40
DIREITO DAS COISAS – POSSE – DEFESA DA POSSE PROF. Diogo de Calasans Melo Andrade 1

DIREITO DAS COISAS – POSSE – DEFESA DA POSSEalessandrocarlos.com/.../direitodascoisas/posse-1.pdf · despesas de conservação ou divisão da coisa, ... POSSE • Aquisição

Embed Size (px)

Citation preview

DIREITO DAS COISAS – POSSE – DEFESA DA POSSEPROF. Diogo de Calasans Melo Andrade

�1

DIREITO DAS COISAS

• Conceito: Clóvis: "Complexo das normas reguladoras das relações jurídicas - referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem ".

• Divergências conceituais: "Do Direito das

Coisas" (brasileiro), "Dos Bens" (alemão, francês, chinês), "Da propriedade" (Itália) ou "Dos Direitos Reais" (suíço, peruano).

�2

DIREITO DAS COISAS DIREITO REAIS DIREITOS PESSOAIS

Recai sobre a coisa. Recai sobre relações humanas.Real, absoluto, exclusivo e exercitável “erga omnes”.

Relativo, pois é exercitável contra os sujeitos passivos (eficácia inter) partes)Concede o gozo e a fruição dos bens. Concede um direito a uma ou mais prestações.

Direito de Seqüela. (Aderência) Apenas tem o patrimônio do devedor como garantia.

Numerus Clausus. Numerus Apertus (Ilimitado).

Sujeito passivo indeterminado Sujeito passivo determinado ou determinável.

Usucapião. Não pode.Permanente TransitórioObjeto: a coisa Objeto: a prestação

�3

DIREITO DAS COISAS

• Características: • Elemento interno ou econômico: poder (não

relação jurídica) direto e imediato sobre a coisa;

• Elemento externo ou jurídico: faculdade de se

opor a qualquer outra pessoa (oponibilidade erga omnes e direi to de seqüela ou preferência).

�4

DIREITO DAS COISAS• Classificação: • 1) Direito real pleno ou sobre coisa própria ou

propriedade – só um pólo – propriedade móvel/imóvel, condomínio/edilício, resolúvel e alienação fiduciária.

• 2) Direitos reais de aquisição sobre coisa alheia –

Divisão de poder – temporário – contrato. • Fruição: enfiteuse (art. 2038 do CC), superfície,

servidão, usufruto, uso habitação. • Aquisição: compromisso de compra e venda. • Garantia: hipoteca, penhor e anticrese.

�5

DIREITO DAS COISAS

• Sobre coisa móveis: se adquirem com a tradição.

• Sobre coisas imóveis: só de adquirem com o registro.

• Sub-rogação legal: substituição de uma coisa por outra. Art. 1911 do CC e 49 do STF.

• O Dec-Lei 677/44 permite requerer a sub-rogação de um bem pelo outro, por possuir uma cláusula de inalienabilidade.

�6

POSSE• Conceito: “é a visibilidade da propriedade” (Venosa).

Possuidor é aquele que se comporta como dono. • Elementos integrantes: a) o corpus: (objetivo – detenção física da coisa, ou a

exteriorização da propriedade). b) o animus: (subjetivo - é a intenção de proceder com a

coisa como faz o proprietário). • Natureza Jurídica: misto de direito e de fato.

�7

POSSE• Distinção entre domínio e propriedade: o primeiro

(uso, gozo e etc) o segundo (domínio mais título) • Teorias sobre a posse: • Subjetiva de Savigny: posse é o poder físico sobre

a coisa, com a intenção de tê-la para si. (P = C + A) • Objetiva de Ihering: posse é a exteriorização do

domínio. Teoria adotada pelo CC. (P = C *A dentro de C).

�8

C A

POSSETeorias Relação entre

posse e propriedade

Natureza do “animus”

Localização do “animus”

Teoria Subjetiva (P: C + A)

Dependência ou subordinação (1º o proprietário, 2º o possuidor)

Animus domini (intenção de proceder como dono)

Elemento próprio, autônomo

Teoria Objetiva (P:C)

Independência Animus Tenendi (vontade de possuir e não ser dono)

Está no interior do corpus

Efeitos Práticos Não admite “exceptio proprietatis” (Art. 923 do CPC e 1210, § 2º do CC).

Art. 1197 do CC – posse direta e indireta. Só a objetiva admite.

Art. 927, I do CPC - ônus do autor de provar a posse.

�9

POSSE• Detentor (detenção ou tença), fâmulo da posse ou

servidor da posse: “Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que,

achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.”

• Nomeação à autoria – art. 62 do CPC • Auto-tutela: não cabimento da ação possessória.

�10

POSSE• Composse: “Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem

coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.”

• Composse Pro Indiviso: se todos exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato (utilização ou exploração comum do bem). CRG

• Pro Diviso: exerce os compossuidores poderes apenas sobre uma parte definida da coisa. (CRG).Aqui não existe mais composse.

�11

POSSE• Princípio da Continuidade do caráter da posse: “Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se

manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.”

• Transmissão da posse: “Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou

legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito

a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.”

�12

POSSE

• Atos de permissão ou tolerância e violentos ou clandestinos:

“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de

mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”*

�13

POSSE• Efeitos da Posse: • A) Direito ao uso dos interditos: “Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.”

• B) Percepção dos frutos (Arts. 95, 1214, 1215 e

1216 do CC): a) naturais, b) industriais e c) civis.

�14

POSSEFrutos Possuidor de boa-fé Possuidor de má-fé

Percebidos ou colhidos Tem direito Obrigação de restituir ou indenizar

Pendentes Não tem Não tem

Antecipadamente colhidos

Obrigação de indenizar Obrigação de indenizar

Percipiendos (perecidos) – podia ter colhidos e não fez

Sem efeitos Obrigação de indenizar

Produção ou custeio Direito de ser indenizado

Direito de ser indenizado

�15

POSSE• C) Direito à indenização e retenção por benfeitorias:

(Art. 96, 1219 a 1222 do CC e Arts. 744 e 921, I do CPC): a) necessárias, b) úteis e c) voluptuárias.

• D) Responsabilidade pelas deteriorações (Arts.

1217 e 1218 do CC): • E) Direito à Usucapião: • F) Direito à presunção de melhor posse:

�16

POSSE• Classificação da Posse: • 1) Direta e Indireta “Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem

a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.”

• 2) Posse Justa e Injusta “Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta,

clandestina ou precária.”

�17

POSSE

• 3) Posse violenta, clandestina e precária: “Art. 1.208. Não induzem posse os atos de

mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”

�18

POSSE• 4) Posse de Boa-fé e Má-fé: “Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor

ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este

caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.”

�19

POSSE• 5) Justo Título (Art. 1201, pu, do CC): “Parágrafo único. O possuidor com justo título tem

por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.”

• 6) Posse Ad Interdicta e Posse Ad Usucapionem: • Ad Interdicta: é a posse possível de ser defendida pelas

ações possessórias ou interditos, quando molestada, mas não conduz à usucapião. EX: bens públicos.

• Ad Usucapionem: é a posse hábil para alcançar a propriedade pelo decurso de certo tempo. Conduz à usucapião.

�20

POSSE• 7) Posse Nova e Posse Velha (Art. 924 do CPC): “Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e

de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.”

• Ausente: “Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para

quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.”

�21

POSSE• Obrigações Reais: • 1) Obrigações Propter Rem (em razão da coisa)

ou mistas ou ambulatoriais ou direito real inominado:

“Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.

Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.”

�22

POSSE• 2) Ônus Reais: São direitos onerados cuja utilidade

consistiria em gerar créditos pessoais em favor do titular. “Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de

constituição de renda, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito.”

• 3) Obrigações com Eficácia Real: “Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda,

em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.”

�23

POSSE• Aquisição da Posse “Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o

momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.”

• 1) Apreensão: apropriação unilateral das coisas sem dono.

• 2) Aquisição Originária: “Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-

se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.”

�24

POSSE• 3) Aquisição Derivada: • 4) Tradição: A) Efetiva B) Simbólica C) Ficta C1) Constituto possessório também conhecido cláusula constituti, trata-

se de uma operação jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que aquele que possuía em nome próprio, passa a em nome alheio. Ex: era dono e agora locatário.

C2)Traditio brevi manu ocorre quando a pessoa que possuí em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Ex: locatário que adquire a coisa alugada.

C3) Traditio longa manu: quando é cedido ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra com terceiro. Ex: o alienante transfere ao adquirente o direito à restituição da coisa.

�25

POSSE

“Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas m ó v e i s , q u a n d o c o n s t i t u í d o s , o u transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.”

�26

POSSE

• Quem pode adquirir a posse “Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por

seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de

ratificação.”

�27

POSSE • Perda da Posse “Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa,

embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.”

• Posse de Móveis contidos em Imóveis “Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até

prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.”*

�28

DEFESA DA POSSE:

• Auto Tutela: “Art. 1210, § 1º CC O possuidor turbado, ou

esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.”

�29

DEFESA DA POSSE

• Fungibilidade das ações ou conversibilidade: “Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez

de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.”

• Cumulação de Pedidos nas Ações Possessórias: “Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório

o de: I - condenação em perdas e danos; Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou

esbulho; III - desfazimento de construção ou plantação feita em

detrimento de sua posse.”

�30

DEFESA DA POSSE

• Natureza Dúplice da Ação Possessória: “Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando

que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”

• Exceção de Domínio (Art. 1210, § 2º do CC, Art. 923 do

CPC e Súmula 487 do STF): “Art. 923. Na pendência do processo possessório, é

defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio.”

�31

DEFESA DA POSSE

• Ações de Força Nova e de Força Velha “Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e

de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.”

• Quando mais de uma pessoa se disser possuidora “Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser

possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.”

�32

DEFESA DA POSSE

• Carência de Idoneidade Financeira do Autor Beneficiado pela Liminar

“Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou re integrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.”

�33

DEFESA DA POSSE

• Ações Possessórias/Interditos possessórios/Rito Especial (Arts. 920 e seg. do CPC): Características: a) natureza dúplice e fungível, b) impossível alegar domínio, c) procedimento especial ou comum (ordinário), d) intervenção do Ministério Público??? (art. 82, III, do CPC), e) necess idade de aud iênc ia p rév i a do representante legal da pessoa jurídica de direito público, antes da concessão da liminar (Art. 928, pu, do CPC), f) Competência (juizados especiais – art. 3ª, IV da Lei 9.099/95 e justiça comum).

�34

DEFESA DA POSSE

• Composse “Art. 10, § 2º, do CPC Nas ações possessórias,

a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados’

• Esbulho “Art. 926. O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.”

�35

DEFESA DA POSSE

“Art. 927. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo

réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada,

na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.”

�36

DEFESA DA POSSE

• Turbação: • Interditos Proibitórios ou Embargos a Primeira “Art. 932. O possuidor direto ou indireto,

que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.”

�37

DEFESA DA POSSE

• Ação de Esbulho ou de Indenização movida contra Terceiro

“Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.”

• Embargos de Terceiro (Art. 1046, 1050, § 1º e 1051 do CPC):

�38

DEFESA DA POSSE

• Nunciação de Obra Nova ou Embargo de Obra Nova (Art. 934, I do CPC):

“Art. 934. Compete esta ação: I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a

edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum;

III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura.”

�39

DEFESA DA POSSE

• Ação de Dano Infecto: art. 826 do CPC e 1277 do CC. “Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio

tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.”

• Ação de Imissão de Posse:

�40