Defesa Do Executado (Doutrina e STJ)

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DEFESA DO EXECUTADO NO CUMPRIMENTO DE SENTENA: ASPECTOS DOUTRINRIOS E PONTOS CONTROVERTIDOS NA JURISPRUDNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

Autor: Carlos Eduardo Elias de Oliveira Advogado da Unio Ex-assessor de Ministro do STJ Professor de Direito Civil e Processo Civil Ps-graduado em Direito Pblico Ps-graduado em Direito Notarial e de Registro

SUMRIO

PARTE I ASPECTOS DOUTRINRIOS -------------------------------- 4 1. CONSIDERAES GERAIS SOBRE A --------------------------------- 5 REFORMA DO PROCESSO DE EXECUO 2. O CUMPRIMENTO DE SENTENA E AS ------------------------------ 7 EXECUES AUTNOMAS 3. CONSIDERAES SOBRE O PROCEDIMENTO -------------------- 8 DO CUMPRIMENTO DE SENTENA 4. DA DEFESA DO EXECUTADO NO -------------------------------------- 11 CUMPRIMENTO DE SENTENA 4.1. Impugnao ao cumprimento de sentena ------------------- 12 4.1.1 Notas gerais ------------------------------------------------ 12 4.1.2 Efeito suspensivo impugnao ---------------------- 12 4.1.3. Limitao temtica da impugnao ----------------- 14 4.1.4. Aplicao do art. 191 do CPC para ----------------- 16 contagem de prazo da impugnao 4.2. Exceo de pr-executividade ---------------------------------- 18 4.3. Ao autnoma de impugnao (defesa heterotpica) --- 19 4.4. Petio no curso da liquidao por clculo ---------------- 20 do credor (art. 475-B do CPC)

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PARTE II PONTOS CONTROVERTIDOS NA -------------------------- 22 JURISPRUDNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA 1. DOS HONORRIOS ADVOCATCIOS NO ------------------------------- 23 CUMPRIMENTO DE SENTENA 2. TERMO INICIAL PARA OS 15 (QUINZE) DIAS DISPONVEIS ----- 24 PARA A APRESENTAO DA IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA 2.1. Alguns casos apreciados pelo STJ --------------------------------- 25 2.1.1. No mais necessria a intimao pessoal do -------------- 25 devedor. Basta a intimao do advogado por publicao no Dirio de Justia 2.1.2 Devedor pode antecipar-se penhora e depositar ------------ 27 o valor de garantia do juzo. Nesse caso, o termo inicial dos 15 dias para a impugnao corresponde data do depsito e independe de intimao do devedor. 3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC --------------- 28 3.1. Momento de incidncia da multa para cumprimento ------------ 28 de sentena que condena o devedor ao pagamento de quantia certa e lquida 3.2. Momento da multa do art. 475-J do CPC quando ---------------- 29 a apurao do valor depender de meros clculos aritmticos (art. 475-B do CPC) 3.2.1. Jurisprudncia dominante: multa incide ----------------- 29 automaticamente aps 15 (quinze) dias do trnsito em julgado 3.2.2. Jurisprudncia minoritria: multa depende de prvia -- 30 intimao do devedor acerca da memria de clculos que o credor teria de apresentar 3.3. Multa do art. 475-J do CPC para sentena transitada --- 31 em julgado anteriormente Lei n. 11.232/05 4. RECURSO CABVEL PARA SENTENA PROFERIDA EM SEDE ------- 32 DE EMBARGOS DO DEVEDOR APS O ADVENTO DA LEI N. 11.232/05: APELAO

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ANEXOS precedentes relativos aos itens da parte II, atinente aos --------- 34 pontos controvertidos na jurisprudncia do STJ PARTE I ASPECTOS DOUTRINRIOS SOBRE A DEFESA DO EXECUTADO NO CUMPRIMENTO DE SENTENA

1. CONSIDERAES GERAIS SOBRE A REFORMA DO PROCESSO DE EXECUO 2. O CUMPRIMENTO DE SENTENA E AS EXECUES AUTNOMAS 3. CONSIDERAES SOBRE O PROCEDIMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTENA 4. DA DEFESA DO EXECUTADO NO CUMPRIMENTO DE SENTENA 4.1. Impugnao ao cumprimento de sentena 4.1.1 Notas gerais 4.1.2 Efeito suspensivo impugnao 4.1.3. Limitao temtica da impugnao 4.1.4. Aplicao do art. 191 do CPC para contagem de prazo da impugnao 4.2. Exceo de pr-executividade 4.3. Ao autnoma de impugnao (defesa heterotpica) 4.4. Petio no curso da liquidao por clculo do credor (art. 475-B do CPC)

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1. CONSIDERAES GERAIS SOBRE A REFORMA DO PROCESSO DE EXECUO Antes da lei n. 11.232/05, havia, basicamente, trs processos autnomos (deixando de lado o processo cautelar, irrelevante para o fim deste estudo): a) processo de conhecimento ultimado por uma sentena (ou acrdo) e buscava a jurisdio (o acertamento jurdico da controvrsia); b) processo de liquidao destinava-se a apurar o quantum debeatur a fim de viabilizar a futura execuo c) processo de execuo busca a juris-satisfao, segundo autorizada doutrina. Com a Lei n. 11.232/05, buscou-se comprimir, em um nico processo, os processos de conhecimento, de liquidao e de execuo. A esse acoplamento de processos assina-se a denominao de sincretismo processual. Em suma, com o novel diploma, tem-se apenas um nico processo, com trs fases distintas: (1) fase de conhecimento; (2) fase de liquidao e (3) fase de cumprimento de sentena. preciso destacar que esse sincretismo atingiu, basicamente, os casos de pedidos que envolva condenao a pagar quantia certa, sem a participao da Fazenda Pblica. No se olvida, ainda, que similar sincretizao do processo j havia sido trazida ao processo civil com as execues de obrigaes de fazer e no-fazer e de entregar coisa certa, conforme as Leis n.s 8.952/1994 e 10.444/2002, diplomas esses autores das redaes atuais dos arts. 461 e 461-A do CPC. Nesses casos, j no havia mais necessidade do aparelhamento de um processo autnomo de execuo. Em termos de nomenclatura, cabe ressaltar que a Lei n. 11.232/05 preferiu utilizar-se do vocbulo devedor e credor, ao invs de executado e

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exeqente. Todavia, no h qualquer atecnia em continuar utilizando esses termos de forma indistinta mesmo no cumprimento de sentena. Ademais, no h qualquer impreciso terminolgica em designar o cumprimento de sentena como uma execuo. A nica observao a de que o cumprimento de sentena uma execuo enquanto mera etapa do processo, e no na qualidade de um processo de execuo.

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2. O CUMPRIMENTO DE SENTENA E AS EXECUES AUTNOMAS O cumprimento de sentena, como se viu, no configura um processo autnomo, e sim uma fase do processo. Ele , na realidade, a fase executiva do processo. preciso destacar que o cumprimento de sentena somente aplicvel para os casos de execuo de ttulo judicial que preveja obrigao de pagar quantia certa, sem envolver a Fazenda Pblica. Com efeito, segue vigente com algumas alteraes no estruturais o regime de execuo como processo autnomo em outras hipteses, como as seguintes: a) execuo de ttulo extrajudicial b) execuo contra a Fazenda Pblica (arts. 730 e 731 do CPC)

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3. CONSIDERAES SOBRE O PROCEDIMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTENA No cumprimento de sentena, o devedor tem a obrigao de adimplir espontaneamente dvida lquida prevista em sentena condenatria transitada em julgado. Caso o devedor no pague espontaneamente em 15 dias do trnsito em julgado, a dvida ser acrescida da multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC. Alm disso, poder o credor apresentar o que a doutrina chamou de requerimento executivo, para dar incio nova fase do processo: a de cumprimento de sentena. Apresentado o requerimento executivo, o juiz expedir mandado de penhora e avaliao de bens do devedor. S depois de realizada a penhora e avaliao (ou seja, quando a ultimao do pagamento da dvida est iminente), o devedor intimado (e no citado, pois no se trata de um processo autnomo) para, querendo, apresentar impugnao em 15 dias. A propsito, segue a redao do art. 475-J do CPC:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se- mandado de penhora e avaliao. 1o Do auto de penhora e de avaliao ser de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias.

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2o Caso o oficial de justia no possa proceder avaliao, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomear avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. 3o O exeqente poder, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidir sobre o restante. 5o No sendo requerida a execuo no prazo de seis meses, o juiz mandar arquivar os autos, sem prejuzo de seu desarquivamento a pedido da parte. preciso destacar que, caso a dvida no seja lquida, ser necessrio que o credor requeira a liquidao da sentena. Nesse caso, ter-se- incio uma nova fase do processo: a fase de liquidao. Anotao relevante a de que, na hiptese de a apurao do quantum depender apenas de simples clculos aritmticos, no se poder falar que a dvida ilquida. A propsito, o STJ pacfico nesse sentido. Confira-se: "A jurisprudncia desta Corte Superior j se encontra pacificada no sentido de que no perde a liquidez a dvida cujo quantum debeatur dependa to somente de clculos aritmticos" (AgRg no Ag 688.202/BA, 6 Turma, Rel. Min. Hlio Quaglia Barbosa, DJ 26.06.2006). Ocorre que, nesse caso de simples clculo aritmtico, a Lei n. 11.232/05 reiterou, no art. 475-B do CPC, a regra do que a doutrina mesmo reconhecendo a impropriedade terminolgica chama de liquidao por clculo do credor, prevista no CPC desde 1994, com a Lei n. 8.898/1994, que alterara a redao do art. 604 do CPC. luz do art. 475-B do CPC (que, na prtica, repete o art. 604 do CPC, revogado pela Lei n. 11.232/05), o credor dever apresentar o requerimento executivo acompanhado de memria de clculos. O juiz, a seu turno, sob um juzo de cognio sumria, avaliar se h ou no uma aparente exorbitncia do valor, a fim de poupar o devedor de ser surpreendido com uma penhora em importe superior ao devido.

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Para realizar essa avaliao sumria, o juiz poder servir-se da contadoria judicial. Se o julgador averiguar a existncia de aparente excesso no valor alegado pelo credor, ele, ento, indicar o valor verossmil. O credor, ento, diante desse valor verossmil, poder optar entre: (1) anuir com esse valor verossmil, hiptese em que o prosseguimento do cumprimento de sentena se dar com base nesse valor; (2) discordar do valor verossmil, caso em que o valor verossmil ser utilizado para amparar a vindoura penhora e avaliao de bens, sem retirar os efeitos do valor alegado pelo credor para as demais providncias da execuo. Como se v, o devedor s ser intimado depois de realizada a penhora e a avaliao. Assim, como no h previso legal de sua interveno antes desse momento, o CPC previu esse mecanismo de atuao ex officio do juiz para evitar a constrio de bens do devedor em valor fora da razoabilidade. A doutrina classifica essa deciso do juiz de indicar um valor verossmil como uma tutela antecipada da futura impugnao ao cumprimento de sentena. evidente que, caso o devedor deixe de apresentar impugnao ao cumprimento de sentena por excesso de execuo, o valor verossmil deixar de ter qualquer efeito, razo por que o credor poder, aps esse momento, requerer o reforo de penhora at o valor alegado.

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4. DA DEFESA DO EXECUTADO NO CUMPRIMENTO DE SENTENA

No cumprimento de sentena, a Lei n. 11.232/05 elegeu a impugnao como a via de defesa prpria prevista para o devedor. Outros meios de defesa, no entanto, podem ser arrolados, como: a mera petio na etapa da liquidao por clculo do credor (nome imprprio, como j visto); a exceo de pr-executividade; a ao autnoma de impugnao (esta ltima, classificada como defesa heterotpica). guisa de sistematizao, tem-se os seguintes meios de defesa: a) defesa incidental diz respeito aos embargos do devedor. Quanto impugnao, apesar de no ser uma ao autnoma, convm enquadr-la como uma defesa incidental, visto que ela um incidente processual suscitado para obstar o cumprimento de sentena. b) defesa endoprocessual representa as defesas internas execuo. A doutrina classifica, nesse ponto, a exceo de pr-executiva; c) defesa heterotpica alude-se a defesa fora da execuo (hetero (grego) diferente, outro; topicu (latim) lugar). Nesse campo, engloba-se as aes autnomas de impugnao, assim entendidas as aes autnomas que visam discutir o prprio ttulo executivo. Ex.: ao anulatria do ttulo, ao rescisria e etc.

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Vejamos esses meios de defesa, aplicveis ao cumprimento de sentena.

4.1. Impugnao ao cumprimento de sentena 4.1.1 Notas gerais A impugnao ao cumprimento de sentena constitui um mero incidente processual, e no uma ao autnoma. Nisso reside uma diferena relevante entre os embargos do devedor e a impugnao. Ademais, certo que os embargos do devedor constituem a defesa do executado no curso de uma ao autnoma de execuo. J a impugnao a via defensiva de que o executado pode valer-se no bojo de um cumprimento de sentena.

4.1.2 Efeito suspensivo impugnao Quanto atribuio de efeito suspensivo impugnao ao cumprimento de sentena, bem de ver que o art. 475-M do CPC exige a presena de dois requisitos: (1) a verossimilhana das alegaes e (2) o periculum in mora. A idia impedir a suspenso do cumprimento de sentena, quando o devedor vale-se da impugnao como mero instrumento procrastinatrio. Nesse diapaso, interessante observar que, mesmo quando atribudo efeito suspensivo impugnao, a Lei n. 11.232/05 permitiu que o credor prosseguisse no cumprimento de sentena mediante prestao de cauo idnea arbitrada pelo juiz. Convm a transcrio do art. 475-M do CPC: Art. 475-M. A impugnao no ter efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execuo seja manifestamente suscetvel de causar ao executado grave dano de difcil ou incerta reparao. 12

1o Ainda que atribudo efeito suspensivo impugnao, lcito ao exeqente requerer o prosseguimento da execuo, oferecendo e prestando cauo suficiente e idnea, arbitrada pelo juiz e prestada nos prprios autos. 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnao ser instruda e decidida nos prprios autos e, caso contrrio, em autos apartados. 3o A deciso que resolver a impugnao recorrvel mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extino da execuo, caso em que caber apelao. Destaque-se que, no caso de impugnao, a dvida j est garantida em razo da anterior penhora e avaliao de bens. Recorde-se que o devedor s intimado a impugnar quando j feita a penhora e a avaliao de seus bens. Por isso, o CPC, ao versar sobre a atribuio de efeito suspensivo da impugnao, no exige a garantia do juzo, pois esta j ocorreu em momento anterior prpria intimao do devedor. Apenas a ttulo de comparao (sem pretender fugir ao objeto deste estudo, que a defesa do executado no cumprimento de sentena), diga-se que os embargos do devedor (ainda existentes para os casos remanescentes de execues autnomas) sofreram alteraes com a Lei n. 11.382/06 (outra lei inserida no contexto da recente Reforma do Processo Civil). De fato, aps esse novel diploma, os embargos do devedor deixaram de exigir, como requisito de procedibilidade, a garantia do juzo. Assim, plenamente possvel a oposio de embargos do devedor, mesmo quando o devedor no garantir a dvida com um bem ou dinheiro. Todavia, para que haja a atribuio de efeito suspensivo aos embargos do devedor, necessrio que haja trs requisitos: (1) a garantia do juzo; (2) a verossimilhana das alegaes do devedor e (3) o periculum in mora. A propsito, confira-se o art. 739-A do CPC: Art. 739-A. suspensivo. Os embargos do executado no tero efeito

1o O juiz poder, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execuo manifestamente possa causar ao executado grave dano de difcil ou incerta reparao, e desde que a execuo j esteja garantida por penhora, depsito ou cauo suficientes.

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2o A deciso relativa aos efeitos dos embargos poder, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em deciso fundamentada, cessando as circunstncias que a motivaram. 3o Quando o efeito suspensivo atribudo aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execuo, essa prosseguir quanto parte restante. 4o A concesso de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados no suspender a execuo contra os que no embargaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. 5o Quando o excesso de execuo for fundamento dos embargos, o embargante dever declarar na petio inicial o valor que entende correto, apresentando memria do clculo, sob pena de rejeio liminar dos embargos ou de no conhecimento desse fundamento. 6o A concesso de efeito suspensivo no impedir a efetivao dos atos de penhora e de avaliao dos bens.

4.1.3. Limitao temtica da impugnao importante anotar que a impugnao ao cumprimento de sentena est sujeita a uma limitao temtica, visto que s pode ser apresentada quando o devedor argir algumas das hipteses taxativamente previstas no art. 475-L do CPC. Confira-se: Art. 475-L. A impugnao somente poder versar sobre: I falta ou nulidade da citao, se o processo correu revelia; II inexigibilidade do ttulo; III penhora incorreta ou avaliao errnea; IV ilegitimidade das partes; V excesso de execuo; VI qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigao, como pagamento, novao, compensao, transao ou prescrio, desde que superveniente sentena. 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se tambm inexigvel o ttulo judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicao ou interpretao da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatveis com a Constituio Federal. 14

2o Quando o executado alegar que o exeqente, em excesso de execuo, pleiteia quantia superior resultante da sentena, cumprir-lhe- declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeio liminar dessa impugnao. Alguns destaques merecem ser feitos. No caso de a impugnao basear-se na alegao de excesso de execuo, a Lei n. 11.232/05, visando a maior celeridade, exigiu que o credor apresente, incontinenti, o valor tido como correto, sob pena de rejeio liminar. Outra previso relevante a do 1 do art. 475-L do CPC, o qual mune o devedor da possibilidade de, na via da impugnao, buscar a nulidade de sentena fundada em lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Essa previso normativa, na realidade, remonta Medida Provisria n. 2.180-35/2001, que trouxe essa permisso para o pargrafo nico do art. 741 do CPC. A discusso acerca de coisa julgada inconstitucional renderia uma monografia, dada a multiplicidade de controvrsias decorrentes da lacnica previso legal. Em linhas gerais, possvel discutir se: (1) a declarao de inconstitucionalidade pelo STF pode ter sido feito em sede de controle difuso? O STJ possui entendimento no sentido de ser possvel a utilizao de decises do STF em sede de controle difuso. A propsito, confira-se este julgado:

TRIBUTRIO. PIS E COFINS. CONCEITO DE RECEITA BRUTA E FATURAMENTO. ALTERAES PROMOVIDAS PELA LEI 9.718/98. COMPENSAO. TRIBUTOS DE DIFERENTES ESPCIES. SUCESSIVOS REGIMES DE COMPENSAO. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. No podem ser desconsideradas as decises do Plenrio do STF que reconhecem constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de diploma normativo. Mesmo quando tomadas em controle difuso, so decises de incontestvel e natural vocao expansiva, com eficcia imediatamente vinculante para os demais tribunais, 15

inclusive o STJ (CPC, art. 481, nico: "Os rgos fracionrios dos tribunais no submetero ao plenrio, ou ao rgo especial, a argio de inconstitucionalidade, quando j houver pronunciamento destes ou do plenrio do Supremo Tribunal Federal sobre a questo"), e, no caso das decises que reconhecem a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, com fora de inibir a execuo de sentenas judiciais contrrias, que se tornam inexigveis (CPC, art. 741, nico; art. 475-L, 1, redao da Lei 11.232/05). (...) 11. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1028724/CE, 1 Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe 15/05/2008)

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a impugnao poder desconstituir a coisa julgada inconstitucional mesmo quando a impugnao s for apresentada aps o binio previsto para a ao rescisria? questo controversa. pela Encontram-se Os ensanchas que para a ambos os lados, seja pela possibilidade, seja impossibilidade. defendem possibilidade escudam-se, basicamente, na idia de que a lei inconstitucional padece de vcio congnito insanvel, por ter afrontado a Norma Fundante do Estado de Direito, de maneira que a a declarao de nulidade pode dar-se a qualquer tempo. Os que, todavia, advogam o contrrio atm-se s noes de segurana jurdica e de coisa soberanamente julgada, que surge aps o binio rescisrio.

4.1.4. Aplicao do art. 191 do CPC para contagem de prazo da impugnao

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O art. 191 do CPC confere prazo em dobro para os casos de litisconsortes, com procuradores distintos. Veja-se:

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-o contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. A rigor, esse dispositivo seria aplicvel a qualquer processo executivo. Todavia, para o caso de oposio de embargos do devedor, o CPC explcito em afastar a incidncia dessa dobra de prazo, consoante se l no art. 738, 3, do CPC: Art. 738. Os embargos sero oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citao. 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatrio, salvo tratando-se de cnjuges. 2o Nas execues por carta precatria, a citao do executado ser imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrnicos, contandose o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicao. 3o Aos embargos do executado no se aplica o disposto no art. 191 desta Lei. No h, todavia, semelhante dispositivo para a novel fase do cumprimento de sentena, donde surgir a controvrsia acerca da aplicabilidade ou no da dobra de prazo do art. 191 do CPC para o prazo de apresentao de impugnao ao cumprimento de sentena. A melhor corrente pauta-se na idia de que, luz do art. 475-R do CPC, devem-se aplicar fase do cumprimento de sentena as regras previstas para a execuo de ttulo extrajudicial, no que couber. Confira-se o referido dispositivo: Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentena, no que couber, as normas que regem o processo de execuo de ttulo extrajudicial.

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Nesse ponto, preciso acrescentar que a norma do art. 738, 3, do CPC prevista para os embargos do devedor opostos em execuo fundada em ttulo extrajudicial. A celeuma definir se essa regra proibitiva da dobra de prazo seria tambm extensvel impugnao ao cumprimento de sentena. Ora, certo que a impugnao e os embargos do devedor, apesar de possurem uma parte de suas naturezas processuais distintas (aquela um incidente, ao passo que estes so uma ao autnoma), igualam-se quanto outra parte da natureza processual: ambas representam meios de defesa do devedor em face de um rito executivo. Assim, parece mais coerente a corrente que entende pela inaplicabilidade da dobra de prazo do art. 191 do CPC para a impugnao ao cumprimento de sentena, por fora dos arts. 475-R e 738, 3, do CPC.

4.2. Exceo de pr-executividade Houve quem, com o advento da reforma, arvorou-se no entendimento de que a exceo de pr-executividade perdeu sua utilidade com o advento da impugnao ao cumprimento de sentena. Todavia, tal no prospera. Com efeito, a impugnao ao cumprimento de sentena, de acordo com o rito legal, somente pode ser apresentada aps a intimao do devedor do auto de penhora e avaliao. Em outras palavras, a impugnao s apresentada quando o devedor j teve seus bens constritos. Nesse contexto, a doutrina divide-se em duas vertentes: uma a propugnar que o devedor poderia antecipar a impugnao antes mesmo da realizao da penhora; outra a proclamar que a impugnao s tem cabimento aps o auto de penhora e avaliao. Para essa ltima corrente, a exceo de pr-executividade seria a via adequada para que o devedor apresentasse eventuais objees ou excees ao cumprimento de sentena. Nesse contexto, como anota Freddie Diddier, a exceo de pr-executividade seria til para quem no aceite a apresentao

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de impugnao sem prvia penhora (DIDDIER, Freddie. Curso de Processo Civil: execuo. Salvador: Editora Podivm, vol. 05, 2009. Pp. 394). Araken de Assis completa: Ao executado interessa impedir a penhora; ora, a impugnao pressupe semelhante constrio, notando-se que o prazo para impugnar (art. 475-J, 1) fluir da intimao que porventura se faa desse ato executivo (ASSIS, Araken. Cumprimento de sentena. Rio de Janeiro: Forense, 2006. Pp. 307-308). Outra hiptese de sobrevivncia da exceo de pr-executivida no curso do cumprimento de sentena diz respeito sua apresentao aps transcurso in albis o prazo da impugnao. Como anota eminente Araken de Assis, vencido o prazo para impugnar, por qualquer motivo, subsistem objees (por exemplo, a ilegitimidade) e as excees (por exemplo, a prescrio, a teor do art. 193 do CC de 2002) imunes ao fenmeno da precluso (ASSIS, Araken. Cumprimento de sentena. Rio de Janeiro: Forense, 2006. Pp. 308).

4.3. Ao autnoma de impugnao (defesa heterotpica) Nada impede que o devedor valha-se de uma ao autnoma para questionar o prprio ttulo em que se funda a execuo. Assim, poder-se-ia cogitar de diversas aes, como: rescisrias da sentena; anulatria do ttulo executivo; revisional do contrato em que se funda a execuo; consignao em pagamento. Essas aes autnomas de impugnao se enquadram no rol das conhecidas defesas heterotpicas, assim entendidas as defesas que se do fora do ambiente do processo de execuo. Deveras, mais comum verificar as aes autnomas de impugnao nos casos de execues fundadas em ttulos extrajudiciais. Em caso de cumprimento de sentena, como anota Diddier, a possibilidade de reviso de ttulos judiciais escassa (DIDDIER, Freddie. Curso de Processo Civil: execuo. Salvador: Editora Podivm, vol. 05, 2009. Pp. 395).

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De qualquer forma, possvel cogitar de aes autnomas em sede cumprimento de sentena. Assim, por exemplo, poder-se-iam invocar a ao rescisria (a destinada a desconstituio de coisa julgada nas hipteses do art. 485 do CPC) e a querella nulitatis (aquela destinada declarao de nulidades absolutas insanveis). O certo que essas aes autnomas de impugnao devem receber, no que couber, tratamento similar ao dispensado para a impugnao ao cumprimento de sentena (ou aos embargos do devedor). Nesse passo, de defender-se que a propositura da ao autnoma de impugnao somente poder implicar a suspenso do cumprimento de sentena, na hiptese de estarem presentes os requisitos exigidos para a concesso de efeito suspensivo impugnao. Assim, no bastaria, para a atribuio de antecipao de tutela ou de medida cautelar no bojo da ao autnoma de impugnao, o preenchimento dos requisitos usualmente previstos para essas tutelas de urgncia. imprescindvel o atendimento de todos os requisitos previstos para a atribuio de efeito suspensivo impugnao, sob pena de desprestigiar os veculos de defesa do executado previstos legalmente (os embargos do devedor e a impugnao). Destarte, seria necessrio, para a suspenso da execuo por fora de uma ao autnoma de impugnao, a presena destes 3 requisitos:

a) a garantia do juzo b) a verossimilhana das alegaes c) periculum in mora

4.4. Petio no curso da liquidao por clculo do credor (art. 475-B do CPC)

Foroso observar, por oportuno, que, de acordo com o modelo ideal desenhado pelo CPC, o devedor somente ser convidado a manifestar

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inconformismo, por meio da impugnao ao cumprimento de sentena, aps a penhora e avaliao de seus bens. Todavia, inequvoco que, antes desse momento processual, de admitir-se a interveno do devedor nos autos, embora no para apresentar a impugnao ao cumprimento de sentena. Especificamente, quer-se anotar que aquela aferio do art. 475-B do CPC, feita pelo Juiz acerca da aparente exorbitncia do valor alegado como devido pelo credor, poder ser, indubitavelmente, subsidiada por petio do devedor. Isso no significa que o devedor deva ser intimado antes da fase de expedio de mandado de penhora e avaliao, e sim que ele - caso se cientifique da incio do cumprimento de sentena - poder atravessar petio aos autos para acusar eventuais erronias na memria de clculos apresentada pelo credor. Advirta-se, no entanto, que jamais ser admissvel que, com essa petio, o devedor traga ao julgador uma verdadeira antecipao de anlise exauriente acerca de suposto excesso de execuo, porquanto a sede reservada para tal elucubrao aprofundada a impugnao ao cumprimento. Na realidade, o devedor apenas poder elevar ao julgador consideraes que evidencie a aparente exorbitncia do valor alegado pelo credor, a fim de que o magistrado, no seu juzo cognitivo de prelibao previsto na forma do art. 475B, 3, do CPC, determine o prosseguimento do rito executivo sob a dualidade de valores prevista no 4 do art. 475-B do CPC. Recorde-se que, nesse momento da "liquidao por clculo do credor", o julgador promove a aferio de eventuais excessos detectveis independentemente de prova, mediante anlise dos clculos realizados pelo credor. A propsito, como anotou o processualista Eduardo Talamini, "se o 'mero clculo' independe de prova para ser elaborado (...), por insuprimvel lgica no tem como depender de prova a averiguao de um defeito nele" (TALAMINI, Eduardo apud DIDDIER Jr., Fredie e outros. Curso de Direito Processual Civil: Execuo. Salvador: Editora Jus Podivm, volume 5, 2009. Pp. 132). Assim, tendo em vista a ndole desse controle judicial perfunctrio do valor alegado pelo credor e considerando, ainda, o grande potencial lesivo

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dessa quantia aparentemente excessiva (que poder surpreender o devedor com uma repentina penhora exorbitante), inafastvel admitir que o devedor possa apresentar petio para subsidiar o juzo de verossimilhana do julgador no curso do procedimento incidental de "liquidao por clculo do credor".

PARTE II PONTOS CONTROVERTIDOS NA JURISPRUDNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA 1. DOS HONORRIOS ADVOCATCIOS NO CUMPRIMENTO DE SENTENA 2. TERMO INICIAL PARA OS 15 (QUINZE) DIAS DISPONVEIS PARA A APRESENTAO DA IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA 2.1. Alguns casos apreciados pelo STJ 2.1.1. No mais necessria a intimao pessoal do devedor. Basta a intimao do advogado por publicao no Dirio de Justia 2.1.2 Devedor pode antecipar-se penhora e depositar o valor de garantia do juzo. Nesse caso, o termo inicial dos 15 dias para a impugnao corresponde data do depsito e independe de intimao do devedor. 3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC 3.1. Momento de incidncia da multa para cumprimento de sentena que condena o devedor ao pagamento de quantia certa e lquida 3.2. Momento da multa do art. 475-J do CPC quando a apurao do valor depender de meros clculos aritmticos (art. 475-B do CPC) 3.2.1. Jurisprudncia dominante: multa incide automaticamente aps 15 (quinze) dias do trnsito em julgado 3.2.2. Jurisprudncia minoritria: multa depende de prvia intimao do devedor acerca da memria de clculos que o credor teria de apresentar 22

3.3. Multa do art. 475-J do CPC para sentena transitada em julgado anteriormente Lei n. 11.232/05 4. RECURSO CABVEL PARA SENTENA PROFERIDA EM SEDE DE EMBARGOS DO DEVEDOR APS O ADVENTO DA LEI N. 11.232/05: APELAO

1. DOS HONORRIOS SENTENA

ADVOCATCIOS

NO

CUMPRIMENTO

DE

Aps inicial divergncia (confira-se, por exemplo, o REsp 1025449/RS, 1 Turma, Rel. Min. Jos Delgado, DJ 22/06/2009), a Corte Especial pacificou que plenamente admissvel o arbitramento de honorrios advocatcios para o cumprimento de sentena, com base no art. 20, 4, do CPC (Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao eqitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior). Nesse sentido, confira-se: PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENA. NOVA SISTEMTICA IMPOSTA PELA LEI N 11.232/05. CONDENAO EM HONORRIOS. POSSIBILIDADE. - A alterao da natureza da execuo de sentena, que deixou de ser tratada como processo autnomo e passou a ser mera fase complementar do mesmo processo em que o provimento assegurado, no traz nenhuma modificao no que tange aos honorrios advocatcios. - A prpria interpretao literal do art. 20, 4, do CPC no deixa margem para dvidas. Consoante expressa dico do referido dispositivo legal, os honorrios so devidos nas execues, embargadas ou no. - O art. 475-I, do CPC, expresso em afirmar que o cumprimento da sentena, nos casos de obrigao pecuniria, se faz por execuo. Ora, se nos termos do art. 20, 4, do CPC, a execuo comporta o arbitramento de honorrios e se, de acordo com o art. 475, I, do CPC, o cumprimento da sentena realizado via execuo, decorre

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logicamente destes dois postulados que dever haver a fixao de verba honorria na fase de cumprimento da sentena. - Ademais, a verba honorria fixada na fase de cognio leva em considerao apenas o trabalho realizado pelo advogado at ento. - Por derradeiro, tambm na fase de cumprimento de sentena, h de se considerar o prprio esprito condutor das alteraes pretendidas com a Lei n 11.232/05, em especial a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC. Seria intil a instituio da multa do art. 475-J do CPC se, em contrapartida, fosse abolida a condenao em honorrios, arbitrada no percentual de 10% a 20% sobre o valor da condenao. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1028855/SC, Corte Especial, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 05/03/2009) 2. TERMO INICIAL PARA OS 15 (QUINZE) DIAS DISPONVEIS PARA A APRESENTAO DA IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA A regra geral trazida pelo art. 475-J, 1, do CPC (includo pela Lei n. 11.232/05) a de que o devedor ser intimado para apresentar impugnao somente aps a realizao da penhora e avaliao do bem. A idia s fazer com que o devedor que se furtou ao seu dever de pagar espontaneamente a dvida somente seja chamado a participar do procedimento executivo do cumprimento de sentena quando j efetuada a penhora e avaliao de bens. A propsito, segue a redao do art. 475-J, 1, do CPC: Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se- mandado de penhora e avaliao. 1o Do auto de penhora e de avaliao ser de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias. Assim, como regra geral, tem-se o seguinte: a) se o devedor possua advogado constitudo nos autos, a intimao ser feita na pessoa do advogado, por publicao 24

no Dirio de Justia, luz dos arts. 236 e 237 do CPC. Nessa hiptese, o termo inicial dos 15 dias para apresentao de impugnao ao cumprimento de sentena corresponder data de publicao no Dirio de Justia1.

b) Se o devedor no possua advogado constitudo nos autos, a intimao ser feita ao devedor ou ao seu representante legal, por mandado ou por correio. Nessa situao, o termo inicial coincidir com a juntada aos autos do mandado de intimao cumprido ou do AR (aviso de recebimento), nos termos dos art. 241, I e II, do CPC.2

2.1. Alguns casos apreciados pelo STJ 2.1.1. No mais necessria a intimao pessoal do devedor. Basta a intimao do advogado por publicao no Dirio de Justia Se o devedor possui advogado constitudo nos autos, desnecessria a intimao pessoal daquele, dada a suficincia da mera intimao do advogado por publicao no Dirio de Justia. O eminente Ministro Humberto Gomes de Barros teceu os seguintes comentrios a respeito, por ocasio do seu voto condutor proferido no RESP 954859/RS:

A Lei no explicitou o termo inicial da contagem do prazo de quinze dias. Nem precisava faz-lo. Tal prazo, evidentemente, inicia-se com a intimao. O Art. 475-J no previu, tambm, a intimao pessoal do devedor para cumprir a sentena.

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A propsito, anota Fredie Diddier Jr.: Feita a intimao por publicao no Dirio Oficial, o prazo de quinze dias para o oferecimento da impugnao j se inicia desde logo ((DIDDIER Jr., Fredie e outros. Curso de Direito Processual Civil: Execuo. Salvador: Editora Jus Podivm, volume 5, 2009. Pp. 366) 2 Diddier pondera: Caso, porm, tenha a intimao sido feita pessoalmente ao executado, por carta ou por mandado, impe-se aplicar, na espcie, o disposto no art. 241, I e II, do CPC, iniciando-se o prazo a partir da juntada aos autos do aviso de recebimento ou da juntada aos autos do mandado de intimao devidamente cumprido (fl. 366)

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A intimao - dirigida ao advogado - foi prevista no 1 do Art. 475-J do CPC, relativamente ao auto de penhora e avaliao. Nesse momento, no pode haver dvidas, a multa de 10% j incidiu (se foi necessrio penhorar, no houve o cumprimento espontneo da obrigao em quinze dias). Alguns doutrinadores enxergam a exigncia de intimao pessoal. Louvam-se no argumento de que no se pode presumir que a sentena publicada no Dirio tenha chegado ao conhecimento da parte que dever cumpri-la, pois quem acompanha as publicaes o advogado. O argumento no convence. Primeiro, porque no h previso legal para tal intimao, o que j deveria bastar. Os Arts. 236 e 237 do CPC so suficientemente claros neste sentido. Depois, porque o advogado no , obviamente, um estranho a quem o constituiu. Cabe a ele comunicar seu cliente de que houve a condenao. Em verdade, o bom patrono deve adiantar-se intimao formal, prevenindo seu constituinte para que se prepare e fique em condies de cumprir a condenao. Se o causdico, por desleixo omite-se em informar seu constituinte e o expe multa, ele deve responder por tal prejuzo. O excesso de formalidades estranhas Lei no se compatibiliza com o escopo da reforma do processo de execuo. Quem est em juzo sabe que, depois de condenado a pagar, tem quinze dias para cumprir a obrigao e que, se no o fizer tempestivamente, pagar com acrscimo de 10%.Confira-se a ementa do julgado: LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA SENTENA. MULTA. TERMO INICIAL. INTIMAO DA PARTE VENCIDA. DESNECESSIDADE. 1. A intimao da sentena que condena ao pagamento de quantia certa consuma-se mediante publicao, pelos meios ordinrios, a fim de que tenha incio o prazo recursal. Desnecessria a intimao pessoal do devedor. 2. Transitada em julgado a sentena condenatria, no necessrio que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumpri-la.

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3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigao, em quinze dias, sob pena de ver sua dvida automaticamente acrescida de 10%. (REsp 954.859/RS, 3 Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 27/08/2007)

2.1.2 Devedor pode antecipar-se penhora e depositar o valor de garantia do juzo. Nesse caso, o termo inicial dos 15 dias para a impugnao corresponde data do depsito e independe de intimao do devedor. A propsito, confira-se o julgado que apreciou esse tema: PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENA. TERMO INICIAL PARA A IMPUGNAO DO DEVEDOR. DATA DO DEPSITO, EM DINHEIRO, POR MEIO DO QUAL SE GARANTIU O JUZO. - No cumprimento de sentena, o devedor deve ser intimado do auto de penhora e de avaliao, podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias (art. 475-J, 1o, CPC). - Caso o devedor prefira, no entanto, antecipar-se constrio de seu patrimnio, realizando depsito, em dinheiro, nos autos, para a garantia do juzo, o ato intimatrio da penhora no necessrio. - O prazo para o devedor impugnar o cumprimento de sentena deve ser contado da data da efetivao do depsito judicial da quantia objeto da execuo. Recurso Especial no conhecido. (REsp 972812/RJ, 3 Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 12/12/2008) A propsito, o eminente Ministro Massami Uyeda, acompanhando o voto da ilustre Relatora, ponderou, in verbis: Na verdade, a questo est sendo trazida ao Tribunal com essa viso, em uma hiptese interessante, em que o prprio devedor vai e deposita a integralidade da execuo. Ora, penso que, como na esteira do entendimento da Sra. Ministra Relatora, a lei no deve descer a essas mincias, porque deve ser interpretada em um sistema de interpretao sistemtica. Essa interpretao sistemtica diz que se o devedor deposita, oferece penhora o dinheiro que cobre toda a garantia da execuo, 27

evidente que, j a partir desse momento, pode, querendo, impugnar. Se no impugna... porque est dentro da prpria mens, das alteraes do processo que visaram dar mais celeridade, de tal sorte que o processo apreenda a prescrio da razovel durao. Estou inteiramente de acordo, e penso que a interpretao mais adequada para esse dispositivo, nessas hipteses, em que no h nem necessidade da especificao de que, se o devedor oferece espontaneamente a garantia, deva se intim-lo e dar-lhe um prazo para impugnar.

3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC A multa de 10% foi prevista pela Lei n. 11.232/05 no art. 475-J, caput, do CPC, cuja redao ora se transcreve: Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se- mandado de penhora e avaliao. Seguem algumas questes debatidas no STJ: 3.1. Momento de incidncia da multa para cumprimento de sentena que condena o devedor ao pagamento de quantia certa e lquida A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia vem entendendo que a multa do art. 475-J do CPC incide automaticamente aps o transcurso de 15 (quinze) dias do trnsito em julgado da sentena condenatria de quantia certa e lquida. Anota-se que, caso a quantia seja ilquida, a multa do art. 475-J do CPC incidir automaticamente do trmino da fase de liquidao de sentena, quando o devedor j conhecer o quantum debeatur. Confira-se:

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LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA SENTENA. MULTA. TERMO INICIAL. INTIMAO DA PARTE VENCIDA. DESNECESSIDADE. 1. A intimao da sentena que condena ao pagamento de quantia certa consuma-se mediante publicao, pelos meios ordinrios, a fim de que tenha incio o prazo recursal. Desnecessria a intimao pessoal do devedor. 2. Transitada em julgado a sentena condenatria, no necessrio que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumpri-la. 3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigao, em quinze dias, sob pena de ver sua dvida automaticamente acrescida de 10%. (REsp 954.859/RS, 3 Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 27/08/2007) PROCESSUAL CIVIL. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA SENTENA CONDENATRIA. INTIMAO PESSOAL DO DEVEDOR. DESNECESSIDADE. 1. A fluncia do prazo para o pagamento voluntrio da condenao imposta na sentena, nos termos consignados no art. 475-J do CPC, independe de requerimento do credor, bem como de nova intimao do devedor. consectrio do trnsito em julgado da sentena, da qual o devedor toma cincia pelos meios ordinrios de comunicao dos atos processuais. Precedentes. 2. Recurso especial provido. (REsp 1087606/RJ, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 23/04/2009)

3.2. Momento da multa do art. 475-J do CPC quando a apurao do valor depender de meros clculos aritmticos (art. 475-B do CPC) 3.2.1. Jurisprudncia dominante: multa incide automaticamente aps 15 (quinze) dias do trnsito em julgado A orientao firmada pelo Superior Tribunal de Justia acerca da incidncia automtica da multa do art. 475-J do CPC levou em conta o fato de que o devedor quem deve promover os clculos e o pagamento espontneo. De fato, transitada em julgado sentena de condenao ao pagamento de quantia certa, caber ao devedor adimplir, espontaneamente, a obrigao no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de sujeitar-se multa de 10% (dez por

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cento) do art. 475-J do CPC, conforme pacificada jurisprudncia desta Corte Superior. irrelevante, para efeito de aplicao dessa multa, que a exatido da obrigao de pagar quantia certa dependa apenas de clculos aritmticos, visto que tal fato no infirma a liquidez da dvida. Realmente, incumbe ao devedor, se quiser escapar pena do art. 475-J do CPC, proceder aos meros clculos aritmticos para promover o pagamento espontneo da dvida. Se ele no o fizer, ento - conforme anotou o eminente Ministro Humberto Gomes de Barros no seu voto de relator de um dos precedentes inauguradores dessa orientao jurisprudencial do Superior Tribunal de Justia - o credor precisar "pedir ao juzo o cumprimento da sentena" e, por isso, "j apresentar o clculo, acrescido da multa". De fato - completa o ilustre Ministro -, "a reforma teve como escopo imediato tirar o devedor da passividade em relao ao cumprimento de sentena condenatria. Foi-lhe imposto o nus de tomar a iniciativa de cumprir a sentena de forma voluntria e rapidamente. O objetivo estratgico da inovao emprestar eficcia s decises judiciais, tornando a prestao judicial menos onerosa para o vitorioso" (REsp 954.859/RS, 3 Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 27/08/2007). A propsito, h alguns precedentes que, pelo que se depreende de seu relatrio e fundamentao, chancelam essa irrelevncia da necessidade de clculos aritmticos para a apurao do valor, a saber: AgRg no Ag 989999/RS, 4 Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomo, DJe 01/12/2008; AgRg no REsp 1036528/RJ, 3 Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 03/02/2009; AgRg no Ag 1108238/RS, 3 Turma, Rel. Ministro Vasco Della Giustina (Desembargador Convocado), DJe 30/06/2009.

3.2.2. Jurisprudncia minoritria: multa depende de prvia intimao do devedor acerca da memria de clculos que o credor teria de apresentar Todavia, h alguns precedentes da Relatoria do ilustre Ministro Joo Otvio de Noronha a sustentar que, no caso de ser necessria a apurao do valor mediante clculo aritmticos na forma do art. 475-B, a incidncia da multa

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s ocorrer a prvia intimao do devedor para pagar o valor indicado na memria de clculos a ser apresentada pelo credor. A propsito, confira-se este julgado: AGRAVO REGIMENTAL (...) EXECUO. CUMPRIMENTO DE SENTENA. ARTS. 475-I E 475-J DO CPC (LEI N. 11.232 DE 2005). CRDITO EXEQENDO. MEMRIA DE CLCULO. MULTA. PRAZO DO ART. 475-J DO CPC. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA TIL POSTERIOR PUBLICAO DA INTIMAO DO DEVEDOR NA PESSOA DO ADVOGADO. (...) 2. A fase de cumprimento de sentena no se efetiva de forma automtica, ou seja, logo aps o trnsito em julgado da deciso. De acordo com o art. 475-J combinado com os arts. 475-B e 614, II, todos do do CPC, cabe ao credor o exerccio de atos para o regular cumprimento da deciso condenatria, especialmente requerer ao juzo que d cincia ao devedor sobre o montante apurado, consoante memria de clculo discriminada e atualizada. 3. Concedida a oportunidade para o adimplemento voluntrio do crdito exequendo, o no-pagamento no prazo de quinze dias importar na incidncia sobre o montante da condenao de multa no percentual de dez por cento (art. 475-J do CPC), compreendendo-se o termo inicial do referido prazo o primeiro dia til posterior data da publicao de intimao do devedor na pessoa de seu advogado. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no AgRg no Ag 1056473/RS, 4 Turma, Rel. Ministro Joo Otvio de Noronha, DJe 30/06/2009) Em igual sentido, encontram-se outras decises monocrticas do insigne Ministro Joo Otvio de Noronha e uma deciso monocrtica do ilustre Ministro Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador Convocado). Veja-se: REsp 1092787/SP, Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador Convocado), DJ 07/08/2009. O fato que essa divergncia aberta pelo ilustre Ministro Joo Otvio de Noronha no reflete, data mxima vnia, a jurisprudncia dominante no STJ.

3.3. Multa do art. 475-J do CPC para sentena transitada em julgado anteriormente Lei n. 11.232/05

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O Superior Tribunal de Justia pacificou que a multa do art. 475-J do CPC no pode ser aplicado de forma retroativa. Dessa forma, invivel a aplicao dessa multa para sentenas transitadas em julgado antes do advento da Lei n. 11.232/2005. Confira-se: CUMPRIMENTO DE SENTENA - MULTA DO ART. 475-J SENTENA COM TRNSITO EM JULGADO ANTERIOR LEI 10.232/2005 - INAPLICABILIDADE. - A multa do Art. 475-J do CPC no se aplica s sentenas condenatrias transitadas em julgado antes da vigncia da Lei 10.232/2005 por simples falta de previso legal poca. As leis processuais tm aplicao imediata, mas no incidem retroativamente. (REsp 962362/RS, 3 Turma, Rel. Ministro Humberto Gomes de Barros, DJe 24/03/2008) 4. RECURSO CABVEL PARA SENTENA PROFERIDA EM SEDE DE EMBARGOS DO DEVEDOR APS O ADVENTO DA LEI N. 11.232/05: APELAO O Superior Tribunal de Justia, aps inicial divergncia sobre o recurso cabvel contra a sentena que aps o advento da Lei n. 11.232/05 julga embargos do devedor opostos em momento anterior, pacificou pelo cabimento da apelao, conforme REsp 1.044.693/MG, apreciado pela Corte Especial. A idia, em suma, a de que os embargos do devedor constituem uma ao autnoma representativa da defesa do executado no bojo de um processo de execuo. Como ao autnoma, os embargos do devedor so resolvidos por sentena, a qual desafia apelao. Por outro lado, a impugnao constitui um incidente processual representativo da defesa do executado no curso de uma fase processual de cumprimento de sentena. Assim, como a impugnao configura um mero incidente, a sua resoluo final se d por deciso interlocutria, da qual cabe agravo de instrumento. Em razo dessa dissonncia de natureza entre os embargos do devedor e a impugnao ao cumprimento de sentena, verifica-se a inviabilidade de aplicar a Lei n. 11.232/05 para embargos de devedor opostos anteriormente ao advento daquele diploma, notadamente no tocante ao recurso cabvel contra a deciso final da defesa do executado.

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Por fim, cumpre assinalar que vem se admitindo o princpio da fungibilidade recursal para se receber como apelao o agravo de instrumento interposto pela parte, tendo em vista a existncia de dvida objetiva na doutrina e na jurisprudncia sobre o caso. Confira-se: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUO. IMPUGNAO. RECURSO CABVEL. DIREITO INTERTEMPORAL. DVIDA OBJETIVA. PRESENA. ERRO GROSSEIRO. INEXISTNCIA. FUNGIBILIDADE RECURSAL. POSSIBILIDADE. 1. A Corte Especial do STJ pacificou o entendimento de que contra a sentena que decide os embargos execuo de ttulo judicial, ajuizados anteriormente vigncia da Lei 11.232/2005, o recurso cabvel a apelao, sendo irrelevante que a publicao tenha ocorrido quando j vigente a referida lei, porquanto no se pode adaptar regra recursal nova se incompatvel com o procedimento anterior, mesmo diante da aplicabilidade imediata da lei nova. 2. No prospera o inconformismo do agravante, porquanto de ser reconhecida a existncia de dvida objetiva e a ausncia de erro grosseiro na interposio de agravo de instrumento, ao invs da apelao, de modo a recomendar a aplicao do princpio da fungibilidade recursal no caso em tela. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1109004/RS, 4 Turma, Rel. Min. Fernando Gonalves, DJe 08/06/2009)

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ANEXOS precedentes relativos aos itens da parte II, atinentes aos pontos controvertidos na jurisprudncia do STJ34

1. HONORRIOS ADVOCATCIOS NO CUMPRIMENTO DE SENTENA35

Precedentes: - REsp 1028855/SC - REsp 987388/RS - REsp 1025449/RS

2. TERMO INICIAL PARA OS 15 (QUINZE) DIAS DISPONVEIS PARA A APRESENTAO DA IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA 2.1. Alguns casos apreciados pelo STJ

2.1.1. No mais necessria a intimao pessoal do devedor. Basta a intimao do36

advogado por publicao no Dirio de JustiaPrecedentes: - REsp 954859/RS

2. TERMO INICIAL PARA OS 15 (QUINZE) DIAS DISPONVEIS PARA A APRESENTAO DA IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA 2.1. Alguns casos apreciados pelo STJ

2.1.2 Devedor pode anteciparse penhora e depositar o valor de garantia do juzo. Nesse caso, o termo inicial dos 15 dias para a37

impugnao corresponde data do depsito e independe de intimao do devedor.Precedentes: - REsp 972812/RJ

3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC

3.1. Momento de incidncia da multa para cumprimento de sentena que condena o devedor ao pagamento de quantia certa e lquida

38

Precedentes: - REsp 954859/RS - REsp 1087606/RJ - AgRg no Ag 1047052/RJ - AgRg no Ag 1108238/RS - AgRg no REsp 1040740/RS - AgRg no REsp 1074563/RS - AgRg no Ag 989999/RS - AgRg no REsp 1057285/RJ - AgRg no Ag 1001107/RS

3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC 3.2. Momento da multa do art. 475-J do CPC quando a apurao do valor depender de meros clculos aritmticos (art. 475-B do CPC)

3.2.1. dominante:

Jurisprudncia multa incide

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automaticamente aps 15 (quinze) dias do trnsito em julgadoPrecedentes: - REsp 954859/RS - AgRg no Ag 989999/RS - AgRg no REsp 1036528/RJ - AgRg no Ag 1108238/RS

3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC 3.2. Momento da multa do art. 475-J do CPC quando a apurao do valor depender de meros clculos aritmticos (art. 475-B do CPC)

3.2.2. Jurisprudncia minoritria: multa depende de prvia intimao do devedor acerca da memria de clculos que o credor teria de apresentarPrecedentes:

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- Ministro Noronha inaugurou a divergncia em deciso monocrtica e s levou o tema 4 Turma por AgRg. Nunca houve, portanto, julgamento da questo com incluso em pauta. - AgRg no AgRg no Ag 1056473/RS - AgRg no Ag 1056473/RS - REsp 1048258/RS - Ag 1058769/RS - AgRg no Ag 1080122/RS - EDcl no Ag 1136836/RS - REsp 1092787/SP

3. DA MULTA DE 10% PREVISTA NO ART. 475-J DO CPC

3.3. Multa do art. 475-J do CPC para sentena transitada em41

julgado anteriormente Lei n. 11.232/05Precedentes: - REsp 962362/RS - REsp 1041932/RS - AgRg no REsp 1019057/SC

4. RECURSO CABVEL PARA SENTENA PROFERIDA EM SEDE DE EMBARGOS DO DEVEDOR42

APS O ADVENTO DA LEI N. 11.232/05: APELAOPrecedentes: - REsp 1044693/MG - AgRg no REsp 1109004/RS - AgRg no REsp 1075468/MG - REsp 1033447/PB

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