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Daniel Alves Bulzico Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por Diabetes Mellitus Gestacional. Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Clínica Médica. Orientadores: Prof a . Lenita Zajdenverg Prof. Gil Fernando Salles Rio de Janeiro Maio, 2011

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Daniel Alves Bulzico

Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por

Diabetes Mellitus Gestacional.

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Clínica Médica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Mestre em Clínica

Médica.

Orientadores: Profa. Lenita Zajdenverg

Prof. Gil Fernando Salles

Rio de Janeiro

Maio, 2011

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Bulzico, Daniel Alves

Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por Diabetes Mellitus Gestacional / Daniel Alves Bulzico. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Clínica Médica, 2011.

xvi, 94f. : Il.; 31 cm. Orientador: Lenita Zajdenverg e Gil Fernando Salles

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Clínica Médica, Departamento de Clínica Médica, 2011. Referências bibliográficas: f.62-70 1. Diabetes Gestacional. 2. Pulso Arterial . 3. Freqüência Cardíaca. 4. Doenças Cardiovasculares. 5. Técnicas de Diagnóstico Cardiovascular. 6. Velocidade do Fluxo Sanguíneo. 7. Fatores de Risco. 8. Estudos de Casos e Controles. 9. Clínica Médica - Tese. I. Zajdenverg, Lenita. II. Salles, Gil Fernando. IV. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Clínica Médica, Departamento de Clínica Médica. V. Título.

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Daniel Alves Bulzico

Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por

Diabetes Mellitus Gestacional.

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Clínica Médica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Mestre em Clínica

Médica.

Aprovado em ____ de Maio de 2011.

Banca Examinadora:

________________________________________ Prof. José Egidio Paulo de Oliveira

(Presidente da Banca)

________________________________________ Profª. Claudia Regina Lopes Cardoso

________________________________________ Profª. Eliete Bouskela

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À Juliana

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado.

Aos meus pais por sempre me incentivarem nos estudos e a seguir essa nobre carreira.

Às minhas queridas irmãs Maria Gabriela e Paula pelo carinho de sempre, mesmo

distante.

Aos meus amigos, tanto os recentes quanto os mais antigos, e em especial a Carolina

Cabizuca.

Aos colegas de trabalho, pelo apoio durante essa trajetória.

Agradeço aos meus orientadores, professora Lenita Zajdenverg e professor Gil Salles,

pelos ensinamentos, tempo, dedicação e pelo prazer de seu convívio.

Ao professor José Egídio Paulo de Oliveira por desde o primeiro contato ter me

acolhido tão bem no Setor de Nutrologia do HUCFF, além de continuamente me dar a

oportunidade de receber seus ensinamentos.

Ao professor Adolpho Milech, pelo exemplo mais evidente de mestre.

Aos funcionários e colegas do Serviço de Nutrologia, ProHart e da Maternidade

Escola da UFRJ.

Às pacientes participantes, pela confiança.

Por fim, agradeço à Juliana, pelo seu amor, pelo seu apoio contínuo e por tornar tudo

muito mais fácil.

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RESUMO Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por diabetes mellitus gestacional. Introdução: O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma complicação freqüente da gravidez que pode preceder o surgimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e estar relacionado com um risco aumentado de doença cardiovascular (DCV). A medida não-invasiva da velocidade de onda de pulso (VOP) é considerada como a melhor forma de investigar alterações da complacência arterial, um marcador pré-clínico de risco cardiovascular. Entretanto, a relação entre o DMG e o comportamento da VOP não está bem elucidada sendo apenas recentemente descrita. O objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente a VOP em gestantes com DMG confirmado por teste oral de tolerância à glicose com 100g (TOTG), com um grupo pareado composto por gestantes consideradas saudáveis. Metodologia: Neste estudo caso-controle transversal, foram incluídas 24 gestantes com DMG e 27 gestantes de um grupo controle pareado. Foi considerado critério de exclusão do estudo a presença de passado de exposição a qualquer grau de intolerância à glicose. Todas gestantes foram avaliadas quanto a dados clínicos, demográficos e laboratoriais, além das medidas de VOP em territórios carótida-radial e carótida-femoral. As medidas de VOP foram realizadas por técnica de tonometria por aplanação com aparelho marca Complior®. Resultados: Os grupos apresentaram valores semelhantes de idade cronológica, idade gestacional, IMC e pressão arterial (PA). Gestantes com DMG apresentaram valores de VOP em territórios periférico e aórtico equiparáveis aos observados no grupo controle: 8,3±0,8 vs. 8,5±1,0 m/s (p=0.40) e 7,2±0,9 vs. 7,3±1,2 m/s (p=0.79) respectivamente. Quando categorizadas em relação à mediana da VOP aórtica (7,3m/s), idade (p<0.001), PA diastólica (p=0.03) e freqüência cardíaca (p=0.02) se relacionaram com o aumento da VOP. Gestantes do grupo alvo com medidas da VOP aórtica acima da mediana apresentaram tendência a terem valores mais altos de glicemia 1 hora pós prandial (128,2±24.2 mg/dL vs 118,0±14.6 mg/dL, p=0,22) e controle glicêmico insatisfatório (p=0,09). Os valores da área sob a curva do TOTG foram semelhantes dentre as gestantes do grupo alvo não tendo relação com os valores de VOP. Conclusão: Apesar da hipótese de que o DMG pode ser fator de risco para DCV, gestantes com DMG não apresentam valores maiores de VOP em comparação a gestantes saudáveis. O período de exposição à hiperglicemia pode ter sido insuficiente para aumentar a rigidez arterial em gestantes com DMG. Palavras-chave: Pulso arterial; Diabetes gestacional; Doenças cardiovasculares.

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ABSTRACT Assessment of aortic stiffness in women with gestational diabetes. Background: Gestational diabetes mellitus (GDM) may precede type 2 diabetes (T2DM) development and may be related to cardiovascular disease (CVD). Pulse wave velocity (PWV) measurement is the gold-standard non-invasive method to evaluate arterial stiffness, a preclinical cardiovascular risk marker. However, the relationship between PWV and GDM is not clear, and has only recently been investigated. The aim of this study was to evaluate aortic PWV in women with confirmed GDM through 100g oral glucose tolerance test (OGTT) in comparison to a matched control group of healthy pregnant women. Methods: This sectional case-control study included 24 women with GDM and 27 matched controls. Exclusion criteria included previous glucose impairment of any degree. Clinical, demographic and laboratory variables were obtained. Carotid-radial (peripheral) and carotid-femoral (aortic) PWV were measured by applanation tonometry with Complior® equipment. Results: Both groups had similar age, gestational age, body mass index, ethnicity, smoking status, and blood pressures (BP). Women with GDM had comparable peripheral and aortic PWV to controls: 8.3±0.8 vs. 8.5±1.0 m/s (p=0.40) and 7.2±0.9 vs. 7.3±1.2 m/s (p=0.79) respectively. When categorized according to the median value of aortic PWV (7.3m/s), age (p<0.001), diastolic BP (p=0.03) and heart rate (p=0.02) were associated with increased arterial stiffness. GDM women with PWV values above the median presented a trend towards higher 1-hour post-prandial glycemia (128.2±24.2 mg/dL vs. 118.0±14.6 mg/dL, p=0.22) and worse glycemic control (p=0.09). Also in the GDM group, the diagnostic OGTT area under the curve was similar in women with higher or lowers aortic PWV. Conclusion: Although GDM may be a risk factor for CVD development, women with GDM do not have higher peripheral or central arterial stiffness than healthy pregnant women. Time of exposure to hyperglycemia may have been insufficient to increase arterial stiffness in GDM women. Keywords: Pulse; Diabetes, gestational; Cardiovascular diseases.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADA American Diabetes Association

AACE American Association of Clinical Endocrinologists

ARIC Atherosclerosis Risk in Communities Study

AUC Area under the curve

DCV Doença cardiovascular

DHEG Doença hipertensiva específica da gravidez

DM Diabetes mellitus

DM1 Diabetes mellitus tipo 1

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

DMG Diabetes Mellitus Gestacional

EGIR European Group for the Study of Insulin Resistance

FC Freqüência cardíaca

GJ Glicemia de jejum

GPP Glicemia pós prandial

HAPO Study Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes Study

HAS Hipertensão arterial sistêmica

HDL High-density lipoprotein

HF História familiar

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HOMA-IR Homeostatic model assessment – insulin resistance

HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

IADPSG International Association of Diabetes and Pregnancy Study

Groups

IAM Infarto agudo do miocárdio

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ICAM-1 Inter-Cellular adhesion molecule-1

IDF International Diabetes Federation

IG Idade gestacional

IMC Índice de massa corporal

LDL Low-density lipoprotein

NCEP-ATP III National Cholesterol Education Program – Adult Treatment

Panel III

OMS Organização mundial da saúde

PA Pressão arterial

PAd Pressão arterial diastólica

PAI-1 Plasminogen activator inhibitor-1

PAs Pressão arterial sistólica

PCR Proteína-C reativa

PPC Pressão de pulso central

RI Resistência insulínica

SM Síndrome metabólica

TOTG Teste oral de tolerância à glicose

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

VCAM-1 Vascular cell adhesion molecule-1

VOP Velocidade de onda de pulso

VOP-CF Velocidade de onda de pulso carótida-femoral

VOP-CR Velocidade de onda de pulso carótida-radial

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LISTA DE QUADROS, TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS

Quadro 1: Fatores de risco para diabetes mellitus gestacional..............................................p.19

Tabela 1: Características cronológicas e antropométricas dos grupos...................................p.46

Tabela 2: História familiar de DM2 e DCV nos grupos........................................................p.46

Tabela 3: Análise dos parâmetros hemodinâmicos................................................................p.47

Tabela 4: Avaliação da velocidade de onda de pulso............................................................p.48

Tabela 5: Avaliação da velocidade de onda de pulso em relação à mediana do tempo entre

diagnóstico de DMG e aferição da VOP (3,0 semanas)........................................................p.48

Tabela 6: Análise das variáveis em todas as gestantes em relação à mediana da VOP-CF...p.49

Tabela 7: Análise das gestantes quando categorizadas em relação ao percentil-75 da VOP-

CF...........................................................................................................................................p.50

Tabela 8: Comparação entre subgrupo controle de gestantes com IMC significativamente

menor e grupo DMG..............................................................................................................p.51

Tabela 9: Grupo DMG analisado em relação à mediana da VOP-CF...................................p.53

Gráfico 1: Áreas sob a curva (AUC) do TOTG com 100g (TOTG 100g) usado no diagnóstico

de diabetes mellitus gestacional (DMG) em pacientes divididas de acordo com valores abaixo

da mediana (< 7,3 m/s) ou maior ou igual à mediana (≥ 7,3m/s) da velocidade de onda de

pulso carótida-femoral (VOP-CF).........................................................................................p.54

Gráfico 2: Glicemia de jejum (GJ) e Glicemia 1h pós prandial (GPP) no grupo de gestantes

com diabetes mellitus gestacional (DMG) dividido de acordo com valores mais elevados

(acima da mediana) ou mais baixos (igual ou inferior à mediana) da velocidade de onda de

pulso carótida-femoral (VOP-CF).........................................................................................p.55

Figura 1: Fluxograma de rastreamento e confirmação de DMG na Maternidade Escola da

UFRJ na ocasião do estudo....................................................................................................p.37

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

REVISÃO DA LITERATURA 14

Diabetes mellitus gestacional: definição e epidemiologia 14

Fatores de risco para DMG 18

Risco Cardiovascular e DMG 20

Risco aumentado de evolução para Diabetes mellitus tipo 2 20 Relação de DMG com Resistência Insulínica 22 Relação entre DMG e estados pró-inflamatórios e de disfunção endotelial 24

Avaliação da velocidade de onda de pulso arterial 27

A VOP na gestação 31

RELEVÂNCIA 34

OBJETIVO 35

PACIENTES E MÉTODOS 36

Desenho do estudo 36

Local de realização do estudo 36

Cálculo amostral 36

Seleção da amostra 37

Critérios de inclusão do grupo alvo (grupo DMG) 37 Critérios de inclusão do grupo controle 38 Critérios de exclusão 38

Procedimentos 39

Considerações éticas 41

Definições do estudo 42

Diabetes mellitus gestacional 42 Diabetes mellitus tipo 1 ou tipo 2 prévios à gestação 42 Diabetes mellitus gestacional prévio 42 Etnia 42 Hipertensão arterial sistêmica e Doença hipertensiva específica da gravidez 42 Doença hepática ou insuficiência renal clinicamente evidentes 43 História familiar de DM tipo 2 ou Doença Cardiovascular 43 Avaliação do controle glicêmico 43

Métodos estatísticos 44

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RESULTADOS 45

Características antropométricas e cronológicas 45

História familiar e pessoal 46

Parâmetros hemodinâmicos 47

Avaliação da velocidade de onda de pulso 47

Parâmetros glicêmicos 52

DISCUSSÃO 56

CONCLUSÕES 61

REFERÊNCIAS 62

ANEXO 1 71

ANEXO 2 73

ANEXO 3 75

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12

INTRODUÇÃO

A hiperglicemia durante a gravidez é uma alteração metabólica freqüente, que na

maioria das vezes é controlada por mecanismos fisiológicos contra-regulatórios eficazes1. O

desequilíbrio entre esse estado hiperglicemiante típico da gravidez e a resposta contra-

regulatória pancreática é o mecanismo básico do surgimento do diabetes mellitus gestacional

(DMG).

Definido até recentemente como qualquer grau de intolerância à glicose diagnosticada

ou iniciada durante a gestação 2, o DMG vem sendo alvo de freqüentes pesquisas no que

concerne às suas implicações na saúde materno-fetal.

Dados referentes aos riscos de pior prognóstico obstétrico 3 e de complicações

metabólicas crônicas acometendo mulheres com passado de DMG 4-11 e sua prole 12-14 vêm

sendo publicados nos últimos anos.

O DMG e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) compartilham de mecanismos

fisiopatológicos semelhantes. A presença de resistência insulínica associada à falha nos

mecanismos de resposta contra-regulatória das células β pancreáticas compõe o cenário para o

desenvolvimento do DMG 4, 15, 16.

Devido a fatores como diferentes protocolos de pesquisa, variações étnicas e

demográficas, além da falta de consenso na definição laboratorial do diagnóstico de DMG, os

valores de prevalência de DMG descritos variam entre 1 e 14% das gestações suscetíveis 17.

No entanto, devido ao aumento expressivo dos casos de obesidade na população adulta,

principalmente nos países ocidentais 18, 19, espera-se um aumento progressivo dos casos de

DMG.

Mulheres com passado de DMG são consideradas com tendo um maior risco de

desenvolvimento de DM2 no futuro, sendo esse risco tão alto quanto de 70% segundo alguns

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13

autores 7. Esse risco pode ser quantificado de acordo com diversos fatores preditores para essa

conversão 4.

A relação entre doença cardiovascular (DCV) e DM2 já é bem documentada 20, 21,

sendo a DCV a principal causa de morte na população diabética 22. Diversas condições como

processo inflamatório subclínico e disfunção endotelial são descritas como indicadores

prognósticos de doença aterosclerótica, e podem preceder o surgimento do DM2 23-26. No caso

do DMG, essa relação com o risco de DCV ainda não está bem elucidada.

Na população em geral, dentre os diversos fatores descritos como prognósticos para o

aumento de risco cardiovascular encontram-se a redução da complacência arterial 27. A

medida da velocidade de onda de pulso (VOP) em território aórtico é considerada o método

padrão-ouro para avaliação não invasiva da complacência arterial central 28. Trata-se de

método simples, indolor e validado, baseado em tonometria por aplanação 29, 30. Valores mais

elevados de VOP são relacionados ao maior risco de DCV em populações de indivíduos

hipertensos 31 e com DM 2 32, 33. Entretanto, dados sobre o comportamento da VOP em

gestantes com alterações da glicemia são escassos 34.

Dessa forma, neste estudo transversal, tivemos como objetivo descrever o

comportamento da VOP em um grupo de gestantes em acompanhamento pré-natal na

Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro cuja gestação atual se

apresentava complicada por DMG. Foram avaliados além das medidas de VOP, dados

demográficos e epidemiológicos além de parâmetros clínicos e hemodinâmicos nessa

população. Os dados provenientes desse grupo foram comparados aos de grupo controle

constituído por gestantes consideradas saudáveis também em acompanhamento pré-natal na

mesma instituição.

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14

REVISÃO DA LITERATURA

Diabetes mellitus gestacional (DMG): definição e epidemiologia.

Até recentemente entendia-se por diabetes mellitus gestacional (DMG) qualquer grau

de intolerância à glicose com início ou primeiramente identificada durante gestação 1. Por

vários anos essa definição foi aceita apesar da hipótese de que muitas mulheres diagnosticadas

com DMG sejam na verdade portadoras de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) não previamente

diagnosticado. De maneira semelhante ao DM2, o DMG está associado tanto a resistência

quanto à deficiência de secreção insulínica 35. Entretanto, apesar da gestação per se já se tratar

de uma situação em que ocorre diminuição da sensibilidade à insulina, apenas uma

porcentagem de mulheres desenvolverá DMG. Na maioria das mulheres um incremento da

secreção de insulina é capaz de sobrepor esta resistência, no entanto quando não ocorre tal

mecanismo há o desenvolvimento de DMG 35.

Em 1998, prevendo as conseqüências do aumento significativo de casos de obesidade

na população em geral e conseqüentemente de DM2, um grupo multidisciplinar formado por

obstetras, endocrinologistas e pediatras (International Association of Diabetes and Pregnancy

Study Groups – IADPSG) iniciou uma série de discussões envolvendo aspectos relacionados à

associação entre gestação e diabetes. Após discussões ocorridas entre os anos de 2008 e 2009,

a IADPSG recomendou que gestantes que já no início da gestação apresentem os critérios

clássicos para o diagnóstico para diabetes mellitus (DM) sejam consideradas como tendo DM

preexistente 36.

Atualmente há a recomendação de que todas as gestantes sem diagnóstico de DM

preexistente devem ser rastreadas para DMG 37. No entanto, até 2010 a ADA recomendava

que a decisão quanto à indicação de rastreamento deveria ser baseada no perfil da população

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15

em relação quanto ao risco e prevalência local de DMG. Gestantes que preenchessem todos os

critérios de baixo risco para o desenvolvimento de DMG (idade <25 anos, peso corporal

adequado, ausência de história familiar de DM em parentes de primeiro grau, história

obstétrica sem alterações dignas de nota, ausência de passado de alterações no metabolismo

da glicose e não pertencentes a etnias de alta prevalência de DM) não teriam benefício no

rastreamento. Todas as demais gestantes deveriam ser avaliadas através de teste oral de

tolerância com 50g de glicose. A presença de glicemia 1 hora após a sobrecarga ≥ 130mg/dL

seria capaz de identificar aproximadamente 90% dos casos de DMG 2. A Sociedade

Brasileira de Diabetes recomenda que o rastreamento de DMG seja feito em todas as

gestantes independentemente da presença ou não de fatores de risco, através de glicemia de

jejum venosa solicitada na primeira consulta pré-natal. O valor de 85mg/dL é definido como

ponto de corte para definição de rastreamento positivo 38.

Os critérios diagnósticos para confirmação de DMG são alvos de freqüentes

discussões e são baseados geralmente em diferentes protocolos de testes de tolerância à

glicose recomendados por sociedades estudiosas do DMG. No Brasil, o grupo do Estudo

Brasileiro sobre Diabetes Gestacional recomenda que o diagnóstico de DMG seja confirmado

através de medida de glicemia de jejum ≥ 110mg/dL ou por uma glicemia 2 horas após

sobrecarga oral de 75g de glicose ≥ 140mg/dL (conforme teste preconizado pela Organização

Mundial de Saúde) 38, 39. Até 2010, a realização de teste oral com 100g de glicose com

medidas das glicemias de jejum, 60, 120 e 180 minutos com pontos de corte em 95, 180, 155

e 140mg/dL respectivamente 40, era recomendação da ADA para a confirmação de DMG.

Neste caso, a presença de no mínimo 2 pontos alterados eram necessários para o diagnóstico.

Também recomendado pela ADA, o teste com sobrecarga com 75g era uma alternativa ao

teste com 100g. Neste último omitia-se a medida de glicemia de 180 minutos e mantinham-se

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16

os pontos de corte preconizados nos demais tempos. Também nesse caso, a presença de dois

ou mais pontos alterados eram compatíveis com DMG.

Em Maio de 2008, o estudo HAPO (Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes

Study), o maior envolvendo DMG, foi publicado. Uma coorte multiétnica realizada em 9

países distribuídos nos 5 continentes acompanhou mais de 25.000 gestantes, tendo como

objetivo avaliar de maneira prospectiva os impactos da hiperglicemia na saúde materno-fetal.

Dentre os achados, foi descrita uma relação significativa entre aumento do peso fetal, níveis

de Peptídeo-C no sangue de cordão umbilical e hiperglicemia materna 3. No estudo, foram

avaliados os pontos de corte de glicemias de jejum, 1 hora e 2 horas após teste de sobrecarga

com 75g de glicose que mais se relacionaram com os desfechos estudados.

Baseada nos achados do estudo HAPO e no fato de que os pontos de corte até então

empregados nos testes diagnósticos com sobrecarga de glicose se relacionavam mais com o

risco de evolução para DM após o parto do que com os desfechos obstétricos, a International

Workshop-Conference on Gestational Diabetes Diagnosis and Classification foi organizada

pela IADPSG com o intuito de propor novos critérios para o diagnóstico de DMG. Na

conferência, realizada em junho de 2008, foi proposto que todas as gestantes sem diagnóstico

de DM preexistente deveriam ser rastreadas para DMG através de teste oral de tolerância à

glicose com 75g entre a 24 ª e 28ª semanas de gestação. A duração do teste deveria ser de 2

horas com medidas das glicemias de jejum, 1h e 2h e com pontos de corte de 92, 180 e

153mg/dL respectivamente. A presença de um ponto alterado no teste seria suficiente para a

confirmação do diagnóstico de DMG 36. Recentemente em seu sumário anual de

recomendações para a prática clínica, a ADA recomenda que todas as gestantes sem

diagnóstico prévio de DM devem ser rastreadas para DMG através de teste com 75g de

glicose entre a 24ª e 28ª semanas de gestação, sendo os critérios recomendados na conferência

organizada pelo IADPSG usados para o diagnóstico de DMG 37.

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17

A prevalência de DMG é muito variável devido às diferentes técnicas laboratoriais até

então usadas para a confirmação da doença, assim como devido aos estudos, que são

realizados em populações demográfica e etnicamente distintos. De uma maneira geral,

observa-se na literatura valores de prevalência entre 1 e 14% 17. Nos EUA a prevalência geral

descrita é de 4%, variando de acordo com a etnia estudada 41 O Estudo Brasileiro sobre

Diabetes Gestacional, conduzido por Schimidt e colaboradores demonstrou uma prevalência

de 7,2% dentre as gestações no Brasil, sendo mais freqüente em gestantes com maior risco 42,

43. Neste estudo foi utilizado para o diagnóstico o teste oral com 75g, preconizado pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) 39.

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18

Fatores de risco para DMG

Os fatores de risco descritos para o desenvolvimento de DMG são idade materna

avançada, peso corporal aumentado, história obstétrica prévia de DMG, gestação prévia de

fetos grandes para a idade gestacional ou macrossômicos e história familiar de diabetes

mellitus 35. A prevalência do DMG é diferente dentre as diversas etnias, sendo maior em

negras e hispânicas 44. De forma geral esses e outros fatores de risco descritos podem ser

classificados como relacionados à gestante, à história familiar, à história obstétrica prévia, e

os inerentes à gestação 35, 45. Esses fatores estão descritos no quadro 1.

Recentemente, um estudo sugeriu que mecanismos epigenéticos em pacientes com

alterações subclínicas na sensibilidade insulínica poderiam contribuir tanto no surgimento de

DMG quanto no desenvolvimento de DM2 posterior a uma gestação complicada por DMG 46.

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19

Quadro 1: Fatores de risco para diabetes mellitus gestacional

Fatores maternos

Idade superior a 25 anos

Ganho de peso durante a gestação

Índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional superior a 25 Kg/m2

Baixa estatura

Baixo peso ao nascer

Síndrome dos ovários policísticos

Ingestão excessiva de gordura saturada

Fatores relacionados à história familiar

Diabetes mellitus tipo 2 em parentes de 1º grau

História de DMG na mãe da gestante

Malformações congênitas

Macrossomia fetal

Fatores inerentes à gestação

Hipertensão arterial sistêmica na gestação

Gestação múltipla

Ben-Haroush, 2004 com modificações 35.

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20

Risco Cardiovascular e DMG

A relação entre DM e doença cardiovascular já é bem documentada, sendo a presença

de DM2 considerada como forte fator preditor de risco independente para evento

cardiovascular 20.

A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de morte em paciente com DM 22.

Grandes estudos multicêntricos mostram que o bom controle glicêmico é capaz de reduzir o

risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais 47-51.

No caso do DMG, não existem dados consistentes sobre sua associação com a doença

cardiovascular. Alguns estudos sugerem que mulheres com passado de DMG estariam mais

propensas a situações que conhecidamente são fatores de risco para DCV. No entanto, há

dúvida se os desfechos cardiovasculares estudados se relacionam ao próprio DMG ou à

condição associada ao DMG. Dentre essas condições estudadas destacam-se os seguintes

aspectos:

Risco aumentado de evolução para Diabetes Mellitus tipo 2

Mulheres que cursaram com gestação complicada por DMG possuem risco aumentado

de evoluírem com DM2 no período pós-parto precoce ou tardio 5, 10. Devido ao fato dos

estudos que avaliam esse risco de evolução para DM2 possuírem diferentes protocolos de

rastreamento, assim como diferentes características populacionais e temporais, as taxas de

risco descritas para essa conversão de DMG para DM2 variam de 6 a até 70% 7.

Algumas características das gestantes estudadas antes, durante, e após a gestação

podem ser consideradas preditoras de risco para DM2 futuro. Inicialmente, Pallardo e

colaboradores mostraram que o número de glicemias alteradas durante o teste de sobrecarga

glicídica com 100g, idade gestacional mais precoce no momento do diagnóstico de DMG. A

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presença de índice de massa corporal (IMC) acima de 27 Kg/m2 prévio à gestação e a

necessidade de tratamento do DMG com insulina (assim como sua dose diária em UI/Kg) são

fatores de risco independentes para o desenvolvimento de DM2 pós-parto. Seu estudo também

sugeriu que gestantes com DMG apresentam disfunção das células beta pancreáticas ao

descrever níveis séricos significativamente mais baixos de Peptídeo-C nos períodos de jejum,

pós prandial, além de sua razão sobre a glicemia entre as 28ªe 34ª semanas nas gestações

complicadas por DMG 52. Valores mais elevados da área sob a curva (AUC) do TOTG ao

diagnóstico de DMG também são reportados como fatores preditores para risco de evolução

para DM2 53. Em estudo retrospectivo envolvendo mulheres com DMG prévio, Noussitou e

colaboradores demonstraram que fatores pré-gestacionais como dislipidemia e obesidade, e a

ocorrência de hipertensão arterial durante a gravidez foram capazes de aumentar em 5 vezes,

de maneira independente, o risco de TOTG alterado no período pós-parto 17. Gestantes que

possuem parentes de primeiro grau com diagnóstico de DM2 também têm mais risco de

desenvolverem DM2 após o parto 54. Níveis séricos mais elevados de homocisteína também

foram descritos como marcadores de risco para evolução de DM2 55.

Recentemente Xiang e colaboradores 56 publicaram um estudo cujo tempo de

avaliação pós-parto de gestantes com passado de DMG é o maior descrito até o momento. Por

um período de até 15 anos (média de 6 anos), 72 mulheres de etnia hispânica e com passado

de DMG foram avaliadas prospectivamente através de questionários e medidas corporais,

além da realização periódica de TOTG e testes de sensibilidade e secreção insulínicas através

de técnicas de clamp. A taxa anual média de risco de DM2, calculado em pessoas/ano, foi de

7,2%. As taxas anuais de incidência de DM2 foram de 4,1; 6,9; 7,0 e 14,8% em mulheres que

apresentavam no período imediato pós-parto TOTG normal, apenas glicemia de jejum

alterada, apenas glicemia 2h após sobrecarga alterada, e tanto a glicemia de jejum quanto a de

2h após sobrecarga alteradas, respectivamente. Os fatores que se relacionaram de maneira

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significativa e independente com o surgimento de DM2 foram as medidas de sensibilidade

insulínica e de produção da célula β pancreática no período inicial do estudo, além do ganho

de peso ao longo do acompanhamento 56.

Relação de DMG com Resistência Insulínica (RI)

A RI é caracterizada por falha das células-alvo em responder aos níveis normais de

insulina 57 e está implicada na fisiopatologia do DM2 58. É também descrita como mecanismo

comum de condição relatada em 1988 por Reaven, atualmente denominada Síndrome

Metabólica (SM), se relacionando ao processo ateromatoso e risco cardiovascular

aumentado57.

A gestação é um momento propício para estudar mulheres com perfil de risco para

DM2. Por se tratar de um estado fisiológico de aumento da resistência insulínica, mulheres

que possuam uma prévia diminuição da tolerância a carboidratos provavelmente irão

desenvolver DMG.

A relação entre RI e DMG está descrita por estudos que empregaram tanto medidas

invasivas quanto não invasivas de aferição da sensibilidade insulínica. Em estudo com 122

mulheres com diagnóstico de DMG, Buchanan e colaboradores descreveram através de clamp

euglicêmico-hiperinsulinêmico – exame padrão ouro para análise de sensibilidade insulínica –

a presença de RI durante o período pré-parto 4. Catalano e colaboradores, também através de

técnicas de clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico, descreveram que mulheres com gestações

complicadas por DMG apresentam sensibilidade insulínica diminuída já no período pré-

gestacional, além de cursarem com redução nessa sensibilidade ao longo da gestação 15, 16.

Verma em 2002 estudou, no período pós-parto, 106 mulheres com história de DMG e

relatando a maior prevalência de marcadores clínicos de RI como obesidade abdominal e

hipertensão arterial, assim como medidas séricas de glicemia e insulinemia superiores à

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população controle. No mesmo estudo relatou ainda uma maior prevalência de condições

associadas a risco cardiovascular aumentado tais como altos níveis séricos de triglicerídeos,

colesterol total e LDL-colesterol na população de mulheres com DMG prévio em período de

até 11 anos pós-parto 11.

A RI e sua relação com risco cardiovascular aumentado vêm sendo alvo de diversos

estudos. Critérios clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de SM foram propostos por cinco

sociedades científicas principais (National Cholesterol Education Program – NCEP; a

Organização Mundial de Saúde – OMS; a International Diabetes Federation - IDF; o

European Group for the Study of Insulin Resistance – EGIR e a American Association of

Clinical Endocrinologists – AACE). Critérios diferentes com baixo nível de concordância

entre si, e que por vezes não priorizam a RI como conceito fundamental são críticas a todos

esses modelos. Destaca-se que a presença de baixos níveis de colesterol HDL, de altos níveis

de triglicerídeos, de partículas de LDL pequenas e densas, de microalbuminúria e de

hipertensão arterial são fatores de risco para DCV bem estabelecidos, independentemente da

presença ou não do diagnóstico de SM 20, 59, 60, seja qual for o critério escolhido.

Outros achados laboratoriais não clássicos também têm sido descritos em associação à

RI e ao risco cardiovascular aumentado. Dados de Quiñones-Galvan e Ferranini publicados

em 1997 indicam que a resistência insulínica proporciona uma ação direta da insulina sobre a

reabsorção tubular renal de sódio e ácido úrico. No entanto, apesar da maior prevalência de

hiperuricemia dentre indivíduos com resistência insulínica e SM 61, essa condição não parece

afetar a incidência de eventos cardiovasculares nessa população 62. Da mesma forma, níveis

elevados de ácidos graxos livres (AGL) levam a um estado de lipotoxicidade na célula β

pancreática, cursando com diminuição de secreção insulínica e aumento de produção hepática

de glicose 63. Recentemente foi demonstrado que gestantes com passado de DMG que

evoluíram com SM no período pós-parto apresentam níveis mais elevados de osteoprotegerina

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em comparação a gestantes também com DMG prévio e que não cursaram com diagnóstico de

SM 64. A osteoproterina é uma citocina da superfamília do fator de necrose tumoral,

classicamente conhecida por sua ação anti-osteoclástica. Entretanto, estudos descrevendo

ações extra-ósseas em proliferação celular, maturação linfocitária e relação com ateromatose

coronariana e mortalidade cardiovascular têm sido publicados 65, 66.

Relação entre DMG e estados pró-inflamatórios e de disfunção endotelial

O estresse oxidativo, definido como o desequilíbrio entre a injúria decorrente de

radicais livres (oxidação de lipídeos, por exemplo) e a proteção antioxidante, foi descrito por

Toescu e colaboradores em 2004 em estudo que revelou que mulheres com DMG e também

aquelas com DM2 apresentam perfil lipídico diferente da população geral. Segundo os

autores, tais mulheres se apresentam com níveis séricos mais elevados de triglicerídeos,

partículas pequenas e densas de LDL-colesterol, hidroperóxido lipídico e atividade

antioxidante diminuída 67.

A proteína-C reativa (PCR) é um marcador sensível de atividade inflamatória.

Trabalhos relacionando elevação sérica da PCR, risco cardiovascular e diabetes ainda são

controversos ao questionarem o efeito da PCR de maneira independente de outros fatores

como a obesidade sobre o aumento do risco de DCV em diabéticos 23, 24. Em estudo

envolvendo mulheres com passado de DMG, Di Benedetto e colaboradores em 2005

descreveram a relação positiva entre níveis mais elevados de PCR e diversas variáveis entre

elas IMC, relação cintura-quadril, insulinemia, fibrinogênio sérico e valores do modelo

matemático de sensibilidade insulínica HOMA-IR 68. Entretanto, após análise de regressão

linear, apenas a relação cintura-quadril e fibrinogênio sérico permaneceram

independentemente relacionados aos níveis de PCR 68. Um estudo brasileiro publicado em

2007 avaliou gestantes originárias do Estudo Brasileiro sobre Diabetes Gestacional em

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comparação a grupo controle sem passado de DMG. Foi demonstrada a associação entre

níveis séricos de PCR e história prévia de DMG, independentemente da presença ou não de

obesidade. Dentre as mulheres do grupo alvo, houve correlação positiva dos níveis séricos de

PCR com insulinemia de jejum, HOMA-IR, obesidade abdominal e tolerância à glicose

diminuída 23.

A disfunção endotelial é considerada etapa chave na patogênese da doença

cardiovascular, sendo a elevação sérica das moléculas de adesão papel fundamental neste

mecanismo. Em estudo prospectivo com mulheres com passado de DMG publicado por

Meigs e colaboradores foi demonstrado que níveis elevados de marcadores moleculares de

disfunção endotelial como E-selectina, ICAM-1 e VCAM-1 aumentaram em 1,5 a 7,5 vezes o

risco de DM2 futuro, independentemente de fatores de riscos conhecidos para DM como

obesidade e inflamação subclínica 26.

Estado pró-coagulante é descrito como preditor de eventos cardiovasculares na

população com obesidade visceral. O inibidor tissular do plasminogênio (PAI),

principalmente sua isoforma 1 (PAI-1), impede a ativação da plasmina, proteína responsável

pela degradação da fibrina, dessa forma interferindo na capacidade de fibrinólise. Níveis

séricos elevados de PAI-1 se correlacionam com o desenvolvimento e progressão do DM 69 e

risco cardiovascular aumentado 70. Durante o período pós-parto, mulheres com passado de

DMG apresentam valores séricos superiores de PAI-1, interleucina-6 e PCR, além de valores

inferiores de adiponectina em relação à população controle 6.

O fibrinogênio, assim como a PCR, é uma proteína de fase aguda inflamatória.

Produzida no fígado e substrato para a síntese de fibrina, possui papel fundamental nos

estados pró-coagulantes. O estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities Study), uma

coorte americana envolvendo indivíduos diabéticos com idade variando entre 45 e 64 anos

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conduzida entre 1987 a 1998, revelou forte relação estatística entre níveis séricos de

fibrinogênio e presença de evento agudo coronariano (p<0,001) 71.

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27

Avaliação da velocidade de onda de pulso arterial

O aumento da rigidez arterial é decorrente da redução da sua distensibilidade, que por

sua vez é proporcional à sua complacência. A importância da VOP se baseia na sua relação

com a hemodinâmica cardiovascular. A presença de um leito arterial mais rígido (menos

complacente) se traduz em uma maior VOP segundo a clássica equação descrita por Bramwell

e Hill 72. No caso do compartimento arterial central, valores elevados de VOP aórtica

(território carótida-femoral) são acompanhados de uma mais rápida reflexão da onda de pulso,

daí sua interação com a contratilidade miocárdica do ventrículo esquerdo e o fluxo sanguíneo

coronariano 73, 74. Com o processo de envelhecimento, ocorre fisiologicamente redução da

complacência em território arterial central 75. Tal fenômeno parece não ocorrer de maneira

dependente do aumento da pressão arterial típico do envelhecimento 75, 76, mas sim do

contínuo processo de cisalhamento da parede arterial e conseqüentes alterações na

constituição de fibras elásticas locais 77.

A complacência arterial pode ser avaliada de maneira local, regional ou sistêmica.

Através de medidas de variação do diâmetro arterial de acordo com a variação de pressão em

determinado segmento arterial de interesse, a complacência arterial pode ser determinada

naquele local. Essa forma de avaliação pode ser calculada através de técnicas que se utilizam

de ultrassonografia 78, ressonância magnética 79, ecocardiografia transesofágica 80 e

Dopplerfluxometria 81. A avaliação da curva do pulso arterial pode ser realizada através da

tonometria por aplanação. A curva de pulso obtida é comparável à curva obtida de maneira

invasiva, podendo ser calibrada com as medidas não invasivas de pressão arterial braquial a

fim de calcular os índices de rigidez arterial local 82. A avaliação da complacência arterial em

determinada região da árvore arterial é mais bem obtida através da medida da VOP 28,

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28

enquanto que a avaliação sistêmica é usualmente feita pela análise do contorno da onda de

pulso 83-85.

Na grande maioria dos estudos, a VOP é obtida através de procedimento não invasivo

que se utiliza de sensores de tonometria oscilométrica transcutâneos sensíveis ao pulso arterial

através de técnica validada 29, 30. A VOP é calculada pela razão entre a medida direta da

distância entre os pulsos avaliados pelos sensores e o tempo de trânsito da onda de pulso.

Para avaliação do tempo, utiliza-se o momento de ascensão da onda de pulso (“pé da onda”)

como referência, pois se utilizando momentos posteriores na curva corre-se o risco de

interferência pela reflexão da onda na avaliação.

Segundo recente consenso europeu, a medida da VOP é considerada o método padrão-

ouro para a avaliação da complacência arterial 28. E também em recente metanálise

englobando mais de 15.000 indivíduos ficou evidente que valores mais elevados de VOP são

preditores de risco de DCV, com risco relativo de eventos cardiovasculares, mortalidade por

doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas de 2,26 (IC de 95%: 1,89 – 2,70),

2,02 (IC de 95%: 1,68 – 2,42) e 1,90 (IC de 95%: 1,61 – 2,24) respectivamente, havendo risco

significativamente maior em populações consideradas de alto risco como coronariopatas 27.

O aumento da VOP gera ondas reflexivas da onda de pulso mais precoces, assim

ocorre maior sobrecarga do ventrículo esquerdo, com conseqüentes maiores índices de

pressão de pulso central e hipertrofia miocárdica 86. Entretanto, os estudos relacionando tais

fenômenos com prejuízo ao fluxo sanguíneo coronariano e isquemia miocárdica ainda não são

consistentes 87.

A relação entre a redução da complacência arterial e diversas condições clínicas

patológicas está amplamente descrita, sendo relatado aumento da VOP em situações

fisiológicas como o envelhecimento 88 e outras patológicas como hipertensão arterial 31, 89, 90,

obesidade 91, tabagismo 92, intolerância à glicose 93, 94, DM tipo 1 e tipo 2 32, 94, 95, DCV 27,

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29

doença cérebro-vascular 96, insuficiência cardíaca congestiva 97 e insuficiência renal crônica

98. Dentre essas condições, as que apresentam associação mais intensa com VOP alterada são

idade e pressão arterial. De maneira interessante, alguns estudos envolvendo indivíduos

considerados saudáveis relacionaram redução da complacência arterial com a presença de

história familiar positiva para doença coronariana 99. Também foram descritos valores mais

altos de VOP em indivíduos com história familiar de DM ou HAS em parentes de primeiro

grau 100, 101.

Assim, o aumento da VOP é descrito como marcador de complacência arterial

diminuída, processo aterosclerótico, disfunção endotelial e risco cardiovascular aumentado 75,

102. Em 2007, Liu e colaboradores avaliaram o comportamento da VOP em relação a vários

processos patológicos como HAS, DM2, doença coronariana e doença cerebrovascular.

Demonstraram que em diabéticos a presença de VOP aumentada se relaciona com

aterosclerose, sendo assim ferramenta útil na avaliação cardiovascular 33. Nesse estudo, ficou

evidente que quanto maior o número de fatores de risco de DCV, pior o comportamento da

VOP 33. Um estudo publicado em 2005 conduzido por Masugata e colaboradores avaliou 70

pacientes com diagnóstico de DM2 e sem DCV clinicamente evidente. Através de estudos de

ecocardiografia basal, ultrassonografia de carótidas e medida da VOP, ficou evidente a

relação entre a presença de placas de ateroma carotídeas (definidas como imagens focais na

camada média-intimal de no mínimo 1,1mm) e valores mais elevados de VOP (r = 0,37; p =

0,001). Da mesma forma, no entanto de maneira mais forte, a presença de disfunção diastólica

ao ecocardiograma se relacionou com a VOP aumentada (r = 0,70; p = 0,001) 103.

Os mecanismos propostos pelo qual ocorre aumento da VOP em pacientes com DM

são alterações na quantidade e qualidade na estrutura de moléculas de elastina e colágeno das

paredes arteriais 28, 104. Além disso, fatores como a exposição prolongada ao estresse

oxidativo, inflamação subclínica e disfunção endotelial causada por produtos de glicação final

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30

estão relacionados ao aumento da rigidez arterial e medidas da VOP 105, 106. Estudos também

descrevem a influência do tempo de DM no comportamento da VOP 32, 107.

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A VOP na gestação

O primeiro relato de avaliação da VOP durante a gestação foi de Giełwanowski em

1982 108. Entretanto, posteriormente a essa data, poucos estudos envolvendo a medida da VOP

e distúrbios relacionados à gestação foram publicados.

Alguns estudos avaliaram o comportamento da VOP ao longo da gestação de mulheres

consideradas saudáveis. Existe uma variação significativa dos valores de VOP de acordo com

o período gestacional em comparação ao momento pós-parto. Segundo dados de estudo

prospectivo de Edouard e colaboradores, durante a gravidez as gestantes apresentam valores

médios significativamente mais baixos de VOP tanto no primeiro (7,5m/s vs 8,1m/s; p<0,05)

quanto no terceiro trimestres gestacionais (7,3m/s vs 8,1m/s; p<0,01) em comparação ao

observado no período de 3 meses após o parto 109. E quando comparados os valores da VOP

no primeiro e terceiro semestres esta diferença também é significativa (7,5m/s vs 7,3m/s;

p<0,05). De maneira semelhante, outro estudo no qual foram incluídas 12 gestantes

saudáveis, avaliou de maneira prospectiva a VOP 110. Neste, observou-se queda dos valores

médios da VOP ao longo da gestação (valores de 6,2m/s; 5,9m/s e 5,4m/s respectivamente

para cada trimestre) havendo diferença significativa entre os valores no primeiro e terceiro

trimestres. Houve também diferença significativa nos valores do terceiro trimestre e período

pós-parto (5,4m/s vs 6,7m/s). De maneira contrária, Macedo e colaboradores não encontraram

diferença significativa nos valores de VOP entre 193 gestantes saudáveis e um grupo controle

formado por 23 mulheres não gestantes saudáveis 111. O fato da VOP não ter sido avaliada de

acordo com período da gestação é uma crítica ao estudo.

Poucos estudos descrevem o comportamento da VOP em estados patológicos durante

a gestação. São descritas alterações na VOP em situações como hipertensão específica da

gravidez e pré-eclâmpsia. Em trabalho publicado em 2004, Elvan-Taspinar e colaboradores

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pesquisaram dentre outras variáveis hemodinâmicas, a VOP em 38 gestações complicadas por

doença hipertensiva específica da gravidez e 33 complicadas por pré-eclâmpsia 112. Os dados

foram comparados aos observados em 51 gestantes normotensas consideradas controles. Os

valores de VOP foram significativamente maiores nos dois grupos de gestações complicadas

(6,2m/s e 7,0m/s respectivamente) em comparação às gestantes do grupo controle (5,1m/s), p

<0,05 112. Outros dois estudos, ambos incluindo menos de 30 pacientes em cada grupo,

demonstraram a elevação do valor de VOP com estados hipertensivos relacionados à gravidez

113, 114.

Até o momento, apenas dois estudos avaliando a VOP em mulheres com gestação

complicada por DM foram publicados. Inicialmente, Anderson e colaboradores avaliaram, em

estudo observacional, o comportamento da VOP durante gestações de mulheres com

diagnóstico prévio de DM1 115. O tempo médio de evolução do DM1 era de 13,6 anos, e o

valor médio de hemoglobina A1c 6,4% no momento da avaliação durante a gravidez. Na

avaliação hemodinâmica dessa população não foram encontrados valores significativamente

diferentes de VOP em territórios carótida-femoral e carótida-radial em comparação a grupo

controle composto por gestantes consideradas saudáveis (carótida-femoral: 5,6±0,9 vs

5,7±1,1m/s p=0,4; carótida-radial: 7,4±1,2 vs 7,8±1,0m/s p=0,1). No estudo em questão

também não foi evidenciada relação entre os valores de VOP e de tempo de DM1 ou a

situação do controle glicêmico traduzido pelos valores de hemoglobina A1c 115.

Posteriormente em 2010, também em estudo observacional, Savvidou descreveu pela primeira

vez o comportamento da VOP aórtica durante gestações complicadas por DMG 34. Uma

população de 34 gestantes com diagnóstico de DMG e idade média de 33,9 anos foi avaliada

em conjunto a grupo de 34 gestantes com diagnóstico de DM2 preexistente. Ambos os grupos

foram comparados a um grupo controle próprio, composto por 34 gestantes com gestação sem

complicações (um grupo controle para cada situação). Gestantes com DM2 preexistente

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apresentaram valores significativamente maiores de VOP aórtica em comparação ao seu

grupo controle (6,8±1,2, vs 5,6±1,0m/s p<0,001). No entanto, as gravidezes complicadas por

DMG cursaram com valores médios de VOP comparáveis aos observados no seu grupo

controle (6,0±1,5 vs 5,4±0,6m/s p=0,7) 34. No estudo também ficou evidente que gestantes

com DM2 possuem valores significativamente mais elevados de VOP do que aquelas com

DMG (6,8±1,2 vs 6,0±1,5m/s p=0,008).

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RELEVÂNCIA

Conforme descrito, a relação entre DM e o risco aumentado de doença cardiovascular

já é bem documentada. No entanto, dados relacionando o risco de doença cardiovascular ao

DMG ainda são escassos. Com o incremento esperado da prevalência de obesidade na

população em geral é esperado também um conseqüente aumento no número de casos de

DMG. Dessa forma, há interesse em buscar conhecimento no âmbito de risco de doença

cardiovascular e DMG.

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OBJETIVOS

Avaliar a VOP em território aórtico de gestantes sem passado de exposição prévia à

hiperglicemia e com gravidez atual complicada por DMG.

Comparar os valores de VOP de gestantes com DMG com os observados em grupo

controle pareado para idade, idade gestacional e índice de massa corporal composto por

gestantes saudáveis.

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PACIENTES E MÉTODOS

Desenho do estudo

Estudo caso-controle transversal controlado.

Local de realização do estudo

O estudo foi realizado na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ).

Cálculo amostral

O número de gestantes participantes no estudo foi estimado com base nos seguintes

dados:

a) Como na ocasião do planejamento do estudo não havia dados sobre o comportamento da

VOP-CF em gestantes com DMG, foi utilizada a estimativa de desvio-padrão (DP) no valor

da VOP-CF entre gestantes com doença hipertensiva da gravidez e pré-eclâmpsia - situações

comprovadamente capazes de alterar a VOP. Estimativa de DP: 1,0m/s 112.

b) Diferença mínima na VOP-CF a ser pesquisada entre grupos estudados: 0,8m/s.

c) Valor de probabilidade em teste bicaudal estatisticamente significativo inferior a 0,05;

poder 0,8; alfa= 0,05.

Número de pacientes em cada grupo: 24.

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Seleção da amostra

Critérios de inclusão do grupo alvo (grupo DMG)

Na ocasião do estudo, a rotina de avaliação pré-natal da Maternidade Escola da UFRJ

incluía rastreamento de DMG em todas as gestantes. Entre a 24ª e 28ª semana de gestação,

realizava-se inicialmente TOTG com 50g de glicose. Em caso de rastreamento positivo, as

gestantes eram submetidas a teste confirmatório com TOTG com 100g seguindo pontos de

corte recomendados da ADA na ocasião 2.

Rastreamento com

TOTG com 50g

Glicemia 1h após sobrecarga < 130mg/dL

Glicemia 1h após sobrecarga ≥ 130mg/dL

Rastreamento negativo para DMG

Rastreamento positivo para DMG

Teste confirmatório: TOTG com 100g *

pontos de corte: basal: 95mg/dL 1h: 180mg/dL 2h: 155mg/dL 3h: 140mg/dL

Figura 1: Fluxograma de rastreamento e confirmação de DMG na Maternidade Escola da UFRJ na ocasião do estudo. * a presença de 2 pontos alterados no TOTG 100g confirmam o diagnóstico de DMG

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Durante o período de 27 de Junho de 2009 a 02 de Fevereiro de 2010, foram incluídas

no estudo gestantes em acompanhamento pré-natal regular na Maternidade Escola da UFRJ

que preenchessem o seguinte critério:

a) Diagnóstico de DMG na gestação atual, confirmado pelo critério da ADA 2, e que

estivessem em acompanhamento obstétrico pré-natal e endocrinológico regulares na

Maternidade Escola da UFRJ.

Critérios de inclusão do grupo controle

Durante o mesmo período de seleção de gestantes do grupo alvo foram

concomitantemente selecionadas mulheres para o grupo controle de acordo com os seguintes

critérios:

a) Gestantes em acompanhamento pré-natal regular na Maternidade Escola da UFRJ, com

gestação em curso sem complicações;

b) Possuíssem teste de rastreamento para DMG negativo (Figura 1);

b) Possuíssem características de idade cronológica, índice de massa corporal e idade

gestacional semelhantes às observadas no grupo alvo.

Critérios de exclusão

Foram excluídas da possibilidade de inclusão as gestantes que apresentassem qualquer

uma seguintes características:

a) Idade inferior a 18 anos;

b) Diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 1 ou tipo 2 prévios à gestação;

c) DMG em gestação prévia;

d) Diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica ou doença hipertensiva específica da gravidez

(DHEG);

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e) Uso de corticosteróides nos 3 meses prévios ao estudo;

f) Sorologia anti-HIV positiva ou diagnóstico de síndrome da imunodeficiência adquirida;

g) Doença hepática ou insuficiência renal clinicamente evidentes;

h) Não desejassem participar ou não assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido.

Procedimentos

Durante consulta médica ambulatorial obstétrica de pré-natal ou endocrinológica

realizada na Maternidade Escola da UFRJ, as gestantes que preenchiam os critérios de

inclusão para grupo alvo e/ou grupo controle foram convidadas a participar do estudo.

Quando concordaram, naquela mesma ocasião, foram submetidas a um mesmo protocolo de

procedimentos com de acordo com o grupo em que se enquadravam (DMG ou controle).

Todas as participantes foram avaliadas por um mesmo único pesquisador (principal).

O protocolo de avaliação das participantes comum a ambos os grupos foi composto

por:

a) Questionário para avaliação de idade cronológica (em anos), idade gestacional atual

baseada na ultrassonografia fetal do 1º trimestre (em semanas), etnia, história patológica

pregressa incluindo história obstétrica, história familiar de parentes de primeiro grau com

diagnóstico conhecido de DM2 ou DCV e história de tabagismo atual ou prévio.

b) Exame físico, no qual foi realizado:

- ectoscopia;

- ausculta cardíaca e respiratória;

- medida da pressão arterial - considerada como a média de duas medidas na posição sentada

através da aferição por monitor digital oscilométrico (HEM-907 XL, Omron, Kyoto, Japão)

com manguito apropriado para a circunferência do braço da participante e após período de

repouso de 10 minutos;

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- medidas antropométricas: peso corporal em Kg (1 casa decimal), altura em metros (duas

casas decimais), IMC calculado através da razão peso/altura2 (Kg/m2).

c) Avaliação da VOP em territórios aórtico (carótida-femoral) e periférico (carótida-radial)

através da seguinte técnica: com a participante em decúbito dorsal, após um período mínimo

de repouso de 10 minutos, as ondas de pulso arteriais foram simultaneamente registradas por

eletrodos manométricos transcutâneos nas artérias carótida comum direita, radial direita e

femoral direita com o uso do aparelho de tonometria por aplanação da marca COMPLIOR®

(Artech-Medical, Paris, França) por um intervalo de tempo mínimo de 10 a 15 segundos. O

programa computacional incluído neste aparelho é capaz de medir a diferença de tempo (t) em

milissegundos entre o “pé” (inicio da ascensão) da onda de pulso carotídea, o “pé” da onda de

pulso radial e o “pé” da onda de pulso femoral (método conhecido como “foot-to-foot”).

Através da medida direta em centímetros da distância (D) entre os 2 pontos de registro,

calcula-se a VOP ao longo dos trajetos braquial e da aorta descendente toraco-abdominal

(VOP=D/t, em metros por segundo). Em todas as participantes foram realizados 3 registros

consecutivos da VOP-CF e VOP-CR, sendo considerado como valor final de cada parâmetro

a média dos 3 registros.

d) Medida da freqüência cardíaca (em batimentos por minuto) no momento de cada avaliação

da VOP, também aferida pelo aparelho de tonometria por aplanação COMPLIOR® (Artech-

Medical, Paris, França). Da mesma forma que as medidas de VOP, o valor final considerado

foi a média das 3 aferições;

e) Pressão de pulso central (PPC) estimada em milímetros de Hg: avaliada pelo mesmo

aparelho descrito para as medidas da VOP, através da fórmula de Water-Hammer: PPC=PP

braquial / (VOP-CR / VOP-CF)1/2 calculada apenas quando a medida da VOP-CR era superior

à da VOP-CF. Dessa maneira, quando disponível, as participantes poderiam ter de uma a três

medidas da PPC estimada. No caso de 1 valor disponível, este foi o considerado para o

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estudo; quando 2 ou 3 valores estavam disponíveis considerou-se a média destes como o valor

final para o estudo.

No caso de gestantes incluídas no grupo alvo também foram avaliados os seguintes

parâmetros:

a) Idade gestacional (em semanas) na ocasião do diagnóstico de DMG;

b) Valores da glicemia nos tempos basal, 60, 90, 120 e 180 minutos durante o TOTG com 100

g de glicose confirmatório do diagnóstico de DMG. Utilizando estas medidas de glicemia foi

calculado o valor da área sob a curva do TOTG 100g (AUC) para cada participante do grupo

DMG através da regra do trapezóide 116;

c) Valores das glicemias venosas de jejum e 1 hora pós prandial medidas na mesma semana

da avaliação da VOP (solicitadas como rotina de controle glicêmico pela equipe de

acompanhamento endocrinológico das pacientes).

Todos os dados foram preenchidos em ficha própria especialmente elaborada para este

fim (ANEXO 1).

Considerações éticas

O projeto de pesquisa do presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Maternidade Escola da UFRJ em 19 de Maio de 2009, sob o seguinte protocolo:

06/2009 CAAE 0003.0.361.197-09.

Para todas as participantes, antes de qualquer procedimento, foi lido o termo de

consentimento livre e esclarecido (ANEXO 2). Aquelas que concordaram em participar

assinaram o mesmo. Os dados foram utilizados de forma confidencial, apenas pelos

pesquisadores envolvidos, sem identificação dos sujeitos da pesquisa.

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Definições do estudo

Diabetes mellitus gestacional

No estudo definiu-se DMG como intolerância à glicose diagnosticada durante a

gestação confirmada através de teste oral de tolerância à glicose com 100g conforme

preconizado pela American Diabetes Association na ocasião da coleta de dados 2.

Diabetes Mellitus tipo 1 ou tipo 2 prévios à gestação

Foram consideradas portadoras de DM1 ou DM2 prévios à gestação aquelas gestantes

que sabidamente vinham em acompanhamento médico de tais situações ou já faziam uso de

medicamentos antidiabéticos orais antes da gravidez.

Diabetes mellitus gestacional prévio

Durante o estudo, gestantes com relato verbal ou escrito em prontuário de

hiperglicemia ou de diagnóstico confirmado ou suspeito de DMG, assim como passado de

feto macrossômico em gestação prévia foram definidas como portadoras de DMG prévio.

Etnia

Para fins do estudo as participantes foram classificadas apenas como etnia branca ou

não branca de acordo com avaliação subjetiva do pesquisador.

Hipertensão arterial sistêmica e Doença hipertensiva específica da gravidez

Para o estudo, definiram-se como pacientes com HAS aquelas gestantes com história

de uso atual ou prévio de drogas anti-hipertensivas de qualquer classe. Assim como aquelas

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com idade gestacional inferior a 20 semanas e com valores de pressão arterial sistólica ≥

140mmHg e/ou diastólica ≥ 90mmHg aferidos sob condições ideais no momento do estudo.

Doença hipertensiva específica da gravidez foi definida como a presença de valores de

pressão arterial sistólica ≥ 140mmHg e/ou diastólica ≥ 90mmHg em gestantes com idade

gestacional ≥ 20 semanas e sem proteinúria 117, 118.

Doença hepática ou insuficiência renal clinicamente evidentes

Considerou-se diagnóstico de doença hepática ou insuficiência renal qualquer relato

verbal de tais condições pela participante durante a anamnese ou por escrito em prontuário

por equipe médica assistente.

História familiar de DM tipo 2 ou Doença Cardiovascular

Foram considerados apenas parentes de primeiro grau levando-se em consideração o

relato da participante durante a anamnese. No caso de doença cardiovascular, aceitou-se como

história positiva caso a participante relatasse parentes com história de infarto agudo do

miocárdio ou de angina pectoris.

Avaliação do controle glicêmico

Para fins do estudo as participantes do grupo alvo foram classificadas de acordo com

os valores glicêmicos medidos na semana coincidente à inclusão no estudo e

subseqüentemente à medida da VOP. Foram consideradas gestantes como tendo bom controle

glicêmico aquelas que apresentavam glicemia venosa de jejum inferior a 95mg/dL e glicemia

venosa 1 hora após refeição (café da manhã) padronizada inferior a 130mg/dL. As gestantes

que não preenchiam tal critério foram consideradas como tendo controle insatisfatório.

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Métodos estatísticos

Os dados estudados foram analisados através do programa SPSS versão 13.0 (SPSS

Inc, Chicago, Il, EUA).

As variáveis categóricas foram descritas como freqüência absoluta (n) e proporcional

(%). As variáveis numéricas foram expressas por média, desvio-padrão e mediana. O

intervalo de confiança com 95% de acurácia foi empregado.

Na análise estatística de variáveis categóricas, foram utilizados os testes de Qui-

quadrado e Exato de Fisher, e para a comparação de variáveis numéricas foi utilizado o teste

“t” de Student.

As variáveis estudadas foram comparadas entre os grupos.

Para avaliar quais variáveis poderiam influenciar significativamente a complacência

aórtica, ambos os grupos foram analisados em conjunto e categorizados de acordo com o

valor da mediana e o valor do percentil-75 da VOP-CF.

As variáveis relacionadas à glicemia foram analisadas dentro do grupo DMG. As

gestantes com DMG foram categorizadas em relação à mediana da VOP-CF sendo

comparados parâmetros glicêmicos de AUC do TOTG 100g, glicemia de jejum, glicemia 1h

pós prandial e situação do controle glicêmico. O grupo DMG também foi categorizado em

relação à avaliação do controle glicêmico (baseado na glicemia de jejum e glicemia 1h pós

prandial).

A diferença foi considerada estatisticamente significativa quando p-valor < 0,05

(α=0,05).

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RESULTADOS

No período do estudo foram incluídas 51 gestantes: 24 pacientes constituíram o grupo

DMG e 27 gestantes saudáveis, o grupo controle. As características basais como dados de

idade cronológica, idade gestacional, peso corporal, IMC, etnia, história familiar de DM2 e/ou

DCV em parentes de primeiro grau, história de tabagismo atual ou prévio foram avaliadas em

todas as gestantes de ambos os grupos. Em relação aos parâmetros hemodinâmicos estudados,

todas as gestantes tiveram medidas de pressão arterial sistólica e diastólica, freqüência

cardíaca, VOP carótida-femoral, VOP carótida-radial. A medida de pressão de pulso central

foi avaliada sempre que a medida da VOP do trajeto carótida-radial era superior à medida da

VOP carótida-femoral. Esta medida foi possível em 21 das 24 pacientes do grupo alvo e 25

das 27 participantes do grupo controle.

Em relação a medidas relacionadas à glicemia, todas as gestantes do grupo DMG

realizaram TOTG com 100g de glicose para confirmação diagnóstica enquanto que as

gestantes do grupo controle apresentaram teste de rastreamento com 50g de glicose negativo.

Todas as gestantes do grupo DMG tiveram medidas de glicemias venosas de jejum e 1 hora

pós prandial na mesma semana da medida da VOP.

Características antropométricas e cronológicas

Conforme descrito na tabela 1 não houve diferença estatística entre ambos os grupos

em relação à idade cronológica, idade gestacional e características antropométricas.

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Tabela 1: Características cronológicas e antropométricas dos grupos

Grupo DMG

(n=24)

Grupo controle

(n=27) P

Idade cronológica (anos) 30,7 (6,6) 29,2 (6,2) 0,41

Idade gestacional (semanas) 30,2 (5,0) 31,3 (6,4) 0,49

IMC 30,1 (3,8) 29,3 (4,0) 0,45

Valores expressos em: média (desvio padrão).

DMG: diabetes mellitus gestacional; IMC: índice de massa corporal (expresso em Kg/m2).

Dentre as gestantes do grupo DMG, o intervalo de tempo médio entre o diagnóstico de

DMG e a inclusão no estudo e realização da medida da VOP foi de 4,7 semanas, variando de

0 a 20 semanas e com mediana de 3,0 semanas.

Em relação à etnia, devido à grande diversidade étnica observada em nosso meio, as

paciente foram classificadas apenas em 2 categorias (brancas e não-brancas). Não houve

diferença significativa na distribuição entre ambos os grupos: no grupo DMG, 50% (n=12)

das gestantes foram classificadas como brancas, sendo esse percentual de 51,9% (n=14) no

grupo controle (p=0,99).

História familiar e pessoal

A tabela 2 descreve a prevalência de história familiar de DM2 e DCV em ambos os

grupos. Houve uma maior prevalência, porém não significativa, de DM2 e DCV em parentes

de gestantes do grupo controle em comparação ao grupo DMG.

Tabela 2: História familiar de DM2 e DCV nos grupos

Grupo DMG

(n=24)

Grupo controle

(n=27) P

HF positiva de DM2a 15 (62,5%) 18 (66,7%) 0,77

HF positiva de DCVb 5 (20,8%) 11 (40,7%) 0,14

Valores expressos em: valores absolutos (percentual).

DMG: diabetes mellitus gestacional.

a:presença de diabetes mellitus tipo 2 em parentes de primeiro grau; b:presença de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau.

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A prevalência de tabagismo atual ou prévio não foi diferente entre os grupos, sendo de

20,8% (n=5) em gestantes do grupo DMG e 22,2% (n=6) no grupo controle (p= 0,99).

Parâmetros hemodinâmicos

Ambos os grupos apresentaram valores comparáveis de pressão arterial sistólica e

diastólica, freqüência cardíaca e pressão de pulso central conforme demonstrado na tabela 3.

Tabela 3: Análise dos parâmetros hemodinâmicos

Grupo DMG

(n=24)

Grupo controle

(n=27) P

Diferença

(IC de 95%)

PAs (mmHg) 116,9 (8,4) 117,0 (7,8) 0,96 -0,1 (-4,6 a 4,4)

PAd (mmHg) 70,0 (6,7) 70,9 (8,1) 0,67 -0,9 (-5,1 a 3,3)

FC (bpm) 85,1 (15,5) 83,6 (8,3) 0,67 1,5 (-5,7 a 8,7)

PPC (mmHg) 42,2 (7,7) (n=21) 41,8 (8,6) (n=25) 0,84 0,4 (-4,4 a 5,3)

Valores expressos em: média (desvio padrão).

DMG:diabetes mellitus gestacional; IC:intervalo de confiança; PAs:pressão arterial sistólica; PAd:pressão arterial diastólica; FC:freqüência

cardíaca em batimentos por minuto; PPC:pressão de pulso central estimada; DMG:diabetes mellitus gestacional.

Avaliação da velocidade de onda de pulso

Os valores médios de velocidade de onda de pulso nos territórios carótida-radial

(VOP-CR) e carótida-femoral (VOP-CF) estão descritos na tabela 4. Os valores de VOP-CF

foram virtualmente idênticos: no grupo DMG 7,2±0,9m/s (IC 95%: 6,9 a 7,6m/s) e no grupo

controle 7,3±1,2 (IC 95%: 6,8 a 7,6m/s).

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Tabela 4: Avaliação da velocidade de onda de pulso

Grupo DMG (n=24)

Grupo controle

(n=27) P

Diferença

(IC 95%)

VOP-CRa (m/s)

Média (DP)

Mediana

8,3 (0,8)

8,2

8,5 (1,0)

8,3

0,40 -0,2 (-0,76 a 0,31)

VOP-CFb (m/s)

Média (DP)

Mediana

7,2 (0,9)

7,3

7,3 (1,2)

6,8

0,79 -0,1 (-0,73 a 0,56)

DMG: diabetes mellitus gestacional; IC: intervalo de confiança.

a:velocidade de onda de pulso carótida-radial; b:velocidade de onda de pulso carótida-femoral.

Quando categorizadas em relação à mediana do tempo de diagnóstico de DMG e

avaliação da VOP (3,0 semanas) as gestantes do grupo DMG não obtiveram valores diferentes

tanto nas medidas de VOP-CR quanto de VOP-CF (Tabela 5).

Tabela 5: Avaliação da velocidade de onda de pulso em relação à mediana do tempo entre diagnóstico de DMG e

aferição da VOP (3,0 semanas)

Tempo < 3,0 semanas

(n=8)

Tempo ≥ 3,0 semanas

(n=16) P

Diferença

(IC 95%)

VOP-CRa (m/s)

Média (DP)

7,9 (0,8)

8,5 (0,7)

0,11

-0,6 (-1,28 a 0,14)

VOP-CFb (m/s)

Média (DP)

7,2 (1,0)

7,2 (0,9)

0,95

0,0 (-0,88 a 0,93)

DMG: diabetes mellitus gestacional; IC: intervalo de confiança.

a:velocidade de onda de pulso carótida-radial; b:velocidade de onda de pulso carótida-femoral.

A tabela 6 descreve os resultados da análise das variáveis quando todas as 51 gestantes

foram categorizadas de acordo com a mediana da VOP-CF (7,3m/s). Notou-se que a presença

de idade cronológica mais avançada, pressão arterial diastólica e freqüência cardíaca maiores

se relacionaram de maneira significativa com VOP-CF mais elevada. Todas as outras

variáveis estudadas não tiveram associação com a medida da VOP.

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Tabela 6: Análise das variáveis em todas as gestantes em relação à mediana da VOP-CF

VOP-CF < 7,3m/s (n=25)

VOP-CF ≥ 7,3m/s (n=26) P

Idade cronológica (anos)

26,1 (5,4) 33,6 (5,1) < 0,001

IG atual (semanas)a

29,8 (6,3) 31,7 (5,2) 0,24

Peso atual (Kg)

74,0 (11,8) 76,5 (10,4) 0,41

IMC (Kg/m2)b

29,4 (4,6) 29,9 (3,1) 0,60

Etnia branca

14 (56,0%) 12 (46,2%) 0,57

Tabagismo atual ou prévio

6 (24%) 5 (19,2%) 0,74

HF positiva de DM2c

15 (60%) 18 (69,2%) 0,56

HF positiva de DCVd

7 (28%) 9 (34,6%) 0,76

PAs (mmHg)e

116,0 (8,9) 117,9 (7,1) 0,39

PAd (mmHg)f

68,2 (7,1) 72,6 (7,1) 0,03

FC (bpm)g

80,4 (13,3) 88,1 (9,6) 0,02

PPC (mmHg)h

42,5 (7,0) (n=24)

41,5 (9,3) (n=22) 0,67

Valores expressos em: média (desvio padrão) ou valor absoluto (percentual).

VOP-CF: velocidade de onda de pulso carótida-femoral; VOP-CR: velocidade de onda de pulso carótida-radial.

a:idade gestacional no momento da avaliação; b:índice de massa corporal em Kg/m2; c:presença de diabetes mellitus tipo 2 em parentes de

primeiro grau; d:presença de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau; e:pressão arterial sistólica; f:pressão arterial diastólica;

g:freqüência cardíaca; h:pressão de pulso central estimada.

A mesma avaliação das variáveis descritas na tabela 6 é descrita na tabela 7, no

entanto, nesta avaliação as 51 gestantes foram categorizadas de acordo com o valor do

percentil-75 da medida da VOP-CF (7,8m/s).

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Tabela 7: Análise das gestantes quando categorizadas em relação ao percentil-75 da VOP-CF

VOP-CF < 7,8m/s (n=37)

VOP-CF ≥ 7,8m/s (n=14) P

Idade cronológica (anos)

28,1 (5,8) 34,6 (5,8) 0,001

IG atual (semanas)a

29,8 (6,2) 33,3 (3,5) 0,01

Peso atual (Kg)

74,1 (11,6) 78,4 (9,0) 0,22

IMC (Kg/m2)b

29,4 (4,1) 30,4 (3,2) 0,38

Etnia branca

21 (56,8%) 5 (35,7%) 0,22

Tabagismo atual ou prévio

9 (24,3%) 2 (14,3%) 0,70

HF positiva de DM2c

25 (67,6%) 8 (57,1%) 0,52

HF positiva de DCVd

10 (27,0%) 6 (42,9%) 0,32

PAs (mmHg)e

116,5 (8,6) 118,3 (6,2) 0,47

PAd (mmHg)f

69,5 (7,3) 73,0 (7,3) 0,14

FC (bpm)g

82,7 (12,4) 88,7 (10,4) 0,11

PPC (mmHg)h

40,6 (7,5) (n=36)

42,4 (8,3) (n=10) 0,56

Valores expressos em: média (desvio padrão) ou valor absoluto (percentual).

VOP-CF: velocidade de onda de pulso carótida-femoral; VOP-CR: velocidade de onda de pulso carótida-radial.

a:idade gestacional no momento da avaliação; b:índice de massa corporal em Kg/m2; c:presença de diabetes mellitus tipo 2 em parentes de

primeiro grau; d:presença de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau; e:pressão arterial sistólica; f:pressão arterial diastólica;

g:freqüência cardíaca; h:pressão de pulso central estimada.

Dentre o grupo controle um subgrupo selecionado caso a caso composto por gestantes

com IMC significativamente inferior foi comparado ao grupo DMG. Todas as demais

características de pareamento permaneceram semelhantes entre ambos. Também nesta análise

não foi observada diferença significativa entre os valores de VOP conforme descrito na tabela

8.

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Tabela 8: Comparação entre subgrupo controle de gestantes com IMC significativamente menor e grupo DMG

Grupo DMG (n=24)

Grupo controle com IMC menor

(n=13) P

Idade cronológica (anos)

30,7 (6,6) 27,0 (6,0) 0,10

IG atual (semanas)a

30,2 (5,0) 31,2 (5,4) 0,58

Peso atual (Kg)

75,6 (12,2) 68,3 (7,2) 0,03

IMC (Kg/m2)b

30,1 (3,8) 25,8 (2,2) <0,001

Etnia branca

12 (50%) 7 (53,8%) 1,00

Tabagismo atual ou prévio

5 (20,8%) 2 (15,4%) 1,00

HF positiva de DM2c

15 (62,5%) 10 (76,9%) 0,47

HF positiva de DCVd

5 (20,8%) 4 (30,8%) 0,69

PAs (mmHg)e

116,9 (8,4) 115,1 (7,0) 0,51

PAd (mmHg)f

70,0 (6,7) 69,6 (7,6) 0,86

VOP-CRg

8,3 (0,8) 8,4 (1,0) 0,65

VOP-CFh

7,2 (0,9) 7,3 (1,2) 0,82

FC (bpm)i

85,1 (15,5) 82,4 (9,8) 0,57

PPC (mmHg)j

42,2 (7,7) (n=21)

42,3 (11,1) (n=13) 0,99

Valores expressos em: média (desvio padrão) ou valor absoluto (percentual).

DMG: diabetes mellitus gestacional.

a:idade gestacional no momento da avaliação; b:índice de massa corporal em Kg/m2; c:presença de diabetes mellitus tipo 2 em parentes de

primeiro grau; d:presença de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau; e:pressão arterial sistólica; f:pressão arterial diastólica;

g:velocidade de onda de pulso carótida-radial; h:velocidade de onda de pulso carótida-femoral; i:freqüência cardíaca; j:pressão de pulso

central estimada.

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Parâmetros glicêmicos

A média da área sob a curva (AUC) do TOTG com 100g no grupo DMG observada foi

de 29.143 mg/dL.min (DP: 3.358). Em relação ao controle glicêmico, das 24 participantes do

grupo DMG 13 (54%) foram consideradas como tendo bom controle. Em comparação às

gestantes com controle glicêmico insatisfatório, aquelas com bom controle apresentaram

valores significativamente mais baixos de IMC (28,7±3,9Kg/m2 vs. 31,8±3,0Kg/m2 p=0,04).

Também foi realizada uma análise do grupo DMG categorizado em relação à mediana

da VOP (7,3m/s). Nesta, observou-se que gestantes classificadas como tendo bom controle do

DMG apresentavam valores menores, porém não significativos, de VOP-CF (Tabela 9).

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Tabela 9: Grupo DMG analisado em relação à mediana da VOP-CF

VOP-CF < 7,3m/s (n=11)

VOP-CF ≥ 7,3m/s (n=13) P

Idade cronológica (anos)

26,1 (6,3) 34,5 (4,3) 0,001

IG atual (semanas)a

29,7 (5,9) 30,7 (4,4) 0,65

IG ao diagnóstico (semanas)b

23,7 (5,3) 26,9 (4,8) 0,14

IMC (Kg/m2)c

29,8 (5,0) 30,5 (2,6) 0,68

PAs (mmHg)d

116,6 (10,3) 117,2 (6,9) 0,87

PAd (mmHg)e

67,6 (6,8) 72,1 (6,1) 0,11

FC (bpm)f

79,7 (18,8) 89,8 (10,8) 0,13

Glicemia de jejum (mg/dL)

84,8 (10,1) 87,9 (12,2) 0,51

Glicemia 1h pós prandial (mg/dL)

118,0 (14,6) 128,2 (24,2) 0,22

Situação do controle glicêmicog

Bom (n=13)

8 (72,7%) 5 (38,5%) 0,09

Insatisfatório (n=11)

3 (27,3%) 8 (61,5%)

Valores expressos em: média (desvio padrão).

VOP-CF: velocidade de onda de pulso carótida-femoral.

a:idade gestacional no momento da avaliação; b:idade gestacional ao diagnóstico de diabetes mellitus gestacional; c:índice de massa corporal

em Kg/m2; d:pressão arterial sistólica; e:pressão arterial diastólica; f:freqüência cardíaca; g:controle glicêmico do diabetes gestacional na

semana de avaliação, considerado bom quando glicemia de jejum <95mg/dL e glicemia 1h pós prandial <130mg/dL.

O gráfico 1 revela que gestantes do grupo DMG com VOP-CF acima da mediana

apresentaram valores não significativamente mais elevados da medida da AUC no TOTG com

100g diagnóstico. De maneira semelhante, estas mesmas gestantes cursavam com valores

mais elevados (também não estatisticamente significantes) de glicemias de jejum e 1h pós

prandial na semana da avaliação do estudo (Gráfico 2).

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Gráfico 1: Áreas sob a curva (AUC) do TOTG com 100g (TOTG

100g) usado no diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG)

em pacientes divididas de acordo com valores abaixo da mediana (<

7,3 m/s) ou maior ou igual à mediana (≥ 7,3m/s) da velocidade de

onda de pulso carótida-femoral (VOP-CF).

p = 0,25

DMG com DMG com VOP-CF < 7,3m/s VOP-CF ≥ 7,3m/s

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Gráfico 2: Glicemia de jejum (GJ) e Glicemia 1h pós prandial (GPP)

no grupo de gestantes com diabetes mellitus gestacional (DMG)

dividido de acordo com valores mais elevados (acima da mediana) ou

mais baixos (igual ou inferior à mediana) da velocidade de onda de

pulso carótida-femoral (VOP-CF).

DMG com DMG com VOP-CF < 7,3m/s VOP-CF ≥ 7,3m/s

p = 0,51

p = 0,22

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DISCUSSÃO

Dentre os achados desse estudo observacional tipo caso-controle dois se destacam.

Mulheres com suas gestações atuais complicadas por DMG não cursam com valores mais

elevados de VOP tanto em território carótida-femoral quanto carótida-radial em comparação a

gestantes saudáveis. O segundo achado foi de que gestantes com DMG com pior controle

glicêmico possuem uma tendência a apresentarem valores mais elevados de VOP aórtica.

Até a presente data apenas um estudo avaliou o comportamento da VOP em gestantes

com DMG 34. Nesse estudo, os autores assim como nós, não encontraram diferença

significativa na complacência arterial avaliada por medida da VOP aórtica em gestantes com

DMG em comparação a grupo controle (6,0±1,5 vs 5,4±0,6m/s p=0,7). Entretanto havia

limitações no estudo em questão. As gestantes com DMG apresentavam valores de pressão

arterial sistólica (116,7±9,8 vs 110,5±8,9mmHg; p=0,009), peso corporal e IMC (31,5±6,4 vs

28,4±4,2Kg/m2; p=0,02) significativamente maiores do que os observados no grupo controle.

Conforme já descrito previamente, os valores de VOP são fortemente influenciados por níveis

mais elevados de pressão arterial 31, 89 e de maneira menos convincente pelo peso corporal 91.

Além disso, não há menção sobre a presença ou não de exposição prévia à hiperglicemia em

gestações anteriores nas gestantes do grupo com DMG. Fato esse que poderia interferir na

medida da VOP, tendo em vista que mesmo a presença de hiperglicemia leve é considerada

como fator modificador da complacência arterial 93, 94. No entanto, se tais vieses fossem

expressivos haveria tendência de valores falsamente significativamente mais elevados de

VOP no grupo de gestantes com DMG, fato não observado.

Em nosso estudo houve intensa preocupação no pareamento dos grupos, não sendo

evidenciada diferença entre variáveis que poderiam ser fatores de confundimento como

pressão arterial, peso corporal, IMC, idade materna e idade gestacional. Entretanto, foi

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evidenciada uma maior prevalência de história familiar de DCV e DM2 dentre gestantes do

grupo controle. Apesar dessa diferença não ter sido significativa, esta poderia ser uma das

justificativas para a ausência de diferença de VOP entre os grupos tendo em vista que estudos

prévios já descreveram valores mais elevados de VOP em parentes de primeiro grau de

diabéticos e hipertensos em comparação à população geral 100, 101.

Em relação às medidas de VOP, as gestantes por nós avaliadas apresentam valores

mais elevados do que os já descritos por alguns autores em gestantes saudáveis e com DMG,

fato decorrente da técnica empregada na medida da distância entre os pulsos, que em nosso

caso foi realizada através da medida direta entre os pontos de aferição dos pulsos enquanto

que em outros estudos foi feita através do auxílio de compassos a fim de atenuar a silhueta

abdominal.34, 110. No entanto, acreditamos que tal diferença não tenha influenciado nossos

resultados por se tratar de um estudo pareado.

A fim de excluir a possibilidade de interferência do IMC sobre os valores de VOP

entre os grupos, optamos por caracterizar um subgrupo controle composto por gestantes

significativamente mais magras do que o grupo alvo (IMC de 30,1±3,8 vs 25±2,2Kg/m2;

p<0,001). Apesar de manter todas as demais características basais equiparáveis, ao se

selecionar um grupo controle mais magro, este se apresentou, de maneira não significativa,

mais jovem. Este fato poderia interferir no comportamento da VOP, contribuindo para valores

em média mais baixos neste grupo controle. Entretanto, nessa análise comparativa entre os

grupos ficou evidente a provável ausência de relação entre o peso corporal e IMC no

comportamento da VOP em nosso estudo.

Talvez o principal motivo, a nosso ver, da ausência de diferença de valores de VOP

entre os grupos tenha sido o tempo de exposição à hiperglicemia das gestantes com DMG.

Embora seja descrito que alterações em parâmetros pré-clínicos de doença ateromatosa e

cardiovascular possam preceder em vários anos o desenvolvimento do DM2 23-26, já é bem

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documentado que o aumento progressivo da VOP é intensamente influenciado pelo tempo de

evolução do DM2 32, 107. Essa redução da complacência arterial decorre de mudanças

estruturais e quantitativas nas moléculas de elastina e colágeno das paredes arteriais 104

somadas a estresse oxidativo e inflamação subclínica característicos da exposição prolongada

à hiperglicemia 105, 106. Em nosso estudo, ao excluirmos a participação de gestantes com

passado de exposição de hiperglicemia como aquelas com diagnóstico de DM preexistente

(tipo 1 ou tipo 2) e de DMG em gestação prévia, podemos imaginar que o tempo médio de 4,7

semanas pode não ter sido suficiente para que ocorram as alterações descritas acima como

mecanismos de aumento da VOP . Essa hipótese é corroborada pela constatação de Savvidou

que descreveu que gestantes com tempo médio de DM2 de 4,8±4,6 anos apresentaram valores

significativamente mais elevados de VOP em comparação às gestantes com DMG 34. Por

outro lado, Anderson e colaboradores não encontraram diferença significativa nos valores

médios de VOP de gestantes com DM1 (tempo médio de doença de 13,6 anos) em

comparação a gestantes controles (5,6±0,9 vs 5,7±1,1m/s p=0,4) 115.

O outro ponto importante de discussão em nosso trabalho foi o achado de que houve

uma tendência de pior controle glicêmico do DMG dentre gestantes com valores mais

elevados de VOP. Em séries que avaliaram o comportamento da VOP em diabéticos do tipo 2

nota-se que além do tempo de DM2, o controle glicêmico é capaz de influenciar a VOP 119.

No caso específico do DMG, no qual o parâmetro classicamente empregado para determinar o

controle glicêmico são as medidas de glicemia pré e pós prandiais, não existem dados na

literatura a respeito da relação entre o controle da glicemia durante a gravidez e medidas da

VOP. No trabalho já citado de Savvidou 34 o único parâmetro glicêmico descrito foi o da

medida da hemoglobina A1c, medida esta não validada para determinar o nível de controle do

DMG. Entretanto, tanto na análise de pacientes com DM2 desse mesmo estudo, quanto no de

Anderson, no qual foram somente estudadas gestantes com diagnóstico de DM1, os valores de

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VOP não tiveram relação com as medidas de hemoglobina A1c 34, 115. Em nosso estudo,

apesar das gestantes com medidas maiores ou menores de VOP possuírem valores não

significativamente diferentes de glicemias de jejum e 1h pós prandial, quando analisadas em

relação à definição de bem ou mal controladas, foi notada um tendência a valores mais altos

de VOP dentre aquelas consideradas como tendo controle glicêmico insatisfatório (p=0,09).

Esses dados podem significar que pequenas diferenças nas medidas de glicemia poderiam

influenciar o comportamento da VOP, fato esse que poderia ser mais bem avaliado caso a

população estudada fosse maior. Apesar das gestantes com controle insatisfatório do DMG

possuírem valores significativamente maiores de IMC, não acreditamos que esse fato tenha

influenciado nossos resultados. Isto devido à evidência de que em nosso estudo a VOP não foi

influenciada pelo IMC.

A relação entre valores da glicemia durante a gestação complicada por DMG e o risco

de evolução para DM2 no período pós-parto também é descrita. A medida da AUC do TOTG

diagnóstico é considerada como índice de gravidade da hiperglicemia gestacional e fator

preditor independente para o risco de conversão para DM2 no período pós-parto 4. Em relação

a essa medida, em nosso estudo os valores da AUC do TOTG com 100g foram maiores em

gestantes com valores mais elevados de VOP, porém de maneira não significativa.

Levando em consideração que uma parcela de pacientes com passado de DMG irá

desenvolver DM2 no futuro 4, 7, 35, o interesse de se conhecer a relação entre o DMG e DCV

se baseia no fato de que o DM2 é sabidamente fator de risco para eventos cardiovasculares

fatais e não-fatais 20, 22. Soma-se ainda o fato de o DMG também se relacionar com uma série

de condições que elevam o risco de DCV como inflamação subclínica, estresse oxidativo,

resistência insulínica, obesidade abdominal, disfunção endotelial e dislipidemia 6, 11, 15, 17, 23, 24,

26, 67, 68, 120.

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Por fim, nosso estudo apresenta algumas limitações. Por se tratar de um estudo

observacional transversal, não é possível definir relação causal ou temporal entre as variáveis,

apenas associações. Apenas através de estudos longitudinais com desfechos bem definidos de

DCV será possível ter melhor idéia do papel da medida da VOP como fator prognóstico de

risco cardiovascular em populações de gestantes com passado de DMG. Outra crítica pode ser

feita às características do nosso grupo controle, que por apresentar considerável prevalência

de história familiar de DM2 e DCV em parentes de primeiro grau talvez não seja tão saudável

quanto se esperava ao início do estudo. No entanto, em relação a esse fato, não acreditamos

que possa ter influenciado nossos resultados tendo em vista que a prevalência de história

familiar de DM2 e DCV no grupo alvo foi semelhante. A amostra por nós estudada, apesar de

adequada para os fins a que se propôs, é pequena, e conforme mencionado previamente, a

associação entre o controle glicêmico de paciente com DMG e os valores de VOP pode ter

sido prejudicado. Uma última observação deve ser feita ao conceito de controle glicêmico, no

qual talvez uma única medida de glicemia de jejum e pós prandial não seja suficiente para

definir tal conceito.

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CONCLUSÕES

1. Gestantes com gestação atual complicada por DMG não possuem menor complacência

arterial, avaliada por medidas da VOP em territórios carótida-femoral e carótida-radial, em

comparação a gestantes consideradas saudáveis.

2. Idade materna mais avançada, valores mais elevados de pressão arterial diastólica e de

freqüência cardíaca estão positivamente relacionados com valores mais altos de VOP em

território carótida-femoral.

3. Gestantes com DMG e controle glicêmico insatisfatório apresentam tendência a maior

rigidez arterial aórtica em comparação às pacientes com bom controle glicêmico.

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ANEXO 1 Ficha de dados do projeto: Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres

com gestação complicada por Diabetes Mellitus Gestacional.

Pesquisador: Daniel Alves Bulzico – Setor de Nutrologia, HUCFF/UFRJ.

1. Paciente: ( )Grupo DMG ( )Grupo controle gestantes 2. Identificação: Paciente (iniciais):________________Prontuário:________________ 3. Data de nascimento (dd/mm/aaaa):____________________ Idade_________anos. 4. Etnia: ( ) branca ( ) não branca 5. Idade gestacional ao diagnóstico de diabetes gestacional (caso grupo alvo):_________________semanas. Idade gestacional atual:_____________semanas. 6. Presença de história familiar positiva em parente de primeiro grau para: Diabetes mellitus tipo 2 ( ) Sim ( ) Não Doença cardiovascular ( ) Sim ( ) Não 7. História atual ou prévia de tabagismo: ( ) Sim ( ) Não 8. Exame físico: (caso anormal, descrever alterações ao lado) - Ectoscopia____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ - Pressão arterial (média)_________________mmHg. - Ausculta cardiopulmonar – avaliar ritmo cardíaco, fonese de bulhas, presença de bulhas acessórias, sopros e estertores crepitantes pulmonares ( ) Exame normal ( ) Exame anormal ______________________________________ ______________________________________________________________________ - Medidas antropométricas: Peso______kg Altura______m IMC__________Kg/m2

9. Velocidade de Onda de Pulso Aórtico (VOP) em m/s: - Distância carótida-radial (DCR): _________cm - Distância carótida-femoral (DCF): ________cm

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1ª medida VOP-CR _______________ 1ª medida VOP-CF __________________ 2ª medida VOP-CR _______________ 2ª medida VOP-CF __________________ 3ª medida VOP-CR _______________ 3ª medida VOP-CF __________________ Média VOP-CR: _________________ Média VOP-CF _____________________ 10. Freqüência cardíaca (em bpm) e PPC estimada (em mmHg):

1ª medida FC _______________ 1ª medida PPC __________________ 2ª medida FC _______________ 2ª medida PPC __________________ 3ª medida FC _______________ 3ª medida PPC __________________ Média FC: _________________ Média PPC _____________________ ** Em caso de gestantes do grupo DMG: a) Glicemias no TOTG com 100g:

- Basal: ________mg/dL - 60 min:________mg/dL - 120 min:_______mg/dL

- 180 min:________mg/dL AUC: ___________________mg/dL.min b) Glicemia de jejum:____________mg/dL c) Glicemia 1h pós prandial:_______________mg/dL

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ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do estudo: AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE DE ONDA DE PULSO AÓRTICO EM

MULHERES COM GESTAÇÃO COMPLICADA POR DIABETES MELLITUS

GESTACIONAL.

INVESTIGADOR: Daniel Alves Bulzico Local: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255 Cidade Universitária – Ilha do Fundão Rio de Janeiro – RJ Solicita-se que você leia este formulário de consentimento e discuta o que você não compreender com o investigador ou com a equipe do estudo. Caso você decida participar deste estudo, será solicitado que você assine e date este formulário de consentimento. Você receberá uma cópia deste formulário, assinado e datado. OBJETIVOS DO ESTUDO: Avaliar a existência de risco aumentado de doença cardiovascular em gestantes com diabetes gestacional através medida da velocidade de onda de pulso aórtico e comparar com grupo formado por gestantes sem diabetes gestacional. PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Será necessária a sua presença durante uma manhã na Maternidade Escola da UFRJ. Durante essa entrevista você será avaliada pelo médico investigador. Na ocasião haverá uma breve entrevista na qual será preenchida uma ficha com seus dados de histórico médico, você será examinada para avaliação de peso, altura, circunferência abdominal, pressão arterial, escuta cardíaca e respiratória. Após a entrevista você realizará um exame para saber a sua Velocidade de Onda de Pulso. Trata-se de um exame indolor, no qual você apenas deverá permanecer deitada em repouso por alguns minutos. Para a realização do exame serão palpados os pulsos em 3 regiões do seu corpo: pescoço, punho e região inguinal (virilha), após o fim do exame você será liberada para ir embora. O resultado do exame será disponibilizado para você assim que estiver concluído. Nenhum procedimento realizado durante a consulta assim como o exame de Velocidade de Onda de Pulso causam desconforto ou dor. O estudo não traz nenhum risco para você ou para o bebê. CUSTOS E COMPENSAÇÃO FINANCEIRA: Você não receberá nenhum pagamento ou terá qualquer despesa por sua participação neste estudo.

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INFORMAÇÕES RELEVANTES: A sua identidade será mantida como informação confidencial. Os resultados do estudo poderão ser publicados, mas a sua identidade não será revelada sem o seu consentimento por escrito. Os registros médicos poderão ser consultados pelas autoridades de saúde e pelo Comitê de Ética da Maternidade Escola. A participação neste estudo é voluntária. Mesmo que haja a decisão de participar, você tem plena liberdade de sair do estudo a qualquer momento, sem incorrer em nenhuma penalidade. Seu atendimento não será prejudicado se decidir não participar ou sair do estudo já iniciado. EM CASO DE DÚVIDAS ENTRAR EM CONTATO COM: Dr Daniel Alves Bulzico - Hospital Universitário da UFRJ/ Fundão sala 9E14 (Secretaria de Nutrologia) às 2as-feiras pela manhã. Telefone: 2562-2730. Li as afirmações acima e as outras informações desse formulário de consentimento livre e esclarecido. Todas minhas perguntas sobre a minha participação nesse estudo foram respondidas e esclarecidas. Concordo em participar do estudo intitulado "Avaliação da velocidade de onda de pulso aórtico em mulheres com gestação complicada por Diabetes Mellitus Gestacional”. Compreendo que tenho a liberdade de não participar nesse estudo de pesquisa podendo retirar-me a qualquer momento e continuar a ter a assistência necessito. _____________________________________________________________________ Nome da participante (em letra de forma) data Assinatura ______________________________________________________________________ Daniel Alves Bulzico (investigador) data Assinatura ______________________________________________________________________ Nome da testemunha (em letra de forma) data Assinatura

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ANEXO 3 Artigo submetido para publicação

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Title Page

Title: Assessment of Arterial Stiffness in Women with Gestational Diabetes.

Running title: Arterial stiffness in gestational diabetes

Authors: Daniel A Bulzico 1

Lenita Zajdenverg 1,2

Carolina A Cabizuca 1

José Egidio P de Oliveira 1

Gil F Salles 1

Affiliation: 1. Internal Medicine Department, Medical School and University Hospital Clementino Fraga

Filho, Federal University of Rio de Janeiro, Brazil.

2. Obstetrics Outpatient Clinic, Federal University of Rio de Janeiro, Brazil.

Corresponding author:

Daniel Alves Bulzico

Avenida Alexandre Ferreira, 86/402, Lagoa.

Rio de Janeiro/RJ, CEP 22470-220.

Telephone/fax: 55 21 2266-1613

e-mail: [email protected]

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Abstract Aims: Gestational diabetes mellitus (GDM) may precede type 2 diabetes development and

may be related to cardiovascular disease (CVD). Pulse wave velocity (PWV) measurement is

the gold-standard method to evaluate arterial stiffness, a preclinical cardiovascular risk

marker. However, the relationship between aortic stiffness and GDM is unclear. The aim of

this study was to evaluate aortic PWV in women with GDM in comparison to a matched

control group of healthy pregnant women.

Methods: This case-control study included 24 women with GDM and 27 matched controls.

Clinical, demographic and laboratory variables were obtained and carotid-femoral (aortic)

PWV were measured by Complior equipment.

Results: Both groups had similar age, gestational age, body mass index, ethnicity, smoking

status, and blood pressures (BP). Women with GDM had comparable aortic PWV to controls:

7.2 ± 0.9 vs. 7.3 ± 1.2 m/s (p=0.79). When categorized according to the median value of PWV

(7.3m/s), age (p<0.001), diastolic BP (p=0.03) and heart rate (p=0.02) were associated with

increased arterial stiffness. In the GDM group, there was a non-significant trend towards

higher 1-hour post-prandial glycemia in patients with higher (above the median) PWV (6.5 ±

0.8 mmol/L vs. 7.1 ± 1.3 mmol/L, p=0.22), and a lower prevalence of patients with good

glycemic control (38.5% vs. 72.7%, p=0.09).

Conclusions: Although GDM may be a risk factor for CVD development, women with GDM

do not have higher aortic stiffness than healthy pregnant women. Time of exposure to

hyperglycemia may have been insufficient to increase central arterial stiffness in GDM

women.

Key words: gestational diabetes, pulse wave velocity, arterial stiffness, pregnancy.

List of abbreviations: GDM: gestational diabetes mellitus; CVD: cardiovascular disease;

PWV: pulse wave velocity; OGTT: oral glucose tolerance test; BMI: body mass index; FG:

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fasting glycemia; PPG: post-prandial glycemia; AUC: area under the curve; BP: blood

pressure; PP: pulse pressure.

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Introduction

Gestational diabetes mellitus (GDM) is defined as glucose impairment of any severity

with onset or first diagnosed during pregnancy [1]. GDM prevalence can vary from 1 to 14%

of susceptible pregnancies, depending on the population studied and the laboratory diagnostic

criteria used [2]. GDM and type 2 diabetes have very similar pathophysiological mechanisms

based mainly on insulin resistance and β-cell dysfunction with reduced insulin secretion [3].

Hence, women with previous GDM are at high risk to develop future type 2 diabetes [4,5],

with reported conversion rates being as high as 70% [6]. The physiopathological relationships

between type 2 diabetes and cardiovascular disease (CVD) have been exhaustedly

investigated. Various studies [7-10] demonstrated that preclinical indicators of the

atherosclerotic process, such as markers of endothelial activation and dysfunction and serum

biomarkers of low-grade chronic systemic inflammation, can precede type 2 diabetes

development by several years. Nevertheless, the cardiovascular risk of women with GDM-

complicated pregnancies is still not well defined.

Carotid to femoral (aortic) pulse wave velocity (PWV) analysis, a simple, validated and

reproducible arterial compliance assessment based on applanation tonometry, is the gold-

standard non-invasive method to evaluate arterial stiffness [11]. PWV acceleration is a

preclinical predictor of atherosclerosis related to many disorders, including type 2 diabetes

and glucose intolerance [12,13], and a recognized cardiovascular risk marker [14]. However,

little is known about PWV during pregnancies complicated by glucose disorders. Therefore,

the aim of this study was to report aortic PWV behavior in women without previous glycemic

impairment and current GDM-complicated pregnancies, in comparison to matched healthy

pregnant women. We also evaluated the relationships between PWV and glucose levels

during GDM.

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Patients and Methods

This case-control cross-sectional study was conducted in the Obstetrics outpatient

clinic of Federal University of Rio de Janeiro, Brazil. From June 2009 to February 2010, 24

women with current pregnancy complicated by GDM were enrolled in this study. The study

included pregnant women with confirmed GDM, defined according to the American Diabetes

Association criteria [1] for the 100g oral glucose tolerance test (OGTT), after a positive 50g

OGTT screening test. Exclusion criteria were history of any previous glucose impairment

(e.g.: type 1, type 2 or gestational diabetes); previous or current blood pressure disorders; use

of corticosteroids in the previous 3 months period; HIV infection; and clinical renal or liver

dysfunction. After the evaluation of the GDM group patients, a matched control group was

selected. The same enrollment criteria were used, except for the fact that all pregnant women

in the control group had a normal 50g OGTT screening test. The matched variables were

maternal age, gestational age and body mass index (BMI). All participants signed an informed

consent, and the local research ethics committee had previously approved the study protocol.

After the enrollment, participants of both groups were submitted to a standard protocol

that included an interview, a clinical examination with blood pressure measurement and the

carotid-femoral (aortic) PWV measurement. Fasting (FG) and 1-hour post-prandial (1-h PPG)

plasmatic glucose were measured at the same week of PWV evaluation in the GDM group,

and women with FG < 5.3 mmol/L (95mg/dL) and 1-h PPG < 7.2 mmol/L (130mg/dL) were

considered to have good GDM control. The area under the curve (AUC) of the diagnostic

100g OGTT was also calculated by the trapezoidal rule.

Specific survey assessed epidemiologic and demographic history including ethnicity,

previous obstetric history and related outcomes, previous or current smoking habits, and

family histories of type 2 diabetes and CVD. Office BP was measured twice in the sitting

position, using a digital oscillometric blood pressure monitor (HEM-907 XL, Omron, Kyoto,

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Japan) with a suitably sized cuff, and BP considered was the average of the two readings.

Carotid-femoral (aortic) PWV was measured just after the clinical examination, by a

single independent observer, using the foot-to-foot velocity method with the previously

validated Complior® equipment and software (Artech-Medical, Paris, France), and with the

patients in supine position, after at least 10 minutes rest. Briefly, waveforms were obtained

transcutaneously over the right common carotid and the right femoral arteries simultaneously

during a minimum period of 10 to 15 seconds. The time delay (t) was measured between the

feet of the 2 waveforms and the distance (D) covered by the waves was measured directly

between femoral and carotid recording sites. PWV was calculated as D (meters) / t (seconds).

Three consecutive measurements were performed, and the mean value was used. Carotid-

radial PWV (peripheral stiffness) was also measured in the same way and aortic pulse

pressure (PP) was estimated by the Water-Hammer formula: aortic PP = braquial PP /

(peripheral PWV / aortic PWV)1/2 [11], whenever carotid-radial PWV was higher than aortic

PWV.

Statistical Analysis

Statistical analyses were performed using SPSS version 13.0 (SPSS Inc, Chicago, Il.,

USA). Continuous variables were described as means and standard deviations (SD), and

categorical variables as absolute numbers and proportions. Differences between GDM and

control groups were examined by independent Student t test for continuous variables and by

χ2 and Fisher’s exact tests for categorical variables, when appropriate. To evaluate which

variables influence aortic stiffness, both GDM and control groups were pooled together and

divided according to the median value of aortic PWV. Comparisons between patients with

high (≥ the median) and low aortic stiffness (< the median value) was performed by t and χ2

tests. Finally, to assess the influence of glycemic control on aortic stiffness, the GDM group

was also divided into low and high aortic PWV subgroups; and variables reflecting glycemic

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status (AUC of 100g OGTT, FG and 1h-PPG, and proportion of patients considered in good

control) were compared between these subgroups by t test and Fisher’s exact test. A 2-tailed

probability value < 0.05 was considered to be statistically significant. The sample size of this

study (24 GDM women) was able to show a minimum difference in aortic PWV of 0.8 m/s

between control and GDM groups, with an α error of 0.05 and a power of 0.8.

Results

Clinical and demographic characteristics of the study participants are described in

Table 1. Fifty-one pregnant women were enrolled: 24 in the GDM group and 27 in the healthy

matched control group. There were no differences between control and GDM group, although

the control group had non-significant higher prevalences of type 2 diabetes and CVD in first-

degree relatives than the GDM group.

The haemodynamic parameters evaluated are outlined in Table 2. Pregnant women

from both groups had comparable systolic and diastolic blood pressures, heart rate and aortic

pulse pressure. Aortic PWV were virtually equal in both groups: GDM group had mean (SD)

PWV of 7.2 (0.9) m/s (95% CI: 6.9 to 7.6 m/s), whereas the matched control group had aortic

PWV of 7.3 (1.2) m/s (95% CI: 6.8 to 7.6 m/s).

Table 3 presents the results when analyzing all 51 pregnant women together divided

according to below or above the median value of aortic PWV (7.3 m/s). Older age, higher

diastolic BP and higher heart rate were the variables associated with higher aortic stiffness.

All other clinical-demographic variables including ethnicity, smoking status and family

histories of type 2 diabetes and CVD had no association to aortic PWV.

Associations between glycemic metabolic parameters and aortic stiffness

There were 13 patients (54%) considered to be in good glycemic control in the week

aortic PWV was measured; Table 3 shows that 62% of them had low (below the median)

aortic stiffness, whereas only 27% of those considered with unsatisfactory control had low

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PWV (p=0.09). In the same way, patients with good glycemic control had lower aortic PWV

than those with poorer control (7.0±0.8 m/s vs. 7.6±1.1 m/s, p=0.15).

The mean AUC of the diagnostic 100g OGTT was 1617.8 mmol/L.min (SD: 186.4).

Figure 1 shows that GDM women with high (≥ 7.3m/s) aortic stiffness had non-significantly

higher mean AUC (1664.8 mmol/L.min [SD: 252.4]) than those with lower PWV (1570.7

mmol/L.min [SD: 66.1]). In the same way, GDM women with high aortic PWV had higher,

although non-significant, fasting and 1-hour post-prandial glycemias than those patients with

lower aortic stiffness (Figure 2).

Discussion

This case-control study has two main findings. First, it shows that women with first

GDM-complicated pregnancies had equal aortic stiffness, evaluated by carotid-femoral PWV,

than matched healthy pregnant women. Second, that there was a trend towards a worse

glycemic control in GDM women with higher aortic stiffness.

As far as we know, there is only one, recently published, study [15] that investigated

arterial stiffness in GDM. This study evaluated 34 women with GDM and 34 controls and

found that GDM women had a borderline increased aortic PWV in comparison to healthy

controls (6.0±1.5 m/s vs. 5.4±0.6 m/s, p=0.07). However, in this study [15], opposite to ours,

patients with GDM had significantly higher blood pressures and body mass index than

controls. Blood pressure, in particular, is a well-known determinant of aortic PWV [11,12]

and may have influenced these results in favor of increasing stiffness in the GDM group.

Otherwise, our control healthy pregnant group was perfectly matched to the GDM group

regarding age, gestational age, body mass index and braquial blood pressures, but had a high

prevalence of type 2 diabetes (66.7%) and CVD (40.7%) in first-degree relatives. A previous

study [16] had demonstrated that normotensive and normoglycemic first-degree relatives of

type 2 diabetic individuals had higher aortic stiffness than matched controls and also a more

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precocious endothelial dysfunction, independent of insulin resistance per se. Hence, it is

possible that the higher prevalences of family histories of type 2 diabetes and CVD among

controls may have increased their aortic stiffness and contributed to equalize aortic PWV

between GDM and control groups.

Another possible explanation for the lack of difference in aortic stiffness between

GDM women and healthy pregnant controls is the relatively short period of hyperglycemia

exposure of the GDM group. As we excluded patients with any previous glucose impairment,

including previous GDM-complicated pregnancies, our GDM group had a median of only 3

weeks (interquartile range: 2 to 6.7 weeks) of first exposure to hyperglycemia when aortic

PWV was performed. The proposed physiopathological mechanisms linking glucose

intolerance and diabetes to increased central arterial stiffness involve quantitative and

qualitative alterations in vascular wall elastin and collagen, and arterial remodeling [11,17],

due not only to short-term hyperglycemia, but also by carbonyl and oxidative stress, chronic

low-grade inflammation, and endothelial dysfunction, mainly that caused by long-term

hyperglycemia and formation of advanced glication end-products [17]. Hence, it is reasonable

to hypothesize that the time of hyperglycemia exposure may have been insufficient to increase

aortic stiffness. The fact that arterial stiffness in type 2 diabetic patients is strongly associated

with diabetes duration [12,18] gives further support to this hypothesis.

Regarding the importance of hyperglycemia in determining increased arterial stiffness,

we demonstrated that GDM women with poorer glycemic control status had a trend towards a

higher aortic stiffness than those with good metabolic control. This observation had been

reported in type 2 diabetic patients [19]. The AUC of the diagnostic 100g OGTT had been

described as a potential prognostic factor for the future development of type 2 diabetes in

patients with GDM [20]. We also showed that the AUC of the 100g OGTT was larger, though

not significant, in GDM patients with higher aortic PWV than in those with low aortic

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stiffness. This observation raises the hypothesis that GDM patients with increased aortic

stiffness may be at increased risk of type 2 diabetes development, which should be examined

in future longitudinal studies.

The relevance of the relationships between arterial stiffness and GDM lies on the

hypothesis that GDM may be a CVD risk factor. Type 2 diabetes is a recognized

cardiovascular risk factor independent of clustering of other traditional risk factors, and a

great proportion of women with previous GDM will develop type 2 diabetes [4-6,23].

Moreover, GDM had been related to several conditions associated with CVD occurrence,

such as insulin resistance [20], abdominal fat distribution, dyslipidemia, hyperglycemia, and

pro-inflammatory molecules as C-reactive protein [10,21,22]. In the same way, increased

central arterial stiffness, assessed by aortic PWV analysis, is associated to several

cardiovascular risk factors [11,13,17,23], and is also an independent predictor of higher

cardiovascular mortality in hypertensive [24] and type 2 diabetic individuals [14] and in

general populations [25]. Clearly, large long-term follow-up studies of GDM women with

serial evaluation of arterial stiffness during pregnancy and on the post-partum period are

needed to assess whether women with previous GDM-complicated pregnancies will develop

persistently increased aortic stiffness and its role in incident CVD risk.

Some limitations of this study warrant discussion. First, it has a cross-sectional design,

so no causal or temporal relationships can be inferred, just associations. Second, the

enrollment of a control group not as healthy as expected, as previously discussed, must be

acknowledged. Third, the relatively small sample size, although adequate for case-control

comparisons, surely compromised the within-group analyses, and prevented from finding

statistically significant associations between glycemic control and aortic stiffness. In this

regard, it is also noteworthy that a single measurement of FG and 1-h PPG may not be

sufficient to ascertain GDM control status.

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In conclusion, this case-control study provides evidence that women with GDM-

complicated pregnancies, in spite of similar pathophysiology to type 2 diabetes, do not have

increased arterial stiffness in relation to matched healthy pregnant women. This could be

explained by the short time of hyperglycemia exposure of GDM patients. Although GDM

may be postulated as a risk factor for CVD, longitudinal long-term studies with specific CVD

primary endpoints are needed to address this issue.

Acknowledgements: Dr G Salles have research grants from Conselho Brasileiro de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) and from Fundação Carlos Chagas Filho

de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Declaration of Competing Interests: Nothing to declare.

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Table 1: Baseline characteristics of gestational diabetes and control groups.

Characteristics

Gestational diabetes

(n=24)

Control group (n=27) p-value

Age (years)

30.7 (6.6)

29.2 (6.2)

0.41

Ethnicity (white)

12 (50%) 14 (51.9%) 0.99

Body mass index (Kg/m2)

30.1 (3.8) 29.3 (4.0) 0.45

Gestational age (weeks)

30.2 (5.0) 31.3 (6.4) 0.49

Family history of type 2 diabetes *

15 (62.5%) 18 (66.7%) 0.77

Family history of cardiovascular disease *

5 (20.8%) 11 (40.7%) 0.14

Smoking status (previous or current)

5 (20.8%) 6 (22.2%) 0.99

Data are expressed by means (SD) or absolute numbers (%).

* First-degree relatives.

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Table 2: Haemodynamic parameters of gestational diabetes and control groups.

Haemodynamic parameters

Gestational diabetes

(n=24)

Control group (n=27) p-value Difference

(95% CI)

Systolic BP (mmHg)

116.9 (8.4) 117.0 (7.8) 0.96 -0.1 (-4.6 – 4.4)

Diastolic BP (mmHg)

70.0 (6.7) 70.9 (8.1) 0.67 -0.9 (-5.1 – 3.3)

Heart rate (bpm)

85.1 (15.5) 83.6 (8.3) 0.67 1.5 (-5.7 – 8.7)

Aortic pulse wave velocity (m/s)

7.2 (0.9) 7.3 (1.2) 0.79 -0.1 (-0.7 – 0.5)

Estimated aortic pulse pressure (mmHg)*

42.2 (7.7) (n=21) 41.8 (8.6) (n=25) 0.84 0.4 (-4.4 – 5.3)

Data are expressed by mean (SD).

* Estimated central pulse pressure was available only when aortic pulse wave velocity was

lower than peripheral pulse wave velocity.

Abbreviation: BP, blood pressure.

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Table 3: Characteristics of all pregnant women grouped according to low (below the median)

or high (equal or above the median) aortic pulse wave velocity.

Characteristics

PWV < 7.3m/s

(n=25)

PWV ≥ 7.3m/s (n=26) p-value

Age (years)

26.1 (5.4) 33.6 (5.1) <0.001

Gestational age (weeks)

29.8 (6.3) 31.7 (5.2) 0.24

Weight (Kg)

74.0 (11.8) 76.5 (10.4) 0.41

Body mass index (Kg/m2)

29.4 (4.6) 29.9 (3.1) 0.60

Systolic BP (mmHg)

116.0 (8.9) 117.9 (7.1) 0.39

Diastolic BP (mmHg)

68.2 (7.1) 72.6 (7.1) 0.03

Heart rate (bpm)

80.4 (13.3) 88.1 (9.6) 0.02

Estimated aortic pulse pressure (mmHg) *

42.5 (7.0) (n=24) 41.5 (9.3) (n=22) 0.67

Glycemic control †

Good (n = 13)

8 (72.7%) 5 (38.5%) 0.09

Unsatisfactory (n = 11)

3 (27.3%) 8 (61.5%)

Data are expressed by mean ± SD or absolute numbers (%).

* Estimated aortic pulse pressure was available only when aortic PWV was lower than

peripheral PWV.

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† Good glycemic control if fasting glycemia < 5.3 mmol/L (95mg/dL) and 1-hour post-

prandial glycemia < 7.2 mmol/L (130 mg/dL) (only in the GDM group).

Abbreviations: PWV, pulse wave velocity; BP, blood pressure.

Figure 1: Areas under the curve (AUC) of 100g oral glucose tolerance test (OGTT) used for

diagnosis of gestational diabetes in patients divided according to low and high (above the

median) aortic pulse wave velocity (PWV).

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Figure 2: Fasting (FG) and 1-hour post-prandial plasmatic glycemia (1-h PPG) in the

gestational diabetes group divided according to low and high (above the median) aortic pulse

wave velocity (PWV).