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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Agrícola BRUNO PIVA PELLIS Desempenho mecânico de vigas de madeira laminada colada armada confeccionadas com adesivo poliuretânico CAMPINAS 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Agrícola

BRUNO PIVA PELLIS

Desempenho mecânico de vigas de madeira

laminada colada armada confeccionadas com

adesivo poliuretânico

CAMPINAS

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Agrícola

BRUNO PIVA PELLIS

Desempenho mecânico de vigas de madeira

laminada colada armada confeccionadas com

adesivo poliuretânico

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Agrícola, na área de concentração de Construções Rurais e Ambiência.

Orientador: Prof. Dr. Julio Soriano

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO BRUNO PIVA PELLIS E ORIENTADA PELA PROF. DR. JULIO SORIANO.

____________________________________

CAMPINAS

2015

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RESUMO

A aplicação de reforços em peças de madeira laminada colada (MLC) é uma

técnica que visa um melhor desempenho estrutural, permitindo a redução das

seções transversais e o uso de madeiras de classes inferiores de resistência. A

técnica da madeira laminada colada armada com barras de aço (MLCA) é pouco

difundida requerendo o desenvolvimento de metodologias para o cálculo estrutural.

No presente trabalho, foi avaliado o comportamento estrutural de peças de madeira

laminadas reforçadas com armadura simétrica, tendo por base de cálculo o método

da seção transformada. Para tanto, foram confeccionadas vigas de MLC de pinus

eliotti, com diferentes taxas de armadura (0%, 2% e 4%). O reforço foi proporcionado

por barras de aço CA50 com diâmetro de 10 milímetros, coladas nas seções

transversais de vigas de MLC com adesivo estrutural poliuretânico. Ambos os grupos

de vigas reforçadas apresentaram comportamento estrutural mais homogêneo que o

grupo de vigas sem reforço. O aumento de rigidez proporcionado pelos reforços foi

de 52% e 73%, para as taxas de armadura 2% e 4%, respectivamente. Para as

peças com reforço de 2% o produto de rigidez obtido no ensaio de flexão por quatro

pontos resultou 6% maior que o valor teórico, obtido pela homogeneização da seção

transversal. Já, para as peças contendo 4% essa diferença resultou 7,5% menor. O

presente estudo contribui para a difusão e o conhecimento das técnicas de reforços

da madeira laminada colada, apontando que o reforço com armadura simétrica é

uma eficiente forma de melhorar o desempenho mecânico para esses elementos

estruturais.

Palavras chave: método da seção transformada, estruturas de madeira, resistência

mecânica, rigidez.

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ABSTRACT

The application of reinforcements on glued-laminated (glulam) timbers is a

technique with the purpose of improved the structural performance, providing the

cross-section reduction and the use of lower strength timber grades. The technique

of reinforced glulam timber with steel bars is not very disseminated, requiring the

development of methods for the structural calculation. In this study, was evaluated

the structural behavior of glulam beams symmetrically reinforced with steel bars, with

the calculation based on the method of the transformed section. For this purpose,

were fabricated glulam beams of pinus elliottii, with different reinforcement ratio (0%,

2% and 4%). The reinforcement was provided by steel bars with 10 mm diameter,

bonded by structural polyurethane adhesive, inside to the cross-section of glulam

beams. Both reinforced beam groups shown behavior most homogeneous than non-

reinforced group. The increased of stiffness provided by reinforcements was equal to

52% and 73%, with the reinforcement ratios of 2% and 4%, respectively. In the

beams with reinforcement ratio equal to 2%, the stiffness obtained by four point

flexural test resulted in 6% higher than the theoretical value, obtained by

homogenization of the cross-section. On the other hand, beams reinforced with ratios

equal to 4%, this difference resulted in 7.5% lower. This study contributes to the

diffusion and knowledge of the reinforcement of glued laminated timber techniques,

pointing out that the reinforcement with symmetrical steel bars is an efficient means

to improve the mechanical performance for these structural elements.

Keywords: transformed cross-section method, wood structures, mechanical

strength, stiffness.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 29

1.1 Justificativa ................................................................................................... 29

1.2 Objetivos ...................................................................................................... 30

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 31

2.1 Necessidade de Reforço em Estruturas de Madeira .................................... 31

2.2 Técnicas de Reforço em Estruturas de Madeira .......................................... 37

2.2.1 Reforços de PRF ................................................................................... 37

2.2.2 Reforços de aço ..................................................................................... 42

2.2.3 Madeira Laminada Colada Armada (MLCA) .......................................... 46

2.2.4 Método da Seção Transformada para MLCA ........................................ 52

3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 57

3.1 Modelo de Cálculo........................................................................................ 57

3.1.1 Cálculo do Incremento da Rigidez ......................................................... 57

3.2 Etapa Preliminar ........................................................................................... 60

3.3 Etapa Principal – Peças estruturais.............................................................. 61

3.3.1 Confecção das peças estruturais........................................................... 61

3.3.2 Instrumentação das vigas ...................................................................... 64

3.3.3 Ensaio de Flexão ................................................................................... 66

3.3.4 Cálculo do Produto de Rigidez .............................................................. 68

3.3.5 Ensaios caracterização do lote de MLC ................................................ 69

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 72

4.1 Caracterização da madeira das vigas – Etapa Principal .............................. 72

4.1.1 Teor de Umidade ................................................................................... 72

4.1.2 Ensaios de compressão paralela às fibras e classe da madeira ........... 72

4.2 Ensaios da Vigas ......................................................................................... 73

4.2.1 Ensaios de flexão das Vigas .................................................................. 74

4.2.2 Modo de ruptura das vigas .................................................................... 80

4.2.3 Comparativo entre os resultados dos ensaios e os resultados do modelo

de cálculo ............................................................................................................ 86

4.2.4 Comparações entre seções reforçadas e não reforçadas ..................... 87

4.2.5 Outras considerações ............................................................................ 90

5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 93

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 95

APÊNDICES ............................................................................................................. 99

Apêndice I: Etapa Preliminar – Protótipos em escala .......................................... 100

Apêndice II: .......................................................................................................... 110

Apêndice III: Comportamento das vigas submetidas à flexão (item 4.2.1) ........... 112

Apêndice IV: Distribuição de tensões nas vigas (item 4.2.2) ............................... 116

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Luiz e Maria Silvana, que precisaram fazer algumas

renúncias e concessões durante tempos difíceis para poder investir na minha

formação.

Ao meu avô paterno Cláudio, in memorian, com quem aprendi o meu primeiro

ofício, ajudou a desenvolver talentos como capricho e engenhosidade quando era

ainda menino. E à minha avó materna Idair, in memorian, que criou filhos e netos em

épocas adversas, sempre tinha uma palavra motivadora e um conselho para nos

dar. Onde eles estiverem, que eles possam sentir tanto orgulho do que me tornei

quanto sinto saudades deles.

Por fim dedico esta obra à todos os cientistas, pesquisadores e profissionais,

que independente de receberem o devido reconhecimento acadêmico ou retorno

financeiro, lançam mão de seu tempo, seus recursos próprios e juntam seus

esforços em favor da inovação, almejando a melhoria da sociedade onde vivem.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao Prof. Dr. Julio Soriano, por todo seu esforço de orientação,

pelas conversas e pela paciência, desde a época de aluno especial. Estes anos de

convivência foram além do trabalho e pesquisa, foram, em seu significado mais

amplo, uma grande vivência. Ao professor, agradeço sobretudo pela sua amizade.

Aos amigos Rafael Lorensani e Paulo Nunes, que me ajudaram na discussão,

preparação e ensaios dos protótipos, por compartilhar ideias, risadas e apuros

durante nosso percurso.

À equipe da Allpine, composta pelo meu pai e pelo meu irmão Fábio, cuja

participação neste trabalho e em trabalhos anteriores prova que é possível obter,

com poucos recursos materiais, produtos em madeira laminada colada de alta

qualidade.

Aos meus entes queridos, amigos, professores, fornecedores de insumos,

colegas e profissionais com quem estive em contato, que partilharam comigo

questionamentos e experiências valiosos na condução deste trabalho científico.

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“Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o

seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua

recreação, entre o seu amor e a sua religião. Distingue uma coisa da outra com

dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça,

deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele

acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo”.

Domenico de Masi

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Diagrama tensão-deformação à tração e à compressão de uma espécie

folhosa nativa brasileira. ............................................................................................ 32

Figura 2: Distribuição de tensão-deformação em vigas sem defeito, de acordo com o

aumento do momento fletor....................................................................................... 33

Figura 3: Distribuição das resistências característica de: A) Madeira serrada; B)

Madeira Laminada Colada e C) Madeira Laminada Colada Reforçada. ................... 35

Figura 4: Rupturas possíveis na seção reforçada com PRF de fibra de vidro. .......... 39

Figura 5: Madeira reforçada com sisal. ..................................................................... 40

Figura 6: Ruptura de viga de MLC reforçada com fibra de carbono. ......................... 41

Figura 7: Esquema de utilização de reforços metálicos solidarizados a vigas de

madeira. .................................................................................................................... 43

Figura 8: Viga mista madeira e aço servindo como apoio para fôrmas de lajes e

vigas. ......................................................................................................................... 44

Figura 9: Tabuleiros protendidos: A) Protensão longitudinal; B) Protensão

Transversal; C) Detalhe das peças utilizadas. .......................................................... 45

Figura 10: Cavidade executada entre duas peças de madeira (a), e cavidade

executada sobre apenas uma peça (b). .................................................................... 47

Figura 11: Colagem da barra metálica protendida sobre o corpo de MLC, utilizando-

se adesivo poliuretânico bicomponente. ................................................................... 48

Figura 12: Tensão, deformação e forças atuantes na estrutura reforçada. ............... 50

Figura 13: Composição da seção de MLCA (A), colagem dos reforços (B). ............. 51

Figura 14: Analogia entre viga reforçada e Seção transformada: A) vista lateral; B)

Seção reforçada; C) Seção transformada e D) Diagrama tensões. .......................... 52

Figura 15: Comportamento das vigas de MLC e MLCA em ensaio de flexão simples.

Detalhe do incremento de rigidez no Estado Limite de Serviço e no Estado Limite

Último. ....................................................................................................................... 54

Figura 16: Seções transversais dos três tipos de seções. ........................................ 61

Figura 17: Aplicação do ultrassom em cada peça (dois valores por peça). .............. 62

Figura 18: Confecção dos sulcos para inserção do reforço ...................................... 63

Figura 19: a): Lâminas com sulcos e barras de aço para reforço. b): Aplicação do

adesivo e inserção das barras ................................................................................... 64

Figura 20: Posição dos strain-gages na seção transversal central das vigas ........... 65

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Figura 21: Seção central de uma viga instrumentada. .............................................. 65

Figura 22: Aquisição dos dados de ensaio ................................................................ 66

Figura 23: Esquema estático do ensaio de flexão por quatro pontos. ....................... 66

Figura 24: Ensaio de flexão por quatro pontos. ......................................................... 67

Figura 25: Vista lateral da viga com região de apoio ................................................. 68

Figura 26: Ensaio de compressão paralela às fibras. ................................................ 69

Figura 27: amostras para determinação da umidade. ............................................... 70

Figura 28: Carregamento viga MLC-1 ....................................................................... 74

Figura 29: Comparativo entre vigas do grupo MLC. .................................................. 76

Figura 30: Comparativo entre vigas do grupo MLCA2. ............................................. 76

Figura 31: Comparativo entre vigas do grupo MLCA4. ............................................. 77

Figura 32: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-1 ..................... 78

Figura 33: Viga 01 (MLC-1), colapso à tração (vista lateral). .................................... 80

Figura 34: Viga 02 (MLC-2), colapso à tração (vista lateral). .................................... 80

Figura 35: Viga 03 (MLC-3), colapso à compressão (vista lateral). ........................... 81

Figura 36: Viga 03 (MLC-3), detalhe do esmagamento em torno do nó (vista

superior). ................................................................................................................... 81

Figura 37: Viga 04 (MLCA2-1), colapso à tração. Exposição da armadura (vista

lateral) ....................................................................................................................... 82

Figura 38: Viga 05 (MLCA2-2), colapso à compressão. Bordo tracionado com perda

de seção resistente (vista lateral). ............................................................................. 82

Figura 39: Viga 06 (MLCA2-3), cisalhamento ao longo da linha longitudinal (vista

lateral). ...................................................................................................................... 83

Figura 40: Viga 06 (MLCA2-3), cisalhamento próximo à extremidade (vista lateral). 83

Figura 41: Viga 07 (MLCA4-1), colapso à tração, sem exposição da armadura (vista

lateral). ...................................................................................................................... 83

Figura 42: Viga 08 (MLCA4-2), não houve ruptura, seção íntegra (vista lateral)....... 84

Figura 43: Viga 08 (MLCA4-2), esmagamento no ponto de aplicação da carga (vista

superior). ................................................................................................................... 84

Figura 44: Viga 08 (MLCA4-2), detalhe do esmagamento no apoio (vista inferior). .. 84

Figura 45: Viga 09 (MLCA4-3), peça sem ruptura (vista lateral). .............................. 85

Figura 46: Viga 09 (MLCA4-3), esmagamento no ponto de aplicação da carga (vista

superior). ................................................................................................................... 85

Figura 47: Viga 09 (MLCA4-3), detalhe do esmagamento no apoio (vista inferior). .. 85

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Figura 48: Acréscimo de rigidez versus taxa de armadura em madeiras de maior

rigidez. ....................................................................................................................... 88

Figura 49: Acréscimo de rigidez versus taxa de armadura em madeiras de menor

rigidez. ....................................................................................................................... 88

Figura 50: Influência da taxa de amadura no acréscimo de peso das vigas ............. 89

Figura I 1: prensagem e colagem dos protótipos. ................................................... 101

Figura I 2: (A) Dimensões dos corpos de prova utilizados na etapa preliminar do

projeto. (B) aspecto dos protótipos prontos. ............................................................ 101

Figura I 3: Protótipo de MLC sem reforço durante ensaio de flexão simples. ......... 102

Figura I 4: Ensaio de flexão do protótipo MLC-1. .................................................... 103

Figura I 5: Ensaio de flexão simples em protótipo MLC-2 ....................................... 104

Figura I 6: Ensaio de flexão simples em protótipo MLC-3 ....................................... 104

Figura I 7: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-1 ........................... 105

Figura I 8: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-2 ........................... 105

Figura I 9: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-3 ........................... 106

Figura I 10: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-1 ................ 106

Figura I 11: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-2 ................ 107

Figura I 12: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-3 ................ 107

Figura I 13: Viga “epóxi” rompida por tração. .......................................................... 108

Figura I 14: Viga “PU” rompida por tração. .............................................................. 109

Figura III 1: Gráfico carregamento viga MLC-2 ....................................................... 112

Figura III 2: Gráfico carregamento viga MLC-3 ....................................................... 112

Figura III 3: Gráfico carregamento viga MLCA2 -1, taxa de armadura 2%. ............. 113

Figura III 4: Gráfico carregamento viga MLCA2 -2, taxa de armadura 2%. ............. 113

Figura III 5: Gráfico carregamento viga MLCA2 -3, taxa de armadura 2%. ............. 114

Figura III 6: Gráfico carregamento viga MLCA4 -1, taxa de armadura 4%. ............. 114

Figura III 7: Gráfico carregamento viga MLCA4 -2, taxa de armadura 4%. ............. 115

Figura III 8: Gráfico carregamento viga MLCA4 -3, taxa de armadura 4%. ............. 115

Figura IV 1: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-2 ................. 116

Figura IV 2: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-3 ................. 116

Figura IV 3: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-1 .............................................. 117

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Figura IV 4: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-2 .............................................. 117

Figura IV 5: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-3 .............................................. 117

Figura IV 6: Tensões no ELS e ELU - da viga MLCA4-1 ......................................... 118

Figura IV 7: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA4-2 .............................................. 118

Figura IV 8: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA4-3 .............................................. 118

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4. 1: Umidade dos corpos de prova de MLC. ................................................ 72

Tabela 4. 2: Caracterização da MLC quanto à compressão paralela às fibras ......... 73

Tabela 4. 3: Carga máxima e produto de rigidez das vigas. .................................... 75

Tabela 4. 4: Coeficiente Ƞ teórico e experimental ..................................................... 86

Tabela I. 1: Resultados obtidos nos ensaios preliminares ...................................... 103

Tabela II. 2:Propriedades das lâminas constituintes das vigas ............................... 110

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

APRF - Polímero reforçado com fibra de aramida

ASTM - American Society for Testing and Materials

PRFC - Polímero reforçado com fibra de carbono

ELS - Estados Limites de Serviço

ELU - Estados Limites Últimos

Feagri - Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp

PRF - Polímero reforçado com fibras

PRFV - Polímero reforçado com fibra de vidro

LabEnd - Laboratório de Ensaios não Destrutivos

MLC - Madeira Laminada Colada

MLCA - Madeira Laminada Colada Armada

MLCA2 = Madeira Laminada Colada Armada com 2% de aço

MLCA4 = Madeira Laminada Colada Armada com 4% de aço

NBR = Norma Brasileira

PU = poliuretano

Unicamp - Universidade Estadual de Campinas

USDA - United States Department of Agriculture

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LISTA DE SÍMBOLOS

α’ = razão entre módulos de elasticidade do aço e da MLC

Δu = diferencial de deslocamento vertical

ΔP = incremento de carga aplicada

σc = tensão de compressão

σt = tensão de tração

ρ = taxa de armadura; densidade do material

ρaço = densidade do aço

ρmadeira = densidade da madeira

µf = ductilidade (adimensional);

εf = deformação no Estado Limite Ultimo;

εu = deformação no patamar de resistência residual (pós-ruptura).

Ԑc = deformação específica do concreto

Ԑs = deformação específica do aço

ԐMLC = deformação específica da MLC

Ƞ = coeficiente de acréscimo de rigidez

As = Área de aço

Aeq = Área equivalente de MLC

As,eq = área de aço equivalente na região tracionada

Asc,eq = área de aço equivalente na região comprimida

As,t = área de aço total

Ast,eq = área de aço total equivalente

b = largura da lâmina; largura da viga

CLL = módulo de coeficiente de rigidez

d = deslocamento vertical do centro da viga

di = distância entre o centro de gravidade da lâmina e o centro de gravidade

E = módulo de elasticidade global

EI = produto de rigidez à flexão

Ec0 = módulo de elasticidade à compressão paralela às fibras

Ei = Módulo de elasticidade de cada lâmina de reforço ou da peça de madeira

Em = módulo de elasticidade

EMLC = módulo de elasticidade da MLC à flexão

Em,mlc = módulo de elasticidade da MLC médio

EmIeq = produto de rigidez ensaiado para as peças reforçadas

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Es = módulo de elasticidade do aço

F= força aplicada

fc0 = resistência à compressão paralela às fibras

fck = resistência característica à compressão

fck,u% = resistência à compressão característica para a umidade real da madeira

fck,12 = resistência à compressão característica para a umidade de 12 %

fck,10,5 = resistência à compressão característica para a umidade de 10,5 %

fc,10,5 = resistência à compressão para a umidade de 10,5 %

fm = resistência média

fk = resistência característica

hi = altura da lâmina;

h = altura da viga;

I = momento de Inércia global

Ieq = momento de inércia equivalente

Io = momento de inércia base

k = coeficiente de rigidez

l = comprimento

M = momento resistente

Np = tensão da protensão

P = carga aplicada

Pf = carga de ruptura

Ri = Forças correspondentes às zonas resistentes

Rs = Força Resultante

u = deslocamento vertical

V = velocidade de propagação do pulso ultrassonico

yi = distância dos centroides de área até a linha neutra

yg = posição da linha neutra

ys = distância dos centroides de área até ao cobrimento

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1 INTRODUÇÃO

Diferentemente do que ocorre em países da Europa e da América do Norte, o

uso da madeira no Brasil como material estrutural ainda é reduzido, tendo suas

principais aplicações em peças para execução de tramas de telhado (ripados e

vigamentos), pontes rurais, ou ainda em peças de menor responsabilidade

estrutural, como em mourões, fôrmas e escoras temporárias para execução de

peças de concreto armado. A falta de tecnologia de manufatura, pouca difusão de

conhecimento especializado e preconceito por parte do consumidor tornam, ainda,

restrito o uso da madeira para fins estruturais no Brasil. No meio rural, construções

simples como galpões para produção e armazenagens, baias, pontes, garagens

para máquinas etc., são bastante dependentes de materiais leves, para constituírem

peças que facilitem o transporte e montagem das estruturas, condições essas muito

condizentes com a madeira.

A madeira laminada colada (MLC) é uma proposta de uso estrutural da

madeira, nativas ou plantadas, que visa selecionar e unir peças de pequena

dimensão (lâminas de pequena espessura) para que formem uma só peça de maior

dimensão. O Brasil possui poucas empresas que atuam neste segmento, valendo

destaque a empresa Ita Construtora, fundada em de 1980 e que a partir da década

de 90 passou a confeccionar peças estruturais usando madeira de eucalipto como

matéria prima.

Buscando maior economia no uso dos recursos naturais e o melhor

aproveitamento das propriedades mecânicas da madeira laminada, são pesquisadas

técnicas de reforços com aço, com fibras sintéticas (de vidro ou carbono) ou, ainda,

com fibras vegetais.

1.1 Justificativa

Os reforços de vigas de madeira são essenciais para elevar o desempenho

mecânico de estruturas tanto para construções novas ou construções a serem

reforçadas. O desenvolvimento da presente pesquisa se justifica pela necessidade

de se verificar um método de cálculo simplificado para o dimensionamento de vigas

de MLC reforçadas com armadura de aço, atendendo as condições dos estados

limites.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Na presente pesquisa verificou-se o desempenho de estrutural de vigas em

madeira laminada colada, proporcionado pelo uso de reforço com armadura

simétrica, tendo por base de cálculo o Método da Seção Transformada.

1.2.2 Objetivos específicos

Verificar os efeitos da variação da taxa de armadura das vigas, comparando o

comportamento mecânico pelo método de cálculo e dos resultados

experimentais;

Quantificar, com parâmetros de cálculo de equações simplificadas, o ganho

da rigidez e da capacidade de capacidade de carregamento devidos à técnica

de reforço do MLC;

Avaliar os resultados das tensões normais experimentais estabelecidas para

níveis de carregamentos correspondentes aos Estados Limites de Serviço

(ELS) e aos Estados Limites Últimos (ELU);

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Necessidade de Reforço em Estruturas de Madeira

Os reforços para estruturas de madeira foram desenvolvidos para recuperar

peças que apresentam patologias originárias de cargas excessivas e biodegradação

natural pelo envelhecimento. O propósito inicial da recuperação do elemento não é

apenas repará-lo, mas evitar o reaparecimento dos defeitos. Enquanto algumas

situações demandam o reforço como forma de reestabelecer a capacidade da peça,

outras se valem do reforço para aumentar a capacidade do elemento estrutural além

da prevista originalmente (Fiorelli e Dias, 2006).

Ao se empregar os materiais de reforço à madeira é preciso conhecer

corretamente suas propriedades mecânicas, a fim de compatibilizá-las e, assim,

obter o melhor aproveitamento de ambos. As propriedades como módulo de

elasticidade, escoamento, tensão de ruptura, entre outras propriedades do reforço

podem ser exploradas pela sua eficiência na capacidade de carregamento, ou pela

limitação ao uso da estrutura. Segundo Rocha et al. (1988) uma peça de madeira

submetida à compressão paralela às fibras apresenta valores de deformação menor

do que à tração paralela às fibras. Portanto, em peças submetidas à flexão, em que

ambas as situações acontecem simultaneamente, tem-se a representação de

tensões na Figura 1.

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Figura 1: Diagrama tensão-deformação à tração e à compressão de uma espécie folhosa nativa

brasileira.

Fonte: Adaptado de Kollmann e Côte Jr., 1968.

Nota-se que embora variando os valores, o comportamento da madeira em

geral tende a exibir um menor valor de tensão resistente à compressão, quando

comparado aos valores de tração. Verifica-se também que as deformações atingidas

são distintas. Forma-se então um patamar de plastificação na zona comprimida

enquanto a zona tracionada exibe um comportamento de ruptura frágil, com pouco

escoamento.

O comportamento de uma peça fletida, mostra que ao se aumentar o

momento fletor à partir de um certo valor, atinge-se o limite da tensão de

compressão e o material sofre plastificação, ou seja, perde-se o comportamento

linear e elástico na relação constitutiva tensão-deformação. Como consequência,

ocorre um deslocamento da linha neutra da peça em direção ao bordo tracionado,

fazendo, assim, aumentar a tensão até o ponto de ruptura das fibras da madeira, de

acordo com diagrama da Figura 2.

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Figura 2: Distribuição de tensão-deformação em vigas sem defeito, de acordo com o aumento

do momento fletor.

Fonte: Bodig, 1982.

As áreas 1 e 2 da Figura 2 mostram a ocorrência de tensões dentro do regime

elástico. Na área 3 é atingida a tensão de compressão limite σc. Na área 4 ocorre a

plastificação da madeira, com a linha neutra deslocando-se em direção ao bordo

tracionado. Na área 5 a plastificação continua e finalmente ocorre à ruptura das

fibras tracionadas, que atingiram sua tensão limite σt.

A madeira laminada colada (MLC) é um produto capaz de alcançar

propriedades mecânicas e durabilidade superior ao das peças de madeira serrada,

com a vantagem de poder ser produzida em vários tamanhos e formas (De Vecchi et

al., 2008). Muito disso se deve à redução da variabilidade e defeitos, além da

homogeneização das características da madeira ao longo da seção.

De acordo com André (2006), os ganhos da MLC sobre a madeira serrada

advêm do maior controle durante os processos de seleção, nas etapas de fabricação

excluindo-se partes com presença de nós, defeitos da secagem etc. Desta forma, as

peças feitas com MLC apresentam propriedades mecânicas melhores do que as

peças serradas maciças, conferindo maior capacidade de carregamento ou menor

consumo de madeira para resistir um mesmo carregamento.

Ainda que permita a liberdade na criação e confecção das peças, foi preciso

estabelecer padronizações mínimas das peças de MLC. Tanto que em países como

os Estados Unidos, por exemplo, as peças de MLC devem respeitar classes de

resistência normatizadas. Isto é possível graças ao controle das etapas de

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manufatura, desde a seleção de matéria-prima, da escolha de adesivos e, também,

das etapas de colagem e cura das peças (WOOD HANDBOOK, 2010).

Uma das maneiras de se otimizar o uso de matéria-prima é a aplicação de

reforços nas etapas de fabricação de elementos construtivos de MLC. Aumentar a

rigidez através de reforços pode vir a ser uma prática economicamente viável,

especialmente quando se utiliza madeira de classes inferiores nas lâminas

componentes da MLC. Assim, peças de madeira que apresentam baixa rigidez e

capacidade de carga podem ter suas características mecânicas ampliadas com

quantidades relativamente pequenas de material de reforço adicionado.

Autores que se dedicaram à restauração de estruturas, adeptos ao uso de

polímeros reforçados com fibra de carbono (PRFC) em peças fletidas e também

submetidas à esforços de cisalhamento, Borri et al. (2005), afirmam que algumas

técnicas de reforço ajudaram a consolidar o uso de vigas de madeira em locais que

até então não era possível, descartando a necessidade da completa substituição

destes elementos.

A adição de polímeros reforçados com fibras (PRF) dá à estrutura

características mais uniformes, ou seja, menor variabilidade e melhores

propriedades mecânicas (ANDRÉ, 2006). Tendo em vista o ganho de resistência e a

diminuição da variabilidade, cabe avaliar a maneira como esses reforços são

empregados, seu dimensionamento e suas limitações. A Figura 3 mostra o

comportamento da distribuição da resistência média fm e, da resistência

característica inferior, fk, para peças de madeira serrada, MLC e MLC com reforço

de PRF.

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Figura 3: Distribuição das resistências característica de: A) Madeira serrada; B) Madeira

Laminada Colada e C) Madeira Laminada Colada Reforçada.

Fonte: Adaptada de André, 2006.

Neste contexto Raftery e Harte (2011) estudaram o uso de madeiras categoria

C16, de acordo com a norma europeia EN 338, para a confecção de vigas de MLC,

aplicando polímero reforçado com fibras. No estudo, utilizaram madeira Sitka spruce,

uma espécie que possui crescimento excepcionalmente rápido dada as condições

climáticas da Irlanda. O estudo demonstrou que é possível usar madeiras de baixa

categoria, reforçadas, em substituição de madeiras de categorias mais altas.

Adicionalmente, verificou-se maior homogeneidade no lote reforçado, característica

atribuída à presença do reforço.

Raftery (2014) deu continuidade à suas pesquisas anteriores e verificou a

possibilidade de aplicar reforços apenas em trechos ao longo do comprimento das

vigas. Desta forma, buscou avaliar o ganho na capacidade de carga e rigidez

conseguido pela adição de PRFV em peças de MLC construídas com madeira de

baixa densidade (ao redor de 380 kg m-3) e baixo módulo de elasticidade (8111

MPa). Verificou-se nesse estudo uma melhoria no método de cálculo, mostrando

uma predição acurada dos resultados teóricos em relação aos observados

experimentalmente.

Os benefícios obtidos com a adição de reforços às peças de MLC sujeitas à

flexão, principalmente para produção de vigas, tem atraído a atenção de empresas,

que enxergaram nesta técnica uma oportunidade para difundir seu produto. A

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empresa norte-americana FiRP Technology® produz desde 1995 uma linha de vigas

reforçadas com PRFV, destacando os benefícios do material, tais como: redução de

até 42% da quantidade de madeira utilizada; utilização de madeiras menos

resistentes e, portanto, mais baratas; aumento na capacidade resistente da peça,

que reflete em maior vão livre e/ou maior capacidade de carga; redução das

dimensões e peso das peças, refletindo em facilidade logística (redução da massa e

volume a ser transportado e manuseado), culminando em redução de custo.

De Vecchi et al. (2008) acrescentam ainda o fato de que, nos últimos anos, as

pesquisas de aprimoramento da MLC estão sendo direcionadas no sentido de

aumentar a rigidez, e com isso passou-se a explorar cada vez mais as opções de

reforços. No entanto ponderam que a falta de normatização para os cálculos e

verificações tem causado atraso na aplicação do MLC reforçada com materiais

compósitos.

O próprio reforço metálico, composto por aços de construção civil, possuem

patentes em alguns países como Austrália e Estados Unidos, onde é descrito em

detalhes o posicionamento do reforço, conexões entre elementos de reforço dentro

da mesma peça e entre peças separadas, adesivo utilizado etc. No entanto,

tomando-se como exemplo a patente norte americana requerida por Gardner et al.

(1991) não requer direitos sobre o uso de nenhum método de cálculo, tampouco cita

o método utilizado para a obtenção dos resultados que embasaram suas

comparações acerca dos resultados referentes à capacidade de carga e de rigidez

obtidas com o reforço.

Face ao exposto, é necessário explorar o reforço de forma a maximizar o

desempenho da peça, observando-se os valores de tensões normais e tensões

tangenciais do material base, seja madeira maciça ou MLC. Muito embora nenhum

tipo de reforço seja abordado em normas técnicas nacionais, de acordo com a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 7190 (1997) é possível

fazer uso dos mesmos desde que os critérios de estabilidade lateral e Estado Limite

de Utilização sejam atendidos para garantir a segurança da estrutura confeccionada

em madeira.

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2.2 Técnicas de Reforço em Estruturas de Madeira

Dentre as técnicas utilizadas mais comumente para reforços em estruturas de

madeira, é possível citar pelo menos dois tipos mais comuns: polímeros reforçados

com fibra (PRF) e reforço metálico.

Os reforços de PRF apresentam-se, nos últimos anos, mais difundidos tanto

nas pesquisas acadêmicas quanto no uso comercial, seja este na confecção de

peças novas ou para reforço/reabilitação in loco de peças já instaladas. A sua

difusão ocorreu paralelamente à evolução dos adesivos e dos materiais compósitos.

Borri et al. (2005) mencionam que os variados materiais para reforços em PRF

comercializados chegam até a dificultar a escolha para o uso, e que os diferentes

tipos de técnicas e layouts de intervenções a serem realizadas podem levar a

diferentes resultados. Já, os reforços metálicos são pesquisados há décadas,

conforme relataram Dagher et al. (1996), em que citam experimentos feitos com

colagem de tiras metálicas como o aço e o alumínio em peças de madeira

consideradas de baixa qualidade, com intuito de suprir a escassez de madeira

ocasionada pela alta demanda após a segunda guerra mundial.

Cada técnica apresenta os potenciais campos de aplicação e suas

particularidades, cujas abordagens de alguns detalhes serão apresentadas nos itens

subsequentes.

2.2.1 Reforços de PRF

Reforços de PRF são constituídos por fibras, sejam fibras vegetais como o

sisal, juta, cânhamo ou fibras sintéticas, dentre elas as fibras de carbono, são

comuns as de vidro e de aramida. As fibras apresentam excepcional comportamento

de resistência à tração, porém necessitam de adesivos e resinas para manter a

coesão do feixe fibroso. Esses materiais compósitos apresentam comportamento

mecânico predominantemente resistente ao alongamento e rasgamento, o que faz

com que os reforços em PRF sejam predominantemente aplicados de forma a

resistir à tração e/ou cisalhamento. Assim, as lâminas de PRF aderidas à peça

passam a receber as solicitações dos esforços de tração, trabalhando em conjunto

com a matriz de madeira.

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Fiorelli e Dias (2006) exploraram o uso de polímeros reforçados com fibra de

vidro (PRFV) com objetivo de incremento da rigidez e da capacidade de carga de

vigas submetidas à flexão. Propuseram um reforço baseado em compósito de tecido

de fibra de vidro unidirecional e resina epóxi, adicionando o compósito em até no

máximo 3% das áreas das seções transversais de peças de pinus sp. Os ensaios

mostraram a presença de dois patamares de ruptura: O primeiro à tração das

lâminas de madeira mais tracionadas e, logo a seguir, um segundo patamar onde

ocorria ruptura total, combinando esforços normais e tangenciais. Os incrementos de

rigidez experimentalmente encontrados foram pouco expressivos, sendo da ordem

de 10%.

O comportamento das peças reforçadas com PRF pode ser quantificado,

através do método da seção transformada, pelo produto de rigidez à flexão (EI)

conforme Equação 1.

(1)

Onde:

Ei = Módulo de elasticidade de cada lâmina de reforço ou da peça de madeira;

b = largura da lâmina;

hi = altura da lâmina;

di = distância entre o centro de gravidade da lâmina e o centro de gravidade

da viga;

Com a Equação 1 encontrou-se o produto de rigidez global, podendo-se isolar

os valores de E (módulo de elasticidade global) e I (momento de Inércia global). Os

autores compararam os valores experimentais com os teóricos, verificando uma

pequena diferença, da ordem de 5%.

Fiorelli e Dias (2006) relataram também os possíveis modos de falha

envolvidos em vigas reforçadas com PRF na zona tracionada, mostrados na Figura

4, onde se nota claramente o deslocamento da linha neutra no sentido do reforço.

Notam-se ainda diferenças nos diagramas de tensões, pois, na região comprimida

exibem uma descontinuidade no local do reforço, indicando uma concentração de

tensões ocasionada pela diferença de rigidez dos materiais.

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Figura 4: Rupturas possíveis na seção reforçada com PRF de fibra de vidro.

Fonte: Adaptada de Fiorelli e Dias (2006)

As formas de ruína típicas são de configuração elástica e a ruptura elasto-

plástica. Na forma elástica ocorre na zona tracionada, caracterizada pela ruptura do

reforço ou da própria madeira por excesso de deformação do material (valor da

tensão à tração, σt, é ultrapassado), sem que se altere o regime elástico em

qualquer outra parte da seção. Por outro lado, a ruptura elasto-plástica é

caracterizada, em um primeiro momento, pela plastificação da zona comprimida. A

tensão na região comprimida (σc) mantém-se fixada em um valor último, há um

deslocamento progressivo da linha neutra em direção à parte tracionada,

provocando uma elevação na tensão da fibra, até que se atinja o limite e haja de fato

a ruptura da madeira ou do reforço. Este segundo patamar de ruptura, segundo

Fiorelli e Dias (2006) ocorreu devido a uma combinação entre tensões normais e

tensões tangenciais (de cisalhamento no adesivo).

Nos ensaios de corpos de prova, Fiorelli e Dias (2006) confirmaram a hipótese

adotada, a qual foi possível prever as tensões através do modelo e que quanto

maior a quantidade de reforço adotada, maior o módulo de rigidez alcançado. Os

resultados apontaram também para a necessidade de se incorporar ao modelo de

cálculo os valores de cisalhamento do adesivo (epóxi) utilizado no reforço.

Outras pesquisas merecem destaque pelo uso de fibras naturais ou sintéticas

para o reforço de peças de madeira. Dentre elas o reforço com fibra de sisal, fibra de

vidro e fibra de carbono solidarizados por adesivos à base de epóxi, de poliuretano e

de cianoacrilato.

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Carvalho (2005) avaliou a formação de compósitos entre tecidos de sisal e

resinas poliuretânica e a base de epóxi, com intuito de aplicá-las como reforço na

região tracionada das vigas de madeira. Seu estudo foi mais direcionado ao

levantamento das características do compósito sisal-resina, avaliando-se os

resultados relativos ao módulo de elasticidade dos corpos de prova. O autor ainda

aplicou o reforço em vigotas de madeira de pinus e obteve um aumento bastante

discreto na rigidez das peças. Porém, mesmo após a ruptura da madeira à tração, o

compósito de sisal manteve sua integridade (Figura 5), impactando no modo de

ruptura da peça reforçada. Cabe ressaltar a natureza frágil da ruptura do compósito

à tração, conforme reportou o autor.

Figura 5: Madeira reforçada com sisal.

Fonte: Carvalho, 2005.

A análise do incremento da rigidez associada à aplicação do reforço de PRF

de sisal se deu de maneira experimental. Em seu cálculo, Carvalho (2005)

considerou para avaliar a rigidez apenas um coeficiente “k”, dado pela Equação 2.

(2)

Onde: F= força aplicada e d = deslocamento do centro da viga.

Carvalho (2005) concluiu que não houve delaminação durante os ensaios de

flexão, e que a separação entre compósito e madeira ocorrera apenas após a

ruptura do compósito, nos testes de cisalhamento. Verificou-se uma elevação média

na rigidez das peças reforçadas em torno de 14%. O autor propôs investigações

futuras para novos arranjos no tecido de sisal, distribuição de adesivos pelo

compósito, porosidade superficial e madeiras mais aptas à colagem do compósito.

Foi evidenciada a preocupação com a interface madeira-compósito, como sendo o

fator essencial para o emprego deste tipo de reforço, podendo limitar o desempenho

do mesmo.

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Mascia et al. (2008) sugerem o uso de fibra de sisal como reforço de peças de

MLC, seja em forma de telas ou cordões. Os autores descrevem que o sisal, devido

à sua alta tensão de ruptura (por volta de 350 MPa) possui excelentes

características de reforço para a porção tracionada das vigas, constituindo num

material promissor.

Pelo fato de ser um material vegetal, renovável como a madeira, o sisal é uma

alternativa a ser viabilizada para aplicação em reforços de madeira serrada e de

MLC. No entanto, por se tratar de material com baixo módulo de elasticidade, a

associação do sisal à madeira laminada colada, em especial a baseada em madeira

de coníferas jovens, acaba por não trazer um incremento em rigidez tão significativo

para conferir expressivas reduções de flechas às peças em serviço. Os valores de

incremento de rigidez observados nas pesquisas feitas com esse material de reforço

foram da ordem de 7% a 20%. Por outro lado, o modo de ruptura das peças

reforçadas foi distinto, caracterizado pela redução da incidência de ruptura frágil nas

peças reforçadas.

Balseiro (2007) relata que diferentes fibras podem ser utilizadas como reforço,

entre elas PRFV, PRFC e APRF (aramida), com ampla revisão das características

de cada uma, bem como das formas de reforço a serem executadas em estruturas.

O foco do trabalho voltou-se às vigas já existentes, deterioradas ou não (Figura 6),

com intuito de reforçar ou mesmo reabilitar peças comprometidas.

Figura 6: Ruptura de viga de MLC reforçada com fibra de carbono.

Fonte: Balseiro, 2007.

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Nos ensaios com corpos de prova, Balseiro (2007) testou o modo de ligação

entre os reforços e o material de base MLC sob tração e, também, no

comportamento de peças ensaiadas sob flexão. Verificou-se que a aplicação de

PRFC contribuiu para melhora significativa na resistência das peças já

comprometidas, dando a elas uma capacidade de carregamento 50% superior à

capacidade das vigas não reforçadas.

Notou-se, no entanto, tanto nos trabalhos de Fiorelli e Dias (2006) quanto nos

de Balseiros (2007), que o efeito de delaminação entre as fitas de PRFC e a madeira

esteve presente. A grande dificuldade neste tipo de reforço é compatibilizar a

capacidade de carga da peça reforçada, a rigidez dos adesivos e a relativa

flexibilidade da madeira. Portanto, nota-se que a principal limitação deste tipo de

reforço, diferentemente do que ocorre no aço, é a diferença entre as deformações

em regime de serviço entre os materiais de base e de reforço.

Salienta-se que o valor do módulo de elasticidade não deve ser analisado de

maneira isolada, uma vez que o aço, diferente da fibra de carbono, sofre

escoamento e, por isso, tem a capacidade de se deformar conjuntamente com a

madeira em serviço, mantendo o patamar de tensão.

2.2.2 Reforços de aço

As características do aço o tornam o material bastante versátil para a

finalidade de reforço, visto que o material comporta-se da mesma forma quando

submetido à tração ou à compressão. O seu uso como material de reforço em

estruturas é bastante extenso, servindo para suportar tensões de tração,

compressão e também cisalhamento. Quando associado a outro material e

trabalhando monoliticamente, como ocorre nas peças de concreto armado possibilita

diversas vantagens que podem ser vistas em Carvalho e Figueiredo Filho (2005).

As concepções para o uso do aço para o reforço de peças de MLC visam

melhorar as características do sistema em termos de rigidez e da capacidade de

carga, visto que as madeiras utilizadas para a confecção de MLC são, em geral,

espécies oriundas de florestas plantadas, de crescimento rápido, que apresentam

como características predominantes leveza e baixos módulos de elasticidade.

Diferentemente do que ocorre no concreto armado, no dimensionamento de

vigas onde, por hipótese, se despreza a resistência à tração do concreto (em

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decorrência da fissuração), as estruturas de madeira reforçadas com aço buscam

explorar as características de ambos materiais à tração e à compressão.

Desde o século XX constitui-se prática comum o reforço de peças de madeira,

em especial vigas de estruturas antigas, com perfis metálicos. Os perfis para esta

finalidade variam desde chapas posicionadas nas laterais das vigas, barras chatas e

perfis “U” acopladas nas zonas tracionadas e/ou comprimidas das vigas. Os reforços

são parafusados ou colados sobre a peça de madeira com intuito de solidarizar-se e

poder receber parte do carregamento, aumentando a rigidez e capacidade de carga

do sistema composto. França (2007) cita a utilização desta técnica (Figura 7) na

cidade de Ouro Preto – MG, utilizada para reabilitação em obras de valor histórico no

Brasil.

Figura 7: Esquema de utilização de reforços metálicos solidarizados a vigas de madeira.

Fonte: França, 2007.

A mesma técnica pode ser usada para confecção de peças compostas

empregadas diretamente em estruturas ou utilizadas de maneira provisória, como

cimbramento. Batista (2001) mostrou as vantagens de se associar chapas de aço

dobradas e enrijecidas à vigas de madeira serrada, constituído elementos

construtivos leves e portáteis, com grande estabilidade e que permitam a fixação de

fôrmas (figura 8).

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Figura 8: Viga mista madeira e aço servindo como apoio para fôrmas de lajes e vigas.

Fonte: Batista, 2001.

Há outras técnicas que exploram os elementos metálicos para reforço da

madeira, dentre elas os sistemas protendidos (Figura 9). Okimoto e Calil Jr. (2001)

abordaram a técnica de protensão de tabuleiros de pontes de madeira, cuja técnica

tem por objetivo a obtenção de um tabuleiro homogêneo. Neste sistema, o aço atua

indiretamente, executando esforços normais às pranchas de madeira que

justapostas formam o tabuleiro da ponte. Essas peças, pelas forças aplicadas e do

atrito mobilizado, passam a trabalhar solidariamente, fazendo com que passe a

trabalhar como uma placa.

A técnica de protensão em tabuleiros de madeira pode ser realizada com a

protensão longitudinal ou transversal, diferindo pela necessidade do emprego de

longarinas na segunda. Para ambos os casos, comparando-se com os tabuleiros

convencionais em que as pranchas não são solidarizadas entre si, a protensão faz

reduzir os deslocamentos verticais do tabuleiro quando em serviço.

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Figura 9: Tabuleiros protendidos: A) Protensão longitudinal; B) Protensão Transversal; C)

Detalhe das peças utilizadas.

Fonte: Adaptado de Okimoto e Calil Jr., 2001.

No campo de aplicação dos reforços em pontes, chama atenção a pesquisa

de Pigozzo (2004), que focou seu trabalho em desenvolver conectores metálicos

colados à madeira para realizar obras em estruturas mistas madeira/concreto. A

importância desta pesquisa está relacionada ao estudo da aderência na interface

entre madeira e aço. O autor efetuou testes de arranchamento de vergalhões CA 50

ancorados em ângulos de 0º, 45º e 90º em relação à fibra da madeira, efetuando a

colagem com três tipos de adesivo, dois deles epoxídicos e um poliuretânico

bicomponente, à base de óleo de mamona. Os comprimentos de ancoragem e as

umidades da madeira foram diversos, a extensa análise e tratamentos estatísticos

de Pigozzo (2004), ancorando conectores em vigas de pinus oocarpa e eucalipto

citriodora, permitiram concluir que 94% das rupturas de ancoragem com adesivo

epóxi ocorreram na interface do adesivo com o aço, e 100% das rupturas de

ancoragem com adesivo poliuretanico deram-se por cisalhamento na linha de cola.

Adicionalmente, o autor concluiu que os adesivos epoxídicos apresentaram

resistência superior ao adesivo poliuretânico, em todas as situações.

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46

Os avanços tecnológicos do emprego da madeira laminada colada associada

ao conhecimento de novos adesivos, que possibilitam a interação entre a madeira e

o aço, possibilitou a criação da técnica da madeira laminada colada armada (MLCA).

A técnica foi patenteada por Gardner et al. (1991) e, a exemplo, a empresa europeia

Armalan® tem concebido estruturas com elementos de MLCA. Porém, no que se

refere a metodologia de cálculo, poucas informações são encontradas na literatura,

conforme descrito por Luca e Marano 2012.

2.2.3 Madeira Laminada Colada Armada (MLCA)

Negrão (2012) desenvolveu pesquisas com vigamentos dotados de aço

protendido internamente à peça de MLC, com intenção de enrijecer o sistema e

aumentar a capacidade de carga. Aço e madeira foram unidos por adesivo de base

epóxi, durante este processo de união é que se faz a protensão propriamente dita no

perfil metálico usado. Ao contrário da protensão de tabuleiros, esta protensão se faz

individualmente à cada peça. Em seu trabalho, o autor obteve resultados

promissores em relação à deslocamento das vigas, em decorrência da redistribuição

de esforços entre madeira e aço. A disposição dos elementos aço e madeira neste

tipo de peça reforçada se assemelha com o concreto armado, por isso refere-se à

esse tipo de peça como madeira laminada colada armada, ou simplesmente MLCA.

Negrão (2012) destacou que os sistemas de reforços baseados na protensão

têm como ponto crítico a aderência entre o aço e madeira, ocasionada pela

presença do cisalhamento na interface entre madeira e adesivo. Para que se

estabeleça a protensão nas vigas, é necessário que se satisfaçam as condições:

O efeito de redução nos valores de tensão, ocasionados pela fluência,

deve ser limitado.

O funcionamento deste sistema exige condições ambientais, sobretudo de

umidade e temperatura, conhecidas e compatíveis;

A conexão entre os elementos não pode estar sujeita à fadiga ou à perda

de capacidade de transmissão de tensões quando submetida a cargas

cíclicas;

É necessário que o aço utilizado, bem como seu valor de protensão sejam

otimizados para que sejam compensadas todas as perdas inerentes das

condições anteriores.

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O aço utilizado por Negrão (2012) foi de alta resistência (tensão de 1845

MPa) com diâmetro de 6 mm. O autor confeccionou a cavidade com o dobro do

diâmetro, prevendo assim uma espessura de 3 mm de adesivo, o que julgou

necessário para reduzir as tensões de cisalhamento na camada de adesivo. A Figura

10 mostra as cavidades efetuadas nas peças para abrigar o reforço metálico. Os

adesivos utilizados nas colagens, tanto entre aço e madeira quanto entre as lâminas

de madeira foram adesivos de base epóxi, Sikadur 30©.

Figura 10: Cavidade executada entre duas peças de madeira (a), e cavidade executada sobre

apenas uma peça (b).

Fonte: Negrão 2012

Os valores de protensão utilizados foram da ordem de 80% do limite imposto

pelo aço, ficando ao redor de 1500 MPa. Ao proceder a colagem e aguardar o tempo

de cura, houve o alívio da protensão, resultando em carregamento transferido da

ordem de 40 kN. Perdas na tensão do aço foram observadas, conforme esperado

pelo autor, seja no ato da transferência de carga dos esticadores quanto no período

de cura total do adesivo. Após o tempo de acomodação, executaram-se os testes de

flexão.

Negrão (2012) descreveu que os valores de aumento na capacidade de carga

encontrados se mantiveram próximo à predição, enquanto os valores de rigidez

encontrados foram considerados abaixo das expectativas, porém, superiores às

peças sem reforço algum. O autor ressalta ainda a necessidade de conduzirem

outras pesquisas, atentando especialmente para a questão do custo da inserção

destes reforços em escala industrial. As tensões de cisalhamento alcançadas na

interface madeira/adesivo e aço/adesivo foram, respectivamente, de 3,73 MPa e

7,45 MPa. O próprio autor ressalta que estes valores são maiores do que a

resistência ao cisalhamento da madeira, mas, no entanto, alega não ter havido este

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tipo de falha durante os ensaios. Destaca-se que a técnica ainda não teve todo seu

potencial explorado, carecendo de mais pesquisas.

Além da escassez na literatura a respeito dos reforços com barras de aço em

estruturas de MLC, Luca e Marano (2012) destacam que os trabalhos existentes se

encontram desatualizados por conta da evolução dos adesivos. Os mesmos autores

utilizaram o adesivo Purbond© CR 421 tanto para a colagem das lâminas para a

confecção das vigotas de MLC, quanto para a solidarização do reforço de aço, que

adotaram duas configurações: protendidos e não protendidos. Em ambos os casos

foram usados apenas uma barra em cada região da peça (tracionada e comprimida),

obtendo resultados expressivos para o incremento da rigidez e de carga máxima

(26% e 48%, respectivamente). A razão entre área de seção de aço e área da seção

em madeira, também referida como taxa de armadura, denotada por “ρ”, foi de

0,82%. A Figura 11 ilustra a colagem de reforços protendidos por Luca e Marano

(2012).

Figura 11: Colagem da barra metálica protendida sobre o corpo de MLC, utilizando-se adesivo

poliuretânico bicomponente.

Fonte: Luca e Marano, 2012.

A pesquisa de Luca e Marano (2012) retratou o comportamento dúctil da

estrutura, ao associar madeira ao reforço de aço, com aumentos de rigidez e

capacidade de carga de vigas. Comprovaram, por meio de ensaios, que o

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comportamento em situações extremas (ruptura) deixou de ser frágil, como é a

característica de ruptura da madeira submetida à flexão.

O conceito de ductilidade adotado pelos autores foi expresso pela Equação 3.

(3)

Onde:

µf = ductilidade (adimensional);

εf = deformação no Estado Limite Ultimo;

εu = deformação no patamar de resistência residual (pós-ruptura).

O conceito de ductilidade pode ser entendido como um parâmetro que

garanta sobrevida à estrutura após um carregamento atípico, como por exemplo,

uma ação oriunda de um terremoto. A madeira ou a MLC praticamente não

apresenta ductilidade uma vez que, após a ruptura da região tracionada a seção

remanescente diminui, se enfraquece e colapsa totalmente. Já, o reforço metálico

possui a capacidade de manter um patamar de escoamento (comportamento

plástico) por grandes deformações. Assim, com a seção inicial reduzida após a

primeira ruptura (da madeira), há ainda uma seção residual capaz de resistir e

redistribuir esforços.

Luca e Marano (2012) consideraram as seguintes premissas para validar seu

modelo de cálculo:

A seção transversal permanece plana depois de se deformar na flexão;

Não há deslizamento entre as laminas de madeira e o adesivo de

laminação, tampouco entre o aço e o adesivo de ancoragem;

Por essa hipótese os autores asseguram o monolitismo.

O comportamento de deformação/ruptura da MLC tracionada é

elástico-frágil, enquanto da MLC comprimida é elasto-plástico;

O comportamento do reforço de aço é perfeitamente elasto-plástico

tanto à tração quanto à compressão.

O método de cálculo de Luca e Marano (2012) leva em conta as resultantes

em suas respectivas posições de aplicação em relação à linha neutra (yi) e ao

cobrimento (ys). Na região comprimida tem-se R1 (aço) e, R2 e R3 (na madeira). Na

região tracionada R4 (na madeira) e R5 (no aço), de acordo com a figura 12. Para

manter o equilíbrio das forças internas se assumiu igual a zero a somatória das

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forças resultantes, enquanto o momento resistente “M” da viga é influenciado pelo

efeito da protensão “Np” (quando este estiver presente no reforço tracionado)

mostradas na equações 4 e 5.

(4)

(5)

Onde:

Ri = Forças correspondentes às zonas resistentes (plastificada, comprimida,

tracionada e reforço);

yi = distância dos centroides de área até a linha neutra.

Figura 12: Tensão, deformação e forças atuantes na estrutura reforçada.

Fonte: Adaptada de Luca e Marano, (2012).

Luca e Marano (2012) obtiveram o valor médio, para o que chamaram de

ductilidade, de µf = 1,58 para peças sem protensão e µf = 2,00 para peças cujo aço

tracionado recebeu protensão, mostrando que a presença do reforço metálico

proporcionou, além do aumento da capacidade de carga e rigidez, condições de

suportar cargas depois de ultrapassados os limites de serviço e último. Ressalta-se a

contribuição desse trabalho para as pesquisas na área de reforços, em especial para

a segurança de estruturas em condições de abalos sísmicos. Nesse trabalho os

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autores não precisaram recorrer à aços de categorias especiais, usando aços

comuns da construção civil.

O uso de reforços de aço sem qualquer tipo de protensão foi explorado na

pesquisa de Pellis et al. (2012), onde buscou-se inferir apenas no comportamento

mecânico das peças reforçadas no domínio elástico. Os autores buscam interpretar

o comportamento estrutural do uso de elementos de aço para o reforço da madeira,

havendo como proposição a armadura posicionada internamente à estrutura, de

forma que as barras de aço fiquem protegidas de intemperismo. Essa concepção

difere da apresentada por Negrão (2012) pelo fato de utilizar armadura de forma

passiva. Uma das vantagens associadas à exploração deste tipo de reforço em

relação aquelas protendidas é a simplicidade de solidarização, sem o uso de

macacos hidráulicos. Ainda há uma maior facilidade (e em decorrência disso, menor

custo) na aquisição do aço, pois se utilizou aço para concreto armado CA 50.

Na análise preliminar de Pellis et al. (2012) buscou-se elevar a capacidade de

carga e de rigidez das peças reforçadas e submetidas à flexão. Para tanto,

construíram com laminas de pinus sp, 03 vigas de MLCA com seção transversal

aproximada de 75 cm², resultando em uma razão entre área de aço e madeira da

seção bruta de 4%. Cada viga foi reforçada, tanto na região tracionada quanto na

região comprimida, com duas barras de aço CA50, com 10 mm de diâmetro, as

quais foram coladas com Sikadur 31 ®. A Figura 13 ilustra a seção com as barras

metálicas e aplicação do adesivo. Os resultados mostraram coerência entre o efeito

do reforço previsto em cálculo, baseado na seção transformada, e o observado nos

ensaios.

Figura 13: Composição da seção de MLCA (A), colagem dos reforços (B).

Fonte: Pellis et al., 2012.

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52

2.2.4 Método da Seção Transformada para MLCA

O trabalho precursor de Pellis et al. (2012) propôs, para a verificação das

peças reforçadas, uma analogia ao método da seção transformada, utilizada para o

dimensionamento de peças fletidas em concreto armado. Segundo Carvalho e

Figueiredo Filho (2005), as peças de concreto armado no Estádio 1 (concreto não

fissurado) apresentam as deformações específicas do concreto e do aço

(respectivamente εc e εs) iguais, ou seja, ambos os materiais estão em serviço na

região tracionada e comprimida da viga. Dessa forma, para a peça de madeira

reforçada, o centro de rotação da seção e a rigidez são afetados pela quantidade de

armadura e seu posicionamento nas regiões de tração e compressão. E, neste caso,

deve ser feita a homogeneização da seção considerando-se tanto a área de aço

quanto área do material base (madeira). Assim, procedeu-se a transformação do aço

de reforço em áreas equivalentes de madeira conforme mostra a Figura 14.

Figura 14: Analogia entre viga reforçada e Seção transformada: A) vista lateral; B) Seção

reforçada; C) Seção transformada e D) Diagrama tensões.

Fonte: Pellis et al., 2012

Pode-se notar, pela Figura 14, que a seção transformada faz a seção se

assemelhar a um perfil formado por alma e mesas, com as porções superiores e

inferiores mais largas que o centro, assim como um perfil “I” metálico. Pode-se notar

também, assim como na Figura 4, que a porção onde se encontra o reforço exibe

uma descontinuidade no diagrama de tensões normais. Este fato se deve ao fato do

reforço metálico ter a capacidade de absorver maior tensão que a madeira.

Pellis et al. (2012) utilizaram a Equação 6 para estabelecer equivalência de

aço em madeira, utilizando parâmetros relativos ao aço e ao MLC sob flexão.

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(6)

Onde:

Rs = Força Resultante; As = Área de aço;

Ԑs e ԐMLC = Deformações Específicas do aço e MLC, respectivamente;

Es e EMLC = Módulos de Elasticidade do aço e MLC à flexão;

Aeq = Área equivalente de MLC.

Sendo assim, a transformação da área de aço em área de MLC, deve,

obrigatoriamente, ser proporcional à razão entre Módulos de Elasticidade do aço e

da MLC, denotada pelo fator α’ conforme a Equação 7:

(7)

O valor utilizado para Es pode ser assumido como 210.000 MPa para os aços

usuais para concreto armado. O valor do módulo EMLC foi obtido através de ensaios

de flexão por três pontos em vigas não reforçadas.

O valor de α' utilizado por Pellis et al. (2012) foi de aproximadamente 27,9, ou

seja, cada 100 mm² de aço adicionado como reforço pode ser convertido em 27900

mm² de MLC. O fabricante italiano Armalan®, ao mencionar o modelo de cálculo

baseado no método da seção transformada, menciona o valor de α' igual a 19. Tal

valor é obtido para madeira com módulo de elasticidade de 11000 MPa, utilizada em

seu processo produtivo, comparada ao aço tipo estrutural tipo FeB44k, cujo módulo

de elasticidade padrão é de 206.000 MPa.

Logo, a área equivalente de aço é expressa pela Equação 8 e a área total da

seção transformada é dada pela Equação 9. Ressalta-se que o coeficiente α' deve

ser tomado de acordo com as propriedades da matriz de MLC usada.

(8)

(9)

Onde:

b = largura da viga;

h = altura da viga;

As,eq = área de aço equivalente na região tracionada;

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Asc,eq = área de aço equivalente na região comprimida.

Calculadas as áreas equivalentes e sua distribuição geométrica (conforme

Figura 13), Pellis et al. (2012) determinaram os cálculos para o Momento de Inércia

Equivalente de acordo com a Equação 10.

(10)

A Equação 10 foi definida para as seguintes propriedades geométricas; yg

correspondente à posição da linha neutra da peça à partir do centro geométrico, hg

correspondente à distância entre o bordo inferior e a linha neutra da peça e yi para a

distância do centro da barra de reforço metálico até a linha neutra.

Com estes dados foi possível simular os comportamentos das peças

reforçadas (MLCA) e não reforçadas (MLC), exibidos no gráfico da Figura 15.

Figura 15: Comportamento das vigas de MLC e MLCA em ensaio de flexão simples. Detalhe do

incremento de rigidez no Estado Limite de Serviço e no Estado Limite Último.

Fonte: Pellis et al., 2012.

Com base nos resultados da Figura 15 é possível notar que, por toda a fase

elástica as vigas com reforço metálico (MLCA) mostraram retas mais íngremes do

que as vigas não reforçadas (MLC), resultado do aumento da rigidez nas vigas

armadas. Os autores obtiveram incremento médio no valor da rigidez à flexão das

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peças reforçadas da ordem de 91%. O modelo de cálculo que leva em conta a

rigidez teórica e a rigidez verificada experimentalmente nos testes das vigas

reforçadas mostrou-se satisfatório, uma vez que a diferença entre os valores teóricos

e experimentais encontrada foi de apenas 5,5%.

Os ensaios indicaram, também, ainda que não tenha sido o foco da pesquisa,

que o comportamento pós-ruptura se assemelhou ao apresentado por Luca e

Marano (2012), com ruptura dúctil, pois a seção transversal da viga não foi

totalmente comprometida, havendo resistência residual às cargas.

De fundamental importância no comportamento das peças de madeira MLCA

está o estudo da transferência de esforços entre madeira e aço pela interface do

adesivo. Logo, ao se alcançar os valores limites para o cisalhamento da linha de

adesivo ou da madeira na região dos reforços, a peça colapsará interrompendo a

transferência completa de tensões entre madeira e aço. Ainda, ao nível das tensões

tangenciais, deve-se verificar o cisalhamento ao longo da linha neutra da peça.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo foi organizado em três etapas: Modelo de Cálculo, Etapa

preliminar e etapa principal.

O modelo de cálculo busca exibir as modificações de rigidez, encontradas

para as das peças, correlacionando-as com as propriedades mecânicas, disposição

geométrica e quantidade dos reforços de aço.

A etapa preliminar buscou avaliar diferentes adesivos a serem utilizado para a

solidarização entre madeira e aço, e assim poder escolher qual seria usado durante

a etapa principal. Parte das atividades desta etapa foi realizada em conjunto no

projeto de iniciação científica do aluno de graduação Aurélio de Menezes Scavone

Ferrari. O trabalho em questão foi contemplado com o Prêmio Inova Unicamp de

Iniciação à Inovação, em sua sétima edição.

A etapa principal consistiu em confeccionar vigas de tamanho real, com

diferentes taxas de armadura, submetê-las à flexão, bem como da análise quanto ao

seu comportamento mecânico nos aspectos relacionados à rigidez, carga de ruptura

e os deslocamentos frente ao limite estabelecido pela norma ABNT NBR 7190

(1997).

3.1 Modelo de Cálculo

3.1.1 Cálculo do Incremento da Rigidez

Nas expressões que abordam o efeito do reforço da madeira, o parâmetro

modificado com a adição do reforço é denominado produto de rigidez ou somente

rigidez, “EI”, que representa o produto do módulo de elasticidade do material pelo

momento de inércia da seção transversal. O método de cálculo para as

considerações do efeito do reforço é baseado no Método da Seção Transformada,

onde se busca a equivalência do material de reforço (aço) em material base (MLC).

Este método, uma vez obtidas as correlações entre as propriedades de ambos os

materiais madeira e aço, expressa o efeito do reforço homogeneizado, sendo

admitindo-se a peça constituída de um único material, a qual se atribui o acréscimo

da rigidez ao próprio produto de rigidez ou, isoladamente, ao valor de E ou I. Parte-

se da Equação 8 e da Equação 9 (item 2.2.4), onde já se apresentam as áreas As,eq

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e Asc,eq devidamente transformadas como área de material base, de acordo com o

termo α’ que deverá ser calculado através da obtenção do valor de Emlc. No entanto,

propõe-se encontrar uma Equação que expresse diretamente o ganho de rigidez

auferido através da adição do reforço. Assim, define-se o parâmetro de entrada “ρ”,

que expressa a taxa de armadura, percentual de aço relativo à área da seção

transversal da viga.

Dada a opção de executar os reforços simétricos à linha neutra teórica da

seção transversal da viga, a posição da linha neutra permanece inalterada. Sendo

assim o termo hg se iguala ao termo h/2 da Equação 10, simplificando o cálculo pela

Equação 11.

(11)

Onde: = base da seção transversal;

= altura de seção transversal;

= área de aço equivalente no bordo tracionado;

= área de aço equivalente no bordo comprimido;

= distância entre o centro geométrico e a linha neutra da viga;

= distância entre o centro do reforço metálico à linha neutra da viga.

Pode-se agrupar os elementos de somatória, assumindo-se a simetria de

reforços nas regiões tracionada e comprimida, sempre distados pelo valor yi,

desenvolve-se a Equação 12.

(12)

Por conta da simetria, tem-se o posicionamento do centro de gravidade do

conjunto (MLC mais reforços) coincidente com o centro de gravidade da peça,

implicando em yg = 0 para a posição da linha neutra coincidente com o centro

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geométrico da peça. Pode-se também expressar toda a área de aço de através do

termo Ast.

(13)

Através da definição, o primeiro termo da Equação 13 dado em função de b e h,

pode ser denotado apenas por Io, que é o momento de inércia de uma seção

genérica retangular. É possível agrupar os termos Ieq e Io, como na Equação 14.

(14)

Ao dividir ambos os lados por Io, obtém-se:

(15)

O primeiro termo da Eq. 15, (Ieq-Io)/Io, pode ser interpretado como um acréscimo

decimal, uma vez que Ieq é sempre maior ou igual à Io, o qual será denotado por “Ƞ”,

conforme a equação 16:

(16)

Com os termos Io e Ast,eq definidos nas Equações 13 e 14, e substituídos na Equação

16, obtém-se a Equação 17:

(17)

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60

Efetuando-se os devidos cancelamentos, o resultado é a Equação 18, que

mostra diretamente a correlação entre Ƞ com ρ, h, yi e com α’ definido no Cap. 2.2.4.

(18)

Pode-se, alternativamente, substituir yi expresso como uma distância entre o

centro da peça e o centro da posição dos reforços, por um termo ys que expressa

uma distância entre o centro das barras de aço até as bordas das peças. Portanto, ys

= (h/2 – yi), gerando a Equação 19.

(19)

A Equação 19 tem em síntese os parâmetros de cálculo de reforços para uma dada

seção de viga (b x h) e uma posição geométrica na qual se dará a inserção do

reforço. A rigidez equivalente pode ser obtida arbitrando-se o coeficiente de

incremento e, que por sua vez implica na determinação da área do reforço a ser

empregado.

O fator α’ será calculado para cada etapa, em função das propriedades da

madeira laminada colada utilizada em cada um dos ensaios.

3.2 Etapa Preliminar

A metodologia utilizada nesta etapa, assim como os resultados alcançados,

encontram-se descritos no Apêndice I deste documento e serviram como suporte à

escolha do adesivo utilizado na etapa principal deste projeto. Foi adotado como

adesivo para a etapa principal, apenas o adesivo poliuretânico, uma vez que esta

opção simplifica os procedimentos de manufatura. O adesivo poliuretânico não

danifica os equipamentos de usinagem e acabamento final das peças (facas de

desengrosso).

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3.3 Etapa Principal – Peças estruturais.

Nesta etapa foram confeccionadas peças com dimensões estruturais, feitas

de acordo com as lâminas de madeira disponíveis, buscaram ser próximas as da

medida comercial “6 cm X 16 cm”, resultando em 52 mm para a base, 154 mm para

altura e, 3000 mm de comprimento. As relações entre altura e comprimento da viga,

bem como os procedimentos de ensaio foram estabelecidos em conformidade com a

norma ASTM 198 (2014), uma vez que se trata de peças de dimensões estruturais.

Para verificar a eficiência do sistema de reforço, seguindo a mesma lógica

adotada na etapa preliminar, foram confeccionadas peças com e sem reforço.

Utilizou-se o mesmo tipo de aço, CA-50, com bitola de 10 mm. No entanto, foram

adotadas 3 taxas de armadura: 0% (sem reforço metálico), 2% (uma barra no bordo

tracionado e uma no comprimido) e 4% (duas barras em cada borda). O parâmetro

de distância ys foi de 27 mm. (Figura 16).

Figura 16: Seções transversais dos três tipos de seções.

3.3.1 Confecção das peças estruturais

Atividades de seleção e confecção das vigas foram todas desenvolvidas na

empresa Allpine Comércio de Madeiras e Serviços, localizada na cidade de Salto –

SP. Utilizou-se um lote de madeira de pinus eliotti, adquirido seco em estufa,

formado por tábuas de 120 mm de largura, 22 mm de espessura e 3000 mm de

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62

comprimento, comercializado pela empresa Sguario Ind. e Florestal, Nova Campina

– SP. Após pré-seleção, que consistiu de uma inspeção visual à procura de nós

defeitos na superfície, descartando as peças consideradas impróprias, procedeu-se

o corte de cada tábua ao longo do comprimento, dividindo ao meio cada tábua,

sendo produzidas 81 lâminas com largura aproximada de 58 mm de cada uma.

Buscando obter uma classificação não-destrutiva das lâminas, optou-se por

aplicar a técnica da ultrassonografia. Foram produzidos dois furos em cada topo

para facilitar o posicionamento do transdutor, possibilitando 2 leituras para cada

peça. Os ensaios de ultrassom foram realizados com equipamento USLab

(AGRICEF, Brasil) e transdutores de 45 kHz de frequência (Figura 17).

Figura 17: Aplicação do ultrassom em cada peça (dois valores por peça).

Após a obtenção da velocidade de propagação de onda, de cada lâmina

mediu-se a massa e, com isso, foi possível obter a densidade de cada peça (em

kg*m-3). De posse da velocidade e da densidade de cada peça, calculou-se o valor

do coeficiente de rigidez “CLL” de cada lâmina, de acordo com a ABNT NBR 15521

(2007)

(20)

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Os valores de CLL foram ordenados e, com isso as lâminas foram agrupadas

em duas categorias, superior e inferior (Apêndice II), de modo a separar as peças

em dois grupos distintos de propriedades mecânicas. Essa seleção visa assegurar

que, o núcleo central da viga, menos exigido em termos de tensões, fosse

constituído com lâminas de madeira de propriedades inferiores, enquanto as

melhores classificadas foram empregadas nas partes mais externas das peças.

Dentre as lâminas de melhores propriedades mecânicas, selecionaram-se

peças para a confecção do sulco para inserção do aço. O sulco foi confeccionado

com o auxílio de um esquadrejadeira dotada de gabaritos e fresa, conforme mostra a

Figura 18.

Depois de prontas as canaletas, prepararam-se as demais peças para a

posterior colagem. Para a fase de colagem foram utilizados os mesmos dispositivos

da etapa preliminar.

Figura 18: Confecção dos sulcos para inserção do reforço

As Figuras 19 a e b ilustram algumas lâminas com a presença dos sulcos e a

inserção das barras de aço durante a colagem.

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a) b)

Figura 19: a): Lâminas com sulcos e barras de aço para reforço. b): Aplicação do adesivo e

inserção das barras

Após prensagem, as vigas permaneceram em processo de cura por 24 horas

e, sequencialmente receberam o desengrosso final para retirar o excesso de cola e

regularização da seção de acordo com as dimensões conforme Figura 19. O adesivo

atinge a resistência típica após sua cura total, dada em 7 dias.

3.3.2 Instrumentação das vigas

Com intuito de verificar as deformações sofridas pelas vigas enquanto

submetidas à flexão, foram instalados extensômetros elétricos (strain-gages),

modelo KFG-5-120-C1-5, unidirecionais, tipo folha, da marca KYOWA ELETRONICS

INSTRUMENTS CO. LDT. Os extensômetros foram instalados nas faces da seção

central de cada viga (Figura 20).

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Figura 20: Posição dos strain-gages na seção transversal central das vigas

Os strain gages foram colados no local correspondente à metade do

comprimento da peça, ou seja, a 1500 mm das extremidades. O adesivo utilizado

para essa finalidade foi SuperBond®, à base de cianoacrilato. Este esquema

colagem dos extensômetros foi adotado em todas as 9 peças. As posições de

instrumentação correspondem às: zonas de máxima tração e máxima compressão

(bordo inferior e superior), linha neutra (centrais) e faces laterais nas

correspondentes posições dos reforços metálicos (zona de grande transferência de

esforços). A Figura 21 mostra a instrumentação da seção central de uma das vigas.

Figura 21: Seção central de uma viga instrumentada.

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66

O equipamento para aquisição de dados utilizado foi o Spider-8®, que dispõe

de 8 canais de leitura dos strain gages instalados em cada viga, além de um canal

para aquisição da força aplicada e outro para o deslocamento vertical (Figura 22)

Figura 22: Aquisição dos dados de ensaio

3.3.3 Ensaio de Flexão

Os ensaios de flexão estática por quatro pontos foram executados no

Laboratório de Materiais e Estruturas da FEAGRI, com estática de acordo com a

norma ASTM 198 (2014), Figura 23, possibilitando a minimização do efeito do

esforço cortante, além de proporcional o momento constante e de valor máximo no

trecho central da viga.

Figura 23: Esquema estático do ensaio de flexão por quatro pontos.

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O valor de L de cada viga foi de 2820 mm, portanto cada um dos trechos

resultou igual a 940 mm. Este valor atende à condição imposta pela ASTM 198

(2014) para ensaios de flexão que possam desconsiderar o efeito do cisalhamento

na peça, pois L > 18 h.

A aplicação dos incrementos de carga total (P) foi realizada em pórtico com

capacidade de 500 kN. Para distribuir o carregamento nos dois pontos da viga usou-

se uma viga metálica em perfil I (Figura 24). A cada incremento de carga aplicado no

centro da viga I, instantaneamente foram registrados a flecha e as deformações nos

pontos instrumentados.

Figura 24: Ensaio de flexão por quatro pontos.

Como procedimentos de ensaios das vigas seguiram-se os seguintes passos:

A viga foi previamente submetida à um procedimento de escorva, que

consiste numa acomodação da peça. Elevou-se a carga gradualmente até

atingir o valor corresponde a 50% do carregamento de ruptura previsto

(teórico), e mantido assim por um minuto. Após esse tempo, aliviou-se a

carga até o patamar de 10% da carga de ruptura, mantendo-se por mais um

minuto.

Após esse estágio, procedeu-se o carregamento com incrementos de carga

dado por avanço de curso do pistão em ritmo constante até a ruptura da peça,

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sendo aquisitados os valores de carregamento, deslocamento vertical e das

deformações.

De modo a evitar o embutimento nos apoios e nos pontos de aplicação das

cargas, para essas posições foram utilizadas chapas metálicas (Perfil C) com 80 mm

de comprimento (Figura 25).

Figura 25: Vista lateral da viga com região de apoio

3.3.4 Cálculo do Produto de Rigidez

O cálculo de Em, para o ensaio de flexão por 4 pontos, é feito de acordo com

a Equação 21, também extraída da ASTM 198 (2014).

(21)

É possível isolar à partir da Equação 22 o produto de rigidez EI, resultando na

Equação 22:

(22)

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A Equação 22 fornece o valor de EI para as vigas fletidas, de acordo com a

carga aplicada e o correspondente deslocamento vertical. A comparação entre o

produto de rigidez das peças, reforçadas e não reforçadas, ensaiadas à flexão,

permite averiguar o quanto o modelo de cálculo proposto pela Equação 19 se

aproxima do comportamento real das peças confeccionadas.

3.3.5 Ensaios caracterização do lote de MLC

De modo a obter as propriedades do lote de madeira utilizada, realizaram-se

os ensaios de compressão paralela às fibras e do teor de umidade em conformidade

com a ABNT 7190 (1997).

Os ensaios de compressão paralela às fibras foram realizados em corpos de

prova com dimensões de 50 mm x 50 mm x 150 mm, retirados das vigas de MLC

sem reforço, após finalizados os ensaios de flexão. Ao todo foram confeccionados

oito corpos de prova, retirados dos bordos tracionados e comprimidos das vigas. Os

ensaios foram realizados na máquina universal EMIC DL3000N (Figura 26).

Figura 26: Ensaio de compressão paralela às fibras.

Com o ensaio de compressão paralela foi obtido o valor de fck,u%, ou seja, a

tensão de compressão característica verificada para a umidade real da madeira.

Estes ensaios tornam possível caracterizar o lote de acordo com as classes de

madeiras coníferas a ABNT NBR 7190 (1997). A caracterização se faz necessária

também para que se estabeleça comparação entre a rigidez das peças reforçadas e

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não reforçadas. O cálculo da resistência à compressão característica fck,u% se dá

através da Equação 23, extraída da ABNT NBR 7190 (1997).

(23)

Para a determinação do teor de umidade foram confeccionados 12 corpos de

prova (50 mm x 30 mm x 20 mm), também extraídos das vigas de MLC. Os corpos

de prova foram mantidos em estufa (Figura 27) a uma temperatura de 103°C até que

se alcançasse a estabilização das massas. Para tanto, as medições das massas das

amostras foram aferidas a cada 6 horas até a estabilização, ou seja, até que não

houvesse variação superior à 0,5% durante dois intervalos consecutivos. Os valores

de umidade de cada amostra compuseram o valor médio, utilizado para as correções

das propriedades para a umidade padrão de 12%.

Figura 27: amostras para determinação da umidade.

O valor de fck,12 é determinado através da Equação 24, sendo assim corrige-se

o valor de fck,u% obtido no ensaio de compressão.

(24)

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Caracterização da madeira das vigas – Etapa Principal

4.1.1 Teor de Umidade

De acordo com procedimento descrito no item 3.3.5, efetuou-se o ensaio para

obtenção da umidade das peças ensaiadas a flexão. Na Tabela 4.1 são

apresentados os valores de umidade de cada amostra, com média de 10,5%. O

valor de umidade inferior a umidade padrão (12%) foi utilizado para correção das

propriedades mecânicas da madeira, neste caso o valor de fck.

Tabela 4. 1: Umidade dos corpos de prova de MLC.

Corpo de prova Massa úmida (g) Massa seca (g) Umidade (%)

1 20,77 18,78 10,6%

2 16,43 14,8 11,0%

3 16,49 14,94 10,4%

4 17,94 16,27 10,3%

5 20,47 18,49 10,7%

6 16,81 15,4 9,2%

7 18,94 17,16 10,4%

8 16,18 14,65 10,4%

9 19,52 17,6 10,9%

10 15,9 14,35 10,8%

11 20,36 18,39 10,7%

12 19,33 17,55 10,1%

Umidade média 10,5%

4.1.2 Ensaios de compressão paralela às fibras e classe da madeira

Ainda de acordo com o item 3.3.5, foram executados ensaios de compressão

paralela às fibras e exibidos na Tabela 4.2, com intuito de caracterizar o lote de MLC

utilizado na confecção das vigas da etapa principal deste trabalho.

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Tabela 4. 2: Caracterização da MLC quanto à compressão paralela às fibras

Corpos de prova fc,10,5 (MPa)

CP1 39,77

CP2 40,62

CP3 44,11

CP4 39,2

CP5 47,2

CP6 39,12

CP7 49,08

Média 42,73

Desv. Pad. (MPa) 4,10

Coef. Var (%) 9,6%

Os resultados dos ensaios de compressão paralela às fibras mostraram

valores de fc0 consideravelmente elevados, que superaram as expectativas iniciais.

O coeficiente de variação, inferior a 18%, permitiu que o cálculo para fc0 fosse feito

pela Equação 23. Este fato indica que o processo de seleção das lâminas da MLC

das vigas, empregando processos visuais e ultrassom, apresentou êxito no sentido

de se ter lâminas com propriedades mais homogêneas.

Aplicou-se a Equação 23 para obtenção de fck,u%, que é a resistência a

compressão característica do lote, na umidade de 10,5%, obtendo-se assim fck,10,5

igual a 42,8 MPa. Aplicando-se a Equação 24 para correção das propriedades

mecânicas da madeira levadas à umidade padrão de 12%, obtém-se fck,12 de 42

MPa.

O valor de fck,12 obtido classifica a MLC utilizada como madeira de categoria

C-30 segundo a ABNT NBR 7190 (1997), a mais alta categoria para madeiras de

espécies coníferas.

4.2 Ensaios da Vigas

Nesta etapa do trabalho efetuaram-se ensaios de flexão por 4 pontos nos

grupos de vigas reforçadas e não reforçadas. Denominam-se “MLC” as peças sem

reforço. Para as vigas reforçadas (Figura 19), “MLCA2” aquelas com apenas 1 barra

em cada bordo (ou seja, com taxa de armadura 2%) e “MLCA4” para as vigas com 2

barras de reforço em cada bordo (taxa de armadura 4%).

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4.2.1 Ensaios de flexão das Vigas

Para cada viga ensaiada a flexão por quatro pontos, com os valores

aquisitados desde o início do ensaio até a ocorrência do estado limite último,

confeccionou-se o gráfico carga versus deslocamento vertical (Figura 28) do qual foi

possível gerar a Equação para representar o comportamento de cada viga ensaiada.

Os gráficos das demais vigas se encontram no Apêndice III.

Com isso, obteve-se o produto de rigidez de acordo com a Equação 22.

Figura 28: Carregamento viga MLC-1

Em todos os casos pode-se notar o comportamento linearizado no trecho de

onde se extraiu o valor de EI (compreendidas nos intervalos entre 10% e 50% da

carga de ruptura). Analisando-se a Figura 28 e as Figuras do Apêndice III) nota-se

que a carga máxima das peças ocorreu para deslocamentos da ordem de 3 e 4

vezes maior que o valor estabelecido para o ELS.

Nota-se também uma elevação na capacidade de carga das vigas reforçadas,

quando comparadas às vigas sem reforço. Os valores obtidos para carga máxima,

equações da reta e produto de rigidez para os grupos de vigas são exibidos na

Tabela 4.3.

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Tabela 4. 3: Carga máxima e produto de rigidez das vigas.

Protótipo Pf (N) Equação da

Reta R²

Em*Ieq (kN.m²) Em*Ieq médio (kN.m²)

MLC-1 18330 P = 0,87u - 0,66 1 186,08

196,97 MLC-2 24420 P = 0,54u - 0,25 0,999 215,69

MLC-3 26970 P = 0,47u - 0,26 0,999 189,12

MLCA2 - 1 33090 P = 0,74u - 0,21 1 298,04

298,93 MLCA2 - 2 34950 P = 0,76u - 0,68 0,999 303,78

MLCA2 - 3 36870 P = 0,73u + 0,04 0,999 294,97

MLCA4 - 1 35670 P = 0,85u + 0,35 1 339,29

340,33 MLCA4 - 2 37890 P = 0,84u + 0,08 0,999 335,85

MLCA4 - 3 35880 P = 0,87u - 0,66 0,999 345,84

Através dos resultados expressos na Tabela 4.3 verificou-se a elevação do

produto de rigidez dos grupos reforçados em relação aos exemplares de MLC. Em

média, o grupo MLCA2, resultou num aumento de 52% em relação à rigidez média

do grupo MLC. Já o grupo MLCA4, alcançou 73% a mais de rigidez comparado às

MLC.

As cargas máximas alcançadas pelas vigas reforçadas foram

substancialmente maiores que aquelas sem reforço, obtendo-se os valores médios

de 34970 N e 36480 N para o grupo MLCA2 e MLCA4, respectivamente. Esses

resultados implicaram para os grupos MLCA2 e MLCA4 numa elevação de 50% e

57% em relação à capacidade média do grupo MLC, calculada em 23240 N. Este

comportamento evidencia a efetivação da transferência de carga entre a matriz de

madeira e o reforço metálico, em patamares de carga bastante elevados e próximos

do ELU. Foi possível evidenciar também aspectos relacionados a homogeneidade

entre as peças do mesmo grupo. Para tanto, as Figuras 29, 30 e 31 exibem os

gráficos com as vigas semelhantes agrupadas.

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Figura 29: Comparativo entre vigas do grupo MLC.

Figura 30: Comparativo entre vigas do grupo MLCA2.

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Figura 31: Comparativo entre vigas do grupo MLCA4.

É possível notar (Figuras 29 à 31) o aumento da homogeneidade conferido

pela inserção do reforço metálico, tanto para a rigidez, caracterizada pela

proximidade das curvas, as quais possuem coeficientes angulares muito próximos,

bem como a maior similitude para as cargas correspondentes para os ELS e ELU.

Ressalta-se que as vigas MLCA4–2 e MLCA4–3 o Estado Limite Último não se deu

por ruptura, mas, sim, por instabilidade lateral das peças após carga a aplicada

superar 35 kN. A viga sem reforço MLC-3 não atingiu a ruptura por colapso no

bordo, mas sim por esmagamento no bordo comprimido, caracterizado pela

deformação e abatimento da curva ao um nível de carga próxima ao do ELU.

Este comportamento mais uniforme, exibido pelos grupos reforçados, foi

observado também por André (2006) e por Pellis et al. (2012), o que leva a

proposição de que o reforço para a madeira laminada colada é capaz de aumentar a

homogeneidade das peças, reduzindo-se assim a variabilidade do conjunto de

peças. Isto enfatiza a importância do reforço estrutural no sentido que se possam

realizar novos estudos, que permitam propor a redução de coeficientes de

ponderação de resistência para projetos dessa natureza. Tal redução, por sua vez,

poderá trazer reflexos nas quantidades de material empregada e,

consequentemente, a possibilidade de economia de recursos.

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As Figuras 29 à 31 e a Tabela 4.3 mostram uma maior variabilidade dos

exemplares de MLC comparadas as vigas dos grupos MLCA. Pode-se calcular o

desvio padrão do grupo MLC, cujo valor de 15,8% é bastante superior aos valores

de 4,9% e 5,6%, atingidos pelos grupos MLCA2 e MLCA4, respectivamente.

Resultados análogos foram obtidos para as peças ensaiadas no Apêndice I deste

trabalho, onde os grupos reforçados apresentaram homogeneidades superiores ao

grupo MLC. Pellis et al. (2012) constataram o mesmo comportamento em seu

trabalho, onde as peças do grupo reforçado apresentaram entre si maior similitude

para os valores de rigidez.

O aumento da capacidade de carga das peças assim como o aumento da

rigidez também foi observado por Luca e Marano (2012), que conseguiram elevar a

rigidez e carga máxima em 26% e 48%, respectivamente. Negrão (2012) e Pellis et

al. (2012) também constataram melhoria do comportamento mecânico, estes autores

descreveram aumento da ordem de 91% na rigidez das peças reforçadas com taxa

de armadura de 4%.

As deformações medidas com os extensômetros, posicionados na seção

transversal das vigas de acordo com a Figura 20, possibilitou o cálculo das tensões

atuantes. A Figura 32 exibe as tensões correspondentes aos estados limites de

serviço e nos estados últimos (ou nos valores mais próximos correspondentes as

deformações aquisitadas). As figuras com o comportamento das tensões nas demais

vigas se encontram no Apêndice IV deste trabalho.

Figura 32: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-1

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Os gráficos de tensões nas vigas revelam o comportamento das peças

durante o ensaio de flexão, evidenciando os valores negativos de tensões para as

zonas de compressão e, os valores positivos para as zonas sujeitas à tração. As

peças MLC tiveram os valores de tensões obtidos diretamente com seu próprio valor

de Em. No entanto, para as peças reforçadas foi utilizado o valor de Em,mlc, igual a

12435 MPa, extraído do produto de rigidez, apresentados na Tabela 4.3.

Em geral as vigas se comportaram de maneira uniforme durante os ensaios

de flexão (Figura 32 e Apêndice IV), com algumas exceções que ilustram o padrão

mencionado por Bodig (1982) e Rocha (1988), onde se nota plastificação na zona

comprimida e rebaixamento da linha neutra de vigas de madeira serrada. Fiorelli e

Dias (2006) observaram este comportamento de plastificação devido à tensão de

compressão, em protótipos com conformação assimétrica, com reforço apenas no

bordo tracionado, evidenciando ainda mais o esmagamento por compressão. Luca e

Marano (2012), trabalhando com peças simetricamente reforçadas, previram em seu

modelo de cálculo, para efeito de resistência ao ELU, um patamar de tensões no

bordo comprimido, como visto na Figura 12, onde a madeira se encontra já em

estado de plastificação, mas o aço continua a resistir os esforços compressivos.

Os valores de tensões exibidos nos diagramas de tensões das vigas foram

obtidos através de cálculos que levam em conta as deformações registradas pelos

extensômetros e o valor de Em das peças. Sendo assim, os resultados são válidos

para as deformações ocorridas no regime elástico, como ocorre nas proximidades do

ELS. Em altos níveis de carregamento, próximos à ruptura, é possível notar valores

de tensão próximos de 60 MPa, até quase 80 MPa, principalmente nos bordos

comprimidos, como no caso dos três exemplares do grupo MLCA2. Nestes casos, é

possível afirmar que os valores se encontram superestimados devido ao efeito da

deformação plástica sofrida na região comprimida das vigas. Durante a deformação

plástica se atinge um patamar de tensões, à partir da qual deixa de valer a

correlação σ = E/ε e, portanto, os valores de deformação se encontram em

magnitudes mais elevadas, gerando valores igualmente mais elevados para os

níveis de tensão apresentados pontualmente. Exceção feita às peças nº 2 e 3 do

grupo MLCA4, que expressam em seus gráficos valores reais, uma vez que não se

romperam e não expressaram zonas de plastificação nas extremidades

comprimidas. Salienta-se então que o modelo de cálculo da seção homogeneizada e

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demais métodos de cálculo derivados deste, não são suficientes para prever ou

dimensionar sistemas reforçados, como a MLCA, fora dos limites elásticos.

4.2.2 Modo de ruptura das vigas

As fotos tomadas após os ensaios das vigas auxiliaram a verificação do tipo

de ruptura ocorrida em cada viga. É possível verificar pelas Figuras 33 e 34 que o

colapso de duas vigas não reforçadas (MLC-1 e MLC-2) se originou por falha na

extremidade da região tracionada, causado súbita perda de seção resistente. Os

diagramas de tensões (Figuras 32 e Apêndice IV) exibem um comportamento

coerente, caracterizado pela ausência de patamares de tensão no trecho

comprimido.

Figura 33: Viga 01 (MLC-1), colapso à tração (vista lateral).

Figura 34: Viga 02 (MLC-2), colapso à tração (vista lateral).

A viga MLC-3 exibiu um modo de ruptura diferente, caracterizado por

esmagamento no trecho comprimido. Como se pode notar na Figura 35, o

esmagamento propagou-se em direção à região central da viga, modificando a linha

neutra da peça. A figura 36 exibe um nó firme localizado no alto da zona

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comprimida, o que provavelmente propiciou condições favoráveis ao esmagamento,

uma vez que ao redor de nós se encontram fibras com orientações diferentes às

longitudinais. Estas fibras com orientação diferenciada, no entanto, possuem menor

capacidade resistente, e, portanto são mais sujeitas ao esmagamento.

Figura 35: Viga 03 (MLC-3), colapso à compressão (vista lateral).

Figura 36: Viga 03 (MLC-3), detalhe do esmagamento em torno do nó (vista superior).

As vigas do grupo MLCA2 apresentaram em suas rupturas a mesma

característica comum, que foi a não-ruptura da armadura. Desta maneira o colapso

se deu por falha na madeira, seja por tração ou compressão de fibras. A Figura 37

evidencia uma das vigas rompidas à tração, com exposição da armadura tracionada.

Nota-se a armadura com aspecto íntegro.

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Figura 37: Viga 04 (MLCA2-1), colapso à tração. Exposição da armadura (vista lateral)

Houve também colapso causado por esmagamento das fibras comprimidas,

conforme visto na figura 38. Detalhe para o bordo tracionado, que apresentou

pequena perda de seção resistente durante o carregamento, causado

provavelmente pelo fato da lâmina mais externa possuir pequenos nós e fibras com

diferentes orientações.

Figura 38: Viga 05 (MLCA2-2), colapso à compressão. Bordo tracionado com perda de seção

resistente (vista lateral).

A Viga 06 (MLCA2-3), Figura 39, apresentou ruptura incomum às demais

peças, onde houve cisalhamento longitudinal da peça, iniciado na ponta da viga e

propagando-se até o meio da peça. Assim, houve perda do monolitismo entre os

bordos tracionados e compridos, cessando-se a transferência internas de esforços.

É possível notar na extremidade da viga 06 (Figura 40) a propagação do

cisalhamento e a ausência de esmagamento no apoio.

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Figura 39: Viga 06 (MLCA2-3), cisalhamento ao longo da linha longitudinal (vista lateral).

Figura 40: Viga 06 (MLCA2-3), cisalhamento próximo à extremidade (vista lateral).

O grupo de vigas MLCA4 continha as vigas mais enrijecidas, sendo que duas

delas não sofreram ruptura. A Figura 41 se refere à viga 07, a única do grupo à

colapsar, devido à tração.

Figura 41: Viga 07 (MLCA4-1), colapso à tração, sem exposição da armadura (vista lateral).

Nota-se através das Figuras 42 e 45, referente à seção central das duas vigas

que permaneceram íntegras, a ausência de fissuras e zonas de esmagamento. A

carga final suportada pelas vigas impingiu um esmagamento excessivo das fibras

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(sentido ortogonal ao paralelo), irregular e alternado entre os pontos de aplicação de

carga e os apoios, fazendo com que as peças girassem e caíssem, interrompendo o

teste. As Figuras 43, 44, 46 e 47 exibem estes esmagamentos.

Figura 42: Viga 08 (MLCA4-2), não houve ruptura, seção íntegra (vista lateral).

Figura 43: Viga 08 (MLCA4-2), esmagamento no ponto de aplicação da carga (vista superior).

Figura 44: Viga 08 (MLCA4-2), detalhe do esmagamento no apoio (vista inferior).

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Figura 45: Viga 09 (MLCA4-3), peça sem ruptura (vista lateral).

Figura 46: Viga 09 (MLCA4-3), esmagamento no ponto de aplicação da carga (vista superior).

Figura 47: Viga 09 (MLCA4-3), detalhe do esmagamento no apoio (vista inferior).

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4.2.3 Comparativo entre os resultados dos ensaios e os resultados do modelo de

cálculo

O método da seção transformada utilizado para a homogeneização da área

do reforço metálico em área de MLC, provendo o aumento do momento de inércia da

seção transversal, implica no modelo de cálculo simplificado permitindo, assim,

determinar o acréscimo de rigidez, Ƞ. Esse acréscimo, conferido pelo reforço uma

peça não reforçada, é influenciado pela taxa de armadura, pela disposição

geométrica do reforço e do fator α’.

Para o cálculo teórico do incremento de rigidez de cada uma das vigas dos

grupos MLCA2 e MLCA4, empregou-se a Equação 19 e o fator α’ foi calculado com

o valor médio de Em,mlc obtido das três vigas não reforçadas, resultando igual a

12435 MPa. O fator α’ resultou igual a 16,9. Já Pellis et al. (2012) obtiveram α’

consideravelmente maior, da ordem de 27,9 em decorrência, provavelmente, do uso

de madeiras de categoria inferior. A empresa Armalan® sugere o valor de α’ igual a

19, mais próximo ao calculado no presente trabalho.

Sendo assim, os valores teóricos de incremento Ƞ calculados para o grupo

MLCA2, tem valor de 1,435, representando um aumento de 43,5% no produto de

rigidez, graças ao emprego da taxa de reforço de 2%. Já, Ƞ referente ao grupo

MLCA4 apresenta o valor de 1,87, ou seja, graças ao reforço de 4% obteve-se

ganho de 87% no produto de rigidez. A tabela 4.4 apresenta os valores teóricos do

coeficiente de incremento e os valores calculados com base nos resultados dos

ensaios.

Tabela 4. 4: Coeficiente Ƞ teórico e experimental

Grupo Ƞ teórico Ƞreal médio Ƞreal máximo Ƞreal mínimo

MLCA2 1,435 1,520 1,610 1,390

MLCA4 1,870 1,730 1,830 1,580

O grupo MLCA2 superou as expectativas de ganho de rigidez, com 52% de

aumento dessa propriedade, enquanto o grupo MLC4 demonstrou um ganho inferior

ao esperado, limitando-se a 73%. Esperava-se que o grupo MLCA4, por possuir o

dobro da taxa de armadura empregada para o grupo MLCA2, alcançasse o dobro do

ganho em rigidez. Os valores de Ƞreal da Tabela 4.4 foram tomados em relação à

média da rigidez apresentada pelo grupo de vigas MLC e, também, calculados para

efeito de comparação, relativos às peças de MLC que apresentaram menor e maior

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rigidez, ou seja, MLC-1 e MLC-2, respectivamente, resultando nos coeficientes Ƞreal

máximo e Ƞreal mínimo. Comparando-se os valores entre Ƞreal e Ƞteórico, para o grupo

MLCA2, o valor médio de Ƞreal foi aproximadamente 6% superior ao Ƞteórico. Já, para

o grupo MLCA4, Ƞreal médio foi 7,5% inferior ao Ƞteórico.

Esta diferença entre a rigidez real e a rigidez teórica, calculada de acordo com

o método simplificado proposto neste trabalho, provavelmente se relacione à

transferência de esforços entre a matriz de madeira das vigas e a armadura de

reforço. A largura das peças provavelmente influenciou neste aspecto, visto que os

protótipos construídos por Pellis et al. (2012) apresentavam área de seção muito

próxima, mesma taxa de armadura que o grupo MLCA4, porém tinham maior largura

e, os resultados teóricos e experimentais diferiram em apenas 5,5%.

4.2.4 Comparações entre seções reforçadas e não reforçadas

As Figuras 48 e 49 exibem os modelos de rigidez de acordo com a taxa de

armadura e a relação α’, para diferentes alturas de seções transversais, de acordo

com a Equação 19. As curvas foram elaboradas tendo por referência uma viga de

MLC com altura de 154 mm e 52 mm de largura. Fixando-se a taxa de armadura é

possível obter o acréscimo de rigidez devido ao aumento da altura da viga. Ou,

fixando-se a altura da peça é possível de se obter o acréscimo da rigidez em função

da taxa de armadura imposta à peça.

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Figura 48: Acréscimo de rigidez versus taxa de armadura em madeiras de maior rigidez.

Figura 49: Acréscimo de rigidez versus taxa de armadura em madeiras de menor rigidez.

Para ambos os gráficos (Figuras 48 e 49) utilizou-se o fator ys = 27mm,

obtendo-se, assim, curvas que mostram o comportamento de peças reforçadas de

acordo com a taxa de armadura indicada. Em sistemas reforçados com o valor α’ =

16,9 é preciso utilizar maior quantidade de aço para se obter um mesmo incremento

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de rigidez alcançado com α’ = 27,9. Por essa análise, quanto menos rígida for a

madeira da matriz de MLC, mais significativo será o efeito do reforço.

Com a massa específica do aço ρaço = 78000 kN cm-3, e a da madeira ρmadeira

= 6000 kN m-3, correspondente a Classe C-30, pode-se expressar a relação

ρaço/ρmadeira = 13, ou seja, a massa específica do aço é 13 vezes maior que a

madeira utilizada. Portanto, as vigas do grupo MLCA2 são 25% mais pesadas do

que aquelas do grupo MLC, enquanto as vigas do grupo MLCA4 são 50% mais

pesadas em relação às vigas não armadas. Esta relação ρaço/ρmadeira também varia

de acordo com a madeira utilizada na matriz de MLC. Há de se considerar que

quanto maior a relação ρaço/ρmadeira, maior será o incremento de peso devido à

inserção do reforço. A Figura 50 correlaciona, para as taxas de armadura utilizadas

neste trabalho, os incrementos de massa e a altura das seções transversais.

Figura 50: Influência da taxa de amadura no acréscimo de peso das vigas

Analisando o gráfico da Figura 50 é possível notar que a adoção do reforço

metálico traz consigo elevação no peso próprio da viga com crescimento linear em

função do aumento da altura da seção transversal, enquanto que o ganho de rigidez

apresenta um crescimento quadrático. De modo geral, pode-se notar que as vigas

do grupo MLCA resultam sempre mais pesadas do que as vigas de MLC cuja altura

da seção transversal resulte em rigidez análoga.

Para seção de MLCA com altura de 154 mm, com taxas de armadura de 2% e

4%, da Figura 48, obtêm-se as alturas equivalentes de MLC de 173 mm e 189 mm,

respectivamente. Fixada a secção transversal de 154 mm, a inserção de 2% de aço

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produziu um aumento de 26% da massa em relação à seção de MLC. Entretanto,

uma viga de MLC com altura de 173 mm (obtida por equivalência de rigidez) produz

um aumento de massa de 12% em relação a uma viga de MLC com 154 mm. No

caso da inserção de 4% de aço houve um aumento de 52% da massa em relação a

seção de MLC e, considerando-se uma seção com altura de 189 mm (obtido por

equivalência) o aumento da massa é de 23%.

Desenvolvendo-se o mesmo raciocínio para o caso de seções de MLCA com

altura 230 mm, inserindo-se armaduras à taxa de 2% e 4%, há acréscimo de massa

de 26% e 52% em relação à seção de MLC. Estas seções reforçadas correspondem

à MLC de rigidez equivalente às peças com 269 mm e 300 mm de altura,

respectivamente. Entretanto, os aumentos de massa verificados entre as seções

reforçadas e as seções equivalentes em MLC são de 8% e 17%. As diferenças entre

o consumo de madeira exemplificado, envolvendo seções reforçadas de altura 230

mm e não reforçadas de rigidez equivalente (269 mm e 300 mm), correspondem à

17% e 30%, à MLCA com 2% e 4% de reforço, respectivamente. O consumo de

adesivo pode apresentar variações, mas, em geral, tende a seguir a mesma

proporção da redução de consumo de madeira.

O exposto permite, em casos bastante particulares, obter uma seção

reforçada com peso igual ou inferior à uma seção maciça de mesma rigidez, de

acordo com uma combinação das propriedades de ys, α’ e relação ρaço/ρmadeira. Esta

situação hipotética ocorre, por exemplo, ao usar madeira com densidade

correspondente à classe C-30, mas que apresentem um fator α’ = 27,9. Desta

maneira, a massa de uma viga com altura de 230 mm e reforçada com 2% de aço

seria igual à da seção de MLC sem reforço de 286 mm de altura, equivalente em

rigidez.

4.2.5 Outras considerações

Além do método da seção transformada, ainda seria possível buscar meios de

redução da taxa de armadura ao longo do comprimento da viga, em função do

esforço de momento fletor (relacionado com condições de projeto), à semelhança do

que se faz nas seções de concreto armado. Isso permitiria a redução do peso final

da viga e menor gasto de material de reforço.

De maneira geral, o reforço se torna uma opção para peças de grandes

seções, em situações que existam limitações de alturas para as vigas, visto que é

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possível aumentar rigidez e capacidade de carga adicionando-se reforço metálico,

sem que haja aumento da altura da peça.

Adicionalmente, ocorre redução no volume de madeira utilizado nas peças

reforçadas em relação às não reforçadas de mesma rigidez implicando na redução

de mão de obra de seleção, confecção de emendas, procedimentos de colagem e

manuseio de peças durante a produção, podendo vir a compensar as etapas

adicionais de corte de canaletas e colagem de reforços.

O menor volume de madeira da MLCA apresenta um potencial fator de

economia de custos para o transporte, tanto na compra de matéria prima quanto na

entrega das peças prontas. A redução do volume de madeira colada reduz também

a quantidade de adesivo utilizada. A redução do custo de aquisição de ambos

(madeira e adesivo) é capaz de suprir com boa parte ou até mesmo todo o custo do

aço de reforço.

É possível aproveitar madeiras de qualidade inferior, no que tange à rigidez,

para a confecção do MLCA, uma vez que quanto maior o fator α’ mais proeminente é

o efeito do reforço. Esta situação pode trazer ganhos econômicos e aumentar a

disponibilidade técnica de materiais aproveitáveis para confecção de estruturas.

Eventualmente, dependendo da qualidade da madeira utilizada, pode haver pequena

redução no peso das seções armada em comparação com não armadas de mesma

rigidez.

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5 CONCLUSÕES

A presente análise aplicada a madeira laminada colada armada permitiu

concluir que com o método da seção transformada é possível estimar o ganho de

rigidez de vigas laminadas coladas armadas em relação as vigas de MLC.

Pelo método da seção homogeneizada, a inserção de taxas de armadura

iguais a 2% e 4% proporcionou um aumento de rigidez da ordem de 43,5% e 87%,

respectivamente. No, entanto, os resultados experimentais mostraram um aumento

da rigidez da ordem de 53%, para peças reforçadas com taxa de 2% e, para as

peças reforçadas com 4% a rigidez foi ampliada de 73% em relação à rigidez da

peça de MLC. Essas diferenças observadas sugerem que o modelo simplificado

tenha limitações para os casos de taxas de armaduras maiores, como é o caso de

4%.

O efeito do reforço é mais significativo para valores maiores do fator α’,

tornando possível o uso de madeira de classes inferiores de resistência;

Os efeitos dos reforços para as peças de MLC são mais evidenciados para

peças de grandes seções ou vãos, dada à redução da altura e, por sua vez dos

consumos de madeira e de adesivo;

A presença do reforço das vigas com barras de aço proporcionou um

comportamento mecânico mais uniforme em relação às vigas de MLC não

reforçadas, proporcionando resultados experimentais de rigidez e de carga última

com menores variações.

Sugere-se como continuidade desta pesquisa que sejam realizados estudos

de otimização da armadura para reforços de vigas MLC, buscando-se, inclusive,

parâmetros para o cobrimento do diagrama de momento fletor, que possibilitem a

concepção de peças mais leves e econômicas.

Dada a maior homogeneização dos resultados das peças reforçadas, sugere-

se ainda que sejam investigadas a possibilidade de serem propostos coeficientes de

ponderação das resistências específicos para a MLCA.

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APÊNDICES

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Apêndice I: Etapa Preliminar – Protótipos em escala

Esta etapa da pesquisa teve por objetivo avaliar a eficiência na rigidez

promovida por diferentes adesivos utilizados na solidarização de reforços que

constituem a madeira laminada colada armada (MLCA). Para tanto, foram fabricadas

peças com seções transversais medindo 43 mm x 57 mm e 1200 mm de

comprimento teórico, sendo 03 em MLC sem reforço, 03 em MLCA com adesivo

epoxídico Sikadur 32® denominadas de MLCA Epóxi e, outras 03 peças com

adesivo poliuretânico Kleiberit 501® denominadas de MLCA PU. Como reforço duas

barras de aço CA50 com bitolas de 6,3 mm foram simetricamente dispostas

próximas às bordas das peças.

A madeira utilizada na confecção dos protótipos proveio de tábuas de pinus

eliotti, secas naturalmente e selecionadas visualmente de modo a excluir aquelas

que continham nós, rachaduras e defeitos na espessura da peça. Após isso, as

tábuas foram beneficiadas através de corte e desengrosso.

Além das tábuas, foram adquiridas barras de aço para concreto armado CA-

50, com 6,3 mm de diâmetro, duas barras para cada protótipo reforçado. Essa

quantidade de aço representa uma taxa de armadura ρ equivalente a 2,5%.

Para a colagem das tábuas foi utilizado o adesivo Kleiberit PUR 501©,

poliuretânico monocomponente. Este mesmo adesivo foi usado para unir o reforço

metálico em 03 peças confeccionadas. Para união do reforço das outras 03 peças,

utilizou-se o adesivo Sikadur 32©, base epóxi, bicomponente, aditivado com cargas

minerais.

As peças foram montadas por processo de prensagem no dispositivo ilustrado

na Figura I1. O equipamento permite aplicar pressão de 1,5 MPa distribuída sobre as

peças de madeira, para melhor eficiência do adesivo em sua fase inicial de

aplicação. As peças permaneceram prensadas por aproximadamente 6 horas. Após

este período foram retiradas do equipamento e aguardaram 24 horas para completar

a cura do adesivo.

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Figura I 1: prensagem e colagem dos protótipos.

A Figura I2 A mostra esquematicamente a seção transversal de um protótipo

reforçado e a Figura I2 B ilustra os protótipos confeccionados.

(A) (B)

Figura I 2: (A) Dimensões dos corpos de prova utilizados na etapa preliminar do projeto. (B)

aspecto dos protótipos prontos.

Na Figura I2 notam-se as dimensões de base, altura e comprimento, assim

como a distância entre o centro da barra de aço até a extremidade da peça. Utilizou-

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se a Equação 19 para prever o valor de Ƞ, inserindo o valor de ρ, arbitrado em 2,5%,

e ys de 11mm.

Os protótipos foram então ensaiados na máquina Emic DL30000, do

Laboratório de Materiais e Estruturas da Feagri-Unicamp. O ensaio de flexão simples

foi realizado de acordo com a ABNT NBR 7190 (1997), com carga aplicada no meio

do vão e apoios distanciados de 1200 mm, de acordo com ensaio de flexão simples,

retratado na Figura I3.

Figura I 3: Protótipo de MLC sem reforço durante ensaio de flexão simples.

Neste experimento buscou-se comparar diretamente o incremento dos

reforços, colados com os dois tipos de adesivos, sobre o produto de rigidez EmIeq.

Para tanto, equacionam-se os parâmetro de acordo com a Equação 25, onde Δu

corresponde ao incremento de deslocamento vertical máximo (flecha) obtido para

cada incremento de carga aplicada (ΔP).

(25)

Dos ensaios foram registrados os deslocamentos verticais até o limite de 9

mm (limite do relógio comparador), valor que supera a flecha limite correspondente

ao ELS (L/200 = 6 mm) e os correspondentes incrementos de carga. Os valores de

carga e deslocamento vertical permitiram o cálculo dos valores de módulo de

elasticidade e sua comparação entre os protótipos dos três grupos.

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A Tabela I.1 exibe os valores da carga de ruptura, denotados por Pf, assim

como as equações das retas relativas aos carregamentos dos ensaios. As equações

foram obtidas através da linearização dos valores experimentais obtidos para carga

P e deslocamento vertical u. Com isto é possível calcular, para qualquer ponto do

gráfico os valores de P e u, necessários à obtenção do produto de rigidez Em*Ieq.

Tabela I. 1: Resultados obtidos nos ensaios preliminares

Protótipo Carga de rup. Pf

(N) Equação da Reta R² Em*Ieq

(N.m²) Em*Ieq médio

(N.m²)

MLC-1 5180,8 P = 132,75u + 356,56 1 4780,48

5469,35 MLC-2 4913,9 P = 162,43u + 351,67 1 5852,39

MLC-3 5712,7 P = 160,62u + 289,92 1 5775,18

MLCA Epoxi-1 5135,3 P = 280,97u + 695,76 0,999 10111,98

9321,38 MLCA Epoxi-2 6348,5 P = 250,14u + 708,36 1 9004,32

MLCA Epoxi-3 6730,2 P = 245,52u + 691,52 1 8847,84

MLCA PU-1 7487,6 P = 251,77u + 683,1 1 9026,03

9795,28 MLCA PU-2 6049,6 P = 266,06u + 720,43 0,999 9633,54

MLCA PU-3 6255,4 P = 299,07u + 689,54 1 10726,26

As Figuras I4 à I12 exibem os gráficos de carga dos protótipos ensaiados,

evidenciando o intervalo de dados utilizado para a obtenção do produto de rigidez.

Figura I 4: Ensaio de flexão do protótipo MLC-1.

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Figura I 5: Ensaio de flexão simples em protótipo MLC-2

Figura I 6: Ensaio de flexão simples em protótipo MLC-3

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Figura I 7: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-1

Figura I 8: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-2

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Figura I 9: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Epoxi-3

Figura I 10: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-1

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Figura I 11: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-2

Figura I 12: Ensaio de flexão simples em protótipo MLCA Poliuretano-3

Através da Tabela I.1 é possível notar que ambos os grupos de protótipos

reforçados obtiveram valores de carga máxima mais elevados que o grupo de

protótipos sem reforço. O grupo de peças PU alcançou em média 6597 N enquanto

o grupo Epóxi obteve média de 6071 N para a carga máxima de ruptura, contra 5269

N para o grupo MLC, resultando em um incremento de 25% entre os grupos PU e

MLC, e 15% entre os grupos Epóxi e MLC.

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O efeito do reforço metálico ficou evidente na comparação entre os valores do

produto de rigidez, obtidos experimentalmente de acordo com a Equação 25,

atingindo valores mais elevados nos grupos Epóxi e PU promovido pelo reforço

metálico. Os grupos PU e Epóxi alcançaram, respectivamente, os valores de

9795,28 N.m² e 9321,38 N.m² para o parâmetro EmIeq, superando em 79% e 70% a

rigidez do grupo MLC, cujo valor médio obtido foi 5469,35 N.m². O significado deste

incremento de rigidez pode ser explicado devido a rigidez ser composta dos termos

momento de inércia e modulo de elasticidade, portanto, a presença do reforço se

equivale em área do material base, no caso MLC, como mostra a Figura 14 que

explica o método da seção homogeneizada. Esta área resulta em um novo valor do

momento de inércia.

As rupturas de cada protótipo foram caracterizadas pelas fibras da região de

tração, tanto nos protótipos reforçados como não reforçados. Nos protótipos

reforçados, houve ruptura da área de madeira tracionada, porém, não houve ruptura

do aço. Não se constatou delaminação ou defeitos de colagem nas lâminas, bem

como nenhuma evidência de que o reforço metálico sofreu qualquer tipo de

escorregamento por falha de aderência com a madeira. As Figuras I13 e I14

mostram a aparência das peças após a ruptura, caracterizada pela fenda iniciada na

região tracionada, localizada nas proximidades do centro da peça, propagando-se

em direção à posição de linha neutra.

Figura I 13: Viga “epóxi” rompida por tração.

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Figura I 14: Viga “PU” rompida por tração.

Pode-se dizer que com ambos adesivos, a função de reforço foi plenamente

efetivada, com aumento de capacidade de carga e, principalmente, do produto de

rigidez das peças.

A importância de se alcançar valores altos de rigidez de peças em madeira,

seja em peças serradas ou MLC, através de reforços, é justamente suprir as

limitações naturais da madeira. A principal delas, o valor de Em, consideravelmente

baixas em madeiras coníferas, quando comparado à espécies folhosas, impactando

diretamente nas concepções dos projetos estruturais.

Ainda que por pequena margem, os valores obtidos no grupo de protótipos

PU foram superiores aos do grupo Epóxi. Desta forma, aliada à melhor

trabalhabilidade e usinabilidade do adesivo PU, este adesivo foi escolhido para colar

os reforços das vigas da etapa principal deste trabalho.

Da análise desses resultados evidenciaram-se para a possibilidade do uso do

adesivo poliuretânico para a colagem dos reforços metálicos, visto que o acréscimo

de rigidez nos corpos-de-prova feitos com este adesivo foi semelhante ao acréscimo

obtido nos que utilizaram adesivo epoxi.

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Apêndice II:

Tabela II. 1:Propriedades das lâminas constituintes das vigas

Lâmina V 1 (ms-1) V 2 (ms-1) V média (m/s) ρ (kg m-³) Eultrassom

1 5590 - 5590 699 21827,96

2 5285 - 5285 477 13330,81

3 5300 - 5300 472 13267,17

8 5270 5325 5297,5 570 15989,16

9 5225 5155 5190 551 14847,22

10 5440

5440 580 17162,43

12 5612 5530 5571 750 23277,03

13 4890 4805 4847,5 567 13320,59 14 5460 5570 5515 731 22247,29

17 5485 5520 5502,5 570 17250,59

18 5320 5230 5275 536 14923,20

21 5210 5126 5168 590 15768,18

25 5580

5580 558 17365,78

26 5425 5500 5462,5 662 19760,09

29 5390 5510 5450 609 18079,11

31 5345 5399 5372 593 17120,53

34 5198

5198 549 14836,56

35 5310 5250 5280 627 17478,62

37 5350 5450 5400 543 15829,28

38 5565 5600 5582,5 675 21044,86

41 4410 4430 4420 763 14907,48

42 5160 5190 5175 591 15824,91

46 5260

5260 582 16088,84

48 5360 5200 5280 514 14339,75

49 5000 5085 5042,5 524 13331,14

51 4930 5000 4965 540 13304,45

52 5395 5330 5362,5 593 17060,03

57 4990 5020 5005 535 13408,44

59 5540

5540 530 16251,80

60 5151 5124 5137,5 514 13562,39

64 5370 5340 5355 520 14914,83

66 5510 5460 5485 513 15435,58

67 4890 5010 4950 542 13268,99

68 5255 5295 5275 592 16478,76

69 5510 5470 5490 619 18644,66

70 5337 5390 5363,5 681 19576,38

71 4760 4720 4740 661 14861,01

75 5350 5409 5379,5 531 15354,01

77 5535 5560 5547,5 548 16858,59

78 5369 5325

5347 573 16371,52

MÉDIAS

5285,66 584,35 16364,25

Lâminas classificadas como Grupo SUPERIOR

Velocidades faltantes na coluna “V2” significam que ambas medidas de velocidade diferiram em menos de 10 m/s, registrando-se então apenas a primeira medida.

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Lâmina V 1 (ms-1) V 2 (ms-1) V média (m/s) ρ (kg m-³) Eultrassom

4 4820 4705 4762,5 417 9457

5 4800

4800 543 12519

6 4445 4385 4415 532 10378

7 4740 4830 4785 485 11095

11 4860

4860 517 12217

15 4500 4660 4580 512 10740

16 4720 4780 4750 422 9513

19 4850 4735 4792,5 434 9972

20 4870

4870 479 11357

22 4500

4500 462 9353

23 5020 4890 4955 526 12911

24 4810 4840 4825 522 12157

27 4526

4526 492 10076

28 4235

4235 552 9905

30 4840 4806 4823 494 11497

32 4645 4685 4665 560 12177

33 4780

4780 522 11932

36 4950

4950 518 12680

39 4400 4470 4435 556 10929

40 4730 4690 4710 447 9910

43 4957 5090 5023,5 468 11800

44 4140 3340 3740 414 5795

45 4580 4670 4625 439 9393

47 4460 4570 4515 557 11354

50 4950 4890 4920 434 10497

53 4837 4770 4803,5 517 11935

54 5480 5340 5410 453 13265

55 5145 5083 5114 475 12421

56 4980 4845 4912,5 544 13132

58 4670

4670 577 12579

61 4700 4780 4740 450 10119

62 4820

4820 474 11015

63 4790 4900 4845 444 10425

65 5090 5040 5065 479 12291

72 4703 4500 4601,5 476 10089

73 5200 5170 5185 478 12852

74 5080 5250 5165 464 12384

76 4650 4560 4605 597 12664

79 4150 4206 4178 451 7871

80 3910 3885 3897,5 457 6937

81 4516 4440 4478 408 8182

MÉDIAS 4715,43 488,98 10921,31

Lâminas classificadas como Grupo INFERIOR

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Apêndice III: Comportamento das vigas submetidas à flexão (item 4.2.1)

Figura III 1: Gráfico carregamento viga MLC-2

Figura III 2: Gráfico carregamento viga MLC-3

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Figura III 3: Gráfico carregamento viga MLCA2 -1, taxa de armadura 2%.

Figura III 4: Gráfico carregamento viga MLCA2 -2, taxa de armadura 2%.

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Figura III 5: Gráfico carregamento viga MLCA2 -3, taxa de armadura 2%.

Figura III 6: Gráfico carregamento viga MLCA4 -1, taxa de armadura 4%.

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Figura III 7: Gráfico carregamento viga MLCA4 -2, taxa de armadura 4%.

Figura III 8: Gráfico carregamento viga MLCA4 -3, taxa de armadura 4%.

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Apêndice IV: Distribuição de tensões nas vigas (item 4.2.2)

Figura IV 1: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-2

Figura IV 2: Diagrama de tensões na seção transversal da viga MLC-3

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Figura IV 3: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-1

Figura IV 4: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-2

Figura IV 5: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA2-3

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Figura IV 6: Tensões no ELS e ELU - da viga MLCA4-1

Figura IV 7: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA4-2

Figura IV 8: Tensões no ELS e ELU - viga MLCA4-3