28
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO NO MUNICÍPIO DE SENADOR JOSE PORFÍRIO - PARÁ Adriel de Freitas Soares Altamira 2011

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO NO MUNICÍPIO DE SENADOR

JOSE PORFÍRIO - PARÁ

Adriel de Freitas Soares

Altamira2011

Page 2: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

ADRIEL DE FREITAS SOARES

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO NO MUNICÍPIO DE SENADOR

JOSE PORFÍRIO - PARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. Rainério Meireles da Silva

Altamira 2011

Page 3: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, especialmente aos meus pais Ary Rezende

Soares e Euzy de Freitas Soares pelo apoio, afeto e dedicação que tiveram

por toda minha vida, em especial pela confiança plena na realização e

conclusão deste curso.

Page 4: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar sabedoria e permitir que eu chegasse a conclusão de mais uma

etapa importante na minha vida.

Aos meus pais Ary Rezende Soares e Euzy de Freitas Soares por contribuírem de

forma decisiva para realização deste trabalho.

A minha irmã Andréia de Freitas Soares pelo incentivo e companheirismo, para que eu

realizasse este trabalho.

A minha companheira Josélia Assis da Silva e meu filho Victor da Silva Soares por

fazerem parte da minha vida e me acompanharem durante esta jornada.

Ao meu companheiro e amigo Ronaldo Pereira da Silva pela contribuição importante

nas atividades de campo deste trabalho.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Rainério Meireles da Silva, pela orientação e paciência

na realização deste trabalho.

Aos professores do Campus Universitário de Altamira e da Faculdade de Engenharia

Agronômica que de forma direta ou indiretamente contribuíram durante todo o meu período

de Graduação.

Aos grandes amigos da turma de agronomia 2001 que estiveram comigo somando e

dividindo conhecimento durante a graduação.

Page 5: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

SUMÁRIO

Página

1 INTROUÇÃO................................................................................................................. 01

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 02

2.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO DE MANDIOCA....................... 04

2.1.1 Brotação da estaca.................................................................................................... 04

2.1.2 Formação do sistema radicular............................................................................... 04

2.1.3 Desenvolvimento da parte aérea............................................................................. 04

2.1.4 Enchimento das Raízes de reserva.......................................................................... 05

2.1.5 Repouso..................................................................................................................... 05

3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 06

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL........................................................ 06

3.2 CONDIÇÕES AGROCLIMÁTICAS........................................................................... 06

3.3 INSTALAÇÃO E COLHEITA DO EXPERIMENTO................................................. 07

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................................... 07

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 09

4.1 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA TUBERIZAÇÃO DA MANDIOCA.............. 09

4.2 TESTE DE DUNNETT: COMPARAÇÃO COM UM CONTROLE.......................... 10

4.3 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA PARTE AÉREA DA MANDIOCA............... 12

4.4 TESTE DE DUNNETT: COMPARAÇÃO COM UM CONTROLE.......................... 14

5 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 15

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 16

Page 6: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 01. Desenvolvimento de raízes aos 135 dias de plantio.......................................... 11

Figura 02. Gráfico do comportamento do desenvolvimento da parte aérea........................ 13

Figura 03. Desenvolvimento da parte aérea aos 135 dias de plantio.................................. 14

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 01. Tratamentos e repetições................................................................................... 07

Tabela 02. Análise de variância das médias de peso de raiz de mandioca..........................

09

Tabela 03. Teste de Tukey a 5% de probabilidade para média do peso de

raiz e produtividade média.................................................................................................. 10

Tabela 04. Teste de Dunnett a 5% de probabilidade para crescimento de raiz................... 10

Tabela 05. Análise de variância das médias de peso da parte aérea da mandioca.............. 12

Tabela 06. Teste de Tukey a 5% de probabilidade para peso de parte aérea e

produtividade média............................................................................................................ 12

Tabela 07. Teste de Dunnett a 5% de probabilidade para crescimento da

parte aérea........................................................................................................................... 14

Page 7: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO NO MUNICÍPIO DE SENADOR JOSÉ PORFÍRIO - PARÁ

RESUMO: A mandioca é uma das mais importantes fontes de carboidrato e atualmente é consumida por mais de 500 milhões de pessoas em regiões tropicais e subtropicais. A importância da mandioca no Brasil deve-se a ampla adaptação às diferentes condições ecológicas e ao seu potencial produtivo. A raiz é largamente utilizada, principalmente na alimentação humana, sob as formas in natura ou farinhas. O uso da parte aérea da mandioca como fonte de proteína vegetal na alimentação animal ainda é insignificante. O conhecimento sobre a tuberização inicial da mandioca ainda é bastante resumido na literatura. No Território da Transamazônica e Xingu esta é uma iniciativa pioneira. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desenvolvimento inicial da tuberização e parte aérea da etnovariedade de mandioca “Olho roxo” em plantio mecanizado no município de Senador José Porfírio, Fazenda Bela Vista. O espaçamento utilizado foi adensado com 0,50 m x 0,90 m. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC) e as avaliações foram realizadas aos 90, 135 e 180 dias do plantio. O desenvolvimento inicial de raiz e parte aérea trouxe bons resultados de produtividade no Município, com rendimento de 37,888 t.ha-1 de raiz e 39,732 t.ha-1 de matéria verde aos 180 dias de plantio, demonstrando que é possível aumentar a produtividade com o aumento da densidade populacional. O cultivo adensado dessa etnovariedade em plantio mecanizado foi satisfatório em produtividade de raiz e matéria verde no período estudado.

Palavras-chave: Etnovariedade, Plantio adensado, Produtividade.

Page 8: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

1 INTRODUÇÃO

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta originária do continente

americano e, atualmente é cultivada em muitos países, compreendidos por extensa faixa do

globo terrestre, que vai de 30° de latitude norte a sul (REDVET, 2011). De acordo com El-

Sharkawy (2006), a mandioca é uma das mais importantes fontes de carboidrato e é

consumida por mais de 500 milhões de pessoas em regiões tropicais e subtropicais.

A importância da mandioca no Brasil deve-se à sua ampla adaptação às diferentes

condições ecológicas e ao seu potencial produtivo. A raiz é largamente utilizada como fonte

de carboidratos, principalmente na alimentação humana, sob as formas in natura ou

farinhas. Em menor escala, as raízes são utilizadas na alimentação animal e na indústria

como amidos modificados. O uso da parte aérea da mandioca como fonte de proteína

vegetal na alimentação animal ainda é insignificante (REDVET, 2011).

Os plantios de mandioca no Território da Transamazônica e Xingu são compostos

por múltiplas cultivares. A maioria dessas lavouras é destinada a produção de farinha.

Pouco se tem investido no plantio mecanizado, predominando o plantio no toco (sistema de

cultivo corte e queima). Há necessidade de acompanhar o desenvolvimento de plantios

mecanizados para se obter referência regional, com base na produtividade de raiz.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento e tuberização inicial da

raiz e parte aérea da etnovariedade Olho roxo em plantio mecanizado no Município de

Senador José Porfírio. Os objetivos específicos foram avaliar o desenvolvimento aos

noventa, cento e trinta e cinco e cento e oitenta dias de plantio.

Page 9: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A mandioca pertence a classe das Dicotiledôneas, subclasse Archiclamydeae, ordem

Euphorbiales, família Euphorbiaceae, tribo Manihoteae, gênero Manihot e a espécie

Manihot esculenta Crantz (Fukuda, 1999), sendo que sua taxonomia é um enigma devido a

superposição dos caracteres morfológicos entre as espécies, da plasticidade fenotípica

destes caracteres, a falta de variação no número de cromossomos entre as espécies e do

número limitado de caracteres com informação taxonômica. Borem (1999) afirma que a

mandioca é espécie alógama, com elevada heterozigose sendo também monóica contendo

36 cromossomos. Segundo Fukuda (1999) das 98 espécies do gênero Manihot identificadas,

a mandioca é a única comestível.

A mandioca é espécie tipicamente tropical, um alimento básico de milhões de

brasileiros sendo utilizado como um dos principais produtos de subsistência por grande

parte da população devido a sua rusticidade e capacidade de produção de elevadas

quantidades de amido em condições em que outras culturas sequer sobreviveriam

(HORTON e FANO, 1985). Esse fato, provavelmente esteja relacionado a elevada

capacidade de extração de nutrientes do solo que a espécie possui (BROCHADO, 1977;

MARTINS, 1994; PEARSALL, 1992).

A espécie é cultivada em mais de 95 países em desenvolvimento, em áreas que

apresentam altitudes de até 2000m concentradas principalmente abaixo dos 1500m. Além

de sua utilização na alimentação de uma grande parte da população, é também matéria

prima de amplo emprego industrial e excelente fonte de forragem protéica a partir da parte

aérea e energética a partir das raízes. Em ambientes favoráveis seu potencial fica

maximizado, chegando a produzir em sistema experimental até 80 t.ha-¹, em cultivo

convencional chega a 60 t.ha-¹ de raízes contendo de 20% a 40% de amido (HERSHEY e

AMAYA, 1989).

Page 10: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

A maior parte da produção é obtida em pequenas propriedades, onde a mão de obra

familiar é utilizada. As cultivares de mandioca são freqüentemente nativos com baixo valor

genético, cultivado em solos com baixa fertilidade, deficiências hídricas que acarretam na

inadequação do cultivo de outras culturas anuais. As variedades de mandioca são

classificadas em “mansas” ou “bravas”, dependendo do conteúdo de ácido cianídrico (HCN)

em suas raízes (AKANJI, 1994).

A mandioca “mansa”, também denominada de mandioca de “mesa, aipim ou

macaxeira”, se diferencia da “brava” ou industrial, principalmente por apresentar baixos

teores de HCN na raiz, ou seja, abaixo de 100 mg.kg-¹ de raízes frescas. Assim, elas se

destinam aos mercados e feiras livres, para consumo humano in natura e as “bravas”

destinam-se para as indústrias de transformação de farinha e fécula (AKANJI, 1994). Em se

tratando de cultivos de mandioca de “mesa”, as colheitas são realizadas mais cedo com um

ciclo vegetativo de seis a 14 meses após o plantio (DIAS e MARTINEZ, 1986; LORENZI et

al., 1993; PEREIRA et al., 1985).

O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do

total). Cultivada em todas as regiões, tem papel importante na alimentação humana e

animal, como matéria-prima para inúmeros produtos industriais e na geração de emprego e

de renda. Na fase de produção primária e no processamento de farinha e fécula, são

gerados um milhão de empregos diretos e que a atividade mandioqueira proporciona receita

bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e contribuição tributária de 150 milhões de

dólares; a produção que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitas

equivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares. Na Região Amazônica, as condições

de pluviosidade permitem o plantio praticamente o ano todo (LORENZI et al., 1993).

Durante a colheita da mandioca, apenas parte da haste lenhosa e usada para

plantio, sendo o restante deixado no campo e incorporado no solo como fonte de matéria

orgânica. A falta de conhecimento pelos produtores sobre a importância de seu uso na

alimentação animal tem contribuído para o baixo aproveitamento desta fonte de proteína,

principalmente durante o período seco, quando a produtividade e qualidade das pastagens

são acentuadamente reduzidas. Outra alternativa para a utilização da parte aérea da

mandioca é a possibilidade de seu armazenamento sob a forma de feno ou silagem,

tornando viável seu emprego durante os períodos críticos de alimentação dos rebanhos,

além de diminuir consideravelmente os custos de produção em nível de propriedade

(CARVALHO et al., 1993).

As cultivares de mandioca diferem quanto a produtividade, tanto de forragem quanto

de raízes, o que permite a seleção das mais promissoras, de acordo com a finalidade a que

Page 11: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

se destinam. No Estado do Pará, Batista et al. (1983b), avaliando 30 cultivares de mandioca,

concluíram que as mais adaptadas à produção de forragem foram EAB 688, CPM 1110 e

Amazonas, com rendimentos de 13,7; 10,8 e 10,0 t.ha-¹ de matéria verde. Já Carvalho et al.

(1985) na Bahia, verificaram que as cultivares Riqueza, Engana-Ladrão e Iracema foram as

de maior destaque, entre as dez avaliadas, apresentando produções de 13,8; 11,8 e 10,8

t.ha-¹ de matéria verde, respectivamente. Em Rondônia, Oliveira e Lima (1986),

selecionaram as cultivares CNPMF 519 (5,9 t.ha-¹), Caboclinha (5,6 t.ha-¹) e Acre I (5,0 t.ha-

¹) como as mais promissoras para a produção de forragem em Porto Velho.

A mandioca, por ser uma planta em que se exploram principalmente suas raízes

tuberosas, deve ser plantada em terreno bem preparado. Uma adequada aração seguida de

gradagens facilita os trabalhos de abertura dos sulcos, plantio, cultivos e colheitas, assim

como o controle de pragas (GOMES et al., 2007).

A produção total de parte aérea (PTPA) é característica muito importante na

mandiocultura por representar a quantidade de matéria verde produzida pela planta,

podendo ser utilizada na alimentação animal, principalmente na obtenção de manivas

visando ao plantio subseqüente (ASCHERI e VILELA, 1995).

2.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO DA MANDIOCA

No desenvolvimento da cultura da mandioca têm sido verificadas cinco fases

fisiológicas, sendo quatro ativas e uma de repouso. As cinco fases são (CONCEIÇÃO, 1979

citado por POSSENTI, 2011):

2.1.1 Brotação da estaca: Em condições favoráveis de umidade e temperatura, após 5 a 7

dias do plantio, há o brotamento das estacas e o surgimento das primeiras raízes

absorventes ao nível dos nós e da extremidade das estacas. Cerca de 15 dias é o tempo

necessário para que se atinja esta fase (EMBRAPA, 2010). Segundo Lorenzi et al. (1995) e

Ternes (2002), a brotação das manivas representa a primeira fase fisiológica das cinco

descritas para a cultura da mandioca e que em condições favoráveis de umidade e

temperatura, após o sétimo dia de plantio, surgem as primeiras raízes fibrosas que se

situam próximo às gemas e nas extremidades das manivas, com predominância na base da

maniva.

Page 12: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

2.1.2 Formação do sistema radicular: Dura, em média, 80 dias e se caracteriza pelo

desaparecimento das primeiras raízes formadas em detrimento do aparecimento de outras.

São chamadas raízes fibrosas e são responsáveis pela absorção de água e nutrientes. As

raízes de reserva são formadas pelo crescimento secundário das raízes fibrosas em torno

de três semanas após o plantio. O número de raízes de armazenamento varia de cinco a

doze e é definido no início do ciclo da cultura (EMBRAPA, 2010).

2.1.3 Desenvolvimento da parte aérea: No sétimo dia após o plantio aparecem os

primeiros ramos aéreos e aos dez dias surgem as primeiras folhas. Após o aparecimento, as

folhas alcançam seu crescimento máximo entre o 10º e o 12º dia. A duração de cada folha

na planta é dependente da cultivar e do nível de sombreamento ao qual a planta é

submetida. O estresse hídrico e temperaturas altas também aceleram o início da

senescência foliar (EMBRAPA, 2010).

2.1.4 Enchimento das raízes de reserva: Nesta fase há um direcionamento de

carboidratos das folhas para as raízes. O início da deposição de amido nas raízes ocorre

aos 25 dias após plantio (EMBRAPA, 2010).

2.1.5 Repouso: Esta fase é bem caracterizada em regiões onde ocorrem baixas

temperaturas, o que é o caso da região Centro Sul Brasileira. Neste período, a planta perde

toda a sua folhagem permanecendo apenas a migração de amido para as raízes. Ao

completar um ciclo de 12 meses, segue-se um segundo período de atividades em que se

processa a formação de novos ramos e folhas até o 16° mês. Do 17° ao 22° mês, haverá

novamente a formação de amido para que a planta entre novamente em repouso

(EMBRAPA, 2010).

A duração de cada fase está na dependência de fatores relacionados com a própria

diversidade genética da cultura e de fatores do ambiente (POSSENTI, 2011).

Page 13: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

O trabalho de campo foi desenvolvido na Fazenda Bela Vista de propriedade do Sr.

Ary Resende Soares, situada na rodovia PA 167, estrada do Machacazinho a 09 Km da

sede do município de Senador José Porfírio, Estado do Pará, nas coordenadas geográficas

S 02° 35' 27" e W 51° 57' 14", apresentando altitude aproximada de 20 m. A área utilizada

para o experimento foi um plantio comercial realizado pelo proprietário, com finalidade de

produção industrial de farinha. O plantio utilizado para o experimento compreende uma área

de 40 ha, implantado em área de pousio, utilizada anteriormente para o cultivo de arroz. O

material de propagação foi coletado pelo produtor em propriedades de cinco agricultores

Page 14: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

familiares, sendo a etnovariedade implantada a “Olho Roxo”. O plantio foi realizado de forma

mecanizada, utilizando plantadeira Poersch de três linhas, que utiliza manivas pré cortadas,

tracionada por trator de pneu. O espaçamento foi de 0,50 m entre plantas x 0,90 m entre

linhas, portanto adensado, levando-se em consideração o espaçamento mais utilizado na

região de 1,0 m x 1,0 m (POLLA, 2010), num total de 22.222 plantas por hectare.

O terreno foi preparado através de destoca, uma aração e duas gradagens

niveladoras, iniciando a destoca em outubro de 2005. A aração e as gradagens niveladoras

foram feitas em novembro. O plantio foi realizado entre os dias 15 e 22 de dezembro de

2005. Não foi realizada a correção e adubação do solo, utilizando-se apenas a fertilidade

natural do mesmo, enriquecido com matéria orgânica oriunda do plantio anterior.

3.2 CONDIÇÕES AGROCLIMÁTICAS

O clima da região é do tipo AMI, que corresponde ao tropical chuvoso com estações

seca e chuvosa bem definidas, conforme a classificação de Köppen. A temperatura média

anual é de 26 ºC e a precipitação média anual é de 1.800 mm. O solo predominante na área

é do tipo latossolo amarelo argiloso. A topografia do terreno é plana.

3.3 INSTALAÇÃO E COLHEITA DO EXPERIMENTO

O delineamento experimental empregado para a instalação do experimento foi o

Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com três (03) tratamentos e 10 (dez)

repetições, sendo cada repetição formada por nove plantas de mandioca. Foi avaliado um

total de 270 plantas. Os tratamentos foram:

• Tratamento 1: Desenvolvimento da parte aérea e raiz da mandioca aos 90 dias

(T1, Testemunha);

• Tratamento 2: Desenvolvimento da parte aérea e raiz da mandioca aos 135 dias

(T2);

• Tratamento 3: Desenvolvimento da parte aérea e raiz da mandioca aos 180 dias

(T3).

As variáreis avaliadas no experimento foram peso de raiz e parte aérea em

Page 15: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

quilogramas. Para avaliar a parte aérea as plantas foram cortadas na altura de 0,20 m do

solo.

A primeira coleta ocorreu aos 90 dias após o plantio, no dia 25 de março de 2006. A

segunda coleta ocorreu aos 135 dias após o plantio, no dia 09 de maio de 2006. A última

coleta foi realizada aos 180 dias do plantio, no dia 23 de junho de 2006. Na Tabela 01,

contata-se a disposição das repetições em relação aos tratamentos e as coletas.

Tabela 01. Tratamentos e repetições.

Trat. Repetições

Plantas Trat. Repetições

Plantas Trat. Repetições

Plantas

P1 9 P1 9 P1 9

P2 9 P2 9 P2 9

P3 9 P3 9 P3 9

T1 P4 9 T2 P4 9 T3 P4 9

25/03 P5 9 09/05 P5 9 23/06 P5 9

2006 P6 9 2006 P6 9 2006 P6 9

P7

P8

P9

P10

9

9

9

9

P7

P8

P9

P10

9

9

9

9

P7

P8

P9

P10

9

9

9

9

Variável analisada: Peso da parte aérea e raiz.

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram processados através do Sistema de Análise Estatística (SAS)

(2001). A análise da variância (ANAVA) foi utilizada para verificar a existência de diferença

entre as médias dos tratamentos utilizados. A comparação das médias foi realizada pelos

testes de Tukey e Dunnett, a 5% de probabilidade. O programa Microsoft Excel (2007) foi

utilizado para calcular as médias das plantas que formaram cada repetição. Os dados brutos

Page 16: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

foram transformados extraindo-se a raíz quadrada das médias dos tratamentos e novamente

foi realizada a ANAVA no SAS para baixar o coeficiente de variação. A produtividade média

dos tratamentos foi calculada em toneladas/hectare (t.ha-1), a produção de uma planta foi

extrapolada para todo o plantio.

Page 17: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA TUBERIZAÇÃO DA MANDIOCA AOS 90, 135 E 180

DIAS

Na análise da variância foi constatado que houve diferença significativa

estatisticamente entre os tratamentos para o desenvolvimento da raíz (tuberização) das

plantas de mandioca, assim como apresentou Coeficiente de Variação (17,14%) que está de

acordo com o esperado para experimentos de campo, conforme Tabela 02. Portanto, existe

crescimento diferenciado entre os três períodos estudados, corroborando o constatado por

Conceição (1979) citado por Possenti (2011) que verificou diferentes fases fisiológicas no

desenvolvimento da mandioca.

Tabela 02. Análise de variância das médias de peso de raiz de mandioca no Município de Senador José Porfírio.

Fonte de Variação

Grau de Liberdade

Soma de Quadrados

Quadrados Médios F

Tratamento 2 2,20388178 1,10194089 9,70**

Page 18: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

Resíduo 27 3,06774728 0,11362027

Total 29 5,27162906

Coeficiente de Variação (CV) 17,14032%

F**= Altamente significativo a 1% de probabilidade.

Na análise do teste de Tukey foi constatada diferença significativa entre as médias

dos tratamentos, com a formação de dois grupos. O grupo I apresentou produção

significativa de raíz, composto pelo tratamento T2 e T3, seguido pelo segundo grupo II,

formado pelo tratamento T1 (Tabela 03).

A média da produtividade obtida aos 180 dias foi de 37,888 t.ha-1 (Tabela 03). A

produtividade obtida neste trabalho, foi maior que o rendimento médio nacional divulgado

pelo IBGE (2010) que foi de 13,734 t.ha-1.

A avaliação de 13 variedades de mandioca feita por Polla (2010) no Município de

Altamira, Estado do Pará, obteve produtividades entre 22,8 t.ha-1 e 41,1 t.ha-1 de raízes aos

12 meses com espaçamento de 1,0 m x 1,0 m, sendo a variedade “Cearense” a mais

produtiva. Portanto o resultado encontrado pelo autor foi superior ao obtido neste trabalho,

porém deve ser levado em consideração que a avaliação realizada neste trabalho foi

realizada aos seis meses de plantio.

Tabela 03: Teste de Tukey a 5% de probabilidade para média do peso de raíz de mandioca e produtividade média no Município de Senador José Porfírio.

Tratamentos Médias Grupos Produtividade (t.ha-

1)

T1 0,8611 B 19,135

T2 1,4770 A 32,821

T3 1,7050 A 37,888

Médias seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa.

Tontini (2009) avaliou a densidade populacional e posição da maniva na

produtividade da etnovariedade “Cacau” no Município de Altamira, e a maior produtividade

obtida aos 11 meses em plantio horizontal foi do tratamento que utilizou espaçamento de

Page 19: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

0,50 m x 1,40 m, ou seja 14.285 plantas.ha-1, com produtividade média de 19,214 t.ha-1. O

espaçamento utilizado pelo autor é maior que o utilizado neste trabalho, além do mais se for

levado em consideração que o tempo de colheita foi aos seis meses de idade, pode ser

considerado que a produção obtida neste trabalho é quase o dobro do encontrado pelo autor

citado. A boa produtividade encontrada possivelmente é em decorrência do adensamento,

pois no espaçamento utilizado existe maior quantidade de plantas por hectare.

4.2 TESTE DE DUNNETT: COMPARAÇÃO COM UM CONTROLE

O interesse deste teste é comparar cada uma das n médias com a média de um

tratamento controle, assim temos n comparações. O tratamento controle foi o Tratamento T1

em decorrência de ser o período inicial de desenvolvimento da planta (Tabela 04).

Tabela 04. Teste de Dunnett a 5% de probabilidade para crescimento de raíz de mandioca no Município de Senador José Porfírio.

Tratamentos/Comparação

Limite de Confiança

Baixo

Diferença entre as Médias

Limite de Confiança Alto

Nível de Significância

T3 – T1 0,2824 0,6382 0,9899 *

T2 – T1 0,1259 0,4776 0,8294 *Comparações significativas 5% são indicadas com *.

No teste representado na Tabela 04, foi constatado significância para as duas

comparações realizadas, ou seja, aos 135 e 180 dias as médias são superiores a primeira

avaliação feita aos 90 dias. Pode ser observado ainda que o desenvolvimento das raízes no

período entre os 90 e 135 dias foi superior ao desenvolvimento entre os 135 e 180 dias.

Nesse período de avaliação as plantas estavam em processo de enchimento das raízes de

reserva, pois segundo Conceição (1979) citada por Possenti (2011), a duração da fase está

relacionada com a própria diversidade genética da cultura e de fatores do ambiente. Este

maior desenvolvimento na avaliação T2 pode está relacionada às condições mais favoráveis

de desenvolvimento no período entre o final do mês de março e meado de maio (Tabela 01),

que é período bem chuvoso. O tratamento T3 foi avaliado entre meados do mês de maio e

final de junho, compreendendo um período de menor quantidade de chuvas,

Page 20: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

consequentemente uma menor velocidade de crescimento de raízes, ou seja, fatores do

ambiente que estão diretamente relacionados aos fatores fisiológicos das plantas. Portanto,

os resultados encontrados neste trabalho, possibilitam fazer outros estudos, ao exemplo de

testar a irrigação no período de menor intensidade das chuvas. Na Figura 01 pode ser

visualizado o desenvolvimento das raízes aos 135 dias.

Figura 01. Desenvolvimento de raízes aos 135 de plantio. Senador José Porfírio, 2006.

O potencial de produção de raiz desta etnovariedade precisa ser testado em outros

trabalhos que avaliem a produtividade aos 12 e 18 meses com as mesmas condições de

densidade populacional, podendo ainda avaliar sua produtividade em farinha.

4.3 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA PARTE AÉREA DA MANDIOCA AOS 90, 135 E 180

DIAS

Na análise da variância foi constatado que não houve diferença significativa entre os

tratamentos, a 5% de probabilidade pelo teste F, ou seja, estatisticamente a diferença entre

as médias de peso da parte aérea são em decorrência do acaso (Tabela 05).

Tabela 05. Análise de variância das médias de peso da parte aérea de mandioca no

Page 21: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

Município de Senador José Porfírio.

F = não significativo a 5% de probabilidade.

Por meio do teste de Tukey foi possível constatar que não houve diferença

significativa entre as médias dos tratamentos com a formação de apenas um grupo, formado

pelos tratamentos T1, T2 e T3 (Tabela 06).

Os resultados indicam que o processo de crescimento foi estabilizado com a mesma

produção de matéria verde nos três tratamentos, tendo relação com o sistema radicular que

passa a se desenvolver mais lentamente.

Tabela 06: Teste de Tukey a 5% de probabilidade para peso de parte aérea de mandioca e produtividade média de matéria verde no Município de Senador José Porfírio.

Tratamentos Médias Grupos Produtividade (t.ha-1)

T1 1,6063 A 35,695

T2 2,1223 A 47,161

T3 1,7880 A 39,732

Médias seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa.

Na Figura 02, contata-se que o pico do crescimento ocorreu aos 135 dias (Tratamento

T2), em seguida foi constatado decréscimo no desenvolvimento quase na mesma intensidade

do crescimento. Foi observado que a partir dos 135 dias (09/05/2006) já ocorria a

senescência das folhas o que influenciou diretamente no peso do Tratamento T3, conforme

Figura 02.

Fonte de Variação

Grau de Liberdade

Soma de Quadrados

Quadrados Médios F

Tratamento 2 0,45765312 0,22882656 0,4513ns

Resíduo 27 7,53802028 0,27918594

Total 29 7,99567340

Coeficiente de Variação (CV)

23,05985%

Page 22: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

Tomich et al. (2009) consideram que apenas 20% da parte aérea da mandioca são

utilizados para produção da cultura, os outros 80% são desperdiçados e deixados como

resíduos agrícolas. Os autores avaliaram ainda, a produtividade da parte aérea da mandioca

para alimentação de ruminantes, com densidade de 8.333 plantas.ha-1 e corte aos 0,2 m de

altura, obtiveram produtividade de 47,7 t.ha-1 e 58,3 t.ha-1 de matéria verde, respectivamente,

aos 12 e 24 meses de idade das plantas. Estes resultados se equiparam aos resultados

obtidos aos 135 dias de plantio (Tratamento T2), ou seja, se este plantio tivesse a finalidade

de produção de matéria verde para a alimentação de animais, o corte poderia ser realizado

aos 135 dias de plantio. O comportamento dessa etnovariedade aos 12 meses de idade pode

ser alvo de futuras avaliações.

Figura 02. Comportamento do desenvolvimento da parte aérea de mandioca. Senador José Porfírio, 2006.

A parte aérea encontrava-se totalmente estabelecida aos 135 dias e a

precocidade pode ter sido estimulada pelo adensamento das plantas. O ambiente de maior

concorrência entre plantas por luminosidade pode acelerar fatores fisiológicos de

desenvolvimento, contribuindo para estes resultados (Figura 03). Segundo Aguiar (2003) as

variações nas densidades populacionais, em geral, alteram o desenvolvimento das plantas

de mandioca podendo favorecer ou prejudicar o crescimento dos diferentes órgãos, devido a

maior ou menor competição espacial.

Page 23: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

Figura 03. Desenvolvimento da parte aérea da mandioca aos 135 dias de plantio. Senador José Porfírio, 2006.

4.4 TESTE DE DUNNETT: COMPARAÇÃO COM UM CONTROLE

O tratamento controle foi o Tratamento T1, conforme resultado apresentado na

Tabela 07.

Tabela 07. Teste de Dunnett a 5% de probabilidade para crescimento da parte aérea de mandioca no Município de Senador José Porfírio.

Tratamentos/Comparação

Diferença entre as Médias

T2 – T1 0,3025ns

T3 – T1 0,1541ns

Comparações significativas 5% são indicadas com *.

Em relação ao desenvolvimento da parte aérea, nenhum dos tratamentos apresentou

média com diferença significativa estatisticamente, demonstrando que dos 90 aos 180 dias

do plantio, o crescimento não variou de forma significativa. Foi observado relação entre

crescimento de parte aérea e raiz, pois entre os Tratamento T2 e T3 (Tabela 06) não foi

constatado diferença significativa em relação à produção de matéria verde, assim como

Page 24: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

também não foi constatado diferença significativa no crescimento das raízes entre os dois

períodos (Tabela 03). Segundo Aguiar (2003), o número de hastes influencia

significativamente o rendimento de raízes, devido a competição entre o desenvolvimento

das raízes e da parte aérea.

5 CONCLUSÕES

A produtividade média de raiz da etnovariedade “Olho roxo” em plantio comercial

mecanizado no Município de Senador José Porfírio aos 180 dias de plantio, foi superior aos

resultados obtidos na Região Amazônica.

A etnovaiedade “Olho roxo” cultivada por agricultores familiares do município pode

ser utilizada em plantio mecanizado com bons resultados de produtividade.

O espaçamento de 0,50 m x 0,90 m, foi eficiente em produtividade para

etnovariedade “Olho roxo”, demonstrando que é possível aumentar a produtividade com o

aumento da densidade populacional.

O espaçamento utilizado na etnovariedade estudada no Município de Senador José

Porfírio favorece o desenvolvimento vegetativo da parte aérea das plantas, possibilitando

produzir quantidade satisfatória de matéria verde para alimentação animal no período de 90

dias.

Page 25: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, E. B. Produção e qualidade de mandioca de mesa em diferentes densidades populacionais e épocas de colheita. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical). Instituto Agronômico de Campinas, São Paulo, 2003. 90p.

AKANJI, A. O. Cassava intrake and risk of diabetes in humans. Acta Horticulture, Wagninger, 1994. v. 375, p. 349-359.

BARROS, G. S. de C. Melhoria da competitividade da cadeia agroindustrial de mandioca no Estado de São Paulo. São Paulo: SEBRAE; Piracicaba: ESALQ-CEPEA, 2004. 347 p.

BATISTA, M. A. M.; ALBUQUERQUE, M.; CAMARÃO, A. P.; BRAGA, E. E.; LOURENÇO JUNIOR, J. de B. Digestibilidade “in vitro” e teores de proteína do farelo e da rama de cultivares de mandioca. Belém: Embrapa-CPATU, 1983b. 3p. (Embrapa CPATU. Comunicado Técnico, 43).

BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. XIII Congresso Brasileiro de Mandioca, 1999. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p. 409-428.

Page 26: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

BROCHADO, J. P. Alimentação na Floresta Tropical. Caderno 2. Porto Alegre: IFCH/UFRGS, 1977. p. 22-23.

CARVALHO, V. D. de; CHAGAS, S. J. de R. E.; BOTREL, N. Produtividade e qualidade de raízes em diferentes épocas de colheita de variedades de mandioca. Revista Brasileira de Mandioca, v.12, n.1/2, p.49-58, 1993.

DIAS, C. A. de C.; MARTINEZ, A. A. Mandioca: Informações importantes. Campinas: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1986. 20 p. (Instruções práticas, 190).

EL-SHARKAWY, M.A. International research on cassava photosynthesis, productivity, eco-physiology, and responses to environmental stresses in the tropics. Photosynthetica, 44, 481-512, 2006.

EMBRAPA. Mandioca e fruticultura Sistemas de Produção, 7 ISSN 1678-8796 Versão Eletrônica Jan/2010. Cultivo da mandioca na região centro sul do Brasil. Disponível em: <h ttp://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_centrosul/i mportancia.htm> Acesso em: 13 mai. 2011.

FUKUDA, W.M.G. Melhoramento da Mandioca. In: BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p.409-428.

GOMES, C. N.; CARVALHO, S. P. de.; JESUS, A. M. S.; CUSTÓDIO, T. N. Caracterização morfoagronômica e coeficientes de trilha de caracteres componentes da produção em mandioca. Pesquisa Agropecuária Brasileira. vol.42 no.8 Brasília Aug. 2007. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-204X2007000800008&script=sci_arttext> acesso em: 15 jun. 2011.

HERSHEY, C.; AMAYA, A. Germoplasma de yuca: Evolución, distribución y colección. In: Yuca: investigación, produción y utilización. DOMINGUEZ, C. E. Cali: CIAT, 1989. p.77-79.

Page 27: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

HORTON, D. E. & FANO, H. Atlas de la papa. Lima, Centro internacional de La Papa, Lima. 1985. p. 135.

IBGE. Rendimento Médio de Produção Agrícola, 2010. Disponível em: <http://www.gov.br>. Acesso em: 20 de Jun. de 2011.

LORENZI, J. A.; VALLE, T. L.; OLIVEIRA, E. A. M de. Efeito do comprimento da maniva, em condições favoráveis de plantio, em algumas características agronômicas da mandioca. Revista Brasileira de Mandioca. Volume XIII (Nº. 2), 1995. p. 161-165.

LORENZI, J. O.; RAMOS, M. T. B.; MONTEIRO, D. A.; VALLE, T. L.; GODOY JÚNIOR, G. Teor de ácido cianídrico em variedades de mandioca cultivadas em quintais do Estado de São Paulo. Bragantia, 52, n. 1, p. 1-5, 1993.

MARTINS, P.S. Biodiversity and agriculture: patterns of domestication of brazilian native plants species. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 1994. v.66, p.219-226.

OLIVEIRA, F. N. S. de; LIMA, J. A. de S. Introdução e avaliação de cultivares de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em Rondônia. Porto Velho: Embrapa- UEPAE Porto Velho, 6p. 1986.

PEARSALL, D. M. The Origins of Plant Cultivation in South America. In: COWAN, C. Wesley; WATSON, P. J. The origins of Agriculture: an international perspective.Washington and London: Smithsonian Institution, 1992, p. 173-205.

PEREIRA, A. S.; LORENZI, J. O.; VALLE, T. L. Avaliação do tempo de cozimento e padrão da massa cozida em mandiocas de mesa. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 4, n. 1, p. 27-32. 1985.

POLLA, CASSIO. Avaliação de Variedades de Mandioca na comunidade Princesa do Xingu, Altamira, Pará. Trabalho de Conclusão de curso, Universidade Federal do Pará Altamira, Pará, 2010. 22p.

POSSENTI, J. C. Cultura da Mandioca. Disponível em: <http://web.dv.utfpr.edu.br/www.dv/professores/arquivos/Jean%20Carlo%20Possenti/CI33G%20UNID%208.pdf>. Acesso em: 11 de jan. de 2011.

Page 28: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MANDIOCA EM PLANTIO MECANIZADO ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/048tcc2011adrielfreitas.pdf · 2011. ADRIEL DE FREITAS SOARES DESENVOLVIMENTO INICIAL

REDVET, Revista Eletrônica de Veterinária. Disponível em: <http://www.veterinaria.org/revistas/redvet>. Acesso em: jan. de 2011.

TERNES, M. Produção, armazenamento e manejo do material de produção. In: CEREDA, M. P. (Ed.) Agricultura: Tuberosas Amiláceas Latino Americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2002. Vol. 2, Cap. 4, p. 66 a 82.

TOMICH, T. R.; NASCIMENTO, J. C. do; TOMICH, R. G. P.; LISITA, F. O.; DOMINGOS BRANCO, O.; FEIDEN, A.; MORAIS, M. da G. Feno da parte aérea da mandioca para a produção em sistemas orgânicos. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2009. 10p. (Embrapa Pantanal. Circular Técnica, 88). Disponível em: http://www.cpap.embrapa.br/publicações/download.php?arq_Pdf=CT88 Acesso em: 20 de jun. 2011.

TONTINI, F. Avaliação da densidade populacional e posição da maniva na produtividade de mandioca, Altamira, Pará. Trabalho de Conclusão de curso, Universidade Federal do Pará, Altamira, 2009. 30p.