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Design Permacultural Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu/SP Botucatu e São Paulo – Dezembro de 2015

Design permacultural - ARCAH-Curare

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Design Permacultural elaborado pelo Grupo Curare de Permacultura (Botucatu/SP) em parceria com a ONG ARCAH (São Paulo/SP) para a implantação de uma fazenda terapêutica de recuperação de pessoas em situação de rua ou dependência química

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Design Permacultural

Fazenda Terapêutica da ARCAH em

Botucatu/SP Botucatu e São Paulo – Dezembro de 2015

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Os textos e imagens desta obra, com exceção das citações e imagens devidamente referenciadas, estão licenciados com uma Licença

Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Seu texto integral pode ser encontrado em http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/legalcode.

Isso significa que qualquer pessoa pode remixar, adaptar e criar a partir deste trabalho para fins não comerciais, desde que o devido

crédito lhe seja atribuído.

Imagem de capa: Adaptada de http://permacultureprinciples.com. Acesso em 18 dez 2015.

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

Página

Introdução 4

Apresentação do projeto ................................................................................................................................................ 4

Escopo do projeto ........................................................................................................................................................... 6

Leitura da paisagem 7

Descrição da localidade ................................................................................................................................................... 7

Descrição da área ............................................................................................................................................................ 9

Zoneamento 13

Topografia e solos ........................................................................................................................................................... 13

Setorização ..................................................................................................................................................................... 16

Zonas ............................................................................................................................................................................... 18

Sistematização da água 4

Mapas de acesso 4

Energia no sistema 4

Análise de elementos 4

Diagrama de relações 4

Propostas de implantação do design ao longo do tempo 4

Situação atual ................................................................................................................................................................. 4

Pré-implantação .............................................................................................................................................................. 4

Fase 1 ............................................................................................................................................................................... 4

Fase 2 .............................................................................................................................................................................. 4

Fase 3 .............................................................................................................................................................................. 4

Referências 4

Sumário

Página

Introdução 4

Apresentação do projeto ................................................................................................................................................ 4 Escopo do projeto ........................................................................................................................................................... 6

Leitura da paisagem 7

Descrição da localidade ................................................................................................................................................... 7 Descrição da área ............................................................................................................................................................ 9

Zoneamento 13

Topografia e solos ........................................................................................................................................................... 13 Setorização ..................................................................................................................................................................... 16 Planejamento por zonas ................................................................................................................................................. 18

Sistematização da água 21

Cisternas .......................................................................................................................................................................... 22 Valas de infiltração .......................................................................................................................................................... 28 Açudes ............................................................................................................................................................................. 29 Aproveitamento máximo de água ................................................................................................................................... 33

Mapa de acesso 34

Energia no sistema 36

Análise de elementos 38

Propostas de implantação do design ao longo do tempo 50

Fase 1 ............................................................................................................................................................................... 51 Fase 2 .............................................................................................................................................................................. 55

Referências 59

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Este trabalho de design permacultural surgiu da união dos

sonhos e ações de dois grupos atuantes em locais diferentes.

A ARCAH (Associação de Resgate à Cidadania por Amor à

Humanidade) é um projeto desenvolvido em São Paulo/SP que

objetiva o resgate integrado de pessoas em situação de rua. O

Grupo Curare de Permacultura é um coletivo de Botucatu/SP

que desenvolve atividades em Permacultura, especialmente

ações educacionais, com o objetivo de popularizá-la.

Esses dois grupos se encontraram pela primeira vez em 2014,

quando a ARCAH começou a desenvolver um trabalho baseado

em Permacultura numa fazenda terapêutica parceira. Ali,

nascia a aproximação com a Permacultura, atualmente citada

como base de todas as ações do grupo.

Por esse movimento, um dos integrantes desse grupo veio

para Botucatu para participar do VII Curso de Design em

Permacultura (PDC) organizado pelo Curare, em 2015. A

amizade e a confiança iniciadas neste período culminaram com

o convite, pela ARCAH, da participação do Curare na

elaboração do projeto de design permacultural de uma

fazenda terapêutica, numa área localizada, por coincidência,

em Botucatu.

Assim, iniciamos os trabalhos conjuntos a partir de outubro de

2015. Depois de 2 meses, apresentamos o resultado desse

processo, o qual servirá de norte para as futuras ações

desenvolvidas na área. Além disso, esperamos também que ele

sirva de contribuição para outras iniciativas em permacultura,

fornecendo todos os elementos que utilizamos ao longo do

processo de forma detalhada.

O projeto de design segue a linha de pensamento proposta

pelo método de design permacultural. Num primeiro

momento, apresentamos o escopo do projeto, com os

objetivos da proposta.

A seguir, entramos em seções mais técnicas. De início, fazemos

a descrição da localidade e da área, chamada Leitura da

Paisagem. A próxima seção traz o Zoneamento da área, com a

apresentação de mapas com a topografia e histórico do local,

setorização e planejamento por zonas.

Após isso, trazemos a sistematização da água, com

proposições para a construção de açudes, valas de infiltração,

tratamento de esgoto e áreas de captação. Também atreladas

a esse planejamento que envolve movimentação de solo,

trazemos os mapas de acesso, que oferecem conexão entre

todos os elementos, seguido pela análise da energia no

sistema.

Apresentação do projeto

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Num próximo momento, trazemos a análise de elementos,

com a descrição detalhada das características intrínsecas,

necessidades, produtos, comportamento e funções de cada

um dos elementos que são propostos para a fazenda. As

relações entre esses elementos serão mais detalhadas durante

a apresentação das propostas de design.

Por fim, apresentamos as propostas de implantação do design

permacultural ao longo do tempo, tendo em vista a busca da

autossuficiência do local e a construção de relações

harmônicas com o entorno. Serão consideradas as seguintes

fases: situação atual, fase 1 (12 alunos, primeiros passos) e

fase 2 (240 alunos, o sonho).

Todo este trabalho técnico não faria sentido sem as bases

éticas trazidas pela Permacultura: o cuidado com a Terra, o

cuidado com as pessoas e a partilha justa dos excedentes são

a linha norteadora de todas as intervenções propostas com o

objetivo de criação uma comunidade humana sustentável ao

longo do tempo. A busca por sociedades humanas

ambientalmente equilibradas e socialmente justas perpassa

todo esse projeto e nos traz a motivação para seguir a

caminhada.

Boa leitura!

Equipe técnica de elaboração do design permacultural

Grupo Curare de Permacultura:

- André Santachiara Fossaluza – licenciado e bacharel em

Ciências Biológicas, mestre e doutorando em Educação para a

Ciência. Trabalha com Permacultura, Educação Ambiental e

ensino de língua inglesa. Atualmente vive em Botucatu/SP.

- César Claro Trevelin – licenciado e bacharel em Ciências

Biológicas. Trabalha com Permacultura e fotografia.

Atualmente vive em Botucatu/SP.

- João Paulo Becker Lotufo Júnior – licenciado e bacharel em

Ciências Biológicas. Trabalha com Permacultura e educação.

Atualmente vive em Amsterdã/Holanda.

- Thiago Silva de Carvalho – licenciado e bacharel em Ciências

Biológicas. Trabalha com Permacultura e pesquisa em Química.

Atualmente vive em Botucatu/SP.

ARCAH:

- Rodrigo Flaire – Engenheiro de Produção Mecânica, diretor

de operações da ARCAH. Trabalha com Permacultura focado

em comunidades terapêuticas. Atualmente vive em São Paulo.

Nossos agradecimentos a várias pessoas que contribuíram

conosco: Vivian Ferreira Franco, Edmar José Scaloppi,

Francisco Luiz Araújo Câmara, Fernando Soriano, Tomaz

Amaral Lotufo e a todo o Grupo Curare de Permacultura. Um

grande salve a Anselmo Nogueira e Vivian Tiemi Hamamoto

Cypriano pelos cafés, jantares e espaços para as longas e

produtivas reuniões de trabalho.

Apresentação do projeto

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O presente projeto de design permacultural cumpre o objetivo

de sistematizar e orientar a criação de uma comunidade

terapêutica. O grupo gestor dessa comunidade será a

Organização Não-Governamental ARCAH, que contratou os

serviços de design em permacultura do Grupo Curare de

Permacultura. Os dois grupos trabalharam em parceria para

atingir os objetivos de design.

O projeto foi realizado no período de 26 de outubro até 23 de

Dezembro de 2015. Na data de entrega do projeto foi realizada

uma apresentação oficial para os membros da ARCAH em São

Paulo.

Dentre os objetivos de destaque do processo ressalta-se o

reconhecimento da área e rede de contatos de possíveis

colaboradores na construção do projeto final, que foi chamado

de sonho. O projeto foi divido em duas etapas, sendo a etapa 1

os primeiros passos na implantação e a etapa 2 o design como

capacidade total (240 pessoas), além dos cuidadores,

professores, profissionais em cada setor e equipe completa

para o cuidado dos participantes do programa e

funcionamento da comunidade.

A comunidade tem como objetivo prioritário o acolhimento,

cuidado, adaptação e capacitação das pessoas em situação de

rua. A ARCAH acredita fortemente que pessoas em situação de

rua, que acabam desenvolvendo a dependência química, só

estão nessa situação pela falta de oportunidade. Por isso a

comunidade tem as frentes de trabalho como ponto

fundamental no seu funcionamento.

No mesmo patamar de importância, vem o objetivo de ser

autossustentável ao longo dos anos, pois um projeto deste

porte não pode depender apenas de doações, sendo

necessária uma frente de produção de fundamental

importância. Para isso designamos uma grande área dos

terrenos para produção vegetal através de sistemas

agroflorestais e setores animais.

Todo este projeto é baseado nos conhecimentos da

Permacultura, buscando o menor gasto energético nos

caminhos e acessos de cada área do terreno, fazendo a

setorização relativa e delimitando as zonas da propriedade.

Com estudo e cálculos para capacidade e utilização de água,

energia e diferentes fontes de suprimento e fluxograma dos

elementos presentes na propriedade atingindo as perspectivas

futuras.

Escopo do projeto

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Botucatu é uma cidade de aproximadamente 130.000

habitantes localizada no centro-oeste paulista (22°53'09" de

latitude sul, 48°26'42" de longitude oeste), próxima a Bauru.

Possui extensão territorial de 1.482,642km² e sua área abrange

está numa região transição entre o bioma cerrado e mata

atlântica. O nome da cidade tem origem tupi Ibytu-katu e

significa “bons ares” ou “bom vento”. Outra origem possível

faz referência à junção dos termos tupis ybytyra e katu, que

significam “serra boa”.

Seu clima é considerado subtropical úmido (Clima do tipo Cfa,

de acordo com a classificação Köppen e Geiger: clima

temperado quente – mesotérmico – úmido, com temperatura

média do mês mais quente superior a 22ºC), com presença de

ventos constantes. A pluviosidade média anual é de

1.501,4mm, bem distribuídos ao longo do ano, com período de

estiagem durante o inverno. Botucatu tem uma temperatura

média de 20,3 °C. Sua altitude média é 840m.

A cidade está localizada numa região chamada de Cuesta

Basáltica, formação que marca a transição entre a depressão

periférica e o planalto paulista. Além disso, é importante zona

de recarga do Aquífero Guarani, com afloramentos do arenito

que compõe a estrutura desse importante sistema natural de

armazenamento de água doce.

Descrição da localidade

Figura 1. Localização de Botucatu no estado de São Paulo. Adaptado de:

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:SaoPaulo_Municip_Botucatu.svg. (Acesso em

20 dez. 2015)

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O vento em Botucatu é predominante Sudeste, com inversões

durante períodos de chuva (Noroeste) e velocidade média de

1,6m/s.

O ano mais chuvoso foi 1983 com 2.247 mm/ano, e o menos

chuvoso foi 1984, com 939 mm/ano. Janeiro é o mês mais

chuvoso com médias de 263 mm, sendo o mês critico

registrado em janeiro de 2011 com 496,1 mm. A máxima

precipitação diária registrada é de 30 mm, existindo a

possibilidade de chuva acumulada superior a 100 mm em dias

de chuvas seguidos no verão.

Descrição da localidade

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Figuras 2, 3 e 4. Gráficos (eixo X: dias do mês; eixo Y: mês) que

apresentam a umidade relativa do ar, velocidade do vento e

temperaturas médias de Botucatu/SP, respectivamente, no

período entre 1971 e 2008.

2. Observamos a variação da umidade relativa do ar de

57,7% (julho-setembro) a 81,8% (janeiro-fevereiro);

3. Percebemos que entre janeiro e julho os ventos são

menos intensos (1,3 a 1,5 m/s), com intensificação de agosto a

dezembro (1,5 a 2,0 m/s);

4. A temperatura média varia de 15,9°C no mês de

julho a 23,7°C entre janeiro e março. Fonte:

http://www.fca.unesp.br/#!/instituicao/departamentos/solos-recursos-

ambientais/sra/estacao-meteorologica/distribuicao-temporal-das-normais-

climatologicas. Acesso em: 20 dez. 2015

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Os terrenos doados para a construção da fazenda terapêutica

têm área total de 304.973,81m². Para efeito de padronização

durante o projeto, chamaremos o terreno maior de Área A

(164.037,31m²), o terreno menor de Área B (140.936,50m²) e a

união dos dois terrenos de Área (Figuras 5 e 6).

A área está localizada ao longo da Estrada Municipal Eduardo

Zuccari e era de uso da empresa Duratex, do ramo madeireiro.

Atualmente, a área encontra-se ocupada pela primeira rebrota

de eucalipto (Eucalyptus), árvore utilizada também no setor de

papel e celulose. Na área A, os rebrotes estão com 3 anos,

enquanto que na área B eles possuem 2 anos do primeiro

corte.

Entre as áreas A e B está o Aterro Sanitário Municipal de

Botucatu. O Aterro funciona desde 1997, com disposição

média diária de 90 toneladas de resíduos sólidos urbanos

(ZANON, 2014). Atualmente de acordo com a Lei Nacional de

Resíduos Sólidos, o Aterro também conta com central de

processamento de materiais recicláveis e central de reciclagem

de entulho (atualmente desativada). O lodo coletado no Aterro

passou a ser destinado para tratamento em outra localidade

após sua conversão em Aterro Sanitário recentemente.

Há recomendação da ABNT, CONAMA e CETESB que indicam

que não devem existir recursos d’água a 100m de aterros

sanitários.

A Área A possui duas clareiras que foram manejadas pela

equipe do Aterro Sanitário, localizado a oeste. Essas

movimentações criaram pontos planos e sem a presença de

eucaliptos, totalizando aproximadamente 40.000m². Sua face

leste faz divisa com outra área de produção de eucaliptos; a

face sul termina na área de servidão da CESP; já sua face norte

chega à Estrada Municipal Eduardo Zuccari. A topografia do

terreno é pouco acidentada, com diferença de 20 metros de

altitude entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo.

A Área B está completamente preenchida por eucaliptos e não

tem divisa direta com a área do Aterro Sanitário: na sua face

leste encontra-se a área de servidão da CESP. Ao Norte ela se

encontra com a Estrada Municipal Eduardo Zuccari; já a oeste,

faz divisa com uma área de produção de eucaliptos. Sua face

sul encontra uma estreita faixa de produção de eucaliptos,

seguida por um fragmento característico de mata ciliar

(encontrada ao longo de cursos d’água). A topografia do

terreno é pouco acidentada, mas com queda maior que da

Área A (40 metros de diferença de altitude entre o ponto mais

alto e o ponto mais baixo), com uma grande depressão na

extremidade sudeste. (Figuras 7 e 8).

Não há cursos d’água superficiais nos terrenos. Nas pesquisas

históricas, porém, encontramos que havia um curso d’água

que cortava o Aterro Sanitário antes da sua implantação em

1997. Além disso, nota-se um curso d’água barrado a leste da

Área A, o qual se comunicava com a mata ciliar comentada.

O levantamento fotográfico feito na área é apresentado em

arquivo anexo a este projeto.

Descrição da área

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Figura 5. Localização do terreno da Fazenda Terapêutica da ARCAH, na Estrada Municipal Eduardo Zuccari (ao contrário do indicado na imagem, que

coloca Rodovia João Hipólito Martins) ao lado do Aterro Sanitário Municipal. Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-22.9522143,-

48.4955873,1722m/data=!3m1!1e3?hl=pt-PT. Acesso em: 20 dez.2015

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Figura 6. Área da Fazenda Terapêutica da ARCAH, com sua delimitação e dimensões. Notar a divisão das duas áreas pela área de servidão da CESP, com

rede de alta tensão.

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Figura 7. Planta da área da fazenda terapêutica da ARCAH com curvas de nível (a cada 5 metros de queda de altitude), antes das movimentações de terra

já realizadas pela Prefeitura Municipal de Botucatu no local.

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Figura 8. Foto área da fazenda terapêutica da ARCAH com curvas de nível (a cada 5 metros de queda de altitude) atualmente, considerando-se as

movimentações de terra realizadas pela Prefeitura Municipal de Botucatu.

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Como apresentado na seção anterior, ambas as áreas

apresentam baixa declividade. A Área B, porém, possui

declividade mais acentuada, sendo observados processos

inicias de erosão na estrada que delimita a face leste do

terreno e a separa da área de servidão da CESP.

A figura 8 apresenta a topografia do terreno já considerando as

alterações acarretadas pelas movimentações de terra

realizadas pelo Aterro Sanitário Municipal.

Apesar de não termos realizado a análise granulométrica do

solo, encontramos em Zanon (2014, p.52; figura 9), uma

descrição do solo adjacente à área. As coletas utilizadas na

pesquisa foram feitas no Aterro Sanitário Municipal e

apresentaram o seguinte resultado:

“Determinaram-se as seguintes frações granulométricas em massa de solo seco: 8% de argila, 4% de silte, 60% de areia fina e 28% de areia média. Pode-se observar que a presença de finos é igual a 12%” (ZANON, 2014, p.52).

Essa análise nos indica que o solo da área é provavelmente

arenoso, fato que exige alteração em sua composição para

construção de açudes e para utilização em construções.

Como a área da fazenda terapêutica está coberta por

eucaliptos, não foi possível determinar a porcentagem de

matéria orgânica existente no solo, assim como sua

permeabilidade à água e grau de compactação.

Independentemente disso e ao se analisar os resultados

apresentados por Zanon (2014) quanto à composição química,

de matéria orgânica, permeabilidade à água e grau de

compactação do solo, serão necessárias correções no solo

para atividades agrícolas e para construção de edificações.

Uma grande preocupação que tivemos durante o processo de

elaboração do design permacultural foi a possibilidade de

contaminação do solo e dos corpos d’água subterrâneas pela

lixiviação de substâncias do Aterro. Zanon (2014), em seu

trabalho, conclui que a área estudada não apresenta

contaminação:

“Apesar do fato do solo local ser arenoso e poroso, apresentar condutividade hidráulica elevada e possuir baixas fração de argila e capacidade de troca catiônica, os metais investigados (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, cobre, níquel e zinco) foram parcialmente retidos no subsolo e não atingiram os valores máximos permitidos na legislação estadual aplicável, mesmo após 15 anos de armazenamento de lixiviado em uma lagoa sem revestimento de fundo” (ZANON, p.94).

Topografia e solo

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Figura 9. Distribuição granulométrica do solo da área do Aterro Sanitário Municipal de Botucatu realizada por ZANON, 2014 (p.53), adjacente à área da

fazenda terapêutica.

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O processo de setorização do terreno buscou tratar das

energias que não são controláveis numa área, como o sol, luz,

vento e chuva, energias que são produzidas fora dos sistemas e

passam por ele (MOLLISON; SLAY, 1994). Optamos por

apresentar os fluxos de água e sua sistematização numa seção

posterior do projeto, dada sua complexidade e importância

para o desenvolvimento do design.

A representação dos setores é feita na figura 10 na forma de

um diagrama de setores, o qual mostra os setores de insolação

e luz de verão e inverno, o caminho dos ventos pela

propriedade em situações de chuva e tempo firme

(diretamente relacionado ao caminho das chuvas), assim como

outros elementos externos que interferem no funcionamento

da fazenda terapêutica:

Aterro Sanitário Municipal: possibilidade de contaminação do

solo por substâncias lixiviadas e mau cheiro proveniente da

decomposição de matéria orgânica.

Rede de servidão da CESP: alto fluxo de energia elétrica a alta

tensão.

Áreas adjacentes produtoras de eucaliptos: ruídos no

momento de corte e possibilidade de contaminação do ar pelo

uso de agrotóxicos durante a produção.

Estrada Municipal Eduardo Zuccari: ruídos e poluição

provenientes do fluxo de veículos pesados.

Sol: no solstício de verão (21 de dezembro) do Hemisfério Sul,

temos o momento onde há maior incidência de luz nesse

hemisfério. A trajetória do Sol neste momento é representada

pelo arco em amarelo e indica o nascimento do Sol a sudeste e

seu pôr a sudoeste. A partir dessa data, a trajetória do Sol se

desloca a norte, atingindo o ponto de menor insolação no

Hemisfério Sul, o chamado solstício de inverno (21 de junho);

essa trajetória, representada pelo arco verde, indica o nascer

do Sol a nordeste e seu pôr a noroeste. A partir dessa data, sua

trajetória se desloca para o sul, e assim sucessivamente. Por

isso, a face norte é mais valorizada em todo o hemisfério sul

quando se busca incidência de luz solar ao longo do ano.

No design permacultural, a atenção dada à trajetória do Sol no

terreno é essencial à localização dos elementos.

Ventos e chuvas: o vento sudeste em Botucatu predomina

durante a maior parte do ano (em torno de 8 meses), mas seu

sentido se inverte em momentos de chuva (noroeste).

No caso da fazenda terapêutica em questão, esse

comportamento dos ventos favorece a ocupação da Área A, já

que essa se localiza a leste do Aterro Sanitário. Na área B é

notado um odor mais forte vindo do Aterro Sanitário, já que

ela se localiza a oeste deste.

Setorização

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Figura 10. Setorização da área da fazenda terapêutica da ARCAH. Os arcos correspondem à trajetória do Sol no momento dos solstícios de verão e

inverno.

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O planejamento de um sistema permacultural por zonas tem

como objetivo posicionar os elementos de acordo com o gasto

energético necessário para suprir suas próprias necessidades

e as necessidades de outros elementos do sistema. Em outras

palavras:

“(...) trata do posicionamento dos elementos de acordo com a frequência em que os utilizamos ou necessitamos visitá-los O zoneamento é decidido a partir de: (‘) o número de vezes que você precisa visitar o elemento (planta, animal, estrutura) para colheita ou retirada da produção; e (2) o número de vezes que o elemento necessita que você o visite” (MOLLISON; SLAY, 1994, p.22).

Assim sendo, o planejamento por zonas aconteceu num

período posterior à determinação da localização relativa dos

elementos. Aqui, por questão de organização, optamos por

apresentá-lo anteriormente à análise de elementos, já

oferecendo uma prévia dos elementos que serão alocados na

fazenda terapêutica. Por esse motivo, também, a descrição dos

elementos é feita de forma superficial, já que ela será

apresentada de forma bastante detalhada numa próxima

seção do projeto.

O planejamento tradicional por zonas na Permacultura divide a

área a ser trabalhada em 6 zonas (0 a 5), sendo que o nível de

energia utilizado em cada zona diminui quanto maior for o

número da zona. Isso significa dizer que a zona 0 é a mais

intensamente trabalhada ou frequentada pelas pessoas,

enquanto que a zona 5 recebe basicamente nenhuma

interferência humana.

É importante ressaltar que essa parte do design,

especialmente, tem como o foco o gasto energético dos seres

humanos para manutenção de cada elemento, ou seja,

planejamento por setores está diretamente relacionado à

quantidade de energia que vamos utilizar para nos relacionar

com um determinado elemento, e não na quantidade de

energia que um elemento não-humano utiliza para se

relacionar com outro.

Assim, apresentamos a proposta de planejamento por zonas

da fazenda terapêutica da ARCAH:

Zona 0: esta zona corresponde ao centro de atividades da

propriedade. No nosso caso, teremos duas zonas 0, uma em

cada área. Optamos por localizar os alojamentos, cozinha e

refeitório na Zona 0 da Área A. Já na Área B está localizada a

vila dos cuidadores. As cisternas para armazenamento da água

das chuvas também estarão nesta zona se forem construídas

no subsolo das casas ou verticalmente.

Planejamento por zonas

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Zona 1: esta zona é intensamente utilizada numa área com

design permacultural, exigindo cuidado e oferecendo

produtos/serviços diariamente. Por isso, na Zona 1 da área A

elencamos a horta agroecológica, escola, biblioteca, galpão de

ferramentas e garagem, área de convivência, lavanderia e

viveiro de hortaliças. Na área B ficarão elementos particulares

escolhidos por cada uma das famílias que habitarão o local,

além das bacias de evapotranspiração.

Zona 2: a Zona 2 também possui intenso manejo, mas já inclui

elementos de maior porte e que exigem área maior para

viverem com qualidade. Na área A, sugerimos a colocação das

oficinas de formação profissional (marcenaria, oficina de

automóveis, serralheria e de construção), quadra

poliesportiva, academia, campo de futebol, centro de saúde,

biopiscina, galinheiro, parte superior do SAF I, biodigestor

integrado, área de produção de laticínios, área de meditação

e viveiro de árvores. Na Área B, a Zona 2 corresponderia a

uma zona arborizada ao redor das casas dos cuidadores.

Zona 3: são elencados nesta zona elementos que necessitam

de menos cuidado ou atenção pontual ao longo do dia, assim

como animais e plantas de grande porte ou que vivem em

grupos. No nosso caso, dispusemos as áreas de compostagem,

porcos, chiqueiro, curral, vacas (sistema agrossilvopastoril),

parte inferior do SAF I, lavoura, abelhas sem ferrão, poços,

pequenas centrais de produção de energia eólica.

A Zona 3 da Área B seria ocupada futuramente por uma área

de produção de plantas para venda à empresa Centroflora, que

produz extratos vegetais.

Zona 4: a Zona 4 é vista como uma área de baixo manejo, onde

podem ser coletados e extraídos produtos a longo prazo, como

madeira, por exemplo. Optamos por fazer uma Zona 4

conjunta às duas áreas, ocupada pelo SAF II. Os diversos

açudes espalhados pelas áreas também fazem parte desta

zona devido à baixa necessidade de manejo que apresentam,

assim como os quebra-ventos, recepção e estacionamento.

Zona 5: num sistema permacultural, a Zona 5 é vista como uma

área não manejada, onde podemos ir para aprender com a

natureza. Para a fazenda terapêutica da ARCAH propomos a

regeneração de uma área atualmente ocupada por eucaliptos.

Dessa forma, esperamos delimitar essa área como reserva

legal da propriedade, já cumprindo a legislação aplicável e

promovendo a regeneração da vegetação característica da

transição cerrado e floresta estacional semidecídua.

Além disso, ao favorecermos o desenvolvimento de uma área

de vegetação natural compacta contribuímos para uma melhor

qualidade ambiental da área e permitimos a conexão futura

com áreas de vegetação natural já existentes no entorno, mas

que passam por um processo de degradação (com barragem

de corpos d’água e acúmulo de sedimentos devido à erosão

superficial nas áreas com altitudes maiores).

Planejamento por zonas

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

Zo

ne

am

en

to

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Figura 11. Planejamento por zonas da fazenda terapêutica da ARCAH, proposta que leva em consideração a quantidade de energia necessária para suprir

as necessidades de um elemento e a frequência que precisamos ir até esse elemento para atender às nossas necessidades.

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O trabalho de sistematização de água é essencial no

desenvolvimento de um design de qualidade. Quando não bem

manejada, a água pode ser um grande problema para uma

propriedade – seu excesso ou falta trazem grandes

dificuldades para nossa vida. Quando bem manejada, porém,

ela se torna uma grande solução, trazendo vida ao sistema.

Como já apresentado durante a leitura da paisagem, Botucatu

tem uma média pluviométrica anual de aproximadamente

1.501,4mm. Essas chuvas, porém, não se distribuem

uniformemente ao longo do ano.

Os dados coletados na Estação Meteorológica da Faculdade de

Ciências Agronômicas da UNESP, campus de Botucatu, entre os

anos de 1971 e 2008 indicam as seguintes médias

pluviométricas mensais para Botucatu (Quadro 1):

Quadro 1. Médias pluviométricas mensais em Botucatu

Mês Pluviosidade Mês Pluviosidade

Janeiro 230mm Julho 35mm

Fevereiro 210mm Agosto 35mm

Março 150mm Setembro 60mm

Abril 60mm Outubro 130mm

Maio 55mm Novembro 130mm

Junho 50mm Dezembro 185mm

Notamos, assim, que o maior volume chuvas se concentra

entre os meses de dezembro e março (150-230mm/mês), com

momentos de baixa precipitação entre abril e setembro (35-

60mm/mês). Essa variação mensal tem grande influência no

design permacultural, pois exige que manejemos corretamente

os momentos de escassez e abundância dessa substância tão

importante. Para se ter uma ideia, enquanto em janeiro

podemos coletar 230 litros numa superfície de 1m², em julho

coletaríamos 35 litros na mesma área.

Além dos valores médios, deve-se levar em conta valores

críticos máximos já registrados de pluviosidade para que o

sistema consiga suportar uma carga extra de água. Em

Botucatu, o mês com maior registro pluviométrico atingiu

496mm de chuva, e o dia com maior índice atingiu 30mm. No

período analisado, o ano mais chuvoso foi 1983, com

2.247mm, e o ano menos chuvoso foi 1984, com 939mm.

Tendo esses dados em mente, nosso processo de

sistematização da água visou analisar o caminho que ela

percorre na área e trabalhar para deixar o sistema cada vez

mais complexo, diminuindo sua velocidade de saída do terreno

através da conexão com o maior número possível de

elementos. Nesse sentido, propomos a utilização de cisternas

para captação de água da chuva, valas de infiltração (swales),

açudes, biopiscina e sistemas de tratamento de esgotos. É

importante ressaltar que a as áreas não estão conectadas à

rede de água e esgoto.

Caracterização

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A captação e armazenamento de água da chuva é umas das

formas mais simples e inteligentes para aproveitar essa

substância com qualidade, já que a água pluvial chega livre de

impurezas ao sistema. Aqui, qualquer superfície impermeável é

uma oportunidade para servir como ponto de coleta e

qualquer recipiente serve como local de armazenamento.

Na área A, teremos um total de 6.180m² de área de telhado,

os quais podem ser utilizados para captação de água da chuva.

Se considerarmos uma perda de 35% da água precipitada (água

de descarte, suja e outras perdas eventuais), podemos coletar

6.810.000 litros (ou 6.810m³, medida de volume que usaremos

para cálculos de maior magnitude) nessa área anualmente.

Todo esse sistema será conectado a cisternas individuais de

cada elemento e ao sistema de valas de infiltração e açudes.

Na área B, teremos um total de 1.260m² de área de telhado,

ou seja, podemos coletar 1.260m³ de água da chuva

anualmente. Nesta área, as únicas superfícies de telhado são

as das casas da Vila dos Cuidadores.

Optamos, neste momento, por não especificar o modelo de

cisterna a ser construído, já que esse dependerá do desenho

arquitetônico das estruturas. Como sugestões, preferimos a

construção de cisternas subterrâneas em cada uma das

estruturas construídas, pois esse formato permitiria o acúmulo

máximo de água.

Outra opção bastante interessante e de baixo custo, mas que

ocupa uma área externa à da construção, são as cisternas de

ferrocimento. Esse tipo de cisterna utiliza pequena quantidade

de cimento e possui uma resistência impressionante, além de

fácil manutenção.

Por fim, existem diversos modelos de cisternas pré-fabricadas

de plástico, as quais são mais caras, mas mais práticas.

Atualmente, são encontrados modelos verticais que podem ser

alocados nas paredes, ocupando uma superfície horizontal

pequena. Outro modelo, bastante comum, é a utilização de

caixas d’água com esse propósito.

No nosso sistema, buscamos destinar as águas das chuvas para

fins como lavagem de alimentos, utilização primária em

banheiros (pia, privada – quando não for possível a utilização

de água de reuso dos banhos –, banho), limpeza dos espaços,

consumo animal e, no caso de excedente, rega de plantas.

Todo o volume de água coletado, mas que não pode ser

armazenado nas cisternas será direcionado ao sistema de valas

de infiltração e açudes. Em algumas áreas, esse caminho será

feito através de canais impermeáveis superfícies, inclusive com

a geração de energia a baixas potências; noutras, o caminho da

água acontecerá por canais permeáveis, permitindo a

infiltração da água ao longo do caminho.

A seguir, apresentamos quadros com os cálculos feitos

relativos à água coletada e utilizada das cisternas.

Cisternas

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Quadro 2. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 1 (Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)

Elementos integrados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

1 Alojamento 8,0 6,7 -1,4

2 Cozinha 3,0 8,3 5,3

5 Refeitório 2,3 8,3 6,0

10 Escola 3,0 10,0 7,0

11 Biblioteca 0,7 10,0 9,3

18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7

19 Oficina de construção 0,6 8,3 7,7

44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5

TOTAL 18,2 59,9 54,2

Elementos isolados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

4 Recepção 1,0 5,0 4,0

13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2

15 Casa dos cuidadores 16,1 52,5 36,4

37 Lavanderia 1,8 3,3 1,5

23

No quadro 2 trazemos os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 1 de implantação do design. Neste momento, a

população de alunos será de 12 pessoas, além de 7 famílias de cuidadores. Notamos que há um grande excedente de água captada pelos telhados

(54,2m³/mês) nos elementos integrados, que se comunicam entre si (localizados nas Zonas 1 e 2), o qual será direcionado ao sistema de valas de

infiltração e açudes. A seguir, apresentamos os elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam com outros elementos, mas também são

autossuficientes. Há também um grande excedente conjunto, que totaliza 8,7m³/mês na Área A (também direcionado ao sistema de valas de infiltração e

açudes) e 36,4m³/mês na Área B, direcionado ao açude adjacente.

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Quadro 3. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)

(Continua)

Elementos integrados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

1 Alojamento 80,0 67,0 -13,0

2 Cozinha 30,0 8,3 -21,7

5 Refeitório 23,0 8,3 -14,7

7 Marcenaria 1,4 12,5 11,2

8 Oficina mecânica de autos 1,4 12,5 11,2

9 Serralheria 1,4 12,5 11,2

10 Escola 6,8 10,0 3,2

11 Biblioteca 1,4 10,0 8,6

12 Quadra poliesportiva 1,4 203,3 202,0

17 Academia 0,8 5,8 5,0

18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7

19 Oficina de construção 1,3 8,3 7,0

21 Área de convivência 3,3 26,2 22,9

44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5

TOTAL 152,8 405,5 239,7

Elementos isolados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

3 Área de produção de laticínios 17,6 12,5 -5,1

4 Recepção 1,0 5,0 4,0

13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2

15 Casa dos cuidadores 16,1 52,5 36,4

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Quadro 3. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)

(Conclusão)

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

22 Sala de meditação 0,8 4,2 3,4

23 Chiqueiro 13,2 16,7 3,5

37 Lavanderia 18,0 3,3 -14,7

38 Viveiro de hortaliças 15,0 12,5 -2,5

39 Viveiro de árvores 15,0 12,5 -2,5

42 Curral 31,5 5,0 -26,5

25

O quadro 3 traz os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 2 de implantação do design. Neste momento, a população de

alunos será de 120 pessoas, além de 7 famílias de cuidadores. Há um grande excedente de água captada pelos telhados (239,7m³/mês), valor atribuído,

principalmente, à construção da quadra poliesportiva. Da mesma forma, esses elementos se encontram integrados, sendo que o excedente é direcionado

ao sistema de valas de infiltração e açudes.

Já no caso dos elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam diretamente com outros elementos, serão necessárias outras fontes de água

para sua manutenção. No total, o déficit de água de chuva nos elementos isolados na Área A é de 29,2m³/mês. Nossa sugestão, nesse caso é permitir a

conexão desses elementos com aqueles integrados, onde há um excedente de aproximadamente 240m³/mês, especialmente na área de produção de

laticínios, lavanderia, viveiro de hortaliças e viveiro de árvores. Na área do curral, sugerimos que o gado seja deslocado para os açudes para beber água,

diminuindo consideravelmente o volume de água necessário.

Na Área B, por outro lado, há um excedente de 36,4m³/mês, o qual será direcionado ao açude adjacente ou utilizado, futuramente, na área de produção

de plantas para a empresa Centroflora.

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Quadro 4. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 3 (Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)

(Continua)

Elementos integrados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

1 Alojamento 160,0 134,0 -26,0

2 Cozinha 60,0 8,3 -51,7

5 Refeitório 46,0 8,3 -37,7

7 Marcenaria 1,4 12,5 11,2

8 Oficina mecânica de autos 1,4 12,5 11,2

9 Serralheria 1,4 12,5 11,2

10 Escola 6,8 10,0 3,2

11 Biblioteca 1,4 10,0 8,6

12 Quadra poliesportiva 1,4 203,3 202,0

17 Academia 0,8 5,8 5,0

18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7

19 Oficina de construção 1,3 8,3 7,0

21 Área de convivência 3,3 26,2 22,9

44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5

TOTAL 285,8 472,5 186,7

Elementos isolados

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

3 Área de produção de laticínios 32,4 12,5 -21,3

4 Recepção 1,0 5,0 4,0

13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2

14 Canil 1,2 3,0 1,8

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Quadro 4. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 3 (Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)

(Conclusão)

Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)

15 Casa dos cuidadores 32,2 105,0 72,8

16 Arquibancada (campo) 0,0 33,3 33,3

22 Sala de meditação 0,8 4,2 3,4

23 Chiqueiro 13,2 16,7 3,5

37 Lavanderia 36,0 3,3 -32,7

38 Viveiro de hortaliças 15,0 12,5 -2,5

39 Viveiro de árvores 15,0 12,5 -2,5

42 Curral 31,5 5,0 -26,5

27

O quadro 4 traz os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 3 de implantação do design. Neste momento, a população de

alunos será de 240 pessoas, além de 14 famílias de cuidadores. Há um grande excedente de água captada pelos telhados (186,7m³/mês). Da mesma

forma, esses elementos se encontram integrados, sendo que o excedente é direcionado ao sistema de valas de infiltração e açudes.

Já no caso dos elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam diretamente com outros elementos, serão necessárias outras fontes de água

para sua manutenção, assim como na Fase 2. No total, o déficit de água de chuva nos elementos isolados na Área A é de 69,9m³/mês. Nossa sugestão,

nesse caso é permitir a conexão desses elementos com aqueles integrados, onde há um excedente de aproximadamente 185m³/mês, especialmente na

área de produção de laticínios, lavanderia, viveiro de hortaliças e viveiro de árvores. Na área do curral, sugerimos que o gado seja deslocado para os

açudes para beber água, diminuindo consideravelmente o volume de água necessário. A água coletada na arquibancada do campo de futebol será

diretamente utilizada na biopiscina adjacente; em caso de excedente, esse será direcionado ao campo.

Na Área B, por outro lado, há um excedente de 72,8m³/mês, o qual será direcionado ao açude adjacente ou utilizado, futuramente, na área de produção

de plantas para a empresa Centroflora.

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O sistema de valas de infiltração (swales) tem como objetivo

armazenar e distribuir a água por toda a área, diminuindo sua

velocidade pelo sistema. A ideia é que a água passe pelo maior

número possível de elementos antes de sair do sistema,

contribuindo para a formação de microclimas mais estáveis ao

longo do ano, mesmo em momentos de estiagem.

As valas de infiltração têm como função permitir a infiltração

da água escoada superficialmente pelo terreno e permite a

criação de um microclima de umidade e intensa atividade de

decomposição de matéria orgânica e produção de solo.

No nosso sistema, propomos que elas tenham 2,0m de largura

e 0,6m de profundidade. Chegamos a esses valores devido à

característica arenosa do solo (que permite infiltração mais

acelerada da água – daí a grande largura) e depois de

consultarmos vídeos do permacultor Geoff Lawton (que sugere

essa profundidade para valas de infiltração.

No esquema apresentado a seguir (figura 12), podemos ver a

conformação de uma vala de infiltração em vista lateral.

Observe que abaixo da linha de infiltração é criada uma

elevação do solo, a qual pode ser utilizada para o plantio de

árvores ou outros elementos vegetais, já que será uma área

com grande concentração de água. No nosso caso, a

composição de espécies varia de acordo com a utilização da

região, já que as valas de infiltração serão distribuídas ao longo

de todas as áreas cultiváveis.

As valas de infiltração têm como outra importante função a

conexão entre os açudes localizados na área. Dessa forma, o

excedente de água acumulado num açude pode ser transferido

a outro. Esse sistema, além de permitir uma distribuição mais

equilibrada de água por toda a área, garante segurança em

caso de chuvas extremas, já a água será compartilhada no

sistema todo.

A construção das valas deve seguir a orientação das linhas de

nível para que isso aconteça. A densidade de valas varia de

acordo com a utilização da região.

Valas de infiltração

28

Figura 12. Desenho esquemático da vala de infiltração. Adaptado de:

https://www.flickr.com/photos/permaculturachuma/3043734164

(Acesso em 18 fev. 2019)

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No processo de leitura da paisagem notamos que não há

corpos d’água superficiais na área da fazenda terapêutica da

ARCAH. Por outro lado, durante a pesquisa do histórico da área

e de conformação da microbacia na qual está inserida,

descobrimos a existência de um curso d’água na área do

Aterro Sanitário antes da sua implantação em 1997.

Assim sendo, entendemos que há possibilidade de acúmulo da

água de escoamento superficial da área, mesmo com a

característica arenosa do solo. A melhor forma que

encontramos para tal foi a construção de uma série de açudes.

Os açudes terão como principal função o armazenamento e

distribuição de águas para as áreas produtivas animal e vegetal

no sistema e serão interconectados pelo sistema de valas de

infiltração. Após considerarmos a declividade do terreno e o

planejamento por zonas, optamos pela construção de açudes

de menor capacidade, mas distribuídos por toda a área.

Na Área A, propomos a construção de 6 açudes, num total de

7.200m² de área (volume de 36.000m³), os quais terão

conformação retangular, devido à baixa declividade dessa

área.

Na Área B, com menor densidade de elementos, optamos por

propor a construção de 4 açudes, num total 11.200m² de área

(volume de 56.000m³).

3 deles terão a mesma conformação dos açudes da Área A,

enquanto um deles, localizado no ponto mais baixo do terreno

(ponto ideal para a construção de um açude, de acordo com a

topografia), terá conformação de gota, com maior

profundidade.

A área e volume de cada açude são apresentados a seguir:

Quadro 5. Açudes na área da fazenda terapêutica da ARCAH

Açude Área (m²) Volume (m³)

A1 900 4.500

A2 900 4.500

A3 1.800 9.000

A4 1.800 9.000

A5 900 4.500

A6 900 4.500

TOTAL 7.200 36.000

B1 3.600 18.000

B2 1.800 9.000

B3 1.800 9.000

B4 4.000 20.000

TOTAL 11.200 56.000

A disposição dos açudes, valas de infiltração e áreas de

captação de água das chuvas é representada no mapa a seguir

(Figura 13):

Açudes

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Figura 13. Mapa de sistematização da água na área da fazenda terapêutica da ARCAH, elencando as áreas de captação da água da chuva (cisternas), valas

de infiltração (swales) e açudes, assim como o sentido do fluxo da água.

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Para fins de consumo, sugerimos a abertura de 2 poços, um em

cada área. A água coletada nesses poços seria armazenada em

caixas d’água adjacentes, planejadas para reter um volume de

água necessário à manutenção das pessoas por uma semana.

A seguir (quadro 6), apresentamos o consumo mensal de água

potável durante a fase 1 da fazenda terapêutica da ARCAH:

Quadro 6. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 1

(Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)

Elemento Consumo (m³/mês)

2 Cozinha 6,0

4 Recepção 0,1

5 Refeitório 0,4

10 Escola 0,5

11 Biblioteca 0,2

18 Centro de saúde 0,1

19 Oficina de construção 0,2

TOTAL 7,5

15 Casa dos cuidadores 1,8

TOTAL 1,8

Poços

O consumo de água potável aumenta à medida que a fazenda

terapêutica se torna mais densamente povoada ao longo do

tempo. Apresentamos, a seguir, os cálculos de consumo para

as fases 2 e 3 (quadros 7 e 8):

Quadro 7. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 2

(Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)

Elemento Consumo (m³/mês)

2 Cozinha 60,0

3 Área de produção de laticínios 0,5

4 Recepção 0,1

5 Refeitório 4,0

7 Marcenaria 0,1

8 Oficina mecânica de autos 0,1

9 Serralheria 0,1

10 Escola 0,9

11 Biblioteca 0,2

12 Quadra poliesportiva 0,1

17 Academia 0,2

18 Centro de saúde 0,1

19 Oficina de construção 0,3

21 Área de convivência 13,3

22 Sala de meditação 0,3

TOTAL 80,3

15 Casa dos cuidadores 1,8

TOTAL 1,8

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Quadro 8. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 3

(Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)

Elemento Consumo (m³/mês)

2 Cozinha 120,0

3 Área de produção de laticínios 0,5

4 Recepção 0,1

5 Refeitório 8,0

7 Marcenaria 0,1

8 Oficina mecânica de autos 0,1

9 Serralheria 0,1

10 Escola 0,9

11 Biblioteca 0,2

12 Quadra poliesportiva 0,1

17 Academia 0,2

18 Centro de saúde 0,1

19 Oficina de construção 0,3

21 Área de convivência 13,3

22 Sala de meditação 0,3

TOTAL 144,3

15 Casa dos cuidadores 3,6

TOTAL 3,6

Poços

Com esse consumo mensal máximo ao atingirmos a fase 3 do

projeto, temos que é necessário o acúmulo de um volume de

36m³/semana de água para suprir as necessidades da fazenda.

Isso significa dizer que a bomba do poço será utilizada apenas

uma vez por semana, promovendo economia de energia

elétrica.

Assim sendo, indicamos a construção de uma caixa d’água de

40m³ ao lado do ponto de captação de água subterrânea na

Área A. Há modelos pré-fabricados de caixas d’água com esse

volume, mas com alto custo. Como opção mais econômica e de

baixo impacto ambiental, sugerimos a instalação de 2 cisternas

de ferrocimento com 20m³ de capacidade cada uma.

Já na Área B, o consumo de água potável é bem menor, sendo

0,9m³/semana de água para suprir as necessidades das

famílias dos cuidadores.

Assim sendo, sugerimos a instalação de uma caixa d’água de

2m³ ao lado do ponto de captação de água subterrânea para

garantir o volume necessário para duas semanas de consumo.

Como poderemos ver mais a seguir, os locais sugeridos de

perfuração dos poços em ambas as áreas estão no ponto mais

alto do terreno: apesar de isso exigir uma profundidade maior

de perfuração, favorece o processo de distribuição da água

entre os elementos.

Anexo a este projeto compartilhamos um orçamento realizado

numa empresa em Botucatu.

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Aproveitamento máximo de água

Além das ações e movimentação da terra e aproveitamento da

água da chuva, trazemos no design outras opções para o reuso

da água e para o a diminuição do consumo ao longo do

sistema.

Como primeira proposta neste sentido, sugerimos o reuso da

água dos banhos e da pia dos banheiros para as descargas.

Essa pequena adaptação, que já dispõe da tecnologia

apropriada, permite as seguintes economias de água nas áreas

ao longo das fases:

Quadro 9. Utilização de água de reuso durante a Fase 1 (Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)

Elemento

Consumo (m³/mês)

Água de reuso (m³/mês)

Saldo

1 Alojamento 3,9 7,4 3,5

15 Casa dos cuidadores 7,8 14,9 7,1

TOTAL 11,7 22,3 10,6

Quadro 10. Utilização de água de reuso durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)

Elemento

Consumo (m³/mês)

Água de reuso (m³/mês)

Saldo

1 Alojamento 39,0 74,0 35,0

15 Casa dos cuidadores 7,8 14,9 7,1

TOTAL 46,8 98,9 42,1

Quadro 11. Utilização de água de reuso durante a Fase 3 (Capacidade de 220 alunos e 14 famílias de cuidadores)

Elemento

Consumo (m³/mês)

Água de reuso (m³/mês)

Saldo

1 Alojamento 78,0 148,0 70,0

15 Casa dos cuidadores 15,6 29,8 14,2

TOTAL 93,6 177,8 84,2

Outra forma importante de utilização inteligente da água é o

uso de técnicas de manejo agroecológico do solo na área de

produção vegetal. Essas técnicas permitem menor perda de

água por evaporação durante os períodos mais quentes do ano

e reduz o volume necessário de água para irrigação. Como

técnicas que consideramos apropriadas ao sistema, citamos a

cobertura do solo com matéria orgânica seca (palha, folhas ou

serragem) e irrigação por gotejamento, ao invés de aspersão.

Além disso, a implantação de sistemas de produção que

integram espécies de diferentes portes (característica de

Sistemas Agroflorestais – SAF) e a rotação de culturas, com

atenção às espécies mais apropriadas a cada estação,

permitem redução significativa do uso de água nessas áreas.

Apesar de estarmos certos da economia de uso de água nos

sistemas agroecológicos, não encontramos, na literatura e em

conversas com profissionais, valores que indicassem qual a

taxa de economia de água. Por isso, todos os valores de

consumo de água utilizados no trabalho foram padronizados

em 50m³/água.dia para 1 hectare de área de produção

vegetal, valor médio de consumo utilizado em culturas

convencionais.

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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A rede de caminhos que conecta os diversos elementos

alocados no terreno é parte essencial num projeto de design

permacultural. Todos os caminhos pensados para a área da

fazenda terapêutica levaram em consideração que devemos

trabalhar para que cada elemento tenha mais de uma função

no sistema.

Elaboramos 3 opções de caminhos, demarcadas em cores e

larguras diferentes na figura 14: caminho principal, caminho

secundário e trilhas.

O caminho principal, com extensão de 1,4km, conecta as

entradas da Área A e Área B e possui largura de 5 metros, já

que permite a passagem de maquinário pesado e caminhões

para chegada de materiais e escoamento da produção.

Sugerimos que o piso seja de material permeável, composto

por pedregulhos e areia, para que ocorra infiltração das águas

da chuva no sistema. Paralelamente a essa via, sugerimos

caminhos para bicicletas e pedestres, com largura de 2 metros,

esse construído com material impermeável ou

semipermeável. Ao longo do caminho principal, que, no total,

terá 7 metros de largura, sugerimos a construção de canais

que conectem as valas de infiltração, distribuindo a água pelo

sistema e aproveitando o excedente escoado superficialmente

na própria estrada (especialmente nas áreas para bicicletas e

pedestres).

Caminhos

O caminho principal terá conformação diferente na Área B

durante as fases de implantação da fazenda terapêutica. Nos

primeiros cinco anos, quando boa parte da área ainda estará

ocupada por eucaliptos (mais detalhes durante a descrição da

implantação do design ao longo tempo), a conexão com a Área

A será feita através da estrada já existente ao longo da área

de servidão da CESP. Após esse período, o caminho será

refeito de forma mais apropriada aos elementos existentes.

O caminho secundário terá 5 metros de largura e servirá para

o deslocamento de veículos pequenos, bicicletas e pedestres,

com extensão aproximada de 0,6km. Sugerimos o mesmo tipo

de revestimento do caminho principal, com 3 metros de

material permeável (areia e pedregulhos) e 2 metros de

material permeável ou semipermeável. Essas vias também

servirão para conectar o sistema de valas de infiltração.

As trilhas serão caminhos de menor largura (2 metros) e com

extensão aproximada de 0,4km. Terá como objetivo a conexão

de elementos que não necessitem do acesso de veículos

automotivos. Sugerimos que o material utilizado permita a

infiltração de água, mas também seja adequado à passagem de

bicicletas. Acreditamos que uma boa opção seja o uso de

pequenos blocos de cimentos, com vãos entre si, permitindo o

crescimento de grama.

Por fim, apesar de não estarem determinados no mapa, haverá

uma série de caminhos de menor largura ao longo da área para

acesso às áreas de produção vegetal e animal, sala de

meditação e área da reserva legal (Área B).

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Figura 14. Mapa com a representação dos caminhos na área da fazenda terapêutica da ARCAH: caminhos principais (amarelo) e caminhos secundários

(salmão). As trilhas, de menor largura, não estão representadas no esquema.

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O planejamento do consumo de energia elétrica foi realizado

utilizando equipamentos encontrados facilmente no mercado,

como uma estimativa para os cálculos (quadro 12).

Propomos, porém, que algumas medidas sejam realizadas para

diminuir esse consumo ou torná-lo mais eficiente, caso seja

economicamente viável:

Instalação de lâmpadas LED: utilizamos a potência fornecida

por lâmpadas fluorescentes (em média, 9W); há, porém,

crescentes opções de lâmpadas LED, que economizam até 70%

de energia elétrica com a mesma iluminação. Nos caminhos,

sugerimos à instalação de luminárias de LED mantidas por

energia solar, facilmente encontradas no mercado (por esse

motivo, esse gasto energético não foi computado no quadro ao

lado).

Forno e desidratadores solares: a utilização de equipamentos

à base da energia solar passível é uma grande aliada na

redução dos gastos com energia elétrica e a gás. A empresa

Pleno Sol desenvolve equipamentos viáveis em diferentes

situações: http://plenosol.com.

Bicimáquinas: equipamentos que utilizam o mecanismo de

funcionamento de bicicletas para diversas funções, como

liquidificador, máquina de lavar roupas, centrífuga, bomba

d’água, triturador de matéria orgânica, etc., sem gasto de

energias elétrica.

Consumo e produção de energia

elétrica

Quadro 12. Consumo de energia elétrica durante as fases de

implantação do design

Elemento

Consumo de energia elétrica mensal (kWh/mês)

Fase 1 Fase 2 Fase 3

1 Alojamento 1.500,0 7.500,0 15.000,0

2 Cozinha 0,0 2.000,0 2.000,0

3 Área de produção de laticínios 15.300,0 30.600,0 30.600,0

4 Recepção 256,0 256,0 256,0

5 Refeitório 60,0 60,0 60,0

6 Biopiscina 0,0 51,0 51,0

7 Marcenaria 0,0 650,0 650,0

8 Oficina mecânica de autos 0,0 650,0 650,0

9 Serralheria 650,0 650,0 650,0

10 Escola 280,0 280,0 280,0

11 Biblioteca 0,0 330,0 330,0

12 Quadra poliesportiva 0,0 530,0 530,0

14 Canil 1,0 1,0 1,0

15 Casa dos cuidadores 0,0 2.500,0 5.600,0

17 Academia 25,0 25,0 25,0

18 Centro de saúde 10,0 10,0 10,0

19 Oficina de construção 30,0 30,0 30,0

21 Área de convivência 0,0 9,0 9,0

22 Sala de meditação 0,0 9,0 9,0

23 Chiqueiro 10,0 10,0 10,0

24 Estacionamento 250,0 250,0 250,0

37 Lavanderia 41,5 207,5 415,0

42 Curral 0,0 0,4 0,4

TOTAL 18.372,0 46.401,4 57.416,4

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Gerador eólico de energia elétrica: a geração de energia

elétrica a partir da força dos ventos é particularmente

interessante em Botucatu. Sugerimos a instalação de duas

pequenas centrais de captação de energia eólica, além de ser

possível a instalação descentralizada em cada estrutura

construída. A empresa Enersud possui equipamentos viáveis

para a zona rural, tanto para energia eólica quanto solar:

http://www.enersud.com.br.

Gerador solar de energia elétrica: a instalação de painéis

fotovoltaicos é também uma ótima oportunidade de geração

de energia elétrica. Sugerimos a utilização da superfície dos

telhados direcionada a norte para sua colocação, aproveitando

o ângulo de maior incidência luminosa ao longo do ano.

Aquecedor solar de água: outro equipamento que pode ser

instalado na superfície dos telhados voltada para a face norte.

Ele promove o aquecimento da água a partir da energia solar

passiva, através de um sistema de mangueiras que se aquecem

e transmitem essa energia à água. Diversos modelos estão

disponíveis, inclusive de baixo custo.

Gerador hidráulico de energia elétrica de pequeno porte: o

sistema conectado de águas permite a instalação de pequenos

pontos de geração de energia elétrica, especialmente na área

A, onde estão adensadas quase todas as estruturas.

Acreditamos que seja possível gerar, pelo menos, energia

elétrica para manter a água em circulação na área de jardins

mais próxima à área de convivência e refeitório.

Além da produção de energia elétrica no sistema, planejamento um

sistema de produção de biogás a partir de um sistema de

biodigestão integrado. O biodigestor integrado permite a utilização

de matéria orgânica para essa produção, a qual pode ser utilizada na

cozinha.

O sistema é composto por uma série de tanques confinados e

abertos, onde acontecem processos de decomposição aeróbica e

anaeróbica. Como produto, além do biogás, há a liberação de água já

tratada, rica em nutrientes: uma parte dela é direcionada à irrigação

direta de plantas (especialmente de árvores), enquanto outra é

armazenada num lago com macrófitas, patos e peixes. Esse lago

também é conectado ao sistema de valas de infiltração e açudes,

contribuindo para o equilíbrio hídrico da área.

No nosso caso, o biodigestor será prioritariamente mantido pela

matéria orgânica proveniente das estruturas construídas na Área A,

sendo responsável pelo tratamento escuras (privada). Caso seja

necessário, podemos adicionar esterco suíno ou bovino ao sistema,

especialmente quando é preciso aumentar a quantidade de

microrganismos decompositores no sistema. As águas cinzas (pia,

banho, lavagem de roupas, lavagem de alimentos, cozinha) podem

ser direcionadas diretamente à zona de raízes do sistema.

Na seção de análise de elementos apresentamos mais detalhes sobre

a produção de biogás pelo biodigestor integrado; acreditamos que,

com ele, não seja possível atender totalmente às demandas de gás

na cozinha. Mesmo assim, ele gera uma quantidade significativa de

gás diariamente.

Consumo e produção de biogás

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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O momento de análise de elementos é uma situação de estudo

minucioso do que existe na área onde vamos trabalhar e

daqueles elementos que ainda não existem, mas que podem

ser inseridos futuramente no sistema.

A análise de elementos no design permacultural consiste num

processo fenomenológico de observação das características

intrínsecas, necessidade, produtos, funções e

comportamento de cada um dos elementos (animal, planta ou

estrutura) em uma dada localidade. Deve-se, num primeiro

momento, analisar o elemento de forma descontextualizada

para, num passo seguinte, avaliar se ele é ou não adequado

àquele local.

A seguir, buscamos estabelecer as relações entre os

elementos, levando-se em consideração duas premissas

básicas:

- Toda função deve ser desempenhada por, no mínimo, 2

elementos: essa premissa garante que o sistema seja

resiliente, ou seja, consiga responder bem e se recuperar de

eventuais danos ou imprevistos.

- As necessidades de um elemento devem ser supridas por,

no mínimo, 2 elementos: isso significa que um elemento

nunca dependerá de somente um outro elemento,

estabelecendo relações complexas dentro do sistema.

Descrição da análise

Na nossa situação, partimos de um contexto onde não havia

elementos a serem analisados. Essa situação pode ser confortável e

desconfortável ao mesmo tempo: por não temos um “Ponto de

partida” claro, havia muitas opções de elementos possíveis que

poderiam ser introduzidos, fato que despertou nossa criatividade e

busca incessante por informações. Como Bill Mollison diz em seu

livro Permaculture: A Designers’ Manual, o rendimento de um

sistema só é limitado pela nossa capacidade de imaginação.

Assim, elencamos 43 elementos para análise, os quais surgiram,

primeiramente, dos sonhos e aspirações da equipe da ARCAH para a

fazenda terapêutica. Depois, ao fazermos a análise desses

elementos, percebemos possibilidade/necessidade da colocação de

outros para que o sistema se tornasse o mais sustentável, resiliente e

complexo possível. Desses 43 elementos iniciais, apenas 2 foram

excluídos da proposta de design neste momento: cabras e ovelhas.

Consideramos que elas não seriam adequadas para o propósito da

área, pelo menos num primeiro momento.

Os dados apresentados no quadro 13 foram obtidos de diversas

fontes: pesquisas on-line, conversas com agricultores, professores

universitários, leitura de livros e mais livros de Permacultura,

agroecologia e afins, vídeos e muitas trocas de ideias com outros/as

permacultores e permacultoras. Sabemos que, dentro do vasto

universo de possibilidades, essas análises ainda são limitadas e

carecem de um olhar mais aprofundado por pessoas que detenham

um conhecimento mais específico de cada um desses elementos. Por

isso, não nos atentamos a detalhes como o material a ser utilizado

nas construções, sua forma, raças específicas de animais e

variedades de plantas para todas as áreas.

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

1

Alojamento (Módulo para 24 pessoas: 4

casas e 4 banheiros)

Aconchegante, termicamente confortável, ventilado, com espaços para dormir e guardar objetos, com

superfície de coleta de água, telhado verde, construído com

materiais apropriados, com superfície de coleta de água, reuso de água do banho e pia na privada.

Área: 160m²

Água (cisterna): 45.000l/ano, socialização, energia física e

mental, ervas condimentares e medicinais. Água (cisterna): 6.500l/ano, papel higiênico, resíduos orgânicos, águas cinzas (130l/dia) e escuras

(70l/dia)

Água (cisterna): limpeza (40l/dia), banho (400l/dia), pia

(96l/dia), privada (260l/dia), rega do telhado verde

(120l/dia), limpeza, manutenção, luz, plantas

crassuláceas, energia elétrica – 240 + 1.260 = 1.500kWh/mês,

móveis

Abrigo, relaxamento, socialização, depósito de

objetos pessoais. Higiene pessoal

Não se aplica

2

Cozinha (Capacidade de produção para 300 pessoas)

Limpeza rígida, fluxo constante de entrada e saída de alimentos e

pessoas, alto consumo energético, alto volume de resíduos, espaços

para recebimento, estocagem, produção e escoamento de

alimentos. Área: 100m²

Água (cisterna): 130.000l/ano, socialização, refeições, energia

térmica, matéria orgânica: 0,5kg/pessoa.dia

Ventilação, refrigeração, gás, iluminação, assepsia, manejo

de resíduos, controle de animais oportunistas, energia elétrica: 2.000kWh/mês, água:

4.000l/dia (preparo – poço), 2.000l/dia (louça – cisterna),

gás: 16kg/dia, forno a lenha e solar, mão de obra

Produção e conservação de

alimentos, socialização, separação de

resíduos, formação técnico-

profissional

Não se aplica

3

Área de produção de

laticínios (Capacidade

para 15 pessoas)

Limpeza constante, circulação de ar, área de maturação, área de

refrigeração, constante fluxo de entrada e saída de materiais e

pessoas. Área: 150m²

Água: 150.000l/ano, 150l/dia de leite ou 15kg/dia de queijo

ou 157l/dia de iogurte ou 3,5kg de manteiga ou 60kg de

doce de leite

Água: ordenha – 540l/dia, limpeza, manutenção, entrada

de luz, energia elétrica (510kWh/dia), leite, mão de

obra

Armazenamento, beneficiamento e

produção de laticínios,

socialização, formação técnico-

profissional

Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

4 Recepção

Termicamente confortável, ventilado, com espaços para

recepcionar visitante e famílias, com superfície de coleta de água,

telhado verde, tratamento de água cinza e escura, construído com

materiais apropriados. Área: 60m²

Água (65.000l/ano), socialização, ervas

condimentares e medicinais, frutas e folhas (pequena bacia de EVP), resíduos recicláveis e

não-recicláveis

Energia elétrica: 256kWh/mês; água: consumo (3l/dia - poço), banheiro (20l/dia - cisterna);

iluminação, segurança

Recepção, exposição de atividades,

impressão de documentos,

contato com o ambiente externo

Não se aplica

5 Refeitório

(Módulo para 50 pessoas)

Termicamente confortável, ventilado, com espaços para

alimentação, tratamento de águas cinzas e escuras, alto fluxo de

pessoas em períodos específicos. Área: 100m²

Resíduos orgânicos, água (130.000l/ano)

Água – consumo (25l/dia – poço), banheiro (125l/dia – cisterna), limpeza (25l/dia –

cisterna); limpeza, manutenção, entrada de luz,

energia elétrica – 60kWh/mês

Espaço para alimentação e

socialização Não se aplica

6 Biopiscina Plantas; filtros naturais, Segurança,

Pequeno Bioma – Peixes. Área Semiolímpica: 25m x 12,5m = 312m²

Área de lazer, Oxigenação

Necessidade menor, Água: 436m³ (iniciais), Bomba

hídrica, Plantas aquáticas, energia elétrica: 50,94

kWh/mês

Lazer e entretenimento

Não se aplica

7

Marcenaria (Capacidade

para 15 pessoas)

Espaço, setores, Unidades de trabalho, Estação. Área: 150m²

Água: 150.000l/ano, Móveis, Qualificação

Maquinário: Serra destopo, serra-circular,

desengrussadeira. Exaustor, extintor. Energia elétrica

(*cada máquina em média): 1.500W/220V = 647,24

kWh/mês

Ensino, manutenção,

móveis Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

8

Oficina mecânica de

autos (Capacidade

para 15 pessoas)

Estações, espaçoso, áreas sinalizadas. Área: 150m²

Água: 150.000l/ano, Qualificação, Peças, Conserto

de automóveis

Telhas translúcidas (60% economia de energia elétrica),

Caixa d’água (limpeza de peças), Óleo diesel renovável (3-/45 dias), energia elétrica:

647,24kWh/mês, limpeza

Ensino, Manutenção de

automóveis Não se aplica

9

Serralheria (Capacidade

para 15 pessoas)

Estações, espaçoso, áreas sinalizadas. Área: 150m²

Água: 150.000l/ano, Qualificação, Peças

Telhas translúcidas – 60% economia, Caixa d’água:

limpeza de peças, Óleo diesel renovável – 3-/45 dias, energia

elétrica: 647,24kWh

Ensino, Manutenção

ferramentas e estruturas

Não se aplica

10

Escola (4 salas de aula com

capacidade para 80 pessoas)

Dinâmico, salas, modular (4 Salas). Área: 120m²

Água: 120.000l/ano. Conhecimento, autonomia,

libertação

Espaços para diferentes tipos de atividades e públicos,

projetor (escuro às vezes), lousa, carteiras, equipamento audiovisual, energia elétrica:

278,35kWh/mês, água: banheiro (200l/dia - cisterna),

consumo (30l/dia)

Ensino, Pesquisa, Trocas

Não se aplica

11

Biblioteca (Espaço de estudo e depósito)

Silêncio, arejado, criativo. Área: 100m²

Água: 100.000l/ano. Artigos, Conhecimento, Texto,

Trabalhos

2m² por pessoa + 15m² por funcionário, redes, sofás, pufes, Iluminação natural,

funcionários, energia elétrica: 331,80kWh/mês

Ensino, Pesquisa Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

12 Quadra

poliesportiva

Ginásio coberto – captação de água, sinalização, iluminado, acesso facilitado. Área: 40m x 61m =

2440m²

Água: 2.440.000l/ano, Aulas, Times

Resina colorida, lama asfáltica, Pedrisco, pedra, vestiário, Iluminação LED (2000W),

energia elétrica: 530,94kWh/mês

Esporte, Apresentação,

Dança, Feira/Workshop,

Campeonato

Não se aplica

13 Galinheiro

(Módulo para 24 galinhas)

5 aves/m² (área coberta), 3m²/ave (piquete), fundo dos ninhos voltados para oeste, área de

postura, poleiros, área de abate, 10 piquetes de 80 m² (10 dias por piquete). Área interna: 50m²

Água: 50.000l/ano

Manutenção, cercado, área interna revestida com

substrato revestido com palha seca (5 a 8 cm) – trocado

periodicamente; galinhas (24); galos (2); árvores frutíferas

(poleiro e alimento –mamoeiro, castanhas, pitanga,

bananas e acerola)

Abrigo para as galinhas, Área de cultivo (piquetes), Coleta de água da chuva, proteção de predadores

Não se aplica

14 Canil

Espaços: área administrativa, alojamentos (box – espaço para

sono+banho de sol), sala do médico veterinário, área de

recreação/treinamento, depósito, área de quarentena. Área: 36m²

Água: 36.000l/ano, excrementos

Energia elétrica (lâmpadas 1 kWh/mês – 6 horas por dia), ficar distante das residências

Abrigo para os cães, coleta de água da chuva

Não se aplica

15

Casa dos cuidadores e bacia de EVP (Módulo para 7 famílias: 7

casas e bacias de

evapotrans-piração – EVP)

Conjuntos de casas próximas, construída com materiais

apropriados. Área: 90m² de área coberta por casa. Confortável

termicamente. Área da bacia de evapotranspiração: 6m²

100g fezes/pessoa.dia. Água: 630.000l/ano (Etapa 1);

1.260.000l/ano (Etapa 2). Embalagens de produtos.

Frutas e biomassa

Água (cisterna): limpeza (40l/dia), banho (400l/dia), pia

(96l/dia), privada (260l/dia), localização em área privada

água (poço): 60l/dia; energia elétrica

(2800kWh/pessoa.mês), gás (120m³/mês); internet,

manutenção, bacia de EVP

Habitação, convívio social, tratamento de

resíduos

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

16 Campo de

futebol

Dimensões: 100 a 110 metros de comprimento, 64 a 75 metros de

largura; Grama: Bermudas (Cynodon dactylon), a grama cresce até 1

cm/dia (altura ideal 24mm), laterais 30 cm mais baixas que o centro

(evita poças). Área: 10800m². Área de arquibancada: 400m²

Alimento para animais de pastoreio de pequeno e médio

porte, biomassa, água (arquibancada): 400.000l/ano

Grande Iuminosidade, tinta PVA (à base de água) ou cal.

Água (25mm de água/semana = 800m³/mês) – regar 2 vezes

por semana, pela manhã, arear o solo periodicamente

para minimizar a compactação pelo pisoteio (oficial). Corte de grama duas vezes por semana,

arquibancada

Lazer, Atividades físicas, Área de

pastagem Não se aplica

17

Academia (Capacidade

para 15 pessoas)

Vestiário (armário, chuveiros, vasos sanitários); área de musculação,

Área: 70 m²

Disposição, socialização, saúde física, água: 70.000l/ano

Mínimo de 14m² de janelas para iluminação, energia

elétrica (25kWh/mês), conforto térmico e arejado,

água: 10l/dia (poço) equipamentos (esteiras (2),

bicicletas (2), supino, leg press, chest press, puxador costas com remo, espaldar,

caneleiras, jogo de pesos (1 a 10kg), cadeira adutora e

abdutora, de flexão e extensão, bolas de pilates (2),

espelhos, som

Condicionamento físico, Saúde,

Lazer, Entretenimento

Não se aplica

18 Centro de

saúde

Local deve ser reservado, confortável e aconchegante; Sala de espera + consultório + lavabo. Área:

100m²

Água: 100.000l/ano, saúde física e mental

20% da área com janelas, água: 3l/dia (poço), banheiro (16l/dia - cisterna), limpeza (2l/dia – cisterna), energia

elétrica (10kWh/mês)

Atendimento psicológico,

odontológico e médico

Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

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Oficina de construção (Capacidade

para 15 pessoas)

Ambiente interno com poucas divisões (espaço amplo), banheiro, área administrativa. Área: 100m²

Construções, Material didático próprio, Água – 100.000l/ano

Portas grandes; ferramentas; armários; lousa; cadeiras (20); energia elétrica (30kWh/mês), água: 10l/dia (poço), limpeza

(25l/dia – cisterna)

Espaço educativo, Capacitação em

diferentes técnicas

construtivas, Coleta de água da

chuva

Não se aplica

20 Biodigestor integrado

Acelera o processo de decomposição, possuem três fases

de fermentação: acidogênica, acetogênica e metanogênica.

Modelos: cúpula fixa, campana móvel ou lona. Partes: caixa de entrada com grade, biodigestor,

biofiltro, zona de raízes, tanque de macrófitas, tubulação de ferti-

irrigação, tanque de peixes. Área: 68m² (tratamento) + 540m² (lago)

Biogás (CO2 + metano) (50l/pessoa.dia); Biofertilizante

Biomassa disponível, 1m³ implantado para cada 10

pessoas (Ex.: 42 pessoas X 60 litros/dia X 2 dias retido =

5m³), limpeza feita a cada 5 anos; verificar entupimentos

semanalmente

Decomposição de matéria orgânica,

Reciclagem de nutrientes,

tratamento de resíduos,

Eliminação de patógenos

Não se aplica

21

Área de Convivência (Capacidade

para 250 pessoas)

Externo, anexo ao refeitório, Iluminação, conforto, harmônico.

Área: 314m² (1º andar – coberto, 2º andar – vista e mirante). Sugestão de formato: geodésica. Forno de

pizza e churrasqueira

Água: 314.000l/ano, socialização

Cadeiras, bancos, mesas, 2 andares, água, acessos, espaço

amplo, energia elétrica: 9kWh/mês

Trocas, Experiências,

Esperança Não se aplica

22

Sala de meditação

(Capacidade para 15 pessoas)

Silêncio, área afastada, próxima a área de contemplação. Área: 50m²

Água: 50.000l/ano, paz, Tranquilidade, Felicidade

Quadro vivo, decoração harmônica, Almofadas,

energia elétrica: 2kWh/mês

Exercício da prática

Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

23

Chiqueiro (Capacidade

para 20 porcos)

Espaço em piquetes (600 a 900m² matriz instalada). Área coberta:

200m²

20-40 leitões/ano, água: 200.000l/ano

Área total (área coberta+piquetes): 2000m² - 2

matrizes (1.200-1.800m²) e área coberta (200m²), cercado

elétrico (um fio, 0,83kWh/mês), energia

elétrica: 10kWh/mês

Abrigo para os suínos, área de cultivo (plantas

com raízes profundas –batata

doce, dente de leão, urtiga e

confrei), Coleta de água da chuva

Não se aplica

24 Estaciona-

mento

Localização próxima ao destino dos visitantes (com vagas preferenciais).

Dimensões das vagas: Carros – 5,00x2,50 m Ônibus –

12,00mx3,50m. Área: 1.000 m². Formato circular, com praça e lago

no centro (recepção e despedida de visitantes), bancos

Recepção de visitantes, venda de produtos da fazenda

Ser construído em área com pouca declividade; marcas as

delimitações das vagas; árvores entre as vagas com copas densas e altas para o

sombreamento dos veículos; substrato que aguente

grandes cargas e não acumule água, iluminação (Lâmpada de

sódio 70W: 250kWh)

Organização a acomodação de

veículos (12 carros e 3 ônibus) em

uma determinada área; infiltração

de água

Não se aplica

25

Caminhos (pista de corrida,

bicicletas e maquinário)

3 larguras: 7m, 5m e 2m (dependendo do uso), material permeável, resistente a pesos.

Comprimento total: aproximadamente 2,4km

Socialização, bem-estar físico.

Iluminação, material adequado, dreno, energia

elétrica: 0,09kWh/mês, a cada luminária solar de 9 LEDs)

Conectar os terrenos, criar

rotas de acesso às estruturas físicas,

escoar os produtos

Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

26 Açude

Grande volume de água concentrado. Área terreno A: 1ha, dividido em 6 açudes. Área terreno

B: 1,5ha, dividido em 4 açudes, contenção impermeável,

ecossistema úmido

Água - área A: 10.000m³/ano, área B: 15.000m³/ano,

umidade, biota

Adequação do solo (impermeabilização),

movimentações de terra, bombas hidráulicas

Acumular água, criar microclima, conter erosões

Não se aplica

27 Cachorro Raça, tamanho, temperamento,

coloração, expectativa de vida (de 9 a 15 anos)

Filhotes, fezes, pelos

Água (60ml/kg.dia); ração/comida (10g /kg –

adultos e 100g + 10g/kg – filhotes); abrigo, outros cães, veterinário (quando doente),

atenção, espaço para se exercitar, “brinquedos”, banho (a cada 30 dias)

Interação com o ser humano,

guarda, pastoreio

Abanar a cauda, escavar, cheirar, lamber, saltar,

mastigar, morder, latir, marcar com

urina

28 Galinha

Raça – caipira (resistente) coloração, tolerância climática, peso médio –

caipira poedeira 2,3kg (adulta); Reprodução 6-24 meses (1 galo para

10 a 12 galinhas); 200 ovos/ano; expectativa de vida (15 anos), os pintinhos demoram 21 dias para

nascer

Pintinhos, ovos, carne (2,1 a 2,8kg), penas (mói e adiciona

aspegilos para deixar a queratina mais disponível –

ração), esterco (o mais rico em Nitrogênio e Fósforo –

140g/dia, curtir por 30 dias antes do uso), metano

Água (0,3l de água/dia - cisterna), comida 250g/dia de

alimento (milho e proteína, caule de bananeira, cana de

açúcar, tenebrio (larva), folhas secas de leucena), O2, abrigo,

outras galinhas, terra, luz, proteção de predadores

Limpar a terra, revolver a solo,

comer artrópodes indesejados (escorpiões,

baratas), adubar o solo, produzir

alimento

Ciscar, empoleirar, ativas

durante o dia, botam no início

da manhã

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

29 Vaca

Mamífero, grande porte, tempo de vida médio (20 anos), ruminante,

alta taxa de emissão de CO2 e metano, sociabilidade. Peso médio:

400kg

Leite (10l/dia), esterco (40kg/dia) e, eventualmente,

carne e couro

Água (cisterna) – consumo (70l/dia), limpeza (1.000l/dia), alimentação (capim), vacinas, abrigo, companhia, sombra,

acompanhamento veterinário, mão de obra. Área de 1,3ha (piquetes para 15 animais)

Produzir de leite, carne e adubo,

promover a socialização, controlar a pastagem

Vive em grupos, cuidado com a prole, calma

30 Ovelha Dócil, tempo de vida médio de 15 anos,

convive bem com outros animais, vai bem com bovinos, peso médio: 100kg

Leite (0,7l/dia), lã, fezes (0,16kg/dia.kg)

10l/dia de água, piquetes, limpeza, casqueamento, aleitamento a mão,

grama e trevo (herbáceas). Área: 4000 m² (5 ovelhas); 10.000 m² (18

ovelhas)

Produzir leite e lã, promover a

socialização, controlar a pastagem

Dócil, não tem mecanismos de defesa, sendo a

exceção o macho

31 Cabra Vida média de 10 a 12 anos, rústicos,

pequeno ruminante, peso médio: 50kg Leite (0,6l/dia), carne, fezes,

(0,16kg/dia.kg)

10l/dia de água, piquetes, companhia de outros da mesma espécie. Área

de: 4,57m² internos e 60m² externos por cabra, veterinário e vacinas

Produzir leite, controlar a pastagem

Abre portões, pula cerca, cava buraco

32 Porco

Piau – médio e rústico, muitas crias, boa para carne e banha. Nilo-canastra – sem pelos, grande,

produz muita banha e toucinho. Pirapitinga – poucos pelos, couro

preto, vai bem pastoreio ou pocilga, produz toucinho de qualidade. Caruncho – pequenos, pouco exigentes para alimentação, tranquilos, produzem muito

gordura, expectativa de vida (10 a 12 anos); leitegada de 11, gestação

(até 6 de 114 dias), lactação – 35 dias, 1,9 leitegada/ano. Peso médio:

250kg

Esterco 3,6kg/dia, Leitões, Carne (115kg – peso médio no

abate), banha, metano. No nosso caso: esterco (72kg/dia),

carne (2.300kg/ano)

Alimento 2,5kg/dia (milho, mandioca, aguapé, cana-de-

açúcar, feijão guandu, soro de leite), água (suíno de 50 a

150kg – 5 a 10 litros/dia, porca em lactação 35l/dia), abrigo,

O2, área de abate isolada, enriquecimento ambiental

(bolas de borracha, brinquedos, caixas)

Revirar o solo, comer insetos, adubar o solo,

dispersar sementes,

controlar ervas

Cheirar, fuçar, lamber, mastigar. Caudofagia – se ficarem ociosos

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

33 SAF I

(Manejo intensivo)

Composto por espécies frutíferas e de alto manejo, diverso,

autorregulável, estratificado, espécies perenes e anuais, porte

médio. Área: 2ha

Frutas, madeira para cobertura do solo, biomassa, legumes e

grãos

Próximo aos alojamentos (zona 2), adubo, cobertura vegetal, iluminação, poda,

irrigação, manutenção. Água: 50m³/ha.dia

Produzir alimentos, madeira e

biomassa, ciclar nutrientes, criar

microclimas, recuperar o solo

Similar ao de uma floresta

34

SAF II (Manejo menos

intensivo)

Composto por espécies lenhosas e de baixo manejo, diverso,

autorregulável, estratificado, espécies perenes, porte grande.

Área: 2ha

Madeira para lenha e construção, biomassa, bambu

Distante dos alojamentos (zona 3), adubo, cobertura vegetal, iluminação, poda,

irrigação, manutenção. Água: 50m³/ha.dia

Produzir madeira, bambu e

biomassa, ciclar nutrientes, criar

microclima, recuperar o solo.

Similar ao de uma floresta

35 Horta

agroecológica

Espécies: tomate, tomate-cereja, alho-poró, berinjela, jiló, chuchu,

repolho, couve, couve-flor, brócolis, batata, batata-doce, escarola, alface, rúcula, rabanete, nabo,

cebola, alho, pimentão, pimenta, solo coberto, diverso. Área: 1,5ha

Hortaliças, legumes, restos de matéria orgânica

Água (açude): 50.000l³/ha.dia, Composto: 200kg/dia

(5kg/dia.m²)

Produzir alimentos, ciclar

nutrientes Não se aplica

36 Sistema

agrosilvo-pastoril

Composto por espécies vegetais arbóreas (eucalipto, acácia, teca,

pau-de-balsa, mogno) e forrageiras (milho, sorgo, braquiária), bovinos e

ovinos, rotação. Área:

Lenha, grãos, biomassa Demarcação dos piquetes, cerca, água: 50m³/ha.dia,

plantio em aleias

Produzir madeira, grãos e biomassa,

reduzir as emissões de

carbono, promover bem-

estar animal

Não se aplica

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)

Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento

37 Lavanderia Próximo aos alojamentos, grande

volume água. Área: 40m²

Roupas limpas, água: 1200l/dia (120l/lavagem - 60 ciclos por

semana)

Água (cisterna): 1.200l/dia (120l/lavagem - 60 ciclos por

semana). Energia elétrica: 415kWh/mês, iluminação

Lavar (eventualmente, secá-las e passá-

las) as roupas, reutilizar a água

Não se aplica

38 Viveiro de hortaliças

Próximo as hortas. Área: 100m² Mudas de hortaliças para

expansão da horta Necessidade de 500l/dia de

água. Boa iluminação Gerar mudas Não se aplica

39 Viveiro de

arvores Próximo ao SAF I. Área: 100m²

Mudas de árvores para expansão dos SAFs

Necessidade de 500l/dia de água. Boa iluminação

Gerar mudas Não se aplica

40 Gerador solar

Instalado em telhados ou áreas agricultáveis. Voltado para a face norte. Custo médio de 7 reais por

kWh/mês

Conversão de energia solar em elétrica

Boa luminosidade, área designada

Promover autonomia energética

Não se aplica

41 Gerador

eólico Menor área, maior manutenção.

Conversão da energia do vento em elétrica

Menor área designada, manutenção no gerador, menos eficiente que solar

Promover autonomia energética

Não se aplica

42 Curral

(capacidade para 30 vacas)

Área: 60m² (4m²/animal), cerca, área coberta com divisórias

Abrigo, bem-estar animal, leite. Água (cisterna):

120.000l/ano

Água (descrito no elemento "Vaca"), conforto térmico,

cama, áreas para ordenha e armazenamento de leite.

Energia elétrica

Ordenhar, armazenar e

distribuir leite cru, abrigar as vacas

Não se aplica

43 Abelhas sem

ferrão

Jataí é a espécie mais popular. Fácil manejo e pouco gasto energético.

Alta taxa de nidificação

Mel: 1l por ano por ninho. Esse mel é pelo menos três vezes

mais valioso do que o de abelhas com ferrão

Caixa-isca, ninho e árvores Polinizar

Insetos sociais, formadores de colônias. Não

agressivas

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Trazemos, nas próximas páginas, o resultado do processo de

elaboração do design permacultural. Lembramos, porém, que

esse resultado é uma proposta que pode e deve sofrer

modificações ao longo do tempo.

Optamos por organizar a apresentação do processo de

implantação ao longo do tempo. Para isso, dividimos esse

processo em 2 momentos (Fase 1 e Fase 2), os quais são

representados na forma de mapas de vistas aéreas.

Acompanhando cada mapa, fazemos a descrição de seu

funcionamento e das relações entre os elementos dispostos.

A Fase 1 mostra as primeiras modificações que propomos para

as áreas antes do início da inserção de novos elementos. Como

já exposto, a área se encontra, atualmente, ocupada por

eucaliptos e sem nenhum tipo de edificação. Supomos que

esse processo inicial deva levar entre 6 meses e um ano para

acontecer, dependendo do volume de recursos disponíveis.

Trabalhamos com o cenário de acolhimentos dos primeiros

alunos do projeto – 12 pessoas. Além deles, contamos com a

presença de 7 famílias de cuidadores, que serão responsáveis

por dar início às atividades da fazenda terapêutica.

Aqui, elencamos os elementos que são essenciais para a vida

na área. Entendemos, porém, que ainda haverá necessidade

de um aporte grande de recursos externos, especialmente

para alimentação e outros materiais essenciais à vida.

Gradativamente, chegaremos ao cenário da Fase 2, que

contará com uma população de 240 alunos e 14 famílias de

cuidadores. Neste momento, a Área B, antes pouco manejada,

passar a ser mais integrada ao sistema e estabelecer conexões

com o entorno. Aqui, também, são iniciadas ações que

possuem objetivos em longo prazo, da ordem de 30 anos ou

mais.

As propostas de design que trazemos são apenas uma das

possibilidades de uso e ocupação das áreas possíveis – cada

grupo que desenvolvesse esse processo de design

permacultural chegaria a soluções diferentes para as questões

apresentadas, certamente. Esperamos que nossa pequena

contribuição possa ajudar nesse lindo processo de trabalho

que se inicia.

Além disso, é importante ressaltar que, devido a limitações

financeiras e de mão de obra, não temos certeza quanto

tempo levaremos para atingirmos a Fase 2, a capacidade

máxima da Fazenda Terapêutica. Assim sendo, os passos

intermediários serão variáveis, de acordo com as

possibilidades de implantação das novas estruturas.

Apresentação

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Figura 15. Mapa durante a Fase 1 do design permacultural na fazenda terapêutica da ARCAH, que representa as primeiras intervenções na área.

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A Fase 1 compreende as primeiras intervenções que faremos

na área. Atualmente ocupada por uma monocultura de

produção de eucaliptos, ela apresenta as características e

riscos típicos desse sistema produtivo: uso de agrotóxicos e

fertilizantes sintéticos, empobrecimento do solo e baixa

diversidade (apesar da existência de um sub-bosque inicial).

Como a área não foi manejada após o primeiro corte, houve

rebrota em todas as árvores plantadas: cada uma delas possui

entre 3 ou 4 troncos desenvolvidos, com diâmetro que variam

de 0,1 a 0,25 metros e altura entre 10 e 15 metros. Por essa

característica, também, pouca luz incide entre as fileiras, as

quais são orientadas seguindo o perfil do terreno (de acordo

com as curvas de nível).

Após uma série de reuniões e propostas de intervenção,

optamos por elencar a maior parte dos elementos da fazenda

terapêutica na Área A, já que algumas regiões já sofreram

movimentações de terra, sua declividade é menor e ela se

encontra a leste do Aterro Sanitário, evitando que o cheiro

forte de decomposição de matéria orgânica seja constante. Na

Área B, elencaríamos a Vila dos Cuidadores e outros elementos

de maior extensão e menor manejo, os quais seriam ocupados

futuramente – talvez com outra situação de ocupação da área

do aterro (encontramos informações que ele tem capacidade

para mais 10 ou 20 anos, dependendo da fonte).

Por isso, propomos como primeira intervenção na área o corte

dos eucaliptos e posterior destoque de suas raízes na parte

superior da Área A (do limite superior até a primeira curva de

nível) e das áreas destinadas aos Alojamentos e Biodigestor,

com exceção de uma faixa de 20 metros nas bordas para

circundar o terreno, a qual servirá como quebra-ventos.

A madeira retirada neste momento pode ser estocada para

utilização em construções (sugerimos as técnicas cordwood e

pau-a-pique) e lenha ou ser vendida. Nas áreas destinadas à

Horta Agroecológica, não há necessidade da realização do

destoque das árvores, já que é possível a realização do manejo

nas entrelinhas e seu sistema radicular será decomposto ao

longo do tempo, garantindo um bom estoque de matéria

orgânica em decomposição.

Após essa retirada de eucaliptos desta região, recomendamos

a realização das movimentações de terra necessárias para a

adequação do terreno, com terraplenagem e construção dos

primeiros açudes e caminhos principais. Neste momento, seria

mais indicado a construção dos 6 açudes previstos para a Área

A (A1, A2, A3, A4, A5 e A6), além das swales que os conectam,

para que pudéssemos aproveitar o maquinário pesado

utilizado nesse tipo de intervenção. Além disso, o biodigestor,

que tem o tanque de piscicultura como seu último estágio, já

poderia ser construído.

Fase 1

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Neste momento, também, daríamos início à implantação da

Horta Agroecológica, a qual pode ser integrada a piquetes com

galinhas. O planejamento desse sistema de produção de

alimentos contempla a expansão modular da área ocupada

proporcionalmente à quantidade de pessoas que habitarem a

fazenda terapêutica.

Na Fase 1, compreende-se que a fazenda terapêutica ainda

precisará de recursos energéticos externos, os quais serão

gradativamente diminuídos. Por isso, sugerimos aqui a

abertura de dois poços, um em cada área, para o fornecimento

de água potável aos moradores. Além disso, seria interessante

trabalhar para a implantação da zona de produção de energia

elétrica a partir de painéis fotovoltaicos e dos ventos.

Quanto às estruturas, pensamos em construir aquelas

consideradas essenciais ao início das atividades. Assim sendo,

na Área A seriam construídos um módulo dos alojamentos, a

cozinha e o refeitório e o galpão destinado à manutenção das

ferramentas e equipamentos. Um pouco mais distante desse

núcleo, propomos a instalação da lavanderia.

No restante da Área A, sugerimos o manejo dos eucaliptos já

estabelecidos para viabilizar a implantação do Sistema

Agrossilvopastoril. Por isso, seria importante a construção de

um curral para abrigar os animais, essenciais a esse sistema

produtivo.

Fase 1

Nesse sistema, através do consórcio de uma espécie arbórea

(eucalipto), lavoura (soja, milho, cana-de-açúcar, mandioca,

pastagem, adubos verdes, etc.) e animais (gado bovino e/ou

ovelhas), há a possibilidade de um aproveitamento maior e

sustentável da área.

As árvores geram um ambiente mais adequado ao bem-estar

dos animais, os quais contribuem para o restabelecimento da

fertilidade do solo com o esterco que produzem. Nas

entrelinhas dos eucaliptos, as lavouras promovem um

descanso, descompactação e nitrogenização do solo, além de

produzir alimentos ao gado e para consumo humano.

O manejo básico do Sistema Agrossilvopastoril consiste na

manutenção de um indivíduo de eucalipto a cada três

existentes atualmente, formando um intervalo de 6 metros

entre cada eucalipto. Nos intervalos de 6 metros aconselha-se

plantar árvores nativas para aumentar a diversidade do

sistema. São indicadas espécies como bracatinga, acácia

manjum, bananeira, pau-jacaré, ingá, cedro e mogno, além de

outras espécies de diferentes estágios sucessionais, tanto

típicas do cerrado quanto de mata atlântica.

Entre as linhas já existentes de eucaliptos, sugerimos a

supressão de duas a cada três delas, com o intuito de formar

uma área de pastagem de 14 metros de largura entre as linhas

mantidas.

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O preparo básico do solo consiste, primeiramente, no uso de

um subsolador (grade pesada e em sequência grade leve). A

seguir, promove-se a semeadura: a área de pastagem será

semeada a lanço com gramíneas, crotalária, soja-perene,

feijão- guandu, milheto, girassol, stylosanthe-mineirão e outras

espécies adequadas de adubação verde ao longo das estações.

Para incorporação dessas sementes ao solo, sugerimos o uso

de uma grade leve. A seguir, sugerimos subdividir as áreas do

sistema em piquetes delimitados por cerca elétrica, alimentada

por painel solar. Propormos a implantação de 8 piquetes com

áreas médias de 0,7ha, respeitando a disposição dos

elementos no design final. Esse sistema tem a capacidade de

comportar 4 ou 5 vacas, além de 1 touro, os quais serão

rotacionados nos piquetes a cada 4 dias. Ao longo do tempo,

com a melhoria da qualidade do solo, é possível comportar um

número maior de animais.

Quanto à Área B, sugerimos o corte dos eucaliptos e destoque

de suas raízes na região mais superior do terreno, com

exceção da borda (20m) a oeste. Essa porção do terreno seria

utilizada para a construção da Vila dos Cuidadores. No restante

da área, sugerimos a continuidade do manejo dos eucaliptos

plantados, já que eles podem gerar renda nos primeiros anos

do projeto – seriam necessários 5 anos de manejo até sua

venda. Há a opção de manter o manejo ou buscar outros

possíveis compradores do material que permitam o manejo da

área sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

Fase 1

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Figura 16. Design da Fase 2 da fazenda terapêutica da ARCAH, que representa o funcionamento completo da propriedade, com população máxima.

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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu

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A Fase 2 do projeto de Design Permacultura da Fazenda

Terapêutica da ARCAH representa o sonho, o momento em

que ela atinge sua capacidade de moradores e todos os

elementos planejados estão construídos. Nessa fase, podemos

compreender o funcionamento integrado da propriedade.

Ao levarmos em considerações os passos do método de design

permacultural, buscamos dispor os elementos na propriedade

de acordo com a setorização, planejamento por zonas e maior

aproveitamento energético.

Assim sendo, a maior parte das estruturas construídas está

localizada na região Norte da Área A. A seguir, elencamos

elementos e regiões onde há menor necessidade de visitas

foram elencados a distâncias maiores. A descrição mais

detalhada das características, funções, comportamentos,

necessidades e produtos de cada elemento estão apresentadas

na seção “Análise de elementos”.

A primeira estrutura construída, à nordeste do terreno, é a

recepção, acompanhada do estacionamento. Esses elementos

objetivam receber os visitantes da fazenda, assim como

controlar a entrada e saída de pessoas e produtos. Ao

adentrarmos a fazenda, passaremos por uma área de floresta,

como uma transição para o novo ambiente que o local traz aos

moradores e visitantes.

Ao caminharmos pela estrada principal, deparamo-nos com

uma série de estruturas, todas elas construídas de forma a

captar e armazenar as águas pluviais. Todas essas estruturas

estão conectadas entre si, direcionando o excedente de água

para o sistema de valas de infiltração e açudes. Além disso,

toda a água liberada a partir de pias, chuveiros, privadas e

máquinas de lavar (águas escuras e cinzas), é direcionada ao

sistema do biodigestor integrado.

Tomando a direita da estrada na bifurcação, ao lado do poço e

da zona de produção de energia elétrica, encontram-se as

oficinas de formação profissional dos alunos: oficina

mecânica, serralheria, marcenaria e de construção. Voltando

à bifurcação e olhando à esquerda, encontramos o galpão de

manutenção, que atenderá a todas as oficinas e também

servirá como abrigo ao maquinário e equipamentos

necessários ao dia a dia da fazenda terapêutica.

Logo após, à nossa frente, observamos o ginásio e a academia,

os quais ficam próximos da biopiscina e do campo de futebol,

este com uma arquibancada que, além de permitir a presença

de pessoas para acompanhar as partidas, também coletará

água das chuvas e a direcionará à biopiscina. Próximo a essa

área de esportes, localiza-se o canil, disposto aqui por estar

relativamente próximo às Zonas 0 e 1 da propriedade, mas não

a ponto de incomodar os alunos devido ao barulho.

Fase 2

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Para continuar o passeio pelo design da fazenda terapêutica,

retornamos à bifurcação inicial, mas agora caminharemos pela

estrada principal em direção ao Sul. Ali, em meio a um belo

jardim florestal, passaremos pela zona de produção de ervas

condimentares e medicinais, localizada ao lado do refeitório e

da cozinha, todos ao lado direito da estrada. Do lado esquerdo

dela, estarão os alojamentos, com capacidade para 240

alunos, bem próximos aos quebra-ventos que criarão um

microclima aconchegante na área. Próximo a eles, fica a

lavanderia, acessada por meio de uma trilha. Ainda mais

isolada fica a área de meditação.

A seguir, tomaremos à direita por um caminho secundário e

chegaremos à área de convivência, onde todos podem se

reunir nos períodos anteriores e posteriores às refeições, além

de receberem visitas e participarem de eventos culturais e de

formação. Logo à frente, estão a escola e a biblioteca, locais

de formação dos alunos. Um pouco mais reservado, a Norte,

está o Centro de Saúde.

Ainda no mesmo secundário, olhando à esquerda, veremos os

dois primeiros açudes (A1 e A2) e, caminhando um pouco

mais, chegaremos à região da horta agroecológica, integrada

com as galinhas. Próximo aos açudes, temos o viveiro de

produção de hortaliças, ali disposta por ser uma região mais

sombreada e bastante úmida, além de ser próxima à horta.

Ao continuarmos pelo caminho secundário, voltaremos à

estrada principal. Nela, já podemos visualizar o SAF I e, no

meio dele, os açudes A3 a A6. Logo à frente, encontramos o

tanque de piscicultura, última etapa do sistema de biodigestão

integrado e que, além de fornecer alimento aos moradores,

também produz água rica em nutrientes para ser utilizada no

SAF.

Ao voltarmos a caminha pela estrada principal, observamos à

direita a região de criação de porcos e o chiqueiro. Atrás deles,

vemos a região de compostagem, que produzirá húmus

utilizado em todas as regiões de produção vegetal da fazenda

terapêutica.

Logo abaixo dessa região, há o espaço para produção de

laticínios e o curral, à direita, além de um viveiro de espécies

arbóreas à esquerda. O curral serve de abrigo ao gado bovino,

que integra o sistema agrossilvopastoril.

É importante ressaltar, aqui, que o sistema agrossilvopastoril

contribuiu enormemente para a recuperação da qualidade do

solo e que sua área foi reduzida ao longo do tempo para a

construção dos elementos acima citados. Além disso,

ressaltamos que o manejo integrado de plantas e animais

permite que a localização dessas áreas se modifique

constantemente, sendo possível o deslocamento dos animais

para diferentes áreas e a rotação de culturas no solo, para que

ele permaneça sempre fértil.

Fase 2

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Assim, chegamos aos limites da área A e cruzaremos a zona de

servidão de energia elétrica, por baixo das torres de alta

tensão. Mesmo nessa área, visando o máximo aproveitamento

do terreno, sugerimos a manutenção de lavouras, com

espécies como cana-de-açúcar, mandioca, abóbora, batata-

doce, milho, feijão, etc.

Assim, caminhando mais um pouco, adentramos pela face Sul

da Área B, onde se encontra o SAF II, parte da reserva legal. Ali

encontramos árvores de interesse madeireiro, especialmente.

No meio dele, há o açude B3, que cria uma região de umidade

e permite a rega das mudas das plantas.

Se olharmos para a área mais baixa do terreno, a Sul,

visualizaremos a área de regeneração da reserva legal, nossa

zona 5. Ali está o açude B4, na região onde é possível coletar o

maior volume de água, devido à topografia do terreno. Essa

zona foi aqui alocada pela observação realizada durante a

leitura da paisagem, quando percebemos alguns fragmentos

naturais e uma zona de umidade nesta região – a conexão

desses fragmentos traz uma maior qualidade ambiental a essa

área, promovendo o restabelecimento de populações nativas

de plantas e animais.

Ao continuarmos a caminhada pela estrada principal,

observamos, à direita, uma região de produção de plantas

medicinais, as quais foram planejadas em parceria com a

empresa Centroflora.

Nessa região, encontramos mais um açude (B2), que tem como

principal função irrigar a plantação. Do outro lado da estrada,

já podemos observar o açude B1.

Por fim, chegamos a mais um belo jardim florestado e, em

meio a ele, nem percebemos a presença de bacias de

evapotranspiração, já totalmente integradas ao contexto. Elas

se encontram ali pela Vila dos Cuidadores, local onde residem

as 14 famílias que gerenciam a fazenda terapêutica e cuidam

da recuperação e formação dos alunos.

Todo este sonho que aqui descrevemos traz os elementos

característicos de um design permacultural, de forma que a

fazenda terapêutica seja sustentável ao longo do tempo, com

intensa complexidade (muitas relações) entre os elementos

dispostos.

Além disso, ele carrega consigo os princípios éticos que

nortearam todas as escolhas que fizemos: se não tivéssemos

como fundamentação o cuidado com as pessoas, cuidado com

a Terra e a partilha justa dos excedentes, nada neste design

permacultural faria sentido.

Por fim, reforçamos novamente: esta proposta de design não é

estática e, certamente, sofrerá modificações ao longo do

tempo. Nossa principal intenção foi criar um norte para as

ações deste belíssimo projeto, mas seus detalhes ainda devem

ser estudados para que ele funcione de maneira harmônica.

Fase 2

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