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Delfim Duarte Rolo Pedrosa
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
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Julho de 2010UMin
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Elé
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co
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
Julho de 2010
Tese de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia Electrónica Industrial e Computadores
Trabalho efectuado sob a orientação doProfessor Doutor João Luiz Afonso
Delfim Duarte Rolo Pedrosa
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
Aos meus Pais
“Há uma força motriz mais poderosa que o vapor,
a electricidade e a energia atómica: a vontade.”
“Nunca tenha o estudo como uma obrigação, mas sim como uma
oportunidade para penetrar no maravilhoso mundo do saber.”
Albert Einstein
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho iii
Agradecimentos
Desejo agradecer ao meu orientador Professor Doutor João Luiz Afonso pela
disponibilidade, compreensão, cooperação, incentivo, e por ter permitido que usufruísse
de um espaço no Laboratório de Electrónica de Potência, possibilitando a execução
prática deste trabalho.
Ao Professor Doutor Carlos Couto e ao Professor Doutor Júlio Martins pela ajuda
prestada na recta final desta dissertação.
Aos Investigadores do Laboratório de Electrónica de Potência da Universidade do
Minho, Domingos Gonçalves, Gabriel Pinto, Hélder Carneiro, Henrique Gonçalves,
Pedro Neves, Renato Alves e Vítor Monteiro, pela ajuda e disponibilidade, pelas críticas
e sugestões dadas ao longo da dissertação.
Aos colegas alunos de Mestrado presentes no mesmo laboratório, André
Nogueira, Bruno Exposto, Filipe Conde, Luciana Moreira, Pedro Tinoco, e Telmo
Santos. Pelo incentivo e ajuda. A estes, como aos Investigadores, um grande obrigado
pelo ambiente fantástico existente no Laboratório.
Ao Hélder Carneiro, Henrique Gonçalves e Vítor Monteiro pelos conselhos dados
durante a revisão paciente da escrita.
Aos meus pais Manuel e Albertina e à minha irmã Ana pelo esforço e apoio dado
ao longo de todo o meu percurso académico.
A todas as pessoas não mencionadas, que ajudaram directamente e indirectamente
na elaboração desta dissertação.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho v
Resumo
Os veículos com sistemas de propulsão eléctrica cada vez mais são uma
importante aposta da sociedade, uma vez que existe a necessidade de reduzir as
emissões de gases com efeito de estufa, bem como da dependência do petróleo.
Esta Dissertação de Mestrado descreve o desenvolvimento de um veículo eléctrico
a partir de um carro com um motor de combustão interna.
Ao longo desta dissertação, numa fase inicial é apresentado o estado da arte sobre:
os veículos eléctricos, veículos híbridos e veículos a célula de combustível; os
principais tipos de motores eléctricos e de elementos armazenadores de energia mais
usados nos veículos com sistemas de propulsão eléctrica. Depois são apresentadas as
várias topologias de motores eléctricos com fluxo axial, apresentando também as
características do motor eléctrico de fluxo axial utilizado neste trabalho, bem como o
tipo de sistema de controlo aplicado a este tipo de motor eléctrico. São ainda
apresentados os resultados obtidos a partir da simulação do sistema de controlo para
este motor.
Todos os circuitos electrónicos necessários à conversão de um veículo com motor
de combustão interna num veículo eléctrico foram desenvolvidos no âmbito deste
trabalho, desde o inversor trifásico a IGBTs, sistema de medição de tensões, correntes,
posição do rotor do motor e temperatura, sistemas de protecção, ao sistema de controlo
baseado no DSP TMS320F2812 da Texas Instruments. Após a implementação dos
circuitos electrónicos necessários para o veículo eléctrico, o motor eléctrico foi testado
numa bancada de teste com medição de binário.
Para o desenvolvimento do veículo eléctrico foi comprado um Volkswagen Polo
de 1996, que está a ser modificado para que o motor de combustão interna seja
substituído pelo motor eléctrico de fluxo axial, e para a colocação dos circuitos
electrónicos desenvolvidos, juntamente com as vinte e quatro baterias de chumbo, com
capacidade de armazenamento de energia de 9,5 kWh.
No âmbito desta dissertação não foi possível concluir o projecto de
desenvolvimento de um veículo eléctrico, sendo que este projecto irá continuar nos
próximos meses.
Após concluído o veículo eléctrico, este será homologado, e deverá ter autonomia
para viajem de ida e volta entre os campus de Braga e Guimarães da Universidade do
Minho.
Palavras-Chave: Veículos Eléctricos, Veículos Híbridos, Veículos a Célula de
Combustível, Motores de Fluxo Axial, Controlo de motores de
fluxo axial.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho vii
Abstract
Electrical propulsion vehicles are more than ever an important matter to society,
because green house gas emissions must be reduced, and for the reason that it is also
important to reduce oil dependence.
In this Master Thesis it is described the development of an electric vehicle,
converted from a conventional internal combustion engine car.
In the first part of this Thesis it is presented the state of the art of: electric
vehicles, hybrid vehicles and fuel cell vehicles; the main types of axial flux electric
motors and the most used energy storage elements, in vehicles with electrical propulsion
systems. After that, several topologies of axial flux electric motors are presented. There
are also described the characteristics of the axial flux motor used in this work, as well as
the type of control system applied to this motor. Simulation results of the control system
developed to this motor are also presented.
All the electronics circuits necessary to the conversion of the internal combustion
engine car into an electric vehicle were developed in the course of this work: a three-
phase IGBT inverter, voltages, currents, temperature and rotor position measuring
systems, protection circuits, and a control system based in DSP TMS320F2812 of the
Texas Instruments. After the assembly of all electrical and electronics components and
circuits necessary to the electric vehicle, the electric motor was tested in a testing bench,
which includes a torque measurement system.
For the implementation of this work it was bought an 1996 Volkswagen Polo,
which is being modified in a way that the internal combustion engine can be replaced by
the axial flux motor, and in order that it is possible to accommodate properly all the
developed electronics circuits and the twenty four Lead-Acid batteries, with a total
energy storage capability of 9,5 kWh.
Under the scope of this Master Thesis it was not possible to complete all the work
necessary to accomplish the transformation of the internal combustion engine car into
an electric vehicle. Therefore, since this project is not finished yet, it will continue
during the next months.
After the development of the electric vehicle is completed, this car will be
homologated, and it is expected that it will have enough autonomy to travel the distance
between the campus of University of Minho in Braga and Guimarães, returning to the
starting point without being necessary to recharge the batteries.
Keywords:Electric Vehicles, Hybrid Vehicles, Fuel Cell Vehicles, Axial Flux Electric
Motors, Control System for Axial Flux Electric Motors.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho ix
Índice
Agradecimentos .........................................................................................................................................iii
Resumo ........................................................................................................................................................ v
Abstract ..................................................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ......................................................................................................................................... xi
Lista de Tabelas ........................................................................................................................................ xv
Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................. xvii
CAPÍTULO 1 Introdução .................................................................................................................... 1
1.1. Enquadramento ............................................................................................................................... 1
1.2. Motivações ..................................................................................................................................... 1
1.3. Objectivos....................................................................................................................................... 2
1.4. Organização da Dissertação ........................................................................................................... 2
CAPÍTULO 2 Tecnologias dos Veículos Eléctricos ........................................................................... 5
2.1. Introdução....................................................................................................................................... 5
2.2. Veículos Eléctricos ......................................................................................................................... 5
2.2.1. Vantagens e Desvantagens dos Veículos Eléctricos ........................................................... 8
2.2.2. Configurações de Veículos Eléctricos ................................................................................. 9
2.3. Veículos Híbridos ......................................................................................................................... 12
2.3.1. Veículo Híbrido do tipo Série ........................................................................................... 15
2.3.2. Veículo Híbrido do tipo Paralelo ...................................................................................... 17
2.3.3. Veículo Híbrido do tipo Série-Paralelo ............................................................................. 18
2.3.4. Vantagens e Desvantagens dos Veículos Híbridos ........................................................... 19
2.4. Veículos a Células de Combustível .............................................................................................. 20
2.4.1. Vantagens e Desvantagens dos Veículos a Células de Combustível ................................ 22
2.5. Motores Eléctricos ........................................................................................................................ 22
2.5.1. Motores de Corrente Contínua .......................................................................................... 23
2.5.2. Motores de Indução ........................................................................................................... 24
2.5.3. Motor Síncrono de Ímanes Permanentes ........................................................................... 24
2.5.4. Motor de Relutância .......................................................................................................... 25
2.5.5. Comparação entre os Motores Apresentados .................................................................... 26
2.6. Sensores de Posição...................................................................................................................... 27
2.6.1. Sensor Óptico .................................................................................................................... 27
2.6.2. Resolver............................................................................................................................. 29
2.6.3. Sensor OnAxis ................................................................................................................... 30
2.7. Elementos Armazenadores de Energia ......................................................................................... 32
2.7.1. Baterias ............................................................................................................................. 33
2.7.2. Volante de Inércia ............................................................................................................. 37
2.7.3. Ultracondensadores ........................................................................................................... 37
2.8. Comparação entre Veículos Eléctricos e Veículos de Combustão Interna ................................... 38
2.9. Normas aplicadas a Veículos de Propulsão Eléctrica ................................................................... 39
2.10. Homologação de Veículos Eléctricos em Portugal ...................................................................... 42
2.11. Conclusão ..................................................................................................................................... 42
CAPÍTULO 3 Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes ................................................. 45
3.1. Introdução..................................................................................................................................... 45
Índice
x Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
3.2. Motores de Fluxo Axial ................................................................................................................ 45
3.3. Topologias dos Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes ............................................. 46
3.4. Modelo do Motor AFIR-S ............................................................................................................ 51
3.5. Motores de Fluxo Axial vs. Motores de Fluxo Radial .................................................................. 53
3.6. Motor Eléctrico Utilizado na Conversão ...................................................................................... 54
3.7. Controlo de Motores de Fluxo Axial ............................................................................................ 57
3.8. Conclusão ..................................................................................................................................... 63
CAPÍTULO 4 Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico ........................................ 65
4.1. Introdução..................................................................................................................................... 65
4.2. Circuito de Potência ..................................................................................................................... 65
4.3. Sistema de Controlo ..................................................................................................................... 66
4.4. Resultados das Simulações ........................................................................................................... 66
4.4.1. Cálculo das Transformadas Inversas de Clarke e Park ..................................................... 67
4.4.2. Cálculo das Transformadas de Clarke e Park .................................................................... 68
4.4.3. Simulação do Sistema de Controlo ................................................................................... 71
4.5. Conclusão ..................................................................................................................................... 77
CAPÍTULO 5 Implementação ........................................................................................................... 79
5.1. Introdução..................................................................................................................................... 79
5.2. Sistema de Controlo ..................................................................................................................... 79
5.2.1. Sensor de Corrente ............................................................................................................ 79
5.2.2. Sensor de Tensão .............................................................................................................. 81
5.2.3. Sensor de Posição .............................................................................................................. 83
5.2.4. Sensor de Posição do Acelerador ...................................................................................... 83
5.2.5. Placa de Entradas .............................................................................................................. 84
5.2.6. Placa de Saídas .................................................................................................................. 84
5.2.7. Circuito de Condicionamento de Sinal .............................................................................. 85
5.2.8. Circuito de Comando ........................................................................................................ 86
5.2.9. Circuito do Conversor Digital Analógico ......................................................................... 87
5.2.10. LCD .................................................................................................................................. 87
5.2.11. Fonte de Alimentação ....................................................................................................... 88
5.2.12. DSP/Microcontrolador ...................................................................................................... 88
5.3. Circuito de Potência ..................................................................................................................... 91
5.3.1. Inversor ............................................................................................................................. 92
5.3.2. Fonte de Alimentação ....................................................................................................... 97
5.3.3. Banco de Condensadores do Lado CC do Inversor ........................................................... 98
5.3.4. Contactor Geral e Fusível.................................................................................................. 99
5.4. Carro Escolhido para a Conversão ............................................................................................... 99
5.5. Conclusão ................................................................................................................................... 102
CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais ....................................................................................... 105
6.1. Introdução................................................................................................................................... 105
6.2. Ensaio do Motor Eléctrico como Gerador .................................................................................. 105
6.3. Resultados Experimentais do Sistema de Controlo do Motor .................................................... 107
6.4. Conclusão ................................................................................................................................... 109
CAPÍTULO 7 Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro ......................................................... 111
7.1. Conclusões ................................................................................................................................. 111
7.2. Trabalho Futuro .......................................................................................................................... 112
Referências .............................................................................................................................................. 113
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho xi
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Carro eléctrico: Jamais Contente [5]........................................................................................ 6
Figura 2.2 – Carro com motor de combustão interna: Ford Modelo T [6]. .................................................. 6
Figura 2.3 – Carro eléctrico: EV1 da General Motors [7]. ........................................................................... 7
Figura 2.4 – Carro eléctrico: Tesla Roadster [8]. ......................................................................................... 7
Figura 2.5 – Carro eléctrico: Nissan Leaf [12]. ............................................................................................ 8
Figura 2.6 – Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção traseira, onde: M – Motor
eléctrico, E – Embraiagem, CV – Caixa de velocidades, CR – Caixa redutora e D - Diferencial. ............... 9
Figura 2.7 – Carro eléctrico: Peugeot BB1 [16]. ........................................................................................ 10
Figura 2.8 – À esquerda o tipo de motor in wheel utilizado no carro eléctrico Mitsubishi ColtEV, à
direita .......................................................................................................................................................... 10
Figura 2.9 - Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção dianteira, onde: M – Motor
eléctrico, E – Embraiagem, CV – Caixa de velocidades, CR – Caixa redutora e D - Diferencial. ............. 11
Figura 2.10 - Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção integral, onde: M – Motor
eléctrico e CR – Caixa redutora. ................................................................................................................. 12
Figura 2.11 – Carro eléctrico: Mitsubishi Lancer Evolution MIEV [18]. ................................................... 12
Figura 2.12 – Carro híbrido: Mixte [19]. .................................................................................................... 13
Figura 2.13 – Carro híbrido: Voiturette [20]. ............................................................................................. 13
Figura 2.14 – Carro híbrido: GM512 [21]. ................................................................................................. 14
Figura 2.15 - Primeira geração do carro híbrido Toyota Prius [22]. .......................................................... 14
Figura 2.16 – Carro híbrido: Audi Duo III [23]. ......................................................................................... 15
Figura 2.17 – Primeira geração do carro híbrido Honda Insight [24]......................................................... 15
Figura 2.18 – Esquema do sistema série dos Veículos Híbridos. ............................................................... 16
Figura 2.19 – Carro híbrido: Chevrolet Volt [29]. ...................................................................................... 16
Figura 2.20 - Esquema do sistema paralelo dos veículos híbridos. ............................................................ 17
Figura 2.21 – Carro híbrido: Honda Insight, segunda geração [30]. .......................................................... 18
Figura 2.22 - Esquema do sistema série-paralelo dos veículos híbridos. ................................................... 19
Figura 2.23 – Terceira geração do carro híbrido Toyota Prius [31]. .......................................................... 19
Figura 2.24 - Célula de combustível com membrana de polímero electrolítico [32].................................. 20
Figura 2.25 - Esquema do sistema composto pela célula de combustível. ................................................. 21
Figura 2.26 – Carro a células de combustível: Electrovan da General Motors [33]. ................................. 21
Figura 2.27 - Carro a células de combustível Honda FCX Clarity [35]. .................................................... 21
Figura 2.28 – Tipos de motores eléctricos mais usados nos veículos eléctricos [36]. ................................ 22
Figura 2.29 – Carro eléctrico com motor DC, FUTI [42]. .......................................................................... 24
Figura 2.30 – Exemplo da colocação dos ímanes permanentes no rotor: ímanes superficiais
(esquerda) e ímanes interiores (direita) [43]. .............................................................................................. 25
Figura 2.31 – Formas de onda da força contra-electromotriz (e) e da corrente de alimentação (i):
PMSM (esquerda) e BLDC (direita) .......................................................................................................... 25
Figura 2.32 – Sensor óptico [47]. ............................................................................................................... 27
Figura 2.33 – Sensor óptico em quadratura [48]. ....................................................................................... 28
Figura 2.34 – Sensor óptico absoluto [48]. ................................................................................................. 28
Lista de Figuras
xii Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.35 – Sensor resolver [49]. ............................................................................................................ 29
Figura 2.36 – Formas de onda da tensão de referência e das tensões de saída do sensor resolver [49]. .... 29
Figura 2.37 – Sensor OnAxis [50]. ............................................................................................................. 30
Figura 2.38 – Array do sensor Hall com oito sensores. .............................................................................. 31
Figura 2.39 – Saída em SSI [50]................................................................................................................. 32
Figura 2.40 – Saída em incremental (esquerda), saída em seno/coseno (direita) [50]. ............................... 32
Figura 2.41 – Saída em tensão linear [50]. ................................................................................................. 32
Figura 2.42 – Carro eléctrico com baterias de Níquel-Hidreto-Metálico: Toyota RAV4 EV [53]. ............. 35
Figura 2.43 – Carro híbrido com baterias de Lítio-Polímero: Hyundai Elantra LPI [54]. ......................... 36
Figura 2.44 – Exemplo de uma bateria de Lítio Fosfato de Ferro [55]. ...................................................... 36
Figura 2.45 – Carro eléctrico com baterias de Lítio Fosfato de Ferro: BYD e6 [57]. ................................. 36
Figura 2.46 – Veículo híbrido com volante de inércia: Gyrobus no posto de carregamento em 1953
[58]. ............................................................................................................................................................ 37
Figura 3.1 – Formas de onda da força contra-electromotriz, à esquerda do motor BLDC e à direita do
motor síncrono de ímanes permanentes [64]. ............................................................................................. 46
Figura 3.2 – Topologia dos motores de fluxo axial com ímanes permanentes. .......................................... 47
Figura 3.3 – Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração single-sided: à esquerda
estator slotless e à direita estator slotted. .................................................................................................... 48
Figura 3.4 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator slotted: à
esquerda NN TORUS-S e à direita NS TORUS-S. .................................................................................... 48
Figura 3.5 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator slotless:
à esquerda NN TORUS-NS e à direita NS TORUS-NS. ............................................................................ 49
Figura 3.6 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator coreless
NS. .............................................................................................................................................................. 49
Figura 3.7 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided rotor interior: à
esquerda AFIR-NS e à direita AFIR-S. ...................................................................................................... 49
Figura 3.8 – Topologia SAT. ...................................................................................................................... 50
Figura 3.9 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided com estator
interior: à esquerda FCT-NS e à direita FCT-S. ......................................................................................... 50
Figura 3.10 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração multi-stage: à esquerda
estator slotted e à direita estator slotless ..................................................................................................... 51
Figura 3.11 – Geometria dos ímanes permanentes: (a) trapezoidal, (b) circular e (c) semicircular [1]. ..... 51
Figura 3.12 – Modelo equivalente do motor AFIR-S no eixo dq [68]........................................................ 52
Figura 3.13 – Comparação entre motores de fluxo axial e motores de fluxo radial: à esquerda motor
de fluxo axial e à direita motor de fluxo radial [81]. .................................................................................. 54
Figura 3.14 – Motor eléctrico de fluxo axial do tipo AFIR-S, utilizado neste trabalho. ............................ 55
Figura 3.15 – Rotor do motor utilizado [84]. .............................................................................................. 55
Figura 3.16 – Curva de binário vs velocidade e curva de potência vs velocidade do motor eléctrico
utilizado na conversão do veículo de combustão interna em veículo eléctrico [85]. .................................. 56
Figura 3.17 – Teste realizado para calcular as indutâncias Ld (esquerda) e Lq (direita). ............................ 57
Figura 3.18 – Diagrama de blocos simplificado do sistema de controlo das correntes dq [64]. ................. 58
Figura 3.19 – Representação do fasor corrente do motor AFIR-S para baixas e altas velocidades [1]. ..... 59
Figura 3.20 – Sistema de controlo de corrente e velocidade para o motor AFIR-S. .................................. 61
Figura 3.21 – Diagrama de blocos simplificado do controlo da velocidade [64]. ...................................... 62
Figura 4.1 – Circuito de Potência implementado no MATLAB. ................................................................. 66
Figura 4.2 – Sistema de Controlo implementado no MATLAB. ................................................................. 66
Lista de Figuras
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho xiii
Figura 4.3 – Circuito implementado para validar as transformadas inversas de Clarke e Park. ................. 67
Figura 4.4 – Ângulo eléctrico e saídas Valfa e Vbeta obtidas a partir da transformada inversa de Park. ........ 67
Figura 4.5 – Referências criadas pela transformada inversa de Clarke. ..................................................... 68
Figura 4.6 - Circuito implementado para validar as transformadas de Clarke e Park. ............................... 68
Figura 4.7 – Saídas Ialfa e Ibeta obtidas a partir da transformada de Clarke.................................................. 69
Figura 4.8 – Correntes consumidas pelo motor eléctrico, no teste das transformadas de Clarke e Park. ... 69
Figura 4.9 – Saídas Id e Iq obtidas a partir da transformada de Park. .......................................................... 69
Figura 4.10 - Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico, na simulação das transformadas
de Clarke e Park. ........................................................................................................................................ 70
Figura 4.11 – Velocidade angular do motor eléctrico, na simulação das transformadas de Clarke e
Park. ........................................................................................................................................................... 70
Figura 4.12 – Saída de posição do motor eléctrico. .................................................................................... 70
Figura 4.13 – Velocidade angular de referência e velocidade angular do motor eléctrico em vazio. ......... 71
Figura 4.14 – Referências de tensão aplicadas ao Inversor para controlar o motor eléctrico em vazio
para duas referências de velocidade. .......................................................................................................... 71
Figura 4.15 –Tensão para a transição entre velocidades angulares do motor eléctrico em vazio. .............. 72
Figura 4.16 – Correntes consumidas pelo motor eléctrico em vazio para duas referências de
velocidade. .................................................................................................................................................. 72
Figura 4.17 – Pormenor nas correntes consumidas pelo motor eléctrico em vazio durante a transição
da velocidade angular. ................................................................................................................................ 73
Figura 4.18 – Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico em vazio para duas referências de
velocidade. .................................................................................................................................................. 73
Figura 4.19 - Pormenor das tensões aos terminais do motor eléctrico em vazio durante a transição da
velocidade angular. ..................................................................................................................................... 73
Figura 4.20 - Velocidade de referência e velocidade de operação do motor eléctrico em carga. ............... 74
Figura 4.21 - Referências de tensão aplicadas ao Inversor para controlar o motor eléctrico em carga
para duas referências de velocidade. .......................................................................................................... 75
Figura 4.22 - Pormenor da transição entre velocidades angulares do motor eléctrico em carga. ............... 75
Figura 4.23 - Correntes consumidas pelo motor eléctrico em carga para duas referências de
velocidade. .................................................................................................................................................. 76
Figura 4.24 - Pormenor nas correntes consumidas pelo motor eléctrico em carga durante a transição
da velocidade angular. ................................................................................................................................ 76
Figura 4.25 - Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico em carga para duas referências de
velocidade. .................................................................................................................................................. 76
Figura 4.26 - Pormenor nas tensões aos terminais do motor eléctrico em carga durante a transição da
velocidade angular. ..................................................................................................................................... 77
Figura 5.1 – Sensor de corrente LA 200-P da LEM [89]. ........................................................................... 80
Figura 5.2 - Esquema de ligações do sensor LA 200-P da LEM. ................................................................ 80
Figura 5.3 – Placa dos sensores de corrente. .............................................................................................. 81
Figura 5.4 – Sensor de tensão de efeito Hall LV 25-P da LEM [91]. ......................................................... 81
Figura 5.5 - Esquema de ligações do sensor LV 25-P da LEM. .................................................................. 82
Figura 5.6 – Placa com sensor de tensão e corrente. .................................................................................. 83
Figura 5.7 – Sensor de posição RMB28SC. ................................................................................................ 83
Figura 5.8 – Acelerador de um Renault Clio. ............................................................................................. 84
Figura 5.9 – Acelerador desmontado. ......................................................................................................... 84
Figura 5.10 – Placa de Entradas. ................................................................................................................ 84
Lista de Figuras
xiv Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 5.11 – Placa de Saídas. .................................................................................................................... 85
Figura 5.12 – Placa de Condicionamento de Sinal. .................................................................................... 85
Figura 5.13 – Circuito de Comando. .......................................................................................................... 86
Figura 5.14 – Placa do DAC. ...................................................................................................................... 87
Figura 5.15 – LCD. ..................................................................................................................................... 87
Figura 5.16 – Fonte de alimentação do Sistema de Controlo. .................................................................... 88
Figura 5.17 - Diagrama de blocos dos módulos internos que constituem o DSP/microcontrolador
TMS320F2812 da Texas Instruments [93]. ................................................................................................. 89
Figura 5.18 – Placa do DSP/microprocessador TMS320F2812.................................................................. 90
Figura 5.19 – Programador XDS510LC da Spectrum Digital. .................................................................... 90
Figura 5.20 - Ambiente gráfico do Code Composer. .................................................................................. 91
Figura 5.21 - Diagrama multifilar do Circuito de Potência. ....................................................................... 92
Figura 5.22 - Módulo de IGBTs SKM200GB126D e respectivo esquemático [95]. ................................... 92
Figura 5.23 – Drive SKHI 22B H4 e respectivo esquemático [96]. ............................................................ 93
Figura 5.24 – Placa de drive: Vista inferior, à esquerda; Vista superior, à direita. .................................... 93
Figura 5.25 – Placa de Protecção à gate. .................................................................................................... 94
Figura 5.26 – Esquemático da placa de protecção à gate. .......................................................................... 94
Figura 5.27 – Aspecto final do Inversor. .................................................................................................... 95
Figura 5.28 – Tensão (à esquerda) e corrente (à direita) sintetizadas pelo Inversor. .................................. 96
Figura 5.29 – Linearidade do inversor. ....................................................................................................... 96
Figura 5.30 - Deadtime implementado entre IGBTs do mesmo ramo. ....................................................... 97
Figura 5.31 – 24 baterias, WCG-U1 da POWER. ....................................................................................... 97
Figura 5.32 – Os três transformadores utilizados na fonte de alimentação. ............................................... 98
Figura 5.33 – Banco de condensadores do lado CC do Inversor. ............................................................... 99
Figura 5.34 – Contactor geral e fusível. ..................................................................................................... 99
Figura 5.35 - Volkswagen Polo escolhido para a conversão em Veículo Eléctrico. ................................. 100
Figura 5.36 – Frente do carro já com o motor e caixa de velocidades retirados, à esquerda; motor de
combustão interna retirado, à direita. ....................................................................................................... 101
Figura 5.37 – Porta bagagens do carro onde vão ser colocadas algumas baterias. ................................... 101
Figura 5.38 - Aspecto final do sistema electrónico do veículo eléctrico em bancada. ............................. 103
Figura 6.1 – Montagem efectuada para realizar o teste ao motor eléctrico a funcionar como gerador. ... 105
Figura 6.2 – Tensão composta aos terminais dos dois estatores a uma velocidade de rotação de
500 rpm. ................................................................................................................................................... 106
Figura 6.3 – Tensão composta aos terminais do motor a uma velocidade de 1000 rpm (com os dois
rotores em paralelo). ................................................................................................................................. 106
Figura 6.4 – Comparação entre as tensões compostas do motor e a posição do rotor a uma velocidade
de 500 rpm. ............................................................................................................................................... 107
Figura 6.5 – Tensões e correntes à saída do motor a funcionar como gerador a uma velocidade de
500 rpm. ................................................................................................................................................... 107
Figura 6.6 – Primeiros resultados experimentais do sistema de controlo aplicado ao motor eléctrico:
Fundamentais das tensões aplicadas ao motor e correntes no motor. ....................................................... 108
Figura 6.7 – Aplicação do motor eléctrico escolhido para o veículo eléctrico na bancada de testes
para o ensaio do binário produzido. .......................................................................................................... 108
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho xv
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Avaliação dos motores para veículos eléctricos. ...................................................................... 26
Tabela 2 – Características do sensor OnAxis RMB28SC da RLS [50]. ....................................................... 31
Tabela 3 – Comparação entre alguns tipos de sistemas de propulsão. ....................................................... 39
Tabela 4 – Normas para terminologia em veículos híbridos. ..................................................................... 40
Tabela 5 – Normas respeitantes a baterias para veículos eléctricos. .......................................................... 40
Tabela 6 – Normas de segurança para veículos eléctricos. ......................................................................... 40
Tabela 7 – Normas para infra-estruturas aplicáveis a veículos eléctricos. ................................................. 41
Tabela 8 – Normas para componentes de veículos eléctricos..................................................................... 41
Tabela 9 – Normas para performances de veículos eléctricos. ................................................................... 41
Tabela 10 – Normas para ciclos de teste dos veículos em estrada. ............................................................. 42
Tabela 11 – Características do motor eléctrico utilizado na conversão do veículo de combustão
interna em Veículo Eléctrico. ..................................................................................................................... 56
Tabela 12 – Selecção de potenciais carros para a conversão. ................................................................... 100
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho xvii
Lista de Abreviaturas
AFIR Axial Flux Internal Rotor
AFPM Axial Flux Permanent Magnet
BLAC Brushless AC Motor
BLDC Brushless Direct Current
BMS Battery Management System
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
DAC Digital to Analog Converter
DC Direct Current
DSP Digital Signal Processor
FOC Field Orientated Control
IEC International Electrotechnical Commission
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor
IM Induction Motor
IMTT Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres
ISO International Organization for Standardization
JTAG Joint Test Action Group
LCD Liquid Crystal Display
LiFePO4 Lítio Fosfato de Ferro
LiPo Lítio Polimero
LVDT Linear Variable Differential Transformer
MATLAB MATrix LABoratory
NdFeB Neodímio-Ferro-Boro
NiCd Nickel Cadmium
NiMH Nickel-Metal- Hydride
Pb Chumbo
PCB Printed Circuit Board
PM Permanent Magnet
PMBLAC Permanent Magnet Brushless AC Motor
Lista de Abreviaturas
xviii Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
PMSM Permanent Magnet Synchronous Motor
PSCAD Power System Computer Assisted Design
PWM Pulse Width Modulation
RMS Root Mean Square
SAT Segmented Armature Torus
SLA Sealed Lead Acid
SPI Serial Peripheral Interface
SRM Switched Reluctance Motor
SSI Absolute Binary Synchro-Serial
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 1
CAPÍTULO 1
Introdução
1.1. Enquadramento
Os veículos com sistemas de propulsão eléctrica são, cada vez, mais uma
importante aposta da sociedade. Impulsionados pelos rumores de que o petróleo pode
acabar por volta de 2050 e pela necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito
de estufa, conforme previsto no protocolo de Kyoto, implementado de forma definitiva
em 1997 pelos países membros, que se comprometeram em reduzir as emissões de
gases de efeito de estufa em cerca de 5,2% entre 2008 e 2012, em relação a 1990 [1],[2].
Um veículo com sistema de propulsão eléctrica pode ser equipado com qualquer
tipo de motor eléctrico; contudo com o avanço da electrónica de potência e com o
melhoramento das ligas magnéticas para a construção de ímanes, o motor que
actualmente apresenta melhores características em termos de eficiência e durabilidade é
o motor síncrono de ímanes permanentes [3].
O armazenamento de energia nos veículos com sistemas de propulsão eléctrica
pode ser realizado de diferentes formas: por meio de baterias, de hidrogénio, de um
volante de inércia e de ultracondensadores. Actualmente as baterias são o elemento
armazenador mais utilizado nos veículos com sistemas de propulsão eléctrica. Das
várias tecnologias de baterias as mais promissoras são as de iões de lítio, visto que
apresentam entre outras, uma maior densidade energética e maiores taxas de carga e
descarga em comparação com as outras tecnologias. Por outro lado, os
ultracondensadores são óptimos para utilizar quando o veículo possui travagem
regenerativa, pois apresentam uma curva de carga superior à das baterias [3],[4].
Esta Dissertação de Mestrado pretende estudar e propor uma solução para a
conversão de um veículo eléctrico a partir de um carro convencional com motor de
combustão interna.
1.2. Motivações
A motivação primordial para a conversão de um carro com motor de combustão
interna em um veículo eléctrico reside na necessidade de encontrar alternativas aos
combustíveis fosseis, de forma a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa para a
Capítulo 1 – Introdução
2 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
atmosfera. Para a realização da conversão existe a necessidade de recorrer a várias áreas
tecnológicas, nomeadamente à electrónica de potência, para a implementação das
principais partes constituintes do veículo eléctrico, como por exemplo o controlador do
motor eléctrico utilizado na conversão.
Desenvolver tecnologia para KITS de conversão de um veículo com motor de
combustão interna em veículo eléctrico.
1.3. Objectivos
O principal objectivo desta dissertação é estudar e propor uma solução optimizada
e económica para a conversão de um carro de motor de combustão interna num veículo
eléctrico. Para que possa ser alcançado esse objectivo final, é necessário cumprir os
seguintes objectivos intermédios:
- Selecção de uma solução para armazenamento de energia;
- Escolha do motor eléctrico a ser aplicado no veículo;
- Definição de estratégias de controlo e topologias de accionamento aplicáveis ao motor
eléctrico escolhido;
- Desenvolvimento de um conversor CC-CA bidireccional a ser utilizado entre os
elementos armazenadores de energia e o motor eléctrico do veículo;
- Implementação das alterações mecânicas e eléctricas no veículo.
1.4. Organização da Dissertação
De acordo com os objectivos anteriormente mencionados, esta Dissertação de
Mestrado encontra-se organizada em sete capítulos, descritos e enumerados de seguida.
No Capítulo 1, denominado “Introdução”, é descrito o enquadramento do
trabalho, e são apresentadas as motivações, os objectivos e a organização da dissertação.
No Capítulo 2, é apresentado o “estado da arte” referente aos componentes
eléctricos que constituem o sistema electrónico a aplicar na conversão, principalmente,
os tipos de motores, os tipos de sensores de posição utilizados nos motores, bem como
os tipos de elementos armazenadores de energia aplicáveis a veículos eléctricos.
No Capítulo 3, denominado “Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes”,
é abordado o tipo de motor eléctrico escolhido para a conversão do veículo, desde as
diferentes topologias de motores de fluxo axial, passando pelo modelo do motor
eléctrico escolhido, e terminando com o sistema de controlo.
No Capítulo 4, denominado “Simulações do Sistema de Controlo do Motor
Eléctrico”, são apresentados e comentados os resultados das simulações computacionais
obtidos com o programa MATLAB para o sistema de controlo implementado.
No Capítulo 5, denominado “Implementação”, são descritas as partes constituintes
do Sistema de Controlo e do Circuito de Potência utilizadas para o accionamento do
Capítulo 1 – Introdução
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 3
motor do veículo eléctrico, bem como os primeiros passos realizados na conversão do
carro de combustão interna em veículo eléctrico.
No Capítulo 6, denominado “Resultados Experimentais”, são apresentados os
resultados obtidos no teste do motor eléctrico a funcionar como gerador e como motor,
alguns resultados do sistema de controlo implementado.
O Capítulo 7 apresenta as Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros que
podem ser retirados de todo o trabalho realizado, e que permitiram a elaboração desta
dissertação.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 5
CAPÍTULO 2
Tecnologias dos Veículos Eléctricos
2.1. Introdução
No decorrer deste capítulo é apresentada a evolução histórica dos veículos
eléctricos, veículos híbridos e veículos a células de combustível, desde o seu início até à
actualidade. São apresentadas algumas das diferentes configurações que os sistemas de
propulsão dos veículos podem ter.
Apresenta-se o tipo de motores mais usados em conversões (retirar o motor de
combustão interna e colocar um ou mais motores eléctricos) e sistemas de propulsão
eléctrica. São apresentados os tipos de sensores de posição que muitos motores
eléctricos necessitam para o seu controlo. São descritos os tipos de elementos
armazenadores de energia, utilizados em veículos de propulsão eléctrica. São ainda
comparados veículos com propulsão eléctrica e veículos com motor de combustão
interna.
Por fim enumeram-se as principais normas que os veículos com propulsão
eléctrica devem respeitar, e o processo de homologação de veículos eléctricos em
Portugal.
2.2. Veículos Eléctricos
Os veículos eléctricos não são recentes, ao contrário do que se possa pensar. Os
primeiros veículos eléctricos aparecem depois de 1830, quando Joseph Henry inventa o
primeiro motor de corrente contínua. Thomas Davenport é tido como construtor do
primeiro veículo eléctrico, em 1834. Em 1847 Moses Farmer construiu um carro
eléctrico de dois passageiros, e em 1851 Charles Page desenvolveu um carro eléctrico
que atingia a velocidade de 32 km/h.
Gaston Plante, em 1859, deu um grande passo para os veículos eléctricos, ao
construir a bateria “recarregável”. Em 1899 Camille Jenatzy captou a atenção do
mundo, com o carro “Jamais Contente” (Figura 2.1), com o qual conseguiu atingir a
velocidade de 106 km/h, e que, equipado com dois motores eléctricos de 12 V, obteve o
recorde de velocidade na altura. Em 1900 foi alcançado o recorde de maior distância
percorrida, por um carro eléctrico com uma única carga de suas baterias, 290 km, pela
empresa BGS Company's Electric Car.
No início do século XX o veículo eléctrico começou a sofrer concorrência por
parte dos veículos com motor de combustão. O veículo eléctrico, a nível tecnológico,
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
6 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
esteve sempre à frente dos veículos com motor de combustão, mas apresentava o
problema da autonomia, do tempo de carregamento e do preço das baterias. Com o
melhoramento das estradas as deslocações dentro das cidades e entre cidades
começaram a ser maiores, e a pouca autonomia dos carros eléctricos passou a ser um
problema.
Figura 2.1 – Carro eléctrico: Jamais Contente [5].
A invenção da ignição eléctrica por Charles Kettering em 1912 (passou a não ser
necessário “dar à manivela”), e a descoberta de petróleo no Texas, que provocou a
redução do preço da gasolina, foram grandes impulsionadores dos veículos com motor
de combustão interna. Em 1908, Henry Ford iniciou a produção em massa do Ford
modelo T (Figura 2.2), que custava entre 500 e 1000 USD, contribuindo para a
popularização dos veículos de combustão interna. Tudo isto levou praticamente ao
desaparecimento do Veículo Eléctrico por volta da década de 1930.
Figura 2.2 – Carro com motor de combustão interna: Ford Modelo T [6].
Na década de 1970 o veículo eléctrico voltou a ser objecto de estudo, devido à
crise do petróleo. Em 1996 a General Motors lançou o EV1 (Figura 2.3), primeiro
automóvel eléctrico a ser produzido em série. Contudo, em 2001 a maior parte da frota
destes veículos eléctricos foi retirada do mercado, chegando mesmo a acontecer, em
muitos casos, a destruição dos veículos por parte da construtora.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 7
Figura 2.3 – Carro eléctrico: EV1 da General Motors [7].
Em 2003 foi criada a empresa Tesla Motors, que apresentou o modelo Tesla
Roadster em 2006. Este carro, apresentado na Figura 2.4, é capaz de alcançar os 100
km/h em 3,9 s, graças a um motor eléctrico de 250 cv, consegue uma velocidade
máxima de 232 km/h (limitada electronicamente), e possui uma autonomia de 400 km.
Figura 2.4 – Carro eléctrico: Tesla Roadster [8].
Em 2007 ocorreu novamente uma crise do petróleo. Desde então, e até à
actualidade, tem havido um enorme interesse no desenvolvimento de veículos
eléctricos, para dessa forma se reduzir a dependência do petróleo, e também com o
objectivo de diminuir a emissão dos gases de efeito de estufa. Actualmente encontram-
se em desenvolvimento ou em produção vários modelos de veículos eléctricos
[3],[9]-[11].
Portugal é um dos primeiros países a aderir à utilização alargada dos veículos
eléctricos, tendo para tal o governo português estabelecido um acordo com o grupo
Renault-Nissan. O início da comercialização do carro eléctrico Nissan Leaf (Figura 2.5)
está prevista para fins de 2010.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
8 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.5 – Carro eléctrico: Nissan Leaf [12].
2.2.1. Vantagens e Desvantagens dos Veículos Eléctricos
A seguir são citadas as principais vantagens dos veículos eléctricos:
- Eficiente a qualquer velocidade;
- Emite menos ruído do que um veículo de combustão interna;
- Menor consumo de energia em comparação com o veículo de combustão interna,
uma vez que os motores eléctricos são mais eficientes que os motores de combustão
interna;
- Elevado binário a baixas velocidades;
- Arranques suaves;
- Em algumas configurações dispensam a embraiagem e caixa de velocidades;
- Não emitem gases poluentes;
- Não produzem resíduos de óleo que contaminam as águas;
- Não necessitam trocar óleo e filtros de óleo, de combustível e de ar;
- Não dependem de petróleo importado;
- Permitem travagem regenerativa.
As principais desvantagens dos veículos eléctricos são:
- Autonomia limitada;
- As baterias são caras, contribuindo para os preços elevados dos veículos
eléctricos;
- Podem existir problemas de atropelamento provocados pela ausência de ruído.
Este último problema citado, o da ausência de ruído, devido ao facto do motor
eléctrico ser extremamente silencioso em comparação com o motor de combustão
interna, consiste num problema de fácil solução, uma vez que o aumento da emissão de
ruído audível é bem mais fácil do que reduzi-lo. Uma das soluções passa pela colocação
de colunas a simular o barulho típico de um veículo de combustão interna.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 9
2.2.2. Configurações de Veículos Eléctricos
Existem várias configurações de veículos eléctricos, dependendo do tipo de motor
aplicado, do tipo de tecnologia do sistema de armazenamento de energia e da
localização de ambos no veículo.
Focando apenas na localização do motor no veículo, apresentam-se de seguida
algumas das alternativas possíveis para os veículos eléctricos [13]-[15].
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 2.6 – Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção traseira, onde: M – Motor
eléctrico, E – Embraiagem, CV – Caixa de velocidades, CR – Caixa redutora e D - Diferencial.
A configuração mais simples que pode ser usada, é apresentada na Figura 2.6(a),
onde simplesmente é substituído o motor de combustão interna pelo motor eléctrico
(M), contendo na mesma a embraiagem (E), a caixa de velocidades (CV) e o diferencial
(D). Outra configuração possível é retirar o motor de combustão interna e a
embraiagem, aproveitando-se apenas a caixa de velocidades e o diferencial (Figura 2.6
(b)). Na configuração da Figura 2.6(c), apenas é usado o diferencial acoplado ao motor
eléctrico, de forma a eliminar algumas perdas mecânicas, sendo esta a configuração
utilizada pelo Tesla Roadster (Figura 2.4). Na Figura 2.6(d), os motores eléctricos estão
acoplados a caixas redutoras (CR), que estão ligadas aos eixos de cada roda traseira,
sendo esta configuração utilizada pela Peugeot no modelo BB1 (Figura 2.7).
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
10 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.7 – Carro eléctrico: Peugeot BB1 [16].
Na Figura 2.6(e) os motores eléctricos estão directamente acoplados aos eixos de
cada roda traseira. A configuração utilizada na Figura 2.6(f) é aplicada pela Mitsubishi
no Colt EV (Figura 2.8), sendo uma óptima configuração para a construção de novos
veículos eléctricos, pois os motores encontram-se incorporados nas rodas, sendo
denominados de Motor in-Wheel.
Figura 2.8 – À esquerda o tipo de motor in wheel utilizado no carro eléctrico Mitsubishi ColtEV, à direita
As configurações apresentadas anteriormente são utilizadas em veículos com
tracção traseira. As vantagens da tracção traseira nos veículos eléctricos são
praticamente iguais às dos veículos com o motor de combustão interna, nomeadamente:
uniformidade de desgaste dos pneus, melhor distribuição do peso, menor tendência de
perda de tracção em saídas rápidas e/ou pisos escorregadios. Por outro lado os veículos
de tracção traseira apresentam as seguintes desvantagens: a aceleração em linha recta
apresenta um equilíbrio instável, tem mais perdas mecânicas e para os veículos
convertidos de motores de combustão para motores eléctricos apresentam menor espaço
no interior do veículo [17].
Na Figura 2.9 são apresentados os tipos de configurações para veículos eléctricos
com tracção dianteira.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 11
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 2.9 - Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção dianteira, onde: M – Motor
eléctrico, E – Embraiagem, CV – Caixa de velocidades, CR – Caixa redutora e D - Diferencial.
As configurações apresentadas na Figura 2.9 para os veículos eléctricos com
tracção dianteira são idênticas às configurações utilizadas nos veículos de tracção
traseira, apenas o sistema de tracção aplicado nas rodas traseiras é agora aplicado às
rodas dianteiras.
Os veículos de tracção dianteira apresentam as seguintes vantagens: menores
perdas mecânicas e aceleração em linha recta com um equilíbrio mais estável. No
entanto apresentam como desvantagens: um maior desgaste nos pneus dianteiros, uma
maior tendência a perder tracção em saídas rápidas e/ou em pisos escorregadios [17].
A Figura 2.10 apresenta as configurações para veículos eléctricos com tracção
integral.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
12 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
(a) (b)
(c)
Figura 2.10 - Tipos de configurações para veículos eléctricos com tracção integral, onde: M – Motor
eléctrico e CR – Caixa redutora.
A configuração para os veículos com tracção integral mais utilizada é a
apresentada na Figura 2.10(c), sendo usada pela Mitsubishi no modelo Lancer Evolution
MIEV (Figura 2.11).
Figura 2.11 – Carro eléctrico: Mitsubishi Lancer Evolution MIEV [18].
A tracção integral apresenta a vantagem de regular o binário aplicado a cada roda
sem qualquer tipo de transmissão mecânica, reduzindo assim as perdas mecânicas.
2.3. Veículos Híbridos
Tal como os veículos eléctricos, os veículos híbridos não são recentes. O primeiro
modelo de veículo híbrido remonta a 1899, construído pelo alemão Ferdinand Porsche,
e teve o nome de Mixte (Figura 2.12). Este veículo utilizava um motor de combustão
interna, com velocidade constante, acoplado a um dínamo que carregava um banco de
baterias. Os motores eléctricos estavam inseridos nos cubos das rodas dianteiras, sendo
alimentados pelo banco de baterias. Este foi o primeiro veículo a ter tracção dianteira, e
a introdução dos motores nas rodas permitiu retirar os veios de transmissão e as
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 13
engrenagens, entre outros, apresentando um rendimento total de 83%.
Figura 2.12 – Carro híbrido: Mixte [19].
Em 1900, a empresa Belga Pieper, apresentou o carro híbrido Voiturette (Figura
2.13). Este carro apresentava uma potência de 3,5 cv, sendo o motor de combustão
interna acoplado a um motor eléctrico colocado debaixo do acento. Quando este carro
andava a velocidade cruzeiro, o motor eléctrico funcionava como gerador, recarregando
as baterias. Quando o carro necessitava de mais binário, o motor eléctrico ajudava o
motor de combustão interna. Tal como ocorreu com os veículos eléctricos também os
veículos híbridos tiveram uma recaída a partir da década de 1920.
Figura 2.13 – Carro híbrido: Voiturette [20].
No ano de 1966, durante um congresso nos Estados Unidos, foi recomendada pela
primeira vez a utilização de veículos eléctricos e híbridos, de forma a reduzir a poluição
atmosférica. Entre 1968 e 1971, três cientistas da empresa TRW, Baruch Berman,
George H. Gelb e Neal A. Richardson, desenvolveram, demonstraram, e patentearam
um sistema de tracção para utilizar nos veículos híbridos, denominado de transmissão
electromecânica. Muitos dos conceitos mecânicos desenvolvidos por estes cientistas
ainda são usados nos modernos veículos híbridos.
Em 1969 a General Motors apresentou o GM512 (Figura 2.14), um Veículo
Híbrido com peso muito baixo, que permitia uma velocidade máxima de apenas
64 km/h. Apresentava três modos de funcionamento: até aos 16 km/h, funcionava
apenas com o motor eléctrico; entre os 16 km/h e os 21 km/h, combinava as duas fontes
de propulsão, motor eléctrico e motor de combustão interna a gás de dois cilindros; e
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
14 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
acima dos 21 km/h, funcionava apenas com o motor de combustão interna.
Figura 2.14 – Carro híbrido: GM512 [21].
A crise do petróleo de 1973, tal como nos veículos eléctricos, provocou também
um aumento do interesse pelos veículos híbridos. O Departamento de Energia dos
Estados Unidos realizou vários testes a veículos eléctricos e híbridos de várias empresas
construtoras, incluindo o bem conhecido táxi da Volkswagen.
Em 1993, o governo de presidente Bill Clinton dos Estados Unidos, anunciou uma
parceria com as construtoras Norte-Americanas para o desenvolvimento de uma nova
geração de veículos híbridos e eléctricos. Por outro lado, no mercado japonês, a Toyota
lançou a primeira geração do Prius, em 1997 (Figura 2.15), e chegou quase às 18 mil
unidades vendidas no primeiro ano. Nesse mesmo ano, a Audi tornou-se no primeiro
fabricante europeu a ter um Veículo Híbrido com produção em massa, o Audi Duo III
(Figura 2.16), baseado no Audi A4. O Audi Duo III foi um fracasso de vendas, tendo
apenas vendido 60 unidades. Isto levou os fabricantes europeus de automóveis a
centrarem-se na investigação e desenvolvimento do aperfeiçoamento dos motores de
combustão interna a diesel.
Figura 2.15 - Primeira geração do carro híbrido Toyota Prius [22].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 15
Figura 2.16 – Carro híbrido: Audi Duo III [23].
A Honda, em 1999, lançou a primeira geração do Insight (Figura 2.17).
Posteriormente, em 2002, foi lançado o Civic Hybrid, segundo modelo de Veículo
Híbrido da Honda.
Figura 2.17 – Primeira geração do carro híbrido Honda Insight [24].
Tal ocorre como os veículos eléctricos, encontram-se em desenvolvimento e
produção vários modelos de veículos híbridos. A título de exemplo, actualmente a
Toyota está na terceira geração do Prius (Figura 2.23) e a Honda na segunda geração do
Insight (Figura 2.21).
Os veículos híbridos inicialmente foram classificados em dois tipos: série e
paralelo. Actualmente, com a introdução de alguns novos tipos de veículos híbridos,
esta classificação passa a ser de três tipos: série, paralelo e série-paralelo. Nos itens
seguintes são apresentadas breves descrições de cada um desses tipos
[3],[9],[11],[15],[25]-[28].
2.3.1. Veículo Híbrido do tipo Série
O sistema híbrido série é composto por um motor de combustão, por um gerador
eléctrico e por um motor eléctrico (Figura 2.18). O motor de combustão interna está
acoplado ao eixo do gerador, que pode carregar as baterias ou fornecer directamente a
energia produzida ao motor eléctrico, que por sua vez acciona o eixo das rodas. Nesta
configuração, não existe qualquer tipo de ligação mecânica entre o motor de combustão
interna e as rodas, pelo que este tipo de configuração tem uma baixa eficiência. Contudo
a localização do grupo gerador (motor de combustão acoplado ao gerador eléctrico) é
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
16 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
bastante flexível em relação aos veículos convencionais. Um exemplo deste tipo de
configuração é o Chevrolet Volt, apresentado na Figura 2.19.
Figura 2.18 – Esquema do sistema série dos Veículos Híbridos.
Outra desvantagem deste tipo de configuração é a utilização do gerador eléctrico
acoplado ao motor de combustão, uma vez que o gerador é dimensionado de forma a
fornecer a potência nominal necessária para mover o veículo, aumentando
consideravelmente o preço final do mesmo. Por outro lado, permite ao motor de
combustão estar a operar em regime permanente.
Figura 2.19 – Carro híbrido: Chevrolet Volt [29].
Esta configuração, permite ao veículo híbrido o funcionamento em seis modos
diferentes, descritos abaixo:
1. O veículo funciona como veículo eléctrico, o motor de combustão encontra-se
desligado, sendo as baterias o único elemento fornecedor de energia para colocar a
funcionar o motor eléctrico;
2. O grupo motor de combustão-gerador eléctrico fornece energia directamente ao
motor eléctrico;
3. Modo combinado, onde a energia para o motor eléctrico é fornecida pelo grupo
motor de combustão-gerador e pelas baterias;
4. O grupo motor de combustão-gerador fornece energia para o motor eléctrico, e
simultaneamente carrega as baterias;
5. O grupo motor de combustão-gerador funciona apenas como carregador das
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 17
baterias;
6. Modo de travagem regenerativa, em que o motor eléctrico funciona como
gerador, recuperando a energia cinética de travagem do veículo, para carregar as
baterias.
2.3.2. Veículo Híbrido do tipo Paralelo
Na configuração paralela (Figura 2.20) existe a possibilidade do motor de
combustão interna e o motor eléctrico fornecerem potência mecânica em paralelo ao
eixo das rodas, permitindo a redução das emissões e do consumo de combustível, uma
vez que o motor de combustão interna e o motor eléctrico são acoplados ao eixo das
rodas através de duas embraiagens. Assim, permite-se que a potência mecânica
fornecida às rodas possa vir apenas do motor de combustão interna, apenas do motor
eléctrico, ou de ambos.
Figura 2.20 - Esquema do sistema paralelo dos veículos híbridos.
O motor eléctrico pode ser usado como gerador durante a travagem regenerativa,
ou quando a produção de potência mecânica pelo motor de combustão interna é superior
à necessária para movimentar o veículo.
O sistema paralelo apresenta de imediato duas vantagens em relação ao sistema
série: apenas necessita de um motor de combustão interna e de um motor eléctrico; o
motor de combustão interna e o motor eléctrico podem ser de potência inferior, aos da
configuração série para se obter o mesmo desempenho.
Um exemplo de um veículo com configuração paralela é o Honda Insight
(Figura 2.21) [3],[9],[11],[15],[26],[27].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
18 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.21 – Carro híbrido: Honda Insight, segunda geração [30].
Esta configuração, permite ao veículo o funcionamento em seis modos diferentes,
descritos abaixo:
1.O veículo funciona como Veículo Eléctrico, o motor de combustão encontra-se
desligado, sendo a propulsão do veículo dada pelo motor eléctrico, que é alimentado
pelas baterias;
2. Apenas o motor de combustão é usado para transferir potência mecânica ao
eixo das rodas;
3. Modo combinado, a potência mecânica é transferida ao eixo das rodas pelo
motor de combustão e pelo motor eléctrico;
4. O motor de combustão interna fornece simultaneamente potência mecânica ao
eixo das rodas e ao motor eléctrico, que funciona como gerador, para carregar as
baterias;
5. O motor de combustão interna apenas fornece potência mecânica ao motor
eléctrico, que funciona como gerador, para carregar as baterias (neste modo não é
fornecida potência mecânica ao eixo das rodas do veículo);
6. Modo travagem regenerativa, em que o motor eléctrico funciona como gerador
recuperando a energia cinética de travagem do veículo, para carregar as baterias.
2.3.3. Veículo Híbrido do tipo Série-Paralelo
O sistema série-paralelo (Figura 2.22) herda características dos sistemas série e
paralelo, ou seja, em relação ao sistema série existe mais uma ligação mecânica entre o
motor de combustão interna e o eixo das rodas, enquanto que, comparado com o sistema
paralelo, surge um gerador eléctrico adicional. Este sistema apresenta vantagens de
ambos os sistemas série e paralelo, enquanto os modos de operação são obtidos a partir
da interpolação dos sistemas série e paralelo.
O sistema série-paralelo, quando comparado com os outros sistemas, é mais
complicado. Contudo, os avanços tecnológicos na área do controlo têm permitido tornar
o sistema de fácil implementação. Algumas construtoras têm optado por este tipo de
sistema, como por exemplo a Toyota, com o carro híbrido Prius (Figura 2.23)
[3],[9],[11],[15],[26],[27].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 19
Figura 2.22 - Esquema do sistema série-paralelo dos veículos híbridos.
Figura 2.23 – Terceira geração do carro híbrido Toyota Prius [31].
2.3.4. Vantagens e Desvantagens dos Veículos Híbridos
As vantagens que se realçam nos veículos híbridos são:
- Economia de 30% a 50% no consumo de combustível, em relação a um veículo
de combustão interna convencional;
- Redução na emissão de gases poluentes para a atmosfera;
- Flexibilidade de usar combustíveis a base de petróleo ou alternativos;
- Elevado binário a baixas velocidades;
- Arranques suaves;
- Em algumas configurações dispensam a embraiagem e a caixa de velocidades;
- Redução do ruído audível;
- Permitem travagem regenerativa;
- Maior autonomia de que um veículo eléctrico ou mesmo do que um veículo de
combustão convencional;
- Não é necessário colocar as baterias a carregar através de uma tomada.
Os inconvenientes que se destacam em relação aos veículos híbridos são:
- Baterias caras, e que apresentam pouca autonomia;
- Alguns dos veículos híbridos disponíveis ainda apresentam um preço de
aquisição bastante elevado.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
20 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
2.4. Veículos a Células de Combustível
A primeira célula de combustível foi desenvolvida por William Grove, em 1839, e
inicialmente não teve sucesso. Em 1932, foi desenvolvida uma célula de combustível de
electrólito alcalino, por Francis Bacon. Em 1950, a célula de combustível começou a ser
utilizada no programa espacial Apollo, dos Estados Unidos, pois apresentava-se como a
melhor escolha para a produção de energia eléctrica, uma vez que a energia nuclear era
perigosa, os painéis solares eram demasiado grandes e as baterias demasiadas pesadas.
A célula de combustível utiliza a combinação entre dois gases, oxigénio e
hidrogénio, para produção de energia eléctrica, calor e água. Tipicamente, a célula de
combustível tem uma tensão de saída entre os 0,7 V e 0,8 V e uma potência da ordem
dos 100 W. As células são montadas em módulos, também chamados de stacks, ligadas
electricamente em série e paralelo, de forma a aumentar a potência de saída.
Existem vários modelos de células de combustível, classificados de forma geral
em função do tipo de electrólito que utilizam, mas também podem ser classificados em
função da temperatura de operação. A indústria automóvel tem dado especial atenção às
de membrana de polímero electrolítico [3],[9].
Iões de hidrogénio
Figura 2.24 - Célula de combustível com membrana de polímero electrolítico [32].
As reacções químicas que ocorrem, nas células de combustível com membrana de
polímero electrolítico, são as seguintes:
2 2 2Anodo H H e (2.1)
12 2 22 2Cátodo O H e H O (2.2)
122 2 2reacção total na célula H O H O (2.3)
A célula de combustível apresenta as seguintes vantagens: construção simples e
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 21
robusta, possibilidade de operar a baixas temperaturas, ausência de ruído audível, rápida
colocação em funcionamento. Em contrapartida, têm um custo elevado. Os veículos a
células de combustível podem ser considerados como veículo híbrido do tipo série, uma
vez que a célula de combustível se encontra em série no percurso da energia até chegar
ao motor eléctrico, como se pode ver no sistema apresentado na Figura 2.25.
Figura 2.25 - Esquema do sistema composto pela célula de combustível.
O primeiro veículo a células de combustível foi desenvolvido pela General
Motors em 1967. Era um veículo de seis passageiros, chamado de Electrovan
(Figura 2.26), sendo utilizado exclusivamente na propriedade da General Motors, por
questões de segurança.
Figura 2.26 – Carro a células de combustível: Electrovan da General Motors [33].
Nos últimos anos, as células de combustível tem sido alvo de grande investigação
por parte das empresas construtoras de veículos, pelas razões e vantagens apresentadas,
quer para os veículos eléctricos, quer para os veículos híbridos. Um exemplo desse
desenvolvimento é o Honda FCX Clarity, representado na Figura 2.27 [3],[34].
Figura 2.27 - Carro a células de combustível Honda FCX Clarity [35].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
22 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
2.4.1. Vantagens e Desvantagens dos Veículos a Células de Combustível
As vantagens que se realçam nos veículos a células de combustível são:
- Poluição local nula;
- Elevado binário a baixas velocidades;
- Arranques suaves;
- Redução do ruído;
- Permitem travagem regenerativa;
- Menores custos de manutenção.
Os inconvenientes que se destacam são:
- Preços elevados;
- Necessidade de produção de hidrogénio;
- Dificuldades no armazenamento do hidrogénio;
- Dificuldades na distribuição do hidrogénio.
2.5. Motores Eléctricos
Existe uma vasta gama de motores eléctricos que podem ser utilizados nos
sistemas de propulsão eléctrica, contudo nem todos os motores eléctricos apresentam
um bom desempenho para serem aplicados a um sistema de propulsão eléctrica. Ao
longo dos últimos anos, têm sido quatro os tipos de motores que mais se realçam na
aplicação a sistemas de propulsão eléctrica e nas conversões (substituição do motor de
combustão por motor eléctrico), sendo eles: o motor de corrente contínua; o motor de
indução; o motor síncrono de ímanes permanentes; e o motor de relutância
(Figura 2.28).
Figura 2.28 – Tipos de motores eléctricos mais usados nos veículos eléctricos [36].
Como referido anteriormente, nem todos os motores têm um bom desempenho
quando aplicados a um sistema de propulsão eléctrica, ou seja, os motores necessitam
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 23
de ter boas características em alguns requisitos típicos de tracção, nomeadamente
[36][37]:
- Alta densidade de binário e potência;
- Binário elevado a baixa velocidade e potência alta para a velocidade nominal;
- Ampla faixa de velocidade a potência constante;
- Alta eficiência nas travagens;
- Alta fiabilidade e robustez;
- Baixo ruído durante o funcionamento;
- Custo aceitável.
Nos próximos itens é dada uma breve explicação sobre cada um dos quatro tipos
de motores mais usados nos sistemas de propulsão eléctrica.
2.5.1. Motores de Corrente Contínua
Os motores de corrente contínua (DC – Direct Current) já tiveram grande
destaque nos sistemas de propulsão eléctrica. Pela capacidade de produzir elevado
binário a baixas velocidades, apresentam uma curva binário/velocidade adequada às
aplicações de tracção. São uma tecnologia madura com um controlo simples. Para
alterar a velocidade de funcionamento do motor DC, apenas é necessário controlar a
tensão aplicada ao motor.
No entanto, os motores DC são de construção volumosa, baixa eficiência, baixa
fiabilidade e maior manutenção, principalmente pela presença dos anéis comutadores e
das escovas. Além disso, atrito existente entre os anéis comutadores e as escovas, bem
como o facto de possuírem enrolamentos no rotor, limita a velocidade máxima com que
o motor DC pode operar.
Os motores DC podem ter, dois, quatro ou seis pólos, dependendo da potência e
tensão. Existem três tipos de motores DC, dependendo da configuração do enrolamento
de campo: série, shunt ou de excitação separada. Os motores DC do tipo shunt têm
melhor controlabilidade que os motores DC série. Os de excitação separada são
adequados para operar com enfraquecimento de campo, devido às características de
binário dissociado e controlo de fluxo. Por outro lado, têm uma ampla faixa de potência
constante.
Ao substituir o enrolamento de campo dos motores DC por ímanes permanentes,
verifica-se uma redução considerável do diâmetro do estator, devido a um mais eficiente
uso do espaço radial. Devido à baixa permeabilidade dos ímanes permanentes, a reacção
da armadura geralmente é reduzida, e a comutação melhorada [11],[13],[37]-[41].
Na Figura 2.29 é apresentado o primeiro veículo eléctrico em produção, em
Portugal, o FUTI da empresa FUTI, equipado com um motor DC.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
24 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.29 – Carro eléctrico com motor DC, FUTI [42].
2.5.2. Motores de Indução
Os motores de indução (IM - Induction Motor) são amplamente usados nos
sistemas de propulsão eléctrica. Apresentam uma construção simples e baixo custo, são
fiáveis e robustos, podem de trabalhar em ambientes hostis, e praticamente ausência de
manutenção.
A não utilização de anéis comutadores ou de enrolamentos no rotor permite que
os motores de indução do tipo gaiola de esquilo, possam funcionar acima da velocidade
nominal.
O controlo convencional dos motores de indução, como o de tensão e frequência
variáveis, não garante o desempenho desejado para os sistemas de tracção, sendo o
principal motivo disso a não linearidade do modelo do motor de indução. Contudo o
desempenho pretendido para os sistemas de tracção pode ser obtido a partir de outros
controlos, como por exemplo, o controlo orientado ao enfraquecimento de campo (FOC
- Field Orientated Control). Contudo, o custo deste tipo de sistema de controlo é
superior ao utilizado para os motores de corrente contínua [11],[37],[38],[41].
2.5.3. Motor Síncrono de Ímanes Permanentes
O motor síncrono de ímanes permanentes (PMSM - Permanent Magnet
Synchronous Motor) deriva do motor síncrono, ao substituir o enrolamento de campo
por ímanes permanentes. O motor síncrono de ímanes permanentes, também é chamado
de Permanent Magnet Brushless AC motor (PMBLAC), sinusoidal-fed Permanent
Magnet Brushless motor, Brushless AC motor (BLAC) ou Brushless Direct Current
(BLDC).
Este tipo de motor tem a vantagem de apresentar elevado binário a baixas
velocidades, bem como uma elevada densidade de potência e eficiência. A eliminação
dos anéis comutadores permite um peso total e volume reduzidos, elimina as perdas do
rotor e proporciona uma maior eficiência na dissipação do calor para o meio ambiente
[11],[37],[38],[41].
Existem dois tipos de classificação do motor síncrono de ímanes permanentes,
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 25
pela posição dos ímanes no rotor e pela forma de onda da força contra-electromotriz
gerada. Quanto ao posicionamento dos ímanes no rotor, o motor síncrono de ímanes
permanentes pode ser de dois tipos: com os ímanes montados no interior do rotor e com
os ímanes montados na superfície do rotor [43] (Figura 2.30).
Figura 2.30 – Exemplo da colocação dos ímanes permanentes no rotor: ímanes superficiais (esquerda) e
ímanes interiores (direita) [43].
Quanto à forma de onda da força contra-electromotriz, o motor síncrono de
ímanes permanentes pode ser de dois tipos: sinusoidal, mais conhecido por PMSM e
trapezoidal, mais conhecidos por BLDC [43],[44] (Figura 2.31).
ei
ei
Figura 2.31 – Formas de onda da força contra-electromotriz (e) e da corrente de alimentação (i): PMSM
(esquerda) e BLDC (direita)
2.5.4. Motor de Relutância
Embora o princípio do motor de relutância (SRM - Switched Reluctance Motor)
seja conhecido há mais de um século, ultimamente tem ganho muito interesse, por ter
grande potencial para aplicações nos sistemas de propulsão eléctrica.
Basicamente, o motor de relutância é uma derivação directa do motor de passo de
relutância variável. Tem a vantagem de apresentar uma construção simples e robusta,
baixo custo, tolerância a falhas, elevado binário a baixas velocidades, controlo simples e
característica binário/velocidade excelente para aplicações nos sistemas de propulsão
eléctrica. A estrutura do rotor é extremamente simples, não possui enrolamentos, nem
ímanes, nem anéis comutadores ou escovas.
O motor de relutância tem uma ampla gama de velocidade, sendo adequado para
sistemas de propulsão eléctrica, pois permite que não se utilizem engrenagens entre o
motor e o eixo da roda. O aumento da gama de velocidade, que pode atingir valores 2 a
Ímanes Permanentes
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
26 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
3 vezes superiores à velocidade nominal, é obtido a partir da utilização de sistemas de
controlos adequados.
Por outro lado, o motor de relutância apresenta como desvantagens: ripple no
binário; ruído acústico; necessidade de uma topologia especial para o conversor
electrónico; produção de interferências electromagnéticas. Em alguns casos é necessário
saber a posição do rotor de forma que o motor possa ser controlado adequadamente
[11],[37],[38],[40],[41].
2.5.5. Comparação entre os Motores Apresentados
A Tabela 1 compara os quatro tipos de motores anteriormente descritos, com
relação às principais características de selecção do tipo de motor a usar. A cada
característica é atribuído um valor entre 1 e 5, onde 1 corresponde a “fraco” e 5 a “bom”
[38].
Tabela 1 – Avaliação dos motores para veículos eléctricos.
Motor de
Corrente
Contínua
Motor de Indução
Motor Sincrono
de Ímanes
Permanentes
Motor de
Relutância
Densidade de
Potência 2,5 3,5 5 3,5
Eficiência 2,5 3,5 5 3,5
Controlabilidade 5 5 4 3
Fiabilidade 3 5 4 5
Maturidade da
Tecnologia 5 5 4 4
Custo 4 5 3 4
Total 22 27 25 23
Pela soma total dos valores dados às características acima apresentadas, o motor
de indução mostra-se como o candidato mais adequado para os sistemas de propulsão
eléctrica. Contudo, analisando individualmente cada característica, o motor de indução
não é o melhor de cada uma. A nível de eficiência, o motor síncrono de ímanes
permanentes apresenta vantagem sobre os outros motores comparados, de seguida
aparece o motor de indução, depois o de relutância, e por fim o menos eficiente, o motor
de corrente contínua.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 27
Em alguns casos a escolha do motor deve ser ponderada de acordo com o tipo de
aplicação. Por exemplo, nos veículos de combate, as características importantes são:
fiabilidade e maturidade tecnológica, apresentando menos importância a eficiência
[13],[37],[38],[45].
Contudo, quando se pretende ter uma aplicação de baixo custo, os tradicionais
motores de corrente contínua continuam a ter uma enorme aplicação, não só nas
conversões (de veículos de combustão interna em eléctricos), mas também em novos
veículos eléctricos, como por exemplo o FUTI, apresentado na Figura 2.29.
2.6. Sensores de Posição
Para a maior parte dos sistemas de controlo é necessário saber a posição
instantânea do rotor do motor eléctrico. São quatro os principais tipos de sensores de
posição que podem ser utilizados: sensor óptico, resolver, potenciómetro e LVDT
(Linear Variable Differential Transformer). O sensor óptico e o resolver são os sensores
que mais se aplicam no controlo de motores. De seguida são apresentados os sensores
ópticos, resolver e OnAxis [46].
2.6.1. Sensor Óptico
O sensor óptico é o tipo de sensor mais utilizado, devido ao facto de apresentar
uma alta resolução, com interface digital, não conter contactos mecânicos e ter alta
repetibilidade. Em contrapartida, é frágil, necessita de circuitos de interface e é caro.
O sensor óptico consiste num disco com sectores transparentes e opacos, montado
no eixo de rotação. Possui uma fonte de luz e um fotodetector (Figura 2.32). Quando a
luz é interrompida pelo sector opaco, o sensor produz um pulso digital na saída.
Existem dois tipos de sensores ópticos: o incremental e o absoluto. De seguida
passam-se à descrição de cada um.
Emissor de luz
Detector
Disco rotativo
Trilha de código
Rotor
Figura 2.32 – Sensor óptico [47].
Sensor Óptico Incremental
O sensor óptico incremental tem uma boa precisão e é fácil de implementar.
Apresenta a grande desvantagem de não fornecer a posição quando o motor está parado.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
28 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
O tipo de sensor óptimo incremental mais comum usa dois canais de saída com sensores
ópticos de leitura desfasados de 90º. Devido a este desfasamento o sensor fornece não
só a posição mas também o sentido de rotação. Este tipo de sensor também é chamado
de sensor em quadratura.
Como se pode observar na Figura 2.33, se o sinal A aparecer primeiro que o sinal
B, o motor está a rodar para a direita, enquanto que se for o sinal B a aparecer primeiro
e só depois o sinal A, o motor está a rodar para a esquerda.
1 Ciclo
90º
Contador sem detecção da quadratura
Contador com detecção da quadratura
Figura 2.33 – Sensor óptico em quadratura [48].
A maior parte deste tipo de sensores possui ainda uma terceira saída, chamada
“zero” ou “índice de sinal de referência”. No fim de cada volta esta saída fornece um
pulso, sendo este utilizado para uma maior precisão da posição de referência [46].
Sensor Óptico Absoluto
No sensor óptico a resolução depende do seu número de bits, sendo tão melhor a
resolução quanto maior for o número de bits, este sensor não apresenta o problema de
perder a posição onde se encontra quando o motor está parado.
A Figura 2.34 apresenta um sensor óptico absoluto de 8 bits, que corresponde ao
número de camadas de transparente e opaco a partir do centro para a periferia do disco.
Disco rotativo de 8 bits
Emissor de luz
Disco rotativoSaída
Fotodetectores
Figura 2.34 – Sensor óptico absoluto [48].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 29
2.6.2. Resolver
O sensor resolver (ou transformador rotativo) trabalha com base no princípio do
transformador, como se pode verificar na Figura 2.35.
Useno
Rotor Ucoseno
Uref
Figura 2.35 – Sensor resolver [49].
No sensor resolver a frequência das tensões induzidas é idêntica à da tensão de
referência (Uref), e as amplitudes dessas tensões variam de acordo com o seno e coseno
do ângulo do eixo, como se pode verificar na Figura 2.36. Para calcular o ângulo ( )
utiliza-se a função inversa da tangente do quociente entre o valor Useno com o valor de
Ucoseno, como se pode ver na expressão 2.4 [46].
cos
tan seno
eno
Uarc
U (2.4)
Tensão de saída em seno
Tensão de saída em coseno
Tensão de referência
Figura 2.36 – Formas de onda da tensão de referência e das tensões de saída do sensor resolver [49].
Os sensores do tipo resolver apresentam a vantagem de serem resistentes ao
choque, vibração, radiação nuclear e distúrbios eléctricos; toleram a sujeira e poeira; são
baratos e possuem uma longa vida. Por outro lado apresentam o inconveniente de
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
30 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
necessitarem de uma interface electrónica, uma vez que possuem saída analógica e
terem limitações na gama de velocidade medida.
2.6.3. Sensor OnAxis
O sensor OnAxis (Figura 2.37) é uma tecnologia recente, em expansão, utilizado
em várias aplicações de forma a proporcionar confiança na posição e velocidade do eixo
onde está aplicado.
Figura 2.37 – Sensor OnAxis [50].
A não existência de contactos entre o veio de medição e o sensor torna o sensor
OnAxis num sistema de baixo custo, tanto em preço como em fiabilidade. Resolução e
precisão são da ordem das décimas de grau, sendo suficiente em muitas aplicações.
O sensor OnAxis consiste num chip que internamente contém um array de
posições, com um cilindro exterior, magneticamente polarizado. Quando o cilindro roda
o chip recebe a variação da densidade de fluxo magnético e produz a informação sobre a
posição do eixo.
A maior parte dos sensores, independentemente do princípio de funcionamento,
inicialmente trabalham a partir dos sinais seno e coseno. Os codificadores ópticos
podem produzir até vários milhares de sinais sinusoidais por volta, enquanto os sensores
OnAxis com sensor Hall produzem apenas um sinal sinusoidal por volta.
O valor da posição é calculado da mesma forma que nos sensores do tipo resolver
(expressão 2.4). Existem dois tipos de sensores magnéticos que se podem usar no sensor
OnAxis: magnético resistivo e Hall.
O sensor magnético resistivo fornece dois períodos por volta, só é sensível à
componente paralela da densidade do fluxo magnético, não tem sensibilidade magnética
bipolar, não é linear, tem histerese eléctrica e é sensível aos campos magnéticos.
O sensor Hall apresenta um único período por volta, só é sensível à componente
perpendicular da densidade do fluxo magnético, tem boa sensibilidade magnética
bipolar, tem uma resposta linear da densidade do fluxo magnético, não tem histerese
eléctrica, e tem leitura diferencial dos sensores.
O mais usado destes dois tipos de sensores é o sensor Hall, pois apresenta a
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 31
vantagem de fornecer a posição absoluta.
O array interno de posições e formado por sensores que estão dispostos em
círculo com ângulos iguais entre eles, no mínimo devem ser usados quatro sensores ou
múltiplos de quatro. Os sensores são distribuídos pelos quatro quadrantes, onde em cada
quadrante existe o mesmo número de sensores. Em cada quadrante é produzido um sinal
S1, S2, S3, S4, como se pode observar na Figura 2.38
Figura 2.38 – Array do sensor Hall com oito sensores.
O raio do círculo tem de estar dentro da gama de valores do raio do campo
magnético produzido pelo cilindro exterior. Os quatro sinais encontram-se deslocados
de 90º entre eles, com a soma adequada dos mesmos é possível produzir os sinais seno e
coseno a partir das seguintes equações [51]:
1 2 3 4seno S S S S (2.5)
1 2 3 4coseno S S S S (2.6)
Deve-se ter especial atenção a resolução deste tipo de sensores, uma vez que
depende da velocidade máxima de rotação, como se pode ver na Tabela 2 (com base no
sensor RMB28SC da RLS).
Tabela 2 – Características do sensor OnAxis RMB28SC da RLS [50].
Opções de Resolução Velocidade Máxima
(rpm) Precisão Histerese
128,256 60000 ±0,7o
0,45o
320,400,500,512 30000 ±0,7o 0,18
o
800,1000,1024 20000 ±0,5o 0,18
o
1600,2000,2048 10000 ±0,5o 0,18
o
4096 5000 ±0,5o 0,18
o
8192 2500 ±0,5o 0,18
o
O sensor OnAxis apresenta várias saídas, como por exemplo, SSI (Absolute binary
synchro-serial), incremental, seno/coseno e de tensão linear. As seguintes figuras
apresentam a evolução temporal destas saídas.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
32 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.39 – Saída em SSI [50].
Figura 2.40 – Saída em incremental (esquerda), saída em seno/coseno (direita) [50].
Figura 2.41 – Saída em tensão linear [50].
As principais vantagens dos sensores OnAxis são:
- Gama de operação de temperatura entre os -40º C a 125º C;
- Velocidades de funcionamento altas, pode ir até as 60000 rpm;
- A não existência de contactos proporciona um design robusto;
- Design compacto de baixo perfil;
- Resoluções até 13 bits;
- Baixo custo;º
- Posição absoluta.
2.7. Elementos Armazenadores de Energia
O armazenamento de energia é uma das peças fundamentais nos sistemas dos
veículos eléctricos. O armazenamento pode ser feito por baterias, volante de inércia e
ultracondensadores. Nos próximos itens é dada uma pequena explicação sobre cada uma
destas formas de armazenamento de energia.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 33
2.7.1. Baterias
As baterias são o tipo de elemento armazenador de energia eléctrica que
funcionam por reacção electroquímica no seu interior.
Existem várias regras a respeitar na colocação das baterias nos veículos eléctricos,
tais como: uma distribuição equilibrada do peso no veículo eléctrico; terminais de saída
o mais próximos possível do controlador do motor; boa acessibilidade; protecção contra
derrames, temperatura ambiente e vibrações. Estas regras podem variar de veículo para
veículo [52].
Existem vários tipos de baterias para os sistemas de propulsão eléctrica. Os
principais tipos são:
- Chumbo;
- Níquel-Cádmio;
- Níquel-Hidreto-Metálico;
- Lítio-Polímero;
- Lítio Fosfato de Ferro;
- Enxofre de Sódio;
- Zinco-Ar.
São cinco os tipos de baterias que mais se aplicam aos sistemas de propulsão
eléctrica. As de Chumbo, Níquel-Cádmio, Níquel-Hidreto-Metálico, Lítio-Polímero e
Lítio Fosfato de Ferro. Os itens seguintes explicam a tecnologia de cada tipo destas
baterias.
Baterias de Chumbo
A bateria de Chumbo (Pb) tem sido utilizada há mais de um século e continua a
ser ainda largamente usada nos veículos. Os materiais usados para a sua construção
(chumbo, óxido de chumbo e ácido sulfúrico) são de baixo custo em comparação com
as tecnologias concorrentes. A reacção química global de uma bateria de Chumbo é a
seguinte:
2 2 4 4 22 2 2Pb PbO H SO PbSO H O (2.7)
Como vantagens das baterias de chumbo temos: baixo custo, tecnologia madura e
alta capacidade de armazenamento. Estas são vantagens atraentes para a utilização em
veículos eléctricos.
Por outro lado, as baterias de chumbo apresentam como desvantagem a baixa
densidade energética, principalmente devido ao elevado peso molecular de chumbo. De
referir também a redução da capacidade de armazenamento para temperaturas inferiores
a 10ºC, inviabilizando a sua aplicação em veículos que circulem em climas frios.
A presença nas baterias de chumbo do ácido sulfúrico, que é altamente corrosivo,
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
34 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
é um perigo para a segurança dos ocupantes do veículo. A fim de proporcionar um bom
nível de protecção contra derrames, as baterias são seladas. Mesmo assim esta solução
ainda pode trazer problemas, nomeadamente no caso de baterias inchadas e deformadas
devido à acumulação de pressão no seu interior. O hidrogénio libertado é um potencial
perigo, já que mesmo em pequenas quantidades é extremamente inflamável. No fim da
sua vida útil estas baterias tornam-se num problema ambiental se não forem recicladas,
uma vez que o chumbo dos eléctrodos é tóxico [3],[11].
Baterias de Níquel-Cádmio
A bateria de Níquel-Cádmio (NiCd) foi considerada uma concorrente da bateria
de Chumbo na aplicação em veículos eléctricos, visto que apresenta quase o dobro da
densidade de energia em relação às de Chumbo.
São usados os mesmos eléctrodos positivos e electrólito que nas baterias de
Níquel-Ferro, combinados com cádmio metálico nos eléctrodos negativos. A reacção
química global de uma bateria de Níquel-Cádmio é a seguinte:
2 2 22 2 ( ) 2 ( )Cd NiOOH H O Cd OH Ni OH (2.8)
A tecnologia da bateria de Níquel-Cádmio é muitas vezes preferida pelas
vantagens que apresenta: elevada densidade de potência (acima de 220 W/kg); longa
vida útil (até aos 2000 ciclos); alta tolerância eléctrica; tolerância à má utilização
mecânica; pequena queda de tensão mesmo para corrente de descarga elevada; rápida
capacidade de carga (passa dos 40% para 80% em 18 minutos); operação entre os -40ºC
e 80ºC; baixa taxa de auto-descarga (inferior a 0.5% ao dia); boa para o armazenamento
a longo prazo, devido à corrosão desprezável e a ampla variedade de tamanhos.
A bateria de Níquel-Cádmio apresenta as desvantagens do elevado custo inicial,
da baixa tensão por célula, da elevada toxicidade, do efeito memória e dos prejuízos
para o ambiente devido ao cádmio [3],[11].
Baterias de Níquel-Hidreto-Metálico
A bateria de Níquel-Hidreto-Metálico (NiMh) é a mais recente tecnologia de
baterias à base de Níquel. Apresenta características semelhantes às das baterias de
Níquel-Cádmio, diferindo no uso do hidrogénio absorvido pelo hidreto metálico, para o
material activo do eléctrodo negativo, em vez do cádmio utilizado nas baterias de
Níquel-Cádmio.
Devido à sua elevada capacidade de armazenamento, possui uma maior densidade
de energia em relação à bateria de Níquel-Cádmio, e devido à ausência de toxicidade, a
bateria de Níquel-Hidreto-Metálico é a substituta natural da bateria Níquel-Cádmio.
A reacção química global de uma bateria de Níquel-Hidreto-Metálico é a seguinte:
2( )MH NiOOH M Ni OH (2.9)
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 35
Actualmente, uma célula de Níquel-Hidreto-Metálico tem uma tensão nominal de
1,2 V, podendo chegar a ter uma densidade de energia de 65 Wh/kg, e uma densidade
de potência de 200 W/kg. O elemento base da bateria de Níquel-Hidreto-Metálico é a
liga metálica que armazena o hidrogénio, tendo sido formulada para manter o
hidrogénio estável durante o maior número de ciclos possível. No entanto ainda
apresenta a desvantagem do custo inicial elevado. Além disso, neste tipo de baterias
pode ocorrer o “efeito de memória”, e libertar calor durante a carga.
A liga metálica mais usada nesta tecnologia pode ser de dois tipos: AB5 e AB2. A
liga AB2 apresenta maior capacidade energética que a liga AB5. Contudo a tendência é
utilizar a liga AB5, pois apresenta maior retenção de carga e maior estabilidade [3],[11].
Este tipo de baterias é utilizado no Toyota RAV4 EV, apresentado na Figura 2.42.
Figura 2.42 – Carro eléctrico com baterias de Níquel-Hidreto-Metálico: Toyota RAV4 EV [53].
Baterias de Lítio-Polímero
A bateria de Lítio-Polímero (LiPo) surgiu como resultado de pesquisas realizadas
na década de 70 sobre a condução iónica dos electrolíticos em estado sólido. Utiliza o
metal lítio como eléctrodo negativo e o óxido de metal como eléctrodo positivo.
A reacção química global de uma bateria de Lítio-Polímero é a seguinte:
y z x y zxLi M O Li M O (2.10)
O lítio sólido presente no eléctrodo negativo é a causa dos maiores problemas das
baterias de Lítio-Polímero, devido aos problemas de segurança apresentado, e em
alguns casos devido à diminuição do desempenho.
Estes problemas têm sido ultrapassados pelas baterias de Lítio Fosfato de Ferro.
No entanto, ainda existem construtoras a apostar na tecnologia de Lítio-Polímero, como
é o caso da Hyundai com o modelo Elantra LPI, apresentado na Figura 2.43 [3],[11].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
36 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 2.43 – Carro híbrido com baterias de Lítio-Polímero: Hyundai Elantra LPI [54].
Baterias de Lítio Fosfato de Ferro
A bateria de Lítio Fosfato de Ferro (LiFePO4) (Figura 2.44) foi desenvolvida por
um grupo de investigação da Universidade do Texas em 1996. Apresenta boas
características de segurança, densidade de energia de 150 Wh/kg, vida útil de até 2000
ciclos, é leve, tem baixa taxa de auto-descarga, não tem “efeito de memória” e possui
alto rendimento. Estas vantagens fazem com que a bateria de Lítio Fosfato de Ferro seja
uma boa candidata aos sistemas de propulsão eléctrica.
Figura 2.44 – Exemplo de uma bateria de Lítio Fosfato de Ferro [55].
Por outro lado, apresenta um custo inicial elevado, é necessário ter cuidado com
as tensões máxima e mínima de cada célula e com a temperatura de funcionamento,
uma vez que ultrapassados os valores de referência a bateria danifica-se. Actualmente
existem sistemas de controlo, designados por BMS (Battery Management System), que
asseguram o correcto funcionamento das baterias [4],[56].
A bateria de Lítio Fosfato de Ferro é utilizada no modelo e6 da BYD, apresentado
na Figura 2.45.
Figura 2.45 – Carro eléctrico com baterias de Lítio Fosfato de Ferro: BYD e6 [57].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 37
2.7.2. Volante de Inércia
O volante de inércia é um dispositivo mecânico com um elevado momento de
inércia, utilizado para armazenar energia sobe a forma de energia cinética de rotação.
O conceito de volante de inércia não é novo: na década de 1950 a empresa
Oerlikon apresentou um autocarro, denominado Gyrobus (Figura 2.46)., onde a energia
era armazenada num volante de inércia. O volante de inércia ficava localizado debaixo
do piso, a rodar a 3000 rpm. Acoplado ao volante de inércia estava um gerador que
alimentava o motor de tracção. O Gyrobus era um veículo híbrido do tipo série, mas em
vez de ter o habitual motor de combustão interna a accionar o gerador, tinha o volante
de inércia.
Figura 2.46 – Veículo híbrido com volante de inércia: Gyrobus no posto de carregamento em 1953 [58].
A principal vantagem do volante de inércia é a elevada potência armazenada,
sendo fácil obter e armazenar a energia no volante de inércia. Apresenta uma construção
simples, embora existam grandes preocupações com a segurança em caso de acidente.
Em caso de acidente o volante de inércia poderia actuar como uma bomba, uma vez que
a energia seria libertada quase instantaneamente, além de que pode ser produzido o
efeito giroscópio.
Contudo a utilização do volante de inércia com dimensões reduzidas torna-se útil
nos sistemas de propulsão eléctrica, porque pode ser usado no sistema de travagem
regenerativa [3],[58].
2.7.3. Ultracondensadores
O ultracondensador utiliza apenas características físicas dos materiais o que
permite o seu carregamento rápido, uma vez que não existem reacções químicas. Nas
descargas pode fornecer uma elevada quantidade de energia em pouco tempo,
devolvendo quase toda a energia que recebe. O ultracondensador tem ainda um elevado
rendimento.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
38 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
O tempo de descarga depende da capacidade (C) do ultracondensador e da
resistência do circuito de descarga. O número de ciclos de vida é excelente quando
comparado com o das baterias. Quando os ultracondensadores estiverem totalmente
optimizados para a utilização nos veículos eléctricos espera-se que durem tanto quanto a
vida útil do próprio veículo.
A utilização de ultracondensadores como elementos armazenadores de energia
requer, na maior parte das aplicações, circuitos conversores de tensão, uma vez que à
medida que se descarregam a tensão aos seus terminais vai baixando.
Actualmente os ultracondensadores têm como principal aplicação nos veículos
eléctricos a travagem regenerativa, sendo carregados durante a travagem regenerativa, e
fornecendo a energia armazenada durante as acelerações do veículo [3],[15],[26],[27].
2.8. Comparação entre Veículos Eléctricos e Veículos de Combustão
Interna
Os sistemas de propulsão eléctrica, em geral, apresentam mais vantagens do que
desvantagens em relação aos sistemas de propulsão por motores de combustão interna.
Os sistemas de propulsão eléctrica permitem uma condução agradável e
silenciosa. Em muitos veículos eléctricos existentes, ou em produção, são retiradas
várias peças que são fonte de ruído no veículo de combustão interna, como exemplo o
motor de combustão interna. Não emitem qualquer tipo de gases nocivos para a
atmosfera, uma vez que consomem energia eléctrica.
Os motores eléctricos apresentam uma eficiência na ordem dos 85 a 95%,
enquanto os motores de combustão interna têm uma eficiência na ordem dos 20 a 30%,
sendo a restante energia desperdiçada sob a forma de calor.
Os custos de manutenção nos veículos eléctricos são inferiores aos dos veículos
de combustão interna, não sendo necessário fazer as típicas revisões que se fazem nos
veículos de combustão interna, de forma a mudar o óleo, filtros, correia de distribuição,
etc.
Os veículos eléctricos podem ter um custo de aquisição superior ao dos veículos
de combustão interna, no entanto a diferença é recuperada com a economia em termos
energéticos e de manutenção.
Em alguns países existe legislação que favorece os proprietários de veículos
eléctricos, reduzindo os impostos, quer no acto de compra, quer durante o tempo de vida
do veículo. Actualmente em Portugal, os carros eléctricos pagam apenas 30% do
imposto automóvel.
Na Tabela 3 é apresentada a comparação entre os veículos eléctricos, veículos
híbridos, veículos com células de combustíveis e veículos de combustão interna
[9],[15].
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 39
Tabela 3 – Comparação entre alguns tipos de sistemas de propulsão.
Veículos Eléctricos Veículos Híbridos Veículos a Células de
Combustível
Veículos a Combustão
Interna
Tipo de propulsão
Motor Eléctrico Motor Eléctrico e
Motor de Combustão Interna
Motor Eléctrico Motor de
Combustão Interna
Fonte de energia
Baterias e Ultracondensadores
Baterias, Ultracondensadores
e Petróleo Hidrogénio Petróleo
Eficiência Alta Média Alta Baixa
Emissões de gases
Zero Baixas Zero Altas
Custo inicial Alto Alto Alto Baixo
Custo utilização Baixo Médio Baixo Alto
Autonomia Baixa Alta Alta Alta
Manutenção Baixa Alta Baixa Alta
2.9. Normas aplicadas a Veículos de Propulsão Eléctrica
Os veículos de propulsão eléctrica utilizam diversas tecnologias novas. É
necessária a utilização de novas normas de forma a não se tornar os veículos de
propulsão eléctrica num sistema confuso. A normalização tem por base trazer
comodidade, quer ao utilizador, quer ao fabricante, facilitar a produção, reduzir o custo
de fabricação, entre outros.
Existem duas instituições responsáveis pela normalização de tecnologias
relacionadas com os veículos de propulsão eléctrica: o IEC (International
Electrotechnical Commission), que lida com tudo o que seja das áreas eléctricas; e a
ISSO (International Organization for Standardization), que lida com todos os outros
tipos de tecnologia. A divisão entre IEC e ISO está feita da seguinte forma: o IEC
responsabiliza-se pelos componentes eléctricos e pela infra-estrutura de apoio e
alimentação dos veículos de propulsão eléctrica. A ISO trata dos veículos de propulsão
eléctrica como um todo. Existe intercomunicação entre ambas as entidades de forma a
resolver ambiguidades e debater sobre as dúvidas que surjam.
No IEC foram criados três Comités Técnicos responsáveis pelos veículos de
propulsão eléctrica. Estes apresentam as seguintes designações: TC69, SC23E e SC23H,
sendo que os dois últimos apresentam uma forte ligação ao primeiro. Dentro do comité
TC69, são criados três grupos de trabalho: o WG2, responsável pelos motores e
controladores; o WG3, responsável pelas baterias; e o WG4, responsável pelas infra-
estruturas.
Na entidade ISO foi criado o comité TC22 SC21, o qual foi dividido em dois
grupos: o WG1, responsável pela segurança, terminologia e especificações de
performance nos veículos eléctricos; e o WG2, responsável pelas especificações de
performance, gestão do estado das baterias nos veículos híbridos, segurança, e outros
assuntos técnicos nos veículos a células de combustível.
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
40 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
De seguida são apresentadas várias tabelas com as principais normas aplicáveis
aos veículos de propulsão eléctrica [59]-[61].
Tabela 4 – Normas para terminologia em veículos híbridos.
Normas para terminologia em veículos híbridos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Terminologia ISO 8713 EN 13447 SAE J1715
JEVS Z805 JEVS Z806 JEVS Z807 JEVS Z808
Terminologia (Veículos a Células de Combustível)
SAE J2574
Tabela 5 – Normas respeitantes a baterias para veículos eléctricos.
Normas respeitantes a baterias para veículos eléctricos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Performance, Ácido/Zinco IEC 60254/1 EN 60254/1
JEVS D701 JEVS D702 JEVS D703 JEVS D704
Tamanho, células Ácido/Zinco IEC 60254/2 EN 60254/2
Tamanho, células Ácido/Zinco, Mónobloco
SAE J1797 JEVS D001
Carga, Ácido/Zinco IEC 61044 EN 61044
Performance, NiCD IEC 61382/1
Performance, NiMH
JEVS D705 JEVS D706 JEVS D707 JEVS D708 JEVS D709
Tamanho NiMH SAE J1797 JEVS D002
Performance, Generalidades IEC 61982/2 IEC 61982/3
SAE J1798 SAE J2288
Baterias, Generalidades SAE J2289 SAE J2380 SAE J2464
Tabela 6 – Normas de segurança para veículos eléctricos.
Normas de segurança para veículos eléctricos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Segurança em baterias ISO 6469/1 EN 1987/1
EN 50272/3
Segurança funcional ISO 6469/2 EN 1987/2
Protecção contra riscos eléctricos
ISO 6469/3 EN 1987/3
Segurança de baterias em caso de acidente
SAE J1766
Segurança do veículo (generalidades)
SAE J2344
Emissões de hidrogénio EN 50276 SAE J1718
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 41
Tabela 7 – Normas para infra-estruturas aplicáveis a veículos eléctricos.
Normas para infra-estruturas aplicáveis a veículos eléctricos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Carga condutiva/ Aspectos gerais
IEC 61851/1 ENV 50275/1 SAE J1772 JEVS G109
Carga condutiva/ Veículos eléctricos
IEC 61851/21 ENV 50275/2/1
Estação de carga condutiva/ C.A.
IEC 61851/22 ENV 50275/2/2
Estação de carga condutiva/ C.C.
IEC 61851/23 ENV 50275/2/3
Protocolos de comunicação ENV 50275/2/4 SAE J2293/1 SAE J2293/2
JEVS G108
Fichas e receptáculos IEC 62196 CENELEC R069/001
JEVS G601
JEVA TG G101
Ruído em acto de carga EN 12736
Indutiva/ Aspectos gerais IEC 61980/1 EN 1986/2 JEVS G106
Acoplamento indutivo IEC 61980/2 EN 1986/2 SAE J1773 JEVS G107
Eco-estação
JEVS G101 JEVS G102 JEVS G103 JEVS G104 JEVS G105
Tabela 8 – Normas para componentes de veículos eléctricos.
Normas para componentes de veículos eléctricos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Cablagem e conectores IEC 783 EN 1821/2 SAE J1666
Instrumentação IEC 784 EN 1986/2 SAE J1634 JEVS Z804
Máquinas eléctricas rotativas IEC 785
IEC 60349
JEVS E702 JEVS E901
Controladores IEC 786 JEVS Z107 JEVS E701
Tabela 9 – Normas para performances de veículos eléctricos.
Normas para performances de veículos eléctricos
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Características de operação em estrada
ISO 8715 EN 1821/2 SAE J1666
JEVS Z101 JEVS Z102 JEVS Z104 JEVS Z109 JEVS Z110 JEVS Z112
Consumo energético e alcance ISO 8714 EN 1986/2 SAE J1634
JEVS Z103 JEVS Z105 JEVS Z106 JEVS Z108 JEVS Z111
Especificações do veículo JEVS Z901
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
42 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Tabela 10 – Normas para ciclos de teste dos veículos em estrada.
Normas para ciclos de teste dos veículos em estrada
Temática Zona
Internacional Europa EUA Japão
Emissão de gases poluentes de acordo com o tipo de combustível (ECE-15)
UNECE Reg.83-
ver.3
Emissão de gases poluentes de motorizadas (ECE-47)
UNECE Reg.47
Emissão de gases poluentes de motos (ECE-40)
UNECE Reg.40
2.10. Homologação de Veículos Eléctricos em Portugal
O processo de homologação de veículos eléctricos em Portugal, ainda não está
minimamente institucionalizado, devido ao escasso número de veículos eléctricos
existentes.
Actualmente, a homologação é regulada pela directiva 2007/46/EC (desde 29
Abril de 2009), sendo aplicável a todos os automóveis, independentemente do sistema
de propulsão.
O IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) certifica que o
automóvel está conforme as exigências administrativas relevantes, e requisitos técnicos
relativos aos seguintes aspectos: segurança activa e passiva, protecção do meio
ambiente e desempenho, entre outros requisitos. Estas medidas têm como objectivo
assegurar que os automóveis colocados no mercado, cumpram os requisitos comuns,
bem como garantir o funcionamento adequado do mercado interno da União Europeia.
As alterações efectuadas aos automóveis não podem reduzir o nível de segurança
na circulação, nem a protecção do ambiente, apresentadas pelos veículos antes da
transformação. A alteração de algumas características do veículo não depende da
avaliação técnica do IMTT, como por exemplo: pneus, cor, entre outras. Se for
necessário proceder à alteração da lotação, nº de eixos, motor/sistema de alimentação,
ou tipo de cabine, a alteração pode ser autorizada, mas dependerá da aprovação prévia
do IMTT.
Em suma, para a aprovação do automóvel deve existir uma aprovação prévia do
IMTT. Este organismo pode exigir, em certas transformações (que suscitem dúvidas),
um parecer técnico favorável do fabricante. Os projectos de alteração que mexam no
nível de segurança, devem ser certificados por um engenheiro com formação na área da
mecânica, e por fim pela aprovação num centro de inspecção técnica de automóveis
categoria B [62],[63].
2.11. Conclusão
Os sistemas de propulsão eléctrica não são recentes. Os três principais tipos de
veículos que apresentam propulsão eléctrica são: os veículos eléctricos, os veículos
Capítulo 2 – Tecnologias dos Veículos Eléctricos
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 43
híbridos e os veículos a célula de combustível.
Os veículos eléctricos usam um ou mais motores eléctricos para o sistema de
propulsão. Existem várias configurações possíveis para os veículos eléctricos,
dependendo do tipo de motor aplicado, do tipo de tecnologia do sistema de
armazenamento de energia e da localização de ambos no veículo.
Os veículos híbridos utilizam duas fontes de propulsão, um motor de combustão
interna e um ou mais motores eléctricos. Existem três tipos de configurações nos
veículos híbridos que se destacam: série, paralelo e série-paralelo.
Os veículos a células de combustível utilizam a célula de combustível para gerar a
energia eléctrica que alimenta o(s) motor(es) do sistema de tracção eléctrico. Tal como
nos outros sistemas de propulsão eléctrica, tem havido uma enorme investigação sobre
as células de combustível.
Do universo dos motores eléctricos são quatro os que mais se aplicam aos
sistemas de propulsão eléctrica. O motor de corrente contínua, o motor de indução, o
motor síncrono de ímanes permanentes e o motor de relutância.
Os motores síncronos de ímanes permanentes apresentam melhor eficiência em
comparação com os outros. Contudo, os motores de corrente contínua ainda têm forte
aplicação nas conversões (de motor de combustão para motor eléctrico) e em sistemas
de propulsão eléctrica novos, quando se pretende ter um custo baixo.
Existem vários tipos de elementos armazenadores para os sistemas de propulsão
eléctrica, no entanto, os que mais se utilizam actualmente são as baterias. Existem cinco
tipos de baterias que mais se aplicam aos sistemas de propulsão eléctrica: Chumbo,
Níquel-Cádmio, Níquel-Hidreto-Metálico, Lítio-Polímero e Lítio Fosfato de Ferro. As
baterias de Lítio Fosfato de Ferro são as que apresentam melhores características para
os sistemas de propulsão eléctrica.
Os sistemas de propulsão eléctrica utilizam diversas novas tecnologias. Para tal é
necessário que existam novas normas de forma a atender as necessidades dos
utilizadores e dos fabricantes.
A homologação de veículos eléctricos em Portugal ainda não se encontra
minimamente institucionalizada, uma vez que os processos que aparecem são ainda
raros.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 45
CAPÍTULO 3
Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
3.1. Introdução
O motor de fluxo axial não é uma tecnologia nova. O primeiro motor de fluxo
axial remonta a 1831, tendo sido construído por Michael Faraday. Alguns anos mais
tarde, em 1837, Davenport patenteou o primeiro motor de fluxo axial.
São várias as razões que levaram a que o motor de fluxo axial não fosse utilizado
durante longos anos, nomeadamente: grande força de atracção entre o estator e o rotor,
dificuldades no fabrico, custos elevados no fabrico do núcleo laminado do estator e
dificuldades na montagem para manter uniforme o espaço de ar. Desta forma, os
motores de fluxo radial têm vindo a dominar o mercado até à actualidade.
O sistema de excitação das máquinas eléctricas por ímanes permanentes renasceu
em 1983, aquando da descoberta dos ímanes permanentes do tipo Neodímio-Ferro-Boro
(NdFeB), que pertencem à família dos ímanes permanentes de terras raras, reavivando a
utilização dos motores de fluxo axial com ímanes permanentes.
Durante as últimas décadas os ímanes permanentes têm sofrido um elevado
desenvolvimento. A evolução do conhecimento sobre ímanes permanentes tem
mostrado a necessidade de se ter em atenção a estabilidade térmica dos ímanes
permanentes, bem como a sensibilidade dos parâmetros específicos dos ímanes
permanentes ao aumento da temperatura.
Os motores de fluxo axial com ímanes permanentes são cada vez mais utilizados,
como por exemplo, incorporados nas rodas dos sistemas de propulsão eléctrica, em
geradores eólicos, na indústria, entre outros [64]-[68].
Nos itens seguintes são descritos os principais tipos de motores de fluxo axial,
sendo feita também uma breve comparação entre os motores de fluxo axial e os motores
de fluxo radial. Por fim, é apresentado o tipo de motor de fluxo axial escolhido para a
conversão de um veículo de combustão interna em veículo eléctrico, assim como um
dos tipos de sistema de controlo que podem ser aplicados a este tipo de motor.
3.2. Motores de Fluxo Axial
Os motores de fluxo axial com ímanes permanentes (AFPM – Axial Flux
Permanent Magnet), também chamados de disc-type machine, apresentam-se como uma
alternativa aos motores de fluxo radial. Possuem excelentes características para os
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
46 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
sistemas de propulsão eléctrica, tais como, construção compacta e alta densidade de
potência, e além disso são adequados para funcionar a baixas rotações. Estas são
óptimas características para serem incorporados no interior das rodas dos veículos com
sistemas de propulsão eléctrica (Motor-in-Wheel).
Em princípio, cada motor de fluxo axial apresenta um correspondente nos motores
de fluxo radial. No entanto, na realidade isto não se verifica, uma vez que apenas
existem cinco tipos de motores de fluxo axial: motores de corrente contínua com ímanes
permanentes, BLDCs (Brushless DC), motores síncronos de ímanes permanentes,
motores de indução e motores de relutância.
Os motores de corrente contínua com ímanes permanentes são uma opção versátil
e económica para pequenos sistemas de propulsão eléctrica.
Os BLDCs e motores síncronos de ímanes permanentes apresentam praticamente
a mesma estrutura, sendo a principal diferença a forma de onda da corrente. O BLDC
produz uma força contra-electromotriz trapezoidal e absorve corrente com forma de
onda rectangular. Enquanto o motor síncrono de ímanes permanentes apresenta uma
força contra-electromotriz sinusoidal e absorve corrente sinusoidal (Figura 3.1).
Fase A
Fase B
Fase C
Figura 3.1 – Formas de onda da força contra-electromotriz, à esquerda do motor BLDC e à direita do
motor síncrono de ímanes permanentes [64].
Nos motores de indução existem algumas dificuldades de fabrico do rotor
laminado em gaiola. Isto leva ao baixo interesse pelos motores de indução de fluxo
axial.
Os motores de relutância muitas vezes são construídos com elevado isolamento
entre fases, quer a nível eléctrico quer a nível do caminho do fluxo magnético.
Apresentam também uma grande liberdade de escolha do sistema de controlo [64],[69].
3.3. Topologias dos Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Os motores de fluxo axial com ímanes permanentes, como se pode ver na
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 47
Figura 3.2, podem ter diversas configurações a nível da construção: single-sided,
double-sided ou multi-stage. Assim podem ter um ou mais rotores internos ou externos,
com os ímanes permanentes internos ou superficiais, e com um ou mais estatores. Dessa
forma existe uma maior liberdade de escolha na selecção da configuração mais
adequada para a aplicação desejada para este tipo de motores.
Os motores de fluxo axial single-sided são divididos em dois grupos: estator
slotted e estator slotless (non-slotted). Os double-sided são também divididos em dois
grupos: estator interior e rotor interior. Por sua vez o grupo de estator interior pode ser
dividido em três: estator slotted, estator slotless e estator coreless. O grupo de rotor
interior pode ser dividido em dois: estator slotted e estator slotless. Por seu lado os
motores multi-stage podem ser de três tipos: estator slotted, estator slotless e estator
coreless [64],[70].
Figura 3.2 – Topologia dos motores de fluxo axial com ímanes permanentes.
Os motores de fluxo axial single-sided, também chamados de AFPM-11,
apresentam a estrutura mais básica e simples dos motores de fluxo axial. Como se pode
observar na Figura 3.3, são constituídos apenas por um rotor e um estator. Apesar de
serem simples no design, fabrico e montagem, apresentam baixo binário comparado
com as outras topologias. Apresentam a desvantagem do fluxo magnético ser apenas
produzido só de um lado, causando assim uma força atractiva. Esta força atractiva causa
perdas por aquecimento nos rolamentos e flexão do eixo do rotor [64],[71].
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
48 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 3.3 – Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração single-sided: à esquerda estator
slotless e à direita estator slotted.
A configuração double-sided apresenta um binário alto e uma maior densidade de
potência devido ao entreferro ter o dobro da área. A força atractiva é equilibrada em
ambos os lados do motor. Por outro lado tem a desvantagem de ter uma construção e
montagem complicadas.
O motor double-sided com estator interior, muitas vezes denominado de TORUS
ou AFPM-12, é composto por um estator e dois rotores. Como referido anteriormente,
apresenta três tipos de configurações: estator slotted (Figura 3.4), também chamado de
slotted TORUS, TORUS-S, NN TORUS-S ou NS TORUS-S; estator slotless (Figura
3.5), também chamado de slotless TORUS, TORUS-NS, NN TORUS-NS ou
NS TORUS-NS; e estator coreless, também chamado de yokeless TORUS (Figura 3.6)
[64],[71]-[75].
Figura 3.4 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator slotted: à
esquerda NN TORUS-S e à direita NS TORUS-S.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 49
Figura 3.5 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator slotless: à
esquerda NN TORUS-NS e à direita NS TORUS-NS.
Figura 3.6 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided estator coreless NS.
A configuração double-sided com rotor interior (Figura 3.7), também chamada de
AFIR ou AFPM-21, é constituída por dois estatores e um rotor. O tipo estator slotted
também é chamado de slotted AFIR ou AFIR-S. Já o tipo estator slotless, é chamado de
slotless AFIR ou AFIR-NS [64],[71],[72],[74],[76].
Figura 3.7 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided rotor interior: à
esquerda AFIR-NS e à direita AFIR-S.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
50 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Recentemente a segmentação do estator nos motores do tipo double-sided com
estator interior deu origem a uma nova topologia, denominada de SAT (Segmented
Armature Torus), apresentada na Figura 3.8. Esta tecnologia combina as características
positivas das topologias NN TORUS-S e NS TORUS-S [70],[77],[78].
Figura 3.8 – Topologia SAT.
Nos motores com topologia do tipo NS TORUS-S e NN TORUS-S, acrescentando
um ou dois enrolamentos de campo, respectivamente, consegue-se controlar o fluxo
magnético no entreferro resultando uma nova topologia do motor double-sided com
estator interior, chamada de FCT-NS para os NS TORUS-S e FCT-NN para os NN
TORUS-S (Figura 3.9) [73].
Figura 3.9 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração double-sided com estator interior:
à esquerda FCT-NS e à direita FCT-S.
Os motores de fluxo axial multi-stage, também chamados multidisc, são formados
por uma combinação de vários rotores e vários estatores, sendo o número de rotores
superior ao número de estatores por uma unidade. Por exemplo, na Figura 3.10 está
apresentado um motor multi-stage de três estatores e quatro rotores. Este tipo de
motores apresenta uma elevada densidade de potência e um elevado binário. Por outro
lado, têm a desvantagem de ter uma configuração, um design e uma montagem
complicadas, bem como a grande quantidade de material magnético necessário para os
construir [64],[72].
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 51
Figura 3.10 - Topologia e direcção do fluxo magnético na configuração multi-stage: à esquerda estator
slotted e à direita estator slotless
Os ímanes permanentes do rotor podem ser classificados quanto à sua geometria:
trapezoidal, circular ou semicircular (Figura 3.11). A qualidade da força contra-
electromotriz que o motor produz depende da geometria e da distância entre os ímanes
permanentes escolhidos [64].
(a) (b) (c)
Figura 3.11 – Geometria dos ímanes permanentes: (a) trapezoidal, (b) circular e (c) semicircular [1].
De todas as topologias apresentadas o motor escolhido para este trabalho de
conversão de um veículo de combustão interna num veículo eléctrico é do tipo AFIR-S,
com uma geometria dos ímanes permanentes trapezoidal. Este motor tem a vantagem de
ser 25% mais leve quando comparado com os motores tradicionais. A escolha do rotor
em forma de disco permite um tamanho de construção reduzido, ideal para ser usado
como Motor-in-Wheel. Possui alta eficiência, podendo chegar aos 95%. Quando opera
como gerador apresenta as mesmas características de operação do que como motor, o
que é óptimo para ser usado em veículos que possibilitem a travagem regenerativa. É
construído respeitando as normas de protecção e isolamento IP 54 [79],[80].
3.4. Modelo do Motor AFIR-S
Matematicamente, o modelo do motor AFIR-S é descrito pelas equações abaixo
apresentadas.
As tensões de entrada do motor são:
max sina su U t (3.1)
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
52 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
23max sinb su U t (3.2)
23max sinc su U t (3.3)
Após a aplicação da transformada de Park, obtém-se as seguintes equações
relativamente ao eixo dq:
23 max sind su U t (3.4)
23 max cosq su U t (3.5)
Onde maxU corresponde à tensão aplicada,
sà velocidade síncrona angular e à
posição do rotor.
O modelo equivalente do motor AFIR-S no eixo dq é apresentado na Figura 3.12.
Figura 3.12 – Modelo equivalente do motor AFIR-S no eixo dq [68].
O sistema de equações que descreve o modelo equivalente do motor AFIR-S é o
seguinte [68]:
d
d
dd s d d q q
iu R i L L i
t (3.6)
d
d
q
q s q q d d PM
iu R i L L i
t (3.7)
A potência de saída é dada pela seguinte equação [81]:
3
2 32
16
p l
out p i agap D D o
fP k k B A l k l k D
p (3.8)
Onde é o rendimento, pk é o factor de onda da potência eléctrica, ik é o factor
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 53
de onda da corrente, p é a relação da largura do pitch do íman, agapB é o valor máximo
da densidade de fluxo do entreferro, A é o valor da carga aplicada ao motor, f é a
frequência do sistema, p é o número de para de polos, Dk é a relação entre diâmetros
do motor, ou seja /D in ok D D , onde inD é o diâmetro interno do rotor e
oD é o
diâmetro externo do rotor.
O binário mecânico é dado pela seguinte equação [68]:
e d d PM q q q dT p L i i L i i (3.9)
A inércia é obtida a partir da equação [68]:
d
de LJ p T T
t (3.10)
A posição do rotor é obtida a partir do integral da velocidade angular, como se
pode ver a seguir [68]:
dt (3.11)
O ângulo de carga pode ser calculado pela seguinte expressão [68]:
L st (3.12)
A velocidade angular síncrona é [68]:
2s sf (3.13)
A velocidade do rotor é dada por [68]:
60
2n
p (3.14)
O fluxo dos ímanes permanentes no eixo de referência dq é dado por [68]:
max3
2PM
e
U (3.15)
Onde e é a velocidade angular eléctrica e calcula-se da seguinte forma:
e p (3.16)
3.5. Motores de Fluxo Axial vs. Motores de Fluxo Radial
A principal diferença entre os motores de fluxo axial e os motores de fluxo radial,
como o próprio nome diz é o tipo de fluxo magnético produzido. Nos motores de fluxo
axial, o caminho do fluxo magnético ocorre paralelo ao eixo de rotação, enquanto nos
motores de fluxo radial, o caminho do fluxo é perpendicular ao eixo de rotação, como
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
54 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
representado na Figura 3.13.
Figura 3.13 – Comparação entre motores de fluxo axial e motores de fluxo radial: à esquerda motor de
fluxo axial e à direita motor de fluxo radial [81].
Nos motores de fluxo axial o caminho do fluxo no entreferro é muito curto,
permitindo minimizar a redução das perdas no núcleo por histerese e por correntes de
Foucault.
A direcção do fluxo magnético no ferro dos motores de fluxo axial pode sofrer
varias alterações, dando origem a varias configurações de acordo com o caminho
percorrido pelo fluxo, como apresentado anteriormente.
Os motores de fluxo axial são compactos e de tamanho reduzido, quando
comparados com os seus equivalentes nos motores de fluxo radial. Esta característica é
importante para aplicação em sistemas de propulsão eléctrica, porque cada vez mais
existe a necessidade de incorporar o sistema de propulsão nas rodas, tornando crucial o
espaço ocupado pelo motor eléctrico.
Por outro lado, os motores de fluxo radial apresentam menores perdas a elevadas
rotações, têm bons sistemas de refrigeração, construção e topologias simples, e
apresentam uma tecnologia madura em relação aos motores de fluxo axial.
O controlo para motores de fluxo axial é mais complexo quando comparado com
o motor tradicional de corrente contínua. Na maior parte das vezes, existe a necessidade
de saber a posição do rotor do motor de fluxo axial de forma a ter um controlo eficiente
de velocidade para os mesmos [69],[82],[83].
3.6. Motor Eléctrico Utilizado na Conversão
O motor eléctrico utilizado na conversão do veículo de combustão interna em
veículo eléctrico e mostrado na Figura 3.14 é do tipo AFIR-S. Este motor PMS156W de
30 kW é desenvolvido pela empresa PermMotor especialmente para aplicações em
veículos eléctricos e apresenta uma elevada densidade de potência, bom preço e
ausência de manutenção.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 55
Figura 3.14 – Motor eléctrico de fluxo axial do tipo AFIR-S, utilizado neste trabalho.
Como referido anteriormente o motor eléctrico é do tipo AFIR-S, onde os núcleos
dos estatores são laminados com orientação radial dos slots, ocupados pelos
enrolamentos trifásicos. A construção das falanges laterais em alumínio permite uma
melhor troca de calor quando comparado com outras topologias.
A utilização de ímanes permanentes NdFeB no rotor permite um elevado fluxo
magnético, o que garante elevado binário. O rotor tem a forma de disco (Figura 3.15),
com a particularidade de ser construído com plástico especial, o que permite diminuir o
peso e obter uma inércia pequena.
Figura 3.15 – Rotor do motor utilizado [84].
Na Figura 3.16 é apresentada a curva de binário vs velocidade e a curva de
potência vs velocidade do motor eléctrico utilizado na conversão do veículo de
combustão interna em veículo eléctrico.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
56 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 3.16 – Curva de binário vs velocidade e curva de potência vs velocidade do motor eléctrico
utilizado na conversão do veículo de combustão interna em veículo eléctrico [85].
Tabela 11 – Características do motor eléctrico utilizado na conversão do veículo de combustão
interna em Veículo Eléctrico.
Características Valor
Potência Nominal (PN) 30 kW
Ligação dos enrolamentos no estator Y
Tensão Nominal (VN) 187 V
Corrente Nominal (IN) 113,5 A
Rotação Nominal 6000 rpm
Binário Nominal 47,7 Nm
Número de pólos (p) 8
Frequência Nominal 400 Hz
Resistência do estator (R) 19,35 mΩ
Indutância do estator no eixo d (Ld) 100 µH
Indutância do estator no eixo q (Lq) 160 µH
Constante da tensão composta (ke) 25,73 V/krpm
Inércia do rotor (J) 5,86 mkgm2
Peso 29,6 kg
Para a elaboração da Tabela 11, com as características do motor eléctrico foi
necessário fazer algumas medições. A resistência do estator foi obtida a partir da
medição da resistência entre fases dividida por dois uma vez que os enrolamentos do
estator estão ligados em estrela. A medição da resistência foi efectuada com a ajuda de
uma ponte RLC de precisão (PM630A, da PHILIPS).
Para calcular as indutâncias Ld e Lq, ligou-se o terminal da fase B do motor com o
terminal da fase C. Com os terminais das fases B e C ligados, a componente d do eixo
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 57
do rotor é eliminada. Assumindo que a componente q do eixo do rotor está alinhada
com a fase A, pode-se concluir que a componente d do eixo do rotor não contem
qualquer informação, e que a força contra-electromotriz é zero. A equação 3.7, de
acordo com estas condições, pode ser reescrita da seguinte forma:
a s a q au R i L i (3.17)
Nas condições apresentadas anteriormente a corrente no eixo q do rotor e na fase
A são iguais e a componente q do eixo está alinhada com a fase A. Para a posição do
rotor em que a corrente pico a pico é mínima, com uma tensão sinusoidal fixa entre as
fases A e B, o valor de Lq é dado pela seguinte equação:
2
2 2 2pp
s q
pp
uR L
i (3.18)
O mesmo procedimento foi realizado para o cálculo da indutância Ld, mas desta
vez a posição do rotor deve estar na posição em que a corrente de pico a pico seja
máxima. O valor de Ld é dado pela seguinte equação [86] [87] [2][3]:
2
2 2 2pp
s d
pp
uR L
i (3.19)
Nas medições acima descritas o rotor deve estar bloqueado.
Na Figura 3.17, são apresentadas as formas de onda obtidas na realização dos
testes para o cálculo das indutâncias Ld e Lq. As formas de onda azuis representam a
tensão e as vermelhas a corrente. A escala do sensor de corrente é de 10 mV/A.
Figura 3.17 – Teste realizado para calcular as indutâncias Ld (esquerda) e Lq (direita).
3.7. Controlo de Motores de Fluxo Axial
O motor de fluxo axial do tipo AFIR-S é projectado para ter uma força contra-
electromotriz sinusoidal ou quase sinusoidal. Para as aplicações de velocidade variável
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
58 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
o inversor deve ser do tipo fonte de tensão, pois a tensão à saída do inversor deve ser
sinusoidal ou com modulação PWM. Assim, a corrente no motor será sinusoidal, ou os
controladores de corrente actuarão de forma a que este se torne sinusoidal [64].
Controlo de Corrente
O modelo equivalente do motor do tipo AFIR-S, apresentado na Figura 3.12, pode
ser usado para projectar os controladores de corrente para o controlo das correntes dq do
motor.
O controlo das correntes dq do motor pode ser representado pelo diagrama de
blocos simplificado, apresentado na Figura 3.18. Com o conhecimento dos parâmetros
do motor, as funções de transferência das correntes dq do controlo podem ser
determinadas, e os controladores de corrente projectados de acordo com as correntes dq
pretendidas [64].
Figura 3.18 – Diagrama de blocos simplificado do sistema de controlo das correntes dq [64].
Controlo de Velocidade
Em termos de eficiência é desejável que o sistema de controlo permita que o
motor produza o máximo valor de binário por ampere. No motor do tipo AFIR-S de
imanes salientes o máximo binário por ampere é obtido controlando a corrente de modo
a que adi seja negativa, isto é, forçando o ângulo do fasor da corrente para que este
tenha um valor predefinido, , como mostrado na Figura 3.19. Na região de velocidade
inferior à velocidade angular base ( b ) do motor, o conversor consegue fornecer
tensão suficiente para que os controladores de corrente não saturem, e o motor pode ser
controlado para operar com um valor máximo de binário por ampere. Esta situação
implica que o ângulo da corrente, , seja igual a 0 , que representa o valor médio do
ângulo óptimo para todas as condições de carga.
No entanto, para a região de velocidades mais elevadas ( b ) a força contra-
electromotriz torna-se superior à máxima tensão que é possível obter à saída do
Inversor. Desta forma os controladores de corrente começam a saturar, provocando a
perda do controlo da corrente, e assim, rapidamente o binário começa a cair com o
aumento da velocidade.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 59
Para se evitar a diminuição do binário e assegurar uma maior gama de velocidade,
deve-se alterar o controlo de máximo binário por ampere para começar a injectar uma
maior componente negativa no eixo d, para que dessa forma a tensão do eixo q diminua
com o aumento da velocidade. Isto implica em que o ângulo da corrente, , deva ser
aumentado, e a amplitude da corrente deva ser mantida igual ou inferior à amplitude da
corrente nominal, como mostra a Figura 3.19, de tal forma que:
2 2
2 d d PM s q q q s d dL i R i L i R i V (3.20)
onde dV é a tensão do barramento CC do Inversor.
Para o máximo ângulo da corrente, m
, a região de velocidade máxima pode ser
muito maior se o ângulo da corrente for mantido constante, em m
, e a amplitude
da corrente for reduzida, como se pode observar na Figura 3.19.
Binário Positivo
Binário Negativo
Figura 3.19 – Representação do fasor corrente do motor AFIR-S para baixas e altas velocidades [1].
Assim, pode-se resumir que a corrente do motor pode ser controlada através da
sua amplitude, mantendo o ângulo da corrente constante num valor óptimo e
incrementando o ângulo da corrente para velocidades mais elevadas. De forma a
simplificar o controlo o ângulo da corrente, , é definido para um ângulo positivo entre
0º e 90º. A corrente Ti que controla o binário do motor é proporcional à amplitude da
corrente do motor. Assim:
| | sin , 0d Ti i para (3.21)
cos , 0q Ti i para (3.22)
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
60 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
O binário electromagnético em função da corrente Ti pode ser traduzido pela
seguinte equação:
, constantee Tf T Trel TT k i k i para (3.23)
Com a estratégia de controlo de corrente apresentada, e sendo o binário uma
função da corrente dada pela equação 3.23, o controlo de velocidade do motor pode ser
implementado a partir do controlo de corrente apresentado na Figura 3.20.
O diagrama de blocos da Figura 3.20 descreve o princípio básico do controlo de
corrente e velocidade do motor do tipo AFIR-S. O controlador de velocidade actua
sobre o erro entre a velocidade pretendida e a velocidade medida do motor, e gera uma
corrente de controlo, Ti , conforme apresentado na equação 3.23. Esta referência de
corrente é limitada aos valores do motor, tal como se pode ver na Figura 3.20. O ângulo
da corrente, , é positivo, sendo determinado em função do valor absoluto da
velocidade do motor, . Para a região de baixas velocidades o ângulo da corrente, ,
é mantido constante. Para velocidades elevadas ( b ) o ângulo da corrente, é
incrementado com a velocidade, sendo também limitado superiormente, como se pode
ver na Figura 3.20.
Conhecida a amplitude e o ângulo da corrente os valores das correntes de
referência dq ( *
di e *
qi ) são determinadas de acordo com as equações 3.21 e 3.22. Com
a medição da velocidade e das correntes dq (obtidas a partir das transformadas de
Clarke e Park) o controlador de corrente calcula as tensões dq necessárias. As tensões
dq geradas são transformadas num sistema de referências a três fios a partir das
transformadas inversa de Park e inversa de Clarke (apresentadas nos itens seguintes).
Posteriormente, as referências obtidas são enviadas para o bloco PWM.
Para o dimensionamento do sistema de controlo, apresentado na Figura 3.20,
pode-se fazer algumas aproximações de forma a simplificar o modelo de controlo de
velocidade. Como a constante de tempo mecânica do sistema, em geral, é muito maior
do que a constante de tempo eléctrica, a constante de tempo eléctrica pode ser ignorada.
Outra aproximação possível é assumir que as correntes de compensação sejam iguais às
actuais, ou seja, * * *, ed d q q T Ti i i i i i . Analisando a equação 3.23 o sistema de
controlo pode ser simplificado, como mostrado na Figura 3.21. A função de controlo
simplificado pode ser determinada, e o controlador de velocidade projectado de forma a
obter a resposta de velocidade pretendida. Um aspecto importante deste controlo é a
prevenção da saturação do controlador de correntes dq na região das velocidades
elevadas [64].
A tensão máxima entre fases à saída do inversor com PWM sinusoidal é dada por:
max
30,612
22
dd
VV V (3.24)
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
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Figura 3.20 – Sistema de controlo de corrente e velocidade para o motor AFIR-S.
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
62 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 3.21 – Diagrama de blocos simplificado do controlo da velocidade [64].
Transformada de Clarke
A transformada de Clarke é usada para transformar um sistema de três
coordenadas ou eixos (a, b, c) num sistema de duas coordenadas ou eixos (alfa, beta).
As equações que descrevem a transformada de Clarke são as seguintes:
2 1 1
3 3 3Alfai ia ib ic (3.25)
3 3
3 3Betai ib ic (3.26)
Como o motor é um sistema trifásico equilibrado, 0ia ib ic , e desta forma,
pode-se reduzir o número de entradas de três para duas, obtendo
Alfai ia (3.27)
2
3Beta
ia ibi (3.28)
Transformada de Park
A transformada de Park é usada para transformar um sistema de dois eixos
estacionários num sistema de dois eixos rotacionais, cuja rotação depende do ângulo
eléctrico do rotor. As equações que descrevem a transformada de Park são as seguintes:
cos sind Alfa e Beta ei i i (3.29)
sin cosq Alfa e Beta ei i i (3.30)
Transformada Inversa de Park
A transformada inversa de Park é usada para fazer o inverso da transformada de
Park, ou seja, passar um sistema de dois eixos rotacionais para um sistema de dois eixos
estacionários. As equações que descrevem a transformada inversa de Park são as
seguintes:
cos sinAlfa d e q ev v v (3.31)
sin cosBeta d e q ev v v (3.32)
Capítulo 3 – Motores de Fluxo Axial com Ímanes Permanentes
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 63
Transformada Inversa de Clarke
A transformada de inversa de Clarke é usada para passar um sistema de dois eixos
para um sistema de três eixos. As equações que descrevem a transformada inversa de
Clarke são as seguintes:
a Alfav v (3.33)
1 3
2 2b Alfa Betav v v (3.34)
1 3
2 2c Alfa Betav v v (3.35)
3.8. Conclusão
Nem todos os motores de fluxo radial têm um correspondente de fluxo axial.
Apenas existem cinco tipos de motores de fluxo axial, sendo eles: motores de corrente
contínua, BLDCs (Brushless DC), motores síncronos de ímanes permanentes, motores
de indução e motores de relutância.
Neste capítulo foram apresentadas as diferentes topologias possíveis para os
motores de fluxo axial. O motor escolhido para ser utilizado neste trabalho na conversão
de um veículo de combustão interna num veículo eléctrico é do tipo AFIR-S. Foram
apresentadas as equações que descrevem o motor escolhido bem como as suas
características.
Apresentou-se uma breve comparação entre os motores de fluxo axial e os
motores de fluxo radial.
Por fim apresentou-se um dos sistemas de controlo possíveis para os motores de
fluxo axial do tipo AFIR-S, o qual apresenta a desvantagem de perder eficiência para
velocidade de operação mais elevada com baixo binário.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 65
CAPÍTULO 4
Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
4.1. Introdução
A utilização de ferramentas de simulação constitui uma mais-valia no projecto de
circuitos ou sistemas electrónicos, uma vez que permite a realização de estudos
aprofundados dos mesmos antes de serem implementados. Existem várias vantagens na
utilização deste tipo de ferramentas, como por exemplo a facilidade de testar várias
topologias e sistemas de controlo, a redução do tempo dedicado ao projecto, bem como
a redução dos custos do projecto. Por outro lado a realização de simulações permite
evitar riscos para as pessoas e para os equipamentos envolvidos.
A ferramenta de simulação escolhida para a implementação do modelo do sistema
de controlo do motor utilizado neste trabalho foi o software MATLAB da empresa The
MathWorks Inc.. No MATLAB foi utilizada a ferramenta Simulink, a qual permite
modelar e analisar sistemas dinâmicos.
Inicialmente foram utilizados outros programas de simulação, nomeadamente o
PSCAD e o PSIM, os quais não se revelaram adequados para a simulação do sistema de
controlo para o motor eléctrico escolhido, uma vez que os modelos de motores
eléctricos disponibilizados por estes programas não são adequados ao tipo de motor
eléctrico utilizado, que corresponde a um motor de fluxo axial. O modelo de motor
eléctrico utilizado no MATLAB foi o do motor síncrono de ímanes permanentes,
diferenciando do motor de fluxo axial escolhido apenas no binário.
Ao longo deste capítulo são apresentados os modelos do Circuito de Potência e do
Circuito de Controlo desenvolvidos neste trabalho de dissertação. A junção desses dois
modelos permite obter um modelo de simulação próximo do pretendido, ou seja, do
modelo do sistema de controlo a implementar no veículo e eléctrico.
4.2. Circuito de Potência
Na Figura 4.1 é apresentado o modelo de simulação do Circuito de Potência
implementado no MATLAB. Este circuito é composto por fontes de tensão de corrente
contínua no barramento CC do inversor, por um inversor e por um motor síncrono de
ímanes permanentes. O modelo utilizado apresenta o mesmo sistema de equações que
descreve o motor de fluxo axial escolhido para ser aplicado no veículo eléctrico,
diferindo apenas no binário produzido.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
66 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 4.1 – Circuito de Potência implementado no MATLAB.
4.3. Sistema de Controlo
O modelo de simulação do Sistema de Controlo é apresentado na Figura 4.2,
sendo composto pelas transformadas de Clarke e Park, pelas transformadas inversas de
Clarke e Park e pelos controladores PI, necessários para a implementação do controlo
desejado.
Figura 4.2 – Sistema de Controlo implementado no MATLAB.
4.4. Resultados das Simulações
Neste item é analisado o comportamento do controlo do motor eléctrico escolhido,
recorrendo ao controlo apresentado no item sete do capítulo 3.
A simulação do sistema de controlo foi dividida em três etapas. Na primeira etapa
verifica-se o funcionamento das transformadas inversas de Clarke e Park. A segunda
etapa serve para validar as transformadas de Clarke e Park. Por fim, a terceira etapa
serve para validar o sistema de controlo no seu todo. De seguida são apresentados e
comentados os resultados obtidos nas simulações nas diferentes etapas acima descritas.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 67
4.4.1. Cálculo das Transformadas Inversas de Clarke e Park
Para validar o correcto funcionamento das transformadas inversas de Clake e Park
foi implementado o circuito da Figura 4.3.
Figura 4.3 – Circuito implementado para validar as transformadas inversas de Clarke e Park.
Para a simulação da transformada inversa de Park é necessário ter o ângulo
eléctrico do rotor do motor, o qual foi simulado através de uma rampa com a forma de
dente de serra apresentada na Figura 4.4.
Para se validar a transformada inversa de Park é necessário aplicar duas
constantes à entrada e obter duas sinusóides desfasadas de 90º com a frequência do
ângulo eléctrico. Na Figura 4.4 pode-se observar o desfasamento de 90º entre as ondas
de saída da transformada inversa de Park, nomeadamente entre Valfa e Vbeta.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-15
-10
-5
0
5
10
15
Tempo(s)
Valfa
Vbeta
ângulo
Figura 4.4 – Ângulo eléctrico e saídas Valfa e Vbeta obtidas a partir da transformada inversa de Park.
A transformada inversa de Clarke consiste em transformar as saídas obtidas na
transformada inversa de Park num sistema trifásico equilibrado, como o que se obteve e
se pode observar na Figura 4.5.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
68 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-15
-10
-5
0
5
10
15
Tempo(s)
Varef
Vbref
Vcref
Figura 4.5 – Referências criadas pela transformada inversa de Clarke.
4.4.2. Cálculo das Transformadas de Clarke e Park
Para a simulação das transformadas de Clarke e Park foi adicionado o Circuito de
Potência de forma a se obter as correntes consumidas pelo motor eléctrico, que são a
variável de entrada para a transformada de Clarke. A tensão do barramento CC do
Inversor foi definida para ser de 320 V. O circuito implementado está na Figura 4.6.
Figura 4.6 - Circuito implementado para validar as transformadas de Clarke e Park.
Na Figura 4.7 são apresentadas as formas de onda obtidas a partir da simulação da
transformada de Clarke. Pode-se observar que em regime permanente as componentes
Ialfa e Ibeta encontram-se desfasadas de 90º, tal como esperado. Na Figura 4.8 estão
representadas as formas de onda das correntes consumidas pelo motor eléctrico.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 69
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
Tempo(s)
Ialfa
Ibeta
Figura 4.7 – Saídas Ialfa e Ibeta obtidas a partir da transformada de Clarke.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
Tempo(s)
Co
rre
nte
(A)
ia
ib
ic
Figura 4.8 – Correntes consumidas pelo motor eléctrico, no teste das transformadas de Clarke e Park.
O ângulo eléctrico necessário para a transformada de Park foi simulado da mesma
forma da transformada inversa de Park indicada no item 4.4.1. A Figura 4.9 apresenta as
formas de onda à saída da transformada de Park.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-100
-50
0
50
100
150
Tempo(s)
Id
Iq
Figura 4.9 – Saídas Id e Iq obtidas a partir da transformada de Park.
Com a validação das transformadas de Clarke e Park foi também possível analisar
as formas de onda das tensões aplicadas ao motor (Figura 4.10), a velocidade angular do
motor eléctrico (Figura 4.11) e o ângulo mecânico do motor eléctrico (Figura 4.12).
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
70 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Este ensaio também permite a validação da relação existente entre o ângulo
eléctrico e o ângulo mecânico do rotor do motor, ou seja, o ângulo eléctrico é múltiplo
do ângulo mecânico e o factor de multiplicação é o número de par de polos do motor,
neste caso 4.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-10
-5
0
5
10
Tempo(s)
Te
ns
ão
(V)
Vab
Vbc
Vca
Figura 4.10 - Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico, na simulação das transformadas de
Clarke e Park.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-10
0
10
20
30
40
Tempo(s)
Ve
loc
ida
de
(ra
d/s
)
velocidade
Figura 4.11 – Velocidade angular do motor eléctrico, na simulação das transformadas de Clarke e Park.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2-1
0
1
2
3
4
5
6
Tempo(s)
Ân
gu
lo(r
ad
)
ângulo
Figura 4.12 – Saída de posição do motor eléctrico.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 71
4.4.3. Simulação do Sistema de Controlo
Neste item são mostradas as formas de onda obtidas na simulação do Sistema de
Controlo, para a operação do motor em vazio e em carga.
Funcionamento do Motor Eléctrico em Vazio
Para a realização da simulação do motor eléctrico em vazio foi utilizada uma
tensão no barramento CC de 320 V. Nas próximas figuras são apresentados os
resultados obtidos para diferentes referências de velocidade de operação do motor
eléctrico. No intervalo de tempo entre 0 e 1,5 s foi definida uma velocidade angular de
referência de 20 rad/s, e a partir de 1,5 s foi definida uma velocidade angular de
referência de 40 rad/s. A Figura 4.13 apresenta a velocidade angular de referência e a
velocidade angular de funcionamento do motor eléctrico em vazio.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3-10
0
10
20
30
40
50
Tempo(s)
Ve
loc
ida
de
(ra
d/s
)
velocidaderef
velocidade
Figura 4.13 – Velocidade angular de referência e velocidade angular do motor eléctrico em vazio.
A Figura 4.14 apresenta as referências de tensão aplicadas ao Inversor pelo
sistema de controlo.
0.5 1 1.5 2 2.5-2
-1
0
1
2
Tempo(s)
Varef
Vbref
Vcref
Figura 4.14 – Referências de tensão aplicadas ao Inversor para controlar o motor eléctrico em vazio para
duas referências de velocidade.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
72 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Na Figura 4.15 é apresentado o pormenor da tensão para a transição de uma
velocidade angular para a outra. É possível verificar o desfasamento de 120º entre as
referências, bem como a sequência de fases. Esta figura também permite verificar o
aumento da frequência e tensão para levar o motor eléctrico a rodar a uma velocidade
angular superior à anterior.
1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65 1.7 1.75
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
Tempo(s)
Varef
Vbref
Vcref
Figura 4.15 –Tensão para a transição entre velocidades angulares do motor eléctrico em vazio.
Na Figura 4.16 são apresentadas as formas de onda da corrente consumida pelo
motor eléctrico em vazio para as duas referências de velocidade. Na Figura 4.17 é
apresentado o pormenor nas correntes consumidas durante a transição da velocidade
angular. Como era de esperar, no início da mudança da velocidade angular existe uma
fase transitória com correntes elevadas, uma vez que o sistema reage à alteração de
velocidade num quarto de segundo. Também é possível observar que as correntes
apresentam formas de onda sinusoidais desfasadas 120º entre si e equilibradas.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3-10
-5
0
5
10
Tempo(s)
Co
rre
nte
(A)
ia
ib
ic
Figura 4.16 – Correntes consumidas pelo motor eléctrico em vazio para duas referências de velocidade.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 73
1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65 1.7 1.75
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
Tempo(s)
Co
rre
nte
(A)
ia
ib
ic
Figura 4.17 – Pormenor nas correntes consumidas pelo motor eléctrico em vazio durante a transição da
velocidade angular.
A Figura 4.18 apresenta as tensões compostas aos terminais do motor eléctrico em
vazio. Na Figura 4.19 é apresentado o pormenor das tensões compostas aos terminais do
motor eléctrico durante a transição entre velocidades angulares. Mais uma vez verifica-
se o aumento da frequência e da tensão aplicadas ao motor, bem como constate-se o
desfasamento de 120º entre as tensões, que são equilibradas.
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-10
-5
0
5
10
Tempo(s)
Te
ns
ão
(V)
Vab
Vbc
Vca
Figura 4.18 – Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico em vazio para duas referências de
velocidade.
1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65 1.7 1.75
-10
-5
0
5
10
Tempo(s)
Te
ns
ão
(V)
Vab
Vbc
Vca
Figura 4.19 - Pormenor das tensões aos terminais do motor eléctrico em vazio durante a transição da
velocidade angular.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
74 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Funcionamento do Motor Eléctrico em Carga
Tal como na simulação do motor eléctrico em vazio foi utilizada uma tensão no
barramento CC de 320 V para simulação do motor em carga. A carga utilizada na
simulação apresentava um binário de 10 Nm. Nas próximas figuras são apresentados os
resultados das simulações para duas velocidades angulares de operação do motor
eléctrico em carga, tal como na simulação do motor eléctrico sem carga. Ou seja entre 0
e 1,5 s a velocidade de referência é de 40 rad/s e a partir de 1,5 s a velocidade de
referência passa a ser de 80 rad/s.
A Figura 4.20 apresenta a velocidade angular de referência e a velocidade angular
de operação do motor eléctrico quando este está acoplado a uma carga que solicita um
binário de 10 Nm. Pode-se verificar que o tempo de resposta à velocidade angular
pretendida é superior no arranque do que na fase de transição entre velocidades
angulares, uma vez que no inicio o motor arranca com velocidade nula.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3-20
0
20
40
60
80
100
Tempo(s)
Ve
loc
ida
de
(ra
d/s
)
velocidaderef
velocidade
Figura 4.20 - Velocidade de referência e velocidade de operação do motor eléctrico em carga.
A Figura 4.21 apresenta as referências de tensão criadas pelo sistema de controlo,
cujas tensões devem ser produzidas pelo Inversor. Na Figura 4.22 está apresentado o
pormenor da transição de um valor de velocidade angular para outro. Tal como ocorre
na simulação do motor eléctrico sem carga, é possível verificar o desfasamento de 120º
entre as referências, bem como a sequência de fases.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 75
0.5 1 1.5 2 2.5
-5
0
5
Tempo(s)
Varef
Vbref
Vcref
Figura 4.21 - Referências de tensão aplicadas ao Inversor para controlar o motor eléctrico em carga para
duas referências de velocidade.
1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65
-4
-2
0
2
4
Tempo(s)
Varef
Vbref
Vcref
Figura 4.22 - Pormenor da transição entre velocidades angulares do motor eléctrico em carga.
Na Figura 4.23 são apresentadas as formas de onda da corrente consumida pelo
motor eléctrico com carga. Na Figura 4.17 é apresentado o pormenor das correntes
consumidas durante a transição da velocidade angular. Como era de esperar, as
correntes nesta simulação são superiores às correntes de simulação do motor eléctrico
em vazio, uma vez que o motor eléctrico agora tem de accionar a carga com binário de
10 Nm que está acoplada a ele. Mais uma vez ocorre durante a mudança de velocidades
angulares uma fase transitória com correntes elevadas. E novamente observa-se que as
correntes apresentam formas de onda sinusoidais equilibradas e desfasadas entre si de
120º.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
76 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3-100
-50
0
50
100
Tempo(s)
Co
rre
nte
(A)
ia
ib
ic
Figura 4.23 - Correntes consumidas pelo motor eléctrico em carga para duas referências de velocidade.
1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65 1.7
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
Tempo(s)
Co
rre
nte
(A)
ia
ib
ic
Figura 4.24 - Pormenor nas correntes consumidas pelo motor eléctrico em carga durante a transição da
velocidade angular.
A Figura 4.25 apresenta as tensões compostas existentes aos terminais do motor
eléctrico com carga. Na Figura 4.26 é apresentado o pormenor das tensões compostas
aos terminais do motor eléctrico durante a alteração da velocidade angular. Mais uma
vez verifica-se o aumento da frequência e da amplitude das tensões aplicadas ao motor.
0.5 1 1.5 2 2.5
-20
-10
0
10
20
Tempo(s)
Te
ns
ão
(V)
Vab
Vbc
Vca
Figura 4.25 - Tensões compostas aos terminais do motor eléctrico em carga para duas referências de
velocidade.
Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Controlo do Motor Eléctrico
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 77
1.4 1.45 1.5 1.55 1.6 1.65 1.7 1.75
-20
-10
0
10
20
Tempo(s)
Te
ns
ão
(V)
Vab
Vbc
Vca
Figura 4.26 - Pormenor nas tensões aos terminais do motor eléctrico em carga durante a transição da
velocidade angular.
4.5. Conclusão
Neste capítulo foram apresentados os modelos de simulação do sistema de
controlo do motor a aplicar no veículo eléctrico, bem como os resultados obtidos a
partir dos mesmos.
O programa de simulação escolhido foi o MATLAB uma vez que o modelo do
motor síncrono de ímanes permanentes disponível nesse programa é praticamente igual
ao do motor de fluxo axial escolhido para o veículo eléctrico, diferenciando-se deste
apenas na expressão do binário.
Inicialmente foram cálculadas as transformadas inversas de Clarke e Park, bem
como as transformadas de Clarke e Park, as quais mostraram resultados dentro dos
previstos.
Seguidamente foi simulado o sistema de controlo, de duas formas distintas:
simulação do sistema de controlo para o motor eléctrico em vazio e simulação do
sistema de controlo para o motor eléctrico em carga.
Na simulação do sistema de controlo para o motor eléctrico em vazio verificou-se
que o motor eléctrico tem consumo de correntes sinusoidais e equilibradas.
Por fim, na simulação do sistema de controlo para o motor eléctrico em carga, foi
utilizada uma carga com binário de 10 Nm. Mais uma vez foi verificado que o motor
eléctrico apresenta um consumo de correntes sinusoidais e equilibradas.
Pode-se concluir que as simulações realizadas foram úteis para validar o modelo
do motor eléctrico escolhido para o veículo eléctrico, bem como para ajustar os ganhos
proporcionais e integrais utilizados no sistema de controlo, de forma a optimizá-lo.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 79
CAPÍTULO 5
Implementação
5.1. Introdução
Neste capítulo é descrita a implementação do sistema electrónico do veículo
eléctrico. Numa primeira fase é apresentada a implementação do circuito de controlo, é
abordado o tipo de sensores utilizados, o condicionamento de sinal, os circuitos de
comando, o DSP/microcontrolador e a fonte de alimentação do circuito de controlo. Em
seguida é abordado o circuito de potência, onde está contido o inversor, o banco de
condensadores, a fonte de alimentação e o contactor geral.
Tanto para o sistema de controlo como para o sistema de potência, todos os
circuitos implementados foram previamente montados e testados em breadboard.
Depois de validados, procedeu-se ao projecto dos esquemáticos num software de
desenho de PCBs, neste caso o Eagle. As placas finais foram feitas nas oficinas do
Departamento de Electrónica Industrial da Universidade do Minho.
A placa do conversor digital analógico e a placa de protecção à gate dos IGBTs já
se encontravam construídas, apenas tendo sido necessário proceder às suas montagens.
São ainda apresentadas as primeiras alterações mecânicas feitas no carro para a
instalação do motor eléctrico.
5.2. Sistema de Controlo
O Sistema de Controlo implementado para o controlo do motor necessita do valor
instantâneo das correntes consumidas pelo motor, da corrente que as baterias estão a
fornecer/absorver, da tensão nas baterias, da posição do rotor do motor e da posição do
acelerador e do travão. Este sistema é também responsável pela actuação da bomba
circuladora de auxílio à refrigeração do motor, da ventilação do inversor, do contactor
geral do sistema, bem como por enviar informações ao utilizador, através do LCD e/ou
pelo conversor digital analógico.
Seguidamente são explicados os circuitos constituintes do sistema de controlo e os
circuitos auxiliares ao sistema de controlo.
5.2.1. Sensor de Corrente
Para efectuar as medições das correntes, quer no motor quer nas baterias, são
Capítulo 5 – Implementação
80 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
utilizados sensores de efeito Hall. Este tipo de sensores é escolhido pelas características
que apresentam: medição de corrente contínua e alternada, e saída do sinal medido em
corrente. Isso torna-os praticamente imunes ao ruído electromagnético que possa
aparecer devido à comutação do inversor.
A escala de medição do sensor foi escolhida a partir da corrente nominal do
motor, ou seja 113,5 A. O sensor escolhido foi o LA 200-P da LEM, representado na
Figura 5.1. Este sensor permite medir correntes até 200 A (RMS), com uma elevada
precisão e linearidade, apresentando um erro de ±0,4% no final de escala e uma largura
de banda até aos 100 kHz [88].
Figura 5.1 – Sensor de corrente LA 200-P da LEM [89].
A saída em corrente apresenta uma razão de conversão de 1:2000. Para que o
valor da corrente possa ser medido pelo ADC do DSP/microcontrolador, é necessário
colocar uma resistência de medida (RM) à saída do sensor, como se pode observar na
Figura 5.2. Esta resistência de medida deve estar o mais próximo possível do ADC, de
forma a minimizar erros de medição.
Figura 5.2 - Esquema de ligações do sensor LA 200-P da LEM.
A resistência de medição, RM, deve ser projectada de forma a ter um valor tal que
aos seus terminais apareça um nível de tensão na gama desejada para a medida. Como o
DSP/microcontrolador trabalha com a tensão de entrada entre 0 e 3 V, o valor de RM
deve ser ajustado de forma que a tensão que aparece aos seus terminais seja entre 0 e
3 V. Deve-se ter o cuidado de verificar se o valor de RM está entre os valores de medida
aconselhados pelo fabricante [88].
De seguida são apresentadas as equações que permitem obter o valor da
resistência RM.
2000
RMS entrada
RMS saída
II (5.1)
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 81
.RMS medida RMS saída MV I R (5.2)
Foram efectuados os cálculos seguintes de forma que os sensores medissem
correntes de 200 A de pico:
200100
2000RMS saídaI mA
1,515
100MR
m
O valor de RM calculado pode ser aplicado para medição, pois encontra-se dentro
dos valores recomendados pelo fabricante.
Para o motor apenas foram utilizados dois sensores de corrente em vez de três
(Figura 5.3), uma vez que o motor se comporta como um sistema equilibrado. Para a
medição da corrente nas baterias utilizou-se o mesmo valor de RM.
Figura 5.3 – Placa dos sensores de corrente.
5.2.2. Sensor de Tensão
Para efectuar a medição da tensão nas baterias é também utilizado o sensor de
efeito Hall, pelas mesmas razões que levaram a escolher os sensores de corrente.
O sensor de tensão é escolhido da mesma forma que o sensor de corrente, ou seja,
pela tensão máxima das baterias (322 V). O sensor escolhido foi o LV 25-P da LEM,
representado na Figura 5.4. Este sensor permite medir tensões até 500 V (RMS), com
uma elevada precisão e linearidade, apresentando um erro de ±0,9% no final de escala
[90].
Figura 5.4 – Sensor de tensão de efeito Hall LV 25-P da LEM [91].
Capítulo 5 – Implementação
82 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
A sua saída em corrente apresenta uma razão de conversão de 2500:1000. Tal
como nos sensores de corrente o valor da tensão tem que estar na gama de medida do
ADC do DSP/microcontrolador, ou seja, o valor da tensão aos terminais da resistência
RM (Figura 5.5) tem que estar entre 0 e 3 V. Esta resistência deve estar o mais próximo
possível do ADC, e deve encontrar-se entre os valores de medida aconselhados pelo
fabricante, tal como nos sensores de corrente [90].
Figura 5.5 - Esquema de ligações do sensor LV 25-P da LEM.
Neste sensor, para além da resistência de medida RM, é também necessário
calcular o valor de R1. Esta resistência é calculada de forma a garantir que a corrente
que passa no sensor não seja superior a 10 mA. Deve-se ter o cuidado de calcular
também o valor da potência dissipada, uma vez que aos seus terminais de cada uma
delas está metade da tensão medida.
De seguida são apresentadas as equações que permitem obter o valor da
resistência RM, R1 e sua potência.
12
RMS entrada
RMS entrada
VR
I (5.3)
1
2
1R RMS entradaP R I (5.4)
2500
1000RMS medida RMS entrada MV I R (5.5)
Os cálculos seguintes foram efectuados de forma que o sensor medisse uma
tensão máxima de 400 V de pico.
1 3
40020
2 10R k
1
2320 10 2RP k W
3
3120
2,5 10MR
O valor de RM calculado pode ser aplicado para medição, pois mais uma vez
encontra-se dentro dos valores recomendados pelo fabricante.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 83
Na Figura 5.6 é apresentada a placa de medição da corrente e da tensão das
baterias.
Figura 5.6 – Placa com sensor de tensão e corrente.
5.2.3. Sensor de Posição
Como é referido no Capítulo 2, existem vários tipos de sensores de posição, tendo
sido escolhido o RMB28SC da RLS (Figura 5.7). Este sensor é do tipo Hall OnAxis e
está configurado para comunicação SSI de 11 bits, o que faz com que o motor possa
rodar no máximo a 10.000 rpm, apresentando um desvio máximo de ±0,4º [50].
Figura 5.7 – Sensor de posição RMB28SC.
A comunicação entre o DSP/microcontrolador e o sensor é feita pelo protocolo
SPI do DSP/microcontrolador. Esta comunicação só foi possível devido ao facto de o
protocolo SPI do DSP/microcontrolador permitir a escolha do número de bits da
comunicação. Para fazer a adequação de sinais entre o DSP/microcontrolador e o sensor
de posição foi utilizado o integrado SN65LBC170 da Texas Instrument.
5.2.4. Sensor de Posição do Acelerador
Como sensor de posição do acelerador é utilizado um acelerador electrónico já
existente. É utilizado o acelerador de um Renault Clio de 2001 (Figura 5.8). Foi
necessário fazer o levantamento das suas ligações internas, tendo-se desmontado o
mesmo como mostra a Figura 5.9, observando-se que se trata de um potenciómetro de
escala linear.
Capítulo 5 – Implementação
84 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 5.8 – Acelerador de um Renault Clio.
Figura 5.9 – Acelerador desmontado.
5.2.5. Placa de Entradas
A placa de entradas, apresentada na Figura 5.10, é utilizada para adequar os níveis
de tensão de 5 V aos níveis de tensão de 3,3 V compatíveis com a entrada do
DSP/microcontrolador.
Esta placa é responsável pela interligação dos comandos com o
DSP/microcontrolador, como por exemplo, sentido de rotação do motor, ignição e
outras entradas que possam vir a ser necessárias, até no máximo de oito comandos.
Figura 5.10 – Placa de Entradas.
5.2.6. Placa de Saídas
A placa de saídas, mostrada na Figura 5.11, é utilizada para ligar a ventilação do
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 85
inversor, a refrigeração do motor, o contactor geral, bem como outros dispositivos que
possam vir a ser necessários, até ao máximo de oito saídas.
Figura 5.11 – Placa de Saídas.
5.2.7. Circuito de Condicionamento de Sinal
O circuito de condicionamento de sinal é responsável pelo ajuste do valor
instantâneo das correntes medidas no motor e na bateria, da tensão das baterias e da
posição do acelerador, de forma a torná-los compatíveis com os ADCs do
DSP/microcontrolador. Este circuito já se encontra preparado para receber mais um
sinal de corrente e outro de tensão para quando for implementada a travagem
regenerativa, bem como para medir a posição do travão. Na Figura 5.12 pode ser vista a
implementação do circuito de condicionamento de sinal.
Figura 5.12 – Placa de Condicionamento de Sinal.
As resistências de medida, calculadas anteriormente para os sensores, encontram-
se nesta placa. Esta placa permite o ajuste do ganho e a soma de uma componente DC
aos sinais alternados provenientes dos sensores, para que o sinal final esteja
compreendido entre os 0 e 3 V. Os sensores de tensão não necessitam destes ajustes
uma vez que a tensão das baterias tem sempre a mesma polaridade.
Capítulo 5 – Implementação
86 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Nas saídas existe um circuito de protecção composto por um diodo zenner e por
uma resistência, de forma a não permitir que a tensão à entrada do ADC seja superior a
3 V. À entrada dos ADCs cada sinal é filtrado com um filtro passa baixo de forma a
reduzir o ruído das comutações.
Todos os sinais medidos chegam à placa de condicionamento de sinal por cabos
blindados, de forma a proteger os sinais de eventuais interferências. O mesmo
procedimento acontece para o cabo de saída entre esta placa e o DSP/microcontrolador.
Neste caso a utilização de cabos blindados é fundamental, uma vez que os sinais em
tensão são mais vulneráveis a interferências electromagnéticas. Outra forma de se
reduzir estas interferências é tornar a ligação o mais curta possível.
5.2.8. Circuito de Comando
O circuito de comando, apresentado na Figura 5.13, têm a função de adequar as
saídas PWM do DSP/microcontrolador aos drives de accionamento do inversor, ou seja,
adequar a tensão de saída do DSP/microcontrolador (0 e 3 V) à tensão de entrada dos
drives (0 e 5 V).
Figura 5.13 – Circuito de Comando.
Para além desta função o circuito também é responsável pela gestão de erros que
possam existir. Recebe um sinal de erro de cada drive, sempre que existe algum
problema com a comutação e um sinal de erro de cada dissipador, por excesso de
temperatura. A placa possui uma entrada de enable que é imediatamente desactivada
quando acontece algum erro, forçando a paragem das comutações no inversor. O rearme
da entrada de enable é efectuado pelo DSP/microcontrolador.
O DSP/microcontrolador recebe e processa os erros de forma a informar o
utilizador do tipo de erro ocorrido. A placa de Circuito de Comando já se encontra
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 87
preparada para controlar mais dois semicondutores.
5.2.9. Circuito do Conversor Digital Analógico
Um conversor digital analógico (DAC - Digital to Analog Converter) é uma peça
fundamental quando se está a testar um sistema, pois permite a monitorização de
variáveis internas. Como o DSP/microcontrolador escolhido não possui nenhum DAC,
foi necessário utilizar um DAC externo ao DSP/microcontrolador.
É utilizada uma placa, desenvolvida no Laboratório de Electrónica de Potência da
Universidade do Minho, com um DAC7624U da Burr Brown, que possui uma entrada
digital de 12 bits e quatro saídas analógicas com tensão variável entre -2,5 V e 2,5 V.
Esta placa (Figura 5.14) também tem um circuito amplificador que eleva a tensão das
saídas do DAC para a gama entre 0 a 5 V.
Figura 5.14 – Placa do DAC.
5.2.10. LCD
Para mostrar ao utilizador informações sobre o estado do veículo eléctrico é
utilizado um LCD (Display de Cristal Líquido). Nele são mostradas informações, como
por exemplo, o estado das baterias, informações de erros, consumo instantâneo de
corrente, etc. Em fase de testes/debug pode ser utilizado para mostrar o estado de
algumas variáveis internas.
O LCD utilizado é o apresentado na Figura 5.15, e possui quatro linhas de
mensagens, cada uma com 20 caracteres, com retro iluminação.
Figura 5.15 – LCD.
Capítulo 5 – Implementação
88 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
5.2.11. Fonte de Alimentação
A fonte de alimentação, representada na Figura 5.16, é projectada para adequar a
tensão das baterias à tensão de todas as partes constituintes do sistema de controlo.
Figura 5.16 – Fonte de alimentação do Sistema de Controlo.
É constituída por duas fontes isoladas, uma para alimentar os circuitos de 5 V
(TEN 25-2411), como por exemplo o DSP/microcrontrolador, a outra para alimentar os
sensores de corrente, tensão e drives dos IGBTs que necessitem das tensões ±15 V
(TEN 30-2423).
5.2.12.DSP/Microcontrolador
Para a implementação do sistema de controlo utiliza-se o DSP/microcrontrolador
TMS320F2812 da Texas Instruments. Este apresenta como características principais a
aquisição em simultâneo de 16 canais de conversão ADC de 12 bit, frequência de clock
até 150 MHz, memoria flash de 128 k x 16, memoria RAM de 18 k x 16, memoria OTP
ROM de 1k x 16, interface para memória externa, periféricos de controlo com dois
geradores de eventos (EVA e EVB), 3 timers de 32 bits, watchdog timer, CPU com
capacidade de processar sinais de 32 bits, interface JTAG (Joint Test Action). Contém
até 56 pinos de I/O e uma arquitectura Harvard, que permite ao CPU executar em
paralelo instruções e dados [92].
Na Figura 5.17 pode-se observar os vários módulos que compõem o
DSP/microcontrolador, bem como a interligação entre eles.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 89
Figura 5.17 - Diagrama de blocos dos módulos internos que constituem o DSP/microcontrolador
TMS320F2812 da Texas Instruments [93].
O DSP/microcontrolador escolhido possui vários pinos que podem funcionar
como entrada/saída, ou como periféricos. Foi utilizado o gerador de eventos EVA, para
a implementação dos sinais de PWM a serem utilizados no inversor. O
DSP/microcontrolador possui também um gerador de onda triangular, que neste caso é
configurado para uma frequência de 8 kHz, sendo apenas necessário colocar as
referências calculadas por software nos registos de comparação, CMPR1, CMPR2 e
CMPR3.
Foram utilizados 8 ADCs para a aquisição dos sinais provenientes do circuito de
condicionamento de sinal: dois para as correntes do motor, um para a corrente das
baterias, um para a tensão das baterias, um para a posição do acelerador, um para a
Capítulo 5 – Implementação
90 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
posição do travão, e por fim os dois restantes para a corrente e tensão, para quando se
implementar a travagem regenerativa
Figura 5.18 – Placa do DSP/microprocessador TMS320F2812.
A placa apresentada na Figura 5.18 foi desenvolvida no Laboratório de
Electrónica de Potência do Departamento de Electrónica Industrial da Universidade do
Minho, tendo como base o DSP TMS320F2812. A comunicação entre o PC e o
DSP/microprocessador é feita pelo programador XDS510LC da Spectrum Digital
(Figura 5.19), que permite a programação do DSP/microprocessador e Debug do
programa no DSP/microprocessador.
Figura 5.19 – Programador XDS510LC da Spectrum Digital.
O software de programação utilizado para a programação do
DSP/microprocessador foi o Code Composer da Texas Instruments. Na Figura 5.20 é
apresentado o ambiente de programação do software Code Composer, o qual permite a
criação de novos programas na linguagem C, bem como a compilação dos programas.
Por outro lado também permite a execução, debug e visualização da evolução das
variáveis, através de janelas próprias do Code Composer.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 91
Figura 5.20 - Ambiente gráfico do Code Composer.
5.3. Circuito de Potência
O diagrama multifilar do circuito de potência implementado está representado na
Figura 5.21, sendo composto pelo inversor trifásico, por duas fontes de alimentação,
uma vez que o barramento CC do inversor pode ser alimentado por baterias ou pela rede
eléctrica, qualquer que seja a alimentação escolhida existe circuitos de pré-carga do
barramento CC.
Capítulo 5 – Implementação
92 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Rede Eléctrica Selecção da
Fonte
Pré-Carga
do lado CC
Inversor e Banco de condensadores do lado CC
Baterias
Pré-Carga
Automática
Tranforma-
dores
Ponte Rectifica-
dora e Banco de
Condensadores
Contactor
Principal
KM1
KM2
KM3
KM4
KM5
M
Fuse
Figura 5.21 - Diagrama multifilar do Circuito de Potência.
5.3.1. Inversor
O inversor implementado é composto por três módulos de IGBTs, do tipo
SKM200GB126D da Semikron. Cada módulo é composto por dois IGBTs. O valor
máximo de tensão colector-emissor (VCE) de cada IGBT é de 1200 V, e o de corrente é
260 A, embora o díodo reverso apenas suporte correntes até 200 A. Este módulo
permite correntes de curto-circuito até seis vezes a nominal, sendo aconselhável
trabalharem numa frequência de comutação por volta dos 8 kHz [94]. Na Figura 5.22 é
apresentado o módulo SKM200GB126D e o seu respectivo esquemático.
Figura 5.22 - Módulo de IGBTs SKM200GB126D e respectivo esquemático [95].
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 93
A cada módulo de IGBTs está associado um drive, tendo sido escolhido o
SKHI 22B H4, também da Semikron. Este drive é responsável pela interface entre o
circuito de comando e o módulo de IGBTs, e oferece protecção contra curto-circuitos,
deadtime e isolamento eléctrico, entre o circuito de potência e o circuito de comando,
impedindo assim que problemas no sistema eléctrico se propaguem para o sistema de
controlo.
Internamente o drive está dividido em duas partes, primário e secundário,
garantindo assim o isolamento eléctrico entre elas por transformadores de pulso. No
lado do primário temos os sinais vindos do circuito de comando e no lado do secundário
temos as ligações ao módulo de IGBTs. Na Figura 5.23 é apresentado o drive
SKHI 22B H4 e o seu respectivo esquemático.
Figura 5.23 – Drive SKHI 22B H4 e respectivo esquemático [96].
Na Figura 5.24 está a placa desenvolvida para o drive. Esta placa já contém as
resistências de gate necessárias. Como ainda existiam contactos disponíveis na ficha
DB9 da placa do Drive, utilizou-se o mesmo cabo blindado que une a Placa de
Condicionamento de Sinal ao drive, para enviar o sinal de erro de temperatura de cada
dissipador, correspondente ao módulo de IGBTs que o drive estava a actuar.
Figura 5.24 – Placa de drive: Vista inferior, à esquerda; Vista superior, à direita.
Capítulo 5 – Implementação
94 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Entre o lado secundário do drive e o módulo de IGBTs existe uma pequena placa
(Figura 5.25) constituída por dois zenners e uma resistência, como se pode observar no
esquemático da Figura 5.26, de forma a garantir que a tensão entre a gate e o emissor do
IGBT não seja superior à recomendada [97].
Figura 5.25 – Placa de Protecção à gate.
D1
D2
R1
GND
gate_1
Figura 5.26 – Esquemático da placa de protecção à gate.
Na Figura 5.27 é apresentado o aspecto final do inversor, onde os módulos já se
encontram montados no dissipador, e ligados entre si com fita de cobre para fazer as
ligações comuns dos módulos. Também já possui aos terminais de cada módulo os
condensadores de snubber de 1 µF, 400 V.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 95
Figura 5.27 – Aspecto final do Inversor.
Para validar o Circuito de Comando e verificar se o inversor está a funcionar
correctamente, é efectuado um ensaio em malha aberta do Inversor, ou seja, sem
qualquer tipo de realimentação de valores vindos dos sensores.
Este ensaio consiste em sintetizar três tensões sinusoidais desfasadas entre si de
120º. Estas formas de ondas são criadas a partir de um array de valores guardados em
memória no programa criado para realizar este teste.
A Figura 5.28 apresenta as formas de ondas sintetizadas pelo inversor. Como
carga são utilizadas seis resistências (230 V, 26 Ω), ligadas em estrela na saída do
inversor. O teste é realizado com uma tensão do barramento CC de 127 V. Os sensores
de corrente utilizados na medição têm uma escala de 10 mV/A.
Capítulo 5 – Implementação
96 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Figura 5.28 – Tensão (à esquerda) e corrente (à direita) sintetizadas pelo Inversor.
Com a variação da amplitude das ondas sinusoidais calculadas, é também possível
verificar a linearidade do inversor, como se pode verificar na Figura 5.29. Os valores do
eixo das abcissas são referentes à amplitude das sinusóides criadas pelo
DSP/microcrontrolador para a tensão de referência do inversor, no eixo das coordenadas
é apresentado o valor de pico da tensão sintetizada pelo Inversor.
Figura 5.29 – Linearidade do inversor.
Este ensaio também foi útil para verificar se o deadtime configurado no
DSP/microcontrolador, estava correcto. Na Figura 5.30 pode-se verificar o deadtime
entre IGBTs do mesmo ramo. Os módulos de IGBTs usados têm um deadtime mínimo
de 540 ns [95]. O deadtime implementado foi de 5 µs.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 97
Figura 5.30 - Deadtime implementado entre IGBTs do mesmo ramo.
5.3.2. Fonte de Alimentação
A fonte de alimentação final deste trabalho vai ser constituída por baterias, uma
vez que este sistema está pensado para ser implementado num veículo eléctrico.
Contudo, nesta fase de testes em bancada, existe a opção de seleccionar o tipo de fonte
de alimentação entre baterias ou a rede eléctrica (com transformadores, rectificadores e
condensadores para a filtragem da tensão).
Baterias
Para alimentar o inversor existe a possibilidade de utilizar as baterias já existentes
no laboratório, que podem ser vistas na Figura 5.31. Ao todo são vinte e quatro baterias
WCG-U1 da POWER. Cada uma tem uma tensão nominal de 12 V, 33 Ah, permitindo
uma descarga de 245 A durante um minuto [98].
As baterias estão associadas em série, obtendo-se uma tensão nominal de 288 V e
uma corrente de 33 Ah, com uma potência total de 9,5 kW durante uma hora.
Figura 5.31 – 24 baterias, WCG-U1 da POWER.
Capítulo 5 – Implementação
98 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
Rede Eléctrica
Devido às baterias terem um número de ciclos de vida curto, e de ser necessário
esperar o tempo que demoram a carregar, optou-se por usar a rede eléctrica como outra
fonte de alimentação para o inversor.
Para implementar a fonte de alimentação a partir da rede eléctrica, foram
utilizados três transformadores monofásicos de 5 kVA(Figura 5.32), com 4 taps de
saída, com a entrada e saída ligadas em estrela. À saída dos transformadores é ligada
uma ponte rectificadora e um banco de condensadores. Os condensadores utilizados são
os B43456-A5108-M da EPCOS, com tensão nominal de 450 V, capacidade nominal de
1000 μF ± 20 % e uma corrente de ripple de 13 A [99]. Os condensadores são
associados em paralelo de forma a construir uma capacidade total de 10 mF.
Para eliminar a corrente de inrush, que aparece na maior parte das vezes quando
se liga os transformadores, bem como o pico de corrente inicial dos condensadores do
barramento CC, montou-se um sistema de pré-carga automática, como se pode ver na
Figura 5.21.
Figura 5.32 – Os três transformadores utilizados na fonte de alimentação.
5.3.3. Banco de Condensadores do Lado CC do Inversor
Os condensadores utilizados no lado CC do Inversor (Figura 5.33) apresentam as
mesmas características dos condensadores utilizados na rectificação da fonte de
alimentação, diferem apenas na tensão suportada (400 V). A corrente de ripple neste
caso é importante, uma vez que é influenciada pela temperatura ambiente e frequência
de comutação. Se os condensadores estiverem sujeitos a correntes de ripple acima dos
valores recomendados pelo fabricante, acabam por se deteriorar.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 99
Figura 5.33 – Banco de condensadores do lado CC do Inversor.
Neste caso os condensadores foram associados em série e paralelo, para se poder
ter acesso ao ponto intermédio do barramento CC. Quando existe a associação de
condensadores em série, é necessário colocar resistências (47 kΩ) de equalização, de
modo a permitir que a tensão aos terminais de cada condenador seja igual em todos.
5.3.4. Contactor Geral e Fusível
O contactor geral escolhido foi o LP1 D80004BD da Schneider Electric, este
contactor tetrapolar é de 80 A por contacto, permitindo fazer o paralelo de dois
contactos, aumentando assim a corrente suportada para os 160 A. A sua bobine é
alimentada a 24 V DC, sendo feita a sua alimentação pela Placa de Saídas.
Também é utilizado um fusível de 125 A, de forma a proteger o motor contra
sobre correntes.
Figura 5.34 – Contactor geral e fusível.
5.4. Carro Escolhido para a Conversão
O carro escolhido para a conversão em veículo eléctrico foi um Volkswagen Polo
de Fevereiro de 1996 (Figura 5.35), após ter sido feita uma selecção de potenciais carros
para a conversão, como por exemplo: Fiat Uno de 1990, Nissan micra de 1993, Citroen
AX de 1990, entre outros da mesma gama. Após a realização da Tabela 12 chegou-se à
conclusão que o Volkswagen Polo seria o melhor para efectuar as alterações
Capítulo 5 – Implementação
100 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
pretendidas. Os critérios de escolha foram baseados no peso máximo admissível pelo
carro, peso total dos ocupantes, peso total das baterias, e peso do sistema de conversão a
implementar.
Figura 5.35 - Volkswagen Polo escolhido para a conversão em Veículo Eléctrico.
Tabela 12 – Selecção de potenciais carros para a conversão.
Modelo do carro
Peso nominal
(kg1)
Peso máximo
(kg)
Peso motor
combustão interna
(kg)
Peso dos ocupantes
(kg)
Peso das
baterias (kg)
Peso dos componentes electrónicos
(kg)
Peso Total Disponível
(kg)
Citroen AX 750 1180 100 280 280,6 46 -76,6
Volkswagen Polo
850 1375 100 280 280,6 46 18,4
Fiat Uno 729 1220 100 280 280,6 46 -15,6
Fiat Punto 832 1300 100 280 280,6 46 -38,6
Nissan Micra
800 1290 100 280 280,6 46 -16,6
Para a realização da Tabela 12 foi considerado que o valor aproximado do peso
dos motores de combustão interna anda por volta dos 100 kg, e para os ocupantes foram
considerados 4 ocupantes com valor médio de peso de 70 kg. O peso das baterias é dado
em função das baterias escolhidas para a conversão, e no peso dos componentes
electrónicos é incluído também o peso do motor eléctrico, do inversor, das placas PCBs,
da cablagem, entre outros. O “peso total disponível” refere-se à diferença entre o valor
1 Apesar de kg ser uma unidade de massa, e não de peso, esta tabela segue a nomenclatura
adoptada pelos fabricantes de automóveis.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 101
máximo de peso permitido pelos fabricantes do carro e o peso final do veículo após a
conversão, através do qual se pode concluir que o Volkswagen Polo é o único que se
apresenta dentro dos valores permitidos pelo fabricante do carro.
O processo de substituição do motor de combustão interna pelo motor eléctrico já
se encontra em desenvolvimento. O motor de combustão interna já foi retirado do carro
(Figura 5.36), assim como os seus componentes auxiliares: depósito de combustível,
escape e caixa de velocidades.
Figura 5.36 – Frente do carro já com o motor e caixa de velocidades retirados, à esquerda; motor de
combustão interna retirado, à direita.
As baterias vão ser distribuídas por duas zonas do carro. Uma parte das baterias
vai ser colocada no local anteriormente ocupado pelo motor de combustão interna, e a
outra parte vai ser colocada, numa caixa a construir para o efeito, no porta bagagens do
carro (Figura 5.37).
Figura 5.37 – Porta bagagens do carro onde vão ser colocadas algumas baterias.
A instalação do motor eléctrico no carro vai ser feita em duas etapas. Numa
primeira etapa o motor eléctrico vai estar ligado à caixa de velocidades através da
embraiagem, do mesmo modo que a configuração apresentada na Figura 2.6(a). Na
segunda etapa o motor eléctrico vai ser ligado directamente à caixa de velocidades,
funcionando esta como caixa redutora, que consiste no tipo de configuração apresentada
na Figura 2.6(b).
Capítulo 5 – Implementação
102 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
5.5. Conclusão
Ao longo deste capítulo foi descrita a implementação do sistema electrónico do
veículo eléctrico. Foram apresentadas as características e funções de cada um dos
elementos constituintes do sistema de controlo e de potência. Na Figura 5.38 pode ver-
se, o aspecto final do sistema electrónico do veículo eléctrico em bancada.
Devido à complexidade do hardware existente, optou-se por testar os circuitos em
separado. Inicialmente fez-se o teste à fonte de alimentação apresentada no item 5.2.11,
verificou-se que as tensões geradas estão dentro dos valores pretendidos. Por outro lado
quando opera com carga eléctrica verificou-se que a tensão fica abaixo da esperada. A
fonte que alimenta o DSP/microcontrolador, apresenta um ripple elevado, fazendo com
que em determinados momentos o DSP/microcontrolador deixasse de funcionar
correctamente. De seguida testou-se a placa de drives do inversor e o circuito de
comando, apresentado todas um bom funcionamento. Também foi testado o circuito de
condicionamento de sinal, inicialmente com um gerador de sinais para ajustar os
potenciómetros de valor médio e de ganho do sinal. Por fim foi testado o inversor. Com
o teste do inversor foi possível fazer o ajuste fino dos potenciómetros do circuito de
condicionamento de sinal, uma vez que na saída do inversor estava ligada uma carga
resistiva de consumo conhecido.
Após a implementação do sistema electrónico do veículo eléctrico, pode-se
concluir, que para a realização de trabalhos deste tipo, é necessário ter conhecimentos
em várias áreas da electrónica, tais como, electrónica de potência, instrumentação e
medição, electrónica, programação de DSP/Microcontroladores e conhecimento em
softwares de desenvolvimento de PCBs.
Foram ainda apresentadas as primeiras alterações mecânicas necessárias à
conversão. Já foram retirados os componentes mecânicos do carro que não serão
necessários para o veículo eléctrico, desde o motor de combustão interna, escape e
depósito de combustível.
Já está em estudo a forma de colocar o motor eléctrico, assim como as baterias no
carro, de forma a estabilizar o mesmo.
Capítulo 5 – Implementação
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 103
Figura 5.38 - Aspecto final do sistema electrónico do veículo eléctrico em bancada.
Pré-Carga
Automática
Sistema de
controlo
Ponte Rectificadora e
banco de
condensadores
Inversor
Selecção
da fonte
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 105
CAPÍTULO 6
Resultados Experimentais
6.1. Introdução
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais obtidos no ensaio do
motor eléctrico escolhido (Motor Síncrono de Ímanes Permanentes de fluxo axial de
30 kW, topologia AFIR-S) a funcionar como gerador e os primeiros testes realizados ao
sistema de controlo de velocidade implementado para o motor.
6.2. Ensaio do Motor Eléctrico como Gerador
Para realizar o teste ao motor eléctrico a funcionar como gerador foi-lhe acoplado
um motor de indução também alimentado por um variador electrónico de frequência,
conforme mostra a Figura 6.1. Este ensaio foi realizado com o intuito de verificar as
ligações dos enrolamentos dos dois estatores de forma a se proceder à sua ligação em
paralelo. Este ensaio permitiu ainda validar o funcionamento do sensor de posição do
motor e a rotina de cálculo da velocidade do motor eléctrico, implementada no
DSP/microcrontrolador.
Variador electrónico de
frequência
Motor de Indução
Motor eléctrico utilizado no
trabalho
Figura 6.1 – Montagem efectuada para realizar o teste ao motor eléctrico a funcionar como gerador.
A Figura 6.2 apresenta as formas de onda das tensões compostas aos terminais de
cada enrolamento dos estatores do motor eléctrico (este motor possui dois estatores e
um rotor). O ensaio do motor a operar como gerador permitiu que se identificassem os
diferentes enrolamentos e suas ligações, necessárias para se efectuar a ligação dos
Capítulo 6 – Resultados Experimentais
106 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
mesmos em paralelo.
vab_1 vbc_1 vca_1
vab_2 vbc_2 vca_2
Figura 6.2 – Tensão composta aos terminais dos dois estatores a uma velocidade de rotação de 500 rpm.
Já com os enrolamentos dos estatores ligados em paralelo foi realizado o ensaio
ao motor eléctrico de forma a obter os sinais das tensões compostas produzidas pelo
gerador, como se pode observar na Figura 6.3.
vbcvab vca
Figura 6.3 – Tensão composta aos terminais do motor a uma velocidade de 1000 rpm (com os dois rotores
em paralelo).
Na Figura 6.4 pode-se observar a forma de onda do sinal de saída do sensor de
posição do motor. Devido ao protocolo de comunicação utilizado pelo sensor de posição
não foi possível validar directamente a posição a partir da forma de onda do sinal à
saída do sensor de posição. A forma de onda do sensor de posição apresentada foi
obtida numa saída do DAC, depois de ajustado o protocolo. Na mesma figura também é
possível observar a comparação do sinal do sensor de posição com as tensões compostas
aos terminais dos enrolamentos do estator do motor.
Capítulo 6 – Resultados Experimentais
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 107
vbcvab vca
Figura 6.4 – Comparação entre as tensões compostas do motor e a posição do rotor a uma velocidade de
500 rpm.
Por fim, o último ensaio realizado ao motor eléctrico a funcionar como gerador foi
utilizado para ver o comportamento do mesmo quando alimenta uma carga eléctrica.
Neste caso foi ligada uma carga equilibrada em triângulo, constituída por três
resistências com valor de 13 Ω. Os sensores de corrente utilizados apresentam uma
escala de 10 mV/A.
vbva vc
ibia ic
Figura 6.5 – Tensões e correntes à saída do motor a funcionar como gerador a uma velocidade de
500 rpm.
6.3. Resultados Experimentais do Sistema de Controlo do Motor
A Figura 6.6 apresenta os primeiros resultados experimentais do sistema de
controlo aplicado ao motor eléctrico para funcionamento em vazio. Para a realização
deste teste foi utilizada uma tensão no barramento CC de 160 V. Os sensores de
corrente utilizados para as medições têm uma escala de 10 mV/A. O desfasamento entre
Capítulo 6 – Resultados Experimentais
108 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
a tensão de referência e a tensão aos terminais do motor eléctrico é devido ao filtro
digital implementado pelo osciloscópio. Essa filtragem realizada pelo osciloscópio é
essencial para ser ver a fundamental da tensão aplicada aos enrolamentos do estator,
uma vez que as tensões aplicadas ao motor são produzidas por PWM.
va_refia va
vb_refib vb
vc_refic vc
Figura 6.6 – Primeiros resultados experimentais do sistema de controlo aplicado ao motor eléctrico:
Fundamentais das tensões aplicadas ao motor e correntes no motor.
Para a realização dos ensaios experimentais em laboratório foi utilizada uma
bancada de testes (Figura 6.7), a qual é constituída por uma base onde se colocam os
motores para ensaio, e por um dinamómetro, de forma a ser possível medir o binário
produzido pelo motor eléctrico.
Figura 6.7 – Aplicação do motor eléctrico escolhido para o veículo eléctrico na bancada de testes para o
ensaio do binário produzido.
Capítulo 6 – Resultados Experimentais
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 109
6.4. Conclusão
Os resultados obtidos no ensaio do motor eléctrico como gerador permitiram
confirmar que as tensões produzidas pelo motor ao operar como gerador são
sinusoidais. Indirectamente pode-se assumir que ao funcionar como motor, a força
contra-electromotriz produzida nos enrolamentos será também sinusoidal.
O ensaio do motor como gerador permite também confirmar as ligações dos
enrolamentos dos estatores.
Foram apresentados os resultados obtidos no accionamento com o sistema de
controlo aplicado ao motor. Devido a muitos imprevistos ocorridos durante a elaboração
do projecto não foi possível obter mais resultados do motor em funcionamento nestas
condições, nomeadamente: curto-circuitos entre pistas e o plano de massa das placas;
destruição de alguns módulos de IGBTs por picos de tensão aos seus terminais;
utilização de fontes de alimentação de baixa potência, entre outros de menor
importância mas que conjuntamente acabaram por trazer atrasos.
No entanto, é de realçar que estes imprevistos são normais em projectos de
investigação e desenvolvimento como o apresentado nesta dissertação. Uma vez que o
motor escolhido apresenta uma tecnologia recente, não havendo muita informação
acerca do motor.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 111
CAPÍTULO 7
Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro
7.1. Conclusões
Ao longo da dissertação foi apresentado e descrito o desenvolvimento de um
veículo eléctrico a partir de um carro com um motor de combustão interna.
No capítulo 2, começou-se por fazer uma breve descrição sobre os três principais
tipos de veículos que utilizam a propulsão eléctrica nomeadamente: veículos eléctricos,
veículos híbridos e veículos a célula de combustível. Foram apresentados os principais
tipos de motores eléctricos mais usados nos veículos com sistemas de propulsão
eléctrica. Assim como os vários tipos de elementos armazenadores de energia para os
sistemas de propulsão eléctrica. Foram ainda enumeradas as principais normas que os
veículos com sistemas de propulsão eléctrica devem respeitar. Por fim descreveu-se o
processo de homologação de veículos eléctricos em Portugal.
No capítulo 3, foram apresentados os motores de fluxo axial com ímanes
permanentes e as suas principais topologias. Uma vez escolhida a topologia a utilizar na
conversão, de um veículo de combustão interna em veículo eléctrico, apresentou-se o
modelo equivalente do motor eléctrico de fluxo axial escolhido, bem como as suas
características e tipo de controlo a aplicar. Após uma comparação entre os motores de
fluxo axial e os motores de fluxo radial pôde-se concluir que de uma forma geral os
motores de fluxo axial são mais compactos em comparação com os motores de fluxo
radial, apresentando boas características para serem incorporados ou acoplados às rodas
de um veículo eléctrico. Estas características foram preponderantes para a escolha do
motor em causa para ser utilizado neste trabalho de dissertação.
No capítulo 4 mostrou-se a implementou-se um modelo de simulação para o
controlo do motor e foram apresentados os resultados obtidos a partir destas simulações
computacionais. Foram mostrados resultados desde a simulação das transformadas
necessárias ao controlo implementado, até ao ajuste dos ganhos dos controladores
implementados.
Uma vez simulado todo o sistema de controlo e accionamento do motor, passou-
se à implementação do sistema electrónico do veículo eléctrico, tendo sido apresentados
todos os elementos constituintes do sistema de controlo e do circuito de potência, que
são apresentados no capítulo 5.
Por último, no capítulo 6 foram apresentados os resultados experimentais obtidos
nos ensaios de funcionamento ao motor: primeiro a funcionar como gerador, o que
Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro
112 Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho
permitiu descobrir as ligações necessárias à ligação em paralelo dos enrolamentos do
estator; numa segunda fase a funcionar como motor accionado com o sistema de
controlo implementado. Devido aos vários imprevistos que foram aparecendo ao longo
da implementação, não foi possível obter mais resultados até ao momento. Contudo,
uma vez que o projecto de desenvolvimento do veículo eléctrico vai continuar, prevê-se
obter os resultados prontos nos próximos meses.
Foram ainda apresentadas as primeiras alterações mecânicas realizadas no carro
para a conversão do mesmo de motor de combustão interna em veículo eléctrico.
Pode-se concluir que para a realização deste tipo de trabalho de dissertação é
necessário ter um bom conhecimento em várias áreas da electrónica, tais como,
electrónica de potência, instrumentação e medidas, electrónica analógica, Programação
de DSP/Microcontroladores, bem como o conhecimento em ferramentas de simulação e
desenvolvimento de PCBs.
Após o final desta dissertação chega-se à conclusão de que ainda existe muito
trabalho a ser feito, até se alcançar os resultados desejados para a conversão do carro.
Todos os sistemas electrónicos constituintes do veículo eléctrico já foram modelados,
dimensionados e construídos, contudo ainda falta todo o trabalho de montagem e testes
no carro. Além disso, ainda há algumas dificuldades a superar no controlo do motor,
embora o hardware já estava totalmente desenvolvido.
7.2. Trabalho Futuro
Os resultados obtidos ao final desta dissertação ainda precisam ser trabalhados, de
forma a se melhorar o sistema de controlo do motor eléctrico a ser implementado no
veículo eléctrico. Numa segunda parte do projecto irá ser ainda necessário realizar mais
simulações do sistema de controlo, de forma a se obter resultados nas simulações que
sejam os mais próximos possíveis da realidade. Os resultados obtidos a partir das
simulações devem ser validados na bancada de testes, em laboratório.
Todo o sistema desenvolvido para o veículo eléctrico pode ser optimizado em
termos de volume. Para isso o mesmo deve ser redesenhado de forma a juntar todas as
placas desenvolvidas numa única. Pode ser feita também pesquisa sobre dissipadores
refrigerados a água, permitindo assim a redução do volume ocupado pelo Inversor.
Para se conseguir um melhor rendimento e um ciclo de vida maior para as baterias
será interessante a implementação de um sistema BMS (Battery Management System –
Sistema de Gestão das Baterias) para as baterias escolhidas.
Finalmente, a eficiência do carro pode ser melhorada com a implementação de um
sistema de travagem regenerativa. Assim, será necessário estudar os sistemas de
controlo e especificar os elementos armazenadores necessários para armazenar a energia
cinética durante as travagens.
Desenvolvimento de um Veículo Eléctrico
Delfim Duarte Rolo Pedrosa – Universidade do Minho 113
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