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Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Ciência, Tecnologia e Inovação Publicação Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas Medicinais e Fitoterápicos brasileiro Ação: Amazônia e Biodiversidade Sub-ação: Uso Sustentável dos Princípios Ativos da Biodiversidade (Tecnologias Críticas e Marco Legal) Instituição Responsável: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE Equipe do CGEE Direção e Supervisão: Marcio de Miranda Santos Liderança: Mayra Juruá Gomes de Oliveira Assessoria: Carmem Silvia Corrêa Bueno e Antônia de Jesus Ângulo Tuesta Equipe Técnica Resp.Técnico: Lia Hasenclever Equipe: Adelaide Antunes Helena Klein Flavia Mendes Rodrigo Lopes Daniel Hoefle Luiza Lins de Castro Laura Donati Thiago Cacicedo Rodrigo Cartaxo Andressa Gusmão Paola Galera Setembro, 2009

Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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Page 1: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

Centro de Gestão e Estudos EstratégicosCiência, Tecnologia e Inovação

Publicação

Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas Medicinais e Fitoterápicos brasileiro

Ação: Amazônia e Biodiversidade

Sub-ação: Uso Sustentável dos Princípios Ativos da Biodiversidade (Tecnologias

Críticas e Marco Legal)

Instituição Responsável: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE

Equipe do CGEE

Direção e Supervisão: Marcio de Miranda Santos

Liderança: Mayra Juruá Gomes de Oliveira

Assessoria: Carmem Silvia Corrêa Bueno e Antônia de Jesus Ângulo Tuesta

Equipe Técnica

Resp.Técnico: Lia Hasenclever

Equipe: Adelaide Antunes

Helena Klein

Flavia Mendes

Rodrigo Lopes

Daniel Hoefle

Luiza Lins de Castro

Laura Donati

Thiago Cacicedo

Rodrigo Cartaxo

Andressa Gusmão

Paola Galera

Setembro, 2009

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René Hasenclever Consultoria Ltda. Responsável Técnica: Prof. Lia Hasenclever

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Resumo: Estudo aprofundado dos potenciais competitivos do setor de fitoterápicos,

destacando oportunidades e obstáculos ao seu pleno desenvolvimento. Foram realizadas

pesquisas sobre os registros, as empresas, o comércio exterior, as patentes e os estudos

acadêmicos, a partir de uma lista de plantas medicinais construída considerando três

listas de espécies vegetais que são utilizadas como princípios ativos para esses

medicamentos: Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do Sistema Único

de Saúde (RENISUS), a Instrução Normativa n.5/2008 da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e a lista de espécies vegetais com registros de

fitoterápicos simples presentes em Carvalho et al. (2008). Finalmente contém também

reflexões e propostas para superar obstáculos à competitividade, orientando desta forma

políticas públicas nacionais e estaduais de fomento.

Palavras Chave: mercado de plantas medicinais e fitoterápicos, comércio exterior,

patentes, publicações científicas, políticas públicas

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ÍNDICE

Introdução ............................................................................................................................. 7

I - Evolução, Estrutura e Competitividade do Setor de Fitoterápicos no Mundo .......... 9

1.1 - A cadeia produtiva de fitoterápicos .................................................................... 10

1.2 - Empresas líderes e suas estratégias .................................................................... 14

1.3 - Oportunidades tecnológicas que viabilizaram a indústria de fitoterápicos ........ 15

1.4 - A atividade de pesquisa e desenvolvimento como o principal fator de

competitividade do setor ............................................................................................. 17

1.5 - Novos produtos fitoterápicos e suas vantagens e desvantagens em relação aos

seus substitutos da indústria farmacêutica .................................................................. 18

1.6 - Evolução dos padrões de concorrência da indústria de fitoterápicos e

semelhanças com a indústria farmacêutica de síntese química .................................. 20

1.7 – Padrões de concorrência e fatores determinantes da competitividade .............. 21

II - Evolução, Estrutura e Competitividade do Setor de Fitoterápicos no Brasil ......... 23

2.1 - A regulamentação atual da indústria de fitoterápicos brasileira ........................ 26

2.1.1 - Estratégias empresariais de adequação às novas exigências de regulamentação ....................................................................................................... 30 2.1.2 – Reações da ANVISA às demandas da indústria ......................................... 31

2. 2 - O mercado brasileiro de fitoterápicos ............................................................... 33

2.2.1 – Resultados observados ................................................................................ 40 2.2.2 – Evidências da evolução do mercado ........................................................... 51 2.2.3 – Um retrato das empresas líderes e das inovadoras no mercado ................. 56

2.3 – Os padrões de comércio ..................................................................................... 59

2.3.1 - Análise dos dados de comércio exterior (importação, exportação e balança comercial) ............................................................................................................... 68 2.3.2 – Considerações finais ................................................................................... 75

2.4 – Os padrões de tecnologia ................................................................................... 77

2.4.1 - Resultados ................................................................................................... 79 2.4.1.1 - Patentes de uso medicinal e medicamentos (Grupo 1) ......................... 80 2.4.1.2 – Patentes de cosméticos, cosmecêuticos, alimentos funcionais, suplementos alimentares e higiene pessoal (Grupo 2)........................................ 83

2.5 - Usos Sustentáveis dos Princípios Ativos da Biodiversidade: marco legal, estudos

e tecnologias críticas ................................................................................................... 86

2.5.1 - Ambiente legal da P&D, autorizações, contratos e anuência prévia ........... 90 2.5.2. Estado da arte da P&D dos estudos em plantas medicinais ......................... 96

2.5.2.1. Resultados .............................................................................................. 97 2.5.2.2. Considerações finais ............................................................................ 101

2.6. Estado da arte da P&D em fitofármacos e fitoterápicos .................................... 104

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III - Desafios e oportunidades para o desenvolvimento e o incremento da

competitividade do setor de fitoterápicos no Brasil ...................................................... 107

3.1. Quadro de políticas na segunda metade da década de 2000 .............................. 109

3.2. Diagnóstico dos principais desafios e oportunidades da cadeia produtiva das

plantas medicinais e fitoterápicos ............................................................................. 116

3.3 – Proposta de agenda de ações ........................................................................... 125

Bibliografia ........................................................................................................................ 132

ANEXOS ........................................................................................................................... 139

Anexo de Espécies vegetais ...................................................................................... 140

Anexo Questionário .................................................................................................. 147

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FIGURAS Figura 1 - Cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos ....................................... 12

Figura 2 - Curva de risco no processo de desenvolvimento e investimento de um

medicamento fitoterápico ..................................................................................................... 18

Figura 3 - Esqueleto normativo para o registro de medicamentos fitoterápicos .................. 27

Figura 4 - Distribuição das empresas por unidade da Federação ......................................... 41

Figura 5 – Fusões e aquisições no mercado de fitoterápicos, 1994 a 2008 .......................... 48

Figura 6 - Mapa das instituições públicas credenciadas junto ao CGEN como fiéis

depositárias ........................................................................................................................... 94

Figura 7 - Mapa dos biomas brasileiros ............................................................................. 102

GRÁFICOS Gráfico 1 - Número de pedidos de depósitos de patentes do Grupo 1 por país de

prioridade, 1998-2008 .......................................................................................................... 81

Gráfico 2 - Número de patentes do Grupo 1 depositadas por ano no Brasil, 1998-2008 ..... 83

Gráfico 3 - Número de pedidos de depósitos de patentes do Grupo 2 por país de

prioridade, 1998-2008 .......................................................................................................... 84

Gráfico 4 - Número de patentes do Grupo 2 depositadas, por ano, no Brasil , 1998-2008 .. 86

Gráfico 5 – Espécies botânicas com mais de 7 citações na literatura, 2004-2009 ............... 98

Gráfico 6 – Famílias botânicas com mais de 19 citações na literatura, 2004-2009 ............. 99

Gráfico 7 – Atividades biológicas com mais de 13 citações, 2004-2009 ........................... 100

Gráfico 8 – Produção científica das instituições com mais de 15 publicações, 2004-2009100

QUADROS Quadro 1 – Descrição dos capítulos selecionados para estudo ............................................ 59

Quadro 2 - Plantas e seus usos na medicina popular ............................................................ 89

Quadro 3 – Resumo do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos .......... 111

Quadro 4 - Oportunidades, gargalos, inovações e proposta de ações para os produtos já

existentes ............................................................................................................................ 126

Quadro 5 - Oportunidades, gargalos, inovações e proposta de ações para os produtos

novos ................................................................................................................................... 129

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TABELAS

Tabela 1 - Comparação das exigências técnicas de registro de medicamentos

fitoterápicos e alopáticos regulamentadas pela ANVISA .................................................... 30

Tabela 2 - Mercado de fitoterápicos, quantidade (mil un.) e faturamento (R$ mil) 2005-

2007 ...................................................................................................................................... 34

Tabela 3 - Registros segundo datas de vencimento, 2009 .................................................... 38

Tabela 4 - Resumo comparativo das bases de empresas ...................................................... 39

Tabela 5 - Representatividade das bases de dados, 2008 ..................................................... 40

Tabela 6 - As maiores empresas por faturamento em fitoterápicos, 2008 ........................... 42

Tabela 7 - Grau de concentração, 2008 ................................................................................ 43

Tabela 8 – Colocação dos produtos líderes, por faturamento, classes terapêuticas,

princípio ativo, espécies vegetais, 2008 ............................................................................... 45

Tabela 9 - Colocação das maiores Empresas, por faturamento, no mercado de

fitoterápicos, 1994, 2000, 2006 e 2008 ................................................................................ 52

Tabela 10 - Colocação dos produtos líderes, por faturamento, no mercado de

fitoterápicos, 1994, 2000, 2006 e 2008 ................................................................................ 54

Tabela 11 - Ranking de empresas de fitoterápicos por número de registros, 2009 .............. 56

Tabela 12 - Características das empresas líderes no mercado de fitoterápicos, 2008 .......... 57

Tabela 13 - Retrospectiva da importação de produtos fitoterápicos por capítulos e itens

NCM, 2004-2008 .................................................................................................................. 61

Tabela 14 - Retrospectiva da exportação de produtos fitoterápicos por capítulos e itens

NCM, 2004-2008 .................................................................................................................. 63

Tabela 15 - Retrospectiva do saldo comercial de produtos fitoterápicos por capítulos e

itens NCM, 2004-2008 ......................................................................................................... 66

Tabela 16 - Variação da importação, exportação e saldo comercial dos produtos

fitoterápicos por capítulos e itens NCM, 2004-2008 ............................................................ 69

Tabela 17 - Resumo da busca de patentes referentes a plantas medicinais de interesse

depositadas no Brasil no período de 1998 a 2008 ................................................................ 80

Tabela 18 - Depositantes de patentes do Grupo 1 com mais de 2 patentes depositadas no

Brasil, 1998-2008 ................................................................................................................. 82

Tabela 19 - Patentes do Grupo 1, segundo a finalidade, 1998-2008 .................................... 83

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Tabela 20 - Depositantes de patentes do Grupo 2 com mais de 2 patentes depositadas no

Brasil, 1998-2008 ................................................................................................................. 85

Tabela 21 - Patentes do Grupo 2, por área, 1998-2008 ........................................................ 86

Tabela 22 – Número de citações por bioma ......................................................................... 99

Tabela 23 - Número de trabalhos por autor ........................................................................ 101

Tabela 24. Classificação dos estudos por grau de contribuição para o desenvolvimento

de produtos fitoterápicos .................................................................................................... 106

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Introdução

Este estudo apresenta os resultados das pesquisas realizadas pelos Projetos

Diagnóstico dos Desafios e Oportunidades no Mercado de Fitoterápicos Brasileiro e

Mapeamento de Competências em fitoterápicos no Brasil , partes integrantes da sub-

ação Uso Sustentável dos Princípios Ativos da Biodiversidade (Tecnologias Críticas e

Marco Legal), do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos.

As pesquisas, realizadas a partir de leitura da literatura e de conversas com

especialistas sobre o tema mercado de plantas medicinais e fitoterápicos teve como

principal objetivo realizar um diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de

plantas medicinais e fitoterápicos. Elegeram-se os seguintes objetos de pesquisa:

empresas, registros, comércio exterior, patentes e estudos acadêmicos. Espera-se

contribuir para uma melhor compreensão do mercado é apresentar um estudo

aprofundado dos potenciais competitivos do setor, destacando oportunidades e

obstáculos ao seu pleno desenvolvimento, seguido de reflexões e propostas para superar

entraves à competitividade. Desta forma, espera-se contribuir para a formulação de

políticas públicas de fomento capazes de dinamizar o setor.

A metodologia de pesquisa tomou o modelo estrutura, conduta, desempenho

(Modelo ECD) como ferramenta de análise para o estudo da competitividade do setor1.

O corte metodológico adotado para definir a abrangência empírica da pesquisa, tanto

das empresas, quanto do comércio exterior de mercadorias e da situação das patentes,

foi a existência de registros na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) dos

produtos e suas matérias primas, precondição para eles serem produzidos e vendidos (no

mercado interno ou no mercado externo). O intervalo de tempo considerado para o

registro foi entre 2004 e 2008, período em que a atual regulamentação para registro já se

encontrava vigente (Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA- RDC - n. 48 de

2004).

O levantamento inicial dos registros de fitoterápicos tomou como base uma lista

de espécies vegetais, elaborada a partir de outras três listas: Relação Nacional de Plantas

Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde (RENISUS), a Instrução Normativa

n.5/2008 da ANVISA e a lista de espécies vegetais com registros de fitoterápicos

simples presente em Carvalho et al. (2008).

1 Para maiores detalhes sobre o método consultar Kupfer e Hasenclever (2002).

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Em relação ao comércio exterior, pesquisou-se o valor em US$ Free on Board

(FOB), as quantidades (quilos) e a origem das importações nos seguintes capítulos da

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM): os capítulos 12 (sementes e frutas); 13

(gomas e sucos), 15 (gorduras, ceras, e óleos animais ou vegetais), 29 (química

orgânica), 30 (medicamentos), para o ano de 2008, na base de dados da Aliceweb.

Posteriormente, buscou-se inspecionar o comportamento dessas importações para os

anos anteriores (2004-2007), assim como o das exportações para as mesmas espécies

importadas no período 2004-2008.

A partir da Classificação Internacional de Patentes (CIP), no campo tecnológico

A61K, relativo à fitoterápicos, levantaram-se as patentes depositadas no Brasil das

plantas medicinais com registro, no ano de 2008, nas bases do Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI). Considerou-se que o mercado relevante para o depósito

da patente é o brasileiro. Essa investigação levou em conta as seguintes variáveis:

principais depositantes (inventores ou empresas), origem do depositante e áreas de

competências.

Com relação aos estudos acadêmicos, as fontes utilizadas foram os periódicos

relacionados na página da internet da Sociedade Brasileira de Química2 (SBQ), Divisão

de Produtos Naturais, cuja grande maioria possui fator de impacto no Journal Citation

Report (JCR) e abreviatura no Institute for Scientific Information (ISI). Todos os

volumes dos periódicos, do período de 2004 a 2009, foram analisados, tendo os

abstracts de interesse, sido incorporados ao Banco de Dados. A escolha dos periódicos

se baseou nos seguintes critérios: foram identificados os principais periódicos

relacionados pela Divisão de Produtos Naturais da SBQ, relacionados à química de

produtos naturais e demais áreas correlatas (química, biologia, farmacologia, botânica e

agricultura), ou seja, aqueles onde artigos relacionados a produtos naturais também são

publicados. Além disso, foram considerados os fatores de impacto publicados no JCR,

2008. A SBQ congrega a grande massa de cientistas do país envolvidos em pesquisas

em química e sua divisão de Produtos Naturais foca basicamente estudo de plantas

envolvendo, entre outras, atividades biológicas.

O estudo está estruturado em três capítulos, e várias seções, a saber:

(i) Evolução, estrutura e competitividade do setor de fitoterápicos no mundo;

(ii) Evolução, estrutura e competitividade do setor de fitoterápicos no Brasil;

2 http://www.sbq.org.br/divisoes.php

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(iii) Desafios e oportunidades para o desenvolvimento e o incremento da

competitividade do setor de fitoterápicos no Brasil.

A pesquisa desenvolveu-se sem problemas específicos que mereçam registro e

possibilitou o desenho de uma agenda concreta para o planejamento científico e

tecnológico capazes de fomentar a inovação e a indústria, a partir do uso da

biodiversidade. Esta é uma contribuição original e relevante, pois não se deve

desconsiderar uma característica particular brasileira que é a necessidade de se juntar a

ponta dos conhecimentos científicos, disponível principalmente nas universidades, com

a ponta do mercado. Hoje o mercado encontra-se mais ligado ao conhecimento vindo do

exterior, através de importação, do que aproveitando a riqueza da biodiversidade

brasileira e os conhecimentos científicos sobre essa biodiversidade para inovar e

produzir no Brasil.

Registra-se a importância dos contatos com a ANVISA, através de Ana Cecília

Carvalho e Luis Milton, respectivamente Coordenadora da Coordenação de

Fitoterápicos e Dinamizados (COFID) e Secretário Executivo da Câmara de Regulação

do Mercado de Medicamentos (CMED), a quem agradecemos pela colaboração

essencial para a consolidação da lista de registro de medicamentos e a obtenção de

dados econômicos sobre o comércio varejista de medicamentos no Brasil. Merece

destaque também a atuação da equipe do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

(CGEE), especialmente à Mayra Juruá e a contribuição de Luciano de Araújo Ferreira,

responsável pala modelagem do Banco de Dados. A equipe agradece ao Alexandre

Vasconcellos, do INPI, à Fernanda Silva, do Conselho de Gestão do Patrimônio

Genético (CGEN), à Dra. Mara Silvia Pinheiro Arruda, da Faculdade de Química, do

Instituto de Ciências Exatas e Naturais, da Universidade Federal do Pará, ao Adriano

Santos Constante, pelo apoio e suporte em várias áreas temáticas e a todos que

colaboraram na realização desse estudo.

I - Evolução, Estrutura e Competitividade do Setor de Fitoterápicos no Mundo

A expansão da demanda por medicamentos à base de plantas vem crescendo

mundialmente. Nos países desenvolvidos, a principal motivação apontada pela literatura

é dispor de alternativa mais saudável ou menos agressiva de tratamento primário à

saúde frente às evidências dos efeitos colaterais dos medicamentos sintéticos; e nos

países em desenvolvimento, dispor de uma alternativa à dificuldade de acesso aos

medicamentos farmoquímicos, devido aos preços mais elevados desses quando

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comparados com os fitoterápicos. O mercado mundial para terapias à base de plantas

medicinais movimentou na Europa e nos Estados Unidos US$ 8,5 e US$ 6,3 bilhões,

respectivamente (Simões e Schenckel, 2002), totalizando US$ 22 bilhões.

Considerando-se o mercado mundial mais amplo de suplementos alimentares e

fitoterápicos, Funari e Ferro (2005) mostram que esse valor era de US$ 50,6 bilhões, em

2002.

As oportunidades tecnológicas a partir dos desenvolvimentos recentes nas áreas

de biotecnologia e nas técnicas de screening, utilizadas na pesquisa de novas moléculas

ativas, são crescentes e explicam, em parte, o crescente interesse no mercado de plantas

medicinais. Os avanços ocorridos nestas áreas científicas permitiram o desenvolvimento

de medicamentos fitoterápicos com reconhecida eficácia e segurança, fator

culturalmente relevante para a adesão às fitoterapias.

A indústria de fitoterápicos é um segmento da indústria farmacêutica e, como

esta, é também fortemente internacionalizada. As maiores empresas estão presentes em

praticamente todos os principais mercados. No entanto, elas não realizam atividades

produtivas em todos eles, limitando-se muitas vezes a comercializarem seus produtos

através de exportação da empresa matriz. O grau de internacionalização tem aumentado

muito, a partir da década de 1990, em função das diferentes taxas de crescimento dos

distintos mercados farmacêuticos. Segundo o IMS Health (2009), enquanto os países

desenvolvidos têm apresentado uma taxa de crescimento inferior a 4%, os países

emergentes apresentam taxas de crescimento superiores a 9%. Este desequilíbrio entre

as taxas de crescimentos anuais dos mercados farmacêuticos aumenta a probabilidade

das empresas líderes se interessarem pelos países emergentes, com mais oportunidades

de crescimento, ampliando a internacionalização das empresas. Em particular no caso

brasileiro, um dos quatro principais países emergentes, o interesse das empresas pode

também estar motivado pela presença de uma enorme biodiversidade nos vários biomas

do Brasil.

1.1 - A cadeia produtiva de fitoterápicos

A cadeia produtiva dos fitoterápicos estende-se da produção agrícola à produção

industrial e sua comercialização, conforme Figura 1 abaixo. Por esta razão muitas vezes

o setor é conhecido como setor de plantas medicinais e fitoterápicos. O primeiro elo da

cadeia é composto pelo setor agrícola, onde são organizados os processos de cultivo,

colheita e secagem da planta medicinal. Estas tarefas podem ser realizadas de forma

tradicional na agricultura familiar, como é praticada nos países em desenvolvimento, ou

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de forma altamente moderna com o emprego de técnicas biotecnológicas de cultivo e

técnicas de manejo agrícola, como é praticada nos países desenvolvidos.

O segundo elo da cadeia é representado pelas empresas distribuidoras de

insumos. Essas empresas são responsáveis por uma série de processos de

acondicionamento, de controle de qualidade e de distribuição do produto agrícola. Entre

eles destacam-se o armazenamento, limpeza e preparo do produto, controle de

qualidade, embalagem e transporte. A tarefa com maior conteúdo tecnológico desse elo

e que garante tanto a qualidade quanto a rastreabilidade das matérias primas é o controle

de qualidade que envolve análise de umidade da planta e realização de vários testes a

partir de uma amostra significativa do produto tais como identificação de propriedades

organolépticas (cor, sabor e odor), de materiais estranhos, de presença de grupos

fitoquímicos, de qualidade cromatográfica, de quantidade por espectrofotometria e de

microorganismos.

Os destinos dos produtos das empresas distribuidoras são vários setores

industriais (alimentício, de bebidas, cosmético, farmacêutico), além do setor produtor de

fitoterápicos. As distribuidoras podem atender também aos setores de comércio

(farmácias de manipulação e dispensação) e ao setor de pesquisa e desenvolvimento

(P&D), localizado nas universidades e nos centros de pesquisa ou nas próprias empresas

que usam as plantas medicinais.

O terceiro elo é composto pelas atividades de P&D, que podem estar fora das

empresas dos diferentes setores ou incorporado nas próprias empresas. Um maior

detalhamento destas atividades será feito adiante. Também faz parte desse elo da cadeia

produtiva de fitoterápicos a produção ou fase industrial. A produção pode ser

verticalizada ou não, envolvendo a transformação da planta medicinal em extrato e

posterior formulação do fitoterápico, no primeiro caso. A atividade de produção de um

fitoterápico precisa garantir preservação da integridade química e farmacológica de seus

princípios ativos sendo, portanto, dependente de estudos botânicos, agronômicos,

fitoquímicos, farmacológicos, toxicológicos e desenvolvimento de metodologias

analíticas e tecnológicas. Entre as indústrias atuando nessa fase da cadeia produtiva,

podem encontrar-se, além da indústria de fitoterápicos, as de extratos (fluidos, secos,

moles, e glicólicos) as indústrias de cosméticos e essências (aromas e óleos essenciais),

a indústria de alimentos e bebidas.

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Figura 1 - Cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos

Cultivo SecagemColheita

Armazenamento, limpeza e

preparo do produto

Controle de qualidade

Embalageme transporte

Farmácias de Manipulação

(produção e venda)Indústria de

extratos vegetais

Indústria de medicamentos

fitoterápicos

P&D(Empresas, Univer-

sidades e/ou Inst. de pesquisa)

Farmácias de dispensação

Compras públicas

Produção Agrícola

Distribuição de insumos

P&D e Produção Industrial

Comercialização

Fonte: Elaboração própria

Finalmente o quarto e último elo da cadeia produtiva é a etapa da

comercialização. Entre as principais empresas que nele atuam estão: as farmácias de

manipulação que agregam ainda uma etapa de manufatura ao produto, formulando-o e

as empresas de dispensação (farmácias), que vendem o produto tal como entregue pelos

elos distribuidor e industrial, ou apenas o fracionam, agregando apenas o valor da

embalagem. As compras públicas são também partes importantes do elo de

comercialização, uma vez que atendem diretamente ao sistema público de saúde.

A descrição da cadeia produtiva acima deixa clara a importância da tecnologia

para vários elos dessa cadeia, desde o rigoroso controle de qualidade na produção

agrícola, passando pelo controle de qualidade da preparação desse produto,

regulamentação da das atividades de P&D e regras de boas práticas de manufatura e

registro do produto. As empresas que não dominarem essas tecnologias dificilmente

terão condições de atuarem nestes mercados. A barreira decorrente de aspectos

tecnológicos torna-se maior ainda no segmento de produtos que se encontram

protegidos por patentes, garantindo às empresas proprietárias apropriabilidade desse

conhecimento e sustentabilidade em relação à concorrência. Por estas razões, a

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tecnologia e suas condições de apropriabilidade são importantes fatores de

competitividade para o setor.

Conforme as novas regras de propriedade intelectual internacionais e brasileiras,

vigentes a partir do Agreement on Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights

(Acordo TRIPS) assinado em 1994, são matérias patenteáveis nessa indústria processos

para obtenção de extratos ou substâncias ativas isoladas, as composições farmacêuticas

e seus processos de preparo e usos dos produtos obtidos (Heinzmann e Barros, 2007).

A proibição de se patentear plantas ou sementes em seu estado natural, ou seja, não

modificadas pelo ser humano, apresenta-se como um fator decisivo para o interesse da

indústria farmacêutica sobre os produtos farmoquímicos, mas ao mesmo tempo um

estímulo para agregar maior grau de transformação às plantas medicinais,

transformando-as em extratos ou fitoterápicos. De fato, a realização das atividades de

P&D se alicerça sob a obtenção de direitos de propriedade industrial como a principal

forma de garantir a apropriação dos investimentos destinados à atividade.

Isso ocorre também com novas variedades de plantas, em suas partes

reprodutivas, podem também ser objeto de proteção através da Lei de Cultivares,

estimulando o desenvolvimento da agricultura moderna para a produção de matérias

primas para fitoterápicos.

No segmento do mercado farmacêutico de produtos genéricos do mercado

farmacêutico, isto é, sem patentes, que também podem ser produtos que concorrem com

os produtos fitoterápicos, a questão de escala de produção é mais importante e a

competição se dá via preços. A concorrência via preços traz uma vantagem para os

fitoterápicos uma vez que os custos de pesquisa e desenvolvimento podem ser menores

que os da indústria farmoquímica, conforme desenvolvido adiante, mas a escala de

produção torna-se também um elemento de competitividade importante no setor de

fitoterápicos.

Desta forma, pode-se concluir que as empresas de fitoterápicos que já possuem

acumulação tecnológica e escala produtiva são as que têm maiores vantagens relativas.

As empresas potenciais entrantes precisariam superar essas barreiras para competir com

as empresas de fitoterápicos estabelecidas e com as empresas farmacêuticas.

Assim como a indústria farmacêutica, a indústria de fitoterápicos é uma indústria

que impacta a saúde das pessoas e as condições do meio ambiente. Necessita, portanto,

de rigorosos critérios de controle de qualidade sobre a produção, estocagem e

distribuição dos produtos. Entretanto, os critérios utilizados em cada país são muito

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diferentes. Segundo a OMS (2003), 80% da população mundial utilizava plantas

medicinais de forma intuitiva, ou seja, baseada em conhecimentos tradicionais e sem

critérios racionais de registro. A Alemanha, diferentemente, destaca-se como o maior

mercado consumidor individual de fitomedicamentos baseados em medicina não

tradicional, ou seja, em ciência, através de evidências clínicas comprovadas por estudos

controlados.

Atualmente, no mundo, existem dois enfoques sobre as tendências de utilização

e consumo de fitoterápicos (Villas Bôas e Gadelha, 2007). Na Europa a maioria das

plantas, independente da atividade farmacológica, é considerada medicamento. Os

países europeus liderados pela Alemanha baseiam seu uso em evidências de qualidade,

eficácia e segurança, critérios esses também utilizados no uso de medicamentos

sintéticos. Entretanto, ainda existem nesse continente vários medicamentos cuja eficácia

não foi testada da mesma forma, sendo seu uso classificado como fitoterapia tradicional.

Na Alemanha, desde 1976, exige-se que os medicamentos fitoterápicos atendam aos

mesmos requisitos de qualidade, segurança e eficácia que os medicamentos sintéticos.

Nos Estados Unidos domina outra prática. Os medicamentos a base de plantas

medicinais, desde 1994, podem ser comercializados sem registro por serem

considerados suplementos alimentares, aos quais não é exigida nenhuma informação ou

declaração de eficácia terapêutica.

1.2 - Empresas líderes e suas estratégias

Em 1998, a indústria de plantas medicinais norte americana anunciava uma série

de fusões, aquisições e entrada de grandes empresas farmacêuticas em seu mercado. O

mercado de plantas medicinais e fitoterápicos estava em alta expansão, e, como todo

mercado em crescimento, era composto por um grande número de empresas de todos o

tamanho. Entre os grupos interessados nestas fusões e aquisições aparecem os

produtores tradicionais de suplementos alimentares; empresas multimarcas, como

Amway que adquiriu a Trout Lake Farm (Washington) a maior produtora de produtos

orgânicos botânicos; empresas fornecedoras de matérias primas, essências alimentares e

extratos botânicos, como a compra da Martin Bauer, empresa Alemã, do grupo de

empresas Muggenburg, criando a maior empresa fornecedora de ingredientes botânicos

no mundo; e também empresas farmacêuticas, como Bayer, Whitehall-Robins (divisão

da American Home Products) e Warner Lambert lançando novos produtos na área de

suplementos alimentares e fitoterápicos. Essas fusões e aquisições transformaram de

forma definitiva a estrutura do mercado, ainda que o efeito sobre os preços não tenha

Page 16: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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15

sido muito sentido devido ao grande número de pequenos produtores e o grau de

especialização existente entre as diferentes empresas, fatores que permitiram um

balanço competitivo equilibrado (Blumenthal, 1999).

Entre os principais objetivos das estratégias adotadas sobressaem os

posicionamentos das empresas na garantia de obtenção de ingredientes botânicos; na

associação de competências entre produtores de extratos botânicos, empresas com

grandes canais de comercialização e domínio em processos extrativos; e na integração

vertical.

Especificamente, desde o início da década de 2000, grandes empresas

farmacêuticas sediadas em países desenvolvidos, como Alemanha, França, Estados

Unidos e Japão, têm adquirido pequenos laboratórios fitoterápicos, segundo Funari e

Ferro (2005). A principal motivação é compensar a queda do ritmo de crescimento das

empresas farmacêuticas através da absorção das pequenas empresas. Além disso, essa

seria uma estratégia de (re) entrada no segmento fitoterápico, um segmento de mercado

em expansão, que as empresas farmacêuticas haviam abandonado desde a descoberta

das sulfas, dos antibióticos e dos medicamentos sintéticos.

Através dessas estratégias de fusões, aquisições, incorporações e integração

vertical as empresas farmacêuticas penetraram rapidamente no mercado de plantas

medicinais e fitoterápicos. Evitaram-se investimentos de longas maturações e incertos

resultados por meio da aquisição das marcas, parcelas de mercado e portfólio

tecnológico de empresas já estabelecidas em fitoterápicos ou indústrias relacionadas

(extratos de plantas, alimentos e cosméticos). Os principais mercados alvos foram

Alemanha e França onde as regras de registro e produção permitiam condições

competitivas similares entre os produtos fitoterápicos e os farmoquímicos. A

semelhança das condições competitivas deve-se ao padrão de exigências para registro e

produção de um novo produto, muito próximo do exigido na indústria farmacêutica,

particularmente no mercado europeu, como já adiantado.

O resultado foi uma crescente profissionalização do mercado fitoterápico, a

partir de práticas de comercialização, produção, marketing e padrões de qualidade muito

próximos das grandes empresas farmacêuticas, ampliando-se significativamente as

barreiras à entrada nesse mercado.

1.3 - Oportunidades tecnológicas que viabilizaram a indústria de fitoterápicos

No tocante à tecnologia, a indústria de fitoterápicos é classificada como uma

indústria intensiva em tecnologia (science based). Ainda que vários produtos de sua

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cadeia produtiva possam ter outras aplicações destinadas a indústria de cosméticos e de

alimentos, ao contrário das indústrias farmacêuticas e de alimento, indústrias já maduras

e consolidadas, que passam atualmente por uma série de turbulências, as indústrias de

cosméticos e a própria indústria de fitoterápicos estão tendo uma série de oportunidades

tecnológicas no novo paradigma de desenvolvimento social e econômico baseados nos

recursos renováveis.

De fato, a turbulência que a indústria farmacêutica vem vivenciando nos últimos

anos está relacionada, de um lado, com as oportunidades tecnológicas surgidas com o

desenvolvimento da biotecnologia e da informática a partir dos anos 1970 e, por outro, a

forte pressão para redução de seus preços (medicamentos sintéticos), cada vez mais

significativos nos orçamentos de saúde dos países. Esses eventos trazem oportunidades

novas para retomar-se o uso de plantas como protótipos para o desenvolvimento de

fármacos e o seu uso como matérias primas farmacêuticas, que apesar de ter sido

bastante importante no passado, havia se reduzido com o aparecimento da trajetória

tecnológica sintética. Entre os usos mais comuns para matérias primas farmacêuticas

estão a obtenção de fármacos (substâncias ativas isoladas), de adjuvantes (produtos

usados na formulação de medicamentos) e dos extratos vegetais.

Villas Bôas e Gadelha (2007) enfatizam as qualidades das moléculas naturais

para o desenvolvimento de protótipos de desenvolvimento de fármacos. Entre as

vantagens apontadas, estão a diversidade biológica dos compostos e a especificidade

dessa atividade. Esses autores mostram também que, entre 2005 e 2007, a tendência de

aparecimento de novas entidades biológicas aumentou consideravelmente em

comparação com a descoberta de novas entidades químicas. Finalmente, apontam a

descoberta de novas moléculas em áreas terapêuticas não alcançadas pelas moléculas

sintéticas (como, por exemplo, a descoberta da arglabina para o tratamento de vários

tipos de câncer) como mais uma das vantagens do uso de plantas naturais na pesquisa.

Adicionalmente, observa-se que é possível associar-se os conhecimentos

tradicionais e os populares sobre os produtos naturais para o desenvolvimento dos

produtos, diminuindo-se o tempo necessário de pesquisa. De fato, segundo Funari e

Ferro (2005) isso ocorreria porque, antes mesmo de ser iniciada a pesquisa, os

pesquisadores teriam informações sobre a atividade biológica da planta, reduzindo

significativamente o tempo dedicado à mesma atividade na indústria farmacêutica, que,

em média, pode chegar a até dez anos.

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Contribuíram para esse fato o desenvolvimento de equipamentos

espectrométricos e a informatização dos meios analíticos que revolucionaram a

definição das estruturas químicas. Acrescente-se a robotização dos ensaios in vitro

gerando os High Throught-put Screening (HTS) que acelerou a velocidade da geração

de ensaios sem precedentes - de um em um ano, em 1970, para cem mil em um único

dia (Barata, 2005).

1.4 - A atividade de pesquisa e desenvolvimento como o principal fator de

competitividade do setor

O fato de existir uma série de oportunidades tecnológicas e científicas, descritas

acima, que viabilizam a indústria de fitoterápicos, entretanto, não é suficiente para

garantir o seu nascimento e competitividade. Da mesma forma que a indústria

farmacêutica, o sucesso competitivo dessa indústria depende cada vez mais da sua

capacidade de acumulação tecnológica para sustentar a sua produção altamente

dependente de regulamentação e a sua sustentabilidade de longo prazo através do

lançamento de novos produtos e redução permanente de custos. A acumulação

tecnológica, por sua vez, é basicamente construída através de suas atividades rotineiras

de desenvolvimento das atividades de P&D internas e na absorção de oportunidades

externas, geradas por universidades e centros de pesquisa. A realização de atividades

internas é pré-condição para a maior absorção das capacidades externas (Cohen e

Levinthal, 1989).

Nesse sentido é importante entender como são realizadas as atividades de P&D

no setor de fitoterápicos. Heinzmann e Barros (2007) descreveram da seguinte maneira

as etapas de desenvolvimento de um novo fitomedicamento:

«A etapa inicial do processo de desenvolvimento de um fitomedicamento ocorre com a seleção da planta. A seleção pode ser feita com auxílio de pesquisa na literatura científica, da etnobotânica ou etnofarmacologia, da quimiotaxonomia, da toxicidade observada, além de estudos farmacológicos prévios. O passo seguinte diz respeito à coleta, identificação botânica e preparo de material testemunha, bem como estabilização e extração dos constituintes da planta. A partir dos extratos, empregando-se métodos cromatográficos, podem ser obtidos compostos isolados. Nessa fase, são realizados testes de atividade biológica e de toxicidade, e ainda a determinação da estrutura química dos compostos ativos isolados, utilizando-se métodos espectroscópicos. A identificação da estrutura do composto permitirá, dessa forma, estudos subseqüentes da síntese total ou parcial do constituinte ativo, preparação de derivados e/ou análogos, modulação da atividade biológica e definição da relação estrutura-atividade. Produção em larga escala de matéria-prima ativa, aspectos relacionados à tecnologia farmacêutica e testes clínicos completam o ciclo de desenvolvimento de fitomedicamentos.» (Heinzmann e Barros, 2007, p. 44).

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Conforme a Figura 2 observa-se que o custo e o tempo de desenvolvimento de

um novo medicamento fitoterápico são bastante inferiores aos observados no

desenvolvimento de um medicamento sintético.

Figura 2 - Curva de risco no processo de desenvolvimento e investimento de um medicamento fitoterápico

Fonte: Neves (s.d.), p. 15.

De fato, enquanto na pesquisa para a descoberta de novas moléculas se prevê um

mínimo de dez anos, em fitoterápicos ela pode estar concluída em cinco anos, sendo seu

investimento estimado em R$ 10 a 50 milhões. Mas similarmente à indústria

farmacêutica, o risco dos projetos é maior em sua fase inicial, reduzindo-se na fase de

registro e possuem uma curva inversa quanto aos investimentos que são menos vultosos

nas fases iniciais do processo, aumentando consideravelmente na fase de scale up

industrial e registro dos produtos.

1.5 - Novos produtos fitoterápicos e suas vantagens e desvantagens em relação aos

seus substitutos da indústria farmacêutica

O aparecimento de novos produtos fitoterápicos com a mesma eficácia e

segurança que os medicamentos farmoquímicos, isto é, cientificamente comprovados,

os colocam como produtos que podem ser substitutos dos produtos sintéticos da

indústria farmacêutica. Alguns autores destacam inclusive que esses produtos

apresentariam vantagens em relação aos produtos farmoquímicos.

risco investimento

0,5 a 1 ano 2 a 5 anos 1 a 2 anos 1 ano Avaliação

e composição Ensaios clínicos Pré-clínicos Registros

Investimento estimado entre R$10 milhões e

R$50 milhões

Total = 5 a 9 anos

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As vantagens dos medicamentos fitoterápicos foram divididas por Yunes et al.

(2001) em quatro tipos diferentes: os efeitos sinérgicos, associação de mecanismos por

compostos agindo em alvos moleculares diferentes, os menores riscos de efeitos

colaterais e os menores custos de pesquisa. As duas primeiras vantagens estão

relacionadas às características intrínsecas das plantas que originam os fitoterápicos.

Enquanto, a terceira se refere às baixas concentrações em que são utilizados os

fitoterápicos e a quarta aos investimentos necessários para o desenvolvimento de novos

produtos (Yunes et al., 2001, p. 150).

Com relação à vantagem atribuída aos medicamentos fitoterápicos pelos

menores custos de pesquisa que estes apresentam como visto na seção anterior, a

redução desses custos está associada tanto às inovações introduzidas nas atividades de

pesquisa quanto à redução do tempo de seleção para a obtenção de novas entidades

biotecnológicas devido ao uso dos conhecimentos tradicionais e biotecnológicos. Esses

dois fatores podem levar a uma redução dos custos de descoberta de novos produtos.

Melo et al. (2007), também se referindo as vantagens dos produtos fitoterápicos

em relação aos produtos farmacêuticos, afirmam que:

«...a expansão da fitoterapia pode ser atribuída a diversos fatores tais como: aos efeitos adversos de fármacos sintéticos, a preferência dos consumidores por tratamentos “naturais”, a validação científica das propriedades farmacológicas de espécies vegetais, o desenvolvimento de novos métodos analíticos colocados à disposição do controle de qualidade, o desenvolvimento de novas formas de preparações e administrações de produtos fitoterápicos, um melhor conhecimento químico, farmacológico e clínico das drogas vegetais e seus derivados, além também do menor custo se comparado com os fármacos sintéticos.» (Melo et al., 2007, p. 28).

Os fatores apontados por estes autores concentram a maior parte das vantagens

enumeradas na literatura sobre o tema. Mas, além desses argumentos, alguns

pesquisadores têm ressaltado a importância da possibilidade de crescimento econômico

dos países em desenvolvimento, especialmente o Brasil, a partir do incentivo a uma

indústria baseada no potencial desta diversidade e da expansão, nos últimos anos, do

mercado de medicamentos fitoterápicos (Craveiro, 2008; Funari e Ferro, 2005; Villas

Bôas e Gadelha, 2007).

Especificamente sobre os efeitos colaterais dos medicamentos fitoterápicos

serem menores do que os efeitos dos medicamentos sintéticos existem algumas

discordâncias sobre o tema. Quando se analisam estudos mais elaborados sobre

determinados medicamentos fitoterápicos, é possível verificar que ainda há um longo

caminho a percorrer no que se refere à comprovação da sua eficácia e da verificação de

efeitos colaterais e interações medicamentosas.

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20

Segundo Alexandre et al. (2005),

«...os conhecimentos empíricos acumulados no passado (tradição cultural) e os científicos desenvolvidos, ao longo do tempo, mostram que as plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos podem, também, causar efeitos adversos, toxicidade e apresentar contra-indicações de uso.» (Alexandre et al., 2005, p. 300).

Embora hoje sejam conhecidos muitos efeitos adversos de medicamentos

fitoterápicos, ainda é preciso avaliar com mais cuidado a comparação entre estes efeitos

e aqueles observados na utilização dos medicamentos sintéticos. Além dos efeitos em

conseqüência da utilização (cuja verificação dependerá do estudo particular de cada

medicamento) , deve-se acrescentar que, no caso dos medicamentos fitoterápicos e

plantas medicinais, os problemas relativos à dosagem e ao processamento devem ser

considerados. Com relação à dosagem, é necessário esclarecer à população que o fato

de ser derivado de um vegetal não faz com que o medicamento se torne inofensivo

quando utilizado em doses excessivas, e, no que se refere ao processamento, os

problemas podem envolver desde misturas com outros vegetais até adulterações (Veiga

Junior et al., 2005, p. 520).

Em resumo, ainda que as oportunidades tecnológicas sejam amplas, dificilmente

elas permitirão um avanço muito grande nos efeitos colaterais. Os medicamentos

fitoterápicos apresentam efeitos colaterais igualmente problemáticos aos dos produtos

sintéticos, apesar de apresentarem algumas vantagens competitivas em relação aos

medicamentos farmoquímicos em relação aos preços, podendo ser utilizados como seus

substitutos em muitas situações.

1.6 - Evolução dos padrões de concorrência da indústria de fitoterápicos e

semelhanças com a indústria farmacêutica de síntese química

A principal tendência da indústria de fitoterápicos é se aproximar cada vez mais

da estrutura produtiva e dos padrões de competitividade da indústria farmacêutica de

síntese química, adotando padrões de crescimento e regulação bastante próximos a essa

indústria. Os padrões de competitividade têm migrado de características artesanais para

características cada vez mais industrializadas, com a questão da reprodutibilidade e os

critérios de segurança se sobrepondo à importância da marca e da tradição.

Sinais claros desta evolução dos padrões de concorrência e competitividade da

indústria de fitoterápicos em direção a uma convergência para os padrões da indústria

farmacêutica podem ser evidenciados por uma série de eventos. Em primeiro lugar,

constata-se que vários esforços de regulamentação internacional têm sido feitos para

acompanhar o aumento do comércio internacional de plantas medicinais entre os países.

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21

Esses esforços iniciaram-se a partir da metade da década de 1980 com a quarta e a

quinta Conferência das autoridades reguladoras de medicamentos ocorridas em Tóquio

e em Paris, respectivamente, em 1986 e 1989. Nessas conferências foram tratados

aspectos regulatórios de produtos industrializados e sendo comercializados fora de suas

fronteiras. Recomendou-se também a partir da conferência de Paris que a Organização

Mundial da Saúde (OMS) deveria considerar a possibilidade de estabelecer guidelines

para aqueles países que quisessem desenvolver legislação e regras de registro

apropriadas a um melhor funcionamento do comércio. A OMS respondeu com a

introdução do Programa de Medicina Tradicional e a produção de linhas mestras para a

medicina tradicional lançando, em 1991, os Guidelines for Assessment of Herbal

Medicines, no Canadá. Esses Guidelines podem ser considerados a primeira diretriz

oficial, ainda que em caráter não obrigatório, para as autoridades de saúde, indústria,

comunidade acadêmica e outras partes interessadas em plantas medicinais. (Akerele,

1993).

Um segundo evento ilustrativo dessa convergência é o movimento das fusões e

aquisições provocado pelo crescimento das plantas medicinais que acabou levando para

este mercado grandes empresas farmacêuticas e suas competências, como já explicado

anteriormente. Como se sabe, as estratégias das empresas farmacêuticas têm se

mostrado muito eficientes, em termos de desempenho, e acabaram se difundindo para o

segmento de produtos fitoterápicos. Este sinal foi fortemente influenciado pela

segurança e conforto que o padrão de consumo, baseado em evidências clínicas, traz

para os médicos e seus pacientes.

Finalmente, um evento não menos relevante foi o aparecimento das

oportunidades tecnológicas abertas para a retomada das descobertas baseadas em

plantas medicinais e produção de medicamentos por extração de forma segura e eficaz.

Essas oportunidades tecnológicas puderam ser aproveitadas justamente pela demanda

de novos padrões de consumo e produção baseados em aproveitamento mais racional e

sustentável da natureza.

1.7 – Padrões de concorrência e fatores determinantes da competitividade

O setor de fitoterápicos, segmento do mercado farmacêutico, pode também ser

caracterizado como um oligopólio diferenciado com as seguintes características: grande

diferenciação de produtos resultante dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento

(diferenciação física), mas também da diferenciação aos olhos do consumidor

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22

(diferenciação imaginária) através da propaganda e do marketing realizada junto aos

consumidores e à classe de profissionais da saúde.

Os fitoterápicos, da mesma forma que os produtos farmoquímicos, possuem

significativo grau de diferenciação à medida que são produzidos para atender às

necessidades específicas de cada doença ou tratamento. Cada grupo de doença constitui

uma classe terapêutica, primeiro grau de diferenciação, e os medicamentos de cada

classe terapêutica não são substitutos entre si. Entretanto, dentro de cada classe

terapêutica existem várias possibilidades de produtos substitutos, segundo grau de

diferenciação. Cada produto pode também apresentar distintas formas farmacêuticas:

cápsulas, comprimidos, solução oral, solução injetável, e embalagens, imprimindo

igualmente possibilidade de diferenciação de produtos – terceiro grau de diferenciação.

A diversidade tecnológica da indústria é que permite esta ampla diferenciação e o fator

de competitividade chave para diferenciar os produtos é a atividade de pesquisa e

desenvolvimento.

Um exemplo, segundo Freitas (2002), é que uma mesma planta medicinal pode

dar lugar à produção de distintos produtos através de diversos processos de produção

como o Ginkgo biloba,

«...que pode ser encontrado no mercado sob a denominação extrato de Ginkgo biloba, produtos secos obtidos a partir de extratos simples hidroalcoólicos (com metanol ou etanol), ou extratos especiais, obtido através de uma sequência bem especificada de passos tecnológicos que enriquecem e purificam o produto, gerando, consequentemente, elevação das substâncias responsáveis pelo efeito terapêutico concomitantemente à redução na concentração de outros reponsáveis ou co-participes no efeito tóxico.» (Freitas, 2002, p. 62-63).

Além dos investimentos na pesquisa e desenvolvimento, sustentam a

diferenciação a propaganda e o marketing. Neste mercado quem consome o produto não

é quem decide por seu uso. Isto é, devido às características altamente complexas do

produto, seu consumo é intermediado por profissionais médicos, através da prescrição

do medicamento. As despesas de propaganda e marketing visam prover as informações

necessárias ao paciente e ao médico sobre as condições de eficácia, contra-indicações e

efeitos colaterais dos produtos. Estas são mais bem conhecidas pelos produtores dos

medicamentos, responsáveis por sua pesquisa e desenvolvimento, do que pelos

consumidores e profissionais médicos. Esta provisão de informações em geral é

associada à reputação técnico-científica das empresas e a uma marca. A assimetria de

informações entre os produtores e os consumidores é que permite este espaço para a

propaganda e o marketing no setor. Esses elementos constituem-se, portanto, em dois

importantes fatores de competitividade do setor, assim como na indústria farmacêutica.

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23

Uma outra barreira à entrada de novos competidores na indústria é de natureza

técnica e está associada à regulação imposta para produção e comercialização dos

fitoterápicos, que, como visto, tem se aproximado dos padrões também exigidos dos

medicamentos farmoquímicos. Os requisitos para obtenção de registro são: a

comprovação da eficácia terapêutica, da qualidade da matéria prima utilizada e do

produto final, assim como estudos de toxidade que definam o grau de risco do produto.

A eficácia compreende os resultados dos ensaios farmacológicos pré-clinicos e clínicos

dos efeitos biológicos preconizados e a segurança a comprovação da ausência de efeitos

tóxicos e contaminantes nocivos à saúde (metais pesados, agrotóxicos, etc.).

II - Evolução, Estrutura e Competitividade do Setor de Fitoterápicos no Brasil

Até o início do século XXI a indústria de fitoterápicos brasileira era bastante

incipiente, fundamentada somente no uso popular das plantas sem nenhuma

comprovação pré-clínica e sem nenhuma competitividade a nível nacional e

internacional. Gozava, entretanto, de enorme tradição e uso consagrado de vários

produtos.

Ainda que a regulação de ervas medicinais no Brasil exista desde 1967, somente

a partir de 2004 é que ela se tornou mais específica no que diz respeito às exigências de

registro de produtos (OMS, 2005), e mais próxima da tendência adotada na Europa,

que, como visto na seção anterior, registra os fitoterápicos como medicamentos.

Outros eventos são considerados também marcos importantes para estruturar o

mercado para os medicamentos fitoterápicos no Brasil. Em primeiro lugar, os

investimentos feitos na infra-estrutura científica e tecnológica, nos anos 1950, pelas

agências de fomento estatais. Em função desses investimentos, segundo Villas Bôas e

Gadelha (2007), existem hoje no país 148 centros de pós-graduação e pesquisa nessa

área. Em segundo lugar, a fundação da Central de Medicamentos (CEME) que, em

1976, criou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais, responsável por estudar 74

espécies vegetais com o objetivo de avaliação sistemática e análise científica dessas

plantas. Essas espécies foram selecionadas a partir de conhecimento popular e

submetidas a testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clinicos e clínicos para

confirmar ou não as propriedades terapêuticas a elas atribuídas. Caso as propriedades

fossem comprovadas, essas espécies seriam incorporadas à lista de medicamentos

essenciais do Ministério da Saúde (MS). Em 1997, a CEME foi extinta e a capacitação

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gerada através dos esforços governamentais não serviu para impulsionar o mercado,

ainda que tenha criado capacitação pública para a pesquisa.

A partir da década de 1980, novos esforços foram realizados pelo MS e também

por outros ministérios no sentido de estimular o uso de plantas medicinais, legitimando

e institucionalizando abordagens alternativas de atenção à saúde, entre elas a fitoterapia.

Em particular, a Portaria 211, de 11 de setembro de 1981, definiu o estudo de plantas

medicinais como uma prioridade da pesquisa clínica e, em 1988, a Comissão

Interministerial de Planejamento (CIPLAN) resolveu implantar a fitoterapia nos

serviços de saúde como prática oficial de medicina, em caráter complementar (MS,

Secretaria de atenção à saúde, 2006).

Na década de 1990, duas importantes decisões do Conselho Federal de

Medicina, fundamentais para a adesão dos médicos ao uso de plantas medicinais, foram

tomadas. O Parecer 06/1991, do Conselho, reconheceu que a atividade de fitoterapia era

uma prática reconhecida pelo MS e, em 1992, estabeleceu a fitoterapia como método

terapêutico, recomendando, portanto, seu rigoroso controle pelo Estado (Villas Bôas e

Gadelha, 2007). Ainda no final desta década, registra-se no relatório da X Conferência

Nacional de Saúde, realizada em 1998, o estímulo para que os gestores do Sistema

Único de Saúde (SUS) demandem pesquisas capazes de suportarem a difusão do uso de

fitoterapia, ao lado de outras práticas complementares (MS, Secretaria de atenção à

saúde, 2006). Dado a importância dos médicos na intermediação do consumo de

produtos voltados para a saúde, como ressaltado na seção anterior, pode-se intuir a

importância dessas medidas para a formação do mercado de medicamentos

fitoterápicos.

Segundo Neves (s/d), ainda nesta década deve-se marcar que os fitoterápicos

passaram a ser considerados como medicamentos, ou seja, deveriam comprovar sua

segurança, eficácia e qualidade. Todos os produtos já registrados deveriam apresentar

para a revalidação de registros: estudos de toxidade, eficácia, bioequivalência para os

fitoterápicos registrados como similares, e estudos comprovando a associação de

extratos. Entretanto, o mesmo autor observa que a grande maioria das empresas não

cumpriu os requisitos exigidos e os prazos estabelecidos.

A primeira edição da Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e

Medicamentos Fitoterápicos foi editada em 2001, mas foi somente em 2006 que o

governo Federal aprovou a Política por meio do Decreto n. 5813. Esse evento

representa um marco muito importante porque estabelece diretrizes de atuação do

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governo, que permitem uma maior continuidade administrativa das ações de

desenvolvimento da área de plantas medicinais e fitoterápicos. A Política procura

contemplar um amplo espectro de princípios desde a minimização da dependência

tecnológica e do estabelecimento de destaque de nosso país em nível internacional, até

melhoria de atenção à saúde, uso sustentável da biodiversidade, fortalecimento da

agricultura familiar, geração de emprego e renda, desenvolvimento industrial e

tecnológico, perspectiva de inclusão social e regional e participação popular. Importante

também observar que o lançamento da Política estava em consonância com as políticas

setoriais decretadas pelo governo a partir de 2003 para saúde, biodiversidade e política

industrial, tecnológica e de comércio exterior, todas contemplando biotecnologia e

fármacos em suas áreas estratégicas e portadoras de futuro (MS, Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos, 2006).

Ainda em 2006, foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares no SUS que propõe a inclusão das plantas medicinais e fitoterapia

entre outras práticas médicas complementares como opções terapêuticas no Sistema

Único de Saúde. A inclusão seria feita a partir da preparação de uma lista de oferta dos

medicamentos disponibilizados pelo SUS. Trata-se da Relação Nacional de Plantas

Medicinais e de Fitoterápicos (RENISUS)3. Este foi outro grande marco na criação do

mercado de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, uma vez que pode influenciar a

demanda através do poder de compra governamental. (MS, Secretaria de Atenção à

Saúde, 2006).

Finalmente, cabe destacar a criação do Programa Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos, também em 2006, e do Comitê Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos. O Programa estabelece ações para vários parceiros em torno

do objetivo comum voltado à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas

medicinais e de fitoterápicos no país, desenvolvimento de tecnologias e inovações,

fortalecimento das cadeias produtivas e dos arranjos produtivos relacionados, uso

sustentável da biodiversidade brasileira e desenvolvimento do Complexo Produtivo da

Saúde. O Comitê, por sua vez, terá a função de monitorar e avaliar o Programa. Ele é

composto por 26 representantes e respectivos suplentes e coordenado pelo MS, através

3 A Renisus é uma lista de espécies vegetais de interesse do Sistema Único de Saúde. A intenção é promover o desenvolvimento de pesquisas sobre estas espécies, que comprovem a eficácia e segurança de sua utilização, e, também, o desenvolvimento de sua cadeia produtiva. A observação do resultado dessas ações deverá levar à criação da Renafito (lista de plantas medicinais e fitoterápicos a serem disponibilizados pelo SUS), seguindo o modelo da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).

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da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (MS, Secretaria de

Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, 2008).

Fica claro, portanto, que no início do século XXI está se vivendo um momento

político e institucional muito rico e fértil para a estruturação e consolidação do mercado

de fitoterápicos no Brasil. A regulação tem definido os padrões de produção e

circulação dos fitoterápicos, buscando equalizar a forma de atuação neste mercado, e a

política pública tem procurado (re)introduzir o tema no bojo das políticas industrial,

tecnológica e de saúde brasileiras. Nas próximas subseções, apresenta-se uma discussão

sobre se a estrutura e a evolução da indústria de fitoterápicos no país têm acompanhado

as tendências da indústria mundial e aproveitado as oportunidades abertas pelo

momento político e institucional brasileiro. Em particular, o objetivo é em que medida

as particularidades do mercado brasileiro, de seus centros de pesquisa, de sua

regulamentação e da conjuntura econômica serão capazes de contrabalançar os aspectos

de mudança estrutural que a indústria tem apresentado e permitir a formação de uma

oportunidade para o investimento de novas empresas inovadoras locais e consolidação

de uma indústria competitiva em termos globais.

2.1 - A regulamentação atual da indústria de fitoterápicos brasileira

Como já mencionado, os medicamentos fitoterápicos no Brasil foram

submetidos, a partir de 2004, a modificações nas normas que regulam os registros e as

práticas de manufatura do setor. Mas desde 2000 que o padrão de regulamentação

adotado representou uma mudança significativa em relação ao período anterior. Essas

novas regulamentações e exigências relativas a 2004 certamente acelerarão mudanças

importantes na estrutura do mercado, iniciadas em 2000, fazendo com que algumas

empresas tenham que deixar a atividade de produção de fitoterápicos, em virtude da

falta de capacidade técnica e financeira para cumprir o novo regulamento. Uma outra

possibilidade é que essas empresas sejam compradas por outras empresas com maior

acumulação tecnológica e maior capacidade financeira de se adequarem a essas novas

exigências dos órgãos reguladores.

Os registros dos medicamentos fitoterápicos foram regulamentados por diversas

normas, que se sucederam nos últimos 40 anos. Entre as principais estão: a Portaria nº.

22, de 30 de outubro de 1967, do Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e

Farmácia (que estabelecia normas para o emprego de preparações fitoterápicas); a

Portaria nº. 6, de 31 de janeiro de 1995, da Secretaria de Vigilância Sanitária, do

Ministério da Saúde, (que instituía e normatizava o registro de produtos fitoterápicos

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27

junto ao Sistema de Vigilância Sanitária), a Resolução RDC nº. 17, de 24 de fevereiro

de 2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (que trazia disposições sobre o

registro de medicamentos fitoterápicos), e, finalmente, a norma que está atualmente em

vigor, a Resolução RDC nº. 48, de 16 de março de 2004, da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos).

Com relação à legislação vigente, é preciso esclarecer que, em conjunto com a

RDC nº. 48, de 16 de março de 2004, outras normas foram editadas com o objetivo de

subsidiar as suas exigências (ver Figura 3). São as seguintes Resoluções Específicas da

ANVISA: RE nº. 88, de 16 de março de 2004 (que determina a publicação da Lista de

referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de fitoterápicos), a RE

nº. 90, de 16 de março de 2004 (que determina a publicação da Guia para a realização

de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos) e a RE nº. 91, de 16 de março de

2004 (que determina a publicação da Guia para realização de alterações, inclusões,

notificações e cancelamentos pós-registro de fitoterápicos). Havia ainda a RE nº. 89, de

16 de março de 2004, que determinava a publicação da "Lista de Registro Simplificado

de Fitoterápicos", que, foi, posteriormente, substituída pela Instrução Normativa nº. 5,

de 11 de dezembro de 2008, da ANVISA, que atualizou esta lista.

Figura 3 - Esqueleto normativo para o registro de medicamentos fitoterápicos

Fonte: Perfeito, 2009

A seguir serão destacadas algumas diferenças entre a Resolução RDC nº. 17, de

24 de fevereiro de 2000 (que passará a ser chamada de RDC 17) e a Resolução RDC nº.

48, de 16 de março de 2004 (que passará ser chamada de RDC 48), que marcam as

RDC 48/04 REGISTRO

RE 88/04 BIBLIOGRAFIAS

RE 90/04 PRÉ-CLÍNICO

RDC 140/03 + Port.110/97 RDC 95/08

BULA

RDC 333/03 ROTULAGEM

RE 01/05 ESTABILIDADE

RE 899/03 VALIDAÇÃO

IN 05/08 REG. SIMPLIFICADO

RDC 138/03 GITE

Lei 6360/76 Decreto 79094/77

RDC 210/03 INSPEÇÃO

RE 91/04 PÓS-REGISTRO

RDC 96/08 PUBLICIDADE

RDC 249/05 INSUMOS

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28

diferenças entre as exigências antigas e atuais para o registro dos medicamentos

fitoterápicos.

Inicialmente, a RDC 17 trazia, entre outras, as definições diferenciadas para

“medicamento fitoterápico novo”, “tradicional” e “similar”. Estas definições estão

assim explicitadas:

“Medicamento fitoterápico novo - aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro, podendo servir de referência para o registro de similares”.

“Medicamento fitoterápico tradicional - aquele elaborado a partir de planta medicinal de uso alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas, de risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos etnofarmacológicos e de utilização, documentações tecnocientíficas ou publicações indexadas”.

“Medicamento fitoterápico similar - aquele que contém as mesmas matérias-primas vegetais, na mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um medicamento fitoterápico considerado como referência”. (Brasil, 2000)

Enquanto a RDC 17 fazia esta diferença entre os fitoterápicos e, portanto, entre

as exigências necessárias para o seu registro, a RDC 48 traz uma única definição de

fitoterápico:

“Fitoterápico - medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.” (Brasil, 2004a)

Entretanto, a RDC 48 diferencia os medicamentos fitoterápicos mencionando

aqueles que fazem parte da Lista de Medicamentos de Registro Simplificado. Estes

medicamentos não precisam validar as indicações terapêuticas e a segurança de uso,

embora precisem atender a determinadas especificações.

Além disso, outras exigências novas aparecem na RDC 48, como, por exemplo,

a necessidade de apresentação de um “Relatório Completo de Produção”, indicando a

intenção por parte da Agência de regular esse processo e limitar a atividade àquelas

empresas que possuam uma produção, de fato, industrial e padronizada, em lugar de

uma produção mais artesanal, que dava origem à problemas na padronização e controle

de qualidade.

Sobre os efeitos da nova regulação na padronização dos medicamentos

fitoterápicos, Barata (2005) nos indica que a RDC 48:

“(...) se baseia na “garantia de qualidade (...) exigindo a reprodutibilidade dos fitoterápicos produzidos”, o que só pode ser alcançado se as empresas se utilizarem de extratos padronizados e estabelecerem rígido controle de qualidade. No entanto, como raramente se conhece o princípio ativo (PA) existente nas plantas medicinais brasileiras, a lei permite um controle via

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“marcadores moleculares”, o que em princípio poderia ser qualquer substância presente com regularidade no extrato e dentro de certa concentração nos extratos.” (Barata, 2005, p. 4).

Embora autores como Ribeiro et al. (2005) entendam que houve poucas

mudanças nas exigências para registro dos fitoterápicos, quando comparamos a RDC 48

à RDC 17, do ponto de vista da padronização dos medicamentos e do controle da

produção, podemos considerar que ocorreram modificações relevantes.

Além das normas específicas sobre o registro, cabe mencionar também a

Resolução RDC 210/03 (que determina a todos os estabelecimentos fabricantes de

medicamentos o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico das

Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos). Embora essa Resolução não tenha

sido publicada com vistas a regular apenas os medicamentos fitoterápicos, também deve

ser considerada obrigatória do ponto de vista da padronização da produção dos mesmos.

A RDC 210/03 é dirigida a todos os estabelecimentos fabricantes de

medicamentos e menciona os fitoterápicos expressamente quando se refere a sua

terceira parte:

«Terceira Parte: Contém as diretrizes suplementares para a fabricação de medicamentos estéreis, produtos biológicos e validação, porém, não é uma seção concluída, porque prevê a inclusão de outros temas, como por exemplo, os referentes a fitoterápicos e ingredientes ativos farmacêuticos (APIs).» (Brasil, 2003)

Logo, a fabricação dos medicamentos fitoterápicos, diante da exigência de

obedecer a boas práticas de fabricação rígidas, passou a ser uma atividade mais regular

e característica de empresas capazes de estar capacitadas tecnicamente para atender

estas normas e arcar com os seus custos.

A título de sumariar as novas tendências de regulamentação da indústria será

utilizada a Tabela 1 elaborada por Alves et al. (2008), que compara as exigências

técnicas para o registro de medicamentos fitoterápicos e “alopáticos” feitas pela

ANVISA. A partir desta análise, os autores verificaram que estas exigências têm se

aproximado. O que nos leva a crer que, realmente, o setor tem convergido para uma

maior “profissionalização” e controle da produção.

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Tabela 1 - Comparação das exigências técnicas de registro de medicamentos fitoterápicos e alopáticos regulamentadas pela ANVISA Exigência Técnica Fitoterápico Alopático Biodisponibilidade Sim Sim Estabilidade Sim Sim Equivalência Sim Sim Dosagem de teor Sim Sim Dissolução em formulações sólidas orais Não Sim Registro baseado em dados bibliográficos, dispensando estudos de biodisponibilidade

Sim Não

Qualificação de fornecedores Sim Sim Testes clínicos, farmacológicos e toxicológicos Sim Sim Fonte: ALVES et al., 2008, p. 750, Tabela 2

Essa evolução do sistema de regulamentação aproxima a legislação brasileira do

guideline proposto pela OMS (ver primeira seção deste trabalho) e, ao mesmo tempo,

dos padrões de regulamentação exigidos para a indústria farmacêutica de síntese

química. Se, por um lado, esta convergência com os padrões de regulação, exigidos pelo

mercado mundial, torna a indústria brasileira de fitoterápicos apta a participar do

comércio internacional de plantas medicinais, por outro, implanta no mercado brasileiro

as barreiras tecnológicas de operação para o setor. As empresas estabelecidas que não

tenham condições de se adequarem a esses novos padrões enfrentarão sérios problemas

de competitividade, como desenvolvido a seguir.

2.1.1 - Estratégias empresariais de adequação às novas exigências de regulamentação

A literatura analisada assinala com freqüência que a adequação das empresas

atuando no mercado de fitoterápicos brasileiro será, provavelmente, muito difícil e

agregará custos de produção significativos a essas empresas. Ainda que o mercado de

fitoterápicos esteja livre do controle de preços finais (Freitas, 2007), o repasse desses

custos para o preço final do fitoterápico é dependente da elasticidade da demanda desses

produtos e da disponibilidade de substitutos, por exemplo, no segmento de produtos

sintéticos, bem como do porte da empresa. Entretanto, como as exigências de

regulamentação ainda são recentes existem poucos estudos realizados sobre o assunto.

Em um dos poucos estudos existentes Alves et al. (2008) analisaram a

adequação técnica de indústrias de medicamentos fitoterápicos e oficinais do estado do

Rio de Janeiro. Os autores concluíram que o número de empresas com atividades

relacionadas à fabricação e/ou fracionamento, e distribuição desses medicamentos em

fase de adequação ou em condições não adequadas ainda é grande. Ao mesmo tempo

esses mesmos autores mostraram que a adequação futura tem baixa exeqüibilidade

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frente ao custo de adequação (cerca de R$ 480.000,00 por empresa) e o pequeno porte

da maior parte das empresas (faturamento anual inferior a R$ 1.000.000,00). Ressaltam

também a deficiência técnico-científica de boa parte das empresas ao detectarem

problemas importantes em seu controle e garantia de qualidade.

A necessidade de adequação das empresas à nova regulamentação levou a

ANVISA a publicar editais de notificação para convocar aquelas que haviam pedido

novos registros de produtos que não puderam ser apreciados antes da publicação da

RDC 48/04 (especificamente dois editais, nos meses de junho e agosto de 2005).

Segundo a Instituição, mesmo que os pedidos tivessem sido anteriores à nova

regulamentação, entendeu-se que estes deveriam ser complementados para atender aos

requisitos de segurança, eficácia e qualidade constantes da RDC 48/04. O exame da lista

de empresas por processos nos dá uma boa noção das dificuldades que todas as

empresas do setor estão apresentando para cumprir as regras, sem distinção de tamanho

ou origem de capital. Por exemplo, entre os processos mencionados na segunda

chamada, se encontram pedidos de grandes empresas como a Altana Pharma Ltda. e

Marjan4 e empresas de origem brasileira, como os Laboratórios Panizza e Santo

Antonio5, com um grande número de pedidos, cujo deferimento dependeria do

atendimento das novas exigências. A única diferença é que as empresas de maior porte

certamente terão melhores condições financeiras e tecnológicas para se adequarem

enquanto que as pequenas poderão ter que deixar o mercado, levando a um processo de

consolidação exacerbado.

2.1.2 – Reações da ANVISA às demandas da indústria

As medidas em vigor desde 2004 para produção e comercialização dos

fitoterápicos vieram agravar mais ainda a situação que a indústria vivenciava desde

2000, com as primeiras mudanças na direção de maiores exigências para o registro dos

medicamentos fitoterápicos. Os empresários, através da Associação Brasileira das

Empresas do Setor Fitoterápicos, Suplemento Alimentar e Promoção da Saúde

(ABIFISA), encaminharam, em 2002, junto à Câmara Federal uma proposta de

modificação dos procedimentos para registro. A proposta baseia-se na legislação

canadense de regulamentação dos produtos naturais para a saúde. A grande mudança é

que cai a necessidade de realização de testes clínicos de produtos dessa categoria e

4 Empresas essas que figuram no trabalho de Freitas (2007) na primeira e terceira posição, respectivamente, no ranking de participação no mercado de fitoterápicos no Brasil, em 2006. 5 O mesmo CNPJ agora se refere à empresa LASA Indústria Farmacêutica Ltda, que é uma empresa do grupo Maneesh Pharma India Enterprise, segundo informação do site www.lasa.ind.br.

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exige-se apenas qualidade e segurança e eficácia respaldadas na evidência científica ou

uso etnocultural (Rodrigues et al., 2008).

Em reação a essa e outras demandas, várias normas que afetam direta ou

indiretamente os medicamentos fitoterápicos estão em processo de revisão na

ANVISA 6. A mais importante delas, a RDC 48, é objeto de revisão e a proposta da nova

RDC que deve substituí-la foi submetida à consulta pública (CP), cujo prazo para o

envio de contribuições já terminou (Consulta Pública nº 31, de 26 de maio de 2009).

Embora a nova norma ainda não tenha sido aprovada e publicada, podemos perceber

algumas diferenças no enfoque dado à nova regulamentação pela Anvisa,

principalmente, no que diz respeito às drogas vegetais.

No caso da CP 31/09, entre as diferenças para a RDC 48, observamos a inclusão

da definição de fitocomplexo (que seria o “conjunto de substâncias, originadas no

metabolismo primário e/ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos efeitos

biológicos de uma planta medicinal ou de seus derivados”) e a modificação da

expressão “ensaios clínicos fase 3”, presente na definição de medicamento fitoterápico

da RDC 48, por “evidências clínicas”. Além disso, para aqueles medicamentos cuja

segurança e eficácia de uso forem comprovadas pelo levantamento bibliográfico

(possibilidade que já existia anteriormente, mas a CP 31 introduziu uma nova exigência,

a da indicação para doenças de baixa gravidade), deverá ser instituída uma regra

segundo a qual o material que acompanha o medicamento deverá incluir a frase

“medicamento fitoterápico registrado com base no uso tradicional”.

Segundo Perfeito (2009), outras mudanças se referem ao controle de qualidade

da droga vegetal, que deverá ser apresentado quando a empresa for a produtora do

derivado ou no caso do emprego direto da droga vegetal. A nova resolução, originária

da CP 31, deverá introduzir a possibilidade de a empresa realizar um controle biológico,

quando não for possível fazer a quantificação dos marcadores. As associações também

não precisarão de um controle através do marcador para cada espécie, podendo ser

realizado através de um perfil cromatográfico e a quantificação de um marcador ou do

controle biológico.

Entre as consultas públicas, há também a CP nº 35/2009, que apresenta uma

proposta de Resolução para regular a notificação de drogas vegetais, cujo uso estiver

6 As informações sobre as revisões foram obtidas através de participação no 1º Simpósio Brasileiro de Fitoterapia, realizado entre os dias 30 de junho e 3 de julho de 2009, no Rio de Janeiro, e organizado pela Anvisa e pelo Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), cujo tema principal foi regulação da indústria de fitoterápicos.

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baseado no conhecimento tradicional e deverá ser feito estritamente para alívio

sintomático nos casos previstos na possível futura Resolução. Essa seria uma tentativa

de regulamentar um outro nível de complexidade no que diz respeito à utilização de

plantas medicinais.

Segundo Carvalho (2009), a partir de 2004, não se pode renovar o registro

desses produtos. Mas, a partir da constatação da sua larga utilização, a ANVISA propôs

essa nova Resolução que permitirá a notificação das drogas vegetais, para os casos em

que for utilizada apenas a planta como auxiliar no tratamento de determinados sintomas.

Também com relação às drogas vegetais, foi elaborada outra consulta pública, a CP nº

36 do ano de 2009, a qual prevê regras específicas para as Boas Práticas de Fabricação

de Drogas Vegetais Sujeitas a Notificação.

Outra consulta pública lançada no corrente ano, com implicação para a produção

dos medicamentos fitoterápicos, foi a CP nº 3/2009. Embora a consulta trate de forma

geral das Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, a nova Resolução, que deverá

substituir a RDC 210/03, incluirá um anexo exclusivamente dedicado às Boas Práticas

de Fabricação de Medicamentos Fitoterápicos. O objetivo será atender às peculiaridades

da produção desse tipo de medicamentos, que envolvem, por exemplo, as condições

especiais de sanitização e higiene.

Ainda no ano de 2009, no mês de setembro, a Anvisa lançou nova consulta

pública, de nº 63, que tem como objetivo aprovar o “Regulamento Técnico sobre Boas

Práticas de Fabricação de Insumos Farmacêuticos Ativos de Origem Vegetal”, através

da inclusão de um anexo específico na RDC 249/05.

Em suma, acredita-se que essas consultas públicas sejam uma tentativa de

permitir o fortalecimento de produtores do setor de fitoterápicos, que não puderam

acompanhar as exigências técnicas feitas pela revisão da regulamentação em 2004, sem,

entretanto, deixar de exigir os mesmos controles demandados para os demais

medicamentos no mercado. Na verdade, deverão abrir espaço para uma maior

circulação de fitoterápicos baseados em uso tradicional e demonstram sensibilidade às

características particulares do mercado brasileiro, conforme apresentado a seguir.

2. 2 - O mercado brasileiro de fitoterápicos

Freitas (2007) registrou que a indústria brasileira de fitoterápicos representava

cerca de 4% da indústria farmacêutica no mercado privado, em 2006, e obteve um

faturamento de R$ 543 milhões para uma produção física de 32 milhões de unidades de

produtos. Este total corresponde à cerca de 80% do mercado farmacêutico varejista, ou

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34

seja, dos medicamentos vendidos nas farmácias e para outros distribuidores através dos

atacadistas e distribuidores. Os 23,3% restantes não são cobertos pelos dados

consultados e representam venda direta aos hospitais e outros canais de distribuição.

A ABIFISA, principal associação do setor, dimensiona o mercado brasileiro de

fitoterápicos a partir de um faturamento de R$ 660,5 milhões, em 2007, e uma

quantidade vendida de 37,3 milhões de unidades. Esse tamanho corresponde a cerca de

3% do mercado farmacêutico, conforme Tabela 2. Nesta Tabela pode–se também inferir

o crescimento acelerado do faturamento no mercado de fitoterápicos que foi de quase

11% em relação a 2005 e de mais de 18% em relação a 2006. A aceleração nas

quantidades vendidas foi tão expressiva quanto, passando de 1,8% para 8,5%.

Tabela 2 - Mercado de fitoterápicos, quantidade (mil un.) e faturamento (R$ mil) 2005-2007

Quantidade Faturamento Quantidade Faturamento Quantidade Faturamento1 Fitoterápicos 33.783 504.178 34.380 559.015 37.302 660.5422 Farmacêutico 1.390.526 19.228.537 1.468.714 21.684.868 1.503.228 23.528.0813 Participação relativa (%) 2,4 2,6 2,3 2,6 2,5 2,84 Tx de crescimento fito.¹ (%) - - 1,8 10,9 8,5 18,25 Tx de crescimento farma.¹ (%) - - 5,6 12,8 2,3 8,5

20072005 2006

Fonte: Elaboração própria com base em dados da Abifisa e na base Anvisa/Sammed (2009) 1- Em relação ao ano anterior

Uma comparação entre as taxas de crescimento dos mercados farmacêutico e

fitoterápico mostra que o mercado farmacêutico foi mais dinâmico em 2006, mas foi

bastante ultrapassado pelo desempenho do mercado de fitoterápicos tanto em

quantidades, quanto em faturamento em 2007.

Outras fontes de pesquisa, utilizando metodologias muitas vezes não informadas,

registram um tamanho bem superior para o mercado brasileiro. Por exemplo, o jornal

Valor Econômico (2008) refere-se ao mercado de medicamentos fitoterápicos como um

movimento em torno de US$ 1,1 bilhão de dólares.

Em relação ao mercado externo, Rodrigues et al. (2008) levantaram uma

exportação de US$ FOB de 393,8 milhões em 2006. Neste período as exportações

cresceram de 238% e indicam também um forte dinamismo do mercado. Do total

exportado em 2006, ainda segundo os mesmos autores, a maior parte é de produtos

fitoterápicos acabados e foi nesse segmento que se observou a maior taxa de

crescimento das exportações (811%).

Entretanto, fica bem claro que o mercado de fitoterápicos brasileiro é bem

inferior ao valor indicado na seção anterior para os mercados estrangeiros. Cerca de 40

vezes menor que o mercado global, 16 vezes menor que o mercado europeu e 12 vezes

menor que o mercado americano.

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35

Uma razão para tal pode ser o fato de que a sua regulamentação recente e as

políticas nacionais para o setor são ainda muito recentes para que seus efeitos tenham

sido sentidos sobre o mercado interno e sobre a estrutura industrial do setor. E a

conseqüência desse mesmo fato é a importância crescente que o mercado externo,

principalmente as importações, tem apresentado no dinamismo do setor. Em outras

palavras, na ausência de uma estrutura industrial adequada à demanda, essa está sendo

atendida por importações, conforme registram Rodrigues et al. 2008, afirmando que o

Brasil foi importador líquido de plantas medicinais e fitoterápicos em 2006.

Ainda segundo Freitas (2007), em 2006, foram identificados 103 laboratórios.

Apenas 20 desses laboratórios concentravam cerca de 85% da produção em valor. Entre

as três principais empresas estavam: o laboratório alemão Altana Pharma, a empresa

americana Farmasa e a empresa brasileira Marjan, somando 40,6% do faturamento.

Entre as demais 17 empresas líderes encontram-se grandes empresas farmacêuticas

multinacionais, tais como a Sanofi-Aventis e a Abbott, e nacionais tais como a Ache e a

Eurofarma, ainda que estejam presentes também empresas nacionais de menor porte e

importância no mercado privado, tais como o laboratório Hebron.

Levantamento posterior, feito por Carvalho et al. (2008), encontrou 512

medicamentos fitoterápicos registrados sendo 80 associados e 432 simples. Entre as

apresentações desses registros 47,1% são cápsulas e apenas 20,62% comprimidos. Entre

as espécies vegetais que deram origem aos medicamentos registrados como fitoterápicos

simples, observou-se que a maioria delas veio da Ásia e da Europa, respectivamente,

28,40% e 27,1%. As espécies vegetais oriundas da América do Sul, incluindo as

espécies brasileiras, representavam apenas 25,92% do total de produtos registrados

como fitoterápicos simples.

Os mesmos autores também analisaram os registros em termos de empresas. Um

total de 119 empresas detinha os registros e apenas uma única empresa era responsável

por cerca de 9% dos registros válidos. Tomando-se as dez maiores, essas detêm 43,8%

do total. Assim como em termos de localização da produção, os autores identificaram

que 90% dos registros são de propriedade de empresas localizadas nas regiões Sudeste

(57%) e Sul (33%) do país.

Em relação ao fornecimento de matérias primas, o principal registro realizado

pela literatura é de que falta qualificação dos produtores e fornecedores primários, os

produtores agrícolas, assim como controle de qualidade das plantas e extratos

brasileiros. Isto tem levado o Brasil a ser um importador das matérias primas in natura e

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dos extratos vegetais. Segundo Rodrigues et al. (2008) as importações no período entre

1996 e 2006 cresceram no segmento de plantas medicinais e suas partes (40,5%), no

segmento de sucos e extratos a partir de plantas (53,1%) e decresceram ligeiramente no

segmento de princípios ativos a partir de plantas medicinais (-31,1%). O resultado

apresentado no segmento de produção de princípios ativos, segundo os mesmos autores,

mostra que está havendo um início do processo de substituição de importação dos

princípios ativos a partir de plantas medicinais.

Em relação às atividades de P&D nas empresas de medicamentos fitoterápicos,

Simões e Schenkel (2002) afirmam que a propensão a investir nessas atividades é muito

pequena, seguindo o já observado nas empresas farmacêuticas atuando no Brasil. A

quase totalidade dos produtos comercializados pelas empresas de fitoterápicos, baseados

em plantas nativas, está fundamentada apenas no uso popular dessas plantas. As plantas

de origem exótica (européia e americana) tiveram pesquisas para comprovação de sua

segurança e eficácia realizadas em seus países de origem. A mesma constatação pode

ser feita a partir do reduzido número de produtos patenteados por empresas brasileiras

em parceria com as universidades. Esse resultado foi encontrado no estudo realizado por

Moreira et al. (2006). De um total de 278 plantas nativas, cerca de 70% foram a base de

objetos de documentos de patente. Entre os detentores das patentes, entretanto, apenas

cerca de 6% eram empresas brasileiras, universidades e instituições de pesquisa. Os

94% restantes eram estrangeiros.

Em resumo, isso mostra que (i) o mercado, apesar de no exame do

comportamento das vendas, em termos de valor, ser concentrado em termos de

produtores e classes terapêuticas, ainda está se consolidando, devendo se tornar mais

concentrado; (ii) novas movimentações financeiras deverão ocorrer; (iii) a indústria de

fitoterápicos brasileira segue um padrão de localização da produção e da distribuição

bem próximo da indústria farmacêutica; e (iv), por fim, em relação à dependência de

matéria prima e atividades de P&D, a indústria brasileira de fitoterápicos também tem

se tornado cada vez mais tributária das empresas multinacionais.

Estes fatos serão evidenciados ou negados a partir da pesquisa realizada sobre

registros e empresas relatada a seguir. Para a definição de produto fitoterápico foi

utilizada a definição legal contida na legislação brasileira, mas especificamente na RDC

48 da ANVISA, apresentada na subseção 2.1.

A primeira etapa de pesquisa desenvolvida foi uma busca dos registros. Como já

informado na introdução, o levantamento inicial dos registros de fitoterápicos foi

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37

elaborado a partir de três listas de espécies vegetais que servem de princípios ativos para

esses medicamentos: RENISUS, a Instrução Normativa n.5/2008 da ANVISA e a lista

de espécies vegetais com registros de fitoterápicos simples presente em Carvalho et al.

(2008).

Na lista RENISUS constam 71 espécies vegetais, nas quais o SUS tem interesse

e vislumbra a possibilidade de oferecer para tratamento dos pacientes. Na Instrução

Normativa n.5/2008 consta a relação de medicamentos fitoterápicos de registros

simplificados, num total de 36 medicamentos. Nessa relação, há uma pequena ficha

descritiva de cada medicamento com os seguintes dados: nomenclatura, nome popular,

parte usada, padronização, apresentação (chamado de derivado de droga vegetal),

indicações terapêuticas, posologia e restrições. Carvalho et al. (2008) apresentam a

relação de espécies vegetais com registros como fitoterápicos simples.

O passo seguinte foi à realização de um cruzamento entre as fontes com o

objetivo de eliminar espécies vegetais repetidas. Ao final, obteve-se uma lista com um

total de 124 espécies, conforme Anexo de Espécies Vegetais.

A partir do levantamento citado acima, foi feita uma busca na base de registros

de medicamentos da ANVISA, com o objetivo de identificar as empresas produtoras e

as demais informações disponíveis no registro dos medicamentos7. Cada espécie vegetal

é considerada como o princípio ativo de um fitoterápico, conforme RDC 48. Através

das espécies vegetais as buscas forneceram uma lista de produtos e a partir de cada

produto o site fornecia uma série de outras informações. Entre as informações, além da

informação sobre espécie vegetal (princípio ativo), estão: nome da empresa, CNPJ,

número de autorização, nome comercial, categoria, número de registro e data de

vencimento do registro. O resultado final foi uma lista com 963 registros de

medicamentos.

Em relação a esse total, cabe destacar que alguns dos registros identificados

encontravam-se vencidos. A primeira intuição foi eliminar esses registros, já que a

ausência de registro impediria a produção e comercialização do fitoterápico segundo as

normas vigentes no Brasil (Lei 6.360/76). Porém, posteriormente optou-se por mantê-

los. Duas razões orientaram essa decisão. A primeira delas foi uma consulta telefônica

feita à ANVISA. Através dela foi informado que alguns registros já vencidos continuam

valendo, ou porque a empresa ainda está providenciando documentos necessários ou

7 A base está disponível no site da ANVISA no link http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_medicamento.asp.

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38

porque as suas renovações ainda não haviam sido atualizadas na base de dados. Um

controle exato deste problema poderia ser feito através da consulta ao diário oficial,

opção que a pesquisa resolveu não adotar dado o restrito tempo disponível. A segunda

razão, que apenas confirmou a observação da ANVISA, foi uma consulta ao Brasíndice

(2009), um guia de farmácias que contém os produtos produzidos e comercializados,

bem como os seus respectivos preços no mercado brasileiro. Vários produtos com

informação de registro vencido na base da ANVISA estão sendo normalmente

produzidos e comercializados.

Por fim foi realizada uma primeira análise dos registros levantados, em que

foram retirados aqueles que não se referiam a medicamentos fitoterápicos. Utilizou-se a

ajuda de um consultor farmacêutico. Em vários registros apesar de não constar a

indicação de que os produtos eram fitoterápicos, mas apenas indicarem a classe

terapêutica, optou-se por mantê-los na lista por estarem de acordo com a definição de

fitoterápicos adotada pela RDC 48. Outros que possuem associações com outras

medicações que não são plantas ou que são associações homeopáticas foram

desconsiderados. A lista final resultou em 727 registros, conforme Tabela 3 que informa

suas datas de vencimento. Cerca de 60% deles encontram se válidos e dos 40% restantes

a maior parte encontra-se vencida desde 2007 (31,5%).

Tabela 3 - Registros segundo datas de vencimento, 2009 N. registros % Vencidos até 2007 229 31,5 Vencidos em 2008 71 9,8 Vencem a partir de 2009 427 58,7 Total 727 100 Fonte: Elaboração própria, a partir da base de registros de medicamentos da Anvisa

A lista inicial de empresas foi criada a partir da lista de registros, resultando em

uma lista com 166 empresas. Para essas empresas foi feita uma pesquisa ampla na

internet sobre as informações relativas a história da empresa, mercado global, mercado

brasileiro, e organização.

Para a obtenção de dados econômicos sobre as empresas pensou-se inicialmente

em consultar a base de dados do IMS Health. Entretanto, a consulta a essas informações

nesta base tornar-se-ia muito morosa devido à inexistência de um filtro específico para

produtos fitoterápicos. Os produtos nessa base estão classificados por classe terapêutica,

informação nem sempre disponível no registro. De fato, uma inspeção nos registros

considerados indica que 58% deles não tinham indicação sobre classe terapêutica, mas

apenas se eram fitoterápicos simples ou compostos. Como alternativa a ANVISA

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39

disponibilizou a base de dados que ela recebe todos os anos de cada empresa com um

relatório das vendas anuais. Trata-se da base ANVISA/Sammed com informações sobre

86 empresas atuando no mercado de fitoterápicos. Outras informações disponíveis na

base são: CNPJ, razão social da empresa, nome do produto, número do registro,

apresentação, tipo de tarja, quantidade e faturamento de medicamentos vendidos por

apresentação mensal de janeiro a dezembro de 2008, e, finalmente, se o produto foi

comercializado ou não em 2008.

Desta forma, a pesquisa dispõe de duas bases de dados sobre empresas conforme

indica a Tabela 4 que apresenta o número de informações em cada base denominadas

Tabela A e B. A Tabela A, organizada a partir da lista de registros e a Tabela B,

construída a partir da base ANVISA/Sammed. Na Tabela A constam 166 empresas e na

Tabela B, 86, sendo que 81 empresas são comuns às duas bases. A base final de

empresas (Tabela C) é uma agregação das duas bases com 171 empresas, mas só

existem informações sobre faturamento para 86 empresas.

Tabela 4 - Resumo comparativo das bases de empresas Tabela A Tabela B Tabela C

1 N. de empresas 166 86 171

2 N. de empresas que só estão na Tabela respectiva 85 5 0

3 N. de empresas em comum 81 4 N. de registros/apresentações 727 476 -

Fonte : Elaboração própria Tabela A - Tabela obtida a partir dos registros, 2004-2008 Tabela B - Tabela obtida a partir de Anvisa/Sammed, dados de 2008 Tabela C - Unificação das tabelas A e B

O número de empresas comuns (81) nas Tabelas A e B representa cerca de 50%

da lista inicial de empresas organizada a partir dos registros (166). A Tabela 5 mostra a

representatividade da base ANVISA/Sammed em relação ao mercado total de

fitoterápicos no ano anterior (2007): um pouco menos de 70% do faturamento e mais de

100% da quantidade8. Estes são os limites e o alcance das generalizações que podem ser

feitas sobre as informações econômicas relativas às empresas.

8 A soma maior do que 100% deve-se ao fato de as informações referirem-se a anos distintos.

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Tabela 5 - Representatividade das bases de dados, 2008

N° de

Empresas Total qtde

(un.) Total fat (R$)

1 Mercado Comum (1) 81 37.867.412 447.773.174,08 2 Mercado Anvisa Samed (2) 86 37.909.026 448.013.692,95 3 Mercado Fitoterápicos ¹ (3) - 37.302.808 660.542.000,00 4 Diferença [(2)-(1)] 5 41.614 240.518,87 5 Participação [(1)/(2)] (%) 94,2 99,9 99,9 6 Participação [(2)/(3)] (%) - 101,6 67,8 Fonte: Elaboração própria a partir da base ANVISA/Sammed (2009) e Abifisa (2007) 1- Relativo ao ano de 2007

Além dos dados secundários anteriormente apresentados, a pesquisa realizou

entrevistas com empresas para inferir alguns posicionamentos sobre a conduta das

mesmas no mercado. A pesquisa foi realizada através da aplicação de questionário

enviado por meio eletrônico (ver Anexo Questionário). As empresas foram escolhidas a

partir dos registros obtidos junto à ANVISA. Do total de empresas levantadas nos dados

secundários, 171, apenas 25 responderam ao questionário (14,6%). Esse questionário

tinha como objetivo verificar se as empresas trabalham com matéria prima vegetal, se

fazem parcerias com universidades ou institutos de pesquisa ou se têm interesse em

fazê-las, se têm dificuldades em atender às normas legais, se utilizam espécies botânicas

originárias dos biomas brasileiros, sobre os fornecedores de matéria prima e a qualidade

da mesma, sobre a certificação das espécies utilizadas e como se dá o acesso ao

patrimônio genético.

Em relação as 25 empresas, constata-se que quatro estão entre as vinte com

maior faturamento no mercado de fitoterápicos brasileiro, no ano de 2008, mais de 50%

delas são de capital nacional, 50% se situam na região sudeste e 10 na região sul do

país. As respondentes ainda que possuam significância no conjunto de empresas

identificadas (14,6%), não constituem uma amostra representativa. A principal questão

é que a região sudeste apresenta um número significantemente maior de empresas

quando se considera o total de empresas no mercado. Logo, os resultados obtidos têm

um valor apenas qualitativo e indicativo da conduta das empresas, não devendo ser

considerado como generalizável para o conjunto atuando no mercado.

A seguir serão apresentados os resultados observados sobre a estrutura do

mercado, conduta das empresas e desempenho obtidos a partir da pesquisa.

2.2.1 – Resultados observados

O número de empresas analisadas chegou a 171. Sua distribuição no território

nacional é bastante desigual, conforme se pode perceber na Figura 4. Somente no estado

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de São Paulo se concentram cerca de 40% das empresas e na região Sudeste cerca de

65%. Essa distribuição se revela, portanto, bastante assimétrica em relação à

distribuição de espécies vegetais pelos biomas brasileiros. A região norte, conhecida por

sua biodiversidade, conta apenas com aproximadamente 2% das empresas.

Figura 4 - Distribuição das empresas por unidade da Federação

Fonte: Elaboração própria

Segundo o modelo adotado para análise do mercado, o Modelo ECD, a sua

estrutura pode ser representada pelo número de produtores ou vendedores e número de

produtos. A primeira informação relacionada ao volume do mercado (em unidades ou

em faturamento) nos fornece informações sobre o grau de competição existente. Quanto

maior o número de vendedores e mais igualitário são os seus tamanhos relativos, maior

2

3

2

2

30

6 1

8

1

7

19

1

12

69

8

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é o grau de competição. A segunda informação indica o grau de diferenciação de

produtos. Quanto maior o grau de diferenciação maior é a segmentação do mercado e

menor a competição entre os produtores.

Como visto na metodologia foram identificados 171 laboratórios produtores no

mercado de fitoterápicos com a comercialização de 727 produtos ou medicamentos

registrados. Em termos de faturamento, as informações referem-se a 86 empresas com

informações sobre faturamento na base de dados ANVISA/Sammed e cerca de 476

registros. A Tabela 6 informa a colocação das vinte maiores empresas e suas

participações relativas no mercado.

Tabela 6 - As maiores empresas por faturamento em fitoterápicos, 2008

Nome da empresa Faturamento Quantidade1 NYCOMED PHARMA LTDA. 20,1 9,62 MARJAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA 10,1 6,93 SANOFI-AVENTIS FARMACÊUTICA LTDA 7,2 4,84 INFAN INDUSTRIA QUIMICA FARMACEUTICA NACIONAL S/A 5,1 3,15 LABORATORIO CATARINENSE S A 5,1 8,36 HERBARIUM LABORATORIO BOTANICO LTDA 4,9 5,97 FARMOQUÍMICA S/A 4,9 4,08 BARRENNE INDUSTRIA FARMACEUTICA LTDA 4,8 9,69 SOLVAY FARMA LTDA 4,0 0,6

10 DM INDUSTRIA FARMACÊUTICA LTDA 3,9 2,911 PRODUTOS FARMACÊUTICOS MILLET ROUX 3,7 3,312 PROCTER & GAMBLE DO BRASIL S/A 3,5 4,013 EUROFARMA LABORATÓRIOS LTDA 3,0 1,314 ABBOTT LABORATÓRIOS DO BRASIL LTDA 2,0 0,715 QUIMICA FARMACEUTICA NIKKHO DO BRASIL LTDA 1,9 1,116 ACHÉ LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS S.A. 1,7 0,517 LABORATÓRIO WESP LTDA 1,6 0,218 BIOLAB SANUS FARMACÊUTICA LTDA 1,4 1,519 BUNKER INDUSTRIA FARMACEUTICA LTDA 1,1 5,720 CIMED INDÚSTRIA DE MEDICAMENTOS LTDA 0,8 1,5

TOTAL EMPRESAS 91,0 75,3

Participação Relativa (%)

Fonte: Elaboração própria com base em Anvisa/Sammed (2009)

Observa-se que o leque dos tamanhos relativos das 20 maiores empresas por

faturamento é enorme, variando de 20% para a primeira colocada e menos de 1% para a

última. Além disso, somente cinco empresas apresentam uma participação relativa por

faturamento maior do que 5%. Quando a variável considerada é a quantidade, observa-

se que a discrepância entre a primeira e a última colocada é bem menor, mas ainda

significativa. Comparando-se a participação relativa em faturamento e quantidade

percebe-se também que não há uma correspondência linear entre as colocações. Um

exemplo claro é a empresa Barrenne que apesar de ter uma participação relativa em

quantidade igual a da Nycomed (9,6%) está colocada na oitava posição em faturamento

contra a primeira posição da Nycomed. Outro exemplo é o Laboratório Catarinense que

se encontra na segunda posição em quantidade e apenas na quinta em faturamento.

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Essas diferenças refletem estratégias de mix de produto e de preços praticados por cada

empresa, como desenvolvido a seguir.

Um elemento adicional para a análise do mercado é uma medida do grau de

concentração das empresas por faturamento e número de unidades vendidas. Ela indica

se um mercado está mais próximo da competição (valores próximos de zero) ou do

monopólio (valores próximos de 100%). O grau de concentração pode ser mensurado

pela taxa de concentração. Essa é calculada pelo somatório das participações relativas

de um número qualquer de maiores empresas, denominadas k empresas. Escolheu-se

analisar o grau de concentração tomando-se as participações relativas das 4, 8 e 20

maiores empresas do mercado, por faturamento e por quantidade. Os resultados estão

apresentados na Tabela 7 e apontam para uma concentração bastante elevada,

principalmente considerando as 8 e as 20 maiores empresas, responsáveis por

respectivamente 62% e 91% do mercado.

Tabela 7 - Grau de concentração, 2008 CR (k) Fat. (R$) % Quant.(un) % CR(4) 190.349.968,8 42,5 9.236.414 24,4 CR(8) 278.866.034,3 62,3 19.763.488 52,2 CR(20) 407.288.197,7 91,0 28.522.702 75,3 Fonte: Elaboração própria com base em Anvisa/Sammed (2009) CR (k) = ∑ sk , k < n sk = participação relativa da k ésima empresa n = número total de empresas

A comparação dos resultados obtidos com os vigentes no mercado farmacêutico

mostra uma concentração bem maior. As quatro maiores empresas no mercado de

fitoterápicos já respondem por 42,5% do mercado em faturamento, enquanto, no

mercado farmacêutico, para atingir uma parcela semelhante há que se considerar as dez

maiores empresas (Hasenclever, 2002). Além disso, o mercado farmacêutico é

constituído de empresas com participações relativas mais igualitárias. Adicionalmente, é

importante ressaltar-se que o indicador tomado para inferir o grau de concentração não

considera o conceito de mercado adequado para sua inferência, ou seja, o conceito de

mercado relevante, mas sim o mercado como um todo, que certamente superestima o

número de empresas concorrentes em cada mercado relevante. Para calcular-se o grau

de concentração, adotando-se o conceito de mercado relevante, que inclui apenas

produtos substitutos entre si, haveria que se ter informações sobre a classe terapêutica

dos fitoterápicos, informações essas que, como visto, nem sempre constam dos dados de

registro.

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Em resumo, pode-se afirmar que ainda que o número de empresas no mercado

seja grande, o mercado é dominado por poucas empresas e com tamanhos muito

desiguais. Estas duas características indicam um baixo grau de competição entre as

empresas e até sugerem uma segmentação entre dois grupos de empresas: as 20 maiores

que seriam as líderes e ditariam o padrão de concorrência no mercado e as 151 restantes

que ocupariam uma franja marginal do mercado ainda indefinida e sem condições

tecnológicas e financeiras de sustentar uma posição competitiva nesse mercado.

O número de produtos no mercado e sua diferenciação podem ser inferidos pelo

número de registros e suas espécies. Uma mesma espécie vegetal pode dar origem a

mais de 30 diferentes princípios ativos. Isto foi constatado nos 727 registros com a

identificação das espécies. Por exemplo, a erva medicinal Ginkgo biloba, primeira

colocada em número de citações nos registros como princípio ativo, é a base de 60

registros. A segunda colocada é a erva medicinal Aesculus hippocastanum, tendo sido

encontrada como princípio ativo de 34 registros. A empresa com o maior número de

registros foi a Herbarium, que, com 61 registros, representa o percentual de 8,39 do total

de registros das 171 empresas. As dez primeiras empresas nesse universo são

responsáveis por 33,82% dos registros.

Entretanto, apesar desta enorme quantidade de produtos (727) e a intensa

diferenciação a partir de cada espécie vegetal, observa-se que apenas 15 produtos

apresentam uma liderança inconteste: eles absorvem 58% do faturamento das 81

empresas com informações econômicas disponíveis. A Tabela 8 lista esses 15 produtos,

no ano de 2008. Um primeiro ponto a se notar é que os laboratórios responsáveis por

estes produtos estão também entre os 20 maiores produtores por faturamento,

reforçando a idéia de que existe um grupo de empresas líderes, as quais também detêm

os produtos campeões de venda nesse mercado. Entretanto, nem sempre o produto

melhor colocado corresponde à empresa nas primeiras posições por faturamento. As

exceções que confirmam a regra são as empresas Nycomed e Marjan, a primeira

colocada em faturamento lidera com cinco produtos colocados na lista dos 15 produtos

líderes em vendas, enquanto a segunda aparece com dois produtos.

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Tabela 8 – Colocação dos produtos líderes, por faturamento, classes terapêuticas, princípio ativo, espécies vegetais, 2008 Rk Empresa (n) Produtos Classe Terapêutica Princípio At ivo / Espécies Vegetais

SANOFI-AVENTIS FARMACÊUTICA LTDA (3)

2 NYCOMED PHARMA LTDA. (1) EPAREMA COLAGOGOS E COLECINÉTICOS PEUMUS BOLDUS + RHAMNUS PURSHIANA + RHEUM PALMATUM

3 FARMOQUÍMICA S/A (2) ABRILAR EXPECTORANTES HEDERA HELIX (HERA)

4 BARRENNE INDÚSTRIA FARMACEUTICA LTDA (8) TAMARINE LAXANTES CASSIA ANGUSTIFOLIA, VAHL/ TAMARINDUS INDICA / CASSIA FISTULA / CORIANDRUM SATIVUM / GLYCYRRHIZA GLABRA

5 NYCOMED PHARMA LTDA. (1) PLANTABEN LAXANTE INCREM. BOLO FECAL PLANTAGO OVATA FORSK.

6 NYCOMED PHARMA LTDA. (1) TEBONIN VASOTERAPIA CENTRAL/PERIFÉRICA

GINKGO BILOBA L.

DM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA (10)

8 SOLVAY FARMA LTDA (9) PIASCLEDINE OUTROS PRODUTOS COM ACAO NO SISTEMA MUSCULO ESQUELETICO

ÓLEO DE ABACATE / ÓLEO DE SOJA

9 MARJAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (2) PASALIX HIPNOT/SEDATIVOS SALIX ALBA L. / EXTRATO SECO DE PASSIFLORA / EXTRATO DE CRATAEGUS OXYACANTHA

10 PROCTER & GAMBLE DO BRASIL S/A (12) METAMUCIL LAXANTES INCREMENTADORES DO BOLO INTESTINAL

PLANTAGO OVATA FORSK.

11 MARJAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (2) VECASTEN ANTIVARICOSOS DE ACAO SISTEMICA

MELILOTUS OFFICINALIS LAM.

PRODUTOS FARMACÊUTICOS MILLET ROUX (11)

LABORATORIO CATARINENSE SA (5)

14 NYCOMED PHARMA LTDA. (1) KALOBA OUTROS PRODUTOS PARA O APARELHO RESPIRATORIO

PELARGONIUM SIDOIDES DC.

15 NYCOMED PHARMA LTDA. (1) LEGALON COLAGOGOS, COLERETICOS E HEPATOPROTETORES

CARDUUS MARIANUS L.

58,34%

1 NATURETTI LAXANTES SENNA ALEXANDRINA MILL. / CASSIA FISTULA / TAMARINDUS INDICA L. / GLYCYRRHIZA GLABRA L. / CORIANDRUM SATIVUM

7 MARACUGINA HIPNOT/SEDATIVOS PASSIFLORA ALATA CURTIS / ERYTHRINA MULUNGU MART. / CRATAEGUS OXYACANTHA L.

NASTURTIUM OFFICINALE R.BR. / ACONITUM NAPELLUS / MIKANIA GLOMERATA SPRENG. / POLYGALA SENEGA L. / CEPHAËLIS IPECACUANHA ( BROT. ) A.RICH. / MYROXYLON BALSAMUM HARMS

12 PASSIFLORI HIPNOT/SEDATIVOS PASSIFLORA INCARNATA / SALIX ALBA L. / CRATAEGUS OXYACANTHA L. / GLUCONATO DE CÁLCIO / COLECALCIFEROL / PEPTÍDEOS DE BAIXO PESO MOLECULAR / HIPOSSULFITO DE MAGNÉSIO

TOTAL DE FATURAMENTO

13 MELAGRIÃO ANTITUSSIGENOS

Fonte: Elaboração própria, a partir de informações de Anvisa/Sammed (2009) (N) = posição na colocação por faturamento em 2008, Tabela 6

Com relação às espécies, há poucas repetições entre os 15 primeiros produtos

colocados por faturamento. Mas podemos observar a repetição de diferentes tipos de

Passiflora (Passiflora alata curtis, extrato seco de Passiflora, Passiflora incarnata) e

da espécie Crataegus oxyacantha, nos três produtos da classe hipnóticos/sedativos. A

espécie Plantago ovata também se repete em dois laxantes, enquanto nos outros dois, se

repetem as mesmas espécies, entre elas: a Cassia fistula e a Glycyrrhiza glabra.

A outra forma de diferenciação dos produtos, além de seus princípios ativos, é a

classe terapêutica, que indica o tipo de doença para o qual o medicamento está indicado.

Entre os quinze produtos fitoterápicos com o maior faturamento, as classes terapêuticas

mais presentes são os laxantes (com 4 produtos), seguidos dos hipnóticos/sedativos

(com 3 produtos) e dos colagogos/coleréticos (com 2 produtos). As demais classes

aparecem com um produto cada.

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Finalmente, ainda que não tenha sido objeto de exploração nesse estudo, os

produtos se diferenciam por formas de apresentação. Pode-se, concluir, portanto, que a

diferenciação de produtos nesse mercado é tão intensa quanto no mercado farmacêutico,

criando um elemento a mais para dificultar a competição no mesmo. A elevada

diferenciação torna-se mais uma barreira à entrada no mercado, devido ao baixo grau de

substituição entre os produtos, reforçando o grau de concentração conforme constatado

pela forte liderança de alguns poucos produtos e empresas.

Além da estrutura de mercado, analisou-se também a conduta das empresas. A

partir das entrevistas obteve-se um resumo não representativo da opinião das empresas

sobre as questões formuladas. Como resultado da opinião dos entrevistados conclui-se

que o setor produtivo ainda é frágil. É composto de mais de 50% por empresas

pequenas, com baixa capacidade de investimentos em P&D e com fraca e descontínua

interação com as instituições de pesquisa. Ainda assim várias delas têm interesse em

parcerias com as instituições de pesquisa para o desenvolvimento e melhoria da

qualidade de seus produtos. Com relação aos aspectos legais referentes ao patrimônio

genético, uma parcela pequena das empresas entrevistadas possui licenças para acesso a

esse patrimônio e várias delas têm dificuldades em atender as normas do CGEN. No que

se refere aos aspectos legais relacionados ao registro dos produtos, um terço dos

entrevistados tem dificuldades em se adequar às exigências das novas regulamentações

da ANVISA. No que diz respeito aos fornecedores e à qualidade da matéria prima,

ainda que todos os entrevistados realizem controle de qualidade, apenas um terço disse

possuir certificação botânica. A maior parte das plantas medicinais é adquirida de

terceiros tanto de fornecedores nacionais quanto de internacionais. Segundo os

entrevistados, o bioma mais utilizado é o da Mata Atlântica, refletindo a distribuição

geográfica das empresas consideradas na pesquisa sobre os registros.

Uma pesquisa adicional realizada na internet para ampliar as informações sobre

os principais fornecedores detectou nove empresas fornecedoras de extratos vegetais

para a indústria farmacêutica, de cosméticos e alimentos. A maioria dessas empresas

tem 25 anos ou menos de fundação e as farmácias de manipulação são mencionadas

como clientes de oito delas. Com relação à localização, sete empresas se situam no

estado de São Paulo (sendo que uma delas tem também um pólo industrial no estado do

Piauí), uma no estado do Paraná e a outra no estado de Goiás. Uma possível explicação

para essa concentração no estado de São Paulo seria a importância da proximidade com

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o seu mercado consumidor, ou seja, as empresas farmacêuticas, de cosméticos e

alimentos concentram suas plantas industriais nesse Estado.

Do total de empresas encontradas, somente duas distribuem apenas extratos

vegetais produzidos em suas próprias plantas industriais, ambas localizadas no interior

paulista, são elas: Centroflora e Sanrisil. Além disso, essas empresas são as mais antigas

no conjunto de empresas fornecedoras, tendo sido fundadas em 1954 e 1949,

respectivamente. Essas duas empresas concentram suas atividades na produção de

insumos bioativos, matérias primas e extratos botânicos, os fornecendo principalmente

para a indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. Com relação à Centroflora, é

importante destacar que a empresa oferece a garantia de compra da safra e a

transferência de tecnologia para pequenos agricultores dos quais ela compra a matéria

prima para a fabricação dos extratos, sendo essa parceria estabelecida em atividades de

cultivo agrícola e manejo de área nativa em outros treze Estados, além do Estado de São

Paulo, onde está localizado seu principal distrito industrial.

Outras quatro empresas identificadas como fornecedoras de matérias-primas

para o setor, apesar de também produzirem insumos, atuam simultaneamente na

distribuição de produtos produzidos por outras empresas, com grande destaque para os

de origem estrangeira. Mais uma vez, as indústrias alimentícia, farmacêutica e de

cosméticos são as principais clientes. As outras três empresas identificadas não

produzem insumos e trabalham somente com a distribuição, exportação e a importação

dos extratos vegetais.

Ainda com relação à conduta das empresas através dos dados secundários foi

possível também delinear alguns elementos de suas estratégias de preços, fusões e

estratégias de P&D e marketing. No mercado de fitoterápicos não existe controle de

preços diferentemente do mercado farmacêutico que tem seus preços controlados desde

2003 através da CMED. Tomando-se os preços médios praticados pelas 86 empresas

para as quais têm-se informações sobre faturamento e quantidades vendidas, em 2008,

percebe-se que os preços variam muito entre os produtos e mostram intuitivamente uma

prática de discriminação que pode estar associada à tradição do produto como é o caso

do produto Olina, produzido pelo Laboratório Wesp, ou outras formas de discriminação.

Assim como no mercado de plantas medicinais e fitoterápicos mundial, o

mercado brasileiro tem mostrado movimentações intensas das empresas de fusões e

aquisições (F&A), estratégias típicas de movimentos de consolidação de um mercado

que começou a nascer nos anos 1990. Além disso, algumas empresas realizaram

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parcerias entre elas visando uma maior especialização. A pesquisa realizada no site das

empresas registrou movimentações importantes de fusões e aquisições e parcerias entre

as empresas líderes entre 1994 e 2008, conforme Figura 5.

Figura 5 – Fusões e aquisições no mercado de fitoterápicos, 1994 a 2008

Fonte: Elaboração própria a partir de informações dos sites das empresas

As F&A de maior relevância no mercado de fitoterápicos ocorrida entre 1994 e

2008 dizem respeito à compra da empresa Byk Química e Farmacêutica pela empresa

Altana Pharma e, por fim, desta pela Nycomed e a união entre, de um lado, a Barrene e

a Farmasa e, de outro entre a DM Indústria Farmacêutica e a Virtus que, finalmente,

foram adquiridas pela Hypermarcas. Registra-se ainda a entrada no mercado brasileiro

da empresa indiana Nikkho, multinacional de propriedade do Grupo Zydus Cadilla, que

atua também no mercado farmacêutico, através da compra da Ativus, empresa

brasileira. As fusões da Abbot com a Knoll e da Sanofi-Aventis com a Aventis Pharma

Legenda: Aquisições e fusões

Parcerias

Byk Química e Farm. Altana Pharma Nycomed

Biolab/Searle Biolab-Sanus

Merck

Asta Médica

Aché

Knoll Abbott

Nikkho Ativus

Infabra Cellofarm

Aventis Pharma Sanofi-Aventis

Barrenne Farmasa

Virtus DM Ind Farm.

Hypermarcas

Infan Hebron

Barrenne Farmasa

Virtus DM Ind Farm.

Hypermarcas

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49

são decorrentes das fusões ocorridas a nível mundial que resultaram em mudanças

também no mercado brasileiro já que essas empresas eram empresas estabelecidas no

mercado farmacêutico.

Finalmente, menciona-se a parceria selada entre o Hebron e a Infan, o primeiro

responsável por parcerias de atividades de P&D a partir dos conhecimentos acumulados

nas universidades brasileiras e estrangeiras e a segunda responsável pela produção e

registro dos medicamentos. Ressalta-se essa parceria pelas vantagens obtidas por ambas

as empresas a partir das especializações de cada uma, um sinal de maturidade do

mercado.

No que diz respeito às estratégias de P&D, Freitas (2000) registrou que os

investimentos em P&D no mercado brasileiro de fitoterápicos eram ainda incipientes e

reduzidos a um número restrito de empresas. As informações sobre o total do capital

requerido como investimento no setor eram ainda esparsas e conflitantes. A principal

causa para tal decorre das controvérsias sobre o tempo necessário para realização

completa do ciclo de desenvolvimento do produto apresentadas na primeira seção deste

trabalho. Ainda segundo a autora, estimava-se que as atividades de P&D,

compreendendo desde a descoberta até a colocação do produto no mercado,

envolveriam, na Alemanha, na Itália e nos Estados Unidos, cerca de US$ 7 milhões.

Considerando que no Brasil o custo das pessoas envolvidas na atividade (doutores e

pesquisadores) é bastante inferior ao desses países, estima-se que o custo de todas as

etapas seria de US$ 350 mil a US$ 1 milhão (Freitas, 2000, p.68).

A atualização dessas informações, por um lado, confirma o observado por

Freitas (2000), de que os investimentos internos em P&D, realizados pelas empresas,

são muito incipientes, restringindo-se a desenvolvimento analítico, testes de estabilidade

e controle de qualidade. Existe uma variabilidade muito grande entre as informações

coletadas sobre investimentos em P&D, mas em geral eles se apresentam inferiores a

5% do faturamento das empresas. Todavia, esse percentual é superior ao percentual

apresentado pelas empresas farmacêuticas no mercado brasileiro e sugerem que a

biodiversidade brasileira, acoplada à competência científica das universidades pode ser

uma oportunidade interessante para superar o quadro brasileiro de baixo

desenvolvimento tecnológico na área de produtos da saúde. Os gastos mais freqüentes

nessa rubrica de investimento são salários, equipamentos, despesas com banco de dados,

estudos clínicos e depósito e manutenção de patentes. São raros os funcionários pós-

graduados alocados nas atividades de P&D.

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50

Por outro lado, porém, registra-se um aumento das atividades externas de P&D,

em parceria com as universidades, principalmente em estudos clínicos. Atribui-se esse

resultado às maiores exigências regulatórias de realização de testes para avaliação da

segurança e da eficácia dos fitoterápicos feitas pela ANVISA a partir de 2004. Há

também uma maior preocupação das empresas com a produção de extratos e com a

padronização da matéria prima. Da mesma forma, essas atividades são demandantes de

mais investimentos em P&D e justificam o fato de os gastos das empresas de

fitoterápicos serem superiores aos das empresas farmacêuticas.

Basicamente as mudanças apresentadas nos novos produtos dizem respeito à

melhoria de qualidade a partir do uso de espécies clonadas ou da mudança nas formas

de administração de alguns produtos (de produtos apresentados somente em via líquida

para produtos em cápsulas). O uso de plantas clonadas permite o aumento da

padronização dos princípios ativos e, conseqüentemente, a qualidade do produto final.

Em relação aos processos a capacitação tecnológica diferencial necessária às empresas

de fitoterápicos passa por capacidade de desenvolvimento analítico, capacidade de

produção de extratos, capacidade de produção de matéria prima (plantio). A importância

dessas capacitações sugere que a integração vertical seja um elemento de diferenciação

competitiva relevante no segmento. É através do domínio do plantio e da produção de

extratos que estará garantida a capacidade do produto final.

Através da análise das estratégias de preços acima fica claro que, entre as

práticas de marketing, uma delas é discriminar preços. Esta discriminação de preços está

fundamentada na intensa possibilidade de diferenciação tecnológica proporcionada

pelas atividades de P&D acima relatadas, mas também fundamentada no próprio

marketing praticado pelas empresas. Estima-se que os gastos com marketing por

produto correspondam a mais de 20% de suas vendas. Somem-se a esse custo os gastos

com vendas, propaganda e salários da equipe de vendas, que chegam a 12% do total das

vendas do produto. As maiores empresas tem mais condições de arcar com esses custos

dos que as pequenas e, dessa forma, as práticas de marketing funcionam também como

um reforço das barreiras à entrada no segmento. A assimetria de informações entre os

produtores e os consumidores finais dá margem à provisão de informações que muitas

vezes pode se tornar persuasiva e criadora de monopólios.

Em suma a fotografia apresentada da estrutura do mercado e da conduta das

empresas de fitoterápicos é bastante próxima do mercado farmacêutico.

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51

2.2.2 – Evidências da evolução do mercado

A título de trazer uma contribuição adicional à descrição dos resultados acima

que desenha uma fotografia estática do mercado no ano de 2008, realizou-se uma

análise sobre a evolução das principais empresas, entre 1994, 2000, 2006 e 2008, a fim

de evidenciar as principais tendências da evolução do mercado a partir de pesquisas

realizadas anteriormente.

Essas mudanças resultam da estrutura do mercado de fitoterápicos e das

condutas das empresas, em particular, suas estratégias de fusões e aquisições realizadas

no período e acima já relatadas. Elas serão evidenciadas aqui através de uma

comparação entre as colocações das empresas e dos produtos líderes no período por

faturamento.

Com relação às principais empresas de fitoterápicos, segundo faturamento (ver

Tabela 9), a primeira observação importante se refere à primeira colocação nas quatro

anos considerados. A empresa Byk Química e Farmacêutica aparece, nos anos de 1994

e 2000, como a primeira por faturamento. No ano de 2006, a empresa que a adquiriu, a

Altana Pharma, ocupa a primeira posição. Já no ano de 2008, após a compra da Altana

Pharma pela empresa Nycomed, essa última assume a primeira posição. Pode-se,

concluir, portanto, que não houve modificação na primeira posição, quando se compara

o ano de 1994, 2000, 2006 e 2008, ainda que a empresa líder tenha se alterado devido às

aquisições realizadas no período.

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Tabela 9 - Colocação das maiores Empresas, por faturamento, no mercado de fitoterápicos, 1994, 2000, 2006 e 2008

1994 2000 2006 20081 BYK QUÍMICA E FARM. BYK (1) ALTANA PHARMA (1) NYCOMED (1)

2 BIOLAB/ SEARLE KNOLL (ABBOTT) (3) FARMASA (BARRENNE - 3)

MARJAN (3)

3 KNOLL BARRENNE (8) MARJAN (6) SANOFI-AVENTIS (4)4 SANDOZ VIRTUS (DM) (16) SANOFI-AVENTIS (5) INFAN (HEBRON – 6) 5 MERCK SA AVENTIS PHARMA (Ø) DM IND FARMACÊUTICA

(4)CATARINENSE (Ø)

6 WELLCOME ZENECA MARJAN (21) HEBRON (11) HERBARIUM (17)7 MILLET-ROUX MILLET ROUX (7) MILLET ROUX (7) FARMOQUÍMICA (7)8 BARRENNE CATARINENSE (19) FARMOQUIMICA (Ø) BARRENNE (FARMASA - 2)

9 STIEFEL KRYS-BELT (Ø) PROCTER & GAMBLE (12)

SOLVAY (Ø)

10 ASTA MÉDICA NIKKHO (Ø) ATIVUS (17) DM IND FARMACÊUTICA (5)

11 CANNONE HEBRON (14) NIKKHO (10) MILLET ROUX (7)12 MERREL/LEPETIT PROCTER & GAMBLE

(Ø)EUROFARMA (Ø) PROCTER &GAMBLE (9)

13 FRUMTOST ZURITA (Ø) ABBOTT (2) EUROFARMA (12)14 HEBRON HERBARIUM (Ø) BIOLAB-SANUS (18) ABBOTT (13)15 INFABRA INFABRA (15) ACHÉ (Ø) NIKKHO (11)16 VIRTUS MERCK (5) ZURITA (13) ACHÉ (15)17 BIOGALÊNICA ATIVUS (Ø) HERBARIUM (14) WESP (19)18 BALDACCI BIOLAB-SANUS (2) EMS SIGMA PHARMA

(Ø)BIOLAB-SANUS (14)

19 CATARINENSE WESP (Ø) BUNKER (Ø)20 BOEHRINGER ANGELI INFABRA (15) CIMED (Ø)21 MARJAN22 ALLERGAN-LOK 23 BRISTOL-MEYERS

SQUIBB

24 LUITPOLD 25 FONTOVIT

Laboratorio

Fonte: Elaboração própria como base em Ferreira (2002); Freitas (2002) e (2007); e Anvisa/Sammed (2009) (N) Posição na coluna anterior; (Ø) Não aparece na coluna anterior

Algumas empresas aparecem nos quatro anos considerados, ainda em que em

diferentes colocações. Estas são:

• Biolab-Searle/Biolab-Sanus – que sai da segunda posição, caindo para a

décima oitava (após se tornar Biolab-Sanus), subindo para a décima quarta e

caindo novamente para a décima oitava;

• Knoll/Abbott – que sai da terceira posição, subindo para a segunda (após ser

comprada pela Abbott), caindo para a décima terceira e caindo mais uma vez

para a décima quarta;

• Millet-Roux – que permanece nas três primeiras colocações na sétima

posição e cai para décima primeira, na última colocação.

• Barrenne/Farmasa – que sai da oitava posição para a terceira, sobe para a

segunda (após ter sido adquirida pela Farmasa) e cai para a segunda posição

(aparece como Barrenne).

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• Hebron/Infan – que sai da décima quarta posição, sobe para a décima

primeira, posteriormente, para a sexta e, finalmente, para a quarta (quando

aparece como Infan, a empresa responsável pela produção, enquanto a

Hebron realiza a pesquisa e desenvolvimento).

• Virtus/DM Ind. Farmacêutica – que sai da décima sexta posição, sobe para a

quarta (já como DM Ind Farm), caindo para a quinta posição e, novamente,

para décima posição.

• Marjan – que, numa trajetória ascendente, sai da vigésima primeira posição,

para a sexta, para a terceira, até chegar à segunda.

As demais empresas apresentaram um comportamento variado no período de

observação. Em 2000, ano de importantes mudanças regulatórias, como visto, entraram

sete nove empresas no ranking das 18 maiores denotando uma significativa mudança na

liderança das empresas no setor. Entre as novas empresas na colocação destacam-se em

ordem decrescente de faturamento a então Aventis Pharma, Kris-Belt, Nikkho, Procter

&Gamble, Zurita, Herbarium e Ativus. Em 2006, destaca-se, entre as 22 colocações, o

aparecimento de cinco novas empresas em ordem decrescente de faturamento:

Farmoquímica, Eurofarma, Ache, EMS Sigma e Wesp. Ressalta-se que três dessas

empresas atuam também no segmento de medicamentos farmoquímicos genéricos.

Em relação à colocação dos produtos líderes a Tabela 10 resume as informações

sobre o produto e a empresa. É importante ressalvar que, para o ano de 2000, a lista

refere-se apenas aos 12 produtos mais importantes por faturamento, enquanto nos

demais anos são apresentados os 20 mais relevantes segundo o mesmo critério.

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Tabela 10 - Colocação dos produtos líderes, por faturamento, no mercado de fitoterápicos, 1994, 2000, 2006 e 2008

EMPRESAS PRODUTOS EMPRESAS PRODUTOS EMPRESAS PRODUTOS EMPRESAS PRODUTOS

1 BIOLAB/SEARLEVICK VAPORUB LEPM BYK TEBONIN (5) FARMASA TAMARINE (2) SANOFI-AVENTIS NATURETTI (3)

2 SANDOZ HYDERGINE BARRENNE TAMARINE (7)ALTANA PHARMA EPAREMA(6) NYCOMED EPAREMA (2)

3 MERCK SA FLORATIL KNOLLVENOCUR TRIPLEX

(6)SANOFI-AVENTIS NATURETTI (5) FARMOQUIMICA ABRILAR (6)

4 WELLCOME ZENECA DIGOXINA KNOLL TANAKAN (8)ALTANA PHARMA TEBONIN (1) BARRENNE TAMARINE (1)

5 BYK TEBONINAVENTIS-PHARMA NATURETTI (12)

ALTANA PHARMA PLANTABEN (Ø) NYCOMED PLANTABEN (5)

6 KNOLL VENOCUR TRIPLEX BYK EPAREMA (11)FARAMOQUIMICA ABRILAR (Ø) NYCOMED TEBONIN (4)

7 BARRENNE TAMARINE MARJAN PASALIX (Ø)PROCTER GAMBLE METAMUCIL (9) DM IND FCTA MARACUGINA (10)

8 KNOLL TANAKAN KRYS-BELT COSCARQUE (Ø) MARJAN PASALIX (7) SOLVAY PIASCLEDINE(Ø)

9 ASTA MEDICA TRANSPULMINPROCTER GAMBLE METAMUCIL (15) MILLET ROUX PASSIFLORINE (12) MARJAN PASALIX (8)

10 CANONNE VALDA VIRTUS MARACUGINA (Ø) DM IND FCTA MARACUGINA (10)PROCTER GAMBLE METAMUCIL (7)

11 BYK EPAREMA VIRTUS

L. DE CACAU

XAVIER (Ø) MARJAN VECASTEN (Ø) MARJAN VECASTEN (11)

12MERREL/LEPETIT NATURETTI MILLET ROUX

PASSIFLORINE

(13) ABBOTT TANAKAN (4) MILLET ROUX PASSIFLORINE (9)

13 MILLET-ROUX PASSIFLORINE EUROFARMA EQUITAM (Ø) CATARINENSE MELAGRIÃO(Ø)

14 HEBRON GIAMEBIL HEBRON GIAMEBIL (Ø) NYCOMED KALOBA (Ø)

15 BIOLAB/SEARLE METAMUCIL BILAB-SANUS SERENUS (Ø) NYCOMED LEGALON (Ø)

16 BIOGALENICANICOTINELL TTS ZURITA NOVARRUTINA (Ø) ABBOTT TANAKAN (12)

17 KNOLL TANAKAN F NIKKHO VALERIANE (Ø) EUROFARMA EQUITAM (13)

18 MILLET-ROUX CHOPHYTOL MARJAN CLIMADIL (Ø) INFAN GIAMEBIL (14)

19BOEHRINGER ANGELI BUSCOPAN ATIVUS CALMAN (Ø) NIKKHO VALERIANE (17)

20 BYK LEGALON DM IND FCTA HEMOVIRTUS(Ø) WESP OLINA (Ø)

1994 2000 2006 2008

Fonte: Elaboração própria como base em Ferreira (2002); Freitas (2002) e (2007); e Anvisa/Sammed (2009) (N) Posição na coluna de produtos anterior; (Ø) Não aparece na coluna de produtos anterior

No que se refere aos produtos mais vendidos (faturamento), somando os quatro

anos considerados, encontram-se 37 produtos diferentes. Destes, seis produtos se

repetem nos quatro anos, três produtos em três anos e sete em dois.

Os seis produtos que se repetem em todos os anos considerados, não

obrigatoriamente na mesma posição em cada ano, são:

• Eparema (Byk / Altana Pharma / Nycomed) – 11ª posição / 6ª posição / 2ª

posição / 2ª posição.

• Metamucil (Biolab-Searle / Procter & Gamble) – 15ª posição / 9ª posição / 7ª

posição / 10ª posição.

• Naturetti (Merrel-Lepetit / Aventis-Pharma / Sanofi-Aventis)– 12ª posição /

5ª posição / 3ª posição / 1ª posição.

• Passiflorine (Millet Roux) – 13ª posição / 12ª posição / 9ª posição / 12ª

posição.

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• Tanakan (Knoll / Abbott) – 8ª/17ª posição / 4ª posição / 12ª posição / 16ª

posição.

• Tebonin (Byk / Altana Pharma / Nycomed ) – 5ª posição / 1ª posição / 4ª

posição / 6ª posição.

Aparecem em três anos, os seguintes produtos:

• Giamebil (Hebron) – 14ª posição / Ø / 14ª posição / 18ª posição.

• Maracugina (Virtus / DM Ind. Farmacêutica) - Ø / 10ª posição / 10ª posição /

7ª posição.

• Pasalix (Marjan) - Ø / 7ª posição / 8ª posição / 9ª posição.

Com ocorrência em apenas dois anos, encontram-se sete produtos: Abrilar

(Farmoquímica), Equitam (Eurofarma), Legalon (Byk / Nycomed), Plantaben (Altana

Pharma / Nycomed), Valeriane (Nikkho), Vecasten (Marjan), Venocur Triplex (Knoll).

Com relação ao número de registros de cada empresa, a comparação com o

trabalho de Carvalho et al. (2008) pode ser feita apenas no que diz respeito aos

percentuais, uma vez que os autores não disponibilizaram os nomes das empresas que

possuíam mais registros. Sendo assim, observamos que, dentro de um universo 512

produtos registrados, em março de 2008, Carvalho et al. (2008) chegaram à conclusão

de que a empresa com o maior número de registros obteve 8,6% do total de registros,

enquanto 43,8% dos registros pertenciam a apenas dez empresas (entre as 119 empresas

com registros para medicamentos fitoterápicos).

Considerando que a busca realizada para esse trabalho encontrou um total de

727 registros, conforme já apresentado na seção anterior, a empresa com o maior

número de registros foi a Herbarium Laboratório Botânico Ltda., que, com 61 registros

representa o percentual de 8,39 do total. As dez primeiras empresas (num universo de

171), segundo esse critério, chegariam a concentrar 33,82% dos registros.

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Tabela 11 - Ranking de empresas de fitoterápicos por número de registros, 2009 Empresas Quantidade de

Registros %1 HERBARIUM LABORATÓRIO BOTÂNICO LTDA 61 8,42 ATIVUS FARMACÊUTICA LTDA 31 4,33 ORIENT MIX FITOTERÁPICOS DO BRASIL LTDA. 22 3,04 BRASMED BOTÂNICA E FARMACÊUTICA LTDA 19 2,65 LUPER INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA 19 2,66 LABORATORIO CATARINENSE AS 18 2,57 BIONATUS LABORATÓRIO BOTÂNICO LTDA 16 2,28 LABORATÓRIO VITALAB LTDA 16 2,29 FLORA MEDICINAL J MONTEIRO DA SILVA LTDA 15 2,1

10 KLEY HERTZ S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO 15 2,111 LABORATORIO QUIMICO FARMACEUTICO TIARAJU LTDA. 15 2,112 MDCPHARMA PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA 15 2,113 AS ERVAS CURAM IND FTCA LTDA 12 1,714 MARJAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA 12 1,715 PHARMASCIENCE LABORATÓRIOS LTDA 12 1,716 ACHÉ LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS S.A 11 1,517 INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMESTICOS NATURA LTDA 10 1,418 INFAN INDUSTRIA QUIMICA FARMACEUTICA NACIONAL S/A 10 1,419 LUCIOMED FARMACÊUTICA DO BRASIL LTDA 10 1,420 BIOLAB SANUS FARMACÊUTICA LTDA 9 1,2

Σ 20 primeiras 348 47,9

Σ demais empresas (146) 379 52,1

Total (166 empresas) 727 100 Fonte: Elaboração própria

Embora, não possamos comparar exatamente os métodos utilizados em ambas as

pesquisas, verifica-se que o mercado de fitoterápicos, a julgar pelo número de registros

por empresa, continua sendo bastante concentrado. As dez empresas com mais registros

representam, pelo menos, um terço do total dos registros encontrados.

Comparativamente, entretanto, o grau de concentração da indústria inferido nas duas

pesquisas entre as dez maiores empresas parece estar indicando redução significativa

(de cerca de 44% para 34).

2.2.3 – Um retrato das empresas líderes e das inovadoras no mercado

Tomaram-se como empresas líderes aquelas colocadas entre o primeiro e o

vigésimo lugar por faturamento em 2008. A Tabela 12 resume as características dessas

empresas. Diferentemente do mercado farmacêutico, entre as 20 primeiras colocadas, 14

são empresas brasileiras, ou seja, predomina a origem de capital nacional. Ainda que a

liderança seja de empresa de capital alemão (Byk/Altana), desde 1994 até 2008, ano em

que a empresa foi comprada pelo grupo dinamarquês Nycomed. Entre as 20, sete

empresas foram fundadas entre 1916 e 1950 e as outras 13 de 1960 para cá. A empresa

mais recente no mercado é a Solvay, de capital belga, e que adquiriu o Laboratório

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Sintofarma como estratégia de entrada. Com exceção de uma única empresa (Infan) que

se localiza em Pernambuco, todas as demais estão localizadas no sudeste e no sul do

Brasil. A liderança fica com São Paulo, seguido do Rio de Janeiro, localização

geográfica semelhante ao do mercado farmacêutico.

Tabela 12 - Características das empresas líderes no mercado de fitoterápicos, 2008 Empresas Origem do capital Ano de fundação Localização Observações/site

NYCOMED PHARMA LTDA. Dinamarquês/ Alemão

1954; 2002 (Altana Pharma) SP http://www.nycomed.com.br/pt/Menu/

MARJAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA Brasileiro 1960 SP Controle de qualidade http://www.marjan.com.br/marjan/cms/cms/

home/

SANOFI-AVENTIS FARMACÊUTICA LTDA Francês 1950 SP Pesquisa clinica (duas unidades no Brasil) http://en.sanofi-

aventis.com/investors/key_facts_figures/balance_sheet/balance_sheet.asp

INFAN INDUSTRIA QUIMICA FARMACEUTICA NACIONAL S/A

Brasileiro 1984 PE site em construção

LABORATORIO CATARINENSE S A Brasileiro 1945 SC http://www.labcat.com.br/index.php/go/basic/sub/quemsomos/p/_0_0

HERBARIUM LABORATORIO BOTANICO LTDA Brasilleiro 1985 PR www.herbarium.net

FARMOQUÍMICA S/A Argentino 1932 RJ Controle de qualidade /http://www.fqm.com.br/Site/br/Publico/Nos

saHistoria.aspx

BARRENNE INDUSTRIA FARMACEUTICA LTDA Brasileiro 1925 RJ

SOLVAY FARMA LTDA Belga 2000 (compra do Lab. Sintofarma)

SP www.solvayfarma.com.br

DM INDUSTRIA FARMACÊUTICA LTDA Brasileiro 1970 SP Foi comprada por R$ 1,262 Milhões; teve um fat. de mais de R$400 milhões em 2006

PRODUTOS FARMACÊUTICOS MILLET ROUX Brasileiro 1933 RJ http://www.milletroux.com.br/

PROCTER & GAMBLE DO BRASIL S/A Americano 1837/1988Br (Phebo) SP http://www.pg.com/pt_BR/index.html

EUROFARMA LABORATÓRIOS LTDA Brasileiro 1972 SP/RJ Farmacotecnico e projetos incrementais, mais parcerias com univercsidades,

parcerias com Biolab; nanotecnologia/ www.eurofarma.com.br

ABBOTT LABORATÓRIOS DO BRASIL LTDA Americano 1890/1937Br RJ www.abbottbrasil.com.br

QUIMICA FARMACEUTICA NIKKHO DO BRASIL LTDA

Indiano 1960 RJ http://www.zydusbrasil.com.br/zydusbrasil_b.php

ACHÉ LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS S.A. Brasileiro 1965 www.ache.com.br

LABORATÓRIO WESP LTDA Brasileiro 1916 RS Controle de qualidade/ www.olina.com.br

BIOLAB SANUS FARMACÊUTICA LTDA Brasileiro 1997 SP 7% do faturamento em P&D /www.biolabfarma.com.br

BUNKER INDUSTRIA FARMACEUTICA LTDA Brasileiro 1965 SP Controle de qualidade/ http://www.bunker.com.br/somos.html

CIMED INDÚSTRIA DE MEDICAMENTOS LTDA Brasileiro 1977 (adquiriu Honorterápica) SP/MG Lab. De P&D / http://www.grupocimed.com.br/component/o

ption,com_frontpage/Itemid,1/

Fonte: Elaboração própria com base nos sites das empresas

Algumas empresas brasileiras, colocadas entre as líderes ou apenas com

estratégias diferenciadas ainda que não estejam entre as líderes, têm sabido aproveitar as

oportunidades geradas pelas enormes transformações pelas quais vem passando o setor

de fitoterápicos apontadas acima tanto em nível mundial quanto no cenário brasileiro

para inovar.

Entre essas empresas com atitudes inovadoras destacam-se três exemplos

paradigmáticos. Uma grande empresa já estabelecida atuando entre as dez maiores

empresas do mercado farmacêutico e entre as vinte maiores do mercado de

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fitoterápicos, uma pequena empresa inovadora, fundada em 2001, e uma empresa de

portfólios de projetos de pesquisa.

A empresa Aché era o quarto maior laboratório farmacêutico no mercado

brasileiro em 2008, segundo IMS Health. Ao vislumbrar as oportunidades do mercado

de plantas medicinais e fitoterápicos e as oportunidades de financiamentos à pesquisa

oferecidos pelo governo a Ache optou por desenvolver um produto em parceria com a

universidade. O resultado foi o registro do primeiro medicamento fitoterápico

totalmente desenvolvido no Brasil, em 2004, já de acordo com as novas regras da

ANVISA. Trata-se de um antiinflamatório tópico com a marca Acheflan e produzido a

partir de uma planta medicinal brasileira (Cordia verbenacea DC). O desenvolvimento

desse medicamento levou a empresa a investir US$ 5 milhões em P&D, uma quantia

bem mais modesta do que a investida por empresas farmacêuticas para gerarem novos

produtos, conforme visto acima.

A empresa Austen Farmacêutica, com razão social Phitolabor Laboratórios de

produtos Naturais Ltda, localiza-se em Tubarão, Santa Catarina e foi fundada em 2001

com o objetivo de produzir extratos vegetais padronizados de plantas vegetais. Hoje,

possui dez funcionários qualificados nas áreas: farmacêutica, de produção e de

administração. A empresa passou por uma série de dificuldades para se adequar às

novas normas de regulação da indústria de fitoterápicos, a partir de 2004, como a

maioria dos pequenos laboratórios brasileiros. Porém recentemente teve seus esforços

recompensados por ter sido contemplada e premiada por pesquisas na flora nativa da

Mata Atlântica (Valor Econômico, 2008) com financiamento e subvenção econômica da

Financiadora de Estudos e Projetos. Com estes investimentos a empresa espera

conquistar 2% do mercado de fitoterápicos. Sua estratégia envolve parcerias com a

Universidade do Sul de Santa Catarina e agricultores familiares da região.

Adicionalmente, merece ser registrada a criação da empresa Ybios, fundada em

2004, para preencher lacuna existente entre o mercado e a universidade. Resultou de

uma joint venture entre a Natura (empresa de cosméticos), Centroflora e Orsa Florestal,

com o objetivo de gerir portfólios de projetos de pesquisa voltados para a descoberta e o

desenvolvimento de produtos originários da biodiversidade brasileira no âmbito da

saúde. O registro desta estratégia empresarial mostra como empresas de cosméticos,

como é o caso da Natura, também atuando com a pesquisa de plantas, no Brasil, estão

interessadas no crescimento do mercado de plantas medicinais e fitoterápicos (Funari e

Ferro, 2007, Seidl, 2002).

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2.3 – Os padrões de comércio

Em relação ao comércio exterior de mercadorias baseadas em plantas vegetais

não foram encontradas muitas informações disponíveis na literatura analisada. Em geral,

essa literatura afirma que grande parte dos extratos utilizados para produção local é

importada e que entre as espécies vegetais mais utilizadas como insumos ou princípios

ativos (plantas medicinais ou simplesmente espécies vegetais) estão as espécies não

nativas.

O objetivo desta seção é checar este fato estilizado a partir de uma análise dos

principais dados de comércio exterior do setor de fitoterápicos com base no

levantamento dos valores e quantidades importadas e exportadas pelo Brasil entre 2004

e 2008. A seção contém também a metodologia utilizada e uma breve comparação com

outras metodologias presentes na literatura.

O levantamento de dados referente ao comércio exterior (importação, exportação

e saldo da balança comercial) de produtos fitoterápicos utilizou as bases da Receita

Federal e Aliceweb, sendo os dados obtidos tanto em quantidade (toneladas), quanto em

valores monetários (US$). O período analisado considerou como início da investigação

o ano de 2004, ano em que a legislação sobre o registro de circulação de produtos foi

alterada pela Anvisa, como visto na subseção 2.1, até o ano de 2008, último ano para o

qual as informações sobre importação e exportação estavam disponíveis.

Inicialmente, foi feita a seleção dos capítulos da Nomenclatura Comum do

Mercosul (NCM)9 nos quais poderiam estar classificados os produtos de interesse do

estudo – aqueles produtos produzidos a partir das plantas contidas no Anexo de

Espécies Vegetais. No Quadro 1 abaixo são apresentadas as descrições de cada capítulo

selecionado.

Quadro 1 – Descrição dos capítulos selecionados para estudo Capítulo 12: Sementes e Frutos Oleaginosos; Grãos, Sementes e Frutos Diversos; Plantas

Industriais ou Medicinais; Palhas e Forragem

Capítulo 13: Gomas, Resinas e Outros Sucos e Extratos Vegetais

Capítulo 15: Gorduras e óleos animais ou vegetais; Produtos da sua Dissociação; Gorduras Alimentares elaboradas; Ceras de Origem Vegetal ou Animal

Capítulo 29: Produtos Químicos Orgânicos

Capítulo 30: Produtos Farmacêuticos Fonte: Elaboração própria a partir da Aliceweb

Para cada capítulo selecionado foram levantados os valores e as quantidades

totais de importação e exportação para o período 2004-2008. No levantamento dos 9 Denominação adotada pelos países do Mercosul para classificar os produtos importados e exportados, com base em denominação padrão internacional.

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60

dados de importação, três observações merecem destaque: foram excluídas as guias de

importação que especificaram seus usos em indústria de cosméticos e alimentos; foram

considerados: extratos, sucos, medicamentos, princípios ativos, óleos ou o nome da

própria planta; e não foram excluídas associações de plantas quando especificadas.

Além disso, obtiveram-se os valores de importação para aqueles itens de cada capítulo

(NCMs específicas) que contivessem as espécies vegetais selecionadas. Para essa

abertura dos dados foi utilizada a base de dados da Receita Federal, porém tal

desagregação se limitou ao ano de 2008 e aos dados de importação. Ao final foram

obtidos dados de importação no ano de 2008 para 81 espécies vegetais diferentes (65%

do Anexo de Espécies Vegetais), totalizando US$ 28 milhões e 11 mil toneladas de

importação.

As plantas medicinais e os produtos fitoterápicos mais importados em diferentes

formas são Ginseng, Hera, Soja, Ginkgo, Psilium e Alcaçuz, sendo que todos

apresentaram valores de importação, em 2008, superiores a US$ 2 milhões. O total

importado relativo a esses produtos foi de cerca de US$ 18 milhões, que corresponde a

cerca de 64% das NCMs específicas identificadas.

A partir desse procedimento de identificação das NCMs específicas, foi possível

identificar, nos capítulos selecionados para o estudo, a existência ou não das espécies

vegetais selecionadas e assim escolher os itens em cada capítulo das NCMs a serem

considerados. A seguir elaborou-se uma retrospectiva (tanto para importação quanto

para exportação) para esses mesmos itens no período de 2004-2008, partindo do

pressuposto que a presença desses itens permaneceu inalterada ao longo período, em

outras palavras, que a ocorrência das espécies vegetais tenha sido a mesma na

importação e exportação variando apenas em valores e quantidades em cada ano. O

resultado final pode ser visto nas Tabelas 13 e 14, relativas à importação e exportação

no período, respectivamente.

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61

Tabela 13 - Retrospectiva da importação de produtos fitoterápicos por capítulos e itens NCM, 2004-2008

Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil

12Sementes e frutos oleginosos, grãos, sementes e frutos diversos; plantas industriais ou medicinais; palhas e forragem 384.532 128.416,86 409.638 127.960,05 97.393 75.544,97 136.754 107.282,01 138.844 147.977,73

12079999 - OUTS.SEM.E FRUTOS OLEAGINOSOS,MESMO TRITS. 40 67,32 4 5,54 241 183,62 254 380,00 276 413,00

12112000 - RAIZES DE "GINSENG",FRESCAS,SECAS,INCL.CORTAD.TRITUR.PO 1 18,20 3 12,13 0 0,00 0 4,00 0 0,03

12119090 - OUTRAS PLANTAS E PARTES,P/PERFUMARIA,MEDICINA E SEMELHS 2.612 3.319,20 2.115 3.438,72 2.039 3.174,69 1.943 3.490,32 1.910 4.095,00

12149000 - RUTABAGAS,RAIZES FORRAGEIRAS E OUTROS PRODS.FORRAGEIROS 14 5,72 19 11,90 68 42,93 23 12,00 158 109,00

12079190 - OUTRAS SEMENTES DE DORMIDEIRA OU PAPOULA,MESMO TRITURAD 19 16,60 0 0,00 23 19,78 0 0,00 0 0,00

12076090 - OUTRAS SEMENTES DE CARTAMO,MESMO TRITURADAS 0 0,00 0 0,00 18 7,59 0 0,00 0 0,00

12111000 - RAIZES DE ALCACUZ,FRESCAS,SECAS,INCL.CORTADAS,TRITUR.PO 21 58,51 2 6,65 2 8,34 0 0,00 0 0,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 2.707 3.485,55 2.143 3.474,94 2.390 3.436,95 2.220 3.886,32 2.344 4.617,03

13 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais 8.566 46.051,57 10.401 53.634,77 11.314 62.022,83 10.427 63.381,28 10.948 88.889,05

13021999 - OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS 1.051 9.974,00 1.565 11.787,00 1.183 13.727,00 765 15.727,00 782 16.671,00

13019090 - OUTS GOMAS,RES.,GOMA-RESINAS,BÁLSAMOS NAT. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1.570 2.735,00 1.214 3.445,00

13021200 - SUCOS E EXTRATOS,DE ALCACUZ 359 1.762,00 343 1.639,00 317 1.514,00 329 1.726,00 338 2.425,00

13021930 - SUCOS E EXTRATOS DE GINKGO BILOBA SECO 20 2.998,00 29 3.404,00 40 3.370,00 39 3.539,00 23 2.586,86

13021940 - SUCOS E EXTRATOS,VALEPOTRIATOS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 13,00 0 21,00

13021950 - SUCOS E EXTRATOS,DE "GINSENG" 5 572,00 7 641,00 7 562,00 10 556,00 12 624,85

13021960 - SUCOS E EXTRATOS,SILIMARINA 3 429,00 3 415,00 3 453,00 5 607,00 7 611,00

13022090 - OUTRAS MATERIAS PECTICAS,PECTINATOS E PECTATOS 65 774,00 51 612,00 22 309,00 40 520,00 50 438,00

13023990 - PRODS.MUCILAGINOSOS E ESPESSANTES,DERIV.OUTROS VEGETAIS 703 3.186,00 800 3.486,00 1.010 4.745,00 1.042 4.905,00 1.143 7.125,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 2.206 19.695,00 2.798 21.984,00 2.582 24.680,00 3.800 30.328,00 3.569 33.873,00

15

Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal 158.823 191.816,52 165.772 211.541,32 253.373 297.498,70 341.996 460.397,43 431.058 743.279,43

15132910 - OUTROS OLEOS DE "PALMISTE" - - - - - - - - - 121.242,15

15132110 - OLEO DE "PALMISTE",EM BRUTO 2.219 1.527,91 1.371 977,56 500 360,00 971 828,60 3.516 4.245,92

15159090 - OUTRAS GORDURAS E OLEOS VEGETAIS,MESMO REFIN. 851 2.321,86 568 1.887,67 427 1.665,63 552 2.766,97 906 4.229,34

15162000 - GORDURAS E OLEOS,VEGETAIS,HIDROGENS.INTERESTERIFS.ETC. 14.965 21.964,81 16.005 24.523,19 13.697 24.266,69 14.682 24.314,57 14.774 33.910,06

15180090 - OUTS.GORDURAS E OLEOS ANIMAIS/VEGET.COZIDOS,OXIDAD.ETC. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 2.116 4.107,92

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 18.035 25.814,58 17.943 27.388,42 14.624 26.292,32 16.205 27.910,14 21.312 167.735,00

29 Produtos Químicos Orgânicos 1.912.200 4.073.838,93 2.384.114 4.337.825,86 1.996.381 4.800.533,71 2.538.191 6.376.563,96 2.909.358 8.412.043,23

29322990 - OUTRAS LACTONAS 2.782 24.257,80 3.362 26.099,29 2.722 27.644,16 3.112 34.448,17 4.428 100.453,77

29349999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICLICOS 2.646 62.693,03 4.179 57.051,66 4.712 66.621,41 4.529 101.266,37 4.366 94.622,87

29061950 - TERPINEÓIS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 156 543,80 234 835,19

29071990 - OUTROS MONOFENOIS 806 2.060,27 604 1.645,09 1.093 3.326,09 1.964 5.433,39 1.064 3.359,72

29072900 - OUTROS POLIFENOIS 483 4.085,89 501 4.318,80 640 5.134,63 750 6.171,02 567 5.606,44

29094910 - GUAIFENESINA 17 134,12 16 146,44 20 174,87 24 232,43 29 362,42

29095090 - ETERES-ALCOOIS-FENOIS E SEUS DERIVADOS HALOGENADOS,ETC. 105 1.008,82 81 1.087,54 77 623,20 108 1.188,58 96 1.214,21

29142990 - OUTS.CETONAS CICLANICAS,ETC.N/CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. 1.719 9.433,66 1.274 9.511,42 1.797 11.648,82 1.619 11.616,33 1.490 13.876,00

29145090 - OUTS.CETONAS-FENOIS E CETONAS CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. 336 3.631,52 364 4.247,28 525 5.916,48 677 7.210,59 1.023 10.338,63

29146990 - OUTRAS QUINONAS 121 1.350,38 183 2.195,23 217 1.812,63 371 2.269,14 327 2.521,96

29156029 - ACIDO VALERICO E SEUS OUTS.SAIS E ESTERES 82 2.242,17 84 1.151,76 196 1.924,55 315 1.692,01 313 2.026,97

2.006 2.007 2.008Código

NCM (caps. e itens) Descrição

2004 2.005

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62

Continuação.

29159050 - PEROXIDOS DOS ACIDOS MONOCARBOXILICOS ACICLICOS SATUR. 55 205,31 69 252,29 60 219,79 82 305,62 39 132,91

29182990 - OUTROS ACIDOS CARBOXILICOS FUNCAO FENOL,ANIDRIDOS,ETC. 3.359 7.829,57 2.684 6.633,37 2.043 5.634,44 623 2.775,35 470 3.847,18

29189999 - OUTS.ÁC.CARB.C/FUNC.OXIG.SUPL.E S/ANID.,S/DER. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 3.785 22.180,57 3.975 24.854,73

29221999 - OUTROS AMINOALCOOIS,SEUS ETERES,ESTERES E SAIS 757 6.221,64 624 9.320,87 659 8.113,91 754 7.871,87 927 7.981,73

29239090 - OUTROS SAIS E HIDROXIDOS DE AMONIO QUATERNARIOS 1.367 5.213,25 2.215 8.401,47 1.833 8.444,97 1.402 7.242,28 1.883 9.855,12

29242190 - OUTRAS UREINAS,SEUS DERIVADOS E SAIS 262 14.887,95 258 24.069,52 328 24.229,27 419 42.489,76 510 56.384,75

29309039 - OUTROS TIOETERES,TIOESTERES,SEUS DERIVADOS E SAIS 2.321 50.518,33 2.031 39.473,95 1.400 32.066,03 1.366 26.198,50 2.035 48.408,30

29329999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICL.DE HETEROATOMOS DE OXIGENIO 670 29.250,75 875 31.612,55 1.033 43.526,54 1.567 54.756,96 2.001 57.669,95

29369000 - PROVITAMINAS E VITAMINAS,MISTURADAS 273 4.118,11 339 6.659,52 248 4.759,01 333 5.441,14 482 10.575,87

29389090 - OUTS.HETEROSIDEOS,SEUS SAIS,ETERES,ESTERES E DERIVADOS 30 3.830,30 43 4.722,63 80 6.573,27 94 8.249,98 113 9.308,29

29399990 - OUTROS ALCALOIDES VEGETAIS,NATURAIS,ETC. 92 5.861,16 37 4.869,29 1 6.208,42 1 6.234,07 1 7.344,55

29420000 - OUTROS COMPOSTOS ORGANICOS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 54 2.127,73 41 2.697,87

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 18.285 238.834,03 19.825 243.469,97 19.683 264.602,49 24.103 357.945,66 26.414 474.279,43

30 Produtos farmacêuticos 20.183 1.785.064,69 20.247 2.037.156,54 21.447 2.609.454,73 24.884 3.516.266,48 33.868 4.280.213,50

30049099 - OUTROS MEDICAM.CONT.PRODS.P/FINS TERAPEUTICOS,ETC.DOSES 3.419 185.889,87 2.618 207.318,94 2.706 285.105,84 3.714 355.759,08 10.284 354.168,48

30039039 - MEDICAMENTO C/OUTS.ACIDOS CARBOXILICOS,ETC.EXC.EM DOSES 2 1.106,90 183 2.017,96 112 1.500,46 0 0,00 366 3.564,10

30039099 - OUTS.MEDICAM.CONT.PRODS.MISTURADOS,P/FINS TERAPEUT.ETC. 289 12.353,70 234 8.566,29 288 33.669,98 156 9.106,74 126 5.818,88

30044090 - OUTS.MEDICAMENTOS C/ALCALOIDES,S/HORMONIOS,ETC.EM DOSES 242 30.022,38 103 26.320,60 104 18.348,66 123 22.181,67 150 32.574,02

30045090 - MEDICAMENTO C/OUTS.VITAMINAS/PROVITAMINAS,ETC.EM DOSES 1.372 25.148,46 1.066 25.040,81 1.081 28.388,08 1.426 37.614,78 1.327 42.076,75

30049022 - MEDICAMENTO CONTENDO ACIDO DEIDROCOLICO,ETC.EM DOSES 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 5,46 0 1,57

30049039 - OUTROS MEDICAM.C/COMPOSTOS DE FUNCAO AMINA,ETC.EM DOSES 554 31.860,09 514 43.899,80 722 74.423,84 537 114.533,42 594 92.704,20TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 2.460 286.381,40 4.718 313.164,40 5.014 441.436,86 5.957 539.201,15 12.846 530.908,00

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS 43.693 574.210,56 47.427 609.481,73 44.293 760.448,62 52.286 959.271,27 66.485 1.211.412,46

TOTAL DOS CAPÍTULOS 2.484.304 6.225.188,57 2.990.173 6.768.118,54 2.379.907 7.845.054,94 3.052.252 10.523.891,16 3.524.077 13.672.402,94 Fonte: Elaboração própria, a partir da Aliceweb

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Tabela 14 - Retrospectiva da exportação de produtos fitoterápicos por capítulos e itens NCM, 2004-2008

Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil

12Sementes e frutos oleginosos, grãos, sementes e frutos diversos; plantas industriais ou medicinais; palhas e forragem 19.415.473 5.473.852,45 22.524.053 5.425.243,42 25.027.206 5.753.768,85 23.793.614 6.818.711,42 24.573.839 11.095.857,69

12079999 - OUTS.SEM.E FRUTOS OLEAGINOSOS,MESMO TRITS. 0 0,00 15 78,72 50 22,91 0 0,91 0 0,00

12112000 - RAIZES DE "GINSENG",FRESCAS,SECAS,INCL.CORTAD.TRITUR.PO 0 0,36 0 0,00 0 0,60 1 10,00 2 13,00

12119090 - OUTRAS PLANTAS E PARTES,P/PERFUMARIA,MEDICINA E SEMELHS 1.745 5.705,96 1.589 5.261,54 1.871 6.680,45 1.789 9.115,96 1.858 12.912,00

12149000 - RUTABAGAS,RAIZES FORRAGEIRAS E OUTROS PRODS.FORRAGEIROS 5 3,21 2 1,37 0 0,00 3 13,00 166 127,00

12079190 - OUTRAS SEMENTES DE DORMIDEIRA OU PAPOULA,MESMO TRITURAD 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,17 0 0,00

12076090 - OUTRAS SEMENTES DE CARTAMO,MESMO TRITURADAS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00

12111000 - RAIZES DE ALCACUZ,FRESCAS,SECAS,INCL.CORTADAS,TRITUR.PO 3 10,34 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 1.753 5.719,87 1.605 5.341,63 1.921 6.703,96 1.793 9.140,04 2.026 13.052,00

13 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais 41.382 39.356,62 54.720 46.618,04 36.016 47.447,58 32.268 51.583,54 33.618 70.473,84

13021999 - OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS 24.739 16.597,00 36.968 18.195,00 20.279 20.403,00 16.541 16.885,00 18.558 28.654,00

13019090 - OUTS GOMAS,RES.,GOMA-RESINAS,BÁLSAMOS NAT. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 3.103 2.641,00 8.822 7.065,00

13021200 - SUCOS E EXTRATOS,DE ALCACUZ 0 0,01 1 10,00 0 0,93 5 33,00 9 83,00

13021930 - SUCOS E EXTRATOS DE GINKGO BILOBA SECO 3 51,00 0 16,00 3 57,00 0 0,13 0 8,00

13021940 - SUCOS E EXTRATOS,VALEPOTRIATOS 0 5,00 0 2,00 0 0,00 0 3,00 0 0,00

13021950 - SUCOS E EXTRATOS,DE "GINSENG" 0 5,00 0 4,00 0 3,00 0 0,32 0 0,00

13021960 - SUCOS E EXTRATOS,SILIMARINA 0 0,50 0 0,00 0 0,00 0 0,24 0 2,00

13022090 - OUTRAS MATERIAS PECTICAS,PECTINATOS E PECTATOS 0 0,72 1 10,00 1 25,00 1 21,00 6 54,00

13023990 - PRODS.MUCILAGINOSOS E ESPESSANTES,DERIV.OUTROS VEGETAIS 38 234,00 393 975,00 32 153,00 26 58,00 4 35,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 24.781 16.893,23 37.363 19.212,00 20.315 20.641,93 19.676 19.641,69 27.399 35.901,00

15Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal 2.759.133 1.567.890,87 3.001.893 1.486.877,27 2.613.555 1.396.074,66 2.522.145 1.936.329,73 2.505.928 2.992.013,28

15132910 - OUTROS OLEOS DE "PALMISTE"

15132110 - OLEO DE "PALMISTE",EM BRUTO 22 31,26 0 0,00 63 79,32 107 113,85 132 233,40

15159090 - OUTRAS GORDURAS E OLEOS VEGETAIS,MESMO REFIN. 90 1.272,76 926 2.380,55 2.704 4.180,21 4.440 5.874,50 1.883 5.292,35

15162000 - GORDURAS E OLEOS,VEGETAIS,HIDROGENS.INTERESTERIFS.ETC. 20.304 22.345,00 0 0,00 15.821 13.948,70 13.027 14.587,18 7.194 13.598,23

15180090 - OUTS.GORDURAS E OLEOS ANIMAIS/VEGET.COZIDOS,OXIDAD.ETC. 0 0,00 18.131 20.713,41 0 0,00 0 0,00 334 765,13

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 20.417 23.649,02 19.057 23.093,96 18.588 18.208,23 17.575 20.575,53 9.544 19.889,11

29 Produtos Químicos Orgânicos 1.841.587 1.542.534,20 2.037.569 1.916.911,15 2.002.078 2.116.368,71 2.198.927 2.661.381,70 2.022.639 2.830.632,76

29322990 - OUTRAS LACTONAS 13 49,89 13 65,51 123 393,44 16 35,52 44 282,19

29349999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICLICOS 18 1.107,29 20 1.130,75 12 1.123,42 14 1.684,94 18 1.597,76

29061950 - TERPINEÓIS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 35 115,38 33 132,90

29071990 - OUTROS MONOFENOIS 7 35,48 5 22,13 137 737,58 51 177,66 40 168,30

29072900 - OUTROS POLIFENOIS 57 409,07 177 874,96 0 0,00 206 1.366,41 42 253,05

29094910 - GUAIFENESINA 0 2,46 0 0,00 0 0,00 0 0,04 0 2,24

29095090 - ETERES-ALCOOIS-FENOIS E SEUS DERIVADOS HALOGENADOS,ETC. 0 1,09 0 2,40 0 1,90 1 4,21 2 35,19

29142990 - OUTS.CETONAS CICLANICAS,ETC.N/CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. 7 127,40 2 81,31 0 1,40 0 73,34 0 42,04

29145090 - OUTS.CETONAS-FENOIS E CETONAS CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. 2 31,48 9 103,10 2 37,36 13 87,07 20 159,04

29146990 - OUTRAS QUINONAS 4 10,89 0 0,00 0 1,53 0 32,81 0 0,78

29156029 - ACIDO VALERICO E SEUS OUTS.SAIS E ESTERES 0 3,23 1 7,83 0 1,93 6 1.619,29 0 1,02

2006 2007 2008

Código NCM (caps. e itens) Descrição

2004 2005

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64

Continuação

29159050 - PEROXIDOS DOS ACIDOS MONOCARBOXILICOS ACICLICOS SATUR. 190 1.033,65 140 803,49 147 851,19 84 588,72 24 237,76

29182990 - OUTROS ACIDOS CARBOXILICOS FUNCAO FENOL,ANIDRIDOS,ETC. 1 7,32 6 24,95 51 58,69 5 27,82 3 18,25

29189999 - OUTS.ÁC.CARB.C/FUNC.OXIG.SUPL.E S/ANID.,S/DER. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 8 192,81 4 45,47

29221999 - OUTROS AMINOALCOOIS,SEUS ETERES,ESTERES E SAIS 4 47,34 11 37,37 10 45,69 17 56,51 14 77,46

29239090 - OUTROS SAIS E HIDROXIDOS DE AMONIO QUATERNARIOS 69 179,18 37 115,66 82 203,19 130 269,70 48 152,45

29242190 - OUTRAS UREINAS,SEUS DERIVADOS E SAIS 0 0,44 9 5,63 0 0,00 0 0,00 0 0,00

29309039 - OUTROS TIOETERES,TIOESTERES,SEUS DERIVADOS E SAIS 0 0,03 0 0,00 0 0,00 0 0,01 0 0,00

29329999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICL.DE HETEROATOMOS DE OXIGENIO 55 166,34 66 270,17 119 475,77 110 301,93 21 120,75

29369000 - PROVITAMINAS E VITAMINAS,MISTURADAS 528 1.679,96 65 1.343,49 89 1.482,55 117 1.450,10 168 2.366,57

29389090 - OUTS.HETEROSIDEOS,SEUS SAIS,ETERES,ESTERES E DERIVADOS 33 833,97 29 794,66 24 652,78 10 299,07 6 226,87

29399990 - OUTROS ALCALOIDES VEGETAIS,NATURAIS,ETC. 1 14,34 0 27,93 0 3,80 0 64,92 0 79,35

29420000 - OUTROS COMPOSTOS ORGANICOS 12 964,75 0 0,00 0 0,00 127 8.114,31 123 9.082,32

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 1.001 6.705,60 590 5.711,34 797 6.072,22 950 16.562,57 610 15.081,76

30 Produtos farmacêuticos 21.360 352.619,37 26.315 474.494,47 28.460 622.128,69 29.739 745.671,81 30.885 961.456,48

30049099 - OUTROS MEDICAM.CONT.PRODS.P/FINS TERAPEUTICOS,ETC.DOSES 11.599 50.691,67 12.935 79.125,21 13.740 108.795,89 12.662 91.352,93 13.641 121.191,27

30039039 - MEDICAMENTO C/OUTS.ACIDOS CARBOXILICOS,ETC.EXC.EM DOSES 0 63,37 1 5,76 0 10,69 0 0,50 1 21,87

30039099 - OUTS.MEDICAM.CONT.PRODS.MISTURADOS,P/FINS TERAPEUT.ETC. 15 338,09 11 469,58 4 390,18 1 801,31 1 496,48

30044090 - OUTS.MEDICAMENTOS C/ALCALOIDES,S/HORMONIOS,ETC.EM DOSES 137 4.117,40 125 3.249,63 234 9.356,36 272 15.013,47 345 16.517,33

30045090 - MEDICAMENTO C/OUTS.VITAMINAS/PROVITAMINAS,ETC.EM DOSES 415 2.011,02 1.322 5.060,86 1.876 16.200,45 2.706 16.466,96 2.676 19.711,60

30049022 - MEDICAMENTO CONTENDO ACIDO DEIDROCOLICO,ETC.EM DOSES 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 6,76 0 2,48

30049039 - OUTROS MEDICAM.C/COMPOSTOS DE FUNCAO AMINA,ETC.EM DOSES 595 7.978,21 7.613 706 10.839,91 1.031 16.797,85 563 9.202,68

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 12.762 65.199,76 22.006 87.911,04 16.559 145.593,48 16.673 140.439,78 17.227 167.143,71TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS 60.713 118.167,48 80.621 141.269,97 58.180 197.219,82 56.667 206.359,61 56.806 251.067,58TOTAL DOS CAPÍTULOS 24.078.935 8.976.253,51 27.644.549 9.350.144,35 29.707.315 9.935.788,49 28.576.693 12.213.678,20 29.166.908 17.950.434,05

Fonte: Elaboração própria, a partir da Aliceweb

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65

É importante observar que os resultados obtidos são uma fotografia, entre 2004 e

2008, dos itens selecionados em cada um dos capítulos a partir das importações

registradas no ano de 2008. Esta é uma limitação importante da pesquisa realizada e sua

principal motivação foi o tempo disponível para o seu desenvolvimento. A alternativa

teria sido inspecionar a presença de itens da NCM em cada ano e sua condição de ser ou

não planta medicinal ou fitoterápico a partir da lista de espécies inicialmente gerada.

Concluindo, os dados sobre importação e exportação são, conforme indicam os títulos

das Tabelas 13 e 14, uma retrospectiva das importações e das exportações dos produtos

contendo espécies vegetais nos capítulos selecionados que foram importados em 2008.

Os saldos da balança comercial dos capítulos e itens selecionados foram obtidos

ao final através do cálculo da diferença entre os valores exportados e importados do

período 2004-2008. O mesmo foi feito em relação aos dados para quantidade. Os

resultados podem ser observados na Tabela 15.

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Tabela 15 - Retrospectiva do saldo comercial de produtos fitoterápicos por capítulos e itens NCM, 2004-2008

Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil Qtd. (ton.) US$ mil

12Sementes e frutos oleginosos, grãos, sementes e frutos diversos; plantas industriais ou medicinais; palhas e forragem 19.030.942 5.345.435,59 22.114.415 5.297.283,37 24.929.813 5.678.223,88 23.656.860 6.711.429,41 24.434.994 10.947.879,96

12079999 - OUTS.SEM.E FRUTOS OLEAGINOSOS,MESMO TRITS. -40 -67,32 11 73,18 -192 -160,71 -254 -379,09 -276 -413,00

12112000 - RAIZES DE "GINSENG",FRESCAS,SECAS,INCL.CORTAD.TRITUR.PO -1 -17,84 -3 -12,13 0 0,60 1 6,00 2 12,97

12119090 - OUTRAS PLANTAS E PARTES,P/PERFUMARIA,MEDICINA E SEMELHS -868 2.386,76 -527 1.822,82 -168 3.505,76 -154 5.625,64 -52 8.817,00

12149000 - RUTABAGAS,RAIZES FORRAGEIRAS E OUTROS PRODS.FORRAGEIROS -9 -2,51 -17 -10,53 -68 -42,93 -20 1,00 8 18,00

12079190 - OUTRAS SEMENTES DE DORMIDEIRA OU PAPOULA,MESMO TRITURAD -19 -16,60 0 0,00 -23 -19,78 0 0,17 0 0,00

12076090 - OUTRAS SEMENTES DE CARTAMO,MESMO TRITURADAS 0 0,00 0 0,00 -18 -7,59 0 0,00 0 0,00

12111000 - RAIZES DE ALCACUZ,FRESCAS,SECAS,INCL.CORTADAS,TRITUR.PO -18 -48,17 -2 -6,65 -2 -8,34 0 0,00 0 0,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO -954 2.234,32 -538 1.866,69 -469 3.267,01 -427 5.253,72 -318 8.434,97

13 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais 32.817 -6.694,95 44.318 -7.016,73 24.702 -14.575,25 21.841 -11.797,74 22.670 -18.415,21

13021999 - OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS 23.688 6.623,00 35.403 6.408,00 19.096 6.676,00 15.776 1.158,00 17.776 11.983,00

13019090 - OUTS GOMAS,RES.,GOMA-RESINAS,BÁLSAMOS NAT. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1.533 -94,00 7.608 3.620,00

13021200 - SUCOS E EXTRATOS,DE ALCACUZ -359 -1.761,99 -342 -1.629,00 -317 -1.513,07 -324 -1.693,00 -329 -2.342,00

13021930 - SUCOS E EXTRATOS DE GINKGO BILOBA SECO -17 -2.947,00 -29 -3.388,00 -37 -3.313,00 -39 -3.538,87 -23 -2.578,86

13021940 - SUCOS E EXTRATOS,VALEPOTRIATOS 0 5,00 0 2,00 0 0,00 0 -10,00 0 -21,00

13021950 - SUCOS E EXTRATOS,DE "GINSENG" -5 -567,00 -7 -637,00 -7 -559,00 -10 -555,68 -12 -624,85

13021960 - SUCOS E EXTRATOS,SILIMARINA -3 -428,50 -3 -415,00 -3 -453,00 -5 -606,76 -7 -609,00

13022090 - OUTRAS MATERIAS PECTICAS,PECTINATOS E PECTATOS -65 -773,28 -50 -602,00 -21 -284,00 -39 -499,00 -44 -384,00

13023990 - PRODS.MUCILAGINOSOS E ESPESSANTES,DERIV.OUTROS VEGETAIS -665 -2.952,00 -407 -2.511,00 -978 -4.592,00 -1.016 -4.847,00 -1.139 -7.090,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 22.575 -2.801,78 34.565 -2.772,00 17.733 -4.038,07 15.876 -10.686,31 23.830 2.028,00

15Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal 2.600.309 1.376.074,35 2.836.121 1.275.335,95 2.360.183 1.098.575,96 2.180.149 1.475.932,30 2.074.870 2.248.733,85

15132910 - OUTROS OLEOS DE "PALMISTE" - - - - - - - - - -121.242,15

15132110 - OLEO DE "PALMISTE",EM BRUTO -2.197 -1.496,65 -1.371 -977,56 -437 -280,68 -864 -714,75 -3.384 -4.012,52

15159090 - OUTRAS GORDURAS E OLEOS VEGETAIS,MESMO REFIN. -761 -1.049,10 358 492,88 2.277 2.514,58 3.888 3.107,53 977 1.063,01

15162000 - GORDURAS E OLEOS,VEGETAIS,HIDROGENS.INTERESTERIFS.ETC. 5.339 380,19 -16.005 -24.523,19 2.124 -10.317,99 -1.654 -9.727,39 -7.580 -20.311,83

15180090 - OUTS.GORDURAS E OLEOS ANIMAIS/VEGET.COZIDOS,OXIDAD.ETC. 0 0,00 18.131 20.713,41 0 0,00 0 0,00 -1.782 -3.342,79

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 2.382 -2.165,56 1.113 -4.294,46 3.965 -8.084,09 1.369 -7.334,61 -11.768 -147.845,89

29 Produtos Químicos Orgânicos -70.613 -2.531.304,73 -346.545 -2.420.914,71 5.697 -2.684.165,00 -339.263 -3.715.182,26 -886.720 -5.581.410,47

29322990 - OUTRAS LACTONAS -2.769 -24.207,91 -3.348 -26.033,78 -2.598 -27.250,72 -3.096 -34.412,65 -4.384 -100.171,58

29349999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICLICOS -2.629 -61.585,74 -4.159 -55.920,91 -4.700 -65.497,99 -4.515 -99.581,43 -4.349 -93.025,11

29061950 - TERPINEÓIS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 -121 -428,42 -202 -702,29

29071990 - OUTROS MONOFENOIS -799 -2.024,79 -599 -1.622,96 -956 -2.588,51 -1.913 -5.255,73 -1.023 -3.191,42

29072900 - OUTROS POLIFENOIS -426 -3.676,82 -325 -3.443,84 -640 -5.134,63 -544 -4.804,61 -525 -5.353,39

29094910 - GUAIFENESINA -17 -131,66 -16 -146,44 -20 -174,87 -24 -232,39 -29 -360,18

29095090 - ETERES-ALCOOIS-FENOIS E SEUS DERIVADOS HALOGENADOS,ETC. -105 -1.007,73 -80 -1.085,14 -77 -621,30 -107 -1.184,37 -94 -1.179,02

29142990 - OUTS.CETONAS CICLANICAS,ETC.N/CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. -1.712 -9.306,26 -1.273 -9.430,11 -1.797 -11.647,42 -1.619 -11.542,99 -1.490 -13.833,96

29145090 - OUTS.CETONAS-FENOIS E CETONAS CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. -334 -3.600,04 -355 -4.144,18 -523 -5.879,12 -664 -7.123,52 -1.004 -10.179,59

29146990 - OUTRAS QUINONAS -117 -1.339,49 -183 -2.195,23 -217 -1.811,10 -370 -2.236,33 -327 -2.521,18

29156029 - ACIDO VALERICO E SEUS OUTS.SAIS E ESTERES -82 -2.238,94 -83 -1.143,93 -196 -1.922,62 -309 -72,72 -313 -2.025,95

2.006 2.007 2.008Código NCM (caps.

e itens) Descrição

2004 2.005

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67

Continuação.

29159050 - PEROXIDOS DOS ACIDOS MONOCARBOXILICOS ACICLICOS SATUR. 135 828,34 71 551,20 87 631,40 2 283,10 -15 104,85

29182990 - OUTROS ACIDOS CARBOXILICOS FUNCAO FENOL,ANIDRIDOS,ETC. -3.357 -7.822,25 -2.679 -6.608,42 -1.992 -5.575,75 -618 -2.747,53 -467 -3.828,93

29189999 - OUTS.ÁC.CARB.C/FUNC.OXIG.SUPL.E S/ANID.,S/DER. 0 0,00 0 0,00 0 0,00 -3.776 -21.987,76 -3.971 -24.809,26

29221999 - OUTROS AMINOALCOOIS,SEUS ETERES,ESTERES E SAIS -753 -6.174,30 -613 -9.283,50 -649 -8.068,22 -737 -7.815,36 -912 -7.904,27

29239090 - OUTROS SAIS E HIDROXIDOS DE AMONIO QUATERNARIOS -1.299 -5.034,07 -2.178 -8.285,81 -1.751 -8.241,78 -1.272 -6.972,58 -1.835 -9.702,67

29242190 - OUTRAS UREINAS,SEUS DERIVADOS E SAIS -262 -14.887,51 -249 -24.063,89 -328 -24.229,27 -419 -42.489,76 -510 -56.384,75

29309039 - OUTROS TIOETERES,TIOESTERES,SEUS DERIVADOS E SAIS -2.321 -50.518,30 -2.031 -39.473,95 -1.400 -32.066,03 -1.366 -26.198,49 -2.035 -48.408,30

29329999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICL.DE HETEROATOMOS DE OXIGENIO -616 -29.084,41 -809 -31.342,38 -914 -43.050,77 -1.457 -54.455,03 -1.980 -57.549,20

29369000 - PROVITAMINAS E VITAMINAS,MISTURADAS 255 -2.438,15 -274 -5.316,03 -159 -3.276,46 -216 -3.991,04 -315 -8.209,30

29389090 - OUTS.HETEROSIDEOS,SEUS SAIS,ETERES,ESTERES E DERIVADOS 3 -2.996,33 -14 -3.927,97 -57 -5.920,49 -84 -7.950,91 -108 -9.081,42

29399990 - OUTROS ALCALOIDES VEGETAIS,NATURAIS,ETC. -91 -5.846,82 -37 -4.841,36 -1 -6.204,62 -1 -6.169,15 0 -7.265,20

29420000 - OUTROS COMPOSTOS ORGANICOS 12 964,75 0 0,00 0 0,00 74 5.986,58 83 6.384,45TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO -17.284 -232.128,43 -19.236 -237.758,63 -18.886 -258.530,27 -23.153 -341.383,09 -25.804 -459.197,67

30 Produtos farmacêuticos 1.177 -1.432.445,32 6.068 -1.562.662,07 7.013 -1.987.326,04 4.854 -2.770.594,67 -2.983 -3.318.757,02

30049099 - OUTROS MEDICAM.CONT.PRODS.P/FINS TERAPEUTICOS,ETC.DOSES 8.180 -135.198,20 10.317 -128.193,73 11.034 -176.309,95 8.947 -264.406,15 3.357 -232.977,21

30039039 - MEDICAMENTO C/OUTS.ACIDOS CARBOXILICOS,ETC.EXC.EM DOSES -2 -1.043,53 -182 -2.012,20 -112 -1.489,77 0 0,50 -365 -3.542,23

30039099 - OUTS.MEDICAM.CONT.PRODS.MISTURADOS,P/FINS TERAPEUT.ETC. -274 -12.015,61 -223 -8.096,71 -284 -33.279,80 -155 -8.305,43 -125 -5.322,40

30044090 - OUTS.MEDICAMENTOS C/ALCALOIDES,S/HORMONIOS,ETC.EM DOSES -105 -25.904,98 22 -23.070,97 130 -8.992,30 149 -7.168,20 195 -16.056,69

30045090 - MEDICAMENTO C/OUTS.VITAMINAS/PROVITAMINAS,ETC.EM DOSES -957 -23.137,44 256 -19.979,95 795 -12.187,63 1.280 -21.147,82 1.349 -22.365,15

30049022 - MEDICAMENTO CONTENDO ACIDO DEIDROCOLICO,ETC.EM DOSES 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 1,30 0 0,91

30049039 - OUTROS MEDICAM.C/COMPOSTOS DE FUNCAO AMINA,ETC.EM DOSES 41 -23.881,88 7.099 -43.899,80 -17 -63.583,93 494 -97.735,57 -30 -83.501,52TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 10.302 -221.181,64 17.289 -225.253,36 11.546 -295.843,38 10.716 -398.761,37 4.381 -363.764,29

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS 17.020 -456.043,09 33.194 -468.211,76 13.887 -563.228,80 4.381 -752.911,66 -9.679 -960.344,88

TOTAL DOS CAPÍTULOS 21.594.631 2.751.064,94 24.654.377 2.582.025,81 27.327.408 2.090.733,55 25.524.441 1.689.787,04 25.642.831 4.278.031,11

Fonte: Elaboração própria, a partir da Aliceweb

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68

A análise dos resultados apresentados nessas três últimas tabelas será feita na

próxima subseção.

2.3.1 - Análise dos dados de comércio exterior (importação, exportação e balança

comercial)

A Tabela 15 apresenta o saldo da balança comercial do setor de fitoterápicos

considerando os capítulos da NCM e os itens selecionados, conforme apresentado na

subseção anterior. Em 2008, os produtos fitoterápicos (ou seja, o total dos itens das

NCMs selecionadas por capítulo) apresentaram um déficit comercial de US$960

milhões de dólares aproximadamente, demonstrando uma piora de 111% no período

2004-2008.

A partir das Tabelas 13 e 14, observa-se que esse resultado é fruto de uma

exportação de apenas US$251 milhões enquanto as importações somaram US$1,2

bilhão. Apesar dos dados apresentarem uma evolução de 112,7% na exportação (que

passaram de US$118,2 milhões, em 2004, para US$251,1 milhões, em 2008), essa

evolução foi apenas ligeiramente superior à observada nas importações que alcançaram

uma evolução de 111% (passando de US$ 574 milhões para US$ 1.211 milhões, no

mesmo período), sendo insuficiente para impedir um aumento do déficit comercial do

setor.

Os dados de saldo comercial do ano de 2008 para os itens selecionados da NCM

(ver Tabela 16) apontam que os capítulos 15, 29 e 30 são deficitários10, ao contrário dos

capítulos 12 e 13 que são superavitários. Porém, o déficit comercial nos capítulos 15, 29

e 30 é muito superior ao superávit registrados nos outros dois capítulos. Comparando os

dados de 2008 com os de 2004, com exceção do capítulo 13 que era deficitário e tornou-

se superavitário, o cenário de déficit, em 2008, nos demais capítulos é o mesmo.

As evoluções das exportações, importações e saldo comercial entre 2004 e 2008,

apresentada na Tabela 16, mostram que, em termos de valores, todos os capítulos

apresentaram expansão, tanto na exportação quanto na importação, com exceção do

capítulo 15 que apresentou uma retração de 15% nas exportações. Este capítulo

encontra-se em situação oposta aos demais, a expansão das importações foi superior à

expansão das exportações. Neste caso, a expansão das exportações foi negativa, frente a

um aumento das exportações de 549,7%, ampliando o déficit comercial do capítulo.

10 Considerando apenas o total de itens da NCM selecionados

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69

Tabela 16 - Variação da importação, exportação e saldo comercial dos produtos fitoterápicos por capítulos e itens NCM, 2004-2008

Exportação Importação Saldo comercial Exportação Importação Saldo comercial

12

Sementes e frutos oleginosos, grãos, sementes e frutos diversos; plantas

industriais ou medicinais; palhas e forragem 26,57 -63,89 28,40 102,71 15,23 104,81

12079999 - OUTS.SEM.E FRUTOS OLEAGINOSOS,MESMO TRITS. #DIV/0! 595,21 595,21 #DIV/0! 513,49 513,49

12112000 - RAIZES DE "GINSENG",FRESCAS,SECAS,INCL.CORTAD.TRITUR.PO 6.566,67 -99,64 -246,69 3.511,11 -99,85 -172,71

12119090 - OUTRAS PLANTAS E PARTES,P/PERFUMARIA,MEDICINA E SEMELHS 6,49 -26,89 -94,01 126,29 23,37 269,41

12149000 - RUTABAGAS,RAIZES FORRAGEIRAS E OUTROS PRODS.FORRAGEIROS 3.220,00 1.019,77 -187,82 3.856,39 1.805,59 -817,13

12079190 - OUTRAS SEMENTES DE DORMIDEIRA OU PAPOULA,MESMO TRITURAD #DIV/0! -100,00 -100,00 #DIV/0! -100,00 -100,00

12076090 - OUTRAS SEMENTES DE CARTAMO,MESMO TRITURADAS #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

12111000 - RAIZES DE ALCACUZ,FRESCAS,SECAS,INCL.CORTADAS,TRITUR.PO -100,00 -100,00 -100,00 -100,00 -100,00 -100,00

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 15,58 -13,41 -66,67 128,19 32,46 277,52

13 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais -18,76 27,81 -30,92 79,06 93,02 175,06

13021999 - OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS -24,98 -25,59 -24,96 72,65 67,14 80,93

13019090 - OUTS GOMAS,RES.,GOMA-RESINAS,BÁLSAMOS NAT. #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

13021200 - SUCOS E EXTRATOS,DE ALCACUZ 899.900,00 -5,85 -8,36 1.383.233,33 37,63 32,92

13021930 - SUCOS E EXTRATOS DE GINKGO BILOBA SECO -95,30 15,00 34,46 -84,31 -13,71 -12,49

13021940 - SUCOS E EXTRATOS,VALEPOTRIATOS -100,00 #DIV/0! -264,32 -100,00 #DIV/0! -520,00

13021950 - SUCOS E EXTRATOS,DE "GINSENG" -100,00 140,00 156,90 -100,00 9,24 10,20

13021960 - SUCOS E EXTRATOS,SILIMARINA -33,33 133,33 133,83 297,61 42,42 42,12

13022090 - OUTRAS MATERIAS PECTICAS,PECTINATOS E PECTATOS 5.900,00 -23,08 -32,20 7.441,90 -43,41 -50,34

13023990 - PRODS.MUCILAGINOSOS E ESPESSANTES,DERIV.OUTROS VEGETAIS -89,47 62,59 71,28 -85,04 123,63 140,18

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 10,57 61,80 5,56 112,52 71,99 -172,38

15

Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras

alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal -9,18 171,41 -20,21 90,83 287,50 63,42

15132910,0 - OUTROS OLEOS DE "PALMISTE" 0,00 0,00 #VALOR! 0,00 #VALOR! #VALOR!

15132110 - OLEO DE "PALMISTE",EM BRUTO 494,65 58,43 54,01 646,64 177,89 168,10

15159090 - OUTRAS GORDURAS E OLEOS VEGETAIS,MESMO REFIN. 1.987,71 6,39 -228,41 315,82 82,15 -201,33

15162000 - GORDURAS E OLEOS,VEGETAIS,HIDROGENS.INTERESTERIFS.ETC. -64,57 -1,28 -241,96 -39,14 54,38 -5.442,55

15180090 - OUTS.GORDURAS E OLEOS ANIMAIS/VEGET.COZIDOS,OXIDAD.ETC. #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO -53,26 18,17 -594,15 -15,90 549,77 6.727,14

29 Produtos Químicos Orgânicos 9,83 52,15 1.155,74 83,51 106,49 120,50

29322990 - OUTRAS LACTONAS 227,91 59,16 58,34 465,62 314,11 313,80

29349999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICLICOS 0,96 65,01 65,44 44,29 50,93 51,05

29061950 - TERPINEÓIS #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

29071990 - OUTROS MONOFENOIS 473,47 31,89 28,02 374,35 63,07 57,62

29072900 - OUTROS POLIFENOIS -26,43 17,27 23,17 -38,14 37,21 45,60

29094910 - GUAIFENESINA -80,77 74,05 76,47 -8,94 170,22 173,57

29095090 - ETERES-ALCOOIS-FENOIS E SEUS DERIVADOS HALOGENADOS,ETC. 719,23 -8,77 -10,58 3.128,44 20,36 17,00

29142990 - OUTS.CETONAS CICLANICAS,ETC.N/CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. -93,40 -13,33 -13,01 -67,00 47,09 48,65

29145090 - OUTS.CETONAS-FENOIS E CETONAS CONT.OUTS.FUNCOES OXIGEN. 1.196,71 205,04 200,52 405,21 184,69 182,76

29146990 - OUTRAS QUINONAS -100,00 170,17 178,52 -92,84 86,76 88,22

29156029 - ACIDO VALERICO E SEUS OUTS.SAIS E ESTERES -82,05 281,63 283,37 -68,42 -9,60 -9,51

29159050 - PEROXIDOS DOS ACIDOS MONOCARBOXILICOS ACICLICOS SATUR. -87,54 -30,03 -111,10 -77,00 -35,26 -87,34

29182990 - OUTROS ACIDOS CARBOXILICOS FUNCAO FENOL,ANIDRIDOS,ETC. 118,25 -86,00 -86,08 149,32 -50,86 -51,05

29189999 - OUTS.ÁC.CARB.C/FUNC.OXIG.SUPL.E S/ANID.,S/DER. #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

29221999 - OUTROS AMINOALCOOIS,SEUS ETERES,ESTERES E SAIS 238,21 22,43 21,21 63,62 28,29 28,02

29239090 - OUTROS SAIS E HIDROXIDOS DE AMONIO QUATERNARIOS -30,08 37,70 41,28 -14,92 89,04 92,74

29242190 - OUTRAS UREINAS,SEUS DERIVADOS E SAIS -100,00 94,58 94,61 -100,00 278,73 278,74

29309039 - OUTROS TIOETERES,TIOESTERES,SEUS DERIVADOS E SAIS #DIV/0! -12,36 -12,36 -100,00 -4,18 -4,18

29329999 - OUTROS COMPOSTOS HETEROCICL.DE HETEROATOMOS DE OXIGENIO -61,00 198,52 221,59 -27,41 97,16 97,87

29369000 - PROVITAMINAS E VITAMINAS,MISTURADAS -68,24 76,89 -223,45 40,87 156,81 236,70

29389090 - OUTS.HETEROSIDEOS,SEUS SAIS,ETERES,ESTERES E DERIVADOS -83,00 281,05 -3.636,39 -72,80 143,02 203,08

29399990 - OUTROS ALCALOIDES VEGETAIS,NATURAIS,ETC. -69,67 -99,10 -99,49 453,35 25,31 24,26

29420000 - OUTROS COMPOSTOS ORGANICOS 929,22 #DIV/0! 590,98 841,42 #DIV/0! 561,77

TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO -39,05 44,46 49,30 124,91 98,58 97,82

30 Produtos farmacêuticos 44,59 67,80 -353,53 172,66 139,78 131,68

30049099 - OUTROS MEDICAM.CONT.PRODS.P/FINS TERAPEUTICOS,ETC.DOSES 17,60 200,75 -58,96 139,08 90,53 72,32

30039039 - MEDICAMENTO C/OUTS.ACIDOS CARBOXILICOS,ETC.EXC.EM DOSES 256,00 15.801,30 17.697,07 -65,49 221,99 239,45

30039099 - OUTS.MEDICAM.CONT.PRODS.MISTURADOS,P/FINS TERAPEUT.ETC. -92,65 -56,33 -54,32 46,85 -52,90 -55,70

30044090 - OUTS.MEDICAMENTOS C/ALCALOIDES,S/HORMONIOS,ETC.EM DOSES 150,87 -38,22 -285,73 301,16 8,50 -38,02

30045090 - MEDICAMENTO C/OUTS.VITAMINAS/PROVITAMINAS,ETC.EM DOSES 544,26 -3,31 -240,95 880,18 67,31 -3,34

30049022 - MEDICAMENTO CONTENDO ACIDO DEIDROCOLICO,ETC.EM DOSES #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0!

30049039 - OUTROS MEDICAM.C/COMPOSTOS DE FUNCAO AMINA,ETC.EM DOSES -5,24 7,19 -173,59 15,35 190,97 249,64TOTAL DE NCMs ESPECÍFICOS DO CAPÍTULO 34,99 422,15 -57,47 156,36 85,38 64,46

TOTAL DOS NCMs ESPECÍFICOS -6,44 52,16 -156,87 112,47 110,97 110,58TOTAL DOS CAPÍTULOS 21,13 41,85 18,75 99,98 119,63 55,50

Variação em US$ (%) 2004-2008

Código NCM (caps.

e itens) Descrição

Variação das quantidades (%) 2004-2008

Fonte: Elaboração própria, a partir da Aliceweb #DIV/0!: não houve vendas no primeiro ano do período observado

Os capítulos 12, 13, 29 e 30 tiveram um aumento nas exportações superior ao

aumento das importações, o que permitiu ao primeiro aumentar o seu superávit, e ao

segundo inverter seu saldo comercial de deficitário em 2004, para superavitário em

2008.

O aumento das exportações nos capítulos 29 e 30 não foi suficiente para impedir

ou reduzir os seus respectivos déficits comerciais, apenas reduziu seu ritmo de

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70

crescimento. Como estes são os dois maiores capítulos referentes ao setor de

fitoterápicos, a piora dos seus déficits comerciais acabou por superar as pequenas

melhoras nos superávits dos outros capítulos e contribuíram de maneira fundamental

para a ampliação do déficit comercial do setor como um todo.

O capítulo 29 apresentou um aumento das importações de 98,6% frente aos

124,9% das exportações, mesmo assim o déficit comercial do total dos itens

selecionados no capítulo aumentou, passando de US$232,1 milhões, em 2004, para

US$459,2 milhões, em 2008, uma piora de 97,8%. Isso coloca o capítulo 29 como

responsável por 47,8% do déficit comercial do setor de fitoterápicos, em 2008 (contra

50,9% em 2004).

Apesar de responder pelas maiores parcelas das exportações e importações, o

capítulo 30 possui um saldo comercial menos deficitário que o capítulo 29. O capítulo

30 apresentou um aumento das importações de 85,4% frente aos 156,4% das

exportações. O aumento das exportações mais rápido do que o das importações foi

também insuficiente para impedir ou diminuir o déficit comercial do capítulo. Devido

ao peso da participação deste capítulo no comércio exterior do setor de fitoterápicos, sua

co-responsabilidade pela ampliação do já constatado déficit comercial do setor entre

2004 e 2008 foi importante. O déficit comercial do total dos itens selecionados no

capítulo aumentou, passando de US$221,2 milhões, em 2004, para US$363,8 milhões,

em 2008, uma piora de 64,4%. Isso o coloca como responsável por 37,9% do déficit

comercial do setor de fitoterápicos, em 2008 (contra 48,4% em 2004).

Em relação à exportação em 2008, o capítulo 30 é o mais relevante, respondendo

por 66,5% dos US$251 milhões do total dos itens específicos, seguido pelos capítulos

13 (14,3%), 15 (7,9%), 29 (6,0%) e 12 (5,2%). Já nas importações de 2008 o quadro

apresenta-se diferente. Apesar da liderança dos itens do capítulo 30 com 43,8% dos US$

1.211 milhões, a ordem dos demais se altera. O segundo mais importante são os itens do

capítulo 29 com 39,1%, seguidos pelos itens dos capítulos 15 (13,8%), 13 (2,8%) e 12

(0,4%).

Um ponto a se destacar é que as exportações e as importações, em 2008,

concentram-se em alguns poucos itens dentro de cada capítulo da NCM. No caso das

exportações a concentração é ainda maior tendo apenas um item por capítulo

dominando a principal parcela. Por exemplo, no capítulo 30 (o maior em valor

exportado), o item 30049099 (outros medicamentos contendo produtos para fins

terapêuticos, etc.) possui 72,5% dos US$167,1 milhões de exportações registradas nos

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71

itens selecionados. No capítulo 13 a concentração em um único item, outros sucos e

extratos vegetais, chega a 80%. Nos capítulos 15 e 29 ficam respectivamente em 68,3%

e 60,0% e no capítulo 12 em 99%. No capítulo 15 o destaque fica por conta do item

“gordura e óleos, vegetais, hidrogenados...”. No capítulo 29, o item que se destaca é

“outros compostos orgânicos” e no capítulo 12 “outras plantas e partes para perfumaria,

medicina e semelhantes”.

O quadro apresentado nas exportações para 2008 é semelhante ao observado em

2004, onde as exportações também se concentravam em um único item por capítulo,

sendo estes os mesmos itens observados em 2008. A exceção foi o capítulo 29 onde três

itens dividiam quase que igualmente 56,7% das exportações, “provitaminas e vitaminas

misturadas”, “outros compostos heterocíclicos” e “peróxidos dos ácidos

monocarboxílicos e acíclicos saturados”, sendo que todos os três perderam destaque em

2008.

As importações, em 2008, apresentam-se menos concentradas dentro dos

capítulos que as exportações, mesmo assim um pequeno grupo de dois ou três produtos

são os responsáveis pela maior parcela dentro de cada capítulo. Assim nos dados de

importação de 2004 e 2008, para os capítulos 12 e 15, os principais itens selecionados

não se diferenciam daqueles registrados nos dados de exportação. Já o capítulo 13

mostra-se mais equilibrado que no caso das exportações, apesar de ter o mesmo item

principal que as exportações, “outros sucos e extratos vegetais”, este representa apenas

49,3% das importações do total de itens selecionados (contra 80% nas exportações),

seguido pelo item “produtos mucilaginosos e espessantes, derivados de outros vegetais”

que responde por 21%.

Os capítulos 29 e 30 são os que apresentam as maiores diferenças entre as

importações e as exportações, a começar pelo grande saldo deficitário observado na

balança comercial, o que coloca o segmento de fitoterápicos como deficitário no geral.

Em relação ao capítulo 29, 4 itens do capítulo (“outras lactonas”, “outros compostos

heterocíclicos”, “outros compostos heterocíclicos de heteroátomos de oxigênio” e

“outros tioéteres, tioéteres, seus derivados e sais”) respondem por 65,2% das

importações totais dos NCMs selecionados do capítulo, mostrando um quadro muito

menos concentrado do que o observado na exportação. Além disso, estes itens diferem

daqueles observados como os mais relevantes na exportação.

No capítulo 30, dois itens do NCM destacaram-se nas importações em 2008:

“outros medicamentos contendo produtos para fins terapêuticos, etc. doses” e “outros

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medicamentos com compostos de função amina, etc. em doses” que responderam por

66,7% e 17,5%, respectivamente. Apesar da desconcentração, em relação à exportação,

ser menor do que o observado em outros capítulos e o principal item ser o mesmo, o

segundo item em importações não apresentou a mesma importância no tocante às

exportações.

Comparando com os dados do ano de 2004 com 2008, os principais itens

selecionados dos capítulos 12, 13 e 30, em importação permaneceram os mesmos,

apresentando crescimento em termos de valores monetários na maioria dos itens. O

capítulo 29 é o único que apresenta grandes alterações entre os principais itens de 2004

e 2008. O principal item em 2004, “outros compostos heterocíclicos”, perdeu

importância relativa (apesar de em termos absolutos terem crescido) sendo ultrapassado

pelo item “outras lactonas”. Os outros itens de importância no capítulo foram os

mesmos observados em 2008, porém com uma alteração no ordenamento entre eles.

A análise da origem das importações dos produtos fitoterápicos no ano de 2008,

em valor, revelam 34 países diferentes. Os principais países em termos de valores

foram: Alemanha (32,6%), Suíça (13,8%), Espanha (8,9%), China (7,5%) e França

(7,0%) que juntos representavam 70,5% das importações do setor. Já em termos de

quantidade importada, a concentração é ainda maior. Os quatro principais países

responderiam por 89% da quantidade importada, o que representa 10,4 toneladas. Nesta

ótica, os destaques foram: Suíça e França que respondiam, respectivamente, por 43,7%

e 29,1% das importações. Já a Espanha veio em seguida com 10,1% e a Alemanha com

6,4%. A China, que apareceu como grande exportadora para o Brasil em valores, não

teve o mesmo destaque em quantidade, respondendo por apenas 1,7%.

Quanto às origens das importações por capítulo, pode-se observar que a

Alemanha destacou-se como principal país de origem em três dos cinco capítulos

analisados (12,13 e 30) e ficou em terceiro lugar no capítulo 29. Em seguida, a China

destacou-se nos capítulos 15 e 29 e ficou entre os quatro principais nos capítulos 12 e

13. No capítulo 12 o valor total importado foi de US$2 milhões, sendo a Alemanha

(25,7%), a Índia (20,9%), a Turquia (15%) e a China (8,2%) os principais países de

origem, em 2008, respondendo juntos por 69,7%. Em termos de quantidade foram

importadas 665 toneladas. Nessa ótica, a Turquia perde importância, respondendo por

menos de 0,5% da quantidade total, o que demonstra o alto valor dos produtos trazidos

desse país.

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Através da análise do preço médio11, pode-se observar que as exportações

possuem menor preço médio por tonelada que as importações, ou que a relação

valor/peso das exportações é menor que das importações. Enquanto cada tonelada

exportada valia, em 2008, em média US$4,42, a tonelada importada valia US$18,22 no

mesmo ano, ou seja, mais de quatro vezes mais. Apesar dessa diferença, esse cenário

ainda é melhor do que o observado em 2004, em que o preço médio da tonelada

exportada era de US$1,95, frente a US$13,15 das importações.

Em relação ao total dos itens selecionados de cada capítulo, aquele que

apresentou o maior preço médio por tonelada importada foi o capítulo 30, com cerca de

US$41,33 por tonelada (contra US$9,70 por tonelada exportada). Na exportação o

principal capítulo em termos de preço médio foi o capítulo 29 com US$24,72 por

tonelada, (contra US$17,95 da tonelada importada). No extremo oposto estão os

capítulos 12 e 13 que apresentam os menores preços médios por tonelada, na

importação e na exportação, respectivamente. Comparando esses dados com os

observados em 2004, não se identifica alterações na ordem de importância do preço

médio por tonelada importada e exportada.

A comparação dos resultados obtidos nesta pesquisa com outras já realizadas

torna-se bastante difícil devido às distintas metodologias utilizadas para cada estudo.

Dois exemplos são os estudos realizados por Ferreira (2002) e Rodrigues et al. (2008).

O primeiro trabalho foi escrito nos anos 1990 e traz dados dos anos de 1995 e 1996, e

por isso baseia-se na classificação de produtos dada ainda pela Nomenclatura Brasileira

de Mercadorias (NBM), que posteriormente foi substituída pela NCM, e que possui

algumas diferenças em relação a esta última. Assim, Ferreira (2002) pesquisou a

importação e exportação de produtos de origem vegetal aplicados a medicamentos,

selecionando os capítulos 12, 13, 29, 30 e 3512 da NBM como sendo os principais

relacionados aos produtos em questão. Para cada capítulo o autor apresenta os principais

itens relacionados ao comércio desses produtos, porém os dados da base Secex são

apresentados apenas em valores monetários.

O objetivo do trabalho de Ferreira (2002) era apresentar uma análise sobre o

desenvolvimento de medicamentos à base de plantas medicinais no Brasil, sendo um

dos pontos abordados a questão da importação e exportação de produtos de origem

vegetal.

11 Razão entre o valor total da importação ou exportação sobre a quantidade importada ou exportada. 12 O capítulo 35 da NBM refere-se a matérias albuminóides, colas e enzimas.

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Já Rodrigues et al. (2008) tiveram por objetivo analisar a cadeia produtiva de

produtos medicinais a partir dos indicadores de comércio exterior. A metodologia

adotada partiu da apresentada por Ferreira (2002), com a reclassificação dos itens da

antiga NBM, selecionados pelo trabalho como sendo os principais relacionados ao tema,

para a atual NCM. Após, as classificações e a verificação dos valores de importação e

exportação, os itens selecionados foram agrupados por segmentos pré-estabelecidos da

cadeia produtiva de plantas medicinais: plantas medicinais e suas partes, sucos e

extratos a partir de plantas medicinais, princípios ativos a partir das plantas medicinais e

medicamentos e fármacos a partir de plantas medicinais. Posteriormente, foram

calculados o saldo comercial geral e das categorias e o preço médio das importações e

exportações. O período analisado pelo trabalho vai de 1996 a 2006, tendo como fonte a

base de dados Aliceweb. Como no estudo de Ferreira (2002), os dados foram

disponibilizados apenas em valores monetários.

A comparação entre a metodologia adotada neste trabalho e as outras duas

metodologias utilizadas pelos autores supramencionados, como já explicitado, mostrou

enormes diferenças. Entre estas se destaca a que diz respeito ao escopo do objeto da

pesquisa e a maneira como os dados foram selecionados. A metodologia deste trabalho,

além de levantar os valores de importação e exportação dos capítulos, focou em itens

selecionados de cada capítulo, onde se encontravam os produtos fitoterápicos. A seleção

dos itens foi feita a partir da análise dos dados desagregados por produtos de interesse

da pesquisa (produtos fitoterápicos e plantas medicinais) para os dados de importação

no ano de 2008. Este procedimento trouxe como resultado valores estimados de

importação e exportação menores. É importante destacar, entretanto, que estes valores

menores são resultados de uma maior delimitação do escopo dos itens das NCMs

consideradas. De fato, a metodologia de Ferreira (2002), ainda que selecione produtos

específicos em cada capítulo, utiliza os dados de comércio exterior para produtos

naturais. Além disso, as escolhas dos capítulos e da lista de produtos (ou itens) foram

feitas a partir da NBM.

O escopo da pesquisa de Ferreira (2002) se torna mais amplo porque foca os

produtos naturais, abrangendo muito mais do que apenas plantas com atividade

terapêutica. Com isso, os dados de importação e exportação do trabalho contêm

enzimas, hormônios, vários intermediários que podem ou não ser derivado de produto

natural, além de plantas que não constam na lista que foi usada nesta pesquisa (Anexo

de Espécies Vegetais). Dessa forma, o autor incluiu várias NBM’s distintas dos NCM’s

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da presente pesquisa. Com isso os valores obtidos não são comparáveis com os

presentes neste trabalho.

Rodrigues et al. (2008) trabalham a partir da reclassificação dos itens da antiga

NBM trabalhados por Ferreira (2002), para a atual NCM e os classificam agrupando-os

por segmentos pré-estabelecidos da cadeia produtiva de plantas medicinais. Em suma,

usam os capítulos 12, 13, 29 e 30 da NCM, com seleção de itens de cada um desses

capítulos semelhante ao de Ferreira (2002).

As diferenças no escopo do objeto da pesquisa têm por conseqüência a alteração

nos capítulos da NCM abordados. Enquanto este estudo selecionou os capítulos 12, 13,

15, 29 e 30, os outros dois estudos citados não trabalharam com o capítulo 15 e o de

Ferreira (2002) ainda utilizou o capítulo 35 não incluído nos demais estudos.

Outra diferença entre os estudos é o período dos dados analisados. Ferreira

(2002) analisou os dados de 1995 e 1996, Rodrigues et al. (2008) os dados de 1996 a

2006, e esta pesquisa e os dados de 2004 a 2008.

2.3.2 – Considerações finais

A análise realizada sobre os dados de comércio exterior (exportação, importação

e saldo comercial) do setor de plantas medicinais e fitoterápicos, entre os anos de 2004 e

2008, mostra que realmente a situação do setor não é promissora. O capítulo 30 destaca-

se como o de maior importação no setor, sendo que esta importação é de medicamentos

já formulados.

Os produtos fitoterápicos mais importados em diferentes formas são Ginseng,

Hera, Soja, Ginkgo, Psilium e Alcaçuz, sendo que todos apresentaram importação, em

2008, superiores a US$ 2 milhões.

Pode-se, portanto, apontar as seguintes conclusões sobre o comércio exterior no

setor de plantas medicinais e fitoterápicos: a balança comercial do setor é deficitária; os

principais capítulos da NCM onde se classificam os produtos fitoterápicos são o 30 e 29

(sendo que o capítulo 29 ganha mais importância na questão das importações e do saldo

comercial); dentro de cada capítulo, as exportações e importações estão concentradas

em alguns itens da NCM; e o preço médio da tonelada exportada é inferior ao da

importada, na maioria dos capítulos, porém essa diferença vem se reduzindo no período

2004 – 2008.

Em 2008, o setor de fitoterápicos exportou US$251 milhões, importou US$1,2

bilhão, tendo como resultado um déficit comercial de US$960 milhões de dólares.

Comparando com o ano de 2004, apesar dos dados apresentarem uma evolução de

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112,7% na exportação (que passaram de US$118,2 milhões para US$251,1 milhões),

essa evolução foi inferior à observada nas importações que alcançaram uma evolução de

111% (passando de US$ 574 milhões para US$ 1.211 milhões) demonstrando uma piora

de 110,0% no período, o que levou a um aumento do déficit comercial do setor.

É importante ressaltar, entretanto, que, apesar de ainda deficitário, e o déficit ter

sido crescente ao longo do período 2004-2008, o seu ritmo de crescimento vem se

reduzindo, comparado com o ano de 2004, apesar de que os dados tenham apresentado

uma evolução de 112,7% na exportação (que passaram de US$118,2 milhões para

US$251,1 milhões), ligeiramente superior ao aumento observado nas importações, que

alcançaram uma evolução de 111% (passando de US$ 574 milhões para US$ 1.211

milhões). Porém, esse aumento foi insuficiente para reverter o déficit comercial que teve

uma piora de 110,0%.

O capítulo 30 foi responsável por 66,5% dos US$251 milhões do total dos itens

selecionados exportados. Já nas importações de 2008, o quadro apresenta-se diferente e

um pouco menos concentrado. Apesar da liderança dos itens do capítulo 30 com 43,8%

dos US$ 1.211 milhões, a ordem de importância dos demais capítulos se altera,

principalmente com a presença do capítulo 29 como o segundo mais importante com

39,1%. O maior peso do capítulo 29 nas importações faz com que ele se destaque como

sendo o principal responsável pelo déficit comercial do setor com uma participação de

47,8% dos US$960 milhões de déficit. Já o capítulo 30 responde por 37,9%.

As exportações e as importações, em 2008, concentram-se em poucos itens

dentro de cada capítulo da NCM. No caso das exportações a concentração é ainda maior

tendo apenas um item por capítulo dominando a principal parcela. No capítulo 30 um

único item responde por 72,5% das exportações registradas. No capítulo 13 a

concentração em um único item chega a 80%. Nos capítulos 15 e 29 ficam

respectivamente em 68,3% e 60,0% e no capítulo 12 em 99%.

As importações, em 2008, apresentam-se menos concentradas dentro dos

capítulos que as exportações, mesmo assim um pequeno grupo de dois ou três produtos

são os responsáveis pela maior parcela dentro de cada capítulo. Nos capítulos 12 e 15,

os principais itens selecionados não se diferenciam daqueles registrados nos dados de

exportação. Já o capítulo 13 mostra-se mais equilibrado que no caso das exportações,

apesar de ter o mesmo item principal que nas exportações representa 49,3% do total de

itens selecionados no capítulo. No capítulo 29, 4 itens selecionados do capítulo

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respondem por 65,2% das importações totais. No capítulo 30, dois itens selecionados

destacaram-se respondendo por 84,2%.

A principal origem das importações, no ano de 2008, é proveniente da

Alemanha. Além de outros países europeus responsáveis por 29,7% das importações

(Suíça, Espanha e França), destaca-se também a China como uma procedência relevante

(7,5%).

Referente ao preço médio por tonelada, pode-se observar que as exportações

possuem menor preço médio por tonelada que as importações, ou que a relação

valor/peso das exportações é menor que das importações. Enquanto cada tonelada

exportada valia, em 2008, em média US$ 4,42, a tonelada importada valia US$ 18,22 no

mesmo ano. Apesar dessa diferença, esse cenário ainda é melhor do que o observado em

2004, quando o preço médio da tonelada exportada era de US$ 1,95, frente a US$ 13,15

das importações. Esse resultado mostra já um início de mudança promissora nos

padrões de comércio do setor.

2.4 – Os padrões de tecnologia

Os padrões de patenteamento e comércio de tecnologia dos fitoterápicos e das

plantas medicinais também têm sido menos investigados e a literatura pesquisada

registrou quase nenhum material bibliográfico a respeito. Em um único artigo foi

possível identificar um quadro geral da proteção patentária de produtos fitoterápicos no

Brasil. Trata-se do artigo de Vasconcellos et al. (2004), cujo objetivo foi analisar o

perfil dos depositantes e a evolução do número de depósitos de patentes de produtos

fitoterápicos no Brasil, entre 1996 e 1999. Entre os principais resultados encontrados, os

autores ressaltam o expressivo aumento do número de depósitos a partir de 1996, ano

em que a nova legislação sobre patentes foi aprovada (ver discussão anterior sobre o

assunto acima resumida). Verificou-se também uma expressiva participação dos

inventores isolados (46% dos depósitos) ainda que os depósitos das empresas tenham

sido em maior número (54%). Aparecem também depósitos em parceria de inventores

isolados com centros de pesquisa e de universidades. Dessa forma, novas investigações

foram realizadas pela equipe conforme explicado a seguir.

Na pesquisa das patentes relativas às plantas medicinais usadas na produção de

medicamentos fitoterápicos, foram utilizadas duas bases: a Derwent Innovations Index e

a do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A pesquisa se refere ao período

de 1998 a 2008 e foi realizada em agosto e setembro de 2009.

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78

Com o objetivo de recuperar a maior quantidade possível de patentes de

interesse, utilizou-se a Classificação Internacional de Patentes (CIP)13, instrumento que

permite uniformizar a recuperação das informações. Tal Classificação é dividida em,

por ordem decrescente: Seção, Subseção, Classes, Subclasses, Grupos e Subgrupos.

Para este estudo escolheu-se:

• Seção: A - Necessidades Humanas

• Subseção: Saúde e Lazer

• Classe: A61 – Ciência Médica e Veterinária; Higiene.

• Subclasse: A61K – Preparações para finalidades médicas, odontológicas ou

higiênicas.

• Grupo: A61K-036 - Preparações medicinais contendo materiais de

constituição indeterminadas derivados de algas, líquenes, fungos ou plantas,

ou derivados dos mesmos, por exemplo, medicamentos tradicionais à base de

ervas.

• Subgrupo: Varia de acordo com a família da planta. Como exemplo pode-se

citar a família Asteraceae que possui classificação A61K-36/28, a

alcachofra, a arnica e a camomila são algumas plantas pertencentes a essa

família.

Algumas plantas possuem um subgrupo específico, como é o caso, por exemplo,

do alho que possui a classificação A61K-36/8962. Nesses casos foi utilizado o subgrupo

específico da planta e não o de sua família.

Nos casos em que não foi localizado um subgrupo com a família da planta, foi

utilizada apenas a classificação até o grupo. Além da CIP, foi prospectado no título e/ou

resumo da patente o nome da planta de interesse e suas sinonímias botânicas e

populares quando disponíveis.

Após os primeiros levantamentos de dados, entretanto, foi verificado que o

número de patentes encontradas na base do INPI (31 depósitos e/ou patentes) era pouco

expressivo, quando comparado com o número encontrado na base Derwent (626

depósitos e/ou patentes). Por essa razão, optou-se por examinar apenas os dados

13 Até 2005, a CIP era revista de 5 em 5 anos para incorporar novos campos tecnológicos e corrigir eventuais imprecisões. Até a sétima edição (vigente até 2005) os fitoterápicos estavam classificados em A61K35/78. A partir da oitava edição a Classificação A61K35/78 desapareceu e foi substituída pelo grupo A61K36/... com inúmeros sub-grupos. Para entender a dinâmica da nova classificação, visite: http://www.wipo.int/export/sites/www/classifications/ipc/en/reform/conops.pdf

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79

referentes à pesquisa na base Derwent, que disponibiliza uma plataforma de buscas mais

amigável14.

A partir dos resultados encontrados na base Derwent para a busca no grupo

A61K-036 da CIP, foram selecionados os depósitos e/ou patentes que se referem às

espécies de plantas medicinais objeto desse estudo (Ver Anexo de Espécies Vegetais).

Além disso, foram excluídas as patentes em que havia a menção às plantas de interesse,

mas cuja finalidade não se relaciona com o objeto desse estudo, como no caso dos

biocidas. Após a análise desses documentos, feita através do software Vantage Point®,

o resultado alcançado foi de 224 patentes distintas depositadas no Brasil de 1998 a

2008.

As 224 patentes encontradas englobam várias outras áreas ligadas aos

medicamentos, tais como cosméticos, cosmecêuticos, alimentos funcionais,

suplementos alimentares e produtos de higiene pessoal. É importante ressaltar que cada

patente contém pelo menos uma das espécies vegetais foco do estudo na sua

composição, além de possuir alguma atividade terapêutica. Por isso, optou-se por

manterem-se todas essas 224 patentes, mas examiná-las separadamente. Assim, as

patentes foram apresentadas e analisadas em dois grupos diferentes, são eles: Grupo1 –

engloba patentes de uso medicinal e medicamentos; Grupo 2 – reúne as patentes de

cosméticos, cosmecêuticos, alimentos funcionais, suplementos alimentares e higiene

pessoal15.

2.4.1 - Resultados

O Grupo 1, referente ao uso medicinal e medicamentos, reuniu o total de 128

patentes, enquanto o Grupo 2, relacionado aos cosméticos, cosmecêuticos, alimentos

funcionais, suplementos alimentares e higiene pessoal, ficou composto de 96 patentes.

A Tabela 17 mostra um resumo dos resultados das buscas de patentes, tomando-

se, além da classificação CIP, os nomes das espécies selecionadas, bem como suas

sinonímias botânicas e populares localizados no título e/ou resumo da patente. É

importante salientar que, embora o número de patentes encontradas seja de 224, no caso

14 Alguns sistemas de informação atualizaram os documentos classificados em A61K35/78 como A61K36/..., como é o caso da base Derwent. Essa é razão da diferença tão grande entre o levantamento da base Derwent e do INPI. Vários documentos brasileiros classificados como A61K35/78 não foram atualizados como A61K36/... na base européia e na Derwent também. Sendo assim, os dados sobre os depósitos de nacionais podem estar subestimados. 15 É importante ressaltar que o Grupo 2 não foi objeto de levantamento específico da área de cosméticos, mas apenas registra aquelas espécies vegetais incluídas na pesquisa (124 espécies de plantas medicinais) que também geraram patentes em outras áreas. Flagrantemente, o resultado é subestimado e apenas representativo dos usos alternativos dessas espécies vegetais.

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da Tabela 17, o total chega a 303 documentos, uma vez que o objetivo era verificar em

quantas patentes eram mencionadas as espécies em questão. Assim, o número de

espécies por patente poderia ser maior que um. Vale ressaltar que para algumas plantas

não foram encontradas patentes.

Tabela 17 - Resumo da busca de patentes referentes a plantas medicinais de interesse depositadas no Brasil no período de 1998 a 2008

Espécies por número de patentes em que são citadas

Número de espécies

% Número de patentes que se referem às

espécies

%

• Espécies que aparecem em mais de 3 patentes

25 20 181 59,7

• Espécies que aparecem em 3 patentes 15 12 45 14,9 • Espécies que aparecem em menos de 3 patentes

58 46,4 77 25,4

• Espécies que não aparecem nas patentes 27 21,6 - - • Total de menções às espécies nas 224 patentes

125 100 303* 100

Fonte: Elaboração própria, a partir das Patentes Grupo 1. *o total se refere a um número maior do que 224 (303 documentos), uma vez que o número de espécies por patente poderia ser maior que um.

As espécies de interesse que aparecem no maior número de patentes depositadas

no Brasil foram: a soja (Glycine max) em 20 patentes depositadas, a erva dos burros,

também conhecida como óleo de prímula (Oenothera biennis) em 16 patentes, a

equinácea (Echinacea purpurea) em 12 patentes e a calêndula (Calendula officialis) em

10 patentes depositadas. A seguir, são apresentadas as análises das 224 patentes, já

divididas nos 2 grupos, segundo a sua finalidade.

2.4.1.1 - Patentes de uso medicinal e medicamentos (Grupo 1)

O Grupo 1 contém 128 patentes e seus usos estão diretamente relacionados a

área medicinal ou a composição e formulação de medicamentos contendo pelo menos

uma das espécies selecionadas para estudo.Verificou-se que, nesse Grupo, as plantas

que mais se destacaram em número de patentes foram: a calêndula (Calendula

officinalis), com 10 documentos de patentes, seguida da erva dos burros (Oenothera

biennis), com 9 documentos, e da equinacea (Echinacea purpurea), com 8 patentes.

O Gráfico 1 apresenta os países de prioridade dos 128 documentos de patentes

depositados no Brasil para as espécies selecionadas com uso direto na área medicinal

e/ou medicamentos.

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81

Gráfico 1 - Número de pedidos de depósitos de patentes do Grupo 1 por País de Prioridade, 1998-2008

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index. *Organização Européia de Patentes: Organismo Intergovernamental encarregado de emitir títulos de proteção dos direitos de propriedade industrial e prestar serviços relacionados com a propriedade industrial, para cada um dos Estados Membros.

Os principais depositantes são aqueles com maior freqüência de depósitos de

patentes. De acordo com Tabela 18, o maior depositante, com 4 patentes, é a empresa

italiana Indena. Trata-se de uma empresa de desenvolvimento, identificação e produção

de princípios ativos derivados de plantas para uso em medicamentos, suplementos

alimentares e cosméticos. Dentre os depositantes nacionais destacam-se a Universidade

Federal de Minas Gerais, e as empresas Aché Laboratórios Farmacêuticos e Herbarium.

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82

Tabela 18 - Depositantes de patentes do Grupo 1 com mais de 2 patentes depositadas no Brasil, 1998-2008

Depositantes

Número de Patentes Depositadas no

Brasil 1 INDENA SPA 4

2 ACHE LAB FARM SA 3

3 COUNCIL SCI & IND RES INDIA 3

4 ENGELHARD ARZNEIMITTEL GMBH&CO KG 3

5 HERBARIUM LAB BOTANICO 3

6 JOHNSON & JOHNSON 3

7 NESTEC SA 3

8 YOO S (Pesquisador) 3

9 BIONORICA AG 2

10 BOEHRINGER INGELHEIM INT GMBH 2

11 BOMSUND GRUPO ASESOR SL 2

12 BRITTEN N J (Pesquisador) 2

13 CETERIS HOLDING AMSTERDAM OLANDA SUCCURSALE DI LUGANO 2

14 CMI CENT MEDICAL INNOVATION AG 2

15 CYDEX INC & AL 2

16 HILTERMAN K (Pesquisador) 2

17 KIMBERLY-CLARK CORP 2

18 NEW CHAPTER INC 2

19 PANAGIN PHARM INC 2

20 SQUIRES M (Pesquisador) 2

21 UNIGEN PHARM INC 2

22 UNIV FEDERAL MINAS GERAIS 2

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index

O Gráfico 2 mostra a evolução temporal dos depósitos de patentes no Brasil do

Grupo 1. Nota-se um crescimento no número de depósitos de patentes, nos anos de

2003 e 2004, mas a partir de 2005, o número de patentes depositadas volta a cair.

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83

Gráfico 2 - Número de patentes do Grupo 1 depositadas no Brasil, 1998-2008

711

1311

7

17

31

19

8

2 2

05

10

1520

25

3035

1998 1999 20002001 2002 2003 2004 2005 20062007 2008

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index Obs.: O pequeno número de patentes em 2007 e 2008 pode não representar o valor total real, uma vez que os pedidos de patentes só recebem classificação quando são publicados, em geral, após o período de sigilo de 18 meses. A seguir, fazendo a leitura das patentes depositadas (títulos, números, plantas

associadas e análise das patentes localizadas e classificadas como medicamento e/ou

uso medicinal), verificou-se, conforme Tabela 19, que a maior parte das patentes do

Grupo 1 (cerca de 70%) se refere a composição e formulação de medicamentos.

Tabela 19 - Patentes do Grupo 1, segundo a finalidade, 1998-2008

Finalidade Número de patentes %

Uso na área medicinal 37 28,9 Composição e formulação de medicamentos 90 70,3 Ambos 1 0,8 Total 128 100

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index

2.4.1.2 – Patentes de cosméticos, cosmecêuticos, alimentos funcionais, suplementos

alimentares e higiene pessoal (Grupo 2)

O Grupo 2 é referente às outras 96 patentes, que possuem atividade terapêutica e

que contêm, pelo menos, uma das espécies vegetais do escopo deste estudo. Essas

patentes, entretanto, se referem às áreas de cosméticos, cosmecêuticos, alimentos

funcionais, suplementos alimentares e ao segmento de higiene pessoal. Como explicado

na primeira seção deste trabalho, o interesse por espécies vegetais não é restrito ao uso

medicinal e de produção de medicamentos. De fato, muitas empresas além de atuarem

no segmento voltado para a produção de medicamentos atuam também nas demais áreas

acima referidas. As plantas que apresentaram mais depósitos de patentes no Grupo 2, no

Brasil, foram: soja (Glycine max), com 14 patentes, seguida de erva dos burros

(Oenothera biennis) e uva-ursi (Arctostaphylus uva-ursi), com 7 patentes cada, e malva

(Malva sylvestris), com 6 patentes.

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84

A seguir são apresentados os países de prioridade das patentes, os principais

depositantes e a evolução temporal dos depósitos no Brasil. Após a análise dos 96

documentos de patentes, constatou-se, assim como no Grupo 1, que os Estados Unidos

foram o país de prioridade do maior número de patentes depositadas no Brasil. Em

seguida, se encontra o Brasil, com 12 pedidos de patentes, ou seja, menos da metade dos

EUA. O Gráfico 3 apresenta os países de prioridade dos 96 documentos de patentes

depositados no Brasil para as plantas de interesse com uso em cosméticos,

cosmecêutica, alimentos e higiene.

Gráfico 3 - Número de pedidos de depósitos de patentes do Grupo 2 por país de prioridade, 1998-2008

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index. *Organização Européia de Patentes: Organismo Intergovernamental encarregado de emitir títulos de proteção dos direitos de propriedade industrial e prestar serviços relacionados com a propriedade industrial, para cada um dos Estados Membros.

A Tabela 20 apresenta os principais depositantes dos 96 documentos de patentes

do Grupo 2. Observamos que os maiores depositantes, com 6 depósitos cada, foram as

empresas multinacionais, com sede no Brasil: Johnson & Johnson e a Nestlé, através da

Nestec S.A.

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Tabela 20 - Depositantes de patentes do Grupo 2 com mais de 2 patentes depositadas no Brasil, 1998-2008

Depositantes Número de Patentes

Depositadas no Brasil

1 JOHNSON & JOHNSON 6

2 NESTEC SA 6

3 KIMBERLY-CLARK WORLDWIDE INC 5

4 L'OREAL SA 5

5 AVON PROD INC 4

6 YAKULT HONSHA KK 3

7 INDENA SPA 3

8 SEIBERG M (Pesquisador) 3

9 AIYAMA R (Pesquisador) 2

10 BARRICA A (Pesquisador) 2

11 BOCKMUHL D (Pesquisador) 2

12 BOMBARDELLI E (Pesquisador) 2

13 COLLE R (Pesquisador) 2

14 CONCEICAO M (Pesquisador) 2

15 DBC LLC 2

16 FABRE DERMO-COSMETIQUE PIERRE 2

17 GIVAUDAN AS 2

18 HENKEL KGAA 2

19 HOHNE H (Pesquisador) 2

20 INNOVADERM SAS 2

21 JACOB O (Pesquisador) 2

22 JASSOY C (Pesquisador) 2

23 JONES B (Pesquisador) 2

24 KAY INC MARY 2

25 MENON G K (Pesquisador) 2

26 MONSANTO TECHNOLOGY LLC 2

27 NAGABHUSHANAM K (Pesquisador) 2

28 OFFORD-CAVIN E (Pesquisador) 2

29 PERFETTI VAN MELLE SPA 2

30 PROCTER & GAMBLE CO 2

31 SALMOIRAGHI G (Pesquisador) 2

32 SATTLER A (Pesquisador) 2

33 SCHOLLYSSEK R (Pesquisador) 2

34 SHAPIRO S S (Pesquisador) 2

35 TOMATIS I (Pesquisador) 2

36 TYRRELL D J (Pesquisador) 2

37 UNILEVER 2

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index.

O Gráfico 4 mostra a evolução temporal dos depósitos de patentes do Grupo 2

no Brasil. Nota-se uma variação do número de pedidos de depósitos, por ano, bastante

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86

pronunciada, sendo que o maior número de depósitos ocorreu no ano de 2004. Não

foram encontrados depósitos no ano de 2008.

Gráfico 4 - Número de patentes do grupo 2 depositadas no Brasil, 1998-2008

5 5

119

15

8

23

15

2 30

0

5

10

15

20

25

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index Obs.: O pequeno número de patentes em 2007 e 2008 pode não representar o valor total real, uma vez que os pedidos de patentes só recebem classificação quando são publicados, em geral, após o período de sigilo de 18 meses.

A partir da inspeção de cada patente (títulos, números, plantas associadas e

análise das patentes) localizadas por área: Cosmecêutica, Cosméticos, Suplementos

Alimentares e Higiene Pessoal, foram encontrados números de patentes e seus

percentuais conforme Tabela 21.

Tabela 21 - Patentes do Grupo 2, por área, 1998-2008

Área Número de

patentes %

Cosmecêutica e Cosméticos 45 46,9

Higiene Pessoal 36 37,5

Suplementos Alimentares (inclui alimentos funcionais) 12 12,5

Mais de uma área 3 3,1

Total 96 100

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da base Derwent Innovations Index

2.5 - Usos Sustentáveis dos Princípios Ativos da Biodiversidade: marco legal,

estudos e tecnologias críticas

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, contando com um

número estimado de mais de 20% do número total de espécies do planeta. Vale ressaltar

que a diversidade genética vegetal brasileira é muito expressiva: são cerca de 55.000

espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.00 espécies. Dentro

deste leque único de riquezas biológicas, o país também se destaca em outro aspecto no

que diz respeito às plantas: as florestas guardam um número significativo de espécies

que tem fins terapêuticos e medicinais. O Brasil possui um imenso potencial genético a

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87

ser explorado e estima-se que esse patrimônio vegetal represente cerca de 16,5 bilhões

de genes16.

Sendo o Brasil um país rico em bioativos (substâncias biologicamente ativas), a

biopirataria sempre foi motivo de alerta por parte de ambientalistas, Organizações Não

Governamentais (ONGs) e outros setores da sociedade civil. Várias já foram as

denúncias de cientistas e laboratórios estrangeiros que simplesmente saem do país

levando suas riquezas biológicas, registrando patentes e gozando de vantagens

econômicas a partir de produtos gerados com plantas brasileiras. Portanto, a biopirataria

diz respeito, sobretudo, à importância da conservação e proteção da biodiversidade, à

pesquisa de novas substâncias bioativas e aos aspectos relacionados com a propriedade

intelectual dessas substâncias.

Apesar de toda riqueza de biodiversidade e genética do país e dos crescentes

riscos da biopirataria, o Brasil ainda não tem uma legislação que regule o acesso aos

recursos genéticos. Nem o fato de ter sido o primeiro país signatário da Convenção da

Diversidade Biológica (CDB), assinada na Rio 92, levou o Governo a criar uma lei

específica para controlar o seu imenso patrimônio genético e proteger as populações

tradicionais que descobrem e fazem uso das plantas com fins medicinais. A CDB

estabeleceu que na utilização dos recursos genéticos, de soberania de um país, deve

haver repartição justa e eqüitativa dos benefícios do material utilizado. Como analisado

anteriormente este aspecto trouxe uma regulação sobre a propriedade dos recursos

naturais, mas deixou o aspecto legal sem uma definição precisa.

O que ocorre, muitas vezes, é o registro por parte de profissionais de outros

países, principalmente americanos e europeus, de direitos de propriedade industrial

sobre compostos usados por populações tradicionais brasileiras ou mesmo resultantes de

estudos científicos realizados em nossas instituições de ensino e pesquisa. O Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) trabalha atualmente no levantamento de quantas

e quais espécies de origem brasileira se destinaram a patentes no exterior.

É imprescindível, portanto, a criação de uma legislação que regulamente o

acesso aos recursos genéticos, a qual garanta os direitos das populações tradicionais e ao

mesmo tempo possibilite à comunidade científica, liberdade para a condução dos

trabalhos de pesquisa que levem ao amplo conhecimento de nossa biodiversidade. A

atual regulamentação é feita com base na Medida Provisória n. 2.186-16, de 23 de

16 Consultar para maiores detalhes http://www.institutoaqualung.com.br/info_plantas43.html

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88

agosto de 2001, a qual é extremamente criticada pela comunidade científica em virtude

de seu caráter “policialesco” e dos entraves burocráticos que gera, levando a maioria

dos pesquisadores brasileiros que atuam em áreas do conhecimento que requerem

acesso à biodiversidade, a trabalharem de forma irregular, conforme detalhamento na

seção a seguir.

Apesar dos esforços assistidos, é fato que hoje os recursos naturais biológicos

não têm a devida atenção das autoridades. Isso pode ser explicado por esses recursos

serem renováveis, diferentemente dos recursos minerais, que são não-renováveis e sobre

os quais as nações têm total soberania. No entanto, se a biopirataria continuar

crescendo, associada a uma alta taxa de destruição, o país poderá perder suas riquezas

biológicas naturais e a chance de um maior crescimento econômico e social.

O uso de plantas como cura para males e doenças é um conhecimento

tradicional, datado de centenas de anos. Ao procurar plantas para o seu sustento e

alimentação, o homem, desde a pré-história, acabou descobrindo espécies de plantas

com ação tóxica ou medicinal, construindo assim um conhecimento empírico acerca de

suas possíveis ações medicinais.

Os homens se alimentavam de determinadas plantas pelo instinto de

sobrevivência e observavam que algumas tinham efeitos de minimização de

enfermidades. O acúmulo das informações sobre os efeitos das plantas nos organismos

levou ao nascimento da cultura da arte de curar, que pode ser considerada a base para o

nascimento da medicina.

Até meados do século XX, a medicina popular, como é conhecida aquela

baseada no conhecimento empírico das plantas medicinais, não tinha em seu uso

qualquer comprovação científica. A pesquisa para o desenvolvimento de medicamentos

se baseava na síntese química de novas substâncias. No entanto, se percebeu que os

produtos de origem natural tinham mais chances de apresentar alguma atividade

biológica, uma vez que são sintetizados por organismos vivos. Esse princípio,

relativamente simples, é a base para um complexo estudo dessas substâncias e suas

atividades sobre os organismos nos dias atuais. Além do mais, não se pode negar a

contribuição de populações tradicionais na descoberta de princípios ativos para o

desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos, uma vez que é muito comum os

pesquisadores iniciarem suas pesquisas por extratos, cujo uso popular é feito com

sucesso. O Quadro 2 mostra exemplos de algumas plantas consagradas pelo uso

Page 90: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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89

popular, brasileiras ou originárias de outros países, e suas clássicas indicações

medicinais.

Quadro 2 - Plantas e seus usos na medicina popular Enfermidade Planta(s) Abcesso de pele Cirtopódio, erva

Acne Mastruço

Aftas Cajueiro

Calos Celidônia, saião

Calvície Alecrim, alfavaca, arnica, arruda, babosa, bardana, cebola, jaborandi, marapuama, pimentão, quina

Cicatrizações Agrião, angelicó, babosa, calêndula, camomila, carqueja, centella asiática, cirtopódio, confrei, copaíba, erva

Conjuntivites Cinerária, eufrásia

Contusões Alecrim, arnica, boldo, calêndula, castanheiro

Dermatites Guaco, sabina

Doenças bucais Alfavaca, guaco, malva

Doenças de pele Agrião, alcachofra, alcaçuz, amor

Doenças vasculares periféricas

Centella asiática, ginseng

Dor de dente Alho, hamamélis, jaborandi, tanchagem-maior

Dor ocular Ária, eufrásia ciner

Erisipela Babosa, erva

Escabiose (sarna) Bardana

Ferimentos Saião, barbatimão, baicurú, gervão, grindélia, licopódio, licopódio, loureiro, mastruço, mil

Gengivite Arnica

Glaucoma Jaborandi

Gripe Algodoeiro, alho, assa-peixe, carqueja, erva-cidreira, guaiaco, limoeiro, manjero, marapuama, sabugueiro

Halitose Alfavaca, erva-doce, funcho, malva

Herpes simples Amor

Infecções das vias aéreas superiores

Acônito, actaea, alho, benjoin, cajueiro, cebola, eucalipto, framboeseira, gengibre, jamelão, malva, mil-folhas, poejo, saião, cirtopódio, tanchagem-maior, tanchagem-menor, tília, violeta

Inflamação ocular Cinerária, endro, salsa

Inflamações da pele Confrei

Inflamações orais Endro, carqueja, malva, margaridinha, mulungú, picão, ratânia, romãzeira, sálvia

Laringite Sabugueiro

Micoses Guaco

Otite externa Algodoeiro

Picadas de insetos Aveia, calêndula, cebola, saião, sálvia

Piodermites Cebola

Psoríase Copaíba, mil

Queimaduras Calêndula, sabugueiro, saião, urucuzeiro

Rouquidão Gervão

Sinusite Buchinha-do-norte

Soluço Endro

Tosse Erva-doce, gervão, guaco, lobélia, pata-de-vaca, poejo, umbaúba, violeta.

Úlceras varicosas Cavalinha, sálvia

Varizes Abútua , arnica, arruda, castanheiro

Verrugas Celidônia, sabina, saião, túia

Fonte: http://www.institutoaqualung.com.br/info_plantas43.html

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90

O território brasileiro pode ser dividido em seis biomas (zonas biogeográficas

distintas), entre eles a maior planície inundável (o Pantanal) e a maior floresta tropical

úmida do mundo (a Amazônia). Para o país, a questão da utilização das plantas e seus

princípios ativos na produção de fitoterápicos e fitofármacos é especialmente

importante, uma vez que o país detém a maior parcela da biodiversidade mundial, em

torno de 15 a 20% do total, com destaque para as plantas superiores, nas quais detém

aproximadamente 24% da biodiversidade. Entre os elementos que compõem a

biodiversidade, as plantas são a matéria prima central para a fabricação de fitoterápicos

e outros medicamentos, já que cerca de 48% dos medicamentos são provenientes direta

ou indiretamente de produtos naturais, principalmente das plantas medicinais (Carvalho

et al., 2007). Além de seu uso como substrato para a fabricação de medicamentos, as

plantas são também utilizadas em práticas populares e tradicionais, como remédios

caseiros e comunitários, processo conhecido como medicina tradicional.

Considerando-se todo o potencial biológico que o país detém, a consolidação das

instituições de ensino e pesquisa e ainda, a modernização e ampliação dos parques

analíticos e a crescente qualificação de recursos humanos, é possível dizer que o Brasil

apresenta todas as condições favoráveis ao desenvolvimento de fitoterápicos.

2.5.1 - Ambiente legal da P&D, autorizações, contratos e anuência prévia

Como visto, o acesso à biodiversidade é regulado pela Medida Provisória n.

2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que instituiu regras para o acesso, a remessa e a

repartição de benefícios, além de estabelecer o Conselho de Gestão do Patrimônio

Genético (CGEN) como a autoridade nacional com função normativa e deliberativa

sobre as autorizações de acesso e remessa.

O CGEN, órgão de caráter deliberativo e normativo, subordinado ao Ministério

do Meio Ambiente, é integrado também por representantes de outros Ministérios (da

Ciência e Tecnologia, da Saúde, da Justiça, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

da Defesa, da Cultura, das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior), de órgãos e entidades da Administração Pública Federal —

IBAMA, Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia (INPA), Museu Paraense Emílio Goeldi, Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Fundação Nacional

do Índio (FUNAI), Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Fundação

Cultural Palmares, com direito a voto — e representantes da sociedade civil, com direito

Page 92: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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91

a voz — Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação

Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), Associação Brasileira das

Empresas de Biotecnologia (ABRABI), Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Comissão Nacional de Articulação das

Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (CONAQ), Conselho Nacional de

Seringueiros (CNS) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (COIAB)

e Ministério Público.

O Conselho é presidido pelo Ministério do Meio Ambiente, representado pelo

Secretário de Biodiversidade e Florestas, e reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês,

preferencialmente em Brasília. O Departamento de Patrimônio Genético – DPG, da

Secretaria de Biodiversidade e Florestas – SBF, exerce a função de Secretaria-Executiva

do CGEN, que, por sua vez, está organizado em cinco câmaras temáticas, de caráter

técnico, que subsidiam as suas discussões. São elas: Procedimentos Administrativos,

Conhecimento Tradicional Associado, Repartição de Benefícios, Patrimônio Genético

Mantido em Condições ex situ, Acesso à Tecnologia e Transferência de Tecnologia

(inativa).

O CGEN é, portanto, o órgão essencial às questões de acesso ao patrimônio

genético nacional, com funções normativas e deliberativas sobre o assunto. O acesso ao

patrimônio genético é descrito pela regulamentação como a atividade realizada sobre o

patrimônio genético com o objetivo de isolar, identificar ou utilizar informação de

origem genética ou moléculas e substâncias provenientes do metabolismo dos seres

vivos e de extratos obtidos destes organismos, para fins de pesquisa científica,

desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção, visando a sua aplicação industrial ou de

outra natureza.

O patrimônio genético pode ser acessado para pesquisa científica ou com

potencial de uso comercial. Quando for acessado apenas para pesquisa científica, a

autorização para acesso é de competência do IBAMA. Quando se tratar de pesquisa com

potencial de uso comercial, a competência será do CGEN.

Por sua vez, o acesso ao conhecimento tradicional associado está descrito como

a obtenção de informação sobre conhecimento ou prática individual ou coletiva,

associada ao patrimônio genético, de comunidade indígena ou de comunidade local.

Neste ponto cabe fazer uma ressalva quando à questão do conhecimento tradicional.

Segundo orientações do CGEN, para se caracterizar o conhecimento tradicional é

necessária a identificação de uma comunidade organizada e esta identificação pode ser

Page 93: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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92

feita por um estudo antropológico prévio, já realizado, para não atrasar e dificultar o

andamento do processo de autorização.

A competência para concessão de autorização de acesso ao conhecimento

tradicional associado é apenas do CGEN. No que diz respeito ao acesso à

biodiversidade, a Orientação Técnica n. 6 foi criada pela Câmara Temática do CGEN a

fim de atender uma demanda antiga da sociedade civil e da comunidade acadêmica, uma

vez que promoveu alterações no enquadramento dos projetos de acesso ao patrimônio

genético em suas três fases: pesquisa científica, bioprospecção e desenvolvimento

tecnológico.

A partir dessa Orientação Técnica, os projetos que envolvam acesso ao

patrimônio genético só serão enquadrados como bioprospecção quando se iniciarem as

atividades que visam avaliar a viabilidade de produção industrial ou comercial de um

produto ou processo. Se os testes, que até então eram realizados em escala de bancada,

passam a ser realizados em escala industrial haverá a possibilidade de exploração

comercial e, por conseguinte, um potencial de uso comercial.

É importante ressaltar que, a partir da Orientação Técnica n. 6, a etapa da

bioprospecção só será desvinculada da etapa de desenvolvimento tecnológico em raros

casos, como, por exemplo, naqueles em que os testes para produção em escala industrial

não forem confirmados ou quando inexistir parceiro para viabilizar a produção.

Sendo identificado o “potencial de uso comercial”, os solicitantes deverão

comunicar ao CGEN ou à instituição na qual se originou o processo de acesso e de

remessa para fins de formalização do contrato com o provedor. Quem autorizará o

acesso nestes casos será o CGEN e não o IBAMA.

Como já informado, os dois órgãos que possuem competência para concessão de

autorização de acesso ao patrimônio genético são o IBAMA e o CGEN. A diferença

está no fato de que o IBAMA emite autorizações de acesso ao patrimônio genético

apenas nos casos de pesquisa científica, enquanto nos demais casos, a competência é do

CGEN.

Todavia, se a pesquisa científica previr a presença de pessoa jurídica estrangeira

em atividades de coleta ou acesso em território brasileiro, a solicitação deve ser

encaminhada ao CNPq, que após deliberar sobre a presença do estrangeiro, remeterá o

processo ao IBAMA, para emissão de autorização de acesso/remessa.

Outra exceção ocorre no caso de ingresso em terra indígena, situação em que

será preciso solicitar autorização específica à FUNAI, inclusive para que seja possível a

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93

obtenção de anuência prévia da comunidade indígena (pré-requisito para a obtenção de

autorização junto ao CGEN).

O pedido de autorização de acesso/remessa só pode ser feito por pessoas

jurídicas, instituição pública ou privada que se constituiu sob as leis brasileiras e que

exerça atividade de pesquisa nas áreas biológicas e afins.

Quando há envolvimento de pessoa jurídica estrangeira em pesquisas que

prevêem acesso/remessa de componentes do patrimônio genético, estas devem estar sob

coordenação de instituição nacional pública, a qual deverá solicitar autorização à

autoridade competente (Orientação Técnica n. 3 do CGEN).

Existem dois tipos de autorização: simples e especial. A simples de acesso é a

autorização para pessoa jurídica desenvolver um único projeto de pesquisa, envolvendo

acesso ao patrimônio genético e/ou conhecimento tradicional associado. E a especial de

acesso, se refere à autorização para pessoa jurídica desenvolver um portfólio de projetos

de pesquisa e atividades de rotina envolvendo acesso ao patrimônio genético e/ou

conhecimento tradicional associado.

Outrossim, de acordo com o objeto (patrimônio genético e/ou conhecimento

tradicional associado) e com a finalidade do acesso (pesquisa científica, bioprospecção

ou desenvolvimento tecnológico) variam os requisitos, a documentação a ser

apresentada e o formulário de solicitação a ser enviado, bem como a instituição que

avalia a solicitação e emite a autorização (CGEN ou IBAMA).

Para todo acesso autorizado, uma sub-amostra do patrimônio genético acessado

deverá ser depositada em instituição fiel depositária credenciada pelo CGEN, o que não

impede que duplicata do material seja depositada, também, em outras coleções não

credenciadas como fiéis depositárias.

O papel da instituição fiel depositária é de conservar o material testemunho (sub-

amostra), garantir identificação taxonômica correta e permitir o rastreamento do

patrimônio genético acessado, embora não esteja obrigada a aceitar o depósito de

qualquer sub-amostra. Os investimentos governamentais para estas instituições ainda

são muito incipientes. O mapa a seguir indica as instituições credenciadas como fiéis

depositárias e suas localizações no território brasileiro.

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94

Figura 6 - Mapa das instituições públicas credenciadas junto ao CGEN como fiéis depositárias

Fonte: http://www.mma.gov.br/estruturas/222/_arquivos/mapa_isntituies_fiis_depositatias_222.pdf

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95

As instituições que realizam coleta de material biológico para fins de pesquisa

que não envolva acesso ao patrimônio genético não precisam de autorização de acesso e

de remessa de amostra do componente do patrimônio genético, assim como não

necessitam depositar sub-amostras.

Quando o acesso tiver a finalidade de pesquisa científica, a comprovação dos

requisitos qualificação técnica e estrutura disponível para o manuseio de amostra de

componente do Patrimônio Genético poderá ser dispensada pelo Conselho de Gestão ou

pela instituição credenciada na forma do art. 14 da Medida Provisória n. 2.186-16, de

2001 (incluído pelo Decreto n. 4.946, de 31.12.2003).

O Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e Repartição de Benefícios é o

contrato a ser firmado entre as partes envolvidas em atividades que envolvam acesso e

remessa a componente do patrimônio genético ou acesso aos conhecimentos tradicionais

providos por comunidades indígenas ou locais, devendo nele constar todos os requisitos

básicos de um contrato comum, mais as disposições sobre repartição de benefícios

oriundo da exploração do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado.

No que se refere à repartição de benefício, esta será possível desde que seja de

forma justa e eqüitativa, entre as partes contratantes, conforme dispõem o regulamento e

a legislação pertinente. Então é perfeitamente possível a repartição de benefícios entre

Instituição Pública, Empresas Privadas (indústria) e Comunidades, no caso de haver

conhecimento tradicional associado.

De acordo com o art. 25 da Medida Provisória n. 2.186-16/2001,

“os benefícios decorrentes da exploração econômica de produto ou processo, desenvolvido a partir de amostra do patrimônio genético ou de conhecimento tradicional associado, poderão constituir-se, dentre outros, de: I - divisão de lucros; II - pagamento de royalties; III - acesso e transferência de tecnologias; IV - licenciamento, livre de ônus, de produtos e processos; e V - capacitação de recursos humanos.”.

A anuência prévia é um termo, por escrito, concedido pelo proprietário da área

onde será colhido o material para o acesso ao patrimônio genético. A Resolução n. 8 do

CGEN caracterizou como de relevante interesse público o acesso a componente do

patrimônio genético existente em área privada para a pesquisa científica que reunir

simultaneamente as condições de “contribuir para o avanço sobre a biodiversidade do

país” e “não apresentar potencial de uso econômico previamente identificado”. Apenas

nestes casos, fica a instituição requerente dispensada de apresentar anuência prévia de

que trata o Artigo 16º, § 9º, da Medida Provisória nº 2.186-16/2001, como pré-requisito

à apreciação de solicitações.

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96

2.5.2. Estado da arte da P&D dos estudos em plantas medicinais

Esta seção contém as informações dos dados coletados sobre a produção

científica brasileira, entre 2004 e 2009, envolvendo plantas biologicamente ativas,

originárias dos seis biomas brasileiros. Este mapeamento propicia um maior

conhecimento das espécies botânicas farmacologicamente ativas e/ou de seus princípios

ativos oriundos da biodiversidade brasileira e, conseqüentemente uma indicação do

potencial do desenvolvimento científico e tecnológico nacional para produção e

crescimento do mercado de fitofármacos e fitoterápicos.

Como critério de padronização ficou estabelecido que as publicações têm que se

referir, obrigatoriamente, a plantas coletadas em pelo menos um dos seis biomas e, no

mínimo, a um pesquisador vinculado a uma instituição brasileira.

As fontes utilizadas foram os periódicos relacionados na página da internet da

Divisão de Produtos Naturais da Sociedade Brasileira de Química17 (SBQ), cuja grande

maioria possui fator de impacto no Journal Citation Report (JCR) e abreviatura no

Institute for Scientific Information (ISI). Os periódicos foram analisados por volume, no

período de 2004 a 2009, tendo sido incorporados os abstracts de interesse ao Banco de

Dados.

A escolha dos periódicos se baseou nos seguintes critérios: foram levantados os

principais periódicos relacionados pela Divisão de Produtos Naturais da Sociedade

Brasileira de Química, relacionados à química de produtos naturais e demais áreas

correlatas (química, biologia, farmacologia, botânica e agricultura), ou seja, aqueles

onde artigos relacionados a produtos naturais também são publicados. Além disso,

foram levados em conta os fatores de impacto publicados no JCR, 2008.

Essa escolha se justifica pelo fato de que a SBQ congrega a grande massa de

cientistas do país envolvidos em pesquisas em química e de que sua divisão de Produtos

Naturais foca basicamente estudo de plantas envolvendo, entre outras, atividades

biológicas.

Com base nestes critérios foi obtido um número de periódicos expressivo, cuja

qualidade, avaliada por seus fatores de impacto, é incontestável. A abrangência em

termos de áreas afins também é significativa, ou seja, dificilmente uma publicação de

qualidade deixaria de ser considerada obedecendo a estes critérios.

17 Para mais esclarecimentos, consultar http://www.sbq.org.br/divisoes.php

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97

Face ao considerável volume de informações coletadas, modelou-se um Banco

de Dados dedicado ao levantamento em tela. Foram compilados também, os dados

relativos à produção científica ligada ao tema, nos mais relevantes eventos científicos

nacionais. Por se tratarem, em sua grande maioria, de trabalhos com menor peso

científico dado estarem ainda em versões iniciais, estes dados foram examinados apenas

de forma quantitativa. A análise realizada procurou identificar a produção científica

brasileira sobre plantas com atividade biológica, o bioma mais estudado, as instituições

mais produtivas, as espécies botânicas mais estudadas, as famílias botânicas com maior

número de citações e as principais atividades biológicas demandadas pela comunidade

científica brasileira.

Após a coleta de dados, os mesmos foram analisados a partir dos relatórios

gerados pelo sistema do Banco de Dados, compilados e consolidados estatisticamente.

As inconsistências, tais como duplicidades e erros ortográficos, foram cuidadosamente

revistas e eliminadas. Os dados foram tabelados, ordenados de forma crescente ou

decrescente, dependendo do caso, permitindo uma visão dos parâmetros mais

demandados pelos pesquisadores. Por fim, são apresentados gráficos acerca da maior

freqüência relativa dos seguintes parâmetros: família botânica; espécie botânica;

atividade farmacológica; instituição; bioma; pesquisador e/ou grupo de pesquisa; ano de

publicação.

2.5.2.1. Resultados

Os dados compilados indicam o volume de estudos científicos, entre 2004 e

2009, relacionados a plantas que apresentam atividades biológicas, oriundas dos

diversos biomas brasileiros. Estes estudos foram realizados por pesquisadores

brasileiros com ou sem colaboração internacional. São relatados também, informações a

respeito de quais instituições produziram o maior volume de conhecimento a respeito da

flora brasileira e ainda, mapeamento das principais atividades biológicas detectadas nas

plantas.

A unidade de análise utilizada foi o número de citações de plantas por estudo.

Foram catalogados 661 estudos de interesse e em cada estudo pode haver mais de uma

citação de planta.

A totalidade das espécies citadas nos trabalhos científicos é composto por 594

espécies, e o número de citações dessas espécies totalizou 1.175 citações. O Gráfico 5

expressa as espécies com mais de 7 citações na literatura pesquisada.

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98

Sobre as espécies mais citadas, podemos observar que a primeira delas, a

Casearia sylvestris, está na Renisus e existem produtos registrados na Anvisa que a

utilizam como matéria prima. Outras espécies mais citadas também estão na Renisus:

Mikania glomerata, Baccharis trimera, Achillea millefolium e Anacardium occidentalis.

Sendo que destas quatro, as duas primeiras possuem produtos registrados na ANVISA,

enquanto as duas últimas ainda não. Outras considerações sobre os estudos das espécies

botânicas e o potencial de mercado para seus produtos serão feitas na seção 2.6.

Gráfico 5 – Espécies botânicas com mais de 7 citações na literatura, 2004-2009

Fonte: Elaboração própria

Com relação às famílias botânicas, foram registradas 116 famílias nos 661

trabalhos pesquisados. O Gráfico 6 apresenta as famílias com mais de 19 citações.

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Gráfico 6 – Famílias botânicas com mais de 19 citações na literatura, 2004-2009

Fonte: Elaboração própria

Entre os seis biomas citados pelo IBGE, nos 661 trabalhos levantados,

apareceram 1.075 citações, predominando os trabalhos relativos à Mata Atlântica e ao

Cerrado. A Tabela 22 mostra essa distribuição.

Tabela 22 – Número de citações por bioma Bioma Citações Mata Atlântica 344 Cerrado 301 Caatinga 210 Amazônia 144 Pampa 71 Pantanal 5 TOTAL 1.075 Fonte: Elaboração própria

As atividades biológicas mais citadas na literatura, entre 2004 e 2009, são:

antioxidante, anti-inflamatória, analgésica, antimicrobiana, antibacteriana, antifúngica,

antiulcerogênica, citotóxica, antileishmanial, gastroprotetora, larvicida, anti-

hipertensiva, antichagásica e hipoglicemiante. Essas atividades estão destacadas estão

no Gráfico 7.

Page 101: Diagnóstico dos desafios e oportunidades no mercado de Plantas

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100

Gráfico 7 – Atividades biológicas com mais de 13 citações, 2004-2009

Fonte: Elaboração própria

Entre as instituições de ensino e pesquisa responsáveis pela produção científica

na área de plantas com atividades biológicas, as mais destacadas estão relacionadas no

Gráfico 8. Se observa a importância de instituições localizadas na região sudeste (USP,

UNESP, UFRJ, UNICAMP, UFMG, UFSCar, IBT e Fiocruz-RJ), o que pode ser

relacionado ao volume de recursos financeiros e humanos que dispõem essas

instituições e o que parece afetar a distribuição dos estudos entre os biomas, uma vez

que a mata atlântica e o cerrado são predominantes na região.

Gráfico 8 – Produção científica das instituições com mais de 15 publicações, 2004-2009

Fonte: Elaboração própria

Foi realizada também uma relação entre autores, vinculados às instituições

brasileiras, e publicações. Pode-se observar, através da Tabela 23, que apenas 1,1% dos

autores são responsáveis por 11,17% do número total de trabalhos (que, nesse caso,

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chega a 3.279, uma vez que os trabalhos podem ser contados mais de uma vez, sendo

uma vez para cada autor). Cerca de 83,5% dos autores publicaram apenas 1 ou 2

trabalhos, o que parece indicar que a pesquisa na área ainda se encontra em nível inicial,

com pouco comprometimento dos pesquisadores no desenvolvimento de estudos que

levem a um nível mais aprofundado de conhecimento sobre as espécies e a eventuais

novos produtos ou indicações terapêuticas.

Tabela 23 - Número de trabalhos por autor Número de trabalhos por autor Autores % Trabalhos % 10 trabalhos ou mais 26 1,1 366 11,17 5 trabalhos ou mais 124 5,24 793 24,18 3 trabalhos ou mais 241 10,2 791 24,12 1 ou 2 trabalhos 1974 83,5 1329 40,53 Total 2365 100 3279* 100 Fonte: Elaboração própria *o número de trabalhos é maior do que o total de trabalhos encontrados (661), uma vez que pode haver mais de um autor em cada um dos trabalhos.

2.5.2.2. Considerações finais

A compilação dos dados, relativos às publicações no período de 2004 a 2009,

coletados na literatura em periódicos indexados, nos permite fazer as seguintes análises.

O Brasil possui expressiva densidade científica na área de estudos de plantas que

apresentam atividade biológica, associando química, farmácia, botânica, entre outras

áreas de conhecimento, expresso pelo grande volume de publicações. Apenas no

levantamento realizado neste trabalho foram identificadas 661 publicações.

As instituições de ensino e pesquisa, notadamente as públicas dominam a grande

maioria das publicações, ou seja, 61,11% das instituições citadas nos estudos são

públicas e respondem por 89,22% das publicações, refletindo a qualidade dos quadros

de docente/pesquisadores, técnicos e a tradição em pesquisa destas instituições. O

número de pesquisadores de alta qualificação, envolvidos em trabalhos na área de

fitoterápicos é muito expressivo, o que é confirmado pelos 2.365 autores relacionados

às 661 publicações cadastradas.

As pesquisas revelam grande diversidade de plantas, expressa por 116 famílias

botânicas, distribuídas em inúmeros gêneros e 594 espécies.

As atividades biológicas relatadas nos estudos abrangem 120 diferentes alvos

biológicos, evidenciando a diversidade das pesquisas e a potencialidade da

biodiversidade vegetal brasileira.

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102

Seis biomas brasileiros foram e estão sendo estudados, notadamente a Mata

Atlântica (344 plantas das 1.075 estudadas) e o Cerrado (301 plantas), refletindo a

maior densidade de cientistas e instituições qualificadas no Sudeste, Sul, Centro-Oeste e

parte do Nordeste do país.

Figura 7 - Mapa dos biomas brasileiros

Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/images/169_230_463146.gif

Há baixa densidade de patentes citadas nas publicações, apenas duas foram

relatadas num universo de 661 publicações, refletindo a política de incentivo a

publicação implementada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES), como forma de avaliação docente, no bojo das Instituições Federais

de Ensino Superior do país. Este resultado confirma e amplia aqueles obtidos sobre

patentes depositadas no Brasil. Confirma porque também no levantamento de patentes

observou-se uma baixa densidade entre as 124 espécies e amplia porque agora se está

considerando 594 espécies.

Verificou-se também que o tema plantas medicinais é de amplo interesse

científico em face da grande quantidade de trabalhos divulgados em eventos científicos,

ainda que não se tenha feito uma análise detalhada desses trabalhos. Esse interesse foi

identificado por meio da verificação do número de trabalhos que citam espécies vegetais

nos seguintes eventos científicos: 27a a 32 a Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de

Química (correspondentes aos anos de 2004 a 2009), da 1st Brazilian Conference on

Natural Product e do XX Simpósio de plantas medicinais do Brasil, do ano de 2008.

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103

Nos trabalhos relacionados nos anais desses eventos, respectivamente por edição, foram

contabilizadas, 40, 61, 78, 65, 67, 62, 108 e 598 citações a diferentes espécies vegetais.

O país apresenta quadros de pesquisadores e técnicos extremamente competentes

para o desenvolvimento de estudos e produtos, desde a coleta e identificação do material

botânico, até o isolamento, identificação estrutural e avaliação da atividade biológica

dos princípios ativos contidos nas amostras vegetais. As instituições de ensino e

pesquisa estão, em sua maioria, muito bem equipadas, contando com tecnologia de

ponta para o desenvolvimento dos trabalhos experimentais e vêm sistematicamente

recebendo aportes financeiros principalmente das agências governamentais.

A produção científica é expressiva e revela grande capacidade de publicação em

periódicos de alto nível, com elevado grau de exigência científica, o que reforça a

qualidade das pesquisas e o gigantesco potencial da biodiversidade brasileira no que

tange a fitoterápicos. O volume de trabalhos envolvendo o tema, apresentados em

eventos científicos e com a participação de estudantes, é muito grande, mostrando que a

academia vem investindo pesadamente na formação de novos pesquisadores (mestres e

doutores) e que, o tema desperta grande interesse entre os estudantes.

Os números relativos à produção científica sobre fitoterápicos por unidade da

federação revelam a manutenção das desigualdades regionais, onde biomas importantes

como o Pantanal e a Amazônia não recebem a devida atenção do setor público.

Com relação aos aspectos legais, mais especificamente ao acesso ao patrimônio

genético para fins de pesquisa e para fins econômicos, tanto a academia como o setor

produtivo demonstram desconhecimento da legislação que rege tal assunto. Atualmente,

mesmo com a permanência da Medida Provisória n. 2.186-16, de 23 de agosto de 2001,

o CGEN vem gerando notas técnicas visando facilitar a concessão de autorizações de

montagem de coleções ex situ e de acesso especial ao patrimônio genético nacional e

sempre está disponível para orientar os processos, os quais vem se tornando cada vez

mais céleres.

Diante do exposto, considera-se extremamente recomendável realizar

investimentos consistentes para que redes de pesquisa e desenvolvimento em

fitoterápicos se formem, envolvendo os demais atores da cadeia produtiva. Entretanto, a

produção de fitoterápicos devido a sua extrema complexidade, pode se constituir em um

grande desafio. A sua realização demanda projetos de longo prazo e alto investimento,

requer estudos de certificação e padronização dos extratos e princípios ativos e interface

de diversas áreas de conhecimento.

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104

Como ficou evidente, a potencialidade da biodiversidade brasileira é muito

grande, existe capacidade científica e condições técnicas para o desenvolvimento de

produtos seguros e de qualidade e tem-se uma indústria farmacêutica jovem com muito

potencial de crescimento. Portanto, o que falta é a criação de instrumentos que possam

gerar oportunidades de interações entre os diversos atores da cadeia produtiva e

disponibilidade de recursos para pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos,

conforme seção desenvolvida a seguir.

2.6. Estado da arte da P&D em fitofármacos e fitoterápicos

A análise do estado da arte da P&D em fitofármacos e fitoterápicos foi feita

através do cruzamento das espécies mais importantes para o mercado atual e potencial

(aquelas que aparecem nas Renisus, na Instrução Normativa 05/08, e as que aparecem

na lista de espécies vegetais com registros de fitoterápicos simples presentes em

Carvalho et al., 2008), chegando a um total de 124 espécies, com o levantamento da

literatura científica que alcançou um total de 594 espécies.

A partir desse cruzamento, verificou-se que 57 espécies estavam na interseção

entre o interesse da academia e do mercado. Portanto, percebe-se que apenas 21% das

espécies estudadas, que representam 9,5% dos estudos, têm interesse para o mercado. A

partir desse cruzamento, foi identificado o grau de contribuição de cada artigo para o

conhecimento das espécies. Uma primeira observação é que provavelmente o critério de

escolha dos estudos não esteja considerando o mercado atual e potencial como um dos

elementos para determinação de sua relevância, ou seja, está orientado apenas pela

relevância científica do tema.

A partir desse cruzamento, foi identificado o grau de contribuição de cada artigo

para o conhecimento das espécies em termos de seu benefício para o desenvolvimento

de novos produtos ou adequação às exigências regulatórias atuais. Os estudos foram

divididos em três classes, de acordo com o estágio em que se encontra a P&D, mais

perto ou mais longe de se atingir resultados concretos no que tange ao desenvolvimento

de produtos. As classes foram criadas considerando-se o conjunto dos resultados

observados na classificação inicial. Verificou-se que a maior parte dos estudos se

encontra, de modo geral, ainda em fases anteriores ao início do desenvolvimento do

produto:

(1) trabalhos mais acadêmicos, cuja pesquisa ainda se encontra no início, no nível de

suposições e identificações;

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105

(2) trabalhos no nível intermediário, que incluem pesquisas in vitro, em animais, etc.;

(3) trabalhos com pesquisas mais avançadas e, portanto, mais próximos do mercado.

O resultado da classificação mostrou que a maior parte dos estudos referentes às

57 espécies em que se identificou um interesse potencial da academia e do mercado se

encontra na classe 2, quer dizer, num nível intermediário entre os estudos mais

acadêmicos e os mais próximos do mercado. Dos 135 artigos classificados, 72 artigos

estavam nessa classe, ou seja, cerca de 53,3 % dos trabalhos. Os outros 46,7% estão

divididos em aproximadamente 22,2% para os estudos classificados como mais

acadêmicos e os outros 24,5% como mais próximos ao mercado.

A análise foi feita a partir dessa classificação, considerando-se os estudos

relativos a cada espécie como no nível mais alto em que foi encontrado pelo menos um

artigo classificado (conforme Tabela 24). Foi observado que, entre as 57 espécies de

interesse, 8 espécies possuem apenas artigos na classe 1, 25 espécies possuem artigos na

classe 2 (ou 1 e 2), e 24 espécies na classe 3 (ou 1 e 3; ou 2 e 3; ou 1, 2 e 3). Além

disso, considerando a importância da Renisus como indicadora de um mercado

potencial para os novos produtos a serem desenvolvidos a partir desses estudos, foram

feitas comparações entre os resultados da classificação dos mesmos e a presença das

espécies na lista em questão.

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106

Tabela 24. Classificação dos estudos por grau de contribuição para o desenvolvimento de produtos fitoterápicos

Acadêmico

(10 artigos classe 1; 8 espécies)

6 espécies constam da Renisus*

4 espécies com registros (2 da Renisus)

4 espécies sem registros (todas da Renisus)

Intermediário

(38 artigos classe 2; 8 classe 1; 25 espécies)

19 espécies que constam da Renisus*

14 espécies com registros (9 da Renisus)

11 espécies sem registros (10 da Renisus)

Próximo do mercado (33 artigos classe 3, 35 classe 2

e 11 classe 1; 24 espécies)

20 espécies que constam da Renisus*

11 espécies com registros (7 da Renisus)

13 espécies sem registros (todas da Renisus)

Fonte: Elaboração própria * a espécie está presente na Renisus, mas pode fazer parte também das listas da IN 05/08 e/ou Carvalho et al., 2008

Entre as 8 espécies que possuem artigos classificados apenas como no nível

acadêmico, podemos verificar que 6 delas constam da Renisus e somente 4 já são

utilizadas em medicamentos fitoterápicos registrados na Anvisa. Sobre essas espécies se

pode dizer que há uma demanda potencial para a metade delas, uma vez que estão na

Renisus, mas não existem ainda produtos registrados que as utilizem.

No nível intermediário, se encontram os estudos sobre 25 espécies e a maior

parte dos trabalhos classificados. Dentre essas espécies, observamos que 19 fazem parte

da Renisus, sendo que apenas 9 delas já contam com produtos registrados na Anvisa.

Porém, quando consideramos o total de espécies que têm estudos na classe 2 como nível

mais alto da classificação, notamos que são 14 espécies utilizadas como base para a

fabricação de fitoterápicos registrados na Anvisa. Portanto, das 11 espécies desse grupo

que não servem como base para produtos registrados, 10 fazem parte da Renisus. Logo,

verificamos que há também um mercado potencial para essas 10 espécies, uma vez que

há indicação clara de interesse do SUS no desenvolvimento de produtos a partir das

mesmas. Seria necessário, portanto, que os estudos sobre elas fossem intensificados e

aprofundados, de forma a atingir esse mercado potencial. Sobre as espécies que já

possuem produtos registrados na Anvisa, estudos mais avançados poderiam indicar

novas atividades terapêuticas ou atender exigências regulatórias, caso necessário.

Com relação às 24 espécies sobre as quais existem estudos classificados como

mais próximos do mercado (quando consideramos a existência de pelo menos um

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estudo nessa classe), se observa que 20 espécies constam da Renisus, sendo que apenas

7 delas estão relacionadas a produtos registrados como fitoterápicos na Anvisa. Todas

as espécies que pertencem a esse grupo e não estão na relação de registros da Anvisa

fazem parte da Renisus. Sendo assim, podemos supor que, ainda que haja interesse do

mercado e da academia, falta a participação da indústria na etapa que lhes cabe no

desenvolvimento desses produtos, uma vez que a academia já avançou de forma mais

significativa no estudo dessas espécies.

Diante da classificação dos estudos das espécies selecionadas se conclui que,

mesmo para aquelas em que há um claro potencial de mercado, ainda faltam trabalhos

que possam se traduzir concretamente no desenvolvimento de novos produtos. Com

relação aos estudos mais avançados, acredita-se que a barreira esteja justamente na parte

do investimento e desenvolvimento que caberia às empresas interessadas ou às parcerias

entre instituições de pesquisa e essas empresas.

III - Desafios e oportunidades para o desenvolvimento e o incremento da

competitividade do setor de fitoterápicos no Brasil

O mercado mundial de plantas medicinais e fitoterápicos está se expandindo

muito e provocando grandes transformações na estrutura e evolução desse setor. O

resultado tem sido uma convergência dos padrões de funcionamento e competitividade

com a indústria farmacêutica da qual ela é um segmento, conforme explicado na

primeira seção.

A crescente demanda por produtos fitoterápicos, o dinamismo do mercado, seja

por seu crescimento, seja pelas oportunidades tecnológicas que se apresentam ou ainda

pelas políticas públicas voltadas para o seu desenvolvimento são fatos que colocam os

investimentos nessa área como oportunidades imperdíveis. Alguns autores salientam

inclusive que seria através desse segmento que poderíamos superar as desvantagens já

tão decantadas do setor farmacêutico em termos de dependência tecnológica, através do

aproveitamento de nossa biodiversidade. Não só existe espaço para o crescimento da

participação relativa desses produtos no mercado, como as estruturas moleculares das

plantas medicinais servem como excelentes modelos de pesquisa para desenvolvimento

de novos medicamentos fitoterápicos e sintéticos.

No Brasil, como desenvolvido na seção dois, a indústria de fitoterápicos é

bastante antiga, mas a construção institucional desse mercado, incluindo as políticas

públicas específicas para o seu desenvolvimento a nível nacional e integradas a outras

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108

políticas de saúde e de desenvolvimento econômico são datadas da década de 2000. Isto

explica, em parte, a intensa movimentação de várias empresas do mercado, ou porque

não tem conseguido acompanhar as novas exigências de padrões de registro e qualidade

da produção ou porque tem buscado consolidar melhores posições no mercado. Mas,

explica também a expansão de empresas já estabelecidas no setor farmacêutico ou de

cosméticos para o segmento. Estas são capazes de lançar novos produtos mia

rapidamente devido a seu melhor desempenho para atendimento dos requisitos

regulatórios. A entrada de novas empresas no setor de fitoterápicos, que têm

aproveitado as novas oportunidades de desenvolvimento de produtos em parceria com

universidades e sua maior capacidade financeira decorrente da atuação em genéricos a

partir de 1999, tem sido também uma estratégia relevante. Finalmente a movimentação

de fusões e aquisições, desde 1994, de empresas locais que têm sido adquiridas por

empresas de fora do mercado brasileiro parece ter sido outra estratégia relevante de

entrada no setor de fitoterápicos.

Este dinamismo do mercado não tem sido acompanhado pelo desenvolvimento

correspondente dos fornecedores locais, já que grande parte da demanda nacional de

insumos para medicamentos fitoterápicos é preenchida através da sua importação.

Mesmo as empresas locais fornecedoras de insumos atendem essa demanda, em parte,

através de parcerias com fornecedoras estrangeiras. A organização do elo agrícola local,

primeira etapa da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, tem sido

praticada por algumas das empresas atuando nesse mercado, mas ainda há uma grande

lacuna neste elo da cadeia produtiva não atendida pelo setor público.

A investigação sobre artigos acadêmicos e patentes deixou clara também a

distância entre, de um lado, a produção científica das universidades e, de outro, a

incorporação desse conhecimento em invenções e patentes. De fato, o grau de

contribuição dos artigos científicos para o desenvolvimento de novos produtos ainda é

baixo, somente uma pequena parte atende a demanda potencial e atual do mercado

brasileiro em termos de conhecimento e encontra-se em uma etapa da P&D anterior ao

desenvolvimento experimental de produtos e processos. Simetricamente, o número de

patentes depositadas, no Brasil, ainda é muito pequeno.

Frente a essas tendências quais seriam os rumos desejáveis para o setor no

Brasil? Que outras ações de política nacional, além das já em curso, poderiam ser

adotadas? Nas subseções seguintes será feita uma apresentação das políticas desde a

segunda metade da década de 2000, seguida de um diagnóstico síntese dos desafios e

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oportunidades da cadeia produtiva das plantas medicinais e fitoterápicos, finalizando

com a proposição de uma agenda de ações.

3.1. Quadro de políticas na segunda metade da década de 2000

A análise dos principais pontos do Programa Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos, instituído pelo Decreto 5.813/2006, demonstra que o mesmo contempla

ações que vão, na sua maioria, ao encontro do indicado nas análises realizadas nas

seções precedentes sobre os principais desafios do setor no Brasil (seção 2) que refletem

o padrão de mudanças do setor no mundo (seção 1). Entretanto, é preciso deixar claro

que muitas das ações propostas pelo Programa são de caráter geral sem um maior

detalhamento de sua implementação e dos instrumentos escolhidos para a sua

realização, conforme relato a seguir.

O Programa está dividido em 11 capítulos (ver Quadro 3), são eles:

Regulamentação; Recursos Humanos; Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e

Inovação; Informação/Comunicação; Sistema Único de Saúde; Conhecimento

Tradicional e Popular; Manejo e Produção/Cultivo de Plantas Medicinais; Produção de

Fitoterápicos; Comercialização; Recursos/Financiamento; Outras Ações Relacionadas à

Cadeia Produtiva. Os capítulos apresentam diretrizes, sub-diretrizes e ações. No

conjunto das sub-diretrizes, está mencionado um total de 12 instituições entre gestores e

Ministérios envolvidos na implementação do Programa. As instituições mencionadas

são: o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, o

Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Agricultura, Pesca e

Abastecimento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério da Cultura, o

Ministério da Saúde, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério da

Integração, a Casa Civil, a Fundação Oswaldo Cruz e a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária.

Uma primeira observação a ser feita é sobre a dificuldade de coordenação dessas

diversas instâncias e níveis hierárquicos envolvidos na execução das metas do

Programa. As ações propostas exigem para sua execução o concurso de diferentes

ministérios, agências e instituições podendo gerar sérios conflitos de interesse. Cada um

dos participantes pode considerar que é de sua competência estabelecer definições e

regras para o setor. A ausência de comunicação entre os diferentes atores contribui

fortemente para falta de definição de critérios não ambíguos. A relevância de um órgão

coordenador dessas várias instâncias para dirimir os conflitos e as superposições será

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imprescindível para a implementação das metas do Programa. Ainda que esteja previsto

um Conselho para monitorar essas metas desde 2006, ele só foi implantado em

setembro de 2009.

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Quadro 3 – Resumo do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

No Capítulo I, que se refere à regulamentação, podemos observar que o que se

pretende é estabelecer níveis diferenciados que contemplem tanto a manipulação e a

produção de medicamentos fitoterápicos baseados em controle de qualidade, segurança

Capítulos (11) Síntese das diretrizes Instituições envolvidas (12)

Regulamentação

Regulamentação do cultivo, manejo, produção, distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos, segundo os eixos agro-fito-industrial e das tradições, incluindo as Boas Práticas Agrícolas e Boas Práticas de Manipulação/Fabricação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

MMA, MAPA, MDA, MinC, MS, FIOCRUZ, ANVISA

Recursos Humanos

Capacitação técnico-científica dos profissionais, incluindo mudanças nas diretrizes e conteúdos curriculares do Ensino Médio e Superior e apoio a grupos de pesquisa (através de recursos financeiros, convênios e da estruturação de centros de pesquisa).

MAPA, MDS, MinC, MMA, MS, MCT, MDA, ANVISA, FIOCRUZ

Pesquisa, Desenvolvimento

Tecnológico e Inovação

Fomento à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, além da promoção da interação setor acadêmico e produtivo. Incentivo a projetos cooperativos para alavancar as pesquisas sobre as espécies nativas e o desenvolvimento no setor privado (incluindo nessa parceria o desenvolvimento de equipamentos e tecnologias para o controle de qualidade, a potencialização do sistema de produção e o desenvolvimento de mecanismos de monitoramento e avaliação de incorporação de tecnologia).

MDA, MMA, MAPA, MDIC, MCT, MS, FIOCRUZ, ANVISA, Casa Civil, MDS, MI, MinC

Informação/ Comunicação

Incentivar o compartilhamento do conhecimento, para que haja a expansão da base de pesquisa, o fortalecimento da tecnologia e a utilização correta, segura e responsável das plantas medicinais e dos fitoterápicos.

MDA, MI, MinC, MMA, ANVISA, FIOCRUZ, Casa Civil, MCT, MAPA, MDIC, MDS,

Sistema Único de Saúde

Garantia de acesso a plantas medicinais e fitoterápicos, com segurança, eficácia e qualidade, nos diferentes níveis de complexidade do Sistema.

MS, MDA, ANVISA, MDIC, FIOCRUZ

Conhecimento Tradicional e

Popular

Promover o resgate, o reconhecimento e a valorização das práticas tradicionais e populares de uso de plantas medicinais e remédios caseiros e implementar medidas de esclarecimento quanto aos mecanismos governamentais de proteção à propriedade do conhecimento tradicional associado e à propriedade intelectual.

MDA, ANVISA, FIOCRUZ, MAPA, MinC, MS, MCT, MMA

Manejo e Produção/Cultivo

de Plantas Medicinais

Utilização da agricultura familiar, observando-se os diferentes sistemas de produção, técnicas e experiências desenvolvidas pelas diferentes regiões e comunidades.

MAPA, MI, MMA, MDA, MinC, MS, MCT, ANVISA, FIOCRUZ

Produção de Fitoterápicos

Estimular a produção de fitoterápicos em escala industrial (por meio do apoio à pesquisa, desenvolvimento e inovação, às parcerias entre entidades e órgãos do setor, e desenvolvimento de uma política com incentivos financeiros), incluindo a dos laboratórios públicos.

MDIC, MS, MDA, MinC, ANVISA, FIOCRUZ, MAPA, MCT, MI, MMA

Comercialização

Para favorecer as exportações, devem ser estabelecidos mecanismos de identificação de demandas comerciais, desenvolvimento de projetos e acordos de cooperação técnica, especialmente com o MERCOSUL.

MDIC, MDA, MS, ANVISA, FIOCRUZ, MAPA, MCT, MI, MMA

Recursos/ Financiamento

Criação de linhas de financiamento e de mecanismos de incentivos fiscais e desoneração tributária para insumos e produtos fabricados a partir de plantas medicinais, com a definição de critérios para alocação e distribuição dos recursos orçamentários e financeiros e para investimento em projetos pilotos, a identificação da capacidade instalada nas diferentes regiões brasileiras e a utilização do poder de compra do Estado e de produtos prioritários ao Ministério da Saúde.

Casa Civil, MS, MAPA, MI, MCT, MDA, MDS, MDIC, MinC, MMA, ANVISA, FIOCRUZ

Outras Ações Relacionadas à

Cadeia Produtiva

Integração de toda a cadeia produtiva, abrangendo a regulamentação, a capacitação de recursos humanos, a adoção de boas práticas de cultivo e manipulação/fabricação, o fomento à pesquisa, a interação entre o setor público e privado e, a incorporação de novas tecnologias para o processo produtivo.

MS, MAPA, MCT, MDA, MI, MMA, FIOCRUZ, Casa Civil, MDIC, MDS, MinC, ANVISA,

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e eficácia, quanto o manejo e o cultivo de plantas medicinais, cujo uso está baseado em

conhecimentos tradicionais. Seriam, portanto, envolvidos diferentes níveis da cadeia

produtiva: o do cultivo, o da produção de insumos, o da manipulação e o da

industrialização. Além disso, e relacionado com a necessidade de regulamentação dos

diferentes níveis da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, é importante

que se estabeleça uma regulamentação que seja capaz de combinar a utilização de

produtos industrializados com a utilização tradicional de plantas medicinais in natura

ou pouco processadas. Como prevista, uma regulamentação que estabeleça “Boas

Práticas de Cultivo” e “Boas Práticas de Produção” permite que haja a manutenção de

atividades econômicas de diferentes graus de complexidade sem prejuízo de atingir

padrões de qualidade e segurança em todas elas, dentro dos limites estabelecidos. Em

outras palavras permitir que tanto os produtos in natura, principalmente

comercializados pelas menores empresas, quanto os fitoterápicos possam conviver e

coexistir no mercado. Neste sentido, é importante enfatizar que as consultas públicas

que estão sendo realizadas pela ANVISA este ano e que foram descritas na seção 2.1.2

tem perseguido o espírito de permitir o funcionamento dos dois segmentos de mercado.

No Capítulo II, dedicado aos Recursos Humanos, estão previstas ações para a

qualificação dos produtores/fornecedores primários. A partir das seções precedentes,

constatou-se também essa demanda, mas registrou-se ainda a demanda para recursos

humanos treinados na realização de pesquisas. São exemplos as sub-diretrizes: “2.1.

Fortalecer e integrar as redes de assistência técnica e de capacitação administrativa de

apoio à cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos”; e “2.2. Promover a

integração com o sistema de ensino técnico, pós médio, na área de plantas medicinais e

fitoterápicos, articulação com o Sistema S, com universidades e incubadoras de

empresas, fortalecimento da ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural por meio de

ações do governo e da iniciativa privada” (MS, 2008). As ações se dividem em apoio à

formação de técnicos e tecnólogos, à capacitação para a pesquisa e dos profissionais de

saúde. Embora esteja prevista a articulação com a extensão rural, nesse sentido, as ações

parecem insuficientes, diante da carência de projetos voltados para esse objetivo,

observada na literatura, sobre o cultivo de plantas medicinais no país.

Sobre a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, objetos do

Capítulo III, encontram-se referências a ações para incentivar pesquisas

etnofarmacológicas (na sub-diretriz 5.1) e à criação de centros de pesquisa

especializados para a realização de exames de toxicidade (sub-diretriz 3.2), o que pode

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resultar numa diminuição dos custos relativos da pesquisa, do desenvolvimento

tecnológico e da inovação e na maior disponibilidade de pessoal qualificado, além de

incentivar a necessária interação universidade-empresa. Essas seriam ações que

viabilizariam algumas condições necessárias para o fortalecimento da cadeia produtiva

nacional, já que possibilitariam um maior conhecimento do potencial do país na

produção e cultivo de plantas nativas, mas também permitiriam que a indústria nacional

(fragilizada diante da competição internacional e com dificuldades no cumprimento das

exigências regulatórias) pudesse atingir níveis de qualidade, segurança e eficácia com

custos reduzidos. Nos diversos pontos abordados nesse Capítulo III - que é extenso,

prevê integrações de diversos tipos e inclui desde o fomento a projetos e grupos de

pesquisa até a transferência e validação de tecnologias para a produção – pode-se

perceber que o Programa procura promover a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação

de forma ampla, incluindo institutos de pesquisa, de pós-graduação, de extensão rural, o

setor produtivo e o sistema de saúde. Cabe salientar a previsão de ação que favoreça o

depósito de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

O ponto previsto ainda no Capítulo III de estimular a inovação a partir do uso de

plantas medicinais parece ser o mais importante de todas as metas do Programa. Leva

em consideração uma fragilidade detectada entre os elos das empresas e da

universidade. Como visto na seção dois deste trabalho há um avanço dos investimentos

em P&D voltados para o cumprimento dos requisitos de regulação, entretanto, os

resultados obtidos na introdução de inovações ainda são frágeis e restritos a poucas

empresas quando esse resultado é inferido por número de patentes depositadas ou por

artigos científicos, ambos, respectivamente, depositadas e realizados, no Brasil. Esses

últimos, como visto, limitam-se, muitas vezes, a caracterizar as plantas não avançando

em seu desenvolvimento e reprodução industrial.

O tema tratado no Capítulo IV é a comunicação e a informação. As metas

referem-se essencialmente à produção de material, realização de eventos e à divulgação

de informações sobre o uso racional das plantas medicinais e dos fitoterápicos. A seguir,

o Capítulo V, relativo ao Sistema Único de Saúde, tem como principais objetivos

promover esse uso racional, incluindo o acesso com segurança e eficácia, e promover a

inserção das plantas medicinais e dos fitoterápicos nas listas de compras e no

atendimento básico do SUS. Com relação ao uso tradicional e popular, tema analisado

no Capítulo VI, visa-se a promoção da valorização dos conhecimentos tradicionais,

inclusive com a garantia de repartição de benefícios, e das parcerias com a sociedade

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civil. A propriedade intelectual também é citada nesse capítulo como relevante para a

proteção desse conhecimento.

Sobre o manejo e cultivo das plantas medicinais (Capítulo VII), além do que já

foi mencionado, é importante salientar a escolha feita pelo Programa de incentivar a

agricultura familiar, considerando que a mesma possui características que se configuram

como vantagens para esse tipo de cultivo, entre elas, “a disponibilidade de terra e

trabalho, detenção de conhecimentos tradicionais, longa experiência com práticas

agro-ecológicas” (MS, 2008, p. 43). Sobre esse ponto, embora pareça louvável a

tentativa de fortalecer a agricultura familiar, poderíamos, entretanto, argumentar que as

características heterogêneas das propriedades, dos modos de cultivo, em geral,

tradicionais, do nível de conhecimento dos agricultores e mesmo das possibilidades de

transporte seriam obstáculos para o estabelecimento de uma produção industrial,

baseada nesses insumos, que atenda a critérios rígidos de controle de qualidade,

segurança e eficácia. Portanto, dentro da mudança observada no panorama mundial de

produção de fitoterápicos de um padrão artesanal para um padrão industrial, incluir a

agricultura familiar como fornecedora de insumos será, sem dúvida, um grande desafio.

O tema da produção de fitoterápicos está contemplado no Capítulo VIII. Um dos

primeiros pontos que chamam a atenção é o incentivo à estruturação de laboratórios

oficiais para a produção de fitoterápicos (sub-diretriz 14.1), cujo papel seria produzir

aqueles que fossem de “interesse em saúde pública”. Com relação à indústria

farmacêutica nacional não há muita especificação das ações a serem postas em práticas,

mas há a descrição das seguintes ações:

“Realizar análise prospectiva da capacidade instalada da indústria farmacêutica nacional, nas diferentes regiões, brasileiras, para desenvolver e produzir plantas medicinais e fitoterápicos. (17.3); Realizar um diagnóstico setorial de fitoterápicos, identificando as demandas para produção nas diferentes regiões brasileiras. (17.3); Buscar ajustar o PROFARMA/BNDES às necessidades da indústria de fitoterápicos, principalmente, no que se refere à adequação de boas práticas de fabricação e certificação de laboratórios para a realização de ensaios de controle de qualidade. (14.2); Construir parcerias entre organizações da Agricultura Familiar e indústria. (14.2); Avaliar os resultados da chamada de bioprodutos e propor uma nova chamada adequada à cadeia produtiva de fitoterápicos. (14.2)” (MS, 2008, p. 48)

Algumas dessas ações serviriam como subsídios para propor novas ações, como

a análise prospectiva e o diagnóstico setorial, portanto, ainda é cedo para avaliar se os

meios escolhidos para fortalecer a indústria nacional, através dos laboratórios públicos,

serão os mais adequados, uma vez que existem no setor empresas privadas nacionais de

porte e com iniciativas de inovação relevantes, mas as políticas industriais e

tecnológicas voltadas para o setor privado ainda são incipientes. Sobre a parceria com a

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agricultura familiar, como já adiantado, ela traz enormes desafios, ainda que seja um

alvo relevante a ser perseguido se o objetivo for inclusão social.

Os Capítulos XI e X tratam da comercialização e dos recursos e financiamento,

respectivamente. No caso da comercialização, observa-se a presença de temas que

fazem parte da discussão atual acerca do fortalecimento da indústria farmacêutica

nacional em geral, como o aumento do valor agregado dos produtos, a pretensão de

estabelecer fortes incentivos para as exportações e a utilização do poder de compra do

Estado (inclusive com a meta de “trabalhar na aprovação do projeto de Lei de

Compras Governamentais”, de acordo com MS, 2008, p. 50). No caso dos recursos e

financiamento, a previsão é de que haja a “criação de linhas de financiamento e de

mecanismos de incentivos fiscais e desoneração tributária para insumos e produtos

fabricados a partir de plantas medicinais, considerando toda a cadeia produtiva” (MS,

2008, p. 51). Esse capítulo se refere a provisão de recursos para a realização de sub-

diretrizes e ações mencionadas ao longo de todo o Programa.

O último capítulo se intitula “Outras Ações Relacionadas à Cadeia Produtiva” e

se refere principalmente a sub-diretrizes e ações que se dirijam a integração da cadeia

produtiva (MS, 2008, p. 57). Além disso, em diversos pontos, o Programa se refere a

estudos de demanda, sejam no que se refere a demanda da população seja no que se

refere aos insumos e produção de fitoterápicos.

A partir do detalhamento do Programa que se acaba de realizar, observa-se que,

com relação aos desafios apontados nas seções precedentes, muitos estão contemplados

no mesmo, direta ou indiretamente, como a necessidade de qualificação dos produtores

ou fornecedores primários; de introdução de apoio técnico, científico e de legislação

(em diferentes níveis para cada tipo de matéria prima); de que haja a difusão do

conhecimento etnofarmacológico; de que sejam realizados estudos de demanda e

produção em cada região do país; de que haja ações para diminuir os custos dos

equipamentos utilizados no controle de qualidade e nos testes exigidos pela

regulamentação (através da disponibilização dos testes pelas universidades, por

exemplo) e para valorizar o potencial da biodiversidade brasileira; e da contribuição da

universidade para que sejam reunidos os diversos conhecimentos necessários para o

desenvolvimento da pesquisa e produção nacional na área.

Destaca-se entre esses pontos, que a criação da regulamentação específica,

abrangendo toda a cadeia produtiva, e o estímulo à realização de estudos nas diversas

áreas correlatas e ao desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de

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qualidade, se levados adiante, devem resultar numa melhora significativa desse

controle. Por sua vez, com relação à distribuição e a sua regulamentação, o Programa

deixa transparecer a intenção de resolver a questão através do controle das plantas

medicinais desde o cultivo e colheita, de modo a exercer um controle também sobre as

matérias primas para a indústria.

Sendo assim, as diretrizes e ações propostas pelo Programa compõem uma

estratégia para fortalecer o setor, de forma a aproveitar a janela de oportunidade que se

apresenta a partir da biodiversidade. Se não houver agilidade nessas ações, a

probabilidade de que as empresas do setor se adaptem às regras mais rígidas é pequena

e corre-se o risco de vivenciar no setor de fitoterápicos o mesmo fenômeno ocorrido

com a indústria nacional de medicamentos sintéticos. Considerando que o Comitê

Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos a quem cabe o monitoramento e a

avaliação do Programa foi instituído apenas em setembro do ano de 2009, acredita-se

que esse risco não esteja de todo afastado.

3.2. Diagnóstico dos principais desafios e oportunidades da cadeia produtiva das

plantas medicinais e fitoterápicos

A análise da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos brasileira

inicia-se pelos produtores agrícolas, primeira atividade dessa cadeia produtiva. As

dificuldades nesta etapa da cadeia produtiva são inerentes à heterogeneidade dos modos

de cultivo agrícola da economia brasileira, mas que representam um grande desafio para

o setor devido aos altos níveis de qualidade exigidos para a utilização de plantas

medicinais. De forma geral, registra-se falta de qualificação desses produtores ou

fornecedores primários. A situação tende a se perpetuar com a ausência de apoio

técnico, científico e de legislação ou parâmetros específicos para cada matéria prima,

como apontado. Os produtores agrícolas são muito dependentes de fatores climáticos e

apoio econômico para o plantio e a safra. Ainda que a Política Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos tenha estabelecido diretrizes para o uso racional de plantas

medicinais estimulando a formação de redes, ainda é necessário o reforço de apoio

técnico aos agricultores, a difusão do conhecimento etnofarmacológico e a realização de

estudos de demanda e produção em cada região do país. O grande desafio parece ser

produzir plantas com controle de qualidade (ausência de presença de metais pesados, de

pesticidas, etc..). Realizar este controle de qualidade parece inacessível aos produtores

agrícolas devido ao alto custo dos equipamentos (cromatógrafo líquido e gasoso, por

exemplo) e de pessoal qualificado. Alguns produtores privados de insumos realizam

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esta atividade de estabelecimento de parcerias com agricultores e promoção de

consultoria técnica para os mesmos, como visto. O desenvolvimento de atividades de

extensão rural públicas, com a parceria e o envolvimento da Embrapa, voltado para as

plantas medicinais é estratégico nessa área, uma vez que esta ainda não é uma meta já

perseguida pela Instituição.

A segunda etapa da cadeia produtiva refere-se à produção e distribuição dos

insumos para a produção de fitoterápicos in natura ou padronizados. Na área de

distribuição dos insumos parecem ser necessários alguns ajustes na regulamentação,

uma vez que as empresas distribuidoras atendem a vários mercados (laboratórios

farmacêuticos, farmoquímicos, de essência e aromas; indústrias de alimentos, bebidas,

cosméticos e chás; farmácias de dispensação, homeopáticas e de manipulação, entre

outros) e estão reguladas pela RDC n. 204, que as classifica como distribuidoras de

insumos farmacêuticos. Seria interessante revisar e verificar as necessidades de cada um

dos setores atendidos pelas distribuidoras. O controle de qualidade da preparação da

matéria prima para distribuição também muitas vezes não é realizado a partir de

monografias das plantas, por estas serem inexistentes, usando-se o método de validação

retrospectiva ou “especificação interna”. Além do problema da falta dos estudos

mencionados, a dificuldade de padronização também pode estar relacionada à falta de

tecnologias adequadas para a identificação da composição das plantas que estão na

origem dos fitoterápicos. Ainda que existam, atualmente, poderosas ferramentas de

processamento, a tarefa de identificar de que forma os princípios ativos atuam em

conjunto pode gerar um impasse no momento da padronização dos medicamentos

fitoterápicos.

A terceira etapa da cadeia produtiva é composta pelas atividades de P&D,

produção e circulação. Na área de pesquisa e desenvolvimento as oportunidades são

enormes, mas os problemas são vários. Entre as oportunidades muitos autores

mencionam como característica decisiva para o investimento no desenvolvimento de

novos medicamentos fitoterápicos, o fato de que este seria muito menos custoso do que

o desenvolvimento de um novo medicamento sintético. Yunes et al. (2001), por

exemplo, elencam entre as vantagens dos medicamentos fitoterápicos, frente aos

sintéticos, os “menores custos de pesquisa” (Yunes et al., 2001, p. 150). Segundo

Barata (2005, p.4), o custo de desenvolvimento do primeiro medicamento ético,

originado de uma planta brasileira, foi de cerca de US$ 5 milhões (quando a literatura

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sobre o tema traz estimativas em torno de 500 milhões de dólares para o

desenvolvimento de um novo medicamento sintético).

Embora a afirmativa acima seja relativamente comum nos trabalhos sobre

medicamentos fitoterápicos, é difícil encontrar de forma explícita os motivos pelos

quais existiria uma redução significativa dos custos de pesquisa e desenvolvimento dos

mesmos. Segundo Pereira et al. (2009), a literatura especializada aponta um custo de

cerca de US$ 70 milhões para o desenvolvimento de medicamentos a partir de plantas

(Pereira et al., 2009). De fato, como visto, essa redução se mostra muito significativa

quando comparamos com os gastos para o desenvolvimento de um novo medicamento

sintético. O fato de as plantas que dão origem aos medicamentos terem seus efeitos

conhecidos “através do uso” pelas comunidades tradicionais parece ser a justificativa

mais utilizada pelos autores que defendem o argumento dos menores custos. Isto

significaria um ponto de partida mais seguro para a pesquisa e o menor dispêndio de

recursos em busca de um novo medicamento em potencial.

Entretanto, relacionada ao uso dos conhecimentos tradicionais sobre as plantas

medicinais na pesquisa está a enorme dificuldade de transferência desse conhecimento

devido ao seu caráter tácito. Além disso, a absorção desse conhecimento envolve

estudos multidisciplinares para a validação científica do mesmo tais como a

antropologia, a etnobotânica, a agricultura e tantos outros estudos de difícil realização,

devido à organização disciplinar das universidades e o baixo investimento em P&D

realizado pelas empresas públicas e privadas, bem como a inexistência de Institutos de

pesquisas voltados para a solução de problemas na área de fitoterápicos.

Se considerarmos as etapas do desenvolvimento de um fitomedicamento, de

fato, a seleção da planta parece ser simplificada pelos conhecimentos e usos populares.

Calixto (2005) defende a idéia de que os fitoterápicos padronizados exigem menores

recursos financeiros para o seu desenvolvimento e, por isso, podem ser uma excelente

oportunidade para os investimentos em P&D nos países em desenvolvimento (Calixto,

2005, p. 133). Neste ponto, as plantas medicinais e os medicamentos a partir delas

desenvolvidos desempenham um papel não só importante para a saúde, mas também

para o desenvolvimento econômico (OMS, 1993).

Ainda com relação ao argumento dos menores custos de pesquisa e

desenvolvimento, a biodiversidade brasileira poderia ser considerada uma vantagem

potencial para o crescimento da indústria no país. Muitas das plantas nativas são

utilizadas tradicionalmente pelas populações locais e poderiam servir de matérias

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primas para o estudo de novos possíveis medicamentos fitoterápicos. Entretanto,

Heinzmann e Barros, (2007, p. 43) indicam que “apenas 8% das espécies vegetais da

flora brasileira foram estudadas em busca de compostos bioativos e 1.100 espécies

vegetais foram avaliadas em suas propriedades medicinais”, num universo que varia

entre 350.000 e 550.000 espécies. Simões e Schenckel (2002) chamam a atenção, nesse

ponto, para a necessidade de promoção da interação entre indústrias e universidades

para a identificação das plantas com potencial para o desenvolvimento de fitoterápicos,

enquanto Calixto (2005) ressalta a sua importância para a realização dos testes de

segurança, qualidade e eficácia.

Diante desses argumentos, os baixos custos relativos de pesquisa e

desenvolvimento no setor, aliados à grande biodiversidade brasileira, poderiam se

caracterizar como o seu principal fator de competitividade.

Ocorre, entretanto, que estes custos reduzidos não seriam aplicáveis, em

princípio, a todo e qualquer medicamento fitoterápico, devendo ser avaliados caso a

caso. Os medicamentos fitoterápicos, embora, muitas vezes, tenham as suas descobertas

inspiradas na medicina tradicional, precisam ser padronizados e apresentar

características estáveis e reprodutibilidade.

A pesquisa e o desenvolvimento podem também encontrar obstáculos na

tentativa de padronização. Por exemplo, Balunas e Kinghorn (2005) enfatizam que os

medicamentos sintéticos também podem ser derivados de plantas medicinais, mas que,

neste caso, a síntese pode ser extremamente complexa e demorada. Mesmo que o

esforço de síntese não seja necessário para a produção dos fitomedicamentos, o

cumprimento das exigências de realização de estudos que comprovem a sua qualidade,

eficácia e segurança e da padronização da matéria prima pode esbarrar na dificuldade de

se reproduzir materiais cuja composição não se conhece exatamente.

Pode-se supor, então, que a pesquisa e o desenvolvimento de um medicamento

fitoterápico não são necessariamente mais fáceis do que os de uma nova droga sintética.

Apesar do uso tradicional das plantas medicinais, os estudos comprobatórios de eficácia

e segurança ainda são poucos. Este ponto foi constatado pela classificação da literatura

científica pesquisada. A maior parte dos estudos de interesse econômico apresentou um

grau de avanço bastante pequeno em direção ao desenvolvimento de um fitoterápico a

partir de plantas medicinais. Ainda que haja identificação da atividade de várias

espécies na maior parte dos artigos selecionados como de interesse para mercado

potencial e atual, ao contrário do que se imagina, muitas vezes, não há comprovação de

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eficácia no uso de muitas plantas com o propósito medicinal, nem conhecimento

suficiente de seus efeitos adversos e interações medicamentosas.

Outro problema levantado por Balunas e Kinghorn (2005), e diretamente

relacionado com o fim do status público dos recursos biológicos, já mencionado acima,

diz respeito à repartição de benefícios devido à origem das plantas utilizadas como

matérias primas. Para resolvê-lo, os autores chegam a cogitar o deslocamento das

coleções de plantas para territórios dos Estados Unidos (Balunas e Kinghorn, 2005,

p.438). No caso brasileiro, as dificuldades relacionadas ao tema da repartição também

podem levar a dificuldades no momento da definição de quem será beneficiado pela

utilização de conhecimentos tradicionais no desenvolvimento de novos medicamentos e

tornar insegura a realização de novas pesquisas.

Ainda com relação às dificuldades para a pesquisa e o desenvolvimento, o tema

da propriedade industrial também é relevante. O monopólio temporário garantido pelas

patentes permite o retorno financeiro dos investimentos realizados pelas empresas

necessários à descoberta de novas drogas ou, no caso dos fitoterápicos, à realização dos

estudos de eficácia e segurança. Embora passíveis de proteção, em alguns casos, pela

legislação vigente nos Estados Unidos e na União Européia (para os materiais isolados,

segundo Vasconcellos et al., 2004), a lei que regula a propriedade industrial no Brasil

(Lei nº. 9.279/96) explicita que não são considerados invenção nem modelo de

utilidade:

“o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais” (Lei nº. 9.279/96, art. 10, IX),

e estabelece que não são patenteáveis:

“o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.” (Lei nº. 9.279/96, art. 18, III).

Esta restrição poderia ser vista como uma limitação para o desenvolvimento de

medicamentos fitoterápicos, no Brasil. Mas, como indicado por Vasconcellos et al.

(2004) “as invenções envolvendo extratos de planta e/ou moléculas isoladas de plantas”

e os processos para a obtenção das preparações farmacêuticas podem ser patenteados no

país (Vasconcellos et al., 2004, p.52). Esta posição é reforçada por Heinzmann e Barros

(2007), que demonstram que, embora haja a possibilidade de patenteamento, o

percentual de pedidos de patente por nacionais referentes a plantas de origem brasileira

é muito reduzido (Heinzmann e Barros, 2007, p.47). Desta forma, se conclui que a

legislação de propriedade intelectual não é empecilho aos investimentos em pesquisa e

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desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos no Brasil, mas conforme desenvolvido

na seção dois há muito poucas patentes depositadas no Brasil, ainda que a literatura

científica sobre o tema seja bastante numerosa.

Especula-se aqui sobre a possibilidade da interação empresa-universidade suprir

os principais desafios e permitir a valorização dos conhecimentos etnofarmacológicos e

a diversidade da flora brasileira. De acordo com Calixto (2005) é inegável a evolução da

produção científica latino-americana nos últimos 25 anos nos principais periódicos da

área de plantas medicinais e fitoterápicos, entretanto, até agora, como visto, poucos

novos medicamentos fitoterápicos tem sido lançados no mercado. No sentido de

melhorar esse desempenho é muito importante a cooperação entre a empresa e a

universidade. Ainda que o Programa tenha várias metas neste sentido, acredita-se que

seja necessária uma melhor definição dessa agenda e também que seja feita uma

avaliação da ordem de grandeza dos recursos necessários para implementá-la. Esta é

também a opinião de Di Stasi et al. (2002) e Schenkel e Simões (2002) segundo

argumentos abaixo desenvolvidos.

Segundo Di Stasi et al. (2002) os estudos etnofarmacológicos e a realização de

surveys para acumular o conhecimento tradicional das plantas são muito importantes

para permitir a formação de coleções de plantas documentadas, salvando recursos

botânicos tropicais e permitindo seu uso posterior e a conservação dos ecossistemas,

assim como a seleção de plantas para futuros estudos farmacológicos, fitoquímicos,

toxicológicos e ecológicos. Sem a contribuição da universidade esses conhecimentos

tradicionais sobre as plantas medicinais e a riqueza da biodiversidade estão dispersos e

dificilmente poderão ser aproveitados, correndo o risco de o Brasil importar plantas,

extratos e medicamentos fitoterápicos, como foi realmente constatado no que tange ao

comércio exterior de plantas medicinais e fitoterápicos relatados na seção 2.3.5.

Da mesma forma, Simões e Schenkel (2002) afirmam que a contribuição da

universidade é fundamental na elaboração de monografias oficiais sobre plantas

medicinais, mas que para isso é preciso juntar conhecimentos de várias áreas tais como

botânicos, agronômicos, químicos, farmacológicos, e toxicológicos e esse se torna o

grande desafio.

Na segunda parte da terceira etapa da cadeia produtiva, produção e circulação,

o calcanhar de Aquiles parece ser a adaptação às novas regras de registro e produção,

como discutido anteriormente, e a consolidação do mercado público de medicamentos.

A exemplo do que ocorreu com a produção de medicamentos sintéticos, o Brasil corre o

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risco de perder mais uma janela de oportunidade criada pelo dinamismo do mercado

(expansão e oportunidades tecnológicas) e pelas políticas nacionais. Se os produtores

locais não se adaptarem aos novos custos regulatórios expandindo seus negócios para

aproveitamento das oportunidades através de investimentos na descoberta de novos

medicamentos, estarão fortemente ameaçados.

Ainda que não tenham sido feitos estudos dos impactos gerais das compras

públicas e dos programas de fitoterápicos sobre o mercado como um todo, estudos

específicos sobre o perfil de utilização de fitoterápicos nas farmácias comunitárias ou a

utilização de fitoterápicos nas unidades básicas de atenção à saúde da família dos

municípios, importantes oportunidades de comercialização dos fitoterápicos, trazem

questões para hipóteses sobre esses impactos e as oportunidades e desafios que surgem

para o desenvolvimento futuro do mercado.

Ribeiro et al. (2005) realizaram um estudo para saber em que medida a RDC 48,

voltada para o funcionamento do mercado o influenciava. A principal conclusão dos

autores é que existe uma tendência de mercado para a utilização de plantas exóticas,

oriundas de países desenvolvidos, como base dos medicamentos fitoterápicos. Isto

porque a maioria das obras da literatura colocada como referência pela agência

reguladora não contempla as plantas da flora brasileira utilizadas na medicina popular.

A legislação optou por privilegiar, como visto, os resultados de segurança e eficácia

para o registro dos produtos. A não compilação de uma série de estudos realizados sobre

a flora brasileira é responsável pela inclusão de plantas que não pertencem à

biodiversidade brasileira. Esses achados levam à conclusão de que as normas de registro

de medicamentos fitoterápicos criam barreiras à entrada de plantas nativas como base

principal desses medicamentos. Em outras palavras, nossa maior oportunidade é perdida

pelo não desenvolvimento da pesquisa de medicamentos com plantas nativas no próprio

país. As recentes consultas públicas realizadas pela ANVISA têm a intenção de inverter

um pouco essa tendência e estimular o uso de produtos naturais para os quais o uso já

pode ser comprovado por tradição.

Outro estudo na mesma direção de avaliação, ainda que pontual, das novas

políticas de plantas medicinais e fitoterápicos foi realizado por Silva et al. (2006). O

objetivo foi avaliar a implantação do Programa de Fitoterapia em um município do

Ceará (Maracanaú) a partir dos medicamentos produzidos pelo Programa de Farmácias

Vivas. Entre os 15 medicamentos produzidos apenas três deles contém espécies vegetais

presentes na lista da ANVISA, não precisando ter a sua eficácia e segurança

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comprovada e validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização,

documentações técnico-científicas em publicações ou ensaios clínicos de fase 3. Em

relação à adesão aos medicamentos fitoterápicos verificou-se uma taxa de apenas 20,6%

das prescrições contendo esses medicamentos.

Segundo Torres (2009), o número de municípios brasileiros com introdução de

fitoterapia no SUS, de acordo com dados do Departamento de Atenção Básica (da

Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde), aumentou de 116, em 2004,

para 342, em 2008. Esse aumento representou também uma mudança no número de

unidades da Federação que incluem municípios atendidos de 22 para 24. Ainda citando

os dados de Torres (2009), vale ressaltar que dos 342 municípios que dispunham de

serviço de fitoterapia (apenas 6,15% do total de municípios brasileiros), em 2008, cerca

de 85% tinha mais de 50.000 habitantes e, em 56% desses municípios, os medicamentos

fitoterápicos são “garantidos pelo Estado ou Município”. Dos medicamentos fornecidos

pelo Estado ou Município, 46,87% são provenientes de farmácia de manipulação

própria, 35,42% de farmácia de manipulação conveniada, e 20,31% são fitoterápicos

industrializados.

Embora a cobertura em percentual de municípios brasileiros ainda seja pequena

(o percentual cai para aproximadamente 3,45% do total de municípios, quando

consideramos somente aqueles em que há fornecimento público de medicamentos),

esses números apontam para o desafio e a oportunidade representados pela consolidação

da introdução dos medicamentos fitoterápicos no sistema público de saúde, com a

garantia de seu fornecimento, e, portanto, com a compra pública dos mesmos. Isso fica

claro, quando observa-se a distribuição dos municípios com serviço de fitoterapia pelas

regiões brasileiras. A região com a maior diversidade de espécies, a região Norte, conta

somente com 35 municípios, perdendo apenas para o Centro-Oeste, com 27 municípios.

As regiões com o maior número de municípios onde a terapia fitoterápica já é oferecida

são Sul, Nordeste e Sudeste, com 127, 91 e 67 municípios, respectivamente (Torres,

2009).

Além disso, outro aspecto muito relevante relacionado com o aproveitamento da

biodiversidade é que a Convenção da Diversidade Biológica, em 1992, decretou o fim

do status de bem público para os recursos biológicos, definindo o material encontrado

dentro das fronteiras dos países como um patrimônio nacional. Entretanto, se isto

definiu melhor o direito de propriedade internacional, deixou sem definições uma série

de questões nacionais sobre direitos territoriais e étnicos e condições sócio-econômicas

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de populações locais. Tais indefinições contribuem para dificultar o uso das espécies

nativas. Pertinente a estas questões destaca-se a propriedade dos materiais coletados em

determinados lugares: ela seria propriedade, por extensão, da comunidade de onde

foram coletados (Seidl, 2002)? Essas indefinições são sérios empecilhos à realização de

estudos etnofarmacológicos, muito importantes, como visto, para avançar na realização

de pesquisas com as plantas nativas.

Outro ponto importante a ser observado é que a maioria dos estudos encontrados

sobre as plantas medicinais se refere aos medicamentos fitoterápicos derivados de

espécies vegetais estrangeiras. A necessidade de realização de estudos sobre a eficácia e

a segurança da utilização de plantas nativas aparece como essencial para o

desenvolvimento do setor no Brasil. Ademais, a utilização maciça de plantas

estrangeiras não cumpre as funções, mencionadas diversas vezes como justificativas

para a utilização dos medicamentos fitoterápicos, de propiciar um melhor acesso e a

mais fácil aceitação por parte da população (em virtude do conhecimento prévio dos

efeitos de determinada planta medicinal), nem de promover o desenvolvimento

econômico de países a partir de sua própria biodiversidade.

No caso brasileiro em particular, há o problema, ainda, da equivocada

compreensão da regulamentação em vigor pelos produtores. Um exemplo das

dificuldades na aplicação da legislação vigente está demonstrado em estudo realizado

por Freitas e Romano-Lieber (2007). Os autores verificaram que:

“empresas produtoras de fitoterápicos, suplementos alimentares e produtos oficinais se abstiveram de implantar programas de monitorização de eventos adversos, alegando que seus produtos não necessitam passar pelo processo de vigilância pós-comercialização” (Freitas e Romano-Lieber, 2007, p. 171).

Segundo os mesmos autores, esta seria uma interpretação incorreta das normas

relativas à farmacovigilância para estes medicamentos.

Um desafio em relação à circulação dos produtos e sua regulação é a falta de

monitoração ex-post do seu registro. Vários produtos com registro vencido continuam

circulando normalmente no mercado, conforme constatado na seção dois. Essa

deficiência leva a uma concorrência desleal entre os produtores de medicamentos.

Além dos desafios acima diagnosticados as empresas do setor, através de sua

representação Abifisa, destacam outros desafios como importantes para a melhoria do

desempenho do mercado de fitoterápicos. O primeiro deles refere-se ao custo de

produção, podendo-se enfatizar o custo da mão de obra especializada, da matéria prima,

da infra-estrutura de produção e controle de qualidade. Em segundo lugar, a carga

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tributária elevada e a falta de incentivos nesta área por parte do governo. Em terceiro

lugar, a concorrência desleal de algumas empresas que continuam comercializando

produtos sem os parâmetros de segurança, eficácia e qualidade. Em quarto lugar, o

desconhecimento por parte dos profissionais médicos e consumidores sobre o uso

adequado de fitoterápicos e até mesmo sobre a existência de vários de seus produtos.

Em quinto lugar, dificuldade de acesso aos canais de distribuição varejista (50% dos

principais canais varejistas não se interessam por produtos fitoterápicos). Finalmente,

mas não menos importante, os recursos para o desenvolvimento tecnológico são ainda

muito escassos (Velani, 2009).

3.3 – Proposta de agenda de ações

Apresentam-se abaixo os quadros de propostas para ações no setor de

fitoterápicos construídos a partir dos gargalos e oportunidades verificados no

diagnóstico, além das inovações apontadas como necessárias para superar os problemas

constatados. Uma primeira versão foi apresentada na oficina de trabalho realizada pelo

CGEE para apresentação desse estudo e posteriormente revisada em reunião com

especialistas em Brasília, ambas no mês de setembro.

Os produtos foram divididos em já existentes no mercado e novos, uma vez que

as oportunidades, desafios e ações relativos aos mesmos se encontram em esferas

diferentes. Os quadros abrangem também uma síntese do diagnóstico, que inclui os

desafios principais, as recomendações e a relação com as ações já propostas pelo

Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. A intenção principal é a de

subsidiar as ações das políticas para o setor, considerando o esforço já realizado na

elaboração do Programa e sua posterior execução.

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Quadro 4 - Oportunidades, gargalos, inovações e proposta de ações para os produtos já existentes PRODUTOS EXISTENTES

Etapas da cadeia produtiva

Oportunidades do setor fitoterápico

Gargalos do setor Quais requerem inovação e/ou ação?

Tipo de inovação necessária para o desenvolvimento do setor ?

Sugestões finais Observações Síntese

Desafios Principais

Recomendações Relação com o Programa

Produção agrícola e distribuição

Qualificação dos produtores agrícolas ou fornecedores primários Realização de monografias que permitam um melhor controle de qualidade da preparação da matéria prima para distribuição

Cultivo e manejo adequados para produção das plantas com fins de obtenção do princípio ativo em grande escala Implementação de um controle de qualidade eficiente (ausência de presença de metais pesados, de pesticidas, etc..), especialmente produção agrícola Domesticação de plantas

Envolver a Embrapa como parceira, tendo em vista que ela possui o know-how necessário Envolver também as farmácias-vivas como parceiras (conhecimento popular) Promover o desenvolvimento de atividades de extensão rural, com a parceria e o envolvimento da Embrapa, voltado para as plantas medicinais Construir infra-estrutura científica e tecnológica para facilitar demanda de serviços tecnológicos

Produção de mudas certificadas Sistema de manejo sustentável (dentro de áreas nativas) e cultivo agro ecológico Estudos de estabilização da matéria prima Reforçar o apoio técnico aos agricultores e a difusão do conhecimento etnofarmacológico Estabelecer protocolos para colheita sustentável das plantas medicinais

Envolvimento de profissionais da área agrícola (para cultivo) e da área farmacêutica (com foco no princípio ativo)

Como conseqüência, em longo prazo, teremos o aumento das exportações e a redução das importações dos princípios ativos Maior produção no país Diretriz 13 (p. 55)

1. Domesticação de plantas 2. Certificação de mudas 3. Formação de cultivares

1. Estruturação de redes científicas e tecnológicas nacionais para domesticação, garantindo o fortalecimento das infra-estruturas e competências locais 2. Rede de infra-estrutura, por exemplo nos moldes da ANP

Diretriz 13

Produção agrícola e distribuição

Adequação da regulamentação da Anvisa para os diferentes usos da matéria prima

Regulamentação atual não diferencia exigências por tipo de uso que terá a matéria prima

Formular e implementar legislação e/ou parâmetros específicos para os diferentes tipos de matéria prima Debater com o setor produtivo e os órgãos de regulação as falhas de regulação ao longo da cadeia produtiva

Diferenciar a regulação das plantas medicinais utilizadas como insumos conforme usos finais

Auxiliar a capacitação dos produtores para adequação à legislação vigente

Através das instituições de extensão rural

Diretriz 3

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Continuação. Produção industrial e distribuição

Crescimento da demanda através da nova política pública

Baixa demanda Desconhecimento dos prescritores

Compra governamental Divulgação da qualidade dos fitoterápicos junto aos prescritores Incentivo à prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos por parte dos profissionais ligados aos serviços de saúde público e privado

Renafito Inclusão nos currículos de medicina, odontologia e farmácia, entre outros, informações sobre vantagens e desvantagens dos fitoterápicos como opção para tratamentos Divulgar o incentivo governamental ao uso de fitoterápicos no SUS Divulgar junto a classe médica a legislação de fitoterápicos e estudos clínicos de segurança e eficácia existentes Formar recursos humanos envolvidos na cadeia de plantas medicinais e fitoterápicos com inclusão de matérias na grade curricular, principalmente nos cursos de medicina

Utilizar a compra governamental para estabelecimento de demanda e de cultura de utilização de fitoterápicos

Mapear e identificar uma organização para o setor produtivo para as espécies indicadas pelos programas do SUS, para que ele possa atender as compras governamentais

Diretriz 17

Produção industrial e distribuição

Substituição das importações de plantas medicinais e extratos

Ausência de produtores nacionais de matéria prima vegetal medicinal com qualidade

Aumentar os impostos para a importação de plantas e extratos, incentivando o seu desenvolvimento interno

Substituir 127mportações

1. Mapear os produtos nacionais equivalentes aos importados para aplicação de alíquotas inibidoras 2. Adequar a competência científica, tecnológica para substituição de importação 3. Agregar valor aos plantas medicinais locais

Diretrizes 8 e 16

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Continuação Produção industrial e distribuição

Adequação às novas regras de registro e de boas práticas de manufatura

Necessidade de adaptação às novas regras de registro e de boas práticas de manufatura Custo de adequação incompatível com o tamanho das empresas

Criar mecanismos de financiamento e de parcerias para que os produtores locais possam se adaptar aos novos custos regulatórios Criar redes de pesquisa com capacitação na prestação de serviços para atender às exigências regulatórias Disseminar estas possibilidades de serviços entre os produtores

Auxiliar a capacitação das empresas produtoras de fitoterápicos para adequação à legislação vigente

1. Fortalecimento da Rede de Pesquisas Clínicas 2. Capacitar as instituições para realização de testes de toxicidade, clínicos, conforme Diretriz 3 (3.3.1)

Diretriz 3

Produção industrial e distribuição

Monitoramento maior da Anvisa junto as empresas produtoras de fitoterápicos

Concorrência desleal entre as empresas devido ao baixo monitoramento das empresas já atuando no mercado, ainda que o controle na entrada seja elevado

Garantir a qualidade do produto fitoterápico Melhorar a imagem do produto fitoterápico junto ao público consumidor Agilizar a emissão e a renovação dos registros dos medicamentos Retirar produtos com registro vencido do mercado Retirar do mercado as empresas sem condições de produzir segundo boas práticas de manufatura

Fonte: Elaboração própria a partir da oficina de trabalho realizada pelo CGEE para apresentação desse estudo e reunião com especialistas em Brasília, em setembro de 2009.

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Quadro 5 - Oportunidades, gargalos, inovações e proposta de ações para os produtos novos PRODUTOS NOVOS

Etapas da Pesquisa

Oportunidades do setor fitoterápico

Gargalos do setor

Quais requerem inovação e/ou ação?

Tipo de inovação necessária para o desenvolvimento do setor ?

Sugestões finais Observações Síntese

Desafios Principais Recomendações Relação com o Programa

Prospecção de mercado

Identificação de novos negócios para o setor (novos produtos)

Falta de valorização da indústria privada nacional Inadequação dos laboratórios públicos para realizarem pesquisa de novos produtos Falta de priorização dos recursos de pesquisa

Adequação dos laboratórios públicos e privados nacionais à pesquisa

Utilizar a infra-estrutura dos NITs para identificação das potencialidades de pesquisa para novos produtos Realizar plano de negócios para identificação dos produtos com maior potencial de mercado Lançamento de editais de pesquisa envolvendo desde o cultivo até o medicamento pronto para registro Criação de um bando de dados com informações sobre a oferta e a demanda de fitoterápicos (portal eletrônico) Abertura de linhas de crédito do governo federal para equipamentos e modernização da estrutura dos laboratórios

Concentrar-se em poucos produtos

Capacitar os NIT e Incubadoras e Parques Tecnológicos para apoio à inovação do setor

1. Ampliar e incentivar a infra-estrutura de NITs, Incubadoras e Parques Tecnológicos para identificação de oportunidades no setor de fitoterápicos 2.Lançamento de editais para pequenas e médias empresas envolvendo desde o cultivo até o medicamento pronto para registro (PRIME) 3. Criação de um observatório do setor de fitoterápicos

Diretriz 14

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Continuação Prospecção de mercado

Produção de novos medicamentos

Falta de diretrizes Falta de mão de obra qualificada na transposição de escala Visão de curto prazo dos empresários, não havendo interesse em aguardar o crescimento da planta (3 anos para ter o princípio ativo) Resoluções da Anvisa inadequadas ao setor de fitoterápicos

Estudos de Estabilidade Conhecimento das RDC’s por parte dos pesquisadores (para registro)

Fortalecimento dos arranjos produtivos locais e das redes

Parceria Universidade + conhecimento popular + empresa + Governo

Incentivo ao cultivo de plantas herbáceas, rústicas de ciclo vegetativo curto, tais como espinheira-santa e guaco (parte agrícola) Scale up da bancada do piloto (parte industrial)

Fortalecer a pesquisa em domesticação e escalonamento de acordo com o ciclo vegetativo da planta (curto, médio e longo prazo) Utilizar a massa crítica de 130ecém doutores para realizar o scale up nas ICTs

Diretriz 9

SELEÇÃO DE PLANTAS COLETA, IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA

Transposição do uso popular de plantas medicinais em medicamentos

Falta de estudos clínicos Falta de investimento e verba nas pequenas empresas

Criação de um fundo setorial específico para fitoterápicos Financiamento da FINEP

Realização de estudos que possibilitem registros novos Atendimento às exigências da ANVISA e CGEN

Modelo CODETEC Transposição do uso popular de plantas medicinais em medicamentos

Implementar uma ação transversal dos fundos setoriais a partir dos CTs já existentes, por exemplo do CT-Saúde Incentivo a formação de recursos humanos com treinamento especifico para atendimento dos marcos legais da Anvisa e do CGEN, dentre outros

ESTABILIZAÇÃO E EXTRAÇÃO DOS CONSTITUINTES DA PLANTA

Controle de Qualidade

Toxicidade Dificuldade em se estabelecer controle das plantas (reprodutibilidade)

Incentivar laboratórios universitários com competência através de fomento governamental

Ver o mesmo para produtos já existentes

ISOLAMENTO DE COMPOSTOS DOS EXTRATOS

Estudos fitoquímicos

Estudo sazonal das espécies botânicas Identificação e quantificação dos marcadores químicos

Direcionamento das pesquisas já existentes para os estudos fitoquímicos sazonais

Criação de editais específicos para as plantas de interesse do SUS

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Continuação PREPARAÇÃO DO MATERIAL TESTEMUNHA

Bioprospecção Atual legislação Criação de bancos de germoplasmas (in situ e ex situ)

Coleta e conservação da variabilidade genética em bancos de germoplasma (in situ e ex situ)

Reunião de especialistas na conservação de recursos genéticos de plantas medicinais

TECNOLOGIA FARMACÊUTICA, TESTES CLÍNICOS

Novas indicações terapêuticas

Necessidades epidemiológicas apontadas pela RENISUS não disponíveis entre as indicações existentes

Comprovação das novas indicações epidemiológicas

Lançar editais de pesquisa Identificar essas novas indicações terapêuticas

Fonte: Elaboração própria a partir da oficina de trabalho realizada pelo CGEE para apresentação desse estudo e reunião com especialistas em Brasília, em setembro de 2009.

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ANEXOS

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Anexo de Espécies vegetais Nome Vulgar Nomenclatura

Botânica Família Lista Parte Usada

da planta Indicação

Abacate Persea americana

Lauraceae RENISUS Fruto Dores reumáticas, tratamento capilar, máscara facial, cicatrixantes, diurético, diarréia

Abacaxi Ananas comosus Bromeliaceae RENISUS Fruto Obesidade, pancreatite, afecções da pele, psoríase

Açafrão da terra

Curcuma Longa Zingiberaceae RENISUS Estigmas da flor secos

Atividade antineoplástica, antiofídico, digestivo, laxante, regulador da tireóide, antiflamatório, sedativo, afrodisíaco, antiespasmódico

Agnocasto Vitex agnus-castus

Verbenaceae Carvalho et al., 2008

Folhas secas e fruto

Disturbios menstruais

Alcachofra Cynara scolymus Asteraceae Registro Simplese RENISUS

Folhas, Bráteas e Caule

Afecções hepato-biliares, colesterol, ácido úrico, obesidade, diabetes, hipertensão, afecções reumáticas

Alcaçuz Glycyrrhiza glabra

Leguminosae Papilonacea

Registro Simples

Raiz Afecções pulmonares, afecções gástricas, antiinflamatório, menosaupa e TPM, anti-séptico

Alecrim Rosmarinus officinalis

Lamiaceae Carvalho et al., 2008

Folhas, flores, óleo essencial

cefaléias; contusões, anticancerígeno, antiespasmódico, antimicrobiano

Alecrim Pimenta

Lippia sidoides Verbenaceae RENISUS Talo Anti-séptica, antiinflamatória e cicatrizante

Alfavaca-Cravo

Ocimum gratissimum

Lamiaceae RENISUS Folha Anti-séptico e expectorante

Alho Allium sativum Liliceae Registro Simples e RENISUS

Bulbos Anticancerígeno, intoxicação nicotínica, problemas circulatórios, afecções da pele, afecções respiratória, anti-séptica, afecções genito-urinárias

Amora Morus Moraceae RENISUS Casca da raiz, folhas e fruto

Diurético, afecções na boca e pele, antiinflamatória, laxante

Andiroba Carapa guianensis

Meliaceae RENISUS Casca, folha e óleo da semente

Afecções na pele, antiinflamatória, relaxante muscular, repelente, emoliente, febrífuga, bactericida, anticancerígeno

Arnica Arnica montana Asteraceae Registro Simples

Raiz e flores Analgésico, doenças cardiocirculatórias

Arnica-Brasileira

Solidago microglossa

Asteraceae RENISUS Folhas e Flores frescas

Contusões, edemas, traumatismo, estiramento muscular, lesões cutâneas, antiinflamatório, diurético

Aroeira Schinus terebinthifolius ou Schinus aroeira

Anarcadiaceae RENISUS Casca Afecções da pele, antiinflamatório, afecções renais, bactericida

Arroz Oryza sativa Gramineae Carvalho et al., 2008

Semente Anorexia, digestivo, diarréia crôncia, hipoglicemiante, insônia, calmante

Arruda Ruta graveolens Rutaceae RENISUS Folhas e flores Aumenta a resistência dos vasos sangüíneos, evitando rupturas e, sendo indicada no tratamento contra varizes. Seu uso é indicado para restabelecer ou aumentar o fluxo menstrual e para combater vermes. O azeite de arruda é aplicado para aliviar dores reumáticas e para aliviar dores de cabeça

Assapeixe Vernonia polianthes

Asteraceae RENISUS Folhas Afecções pulmonares, diurético, afecções da pele, dores musculares e reumáticas

Babaçu Orbignya speciosa

Palmae RENISUS Fruto anti-inflamatórias e analgésicas, combate prisão de ventre, colite e obesidade

Babosa Aloe vera ou Aloe barbadensis

Liliaceae Registro Simples e RENISUS

Folha Tratamento de queimaduras térmicas (1o e 2o graus) e de radiação

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Barbatimão Stryphnodendron barbatiman

Leguminosae RENISUS Casca e Folhas Leucorréia, corrumentos uretrais e vaginais, adistringente, hemoptíases, ajuda na cicatrizaçõa, antiinflamatória

Batata de purga

Operculina alata Convolvulaceae

Carvalho et al., 2008

Raiz tuberosa Laxante, hemostático

Beladona Atropa belladonna

Solanaceae Carvalho et al., 2008

Talo e Folha Midriático, antiespasmódico, antisecretor, relaxante muscular, nevralgias faciais, cólicas renais.

Beldroega Portulaca pilosa Portulacaceae RENISUS Folhas com talos e sementes

Diurético, antiinflamatório, emoliente, vermífugo, laxantes, afecções da pele e renais

Boldo Peumus boldus Monimiaceae Registro Simples

Folhas, Frutos e óleo essencial

Digetivo, afecções hepáticas, antiinflamatório, antioxidante

Boldo Brasileiro

Plectranthus barbatus

Lamiaceae RENISUS Folhas Afecções hepáticas, afecções gástricas, calmante

Boldo da Bahia

Vernonia condensata

Asteraceae RENISUS Folha e raiz Abre o apetite, malária, inflamações em geral

Borragem Borago officinalis Boraginaceae Carvalho et al., 2008

Flores, caule, flores, semente

Afecções respiratórias, reumatismo, febre, depressão, nervosismo, afecções da pele, afecções urinárias

Butterbur Petasites hybridus

Asteraceae Carvalho et al., 2008

Folha rinite alérgica como: espirros, coriza, obstrução e prurido nasal, vermelhidão e prurido ocular, lacrimejamento e inflamação do palato e garganta

Cajuçara = Sacaca

Croton cajucara Piperaceae RENISUS Folha e casca Auxiliar no tratamento das afecções hepáticas e estomacais

Cajueiro Anacardium occidentale

Anarcadiaceae RENISUS Folhas, cascas, fruto e pseudofruto

Diabetes, diarréias, hemorragias, impotência sexual, regime de emagrecimento, afecções da pele

Calêndula Calendula officinalis

Asteraceae Registro Simples e RENISUS

Flores e folhas frescas

Cicatrizante, antiséptico, antiviral, analgésico, antiinflamatório

Camomila Matricaria recutita Asteraceae Registro Simples e RENISUS

Flores e óleo essencial

Inflamações da pele, inalações ara inflamações, digestivo

Cana de Macaco

Costus spicatus Zingiberaceae RENISUS Rizomas, hastes e folhas frescas

Afecções urinárias, doenças venéreas, tosse, amenorréias

Cardo-Mariano

Silybum marianum

Asteraceae Carvalho et al., 2008

Raízes folhas e frutos

Afecções hepáticas, antioxidante, antiinflamatório, anticancerígeno

Carqueja Baccharis trimera Arasteraceae RENISUS Hastes floridas Dispesias inespecífica, antiespasmódico, antiviral, constipação intestinal, obesidade e diabetes

Cáscara Sagrada

Rhamnus purshiana

Rhamnaceae Registro Simples e RENISUS

Cascas Digestivo, laxante

Castanha da Índia

Aesculus hippocastanum

Hippocastaneaceae

Registro Simples

Sementes Varizes e hemorróidas, adistringente e hemostático, anorexia, febrífuga

Cava-cava Piper methysticum

Bignoniaceae Registro Simples

Raiz e cascas Sedativo, relaxante muscular,

Cavalinha Equisetum arvense

Equisetaceae RENISUS Caules estéries e raiz

Diurético, adistringente, tuberculostática

Centela Centella asiatica Umbelliferae Registro Simples

Folha sem o pecíolo

Afecções da pele, estimulante cutâneo, ativa o metabolismo da gordura

Cimicífuga Cimicifuga racemosa

Ranunculaceae Registro Simples

Rizoma e raiz Reposição hormonal, tratamento de HIV, hipercolesterolemia

Cinerária marítima

Senecio cineraria Asteraceae Carvalho et al., 2008

Folha e flores Catarata, inflamação, cicatrizante, descongestionante

Cipó Cruz Arrabidaea chica Asteraceae RENISUS Cipó Diurética, purgativa, febrífugos, antiasmáticos

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Colônia Alpinia speciosa Zingiberaceae RENISUS Rizoma sem a raiz, folhas, flores e sementes

Doenças reumáticas, analgésico e antiinflamatório, cólicas renais, afecçoes gástricas

Confrei Symphytum officinale

Asteraceae Registro Simples

Folhas Cicatrizante e anti-inflamatória

Copaíba Copaifera reticulata

Leguminosae-Cesalpiniaceae

RENISUS Óleo extraido do tronco

Afecções da pele, doenças do aparelho genito-urinário

Crataegos Crataegus oxyacantha

Rosaceae Carvalho et al., 2008

Folhas, flores e frutos

Doenças cardíacas, analgésico, antihipertensivo, antitumoral, afecções uterinas

Cravo de Defunto

Tagetes minuta Asteraceae RENISUS Planta inteira Reumatismo articular, antiinflamatório, vermífuga

Equinácea Echinacea purpurea

Asteraceae Registro Simples

Raiz e Rizoma Infecções das vias aéreas superiores, cicatrizante, imunoestimulante

Erva Baleera Cordia curassavica

Verebenaceae RENISUS Casca e folha Reumatismo, artrite, reumatóide, gota, nevralgias, contusões; adstringente, cicatrizante, antiinflamatório

Erva de Bicho

Polygonum acre Polygonaceae RENISUS Folha e talo Estimulante, febrífugo, para crises hemorroidárias; hemorragias internas, varizes, congestão cerebral, distúrbios de memória, dificuldade de raciocínio

Erva de Santa Maria

Chenopodium ambrosioides

Chenopodiaceae

RENISUS Folhas e flores Parasitoses e vermes intestinais; parasitas da pele, escabiose e nematóides; tônica, reguladora e fortalecedora do fígado; tônica, reguladora e fortalecedora do estoma e intestino; tosse, asma, bronquite; amebicida, laxante suave; inseticida

Erva Doce Foeniculum vulgare

Apiaceae Registro Simples e RENISUS

Sementes Usado no tratamento de envenenamentos; afecções gastrintestinais; galactagogo; emenagogo

Erva dos burros = Pímula

Oenothera biennis

Onograceae Carvalho et al., 2008

Planta inteira sem as raizes

Artrite reumática, neuropatia diabética, mastalgia pré mestrual, fogachos e sintomas vasomotores menopausicos, doenças inflamatórias

Erva-Cidreira = Melissa

Melissa officinalis Lamiaceae Registro Simples

Parte aérea e óleo essencial

Hipertiroidismo, antiespasmódico, sedativo, calmante, digestivo, agente tópico para herpes labial

Espinheira-Santa

Maytenus ilicifolia Celastraceae Registro Simples e RENISUS

Folha Tônico, analgésico, anti-séptico, cicatrizante, anti-úlcera gástrica

Eucalipto Eucalyptus globulus

Mirtaceae RENISUS Folhas e óleo Gripes, bronquites, asma, sinusite, doenças reumáticas

Folha da Fortuna

Kalanchoe pinnata

Crassulaceae RENISUS Folha seca Inflamações diversas, antiinfeccioso, bactericida, leishmaniose, dores no ouvido, resfriado, reações alérgicas como bloqueadora histamínica, erisipela, abescessos, picadas de insetos

Fucus Fucus vesiculosus

Algae Carvalho et al., 2008

Alga Obesidade, para doenças do sistema linfático

Fumária Fumaria officinalis

Papaveraceae Carvalho et al., 2008

planta inteira sem as raizes

laxante, diurético, afecções dermatológicas, desordens hepatobiliares, distúrbios do sistema cardiovascular, atntitóxico hepático, cólicas biliares e do trato gastrointestinal

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Garcinia Garcinia cambogia

Clusiaceae Carvalho et al., 2008

Fruto Laxante. Age metabolicamente acelerando a queima de gorduras, auxilia em regimes de emagrecimento

Garra do diabo

Harpagophytum procumbens

Pedaliceae RENISUS Raiz Doenças reumáticas, artrites, artrose, gota e reumatismo

Gengibre Zingiber officinale Zingiberaceae Registro Simples e RENISUS

Rizoma e óleo essencial

Carminativo, cólicas, para rouquidão, catarros, atnitóxico nas intoxicações alimentares, antioxidante, anti bacteriano, aumenta a glicose no sangue, afecções reumáticas

Gilbarbeira Ruscus aculeatus Liliaceae Carvalho et al., 2008

Raizes Antiinflamatória, diurética,, depurativa, vasoconstritora

Ginkgo Ginkgo biloba Ginkgoaceae Registro Simples

Folhas, frutos e sementes

Doença de Raybaud, insuficiência cerebral, ansiedade, estresse, zumbidos, demência, desordens circulatórias, asma, efeito positivo na memória e em doenças associadas com a produção de radicais livres

Ginseng Panax ginseng Araliaceae Registro Simples

Raiz Estimulante, afrodisíaco, fadiga, stress, deficiências sexuais, afecções do fígado, anemia, antidepressivo, diabetes tipo 2, aumento da função imunológica em pacientes com câncer e HIV, menopausa, hipertensão arterial

Goiaba Psidium guajava Myrtaceae RENISUS Casca do tronco, brotos e frutos

diarréias, bactericida, fungicida, amebicida, antile-vedura, analgésico, antiespasmódico, combate os radicais livres, vasoconstritora, cicatrizante, emenagoga

Guaçatonga Casearia sylvestris

Rubiaceae RENISUS Folha e talo Febrífugo, depurativo nos reumatismos, eczemas, úlceras

Guaco Mikania glomerata

Compositae/Euphatoriaceae

Registro Simples e RENISUS

Folha Depurativo, febrífugo, peitoral, desperta o apetite, afecções pulmonares, expectorante, antitérmico, antireumático

Guaraná Paullinia cupana Sapindaceae Registro Simples

Semente torrada

fadiga, cansaço, estresse, perda de memória, dificuldade de raciocínio, afrodisíaco, diarréia crônica, afecções gástricas, analgésico nas dores musculares, nevralgias, enxaquecas

Hamamelis Hamamelis virginiana

Hamamelidaceae

Registro Simples

Casca e Folhas Adstringente, hemostático, tônico, descongestivo, anti-hemorrágico, varizes, hemorróidas, diarréia

Hera Hedera helix Araliaceae Carvalho et al., 2008

Folhas Uso apenas extreno: ferimentos, calosidades, dores nevrálgicas e reumáticas, tratamento pós-flebites, celulites, escurecedor dos cabelos

Hiperico Hypericum perforatum

Gutiferae/Hipericaceae

Registro Simples

Folha, Talo e Flor

Anti-séptico, diurético, balsâmico, vaso-dilatador, anti-helmíntico, antidepressivo, sedativo

Hortelã Peluda

Mentha crispa Lamiaceae RENISUS Folhas e ramos Sindrome do intestino irritável, afecções gástricas, preparações para infecções respiratóricas, analgésico, antiespasmódico, anti septico no tratamento de câncer

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Hortelã-Pimenta = hortelã Miúda

Mentha piperita Lamiaceae Registro Simples e RENISUS

Folhas e ramos Sindrome do intestino irritável, afecções gástricas, preparações para infecções respiratóricas, analgésico, antiespasmódico, anti septico no tratamento de câncer

Ipê Roxo Tabebuia avellanedeae

Bignoniaceae RENISUS Casca e flor Depurativo, afecções da boca, antitumoral, reumatismo, estomatite, anemia e analgésico

Jambolão Syzygium jambolanum

Myrtaceae RENISUS Casca e semente

Adstringente, antidiabético, usado nas diarréias, inflamações da pele, hemorragias, afecções no pâncreas

Jurubeba Solanum paniculatum

Solanaceae RENISUS Raiz, caule e folhas

Tônico, febrífugo, atonia gástrica, afecções hepáticas, icterícias, feridas na pele, cicatrizante e antipruriginoso, malária, anemia

Kaloba Pelargonium sidoides

Geraniaceae Carvalho et al., 2008

Raiz Infecções agudas e crônicas do trato respiratório e da região do ouvido-nariz-garganta

Losna Artemisia absinthium

Compositae RENISUS Folha e talo Tônica, estimulante, vermífuga e emenogoga, adistringente, afecções gástricas, vomitos e anemia

Malva Malva sylvestris Malvaceae RENISUS raiz, folha e flor Bronquites, tosses, tumores, emoliente

Mama-cadela Brosimum gaudichaudii

Moraceae Carvalho et al., 2008

Folha, fruto e raiz

Antigripal, antioxidante, cicatrizante

Maracujá Passiflora alata Passifloraceae Registro Simples e RENISUS

Folha, fruto e arilo

Sedativo, neurastenia, útil nas perturbações da menopausa

Marupazinho Eleutherine plicata

Iridaceae RENISUS Bulbos Diarréia, amebíase, hemorróidas

Melão de São Caetano

Momordica charantia

Curcubitaceae RENISUS Planta inteira, frutos e sementes

Febrífugo, anti-reumático, febres reumáticas, anti-hermíntico, expectorante, hipoglicemiante, antitumoral

Mil Folhas Achillea millefolium

Asteraceae RENISUS Folhas, flores, caules e rizoma

Sudorífero, anti hemorrágico, diminui o sangramento mestrual pesado e dores associadas, desordens gastrintestinais, tromboses cerebrais e coronárias, melhora a circulação e o tônucs das veias varicosas, antimicrobiano

Mirtilo Vaccinium myrtillus

Ericaceae Carvalho et al., 2008

Fruto Melhora a visão dos que leem muito, melhora a circulação sanguínea nas artérias, veias e capilares, pré-diabético

Mulungu Erythrina mulungu

Leguminosae-Papilonatae

RENISUS Casca Hipnótico e sedativo, dores reumáticas, afecções hepáticas, nevralgias crónicas, útil nas bronquites, asma

Olíbano Boswellia serrata Burseraceae Carvalho et al., 2008

Óleo essencial adstringente, anti-séptico, aromático, estimulante, rejuvenescedora, tônico

Ortosifão Orthosiphon stamineus

Lamiaceae Carvalho et al., 2008

Folha Rico em sais minerais

Papoula Papaver somniferum

Papaveraceae Carvalho et al., 2008

Folha Sedativo

Pata de Vaca Bauhinia forficata Febaceae RENISUS Raíz, casca, folhas e flores

Hipoglicemiuante, purgativo, diurético, depurativo do sangue, redutor de cloesterol e triglicérides, anti-oxidante

Pau Ferro Apuleia ferrea ou Caesalpinia ferrea

Febaceae RENISUS Casca Febrífugo, antidiarreico, propriedades antidiabéticos, depurativo, adstringente

Picão Preto Bidens pilosa Asteraceae RENISUS Planta inteira Bactericida, antiviral, antifermentativo, diabetes, diurético, anti-oxidante, antiinflamatório, antiulceroso, controla acidez estomacal, estimula a digestão

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Pimentão Capsicum annum Solanaceae Carvalho et al., 2008

Fruto Antiflogístico, rubefaciente, resolutivo; usado como estimulante estomacal, como específico contra o enjôo do mar; empregado na incontinência urinária; como anti-hemorroidal, aplicada em fricções contra o reumatismo

Pinhão Roxo Jatropha gossypiifolia

Euphorbiaceae RENISUS látex e sementes

Hemorragia, diarréias, feridas e purgativo

Pitanga Eugenia uniflora Myrtaceae RENISUS Folhas e Frutos Febres, afecções estomacais, hipertensão, obsedidade, reumatismo, bronquite, calmante, antinflamatório,atioxidante

Poejo Mentha pulegium Rubiaceae RENISUS Planta inteira Carminativo e emenagogo, flatulências, dispepsias, aftas, tosses

Polígala Polygala senega Polygonaceae Registro Simples

Raiz Diurético, expectorante, bronquite asmática

Psilium Plantago psyllium Plantaginaceae Carvalho et al., 2008

Semente Obstipação crônica, laxante suave, emoliente. Ingerido antes das refeições dá sensação de saciedade

Pygeum Pygeum africanum

Rosaceae Carvalho et al., 2008

Casca Enfermidades urinárias e como afrodisíaco, propriedades antiinflamatória, antiedematosa, estimulam a secreção prostática e promovem aumento da capacidade eretora.

Quebra Pedra

Phyllanthus niruri Euphorbiaceae RENISUS Parte aérea Afecções no trato urinário, diabetes, distúrbios prostáticos, analgésico, antiinflmatório, afecções hepáticas, coletérico, hepatoprotetor

Raiz de Ouro Rhodiola rosea Crassulaceae Carvalho et al., 2008

Planta inteira Melhora desempenho mental, combate o estresse, propriedades antitumorais e cardio protetoras, combate a depressão

Romã Punica granatum Punicaceae/Lythrceae

RENISUS Casca do Fruto Antidisentérica, adstringente, antihelíntica, leucorréia, gengivites e faringites

Sabugueiro Sambucus nigra Adoxaceae Registro Simples

Flor Febre, bronquite, asma, emoliente, reumatismo, constipação, depurativo, expectorante

Salgueiro Branco

Salix alba Salicaceae Registro Simples e RENISUS

Casca e Folha Previne ou reduz a febre, reumatismo, gota

Salsinha = Salsa

Petroselinum sativum

Apiaceae/Umbeliferae

RENISUS Folhas, talo e raíz

Fonte de vitaminas e minerais, tratamento de próstata, afecções do fígado e baço, indigestão, flatulênia, tônico capilar, anemia, artrite, infecções microbianas, diurético e laxante

Saw palmetto Serenoa repens Arecaceae Registro Simples

Fruto Hiperplasia benigna da próstata

Sene = Fedegoso

Cassia senna Fabaceae Registro Simples

Folha Constipação por inércia intestinal. Laxante, herpes simples, candida

Soja Glycine max Fabaceae RENISUS Broto, caule, flor, folha, raíz, semente

Fonte de fibra, proteína e minerais; osteoporose, sintomas da menopausa, disturbios gastrointestinais, hipercolesterolemia

Tanaceto = Matricária

Tanacetum parthenium

Asteraceae/Matricariaceae

Registro Simples

Flor e talo Digestivo, emenagogo, vermífugo, insecticida

Transagem Plantago major Plantaginaceae RENISUS Folha e Talo Expectorante, antinflamatória, depurativa, antidiarréia

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Nome Vulgar Nomenclatura Botânica

Família Lista Parte Usada da planta

Indicação

Trevo Cheiroso

Melilotus officinalis

Leguminosae Carvalho et al., 2008

Folha e flor Traumatismo, edemas inflamatórios e congestivos, reumatismo, afecções venosas, má digestão, azia, hiper acidez estomacal, amenorréia, anúria, tosse, resfriado

Trevo dos Prados

Trifolium pratense

Fabaceae RENISUS Flores Sedativo, depurativo do sangue, afecções resporatórias, afecções da pele, psoríase, eczema, acelera cicatrização, melhora a densidade óssea

Trevo-Cumaru

Justicia pectoralis Acanthaceae RENISUS Parte aérea Afecções respiratórias, aftas, dermatites, cortes, feridas, afecções nervosas, insônia, gastralgia

Tribulus Tribulus terrestris Zygophyllaceae Carvalho et al., 2008

Folhas Combate a infertilidade, e é utilizada como agente anabólico para os atletas

Trigo Triticum vulgare Poaceae Carvalho et al., 2008

Semente Complemento nutricional

Unha de Gato

Uncaria tomentosa

Bignoniaceae RENISUS Casca de cipó Tratamento e prevenção de artrite e reumatismo, diabetes, câncer, acne, hemorróidas, tratamento de herpes e AIDS. Antioxidante

Urtiga Branca Lamium album Lamiaceae RENISUS Flores Afecções genitais femininbas, regulariza o intestino nas constipações e diarréias, inflamações via urinárias, tosse, bronquite, inflamações da boca e da faringe

Uva-ursi Arctostaphylus uva-ursi

Ericaceae Registro Simples

Folha Inflamações renais crônicas, diarréia aguada, uretrite, cistite aguda

Valeriana Valeriana officinalis

Valerianaceae Registro Simples

Raiz e Rizoma. Taquicardia, fadiga, cefaléia, parasitoses, histeria, potente sedativo, combate a ansiedade

Verônica Dalbergia subcymosa

Scrophulariaceae

RENISUS Parte aérea Úlcera gástria, afecções pulmonares, turbeculose, afecções gastrintestinais, litíase biliar, afecções dos rins e do trato urinário inferios, litíase renal, gota

Videira Vitis vinifera Vitaceae Carvalho et al., 2008

Frutos e óleo essencial

Benéfico ao coração, antiviral, antibacteriano, laxante suave, remineralizante e nutritivo

Fonte: Elaboração própria a partir das listas Renisus, da Instrução Normativa n.5/2008 da ANVISA e da lista de espécies vegetais com registros de fitoterápicos simples presentes em Carvalho et al. (2008)

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Anexo Questionário

Questionário para a coleta de informações do CGEE que visa futura ação do Ministério

da Ciência e Tecnologia de incentivo do uso da biodiversidade brasileira para a produção de fitoterápicos.

Prezados Senhores,

O questionário a seguir visa coletar dados para um estudo que vem se

desenvolvendo pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, para subsidiar futura ação

do Ministério da Ciência e Tecnologia a qual incentivará o uso da biodiversidade

brasileira para a produção de fitoterápicos. Assim, gostaríamos de contar com a

colaboração de sua empresa através de respostas às questões formuladas. As

informações serão compiladas estatisticamente e farão parte de um relatório do CGEE.

As questões são genéricas não envolvendo informação pontual ou de caráter sigiloso. O

objetivo é levantar o estado da arte da indústria farmacêutica no país e avaliar a

possibilidade de interações com o setor acadêmico.

Muito obrigado

Informações, contatos e dúvidas:

- Consultor responsável: Professor Alberto Cardoso Arruda

- Instituição: Universidade Federal do Pará

- Contatos: [email protected]

(91) 8111-2108 (91) 3201-7436 (fone/fax – Central de Extração)

Questionário:

As questões que não forem pertinentes, deixe em branco. Se quiser faça comentários

sobre cada item no final do documento indicando o número do item.

1. Empresa:

2. CNPJ:

3. Unidade da Federação:

4. A empresa pode ser classificada como:

( )Familiar ( )Municipal ( )Estadual ( )Nacional ( )Multinacional

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5. A empresa atua no ramo farmacêutico?

( )Sim ( )Não

6. Trabalha com matéria prima vegetal?

( )Sim ( )Não

7. Tem produtos no mercado com princípios ativos de plantas?

( )Sim ( )Não

- quantos?

- quais? (opcional)

8. Tem interesse em trabalhar com matéria prima vegetal?

( )Sim ( )Não

9. Investe em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos?

( )Sim ( )Não

10. Percentualmente ao lucro, quanto é investido?

( ) menos de 1% ( )até 10% ( )até 20% ( )acima de 20%

11. Tem ou teve parcerias com universidades ou institutos de pesquisa?

( )Sim ( )Não

12. Tem interesse em firmar parcerias com o setor acadêmico?

( )Sim ( )Não

13. Tem dificuldades em atender as normas legais exigidas pela ANVISA?

( )Sim ( )Não

14. No caso de matéria prima vegetal, utiliza espécies botânicas originárias dos biomas brasileiros?

( )Sim ( )Não

Quais biomas:

( )Mata Atlântica; ( )Cerrado; ( )Caatinga; ( )Amazônia; ( )Pantanal; ( )Pampa;

15. Utiliza espécies vegetais originárias de outros países?

( )Sim ( )Não

16. Adquire matéria prima vegetal de fornecedores nacionais?

( )Sim ( )Não

17. Adquire matéria prima vegetal de fornecedores internacionais?

( )Sim ( )Não

18. Tem dificuldades com fornecedores?

( )Sim ( )Não

– quais:

19. Produz a própria matéria prima vegetal? (cultivo)

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( )Sim ( )Não

20. Realiza controle de qualidade da matéria prima vegetal comprada ou produzida?

( )Sim ( )Não

21. Tem certificação botânica das espécies vegetais utilizadas (apoio de botânicos e herbários credenciados)

( )Sim ( )Não

22. Tem licença de acesso ao patrimônio genético nacional?

( )Sim ( )Não

– este item não será divulgado por empresa somente em caráter estatístico

23. Tem dificuldade em atender as normas legais exigidas pelo CGEN?

( )Sim ( )Não

- Por favor, faça comentários sobre qualquer dos itens deste questionário ou de outros

assuntos relacionados ao tema fitoterápicos. Utilize quanto espaço for necessário.

Obrigado por sua colaboração