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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL JANAINA PENA SOARES DE OLIVEIRA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO CRÍTICO DE FLAMBAGEM LATERAL COM DISTORÇÃO EM VIGAS MISTAS CONTÍNUAS DE AÇO E CONCRETO COM PERFIS DE ALMA SENOIDAL VITÓRIA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JANAINA PENA SOARES DE OLIVEIRA

DETERMINAÇÃO DO MOMENTO CRÍTICO DE FLAMBAGEM

LATERAL COM DISTORÇÃO EM VIGAS MISTAS CONTÍNUAS DE

AÇO E CONCRETO COM PERFIS DE ALMA SENOIDAL

VITÓRIA 2014

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JANAINA PENA SOARES DE OLIVEIRA

DETERMINAÇÃO DO MOMENTO CRÍTICO DE FLAMBAGEM LATERA L COM

DISTORÇÃO EM VIGAS MISTAS CONTÍNUAS DE AÇO E CONCRE TO COM

PERFIS DE ALMA SENOIDAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração Estruturas. Orientador: Adenilcia Fernanda Grobério Calenzani.

VITÓRIA 2014

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JANAINA PENA SOARES DE OLIVEIRA

DETERMINAÇÃO DO MOMENTO CRÍTICO DE FLAMBAGEM LATERA L COM

DISTORÇÃO EM VIGAS MISTAS CONTÍNUAS DE AÇO E CONCRE TO COM

PERFIS DE ALMA SENOIDAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de Estruturas.

Aprovada em 09 de Maio de 2014.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa.Dra. Adenilcia Fernanda Grobério Calenzani Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora Prof. Dr. Walnório Graça Ferreira Universidade Federal do Espírito Santo Examinador interno Prof. Dr. Ricardo Hallal Fakury Universidade Federal de Minas Gerais Examinador externo

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pela força concedida para concretização deste

trabalho.

A professora Adenilcia Fernanda Grobério Calenzani, pelos ensinamentos

transmitidos, pela orientação, pela dedicação, pela confiança, pelo incentivo e,

sobretudo, pela amizade.

Aos meus pais, irmãos e namorado, pelo incentivo, pelo apoio nos momentos mais

difíceis e pela compreensão das minhas ausências.

A todos os professores, funcionários e colegas da área de Estruturas do curso de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Espírito Santo, pela agradável

convivência durante a realização deste trabalho.

A FAPES pela bolsa de estudos, ao CNPq e à CAPES pelo apoio para o

desenvolvimento desta pesquisa.

A todos, que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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RESUMO

As vigas mistas de aço e concreto estão sendo largamente utilizadas em

construções de edifícios e pontes. Ao se combinar o aço com o concreto obtêm-se

estruturas mais econômicas, uma vez que se tira proveito das melhores

características de cada material. Nas regiões de momento negativo de uma viga

mista contínua, a mesa inferior e parte da alma estão comprimidas, se a alma do

perfil não tiver rigidez suficiente para evitar a flexão lateral, ela distorcerá gerando

um deslocamento lateral e um giro na mesa comprimida, caracterizando um modo

de flambagem denominado flambagem lateral com distorção (FLD). O procedimento

de verificação à FLD da EN 1994-1-1:2004 originou o método de cálculo da ABNT

NBR 8800:2008, entretanto a EN 1994-1-1:2004 não fornece expressão para o

cálculo do momento crítico elástico, enquanto a ABNT NBR 8800:2008 prescreve

uma formulação proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990) desenvolvida para vigas

mistas com perfis de alma plana. Embora as normas prescrevam um método de

verificação à FLD para vigas mistas com perfis de alma plana, poucos estudos têm

sido feitos sobre esse estado-limite. Além disso, tanto a ABNT NBR 8800:2008

quanto as normas internacionais não abordam perfis de alma senoidal. Neste

trabalho, foram implementadas análises de flambagem elástica, com auxílio do

software ANSYS 14.0 (2011), em modelos de elementos finitos que retratem o

comportamento à FLD de vigas mistas de aço e concreto com perfis de alma plana e

senoidal. Os modelos numéricos foram constituídos pelo perfil de aço, por uma mola

rotacional que restringe parcialmente o giro da mesa superior e uma restrição ao

deslocamento lateral, ao longo de todo o comprimento da viga. Os resultados

numéricos são comparados com os obtidos pelas formulações de Roik, Hanswille e

Kina (1990) e de Hanswille (2002), adaptadas para levar em consideração a

corrugação da alma do perfil de aço. Para avaliação das formulações supracitadas e

da consistência da modelagem numérica adotada, o momento crítico elástico foi

determinado para vigas mistas com perfis de aço de alma plana. Como resultado,

um método para o cálculo do momento crítico elástico de vigas mistas de alma

senoidal é proposto.

Palavras chaves: Flambagem Lateral com Distorção, Vigas Mistas Contínuas,

Rigidez Rotacional, Momento Crítico Elástico.

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ABSTRACT

The composite steel-concrete beams have been widely used in the constructions of

buildings and bridges. The interaction between the steel and concrete leads to

economic structures, because it is possible to take out the best of what each material

can offer. In the negative moment region of continuous composite beams, the bottom

flange and part of the web are compression. If the web of the steel profile doesn’t

have enough stiffness to avoid the lateral flexural, the flange will displaced laterally.

This instability is known as distortional lateral buckling. The procedure for verification

the distortional lateral buckling of EN 1994-1-1:2004 originated the calculation

method of ABNT NBR 8800:2008. But the EN 1994-1-1:2004 do not offer the

expression to determine the elastic critical moment while the ABNT NBR 8800:2008

prescribes a formulation proposed by Roik, Hanswille e Kina (1990) developed for

composite beams with plane web profiles. Even though the standards prescribe the

verification of distortional lateral buckling for the composite beams with plane web

profiles, few studies have been made about this limit state. Moreover, the ABNT NBR

8800:2008 and international standards do not approach about sinusoidal-web

profiles. In this paper, was implemented elastic buckling analysis in finite element

models using the software ANSYS 14.0 (2011). These models describe the behavior

of distortional lateral buckling of composite beams with plane web and sinusoidal-

web profiles. The numeric models were composed by steel profile, rotational spring

and lateral restraint, both applied along the beam span to restrain the steel top

flange. The numerical results are compared with the formulation of Roik, Hanswille e

Kina (1990) and Hanswille (2002), adapted to consider the corrugation of the

sinusoidal-web profile. To evaluate the formulations and consistency of the numerical

model, the elastic critical moment was determined for composite beams with plane

web profile. Finally, a procedure for determining elastic critical moment of composite

beams with sinusoidal-web profile is proposed.

Keywords: Distortional Lateral Buckling, Continuous Composite Beams, Rotational Stiffness, Elastic Critical Moment

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Interação aço e concreto nas vigas mistas .............................................. 9

Figura 1.2 - Distribuição de momento de flexão ........................................................ 11

Figura 1.3 - Flambagem lateral com distorção .......................................................... 12

Figura 1.4 - Mecanismo “U” invertido ........................................................................ 13

Figura 1.5 - Rigidez rotacional de uma viga mista para o mecanismo “U” invertido .. 14

Figura 1.6 - Vigas com alma corrugada .................................................................... 15

Figura 1.7 - Dimensões dos perfis e geometria das almas senoidais ....................... 16

Figura 2.1 - Mecanismo “U” contínuo e discreto ........................................................ 21

Figura 2.2 - Viga mista aço e concreto protendida por cabos externos na região de momento negativo ..................................................................................................... 24

Figura 2.3 - Modelo restringido .................................................................................. 26

Figura 2.4 - Flambagem lateral ................................................................................. 29

Figura 2.5 - Deformação típica da mesa inferior na FLD ........................................... 29

Figura 2.6 - Flambagem local (FL) da mesa comprimida .......................................... 30

Figura 2.7 - Flambagem lateral com distorção e flambagem lateral restringida ........ 30

Figura 2.8 - Valor de χdist em função do índice de esbeltez λdist ................................ 32

Figura 2.9 – Determinação das rotações .................................................................. 39

Figura 2.10 - Deformação da mesa superior e da alma de perfis de aço .................. 41

Figura 2.11 – Viga mista com mecanismo “U” contínuo ............................................ 45

Figura 2.12 – Sistema equivalente de Roik, Hanswille e Kina (1990) ....................... 46

Figura 2.13 – Diagrama de momento fletor de viga mista contínua .......................... 51

Figura 2.14 – Diagrama de momento equivalente ..................................................... 51

Figura 2.15 – Enrijecedores ..................................................................................... 51

Figura 2.16 – Deformação da seção transversal ....................................................... 52

Figura 2.17 – Sistema equivalente de Hanswille (2002) ........................................... 54

Figura 2.18 – Carga crítica elástica Ncr e momento crítico elástico Mcr em função de ηk e ηB ....................................................................................................................... 57

Figura 2.19 – Coeficiente de flambagem βB para vigas com momentos de extremidade e carga uniformemente distribuída ....................................................... 58

Figura 2.20 – Coeficiente de flambagem βB para vigas com momentos de extremidade e carga concentrada no meio do vão .................................................... 59

Figura 2.21 – Melhoramento do método da coluna com apoio elástico .................... 62

Figura 2.22 – Momento fletor equivalente para a FLD .............................................. 67

Figura 2.23 – Diagrama de momento fletor para vigas mistas contínuas internas .... 68

Figura 2.24 – Esquema da 2° etapa do método simplificado .................................... 68

Figura 2.25 – Diagrama de momento fletor simétrico para vigas mistas contínuas internas ..................................................................................................................... 68

Figura 2.26 – Diagrama de momento fletor não simétrico para vigas mistas contínuas internas ..................................................................................................................... 69

Figura 3.1 – Curva de flambagem ............................................................................. 71

Figura 3.2 – Modelo numérico simplificado ............................................................... 76

Figura 3.3 – Elementos de casca – Shell 181 ........................................................... 76

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Figura 3.4 – Elementos de mola – Combin 14 .......................................................... 77

Figura 3.5 – Momento crítico x número de elementos .............................................. 78

Figura 3.6 – Malha dos modelos com perfis de alma plana ...................................... 78

Figura 3.7 – Malha da mesa dos modelos com perfis de alma senoidal ................... 79

Figura 3.8 – Perfil de alma senoidal com um comprimento de onda igual a 15,5cm. 79

Figura 3.9 – Condições de contorno do modelo numérico ........................................ 81

Figura 3.10 – Diagrama de momento fletor para vão extremo com carga distribuída .................................................................................................................................. 81

Figura 3.11 – Diagrama de momento fletor para vão interno com carga distribuída . 83

Figura 3.12 – Vão com momento fletor linear............................................................ 84

Figura 3.13 – Seção transversal e condição de carregamento ................................. 85

Figura 3.14 – Modelo validação para vão extremo de viga mista contínua ............... 86

Figura 3.15 – Modelo validação para vão com momento fletor constante ................ 87

Figura 3.16 – Modelo validação para vão interno de viga mista contínua ................. 87

Figura 3.17 – Coeficiente β para vão com momento fletor linear .............................. 89

Figura 4.1 – Seção transversal do modelo numérico ................................................ 95

Figura 4.2 – Mcr x ψ para vigas mistas submetidas a momento fletor negativo linear (carregamento - caso 1) .......................................................................................... 100

Figura 4.3 – Mcr x ψ para vigas mistas submetidas a momento fletor linear ........... 100

Figura 4.4 – Mcr x ψ para vão extremo com carga distribuída ................................. 101

Figura 4.5 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 1) ................................................................................................................................ 102

Figura 4.6 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 2) ................................................................................................................................ 102

Figura 4.7 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 3) ................................................................................................................................ 102

Figura 4.8 – Diagramas de momento fletor nas vigas mistas contínuas de vão extremo e vão interno com ψ = 0,5 ......................................................................... 103

Figura 4.9 – Mcr x k1 para vão com momento fletor negativo constante .................. 105

Figura 4.10 – Mcr x k2 para vão com momento fletor negativo constante ................ 105

Figura 4.11 – Mcr x k3 para vão com momento fletor negativo constante ................ 106

Figura 4.12 – Mcr x L para vão com momento fletor negativo constante ................. 106

Figura 4.13 – Mcr x Iaf,y para vão com momento fletor negativo constante............... 107

Figura 4.14 – Mcr x k1 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ............... 109

Figura 4.15 – Mcr x k2 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ............... 109

Figura 4.16 – Mcr x k3 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ............... 110

Figura 4.17 – Mcr x L para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ................ 110

Figura 4.18 – Mcr x Iaf,y para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ............. 110

Figura 4.19 – Mcr,num x Mcr,prop para vãos com momento fletor negativo constante .. 117

Figura 4.20 – Mcr,num x Mcr,prop para vãos extremos com carga distribuída e ψ = 1,0 ................................................................................................................................ 117

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Coeficiente Cdist para vigas contínuas com carregamento no comprimento L ........................................................................................................... 33

Tabela 2.2 – Coeficiente Cdist para vigas contínuas e semicontínuas sem carregamento no comprimento L ............................................................................... 34

Tabela 2.3 – Coeficientes de Cdist para vigas semicontínuas submetidas a carregamento uniformemente distribuído no comprimento L .................................... 34

Tabela 2.4 - Valores propostos para a rigidez da conexão, k3, de vigas mistas com perfis de alma senoidal e lajes planas ....................................................................... 42

Tabela 2.5 - Valores propostos para a rigidez da conexão, k3, de vigas mistas com perfis de alma senoidal e lajes mistas ....................................................................... 43

Tabela 2.6 – Valores de Cdist para vãos com cargas transversais ............................. 49

Tabela 2.7 – Valores de Cdist para vãos sem cargas transversais ............................. 49

Tabela 2.8 – Analogia entre a barra comprimida em fundação elástica e o problema da FLD ...................................................................................................................... 56

Tabela 3.1 – Modelos numéricos para validação ...................................................... 88

Tabela 3.2 – Resultados obtidos para validação ....................................................... 88

Tabela 4.1 – Modelos numéricos para análise do parâmetro Cdist ............................ 96

Tabela 4.2 – Modelos numéricos para análise da influência das rigidezes rotacionais, do comprimento da viga e da inércia da mesa do perfil de aço no Mcr de vão com momento fletor constante .......................................................................................... 97

Tabela 4.3 – Modelos numéricos para análise da influência das rigidezes rotacionais, do comprimento da viga e da inércia da mesa do perfil de aço no Mcr de vão extremo com carga distribuída ................................................................................................ 98

Tabela 4.4 – Momento crítico elástico variando o parâmetro Cdist ............................. 99

Tabela 4.5 – Momento crítico elástico para vãos de momento fletor linear constante ................................................................................................................................ 104

Tabela 4.6 – Momento crítico elástico para vãos extremos com carga distribuída e ψ = 1,0 ..................................................................................................................... 108

Tabela 4.7 – Valores de Cdist para vãos com cargas distribuídas ............................ 112

Tabela 4.8 – Valores de Cdist para vãos sem cargas transversais ........................... 112

Tabela 4.9 – Comparação entre o Mcr numérico e proposto para vão com momento fletor constante ........................................................................................................ 115

Tabela 4.10 – Comparação entre o Mcr numérico e proposto para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0 ...................................................................................... 116

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LISTA DE SÍMBOLOS

A - área

bf – largura da mesa

bw – altura total da onda senoidal

Cdist – fator de modificação do diagrama de momento fletor

Cw – constante de empenamento

d, e – distância

E, Ea – módulo de elasticidade do aço

F - força

fy – resistência ao escoamento do aço

fs – resistência ao escoamento da armadura

G – módulo de elasticidade transversal do aço

h - altura

I – momento de inércia

J – constante de torção

k – rigidez rotacional

L – vão

Mcr – momento crítico elástico

M-Rd – momento fletor resistente de cálculo

MSd– momento fletor solicitante de cálculo

q – carga uniformemente distribuída

tf – espessura da mesa

tw – espessura da alma

r – raio de giração

y - distância

w – comprimento da onda senoidal

α – coeficiente

δ - deslocamento

λ – índice de esbeltez

υ – coeficiente de Poisson

χ – fator de redução associado à resistência à compressão

ψ − fator de redução de ações

λ - coeficiente de ponderação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9

1.1 Vigas mistas de aço e concreto .................... .............................................. 9

1.2 Vantagens e desvantagens das vigas mistas contínuas de aço e concreto .......................................... ......................................................................... 10

1.3 Flambagem lateral com distorção ................... ......................................... 12

1.4 Mecanismo “U” invertido ........................... ............................................... 13

1.5 Perfis de alma senoidal ........................... .................................................. 14

1.6 Objetivos ......................................... ............................................................ 17

1.6.1 Objetivo geral ............................................................................................... 17

1.6.2 Objetivos específicos ................................................................................... 17

1.7 Justificativa ..................................... ........................................................... 18

1.8 Estrutura da dissertação .......................... ................................................. 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................. ........................................... 20

2.1 Introdução ........................................ ........................................................... 20

2.2 Pesquisas sobre o comportamento de vigas mistas con tínuas de aço e concreto na região de momento negativo ............ ................................................ 21

2.3 Flambagem lateral com distorção: conceitos e determ inação do momento fletor resistente ......................... ............................................................. 28

2.4 Rigidez rotacional de vigas mistas com perfis de al ma senoidal .......... 37

2.4.1 Trabalho de Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) ......................... 37

2.4.1.1 Método proposto para o cálculo da rigidez rotacional ............................... 37

2.4.1.2 Cálculo da rigidez da laje (k1) ................................................................... 39

2.4.1.3 Fórmula proposta para o cálculo da rigidez da alma senoidal (k2) ............ 40

2.4.1.4 Tabelas propostas para o cálculo da rigidez da conexão (k3) ................... 42

2.4.1.5 Rigidez rotacional para vigas mistas (kr) ................................................... 43

2.5 Momento crítico elástico em vigas mistas com perfis de alma plana ... 44

2.5.1 Método por aproximação de energia ............................................................ 44

2.5.1.1 Trabalho de Roik, Hanswille e Kina (1990) ............................................... 44

2.5.1.2 Trabalho de Chen e Ye (2010) .................................................................. 50

2.5.2 Cálculo por analogia com a barra comprimida em fundação elástica .......... 53

2.5.2.1 Trabalho de Hanswille (2002) ................................................................... 54

2.5.3 Método da coluna com apoio elástico .......................................................... 60

2.5.3.1 Trabalho de Ye e Chen (2013) .................................................................. 61

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3 DEFINIÇÃO E AFERIÇÃO DA MODELAGEM NUMÉRICA ........ ............... 70

3.1 Considerações gerais .............................. .................................................. 70

3.2 Análise numérica de flambagem...................... ......................................... 71

3.2.1 Análise de flambagem linerarizada (flambagem por autovalor) ................... 72

3.2.2 Análise não linear ......................................................................................... 74

3.3 Modelos numéricos ................................. ................................................... 75

3.3.1 Elementos utilizados .................................................................................... 76

3.3.2 Malha de elementos finitos ........................................................................... 77

3.3.3 Condições de contorno e carregamento aplicado ........................................ 80

3.4 Exemplo utilizado na aferição ..................... .............................................. 85

3.5 Aferição da modelagem numérica .................... ........................................ 88

4 ANÁLISE PARAMÉTRICA DE VIGAS MISTAS COM PERFIS DE A LMA SENOIDAL .......................................... ...................................................................... 92

4.1 Introdução ........................................ ........................................................... 92

4.2 Definição dos modelos numéricos ................... ........................................ 92

4.3 Proposição para determinação do momento crítico elá stico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal ...... .............................................. 99

4.3.1 Avaliação dos resultados numéricos ............................................................ 99

4.3.2 Procedimento para determinação do momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal ........................................................ 111

5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 118

5.1.1 Sobre o trabalho realizado ......................................................................... 118

5.1.2 Sugestões para trabalhos futuros .............................................................. 120

6 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 122

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Vigas mistas de aço e concreto

De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, as vigas mistas de aço e concreto

consistem em um componente de aço simétrico em relação ao plano normal ao de

flexão com uma laje de concreto acima de sua face superior. O componente de aço

pode ser um perfil I, ou outro perfil como caixão ou tubular retangular ou uma treliça.

Entre o componente de aço e a laje deve haver ligação mecânica por meio de

conectores de cisalhamento, de tal forma que ambos trabalhem em conjunto para

resistirem à flexão.

O dimensionamento das vigas mistas depende do grau de interação da ligação entre

o aço e o concreto, podendo haver interação parcial ou total (Figura 1.1). Quando

não existe ligação mecânica entre a laje de concreto e o perfil de aço, ou seja,

interação nula, o escorregamento na interface aço e concreto é permitido, formando

duas linhas neutras. A contribuição da laje na resistência à flexão da viga não pode

ser considerada. Na interação parcial, também ocorre a formação de duas linhas

neutras, devido ao escorregamento relativo entre os dois materiais, porém esse

escorregamento é menor do que no caso anterior. Já no caso de interação total

considera-se que existe uma ligação perfeita entre o aço e o concreto, ocorrendo a

formação de apenas uma linha neutra.

Figura 1.1 - Interação aço e concreto nas vigas mistas

a) Interação nula b) Interação parcial c) Interação total

Fonte: Fabrizzi (2007) Nota: Figura adaptada pelo autor

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As vigas mistas podem ser biapoiadas, semicontínuas ou contínuas. As biapoiadas

são aquelas em que as ligações nos apoios são consideradas como rótulas, as

semicontínuas possuem ligação de resistência parcial nos apoios internos e as

contínuas são aquelas em que o perfil de aço e a armadura da laje têm continuidade

total nos apoios internos.

1.2 Vantagens e desvantagens das vigas mistas contí nuas de aço e concreto

Conforme Johnson (2004), as vantagens das vigas mistas de aço e concreto

contínuas em relação às simplesmente apoiadas são:

• Podem-se utilizar maiores relações entre vão/altura, para uma dada flecha

admissível;

• A estrutura do pavimento como um todo é menos susceptível à vibração

devido ao movimento causado pelas pessoas;

• Há um melhor controle das fissuras nas superfícies das lajes próximas aos

pilares internos;

• A estrutura é mais robusta, portanto resiste melhor aos efeitos de incêndio e

de explosão.

Adicionalmente, pode-se citar que as vigas mistas contínuas podem compor as

subestruturas de contraventamento, proporcionando estabilidade lateral às

edificações. As principais vantagens citadas decorrem do aumento de rigidez global

da estrutura. Pelo estudo de Dissanayake e Burgess (1998), percebe-se que há uma

redução significativa dos deslocamentos quando se considera as vigas mistas como

parte da subestrutura de contraventamento ao invés de considerá-las como

simplesmente apoiadas.

Segundo Johnson (2004), uma desvantagem das vigas mistas contínuas é o

dimensionamento complexo, uma vez que nas vigas mistas contínuas as ações em

um vão causam efeitos no vão adjacente. Mesmo a seção sendo uniforme, há

variação da rigidez e da resistência à flexão da viga mista ao longo do seu

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comprimento, pois o momento de fissuração do concreto muda com a largura efetiva

da seção e com a variação da armadura longitudinal.

Uma situação comum em vigas mistas contínuas é a presença de altos esforços

cortantes e momentos fletores atuando simultaneamente nos apoios intermediários.

Ao estudar o comportamento de vigas mistas sujeitas ao efeito combinado desses

esforços, Vasdravellis e outros (2012) obtiveram um modelo de dimensionamento

simplificado que verifica esse tipo de interação. Neste estudo foi possível perceber

que a força de compressão propicia um rápido aparecimento da flambagem local na

região de momento negativo, comprometendo a capacidade de rotação da viga.

De acordo com SSEDTA CD (2001), como as vigas mistas contínuas estão sujeitas

aos fenômenos de flambagem local e flambagem lateral com distorção nas regiões

de momento negativo, o seu dimensionamento é mais complexo do que o das

biapoiadas. Na elaboração do projeto, esta região de momento negativo pode se

estender em todo o vão da viga contínua (Figura 1.2).

Figura 1.2 - Distribuição de momento de flexão

a) Os dois vãos carregados

b) Um vão carregado

Fonte: SSEDTA CD (2001) Nota: Figurada adaptada pelo autor

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1.3 Flambagem lateral com distorção

Nas regiões próximas aos apoios internos das vigas mistas contínuas e

semicontínuas há momentos negativos. A mesa inferior do perfil de aço recebe

esforços de compressão que fazem com que ela tenha tendência de flambar em

relação ao seu eixo de maior inércia, já que em relação ao eixo de menor inércia a

flambagem é impedida pela alma. A mesa inferior comprimida recebe restrição

lateral apenas através da alma flexível, e a laje impede a torção da viga de aço

como um todo. Se a alma do perfil não tiver rigidez suficiente para evitar a flexão

lateral, ela distorcerá gerando um deslocamento lateral na mesa comprimida

acompanhado de torção, conforme mostrado na Figura 1.3. Esse fenômeno é

conhecido como flambagem lateral com distorção (FLD).

Figura 1.3 - Flambagem lateral com distorção

Fonte: Johnson (2004) Nota: Figura adaptada pelo autor

A ABNT NBR 8800:2008 fornece um procedimento aproximado para verificação da

FLD, similar ao da norma europeia EN 1994-1-1:2004, que consiste na determinação

do momento crítico elástico, Mcr, como passo inicial para obtenção do momento

fletor resistente.

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1.4 Mecanismo “U” invertido

O cálculo de Mcr é feito tendo como base o comportamento do mecanismo “U”

invertido, formado por duas vigas adjacentes e pela laje na qual os perfis de aço

dessas vigas são fixados (Figura 1.4).

Figura 1.4 - Mecanismo “U” invertido

Fonte: ABNT NBR 8800:2008 Nota: Figurada adaptada por Calenzani (2008)

Considera-se que o mecanismo “U” invertido seja adequado para representar o

comportamento de uma viga mista à FLD, porque consegue retratar de forma

bastante realística as restrições ao deslocamento lateral e à torção impostas à mesa

inferior do perfil de aço pela sua alma, pela laje de concreto e pela conexão de

cisalhamento. Adicionalmente, a consideração desse mecanismo tem grande

relação com a prática, uma vez que, em boa parte das construções, sistemas de

pisos compostos por vigas de aço paralelas e laje de concreto sobreposta são

utilizados.

Uma grandeza fundamental para o valor do momento crítico elástico, Mcr, é a rigidez

rotacional da viga mista, também tratada como rigidez rotacional do mecanismo “U”

invertido. Essa rigidez, aplicada a uma mola de rotação situada na mesa superior de

uma viga, permite reproduzir a influência do mecanismo “U” na resistência à FLD

dessa viga (Figura 1.5). A rigidez rotacional, representada por kr, conforme Johnson

(2004), é obtida por unidade de comprimento da viga, relacionando o momento no

ponto A, situado no centro geométrico da mesa superior, causado por forças de

perturbação F de sentidos opostos aplicadas nas mesas inferiores das vigas

paralelas do mecanismo “U” invertido, com a rotação correspondente θ dessas

mesas.

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Figura 1.5 - Rigidez rotacional de uma viga mista para o mecanismo “U” invertido

Fonte: EN 1994-1-1:2004 Nota: Figurada adaptada por Calenzani (2008)

1.5 Perfis de alma senoidal

Os perfis I de alma plana são economicamente viáveis para vigas de vãos não muito

elevados. À medida que se aumentam os vãos, é necessário utilizar vigas de maior

altura, que são mais suscetíveis ao estado-limite de flambagem local da alma. A

utilização de vigas com almas mais espessas e enrijecedores transversais soldados

à alma eleva o peso e o custo da estrutura. Como alternativa pode-se empregar

vigas treliçadas, vigas com perfis alveolares ou vigas com perfis de alma corrugada.

Nesta última, as corrugações aumentam a capacidade resistente da alma à

flambagem local por cisalhamento e, consequentemente, permite o uso de chapas

finas na alma sem a utilização de enrijecedores.

Hamada e outros (1984 apud WANG, 2003) apresentaram um estudo mostrando

que as vigas de alma corrugada pesam entre 9% e 13% menos que as vigas de

alma plana. Por causa da alta relação entre resistência e peso próprio, as vigas de

alma corrugada permitem que maiores vãos sejam vencidos, diminuindo o número

de pilares da obra e, consequentemente, de elementos de fundação, proporcionando

maior velocidade e menor custo de montagem.

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O perfil I de alma corrugada é constituído de mesas em chapas planas grossas e

alma em chapa fina corrugada. A corrugação da chapa da alma pode ser trapezoidal

ou senoidal, conforme Figura 1.6.

Figura 1.6 - Vigas com alma corrugada

a) Corrugação trapezoidal b) Corrugação senoidal

Fonte: PLAIS (2005)

As vigas de alma senoidal possuem alguns aspectos mais favoráveis que as de

alma corrugada trapezoidal, como uma fabricação mais otimizada, menor

susceptibilidade à flambagem local da alma, por não haver partes planas, e uma

melhor aplicabilidade em estruturas sujeitas à fadiga, por não haver arestas.

Os perfis de alma senoidal têm sido usados em diversas aplicações estruturais,

como vigas de coberturas, pontes, passarelas e, em especial, quando a solicitação

por momento fletor é preponderante à solicitação por força normal. O emprego

dessas peças em vigas mistas tem-se limitado apenas a pontes, sendo as vigas

geralmente projetadas como biapoiadas.

Apesar das vantagens, em termos mundiais as peças de alma corrugada ainda

apresentam uso aquém de suas potencialidades, principalmente por não constarem

da maioria das normas de projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço

e concreto, pela falta de programas para o dimensionamento estrutural e de serem

desconhecidas da maioria dos projetistas. No Brasil, somente a partir de 2005, as

peças com alma senoidal começaram a ser utilizadas.

Uma das limitações para a utilização de perfis de alma corrugada está na execução

de ligações. Por exemplo, é necessário substituir, nas ligações onde a alma tenha a

função de transmitir tensões normais, a alma corrugada por uma alma plana nas

extremidades da peça. Uma opção seria efetuar ligações sem a participação da

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alma, mas isto muitas vezes leva a soluções pouco convencionais. Outra limitação

está no comportamento em situações de incêndio, onde a reduzida espessura da

alma pode causar aquecimento mais rápido da peça. Cita-se ainda o aspecto

estético, que pode desagradar alguns observadores.

As dimensões dos perfis de aço e a geometria das almas senoidais são mostradas

na Figura 1.7, conforme a empresa CODEME (2005), para seu padrão de

fabricação.

Figura 1.7 - Dimensões dos perfis e geometria das almas senoidais

Fonte: CODEME (2005)

A geometria da alma senoidal adotado nesses perfis da CODEME tem um

comprimento de onda w igual a 155mm e uma altura total bw (duas vezes a

amplitude) de 40mm para perfis com espessura da alma (tw) de 2mm ou de bw =

43mm para tw = 3mm. Em decorrência da disponibilidade de produtos no mercado e

dos aspectos econômicos, os aços estruturais USI CIVIL 350 e USI CIVIL 300,

ambos da Usiminas, estão sendo utilizados respectivamente na fabricação das

mesas e da alma. As resistências ao escoamento e à ruptura são, respectivamente,

350 MPa e 500 MPa, para o aço USI CIVIL 350, e 300 MPa e 410 MPa para o aço

USI CIVIL 300.

Comprimento máximo = 16.00 m

tw=2.0mm

tw=3.0mm

bw

155155155

40,43,

155155

w

bf

h

bf

tfi

tfs

X

Y

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1.6 Objetivos

1.6.1 Objetivo geral

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo geral propor um procedimento de

cálculo para a determinação do momento crítico elástico à flambagem lateral com

distorção de vigas mistas contínuas de aço e concreto com perfis de aço de alma

senoidal.

1.6.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos consistem em:

a) Estudar o comportamento estrutural de vigas mistas contínuas de aço com

perfis de alma plana e senoidal na região de momento negativo no que se

refere ao estado-limite de flambagem lateral com distorção;

b) Propor modelos em elementos finitos que representem vigas mistas com

perfis de alma plana sujeitas a momento fletor negativo, para verificar as

formulações analíticas existentes do momento crítico elástico à flambagem

lateral com distorção;

c) Propor modelos em elementos finitos que representem vigas mistas com

perfis de alma senoidal sujeitas a momento fletor negativo, visando à

parametrização desses para avaliação do momento crítico elástico à

flambagem lateral com distorção;

d) Avaliar os parâmetros que influenciam o momento crítico elástico à

flambagem lateral com distorção de vigas mistas de aço e concreto com perfis

de alma senoidal;

e) Propor procedimento, compatível com a ABNT NBR 8800:2008 para vigas

mistas contínuas com perfil de alma plana, que possa ser utilizado na

determinação do momento crítico elástico à flambagem lateral com distorção

com perfis de alma senoidal.

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1.7 Justificativa

As estruturas mistas de aço e concreto estão sendo largamente utilizadas em

construções de edifícios e pontes. Ao se combinar esses dois materiais obtêm-se

estruturas mais econômicas, uma vez que se tira proveito das melhores

características de cada material. O concreto é mais eficiente na compressão, atua

como proteção contra fogo e corrosão do aço, além de restringir a flambagem do

perfil. Já o aço resiste melhor ao esforço de tração e oferece ductilidade ao concreto.

Ao se comparar as vigas mistas contínuas com as biapoiadas, sob mesmo

carregamento e mesmo vão, obtêm-se momentos fletores positivos menores. Como

a continuidade da viga conduz uma melhor distribuição de momento fletor, é

possível utilizar peças com menores dimensões. Além disso, a utilização de vigas

mistas contínuas com perfis de alma senoidal teria resultados em relação à

economia ainda mais promissores, uma vez que a corrugação proporciona a

utilização de chapas mais finas na alma.

Na região de momentos negativos (apoios internos das vigas mistas contínuas) uma

parte do perfil de aço está sujeita à compressão, portanto o estado-limite de FLD

deve ser verificado. Embora a norma brasileira ABNT NBR 8800:2008 prescreva um

método de verificação à FLD, poucos estudos têm sido feitos sobre esse estado-

limite tanto no Brasil quanto no exterior. Isso contribui para que o uso de vigas

mistas contínuas tenha seu uso limitado. A ABNT NBR 8800:2008 e as normas

internacionais não abordam perfis de alma senoidal, o que justifica ainda mais a

necessidade de pesquisas sobre o comportamento estrutural destes perfis.

Com base no exposto, conclui-se que este trabalho pode contribuir de forma

expressiva para a consolidação do uso de vigas mistas de aço e concreto mais

leves, uma vez que, alcançados os objetivos, o comportamento estrutural na região

de momentos negativos da viga mista passará a ser mais conhecido, o que também

possibilitará a publicação de artigos científicos sobre esse assunto.

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1.8 Estrutura da dissertação

O capítulo 1 apresentou uma introdução sobre vigas mistas contínuas de aço e

concreto com perfis de alma plana e alma senoidal abordando conceitos necessários

à apresentação do fenômeno de flambagem lateral com distorção (FLD), além dos

objetivos gerais e específicos e da justificativa (motivação).

O capítulo 2 apresenta uma ampla revisão bibliográfica, com base em artigos

científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, para a assimilação de

conceitos fundamentais ao entendimento do comportamento de vigas mistas na

região de momento negativo. É apresentado um estado de arte das pesquisas

relacionadas a esse assunto, principalmente as que se refere ao fenômeno da FLD.

O capítulo 3 apresenta a definição e a aferição dos modelos numéricos de vigas

mistas com perfis de alma plana e senoidal, sujeitas a momento negativo. São

apresentadas as condições de contorno, os tipos de elementos, as características

geométricas, as propriedades dos materiais e outras informações pertinentes ao

modelo numérico. Os trabalhos utilizados na validação dos modelos são explicados

em detalhes e seus resultados são confrontados com os resultados numéricos

obtidos neste trabalho.

O capítulo 4 apresenta um estudo paramétrico dos modelos desenvolvidos no

capítulo 3. O intuito é estudar os parâmetros que influenciam o valor do momento

crítico elástico à FLD. Com os resultados dessa análise, é possível propor uma

metodologia para o dimensionamento à FLD de vigas mistas contínuas com perfis

de alma senoidal.

O capitulo 5 apresenta as conclusões do trabalho e sugestões para estudos futuros.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

Neste capítulo, no subitem 2.2 são apresentados os estudos recentes e pesquisas

científicas sobre o comportamento das vigas mistas na região de momento negativo,

incluindo os estudos sobre a flambagem lateral com distorção.

No subitem 2.3, o estado-limite de flambagem lateral com distorção é discutido em

detalhes, sendo descritos os procedimentos de determinação do momento fletor

resistente a FLD, do momento crítico elástico e da rigidez rotacional.

Há uma escassez de trabalhos experimentais sobre flambagem lateral com distorção

de vigas mistas, possivelmente porque esse tipo de trabalho é oneroso e de difícil

execução, devido à necessidade de se trabalhar em escala real para obtenção de

resultados mais consistentes. O item 2.4 descreve o trabalho de Calenzani (2008) e

Calenzani e outros (2012), sobre a determinação experimental e numérica da rigidez

rotacional de vigas mistas com perfis de alma senoidal.

No item 2.5 são apresentados os métodos para o cálculo do momento crítico elástico

à flambagem lateral com distorção, todos considerando o mecanismo “U” invertido.

Pelo método por aproximação de energia são descritos o de Roik, Hanswille e Kina

(1990) e o de Chen e Ye (2010), pela analogia com o problema de uma barra

comprimida em fundação elástica é apresentado o de Hanswille (2002) e, por último,

o método da coluna com apoio elástico de Ye e Chen (2013).

Deve-se notar que no subitem 2.5 são tratadas somente vigas mistas de alma plana.

Não foram encontrados na literatura estudos sobre a determinação do momento

crítico elástico à flambagem lateral com distorção de vigas mistas com perfis de alma

senoidal.

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2.2 Pesquisas sobre o comportamento de vigas mistas contínuas de aço e concreto na região de momento negativo

Nas regiões de momento negativo, a viga mista pode sofrer flambagem local e

flambagem lateral com distorção, uma vez que a parte comprimida do elemento de

aço (parte inferior da seção transversal) não está restringida contra deslocamento

lateral. Além disso, como nessas regiões o concreto está tracionado, pode ocorrer

fissuração neste material, reduzindo a capacidade de rigidez à rotação da laje.

Como citado no item 1.3, a verificação do estado-limite FLD consiste na

determinação do momento crítico (Mcr) baseado no comportamento do mecanismo

“U” invertido. É necessário destacar que na literatura existem dois tipos de

mecanismos “U” invertido sendo usados como modelos para obtenção desse

momento, o mecanismo “U” invertido contínuo e o mecanismo “U” invertido discreto

(Figura 2.1). O mecanismo “U” contínuo é caracterizado por vigas mistas com

enrijecedores verticais e contraventamentos laterais somente nos apoios internos.

Neste tipo de mecanismo, a restrição contínua é fornecida à mesa comprimida

apenas por meio da laje de concreto e da alma dos perfis de aço não enrijecido. Há

o mecanismo “U” discreto nas vigas quando enrijecedores transversais são soldados

à alma na região de momento negativo próximo aos apoios internos. Nesse caso, os

enrijecedores verticais também fornecem restrição à FLD.

Figura 2.1 - Mecanismo “U” contínuo e discreto

a) Mecanismo “U” contínuo com duas vigas

b) Mecanismo “U” discreto com duas vigas

Fonte: Calenzani (2008) Nota: Figurada adaptada pelo autor

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Para considerar os estados limites últimos já citados, diversas pesquisas foram

realizadas na região dos apoios internos das vigas mistas contínuas, adotando

ambos os tipos de mecanismos “U”. No entanto, para o presente trabalho, apenas o

comportamento do mecanismo “U” contínuo será de interesse, pois não serão

estudadas vigas mistas com enrijecedores.

Fan (1990), em sua tese de doutorado, realizou quatro ensaios com modelos em

escala real: dois deles em vigas mistas de seção transversal “T” e outros dois em

vigas mistas com mecanismo “U” contínuo. Em cada ensaio as vigas foram

construídas com dois vãos e um apoio central. O comprimento dos vãos representou

o comprimento de uma viga mista contínua entre um apoio intermediário e um ponto

de inflexão, sujeito a momento negativo.

Há algumas evidências vindas dos ensaios elaborados por Fan (1990) de que a

flambagem local pode iniciar a flambagem lateral com distorção. No entanto, no

dimensionamento elas são consideradas separadamente e de diferentes maneiras.

Os resultados dos ensaios mostraram que o declínio da resistência à flexão depois

de se alcançar o momento máximo para ambos os modelos foi devido à combinação

da flambagem local da mesa inferior e a flambagem lateral com distorção. Os

resultados também mostraram que os deslocamentos laterais das mesas inferiores

foram uma característica inerente ao comportamento mesmo em níveis baixos de

carga, mas as magnitudes registradas antes da flambagem local provavelmente não

pareceram afetar significativamente a resistência à flexão. Os momentos resistentes

últimos para ambos os modelos foram levemente superiores aos seus momentos

plásticos. A incapacidade das vigas de alcançarem maiores resistências (efeito de

endurecimento) parece ser devida às proporções de suas seções transversais, e não

ao comprimento destravado sujeito a momento negativo.

Chen (1992), em sua tese de doutorado, realizou quatro ensaios com modelos em

escala real: dois deles em vigas mistas com mecanismos “U” contínuo e discreto,

chamados de U4 e U5, respectivamente, e outros dois em estruturas isoladas com

mecanismos “U” discretos, chamados de I-US e I-UD. Primeiramente, a FLD de uma

viga mista com mecanismo “U” contínuo é avaliada no ensaio e, depois, a FLD de

uma viga mista com mecanismo “U” discreto é analisada em outro ensaio.

Finalmente, a resistência e a rigidez de mecanismos “U” discretos são avaliadas com

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base em uma série de ensaios em modelos “U” isolados com comprimento

longitudinal de 1m e 0,4m.

Pelos resultados dos ensaios, Chen (1992) observou a ocorrência de flambagem

local da alma perto da região dos apoios nas vigas após o início da FLD. Os

resultados também mostraram que houve uma redução das distorções da alma dos

modelos enrijecidos, comparadas com os sem enrijecedores, particularmente nas

regiões afastadas da seção central, consequentemente, os enrijecedores

aumentaram a resistência à flambagem lateral com distorção. Pelas análises dos

modelos “U” em estruturas isoladas, foi constado que não é possível desprezar a

contribuição da conexão de cisalhamento no cálculo da rigidez rotacional (kr) de

vigas mistas com mecanismo “U” discreto.

Nos trabalhos de Chen e outros (2005, 2009, 2010) foram feitas pesquisas sobre a

flambagem lateral com distorção das vigas mistas de aço e concreto contínuas

protendidas externamente por cabos localizados próximos à mesa superior do perfil

de aço (Figura 2.2) por meio da fixação em enrijecedores soldados à alma. Com o

intuito de se estudar os efeitos desses cabos nas vigas, Chen (2005) analisou

experimentalmente quatro grupos de vigas mistas contínuas protendidas por cabos

externos na região de momento negativo. Com as análises foi possível constatar que

a protensão na viga mista aumenta a resistência à fissuração do concreto, entretanto

aumenta a força axial de compressão na viga, o que pode conduzir a uma elevada

compressão na alma do perfil, tornando a viga mais vulnerável à flambagem e

reduzindo a resistência a momento fletor na região de momento negativo.

Chen e outros (2009) compararam, experimentalmente, o comportamento de vigas

mistas contínuas de aço e concreto protendidas e não-protendidas. Foram testadas

quatro vigas mistas contínuas com seções transversais idênticas, sendo duas com

dois vãos e duas com três vãos. Das vigas com dois vãos, uma era convencional

(não protendida) e a outra era protendida por cabos externos na região de

momentos positivo e negativo. Já as vigas com três vãos, uma era convencional e a

outra protendida por cabos externos apenas na região de momento negativo.

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Figura 2.2 - Viga mista aço e concreto protendida por cabos externos na região de momento negativo

Fonte: Chen e outros (2005, 2009) Nota: Figurada adaptada pelo autor

Observando o gráfico da carga versus deformação obtida dos resultados de Chen e

outros (2009), percebe-se que a viga mista protendida deforma menos que a não

protendida, ou comporta-se de maneira mais rígida. Isso ocorre, porque existe uma

curvatura inicial negativa (para cima) nas vigas protendidas devido à aplicação da

protensão dos cabos. Entretanto, após o escoamento da mesa inferior do perfil de

aço próxima ao apoio interno, ambas as vigas comportam-se de maneira

semelhante. A razão para isso acontecer deve-se ao incremento da força de

protensão, que é pequeno e aumenta linearmente com a força exercida antes do

escoamento do perfil de aço, mas cresce rapidamente após escoar.

As imperfeições geométricas, as tensões residuais, o valor da força de protensão,

assim como a esbeltez da alma, da mesa e da viga influenciam no momento

resistente à flambagem lateral com distorção das vigas mistas protendidas por cabos

externos. Para analisar esses fatores, Chen e Jia (2010) fizeram uma análise não

linear por meio de modelagem numérica em elementos finitos desse tipo de viga.

Com base nos resultados experimentais de Chen (2005), um modelo numérico

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desenvolvido no software ABAQUS v.6.5 foi aferido. Após a aferição, 200 modelos

numéricos, contemplando os fatores que influenciam a resistência desse tipo de

viga, foram processados.

Pelos resultados de Chen e Jia (2010) concluiu-se que quanto maior a imperfeição

geométrica e a esbeltez da alma do perfil, menor é o momento resistente à

flambagem lateral com distorção. A esbeltez da mesa comprimida dos perfis também

influencia a resistência à flambagem lateral com distorção das vigas mistas. Pelas

análises, o momento último de flambagem lateral com distorção se reduz quando a

esbeltez da mesa comprimida aumenta. Quando se aumenta a força de protensão

na viga, a relação MR,dist/Mpl,R se reduz, sendo MR,dist o momento resistente à

flambagem lateral com distorção e o Mpl,R o momento resistente plástico.

Chen e Xindi (2012) analisaram numericamente o comportamento estrutural de vigas

mistas contínuas com enrijecedores transversais soldados à alma do perfil de aço.

Com auxílio do software Ansys 14.0 (2011), modelos em elementos finitos foram

implementados para estudar o comportamento da região de momento negativo

dessas vigas. Os seguintes parâmetros que podem afetar a capacidade resistente

da viga foram analisados: rigidez à flexão da laje de concreto, rigidez da alma

enrijecida, esbeltez da alma do perfil de aço e razão entre a distância dos

enrijecedores e o vão da viga.

Chen e Xindi (2012) realizaram análises de flambagem (buckling analysis) e análises

não lineares. Para a análise de flambagem foi adotado um modelo constituído por

uma viga de aço soldada simplesmente apoiada, submetida a momento negativo,

com restrição rotacional e lateral aplicada à mesa superior. A restrição rotacional no

modelo foi imposta por molas, conforme representado na Figura 2.3. O perfil e os

enrijecedores transversais foram modelados pelo elemento Shell 163. Para as

molas, utilizou-se o elemento Spring combin 14 distribuído uniformemente na mesa

superior ao longo do vão da viga. O valor da rigidez rotacional (kr) das molas foi

obtido através da formulação proposta pela EN 1994-1-1:2004.

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Figura 2.3 - Modelo restringido

Fonte: Chen e Xindi (2012) Nota: Figura adaptada pelo autor

Nos estudos paramétricos de Chen e Xindi (2012) comparam-se as vigas de mesma

seção transversal com e sem enrijecedor. Eles constataram que os enrijecedores na

alma do perfil de aço aumentam o momento crítico elástico das vigas mistas e

reduzem o deslocamento lateral da mesa comprimida.

Nguyen e outros (2009) deram ênfase ao estudo da fissuração da laje de concreto

na região de momento negativo. Devido a essa fissuração há uma redução da

rigidez global da estrutura e uma redução do efeito de continuidade. Através da

formulação do método dos elementos finitos, foi realizado um estudo paramétrico

para analisar a influência do comprimento do vão e do grau de interação da conexão

de cisalhamento na rigidez e na ductilidade de vigas mistas contínuas.

Chen e Jia (2008) estudaram a redistribuição do momento negativo nas vigas mistas

contínuas com apoios internos. Esse estudo forneceu uma aproximação de projeto

para avaliar a resistência de vigas mistas com base na capacidade de redistribuição

de momento, que depende da capacidade de rotação ou da razão entre as forças

aplicadas nos vãos, no lugar de um valor fixo proposto para a redistribuição de

momento, tal como na maioria dos casos.

Ng e Ronagh (2004) propuseram um programa computacional, com base no método

dos elementos finitos, para a determinação da flambagem lateral com distorção de

vigas mistas com seção I usando séries de Fourier para as funções dos

deslocamentos. Com esse método é possível determinar a carga de flambagem e as

formas modais de vigas mistas com seção I sujeitas a qualquer tipo de carregamento

e diversas condições de apoio.

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Vasdravellis e outros (2012) estudaram o comportamento de vigas mistas sujeitas

aos efeitos combinados de momento fletor negativo e compressão. Seis ensaios de

vigas mistas em escala real sujeitas a momento fletor negativo e força de

compressão aplicados simultaneamente foram efetuados. Contraventamentos foram

instalados para impedir a FLD. O estudo também contemplou modelos numéricos

não lineares que foram calibrados com os resultados experimentais. Após um estudo

paramétrico verificou-se que quando uma força de compressão age na viga mista há

uma redução significativa da resistência a momento fletor negativo e a flambagem

local no perfil de aço é mais pronunciada, comprometendo a ductilidade da seção.

Os autores sugerem a colocação de enrijecedores longitudinais na alma do perfil de

aço na região de momento negativo para eliminar a flambagem local da alma.

Calenzani (2008) realizou ensaios experimentais e análises numéricas com o intuito

de propor uma metodologia de cálculo para determinar a rigidez rotacional de vigas

mistas com perfis de alma senoidal. Nos ensaios utilizaram-se quatro protótipos

representativos do mecanismo “U” invertido, sendo dois com lajes de concreto

armado e dois com lajes mistas com fôrma de aço incorporada. A análise numérica

via método de elementos finitos foi aferida com os resultados experimentais e um

estudo paramétrico com sessenta e oito modelos numéricos diferentes foi efetuado.

Calenzani (2008) propôs que a rigidez rotacional da viga mista fosse constituída da

associação em série de três rigidezes: da laje, do perfil de alma senoidal e da

conexão de cisalhamento. Foi proposta formulações para as duas primeiras

rigidezes e elaborada uma tabela que determina a rigidez rotacional da conexão de

cisalhamento.

Embora os resultados sejam essencialmente os mesmos, Pimenta (2008), utilizando

os dados da pesquisa de Calenzani (2008), propôs uma outra formulação para a

obtenção da rigidez rotacional do mecanismo “U” invertido das vigas mistas com

perfil de alma senoidal. Nesse estudo foi determinada uma equação para o cálculo

da rigidez rotacional da conexão, eliminando o uso das tabelas de Calenzani (2008).

Para a verificação da FLD nas vigas mistas com perfis de alma senoidal, Pimenta

(2008) recomenda adotar o mesmo procedimento da ABNT NBR 8800:2008,

desprezando-se a alma do perfil de aço no cálculo das propriedades geométricas.

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Gizejowski e Khalil (2010) compararam os estudos numéricos e experimentais que

constam na literatura sobre a flambagem lateral com distorção de vigas mistas para

perfis de alma plana, sugerindo melhorias para determinação do momento fletor

resistente à FLD. Neste estudo foi possível comparar os resultados de momento

fletor resistente à flambagem lateral com distorção obtidos pela EN 1994-1-1:2004

usando as expressões para o momento crítico de Johnson (2004) e de Hanswille

(2002), além da formulação proposta por Dekker, Kemp e Trinchero (1995) e dos

resultados das vigas modeladas por elementos finitos no ABAQUS. Todas as

soluções estudadas conduziram a resultados conservadores, uma vez que os

resultados numéricos foram superiores aos obtidos pelas formulações. Gizejowski e

Khalil (2010) também estudaram vigas mistas contínuas com perfis de alma

castelada, propondo uma verificação prática da resistência à flambagem lateral com

distorção dessas vigas.

2.3 Flambagem lateral com distorção: conceitos e de terminação do momento fletor resistente

Existem diversos tipos de modos de flambagem em vigas, como a flambagem lateral

com distorção (FLD), a flambagem lateral com torção (FLT) e a flambagem local

(FL). Na FLT o perfil se desloca lateralmente e gira em torno do eixo longitudinal,

mantendo a forma da seção transversal (Figura 2.4-a). No caso de perfil I, na região

de momento positivo, isso acontece quando não há contenção contra esse tipo de

flambagem. Nas vigas mistas biapoiadas, a FLT não ocorre, pois a mesa superior da

viga de aço está fixa à laje de concreto através de conectores de cisalhamento

impedindo que o perfil se desloque lateralmente.

Já a FLD ocorre nas regiões próximas aos apoios internos das vigas mistas

contínuas e semicontínuas onde há momentos negativos (Figura 1.2). Como a laje

impede o deslocamento lateral da mesa superior, se a alma do perfil não tiver rigidez

suficiente para evitar a flexão lateral, ela distorcerá gerando um deslocamento lateral

acompanhado de um giro na mesa inferior comprimida, conforme mostrado na

Figura 2.4-b.

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Figura 2.4 - Flambagem lateral

Fonte: Johnson (2004) Nota: Figurada adaptada pelo autor

Na FLD, o deslocamento lateral (δ) e o giro da mesa comprimida (θ) consistem numa

semi-onda em cada lado do apoio interno. Essa semi-onda estende-se por grande

parte da região de momento negativo. Segundo Johnson (2004), essa não é uma

onda senoidal e o deslocamento lateral máximo se localiza, em relação ao apoio, de

duas a três vezes a altura do perfil de aço (Figura 2.5).

Figura 2.5 - Deformação típica da mesa inferior na FLD

Fonte: Johnson (2004) Nota: Figurada adaptada por Calenzani (2008)

A FLD é diferente da FL da mesa comprimida (Figura 2.6), pois nesta última o

deslocamento é essencialmente vertical, não lateral, e ocorre quando a relação entre

a largura da mesa inferior com a espessura da mesa (bf / tf) é alta, tendo o máximo

deslocamento da seção transversal afastado do apoio de uma distância igual à

d

distorção da alma

flexão da laje deformação da conexão

δ

θ

δ o

u θ

apoio interno

distância ao 0

2 a 3 d

apoio externo longo da viga

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largura da mesa. Contrariamente, a FLD ocorre quando a relação de bf / tf é

pequena.

Figura 2.6 - Flambagem local (FL) da mesa comprimida

Fonte: Calenzani (2008)

Para que haja uma distinção entre a flambagem lateral com distorção de vigas

mistas e a flambagem lateral com distorção de perfis formados a frio, alguns

pesquisadores como, Gizejowski e Khalil (2010), Chen e Ye (2010, 2013) e Kalkan e

Buyukkaragoz (2012), chamam a flambagem lateral com distorção (FLD) das vigas

mistas na região de momento negativo de flambagem lateral restringida (FLR). Na

FLD de perfis formados a frio as mesas superiores e inferiores estão livres para

deslocar lateralmente e girar enquanto a alma inclina para fora do seu plano (Figura

2.7-a) Já na FLR de vigas mistas, uma mesa do perfil I está restringida ao

deslocamento lateral enquanto a outra parte da seção transversal pode deformar

num modo que envolve simultaneamente a distorção da alma e o deslocamento

lateral e o giro da mesa livre. Na prática, a FLR ocorre na região de momento

negativo das vigas mistas contínuas e semicontínuas (Figura 2.7-b).

Figura 2.7 - Flambagem lateral com distorção e flambagem lateral restringida

Fonte: Chen e Ye (2010) Nota: Figurada adaptada pelo autor

t

bf

f

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A ABNT NBR 8800:2008 apresenta um procedimento para dimensionamento de

vigas mistas contínuas na região de momento negativo, limitado a perfis de aço de

alma plana, similar a da EN 1994-1-1:2004 no que diz respeito à verificação do

estado-limite de FLD. Para ambas as normas, neste procedimento é necessário

determinar o momento resistente à FLD na região de momento negativo.

O momento fletor resistente de cálculo a FLD prescrito pela ABNT NBR 8800:2008 é

dado por:

�����,��� = �������� (2.1)

onde, χdist é o fator de redução para flambagem lateral com distorção da seção

transversal, obtido da curva de resistência à compressão em função do parâmetro

de esbeltez λdist (Figura 2.8) e ���� é o momento fletor resistente de cálculo para

vigas compactas, equação (2.2).

���� = ����� = �� ����� �� + ��� ���� �� + ��� ���� �� (2.2)

onde,

As, fys e γs são, respectivamente, a área, a resistência ao escoamento e o coeficiente

de ponderação da resistência da armadura longitudinal dentro da largura efetiva da

laje;

fy e γa são, respectivamente, a resistência ao escoamento e o coeficiente de

ponderação do aço estrutural;

Aat é a área tracionada da seção do perfil de aço;

Aac é a área comprimida da seção do perfil de aço;

d3 é a distância do centro geométrico da armadura à linha neutra plástica (LNP);

d4 é a distância (braço de alavanca) da força de tração, situada no centro geométrico

da área tracionada da seção do perfil de aço, à LNP;

d5 é a distância (braço de alavanca) da força de compressão, situado no centro

geométrico da área comprimida da seção do perfil de aço, à LNP.

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Resultados de ensaios mostram que a FLD não reduz o momento fletor resistente da

seção mista se λdist é inferior a 0,4, então se pode adotar χdist =1 quando λdist ≤ 0,4.

O parâmetro de esbeltez λdist é expresso pela seguinte equação:

����� = ������� (2.3)

onde,

M-Rk é o momento fletor resistente característico na região de momentos negativos,

obtido pela equação (2.2), mas tomando todos os coeficientes de ponderação da

resistência iguais a 1,0.

Mcr é o momento crítico elástico na região de momentos negativos.

Figura 2.8 - Valor de χdist em função do índice de esbeltez λdist

Fonte: ABNT NBR 8800:2008 Nota: Figurada adaptada pelo autor

O cálculo do Mcr prescrito pela ABNT NBR 8800:2008 baseia-se em Roik, Hanswille

e Kina (1990). A equação é obtida por aproximação de energia e é feita

considerando a resposta de um mecanismo “U” contínuo à FLD, sendo expressa

por:

�� = �� ������ ��� + ! �"#" $%&�',� (2.4)

em que:

G é o módulo de elasticidade transversal do aço;

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L é o comprimento da viga entre apoios verticais (exige-se que ambas as mesas do

perfil de aço possuam contenção lateral nesses apoios);

J é a constante de torção do perfil de aço;

Iaf,y é o momento de inércia da mesa inferior do perfil de aço em relação ao eixo y;

Cdist é um coeficiente que depende da distribuição de momentos fletores no

comprimento L;

αg é um fator relacionado à geometria da seção transversal da viga mista;

kr é a rigidez rotacional da viga mista.

O momento crítico é influenciado pela distribuição do momento fletor no vão

considerado. Isso é levado em consideração pelo coeficiente Cdist, determinado por

meio de análises numéricas em elementos finitos. Os valores desse coeficiente para

vigas mistas contínuas e semicontínuas são apresentados na Tabela 2.1, Tabela 2.2

e Tabela 2.3.

Tabela 2.1 - Coeficiente Cdist para vigas contínuas com carregamento no comprimento L

Condições de carregamento

e apoio

Diagrama de momento fletor 1)

Cdist

ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00 ψ=1,25 ψ=1,50 ψ=1,75 ψ=2,00 ψ=2,25 ψ=2,50

MoMoψ

41,5 30,2 24,5 21,1 19,0 17,5 16,5 15,7 15,2

M oM oψ 0.50 Mψ o

33,9 22,7 17,3 14,1 13,0 12,0 11,4 10,9 10,6

M oM oψ 0.75 Mψ o

28,2 18,0 13,7 11,7 10,6 10,0 9,5 9,1 8,9

M oMoψ Moψ

21,9 13,9 11,0 9,6 8,8 8,3 8,0 7,8 7,6

ψMoM o

28,4 21,8 18,6 16,7 15,6 14,8 14,2 13,8 13,5

MoMoψMoψ

12,7 9,89 8,6 8,0 7,7 7,4 7,2 7,1 7,0

NOTA: 1) Mo é o momento máximo solicitante de cálculo, considerando o tramo analisado como biapoiado.

Fonte: ABNT NBR 8800:2008

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Tabela 2.2 – Coeficiente Cdist para vigas contínuas e semicontínuas sem carregamento no comprimento L

Condições de carregamento

e apoio

Diagrama de momento fletor

1)

Cdist

ψ=0,00 ψ=0,25 ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00

M ψ M

aceitável

11,1 9,5 8,2 7,1 6,2

M

ψ Maceitável

11,1 12,8 14,6 16,3 18,1

NOTA: 1) M é o maior momento negativo solicitante de cálculo, em módulo, no trecho analisado, sendo que valores de ψ maiores que 1,00 devem ser tomados iguais a 1,00.

Fonte: ABNT NBR 8800:2008

Tabela 2.3 – Coeficientes de Cdist para vigas semicontínuas submetidas a carregamento uniformemente distribuído no comprimento L

1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,1

1,00 21,9 24,0 26,7 29,5 32,7 34,2

0,75 26,5 29,0 32,0 35,0 38,0 39,8

0,50 30,5 33,9 37,0 40,4 44,3 45,7

0 32,4 36,5 42,6 47,6 51,8 53,5

a

Rótula plástica Rótula plástica

b a b

Mpd,a

Mpd,a = Mpd,b

Mppd Mppd

Mpd,aMpd,b Mpd,b

Mpd,a < Mpd,b

NOTA: 1) Mppd é o momento plástico positivo resistente; Mpd,a é o menor momento plástico resistente de cálculo, em módulo, nas extremidades do tramo considerado; Mpd,b é o maior momento plástico resistente de cálculo, em módulo, nas extremidades do tramo considerado.

Fonte: ABNT NBR 8800:2008

)1

ppd

b,pd1 M

M=ψ

)1b,pd

a,pd2 M

M=ψ

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O fator αg da equação (2.4) está relacionado com propriedades geométricas da

seção, conforme descrito nas equações (2.5), para perfis duplamente simétricos, e

na equação (2.6), para perfis monossimétricos.

�� = (ℎ*&+&�+ ,�ℎ*"4 + .&�+ + &��/�� $0 + ℎ*

(2.5)

�� = (ℎ*&+&�+ ,.1' − 1�/" + .&�+ + &��/��0 + 2.1' − 14/

(2.6)

onde,

yc é a distância do centro geométrico do perfil de aço à metade da altura da laje de concreto;

Ix é o momento de inércia da seção mista na região de momento negativo (perfil de aço mais a armadura da laje) com relação ao eixo x;

Iax e Iay são os momentos de inércia da seção de aço com relação a seus eixos baricêntricos;

Aa é a área do perfil de aço;

A é a área da seção mista na região de momento negativo (perfil de aço mais armadura da laje);

ys é a distância do centro geométrico de cisalhamento do perfil de aço, positiva quando o centro de cisalhamento e a mesa comprimida pelo momento negativo estão no mesmo lado do centro geométrico;

sendo,

0 = �&�+��1�5� − ��6 (2.7)

1' = ℎ*&�'�&�� (2.8)

14 = 1� − 7158" + 1"6��2&�+ (2.9)

Quando &�',� > 0,5&�� pode-se tomar:

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14 = 0,40ℎ* �2 &�',�&�� − 1$ (2.10)

A flexibilidade rotacional (1/kr) é a soma da flexibilidade da laje de concreto (1/k1)

com a flexibilidade da alma do perfil de aço (1/k2), e da flexibilidade da conexão de

cisalhamento (1/k3), considerando-as como molas ligadas em série. Entretanto, em

vigas mistas com perfis de alma plana não enrijecida, a flexibilidade da conexão de

cisalhamento é desprezável. Portanto, a rigidez rotacional kr é tomada como:

! = !=!"!= + !" (2.11)

onde,

k1 é a rigidez à flexão da laje, por unidade de comprimento da viga, equação (2.12).

!= = �5%&6"> (2.12)

k2 é a rigidez à flexão da alma do perfil de aço, por unidade de comprimento da viga, equação (2.13).

!" = %?@�4ℎ*51 − A�"6 (2.13)

Nas expressões de k1 e k2,

α é o coeficiente que depende da posição da viga. Se a viga situa-se na extremidade

da laje, α é igual a 2 e se a viga é interna, α é igual a 3 (para vigas internas com

quatro ou mais vigas similares, pode-se adotar α igual a 4);

(EI)2 é a rigidez à flexão da seção mista homogeneizada da laje, desprezando o

concreto tracionado, por unidade de comprimento da viga, tomada como o menor

valor entre as rigidezes no meio do vão e no apoio interno;

a é a distância entre as vigas paralelas;

tw é a espessura da alma do perfil de aço;

h0 é a distância entre os centros geométricos das mesas do perfil de aço;

υa é o coeficiente de Poisson do aço.

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2.4 Rigidez rotacional de vigas mistas com perfis d e alma senoidal

2.4.1 Trabalho de Calenzani (2008) e Calenzani e ou tros (2012)

A rigidez rotacional do mecanismo “U” invertido é fundamental para o cálculo do

momento crítico elástico. Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012)

desenvolveram um procedimento para determinação da rigidez rotacional de vigas

mistas com perfis de alma senoidal. Para isso, foi proposta e implementada uma

metodologia experimental utilizando quatro protótipos representativos do mecanismo

“U” invertido: dois deles com lajes de concreto armado maciça, chamados de U1-P e

U2-P e outros dois com laje mista (U1-M e U2-M).

Uma modelagem numérica via método dos elementos finitos dos protótipos foi

desenvolvida, usando na sua aferição os resultados da análise experimental. Com

essa modelagem foram processados sessenta e oito modelos numéricos diferentes

para avaliação dos parâmetros que contribuem para as rigidezes da laje, da alma

senoidal e da conexão de cisalhamento.

2.4.1.1 Método proposto para o cálculo da rigidez r otacional

Para determinação da rigidez rotacional de vigas mistas com perfis de alma

senoidal, a análise numérica parametrizada foi feita em modelos de geometria e

características definidas com base nos parâmetros que influenciam os valores das

rigidezes isoladas, uma vez que a rigidez rotacional é calculada em função dessas.

A variação dos parâmetros levou em consideração as dimensões usuais e os limites

de fabricação de cada um dos componentes da viga mista.

Os parâmetros considerados na avaliação da rigidez à flexão da laje foram: o tipo de

laje (plana ou mista), a altura desse elemento hc, a distância entre vigas paralelas a,

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a área de aço da armadura tracionada Asinf para as lajes maciças e a espessura da

fôrma de aço incorporada td para a laje mista. Os parâmetros utilizados na avaliação

da rigidez rotacional da alma senoidal foram: a altura hw, tomada como a distância

livre entre as faces internas das mesas, e a espessura tw desse elemento. Já os

parâmetros considerados na rigidez da conexão de cisalhamento foram: o número

de conectores na seção transversal (n=1 para apenas um conector soldado na linha

de centro da mesa superior do perfil de aço ou n=2 para dois conectores soldados

simetricamente à esta linha), o espaçamento longitudinal entre conectores de

cisalhamento s, a largura (bf) e a espessura (tf) da mesa conectada à laje.

As mesas, superior e inferior, do perfil de aço tiveram as mesmas dimensões em

todos os modelos numéricos. A largura das mesas, bf, foi tomada sempre igual ou

superior a ¼ da altura da alma do perfil de aço, o que significa que os resultados

obtidos têm validade somente para perfis que atendam essa proporção. Nas lajes

mistas de todos os modelos foi considerada fôrma trapezoidal com distância entre

nervuras de 274 mm, altura igual a 75 mm, abertura na base de 119 mm e no topo

de 155 mm. Somente foram previstos conectores de cisalhamento do tipo pino com

cabeça de diâmetro de 19 mm e altura de 127 mm, tendo em vista serem esses

conectores os mais utilizados nas vigas mistas. Foram modelados 38 modelos de

laje maciça e 30 de laje mista, totalizando os 68 modelos.

Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) propuseram fórmulas e procedimentos

para a determinação das rigidezes isoladas e, consequentemente, da rigidez

rotacional de mistas com perfis de alma senoidal. A rigidez rotacional das vigas

mistas de alma senoidal foi calculada pela expressão da rigidez de molas ligadas em

série, considerando as rigidezes isoladas da laje, do perfil de aço e da conexão de

cisalhamento.

A obtenção das rigidezes numéricas isoladas, ou seja, da rigidez da laje, da alma e

da conexão de cisalhamento foi feita a partir da tangente aos respectivos gráficos

momentos versus rotação. O deslocamento na direção global Z dos nós 1 e 2 e a

distância horizontal b1 entre esses nós (Figura 2.9) foram usadas para calcular a

rotação da laje θ1. A rotação da conexão de cisalhamento θ3 foi calculada baseada

na subtração da rotação da laje (θ1) e da rotação do nó central da mesa do perfil de

aço conectada à laje (θ). Finalmente, a rotação da alma θ2 foi calculada pela

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subtração entre θ e a rotação do nó central da mesa livre do perfil de aço θs

(equivalente à rotação total do mecanismo “U”).

A rigidez rotacional da laje, k1, foi determinada pelo coeficiente angular da reta

tangente à curva momento versus rotação da laje dos pontos posteriores à

fissuração da laje. Já a rigidez da alma senoidal (k2) e da conexão de cisalhamento

(k3) foram tomadas iguais aos coeficientes angulares das retas tangentes ao trecho

inicial das curvas momento versus rotação da alma e da conexão de cisalhamento,

respectivamente.

Figura 2.9 – Determinação das rotações

Fonte: Calenzani (2008)

2.4.1.2 Cálculo da rigidez da laje ( k1)

Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) propuseram o uso da expressão

prescrita pela ABNT NBR 8800:2008 para determinação da rigidez da laje de vigas

mistas com perfis de alma plana. Essa proposição se justifica porque o uso da

equação (2.12), aqui repetida para maior clareza, apresentou, com apenas quatro

exceções, resultados sempre menores ou no máximo 10 % maiores que os valores

numéricos de rigidez da laje.

!= = �5%&6"> (2.14)

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2.4.1.3 Fórmula proposta para o cálculo da rigidez da alma senoidal ( k2)

A rigidez da alma senoidal dos perfis de aço por unidade de comprimento,

considerando a alma como uma viga engastada na extremidade ligada à mesa

superior e livre na outra extremidade, pode ser calculada de acordo com a equação

(2.15).

!" = 3Cℎ� (2.15)

onde D é a rigidez à flexão por unidade de comprimento da alma senoidal, conforme

equação (2.16). McFarland (1967) sugeriu a seguinte equação:

C = %�&@+D (2.16)

sendo Ea o módulo de elasticidade do aço e Iwx o momento de inércia de um período

da onda senoidal, w, em relação a seu plano médio, que de acordo com Pasternak e

Kubienie (2010) é igual a seguinte equação:

&@+ = 0,158?@D� (F@D ,",=" (2.17)

onde bw é a altura da corrugação senoidal, igual a duas vezes a amplitude da onda e

tw é a espessura da alma.

Substituindo as equações (2.16) e (2.17) na (2.15), é obtida a rigidez à flexão da

alma senoidal por unidade de comprimento:

!" = 0,474%�?@D"ℎ� (F@D ,",=" (2.18)

Considerando que o comprimento da onda senoidal w tem valor constante nos perfis

atualmente fabricados no Brasil, igual a 155mm, e substituindo a distância entre os

centros geométricos das mesas hs pela altura da alma hw, uma vez que esses dois

valores são muito próximos, de acordo com Calenzani (2008) e Calenzani e outros

(2012), a equação (2.18) pode ser reescrita com um erro desprezável:

!" = 0,4%�F@" ?@ℎ@ (2.19)

Quando Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) compararam os resultados

obtidos da equação (2.19) com os resultados numéricos de rigidez da alma notaram

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que essa equação fornece sempre valores superiores aos numéricos. De acordo

com Calenzani e outros (2012) isso ocorre porque a equação (2.19) não considera a

deformação da mesa superior entre a conexão de cisalhamento. Outra influência é a

imperfeição da ligação entre a alma e a mesa superior (Figura 2.10). Essa

imperfeição é causada pela deformação local da alma. Por conta disso, foi proposto

um ajuste na formulação da equação (2.19) por meio de um coeficiente redutor αred

conforme equação (2.20).

!" = � H� 0,4%�F@" ?@)@ (2.20)

Figura 2.10 - Deformação da mesa superior e da alma de perfis de aço

Fonte: Calenzani e outros (2012) Nota: Figura adaptada pelo autor

A equação empírica (2.21) de coeficientes constantes foi proposta para αred, que

possui como variáveis independentes os parâmetros que influenciam no fenômeno,

mostrada na Figura 2.10. Esses parâmetros são a altura e a espessura da alma, hw

e tw, respectivamente e a espessura da mesa superior, tf.

� H� I= 2 I" ?',J�+ 2 ?'?@ 2 I� )@,J�+ 2 )@?@ � I� ?',J�+" 2 ?'"?@" (2.21)

Atendendo aos limites máximos de fabricação, hw,max e tw,max são iguais a 1200 e

19mm e os coeficientes η1, η2, η3 e η4 são iguais a 0,55274571, 0128064, 0,000212

e 0,009255, respectivamente. Estes coeficientes foram calculados por regressão

linear multivariável, pelo método dos mínimos quadrados.

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42

2.4.1.4 Tabelas propostas para o cálculo da rigidez da conexão ( k3)

A rigidez das conexões de cisalhamento para vigas mistas com perfis de alma plana

é desprezada tanto pela EN 1994-1-1:2004 quanto pela ABNT NBR 8800:2008. No

entanto, no trabalho de Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) foi possível

constatar que a rigidez da conexão de cisalhamento não pode ser desprezada na

determinação da rigidez rotacional das vigas mistas de alma senoidal, pois a

flexibilidade rotacional da conexão de cisalhamento contribuiu em até 24% do valor

da flexibilidade rotacional total das vigas mistas.

O estudo de Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) propôs o uso de duas

tabelas: uma para vigas mistas com lajes planas e outra para vigas mistas com lajes

mistas, Tabela 2.4 e Tabela 2.5, respectivamente, para a determinação da rigidez da

conexão de cisalhamento de vigas mistas com perfis de aço de alma senoidal.

Essas tabelas foram construídas de modo que os valores da rigidez da conexão de

cisalhamento nunca superassem os resultados numéricos. Nota-se que os valores

da rigidez estão dispostos em função da espessura e largura da mesa conectada à

laje, do número de conectores de cisalhamento e do espaçamento longitudinal

entres os conectores.

Tabela 2.4 - Valores propostos para a rigidez da conexão, k3, de vigas mistas com perfis de alma senoidal e lajes planas

LAJE PLANA k3 (kN/rad)

Espessura da mesa em

contato com a laje

tf

(mm)

Largura da mesa em

contato com a laje bf

(mm)

Espaçamento longitudinal entre os

conectores s ≤ 201,5 mm

Espaçamento longitudinal entre os conectores

201,5 mm < s ≤ 403 mm

1 conector por seção transversal

2 ou mais conectores por seção transversal

1 conector por seção transversal

2 ou mais conectores por seção transversal

≥ 16 e ≤ 19 ≥ 250 6000 15600 4000 6300

≥ 16 e ≤ 19 ≥ 125 e < 250 5500 10800 3400 4500

≥ 8 e < 16 ≥ 250 1750 2700 1100 1250

≥ 8 e < 16 ≥ 125 e < 250 1700 2100 1100 1050

≥ 6,3 e < 8 ≥ 125 e < 250 1300 1350 850 650

Fonte: Calenzani (2008)

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Tabela 2.5 - Valores propostos para a rigidez da conexão, k3, de vigas mistas com perfis de alma senoidal e lajes mistas

LAJE MISTA k3 (kN/rad)

Espessura da mesa em contato com a laje mista

tf

(mm)

Largura da mesa em

contato com a laje mista

bf

(mm)

Conectores em todas as nervuras

Conectores em nervuras intercaladas

1 conector por seção transversal

2 ou mais conectores por seção transversal

1 conector por seção transversal

2 ou mais conectores por seção transversal

≥ 16 e ≤ 19 ≥ 250 4000 8000 2800 3500

≥ 16 e ≤ 19 ≥ 125 e < 250 3200 5200 2100 2800

≥ 8 e < 16 ≥ 250 1200 1800 900 950

≥ 8 e < 16 ≥ 125 e < 250 1050 1300 950 900

≥ 6,3 e < 8 ≥ 125 e < 250 800 850 750 600

Fonte: Calenzani (2008)

2.4.1.5 Rigidez rotacional para vigas mistas ( kr)

A rigidez rotacional, kr é determinada com base na rigidez de molas ligadas em

série, conforme a equação (2.22).

! = !=!" + !=!� + !"!�!= + !" + !� (2.22)

onde, k1, k2 e k3 são respectivamente as rigidezes numéricas da laje, do perfil de aço

e da conexão de cisalhamento.

Pelas comparações feitas por Calenzani (2008) e Calenzani e outros (2012) entre os

resultados numéricos e os obtidos pela formulação proposta, têm-se que os

resultados finais da rigidez rotacional da viga mista no procedimento proposto no

trabalho foram, em sua maioria, conservadores em relação aos da análise numérica.

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44

2.5 Momento crítico elástico em vigas mistas com pe rfis de alma plana

A maioria das prescrições normativas de projeto de vigas mistas semicontínuas e

contínuas requer o conhecimento do momento crítico elástico (Mcr) na região de

momento negativo para determinação do momento fletor resistente dessas vigas.

Métodos teóricos simplificados, como o método da coluna com apoio elástico e o

método da energia, são geralmente usados nos estudos da FLD. Na literatura

constam apenas pesquisas sobre a determinação de Mcr para vigas mistas com

perfis de alma plana. Como há similaridade entre o comportamento dessas e o das

vigas mistas com perfil de alma senoidal, três métodos para o cálculo do Mcr para

perfis de alma plana serão apresentados: método por aproximação de energia,

cálculo por analogia com a barra comprimida em fundação elástica e método da

coluna com apoio elástico.

2.5.1 Método por aproximação de energia

Com base no princípio da energia dois estudos teóricos da flambagem lateral com

distorção foram realizados: Roik, Hanswille e Kina (1990) e Chen e Ye (2010). A

seguir são descritos os métodos de cálculo propostos em cada uma dessas

pesquisas.

2.5.1.1 Trabalho de Roik, Hanswille e Kina (1990)

O cálculo do momento crítico elástico por aproximação de energia, dado a seguir,

baseia-se em Roik, Hanswille e Kina (1990). A Figura 2.11 mostra uma viga mista de

vão L sujeita a momentos de extremidade de sentidos opostos, ocasionando,

portanto, um diagrama de momento fletor constante ao longo do vão. O cálculo do

momento crítico elástico, Mcr, ou seja, o momento de bifurcação da posição de

equilíbrio é feito considerando a resposta de um único mecanismo “U” contínuo à

FLD.

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Figura 2.11 – Viga mista com mecanismo “U” contínuo

Fonte: Calenzani (2008)

Os esforços internos no perfil de aço, força axial de compressão e momento fletor,

Na e Ma, respectivamente, se relacionam com o momento crítico elástico, conforme

as equações:

�� = �� &�+&+ (2.23)

L� = −�� 1M��&+ (2.24)

onde Iax e Ix são os momentos de inércia em relação ao eixo x da seção do perfil de

aço e da seção mista, tomada como a seção do perfil de aço mais a seção da

armadura negativa, respectivamente e y é a distância do centro de gravidade da

seção mista ao centro de gravidade da seção do perfil de aço. A excentricidade da

força axial no perfil de aço, e, pode ser definida como:

0 = ��L� = &�+1M�� (2.25)

Um sistema equivalente ao da Figura 2.11, mostrado na Figura 2.12, é utilizado para

representar o comportamento do mecanismo “U” na flambagem lateral com

distorção. Nesse sistema, a laje de concreto é substituída por um apoio rígido, que

impede o deslocamento lateral da mesa superior ao longo do vão. Um apoio elástico

que impede parcialmente o giro da seção do perfil de aço é aplicado no ponto A da

w

f

f

a

ho

t

t

tc

x

yb

M cr M cr

L

N a M a

N s

y

M cr

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mesa superior. Esse apoio é contínuo ao longo do vão e sua rigidez é tomada como

a rigidez rotacional do mecanismo “U”, kr.

Figura 2.12 – Sistema equivalente de Roik, Hanswille e Kina (1990)

Fonte: Calenzani (2008)

O método da energia aplicado às condições de contorno mostradas na Figura 2.12

fornece a seguinte expressão para a variação do potencial:

( )( ) dz

yyNryNyM

rMkJGCEyIEL

fSaDfafa

myarawafaya

′′+′++′′−

′++′+′′+=Π

0222

22222

222

1

φφφφφ

φφφφ

(2.26)

onde:

Ea e Ga são os módulos de elasticidade longitudinal e transversal do aço,

respectivamente;

Iay, J e Cw são o momento de inércia em relação ao eixo y, a constante de torção e a

constante de empenamento, relativos à seção do perfil de aço;

yf é a distância entre o centro de rotação (ponto A) e o centro de cisalhamento

(ponto D) da seção do perfil de aço;

L é o comprimento da viga entre apoios verticais (exige-se que ambas as mesas do

perfil de aço possuam contenção lateral nesses apoios);

rD é o raio de giração polar da seção do perfil de aço em relação ao centro de

cisalhamento, 222pDD ryr += ;

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rp é o raio de giração polar da seção do perfil de aço, ( ) aayaxp A/IIr +=2 ;

Aa é a área da seção do perfil de aço;

kr é a rigidez rotacional da viga mista, dada pela (2.11) do capítulo 2.3;

yS é a distância do centro geométrico ao centro de cisalhamento do perfil de aço,

positiva quando o centro de cisalhamento e a mesa comprimida pelo momento

negativo estão do mesmo lado do centro geométrico;

e rmy é igual a -2 yj, sendo ( )

∫+−= dA

I

yxyyy

axSj 2

22

.

Com a solução

=L

zsen

πφφ 0 e os esforços internos Na e Ma dados pelas equações

(2.23) e (2.24), tem-se:

+

++

=22

22

ππαπ L

kJGL

CEyIEhL

M rawafayao

gcr

(2.27)

onde αg é um fator relacionado à geometria da seção transversal da viga mista, dado

por:

( ) ( )jfpSf

axxog

yye

ryy

I/Ih

−++−

=

222

α

(2.28)

A expressão (Ea Iay 2fy

+ Ea Cw) é a rigidez ao empenamento do perfil de aço em

relação ao centro de rotação. Pode-se denominar Cw,A de constante de

empenamento do perfil de aço em relação ao centro de rotação, sendo seu valor

dado por:

22oy,afayfwA,w hIIyCC =+= (2.29)

onde Iaf,y é o momento de inércia da mesa inferior com relação ao eixo y. Após

algumas operações algébricas, obtém-se:

afyaragdist

cr IEL

kJGL

CM

+=

2

2

πα

(2.30)

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O coeficiente Cdist considera a influência da forma do diagrama de momento fletor

em função do parâmetro γ, dado por:

22

2

2

LL

kJG

hIE

ra

oy,afa

+

=

π

γ (2.31)

Portanto, o parâmetro γ depende das propriedades geométricas e mecânicas do

perfil de aço. Para diagrama de momento fletor constante, tem-se:

γγπ 12 +=distC

(2.32)

A solução segundo a equação (2.30) pode ser utilizada para outras formas de

diagrama de momento fletor. Casos práticos de vigas mistas solicitadas a momento

fletor variável ao longo do vão foram resolvidos pelo Método dos Elementos Finitos e

pelo processo de Ritz, no qual para o estabelecimento dos deslocamentos foram

usadas funções polinomiais de interpolação de terceira ordem de Hermite. O cálculo

do momento crítico elástico (menor autovalor) foi efetuado com auxílio do método da

bisseção e seguido da iteração da secante.

Foi demonstrado que há apenas uma leve dependência dos valores de Cdist com o

perfil de aço escolhido. Então, conservadoramente, pode-se adotar o valor de Cdist

dado nas Tabela 2.6 e Tabela 2.7, sendo essas tabelas as mesmas adotadas pela

ABNT NBR 8800:2008, como apresentado no item 2.3.

Na equação (2.30) o termo GaJ fornece a contribuição da rigidez à torção uniforme

do perfil de aço. Essa rigidez é pequena quando comparada com krL2/π2, podendo

ser desprezada no cálculo do momento crítico elástico sem perda de precisão

considerável, Johnson (2004). A equação (2.30) torna-se então independente do vão

L:

afyargdist

cr IEkC

α= (2.33)

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Tabela 2.6 – Valores de Cdist para vãos com cargas transversais

Condições de

carregamento e apoio

Diagrama de momento fletor 1)

Cdist

ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00 ψ=1,25 ψ=1,50 ψ=1,75 ψ=2,00 ψ=2,25 ψ=2,50

MoMoψ

41,5 30,2 24,5 21,1 19,0 17,5 16,5 15,7 15,2

M oM oψ 0.50 Mψ o

33,9 22,7 17,3 14,1 13,0 12,0 11,4 10,9 10,6

M oM oψ 0.75 Mψ o

28,2 18,0 13,7 11,7 10,6 10,0 9,5 9,1 8,9

M oMoψ Moψ

21,9 13,9 11,0 9,6 8,8 8,3 8,0 7,8 7,6

ψMoM o

28,4 21,8 18,6 16,7 15,6 14,8 14,2 13,8 13,5

MoMoψMoψ

12,7 9,89 8,6 8,0 7,7 7,4 7,2 7,1 7,0

NOTA:

1) Mo é o momento máximo solicitante de cálculo, considerando o tramo analisado como biapoiado.

Fonte: Roik, Hanswille e Kina (1990) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

Tabela 2.7 – Valores de Cdist para vãos sem cargas transversais

Condições de carregamento

e apoio

Diagrama de momento fletor

1)

Cdist

ψ=0,00 ψ=0,25 ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00

M ψ M

aceitável

11,1 9,5 8,2 7,1 6,2

M

ψ Maceitável

11,1 12,8 14,6 16,3 18,1

NOTA: 1) M é o maior momento negativo solicitante de cálculo, em módulo, no trecho analisado, sendo que valores de ψ maiores que 1,00 devem ser tomados iguais a 1,00.

Fonte: Roik, Hanswille e Kina (1990) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

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Sendo oay

y,aff h

I

Iy = , o cálculo do fator αg pela equação (2.28) pode ser simplificado

para o caso de Iaf,y > 0,5 Iay, já que, nesta condição, o parâmetro yj pode ser tomado

com boa precisão como:

oay

y,afj h

I

I,y

−= 1240

(2.34)

Como yf + yS = yA, a expressão para o fator αg fica:

oay

y,afo

ay

y,afpA

axxog

hI

I,h

I

I

e

ry

I/Ih

−−+

+=

1280222

α

(2.35)

Se a seção do perfil de aço for duplamente simétrica, tem-se 50,II ayy,af = e

yA = 0,5 ho, o que leva a um fator αg dado por:

opo

axxog

he

rh

I/Ih

++

=22 4

α

(2.36)

2.5.1.2 Trabalho de Chen e Ye (2010)

Nos métodos de energia, a energia potencial total da FLD é representada como a

soma da energia da flexo-torção da mesa inferior livre e da energia da distorção

lateral da alma. Na derivação da energia potencial da mesa e da alma, o

deslocamento lateral da mesa é assumido como uma série senoidal, e o

deslocamento lateral da alma é representado como uma curva polinomial de 3° ou 5°

ordem ou tomada a forma de uma deformação de flexão de uma viga em balanço.

Usando o método de Ritz ou o método de Galerkin, o problema de FLD elástica é

transformado num problema de autovalor o qual pode ser resolvido através de

algoritmos numéricos. A maioria dos estudos desse método não considera o caso de

carregamento distribuído por conta da instabilidade das expressões de energia

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potencial. Através de algumas simplificações, Chen e Ye (2010) deduziram uma

equação para a FLD de vigas mistas contínuas submetidas a cargas distribuídas,

sendo verificada a sua eficiência pelo método dos elementos finitos.

Na Figura 2.13 o comprimento da região do momento negativo entre os apoios é Le.

Chen e Ye (2010) simplificaram os problemas de FLD de vigas mistas contínuas

para uma viga I simplesmente apoiada submetida a um momento negativo

distribuído de forma triangular (Figura 2.14). Não foi levado em consideração o efeito

da armadura longitudinal do concreto na viga. As suposições da simplificação

incluem:

(1) Enrijecedores transversais soldados à alma do perfil de aço na região dos apoios

da viga mista que restringem completamente o deslocamento lateral e a rotação da

seção transversal (Figura 2.15). Como resultado, a deformação da viga é restringida

entre os apoios.

(2) A influência da região de momento positivo na FLD é pequena.

Figura 2.13 – Diagrama de momento fletor de viga mista contínua

Fonte: Chen e Ye (2010)

Figura 2.14 – Diagrama de momento equivalente

Fonte: Chen e Ye (2010)

Figura 2.15 – Enrijecedores

Fonte: Chen e Ye (2010)

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Com base no método de Ritz, a equação da FLD de vigas mistas contínuas é

resolvida. A deflexão da seção transversal é mostrada na Figura 2.16.

Figura 2.16 – Deformação da seção transversal

Fonte: Chen e Ye (2010) Nota: Figura adaptada pelo autor

O modo de flambagem será:

NO'P'Q = N�=�"Q R0S TS#U� V (2.37)

A energia potencial total da FLD pode ser aproximada por:

Π = 127 %&�'O',XX" �UY* � 127 � 'P',X" �UY

* � 12 ∙ %?@�12 77O@,XX" �1�U

�12 ∙ �?@�3 77O@,X�" �1�U 2 127['X.O',X" � 8" ∙ P',X" /�\

2127.[@XO@,X" � 2]@X�O@,XO@,�/�\ 2 )27['X.P',XO',X � P'O�,UU/�\

27[@X1.P@,XO@,X � P@O@,XX/�\ 2 )"4 7['X.P',X" � P'P',XX/�\

27[@X 1".P@,X" � P@P@,XX/�\ (2.38)

Pelo método de Ritz ^_`ab 0, assim:

c%d=&�' 2 e=�*e"�* 2 %d"&�@e"�* 2 %d"&�@�d� ' 2 e��* c 0 (2.39)

onde:

d= S"#"�" � 13&�@35&�'S"#"�" � ?@�551 � O6)&�' (2.40)

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53

d" = 11ℎ210 S"#"�" + ?@�6051 + O6&�@ (2.41)

d� = 1 + 2 @15 ' + %&�@ℎ"105� ' S"#"�" (2.42)

e= = �'ℎ4&+ + ?@ℎ"20&+ (2.43)

e" = ?@ℎ�210&+ (2.44)

e� = &+'ℎ4&+ + ?@ℎ�1680&+ (2.45)

A relação entre M0 e L pode ser obtida resolvendo a equação (2.39), a carga crítica

de FLD fica então determinada.

Através das simplificações apresentadas, Chen e Ye (2010) deduziram uma

equação para a determinação da carga crítica de flambagem lateral com distorção

de vigas mistas contínuas. As simplificações adotadas, assim como a equação

obtida, foram verificadas por meio de análise numérica pelo método dos elementos

finitos. Com os resultados numéricos, pôde-se observar que a equação proposta por

Chen e Ye (2010) é conservador.

Para estudos futuros, algumas melhorias para a equação (2.39) podem ser feitas:

considerar a influência da σwy e a energia de deformação de cisalhamento, usar mais

modos de flambagem, modificar e simplificar a equação da FLD por parâmetros e

análises reais.

2.5.2 Cálculo por analogia com a barra comprimida e m fundação elástica

A analogia entre as equações diferenciais da FLD e as da flambagem lateral de uma

barra comprimida em fundação elástica foi estudada por Hanswille (2002) visando a

obtenção do momento crítico elástico de uma viga mista sujeita a carga vertical e

momento de torção distribuídos ao longo do vão, além de momentos de

extremidade.

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54

2.5.2.1 Trabalho de Hanswille (2002)

Assim como o sistema equivalente de Roik, Hanswille e Kila (1990), o sistema

equivalente de Hanswille (2002) mostrado na Figura 2.17, é composto pelo perfil de

aço, um apoio rígido que impede o deslocamento lateral da mesa superior e um

apoio elástico que restringe parcialmente o giro da seção do perfil de aço. A

diferença entre esses sistemas está no carregamento que a viga de aço está sujeita.

Figura 2.17 – Sistema equivalente de Hanswille (2002)

Fonte: Hanswille (2002) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

No sistema equivalente mostrado na Figura 2.17, os esforços internos no perfil de

aço, Na e Ma, também podem ser expressos em função do momento crítico elástico

da seção mista Mcr, conforme as equações (2.23) e (2.24).

A equação diferencial de equilíbrio para o problema da Figura 2.17 é dada por:

( )[ ] ( )( )[ ]( )[ ] trfpy

pSfamyfaaA,wa

mkyyP

ryyNryMJGCE

=+−+

+′

′+++−+′′−′′′′

φφφφ 222

(2.46)

onde yp é a posição da carga distribuída em relação ao centro de cisalhamento.

Como já foi exposto no subitem 2.5.1.1, Cw,A é a constante de empenamento do

perfil de aço em relação ao centro de rotação A, dada pela equação (2.29). A

definição das outras variáveis da equação (2.46) é a idêntica à dada no subitem

anterior.

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55

Substituindo os esforços, Na e Ma, na equação (2.46) e considerando que yp = yf,

tem-se:

( )[ ] TracryAwa mkJGMkCE =+′′−+′′′′ φφφ, (2.47)

onde ky é dado por

( )x

axmyf

pSfy I

Iry

e

iyyk

−+

++= 2

22

(2.48)

A equação diferencial de equilíbrio dada pela equação (2.47) tem a mesma estrutura

da equação diferencial de equilíbrio do problema da coluna comprimida sobre

fundação elástica, equação (2.49), adicionando uma força de tração H:

( )( )[ ] ysxa pwCwHzNwIE =+′′−+′′′′ (2.49)

A analogia mostrada na Tabela 2.8 pode ser usada para resolver o problema da

FLD. Para força axial constante na barra comprimida em fundação elástica e

momentos de extremidade iguais no caso da FLD, as seguintes equações

diferenciais são derivadas da equação (2.49) e equação (2.47).

02

2

2

=

+′′

+′′′′ wL

wL

w kk ηε 0

2

2

2

=

+′′

+′′′′ φηφεφLL

BB (2.50)

( ) xak IEHNL /−=ε ( ) AwaacryB CEJGMkL ,/−=ε (2.51)

( )xask IELC /4=η ( )A,warB CE/Lk 4=η (2.52)

A carga crítica Ncr da barra comprimida em fundação elástica e o momento crítico

elástico Mcr da viga mista na região de momento negativo resultam da equação

(2.50) com soluções gerais )/()( LznsenCzw π= e )/()( 0 Lznsenz πφφ = ,

respectivamente, onde n é o número de ondas desconhecido:

( ) Hn

nL

IEN kxa

cr +

+=2

2

2 πηπ ( ) JG

nn

L

CE

kM a

BAwa

ycr +

+=2

2

2,1

πηπ

(2.53)

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56

Tabela 2.8 – Analogia entre a barra comprimida em fundação elástica e o problema da FLD

Equações diferenciais de equilíbrio

Flambagem lateral de uma barra comprimida em fundação elástica

Flambagem lateral com distorção de uma viga com apoio lateral na mesa superior e restrição elástica a torção

( )( )[ ] ysya pwCwHzNwIE =+′′−+′′′′ ( )[ ] TracryA,wa mkJGMkCE =+′′−+′′′′ φφφ

Deslocamento w Rotação φ

Módulo de fundação Cs Rigidez rotacional da viga mista kr

Força normal H Rigidez à torção uniforme Ga J

Rigidez à flexão Ea Iy Rigidez ao empenamento Ea Cw,A

Força normal N(z) Momento de flexão ky Mcr(z)

Carregamento

Carga uniformemente distribuída py Momento de torção distribuído mT

Carga concentrada Py Momento de torção concentrado MT

Momento de flexão Mx Bimomento Mw

Condições de contorno

Apoio simples w = 0 e 0=′′w φ = 0 e 0=′′φ

Apoio engastado w = 0 e 0=′w Empenamento restringido φ = 0 e 0=′φ

Esforços internos

Momento de flexão wIEM xax ′′−= Bimomento φ ′′−= A,waw CEM

Cortante vertical wIEV xay ′′′−= Momento de torção φ ′′′−= A,wazs CEM

Fonte: Hanswille (2002) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

p y

y(w)

EaI xN -H N -H

Cs

mtky M cr

Ga J Ga Jky M cr

Ea Cw,A

y( φ)

kr

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57

A Figura 2.18 mostra que o número de ondas n depende do fator de rigidez πη / .

Os valores mínimos de carga e momento críticos podem ser determinados das

seguintes condições:

πη kcr n

dn

dN=⇒= 0

πηBcr n

dn

dM=⇒= 0 (2.54)

Substituindo o número de ondas n de acordo com a equação (2.54) na equação

(2.53) tem-se:

HCIEN sxamin,cr += 2 JGkCEk

M arAway

cr += ,min, 21

(2.55)

Figura 2.18 – Carga crítica elástica Ncr e momento crítico elástico Mcr em função de ηk e ηB

Fonte: Hanswille (2002) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

Para o método proposto, um coeficiente de flambagem βB é introduzido para a

flambagem lateral com distorção, que correspondente a um coeficiente de

flambagem βk para a barra comprimida. Esses coeficientes de flambagem se referem

ao momento crítico elástico Mcr ou, na analogia, à carga crítica Ncr, desprezando-se

a rigidez à torção uniforme ou, na analogia, a força de tração H. Comparando-se os

resultados para Mcr e Ncr com a carga de flambagem de Euler de uma coluna

simplesmente apoiada, tem-se:

( )H

L

IEN

k

xacr +=

2

2

βπ

( )

+= JG

L

EC

kM a

B

Aw

ycr 2

,2

1

βπ

(2.56)

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58

onde os coeficientes de flambagem são dados pela equação (2.57) e o número de

ondas tomado da Figura 2.18.

2

k

22

k

n

1n

1

+=

πη

π

β 2

B

22

B

n

1n

1

+=

πη

π

β

(2.57)

Com base na analogia descrita acima, o coeficiente de flambagem para FLD, βB,

pode ser calculado com a ajuda de programas de computador para vigas com

diagrama de momento fletor não-uniforme. Coeficientes de flambagem são

mostrados na Figura 2.19 e Figura 2.20 para vigas com cargas distribuída e

concentrada em conjunto com momentos desiguais nas extremidades.

Figura 2.19 – Coeficiente de flambagem βB para vigas com momentos de extremidade e carga uniformemente distribuída

Fonte: Hanswille (2002) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

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59

Figura 2.20 – Coeficiente de flambagem βB para vigas com momentos de extremidade e carga concentrada no meio do vão

Fonte: Hanswille (2002) Nota: Figura adaptada por Calenzani (2008)

Se a força axial N (na analogia, momento fletor) não é constante ao longo do

comprimento da viga, a força de tração H (na analogia, a rigidez à torção uniforme)

influencia o comprimento de flambagem, que depende da distribuição da força axial,

HxN −)( . Isso pode ser levado em conta pela consideração de uma rigidez à torção

uniforme efetiva (GaJ)ef, que depende da razão entre os momentos de extremidade

ψ e o fator A, dado na Figura 2.19 e Figura 2.20. A equação (2.56) pode ser reescrita

como:

( )

+= efa

B

Awa

ycr JG

L

CE

kM )(

12

,2

βπ

( ) ( ) JGAJG aefa ψ5,05,1 −= (2.58)

O momento crítico elástico de vigas mistas contínuas de alma plana foi calculado

pelo método da analogia da barra comprimida em fundação elástica para vãos

variando entre 10 e 25 vezes a altura do perfil de aço. Momentos críticos

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60

correspondentes também foram calculados pela aproximação de energia dada no

subitem 2.5.1.1. Esses valores de momento foram comparados com valores obtidos

pelo M.E.F. A comparação demonstrou que a aproximação de energia pode conduzir

a resultados não conservadores no caso de vigas com momentos de extremidade

desiguais e no caso de vãos extremos de vigas contínuas.

2.5.3 Método da coluna com apoio elástico

Quando comparado com o método de energia, o método da coluna com apoio

elástico é mais atraente devido a sua forma simples e de fácil compreensão.

Pesquisas recentes de Chen e Ye (2010) mostraram que o método da energia não

considera as cargas distribuídas transversais por causa da inadequada expressão

de energia potencial total adotada. Em adição, o autovalor da equação do método de

energia é um pouco complicado, não sendo considerado apropriado para

dimensionamento de projetos.

Uma importante modificação no método da coluna com apoio elástico foi

desenvolvida por Svensson (1985), na qual a variação da tensão axial na mesa livre

foi levada em consideração e soluções para nove casos relevantes na prática foram

apresentadas. Goltermann e Svensson (1988) estendeu o método de Svensson

(1985) adotando o caso de restrição à torção finita com aplicação de um apoio

lateral na mesa.

Embora simples em aplicação, o método de Svensson (1985) usualmente

superdimensiona as soluções porque não leva em consideração a contribuição da

torção de Saint Venant como também desconsidera algumas partes da alma que

provavelmente podem contribuir com a mesa livre para constituir o modelo da

coluna. Assim, Williams e Jemah (1987) sugeriram que a carga crítica de flambagem

na mesa livre seja determinada pelo método de Svensson (1985), enquanto a tensão

crítica da FLD seja obtida adicionando-se 15% da área da alma na área da mesa

livre. Ye e Chen (2013) melhoraram o modelo de Svensson (1985) incluindo a

participação da alma como uma coluna. Eles propuseram um método simplificado

para resolver os problemas de FLD para vigas mistas contínuas.

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61

2.5.3.1 Trabalho de Ye e Chen (2013)

No trabalho de Ye e Chen (2013) a FLD é substituída pela flambagem com flexo-

torção da coluna com apoio elástico. Dois tipos de expressões teóricas para

melhorar a coluna com apoio elástico sujeita a força axial variável são derivadas

através da expressão da energia potencial e do equilíbrio das equações diferenciais,

respectivamente.

Considerando a coluna com apoio elástico como mostrado na Figura 2.21, a rigidez

lateral do apoio da coluna, kr, por unidade de comprimento é usualmente tomada

como a rigidez da alma:

! = %?@�451 − g"6ℎ�� (2.59)

onde E é o módulo de Young, υ é o coeficiente de Poisson e ht é a distância entre os

centróides das mesas. Na Figura 2.21, h1 considera a participação da alma na seção

transversal da coluna e se relacionada com a distribuição da tensão e deslocamento

da alma.

Se a laje fornecer uma restrição rotacional (k1) para mesa superior, kr pode ser

representado por:

1! = 1!= + 1!" = 451 − g"6ℎ��%?@� + ℎ�"!= (2.60)

Na Figura 2.21, kϕ é a rigidez rotacional fornecida pela alma através da união entre

ela e a mesa. De acordo com as fórmulas da flambagem com distorção para as

colunas de perfis U formados a frio, kϕ é fornecido por:

!h = 2Cℎ@ (2.61)

onde D é a rigidez a flexão da alma por unidade de largura, D = (Etw³/12(1- υ²)) e hw

é a altura da alma.

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Para obter o valor da inclinação do momento fletor, o modelo da coluna com apoio

elástico (Figura 2.21) está sujeito a uma força variável P, sendo P expressa por:

i = i*S5j6 → S5j6 = > + Fj + lj" → 0 m j m 1 (2.62)

onde P0 é a força máxima da mesa livre. Por definição, P positivo significa

compressão e os coeficientes a, b, c representam as diferentes condições de

carregamento.

Figura 2.21 – Melhoramento do método da coluna com apoio elástico

Fonte: Ye e Chen (2013) Nota: Figura adaptada pelo autor

2.5.3.1.1 Solução da coluna com apoio elástico com base na expressão da energia

potencial total

A seção transversal da coluna não varia durante a flambagem. Assim, a expressão

da energia potencial da flambagem com flexo-torção para a coluna é dada por:

Π 127 n%&�opp" � � �qp" 2 i5op" � 21*opqp6 2 ir*=qp"s�UY*

�127 ! o"�UY* � 127 !h (q 2 32)� o," �UY

* (2.63)

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onde, i0 = (I0/A)0,5, I0 é o momento polar da área próxima ao centro de cisalhamento,

e A é a área da seção transversal da coluna; o termo =" t !h Tq − �"uv oV" �UY*

representa o trabalho feito pela mola rotacional e isso pode eliminar a flambagem à

torção da coluna. Assumindo que a distorção da alma na direção “x” possui a forma

de um deslocamento lateral de uma viga em balanço, a torção na mesa livre

induzida pela distorção da alma não resulta na rotação da mola e pode ser expressa

como (3/2 ht)o.

Com base no método de Ritz, a carga crítica de flambagem elástica da coluna pode

ser determinada. Primeiramente, assume-se uma série senoidal para o modo de

flambagem da coluna, isto é:

wxyxzo = {��R0S5r#j6|

�}*q = {C�R0S5r#j6|

�}* (2.64)

Introduzindo quantidades adimensionais, equações (2.65), (2.66) e (2.67), a

flambagem por flexo-torção da coluna em apoio elástico é transformada num

problema de autovalor de ordem 2n x 2n, sendo obtido pela equação (2.68):

e� = �! ��%&� $*,"� (2.65)

�� = �!h��%&� $*,"� (2.66)

~" = � � ��"#"%&�ℎ�"$ (2.67)

|� − ��| = 0 (2.68)

onde, � = ��= �"�� ��� e

��=,44 = 12 ��#� + 12 5e�6� + 98ℎ�" 5��6� → � 1,2,3, … , S�=,4� = 0 → r ≠ �

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��",44 = − 34ℎ� 5��6� → � 1,2,3, … , S�",4� = 0 → r ≠ �

���,44 = − 1#" 34ℎ� 5��6� → � 1,2,3, … , S��,4� = 0 → r ≠ �

���,44 = 12~"ℎ�"�"#" + 12#" 5��6� → � 1,2,3, … , S��,4� = 0 → r ≠ �

� ��= �"�� ���

wxyxz �=,44 = #�4 �" �2> + F + ( 1�"#" + 23, l� → � 1,2,3, … , S�=,4� = #"r� r" + �"5r" − �"6" n�5−16��4 − 1�F + 25−16��4ls → r ≠ �

wxyxz �",44 = 1* #�4 �" �2> + F + ( 1�"#" + 23, l� → � 1,2,3, … , S�",4� = #"1*r� r" + �"5r" − �"6" n�5−16��4 − 1�F + 25−16��4ls → r ≠ �

wxyxz ��,44 = 1* #�4 �" �2> + F + ( 1�"#" + 23, l� → � 1,2,3, … , S��,4� = 1*r� r" + �"5r" − �"6" n�5−16��4 − 1�F + 25−16��4ls → r ≠ �

wxyxz ��,44 = r*" #�4 �" �2> + F + ( 1�"#" + 23, l� → � 1,2,3, … , S��,4� = r*"r� r" + �"5r" − �"6" n�5−16��4 − 1�F + 2 ∙ 5−16��4ls → r ≠ �

A equação (2.68) pode ser facilmente resolvida por programas computacionais.

Além disso, para propostas de dimensionamento, os valores de λ podem ser

tabelados por três valores não dimensionais, βL, αL, k2. Após isso, a tensão elástica

da FLD para vigas mistas podem ser escritas como:

[� �iH� (2.69)

onde, A = bf tf + h1 tw.

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65

O momento crítico elástico da FLD pode ser expresso por:

�� = [� &0,5ℎ + ?' (2.70)

2.5.3.1.2 Solução da coluna com apoio elástico com base no equilíbrio das

equações diferenciais

A estabilidade do problema na Figura 2.21 pode ser resolvida pelo equilíbrio das

equações diferenciais. O equilíbrio de força na direção x pode ser expresso por:

%&� ��o�U� + ��U �i (�o�U + 1* �q�U,� + ! o = 0 (2.71)

Assume-se que a distorção da alma na direção x é similar à deformada de uma viga

em balanço, e o ângulo entre a mesa e a alma não se altera durante a flambagem.

Assim, a relação entre u e ϕ pode ser determinada por ϕ = du / dy e o ângulo ϕ é

expresso por:

q = 32ℎ� o5U6 (2.72)

Sendo e� = (��Y���� ,*,"� e S5j6 = > + Fj + lj".

Obtém-se uma equação de autovalor de ordem n x n:

|� − ��| = 0 (2.73)

onde,

��4 = � 0 → r ≠ �12 ��#� + 12 5e�6� → r �

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66

��4 =wxyxz #�4 r" �2> + F + ( 1�"#" + 23, l� ∙ (1 + 31*2ℎ�, → r �#"r� r" � �"5r" 2 �"6" n�5216��4 − 1�F + 25−16��4ls (1 + 31*2ℎ�, → r ≠ �

Assim, a tensão crítica e a carga de FLD das vigas mistas podem ser obtidas

resolvendo as equações (2.73), (2.69) e (2.70).

As equações (2.68) e (2.73) são adequadas para a FLD de vigas mistas submetidas

ao momento uniforme negativo e para FLD de vigas mistas submetidas ao momento

negativo triangular. No entanto, o presente método da coluna com apoio elástico é

inválido para vigas mistas submetidas a condições de carregamento que induzam a

uma distribuição de momento fletor não linear. Assim, a carga variável na coluna

com apoio elástico não pode substituir completamente o momento real da viga

mista.

2.5.3.1.3 Método simplificado para a FLD das vigas mistas contínuas

Como na prática o carregamento geralmente causa momento fletor não linear ao

longo do eixo longitudinal, Ye e Chen (2013) propuseram uma simplificação razoável

para vigas mistas contínuas sujeitas a cargas distribuídas. Para isso, primeiramente,

é introduzido um momento equivalente à FLD.

Se a inclinação do momento for definida como r = M2 / M1, (onde M1 e M2 são os

momentos nas extremidades, e o M1 é o máximo momento negativo da

extremidade), o momento equivalente assumido presume que a FLD elástica para as

vigas mistas com comprimento L e inclinação do momento r é igual à de vigas de

mesma seção com o comprimento Leq sobre a inclinação de momento r = 0, como

mostrado na Figura 2.22.

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67

Figura 2.22 – Momento fletor equivalente para a FLD

Fonte: Ye e Chen (2013) Nota: Figura adaptada pelo autor

Teoricamente, Leq é relacionado com a metade do comprimento crítico da onda da

FLD sobre o momento fletor negativo triangular. Mas, essa meia onda é difícil de ser

obtida. Assim, a metade do comprimento crítico da onda da FLD sobre o momento

fletor negativo uniforme, #5%&�/! 6*,"�, é tomada como um parâmetro básico. Com

base na modelagem numérica, a equação (2.74) é proposta para estimar o

comprimento crítico aplicável para a suposição do momento fletor equivalente.

�H� 2,22 (%&�',�! ,*,"� (2.74)

onde, Iaf,y é o momento de inércia da mesa comprimida no eixo y e kr é a rigidez

lateral do apoio por unidade de comprimento (equação (2.59)).

As três etapas de simplificação da FLD para vigas mistas contínuas são:

(1) o diagrama de momento fletor real é simplificado em partes num diagrama de

momento fletor linear (linhas pontilhadas), como mostrado na Figura 2.23. Essa

simplificação é um pouco conservadora, pois causa aumento da região de momento

fletor negativo da viga mista.

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Figura 2.23 – Diagrama de momento fletor para vigas mistas contínuas internas

Fonte: Ye e Chen (2013)

(2) A FLD em uma viga mista contínua com diagrama de momento fletor linear

(Figura 2.23) pode ser simplificada para o caso de duas vigas simplesmente

apoiadas com comprimentos L1 e L2, respectivamente, como mostrado na Figura

2.24.

Figura 2.24 – Esquema da 2° etapa do método simplificado

Fonte: Ye e Chen (2013)

Quando a viga mista é submetida a um momento fletor simétrico (Figura 2.25), a

FLD deve ocorrer nas duas extremidades, simultaneamente. Com base na

propriedade de simetria, o problema de FLD é simplificado para uma viga

simplesmente apoiada com a metade do vão.

Figura 2.25 – Diagrama de momento fletor simétrico para vigas mistas contínuas internas

Fonte: Ye e Chen (2013)

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69

A Figura 2.26 mostra o diagrama de momento fletor não simétrico para vigas mistas

contínuas internas. Nessas circunstâncias, a FLD pode ocorrer primeiramente na

extremidade da direita da viga. As outras partes ((2), (3), (4) na Figura 2.26) podem

ser negligenciadas quando o comprimento da região de momento negativo da

extremidade direita atender a equação (2.74). Caso não atenda a equação (2.74),

apenas a parte esquerda ((3), (4) na Figura 2.26) da viga mista é negligenciada.

Figura 2.26 – Diagrama de momento fletor não simétrico para vigas mistas contínuas internas

Fonte: Ye e Chen (2013)

(3) O problema de FLD é simplificado para a viga simplesmente apoiada submetida

ao momento fletor negativo triangular, com base no diagrama de momento

equivalente. Se for definido que L1 é o comprimento da região de momento negativo

para a viga mista simplesmente apoiada; Leq é o comprimento crítico aplicado para o

momento equivalente estabelecido pela equação (2.74) e L o comprimento da viga

mista simplificada, o terceiro passo da simplificação é descrito a seguir:

- quando L1 ≥ Leq, L é igual a L1. A tensão elástica à FLD é calculada pela equação

(2.68) ou (2.73) considerando o momento negativo triangular.

- Quando L1 < Leq, L é igual a Leq. A tensão elástica à FLD é calculada pela equação

(2.68) ou (2.73) considerando o momento negativo triangular.

Como resultado, o menor valor obtido das duas vigas simplesmente apoiadas é

tomado como a tensão elástica à FLD para o vão interno de viga mista contínua.

Obviamente, o terceiro passo da simplificação é conservador quando L < Leq.

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70

3 DEFINIÇÃO E AFERIÇÃO DA MODELAGEM NUMÉRICA

3.1 Considerações gerais

Neste capítulo, modelos numéricos foram definidos para determinação do momento

crítico elástico (Mcr) de vigas mistas contínuas com perfis de almas plana e senoidal

por meio do método dos elementos finitos, utilizando o programa Ansys 14.0 (2011).

Para a aferição dos modelos propostos, utilizou-se o exemplo do trabalho de

Hanswille (2002).

Modelos tridimensionais em elementos finitos foram desenvolvidos para retratar da

forma mais realística possível a instabilidade elástica das vigas mistas contínuas na

região de momento negativo. A escolha por determinado tipo de elemento, pelas

condições de contorno, entre outras variáveis, foi feita de forma adequada para a

obtenção de resultados confiáveis.

No item 3.2 é feita uma breve apresentação sobre a análise numérica de flambagem

realizada nessa pesquisa. No item 3.3, os modelos numéricos são descritos

detalhadamente. Os elementos utilizados e a geração da malha de elementos finitos

estão descritos, respectivamente, nos subitens 3.3.1 e 3.3.2. No subitem 3.3.3, as

condições de contorno e o carregamento aplicado são discutidos.

O item 3.4 descreve o exemplo de Hanswille (2002), utilizado na aferição dos

modelos numéricos. Finalmente, no item 3.5, os resultados numéricos são

confrontados com a formulação de Roik, Hanswille e Kina (1990) e de Hanswille

(2002), e aferição da modelagem numérica é comprovada.

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71

3.2 Análise numérica de flambagem

A análise de flambagem é usada para calcular os carregamentos críticos de

flambagem (carregamentos para os quais a estrutura se torna instável) e a

deformada da estrutura flambada. Existem dois tipos de análises usados para prever

o modo de flambagem e a carga crítica de uma estrutura, denominados de análise

de flambagem linearizada e análise não linear.

A análise de flambagem linearizada prevê a carga crítica teórica de uma estrutura

ideal elástica linear (o ponto da bifurcação) por meio da resolução de um problema

de autovalor. Este método corresponde à abordagem encontrada na literatura para

análise de flambagem elástica, por exemplo, os resultados de uma análise de

flambagem linearizada de uma coluna serão os mesmos da solução clássica de

Euler. Entretanto, as imperfeições iniciais geométricas, tensões residuais e outras

não linearidades impedem que a maioria das estruturas reais consiga alcançar a sua

carga crítica elástica teórica (Figura 3.1-b).

De acordo com Ansys 14.0 (2011), a análise não linear é uma aproximação mais

exata e, consequentemente, mais recomendada para o projeto ou avaliação de

estruturas reais. Esta técnica emprega uma análise estática não linear com aumento

gradual da carga até o nível em que a estrutura se torne instável (Figura 3.1-a).

Figura 3.1 – Curva de flambagem

Fonte: Ansys 14.0 (2011) Nota: Figura adaptada pelo autor

Conforme Ansys 14.0 (2011), usando a técnica não linear, o modelo em elementos

finitos pode incluir propriedades como imperfeições iniciais, comportamento plástico,

tensões residuais e grandes deformações. Além disso, usando carregamentos

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72

controlados por deslocamento, pode-se obter o desempenho pós-flambagem da

estrutura (útil nos casos onde a estrutura flamba em uma configuração estável).

Entretanto, segundo Bathe (1996), uma solução não linear incremental completa

para o problema de flambagem pode ser onerosa, e em muitos casos uma análise

de flambagem linearizada é de grande importância. A carga crítica de flambagem

calculada na análise de flambagem linearizada pode ser uma boa estimativa da

carga de colapso real (somente quando os deslocamentos iniciais são pequenos) e

o primeiro modo de flambagem obtido é útil na definição das imperfeições iniciais

para a análise não linear. Isto é, se as imperfeições que correspondem ao primeiro

modo de flambagem forem impostas na geometria perfeita do modelo estrutural não

linear, a capacidade resistente pode ser significativamente reduzida e ser mais

representativa da capacidade resistente da estrutura real.

A solução para o momento crítico de vigas mistas, dada pela equação (2.4), para

flambagem lateral com distorção, é válida apenas nos casos de comportamento

totalmente elástico (flambagem elástica linearizada). Essa suposição é razoável para

vigas mais esbeltas, entretanto, para vigas de esbeltez intermediária, o escoamento

pode ocorrer em alguns pontos da viga antes do momento crítico ser alcançado. Se

uma parte da viga está em regime inelástico quando a flambagem começa, esta terá

a sua rigidez reduzida devido à degeneração do módulo de elasticidade do material.

Como resultado o momento crítico será menor; portanto, para vigas de esbeltez

intermediária, a análise de flambagem deverá ser elasto-plástica.

3.2.1 Análise de flambagem linerarizada (flambagem por autovalor)

A determinação da carga crítica de um sistema elástico pode ser simplificada se os

deslocamentos anteriores ao nível da carga crítica forem considerados desprezíveis.

Assim, as equações de equilíbrio não lineares podem ser parcialmente linearizadas,

em um processo que conduz ao problema clássico de autovalor da estabilidade.

A expressão final para o procedimento de análise de estabilidade pelo problema de

autovalor que negligencia os deslocamentos antes da flambagem tem a forma:

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[ ] [ ]( )[ ] [ ]0=+ iG zKK (3.1)

onde [zi] é o enésimo autovetor, [K] é a matriz de rigidez do material e [KG] a matriz

de rigidez geométrica. Esta última é dada por:

[ ] [ ]SK iG λ= (3.2)

sendo λi o enésimo autovalor e [S] a matriz que representa a tendência da

distribuição de tensões iniciar a flambagem levando em conta as deformações de

segunda ordem.

As equações (3.1) e (3.2) surgem do critério de estabilidade, que determina que na

ocorrência da instabilidade, a matriz de rigidez tangente, dada pela soma entre as

matrizes [K] e [KG], deve ser singular, ou seja:

[ ] [ ] 0det =+= Gt KKKDet (3.3)

No Ansys 14.0 (2011), assim como em outros programas que usam o MEF, a análise

de flambagem linearizada segue as etapas resumidas a seguir:

1) construção do modelo em elementos finitos;

2) resolução do sistema linear estático da equação (3.4) para obtenção da

distribuição das forças internas:

[ ][ ] [ ]fuK = (3.4)

onde [u] é o vetor dos deslocamentos nodais e [f] é um vetor similar ao vetor de

forças nodais [F] do sistema, porém com suas componentes com valor unitário;

3) com a distribuição das forças internas, determina-se a matriz de rigidez

geométrica [KG];

4) resolução do problema de autovalor, reescrito na equação:

[ ] [ ]( )[ ] [ ]0=+ ii zSK λ (3.5)

por meio de extração modal, feita por métodos especiais que tiram vantagem da

dispersão das matrizes [K] e [S], tais como o de iteração por subespaço e o de

Lanczos;

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5) o autovalor λi mais próximo de zero será o multiplicador da carga crítica e o

autovetor associado zi fornece o correspondente modo de flambagem.

Um ponto importante nesse tipo de análise é que normalmente os carregamentos

unitários são suficientes, ou seja, não é necessário especificar o valor real dos

carregamentos. Os autovalores calculados pela análise de flambagem representam

os fatores multiplicadores para o carregamento de flambagem. Com isso, se um

carregamento unitário for especificado, os fatores multiplicadores irão representar o

próprio valor da carga crítica da flambagem.

3.2.2 Análise não linear

Em uma análise não linear, as equações de equilíbrio são não lineares e sempre

haverá necessidade de iterações de equilíbrio. Geralmente, a aproximação de

Newton-Raphson e suas versões modificadas são utilizadas para resolver as

equações de equilíbrio não lineares. Nesta aproximação, a carga é subdividida em

uma série de incrementos da carga. Os incrementos da carga podem ser aplicados

em diversas etapas de carregamento.

Antes de cada solução, o método de Newton-Raphson avalia o vetor de forças

desbalanceadas, que é a diferença entre as forças internas (que correspondem às

tensões no elemento) e as cargas aplicadas. O programa executa então uma análise

linear usando as forças desbalanceadas e verifica a convergência. Se os critérios de

convergência não forem satisfeitos, o vetor de forças desbalanceadas será

reavaliado, a matriz da rigidez é atualizada, e uma solução nova é obtida. Este

procedimento interativo continua até que o problema convirja.

Um grande número de aceleradores de convergência, tais como line-search,

incremento automático de carga e método da biseção podem ser ativados para

ajudar a convergência. Se a convergência não for atingida, o programa tenta

resolver com um incremento menor de carga. Em algumas análises não lineares,

quando se usa o método do Newton-Raphson sozinho, a matriz de rigidez tangente

pode tornar-se singular, causando dificuldades de convergência. Tais ocorrências

incluem as análises não lineares em que a estrutura entra em colapso

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completamente. Para tais situações, pode-se ativar um esquema alternativo de

iteração, o método arc-lenght, que evita pontos de bifurcação.

No Ansys 14.0 (2011), assim como em outros programas que usam o MEF, a análise

não linear deve ser precedida de uma análise de flambagem linearizada. A seguir

serão listadas resumidamente, as etapas de uma análise não linear:

1) introdução das imperfeições iniciais por meio do primeiro modo de flambagem

calculado na análise de flambagem linearizada;

2) modelagem optativa de outras não linearidades, como tensões residuais e não

linearidade do material;

3) definição do número de incrementos de carga, método de resolução do sistema

não linear, aceleradores de convergência e outros parâmetros;

4) resolução do sistema não linear para obtenção do diagrama carga versus

deslocamento e, consequentemente, do valor da carga crítica.

3.3 Modelos numéricos

Os modelos numéricos das vigas mistas de aço e concreto possuem a laje de

concreto e os conectores de cisalhamento substituídos por uma mola rotacional e

uma restrição total ao deslocamento lateral, ambas aplicadas à mesa superior, ao

longo de todo o comprimento da viga. Assim, como se pode ver na Figura 3.2, os

modelos são constituídos pelo perfil de aço de alma plana ou senoidal, modelado

com o elemento de casca Shell 181 e pelas molas, modeladas com o elemento

Spring Combin 14. Para os perfis de alma plana, a rigidez rotacional da mola foi

determinada conforme prescrição da ABNT NBR 8800:2008, equação (2.11). Já a

rigidez rotacional das vigas mistas com perfis de alma senoidal foi determinada pela

formulação proposta por Calenzani (2008), conforme explicado no item 2.4.

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Figura 3.2 – Modelo numérico simplificado

a) Viga mista com mecanismo “U” b) Sistema equivalente

Fonte: Calenzani (2008) Nota: Figura adaptada pelo autor

3.3.1 Elementos utilizados

O elemento Shell181 foi utilizado para representar o perfil de aço. Esse elemento é

usado para estruturas de casca de espessura fina ou moderadamente grossa, sendo

útil em análises lineares, não lineares, com grandes deslocamentos e grandes

deformações, (Ansys 14.0, 2011). Também permite a consideração de plasticidade,

fluência e “stress stiffening”. O elemento Shell 181 é definido por quatro nós e seis

graus de liberdade por nó, as translações nas direções x, y e z e as rotações em

relação aos eixos x, y e z, Figura 3.3.

Figura 3.3 – Elementos de casca – Shell 181

Fonte: Ansys 14.0 (2011) Nota: Figura adaptada pelo autor

O elemento Spring Combin 14 foi utilizado para representar a rigidez da laje e dos

conectores na viga mista de aço e concreto. Esse elemento pode ser utilizado para

restringir de forma parcial tanto a translação quanto a rotação. Para a opção de

rotação ele é definido pela constante de mola (k) e por dois nós com três graus de

liberdade em cada nó: rotação em relação aos eixos x, y e z (Figura 3.4).

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Figura 3.4 – Elementos de mola – Combin 14

Fonte: Ansys 14.0 (2011) Nota: Figura adaptada pelo autor

3.3.2 Malha de elementos finitos

O Ansys 14.0 (2011) possui duas alternativas para a geração da malha de

elementos finitos, livre ou mapeada. A malha livre é gerada automaticamente pelo

programa enquanto a malha mapeada é definida pelo usuário, que estabelece a

forma e o tamanho dos elementos. Optou-se pela geração mapeada da malha de

elementos finitos.

Para definir o tamanho do elemento do perfil de alma plana foi realizado um estudo

de malhas compostas por elementos de dimensões variando de 2 cm a 50 cm com

passo de 1 cm para malhas com dimensões no intervalo de 2 cm a 10 cm e passo

de 5 cm para malhas com dimensões entre 10 cm e 50 cm, totalizando 17 modelos.

Foi realizado o estudo de malha numa viga mista com perfil de alma plana

submetida a momento fletor linear com comprimento igual a 10 m.

A Figura 3.5 mostra o momento crítico elástico em função do número total de

elementos. A linha horizontal marca a quantidade de elementos correspondente à

densidade de malha.

Visualmente seria possível marcar como número de elementos ótimo aquele que

ocorre ao final do trecho curvo do gráfico, ou seja, malha com um número de

elementos próximo a cinco mil. Conclui-se através desse estudo de malha que

elementos com dimensão de 3 cm geram resposta boa o suficiente (Figura 3.6).

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Figura 3.5 – Momento crítico x número de elementos

Fonte: autor

Figura 3.6 – Malha dos modelos com perfis de alma plana

Fonte: autor

Como Calenzani (2008) obteve resultados numéricos satisfatórios em suas análises

numéricas, neste trabalho foi adotada a mesma malha para o modelo de viga mista

com perfil de alma senoidal (Figura 3.7). Nesses perfis, os elementos Shell 181

retangulares de quatro nós foram usados no perfil metálico exceto na região de

junção das mesas com a alma onde foram necessários elementos Shell 181

triangulares de três nós. A malha dos elementos da mesa do perfil foi bastante

refinada, tendo o menor elemento dimensões de 0,73 cm x 0,775 cm, devido à

amplitude da onda senoidal ser muito pequena, 2 cm. Para a modelagem das vigas

mistas com perfis de alma senoidal, primeiramente foi modelado um trecho com

2.000,0

2.500,0

3.000,0

3.500,0

4.000,0

4.500,0

5.000,0

5.500,0

6.000,0

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000

Mcr

(kN

m)

Número de elementos

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comprimento igual ao período da onda, 15,5 cm. Para obter o vão desejado na

análise numérica, esse trecho foi copiado n vezes (Figura 3.8).

Figura 3.7 – Malha da mesa dos modelos com perfis de alma senoidal

Fonte: autor

Conforme sugerido pelo Ansys 14.0 (2011), o elemento Combin 14 foi definido por

dois nós coincidentes, ou seja, nós com as mesmas coordenadas em x, y e z. Esse

elemento foi adicionado ao eixo geométrico da mesa superior do perfil de alma plana

e de alma senoidal (Figura 3.6 e Figura 3.8, respectivamente). Para dar estabilidade

ao elemento de mola, o nó não conectado ao elemento Shell 181 foi restringido em

todas as direções (translações e rotações em x, y e z).

Figura 3.8 – Perfil de alma senoidal com um comprimento de onda igual a 15,5cm

Fonte: autor

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3.3.3 Condições de contorno e carregamento aplicado

Para simular as condições de contorno, no que se refere aos apoios das vigas, em

uma das extremidades, os deslocamentos nas direções globais y e z foram

impedidos na mesa inferior do perfil. Já nas outras extremidades, apenas o

deslocamento na direção global y foi restringido. Para simular o vínculo de garfo e

impedir o giro das seções transversais dos apoios, os deslocamentos na direção x

foram restringidos nos nós extremos das mesas superior e inferior. Enrijecedores

transversais foram modelados nas seções transversais dos apoios, para anular

qualquer influência de deformações locais nessa região (Figura 3.9).

O elemento de mola Combin 14 foi utilizado para fornecer a rigidez rotacional (kr)

aos modelos numéricos. Para os modelos de alma plana, kr assume o valor da

rigidez da laje (k1), pois a rigidez da conexão de cisalhamento é desprezada no

cálculo da rigidez rotacional, conforme visto no item 2.3. A rigidez da alma (k2) já

está considerada no modelo por meio dos elementos de casca Shell 181 que

compõem a alma do perfil de aço.

Para os modelos de alma senoidal, a rigidez rotacional (kr), equação (3.6), é

calculada considerando a rigidez da laje (k1) e a rigidez da conexão (k3), pois nos

perfis de alma senoidal, a rigidez da conexão têm influência significativa no valor de

kr. A rigidez da alma (k2) não é levada em consideração pelo mesmo motivo citado

para os perfis de alma plana. Como a laje na mesa superior do perfil de aço impede

o deslocamento lateral da viga, foi restringido lateralmente, na direção x, o

deslocamento dessa mesa.

! = !=!�!= + !� (3.6)

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Figura 3.9 – Condições de contorno do modelo numérico

Fonte: autor

Com o intuito de se analisar o parâmetro de modificação de momento fletor (Cdist),

foram estudadas diversas situações de vigas mistas com perfis de alma plana e de

alma senoidal submetidas a cargas uniformemente distribuídas. Para isso, modelos

com dois vãos e com três vãos, simulando, respectivamente, vãos extremos e vãos

internos de vigas mistas contínuas submetidas a cargas uniformemente distribuídas

foram processados (Figura 3.10 e Figura 3.11). Foi analisada também a condição da

viga mista contínua submetida a um momento fletor de variação linear (Figura 3.12).

Figura 3.10 – Diagrama de momento fletor para vão extremo com carga distribuída

Fonte: autor

Para o vão extremo das vigas mistas contínuas, o momento fletor máximo solicitante

de cálculo no meio do vão, considerando o tramo analisado como biapoiado, é M0 e

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o momento fletor na extremidade da viga é igual a ψM0 (Figura 3.10). Pela equação

dos três momentos, equação (3.7), foi possível obter uma relação entre as cargas

distribuídas q1 e q2 com o coeficienteψ, mantendo constante os vãos da viga (L).

���� + 2(�� + &�&� ��,�� + &�&� ���� = −i����4 − i����4 &�&� (3.7)

sendo,

LA e LB os comprimentos dos vãos da viga;

IA e IB as inércias da seção da viga AB e BC, respectivamente;

MA, MB e MC o momento nos apoios A, B e C, respectivamente;

PA e PB as cargas distribuídas no vão AB e BC, respectivamente.

Considerando LA = LB = L, IA = IB = I, MA = MC = 0, PA = q1 e PA = q2, Figura 3.10,

obtém-se:

25� + �6�� = −�=��4 − �"��4 (3.8)

ou seja,

�� = −5�= + �"6�"16 (3.9)

Como �� = ��* e �* = ��"/8, as cargas distribuídas aplicadas nas vigas de vão

extremo seguiram a seguinte relação:

�= 52� − 16�" (3.10)

�" = 0,01 (kN/cm) (3.11)

Para o vão interno de vigas mistas contínuas foram estudadas três possíveis

situações da relação entre o momento fletor máximo solicitante de cálculo (M0) e o

momento fletor na extremidade das vigas: 0,5ψM0, 0,75ψM0 e ψM0 (Figura 3.11).

Com base na equação dos três momentos, mantendo a carga do vão central igual a

0,01 kN/cm e todos os vãos com comprimentos constantes (L), pode-se obter,

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similarmente ao vão extremo, o valor das cargas q1 e q3 em função da constante

ψ para os três casos de diagramas de momento fletor. Para o caso 1, têm-se as

seguintes relações:

�= = 52,25� 2 16�" (3.12)

�� 51,5� 2 16�" (3.13)

Para o caso 2, têm-se:

�= 52,375� 2 16�" (3.14)

�� 52� 2 16�" (3.15)

Finalmente, para o caso 3, têm-se:

�= 52,5� 2 16�" (3.16)

�� 52,5� 2 16�" (3.17)

Figura 3.11 – Diagrama de momento fletor para vão interno com carga distribuída

Fonte: autor

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Para o caso de vãos com momento fletor linear, foram modeladas vigas

simplesmente apoiadas submetidas a cargas horizontais nos nós das mesas

superiores e inferiores das extremidades do perfil de aço, de forma a obter um

momento fletor de valor unitário (M), Figura 3.12. Dois casos de momento fletores

lineares foram analisados, conforme mostrado na Figura 3.12. Para o caso 1, as

cargas aplicadas nos nós das mesas tiveram as seguintes relações:

�= = 1/5ℎ* ∙ S°SóR6 (3.18)

�" 2��= (3.19)

sendo, h0 a distância entre os centros geométricos das mesas do perfil de aço.

Para o caso 2, foram aplicadas as mesmas cargas do caso 1, com exceção da força

F2 que teve o mesmo sentido da força F1, ou seja, F2 = ψF1.

Figura 3.12 – Vão com momento fletor linear

Fonte: autor

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3.4 Exemplo utilizado na aferição

O exemplo analítico utilizado na aferição do modelo numérico está descrito em

Hanswille (2002). Neste exemplo, Hanswille (2002) comparou o seu resultado do

momento crítico obtido pela analogia com a barra comprimida em fundação elástica

(item 2.5.2.1) com o resultado do momento crítico elástico de Roik, Hanswille e Kina

(1990) obtido pelo método de aproximação de energia (item 2.5.1.1).

O exemplo analisa o vão extremo de uma viga mista com dois vãos de comprimento

igual a 20 m e perfil de aço HE 800 A (hw = 734 mm, bf = 300 mm, tf = 28 mm e tw =

15 mm), Figura 3.13. A resistência ao escoamento dos aços para as chapas das

mesas e da alma do perfil foram tomados iguais a 35 kN/cm². O coeficiente de

Poisson e o módulo de elasticidade desses aços foram iguais a 0,3 e 21000 kN/cm²,

respectivamente. Hanswille (2002) obteve um Mcr igual a 10974 kNm, enquanto

Roik, Hanswille e Kina (1990), obtiveram um valor igual a 15063 kNm. Hanswille

(2002) concluiu que, para o caso de vão extremo de vigas mistas contínuas, a

formulação de Roik, Hanswille e Kina (1990) está 37% contra a segurança.

Figura 3.13 – Seção transversal e condição de carregamento

Fonte: Hanswille (2002)

O modelo numérico deste trabalho, denominado viga V1, utilizou uma mola com

rigidez rotacional igual a 3640 kNm/m, para representar a rigidez da laje (k1), obtido

por Hanswille (2002), equação (3.20).

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!= = �5%&6"> = 4 ∙ 45505 3640!L /  (3.20)

sendo,

α igual a 4, para vigas internas;

(EI)2 rigidez à flexão da seção mista homogeneizada da laje igual a 4550 kNm²/m,

fornecido por Hanswille (2002);

a distância entre as vigas igual a 5m (Figura 3.13).

A rigidez do conector de cisalhamento pode ser desprezada para perfis de alma

plana, conforme visto no item 2.3. Nessa análise, foi considerada uma carga linear

igual a 0,01 kN/cm em ambos os vãos (Figura 3.14). O momento crítico elástico

obtido foi de 9918 kNm, o que confirma o caráter contrário a segurança da

formulação de Roik, Hanswille e Kina (1990) para vãos extremos.

Figura 3.14 – Modelo validação para vão extremo de viga mista contínua

Fonte: autor

Adicionalmente ao trabalho de Hanswille (2002), mas mantendo as mesmas

características geométricas do seu exemplo, foram modeladas outras vigas

contínuas. As vigas V2 e V3 são idênticas à viga V1, porém o comprimento dos vãos

é, respectivamente, 10 e 30m.

As vigas V4 a V6 (Figura 3.15) retratam a condição de momento fletor negativo

constante. Para isso, foi modelado apenas um vão com condições de contorno de

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uma viga simplesmente apoiada e sujeita a uma carga momento nas extremidades

igual a 1kNcm. O comprimento do vão foi de 10m para a viga V4, 20m para a viga

V5 e 30m para a viga V6.

Figura 3.15 – Modelo validação para vão com momento fletor constante

Fonte: autor

As vigas V7 a V9 (Figura 3.16) foram modeladas para análise de um vão interno de

vigas mistas contínuas. Por isso, o modelo apresenta três vãos de comprimento

iguais. O comprimento dos vãos da viga V7 foi de 10m, o da viga V8 foi de 20m e,

por último, a viga V9 foi modelada com três vãos iguais a 30m de comprimento.

Figura 3.16 – Modelo validação para vão interno de viga mista contínua

Fonte: autor

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88

A Tabela 3.1 lista todos os modelos numéricos usados para a validação.

Tabela 3.1 – Modelos numéricos para validação

Fonte: autor

3.5 Aferição da modelagem numérica

Os valores de Mcr calculados pelas equações (2.30) e (2.58), sugeridas por Roik,

Hanswille e Kina (1990) e por Hanswille (2002), respectivamente, são confrontados

com os valores numéricos, conforme Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Resultados obtidos para validação

Fonte: autor

Na Tabela 3.2, a viga V1 apresenta o momento crítico elástico de 9918 kNm

referente a formulação de Hanswille (2002). Entretanto, em seu exemplo, Hanswille

(2002) obteve um valor do Mcr igual a 10974kNm. Acredita-se que um valor errado

V1 20

V2 10

V3 30

V4 10

V5 20

V6 30

V7 10

V8 20

V9 30

vão extremo - momento fletor não uniforme

vão com momento fletor linear

vão interno - momento fletor não uniforme

HE 800 A

Características da viga

Designção Perfil

Modelos

Tipo de viga mista Vão (m)

DesignaçãoV1 15.079 7.866 9.918 192% 66% 126%V2 16.120 8.980 11.696 180% 73% 130%V3 14.879 6.480 8.636 230% 58% 133%V4 4.079 4.899 5.743 83% 141% 117%V5 3.816 3.945 5.026 97% 132% 127%V6 3.765 3.945 4.819 95% 128% 122%V7 9.146 6.999 11.458 131% 125% 164%V8 8.555 7.613 10.040 112% 117% 132%V9 8.441 6.227 8.757 136% 104% 141%

MODELOMcr (kNm)

Roik, Hanswille e

Kina (1990) (M cr,ROIK)

Hanswille (2002) (M cr,HANS )

Numérico (M cr,NUM )

M cr,ROIK / Mcr,HANS

M cr,NUM / M cr,ROIK

M cr,NUM / M cr,HANS

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para o parâmetro ky, 0,68m, foi assumido por Hanswille (2002). O correto seria

adotar ky igual a 0,72m. O parâmetro β adotado no trabalho de Hanswille (2002) foi

de 0,17, porém, analisando o gráfico da Figura 2.19, observa-se que, para ¡I�/# =2,7, o valor de β é igual a 0,20. Devido essas modificações nos parâmetros do

momento crítico elástico, obteve-se um valor menor para o Mcr, que se aproxima

mais do resultado numérico.

Comparando os valores obtidos analiticamente com os valores numéricos, para a

viga V1, percebe-se que a formulação de Hanswille (2002) está 26% a favor da

segurança, enquanto a formulação de Roik, Hanswille e Kina (1990) está 34% contra

a segurança.

Para vão extremo com carga distribuída (modelos V1 a V3), no cálculo do Mcr pela

formulação de Roik, Hanswille e Kina (1990), adotou-se o coeficiente Cdist igual a

24,5, conforme sugerido na Tabela 2.6. Para a formulação de Hanswille (2002) foi

adotado o valor de β igual a 0,37, 0,20 e 0,15 para os modelos V1, V2 e V3,

respectivamente, obtido pelo gráfico da Figura 2.19, considerando ψ = 0.

Para o vão com momento fletor linear (modelos V4 a V6), adotou-se o coeficiente

Cdist igual a 6,2, conforme sugerido na Tabela 2.7. Para a formulação de Hanswille

(2002) o valor de β adotado foi obtido pelo gráfico da Figura 3.17, considerando ψ =

1, sendo β igual a 0,5, 0,3 e 0,2 para os modelos V4, V5 e V6, respectivamente.

Figura 3.17 – Coeficiente β para vão com momento fletor linear

Fonte: Hanswille, Linder e Münich (1998)

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Para o vão interno (modelos V7 a V9), adotou-se o coeficiente Cdist igual a 13,9,

conforme sugerido na Tabela 2.6. Para obter um resultado satisfatório para a

formulação de Hanswille (2002), foi necessário interpolar linearmente os valores de

β, a partir dos gráficos da Figura 2.19 (α = 0,5 e α = 1), pois a razão α, entre o

momento nas extremidades da viga e o M0 (momento máximo solicitante de cálculo,

considerando o tramo analisado como biapoiado) é igual a 0,8.

Como o modelo numérico consiste em um perfil de aço e molas na mesa superior do

perfil com rigidez igual a da laje de concreto (kr = k1), o momento crítico elástico

fornecido pelo Ansys 14.0 (2011) refere-se ao momento na seção de aço. Para obter

o momento crítico elástico na seção mista foi utilizada a relação proposta por Roik,

Hanswille e Kina (1990), equação (2.23), ou seja:

�� = �� ∙ &+&�+ (3.21)

sendo,

Mcr = momento crítico elástico;

Ma = momento fletor no perfil de aço (resultado obtido da saída do Ansys 14.0,

2011);

Ix = momento de inércia da seção mista na região de momento negativo;

Iax = momento de inércia do perfil de aço.

Como visto, a equação (2.30), proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990), é a

mesma usada pela atual norma brasileira ABNT NBR 8800:2008. Percebe-se que

essa formulação fornece valores de Mcr sempre maiores do que a formulação

proposta por Hanswille (2002) para os casos de vão extremo e vão interno com

carga distribuída. Para os modelos com momento fletor constante, os valores

ficaram muito próximos entre si, tendo uma pequena variação com o aumento do

vão.

Comparando os resultados obtidos pelas formulações de Roik, Hanswille e Kina

(1990) e de Hanswille (2002) com os resultados numéricos, conclui-se que a

formulação de Hanswille (2002) apresenta resultados mais próximos aos numéricos,

estando sempre a favor da segurança (Tabela 3.2). O mesmo não se pode afirmar

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dos resultados de Roik, Hanswille e Kina (1990), pois apresentaram valores muito

acima dos resultados numéricos para o caso de vão extremo de vigas mistas

contínuas (modelos V1 a V3), tornando essa formulação contra a segurança nesses

casos (Tabela 3.2).

Segundo Jonhson e Anderson (2004), o método de Hanswille (2002) fornece

resultados que concordam com os numéricos para vãos internos e extremos,

enquanto o método de Roik, Hanswille e Kina (1990) é satisfatório para vãos

internos, mas menos precisos para vãos extremos, chegando a fornecer resultados

contra a segurança acima de 30%. É sugerido mais validações para a formulação de

Roik, Hanswille e Kina (1990).

Diante do exposto, pode-se perceber que a modelagem numérica desse trabalho

confirma as observações de Jonhson e Anderson (2004), além de se mostrar

eficiente na determinação do momento crítico elástico à flambagem lateral com

distorção, pois apresenta diferenças percentuais relativamente pequenas em relação

às teorias analíticas analisadas, principalmente em relação ao método proposto por

Hanswille (2002).

Considera-se, então, o modelo numérico apropriado para o estudo paramétrico de

FLD em regime elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal.

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4 ANÁLISE PARAMÉTRICA DE VIGAS MISTAS COM PERFIS DE ALMA

SENOIDAL

4.1 Introdução

Neste capítulo, uma análise numérica parametrizada é implementada para a

obtenção de resultados que ilustrem a influência de diversos parâmetros no valor do

momento crítico elástico, Mcr, de vigas mistas contínuas com perfis de aço de alma

senoidal. Foram processadas oitenta e cinco modelos numéricos, usando o

programa Ansys 14.0 (2011), com a modelagem apresentada e aferida no capítulo 3.

No item 4.2 discutem-se as premissas utilizadas na escolha dos modelos numéricos

e das variáveis que influenciam a FLD. A geometria e as características dos modelos

são dispostas na forma de tabela.

Após a avaliação da influência das diversas variáveis no valor do momento crítico

elástico, Mcr, um método de cálculo é proposto para se determinar esse momento

em vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal, item 4.3.

4.2 Definição dos modelos numéricos

A análise numérica parametrizada foi realizada em modelos de geometria e

características definidas com base nas variáveis que influenciam o valor do Mcr

obtido segundo a ABNT NBR 8800:2008, equação de Roik. Hanswille e Kina (1990),

aqui repetida para maior clareza, equação (4.1), sendo destacadas as variáveis que

foram analisadas:

�� = �� ¢£¤¥¦§ ��� + ¨©§ª#" $%«¬­,® (4.1)

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Diversas situações de carga distribuída e, consequentemente, de diagramas de

momento fletor não uniforme, foram modeladas visando obter valores consistentes

para o fator de modificação de momento fletor (Cdist). Para isso, modelos com dois

vãos e com três vãos, simulando, respectivamente, vãos extremos (Figura 3.10) e

vãos internos (Figura 3.11) de uma viga mista contínua foram processados. Para

simular a condição do diagrama de momento fletor linear foi modelada uma viga

mista biapoiada submetida a momento fletor nas extremidades (Figura 3.12).

Os parâmetros considerados na avaliação da rigidez à flexão da laje (k1) foram: o

tipo de laje (plana ou mista) e a altura desse elemento (hc). Alturas de lajes iguais a

100mm e 150mm foram tomadas para lajes planas e, iguais a 140mm e 200mm para

lajes mistas. No cálculo de k1 foi utilizado um módulo de elasticidade para o concreto

igual a 2380 kN/cm².

Conforme adotado por Calenzani (2008), foi considerado para as lajes planas uma

área de armadura negativa igual a 94mm² e área de armadura positiva igual a

151mm². Nos modelos de lajes mistas, a fôrma de aço incorporada na laje teve

espessura igual a 1,25mm e, para a armadura negativa, adotou-se uma tela de aço

com barras de diâmetro de 4,2mm espaçadas a cada 100mm.

Para analisar a influência da rigidez da alma (k2), foram processados modelos com

alturas de alma iguais a 400, 500, 600, 800, 1000 e 1200mm, dimensões estas

dentro da faixa de fabricação dos perfis com alma senoidal da Codeme.

Os parâmetros considerados na avaliação da rigidez da conexão de cisalhamento

(k3) foram: o espaçamento longitudinal entre os conectores de cisalhamento (s) e o

número de conectores na seção transversal (N), ou seja, conexão composta por

apenas um conector tipo pino com cabeça soldado na linha de centro da mesa

superior do perfil ou por dois conectores soldados simetricamente em relação a essa

linha. Como definido por Calenzani (2008), o espaçamento entre os conectores de

cisalhamento foi de 201,5mm para modelos de laje plana e 263,5mm para modelos

de laje mista. A variação desse parâmetro foi feita para a laje mista dobrando o

espaçamento longitudinal para 527mm. Somente foram previstos conectores tipo

pino com cabeça de 19mm, tendo em vista serem esses conectores os mais

utilizados no Brasil nas vigas mistas.

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94

Para estudar a influência da razão entre o vão e a altura do perfil de aço (L/h) no

valor do momento crítico elástico, foram processados modelos com as seguintes

razões: 14, 18, 22, 26 e 30.

Para avaliar a influência da inércia da mesa inferior do perfil de aço (Iaf,y), variou-se a

espessura da mesa do perfil em 8mm, 9,5mm, 12,5mm, 16mm e 19mm. A largura da

mesa (bf) foi tomada sempre igual a 125mm.

Com exceção do parâmetro Cdist, a influência dos parâmetros rigidez da laje (k1),

rigidez da alma (k2), rigidez da conexão de cisalhamento (k3), vão da viga (L) e

inércia da mesa inferior do perfil de aço (Iaf,y) foi estudada em modelos de vigas

mistas contínuas submetidas a um momento fletor negativo constante. Também foi

analisado vão extremo com cargas distribuídas uniformemente, para verificar se com

outras condições de contorno a influência dos parâmetros k1, k2, k3, L e Iaf,y, no valor

do momento crítico elástico se comporta de forma similar.

Em todos os modelos, o módulo de elasticidade do aço foi tomado igual a

20000kN/cm² e o coeficiente de Poisson igual a 0,3. Na análise de flambagem, o

valor das propriedades de resistência dos materiais não interessam, entretanto, na

entrada de dados do Ansys 14.0 (2011) se fez necessário o fornecimento do valor da

resistência ao escoamento do perfil de aço. Conforme Calenzani (2008), foi adotada

uma resistência ao escoamento de 35 kN/cm² para as mesas e de 30 kN/cm² para a

alma.

A Tabela 4.1, apresenta os modelos utilizados na avaliação do parâmetro Cdist.

Foram 45 modelos analisados de seção transversal mostrada na Figura 4.1. Foi

considerado um conector na linha de centro, com distância longitudinal de 263,5mm.

As rigidezes rotacionais da laje (k1) e da conexão de cisalhamento (k3) são iguais a

332 kNcm/cm e 1050 kNcm/cm, respectivamente, de acordo com Calenzani (2008).

O comprimento do vão (L) é de 1116 cm (aproximadamente 22h) e a distância entre

vigas (a) adotada é igual a 200 cm.

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95

Figura 4.1 – Seção transversal do modelo numérico

Fonte: autor

A Tabela 4.2, mostra as análises dos parâmetros nas vigas mistas contínuas

submetidas ao momento fletor negativo linear constante, ψ = 1, ou seja, a condição

de carregamento do modelo M5 (Tabela 4.1). Foram 25 modelos analisados de

seção transversal variando conforme descrito na Tabela 4.2. A rigidez rotacional da

laje (k1) e da conexão de cisalhamento (k3) foram calculadas segundo Calenzani

(2008). A distância entre vigas (a) adotada foi de 200 cm.

A Tabela 4.3 mostra as análises dos parâmetros nos modelos de vão extremo,

submetidas à carga distribuída uniformemente nos dois vãos, ψ = 1, ou seja,

condição de carregamento do modelo M12 (Tabela 4.1). Foram 25 modelos

analisados de seção transversal variando conforme descrito na Tabela 4.3. A rigidez

rotacional da laje (k1) e da conexão de cisalhamento (k3) foram calculadas segundo

Calenzani (2008). A distância entre vigas (a) adotada foi de 200cm.

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Tabela 4.1 – Modelos numéricos para análise do parâmetro Cdist

Fonte: Autor

Caso 1

Caso 2

Caso 1

Caso 2

Caso 3

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97 Tabela 4.2 – Modelos numéricos para análise da influência das rigidezes rotacionais, do comprimento da viga e da inércia da mesa

do perfil de aço no Mcr de vão com momento fletor constante

Fonte: Autor

As sup. = 94As inf. = 151As sup. = 94As inf. = 151

M49 PSS 400 x 250 x 16 x 2 400 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M50 PSS 500 x 250 x 16 x 2 500 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M51 PSS 600 x 250 x 16 x 2 600 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M52 PSS 800 x 250 x 16 x 2 800 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M53 PSS 1000 x 250 x 16 x 2 1000 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M54 PSS 1200 x 250 x 16 x 2 1200 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5

M55 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 2 263,5 22h 1300 264

M56 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 527 22h 950 246

M57 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 2 527 22h 900 243

M58 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 14hM59 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 18hM60 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 26hM61 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 30hM62 PSS 500 x 125 x 9.5 x 2 500 125 9,5 2 1,25 140 1 263,5 22hM63 PSS 500 x 125 x 12,5 x 2 500 125 12,5 2 1,25 140 1 263,5 22hM64 PSS 500 x 125 x 16 x 2 500 125 16 2 1,25 140 1 263,5 22hM65 PSS 500 x 125 x 19 x 2 500 125 19 2 1,25 140 1 263,5 22h

Rigidez rotacional

k1

(kNcm/cm)k3

(kNcm/cm)kr

(kNcm/cm)

75 1700 72

232 1700 204

637 1050 396

252

301Ι af,y

307

332

332 1050 252

332

332 400030m

2 1,25

332

1050

3200

1 201,5

K3

L/h

22h

K2

22h

M48 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 200 1 263,5

150

100 1 201,5 22h

M47 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2

Parâmetro Analisado

PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2

Laje Maciça

K1

M46

Laje Mista

N° de conectores da seção N

distância long. entre conectores

s (mm)

Área das armaduras As (mm²)

altura da laje hc (mm)

Espessura da forma td (mm)

altura da laje hc (mm)

N° modelo

Parâmetros do perfil de açoParâmetros da

conexão

Vão da viga (L)

Perfil h (mm)

b f

(mm)

t f

(mm)

t w

(mm)

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98 Tabela 4.3 – Modelos numéricos para análise da influência das rigidezes rotacionais, do comprimento da viga e da inércia da mesa

do perfil de aço no Mcr de vão extremo com carga distribuída

Fonte: Autor

As sup. = 94As inf. = 151As sup. = 94As inf. = 151

M69 PSS 400 x 250 x 16 x 2 400 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M70 PSS 500 x 250 x 16 x 2 500 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M71 PSS 600 x 250 x 16 x 2 600 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M72 PSS 800 x 250 x 16 x 2 800 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M73 PSS 1000 x 250 x 16 x 2 1000 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5M74 PSS 1200 x 250 x 16 x 2 1200 250 9,5 2 1,25 140 1 263,5

M75 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 2 263,5 22h 1300 264

M76 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 527 22h 950 246

M77 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 2 527 22h 900 243

M78 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 14hM79 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 18hM80 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 26hM81 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2 1,25 140 1 263,5 30hM82 PSS 500 x 125 x 9.5 x 2 500 125 9,5 2 1,25 140 1 263,5 22hM83 PSS 500 x 125 x 12,5 x 2 500 125 12,5 2 1,25 140 1 263,5 22hM84 PSS 500 x 125 x 16 x 2 500 125 16 2 1,25 140 1 263,5 22hM85 PSS 500 x 125 x 19 x 2 500 125 19 2 1,25 140 1 263,5 22h

332 3200 301

332

332 1050 252

332 1050 252

232 1700 204

637 1050 396

Ι af,y

Rigidez rotacional

k1

(kNcm/cm)k3

(kNcm/cm)kr

(kNcm/cm)

75 1700

K3

L/h

22h

332 4000 30730m

2 1,25 200 1 263,5

150 1 201,5 22h

K2

M68 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8

100500 125 8 2 201,5 22h

M67 PSS 500 x 125 x 8 x 2 500 125 8 2

PSS 500 x 125 x 8 x 2

K1

M66 72

Laje Mista

N° de conectores da seção N

distância long. entre conectores

s (mm)

Área das armaduras As (mm²)

altura da laje hc (mm)

Espessura da forma td (mm)

1

Parâmetros da conexão

Vão da viga (L)

Perfil h (mm)

b f

(mm)

t f

(mm)

t w

(mm)

Laje MaciçaParâmetro Analisado

N° modelo

Parâmetros do perfil de aço

altura da laje hc (mm)

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99

4.3 Proposição para determinação do momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal

4.3.1 Avaliação dos resultados numéricos

A Tabela 4.4 mostra os resultados do momento crítico elástico das vigas mistas com

variação do parâmetro Cdist. Os valores calculados para o momento crítico elástico

pelas equações (2.30) e (2.58), sugeridas por Roik, Hanswille e Kina (1990)

(adotada pela ABNT NBR 8800:2008) e por Hanswille (2002), respectivamente, são

dados nessa tabela. Constam, também, os resultados numéricos obtidos no Ansys

14.0 (2011).

Tabela 4.4 – Momento crítico elástico variando o parâmetro Cdist

Fonte: Autor

ABNT NBR8800:2008

(M cr,ABNT )

Hanswille (2002) (M cr,HANS )

Numérico (M cr,NUM )

M cr,NUM / M cr,ABNT M cr,NUM / M cr,HANS

M1 0 676 374 492 73% 132%M2 0,25 578 353 472 82% 134%M3 0,5 499 317 450 90% 142%M4 0,75 432 300 424 98% 141%M5 1 377 285 387 103% 136%M6 0,25 779 396 512 66% 129%M7 0,5 889 447 531 60% 119%M8 0,75 992 476 550 55% 116%M9 1 1.102 508 568 52% 112%

M10 0,5 2.526 727 575 23% 79%M11 0,75 1.839 - 729 40% -M12 1 1.492 448 748 50% 167%M13 1,25 1.285 - 741 58% -M14 1,5 1.157 - 729 63% -M15 1,75 1.065 - 716 67% -M16 2 1.004 - 704 70% -M17 2,25 956 - 694 73% -M18 2,5 925 - 685 74% -M19 0,5 2.064 785 595 29% 76%M20 0,75 1.382 - 756 55% -M21 1 1.053 445 752 71% 169%M22 1,25 858 - 731 85% -M23 1,5 791 - 709 90% -M24 1,75 731 - 690 94% -M25 2 694 - 673 97% -M26 2,25 664 - 658 99% -M27 2,5 645 - 646 100% -M28 0,5 1.717 723 682 40% 94%M29 0,75 1.096 - 763 70% -M30 1 834 418 748 90% 179%M31 1,25 712 - 720 101% -M32 1,5 645 - 694 108% -M33 1,75 609 - 671 110% -M34 2 578 - 651 113% -M35 2,25 554 - 634 114% -M36 2,5 542 - 619 114% -M37 0,5 1.333 668 709 53% 106%M38 0,75 846 - 767 91% -M39 1 670 394 741 111% 188%M40 1,25 584 - 704 121% -M41 1,5 536 - 669 125% -M42 1,75 505 - 639 126% -M43 2 487 - 612 126% -M44 2,25 475 - 590 124% -M45 2,5 463 - 572 124% -

Modelos ψψψψ

M cr (kNm)

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100

Como visto, a equação (2.30) proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990) é a mesma

usada pela atual norma brasileira ABNT NBR 8800:2008. A equação (2.58),

proposta por Hanswille (2002), foi utilizada na validação do modelo numérico.

Para os modelos com vãos submetidos a momento fletor linear (modelos M1 a M9 -

Tabela 4.4) a formulação da ABNT NBR 8800:2008 apresenta resultados maiores do

que os obtidos numericamente, com exceção do modelo M5. Já formulação de

Hanswille (2002) apresenta resultados abaixo do numérico (Figura 4.2 e Figura 4.3).

Figura 4.2 – Mcr x ψ para vigas mistas submetidas a momento fletor negativo linear (carregamento - caso 1)

Fonte: Autor

Figura 4.3 – Mcr x ψ para vigas mistas submetidas a momento fletor linear positivo e negativo (carregamento – caso 2)

Fonte: Autor

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

0 0,5 1 1,5

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

300

400

500

600

700

800

900

1.000

1.100

1.200

0 0,5 1 1,5

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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101

Conforme visto na validação do modelo numérico e afirmado por Jonhson e

Anderson (2004), os resultados numéricos para vãos extremos não concordam com

os propostos por Roik, Hanswille e Kina (1990), mas estão de acordo com os de

Hanswille (2002). Nos modelos de viga mista com perfis de alma senoidal (modelos

M10 a M18 - Tabela 4.4 e Figura 4.4), observa-se essa mesma afirmação no que se

refere à formulação da ABNT NBR 8800:2008. No entanto, a análise da formulação

de Hanswille (2002) não pôde ser feita, pois a sua abrangência é limitada, não

contemplando todos os valores de ψ analisados por Roik, Hanswille e Kina (1990).

Figura 4.4 – Mcr x ψ para vão extremo com carga distribuída

Fonte: Autor

Para vãos internos (modelos M19 a M45 - Tabela 4.4 e Figura 4.5, Figura 4.6, Figura

4.7) observa-se uma maior aproximação dos resultados numéricos com os obtidos

pela formulação da ABNT NBR 8800:2008. Conforme afirmado por Jonhson e

Anderson (2004), a formulação proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990) é

satisfatória para vãos internos.

400

900

1.400

1.900

2.400

2.900

0 1 2 3

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

ANSYS

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102

Figura 4.5 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 1)

Fonte: Autor

Figura 4.6 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 2)

Fonte: Autor

Figura 4.7 – Mcr x ψ para vão interno com carga distribuída (carregamento - caso 3)

Fonte: Autor

400

900

1.400

1.900

2.400

0 1 2 3

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

ANSYS

500

700

900

1.100

1.300

1.500

1.700

1.900

0 1 2 3

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

ANSYS

400

600

800

1.000

1.200

1.400

0 1 2 3

Mcr

(k

Nm

)

ψψψψ

ABNT NBR 8800:2008

ANSYS

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103

Quando ψ é igual a 0,5 em vãos extremo e internos (modelos M10, M19, M28 e M37

- Tabela 4.4), os valores do momento crítico elástico obtidos numericamente são

sempre inferiores aos da formulação da ABNT NBR 8800:2008. Há um maior

afastamento no início do gráfico entre o Mcr numérico e o da ABNT NBR 8800:2008

nas Figura 4.4, Figura 4.5, Figura 4.6 e Figura 4.7 (ψ = 0,5). A condição de

carregamento distribuído nas vigas mistas para ψ igual a 0,5 ocasiona uma menor

região de momento fletor negativo no vão analisado. Para cada caso da Figura 4.8

observa-se que o vão adjacente ao analisado está na sua maior parte submetido a

momento fletor negativo, influenciando os resultados obtidos para Mcr. Como Roik,

Hanswille e Kina (1990) analisaram vigas contínuas em modelos de um único vão,

não consideraram a influência do momento negativo do vão adjacente, resultando

em valores maiores para o Mcr.

Figura 4.8 – Diagramas de momento fletor nas vigas mistas contínuas de vão extremo e vão interno com ψ = 0,5

a) vão extremo de uma viga mista

b) vão interno de uma viga mista – carregamento caso 1

c) vão interno de uma viga mista – carregamento caso 2

d) vão interno de uma viga mista – carregamento caso 3

Fonte: Autor

Na Tabela 4.5, são mostrados análises paramétricas em modelos de um único vão

submetidos a momento fletor negativo uniforme, objetivando a análise da influência

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104

dos parâmetros da rigidez da laje (k1), rigidez da alma (k2), rigidez da conexão de

cisalhamento (k3), vão da viga (L) e inércia da mesa inferior do perfil de aço (Iaf,y). Os

valores calculados para o momento crítico elástico pelas equações (2.30) e (2.58),

sugeridas por Roik, Hanswille e Kina (1990) (adotada pela ABNT NBR 8800:2008) e

por Hanswille (2002), respectivamente, são dados nessa tabela. Constam, também,

os resultados numéricos obtidos no Ansys 14.0 (2011).

Tabela 4.5 – Momento crítico elástico para vãos de momento fletor linear constante

Fonte: Autor

Em todos os modelos (Tabela 4.5), os resultados da formulação da ABNT NBR

8800:2008 estão próximos dos resultados numéricos, comprovando a eficiência

dessa formulação para esses casos. A equação proposta por Hanswille (2002)

superdimensiona vigas mistas submetidas a momento fletor negativo constante.

Tomando como exemplo o modelo numérico M52 da Tabela 4.5, percebe-se que a

equação (2.58) apresenta resultados afastados dos numéricos (Mcr,NUM / Mcr,HANS =

180%).

ABNT NBR8800:2008

(Mcr,ABNT )

Hanswille (2002) (Mcr,HANS)

Numérico (M cr,NUM )

M cr,NUM / M cr,ABNT M cr,NUM / M cr,HANS

M46 244 250 236 97% 94%M47 349 287 348 100% 122%M5 377 285 387 103% 136%M48 431 397 458 106% 115%M49 1.645 984 1.739 106% 177%M50 1.556 926 1.655 106% 179%M51 1.484 871 1.593 107% 183%M52 1.374 839 1.514 110% 180%M53 1.291 797 1.416 110% 178%M54 1.227 754 1.389 113% 184%

M55 382 285 392 103% 138%M5 377 285 387 103% 136%M56 375 285 384 102% 135%

M57 374 285 383 102% 134%M58 378 331 407 108% 123%M59 378 320 393 104% 123%M5 377 315 387 103% 123%M60 377 310 387 103% 125%M61 377 292 392 104% 134%M5 377 285 387 103% 136%M62 415 339 432 104% 127%M63 479 454 518 108% 114%M64 561 550 646 115% 117%M65 595 625 731 123% 117%

M cr (kNm)

I af,y

ModelosParâmetro analisado

K1

K2

K3

L/h

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105

Na Figura 4.9, observa-se que o momento crítico elástico cresce com o aumento da

rigidez rotacional da laje (k1). A formulação da ABNT NBR 8800:2008 aproxima-se

dos resultados numéricos. Já a formulação de Hanswille (2002), para uma rigidez

rotacional maior do que 50 kNm/m apresenta valores mais afastados dos resultados

numéricos.

Figura 4.9 – Mcr x k1 para vão com momento fletor negativo constante

Fonte: Autor

Na análise da rigidez rotacional da alma do perfil de aço (k2) constata-se que o

momento crítico elástico cresce com o aumento dessa rigidez (Figura 4.10). A

formulação da ABNT NBR 8800:2008 apresenta resultados próximos aos numéricos.

A formulação de Hanswille (2002) possui resultados abaixo do numérico, ou seja, a

favor da segurança, entretanto, seus valores encontram-se muito afastados.

Figura 4.10 – Mcr x k2 para vão com momento fletor negativo constante

Fonte: Autor

200

250

300

350

400

450

500

50 250 450 650 850

Mcr

(kN

m)

k1(kNm/m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

100 150 200 250 300 350

Mcr

(kN

m)

k2 (kNm/m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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106

O momento crítico elástico apresenta uma pequena variação com o aumento da

rigidez rotacional da conexão (k3), Figura 4.11. Percebe-se que a formulação da

ABNT NBR 8800:2008 apresenta resultados próximos ao numérico, enquanto a

formulação de Hanswille (2002) possui resultados mais afastados.

Figura 4.11 – Mcr x k3 para vão com momento fletor negativo constante

Fonte: Autor

O aumento do vão da viga (L) reduz o momento crítico elástico numérico, Figura

4.12. O valor do Mcr obtido pela formulação da ABNT NBR 8800:2008 não apresenta

variação com o aumento do vão. Conforme afirmado por Johnson (2004), o termo

GaJ, rigidez à torção uniforme do perfil de aço, é pequeno quando comparado com

krL²/π², podendo ser desprezado no cálculo do momento crítico elástico sem perda

de precisão. Ao desprezar o termo GaJ, o Mcr calculado pela formulação da ABNT

NBR 8800:2008 torna-se independe do vão L.

Figura 4.12 – Mcr x L para vão com momento fletor negativo constante

Fonte: Autor

200

250

300

350

400

450

5 10 15 20

Mcr

(kN

m)

L (m)

ABNT NBR 8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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107

Na análise da influência do comprimento do vão, L, pôde-se constatar que a

formulação da ABNT NBR 8800:2008 aproxima-se dos resultados numéricos,

enquanto a formulação de Hanswille (2002) apresenta resultados mais afastados

(Figura 4.12).

Com o aumento da espessura da mesa do perfil de aço (tf), aumenta-se o momento

de inércia da mesa inferior do perfil de aço (Iaf,y). Na Figura 4.13, observa-se que

quanto maior o valor de Iaf,y, maior é o momento crítico elástico na viga. As

formulações da ABNT NBR 8800:2008 e de Hanswille (2002) apresentam resultados

próximos ao numérico.

Figura 4.13 – Mcr x Iaf,y para vão com momento fletor negativo constante

Fonte: Autor

Na Tabela 4.6, são mostrados análises paramétricas em modelos de vãos extremos

submetidos à carga distribuída e ψ = 1,0, objetivando a análise da influência dos

parâmetros da rigidez da laje (k1), rigidez da alma (k2), rigidez da conexão de

cisalhamento (k3), vão da viga (L) e inércia da mesa inferior do perfil de aço (Iaf,y). Os

valores calculados para o momento crítico elástico pelas equações (2.30) e (2.58),

sugeridas por Roik, Hanswille e Kina (1990) e por Hanswille (2002),

respectivamente, são dados nessa tabela. Constam, também, os resultados

numéricos obtidos no Ansys 14.0 (2011).

Pela Tabela 4.6, percebe-se que os valores do Mcr para vigas mistas com perfis de

alma senoidal obtidos pela formulação da ABNT NBR 8800:2008 estão acima dos

resultados numéricos. Essa formulação apresenta resultados contra a segurança

para o dimensionamento de vãos extremos de vigas mistas. Já formulação de

100

200

300

400

500

600

700

800

100 200 300 400

Mcr

(kN

m)

Iaf,y (cm4)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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108

Hanswille (2002) apresenta valores de momento crítico inferiores aos numéricos. Em

alguns casos, a diferença é bem acentuada, por exemplo, no modelo numérico M85

da Tabela 4.6, onde a relação entre o Mcr numérico e o Mcr obtido pela equação

(2.58) é quase o dobro (192%).

Tabela 4.6 – Momento crítico elástico para vãos extremos com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

As Figura 4.14, Figura 4.15, Figura 4.16, Figura 4.17 e Figura 4.18, mostram a

variação do Mcr em função dos parâmetros de rigidez rotacional da laje (k1), rigidez

da conexão de cisalhamento (k3), vão da viga (L) e inércia da mesa inferior do perfil

de aço (Iaf,y) no cálculo do momento crítico elástico (Mcr) para modelos de vãos

extremos submetidos carga distribuída e ψ = 1,0. Quando se observa somente a

variação dos momentos críticos numéricos e da ABNT NBR 8800:2008 em função

de cada parâmetro, fica clara a semelhança com a variação observada nos modelos

submetidos a momento fletor constante, excetuando o parâmetro de rigidez da alma

(k2) que não teve influência no modelo de vão extremo.

ABNT NBR8800:2008

(Mcr,ABNT )

Hanswille (2002) (Mcr,HANS)

Numérico (M cr,NUM )

M cr,NUM / M cr,ABNT M cr,NUM / M cr,HANS

M66 962 344 499 52% 145%M67 1.379 439 681 49% 155%M12 1.492 448 748 50% 167%M68 1.705 523 858 50% 164%M69 6.501 2.165 2.783 43% 129%M70 6.150 2.159 2.778 45% 129%M71 5.866 2.129 2.774 47% 130%M72 5.428 1.786 2.767 51% 155%M73 5.101 1.709 2.758 54% 161%M74 4.847 1.624 2.746 57% 169%M12 1.492 448 748 50% 167%M75 1.508 448 756 50% 169%M76 1.483 448 744 50% 166%M77 1.477 448 742 50% 166%M78 1.494 694 908 61% 131%

M79 1.492 524 813 54% 155%

M12 1.492 507 748 50% 147%

M80 1.491 486 682 46% 140%

M81 1.491 430 667 45% 155%

M12 1.492 448 748 50% 167%M82 1.639 475 843 51% 177%M83 1.893 577 1.020 54% 177%M84 2.216 706 1.270 57% 180%M85 2.350 754 1.450 62% 192%

L/h

I af,y

Parâmetro analisado

Modelos

K1

K2

K3

M cr (kNm)

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109

Pode-se então afirmar que a viga mista contínua de alma senoidal independe de

suas condições de contorno e obedece, aproximadamente, a equação de Roik,

Hanswille e Kina (1990) no que diz respeito à lei de variação dos parâmetros em

estudo.

Figura 4.14 – Mcr x k1 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

Figura 4.15 – Mcr x k2 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

50 250 450 650 850

Mcr

(kN

m)

k1 (kNm/m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

100 150 200 250 300 350

Mcr

(kN

m)

k2 (kNm/m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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110

Figura 4.16 – Mcr x k3 para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

Figura 4.17 – Mcr x L para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

Figura 4.18 – Mcr x Iaf,y para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: Autor

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

800 1000 1200 1400

Mcr

(kN

m)

k3 (kNm/m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

5 10 15 20

Mcr

(kN

m)

L (m)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

100

600

1.100

1.600

2.100

2.600

100 200 300 400

Mcr

(kN

m)

Iaf,y (cm4)

ABNT NBR8800:2008

Hanswille (2002)

ANSYS

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111

4.3.2 Procedimento para determinação do momento crí tico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal

Neste trabalho propõe-se o uso da expressão da ABNT NBR 8800:2008, equação

(2.30), proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990), para o cálculo do momento crítico

elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal com algumas

modificações. Para maior clareza, a expressão foi aqui repetida, equação (4.2).

afyaragdist

cr IEL

kJGL

CM

+=

2

2

πα

(4.2)

sendo,

L o comprimento da viga entre apoios verticais;

Ga o módulo de elasticidade transversal do aço;

Iafy o momento de inércia da mesa inferior do perfil de aço em relação ao eixo y.

O parâmetro Cdist depende da distribuição de momentos fletor no comprimento L.

Nesse trabalho, propõe-se a utilização do Cdist,num, calculado pela equação (4.3).

�����,|¯J = �� ,|¯J��� °(�� + ! �"#",%�&�'�

(4.3)

onde,

Mcr,num é o valor do momento crítico elástico obtido numericamente.

Os valores de Cdist obtidos numericamente são apresentados na Tabela 4.7 para os

casos de vãos extremos e internos de vigas mistas contínuas com carga distribuída.

Na Tabela 4.8 são apresentados os valores de Cdist numéricos para vãos de vigas

mistas contínuas sem cargas transversais. As Tabela 4.7 e Tabela 4.8 devem ser

utilizadas no lugar das Tabela 2.1 e Tabela 2.2 da ABNT NBR 8800:2008, para vigas

mistas com perfis de alma senoidal.

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112

Tabela 4.7 – Valores de Cdist para vãos com cargas distribuídas Condições de carregamento

e apoio

Diagrama de momento fletor 1)

Cdist

ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00 ψ=1,25 ψ=1,50 ψ=1,75 ψ=2,00 ψ=2,25 ψ=2,50

MoMoψ

9,4 12,0 12,3 12,2 12,0 11,8 11,6 11,4 11,2

M oM oψ 0.50 Mψ o

9,8 12,4 12,4 12,0 11,7 11,3 11,1 10,8 10,6

M oM oψ 0.75 Mψ o

11,2 12,5 12,3 11,8 11,4 11,0 10,7 10,4 10,2

M oMoψ Moψ

11,6 12,6 12,2 11,6 11,0 10,5 10,1 9,7 9,4

NOTA:

1) Mo é o momento máximo solicitante de cálculo, considerando o tramo analisado como biapoiado.

Fonte: autor

Tabela 4.8 – Valores de Cdist para vãos sem cargas transversais Condições de carregamento

e apoio

Diagrama de momento fletor

1)

Cdist

ψ=0,00 ψ=0,25 ψ=0,50 ψ=0,75 ψ=1,00

M ψ M

aceitável

8,1 7,8 7,4 7,0 6,4

M

ψ Maceitável

8,1 8,4 8,7 9,0 9,3

NOTA: 1) M é o maior momento negativo solicitante de cálculo, em módulo, no trecho analisado, sendo que valores de ψ maiores que 1,00 devem ser tomados iguais a 1,00.

Fonte: autor

O parâmetro αg é um fator relacionado à geometria da seção transversal da viga

mista. Se o perfil de aço for duplamente simétrico, o parâmetro é calculado pela

equação (4.4). Caso seja perfil de aço simétrico em relação ao eixo situado no plano

de flexão, deve ser calculado pela equação (4.5).

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113

�� = (ℎ*&+&�+ ,�ℎ*"4 + .&�+ + &��/�� $0 + ℎ*

(4.4)

�� = (ℎ*&+&�+ ,.1' − 1�/" + .&�+ + &��/��0 + 2.1' − 14/

(4.5)

onde,

yc é a distância do centro geométrico do perfil de aço à metade da altura da laje de concreto;

A é a área da seção mista na região de momento negativo (perfil de aço mais armadura da laje);

ys é a distância do centro geométrico de cisalhamento do perfil de aço, positiva quando o centro de cisalhamento e a mesa comprimida pelo momento negativo estão no mesmo lado do centro geométrico;

Ix é o momento de inércia da seção mista na região de momento negativo (perfil de aço mais a armadura da laje) com relação ao eixo x;

Iax e Iay são os momentos de inércia da seção de aço com relação a seus eixos baricêntricos;

Aa é a área do perfil de aço;

sendo,

0 = �&�+��1�5� − ��6 (4.6)

1' = ℎ*&�'�&�� (4.7)

14 = 1� − 7158" + 1"6��2&�+ (4.8)

Quando &�',� > 0,5&�� pode-se tomar:

14 = 0,40ℎ* �2 &�',�&�� − 1$ (4.9)

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114

As equações (4.10), (4.11) e (4.12) determinam as propriedades da seção

transversal do perfil de aço de alma senoidal, descrito no catálogo de Zeman & Co

(1999).

&�+ = .F'?'/"2.F'?'/ .ℎ@ + ?'/"

(4.10)

&�� = ?'F'�6 (4.11)

�� = 2F'?' + ℎ@?@ (4.12)

A constante de torção do perfil de aço de alma senoidal (J) é calculada conforme

equação (4.13):

= 23 ∙ F'?'� + 13 ∙ ℎ@?@� (4.13)

Nas expressões acima, bf é a largura da mesa do perfil de aço, tf é a espessura da

mesa, hw e tw são a altura e espessura da alma do perfil, respectivamente.

Para a determinação da rigidez rotacional da viga mista com perfil de alma senoidal

(kr), adotar a proposição de Calenzani (2008), item 2.4.

A Tabela 4.9 e a Tabela 4.10 mostram os valores obtidos para o momento crítico

elástico por meio do procedimento proposto de vigas mistas com perfis de alma

senoidal considerando vão com momento fletor constante e vão extremo com carga

distribuída, respectivamente.

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115

Tabela 4.9 – Comparação entre o Mcr numérico e proposto para vão com momento fletor constante

Fonte: autor

Procedimento proposto (M cr,PROP )

Numérico (M cr,NUM )

M cr,NUM /

M cr,PROP

M46 251 236 94%M47 360 348 97%M5 390 387 99%M48 445 458 103%M49 1.698 1.739 102%M50 1.607 1.655 103%M51 1.532 1.593 104%M52 1.418 1.514 107%M53 1.333 1.416 106%M54 1.266 1.389 110%

M55 394 392 100%M5 390 387 99%M56 387 384 99%

M57 386 383 99%M58 390 407 104%M59 390 393 101%M5 390 387 99%M60 389 387 99%M61 389 392 101%M5 390 387 99%

M62 428 432 101%

M63 494 518 105%

M64 579 646 112%

M65 614 731 119%

I af,y

ModelosParâmetro analisado

K1

K2

K3

L/h

M cr (kNm)

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Tabela 4.10 – Comparação entre o Mcr numérico e proposto para vão extremo com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: autor

Nas Figura 4.19 e Figura 4.20, são apresentadas saídas gráficas dos valores obtidos

pela fórmula proposta para o cálculo do momento crítico elástico de vigas mistas

contínuas com perfis de alma senoidal, considerando vão com momento fletor

constante e vão extremo com carga distribuída, respectivamente. Essas figuras

ratificam a boa concordância entre os valores do momento crítico elástico obtidos

pela formulação proposta (Mcr,prop) e os valores obtidos numericamente (Mcr,num), pois

a dispersão em relação à linha de ajuste é pequena.

Procedimento proposto (M cr,PROP )

Numérico (M cr,NUM )

M cr,NUM /

M cr,PROP

M66 483 499 103%M67 692 681 98%M12 749 748 100%M68 856 858 100%M69 3.264 2.783 85%M70 3.088 2.778 90%M71 2.945 2.774 94%M72 2.725 2.767 102%M73 2.561 2.758 108%M74 2.433 2.746 113%

M75 757 756 100%M12 749 748 100%M76 744 744 100%M77 742 742 100%M78 750 908 121%M79 749 813 108%M12 749 748 100%M80 748 682 91%M81 748 667 89%M12 749 748 100%M82 823 843 102%M83 950 1.020 107%M84 1.113 1.270 114%M85 1.180 1.450 123%

M cr (kNm)

L/h

I af,y

Parâmetro analisado

Modelos

K1

K2

K3

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Figura 4.19 – Mcr,num x Mcr,prop para vãos com momento fletor negativo constante

Fonte: autor

Figura 4.20 – Mcr,num x Mcr,prop para vãos extremos com carga distribuída e ψ = 1,0

Fonte: autor

100

300

500

700

900

1.100

1.300

1.500

1.700

1.900

100 600 1.100 1.600 2.100

Mcr

,pro

p (k

N/m

)

Mcr,num (kN/m)

400

900

1.400

1.900

2.400

2.900

3.400

3.900

500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000

Mcr

,pro

p (k

N/m

)

Mcr,num (kN/m)

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118

5 CONCLUSÕES

5.1.1 Sobre o trabalho realizado

Neste trabalho, foi desenvolvido e apresentado um procedimento para determinação

do momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal,

com vistas à verificação do estado limite último de flambagem lateral com distorção

(FLD). Para se chegar a esse procedimento, inicialmente, foi desenvolvida uma

modelagem numérica usando o programa Ansys 14.0 (2011), a qual foi aferida

tomando como referência o exemplo numérico de Hanswille (2002) com viga de

alma plana. Em seguida, foram processados oitenta e cinco modelos numéricos

diferentes variando os parâmetros que influem no cálculo do momento crítico

elástico (condições de contorno, rigidezes rotacionais da laje, da alma e da conexão

de cisalhamento, comprimento da viga e esbeltez da mesa do perfil). Finalmente, os

resultados numéricos foram analisados e um procedimento para a determinação do

momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de alma senoidal foi

proposto.

Para o cálculo do momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de

alma senoidal, o procedimento proposto utiliza a expressão prescrita pela ABNT

NBR 8800:2008 para vigas mistas com perfis de alma plana com adaptações nos

valores do parâmetro Cdist e da rigidez rotacional. Com base na análise numérica,

valores de Cdist mais adequados são propostos para vãos extremos e internos de

vigas mistas contínuas sujeita a carregamento distribuído e vigas sem cargas

transversais. Para o cálculo da rigidez rotacional de vigas mistas com perfis de alma

senoidal, propõe-se a utilização do procedimento de Calenzani (2008). As

características geométricas do perfil de aço devem ser obtidas considerando a alma

senoidal.

A adequação do procedimento para a obtenção do momento crítico elástico de vigas

mistas com perfis de alma senoidal foi confirmada pela boa concordância observada

entre os valores propostos e os numéricos, tanto para vigas mistas submetidas a

momento fletor negativo linear quanto para vigas mistas submetidas a carregamento

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distribuído. O máximo desvio obtido entre o momento crítico obtido numericamente e

o obtido pelo procedimento proposto para menos foi de 11% e para mais de 23%.

Da análise dos resultados numéricos obtêm-se algumas considerações importantes.

Uma delas está relacionada à modelagem numérica das vigas mistas. Foi observada

uma considerável influência se a viga mista contínua é modelada considerando

todos os seus vãos ou se é modelada de forma simplificada, considerando apenas o

vão analisado como biapoiado. Devido à influência do vão adjacente ao vão

analisado, o modelo completo da viga mista possui um valor do momento crítico

elástico menor do que o Mcr do modelo simplificado para ψ = 0,5. Essa observação

induz a uma discussão a respeito da confiabilidade da Tabela 2.6 da ABNT NBR

8800:2008, uma vez que a mesma fornece resultados contrários à segurança para

os casos mostrados de ψ = 0,5.

A formulação proposta por Roik, Hanswille e Kina (1990) para o cálculo do momento

crítico elástico de vigas mistas é bastante precisa para vigas sem cargas

transversais (vigas submetidas a momento fletor linear) e para vãos internos de

vigas mistas submetidas a cargas distribuídas. Mas, necessita de uma melhor

validação para vãos extremos de vigas mistas contínuas. A formulação de Hanswille

(2002) apresenta ser mais confiável para o cálculo do Mcr, entretanto,

subdimensiona em alguns casos o valor desse momento e não abrange todos os

possíveis casos propostos por Roik, Hanswille e Kina (1990), restringido a sua

aplicação.

A flambagem lateral com distorção (FLD) em vigas mistas de aço e concreto

contínuas deve ser verificada nas regiões de momento negativo e, em muitas

situações, constitui-se o estado-limite último predominante. Neste contexto, acredita-

se que os resultados deste trabalho representem uma contribuição fundamental para

o projeto de vigas mistas de alma senoidal, pois permitem a determinação da

capacidade resistente à FLD uma vez que, com o valor do momento crítico elástico

definido, o momento fletor negativo resistente pode ser imediatamente obtido por

uma das aproximações de projeto já mencionadas anteriormente.

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5.1.2 Sugestões para trabalhos futuros

Considera-se que o presente estudo represente uma contribuição adicional para a

compreensão e caracterização do fenômeno da flambagem lateral com distorção

(FLD) de vigas mistas de aço e concreto. Mas, a principal força deste trabalho

encontra-se no seu lado inédito, que vem da proposição desenvolvida para a

determinação do momento crítico elástico de vigas mistas contínuas com perfis de

aço de alma senoidal.

Procurou-se considerar da forma mais precisa possível todos os fatores envolvidos

na questão da FLD de vigas mistas com perfis de aço de alma senoidal, buscando

assegurar a confiabilidade da proposição desenvolvida e garantir a futuros

interessados o seu uso com segurança. A metodologia utilizada e a sua

implementação se mostraram adequadas, o que possibilitou o entendimento e a

validação dos resultados.

Contudo, alguns itens merecem estudos complementares e existem assuntos

correlatos que podem ser abordados em pesquisas posteriores. Portanto, sugere-se:

- verificar o parâmetro Cdist da formulação do Mcr de Roik, Hanswille e Kina (1990)

utilizando modelos numéricos com dois e três vãos em vigas mistas contínuas com

perfis de alma plana;

- determinar um procedimento similar para a determinação do momento crítico

elástico na região de momento negativo de vigas mistas semicontínuas com perfis

de aço de alma senoidal;

- verificar se as proposições de Chen e Ye (2010) e Ye e Chen (2013) para o cálculo

do momento crítico elástico de vigas mistas com alma plana podem ser adaptadas

para vigas mistas com perfis de alma senoidal;

- analisar e propor um procedimento para verificação de vigas mistas contínuas e

com perfis de alma senoidal submetidas à carga concentrada;

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- analisar a influência do parâmetro αg (fator relacionado à geometria da seção

transversal da viga mista) no valor do Mcr de vigas mistas contínuas e

semicontínuas;

- desenvolver modelos numéricos que retratem o comportamento não-linear das

vigas mistas com perfis de alma senoidal, incluindo a modelagem das imperfeições

geométricas, tensões residuais e escoamento do aço, para identificação do modo de

colapso e determinação do momento fletor resistente à FLD.

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