Derad018 - Estágio Supervisionado Em Unidades de Produção Agrícola

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  • dos Autores1a edio: 2011Direitos reservados desta edio:Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Capa e projeto grfico: Carla M. LuzzattoReviso: Ignacio Antonio Neis e Sabrina Pereira de AbreuEditorao eletrnica: Michele Bandeira

    Universidade Aberta do Brasil UAB/UFRGSCoordenador: Luis Alberto Segovia Gonzalez

    Curso de Graduao Tecnolgica Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento RuralCoordenao Acadmica: Lovois de Andrade MiguelCoordenao Operacional: Eliane Sanguin

    E79 Estgio supervisionado em unidades de produo agrcola / organizadores Susana Car-doso ... [et al.] ; coordenado pela Universidade Aberta do Brasil UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduao Tecnolgica Planejamento e Gesto para o Desenvolvi-mento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011.

    100 p. ; 17,5x25cm

    (Srie Educao A Distncia)

    Inclui Referncias.

    1. Agricultura. 2. Educao. 3. Estgio supervisionado Legislao PLAGEDER. 4. Estgio supervisionado Unidades de produo agrcola PLAGEDER EAD. 5. Tutoria a Distncia Relatrios de estgio Prtica pedaggica. I. Cardoso, Susana. II. Universidade Aberta do Brasil. III. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secre-taria de Educao a Distncia. Graduao Tecnolgica Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural.

    CDU 378:631

    CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogao na Publicao.(Jaqueline Trombin Bibliotecria responsvel CRB10/979)

    ISBN 978-85-386-0143-2

  • SUMRIO

    Apresentao ................................................................................................... 7

    1 A legislao sobre estgio de estudantes e sua aplicao no PLAGEDER ........................................................................................ 11Susana Cardoso

    2 O estgio supervisionado em unidades de produo agrcola no PLAGEDER: aproximando o ensino a distncia ........................................................ 17Fbio Kessler Dal Soglio

    3 A experincia concreta do estgio ........................................................ 31Fernanda Bastos de Mello

    4 A experincia de tutoria a distncia e os resultados alcanados atravs de relatrios de estgios: um esforo de prxis pedaggica a distncia .......................................................... 39Fbio de Lima Beck

    4.1 Planejamento e gesto para o desenvolvimento rural: a experincia do Estgio Supervisionado I nos polos de Constantina e de Picada Caf ........................................................... 41Francis dos Santos, Veridiane Aparecida Cavalli, Deloir Federice, Sinsio Geromir Klauck e Alexandre Luiz Klauck

    4.2 Vivncias em unidades de produo agrcola: polos de So Loureno do Sul e deSo Francisco de Paula ..................... 45Jaqueline Russczyk, Flvia Suzana Bork, Luiz Eduardo Silva Comim, Roberto de Camargo Junior e Solange Drews Aguiar Mengue

    4.3 Reflexes sobre a prtica de estgio em UPAs no Curso de Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural: o caso dos polos de Santo Antnio da Patrulha e de Camargo....................................................................................... 51 Josiane Carine Wedig, Daniela Brugnera, Herbert Fischborn, Isaias Buhler das Neves, Lucia Fioravano Pinto, Renato Zanata eRinaldo da Silva Brito

  • 4.4 A vivncia de estgio nos polos de Balnerio Pinhal e de Hulha Negra ................................................................................. 58Mariana Francisca Arreguy Muniz, Delmar Afonso Dietz e Joo Jos de vila Nunes

    4.5 A experincia de estgios no meio rural dos polos de Arroio dos Ratos e de Quara ........................................................... 65Moiss da Luz, Jamir Fortunato Dalenogare, Janaina Bitencourt Holosbach e Gari Bibiano da Rosa Crixel

    4.6 Experincias em desenvolvimento rural: relatosde estgios nos municpios de Itaqui e de Trs Passos ............................ 72Raquel Lunardi, Ana Cristina Silveira Ozrio, Ana Luisa Rodrigues Meus Kulman, Evandro Luis Meus Dalcin, Marita Claudete Minetto e Diomar Lino Formenton

    4 Anexos ...................................................................................................... 81

  • 7EADAPRESENTAO

    O estgio curricular nos cursos de graduao constitui-se em uma importante oportunidade para que o aluno vivencie a realidade, aprofunde conhecimentos e habi-lidades em sua rea de interesse e tambm para que conhea melhor o ambiente de trabalho onde atuar profissionalmente.

    A disciplina Estgio Supervisionado I DERAD 018 do Curso de Gradua-o Tecnolgica em Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul, na modalidade de ensino a distncia, visa a proporcionar aos estudantes uma vivncia junto a agricultores de sua regio, pos-sibilitando-lhes relacionar essa experincia aos contedos das disciplinas anteriores do Curso. Objetiva, alm disso, auxili-los na problematizao da realidade regional da agricultura, na perspectiva do desenvolvimento rural, propiciando o reconheci-mento da estrutura, da organizao e das especificidades das unidades de produo agrcola (UPAs) escolhidas como locais de estgio.

    Este livro tem como autores os professores e tutores a distncia responsveis pela disciplina DERAD 018, bem como graduandos do PLAGEDER que cursaram a disciplina na primeira edio do Curso. Ressalta-se a diversidade de formao acad-mica dos docentes nas reas de Agronomia, Medicina Veterinria e Pedagogia e dos tutores a distncia nas reas de Turismo, Biologia, Cincias Sociais, Desenvolvimento Regional e Processos Agroindustriais, que favoreceu um enfoque inter e multidisci-plinar na estruturao e na conduo da disciplina, desejvel para um melhor conhe-cimento da realidade e para a elaborao de estratgias de desenvolvimento rural.

    O livro dividido em quatro captulos, nos quais se abordam os aspectos legais, operacionais e pedaggicos da disciplina DERAD 018 e se desenvolve uma reflexo sobre a experincia vivenciada na prtica pelos diferentes atores envolvidos: profes-sores, tutores a distncia e graduandos do PLAGEDER.

    No captulo 1, Susana Cardoso apresenta a legislao brasileira sobre estgio de estudantes e esclarece como os requisitos da lei foram aplicados no PLAGEDER. Informa quais foram os documentos necessrios para a realizao do estgio, as ins-tncias da Universidade que gerenciaram e registraram a documentao e o papel de atores externos Universidade, tais como orientadores de campo.

    No captulo 2, Fbio Kessler Dal Soglio analisa a disciplina Estgio Supervisionado I e sua relao com o projeto poltico-pedaggico do PLAGEDER. Tambm faz uma reflexo sobre a concepo e a experincia da disciplina em um curso a distncia, com

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    vistas formao de profissionais que conheam a realidade, que tenham um perfil crtico e inovador e que contribuam para a construo de processos de desenvolvimento rural.

    No captulo 3, Fernanda Bastos de Mello descreve a experincia concreta do estgio, apresentando a estrutura da disciplina DERAD 018, a forma de avaliao e a maneira como foi realizada a pendncia. Relata igualmente dificuldades encontradas, bem como os resultados da avaliao da disciplina realizada pelos alunos, que, em sua maioria, consideraram positiva a experincia de estgio.

    No captulo 4, Fbio de Lima Beck apresenta uma sntese do trabalho realizado pelos tutores a distncia da disciplina. Os textos dos tutores, cuja autoria compartilha-da com graduandos do PLAGEDER que cursaram a disciplina, caracterizam as regies e as UPAs em que os estgios foram realizados e, para enriquecer e ilustrar essa carac-terizao, incluem uma seleo de partes de relatrios de estgio representativos dos polos atendidos. O tutor Francis dos Santos apresenta sua experincia juntamente com Veridiane Aparecida Cavalli, Deloir Federice, do polo de Constantina, Sinsio Geromir Klauck e Alexandre Luiz Klauck, do polo de Picada Caf. A tutora Jaqueline Russczyk relata vivncias em UPAs com a colaborao dos estudantes Flvia Suzana Bork, do polo de So Loureno do Sul, Luiz Eduardo Silva Comim, Roberto de Camargo Junior e Solange Drews Aguiar Mengue, do polo de So Francisco de Paula. As reflexes da tutora Josiane Carine Wedig sobre a prtica de estgio so desenvolvidas em parceria com os graduandos Herbert Fischborn, Isaias Buhler das Neves, Rinaldo da Silva Brito, do polo de Santo Antnio da Patrulha, Daniela Brugnera, Lucia Fioravano Pinto e Re-nato Zanata, do polo de Camargo. A tutora Mariana Francisca Arreguy Muniz apresenta vivncias de estgio juntamente com os estudantes Delmar Afonso Dietz, do polo de Balnerio Pinhal, e Joo Jos de vila Nunes, do polo de Hulha Negra. O tutor Moiss da Luz relata estgios realizados no meio rural, com a colaborao dos alunos Jamir Fortunato Dalenogare, do polo de Arroio dos Ratos, Janaina Bitencourt Holosbach e Gari Bibiano da Rosa Crixel, do polo de Quara. Finalmente, experincias em de-senvolvimento rural registradas em relatrios de estgio so apresentadas pela tutora Raquel Lunardi, juntamente com os estudantes Ana Cristina Silveira Ozrio, Ana Luisa Rodrigues Meus Kulman, Evandro Luis Meus Dalcin, do polo de Itaqui, Marita Clau-dete Minetto e Diomar Lino Formenton, do polo de Trs Passos.

    Com este livro, pretende-se ratificar a importncia do Estgio Supervisionado I e salientar os cuidados necessrios ao implement-lo, no apenas para o cumprimento dos requisitos legais e para a diplomao dos alunos, mas como forma de proporcionar efetivamente uma experincia mpar, fruto da vivncia de situaes reais e da convivn-cia com diferentes atores sociais, que permita apreender seus modos de vida e a forma de produo das famlias rurais. Almeja-se que o estgio, com o auxlio das teorias estudadas, aguce a viso crtica e a capacidade de construo do conhecimento dos alunos, qualificando a formao dos profissionais que atuaro na perspectiva do desen-volvimento rural, da melhoria das condies de vida e da busca pela igualdade social.

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    Os organizadores desta obra agradecem ao tcnico administrativo Jorge Luis Aguiar Silveira, da Comisso de Graduao do PLAGEDER, pelo apoio que prestou e pelo tra-balho que realizou com empenho, principalmente no que diz respeito ao registro, ao gerenciamento e manuteno dos documentos imprescindveis viabilizao do estgio.

    Espera-se que os textos aqui apresentados documentem os mais variados as-pectos da experincia pioneira do estgio supervisionado no mbito do PLAGEDER e que contribuam para incentivar uma reflexo sobre estgios de outros cursos.

    Susana Cardoso

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    1 A LEGISLAO SOBRE ESTGIO DE ESTUDANTES E SUA APLICAO NO PLAGEDER

    Susana Cardoso1

    At a dcada de 1970, a nica regulamentao sobre estgio no Brasil encon-trava-se na Portaria n 1.002, de 29 de setembro de 1967, do Ministrio do Trabalho e Previdncia Social. Esta Portaria centrava-se sobretudo na caracterizao da ine-xistncia de vnculo trabalhista na relao de estgio. Por se tratar de uma portaria, surgiram na poca vrias crticas, contestando a competncia da Portaria para regula-mentar a matria (CONCEIO; AGUSTO JUNIOR; PELATIERI, 2008).

    O estgio curricular de estudantes de ensino superior, de ensino profissionali-zante de 2 grau e de ensino supletivo foi regulamentado pela Lei n 6.494, de 7 de dezembro de 1977 (BRASIL, 1977). Essa Lei foi complementada pelo Decreto n 87.497, de 18 de agosto de 1982 (BRASIL, 1982), que dispunha sobre o estgio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior. Para efeitos do referido Decreto, eram consideradas estgio curricular

    [...] as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, pro-porcionadas ao estudante pela participao em situaes reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizadas na comunidade em geral ou junto a pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, sob responsa-bilidade e coordenao da instituio de ensino (Art. 2).

    Esta era a legislao que vigorava no Brasil at ser sancionada a Lei n 11.788, de 25 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008), que dispe sobre o estgio de estu-dantes. Diferentemente das legislaes anteriores, que se preocupavam mais com as questes trabalhistas decorrentes do estgio, a lei vigente procura reforar o carter educacional do estgio e estabelecer alguns mecanismos de controle sobre essa ativi-dade, para evitar que o estgio sirva de subterfgio para o rebaixamento das condi-es de trabalho no pas (Anexo 1).

    A Lei n 11.788, que trata da definio, da classificao e das relaes de est-gio, em seu Art. 1, define estgio como

    1 Graduada em Medicina Veterinria pela UFRGS; mestre em Zootecnia pela UFRGS; doutora em Tecnologia de Alimentos pela UNICAMP; Professor Adjunto do Departamento de Medicina Veterin-ria Preventiva da Faculdade de Veterinria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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    [...] ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa preparao para o trabalho produtivo de edu-candos que estejam frequentando o ensino regular em instituies de educao superior, de educao profissional, de ensino mdio, da educao especial e dos anos finais do ensino fundamental, na moda-lidade profissional da educao de jovens e adultos.

    No mesmo Art. 1, 2, a Lei tambm estabelece que o estgio faz parte do projeto pedaggico do curso, alm de integrar o itinerrio formativo do educando e que ele visa ao aprendizado de competncias prprias da atividade profissional e contextualizao curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidad e para o trabalho.

    Um dos maiores avanos dessa nova legislao a preocupao com o carter pedaggico do estgio e com o acompanhamento sistemtico que ele dever ter por parte da instituio de ensino.

    Sobre a classificao do estgio, a Lei precisa que o estgio poder ser obri-gatrio ou no-obrigatrio, conforme determinao das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e rea de ensino e do projeto pedaggico do curso (caput do Art. 2) e que estgio obrigatrio aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horria requisito para aprovao e obteno de diploma (Art. 2, 1).

    No caso da disciplina Estgio Supervisionado I, do Curso de Graduao Tecno-lgica em Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural (PLAGEDER), na modalidade de Educao a Distncia (EAD), tema deste livro, o estgio considera-do obrigatrio, com uma carga horria de 150 horas, sendo, portanto, requisito para a aprovao no Curso e a obteno de diploma. Nos captulos seguintes, sero mais amplamente discutidas as experincias vivenciadas na disciplina.

    Em seu Art. 3, a Lei tambm estabelece que os estgios, obrigatrios ou no-obrigatrios, no criam vnculo empregatcio de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos:

    I matrcula e frequncia regular do educando em curso de educao superior [...];II celebrao de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estgio e a instituio de ensino;III compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estgio e aquelas previstas no termo de compromisso.

    Atendendo aos requisitos da Lei, para cursar a disciplina DERAD 018 no PLAGEDER, os alunos devem estar devidamente matriculados e frequentando regularmente o Curso.

    A Comisso de Graduao (COMGRAD-PLAGEDER) uma instncia da Uni-versidade que tem fundamental importncia para que as formalidades dos estgios sejam adequadamente cumpridas, pois essa Comisso responsvel por registrar, gerenciar e manter todos os documentos legais necessrios realizao dos estgios curriculares.

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    A legislao estabelece a obrigatoriedade de formalizao de um instrumento jurdico denominado Termo de Compromisso, o qual prev as condies de adequa-o do estgio proposta pedaggica do Curso, etapa e modalidade da formao do estudante, bem como ao horrio e ao calendrio escolar. A principal finalidade do Termo de Compromisso comprovar perante as autoridades competentes a ine-xistncia de vnculo empregatcio entre o estagirio e a organizao que acolher o estudante. Na UFRGS, a Secretaria de Assistncia Estudantil (SAE) responsvel pelo gerenciamento dos estgios obrigatrios e pela celebrao do Termo de Com-promisso entre a Universidade, o aluno e a parte concedente do estgio.

    Devido s caractersticas do Estgio Supervisionado I, que, conforme o projeto pedaggico do Curso, deve ser realizado em unidades de produo agrcola (UPAs), foi solicitada pela COMGRAD-PLAGEDER uma pequena modificao na termino-logia usada no Termo de Compromisso usado genericamente na Universidade, que, na maioria das vezes, tem como parte concedente empresas ou rgos inscritos no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica (CNPJ); assim, no caso das UPAs, os agricultores que acolhessem os alunos para estgio poderiam, se no dispusessem de CNPJ, apre-sentar como documento seu Cadastro de Produtor Primrio (PPR) junto Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, ou o Cadastro de Pessoa Fsica (CPF) do proprietrio/arrendatrio da UPA, ou o Registro Geral da Pesca (RGP), quando se trata de pescadores profissionais na pesca artesanal, tambm universo de ao do desenvolvimento rural e possvel local para realizao do estgio. Por ser o Termo de Compromisso um instrumento legal, a solicitao de modificao do texto foi enca-minhada Procuradoria Geral da UFRGS, que, aps o exame da questo, facultou o uso dos documentos supramencionados para identificar a parte concedente do estgio, adequando-o realidade da disciplina. O modelo do Termo de Compromisso utilizado para os alunos da disciplina DERAD 018 pode ser conferido no Anexo 2.

    Verifica-se um grande receio das partes concedentes do estgio em responsabili-zar-se por acidentes que porventura venham a ocorrer com o estagirio durante o pe-rodo de estgio. Por isso, a legislao vigente prev que, no caso de estgio obrigatrio, pode ser assumida pela instituio de ensino a responsabilidade por contratar em favor do estagirio seguro contra acidentes pessoais, cuja aplice seja compatvel com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso (inciso IV do Art. 9 da Lei n 11.788). No caso dos estgios de graduandos da UFRGS, a Secretaria de Assistncia Estudantil indica o nmero da aplice de seguro e o nome da empresa contratada pela Universidade, conforme consta no Termo de Compromisso (Anexo 2).

    Outra exigncia da Lei n 11.788 ( 1 do Art. 3), por ser o estgio um ato edu-cativo supervisionado, a necessidade de acompanhamento efetivo por um professor orientador da instituio de ensino e por um supervisor da parte concedente, deno-minado, no caso da disciplina DERAD 018, orientador de campo. No planejamento da disciplina, ficou estabelecido que poderia ser orientador de campo um profissional com curso superior relacionado com o Desenvolvimento Rural que se dispusesse a assinar o Termo de Compromisso e o Plano de Atividades e que, quando solicitado,

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    prestasse aconselhamento tcnico ao estagirio. Sugeriu-se aos alunos procurarem pro-fissionais que estivessem atuando como tcnicos nas prefeituras municipais, nos rgos de assistncia tcnica e extenso rural, nas associaes de produtores ou nas coopera-tivas, e/ou profissionais autnomos que atuassem nas UPAs escolhidas para a realizao do estgio ou o mais prximo possvel destas. Os professores orientadores da UFRGS foram os quatro professores da disciplina (um Engenheiro Agrnomo, duas Mdicas Veterinrias e um Pedagogo), cada um responsvel por determinado grupo de alunos do Curso e devendo assinar os respectivos Termos de Compromisso.

    O Art. 6 da Lei n 11.788 estabelece que o local do estgio pode ser selecio-nado a partir de cadastro de partes cedentes, organizado pelas instituies de ensino ou pelos agentes de integrao. Pelo fato de o Curso de Graduao em Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural estar em sua primeira edio na UFRGS, no se dispunha de cadastro de UPAs nos municpios ou regies em que estavam instala-dos os 12 polos do PLAGEDER quando do oferecimento do Estgio Supervisionado I (Arroio dos Ratos, Balnerio Pinhal, Camargo, Constantina, Hulha Negra, Itaqui, Picada Caf, Quara, Santo Antnio da Patrulha, So Francisco de Paula, So Lou-reno do Sul e Trs Passos). A falta de um banco de dados com o cadastro de UPAs interessadas em oferecer oportunidades de estgio para facilitar a intermediao da Universidade e dos alunos foi um fator limitante que devia ser suprido. Acredita-se que o cadastro dos dados das UPAs e dos profissionais que se dispuseram a orientar os estgios nesta primeira edio do PLAGEDER, bem como das informaes sobre possveis propriedades e orientadores de campo fornecidas pelos coordenadores dos polos e pelos tutores presenciais, que conhecem melhor a realidade local e regio-nal em que atuam, propiciar s turmas seguintes que cursarem a disciplina maior facilidade de acesso e mais ampla escolha de locais de estgio adequados no s s expectativas individuais dos alunos, como tambm ao objetivo do Curso.

    Foi emitido pela COMGRAD-PLAGEDER e enviado a cada um dos polos envol-vidos um certificado destinado aos agricultores/UPAs e outro destinado aos orientado-res de campo que, respectivamente, acolheram e orientaram os estudantes em seus estgios, como expresso de reconhecimento por sua contribuio para a formao dos alunos e para a qualificao do Curso. Esses certificados, que traziam a assinatu-ra do Coordenador do Curso e de um dos professores responsveis pela disciplina, foram muito bem recebidos tanto pelas famlias de agricultores quanto pelos pro-fissionais que orientaram os alunos; e serviram de estmulo para o oferecimento de novas oportunidades de estgio pelas UPAs e de orientao por profissionais da rea de Desenvolvimento Rural para futuros estagirios.

    O Captulo II da Lei n 11.788, que trata das obrigaes das instituies de en-sino em relao aos estgios de seus educandos, determina que se deve exigir do edu-cando a apresentao peridica, em prazo no superior a 6 (seis) meses, de relatrio das atividades (inciso IV do Art. 7). Para a disciplina DERAD 018, exigiu-se de cada aluno, durante o perodo de estgio, a postagem na plataforma MOODLE de um re-gistro semanal de atividades com a descrio de tudo aquilo que o estagirio estava

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    vivenciando na UPA. Ao final do estgio, tambm era requisito para a concluso da dis-ciplina e a obteno de conceito para aprovao a elaborao de um relatrio contendo a descrio de toda a experincia vivenciada, a anlise desta com base nos contedos desenvolvidos nas disciplinas anteriormente cursadas e uma avaliao crtica da expe-rincia (assunto que ser mais bem detalhado nos captulos subsequentes deste livro).

    A Lei prev ainda, em seu Art. 7, que um plano de atividades do estagirio seja elaborado em acordo das trs partes envolvidas (estagirio, parte concedente do estgio e instituio de ensino). A elaborao do plano de atividades requer que o estudante tenha um conhecimento prvio sobre a UPA no que se refere realidade da agricultura que ele acompanhar no decorrer do estgio. Para a disciplina DERAD 018, foi proposto um modelo de Plano de Atividades que continha, alm dos dados de identificao do estagirio, da UPA, do orientador de campo e do supervisor de estgio na UFRGS, a descrio das atividades que seriam desenvolvidas durante o estgio e a carga horria destinada a cada uma das atividades (Anexo 3). Cada Plano de Atividades deveria ser assinado pelo estagirio e pelo orientador de campo e ser anexado ao Termo de Compromisso para registro na SAE.

    A jornada de atividade em estgio dever ser definida de comum acordo entre a instituio de ensino, a parte concedente e o aluno estagirio, devendo constar do termo de compromisso que ela compatvel com as atividades de ensino (Art. 10 da Lei n 11.788). No caso do PLAGEDER, os alunos poderiam ter uma jornada de at 40 horas semanais de estgio, incluindo os finais de semana (sbados e/ou domingos), desde que os responsveis pelas UPAs concordassem. A possibilidade de cumprir parte da carga horria do estgio em finais de semana foi especialmente importante para os alunos trabalhadores, que no dispunham de tempo para a rea-lizao do estgio durante os dias de semana. Como muitas atividades nas UPAs, tais como alimentao dos animais, ordenha das vacas leiteiras, plantio e colheita de vegetais, entre outras, so desenvolvidas diariamente, no haveria prejuzo para a realizao de estgio nos finais de semana; e estes poderiam, alm disso, ser perodos propcios para os estagirios se encontrarem e interagirem com as pessoas que no trabalham na propriedade, mas que so membros da famlia e nela residem.

    Para atender a todos os requisitos da nova lei de estgios, foi necessria, por parte dos responsveis pelo Estgio Supervisionado I e da COMGRAD-PLAGEDER, a elaborao de vrios documentos e controles, j anteriormente citados, pois foi a primeira vez que essa disciplina foi oferecida no Curso.

    Visando ao cumprimento da lei, foi determinado que os estudantes s pode-riam iniciar seus estgios depois que toda a documentao tivesse sido analisada, as-sinada e aprovada pelos professores responsveis pela disciplina e pela COMGRAD-PLAGEDER. Por se tratar de documentos impressos e assinados por vrias pessoas que estavam fisicamente em locais distintos como os agricultores e os orientadores de campo, que se encontravam nos municpios-sede dos polos, o Coordenador do Curso e os supervisores da UFRGS, que se encontravam na sede do Curso, em Porto Alegre , foi preciso digitar e postar os documentos na plataforma MOODLE para a

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    coleta das assinaturas e o arquivamento dos documentos no sistema de base de dados da UFRGS. Essas operaes demandaram muito trabalho e muita organizao por parte de todos os envolvidos com a disciplina.

    CONSIDERAES FINAIS

    A legislao vigente sobre estgio de estudantes, formulada na Lei n 11.788, procura reforar o carter educacional do estgio e estabelecer alguns mecanismos de controle sobre essa atividade. Por isso, ao conceber o Estgio Supervisionado I e ao implement-lo no PLAGEDER, tentou-se reforar o carter educacional dessa disciplina na perspectiva da teoria da aprendizagem vivencial, segundo a qual o es-tgio curricular no simplesmente uma experincia prtica vivida pelo aluno, mas uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos tericos e ins-trumentos discutidos durante o curso de graduao (ROESCH, 2009, p. 4).

    Todos os requisitos previstos pela legislao, tais como plano de atividades, ter-mo de compromisso, seguro contra acidentes pessoais, carga horria, orientao de campo e superviso docente, foram atendidos, a fim de que os alunos realizassem os estgios supervisionados de acordo com a lei; e foram estabelecidos, no PLAGE-DER, mecanismos de controle interno, com o intuito de registrar, gerenciar e arqui-var adequadamente os documentos necessrios realizao do estgio.

    Do ponto de vista legal e educacional, considera-se que a disciplina Estgio Supervisionado I atingiu seus objetivos.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Lei n 6.494, de 7 de dezembro de 1977. Dispe sobre os estgios de estu-dantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2 Grau e Supletivo e d outras providncias.

    ______. Decreto n 87.497, de 18 de agosto de 1982. Dispe sobre o estgio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de 2 grau regular e supletivo, nos limites que especifica e d outras providncias.

    ______. Lei n 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispe sobre o estgio de es-tudantes [...] e d outras providncias.

    CONCEIO, Jefferson Jos da; AUGUSTO JUNIOR, Fausto; PELATIERI, Patrcia Toledo. A nova regulamentao do estgio: Lei n 11.788/2008. Jus Navigandi, Teresi-na, a. 13, n. 2000, 22 dez. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 17 maio 2010.

    ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estgio e de pesquisa em administrao: guia para estgios, trabalhos de concluso, dissertaes e estudos de caso. Colaborao de Grace Vieira Becker e Maria Ivone de Mello. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2009.

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    2 O ESTGIO SUPERVISIONADO EM UNIDADES DE PRODUO AGRCOLA NO PLAGEDER: APROXIMANDO O ENSINO A DISTNCIA

    Fbio Kessler Dal Soglio2

    Os estgios curriculares, de maneira geral, tm a funo de permitir que os estudantes vivenciem a realidade de seus campos de estudo e que possam aplicar al-guns dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas cursadas. Em cursos presenciais, os estgios so caracterizados pelo afastamento dos estudantes das condies de sala de aula, assumindo, assim, propriedades semelhantes s do ensino a distncia (EAD). Paradoxalmente, nas atividades de estgio em cursos de educao a distncia que o ensino adquire uma caracterstica de maior contato entre pessoas, sendo, por isso, consideradas atividades presenciais, raras ao longo dos cursos. Dessa forma, im-portante que aspectos de estgios supervisionados obrigatrios em cursos de gradua-o na modalidade de EAD sejam analisados, especialmente quanto a seus objetivos, execuo, sucessos e problemas. A experincia da disciplina Estgio Supervisionado I , pois, um caso a ser examinado, tendo-se por base sua relao com o Projeto Pedaggico do Curso de Graduao Tecnolgica em Planejamento e Gesto do De-senvolvimento Rural (PLAGEDER), no qual est inserida.

    Em outros captulos deste livro, so descritas a estrutura e as ferramentas uti-lizadas para o oferecimento da disciplina e expostos aspectos legais e operacionais a ela relacionados; alm disso, so apresentados e comentados alguns dos relatrios de estgio elaborados, individualmente ou em grupos, por alunos. No presente captu-lo, pretende-se, por um lado, desenvolver uma reflexo sobre a experincia em si, sobre o que funcionou e o que deu errado e sobre as lies aprendidas e, por outro, verificar se seus objetivos foram alcanados.

    O foco principal da anlise so a perspectiva do projeto pedaggico do Curso e reflexes baseadas nas experincias dos professores responsveis por estgios super-visionados em cursos presenciais nas reas de Agronomia e Veterinria. Esses profes-sores foram incumbidos de desenvolver, com base em suas experincias, a disciplina de Estgio Supervisionado no curso PLAGEDER, partindo de um programa que se

    2 Graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); especia-lizado em Melhoramento de Plantas pela Universidade de Wageningen Holanda; mestre em Fitotecnia pela UFRGS; doutor em Fitopatologia pela University of Illinois at Urbana Cham-paign; Professor Associado do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia/UFRGS; editor-chefe da Revista Brasileira de Agroecologia.

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    limitava a uma smula, a um calendrio com prazos de incio e fim e determina-o de que a atividade teria 150 horas. No mais, tiveram a liberdade de criar uma estrutura, de desenvolver materiais didticos e documentos legais e de executar a disciplina em conjunto com os tutores a distncia. A anlise dessa experincia pode, assim, servir para que outros cursos EAD decidam pela incluso e por uma melhor adequao de estgios em seus projetos pedaggicos, alm de contribuir para o apri-moramento do PLAGEDER em futuras edies.

    CONSIDERAES SOBRE ESTGIOS EM EAD E SOBRE O PROJETO POLTICO-PEDAGGICO DO PLAGEDER

    Estgios supervisionados, obrigatrios ou no, so componentes curriculares encontrados em muitos dos cursos de graduao brasileiros, sendo recomendados e, em alguns casos, at exigidos pelas diretrizes curriculares estabelecidas pelo Con-selho Nacional de Educao (CNE), como ocorre com os cursos de Agronomia, Ar-quitetura, Pedagogia e outros. Esta tambm a realidade em alguns cursos superiores de tecnologia, como o PLAGEDER, pois, embora no sejam obrigatrios, os estgios so incentivados pelo CNE como forma de articular teoria e prtica, promovendo a pesquisa individual ou coletiva (Parecer CNE/CP n 29/2002 e Resoluo CNE/CP n 3/2002). Em alguns cursos tecnolgicos de graduao, no so previstos estgios como parte integrante do currculo, o que pode estar relacionado concepo de que cur-sos tecnolgicos devem ser mais enxutos e ideia de que os estgios acabam sendo eliminados dos projetos pedaggicos por no poderem ser includos na carga horria mnima, por fora de resoluo do CNE. Muitos cursos superiores tecnolgicos enten-dem que devem ater-se s tecnologias que ensinam, e no reconhecem a importncia que tem a formao dos futuros profissionais no sentido de se prepararem para poder, de forma crtica e interdisciplinar, atuar junto sociedade.

    A valorizao dos estgios na formao dos estudantes do ensino superior, tec-nolgicos ou no, tem sido a tendncia preponderante, embora em algumas situaes ela at merea crticas. O alvo de tais crticas so estgios que no oferecem a possibili-dade de aplicao ampla dos conhecimentos adquiridos pelos estudantes, que acabam sendo usados como mo de obra de baixo custo. Essa relao de estagirios com o mercado de trabalho, mesmo aps a regulamentao dos estgios pela Lei n 11.788, de 25 de setembro de 2008, por vezes expe educandos a experincias que se reduzem a trabalhos meramente repetitivos, que no lhes permitem vivenciar aspectos mais amplos de seus campos de trabalho e da realidade da vida. Essa condio, no entanto, no pode ser generalizada, especialmente quando os estgios so supervisionados e concebidos em uma perspectiva pedaggica. Nessa perspectiva, devem propiciar aos educandos a valorizao de diferentes aspectos de suas reas de formao e, ao mes-mo tempo, instrument-los para relacionarem os contedos anteriormente estuda-dos com os problemas vivenciados na situao de estgio. Cabe, por isso, instituio

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    de ensino e ao projeto pedaggico dos cursos superiores tecnolgicos propor estgios supervisionados com a devida definio de objetivos e de perspectivas, munindo-os de ferramentas capazes de assegurar que estes sejam atingidos e que contribuam para a formao de profissionais dotados de senso crtico e habilitados a propor solues inovadoras adaptadas s condies que iro encontrar no exerccio de sua profisso.

    Com relao s modalidades de ensino, a realidade dos estgios tem se desen-volvido rotineiramente sobretudo em cursos de graduao presencial, com todo o controle e acompanhamento necessrios por parte das instituies de ensino para conferir qualidade a essa atividade. Entretanto, nos ltimos anos, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Art. 80 da Lei n 9.394, de 20 de dezem-bro de 1996), ampliaram-se os espaos para os cursos de graduao na modalidade de EAD; e, nessa nova modalidade de ensino, a superviso dos estgios, instncia qual compete afianar a qualidade da disciplina e, consequentemente, o aproveita-mento da experincia pelos educandos, passou a constituir um problema.

    Segundo Faria (2006), a EAD tornou-se uma opo relevante para a formao de profissionais de nvel superior a partir dos anos 1990, graas criao da Secre-taria de Educao a Distncia (SEED) no Ministrio da Educao (MEC), a diversos programas nacionais de apoio EAD e introduo da EAD em vrias universida-des brasileiras, pblicas e privadas. A partir de 2001, o MEC, atravs de portarias, e o Conselho Nacional de Educao, atravs de resolues, passaram a regular e a qualificar a EAD para uma melhor atuao na educao superior, em cursos de gra-duao e ps-graduao, incluindo o incentivo utilizao de ferramentas de EAD em at 20% dos cursos presenciais. Em 2007, a SEED/MEC publicou o documento Referenciais de Qualidade para Educao Superior a Distncia, no qual faz inmeras reco-mendaes que os proponentes de cursos de EAD, ao formularem suas propostas, devem levar em considerao para poderem assegurar qualidade de educao. Entre outras consideraes sobre a necessidade de garantir a qualidade de cursos de gradu-ao na modalidade de EAD, a SEED observa que, em primeiro lugar, se faz mister compreender a EDUCAO para, depois, se trabalhar o modo de organizao: A DISTNCIA. Nesse sentido, o documento salienta que

    [...] o ponto focal da educao superior seja ela presencial ou a distn-cia, nas inmeras combinaes possveis entre presena, presena virtual e distncia o desenvolvimento humano, em uma perspectiva de com-promisso com a construo de uma sociedade socialmente justa. Da a importncia da educao superior ser baseada em um projeto pedaggico e em uma organizao curricular inovadora, que favoream a integrao entre os contedos e suas metodologias, bem como o dilogo do estu-dante consigo mesmo (e sua cultura), com os outros (e suas culturas) e com o conhecimento historicamente acumulado (SEED, 2007, p. 9).

    Fica evidente, quando se espera que cursos de graduao na modalidade de EAD promovam qualidade, desenvolvimento humano e compromisso com a justia

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    social, ser necessria a incluso de estgios supervisionados em seus projetos pedag-gicos. Entretanto, a possibilidade de superviso e de acompanhamento dos educan-dos por parte das instituies apresenta alguns desafios, especialmente no que concer-ne capacidade de cobrir reas geogrficas maiores que aquelas que as instituies de ensino presencial normalmente cobrem. Isso, por ser maior o nmero de educandos que precisam de superviso, e menor o conhecimento que tm os professores, su-pervisores e tutores a distncia quanto s caractersticas prevalentes nas diferentes regies e quanto adequao dos locais disponveis para estgios aos objetivos do projeto pedaggico. Assim sendo, passa a ser uma misso dos responsveis pelo pla-nejamento e execuo dos estgios em cursos de graduao na modalidade de EAD, tecnolgicos ou no, criar uma estrutura e mecanismos de superviso e de correo de problemas tais que ensejem aos alunos alternativas e condies para participao nos estgios de forma a serem alcanados seus principais objetivos.

    Em muitos cursos de graduao na modalidade de EAD, como os relacionados educao e a trabalhos especficos, os estgios so oferecidos ao final do curso, de modo a permitir aos educandos exercitarem alguns dos conhecimentos profissio-nais adquiridos ao longo de sua formao. Nesses casos, ocorre que os educandos empreen dam o estgio com alguns conhecimentos cristalizados, sem espao de ma-nobra, e, por isso, a ao deles muitas vezes se apresenta pouco flexvel, ou at pre-conceituosa, frente s realidades locais, devido falta de vivncia face diversidade existente no mundo real. Por outro lado, h casos em que os estgios servem para que os estudantes se exponham realidade dos locais onde devero atuar como pro-fissionais, a fim de poderem observar na prtica situaes que sero posteriormente discutidas nos cursos e preparar-se, assim, para abordar a realidade de forma crtica. Essas diferentes situaes, que chegam a ser antagnicas, so encontradas com fre-quncia em projetos pedaggicos dentro de uma mesma rea do conhecimento, refletindo diferenas entre polticas pedaggicas das instituies de ensino superior.

    Cabe aos idealizadores dos projetos pedaggicos dos cursos, caso optem pela incluso de estgios, definir quais sero as funes pedaggicas destes e como eles devero ser conduzidos. Atualmente, nos projetos pedaggicos, no raro os estgios so pensados com um enfoque humanstico, visando a ensejar aos educandos a vi-vncia de uma realidade multifacetada, para que possam no apenas aplicar conhe-cimentos, mas, principalmente, desenvolver um senso crtico sobre sua insero na sociedade, de sorte que sejam estimulados a agir de forma construtiva, propositiva, e no apenas reativa. E esta a perspectiva dos estgios supervisionados no PLAGE-DER, especialmente na disciplina Estgio Supervisionado I, que objetiva propiciar aos alunos uma vivncia em UPAs da regio em que vivem.

    No projeto pedaggico do PLAGEDER, que tem como objetivo geral oferecer uma formao em nvel superior com vistas a capacitar profissionais com perfil crtico e inovador para atuarem em questes relativas ao desenvolvimento, planejamento e gesto rural em nvel local e regional [...] (PLAGEDER, 2007, p. 2), os Estgios Su-

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    pervisionados I e II so atividades fundamentais que, juntamente com seminrios in-tegradores, tm como objetivo permitir a sntese e a confrontao dos contedos dos diferentes componentes curriculares com a realidade (p. 3). Salienta-se igualmente no projeto pedaggico que esses estgios supervisionados tm estreita vinculao com os eixos temticos, sendo indispensveis formao dos estudantes, por permitirem a aproximao tanto com a realidade local quanto com o mundo profissional.

    Evidentemente, os objetivos do projeto pedaggico no poderiam ser alcana-dos se no houvesse uma mnima concordncia entre as disciplinas formadoras e os estgios quanto aos conceitos trabalhados, especialmente com relao ao desenvolvi-mento rural. Assim, embora no esteja totalmente explcito em seu projeto pedaggi-co, podemos, com base nas temticas discutidas nas disciplinas oferecidas, assumir como um conceito geral de desenvolvimento rural aquele discutido na disciplina Teorias do Desenvolvimento DERAD 003 (CONTERATO; FILLIPI, 2009), que destaca a perspectiva de Ploeg et al. (2000) de que desenvolvimento rural pode ser tomado como um novo paradigma em substituio ao paradigma da modernizao da agri-cultura que, alm da dimenso econmica, busca incluir novas dimenses s pers-pectivas do desenvolvimento. Destacam-se entre essas dimenses a busca de modelos de agricultura sustentvel, a valorizao das paisagens como bens pblicos, o reforo a dinmicas e sinergias nos ecossistemas locais, a pluriatividade das famlias rurais e a substituio das economias de escala por economias de escopo.

    Lembram Conterato e Fillipi (2009) que esse novo paradigma implica observar o desenvolvimento rural a partir de uma perspectiva multinvel. Em nvel global, so fundamentais as percepes sobre novas relaes entre agricultura e sociedade, ao que se pode acrescentar a necessidade de integrar perspectivas ambientais. Em nvel inter-medirio, ou regional, ressalta-se a necessidade de desenvolvimento de um novo mode-lo agrcola que leve em considerao as sinergias entre ecossistemas locais e regionais. E, em nvel dos indivduos, salientam-se novas possibilidades de alocao do trabalho familiar, de forma a garantir a reproduo social. Alm de multinvel, o paradigma do desenvolvimento rural tambm multiator, pois inmeros so os envolvidos no proces-so, e multifacetado, pois mltiplas so as prticas e atividades que podem ser realizadas.

    Organizar todas essas perspectivas de um novo paradigma nas diferentes regies no pode ser plenamente atingido em um curso formal, limitado pelo tempo, espe-cialmente quando oferecido a distncia. Assim, ser necessrio ir ao encontro das realidades regionais e propiciar aos estudantes a vivncia de diferentes situaes, de modo que possam conviver com diferentes atores e observar novas perspectivas. Esta foi a motivao para a proposta de dois estgios supervisionados no projeto pedaggico do PLAGEDER, sendo o primeiro (Estgio Supervisionado I) voltado perspectiva da vida e da produo das famlias rurais e o segundo (Estgio Supervi-sionado II), perspectiva da transformao de produtos agrcolas e da insero da agroindustrializao nesse paradigma. No presente captulo, interessa-nos o primei-ro, que tem os seguintes objetivos:

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    A partir dos contedos tericos e metodolgicos proporcionados at en-to pelo curso, em especial neste Eixo Temtico, prope-se ao aluno a rea-lizao de um estgio em uma unidade de produo agrcola. O estgio tem como objetivo valorizar as diversas dinmicas da prtica profissional (em especial a insero no ambiente de trabalho e o reconhecimento da formao disponibilizada pelo Curso frente situao vivenciada), assim como permitir ao aluno confrontar os contedos e conhecimen-tos adquiridos [com] a realidade vivenciada no local do estgio. Alm do reconhecimento da estrutura, da organizao e das especificidades da unidade de produo agrcola, o aluno dever proceder a uma avaliao socioeconmica e produzir proposies de desenvolvimento para a uni-dade de produo. Nessa atividade de estgio supervisionado, o aluno ter o acompanhamento e superviso de tutor local e do professor res-ponsvel pela disciplina. O aluno dever produzir relatrio restituindo a situao, as perspectivas futuras, assim como as propostas identificadas para a unidade de produo (PLAGEDER, 2007, p. 17-18).

    Partindo, pois, da definio do que se entende por desenvolvimento rural con-ceito complexo e de difcil consenso at entre os professores que conceberam o curso do PLAGEDER e o Estgio Supervisionado I e que se envolveram em sua execuo , era necessrio organizar a atividade de forma a permitir aos estudantes vivenciar ml-tiplas perspectivas. Foi visando a esses objetivos e tendo em mente essas possibilidades que a equipe de professores responsvel pelo estgio passou a trabalhar.

    A CONCEPO DO ESTGIO: DESBRAVANDO CAMINHOS

    Superados os desafios iniciais, de apropriao pelos professores das ferramentas bsicas do EAD, que no PLAGEDER esto disponveis atravs da plataforma MOODLE, e da adaptao dos alunos virtualizao, passou-se discusso sobre as caractersticas do estgio, a fim de melhor definir as opes de locais de estgio e os procedimentos e perodos adequados para que os objetivos da atividade pudessem ser alcanados por alunos que, em geral, dispem de pouco tempo para atividades presenciais.

    Considerando que a agricultura, especialmente no Rio Grande do Sul, apresen-ta um leque muito grande de estilos e de organizaes e que, nas regies em que o PLAGEDER oferecido, ou seja, em 12 polos espalhados pelo estado, se encontram muitos desses estilos, uma opo seria restringir os estgios a vivncias em determina-dos tipos de UPAs, que representassem, por exemplo, estilos de agricultura familiar. No entanto, visando ampliao do escopo e no pretendendo repassar uma viso de posio ideolgica, a deciso foi no limitar os tipos de UPAs, mas facultar aos alunos o convvio com toda a diversidade de estilos e, portanto, com a realidade mais ampla da agricultura do estado.

    Aps essa definio, passou-se organizao do estgio e aos procedimentos ne-cessrios para que os estudantes pudessem escolher locais adequados para essa atividade. Como os alunos deveriam dedicar a ela um total de 150 horas, a atividade foi dividida

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    em trs fases: a primeira, de preparao, com dedicao de 25 horas dos estudantes para planejar e legalizar o estgio; a segunda, o estgio propriamente dito, cobrando-se a pre-sena dos alunos durante 100 horas nos locais por eles escolhidos; e a ltima, de elabo-rao e apresentao dos relatrios, exigindo-se para tanto uma dedicao de 25 horas.

    A fase de preparao Foram previstas, para essa fase, 25 horas, de modo que houvesse um tempo disponvel para a definio do local de estgio, a adequao de um plano de atividades, a legalizao do estgio e o registro dos estudantes junto Secretaria de Assuntos Estudantis da Universidade, que lhes garantiria cobertura de seguro contra acidentes durante as atividades da disciplina, como exigido pela Universidade para todos os estagirios. Essa fase foi iniciada com uma aula presencial em que os tutores a distncia apresentaram a disciplina e com a disponibilizao na plataforma MOODLE de uma srie de materiais preparatrios, documentos para o registro e o planejamento dos estgios, e tutoriais orientando como estes deveriam ser preenchidos. Como a fase de preparao precisaria contemplar o tempo necess-rio para que os estudantes encontrassem locais de estgio, convidassem profissionais com curso superior para atuarem como orientadores de campo e planejassem suas atividades de estgio, estimou-se, para o cumprimento dessas tarefas, a necessida-de de dedicao de 25 horas pelos estudantes e, para tanto, definiu-se o prazo de um ms. preciso lembrar que, alm de constituir uma novidade para os estagi-rios, essa fase demandaria um tempo de buscas e negociaes que nem sempre so fceis em municpios pequenos, especialmente levando-se em conta as limitaes de tempo dos estudantes. Na execuo dessa fase, foram poucas, de modo geral, as dificuldades observadas, exceto que, como a disciplina implicava procedimentos consideravelmente diferentes dos das demais disciplinas, os estudantes manifestaram inicialmente muitas dvidas que precisaram ser rapidamente resolvidas pelos tutores presenciais. Essa dificuldade inicial talvez pudesse ter sido mais prontamente sanada se os tutores locais e os coordenadores de polos estivessem mais envolvidos no pla-nejamento e na execuo do estgio.

    Uma questo relevante relacionada a possveis problemas ticos foi levantada logo no incio por estudantes e tutores a distncia. A questo referia-se a relatrios que contivessem informaes potencialmente comprometedoras para os agriculto-res, que se referissem, por exemplo, ao no cumprimento de leis ambientais ou de leis reguladoras da produo e da comercializao de produtos agrcolas. Como a di-vulgao de tais informaes atravs de relatrios poderia causar mal-estar aos agri-cultores ou problemas deles com rgos de fiscalizao, props-se que os respons-veis pelas UPAs em que os estgios fossem realizados preenchessem e assinassem um Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido que contivesse explicaes sobre a funo do estgio e sobre a elaborao do respectivo relatrio final. Ao as-sinar esse termo de consentimento, o responsvel pela UPA poderia optar quer por autorizar o relatrio integralmente, quer por exigir sigilo, omitindo-se, nesse caso, a identificao da UPA e de seus proprietrios ou responsveis.

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    Ao final da fase de preparao do estgio, embora em alguns polos o apoio de tutores presenciais e de coordenadores tenha sido limitado, at por no ter sido pen-sado inicialmente, os estudantes conseguiram, na maioria dos casos, escolher pro-priedades que cumpriam com as exigncias da disciplina. Ficou evidente, no entanto, que uma participao mais ampla de mediadores locais, ligados ou no ao Curso, poderia ter facilitado a realizao dessa fase, incluindo apoio escolha das UPAs, de modo que se atingissem mais facilmente as metas da atividade. Foi bastante difcil para professores e tutores a distncia opinar sobre as melhores opes; e os estudan-tes acabaram, por vezes, optando por realizar a atividade em grupos, estagiando em uma mesma UPA e restringindo, assim, as oportunidades de experincias diferentes que pudessem ser posteriormente permutadas com os colegas.

    Houve uma diferenciao entre os polos quanto s preferncias dos estudan-tes relacionadas aos tipos de UPAs. Em alguns polos, a preferncia foi por UPAs representativas das unidades de produo de base familiar, mais frequentes nessas regies. Em outros polos, a preferncia foi por unidades de produo consideradas modelos, as quais, por vezes, eram menos representativas das respectivas regies. Em alguns polos, enfim, prevaleceu a opo por estgios em unidades de produo empresariais, especialmente nas regies com predomnio desse tipo de atividade, o que parece ter limitado a percepo, por parte dos estudantes, da necessidade de mudanas de paradigma.

    A fase de estgio atividade de estgio propriamente dito os estudantes deveriam dedicar 100 horas, tempo que os responsveis pela organizao da disciplina consideraram adequado para que os estagirios realizassem a tarefa de forma satisfat-ria, dentro do prazo estipulado pelo projeto pedaggico, sem comprometer as demais atividades que eles normalmente desenvolvem. Calculou-se que a dedicao de seis ho-ras por dia, nos finais de semana, permitiria aos estudantes com menor disponibilidade de tempo concluir a atividade satisfatoriamente. Isso, levando em conta que, em geral, um nmero significativo de atividades so realizadas nas UPAs aos sbados e domingos. De fato, a previso foi acertada, e poucos foram os estudantes que encontraram dificul-dades para encerrar essa fase no prazo fixado. Uma minoria dos estudantes retardou o incio do estgio por conta de problemas pessoais, mas eles conseguiram em geral contornar a dificuldade dedicando atividade mais dias durante a semana.

    O controle da frequncia aos estgios foi realizado principalmente pela cobran-a da postagem semanal, na plataforma MOODLE, de registros das atividades desen-volvidas. Esse instrumento tambm cumpriu com a finalidade de auxiliar os estagi-rios a consignarem suas experincias, visando elaborao do relatrio final. Houve, conforme previsto, alguns casos de atrasos nas postagens dos registros de atividades, mas, de maneira geral, essa ferramenta se revelou apropriada ao acompanhamento dos estudantes pelos tutores a distncia. Ao responderem aos registros postados, os tutores tinham a oportunidade de recomendar aos estudantes mudana de atitude, avaliar a dedicao e as dificuldades de cada um e at mesmo fazer comentrios que

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    enriqueceram a experincia. Parte da avaliao dos estudantes foi construda com base no somente na assiduidade das postagens como tambm na qualidade dos registros, porque estas foram levadas em considerao pelos tutores na definio do conceito a ser atribudo, no instrumento de avaliao, no item atitude e desempe-nho durante o estgio, com peso de 30% na avaliao final.

    O tempo de estgio propriamente dito, de 100 horas, poderia ser mais bem aproveitado caso o perodo para concluso fosse ampliado. Em algumas situaes, os estudantes no conseguiram acompanhar certas atividades realizadas nas UPAs por no terem comparecido na poca aprazada. Muitas atividades das UPAs, de produo ou de transformao, so sazonais, e no contaram com a participao dos estudan-tes. Houve at casos de estudantes que se comprometeram a retornar s UPAs na poca adequada para acompanhar tais atividades, visando a compreender melhor sua complexidade, uma vez que elas devem ser levadas em considerao na implemen-tao de projetos de desenvolvimento. Outra opo seria estender o estgio pelo perodo de um ano, distribuindo esse tempo em momentos intermedirios entre as diversas disciplinas a distncia e utilizando-os para acompanhamento das atividades sazonais e dos problemas enfrentados pelas famlias de agricultores de cada regio.

    A fase de elaborao e apresentao do relatrio Entendeu-se que, para que os estudantes tivessem a oportunidade de fazer uma reflexo mais aprofun-dada sobre sua vivncia e uma troca de experincias com os colegas, seria necessrio prever um tempo para a redao dos relatrios e um seminrio para a apresentao destes. Destinaram-se a essa fase 25 horas aps o perodo de estgio propriamen-te dito. Tanto o relatrio final quanto sua apresentao presencial serviram como instrumentos de avaliao. O relatrio final representou 30% do conceito final, e sua apresentao outros 40%, sendo esta ltima considerada como avaliao pre-sencial, conforme exigido pelo projeto pedaggico do PLAGEDER e pela Universi-dade Aberta do Brasil (UAB). Nessa fase, os estudantes contaram com o constante apoio dos tutores e tiveram sua disposio exemplos para a redao dos relatrios, exigindo-se que, nessa redao, seguissem as normas da ABNT.

    De maneira geral, os relatrios dos estgios contemplaram as principais preo-cupaes do grupo de docentes envolvido no planejamento e no acompanhamento da atividade curricular. Os relatrios que se destacaram nos diferentes polos foram selecionados para serem divulgados pelos tutores a distncia, graas sua amplitude e sua qualidade, e extratos deles encontram-se publicados neste livro. Poucos foram os relatrios julgados aqum do esperado; nesses casos, os estudantes foram solicita-dos a refaz-los durante o perodo de pendncia, e lograram melhor-los.

    Quanto representatividade das UPAs escolhidas pelos estudantes para a rea-lizao do estgio, constatou-se, atravs da anlise dos relatrios e das respectivas apresentaes, que um grande nmero dos estagirios optou por propriedades que representavam a realidade da agricultura familiar em suas regies. Foi possvel perceber que, de maneira geral, esses estudantes atingiram os objetivos do

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    estgio. Muitos deles, embora sem grande detalhamento, relataram de forma crtica suas impresses sobre os aspectos sociais, ecolgicos, tecnolgicos e econmicos da agricultura familiar, externando pontos de vista bastante coerentes com os conhe-cimentos discutidos em diversas disciplinas cursadas. Alguns estudantes chegaram a avanar em temticas de disciplinas que ainda no haviam cursado. Houve um grupo que, mesmo atendo-se em seus relatrios a descrever as propriedades e as atividades produtivas, comprovou nas apresentaes ter desenvolvido uma aguada viso crtica.

    Em nveis distintos de abordagem e de anlise, o estgio de estudantes em UPAs familiares revelou-se apropriado para que seus objetivos fossem alcanados. Verificaram-se, evidentemente, diferenas entre regies, refletindo em parte a diver-sidade dos estilos de agricultura e dos sistemas agrcolas predominantes e em parte a diversidade intrnseca dos grupos de estagirios dos doze polos. Em todos esses casos, no entanto, constatou-se que a perspectiva de vivenciar a realidade das regies, os problemas e entraves enfrentados pelas famlias que habitam os espaos rurais e que, muitas vezes, no concernem apenas agricultura, possibilitou aos estudantes assumirem uma postura mais aberta para pensarem sobre a problemtica do desen-volvimento rural e as potencialidades de atuao profissional. Alguns estudantes at produziram diagnsticos aprofundados das UPAs visitadas e sugeriram ideias para melhorias, incluindo perspectivas para seu planejamento e sua gesto. Recomendou-se, no entanto, que eles procurassem no dispensar o acompanhamento de pro-fessores e tutores na elaborao de qualquer projeto de extenso, a ser implemen-tado, a fim de assegurar o necessrio suporte institucional. Observou-se tambm, em muitos casos, que os estudantes estavam conscientes dos limites das polticas pblicas e da necessidade de envolvimento das comunidades rurais nos processos de desenvolvimento local e regional, e que percebiam quo importantes so os agricul-tores familiares enquanto atores, embora frequentemente sejam desconsiderados na formulao de polticas pblicas para o desenvolvimento rural.

    Por outro lado, estudantes que optaram por estagiar em unidades considera-das modelo, devido sobretudo a aspectos produtivos que representam o paradigma da modernizao acelerada da agricultura, no demonstraram a mesma capacidade de detectar inmeros problemas comuns aos espaos rurais e apresentaram relatrios fo-cados principalmente em aspectos tecnolgicos, sem aprofundar uma viso crtica.

    O mesmo ocorreu com os estudantes que estagiaram em unidades de pro-duo patronais ou empresariais. Embora tais UPAs possam ser vistas como in-tegrantes do cenrio agrrio gacho e, consequentemente, atendam aos objetivos da disciplina, elas no refletem a paisagem global da estrutura agrcola e agrria do Rio Grande do Sul; por isso, no proporcionaram aos estudantes uma vivncia da reali-dade de parte significativa dos que habitam e trabalham nos espaos rurais do estado. Em algumas situaes, no entanto, os alunos entenderam a experincia de acompa-nhar estilos de agricultura empresarial como contraponto aos contedos discutidos nas disciplinas at ento cursadas e, assim, ainda que no lidassem com exemplos

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    plenamente representativos, foram capazes de analisar seus locais de estgio com uma viso crtica dos modelos de agricultura e de sugerir ajustes mais apropriados a modelos empresariais de desenvolvimento rural.

    Em outros casos, porm, estudantes que optaram por UPAs tpicas da agricul-tura empresarial limitaram-se a elogiar o modelo de agricultura industrializada, sendo incapazes de apontar aspectos reveladores de problemas ecolgicos e sociais, mesmo quando estes eram evidentes, por terem sido amplamente debatidos em disciplinas j cursadas. Ainda que por vezes se possa pensar no haver motivos para apreciaes adversas, na maioria dos casos, as limitaes do modelo empresarial de agricultura, sem a devida conexo com o local e o regional e sem a devida preocupao com os aspectos ambientais, destoam da perspectiva do paradigma de desenvolvimento rural adotado no Curso e, por isso, mereceriam uma anlise mais crtica nos relatrios. Os relatos apresentados restringem-se a descrever as propriedades e as atividades de produo, apontando inclusive o distanciamento que se verifica entre os propriet-rios e as atividades realizadas em suas propriedades. Assim sendo, essas experincias no conduziram ao pleno atendimento dos objetivos do estgio.

    As apresentaes presenciais foram fundamentais para a troca de experincias entre os estudantes, que tiveram, na mesma ocasio, o ensejo de discutir com colegas e tutores a distncia suas vivncias e anlises crticas. Por isso, foi unanimemente bem acolhida a oportunidade de apresentar e de discutir os estgios. Em muitos casos, os alunos chegaram a lamentar que j houvessem entregue os relatrios, pois, ao longo dos debates, identificaram como sendo relevantes aspectos no includos, ou insuficientemente examinados e detalhados em seus relatrios. Houve manifestaes no sentido de que seria prefervel que as apresentaes presenciais dos relatrios ocorressem com maior antecedncia em relao ao prazo de sua entrega, de forma a permitir que eles fossem substancialmente melhorados pelos estagirios. De qual-quer modo, os relatrios comprovam que a maioria deles usou apropriadamente fotografias e representaes das propriedades, como croquis, mapas e imagens de satlite, para caracterizar as respectivas UPAs e regies do estgio.

    Os relatrios dos grupos que realizaram estgio nas mesmas UPAs foram bem elaborados, destacando as experincias individuais de cada estagirio. Poucos foram os casos em que ficou perceptvel a atuao preponderante de um ou de alguns mem-bros do grupo no trabalho final. At nas apresentaes, os estudantes demonstraram que a vivncia, mesmo quando caracterizada como atividade de grupo, atingiu os objetivos da disciplina.

    CONCLUSES

    A experincia da disciplina Estgio Supervisionado I comprovou ter sido al-tamente positiva a vivncia dos alunos em UPAs em um momento intermedirio do curso do PLAGEDER. Na verdade, eventuais opes por UPAs representativas

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    de um modelo de agricultura empresarial pouco contriburam para incutir nos alu-nos uma viso crtica da agricultura regional e a conscincia da importncia de uma mudana paradigmtica na perspectiva do desenvolvimento rural; porm, a grande maioria deles atingiu a meta de conhecer de perto a realidade da agricultura e das famlias que vivem nos espaos rurais de suas regies. A formatao da disciplina, di-vidida em trs fases (preparao, realizao do estgio, elaborao e apresentao do relatrio) foi acertada, sem maiores obstculos para que os alunos a cumprissem no perodo previsto. Um prazo maior para a fase de realizao do estgio propriamente dito, no entanto, permitiria maior flexibilidade para que os estudantes acompanhas-sem atividades sazonais nas UPAs.

    De um modo geral, as ferramentas de ensino a distncia utilizadas para a pre-parao e a superviso dos estgios (fruns, material de preparao de estgio, aulas presenciais, registros semanais de atividades, relatrios, apresentao presencial) fo-ram eficientes para a superviso dos estgios. Entretanto, a presena de orientadores de campo mais engajados e que pudessem acompanhar de perto as atividades dos alunos poderia contribuir para um melhor aproveitamento das experincias vividas nos estgios. Um aspecto que deveria merecer mais ateno a escolha das UPAs nas diferentes regies, pois isso contribuiria para aprimorar a disciplina. Seria necessria, para tanto, uma participao mais ativa de tutores presenciais e de coordenadores de polos, a fim de localizar profissionais que se disponibilizem como voluntrios para a funo de orientadores de campo. Profissionais ligados extenso rural ou s prefei-turas, com amplo conhecimento das caractersticas locais e regionais da agricultura, poderiam garantir que os estgios fossem realizados em UPAs que representassem efetivamente a realidade regional e as problemticas a serem discutidas luz da pers-pectiva do desenvolvimento rural. Investir no aperfeioamento da escolha das UPAs aumentaria, sem dvida, o sucesso do estgio.

    Por fim, a anlise da experincia da disciplina Estgio Supervisionado I, do PLAGEDER, nos induz a concluir ser fundamental a realizao desse perodo de vivncia da realidade pelos alunos de cursos superiores tecnolgicos na modalida-de de EAD. Os resultados, mesmo levando-se em conta o tempo que demanda o cumprimento dessa atividade, valorizam sobremaneira a formao dos estudantes e asseguram mais qualidade ao ensino oferecido. A possibilidade de vivncia da realida-de, o estmulo a uma viso crtica e a oportunidade de confrontar os conhecimentos desenvolvidos nas disciplinas do Curso so fundamentais para a formao de profis-sionais com perfil crtico e inovador, objetivo principal do PLAGEDER (PLAGE-DER, 2007, p. 2) e que deveria constituir a motivao de qualquer curso de gradua-o oferecido na modalidade presencial ou a distncia. Certamente, aps realizarem o estgio supervisionado em UPAs, os estudantes do PLAGEDER tero com o que contribuir eficazmente para a construo de processos de desenvolvimento rural.

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    EAD

    REFERNCIAS

    CONTERATO, Marcelo Antonio; FILLIPI, Eduardo Ernesto. Teorias do desenvolvimen-to. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2009.

    FARIA, Eliane Turk. Propostas de EAD no ensino superior, sob a tica da legislao educacional. In: SEMINRIO SOBRE PEDAGOGIA UNIVERSITRIA, 4., 2006, Porto Alegre. Aprendizagem na educao superior. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.

    PLAGEDER Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Projeto Pedaggico do Curso. Verso Preliminar. 2007.

    PLOEG, Jan Douwe van der et al. Rural Development: from practices and policies towards theory. Sociologia Ruralis, Oxford UK, v. 40, n. 4, p. 391-407, out. 2000.

    SEED MINISTRIO DA EDUCAO/MEC. Referenciais de Qualidade para Educa-o Superior a Distncia, Braslia: MEC, 2007. Disponvel em:. Acesso em: 16 jun. 2010.

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    EAD3 A EXPERINCIA CONCRETA DO ESTGIO

    Fernanda Bastos de Mello3

    A disciplina Estgio Supervisionado I est inserida no Mdulo IV do Curso de Graduao Tecnolgica em Planejamento e Gesto para o Desenvolvimento Rural modalidade de EAD. Na grade curricular do Curso, est prevista a realizao de dois estgios distintos, Estgio Supervisionado I e Estgio Supervisionado II, sendo ambos oferecidos na mesma modalidade, porm com enfoques diferentes, a fim de propor-cionarem ao aluno a vivncia prtica junto realidade de sua regio.

    Sempre que uma disciplina tem como delineamento-base a atividade prtica, a vivncia em si, necessrio o cumprimento de vrios quesitos legais (referidos no primeiro captulo) e tericos antes da vivncia. Assim sendo, a disciplina deve obriga-toriamente contemplar momentos prticos e momentos tericos, que compreendem tanto aspectos formais (preenchimento da documentao exigida legalmente) quanto aspectos de reflexo e anlise sobre as atividades acompanhadas na prtica. , pois, de suma importncia que a carga horria disponibilizada para as disciplinas de Estgio Su-pervisionado abranja todas as atividades essenciais: legais, tericas e prticas.

    A implantao da disciplina Estgio Supervisionado I buscou, ao longo de sua concepo e estruturao, agregar todos esses aspectos, legais e prticos, na medida certa, sem subestimar nenhum deles, mas, sim, organizando os eventos cronologi-camente, no intuito de ressaltar a importncia de todos eles, contextualizando-os sempre com as normas legais, ticas e tcnicas vigentes, embutidas nas atividades prticas dos mais diversos profissionais comprometidos com o desenvolvimento ru-ral de nosso estado.

    OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA

    Os objetivos gerais da disciplina foram construdos com base na realidade re-gional de cada polo envolvido no Curso de Planejamento e Gesto para o Desenvolvi-mento Rural, visando a propiciar aos estudantes a vivncia junto a agricultores de sua

    3 Graduada em Medicina Veterinria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); mestre e doutor em Cincias Veterinrias pela UFRGS; Professor Adjunto da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS); mdica veterinria da UFRGS, no Centro de Reproduo e Experi-mentao de Animais de Laboratrio (CREAL).

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    regio, de modo a permitir-lhes relacionar essa experincia aos contedos das disci-plinas do Curso e auxili-los na problematizao da realidade regional da agricultura na perspectiva do desenvolvimento rural, a fim de que reconheam a estrutura, a organizao e as especificidades das UPAs.

    ESTRUTURAO DA DISCIPLINA

    A disciplina Estgio Supervisionado I foi estruturada em trs grandes etapas, para contemplar todos os passos necessrios dessa vivncia, a saber, a fase de preparao para o estgio, a fase de estgio propriamente dito e a fase de elaborao do relatrio final. A carga horria total destinada disciplina foi de 150 horas, assim distribudas nas trs etapas: etapa de preparao para o estgio 25 horas; etapa de estgio propriamente dito 100 horas; e etapa de elaborao e apresentao do relatrio final 25 horas.

    Do ponto de vista da execuo, cada fase foi executada separadamente com cada turma do Curso, sendo exigido, para que o aluno pudesse ingressar na fase se-guinte, o cumprimento das etapas anteriores. Dessa forma, somente ingressariam na vivncia real do estgio aqueles alunos que tivessem entregue todos os documentos exigidos para a progresso etapa posterior.

    ETAPA INICIAL PREPARAO PARA O ESTGIO

    Esta etapa de preparao, tambm denominada etapa inicial do Estgio Su-pervisionado I, foi dedicada ao cumprimento dos aspectos legais do estgio, in-cluindo a preparao da documentao exigida para esse tipo de atividade prtica. Nesse sentido, foi solicitada inicialmente a definio, por parte dos alunos, dos locais de estgio (UPAs), de acordo com o objetivo da disciplina, as perspectivas individuais de cada estudante e as disponibilidades dessas UPAs em cada regio. Ao mesmo tempo em que indicava seu local de estgio, cada aluno devia indicar seu orientador de campo, sendo ambas essas indicaes avaliadas tanto pelos tutores presenciais como pelos tutores a distncia e pelos professores da disciplina, no intuito de harmonizar a proposta do aluno com os objetivos gerais da disciplina. O orientador de campo indicado pelo aluno deveria ser um profissional com curso superior relacionado ao desenvolvimento rural.

    Aps essas definies (local de estgio e orientador de campo), os alunos apre-sentavam o chamado Plano de Atividades, que arrolava as atividades a serem por eles desempenhadas nas UPAs escolhidas como locais de estgio. Esse Plano de Atividades devia ser aprovado pelo tutor a distncia antes do incio das atividades prticas. Aps a aprovao do plano, procedia-se ento assinatura de um Termo de Compromisso pelas partes (responsvel pelo local de estgio, estagirio e orientador

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    de campo) para fins de cadastramento junto SAE da UFRGS e de contratao do seguro obrigatrio para estudantes fora da Universidade.

    Uma vez escolhido o local de estgio e o orientador de campo, caberia ao aluno encaminhar ao proprietrio da UPA uma Carta de Apresentao, mencionando a dis-ciplina Estgio Supervisionado I e informando sobre a existncia de uma aplice de seguro em seu nome, providenciada pela UFRGS, para a eventualidade de qualquer acidente pessoal que pudesse ocorrer durante o perodo de estgio (Anexo 4). Na mesma ocasio, o aluno deveria apresentar um Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido, com o objetivo de assegurar ao proprietrio da UPA que, no mo-mento da elaborao do Relatrio Final, somente seriam divulgadas as informaes por ele autorizadas; caso contrrio, seriam mantidos sob sigilo dados tais como iden-tificao da UPA e identificao de seus proprietrios ou responsveis (Anexo 5).

    Os alunos foram preparados para o estgio recebendo, concomitantemente com orientaes sobre os aspectos legais, orientaes especficas, que foram discutidas pelos tutores a distncia em uma apresentao formal (presencial) e por meio de textos e fruns de discusso na plataforma MOODLE. Esperava-se, assim, que os alunos estivessem suficientemente informados, por um lado, quanto s atitudes re-comendadas para quando se encontrassem em estgio nas UPAs de sua regio ati-tudes de respeito e cooperao, observao precisa, enriquecimento terico-prtico e responsabilidade no acompanhamento e/ou execuo das atividades prticas e, por outro lado, quanto elaborao do relatrio e sua apresentao em semin-rio final para avaliao. Visava-se, dessa forma, a assegurar aos estagirios o melhor aproveitamento possvel da oportunidade dessa vivncia, a ser enriquecida com uma reflexo crtica sobre o contexto da respectiva regio.

    ETAPA INTERMEDIRIA ESTGIO

    Na etapa intermediria, ou seja, do estgio propriamente dito, ocorreu a vivncia orientada dos estagirios em UPAs de suas regies. Nessa fase, os alunos deveriam cum-prir as 100 horas previamente determinadas, distribudas ao longo da durao da dis-ciplina de acordo com sua disponibilidade de tempo. Foi-lhes facultado realizar estgio em grupos (de at trs integrantes) nas mesmas UPAs. Os alunos foram orientados a realizar as observaes e demais atividades do estgio sem interferir na rotina das UPAs.

    O acompanhamento dos alunos pelos tutores a distncia ocorreu mediante o MOODLE, atravs de postagens individuais do chamado Registro Semanal de Ativi-dades, que apresentava a descrio das observaes realizadas e das demais atividades desenvolvidas nas UPA pelos estagirios, de acordo com o Plano de Atividades orga-nizado por eles na etapa inicial da disciplina.

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    ETAPA FINAL ELABORAO E APRESENTAO DO RELATRIO FINAL

    Na etapa final, os alunos elaboraram um relatrio, com o registro de sua vi-vncia durante as 100 horas cumpridas nas UPAs, relacionando-a aos contedos j discutidos em disciplinas do Curso. Esse relatrio, acompanhado de uma reflexo individual, devia ser posteriormente apresentado em um seminrio aos tutores e aos demais estudantes do polo.

    Foi disponibilizado no MOODLE um modelo de relatrio de estgio cons-trudo conjuntamente pelos professores da disciplina, adaptado de um modelo de relatrio utilizado pela disciplina Estgio Curricular Obrigatrio Supervisionado AGR99003, da Faculdade de Agronomia da UFRGS, no intuito de auxiliar os alunos na elaborao de seu documento.

    Na redao do relatrio, deveriam ser respeitadas as normas da ABNT e con-templados vrios aspectos relevantes, tais como: a introduo do tema, a descrio do meio fsico e socioeconmico da regio de realizao do estgio, a descrio ou caracterizao da UPA em que se realizou o estgio, as atividades executadas durante o estgio, bem como concluses e anlises crticas individuais relativas ao estgio.

    A apresentao dos relatrios foi realizada na forma de seminrios (individuais ou em grupos de at trs alunos), sendo disponibilizados 15 minutos para a apresen-tao propriamente dita pelo grupo e 5 minutos para debates entre os grupos e os demais alunos do polo presentes nessa atividade presencial.

    AVALIAO DA DISCIPLINA

    A avaliao foi realizada pelos tutores a distncia, com a atribuio de conceitos de 0 a 4, onde 0 (zero) equivalia a atividade no realizada; 1 (um), a atividade realiza-da de modo insuficiente; 2 (dois), a atividade realizada de forma regular, mas abaixo das expectativas; 3 (trs), a atividade completada de modo satisfatrio, conforme as expectativas; e 4 (quatro), a atividade realizada de forma excelente, superando as expectativas. Os itens avaliados e seus respectivos pesos foram:

    (a) atitude e desempenho durante o estgio, com peso de 30% no con-ceito final;

    (b) contedo do relatrio e sua forma, com peso de 30% no conceito final; e

    (c) apresentao do relatrio, com peso de 40% no conceito final.O relatrio e sua apresentao foram avaliados considerando-se contedo,

    qualidade e organizao.O item relativo a atitude e desempenho durante o estgio foi acompanhado

    pelos tutores a distncia atravs das postagens dos Registros Semanais de Atividades, tanto no que se referia frequncia quanto no que se referia riqueza e complexi-dade do que estava sendo relatado no registro postado.

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    Os outros dois quesitos foram avaliados mediante a postagem e a entrega do relatrio final no dia de apresentao do seminrio, bem como mediante a apre-sentao propriamente dita, considerando-se sempre a riqueza da vivncia expressa no prprio relato presencial, acrescido das reflexes e concluses sobre o que foi vivenciado, umas e outras inerentes ao processo de aprendizagem estabelecido desde o incio do Curso e culminando na experincia do estgio.

    Para que os critrios de avaliao utilizados no seminrio final da disciplina fossem os mesmos empregados por todos os tutores, criou-se um instrumento de ava-liao chamado Ficha de Avaliao pelo Tutor a Distncia (Anexo 6). Essa ficha trazia quesitos a serem avaliados no momento da apresentao do seminrio, tais como en-volvimento do autor no trabalho apresentado, qualidade do material apresentado, uso adequado dos recursos de apresentao, domnio de contedo, clareza e preciso da linguagem, uso apropriado do tempo disponvel, participao e interao com os cole-gas durante as apresentaes, visando apropriao dos conceitos finais da disciplina.

    REALIZAO DE PENDNCIA NA DISCIPLINA ESTGIO SUPERVISIONADO I

    Como o ensino na modalidade a distncia prev para o aluno a possibilidade de recuperao da disciplina na forma de pendncia, a ocorrer em tempo mais curto, durante o incio do prximo semestre letivo, obrigatria a oferta da pendncia independentemente do carter e da peculiaridade da disciplina. No caso do Estgio Supervisionado I, propusemos, ento, duas condies para que o aluno estivesse apto a cursar a disciplina na forma de pendncia:

    Possibilidade 1 Alunos que no realizaram atividades de estgio durante o semestre letivo;Possibilidade 2 Alunos que realizaram atividades de estgio, porm no obtiveram conceito para aprovao no relatrio e/ou na apresentao do se-minrio.Em ambos os casos, a avaliao final da pendncia ocorreu de forma presencial,

    utilizando-se recursos de webconferncia, onde todos os polos, todos os tutores a distncia e todos os tutores presenciais, juntamente com os alunos e os professores da disciplina, estavam integrados ao mesmo tempo, assistindo conjuntamente apre-sentao dos seminrios e participando dos debates.

    DIFICULDADES ENCONTRADAS DURANTE O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA

    Tratando-se de uma disciplina experimentada pela primeira vez, as dificuldades enfrentadas com a primeira turma, a turma A, foram maiores do que as enfrentadas com a turma B. E, tratando-se de uma disciplina com formato diferente do das demais disci-plinas do Curso, no imaginvamos as dificuldades que surgiriam ao longo do caminho.

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    Tais dificuldades concentraram-se principalmente na primeira etapa da discipli-na, durante a qual os alunos deveriam indicar os respectivos locais de estgio, indicao essa que determinaria o perfil da realidade da regio selecionada pela turma de alunos.

    Tivemos problemas com a indicao dos locais de estgio, devido oferta redu-zida de locais para tal fim, por serem alguns municpios muito pequenos e apresenta-rem pouca diversidade de UPAs, o que redundou em uma representatividade menos fidedigna das respectivas regies. Essa circunstncia levou-nos a facultar aos alunos a realizao de estgios em grupos.

    Outra dificuldade identificada estava relacionada atuao dos orientadores de campo, dos tutores presenciais e dos coordenadores de polo, aos quais cabia au-xiliar os alunos no cumprimento das etapas e na conduo do estgio propriamente dito. Evidenciou-se, na realidade, a necessidade de uma participao mais efetiva por parte dessas pessoas inseridas na realidade local e regional, no sentido de orientar os alunos na escolha das UPAs e de ampliar, assim, o leque de vivncias em cada turma.

    AVALIAO DA DISCIPLINA PELOS ALUNOS

    No final da disciplina, solicitou-se a todos os alunos dos polos o preenchimento e a entrega ao tutor presencial de um Formulrio de Avaliao, disponibilizado na plataforma MOODLE (Anexo 7). Esse formulrio tinha por objetivo dar a conhecer como os prprios alunos avaliaram a experincia proporcionada pelo Estgio Su-pervisionado I DERAD 018, para que se pudessem identificar pontos positivos e negativos dessa disciplina e rumar em busca de seu aperfeioamento. No havia ne-cessidade de identificao do aluno no formulrio, mas enfatizava-se a importncia de usar da mxima franqueza no momento de preench-lo.

    A disciplina foi avaliada quanto aos seguintes itens: objetivo geral do estgio, metodologia geral do estgio, apoio virtual e importncia da disciplina para a forma-o profissional e pessoal do aluno; alm disso, foi disponibilizado um espao para eventuais relatos de observaes e sugestes acerca do estgio. As questes objetivas foram respondidas com base numa escala de 0 (zero) a 5 (cinco) pontos, onde 0 cor-respondia a pssimo; 1, a ruim; 2, a regular; 3, a bom; e 4, a muito bom.

    Um total de 170 alunos (62,3%) das turmas A e B, dos 273 que cursaram a disciplina, preencheram o formulrio. Quanto ao objetivo geral do estgio, 81,8% dos alunos o consideraram muito bom, e 18,2%, bom, sinalizando que a proposta foi considerada adequada pela totalidade dos alunos, devendo ser mantida.

    Quanto metodologia geral do estgio, foram avaliadas as etapas de preparao para o estgio, a etapa de estgio propriamente dito e a etapa de elaborao do relat-rio. A etapa de preparao para o estgio obteve os seguintes indicadores: muito bom, 31,8%; bom, 60%; e regular, 8,2%. A etapa de estgio propriamente dito foi subdivi-dida em trs quesitos, o primeiro dos quais, relacionado s atividades na UPA, obteve os seguinte indicadores: muito bom, 61,2%; bom, 35,3%; e regular, 3,5%; o segundo,

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    referente ao apoio do orientador de campo, obteve os seguintes indicadores: muito bom, 54,1%; bom, 31,2%; regular, 9,4%; e ruim, 5,3%; e o terceiro, relacionado ao suporte no polo, obteve os seguintes indicadores: muito bom, 50,6%; bom, 38,2%; regular, 9,4%; e ruim, 1,8%. A etapa de elaborao do relatrio obteve a seguinte ava-liao: muito bom, 45,9%; bom, 39,4%; regular, 14,1%; e ruim, 0,6%.

    O apoio virtual foi avaliado quanto quantidade de informaes fornecidas, qualidade das informaes fornecidas e interao virtual com os tutores a distncia (rapidez, clareza e eficincia). A quantidade de informaes fornecidas obteve dos alunos os seguintes indicadores: muito bom, 40,6%; bom, 46,5%; regular, 12,4%; e ruim, 0,5%. A qualidade das informaes fornecidas obteve os seguintes indicado-res: muito bom, 46,5%; bom, 48,8%; regular, 4,1%; e ruim, 0,6%. A interao vir-tual com os tutores a distncia obteve os seguintes indicadores: muito bom, 40,6%; bom, 48,2%; regular, 10%; e ruim, 1,2%.

    A importncia da disciplina para a formao profissional e pessoal do aluno obteve dos estudantes a seguinte avaliao: muito bom, 92,9%; e bom, 7,1%.

    Os dados apresentados so muito significativos para a avaliao geral da disci-plina, pois refletem a opinio da maioria dos alunos. Com base nos resultados obtidos atravs desse instrumento de avaliao, podemos tecer algumas ponderaes rele-vantes quanto ao andamento do Estgio Supervisionado I e quanto impresso e mobilizao que provocou nos alunos e nas demais pessoas envolvidas nessa ativida-de. Observamos que a etapa de preparao da disciplina, vista por ns professores como uma etapa de grande dificuldade, no foi assim avaliada pelos alunos. Um dado importante a ser levado em conta refere-se etapa de estgio propriamente dito, que foi considerada regular e ruim por 14,7% dos alunos no que concerne ao apoio do orientador de campo, o que implica a necessidade de aprimoramento da interface estagirio/orientador de campo.

    CONSIDERAES FINAIS ACERCA DA DISCIPLINA

    Revendo a concepo da disciplina, sua estruturao e a experimentao das ferramentas disponveis nessa modalidade de EAD, e frente conduo conjunta dessa disciplina eminentemente prtica, considero-a como um marco no fechamen-to de um ciclo dentro do curso do PLAGEDER.

    Debruada sobre essa nova concepo de ensino, e avaliando minhas prprias expectativas quanto insero dessa modalidade na realidade de cada regio do esta-do do Rio Grande do Sul e, especificamente, em cada municpio, acredito que alcan-amos conjuntamente nossas metas e que correspondemos aos anseios dos alunos que compuseram as duas turmas do Estgio Supervisionado I.

    A consecuo dos objetivos iniciais, de propiciar essa vivncia aos estudantes e de ensejar essa experincia que abre os horizontes de cada um sobre as diversas realidades por vezes to inusitadas e distantes, incute-me a certeza de que construmos certo.

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    Aliceramos uma etapa. Consolidamos conceitos anteriormente assimilados. Enrique-cemos nossos alunos com o esprito do aprendizado, da construo, da crtica, da con-cesso e da anlise concreta do que foi vivido e do que foi construdo por cada um deles.

    Avalio a disciplina como mpar, desde sua formatao at sua finalizao, seu encerramento. Constitumos uma equipe multidisciplinar, dos docentes aos tutores a distncia, com experincias diferentes no campo da formao de cada um, bem como na experimentao ao longo de nossa vivncia profissional. Toda essa diversi-dade de base dentro do grupo conferiu disciplina a condio indispensvel para o esclarecimento de inmeros questionamentos levantados ao longo de sua conduo, para o enriquecimento dos debates, a ampliao do leque de abordagens estratgicas da formao dos alunos em estgio e o reconhecimento da importncia da multidis-ciplinaridade no contexto do desenvolvimento rural e, consequentemente, no contex-to de todo o nosso estado. Estamos todos de parabns.

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    4 A EXPERINCIA DE TUTORIA A DISTNCIA E OS RESULTADOS ALCANADOS ATRAVS DE RELATRIOS DE ESTGIOS: UM ESFORO DE PRXIS PEDAGGICA A DISTNCIA

    Fbio de Lima Beck4

    Este captulo apresenta uma sntese do trabalho realizado pelos tutores a dis-tncia da disciplina Estgio Supervisionado I DERAD 018, na qualidade de orien-tadores dos alunos nela matriculados.

    Conforme registrado em detalhes nos captulos anteriores, o Estgio Supervi-sionado I, como experincia pedaggica a distncia, constituiu uma atividade pio-neira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, implementada com o seguinte objetivo, conforme consta em seu Plano de Ensino:

    Oportunizar aos estudantes a vivncia junto a agricultores de sua regio, permitindo que possam relacionar essa experincia aos contedos das disciplinas do curso, bem como auxiliar na problematizao da realidade regional da agricultura na perspectiva do Desenvolvimento Rural, permi-tindo o reconhecimento da estrutura, da organizao e das especificida-des das unidades de produo agrcola escolhidas como local de estgio.

    Na busca desse objetivo, os tutores enfrentaram inmeros desafios, desde a prpria capacitao para atuar como educadores a distncia at a necessidade de orientar estudantes em contextos extremamente diversificados: os campos de fron-teira com os pases do Prata, o litoral do Oceano Atlntico e a regio colonial da serra gacha, passando pelo convvio multidisciplinar e pela busca da sempre difcil conexo entre os contedos tericos oferecidos pelas demais disciplinas e a vivncia dos estagirios em unidades de produo.

    Os tutores participantes da disciplina so ou foram alunos do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Rural da UFRGS (PGDR/UFRGS), em nvel de mestrado ou doutorado, e tm como formao bsica as seguintes carreiras: Tu-rismo, Biologia, Cincias Sociais, Desenvolvimento Regional e Processos Agroindus-triais. Os polos onde atuaram compreendem uma vasta rea do Rio Grande do Sul e se situam nas sedes dos seguintes municpios: Arroio dos Ratos, Balnerio Pinhal, Constantina, Santo Antnio da Patrulha, So Loureno do Sul e Trs Passos (primei-

    4 Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); mestre em Educao pela UNICAMP; doutor em Educao pela University of London; Professor Associado da Faculdade de Agronomia da UFRGS.

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    ra turma de alunos); Camargo, Hulha Negra, Itaqui, Picada Caf, Quara e So Fran-cisco de Paula (segunda turma de alunos). Por sua vez, os professores responsveis pela disciplina tm formao em Agronomia, Veterinria e Pedagogia.

    Cabe destacar o papel fundamental que os tutores a distncia desempenharam ao longo da disciplina de estgio, orientando os alunos em todos os aspectos formais que so requeridos para poderem dar incio realizao do estgio e, especialmente, na vivncia do estgio propriamente dito. Contando com o apoio dos professores e da Comisso de Carreira do PLAGEDER, os tutores demonstraram, no desempenho da maior parte de suas tarefas, autonomia e competncia, fazendo uso sistemtico dos fruns de discusso virtual, revisando os registros semanais de atividades e ava-liando as apresentaes e defesas finais dos relatrios de estgio. O fato de os tutores estarem cursando ou terem cursado um programa de natureza multidisciplinar como o PGDR e a prpria diversidade de sua formao e da de seus professores certa-mente em muito contriburam para seu adequado desempenho ao longo da disciplina, na medida em que foram exigidos em mltiplas reas de conhecimento, tendo supe-rad