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DEMOCRATIZANDO AS ATIVIDADES LABORATORIAIS NO ÂMBITO
ESCOLAR: A VIABILIDADE DO USO DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO
NO ENSINO DE MICROBIOLOGIA
Mateus Camboim de Oliveira*
RESUMO
A Microbiologia é a ciência que estuda os microrganismos, principalmente bactérias
e fungos que fazem parte da maioria dos processos relacionados aos seres vivos, e
seu entendimento é fundamental na compreensão da realidade ao nosso redor. Os
espaços de educação servem a tal propósito, mas os professores de Biologia
encontram dificuldades em contextualizar e ensinar a Microbiologia. A ausência de
atividades práticas de laboratório em escolas públicas é uma das principais
dificuldades observadas, principalmente devido aos altos preços dos materiais
laboratoriais. Assim, é necessário pensar em atividades experimentais de
microbiologia com poucos recursos disponíveis. O presente trabalho tem como
objetivo compreender como a microbiologia está presente no cotidiano dos discentes
e verificar a viabilidade de atividades práticas microbiológicas usando materiais de
custo acessível. Este estudo foi aplicado em vinte e cinco alunos do ensino médio de
uma escola da rede pública de Canoas/RS, subdividindo-se em um diálogo
orientado sobre o tema microbiologia, os experimentos de microbiologia utilizando
materiais acessíveis e a análise dos resultados. Os resultados do diálogo orientado
demonstraram que os alunos possuíam noções superficiais sobre Microbiologia, mas
não foram capazes de um aprofundamento sobre o assunto, associando-a às
enfermidades. Todos os experimentos proporcionaram resultados concordantes com
a literatura especializada, sendo muito didáticos e promovendo a contextualização
do ensino de Microbiologia. Conclui-se que as atividades práticas aplicadas
utilizando materiais de fácil obtenção e de custo acessível são viáveis e aplicáveis
dentro do contexto escolar trabalhado, sendo uma alternativa para superar os
desafios impostos pelo ensino público brasileiro.
* Discente do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade La Salle - Unilasalle,
matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão II, sob a orientação da Profa. Dra. Anelise
Beneduzi da Silveira. E-mail: [email protected]
2
Palavras-chave: educação, ciências, biologia, experimentos, microbiologia,
materiais de baixo custo, práticas alternativas.
1 INTRODUÇÃO
A Microbiologia é a área das Ciências Biológicas encarregada de estudar os
organismos invisíveis a olho nu, ou seja, aqueles cujo tamanho não costuma
ultrapassar 100μm (SCHAECHTER et al., 2010), tais como algas, bactérias, fungos,
protozoários e vírus. Segundo Pelczar Júnior et al. (1996), sua etimologia vem do
grego: micros, “pequeno”; bios, “vida” e logos, “estudo”. Os microrganismos,
principalmente as bactérias e os fungos, fazem parte da maioria dos processos
relacionados à existência dos seres vivos. Os mesmos autores afirmam ainda que,
por ser uma área da ciência relativamente nova (em torno de trezentos anos de
existência), muito tempo se passou até que fosse devidamente reconhecida, tanto
que somente há aproximadamente cem anos que a comunidade científica passou a
considerar os microrganismos importantes, principalmente por seu potencial
biotecnológico. Madigan et al. (2004) vão além, contrariando o senso comum e
afirmando que as formas de vida mais complexas (plantas e animais, por exemplo)
não teriam surgido e nem se mantido sem a atividade metabólica dos organismos
microscópios.
Tais conhecimentos proporcionados pela Microbiologia vêm chamando à
atenção na atualidade, porque permitem inúmeros avanços científicos, tecnológicos
e sociais como, por exemplo: processos de enriquecimento de solos para agricultura
(simbioses entre vegetais e bactérias e/ou fungos micorrízicos), a produção massiva
de antibióticos (amoxicilina, azitromicina, cefalexina, penicilina, etc.) e de proteínas
humanas (por exemplo, a somatostatina) (CARRER et al., 2012) e na indústria
alimentícia (MADIGAN et al., 2004; CÂNDIDO et al., 2015), além da aplicação de
microrganismos biorremediadores em áreas contaminadas (PELCZAR JÚNIOR et al.
1996).
Dessa forma é possível perceber como a Microbiologia está intricadamente
relacionada ao cotidiano do ser humano e é fundamental no processo de
entendimento e na tomada de consciência de vários aspectos da vida diária
(CÂNDIDO et al., 2015; CASSANTI et al. 2008; SANTOS; GIROTTO, 2016; SOUZA
et al., 2005). Pelczar Júnior et al. (1996) afirmam que todas as pessoas, cientistas
3
ou não, deveriam estar minimamente familiarizadas com os microrganismos, o que
incluiria entender seu conceito, conhecer suas características básicas e sua
influência no meio ambiente.
Assim, para que esse entendimento ocorra de forma efetiva, os espaços de
educação podem servir a tal propósito, com implicações adicionais a tal objetivo: ao
entender como o mundo funciona, o estudante pode então agir, por si mesmo,
usando dos conhecimentos desenvolvidos nas aulas de Ciências e/ou Biologia, com
autonomia para adquirir mais conhecimento (BRASIL, 1999). Nota-se, então, que a
Biologia serve também à formação de cidadãos críticos e capazes de atuar na
sociedade em que estão inseridos, ampliando os conceitos da vida e englobando
todas as suas complexas relações, como objetivam os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN, 2000). Esse aprendizado deveria ter início na escola, porém,
durante o ensino básico os microrganismos são encarados quase unicamente sob
uma perspectiva negativa, como se a maioria fosse patogênica. No entanto, tal
postura mostra-se equivocada, pois ignora a importância ecológica desses seres
vivos e sua participação vital nas mais diversas atividades humanas (CASSANTI et
al. 2008; FERREIRA, 2010; PELCZAR JÚNIOR, et al. 1996; SANTOS; GIROTTO,
2016). Conforme Cassanti et al. (2008), somente cerca de 2% dos microrganismos
causam doenças ao ser humano.
Mesmo assim, os professores de Ciências e Biologia ainda encontram
dificuldades em auxiliar os alunos na aprendizagem e na contextualização da
Microbiologia (CABALLER; GIMENEZ, 1993), acabando por focar apenas no sentido
limitado de transmissão de informações (SOUZA et al., 2005). A ausência de
atividades práticas, uma das principais dificuldades observadas no âmbito escolar,
pode representar uma importante lacuna no percurso de aprendizado do aluno
(SOUZA et al., 2015) pois, somando-se isso à naturalização de aulas pouco
atrativas, principalmente no contexto do Ensino Médio, o aluno tende a encarar a
disciplina como algo puramente teórico e distante de sua realidade, como corrobora
Romeiro (2016). Além disso, como essa ciência pode ser considerada muito abstrata
para os alunos per si, eles correm o risco de assumir uma falta de conexão entre ela
e sua realidade, o que certamente compromete um aprendizado significativo
(CASSANTI, et al., 2008). Logo, as atividades experimentais são de considerável
relevância como recursos didáticos na compreensão dos conteúdos trabalhados
dentro da Microbiologia (GOUVEIA; CORREIA, 2011; CASSANTI, et al., 2008).
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Considerando as informações apresentadas e o fato da maioria das
instituições de ensino público encararem problemas financeiros, conforme afirmam
Cassanti et al. (2008), é necessário pensar em atividades experimentais que sejam
viáveis, fáceis de serem executadas com poucos recursos disponíveis. Essa
necessidade pode ainda oportunizar um estreitamento da comunidade escolar em
um momento de ensino-aprendizagem, porque promove a união dos professores e
dos discentes em prol de um bem comum, que seria conseguir os suprimentos
necessários para as aulas práticas, como corroboram Barbosa e Barbosa (2010), em
relação aos recursos:
Sempre que possível eles podem ser substituídos por objetos de uso cotidiano ou por equipamentos de fácil construção. Sendo assim, alunos e professores podem contribuir com o levantamento de materiais reutilizáveis e de baixo custo, incrementando o processo de aprendizagem (BARBOSA e BARBOSA, 2010, p.139).
Uma vez que os materiais de laboratório (necessários costumam ter um alto
preço no mercado (BARBOSA; BARBOSA, 2010) e a maioria das escolas de Ensino
Médio públicas não dispõe de verba para sua aquisição, justifica-se a necessidade
de viabilizar e potencializar atividades práticas laboratoriais no ensino de
microbiologia no ambiente escolar. Devido a isso, o presente trabalho tem como
objetivo analisar a compreensão de como a microbiologia está presente no cotidiano
por parte dos discentes e verificar a viabilidade e a aplicabilidade de atividades
práticas microbiológicas usando materiais de fácil obtenção e custo acessível.
2 METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, as atividades foram aplicadas no Laboratório
de Ciências em uma turma de vinte e cinco alunos do terceiro ano do ensino médio,
no turno matutino, entre maio e junho de 2017, da Escola Estadual de Ensino Médio
Profa. Margot Terezinha Noal Giacomazzi, localizada no município de Canoas/RS.
O trabalho foi aplicado em duas aulas de dois períodos cada, subdividindo-se
em três momentos distintos: diálogo orientado sobre o tema microbiologia, os
experimentos de microbiologia (utilizando materiais de baixo custo) e a análise dos
resultados e discussão sobre o tema proposto.
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2.1 Diálogo orientado sobre o tema Microbiologia
Foi realizada com os discentes uma discussão guiada do tema Microbiologia a
fim de contextualizar os experimentos que seriam aplicados posteriormente. Seguem
abaixo as indagações realizadas:
I. O que é Microbiologia?
II. No que vocês pensam quando ouvem a palavra Microbiologia?
III. A Microbiologia tem alguma importância para o meio ambiente? Qual?
IV. A Microbiologia tem alguma importância para o Ser Humano? Qual?
V. Bactérias, fungos e vírus trazem algum malefício ao homem? Qual (is)?
VI. Bactérias, fungos e vírus trazem algum benefício ao homem? Qual (is)?
2.2 Experimentos de microbiologia utilizando materiais de baixo custo
Para a pesquisa sobre a realização dos experimentos de microbiologia
utilizou-se como ferramentas de busca os sites Google, Google Acadêmico e
Youtube e, assim, foram selecionados seis diferentes experimentos, adaptando-os à
realidade da escola: o cultivo de microrganismos em meio de cultura sólido não-
seletivo, o cultivo de microrganismos em meio de cultura sólido indicador de pH, a
observação do crescimento de microrganismos que habitam o corpo humano, a
eficiência de produtos de limpeza, a produção de gás carbônico e a conservação
alimentar (Tabela 1).
Os materiais de uso geral utilizados foram: Álcool 70%; algodão em bolas;
canetas para retroprojetor, colheres de sobremesa; cotonetes; declorador para
aquários (“anticloro”); estufa bacteriológica caseira (caixa de isopor com bocal para
lâmpada de ≤11W); fósforos; velas e seringas de 20mL para as medições.
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Tabela 1. Roteiros das atividades práticas de Microbiologia realizadas pelos discentes, contendo nome do experimento, seus objetivos, materiais utilizados, meios de cultura e procedimentos.
Roteiro das Experiências Experimento Objetivos Materiais Meio de Cultura Procedimentos
Experimento I: cultivo de microrganismos em meio de cultura sólido não seletivo (adaptado de CASSANTI, 2008).
Observar o crescimento de microrganismos de superfícies pré- determinadas (assento do vaso sanitário, cédula de dinheiro, celular, maçaneta de porta e mucosa oral).
Açúcar; água declorada; caldo de carne em cubos; cotonetes; fósforos; vela; gelatina incolor sem sabor e potes plásticos descartáveis com tampa.
Sólido Não Seletivo: 200mL de água de abastecimento sem cloro, uma colher de sopa açúcar, um cubo de caldo de carne e três pacotes de gelatina incolor sem sabor.
1. Realizar a assepsia das mãos e do local; 2. Acender uma vela e posicioná-la entre o aluno e os materiais, cuja distância não deve ser maior do que 30 cm, para manter a área estéril; 3. Identificar o pote plástico contendo o meio de cultura, a superfície escolhida e a data de inoculação; 4. Esfregar bem o cotonete na área escolhida; 5. Pegar o pote plástico contendo o meio de cultura, posicioná-lo o mais próximo possível da chama, abrir a tampa o mínimo possível e esfregar com delicadeza, a superfície do meio de cultura e após fechar rapidamente a tampa; 6. Colocar o pote inoculado dentro da estufa caseira e aguardar de 24h até 72h para a observação dos resultados; Realizar a assepsia das mãos e do local.
Experimento II: cultivo de microrganismos em meio de cultura sólido com indicador de pH (adaptado de GALEMBECK, 2013).
Observar o crescimento de microrganismos de superfícies pré- determinadas (assento do vaso sanitário, cédula de dinheiro, celular, maçaneta de porta e mucosa oral) e sua capacidade de alterar o meio através da mudança da coloração (pH).
Açúcar; água declorada; batatas cortadas em cubos; gelatina incolor sem sabor; potes plásticos descartáveis com tampa, repolho roxo fatiado e sal.
Sólido com indicador de pH: 200mL de água de abastecimento sem cloro, uma colher de sopa açúcar, ½ colher de chá de sal, duas batatas pequenas cortadas em cubos,100g de repolho roxo fatiado e três pacotes de gelatina incolor sem sabor.
Os procedimentos para realização do experimento foram os mesmos descritos anteriormente.
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Experimento III: Observação do crescimento de microrganismos habitantes do corpo humano
Observar o crescimento de microrganismos que habitam naturalmente o corpo humano.
Açúcar; água declorada; batatas cortadas em cubos; garrafas PET de 250mL; gelatina incolor sem sabor e sal.
Para crescimento de fungos: 200mL de água de abastecimento sem cloro, uma colher de sopa açúcar, uma colher de sobremesa de sal e duas batatas cortadas em cubos.
Os procedimentos para realização do experimento foram os mesmos descritos anteriormente, exceto que a área escolhida pelo aluno: a axila ou entre os dedos dos pés e o cotonete inoculado na garrafa PET contendo o meio de cultura sólido.
Experimento IV:
eficiência de produtos de limpeza.
Investigar se alguns produtos de limpeza tais como, alvejante de uso doméstico, antisséptico bucal com álcool, desinfetante de uso doméstico e álcool gel são realmente eficientes para a diminuição da quantidade de microrganismos em uma amostra (nota de dinheiro).
Açúcar; água declorada; álcool gel de limpeza 70ºGL; alvejante de uso doméstico (hipoclorito de sódio 2,5%); antisséptico bucal (princípio ativo: óleos essenciais – timol, eucaliptol e mentol); caldo de carne em cubo; nota de dinheiro; desinfetante (princípio ativo: derivados de cloro-fenol) de uso doméstico; filtro de papel (de café cortados em tiras de 5cm de comprimento e 0,5cm de largura); gelatina incolor sem sabor e potes plásticos descartáveis com tampa.
Sólido Não Seletivo: 200mL de água de abastecimento sem cloro, uma colher de sopa açúcar, um cubo de caldo de carne e três pacotes de gelatina incolor sem sabor.
Os procedimentos para realização do experimento foram os mesmos descritos anteriormente, exceto que a nota de dinheiro foi a amostra utilizada, sendo o cotonete inoculado no meio de cultura sólido e uma tira de filtro de papel encharcado com o produto de limpeza escolhido foi colocado em cima do meio de cultura sólido. Um grupo controle (sem produto) também foi utilizado.
Experimento V: produção de gás carbônico
Observar os subprodutos do metabolismo do fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae Meyen ex
E.C. Hansen).
Açúcar; água declorada; amido de milho; farinha de trigo; fermento biológico seco, sacos plásticos de fechamento hermético (tipo “zip-loc”) e sal.
1. Realizar a assepsia das mãos e do local; 2. Identificar o saco plástico com o nome do aluno, a substância acrescentada e a data de inoculação; 3. Pegar o saco plástico contendo a água e acrescentar uma colher de sobremesa da substância escolhida (açúcar, amido de milho, farinha, sal e um apenas com água – este seria o grupo controle), uma pitada do fermento biológico seco recém-aberto e fechar o saco plástico fazendo um nó firme;
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Experimento VI: conservação alimentar (adaptado de LACERDA, 2012)
Observar a capacidade de preservação de um alimento preparado (mingau de aveia) adicionando-se diferentes produtos tais como, óleo vegetal, solução salina e vinagre.
Açúcar; farinha de aveia; óleo vegetal; potes plásticos descartáveis com tampa; solução salina (200mL de água mais uma colher de sopa de sal) e vinagre.
Mingau de Aveia: 400mL de leite, quatro colheres de sopa de aveia e duas colheres de sopa de açúcar.
4. Colocar os sacos plásticos deitados dentro de um recipiente para evitar vazamentos, à temperatura ambiente e aguardar de 24h até 72h para a observação dos resultados.
1. Realizar a assepsia das mãos e do local; 2. Identificar cada recipiente plástico contendo 1/3 de seu volume total preenchido com mingau simples de aveia o nome do aluno, o produto escolhido e a data da experiência; 2. Pegar o recipiente contendo o mingau, abrir a tampa e colocar o produto escolhido: óleo vegetal, solução salina, vinagre, sendo que um recipiente deve ficar sem produto algum (grupo controle) até a altura de 1cm aproximadamente; 3. Colocar os recipientes com a tampa aberta em cima do balcão, e aguardar de 24 até 72h para a observação dos resultados (o grupo controle foi deve ser mantido sob refrigeração); 4. Realizar a assepsia das mãos e do local.
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Os experimentos foram desenvolvidos com materiais de custo acessível e de
fácil aquisição, como observado na Tabela 1. Os grupos de alunos distribuíram cada
um dos seis experimentos citados anteriormente (Figura 1A, 1B e 1C), sendo os
experimentos I, II, III e IV acondicionados na estufa caseira (Figura 1D).
Figura 1. Experimentos de Microbiologia realizados pelos discentes no Laboratório de Ciências da
E.E.E.M. Profa. Margot Terezinha N. Giacomazzi (1A), os experimentos propostos após sua realização, devidamente identificados (1B), os alunos realizando os experimentos (1C) e material acondicionado na estufa bacteriológica caseira (1D).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Diálogo orientado sobre o tema Microbiologia
No diálogo orientado com os discentes sobre o tema Microbiologia, constatou-
se que a maioria respondeu de forma genérica com respostas curtas tais como, “a
ciência dos animais pequenos”, “o estudo das coisas pequenas”, “o estudo dos
vírus”, “o estudo das bactérias” e “tudo relacionado a coisas pequenas”. Quando
questionados sobre o que vinha à mente quando ouviam a palavra Microbiologia, os
discentes apresentaram respostas semelhantes, como “bactérias”, “bolor”;
“doenças”, “fungo”, “gripe” e “vírus”. Na próxima pergunta, relacionada à importância
ambiental dos microrganismos, todos os alunos que responderam, afirmaram que
sim, com respostas menos variadas comparadas com as anteriores, sendo elas
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“decomposição” e “são decompositores”. Tratando-se da possível importância para o
ser humano, os alunos responderam de um modo mais completo e com implicações
práticas mais variadas, sendo elas “AIDS”, “cerveja”, “eles causam fungo na pele”,
“iogurte”, “gripe”, “queijo” e “vinho”. Quando questionados especificamente acerca
dos malefícios da ação dos microrganismos para o ser humano, os alunos repetiram
enfaticamente “AIDS”, “doenças”, “fungo na pele”, “frieira”, “infecções”. Foi verificada
a repetição de conceitos por parte dos alunos, sendo justamente o que eles tinham
como ideia geral sobre o assunto: os microrganismos causam malefícios. Na última
pergunta do diálogo, sobre os possíveis benefícios dos microrganismos, a turma
mostrou-se mais silenciosa e hesitante, com algumas respostas como “faz bebidas”
e “queijos”.
As diferentes respostas obtidas a partir do diálogo orientado permitiram obter
uma visão geral sobre como os discentes entendiam a Microbiologia no seu
cotidiano. Identificou-se um conhecimento superficial sobre essa área da ciência,
bem como algum conhecimento sobre os conceitos mais gerais. Ao citarem a
Microbiologia como o estudo dos seres vivos pequenos, os alunos abordaram um
conceito que vai ao encontro do que é proposto por diferentes autores (PELCZAR
JÚNIOR et al., 1996; SCHAECHTER et al., 2010). O mesmo aconteceu quando as
respostas mais frequentes e dadas com mais ênfase foram aquelas que reforçavam
os impactos negativos dos microrganismos sobre o ser humano, uma ideia já
discutida anteriormente por Cassanti et al. (2008), Neto e Diniz (2016) e Souza
(2014). Essa percepção negativa construída em torno dos microrganismos é difícil
de ser modificada, porque muitas ideias que o compõe são culturais e não baseadas
nas evidências científicas, dificultando a mudança conceitual dos estudantes, como
é afirmado por Mafra et al. (2015). Quanto aos possíveis benefícios dos
microrganismos ao ser humano, os alunos citaram a indústria alimentícia, mas foram
incapazes de explicar os processos envolvidos. Essa incongruência pode ser
resultado da forma como a microbiologia costuma ser tratada em sala de aula:
abstrata, desassociada com as demais áreas da Biologia e completamente
descontextualizada. Tal contradição também foi observada nos resultados da
pesquisa de Neto e Diniz (2016), ao afirmarem que:
Os mesmos alunos que nas questões objetivas demonstraram, em sua maioria, ter consciência da presença da microbiologia no seu cotidiano, não conseguiram formular respostas que reforçassem esse entendimento. Um
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dos motivos para que haja a contradição observada é que, mesmo sendo um assunto amplamente associado ao noticiário diário da mídia, assim como à biotecnologia, a microbiologia vem sendo trabalhada na sala de aula de forma fragmentada e descontextualizada (NETO; DINIZ, 2016; p.24).
As respostas obtidas através desse diálogo auxiliaram na elaboração e na
orientação dos experimentos de microbiologia, servindo de guia e permitindo sua
adaptação e flexibilização quando necessário.
3.2 Experimentos de microbiologia utilizando materiais de baixo custo
Durante a realização dos experimentos, os discentes mostraram-se
interessados pelas atividades propostas, que não eram usuais no dia-a-dia escolar,
sendo estas percepções semelhantes às encontradas por Barbosa e Oliveira (2015),
Bezerra et. al. (2015) e Souza et al. (2005), devido ao fato de terem poucas
atividades práticas laboratoriais (segundo os discentes, a realização dessa pesquisa
foi a segunda prática laboratorial do ano). O interesse demonstrado pelos discentes
também foi devido à descoberta de que os microrganismos não possuem uma
influência somente negativa, estando envolvidos em inúmeros processos
fundamentais à existência dos seres vivos. Por isso os experimentos tiveram um
impacto positivo na contextualização da microbiologia, relacionando-a com outras
áreas como, por exemplo, química (processos relacionados à decomposição e
preservação de alimentos, substâncias potencialmente germicidas, etc...), história
(criação de alimentos fermentados, como eram preservados, questões relacionadas
à higiene, etc...) e geografia (como as condições climáticas influenciam o
desenvolvimento de microrganismos, etc...). Como afirmam Neto e Diniz (2016) “o
ensino, particularmente de biologia, precisa ser cada vez mais aplicado e
contextualizado, independentemente da modalidade didática escolhida para cada
situação” e os experimentos de microbiologia deste trabalho prestaram-se com
sucesso a tais objetivos.
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3.3 Análise dos resultados e discussão sobre o tema proposto
O experimento I, que tratava do cultivo de microrganismos em meio de cultura
sólido não seletivo, apresentou crescimento microbiológico observável em todas as
semeaduras (assento do vaso sanitário, cédula de dinheiro, celular, maçaneta de
porta e mucosa oral). Todos os experimentos apresentaram colônias bacterianas
nos potes plásticos contendo o meio de cultura, sendo estas, populações de células
visíveis a olho nu, desenvolvidas em meio sólido e originadas a partir de uma única
célula bacteriana (MADIGAN, et al., 2004). Apenas três potes apresentaram colônias
fúngicas (celular, cédula de dinheiro e maçaneta de porta) e dentre estas, a
semeadura da maçaneta teve o crescimento fúngico mais expressivo (Figura 2).
Figura 2. Resultados do Experimento I. Potes plásticos contendo meio de cultura sólido inoculado de: (2A) maçaneta, (2B) cédula de dinheiro, (2C) mucosa oral, (2D) assento do vaso sanitário e (2E) celular.
Tratando-se de bactérias, tal resultado era esperado porque, como afirma
Schaechter et al. (2010), elas existem em praticamente toda a superfície do planeta,
bastando para isso a presença de níveis mínimos de umidade. O aparecimento de
crescimento fúngico na semeadura da maçaneta deve-se, provavelmente, ao seu
contato constante com mãos contaminadas e à falta de higienização adequada
(BRASIL, 2007). As amostras inoculadas que obtiveram pouco ou nenhum
crescimento, como no caso da cédula de dinheiro, pode ser por esta ser nova e por
isso menos manuseada. No caso da mucosa oral, uma boa higiene bucal evitaria a
proliferação excessiva de fungos e no caso do assento do vaso sanitário, este é
diariamente higienizado com hipoclorito de sódio a 2,5%. Na inoculação a partir da
superfície de um celular, uma higienização frequente explicaria o baixo crescimento
fúngico.
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No experimento II, que tratava do cultivo de microrganismos em meio de
cultura sólido com indicador de pH, este apresentou crescimento microbiológico
observável em todas as semeaduras (assento do vaso sanitário, cédula de dinheiro,
celular, maçaneta de porta e mucosa oral). Todos os potes apresentaram colônias
bacterianas e apenas dois apresentaram colônias fúngicas (as amostras de cédula
de dinheiro e maçaneta de porta). Dentre estas, a semeadura da maçaneta teve o
crescimento fúngico mais expressivo (Figura 3), como constatado também no
experimento anterior. O meio de cultura utilizado apresentou mudança de coloração
em todas as semeaduras (mudança de pH), passando de lilás para levemente
amarelado, o que indica a produção de ácidos pelas colônias, indo ao encontro dos
resultados reportados por Galembeck (2013), que seriam a inalteração de cor caso a
espécie não altere o meio, a alteração de cor para amarelado, caso haja acidificação
e para a cor azulada caso haja alcalinização.
Figura 3. Resultados do Experimento II. Potes plásticos contendo meio de cultura sólido com indicador de pH inoculados de: (3A) maçaneta, (3B) cédula de dinheiro, (3C) mucosa oral, (3D) assento do vaso sanitário e (3E) celular.
Na observação do crescimento de microrganismos habitantes do corpo
humano (experimento III), todas as garrafas PET apresentaram crescimento
microbiológico. O uso da garrafa justificou-se pelo fato das colônias produzirem gás,
o que aumenta a pressão interna e por isso a utilização de recipientes com paredes
mais flexíveis. Os alunos surpreenderam-se com as colônias desenvolvidas no meio
de cultura, bem como os gases de odor desagradável (Figura 4) e não sabiam que o
corpo humano abrigava tantos microrganismos, mesmo após os banhos diários. A
situação permitiu discutir sobre as similaridades entre as condições relacionadas aos
hábitos humanos modernos como a vestimenta (que proporciona ambiente úmido,
escuro e quente) e o meio de cultura nas garrafas, além de reforçar a ideia de que
os microrganismos continuam presentes mesmo após o banho, mas em uma
quantidade menor. Assim, a higiene diária é mais que desejável, sendo necessária
para manter uma boa saúde. Reforçou-se, também, o entendimento dos
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comportamentos relacionados a outros hábitos de higiene, tais como, lavar as mãos
e escovar os dentes, uma vez que levam à diminuição da população de
microrganismos potencialmente patogênicos, não sendo simples regras impostas
pela obrigação social normativa. Mafra et al. (2015) confirmam essa ideia ao
afirmarem que os alunos precisam entender “a razão pela qual devemos adotar
alguns comportamentos higiênicos, atribuindo-lhes significado e contribuindo, assim,
para a promoção da sua saúde e para o aumento da sua literacia científica”.
Figura 4. Resultados do Experimento III. Garrafas PET contendo meio de cultura sólido. As garrafas 1, 2 e 3 foram semeadas com inóculos das axilas dos alunos e as 4 e 5 apresentam inóculos da região entre os dedos dos pés.
No experimento IV, que tratava da investigação sobre a eficiência de alguns
produtos de limpeza, quase todos os potes plásticos com meio de cultura
apresentaram crescimento de microrganismos, com exceção do recipiente com a fita
embebida em alvejante doméstico. De todos os recipientes que apresentaram
crescimento microbiano, somente em dois houve crescimento fúngico (fitas com
álcool gel e antisséptico bucal). O fato do alvejante doméstico (ou hipoclorito de
sódio) ser reconhecido como um excelente germicida, justifica a ausência total de
crescimento microbiológico na presença do produto (Figura 5). No caso do
desinfetante, apesar do meio de cultura ter apresentado colônias bacterianas,
formou-se um halo livre de crescimento, o que evidencia a sensibilidade dos
microrganismos a esse produto (derivados e cloro-fenol). No caso do álcool gel,
sendo este volátil, explicaria sua ineficiência e no caso do antisséptico bucal, além
da volatilidade do álcool, é possível que os demais compostos utilizados (princípios
ativos: timol, eucaliptol e mentol tenham sido degradados pela exposição ao ar ao
longo dos dias.
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Figura 5. Resultados do Experimento IV. Potes plásticos contendo meio sólido inoculado a partir de uma cédula de dinheiro e com os seguintes produtos aplicados: (5A) alvejante de uso doméstico, (5B) desinfetante de uso geral, (5C) antisséptico bucal, (5D) álcool gel e (5E) grupo controle.
No experimento V, de observação da formação de gás carbônico, a
fermentação ocorreu nas misturas que utilizaram açúcar, farinha e amido de milho e
não ocorreu nas que continham sal ou água (controle). No caso dos sacos plásticos
em que houve fermentação, o gás carbônico produzido ficou preso, fazendo-os
inflar, um fenômeno facilmente visualizável e que chamou a atenção dos alunos
(Figura 6). Foi possível então discutir o que aconteceu com cada mistura utilizada,
explicando como certos produtos funcionam como fonte de alimento para os
microrganismos e que, durante seu metabolismo, forma-se álcool e gás carbônico,
sendo o mesmo princípio empregado no crescimento dos pães e massas em geral.
Oportunizou-se também uma discussão sobre a importância da microbiologia para a
produção de alimentos e bebidas.
Figura 6. Experimento V. Sacos plásticos contendo água, fermento biológico seco e diferentes ingredientes. A produção de gás carbônico pôde ser evidenciada em: (6A) farinha de trigo, (6B) amido de milho, (6C) açúcar; não foi produzido gás em (6D) sal e em (5E) grupo controle.
No experimento VI, sobre a conservação dos alimentos, utilizou-se recipientes
com mingau de aveia e uma camada de diferentes produtos alimentícios comumente
utilizados como conservantes, tais como óleos vegetais, vinagre e solução salina,
sendo utilizada também a conservação por refrigeração. Os seguintes resultados
foram obtidos: os recipientes em que o mingau foi coberto com óleo vegetal, vinagre
e os que foram refrigerados não apresentaram crescimento microbiológico. Os
recipientes que apresentaram crescimento foram aqueles cobertos por solução
salina e o que foi deixado aberto ao ar livre (Figura 7). A experiência proporcionou
16
uma discussão detalhada com os alunos sobre os motivos do crescimento
microbiológico nos alimentos que consumimos no nosso dia-a-dia. Dependendo do
produto alimentício utilizado era esperado que os microrganismos crescessem, uma
vez que estão presentes em todos os lugares, associando o meio nutritivo e a
temperatura ambiente, como foi o caso do recipiente somente com mingau exposto
ao ar livre (PELCZAR JÚNIOR, et al. 1996). No caso do recipiente sem
conservadores e mantido sob refrigeração, não houve crescimento devido à baixa
temperatura que inibiu o crescimento bacteriano (DIONYSIO; MEIRELLES, 2003).
Aproveitou-se a oportunidade para discutir como os alimentos eram conservados em
épocas sem energia elétrica, utilizando-se metodologias alternativas, tais como,
óleos vegetais (que impedem o contato do alimento com o ar), vinagres (seu pH
muito baixo impede a proliferação microbiológica) e sal (meio externo hipertônico
promove a plasmólise celular) (DIONYSIO; MEIRELLES, 2003). Os alunos puderam
fazer a associação com as conservas produzidas atualmente, que possuem esse
nome por serem soluções que conservam os alimentos por muito tempo, sem
refrigeração. No caso da solução salina, que apresentou crescimento bacteriano sob
forma de turbidez, uma hipótese plausível é que tenha ocorrido por ter uma baixa
concentração de sais.
Figura 7. Resultados do Experimento VI. Potes plásticos contendo mingau de aveia coberto com: (7A) óleo vegetal, (7B) vinagre, (6C) apenas com mingau, tampada e conservada sob refrigeração, (7D) solução salina e (7E) apenas mingau, destampada e ao ar livre.
Como reforçam Teixeira (2003) e Cassanti et al. (2008) a democratização do
ensino é condição básica para o desenvolvimento do país e, neste trabalho, tal
processo promoveu o ensino de microbiologia em uma escola que não possui
recursos financeiros para a manutenção adequada de seu laboratório. Os
experimentos realizados neste trabalho evidenciaram a importância das atividades
17
práticas para o processo de ensino-aprendizado dos alunos, pois, estes passam a
ter as ferramentas para interferir na sua realidade e transformá-la. Essa importância
se dá tanto no campo cognitivo como na capacidade de desenvolver o pensamento
crítico e de fazer a correlação entre conhecimento teórico e prático, bem como
desenvolver a literacia, indo de encontro ao que afirmam inúmeros autores
(BARBOSA; BARBOSA, 2010; FERREIRA, 2010; MEIRA et al,, 2016; ROMEIRO et
al., 2016; SANTO, GIROTTO, 2016; SILVA et al., 2013, SOUZA et al., 2015). Os
resultados obtidos demonstraram que apesar das dificuldades que os professores
enfrentam ao lidar com o tema Microbiologia e com a precariedade dos recursos
disponíveis, as atividades laboratoriais de microbiologia usando materiais de custo
acessível são plenamente viáveis e aplicáveis, reforçando as conclusões obtidas por
Barbosa e Barbosa (2010), Cassanti et al. (2008), Ferreira (2010), Gouveia (2011) e
Romeiro et al. (2016). Nesse contexto, sobre a necessidade de estratégias didáticas
que sejam simultaneamente atrativas, eficientes e viáveis, Bezerra et al. (2015)
afirmam que:
Nesse cenário, faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias didáticas que auxiliem o professor na árdua tarefa de estimular os estudantes a conhecerem os microrganismos e todos os fenômenos a eles vinculados, bem como sua relação com nossa vida cotidiana. Tendo em vista que 90% das escolas de Ensino Fundamental em nosso país são públicas, julgamos pertinente desenvolver atividades de simples execução e baixo custo, na tentativa de amenizar possíveis problemas relacionados à falta de tempo do professor para organizar aulas mais complexas (como alguns tipos de experimentos práticos), bem como a possível falta de recursos financeiros (BEZERRA et al., 2015, p.2).
Os experimentos testados neste trabalho possuem grande potencial de gerar
discussões proveitosas com os discentes. Através da experimentação e observação
dos resultados obtidos, o aluno tende a desenvolver algumas das ferramentas
necessárias para realizar uma reflexão sobre como é um ser integrante, dependente
e agente transformador do ambiente, sendo capaz de identificar seus elementos e as
interações entre eles. Não apenas isso, também poderá conhecer e adotar hábitos
saudáveis, entendendo aspectos básicos da qualidade de vida e podendo agir com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva. Estas abstrações têm
potencial para ajudar o aluno a questionar a realidade, percebendo os problemas e
tratando de resolvê-los através do uso do pensamento lógico, da criatividade, da
intuição e da capacidade de análise crítica. Todos esses pontos s ã o
18
objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
(BRASIL, 1997), mas que abrangem todo o espectro da educação brasileira, dos
primeiros anos do ensino fundamental até a graduação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, portanto, que as atividades práticas de microbiologia aplicadas,
utilizando materiais de custo acessível são plenamente viáveis e aplicáveis dentro do
contexto escolar e social trabalhado, mostrando-se uma ferramenta eficiente para
superar os desafios da precariedade do ensino público brasileiro.
ABSTRACT
The Microbiology is the science that studies microorganisms, mainly bacteria and fungi
that are part of most processes related to living beings, and their understanding is
fundamental in comprehension of reality around us. Educational spaces serve such a
purpose, but Biology teachers have difficulty in contextualizing and teaching
Microbiology. The absence of practical laboratory activities in public schools is one of
the main difficulties observed, mainly due to the high prices of laboratory materials.
Thus, it is necessary to think of experimental activities of microbiology with few
available resources. The present work aims to understand how microbiology is present
in the students' daily life and to verify the feasibility of practical microbiological activities
using materials at affordable cost. This study was applied to twenty-five high school
students of a public school in Canoas/RS, subdivided into a guided dialogue on the
topic microbiology, microbiology experiments using accessible materials and the
analysis of results. The results of the guided dialogue showed that the students have
superficial notions about Microbiology, but are not capable of a deepening on the
subject, associating it with the illnesses. All the experiments provided results consistent
with the specialized literature, being very didactic and promoting the contextualization
of the teaching of Microbiology. It is concluded that the practical activities applied using
materials that are easy to obtain and at affordable cost are feasible and applicable
within the working school context, being an alternative to overcome the challenges
imposed by Brazilian public education.
Keywords: education, sciences, biology, experiments, microbiology, low cost
materials, alternative practices.
19
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