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& Direito Justiça FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL. Quinta-feira, 28 de agosto de 2014 n [email protected] RECLAMAR DE SALÁRIO ATRASADO EM REDES SOCIAIS NÃO É MOTIVO PARA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA Pág. 7

Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

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&Direito JustiçaFORTALEZA - CEARÁ - BRASIL. Quinta-feira, 28 de agosto de 2014 n [email protected]

RECLAMAR DE SALÁRIO

ATRASADO EM REDES SOCIAIS NÃO É MOTIVO

PARA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA

Pág. 7

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[expediente]

As redes sociais não só revolucionam a comunicação, como apro-ximam os internautas que estão longe e, muitas vezes, distancia os indivíduos que estão próximos, como também podem fazer uma pessoa ou destruí-la moralmente através de postagens.

Lembrar de aniversários, encontrar amigos, familiares e colegas de trabalho, comercializar produtos, jogar Scrabolulous e lutar por seus direitos são algumas formas como é utilizado o site Facebook. Segundo um estudo realizado em janeiro de 2009, pelo Compêndeo, o “Face” é a rede social mais utilizada em todo o mundo por usuários ativos mensais.

A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará ( TRT da 7ª Região), entendeu que reclamar atraso no pagamento através do Facebook não é motivo de demissão por justa causa. Segundo o desem-bargador Francisco José Gomes, da 2ª turma do TRT- CE, em matéria na página 07, “o fato de o funcionário ficar com o salário atrasado e postar nas redes sociais, criticando a empresa, não configura em uma falta grave. Não é um fato ilícito que justifique demissão. O uso da rede social é um direito de todos.

Para expandir seus negócios empresas de todo o mundo estão usan-do o sistema de franquias. Este setor vem crescendo cada vez mais no Brasil. Em 2013, o Brasil ganhou 277 novas redes de franquias resultan-do em 114.409 unidades. O advogado Daniel Alcântara esclarece sobre os direitos e deveres dos franqueados na página 08, e adverte que se não for obedecida a circular de oferta pode haver anulação do contrato.

Uma nova ação começa a surgir no mundo jurídico: a de repara-ção de danos sociais. É quando o réu com sua conduta causa prejuízo não só à vítima da ação como à sociedade. De acordo com advogado Franco Mauro (página 4), o dano social está sendo solicitado como um aditivo de dano moral. Ainda não dá para comemorar ou para desistir da desaposentação. Renúncia da atual aposentadoria pelo trabalhador que continua contribuindo na ativa, tem o objetivo de obter maior valor em outra aposentadoria futuramente (página 05).

A matéria que seria julgada neste último dia 14, pelo Supremo Tri-bunal Federal (STF) foi mais uma vez adiada. Ainda sem data prevista para votação, mais de setenta mil ações aguardam este julgamento.

REDES SOCIAISEDITORIAL PREVENÇÃO

NAS ESCOLAS

Lima Barreto, com descendência mulata, vi-veu em um Brasil que há pouco havia abolido oficialmente a escravatura. Contrariando os

ditames sociais da época, Lima Barreto teve opor-tunidade de adquirir ex-celente instrução escolar.

Ass im como Esopo tornou-se célebre com a famigerada fábula do “lobo em pele de cordeiro”, quebrando, assim, os para-digmas da sociedade, Lima Barreto expôs toda sua crítica contra a República velha dos tempos impe-riais e a fez em sua clássica obra “Os Bruzundangas”.

Lima Barreto parece ter se espelhado na biografia

de Omar Khayyam, profícuo escritor persa, quando começou a reunir conhecimentos de todas as searas acadêmicas, seus tipos e formas. Narra a biografia que Omar recusou de um amigo a fortuna que lhe oferecia. Ao invés disso, pediu ao amigo que o deixasse, apenas, viver sobre a sombra de sua fortuna, para assim ter a vantagem de ganhar conhecimento de todas as ciências, sem se preocupar com sua mantença.

A República da Bruzundanga, país imagi-

nário idealizado por Lima Barreto, possuía o clássico modelo de Montesquieu, a famigera-da teoria da tripartição de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. “A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tinha, como todas as repúblicas que se prestam, além do presidente e juízes de várias categorias, um Senado e uma Câmara de Deputados”.

A Separação dos poderes é a tese desenvol-vida por Montesquieu em sua conhecida obra “O Espírito das Leis”, que visa a moderar e regular o poder estatal, dividindo-o em fun-ções, e dando competências a órgãos diferentes da estrutura governamental. Montesquieu concluiu que “só o poder freia o poder”, no chamado “Sistema de freios e contra-pesos” (Checks and balances). A eleição parlamentar da Bruzundanga possui similitude com a do Brasil hodierno, já que ambas as repúblicas têm as eleições de seus representantes do Le-gislativo, efetuadas através de sufrágio direto e com prazos de mandatos diferentes entre senadores e deputados federais.

Tal como a nossa Constituição Federal de 1988, a Carta Maior de Bruzundanga proibia, peremptoriamente, a acumulação de cargos públicos. “A Constituição da Bruzundanga proíbe acumulações remuneradas, mas as leis ordinárias acharam meios e modos de permitir que os doutores acumulassem”.

Originalmente, os filólogos atribuíam esta palavra exclusivamente aos comportamentos do papa em relação aos seus parentes, mas atualmente a acepção é outra. Hoje é sinô-nimo de privilegiar parentes colocando-os em cargos públicos. A título de curiosidade, no Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha é lembrada como o primeiro caso de tentativa de nepotismo. De acordo com a interpretação original, ao final da carta Caminha teria pe-dido ao rei um emprego ao seu genro. Lima Barreto comenta que, em Bruzundanga, “não há homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos do Estado; não há política influente que não se julgue com direito a deixar para seus filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República”.

Portanto, em plagas brasileiras, ou melhor, na República Federativa do Brasil, a prática do nepotismo está sendo fiscalizada e, quando flagrada, apenada. Por fim, em razões finais, rogo aos epígonos de Lima Barreto que has-teiem ao zênite a célebre missão do educador e do escritor, qual seja: “a vida de escritores está cheia de episódios que denunciam um singular orgulho deles mesmos e da missão da arte de escrever a que se dedicam”.

Por isso, conforme ensinou Epitecto “se qui-ser escrever, comece!”.

“Você, enquanto familiar de dependente químico, deve obter ajuda especializada para conseguir manejar toda essa situação. Também deve contar com o apoio de outros familiares. A imposição de limites é necessária, não somente para o indivíduo dependente, mas também para nós mesmos. Não é aceitável, sob quaisquer aspectos ou pretextos, que alguém suprima o nosso direito de ir e vir...

A fissura é um sinto-ma central em qualquer quadro de dependência química e sua gravidade e frequência são relaciona-dos com recaídas e lapsos.

Se você for portador de Síndrome de Depen-dência de cocaína/crack, devemos levar em conta a heterogeneidade da população que padece desse problema.

Dados os fatos de que a doença “Síndrome de Dependência de cocaína/crack” é crônica e de que a população que padece dela é altamente heterogênea, não é possível aventar uma fór-mula ou receita única para assolar o problema.

Manter-se afastado de pessoas que fazem uso da droga, não fazer uso de álcool e outras subs-tâncias psicoativas, evitar situações de risco (festas, baladas, noitadas), modificar seu estilo de vida são conselhos geralmente emitidos para aqueles que procuram tratamento, objetivando afastar os gatilhos para a fissura e recaídas.

Participar de grupos de mútua ajuda (NA, AA) é bastante recomendável para uma parcela considerável daqueles que padecem desse problema. De uma forma geral, os seguintes passos são essenciais para pro-mover e manter a abstinência, evitando a fissura: a) identificar os estímulos externos e sentimentos que disparam o forte desejo para consumir a droga. A partir dessa iden-tificação, desenvolver habilidades para lidar com esses estímulos e sentimentos e driblar a fissura; b) estabelecer um sistema de apoio ou suporte, envolvendo familiares e amigos (naturalmente não usuários), e substituir rituais do passado (como andar pelas regi-ões nas quais você sempre adquiria a droga, encontrar o “vendedor” no bar da esquina etc). Isso poderá ajudá-lo a quebrar o ciclo do abuso e das atividades associadas com o consumo. Ter controle externo sobre seu uso de cocaína é bastante recomendado, dado que a doença é “traiçoeira”. Esse controle externo pode envolver dosagens frequentes da droga na urina ou sangue solicitadas por médico (dentro de um programa terapêutico específico), participação regular em grupos de mútua ajuda e psicoterapia específica; c) desenvolver planos de ação para manejar as situações onde a fissura pode surgir. Um diário pode ser útil neste sentido; d) evitar passar muito tempo sozinho, sem atividades e sem a presença de pessoas confiáveis e co-nhecedoras de seu problema. Cada dia deve ser cuidadosamente planejado, com ativida-des profissionais, educacionais, esportivas e sociais em conjunto de pessoas “seguras”; e) ter cuidado com expectativas irreais. Muitos dependentes, após alguns dias de abstinência, sentem-se “curados” e não necessitados de tratamento especializado.

O consumo de drogas vem se expandindo mundialmente e constitui, hoje, uma ameaça à estabilidade das estruturas e valores econô-micos, políticos, sociais e culturais das nações. O abuso de drogas entre jovens tem sido uma das questões que mais afligem a sociedade contemporânea. A escola encontra-se diante de um novo desafio e, nesta circunstância, educar para prevenção apresenta-se como a melhor alternativa ao enfrentamento do con-sumo de drogas entre estudantes. Prevenção significa dispor com antecipação, impedir ou, pelo menos, reduzir o consumo.

Neste contexto, o professor tem uma mul-tiplicidade de funções. Ao selecionar os con-teúdos do ensino e ao fornecer ou construir conhecimentos, ele o faz de determinadas formas e isso já caracteriza o tipo de percepção que os alunos terão de si mesmos, da vida e dos valores. Não é possível negar o papel do educador no desenvolvimento de posturas e comportamentos sobre os mais diferentes as-suntos: vida social e familiar, cultura de paz ou de violência, cidadania, ética, relacionamento sexual, uso de drogas, saúde em geral, vida profissional e projeto de vida.

Refletir e posicionar-se sobre a questão do uso de drogas é parte integrante desse processo e é preciso que os professores se preparem para esta tarefa. Entre as instituições que têm, entre suas funções, prevenir o uso indevido de drogas, a escola ocupa um lugar privilegiado. Em primeiro lugar, porque todas as crianças e adolescentes, por princípio, frequentam a es-cola e o fazem por um grande número de horas semanais, durante vários anos. É comprovada a influência que a escola exerce na formação das pessoas (só superada pela da família).

EDITORA: Solange Palhano - REPÓRTER: Anatália Batista - EXECUTIVA DE NEGÓCIOS: Marta Barbosa - DIRETOR DE ARTE: Wevertghom B. Bastos - FOTOS: Tiago Stille - Anderson Santiago - Iratuã Freitas

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

DIREITO & JUSTIÇA

O DIREITO EM “OS BRUZUNDANGAS”

COMO RESOLVER UMA COLIDÊNCIA ENTRE MARCA E NOME DE DOMÍNIO A marca é um dos mais importantes ativos

empresariais. A proteção jurídica à marca é bem definida em nosso ordenamento jurídi-

co, sendo que aquele que se sofrer qualquer tipo de violação possui mecanis-mos imediatos previstos em lei para defender os seus direitos de proprie-dade intelectual.

Por sua vez, com o avan-ço da internet o nome de domínio se tornou tam-bém um importante sinal distintivo. Acontece que atualmente o regramento para o registro de nomes de domínio não é tão ri-goroso quanto o pedido de registro de marca, o que faz com que surjam conflitos.

O registro do nome de domínio funciona pelo sistema que permite indistintamente que

o registro seja concedido a quem primeiro o solicita. Por isso o registro de nome de domí-nio é ato declaratório, atualmente no Brasil de incumbência do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

O registro da marca também é deferido ao primeiro que o solicita perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mas na legislação, mais rígida que é, se permite oposição de terceiros e a não concessão em caso de colidência e até mesmo anulação de marca concedida e aí é que reside a diferença.

De modo que a falta de regramento mais definido e rígido em relação ao nome de domí-nio permite até mesmo a atuação parasitária de terceiros criando um mercado paralelo de registro de nomes de domínio para posterior comercialização ao detentor da marca, o que infelizmente não é incomum.

Enfim, tenha o registro ocorrido de boa-fé ou com intuito parasitário, o detentor da marca pode requerer a transferência para si do nome de domínio, comprovando a colidência, mas dependerá de uma ação judicial ou da instaura-

ção de arbitragem (cujo requisito é a aceitação de ambas as partes envolvidas).

Para tanto, parte-se do princípio que em se tratando de marca de alto renome ou no-toriamente conhecida (esta em seu ramo de atividade), ela sempre prevalecerá sobre o registro de nome de domínio, tendo em vista a própria notoriedade desses tipos de marca, autorizando assim a transferência para o de-tentor da marca.

Por outro lado, no caso de marca comum, tem--se utilizado como critérios a ocorrência de fatos como: precedência do pedido de registro, possi-bilidade de confusão ao consumidor, aproveita-mento parasitário, concorrência desleal, má-fé, identidade no ramo de atuação, dentre outros.

O fato, assim, é que por serem importantes sinais distintivos a marca e o nome de domínio devem receber o mesmo tratamento, tanto em relação à legislação como em relação ao próprio titular, tanto que alguns já estão pro-videnciando o registro do nome de domínio concomitantemente ao da marca para evitar problemas futuros.

Rodrigo Cavalcante

SERVIDOR DO TRE/CE

RobertoVictor

ADVOGADO

Rossana Brasil KopfPSICANALISTAE ADVOGADA

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS ELEITORAIS IIEm continuidade ao assunto anterior,

relacionado a princípios regedores do pro-cesso eleitoral, destacam-se, além dos já estudados: princípio da persuasão racional do juiz, motivação das decisões judiciais, publicidade, lealdade, instrumentalidade do processo, gratuidade e prioridade de tramitação do feito que tenha como parte pessoa idosa ou com deficiência.

Na querela eleitoral, o adágio da persuasão racional do juiz relaciona-se à necessidade de estar o magistrado “sintonizado com o contex-to político ao seu redor, sob pena de cometer injustiças”[Direito Eleitoral. José Jairo Gomes. Atlas. 9o ed. São Paulo, p. 60]. Tal corolário difere do processo civil, porquanto neste se encontra o juiz adstrito ao mundo apenas dos autos. O segundo (motivação) possui fundamento no texto constitucional (art. 93, IX), o qual preceitua dever ser “fundamentadas todas as decisões”. O terceiro (publicidade) tanto encontra respaldo no citado artigo e inciso, quanto no art. 37 também da CF/88, devendo os atos judiciais serem públi-cos e as decisões, objeto de publicação.

A lealdade está prevista no CPC (art. 14, I e II), existindo punição à parte que agir de modo temerário ou com má-fé (art. 14, § 11, da CF/88). A instrumentalidade do processo possui previsão expressa no Código Eleitoral, na medida em que o art. 219 do citado diploma

afirma que na “aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulida-des sem demonstração de prejuízo”. Ou seja, em sendo possível, prevalecerá, na contenda eleitoral, a finalidade material da norma, em detrimento de regra de formalidade. Nessa Justiça Especializada, vigora a gratuidade processual (TRE/BA. RE 1573, Rel. ESERVAL ROCHA, DJE de 09/04/2010 e TRE/GO. RE 21008, Rel. WILSON SAFATLE FAIAD, DJ, Vol. 188, Tomo 1, de 12/09/2012, ps. 2/3), inclusive com relação a pagamento de hono-rários de sucumbência (TSE, Acórdão 13.101, de 6-3-97, Min. Costa Leite). A prioridade de tramitação, relacionada a feitos de interesse de pessoas idosas, encontra base na Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

Mas há outros corolários ainda não citados, a exemplo de proibição da “reformatio in pejus”, plenamente aplicável ao processo eleitoral (TSE. Proc. 450-60.2012.613.0096. ED-REspe no 45060. Min. LAURITA HILÁRIO VAZ. DJE 23/05/2014). Pelo princípio da taxatividade, apenas aqueles recursos previstos na legislação são admitidos, aplicando-se tal regramento principiológico à causa eleitoral (TSE. Proc. 23-25.2012.606.0106. REspe 2325. Min. MARCO AURÉLIO MELLO. Publicado em Sessão, em 13/12/2012). A fungibilidade

recursal também é aceita na lide eleitoral, desde que não haja erro grosseiro na escolha do tipo de apelo (TSE. 995-31.2010.601.0000. ED-AgR-REspe no 99531. Min. LAURITA HILÁRIO VAZ. DJE, Tomo 110, Data 13/06/2014, ps. 41-42).

Já o princípio da singu-laridade ou unirrecorribi-lidade, também aplicável às contendas eleitorais (TSE. AAAG no 8953. Min. EROS ROBERTO GRAU. DJ de 11/9/2008, p. 7), diz respeito à preclusão recursal, não podendo a parte inovar em outras razões fora do texto ini-cialmente apresentado. Por fim, o importante Princípio da Colegialidade (STF. Ag. Reg. na Medida Cautelar na Reclamação no 10.445/CE. Ministro Celso de Mello, julgado em 28-2-2014), plenamente indicado ao litígio eleitoral, trata da necessidade da coerência de entendimento a ser adotada por cada Regional e TSE em prestígio à tão necessária segurança jurídica do Sistema Judiciário Elei-toral Brasileiro, ficando para uma próxima oportunidade a citação de outros apotegmas.

Franco Mauro Russo

ADVOGADO

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Sobrinho do ex-presidente do Con-selho Federal da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB) e advogado

criminalista, Ernando Uchôa, Francisco Ernando Uchôa Lima Sobrinho é o entre-vistado deste mês no caderno Direito & Justiça, do jornal O Estado.

Ele que seguiu os passos do tio, é também um apaixonado pela advocacia e destaque na área criminal. Em entrevista, fala de como é atuar no direito penal, dos motivos que o fazem recusar certas causas, assim como faz avaliações sobre o sistema car-cerário no Brasil. Para ele, “a advocacia criminal é de alta complexidade, envolve muitos fatores e lida com muitos dramas. É o mais humano ramo do direito”.

Ernando Uchôa Sobrinho é bacharel em Direito pela Universidade de Fortale-za desde 1994. Já foi presidente do Con-selho Penitenciário do Estado do Ceará e atualmente, além de advogar, exerce a carreira de professor de direito penal em faculdade e cursos preparatórios para o Exame de Ordem.

[Direito & Justiça]: Como é para o se-nhor, especialista criminal, atuar nessa área, onde muitas pessoas veem com cer-to preconceito por defender criminosos?

[Ernando Uchôa]: A advocacia criminal é uma advocacia sofrida, você lida com os dramas maiores e naturalmente nos envelhe-cem. Mas para os apaixonados, àqueles que vivem a advocacia pelo amor à profissão, esse sentimento é mitigado. Não tem sido fácil o exercício da advocacia criminal, muitos acham que é para defender bandidos, mas defendem-se pessoas acusadas de crimes. Ao advogado, dentro dos princípios éticos de sua profissão, deve pautar sua atuação na defesa dos direitos da pessoa acusada. Ela tem direitos garantidos pela Constituição Federal e o maior é o de defesa.

[D&J]: Alguma vez já se negou a defen-der um determinado cliente?

[E.U.]: Já recusei vários clientes, principal-mente quando as causas versam sobre tráfico de drogas ou práticas de roubo, porque é uma advocacia ain-da mais melindrosa. Por questão pessoal, prefiro não advogar esse tipo de causa. Não é que eu esteja fechado a certas cau-sas criminais, mas porque vejo que, nes-ses crimes, as pessoas que geralmente são acusadas vivenciam o crime quase como um exercício de profissão.

Mas já tive muitas causas espinhosas, a mais curiosa, talvez, foi a defesa que fiz no Tribunal do Júri, do Marco Antônio Heredia Viveros, que era marido da Maria da Penha, defendi e acredite: tenho plena consciência de que o processo não o indi-cava como um culpado e, nesse julgamento, pessoas que assistiram disseram que não pensavam que fosse assim – pessoas que apostavam na culpa dele. Foi um caso de grande repercussão, ele foi condenado, mas a decisão não foi unânime. O advogado criminal é o único e último que sobra para o réu no final das contas, na defesa daquilo que ele tem direito, mas não é uma missão fácil. Muitas vezes, as raivas, os ódios que são direcionados ao réu acabam refletindo no advogado que passa a ser visto de forma não muito simpática. Se o advogado criminal não tiver a consciência de que o exercício de sua profissão é um sacerdócio, ele não vai aguentar, porque exige muito, principalmen-te uma formação humanística.

[D&J]: É uma das áreas do direito mais difícil?

[E.U.]: Não tenho a menor dúvida, compa-raria como o cirurgião na Medicina. A advo-cacia criminal é de alta complexidade, envolve muitos fatores e lida com muitos dramas. É o mais humano ramo do direito.

[D&J]: Como analisa o sistema carce-rário brasileiro, o qual vivencia, hoje, o

extremo da precariedade?[E.U.]: Nosso sistema é totalmente falido e

mentiroso. Temos instituições prisionais que não têm a menor capacidade de gerar recuperação para o preso, são ambien-tes de deformação moral. Se o sujeito já entra com um déficit moral, sai de lá com uma dívida eterna. Poderia ser diferente e deve ser, mas não há interes-se político para se mudar esse estado de coisas, porque preso não dá voto. Quem vai para o sistema peniten-ciário só tem uma perspectiva real, de sair em estado ple-no de deformação.

[D&J]: O que acha de os Direitos Huma-nos só darem assistência aos crimino-sos e deixarem a família da vítima desassistida?

[E.U.]: Realmente cria-se essa pers-pectiva. Na verdade, todo ser humano por pior que seja tem algum direito a ser preservado, a questão é que na hora em que se en-fatizar isso se recri-mina muito mais o direito de se defen-der do condenado, do que propriamen-te da vítima, que teve a vida ceifada ou a família destru-ída. O que precisa haver é uma equalização de tudo isso, ou seja, não sobrepujar os direitos do condenado ao da vítima.

Às vezes, destacam-se com muito mais ênfase a vitória do criminoso do que a vitória daquele que combate, é uma realidade em nosso País, criminosos virarem celebrida-

des. Quando eu entendo que para equalizar isso deveria as ações criminosas não serem noticiadas, tanto quanto o êxito da polícia. Para criar a pers-pectiva de que a polícia está muito melhor. Guerras fo-ram vencidas com propagandas que intimidaram e arre-feceram o inimigo.

A p r o p a g a n d a que mais vemos é do crime e do cri-minoso, e não da polícia e de suas ações de combate.

[D&J]: Concorda que o brasileiro tem uma sensação de impunidade quanto ao cumpri-mento de penas, principalmente em casos de comoção popular?

[E.U.]: Voltamos àquela questão de defici-ência do sistema prisional. Temos uma Lei de

Execução Penal, que ao meu sentir, é im-pecável, mas essa Lei não encontra uma ambiência para que possa ser executada tal como está.

O cumprimento de pena em regime fe-chado, em peniten-ciária de segurança média ou máxima, com trabalho diur-no e retorno à noi-te. Se pegar e jogar na realidade fática, em qual unidade prisional você vai encontrar isso? Em algumas localidades, o sujeito vai cumprir

pena em regime semiaberto em colônia, abri-go ou industrial. Cadê a estrutura de que eu preciso para que essa medida seja cumprida tal qual manda a lei. A lei diz uma coisa e a realidade nos aponta pra outra e cria essa sensação de impunidade.

O José Genoino [condenado do mensalão]

foi para prisão domiciliar. Mas será que vai ter alguém ostensivamente o vigiando? Será que, de fato, ele está usando a tornozeleira eletrônica? Isso acontece em alguns cantos e outros não, vai gerando deficiência da execução da pena, essa falha não cria uma falsa perspectiva de impunidade não, é uma perspectiva bastante real.

[D&J]: Mudar as leis funciona?[E.U.]: Fazer novas leis não funciona. Vai

fazer outra se essa está perfeita? O que tem que ser feito é criar condições para que a lei possa ser fielmente aplicada. Criar outras leis já é papo, para mim, de parlamentares atrás de jogar para torcida. Aumentar as penas é outro tema que acho extremamente interes-sante – novas leis para majoração de pena, isso não funciona e vou provar aqui.

O latrocínio é um crime hediondo – que é o roubo seguido por morte, tem a segunda maior pena prevista em nossa legislação. A mínima de 20 anos e máxima, 30. Tornou-se crime hediondo pela lei 8.072/90. Os crimes hediondos são aqueles em que o tratamento legal é extremamente severo. Agora, pergun-to: Com toda severidade pela lei, no que foi que nós temos diminuído os índices de crimi-nalidade? É pena que intimida o criminoso? É não. Se de fato funcionasse, todos os crimes hediondos teriam diminuído. Hoje, o que mais se pratica em Fortaleza é o latrocínio. A solução não é majoração de pena. Você vai criminalizar aquelas condutas mais impor-tantes, apenar com mais severidade somente aqueles crimes cuja prática mereça a pena. O restante só se resolve com uma boa política criminal, mas falar disso em um país que não cuida, efetivamente, de produzir uma legisla-ção boa, eficiente e capaz de ser plenamente executada, fica complicado.

[D&J]: Sobre a pena de morte?[E.U.]: Nosso Direito Penal é federaliza-

do, ou seja, um único código penal que vale para todas as unidades do Brasil. Nos EUA, cada estado tem sua legislação, tanto que em alguns admitem a pena de morte e outros não. Nos estados americanos que aprovam a pena de morte, os índices de criminalidade não diminuíram absolutamente nada, até aumentaram.

Como você vai achar, por exemplo, que a morte seja uma pers-pectiva negativa para quem não tem pers-pectiva? A grande massa de criminosos em nosso País é de desvalidos, o crime e a perspectiva de uma prisão é a glória, se não tem para onde ir nem comida. Você acha que uma pes-soa nessas condições vai intimidar-se com pena alta? Vai nada. Mas também temos criminosos de uma classe social dife-renciada, gente com muitas condições que cometem crime.

[D&J]: Esses são os mais perigosos?[E.U.]: Sim, são bem mais. Mais elaborados,

têm um recurso devastador, que é o recurso do poder.

[D&J]: Infelizmente, crianças e ado-lescentes cada vez mais cedo estão entrando no mundo do crime. O que acha dessa realidade?

[E.U.]: Crimes pequenos e desorgani-zados vão sumir. O contexto, hoje, é de organizar o crime para transformá-lo em negócio lucrativo e atraente, porque esse negócio vai te dar o que você não teve até agora, que é dinheiro que parece muito porque não trabalha – para vender droga, por exemplo. O que aconteceu foi de o cri-me chegar antes do Estado, e cooptou esse sujeito transformando-o em mão de obra. Esse cara não tem escola, não tem moradia, não tem perspectiva de emprego, nem um trabalho de orientação profissional. É essa massa de hipossuficientes que está à mercê do crime. Não são só os pequenos que estão sendo seduzidos, os grandes também e você vai encontrar, em minha profissão, pessoas que em entregam a isso, que se integram à profissão para ser recrutados por eles, não para ser advogado ou contratado.

ERNANDO UCHÔA SOBRINHO

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“O Sistema Carcerário é to-talmente falido e mentiroso.

São ambientes de deformação

moral”

“A propaganda que mais

vemos é do crime e não das ações de combate da

polícia”

“Criar novas leis penais é papo de

parlamentares atrás de jogar para torcida”

DIREITO & JUSTIÇA

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

“Há advogados que se integram aos traficantes para participar do tráfico”

FOTO: BETH DREHER

Page 4: Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

Miguel Reale nasceu em 6 de novembro de 1910, em São Bento da Sapucaí (SP). Filho do médico italiano Dr. Braz Reale e de Felicidade da Rosa Góes Chiarardia Reale. Foi o quarto ocupante da cadeira no 14 da Academia Brasileira de Letras.

Iniciou sua carreira de advogado em 1934, mesmo ano em que se tornou bacharel em Direito e de sua primeira publicação com o livro O Estado moderno. Lançou sua Teoria Tridimensio-nal do Direito (1940), que unificava três concepções jurídicas: sociológica, moralista e normativa abstrata, que veio a se torna conhecida mundialmente.

Doutor em Direito e catedrático de Filosofia do Direito, entre suas principais funções, foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo, onde criou a primeira Assessoria Técnico-Legislativa, para racionalização dos serviços legislativos, do Brasil.

Em suas atividades educacionais e filosóficas, foi reitor da Universidade de São Paulo por duas vezes e instalou Institutos Oficiais de Ensino Superior no Interior do Estado, e implantou a reforma universitária, melhorando estruturas dos campi da capital e interior. Fundou o Instituto Brasileiro de Filosofia, en-tidade que congrega os pensadores brasileiros e publica a Revista Brasileira de Filosofia, e a Sociedade Interamericana de Filosofia.

Fez parte do Conselho Federal de Cultura por 15 anos, ao ser nomeado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici. Organizador e presidente de sete Congressos Brasileiros de Filosofia, idealizou ainda o Congresso Interamericano de Filosofia.

Foi nomeado para participar da Comissão de Alto Nível a re-visar a Constituição de 1967. O trabalho resultou parte do texto da Emenda Constitucional no 1 que consolidou o Regime Militar no Brasil. Integrou, também, a Comissão Elaboradora e Revisora do Código Civil Brasileiro, instalado durante o regime militar, que resultou no novo Código Civil, sancionado em 2002 pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Miguel Reale realizou e participou de inúmeros seminários de Filosofia e Direito em diversas cidades do País. O jornal O Estado de São Paulo teve sua colaboração quinzenalmente com apontamentos jurídicos, filosóficos e sociais.

Faleceu em 14 de abril de 2006, na cidade de São Paulo, ainda

A Câmara dos Deputados analisa um projeto de lei que inclui noções sobre direitos constitucionais entre as disci-plinas obrigatórias do ensino fundamental e médio. A pro-posta (PL 6954/13) foi apresentada pelo deputado Romário (PSB-RJ).“O objetivo desse projeto é expandir a noção cívica de nossos estudantes, ensinando-lhes sobre seus direitos constitucionais, como cidadão e futuro eleitor”, explica o par-lamentar. Pelo texto, as disciplinas deverão abordar também os valores morais e cívicos em que se fundamentam a socie-dade. Com o estudo das novas disciplinas, Romário acredita que, ao completar 16 anos e se tornar apto para votar, esses jovens estudantes já terão uma base educacional sólida que lhes permitirá “compreender a importância de ser um cida-dão consciente e as consequências geradas à gestão públi-ca ao escolher um candidato despreparado ou ficha suja.” O projeto será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, será votado pelo Plenário.

Fonte: Agência Brasil

Projeto permite dedução de pensão alimentícia do IR em caso de acordo

Fumo pode ser proibido em espaços esportivos e parquinhos

O País poderá vir a ter novas regras para a criação de re-giões metropolitanas. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 13/2014, que trata do tema, está para ser analisada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde aguarda designação de relator. De autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a proposta confere à União, aos es-tados e ao Distrito Federal a competência para criar regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. Hoje, a Constituição estabelece que apenas os estados têm essa competência. Pela proposta, a União vai legislar sobre os re-quisitos e características para que um grupo de municípios seja considerado uma região metropolitana – que poderá ser considerada um ente nacional. Também haverá regras para a governança e para o financiamento dessas regiões, além da busca de uma harmonização entre as políticas públicas de estados, municípios e Distrito Federal para as aglomerações urbanas. Tanto União, quanto Estado e municípios envolvidos poderão ter de repassar recursos para a região metropolitana.

Fonte: Agência Senado

A 3a Câmara de Direito Privado do TJ-SP (Tribunal de Justi-ça de São Paulo) condenou um empreendimento imobiliário a pagar reparação por danos morais, no valor de R$ 5 mil, a uma funcionária ferida durante o desabamento do teto de um shopping center em novembro de 2009. A cobertura caiu num momento de trabalho da funcionária. O desembargador Carlos Alberto de Salles, relator da apelação interposta pela autora – cujo pedido indenizatório foi julgado improcedente em primeira instância –, deu provimento ao recurso. Ele esclareceu em sua decisão que um laudo pericial apontou como causa do acidente a queda de paredes em construção e de peças metálicas e an-daimes sobre quatro lojas, o que afastou a possibilidade de as chuvas daquele dia, por si só, terem provocado a queda do teto.

Fonte: Última Instância

Tramita, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 7348/14, do deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP), que permite a de-dução da pensão alimentícia, em caso de acordo extrajudicial, do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Atualmente, a Lei 9.250/95 permite a dedução da pensão na base de cálcu-lo do Imposto de Renda somente em casos de separação ou divórcio por decisão judicial, ou por escritura pública, quando o processo é consensual e o casal não tem filhos menores ou incapazes. De acordo com Camarinha, a proposta estimulará o pagamento da pensão alimentícia, “havendo melhor assistên-cia a quem recebe.” A proposta tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

Parques infantis, estádios e ginásios poderão ficar livres do cigarro. Proibir o fumo nesses locais é a finalidade do Projeto de Lei do Senado (PLS) 344/2013, que está pronto para ser votado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). De autoria do senador Paulo Davim (PV-RN), o projeto amplia o rol de restrições da Lei Antifumo (Lei 9.294/1996), proibindo o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e outros produtos semelhantes em parques infantis e espaços usados para a prática desportiva profissional ou amadora, sejam eles abertos ou fechados. Segundo Davim, a ideia é impedir que as crianças fiquem expostas ao fumo nos locais que frequentam. “Para tanto, faz-se necessária a proibição de uso do fumo em ambientes frequentados por elas, como os parques infantis. Da mesma forma, a proibição do cigarro nos espaços esportivos visa a preservar a saúde dos praticantes e frequentadores de espetáculos dessa natureza”, justifica o senador.

Fonte: Agência Senado

PEC estabelece novas regras para criação de regiões metropolitanas

Shopping indenizará funcionária atingida por desabamento de teto

Romário quer aula de direito constitucional em escolas

Miguel Reale (1990 –2006)GRANDES NOMES DO DIREITO

JURISTA, FILÓSOFO E EDUCADOR

4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

DIREITO & JUSTIÇA

Vários processos envol-vendo o dano moral são julgados diaria-

mente, vão desde ofensa à honra, à invasão de privacida-de. Contudo, uma modalidade começa a ganhar força nos tribunais: a reparação por danos sociais, que apesar de ainda não ter chegado a um entendimento dos Tribunais Superiores, já existe uma questão sobre o tema a ser analisada. Agora, a preocupa-ção é de que a nova tendência não transforme-se na banali-zação dos danos morais.

A indenização por danos sociais já vem ocorrendo e acontece quando o juiz en-tende que tal conduta tenha causado prejuízo não só à vítima da ação, como também à sociedade. No caso, além do mérito moral, o causador do dano deve arcar com uma punição, que pode ser rever-tida em valores ou prestação de serviços a instituição de caridade ou de proteção ao ambiente, conforme enten-dimento do magistrado. “É uma indenização que está surgindo e consiste em anali-sar se o dano causado à vítima estende-se à sociedade quan-do provido de uma conduta reprovada socialmente. Essa modalidade tem caráter peda-gógico com o objetivo de que o fato não se repita”, afirmou o advogado Franco Mauro.

Segundo o advogado, a ex-petativa é a de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analise uma causa envolven-do o tema submetido a Re-gime de Recurso Repetitivo, no qual magistrado proferiu danos sociais, em ofício, sem que a parte tivesse solicitado. Ele acredita que dará uma maior segurança jurídica ao assunto, no entanto, preo-cupa-se caso essa tendência, assim como o dano moral, transforme-se em pedidos de larga escala, agravando ainda mais as condenações de caráter moral.

Ainda de acordo com Fran-co Mauro, o dano social é

solicitado como um aditivo do dano moral. Mesmo que a vítima não o peça, o juiz pode aplicá-lo. A Reclamação, pen-dente no STJ, é justamente para julgar a possibilidade de o magistrado aplicar ou não danos sociais sem que tenha sido requerido pela parte.

“A preocupação deve ser sempre a de evitar exageros de modo que os julgamentos sejam equilibrados para não haver um agravamento de

uma tendência que causaria a completa banalização dos danos morais, um instituto que, em alguns casos, já está banalizado”, afirmou.

DANO MORAL BANALIZADO “Hoje, o dano moral está

banalizado no sentido de que toda pessoa que sofreu algo pede uma indenização por danos morais, mais no senti-do de enriquecer. Torceu o pé na calçada, quer processar a

Prefeitura. Passou horas para ser atendido, quer processar a empresa. Em toda e qual-quer desavença, desacordo e tipo de desentendimento é solicitado o dano moral, principalmente, em relações de consumo. O valor não pode ser tão alto nem tão baixo para que o ato não volte a se repetir. Pois quando fala-mos em banalização é porque dano moral está virando uma indústria”, disse Franco.

Prejuízos são causados à vítima e à sociedade

AÇÃO DE DANOS SOCIAIS

ireito em Ação

Franco Mauro tem receio de que a ação de danos sociais torne-se uma indústria de ganhar dinheiro igual a de danos morais

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exercendo sua carreira de advogado militante. Deixou um filho também jurista, Miguel Reale Júnior.

FONTE: Academia Brasileira de Letras

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Page 5: Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

Está para ser aprova-do, na Comissão de Constituição e Justiça

e Cidadania, o projeto que cria a carreira de paralegal, que é o bacharel em direito desaprovado no Exame da Ordem dos Advogados. Sua aprovação dará o direito a este profissional de exercer a carreira no período máximo de três anos , enquanto tenta novamente aprovação para o Exame de Ordem.

O texto, do deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), estabelece que os nãos aprovados no Exame possam atuar como assistentes em escritórios de advocacia, sob a responsa-bilidade de um profissional inscrito na OAB, no entanto, não poderão assinar petições ou prestar consultas. Na justi-ficativa, o parlamentar ressalta que, no Brasil, existem cerca de 5 milhões de bacharéis candi-datos à OAB. “Esse verdadeiro exército de bacharéis que, sobretudo por não lograrem êxito no Exame de Ordem dos Advogados do Brasil, ficam fora do mercado de trabalho, vive um legítimo drama social.

Após dedicarem cinco anos de suas vidas, com grande investimento pessoal e finan-ceiro, descobrem-se vítimas de verdadeiro estelionato educa-cional. A reprovação do Exame de Ordem mostra que, mesmo após tanto esforço, a faculdade não lhes forneceu o necessário conhecimento para o exercício da advocacia”, defende Sérgio.

Já o presidente do Conse-lho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado, em nota, defende que a melhor opção seria a ampliação do período de estágio durante o curso de

direito, podendo o prazo ser prorrogado por mais um ano após o término. “Mais do que isso, cria-se um desestímulo ao estudo e a capacitação. Não pode haver advogado de primeira e segunda linha por-que não há cidadão ou causas mais ou menos”.

OPINIÃOO caderno Direito & Justiça

buscou a opinião do professor de cursos preparatórios para o Exame de Ordem, Alexandre Teixeira, e também mestre em Direito Constitucional sobre o tema. Segundo o professor, a aprovação do projeto não implica em prejudicar a car-reira, “o projeto, caso torne-se lei, abrirá espaço para que o

bacharel se veja inserido no mercado de trabalho e sinta a necessidade de dedicar-se um pouco mais a passar no Exame de Ordem”.

Alexandre concorda com a proposta e afirma conhecer vários bacharéis, ainda não aprovados, que são contrata-dos para auxiliar nos escritó-rios, na elaboração de peças processuais, realizando pesqui-sas de jurisprudências ou no auxílio ao acompanhamento de processos. “O projeto apenas regulamentaria uma situação que já existe na prática, não havendo, portanto, qualquer novidade nisso. Aliás, a Lei 161 de 1935 e o Provimento 25/66 do Conselho Federal da OAB, hoje revogados, criaram

as figuras dos solicitadores e provisionados que, formados em Direito ou não, podiam praticar certos atos privativos de advogados até mesmo sem a assistência destes, como fazer audiências e interpor recur-sos”, defende.

PREPARAÇÃO PARA O EXAME

Ainda de acordo com Alexan-dre Teixeira, que começou a dar aulas em cursos preparató-rios desde o ano 2000 quando o número de candidatos ins-critos não passava de 25 mil, atualmente, as provas estão mais elaboradas e difíceis. Ele considera que o maior desafio é o objetivo dos estudos. “Como professor, já ouvi diversas vezes dos próprios alunos que eles têm o costume de estudar só para passar nas provas do curso de Direito o que torna o aprendizado, na maioria das vezes, provisório, do tipo “só para a prova”, favorecendo o esquecimento do que foi estu-dado. Acontece que o Exame de Ordem contém questões relati-vas a todo o período do curso, e não apenas dos últimos semes-tres, difíceis de lembrar caso o aprendizado não tenha sido permanente”, explica.

A boa preparação para apro-vação no Exame de Ordem deve começar logo na facul-dade com o objetivo real de aprender o que foi estudado, mas se o aluno considera-se despreparado, os cursos pre-paratórios são bons auxílios. O professor defende, ainda, que a “importância do Exame é saber se o candidato tem um conhe-cimento mínimo para exercer a profissão e não apenas um diploma na mão”.

Pautado para ser julgado, no último dia 14 deste mês, pelo Supremo Tribunal Fe-deral (STF), o processo que discute a possibilidade de desaposentação, foi outra vez adiado. Ainda sem data ga-rantida para votação, mais de 70 mil processos aguardam o resultado, que já foi reconhe-cido como repercussão geral e deve beneficiar um grande número de aposentados.

A desaposentação é a re-núncia da atual aposentado-ria pelo trabalhador que con-tinua na ativa e contribuindo, pela troca de outra futura-mente com objetivo de obter maior valor. Se a decisão for favorável aos segurados, o resultado valerá apenas para aqueles que já estão com pro-cesso em andamentos, mas irá servir de jurisprudência para os tribunais inferiores.

O conselho da vice-presi-dente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriane Bramante, para quem deseja um novo benefício, é o de, primeira-mente, calcular a renda atual e verificar se será vantajosa. “Para isso, sugerimos procu-rar escritórios de advocacia especializados nessa matéria para realizar esses cálculos e ingressar com ação, se for o caso. Não é aconselhável en-trar com pedido sem advoga-do. Como é uma questão com-plexa, mesmo nos Juizados Especiais Federais é arrisca-do ingressar sem advogado, pois o JEF tem entendimento

contrário à desaposentação e será preciso recorrer até as últimas instâncias. Se isso não for bem feito, pode ser prejudicial ao segurado e lhe obstar qualquer pedido desses depois”, explica.

A advogada lembra que, em caso de decisão judicial favorável, não haverá duas aposentadorias. A primeira deverá ser interrompida para que, imediatamente, comece a receber a nova. Ain-da conforme Adriana, a ação não foi julgada pelo STF por falta de tempo, e argumenta

que não é possível prever se será ou não a favor aos segu-rados. No entanto, garante que o Instituto está esperan-çoso, pois os cálculos foram realizados e comprovam a possibilidade financeira da previdência em conceder as diferenças dos valores.

DESAPOSENTAÇÃO NEMSEMPRE É VANTAJOSA

A vice-presidente do IBDP, alerta que nem sempre a desaposentação pode ser vantajosa. “Se, por exemplo, o segurado aposentou-se com

um valor alto, pois pagava no teto máximo e, após aposen-tar-se passou a trabalhar e pagar sobre salário mínimo. Pode ser que o cálculo da nova renda seja igual ou até mesmo inferior à renda atual. Nesse caso, não será vantajosa”. Porém, a vantagem pode ser bastante significativa para os aposentados que continua-ram trabalhando e recebendo o mesmo valor.

A sugestão para solicitar o pedido de desaposentação, para os recém-aposentados, é a de aguardar, no mínimo, quatro anos para ingressar com a ação, devido a dife-rença entre o que recebe e irá receber ser muito pouca.

DECISÕES RECENTES

Sobre como tem sido as decisões referentes ao tema, Adriane Bramante esclarece que depende de cada Tribunal Regional. Segundo ela, em primeira instância, os juízes têm entendido a ação improce-dente. Já nos Tribunais Regio-nais, que em todo o Brasil são cinco, o direito é reconhecido, predominante, no Sul e em São Paulo. Ao subir para o Supe-rior Tribunal de Justiça (STJ), onde a matéria já foi julgada, os aposentados têm o direito de renunciar o benefício sem a necessidade de devolver os valores recebidos. No entanto, todos os processos, que segun-do o IBDP, somam mais de 70 mil, estão no aguardo de uma decisão do STF, que é a última instância a ser recorrida.

DIREITO & JUSTIÇA

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

CAACE - Rua D. Sebastião Leme, 1033 - Bairro de Fátima- (85) 3272.3412 – www.caace.org.br. Notícias paracoluna - [email protected]

CAACE consegue reajuste no plano HapVida

Em homenagem ao Dia do Advogado, a CAACE realizou, entre os dias 7 e 12, a Campanha de Vacinação no interior do Estado que teve como objetivo investir na prevenção de doenças e estabelecer uma relação de reciprocidade no cui-dado dos profissionais do direito. Foram ministradas vacinas preventivas contra Influenza (H1N1), Hepatite B e Tétano.

A ação contou com apoio dos delegados em cada subseção: Dr. Thiago Gonçalves, delegado em Juazeiro do Norte, que também viabilizou a extensão da campanha ao município de Barbalha; Dr. Francisco Igleuvan, delegado em Aracati; Dr. Aurismar de Morais, delegado em Crato; e Dr. Rafael Pon-te, Delegado em Sobral, que afirmou “A CAACE continuará realizando ações que beneficiem a classe e, sem dúvida, é fundamental a participação de todos”.

Blitz da Saúde CAACE

Campanha de Vacinação CAACE no Interior

Com o apoio da Qualicorp, a Blitz da Saúde CAACE teve início na terça-feira (12) e contou com a presença de mui-tos advogados e advogadas no estacionamento do Fórum Clóvis Beviláqua.

A ação foi realizada durante todo o mês de agosto, em homenagem ao Dia do Advogado, e tem o intuito de cuidar da saúde da classe advocatícia.

Para Júlio Ponte, presidente da CAACE, a disponibilização desses serviços é de fundamental importância para melho-rar a qualidade de vida dos advogados. “Através de aferição da pressão arterial e realização do teste de glicemia, pode-mos detectar doenças silenciosas e muito perigosas. Por isso, peço a participação de todos durante a Blitz da Saúde”.

Contando com a colaboração da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/CE, a CAACE realizou recente tratativa com representante do plano de saúde HapVida, pleiteando a redução do percentual de reajuste anual do citado plano de saúde, sugerido em primeiro momento no percentual de 38%, que, à evidência, encontrava-se substancialmente mais elevado que qualquer outro índice oficial de reajuste de preços em vigor.

A citada postulação foi acolhida pela Diretoria da opera-dora HapVida, tendo o percentual de reajuste anual inicial-mente proposto sido reduzido em mais de 50%, ficando estabelecido ao final percentual de reajuste de 16,09%, portanto, compatível com o ICH (Índice de Custos Hospita-lares), e, ainda, restando assegurado o ressarcimento de eventuais valores pagos a maior durante o mês de julho passado pelos associados da CAACE que são usuários do plano de saúde em questão.

“Projeto regulamentaria uma situação que já existe”

PARALEGAL

DESAPOSENTAÇÃOMatéria foi novamente adiada pelo Supremo Tribunal Federal

Alexandre Teixeira - “Abrirá espaço para que o bacharel se veja inserido no mercado de trabalho e sinta a necessidade de dedicar-se um pouco mais a passar no Exame”

Adriane Bramante - afirma que o assunto aguarda julgamento há quatro anos e os cálculos comprovam a viabilidade financeira para que a previdência conceda a desaposentação

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Page 6: Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

SOLENIDADE DE OUTORGA DA COMENDA COLAR DO MÉRITO 2014

Atos de Improbidade Administrativa - Lei 8.429/92 - Anotada e Comentada

A Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará homenageou com a comenda “Colar do Mérito” três personalidades de grande relevância na luta pela efetivação do direito fundamental do acesso à Justiça: o governador do Estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes; o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zezinho Albuquerque, e o deputado federal Mauro Benevides. A solenidade de outorga da comenda aconteceu ontem (12) à noite, no lobby do Complexo São Mateus, contando com a presença de defensores públicos e autoridades dos meios jurídico, político e empresarial. A secretária de Justiça, Mariana Lôbo, representou o governador Cid Gomes. O deputado Zezinho Albuquerque foi representado por seu filho, Antônio José Albuquerque, prefeito de Massapê. Os dois homenageados ficaram impossibili-tados de comparecer à solenidade por problemas de saúde.

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

DIREITO & JUSTIÇA

Secretária de Justiça, Mariana Lôbo, deputado Mauro Benevides, presidente da Adpec, Sandra Sá, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza (FBFF), Natanael Mota, Ouvidora Geral Externa da DPGE, Ana Virgínia Ferreira Carmo e Antônio José Albuquerque, prefeito de Massapê

Presidente da Anadep, Patrícia Kettermann e presidente da Adpec, Sandra Sá

Diretoria da Adpec com o homenageado deputado Mauro BenevidesDiretora parlamentar da Adpec, Sandra Dond e Corregedora geral da DPGE, Vanda Lúcia Veloso Soares de Abreu

Homenageado, deputado Mauro Benevides e a presidente da Adpec, Sandra Sá

Presidente da Anadep, Patrícia Kettermann, defensora pública geral do Estado, Andréa Maria Alves Coelho, deputado Mauro Benevides, presidente da Adpec, Sandra Sá, Secretária de Justiça, Mariana Lôbo e Antônio José Albuquerque, prefeito de Massapê

Vice-presidente da Adpec, Leonardo Antônio Moura Júnior e diretora jurídica da Adpec, Elizabeth Chagas

Desembargador Paulo Airton Albuquerque Filho, Antônio José Albuquerque, prefeito de Massapê e secretária de Justiça, Mariana Lôbo

Defensores públicos Tibério César Burlamaqui, Luciano Ferreira Lima Sobreira e senhora

Deputado Mauro Benevides, João Melo e Honório Pinheiro

Nesta obra, merecem realce as manifestações dos Órgãos judicantes superiores e estadu-ais na orientação da aplicabilidade de uma

norma moderna para reprimir condutas antigas. Sobreleva especial destaque ao estudo interpreta-tivo das regras processuais visando à observância dos direitos fundamentais inseridos nas garantias constitucionais do devido processo legal, o contra-ditório e a ampla defesa com os recursos a ela ine-rentes. É um trabalho jurídico completo a respeito dos atos de improbidade administrativa, abrangen-do todos os aspectos normativos e processuais. A exegese da legislação é exposta com a clareza que facilita aos Operadores Jurídicos acesso a infor-mações que lhes permitem o conhecimento de casos concretos vivenciados no diário forense.

Autor: Aluízio Bezerra FilhoEditora: JuruáPáginas: 748Preço: R$ 179,00

Aventura e Legado no Ensino Jurídico

A publicação resgata as ideias e atitudes presentes na concepção e execução do primeiro curso do Centro de Estudo e Pesquisa no Ensino do Direito (Ceped)

- Curso de Advogados e Empresas - e dos desdobramen-tos desse projeto, como a reforma do currículo-mínimo, na década de 1970. O Ceped foi uma experiência didática no campo do ensino do direito, realizada pela FGV, em convênio com a então Universidade do Estado da Gua-nabara e a Fundação Ford. Mais do que o relato dessas experiências, o leitor encontrará no livro uma discussão de como uma mudança na forma e concepção do ensino jurídico afeta o desenvolvimento de um país. Além disso, a obra traz reflexões de professores, fundadores e pesquisa-dores do Ceped sobre o impacto que ele produziu e produz no ensino jurídico e na sociedade brasileira.

AutorES: Gabriel Lacerda, Joaquim Falcão e Tânia RangelEditora: FGV Direito RioPáginas: 362Preço: R$ 0,00 - Disponível para download no link (http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/10690)

Page 7: Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

A 2a Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT-CE)

entendeu que reclamar de atraso no pagamento através do Facebook não pode gerar demissão por justa causa. A decisão foi tomada após aná-lise do pedido de anulação de demissão de um auxiliar de serviços operacionais que perdeu emprego, na VIT Ser-viços Auxiliares de Transpor-tes Aéreos, depois de desa-bafar na rede social pelo não recebimento de salário.

“O fato de o funcionário ficar com o salário atrasado e postar nas redes sociais, criticando a empresa, não configura em uma falta gra-ve. Não é um fato ilícito que justifique demissão por justa causa”, informou o desembar-gador Francisco José Gomes, da 2a Turma do TRT-CE. De acordo com o desembarga-dor, o uso da rede social é livre para qualquer pessoa, e o recebimento de salários em dia é um direito de todos, o qual pode ser pago diaria-mente, semanalmente ou, no máximo, uma vez ao mês. Ao atrasar um mês, o empregado pode reclamar.

Conforme informações do TRT-CE, a companhia havia alegado que as mensagens publicadas pelo funcionário foram ofensivas à honra e boa imagem da mesma. Como também, afirmou ser mentira o atraso no pagamento e de que o empregado utilizou palavras de “baixo calão” com o objetivo de ofender o empregador. Na justifica-

tiva, o relator do processo, desembargador Cláudio Pi-res, ressaltou que a empresa faltou com credibilidade pela falta de pontualidade, o que permitiu o desabafo do em-pregado; já o uso de palavras baixas justifica-se como uma forma de protesto.

“Não justifica justa causa porque a gente entende que é um direito dele. Todos nós empregados temos direito a receber o salário em dia. Se passou de um mês, lógico que

o funcionário pode rebelar-se. O que ele não pode é atingir, diretamente, a dignidade do diretor ou dono da empresa. Mas a empresa como um ente, pode sim, pois não a está denegrindo, apenas, falando a verdade”, disse Francisco.

Para o desembargador, o único ofendido, neste caso, foi o próprio empregado que ficou sem a remuneração de seu trabalho e atrasando suas obrigações financeiras. Ainda conforme o magis-

trado, para que um fato configure-se em justa causa faz-se necessário que o tra-balhador tenha cometido algo ilícito ou uma falta gra-ve, por exemplo: trabalhar embriagado, envolver-se em brigas, realizar jogos de azar, vender segredos da empresa ou ser relapso. Não havendo, não justifica.

DECISÃOCom a decisão, a compa-

nhia de serviços foi con-

denada a pagar as verbas trabalhistas de aviso prévio e FGTS com multa de 40%. Apesar de a decisão caber recurso, o desembargador acredita que não há possi-bilidade de que o processo suba ao Tribunal Superior do Trabalho pelo motivo de que o fato não feriu a Consti-tuição Federal ou uma lei fe-deral. No entanto, o funcio-nário pode, ainda, ingressar com pedido de indenização por danos morais devido

ao vexame no prazo em que ficou sem pagamento.

CONDUTA DE TRABALHOFrancisco José atenta que

as empresas podem controlar a conduta do trabalhador nas redes sociais. Segundo ele, desviar o foco no trabalho para acessar sites diversos pode gerar justa causa. “A empresa paga pelo horário de trabalho, você está sendo pago para trabalhar e a em-presa pode controlar”, disse.

DIREITO & JUSTIÇA

7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

Está em análise na Co-missão de Constituição e Justiça e Cidadania,

projeto de lei aprovado na Co-missão de Educação, da Câ-mara Federal, que pretende obrigar todas as escolas brasi-leiras a aderirem a campanha contra o bullying. O objetivo da proposta é conscientizar a comunidade escolar sobre os efeitos e aspectos dessa prática. Se transformado em lei, todas as instituições de ensino fundamental e médio devem promover a ação du-rante uma semana na primei-ra quinzena de abril.

“Em linhas gerais, podemos conceituar o bullying como a conduta ilícita e/ou abusiva, reiterada e duradoura, que expõe a vítima a situações ul-trajantes, capazes de ofender sua dignidade, personalidade e integridade física e/ou psí-quica”, informou a advogada Fernanda Misevicius. Segundo a especialista em Direito Edu-cacional, pessoas com presen-ça mais forte ou carismática utilizam de seu poder para humilhar e maltratar àqueles que encontram dificuldade em reagir a ofensas. Nas escolas, essa prática pode ser percebida de inúmeras formas, principal-mente, através de chantagem, exclusão, agressões físicas, brincadeiras de mau gosto ou apelidos pejorativos.

Ainda de acordo com a ad-vogada, o foco das campanhas antibullying é a conscientiza-ção, contudo, deve funcionar de modo a abordar todos os “aspectos legais, sociais, psico-

lógicos e éticos que envolvem a prática”. Durante a semana de campanha, as escolas deverão desenvolver atividades como palestras e debates, tanto para alunos como pais e profissio-nais da educação.

O assunto poderá ser tra-tado de forma específica dentro das escolas. A criação de um regimento interno e a inclusão da campanha no plano escolar possibilitam o conhecimento prévio aos

pais e alunos da importância da medida. “As campanhas são extremamente impor-tantes, uma vez que visam a esclarecer o que é o bullying e suas consequências, sejam elas legais ou psicológicas.

Apenas assim poderão ser desconstituídas crenças de que as agressões sofridas pela vítima são brincadeiras de criança. No mais, entendo que serão essenciais para a construção de políticas e ações preventivas. Isso porque, gestores e agentes escolares serão obrigados a pensar sobre esse fenômeno e buscar as melhores alterna-tivas para evitar ou lidar com situações de enfrentamento, sempre em conformidade com as características da comunidade a que atende”, ressalta Fernanda.

ÓRGÃOS AUXILIARES E FISCALIZAÇÃO

Caso o projeto seja san-cionado, as escolas poderão encontrar auxílios nos órgãos do Conselho Nacional de Jus-tiça (CNJ) e do Ministério da Educação (MEC). Já as fisca-lizações devem ficar por conta da Secretaria de Educação de cada Município ou Estado. As escolas que recusam o cum-primento de legislação escolar podem ter autorização de fun-cionamento cassada.

BULLYING NOS CRIMES CONTRA A HONRA

Outro projeto (No 1011/11) aprovado recentemente, na Comissão de Segurança Pú-blica ao Crime Organizado, da Câmara Federal, pretende incluir a intimidação vexató-ria no rol de crimes contra a honra do Código Penal. A proposta, do deputado Fábio Faria, prevê detenção de um

a três anos, juntamente com multas. Ainda de acordo com o projeto, a pena será aumentada em 50% se o crime ocorrer em ambiente escolar; em 1/3 se envolver mais de uma pessoa; em 2/3 em casos de cyberbullying – comunicação de massa; e em dobro se a vítima for menor de 12 anos, deficiente físico ou mental e explicitar preconceito.

Já se a prática resultar em lesão corporal ou sequela psi-cológica temporária, a pena poderá ser de até cinco anos; sendo a lesão permanente, o tempo de reclusão poderá ser de dois a oito anos e se levar àmorte, a pena será de quatro a 12 anos. Em casos em que a vítima tenha provocado a inti-midação, o juiz poderá decidir não aplicar multa no acusado.

Sobre essa possível pe-nalização na prática dentro das escolas, a especialista comenta que “não acredi-to que a criminalização do bullying, quando ocorrido em instituições educacionais, possa caracterizar-se como um inibidor de tal conduta. O Código Penal e o ECA já tra-zem, respectivamente, penas e medidas sócioeducativas que podem ser aplicadas nes-se caso, o que, por si só, não representa uma diminuição efetiva do bullying escolar. As agressões ocorridas em escolas, geralmente, envol-vem criança e adolescentes, e buscar apenas sua punição provavelmente não surtirá o efeito esperado”.

Reclamar de salário atrasado em redes sociaisnão é motivo para demissão por justa causa

DECISÃO

Des. Francisco José Gomes - “desviar o foco no trabalho para acessar sites diversos pode gerar justa causa”

PROJETO DE LEIEscolas poderão ser obrigadas arealizar campanhas contra bullying

Fernanda Misevicius não acredita que a criminalização do bullying, possa caracterizar-se como um inibidor de tal conduta

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“O fato de o funcionário ficar com o salário

atrasado e postar nas redes sociais, criticando a empresa, não configura

em uma falta grave. Não é um fato ilícito

que justifique demissão por justa causa”

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Page 8: Direito e Justiça - Edição 22330 - 28 de agosto de 2014

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SEÇÃO DO CEARÁ

Rua Lívio Barreto, 668 - Joaquim Távora - (85) 3216.1624Coordenadoria de Comunicação - Maurício Vieira

Assessoria de Imprensa - Estagiária - Fernanda Cavalli

[email protected]

Justiça Já

Supersimples

Sala

0800

A realidade do judiciário foi pauta de discussão no átrio do Fórum Clóvis Beviláqua. O ato, promovido pela OAB-CE e pela Associação Cearense de Magistrados (ACM) com apoio da Associação do Ministério Público (AMP), reuniu advogados e juízes que buscam melhorias para o andamento da justiça no Ceará. De acordo com o presidente da OAB-CE, Valdetário Andrade Monteiro, o ato foi um movimento inédito em que todos os esforços estão direcionados para uma melhor oferta da justiça para a sociedade e advogados.

A sanção do Supersimples, projeto que altera a alíquota de contribuição para sociedades de advogados, promoverá um expressivo aumento no número de escritórios de advocacia no país. A solenidade de sanção da lei, no Palácio do Planalto, contou com a presença do presidente da OAB-CE, Valdetário Andrade Monteiro, do vice-presidente Ricardo Bacelar, do se-cretário geral Jardson Cruz, do tesoureiro Marcelo Mota, e do diretor executivo da Fesac, Vanilo de Carvalho.

A OAB-CE inaugurou, nas cidades de Campos Sales e Assaré, mais duas salas de apoio aos advogados. Com a inauguração, a OAB-CE já atinge a marca de 138 salas e, com isso, beneficiará advogados que atuam nessas duas cidades. As salas ficam localizadas no Fórum de cada comarca e têm estrutura com computador, impressora e ar condicionado.

A OAB Ceará vai disponibilizar, durante o período eleitoral, um serviço gratuito de coleta de denúncias a partir de ações praticadas por candidatos durante as eleições deste ano. O serviço estará disponível no 0800.724.2116 e funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h. O serviço ofertado pela OAB-CE reforça a política adotada pelo Conselho Federal da OAB e sua campanha nacional em prol das eleições limpas.

Debate sobre audiências

Contencioso Administrativo

A Diretoria da OAB Ceará e a Comissão de Defesa das Prerro-gativas Profissionais estiveram reunidas com o Desembargador Corregedor do TRT7, Jefferson Quezado, e o Diretor do Fórum Autran Nunes, Antônio Teófilo, para debater entre outros temas, o atraso na pauta de audiências e o combate aos “laçadores” nas imediações da Justiça do Trabalho.

Estão abertas as inscrições para advogados que desejam ocupar vagas de membro no Contencioso Administrativo Tri-butário. O período de inscrições começa nesta quarta-feira (20) e termina no próximo dia 3 de setembro. As inscrições são realizadas na sede da OAB-CE ou enviadas por e-mail para [email protected]. O pedido de inscrição deve conter: a) curriculum vitae; b) certidão de regularidade de inscrição e quitação junto à tesouraria da OAB-CE; e c) certificado de conclusão de pós-graduação lato sensu de natureza jurídico--tributária, contábil ou empresarial.

8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 28 de agosto de 2014

DIREITO & JUSTIÇA

O setor de franquias v e m c r e s c e n d o cada vez mais no B ra s i l . N o a n o

de 2013, o País ganhou 277 novas redes de franquias e somou 114.409 unidades, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising este ano. Mas, seguir as determinações da circular de ofertas para os franqueadores são necessá-rias para um bom negócio, assim como os interessados em empreender devem ana-lisar a melhor opção entre a franquia e o licenciamento.

De acordo com a Lei de Franquia (8955/1994), fran-quia empresarial é “o direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional de-senvolvidos ou detidos pelo franqueador”.

Para tanto, havendo interes-se na implantação do negócio, é indispensável que o franque-ador apresente, de forma clara e legível, ao possível franque-ado, a circular de oferta sem que falte nenhuma informação conforme estabelecida em Lei, por exemplo: valor das insta-lações; taxa de publicidade; treinamento de funcionários, entre outros. Todos os itens devem ser fornecidos com antecedência de, no mínimo, 10 dias antes da assinatura ou pagamento de taxa.

Já no licenciamento, o em-preendedor tem direito ao uso da marca ou patente para diversos fins e segmentos do

mercado, porém as especi-ficações do uso podem ser controladas pelo licenciante. O advogado Daniel Alcântara, explica que ambas as moda-lidades comerciais precisam seguir o sistema jurídico. Ao investidor, ele aconselha ve-rificar se o negócio é próprio de franquia ou licenciamento. “São figuras distintas, apesar de que na franquia sempre existirá o licenciamento de marca ou patente”, diz. “Na realidade, não existe o mais seguro ou flexível, vez que são relações jurídicas diferentes. Cabe ao empresário verificar qual modalidade de contra-tação é a mais correta com os seus parceiros comerciais,

por exemplo, distribuidores, franqueados, licenciados, re-presentantes comerciais etc. Cada atividade empresarial tem uma base legal específica, a qual deve ser seguida pelas empresas.”

Ainda conforme o advogado, acontece de muitas redes, típi-cas de franquias, não se deno-minarem assim sob a intenção de escolher a própria relação jurídica. No entanto, ressalta que o não cumprimento da Lei pode implicar penalidades graves, que vão desde o enqua-dramento incorreto de ordem tributária, como a anulação de contratos e a devolução de valores pagos. “É comum, no mercado, a celebração de

avenças com as mais variadas nomenclaturas, por exemplo, contratos de revenda, de dis-tribuição, licenciamento etc., em que pese estarem presen-tes todas as características da franquia empresarial.”

Daniel destaca que muito disso acontece devido ao des-conhecimento técnico. “As justificativas para esta con-duta são no sentido de que a concessão de franquia gera mais custos, bem como pesa-das obrigações e responsabi-lidades para os detentores da marca, as quais supostamente não seriam devidas em outras modalidades contratuais”. Ele esclarece, porém, que o sistema de franquia não seria o mais custoso ou de maior responsabilidade ao franque-ador, apenas regulamenta as providências que o dono da marca já deve seguir normal-mente como a supervisão do negócio e auxílio em compras.

CUIDADOS ANTES DE FRANQUIAOs interessados em investir

em uma franquia precisam tomar algumas dicas antes de fechar negócio.

• Analisar com cautela a Circular de Ofertas• Firmar, somente, acordos assinados e não verbais• Optar por franqueadoraassociada à entidade representativa• Conversar com franqueados e ex-franqueados da rede• Ser o próprio administrador• Avaliar os números da franquia• Participar de vários processos seletivos

Não obedecer a circular deoferta pode anular contratos

FRANQUIAS

Empresas de grande porte, com ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta de R$ 300 milhões ao ano, passam a ser obrigadas a cadastrar nome de auditor no Sistema Público de Es-crituração Digital (Sped). A medida funciona como estratégia para fiscalizar o cumprimento da lei já exis-tente (11638/2007).

Desde início de 2014, a auditoria independente tem sido fortalecida entre as grandes empresas. Com o objetivo de controlar a gestão e evitar fraudes, as compa-nhias devem informar, no Sped, o nome e número de registro do auditor inde-pendente responsável pelo relatório de auditoria. “O Sped Contábil (ECD- Escri-turação Contábil Digital) foi instituído em 2007, com aplicação inicial em 2008 para empresas com acompa-nhamento diferenciado pela Receita Federal. A partir de 2009, a obrigação de entrega da ECD, estendeu-se para as demais empresas optantes pelo Lucro Real. Hoje, estão obrigadas também a apre-sentarem a ECD as empresas tributadas pelo Lucro Presu-mido que distribuam lucros com base na escrituração contábil e as pessoas jurídi-cas imunes ou isentas”, infor-mou o auditor independente, Luciano De Biasi.

Conforme o auditor, o benefício da auditoria é o de pressionar empresas de grande porte a cumprirem as determinações legais

que já exigiam a auditoria, porém muitas não seguiam. Devido ao cadastro ainda referir-se ao ano de 2013, a orientação é para que em-presas que se enquadram em grande porte adequem-se o quanto antes à escrituração contábil digital, a fim de di-minuir ocorrências de frau-de junto à Receita Federal.

De acordo com De Biasi, o recomendado é que os ges-tores façam a contratação da auditoria até o terceiro trimestre do ano, para que haja tempo em analisar as demonstrações financeiras com cautela e evitar ris-cos, principalmente de pra-zos. Outro destaque é que a transparência financeira realizada por auditorias

passa confiança a parceiros e clientes. “Vale lembrar que a obrigação para as empre-sas de grandes portes não abrangidas pelas normas de Comissão de Valores Mobi-liários (CVM) restringe-se à auditoria independente somente, não sendo exigida a publicação das demonstra-ções contábeis. Entretanto, não sabemos como a ausên-cia dessa informação ou até mesmo de auditoria inde-pendente das demonstrações contábeis para empresas obrigadas será tratada pela Receita Federal futuramen-te”, ressalta.

Para o advogado, especia-lista em Direito Tributário, Felipe Barreira, o objetivo central da lei é o de propi-

ciar um ganhar de tempo à Receita Federal através do trabalho da auditoria que, consequentemente, impede as estratégias de sonegação de algumas empresas. “É im-portante destacar que, com a estruturação digital, tudo que vai do Sistema para a Receita Federal faz com que a empresa seja mais corre-ta no dia da declaração de imposto. A própria empresa calcula seu valor e o quanto deve, ao ter um profissional ético validando tudo isso, há uma maior segurança para a Receita Federal”, destacou. Ainda segundo Felipe, no exterior, muitas empresas já estão trabalhando esse tipo de sistemática.

SOBRE NÃO CUMPRIMENTO“A não inclusão da iden-

tificação da auditoria ou auditor independente no Sped (ECD) não gera pena-lidades. Já a não entrega do Sped (ECD) gera penalidades pecuniárias de R$500,00 para empresas que, no ano--calendário anterior, foram tributadas com base no lucro presumido e de R$1.500,00 para empresas que, no ano--calendário anterior, foram tributadas com base no lucro real ou optaram pelo autoar-bitramento. Há, ainda, multa por Sped (ECD) entregue com informação incorreta calculada pela aplicação da alíquota de 0,2% sobre o fa-turamento do mês anterior ao da entrega, partindo da multa mínima de R$100,00”, informa De Biasi.

De acordo com De Biasi, o recomendado é que os gestores façam a contratação da auditoria até o terceiro trimestre do ano

Daniel Alcântara - Alerta que o não cumprimento legal pode implicar penalidades graves, de ordem tributária, anulação de contratos e a devolução de valores pagos

Empresas são obrigadas a cadastrar auditor no Sistema Público

ESCRITURAÇÃO DIGITAL

RONALDO RIZZUTTI