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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de QueirozDesafios da exploração de areia no município de Ubatuba - SP Jéssica de Andrade Trabalho de Conclusão de Curso de Gestão Ambiental como requisito para obtenção de título de Bacharel em Gestão Ambiental Piracicaba - SP 2016

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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Desafios da exploração de areia no município de Ubatuba - SP

Jéssica de Andrade

Trabalho de Conclusão de Curso de

Gestão Ambiental como requisito

para obtenção de título de Bacharel

em Gestão Ambiental

Piracicaba - SP

2016

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Jéssica de Andrade

Desafios da exploração de areia no município de Ubatuba - SP

Orientador:

Prof. Dr. RICARDO SHIROTA

Trabalho de Conclusão de Curso de Gestão

Ambiental como requisito para obtenção de título

de Bacharel em Gestão Ambiental da Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP

Piracicaba – SP

2016

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Dedico este trabalho à minha família, Vera,

Carlos, Hellen, Mark, Diego, Márcia, Carlos

Henrique, Breno, Osvaldo e Terezinha, que não

mediram esforços e sempre me apoiaram para que

eu chegasse até aqui, mesmo diante de todas às

dificuldades.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ser um pai tão cuidadoso, que me direcionou pelos

caminhos certos e proporcionou saúde e determinação para que eu alcançasse meus objetivos.

Agradeço minha família, por sempre ter acreditado e apoiado meu sonho, mesmo nos

momentos mais difíceis.

Agradeço ao Mark Willy de Andrade por não ter medido esforços para a realização deste

trabalho, o que foi muito importante para mim.

Agradeço ao Eduardo Rodrigues Alves por todo o apoio e carinho.

Agradeço a todas as minhas amigas e meus amigos que fizeram parte desses cinco anos de

graduação e que fizeram a diferença na minha vida.

Agradeço também a todas as professoras e professores que se dedicaram e que me auxiliaram

nessa trajetória.

Agradeço ao professor Ricardo Shirota por dedicar seu tempo na orientação deste trabalho e

por ser sempre muito gentil.

Agradeço ao Programa USP Recicla, Ana e Kelly, pelo carinho e pelos três anos de muito

aprendizado, o que fez os bons dias terem mais alegria.

Agradeço a Helena Gonçalves Kawall e Juan Blanco Prada, membros da Secretaria Municipal

de Meio Ambiente de Ubatuba – SP, por toda a ajuda concedida.

Agradeço aos entrevistados: Fábio Balio, Ivanete Ferreira, José Benedito Santos e Milene

Pedroso, vocês foram muito importantes na realização deste trabalho.

Agradeço ao Marcelo Mariano da Silva pela gentileza em fornecer informações e documentos

da Coopareia.

Agradeço ao Jornal “A Cidade” por ter aberto seus arquivos para a consulta das notícias.

Agradeço também ao professor José Flávio Leão e senhora Regina Leão por todo apoio neste

trabalho.

Agradeço a Esalq, essa instituição maravilhosa, pela oportunidade de estudar e me formar em

uma das melhores universidades do país, a mais linda de todas!

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para este sonho.

Gratidão!

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“A verdadeira coragem é ir atrás de seus

sonhos, mesmo quando todos dizem que

ele é impossível”.

Cora Coralina

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 8

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 9

Objetivo geral ....................................................................................................................................... 9

Objetivos específicos ......................................................................................................................... 10

3. ANTECEDENTES ....................................................................................................................... 10

4. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 12

4.1 Pesquisa ........................................................................................................................................ 12

4.2 Caracterização da área objeto de estudo....................................................................................... 13

4.2.1 Fatores bióticos e abióticos ................................................................................................... 13

4.2.2 Aspectos populacionais e socioeconômicos .......................................................................... 19

4.3 Aspectos principais da mineração de areia ................................................................................... 20

4.3.1 O mineral e seus usos ............................................................................................................ 20

4.3.2 Panorama econômico geral da atividade ............................................................................... 21

4.3.3 Tipos de extração e beneficiamento ...................................................................................... 23

4.3.4 Impactos positivos da mineração de areia ............................................................................. 25

4.3.5 Impactos negativos da mineração de areia ............................................................................ 27

4.3.6 Legislação.............................................................................................................................. 29

4.3.7 Aspectos da extração de areia no Litoral Norte do Estado de São Paulo .............................. 36

5. RESULTADOS ............................................................................................................................. 41

5.1 Informações dos antigos extratores de areia ................................................................................. 41

5.2 Informações obtidas pela entrevista com membro da cooperativa ............................................... 44

5.3 Informações das entrevista com proprietários de estabelecimentos comerciais de material de

construção .......................................................................................................................................... 46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 47

7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 48

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RESUMO

A areia é um insumo essencial para a construção civil, utilizado como agregado para

argamassas, blocos e para a pavimentação. A extração e comercialização da areia é uma

importante atividade econômica, responsável pela geração de emprego e renda, o que

impulsiona a economia de diversos municípios de todo o país. Embora seja uma atividade

indispensável e muito importante do ponto de vista econômico, a extração de areia, assim

como outros tipos de mineração, pode gerar impactos negativos ao meio ambiente, devendo

ser licenciada pelos órgãos ambientais competentes, conforme a legislação brasileira

(Resolução Conama nº 237/1997 e a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978). No município

de Ubatuba – SP, estudado nesse trabalho, em meados de 2003, ocorreu a paralisação total da

atividade de mineração de areia e outros agregados minerais, que acontecia sem as devidas

licenças. Essa situação acarretou problemas sociais e de ordem econômica aos trabalhadores

que exerciam a atividade. Na época, os areeiros que atuavam na região organizaram-se em

torno de uma cooperativa que está em processo de licenciamento desde 2003. Constatou-se

que a burocracia existente no processo de licenciamento pelos órgãos competentes dificulta a

regularização dos pequenos produtores, como é o caso dos areeiros de Ubatuba, que aguardam

até hoje a sua conclusão para retomarem a atividade. Verificou-se a existência de uma grande

lacuna a ser superada, no que se refere às políticas públicas municipais voltadas para a

regularização do setor da mineração, bem como na capacitação dos trabalhadores. Além disso,

é essencial a incorporação de tecnologias que facilitem o processo extrativo da areia,

aumentem a segurança dos operários e reduzam os impactos ambientais negativos desse tipo

de mineração.

Palavras-chave: mineração, areia, economia, meio ambiente, sustentabilidade.

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1. INTRODUÇÃO

A extração de areia em rios é realizada em diversos municípios brasileiros. Trata-se de

recurso relativamente abundante e é uma matéria-prima indispensável para a construção civil,

nos setores de habitação, saneamento e infraestrutura de transporte (KULAIF, 2014).

A comercialização de areia é relevante para a economia brasileira, gerando empregos e

renda e contribuindo para o desenvolvimento do país. Ela garante o sustento de muitas

famílias, na medida em que a maioria dos empreendimentos desse setor é de pequeno porte e

de característica familiar. Estima-se que essa atividade empregou, em 2009, mais de 190 mil

pessoas, direta e indiretamente. Em 2011, o comércio de areia obteve o faturamento

expressivo de R$ 3,92 bilhões de reais (QUARESMA, 2009; LA SERNA, 2012).

Além dos benefícios sociais e econômicos advindos da sua extração, a retirada de areia

do fundo dos rios auxilia na sua vazão, principalmente em locais em que existe intensiva

produção do mineral, contribuindo para a redução do acúmulo excessivo de areia no leito do

rio e evitando a ocorrência de enchentes (IPT, 2013).

Por outro lado, a não observância das normas pertinentes a essa prática e a sua extração

excessiva podem causar uma série de impactos negativos para o meio. Entre outras

consequências, contribui para o desmatamento das matas ciliares, a erosão das margens dos

rios, o assoreamento e, também, a contaminação das águas (ANNIBELLI, 2006).

Esses impactos ambientais negativos têm estimulado a maior fiscalização por parte dos

órgãos ambientais, a fim de reduzir a extração ilegal de areia nos rios, com o intuito de

conservar os recursos naturais e ambientais e induzir a regularização da atividade. Foi o que

ocorreu no município de Ubatuba, em meados de 2003, quando todos os empreendimentos de

extração de areia que se encontravam irregulares foram paralisados, devido à falta de

licença/autorização mediante órgãos como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

(Cetesb) e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O município de Ubatuba está situado no litoral Norte do Estado de São Paulo,

inserindo-se no bioma da Mata Atlântica e apresentando 80% do seu território coberto por

florestas bem conservadas (INSTITUTO FLORESTAL, 2008).

O clima da região caracteriza-se pela abundância de chuvas durante todo o ano, o que

favorece os processos de intemperismo das rochas e o transporte e deposição de areia nos rios.

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Consequentemente, esse recurso mineral é formado continuamente, e pode ser considerado

abundante na região (BRIGATTI, 2008).

No passado, a retirada da areia dos rios beneficiava muitas comunidades tradicionais

do município. Para muitas famílias, essa atividade era a principal fonte de renda e de sustento,

conforme relatos de autoridades municipais e de pessoas entrevistadas para a elaboração deste

trabalho.

A proibição do funcionamento dos portos de areia em Ubatuba, devido à exigência de

licença/autorização prévia para operação, restringiu uma importante atividade econômica para

a comunidade local. Muitas famílias, sem recursos e informações suficientes, não puderam

regularizar a atividade, visto que o processo de licenciamento e concessão de outorga exige

estudos complexos que, muitas vezes, tem custos elevados.

Além dos problemas sociais, a paralisação da extração de areia acelerou o processo de

assoreamento dos rios da região, conforme relatos de moradores das comunidades próximas.

A atual gestão dos recursos ambientais enfatiza a ótica da sustentabilidade. O

desenvolvimento sustentável compreende o homem como agente integrante e transformador

do meio ambiente. Nesse conceito está implícito que o ser humano depende dos recursos

naturais para sua sobrevivência e tem como responsabilidade conservar esses recursos para

garantir o seu uso pelas gerações atuais e futuras (ONU, 1987).

Pretende-se com a revisão da literatura e a análise dos dados coletados neste estudo: i)

analisar a importância da mineração sustentável de areia; ii) os métodos utilizados na extração

artesanal do mineral; iii) a situação do licenciamento ambiental pela cooperativa de areeiros

do município; e, iv) as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores na regularização da

atividade. Essas informações, ainda não abordadas em um trabalho científico, podem servir

como base para o aprimoramento de políticas públicas voltadas para o setor. A ideia é

conciliar a geração de melhores condições de vida para os trabalhadores com a conservação

dos recursos naturais que é o pressuposto da sustentabilidade.

2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Este trabalho pretende estudar a extração artesanal de areia em cursos d’água no

município de Ubatuba e analisar as dificuldades de regularização da atividade junto aos órgãos

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ambientais. O estudo busca compreender a importância desta atividade econômica e o seu

potencial sustentável, bem como incentivar ações que propiciem melhorias na qualidade de

vida dos trabalhadores envolvidos.

Objetivos específicos

Elaborar um diagnóstico realista da extração de areia e seus principais aspectos, bem

como a caracterização do município estudado;

Coletar e analisar os dados referentes à mineração de areia em Ubatuba;

Relatar os problemas enfrentados pelas comunidades locais quanto à regularização da

atividade minerária; e,

Incentivar o estabelecimento e/ou aprimoramento das políticas públicas municipais

voltadas ao setor.

3. ANTECEDENTES

O problema-alvo deste estudo teve início em meados de 2003, quando a atividade de

extração de areia e outros minerais, que acontecia sem licença de operação, foi paralisada no

município de Ubatuba - SP. Os extratores de areia, que dependiam desta atividade,

enfrentaram dificuldades financeiras que comprometeram seu sustento familiar, segundo

notícias do jornal de circulação local “A Cidade” e relatos dos entrevistados desta pesquisa.

Com base nas orientações de técnicos da prefeitura, foi organizada a Cooperativa de

Trabalho da Extração de Minérios e Derivados, conhecida como Coopareia. A sua finalidade

era a regularização de todos os areeiros cooperados e a divisão dos custos do processo de

licenciamento. Conforme notícia do jornal local “A Cidade” (Figura 1), houve o

cadastramento de 120 areeiros no “Projeto Cidadão” e a legalização destes trabalhadores seria

feita via cooperativismo.

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Figura 1 – Notícia publicada em jornal do município em setembro de 2003

Fonte: Jornal “A Cidade”, 23 de setembro de 2003

Apesar dos esforços para o retorno da atividade, até hoje o processo de licenciamento não

foi concluído e os extratores de areia ainda aguardam a sua regularização. Na figura 2,

extraída do relatório “Bases Técnicas para o Ordenamento Territorial da Mineração nos

Municípios do Litoral Norte Paulista” (IPT, 2013), observa-se o status do pedido de licença da

Coopareia, sendo a sigla RLi: requerimento de licença.

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Figura 2 – Fase do pedido de licença da Cooperativa de areeiros de Ubatuba

Fonte: IPT, 2013

4. METODOLOGIA

4.1 Pesquisa

Uma pesquisa pode apresentar diferentes faces de acordo com: o tipo de abordagem, a sua

natureza, os objetivos e aos procedimentos (SILVEIRA & CÓRDOVA, 2009). Neste trabalho

a pesquisa apresenta os seguintes aspectos:

Natureza

O trabalho é uma pesquisa aplicada com o objetivo de gerar conhecimentos a serem

utilizados de forma prática, dirigido à solução de problemas específicos.

Objetivo

Este estudo tem natureza exploratória. O seu objetivo é compreender um problema para

torná-lo mais familiar e, se possível, construir hipóteses de estudo. A maior parte das

pesquisas exploratórias utiliza levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas envolvidas

com o problema e análises de exemplos que estimulem a compreensão. Essas pesquisas podem

ser classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2007).

Procedimentos

Inicialmente, foi efetuada uma revisão bibliográfica sobre a extração de areia e outros

agregados minerais. A atual legislação sobre a extração de minerais foi identificada e

analisada. Os principais aspectos ambientais, sociais e econômicos do município de Ubatuba –

SP foram levantados e estudados.

A coleta de dados para a análise da situação da extração de areia em Ubatuba foi feita

através de questionários pré-elaborados e aplicados com pessoas diretamente ligadas à

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atividade de extração de areia neste município. Foram entrevistadas as seguintes categorias de

pessoas: trabalhadores que atuavam na extração artesanal do mineral em rios e seus familiares,

proprietário de dragas para a extração mecanizada de areia, comerciantes de material para a

construção civil, e membro da Coopareia, atuantes no município, além de autoridades da

prefeitura municipal do município. As categorias foram selecionadas devido à proximidade

dos entrevistados com a atividade de extração de areia, o que possibilitou coletar relatos de

diferentes grupos envolvidos com a extração e comercialização de areia no município.

Como fonte adicional de informações, foi feita uma pesquisa junto ao jornal de circulação

local, “A Cidade”, que abriu os seus arquivos para consulta das notícias sobre a extração de

areia no município. Alguns técnicos e autoridades da prefeitura municipal foram também

consultados. Os preços da areia foram levantados nos estabelecimentos que comercializam o

mineral em Ubatuba1

4.2 Caracterização da área objeto de estudo

4.2.1 Fatores bióticos e abióticos

4.2.1.1 Localização e acessos

Ubatuba está situada no extremo Norte do litoral de São Paulo, tendo sua localização

geográfica nas seguintes coordenadas: Latitude 23º 26’ S e Longitude 45º 04’ W (MARTINEZ

JÚNIOR & MAGNI, 1999). A cidade limita-se ao Norte com o município de Cunha, a

Sudoeste com Caraguatatuba, ao Sul e Leste com o Oceano Atlântico e a Nordeste com Parati

– RJ (OLIVATO, 2013).

1 Cópias dos questionários estão nos apêndices do trabalho.

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Figura 3 – Mapa do município de Ubatuba – SP e as principais vias de acesso

Fonte: Google Maps, 2016

2

Os principais acessos ao município de Ubatuba – SP se dão pela rodovia Oswaldo Cruz

(SP-125) e pela rodovia Rio-Santos (BR-101).

4.2.1.2 Geologia

No município de Ubatuba, os trechos de escarpa festonada e com espigões digitados da

Serra do Mar apresentam rochas do embasamento pré-cambriano, enquanto que os trechos de

planície litorânea são constituídos por depósitos de origem marinha ou continental,

subordinados às reentrâncias do fronte serrano (SIMONETTI, 2001). Nas regiões serranas há

predominância de latossolos, solos podzólicos, cambissolos e litossolos, e na região costeira

podem-se encontrar gleissolos, cambissolos, solos podzólicos e solos orgânicos (SIMONETTI,

2001). Os solos sedimentares marinhos encontrados próximos às linhas da costa possuem

composição basicamente arenosa (BRIGATTI, 2008).

4.2.1.3 Flora

Ubatuba apresenta uma formação vegetal complexa. Como se insere no bioma da Mata

Atlântica, o município possui 80% de seu território coberto por florestas conservadas,

extremamente ricas em biodiversidade, e muito importantes para a manutenção do clima e da

disponibilidade de água na região (INSTITUTO FLORESTAL, 2008).

2 Disponível em: <www.google.com.br/maps/place/Ubatuba>

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Apesar do sistema de caracterização vegetal adotado no Brasil seja de Veloso et al. (1991),

no Parque Estadual da Serra do Mar foi adotado o sistema proposto por Eiten (1970), em razão

das discrepâncias entre as características de Veloso e as observadas em campo. Na

classificação de Eiten (1970), a mata existente em locais de maior altitude, como nas encostas

da Serra do Mar, são caracterizadas como Floresta da Encosta da Serra do Mar. Nela, a

floresta apresenta dossel de 25-30 metros, com boa penetração de luz, devido ao tipo de

topografia. A presença de diversas variedades de epífitas caracteriza a maturidade dessas

matas. Nessas florestas, a umidade do ar e as taxas de pluviosidade são mais altas e o solo

tende a ser argiloso (INSTITUTO FLORESTAL, 2008).

Nas áreas de planície do município, entre a encosta e o oceano, observam-se formações

vegetais definidas como: floresta alta do litoral, vegetação com influência marinha e vegetação

com influência flúvio-marinha. As principais características dos tipos de vegetação existentes

no município de Ubatuba – SP estão relacionadas no quadro abaixo (Quadro 1) e podem ser

observadas visualmente na imagem a seguir (Figura 4).

Quadro 1 – Tipos e características das formações vegetais em Ubatuba - SP

Tipo de formação Características

Floresta alta do litoral Dossel florestal denso de altura entre 10-15 metros, quando

próximos a encostas. O porte das árvores se torna menor

conforme se aproxima dos cordões arenosos litorâneos.

Vegetação com influência

marinha

Vegetação conhecida como restinga baixa, compreende

uma faixa entre o oceano e a encosta. São consideradas

dunas a vegetação de aspecto herbáceo e/ou subarbustivo

em contato direto com a praia. Jundu é a vegetação

observada após as dunas, de caráter arbustivo.

Vegetação com influência

flúvio-marinha

Vegetação conhecida como manguezal, existentes em

desembocaduras de rios, ambiente de transição entre mar e

terra, em que se associa solo movediço e pouco arejado,

com alta salinidade. Apresenta composição florística

homogênea, embora apresente variações estruturais.

Fonte: Instituto Florestal, 2008 (adaptado)

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Figura 4 – Aspecto ilustrativo da vegetação existente em Ubatuba – SP, típica de formações da

Mata Atlântica

Fonte: Prefeitura Municipal de Ubatuba, 2016

3

4.2.1.4 Clima

O município de Ubatuba possui 92 quilômetros de extensão, situando-se entre o cume das

escarpas cristalinas da Serra do Mar e a linha da costa, com características peculiares de clima.

Nesta região, a Serra do Mar forma uma barreira para as massas atmosféricas, que somado aos

efeitos orográficos, ocasionam elevados índices pluviométricos (BRIGATTI, 2008).

O clima do município é zonal e sofre influência de massas equatoriais e tropicais, que

resultam em altas taxas de umidade e chuvas frequentes (MONTEIRO, 1973). Os dados dos

postos pluviométricos do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas / Instituto

Agronômico de Campinas (CIIAGRO/IAC) instalados no município, entre 2005 e 2015,

mostra pluviosidade média anual de 2.534,4 mm, com 200 dias chuvosos no ano (Gráfico 1).

3 Disponível em: <www.ubatuba.sp.gov.br/destaques/vii-festival-da-mata-atlantica-comeca-em-ubatuba/>

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Gráfico 1 - Pluviosidade anual média do município de Ubatuba, entre 2005 e 2015

Fonte: Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas - CIIAGRO, – 2016 (Adaptado)

Os dados das médias mensais (desde 1945) do DAEE, mostram a distribuição das

chuvas ao longo do ano e confirmam os altos índices de pluviosidade. As chuvas nesta região

são mais frequentes e intensas no verão, apesar de serem bem distribuídas ao longo do ano

todo (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Pluviosidade média mensal de Ubatuba, entre 1945 e 2015

Fonte: DAEE (2016)

3310,5

2236,5 2120,1

2758,8

3210,4

2480,8

2998,8

1969,2

2632,4

1842,6

2316

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Plu

vio

sid

ade

em

mm

Pluviosidade média anual de Ubatuba - SP (2005 a 2015)

283,3 284,4

260,1

183,6

127,5

88,6 96,4 83,4

132,3

169,2

197,2

258,2

0

50

100

150

200

250

300

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Plu

vio

sid

ad

e em

mm

Pluviosidade média mensal de Ubatuba - SP (1945 a 2015)

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O mês mais quente entre 2015 e 2016 foi janeiro, com temperatura média diária de 27,4ºC

(mínima: 24,5º e máxima: 30,5ºC), enquanto que o mês mais frio foi junho, registrando uma

média diária de 19,9ºC (mínima: 16,4ºC e máxima: 24,5ºC) (CIIAGRO online, 2016).

4.2.1.5 Recursos hídricos

A hidrografia de Ubatuba está dividida em onze sub-bacias hidrográficas (Tabela 1),

abrangendo pequenos rios distribuídos ao longo do município. O relevo da região condiciona o

escoamento superficial em pequenas bacias, caracterizando rios com permanência da água de

curta duração (CBH/LN, 2015). Observa-se a seguir a relação das sub-bacias existentes no

município e o mapa das bacias hidrográficas do Litoral Norte.

Tabela 1 – Divisão hidrográfica do município de Ubatuba

Nº Sub-bacia Área

(km²) Município

1 Rio Fazenda / Bicas 80,1 Ubatuba

2 Rio Iriri / Onça 74,4 Ubatuba

3 Rio Quiririm / Puruba 166,7 Ubatuba

4 Rio Prumirim 21 Ubatuba

5 Rio Itamambuca 56,4 Ubatuba

6 Rio Indaiá / Capim Melado 37,6 Ubatuba

7 Rio Grande de Ubatuba 103 Ubatuba

8 Rio Perequê-mirim 16,5 Ubatuba

9 Rio Escuro / Comprido 61,5 Ubatuba

10 Rio Maranduba / Araribá 67,7 Ubatuba

11 Rio Tabatinga 23,7 Ubatuba / Caraguatatuba

Fonte: CBH – Litoral Norte, 2015 (adaptado)

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Figura 5 - Divisão das 34 bacias pertencentes à UGRHI 03, incluindo o município de Ubatuba

e suas onze sub-bacias hidrográficas

Fonte: CBH Litoral Norte – Relatório da situação dos recursos hídricos do Litoral Norte, 2015

4.2.2 Aspectos populacionais e socioeconômicos

Ubatuba abriga aproximadamente 86.400 pessoas (IBGE, 2015). O Censo de 2010

indica que aproximadamente 86,4% da população é alfabetizada. O município possui 105

instituições de ensino e atende mais de 24 mil estudantes, desde o ensino pré-escolar até o

ensino médio.

A economia de Ubatuba está concentrada nos setores de prestação de serviços e

comércio. Os dados do PNUD, de 2010, mostram que 73,4% da sua população

economicamente ativa estava empregada. A maior parte dos empregos estava no setor de

serviços (57,3%), comércio (15,9%) e setor da construção civil (14,5%).

O rendimento médio dessas atividades não ultrapassava cinco salários mínimos em

94,23% dos casos. Estima-se que 75,95% dos trabalhadores obtinham rendimento médio de

até dois salários mínimos, e 19,59% dos ocupados recebiam apenas um salário mínimo

(PNUD, 2010).

Os empregos no município são pouco especializados. Apenas 41,09% das pessoas

ocupadas apresentam ensino médio completo. A maioria dos trabalhadores (59,64%) havia

concluído somente o ensino fundamental completo. Estima-se que mais de 30% das pessoas

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acima de 18 anos, não possuem o ensino fundamental completo e estão em ocupações

informais (PNUD, 2010).

Em 2010, o Índice do Desenvolvimento Humano4 de Ubatuba atingiu 0,751,

considerado alto (IDHM alto: 0,700 a 0,799).

4.3 Aspectos principais da mineração de areia

4.3.1 O mineral e seus usos

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece uma classificação

específica para rochas e solos, sendo a areia definida como “solo não coesivo e não plástico

formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 e 2,0

mm” (ABNT, 1993, p.08). De acordo com seu diâmetro, a areia pode ser classificada como

fina (0,06 a 0,2 mm), média (0,2 a 0,6 mm) e grossa (0,6 a 2,0 mm).

A areia é um material granular, de composição silicática, com predominância do

quartzo. Ela é produzida por processos naturais de intemperismo de rochas, em que podem

ocorrer outros processos do ciclo geológico como erosão, transporte e deposição, gerando

reservas que são naturalmente abundantes. Fenômenos localizados de escassez podem ocorrer

em regiões de alta demanda em que as reservas locais não são capazes de atender. Geralmente

isso ocorre em grandes centros urbanos e regiões metropolitanas, como São Paulo. Nestes

casos, a areia é trazida de outras localidades, com custos crescentes de transporte e

consequente encarecimento do produto (KULAIF, 2014).

Na indústria, a areia é conceituada como material constituído por quartzo de

granulação fina e pode ser obtida de depósitos dos leitos de rios e planícies aluviais, rochas

sedimentares e mantos de alteração de rochas cristalinas (ANEPAC, 2015).

A areia é utilizada na construção civil como agregado para argamassas, blocos e

também para a pavimentação (IPT, 2013). Ela é empregada em diversas finalidades, tais

como: agregados para a construção civil; moldes de fundição; indústria da transformação

(vidros, química, cerâmica, filtros, cimentos e outros); tratamento de águas e esgoto; e, como

minério portador de metais de interesse econômico como o ouro (QUARESMA, 2009).

4 Índice de Desenvolvimento Humano: medida elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), composta por três indicadores do desenvolvimento humano: longevidade, educação e

renda, que indica o quanto um município ou país é desenvolvido, em termos de qualidade de vida.

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4.3.2 Panorama econômico geral da atividade

A produção de areia é atividade básica no setor da construção civil, gerando renda e

empregos. Estima-se que a extração de areia gera em torno de 45 mil empregos diretos e 150

mil empregos indiretos e essa atividade é, em geral, desempenhada por pequenas empresas

com vínculos familiares (QUARESMA, 2009).

No Brasil, 86% das minas são destinadas a extração de minerais para a construção

civil, tais como: areia, argilas, amiantos, calcários, rochas britadas, entre outros. A maior parte

das minas é de extração de areia. Cerca de 740 empreendimentos atuam na sua extração.

Estima-se que 35,4% das minas de pequeno porte são de areia, não havendo grandes minas

destinadas a esta atividade (NEVES & SILVA, 2007).

A comercialização de areia para construção civil é uma importante atividade na

economia brasileira. Em 2010, a sua produção atingiu 286,8 milhões de toneladas, com

expressivo faturamento de R$ 3.921,1 milhões (LA SERNA, 2011). A quantidade de areia

produzida e o faturamento anual da atividade nos anos de 2008 a 2010 podem ser observados

na tabela a seguir, extraída do Sumário Mineral – 2011, do Departamento Nacional de

Produção Mineral.

Tabela 2 – Brasil: Estimativa da Produção de Areia e do Faturamento, 2008 a 2010

Ano Quantidade (106 t)

Faturamento

US$ milhão R$ milhão

2007 229,4 911,30 1.774,80

2008 272,4 1.523,40 2.791,70

2009 266,9 1.510,30 3.023,70

2010 286,8 2.229,50 3.921,10

Fonte: La Serna, 2012

A areia é extraída em todas as unidades federativas do Brasil. A produção nacional em

2013 foi superior a 370 milhões de toneladas. Essas estatísticas de produção de areia dos

Relatórios Anuais de Lavra do DNPM devem estar subestimadas. Os dados indiretos de

consumo do cimento, que é produto complementar da areia na construção civil, mostram que a

produção real de areia deve ser muito maior que a produção declarada pelas mineradoras

(KULAIF, 2014).

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Os dados fornecidos pela Associação Nacional das Entidades de Produtores de

Agregados para a Construção Civil (ANEPAC) indicam que em 2013, foram extraídas 441

milhões de toneladas de areia no Brasil. O estado de São Paulo é o maior produtor de areia,

com 23% do total nacional5, seguido pelos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná,

Bahia e Rio Grande do Sul (KULAIF, 2014).

Os preços da areia variam de acordo com a localização. Os estados de Minas Gerais,

Pernambuco e Rio de Janeiro são os que apresentaram os preços mais elevados em 2013. O

valor da areia também difere com relação à sua granulometria, podendo-se observar diferentes

preços para a areia fina, média e grossa (KULAIF, 2014).

As informações referentes ao consumo de areia e o preço de cada variedade do mineral

podem ser observados na Tabela 3, a seguir, extraída do Sumário Mineral – 2013, do DNPM.

Tabela 3 – Principais estatísticas do setor da extração de areia – Brasil

Discriminação Unidade 2011 2012 2013

Produção

Areia para

Construção (t) 346.772.000 368.957.000 377.247.785

Importação Bens primários (t) - - -

Exportação Bens primários (t) - - -

Consumo aparente

Areia para

Construção (t) 346.772.000 368.957.000 377.247.785

Preço médio

Areia Fina (R$/t) 32,13 30,72 30,37

Areia Grossa (R$/t) 32,44 32,44 33,49

Areia Média (R$/t) 32,19 31,24 32,21

Fonte: La Serna, 2012

Diversos fatores estão envolvidos na formação do preço da areia. O mercado de

construções, as obras públicas em andamento e a localização da jazida são algumas das

variáveis mais importantes. Estima-se que haja tendência de aumento do preço, uma vez que a

quantidade de obras em áreas urbanas, principalmente em regiões metropolitanas, apresentava

constante crescimento (QUARESMA, 2009). Os preços FOB (sem incluir os custos de

transporte) em 2008, em algumas regiões do Estado de São Paulo são apresentados na Tabela

4.

5 Dados de 2013.

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Tabela 4 – Preços FOB da areia em algumas localidades do Estado de São Paulo em 2008

Local Preço da areia sem frete

(R$)

Eixo da Rodovia Castelo Branco 6,00 a 7,00/t

Região Metropolitana de São Paulo 18,00 a 20,00/t

Vale do Paraíba 12,00 a 15,00/t

Vale da Ribeira 8,00 a 10,00/t

Fonte: Quaresma (2009)

No mesmo ano, o preço da areia na região metropolitana de São Paulo, incluindo o

valor do transporte, atingiu R$ 60,00/m³. O significativo aumento de preço indica o efeito do

frete, que chega a representar 2/3 do valor final do produto. Isto ocorre, principalmente, em

regiões afastadas da área produtora do mineral. Em São Paulo, a areia é trazida de regiões com

mais de 100 km de distância (QUARESMA, 2009).

4.3.3 Tipos de extração e beneficiamento

A lavra de areia depende do tipo de depósito mineral. O desmonte hidráulico, a

escarificação e dragagem são os processos mais comuns de obtenção de areia. A dragagem é

utilizada na extração de sedimentos não consolidados quaternários de leitos de rio ou em cava

submersa. As dragas são instaladas sobre barcos com bombas centrífugas (ANEPAC, 2016).

O método da cava submersa (Figura 6) consiste na extração de areia das paredes

laterais de uma cava preenchida com água, geralmente formada pelos desvios de rios. Tubos

condutores fornecem água e transportam a polpa (água e minerais) até os silos. A extração em

leito de rios é realizada por dragagem em pequenas profundidades. Ambos os processos

utilizam de embarcações para o armazenamento prévio do mineral que é depois transferido

para a margem, em silos de estocagem (ANEPAC, 2016).

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Figura 6 – Extração de areia em cava submersa, com método de dragagem

Fonte: Anepac, 2016

O desmonte hidráulico é aplicado em cavas secas (Figura 7). A areia é extraída de

planícies fluviais, sedimentos não consolidados quaternários, rochas sedimentares cenozoicas

e de mantos de alteração de rochas pré-cambrianas. Esta operação é, muitas vezes, antecedida

pela escarificação das rochas por tratores e pás-carregadeiras. O desmonte hidráulico é

realizado por meio do jateamento de água com alta pressão, para a separação dos agregados de

interesse. O jateamento produz uma mistura de água com os sólidos em suspensão chamada de

polpa. Ela é encaminhada para uma bacia de acumulação e beneficiada posteriormente

(ANEPAC, 2016).

Figura 7 – Extração de areia em cava seca, com método de desmonte hidráulico

Fonte: Anepac, 2016

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A extração artesanal de areia dos leitos de rios é realizada sem a utilização de

maquinários. Segundo relatos de moradores tradicionais de Ubatuba, este tipo de extração é

simples e a retirada da areia é feita com o uso de ferramentas como pás. O mineral é

depositado em pequenos barcos que ficam na superfície do rio. Quando cheios, os barcos são

levados para a margem e descarregados para que a areia seja transferida para caminhões. Este

tipo de extração não extrai grande quantidade de areia e, se bem conduzida, não traz

significativos impactos negativos ao ambiente, conforme relatos dos entrevistados.

O beneficiamento da areia é um processo simples. Basicamente é feita uma

classificação granulométricas por peneiras, silos de decantação e/ou hidrociclonagem. A areia

é comercializada, na maioria das vezes, da forma como é extraída, passando apenas por

grelhas fixas que separam as frações mais grossas, como o cascalho e materiais indesejáveis,

restando a areia de granulometria de interesse. Além disso, a areia é lavada para a retirada de

argila. Resumidamente, o beneficiamento passa pelos processos de lavagem, peneiramento e

secagem (ANEPAC, 2016).

Os depósitos naturais mais comumente explorados no Brasil são os leitos de rios,

depósitos lacustres e em mantos de decomposição de rochas. Estima-se que 70% da areia

produzida no país tenha origem nos leitos de rios. No estado de São Paulo, estima-se que 45%

da produção seja obtida de várzeas e 35% de leitos de rios (QUARESMA, 2009).

4.3.4 Impactos positivos da mineração de areia

A extração de areia, embora possa causar muitos impactos negativos, quando é

realizada de modo meramente exploratório, apresenta uma série de impactos positivos

envolvidos, que compreendem aspectos sociais, econômicos e ambientais. A extração de areia

está associada a expressivos benefícios sociais e econômicos, dentre os quais é possível citar:

a geração de empregos diretos e indiretos no processo extrativo, estes últimos associados ao

uso e comércio da areia; a geração de renda e de impostos, revertidos em serviços à

população; a melhoria na qualidade de vida das pessoas diretamente relacionadas à atividade,

assim como para a população em geral, entre outros fatores (ANIBELLI, 2006).

O aproveitamento econômico de recursos naturais e minerais está inserido nas

estratégias para o desenvolvimento territorial, uma vez que a urbanização somada ao rápido

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crescimento populacional aumenta a demanda por recursos minerais, principalmente para a

construção civil. Isso, consequentemente, aumenta à extração da areia, o número de obras, a

geração de emprego, renda e impostos, que impulsiona o desenvolvimento socioeconômico

das regiões em que ocorrem essas atividades (ANNIBELLI, 2006; IPT, 2013; QUARESMA,

2009).

Além desses benefícios sociais e econômicos existem, também, impactos ambientais

positivos associados. Alguns estudos apontam que os trechos dos rios em que há

desmatamento ficam sujeitos aos processos erosivos, podendo ocorrer o acúmulo de material

arenoso no seu leito. Nas regiões mais baixas, o assoreamento do curso d’água interfere em

diversos processos ecológicos. A extração de areia nestas áreas, se realizada corretamente,

pode contribuir para o desassoreamento do leito do rio, melhorando o seu fluxo, com

diminuição do risco de enchentes. Isso resulta na conciliação da lavra do mineral com a

manutenção da qualidade do meio (IPT, 2013).

O aquecimento da construção civil, a geração de empregos e renda e a geração de

receitas para os governos municipais e estaduais por meio do CFEM (Compensação

Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), bem como o aumento da oferta de areia,

com repercussões positivas para a sociedade em geral, e a redução do assoreamento dos cursos

d’água em virtude da remoção de sedimentos para a obtenção da areia, são alguns dos

benefícios da extração de areia local (LELLES et al., 2005).

A extração de areia em área próxima do mercado consumidor gera benefícios

adicionais para os consumidores e para a população em geral. O menor custo com o transporte

pode reduzir o custo do material. A redução do tráfego de carretas nas rodovias diminui os

impactos gerados na rodovia pelos veículos pesados e a probabilidade de ocorrência de

acidentes no trânsito, assim como a redução da poluição causada pela emissão de gases de

efeito estufa (IPT, 2013).

A Resolução Conama 369, de 28 de março de 2006, estabelece em seu art. II, alínea d,

que as atividades de pesquisa e extração de areia são de interesse social, cabendo por meio de

autorização pelo órgão competente, intervenção em vegetação de Áreas de Preservação

Permanente (BRASIL, 2006).

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A atividade de extração de areia, assim como todas as atividades econômicas que

envolvem o manejo do meio, acarreta em alterações no meio físico, que muitas vezes podem

ser irreversíveis (VIEIRA & REZENDE, 2015). No entanto, a mineração é um dos setores

básicos da economia do país e proporciona o bem estar e a melhoria da qualidade de vida de

diversas pessoas, sendo importante para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa,

desde que as atividades minerárias sejam operadas com responsabilidade social, atendendo os

preceitos do desenvolvimento sustentável (ANNIBELLI, 2006). Sendo assim, tais atividades

devem observar às legislações pertinentes, procurando métodos que permitam o menor

impacto negativo possível ao meio ambiente.

4.3.5 Impactos negativos da mineração de areia

A Resolução Conama 001, de 23 de janeiro de 1986, define o impacto ambiental como

sendo qualquer alteração das propriedades físicas e biológicas do meio ambiente causada por

ações humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

“I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e,

V - a qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 1986).

A extração de areia, assim como a de outros minerais, acarreta em uma série de

impactos ao meio ambiente. Ela atua diretamente no meio natural e utiliza métodos de lavra

mecanizados (ANEPAC, 2016) que provocam alterações significativas na paisagem e na

dinâmica dos ecossistemas.

A extração de areia causa degradação ambiental como a desestabilização do leito e das

margens dos cursos d’água, assoreamento das redes de drenagem, desbarrancamento de

encostas, entre outros impactos negativos que podem levar até a inutilização temporária de

grandes áreas para qualquer outro uso (CASTRO, 1992).

A mineração é, em geral, uma atividade impactante. Ela ocasiona a alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio em que atua. A produção de areia tem a

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peculiaridade de, no Brasil, ser realizada em leitos de rios, ou em áreas próximas, que

invariavelmente consistem em Áreas de Preservação Permanente (APP). A legislação protege

essas áreas enquanto a produção de areia é uma ameaça para elas (VIEIRA & REZENDE,

2015). Quando mal conduzida, essa atividade causa o desmatamento das matas ciliares e

outras áreas para implantação dos pátios e acessos, erosão e assoreamento, emissão de ruídos

na operação de dragas, turbidez da água de drenagem, contaminação das águas por

combustível e outros efluentes, compactação do solo pelo tráfego de máquinas pesadas nos

acessos, produção de resíduos sólidos nos processos de beneficiamento, entre outros impactos

que podem comprometer o equilíbrio do meio (MATOS & LOBOS, 1995).

Uma das principais características das atividades de mineração é a rigidez locacional

do empreendimento. O material de interesse é lavrado exatamente do local em que há

ocorrência natural do mineral, não havendo opções que possam sugerir outros locais para a

mineração, a fim de evitar os impactos (ANNIBELLI, 2006).

Annibelli (2006) relata que no rio Tabagi, localizado no município de Ponta Grossa -

Paraná, a extração de areia provocou a perda de identidade entre as pessoas e o lugar. Antes, o

entorno do rio era muito mais apreciado pelos moradores para passeios, pesca, observação da

paisagem entre outras atividades. Após o início da mineração, essas atividades não ocorrem

com tanta frequência devido aos impactos negativos que mudou drasticamente a paisagem do

rio.

A extração de areia em rios está associada ainda a diversos impactos negativos como:

interferência na velocidade e direção do curso d’água, com eliminação de bancos de

sedimentos; estresse e afugentamento da fauna silvestre terrestre e aquática devido às

alterações no meio, turbulência das águas e excesso de ruídos; comprometimento da vida

aquática, devido às alterações em seu hábitat; impacto visual, devido à retirada de parte da

vegetação e às instalações necessárias; risco de acidentes de trabalho, devido ao uso de mão de

obra braçal, entre outros impactos (LELLES, et al. 2005).

Na mineração artesanal de areia ocorre um oneroso esforço físico devido a retirada da

areia com pás do fundo do rio, o que pode comprometer a saúde física dos trabalhadores

devido à falta de cuidados com a ergonomia no processo.

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Embora a extração de areia ocasione diversos impactos ambientais negativos, não

existe incompatibilidade entre a prática da mineração e a conservação ambiental. No entanto, a

atividade deve ser realizada de forma racional e responsável, respeitando as normas técnicas

regulamentares que competem a estas atividades (RIBEIRO, 2006).

De acordo com a Resolução CONAMA 237/97 (BRASIL, 1997), o licenciamento

ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia

a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que utilizam

recursos ambientais que possam de alguma forma, causar degradação do meio ambiente. As

disposições legais e as normas técnicas aplicáveis em cada caso devem ser observadas. Todos

os empreendimentos e atividades consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras

dependerão de prévio licenciamento dos órgãos ambientais competentes.

Embora a extração de areia possa causar sérios impactos negativos ao meio ambiente,

ela é uma importante atividade econômica. A areia é um recurso primordial para o homem,

utilizada para diversas finalidades, principalmente para a construção civil (CASTRO, 1992). A

sua extração não poderá ser banida devido aos seus impactos negativos, devendo haver então a

adoção de métodos sustentáveis que viabilizem a obtenção deste mineral, gerando o menor

impacto ambiental possível. Partindo desta premissa, é importante que todos os

empreendimentos deste setor, que geram impactos ambientais significativos, observem a

legislação e realizem o licenciamento ambiental ou outros processos legais pertinentes.

Embora alguns empreendimentos realizem a recomposição das áreas degradadas,

previstas no processo de licenciamento, há uma grande lacuna entre o que se preconiza e o que

de fato ocorre. A maior parte dessas medidas envolve apenas o reflorestamento da área, que

muitas vezes, por falta de fiscalização não é concluído ou é feito de forma insatisfatória.

Nesses casos, os objetivos da conservação ambiental não são cumpridos e enfatiza a

necessidade de maior fiscalização, para o cumprimento dos planos que se propõe a recuperar

as áreas utilizadas pela mineração (MECH & SANCHES, 2010).

4.3.6 Legislação

A legislação brasileira sobre a mineração e outras atividades que causam impactos ao meio

ambiente visam regular diversos aspectos relacionados com a forma de extração,

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beneficiamento, obrigações do autor da licença, assim como processos de licenciamento

ambiental, para a mitigação dos impactos causados, entre outros assuntos. O escopo das

normas relacionadas a essa atividade é abordado a seguir.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988:

“O capítulo VI da Constituição Federal Brasileira regulamenta sobre o meio ambiente. O

art. 225 afirma que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Para assegurar a efetividade desse direito, o art. IV delega ao Poder Público, dentre as

diversas responsabilidades, exigir na forma da lei um estudo prévio de impacto ambiental, que

deve ser público, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação do meio ambiente.

O § 2º especifica que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o

meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público

competente, na forma da lei” (BRASIL, 1988).

Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente:

“O art. 2º desta lei determina que o objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente é a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando

assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. São alguns dos princípios desta

norma:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio

ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo

em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

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IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a

proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,

objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

O art. 10 especifica que: a construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente

poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de

prévio licenciamento ambiental” (BRASIL,1981).

Decreto Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967:

“O art. 1º deste decreto dá competência à União para a administração dos recursos

minerais, a indústria de produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de

produtos minerais.

Os regimes de aproveitamento previstos neste Código são: i) concessão, quando depender

de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas e Energia; ii) autorização, quando

depender de expedição de alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional

de Produção Mineral (DNPM); iii) licenciamento, quando depender de licença expedida em

obediência a regulamentos administrativos locais e de registro de licença no DNPM; iv)

concessão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de permissão do Diretor – Geral

do DNPM; e, v) monopolização, quando depender de execução direta ou indireta do Governo

Federal.

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O art. 4º define jazida como toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil,

aflorando à superfície ou existente no interior da terra e que tenha valor econômico. A mina é

definida com uma jazida em lavra, ainda que suspensa.

De acordo com o parágrafo único deste artigo, são partes integrantes da mina:

a) Edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à mineração e

ao beneficiamento do produto de lavra, desde que este seja realizado na área de

concessão da mina;

b) Servidões indispensáveis ao exercício da lavra;

c) Animais e veículos empregados no serviço;

d) Materiais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida, e;

e) Provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 dias.

O art. 7º estabelece que o aproveitamento de jazidas depende de alvará de autorização de

pesquisa do Diretor – Geral do DNPM e de concessão de lavra, outorgada pelo Ministério de

Estado de Minas e Energia.

O art. 13 estabelece que as pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de

pesquisa, lavra, beneficiamento, distribuição, consumo ou industrialização de reservas

minerais devem facilitar o acesso dos agentes do DNPM para a inspeção de instalações,

equipamentos e trabalhos. Eles devem fornecer, também, informações sobre: volume da

produção e características qualitativas do produto; condições técnicas e econômicas da

execução dos serviços ou da exploração das atividades; mercados e preços de venda; e,

quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de produtos minerais.

O art. 22, inciso V, trata da incumbência por parte do titular da autorização quanto à

realização dos trabalhos de pesquisa a serem apresentados ao DNPM, dentro do prazo de

vigência, bem como os relatórios circunstanciados dos trabalhos, contendo os estudos

geológicos e tecnológicos quantificativos da jazida e da exequibilidade técnico-econômica da

lavra, elaborado sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado.

O art. 27 estabelece que o titular da autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos

respectivos, e também as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio

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público ou particular, abrangidos pelas áreas a pesquisar, desde que pague aos proprietários ou

posseiros uma renda pela ocupação dos terrenos e uma indenização pelos danos e prejuízos

que possam ser causados pelos trabalhos de pesquisa. Em caso de terreno em áreas públicas, o

inciso V esclarece que é dispensado o pagamento da renda, ficando o titular de pesquisa,

sujeito apenas ao pagamento relativo a danos e prejuízos.

Com relação a um conjunto de autorizações em localidades próximas, o art. 33 dispõe que

se a substância mineral for à mesma, o titular ou titulares, poderão, a critério do DNPM,

apresentar um plano único de pesquisa e também um só relatório dos trabalhos executados,

desde que abranja todo o conjunto.

O art. 36 do cap. III define lavra como sendo o conjunto de operações coordenadas que

objetivam o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais

úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas. É obrigatório o desenvolvimento de um

plano de aproveitamento econômico da jazida. O art. 39 estabelece que esse documento deverá

conter um memorial explicativo e projetos ou anteprojetos referentes a aspectos como método

de mineração a ser adotado, medidas de segurança, formas de transporte e beneficiamento dos

minerais, disponibilidade de água e energia, entre outros.

No Relatório Anual a ser fornecido ao DNPM devem ser incluídas informações como o

método de lavra, o transporte e a distribuição no mercado consumidor das substâncias

minerais extraídas; as modificações observadas nas reservas, assim como as características das

substâncias minerais produzidas; quadro mensal contendo dados como produção estoque,

preço médio de venda, destino do produto e o recolhimento de imposto; número de

trabalhadores da mina e beneficiamento; investimentos efetuados na mina e em pesquisas e

balanço anual da empresa” (BRASIL, 1967).

Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978:

“Esta lei dispõe sobre o regime especial para exploração e aproveitamento de substâncias

minerais. O seu artigo 1º, inciso I, especifica que os seguintes materiais poderão ser

aproveitados pelo regime de licenciamento, ou de autorização e concessão, na forma da lei:

areia, cascalho e saibros para utilização imediata na construção civil, no preparo de

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argamassas, desde que não sejam submetidos a processo industrial de beneficiamento e nem se

destinem como matéria prima para a indústria de transformação.

O art. 3º orienta sobre a regularização da extração desses minerais, sendo que o

licenciamento depende da obtenção de licença específica, expedida pela autoridade

administrativa local, no município de situação de jazida, e de efetivação do competente

registro no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e

Energia.

No art. 9º desta lei, é evidenciado que o titular do licenciamento é obrigado a apresentar ao

DNPM, até dia 31 de março de cada ano, um relatório simplificado das atividades

desenvolvidas no ano anterior, consoante for estabelecido em portaria do Diretor-Geral desse

órgão.

O art. 10 dispõe acerca das causas que levam ao cancelamento do registro de licença, por

ato do Diretor-Geral do DNPM, que ocorre nos casos de insuficiência na produção da jazida,

considerada em relação às necessidades do mercado consumidor; a suspenção sem motivo

justificado, dos trabalhos de extração, por prazo superior a seis meses; e o aproveitamento de

substâncias minerais não abrangidas pelo licenciamento, após advertência.

Após a concessão de autorização, o art. 15 estabelece que a autorização valerá por três

anos, podendo ser renovada por mais tempo, a critério do DNPM, e considerando a região de

pesquisa e tipo de minério pesquisado, mediante requerimento do interessado acompanhado de

relatório dos trabalhos realizados, com resultados obtidos e justificativa do prosseguimento de

pesquisa, bem como pagamento de emolumentos de outorga do novo alvará” (BRASIL, 1978).

Resolução Conama 237, de 19 de dezembro de 1997:

“Esta resolução regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na

Política Nacional do Meio Ambiente.

O art. 1º dessa resolução traz algumas definições principais, dentre as quais, no inciso I

têm-se o licenciamento ambiental como um procedimento administrativo, pelo qual o órgão

ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou

potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação

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ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas

aplicáveis ao caso.

O art. 2º dispõe que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e

operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer

forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão

ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. São sujeitos ao

licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no anexo I, parte

integrante desta Resolução.

O parágrafo único regulamenta que o órgão ambiental competente, após verificar que a

atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do

meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de

licenciamento, o que é o caso da extração artesanal de areia.

Quanto às atividades pouco impactantes, o art. 12 desta Resolução prevê que ficará ao

encargo do órgão ambiental competente definir, se necessário, procedimentos específicos para

as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou

empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de

planejamento, implantação e operação, podendo ser estabelecidos procedimentos

simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto

ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.

No anexo I, entre as atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental

está a extração e tratamento de minerais, abrangendo:

- pesquisa mineral com guia de utilização;

- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento;

- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento;

- lavra garimpeira;

- perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural” (BRASIL, 1997).

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Resolução Conama 369, de 28 de março de 2006:

“Esta norma dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou

baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área

de Preservação Permanente (APP).

O art. 1º define os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente pode

autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP

para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse

social, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

A relação desta resolução com as atividades de mineração está prevista no art. 2º. O órgão

ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em

APP, devidamente caracterizada e motivada mediante procedimento administrativo autônomo

e prévio, e atendidos os requisitos previstos nesta resolução e noutras normas federais,

estaduais e municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-

Econômico e Plano de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes

casos:

II - interesse social:

d) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela

autoridade competente.

Dessa forma, de acordo com o art. 4º, toda obra, plano, atividade ou projeto de

utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão

ambiental competente, a autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em

processo administrativo próprio, nos termos previstos nesta resolução, no âmbito do processo

de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais

aplicáveis” (BRASIL, 2006).

4.3.7 Aspectos da extração de areia no Litoral Norte do Estado de São Paulo

O relatório “Bases Técnicas para o Ordenamento Territorial da Mineração nos

Municípios do Litoral Norte Paulista” do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo –

IPT (2013) analisa a mineração de areia, brita e saibro nos municípios de Ubatuba,

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Caraguatatuba, Ilha Bela e São Sebastião. O trabalho propõe um modelo de zoneamento

minerário para essa região, para inserir essas atividades no plano de desenvolvimento dos

municípios.

Este relatório apresenta informações importantes sobre a mineração de areia na região,

sendo o trabalho mais completo e direcionado encontrado na revisão da literatura. Por isso ele

será a principal fonte para tratar desta atividade econômica especificamente no município de

Ubatuba e demais municípios do litoral norte.

O potencial para abrigar depósitos de areia está relacionado às coberturas sedimentares

cenozoicas encontradas no Litoral Norte de São Paulo, em especial aos depósitos flúvio-

coluviais e marinho praiais atuais e pré-atuais. Os depósitos de areia restringem-se a

empreendimentos de pequeno e médio porte, em que os rios são pequenos, sendo então a

produção direcionada exclusivamente para o mercado local da construção civil (IPT, 2013).

Em áreas com certo grau de desmatamento nas cabeceiras dos rios, como é o caso do

rio Ubatumirim em Ubatuba, pode ocorrer o acúmulo de material arenoso no baixo curso da

drenagem, ocasionando o assoreamento, em que a extração de areia é bastante viável

econômico e ambientalmente, uma vez que o mineral se deposita de forma contínua (IPT,

2013).

A demanda pelos minerais utilizados na construção civil apresentou um expressivo

aumento a partir da década de 1970, devido à abertura de vias de acesso à região, como a BR-

101 (Rodovia Rio-Santos) e ao consequente aumento do turismo nas cidades litorâneas. Isso

provocou o aquecimento do setor imobiliário e da construção de casas de veraneio, hotéis e

demais infraestruturas necessárias ao atendimento das atividades turísticas. A vocação turística

dos municípios do Litoral Norte paulista e a urbanização são os principais fatores para o

aumento da mineração de areia nos rios da região (IPT, 2013).

No Litoral Norte, no ano de 2013, foram registradas duas minas de extração de areia,

instaladas em áreas aluvionares, nos municípios de Caraguatatuba (Pecuária Serramar Ltda.) e

São Sebastião (Porto de Areia Costa Azul), conforme se pode observar nas imagens a seguir.

Em Ubatuba a atividade está proibida legalmente, ocorrendo somente à mineração de

materiais de empréstimo como saibro e argila (IPT, 2013).

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Figura 8 – Extração de areia no empreendimento Pecuária Serramar em Caraguatatuba.

Extraído de: IPT (2013).

Figura 9 – Porto de areia Costa Azul em São Sebastião

Extraído de: IPT (2013)

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Figura 10 – tanque de decantação de mineral dragado no porto de areia Costa Azul em São

Sebastião

Extraído de: IPT (2013).

A unidade de extração de areia de Caraguatatuba é a mais rentável do Litoral Norte,

chegando a produzir até 30 mil toneladas de areia mensalmente. Nesta unidade, a mineração é

realizada por meio de cava submersa, em que a areia misturada com a água é dragada por

bombas e beneficiada com lavagens e peneiramento. Os produtos ofertados por este

empreendimento são: areia fina, areia média e cascalho fino, com preço médio de R$ 27,00/t

em 2013. O empreendimento de São Sebastião é um porto de areia, que lavra os sedimentos do

rio Boiçucanga por meio de uma draga autopropelida, não havendo qualquer tipo de

beneficiamento. A produção declarada deste empreendimento está em torno de 1.200

toneladas por mês, sendo o valor de venda em média R$ 32,00/t (IPT, 2013).

Devido à falta de informações bibliográficas ou documentos sobre o mercado

consumidor mineral no Litoral Norte, o relatório do IPT (2013) realizou entrevistas com

profissionais do setor, buscando obter uma visão aproximada da dimensão da demanda de

insumos minerais na região, principalmente os materiais para a construção civil. O consumo

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de areia foi estimada na faixa de 50 a 70 mil t/mês, nos quatro municípios que compõem o

estudo (IPT, 2013). Como a produção local não atende a demanda, a oferta é complementada

por suprimento externo proveniente principalmente do Vale do Paraíba, que contribui com 20

a 30% do total consumido (IPT, 2013).

Quanto ao potencial mineral da região, a associação entre o clima, geologia e

geomorfologia propiciam uma oferta abundante de recursos minerais, como areia, brita e

materiais de empréstimo. No entanto, há uma série de restrições referentes à exploração desses

minerais, sendo que no passado, essa atividade ocasionou inúmeros impactos negativos ao

ambiente da região, devido à ilegalidade dos empreendimentos que degradavam as áreas e não

tinham compromisso com a recuperação ambiental (IPT, 2013).

O estudo propõe que o ordenamento da atividade de mineração no Litoral Norte

aproveite a dotação mineral remanescente de áreas impactadas. Isso traz diversos benefícios

para a região, tais como: bens materiais para a construção civil de baixo valor agregado;

utilização de sítios antropizados e suscetíveis ambientalmente; possibilidade de recuperação

do ambiente após a exploração, como previsto em lei; e, geração de empregos e renda, dentre

outros.

Figura 11 – Mapa simplificado do potencial mineral do Litoral Norte

Fonte: IPT (2013)

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5. RESULTADOS

Para a obtenção de informações para este trabalho foram entrevistadas sete pessoas,

sendo elas: quatro antigos extratores de areia ou familiares dos mesmos, dois proprietários de

estabelecimentos comerciais de materiais para construção civil, e um membro da Cooperativa

de Trabalho de Extração de Minérios e Derivados de Ubatuba (Coopareia). Os participantes

residem nos bairros Puruba, Ubatumirim, Itaguá, Estufa II, Ressaca e Ipiranguinha, do

município de Ubatuba – SP. Somente um dos entrevistados não é nascido em Ubatuba, porém

reside há mais de 20 anos na cidade. As entrevistas foram feitas por meio de um questionário

pré-elaborado e anexo no apêndice deste trabalho.

A faixa etária dos entrevistados variou entre 32 a 53 anos. Quanto à escolaridade, cinco

pessoas não concluíram o ensino fundamental, um entrevistado tinha o ensino médio completo

e formação técnica e um entrevistado estava cursando o ensino superior. Todos os

entrevistados residem em casa própria.

5.1 Informações dos antigos extratores de areia:

Os entrevistados relataram que a atividade de extração de areia era feita de forma

artesanal e mecanizada no município de Ubatuba. A extração mecanizada era feita por meio

do método da cava submersa, em que a areia é extraída de uma cava no solo, preenchida com

água, geralmente proveniente do desvio de rios. Neste tipo de extração, a areia é conduzida

aos silos de estocagem por bombas condutoras. A mineração mecanizada era realizada apenas

em um empreendimento, licenciado pelos órgãos ambientais competentes para a realização

desta atividade. Estima-se que este empreendimento produzia 100 m³ de areia por dia,

destinada a comercialização apenas em Ubatuba. Atualmente não há mais extração de areia

por este empreendimento devido à desapropriação daquelas terras para a unidade de

conservação - Parque Estadual da Serra do Mar.

A extração artesanal de areia foi descrita por quatro antigos extratores do mineral, não

havendo divergência nos relatos. De acordo com os entrevistados, a mineração era feita de

forma simples, sem a utilização de máquinas, utilizando apenas ferramentas manuais. Os

mineradores ficavam dentro do rio, com a água na altura da cintura, e utilizavam uma pá

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adaptada chamada de concha6, para a retirada da areia do leito do rio. A areia retirada era

colocada em uma barcaça de madeira quadrada, chamada de batera7 que comportava

aproximadamente 1,5 m³ de areia por vez. Quando cheia, a “batera” era conduzida até a

encosta para ser descarregada na margem do rio. Inicialmente, os caminhões buscavam a areia

neste local. Para evitar impactos ambientais negativos causados pelo tráfego dos caminhões

até próximo das margens, a areia passou a ser carregada por carrinhos de mão até um pátio,

onde o acesso pelos caminhões era permitido. A quantidade extraída de areia era compatível

com a demanda, não havendo depósitos de areia no local. Conforme relatou um dos

entrevistados, cada extrator retirava do rio aproximadamente cinco m³ de areia por dia.

A renda obtida por meio da extração de areia, declarada pelos antigos extratores do

mineral, era de 2 a 5 salários mínimos, considerando que no ano de 2003 o salário mínimo era

de R$ 240,00. Havia extratores que trabalhavam em “portos” de areia. Nesse caso, o

proprietário do “porto” intermediava o comércio do mineral com os clientes ao custo

aproximado de 40% da venda, ficando os 60% restante para o extrator.

A atividade geralmente era feita em meio familiar, os quatro antigos extratores

entrevistados afirmaram que mais pessoas de suas famílias trabalhavam com a extração de

areia. Geralmente filhos, pai e até mesmo esposas trabalhavam no mesmo local. Um dos

entrevistados relatou que trabalhava no “porto” de areia de sua irmã, junto com seus três

irmãos e sua cunhada. Quanto ao número de pessoas que compunham o lar dos extratores

entrevistados e que dependiam da renda obtida da extração de areia na época, variava entre 4 a

8 pessoas.

Quando os “portos” de extração de areia foram paralisados em razão da falta de

licença/autorização, muitas famílias que obtinham renda com essa atividade enfrentaram

dificuldades financeiras. Os trabalhadores fizeram uma manifestação em frente da prefeitura

para reivindicar a retomada da atividade e a recuperação da fonte de sustento familiar. Os

técnicos da prefeitura orientaram os trabalhadores a se organizarem em uma cooperativa, o

6 Concha: ferramenta utilizada para a extração de areia feita de modo artesanal, sendo composta por quatro

chapas metálicas em sua base e um cabo de madeira, formando um tipo de pá com laterais, para a acomodação da

areia (definição descrita pelos entrevistados). 7 Batera: barcaça de madeira retangular com dimensões aproximadas de 1,7 m de largura x 4,2 m de

comprimento, sendo utilizada para o transporte provisório da areia do ponto de extração a margem do rio

(definição descrita pelos entrevistados).

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que facilitaria o processo de concessão da licença e dividiria os custos decorrentes dos estudos

e taxas exigidas por este processo.

Os problemas financeiros provocados fez com que a prefeitura criasse um programa de

auxílio emergencial concedendo cestas básicas aos trabalhadores cadastrados. O objetivo era

prover o mínimo necessário à sobrevivência dessas famílias. Esta situação, relatada pelos

entrevistados, é confirmada por notícia veiculada na época pelo jornal local “A Cidade”

(Figura 12).

Figura 12 – Notícia publicada em jornal do município em 11 de junho de 2003

Fonte: Jornal “A Cidade”, 11 de junho de 2003.

Os antigos extratores relatam que os trabalhadores buscaram alternativas de renda após a

paralisação dos “portos” de areia. Apesar de alguns trabalhadores continuarem

desempregados, outros voltaram para a atividade de pesca, buscaram emprego no setor de

serviços, como em estabelecimentos de comércio, empresas de limpeza urbana terceirizadas

pela prefeitura e redes hoteleiras, entre outros.

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Os aspectos positivos da extração de areia, de acordo com a opinião dos areeiros

entrevistados são: desenvolvimento da economia local com a geração de empregos e renda,

desassoreamento dos rios, manutenção da biodiversidade (como algumas espécies de peixes

que precisam da profundidade dos rios para sua reprodução, prejudicada pelo assoreamento

dos rios), redução de emissão dos gases do efeito estufa decorrentes do transporte de areia de

outras cidades para atender o mercado local, bem como a redução do risco de acidentes no

trânsito e do tráfico intenso nas estradas.

Segundo os entrevistados, os danos da extração de areia são: retirada de vegetação da

margem do rio para o armazenamento da areia e acesso de caminhões, e a falta de segurança e

ergonomia dos trabalhos realizados, que exigem excessivo esforço físico dos areeiros. Porém,

os aspectos negativos da extração artesanal de areia são pouco significativos, de acordo com a

opinião dos entrevistados.

Os antigos extratores entrevistados afirmaram estar aguardando o licenciamento da

cooperativa de areeiros para voltarem a exercer a atividade de extração de areia.

5.2 Informações obtidas pela entrevista com membro da cooperativa

Seguindo orientação dos técnicos da prefeitura, foi organizada em meados de 2003,

uma cooperativa de areeiros, denominada Cooperativa de Trabalho da Extração de Minérios e

Derivados, mais conhecida como Coopareia.

No início havia 150 pessoas vinculadas à cooperativa de areeiros, de diversas regiões de

Ubatuba. Hoje a cooperativa conta com a participação de 18 pessoas, entre diretoria e

cooperados. A drástica diminuição no número de adesões foi causada pela demora na

concessão de autorização/licença para a retirada de areia. Atualmente a cooperativa está

trabalhando no processo de licenciamento junto a Companhia Ambiental do Estado de São

Paulo (Cetesb) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), sendo que a outorga do

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) já foi concedida. Conforme relatou o

secretário da Coopareia, o processo de licenciamento está em estágio final e, em breve, a

cooperativa deverá estar apta a operar.

A proposta da Coopareia é a extração semi-artesanal da areia, sendo uma parte do processo

feita de forma artesanal e outra mecanizada. Haverá uma pequena draga propulsora de

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pequeno a médio porte nas operações de extração, para que a quantidade produzida seja

compatível com a demanda do mercado local. Os resíduos da produção, como o cascalho,

serão reaproveitados.

A consultoria contratada para a realização dos estudos mineralógicos pertinentes utilizados

no processo de licenciamento estipulou o Rio Grande, localizado na região central do

município, para o início das extrações de areia pela cooperativa. Alguns pontos ao longo do

rio foram estabelecidos para serem minerados e apenas um ponto será explorado por vez

(Figura 13).

Figura 13 – Planta de localização da área objeto de exploração mineral

Fonte: Karl Heinz – Consultoria Especializada, 20168

8 Imagem fornecida pela Coopareia elaborada pela consultoria especializada Karl Heinz.

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A cooperativa pretende solicitar o licenciamento de mais alguns rios do município para

que todos os antigos cooperados possam participar. Os demais rios são: Itamambuca, Puruba,

Ubatumirim, Indaiá, Tavares e Corcovado, atendendo as áreas onde residem todos os antigos

extratores de areia.

O secretário da cooperativa informa que a normativa da Cetesb permite a retirada de parte

da vegetação existente na margem do rio, principalmente para o armazenamento provisório da

areia extraída. Em contrapartida, a cooperativa deverá fazer a compensação ambiental, por

meio de plantio de árvores nativas em área pré-estabelecida, e implantação de um programa de

educação ambiental envolvendo as comunidades da região e buscando conscientizar sobre os

problemas ambientais gerados pela emissão do esgoto doméstico nos rios.

Para o secretário da Coopareia, alguns dos benefícios da cooperativa são: acesso a

convênio médico para os cooperados, isenção de alguns impostos, divisão justa da quantidade

de trabalho e da remuneração.

5.3 Informações das entrevistas com proprietários de estabelecimentos comerciais de

material de construção

Foram entrevistados dois proprietários de estabelecimentos comerciais de material para

a construção civil, sendo os empreendimentos: Toninho Terraplanagem e Timiro Comercial

Ltda. Ambos os entrevistados trabalham com a comercialização de areia há 20 anos.

A areia comercializada atualmente nos estabelecimentos é extraída nos municípios de

Caçapava, Caraguatatuba, Paraty e Angra dos Reis. Isto faz com que o preço de venda do

produto aumente bastante devido ao acréscimo do frete. A maior distância é do município de

Angra dos Reis, de aproximadamente 400 quilômetros de Ubatuba. O transporte do mineral é

feito com veículos próprios dos estabelecimentos.

Os entrevistados afirmaram que atualmente a demanda pela areia e materiais

complementares para a construção civil é maior que em relação à época em que havia extração

artesanal de areia no município. Sendo assim, é interessante a extração de areia local, o que

facilitará o transporte do mineral e tornará o preço mais competitivo, devido à redução do

valor do frete.

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Ambos os entrevistados afirmaram que o preço da areia, sem frete, na época em que

havia extração de areia em Ubatuba, variava entre R$ 10,00 a R$ 20,00 o m³.

Além das entrevistas com os proprietários de estabelecimentos, foi efetuada também

uma cotação de preços atuais da areia, de acordo com sua origem e granulometria, junto aos

estabelecimentos que comercializam o material no município. Os preços coletados estão

relacionados na tabela a seguir:

Tabela 5 – Preço da areia comercializada em Ubatuba (R$/m³) em 2016

Fonte: Elaborado pela autora, 2016

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das informações obtidas pela presente pesquisa indica que:

a) A regularização da atividade de extração de areia junto aos órgãos ambientais é um

processo quase intransponível para pequenos produtores. Existe necessidade de

desburocratizar e reduzir os prazos do processo de licenciamento da Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo (Cetesb), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e

Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), para permitir que eles possam exercer as

suas atividades dentro dos padrões de qualidade ambiental exigido por essas entidades;

b) É necessário desenvolver tecnologias que facilitem o processo extrativo de areia em

pequena escala, principalmente aquelas voltadas para o aumento da segurança dos

trabalhadores, a redução do esforço físico empregado na atividade, o aumento do rendimento

Fina Média Grossa Fina Média Grossa Fina Média Grossa

Adecon 147,00 147,00 - 160,00 160,00 - - - - - -

Agostinho Depósito 98,00 115,00 - 136,00 160,00 - - - - - -

Casa Nova - - - 170,00 170,00 170,00 150,00 150,00 150,00 - -

Cimenthuba - 110,00 - - 150,00 150,00 - - - - 135,00

Constrular 130,00 130,00 130,00 160,00 160,00 160,00 - - - - -

JS Materiais de Construção 90,00 90,00 - 130,00 130,00 - 100,00 100,00 - - -

Marconi - - - - - - 120,00 120,00 120,00 - -

Perequê-mirim - 110,00 - - 160,00 - - - - - -

SP Comercial 89,25 89,25 - 127,50 127,50 - - - - - -

Tadioto - 131,00 - - 180,00 - - - - - -

Terraplana 110,00 110,00 - 140,00 140,00 - - - - - -

Timiro - - - 165,00 160,00 - 110,00 110,00 110,00 118,00 145,00

Toninho Terraplanagem - - - 160,00 160,00 160,00 140,00 140,00 140,00 - 110,00

Areia de

Angra

Preço da areia em comércios de Ubatuba - 2016

Preço (R$/m³)

Areia de Paraty Areia de Caçapava Areia de Caraguá

Empresa

Pó de

pedra

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operacional do trabalho e a redução dos impactos ambientais gerados, contribuindo para a

sustentabilidade do processo; e,

c) É essencial que o Poder Público estabeleça uma legislação específica voltada para o

desenvolvimento da extração de areia pelos cooperativados da Coopareia, incluindo os

produtos gerados pelos cooperados nas compras efetuadas pelo município para suas obras e

provendo benefícios que auxiliem o desenvolvimento destes trabalhadores. Cabe ao Poder

Público, também, a capacitação destes trabalhadores para a realização de atividades seguras,

rentáveis e sustentáveis.

Esta pesquisa tem algumas limitações relevantes. Entre outros problemas, podem ser

citados dois mais significativos: i) o processo judicial que paralisou a extração irregular de

areia em Ubatuba não foi encontrado nos arquivos da prefeitura municipal e não tem versão

digital para consulta pela internet, e ii) o número de questionários aplicados foi pequeno em

razão da dificuldade de encontrar os antigos extratores de areia.

Como sugestão para futuras pesquisas, seria interessante realizar a mensuração do

valor econômico da atividade de extração de areia para o município de Ubatuba para estimar a

importância desta atividade na economia local e oferecer parâmetros para a realização de

mensurações em outros municípios que praticam esta atividade.

7. REFERÊNCIAS

ANGEL, M. Vereador Charles Medeiros se reúne com extratores de areia. Jornal A Cidade,

Ubatuba – SP, 11 de jun. de 2003.

ANGEL, M. Projeto Cidadão inicia a formação da cooperativa de areeiros. Jornal A Cidade,

Ubatuba – SP, 23 de set. de 2003.

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Pontifícia Universidade Católica – Paraná: PR, 2006.

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solos. Rio de Janeiro: RJ, 1993, p. 08.

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BRASIL. Decreto Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967. Estabelece o Código de Mineração

Brasileiro.

BRASIL. Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978. Dispõe sobre a exploração e

aproveitamento de substâncias minerais.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Estabelece a Política Nacional do Meio

Ambiente.

BRASIL. Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispões sobre a avaliação de

impacto ambiental.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

BRASIL. Resolução Conama nº 237, de 22 de dezembro de 1997. Regulamenta sobre os

aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente.

BRASIL. Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006. Dispõe sobre os casos

excepcionais que possibilitam a intervenção ou supressão em Área de Preservação

Permanente.

CASTRO, D. M. M. Considerações sobre a Extração Mineral na Região Metropolitana do

Rio de Janeiro. Anuário do Instituto de Geociência – UFRJ, vol.15, Rio de Janeiro: RJ,

1992.

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situação dos recursos hídricos do Litoral Norte. São Paulo: SP, 2015.

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Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD): www.atlasbrasil.org.br. Acesso em: 02 de maio

de 2016.

CIIAGRO: www.ciiagro.sp.gov.br. Acesso em 05 de maio de 2016.

DNPM: www.dnpm.gov.br. Acesso em 10 de maio de 2016.

Google Maps: www.google.com.br/maps/place/Ubatuba. Acesso 20 de novembro de 2016.

IBGE Cidades: www.cidades.ibge.gov.br. Acesso em 30 de abril de 2016.

SIGRH: www.sigrh.sp.gov.br. Acesso em 24 de abril de 2016.

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APÊNDICES

QUESTIONÁRIO

Pesquisa sobre a extração de areia em Ubatuba

Este questionário é parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Jéssica de Andrade, aluna de Gestão Ambiental

da Universidade de São Paulo, Campus de Piracicaba. Estes dados serão úteis para conhecer o perfil das pessoas

que trabalhavam com a extração de areia, assim como saber sobre como essa atividade acontecia, os motivos de

sua proibição e quais ações ocorrem hoje para que possa haver a extração artesanal de areia nos rios de Ubatuba.

A autora garante o sigilo pessoal da fonte e de todas as informações fornecidas e somente os dados agregados

serão utilizados no estudo.

Nome . : ________________________________________ Idade : ___________________

Bairro : ________________________________________ Profissão:_________________

Participa da cooperativa de areeiros? ( ) Sim ( ) Não

OBS: Se você é um cooperado, responda também as questões 11 e 12. Se não, responda apenas até a dez.

Obrigada!

1. Você é natural de Ubatuba?

( ) Sim ( ) Não Naturalidade: __________________________

2. Escolaridade:

Primário

Secundário

Superior incompleto

Superior completo

Pós-graduação

3. No passado, trabalhou com extração de areia? Se sim, de qual local/bairro?

Sim Bairro : ____________________

Não

4. Como era feita a extração de areia?

__________________________________________________________________

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5. Qual era a sua renda mensal aproximada como extrator de areia:

( ) Menos do que 1 salário mínimo (SM) (salário mínimo em 2002 = R$ 200,00)

( ) Aproximadamente 1 salário mínimo

( ) Entre 1 a 2 salários mínimos (até R$400,00)

( ) Mais que 2 salários mínimos (mais do que R$400,00)

6. Quantas pessoas da sua família trabalhavam na extração de areia?

7. Quantas pessoas moravam com você quando você era areeiro (a)?

8. O que aconteceu com você e sua família quando extração de areia foi proibida?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9. Quais os problemas ambientais da extração de areia que você se lembra?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10. Na sua opinião, quais são os benefícios da extração de areia?

___________________________________________________________________

11. Como funciona a cooperativa de areeiros de Ubatuba? Como é a organização das

atividades?

___________________________________________________________________

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12. Qual é a situação atual do processo de regularização ambiental para a extração de

areia? Vocês estão tentando uma autorização do DNPM, um licenciamento ambiental,

qual o meio?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Obrigada por sua participação, juntos somos mais fortes!

Jéssica de Andrade

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QUESTIONÁRIO

Pesquisa sobre a extração de areia em Ubatuba

Este questionário é parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Jéssica de Andrade, aluna de Gestão Ambiental

da Universidade de São Paulo, Campus de Piracicaba. O objetivo do estudo é conhecer a atividade de

comercialização de areia em Ubatuba – SP, o comportamento da demanda, a origem da areia comprada e como

era a compra e venda desse material quando havia a extração de areia no município. Por meio do levantamento

dos preços em um cenário passado e atual se fará uma mensuração da importância dessa atividade para Ubatuba.

A autora garante o sigilo pessoal da fonte e de todas as informações fornecidas e somente os dados agregados

serão utilizados no estudo.

Nome: ________________________________________

Empreendimento:____________________________ Cargo: ____________________

Bairro: ____________________________

1. Você é natural de Ubatuba?

( ) Sim ( ) Não Naturalidade: __________________________

2. Escolaridade:

Primário

Secundário

Superior incompleto

Superior completo

Pós-graduação

3. Desde quanto tempo você trabalha com a venda de areia?

Ano: __________ Mês: __________

4. De qual município vem a areia que é comercializada aqui?

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___________________________________________________________________

5. Como era o mercado de areia quando a extração era feita em Ubatuba? O produto local

era comercializado aqui? Vinha produto de fora do município?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6. Como é a atual demanda por areia? Ela é maior ou menor do que no passado?

___________________________________________________________________

7. Você poderia informar a evolução do valor aproximado do m³ de areia desde o início da

sua atividade?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Obrigada por sua participação, juntos somos mais fortes!

Jéssica de Andrade