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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações negociadas na BM&F Bovespa Natal 2015

Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

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Page 1: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO

Demonstração do Valor Adicionado:

Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos

com ações negociadas na BM&F Bovespa

Natal

2015

Page 2: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO

Demonstração do Valor Adicionado:

Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos

com ações negociadas na BM&F Bovespa

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial à obtenção do título de

bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Prof.ª M.ª Mariana Medeiros

Dantas de Melo.

Natal

2015

Page 3: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO

Demonstração do Valor Adicionado:

Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos

com ações negociadas na BM&F Bovespa

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial à obtenção do título de

bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovada em ____ de junho de 2015

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª M.Sc. Mariana Medeiros Dantas de Melo (Orientadora) – UFRN

Prof.º Dr. Adilson de Lima Tavares (Examinador) – UFRN

Prof.º Dr. Diogo Henrique Silva de Lima (Examinador) – UFRN

Page 4: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

Dedico a Deus, aos meus pais e ao meu esposo

Arthur.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui. Aos meus familiares,

pela dedicação e o amor recebidos sempre. Ao meu esposo, pela paciência e compreensão nos

momentos de ausência. Aos meus amigos, que caminharam comigo e me ajudaram nessa

jornada.

Agradeço também, a coordenação do curso de Ciências Contábeis dessa Instituição,

especialmente à funcionária Artemísia e a professora Daniele da Rocha Carvalho, pela

atenção e prestatividade sempre que as procurei. Ao meu chefe e amigo, Eduardo Augusto

Pereira Caldas, que me ajudou na escolha do tema e durante toda a execução do trabalho.

Por fim, agradeço a minha orientadora, Mariana Medeiros Dantas de Melo, pelo

suporte, correções e incentivos e a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha

formação.

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer

um novo começo, qualquer um pode começar

agora e fazer um novo fim”.

(Chico Xavier)

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RESUMO

Esse trabalho tem por objetivo analisar como os bancos com ações negociadas na BM&F

Bovespa distribuíram o valor adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014. Para isso foi

realizado a análise das Demonstrações do Valor Adicionado das empresas relacionadas na

população, além da leitura das notas explicativas e relatório da administração. A metodologia

utilizada, quanto aos objetivos, foi a descritiva. No que tange a coleta de dados, a pesquisa foi

classificada como do tipo documental, e em relação à abordagem do problema foi utilizada a

pesquisa quantitativa. Os resultados obtidos apontaram que o cenário permaneceu

praticamente o mesmo em todos os anos analisados. Em primeiro lugar, como o segmento que

mais recebeu valor distribuído ficou o de Pessoal. Em segundo o de Remuneração de Capitais

Próprios. O segmento de Governos, a título de impostos, taxas e contribuições, permaneceu

sempre em terceiro lugar. Por fim, tem-se o segmento Remuneração de Capitais de Terceiros,

que recebeu percentuais de distribuição muito abaixo dos outros segmentos.

Palavras-chave: Demonstração do Valor Adicionado; Distribuição de Riqueza;

Responsabilidade Social.

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ABSTRACT

The present paper aims to analyze how the banks with stocks traded at the São Paulo stock

exchange (BOVESPA) shared their added value in the years of 2012, 2013 and 2014. So an

analysis was made of the Added Value Statement (AVS) of the companies listed in the

population, as well as an analysis of the explanatory notes and management reports. The

methodology applied, in regards to the goals, is descriptive. Regarding the data capture, the

research was classified as a documentary, and concerning the approach of the problem, a

quantitative research was applied. The results show that the scenario remained the same

throughout all the years analyzed. In first place, the segment which received the most shared

value was the Personnel sector. In second place comes the Remuneration for Equity. The

segment of Government regarding taxes, fees and contributions remained in third place for the

whole three years. In fourth and last place, there is the third party capital remuneration, which

received shares way below the other segments.

Keywords: Added Value statement (AVS), Social Report, Distribution of wealth; Social

Responsibility.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Modelo para empresas em geral e instruções para preenchimento ....................... 22

Quadro 2 – Demonstração do Valor Adicionado – Instituições Financeiras Bancárias ........... 27

Quadro 3 – Instruções para preenchimento da DVA – Instituições Financeiras Bancárias ..... 28

Quadro 4 – Empresas da amostra ............................................................................................. 31

Quadro 5 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2012 .. 35

Quadro 6 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2013 . 37

Quadro 7 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2014 .. 40

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2012 .................. 36

Gráfico 2 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2013 .................. 39

Gráfico 3 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2014 .................. 41

Gráfico 4 – Distribuição do valor adicionado por segmento .................................................... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BACEN - Banco Central do Brasil

BM&F BOVESPA – Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CIDE – Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico

CMN – Conselho Monetário Nacional

COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

DVA – Demonstração do Valor Adicionado

FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos

FENEBAN - Federação Nacional dos Bancos

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISS – Imposto sobre Serviços

JCP – Juros sobre o Capital Próprio

ONU - Organização das Nações Unidas

PIS – Programa de Integração Social

SA – Sociedade Anônima

SER – Responsabilidade Social Empresarial

SFN - Sistema Financeiro Nacional

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

1.1 Contextualização .............................................................................................................. 12

1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 13

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 14

1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 14

1.4 Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16

2. 1 Responsabilidade Social das Empresas ........................................................................ 16

2.2 Balanço Social .................................................................................................................. 17

2.3 Demonstração do Valor Adicionado: Conceitos e Objetivos ....................................... 19

2.3.1 Composição e Elaboração da DVA ................................................................................ 20

2.3.2 Modelos de DVA ............................................................................................................ 22

2.3.3 Estudos Recentes ............................................................................................................. 28

3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 30

3.1 Tipologia da pesquisa ...................................................................................................... 30

3.2 Universo e amostra .......................................................................................................... 30

3.3 Análise dos dados ............................................................................................................. 32

3.4 Caracterização do setor bancário .................................................................................. 32

3.5 Limitação da pesquisa ..................................................................................................... 33

4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS .......................................................................... 34

4.1 Análise da distribuição do valor adicionado ................................................................. 34

4.1.1 Distribuição do Valor Adicionado em 2012 ................................................................... 34

4.1.2 Distribuição do Valor Adicionado em 2013 ................................................................... 37

4.1.3 Distribuição do Valor Adicionado em 2014 ................................................................... 39

4.2 Evolução da distribuição média do valor adicionado .................................................. 42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 45

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A preocupação com questões sociais e econômicas vem ganhando papel cada

vez mais importante entre as empresas. Essas, “além de agentes econômicos com a

missão de produzir riqueza, são também agentes sociais e, como componentes da

sociedade, devem prestar conta aos demais” (DE LUCA, 1998, p.17).

Diante disso, surge o conceito de Responsabilidade Social e Sustentabilidade

Empresarial. Segundo Reis e Medeiros (2011), a responsabilidade social das empresas,

em seu sentido mais amplo, é a consciência ética, o agir corretamente, o compromisso

de “ser responsável” ao não tomar decisões, cujas consequências possam ferir quaisquer

interesses sociais.

Em relação à Sustentabilidade Empresarial, Vellani (2011) afirma que refere-se

a contribuição da empresa para a sociedade conseguir se desenvolver sem comprometer

a capacidade das gerações futuras em atenderem suas próprias necessidades.

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA), objeto deste trabalho, é uma

demonstração contábil obrigatória para as Sociedades Anônimas (S.A) de capital aberto

no Brasil e tem relação direta com a dimensão econômica da sustentabilidade

empresarial e com o desenvolvimento sustentável.

A DVA, que antes era publicada apenas em caráter voluntário, passou a ser

obrigatória para essas empresas com a publicação da Lei 11.638 em dezembro de 2007,

que alterou e revogou dispositivos da Lei 6.404 de 1976. Esse demonstrativo tem por

finalidade demonstrar a riqueza gerada pela entidade e sua distribuição perante os

elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, como os empregados,

acionistas, governos e outros.

Nesse sentido, a contabilidade, enquanto ciência social responsável pelo

patrimônio, precisou se adaptar as novas exigências de seus clientes, e também,

expandir seu campo de atuação em consequência do surgimento de novos usuários,

assumindo o compromisso de evidenciar o quão importante as organizações são para os

ambientes nas quais estão inseridas.

Sabe-se que as empresas são criadas para atender as muitas necessidades da

humanidade e, em geral, os administradores estão mais preocupados em mostrar aos

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sócios e acionistas o retorno financeiro (lucro) que essas companhias têm trazido.

Porém, sabe-se também que recursos oriundos da sociedade foram utilizados para

atingir tais resultados. Sendo assim, existe a obrigatoriedade de retorno à sociedade de

parte dessa riqueza, como, por exemplo, gerando empregos e distribuindo parte dos

resultados aos funcionários, pagando impostos ao governo, dentre outros.

Yoshioca apud Santos (2007) diz que a Demonstração do Valor Adicionado

evidencia a parte que pertence aos sócios, a que pertence aos demais capitalistas que

financiaram a empresa, a que pertence aos empregados e a que fica com o governo.

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço

Social, conforme Reis e Medeiros (2011), é um instrumento que reúne um conjunto de

informações sobre as atividades de caráter social e não obrigatórias que uma empresa

realiza com o objetivo de gerar maior bem-estar junto a todas as partes interessadas e à

sociedade como um todo.

O Valor Adicionado ou Valor Agregado procura evidenciar para quem a

empresa está canalizando a renda obtida; ou, ainda, admitindo que o valor que a

empresa adiciona por meio de sua atividade seja um “bolo”, para quem estão sendo

distribuídas as fatias do bolo e de que tamanho são estas fatias, segundo afirmam

Iudícibus e Marion (2010).

Diante do importante conteúdo informacional da Demonstração do Valor

Adicionado e da necessidade de evidenciação do valor agregado e distribuído pela

empresa aos demais responsáveis pelo fornecimento de recursos, surge o seguinte

problema de pesquisa: como ocorreu a distribuição do valor adicionado pelos bancos

com ações negociadas na BM&F Bovespa?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral desse estudo é analisar como os bancos com ações negociadas

na BM&F Bovespa distribuíram o valor adicionado nos últimos três anos (2012, 2013 e

2014).

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1.2.2 Objetivos específicos

Partindo do objetivo geral, estabelecem-se os seguintes objetivos específicos:

Evidenciar a geração de riqueza das companhias analisadas e como essa riqueza

está sendo distribuída entre os segmentos de Pessoal, Governos, Terceiros e

Próprios;

Demonstrar os segmentos que mais receberam valor distribuído;

Explanar as possíveis variações nos anos estudados, fazendo comparações entre

as empresas;

1.3 Justificativa

A Demonstração do Valor Adicionado surgiu na Europa e tem sido cada vez

mais solicitada em nível internacional. Como já dito anteriormente, é uma demonstração

contábil de suma importância para as empresas e a sociedade na qual a companhia está

inserida.

A Norma Contábil Internacional não inclui a DVA como um item contábil

obrigatório nas Demonstrações Contábeis. Porém, a Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) destaca que, embora não seja exigida nas normas internacionais, ela possui

informações adicionais que agregam qualidade ao conjunto das demonstrações exigidas.

Segundo Silva e Freire (2001), a lógica dominante das empresas sempre foi o da

produtividade em função da lucratividade e o “Social” estava ligado, exclusivamente,

aos salários que pagavam aos empregados. Porém, atualmente, as empresas têm

assumido responsabilidades que vão além do seu objetivo principal, o lucro. Percebe-se

uma constante interação com a sociedade e o ambiente na qual está inserida. Há, ainda,

clientes cada vez mais exigentes.

Diante desse cenário, o trabalho se justifica dado à importância da DVA em

evidenciar a contribuição que a empresa traz para a sociedade onde está inserida; por ser

uma ferramenta que auxilia administradores e associados a conhecer melhor seu

negócio; por proporcionar informações que podem ser utilizadas na gestão das

empresas; dentre outras.

Justifica-se ainda pelo fato de ser uma demonstração relativamente nova no

mercado acionário, tendo em vista que sua obrigatoriedade para as Sociedades

Anônimas ocorreu com o advento da Lei 11.638/07.

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1.4 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está divido em quatro capítulos. No primeiro capítulo tem-se

a Introdução, com a contextualização e problema, o objetivo geral, objetivos específicos

e justificativa.

No capítulo 2, referencial teórico, abordou-se os temas pertinentes às questões

tratadas neste trabalho, com o intuito de dar um maior embasamento ao estudo.

Responsabilidade Social das Empresas, Balanço Social e Demonstração do Valor

Adicionado foram os temas destacados.

No capítulo 3, Metodologia, tem-se a explicação dos métodos utilizados durante

o estudo, dados sobre a população estudada e da análise dos dados do estudo e limitação

do estudo.

No capítulo 4, Análise dos Dados Coletados, tem-se a evidenciação e análise dos

resultados obtidos após a pesquisa realizada no segmento de bancos das empresas

listadas site da BM&F Bovespa.

No último capítulo, Considerações Finais, apresentam-se as conclusões do

estudo e as sugestões para pesquisas futuras.

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16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2. 1 Responsabilidade Social das Empresas

Primeiramente é necessário entender o conceito de Responsabilidade Social,

uma vez que é um tema bastante discutido e essencial para o desenvolvimento deste

trabalho.

Sabe-se que a empresa, além de um agente econômico com a missão de produzir

riqueza, é também um agente social e, como um dos componentes da sociedade, deve

prestar contas aos demais (DE LUCA, 1998).

Ainda segundo De Luca (1998), a sociedade vem, cada vez mais, exigindo

respostas aos problemas socioeconômicos decorrentes do desempenho das empresas.

Ele afirma que:

Atualmente, uma empresa não pode buscar somente lucros. No seu

relacionamento com a sociedade existem obrigações, tais como a

preservação do meio ambiente, a criação e manutenção de empregos, a

contribuição para a formação profissional, a qualidade dos

bens/serviços e outras que não estão legalmente assumidas, mas que

são importantíssimas até mesmo para a continuidade da empresa. (DE

LUCA, 1998, p. 17).

De acordo com Ashley (2002), o termo responsabilidade social pode também ser

o “compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem estar-estar e

melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias, sua comunidade em

geral”.

Já segundo Churchill e Peter (2000), a responsabilidade social é um “termo

usado para descrever as obrigações de uma empresa com a sociedade [...] na medida em

que eles podem afetar os interesses de outros”.

Um dos principais expoentes do movimento da Responsabilidade Social

Empresarial (RSE) é Carroll. Ele salienta que a responsabilidade social das empresas

“compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a

sociedade tem em relação às organizações em dado período” (CARROLL apud

BARBIERI et al., 2009, p. 53). Posteriormente, Carroll substituiu a palavra

discricionária por filantrópica. Seu modelo divide a RSE em quatro dimensões:

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Responsabilidades econômicas, Responsabilidades legais, Responsabilidades éticas e

Responsabilidades filantrópicas.

As responsabilidades econômicas remetem ao fato de que a empresa

deve ser lucrativa. Essa é a primeira e principal responsabilidade da

empresa, pois, como diz Carroll, antes de qualquer coisa, ela é a

unidade econômica básica da sociedade e, como tal, tem a

responsabilidade de produzir bens e serviços que a sociedade deseja e

vendê-los com lucro.

A responsabilidade legal vem em seguida. No momento em que a

sociedade aprova o sistema econômico, permitindo que as empresas

assumam seu papel produtivo como parte da efetivação de um

contrato social, ela coloca as regras básicas, as leis sob as quais elas

devem operar.

A terceira dimensão é a responsabilidade ética. Embora as duas

primeiras responsabilidades incluam normas éticas, há

comportamentos e atividades não cobertos por leis ou aspectos

econômicos do negocio, mas que representam expectativas dos

membros da sociedade. Enquanto a responsabilidade legal se refere à

expectativa de atuar conforme a lei, a ética se refere à obrigação de

fazer o que é certo e justo, evitando ou minimizando causar danos às

pessoas.

A quarta responsabilidade passou a ser denominada de filantrópica e

abrange ações em resposta às expectativas da sociedade de que as

empresas atuem como bons cidadãos. (CARROLL apud BARBIERI

et al., 2009, p. 54-55).

Em suma, significa que a empresa deve, ao mesmo tempo, ser lucrativa,

obedecer as leis, atender as expectativas da sociedade e ser boa cidadã.

Para medir as condutas socialmente responsáveis das empresas há indicadores e

instrumentos que permitem avaliar, orientar e aperfeiçoar o desempenho social e a

prestação de conta dessas à sociedade. O Balanço Social é um desses instrumentos.

2.2 Balanço Social

O Balanço Social surgiu com a necessidade de prestar informações aos

empregados e à sociedade em geral. Porém, apesar de muitas empresas o publicarem,

não é uma demonstração obrigatória. Ele evidencia tanto os aspetos econômicos quanto

os sociais, inovando ao analisar números relacionados com temas além do capital.

Segundo De Luca (1998, p. 23) é “um instrumento de medida que permite

verificar a situação da empresa no campo social, registrar as realizações efetuadas neste

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18

campo e principalmente avaliar as relações ocorridas entre o resultado da empresa e a

sociedade”.

De acordo com Tinoco (1984) o Balanço Social pode ser definido como um

“instrumento de gestão e de informação que visa reportar, da forma mais transparente

possível [...] informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das

entidades [...]”. Essas informações são destinadas a todos os usuários da informação

contábil, inclusive, os trabalhadores.

Conforme De Luca (1998), as principais informações apresentadas no balanço

social são: evolução do emprego, relações profissionais, formação profissional,

treinamentos, condições de higiene e segurança, alojamento, transporte, proteção ao

meio ambiente, utilização da riqueza da empresar etc.

Embora não exista exigência legal quanto à divulgação do Balanço Social, as

empresas são corriqueiramente solicitas a informarem sua política em relação ao meio

ambiente, devido exigências de sistemas de gerenciamento ambiental, relatórios de

impactos ambientais, e em alguns casos têm de assumir o ônus de provar que não

agridem a natureza (IUDÍCIBUS et al, 2010).

Em relação aos beneficiários, o Balanço Social favorece a todos os grupos que

interagem com a empresa. Silva e Freire (2001, p. 126) afirmam que:

Aos dirigentes, fornece informações úteis à tomada de decisão quanto

aos programas sociais que a empresa esteja ou venha a desenvolver: o

balanço social é um instrumento de gestão. [...] Aos trabalhadores, que

são parte essencial do processo produtivo, dá a possibilidade de que

suas expectativas sejam percebidas pela empresa de maneira

sistematizada e quantificada.

Aos fornecedores e investidores, informa como a empresa encara suas

responsabilidades quanto a seus recursos humanos, o que é um bom

indicador da forma como a empresa é administrada. [...] Para os

consumidores, dá uma ideia da mentalidade dos dirigentes da

companhia, o que pode ser associado à qualidade do produto ou

serviço que a empresa oferece. Ao estado, ajuda na formulação de

políticas públicas [...].

Em suma, no Balanço Social a empresa mostra o que faz por seus profissionais,

dependentes, colaboradores e comunidade. Sua principal função é tornar pública a

responsabilidade social da empresa, construindo vínculos com a sociedade e o meio

ambiente.

Page 20: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

19

A Demonstração do Valor Adicionado, que é o objeto de estudo do presente

trabalho, está inserida dentro dos enfoques do Balanço Social.

2.3 Demonstração do Valor Adicionado: Conceitos e Objetivos

O conceito de valor adicionado, na economia, é utilizado para mensurar as

atividades econômicas de uma nação através da definição de Produto Nacional. Na

contabilidade, dentro do ambiente da empresa, De Luca (1998, p.31) diz: “Neste

ambiente, podemos definir valor adicionado como sendo a diferença entre o valor da

produção e os consumos intermediários (compras a outras empresas) num determinado

período”.

Os autores Reis e Marion (2006, p. 248) conceituam Valor Adicionado ou Valor

Agregado como sendo “o somatório dos custos – gerados dentro da própria empresa –

que cobrem a remuneração dos fatores de produção por ela utilizados”. Eles afirmam

ainda que os custos gerados pela empresa devem ser acrescidos aos custos que já vieram

transferidos de outras empresas, com a finalidade de determinar o valor de venda desse

produto.

O Valor Adicionado na visão de Santos (2007, p.41) “representa o incremento

de valor que se atribui a um bem durante o processo produtivo”. Ou seja, ao

desenvolver suas atividades, utilizando-se de bens e serviços adquiridos de terceiros,

equipamentos e do trabalho de seus funcionários, a empresa está adicionando valor aos

novos produtos que serão colocados no mercado. Em suma, pode-se dizer que ela está

agregando valor aos bens e serviços adquiridos, transformando-os e recolocando-os no

mercado.

Portanto, pode-se afirmar que Valor Adicionado significa o quanto cada empresa

gerou de valor em suas operações. A evidenciação da contribuição de cada empresa para

a riqueza nacional se dá através da Demonstração do Valor Acionado.

De acordo com Ribeiro (2012), a DVA surgiu na Europa, por influência da Grã-

Bretanha, França e Alemanha, e tem sido cada vez mais difundida a adotada por outros

países, principalmente por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU). A

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), através do Parecer de Orientação CVM n.º

24/92, incentiva as principais sociedades anônimas de capital aberto do Brasil, desde a

década de 90, a elaborarem e divulgarem essa demonstração.

Page 21: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

20

Conforme Reis e Marion (2006, p. 247), a Demonstração do Valor Adicionado é

um “demonstrativo que procura evidenciar o valor da riqueza agregada a um produto

por uma determinada empresa e de que forma esse valor agregado foi distribuído entre

os fatores de produção”. Deste modo, pode-se dizer que a DVA tem por objetivo

informar o valor da riqueza gerada e o valor e a natureza dos custos agregados pela

empresa ao valor dos insumos adquiridos, e também, evidenciar a destinação dessa

riqueza para empregados, governo, financiadores, investidores e etc.

Em seu livro, Ribeiro (2012) confirma que a Demonstração do Valor

Adicionado é um relatório contábil que mostra o quanto de riqueza uma empresa gerou,

o quanto foi adicionado aos seus fatores de produção e de que forma essa riqueza foi

distribuída entre os empregados, o governo, os acionistas e os financiadores de capital,

assim como a parcela da riqueza não distribuída.

A Demonstração do Valor Adicionado é mais uma das importantes inovações

trazidas pela Lei n.º 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que promoveu alterações da

Lei das Sociedades por Ações, tornando obrigatória, para as companhias abertas, a

elaboração e divulgação da DVA como parte das demonstrações contábeis divulgadas

ao final de cada exercício.

Em sua obra, Iudícibus et al. (2010), diz que antes de se tornar obrigatória para

companhias abertas, a DVA era incentivada e sua divulgação apoiada pela CVM e pelo

Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Ela não faz parte das demonstrações

contábeis obrigatórias por parte das normas internacionais de contabilidade.

Sendo assim, a DVA, componente importantíssimo do Balanço Social, “deve ser

entendida como a forma mais competente criada pela contabilidade para auxiliar na

medição e demonstração da capacidade de geração, bem como de distribuição da

riqueza de uma entidade” (SANTOS, 2007, p. 38).

2.3.1 Composição e Elaboração da DVA

Os dados para a elaboração da DVA são obtidos, principalmente, da

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Por esse motivo, sua composição

segue o regime de competência.

Segundo Azevedo (2009), a Demonstração do Valor Adicionado divide-se, na

prática, em duas partes. A primeira deve apresentar de forma detalhada a riqueza gerada

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21

pela empresa; Já a segunda parte deve conter, também de forma detalhada, a forma que

a riqueza foi distribuída, assim como a parcela da riqueza que não foi distribuída.

Em relação a diferença entre a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Azevedo (2009) afirma que a

principal diferença é que a DRE evidencia a riqueza gerada pela entidade, durante

determinado período de tempo, que pertence aos acionistas. A DVA também evidencia

a riqueza gerada pela entidade durante determinado período de tempo, porém, na DVA,

essa riqueza pertence a toda a sociedade. Ambas são apuradas levando em consideração

o regime de competência.

Conforme Iudícibus et al. (2010), a DVA e a DRE não apresentam objetivos

semelhantes, mas complementares. Enquanto a Demonstração do Resultado do

Exercício tem por prioridade enfatizar o lucro líquido, a Demonstração do Valor

Adicionado objetiva demonstrar a riqueza gerada pela entidade e como foi feita a

distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza.

A elaboração e divulgação da DVA, para atender aos requisitos estabelecidos no

Pronunciamento Técnico CPC 09 e na legislação societária, deverá, segundo Iudícibus

et al (2010, p. 584):

Ser elaborada como base no princípio contábil da competência;

Ser apresentada de forma comparativa (período atual e anterior);

Ser elaborada como base nas demonstrações consolidadas, e não pelo

somatório das Demonstrações do Valor Adicionado individuais, no

caso da divulgação da DVA consolidada;

Incluir a participação dos acionistas não controladores no componente

relativo à distribuição do valor adicionado, no caso da divulgação da

DVA consolidada;

Ser consistente com a demonstração do resultado e conciliada em

registros auxiliares mantidos pela entidade; e

Ser objeto de revisão ou auditoria se a entidade possuir auditores

externos independentes que revisem ou auditem suas Demonstrações

Contábeis.

Em relação a estrutura da DVA, a Lei não oferece detalhes acerca dos itens que

o integrarão, deixando a normatização dessa matéria a cargo dos órgãos reguladores. No

entanto, conforme enfatiza Azevedo (2009) a nova lei não prevê um modelo de

Demonstração do Valor Adicionado, mas proporciona maior flexibilidade para que os

órgãos reguladores o façam. Nesse sentido, utiliza-se o modelo do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, apoiado pelos órgãos convidados.

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22

2.3.2 Modelos de DVA

A seguir, apresenta-se o modelo utilizado para as empresas em geral, Quadro 1,

e seus respectivos comentários de seus diversos componentes.

Quadro 1 – Modelo para empresas em geral e instruções para preenchimento

DESCRIÇÃO INSTRUÇÕES PARA

PREENCHIMENTO DA DVA

1. Receitas (Soma dos itens 1.1 a 1.4)

1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços

Inclui os valores dos tributos incidentes

sobre essas receitas (ICMS, IPI, PIS e

COFINS), ou seja, corresponde à receita

bruta ou faturamento bruto.

1.2 Outras receitas Da mesma forma que o item anterior, inclui

os tributos incidentes sobre essas receitas.

1.3 Receitas relativas à construção de ativos

próprios

A construção de ativos dentro da própria

empresa para seu próprio uso é

procedimento comum. Nessa construção

diversos fatores de produção são utilizados,

inclusive a contratação de recursos externos

(por exemplo, materiais e mão-de-obra

terceirizada) e a utilização de fatores

internos como mão-de-obra, com os

consequentes custos que essa contratação e

utilização provocam. Para elaboração da

DVA, essa construção equivale a produção

vendida para a própria empresa, e por isso

seu valor contábil integral precisa ser

considerado como receita. A mão-de-obra

própria alocada é considerada como

distribuição dessa riqueza criada, e eventuais

juros ativados e tributos também recebem

esse mesmo tratamento. Os gastos com

serviços de terceiros e materiais são

apropriados como insumos.

1.4 Provisão para créditos de liquidação

duvidosa – Reversão/ (Constituição)

Inclui os valores relativos à constituição e

reversão dessa provisão.

2. Insumos adquiridos de terceiros (soma dos

itens 2.1 a 2.4)

2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos

serviços vendidos

Inclui os valores das matérias-primas

adquiridas junto a terceiros e contidas no

custo do produto vendido, das mercadorias e

dos serviços vendidos adquiridos de

terceiros; não inclui gastos com pessoal

próprio.

2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros e

outros

Inclui valores relativos às despesas

originadas da utilização desses bens,

utilidades e serviços adquiridos junto a

terceiros. Nos valores dos custos dos

produtos e mercadorias vendidos, materiais,

serviços, energia etc. consumidos, devem ser

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23

considerados os tributos incluídos no

momento das compras (por exemplo, ICMS,

IPI, PIS e COFINS), recuperáveis ou não.

Esse procedimento é diferente das práticas

utilizadas na demonstração do resultado.

2.3 Perda/Recuperação de valores ativos

Inclui valores relativos a ajustes por

avaliação a valor de mercado de estoques,

imobilizados, investimentos, etc. Também

devem ser incluídos os valores reconhecidos

no resultado do período, tanto na

constituição quanto na reversão de provisão

para perdas por desvalorização de ativos,

conforme aplicação do CPC 01 – Redução

ao Valor Recuperável de Ativos (se no

período o valor líquido for positivo, deve ser

somado).

2.4 Outras (especificar)

3. Valor adicionado bruto (diferença entre os

itens 1 e 2)

4. Depreciação, amortização e

exaustão

Inclui a despesa ou o custo contabilizados

no período.

5. Valor adicionado líquido produzido pela

entidade (diferença entre os itens 3-4)

6. Valor adicionado recebido em

transferência (soma dos itens 6.1 a 6.3)

6.1 Resultado de equivalência patrimonial

O resultado da equivalência pode

representar receita ou despesa; se despesa,

deve ser considerado como redução ou valor

negativo.

6.2 Receitas financeiras Inclui todas as receitas financeiras

independentemente de suas origens.

6.3 Outras

Inclui os dividendos relativos a

investimentos avaliados ao custo, aluguéis,

direitos de franquia, etc.

7. Valor adicionado total a distribuir (soma

dos itens 5 e 6)

8. Distribuição do valor adicionado (soma dos

itens 8.1 a 8.4) – o total desse item deve ser

exatamente igual ao item 7.

8.1 Pessoal Valores apropriados ao custo ou ao resultado

do exercício na forma de:

8.1.1 Remuneração direta

Representada pelos valores relativos a

salários, 13º salário, honorários da

administração (inclusive os pagamentos

baseados em ações), férias, comissões, horas

extras, participação de empregados nos

resultados, etc.

8.1.2 Benefícios

Representados pelos valores relativos a

assistência médica, alimentação, transporte,

planos de aposentadoria etc.

8.1.3 FGTS Representado pelos valores depositados em

conta vinculada dos empregados.

8.2 Impostos, taxas e contribuições Valores relativos ao imposto de renda,

contribuição social sobre o lucro,

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24

contribuições aos INSS (incluídos aqui os

valores do Seguro de Acidentes do

Trabalho) que sejam ônus do empregador,

bem como os demais impostos e

contribuições a que a empresa esteja sujeita.

Para os impostos compensáveis, tais como

ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser

considerados apenas os valores devidos ou

já recolhidos, e representam a diferença

entre os impostos e contribuições incidentes

sobre as receitas e os respectivos valores

incidentes sobre os itens considerados como

“insumos adquiridos de terceiros”.

8.2.1 Federais

Inclui os tributos devidos à União, inclusive

aqueles que são repassados no todo ou em

parte aos Estados, Municípios, Autarquias

etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS,

COFINS. Inclui também a contribuição

sindical patronal.

8.2.2 Estaduais

Inclui os tributos devidos aos Estados,

inclusive aqueles que são repassados no todo

ou em parte aos Municípios, Autarquias etc.,

tais como o ICMS e o IPVA.

8.2.3 Municipais

Inclui os tributos devidos aos Municípios,

inclusive aqueles que são repassados no todo

ou em parte às Autarquias, ou quaisquer

outras entidades, tais como o ISS e o IPTU.

8.3 Remuneração de capitais de terceiros Valores pagos ou creditados aos

financiadores externos de capital.

8.3.1 Juros

Inclui as despesas financeiras, inclusive as

variações cambiais passivas, relativas a

quaisquer tipos de empréstimos e

financiamentos junto a instituições

financeiras, empresas do grupo ou outras

formas de obtenção de recursos. Inclui os

valores que tenham sido capitalizados no

período.

8.3.2 – Aluguéis

Inclui os aluguéis (inclusive as despesas

com arrendamento operacional) pagos ou

creditados a terceiros, inclusive os

acrescidos aos ativos.

8.3.3 Outras

Inclui outras remunerações que configurem

transferência de riqueza a terceiros, mesmo

que originadas em capital intelectual, tais

como royalties, franquia, direitos autorais,

etc.

8.4 Remuneração de capitais próprios Valores relativos à remuneração atribuída

aos sócios e acionistas.

8.4.1 Juros sobre o capital próprio e 8.4.2

Dividendos

Inclui os valores pagos ou creditados aos

sócios e acionistas por conta do resultado do

período, ressalvando-se os valores dos JCP

transferidos para conta de reserva de lucros.

Devem ser incluídos apenas os valores

distribuídos com base no resultado do

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25

próprio exercício, desconsiderando-se os

dividendos distribuídos com base em lucros

acumulados de exercícios anteriores, uma

vez que já foram tratados como “lucros

retidos” no exercício em que foram gerados.

8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício

Inclui os valores relativos ao lucro do

exercício destinados às reservas, inclusive os

JCP quando tiverem esse tratamento; nos

casos de prejuízo, esse valor deve ser

incluído com sinal negativo.

As quantias destinadas aos sócios e

acionistas na forma de Juros sobre o Capital

Próprio – JCP, independentemente de serem

registradas como passivo (JCP a pagar) ou

como reserva de lucros, devem ter o mesmo

tratamento dado aos dividendos no que diz

respeito ao exercício a que devem ser

imputados.

8.4.4 – Participação dos não controladores nos

lucros retidos Só para consolidação.

Fonte: Adaptado do CPC nº 09/2008.

Além das informações acima, a entidade deve acrescentar ou detalhar outras

linhas na DVA quando o montante e a natureza de um item ou o somatório de itens

similares forem de tal magnitude que a apresentação em separado ajuda na apresentação

mais adequada da demonstração. Recomenda-se abrir outra coluna no item “8 –

Distribuição do Valor Adicionado”, com o objetivo de representar em “percentagem

(%)” o montante ($) efetivamente distribuído (AZEVEDO, 2009).

Antes da apresentação do modelo de DVA para bancos, cabe salientar, a

importância da atividade bancária na vida das empresas e de toda a economia. Santos

(2007, p.44) afirma:

[...] nessa atividade não se pode falar em vendas de bens ou serviços,

mas em intermediação financeira. Há algumas atividades

desenvolvidas pelos bancos que se enquadram em prestação de

serviços, mas no cômputo geral elas são imateriais, quando

comparadas às receitas da atividade principal que é a de intermediar

os aplicadores e os receptores de capital.

Para resolver o impasse de se poder ou não considerar a atividade bancária como

geradora e distribuidora de riqueza, o autor explica ainda que “convencionou-se que,

excepcionalmente, os custos financeiros dessa atividade devem ser alocados como custo

de obtenção das receitas e não como distribuição de valor adicionado”.

Page 27: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

26

Agora, apresenta-se o modelo utilizado para os bancos, Quadro 2, e os

respectivos comentários sobre os diversos componentes, Quadro 3. Os comentários

foram feitos somente para a parte que difere do modelo utilizado pelas Empresas em

Geral apresentado no Quadro 1.

Page 28: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

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Quadro 2 – Demonstração do Valor Adicionado – Instituições Financeiras Bancárias

DESCRIÇÃO Em milhares

de reais 20X9

Em milhares

de reais 20X8

1 – Receitas

1.1) Intermediação Financeira

1.2) Prestação de Serviços

1.3) Provisão para créditos de liquidação duvidosa –

Reversão / (Constituição)

1.4) Outras

2 – Despesas de intermediação financeira

3 – Insumos adquiridos de terceiros

3.1) Materiais, energia e outros

3.2) Serviços de terceiros

3.3) Perda/Recuperação de valores ativos

3.4) Outras (especificar)

4 – Valor adicionado bruto (1-2-3)

5 – Depreciação, amortização e exaustão

6 – Valor adicionado líquido produzido pela

entidade (4-5)

7 – Valor adicionado recebido em transferência

7.1) Resultado de equivalência patrimonial

7.2) Outras

8 – Valor adicionado total a distribuir (6+7)

9 – Distribuição do valor adicionado (*)

9.1) Pessoal

9.1.1 – Remuneração direta

9.1.2 – Benefícios

9.1.3 – F.G.T.S

9.2) Impostos, taxas e contribuições

9.2.1 – Federais

9.2.2 – Estaduais

9.2.3 – Municipais

9.3) Remuneração de capitais de terceiros

9.3.1 – Aluguéis

9.3.2 – Outras

9.4) Remuneração de Capitais Próprios

9.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio

9.4.2 – Dividendos

9.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício

9.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros

retidos (só p/ consolidação)

Fonte: Adaptado do CPC 09.

(*) O total do item 9 deve ser exatamente igual ao item 8.

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Quadro 3 – Instruções para preenchimento da DVA – Instituições Financeiras Bancárias

DESCRIÇÃO INTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO

DA DVA

1. Receitas (soma dos itens 1.1 a 1.4)

1.1 Intermediação Financeira

Inclui as receitas com operações de crédito,

arrendamento mercantil, resultados de

câmbio, títulos e valores mobiliários e outras.

1.2 Prestação de Serviços São as receitas provenientes de operações que

não a intermediação financeira.

1.3 Provisão para créditos de liquidação

duvidosa – Reversão / (Constituição)

Inclui os valores relativos à constituição/baixa

de provisão para devedores duvidosos.

1.4 Outras

Inclui os valores considerados fora das

atividades principais da instituição, tais como:

ganhos ou perdas na baixa de imobilizados,

ganhos ou perdas na baixa de investimentos

etc.

2 Despesas de intermediação financeira

São os gastos com operações de captação,

empréstimos, repasses, arrendamento

mercantil e outros.

Fonte: Elaborado pela autora. De acordo com SANTOS (2007, p. 46 – 48).

Como se pode observar, o modelo de DVA apresentado para as instituições

financeiras (Quadro 2) se diferencia, principalmente, do modelo apresentado para as

empresas em geral (Quadro 1), na primeira parte, que trata da geração da riqueza,

especificamente relacionado às receitas da empresa, que de acordo com o modelo para

bancos, são tratadas como ‘intermediação financeira’, enquanto no outro modelo tem-se

‘Vendas de mercadorias, produtos e serviços’.

Além disso, no Quadro 2 – Modelo para Instituições Financeiras bancárias – há

o acréscimo do item ‘Despesa de Intermediação Financeira’.

No que se refere à parte da Distribuição do Valor Adicionado, a única diferença

encontrada diz respeito ao item ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, pois no

modelo para bancos, não apresenta a subconta ‘Juros’, já que esse item entra na

‘Despesa de Intermediação Financeira’.

2.3.3 Estudos Recentes

Com a intenção de evidenciar a importância do estudo e análise da

Demonstração do Valor Adicionado, apresentam-se abaixo algumas pesquisas

relacionadas com o tema abordado nesse trabalho, mostrando o objetivo e resultado de

cada uma delas.

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O primeiro estudo, realizado por Fadel e Reis (2012), teve por objetivo observar

como ocorre a distribuição da riqueza no setor de telecomunicações brasileiro nos anos

de 2009 e 2010, chegando ao seguinte resultado: Constatou-se que não há um padrão na

distribuição da riqueza para o setor. Também observou-se que a distribuição do valor

adicionado se dá principalmente para o Governo.

Outro estudo realizado relacionado com o tema do presente estudo foi

desenvolvido por Camargo (2010) e teve por objetivo apresentar os aspectos

relacionados à composição do valor adicionado pela atividade empresarial e analisar a

importância da DVA. O estudo revelou que as entidades têm adotado ferramentas que

deem visibilidade em suas ações, e a Demonstração do Valor Adicionado é um destes

poderosos instrumentos.

O trabalho de Rodrigues (2010) é bem semelhante ao presente estudo, uma vez

que também buscou evidenciar e analisar como se comporta a distribuição do valor

adicionado efetuada por parte do segmento de bancos do setor financeiro e outros da

BM&F Bovespa nos anos de 2007, 2008 e 2009. Os resultados apresentados apontam

que os segmentos que em média mais receberam valor adicionado foram os de

remuneração de capital próprio e de pessoal.

Como se pode observar, há estudos que contemplam a Demonstração do Valor

Adicionado. Alguns buscam evidenciar a importância dessa demonstração como fonte

de informação, outros procuram demonstrar como foi feita a distribuição do valor

adicionado por empresas de diferentes ramos.

Sendo assim, com a finalidade de demonstrar a importância dessa demonstração

para as empresas e para a sociedade, e principalmente, evidenciar como foi distribuído o

valor adicionado pelas empresas do segmento de bancos com ações negociadas da

BM&F Bovespa, foi desenvolvido esse trabalho.

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30

3 METODOLOGIA

3.1 Tipologia da pesquisa

Esse estudo é caracterizado, quanto aos objetivos, como do tipo descritivo, uma

vez que se propõe a estudar as características de determinada amostra, a partir de uma

população selecionada. Na concepção de Gil (1999), uma das características mais

significativas desse tipo de estudo está na utilização de técnicas padronizadas de coleta

de dados.

Primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em materiais já

elaborados, como livros, monografias, dissertações e internet, a fim de formar um

arcabouço teórico que embasasse os estudos de forma a atingir os objetivos propostos.

No que tange a coleta de dados, a pesquisa pode ser classificada como uma

pesquisa documental, uma vez que o procedimento de coleta de dados será por meio da

análise das Demonstrações do Valor Adicionado das empresas relacionadas na

população e amostra, leitura das notas explicativas e relatório da administração, sem

nenhuma análise aprofundada, o que, por sua vez, caracteriza esta pesquisa, conforme

GIL (1999 apud BEUREN 2006, p.89), “a pesquisa documental baseia-se em materiais

que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de

acordo com os objetivos da pesquisa”.

Quanto à abordagem do problema, foi utilizada a pesquisa quantitativa, já que

foram empregados instrumentos estatísticos no processo de análise e interpretação dos

dados, principalmente a porcentagem.

O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas

modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas

estatísticas. Representa a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar

distorções de análises e interpretações, possibilitando uma margem segura quanto às

inferências (RICHARDSON, 2008, p. 70).

3.2 Universo e amostra

A população inicial é composta por todas as empresas do segmento de bancos

listadas no site da BM&F Bovespa, um total de 27, conforme quadro abaixo:

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Quadro 4 – Empresas da amostra

Inicial Final Razão Social Nome de Pregão

1 - ALFA HOLDINGS S.A. ALFA HOLDING

2 1 BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO SANTO BANESTES

3 2 BCO ABC BRASIL S.A. ABC BRASIL

4 3 BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. ALFA INVEST

5 4 BCO AMAZONIA S.A. AMAZONIA

6 5 BCO BRADESCO S.A. BRADESCO

7 6 BCO BRASIL S.A. BRASIL

8 - BCO BTG PACTUAL S.A. BTGP BANCO

9 7 BCO DAYCOVAL S.A. DAYCOVAL

10 - BCO ESTADO DE SERGIPE S.A. – BANESE BANESE

11 8 BCO ESTADO DO PARA S.A. BANPARA

12 9 BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A. BANRISUL

13 - BCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. BICBANCO

14 - BCO INDUSVAL S.A. INDUSVAL

15 10 BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS S.A. MERC INVEST

16 - BCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. MERC BRASIL

17 11 BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. NORD BRASIL

18 - BCO PAN S.A. BANCO PAN

19 - BCO PATAGONIA S.A. PATAGONIA

20 12 BCO PINE S.A. PINE

21 13 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. SANTANDER BR

22 - BCO SOFISA S.A. SOFISA

23 14 BRB BCO DE BRASILIA S.A. BRB BANCO

24 15 CONSORCIO ALFA DE ADMINISTRACAO S.A. ALFA CONSORC

25 16 ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. ITAUUNIBANCO

26 17 ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. ITAUSA

27 18 PARANA BCO S.A. PARANA

Fonte: Adaptado do site da BM&F Bovespa

Após o levantamento dos dados a serem utilizados no estudo, quatro empresas

foram excluídas da população inicial, três por apresentarem em algum dos anos

analisados um valor a distribuir negativo, e a outra por não apresentar as informações

necessárias ao estudo, sendo elas, respectivamente, BCO INDUSTRIAL E

COMERCIAL S.A, BCO INDUSVAL S.A., BCO PAN S.A. e BCO PATAGONIA

S.A.

Para tornar o estudo mais homogêneo as empresas ALFA HOLDINGS S.A,

BCO BTG PACTUAL S.A, BCO ESTADO DE SERGIPE S.A – BANESE, BCO

MERCANTIL DO BRASIL S.A e BCO SOFISA S.A também foram excluídas da

população inicial, pois apresentaram valores negativos em determinados segmentos que

serão analisados no estudo. Portanto, a população final ficou composta por 18 empresas.

Os anos utilizados na pesquisa foram 2012, 2013 e 2014 e as demonstrações

foram encontradas no sítio eletrônico da BM&F Bovespa.

Page 33: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

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3.3 Análise dos dados

Primeiramente, a análise dos dados baseou-se no estudo das Demonstrações do

Valor Adicionado de cada empresa, juntamente com a leitura das notas explicativas e

relatório da administração, a fim de perceber alguma informação complementar e útil no

desenvolvimento do estudo.

Em seguida, foram elaboradas planilhas que tornaram possível evidenciar e

detalhar as informações colhidas, e assim, analisar o comportamento das empresas, por

ano e segmento, em relação à distribuição do valor adicionado na população estudada.

Para tanto, obteve-se o quociente entre o valor adicionado distribuído por segmento e o

valor total a distribuir. Logo após foram obtidos os valores médios distribuídos por

parte das empresas da amostra.

3.4 Caracterização do setor bancário

Bancos são instituições financeiras que apresentam as seguintes funções:

Rentabiliza as economias e poupanças das pessoas e empresas através do

pagamento de juros;

Financia o consumo e o investimento das pessoas e empresas cobrando para isso

juros e comissões;

Realiza serviços de pagamentos e recebimentos também para seus clientes

pessoa física ou jurídica e para isso cobra tarifas;

Os órgãos reguladores do sistema financeiro nacional são: O Conselho

Monetário Nacional (CMN), que é um órgão normativo; O Banco Central do Brasil

(BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que são entidades supervisoras.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão responsável por expedir

diretrizes gerais para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional – SFN.

O Banco Central do Brasil (BACEN) é o principal executor das orientações do

CMN e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável por regulamentar,

desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país.

A Federação Nacional dos Bancos (FENEBAN) é a principal entidade

representativa do setor bancário no Brasil. É uma estrutura paralela à Federação

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33

Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Trata-se do apoio sindical do sistema financeiro,

que representa os associados em todas as questões trabalhistas.

No que diz respeito à responsabilidade social, é possível observar no sítio

eletrônico da FEBRABAN (2015), um link que trata do assunto, apontando algumas

empresas que já tornaram públicas suas políticas de responsabilidade Socioambiental.

Das empresas pesquisadas neste estudo, destacam-se os bancos: do Brasil, Bradesco,

BTG Pactual, Itaú e Santander.

3.5 Limitação da pesquisa

Como limitações desse estudo apresentaram-se: a impossibilidade, em alguns

momentos, de análises mais detalhadas do valor adicionado distribuído por algumas

empresas para o segmento ‘Governos’, uma vez que, através das notas explicativas, não

foi possível observar o que aconteceu. Além disso, o estudo não tratará das empresas

que apresentaram prejuízo em algum dos exercícios e também das empresas que

apresentaram valor adicionado a distribuir negativo em determinados segmentos.

Outro ponto que limita o estudo é o fato do presente trabalho restringir-se a

evidenciar e analisar apenas o valor adicionado distribuído pelas empresas da população

escolhida, desconsiderando a forma como o valor é gerado e a maneira com a

demonstração foi elaborada.

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34

4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Esta seção está dividida em duas partes. A primeira apresenta a análise da

distribuição, por ano, do valor adicionado; e na segunda tem-se a evolução da

distribuição média do valor adicionado.

4.1 Análise da distribuição do valor adicionado

Neste tópico será evidenciado e analisado a distribuição do valor adicionado

destinado ao corpo funcional (pessoal), ao governo, à remuneração de capitais de

terceiros e remuneração de capitais próprios, aplicados pelos bancos que compõem a

população desse estudo nos anos de 2012, 2013 e 2014.

4.1.1 Distribuição do Valor Adicionado em 2012

Como já mencionado anteriormente, a Demonstração do Valor Adicionado, na

prática, divide-se em duas partes: a primeira apresenta a riqueza gerada pela entidade e,

na segunda, tem-se, de forma detalhada, a distribuição dessa riqueza perante os

membros que, direta ou indiretamente, ajudaram a construir. Porém, esse estudo tratará

apenas da segunda parte, ou seja, da distribuição do valor adicionado.

Sendo assim, o Quadro 5 mostra a distribuição do valor adicionado, por

segmento, das empresas da população estudada no ano de 2012.

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Quadro 5 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de

2012

Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios

BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO

SANTO 50% 28% 4% 19%

BCO ABC BRASIL S.A. 31% 23% 2% 44%

BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 26% 36% 2% 35%

BCO AMAZONIA S.A. 43% 33% 1% 22%

BCO BRADESCO S.A. 34% 27% 3% 37%

BCO BRASIL S.A. 40% 27% 2% 31%

BCO DAYCOVAL S.A. 21% 37% 2% 41%

BCO ESTADO DO PARA S.A. 33% 34% 1% 32%

BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

S.A. 41% 27% 2% 30%

BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS

S.A. 5% 33% 0% 61%

BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 70% 3% 1% 26%

BCO PINE S.A. 31% 19% 3% 47%

BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 50% 23% 5% 22%

BRB BCO DE BRASILIA S.A. 49% 29% 0% 21%

CONSORCIO ALFA DE

ADMINISTRACAO S.A. 35% 27% 3% 36%

ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 34% 25% 3% 38%

ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 26% 31% 3% 39%

PARANA BCO S.A. 19% 23% 3% 55%

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com o Quadro 5, a empresa que mais distribuiu valor adicionado ao

corpo funcional (pessoal) foi o Banco do Nordeste, 70%, seguido do Banco Banestes

S.A e Santander (Brasil), ambos com 50%. A variação entre a empresa que mais

distribuiu e a que menos distribuiu foi de 65 pontos percentuais, com 70% do Banco do

Nordeste contra 5% do Banco Mercantil de Investimentos. Em todas as empresas a

maior parte do valor distribuído para pessoal esteve na conta remuneração direta. É

possível analisar ainda que, poucas empresas distribuem parte do valor gerado para os

colaboradores a título de participação nos resultados.

Em relação à distribuição para o Governo (impostos, taxas e contribuições), os

Bancos que apresentaram maiores índices de distribuição em 2012 foram: Daycoval,

Alfa de Investimentos e Banco Estado do Para, com 37%, 36% e 34%, respectivamente.

Já o que apresentou menor distribuição foi o Banco do Nordeste, com apenas 3%.

Page 37: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

36

No que tange a distribuição de valor adicionado para ‘Terceiros’ (aluguéis e

outras), percebe-se que em todas as empresas analisadas, os valores distribuídos foram

baixos, variando entre 1% e 5%. Isso pode ser explicado pelo fato da Demonstração do

Valor Adicionado para o segmento de bancos se diferenciar um pouco em relação ao

modelo de DVA utilizado pelas empresas de comércio, por exemplo. No modelo para

bancos, o segmento de remuneração de capitais de terceiros não apresenta a subconta

‘Juros’, já que esse item entra na ‘Despesa de Intermediação Financeira’. Cabe salientar

ainda que, o Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não destinaram

nenhum valor para o segmento remuneração de capitais de terceiros.

No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, a variação entre a empresa

que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 42 pontos percentuais, com 61%

para o Banco Mercantil de Investimentos contra 19% do Banco Banestes. Observa-se

também que 83% das empresas estudadas distribuíram a maior parte do capital desse

segmento para a conta ‘Lucros Retidos’, o que significa uma forte tendência em manter

o capital gerado dentro da própria empresa. Os Bancos Pine e Banestes destinaram a

maior parte do valor distribuído para a conta ‘Juros sobre o capital próprio’. E apenas o

Banco Santander (Brasil) evidenciou um índice de distribuição maior para a conta

‘Dividendos’.

Com o intuito de evidenciar a destinação média distribuída pelas empresas do

segmento de bancos listadas na BM&F Bovespa que compõem a população desse

estudo, foi elaborado o gráfico abaixo.

Gráfico 1 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2012

Fonte: Elaborado pela autora.

38%

26%

3%

33% Pessoal

Governos

Terceiros

Próprios

Page 38: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

37

Como demonstra no Gráfico 1, em média a maior distribuição do valor

adicionado das empresas em estudo ocorreu para o segmento de pessoal, com 38%,

seguido do remuneração de capitais próprios, com 33%, Governos, com 26%, e por fim,

com apenas 3% em média de valor distribuído, o segmento remuneração de capitais de

terceiros.

4.1.2 Distribuição do Valor Adicionado em 2013

Os mesmos procedimentos utilizados para as análises feitas em 2012 foram

empregados para os anos de 2013 e 2014. O Quadro 6 mostra a distribuição de todas as

empresas componentes da população estudada para os principais segmentos

evidenciados na Demonstração do Valor Adicionado no ano de 2013.

Quadro 6 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2013

Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios

BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO

SANTO 47% 28% 4% 22%

BCO ABC BRASIL S.A. 34% 18% 2% 45%

BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 29% 32% 3% 35%

BCO AMAZONIA S.A. 55% 17% 2% 27%

BCO BRADESCO S.A. 35% 24% 3% 38%

BCO BRASIL S.A. 37% 27% 2% 34%

BCO DAYCOVAL S.A. 28% 36% 2% 34%

BCO ESTADO DO PARA S.A. 33% 36% 1% 30%

BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

S.A. 43% 28% 2% 27%

BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS

S.A. 9% 26% 0% 65%

BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 55% 27% 1% 17%

BCO PINE S.A. 37% 14% 3% 46%

BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 46% 31% 5% 17%

BRB BCO DE BRASILIA S.A. 55% 29% 0% 16%

CONSORCIO ALFA DE

ADMINISTRACAO S.A. 35% 16% 2% 47%

ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 33% 26% 3% 38%

ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 14% 4% 4% 77%

PARANA BCO S.A. 26% 27% 2% 45%

Fonte: Elaborado pela autora

Page 39: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

38

Como é possível observar no Quadro 6, as empresas que mais distribuíram valor

adicionado para o segmento ‘Pessoal’ foram os Bancos: Amazonas, Nordeste do Brasil

e Banco de Brasília, todos com 55%. A empresa que menos distribuiu foi, novamente, o

Banco Mercantil de Investimentos, com apenas 9%. Deste modo, a variação entre a

empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 46 pontos percentuais.

Assim como no ano de 2012, em todas as empresas, em 2013, a maior parte do valor

distribuído para pessoal também esteve na conta remuneração direta.

No segmento ‘Governos’, do total das empresas estudadas, mais da metade

apresentou em 2013 um percentual de distribuição menor para esse segmento em

comparação com 2012. As empresas que mais distribuíram valor agregado para

governos foram os Bancos Daycoval e Banco Estado do Para, ambas com 36% do total

distribuído no ano. Por outro lado, o Banco Itausa Investimentos destinou apenas 4% do

total para esse segmento.

Em relação a distribuição de valor adicionado para ‘Terceiros’ (aluguéis e

outras), assim como no ano anterior, os valores distribuídos foram baixos, variando

entre 1% e 5%, que foram destinados praticamente em todas as empresas em favor da

conta ‘Aluguéis’. O Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não

destinaram nenhum valor para o segmento remuneração de capitais de terceiros.

No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, a variação entre a empresa

que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 61 pontos percentuais, com 77%

para o Banco Itausa Investimentos contra 16% do Banco de Brasília. Do total de bancos

analisados, 16 deles destinaram a maior parte do capital desse segmento para a conta

‘Lucros Retidos’. Apenas 2 Bancos, Pine e Santander, destinaram a maior parte do valor

distribuído em 2013 para as contas Juros sobre Capital Próprio e Dividendos.

Novamente com o intuito de evidenciar a destinação média distribuída pelas

empresas do segmento de bancos listadas na BM&F Bovespa que compõem a

população desse estudo, foi elaborado o Gráfico 2 referente ao ano de 2013:

Page 40: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

39

Gráfico 2 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2013

Fonte: Elaborado pela autora.

De acordo com o Gráfico 2, o segmento de pessoal voltou a apresentar a maior

média de valor adicionado distribuído em 2013, com 37% do total, seguido do

remuneração de capitais próprios, com 34%, Governos, com 27%, e por fim, com

apenas 3% em média de valor distribuído, o segmento remuneração de capitais de

terceiros. Em comparação com o ano de anterior, nota-se que praticamente nada mudou.

Os segmentos de Pessoal, Governo e Remuneração de Capitais Próprios demonstraram

apenas uma variação de 1 ponto percentual para mais ou para menos. Já distribuição

média para o segmento de Remuneração de Capitais de Terceiros em 2013 permaneceu

o mesmo que no ano de 2012.

4.1.3 Distribuição do Valor Adicionado em 2014

O Quadro 7 aponta a distribuição do valor adicionado das empresas

componentes da população estudada para os principais segmentos evidenciados na

Demonstração do Valor Adicionado no ano de 2014:

37%

27%

3%

34% Pessoal

Governos

Terceiros

Proprios

Page 41: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

40

Quadro 7 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2014

Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios

BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO

SANTO 46% 27% 3% 23%

BCO ABC BRASIL S.A. 34% 15% 2% 49%

BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 32% 24% 3% 40%

BCO AMAZONIA S.A. 47% 30% 1% 22%

BCO BRADESCO S.A. 31% 28% 2% 38%

BCO BRASIL S.A. 42% 26% 3% 29%

BCO DAYCOVAL S.A. 26% 39% 2% 32%

BCO ESTADO DO PARA S.A. 38% 31% 1% 30%

BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

S.A. 48% 25% 3% 24%

BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS

S.A. 5% 33% 0% 62%

BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 48% 25% 1% 26%

BCO PINE S.A. 56% 1% 4% 39%

BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 44% 35% 5% 16%

BRB BCO DE BRASILIA S.A. 60% 28% 0% 13%

CONSORCIO ALFA DE

ADMINISTRACAO S.A. 33% 24% 3% 41%

ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 30% 27% 2% 41%

ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 9% 3% 4% 85%

PARANA BCO S.A. 26% 32% 4% 38%

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com o Quadro 7, a empresa que mais distribuiu valor adicionado para

o segmento ‘Pessoal’ em 2014 foi o Banco de Brasília, com 60%, e a que menos

distribuiu foi o Banco Mercantil de Investimentos, com 5%. Sendo assim, a variação

entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 55 pontos

percentuais. Assim como nos outros anos analisados nesse estudo, em todas as

empresas, a maior parte do valor distribuído para pessoal também esteve na conta

remuneração direta. Um fato a ser mencionado é que as únicas empresas que destinaram

um valor significativo para a conta ‘Participação nos lucros’ foram os Bancos ABC

Brasil e Pine, com 42% e 30%, respectivamente.

A empresa que se destacou na distribuição do valor adicionado em 2014 para o

segmento ‘Governos’ (Impostos, taxas e contribuições, nos âmbitos federais, estaduais e

municipais) foi, novamente, a Daycoval, com 39% do total distribuído no ano. Por outro

lado, o Banco Pine destinou apenas 1% do total para esse segmento. Deste modo, a

Page 42: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

41

variação entre a empresa que mais distribuiu valor agregado e que menos distribuiu foi

de 38 pontos percentuais.

No que tange a distribuição de valor agregado para o segmento de

‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, assim como nos demais anos analisados, os

valores distribuídos variaram entre 1% e 5%, que foram destinados praticamente em

todas as empresas para a conta ‘Aluguéis’. O Banco Mercantil de Investimentos e o

Banco de Brasília não destinaram nenhum valor para o segmento remuneração de

capitais de terceiros.

No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, o Banco Itausa

Investimentos, assim como no ano anterior, destacou-se como sendo a empresa que

mais distribuiu valor agregado para esse segmento em 2014, com 85% do total

distribuído. O Banco Brasília foi o que menos distribuiu, com apenas 13%. A variação

entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 72 pontos

percentuais, a maior em relação aos outros anos analisados. A conta ‘Lucros retidos’

continua sendo a que recebeu maior percentual do total distribuído para remuneração de

capitais próprios. Assim como no ano anterior, apenas os Bancos Pine e Santander

(Brasil) destinaram a maior parte do valor distribuído nesse segmento para as contas

‘Juros sobre o Capital Próprio’ e ‘Dividendos’.

O Gráfico abaixo mostra a distribuição média do valor adicionado em 2014 das

empresas que compõem a população desse estudo:

Gráfico 3 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2014

Fonte: Elaborado pela autora.

De acordo com o Gráfico 3, é possível identificar que o cenário permaneceu o

mesmo em todos os anos analisados, pois o segmento que mais recebeu valor

36%

28%

3%

34% Pessoal

Governos

Terceiros

Proprios

Page 43: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

42

adicionado, em média, foi o de Pessoal, seguido do Remuneração de Capitais Próprios,

Governos e Remuneração de Capitais de Terceiros, com 36%, 34%, 28% e 3%,

respectivamente.

4.2 Evolução da distribuição média do valor adicionado

Com o desígnio de evidenciar e comparar a evolução da distribuição média do

valor adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014, nos segmentos de Pessoal, Governos,

Remuneração de Capitais de Terceiros e Remuneração de Capitais Próprios, foi

elaborado o Gráfico 4 abaixo.

Gráfico 4 – Distribuição do valor adicionado por segmento

Fonte: Elaborado pela autora.

De acordo com o Gráfico 4, é possível perceber que a média das empresas nos

três pesquisados para o segmento ‘Pessoal’ foi de 37%. Nota-se que houve um declínio

de 1% a cada ano, passando de 38% em 2012, para 36% em 2014.

O segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’ apresentou apenas uma

variação de 1 ponto percentual para mais entre 2012 e 2013, permanecendo o mesmo

em 2014. A empresa que apresentou a maior média de distribuição nos anos analisados

foi o Banco Itausa Investimentos, com 57%. Por outro lado, o Banco de Brasília

distribuiu apenas 17%, em média, para remunerar o Capital Próprio.

38% 37%

36%

26% 27% 28%

3% 3% 3%

33% 34% 34%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

2012 2013 2014

Pessoal

Governos

Terceiros

Próprios

Page 44: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

43

No segmento ‘Governos’ (Impostos, taxas e contribuições) houve um aumento

de 1 ponto percentual a cada ano, passando de 26% em 2012, para 28% em 2014. Sendo

assim, a média das empresas nos três anos estudados foi de 27%. Isso significa que, no

geral, as empresas destinaram mais capital para o pagamento de impostos, taxas e

contribuições, indicando um aumento da carga tributária no período, fato comum no

Brasil, pois segundo um relatório da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o País com a maior carga tributária da

América Latina. O aumento dos impostos também pode ser explicado devido ao

aumento do faturamento das empresas, e consequentemente, aumento dos impostos

(PIS, COFINS, IRPJ e CSLL, por exemplo), para as empresas optantes pelo Lucro

Presumido. Já para as empresas optantes pelo Lucro Real, o aumento do resultado

(lucro) também leva a uma arrecadação maior de impostos.

Por fim, tem-se o segmento ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’ que

permaneceu o mesmo nos três anos analisados, com média 3%, sendo o segmento que

menos recebeu valor adicionado em todos os anos. Como explanado anteriormente, isso

pode ser explicado pelo fato do modelo de Demonstração do Valor Adicionado

utilizado pelos Bancos não apresentar no segmento de remuneração de capitais de

terceiros a subconta ‘Juros’, já que esse item entra na ‘Despesa de Intermediação

Financeira’.

No geral, em todos os segmentos, as variações apresentadas pelas empresas nos

percentuais de distribuição do valor adicionado foram baixas, ou nem houve, como no

caso do segmente Remuneração de Capitais de Terceiros, que permaneceu o mesmo nos

três anos.

Em comparação com o trabalho apresentado por Rodrigues (2010), que realizou

o mesmo estudo do presente trabalho, só que nos anos de 2007, 2008 e 2009, é possível

observar que alguns segmentos se comportaram de maneira diferente. Porém, vale

salientar, que Rodrigues (2010) dividiu as empresas da população escolhida por ele em

bancos públicos e privados, realizando uma análise separada para cada modalidade. Ele

também analisou, juntamente com as demais, as empresas que em algum momento

distribuiu valor negativo para algum segmento.

Apesar disso, é possível observar no trabalho de Rodrigues (2010), que o

segmento que mais recebeu valor adicionado nos dois primeiros anos da amostra foi o

de Remuneração de Capitais Próprios. Já no terceiro ano, o segmento que mais

distribuiu valor foi o de Pessoal. O segmento de governos, a título de impostos, taxas e

Page 45: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

44

contribuições, ficou sempre em terceiro lugar. O segmento de Remuneração de Capitais

de Terceiros recebeu percentuais de distribuição muito abaixo dos outros segmentos,

ocupando o último lugar em todos os anos analisados.

No presente trabalho, os segmentos de Governos e Remuneração de Capitais de

Terceiros também ocuparam a terceira e quarta posição, respectivamente, em relação ao

valor distribuído nos anos estudados. Porém, aqui, o segmento Pessoal esteve sempre

em primeiro lugar, e o Remuneração de Capitais Próprios em segundo.

É possível notar ainda que, no estudo realizado por Rodrigues (2010), as

variações nas médias do valor adicionado por segmento foram bem maiores que no

presente trabalho, que apresentou praticamente o mesmo cenário em todos os anos,

variando no máximo 2% em alguns segmentos.

Page 46: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve como objetivo geral evidenciar como as empresas do

segmento de bancos com ações negociada na BM&F Bovespa distribuíram o valor

adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014, nos segmentos de Pessoal, Governos,

Remuneração de Capitais de Terceiros e Remuneração de Capitais Próprios.

A impossibilidade, em alguns momentos, de análises mais detalhadas do valor

distribuído por algumas empresas para o segmento Governos sugere uma limitação ao

estudo. O fato de analisar apenas as empresas que apresentaram valores a distribuir

positivos e a desconsideração da forma como o valor agregado é gerado e como a

demonstração foi elaborada são outros pontos que limitam o trabalho.

Contatou-se que o cenário permaneceu o mesmo em todos os anos analisados.

Em primeiro lugar, como o segmento que mais recebeu valor distribuído ficou o de

‘Pessoal’. Em segundo o de ‘Remuneração de Capitais Próprios. O segmento de

‘Governos, a título de impostos, taxas e contribuições, nos âmbitos federais, estaduais e

municipais, permaneceu sempre em terceiro lugar. Por fim, tem-se o segmento

‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, que recebeu percentuais de distribuição muito

abaixo dos outros segmentos, devido ao fato do modelo de DVA utilizado pelos bancos

não apresentar a conta ‘Juros pagos a terceiros’, conforme elucidado na fundamentação

teórica.

Destacou-se, ainda, quais as empresas que distribuíram mais e menos valor

adicionado para cada segmento, nos anos de 2012, 2013 e 2014.

No segmento ‘Pessoal’, as empresas que em média nos três anos analisados,

mais distribuíram valor foram o Banco do Nordeste, com 59% do total distribuído, e o

Banco de Brasília, com 56%. Já as empresas que menos distribuíram foram o Banco

Estado do Rio Grande do Sul, com 5%, e o Banco Itausa Investimentos, com 15%. Foi

possível perceber que em todas as empresas analisadas, a maior parte do valor

distribuído para pessoal esteve na conta ‘Remuneração direta’. As únicas empresas que

destinaram um valor significativo para a conta ‘Participação nos lucros’ foram os

Bancos ABC Brasil e Pine.

No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, as empresas que em média

nos anos analisados mais distribuíram valor adicionado foram os Bancos Itausa e

Mercantil de Investimentos, com 57% e 49%, respectivamente. Quase todas as empresas

estudadas distribuíram a maior parte do capital desse segmento para a conta ‘Lucros

Page 47: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

46

Retidos’, o que significa uma forte tendência em manter o capital gerado dentro da

própria empresa. Apenas os Bancos Pine e Banestes destinaram a maior parte do valor

distribuído, em todos os anos, para a conta ‘Juros sobre o capital próprio’ e

‘Dividendos’.

No segmento ‘Governos’, os Bancos que em média mais distribuíram valor

adicionado foram: Banco Estado do Para, com 36%, e Banco Daycoval, com 35%. Já os

que menos distribuíram foram: Banco Pine, com 11%, e Banco Itausa, com 12%.

O segmento ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’ foi o que menos recebeu

valor adicionado. O Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não

distribuíram nenhum valor nos três anos analisados. O Banco Santander (Brasil) e

Banestes foram os que em média distribuíram mais valor, com 5% e 4%,

respectivamente.

Sugere-se para possíveis trabalhos futuros sobre o assunto, além do aumento da

população e da amostra estudada, realizar a mesma pesquisa em outros anos, e ainda,

um estudo comparativo entre os diversos setores da economia.

Page 48: Demonstração do Valor Adicionadolia… · Demonstração do Valor Adicionado: Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos com ações

47

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