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DIREITO CIVIL II DIREITO DAS OBRIGAÇÕES OU DIREITO DE CRÉDITO OU DIREITOS PESSOAIS OU OBRIGACIONAIS Professora Adriana Mendonça Matéria para 1º Bimestre 40 artigos Teoria Geral das Obrigações Motivo e Causa da Obrigação Modalidade das Obrigações (técnicas e doutrinárias). Obrigações Positivas (dar, fazer) e Negativa (não fazer) Outras Obrigações: facultativas, insólitos, imperfeitas, ônus reais) Matéria para 2º Bimestre 150 artigos Teoria do pagamento, a figura do devedor e pagador Teoria do Inadimplemento – mora, perdas e danos UNIDADE I DIREITO DAS OBRIGAÇÕES TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 1 CONSIDERAÇÕES O Direito disciplina relações jurídicas que se formam entre pessoas, podendo ser dividido em dois grandes ramos: 1) DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS: Ex: da personalidade e os de família 2) DIREITOS PATRIMONIAIS: a) Reais ou Direitos das Coisas é o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Relação titular x coisa. ELEMENTOS ESSENCIAIS: sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa, chamado domínio. Direito real é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. É limitado e regulado expressamente por norma jurídica. Não pode ser classificado como direito absoluto, obedece ao princípio da Tipificação, ou seja, só são direitos reais aqueles que a lei, taxativamente, denomina como tal. 1

Direito das Obrigações

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DIREITO CIVIL IIDIREITO DAS OBRIGAÇÕES OU DIREITO DE CRÉDITO OU DIREITOS PESSOAIS OU OBRIGACIONAIS

Professora Adriana MendonçaMatéria para 1º Bimestre40 artigosTeoria Geral das ObrigaçõesMotivo e Causa da ObrigaçãoModalidade das Obrigações (técnicas e doutrinárias). Obrigações Positivas (dar, fazer) e Negativa (não fazer)Outras Obrigações: facultativas, insólitos, imperfeitas, ônus reais)

Matéria para 2º Bimestre150 artigosTeoria do pagamento, a figura do devedor e pagadorTeoria do Inadimplemento – mora, perdas e danos

UNIDADE IDIREITO DAS OBRIGAÇÕES

TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

1 CONSIDERAÇÕESO Direito disciplina relações jurídicas que se formam entre pessoas, podendo ser dividido em dois grandes ramos:

1) DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS: Ex: da personalidade e os de família

2) DIREITOS PATRIMONIAIS:a) Reais ou Direitos das Coisas é o poder jurídico, direto e imediato, do

titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Relação titular x coisa. ELEMENTOS ESSENCIAIS: sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa, chamado domínio. Direito real é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. É limitado e regulado expressamente por norma jurídica. Não pode ser classificado como direito absoluto, obedece ao princípio da Tipificação, ou seja, só são direitos reais aqueles que a lei, taxativamente, denomina como tal.

b) Obrigacionais ou Pessoais ou de Crédito Relação pessoa x pessoa. Regem vínculos patrimoniais entre pessoas. É direito contra determinada pessoa. Assim o Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro, logo, disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, pois seu conteúdo é a prestação patrimonial. É um vínculo jurídico pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. ELEMENTOS: sujeito ativo, sujeito passivo e a prestação. É o Complexo de normas jurídicas que rege relações jurídicas entre sujeitos que são: devedor (passivo) e Credor (ativo), envolvendo reciprocidade de obrigações, de um sujeito em favor do outro, marcado pela transitoriedade, ou seja, uma vez entregue o objeto (núcleo substancial), ela é extinta (adimplemento, cumprimento, extinção), relatividade do vínculo da relação judicial entre sujeitos (obrigação-cogens), terceiros não podem ser atingidos; É complexo de

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normas jurídicas que regula relações patrimoniais de proveito de um sujeito em favor de outro, marcado pelas características da transitoriedade e relatividade, da oponibilidade de seus efeitos. Obrigação é o vínculo de direito pelo qual alguém (sujeito passivo) se propõe a dar, fazer ou não fazer qualquer coisa (objeto), em favor de outrem (sujeito ativo), sob pena de, se o não fizer, espontaneamente, seu patrimônio responder pelo equivalente. O Direito das Obrigações cuida dos direitos pessoais, isto é, do vínculo ligando um sujeito ativo (credor) a um sujeito passivo (devedor), por força do qual o primeiro pode exigir do segundo o fornecimento de uma prestação consistente em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. O Direito Pessoal é ilimitado, a criação de novas figuras contratuais que não corresponde na legislação.

Cláusulas Gerais das Obrigações: Princípio da Boa-Fé – Inerente às relações jurídicas; Contratos Inomináveis: Com núcleo substancial do contrato

usando a Teoria Geral das Obrigações. Contrato Nominado e Típico: Dispositivos que regulam o Contrato

de Venda.2 DIREITO NÃO PATRIMONIAL Aqueles que não têm carga patrimonial, aferíveis materialmente: direito de personalidade, direito de família.

Fonte Normativa Hetêronoma – imposto pelo estado. Fonte Normativa Autônoma – imposta entre partes. Ex: contrato

3 DIVISÃO PARTE GERAL – É o estudo da Teoria Geral das Obrigações e especial.

a) Teoria Geralb) Modalidades ou espécies das Obrigações (dar a coisa certa e incerta,

obrigação de fazer e não fazer)c) Teoria do Pagamento (tempo, lugar do pagamento)d) Teoria do Inadimplemento (mora)e) Pagamento Indireto.f) Transmissão das obrigações.

Obs1: Obrigações Positivas: de dar coisa certa, coisa incerta e obrigação de fazer Obrigações Negativas: de Não fazer

PARTE ESPECIAL.

a) Teoria Geral dos Contratosb) Contratos em espécie.

Responsabilidade Civil: Obrigações Podem ser: Contratual (fonte: contrato é a obrigação) ou Extracontratual (decorre do ato ilícito; ou decorrente de declaração unilateral)

4 ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL- elementos da obrigação:

4.1 ELEMENTOS SUBJETIVOS –

a) Subjetivo: São os sujeitos que participam da relação (Ativo=Credor e Passivo=Devedor).

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Obs1: O sujeito pode ser único (obrigação denominada Singular, no pólo ativo ou passivo) ou plural que é múltipla do ponto de vista subjetivo (obrigação denominada Composta ou Plural): um credor e vários devedores, ou vários credores e um devedor, ou vários devedores e vários credores).

2-Sujeito em regra ele deve ser determinado ou determinável (inicialmente não se sabe o sujeito credor. Ex: promessa de recompensa)Obs1: Não há obrigação quando o sujeito é indeterminado.Pagamento Voluntário do DevedorNão pagamento – inadimplemento da obrigação (entra o patrimônio para pagamento).

Credor (expectativa de direitos) = prestação (dar, fazer ou não fazer) = Devedor (deve direito: pagamento voluntário ou não-pagamento – inadimplemento da obrigação).

3-O Credor pode livremente dispor de seu crédito, utilizando o instituto da “Remissão” = perdão da dívida.4-O credor pode exigir o cumprimento da obrigação, promovendo a execução judicial (forçada ou coativa).5-Os sujeitos podem transmitir a obrigação, utilizando as instituições da “Cessão de Crédito, Cessão de Débito ou Assunção de Dívida”.6-É possível que se confundam na mesma pessoa as figuras do devedor e credor, é o instituto da “CONFUSÃO”. Ex: Filho deve ao pai, o pai morre, e o filho se torna devedor e credor.

4.2 ELEMENTOS OBJETIVOS

a) Objeto (prestação): É a prestação (positiva ou negativa), que pode consistir em dar, fazer (obrigações positivas), não fazer (obrigações negativas). Pertencem ao núcleo Substancial de todas as modalidades obrigacionais. Deve ser lícita, possível (física e juridicamente), determinada ou determinável e economicamente apreciável.

b) Vínculo Jurídico: é uma ficção jurídica (abstração), estabelecida entre credor e devedor, é o liame obrigacional. É o elo que sujeita o devedor a determinada prestação (POSITIVA OU NEGATIVA) em favor do credor.

c) Patrimonialidade da prestação: Toda prestação deve ser aferível economicamente, devendo ser diretamente patrimonial ou indiretamente patrimonial.

5 – PRINCÍPIOS – são 04 (quatro)

5.1 – Princípio da força obrigatória dos contratos ou pacta sunt servanda =>O contrato deve ser cumprido conforme estabelecido entre as partes (o contrato faz “lei entre as partes).

a) Autonomia da vontade privada: são elementares=> a liberdade de contratar (com quem, como, e o quê) é análise subjetiva, pois depende do sujeito, e a liberdade contratual(formular o contrato nominado ou inominado mas com observância da teoria geral das obrigações).

5.2 – Princípio da Supremacia da Ordem Pública => decorre do intervencionismo estatal, é uma mitigação do princípio do pacta sunt servanda, ou seja, as partes contratam livremente, podendo surgir desigualdades, para evitar isto, equilibra-se com um conjunto de disposição mínima. Normas de ordem pública limitam, formulação contratual, equivalência material e subjetiva das partes. Segurança das relações jurídicas. Dignidade da pessoa humana e da função social do contrato.

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5.3 – Princípio da Relatividade => Diz respeito à oponibilidade de seus efeitos que se dar entre partes (credor e devedor). Em regra não atingem terceiros. Débito: é o vínculo jurídico de formação da relação criacional que impõe entre as partes o dever de pagamento. Responsabilidade: é a faculdade conferida ao credor de ver satisfeita a sua expectativa de direito, exigindo do devedor o cumprimento da obrigação, inclusive valendo-se de meios judiciais para obtenção do crédito.

5.4 – Princípio da função social do contrato => Novo paradigma estabelecido pelo Código Civil de 2002 que implanta solidarismo social nas relações jurídicas obrigacionais, cujo fundamento é o Princípio da Dignidade Humana. Valoração de princípio ético, social e de corretude (lealdade, honradez. Art. 420 e seguintes CC.

DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS OBRIGACIONAIS E REAISQUANTO

AO:OBRIGACIONAIS ou PESSOAIS REAIS

1-Sujeito Dualidade de sujeitos (ativo=credor e passivo=devedor) e podem se manifestar de forma singular ou plural

Sujeito é um só, “resulta da inflexão imediata do sujeito sobre a coisa.

2-Direito de Ação

De fazer, não fazer, ação de entrega de coisas, pagar a quantia certa.

Confere ao titular do Direito Real as ações possessórias (ações reivindicatórias, ação de imissão da posse, interdito proibitório)

3-Objeto Objeto atividade – obrigação: dar, fazer e não fazer. Positivas: comportamento de dar e fazer. Negativa: omissivo, não fazer.

Coisa corpórea ou incorpórea

4-Efeitos São relativos (relatividade dos efeitos do contrato). Oponibilidade de direitos entre devedor e credor (só atinge sujeitos e não terceiros)

Absoluta – erga ommesOposição contra todo aquele que se oponha ao direito de propriedade.

5-Origem ou Definição

Ilimitados (contratos típicos e atípicos): existências de contratos inominados e atípicos.- numerus apertus

Princípio da Taxatividade ou Tipicidade legal – numerus claurus(número limitado)

6-Direito de Seqüela

Não há direito de sequela, cumprida a obrigação extingue-se o vínculo.

Há direito de sequela, pois o titular do direito real, tem a prerrogativa de perseguir a coisa até encontrá-la. É o direito que acompanha o titular onde quer que se encontre.

7-Publicidade

Não há. Perfaz-se consensualmente, sem formalidade para o ato.

Exigem publicidade, ou seja formalidade ou solenidade como da substância do ato.

8-Duração São transitórias ou precárias, uma vez cumpridas as obrigações extinguem-se por acabar o vínculo das partes.

Tem duração indeterminada, condicionada a titularidade de direito real.

CARACTERISTICAS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Objetos direitos de natureza pessoal; Sujeito ativo – Credor; Sujeito passivo – Devedor; Vínculos patrimoniais entre pessoas;

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Exigibilidade de uma prestação; Direitos relativos => dirigem-se contra pessoas determinadas, vinculando sujeito

ativo e passivo, não sendo oponíveis erga ommes, pois a prestação apenas poderá ser exigida do devedor;

Direitos a uma prestação positiva ou negativa => exigem certo comportamento do devedor, ao reconhecerem o direito do credor de reclamá-la.

Estende-se a todas as atividades de natureza patrimonial. Numerus apertus (ilimitado), enquanto o Direito das Coisas é Numerus clausus (limitado);

Autonomia privada, pois os indivíduos têm ampla liberdade em externar a sua vontade, limitada esta apenas pela licitude do objeto, pela inexistência de vícios, pela moral, pelos bons costumes e pela ordem pública.

É jus ad rem => Direito à coisa, enquanto o Direito real é ius in re. Fontes das obrigações: Contrato, a declaração unilateral da vontade, ato ilícito, lei

7- CAUSA E MOTIVO NA TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES Causa – é o elemento objetivo. Diz respeito ao próprio contrato constituindo o objeto de estudo do Direito Civil. Interessa ao Direito. Motivo – é o elemento subjetivo que condiciona a celebração do contrato, mas não está no Direito Civil. Não interessa ao Direito. É íntimo.

8- PATRIMONIALIDADE DA PRESTAÇÃO.

A) Estrutura da relação jurídica obrigacional 1º Elemento subjetivo => Sujeitos 2º Elemento objetivo => Vínculo Jurídico: é a relação abstrata, tornando obrigatória a prestação do devedor em favor do credor. Cumprimento normal: execução voluntária Não cumprimento normal: execução forçada ou coativa 3º Objeto da Prestação => Atividades do devedor.

Positivas ou comissivas: . Dar: Coisa certa, Coisa incerta, Restituir . Fazer

Negativa ou omissiva: Não fazer 4º Patrimonialidade:

Toda prestação deve ser aferível economicamente; Toda prestação deve ser aferível direta ou indiretamente; A insignificância da prestação invalida a relação jurídica da relação

obrigacional; Regra geral: as prestações devem ser determinadas pelo gênero,

quantidade e qualidade para determinação do valor econômico da prestação

B) No campo da Inexecução da obrigatória 1º Tutela específica => decorre do princípio do pacta sunt servanda (os contratos devem ser cumpridos) para segurança das relações jurídicas contratuais;

resultado exato do contrato; pena cominatória diária => astreintes: é uma medida cominatória em

forma de multa pecuniária contra o devedor de obrigação de fazer, não fazer e entregar coisa. São fixadas pelo juiz e dura enquanto permanece a inadimplência. É uma multa processual aplicada para o fim de fazer cumprir decisão judicial de obrigação de fazer ou de não fazer (multa diária)

2º Tutela pelo equivalente => obtenção de um resultado prático equivalente.

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3º Conversão em perdas e danos. Obs1: Não representam cumprimento da obrigação, mas substitui o pagamento.

Obs2: O patrimônio do devedor responde pelo cumprimento da obrigação, pela:

constrição patrimonial (atos de penhora); judicialmente.

UNIDADE IIMODALIDADES OU ESPÉCIES DAS OBRIGAÇÕES

a) Obrigações de Dar e Fazer –São obrigações positivas ou comissivas.b) Obrigações de Não Fazer – São obrigações negativas ou omissivas.

1 OBRIGAÇÕES DE DAR

São positivas, traduzem o comportamento ativo do devedor, que consiste no ato de entrega da: a) Coisa certa b) Coisa incerta c) Restituição. Assim:

a) Coisa Certa => O dono é o devedor. É determinada pelo gênero, quantidade e qualidade.

b) Coisa Incerta => é determinada ao menos pelo gênero e quantidade.c) Restituir => O dono é o credor. Dar a coisa certa em sentido contrário.

1) Tradição real => É aquela em que consiste a simples entrega do bem jurídico de propriedade. São não solenes. O simples contrato não transfere a propriedade, ou, a existência do contrato não transfere a propriedade. Assim, o contrato de compra e venda não torna o adquirente dono da coisa comprada, mas apenas titular da prerrogativa de reclamar a sua entrega. Somente após tal entrega é que o comprador adquire a condição de proprietário.Tradição Solene ou Tradição Formal => Exige mais do que a tradição real. Exige formalidade como da essência do ato. Ex: Registro de Imóveis

2) Perda: a) Total => é o desaparecimento (perecimento) do bem jurídico para todos os fins em direito admitidos. b) Parcial ou deterioração => São as avarias, depreciação, vícios que provocam a diminuição de seu valor ou perda de características intrínsecas do bem jurídico. Ex: Características técnicas, avaliação, forma etc.

PERDA=PERDA TOTAL=DESAPARECIMENTO=BEM PERDIDO=PERECIMENTO

PERDA PARCIAL=DETERIORAÇÃO

3) Culpa: Culpa lato sensu – art. 188 CC:

a) Dolob) Culpa stricto sensu: negligência, imprudência e imperícia.

OBS1: Toda vez que há culpa, há dever de indenizar.

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OBS2: Caso não haja culpa, não há dever de indenizar. OBS3: Excludentes de responsabilidade civil: a) Força maior; b) Caso Fortuito; c) Culpa exclusiva da vítima; e d) Fato de terceiro.

Perda e Deterioração podem ocorrer:

Antes da Tradição => a) Sem culpa do devedor b) Com culpa do devedor

Depois da Tradição => a) Sem culpa do devedor b) Com culpa do devedor

A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA ou ESPECÍFICA

1) Conceito: É a modalidade de obrigação na qual o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado. Assim, a obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad rem) e não real (jus in re). O objeto da prestação (objeto mediato da obrigação) já é determinado, incluindo por regras os seus acessórios. Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por características próprias, móvel ou imóvel. Assim, constituem prestações de coisa as obrigações do vendedor e do comprador, do locador e do locatário, do doador, do comodatário, do depositário, do mutuário. Etc.

Obs1: O devedor da coisa certa não pode dar outra, ainda que mais valiosa, nem o credor é obrigado a recebê-la. Art. 313 CC. Assim, a entrega de coisa diversa da prometida importa modificação da obrigação, denominada Novação Objetiva, que só pode ocorrer havendo consentimento de ambas as partes. O credor não pode exigir coisa diferente, ainda que mais valiosa.

Obs2: O domínio só se adquire pela tradição, se for coisa móvel, e pelo registro do título (tradição solene), se for imóvel, pois o contrato estabelece apenas obrigações e direitos. Por exemplo, no Contrato de compra e venda um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e, o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro – Art. 481 CC.

2) Elementos: a) Complexo de normas jurídicas; b) relações transitórias, pecuniárias e de oponibilidade relativa; c) objeto da prestação => é indicado pelo gênero, quantidade e qualidade.d) relação de proveito => Credor e Devedor

3) Princípios:

a) do Pacta sunt servanda;b) da identidade da coisa certa – Art. 313 CCc) o acessório segue o principal ou accessorium sequitur principale - Princípio da

Gravitação Jurídica – Art. 233 CC – Aplica-se somente às partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias), mas não às pertenças, que não constituem partes integrantes se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 93

Obs1: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso” Art. 94 CC

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Obs2: Regra Geral a natureza do negócio jurídico faz presumir que o acessório segue o principal o que pode ser elidido pela natureza constitutiva do título ou presumido pelas circunstâncias do caso. “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”- Art. 233 CC. Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si só. Acessório: é aquele cuja existência depende do principal Ex: produtos, frutos e benfeitorias-.

Obs3: Produtos: São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se produzem periodicamente, tais como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas. Distinguem-se dos frutos porque a colheita destes não diminui o valor nem a substância da fonte, e a daqueles sim.

HIPÓTESES LEGAIS:A) PERDA => art. 234 -

Se a perda se der antes da tradição SEM CULPA DO DEVEDOR, ou pendente a condição suspensiva. Solução: Se o vendedor (devedor) já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao adquirente(credor), em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por conseguinte, o devedor, o prejuízo decorrente do perecimento - , porém, SEM perdas e danos, ou seja, SEM dever de indenizar. Se a perda ocorreu pendente condição suspensiva – p. ex: aprovação em concurso, vencimento de uma disputa, casamento – não se terá adquirido o direito que o ato visa, e o devedor suportará o risco da coisa. “Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes” – art. 234 CC

Se a perda se der antes da tradição COM CULPA DO DEVEDOR.Solução: o devedor tem o dever de indenizar pelas perdas e danos. Assim, o credor tem direito de receber o equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovados. “Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos ” (Art. 234 CC). Logo, as perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar – art. 402. Devem cobrir, pois todo o prejuízo experimentado e comprovado pela vítima.

B) DETERIORAÇÃO

Antes da tradição SEM culpa do devedor. => art. 235 CCSolução: poderá o credor optar por resolver(extinguir) a obrigação, com devolução da prestação (do equivalente) SEM perdas e danos, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes, neste caso, ao estado anterior; ou, aceitar a coisa com abatimento na prestação, no preço, proporcional à perda, SEM perdas e danos. “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu” – art. 235 CC

Antes da tradição COM culpa do devedor. => art. 236 CCSolução: Resolve-se com devolução do equivalente, mais perdas e danos, caso o credor rejeite a prestação, ou aceita a coisa no estado em que se encontra com redução do seu valor pela deterioração, mas com direito, em

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qualquer caso, à indenização das perdas e danos comprovados. “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos” – art. 236 CC

A perda ou a deterioração da coisa traz conseqüências profundas: ou a obrigação original é substituída pelo sucedâneo das perdas e danos, ou a relação jurídica se resolve, ou, ainda, a referida relação jurídica se altera, para ser substituída por outra diferente. As perdas e danos inclui: a) danos materiais (danos emergentes e lucros cessantes); b) danos morais.

C) MELHORAMENTO E ACRÉSCIMOS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA = O devedor tem o direito de exigir aumento no preço se antes da tradição a coisa certa sofrer melhoramentos e acréscimos. Caso o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

Obs1: “Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” – Art. 237 CC

Obs2: As benfeitorias qualquer que seja o seu valor, podem ser: Necessárias : Têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore; Úteis : Aumentam ou facilitam o uso do bem; Voluptuárias : São as de mero deleite ou recreio.

Obs3: “Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes”

D) FRUTOS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA FRUTOS => São as utilidades que uma coisa periodicamente produz. São riquezas normalmente produzidas por um bem. São as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição ou diminuição no todo ou em parte, como o café, os cereais, as frutas das árvores, o leite, as crias dos animais etc. D.1 - Os frutos quanto ao estado dividem-se em:

1 - Percebidos ou colhidos => Foram colhidos. Obs1: Os frutos percebidos antes da tradição pertencem ao devedor de boa-fé.

2- Pendentes => Não foram colhidos Obs2: Os frutos pendentes antes da tradição pertencem ao credor.

3- Colhidos por antecipação => São frutos pendentes e que foram percebidos de má-fé. Neste caso devem ser indenizados ao credor.

4- Estantes => São frutos colhidos e armazenados ou acondicionados para posterior venda.

5- Percipiendos => São frutos que deveriam ter sido colhidos mas não foram. 6 – Consumidos => Não existem mais porque foram utilizados.

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D.2 - Os frutos quanto à origem dividem-se em:

Frutos naturais – desenvolvem e renovam-se periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como as frutas das árvores, as crias dos animais. Frutos industriais- aparecem pela mão do homem, ou seja, resultam em razão do trabalho humano sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. Frutos civis ou rendimentos. São dos rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário. Ex: juros e aluguéis

Obs1: O devedor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; porém, tem direito às despesas da produção e custeio. Assim, a posse de má-fé não é totalmente desprovida de eficácia jurídica, porque o devedor nessa condição faz jus às despesas de produção e custeio.

B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA OU GENÉRICA RESTRITA Art. 243 a 246 CC

1- Conceito: - É aquela que tem por objeto a entrega de uma quantidade de certo gênero e não uma coisa especificada. Na relação obrigacional, o objeto indicado de forma genérica no início da relação será determinado mediante um ato de escolha, por ocasião de seu adimplemento.É aquela obrigação determinada ao menos pelo gênero e quantidade, ficando a qualidade para uma ulterior especificação ou determinação.

Gênero e quantidade Ato de escolha art. 243, CC

Obs1: Uma vez determinada a qualidade do objeto da prestação, ela deixa de ser obrigação de dar coisa incerta e passará a ser obrigação de dar coisa certa. Obs2: Existem críticos ou teóricos civilistas que condenam o termo “gênero” quando o certo seria “espécie” para determinar o objeto da prestação.

2 DISCIPLINA JURÍDICA: INDICAÇÃO DO GÊNERO E DA QUANTIDADE

coisa certa: é a individualizada, determinada. coisa incerta: indicada, mas não totalmente, porque deve ser indicada ao menos,

pelo gênero e pela quantidade – indeterminada a priori, mas determinável em sua qualidade oportunamente.

incerteza: não quer dizer indeterminação, mas determinação genericamente feita – suscetível de oportuna determinação.

Exemplos: entregar uma tonelada de trigo, um milhão de reais ou cem grosas de lápis.

Falta de gênero e quantidade? Ex: entregar sacas de café? Ou entregar dez sacas?

indeterminação será absoluta – a avença não gerará obrigação.

3 DIFERENÇAS E AFINIDADES COM OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES10

a) dar coisa certa. b) Alternativa c) fungível

4 Diferença entre obrigação de coisa certa para obrigação de coisa incerta => Está na determinação da qualidade, pois na obrigação de dar coisa incerta acontece em momento posterior.

5 Diferença entre obrigação de coisa incerta para obrigação para obrigações alternativas. => A obrigação alternativa possui dois conteúdos prestacionais.

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS ou DISJUNTIVAS

O objeto é único e determinado, quanto ao gênero e quantidade.

Dois objetos compõem o núcleo prestacional, devendo o devedor entregar um dos objetos da prestação. Ex: dar coisa certa ou fazer

A escolha da qualidade transforma a obrigação de dar coisa incerta em dar coisa certa.

A escolha de um dos objetos da prestação transforma a obrigação em simples.

Obs1: Quanto ao objeto as obrigações podem ser:a) Simples => possui um único objeto. Ex: dar coisa certa ou incerta, restituir, fazer,

não fazer.

b) Compostas => possuem dois ou mais objetos na sua prestação. São subdivididas em:b.1 – Cumulativas ou conjuntiva => o devedor deve entregar os dois ou mais objetos da prestação.

b.2 – Alternativas ou disjuntivas => o devedor deve entregar um dos objetos da prestação, ou seja, o devedor se libera se cumprir uma delas, porque apenas uma das prestações constitui o seu débito.

4- Ato de escolha da prestação da obrigação de coisa incerta => A determinação dá-se pela escolha – art. 245, CC.O ato unilateral de escolha do objeto da prestação é denominado concentração da obrigação, o que implica a transformação de obrigação de dar coisa incerta em dar coisa certa.

- cientificado o credor, acaba a incerteza – a coisa torna-se certa – passando a obrigação a ser regida pelos princípios da obrigação de dar coisa certa.

- Ato unilateral da escolha = CONCENTRAÇÃO – pressupõe não só a escolha – é necessário que ela se exteriorize pela entrega, pelo depósito em pagamento, pela constituição em mora, ou por outro ato que importe a cientificação do credor.

- Art. 629, 630 e 631, CPC.

Exemplo: se sou credor de 100 cabeças de gado de corte, uma vez escolhido o gado e apontadas as cabeças, cuida-se da obrigação de dar coisa certa.

4.1 – Competência para o direito de escolha =>art. 244 CC.

- ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação;- só competirá o credor quando assim dispuser – sendo omisso será do devedor.

Regra Geral: Nos casos de omissão do contrato a escolha compete ao DEVEDOR, chamado princípio do Favor Debitoris, salvo se for estabelecido de modo diverso no

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contrato. Feita a escolha, acaba a incerteza; a obrigação de dar coisa incerta torna-se obrigação de dar coisa certa.

Obs1: A disposição acerca do direito de escolha pode vir determinada no contrato.

4.2 - Limites à atuação do devedor – 2ª parte, do art. 244, CC

- “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar melhor”

- o devedor deverá guardar o meio-termo entre congêneres da melhor e da pior qualidade.

4.3 – Escolha por terceiro => O terceiro é eleito de comum acordo entre as partes. Havendo recusa ou não puder exercer a determinação será supletiva por um juiz. – art. 1930 CC

4.4– Escolha por sorteio => Quando terceiro não poder fazê-lo, será por sorteio. Deve esta hipótese vir no contrato. Art. 817 CC

5- Responsabilidade pelos riscos na obrigação de dar coisa incerta – art. 246 CC

- A coisa torna-se individualizada/certa quando determinada a qualidade;- antes da escolha “não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,

ainda que por força maior ou caso fortuito” – pois o gênero nunca perece (genus nunquam perit)

Exemplo: alguém se obriga a entregar dez sacas de café - não se eximirá da obrigação, ainda que se percam todas as sacas de café – porque pode obter no mercado, o café prometido

Obs1: O gênero nunca perece – genus nunquam perit – o devedor nunca poderá alegar perda ou deterioração do gênero nas obrigações de dar coisa incerta, haja vista, ser facilmente substituível no mercado, pois o gênero nunca perece. EXCEÇÃO: Obrigação genérica restrita - acontece quando a obrigação de dar coisa incerta está restrita a determinada localidade ou local.

RESUMO:

1. Até o momento da tradição todos os riscos são suportados pelo devedor. Nas obrigações de dar coisa incerta, não há determinação da qualidade, por isso não pode ser alegada a impossibilidade de cumprimento.

2. Após a escolha, a obrigação de dar coisa incerta torna-se obrigação de dar coisa certa e pelos dispositivos legais correspondentes é regulada.

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C) OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR - ARTS. 238 a 242, CC

1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS: É uma subespécie da obrigação de dar.

É aquela que tem por objeto a devolução de coisa certa, por parte do devedor. Espécie de obrigação de dar coisa certa – em sentido inverso O dono é o credor

É o complexo de normas jurídicas que regem relações entre sujeitos de caráter patrimonial, transitório e de oponibilidade relativa e cujo núcleo da prestação corresponde à restituição ou devolução de objeto certo e determinado ao seu legítimo proprietário. Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. É o que sucede, por exemplo, com o comodatário, o depositário, o locatário, o credor pignoratício e outros, que devem restituir ao proprietário, nos prazos ajustados, ou no da notificação quando avença for celebrado por prazo indeterminado, a coisa que se encontra em seu poder por força do vínculo obrigacional. Ex: Contrato de locação

PRESTAÇÃO = DEVOLUÇÃO DA COISA AO CREDOR- o credor é proprietário do bem – houve apenas uma cessão de posse da coisa ao devedor.

Prestação? Dono da coisa?

- Essa coisa por qualquer título encontra-se em poder do devedor (maior incidência): Ex: Locatário; Mutuário; Comodatário; Depositário; Mandatário.

2 DIFERENÇA ENTRE A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (PROPRIAMENTE DITA = ENTREGAR) E A OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR

Dar: a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição – credor recebe o que até então não lhe pertencia.

Restituir: a coisa já pertencia ao credor – devolução (restituição).

3 PRINCIPAL ÂMBITO DE INCIDÊNCIA – Nos contratos de locação, depósito, comodato, mútuo, mandato.

4 RECUSA NA ENTREGA - Vencido o prazo da entrega e o devedor não restitui a coisa

O devedor comete esbulho – titular da posse pode opor Ação de Reintegração;

No Inquilinato – o proprietário pode valer-se da Ação de Despejo para desocupar o imóvel;

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5 OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR - RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA

5.1 – PERDA ou PERECIMENTO

a) Perda antes da tradição SEM culpa do devedor. “Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, salvos, porém, a ele os seus direitos até o dia da perda” – art. 238 CC

Ex: Contrato de locação

A _____________________ B Credor Devedor

Locador Locatário

Sem culpa do devedor – não suportará o pagamento de perdas e danos; Credor (dono) será prejudicado – suportará a perda

Obs1: Os direitos do credor são ressalvados, ou seja, mantidos até o dia da perda. Ex: aluguéis em atraso.

b) Perda antes da tradição COM culpa do devedor – art. 239 CC - “se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”

Solução: Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente (valor do imóvel + perdas e danos + ressalva dos direitos do credor até o dia da perda).

Culpa do devedor – acarreta a responsabilidade pelo pagamento das perdas e danos;

Perecimento do objeto – dá direito ao credor: receber o equivalente em dinheiro + perdas e danos

5.2– DETERIORAÇÃO

a) Deterioração antes da tradição SEM culpa do devedor. – art. 240 CC – 1ª Parte Solução: Resolve-se a obrigação deixando ao credor – dono da coisa – todos os riscos, tendo em vista a excludente de responsabilidade civil. Sem culpa do devedor – credor receberá a coisa no estado em que se encontra – não tem direito a perdas e danos, pois “se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização.” – art. 240 CC

b) Deterioração antes da tradição COM culpa do devedor. – art. 240 CC – 2º parte Solução : Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente (correspondente a perda parcial + perdas e danos + a ressalva dos direitos do credor até o dia da perda).

resolver a obrigação – exigindo o equivalente em dinheiro + perdas e danos; receber a coisa no estado em que se encontra + perdas e danos.

Solução: Resolve-se (extingue-se) a obrigação deixando ao credor todos os riscos, tendo em vista a excludente de responsabilidade civil.

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6 Melhoramentos, acréscimos e frutos percebidos na Obrigação de Restituir => As benfeitorias podem ser realizadas de: boa-fé ou má-fé. – art. 241 CC

se a coisa sofre melhoramento ou acréscimo sem ter o devedor concorrido para isso então O LUCRO SERÁ DO CREDOR;

se a coisa sofre melhoramentos ou acréscimos em decorrência de trabalho ou dispêndio do devedor BENFEITORIAS (necessárias, úteis e as voluptuárias). Assim, para sabermos se o devedor tem direito, é preciso considerar se está de boa-fé ou não

BOA-FÉ: tem direito aos aumentos e melhoramentos necessários e úteis. Os voluptuários – se não for pago o respectivo valor – o devedor poderá levantá-los

MÁ-FÉ: só terá direito aos acréscimos necessários.

BOA-FÉ MÁ-FÉ

Benfeitorias IndenizaçãoDireito

deRetenção

Benfeitorias IndenizaçãoDireito deRetenção

NECESSÁRIAS SIM SIM NECESSÁRIAS SIM NÃOUTÉIS SIM SIM UTÉIS NÃO NÃOVOLUPTUÁRIAS SIM/NÃO NÃO VOLUPTUÁRIAS NÃO/NÃO* NÃO

*Obs1: Não são indenizadas, nem podem ser levantadas.

Direito de retenção (opor embargos de retenção – 744, CPC) - é o meio de defesa que se manifesta antes de qualquer medida judicial – é de iniciativa e interesse do detentor.

Condições: Legítima detenção da coisa sobre a qual se pretende exercer o direito; Exista um crédito por parte do retentor; Exista um acréscimo do retentor.

Art. 242, parágrafo único, CC.

Frutos percebidos – observar a boa-fé e a má-fé.Boa-fé: o devedor tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos – art. 1.214, CCMá-fé: não terá direito – devem ser restituídos (após deduzidas as despesas de produção e custeio – também devem ser devolvidos os frutos colhidos com antecipação – parágrafo único, 1.214, CC

Obs2: Princípio do meio-termo – art. 244 CC Não será obrigado, o devedor, a entregar o melhor, bem como não poderá entregar o pior, dentro os congêneres objetos de escolha

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2 OBRIGAÇÃO DE FAZER - arts. 247 a 249 CC

1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS

É uma obrigação positiva que tem como prestação atos ou serviços a serem executados pelo devedor. O conteúdo é uma atividade do devedor. É uma obrigação que traduz o comportamento ativo (comissivo) por parte do devedor.

EXEMPLOS: prestação de uma atividade física ou material – pintar uma casa, levantar um

muro atividade intelectual, artística ou cientifica – escrever uma obra literária,

experiência cientifica.

DIFERE DAS OBRIGAÇÕES DE DAR porque o credor pode, conforme as circunstâncias, não admitir o cumprimento da prestação, por outrem, estranho aos interessados – art. 305, CC. Possuem apenas meios indiretos de execução coativa, por não permitirem a intervenção direta na esfera de atuação da pessoa do devedor. Na obrigação de dar – autorizam, em geral, a execução coativa. As obrigações de dar caracterizam-se pela execução específica, ou seja, aquele que se compromete a dar alguma coisa pode ser constrangido a entregá-la, por autoridade da justiça, quando ela se encontra em seu poder, quer queira, quer não queira o devedor. As obrigações de FAZER, ao contrário, não comportariam execução in natura. Assim, quem se obriga a fazer alguma coisa não poderia ser constrangido a fazê-la, resolvendo-se a obrigação em perdas e danos, quando não foi cumprida devidamente.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

a) Infungíveis ou personalíssima ou intuitu personae ou imateriaisb) fungíveis ou não-personalíssima ou impessoais ou materiais

2.1 Obrigações de natureza infungíveis – intuitu personae – personalíssimas ou imateriais - Art. 247, CC

Caracteriza-se pela vinculação jurídica do devedor ao cumprimento da prestação de fato. A infungibilidade está ligada ao conhecimento, à técnica, idoneidade, à fama, à honorabilidade e no bom nome que o devedor goza no mercado. É convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação - não é admitida a substituição em razão:

da natureza da obrigação: qualidades artísticas ou profissionais do contratado – famoso pintor, consagrado cirurgião plástico, contratação de uma advogado para defender um criminoso em júri;

ou do contrato.

2.2 Obrigações de natureza fungível – impessoais ou materiais- Art. 249, CC

Caracteriza-se pela possibilidade de substituição do sujeito passivo ou devedor.

não há tal exigência – nem se trata de ato ou serviço cuja execução depende de qualidades pessoais do devedor – pode ser realizado por terceiro.

A pessoa do devedor é facilmente substituível

Exemplo: contratar um pintor para a pintura de uma casa ou um pedreiro para uma pequena reforma.

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Parágrafo único do art. 249, CC

A lei introduz a possibilidade de procedimento de justiça de mão própria; Em caso de urgência e havendo recusa ou mora do devedor - o credor pode

contratar terceiro para a tarefa – entretanto, deverá resguardar-se com a documentação necessária possível (notificações, fotografias, testemunhas que constatem o fato, e etc. ) para o ressarcimento.

3. INADIMPLEMENTO NA OBRIGAÇÃO DE FAZER

a) Parcial – equivale à mora, retardamento no cumprimento da obrigação pela inobservância das elementares ( tempo, lugar e modo devidos);

b) Total ou absoluto – representa a inexecução da obrigação que não pode mais ser cumprida no tempo, lugar e modo devidos.

Obs1: A identificação do descumprimento total ou parcial se dá pelo critério da utilidade.

- princípio do pacta sunt servanda;

3.1 Razões que podem conduzir ao não cumprimento da obrigação:

“Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos” – art. 248, CC.

O devedor se recusa manifestamente ao seu cumprimento.

3.2 Responsabilidade civil:

a) Descumprimento SEM CULPA do devedor. Art. 248 CC Solução: Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente sem perdas e danos

b) Descumprimento COM CULPA do devedor. art. 248, segunda parte, CC

Solução: Resolve-se com a devolução do equivalente + perdas e danos.

Obs1: Em caso de mora é possível exigir judicialmente o cumprimento da prestação com a imposição de pena cominatória diária (astreintes).

Obs2: Quando o devedor se recusa ao cumprimento da prestação a ele só imposta no contrato, ou só por ele exeqüível devido a suas qualidades pessoais – haverá a responsabilização pelo pagamento das perdas e danos

Obs3: A recusa voluntária induz a culpa:

liberdade individual – não se pode constranger fisicamente o devedor a executá-la

admite-se, no entanto, a execução específica da obrigação de fazer – arts. 287, 461 e 644 do CPC – contempla meios de indiretamente, obrigar o devedor a cumpri-las mediante a cominação de multa diária = ASTREINTE

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regra semelhante tem o art. 84 do CDC

4 PROCEDIMENTO DE JUSTIÇA DE MÃO-PRÓPRIA - Em havendo urgência é deferido ao credor executar o ato por conta própria ou ato de terceiro, entretanto, deverá relacionar-se de documentos (recibos, notas), para exigir do devedor as perdas e danos.

3 OBRIGAÇÕES DE NÃO-FAZER – arts. 250 a 251

1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS– É uma obrigação negativa (omissiva) do devedor. Caracteriza-se pela abstenção de prestação de fato que pode ou não ser limitada no tempo. É sempre infungível (personalíssima ou institu personae), sendo também predominantemente indivisível por sua natureza.

Obrigações negativas; O devedor compromete-se a uma abstenção, obrigação de prestação de fato; Imposição de uma obrigação negativa ao devedor – “abstenção” – pode ou não

ser considerada ou não ser limitada no tempo; características: a) como pura e simples abstenção; b) dever de abstenção ligado

a uma prestação positiva; c) simples dever de tolerância

Obrigação deve revestir-se de objeto lícito – porque é negócio jurídico – campo da moral e dos bons costumes

Objeto das obrigações caracteriza-se por uma omissão autônoma ou ligada a outra obrigação positiva

- servidão negativa: se tiver a intenção de criá-la seguida de registro no Cartório de Imóvel – CC, art. 1378 – como direito real gravará o imóvel, acompanhando-o em suas mutações objetivas;

- mera obrigação de não fazer (direito pessoal): simples obrigação de não-fazer com a alienação do imóvel extingue-se o vínculo obrigacional, pois este recai sobre a pessoa e não sobre a coisa.

2 DESCUMPRIMENTO PELA IMPOSSIBILIDADE DE ABSTENÇÃO DE FATO - O devedor cumpre a prestação quando não faz alguma coisa. O devedor descumpre quando realiza, que até então estava proibido.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

extinção da obrigação – sem culpa do devedor – não puder se abster do ato que se obrigou a não praticar

3 INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER POR INEXECUÇÃO CULPOSA DO DEVEDOR

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

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Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

a) Descumprimento SEM culpa do devedor. Solução: Resolve-se a obrigação para ambas partes sem se falar em perdas e danos.

b) Descumprimento COM culpa do devedor. Solução: Resolve-se a obrigação com desfazimento do ato, acrescido de perdas e danos.

praticado o ato pelo devedor – o credor pode exigir que desfaça – sob pena de mandar desfazer (a sua custa) + perdas e danos;

4 REGRAS PROCESSUAIS

Art. 642, CPC - “Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo”

643,CPC - “Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos”Parágrafo Único – Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

4 OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OU DISJUNTIVAS

DISPOSIÇÕES GERAIS – arts. 252 a 256 CC

Objeto singular ou simples Objeto composto ou plural = multiplicidade de objetos

CONCEITO - São aquelas obrigações compostas pela multiplicidade de objetos, ou seja, têm por conteúdo duas ou mais prestações das quais uma somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor vínculo obrigacional”.

CLASSIFICAÇÃO

a) Obrigações simples

Quanto ao Sujeito Único devedor

Único credor

Quando ao objeto Único objeto/prestação

b) Obrigações compostas

Quanto multiplicidade de sujeitos

Um credor x vários devedores

Vários credores x um devedor

Vários credores x vários devedores

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Quando multiplicidade de objetos

Cumulativas ou conjuntivas - “e”

Alternativas ou disjuntivas - “ou”

Obs1: Prestações de coisa => dar coisa certa, incerta e restituir.

Obs2: Prestações de fato => fazer e não-fazer

OBRIGAÇÕES COMPOSTAS: a) cumulativas; b) alternativas

I) Prestação de coisa x prestação de coisaII) Prestação de fato x prestação de fatoIII) Prestação de coisa x prestação de fato

2. DIFERENÇA ENTRE A OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA

Alternativa Dar coisa incertaVários objetosA escolha deve recair em apenas um deles – in obligatione

Objeto é um sóIndeterminação apenas pela qualidade (a escolha recai sobre a qualidade do único objeto existente)

- possuem como ponto em comum a escolha – que em ambas são necessárias

3. DIREITO DE ESCOLHA – A escolha tem como principal efeito transformar a obrigação composta (complexa ou múltipla) em obrigação simples.

CONCENTRAÇÃO ou DECANTAÇÃO DA PRESTAÇÃO NA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA – ART. 252,CC

REGRA GERAL: Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

O direito de escolha é do devedor – se outra coisa não se estipulou

isto porque ele é a parte onerada na obrigação e deve possuir melhores condições de escolher os bens de seu patrimônio para a entrega – FAVOR DEBITORIS

o direito de opção se transmite aos herdeiros – seja credor ou devedor

Para que a escolha caiba ao credor é necessário que o contrato assim o determine expressamente

Obs1: Se houver pluralidade de optantes => Não havendo consenso a ausência de unanimidade gera a escolha supletiva pelo juiz.

Obs2: Indivisibilidade da prestação => Não será possível entregar parte em prestação e parte em outra.

Obs3: pacta sunt servanda

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Obs4: Não vigora nas obrigações alternativas a equação do meio-termo, uma vez que ambas as prestações são equivalentes. Art. 314 CC

OPÇÃO A TERCEIRO – ART. 252, §4º,CC

§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

o direito de opção pode ser dado a terceiro – se não fizer, a escolha caberá supletivamente ao juiz se não houver acordo entre as partes

terceiro = mandatário comum

- as prestações alternativas reduzem-se a uma só e a obrigação de objeto composto passa a ser de objeto singular

- até que seja efetivada a concentração não tem o credor direito sobre objetos – não poderá exigir desta ou daquela coisa

- poderá ser feita por sorteio, caso exista previsão contratual – art.817,CC

Obs1: com a morte do devedor ou credor => o direito de escolha compete aos herdeiros

Obs2: Venosa elenca as seguintes características das obrigações alternativas:

a) seu objeto é plural ou compostob) as prestações são independentes entre sic) concedem um direito de opção que pode ser: do devedor, do credor ou de um terceiro, sorteio.d) feita a escolha, a obrigação concentra-se na prestação escolhida

→ escolha é irretratável, salvo disposição contratual em contrário

INDIVISIBILIDADE DA ESCOLHA

§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.

também chamado de indivisibilidade do pagamento não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e

parte em outra, pois deve uma ou outra;

JUS VARIANDI NA ESCOLHA DE PRESTAÇÃO SUCESSIVA -

É o direito de variar a escolha/concentração da obrigação alternativa sucessiva a cada prestação.

§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.

Nas obrigações de prestações periódicas ou de obrigação de execução continuada ou trato sucessivo, a escolha poderá ser exercida em cada período, assim faculta-se a escolha de forma alternativa a cada mês, ano etc. Uma vez cientificado o credor não poderá haver mudança na escolha.

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PLURALIDADE DE OPTANTES

§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.

regula a hipótese de haver pluralidade de credores ou de devedores.

há necessidade de que vários credores ou devedores se acertem sobre a escolha;

não havendo acordo, devem valer-se de uma decisão judicial – cabe ao juiz, decidir, após conceder um prazo para deliberação.

REGRAS PROCESSUAIS – ART. 571, CPC

o contrato deve estabelecer prazo para a opção – se não o fizer, o devedor será notificado, para efeito de sua constituição em mora; (será notificado para cumprir em 10 dias)

- a constituição em mora não priva o devedor de seu direito de escolha – salvo se a convenção (ajuste do acordo) dispuser que passa ao credor;

se a opção é do credor, e o contrato não fixa o prazo para opção, será ele citado para, em cinco dias, exercer o direito – direito à escolha – ou aceitar que o devedor faça a escolha – depositando-se a coisa;

- a execução do título que consagra obrigação alternativa rege-se pelo CPC.

Se surge dúvida no contrato acerca de a quem cabe a escolha – o ponto obscuro deve resolver-se a favor do devedor, seguindo a regra de que, na dúvida, as convenções são interpretadas a favor do devedor;

As partes podem optar pelo sorteio para o cumprimento da obrigação alternativa;

O optante, ao efetuar a escolha – faz uma declaração unilateral de vontade.

DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

A) ESCOLHA DO DEVEDOR 1º HIPÓTESE: perda de um dos objetos SEM CULPA do devedor Solução: Resolve-se a obrigação concentrando na prestação remanescente.

2º HIPÓTESE: perda dos dois objetos SEM CULPA do devedor

Solução: Resolve-se com a devolução do valor da que por último se impossibilitou sem perda e danos.

3º HIPÓTESE: perda de um dos objetos da prestação COM CULPA do devedor. Solução : Resolve-se a obrigação com a concentração na obrigação remanescente.

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4º HIPÓTESE: perda dos dois objetos da prestação COM CULPA de devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor da que por último se impossibilitou + perdas e danos

B) ESCOLHA DO CREDOR

1º HIPÓTESE: Um dos objetos se perde SEM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a concentração na remanescente ou o valor da que se impossibilitou (Sem perdas e danos)

2º HIPÓTESE: Os dois objetos se perdem SEM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor de qualquer das prestações (Sem perdas e danos)

3º HIPÓTESE: Um dos objetos se perde COM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a concentração na prestação remanescente ou o valor da que se impossibilitou + perdas e danos.

4º HIPÓTESE: Os dois objetos se perdem COM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor de qualquer das prestações + perdas e danos.

4. IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES

SEM CULPA DO DEVEDOR

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornar inexeqüível – subsistirá o débito quanto à outra – o direito do credor fica circunscrito às coisas restantes.

IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES EM RAZÃO DE FORÇA MAIOR E CASO FORTUITO

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.

se a impossibilidade for de todas as prestações – extinguir-se-á a obrigação, por falta de objeto, sem ônus para este.

INEXEQUIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR A QUEM CABE A ESCOLHA

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

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se o devedor não puder cumprir nenhuma das prestações (com culpa) e a escolha da prestação é sua:

→ ficará obrigado a “pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar”

→ com o perecimento do primeiro objeto, concentra o débito na segunda – que também pereceu.

IMPOSSIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR, CABENDO A ESCOLHA AO CREDOR

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

ART. 255, CC, 1ª PARTE - SOMENTE UMA DAS PRESTAÇÕES TORNA-SE IMPOSSÍVEL – se o devedor não puder cumprir uma das prestações (COM CULPA) e a escolha é do credor:

o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra (a primeira), com perdas e danos

ART. 255, CC, 2ª parte – AS DUAS PRESTAÇÕES TORNAN-SE INEXEQUÍVEIS - se o devedor não puder cumprir nenhuma das prestações (COM CULPA) e a escolha é do credor:

poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:

Quanto à execução: a) instantâneas b) diferidas c) periódicas ou de trato sucessivo

a) INSTANTÂNEAS – São aquelas cujos atos de execução se operam simultaneamente, ou seja, o pagamento e a entrega se concretizam em um único ato.

b) DIFERIDAS – São aquelas cujos atos de execução ocorrem em dois momentos distintos, ou seja, primeiro o pagamento e depois a entrega ou primeiro a entrega e depois o pagamento.

c) PERIÓDICAS OU DE TRATO SUCESSIVO OU OBRIGAÇÕES SUCESSIVAS OU OBRIGAÇÕES DE PRESTAÇÃO – São aquelas cujos atos de execução são sucessivos no tempo. Ex: entrega e pagamento parcelado

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5 OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS – arts. 233 a 420

1- DISPOSIÇÕES GERAIS – ART. 87 a 88 CC

Bem Divisível – É aquele que comporta fracionamento, ou seja, que pode ser fracionado, repartido, dividido sem que haja perda de suas características intrínsecas.

Bem Indivisível – É aquele que não comporta fracionamento, ou seja, não pode ser repartido, dividido sob pena de perda de suas características intrínsecas.

2 – OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS – É aquela que pode ser cumprida de modo fracionado sem perda das suas características intrínsecas, em que cada devedor deve uma quota parte igual e ideal – salvo disposição em contrário – e cada credor só pode exigir a sua quota-parte igual e ideal no crédito – salvo disposição em contrário.

2.1 – CUMPRIMENTO – Dois momentos para cumprimento da prestação:

Vínculo externo – relação jurídica entre credores e devedores.

Vínculo interno – Relação jurídica entre co-devedores e co-credores.

A) CREDORES: Presunção Relativa:

Cada credor é credor de uma quota-parte igual e ideal no crédito. Cada credor só pode demandar a sua quota-parte.

B) DEVEDORES:

Presunção Relativa:

Cada devedor só deve sua quota-parte igual e ideal no débito. Cada devedor só pode ser demandado pela sua quota-parte

Obs1: O pagamento opera a quebra do vínculo externo.Obs2: No vínculo interno co-credores e co-devedores, receberão e pagarão respectivamente as suas quotas-partes.

3-OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS – São aquelas cujo objeto da prestação não pode ser fracionado ou repartido sob pena de suas características intrínsecas. Cada credor pode exigir o objeto da prestação por inteiro e cada devedor é obrigado a pagar por inteiro caso seja demandado pelo pólo creditório.

Obs1: As obrigações de restituir são, em regra, indivisíveis. O comodatário e o depositário, por exemplo, obrigados a devolver a coisa emprestada ou depositada, não podem reter uma parte dela, salvo permissão do dono.

Obs2: As obrigações de Fazer algumas vezes podem dividir-se e outras, não.

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Obs3: A obrigação de dar coisa certa, pode ser divisível ou Indivisível, conforme a natureza do objeto.

Obs4: As obrigações em que o devedor assume a obrigação de, simultaneamente, dar e fazer (ex: pagar uma soma de dinheiro e fazer uma obra) geralmente são indivisíveis.

Obs5: As obrigações de não fazer, em geral, são indivisíveis.

Obs6: As obrigações alternativas e as genéricas, ou de dar coisa incerta estão incluídas entre as obrigações indivisíveis.

3.1 – Cumprimento: A indivisibilidade da prestação resulta:

De ordem natural ou física. Ex: animal De disposição legal. Ex: as servidões prediais Por razão determinante do negócio jurídico (contrato ou convenção) Sentença Judicial

3.2 – Descumprimento – art. 263 CC

Perdas e danos não representam pagamento da obrigação, mas substitutivo do pagamento e essa conversão se dá em dinheiro (bem jurídico divisível), daí por que ocorre a divisibilidade da prestação.

3.3 – Validade do Pagamento nas Obrigações Indivisíveis – Como forma de garantir um bom pagamento o devedor deve pagar a todos os credores conjuntamente ou somente a um deles exigindo Caução de Ratificação dos demais credores, tal instrumento serve como demonstrativo de anuência do recebimento da prestação pelos demais credores.

3.4 – Diferença entre obrigação indivisível e obrigação solidária passiva

Obrigação Solidária Passiva: tem origem em decorrência de previsão em lei ou contrato; A obrigação solidária (ativa e passiva) não perde sua natureza se convertida em perdas e danos.Obrigação Indivisível: Tem origem na natureza da coisa, tarefa ou negócios; perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.

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6 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – arts. 264 a 285 CC

1 CONCEITO – Caracteriza-se pela multiplicidade de credores e/ou de devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor. São independentes do núcleo da obrigação, nascendo da lei ou da vontade das partes. Possui vínculo interno

“Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda” – art. 264 CC“É modalidade especial de obrigação que possui dois ou mais sujeitos, ativos ou passivos – onde cada credor pode “demandar” e cada devedor é obrigado a satisfazer a totalidade da prestação” – Venosa

2 CARACTERES

• Pluralidade de credores, ou de devedores, ou de uns e de outros;

• Exigibilidade = Integralidade da prestação;

• Co-responsabilidade dos interessados;

• É um artifício técnico para reforçar o vínculo, facilitando o cumprimento ou

solução da dívida;

• A obrigação é solidária quando a totalidade de seu objeto pode ser reclamada por

qualquer dos credores ou devedores.

3 DISCIPLINA LEGAL

Arts. 264 a 285 do Código Civil

4 ESPÉCIES

SOLIDARIEDADE ATIVA = CREDORES;

SOLIDARIEDADE PASSIVA = DEVEDORES – CO-DEVEDORES OU

COOBRIGADOS. QUE É MAIS ÚTIL E MAIS COMUM;

SOLIDARIEDADE RECÍPROCA = HÁ SIMULTANEIDADE DE CREDORES E

DEVEDORES.

5 DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS E OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS.

- ponto em comum: em ambas, diante a pluralidade subjetiva, cada credor poderá exigir a dívida inteira e cada devedor estará obrigado pelo débito todo.

O credor que receber responderá pela parte dos demais; O devedor que pagar terá direito de regresso contra os outros;

DIFERENÇAS:

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I. Fonte da solidariedade:

é o próprio título em razão do qual as partes estão obrigadas

índole subjetiva da obrigação solidária: reside nas próprias pessoas e é oriunda

da lei ou do negócio jurídico (título constitutivo) - art. 265, CC;

visa facilitar o adimplemento da relação obrigacional

Fonte da indivisibilidade:

é a própria natureza da prestação – que não comporta execução fracionada

índole objetiva

visa assegurar a unidade da prestação.

II. Na solidariedade: cada devedor paga por inteiro, porque deve por inteiro;Na indivisibilidade: o devedor paga por inteiro porque outra solução não é

possível.

III. A solidariedade = origem técnica; A indivisibilidade = origem material.

IV. Na solidariedade = a conversão em perdas e danos conserva os seus atributos – art. 271, CC;

Na Indivisibilidade = a conversão em perdas e danos faz desaparecer a primitiva indivisibilidade (a obrigação perde a qualidade de indivisível) – dever de indenizar a transforma em obrigação pecuniária.

6 HISTÓRICO

Noção fundamental da obrigação solidária – origem no Direito Romano: credores e devedores buscavam evitar os inconvenientes da divisão da dívida – ligavam-se a um vínculo particular.

- do lado passivo: é que o co-devedor que paga extingue a dívida, tanto em relação a si quanto em relação aos demais co-obrigados (devedores)

- do lado ativo: cada credor tem a faculdade de exigir a totalidade da coisa devida do devedor.

obrigações perfeitas ou correalidade;solidariedade propriamente dita ou obrigações imperfeitas

• Obrigações perfeitas: similar a atual solidariedade – origem na vontade das partes;

• Obrigações imperfeitas = obrigações in solidum: produziria apenas os efeitos principais e não os secundários (art. 279 e 280, CC) – origem na lei

7 OBRIGAÇÕES IN SOLIDUM

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são obrigações em que encontramos sujeitos que “devem”, sem serem solidários.

São, portanto, situações das quais decorrem obrigações para os sujeitos, embora

não estejam ligados por uma unidade de causa obrigacional.

os liames que ligam os devedores ao credor são totalmente independentes,

embora ligados pelo mesmo fato.

diferente é a responsabilidade – aqui os devedores não são responsáveis, todos,

pelo mesmo valor.

8 FONTES DA SOLIDARIEDADEArt. 265, CC: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”;

tem caráter de exceção dentro do sistema – só pode decorrer da lei ou do contrato. a inexistência de declaração expressa no título constitutivo ou a ausência de

previsão legal – gera presunção contrária à solidariedade - a obrigação divide-se e cada devedor só é obrigado a sua quota-parte ou cada credor só terá direito à sua cota parte.

NA DÚVIDA SE INTERPRETA A FAVOR DOS DEVEDORESNÃO HÁ SOLIDARIEDADE

A solidariedade não decorre de sentença – o juiz não pode fixar solidariedade se ela não preexiste num contrato ou na lei, ele apenas declara o direito das partes

A solidariedade deve ser expressa e não presumida – quer dizer, não exige formalidades sacramentais, mas a vontade da obrigação solidária deve ficar expressa e, quanto à solidariedade presumida – adoção do princípio de que na dúvida se prefere a solução menos onerosa para o devedor.

Quem alega solidariedade deve prová-la – já que não existe presunção. Provindo da lei não precisa de prova.

A solidariedade pode ser provada por testemunhas, quando o valor do contrato permitir - art. 227, CC

Meras presunções e indícios podem reforçar a solidariedade, mas não a induzem. Ex:- O parentesco não induz solidariedade;- Indícios e conjecturas, mais ou menos verossímeis;- A obrigação assumida na mesma oportunidade;- Obrigação assumida por sócios ou condôminos – presunção é de que cada qual

contrai obrigação proporcional ao seu quinhão – art. 1317, CC.

9 SOLIDARIEDADE ATIVA - Está em desuso, pela insegurança jurídica. Vínculo jurídico artificioso e ficção jurídica => determinar o cumprimento da obrigação de determinada forma. Exige o cumprimento da prestação por inteiro, independentemente da natureza do objeto, ou seja, a natureza jurídica do objeto da prestação é irrelevante. A obrigação pode ser de prestação divisível ou indivisível.

É relação jurídica em que concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestação devida – art. 267, CC, in verbis:

“Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”

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aqui o devedor se exonera da obrigação, pagando a qualquer um dos co-credores.

cada co-credor = credores solidários – podem exigir do devedor comum o cumprimento total da dívida

o devedor – no vencimento da obrigação – pode efetuar a prestação a um dos co-credores - o credor escolhido não pode se recusar a recebê-la - sob a alegação de que a obrigação não lhe pertence por inteiro.

O devedor só poderá escolher o credor se nenhum deles tiver proposto ação de cobrança = prevenção judicial – o devedor só pode pagar ao credor que o acionou

rara é a aplicação na prática da solidariedade ativa. Por quê?

- apresenta alguns inconvenientes como a impossibilidade de revogação por um dos credores e ausência de probidade e honradez

- insolvência do credor que recebe a prestação, tornando problemático o direito de regresso dos demais credores.

9.1 EFEITOS DA SOLIDARIEDADE ATIVA

SOLIDARIEDADE ATIVA

Art. 267, CC: “Cada um dos credores solidários tem direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”.- O devedor não poderá pretender pagar a prestação parcialmente – ou seja, apenas

sua quota-parte – alegando que a obrigação deveria ser rateada.

9.2 – REGRAS GERAIS

A) DA PREVENÇÃO JUDICIAL

É a vinculação judicial pelo devedor de quem foi exigido o pagamento

Art. 268: “Enquanto algum dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar”

- Não havendo cobrança judicial – o devedor poderá pagar a qualquer dos credores à sua escolha.

- O credor escolhido não pode se recusar a receber alegando que a prestação não lhe pertence por inteiro.

- A cobrança judicial enseja a prevenção do juízo – caso pague a outro credor – correrá o risco de pagar duas vezes – só se libera pagando ao credor que o acionou.

B) REFRAÇÃO DO CRÉDITO

Art. 270, CC: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”

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Herdeiros do credor falecido – só podem exigir o respectivo quinhão hereditário (parte do crédito solidário cabível ao de cujus) – e não a totalidade do crédito.

A prestação do herdeiro do co-credor falecido poderá ser reclamada por inteiro:

- se o falecido deixou um único herdeiro;- se todos os herdeiros agirem em conjunto;- se a prestação for indivisível

- O sucesso obrigacional em sentido lato sensu só poderá exigir a quota-parte correspondente ao seu quinhão hereditário

C) CONVERSÃO DA PRESTAÇÃO EM PERDAS E DANOS

Art. 271: “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos a solidariedade” => A obrigação solidária se converte em perdas e danos não altera a natureza jurídica de seus efeitos.

- fixado o valor das perdas e danos – cada credor continua com o direito de exigir a sua totalidade. OBS: Difere das obrigações indivisíveis, visto que nestas há conversão de perdas e danos torna a obrigação divisível.

D) EFEITO JURÍDICO DA SOLIDARIEDADE ATIVA NAS RELAÇÕES INTERNAS

Art. 272: “o credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”

- Relações internas entre co-credores solidários;- Princípio da comunidade de interesses – todos têm um interesse comum no

objeto da obrigação;- O credor que remite (perdoa a dívida) será responsável pela quota-parte dos

demais.- Os co-credores terão direito de regresso – direito de exigir do credor que

remitiu ou recebeu a prestação a entrega do que lhes competir.- AÇÃO REVERSIVA: GARANTIR AOS DEMAIS CREDORES A

PERCEPÇÃO DE SUAS QUOTAS - A obrigação solidária ativa é não fracionável na relação devedor/credores (relação externa), mas fracionável quanto aos sujeitos ativos da relação obrigacional (relação interna)

E) OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES PESSOAIS

A exceção é um argumento de defesa, pode ser: a) Pessoal; b) Geral

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a) Geral ou Objetiva ou Absoluta => atinge a obrigação por inteiro, dizendo respeito ao interesse de todos os credores e devedores. Ex: prescrição, licitude do objeto, extinção da obrigação

b) Pessoal ou Particular ou Subjetiva => É o argumento de defesa que atinge somente aquele devedor, que argüiu a defesa em seu favor, e somente ele poderá argui-lo. Ex: incapacidade, erro e outros vícios de vontade.

Art. 273: “a um dos credores solidários não pode o devedor opor exceções pessoais oponíveis aos outros”

EXCEÇÃO NO DIREITO

- forma e meio de defesa – substituição do termo “exceções” por “defesas”;

- Solidariedade:

uma única prestação multiplicidade de vínculos (+ de 1 pessoa no pólo passivo ou ativo)

- Situações que podem ser alegadas por qualquer devedor demandado = exceções comuns ou reais ou gerais

dizem respeito à própria obrigação – pode ser alegada por qualquer devedor demandado

Ex: situações como a inexistência de obrigação, ausência de forma prescrita, extinção da obrigação.

- “são os meios de defesa que podem ser opostos por todos os co-devedores da obrigação solidária” – Venosa

- Situações que só podem ser alegadas por um único devedor = exceções pessoais, particulares

só o devedor exclusivamente atingido por tal exceção é que poderá alegá-la. não contaminam o vínculo dos demais co-devedores Ex: só alguém que tenha se obrigado por erro pode alegar vício de vontade

- “são os meios de defesa que podem ser opostos por um ou vários co-devedores” – Venosa

- a exceção pessoal só pode ser oposta pelo devedor ao credor que ela possua (exceção pessoal).

F) EFEITOS DO JULGAMENTO EM CASO DE SOLIDARIEDADE ATIVA

Art. 274: “O julgamento contrário a um dos credores solidários, não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve”Favorável = atinge todos os credores, salvo causa pessoal.Contrário = Não atinge os demais credores

10. SOLIDARIEDADE PASSIVA

- a solidariedade passiva decorre da lei ou da vontade das partes.

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A SOLIDARIEDADE PASSIVA

Art. 275: “O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto”

- O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores parcial ou totalmente, a dívida comum

DIREITOS DO CREDOR

Art. 275 – parágrafo único: “Não importará renúncia da solidariedade, a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”

- O credor pode propor ação contra um ou apenas uma parte dos devedores – sem que com isso renuncie a solidariedade dos demais.

- Poderá, neste caso, ainda, demandar a obrigação dos demais devedores não acionados judicialmente.

MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS

art. 276: “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores”

- A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade que continuará onerando os demais co-devedores.

- Os herdeiros respondem pelos débitos do falecido, desde que não ultrapassem as forças da herança – arts. 1.792 e 1.997.

EFEITO DO PAGAMENTO PARCIAL EFETIVADO POR DEVEDOR SOLIDÁRIO E REMISSÃO DA DÍVIDA OBTIDA POR UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS

art. 277: “o pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até a concorrência da quantia paga ou relevada”

- Aqui, a remissão pessoal dada pelo credor a um dos devedores – não tem o condão de apagar a solidariedade relativamente aos demais devedores – que permanecerão vinculados.

- Ocorre, entretanto, a redução da dívida proporcionalmente à concorrência da importância relevada.

- O credor só cobrará dos demais o restante da obrigação = valor do crédito com o abatimento.

ESTIPULAÇÃO DE CONDIÇÃO OU DE OBRIGAÇÃO ADICIONAL

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art. 278: “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

- Cláusula, condição ou obrigação adicional – são atos que alteram a relação obrigacional – não podem prejudicar os demais devedores solidários – por isso atingem somente aquele que se obrigou - REVELIA

IMPOSSIBILIDADE NA PRESTAÇÃO POR CULPA DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS

art. 279: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”

- IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO SEM CULPA: decorrente de caso fortuito ou força maior = resolução da obrigação

= liberação dos co-devedores. COM CULPA: de um ou de alguns dos devedores – respondem todos pelo

equivalente, mas pelas perdas e danos só o(s) culpado(s) Ninguém pode ser culpado pela culpa alheia

RESPONSABILIDADE PELOS JUROS MORATÓRIOS

art. 280: “todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida”

- 1ª parte: sob o prisma das relações externas = todos os co-devedores solidários responderão perante o credor pelos juros moratórios – mesmo que a ação tenha sido proposta somente contra um deles.- 2ª parte: sob o prisma das relações internas = somente o culpado deverá suportar o acréscimo = princípio da responsabilidade pessoal pelos atos culposos

OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES

art. 281: “o devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor”.

- As exceções ou defesas pessoais peculiares a cada co-devedor – isoladamente considerado – só poderão ser deduzidas pelo próprio interessado – não se estendendo aos outros.

- Ex: não poderá alegar que um dos devedores foi coagido.- As exceções comuns ou objetivas, ao revés, aproveitam a todos os

coobrigados.- Ex: falta de causa, à ilicitude do objeto e etc.

RENÚNCIA DA SOLIDARIEDADE: PARCIAL OU TOTAL

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art. 282: “o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”

- A renúncia da solidariedade significa a perda da faculdade de cobrar daquele devedor a dívida por inteiro – continua a ter responsabilidade por uma quota-parte da obrigação.

- Ficará obrigado perante o credor apenas por sua parte no débito – apesar de ser obrigado a contribuir com a quota-parte do insondável. A renúncia é um ato jurídico stricto sensu.

art. 282 – parágrafo único: “se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”.

- O credor quando for cobrar dos demais – deverá abater na dívida a quantia alusiva à parte devida pelo co-devedor que foi liberado

- O credor beneficiado (pela renúncia) passará a ser o sujeito passivo de uma obrigação simples – deve apenas uma quota-parte

- Os demais co-devedores continuarão solidários

DIREITO DE REGRESSO

art. 283: “ o devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores”.

- O coobrigado que cumpre a prestação sub-rogar-se-á no crédito – mas a solidariedade não passará para o sub-rogado, que terá o poder de reclamar dos demais as partes em que a obrigação se fracionou;

- Tem, portanto, o direito de regresso, pois cumpriu além de sua parte;- Se um dos co-devedores for insolvente – haverá o rateio entre todos os co-

devedores – inclusive daqueles exonerados da solidariedade pelo credor.- Eles contribuirão, proporcionalmente no rateio.

RATEIO DA PARTE DO INSOLVENTE

art. 284: “ no caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

IMPOSSIBILIDADE DE DIREITO DE REGRESSO

art. 285: “Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar”

- O co-devedor a quem a dívida solidária interessar exclusivamente responderá sozinho por toda ela para com aquele que a solveu.

- Ex: havendo fiança, o credor tem direito de acionar qualquer dos fiadores; mas uma vez pago o débito, o solvens terá o direito de reembolsar-se integralmente apenas do afiançado.

- Neste caso = poderá um dos devedores ser compelido a satisfazer todo o débito, sem ter direito de regresso contra os demais.

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7 OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

1 – Quanto ao modo de cumprimento, podem ser:

a) Instantâneas:b) Diferidas;c) De trato sucessivo ou periódicas: Os atos de execução se dão de forma

reiterado no tempo.

2- Quanto à consecução recíproca, podem ser:

a) Principais – É aquela que subsiste por si mesma de forma independente, autônoma e sem vinculação a qualquer outra. Ex: Contrato de compra e venda para entrega de coisa

b) Acessórias – São aquelas cuja existência supõe a da obrigação principal

REGRAS ESPECÍFICAS:

1ª Regra: “O acessório segue o principal”. Art. 92 CC2ª Regra: “A invalidade da obrigação principal provoca a invalidade da obrigação acessória, mas a invalidade da obrigação acessória, não induz a invalidade da obrigação principal” – art. 164 CC3ª Regra: Nas obrigações de dar coisa certa o acessório segue o principal, ainda que não mencionados no título (contrato) da obrigação, salvo se o contrário resultar no título ou das circunstâncias do caso.4º Regra: “A novação extingue os acessórios e as garantias das dívidas, salvo estipulação em contrário”. Art. 364 CC

3 – Quanto ao fim que se destina – o núcleo é fazer.

a) De meio – O devedor se compromete de usar de todos os meios. É aquela em que o devedor se compromete a empregar todo o conhecimento, técnica e diligências necessárias para alcançar o resultado, porém não se compromete com o próprio resultado. Ex: Obrigações do advogado e do médico

b) Resultado – O devedor se compromete a alcançar o resultado. É aquela em que o devedor se compromete com o próprio resultado da obrigação, ou seja, só se exonera quando alcança o resultado, caso contrário, será considerado inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso.

Obs1: Caso o resultado não seja alcançado deverá será apurado perdas e danos. Ex: Obrigação de uma cirurgia plástica, dentista, cirurgia estética, canal.

c) Garantia – O devedor se compromete e mesmo com as excludentes de resultado, ele garante o cumprimento. É aquela em que o devedor se compromete com o resultado, inclusive em situações de caso fortuito ou força maior, é uma subespécie da obrigação de resultado. Ex: Seguro de transportadora de mercadorias, segurador e fiador. É aquela que se destina a propiciar maior segurança ao credor ou eliminar risco existente em sua posição,mesmo em hipóteses de fortuito ou força maior dada a sua natureza.

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4 – Quanto às cláusulas acessórias que modificam os efeitos naturais das obrigações, podem ser:

a) Puras ou Simples – Não se sujeitam à condição, termo ou encargo;b) A termo – Se sujeitam a um evento futuro e certo. Possuem termo prefixada,

ou data prefixada de ocorrência, que coincide com o vencimento da obrigação;c) Condicionais – Se sujeitam a um evento futuro e incerto, dividindo-se em obrigações condicionais suspensivas e condicionais resolutórias

a. Suspensivas: Protraem (adiam) os efeitos da obrigação à ocorrência de determinado evento futuro e incerto, ou seja, somente chegado o evento a obrigação é realizada.

b. Resolutivas: Os efeitos obrigacionais são terminados quando da ocorrência de um evento futuro e incerto.

d) Modais ou com encargo – São oneradas de algum gravame ou ônus

5- Quanto à certeza e liquidez e exigibilidade do título (contrato), podem ser

a) Líquidas – São certas quanto à sua existência, determinadas quanto ao seu valor e expressas em cifra, algarismo e identificadas pelo gênero, quantidade e qualidade nas obrigações de dar.

b) Ilíquidas - Precisam passar por um processo anterior de liquidação, ou seja, dependam de prévia apuração porque seu valor montante é incerto e para seu cumprimento precisa ser líquida. As liquidações podem ser feitas por simples cálculo (aritmético), por arbitramento ou então por artigos (quando é necessário provar fato novo)

6- Quanto ao caráter de acessoriedade, temos as obrigações com cláusula penal

Obs1: É acessório a um contrato principal.

Obs2: O princípio de eu o acessório segue o principal vale para as obrigações com cláusula principal. Assim, nula a obrigação principal, nula será a obrigação acessória, sendo que o contrário não é verdadeiro, ou seja, nulo o acessório, o principal não estará nulo.

Classificação da cláusula Penal.

a) Compensatório: É a prefixação de perdas e danos para eventual descumprimento do contrato, quando então o credor poderá executar diretamente a cláusula acessória.

b) Moratória: É a prefixação de perdas e danos em cláusula acessória para eventuais prejuízos decorrentes da mora (retardamento culposo no cumprimento da obrigação ou inadimplemento relativo)

7 – Quanto ao débito e responsabilidade, podem ser:

a) Civis ou Comuns ou Perfeitas ou Jurídicas. Encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido do credor, por meio de ação. Possuem o

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elemento débito e responsabilidade, ou seja, devedores e credores. Podem ser exigidas juridicamente, pois se o devedor ou um terceiro realiza voluntariamente a prestação, o credor tem a faculdade de retê-lo a título de pagamento (soluti retentio). Se, no entanto não ocorrer o cumprimento voluntário, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar o patrimônio do devedor

b) Naturais ou imperfeitas ou incompletas – Possuem débito, mas que não tem responsabilidade. Não podem ser exigidas juridicamente. Sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. Nessa modalidade o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação, se este, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem o direito de repeti-lo. Não cabe o pedido de restituição da importância paga em razão da retenção do pagamento existente em favor do credor. Conforme Andréa Torrente a obrigação natural é relação não jurídica, que adquire eficácia jurídica através do seu adimplemento. Para Sérgio Carlos Covello, é a obrigação que não confere o direito de exigir seu cumprimento, mas, se cumprida espontaneamente, autoriza a retenção do que foi pago. Assim, ter-se-á obrigação natural sempre que se possa afirmar que uma pessoa deve a outra determinada prestação por um dever de justiça, devido à existência anterior de um débito inexigível e não por um dever de consciência. Seu principal efeito é a retenção do pagamento (soluti retentio), ou seja, a irrepetibilidade da prestação feita espontaneamente, ou seja, na validade de seu pagamento e o faz porque a dívida existia, apenas não podia ser judicialmente exigida. A teoria mais aceita é a Teoria Clássica ou tradicional que sustenta que a obrigação natural é a obrigação civil desprovida de ação judicial. A obrigação natural não comporta fiança, pois esta é de natureza acessória e segue o destino da principal, não podendo existir sem uma obrigação civil válida e exigível.Exemplos:

Dívida de jogo (art. 814 CC); “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito”. (Igualmente, não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo, ou aposta, no ato de apostar ou jogar CC, art.815)

Dívida prescrita – art. 882 CC - (tem débito, mas não tem responsabilidade, salvo se os herdeiros do de cujus pagaram a dívida prescrita com desconhecimento quanto então pode reaver o que voluntariamente pagaram para quitar a dívida prescrita);

O Código no artigo 882, aduz que não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.Artigo 564 III, segundo o qual não se revogam por ingratidão as doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural.

REGRA GERAL: Nas obrigações naturais não comporta repetição de indébito.

Obs; Orlando Gomes dispensa tratamento a outras modalidades obrigacionais, tais como:

a) Obrigações morais. Ex; dar esmolab) Obrigações costumeiras. Ex: Pagamento da gorjetac) Obrigações cívicas; Ex: servir às forças armadas

Obs: Fiança é um tipo responsabilidade sem débito.

8 – Quanto à relação de direito real e direito obrigacional, podem ser: a) Propter rem; b) Ônus Reais; e c) Eficácia real

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a) Propter Rem ou obrigações reais ou obrigações ob rem ou obrigações ambulatórias ou obrigações imperfeitas. “advir de ou por causa de” – São aquelas obrigações que estão a cargo de um sujeito à medida que este é proprietário de uma coisa, ou titular de direito real de uso e gozo dela. São Direitos e Deveres de natureza real que emanam do domínio. É um misto de direito real e direito obrigacional. É positiva ou negativa.

Obs1: domínio: . propriedade . posse . simples uso

Natureza jurídica: é uma categoria jurídica autônoma, porque envolve tanto direito real, quanto direito obrigacional, por isso, são denominadas, de obrigações híbridas ou ambíguas

Exemplos: Obrigação do condômino de pagar a taxa do condomínio; Do condômino em condomínio de edificar, de não alterar a fachada do prédio; Do condômino de contribuir para conservação da coisa comum; Dos donos de imóveis confinantes de concorrerem para despesas de

conservação e construção de tapumes e divisórias.

Características

Vinculação ao um Direito Real, assim ser o devedor ou possuidor e proprietário; Transmissibilidade da obrigação por meio de negócio jurídico, recaindo a

obrigação sobre o novo adquirente; O devedor pode exonera-se da obrigação pelo abandono do bem.

Regras Especiais:

O patrimônio do devedor responde sem limite pela obrigação, salvo bem de família;

A prestação pode ser positiva ou negativa; O desaparecimento do objeto não faz desaparecer o ônus.

b) Ônus Reais – É aquela que onera o devedor fazendo recair sobre sua pessoa por força de determinado direito real determinado gravame ou encargo.

Características:

Vinculação ao Direito Real; Transmissibilidade recaindo a obrigação sobre o adquirente; A prestação será positiva.

Regras Especiais:

A responsabilidade do devedor está limitada ao valor do bem onerado; Desaparecendo o objeto, desaparece o ônus; É sempre positiva; São deveres que limitam o gozo da coisa e o poder de dispor sobre elas com

efeito erga omnes.

Exemplos:

Constituição de renda sobre imóvel – arts. 803 a 813 CC;

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Obs1: É um instituto em desuso, para muitos, revogado.

Obs2: Os débitos anteriores relativos a taxa de condomínio, transmite-se ao novo titular (adquirente).

c) Eficácia Real – São aquelas obrigações que sem perder o caráter essencial de Direitos, há uma prestação se transmitem ou são oponíveis a terceiros que adquiram Direito sobre determinada coisa.

Exemplos:

Artigo 8º da Lei de Locação (nº 8245/91), salvo cláusula assecuratória de vigência em caso de alienação averbada junto à matrícula do imóvel não será obrigado o adquirente a respeitar o contrato de locação;

O compromisso de compra e venda sem cláusula de arrependimento, onde compromissado comprador goza de Direito Real oponível a terceiro, caso o compromisso de compra e venda esteja inscrito no Registro Imobiliário;

Direito de Preferência – Art. 576 CC a art. 27 da Lei do Inquilinato nº 8245/91 – O locatário tem Direito Real em favor de terceiros, caso o locados não observe o seu Direito de Preferência.

8 TEORIA DO PAGAMENTO

1) ELEMENTOS - Pagamento: É a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo.

a) Lugar do Pagamento;b) Tempo do Pagamento;c) Objeto e sua prova;d) Daqueles a quem se deve pagar – accipiens;e) Daquele que deve pagar - solvens

2) CONDIÇÕES

Subjetivas Objetivas. Credor . Lugar

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. Devedor . Tempo . Objeto . Prova3) LUGAR DO PAGAMENTO – É o local de cumprimento da obrigação que deve vir designado no título (contrato) constitutivo da obrigação.

3.1 – Regra do Pagamento:

Pagamento quesível ou quérable – é a regra do local de pagamento das obrigações. É o domicílio do devedor, nessa situação, credor procura o devedor para pagamento. Na omissão do contrato o pagamento é quesível, ou seja, no domicílio do devedor.

Pagamento Levável ou Portable – É a aquele que fixa como local de pagamento o domicílio do credor, nessas circunstâncias o devedor procura o credor para pagamento.

3.2 – Local alternativo – Se forem designados dois ou mais locais para pagamento, caberá ao Credor a escolha entre eles. Parágrafo Único, art, 327 CC

3.3 – Devedor Muda de domicílio – O devedor arcará com todas as novas despesas acarretadas ao credor. Art. 327 CC

3.4 – Renúncia ao local de pagamento – O pagamento reiteradamente em outro local, faz-se presumir renúncia pelo credor relativamente do local previsto no contrato. Art. 330 CC

3.5 – Pagamento de prestações relativas a imóvel ou tradição de imóvel – O local de pagamento será o de situação do bem. Art. 328 CC

3.6 – Calamidade pública ou outro motivo grave – O devedor poderá promover o pagamento em outro local sem prejuízo para o credor. Art. 329 CC3.7 – Tempo do pagamento – É o momento de cumprimento da obrigação, ou seja, o vencimento.

Obs1: A obrigação só pode ser exigida no vencimento.

3.8 Omissão na fixação do tempo do pagamento – Vigorará o princípio da satisfação imediata, ou seja, a obrigação pode ser exigida desde logo. EXCEÇÃO: Para aquelas obrigações cuja natureza não permite a sua satisfação imediata. Ex: cobrança dos aluguéis decorrentes de locação.

3.9 Obrigações Condicionais – Serão pagas no implemento da condição, ou seja, na data de ocorrência do implemento da condição. Art. 332 CC

Obs2: O credor deverá provar que o devedor teve ciência do implemento da condição para a exigibilidade do pagamento.

3.10 – Hipóteses Legais de vencimento antecipado da obrigação – art. 333 CC – São três situações:

1ª – No caso de falência de devedor ou concurso de credores;2ª – Se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor. São as garantias reais ou fidejussórias;3ª – Se as garantias reais ou fidejussórias se tornarem insuficientes e o devedor intimado se negá-las a reforçá-las.

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Obs3: Garantias reais: penhor e hipoteca Garantias fidejussórias: fiança e aval.3.11 – Vencimento antecipado de obrigação solidária – Para um dos devedores solidários não importará o vencimento antecipado para os demais devedores solidários. Art. 333, parágrafo único CC

4) OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA – ART. 326 CC

4.1 – Pagamento por peso ou medida – Na omissão do critério de pagamento de peso ou medida o silêncio das partes faz presumir que aceitaram os do lugar da execução

4.2 – Princípio da Identidade da coisa certa – art. 313 CC

4.3 – Princípio da Indivisibilidade do pagamento – art. 344 – Nas obrigações indivisíveis não poderá o credor receber, nem o devedor pagar por partes se assim não se ajustou.

4.4 – Recibo ou quitação – É a prova cabal do pagamento. Art. 319 CC. O devedor pode reter o pagamento até que o credor que lhe forneça recibo ou quitação.

4.5 – Forma de Quitação – Na quitação os recibos poderá ser dado por instrumento público ou particular, salvo nos negócios.

Obs1: Recibo ou quitação como regra geral poderá ser dado por instrumento particular.

Elementos ou requisitos do recibo ou quitação: Valor em espécie da dívida quitada; Nome do devedor, ou quem por este paga; Tempo do pagamento (vencimento); Lugar do pagamento; Assinatura do credor ou de seu representante legal.

Obs2: A ausência dos elementos não torna inválido o recibo ou quitação.Obs3: Mesmo que não observado as formalidades legais é possível considerar válido o pagamento se das circunstâncias do caso, houver de que ocorreu o pagamento. Art. 320 CC, Parágrafo Único.

Princípio da Boa-Fé:

4.6 – Débitos Literais – São aquelas obrigações que estão representados no próprio título da obrigação. Ex: cheque, nota promissória. Nessas circunstâncias a posse do título faz presumir o pagamento da obrigação.

Obs1: 1º Regra: Quem se apresenta com título (débito) literal) é presumido credor. 2º Regra: Perda, desaparecimento ou inutilização do título. Nos casos de extravio do título deverá o devedor exigir do credor declaração de inutilização do título sob argumento de extravio de forma prevenir futura cobrança. 3º Regra: É possível a promoção de Ação Declaratória de inutilização (extravio) de forma que seja cientificado terceiros para impugnar a legitimidade do pagamento, art. 321 CC.

4.7-Princípio do nominalismo e a cláusula de escala móvel.

Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro. Obrigação de pagar – constitui modalidade de obrigação de dar coisa certa

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O pagamento em dinheiro deve ser feito pelo valor nominal e com moeda de curso forçado nacional, salvo as exceções que permitem o pagamento estrangeiro.

Cláusula de Escala Móvel – é a possibilidade de estabelecer no contrato o aumento progressivo das prestações. Acontece nos contratos sucessivos,parcelados ou de prestações sucessivas. Em regra as partes têm autonomia para estabelecer os índices de reajuste de preço, outrossim, principalmente no CDC se faz necessário observar a abusividade ou não desses índices. Arts. 315 e 316 CC.

4.8 – Teoria de Imprevisão – Quando houver disposição manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução é possível que o Juiz a pedido da parte promova a revisão judicial do contrato de forma a preservar o valor real da prestação. Art. 317 CC.

4.9 – Presunções de pagamento – São relativos, pois admitem prova contrário, que cabe a credor, que não houve pagamento de juros.

Presunções Relativas do Pagamento1º - A quitação do capital (principal) faz presumir o pagamento dos juros, salvo quitação por expressa reserva de juros. Art. 323 CC.

2º - Quando o pagamento for por quotas periódicas a quitação da última faz presumir o pagamento das parcelas anteriores, salvo disposição ou prova em contrário. Art. 322 CC.

3º - Presume-se que aquele que se apresenta com o título é o verdadeiro credor e posse do débito literal também presume o pagamento.

Obs1: Prazo decadencial de 60 dias para que o credor faça a impugnação da presunção. Art. 324 CC, Parágrafo.

Regra Geral: As despesas com o pagamento e quitação correm por conta do devedor. Exceção: Se por fato imputável ao credor, sobrevier aumento das despesas, este suportará o referido acréscimo. Art. 325 CC, parte final.

5.0 Condições Subjetivas do Pagamento –

5.1 - Solvens: daqueles(de quem) deve pagar: Devedor Terceiros: Interessado e Não Interessado

a) Devedor: é juridicamente interessado no pagamento – propriamente dito, contrai a obrigação - voluntário=teoria do pagamento= a)tempo b)lugar c) modo devidos (objeto do pagamento e sua prova - involuntário =>execução forçada => coativa => gerando a constrição patrimonial b) Terceiro – pagamento pode ser:

Jurídico = terceiro interessado =é aquele que tem vínculo jurídico com a obrigação e portanto tem interesse em seu adimplemento. Ex: fiador

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Moral ou social = terceiro não-interessado. Obs1: O fiador tem direito de regresso em face do devedor principal para o reembolso. Ação in rem verso ou ação ordinária de cobrança.

Terceiro não-interessado, pode pagar de duas formas; a) em nome do devedor; b) por conta do devedor.

Obs1: Em nome do devedor e por conta do devedor, não gera direito a sub-rogação(substituição). Obs2: Pagamento em nome de terceiro não-interessado havendo substituição da posição jurídica de credor, nesse caso é cabível a ação regressiva.

Obs3: Terceiro não-interessado que paga em nome próprio e por conta do devedor não se sub-roga nos direitos do credor (não assume os privilégios creditórios. Garantias reais e fidejussórias). Art. 305 CC

c) Pagamento com desconhecimento ou oposição do devedor – Não gera direito a reembolso.art. 306 CC. d) Pagamento antes do vencimento – Só obriga o reembolso no vencimento. Art. 305, Parágrafo Único CC. e) Transmissão da Propriedade – Só transmite quem é o detentor.

Obs1: Somente considerar-se-á concluída a obrigação, ou seja, transmitida a propriedade se operada pelo seu legítimo titular. Art. 307 CC

Obs2: Se a coisa dada em pagamento for bem fungível nada se poderá reclamar do credor que a recebeu e consumiu de boa-fé ainda que a transmissão do bem tenha se operado por que não tinha poderes para alienar. Art. 307, Parágrafo Único.CC

5 - DAQUELES QUE DEVEM RECEBER “a QUEM SE DEVE PAGAR” – accipiens - credor

5.1 – Quem pode receber? a) Credor; b) Representante

Convencional => por contrato de mandato (procurador) Legal/Judicial – Ex: síndico na falência, administrador de bens de ausente

c) Co-Credor Da Solidária Ativa Da Indivisível

d) Sucessor Inter-vivos=> Transmissão das obrigações=Sucessão jurídica de credores >

Cessão de crédito Causa-mortis => herdeiros > ato sucessório

5.2 – Credor Putativo ou Credor Aparente – Requisitos: a) Boa-fé do devedor; b) Excusabilidade do erro Obs: Nas circunstâncias do caso verificando-se o princípio da boa-fé e a excusabilidade do erro o pagamento deverá ser considerado como válido. Art. 309 CC

5.1 - Autorização para receber => Cabe ao portador da quitação. Art. 311 CC, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção do caso. 5.1 - Penhora de Crédito. Art. 312 CC.

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5.2 – Pagamento feito a inibido de receber – é aquele que temporariamente não está legitimado a receber. O pagamento feito cientemente ao incapaz de quitar só será válido se houver prova de que em benefício dele se reverteu.

REGRA GERAL: O pagamento não é válido. Art. 310 CC. EXCEÇÃO: Se o devedor provar que em benefício do credor incapaz o pagamento revertido, este será considerado válido.

LUGAR DO PAGAMENTO

Lugar = local de cumprimento da obrigação

Indicado no título constitutivo da obrigação:

As partes contraentes especificam o domicílio e elegem foro

No silêncio das partes = lugar do pagamento é o domicílio do devedor.

O credor procura o devedor para cobrança presunção de que o pagamento é quesível.

Se a estipulação for de que o devedor ofereça pagamento no domicílio do credor:

Se forem designadas dois ou mais lugares, caberá ao credor a escolha – parágrafo único do art. 327, CC.

Disposição Legal: lei estipula o lugar do pagamento. Ex: letras de câmbio

Natureza da Obrigação: por si só mostra o local do pagamento. Ex: despachar mercadoria por via férrea, com frete a pagar, local em que o destinatário retirar o despachado

o credor deve manifestar sua escolha ao devedor, em tempo hábil para que este possa efetuar o pagamento

princípio da liberdade de eleição (CC, art.78)

art. 327, CC - dívida quérable

dívida portable (portável ou levável)

LOCAL ALTERNATIVO

Se o devedor muda de domicílio?

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o credor mantém o local originalmente fixado ou

não sendo possível, será feito no novo domicílio do devedor, que arcará com as despesas acarretadas ao credor (ex: taxas de remessa bancária, etc.)

o pagamento feito reiteradamente em outro local, faz presunção juris tantum de que o credor renunciou o previsto no ato negocial – art. 330, CC.

nada se pode fazer diante de uma impossibilidade:

- local do pagamento esteja isolado ou atingido por calamidade pública – art. 329, CC

o credor deve ser ressarcido dos incômodos de receber em local diverso do combinado?

caso fortuito ou força maior autorizam indenização? mora creditoris - art. 335, I, CC

Depende de cada caso concreto.

TEMPO DO PAGAMENTO

determinação do instante em que se deve pagar o débito é de suma importância = só é exigível quando se vencer.

VENCIMENTO DA DÍVIDA = momento em que se pode reclamar a dívida

OMISSÃO DO VENCIMENTO = poderá ser exigida imediatamente

- art. 331, CC – deve ser visto com reservas – há obrigações que por sua própria natureza, não podem ser exigidas de plano. Ex. empréstimo, locação, depósito PRAZO MORAL

se cumprem no implemento da condição

o credor deve provar a ciência desse implemento pelo devedor.

PRESUNÇÃO DE RENÚNCIA DO CREDOR AO LOCAL DE PAGAMENTO

Pagamento consistente na tradição de um imóvel ou em prestação a ele relativa

- será feito no lugar em que for situado o bem - art. 328, CC

princípio da satisfação imediata

vencimento de obrigação condicional - art. 332, CC 46

o credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob as penas do art. 939, CC.

entretanto, o art. 333, CC - faculta ao credor cobrar a dívida antes de vencido o prazo, em três situações:

a) a falência do devedor e sua execução permite prever que não cumprirá a obrigação;

b) quando há garantia real (hipoteca e penhor), os bens dados em garantia sofrem penhora por outro credor – presunção de que não há mais bens livres;

c) diminuição da garantia pessoal ou real, ou mesmo a sua perda – o devedor deve ser intimado para reforçar a garantia, caso não o faça, a lei autoriza a cobrança antes do vencimento da dívida.

o OBRIGAÇÕES PURAS – as partes ou a lei não estipulam prazo para pagamento – a prestação pode ser exigida a qualquer tempo.

o OBRIGAÇÕES A TERMO – obrigações com prazo fixado.

SOLIDARIEDADE PASSIVA

o prazo presume-se estipulado em benefício do devedor – art. 133, CC – pode ele cumprir antecipadamente a prestação

A obrigação pode ter um prazo fixado em beneficio do credor. Neste caso, não pode ser o credor obrigado a receber antecipadamente.

e a obrigação for de prestação periódica, cada pagamento deve ser examinado isoladamente.

obrigação cumprida além do prazo marcado deve ser acrescida dos encargos de mora.

DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA

objeto do pagamento = aquilo que foi acordado. credor recebe o objeto do pagamento = obrigação é extinta.

Art. 313, CC – o credor não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa.

ocorrendo vencimento antecipado, relativo a um dos co-devedores – não atingirá os demais: parágrafo único, art. 333, CC

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Art. 314, CC – ainda que a prestação seja divisível, não pode ser o credor obrigado a receber por partes ou o devedor a pagar por partes, se assim não se ajustar.

Perdas e danos não são pagamentos = são substituição de pagamento.

art. 326, CC – os pagamentos contratados por medida ou peso devem obedecer aos costumes do lugar – no silêncio das partes.

art. 315, CC – as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento em moeda corrente e pelo valor nominal – como regra geral.

art. 316, CC – é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas = base índices oficiais regularmente estabelecidos

art. 317, CC - quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

- atribuição ao Judiciário (de forma expressa) – o poder de rescisão dos preços – dentro da teoria da imprevisão ou excessiva onerosidade.

art. 318, CC - são nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.

DA PROVA DO PAGAMENTO

prova – demonstração material – fato, ato de negócio jurídico, manifestação externa de um acontecimento

pagamento da prestação por peso ou medida

obrigações pecuniárias e seu pagamento

cláusula de atualização de valores monetários

correção judicial do contrato

pagamento em ouro ou em moeda estrangeira

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art. 319, CC – quem paga tem direito a se munir de prova desse pagamento = quitação - enquanto não for dada a quitação regular – pode reter o pagamento

é documento idôneo para comprovar pagamento das obrigações de dar e fazer.

nas obrigações de não fazer, o ônus da prova é do credor – deve evidenciar se foi praticado o ato ou os atos.

art. 320, CC – elenca os requisitos do recibo = instrumento de

quitação

quitação pode ser dada por instrumento público e por instrumento particular

para valer perante terceiros - deve ser registrada no Registro de Títulos e Documentos – Lei nº 6.015/73, art. 129, §7º

não exige palavras sacramentais – pagamento quitação pode ser de todo o débito ou parcial. Se nenhuma ressalva for feita, entende-se que a quitação se refere a todo o débito.

AUSÊNCIA DE REQUISITOS FORMAIS – parágrafo único, art. 320, CC

- se o credor se recusa a conceder a quitação ou não a dá na forma devida – o devedor pode acioná-la – a sentença substituirá a regular quitação.

art. 321, CC – existem débitos que são representados por um título = débitos literais.

a posse do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago – por isso, caso o título desapareça o devedor pode exigir – retendo o pagamento – declaração do credor para inutilização do título desaparecido.

recibo = prova cabal de pagamento

designação do valor da espécie da dívida quitada nome do devedor ou de quem por este pagou tempo e lugar do pagamento

assinatura do credor ou de ser representante

perda do título particular

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art. 322, CC – presunção de pagamento - juris tantum - já que não receberia o credor a última prestação se as demais não estiverem pagas.

observa-se, entretanto, ser possível o pagamento de prestações periódicas com a inserção de declaração de que a quitação da última conta não faz presumir a quitação de débito anterior.

art. 324, CC – quando o título representa a obrigação - a entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento (presunção relativa = pode ter sido obtido p. ex: com violência).

art. 324, parágrafo único, CC – a quitação ficará sem efeito se o credor provar, em 60 dias, a falta do pagamento – prazo é decadencial.

art. 325, CC – as despesas com o pagamento e a quitação correm por conta do devedor, salvo estipulação em contrário.

se ocorrer aumento por fato do credor

mudar de domicílio ou falecer deixar herdeiros em locais diversos

suportará este a despesa acrescida ou seus sucessores – não é justo que o devedor arque com despesas por fatos supervenientes para os quais não concorreu.

se o credor der quitação do capital sem reserva de juros – haverá presunção juris tantum – de que houve pagamento (juros)

acessório segue o principal

QUEM DEVE PAGAR: O DEVEDOR SOLVENS

PAGAMENTO: execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo

devedor é obrigado a pagar – mas terceiros podem fazê-lo é obrigação e também direito

pagamento em quotas periódicas e de prestações sucessivas

entrega do título com quitação – presunção juris tantum

despesas com o pagamento e quitação

quitação do capital sem reserva de juros

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busca evitar que a dívida se prolongue além do estipulado e que isto lhe traga maiores encargos “bom pagador” = paga na forma contratada “consignação em pagamento” = forma de forçar o credor a receber

art. 304, CC – interessado? (interesse jurídico) categorias de solvens:

próprio devedor terceiro interessado – art. 346, III, CC

terceiro não interessado

paga em nome do devedor

- parágrafo único do art. 304, CC – “se o fizer em nome e à conta de devedor”

paga em nome próprio

- art. 305, CC - tem direito de reembolsar-se do que pagar- pleiteará somente o quantum despendido- proibição do locupletamento à custa alheia

terá de aguardar o vencimento fixado para reclamar do devedor a quantia que despendeu

art. 306, CC – pagamento por terceiro – o devedor só poderá opor ao sub-rogado as exceções que o crédito comportar, impugnado-o por nulidade ou prescrição ou por qualquer outro motivo excludente de obrigação

o credor deve aceitar o pagamento – ainda que proveniente de terceiros – exceção: obrigações intuitu personae

ocorre a sub-rogação em todos os direitos de crédito

ação de “in rem verso”

não sub-rogação do terceiro nos direitos creditórios

pagamento antes do vencimento do débito

oposição do devedor ao pagamento por parte de terceiro

efeito do pagamento “invito debitore”51

terceiro não interessado efetua o pagamento com “desconhecimento” ou “contra a vontade” do devedor motivo da oposição pelo devedor deve ser justo terceiro deve ter conhecimento da oposição – se pagar, assumirá o risco quando o devedor desconhece a intenção do pagamento – o solvens deve

informar ao devedor que vai pagar sob pena de pagar mal

DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR

a quem deve ser feito o pagamento?

o credor = accipiens: é a pessoa que recebe art. 308, CC (parte inicial) – o pagamento deve ser feito ao

credor

ao credor ao co-credor a quem o represente legal, judicial ou convencionalmente sucessores causa mortis (herdeiro ou legatário) sucessores inter vivos (cessionário do crédito, sub-rogado no direito creditório)

o pagamento também pode ser feito a quem de direito o represente = válido

representação? Representação judicial?

o pagamento pode ser feito a um “terceiro”/ “estranho” à relação material

pagamento pode ser feito a pessoa não intitulada e mesmo assim vale – ratificação do credor ou de quem o represente – art. 308,CC

- o pagamento deve ser feito ao credor ou a seu representante – “quem paga mal paga duas vezes”

RELAÇÕES NEGOCIAIS – BOA APARÊNCIA - CIRCUNSTÂNCIAS EXTERNAS

art. 311, CC presunção é de quem se apresenta com um recibo firmado por terceiro – possui mandato específico para receber = portador da quitação

presunção juris tantum havendo controvérsia sobre o portador da quitação – não terá eficácia o pagamento

exceções:

se o terceiro pagou mal só poderá reembolsar-se até o total do que aproveitar ao devedor

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I . CREDOR INIBIDO DE RECEBER

quem são? quem paga arrisca-se a pagar mal

incapaz? pagamento feito a credor incapaz de quitar

art. 310, CC – aplicação especial dessa incapacidade

“não vale, porém, o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu”

- impugnação pelo representante do menor- prova?

“conhecimento da penhora” ou da “oposição de terceiro”

art. 312, CC – aplicação das garantias dos direitos de crédito – se pagar ao credor – assumirá o risco

ineficácia do pagamento e não propriamente de validade- ciência da penhora- ciência da notificação ou interpelação feita por terceiro

devedor falido incapacidade é conferida em benefício dos credores

II. CREDOR PUTATIVO

- aparência = forma de equilíbrio de toda a vida social- art. 309, CC- credor putativo? “credor aparente”- “não se trata apenas de situações em que o credor se apresenta falsamente com o título ou com a situação, mas de todas aquelas situações em que se reputa o accipiens como credor” (VENOSA, Sílvio de Salvo, Teoria Geral das Obrigações, v.II, p.186, 2003)

- condições de validade do pagamento: o accipiens ter a aparência de credor eestar o solvens (devedor) de boa-fé

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MATÉRIA PARA O 2º BIMESTRE – arts. 233 até 420 CC

UNIDADE 1TEORIA DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

1.1 Teoria1.2 Perdas e danos1.3 Mora1.4 Cláusula Penal1.5 Arras e Sinal1.6 Juros

UNIDADE 2TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO

2.1 Dação em pagamento2.2 Remissão2.3 Consignação em pagamento2.4 Sub-rogação2.5 Imputação do pagamento

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2.6 Compensação2.7 Confusão2.8 Transação2.9 Compromisso

UNIDADE 3TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

3.1 Cessão de Crédito3.2 Cessão de Débito (Assunção de Dívida)3.3 Cessão de Contratos

UNIDADE 1TEORIA DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

TEORIA DO INADIMPLEMENTO OU TEORIA DO DESCUMPRIMENTO OU TEORIA DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES.

1 – DISPOSIÇÃO GERAIS ACERCA DO INADIMPLEMENTO - É o cumprimento anormal da obrigação. A execução é coativa. O inadimplemento é o descumprimento da obrigação, ou seja, a inexecução.

2 – INADIMPLEMENTO

2.1 CLASSIFICAÇÃO a) Inadimplemento absoluto b) Inadimplemento relativo(Mora) Em ambos os casos, o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados ou devidos responderão pelo ressarcimento dos prejuízos a que a sua mora der causa, ou seja, por perdas e danos. Responde também o devedor absolutamente inadimplente. O outro fato comum é que a obrigação de reparar o prejuízo depende de existência de culpa do devedor moroso ou inadimplente. Assim, “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre

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este em mora”(art. 396 CC). Por conseguinte, É essencial à mora que haja culpa do devedor no atraso do cumprimento.

a) INADIMPLEMENTO ABSOLUTO

I) Critério da Utilidade ou Proveito Se a prestação não é mais útil ao credor(não havendo utilidade), tanto por causa do retardamento, ou do imperfeito cumprimento, podendo ele enjeitá-la, bem como, exigir a satisfação das perdas e danos, então, resolve-se a obrigação. É uma análise subjetiva (depende do credor).II) Total ou Parcial => Perda=total e Deterioração=Parcial. III) Responsabilidade Civil

Fontes das obrigações: a) contrato; b) ato ilícito;c) declaração unilateral de vontade

Quanto ao fato gerador: a) contratual; b) extracontratual (nasce de um ato ilícito)

Obs1: Toda vez que há culpa; há dever de indenizar

CONTRATUAL EXTRACONTRATUALTem relação jurídica pré-existente entre lesante e lesado.Fundamento é contratual – art. 389 CC

É a prática do ato ilícito que faz nascer o dever de indenizar => Não há relação jurídica pré-existente entre lesante e lesado.

Ocorre a violação da prestação negativa de não causar danos a outrem – art. 186 CC RESPONSABILIDADE CIVIL:

a) Direta => Quando o próprio causador do dano indenizar;b) Indireta => Quando terceiro causador indenizar, art. 932 CC

RESPONSABILIDADE CIVIL: a) Subjetiva => É a regra geral no CC. Investigamos a culpa,

art. 186 c/c art. 927, caput CCb) Objetiva => É a regra do CDC1. Quando houver lei ou

atividade desenvolvida que causa risco ou potencial. A culpa é presumida. Art. 927, § único CC. É a exceção no CC.

Obs2: Culpa em sentido amplo (a culpa lato sensu: a) dolo e b) culpa stricto sensu (negligência, imprudência e imperícia).

IV) Inadimplemento Fortuito => é aquele absoluto, sem culpa do devedor, logo não há dever de indenizar.

VI) Excludentes de responsabilidade civil ou dirimentes ou eximentes. As espécies são:a) Caso Fortuito – imprevisibilidadeb) Força Maior – Inevitabilidade do evento (causa natural) c) Fato de Terceirod) Culpa exclusiva da vítima.

1 Código de Defesa do Consumidor56

Conseqüência do inadimplemento fortuito => deve restabelecer a relação jurídica ao status quo antes, com devolução do equivalente SEM PERDAS E DANOS.

Conseqüências do inadimplemento absoluto=> consectários legais. Art. 389 CC. Dever de indenizar, com devolução do equivalente, mais perdas e danos, juros, atualização monetária e honorários advocatícios.

Obs3: Obrigação de Garantia – O devedor que expressamente firmar o contrato, com claúsula de garantia (responsabilidade pelo fortuito ou força maior) deverá indenizar.

Obs4: Mora – O devedor moroso responderá civilmente pela perda do objeto da prestação ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior.

Obs5: Exceção = Isenção de culpa – art. 399 CC. Se o devedor moroso provar isenção de culpa, ou seja, que o evento sobreviverá ainda que a prestação fosse cumprida, estará isento de responsabilidade civil.

Obs6: Patrimônio do devedor responde pelo inadimplemento das obrigações do devedor.

Obs7: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplemento a partir do momento em executa o ato que até então se abstivera => só gerar inadimplemento absoluto

2 – MORA ou INADIMPLEMENTO RELATIVO – arts. 394 a 401 CC

2.1 – CONCEITO – É o retardamento no cumprimento da obrigação. É o imperfeito cumprimento da obrigação. Ocorre quando o devedor não paga, no tempo, no lugar e modo devidos. Art. 394. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”. Assim, para a existência da mora basta que um dos requisitos mencionados esteja presente, não se exigindo a concorrência dos três.Logo, a mora pode decorrer não só do atraso, ou do cumprimento da obrigação de modo diverso do que a convenção estabelecer, como também do que a lei determinar.

Obs1: Nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer também de infração `alei, como na prática de ato ilícito. Art. 398 CC

Critério de Utilidade - Se a prestação for útil ao credor(havendo utilidade ou proveito) deverá será cumprida => Consectários legais da mora deve ser garantidos: Ex: juros, correção monetária, despesas contratuais, perdas e danos, honorários advocatícios.

2.2 TIPOS DE MORA

a) Mora do devedor (solvendi, debitoris).

b) Mora do credor (accipiendi, creditoris=creditória)

2.2.1 Mora do devedor (Solvendi), Mora de pagar – É a mora comum, devido ao não cumprimento da obrigação=tempo, lugar e modo.Quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por parte do devedor.

CONSTATAÇÃO DA MORA DO DEVEDOR

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Obrigação a termo => Evento futuro e certo. Mora ex re: é em razão de fato previsto na lei. É aquela cujo termo interpela o devedor. “O termo interpela pelo homem” (dies interpellat pro homine).

Obrigações Condicionais => Mora ex persona – modificação extrajudicial ou judicial – “o homem interpela pelo homem”

Mora ex re => em razão de fato previsto na lei. Ocorre quando o devedor nela incorre sem necessidade de qualquer ação por parte do credor.

Mora ex persona => Quando não há termo, ou seja, data estipulada “a mora constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397 § único), ou seja, depende de providência do credor.

PRESSUPOSTOS DA MORA DO DEVEDOR:

1º - Existência de dívida líquida e certa. Das obrigações de dar coisa incerta e alternativa, primeiro deve-se realizar a concentração da obrigação.

2º - A dívida deve ser vencida;

3º - Inexecução culposa pelo devedor;

4º - Interpelação judicial ou extrajudicial quando a dívida não for termo.(por prazo indeterminado)

EFEITOS DA MORA DO DEVEDOR

1º) Invocação do critério da utilidade:

A prestação não é mais útil ao credor, implica inadimplemento absoluto => conversão em perdas e danos.

A prestação ainda é útil ao credor => oferecendo o pagamento, juros, atualização monetária, perdas e danos, despesas contratuais e honorários advocatícios;

Isenção de culpa em caso de fortuito ou força maior => não haverá responsabilidade civil;

Mora do devedor => perda/deterioração do objeto, sujeita o devedor a perdas e danos, ainda que decorrentes de caso fortuito ou força maior, SALVO prova da isenção culpa, ou seja, que sobreviria ainda que a prestação tivesse sido cumprida.

2.2.2 Mora do Credor(Accipiendi), Mora de receber – É a mora do credor. Acontece quando o credor não recebe a prestação no tempo, lugar e modo devidos. A recusa deve ser injustificada. É decorrente da injusta recusa do credor de aceitar o cumprimento da obrigação, no lugar e forma convencionados ou determinados em lei,

PRESSUPOSTOS DA MORA DO CREDOR (Accipiendi).

1º - Oferta real da prestação pelo devedor ao credor (ter disponibilizado a coisa ao credor);

2º - Existência de dívida líquida, certa e vencida;

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3º - Recusa do credor em receber.

Obs1: O credor estará em mora quando: a) O devedor propuser a ação de consignação em pagamento; ou b) Pela interpelação judicial ou extrajudicial para fornecimento da quitação.

EFEITOS DA MORA DO CREDOR

Subtrai o devedor isento de dolo a responsabilidade de conservação da coisa;

Obs1: Não pode o devedor abandonar a coisa, conservando-a como a diligência normal de depositário.

Obriga o credor a ressarcir todas as despesas em sua conservação; Obriga o credor a receber a prestação pela estimação que lhe for mais

favorável, se entre o dia ao pagamento e a da sua efetivação, ocorrer oscilação em seu valor;

O devedor se desobriga propondo a consignação em pagamento.

2.3 PURGAÇÃO DA MORA – art. 401 CC – É a correção da mora.

É a emenda da mora, ou seja, visa sanar os efeitos legais de sua ocorrência.

2.3.1 - Purgação da mora pelo devedor => O devedor oferece a prestação acrescida da importância com juros, correção monetária, despesas contratuais, honorários advocatícios e quaisquer outras perdas e danos.

2.3.2 – Purgação da mora pelo credor => O credor purgar a sua mora oferecendo-se a receber a prestação e sujeitando-se ao efeito da mora, até a data do recebimento; reembolso das despesas pela conservação; recebimento da prestação pela estimação mais favorável.

Obs1: Resigna-se ao silêncio pela perda e deterioração do bem, sem culpa do devedor, após a recusa.

2.4 MORA SIMULTÂNEA E MORA SUCESSIVA

a) Mora simultânea – é a possibilidade de mora tanto do credor quanto do devedor. Acontece quando credor e devedor são concomitantes ou simultaneamente morosos, ou seja, o pagamento não acontece no tempo, no lugar ou no modo devidos, sendo, que os efeitos da mora se compensam. Sendo resolvida pela instituto da Compensação.

b) Mora Sucessiva – Acontece quando alternativa e sucessivamente credor e devedor são morosos na relação jurídica, os efeitos pretéritos da mora de quando um dos contraentes são preservados e posteriormente compensados

2.5 CESSAÇÃO DA MORA – é a possibilidade de extinção da obrigação pela concessão de anistia ou remissão ao contratante moroso. Os prejuízos decorrentes da mora são perdoados.

3 CLÁUSULA PENAL OU PENA CONVENCIONAL OU MULTA CONTRATUAL – arts. 408 a 416 CC

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3.1 Conceito – É a cláusula acessória à obrigação principal cujo objetivo é prefixar perdas e danos para os casos de total inadimplemento da obrigação ou decorrente da mora.

3.2 Natureza Jurídica – É a acessória ao contrato principal, valendo o princípio de que o acessório segue o principal, portanto, nulo o contrato principal, nulo estará a também a cláusula penal.

3.3 Espécies de Cláusula Penal

a) Compensatória – art. 412 CC. Serve para adimplemento contratual. É prevista no contrato para as hipóteses de inadimplemento absoluto. Seu valor não poderá ultrapassar o da obrigação principal. É a possibilidade das partes contratantes prefixarem em cláusula penal originária ou superveniente, as perdas e danos decorrentes do inadimplemento absoluto.

Obs1: Ao contratante lesado será facultado executar a cláusula penal compensatória ou propor ação autônoma e ordinária de cobrança para comprovação dos prejuízos e devidos ressarcimento

Obs2: A execução da Cláusula Penal converte-se em “alternativa” a benefício do credor, quando:

Executam tão-somente, o valor da cláusula penal, sem pedido de indenização complementar ou seja, limitação ao valor da obrigação principal.

Entretanto, se tivesse suportado prejuízo superior ao valor da cláusula penal poderá abdicar de usa execução e ajuizar ação ordinária de cobrança para exigir a devolução do equivalente, mais perdas e danos. Art. 410 CC

b) Moratória – Garante uma cláusula do contrato ou mora (relativo). É a possibilidade de previsão contratual de cláusula prefixando de prejuízos decorrentes da mora. É a prefixação de perdas e danos com o objetivo de assegurar o ressarcimento decorrente do inadimplemento de uma cláusula no contrato, ou de simples mora. Não possível presumir a existência da Cláusula penal compensatória e moratória. Não é necessário provar prejuízo para exigir a cláusula penal, incorrendo o devedor em inadimplemento é possível a execução de pronto da cláusula.

Obs3: O devedor será demandado pelo equivalente do pagamento de execução de cláusula penal moratória.

3.4 Fatores que motivam o nascimento de cláusula penal: a) Na formação do contrato; b) Forma superveniente – Nasce quando do aditivo do contrato, ou seja, de forma posterior.

3.5 Objetivos da Cláusula Penal

a) Assegurar o adimplemento absoluto contratualb) Assegurar uma cláusula do contratoc) Para casos de simples mora.

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3.6 Redução do valor da cláusula penal – É necessário o requerimento das partes (princípio da inércia)Requisitos para redução equitativa:1º

2º O valor da cláusula penal for excessiva tendo em vista a natureza e a finalidade do negócio

3.7 Cláusula Penal e obrigações divisíveis e indivisíveis

Divisíveis – Somente o devedor culpado responde pela pena convencional, entretanto garantida a exigibilidade de cada um dos devedores.

Indivisíveis – Somente o devedor culpado poderá ser demandado integralmente na pena convencional. Os demais devedores respondem cada um por suas respectivas quotas. Ressalva-se sempre o direito de regresso.

3.8 Previsão de Indenização suplementar em contratos com cláusula penal – É possível mediante disposição expressa contratual exigindo outra cláusula penal (taxa mínima de indenização e indenização suplementar)

Origem – A cláusula penal originária é aquela que nasce na formação do contrato ou fixada, na celebração do contrato.

4 – PERDAS E DANOS

4.1 – Conceito – É o prejuízo material ou moral suportado tendo em conta lesão a bem jurídico contratualmente protegido.

4.2 – Espécies

a) Dano emergente – É aquele efetivamente suportado pelo credor. Ex: sinistro de trânsito (os danos materiais) ou enquanto consistem: no valor da reposição das peças do veículo ou seu reparo.

b) Lucros Cessantes – Consistem a perda patrimonial, potencial daquilo que razoavelmente que o credor deixou de lucrar. Necessita ser provado. Não pode representar pedido absurdo em uma realidade diversa da potencial aquisição patrimonial do credor.

c) Indenização por perda de uma chance – É obtida a partir da ponderação entra o danos sofrido e a real possibilidade de obtenção de êxito mas nunca consistirá no próprio valor da obrigação prevista. O Brasil adota a Teoria dos danos dos direitos e imediatos. Art. 403 CC.

5 – ARRAS OU SINAL – arts. 417 a 420 CC

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4.1 – Conceito – Constituem prestação de mesma natureza jurídica ou diversa, entregue pelo devedor ao credor com o objetivo de funcionar como princípio de pagamento, confirmando o contrato ou como pena em caso de descumprimento.

4.2 – Natureza Jurídica – É um pacto acessório ao contrato principal. Não pode ser presumida, portanto consignada expressamente no contrato.

4.3 – Objeto – É a prestação equivalente à prestação principal ou é prestação diversa do contrato principal.

4.4 – Espécies

a) Arras Confirmatórias – São aquelas que objetivam confirmar a celebração do contrato.

Obs1: Se as arras forem da mesma natureza jurídica do contrato principal, funcionam como princípio de pagamento sendo absorvidas no montante final do pagamento.

Obs2: Se as arras forem de natureza jurídica diversa do contrato principal, deverão ser restituídas ao devedor, ou seja, as quem as deu.

b) Arras Penitenciais – Tem a função de fixar previamente multa pelo descumprimento contratual, para tanto se faz necessário verificar no contrato a existência ou não de cláusula de arrependimento.

4.4.1 - Quando NÃO EXISTE previsão contratual de direito de arrependimento

Se o descumprimento foi de quem as deu (devedor), então quem as recebeu (credor) AS RETERÁ;

Se o descumprimento foi quem as recebeu (credor), então quem as deu (devedor) terá o direito a sua devolução + equivalente em DOBRO.

Obs1: Se a parte inocente (não descumpriu) provar ter suportado prejuízo maior que o valor das arras será facultado a exigência de indenização suplementar valendo as arras como taxa mínima de indenização.

4.4.2 – Quando EXISTE previsão contratual de direito de arrependimento Não será possível o pedido de indenização suplementar.

Se o descumprimento foi de quem as deu(devedor), então que as recebeu (credor) AS RETERÁ;

Se o descumprimento foi quem as recebeu (credor), então quem as deu (credor) terá direito a sua devolução EM DOBRO.

UNIDADE 2TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO

1) DAÇÃO EM PAGAMENTO

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1.0 – Disposições Gerais – art. 313 CC - Princípio da Identidade da coisa certa.

ALIENANTE ADQUIRENTE (EVICTO) DONO (EVICTOR)

Princípios de garantia:a) Coisa (fato) – vícios redibitórios (vício ocultos)

b) Direito (título) – evicção.

1.1 Conceito – É a relação jurídica de caráter liberatório firmada entre credor e devedor, em que o credor consente em receber prestação diversa da que é devida, é contraria a regra do art. 313 CC.

1.2 Disposições legais aplicáveis – art. 356 a 359 CC.

1.3 Requisito Essencial – Concordância expressa do credor.

1.4 Momentos – Vencida a obrigação e verificado o inadimplemento é possível a substituição do seu objeto.

Obs1: A prestação deve ser necessariamente diversa daquela prevista no contrato originário. A natureza jurídica da Dação em Pagamento é forma de pagamento indireto, em que a prestação objeto de Dação é diferente da prestação originária.

1.5 Dação em Pagamento X Compra e Venda – Fixado o preço da coisa dada em Dação em Pagamento, as regras aplicáveis são as do contrato de Compra e Venda – art. 357 CC

1.6 Dação em Pagamento X Cessão de Crédito – Se o objeto dado em Dação em Pagamento for título de crédito, as regras aplicáveis são as da Cessão de Crédito.

1.7 Evicção X Dação em Pagamento – Se o objeto da Dação em Pagamento sofrer evicção restabelece a relação jurídica primitiva como se não tivesse sido operado Dação, resguardando-se todos os direitos de terceiros.

2) DA CONFUSÃO

1. CONCEITO – É uma figura anômala, o que extingue a obrigação sem ter havido pagamento. Ex: direitos decorrentes de herança; cessão de crédito; regime de comunhão universal de bens.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.

- é a aglutinação, em uma única pessoa e relativamente à mesma relação jurídica – das qualidades de credor e devedor- por ato inter vivos ou causa mortis- ocorrerá a extinção do crédito

2. ESPÉCIES: CONFUSÃO TOTAL E PARCIAL

Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.63

- confusão total ou própria – se se realizar com relação a toda dívida ou créditoConfusão parcial ou imprópria – se se efetivar apenas em relação a uma parte do débito ou do crédito

3. CONFUSÃO E SOLIDARIEDADE

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

- operada a confusão na pessoa do credor ou devedor solidário – só extinguirá a obrigação até a concorrência da respectiva quota no crédito ou na dívida.- a solidariedade subsistirá quanto ao remanescente – os co-devedores e co-credores continuaram vinculados, deduzindo-se a parte alusiva ao co-devedor ou co-credor na qual se operou a confusão.

4. EFEITO DA EXTINÇÃO DA CONFUSÃO

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. EX: sucessão provisória em razão da declaração de ausência e posterior presumidamente morto.Se a confusão for operada apenas transitoriamente ou a relação jurídica for declarada ineficaz restaura-se a obrigação com todos os seus acessórios. Ex: Anulação de testamento

3) DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS

1. CONCEITO DE REMISSÃO DE DÍVIDAS

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.- liberação graciosa do devedor pelo credor- voluntariamente abre mão de seu crédito- extinção da obrigação- consenso expresso do devedor- ressalvados direitos de terceiros

2. CAPACIDADE DAS PARTES E REMISSÃO TÁCITA

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. Art. 324 § único CC.- NATUREZA JURÍDICA = CONTRATUAL- requisitos: capacidade do remitente para alienar e do remido para consentir e adquirir- restituição voluntária do instrumento particular (pelo próprio credor ou seu representante) – revelará a intenção de perdoar. Art. 104 CC

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3. DEVOLUÇÃO DO OBJETO EMPENHADO

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.- apenas remissão da garantia real- remissão da obrigação principal induz a da acessória, mas a da acessória não terá eficácia em relação ao pagamento principal

4. EFEITO DA REMISSÃO CONCEDIA EM BENEFÍCIO DE CO-DEVEDOR SOLIDÁRIO

Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

- a remissão operada em face de um dos devedores solidários – extinguirá o débito na sua quota-parte- conservava-se a solidariedade dos demais- deduzida a quota-parte perdoada

4) DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

1. DEFINIÇÃO DE IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO – IMPUTAR => INDICAR O PAGAMENTO

Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

- o devedor de dois ou mais débitos da mesma natureza a um só um credor- credor em seu lugar ou a lei indicam qual deles o pagamento extinguirá- nesta situação – o pagamento é insuficiente para solver a todos

# requisitos:a) Existência de duas ou mais dívidasb) Identidade de credor e de devedorc) Igual natureza dos débitosd) Dívidas líquidas e vencidase) Suficiência do pagamento para resgatar qualquer dos débitos

2. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO PELO CREDOR

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Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

- será operada quando o devedor não utilizar de seu direito de indicar o débito.- neste caso, aceitando a quitação de um deles – não poderá reclamar contra a imputação feita pelo credor.

Obs: a impugnação será admitida se o devedor provar violência ou dolo do credor – que prevalecendo do direito de imputação do pagamento – o tenha feito por meios escusos.

3. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO EM UMA ÚNICA DÍVIDA

Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.

- o pagamento imputa-se primeiro nos juros e depois no capital.- salvo, convenção em sentido contrário ou se o credor vier a passar quitação por conta do capital, permanecendo subsistentes os juros.

4. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO FEITA PELA LEI

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

- omissão quanto ao débito solvido, quer no pagamento, quer na quitação, a lei prescreve que:

1) A imputação será feita nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar2) A imputação se fará na mais onerosa, se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo

5) DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO – arts. 346 a 351 CC

1. CONCEITO DE SUB-ROGAÇÃO PESSOAL E DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL. CASOS DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:I - do credor que paga a dívida do devedor comum;II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

- sub-rogação pessoal: é a substituição nos direitos creditórios daquele que pagou obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor

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- sub-rogação legal: é imposta pela lei – nesse caso, terceiros pagam débito alheio, incorporando a titularidade dos direitos do credor ao incorporar em seu patrimônio, o crédito por eles resgatado

2. NOÇÃO DE SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL ou VOLUNTÁRIA

Art. 347. A sub-rogação é convencional:I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

- advém de acordo de vontades entre credor e terceiro ou entre devedor e terceiroObs: a convenção deve ser contemporânea ao pagamento e expressamente declarada em instrumento público ou particular.

3. SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL E CESSÃO DE CRÉDITO

Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.

4. EFEITOS DA SUB-ROGAÇÃO PESSOAL

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

- a sub-rogação legal ou convencional produz dois efeitos:a) liberatório – exonera o devedor ante o credor primitivo.b) translativo – por transmitir a terceiro, que pagou a dívida, os direitos de crédito, ações, privilégios e garantias do credor originário, em relação ao débito, contra o devedor principal e os fiadores.

5. EFEITO DA SUB-ROGAÇÃO LEGAL

Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

- o sub-rogado legal não poderá exercer direitos e ações do antigo credor, senão até a soma que realmente desembolsou para liberar o devedor

6. SUB-ROGAÇÃO PARCIAL

Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.

- se a sub-rogação for parcial – o credor primitivo, reembolsado em parte, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança do débito que falta, se os bens do devedor forem insuficientes para pagar o que deve ao novo e antigo credor.

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QUESTÕES

1) Lara, Leão e Luter celebraram contrato de entrega de um cavalo, no valor R$ 30.000,00 com Martinho e Maria, estabelecendo um vínculo de solidariedade recíproca.Neste caso, responda:

a) Caso Leão seja remitido e Luter revele-se insolvente, Lara será a única responsável pelo cumprimento da obrigação? Justifique.

b) Qual a implicação jurídica de Martinho renunciar à solidariedade em face de Leão? Justifique.

Solução:

a) Na questão proposta verifica-se a solidariedade tanto no pólo ativo quanto no pólo passivo. Uma vez que presente no enunciado solidariedade recíproca.

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No vínculo externo ela deve R$ 20.000,00, entretanto no vínculo interno, Leão que foi remido volta a compor o vínculo jurídico para ratear a quota-parte do devedor insolvente, com fundamento nos artigos 277 e 284 CC.

Martinho Maria

Lara Leão Luter (remido) (insolvente) Não pode pagar

b) No caso em análise se Martinho renunciar a solidariedade em favor de Leão, abdica o direito de cobrar a integralidade da prestação do devedor renunciado,mas tão-somente, a sua quota-parte, ou seja, os R$ 10.000,00, com fundamento no artigo 282 CC

2) Soldado arrendou de Tenente determinado lote de terra para lavoura no município de Pinheiro. Foi facultado a Soldado pagar a terra arrendada ou com determinada quantidade de feijão ou em dinheiro, em doze prestações anuais.

a) Que tipo de obrigação caracteriza a questão proposta? Identifique-a

b) Considerando o estabelecimento do jus variandi na escolha da prestação sucessiva, caso Soldado tenha escolhido em determinado mês pagar em feijão, e tenha cientificado Tenente, poderá entregar dinheiro? Explique e Justifique.

Solução:

a) Obrigação alternativa de prestação sucessiva e que por seu núcleo consistente na dualidade de prestação. Pagar em quantidade de feijão ou em dinheiro implica para o devedor pela omissão a escolha do objeto da prestação, com fundamento jurídico no artigo 252 CC.

b) Obrigação alternativa de prestação sucessiva confere o jus variandi a cada prestação, ou seja, o direito de entregar de forma variada uma prestação ou outra, no caso em análise quantidade de feijão ou dinheiro. A cientificação de tenente (credor) da obrigação, permite-nos afirmar a concentração da obrigação alternativa por que torna a prestação uma obrigação simples, cujo núcleo é uma obrigação de dar coisa incerta. Assim, não poderá o devedor após o processo exemplificado alterar a escolha da prestação, com fundamento no artigo 252 § 2º do CC.

3) Tiago e Alcides obrigaram-se solidariamente a entrega de um cavalo ao Sr. João, grande pecuarista da baixada maranhense. Acontece que o cavalo morreu por culpa de Alcides, não podendo mais a obrigação ser cumprida. Como resolver a questão fática? Fundamente a solução juridicamente.

Solução: Na obrigação solidária em que há perda do objeto da prestação de um devedor solidários todos respondem pelo equivalente, mais perdas e danos só responde o devedor culpado, com fundamento no artigo 279 CC.

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4) Maria contratou o costureiro Manoel, tendo em vista a sua considerável reputação nacional, encomendando-lhe um vestido de noiva a ser por ele próprio confeccionado. Com base nessa situação, considerando que Manoel se recuse a confeccioná-lo, alegando falta de tempo em virtude de novos compromissos assumidos, Maria poderá resolver a obrigação de que modo? Explique e justifique, indicando os dispositivos legais aplicáveis.

Solução: É possível que Maria exija a tutela específica da obrigação obtida com a ação cominatória, fixando-se multa diária por atraso no cumprimento (astreintes) ou ainda pedir a tutela pelo equivalente (obtenção de um resultado prático equivalente) e a seu critério a conversão em perdas e danos. A recusa voluntária induz culpa, assim indenização por perdas e danos, com fundamento no artigo 461 CPC e artigo 247 CC.

5) Mapiroldo recebeu em comodato um imóvel de Matos, localizado na Cidade de São Marçal. Dois meses depois de ingressar no imóvel, Mapiroldo descobriu que havia uma rachadura no teto, provocada por uma antiga infiltração de água. Mapiroldo chamou o empreiteiro Pinheiro, que verificou que todo o encanamento necessitava de reparos. Pinheiro efetuou um orçamento de R$ 3.500,00, que Mapiroldo mandou para a aprovação de Matos afirmou que ele não precisaria aprovar ou não o orçamento, já que não teria que pagar por qualquer reparo, pois, por tratar-se de um contrato de comodato, o responsável pelo pagamento do conserto seria Mapiroldo. A afirmativa de Matos está ou não correta? Justifique sua resposta.

Solução: É obrigação de restituir, o dono da coisa é Matos, apesar de credor é o responsável pelas benfeitorias necessárias e úteis de boa-fé. Art. 242 CC. Com direito de retenção, até o recebimento da indenização de Mapiroldo de Matos.

6) Qual a relação obrigacional que contém duas ou mais prestações de dar, de fazer ou de não fazer, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título, que deverão realizar-se totalmente, de modo que o inadimplemento de uma envolve seu descumprimento total, visto que o credor não está obrigado a receber uma sem outra? Como resolver a modalidade obrigacional se supomos a perda dos dois objetos da prestação com culpa do devedor? Explique e fundamente legalmente.

Solução: Multiplicidade de objetos + na sua modalidade cumulativa. A impossibilidade da entrega doa dois objetos da prestação por culpa do devedor gera o direito de devolução das duas prestações + perdas e danos. É uma obrigação doutrinária.

7) Tiago e João obrigaram-se solidariamente a entrega de um carro ao Sr. Sebastião, grande colecionador da capital. Acontece que Tiago, ao participar de uma corrida, acabou por capotá-lo na pista, provocando sua deterioração. Como resolver a questão fática? Sebastião deve aceitar o carro mesmo depois de reparado? Explique fundamente legalmente, indicando os núcleos obrigacionais.

8) Tício, Mévio e Adroaldo são devedores solidários de Navaro e devem entregar ao credor um cavalo que custa R$ 15.000,00. Sabe-se que Navaro renunciou à solidariedade de Tício e remitiu Mélvio. Neste caso, responda às seguintes questões:

a) Distinga, fundamentalmente, os efeitos provocados pela renúncia e remissão, respectivamente, em relação a Tício e a Mélvio na relação obrigacional.

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Solução: Renúncia é a perda da faculdade de exigir a integralidade da prestação do devedor renunciara, mas tão-somente sua quota-parte. Remissão: É a perda da dívida e tem por efeito na relação jurídica obrigacional, relevar a quota-parte do devedor remido. Art. 277 e 282 CC

b) Na hipótese de Adroaldo tornar-se insolvente na relação jurídica, quem será responsável pelo adimplemento da obrigação em relação a Navarro? Caso você entenda que sim, qual a relação de Adroaldo depois de cumprida a obrigação em relação a Tício e Mélvio? Fundamente e Justifique.

Solução: Os exonerados da obrigação voltam a compor o vínculo jurídico para ratear a quota-parte do insolvente, podendo posteriormente regredir contra o insolvente, para o ressarcimento do montante dispendido. Art. 284 CC

9) No dia 15/3/2003, José Bonifácio obrigou-se através de um contrato de compra e venda, a entregar um imóvel residencial a Carlos Leal, cujo valor é de R$ 10.000,00 (dez mil reais). A entrega do imóvel, ou seja, sua tradição solene deveria se dar até o dia 20/3/2003. Ocorre, entretanto, que José Bonifácio não promoveu a transferência do objeto da compra e venda. Pergunta-se:

a) Que modalidade de obrigação define a questão proposta? Caracterize e fundamente legalmente.

b) Pode Carlos Leal opor Ação Reivindicatória em face do descumprimento da obrigação? Sim ou Não? Justifique. Em caso negativo, o que restaria a Carlos Leal fazer?

Matéria da 1ª prova: Direito Civil brasileiro – Carlos Roberto Gonçalves – páginas 01 até 197 e 235 a 270.

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GLOSSÁRIO

COMODATO – é empréstimo gratuito de coisa não fungível. Perfaz-se com a tradição do objeto. Figuras: Comodante: cede a coisa. Comodatário: recebe a coisa. Características: gratuidade do contrato, infungibilidade do objeto e aperfeiçoamento com a tradição.

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DAÇÃO EM PAGAMENTO – É a entrega de um objeto em pagamento de dívida em dinheiro.

EVICÇAO – É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. É a perda total ou parcial da coisa adquirida em favor de terceiro, que tem direito anterior. Tipos: Evicção total é a perda total da coisa e evicção parcial é a perda de parte da coisa.

MÚTUO – É empréstimo de coisa fungível

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