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Unidade III – Derivadas Competência Aplicar as regras de derivação para as funções algébricas e transcendentes. Determinar a equação da reta tangente e da reta normal a uma curva. Identificar os pontos extremos de uma curva. Otimizar os modelos matemáticos aplicados. Objetivos Conceituar e interpretar a derivada geometricamente. Interpretar as variações nos modelos funcionais aplicados aos mais diversos ramos do conhecimento, como Economia, Engenharia, Física, Biologia, Finanças, Administração e Tecnologias da Informação.

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Unidade III – Derivadas

Competência

Aplicar as regras de derivação para as funções algébricas e

transcendentes.

Determinar a equação da reta tangente e da reta normal a uma curva.

Identificar os pontos extremos de uma curva.

Otimizar os modelos matemáticos aplicados.

Objetivos

Conceituar e interpretar a derivada geometricamente.

Interpretar as variações nos modelos funcionais aplicados aos mais

diversos ramos do conhecimento, como Economia, Engenharia,

Física, Biologia, Finanças, Administração e Tecnologias da

Informação.

Aula 01

Um pouco de História

Um dos primeiros desdobramentos da geometria analítica foi o cálculo

diferencial e integral. Criado por Newton e Leibnitz, no século XVII, ele é

utilizado para analisar e prever as variações dos comportamentos de forças ou

de coisas móveis. Permite equacionar e representar graficamente a órbita dos

planetas, a trajetória de uma bomba ou de um corpo em queda, a variação da

intensidade de um som. O cálculo é uma das ferramentas utilizadas por

Newton na sua teoria de Gravitação Universal. O conceito de cálculo se prende

na chamada “convergência para um limite” que nada mais é do que um valor

desconhecido que pode ser medido por aproximações sucessivas e cada vez

menores até aproximar-se de zero. Para fazer esse tipo de medição, Newton e

Leibnitz criaram duas operações: a diferenciação e a integração. A primeira, a

diferenciação, que é o nosso caso, além de outros, se prende na análise e

esboço de gráficos determinando os pontos extremos (máximo ou mínimos)

das funções. Fica evidente, a importância das derivadas, particularmente na

Econometria, onde é fundamental o cálculo do valor máximo de uma função,

bem como, na Estatística onde o método dos mínimos quadrados é utilizado

como condição para que cada erro seja minimizado.

Introdução

Os exemplos acima citados demonstram que o traçado de gráficos e o

estudo de máximos e mínimos são por si próprios, importantes, levando-se em

consideração que quase todas as disciplinas contêm tópicos que se relacionam

com o estudo dos máximos e mínimos e com a habilidade de esboçar e

interpretar gráficos. Para desenvolver a teoria dos máximos e mínimos e para o

traçado de gráficos é conveniente que se tenha um profundo conhecimento

sobre o comportamento gráfico de uma função. A seguir, apresentamos uma

situação que retrata tudo o que foi mencionado acima.

Um fabricante se propõe a fazer caixas abertas a partir de folhas de

papelão retangulares de 8 cm de comprimento e 5 cm de largura. Para tanto,

devem ser cortados quadrados idênticos em cada canto da folha e, sendo que

a parte restante dos lados deve ser dobrada de modo a se obter uma caixa

sem tampa. O nosso problema consiste em determinar as dimensões da caixa

de maior volume que pode ser construída com esta folha e calcular esse

volume.

x xSolução: x x

x x x 5 – 2x x x 8 – 2x

A caixa assim obtida tem formato de um paralelepípedo retângulo, cujo

volume é dado por: V = área da base x altura, onde a base é um retângulo

de área (5 – 2x).(8 - 2x ) e a altura x, então V = (5 – 2x).(8 – 2x).x ou ainda

V = 4x³ - 26x² + 40x, sendo que 0 x .

Derivando, temos:

V’ = 12x² - 52x + 40

E, V’ = 0, para x = ou para x = 1.

Podemos desconsiderar o valor pelo fato de estar fora do domínio

da função. Então, para x = 1, as dimensões da caixa são 1 cm, 3 cm e 6cm, as

quais nos fornecerão um volume máximo de 18 cm³.

No desenvolvimento do assunto , o aluno terá oportunidade de verificar

as diversas aplicações das derivadas.

Definição de Derivada

Definição: Dada a função f , definida em um intervalo

real , chamamos derivada de f à função f ’(x) = , se

existir e for finito este limite.

Notação: A derivada da função f pode ser representada por uma das

seguintes formas:

y ’ = f’(x) = =

Exemplos:

Calcular, pela definição, a derivada das funções abaixo :

Questão 1. f(x) = x²

Solução:

f ’(x) = , onde :

f(x) = x² e f(x + h) = (x + h)² = x² + 2xh + h² , substituindo na definição

temos:

f ’(x) = = = (indet.)

f ’(x) = = 2x + 0 = 2x

Logo , se f(x) = x² f ’(x) = 2x

Questão 2. f(x) =

Solução: f(x) = ; f(x + h) = e f ’(x) = , então:

f ’(x) = = , levantando a indeterminação , temos:

f ’(x) = = = =

Logo , se f(x) = , então f ’(x) = -

Questão 3. Dada f(x) = , calcule f ’( 1 ).

Solução:

Calculando a derivada de f(x)

f ’(x) = = (indeterminação)

f ’(x) = =

f ’(x) = = =

Logo f ’(x) = .

Então f ’( 1 ) = f ’( 1 ) =

Regras de derivação

1. Derivada da constante:

f(x) = k f ’(x) = 0 , para k

Questão 1. f(x) = 5 f ’(x) = 0

Questão 2. f(x) = - f ’(x) = 0

2. Derivada da função f(x) = x

f(x) = x f ’(x) = n . x

Questão 1. f(x) = x³ f ’(x) = 3.x = 3x²

Questão 2. f(x) = x f ’(x) = 10.x = 10x

Questão 3. f(x) = = x f ’(x) = -3.x = - 3 . x

Questão 4. f(x) = = x f ’(x) = -1 . x = - x² = -

Questão 5. f(x) = = x f ’(x) = . x = . x =

Questão 6. f(x) = = x f ’(x) = - . x = - . x

f ’(x) =

3. Derivada da função f(x) = k. g(x)

f(x) = k. g(x) f ’(x) = k . g’(x)

Questão 1. f(x) = 5. x³ f ’(x) = 5 . (x³)’ = 5 . 3x² = 15 x²

Questão 2. f(x) = 9 x f ’(x) = 9 . (x )’ = 9 . 4 .x³ = 36 x³

4. Derivada da função f(x) = a

f(x) = a f ’(x) = a . ln a

Questão 1. f(x) = 2 f ’(x) = 2 . ln 2

Questão 2. f(x) = ( ) f ’(x) = ( ) . ln( )

Questão 3. f(x) = e f ’(x) = e . ln e = e , pois ln e = 1

f(x) = e f ’(x) = e

5. Derivada da função f(x) = ln x

f(x) = ln x f ’(x) =

Acesse a Ferramenta Atividades e realize a Atividade 1.

Aula 02

Propriedades operatórias das derivadas

Propriedade 1 - Derivada da soma

f(x) = u(x) + v(x) + w(x) f ’(x) = u’(x) + v’(x) + w’(x)

Exemplos:

Derivar:

Questão 1. f(x) = 3x² + 5x + 4 f ’(x) = (3x²)’ + (5x)’ + (4)’

f ’(x) = 6x + 5

Questão 2. f(x) = 2x - + 3x f ’(x) = (2x )’ – ( )’+ (3x)’

f ’(x) = 10 x - + 3

Propriedade 2 - Derivada do produto

f(x) = u(x) . v(x) f ’(x) = u’(x) . v(x) + u(x) . v’(x)

Exemplos:

Derivar:

Questão 1. f(x) = x² . e f ’(x) = (x²)’. e + x² . (e )’ = 2x . e + x² . e

f ’(x) = e (2x + x² )

Questão 2. f(x) = x . ln x f ’(x) = (x)’ . ln x + x . (ln x)’ = 1 . ln x + x .

f ’(x) = ln x + 1

Propriedade 3 - Derivada do quociente

f(x) = f ’(x) =

Exemplos:

Derivar:

Questão 1. f (x) = f ’(x) = =

f ’(x) =

Questão 2. f(x) = f ’(x) = =

f ’(x) =

Acesse a Ferramenta Atividades e realize a Atividade 2.

Aula 03

Regra da Cadeia

A regra da cadeia é aplicada na derivação da função composta.

Seja a função y = x³, sendo que u = x² + 1. Então y = (x² + 1)³ ou y = x

+ 3x + 3x² + 1 onde y’= 6x + 12x³ + 6x. Por outro lado, sabe-se que y’= e

que y’= ou que y’= . Assim se y = x³ e u = x² + 1, vem que =

3u² e = 2x. Substituindo-se na expressão acima temos:

y ’= 3u². 2x = 3(x² + 1).2x = 6x(x +2x² +1) y’= 6x + 12x³ + 6x

A partir da regra da cadeia, as regras de derivação passam a ser:

1. y = u y ’ = m. u . u’

2. y = a y ’ = a . ln a . u’

3. y = ln u y ’ =

Exemplos:

Derivar:

Questão 1. f(x) = ( x - 1 )

Solução: Regra y = u y ’ = m.u . u’ , onde u = x² - 1

Aplicando a regra, temos:

f ’(x) = 3(x² - 1) .(x² - 1) ’ = 3(x² - 1) . 2x

f ’(x) = 6x (x² - 1)

Questão 2. f(x) = ln (x³ - 5x² + 4)

Solução: Regra y = ln u y ’ = , onde u = x³ - 5x² + 4

Então: f ’(x) =

f ’(x) =

Questão 3. f(x) = = (2x )

Solução: Regra y = u y ’= m . u . u ’

f ’(x) = (2x² +5x – 1) . (2x² +5x – 1) ’

f ’(x) = (2x² + 5x – 1) .(4x + 5 ) f ’(x) =

Questão 4. f(x) = 2

Solução: Regra y = a y ’ = a . ln a . u ’

f ’(x) = 2 . ln 2 . (x² - 3) ’ f ’(x) = 2 . ln 2 . (2x)

Questão 5. f(x) =

Solução: Regra y = y ’=

f ’(x) = f ’(x) =

Questão 6. f(x) = e

Solução: Regra y = a y ’= a . ln a . u ’

f ’(x) = e . ln e . x ’ f ’(x) = e

A função f(x) = e é chamada de perpétua, sua derivada é ela mesma.

Se f(x) = e f ’(x) = e

Questão 7. f(x) = e

Solução: Regra y = a y ’= a . ln a . u ’

f ’(x) = e . ln e . (x² - 5x + 4) ’

f ’(x) = e . (2x – 5)

Questão 8. f(x) = (x² +1) . e

Solução : Regra y = u . v y ’= u ’. v + u . v ’

f ’(x) = 2x . e + (x² + 1) . 2x . e

f ’(x) = 2x . e . (x² + 2)

Exemplo:

Questão 1. Dada a função f, calcule x para o qual f ’(x) = 0.

1. f(x) = 3x² - 12x + 6

Solução: f ’(x) = 6x – 12

f ’(x) = 0 6x – 12 = 0

x = 2

2. f(x) = x³ - 9x² + 15x –1

Solução: f ’(x) = 3x² - 18x + 15

f ’(x) = 0 3x² - 18x + 15 = 0

3. f(x) = e . x²

Solução: f ’(x) = (e ) ’. x² + e . (x²) ’ = e . x² + e . 2x

f ’(x) = e ( x² + 2x )

f ’(x) = 0 e ( x² + 2x ) = 0

Como e o, para qualquer x real, então:

x² + 2x = 0

Acesse a Ferramenta Atividades e realize a Atividade 3.

Aula 04

INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA

A derivada de uma função num ponto x é a declividade dessa função

nesse ponto. Sabe-se porém, que a declividade a de uma reta é a tangente do

ângulo que a reta forma com o sentido positivo do eixo X , ou ainda , que é a

taxa de variação da distância vertical relativa à variação da distância horizontal.

Então: .

A diferença é chamada acréscimo ou incremento da variável x

relativa a x0 e a diferença acréscimo ou incremento da função f

relativa a x0. O quociente recebe o nome de taxa média de

variação ou razão incremental de f relativa a x0.

f s f t

Q

P P

Considerando os gráficos acima , podemos notar que ,fazendo o ponto

Q se aproximar do ponto P ,isto é , fazendo h tender a zero , observamos que a

reta s, secante ao gráfico, vai mudando o seu coeficiente angular , se

aproximando de sua posição limite, ou seja , aproximando-se da reta t,

tangente ao gráfico, cujo coeficiente angular é dado por : tg .

Dessa forma podemos dizer que a derivada de uma função f no ponto x

é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f no ponto de abscissa x

.Para obtenção dessa reta tangente , fazemos o uso da fórmula da Geometria

Analítica:

y - y = a ( x - x ) , onde a = f’( x ) = e P(x ; y ).

Questão 1. Achar a equação da reta tangente à curva f( x) = x² - 6x + 5 , no

ponto de abscissa

x = 2.

Solução:

x = 2 y = - 3 e P( 2 , - 3 )

f’( x ) = 2 x – 6 a = f’( 2 ) = 2(2) - 6 a = -2 e a equação da reta será: y

+ 3 = - 2 (x – 2 ) y = -2 x + 1

Questão 2. Achar a equação da reta tangente à curva y = x³ - 2 x² + 4 , no

ponto de abscissa

x = - 1.

Solução:

x = - 1 y = 1 e P(- 1 , 1)

f’( x ) = 3x² - 4x f’( - 1) = 7 a = 7.

Equação da reta: y – 1 = 7 ( x + 1) y = 7 x + 8

Variação de uma função

Crescimento e decrescimento de uma função

Teorema: Dada a função a função f , derivável em ]a , b[, então:

*se f’(x)>0 para todo x ]a, b[, então f é crescente em ]a, b[.

*Se f’(x)<0 para todo x ]a, b[, então f é decrescente em ]a, b[.

Desta forma para se estudar a variação de uma função, procedemos da seguinte

maneira:

1. Derivamos a função.

2. Verificamos o sinal da derivada.

3. Fazemos então a variação.

Estudar a variação da função

1. Derivada: f(x) =

2. Sinal da derivada

f’(x) = 0

ou e

3. Variação:

f é crescente nos intervalos:

f é decrescente no intervalo:

Máximos e Mínimos relativos

Teorema

Se f é uma função derivável em um intervalo ]a , b[ tal que f’(x0) = 0, então:

* Se f” (x0) > 0, então x0 é abscissa de ponto de mínimo relativo

* Se f” (x0) < 0, então x0 é abscissa de ponto de máximo relativo

Exemplo:

Determine os pontos de máximo e mínimo relativo, se existir, da função

Solução:

Desta forma podemos dizer que x = 1 é abscissa de ponto máximo e x

= 3 de ponto mínimo

Concavidade – ponto de inflexão

Teorema

Se f”(x)>0 para todo x ]a, b[, então f tem concavidade voltada para cima

(c.v.c.) em ]a, b[.

Se f”(x)<0 para todo x ]a, b[, então f tem concavidade voltada para baixo

(c.v.c.) em ]a, b[.

Se f”(x) tem sinais distintos nos intervalos ]a, c[ e ]c, b[ e se f é contínua em c,

então c é um ponto de inflexão (P.I) da função f.

Exemplo:

Estudar a concavidade e ao ponto de inflexão, da função

Solução

É ponto de máximo relativo

É ponto de mínimo relativo

Representação gráfica das funções utilizando derivadas

Para representar graficamente uma função sugerimos que sejam seguidos os

seguintes tópicos:

1. Domínio da função

2. Interseção com os eixos

3. Comportamento no infinito

4. Derivada

4.1. Sinal da derivada(crescimento e decrescimento)

4.2. Pontos de máximo ou mínimo

5. Segunda derivada(ponto de inflexão)

6. Esboço gráfico

.

Exemplo:

Construir o gráfico de

1) Domínio

2) Interseção com os eixos:

Para x = 0 A(0 , 4)

3) Comportamento no infinito:

quando

quando

4. Derivada

f’(x) = 3x2 – 3

5. Sinal da derivada

5.1. Crescimento e decrescimento

para y’ > 0 ou a função é crescente

para y’ < 0 a função é decrescente

Para x>5/2

Para x<5/2

C.V.B em ]-00, 5/2[C.V.B em ]5/2, +00[P.I em x = 5/2

C D C

5.2.Pontos de máximo e mínimo

6)Segunda derivada

f”(x) = 6x

6.1.Sinal de f”

6.2.Ponto de inflexão

x = 0 ponto de inflexão x = 0 A(0 , 4) ponto de inflexão

7. Esboço gráfico

Acesse a Ferramenta Atividades e realize a Atividade 4.

Ponto máximoPonto mínimo

SÍNTESE DA UNIDADE

Nesta unidade, mostramos as derivadas e algumas de suas múltiplas

aplicações. Pudemos observar a importância da derivada de uma função no

estudo da variação dessa função, e a partir daí tirar conclusões sobre o

comportamento gráfico.

Foi possível perceber também algumas propriedades que associa a

teoria das derivadas, ao crescimento e decrescimento das funções, destacando

principalmente a influência das derivadas na determinação dos pontos de

otimização da função.

REFERÊNCIAS

AVILA, Geraldo. Cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 1988.

GUIDORIZZI, Hamilton Luis. Um Curso de Cálculo. Rio de Janeiro: LTC,

1988.

IEZZI, Gelson. Fundamentos de Matemática Elementar. Vol. 8. São Paulo:

Atual Editora. 1999.

MEDEIROS, Matemática Básica Para Cursos Superiores. São Paulo: Atlas.

2002.

MORETTIN, Pedro A. Hazzan, Samuel & BUSSAB, Wilton de O. Cálculo de

funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva, 2003.

WHIPKEY, Kenneth & WHIPKEY, Mary Nell. Cálculo e suas múltiplas

aplicações. Rio de Janeiro: Campus, 1982.