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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
RACISMO, PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E MISCIGENAÇÃO
Foto dos Avós Paternos da autora – Acervo Particular
“Somos todos juntos uma miscigenação e não podemos fugir da nossa etnia
Índios, brancos, negros e mestiços, nada de errado em seus princípios” (Etnia – música de Chico Science)
TEMA: História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena
TÍTULO: Caderno Pedagógico - Proposta Pedagógica para a Utilização de Filmes com Temática Racista Contra o
Negro na Sala de Aula
Autora: Edna Benedita Silveira Orientador: Profº. Drº. Alfredo dos Santos Oliva
1
SUMÁRIO
Apresentação
1 Fundamentação teórica e metodológica 2 Preconceito e racismo explícito e velado: Exibição de alguns filmes 2.1 A outra história americana 2.2 Mandela - Luta pela liberdade 2.3 Cidade de Deus 2.4 Atividades 2.5 Sugestões de outros filmes sobre o assunto 3 Ainda sobre preconceito e racismo: Análise de Textos 3.1 Metáforas negras 3.2 Os demônios do demônio 3.3 Entre o asfalto e o morro 3.4 Atividades 4 Construção da identidade e valorização do fenótipo dos afro-descendentes 4.1 Ditadura de padrões estéticos 4.2 Análise do vídeo “Bonecas negras” ou “Auto-racismo” 4.3 Atividades 5 Preconceito, racismo e discriminação: Análise de alguns conceitos 5.1 Preconceito, racismo e discriminação 5.2 Análise, discussão e crítica sobre o e-mail “El Negro” 5.3 Atividades 5.4 Análise de uma enquete realizada com um grupo de pessoas sobre o racismo inconsciente 5.5 Análise sobre uma experiência pessoal da autora sobre o racismo reproduzido 5.6 Atividades Bibliografia
2
APRESENTAÇÃO
O Caderno Pedagógico “Proposta pedagógica para a utilização de filmes com
temática racista contra o negro na sala de aula” foi elaborado com o objetivo de,
através da análise de filmes, textos, vídeos, história em quadrinhos e outros
materiais educacionais, propiciar aos alunos condições para compreender, discutir e
para desconstruir as raízes das práticas racistas na sociedade contemporânea.
Procura, ainda, formas de implementar, de modo processual, uma educação anti-
racista e que valorize a diversidade na educação.
Para isso, serão procuradas formas de estimular a formação de uma visão
crítica das relações étnico-raciais a partir do espaço da escola, entendendo que a
condição humana nos identifica e nos iguala, ultrapassando as questões de gênero,
cor, religião, orientação sexual, classe e percepção de mundo.
É preciso trabalhar com as concepções dos alunos acerca da história da
África e dos afro-descendentes, que além de irem ao encontro da proposta temática
para o Ensino Médio, conforme o item Relações culturais, permitem orientar as
ações dos jovens. Também permitem pensar o que somos em relação à sociedade
em que vivemos, assim como refletirmos sobre a relação identidade e alteridade,
assim como desnaturalizar práticas consideradas naturais e inquestionáveis, com a
finalidade de construir novas maneiras de viver e entender o mundo.
Todos fazemos parte da humanidade. E ser homem significa pertencer à
humanidade. Como dizia John Donne, “Ninguém é uma ilha, completo em si
mesmo; cada homem é uma partícula do continente, uma parte do oceano, a morte
de qualquer homem diminui-me porque faço parte do gênero humano. E por isso
não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”
3
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA
A proposta desse Caderno Pedagógico é, através de 4 Unidades, estudar o
que Chartier (1991) chamou de representações. Representações e memórias
sociais historicamente compartilhadas relativas ao racismo e preconceito contra o
negro na sociedade contemporânea, com enfoque que visa a buscar formas de
problematizar essas representações, bem como ao desenvolvimento de uma
perspectiva crítica acerca do papel do negro nas sociedades contemporâneas.
Entender as representações que os alunos têm acerca da história da África e
dos afro-descendentes possibilita verificar quais memórias estruturam o seu
sentimento de identidade, que, por sua vez, os liga à história da África ou aos seus
descendentes africanos.
O presente caderno, através das atividades nele elaboradas, deverá levar o
aluno a discutir, refletir e buscar formas de desconstruir as práticas racistas e
discriminatórias contra o negro na sociedade atual.
A escola que deve desempenhar o papel de preparar futuros cidadãos para
a diversidade, lutando contra todo tipo de preconceito. Mas, na prática, ela acaba é
reforçando o racismo, ao não dar o devido destaque a participação dos negros na
formação da identidade do brasileiro.
A partir da relevância dada pela lei nº 10.639/ 2003 que torna obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, com a inclusão do ensino de História
e cultura Afro-Brasileira e Africana, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, iniciou-se um processo de
mudança. Muitos ideais foram buscados, tais como: Formas de desconstruir o
racismo, o fortalecimento da identidade, a aceitação das diversidades, e a reparação
e a valorização da contribuição para a sociedade brasileira dos africanos e seus
descendentes nas áreas social, econômica política e cultural.
Desde então, muitas outras instruções de obrigatoriedade surgiram, como é o
caso das Diretrizes Curriculares do Paraná (2008, p. 45), que estabelecem o estudo
da história da África como uma obrigatoriedade e uma necessidade para atender a
diversidade de nossa cultura.
Tendo em vista a necessidade de reparação e valorização da cultura afro
tornadas lei e buscadas como ideais educacionais, pretende-se, com este caderno,
4
levantar e ampliar quais são as ideias dos alunos sobre a África negra e afro-
descendentes e suas influências na formação da sociedade brasileira. E a luta pela
desnaturalização das práticas de discriminação racial e preconceito contra o negro
(na sociedade e na educação) assim como para disseminação e preservação da sua
herança.
O estudo será abordado com a exibição de 03 filmes sobre o tema. A
modernidade permite deixar de lado a “camisa de força” do documento escrito, ele já
não é a única fonte relevante de estudos. A tecnologia tem colocado à disposição da
educação inúmeras fontes alternativas de conhecimento, dentre as quais, destaca-
se o cinema.
Concebe-se que o docente, utilizando o método histórico de análise de
documentos, pode lançar mão do recurso do cinema como ferramenta, a fim de
tornar sua aula mais dinâmica e divertida, desde que, ao usá-lo, tenha em mente
que ele não é destituído de caráter ideológico, Ferro ( 1992). O Cinema, como
qualquer outra fonte histórica, demonstra uma dada representação da realidade
(recorte), pensada e construída à mercê de interesses diversos.
Segundo Meirelles (2002), O cinema é um poderoso instrumento de influência
individual e coletiva, que cumpre importante função social no amplo campo das
manifestações da atividade humana. Portanto, há que se ter especial acuidade ao
analisar as ideias veiculadas, explícitas ou implícitas, em uma determinada obra de
arte, pois tanto o cinema, como o teatro, a literatura, ou mesmo a pintura e a
escultura, após sua conclusão, montagem e exibição, se presta a uma multiplicidade
de leituras e o realizador perde o controle da mensagem que queria veiculada. Cada
espectador ou leitor dela se apropriará, incorporará e a retransmitirá de acordo com
seus interesses e valores, dando a ela significados que podem ou não estar
presentes na visão do realizador, podendo inclusive, fornecer uma linha de
pensamento contrária às intenções iniciais do autor. Deve-se também levar em
conta, nesse contexto, o lugar social que o realizador ocupa e qual mensagem
pretende veicular em sua obra. Como nenhum texto é neutro seria ilusório e ingênuo
imaginar que o cinema o seja.
Diante do exposto, o material fílmico, se utilizado pelo professor com os
devidos cuidados, não deixará de possibilitar ao aluno produzir uma narrativa
histórica sobre o tema, potencializará efetivamente o ensino e fortalecerá a sua
6
2 PRECONCEITO E RACISMO EXPLÍCITO E VELADO: EXIBIÇÃO DE ALGUNS
FILMES
Esta unidade propõe a discussão do racismo e do preconceito contra o negro,
utilizando como instrumento filmes que mostram como o ódio, a ignorância e a
intolerância racial, podem levar à destruição. Mostra também como essa destruição
pode ter um efeito purificador como a “Fênix renascidas das cinzas”. Mostra ainda
como o negro, na maioria das vezes, é visto de forma depreciativa. Pretendemos
com isso, não somente estruturar um novo conceito mas, através da desconstrução
dessa “visão depreciativa”, criar novas atitudes frente a pluralidade racial.
Propomos também a realização de discussões relacionadas ao tema, bem
como aos instrumentos utilizados (filmes) que, auxiliados pelos textos de apoio,
busquem a formação de uma consciência crítica.
2.1 A outra história americana
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
7
DIRETOR: TONY KAYE
DURAÇÃO: 119 MINUTOS
ANO: 1988, ESTADOS UNIDOS
GÊNERO: DRAMA / POLICIAL
Esse filme é um profundo e movimentado drama sobre as conseqüências do
racismo à medida que uma família é dividida pelo ódio. Trata-se de uma análise do
extremismo da América, um país onde o preconceito e o racismo são declarados e
vivenciados no cotidiano das pessoas.
Uma nação que já conviveu com segregação racial, com bairros, lugares em
coletivos, escolas e até bebedouros exclusivos para negros. Uma situação que se
sustenta numa representação social de senso comum na qual os afro-descendentes,
herdeiros de um passado escravo, são racial e intelectualmente inferiores e, por
isso, apenas capacitados para serviços braçais. Tudo isso justificaria a segregação e
a violência contra quem não conhece o seu lugar.
A sociedade norte-americana é extremamente preconceituosa e tende a
demonstrar essa atitude discriminatória contra todas as minorias raciais (mexicanos,
coreanos, japoneses, porto-riquenhos, principalmente os afro-descendentes, árabes
etc). Essa situação só fez se agravar pós 11 de setembro.
O filme é contado pelo olho de Danny, irmão mais novo de Derek Vinyard, e
segue a luta de um homem para reformar a si próprio (conscientização) e salvar o
irmão após viver uma vida de violência e intolerância.
Derek Vinyard é um rapaz carismático, de inteligência privilegiada, com
grande capacidade de convencimento e que é referência para jovens brancos e
excluídos de seu bairro, que o idolatram e seguem o seu pensamento. Com todos
esses predicados é cooptado e manipulado por um chefão de uma organização
neonazista, Cameron, que covardemente o utiliza para perpetrar as ações de ódio e
violência, que ele, Cameron, idealiza.
Derek, então, se torna líder local de uma perigosa gangue de skinheads do
bairro operário de Venice na Flórida, que enfrenta problemas de violência e
desemprego. Prega e segue uma filosofia de ódio e intolerância. Ele não é
totalmente isento de culpa, e nem apenas um fantoche, pois ele e seu grupo nutrem
um ódio profundo contra grupos de minorias (negros, judeus, e imigrantes), cujo
crescimento eles acompanham acontecer em seu bairro. Derek tem razões pessoais
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para seu ódio, pois os identifica como causadores de suas mazelas pessoais e
sociais (desemprego e empobrecimento), especialmente os negros que o atingiram
diretamente, pois seu pai, um bombeiro, também com ideias preconceituosas,
morreu baleado por marginais enquanto apagava um incêndio num bairro negro.
Derek e seu grupo passam, então, a desenvolver posturas de intolerância e
racismo e a comandar ações de depredação e espancamento contra essas minorias.
Numa noite, ao revidar uma tentativa de roubo em sua casa, acaba cometendo um
assassinato brutal de um negro, e é condenado a passar alguns anos na cadeia.
Com a morte do pai, Derek assumiu a liderança da família e foi encarado
como um verdadeiro Deus por seu irmão menor, Danny, que o admira e pretende
seguir seus passos. Com Derek preso, seu irmão, Danny, é a nova presa de
Cameron.
Na prisão, Derek integra-se a um grupo também nazista, mas, devido à
contrariedade de seus ideais de pureza, discorda do chefe de seu grupo, que trafica
drogas. Ao longo de sua pena vai percebendo que discorda do uso da ideologia que
estes nacionalistas fazem, pois eles têm como único propósito o "dinheiro sujo", fruto
do narcotráfico.
Por isso, Derek afasta-se do grupo, mas seus companheiros nazistas, por
vingança, o estupram. Depois disso, ele passa a reconsiderar seu conceito de raça
superior e torna-se amigo de um negro, com quem trabalha na lavanderia da prisão
e descobre que a única diferença entre ambos é o seu tom de pele. É nessa hora
que se dá a verdadeira conversão do personagem, que compreende que não existe
raça superior e que todos somos capazes de atos de bondade e maldade e que isso
não tem relação com cor ou raça, mas, simplesmente, com a nossa condição de
humanidade e com as escolhas que fazemos.
Quando sai da prisão, Derek é um homem mudado. Ele não vê mais o ódio
como sinal de honra, envergonhado de seu passado, sem preconceitos, cheio de
novos ideais pacifistas e liberais, vê que seu irmão mais jovem está trilhando o
mesmo caminho que ele seguia antes, e Derek agora vai entrar numa corrida para
salvar o irmão e toda a família da violência que ele mesmo criou e impedir que o
irmão cometa os mesmos terríveis erros.
Danny já havia iniciado um processo de mudança, auxiliado por um professor
negro, que o obrigou a colocar em xeque suas idéias, alterando sua percepção e
maneira de agir na sociedade. A forma que o professor encontrou para forçar Danny
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a ver o caminho que estava trilhando, foi exigir que Danny escrevesse um relatório,
sobre as circunstâncias que levaram ao encarceramento de Derek. Por meio dessa
nova tarefa, o público irá explorar a consciência dos dois irmãos.
No entanto, Danny é morto por um negro com quem já tinha tido um
confronto no passado.
O filme termina em aberto nesse ponto, e deixa ao espectador diversas
questões a serem respondidas. Como será a reação de Derek? Toda a experiência
de conversão vivida por Derek, será suficiente para que ele encare a morte do irmão
como uma resposta ao ciclo de violência que ajudou a criar? A morte de Danny o
fará voltar para a escalada de ódio e violência a que estava condenado?
2.2 Mandela - Luta pela liberdade
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
DIRETOR: BILLE AUGUST
DURAÇÃO: 140 MINUTOS
ANO: 2007, ALEMANHA / FRANÇA / BÉLGICA / ÁFRICA DO SUL / ITÁLIA /
INGLATERRA / LUXEMBURGO.
GÊNERO: DRAMA
Esse filme, realizado com a iniciativa de vários países, aborda a realidade do
passado recente da África do Sul. Se nos Estados Unidos o racismo é praticado de
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forma cotidiana, sem nenhum constrangimento, na África do Sul ele era
institucionalizado em um regime segregacionista conhecido por Apartheid.
Apartheid (que significa “vidas separadas” em inglês) é um termo que passou
a ser usado legalmente em 1948, para identificar o regime de segregação racial que
foi implantado na África do Sul no século XX, período em que a África era uma
colônia inglesa. Com esse domínio, os europeus impuseram aos africanos sua
cultura e o apartheid negava aos negros os direitos sociais, econômicos e políticos.
No regime intitulado apartheid o governo era controlado pelos brancos de origem
européia (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas voltados
para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas várias leis, regras e
sistemas de controles sociais.
Entre as principais leis do apartheid, podemos citar:
- Proibição de casamentos entre brancos e negros, 1949.
- Obrigação de declaração de registro de cor para todos os sul-africanos
(branco, negro ou mestiço), 1950.
- Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades,
1950.
- Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros), 1951.
- Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas
(bebedouros, banheiros públicos), 1953.
- Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos
bantustões, 1953.
Conforme pode-se perceber, a África do Sul, um país cuja população, em sua
maioria, é composta de negros era governado por brancos. Em 1994, Nelson
Mandela chega ao poder e o Apartheid é extinto. (Disponível em:
<http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm>. Acesso em: 09/03/2010).
Nelson Mandela, iniciou a luta contra o regime do Apartheid ainda estudante
de Direito, em 1942, e ajudou a fundar o CNA (Congresso Nacional Africano).
Durante toda a década de 1950 foi um dos membros mais ativos do movimento anti-
apartheid, no qual defendia a luta pacífica para o fim do regime segregacionista.
Essa atitude, porém, se modificou em 21 de março de 1960, quando policiais
sul-africanos atiraram contra manifestante negros, matando 69 pessoas. Esse dia,
conhecido como “O Massacre de Sharpeville”, fez com que Mandela passasse a
defender a luta armada contra o sistema.
11
Em 1961, Mandela tornou-se comandante do braço armado do CNA,
conhecido como "Lança da Nação". Passou a buscar ajuda financeira internacional
para financiar a luta. Porém, em 1962, foi preso e condenado a cinco anos de prisão,
por incentivo a greves e viagem ao exterior sem autorização. Em 1964, Mandela foi
julgado novamente e condenado à prisão perpétua por planejar ações armadas.
(Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/nelson_mandela.htm>.
Acesso em: 09/03/2010.)
O enredo do filme é a história real de Nelson Mandela no período de 27 anos
que ficou encarcerado em função de uma sentença de prisão perpétua, executando
trabalhos forçados.
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Os fatos são narrados a partir das memórias do agente penitenciário racista
James Gregory, que, ao ser promovido para uma prisão de segurança máxima em
uma ilha próxima à Cidade do Cabo, teve sua vida completamente alterada pela
convivência com o líder da África do Sul.
Por ter crescido perto de uma comunidade negra, ele é um dos poucos
brancos que sabe fluentemente o dialeto Xhosa, por isso consegue uma vaga como
chefe do setor de censura no prédio onde está preso o “perigoso terrorista” Nelson
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Mandela. Lá, ele cuidará das cartas que chegam e saem da ilha, para se certificar de
que a comunicação dos criminosos seja segura.
Acostumado com o fato de que os negros querem matar todos os brancos
para tomar a África para si, Gregory e sua família não se incomodam com a
hostilidade e violência com que este povo é tratado, assim como pensa toda a
população branca.
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Porém, com a convivência com Mandela, o agente passa a ver que nem tudo
é como as autoridades lhe contam. À medida que o líder negro conta para ele suas
convicções e os ideais pelos quais seu povo luta, o carcereiro, num verdadeiro
processo de conversão, vai notando que talvez ele esteja do lado errado, o lado dos
verdadeiros “terroristas”. Com mulher e dois filhos para criar, sem chance de outra
profissão fora da vida militar, James fica em um impasse sobre o que deve fazer
com o futuro de sua carreira. O respeito pela figura de Nelson Mandela se torna
maior, embora suas atitudes em prol do governo de sua atualidade parecem resultar
em tragédias das quais ele se sente culpado. Pressionado para ficar, já que é o
único a entender o dialeto dos negros, Gregory precisa tomar decisões que
influenciarão no futuro do país e que poderão fazer com que se funde uma nova
África do Sul.
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Esta é outra experiência de conversão, pois a partir de sua convivência com
Mandela, Gregory passa a questionar suas convicções, e aquilo no que acreditou
durante toda a sua vida.
Ao alterar seu modo de pensar, altera também seus atos, fato esse que o leva
a experimentar o outro lado da moeda, pois tanto ele como sua família, passam a
ser discriminados e a sofrer ações de violência no bairro onde moram.
2.3 Cidade de Deus
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
DIRETOR: FERNANDO MEIRELLES
DURAÇÃO: 130 MINUTOS
ANO: 2002, BRASIL
GÊNERO: DRAMA
No desenvolvimento deste caderno pedagógico, em que através da
educação, são buscadas formas de desconstruir o preconceito e o racismo utilizando
filmes, não poderia faltar um representante brasileiro.
Os outros dois filmes são uma preparação para o que se pretende salientar e
discutir. A partir deste terceiro exemplo, que é emblemático para se analisar a
realidade brasileira, esperamos que os alunos se manifestem de maneira positiva
em relação ao enfrentamento da questão do racismo e do preconceito,
demonstrando estar receptivos à sua problematização.
Falar de racismo e preconceito no Brasil é difícil e complicado, porque
ninguém se assume com tal. Então negamos ou dissimulamos o nosso preconceito.
Essa realidade nacional, acaba por impedir o enfrentamento do problema do
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racismo e do preconceito, especialmente sentido pelos afro-descendentes e pelos
pardos.
A escolha do filme “Cidade de Deus” obedeceu a uma impossibilidade
logística - No Brasil não existe “racismo”, vivemos segundo Gilberto Freire, numa
“democracia racial” . Por conta do mito de uma suposta representação
democrática, nenhum filme demonstra claramente atitudes racistas, discriminatórias
ou preconceituosas. Como enfrentar algo que não é declarado, que é negado
sistematicamente, mas que existe empiricamente de forma velada. A solução foi
escolher um outro viés e demonstrar o racismo e a discriminação através da sua
negação.
O negro na nossa sociedade sobre dois tipos de preconceito: o de
“raça” e de classe social. O de “raça” esta alicerçado no passado escravo e o de
classe se manifesta na impossibilidade de ascensão social.
A análise desse filme mostra a favela “Cidade de Deus” no Rio de Janeiro,
conhecida por ser um dos lugares mais violentos da cidade. Um universo de
pobreza, descaso institucional e falta de esperança, quase um determinismo social.
Sabemos que a violência não é privilégio tão somente dos bairros de periferia, ela
está presente em todos os espaços sociais. Mas aquele tipo de violência
desassistida, onde impera a lei do mais forte, onde a corrupção policial é mais
sentida, sem dúvida, é característica dos bairros pobres de maioria negra.
E nesse caso Cidade de Deus é um exemplar magnífico, é um filme “cebola”,
você o descasca camada por camada para chegar ao seu âmago. Quando o
assistimos, inicialmente, o que nos choca é o trinômio: pobreza, violência e
marginalidade. Só mais tarde, com um olhar um pouco mais demorado é que vemos
as outras denúncias sociais ali contidas. No filme 99% dos seus atores todos á
época, anônimos, são da própria comunidade, são afro-descendentes. Todos com
uma única exceção, com um destino já traçado desde o nascimento: assalariado,
bandido ou cadáver.
São pessoas que aparentemente não têm saída, a não ser cumprir um
destino pré-determinado por uma realidade cruel e discriminatória. No Brasil, a
violência, a criminalidade, a falta de perspectivas, têm rosto, nome e endereço
completo. É essa realidade que o filme mostra. Nesse cenário de desolação, com
um elenco majoritariamente de afro-descendentes, vivendo em uma localidade onde
imperam as condições acima aludidas. Suas vidas não têm valor e nem perspectiva,
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falar em futuro, em Deus, ou em direitos é “chover no molhado”, pois a realidade se
encarrega de destruir qualquer laivo de esperança. É praticamente impossível
encontrar alguém que consiga sonhar, e através desse sonho encontrar forças para
escapar de um destino certo. A morte violenta e prematura, ou uma vida sem
perspectivas, vegetando nos sub-empregos e discriminação. Nesse cenário é quase
justificada a opção pela marginalidade, já que o estado é ausente ou só aparece
para reprimir.
O principal protagonista do filme, na verdade, não é nenhum dos atores, mas
sim, a própria favela surgida nos anos 60 chamada “Cidade de Deus”. O filme divide-
se em três partes que, do final dos anos 60 ao início dos anos 80, seguem a vida de
vários personagens, a partir do olhar do narrador-personagem, Buscapé. Trata-se
de um menino negro, pobre e muito sensível e morador dessa favela, aterrorizado
com o futuro predestinado de se tornar bandido imposto pelo ambiente violento,
revoltado pela escravatura dos trabalhos delegados aos negros. Apesar de viver
num universo de muita violência, tenta conseguir escapar do mundo do crime graças
ao sonho de fotógrafo. Ele consegue e tem o destino modificado pelo seu talento:
torna-se fotógrafo, o que evita que entre para o mundo do crime, como tantos outros,
morrendo cedo, na miséria e no anonimato. É através das lentes de sua câmera que
Buscapé reflete sobre o dia-a-dia do ambiente em que vive e de seus moradores,
onde a violência parece ser infinita.
O jovem conta sua história triste, enriquecida com relatos cotidianos de outros
personagens: moradores, crianças, traficantes e usuários de drogas. Dividido entre
seu sonho e a possibilidade de se tornar um bandido, toma decisões muito
antecipadas para sua idade (adolescência).
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Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Outro importante personagem é Dadinho, um garoto de onze anos que se
muda para a Cidade de Deus e, ao contrário de Buscapé, sonha em ser o bandido
mais perigoso do Rio de Janeiro. E ele consegue, pois matando e atemorizando
cumpre o seu sonho: torna-se o pequeno líder de uma gangue com grandes
ambições. Torna-se traficante e recebe um novo apelido: Zé Pequeno.
Zé vai acabar por se tornar um dos traficantes mais poderosos do Rio de
Janeiro, protegido por um exército de crianças e adolescentes. Ninguém se atreve a
contestá-lo, até Mané Galinha, um dos moradores ver a namorada violentada e
decidir vingar-se. A guerra rebenta na Cidade de Deus. Registrar essa guerra em
fotografias é a chance da vida de Buscapé, que acabou de conseguir a sua primeira
máquina profissional.
O filme é um retrato poderoso da vida nas favelas brasileiras e é uma
autêntica crônica mundial do que é viver às margens. “Eu acreditava”, conta
Fernando Meirelles “que conhecia o apartheid social que existe no Brasil até ler o
livro. Percebi que nós, da classe média, não somos capazes de enxergar o que está
na nossa cara. Não temos a dimensão do abismo que separa estes dois países: o
Brasil e o Brasil”. Filmado de dentro para fora da favela. Um filme sem atores
profissionais, mas com garotos que vivem aquela realidade, e que nos podem trazer
ao menos a sensação do que é viver à margem. Mas ”Cidade de Deus” não fala
apenas de uma questão brasileira e sim de uma questão global. Das sociedades que
se desenvolvem na periferia do mundo civilizado”. (Disponível em:
17
<http://aloneinkyoto.wordpress.com/2009/02/27/cidade-de-deus>. Acesso em:
11/03/2010).
O filme, apesar de tudo, é otimista, pois centrou sua narrativa em Buscapé,
que acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o
qual permite que siga carreira na profissão, mesmo com todas as dificuldades que
vai encontrar e superar. É através de seu olhar atrás da câmera que se pode ver o
dia-a-dia da favela, onde a violência aparenta ser infinita.
E é através dessa lente que ele visualiza o crescimento simultâneo da favela
e do tráfico de drogas, a impunidade de traficantes e de policiais corruptos, o
aprendizado das crianças na cartilha do crime e os motivos que levam os moradores
a entrar nessa vida.
Mas é sintomático analisar que daquele grande universo de personagens,
apenas um consiga superar as condições sociais das quais é fruto, e é uma analogia
que pode ser transferida para outros universos e, além disso, pode-se contar o
número de negros que fazem sucesso em profissões consideradas áreas de atuação
dos brancos. Para os negros e pardos sobra se destacar em esportes ou músicas.
2.4 Atividades
Após a exibição dos filmes, o professor não fará nenhuma preleção.
Simplesmente distribuirá o questionário de pesquisa abaixo, que deverá ser
respondido pelos alunos do 2º Ano do Ensino Médio, em duplas.
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Curso: ______________________________________________________________ Disciplina: ___________________________________________________________ Período:____________Turno:_______________ Turma:______________________ Professor:___________________________________________________________ INSTRUÇÕES: 1. Utilize caneta esferográfica; 2. Não deixe resposta em branco; 3. Marque somente uma alternativa para cada questão.
18
1. Dados de Identificação
Nome dos (a) alunos (a):
1)__________________________________________________________________
2)__________________________________________________________________
Idade: __________ / _________
2. Costuma ver filmes?
( ) no cinema / ( ) em casa, na TV / ( ) não assiste filmes / ( ) Gosta de comentar a respeito dos filmes que vê? ( ) sim ( ) não
3. Qual é a temática dos filmes?
3.1. A Outra História Americana;
( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________
3.2. Mandela – Luta pela Liberdade;
( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________
3.3. Cidade de Deus;
( ) amor ( ) violência ( ) comédia ( ) racismo ( ) ficção científica ( ) terror ( ) suspense outros. Qual? ______________________________
4. Cite uma parte dos filmes que mais lhes tocaram?
A Outra História Americana:
Mandela – Luta pela Liberdade:
19
Cidade de Deus:
5. Comente sobre os valores de vida, que os filmes transmitem ao espectador?
A Outra História Americana:
Mandela – Luta pela Liberdade: Cidade de Deus:
6. Na sua opinião o uso da violência nos filmes é justificável?
( ) Sim ( ) Não - Porque?
A Outra História Americana: Mandela – Luta pela Liberdade:
20
Cidade de Deus:
7. Como você agiria na mesma situação, caso fosse o (s) protagonista (s) dos filmes?
8. Se fosse escolher um filme para assistir em aula, com os colegas, qual você escolheria?
9. Você se vê como uma pessoa preconceituosa, racista ou intolerante?
Em seguida, ainda sem nenhuma preleção, serão distribuídos os testes abaixo, com a finalidade de auxiliar o professor na coleta de informações. 1) O cinema brasileiro contou, recentemente, com a produção de dois filmes de grande repercussão e aceitação pelo público e pela crítica especializada: “Tropa de Elite” e“Cidade de Deus”. Em conjunto, os filmes mencionados enfocam e explicitam a a vinculação entre os seguintes aspectos da realidade brasileira: Concurso IBGE – recenseador – prova amarela – Censo 2010 (Disponível em: <
http://www1.cesgranrio.org.br/eventos/concursos/ibge0110/pdf/prova_amarela_gabarito2.pdf> Acesso em: 22/05/2010. 14:00). (A) cultura popular e tecnologia social. (B) violência urbana e segurança pública. (C) prática religiosa e assistência social. (D) ecologia urbana e educação pública.
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Questões dos exames vestibulares de 2004 e 2006, respectivamente, da Faculdade Cásper Líbero. (Disponível em: <
http://www.facasper.com.br/rep_arquivos/2010/02/10/1265834866.pdf> . Acesso em: 22/05/2010. 14:30).
2) As afirmações seguintes referem-se ao filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles: I. O filme é mais um representante da estética da violência que assolou o cinema brasileiro recente, mas se distingue, por exemplo, da atração que o cinema americano também tem pelos filmes violentos. Enquanto o criminoso americano é quase sempre um sujeito integrado ao mundo capitalista que simplesmente optou pelo enriquecimento fácil ou então um indivíduo que sofre de problemas mentais, o criminoso brasileiro é apresentado sob a perspectiva de uma sociedade injusta e desigual. II. Trata-se de uma narrativa universal, imediatamente acentuada pelo título bíblico. No início da obra, a visão panorâmica da favela confere ao lugar um caráter divino e atemporal que prepara uma trama de amor, traição e morte que, a rigor, poderia acontecer em qualquer lugar do planeta. III. Os heróis marginais de Cidade de Deus não veiculam nenhum discurso político articulado e consistente, porque são totalmente, ou quase, analfabetos. IV. A história do filme apresenta uma clara linearidade, disposta a torná-lo acessível ao grande público. Tal preocupação também está presente na exploração de um narrador onisciente - o próprio protagonista - que explica, em linguagem coloquial, as origens da favela e outros elementos centrais para a compreensão da trama. São corretas as afirmações: a. I, II e IV. b. I, III e IV. c. II, III e IV d. Todas estão corretas. e. II e III. 3) A violência urbana é um dos principais problemas das grandes cidades brasileiras. Com 27 mortes violentas por ano, a cada 100 mil habitantes, o país fica atrás apenas da Colômbia que está em guerra civil há cerca de 40 anos. O narcotráfico é um componente fundamental desse cenário desolador, descrito cotidianamente pela mídia. O filme Cidade de Deus levou para as telas de cinema o submundo do tráfico de drogas e da violência urbana. Leia as afirmativas sobre a película. I. A história é narrada pela personagem Dadinho que nos anos 70 trocou o seu nome para Zé Pequeno, quando se tornou o líder do tráfico de drogas em Cidade de Deus. II. O Trio Ternura reuniu os bandidos mais perigosos da Cidade de Deus nos anos 60. No filme eles assaltam o caminhão de gás. III. A praia representa o ponto de interseção entre os jovens de classe média e da elite da Zona Sul carioca com os jovens das classes subalternas da Cidade de Deus. IV. O roteiro da película tem como objetivo principal descrever as relações entre os traficantes dos morros cariocas e os poderosos narcotraficantes colombianos.
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Estão corretas as afirmativas, a) I, II, III e IV. b) I e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) II e III, apenas. 4) Eis um trecho do depoimento da psicanalista Maria Rita Khel, na matéria sobre o líder do Racionais intitulada “Brown, o Mano Charada”, assinada por Phidia de Athayde e publicada na Revista Capital de 29 de setembro de 2004: “A força dos grupos rap não vem de sua capacidade de excluir, (...) vem de seu poder de inclusão, da insistência na igualdade entre artista e público, todos negros, todos de origem pobre, todos vítimas da mesma discriminação e da mesma escassez de oportunidade”... Segundo a psicanalista, qual das afirmações abaixo é correta: a. a auto-estima e a dignidade do negro da periferia, na sociedade brasileira, independem de sua aceitação por parte da elite branca. b. para o negro, a música é um dos caminhos de construção de identidade social e de inclusão na organização social. c. o rap é o caminho para consolidar a democracia racial no Brasil. d. no rap, o negro tem a supremacia; nele, a direção do preconceito racial se inverte: é a comunidade negra que, orgulhosamente, exclui os brancos. e. o rap permite aos negros fazerem sucesso e adentram a sociedade dos brancos. 5) Vários casos de racismo e discriminação no futebol foram destacados na imprensa nacional e internacional. O zagueiro do Juventude, Antônio Carlos, expulso ao agredir o volante Jeovânio, do Grêmio, deixou o gramado esfregando o dedo na pele do braço e gritando “macaco”, em referência à cor da pele do adversário. Durante uma partida da Libertadores, o argentino Leandro, do Quilmes, chamou o ex-atacante do São Paulo, Grafite, de “macaquito”. Em partida do campeonato espanhol, o atacante camaronês Samuel Eto’o, do Barcelona, ameaçou abandonar o campo ao ser insistentemente agredido pela torcida do Zaragoza. Declarações do ultra-direitista Jean-Marie Le Pen criticavam a presença de muitos “jogadores de cor” na equipe francesa. Segundo o líder da Frente Nacional, a França não se reconheceria na formação da seleção francesa. Sobre o assunto acima tratado é correto afirmar: I. O racismo sempre existiu no calor do jogo de futebol, o que não significa que a pessoa seja racista no seu cotidiano. II. A FIFA tem se mostrado sensível aos acontecimentos relatados e tem incluído multas e sanções aos jogadores e às equipes que manifestem algum tipo de manifestação racista. III. A FIFA tem adotado uma postura coerente com o espírito do futebol, separando o esporte da política e deixando a questão aos órgãos competentes como a polícia e a Justiça.
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IV. Esses casos chocam os brasileiros, porque no Brasil não temos problemas desse tipo, já que, como todos sabemos, somos um povo cordial. V. A Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, foi um momento de confraternização e amizade em que essas questões foram deixadas de lado em nome da boa relação entre os alemães e os demais países. Está(ão) correta(s): a) I. b) III e IV. c) II. d) V. e) I; II e V. Objetivo: Observar sem interferência e analisar as considerações pessoais,
apresentadas no questionário e ratificada nos testes. Essas duas atividades
(questionário e testes) tem a função de fornecer ao professor, informações a
respeito da percepção dos alunos relativas ás representações discutidas nos filmes.
2.5 Sugestões de outros filmes sobre o tema
CRASH, NO LIMITE
DIRETOR PAUL HAGGIS, 113 MIN., 2004, EUA - DRAMA
Um drama que acompanha 36 horas na vida de diversas pessoas de etnias e
classes diferentes na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Um panorama
da sociedade norte americana e suas paranóias, ainda mais exacerbadas, pós 11
de setembro. A trama envolve história e personagens ligados pelos
desentendimentos raciais. Preconceito, racismo, intolerância, violência e redenção,
desfilam por todos os 113 minutos da película. Os personagens se encontram, numa
espécie de acerto de contas, impossibilitados de ver o outro e aceitar as diferenças.
Destaque para o personagem do ator Matt Dillon (justamente indicado para o Oscar
de Coadjuvante), para mim ele é uma síntese do filme. Reparem como ele perpassa
por todas as etapas, indo do preconceito mais abjeto a redenção.
UM SONHO POSSÍVEL
DIRETOR JOHN LEE HANCOCK, 128 MIN., 2009, EUA, DRAMA
Um drama cheio de boas intenções, mostrando como os “seres humanos”
deveriam ser e comportar-se. A sugestão se baseia não tanto na história da
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protagonista (linda, rica e loira), mas em um dos atores coadjuvantes, o ator afro
americano Michael Oher. Ele é a imagem do preconceito e do racismo ambulante,
ou seja: 1) Ele é negro – vivendo numa sociedade extrema e abertamente racista; 2)
Ele é pobre – vivendo numa sociedade que valoriza o sucesso financeiro a qualquer
preço; 3) ele é grande e obeso – vivendo numa sociedade que exige a conformidade
com os padrões esteticamente aceitáveis, que aliás são violentíssimos. Em suma um
perdedor nato, que mesmo assim consegue vencer na vida e ser salvo de um
destino na melhor das hipóteses, medíocre. Infelizmente não como advogado, ou
médico, mas como esportista.
INVICTUS
DIRETOR CLINT EASTWOOD,134 MIN, 2009, EUA, DRAMA
Outro drama, aqui vemos Nelson Mandela, que após quase 30 anos de
prisão, é libertado e eleito presidente da África do Sul, o país do Apartheid. Como os
protagonistas são baseados em homens reais, que ainda vivem, cabe aqui, um
pouco de História. Ao ser eleito presidente Mandela tinha plena consciência, que seu
país continuava sendo racista e economicamente dividido. Na verdade a situação
era muito séria, e a desconfiança era uma constante. Os brancos acreditavam que
Mandela faria um governo revanchista, desmantelando todo o estado instituído, que
no caso era branco. Além disso, iria substituir todos os posto do governo por gente
de sua confiança, o que no caso equivalia dizer “negros”. Os negros por sua vez
esperavam exatamente isso, afinal ele tinha sido preso por ativismo político e
encarado como inimigo nacional por mais de 30 anos. Nesse ponto prevalece a
visão de estadista de Mandela, frustrando e desequilibrando ambos os lados. Ele
sabia que para iniciar um processo que visava diminuir a segregação racial e dar
condições de igualdade entre negros e brancos, não poderia partir para revanche
como aconteceu em outros países, que acabaram arrasados. Sabia ainda que,
mudanças levam tempo, e que não é possível destruir ou abandonar tudo o que já
foi conquistado e sedimentado e começar do zero. Por isso empreendeu um governo
de conciliação, onde brancos e negros pudessem trabalhar juntos buscando um
futuro comum. No filme a solução encontrada para amenizar o fosso entre negros e
brancos e iniciar um projeto de reconciliação e união foi um esporte, o Rúgbi. O
objetivo era vencer a Copa do Mundo da categoria. Nesse projeto contou com a
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ajuda do jogador branco Francois Pienaar, capitão do time e será o principal parceiro
de Mandela na jornada. O termina não sendo nem sobre Rúgbi, nem sobre Mandela,
mais sobre uma utopia, ou seja: a possibilidade da igualdade entre as raças e as
condições sociais. Da união entre diferentes. Da tolerância. Utopia? não sei.
Quantos sonhos não começaram com menos. Torná-los realidade depende do
esforço que empregamos em algo que acreditamos.
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3 AINDA SOBRE PRECONCEITO E RACISMO: ANÁLISE DE TEXTOS
Esta unidade propõe um aprofundamento da discussão do racismo e
preconceito contra o negro, utilizando como instrumento, alguns fragmentos de
textos que procuram equacionar as representações historicamente compartilhadas a
esse respeito. Textos contundentes, polêmicos e irônicos que problematizam o tema
e o atacam em seu cerne. Termina com um fragmento da entrevista de Kate Lund
(co-diretora de Cidade de Deus), que ataca violentamente o sistema que produz
excluídos em massas e não sabe como tratá-los a não ser através da violência
policial. Violência segundo ela, que é usada para manter a diferença social, porque o
que mais interessa hoje é manter os excluídos afastados e sob controle.
3.1 Metáforas negras
Em uma sociedade preconceituosa, o negro é visto como ser inferior,
primitivo, retardado, perverso, desonesto, tolo, possuidor de maus instintos, sujo,
irresponsável, preguiçoso, incapaz, etc. Esses preconceitos tornam-se traços
semânticos das palavras preto/negro que vão sendo reproduzidos nas inúmeras
metáforas que utilizam essa cor.
Kabengele Munanga (1986, p. 15-16) lembra-nos que,
Na simbologia de cores da civilização européia, a cor preta representa uma mancha moral e física, a morte e a corrupção, enquanto a branca remete à vida e à pureza. Nesta ordem de idéias, a Igreja Católica fez do preto a representação do pecado e da maldição divina. Por isso, nas colônias ocidentais da África, mostrou-se Deus como um branco velho de barba e o Diabo um moleque preto com chifrinhos e rabinho.
E continua Munanga,
De acordo com a simbologia de cor, alguns missionários, decepcionados na sua missão de evangelização, pensaram que a recusa dos negros em se converterem ao cristianismo refletia, de fato, sua profunda corrupção e sua natureza pecaminosa. A única possibilidade de "salvar" esse povo tão corrupto era a escravidão. Muitos utilizaram-se de tal argumento para defender e justificar essa instituição. Desse modo não haverá nenhum problema moral entre os europeus dos séculos XVI e XVIII, porque na doutrina cristã o homem não deve temer a escravidão do homem pelo homem, e sim sua submissão às forças do mal. Por isso, foram instaladas capelas nos navios negreiros para que se batizassem os escravos antes da travessia. Em total desrespeito e flagrante violação à religião dos africanos,
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a preocupação cristã consistia em salvar as almas e deixar os corpos morrerem!
Pouca mudança houve até hoje. A idéia de redenção do negro através do
embranquecimento de sua alma ainda se faz presente em nossos dias. Os
preconceituosos embutidos nas metáforas, perpetuam a escravidão disfarçada do
negro e o olhar de piedade do branco para com o ser que ele considera inferior e
amaldiçoado.
Até mesmo no momento em que se lembra do negro para homenageá-lo ou
defendê-lo, enfatiza-se, na maioria das vezes, os estereótipos criados pelo
preconceito, como o exemplo abaixo, cuja autoria preferimos omitir.
Mostrando a alma que é franca, a raça negra é querida.
Alma de preto é mais branca , que os brancos "pretos" da vida.
Nessa quadrinha há a pressuposição de que o preto é inferior ao branco.
Apesar do uso do dêitico "os" em "os brancos 'pretos' da vida", separando uma parte
da raça branca do seu todo e da ausência do dêitico em "alma de preto", no sentido
de toda a raça negra, a idéia positiva apresentada no 3º verso é destruída pelo jogo
das palavras "branco" e "preto". No 3º verso, a palavra "preto" é sinônimo de raça e,
no último verso, a palavra "pretos" significa desonesto, possuidor de maus instintos,
etc. O contrário acontece com a palavra "branco(a)". No 3º verso, "branco" significa
"pura" e a palavra "brancos" no último verso, significa alguns representantes da raça
branca.(PAIVA, 1998, p. 105-110).
3.2 Os demônios do demônio
Como a noite, como o pecado, o negro é inimigo da luz e da inocência.
Em seu célebre livro de viagens, Marco Pólo fala dos habitantes de Zanzibar.
“Tinham uma boca muito grande, lábios muito grossos e nariz como o de um
macaco. Caminhavam nus, totalmente negros e para quem de qualquer outra região
que os visse acreditaria que eram demônios”.
Três séculos depois, na Espanha, Lúcifer, pintado de negro, trepado numa
carroça em chamas, entrava nos pátios das comédias e nos palcos das feiras. Santa
Tereza de Jesus, que viveu para combatê-lo, apesar disso nunca pôde entendê-lo.
Uma vez ficou ao lado e viu “um negrinho abominável”. Outra vez ela viu que do seu
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corpo negro saía uma chama vermelha, quando se sentou em cima de seu livro de
orações e queimou os textos do ofício religioso.
Uma breve história do intercâmbio entre África e Europa: durante os séculos
XVI, XVII e XVIII, a África vendia escravos e comprava fuzis. Trocava trabalho pela
violência. Os fuzis punham ordem no caos infernal e a escravidão iniciava o caminho
da redenção. Antes de serem marcados com ferro quente, na cara e no peito, todos
os negros recebiam uma boa unção de água benta. O batismo espantava o demônio
e dava alma a esses corpos vazios. Depois, durante os séculos XIX e XX, a África
entregava ouro, diamantes, cobre, marfim, borracha e café e recebia Bíblias.Trocava
produtos por palavras. Supunha-se que a leitura da Bíblia podia facilitar a viagem
dos africanos do inferno para o paraíso, mas a Europa esqueceu de ensiná-los a ler.
(EDUARDO GALEANO)
3.3 Entre o asfalto e o morro
Se existe uma pirâmide no crime, deveríamos estar atacando o pé dessa
pirâmide, e não a cabeça. É importante tirar do crime a galera que ainda está
entrando nele. O problema é que a sociedade não quer se sujar e acaba usando a
polícia para afastar os excluídos. Ela prefere fingir que não está enxergando nada. E
nós somos cúmplices dessa situação. (...) A primeira vez que pensei em favela como
comunidade foi em 1996, quando subi o Santa Marta para produzir o clipe do
Michael Jackson. Foi aí que eu comecei a reparar que existia uma outra sociedade,
com outros códigos. (...)
Foi a primeira vez que vi meninos no tráfico. Foi aí que comecei a questionar
os rótulos que havia aceitado da imprensa. Não podia mais continuar olhando para
um menino de uns 12 anos de idade e enxergá-lo como um monstro. Para um
menino desse, o tráfico na favela é quase um caminho natural. É muito injusto
julgarmos o outro sem nos colocarmos na sua posição. Temos de questionar esse
sistema. Comecei a perceber que não entendia nada do meu mundo, do meu país.
(KATE LUND)
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3.4 Atividades
Após a leitura Realização de uma mesa redonda com a mediação do
professor, que concomitante á discussão resgatará a importância das contribuições
do negro na formação da sociedade brasileira e instigará os alunos a exporem suas
considerações sobre o assunto.
Objetivo: Construção de conceitos científicos que venham substituir o
conhecimento de senso comum, relativo a visão depreciativa do negro. Buscar
desconstruir o falso mito da democracia racial, tão decantado no Brasil, que termina
por impedir a conscientização e a necessária mobilização da população para
acabar com o flagelo do racismo e preconceito.
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4 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E VALORIZAÇÃO DO FENÓTIPO DOS AFRO-DESCENDENTES
Pictorização de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Esta unidade tentará problematizar as razões que impedem a construção da
identidade dos afro-descendentes e a valorização da cor e características físicas
pelos próprios negros e pardos.
4.1 Ditadura de Padrões Estéticos
Vivemos a ditadura de um padrão estético ideal, imposto pela sociedade e
pela mídia, que garante melhor aceitação e interação social.
Tanimara Elias Santos (2006, p. 10) afirma que
A partir da análise da língua falada como um instrumento de manutenção ou reordenação das estruturas da sociedade, é possível apontar essa forma específica de denominar os corpos negros como uma das formas de percepção das diferenças a partir da ótica de um outro que se tem como referencial ideal, uma ótica discriminatória através da qual a sociedade que segue padrões brancos de beleza observa os traços fenotípicos da população afrodescendente.
O que fazer, quando se foge do padrão estético ideal para garantir aceitação
e interação? Quando se é negra(o) ou mestiça(o), ou índia (o), cabelos crespos,
carapinha ou lisos, longos e negros, mas com a textura de cordas de violas, pele
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negra, parda ou vermelha, traços mais rústicos ou asiáticos, olhos castanhos ou
negros, estatura baixa (o) ou atarracada(o), forte e angulosa(o), impossibilitado
pelas condições de nascimento ou de ascensão social de ser bem sucedida (o)
economicamente.
O que fazer, quando todos os veículos de mídia: cinema, televisão, passando
pela moda e a propaganda de bens ou produtos, trabalham com um estereótipo dito
ideal?
O que fazer, quando você não se vê representado em nenhum segmento,
como desenvolver a auto-estima, construir a auto-imagem e a valorização do que se
é e aparenta? O que fazer quando se passa a vida toda como coadjuvante da
própria história? O que fazer quando não se vê heróis negros (exceção do Zumbi e
Xica da Silva)? O que fazer quando crianças não possuem brinquedos que
represente o estrato negro ou mestiço da sociedade?
Kabengele Munanga (2004, p. 52), afirma que,
num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico.
Nelson Inocêncio (2006, p.185), afirma ainda que, Na cultura visual brasileira, o corpo negro aparece como a antítese do que se imagina como normal. É um corpo cuja representação está associada ao que há de mais caricato, como se ele existisse justamente para demonstrar o contrário do humano. O corpo negro amedronta, porque a ele foi atribuída uma noção de força que se sobrepõe ao intelecto. Esse mesmo corpo provoca risos porque sua leitura está vinculada a comparações que o animalizam.
4.2 Análise do vídeo “Bonecas negras” ou “Auto-Racismo”
O vídeo “Bonecas Negras e Brancas”, ou “Auto-racismo”, demonstra essa
realidade de maneira exemplar. No Vídeo um entrevistador branco faz perguntas a
diversas crianças negras, de idades entre cinco e dez anos. É apresentado às
crianças duas bonecas, uma negra e uma branca, e o entrevistador pergunta a cada
criança: 1) Qual boneca é a bonita? Resposta de todas as crianças – A branca; 2)
Qual boneca é a feia? Resposta de todas as crianças – A negra; 3) Qual boneca é a
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boa? Resposta de todas as crianças – A branca; 4) Qual boneca é a má? Resposta
de todas as crianças – A negra; 5) Com qual boneca você se parece? Resposta de
todas as crianças – A negra; 6) Com qual boneca você se gostaria de se parecer?
Resposta de todas as crianças – A branca.
Tanimara Elias Santos (2006, p. 12 e 13), afirma que,
Os referenciais do que é o belo, bonito e desejável para uma estética negra se constroem a partir das interações sociais e se dão de maneira relacional com a estética branca.
E ainda, Já para a construção do sujeito negro politizado, os referenciais de beleza negra também estão associados à naturalidade, mas para atestar que possuir traços fenotípicos de negritude é se mostrar como diferente dentro da sociedade e assumir o papel de agentes resistentes aos processos de neutralização e exotização dessas diferenças.
4.3 Atividades
- Após a exibição do vídeo, propor uma discussão sobre a ditadura dos
padrões estéticos mundialmente desejáveis e aceitáveis;
- Buscar a posição dos alunos afro-descendentes, sugerindo que eles se
manifestem oralmente sobre como esses padrões contribuem para alijá-los ainda
mais do sistema;
- Solicitar sugestões dos alunos na busca da solução ou de caminhos que
busquem minimizar essa violência estética;
- Inquirir os afro-descedentes - O que se deve fazer? Aceitar o padrão vigente
e tentar se adequar ou valorizar o seu fenótipo e sua cultura?
Objetivos: Construção da auto-imagem do negro, valorizando o seu fenótipo
(cor e traços físicos); Compreender que cada fenótipo tem sua beleza, e que a
diversidade e não a padronização é que forma o ideal de humanidade.
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5 PRECONCEITO, RACISMO E DISCRIMINAÇÃO: ANÁLISE DE ALGUNS CONCEITOS
Nesta unidade vamos procurar entender como conceitos podem ser
construídos e repassados de gerações a gerações, introgetando e reproduzindo
práticas preconceituosas e racistas. Como ambos podem ser mascarados ou
negados a ponto de um indivíduo, praticá-los de forma inconsciente, e negá-los de
forma consciente.
5.1 Preconceito, racismo e discriminação
Vamos iniciar esta unidade tentando conceituar ou buscar definir o que é
preconceito, racismo e discriminação.
O preconceito não é novo na história da humanidade. Existe desde a
antiguidade e numa conceituação de Houaiss significa uma idéia preconcebida, um
julgamento sedimentado por um grupo dominante, ou seja, um controle de alguém
que detém determinado poder (HOUAISS, 2001, p. 2282).
O preconceito - de qualquer tipo – é um pré-julgamento desfavorável que
pode ser tomado em relação a um indivíduo, a um grupo ou mesmo a uma idéia.
Quando praticamos o preconceito, no fundo, o que estamos fazendo é uma
comparação a partir de um padrão de referência que nos é próprio. Portanto, o
preconceito racial ocorre quando uma pessoa, ou mesmo um grupo, sofre uma
atitude negativa por parte de alguém que tem como padrão de referência o próprio
grupo racial.
O racismo é mais amplo que o preconceito e ocorre quando se atribui a um
grupo determinados aspectos negativos em razão de suas características físicas ou
culturais.
O racismo surgiu na Europa, no século XV aproximadamente, justamente
quando os países europeus dominaram terras até então desconhecidas, passando a
incutir um pensamento dominante europeu sobre as populações descobertas e
conquistadas. No Brasil, o racismo refere-se ao preconceito de cor da pele e das
características físicas, ou seja, mesmo que o indivíduo negro pertença a uma classe
social favorecida ou a uma descendência árabe, por exemplo, será discriminado em
diferentes situações, embora em menor grau. O mesmo vale para o mestiço, ou seja,
o descendente de negros e não-negros (MUNANGA, 1999).
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A discriminação decorre do preconceito, fazendo com que determinados
indivíduos ou grupos sejam excluídos ou estigmatizados. Discriminação não pode
ser confundida com o preconceito ou com o racismo, porque ela só acontece na
medida que um dos dois se manifestem. Concluindo, enquanto o preconceito e o
racismo são modos de ver pessoas ou grupos, ou seja, conceitos internalizados, as
vezes até inconscientes, a discriminação é a externalização, ou seja, a ação,
manifestação ou comportamento que vize prejudicar esses indivíduos ou grupos.
O preconceito e o racismo não são naturais, e sim históricos, ou seja,
constituem uma prática construída socialmente, na interação com o outro, a escola,
um espaço privilegiado de formação que deveria “recomendar e praticar” a
tolerância com a diversidade racial, na tentativa de desconstruir aquilo que lhe é
nocivo. Ou, pelo menos, se colocar como o local ideal para discutir essas relações
conflitantes, que muitas vezes não são pensadas, nem criticadas, mas apenas
repetidas sem nenhuma consciência. É importante que os alunos sejam colocados
em xeque, e através desse conflito, possam reelaborar a própria prática de
tolerância.
5.2 Análise, discussão e crítica sobre o e-mail “El Negro”
Veja como primeiro caso o e-mail abaixo, repassado a milhares de pessoas
do mundo todo. A autora deste caderno recebeu-o de <Marisi de Lourdes Duarte
E-mail [email protected]>, com o lembrete de repassá-lo para o maior
número de pessoas que pudesse alcançar com sua rede de relacionamentos:
EL NEGRO
O político mais poderoso do mundo é negro...
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A mulher mais rica e influente na mídia é negra.
O melhor jogador de golfe de todos os tempos é negro.
As melhores jogadoras de tênis do mundo também são negras.
O ator mais popular do mundo é negro.
O piloto de corrida mais veloz do mundo é negro.
O mais inteligente astrofísico na face da terra é negro.
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O mais próspero cirurgião cerebral do mundo é negro.
O homem mais rápido do mundo é negro.
....POR QUE NO BRASIL
ELES AINDA PRECISAM DE COTAS?
5.3 Atividades
Faça a atividade abaixo antes de ler a análise pessoal da autora.
1) Este é um texto claramente contrário ao sistema de cotas nas universidades
públicas do país?
2) Este texto com certeza foi escrito por um pessoa que não faz parte do grupo
dos excluídos?
3) Como você trabalharia esse tipo de texto em sala de aula?
4) Esse é um texto discriminatório, preconceituoso e racista, ou não?
5) Caso a resposta seja afirmativa, ele é intencional ou não?
6) Os alunos teriam condição de selecioná-lo com um texto discriminatório,
preconceituoso e racista ou não? Porquê?
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A seguir, a análise pessoal da autora deste trabalho.
Deixando de lado o fato que nenhuma das pessoas citadas é brasileira, o
simples fato de você conseguir enumerá-las já pressupõe discriminação. Você
conseguiria fazer essa seleção com brancos, por exemplo?
Acredito que o sistema de cotas ajuda a corrigir injustiças, embora também
possa estar atrelado a interesses eleitoreiros. Acredito também que o sistema de
cotas, por si só, não resolverá o acesso e permanência dos negros, mestiços, índios
e alunos de escola pública nas universidades públicas. Mas o que assusta é o fato
de que eles não tinham acesso às universidades que são pagas pelo dinheiro
público e que teoricamente deveriam atender majoritariamente a essas pessoas.
Também não podemos nos esquecer que o sistema de cotas é emergencial,
algo que precisa ser feito, e imediatamente. Se o sistema conseguir fazer chegar e
manter 10 (dez) afro-descendentes na universidade pública, para esses o sistema
fez diferença. Isso me lembra o caso das “estrelas do mar”.
Kabengele Munanga (2007, p. 1), afirma que,
O racismo no Brasil mantém os negros em péssimas condições socioeconômicas e dificulta seu acesso à educação de boa qualidade e ao mercado de trabalho, entre outros prejuízos. A conseqüência disso é que as crianças, já maltratadas pelo baixo poder aquisitivo dos pais, também sofrem ao entrar no ensino público. O sistema foi construído com base na realidade da minoria abastecida, ou seja, da classe média brasileira. Assim, além de serem excluídas das escolas particulares, não recebem, nas unidades públicas, tratamento adequado ao seu desenvolvimento intelectual e emocional.
5.4 Análise de uma enquete com um grupo de pessoas sobre o racismo inconsciente
O segundo caso é a história de uma enquete realizada com um grupo de
pessoas, contada em terceira mão por esta autora.
Um grupo de pessoas de diversas etnias foram reunidas em uma sala.
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Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Mostraram a elas uma imagem de um branco armado, sujo e mal vestido,
assaltando um negro, limpo e muito bem vestido.
Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
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Mantiveram a imagem por 05 minutos.
Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Após esse tempo, solicitaram a todos que desenhassem o que tinham visto
na imagem. A maioria das pessoas desenhou exatamente o contrário, ou seja um
branco, limpo e bem vestido, sendo assaltado por um negro, sujo e mal vestido.
Desenho de Felipe N. Menezes – cedido a autora do Caderno
Pelo resultado da enquete podemos concluir que as representações sociais
que foram internalizadas no inconsciente coletivo mantêm uma imagem negativa do
negro, como pobre, sujo e perigoso. É o que em psicologia é chamado de “ato
falho”. Uma representação que vem se perpetuando desde a escravidão, e que
devemos por todas as formas buscar desconstruir.
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5.5 Análise sobre uma experiência pessoal da autora sobre o racismo reproduzido
O terceiro caso, é a história de uma experiência pessoal da autora deste
caderno. “O preconceito é uma opinião desprovida de julgamento. Assim, em toda
terra, se incutem às crianças as opiniões que se quiser, antes de elas poderem
julgar.” (Voltaire).1
Em uma aula sobre “Nazismo” a autora na qualidade de professora do 3º Ano
do Ensino Médio, perguntou à classe se alguém era preconceituoso ou racista.
Todos, sem exceção, disseram que não. No Brasil dificilmente uma pessoa se
assume como racista ou preconceituosa. Nosso preconceito é velado, não mostra a
cara. Dessa forma, como combater um inimigo disfarçado?
No entanto, ao terminar a aula um de seus melhores alunos a acompanhou, e
contou-lhe em segredo que era racista e o porquê de não gostar de negros.
Segundo o aluno, ele foi praticamente criado pelos avós, seus pais
trabalhavam e não tinham condição de cuidar dele. Então, sua infância foi marcada
especialmente pelo seu avô, que o levava para a escola e para todos os outros
compromissos sociais.
Nessas andanças, todas as vezes que avô avistava uma pessoa negra, dizia
baixinho para o neto “cuidado que lá vem um 5 Ps.” Perguntado sobre o que
significava essa expressão, ele respondeu o que segue:
1º) P = Preto / 2º) P = Pobre
3º) P = Preguiçoso / 4º) P = Perigoso / 5º) P = Presidiário
A professora disse-lhe que aquilo não fazia sentido, e ele explicou a lógica do
que o avô havia lhe dito:
1º) P = Preto.
2º) P = Pobre – Todo negro é pobre, salvo raras exceções que confirmam a
regra.
3º) P = Preguiçoso – Todo negro é preguiçoso, caso contrário teriam sucesso
na vida. Onde eles se destacam? Uma minoria, faz nome nos esportes ou na
1 A frase acima de autoria de Voltaire e citada no artigo “Reflexões sobre o preconceito racial”
postado no Blog “Café História” com autoria de Antonio Ozaí da Silva em 02/10/2008, serve perfeitamente para embasar e começar a discutir a opinião de um aluno sobre os negros, que aqui chamarei aqui da “Teoria dos 5 Ps”.
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música. Segundo o seu avô, isso não era trabalho, era uma atividade típica de
pessoas folgadas, que não queriam nada com o batente.
4º) P = Perigoso – Para aqueles que não se destacavam nos esportes ou na
música, sobrava duas coisas: sub-emprego ou ser bandido. Como são preguiçosos,
a maioria opta pelo banditismo.
5º) P = Presidiário – O fim de todo bandido é a prisão.
A professora perguntou-lhe se aquela explicação ainda fazia sentido para ele?
Ele ficou em dúvida, pensou e disse. Acredito que sim. Veja nas prisões 99% dos
detentos é negro ou pardo. Nas favelas a maioria é negra ou parda. Os maiores
bandidos: traficantes, ladrões e assassinos, são na maioria negros ou pardos.
A professora tornou a perguntar-lhe se ele não via ali uma relação de causa e
conseqüência? Ele ficou em dúvida, e não soube responder.
A professora entendeu que o simples fato do aluno a procurar para se auto-
denunciar como racista já pressupunha um princípio de mudança de conceito, ou
mesmo de dúvida, sobre um conceito que lhe havia sido imputado.
Era uma situação muito difícil e dolorosa para o aluno, pois esses conceitos
ou preconceitos haviam sido introgetados, de forma lenta e gradual na sua infância,
por alguém que ele admirava e respeitava. Agora esses mesmos conceitos estavam
sendo colocados em xeque e criticados pela professora, que era afro-descendente e
que ele também admirava e respeitava.
5.6 Atividades
Após a apresentação das duas histórias, solicitar aos alunos que em grupos
desenhem uma história em quadrinhos. Os alunos poderão optar pela enquete com
um grupo de pessoas, ou pela experiência particular da autora e seu aluno. Nas
histórias em quadrinhos deverão ficar registrado o que segue:
1) Inicialmente os alunos deverão elaborar quadrinhos, onde será contada a
história fiel, isto é, da forma como foi apresentada pela autora.
2) Em seguida os alunos deverão elaborar quadrinhos, demonstrando através
dos desenhos a sua análise e discussão sobre o racismo e o preconceito
representados nas histórias.
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3) Finalizando os alunos deverão desenhar quadrinhos com a reelaboração da
primeira versão, isto é, colocando em xeque as idéias preconceituosas e
racistas apresentadas nas histórias originais, sugerindo saídas que busquem
soluções sobre o flagelo do preconceito e do racismo.
Objetivo: Reestruturação de conceitos, buscando conscientizar e
problematizar antigos conceitos, através das discussões que serão efetuadas,
durante a confecção dos quadrinhos.
Caso haja interesse, tempo e condições logísticas e financeiras, todo o
resultado do trabalho desenvolvido neste Caderno Pedagógico, poderá ser
apresentado ao público (alunos, professores, pedagogos, diretores, funcionários,
pais e a comunidade) através da organização de uma exposição interdisciplinar,
que busque conscientizar a população sobre o problema do racismo e preconceito,
bem como a necessidade de valorização da contribuição da cultura negra à
sociedade brasileira.
Poderemos envolver as disciplinas de: Geografia, Filosofia, Sociologia,
Biologia, Artes, Português, que através de trabalhos desenvolvidos pelos alunos do
2º Ano do Ensino Médio, montarão um painel dessa contribuição.
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Capa: Foto dos avós paternos da autora Acervo Particular Pictorização de imagens por Felipe N. Menezes Desenhos em preto e branco por Felipe N. Menezes