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Caderno Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHO PODER JUDICIÁRIO REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Nº2600/2018 Data da disponibilização: Terça-feira, 13 de Novembro de 2018. DEJT Nacional Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região ELINEY BEZERRA VELOSO Desembargadora-Presidente ROBERTO BENATAR Desembargador Vice-Presidente Rua Engenheiro Edgard Prado Arze, 191 Centro Político e Administrativo Cuiabá/MT CEP: 78049935 Telefone(s) : (65)3648-4100 STP - SECRETARIA DO TRIBUNAL PLENO Decisão Monocrática Decisão Monocrática Processo Nº MS-0000300-68.2018.5.23.0000 Relator MARIA BEATRIZ THEODORO GOMES IMPETRANTE FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO PEREIRA ADVOGADO STEPHANIE PAULA DA SILVA(OAB: 24632-O/MT) IMPETRADO MB TERCEIRIZACAO E SERVICOS LTDA IMPETRADO EMANUELE PESSATTI SIQUEIRA ROCHA TERCEIRO INTERESSADO UNIÃO FEDERAL (AGU) Intimado(s)/Citado(s): - FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO PEREIRA PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO Vistos, etc. Trata-se de mandado de segurança com pedido liminar, impetrado por FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO FERREIRA em face da decisão prolatada pela Excelentíssima Senhora Juíza do Trabalho da 7ª Vara de Cuiabá/MT, Dra. EMANUELE PESSATTI SIQUEIRA ROCHA, por meio da qual a Magistrada indeferiu pedido de tutela cautelar de arresto em desfavor da reclamada MB Terceirizações, no bojo do processo 0000490-13.2018.5.23.0006 A impetrante narra que propôs a referida reclamatória trabalhista e que o pedido cautelar de arresto incidental foi indeferido no curso do processo de conhecimento, em que pese estivessem presentes os requisitos legais para o seu provimento. Vindica a concessão de liminar, com o escopo de sustar o ato arbitrário e ilegal praticado pela Excelentíssima Juíza da 07ª Vara do Trabalho da comarca de Cuiabá/Mato Grosso, Dra. EMANUELE PESSATTI SIQUEIRA ROCHA, revogando a decisão de indeferimento da liminar, até a decisão final do presente writ. Apresenta documentos e procuração. A teor do disposto no inciso III do artigo 7º da Lei n. 12.016/09, a suspensão do ato que motivou a impetração do mandado de segurança deve ocorrer quando "houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida". Sobre os requisitos para a concessão da liminar em sede de mandado de segurança, leciona Manoel Antônio Teixeira Filho[1]: "São dois requisitos, portanto, a serem observados pelo juiz, para efeito de concessão da liminar. Esses requisitos são cumulativos. Isso significa dizer que se estiver presente apenas um deles, o juiz não estará autorizado a deferir liminarmente a providência." (grifo acrescido). Mais adiante em sua obra, o referido doutrinador destaca que é obrigação do impetrante demonstrar "a relevância do fundamento do seu pedido e que, sem a liminar, a segurança que viesse a ser concedida pela decisão se tornaria ineficaz" (sem destaque no Código para aferir autenticidade deste caderno: 126423

DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHOaplicacao.jt.jus.br/Diario_J_23.pdf · exame do agravo de petição do Embargante quanto aos demais aspectos." Como é cediço, esse comando

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  • Caderno Judicirio do Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio

    DIRIO ELETRNICO DA JUSTIA DO TRABALHOPODER JUDICIRIO REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    N2600/2018 Data da disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018. DEJT Nacional

    Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio

    ELINEY BEZERRA VELOSO

    Desembargadora-Presidente

    ROBERTO BENATAR

    Desembargador Vice-Presidente

    Rua Engenheiro Edgard Prado Arze, 191

    Centro Poltico e Administrativo

    Cuiab/MT

    CEP: 78049935

    Telefone(s) : (65)3648-4100

    STP - SECRETARIA DO TRIBUNAL PLENO

    Deciso Monocrtica

    Deciso MonocrticaProcesso N MS-0000300-68.2018.5.23.0000

    Relator MARIA BEATRIZ THEODOROGOMES

    IMPETRANTE FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJOPEREIRA

    ADVOGADO STEPHANIE PAULA DA SILVA(OAB:24632-O/MT)

    IMPETRADO MB TERCEIRIZACAO E SERVICOSLTDA

    IMPETRADO EMANUELE PESSATTI SIQUEIRAROCHA

    TERCEIROINTERESSADO

    UNIO FEDERAL (AGU)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO PEREIRA

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Vistos, etc.

    Trata-se de mandado de segurana com pedido liminar, impetrado

    por FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO FERREIRA em face da

    deciso prolatada pela Excelentssima Senhora Juza do Trabalho

    da 7 Vara de Cuiab/MT, Dra. EMANUELE PESSATTI SIQUEIRA

    ROCHA, por meio da qual a Magistrada indeferiu pedido de tutela

    cautelar de arresto em desfavor da reclamada MB Terceirizaes,

    no bojo do processo 0000490-13.2018.5.23.0006

    A impetrante narra que props a referida reclamatria trabalhista e

    que o pedido cautelar de arresto incidental foi indeferido no curso do

    processo de conhecimento, em que pese estivessem presentes os

    requisitos legais para o seu provimento.

    Vindica a concesso de liminar, com o escopo de sustar o ato

    arbitrrio e ilegal praticado pela Excelentssima Juza da 07 Vara

    do Trabalho da comarca de Cuiab/Mato Grosso, Dra. EMANUELE

    PESSATTI SIQUEIRA ROCHA, revogando a deciso de

    indeferimento da liminar, at a deciso final do presente writ.

    Apresenta documentos e procurao.

    A teor do disposto no inciso III do artigo 7 da Lei n. 12.016/09, a

    suspenso do ato que motivou a impetrao do mandado de

    segurana deve ocorrer quando "houver fundamento relevante e do

    ato impugnado puder resultar a ineficcia da medida, caso seja

    finalmente deferida".

    Sobre os requisitos para a concesso da liminar em sede de

    mandado de segurana, leciona Manoel Antnio Teixeira Filho[1]:

    "So dois requisitos, portanto, a serem observados pelo juiz, para

    efeito de concesso da liminar. Esses requisitos so cumulativos.

    Isso significa dizer que se estiver presente apenas um deles, o juiz

    no estar autorizado a deferir liminarmente a providncia." (grifo

    acrescido).

    Mais adiante em sua obra, o referido doutrinador destaca que

    obrigao do impetrante demonstrar "a relevncia do fundamento

    do seu pedido e que, sem a liminar, a segurana que viesse a ser

    concedida pela deciso se tornaria ineficaz" (sem destaque no

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 2Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    original).

    Pois bem.

    A tutela de urgncia, de natureza cautelar, indeferida pelo Juzo de

    origem, na esteira do que preconiza o art. 300 do CPC, deve ser

    concedida quando houver elementos que evidenciem a

    probabilidade do direito e o risco ao resultado til do processo.

    In casu, a sorte do mandamus foi fundamentada, basicamente,

    sobre a "situao crtica e desesperada" que se encontraria a

    empresa demandada na ao original, a qual seria grave suficiente

    para prejudicar o resultado til da reclamatria trabalhista.

    Nada obstante, com o desiderato de demonstrar a probabilidade de

    seu direito (direito lquido e certo), a parte impetrante limitou-se a

    juntar parte de matria jornalstica, com letras diminutas (IDs

    4168bc5 e e0c0b8f); uma deciso, de outro Juzo trabalhista no bojo

    de Reclamatria trabalhista distinta (que deferiu a tutela cautelar de

    arresto em caso anlogo - ID 1951b03); uma certido de existncia

    de aes em face da litisconsorte passiva (ID 8a32721) e prints de

    manifestaes de descumprimento de acordo (ID 7f739f8, fls. 2/4).

    Neste quadro, em Juzo no exauriente, vislumbro que tais

    elementos de convico no logram convencer sobre a existncia

    da probabilidade do direito, requisito da cautelar perquirida perante

    o Juzo de origem (art. 300 do CPC) e, por corolrio, da prpria

    liminar perseguida no bojo do remdio heroico sub oculis.

    Com efeito, a deciso de outro Juzo de 1 grau no vincula a

    autoridade tida por coatora, dado que inexiste hierarquia entre

    estes, sendo certo, ademais, que no h prova de que aquela tenha

    sido lanada com base em idntica argumentao e arcabouo

    probatrio.

    Demais disto, o recorte diminuto de matria jornalstica no se

    revela robusto o suficiente, para em sede liminar, ensejar a

    constrio do montante de R$ 22.000,04 (vinte e dois mil reais e

    quatro centavos) da empresa demandada, notadamente porquanto

    no consta da notcia sequer o nome da trabalhadora supostamente

    prejudicada, sendo invivel, pois, asseverar, com certeza, que se

    tratava de verdadeira empregada da empresa ora litisconsorte

    passiva.

    Para alm disto, o fato da empresa demandada na ao originria,

    constar no polo passivo de outros feitos trabalhistas no desagua

    na concluso de que insolvente, mormente quando no h provas

    de que tais processos se encontram na fase de execuo.

    Ainda, em juzo raso, verifico que, diante da existncia de fatos

    alheios vontade da litisconsorte passiva (atraso nos repasses

    pelos entes pblicos), exsurge sobremaneira gravoso a constrio

    perquirida pela parte impetrante, eis que no se pode confundir

    mera dificuldade financeira, circunstncia que as empresas

    atravessam vez ou outra, com estado de iminente insolvncia, sob

    pena de se inviabilizar a atividade do empreendedor e prejudicar,

    por via oblqua, o prprio trabalhador que depende da sade

    financeira do seu empregador.

    Em outro dizer, a tutela cautelar perquirida poderia, em tese,

    derribar a delicada situao econmica da litisconsorte passiva

    necessria e acelerar a degradao do seu equilbrio financeiro, de

    modo a forar o encerramento das atividades, fato que teria

    repercusso social absolutamente devastadora.

    Neste diapaso, ausente um dos requisitos autorizadores da

    concesso da medida de urgncia, no h que se falar no

    deferimento desta.

    Esta a jurisprudncia deste E. Regional do Trabalho, consoante

    se verifica, guisa de exemplo, da leitura do aresto abaixo

    colacionado:

    "AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANA.

    TUTELA DE URGNCIA. LIMINAR INDEFERIDA. MANUTENO

    DA DECISO. Consoante dispe o artigo 300 do CPC, a tutela

    de urgncia, tanto de natureza antecipada, quanto cautelar,

    ser concedida quando preenchidos os seguintes requisitos

    cumulativos: probabilidade do direito e o perigo de dano ou o

    risco ao resultado til do processo. Desse modo, porquanto no

    preenchidos tais requisitos a ensejar a suspenso da obrigao de

    fazer, objeto de novel ao revisional, concernente a deciso j

    transitada em julgado em Ao Civil Pblica, mantm-se a deciso

    agravada que indeferiu a liminar pleiteada. Agravo Regimental a

    que se nega provimento. (TRT da 23. Regio; Processo: 0000108-

    38.2018.5.23.0000; Data: 29/06/2018; rgo Julgador: Tribunal

    Pleno-PJe; Relator: NICANOR FAVERO FILHO) (in

    www.trt23.jus.br, negritei)

    Diante de todo o exposto, indefiro a liminar pretendida.

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 3Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    Nos termos do art. 7, I, da Lei n. 12.016/09, notifique-se a

    autoridade coatora para prestar informaes, no prazo de 10 (dez)

    dias.

    D-se cincia ao Procurador Chefe da Advocacia Geral da Unio

    em Mato Grosso sobre a presente ao, nos termos dispostos no

    art. 7, II da Lei n. 12.016/09.

    Cite-se o litisconsorte passivo identificado na pea exordial, sobre a

    impetrao do presente mandado de segurana, para, querendo,

    manifestar-se, no prazo legal de 15 (quinze) dias.

    Aps, encaminhem-se os autos douta Procuradoria do Trabalho

    para emisso de parecer, nos termos do art. 12 da Lei n. 12.016/09.

    Intime-se a parte impetrante.

    Cuiab-MT, 12 de novembro de 2018.

    MARIA BEATRIZ THEODORO GOMES

    Desembargadora do Trabalho Relatora

    [1] TEIXEIRA FILHO, Manoel Antnio. Curso de direito processual

    do trabalho. Vol. III. So Paulo: LTr, 2009. p. 2958/2959.

    Despacho

    DespachoProcesso N MS-0000139-58.2018.5.23.0000

    Relator MARIA BEATRIZ THEODOROGOMES

    IMPETRANTE IGOR JUNIOR BRUM

    ADVOGADO IGOR JUNIOR BRUM(OAB: 9097-O/MT)

    IMPETRADO JUIZ DA VARA DO TRABALHO DECOLDER-MT

    LITISCONSORTE CAMILA ROSSI

    Intimado(s)/Citado(s):

    - IGOR JUNIOR BRUM

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    D E S P A C H O

    Nos termos do acrdo de Id dd09482, o Impetrante foi dispensado

    do recolhimento das custas processuais tendo em vista que "a

    autoridade apontada como coatora acolheu a exceo de pr-

    executividade, conduta que se consubstanciava no objeto do

    mandumus".

    Deste modo, proceda a STP reviso dos autos e, no havendo

    pendncias, remetam-se ao arquivo com as cautelas de praxe.

    Publique-se.

    Cuiab-MT, 12 de novembro de 2018.

    ELINEY BEZERRA VELOSO

    Desembargadora-Presidente

    DespachoProcesso N MS-0000300-68.2018.5.23.0000

    Relator MARIA BEATRIZ THEODOROGOMES

    IMPETRANTE FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJOPEREIRA

    ADVOGADO STEPHANIE PAULA DA SILVA(OAB:24632-O/MT)

    IMPETRADO MB TERCEIRIZACAO E SERVICOSLTDA

    IMPETRADO JUZO DA 7 VARA DO TRABALHODE CUIAB-MT

    TERCEIROINTERESSADO

    UNIO FEDERAL (AGU)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - FRANCISCA LEIDEMAR DE ARAUJO PEREIRA

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 4Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Vistos etc...

    Corrijo o erro material constatado na deciso prolatada (ID 7fd3612)

    e certificado nos autos (ID 1108b88), determinando, por

    conseguinte, que onde ficou registrado "0000490-

    13.2018.5.23.0006" deve ser lido "0000766-41.2018.5.23.0007".

    Cumpra-se.

    STP - SECRETARIA DO TRIBUNAL PLENO -

    1TURMA

    Acrdo

    Acrdo DEJTProcesso N RO-0000866-92.2017.5.23.0051

    Relator EDSON BUENO DE SOUZA

    RECORRENTE ELTON JOHN MOURA NEVES

    ADVOGADO KAREN PRISCILA ROCHA(OAB:22823-O/MT)

    RECORRENTE JOSE MILTON FALAVINHA

    ADVOGADO NELIR FATIMA JACOBOWSKIGEIER(OAB: 3437/MT)

    RECORRIDO ELTON JOHN MOURA NEVES

    ADVOGADO KAREN PRISCILA ROCHA(OAB:22823-O/MT)

    RECORRIDO JOSE MILTON FALAVINHA

    ADVOGADO NELIR FATIMA JACOBOWSKIGEIER(OAB: 3437/MT)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - ELTON JOHN MOURA NEVES

    - JOSE MILTON FALAVINHA

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Identificao

    PROCESSO n 0000866-92.2017.5.23.0051 (RO)

    RECORRENTES: JOSE MILTON FALAVINHA, ELTON JOHN

    MOURA NEVES

    RECORRIDOS: JOSE MILTON FALAVINHA, ELTON JOHN

    MOURA NEVES

    RELATOR: DESEMBARGADOR EDSON BUENO

    EMENTA

    INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA CONDUZIDA

    PELA PARTE CONTRRIA. CERCEAMENTO DE DEFESA.

    INOCORRNCIA. AUSNCIA DE PROTESTO. PRECLUSO. A

    Constituio Federal consagrou o princpio do devido processo

    legal ao prever expressamente no seu inciso LIV que "ningum

    ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

    processo legal". Por sua vez, os princpios do contraditrio e

    da ampla defesa esto previstos no art. 5, inciso LV. J o

    cerceio ao direito de defesa ocorre quando h uma limitao na

    produo de provas por uma das partes, que acaba por

    prejudic-la em relao ao seu objetivo processual. Todavia,

    para que a parte tenha direito produo de quaisquer meios

    de prova, necessrio que os requeira na forma e nos

    momentos processuais previstos no sistema em vigor. No caso

    concreto, ao no registrar os 'protestos' pelo obstculo criado

    inquirio de testemunha, a parte autora no se insurgiu, no

    primeiro momento que lhe foi dado para se manifestar nos

    autos (art. 795 da CLT), razo pela qual restou preclusa sua

    oportunidade de arguir a nulidade do ato judicial, descabendo a

    alegao de cerceio de defesa em sede recursal.

    RELATRIO

    O Autor, Elton John Moura Neves, contrariado com a sentena

    proferida pela juza do trabalho substituta Ive Seidel de Souza

    Costa, em atuao na 1 Vara de Tangar da Serra-MT, que julgou

    improcedentes os seus pedidos (Id. dfea3ff), recorreu a esta

    Instncia regional alegando ocorrncia de cerceamento de defesa

    por no ter sido conhecida a sua impugnao defesa, bem como

    por no terem sido ouvidas as testemunhas conduzidas pela parte

    r e ter indeferido o seus pedidos relacionados ao acidente laboral

    (Id. e51280f).

    A R apresentou contrarrazes (Id. 42032de) e interps recurso

    adesivo com o intuito de pedir que em caso de provimento do

    recurso obreiro lhe seja oportunizado o direito produo de prova

    oral (Id. 8d61389).

    O Autor no apresentou contrarrazes, conforme comprova a

    certido de Id. 2e0df12.

    Despicienda a remessa ao MPT.

    o sinttico relatrio.

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 5Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    FUNDAMENTAO

    ADMISSIBILIDADE

    No obstante o recurso adesivo da R tenha sido interposto de

    forma condicional ao provimento do apelo obreiro, diante da

    peculiaridade do caso concreto, reconheo seu interesse em assim

    proceder, pelo que admito os recursos interpostos e das

    contrarrazes patronais, pois presentes todos os pressupostos

    processuais intrnsecos e extrnsecos de admissibilidade recursal.

    Preliminar de admissibilidade

    Concluso da admissibilidade

    MRITO

    RPLICA EXTEMPORNEA. CERCEAMENTO DE DEFESA

    O Autor insurgiu-se em face da deciso do Juzo de origem que

    determinou a excluso da sua rplica defesa. Alegou que embora

    a petio tenha sido protocolada intempestivamente, "no cabe ao

    Magistrado valorar a defesa e documentos e desconsiderar todas as

    demais provas juntadas aos autos, como no caso em tela, que

    prejudicou a realizao da instruo" (Id. e51280f - p. 8). Nestes

    termos, afirmou que a determinao da Magistrada de excluir a sua

    impugnao cerceou o seu direito de impugnar os documentos

    apresentados pela Recorrida.

    Pois bem.

    A Constituio Federal consagrou o princpio do devido processo

    legal ao prever expressamente no seu art. 5, inciso LIV, que

    "ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

    processo legal", bem como o mesmo artigo, no inciso LV, assegura

    o contraditrio e a ampla defesa, in verbis:

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

    acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa,

    com os meios e recursos a ela inerentes.

    J o cerceio ao direito de defesa ocorre quando h uma limitao na

    produo de provas por uma das partes, que acaba por prejudic-la

    em relao ao seu objetivo processual, o que implica, em

    consequncia, violao ao disposto no inciso LV do artigo 5 da

    Carta Magna.

    Qualquer obstculo que impea uma das partes de se defender da

    forma legalmente permitida gera o cerceamento de sua defesa,

    causando a nulidade do ato inquinado de vcio e daqueles

    produzidos posteriormente, por violar os princpios constitucionais

    do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditrio.

    No obstante, no processo do trabalho s h nulidade quando dos

    atos viciados resultar manifesto prejuzo s partes. Com efeito, em

    se tratando de nulidades processuais, incide o contedo normativo

    do art. 794 da CLT, consoante o qual s ser declarada a ineficcia

    do ato se ele acarretar manifesto prejuzo para o litigante.

    Ante a digresso supra, passo a anlise dos fatos.

    Na inicial, o Autor alegou que sofreu acidente em mbito laboral e

    requereu diversas parcelas decorrentes deste infortnio. Pleiteou,

    tambm, adicional de periculosidade com o argumento de que

    trabalhava habitualmente em contato com eletricidade.

    A R, em defesa, rechaou as alegaes contidas na inicial.

    Na audincia realizada no dia 5 de abril de 2018 o Juiz de origem,

    ao verificar que a impugnao defesa foi juntada aos autos de

    forma extempornea, determinou a sua excluso dos autos, sob

    protestos do Autor.

    Em que pese a CLT no preveja a possibilidade de manifestao

    sobre a defesa, deve ser oferecido parte contrria oportunidade

    de impugnar a contestao, sob pena de cerceamento de defesa.

    No entanto, a ausncia de rplica no induz, necessariamente, o

    reconhecimento de que as afirmaes contidas na pea

    contestatria so verdicas.

    E, no caso ora em anlise, no se constata no teor do decisum que

    a improcedncia de quaisquer dos pedidos contidos na inicial se

    deu pela apresentao extempornea da impugnao defesa,

    mas sim pela ausncia de provas que levassem convico do

    juzo.

    Nestes termos, no prospera a alegao de cerceamento de

    defesa, at mesmo porque, uma vez oportunizado o direito parte

    de apresentar manifestao, deveria faz-la no prazo legal, sob

    pena de no conhecimento da pea processual.

    Nego provimento.

    ACIDENTE DE TRABALHO. OITIVA DE TESTEMUNHAS DA

    PARTE CONTRRIA. REALIZAO DE PERCIA MDICA.

    CERCEAMENTO DE DEFESA

    Uma vez que a Magistrada de origem constatou que o Autor no se

    desvencilhou de seu nus de comprovar a ocorrncia de acidente

    em mbito laboral, indeferiu a elaborao de prova mdico-pericial,

    bem como indeferiu a oitiva de testemunhas conduzidas pela parte

    R, sob protestos da Empresa. Nestes termos, ju lgou

    improcedentes os pedidos de pagamentos de indenizaes e

    compensaes relacionadas ao infortnio.

    O Autor, inconformado, alegou em seu recurso que a deciso da

    Julgadora de origem cerceou o seu direito de defesa, na medida em

    que o indeferimento da oitiva de testemunhas da Recorrida impediu

    a apurao da verdade dos fatos. Destacou que "Se o Recorrente

    alegou na exordial, que informou ao sr. Ozias do acidente, bem

    como, a Recorrida confirma que o Sr. Ozias era o encarregado do

    Recorrente naquele dia, era necessrio a oitiva do mesmo para

    apurar os fatos alegados, pois era o superior hierrquico do

    Recorrente e a nica pessoa que foi informado no momento do

    acidente pelo Recorrente que havia tomado um choque e cado, o

    qual determinou o retorno ao trabalho, e presenciou o segundo

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 6Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    choque."

    Afirmou que "o senhor Ozias s no foi arrolado como testemunha

    pelo Recorrente porque aps o acidente foi dispensado pelo

    Recorrido. O Recorrente por diversas vezes buscou informao a

    respeito do paradeiro de Ozias e todas as tentativas foram em vo,

    j que ele alm de no trabalhar mais na empresa, tambm no

    mora mais no Estado. Tomando conhecimento em audincia de

    instruo de que o encarregado seria ouvido por Carta Precatria."

    (Id. e51280f - pp. 13/17)

    Nestes termos, pediu a reforma da deciso para que fosse

    reconhecida a existncia de acidente em mbito laboral e a R

    condenada no pagamento de indenizao por danos materiais e

    compensao por dano moral.

    Em exame.

    O Autor alegou na inicial que sofreu acidente em mbito laboral no

    dia 25.4.2017, quando estava em cima de um andaime

    manuseando um martelete eltrico, ocasio em que "recebeu uma

    descarga eltrica e foi arremessado de costas no cho a uma altura

    de aproximadamente 2.80 mts". Constou, ainda, que "o

    encarregado OZIAS acompanhou ao Sr. Elton at o local em que

    aconteceu o acidente, emendou o cabo do martelete que havia

    estourado com a descarga eltrica e mandou que o Sr. Elton

    voltasse a trabalhar, momento em que levou a segunda descarga

    eltrica, esta NA PRESENA DO ENCARREGADO." (4d0bde3 - pp.

    3/4).

    A R, por seu turno, negou a ocorrncia de acidente em mbito

    laboral.

    Na audincia de instruo, foi ouvido apenas o sr. Fbio Brando da

    Silva como informante, uma vez que foi acolhida a contradita

    apresentada pela R. Em seu relato, afirmou o seguinte:

    "(...) que no dia do suposto acidente, estava na Fazenda Furnas;

    que ficou sabendo do acidente pelos "pees" que falaram no rdio,

    que um menino sofreu acidente, e, depois, descobriu que era o

    reclamante; que no viu o acidente. (...) que s ouviu esse

    comentrio de que o reclamante havia sofrido acidente; (...) Que j

    foi ao local que, em tese, aconteceu o acidente, e diz que tem um

    buraco perto da prensa, acessvel por escada; que no sabe a

    altura da sala, mas o buraco tem uns trs metros. s perguntas da

    advogada da r, disse: que esse buraco era uma sala cimentada;

    que ouviu sobre o acidente, pelo rdio, no mesmo dia, na hora de ir

    embora, mas no se recorda o dia." (Id. f48aa9d - p. 4).

    Consta da ata de audincia que a Empresa pretendia ouvir o sr.

    Ozas, sr. Cludio e sr. Nerivaldo "para provar a inocorrncia do

    acidente de trabalho e estiveram na presena do reclamante antes

    e depois do expediente", o que foi indeferido, sob protestos da parte

    r, uma vez que o nus de prova do acidente era do Autor, o qual

    no se desincumbiu (Id. f48aa9d - p. 4).

    De acordo com o art. 369 do CPC, "as partes tm o direito de

    empregar todos os meios legais, bem como os moralmente

    legtimos (...) para provar a verdade dos fatos em que se funda o

    pedido ou a defesa e influir eficazmente na convico do juiz."

    Portanto, compete ao Juzo assegurar s partes o direito ampla

    defesa.

    Lado outro, nos termos do art. 795 da CLT, as nulidades no sero

    declaradas seno mediante provocao das partes, as quais

    devero argui-las primeira vez em que tiverem de falar em

    audincia ou nos autos.

    Sem o registro do inconformismo (chamado de "protesto" no jargo

    dos operadores do direito no mbito da Justia do Trabalho) na

    primeira oportunidade que teve o Recorrente de falar em audincia

    operou-se a precluso, o que veda o exame da matria neste

    momento processual.

    Por no ter o Autor protestado o indeferimento das provas orais, no

    momento processual adequado, ainda que as testemunhas tenham

    sido conduzidas pela parte R, operou-se a precluso do direito de

    suscitar cerceamento de defesa, motivo pelo qual no h se falar

    em nulidade da sentena por cerceamento ao direito de defesa.

    Nestes termos, noto que ao Autor foi franqueada a oportunidade de

    provar suas alegaes, contudo no se desvencilhou do encargo de

    provar a ocorrncia do alegado acidente, o que deve preceder a

    designao de percia mdica para averiguar a relao com o

    trabalho realizado. No h sentido em se designar percia para

    avaliar incapacidade decorrente de acidente que no restou

    evidenciado nos autos.

    Neste sentido, colaciono os seguintes precedentes do c. TST:

    "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

    I N C O M P L E T A F U N D A M E N T A O D O D E S P A C H O

    DENEGATRIO. NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE

    DEFESA. PERCIA. ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAO

    POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Impe-se dar provimento ao

    agravo quando razovel a tese de afronta ao artigo 5, LV, da

    CRFB/88. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE REVISTA.

    NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.

    PERCIA. O laudo pericial tem como fim esclarecer a realidade dos

    fatos, sendo este um auxiliar da justia, quando a prova depender

    de conhecimento tcnico ou cientfico (artigo 32 combinado com o

    145, ambos do CPC). Ressalto que a prova realizada nos autos do

    processo se destina ao convencimento do Juiz, e no da parte

    (artigo 130 do CPC, aplicado subsidiariamente por fora do artigo

    769 da CLT).Inexiste o cerceio de defesa quando o Juiz, de

    acordo com o conjunto probatrio existente nos autos, utiliza-

    se do seu poder de livre convencimento e de direo do

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 7Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    processo, dispensando prova que entende desnecessria ao

    esclarecimento da lide. Recurso de revista no conhecido.(...)."

    RR - 822-32.2013.5.24.0101 , Relator Desembargador Convocado:

    Gilmar Cavalieri, Data de Julgamento: 04/02/2015, 2 Turma, Data

    de Publicao: DEJT 13/03/2015. Grifos acrescidos.

    "RECURSO DE REVISTA. (...) 2. CERCEAMENTO DE DEFESA.

    INDEFERIMENTO DE PRODUO DE PROVA TESTEMUNHAL E

    DE NOVA PROVA PERICIAL.A determinao ou o indeferimento

    da produo de prova constituem prerrogativas do Juzo, com

    esteio nos arts. 130 e 131 do CPC e 765 da CLT. Logo, no h

    nulidade a ser declarada, com base no art. 5, LV, da

    Constituio Federal, quando o indeferimento da percia

    encontra lastro no estado instrutrio dos autos.Recurso de

    revista no conhecido." (...). RR - 141900-11.2010.5.17.0005 ,

    Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de

    Julgamento: 08/04/2015, 3 Turma, Data de Publicao: DEJT

    17/04/2015. Grifos acrescidos.

    Por todo o exposto, entendo que no restou configurado o

    cerceamento de defesa no caso em exame e, por esta razo, nego

    provimento ao recurso do Autor.

    No tendo havido acolhimento da tese recursal obreira, fica

    prejudicada a anlise do recurso da R.

    CONCLUSO

    Diante do exposto, conheo dos recursos ordinrios de ambas as

    partes e das contrarrazes patronais. No mrito, nego provimento

    ao apelo obreiro, ficando prejudicada a anlise do recurso da R,

    nos termos da fundamentao supra, que integra a presente

    concluso para todos os efeitos legais.

    ACRDO

    Cabealho do acrdo

    Acrdo

    ISSO POSTO:

    A Egrgia Primeira Turma de Julgamento do Tribunal Regional do

    Trabalho da 23 Regio na 32 Sesso Ordinria, realizada nesta

    data, DECIDIU, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinrios

    de ambas as partes e das contrarrazes patronais. No mrito, negar

    provimento ao apelo obreiro, ficando prejudicada a anlise do

    recurso da R, nos termos do voto do Desembargador Relator,

    seguido pelos Desembargadores Roberto Benatar e Tarcsio

    Valente.

    A advogada Tssia de Azevedo Borges, por meio de

    videoconferncia do Foro Trabalhista de Tangar da Serra, declinou

    do pedido de sustentao oral, formulado em defesa do Ru.

    Obs.: Ausente, em gozo de licena para tratamento da prpria

    sade, o Exmo. Desembargador Bruno Weiler. O Exmo.

    Desembargador Tarcsio Valente presidiu a sesso.

    Sala de Sesses, tera-feira, 6 de novembro de 2018.

    (Firmado por assinatura digital, conforme Lei n. 11.419/2006)

    Assinatura

    Desembargador EDSON BUENO

    Relator

    DECLARAES DE VOTO

    Acrdo DEJTProcesso N RO-0000552-78.2017.5.23.0009

    Relator EDSON BUENO DE SOUZA

    RECORRENTE MARCELO MARSANGO

    ADVOGADO ANTONIO PAULO CABRALJUNIOR(OAB: 19760-O/MT)

    RECORRIDO ENERGISA MATO GROSSO -DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

    ADVOGADO YURI FLORES DA CUNHAFREITAS(OAB: 23024-O/MT)

    ADVOGADO Luiz Fernando Wahlbrink(OAB:8830/MT)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE ENERGIAS.A.

    - MARCELO MARSANGO

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Identificao

    PROCESSO n 0000552-78.2017.5.23.0009 (RO)

    RECORRENTE: MARCELO MARSANGO

    RECORRIDO: ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE

    ENERGIA S.A.

    RELATOR: DESEMBARGADOR EDSON BUENO

    EMENTA

    AUSNCIA DE NEXO CAUSAL. DOENA OCUPACIONAL NO

    CARACTERIZADA. No caso em comento, o laudo pericial

    mdico concluiu pela inexistncia de nexo de causalidade ou

    concausalidade entre as leses na coluna do Autor e as

    atividades realizadas na R, por tratar-se de alteraes

    degenerativas, sem qualquer relao com a atividade laboral

    desenvolvida. Assim, evidenciado que o Autor no foi

    acometido de doena ocupacional, no procedem os pleitos de

    pagamento de indenizao substitutiva do perodo estabilitrio

    e de compensao por dano moral, afastando-se, na hiptese,

    a responsabilidade civil do empregador.

    RELATRIO

    A juza do trabalho substituta Eliane Xavier de Alcantara, em

    atuao na 9 Vara do Trabalho de Cuiab, proferiu sentena (Id.

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    e1ce1f9), em cujo corpo julgou improcedentes os pedidos

    deduzidos na petio inicial. Ao final, concedeu ao Autor os

    benefcios da justia gratuita.

    O Autor interps recurso ordinrio (Id. 71277a3), por meio do qual

    postulou a condenao da R no pagamento de indenizao

    substitutiva do perodo de estabilidade provisria e de compensao

    por dano moral decorrente de doena ocupacional.

    A R apresentou contrarrazes sob Id. 508c384.

    Os autos no foram encaminhados ao Ministrio Pblico do

    Trabalho por no versarem norma de interesse pblico e, tambm,

    ante a faculdade disciplinada no inciso II do artigo 46 do Regimento

    Interno deste Regional.

    o breve relatrio.

    FUNDAMENTAO

    ADMISSIBILIDADE

    Esto presentes, no caso concreto, todos os pressupostos

    processuais intrnsecos e extrnsecos de admissibilidade recursal,

    pelo que conheo do recurso ordinrio interposto pelo Autor, bem

    assim das contrarrazes ofertadas.

    Preliminar de admissibilidade

    Concluso da admissibilidade

    MRITO

    DOENA OCUPACIONAL. COMPENSAO POR DANO

    MORAL. ESTABILIDADE PROVISRIA

    A Magistrada de origem no reconheceu a ocorrncia de doena

    ocupacional, sob o fundamento de que a prova pericial evidenciou a

    inexistncia de nexo causal ou concausal entre a molstia do Autor

    e o labor prestado em benefcio da R.

    O Autor, inconformado, manejou seu apelo para pedir a reforma da

    sentena neste ponto, sob o argumento, em sntese, de que durante

    a relao contratual se afastou por mais de 15 dias do labor,

    conforme documento trazido junto pea de ingresso, e que a

    doena constatada foi, no mnimo, agravada pelos servios

    prestados R, razo pela qual faz jus ao recebimento de

    indenizao substitutiva do perodo estabilitrio e de compensao

    por dano moral.

    Vejamos.

    Os elementos constantes nos autos demonstraram que, no final do

    ano de 2015, o Autor comeou a sentir dores na sua regio lombar,

    tendo sido confirmado posteriormente, aps consulta com

    ortopedista e realizao de exame de ressonncia magntica, que

    havia sido acometido de 'hrnia de disco dorsal T10-11'. Em razo

    da molstia verificada, foi recomendado que se afastasse do labor

    por 90 dias, conforme atestado mdico datado de 19.01.2016 (Id.

    8d9a668).

    Ressalta-se que o Autor havia sido dispensado sem justa causa no

    dia 6.01.2016, com dispensa do cumprimento do aviso prvio. No

    entanto, ante a notcia da enfermidade, a R optou pela

    manuteno do contrato de trabalho e, aps o obreiro ser

    examinado pela mdica da empresa, foi concedida licena para

    tratamento da sua sade no perodo de 6.01.2016 a 22.01.2016.

    Findo o prazo da licena, houve alterao da funo do Autor, que

    passou a desenvolver atividades administrativas, sendo dispensado

    posteriormente, no dia 6.10.2016.

    Em sua pea de ingresso, o Acionante relatou que a hrnia de disco

    dorsal desenvolvida tem relao com a atividade desempenhada na

    R, em razo do esforo despendido para carregar uma escada de

    aproximadamente 20 quilos utilizada para fazer as leituras em

    medidores de energia, bem como dos movimentos repetitivos de

    subir e descer a escada mvel. Salientou que fazia em mdia 400

    leituras dirias.

    Considerando que os primeiros sintomas da patologia que

    acometeu o Autor se iniciaram no ano final do ano de 2015, ou seja,

    ao longo do contrato de trabalho firmado com a Demandada, foi

    determinada a produo de prova pericial, com o intuito de se

    averiguar eventual incapacidade laborativa e se a molstia decorreu

    das atividades realizadas em prol do empregador.

    Registro que na audincia de instruo foi colhido o depoimento

    pessoal do Autor e ouvida uma testemunha, cujos trechos mais

    relevantes transcrevo abaixo:

    Depoimento do Autor

    "[...] Que tinha que subir nas escadas para fazer a leitura no posto

    de 40 a 70 vezes por dia; que a escada pesava cerca de 20kg; que

    comeou a sentir dores no fim de outubro de 2015; que depois de

    procurar mdicos foi constatado que o autor tem hernia de disco

    dorsal; que o depoente utilizava joelheira, cotoveleiras, capacete e

    luvas para andar de moto e nunca recebeu protetor de coluna. Nada

    mais."

    s perguntas formuladas pelo(a) patrono(a) da reclamada,

    respondeu:"Que nunca trabalhou antes de trabalhar na r; que

    nunca sofreu acidente de carro ou moto; que no exame admissional

    foi perguntado ao depoente se havia sofrido acidente e o

    reclamante afirmou que j tinha sofrido acidentes leves de moto,

    com escoriaes mas nunca teve fratura; que no confirma as

    informaes constantes do relatrio mdico admissional em que

    consta que o sofreu 05 acidentes de moto e um acidente de carro;

    que o depoente afirma que sofreu dois acidentes de moto com

    escoriaes leves; que nunca trabalhou como chapa e office boy ou

    servente de pedreiro; que trabalhou numa serralheria para ajudar

    em uma empresa do tio do reclamante, varrendo e atendendo

    pessoas; que a escada que usava era de metal mas no sabe

    afirmar se era alumnio e tinha 03m de altura, tendo que agachar

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 9Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    para pegar a escada; que quando foi contratado o depoente saiu

    com um outro funcionrio mais experiente para aprender a fazer a

    leitura. trabalhando a p, depois passou a ser motoqueiro, fazendo

    servios utilizando-se da escada; que atualmente no est

    trabalhando, nem informalmente.Nada mais."." (Id. 9d103f1 - p. 1)

    Testemunha Fbio Henrique da Silva Boaventura

    "[...] Que trabalhou na r de 01/12/2010 a 20/12/2016, fazendo

    leitura; que trabalhava com moto; que utilizava escada de fibra que

    pesava 16/17/20kg; que tinha que utilizar a escada de 07 a 10

    vezes por dia em dias de menor movimento e 20 a 30 vezes em

    dias de maior movimento; que para fechar a escada com o tempo

    ela fica mais difcil e tem que agachar para fechar at embaixo.

    Nada mais."

    s perguntas formuladas pelo(a) patrono(a) do(a) reclamante,

    respondeu:"Que a quantidade de vezes em que a escada era

    utilizada varia de bairro para bairro; que no h premio para o

    funcionrio que faz mais leituras; que existe um ranking de quem

    fez mais leituras; que o depoente fazia de 6.000 a 8.000,00 leituras

    por ms; que a mdia de leitura por dia de 390 a 600 por dia.

    Nada mais."

    s perguntas formuladas pelo(a) patrono(a) do(a) reclamado(a),

    respondeu:"Que a escada mede 3 metros aberta; que a escada de

    eletricista mede 11m aberta; que no sabe dizer quanto pesava a

    escada de eletricista; que o peso que descreve por suposio;

    que quando fez exame admissional fez uma entrevista e relatou a

    sua vida profissional antes de entrar na r; que no incio o depoente

    fazia a leitura p, durante um ano e depois o depoente sempre

    utilizou escada; que atualmente est trabalhando. Nada mais." (Id.

    9d103f1 - p. 2)

    O laudo pericial mdico (Id. 6632bce), por seu turno, concluiu pela

    inexistncia de nexo de causalidade entre as leses do Recorrente

    e as atividades realizadas na empresa, por tratar-se de alteraes

    degenerativas e no passveis de desenvolvimento em apenas em 2

    anos de trabalho, acrescentando que o Autor "durante o seu labor

    no realizava atividades que envolviam a sobrecarga de sua coluna,

    pois o manuseio de uma escada de 15kg (retirada da moto e

    colocao no poste e recolocao na moto), 10 vezes ao dia em

    uma jornada de 8 hs no leva a sobrecarga em sua coluna dorsal

    ou lombar." (Id. 6632bce - p. 12)

    Quanto capacidade laborativa, o Expert consignou que esta

    encontra-se inalterada para as atividades que no exijam

    sobrecarga de sua coluna torcica, inclusive para a funo antes

    exercida de 'leiturista'.

    Pois bem.

    No que tange ao argumento de que o afastamento do Autor se deu

    por mais de 15 dias e que, por esse motivo, deveria ter recebido

    auxlio-doena, observo que, de fato, no ms de janeiro de 2016, o

    obreiro se afastou por 17 dias (6 a 22.01.2016) e teria direito

    percepo do referido benefcio a partir do 16 dia (art. 60 da Lei n.

    8.213/91). Contudo, certo que para tanto o prprio trabalhador

    deveria ter solicitado o seu recebimento ao INSS, haja vista que o

    empregador no possui a obrigao de realizar o requerimento em

    questo, sendo apenas uma faculdade, a teor do disposto no art. 76

    -A do Decreto n. 3.048/99.

    Outrossim, no que se refere alegao de que a Acionada

    negligenciou o atestado mdico de 90 dias emitido por mdico

    particular e no deu a menor assistncia ao Autor, verifico que, na

    realidade, ao tomar cincia da molstia obreira, a R submeteu o

    trabalhador a avaliao mdica realizada por profissional da

    empresa, que constatou a desnecessidade de afastamento to

    prolongado, e solicitou a alterao de sua funo, com o propsito

    justamente de preservar a sua higidez fsica. Logo, no se h falar

    em postura negligente da R.

    J no que diz respeito suposta reduo da capacidade laborativa

    e alegao de que a doena teria sido agravada pelas atividades

    desempenhadas na R, o laudo pericial mdico foi conclusivo no

    sentido de que no foi verificada incapacidade para o trabalho e que

    a realizao da funo de 'leiturista' pelo Autor no causou,

    tampouco agravou, as leses verificadas na sua coluna. Seno

    vejamos:

    "O reclamante trabalhou com leiturista de energia eltrica por

    aproximadamente 2 anos e 8 meses refere que para seu trabalho

    utilizava uma moto para seu deslocamento e utilizava uma escada

    eventualmente para poder ver melhor as leituras (pelo menos 10x

    ao dia). De acordo com dados fornecidos nos autos pela reclamada

    a escada pesa 15Kg.

    Apresenta nos autos exames de ressonncia magntica dos anos

    de 2015 e 2017 que so claros em demonstrar a presena de

    alteraes degenerativas (no traumticas) em toda coluna dorsal

    do reclamante. Importante frisar que tais alteraes no so

    passivei de desenvolvimento em apenas 2 anos e oito meses de

    trabalho.

    O reclamante durante o seu labor no realizava atividades que

    envolviam a sobrecarga de sua coluna, pois o manuseio de uma

    escada de 15kg (retirada da moto e colocao no poste e

    recolocao na moto), 10 vezes ao dia em uma jornada de 8 hs no

    leva a sobrecarga em sua coluna dorsal ou lombar.

    Atualmente refere no sentir dores em sua coluna caso no haja

    sobrecarga da mesma, bem como refere que realiza atividades

    fsicas regulares (caminhada 3x na semana)

    Assim aps o estudo dos autos, dos exames de imagem

    apresentados e principalmente aps o exame clinico por mim

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 10Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    realizado durante a percia mdica, posso concluir que o reclamante

    em questo portador de dorsalgia ao esforo (CID M54) em

    virtude de alteraes degenerativas de sua coluna torcica, no

    estabelecendo assim nexo de causalidade ou concausalidade entre

    a doena e o trabalho por ele realizado para a reclamada.

    No tocante a capacidade laborativa a mesma encontra-se inalterada

    para atividades que no exijam sobrecarga de sua coluna torcica,

    devendo o mesmo evitar atividades que exijam sobrecarga em sua

    coluna torcica." (Id. 6632bce - pp. 12/13)

    Vale destacar que, embora o Perito tenha assinalado que as

    alteraes na coluna do Acionante no seriam passveis de

    desenvolvimento em 2 anos e 8 meses, certo que tais leses

    foram verificadas com apenas 1 ano e 10 meses de labor (em

    dezembro/2015), evidenciando ainda mais a inexistncia de nexo de

    causalidade ou concausalidade entre a patologia e as atividades

    realizadas na empresa, mormente porque o prprio Autor informou

    ao Expert que utilizava a escada, em mdia, apenas 10 vezes por

    dia em uma jornada de 8 horas, e no 30 vezes como alegado na

    pea recursal.

    Por fim, entendo que no merece prosperar a irresignao obreira

    referente percia mdica, uma vez que esta se revelou satisfatria,

    pois levou em considerao os exames e atestados mdicos

    juntados aos autos, bem como o seu histrico profissional e,

    especificamente, as atividades realizadas na R e o ambiente de

    trabalho em que se ativava.

    O histrico profissional e mdico do Autor foi consignado no laudo

    de forma minuciosa, do mesmo modo que os exames fsicos

    realizados por ocasio da percia.

    O Expert ainda pontuou sobre as condies de trabalho do Autor,

    bem como quanto inexistncia de nexo causal e de incapacidade

    laborativa para as atividades que no exijam sobrecarga de sua

    coluna torcica, como as realizadas na Recorrida.

    De tal modo, evidenciado que o Autor no foi acometido de doena

    ocupacional, no h como se reconhecer que no momento da sua

    dispensa estava acobertado pela estabilidade provisria prevista no

    art. 118 da Lei n. 8.213/91, no fazendo jus, por conseguinte,

    indenizao substitutiva do perodo estabilitrio.

    Igualmente no procede o pleito de pagamento de compensao

    por dano moral, porquanto demonstrada a inexistncia de nexo

    causal ou concausal entre a enfermidade adquirida pelo Autor e sua

    atividade laborativa, afastando-se, na hiptese, a responsabilidade

    civil do empregador.

    Logo, ante a ausncia de provas nos autos que amparem a tese

    obreira quanto ocorrncia de molstia ocupacional, mantenho

    inclume a deciso objurgada.

    Nego provimento.

    Item de recurso

    CONCLUSO

    Diante do exposto, conheo do recurso ordinrio interposto pelo

    Autor, bem como das contrarrazes ofertadas, e, no mrito, nego-

    lhes provimento, nos termos da fundamentao supra que integra

    esta concluso para todos os efeitos legais.

    ACRDO

    Cabealho do acrdo

    Acrdo

    ISSO POSTO:

    A Egrgia Primeira Turma de Julgamento do Tribunal Regional do

    Trabalho da 23 Regio na 32 Sesso Ordinria, realizada nesta

    data, DECIDIU, por unanimidade, conhecer do recurso ordinrio

    interposto pelo Autor, bem como das contrarrazes ofertadas e, no

    mri to, negar- lhes provimento, nos termos do voto do

    Desembargador Relator, seguido pelos Desembargadores Roberto

    Benatar e Tarcsio Valente.

    Obs.: Ausente, em gozo de licena para tratamento da prpria

    sade, o Exmo. Desembargador Bruno Weiler. O Exmo.

    Desembargador Tarcsio Valente presidiu a sesso.

    Sala de Sesses, tera-feira, 6 de novembro de 2018.

    (Firmado por assinatura digital, conforme Lei n. 11.419/2006)

    Assinatura

    Desembargador EDSON BUENO

    Relator

    DECLARAES DE VOTO

    Acrdo DEJTProcesso N RO-0000634-30.2017.5.23.0003

    Relator EDSON BUENO DE SOUZA

    RECORRENTE UNIMED CUIABA COOPERATIVA DETRABALHO MEDICO

    ADVOGADO JOSE MORENO SANCHESJUNIOR(OAB: 4759/MT)

    ADVOGADO TARYNI MARCELLY MORENO DEASSUNCAO TENUTA(OAB:11993/MT)

    RECORRENTE SEBASTIAO PINTO DA COSTA

    ADVOGADO PAULO ANTONIO GUERRA(OAB:16276/MT)

    ADVOGADO MARCEL LUERSEN(OAB: 14419-O/MT)

    RECORRIDO SEBASTIAO PINTO DA COSTA

    ADVOGADO PAULO ANTONIO GUERRA(OAB:16276/MT)

    ADVOGADO MARCEL LUERSEN(OAB: 14419-O/MT)

    RECORRIDO UNIMED CUIABA COOPERATIVA DETRABALHO MEDICO

    ADVOGADO JOSE MORENO SANCHESJUNIOR(OAB: 4759/MT)

    ADVOGADO TARYNI MARCELLY MORENO DEASSUNCAO TENUTA(OAB:11993/MT)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - SEBASTIAO PINTO DA COSTA

    - UNIMED CUIABA COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 11Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Identificao

    PROCESSO n 0000634-30.2017.5.23.0003 (RO)

    RECORRENTES: SEBASTIO PINTO DA COSTA, UNIMED

    CUIAB COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO

    RECORRIDOS: SEBASTIO PINTO DA COSTA, UNIMED

    CUIAB COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO

    RELATOR: DESEMBARGADOR EDSON BUENO

    EMENTA

    ESTABILIDADE PROVISRIA. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA

    SEM JUSTA CAUSA. INDENIZAO. A estabilidade provisria

    prevista no art. 10, inciso II, alnea "a", do ADCT, tem o intuito

    de garantir, ao empregado eleito membro da CIPA, o exerccio

    regular do seu mandato, a fim de que possa desempenhar suas

    funes livre de presses ou represlias por parte do

    empregador. Isso porque a finalidade das comisses internas

    de preveno de acidentes a fiscalizao das instalaes do

    estabelecimento empresarial de forma a impossibilitar a

    ocorrncia de imprevistos causadores de acidentes de

    trabalho. Mais ainda: em consonncia com a jurisprudncia do

    TST, devida a indenizao substitutiva pleiteada pelo

    empregado cipeiro que dispensado sem justa causa dentro

    do perodo em que portador da garantia de emprego, mesmo

    que no tenha pedido de reintegrao ao emprego.

    RELATRIO

    O juiz do trabalho substituto Luiz Fernando Leite da Silva Filho,

    em exerccio na 3 Vara do Trabalho de Cuiab, proferiu sentena

    Id. 63906d7, na qual julgou improcedentes os pedidos formulados

    na petio inicial, no obstante tenha reconhecido a estabilidade

    provisria do Autor membro de CIPA.

    O Autor, insatisfeito, recorreu da sentena (Id. a326fd6), pugnando

    pelo pagamento da indenizao relativa ao perodo de estabilidade

    provisria reconhecido na deciso.

    O Ru interps recurso adesivo (Id. 0478ccc) asseverando que o

    Autor no comprovou ser beneficirio de estabilidade provisria.

    As partes apresentaram contrarrazes (Id. 0478ccc e Id. d6e7f13).

    Os autos no foram encaminhados ao Ministrio Pblico do

    Trabalho, porque no h discusso jurdica envolvendo interesse

    pblico primrio e, tambm, ante a faculdade disciplinada no inciso

    II do artigo 46 do Regimento Interno deste Regional.

    , em sntese, o relatrio.

    FUNDAMENTAO

    ADMISSIBILIDADE

    Estando presentes, no caso concreto, todos os pressupostos

    processuais intrnsecos e extrnsecos de admissibilidade recursal,

    conheo dos recursos interpostos, bem como das contrarrazes

    oferecidas.

    Preliminar de admissibilidade

    Concluso da admissibilidade

    MRITO

    RECURSO DE AMBAS AS PARTES

    ESTABILIDADE PROVISRIA. MEMBRO DE CIPA

    O julgador a quo proferiu sentena reconhecendo a estabilidade

    provisria do Autor membro de Cipa, julgando improcedente,

    contudo, o pedido de pagamento da indenizao substitutiva sob o

    fundamento de que o empregado no pleiteou a reintegrao ao

    emprego.

    O Autor, insatisfeito, recorreu alegando que "as circunstncias em

    que se deram a demisso do Recorrente, a reintegrao deste

    ltimo ao labor invivel." Asseverou, ainda, em suas razes

    recursais, que "a Recorrida para no ter mais o Recorrido em seus

    quadros de funcionrios, fraudou o sistema eleitoral para os cargos

    da CIPA, tentando simular a inexistncia da inscrio do Obreiro em

    data anterior a sua demisso, e consequentemente impedir que sua

    estabilidade fosse reconhecida. Estes fatos falam de per si e so

    suficientes para demonstrar que o Obreiro no era mais bem-vindo

    na empresa r, ao ponto de ter sido demitido ilegalmente. Ora

    nobres julgadores, o retorno do Recorrente ao labor s causaria

    constrangimento ao mesmo e a prpria Recorrida, que apesar de

    sua grandeza econmica, sujeitou-se a tomar vis atitudes para

    impedi-lo de continuar na empresa ora Recorrida. Diante disto,

    fato que o retorno do Obreiro empresa r sujeit-lo-ia a uma

    situao de profunda insatisfao, afinal de comezinho que causa

    enorme desconforto emocional trabalhar em um local que

    sabidamente todos no o querem l." Defendeu, por fim, o direito ao

    recebimento de indenizao substitutiva independente de pedido de

    reintegrao ao emprego.

    A R, por sua vez, tambm recorreu pugnando pela declarao de

    inexistncia de estabilidade provisria do empregado tendo em vista

    que no foi formalmente informada da inscrio do Autor para

    concorrer a cargo de dirigente da CIPA.

    Examino.

    O Autor narrou na petio inicial que foi admitido em 07/10/2013

    para exercer a funo de controlador de estacionamento e

    Estoquista, e que foi eleito como representante dos empregados na

    Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA, para gesto

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 12Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    de janeiro a dezembro de 2015, detendo estabilidade provisria no

    emprego at 31/12/2016.

    Relatou dispensa sem justa causa em 21/11/2016 e alegou ser

    invivel a reintegrao no emprego em razo da animosidade

    existente no ambiente de trabalho, postulando pelo pagamento de

    indenizao substitutiva.

    Em contestao, a R impugnou as alegaes trazidas na exordial,

    asseverando que no teve conhecimento de candidatura do Autor a

    membro da CIPA, defendendo que competia ao empregado

    comprovar que solicitou registro da candidatura na forma prevista

    no Edital respectivo, nus que lhe competia. Negou, ainda, o

    alegado assdio moral que inviabilizasse eventual reintegrao ao

    emprego.

    Na audincia de instruo (Id. b1f4864), o Autor prestou depoimento

    pessoal, declarando "que atuou como representante da CIPA por 1

    ano em 2015, no obtendo a reeleio; que se candidatou

    novamente para compor a CIPA, tendo apresentado a inscrio ao

    ento presidente da CIPA TIAGO MONTEIRO no dia 14/11/2016;

    que foi dispensado no dia 21/11/2016; que neste dia conversou com

    a tcnica de segurana LUCIA a qual lhe informou que a inscrio

    havia sido cancelada; que no se recorda como foi a inscrio para

    a eleio relativa ao mandato de 2015; que a empresa publicou um

    edital de inscrio no mural no dia 22; que ficou sabendo de tal

    publicao pelo colega RODRIGO; que havia um edital anterior a

    sua inscrio no dia 14/11/2016. Nada mais." (...) que para se

    inscrever apenas informou o nome e o nmero da chapa para o

    presidente TIAGO; que tinha conhecimento acerca da necessidade

    de envio de e-mail para a inscrio, mas no enviou e-mail pois

    sequer possua conta aberta de e-mail. Nada mais.". (destaques

    acrescidos)

    Estabelece o art. 10 do ADCT que:

    "At que seja promulgada a lei complementar a que se refere o

    artigo 7, I, da Constituio:

    I - (...)

    II - fica vedada a dispensa arbitrria ou sem justa causa:

    a) do empregado eleito para cargo de direo de comisses

    internas de preveno de acidentes, desde o registro de sua

    candidatura at um ano aps o final de seu mandato".

    O membro da CIPA eleito para representar a sua categoria

    profissional usufrui da proteo a que alude o art. 10, II, "a", ADCT,

    que contempla situao especfica dos representantes dos

    empregados, eleitos por estes para defender interesse da categoria

    profissional.

    O TST j sedimentou entendimento no sentido de que a garantia

    provisria de emprego ao cipeiro no constitui uma vantagem

    pessoal, nos termos da Smula n. 339, verbis:

    "N 339 CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988

    (incorporadas as Orientaes Jurisprudenciais ns 25 e 329 da

    SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

    (...)

    II - A estabilidade provisria do cipeiro no constitui vantagem

    pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA,

    que somente tem razo de ser quando em atividade a empresa.

    Extinto o estabelecimento, no se verifica a despedida arbitrria,

    sendo impossvel a reintegrao e indevida a indenizao do

    perodo estabilitrio. (ex-OJ n 329 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003)".

    Portanto, a finalidade da estabilidade provisria garantir ao

    empregado eleito que o empregador no o prejudique por estar

    defendendo os direitos dos trabalhadores, zelando pela preveno

    de acidente.

    Cumpre destacar, ainda, que o item 5.8 da NR-5 do MTE esclarece

    que " vedada a dispensa arbitrria ou sem justa causa do

    empregado eleito para cargo de direo de Comisses Internas de

    Preveno de Acidentes desde o registro de sua candidatura at um

    ano aps o final de seu mandato".

    Incontroverso, portanto, a estabilidade provisria do Autor, em

    decorrncia de ter sido membro da CIPA no ano de 2015, at

    31/12/2016.

    A controvrsia remanesce acerca da estabilidade provisria

    decorrente da candidatura do Autor para eleies da CIPA no ano

    de 2016, bem como sobre o direito ao recebimento de indenizao

    substitutiva mesmo quando no postulado pelo empregado a

    reintegrao ao emprego.

    Pois bem.

    No tocante possibilidade de o empregado detentor de estabilidade

    provisria por ser e/ou ter sido membro da CIPA, dispensado sem

    justa causa, pleitear o pagamento de indenizao substitutiva sem

    pedido de reintegrao ao emprego, a SbDI 1 do TST j se

    pronunciou sobre a matria, conforme se l da ementa abaixo

    transcrita:

    "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO PELO RECLAMANTE

    SOB A GIDE DA LEI N 11.496/2007. RECURSO DE REVISTA.

    E S T A B I L I D A D E P R O V I S R I A . M E M B R O D A C I P A .

    INDENIZAO. AUSNCIA DE PEDIDO DE REINTEGRAO. 1.

    Nos moldes do art. 10, II, -a-, do ADCT, fica vedada a dispensa

    arbitrria ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de

    direo de comisses internas de preveno de acidentes, desde o

    registro de sua candidatura at um ano aps o final de seu

    mandato. Por outro lado, o caput do art. 165 Consolidado,

    determina que arbitrria a despedida dos t i tulares da

    representao dos empregados nas CIPAs, exceto se h motivao

    disciplinar, tcnica, econmica ou financeira. 2. In casu, a Turma

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 13Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    entendeu que como o reclamante, membro da CIPA, pleiteou

    indenizao, ao invs de reintegrao, quando no havia exaurido o

    perodo estabilitrio, seu pedido de indenizao devia ser recebido

    como renncia tcita estabilidade provisria. 3. Ora, do que se

    i n f e r e d o s c o m a n d o s c o n s t i t u c i o n a l e c o n s o l i d a d o

    supramencionados, o nico pressuposto, para que o empregado

    tenha assegurado o direito ao emprego, que tenha sido eleito para

    cargo de direo de comisses internas de preveno de acidente,

    hiptese incontroversa nos autos. Logo, sendo incontestvel que o

    autor foi eleito membro da CIPA e que na data da dispensa era

    detentor de estabilidade provisria no emprego, e no configurando

    a situao de dispensa por motivo disciplinar, tcnico, econmico ou

    financeiro, tem-se que o pedido exclusivo de indenizao no

    conduz concluso da renncia tcita estabilidade, pois em se

    tratando de direito trabalhista, a renncia deve ser aceita somente

    excepcionalmente, devendo haver, ainda, manifestao inequvoca

    do ato da renncia. 4. Por conseguinte, tendo o reclamante

    ingressado com a ao trabalhista dentro no perodo estabilitrio, o

    no acolhimento do pedido de pagamento de indenizao

    correspondente ao referido perodo constitui, em ltima anlise,

    negar o acesso do reclamante Justia e premiar o empregador

    pela prtica de ato vedado pela legislao, consistente na dispensa

    de empregado detentor de estabilidade no emprego, sendo,

    ademais, plenamente aplicvel a hiptese, a diretriz do art. 496

    Consolidado. Recurso de embargos conhecido e provido." (E-RR -

    1213500-33.2006.5.09.0007, Relatora Ministra: Dora Maria da

    Costa, Data de Julgamento: 13/06/2013, Subseo I Especializada

    em Dissdios Individuais, Data de Publicao: DEJT 21/06/2013 -

    g.n.).

    Nestes termos as razes de decidir do mencionado julgado:

    "[...] De outra parte, quanto ao pedido de indenizao, ao invs de

    reintegrao, ou melhor, o fato de o reclamante no postular, na

    petio inicial, a reintegrao no emprego, mas apenas a

    indenizao substitutiva decorrente da estabilidade provisria, tem-

    se por plenamente vivel, porquanto o direito estabilidade e

    subsequente indenizao se reveste de indisponibilidade absoluta,

    mormente porque a indenizao substitutiva ao perodo de

    estabilidade provisria se mostrou adequada a preservar a tutela

    constitucional destinada ao membro da CIPA representante dos

    empregados.

    Se no bastasse, era ntida a recusa da reclamada em manter o

    reclamante no emprego, tendo em vista a dispensa imotivada em

    pleno perodo estabilitrio, de modo que no h como impor s

    partes a obrigatoriedade de manter uma relao empregatcia,

    sendo inexigvel, portanto, que o trabalhador formulasse pedido que

    sabia incompatvel com a continuidade do pacto laboral, pois, se o

    empregado no tinha mais a expectativa de ser reintegrado no

    emprego, no havia razo para pleitear a reintegrao, sendo

    possvel, portanto, a formulao apenas do pedido alusivo

    indenizao correspondente.

    Ademais, se possvel converter o pedido de reintegrao em

    indenizao (Smula n 396, I, do TST), com muito mais razo h

    que se acolher o pedido j assim formulado, pois traz implcito o

    reconhecimento do trabalhador quanto inviabilidade do seu

    retorno ao emprego, mormente diante da prpria garantia

    temporria deste, sendo plenamente aplicvel a hiptese a diretriz

    do art. 496 Consolidado, segundo o qual "quando a reintegrao do

    empregado estvel for desaconselhvel, dado o grau de

    incompatibilidade resultante do dissdio, especialmente quando for o

    empregador pessoa fsica, o Tribunal do Trabalho poder converter

    aquela obrigao em indenizao devida nos termos do artigo

    seguinte".

    Por conseguinte, tendo o reclamante ingressado com a ao

    trabalhista dentro do perodo estabilitrio e restando evidente a

    inviabilidade de sua reintegrao no emprego, o no acolhimento do

    pedido de pagamento de indenizao correspondente ao referido

    perodo constitui, em ltima anlise, negar o acesso do reclamante

    Justia e premiar o empregador pela prtica de ato vedado pela

    legislao, consistente na dispensa de empregado detentor de

    estabilidade no emprego.

    E esse foi o entendimento desta Subseo Especializada, ao

    apreciar situao anloga a presente, onde a discusso travada se

    referida estabilidade da gestante, in verbis:

    "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTES DA VIGNCIA

    DA LEI N. 11.496/2007. ESTABILIDADE PROVISRIA DA

    GESTANTE. SMULA N 244, I E II, DO TST. 1. Prevalece nesta

    Corte Superior o entendimento de que 'o desconhecimento do

    estado gravdico pelo empregador no afasta o direito ao

    pagamento da indenizao decorrente da estabilidade'. 2. O fato de

    a Reclamante, gestante, no haver postulado a reintegrao ao

    emprego, no prejudica o reconhecimento da estabilidade garantida

    pelo art. 10, II, 'b', do ADCT, o qual, alis, estabelece apenas uma

    condio para o exerccio de tal direito, qual seja, a comprovao

    do estado gravdico no decorrer do vnculo de emprego. Ademais, a

    Smula 244, ao reconhecer o direito reintegrao empregada

    gestante, no a impediu de postular, exclusivamente, a indenizao,

    conforme se observa do item II do verbete em referncia. 3.

    Invivel, portanto, o conhecimento do Recurso de Embargos que

    objetiva desconstituir a deciso embargada, que se encontra

    moldada jurisprudncia iterativa, notria e atual deste Tribunal, in

    casu, o referido Verbete Sumular 244, I e II, do TST. Embargos no

    conhecidos." (TST-ED-RR-647346-11.2000.5.03.5555, Rel. Min.

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 14Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    Maria de Assis Calsing, SDI-1, DJ de 14/11/2008) (grifos nossos)

    [...]" (g.n.).

    Consoante entendimento adotado pela SbDI-I do TST, tem-se que

    no obrigatrio o pedido de reintegrao ao emprego para

    perquirir o pagamento de indenizao substitutiva ao perodo

    estabilitrio.

    Diante do exposto, de acordo com a jurisprudncia da mais alta

    corte trabalhista, devida a indenizao substitutiva pleiteada

    pelo empregado cipeiro que dispensado sem justa causa

    dentro do perodo em que portador da garantia de emprego,

    mesmo que no tenha pedido de reintegrao ao emprego, pelo

    que dou provimento ao recurso do Autor neste tpico.

    Em relao estabilidade decorrente da candidatura do Autor para

    as eleies da CIPA gesto 2017/2018, entendo despiciendo

    discutir-se a respeito da data do edital de convocao para tais

    eleies, se antes ou aps a dispensa sem justa causa do Autor,

    visto que o cerne da questo reside na prova da formalizao da

    candidatura do Autor ao cargo de cipeiro.

    Assim, mesmo que se considere o primeiro edital de convocao,

    aquele apresentado pelo prprio Autor com a petio inicial, ali

    restaram fixadas as diretrizes para os empregados participarem das

    eleies para constituio da CIPA, quais sejam, enviar email ao

    setor de Gesto de Pessoas - Segurana do Trabalho manifestando

    o interesse para, aps, receber f icha de inscrio para

    preenchimento.

    No entanto, como defendido pela R, no restou comprovado nos

    autos que o Autor tenha formalizado sua candidatura, seja por meio

    de correspondncia eletrnica, ficha de inscrio ou qualquer outro

    tipo de comunicao com a empresa R.

    Saliento que o fato de o Autor manifestar seu interesse em

    participar das eleies da CIPA aos colegas, mesmo que tenha

    lanado seu nome em eventual lista - lista esta que sequer foi

    juntada aos autos, frise-se - por si s, no implica em formalizao

    da sua candidatura.

    Irrelevante, portanto, neste tpico, as declaraes das testemunhas

    ouvidas em audincia (Id. b1f4864), as quais declararam "(...) que o

    presidente TIAGO perguntou aos trabalhadores acerca do interesse

    em participar da CIPA; que isso ocorreu em novembro de 2016; que

    TIAGO passou uma lista para que os trabalhadores interessados

    escrevessem o nome completo e o nmero da chapa; que viu o

    nome do autor na referida lista. Nada mais"." (Rodrigo Marques

    Marcoski da Silva) e "(...) que o autor disse para a testemunha que

    tinha interesse em participar da CIPA; que a testemunha disse ao

    autor para esperar a data, pois iria imprimir a ficha e dar para o

    autor assinar. Nada mais". (Thiago Dias Monteiro).

    Assim, mngua de comprovao nos autos da formalizao e/ou

    registro da candidatura do Autor ou de informao empresa R a

    respeito do seu interesse em participar das eleies da CIPA, no

    h estabilidade provisria que beneficie o Autor a partir de

    01/01/2017.

    Diante de todo o exposto, dou provimento parcial ao recurso

    obreiro para deferir o pagamento de indenizao substitutiva ao

    perodo estabilitrio de 22/11/2016 a 31/12/2016, com os

    respectivos reflexos nas frias acrescidas do tero constitucional,

    gratificao natalina e FGTS + 40%.

    No prosseguimento, dou provimento ao recurso adesivo interposto

    pela R para, reformando a sentena, declarar que o Autor no

    detinha estabilidade provisria no emprego a partir da 01/01/2017.

    CONCLUSO

    Diante do exposto, conheo dos recursos interpostos pelas partes,

    assim como das contrarrazes oferecidas e, no mrito, dou

    provimento parcial ao recurso obreiro para deferir o pagamento de

    indenizao substitutiva ao perodo estabilitrio de 22/11/2016 a

    31/12/2016, com os respectivos reflexos nas frias acrescidas do

    tero constitucional, gratificao natalina e FGTS + 40%. No

    prosseguimento, dou provimento ao recurso adesivo interposto pela

    R para, reformando a sentena original, declarar que o Autor no

    detinha estabilidade provisria no emprego a partir da 01/01/2017,

    tudo nos termos da fundamentao supra, que integra esta

    concluso para todos os fins.

    Ante a inverso do nus da sucumbncia, fixo provisoriamente

    condenao o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e s custas

    processuais, R$ 100 (cem reais), a cargo da R.

    Juros na forma da lei e atualizao monetria com a utilizao do

    IPCA-E, respeitando-se, por bvio, as modulaes de efeitos

    indicadas no julgamento da ArgInc n. 479-60.2011.5.04.0231 pelo

    TST.

    ACRDO

    Cabealho do acrdo

    Acrdo

    ISSO POSTO:

    A Egrgia Primeira Turma de Julgamento do Tribunal Regional do

    Trabalho da 23 Regio na 32 Sesso Ordinria, realizada nesta

    data, DECIDIU, por unanimidade, conhecer dos recursos

    interpostos pelas partes, assim como das contrarrazes oferecidas

    e, no mrito, dar provimento parcial ao recurso obreiro para deferir o

    pagamento de indenizao substitutiva ao perodo estabilitrio de

    22/11/2016 a 31/12/2016, com os respectivos reflexos nas frias

    acrescidas do tero constitucional, gratificao natalina e FGTS +

    40%. No prosseguimento, dar provimento ao recurso adesivo

    interposto pela R para, reformando a sentena original, declarar

    que o Autor no detinha estabilidade provisria no emprego a partir

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 15Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    da 01/01/2017, tudo nos termos do voto do Desembargador Relator,

    seguido pelos Desembargadores Roberto Benatar e Tarcsio

    Valente. Ante a inverso do nus da sucumbncia, fixa-se

    provisoriamente condenao o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil

    reais) e s custas processuais, R$ 100 (cem reais), a cargo da R.

    Juros na forma da lei e atualizao monetria com a utilizao do

    IPCA-E, respeitando-se, por bvio, as modulaes de efeitos

    indicadas no julgamento da ArgInc n. 479-60.2011.5.04.0231 pelo

    TST.

    Obs.: Ausente, em gozo de licena para tratamento da prpria

    sade, o Exmo. Desembargador Bruno Weiler. O Exmo.

    Desembargador Tarcsio Valente presidiu a sesso.

    Sala de Sesses, tera-feira, 6 de novembro de 2018.

    (Firmado por assinatura digital, conforme Lei n. 11.419/2006)

    Assinatura

    Desembargador EDSON BUENO

    Relator

    DECLARAES DE VOTO

    Acrdo DEJTProcesso N AP-0001033-95.2013.5.23.0004

    Relator EDSON BUENO DE SOUZA

    AGRAVANTE WANDERLEI VIEIRA

    ADVOGADO LUIS HENRIQUE CARLI(OAB: 8559-O/MT)

    ADVOGADO ADRIANO DAMIN(OAB: 4719-B/MT)

    AGRAVADO TUT TRANSPORTES LTDA - EMRECUPERAO JUDICIAL

    ADVOGADO JOAO JENEZERLAU DOSSANTOS(OAB: 3613-B/MT)

    ADVOGADO CECILIANA MARIA FANTINATOVIEIRA E JENEZERLAU(OAB: 8464-O/MT)

    ADVOGADO NADSON JENEZERLAU SILVASANTOS(OAB: 11623-A/MT)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - TUT TRANSPORTES LTDA - EM RECUPERAO JUDICIAL

    - WANDERLEI VIEIRA

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Identificao

    PROCESSO n 0001033-95.2013.5.23.0004 (AP)

    AGRAVANTE: WANDERLEI VIEIRA

    AGRAVADO: TUT TRANSPORTES LTDA - EM RECUPERAO

    JUDICIAL

    RELATOR: DESEMBARGADOR EDSON BUENO

    EMENTA

    EMPRESA EM RECUPERAO JUDICIAL. EXPEDIO DE

    CERTIDO DE CRDITO PARA HABILITAO DO CRDITO NO

    J U Z O U N I V E R S A L . E X T I N O D A E X E C U O .

    IMPOSSIBILIDADE. Com efeito, aps a apurao do quantum

    debeatur e respectiva expedio da certido de crdito para

    habilitao no Juzo universal, deve ser determinada a

    suspenso da execuo trabalhista at o encerramento da

    recuperao judicial, retomando-se o seu prosseguimento caso

    os crditos no tenham sido integralmente satisfeitos. Nesse

    sentido, so as disposies contidas no art. 2 do Provimento

    n. 01/2012 da CGJT e no art. 82 da Consolidao dos

    Provimentos da Corregedoria-Geral da Justia do Trabalho.

    Assim, d-se provimento ao agravo de petio para afastar a

    declarao de extino da execuo e determinar a suspenso

    do processo at o fim do processamento da recuperao

    judicial.

    RELATRIO

    A juza do trabalho substituta Stella Maris Lacerda Vieira, em

    atuao na 4 Vara do Trabalho de Cuiab, proferiu deciso Id.

    48f0c64, na qual declarou extinta a execuo, determinando-se "a

    excluso do ru do BNDT, do CNIB, e a baixa das restries

    gravadas via RENAJUD, caso existentes nestes autos."

    Inconformado, o Exequente interps Agravo de Petio Id. 1b0c2bc,

    sustentando que as execues contra empresas em recuperao

    judicial devem permanecer suspensas at a data da efetiva quitao

    do crdito exequendo.

    No houve apresentao de contraminuta.

    o breve relatrio.

    FUNDAMENTAO

    ADMISSIBILIDADE

    Conheo do Agravo de Petio interposto pelo Exequente,

    porquanto preenchidos os pressupostos intrnsecos e extrnsecos

    de admissibilidade recursal.

    Preliminar de admissibilidade

    Concluso da admissibilidade

    MRITO

    Recurso da parte

    A Magistrada singular, constatando que j haviam sido expedidas

    as certides de crdito para habilitao do Exequente e da Unio

    nos autos da recuperao judicial, declarou extinta a execuo.

    Inconformado, o Exequente recorreu a esta Corte Revisora,

    postulando a reforma da sentena "para fins de determinar a

    suspenso do processo e o arquivamento provisrio dos autos, at

    a satisfao total dos crditos no juzo da recuperao judicial ou

    declarao de falncia da Agravada".

    Ao exame.

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 16Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    Para maior compreenso da matria devolvida a esta Corte e antes

    de analisar o mrito recursal propriamente dito, oportuna uma

    rpida digresso sobre os valores e princpios constitucionais que

    informam a recuperao judicial e extrajudicial e a falncia do

    empresrio e da sociedade empresria, atualmente disciplinada

    pela Lei n. 11.101/2005.

    O art. 47 da referida Lei estatui que:

    "A recuperao judicial tem por objetivo viabilizar a superao da

    situao de crise econmico-financeira do devedor, a fim de permitir

    a manuteno da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e

    dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservao da

    empresa, sua funo social e o estmulo atividade econmica."

    Aps leitura deste dispositivo, salta vista que o referido diploma

    legal buscou, antes de tudo e do ponto de vista teleolgico, garantir

    a sobrevivncia das empresas que, momentaneamente, atravessam

    momentos de crises, no raras vezes decorrentes das vicissitudes

    derivadas da economia globalizada, tendo em conta, sobretudo, a

    funo social que tais complexos patrimoniais exercem, a teor do

    disposto no art. 170, III, da Carta Republicana de 1988.

    Mister ressaltar que o processo de recuperao judicial objetiva, em

    ltima anlise, saldar o passivo mediante a realizao do respectivo

    patrimnio. Para tanto, todos os credores so reunidos segundo

    uma ordem pr-determinada em lei, em consonncia com a

    natureza do crdito de que so detentores.

    Ao conceber estes postulados na Lei n. 11.101/2005, o legislador

    ordinrio optou por dar concreo a determinados valores

    constitucionais, a exemplo da livre iniciativa e da funo social da

    propriedade, de cujas manifestaes a empresa uma das mais

    conspcuas, em detrimento de outros, com igual densidade

    axiolgica.

    O art. 6 da Lei n. 11.101/05 determina que o deferimento do

    processamento da recuperao judicial suspende o curso de todas

    as aes e execues em face do devedor, in verbis:

    Art. 6o A decretao da falncia ou o deferimento do

    processamento da recuperao judicial suspende o curso da

    prescrio e de todas as aes e execues em face do

    devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do scio

    solidrio.

    1oTer prosseguimento no juzo no qual estiver se processando a

    ao que demandar quantia ilquida.

    2o permitido pleitear, perante o administrador judicial,

    habilitao, excluso ou modificao de crditos derivados da

    relao de trabalho, mas as aes de natureza trabalhista, inclusive

    as impugnaes a que se refere o art. 8o desta Lei, sero

    processadas perante a justia especializada at a apurao do

    respectivo crdito, que ser inscrito no quadro-geral de credores

    pelo valor determinado em sentena.

    3o O juiz competente para as aes referidas nos 1o e 2odeste

    artigo poder determinar a reserva da importncia que estimar

    devida na recuperao judicial ou na falncia, e, uma vez

    reconhecido lquido o direito, ser o crdito includo na classe

    prpria.

    4oNa recuperao judicial, a suspenso de que trata ocaput

    deste artigo em hiptese nenhuma exceder o prazo improrrogvel

    de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do

    processamento da recuperao, restabelecendo-se, aps o decurso

    do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas aes e

    execues, independentemente de pronunciamento judicial.

    5o Aplica-se o disposto no 2odeste artigo recuperao judicial

    durante o perodo de suspenso de que trata o 4odeste artigo,

    mas, aps o fim da suspenso, as execues trabalhistas podero

    ser normalmente concludas, ainda que o crdito j esteja inscrito

    no quadro-geral de credores.

    6oIndependentemente da verificao peridica perante os

    cartrios de distribuio, as aes que venham a ser propostas

    contra o devedor devero ser comunicadas ao juzo da falncia ou

    da recuperao judicial:

    I - pelo juiz competente, quando do recebimento da petio inicial;

    II - pelo devedor, imediatamente aps a citao.

    7oAs execues de natureza fiscal no so suspensas pelo

    deferimento da recuperao judicial, ressalvada a concesso de

    parcelamento nos termos do Cdigo Tributrio Nacional e da

    legislao ordinria especfica.

    8oA distribuio do pedido de falncia ou de recuperao judicial

    previne a jurisdio para qualquer outro pedido de recuperao

    judicial ou de falncia, relativo ao mesmo devedor. (grifos

    acrescidos).

    O 2 do dispositivo legal supratranscrito, por sua vez, faz expressa

    ressalva de que as aes (na fase de conhecimento) em curso

    prosseguem na Justia do Trabalho at a fase de liquidao - na

    verdade at a formao do ttulo executivo - para, aps definido o

    valor do crdito, ser este habilitado no juzo universal (da

    recuperao judicial e falncia) e l integrar o quadro de credores

    com o privilgio previsto nessa mesma fonte normativa.

    Com efeito, o deferimento do processo da recuperao judicial pelo

    juzo universal tem o efeito paralisante da tramitao da execuo

    no exato estado em que se encontra, nos termos do artigo 6 da Lei

    n. 11.101/05. Ou seja, a competncia da Justia do Trabalho esvai-

    se com a individualizao e quantificao do crdito.

    Como se nota, a inteno do legislador foi a de concentrar as

    execues com crdito liquidado no juzo universal, a bem do

    tratamento uniforme de todos os credores - respeitada

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 17Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    evidentemente a categoria a que pertencem - e da viabilizao do

    escopo da prpria recuperao judicial, vale dizer, permitir que a

    empresa afetada por uma crise econmica ou financeira supere

    essa situao e com isso permita "a manuteno da fonte

    produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos

    credores, promovendo, assim, a preservao da empresa, sua

    funo social e o estmulo atividade econmica" (art. 47 da Lei n.

    11.101/2005).

    Todavia, certo que a expedio da certido de crdito para

    habilitao no Juzo da recuperao judicial no acarreta a

    automtica extino da execuo trabalhista como entendeu a

    Magistrada de primeiro grau.

    Deveras, com a apurao do quantum debeatur e respectiva

    expedio da certido de crdito para habilitao no Juzo

    falimentar, deve ser determinada a suspenso da execuo at o

    encerramento da recuperao judicial, retomando-se o seu

    prosseguimento caso os crditos no tenham sido integralmente

    satisfeitos.

    Nesse sentido, so as disposies contidas no art. 2 do Provimento

    n. 01/2012 da CGJT e no art. 82 da Consolidao dos Provimentos

    da Corregedoria-Geral da Justia do Trabalho, in verbis:

    "Art. 2 Os MM. Juzos das Varas do Trabalho mantero em seus

    arquivos os autos das execues que tenham sido suspensas em

    decorrncia da decretao da recuperao judicial ou da falncia, a

    fim de que, com o encerramento da quebra, seja retomado o seu

    prosseguimento, desde que os crditos no tenham sido totalmente

    satisfeitos, em relao aos quais no corre a prescrio enquanto

    durar o processo falimentar, nos termos do artigo 6 Lei n

    11.101/2005."

    "Art. 82. Os juzes do trabalho mantero em seus arquivos os autos

    das execues trabalhistas que tenham sido suspensas em

    decorrncia do deferimento da recuperao judicial, de modo que,

    com o seu encerramento ou com o encerramento da quebra em que

    ela tenha sido convolada (art. 156 e seguintes da Lei 11.101/2005),

    seja retomado o seu prosseguimento, para cobrana dos crditos

    que no tenham sido totalmente satisfeitos."

    Nesse sentido vem sendo o posicionamento adotado por este e.

    Tribunal Regional, conforme se observa dos arestos a seguir

    colacionados:

    "EMPRESA EM RECUPERAO JUDICIAL. EXPEDIO DE

    CERTIDO DE CRDITO. HABILITAO DO JUZO DA

    RECUPERAO JUDICIAL. SUSPENSO DO PROCESSO. O art.

    72 da Consolidao dos Provimentos da Corregedoria-Geral da

    Justia do Trabalho dispe que aps a expedio da certido de

    crdito para habilitao no juzo da recuperao judicial, o processo

    dever ser suspenso. Assim, h de ser reformada a sentena que

    determinou a extino da execuo, para determinar a suspenso

    do processo at a satisfao dos crditos no juzo da recuperao

    judicial. Recurso provido." (TRT da 23. Regio; Processo: 0000578

    -22.2016.5.23.0006; Data: 24/08/2017; rgo Julgador: 2 Turma-

    PJe; Relator: ELINEY BEZERRA VELOSO)

    "RECUPERAO JUDICIAL. EXECUO. EXTINO DOS

    CRDITOS. Tendo em vista a deciso de competncia da justia

    comum para a execuo dos crditos, mesmo trabalhistas, de

    empresas em recuperao judicial, os processos devero ser

    suspensos, nos termos do art. 82 da consolidao dos provimentos

    da Corregedoria-Geral da Justia do Trabalho e art. 156 e seguintes

    da Lei 11.101/2005. Recurso provido." (TRT da 23. Regio;

    Processo: 0000736-14.2015.5.23.0006 AP; Data: 30/08/2016;

    rgo Julgador: 2 Turma-PJe; Relator: OSMAIR COUTO)

    "AGRAVO DE PETIO. EMPRESA EM RECUPERAO

    JUDICIAL. EXECUO DOS CRDITOS DO AUTOR PERANTE A

    JUSTIA ESTADUAL COMUM. Tendo em vista que o Supremo

    Tribunal Federal, no Recurso Extraordinrio n 583.955 (RJ),

    proferiu deciso, em carter de repercusso geral, no sentido de

    que nas hipteses de recuperao judicial de empresas a

    competncia para o julgamento da execuo dos crditos

    trabalhistas incumbe Justia Comum, impe-se reconhecer que a

    competncia da Justia do Trabalho limita-se ao julgamento dos

    pedidos descritos na inicial e, posteriormente, apurao do crdito

    obreiro, com a consequente emisso da certido de crdito para

    habilitao perante o Juzo da Recuperao Judicial. Contudo, tal

    procedimento no autoriza a extino da execuo nesta

    Especializada, mas to somente seu sobrestamento at o fim da

    recuperao judicial." (TRT da 23. Regio; Processo: 0000799-

    73.2014.5.23.0006 AP; Data: 21/03/2016; rgo Julgador: 1 Turma

    -PJe; Relator: JULIANO PEDRO GIRARDELLO)

    Nestes termos, dou provimento ao recurso para afastar a

    declarao de extino da execuo e determinar a suspenso do

    processo at o fim da recuperao judicial, arquivando-se

    provisoriamente os autos, em cumprimento diretriz firmada no

    artigo 82 da Consolidao dos Provimentos da Corregedoria-Geral

    da Justia do Trabalho.

    Item de recurso

    CONCLUSO

    Ante o exposto, conheo do agravo de petio interposto pelo

    Exequente e, no mrito, dou-lhe provimento para afastar a

    declarao de extino da execuo e determinar a suspenso do

    processo at o fim da recuperao judicial, arquivando-se os

    presentes autos, em cumprimento diretriz firmada no artigo 82 da

    Consolidao dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justia do

    Trabalho.

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  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 18Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    ACRDO

    Cabealho do acrdo

    Acrdo

    ISSO POSTO:

    A Egrgia Primeira Turma de Julgamento do Tribunal Regional do

    Trabalho da 23 Regio na 32 Sesso Ordinria, realizada nesta

    data, DECIDIU, por unanimidade, conhecer do agravo de petio

    interposto pelo Exequente e, no mrito, dar-lhe provimento para

    afastar a declarao de extino da execuo e determinar a

    suspenso do processo at o fim da recuperao judicial,

    arquivando-se os presentes autos, em cumprimento diretriz

    firmada no artigo 82 da Consolidao dos Provimentos da

    Corregedoria-Geral da Justia do Trabalho, nos termos do voto do

    Desembargador Relator, seguido pelos Desembargadores Roberto

    Benatar e Tarcsio Valente.

    Obs.: Ausente, em gozo de licena para tratamento da prpria

    sade, o Exmo. Desembargador Bruno Weiler. O Exmo.

    Desembargador Tarcsio Valente presidiu a sesso.

    Sala de Sesses, tera-feira, 6 de novembro de 2018.

    (Firmado por assinatura digital, conforme Lei n. 11.419/2006)

    Assinatura

    Desembargador EDSON BUENO

    Relator

    DECLARAES DE VOTO

    Acrdo DEJTProcesso N AP-0002327-18.2013.5.23.0091

    Relator EDSON BUENO DE SOUZA

    AGRAVANTE MARIA APARECIDA DA SILVA

    ADVOGADO JEAN MARTINS PEREIRA(OAB: 8277-A/MT)

    AGRAVADO JBS S/A

    ADVOGADO ANA LUCIA DE FREITASALVAREZ(OAB: 8311-O/MT)

    ADVOGADO ELISIO VITOR FIGUEIREDOJUNIOR(OAB: 110584/MG)

    Intimado(s)/Citado(s):

    - JBS S/A

    - MARIA APARECIDA DA SILVA

    PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO TRABALHO

    Identificao

    PROCESSO n 0002327-18.2013.5.23.0091 (AP)

    AGRAVANTE: MARIA APARECIDA DA SILVA

    AGRAVADO: JBS S/A

    RELATOR: DESEMBARGADOR EDSON BUENO

    EMENTA

    AGRAVO DE PETIO. PENSO MENSAL. REAJUSTE

    PERIDICO. CRITRIO DE ATUALIZAO MONETRIA.

    EFEITOS DA COISA JULGADA. sabido que a coisa julgada

    constitui garantia constitucional (CF, art. 5, XXXVI), sendo

    vedado aos juzes e tribunais conhecerem de questes j

    decididas, de cujo respeito j operou a precluso. Ocorre que,

    in casu, a aplicao de ndice de atualizao monetria da

    penso mensal deferida no fora expressamente resolvida na

    prpria deciso que transitou em julgado, razo pela qual tal

    pretenso pode ser agora discutida, sem que se desrespeite a

    autoridade da coisa julgada material. Dessa feita, demonstrado

    nos autos que no houve no ttulo a estipulao do critrio de

    reajuste peridico do pensionamento mensal, h de se dar

    provimento em parte ao agravo de petio da Exequente para,

    mantendo a base de clculo da penso mensal, determinar a

    sua atualizao de acordo com os reajustes previstos nos

    instrumentos normativos da categoria.

    RELATRIO

    A exequente (Maria Aparecidada Silva) insurgiu-se, mediante

    agravo de petio, contra a deciso exarada na fase de execuo

    pela juza do trabalho Claudirene Andrade Ribeiro, titular da Vara

    do Trabalho de Mirassol dOeste, visando fixao de critrio de

    atualizao (reajuste) dos valores do pensionamento vitalcio, bem

    assim a condenao da executada (JBS S.A.) no pagamento de

    multa por ato atentatrio dignidade da justia.

    Contraminuta pela parte Executada. (Id. 4ade3d6)

    Despicienda a remessa ao MPT.

    o sinttico relatrio.

    FUNDAMENTAO

    ADMISSIBILIDADE

    Esto presentes, no caso concreto, todos os pressupostos

    processuais intrnsecos e extrnsecos de admissibilidade recursal,

    por isso, conheo do agravo de petio interposto.

    Preliminar de admissibilidade

    Concluso da admissibilidade

    MRITO

    Recurso da parte

    REAJUSTE DO PENSIONAMENTO VITALCIO

    Trata-se de agravo de petio com que a Exequente objetivou a

    fixao de critrio de atualizao monetria do pensionamento

    mensal vitalcio.

    Em breve retomada do processo, destaco que a Executada foi

    condenada em primeiro grau no pagamento de indenizao por

    dano material na forma de penso vitalcia, em parcela nica,

    Cdigo para aferir autenticidade deste caderno: 126423

  • 2600/2018 Tribunal Regional do Trabalho da 23 Regio 19Data da Disponibilizao: Tera-feira, 13 de Novembro de 2018

    estabelecendo o valor mensal de R$ 361,77 (correspondente a 46%

    da ltima remunerao da Exequente), at a data em que a autora

    completaria 79,8 anos.

    A sentena foi modificada pelo Acrdo de Id. 52f2075 em que foi

    dado provimento parcial ao apelo patronal para determinar o

    pagamento da indenizao por