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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL LIDERANÇA DO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB EVENTO: Seminário N°: 0272/09 DATA: 03/04/2009 INÍCIO: 09h35min TÉRMINO: 13h15min DURAÇÃO: 03h39min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 03h39min PÁGINAS: 69 QUARTOS: 44 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO PAULA RAVANELLI LOSADA Assessora Especial da Subchefia de Assuntos Federativos, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL Coordenador da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno RIDE-DF. AGNALDO MORAES DA SILVA Assessor-Técnico da Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste. RODRIGO ROLLEMBERG Deputado Federal/PSB-DF. DIONES ALVES CERQUEIRA Representante da Federação das Indústrias do Distrito Federal FIBRA. MARÍLIA STEINBERGER Professora-Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília e Pesquisadora do Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais da UnB. MARIA JOSÉ MONTEIRO Representante da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional. ETEVALDO SILVA Presidente da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Valparaíso de Goiás e representante da a Federação das Associações Comerciais, Empresariais e Industriais do Distrito Federal e do Entorno. LUÍS QUENTAL COUTINHO Representante da Agência de Planejamento, Estudos e Pesquisas do Estado de Pernambuco. OSNIR CALIXTO Assessor de imprensa do Deputado Pedro Wilson, PT de Goiás. SUMÁRIO: Seminário Estratégias para o Desenvolvimento Sustentável do DF e Entorno. OBSERVAÇÕES Houve exibição de imagens. Houve exibição de vídeo. Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis. Há falhas na gravação.

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO£o-e-Govern...cÂmara dos deputados departamento de taquigrafia, revisÃo e redaÇÃo nÚcleo de redaÇÃo final em comissÕes texto

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  • CMARA DOS DEPUTADOS

    DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISO E REDAO

    NCLEO DE REDAO FINAL EM COMISSES

    TEXTO COM REDAO FINAL

    LIDERANA DO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB

    EVENTO: Seminrio N: 0272/09 DATA: 03/04/2009

    INCIO: 09h35min TRMINO: 13h15min DURAO: 03h39min

    TEMPO DE GRAVAO: 03h39min PGINAS: 69 QUARTOS: 44

    DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAO

    PAULA RAVANELLI LOSADA Assessora Especial da Subchefia de Assuntos Federativos, da Secretaria de Relaes Institucionais da Presidncia da Repblica. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL Coordenador da Regio Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno RIDE-DF. AGNALDO MORAES DA SILVA Assessor-Tcnico da Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste. RODRIGO ROLLEMBERG Deputado Federal/PSB-DF. DIONES ALVES CERQUEIRA Representante da Federao das Indstrias do Distrito Federal FIBRA. MARLIA STEINBERGER Professora-Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade de Braslia e Pesquisadora do Ncleo de Estudos Urbanos e Regionais da UnB. MARIA JOS MONTEIRO Representante da Secretaria de Polticas de Desenvolvimento Regional do Ministrio da Integrao Nacional. ETEVALDO SILVA Presidente da Associao Comercial, Empresarial e Industrial de Valparaso de Gois e representante da a Federao das Associaes Comerciais, Empresariais e Industriais do Distrito Federal e do Entorno. LUS QUENTAL COUTINHO Representante da Agncia de Planejamento, Estudos e Pesquisas do Estado de Pernambuco. OSNIR CALIXTO Assessor de imprensa do Deputado Pedro Wilson, PT de Gois.

    SUMRIO: Seminrio Estratgias para o Desenvolvimento Sustentvel do DF e Entorno.

    OBSERVAES

    Houve exibio de imagens. Houve exibio de vdeo. Houve intervenes fora do microfone. Inaudveis. H falhas na gravao.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: Outros Eventos - Seminrio Nmero: 0272/09 Data: 03/04/2009

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    O SR. APRESENTADOR - Pedimos a todos que se encontram no hall do auditrio

    que entrem e tomem seus lugares, para darmos incio a mais um dia deste Seminrio.

    Lembramos, ainda, a importncia de desligarem os sinais sonoros dos telefones

    celulares. (Pausa.)

    Bom-dia a todos. Em continuidade ao Seminrio Estratgias para o Desenvolvimento

    Sustentvel do Distrito Federal e Entorno, teremos agora um debate sobre o tema Gesto e

    Governana.

    Para coordenar a Mesa, convidamos a Assessora da Diretoria de Gesto da

    CODEPLAN, do Distrito Federal, Helosa Azevedo. (Palmas.)

    Na condio de palestrantes, convidamos, para compor a Mesa, a Assessora

    Especial da Subchefia de Assuntos Federativos, da Secretaria de Relaes Institucionais da

    Presidncia da Repblica, Paula Ravanelli Losada (palmas); o Coordenador Geral da RIDE,

    Carlos Henrique Menezes Sobral, do Ministrio da Integrao Nacional (palmas); e, por

    ltimo, o Gerente da Mesorregio de guas Emendadas, Agnaldo Moraes da Silva, tambm

    do Ministrio da Integrao Nacional (palmas).

    Passo a palavra Sra. Coordenadora, Helosa Azevedo.

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Bom dia a todas e a todos.

    Nesta manh, temos o prazer e a honra de receber a Assessora Especial da

    Subchefia de Assuntos Federativos, da Secretaria de Relaes Institucionais da Presidncia

    da Repblica, Sra. Paula Ravanelli Losada, que sempre tem estado presente nos debates

    sobre esse tema, desde a concepo, a elaborao e regulamentao da Lei de

    Consrcios.

    Agora ela acompanha a implementao desses consrcios. Temos curiosidade de

    saber como est sendo essa implementao; quais so as dificuldades para um consrcio

    tornar-se pblico; e como se d a adaptao nova lei. Tambm gostaramos de ouvir as

    sugestes para nossa regio.

    Em seguida, o Dr. Carlos Henrique, Coordenador Geral da RIDE, vai nos falar sobre

    as experincias na RIDE, desde 2001, e, principalmente, o que nos aguarda, uma vez que a

    gesto da RIDE, enquanto instituio, passar a ser pela SUDECO. Existe uma expectativa

    do auditrio sobre isso.

    Por ltimo, ouviremos o Dr. Agnaldo, Gerente da Mesorregio de guas Emendadas

    falar sobre sua experincia, sobre as questes mais prementes e sobre o que est sendo

    discutido com relao ao destino e gesto da Mesorregio.

    Peo, portanto, Sra. Paula que inicie sua apresentao, que ser em powerpoint,

    para a qual ela dispor do tempo de 20 minutos.

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: Outros Eventos - Seminrio Nmero: 0272/09 Data: 03/04/2009

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    A SRA. PAULA RAVANELLI LOSADA - Bom, enquanto eles preparam a

    apresentao do powerpoint, quero, primeiramente, dar bom dia a todos vocs e agradecer

    pela presena e pelo convite que foi feito Subchefia de Assuntos Federativos, para

    participar deste seminrio.

    A SAF sigla do departamento onde trabalho uma equipe que presta

    assessoria ao Presidente da Repblica nas relaes federativas, ou seja, com Estados,

    Municpios e o Distrito Federal. Nessa equipe, procuramos desenvolver, em todo o Pas, um

    trabalho de fortalecimento dos instrumentos de cooperao federativa, um deles, a Lei dos

    Consrcios. Isso serve bem aos propsitos do que est sendo discutido neste Seminrio: a

    integrao de agenda entre os entes federativos que compem o territrio de influncia do

    Distrito Federal.

    Vou me dirigir ao plpito para poder acompanhar a apresentao juntamente com

    vocs. (Pausa.)

    (Segue-se exibio de imagens.)

    Pediram-me para falar um pouco sobre os instrumentos de cooperao federativa,

    em especial, aquele a que chamamos de consrcio pblico.

    O instituto do consrcio pblico est regulamentado pela Lei n 11.107, de 2005. Sou

    advogada, mas vou tentar no fazer uma apresentao muito jurdica. De qualquer forma,

    temos que falar sobre essa lei. Ela diz como formar o consrcio, a que regime jurdico ele

    est subordinado, etc. Por sua vez, ela foi tambm regulamentada por um decreto, o de n

    6.017, de 2007, que completa, digamos assim, o marco legal dos consrcios pblicos no

    Brasil.

    Gosto sempre de comear minha apresentao fazendo anlise do que o

    federalismo no Brasil, porque no temos muita conscincia disso. Em primeiro lugar, a forma

    federativa de governo no hegemnica no mundo. A maioria dos pases so Estados

    unitrios, entre eles, aqueles mais tradicionais, a exemplo da Frana e da Itlia. Dos mais de

    150 pases filiados Organizao das Naes Unidas, oitenta e pouco por cento deles, so

    Estados unitrios. Apenas 28 pases escolheram a forma federativa de governo e dividiram-

    se em unidades autnomas. Temos isso como algo muito comum porque so pases

    grandes e muito fortes no jogo poltico internacional.

    O primeiro desses pases o Estados Unidos. Foi ele que inaugurou essa forma

    moderna de organizao do Estado e tornou-se um pas federativo. Mas, por que ele fez

    isso? Ele tinha um processo de colonizao diverso do nosso, l havia 13 colnias da

    Inglaterra. Ento, quando foi constitudo o pas, essas colnias, que j eram independentes,

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    quiseram preservar a autonomia: Ou seja, elas viam a necessidade de se tornarem um pas,

    mas queriam preservar a autonomia que tinham Ento, criaram esse modelo, o federativo.

    Isso acabou inspirando outros pases, principalmente aqueles de grandes dimenses

    territoriais. O Canad, a Austrlia e, na Amrica do Sul, a Argentina, o Brasil e a Venezuela

    e todos os nossos vizinhos so Estados unitrios, no so federativos.

    Quero dizer, com isso, que a forma federativa j uma configurao especial.

    diferente. s vezes, importamos muito as idias: o consrcio na Itlia funciona desse jeito,

    superfcil; o consrcio na Frana... Mas, vejam, ao falarmos em consrcio na Itlia e na

    Frana, estamos falando de pases unitrios, em que as regies no tm autonomia. L se

    pode criar unidades territoriais e administrativas, porque elas so quase departamentos de

    uma estrutura nica de Estado, porque ele unitrio.

    Esse modelo federativo, como eu disse, nasceu para preservar as diferenas, a

    autonomia das regies. Ele tinha esse cunho muito forte: No invada a minha competncia,

    que eu quero preservar Inclusive, a constituio que definia o pacto federativo, tenha o

    seguinte objetivo: Unio, voc no pode invadir as competncias das regies. Isso o que

    chamvamos de federalismo dual, porque preservava o dualismo: o que seu e o que

    meu.

    Ocorre que, em funo da evoluo do Estado moderno, da globalizao das

    economias nacionais, o governo central foi forado a exercer um papel cada vez mais

    preponderante. Isso se deu especialmente na primeira crise econmica, com a quebra da

    Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. Logo depois, inaugurou-se um novo tipo de

    Estado, o Estado do bem-estar social, um Estado interventor na economia, um Estado mais

    forte. Ele passou a regular a economia porque entendeu que ela, sem regulao, entrava

    em crise. Por outro lado, todos vimos o que a m regulao dos Estados Unidos fez, pois

    estamos vivenciando hoje uma crise internacional.

    Esse novo papel do Estado exige nova configurao do federalismo, porque, no

    federalismo dual, a Unio nada podia, no tinha competncia para intervir na economia das

    regies, para definir impostos sobre importao e exportao, para aumentar ou baixar

    juros.

    Assim, foi preciso redesenhar a estrutura federativa, de forma que as regies

    cooperassem mais entre si. Essa cooperao se d justamente no fato de que um pode

    interferir na competncia que, a princpio, era do outro, pois as competncias passaram a

    ser comuns.

    O Estado moderno hoje no trabalha mais com essa ideia de federalismo dual, no

    qual cada um tinha sua competncia e no interferia no problema do outro. Ele trabalha

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    com a ideia de federalismo cooperativo. Essa mudana de papel do Estado foi de carter

    mundial. Ento, hoje trabalhamos com a ideia do federalismo cooperativo.

    Nessa nova concepo de federalismo, que o federalismo cooperativo, os entes da

    federao tm que cooperar entre si, tm que se articular, tm que fazer parcerias e

    trabalhar juntos. Portanto, h necessidade de articulao, que pode ser negativa ou

    positiva. negativa, chamamos de princpio da solidariedade e, positiva, de princpio da

    colaborao.

    No princpio da colaborao, existem vrias formas de colaborao. H

    colaboraes no sentido estrito, como, por exemplo: Fao um convnio com voc e, ento,

    tenho que agir, tenho que cumprir minhas obrigaes para que voc possa cumprir as suas,

    porque, seno, aquela coisa que nos propusemos a fazer juntos no acontece.

    Existe tambm a coordenao federativa, que atuao conjunta compulsria, e a

    cooperao federativa, que chamamos de atuao conjunta voluntria. A diferena entre

    uma e outra est na obrigatoriedade.

    Fao questo de explicar isso porque estamos, neste Seminrio, discutindo duas

    formas de cooperao: uma, que cooperao mesmo, no sentido voluntrio, que tem o

    consrcio como instrumento; e outra, a coordenao, que se aplica s regies

    metropolitanas e que no podemos instituir aqui.

    O que uma regio metropolitana? um instrumento igual a um consrcio. Mas

    um instrumento em que se delimita um territrio de forma compulsria. Ento, aquelas

    pessoas no caso, os Municpios, que so os Governos locais desse territrio no tm

    escolha. Eles tm de trabalhar juntos. A lei complementar que institui a regio metropolitana

    obriga-os, compulsoriamente, a trabalharem juntos. Essa competncia, at 1988, era

    da Unio. Ento, a Unio institua as regies metropolitanas de acordo com um plano

    nacional de desenvolvimento do Pas. Ela definia que regies, por terem uma rea de

    influncia forte, cidades polos e cidades do entorno, esto conurbadas, compem uma

    nica cidade, apesar de serem vrios Municpios diferentes. Elas tm de trabalhar juntas

    para que as coisas funcionem ou seja, o sistema de transporte, o sistema de

    planejamento urbano, o sistema de saneamento e tantos outros servios que esto ligados

    ao territrio, ao desenvolvimento urbano. E, como uma nica cidade, as pessoas se

    mobilizam, as pessoas usam todos os servios. Dentro daquele territrio maior, elas tm de

    estar harmonizadas, articuladas.

    Esse instrumento era da Unio at 1988. No processo de descentralizao do Pas,

    que foi consolidado com a nova Constituio de 1988, essa competncia passou a ser dos

    Estados. Ento, quem pode instituir regio metropolitana o Estado, por lei complementar.

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    Passou a ser um instrumento de coordenao federativa dos Municpios, dentro de um

    mesmo Estado. No existe regio metropolitana entre Estados diferentes, entre Municpios

    de Estados diferentes, porque uma competncia estadual. Ento, eles s podem fazer isso

    dentro... E uma competncia forte limitar a autonomia do Municpio. Olha, agora voc vai

    ter de fazer desse jeito. Vai ter de trabalhar junto. Ela to forte que tem sido muito

    questionada, discutida.

    Ainda esto pendentes no Supremo Tribunal algumas aes de inconstitucionalidade

    que foram impetradas diante de dispositivos, seja da Constituio Estadual da Bahia, seja

    de uma lei cumprimentar l do Rio de Janeiro, que instituram regies metropolitanas e

    compulsoriamente obrigaram os Municpios a trabalhar juntos. Mas, ao fazer isso, eles

    assumiram para si os servios que, a princpio, eram de competncia municipal. o caso,

    principalmente, do saneamento. Isso ainda est em discusso no Supremo, mas a

    tendncia dos Ministros dos que deram votos at agora no sentido de reconhecer

    que o Estado, ao instituir a regio metropolitana, pode obrigar os Municpios a trabalharem

    juntos, mas no pode tomar para si as competncias que, a princpio, so municipais.

    Outra forma de articulao a cooperao federativa.

    Existem vrias formas de cooperar. Cooperar uma atuao voluntria. Ento,

    depende da vontade dos entes. Eles no so obrigados a trabalhar juntos, mas podem

    trabalhar juntos de diversas formas, desde as mais informais o caso das reunies.

    Quando os Governadores se renem para discutir determinados pontos, uma pauta comum,

    uma agenda comum, esto cooperando entre si. uma forma de cooperao federativa, s

    que informal.

    Ns temos os convnios e os consrcios administrativos. Eu quero frisar bem esse

    aspecto, porque o termo consrcio usado para muitas coisas. Cito, para comear, o

    consrcio comercial, o consrcio para comprar casa, o consrcio para comprar carro. Isso

    um consrcio. Ns estamos falando de um outro consrcio, que no tem nada a ver com

    esse. Assim como o termo da agncia, ele usado para indicar nome para pessoas

    jurdicas, para instituies que tm uma natureza jurdica muito diferente.

    Ento, tentando fazer uma classificao, eu diria que, quando um Municpio faz um

    convnio com outro Municpio, a doutrina administrativa convencionou chamar esse

    convnio de consrcio. o consrcio administrativo.

    Ento, toda vez que se firma convnio entre pessoas iguais Estado com Estado,

    Municpio com Municpio , o Direito Administrativo chama de consrcio administrativo. E

    qual a natureza jurdica desse pacto entre Estados ou Municpios? Continua sendo um

    convnio.

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    Existe uma grande diferena entre convnio e contrato. Convnio uma associao

    de interesses comuns. Assim, eu posso me juntar a algum para realizar alguma coisa.

    medida que no h mais interesse, desfaz-se esse convnio. No importa o que est escrito

    l. Por exemplo, prazo de 5 anos. A qualquer momento, pode-se renunciar ao convnio.

    Trata-se de uma proteo constitucional. Ningum obrigado a continuar a parceria com o

    outro. Isso um princpio do Direito, do ordenamento jurdico civil, e de todos que adotam

    esse tipo de ordenamento.

    O convnio tem natureza precria, porque ele depende da vontade. Eu fao a minha

    obrigao, que est prevista no convnio, mas o outro no est obrigado a cumprir a dele.

    Ele s estar obrigado se tiver o mesmo interesse. E esse interesse que justifica a

    associao.

    Embora o contrato possa parecer que a mesma coisa, porque um ato bilateral,

    tem natureza bem diferente do convnio, porque os interesses das partes do contrato so

    opostos, eles no so iguais. Quando contrato algum para prestar um servio, no quero

    trabalhar junto com a pessoa executando o servio. Eu quero que ela faa o servio e vou

    pag-la por isso. E a pessoa que est fazendo o servio tambm no quer me pagar, mas

    fazer o servio e receber por ele. O interesse da pessoa que presta servio receber o

    dinheiro, e daquele que contrata, obter o servio. Vejam que so interesses opostos. E,

    como so opostos, quando um faz a obrigao dele, o outro est obrigado a fazer a sua.

    Mas posso rescindir o contrato de servio? Posso, mas vou ter de pagar tudo o que o outro

    j trabalhou ou vou ter de indeniz-lo. Posso, porm, romper o contrato. No estou obrigada

    a continuar no contrato, mas vou ter de pagar ou indenizar o outro pelas obrigaes

    cumpridas em nome daquele contrato. Isso o que difere o contrato do convnio. No

    convnio, as partes trabalham juntas. E, a qualquer momento, podem desfazer a parceria.

    Essa diferena terica entre contrato e convnio muito importante para

    entendermos a natureza jurdica do consrcio, porque esse consrcio administrativo que

    costumvamos fazer, principalmente os Municpios, convnio, no se trata de contrato.

    Por isso, havia muita instabilidade jurdica. Quando mudava o Prefeito, ele no queria mais

    fazer essa ao conjunta, pois no tinha personalidade jurdica prpria. Ele um convnio,

    mas tem o nome de consrcio.

    H outras formas de cooperao. A participao em rgos colegiados de outros

    entes, como o caso dos conselhos, por exemplo, o Conselho das Cidades. A participao

    de Estados e Municpios tambm uma forma de cooperao. Temos ainda as empresas,

    os consrcios de Direito Privado e os consrcios pblicos. Esse arranjo convenial entre

    Estados e Municpios, que era um convnio foi chamado de consrcio administrativo, teve

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    um limite. Na dcada de 80, eles diziam o seguinte: Eu preciso ter uma pessoa jurdica,

    porque preciso comprar uma mquina em nome de uma pessoa jurdica. Como fao?. No

    existia um marco legal, um fundamento jurdico adequado. Ento, eles se socorreram do

    Direito Civil e formaram uma associao civil sem fins lucrativos. Isso, ento, passou a ser

    conhecido como consrcio de Direito Privado. Trata-se de algo at meio esquizofrnico,

    porque so entidades pblicas que, ao se associarem, constituem uma entidade de Direito

    Privado, que a mesma coisa de uma organizao no governamental. Associao civil

    sem fins lucrativos popularmente conhecida como uma ONG. Como duas Prefeituras se

    juntam e formam uma ONG? Dois Governos formam uma organizao no governamental?

    Do ponto de vista jurdico, isso era meio estranho e causava muitos problemas, porque o

    consrcio de Direito Privado dizia assim: Eu sou uma associao civil. Ento, eu no tenho

    de fazer licitao, no tenho de fazer concurso pblico, as regras que eu tenho de cumprir

    so as regras de Direito Civil. Ele, porm, est administrando recurso pblico. Os Tribunais

    de Contas disseram que se tratava de recurso pblico. Portanto, era preciso fazer licitao.

    Isso gerou muito conflito jurdico no sentido de no se saber que procedimentos deveriam

    ser seguidos na administrao desse recurso pblico. Esse consrcio tinha tambm

    limitaes. A atividade de fiscalizao, por exemplo, tpica do Estado. Assim, no se pode

    delegar essa atividade para uma entidade de Direito Privado, ainda que ela seja formada por

    grupo de Municpios ou por conjunto de Estados. O consrcio de Direito Privado tinha esses

    limites.

    Esses problemas foram analisados pelo Governo Federal em 2003. E constitumos

    um grupo de trabalho com o intuito de criar um marco legal adequado para esse tipo de

    associao pblica entre Municpios e Estados, a fim de dar segurana jurdica para os

    acordos firmados que tivessem natureza contratual. Quando um Municpio cumprir a sua

    obrigao, o outro tem de cumprir a dele. Caso contrrio, ele pode ser cobrado judicialmente

    pelo no cumprimento, porque no tem a natureza de convnio.

    O consrcio um dos instrumentos de cooperao e no anula os outros. possvel

    continuar fazendo consrcio administrativo, que o simples convnio, e continuar fazendo

    consrcio de Direito Privado, mas preciso se conformar com as limitaes existentes

    nesse tipo de instituio. A nova lei traz a possibilidade de se fazer um consrcio pblico.

    Ela trouxe um novo instrumento que est disposio dos gestores para desenvolverem

    atividades que, at ento, no eram permitidas com esses outros instrumentos de

    cooperao federativa.

    Vou pular a parte constitucional, mas a sua finalidade mostrar que a idia do

    consrcio pblico como associao pblica no nova no Brasil. Aparece nas Constituies

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    em vrios momentos de nossa Histria. Ela, porm, nunca foi efetiva enquanto poltica

    pblica da Unio, do Governo Federal. Por qu? Porque o Brasil fica sempre oscilando entre

    momentos de maior descentralizao e maior concentrao. Toda vez que o Estado

    concentra poderes, para ele no interessante que os rgos subnacionais, os Estados e

    Municpios, se associem, porque dessa maneira eles ficam mais fortes. H um

    empoderamento natural. Uma coisa o Municpio negociar com a Unio, outra coisa um

    conjunto de Municpios que representa uma populao muito maior, um nmero de eleitores

    muito maior. Outra coisa um conjunto de Estados. Temos uma tradio muito

    centralizadora devido ao regime militar e outros regimes ditatoriais que vivemos, como o

    Estado Novo, que nos impediram de desenvolver esse mecanismo de cooperao

    federativa.

    A Constituio de 1988 trouxe um novo marco, o marco da democratizao, da

    descentralizao, e consagrou esses princpios. Ela trouxe com fora a idia de

    flexibilizao do federalismo, permitindo que os entes da Federao pudessem trabalhar

    juntos de forma mais estvel e segura, criando relaes contratuais entre si, relaes que

    so protegidas pelo regime jurdico de Direito Pblico. Uma das novidades tambm trazidas

    pela Constituio foi o reconhecimento do Municpio e do Distrito Federal como entes

    federativos. At ento, no havia esse reconhecimento, eles no tinham autonomia.

    Falo agora da cooperao federativa entre Municpios que tm autonomia e

    autonomia quer dizer autonorma, ou seja, que faz as prprias normas. Temos de respeitar

    as normas dos Municpios, as leis municipais, bem como as normas do Distrito Federal, as

    leis distritais.

    Antes da Lei n 11.107, a nica meno aos consrcios pblicos estava na lei que

    instituiu o Sistema nico de Sade, porque a concepo do SUS era justamente da

    cooperao federativa. Cada ente da Federao tem a sua responsabilidade, mas eles tm

    de trabalhar juntos, integrando o sistema para atender ao direito do cidado sade. Eles

    tm uma diviso de atribuies dentro do sistema. E, para regionalizar esse sistema, foram

    concebidos os consrcios, mas, poca, eram consrcios administrativos que tinham

    natureza precria, como anteriormente dito.

    Em 2001, o IBGE indagou aos Municpios se eles eram consorciados ou no e

    esse o nico registro a respeito do tema. Vemos que, mesmo no tendo marco legal

    adequado, no tendo um fundamento jurdico adequado para o consrcio, era um convnio.

    Havia quase 2 mil Municpios consorciados s na rea da sade. A Constituio no foi

    clara em relao aos consrcios, mas criou um novo modelo federal, uma Federao trina,

    reconhecendo a autonomia e descentralizando a competncia para o Governo local. Para a

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    criao do consrcio, foi necessria uma emenda constitucional a Emenda Constitucional

    n 19, que altera o art. 241 da Constituio, que prev expressamente os consrcios

    pblicos e os convnios de cooperao. Esse o fundamento constitucional. Que novidade

    esse fundamento constitucional nos trouxe? A possibilidade de haver uma cooperao

    vertical e horizontal. Os consrcios, at ento, eram administrativos, e os consrcios de

    Direito Privado s poderiam ser feitos entre pessoas da mesma natureza: Municpio com

    Municpio; Estado com Estado. No era permitida a associao entre Estado e Municpio

    para fazer competncias diferentes. A Constituio trouxe essa delegao, permitindo a

    associao vertical e a delegao de atribuies do Estado para Municpio e do Municpio

    para o Estado, o que nos trouxe uma flexibilidade muito interessante. Isso fica muito claro,

    por exemplo, na rea de transporte, porque as competncias para o transporte urbano so

    repartidas entre Unio, Estado e Municpio. A Unio competente pelo transporte

    interestadual, o Estado pelo transporte intermunicipal e o Municpio pelo transporte urbano,

    dentro do seu territrio. Mas, se estou aqui no Distrito Federal, onde as pessoas tm

    necessidade de mobilidade urbana de um Municpio de Gois para o Distrito Federal, que

    tipo de sistema usar? Preciso usar o sistema municipal, o sistema interestadual e o sistema

    distrital, que faz as vezes do Estado. Vejam que so 3 sistemas diferentes que antes no se

    podiam conciliar, porque esses entes no podiam delegar suas atribuies para um outro

    que no fosse seu igual. Hoje isso permitido por meio do consrcio. Portanto, posso criar

    um sistema de transporte urbano do DF que compreenda tambm os sistemas de transporte

    municipal das cidades do Entorno e interestadual entre o DF e Gois, por exemplo, desde

    que eu tenha um consrcio pblico e para o qual todos esses entes que seriam os seus

    scios deleguem suas atribuies.

    Outra novidade trazida por esse dispositivo a possibilidade do convnio de

    cooperao entre entes federados. Isso difere do convnio de cooperao que costumamos

    ouvir, ou seja, aquele convnio de natureza precria. Da lei que regulamentou os

    consrcios, possvel entender que consrcio pblico e convnio de cooperao, como se

    prestam s mesmas finalidades, tm de ter natureza contratual. Essas coisas ficam meio

    confusas, porque chamamos vaca de camelo e camelo de vaca. Dizemos que o consrcio

    administrativo um convnio; agora, esse convnio aqui um contrato. Eles tm natureza

    jurdica diferente, apesar de os nomes serem iguais.

    O convnio e o consrcio pblico tm natureza jurdica contratual, ou seja, um

    regime que os constitui, como vou mostrar. Para que eles servem? Justamente para gesto

    associada de servios pblicos e para transferncia total ou parcial dos encargos que j

    mencionei: servios, pessoal e bens. Ento, possvel transferir para o consrcio servidores

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    pblicos, servidores municipais, servidores estaduais, servidores federais. Se esses entes

    forem scios de um consrcio, todos esses funcionrios pblicos podem trabalhar juntos,

    subordinados direo do consrcio, cedidos para o consrcio, qualquer que seja o tipo.

    Essa permisso decorre de emenda nossa Constituio. E estou lendo os termos dessa

    emenda.

    Quero ainda ratificar a questo da lei. O que a lei trouxe de novidade? Tudo isso que

    eu disse est escrito na Constituio. No est escrito na lei. A novidade da lei foi

    estabelecer o regime jurdico dos consrcios.

    Existia uma divergncia de concepo que teve de ser conciliada na Cmara dos

    Deputados e no Senado Federal. O Governo Federal, ao propor o projeto de lei

    regulamentando os consrcios, entendeu que a melhor forma de o consrcio se constituir

    seria como associao pblica. Portanto, uma autarquia, uma pessoa jurdica de Direito

    Pblico. J existia no Congresso, porm, projeto de lei que reconhecia o consrcio como

    entidade do Direito Privado, que era a realidade que se conhecia, especialmente dos

    consrcios de sade. Esses dois projetos tiveram de ser conciliados, e a Lei n 11.107

    permite as duas hipteses. Os entes da Federao, ao se associarem, escolhem se querem

    ser uma associao pblica ou privada. A diferena que a associao pblica tem

    algumas competncias que a associao privada no tem. Entre elas, esto os servios de

    regulao e fiscalizao de servios pblicos, porque so atividades tpicas do Estado. O

    consrcio privado no pode estabelecer regras para outro privado, mas o Estado pode.

    Dessa forma, o consrcio teria de ter natureza de associao pblica, que a natureza

    autrquica.

    Por outro lado, do ponto de vista tributrio, tambm difere um pouco. As associaes

    pblicas tm imunidade tributria; ento, elas j nascem sem precisar pagar os impostos

    dos outros entes, enquanto as entidades privadas tm de pag-los porque no receberam

    iseno. Existem, portanto, algumas diferenas, mas, do ponto de vista administrativo, elas

    seguem o mesmo rito, ou seja, o de Direito Pblico. Ento, no importa que se escolha

    constituir consrcio de Direito Privado, porque preciso fazer licitao, concurso pblico,

    seguir os pressupostos da responsabilidade fiscal, porque se est administrando dinheiro

    pblico, o que obriga o cumprimento das regras de administrao. necessrio que se d

    transparncia, necessrio seguir as normas de contabilidade pblica, enfim, preciso

    cumprir tudo que o Estado e o consrcio tm de seguir.

    Eu fico por aqui. Estou disposio para as perguntas. (Palmas.)

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Muito obrigada, Sra. Paula

    Ravanelli.

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    Passo a palavra ao Sr. Carlos Henrique, Coordenador da RIDE.

    O SR. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL - Bom dia a todos.

    Vou dividir a minha apresentao em algumas partes. Primeiro, vou passar um

    pequeno vdeo de 6 minutos de durao sobre a experincia de APLs Arranjos

    Produtivos Locais na RIDE. Depois, exibirei um PowerPoint, no qual vou fazer uma

    apresentao dessas APLs. E, em seguida, vou ceder a palavra ao Dr. Rubens, da

    Secretaria de Sade do GDF, que falar sobre um plano de ao do colegiado de sade da

    rede.

    Vamos, ento, ao vdeo.

    (Exibio de vdeo.)

    O SR. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL - Agora vou apresentar um

    PowerPoint e dar uma explicao sobre esses recursos de 2008 e 2009 que temos no

    Ministrio para o caso da RIDE.

    (Segue-se exibio de imagens.)

    S para os senhores terem uma idia, antes de o Ministro Geddel Vieira Lima

    assumir a Pasta e ns assumirmos a RIDE, a RIDE tinha um oramento de apenas R$1,5

    milho. Quanto ao oramento, havia uma nica emenda parlamentar, no valor de R$350 mil,

    e no era sequer do Governo de Gois, mas do Governo do Distrito Federa

    Hoje, posso dizer para as senhoras e para os senhores que, em termos de

    oramento e emenda parlamentar, fechamos 2008 com um oramento executado de quase

    R$30 milhes R$29,5 milhes, mais ou menos. A partir do momento em que o Ministro

    assumiu, Tot Parente se tornou Secretrio e ns assumimos, partimos para um trabalho

    aqui dentro do Congresso Nacional. Procuramos as bancadas de Gois, do Distrito Federal

    e de Minas Gerais e conseguimos fazer com que, no Oramento de 2008, ou seja, no

    oramento seguinte, j tivssemos dinheiro executado imediatamente. E, j para 2009, em

    termos de oramento, sem contar com o contingenciamento, j temos R$70 milhes para

    executar este ano.

    Temos algumas aes, que vou apresentar agora, em termos de capacitao, que

    so esses Arranjos Produtivos Locais, ou seja, a maneira mais rpida e mais fcil de chegar

    ponta, aos atores locais, com desenvolvimento social e gerao de emprego, e uma forma

    de termos infraestrutura econmica e social, que tambm colocamos no oramento para

    este ano.

    Recentemente, finalizamos uma mostra em Salvador, a primeira mostra nacional,

    para a qual levamos 13 mesorregies. Para se ter uma idia, os artesos da RIDE que

    foram comercializaram em uma semana valores que eles no comercializam em 1 ms na

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    regio. Ou seja, essa uma parte complementar de APL em que damos condies para que

    eles possam vender seus produtos, alm de trocarem de experincia com outras regies.

    Cristalina, cidade das pedras semipreciosas, por exemplo, pde discutir, com

    pessoas do Sul, at questes relativas maneira de comercializar e tecnologia de produo

    e desenho. Essa troca de experincias foi um sucesso. Houve at a participao do

    Presidente Lula e do Ministro. Para se ter uma idia, em termos de vendas, eles

    conseguiram numa semana o que no vendem num ms.

    Esta a parte complementar em que damos assistncia ao APL. Verificamos in loco

    a vocao da regio, capacitamos os atores locais, oficializamos o APL de fato e damos

    continuidade em termos de comercializao.

    Agora, vou tentar explicar cada um desses oramentos dos convnios que fechamos

    em 2008.

    A RIDE, para quem no sabe, foi criada por lei complementar em 1998 e possui 19

    Municpios de Gois e 3 Municpios de Minas. Como os senhores viram ontem, na

    apresentao do Rogrio Rosso, entre esses Municpios est Una como um dos grandes

    PIBs da regio, juntamente com Cristalina, Formosa e Luzinia.

    Aqui so os servios pblicos comuns aos Municpios que integram a RIDE e as

    reas que a compem. Temos aes no setor de infraestrutura que vou apresentar daqui a

    pouco e, no caso dos APLs, gerao de emprego. Temos ainda aes de saneamento

    bsico, parcelamento do solo e transporte, ou seja, todos os itens que compem a Lei da

    RIDE.

    No caso dos APLs vimos no vdeo o conceito. Ou seja, uma aglomerao de

    empresas com a mesma especializao produtiva e que se localiza em um mesmo espao

    geogrfico. Portanto, eles mantm vnculos de articulao, interao e cooperao, fazendo

    essa capacitao, com apoio de instituies locais, como Governo, associaes

    empresariais, instituies de crdito, ensino e pesquisa SEBRAE, SENAI, Prefeituras.

    Individualizando os APLs, no de Cristalina tivemos uma transferncia de recursos de

    R$611 mil, no qual fizemos toda essa parte de prestao, qualificao profissional e

    incentivo. Executamos, por meio de visitas tcnicas, por exemplo, ao polo de gemas, no Rio

    Grande do Sul, troca de experincias. J estamos executando l a Feira Nacional de

    Cristalina, conhecida como FEACRIS, na qual fazemos a divulgao da cidade. H esse

    mercado BrasliaRIDE, nacional e internacional. Hoje, por meio da FEACRIS, Cristalina j

    exporta pedras, principalmente para a Alemanha.

    Vemos a algumas fotos dos catlogos que temos de Cristalina.

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    Em Luzinia, temos um APL de fruticultura, no qual transferimos quase R$900 mil

    em termos de recursos. Estamos fazendo uma plataforma de comercializao de fruticultura.

    Queremos transformar Luzinia num polo de fruticultura.

    Para se ter idia, levamos alguns produtores de Luzinia para os polos de Juazeiro e

    Petrolina, hoje, os maiores polos exportadores de frutas do Pas. Ento, eles fizeram a tal

    experincia. Estamos colocando em prtica essa plataforma de fruticultura. Na amostra que

    tivemos em Salvador j fizemos contato com produtores de Joo Pinheiro e Paracatu, a fim

    de que possam usar tambm essa plataforma, que ser inaugurada no prximo ms em

    Luzinia.

    Essas so as fotos, como falei, da visita a Petrolina e a Juazeiro a marmelada de

    l.

    Aqui, em Pirenpolis, uma pedra de quartzito. Todos ouviram o rapaz falando de

    como era artesanal antes do APL. Para se ter uma ideia, no APL de Pirenpolis, vamos

    entrar com uma segunda parte. Vamos colocar uma mquina de triturar pedras para virar

    areia. Numa pedreira, quando tiram pedra, o rejeito fica em cima de lugares com produo,

    com pedra. Ento, isso estava impactando. Vamos transformar aquele rejeito que no vale

    para nada em areia. J vai virar comrcio e far com que o espao que estava impactando

    possa ser explorado, porque se comercializada a pedra, se tirava o rejeito e no tinha lugar

    para jog-lo, ele ficava impossibilitando novas exploraes no terreno. Vamos transformar

    essa pedra em areia para fazer com que o terreno possa ser explorado. Eles j esto

    exportando tambm.

    Era tudo feito de modo artesanal, manual, antes do APL e, para quem no sabe,

    hoje, a pedra de quartzito em Pirenpolis movimenta mais que o prprio turismo em termos

    de valores absolutos.

    Vemos aqui o Novo Gama, onde hoje j estamos na segunda etapa. Essa foi a

    primeira etapa em que fizemos um APL de vesturio. Finalizamos essa etapa e j estamos

    agora numa segunda, com mais 400 costureiros, 400 mes de famlias se capacitando no

    APL de vesturio do Novo Gama.

    J transferimos mais de 600 mil reais para Valparaso. Tambm j finalizamos essa

    parte, vamos partir agora para uma segunda etapa. J esto disponveis nesse oramento

    400 mil reais para a segunda etapa de Valparaso. Fizemos j uma feira em Valparaso

    mostrando esses mveis. Levamos tambm agora para a mostra de Salvador. A prxima

    etapa transformar esse APL num site, porque, diferentemente de outros produtos, no h

    como ficar toda hora transportando mveis para divulgar. Com o site, eles estaro na

    Internet para qualquer lugar do mundo comercializar.

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    guas Lindas e Pirenpolis tambm. Essa aqui foi uma capacitao em termos de

    equipamentos de autosservio aquela parte que eu falei de ter mquinas para

    informatizar, colocar mais rpido a produo local, porque antigamente era tudo manual.

    Vemos aqui foi um recurso de 1 milho e 320 mil, que repassamos para os

    assentamentos de Formosa esse recurso era para comprar 11 tratores. Porm, na

    licitao que eles mesmo fizeram, conseguimos comprar 12 tratores.

    Esse, um convnio que fizemos com a Prefeitura de Formosa. Porm, quem utiliza

    os tratores so as associaes de assentamentos da reforma agrria. O trator foi transferido

    pelo Ministrio de Integrao Nacional por meio de um convnio, mas o leo diesel

    mantido pelo INCRA. Para se ter uma ideia, eles que fizeram as normas internas, ou seja,

    cada assentamento tem seu trator. Se qualquer pessoa for usar o trator, tem que pagar o

    aluguel; so eles quem fazem a parte de comercializao, de manuseio dos tratores. Eles

    cuidam como se fosse deles. No permitem que ningum utilize esse trator. Vai fazer um

    ano, tudo bem, est na garantia, mas nunca foi quebrado um trator, porque eles sabem da

    necessidade. Podem dizer que nos assentamentos h brigas, discusses, mas eles tm

    toda uma norma para usar os tratores. Isso faz com que, juntamente com o Ministrio, que

    fez o convnio, e o INCRA, que mantm esse leo diesel, eles possam ter hoje uma

    produo que tambm era totalmente manual. Ou seja, pegar um trator e colocar num

    assentamento com dezenas de famlias e fazer com que essa produo saia do manual

    para a mquina...

    Esse est complementando aquele outro de capacitao para assentamentos que foi

    alm de Formosa, Padre Bernardo, gua Fria, Planaltina e Cristalina.

    Aqui, a mandiocultura que fizemos em Cristalina, Luzinia e Planaltina, no valor de

    560 mil reais, fazendo a construo de uma fbrica de fcula.

    APL de guas Lindas para onde transferimos 355 mil. Estamos partindo agora

    tambm para a segunda etapa.

    O APL em Cidade Ocidental tambm, no valor de 70 mil reais, est finalizado. Hoje j

    est na parte de comercializao.

    Um milho de reais foi disponibilizado para concluso dos ZEEs da RIDE, numa

    parceria com o Ministrio do Meio Ambiente, isso j est concludo temos mapas, no

    nosso site, disponvel para qualquer pessoa.

    Essas so fotos dos APLs: APL de pecuria leiteira em Buritis j um convnio.

    Estamos saindo de Gois e entrando em Minas, recurso de 590 mil de convnio que

    firmamos com a Prefeitura de Buritis.

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    Entramos na parte de convnios de 2008, como falei antes da apresentao. Antes

    de 2008, tnhamos apenas 1 milho e meio de limite oramentrio e uma emenda

    parlamentar de 350 mil reais. Hoje, se somarmos isso aqui, teremos em torno de 29 milhes

    e meio de reais de recursos. Ou seja, em 2008, transferimos para Padre Bernardo 100 mil

    reais para comprar um trator; Corumb, 100 mil reais; Cidade Ocidental, mais uma;

    Luzinia, 7 as 5 se transformaram em 6, devido licitao. Corumb tambm mais 1

    trator e Novo Gama, um trator. S em termos de tratores para a regio da RIDE, temos 6

    cidades diferentes.

    Em termos de capacitao, aquela segunda etapa que falei do APL de confeco,

    200 mil reais. Luzinia, esses 200 mil reais aqui faremos uma capacitao em Jardim Ing,

    que uma regio, para quem no conhece, de 100 mil habitantes, na qual h um ndice de

    violncia muito alto. Para se ter uma idia, no h uma agncia bancria e estamos fazendo

    essa capacitao para ex-drogados e ex-presidirios. Ou seja, faremos com que essas

    pessoas que, por um motivo ou por outro, tenham sido carimbadas na sua vida por um

    deslize, sejam ressocializadas. Vamos capacitar as mulheres em manicure, pedicure,

    costureira; os homens, em mecnicos, pedreiros, tratoristas, e fazer um acompanhamento

    juntamente com o Governo do Estado e Prefeitura, para que eles voltem ao mercado de

    trabalho.

    Quatrocentos mil reais a parte mais importante que eu poderia falar. outro tipo

    de convnio que estamos fazendo com Luzinia, para capacitar os fornecedores. Ontem,

    aqui, o prprio Secretrio de Formosa estava reclamando, porque, s vezes ,ele no vende

    em Braslia. Fora a barreira tributria, que hoje o principal gargalo para que esses

    produtos do Entorno ou de qualquer lugar do Brasil. Todo mundo quer entrar no mercado de

    Braslia, por ter a maior renda per capita do Brasil fora essa questo da barreira tributria,

    que d para ser resolvida agora na reforma tributria, precisamos tambm capacitar.

    O Exrcito de Formosa compra o po em Braslia. Por qu? Ser que no tem

    padaria em Formosa? Tem. S que nenhuma foi capacitada e nem sabe como fazer uma

    licitao pblica. s vezes, no nem por questo de no ter documento, por no saber

    participar de uma licitao pblica. Ento, com esse valor de 400 mil reais, haver um

    lanamento no dia 15 de abril, em Luzinia, no qual vamos selecionar as 45 empresas

    maiores consumidoras da regio, tipo Friboi, Bunge, a Prefeitura, Governo do Estado,

    Exrcito, para saber onde est sendo a compra do prego, do vesturio, porque no se est

    comprando na regio. por questo de tecnologia, de qualidade ou de preo? Vamos entrar

    agora com a capacitao para esses fornecedores, dar um certificado para os que foram

    capacitados, a fim de serem fornecedores de uma empresa de porte como essas que citei,

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    para que, tambm, alm de uma ponte com essas grandes empresas, possam vender em

    Braslia e outro mercado.

    Finalizando, Valparaso a segunda parte do moveleiro.

    O CAJE, todos sabem, seria tipo a antiga FEBEM. Tambm estamos capacitando

    detentos do semiaberto, alm de pai e me.

    Bom Viver Cidado uma organizao de Samambaia. Estamos fazendo com que

    meninos tipo escoteiros tenham noo de ingls e informtica, para ocupar o tempo. Ou

    seja, pela manh, esto na escola e, na parte da tarde, tm esse curso.

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Carlos Henrique, conclua por favor.

    O SR. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL - Finalizando, feira coberta de

    Planaltina de Gois. Aqui, pela primeira vez, a RIDE transfere recurso para o GDF at

    ento no tinha nenhum recurso para pavimentao asfltica; ou seja, asfalto em

    Pirenpolis, Buritis, Cabeceira Grande, Luzinia e Valparaso, mais a feira de Sobradinho.

    Deixo o meu e-mail e o meu telefone.

    Se fosse possvel, o Dr. Rubens falaria por 5 minutos.

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Na verdade, o tempo foi excedido.

    De quanto tempo o Dr. Rubens precisa? O Dr. Rubens vem fazendo um trabalho de

    mobilizao nos Municpios do Entorno. A Secretaria de Sade faz um trabalho de liderar,

    de mobilizar os Municpios. Isso tem ajudado inclusive na definio de aplicao de recursos

    para a sade. Emendas parlamentares tm se norteado por esses fruns que ele organiza.

    Ento, por favor, tem a palavra o Dr. Rubens por 5 minutos.

    O SR. CARLOS HENRIQUE MENEZES SOBRAL - Estamos participando dessa

    ao do colegiado da sade do Dr. Rubens. Juntamente com o Estado de Gois e Minas,

    ele j finalizou esse diagnstico, entregamos para o Ministro Geddel Vieira Lima, que

    automaticamente acionou o Ministro Temporo, a quem entregamos em mos estamos na

    fase de execuo.

    Desculpe-me ter excedido o tempo, mas pelo menos deu para mostrar que, em

    termos do Ministrio, da RIDE, temos algumas aes aqui no Entorno.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Obrigada.

    O SR. RUBENS - Bom dia a todos.

    Obrigado pelo espao que me esto oferecendo.

    Procurarei fazer uma apresentao extremamente objetiva. A quantidade de eslaides

    talvez seja grande, mas vou passar rapidamente por eles.

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    Vou falar da experincia de quem ficou por 3 anos como Secretrio-Adjunto de

    Sade do Distrito Federal, e por 2 meses como Secretrio de Sade, convivendo h 6 anos

    com a RIDE, tentando implantar uma estrutura nessa regio.

    (Segue-se exibio de imagens.)

    Ento, eu gostaria de passar o primeiro eslaide. Todos conhecem bem a regio, no

    preciso dizer: ns somos essa rea do centro, cercada por 22 Municpios.

    A COARIDE est ligada ao Ministrio da Integrao Nacional, e dentro desse

    princpio de aes para essa regio para desenvolvimento a sade um ponto crtico nessa

    regio.

    Dentro dessa perspectiva, em 2003, criou-se o grupo gestor da sade na RIDE,

    coordenado pelo Ministrio da Sade. Dentro da sua ao, por meio de uma resoluo da

    COARIDE, foi ento oficializado esse grupo que tinha a misso de fazer o primeiro plano

    integrado de sade para a regio. Esse plano foi feito, e o primeiro plano. E por que eu

    trouxe os dois? Daqui a pouco vou falar.

    Bem, de 2003 a 2006, houve muitas reunies e poucas aes. Em outubro de 2006,

    fizemos uma Carta de Braslia e Entorno, na qual houve participao do Ministrio da

    Sade, Distrito Federal, Gois e Minas Gerais com Secretrios e Governadores de cada

    uma dessas entidades federadas e a participao do Ministrio. Nela, havia uma proposta

    de um plano de ao para essa regio na rea de sade.

    Em 2006, o Ministrio da Sade, por meio do Pacto pela Sade, define que em

    regies como a nossa deve existir um colegiado de gesto regional. Criamos ento o

    Colegiado de Gesto Regional, que tem como composio os Secretrios Municipais de

    Sade de todos os Municpios que compem a rede; todos os Secretrios Estaduais de

    Sade Gois, Minas Gerais e Distrito Federal; e cada diretor de sade das regionais de

    sade do Distrito Federal. Ou seja, todos os gestores de sade dessa regio participam

    desse colegiado, e as decises so consensuadas. No h votao, h consenso.

    Esse o smbolo do colegiado. Esse colegiado elaborou o segundo plano de ao.

    De 2008 a 2010, fase a fase pegando desde saneamento bsico, ateno primria a

    sade, mdia complexidade, alta complexidade e leitos de UTI , mapeou todo

    investimento, em cada um desses segmentos, nos 22 Municpios e no Distrito Federal.

    Entendemos que esse documento uma carta de navegao, posto que, para se ter

    uma ideia, na nossa ltima reunio em fevereiro, em Luzinia, tivemos participao de todos

    os representantes do colegiado. Dos 22 Municpios, 19 tinham trocado seus Secretrios

    Municipais. Ou seja, se cada Secretrio que chega vai reinventar roda, votamos cada vez 5

    anos para recomear o trabalho.

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    Esse trabalho que j foi feito e consensuado permite que no se tente reinventar

    coisas que so processos, que tm de ter comeo, meio e fim. A sade atrasa muito suas

    aes porque se reinventa novos caminhos, quando muitos j esto minimamente trilhados.

    Nesse caso, o plano de ao foi entregue ao Ministrio da Integrao Nacional, que

    se mostrou excepcional parceiro nessa jornada. Junto com o Carlos Henrique, estivemos no

    Ministrio da Sade e entregamos ao Ministro Jos Gomes Temporo. Com esse

    encaminhamento, esperamos efetivamente criar condies de investimento nessa regio. A

    palavra principal chama-se investimento nessa regio.

    Muito bem, esse plano foi elaborado por cmaras tcnicas de ateno primria,

    mdia e alta complexidade, regulao, projetos de educao em sade, equipes do

    Ministrio da Sade, equipes da sedes de Gois e Distrito Federal e todas as Secretarias

    Municipais de Sade do Entorno Sul, Entorno Norte, Pirineus e Una.

    Tivemos apoio da Universidade Federal de Gois, Universidade de Braslia,

    Fundao de Ensino e Pesquisa de onde temos a Escola de Medicina, na qual sou diretor

    , Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade CONASEMS e o Conselho

    Nacional de Secretrios de Sade Estaduais CONASS.

    Bem, nesse plano de ao, h uma anlise situacional da RIDE, um plano diretor de

    investimento para ateno primria, mdia e alta complexidade e estruturao de toda a

    rede de assistncia, programas de educao e sade e investimentos necessrios.

    Muito bem. Como esto os indicadores de sade nessa regio? Aqui acho que vale

    uma reflexo, se me permitem. Quais so as principais causas de internao? Gravidez

    parto puerprio, 46%; doenas do aparelho respiratrio, 13%; circulatrio, 11%; doenas do

    aparelho digestivo, 7,6%; genito-urinrio, 7,7%.

    Em 2 Municpios, os partos de mes de at 19 anos totalizam 41% no Municpio. E a

    gravidez na adolescncia gera problemas de sade, em muitos casos, e desestruturao

    familiar, culminando, num futuro prximo, com uma completa desestruturao do contexto

    familiar.

    Mortalidade hospitalar. Vila Boa, 80% so de causas externas, muitas delas

    relacionadas criminalidade.

    Mortalidade infantil. Enquanto o Distrito Federal tem 13,2% de mortalidade na rea

    infantil por mil habitantes, Cocalzinho tem 28,1%.

    Ateno sade. Ateno bsica. A situao atual dos indicadores de sade dos

    Municpios da RIDE frente cobertura assistencial e ao tempo de implantao do servio

    revela a necessidade de readequao da gesto da ateno bsica, ou seja, equipes do

    PSF.

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    H um quadro que resume a situao. Dos municpios do Entorno que precisam de

    atendimento que extrapole seu nvel local, 3,3% vo para Goinia ou Anpolis; 96,82% vm

    para o Distrito Federal. Ento, do universo de 25.670 internaes, 842 foram para Goinia

    ou Anpolis.

    Capacidade instalada. O Distrito Federal tem uma rede organizada de servios. O

    Entorno, para se ter uma ideia, em anatomia patolgica, ou seja, preveno de cncer ou

    diagnsticos citopatolgicos, s tem cobertura de 3% para sua populao. Isso o que h

    de cobertura para a populao que mora no Entorno. Se pegarmos endoscopia, 4,4%;

    fisioterapia, 1%.

    Leitos hospitalares. A situao to crtica, que aqui vemos a capacidade que existe

    de internao e o que preciso. O Entorno Sul, s ele, precisa de 731 leitos. O total hoje,

    por baixo, considerando um parmetro mnimo, de 920 leitos de internao nessa regio.

    Se considerarmos que de 4% a 10% so leitos de UTI, poderemos dizer que precisamos

    nessa regio ao redor de 150 leitos de UTI, e h zero leitos de UTI.

    Capacidade de internao dessa regio para seus habitantes. Entorno Norte, 43%;

    Entorno Sul, 17%. Ou seja, 83% de sua populao no tem condies de ser internada

    naquela regio. Dessa regio, 98% vem para o Distrito Federal; um ponto alguma coisa vai

    para Goinia ou Anpolis. O Novo Gama depende 99% do Distrito Federal.

    Esse quadro mostra o que precisa mais e o que precisa menos.

    A situao essa: h 4 anos, fui a Santo Antnio do Descoberto e fotografei o

    hospital. Na minha concepo, mais 30 dias inaugurava. At hoje ele continua em

    construo.

    H que existir uma viso de polticas que levem a finalizar situaes que esto em

    andamento h uma eternidade nessa regio. O Distrito Federal precisa ajudar o Entorno

    nessa soluo.

    Valparaso, mesma situao, e Novo Gama: constroem-se hospitais para 44 leitos,

    que no fazem nem cosquinha nessa regio para resolver o problema. gastar dinheiro de

    forma inconsequente. Precisamos, nessa regio, de 4 hospitais de 250 leitos cada um. Os

    senhores viram que h 920 leitos de necessidade. Se depender da capacidade de

    investimento dos Municpios, eles vo continuar se arrastando. Ontem, foi mostrado

    claramente aqui que h falta de investimento nessa regio.

    No h como falar em sade, em construo de hospital, em lotar pessoas; h que

    existir polticas de fixao dos indivduos, dos recursos humanos, educao permanente,

    equipamentos necessrios para que esses ambientes sejam satisfatrios para a populao,

    coparticipao na gesto com regulao e consrcio e financiamento, porque o custeio

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    extremamente alto. Foi dito ontem aqui, e verdade, que para cada hospital que se gasta

    100 milhes para construir precisa-se de 100 milhes/ano para manter esse hospital. E a

    capacidade desses Municpios no to grande para que consigam sozinhos arcar com

    isso. O Distrito Federal tem de ajudar, assim como o Estado de Gois, no os Municpios, e

    o Ministrio da Sade. Precisam ter essa viso.

    Eu queria deixar uma frase para finalizar. Quando um dia a Apolo 14 ou 13 no

    me recordo mais qual das 2 estava l em cima e faltou oxignio, algum chegou no

    microfone da nave e disse: Houston, we have a problem, ou seja, Ns temos um problema

    aqui em cima. E eles no tinham a soluo, porque a soluo estava na terra. Eu trocaria a

    frase: Ns temos um problema e no de Braslia, do Entorno de Braslia, ou seja,

    Braslia e Entorno. Se no escutarmos a voz que nos diz que temos um problema, ser

    tarde para salvar essa populao, essa regio. Assim como um dia se debruaram e

    trouxeram os astronautas para a Terra, temos condies de superar esses problemas. Para

    isso, temos de trabalhar em conjunto.

    E o que queremos? Queremos qualidade de vida, segurana, longevidade, sade

    para essa regio. Queremos que o Entorno seja uma estrutura plena de ateno sade,

    que no fique procurando o Distrito Federal porque o paciente deseja e precisa ser atendido

    nos Municpios.

    Por mais longe que parea estar a sada, se todos nos unirmos, temos condies de

    buscar essas solues.

    Um sonho que se sonha sozinho apenas um sonho; um sonho que se sonha junto

    pode se tornar uma realidade. Podemos sonhar e realizar esse sonho.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Obrigada, Dr. Rubens.

    Diante desse quadro e de tudo que vimos no dia de ontem, vamos aguardar o que a

    Mesa, que deveria comear agora s 11h, vai-nos trazer em termos de perspectivas, de

    caminhos que podemos buscar. A palestra da Paula indica o instrumento do consrcio.

    Vamos aguardar a Mesa.

    Para que no atrasemos muito, o Agnaldo nos disse que pode fazer a palestra em

    tempo bem menor que o dado aos outros.

    Peo a ele que comece sua apresentao.

    Quem tiver perguntas, por favor, j as encaminhe para que ganhemos um pouco de

    tempo.

    O SR. AGNALDO MORAES DA SILVA - Bom dia a todos.

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    Para os que no me conhecem, sou Agnaldo Moraes, Assessor-Tcnico da

    Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste e coordeno as aes em um dos espaos

    sub-regionais prioritrios do Ministrio de Integrao Nacional, que Mesorregio de guas

    Emendadas.

    Vou tentar ser bem objetivo, no vou me ater muito a questes de ordem conceitual,

    at porque tratamos aqui de experincia de gesto e governana. Nada mais eficiente que

    passar a nossa experincia em gesto e governana nesse espao regional denominado

    guas Emendadas.

    (Segue-se exibio de imagens.)

    Como todos devem ter visto ontem na apresentao do Dr. Henrique Villa, Secretrio

    de Polticas de Desenvolvimento Regional, o Ministrio de Integrao Nacional se orienta e

    norteia suas intervenes sobre aes de polticas pblicas por uma poltica, que a

    Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR. Dentre os espaos prioritrios de

    intervenes, temos 13 mesorregies construdas a partir de critrios, como cruzamento de

    indicadores de renda, de dinamismo econmico, e tambm pautados por elementos

    identitrios, elementos que estabeleam identidade, sejam de ordem cultural, de propsito,

    de interesse das comunidades envolvidas naqueles espaos sub-regionais que possibilitem

    maior coeso do tecido social e, consequentemente, crie-se um ambiente propcio para as

    aes de cooperao e solidariedade como foi bem apresentado pela Dra. Paula.

    Temos a Mesorregio de guas Emendadas, que esse espao em vermelho; aqui

    so as demais mesorregies.

    S para se entender, a Mesorregio de guas Emendadas composta por 100

    Municpios, dos quais 77 esto no Estado de Gois e 23 no noroeste mineiro. E por qu no

    noroeste mineiro? Porque na regio Buritis, Una, Arinos, Uruana de Minas, Chapada

    Gacha, etc. guardam uma relao de identidade, seja em funo do ambiente, do

    espao, do bioma cerrado, comum a todos os Municpios que compem a Mesorregio de

    guas Emendadas, seja tambm pelos indicadores socioeconmicos que tornam o noroeste

    mineiro uma das regies mais carentes do Estado de Minas Gerais juntamente com a regio

    do Vale do Jequitinhonha.

    So 100 Municpios distribudos entre Minas Gerais e Gois, com a populao de 2

    milhes de habitantes em 191 mil quilmetros quadrados de rea uma baixa densidade

    demogrfica. Isso at explica o porqu de uma certa desateno da classe poltica brasileira

    para essa regio. Pela baixa densidade demogrfica, imaginem o capital eleitoral dessas

    regies! Consequentemente, h certo distanciamento do olhar e das aes por parte da

    classe poltica com relao a guas Emendadas.

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    Quais so as diretrizes que nos orientam nas aes de promoo de

    desenvolvimento da mesorregio? Trabalhamos basicamente com apoio e dinamizao de

    arranjos e produes locais, ordenamento territorial, condio sine qua non para a

    mesorregio com as caractersticas fisico-biolgicas que possui.

    O nome de guas Emendadas no surgiu toa, temos em guas Emendadas um

    manancial hdrico, um conjunto de cursos dgua tributrios das grandes bacias que

    compem o Brasil, dentre elas a Bacia do Paran, a Bacia do So Francisco e a Bacia

    Amaznica, pela Sub-Bacia do Araguaia e Tocantins.

    A incluso econmica pelas aes de cooperao e solidariedade, tendo com eixo

    norteador e principal componente, do ponto de vista da sua sustentao, o princpio da

    economia solidria; a cincia tcnica, a capacitao tecnolgica, que isso fundamental no

    processo de competio, mesmo dentro do esprito de cooperao solidria; e a

    organizao social e gesto participativa.

    Gesto participativa o grande foco dessa nossa discusso de hoje. Por qu?

    Porque a partir do fortalecimento das organizaes sociais e da criao de mecanismos

    eficientes, eficazes e efetivos de gesto participativa, que conseguimos consolidar e

    estabelecer, dentro do imaginrio social e da conscincia coletiva, o esprito de cooperao

    e de solidariedade, abandonando de certa maneira o que costumo chamar de umbiguismo

    local, que para outros tambm se chama de paroquialismo a lei de Murici: cada um

    cuida de si.

    A estratgia de atuao, dentro da perspectiva de uma gesto e governana, com

    essas caracterstica a que me referi, no nosso caso de guas Emendadas, deve contemplar

    a existncia de 7 fruns microrregionais, porque a Mesorregio de guas Emendadas, pelas

    caractersticas que possui, como j me referi est aqui o meu guru, Srgio Magalhes, de

    quem herdei o esplio de guas Emendadas. O Serginho concebeu um modelo de

    organizao desse processo de gesto participativa, considerando a principal caracterstica

    da Mesorregio de guas Emendadas, que so as microbacias hidrogrficas.

    A Mesorregio de guas Emendadas est dividida, para facilitar o planejamento

    dessas aes de gesto, em 7 microbacias no vou citar todas aqui; quem viu o mapa

    sabe perfeitamente: So Marcos, Paracatu, Vale do Urucuia, Corumb, e assim vai.

    A organizao de 7 fruns microrregionais e o frum mesorregional envolvendo

    todos os Municpios, que seria at porque ainda no o , mas vir a ser, com todo o

    nosso empenho o frum, o espao de discusso, de deliberao e de compartilhamento

    dos atores sociais da Mesorregio de guas Emendadas no processo de deciso dos seus

    destinos e do seu futuro, a partir da priorizao das aes, aplicao e alocao dos

  • CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINAL Nome: Outros Eventos - Seminrio Nmero: 0272/09 Data: 03/04/2009

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    recursos disponibilizados, e articulao com os demais rgos federais para atuao na

    Mesorregio, que o elemento fundamental que justifica a criao de um frum.

    Dentro do Ministrio da Integrao Nacional at porque eu s posso falar do

    Ministrio neste momento , teramos a Defesa Civil como uma das aes que pode ser

    aplicada nesses espaos regionais; o Projeto Produzir, que um projeto de capacitao,

    qualificao e organizao de base produtiva; projetos de irrigao e drenagem;

    zoneamento ecolgico e econmico e o ordenamento territorial em razo das caractersticas

    do espao mesorregional.

    Os senhores, por meio desse quadro, podem ter uma idia do que a Mesorregio

    de guas Emendadas.

    Eu estava conversando agora h pouco com a Sra. Helosa que, diferentemente da

    RIDE, o Distrito Federal no compe a Mesorregio de guas Emendadas por uma razo

    muito clara. Apesar de a RIDE estar contida em guas Emendadas, ou seja, todos os

    Municpios que compem a RIDE, o Distrito Federal no est compreendido na Mesorregio

    de guas Emendadas. Tenho uma explicao metafrica para isso: a RIDE, em relao ao

    Distrito Federal, funciona no movimento centrpeto, ou seja, de fora para dentro. O eixo, o

    ponto focal das aes da RIDE o Distrito Federal. J a Mesorregio de guas Emendadas

    busca construir uma relao centrfuga, ou seja, do DF para fora, tentando minimizar ou

    eliminar essa dependncia direta, como o caso da RIDE em relao ao DF.

    Esse quadro mostra os desenhos e a distribuio dos Municpios. Desculpem-me,

    mas esse mapa ficou horrvel.

    A caracterstica predominante do setor agropecurio agricultura de gros, ou seja,

    gros e carnes, agricultura de commodities. Os grandes problemas de guas Emendadas

    envolvem, de certa maneira, os problemas da RIDE, como a formao desordenada de

    aglomeraes urbanas, atividades econmicas de baixa capacidade de absoro desse

    contingente. Por isso promovemos investimentos de forma macia, como bem disse aqui o

    Sr. Carlos Henrique, em aes de organizao de base produtiva que podem evoluir e se

    constituir em verdadeiros arranjos produtivos locais. Em guas Emendas, h aes de APL,

    mas num conceito rebaixado. Temos aes de organizao de base produtiva, ou seja,

    pegar a vocao daquelas comunidades, daqueles espaos sub-regionais e constituir, a

    partir dali, aes de capacitao, qualificao e investimentos pblicos para que se garanta

    a infraestrutura necessria para o desenvolvimento das aes econmicas.

    No vou falar da sade porque j dito aqui. importante destacar em relao a guas

    Emendadas por isso friso muito bem a questo do planejamento, do zoneamento

    ecolgico e econmico, do ordenamento territorial, numa escala no inferior do ponto de

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    vista da sua importncia, mas numa escala inferior do ponto da hierarquia dos planos do

    zoneamento e ordenamento os prprios planos diretores de ordenamento territorial

    municipais. Ento, ao antrpica sobre os recursos hdricos da regio. Isso a base, o

    motivo da criao de guas Emendadas. De certa maneira, se algum no sabe, um dos

    argumentos que justificam a criao da RIDE, que cuida da proteo do manancial hdrico

    que abastece o Distrito Federal. H dificuldade de articulao de aes entre entes da

    Federao, responsveis pelo equacionamento dos problemas existentes. A RIDE tem o

    COARIDE, e guas Emendadas busca constituir um frum para exatamente fazer esse

    processo de catalisao das aes de polticas pblicas.

    Aes fundamentais so as atividades estruturantes. Todo mundo aqui sabe

    perfeitamente das carncias de infraestrutura da RIDE e de guas Emendadas, como

    conectividades virias precrias, inexistncia de cidades-polos que possam dividir, como

    disse tambm, com o Distrito Federal, esse poder de atrao.

    Esse quadro mostra as propostas de aes que temos desenvolvido, como

    capacitao de gestores; implementao dos Comits de Bacias na Mesorregio de guas

    Emendadas; implantao do frum de desenvolvimento, o Frum de guas Emendadas;

    apoio institucional para realizao do nosso plano de ao, pois, como todas as

    mesorregies, tem de construir o seu plano de ao. Esse plano de ao define as

    prioridades de investimento e orienta o Ministrio de Integrao Nacionalna alocao dos

    seus recursos.

    Saneamento bsico e eletrificao rural, problemas estruturantes e de infraestrutura.

    Eu j me referi organizao da base produtiva. Cadeias produtivas, explorao

    racional de produtos de origem mineral, como j foi dito tambm, pecuria de animais de

    pequeno porte, apoio ao ecoturismo e turismo rural, aproveitamento do potencial hdrico da

    mesorregio, atravs de aes de piscicultura e aquicultura.

    Se vocs repararem bem, todas as propostas que so apresentadas aqui guardam

    relao direta com o pr-requisito da sustentabilidade ambiental, mas tambm da

    sustentabilidade econmica das comunidades envolvidas.

    Estou concluindo, Helosa, est no finalzinho.

    Polticas sociais, educao, biblioteca, regularizao fundiria. A regularizao

    fundiria, pelo menos nas regies norte e nordeste goianas um problema srio. Isso no

    responsabilidade deste Governo ou do anterior, mas um problema secular que envolve

    aquela regio desde o seu processo de ocupao, em idos do sculo XVIII.

    Aes de desenvolvimento local, conforme j me referi. Uma delas, como vocs vo

    ver, so as organizaes dos Arranjos Produtivos Locais. Utilizamos a nomenclatura APL,

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    mas sabemos perfeitamente que, do ponto de vista da sua caracterizao acadmica, do

    seu conceito estabelecido, ns no temos Arranjos Produtivos Locais, se formos exigentes

    com o conceito. Temos organizaes produtivas de base, vamos chamar assim.

    Para exemplificar algumas aes temos: APL de artesanato, na regio do Vale do

    Rio Urucuia, em Grande Serto Veredas; APL de confeco de Jaragu, que um dos

    APLs modelares, esse, sim, j caminhando para se constituir como um verdadeiro APL,

    faltando apenas a atrao de mais alguns componentes essenciais da cadeia de confeco;

    APL de fruticultura na regio do Vale do So Patrcio, em Gois, tambm; APL de

    piscicultura na regio do Vale do Rio Urucuia, no Vale do Rio Preto, em Paracatu; APL de

    turismo nessa regio aqui, no precisa nem falar, todos sabem, a Chapada dos Veadeiros, a

    Biosfera de Gois e Uruau, tambm, em funo do Lago de Serra da Mesa.

    Muito obrigado. At a prxima. (Palmas.)

    A SRA. COORDENADORA (Helosa Azevedo) - Muito obrigada.

    Vamos ter que encerrar esta Mesa. Eu pediria a todos que guardassem as perguntas

    desta Mesa para o final, quando faremos o debate dos 2 temas, das 2 Mesas, em respeito

    aos senhores que vo querer sair, provavelmente, ao meio-dia, e aos palestrantes da Mesa

    seguinte, que j esto aqui. Est certo assim?

    Ento, muito obrigada. (Palmas.)

    O SR APRESENTADOR - Antes de compor a prxima Mesa, eu gostaria s de

    registrar e agradecer a presena do Tiago Moreira, que da Associao Comercial do

    Distrito Federal, que se faz presente tambm neste evento.

    Vamos compor, ento, a nossa ltima Mesa deste seminrio, cujo tema

    Perspectivas de Desenvolvimento da Regio.

    Para coordenar esta Mesa, convido o Diretor de Gesto da Informao da

    CODEPLAN, Srgio Paz Magalhes.

    Como palestrante, eu gostaria de convidar o membro da Comisso de Cincia e

    Tecnologia da Cmara dos Deputados, Deputado Rodrigo Rollemberg.

    Convido tambm o Assessor Econmico da FIBRA, Diones Alves Cerqueira

    (palmas), e a Professora-Adjunta do Departamento de Geografia da UnB e Pesquisadora do

    Ncleo de Estudos Urbanos e Regionais, tambm da UnB, Profa. Marlia Steinberger.

    (Palmas.)

    Com a palavra o Coordenador Srgio Paz Magalhes.

    O SR. COORDENADOR (Srgio Paz Magalhes) - Bom dia. Dado o adiantado da

    hora, vamos fazer uma abertura mais rpida. Ao final, tentaremos fazer uma pequena

    consolidao, mas somente aps a rodada de perguntas.

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    Vamos passar a palavra ao Sr. Deputado Rodrigo Rollemberg, que ser o primeiro

    palestrante, depois, ao Sr. Diones Cerqueira e, posteriormente, Profa. Marlia Steinberger.

    O SR. DEPUTADO RODRIGO ROLLEMBERG - Muito obrigado, Srgio. Quero

    cumprimentar meus colegas de Mesa, Diones e Marlia; todos os presentes e tambm os

    organizadores desse evento.

    No poderia haver tema mais propcio do que este: desenvolvimento.

    Vou pedir licena para, muito rapidamente, ler o roteiro que fiz com um pequeno

    histrico da questo do desenvolvimento no Pas, para entrar no tema da nossa regio,

    propriamente dito.

    Entre 1930 e 1980, o Brasil teve um crescimento significativo do seu PIB. De 1981

    para c, no entanto, comeou a viver uma semiestagnao econmica. Cresceu

    significativamente entre 1930 e 1980, porque tomou uma deciso poltica de crescer. A

    estratgia adotada na poca baseou-se na adoo de mecanismos de proteo da indstria,

    materializados na restrio e na substituio das importaes de produtos industrializados.

    O Brasil aproveitou a crise de 1930 para definir sua insero econmica no mundo.

    Era quase totalmente agrcola poca, e decidiu trilhar o caminho da industrializao.

    Aquele caminho, certamente, teve limitaes. O protecionismo levado a termo, durante

    perodos muito longos, conduziu acomodao. No final da dcada de 70, os EUA

    promoveram vertiginosa alta em suas taxas de juros, e o Brasil, que havia se endividado por

    meio de contratos com juros flutuantes, duramente atingido. Como ns devamos em

    dlares e a taxa de juros daquele pas incidia sobre os nossos contratos, a dvida externa

    brasileira sofreu aumento estratosfrico.

    A dcada 80 chamada de a dcada perdida. A dvida externa e a inflao,

    paulatinamente, tornam-se uma das grandes questes econmicas do Pas. A nfase no

    desenvolvimento praticamente abandonada em favor de uma nfase saneadora. A nfase

    saneadora passa a concorrer com a nfase distributiva. O desenvolvimento quase no

    consta mais da nossa pauta estratgica.

    A Constituio de 1988, em boa medida, expressa o conflito entre o enfoque

    privatista e o enfoque popular.

    O enfoque privatista pode ser tambm visto como no nacional, entreguista, elitista

    porque defende a grande propriedade, a propriedade industrial, a grande propriedade

    industrial, fundiria e bancria, a concentrao de renda , e liberal, j que defende a

    competio, especialmente o mercado, embora vrios setores do empresariado desfrutem

    de muitos privilgios.

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    O enfoque popular no pe nfase no desenvolvimento, mas, sim, na distribuio e

    nos direitos sociais, na ao do Estado, em benefcio dos mais necessitados. Denuncia o

    efeito deletrio do pagamento da dvida externa sobre as contas pblicas e o seu impacto

    negativo, como fator de deteriorao da vida da maioria da populao.

    Apesar de denunciar a dvida, o enfoque popular no retoma o nacional

    desenvolvimentismo, nome da estratgia de desenvolvimento abraada, sobretudo, por

    Getlio Vargas e por Juscelino Kubitschek. O enfoque popular no cr mais numa ampla

    aliana nacional e defende, principalmente, os direitos do povo e dos trabalhadores. Assim,

    o enfoque popular sustentado pela esquerda principalmente distributivista e no

    desenvolvimentista. , principalmente, pr-segmentos excludos e no pr-Nao como um

    todo.

    O Presidente Collor, aprofundando o aspecto liberal do enfoque privatista, combate

    as corporaes populares e privatistas e ostenta um discurso em favor do povo no

    organizado e miservel, como forma de se contrapor sociedade civil organizada. E prope

    uma ampla abertura do Pas ao capital estrangeiro.

    O Presidente Fernando Henrique mantm em linhas gerais a tendncia liberalizante

    e globalizante da poltica do Governo Collor. Porm, ainda durante o Governo Itamar

    consegue algo que os governos anteriores no haviam conseguido: debelar a alta da

    inflao. A vitria sobre a alta da inflao confere autoridade a Fernando Henrique e seus

    aliados e ao enfoque privatista.

    A partir de ento no mais o mesmo que enfrentou o enfoque popular da

    Constituio de 1988. Ele agora liberalizante, globalizador e estabilizador.

    No centro do debate poltico do Pas se enfrentam a partir de 90: o PT, com Lula

    como grande porta-voz do enfoque popular distributivista e pr-segmentos excludos; e o

    PSDB, privatista, liberalizante, globalizador e estabilizador. Entre um e outro enfoque h

    algum grau de consenso. preciso amparar os brasileiros abaixo do nvel da pobreza.

    Surge assim sob o Governo FHC a primeira verso do que hoje o Programa Bolsa Famlia.

    Aqui no Distrito Federal Cristovam Buarque um dos primeiros a adotar esse tipo de

    iniciativa.

    O enfoque popular no consegue sucesso popular nas eleies presidenciais aps 3

    tentativas. Na quarta tentativa, para adquirir maior competitividade, assume grande parte da

    agenda do enfoque privatista, liberalizante, globalizador e estabilizador. H alguns anos, os

    enfoques manifestam algum grau de incmodo com o baixo crescimento econmico do Pas

    nos ltimos 28 anos, mas nenhum deles, excessivamente vinculados que esto lgica do

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    enfoque popular ou lgica do enfoque privatista, demonstra capacidade de elaborar uma

    estratgia clara de desenvolvimento.

    E aqui o ponto em que ns hoje nos encontramos. Praticamente todas as correntes

    advogam hoje a necessidade de o Pas crescer, de o Pas se desenvolver, como alternativa

    mais consistente de distribuio de renda. O desafio que se apresenta e de forma at

    muito forte, pelo ttulo desse seminrio que desenvolvimento queremos. O que

    construir um desenvolvimento sustentvel nessa regio?

    Sem querer ser repetitivo, reitero, como tive a oportunidade de dizer ontem, que no

    meu entendimento a premissa nmero um da formulao dessa estratgia de

    desenvolvimento a base cientfica para isso. Vemos como de grande importncia

    instituies como o IPEA, a CODEPLAN, os institutos de pesquisa dos Estados, as

    universidades, no sentido de, com base em informaes cientficas, definir uma estratgia

    de desenvolvimento sustentvel. A retomada do planejamento passa a ser condio

    indispensvel.

    Em seguida, entendo que a segunda questo a ser debatida em uma estratgia de

    desenvolvimento o zoneamento, a realizao, ainda com bases cientficas, de um

    zoneamento ecolgico-econmico da regio. Um zoneamento de carter geral, e os

    microzoneamentos que, no meu entendimento, devem ter como unidade as bacias

    hidrogrficas. O microplanejamento, ou mesoplanejamento das polticas do Centro-Oeste,

    na minha opinio, deve ter como unidade as bacias hidrogrficas.

    Quais so as questes que se apresentam? Em primeiro lugar, h que se analisar os

    gargalos de infraestrutura. inadmissvel, por exemplo, na minha opinio, que se esteja

    construindo uma ferrovia, a Ferrovia NorteSul, saindo de Anpolis e no do Distrito

    Federal. O Distrito Federal tem um porto seco. No tem sentido que no tenhamos um ramal

    ligando o Distrito Federal a Anpolis. Sem dvida, a Ferrovia NorteSul dar condies

    excepcionais de desenvolvimento para toda essa regio, na questo do escoamento da

    produo de gros, minrios, mercadorias de todos os tipos.

    Infraestrutura rodoviria. O pssimo estado das nossas rodovias.

    J estiveram muito pior h poucos anos, mas ainda so absolutamente insuficientes

    para sustentar o enorme trfego que temos hoje de mercadorias e de pessoas nessas

    regies.

    Quanto energia de comunicaes, a regio medianamente dotada dessa

    energia, mas tem gargalos. importante no planejamento perceber quais sero as

    necessidades, para que no tenhamos dificuldades de abastecimento, sobretudo na questo

    energtica.

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    Cincia e tecnologia. Promover a formao de redes, reunindo todas a instituies de

    pesquisa. E coloco como imprescindvel reerguer o sistema nacional de pesquisa

    agropecuria, em que se tenha as universidades cumprindo papel importante no que se

    refere pesquisa bsica; a EMBRAPA desenvolvendo novas tecnologias; as organizaes

    estaduais de pesquisa podendo fazer adaptao e extenso tecnolgica; a transferncia de

    tecnologia; e as empresas de assistncia tcnica e extenso rural fazendo o papel de

    extenso e de assistncia tcnica, o que considero da maior importncia. Ao mesmo tempo,

    procurando identificar j que aqui temos, no eixo Distrito Federal, Anpolis e Goinia, um

    enorme mercado consumidor, salvo engano o 3 mercado consumidor do Pas uma

    "poltica", entre aspas, interna de substituio de importaes. O que esse mercado

    consome, o que esse mercado pede, e o que ns poderemos prover por meio da produo

    nessa prpria regio.

    E a a primeira questo que se coloca, no meu entendimento, em relao a isso a

    necessidade de agregar valor produo do Centro-Oeste. Ora, o Centro-Oeste hoje um

    grande celeiro. Ns temos, salvo engano, em torno de 8% da produo agropecuria do

    Brasil. O fato que ns temos uma robusta produo agropecuria e precisamos benefici-

    la aqui. Gois tem um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil. Temos que ter o

    beneficiamento de couro, temos que ter indstria de calados aqui.

    Vimos ontem que temos um imenso contingente populacional nas cidades do

    Entorno, com altssimas taxas de desemprego. Ento, precisamos desenvolver atividades

    econmicas que empreguem essas pessoas. Se desenvolvermos atividades econmicas

    utilizando a matria-prima da produo aqui do lado e o mercado consumidor aqui do lado,

    certamente essas atividades sero extremamente competitivas.

    Estamos trabalhando neste momento, aqui no Distrito Federal, com a implantao de

    um arranjo produtivo local de flores, no local onde ficava o antigo Colgio Agrcola agora

    Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia. O mercado consumidor de flores

    nesta regio enorme. A expertise que temos hoje nos diversos centros da EMBRAPA, que

    no trabalham com floricultura, diga-se de passagem, mas que podem trabalhar com

    floricultura, aportar conhecimento a esse arranjo produtivo, infinita. E temos oportunidade

    de desenvolver um arranjo aqui. E assim diversos outros arranjos produtivos identificados

    que, com a participao efetiva do Governo com instrumentos de crdito, com instrumentos

    fiscais, com instrumentos tecnolgicos, com instrumentos de gesto, possam garantir um

    desenvolvimento sustentvel nessa regio.

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    A questo do turismo outra que absolutamente integradora dessa regio e que,

    bem desenvolvida, conter uma presso que j existe e que tende a aumentar, sobretudo

    pela explorao mineral em determinadas regies.

    Conversava agora h pouco com o Donizeti e ele me contava que algumas grandes

    empresas de minerao j esto fazendo prospeco aqui na rea da Chapada dos

    Veadeiros. Imaginem o impacto ambiental de uma explorao mineral nessa regio. Agora,

    ao mesmo tempo, o potencial turstico dessa regio, se isso for explorado de forma induzida,

    articulada e apoiada. E a tem toda uma relao tambm do Distrito Federal, que um

    mercado de alto valor, de alto poder aquisitivo, com toda essa regio do Entorno, seja

    Pirenpolis, seja Formosa, seja Alto Paraso, seja Cristalina, enfim, do ponto de vista do

    turismo interno nessa essa regio.

    E, finalmente, aquelas atividades de altssimo valor agregado, de altssima

    tecnologia, que so os parques tecnolgicos, inclusive com uma modalidade diferenciada de

    organizao no mesmo campo e compartilhando instalaes e laboratrios. Ns temos o

    setor produtivo com a comunidade cientfica, universidades, centros e institutos de pesquisa.

    Aqui no Distrito Federal por exemplo, j podemos identificar 2 grandes vocaes, que j

    esto em curso, mas andando muito mais devagar do que gostaramos: o Parque

    Tecnolgico Capital Digital, um parque de tecnologia da informao, fundamental para

    agregar mo de obra qualificada, para produzir conhecimento e trazer resultados

    significativos para a cidade, e o Parque Tecnolgico de Biotecnologia.

    importante dizer que ns temos aqui no Distrito Federal 5 centros da EMBRAPA: a

    EMBRAPA Recursos Genticos, o CENARGEN, a EMBRAPA Cerrado, a EMBRAPA

    Hortalias, a EMBRAPA gua e Energia e, salvo engano, a EMBRAPA Transferncia de

    Tecnologia, o quinto centro da EMBRAPA.

    Ns temos a Universidade de Braslia e hoje a FIOCRUZ, dentro daquela

    Universidade, a Universidade Catlica e as diversas outras universidades do Centro-Oeste,

    num aporte enorme de conhecimento.

    Ns temos o cerrado com uma das maiores biodiversidades do planeta, com 10 mil

    espcies de plantas, sendo que 4.400 so endmicas, ou seja, plantas existentes apenas no

    cerrado, uma matria-prima fabulosa para o desenvolvimento de uma grande indstria de

    biotecnologia. E ainda uma indstria com interface com a indstria de biotecnologia, um

    grande parque tecnolgico de frmacos, apenas para citar 3 exemplos, na cidade de

    Anpolis.

    E muito importante, na minha opinio, essa questo da agregao do

    conhecimento, porque aquilo que se pode transformar num grande diferencial da Regio

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