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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO
Demonstração do Valor Adicionado:
Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos
com ações negociadas na BM&F Bovespa
Natal
2015
EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO
Demonstração do Valor Adicionado:
Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos
com ações negociadas na BM&F Bovespa
Monografia apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial à obtenção do título de
bacharel em Ciências Contábeis.
Orientadora: Prof.ª M.ª Mariana Medeiros
Dantas de Melo.
Natal
2015
EMÍLIA MOURA DE AZEVEDO
Demonstração do Valor Adicionado:
Um estudo sobre a distribuição do valor adicionado pelas empresas do segmento de Bancos
com ações negociadas na BM&F Bovespa
Monografia apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial à obtenção do título de
bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em ____ de junho de 2015
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª M.Sc. Mariana Medeiros Dantas de Melo (Orientadora) – UFRN
Prof.º Dr. Adilson de Lima Tavares (Examinador) – UFRN
Prof.º Dr. Diogo Henrique Silva de Lima (Examinador) – UFRN
Dedico a Deus, aos meus pais e ao meu esposo
Arthur.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui. Aos meus familiares,
pela dedicação e o amor recebidos sempre. Ao meu esposo, pela paciência e compreensão nos
momentos de ausência. Aos meus amigos, que caminharam comigo e me ajudaram nessa
jornada.
Agradeço também, a coordenação do curso de Ciências Contábeis dessa Instituição,
especialmente à funcionária Artemísia e a professora Daniele da Rocha Carvalho, pela
atenção e prestatividade sempre que as procurei. Ao meu chefe e amigo, Eduardo Augusto
Pereira Caldas, que me ajudou na escolha do tema e durante toda a execução do trabalho.
Por fim, agradeço a minha orientadora, Mariana Medeiros Dantas de Melo, pelo
suporte, correções e incentivos e a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha
formação.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer
um novo começo, qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim”.
(Chico Xavier)
RESUMO
Esse trabalho tem por objetivo analisar como os bancos com ações negociadas na BM&F
Bovespa distribuíram o valor adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014. Para isso foi
realizado a análise das Demonstrações do Valor Adicionado das empresas relacionadas na
população, além da leitura das notas explicativas e relatório da administração. A metodologia
utilizada, quanto aos objetivos, foi a descritiva. No que tange a coleta de dados, a pesquisa foi
classificada como do tipo documental, e em relação à abordagem do problema foi utilizada a
pesquisa quantitativa. Os resultados obtidos apontaram que o cenário permaneceu
praticamente o mesmo em todos os anos analisados. Em primeiro lugar, como o segmento que
mais recebeu valor distribuído ficou o de Pessoal. Em segundo o de Remuneração de Capitais
Próprios. O segmento de Governos, a título de impostos, taxas e contribuições, permaneceu
sempre em terceiro lugar. Por fim, tem-se o segmento Remuneração de Capitais de Terceiros,
que recebeu percentuais de distribuição muito abaixo dos outros segmentos.
Palavras-chave: Demonstração do Valor Adicionado; Distribuição de Riqueza;
Responsabilidade Social.
ABSTRACT
The present paper aims to analyze how the banks with stocks traded at the São Paulo stock
exchange (BOVESPA) shared their added value in the years of 2012, 2013 and 2014. So an
analysis was made of the Added Value Statement (AVS) of the companies listed in the
population, as well as an analysis of the explanatory notes and management reports. The
methodology applied, in regards to the goals, is descriptive. Regarding the data capture, the
research was classified as a documentary, and concerning the approach of the problem, a
quantitative research was applied. The results show that the scenario remained the same
throughout all the years analyzed. In first place, the segment which received the most shared
value was the Personnel sector. In second place comes the Remuneration for Equity. The
segment of Government regarding taxes, fees and contributions remained in third place for the
whole three years. In fourth and last place, there is the third party capital remuneration, which
received shares way below the other segments.
Keywords: Added Value statement (AVS), Social Report, Distribution of wealth; Social
Responsibility.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Modelo para empresas em geral e instruções para preenchimento ....................... 22
Quadro 2 – Demonstração do Valor Adicionado – Instituições Financeiras Bancárias ........... 27
Quadro 3 – Instruções para preenchimento da DVA – Instituições Financeiras Bancárias ..... 28
Quadro 4 – Empresas da amostra ............................................................................................. 31
Quadro 5 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2012 .. 35
Quadro 6 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2013 . 37
Quadro 7 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2014 .. 40
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2012 .................. 36
Gráfico 2 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2013 .................. 39
Gráfico 3 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2014 .................. 41
Gráfico 4 – Distribuição do valor adicionado por segmento .................................................... 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BACEN - Banco Central do Brasil
BM&F BOVESPA – Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo
CFC – Conselho Federal de Contabilidade
CIDE – Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico
CMN – Conselho Monetário Nacional
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
DVA – Demonstração do Valor Adicionado
FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos
FENEBAN - Federação Nacional dos Bancos
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados
IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano
IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
ISS – Imposto sobre Serviços
JCP – Juros sobre o Capital Próprio
ONU - Organização das Nações Unidas
PIS – Programa de Integração Social
SA – Sociedade Anônima
SER – Responsabilidade Social Empresarial
SFN - Sistema Financeiro Nacional
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
1.1 Contextualização .............................................................................................................. 12
1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 13
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 14
1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 14
1.4 Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16
2. 1 Responsabilidade Social das Empresas ........................................................................ 16
2.2 Balanço Social .................................................................................................................. 17
2.3 Demonstração do Valor Adicionado: Conceitos e Objetivos ....................................... 19
2.3.1 Composição e Elaboração da DVA ................................................................................ 20
2.3.2 Modelos de DVA ............................................................................................................ 22
2.3.3 Estudos Recentes ............................................................................................................. 28
3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 30
3.1 Tipologia da pesquisa ...................................................................................................... 30
3.2 Universo e amostra .......................................................................................................... 30
3.3 Análise dos dados ............................................................................................................. 32
3.4 Caracterização do setor bancário .................................................................................. 32
3.5 Limitação da pesquisa ..................................................................................................... 33
4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS .......................................................................... 34
4.1 Análise da distribuição do valor adicionado ................................................................. 34
4.1.1 Distribuição do Valor Adicionado em 2012 ................................................................... 34
4.1.2 Distribuição do Valor Adicionado em 2013 ................................................................... 37
4.1.3 Distribuição do Valor Adicionado em 2014 ................................................................... 39
4.2 Evolução da distribuição média do valor adicionado .................................................. 42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A preocupação com questões sociais e econômicas vem ganhando papel cada
vez mais importante entre as empresas. Essas, “além de agentes econômicos com a
missão de produzir riqueza, são também agentes sociais e, como componentes da
sociedade, devem prestar conta aos demais” (DE LUCA, 1998, p.17).
Diante disso, surge o conceito de Responsabilidade Social e Sustentabilidade
Empresarial. Segundo Reis e Medeiros (2011), a responsabilidade social das empresas,
em seu sentido mais amplo, é a consciência ética, o agir corretamente, o compromisso
de “ser responsável” ao não tomar decisões, cujas consequências possam ferir quaisquer
interesses sociais.
Em relação à Sustentabilidade Empresarial, Vellani (2011) afirma que refere-se
a contribuição da empresa para a sociedade conseguir se desenvolver sem comprometer
a capacidade das gerações futuras em atenderem suas próprias necessidades.
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA), objeto deste trabalho, é uma
demonstração contábil obrigatória para as Sociedades Anônimas (S.A) de capital aberto
no Brasil e tem relação direta com a dimensão econômica da sustentabilidade
empresarial e com o desenvolvimento sustentável.
A DVA, que antes era publicada apenas em caráter voluntário, passou a ser
obrigatória para essas empresas com a publicação da Lei 11.638 em dezembro de 2007,
que alterou e revogou dispositivos da Lei 6.404 de 1976. Esse demonstrativo tem por
finalidade demonstrar a riqueza gerada pela entidade e sua distribuição perante os
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, como os empregados,
acionistas, governos e outros.
Nesse sentido, a contabilidade, enquanto ciência social responsável pelo
patrimônio, precisou se adaptar as novas exigências de seus clientes, e também,
expandir seu campo de atuação em consequência do surgimento de novos usuários,
assumindo o compromisso de evidenciar o quão importante as organizações são para os
ambientes nas quais estão inseridas.
Sabe-se que as empresas são criadas para atender as muitas necessidades da
humanidade e, em geral, os administradores estão mais preocupados em mostrar aos
13
sócios e acionistas o retorno financeiro (lucro) que essas companhias têm trazido.
Porém, sabe-se também que recursos oriundos da sociedade foram utilizados para
atingir tais resultados. Sendo assim, existe a obrigatoriedade de retorno à sociedade de
parte dessa riqueza, como, por exemplo, gerando empregos e distribuindo parte dos
resultados aos funcionários, pagando impostos ao governo, dentre outros.
Yoshioca apud Santos (2007) diz que a Demonstração do Valor Adicionado
evidencia a parte que pertence aos sócios, a que pertence aos demais capitalistas que
financiaram a empresa, a que pertence aos empregados e a que fica com o governo.
A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço
Social, conforme Reis e Medeiros (2011), é um instrumento que reúne um conjunto de
informações sobre as atividades de caráter social e não obrigatórias que uma empresa
realiza com o objetivo de gerar maior bem-estar junto a todas as partes interessadas e à
sociedade como um todo.
O Valor Adicionado ou Valor Agregado procura evidenciar para quem a
empresa está canalizando a renda obtida; ou, ainda, admitindo que o valor que a
empresa adiciona por meio de sua atividade seja um “bolo”, para quem estão sendo
distribuídas as fatias do bolo e de que tamanho são estas fatias, segundo afirmam
Iudícibus e Marion (2010).
Diante do importante conteúdo informacional da Demonstração do Valor
Adicionado e da necessidade de evidenciação do valor agregado e distribuído pela
empresa aos demais responsáveis pelo fornecimento de recursos, surge o seguinte
problema de pesquisa: como ocorreu a distribuição do valor adicionado pelos bancos
com ações negociadas na BM&F Bovespa?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral desse estudo é analisar como os bancos com ações negociadas
na BM&F Bovespa distribuíram o valor adicionado nos últimos três anos (2012, 2013 e
2014).
14
1.2.2 Objetivos específicos
Partindo do objetivo geral, estabelecem-se os seguintes objetivos específicos:
Evidenciar a geração de riqueza das companhias analisadas e como essa riqueza
está sendo distribuída entre os segmentos de Pessoal, Governos, Terceiros e
Próprios;
Demonstrar os segmentos que mais receberam valor distribuído;
Explanar as possíveis variações nos anos estudados, fazendo comparações entre
as empresas;
1.3 Justificativa
A Demonstração do Valor Adicionado surgiu na Europa e tem sido cada vez
mais solicitada em nível internacional. Como já dito anteriormente, é uma demonstração
contábil de suma importância para as empresas e a sociedade na qual a companhia está
inserida.
A Norma Contábil Internacional não inclui a DVA como um item contábil
obrigatório nas Demonstrações Contábeis. Porém, a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) destaca que, embora não seja exigida nas normas internacionais, ela possui
informações adicionais que agregam qualidade ao conjunto das demonstrações exigidas.
Segundo Silva e Freire (2001), a lógica dominante das empresas sempre foi o da
produtividade em função da lucratividade e o “Social” estava ligado, exclusivamente,
aos salários que pagavam aos empregados. Porém, atualmente, as empresas têm
assumido responsabilidades que vão além do seu objetivo principal, o lucro. Percebe-se
uma constante interação com a sociedade e o ambiente na qual está inserida. Há, ainda,
clientes cada vez mais exigentes.
Diante desse cenário, o trabalho se justifica dado à importância da DVA em
evidenciar a contribuição que a empresa traz para a sociedade onde está inserida; por ser
uma ferramenta que auxilia administradores e associados a conhecer melhor seu
negócio; por proporcionar informações que podem ser utilizadas na gestão das
empresas; dentre outras.
Justifica-se ainda pelo fato de ser uma demonstração relativamente nova no
mercado acionário, tendo em vista que sua obrigatoriedade para as Sociedades
Anônimas ocorreu com o advento da Lei 11.638/07.
15
1.4 Estrutura do trabalho
O presente trabalho está divido em quatro capítulos. No primeiro capítulo tem-se
a Introdução, com a contextualização e problema, o objetivo geral, objetivos específicos
e justificativa.
No capítulo 2, referencial teórico, abordou-se os temas pertinentes às questões
tratadas neste trabalho, com o intuito de dar um maior embasamento ao estudo.
Responsabilidade Social das Empresas, Balanço Social e Demonstração do Valor
Adicionado foram os temas destacados.
No capítulo 3, Metodologia, tem-se a explicação dos métodos utilizados durante
o estudo, dados sobre a população estudada e da análise dos dados do estudo e limitação
do estudo.
No capítulo 4, Análise dos Dados Coletados, tem-se a evidenciação e análise dos
resultados obtidos após a pesquisa realizada no segmento de bancos das empresas
listadas site da BM&F Bovespa.
No último capítulo, Considerações Finais, apresentam-se as conclusões do
estudo e as sugestões para pesquisas futuras.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2. 1 Responsabilidade Social das Empresas
Primeiramente é necessário entender o conceito de Responsabilidade Social,
uma vez que é um tema bastante discutido e essencial para o desenvolvimento deste
trabalho.
Sabe-se que a empresa, além de um agente econômico com a missão de produzir
riqueza, é também um agente social e, como um dos componentes da sociedade, deve
prestar contas aos demais (DE LUCA, 1998).
Ainda segundo De Luca (1998), a sociedade vem, cada vez mais, exigindo
respostas aos problemas socioeconômicos decorrentes do desempenho das empresas.
Ele afirma que:
Atualmente, uma empresa não pode buscar somente lucros. No seu
relacionamento com a sociedade existem obrigações, tais como a
preservação do meio ambiente, a criação e manutenção de empregos, a
contribuição para a formação profissional, a qualidade dos
bens/serviços e outras que não estão legalmente assumidas, mas que
são importantíssimas até mesmo para a continuidade da empresa. (DE
LUCA, 1998, p. 17).
De acordo com Ashley (2002), o termo responsabilidade social pode também ser
o “compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem estar-estar e
melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias, sua comunidade em
geral”.
Já segundo Churchill e Peter (2000), a responsabilidade social é um “termo
usado para descrever as obrigações de uma empresa com a sociedade [...] na medida em
que eles podem afetar os interesses de outros”.
Um dos principais expoentes do movimento da Responsabilidade Social
Empresarial (RSE) é Carroll. Ele salienta que a responsabilidade social das empresas
“compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a
sociedade tem em relação às organizações em dado período” (CARROLL apud
BARBIERI et al., 2009, p. 53). Posteriormente, Carroll substituiu a palavra
discricionária por filantrópica. Seu modelo divide a RSE em quatro dimensões:
17
Responsabilidades econômicas, Responsabilidades legais, Responsabilidades éticas e
Responsabilidades filantrópicas.
As responsabilidades econômicas remetem ao fato de que a empresa
deve ser lucrativa. Essa é a primeira e principal responsabilidade da
empresa, pois, como diz Carroll, antes de qualquer coisa, ela é a
unidade econômica básica da sociedade e, como tal, tem a
responsabilidade de produzir bens e serviços que a sociedade deseja e
vendê-los com lucro.
A responsabilidade legal vem em seguida. No momento em que a
sociedade aprova o sistema econômico, permitindo que as empresas
assumam seu papel produtivo como parte da efetivação de um
contrato social, ela coloca as regras básicas, as leis sob as quais elas
devem operar.
A terceira dimensão é a responsabilidade ética. Embora as duas
primeiras responsabilidades incluam normas éticas, há
comportamentos e atividades não cobertos por leis ou aspectos
econômicos do negocio, mas que representam expectativas dos
membros da sociedade. Enquanto a responsabilidade legal se refere à
expectativa de atuar conforme a lei, a ética se refere à obrigação de
fazer o que é certo e justo, evitando ou minimizando causar danos às
pessoas.
A quarta responsabilidade passou a ser denominada de filantrópica e
abrange ações em resposta às expectativas da sociedade de que as
empresas atuem como bons cidadãos. (CARROLL apud BARBIERI
et al., 2009, p. 54-55).
Em suma, significa que a empresa deve, ao mesmo tempo, ser lucrativa,
obedecer as leis, atender as expectativas da sociedade e ser boa cidadã.
Para medir as condutas socialmente responsáveis das empresas há indicadores e
instrumentos que permitem avaliar, orientar e aperfeiçoar o desempenho social e a
prestação de conta dessas à sociedade. O Balanço Social é um desses instrumentos.
2.2 Balanço Social
O Balanço Social surgiu com a necessidade de prestar informações aos
empregados e à sociedade em geral. Porém, apesar de muitas empresas o publicarem,
não é uma demonstração obrigatória. Ele evidencia tanto os aspetos econômicos quanto
os sociais, inovando ao analisar números relacionados com temas além do capital.
Segundo De Luca (1998, p. 23) é “um instrumento de medida que permite
verificar a situação da empresa no campo social, registrar as realizações efetuadas neste
18
campo e principalmente avaliar as relações ocorridas entre o resultado da empresa e a
sociedade”.
De acordo com Tinoco (1984) o Balanço Social pode ser definido como um
“instrumento de gestão e de informação que visa reportar, da forma mais transparente
possível [...] informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das
entidades [...]”. Essas informações são destinadas a todos os usuários da informação
contábil, inclusive, os trabalhadores.
Conforme De Luca (1998), as principais informações apresentadas no balanço
social são: evolução do emprego, relações profissionais, formação profissional,
treinamentos, condições de higiene e segurança, alojamento, transporte, proteção ao
meio ambiente, utilização da riqueza da empresar etc.
Embora não exista exigência legal quanto à divulgação do Balanço Social, as
empresas são corriqueiramente solicitas a informarem sua política em relação ao meio
ambiente, devido exigências de sistemas de gerenciamento ambiental, relatórios de
impactos ambientais, e em alguns casos têm de assumir o ônus de provar que não
agridem a natureza (IUDÍCIBUS et al, 2010).
Em relação aos beneficiários, o Balanço Social favorece a todos os grupos que
interagem com a empresa. Silva e Freire (2001, p. 126) afirmam que:
Aos dirigentes, fornece informações úteis à tomada de decisão quanto
aos programas sociais que a empresa esteja ou venha a desenvolver: o
balanço social é um instrumento de gestão. [...] Aos trabalhadores, que
são parte essencial do processo produtivo, dá a possibilidade de que
suas expectativas sejam percebidas pela empresa de maneira
sistematizada e quantificada.
Aos fornecedores e investidores, informa como a empresa encara suas
responsabilidades quanto a seus recursos humanos, o que é um bom
indicador da forma como a empresa é administrada. [...] Para os
consumidores, dá uma ideia da mentalidade dos dirigentes da
companhia, o que pode ser associado à qualidade do produto ou
serviço que a empresa oferece. Ao estado, ajuda na formulação de
políticas públicas [...].
Em suma, no Balanço Social a empresa mostra o que faz por seus profissionais,
dependentes, colaboradores e comunidade. Sua principal função é tornar pública a
responsabilidade social da empresa, construindo vínculos com a sociedade e o meio
ambiente.
19
A Demonstração do Valor Adicionado, que é o objeto de estudo do presente
trabalho, está inserida dentro dos enfoques do Balanço Social.
2.3 Demonstração do Valor Adicionado: Conceitos e Objetivos
O conceito de valor adicionado, na economia, é utilizado para mensurar as
atividades econômicas de uma nação através da definição de Produto Nacional. Na
contabilidade, dentro do ambiente da empresa, De Luca (1998, p.31) diz: “Neste
ambiente, podemos definir valor adicionado como sendo a diferença entre o valor da
produção e os consumos intermediários (compras a outras empresas) num determinado
período”.
Os autores Reis e Marion (2006, p. 248) conceituam Valor Adicionado ou Valor
Agregado como sendo “o somatório dos custos – gerados dentro da própria empresa –
que cobrem a remuneração dos fatores de produção por ela utilizados”. Eles afirmam
ainda que os custos gerados pela empresa devem ser acrescidos aos custos que já vieram
transferidos de outras empresas, com a finalidade de determinar o valor de venda desse
produto.
O Valor Adicionado na visão de Santos (2007, p.41) “representa o incremento
de valor que se atribui a um bem durante o processo produtivo”. Ou seja, ao
desenvolver suas atividades, utilizando-se de bens e serviços adquiridos de terceiros,
equipamentos e do trabalho de seus funcionários, a empresa está adicionando valor aos
novos produtos que serão colocados no mercado. Em suma, pode-se dizer que ela está
agregando valor aos bens e serviços adquiridos, transformando-os e recolocando-os no
mercado.
Portanto, pode-se afirmar que Valor Adicionado significa o quanto cada empresa
gerou de valor em suas operações. A evidenciação da contribuição de cada empresa para
a riqueza nacional se dá através da Demonstração do Valor Acionado.
De acordo com Ribeiro (2012), a DVA surgiu na Europa, por influência da Grã-
Bretanha, França e Alemanha, e tem sido cada vez mais difundida a adotada por outros
países, principalmente por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU). A
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), através do Parecer de Orientação CVM n.º
24/92, incentiva as principais sociedades anônimas de capital aberto do Brasil, desde a
década de 90, a elaborarem e divulgarem essa demonstração.
20
Conforme Reis e Marion (2006, p. 247), a Demonstração do Valor Adicionado é
um “demonstrativo que procura evidenciar o valor da riqueza agregada a um produto
por uma determinada empresa e de que forma esse valor agregado foi distribuído entre
os fatores de produção”. Deste modo, pode-se dizer que a DVA tem por objetivo
informar o valor da riqueza gerada e o valor e a natureza dos custos agregados pela
empresa ao valor dos insumos adquiridos, e também, evidenciar a destinação dessa
riqueza para empregados, governo, financiadores, investidores e etc.
Em seu livro, Ribeiro (2012) confirma que a Demonstração do Valor
Adicionado é um relatório contábil que mostra o quanto de riqueza uma empresa gerou,
o quanto foi adicionado aos seus fatores de produção e de que forma essa riqueza foi
distribuída entre os empregados, o governo, os acionistas e os financiadores de capital,
assim como a parcela da riqueza não distribuída.
A Demonstração do Valor Adicionado é mais uma das importantes inovações
trazidas pela Lei n.º 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que promoveu alterações da
Lei das Sociedades por Ações, tornando obrigatória, para as companhias abertas, a
elaboração e divulgação da DVA como parte das demonstrações contábeis divulgadas
ao final de cada exercício.
Em sua obra, Iudícibus et al. (2010), diz que antes de se tornar obrigatória para
companhias abertas, a DVA era incentivada e sua divulgação apoiada pela CVM e pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Ela não faz parte das demonstrações
contábeis obrigatórias por parte das normas internacionais de contabilidade.
Sendo assim, a DVA, componente importantíssimo do Balanço Social, “deve ser
entendida como a forma mais competente criada pela contabilidade para auxiliar na
medição e demonstração da capacidade de geração, bem como de distribuição da
riqueza de uma entidade” (SANTOS, 2007, p. 38).
2.3.1 Composição e Elaboração da DVA
Os dados para a elaboração da DVA são obtidos, principalmente, da
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Por esse motivo, sua composição
segue o regime de competência.
Segundo Azevedo (2009), a Demonstração do Valor Adicionado divide-se, na
prática, em duas partes. A primeira deve apresentar de forma detalhada a riqueza gerada
21
pela empresa; Já a segunda parte deve conter, também de forma detalhada, a forma que
a riqueza foi distribuída, assim como a parcela da riqueza que não foi distribuída.
Em relação a diferença entre a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Azevedo (2009) afirma que a
principal diferença é que a DRE evidencia a riqueza gerada pela entidade, durante
determinado período de tempo, que pertence aos acionistas. A DVA também evidencia
a riqueza gerada pela entidade durante determinado período de tempo, porém, na DVA,
essa riqueza pertence a toda a sociedade. Ambas são apuradas levando em consideração
o regime de competência.
Conforme Iudícibus et al. (2010), a DVA e a DRE não apresentam objetivos
semelhantes, mas complementares. Enquanto a Demonstração do Resultado do
Exercício tem por prioridade enfatizar o lucro líquido, a Demonstração do Valor
Adicionado objetiva demonstrar a riqueza gerada pela entidade e como foi feita a
distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza.
A elaboração e divulgação da DVA, para atender aos requisitos estabelecidos no
Pronunciamento Técnico CPC 09 e na legislação societária, deverá, segundo Iudícibus
et al (2010, p. 584):
Ser elaborada como base no princípio contábil da competência;
Ser apresentada de forma comparativa (período atual e anterior);
Ser elaborada como base nas demonstrações consolidadas, e não pelo
somatório das Demonstrações do Valor Adicionado individuais, no
caso da divulgação da DVA consolidada;
Incluir a participação dos acionistas não controladores no componente
relativo à distribuição do valor adicionado, no caso da divulgação da
DVA consolidada;
Ser consistente com a demonstração do resultado e conciliada em
registros auxiliares mantidos pela entidade; e
Ser objeto de revisão ou auditoria se a entidade possuir auditores
externos independentes que revisem ou auditem suas Demonstrações
Contábeis.
Em relação a estrutura da DVA, a Lei não oferece detalhes acerca dos itens que
o integrarão, deixando a normatização dessa matéria a cargo dos órgãos reguladores. No
entanto, conforme enfatiza Azevedo (2009) a nova lei não prevê um modelo de
Demonstração do Valor Adicionado, mas proporciona maior flexibilidade para que os
órgãos reguladores o façam. Nesse sentido, utiliza-se o modelo do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis, apoiado pelos órgãos convidados.
22
2.3.2 Modelos de DVA
A seguir, apresenta-se o modelo utilizado para as empresas em geral, Quadro 1,
e seus respectivos comentários de seus diversos componentes.
Quadro 1 – Modelo para empresas em geral e instruções para preenchimento
DESCRIÇÃO INSTRUÇÕES PARA
PREENCHIMENTO DA DVA
1. Receitas (Soma dos itens 1.1 a 1.4)
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
Inclui os valores dos tributos incidentes
sobre essas receitas (ICMS, IPI, PIS e
COFINS), ou seja, corresponde à receita
bruta ou faturamento bruto.
1.2 Outras receitas Da mesma forma que o item anterior, inclui
os tributos incidentes sobre essas receitas.
1.3 Receitas relativas à construção de ativos
próprios
A construção de ativos dentro da própria
empresa para seu próprio uso é
procedimento comum. Nessa construção
diversos fatores de produção são utilizados,
inclusive a contratação de recursos externos
(por exemplo, materiais e mão-de-obra
terceirizada) e a utilização de fatores
internos como mão-de-obra, com os
consequentes custos que essa contratação e
utilização provocam. Para elaboração da
DVA, essa construção equivale a produção
vendida para a própria empresa, e por isso
seu valor contábil integral precisa ser
considerado como receita. A mão-de-obra
própria alocada é considerada como
distribuição dessa riqueza criada, e eventuais
juros ativados e tributos também recebem
esse mesmo tratamento. Os gastos com
serviços de terceiros e materiais são
apropriados como insumos.
1.4 Provisão para créditos de liquidação
duvidosa – Reversão/ (Constituição)
Inclui os valores relativos à constituição e
reversão dessa provisão.
2. Insumos adquiridos de terceiros (soma dos
itens 2.1 a 2.4)
2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos
serviços vendidos
Inclui os valores das matérias-primas
adquiridas junto a terceiros e contidas no
custo do produto vendido, das mercadorias e
dos serviços vendidos adquiridos de
terceiros; não inclui gastos com pessoal
próprio.
2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros e
outros
Inclui valores relativos às despesas
originadas da utilização desses bens,
utilidades e serviços adquiridos junto a
terceiros. Nos valores dos custos dos
produtos e mercadorias vendidos, materiais,
serviços, energia etc. consumidos, devem ser
23
considerados os tributos incluídos no
momento das compras (por exemplo, ICMS,
IPI, PIS e COFINS), recuperáveis ou não.
Esse procedimento é diferente das práticas
utilizadas na demonstração do resultado.
2.3 Perda/Recuperação de valores ativos
Inclui valores relativos a ajustes por
avaliação a valor de mercado de estoques,
imobilizados, investimentos, etc. Também
devem ser incluídos os valores reconhecidos
no resultado do período, tanto na
constituição quanto na reversão de provisão
para perdas por desvalorização de ativos,
conforme aplicação do CPC 01 – Redução
ao Valor Recuperável de Ativos (se no
período o valor líquido for positivo, deve ser
somado).
2.4 Outras (especificar)
3. Valor adicionado bruto (diferença entre os
itens 1 e 2)
4. Depreciação, amortização e
exaustão
Inclui a despesa ou o custo contabilizados
no período.
5. Valor adicionado líquido produzido pela
entidade (diferença entre os itens 3-4)
6. Valor adicionado recebido em
transferência (soma dos itens 6.1 a 6.3)
6.1 Resultado de equivalência patrimonial
O resultado da equivalência pode
representar receita ou despesa; se despesa,
deve ser considerado como redução ou valor
negativo.
6.2 Receitas financeiras Inclui todas as receitas financeiras
independentemente de suas origens.
6.3 Outras
Inclui os dividendos relativos a
investimentos avaliados ao custo, aluguéis,
direitos de franquia, etc.
7. Valor adicionado total a distribuir (soma
dos itens 5 e 6)
8. Distribuição do valor adicionado (soma dos
itens 8.1 a 8.4) – o total desse item deve ser
exatamente igual ao item 7.
8.1 Pessoal Valores apropriados ao custo ou ao resultado
do exercício na forma de:
8.1.1 Remuneração direta
Representada pelos valores relativos a
salários, 13º salário, honorários da
administração (inclusive os pagamentos
baseados em ações), férias, comissões, horas
extras, participação de empregados nos
resultados, etc.
8.1.2 Benefícios
Representados pelos valores relativos a
assistência médica, alimentação, transporte,
planos de aposentadoria etc.
8.1.3 FGTS Representado pelos valores depositados em
conta vinculada dos empregados.
8.2 Impostos, taxas e contribuições Valores relativos ao imposto de renda,
contribuição social sobre o lucro,
24
contribuições aos INSS (incluídos aqui os
valores do Seguro de Acidentes do
Trabalho) que sejam ônus do empregador,
bem como os demais impostos e
contribuições a que a empresa esteja sujeita.
Para os impostos compensáveis, tais como
ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser
considerados apenas os valores devidos ou
já recolhidos, e representam a diferença
entre os impostos e contribuições incidentes
sobre as receitas e os respectivos valores
incidentes sobre os itens considerados como
“insumos adquiridos de terceiros”.
8.2.1 Federais
Inclui os tributos devidos à União, inclusive
aqueles que são repassados no todo ou em
parte aos Estados, Municípios, Autarquias
etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS,
COFINS. Inclui também a contribuição
sindical patronal.
8.2.2 Estaduais
Inclui os tributos devidos aos Estados,
inclusive aqueles que são repassados no todo
ou em parte aos Municípios, Autarquias etc.,
tais como o ICMS e o IPVA.
8.2.3 Municipais
Inclui os tributos devidos aos Municípios,
inclusive aqueles que são repassados no todo
ou em parte às Autarquias, ou quaisquer
outras entidades, tais como o ISS e o IPTU.
8.3 Remuneração de capitais de terceiros Valores pagos ou creditados aos
financiadores externos de capital.
8.3.1 Juros
Inclui as despesas financeiras, inclusive as
variações cambiais passivas, relativas a
quaisquer tipos de empréstimos e
financiamentos junto a instituições
financeiras, empresas do grupo ou outras
formas de obtenção de recursos. Inclui os
valores que tenham sido capitalizados no
período.
8.3.2 – Aluguéis
Inclui os aluguéis (inclusive as despesas
com arrendamento operacional) pagos ou
creditados a terceiros, inclusive os
acrescidos aos ativos.
8.3.3 Outras
Inclui outras remunerações que configurem
transferência de riqueza a terceiros, mesmo
que originadas em capital intelectual, tais
como royalties, franquia, direitos autorais,
etc.
8.4 Remuneração de capitais próprios Valores relativos à remuneração atribuída
aos sócios e acionistas.
8.4.1 Juros sobre o capital próprio e 8.4.2
Dividendos
Inclui os valores pagos ou creditados aos
sócios e acionistas por conta do resultado do
período, ressalvando-se os valores dos JCP
transferidos para conta de reserva de lucros.
Devem ser incluídos apenas os valores
distribuídos com base no resultado do
25
próprio exercício, desconsiderando-se os
dividendos distribuídos com base em lucros
acumulados de exercícios anteriores, uma
vez que já foram tratados como “lucros
retidos” no exercício em que foram gerados.
8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício
Inclui os valores relativos ao lucro do
exercício destinados às reservas, inclusive os
JCP quando tiverem esse tratamento; nos
casos de prejuízo, esse valor deve ser
incluído com sinal negativo.
As quantias destinadas aos sócios e
acionistas na forma de Juros sobre o Capital
Próprio – JCP, independentemente de serem
registradas como passivo (JCP a pagar) ou
como reserva de lucros, devem ter o mesmo
tratamento dado aos dividendos no que diz
respeito ao exercício a que devem ser
imputados.
8.4.4 – Participação dos não controladores nos
lucros retidos Só para consolidação.
Fonte: Adaptado do CPC nº 09/2008.
Além das informações acima, a entidade deve acrescentar ou detalhar outras
linhas na DVA quando o montante e a natureza de um item ou o somatório de itens
similares forem de tal magnitude que a apresentação em separado ajuda na apresentação
mais adequada da demonstração. Recomenda-se abrir outra coluna no item “8 –
Distribuição do Valor Adicionado”, com o objetivo de representar em “percentagem
(%)” o montante ($) efetivamente distribuído (AZEVEDO, 2009).
Antes da apresentação do modelo de DVA para bancos, cabe salientar, a
importância da atividade bancária na vida das empresas e de toda a economia. Santos
(2007, p.44) afirma:
[...] nessa atividade não se pode falar em vendas de bens ou serviços,
mas em intermediação financeira. Há algumas atividades
desenvolvidas pelos bancos que se enquadram em prestação de
serviços, mas no cômputo geral elas são imateriais, quando
comparadas às receitas da atividade principal que é a de intermediar
os aplicadores e os receptores de capital.
Para resolver o impasse de se poder ou não considerar a atividade bancária como
geradora e distribuidora de riqueza, o autor explica ainda que “convencionou-se que,
excepcionalmente, os custos financeiros dessa atividade devem ser alocados como custo
de obtenção das receitas e não como distribuição de valor adicionado”.
26
Agora, apresenta-se o modelo utilizado para os bancos, Quadro 2, e os
respectivos comentários sobre os diversos componentes, Quadro 3. Os comentários
foram feitos somente para a parte que difere do modelo utilizado pelas Empresas em
Geral apresentado no Quadro 1.
27
Quadro 2 – Demonstração do Valor Adicionado – Instituições Financeiras Bancárias
DESCRIÇÃO Em milhares
de reais 20X9
Em milhares
de reais 20X8
1 – Receitas
1.1) Intermediação Financeira
1.2) Prestação de Serviços
1.3) Provisão para créditos de liquidação duvidosa –
Reversão / (Constituição)
1.4) Outras
2 – Despesas de intermediação financeira
3 – Insumos adquiridos de terceiros
3.1) Materiais, energia e outros
3.2) Serviços de terceiros
3.3) Perda/Recuperação de valores ativos
3.4) Outras (especificar)
4 – Valor adicionado bruto (1-2-3)
5 – Depreciação, amortização e exaustão
6 – Valor adicionado líquido produzido pela
entidade (4-5)
7 – Valor adicionado recebido em transferência
7.1) Resultado de equivalência patrimonial
7.2) Outras
8 – Valor adicionado total a distribuir (6+7)
9 – Distribuição do valor adicionado (*)
9.1) Pessoal
9.1.1 – Remuneração direta
9.1.2 – Benefícios
9.1.3 – F.G.T.S
9.2) Impostos, taxas e contribuições
9.2.1 – Federais
9.2.2 – Estaduais
9.2.3 – Municipais
9.3) Remuneração de capitais de terceiros
9.3.1 – Aluguéis
9.3.2 – Outras
9.4) Remuneração de Capitais Próprios
9.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio
9.4.2 – Dividendos
9.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício
9.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros
retidos (só p/ consolidação)
Fonte: Adaptado do CPC 09.
(*) O total do item 9 deve ser exatamente igual ao item 8.
28
Quadro 3 – Instruções para preenchimento da DVA – Instituições Financeiras Bancárias
DESCRIÇÃO INTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
DA DVA
1. Receitas (soma dos itens 1.1 a 1.4)
1.1 Intermediação Financeira
Inclui as receitas com operações de crédito,
arrendamento mercantil, resultados de
câmbio, títulos e valores mobiliários e outras.
1.2 Prestação de Serviços São as receitas provenientes de operações que
não a intermediação financeira.
1.3 Provisão para créditos de liquidação
duvidosa – Reversão / (Constituição)
Inclui os valores relativos à constituição/baixa
de provisão para devedores duvidosos.
1.4 Outras
Inclui os valores considerados fora das
atividades principais da instituição, tais como:
ganhos ou perdas na baixa de imobilizados,
ganhos ou perdas na baixa de investimentos
etc.
2 Despesas de intermediação financeira
São os gastos com operações de captação,
empréstimos, repasses, arrendamento
mercantil e outros.
Fonte: Elaborado pela autora. De acordo com SANTOS (2007, p. 46 – 48).
Como se pode observar, o modelo de DVA apresentado para as instituições
financeiras (Quadro 2) se diferencia, principalmente, do modelo apresentado para as
empresas em geral (Quadro 1), na primeira parte, que trata da geração da riqueza,
especificamente relacionado às receitas da empresa, que de acordo com o modelo para
bancos, são tratadas como ‘intermediação financeira’, enquanto no outro modelo tem-se
‘Vendas de mercadorias, produtos e serviços’.
Além disso, no Quadro 2 – Modelo para Instituições Financeiras bancárias – há
o acréscimo do item ‘Despesa de Intermediação Financeira’.
No que se refere à parte da Distribuição do Valor Adicionado, a única diferença
encontrada diz respeito ao item ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, pois no
modelo para bancos, não apresenta a subconta ‘Juros’, já que esse item entra na
‘Despesa de Intermediação Financeira’.
2.3.3 Estudos Recentes
Com a intenção de evidenciar a importância do estudo e análise da
Demonstração do Valor Adicionado, apresentam-se abaixo algumas pesquisas
relacionadas com o tema abordado nesse trabalho, mostrando o objetivo e resultado de
cada uma delas.
29
O primeiro estudo, realizado por Fadel e Reis (2012), teve por objetivo observar
como ocorre a distribuição da riqueza no setor de telecomunicações brasileiro nos anos
de 2009 e 2010, chegando ao seguinte resultado: Constatou-se que não há um padrão na
distribuição da riqueza para o setor. Também observou-se que a distribuição do valor
adicionado se dá principalmente para o Governo.
Outro estudo realizado relacionado com o tema do presente estudo foi
desenvolvido por Camargo (2010) e teve por objetivo apresentar os aspectos
relacionados à composição do valor adicionado pela atividade empresarial e analisar a
importância da DVA. O estudo revelou que as entidades têm adotado ferramentas que
deem visibilidade em suas ações, e a Demonstração do Valor Adicionado é um destes
poderosos instrumentos.
O trabalho de Rodrigues (2010) é bem semelhante ao presente estudo, uma vez
que também buscou evidenciar e analisar como se comporta a distribuição do valor
adicionado efetuada por parte do segmento de bancos do setor financeiro e outros da
BM&F Bovespa nos anos de 2007, 2008 e 2009. Os resultados apresentados apontam
que os segmentos que em média mais receberam valor adicionado foram os de
remuneração de capital próprio e de pessoal.
Como se pode observar, há estudos que contemplam a Demonstração do Valor
Adicionado. Alguns buscam evidenciar a importância dessa demonstração como fonte
de informação, outros procuram demonstrar como foi feita a distribuição do valor
adicionado por empresas de diferentes ramos.
Sendo assim, com a finalidade de demonstrar a importância dessa demonstração
para as empresas e para a sociedade, e principalmente, evidenciar como foi distribuído o
valor adicionado pelas empresas do segmento de bancos com ações negociadas da
BM&F Bovespa, foi desenvolvido esse trabalho.
30
3 METODOLOGIA
3.1 Tipologia da pesquisa
Esse estudo é caracterizado, quanto aos objetivos, como do tipo descritivo, uma
vez que se propõe a estudar as características de determinada amostra, a partir de uma
população selecionada. Na concepção de Gil (1999), uma das características mais
significativas desse tipo de estudo está na utilização de técnicas padronizadas de coleta
de dados.
Primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em materiais já
elaborados, como livros, monografias, dissertações e internet, a fim de formar um
arcabouço teórico que embasasse os estudos de forma a atingir os objetivos propostos.
No que tange a coleta de dados, a pesquisa pode ser classificada como uma
pesquisa documental, uma vez que o procedimento de coleta de dados será por meio da
análise das Demonstrações do Valor Adicionado das empresas relacionadas na
população e amostra, leitura das notas explicativas e relatório da administração, sem
nenhuma análise aprofundada, o que, por sua vez, caracteriza esta pesquisa, conforme
GIL (1999 apud BEUREN 2006, p.89), “a pesquisa documental baseia-se em materiais
que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de
acordo com os objetivos da pesquisa”.
Quanto à abordagem do problema, foi utilizada a pesquisa quantitativa, já que
foram empregados instrumentos estatísticos no processo de análise e interpretação dos
dados, principalmente a porcentagem.
O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas. Representa a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar
distorções de análises e interpretações, possibilitando uma margem segura quanto às
inferências (RICHARDSON, 2008, p. 70).
3.2 Universo e amostra
A população inicial é composta por todas as empresas do segmento de bancos
listadas no site da BM&F Bovespa, um total de 27, conforme quadro abaixo:
31
Quadro 4 – Empresas da amostra
Inicial Final Razão Social Nome de Pregão
1 - ALFA HOLDINGS S.A. ALFA HOLDING
2 1 BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO SANTO BANESTES
3 2 BCO ABC BRASIL S.A. ABC BRASIL
4 3 BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. ALFA INVEST
5 4 BCO AMAZONIA S.A. AMAZONIA
6 5 BCO BRADESCO S.A. BRADESCO
7 6 BCO BRASIL S.A. BRASIL
8 - BCO BTG PACTUAL S.A. BTGP BANCO
9 7 BCO DAYCOVAL S.A. DAYCOVAL
10 - BCO ESTADO DE SERGIPE S.A. – BANESE BANESE
11 8 BCO ESTADO DO PARA S.A. BANPARA
12 9 BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A. BANRISUL
13 - BCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. BICBANCO
14 - BCO INDUSVAL S.A. INDUSVAL
15 10 BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS S.A. MERC INVEST
16 - BCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. MERC BRASIL
17 11 BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. NORD BRASIL
18 - BCO PAN S.A. BANCO PAN
19 - BCO PATAGONIA S.A. PATAGONIA
20 12 BCO PINE S.A. PINE
21 13 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. SANTANDER BR
22 - BCO SOFISA S.A. SOFISA
23 14 BRB BCO DE BRASILIA S.A. BRB BANCO
24 15 CONSORCIO ALFA DE ADMINISTRACAO S.A. ALFA CONSORC
25 16 ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. ITAUUNIBANCO
26 17 ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. ITAUSA
27 18 PARANA BCO S.A. PARANA
Fonte: Adaptado do site da BM&F Bovespa
Após o levantamento dos dados a serem utilizados no estudo, quatro empresas
foram excluídas da população inicial, três por apresentarem em algum dos anos
analisados um valor a distribuir negativo, e a outra por não apresentar as informações
necessárias ao estudo, sendo elas, respectivamente, BCO INDUSTRIAL E
COMERCIAL S.A, BCO INDUSVAL S.A., BCO PAN S.A. e BCO PATAGONIA
S.A.
Para tornar o estudo mais homogêneo as empresas ALFA HOLDINGS S.A,
BCO BTG PACTUAL S.A, BCO ESTADO DE SERGIPE S.A – BANESE, BCO
MERCANTIL DO BRASIL S.A e BCO SOFISA S.A também foram excluídas da
população inicial, pois apresentaram valores negativos em determinados segmentos que
serão analisados no estudo. Portanto, a população final ficou composta por 18 empresas.
Os anos utilizados na pesquisa foram 2012, 2013 e 2014 e as demonstrações
foram encontradas no sítio eletrônico da BM&F Bovespa.
32
3.3 Análise dos dados
Primeiramente, a análise dos dados baseou-se no estudo das Demonstrações do
Valor Adicionado de cada empresa, juntamente com a leitura das notas explicativas e
relatório da administração, a fim de perceber alguma informação complementar e útil no
desenvolvimento do estudo.
Em seguida, foram elaboradas planilhas que tornaram possível evidenciar e
detalhar as informações colhidas, e assim, analisar o comportamento das empresas, por
ano e segmento, em relação à distribuição do valor adicionado na população estudada.
Para tanto, obteve-se o quociente entre o valor adicionado distribuído por segmento e o
valor total a distribuir. Logo após foram obtidos os valores médios distribuídos por
parte das empresas da amostra.
3.4 Caracterização do setor bancário
Bancos são instituições financeiras que apresentam as seguintes funções:
Rentabiliza as economias e poupanças das pessoas e empresas através do
pagamento de juros;
Financia o consumo e o investimento das pessoas e empresas cobrando para isso
juros e comissões;
Realiza serviços de pagamentos e recebimentos também para seus clientes
pessoa física ou jurídica e para isso cobra tarifas;
Os órgãos reguladores do sistema financeiro nacional são: O Conselho
Monetário Nacional (CMN), que é um órgão normativo; O Banco Central do Brasil
(BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que são entidades supervisoras.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão responsável por expedir
diretrizes gerais para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional – SFN.
O Banco Central do Brasil (BACEN) é o principal executor das orientações do
CMN e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável por regulamentar,
desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país.
A Federação Nacional dos Bancos (FENEBAN) é a principal entidade
representativa do setor bancário no Brasil. É uma estrutura paralela à Federação
33
Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Trata-se do apoio sindical do sistema financeiro,
que representa os associados em todas as questões trabalhistas.
No que diz respeito à responsabilidade social, é possível observar no sítio
eletrônico da FEBRABAN (2015), um link que trata do assunto, apontando algumas
empresas que já tornaram públicas suas políticas de responsabilidade Socioambiental.
Das empresas pesquisadas neste estudo, destacam-se os bancos: do Brasil, Bradesco,
BTG Pactual, Itaú e Santander.
3.5 Limitação da pesquisa
Como limitações desse estudo apresentaram-se: a impossibilidade, em alguns
momentos, de análises mais detalhadas do valor adicionado distribuído por algumas
empresas para o segmento ‘Governos’, uma vez que, através das notas explicativas, não
foi possível observar o que aconteceu. Além disso, o estudo não tratará das empresas
que apresentaram prejuízo em algum dos exercícios e também das empresas que
apresentaram valor adicionado a distribuir negativo em determinados segmentos.
Outro ponto que limita o estudo é o fato do presente trabalho restringir-se a
evidenciar e analisar apenas o valor adicionado distribuído pelas empresas da população
escolhida, desconsiderando a forma como o valor é gerado e a maneira com a
demonstração foi elaborada.
34
4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Esta seção está dividida em duas partes. A primeira apresenta a análise da
distribuição, por ano, do valor adicionado; e na segunda tem-se a evolução da
distribuição média do valor adicionado.
4.1 Análise da distribuição do valor adicionado
Neste tópico será evidenciado e analisado a distribuição do valor adicionado
destinado ao corpo funcional (pessoal), ao governo, à remuneração de capitais de
terceiros e remuneração de capitais próprios, aplicados pelos bancos que compõem a
população desse estudo nos anos de 2012, 2013 e 2014.
4.1.1 Distribuição do Valor Adicionado em 2012
Como já mencionado anteriormente, a Demonstração do Valor Adicionado, na
prática, divide-se em duas partes: a primeira apresenta a riqueza gerada pela entidade e,
na segunda, tem-se, de forma detalhada, a distribuição dessa riqueza perante os
membros que, direta ou indiretamente, ajudaram a construir. Porém, esse estudo tratará
apenas da segunda parte, ou seja, da distribuição do valor adicionado.
Sendo assim, o Quadro 5 mostra a distribuição do valor adicionado, por
segmento, das empresas da população estudada no ano de 2012.
35
Quadro 5 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de
2012
Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios
BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO
SANTO 50% 28% 4% 19%
BCO ABC BRASIL S.A. 31% 23% 2% 44%
BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 26% 36% 2% 35%
BCO AMAZONIA S.A. 43% 33% 1% 22%
BCO BRADESCO S.A. 34% 27% 3% 37%
BCO BRASIL S.A. 40% 27% 2% 31%
BCO DAYCOVAL S.A. 21% 37% 2% 41%
BCO ESTADO DO PARA S.A. 33% 34% 1% 32%
BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
S.A. 41% 27% 2% 30%
BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS
S.A. 5% 33% 0% 61%
BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 70% 3% 1% 26%
BCO PINE S.A. 31% 19% 3% 47%
BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 50% 23% 5% 22%
BRB BCO DE BRASILIA S.A. 49% 29% 0% 21%
CONSORCIO ALFA DE
ADMINISTRACAO S.A. 35% 27% 3% 36%
ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 34% 25% 3% 38%
ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 26% 31% 3% 39%
PARANA BCO S.A. 19% 23% 3% 55%
Fonte: Elaborado pela autora
De acordo com o Quadro 5, a empresa que mais distribuiu valor adicionado ao
corpo funcional (pessoal) foi o Banco do Nordeste, 70%, seguido do Banco Banestes
S.A e Santander (Brasil), ambos com 50%. A variação entre a empresa que mais
distribuiu e a que menos distribuiu foi de 65 pontos percentuais, com 70% do Banco do
Nordeste contra 5% do Banco Mercantil de Investimentos. Em todas as empresas a
maior parte do valor distribuído para pessoal esteve na conta remuneração direta. É
possível analisar ainda que, poucas empresas distribuem parte do valor gerado para os
colaboradores a título de participação nos resultados.
Em relação à distribuição para o Governo (impostos, taxas e contribuições), os
Bancos que apresentaram maiores índices de distribuição em 2012 foram: Daycoval,
Alfa de Investimentos e Banco Estado do Para, com 37%, 36% e 34%, respectivamente.
Já o que apresentou menor distribuição foi o Banco do Nordeste, com apenas 3%.
36
No que tange a distribuição de valor adicionado para ‘Terceiros’ (aluguéis e
outras), percebe-se que em todas as empresas analisadas, os valores distribuídos foram
baixos, variando entre 1% e 5%. Isso pode ser explicado pelo fato da Demonstração do
Valor Adicionado para o segmento de bancos se diferenciar um pouco em relação ao
modelo de DVA utilizado pelas empresas de comércio, por exemplo. No modelo para
bancos, o segmento de remuneração de capitais de terceiros não apresenta a subconta
‘Juros’, já que esse item entra na ‘Despesa de Intermediação Financeira’. Cabe salientar
ainda que, o Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não destinaram
nenhum valor para o segmento remuneração de capitais de terceiros.
No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, a variação entre a empresa
que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 42 pontos percentuais, com 61%
para o Banco Mercantil de Investimentos contra 19% do Banco Banestes. Observa-se
também que 83% das empresas estudadas distribuíram a maior parte do capital desse
segmento para a conta ‘Lucros Retidos’, o que significa uma forte tendência em manter
o capital gerado dentro da própria empresa. Os Bancos Pine e Banestes destinaram a
maior parte do valor distribuído para a conta ‘Juros sobre o capital próprio’. E apenas o
Banco Santander (Brasil) evidenciou um índice de distribuição maior para a conta
‘Dividendos’.
Com o intuito de evidenciar a destinação média distribuída pelas empresas do
segmento de bancos listadas na BM&F Bovespa que compõem a população desse
estudo, foi elaborado o gráfico abaixo.
Gráfico 1 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2012
Fonte: Elaborado pela autora.
38%
26%
3%
33% Pessoal
Governos
Terceiros
Próprios
37
Como demonstra no Gráfico 1, em média a maior distribuição do valor
adicionado das empresas em estudo ocorreu para o segmento de pessoal, com 38%,
seguido do remuneração de capitais próprios, com 33%, Governos, com 26%, e por fim,
com apenas 3% em média de valor distribuído, o segmento remuneração de capitais de
terceiros.
4.1.2 Distribuição do Valor Adicionado em 2013
Os mesmos procedimentos utilizados para as análises feitas em 2012 foram
empregados para os anos de 2013 e 2014. O Quadro 6 mostra a distribuição de todas as
empresas componentes da população estudada para os principais segmentos
evidenciados na Demonstração do Valor Adicionado no ano de 2013.
Quadro 6 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2013
Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios
BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO
SANTO 47% 28% 4% 22%
BCO ABC BRASIL S.A. 34% 18% 2% 45%
BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 29% 32% 3% 35%
BCO AMAZONIA S.A. 55% 17% 2% 27%
BCO BRADESCO S.A. 35% 24% 3% 38%
BCO BRASIL S.A. 37% 27% 2% 34%
BCO DAYCOVAL S.A. 28% 36% 2% 34%
BCO ESTADO DO PARA S.A. 33% 36% 1% 30%
BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
S.A. 43% 28% 2% 27%
BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS
S.A. 9% 26% 0% 65%
BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 55% 27% 1% 17%
BCO PINE S.A. 37% 14% 3% 46%
BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 46% 31% 5% 17%
BRB BCO DE BRASILIA S.A. 55% 29% 0% 16%
CONSORCIO ALFA DE
ADMINISTRACAO S.A. 35% 16% 2% 47%
ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 33% 26% 3% 38%
ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 14% 4% 4% 77%
PARANA BCO S.A. 26% 27% 2% 45%
Fonte: Elaborado pela autora
38
Como é possível observar no Quadro 6, as empresas que mais distribuíram valor
adicionado para o segmento ‘Pessoal’ foram os Bancos: Amazonas, Nordeste do Brasil
e Banco de Brasília, todos com 55%. A empresa que menos distribuiu foi, novamente, o
Banco Mercantil de Investimentos, com apenas 9%. Deste modo, a variação entre a
empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 46 pontos percentuais.
Assim como no ano de 2012, em todas as empresas, em 2013, a maior parte do valor
distribuído para pessoal também esteve na conta remuneração direta.
No segmento ‘Governos’, do total das empresas estudadas, mais da metade
apresentou em 2013 um percentual de distribuição menor para esse segmento em
comparação com 2012. As empresas que mais distribuíram valor agregado para
governos foram os Bancos Daycoval e Banco Estado do Para, ambas com 36% do total
distribuído no ano. Por outro lado, o Banco Itausa Investimentos destinou apenas 4% do
total para esse segmento.
Em relação a distribuição de valor adicionado para ‘Terceiros’ (aluguéis e
outras), assim como no ano anterior, os valores distribuídos foram baixos, variando
entre 1% e 5%, que foram destinados praticamente em todas as empresas em favor da
conta ‘Aluguéis’. O Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não
destinaram nenhum valor para o segmento remuneração de capitais de terceiros.
No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, a variação entre a empresa
que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 61 pontos percentuais, com 77%
para o Banco Itausa Investimentos contra 16% do Banco de Brasília. Do total de bancos
analisados, 16 deles destinaram a maior parte do capital desse segmento para a conta
‘Lucros Retidos’. Apenas 2 Bancos, Pine e Santander, destinaram a maior parte do valor
distribuído em 2013 para as contas Juros sobre Capital Próprio e Dividendos.
Novamente com o intuito de evidenciar a destinação média distribuída pelas
empresas do segmento de bancos listadas na BM&F Bovespa que compõem a
população desse estudo, foi elaborado o Gráfico 2 referente ao ano de 2013:
39
Gráfico 2 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2013
Fonte: Elaborado pela autora.
De acordo com o Gráfico 2, o segmento de pessoal voltou a apresentar a maior
média de valor adicionado distribuído em 2013, com 37% do total, seguido do
remuneração de capitais próprios, com 34%, Governos, com 27%, e por fim, com
apenas 3% em média de valor distribuído, o segmento remuneração de capitais de
terceiros. Em comparação com o ano de anterior, nota-se que praticamente nada mudou.
Os segmentos de Pessoal, Governo e Remuneração de Capitais Próprios demonstraram
apenas uma variação de 1 ponto percentual para mais ou para menos. Já distribuição
média para o segmento de Remuneração de Capitais de Terceiros em 2013 permaneceu
o mesmo que no ano de 2012.
4.1.3 Distribuição do Valor Adicionado em 2014
O Quadro 7 aponta a distribuição do valor adicionado das empresas
componentes da população estudada para os principais segmentos evidenciados na
Demonstração do Valor Adicionado no ano de 2014:
37%
27%
3%
34% Pessoal
Governos
Terceiros
Proprios
40
Quadro 7 – Distribuição do Valor Adicionado das empresas por segmento no ano de 2014
Razão Social Pessoal Governos Terceiros Próprios
BANESTES S.A. – BCO EST ESPIRITO
SANTO 46% 27% 3% 23%
BCO ABC BRASIL S.A. 34% 15% 2% 49%
BCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. 32% 24% 3% 40%
BCO AMAZONIA S.A. 47% 30% 1% 22%
BCO BRADESCO S.A. 31% 28% 2% 38%
BCO BRASIL S.A. 42% 26% 3% 29%
BCO DAYCOVAL S.A. 26% 39% 2% 32%
BCO ESTADO DO PARA S.A. 38% 31% 1% 30%
BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
S.A. 48% 25% 3% 24%
BCO MERCANTIL DE INVESTIMENTOS
S.A. 5% 33% 0% 62%
BCO NORDESTE DO BRASIL S.A. 48% 25% 1% 26%
BCO PINE S.A. 56% 1% 4% 39%
BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 44% 35% 5% 16%
BRB BCO DE BRASILIA S.A. 60% 28% 0% 13%
CONSORCIO ALFA DE
ADMINISTRACAO S.A. 33% 24% 3% 41%
ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 30% 27% 2% 41%
ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 9% 3% 4% 85%
PARANA BCO S.A. 26% 32% 4% 38%
Fonte: Elaborado pela autora
De acordo com o Quadro 7, a empresa que mais distribuiu valor adicionado para
o segmento ‘Pessoal’ em 2014 foi o Banco de Brasília, com 60%, e a que menos
distribuiu foi o Banco Mercantil de Investimentos, com 5%. Sendo assim, a variação
entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 55 pontos
percentuais. Assim como nos outros anos analisados nesse estudo, em todas as
empresas, a maior parte do valor distribuído para pessoal também esteve na conta
remuneração direta. Um fato a ser mencionado é que as únicas empresas que destinaram
um valor significativo para a conta ‘Participação nos lucros’ foram os Bancos ABC
Brasil e Pine, com 42% e 30%, respectivamente.
A empresa que se destacou na distribuição do valor adicionado em 2014 para o
segmento ‘Governos’ (Impostos, taxas e contribuições, nos âmbitos federais, estaduais e
municipais) foi, novamente, a Daycoval, com 39% do total distribuído no ano. Por outro
lado, o Banco Pine destinou apenas 1% do total para esse segmento. Deste modo, a
41
variação entre a empresa que mais distribuiu valor agregado e que menos distribuiu foi
de 38 pontos percentuais.
No que tange a distribuição de valor agregado para o segmento de
‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, assim como nos demais anos analisados, os
valores distribuídos variaram entre 1% e 5%, que foram destinados praticamente em
todas as empresas para a conta ‘Aluguéis’. O Banco Mercantil de Investimentos e o
Banco de Brasília não destinaram nenhum valor para o segmento remuneração de
capitais de terceiros.
No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, o Banco Itausa
Investimentos, assim como no ano anterior, destacou-se como sendo a empresa que
mais distribuiu valor agregado para esse segmento em 2014, com 85% do total
distribuído. O Banco Brasília foi o que menos distribuiu, com apenas 13%. A variação
entre a empresa que mais distribuiu e a que menos distribuiu foi de 72 pontos
percentuais, a maior em relação aos outros anos analisados. A conta ‘Lucros retidos’
continua sendo a que recebeu maior percentual do total distribuído para remuneração de
capitais próprios. Assim como no ano anterior, apenas os Bancos Pine e Santander
(Brasil) destinaram a maior parte do valor distribuído nesse segmento para as contas
‘Juros sobre o Capital Próprio’ e ‘Dividendos’.
O Gráfico abaixo mostra a distribuição média do valor adicionado em 2014 das
empresas que compõem a população desse estudo:
Gráfico 3 – Distribuição média do valor adicionado no setor de bancos em 2014
Fonte: Elaborado pela autora.
De acordo com o Gráfico 3, é possível identificar que o cenário permaneceu o
mesmo em todos os anos analisados, pois o segmento que mais recebeu valor
36%
28%
3%
34% Pessoal
Governos
Terceiros
Proprios
42
adicionado, em média, foi o de Pessoal, seguido do Remuneração de Capitais Próprios,
Governos e Remuneração de Capitais de Terceiros, com 36%, 34%, 28% e 3%,
respectivamente.
4.2 Evolução da distribuição média do valor adicionado
Com o desígnio de evidenciar e comparar a evolução da distribuição média do
valor adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014, nos segmentos de Pessoal, Governos,
Remuneração de Capitais de Terceiros e Remuneração de Capitais Próprios, foi
elaborado o Gráfico 4 abaixo.
Gráfico 4 – Distribuição do valor adicionado por segmento
Fonte: Elaborado pela autora.
De acordo com o Gráfico 4, é possível perceber que a média das empresas nos
três pesquisados para o segmento ‘Pessoal’ foi de 37%. Nota-se que houve um declínio
de 1% a cada ano, passando de 38% em 2012, para 36% em 2014.
O segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’ apresentou apenas uma
variação de 1 ponto percentual para mais entre 2012 e 2013, permanecendo o mesmo
em 2014. A empresa que apresentou a maior média de distribuição nos anos analisados
foi o Banco Itausa Investimentos, com 57%. Por outro lado, o Banco de Brasília
distribuiu apenas 17%, em média, para remunerar o Capital Próprio.
38% 37%
36%
26% 27% 28%
3% 3% 3%
33% 34% 34%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
2012 2013 2014
Pessoal
Governos
Terceiros
Próprios
43
No segmento ‘Governos’ (Impostos, taxas e contribuições) houve um aumento
de 1 ponto percentual a cada ano, passando de 26% em 2012, para 28% em 2014. Sendo
assim, a média das empresas nos três anos estudados foi de 27%. Isso significa que, no
geral, as empresas destinaram mais capital para o pagamento de impostos, taxas e
contribuições, indicando um aumento da carga tributária no período, fato comum no
Brasil, pois segundo um relatório da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o País com a maior carga tributária da
América Latina. O aumento dos impostos também pode ser explicado devido ao
aumento do faturamento das empresas, e consequentemente, aumento dos impostos
(PIS, COFINS, IRPJ e CSLL, por exemplo), para as empresas optantes pelo Lucro
Presumido. Já para as empresas optantes pelo Lucro Real, o aumento do resultado
(lucro) também leva a uma arrecadação maior de impostos.
Por fim, tem-se o segmento ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’ que
permaneceu o mesmo nos três anos analisados, com média 3%, sendo o segmento que
menos recebeu valor adicionado em todos os anos. Como explanado anteriormente, isso
pode ser explicado pelo fato do modelo de Demonstração do Valor Adicionado
utilizado pelos Bancos não apresentar no segmento de remuneração de capitais de
terceiros a subconta ‘Juros’, já que esse item entra na ‘Despesa de Intermediação
Financeira’.
No geral, em todos os segmentos, as variações apresentadas pelas empresas nos
percentuais de distribuição do valor adicionado foram baixas, ou nem houve, como no
caso do segmente Remuneração de Capitais de Terceiros, que permaneceu o mesmo nos
três anos.
Em comparação com o trabalho apresentado por Rodrigues (2010), que realizou
o mesmo estudo do presente trabalho, só que nos anos de 2007, 2008 e 2009, é possível
observar que alguns segmentos se comportaram de maneira diferente. Porém, vale
salientar, que Rodrigues (2010) dividiu as empresas da população escolhida por ele em
bancos públicos e privados, realizando uma análise separada para cada modalidade. Ele
também analisou, juntamente com as demais, as empresas que em algum momento
distribuiu valor negativo para algum segmento.
Apesar disso, é possível observar no trabalho de Rodrigues (2010), que o
segmento que mais recebeu valor adicionado nos dois primeiros anos da amostra foi o
de Remuneração de Capitais Próprios. Já no terceiro ano, o segmento que mais
distribuiu valor foi o de Pessoal. O segmento de governos, a título de impostos, taxas e
44
contribuições, ficou sempre em terceiro lugar. O segmento de Remuneração de Capitais
de Terceiros recebeu percentuais de distribuição muito abaixo dos outros segmentos,
ocupando o último lugar em todos os anos analisados.
No presente trabalho, os segmentos de Governos e Remuneração de Capitais de
Terceiros também ocuparam a terceira e quarta posição, respectivamente, em relação ao
valor distribuído nos anos estudados. Porém, aqui, o segmento Pessoal esteve sempre
em primeiro lugar, e o Remuneração de Capitais Próprios em segundo.
É possível notar ainda que, no estudo realizado por Rodrigues (2010), as
variações nas médias do valor adicionado por segmento foram bem maiores que no
presente trabalho, que apresentou praticamente o mesmo cenário em todos os anos,
variando no máximo 2% em alguns segmentos.
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho teve como objetivo geral evidenciar como as empresas do
segmento de bancos com ações negociada na BM&F Bovespa distribuíram o valor
adicionado nos anos de 2012, 2013 e 2014, nos segmentos de Pessoal, Governos,
Remuneração de Capitais de Terceiros e Remuneração de Capitais Próprios.
A impossibilidade, em alguns momentos, de análises mais detalhadas do valor
distribuído por algumas empresas para o segmento Governos sugere uma limitação ao
estudo. O fato de analisar apenas as empresas que apresentaram valores a distribuir
positivos e a desconsideração da forma como o valor agregado é gerado e como a
demonstração foi elaborada são outros pontos que limitam o trabalho.
Contatou-se que o cenário permaneceu o mesmo em todos os anos analisados.
Em primeiro lugar, como o segmento que mais recebeu valor distribuído ficou o de
‘Pessoal’. Em segundo o de ‘Remuneração de Capitais Próprios. O segmento de
‘Governos, a título de impostos, taxas e contribuições, nos âmbitos federais, estaduais e
municipais, permaneceu sempre em terceiro lugar. Por fim, tem-se o segmento
‘Remuneração de Capitais de Terceiros’, que recebeu percentuais de distribuição muito
abaixo dos outros segmentos, devido ao fato do modelo de DVA utilizado pelos bancos
não apresentar a conta ‘Juros pagos a terceiros’, conforme elucidado na fundamentação
teórica.
Destacou-se, ainda, quais as empresas que distribuíram mais e menos valor
adicionado para cada segmento, nos anos de 2012, 2013 e 2014.
No segmento ‘Pessoal’, as empresas que em média nos três anos analisados,
mais distribuíram valor foram o Banco do Nordeste, com 59% do total distribuído, e o
Banco de Brasília, com 56%. Já as empresas que menos distribuíram foram o Banco
Estado do Rio Grande do Sul, com 5%, e o Banco Itausa Investimentos, com 15%. Foi
possível perceber que em todas as empresas analisadas, a maior parte do valor
distribuído para pessoal esteve na conta ‘Remuneração direta’. As únicas empresas que
destinaram um valor significativo para a conta ‘Participação nos lucros’ foram os
Bancos ABC Brasil e Pine.
No segmento ‘Remuneração de Capitais Próprios’, as empresas que em média
nos anos analisados mais distribuíram valor adicionado foram os Bancos Itausa e
Mercantil de Investimentos, com 57% e 49%, respectivamente. Quase todas as empresas
estudadas distribuíram a maior parte do capital desse segmento para a conta ‘Lucros
46
Retidos’, o que significa uma forte tendência em manter o capital gerado dentro da
própria empresa. Apenas os Bancos Pine e Banestes destinaram a maior parte do valor
distribuído, em todos os anos, para a conta ‘Juros sobre o capital próprio’ e
‘Dividendos’.
No segmento ‘Governos’, os Bancos que em média mais distribuíram valor
adicionado foram: Banco Estado do Para, com 36%, e Banco Daycoval, com 35%. Já os
que menos distribuíram foram: Banco Pine, com 11%, e Banco Itausa, com 12%.
O segmento ‘Remuneração de Capitais de Terceiros’ foi o que menos recebeu
valor adicionado. O Banco Mercantil de Investimentos e o Banco de Brasília não
distribuíram nenhum valor nos três anos analisados. O Banco Santander (Brasil) e
Banestes foram os que em média distribuíram mais valor, com 5% e 4%,
respectivamente.
Sugere-se para possíveis trabalhos futuros sobre o assunto, além do aumento da
população e da amostra estudada, realizar a mesma pesquisa em outros anos, e ainda,
um estudo comparativo entre os diversos setores da economia.
47
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