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Sentença em 22/10/2012 - AIJE Nº 83060 Juiz RODRIGO BARBOSA SALES (...) Decido. Trata-se de caso de rejeição liminar da presente ação. Com efeito, inexiste fato a ser apurado em sede eleitoral. A reunião de pessoas, de forma pacífica, inclusive em campanha eleitoral, é garantia prevista no art. 5º, inc. XVI, da Constituição Federal. O fato de os representados promoverem sua campanha na porta de empresa que sustenta contratos com a Administração Municipal em nada muda o panorama acima apresentado. A ilação de “ameaça de demissão”, que não se extrai em qualquer passagem do discurso transcrito, não se coaduna com o próprio sistema eleitoral vigente, que impede ter o eleitor reconhecido, até pela Justiça Eleitoral, o seu voto. O voto é inviolável no que tange ao seu conteúdo, cabendo ao eleitor mensurar se deve declará-lo ou não. Assim, como poderiam os representados executarem a suposta ameaça, se não é possível identificar a votação? Em verdade, as reiteradas ações de investigação judicial promovidas pela coligação autora (quatro ao todo), demonstram a tentativa de judicialização da disputa eleitoral, o que deve ser rechaçado de plano, quando se mostrar indevido o uso do mecanismo de equilíbrio do processo em âmbito da AIJ. Falta, ao caso em tela, portanto, o interesse de agir, nas modalidades necessidade e adequação, sendo inepta a petição inicial. Ante o exposto, rejeito liminarmente a presente ação de investigação judicial, nos termos do art. 22, inc. I, alínea “c”, da Lei Complementar nº 64/90. Int. e ciência ao MP Eleitoral.

Decisão Judicial

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Sentença em 22/10/2012 - AIJE Nº 83060 Juiz RODRIGO BARBOSA SALES (...) Decido. Trata-se de caso de rejeição liminar da presente ação. Com efeito, inexiste fato a ser apurado em sede eleitoral. A reunião de pessoas, de forma pacífica, inclusive em campanha eleitoral, é garantia prevista no art. 5º, inc. XVI, da Constituição Federal. O fato de os representados promoverem sua campanha na porta de empresa que sustenta contratos com a Administração Municipal em nada muda o panorama acima apresentado. A ilação de “ameaça de demissão”, que não se extrai em qualquer passagem do discurso transcrito, não se coaduna com o próprio sistema eleitoral vigente, que impede ter o eleitor reconhecido, até pela Justiça Eleitoral, o seu voto. O voto é inviolável no que tange ao seu conteúdo, cabendo ao eleitor mensurar se deve declará-lo ou não. Assim, como poderiam os representados executarem a suposta ameaça, se não é possível identificar a votação? Em verdade, as reiteradas ações de investigação judicial promovidas pela coligação autora (quatro ao todo), demonstram a tentativa de judicialização da disputa eleitoral, o que deve ser rechaçado de plano, quando se mostrar indevido o uso do mecanismo de equilíbrio do processo em âmbito da AIJ. Falta, ao caso em tela, portanto, o interesse de agir, nas modalidades necessidade e adequação, sendo inepta a petição inicial. Ante o exposto, rejeito liminarmente a presente ação de investigação judicial, nos termos do art. 22, inc. I, alínea “c”, da Lei Complementar nº 64/90. Int. e ciência ao MP Eleitoral.