementar, de modo processual, uma educação anti-

racista e que valorize a diversidade na educação.

Para isso, serão procuradas formas de estimular a formação de uma visão

crítica das relações étnico-raciais a partir do espaço da escola, entendendo que a

condição humana nos identifica e nos iguala, ultrapassando as questões de gênero,

cor, religião, orientação sexual, classe e percepção de mundo.

É preciso trabalhar com as concepções dos alunos acerca da história da

África e dos afro-descendentes, que além de irem ao encontro da proposta temática

para o Ensino Médio, conforme o item Relações culturais, permitem orientar as

ações dos jovens. Também permitem pensar o que somos em relação à sociedade

em que vivemos, assim como refletirmos sobre a relação identidade e alteridade,

assim como desnaturalizar práticas consideradas naturais e inquestionáveis, com a

finalidade de construir novas maneiras de viver e entender o mundo.

Todos fazemos parte da humanidade. E ser homem significa pertencer à

humanidade. Como dizia John Donne, “Ninguém é uma ilha, completo em si

mesmo; cada homem é uma partícula do continente, uma parte do oceano, a morte

de qualquer homem diminui-me porque faço parte do gênero humano. E por isso

não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

A proposta desse Caderno Pedagógico é, através de 4 Unidades, estudar o

que Chartier (1991) chamou de representações. Representações e memórias

sociais historicamente compartilhadas relativas ao racismo e preconceito contra o

negro na sociedade contemporânea, com enfoque que visa a buscar formas de

problematizar essas representações, bem como ao desenvolvimento de uma

perspectiva crítica acerca do papel do negro nas sociedades contemporâneas.

Entender as representações que os alunos têm acerca da história da África e

dos afro-descendentes possibilita verificar quais memórias estruturam o seu

sentimento de identidade, que, por sua vez, os liga à história da África ou aos seus

descendentes africanos.

O presente caderno, através das atividades nele elaboradas, deverá levar o

aluno a discutir, refletir e buscar formas de desconstruir as práticas racistas e

discriminatórias contra o negro na sociedade atual.

A escola que deve desempenhar o papel de preparar futuros cidadãos para

a diversidade, lutando contra todo tipo de preconceito. Mas, na prática, ela acaba é

reforçando o racismo, ao não dar o devido destaque a participação dos negros na

formação da identidade do brasileiro.

A partir da relevância dada pela lei nº 10.639/ 2003 que torna obrigatório o

ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, com a inclusão do ensino de História

e cultura Afro-Brasileira e Africana, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra

brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, iniciou-se um processo de

mudança. Muitos ideais foram buscados, tais como: Formas de desconstruir o

racismo, o fortalecimento da identidade, a aceitação das diversidades, e a reparação

e a valorização da contribuição para a sociedade brasileira dos africanos e seus

descendentes nas áreas social, econômica política e cultural.

Desde então, muitas outras instruções de obrigatoriedade surgiram, como é o

caso das Diretrizes Curriculares do Paraná (2008, p. 45), que estabelecem o estudo

da história da África como uma obrigatoriedade e uma necessidade para atender a

diversidade de nossa cultura.

Tendo em vista a necessidade de reparação e valorização da cultura afro

tornadas lei e buscadas como ideais educacionais, pretende-se, com este caderno,

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levantar e ampliar quais são as ideias dos alunos sobre a África negra e afro-

descendentes e suas influências na formação da sociedade brasileira. E a luta pela

desnaturalização das práticas de discriminação racial e preconceito contra o negro

(na sociedade e na educação) assim como para disseminação e preservação da sua

herança.

O estudo será abordado com a exibição de 03 filmes sobre o tema. A

modernidade permite deixar de lado a “camisa de força” do documento escrito, ele já

não é a única fonte relevante de estudos. A tecnologia tem colocado à disposição da

educação inúmeras fontes alternativas de conhecimento, dentre as quais, destaca-

se o cinema.

Concebe-se que o docente, utilizando o método histórico de análise de

documentos, pode lançar mão do recurso do cinema como ferramenta, a fim de

tornar sua aula mais dinâmica e divertida, desde que, ao usá-lo, tenha em mente

que ele não é destituído de caráter ideológico, Ferro ( 1992). O Cinema, como

qualquer outra fonte histórica, demonstra uma dada representação da realidade

(recorte), pensada e construída à mercê de interesses diversos.

Segundo Meirelles (2002), O cinema é um poderoso instrumento de influência

individual e coletiva, que cumpre importante função social no amplo campo das

manifestações da atividade humana. Portanto, há que se ter especial acuidade ao

analisar as ideias veiculadas, explícitas ou implícitas, em uma determinada obra de

arte, pois tanto o cinema, como o teatro, a literatura, ou mesmo a pintura e a

escultura, após sua conclusão, montagem e exibição, se presta a uma multiplicidade

de leituras e o realizador perde o controle da mensagem que queria veiculada. Cada

espectador ou leitor dela se apropriará, incorporará e a retransmitirá de acordo com

seus interesses e valores, dando a ela significados que podem ou não estar

presentes na visão do realizador, podendo inclusive, fornecer uma linha de

pensamento contrária às intenções iniciais do autor. Deve-se também levar em

conta, nesse contexto, o lugar social que o realizador ocupa e qual mensagem

pretende veicular em sua obra. Como nenhum texto é neutro seria ilusório e ingênuo

imaginar que o cinema o seja.

Diante do exposto, o material fílmico, se utilizado pelo professor com os

devidos cuidados, não deixará de possibilitar ao aluno produzir uma narrativa

histórica sobre o tema, potencializará efetivamente o ensino e fortalecerá a sua

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construção identitária, visto que ele é fruto de uma sociedade com uma grande

diversidade étnica.

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2 PRECONCEITO E RACISMO EXPLÍCITO E VELADO: EXIBIÇÃO DE ALGUNS

FILMES

Esta unidade propõe a discussão do racismo e do preconceito contra o negro,

utilizando como instrumento filmes que mostram como o ódio, a ignorância e a

intolerância racial, podem levar à destruição. Mostra também como essa destruição

pode ter um efeito purificador como a “Fênix renascidas das cinzas”. Mostra ainda

como o negro, na maioria das vezes, é visto de forma depreciativa. Pretendemos

com isso, não somente estruturar um novo conceito mas, através da desconstrução

dessa “visão depreciativa”, criar novas atitudes frente a pluralidade racial.

Propomos também a realização de discussões relacionadas ao tema, bem

como aos instrumentos utilizados (filmes) que, auxiliados pelos textos de apoio,

busquem a formação de uma consciência crítica.

2.1 A outra história americana

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

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DIRETOR: TONY KAYE

DURAÇÃO: 119 MINUTOS

ANO: 1988, ESTADOS UNIDOS

GÊNERO: DRAMA / POLICIAL

Esse filme é um profundo e movimentado drama sobre as conseqüências do

racismo à medida que uma família é dividida pelo ódio. Trata-se de uma análise do

extremismo da América, um país onde o preconceito e o racismo são declarados e

vivenciados no cotidiano das pessoas.

Uma nação que já conviveu com segregação racial, com bairros, lugares em

coletivos, escolas e até bebedouros exclusivos para negros. Uma situação que se

sustenta numa representação social de senso comum na qual os afro-descendentes,

herdeiros de um passado escravo, são racial e intelectualmente inferiores e, por

isso, apenas capacitados para serviços braçais. Tudo isso justificaria a segregação e

a violência contra quem não conhece o seu lugar.

A sociedade norte-americana é extremamente preconceituosa e tende a

demonstrar essa atitude discriminatória contra todas as minorias raciais (mexicanos,

coreanos, japoneses, porto-riquenhos, principalmente os afro-descendentes, árabes

etc). Essa situação só fez se agravar pós 11 de setembro.

O filme é contado pelo olho de Danny, irmão mais novo de Derek Vinyard, e

segue a luta de um homem para reformar a si próprio (conscientização) e salvar o

irmão após viver uma vida de violência e intolerância.

Derek Vinyard é um rapaz carismático, de inteligência privilegiada, com

grande capacidade de convencimento e que é referência para jovens brancos e

excluídos de seu bairro, que o idolatram e seguem o seu pensamento. Com todos

esses predicados é cooptado e manipulado por um chefão de uma organização

neonazista, Cameron, que covardemente o utiliza para perpetrar as ações de ódio e

violência, que ele, Cameron, idealiza.

Derek, então, se torna líder local de uma perigosa gangue de skinheads do

bairro operário de Venice na Flórida, que enfrenta problemas de violência e

desemprego. Prega e segue uma filosofia de ódio e intolerância. Ele não é

totalmente isento de culpa, e nem apenas um fantoche, pois ele e seu grupo nutrem

um ódio profundo contra grupos de minorias (negros, judeus, e imigrantes), cujo

crescimento eles acompanham acontecer em seu bairro. Derek tem razões pessoais

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para seu ódio, pois os identifica como causadores de suas mazelas pessoais e

sociais (desemprego e empobrecimento), especialmente os negros que o atingiram

diretamente, pois seu pai, um bombeiro, também com ideias preconceituosas,

morreu baleado por marginais enquanto apagava um incêndio num bairro negro.

Derek e seu grupo passam, então, a desenvolver posturas de intolerância e

racismo e a comandar ações de depredação e espancamento contra essas minorias.

Numa noite, ao revidar uma tentativa de roubo em sua casa, acaba cometendo um

assassinato brutal de um negro, e é condenado a passar alguns anos na cadeia.

Com a morte do pai, Derek assumiu a liderança da família e foi encarado

como um verdadeiro Deus por seu irmão menor, Danny, que o admira e pretende

seguir seus passos. Com Derek preso, seu irmão, Danny, é a nova presa de

Cameron.

Na prisão, Derek integra-se a um grupo também nazista, mas, devido à

contrariedade de seus ideais de pureza, discorda do chefe de seu grupo, que trafica

drogas. Ao longo de sua pena vai percebendo que discorda do uso da ideologia que

estes nacionalistas fazem, pois eles têm como único propósito o "dinheiro sujo", fruto

do narcotráfico.

Por isso, Derek afasta-se do grupo, mas seus companheiros nazistas, por

vingança, o estupram. Depois disso, ele passa a reconsiderar seu conceito de raça

superior e torna-se amigo de um negro, com quem trabalha na lavanderia da prisão

e descobre que a única diferença entre ambos é o seu tom de pele. É nessa hora

que se dá a verdadeira conversão do personagem, que compreende que não existe

raça superior e que todos somos capazes de atos de bondade e maldade e que isso

não tem relação com cor ou raça, mas, simplesmente, com a nossa condição de

humanidade e com as escolhas que fazemos.

Quando sai da prisão, Derek é um homem mudado. Ele não vê mais o ódio

como sinal de honra, envergonhado de seu passado, sem preconceitos, cheio de

novos ideais pacifistas e liberais, vê que seu irmão mais jovem está trilhando o

mesmo caminho que ele seguia antes, e Derek agora vai entrar numa corrida para

salvar o irmão e toda a família da violência que ele mesmo criou e impedir que o

irmão cometa os mesmos terríveis erros.

Danny já havia iniciado um processo de mudança, auxiliado por um professor

negro, que o obrigou a colocar em xeque suas idéias, alterando sua percepção e

maneira de agir na sociedade. A forma que o professor encontrou para forçar Danny

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a ver o caminho que estava trilhando, foi exigir que Danny escrevesse um relatório,

sobre as circunstâncias que levaram ao encarceramento de Derek. Por meio dessa

nova tarefa, o público irá explorar a consciência dos dois irmãos.

No entanto, Danny é morto por um negro com quem já tinha tido um

confronto no passado.

O filme termina em aberto nesse ponto, e deixa ao espectador diversas

questões a serem respondidas. Como será a reação de Derek? Toda a experiência

de conversão vivida por Derek, será suficiente para que ele encare a morte do irmão

como uma resposta ao ciclo de violência que ajudou a criar? A morte de Danny o

fará voltar para a escalada de ódio e violência a que estava condenado?

2.2 Mandela - Luta pela liberdade

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

DIRETOR: BILLE AUGUST

DURAÇÃO: 140 MINUTOS

ANO: 2007, ALEMANHA / FRANÇA / BÉLGICA / ÁFRICA DO SUL / ITÁLIA /

INGLATERRA / LUXEMBURGO.

GÊNERO: DRAMA

Esse filme, realizado com a iniciativa de vários países, aborda a realidade do

passado recente da África do Sul. Se nos Estados Unidos o racismo é praticado de

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forma cotidiana, sem nenhum constrangimento, na África do Sul ele era

institucionalizado em um regime segregacionista conhecido por Apartheid.

Apartheid (que significa “vidas separadas” em inglês) é um termo que passou

a ser usado legalmente em 1948, para identificar o regime de segregação racial que

foi implantado na África do Sul no século XX, período em que a África era uma

colônia inglesa. Com esse domínio, os europeus impuseram aos africanos sua

cultura e o apartheid negava aos negros os direitos sociais, econômicos e políticos.

No regime intitulado apartheid o governo era controlado pelos brancos de origem

européia (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas voltados

para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas várias leis, regras e

sistemas de controles sociais.

Entre as principais leis do apartheid, podemos citar:

- Proibição de casamentos entre brancos e negros, 1949.

- Obrigação de declaração de registro de cor para todos os sul-africanos

(branco, negro ou mestiço), 1950.

- Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades,

1950.

- Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros), 1951.

- Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas

(bebedouros, banheiros públicos), 1953.

- Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos

bantustões, 1953.

Conforme pode-se perceber, a África do Sul, um país cuja população, em sua

maioria, é composta de negros era governado por brancos. Em 1994, Nelson

Mandela chega ao poder e o Apartheid é extinto. (Disponível em:

<http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm>. Acesso em: 09/03/2010).

Nelson Mandela, iniciou a luta contra o regime do Apartheid ainda estudante

de Direito, em 1942, e ajudou a fundar o CNA (Congresso Nacional Africano).

Durante toda a década de 1950 foi um dos membros mais ativos do movimento anti-

apartheid, no qual defendia a luta pacífica para o fim do regime segregacionista.

Essa atitude, porém, se modificou em 21 de março de 1960, quando policiais

sul-africanos atiraram contra manifestante negros, matando 69 pessoas. Esse dia,

conhecido como “O Massacre de Sharpeville”, fez com que Mandela passasse a

defender a luta armada contra o sistema.

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Em 1961, Mandela tornou-se comandante do braço armado do CNA,

conhecido como "Lança da Nação". Passou a buscar ajuda financeira internacional

para financiar a luta. Porém, em 1962, foi preso e condenado a cinco anos de prisão,

por incentivo a greves e viagem ao exterior sem autorização. Em 1964, Mandela foi

julgado novamente e condenado à prisão perpétua por planejar ações armadas.

(Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/nelson_mandela.htm>.

Acesso em: 09/03/2010.)

O enredo do filme é a história real de Nelson Mandela no período de 27 anos

que ficou encarcerado em função de uma sentença de prisão perpétua, executando

trabalhos forçados.

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Os fatos são narrados a partir das memórias do agente penitenciário racista

James Gregory, que, ao ser promovido para uma prisão de segurança máxima em

uma ilha próxima à Cidade do Cabo, teve sua vida completamente alterada pela

convivência com o líder da África do Sul.

Por ter crescido perto de uma comunidade negra, ele é um dos poucos

brancos que sabe fluentemente o dialeto Xhosa, por isso consegue uma vaga como

chefe do setor de censura no prédio onde está preso o “perigoso terrorista” Nelson

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Mandela. Lá, ele cuidará das cartas que chegam e saem da ilha, para se certificar de

que a comunicação dos criminosos seja segura.

Acostumado com o fato de que os negros querem matar todos os brancos

para tomar a África para si, Gregory e sua família não se incomodam com a

hostilidade e violência com que este povo é tratado, assim como pensa toda a

população branca.

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Porém, com a convivência com Mandela, o agente passa a ver que nem tudo

é como as autoridades lhe contam. À medida que o líder negro conta para ele suas

convicções e os ideais pelos quais seu povo luta, o carcereiro, num verdadeiro

processo de conversão, vai notando que talvez ele esteja do lado errado, o lado dos

verdadeiros “terroristas”. Com mulher e dois filhos para criar, sem chance de outra

profissão fora da vida militar, James fica em um impasse sobre o que deve fazer

com o futuro de sua carreira. O respeito pela figura de Nelson Mandela se torna

maior, embora suas atitudes em prol do governo de sua atualidade parecem resultar

em tragédias das quais ele se sente culpado. Pressionado para ficar, já que é o

único a entender o dialeto dos negros, Gregory precisa tomar decisões que

influenciarão no futuro do país e que poderão fazer com que se funde uma nova

África do Sul.

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Esta é outra experiência de conversão, pois a partir de sua convivência com

Mandela, Gregory passa a questionar suas convicções, e aquilo no que acreditou

durante toda a sua vida.

Ao alterar seu modo de pensar, altera também seus atos, fato esse que o leva

a experimentar o outro lado da moeda, pois tanto ele como sua família, passam a

ser discriminados e a sofrer ações de violência no bairro onde moram.

2.3 Cidade de Deus

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

DIRETOR: FERNANDO MEIRELLES

DURAÇÃO: 130 MINUTOS

ANO: 2002, BRASIL

GÊNERO: DRAMA

No desenvolvimento deste caderno pedagógico, em que através da

educação, são buscadas formas de desconstruir o preconceito e o racismo utilizando

filmes, não poderia faltar um representante brasileiro.

Os outros dois filmes são uma preparação para o que se pretende salientar e

discutir. A partir deste terceiro exemplo, que é emblemático para se analisar a

realidade brasileira, esperamos que os alunos se manifestem de maneira positiva

em relação ao enfrentamento da questão do racismo e do preconceito,

demonstrando estar receptivos à sua problematização.

Falar de racismo e preconceito no Brasil é difícil e complicado, porque

ninguém se assume com tal. Então negamos ou dissimulamos o nosso preconceito.

Essa realidade nacional, acaba por impedir o enfrentamento do problema do

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racismo e do preconceito, especialmente sentido pelos afro-descendentes e pelos

pardos.

A escolha do filme “Cidade de Deus” obedeceu a uma impossibilidade

logística - No Brasil não existe “racismo”, vivemos segundo Gilberto Freire, numa

“democracia racial” . Por conta do mito de uma suposta representação

democrática, nenhum filme demonstra claramente atitudes racistas, discriminatórias

ou preconceituosas. Como enfrentar algo que não é declarado, que é negado

sistematicamente, mas que existe empiricamente de forma velada. A solução foi

escolher um outro viés e demonstrar o racismo e a discriminação através da sua

negação.

O negro na nossa sociedade sobre dois tipos de preconceito: o de

“raça” e de classe social. O de “raça” esta alicerçado no passado escravo e o de

classe se manifesta na impossibilidade de ascensão social.

A análise desse filme mostra a favela “Cidade de Deus” no Rio de Janeiro,

conhecida por ser um dos lugares mais violentos da cidade. Um universo de

pobreza, descaso institucional e falta de esperança, quase um determinismo social.

Sabemos que a violência não é privilégio tão somente dos bairros de periferia, ela

está presente em todos os espaços sociais. Mas aquele tipo de violência

desassistida, onde impera a lei do mais forte, onde a corrupção policial é mais

sentida, sem dúvida, é característica dos bairros pobres de maioria negra.

E nesse caso Cidade de Deus é um exemplar magnífico, é um filme “cebola”,

você o descasca camada por camada para chegar ao seu âmago. Quando o

assistimos, inicialmente, o que nos choca é o trinômio: pobreza, violência e

marginalidade. Só mais tarde, com um olhar um pouco mais demorado é que vemos

as outras denúncias sociais ali contidas. No filme 99% dos seus atores todos á

época, anônimos, são da própria comunidade, são afro-descendentes. Todos com

uma única exceção, com um destino já traçado desde o nascimento: assalariado,

bandido ou cadáver.

São pessoas que aparentemente não têm saída, a não ser cumprir um

destino pré-determinado por uma realidade cruel e discriminatória. No Brasil, a

violência, a criminalidade, a falta de perspectivas, têm rosto, nome e endereço

completo. É essa realidade que o filme mostra. Nesse cenário de desolação, com

um elenco majoritariamente de afro-descendentes, vivendo em uma localidade onde

imperam as condições acima aludidas. Suas vidas não têm valor e nem perspectiva,

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falar em futuro, em Deus, ou em direitos é “chover no molhado”, pois a realidade se

encarrega de destruir qualquer laivo de esperança. É praticamente impossível

encontrar alguém que consiga sonhar, e através desse sonho encontrar forças para

escapar de um destino certo. A morte violenta e prematura, ou uma vida sem

perspectivas, vegetando nos sub-empregos e discriminação. Nesse cenário é quase

justificada a opção pela marginalidade, já que o estado é ausente ou só aparece

para reprimir.

O principal protagonista do filme, na verdade, não é nenhum dos atores, mas

sim, a própria favela surgida nos anos 60 chamada “Cidade de Deus”. O filme divide-

se em três partes que, do final dos anos 60 ao início dos anos 80, seguem a vida de

vários personagens, a partir do olhar do narrador-personagem, Buscapé. Trata-se

de um menino negro, pobre e muito sensível e morador dessa favela, aterrorizado

com o futuro predestinado de se tornar bandido imposto pelo ambiente violento,

revoltado pela escravatura dos trabalhos delegados aos negros. Apesar de viver

num universo de muita violência, tenta conseguir escapar do mundo do crime graças

ao sonho de fotógrafo. Ele consegue e tem o destino modificado pelo seu talento:

torna-se fotógrafo, o que evita que entre para o mundo do crime, como tantos outros,

morrendo cedo, na miséria e no anonimato. É através das lentes de sua câmera que

Buscapé reflete sobre o dia-a-dia do ambiente em que vive e de seus moradores,

onde a violência parece ser infinita.

O jovem conta sua história triste, enriquecida com relatos cotidianos de outros

personagens: moradores, crianças, traficantes e usuários de drogas. Dividido entre

seu sonho e a possibilidade de se tornar um bandido, toma decisões muito

antecipadas para sua idade (adolescência).

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Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Outro importante personagem é Dadinho, um garoto de onze anos que se

muda para a Cidade de Deus e, ao contrário de Buscapé, sonha em ser o bandido

mais perigoso do Rio de Janeiro. E ele consegue, pois matando e atemorizando

cumpre o seu sonho: torna-se o pequeno líder de uma gangue com grandes

ambições. Torna-se traficante e recebe um novo apelido: Zé Pequeno.

Zé vai acabar por se tornar um dos traficantes mais poderosos do Rio de

Janeiro, protegido por um exército de crianças e adolescentes. Ninguém se atreve a

contestá-lo, até Mané Galinha, um dos moradores ver a namorada violentada e

decidir vingar-se. A guerra rebenta na Cidade de Deus. Registrar essa guerra em

fotografias é a chance da vida de Buscapé, que acabou de conseguir a sua primeira

máquina profissional.

O filme é um retrato poderoso da vida nas favelas brasileiras e é uma

autêntica crônica mundial do que é viver às margens. “Eu acreditava”, conta

Fernando Meirelles “que conhecia o apartheid social que existe no Brasil até ler o

livro. Percebi que nós, da classe média, não somos capazes de enxergar o que está

na nossa cara. Não temos a dimensão do abismo que separa estes dois países: o

Brasil e o Brasil”. Filmado de dentro para fora da favela. Um filme sem atores

profissionais, mas com garotos que vivem aquela realidade, e que nos podem trazer

ao menos a sensação do que é viver à margem. Mas ”Cidade de Deus” não fala

apenas de uma questão brasileira e sim de uma questão global. Das sociedades que

se desenvolvem na periferia do mundo civilizado”. (Disponível em:

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<http://aloneinkyoto.wordpress.com/2009/02/27/cidade-de-deus>. Acesso em:

11/03/2010).

O filme, apesar de tudo, é otimista, pois centrou sua narrativa em Buscapé,

que acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o

qual permite que siga carreira na profissão, mesmo com todas as dificuldades que

vai encontrar e superar. É através de seu olhar atrás da câmera que se pode ver o

dia-a-dia da favela, onde a violência aparenta ser infinita.

E é através dessa lente que ele visualiza o crescimento simultâneo da favela

e do tráfico de drogas, a impunidade de traficantes e de policiais corruptos, o

aprendizado das crianças na cartilha do crime e os motivos que levam os moradores

a entrar nessa vida.

Mas é sintomático analisar que daquele grande universo de personagens,

apenas um consiga superar as condições sociais das quais é fruto, e é uma analogia

que pode ser transferida para outros universos e, além disso, pode-se contar o

número de negros que fazem sucesso em profissões consideradas áreas de atuação

dos brancos. Para os negros e pardos sobra se destacar em esportes ou músicas.

2.4 Atividades

Após a exibição dos filmes, o professor não fará nenhuma preleção.

Simplesmente distribuirá o questionário de pesquisa abaixo, que deverá ser

respondido pelos alunos do 2º Ano do Ensino Médio, em duplas.

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Curso: ______________________________________________________________ Disciplina: ___________________________________________________________ Período:____________Turno:_______________ Turma:______________________ Professor:___________________________________________________________ INSTRUÇÕES: 1. Utilize caneta esferográfica; 2. Não deixe resposta em branco; 3. Marque somente uma alternativa para cada questão.

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1. Dados de Identificação

Nome dos (a) alunos (a):

1)__________________________________________________________________

2)__________________________________________________________________

Idade: __________ / _________

2. Costuma ver filmes?

( ) no cinema / ( ) em casa, na TV / ( ) não assiste filmes / ( ) Gosta de comentar a respeito dos filmes que vê? ( ) sim ( ) não

3. Qual é a temática dos filmes?

3.1. A Outra História Americana;

( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________

3.2. Mandela – Luta pela Liberdade;

( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________

3.3. Cidade de Deus;

( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________

4. Cite uma parte dos filmes que mais lhes tocaram?

A Outra História Americana:

Mandela – Luta pela Liberdade:

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Cidade de Deus:

5. Comente sobre os valores de vida, que os filmes transmitem ao espectador?

A Outra História Americana:

Mandela – Luta pela Liberdade: Cidade de Deus:

6. Na sua opinião o uso da violência nos filmes é justificável?

( ) Sim ( ) Não - Porque?

A Outra História Americana: Mandela – Luta pela Liberdade:

20

Cidade de Deus:

7. Como você agiria na mesma situação, caso fosse o (s) protagonista (s) dos filmes?

8. Se fosse escolher um filme para assistir em aula, com os colegas, qual você escolheria?

9. Você se vê como uma pessoa preconceituosa, racista ou intolerante?

Em seguida, ainda sem nenhuma preleção, serão distribuídos os testes abaixo, com a finalidade de auxiliar o professor na coleta de informações. 1) O cinema brasileiro contou, recentemente, com a produção de dois filmes de grande repercussão e aceitação pelo público e pela crítica especializada: “Tropa de Elite” e“Cidade de Deus”. Em conjunto, os filmes mencionados enfocam e explicitam a a vinculação entre os seguintes aspectos da realidade brasileira: Concurso IBGE – recenseador – prova amarela – Censo 2010 (Disponível em: <

http://www1.cesgranrio.org.br/eventos/concursos/ibge0110/pdf/prova_amarela_gabarito2.pdf> Acesso em: 22/05/2010. 14:00). (A) cultura popular e tecnologia social. (B) violência urbana e segurança pública. (C) prática religiosa e assistência social. (D) ecologia urbana e educação pública.

21

Questões dos exames vestibulares de 2004 e 2006, respectivamente, da Faculdade Cásper Líbero. (Disponível em: <

http://www.facasper.com.br/rep_arquivos/2010/02/10/1265834866.pdf> . Acesso em: 22/05/2010. 14:30).

2) As afirmações seguintes referem-se ao filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles: I. O filme é mais um representante da estética da violência que assolou o cinema brasileiro recente, mas se distingue, por exemplo, da atração que o cinema americano também tem pelos filmes violentos. Enquanto o criminoso americano é quase sempre um sujeito integrado ao mundo capitalista que simplesmente optou pelo enriquecimento fácil ou então um indivíduo que sofre de problemas mentais, o criminoso brasileiro é apresentado sob a perspectiva de uma sociedade injusta e desigual. II. Trata-se de uma narrativa universal, imediatamente acentuada pelo título bíblico. No início da obra, a visão panorâmica da favela confere ao lugar um caráter divino e atemporal que prepara uma trama de amor, traição e morte que, a rigor, poderia acontecer em qualquer lugar do planeta. III. Os heróis marginais de Cidade de Deus não veiculam nenhum discurso político articulado e consistente, porque são totalmente, ou quase, analfabetos. IV. A história do filme apresenta uma clara linearidade, disposta a torná-lo acessível ao grande público. Tal preocupação também está presente na exploração de um narrador onisciente - o próprio protagonista - que explica, em linguagem coloquial, as origens da favela e outros elementos centrais para a compreensão da trama. São corretas as afirmações: a. I, II e IV. b. I, III e IV. c. II, III e IV d. Todas estão corretas. e. II e III. 3) A violência urbana é um dos principais problemas das grandes cidades brasileiras. Com 27 mortes violentas por ano, a cada 100 mil habitantes, o país fica atrás apenas da Colômbia que está em guerra civil há cerca de 40 anos. O narcotráfico é um componente fundamental desse cenário desolador, descrito cotidianamente pela mídia. O filme Cidade de Deus levou para as telas de cinema o submundo do tráfico de drogas e da violência urbana. Leia as afirmativas sobre a película. I. A história é narrada pela personagem Dadinho que nos anos 70 trocou o seu nome para Zé Pequeno, quando se tornou o líder do tráfico de drogas em Cidade de Deus. II. O Trio Ternura reuniu os bandidos mais perigosos da Cidade de Deus nos anos 60. No filme eles assaltam o caminhão de gás. III. A praia representa o ponto de interseção entre os jovens de classe média e da elite da Zona Sul carioca com os jovens das classes subalternas da Cidade de Deus. IV. O roteiro da película tem como objetivo principal descrever as relações entre os traficantes dos morros cariocas e os poderosos narcotraficantes colombianos.

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Estão corretas as afirmativas, a) I, II, III e IV. b) I e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) II e III, apenas. 4) Eis um trecho do depoimento da psicanalista Maria Rita Khel, na matéria sobre o líder do Racionais intitulada “Brown, o Mano Charada”, assinada por Phidia de Athayde e publicada na Revista Capital de 29 de setembro de 2004: “A força dos grupos rap não vem de sua capacidade de excluir, (...) vem de seu poder de inclusão, da insistência na igualdade entre artista e público, todos negros, todos de origem pobre, todos vítimas da mesma discriminação e da mesma escassez de oportunidade”... Segundo a psicanalista, qual das afirmações abaixo é correta: a. a auto-estima e a dignidade do negro da periferia, na sociedade brasileira, independem de sua aceitação por parte da elite branca. b. para o negro, a música é um dos caminhos de construção de identidade social e de inclusão na organização social. c. o rap é o caminho para consolidar a democracia racial no Brasil. d. no rap, o negro tem a supremacia; nele, a direção do preconceito racial se inverte: é a comunidade negra que, orgulhosamente, exclui os brancos. e. o rap permite aos negros fazerem sucesso e adentram a sociedade dos brancos. 5) Vários casos de racismo e discriminação no futebol foram destacados na imprensa nacional e internacional. O zagueiro do Juventude, Antônio Carlos, expulso ao agredir o volante Jeovânio, do Grêmio, deixou o gramado esfregando o dedo na pele do braço e gritando “macaco”, em referência à cor da pele do adversário. Durante uma partida da Libertadores, o argentino Leandro, do Quilmes, chamou o ex-atacante do São Paulo, Grafite, de “macaquito”. Em partida do campeonato espanhol, o atacante camaronês Samuel Eto’o, do Barcelona, ameaçou abandonar o campo ao ser insistentemente agredido pela torcida do Zaragoza. Declarações do ultra-direitista Jean-Marie Le Pen criticavam a presença de muitos “jogadores de cor” na equipe francesa. Segundo o líder da Frente Nacional, a França não se reconheceria na formação da seleção francesa. Sobre o assunto acima tratado é correto afirmar: I. O racismo sempre existiu no calor do jogo de futebol, o que não significa que a pessoa seja racista no seu cotidiano. II. A FIFA tem se mostrado sensível aos acontecimentos relatados e tem incluído multas e sanções aos jogadores e às equipes que manifestem algum tipo de manifestação racista. III. A FIFA tem adotado uma postura coerente com o espírito do futebol, separando o esporte da política e deixando a questão aos órgãos competentes como a polícia e a Justiça.

23

IV. Esses casos chocam os brasileiros, porque no Brasil não temos problemas desse tipo, já que, como todos sabemos, somos um povo cordial. V. A Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, foi um momento de confraternização e amizade em que essas questões foram deixadas de lado em nome da boa relação entre os alemães e os demais países. Está(ão) correta(s): a) I. b) III e IV. c) II. d) V. e) I; II e V. Objetivo: Observar sem interferência e analisar as considerações pessoais,

apresentadas no questionário e ratificada nos testes. Essas duas atividades

(questionário e testes) tem a função de fornecer ao professor, informações a

respeito da percepção dos alunos relativas ás representações discutidas nos filmes.

2.5 Sugestões de outros filmes sobre o tema

CRASH, NO LIMITE

DIRETOR PAUL HAGGIS, 113 MIN., 2004, EUA - DRAMA

Um drama que acompanha 36 horas na vida de diversas pessoas de etnias e

classes diferentes na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Um panorama

da sociedade norte americana e suas paranóias, ainda mais exacerbadas, pós 11

de setembro. A trama envolve história e personagens ligados pelos

desentendimentos raciais. Preconceito, racismo, intolerância, violência e redenção,

desfilam por todos os 113 minutos da película. Os personagens se encontram, numa

espécie de acerto de contas, impossibilitados de ver o outro e aceitar as diferenças.

Destaque para o personagem do ator Matt Dillon (justamente indicado para o Oscar

de Coadjuvante), para mim ele é uma síntese do filme. Reparem como ele perpassa

por todas as etapas, indo do preconceito mais abjeto a redenção.

UM SONHO POSSÍVEL

DIRETOR JOHN LEE HANCOCK, 128 MIN., 2009, EUA, DRAMA

Um drama cheio de boas intenções, mostrando como os “seres humanos”

deveriam ser e comportar-se. A sugestão se baseia não tanto na história da

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protagonista (linda, rica e loira), mas em um dos atores coadjuvantes, o ator afro

americano Michael Oher. Ele é a imagem do preconceito e do racismo ambulante,

ou seja: 1) Ele é negro – vivendo numa sociedade extrema e abertamente racista; 2)

Ele é pobre – vivendo numa sociedade que valoriza o sucesso financeiro a qualquer

preço; 3) ele é grande e obeso – vivendo numa sociedade que exige a conformidade

com os padrões esteticamente aceitáveis, que aliás são violentíssimos. Em suma um

perdedor nato, que mesmo assim consegue vencer na vida e ser salvo de um

destino na melhor das hipóteses, medíocre. Infelizmente não como advogado, ou

médico, mas como esportista.

INVICTUS

DIRETOR CLINT EASTWOOD,134 MIN, 2009, EUA, DRAMA

Outro drama, aqui vemos Nelson Mandela, que após quase 30 anos de

prisão, é libertado e eleito presidente da África do Sul, o país do Apartheid. Como os

protagonistas são baseados em homens reais, que ainda vivem, cabe aqui, um

pouco de História. Ao ser eleito presidente Mandela tinha plena consciência, que seu

país continuava sendo racista e economicamente dividido. Na verdade a situação

era muito séria, e a desconfiança era uma constante. Os brancos acreditavam que

Mandela faria um governo revanchista, desmantelando todo o estado instituído, que

no caso era branco. Além disso, iria substituir todos os posto do governo por gente

de sua confiança, o que no caso equivalia dizer “negros”. Os negros por sua vez

esperavam exatamente isso, afinal ele tinha sido preso por ativismo político e

encarado como inimigo nacional por mais de 30 anos. Nesse ponto prevalece a

visão de estadista de Mandela, frustrando e desequilibrando ambos os lados. Ele

sabia que para iniciar um processo que visava diminuir a segregação racial e dar

condições de igualdade entre negros e brancos, não poderia partir para revanche

como aconteceu em outros países, que acabaram arrasados. Sabia ainda que,

mudanças levam tempo, e que não é possível destruir ou abandonar tudo o que já

foi conquistado e sedimentado e começar do zero. Por isso empreendeu um governo

de conciliação, onde brancos e negros pudessem trabalhar juntos buscando um

futuro comum. No filme a solução encontrada para amenizar o fosso entre negros e

brancos e iniciar um projeto de reconciliação e união foi um esporte, o Rúgbi. O

objetivo era vencer a Copa do Mundo da categoria. Nesse projeto contou com a

25

ajuda do jogador branco Francois Pienaar, capitão do time e será o principal parceiro

de Mandela na jornada. O termina não sendo nem sobre Rúgbi, nem sobre Mandela,

mais sobre uma utopia, ou seja: a possibilidade da igualdade entre as raças e as

condições sociais. Da união entre diferentes. Da tolerância. Utopia? não sei.

Quantos sonhos não começaram com menos. Torná-los realidade depende do

esforço que empregamos em algo que acreditamos.

26

3 AINDA SOBRE PRECONCEITO E RACISMO: ANÁLISE DE TEXTOS

Esta unidade propõe um aprofundamento da discussão do racismo e

preconceito contra o negro, utilizando como instrumento, alguns fragmentos de

textos que procuram equacionar as representações historicamente compartilhadas a

esse respeito. Textos contundentes, polêmicos e irônicos que problematizam o tema

e o atacam em seu cerne. Termina com um fragmento da entrevista de Kate Lund

(co-diretora de Cidade de Deus), que ataca violentamente o sistema que produz

excluídos em massas e não sabe como tratá-los a não ser através da violência

policial. Violência segundo ela, que é usada para manter a diferença social, porque o

que mais interessa hoje é manter os excluídos afastados e sob controle.

3.1 Metáforas negras

Em uma sociedade preconceituosa, o negro é visto como ser inferior,

primitivo, retardado, perverso, desonesto, tolo, possuidor de maus instintos, sujo,

irresponsável, preguiçoso, incapaz, etc. Esses preconceitos tornam-se traços

semânticos das palavras preto/negro que vão sendo reproduzidos nas inúmeras

metáforas que utilizam essa cor.

Kabengele Munanga (1986, p. 15-16) lembra-nos que,

Na simbologia de cores da civilização européia, a cor preta representa uma mancha moral e física, a morte e a corrupção, enquanto a branca remete à vida e à pureza. Nesta ordem de idéias, a Igreja Católica fez do preto a representação do pecado e da maldição divina. Por isso, nas colônias ocidentais da África, mostrou-se Deus como um branco velho de barba e o Diabo um moleque preto com chifrinhos e rabinho.

E continua Munanga,

De acordo com a simbologia de cor, alguns missionários, decepcionados na sua missão de evangelização, pensaram que a recusa dos negros em se converterem ao cristianismo refletia, de fato, sua profunda corrupção e sua natureza pecaminosa. A única possibilidade de "salvar" esse povo tão corrupto era a escravidão. Muitos utilizaram-se de tal argumento para defender e justificar essa instituição. Desse modo não haverá nenhum problema moral entre os europeus dos séculos XVI e XVIII, porque na doutrina cristã o homem não deve temer a escravidão do homem pelo homem, e sim sua submissão às forças do mal. Por isso, foram instaladas capelas nos navios negreiros para que se batizassem os escravos antes da travessia. Em total desrespeito e flagrante violação à religião dos africanos,

27

a preocupação cristã consistia em salvar as almas e deixar os corpos morrerem!

Pouca mudança houve até hoje. A idéia de redenção do negro através do

embranquecimento de sua alma ainda se faz presente em nossos dias. Os

preconceituosos embutidos nas metáforas, perpetuam a escravidão disfarçada do

negro e o olhar de piedade do branco para com o ser que ele considera inferior e

amaldiçoado.

Até mesmo no momento em que se lembra do negro para homenageá-lo ou

defendê-lo, enfatiza-se, na maioria das vezes, os estereótipos criados pelo

preconceito, como o exemplo abaixo, cuja autoria preferimos omitir.

Mostrando a alma que é franca, a raça negra é querida.

Alma de preto é mais branca , que os brancos "pretos" da vida.

Nessa quadrinha há a pressuposição de que o preto é inferior ao branco.

Apesar do uso do dêitico "os" em "os brancos 'pretos' da vida", separando uma parte

da raça branca do seu todo e da ausência do dêitico em "alma de preto", no sentido

de toda a raça negra, a idéia positiva apresentada no 3º verso é destruída pelo jogo

das palavras "branco" e "preto". No 3º verso, a palavra "preto" é sinônimo de raça e,

no último verso, a palavra "pretos" significa desonesto, possuidor de maus instintos,

etc. O contrário acontece com a palavra "branco(a)". No 3º verso, "branco" significa

"pura" e a palavra "brancos" no último verso, significa alguns representantes da raça

branca.(PAIVA, 1998, p. 105-110).

3.2 Os demônios do demônio

Como a noite, como o pecado, o negro é inimigo da luz e da inocência.

Em seu célebre livro de viagens, Marco Pólo fala dos habitantes de Zanzibar.

“Tinham uma boca muito grande, lábios muito grossos e nariz como o de um

macaco. Caminhavam nus, totalmente negros e para quem de qualquer outra região

que os visse acreditaria que eram demônios”.

Três séculos depois, na Espanha, Lúcifer, pintado de negro, trepado numa

carroça em chamas, entrava nos pátios das comédias e nos palcos das feiras. Santa

Tereza de Jesus, que viveu para combatê-lo, apesar disso nunca pôde entendê-lo.

Uma vez ficou ao lado e viu “um negrinho abominável”. Outra vez ela viu que do seu

28

corpo negro saía uma chama vermelha, quando se sentou em cima de seu livro de

orações e queimou os textos do ofício religioso.

Uma breve história do intercâmbio entre África e Europa: durante os séculos

XVI, XVII e XVIII, a África vendia escravos e comprava fuzis. Trocava trabalho pela

violência. Os fuzis punham ordem no caos infernal e a escravidão iniciava o caminho

da redenção. Antes de serem marcados com ferro quente, na cara e no peito, todos

os negros recebiam uma boa unção de água benta. O batismo espantava o demônio

e dava alma a esses corpos vazios. Depois, durante os séculos XIX e XX, a África

entregava ouro, diamantes, cobre, marfim, borracha e café e recebia Bíblias.Trocava

produtos por palavras. Supunha-se que a leitura da Bíblia podia facilitar a viagem

dos africanos do inferno para o paraíso, mas a Europa esqueceu de ensiná-los a ler.

(EDUARDO GALEANO)

3.3 Entre o asfalto e o morro

Se existe uma pirâmide no crime, deveríamos estar atacando o pé dessa

pirâmide, e não a cabeça. É importante tirar do crime a galera que ainda está

entrando nele. O problema é que a sociedade não quer se sujar e acaba usando a

polícia para afastar os excluídos. Ela prefere fingir que não está enxergando nada. E

nós somos cúmplices dessa situação. (...) A primeira vez que pensei em favela como

comunidade foi em 1996, quando subi o Santa Marta para produzir o clipe do

Michael Jackson. Foi aí que eu comecei a reparar que existia uma outra sociedade,

com outros códigos. (...)

Foi a primeira vez que vi meninos no tráfico. Foi aí que comecei a questionar

os rótulos que havia aceitado da imprensa. Não podia mais continuar olhando para

um menino de uns 12 anos de idade e enxergá-lo como um monstro. Para um

menino desse, o tráfico na favela é quase um caminho natural. É muito injusto

julgarmos o outro sem nos colocarmos na sua posição. Temos de questionar esse

sistema. Comecei a perceber que não entendia nada do meu mundo, do meu país.

(KATE LUND)

29

3.4 Atividades

Após a leitura Realização de uma mesa redonda com a mediação do

professor, que concomitante á discussão resgatará a importância das contribuições

do negro na formação da sociedade brasileira e instigará os alunos a exporem suas

considerações sobre o assunto.

Objetivo: Construção de conceitos científicos que venham substituir o

conhecimento de senso comum, relativo a visão depreciativa do negro. Buscar

desconstruir o falso mito da democracia racial, tão decantado no Brasil, que termina

por impedir a conscientização e a necessária mobilização da população para

acabar com o flagelo do racismo e preconceito.

30

4 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E VALORIZAÇÃO DO FENÓTIPO DOS AFRO-DESCENDENTES

Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Esta unidade tentará problematizar as razões que impedem a construção da

identidade dos afro-descendentes e a valorização da cor e características físicas

pelos próprios negros e pardos.

4.1 Ditadura de Padrões Estéticos

Vivemos a ditadura de um padrão estético ideal, imposto pela sociedade e

pela mídia, que garante melhor aceitação e interação social.

Tanimara Elias Santos (2006, p. 10) afirma que

A partir da análise da língua falada como um instrumento de manutenção ou reordenação das estruturas da sociedade, é possível apontar essa forma específica de denominar os corpos negros como uma das formas de percepção das diferenças a partir da ótica de um outro que se tem como referencial ideal, uma ótica discriminatória através da qual a sociedade que segue padrões brancos de beleza observa os traços fenotípicos da população afrodescendente.

O que fazer, quando se foge do padrão estético ideal para garantir aceitação

e interação? Quando se é negra(o) ou mestiça(o), ou índia (o), cabelos crespos,

carapinha ou lisos, longos e negros, mas com a textura de cordas de violas, pele

31

negra, parda ou vermelha, traços mais rústicos ou asiáticos, olhos castanhos ou

negros, estatura baixa (o) ou atarracada(o), forte e angulosa(o), impossibilitado

pelas condições de nascimento ou de ascensão social de ser bem sucedida (o)

economicamente.

O que fazer, quando todos os veículos de mídia: cinema, televisão, passando

pela moda e a propaganda de bens ou produtos, trabalham com um estereótipo dito

ideal?

O que fazer, quando você não se vê representado em nenhum segmento,

como desenvolver a auto-estima, construir a auto-imagem e a valorização do que se

é e aparenta? O que fazer quando se passa a vida toda como coadjuvante da

própria história? O que fazer quando não se vê heróis negros (exceção do Zumbi e

Xica da Silva)? O que fazer quando crianças não possuem brinquedos que

represente o estrato negro ou mestiço da sociedade?

Kabengele Munanga (2004, p. 52), afirma que,

num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico.

Nelson Inocêncio (2006, p.185), afirma ainda que, Na cultura visual brasileira, o corpo negro aparece como a antítese do que se imagina como normal. É um corpo cuja representação está associada ao que há de mais caricato, como se ele existisse justamente para demonstrar o contrário do humano. O corpo negro amedronta, porque a ele foi atribuída uma noção de força que se sobrepõe ao intelecto. Esse mesmo corpo provoca risos porque sua leitura está vinculada a comparações que o animalizam.

4.2 Análise do vídeo “Bonecas negras” ou “Auto-Racismo”

O vídeo “Bonecas Negras e Brancas”, ou “Auto-racismo”, demonstra essa

realidade de maneira exemplar. No Vídeo um entrevistador branco faz perguntas a

diversas crianças negras, de idades entre cinco e dez anos. É apresentado às

crianças duas bonecas, uma negra e uma branca, e o entrevistador pergunta a cada

criança: 1) Qual boneca é a bonita? Resposta de todas as crianças – A branca; 2)

Qual boneca é a feia? Resposta de todas as crianças – A negra; 3) Qual boneca é a

32

boa? Resposta de todas as crianças – A branca; 4) Qual boneca é a má? Resposta

de todas as crianças – A negra; 5) Com qual boneca você se parece? Resposta de

todas as crianças – A negra; 6) Com qual boneca você se gostaria de se parecer?

Resposta de todas as crianças – A branca.

Tanimara Elias Santos (2006, p. 12 e 13), afirma que,

Os referenciais do que é o belo, bonito e desejável para uma estética negra se constroem a partir das interações sociais e se dão de maneira relacional com a estética branca.

E ainda, Já para a construção do sujeito negro politizado, os referenciais de beleza negra também estão associados à naturalidade, mas para atestar que possuir traços fenotípicos de negritude é se mostrar como diferente dentro da sociedade e assumir o papel de agentes resistentes aos processos de neutralização e exotização dessas diferenças.

4.3 Atividades

- Após a exibição do vídeo, propor uma discussão sobre a ditadura dos

padrões estéticos mundialmente desejáveis e aceitáveis;

- Buscar a posição dos alunos afro-descendentes, sugerindo que eles se

manifestem oralmente sobre como esses padrões contribuem para alijá-los ainda

mais do sistema;

- Solicitar sugestões dos alunos na busca da solução ou de caminhos que

busquem minimizar essa violência estética;

- Inquirir os afro-descedentes - O que se deve fazer? Aceitar o padrão vigente

e tentar se adequar ou valorizar o seu fenótipo e sua cultura?

Objetivos: Construção da auto-imagem do negro, valorizando o seu fenótipo

(cor e traços físicos); Compreender que cada fenótipo tem sua beleza, e que a

diversidade e não a padronização é que forma o ideal de humanidade.

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5 PRECONCEITO, RACISMO E DISCRIMINAÇÃO: ANÁLISE DE ALGUNS CONCEITOS

Nesta unidade vamos procurar entender como conceitos podem ser

construídos e repassados de gerações a gerações, introgetando e reproduzindo

práticas preconceituosas e racistas. Como ambos podem ser mascarados ou

negados a ponto de um indivíduo, praticá-los de forma inconsciente, e negá-los de

forma consciente.

5.1 Preconceito, racismo e discriminação

Vamos iniciar esta unidade tentando conceituar ou buscar definir o que é

preconceito, racismo e discriminação.

O preconceito não é novo na história da humanidade. Existe desde a

antiguidade e numa conceituação de Houaiss significa uma idéia preconcebida, um

julgamento sedimentado por um grupo dominante, ou seja, um controle de alguém

que detém determinado poder (HOUAISS, 2001, p. 2282).

O preconceito - de qualquer tipo – é um pré-julgamento desfavorável que

pode ser tomado em relação a um indivíduo, a um grupo ou mesmo a uma idéia.

Quando praticamos o preconceito, no fundo, o que estamos fazendo é uma

comparação a partir de um padrão de referência que nos é próprio. Portanto, o

preconceito racial ocorre quando uma pessoa, ou mesmo um grupo, sofre uma

atitude negativa por parte de alguém que tem como padrão de referência o próprio

grupo racial.

O racismo é mais amplo que o preconceito e ocorre quando se atribui a um

grupo determinados aspectos negativos em razão de suas características físicas ou

culturais.

O racismo surgiu na Europa, no século XV aproximadamente, justamente

quando os países europeus dominaram terras até então desconhecidas, passando a

incutir um pensamento dominante europeu sobre as populações descobertas e

conquistadas. No Brasil, o racismo refere-se ao preconceito de cor da pele e das

características físicas, ou seja, mesmo que o indivíduo negro pertença a uma classe

social favorecida ou a uma descendência árabe, por exemplo, será discriminado em

diferentes situações, embora em menor grau. O mesmo vale para o mestiço, ou seja,

o descendente de negros e não-negros (MUNANGA, 1999).

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A discriminação decorre do preconceito, fazendo com que determinados

indivíduos ou grupos sejam excluídos ou estigmatizados. Discriminação não pode

ser confundida com o preconceito ou com o racismo, porque ela só acontece na

medida que um dos dois se manifestem. Concluindo, enquanto o preconceito e o

racismo são modos de ver pessoas ou grupos, ou seja, conceitos internalizados, as

vezes até inconscientes, a discriminação é a externalização, ou seja, a ação,

manifestação ou comportamento que vize prejudicar esses indivíduos ou grupos.

O preconceito e o racismo não são naturais, e sim históricos, ou seja,

constituem uma prática construída socialmente, na interação com o outro, a escola,

um espaço privilegiado de formação que deveria “recomendar e praticar” a

tolerância com a diversidade racial, na tentativa de desconstruir aquilo que lhe é

nocivo. Ou, pelo menos, se colocar como o local ideal para discutir essas relações

conflitantes, que muitas vezes não são pensadas, nem criticadas, mas apenas

repetidas sem nenhuma consciência. É importante que os alunos sejam colocados

em xeque, e através desse conflito, possam reelaborar a própria prática de

tolerância.

5.2 Análise, discussão e crítica sobre o e-mail “El Negro”

Veja como primeiro caso o e-mail abaixo, repassado a milhares de pessoas

do mundo todo. A autora deste caderno recebeu-o de <Marisi de Lourdes Duarte

E-mail [email protected]>, com o lembrete de repassá-lo para o maior

número de pessoas que pudesse alcançar com sua rede de relacionamentos:

EL NEGRO

O político mais poderoso do mundo é negro...

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A mulher mais rica e influente na mídia é negra.

O melhor jogador de golfe de todos os tempos é negro.

As melhores jogadoras de tênis do mundo também são negras.

O ator mais popular do mundo é negro.

O piloto de corrida mais veloz do mundo é negro.

O mais inteligente astrofísico na face da terra é negro.

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O mais próspero cirurgião cerebral do mundo é negro.

O homem mais rápido do mundo é negro.

....POR QUE NO BRASIL

ELES AINDA PRECISAM DE COTAS?

5.3 Atividades

Faça a atividade abaixo antes de ler a análise pessoal da autora.

1) Este é um texto claramente contrário ao sistema de cotas nas universidades

públicas do país?

2) Este texto com certeza foi escrito por um pessoa que não faz parte do grupo

dos excluídos?

3) Como você trabalharia esse tipo de texto em sala de aula?

4) Esse é um texto discriminatório, preconceituoso e racista, ou não?

5) Caso a resposta seja afirmativa, ele é intencional ou não?

6) Os alunos teriam condição de selecioná-lo com um texto discriminatório,

preconceituoso e racista ou não? Porquê?

37

A seguir, a análise pessoal da autora deste trabalho.

Deixando de lado o fato que nenhuma das pessoas citadas é brasileira, o

simples fato de você conseguir enumerá-las já pressupõe discriminação. Você

conseguiria fazer essa seleção com brancos, por exemplo?

Acredito que o sistema de cotas ajuda a corrigir injustiças, embora também

possa estar atrelado a interesses eleitoreiros. Acredito também que o sistema de

cotas, por si só, não resolverá o acesso e permanência dos negros, mestiços, índios

e alunos de escola pública nas universidades públicas. Mas o que assusta é o fato

de que eles não tinham acesso às universidades que são pagas pelo dinheiro

público e que teoricamente deveriam atender majoritariamente a essas pessoas.

Também não podemos nos esquecer que o sistema de cotas é emergencial,

algo que precisa ser feito, e imediatamente. Se o sistema conseguir fazer chegar e

manter 10 (dez) afro-descendentes na universidade pública, para esses o sistema

fez diferença. Isso me lembra o caso das “estrelas do mar”.

Kabengele Munanga (2007, p. 1), afirma que,

O racismo no Brasil mantém os negros em péssimas condições socioeconômicas e dificulta seu acesso à educação de boa qualidade e ao mercado de trabalho, entre outros prejuízos. A conseqüência disso é que as crianças, já maltratadas pelo baixo poder aquisitivo dos pais, também sofrem ao entrar no ensino público. O sistema foi construído com base na realidade da minoria abastecida, ou seja, da classe média brasileira. Assim, além de serem excluídas das escolas particulares, não recebem, nas unidades públicas, tratamento adequado ao seu desenvolvimento intelectual e emocional.

5.4 Análise de uma enquete com um grupo de pessoas sobre o racismo inconsciente

O segundo caso é a história de uma enquete realizada com um grupo de

pessoas, contada em terceira mão por esta autora.

Um grupo de pessoas de diversas etnias foram reunidas em uma sala.

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Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Mostraram a elas uma imagem de um branco armado, sujo e mal vestido,

assaltando um negro, limpo e muito bem vestido.

Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

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Mantiveram a imagem por 05 minutos.

Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Após esse tempo, solicitaram a todos que desenhassem o que tinham visto

na imagem. A maioria das pessoas desenhou exatamente o contrário, ou seja um

branco, limpo e bem vestido, sendo assaltado por um negro, sujo e mal vestido.

Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno

Pelo resultado da enquete podemos concluir que as representações sociais

que foram internalizadas no inconsciente coletivo mantêm uma imagem negativa do

negro, como pobre, sujo e perigoso. É o que em psicologia é chamado de “ato

falho”. Uma representação que vem se perpetuando desde a escravidão, e que

devemos por todas as formas buscar desconstruir.

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5.5 Análise sobre uma experiência pessoal da autora sobre o racismo reproduzido

O terceiro caso, é a história de uma experiência pessoal da autora deste

caderno. “O preconceito é uma opinião desprovida de julgamento. Assim, em toda

terra, se incutem às crianças as opiniões que se quiser, antes de elas poderem

julgar.” (Voltaire).1

Em uma aula sobre “Nazismo” a autora na qualidade de professora do 3º Ano

do Ensino Médio, perguntou à classe se alguém era preconceituoso ou racista.

Todos, sem exceção, disseram que não. No Brasil dificilmente uma pessoa se

assume como racista ou preconceituosa. Nosso preconceito é velado, não mostra a

cara. Dessa forma, como combater um inimigo disfarçado?

No entanto, ao terminar a aula um de seus melhores alunos a acompanhou, e

contou-lhe em segredo que era racista e o porquê de não gostar de negros.

Segundo o aluno, ele foi praticamente criado pelos avós, seus pais

trabalhavam e não tinham condição de cuidar dele. Então, sua infância foi marcada

especialmente pelo seu avô, que o levava para a escola e para todos os outros

compromissos sociais.

Nessas andanças, todas as vezes que avô avistava uma pessoa negra, dizia

baixinho para o neto “cuidado que lá vem um 5 Ps.” Perguntado sobre o que

significava essa expressão, ele respondeu o que segue:

1º) P = Preto / 2º) P = Pobre

3º) P = Preguiçoso / 4º) P = Perigoso / 5º) P = Presidiário

A professora disse-lhe que aquilo não fazia sentido, e ele explicou a lógica do

que o avô havia lhe dito:

1º) P = Preto.

2º) P = Pobre – Todo negro é pobre, salvo raras exceções que confirmam a

regra.

3º) P = Preguiçoso – Todo negro é preguiçoso, caso contrário teriam sucesso

na vida. Onde eles se destacam? Uma minoria, faz nome nos esportes ou na

1 A frase acima de autoria de Voltaire e citada no artigo “Reflexões sobre o preconceito racial”

postado no Blog “Café História” com autoria de Antonio Ozaí da Silva em 02/10/2008, serve perfeitamente para embasar e começar a discutir a opinião de um aluno sobre os negros, que aqui chamarei aqui da “Teoria dos 5 Ps”.

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música. Segundo o seu avô, isso não era trabalho, era uma atividade típica de

pessoas folgadas, que não queriam nada com o batente.

4º) P = Perigoso – Para aqueles que não se destacavam nos esportes ou na

música, sobrava duas coisas: sub-emprego ou ser bandido. Como são preguiçosos,

a maioria opta pelo banditismo.

5º) P = Presidiário – O fim de todo bandido é a prisão.

A professora perguntou-lhe se aquela explicação ainda fazia sentido para ele?

Ele ficou em dúvida, pensou e disse. Acredito que sim. Veja nas prisões 99% dos

detentos é negro ou pardo. Nas favelas a maioria é negra ou parda. Os maiores

bandidos: traficantes, ladrões e assassinos, são na maioria negros ou pardos.

A professora tornou a perguntar-lhe se ele não via ali uma relação de causa e

conseqüência? Ele ficou em dúvida, e não soube responder.

A professora entendeu que o simples fato do aluno a procurar para se auto-

denunciar como racista já pressupunha um princípio de mudança de conceito, ou

mesmo de dúvida, sobre um conceito que lhe havia sido imputado.

Era uma situação muito difícil e dolorosa para o aluno, pois esses conceitos

ou preconceitos haviam sido introgetados, de forma lenta e gradual na sua infância,

por alguém que ele admirava e respeitava. Agora esses mesmos conceitos estavam

sendo colocados em xeque e criticados pela professora, que era afro-descendente e

que ele também admirava e respeitava.

5.6 Atividades

Após a apresentação das duas histórias, solicitar aos alunos que em grupos

desenhem uma história em quadrinhos. Os alunos poderão optar pela enquete com

um grupo de pessoas, ou pela experiência particular da autora e seu aluno. Nas

histórias em quadrinhos deverão ficar registrado o que segue:

1) Inicialmente os alunos deverão elaborar quadrinhos, onde será contada a

história fiel, isto é, da forma como foi apresentada pela autora.

2) Em seguida os alunos deverão elaborar quadrinhos, demonstrando através

dos desenhos a sua análise e discussão sobre o racismo e o preconceito

representados nas histórias.

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3) Finalizando os alunos deverão desenhar quadrinhos com a reelaboração da

primeira versão, isto é, colocando em xeque as idéias preconceituosas e

racistas apresentadas nas histórias originais, sugerindo saídas que busquem

soluções sobre o flagelo do preconceito e do racismo.

Objetivo: Reestruturação de conceitos, buscando conscientizar e

problematizar antigos conceitos, através das discussões que serão efetuadas,

durante a confecção dos quadrinhos.

Caso haja interesse, tempo e condições logísticas e financeiras, todo o

resultado do trabalho desenvolvido neste Caderno Pedagógico, poderá ser

apresentado ao público (alunos, professores, pedagogos, diretores, funcionários,

pais e a comunidade) através da organização de uma exposição interdisciplinar,

que busque conscientizar a população sobre o problema do racismo e preconceito,

bem como a necessidade de valorização da contribuição da cultura negra à

sociedade brasileira.

Poderemos envolver as disciplinas de: Geografia, Filosofia, Sociologia,

Biologia, Artes, Português, que através de trabalhos desenvolvidos pelos alunos do

2º Ano do Ensino Médio, montarão um painel dessa contribuição.

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Capa: Foto dos avós paternos da autora Acervo Particular Pictorização de imagens por Felipe N. Menezes Desenhos em preto e branco por Felipe N. Menezes