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8/15/2019 Didática Da Matemática e Formação de Professores
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DIDÁTICA DA MATEMÁTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES:
BUSCANDO UMA REFLEXÃO A PARTIR DE PRÁTICAS VIVENCIADAS NA
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Virginia de Almeida Luna1 Faculdades Jorge Amado
Suzeli Mauro2 Faculdades Jorge Amado
RESUMO
Neste trabalho, apresentaremos a trajetória da pesquisa realizada sobre a disciplinade Didática da Matemática para a Licenciatura em Educação Infantil . A investigaçãooriginou-se das inquietações dos professores em formação quanto àsespecificidades do ensino de matemática na Educação Infantil, originadas erealimentadas na prática em sala de aula. Assim, exporemos os procedimentosadotados para a realização da mesma e os seus respectivos resultados,considerando, dentre outras coisas, a necessidade de abandonar desde a EducaçãoInfantil, a perspectiva linear na organização curricular para o ensino da matemática,pois o processo de construção do conhecimento das crianças acontece a partir dasua interação com situações investigativas.
Palavras-chave: Didática da Matemática; formação matemática deprofessores; saberes docentes.
A origem e a pesquisa: a vivência em sala de aula e a execução de um
projeto
1 Mestra em Educação Especial UEFS/CELAEE-Cuba e Especialista em Educação MatemáticaUCSAL/BA . Professora das Faculdades Jorge Amado – Salvador/BA.2
Doutora em Educação Matemática pelo Programa de Pós-graduação em EducaçãoMatemática na UNESP de Rio Claro/SP. Professora das Faculdades Jorge Amado-Salvador/BA.
mailto:[email protected]:%[email protected]:%[email protected]:[email protected]
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LUNA, A., MAURO, S. Didática da Matemática e Formação de Professores: Buscando uma Reflexão a partir dePráticas Vivenciadas na Licenciatura em Educação Infantil. In Anais do SIPEMAT. Recife, Programa de Pós-Graduação em Educação-Centro de Educação – Universidade Federal de Pernambuco, 2006, 11p
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No âmbito nacional, a formação básica em matemática nos cursos de
licenciatura em Educação Infantil é considerada um sub-tema ainda pouco
discutido na área de Educação, o que pode ser comprovado pelo número
reduzido de livros publicados sobre o assunto, dentre os quais podemos
destacar os de autoria de Kátia Smole e colaboradores, Celi Lopes, Ana
Cristina Rangel, Ocsana Danyluk e Sérgio Lorenzato, que publicou
recentemente uma obra.
Buscando apresentar elementos que contribuam para preencher essa
lacuna, discutiremos as questões que nortearam o trabalho com a disciplina
Didática da Matemática (DMA), no curso Normal Superior, Licenciatura em
Educação Infantil do Instituto Superior de Educação das Faculdades Jorge
Amado (ISE-FJA), uma instituição particular de ensino, e sua contribuição para
a formação dos professores que atuam na área.
O curso Normal Superior a que nos referimos teve início no segundo
semestre do ano de 2002 e foi organizado de modo a compreender cinco
Didáticas da Matemática, DMA I, II, III, IV e V distribuídas do primeiro ao quinto
semestre do curso, respectivamente. Nos quatro primeiros semestres as
disciplinas fazem parte de um núcleo comum para as licenciaturas em Séries
Inicias e em Educação Infantil, o que provocou, desde o início do curso, uma
inquietação nos professores em formação da Educação Infantil, pois as
tematizações da prática nas disciplinas ocorriam com ênfase em experiências
nas Séries Iniciais.
Cabe ressaltar que as tematizações advinham da própria dificuldade dos
professores das disciplinas em encontrar materiais que respaldassem a
organização e a discussão de situações didáticas vivenciadas em turmas deEducação Infantil, condizentes com a concepção de ensino-aprendizagem da
matemática proposta pelo curso.
As inquietações expressadas, bem como a finalidade da DMA V
focalizada na proposta e na análise de rotinas pelos professores em formação
para a organização do trabalho na área de matemática na Educação Infantil,
conforme a necessidade de cada faixa etária e com a adequação da
modalidade organizativa, fizeram emergir a seguinte interrogante aosprofessores: Como organizar a disciplina DMA para a Educação Infantil, que
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favoreça a construção dos saberes docentes, considerando os conhecimentos
epistemológicos, didáticos e específicos da Matemática?
Deste modo, o objetivo da pesquisa foi levantar instrumentos que
viabilizassem uma relação dialética entre teoria e prática no estudo de
conhecimentos matemáticos a serem trabalhados na Educação Infantil e
organizar situações de ensino-aprendizagem com esses instrumentos, a partir
de um ambiente de análise e reflexão sobre a ação pedagógica.
Assim, optou-se por um estudo de caso, que segundo Lüdke (1986, p.
18) visa à descoberta e permite ao pesquisador recorrer “a uma variedade de
dados, coletados em diferentes momentos, em situações variáveis e com uma
variedade de tipos de informantes”. Para tanto, a investigação realizada pelas
autoras envolveu duas turmas da DMA V e baseou-se em levantamento de
produções bibliográficas disponíveis em livros, revistas, internet, CD-ROOM;
pesquisas documentais nas escolas; observações e na elaboração de
atividades. A pesquisa documental constou da coleta de documentos
curriculares, atividades e registros de aula produzidos por professores de três
escolas sócio-construtivistas da rede particular de ensino.
No Projeto Institucional de Formação de Professores do ISE-FJA são
apresentados os âmbitos de conhecimento necessários para o
desenvolvimento das competências do professor, que estão agrupados em
saberes de dois tipos: formação profissional específica e formação geral. A
formação profissional específica contempla o conhecimento sobre crianças,
didático, experiencial e “instrumental” e a formação geral considera a cultura
geral e profissional e o conhecimento sobre a dimensão cultural e política da
educação.
De acordo com o referido documento, os conteúdos relacionados aocurrículo e ao desenvolvimento curricular, as metodologias de ensino, as
didáticas específicas e as áreas de conhecimento constituem o conhecimento
didático. Assim, as didáticas específicas compõem uma das atividades
curriculares do conhecimento de formação profissional específica, tendo em
vista que é nesse âmbito que a concepção do que é ser professor é
evidenciada. Vale ressaltar que dentre as atividades curriculares que compõem
o conhecimento didático no curso Séries Iniciais 58,6% são com tais didáticas.E ainda, que o objetivo do trabalho com essas didáticas é fornecer aos
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A partir da pesquisa bibliográfica realizada nesta investigação
detectamos que os estudos atuais para o ensino da Matemática na Educação
Infantil levam em consideração tanto as especificidades dos conteúdos a
ensinar, quanto à forma como os alunos aprendem e atribuem significado aos
conhecimentos matemáticos veiculados socialmente.
Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as
publicações de pesquisadores como Anne Sinclair, Delia Lerner, Gérard
Vergnaud, Guy Brousseau, Patrícia Sadovsky, Ana Cristina Rangel, Celi Lopes,
Kátia Smole, Ocsana Danyluk, entre outros, propõem que para as crianças
construírem conhecimento é preciso que elas vivenciem múltiplas situações
significativas, em contextos adequados e tenham oportunidade de fazer
reflexões sobre suas produções, interagindo com outros, crianças e/ou adultos,
tanto para explicitar a sua forma de pensar como para confrontar formas de
resolução.
Um breve histórico da evolução do ensino da matemática no Brasil pode
nos ajudar a compreender as questões que envolvem o processo de ensino-
aprendizagem dessa área, desde a fase inicial da escolaridade.
Nas décadas de 1940 e 1950, a concepção de aprendizagem que
permeava o ensino era fundamentada na psicologia empirista. Nesta
perspectiva, a aprendizagem reduzia-se à memorização, exercitação e
repetição. Os conteúdos seguiam uma seqüência linear, eram estruturados a
partir de uma lista de temas e verbalizados pelo professor como um conjunto
de verdades imutáveis. Mediante avanços dos estudos da Psicologia Cognitiva,
inspirados, especialmente, na psicologia genética, difundida por Jean Piaget, a
ênfase anterior dada à linguagem no ensino desloca-se para a ação.
De acordo com Machado (2001), a fundamentação de uma DMAaconteceu por intermédio da aproximação dos estudos de Jean Piaget com o
trabalho da prática docente, devido à concentração de seus experimentos em
torno da lógica. A associação da teoria piagetiana com a ação pedagógica
gerou dificuldades de interpretação pelos professores, pois não ficava claro
para esses profissionais que o processo de desenvolvimento cognitivo exige
ações mentais que demandam tempo para possibilitar a efetiva construção do
conhecimento pela criança.
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Nas décadas de 1960 e 1970, surge a Matemática Moderna que tinha
como eixo a Teoria dos Conjuntos. A partir de então, treinamentos de
professores foram promovidos pelas Secretarias de Educação, direcionados
desde ao ensino da linguagem dos conjuntos até a apresentação de sugestões
de como trabalhar, por exemplo, com relações de pertinência e inclusão, as
operações de reunião e intersecção (especialmente com a utilização de Blocos
Lógicos). Nessas atividades, publicações de Piaget, G. Papy, Z. P. Dienes
proporcionavam o material básico para apoiar as discussões.
No entanto, as tentativas de mudança no ensino-aprendizagem com a
difusão da Matemática Moderna não atenderam às considerações sobre o
processo de construção da inteligência propostas pela teoria construtivista de
Piaget. Os professores, por não terem aprofundado o estudo sobre a teoria dos
conjuntos nos processos de formação, não a concebiam como uma teoria
abstrata que necessitava para sua compreensão do uso de noções lógicas
complexas. Diante disso, tratavam a teoria dos conjuntos com características
muito concretas e acabavam ensinando os conteúdos de forma linear,
semelhante à concepção tradicional, seguindo uma seqüência rígida. E ainda,
o trabalho com conjuntos no início de quase todas as séries de forma
desvinculada do restante, a predominância dos temas algébricos sobre os
geométricos, tratando a geometria como um tema ilustrativo dos conjuntos ou
da álgebra, o exagero na linguagem simbólica, passaram a ser questionados,
críticas estas que ganharam força ao longo da década de 80.
Face ao exposto, o ensino tanto na Matemática Tradicional como na
Matemática Moderna, apresentam um caráter estruturalista. No entanto, os
novos rumos para o ensino dessa área apontam para uma atenção especial a
estudos sobre os processos de desenvolvimento do indivíduo, bem como sobrea relação professor-aluno-objeto de conhecimento.
Com os estudos de Lev Vygotsky (1998) e seus colaboradores, que se
centraram nas leis do desenvolvimento e do processo de ensino-aprendizagem
a partir da teoria sócio-histórico-cultural, é lançado um conceito básico para a
educação: a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que:
é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que secostuma determinar através da solução independente deproblemas, e o nível de desenvolvimento potencial,determinado através da solução de problemas sob a orientação
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de um adulto ou em colaboração com companheiros maiscapazes. (VYGOTSKY, 1998, p. 112).
Assim, na organização de sua prática, o professor deve considerar a
ZDP das crianças para mediar o processo de ensino-aprendizagem a partir das
necessidades do grupo e, assim, estruturar o seu trabalho, prevendo níveis de
ajudas que possibilitem avanços de todas as crianças.
Em consonância com este conceito de Vygotsky e os novos estudos
sobre ensino-aprendizagem da Matemática, realizados por pesquisadores da
Didática e divulgados por intermédio de publicação dos Referenciais
Curriculares Nacionais, faz-se necessário repensar o papel do professor e,
mais especificamente, da inter-relação professor-aluno-saber no âmbito
escolar.
Com isso, a partir dos estudos de Brousseau, pertencente à corrente da
didática matemática francesa, é estabelecida uma nova perspectiva de contrato
didático no processo de ensino-aprendizagem, que funciona como um
regulador dos intercâmbios entre o professor e o aluno, delimitando deveres e
direitos em um espaço de referência compartilhado: a sala de aula. Nesse
contrato, as relações entre as crianças e os professores se manifestam através
dos comportamentos dos alunos que são esperados pelo professor e doscomportamentos do professor que são esperados pelo aluno. Logo, todas as
situações propostas em sala têm um papel desafiador, pois possibilitam
confrontações de pontos de vista e evidenciam o seu efeito no trabalho
coletivo.
Retomando o enfoque sócio-histórico-cultural difundido por Vygotsky
(apud Franco, 1999, p.5) e seus seguidores, “a educação é uma fonte que
promove o desenvolvimento, precisa então ser coerente, organizada e
oportuna” . Daí o compromisso do professor em promover um processo de
ensino-aprendizagem concebendo o aluno como um ser singular, buscando
conhecer as necessidades e potencialidades de cada criança e organizando a
sua prática educativa a partir da resolução de problemas.
Nesta perspectiva, desde a Educação Infantil, a criança aprende
matemática a partir das ações que produz para a resolução de uma situação,
ou seja, quando compara, discute, pergunta, cria, amplia idéias e percebe queo erro faz parte do seu processo de construção do conhecimento. Essas ações
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investigativas geram na criança o desejo de responder a uma pergunta
interessante, ajustar-se às regras de um jogo, seguir as estratégias
socializadas por um colega, entre outros procedimentos.
Como aponta Vergnaud (1993), as concepções dos alunos são
moldadas por situações que encontram em contextos significativos. Daí a
relevância do tratamento de todos os conteúdos matemáticos -sistema de
numeração, grandezas e medidas e espaço e forma- acontecerem
simultaneamente e estarem conectados com a sua função social.
A partir desses estudos bibliográficos, das fontes documentais obtidas e
das observações realizadas nas escolas foi possível atingir os objetivos da
pesquisa no que se refere ao levantamento de instrumentos para a viabilização
da relação dialética entre teoria e prática no estudo de conhecimentos
matemáticos a serem trabalhados na Educação Infantil e à organização de
situações de ensino-aprendizagem com esses instrumentos por meio de um
ambiente de análise e reflexão sobre a ação pedagógica.
No tocante ao sistema de numeração, considerando que as crianças
precisam conhecer a sucessão oral dos números; estabelecer relações entre
eles: estar entre, um mais que, um menos que; reconhecer a sucessão escrita;
iniciar a comparação de escritas numéricas e reconhecer as funções do
número; organizamos situações a fim de permitir que os professores em
formação pudessem perceber os conhecimentos que podem ser acionados
pelas crianças por meio da análise de registros de atividades realizadas nas
escolas investigadas, com uma tabela (10X10) com as regularidades
numéricas no campo numérico de zero a cem, de jogos envolvendo a
comparação de escritas numéricas com baralho, do jogo do bingo, das trilhas,
do álbum de figurinhas, das coleções, dentre outros.Segundo Sinclair (1989) é preciso considerar que os números são
usados no cotidiano com diferentes funções comunicativas: os números de
telefones, documentos, cartões bancários têm a função de codificar ; nas
receitas, balança, fita métrica, a função é de medir ; já no elevador aparece para
ordenar e, nas embalagens, quando expressam o número de objetos que
contêm, apresentam a função de quantificar .
Ao trabalhar grandezas e medidas, as ações realizadas visaram arelação do número com a função de medir, considerando o uso pelas crianças
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de diferentes estratégias para comparar grandezas, a fim de efetivar as
primeiras aproximações com medidas de comprimento, peso, volume e tempo,
por meio de unidades convencionais e não-convencionais.
Desse modo, buscamos organizar situações de aprendizagem na
Educação Infantil planejadas juntamente com os professores em formação da
DMA V, a partir de oficinas matemáticas: simulação de salão de beleza,
sapataria, lanchonete, consultório médico e ateliê de costura. Cabe ressaltar
que para possibilitar aprendizagens contextualizadas é necessário que seja
construído um ambiente favorável com materiais que são utilizados no contexto
real desses diferentes estabelecimentos comerciais.
Além das oficinas, os conhecimentos matemáticos foram acionados no
trabalho com a análise e a reflexão de jogos, utilizando dados, pega-varetas,
dominós, com o resgate de músicas infantis (Mariana conta um; Um, dois, três
indiozinhos) e de brincadeiras como esconde-esconde, coelhinho sai da toca,
bem como a marcação do tempo por meio de calendários e experiências com
dinheiro.
No decorrer das atividades os alunos da formação inicial auto-regularam
que o estudo do processo de construção das crianças e a relação entre o
conteúdo específico e esses processos nas reflexões dos relatos possibilitavam
a análise dos equívocos e o entendimento das estratégias elaboradas pelas
crianças na realização das atividades propostas, compreensão que é de
fundamental importância para a ação pedagógica.
Quanto ao processo de construção relacionado ao conteúdo espaço e
forma, as situações foram pensadas a partir do estabelecimento de relações
espaciais nos deslocamentos, com atividades envolvendo a comunicação oral e
a reprodução de trajetos, considerando elementos do entorno e pontos dereferência. Além disso, foram estabelecidas relações espaciais, também, entre
objetos e em objetos. As relações espaciais entre objetos ocorreram através da
localização e posição no espaço, com a descrição e interpretação da posição
de objetos e pessoas em determinados espaços.
No caso do estabelecimento de relações espaciais em objetos foi
destacada a relevância da organização por parte do professor de situações
para que as crianças iniciem os desenhos de construção, antecipem a própriaação para a conquista dos resultados esperados, modifiquem o produzido em
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função da ação do outro ou de resistências do objeto. No trabalho com as
figuras geométricas foram discutidas atividades em que as crianças descrevem
as figuras a partir das formas que estão ao seu redor, no seu cotidiano.
Com o estudo de caso realizado foi possível a reestruração da disciplina
DMA V e a analise das conclusões dos professores em formação, que
evidenciaram a necessidade de abandonar, desde a Educação Infantil, a
perspectiva linear na organização curricular para o ensino da matemática, pois
o processo de construção do conhecimento das crianças acontece a partir da
sua interação com diferentes situações investigativas, como as que foram
apresentadas no decorrer do trabalho. Dessa forma, compreendemos que é a
partir das comparações, discussões, dos questionamentos, das criações, das
socializações de idéias que as crianças põem em jogo o que aprenderam e têm
oportunidade de refletir sobre as aprendizagens.
Logo, os resultados dessa pesquisa apoiam-se na idéia de que a DMA
para a Educação Infantil na formação inicial deve ser organizada de modo a
articular na prática docente os conhecimentos epistemológicos, didáticos e os
específicos da matemática. No decorrer da investigação foi possível perceber
que só é possível articular tais conhecimentos a partir da interação no espaço
de formação com a produção de alunos da Educação Infantil, com as suas
falas, permitindo a análise das suas necessidades e potencialidades. Para
tanto, é de fundamental importância a análise de registros de práticas de
professores que atuam neste seguimento, a fim de que se efetive a mobilização
de saberes e, por conseguinte, a relação dialética entre a teoria e a prática no
percurso da formação inicial de professores.
Além disso, a pesquisa aponta para uma mudança nos cursos de
formação de professores de Educação Infantil, a fim de que os conhecimentosepistemológicos e os conteúdos matemáticos sejam objetos de estudo, tendo
em vista que, em diferentes situações, os sujeitos dessa pesquisa, davam-se
conta de que as dificuldades que apresentavam para perceber as
necessidades dos alunos advinham do desconhecimento que tinham dos
processos de construção do conhecimento e de alguns conteúdos específicos
relativos ao sistema de numeração, espaço e forma, grandezas e medidas e
tratamento da informação.
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Portanto, os resultados mostram a necessidade da incorporação no
trabalho com a disciplina DMA na formação inicial para a Educação Infantil das
especificidades dos conhecimentos matemáticos, do estudo de pesquisas em
Educação Matemática referentes à Educação Infantil e da interação com o
espaço de sala de aula, a partir de registros e observações que apresentem as
percepções dos alunos.
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