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Direito e Processo Penal Militar Aula 1 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares Tel.: (21) 2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 Tel.: (21) 2494-1888 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Aplicação da Lei Penal Militar / Princípio da Legalidade / Aplicação da Lei Penal Militar no Tempo / Inaplicabilidade de Leis Especiais / Ação Penal / Medidas de Segurança / Leis Temporária e Excepcionais / Tempo do Crime / Lugar do Crime / Aplicação da Lei no Espaço 2º Horário. Extraterritorialidade / Territorialidade / Aplicação quanto às Pessoas / Pessoa Considerada Militar / Insubmisso / Definição Correta de Militar / Militares Estaduais e Competência / Estrangeiros / Crime Militar 1º Horário Bibliografia: - Ricardo Giuliani Ed. Verbo Jurídico. Obra bem resumida e direcionada; - Cláudio Amin Elementos de Direito Penal Militar Ed. Lumen Juris; Esses são os livros mais resumidos e bem direcionados para fins de concurso público, sendo suficientes inclusive para concursos específicos da área militar. - Jorge César de Assis Código Penal Militar Comentado Ed. Juruá. Obra mais aprofundada; - Marcelo Uzeda Coleção Sinopses Ed. Juspodium. Bom comparativo com o direito penal comum e questões de concurso. Servirá de base para o presente programa de aula. Programa de aula: - Aplicação da lei penal militar; - Teoria do crime; - Teoria da pena; - Extinção de punibilidade; - Incursões na parte especial, abordando os crimes mais cobrados.

Direito e Processo Penal Militar Resumo Da Aula 1

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Assuntos tratados:

1º Horário.

Aplicação da Lei Penal Militar / Princípio da Legalidade / Aplicação da Lei Penal

Militar no Tempo / Inaplicabilidade de Leis Especiais / Ação Penal / Medidas de

Segurança / Leis Temporária e Excepcionais / Tempo do Crime / Lugar do Crime

/ Aplicação da Lei no Espaço

2º Horário.

Extraterritorialidade / Territorialidade / Aplicação quanto às Pessoas / Pessoa

Considerada Militar / Insubmisso / Definição Correta de Militar / Militares

Estaduais e Competência / Estrangeiros / Crime Militar

1º Horário

Bibliografia:

- Ricardo Giuliani – Ed. Verbo Jurídico. Obra bem resumida e direcionada;

- Cláudio Amin – Elementos de Direito Penal Militar – Ed. Lumen Juris;

Esses são os livros mais resumidos e bem direcionados para fins de concurso

público, sendo suficientes inclusive para concursos específicos da área militar.

- Jorge César de Assis – Código Penal Militar Comentado – Ed. Juruá. Obra

mais aprofundada;

- Marcelo Uzeda – Coleção Sinopses – Ed. Juspodium. Bom comparativo com

o direito penal comum e questões de concurso. Servirá de base para o

presente programa de aula.

Programa de aula:

- Aplicação da lei penal militar;

- Teoria do crime;

- Teoria da pena;

- Extinção de punibilidade;

- Incursões na parte especial, abordando os crimes mais cobrados.

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1. Aplicação da Lei Penal Militar

1.1. Princípio da Legalidade

O CPM consagra o princípio da legalidade no seu art. 1º. Na esfera militar não

existem contravenções penais, não se adotando o sistema bipartite. Assim, a lei de

contravenções, dentre outras, não se aplica à esfera militar.

CPM, Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia

cominação legal.

Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.

O art. 1º, quando fala em pena, leia-se “pena e medida de segurança”. Também

a medida de segurança se sujeita ao princípio da legalidade.

Interessa observar que, na justiça militar, as medidas de segurança não se

aplicam unicamente aos inimputáveis ou semi-imputáveis, o que será mais bem

esmiuçado adiante.

1.2. Aplicação da Lei Penal Militar no Tempo

Quanto à aplicação da lei penal no tempo, segue a regra geral do art. 5º, XL da

CRFB. O inciso XXXIX também traz a anterioridade da lei penal.

CRFB, Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem

prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

De acordo com o art. 2º do CPM, os efeitos e a própria vigência da sentença

condenatória irrecorrível cessam após a abolitio criminis. São respeitados, contudo, os

efeitos civis, se já transitada em julgado a sentença. Se a abolitio, por outro lado,

ocorre antes da sentença condenatória, nenhum efeito se produz, nem mesmo os

civis.

Lei Supressiva de Incriminação

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar

crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória

irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

Retroatividade de Lei Mais Benigna

§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se

retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória

irrecorrível.

Apuração da Maior Benignidade

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§ 2º Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem

ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas

aplicáveis ao fato.

O §1º do art. 2º trata da lei mais benéfica: novatio legis in mellius ou lex mitior.

Essa se aplicará retroativamente, mesmo que já exista sentença transitada em julgado.

Exemplo: o CPM não prevê progressão de regime, só havendo o regime

fechado. O STF, porém, flexibilizou o regime inicial e a vedação de progressão,

aplicando as regras do direito penal comum à esfera militar. Entendeu-se que a

individualização da pena também deva se aplicar no caso. Eventual lei penal nesse

sentido deverá retroagir.

De acordo com o §2º do art. 2º, o CPM veda expressamente a combinação de

leis. Embora esse tema seja discutido pela doutrina e jurisprudência, na esfera militar

não se aplica essa polêmica, em razão de previsão expressa em lei especial.

Contra a combinação de leis, argumenta-se que esse ato do juiz violaria o

princípio da legalidade e a separação de poderes. Embora esse seja o entendimento

majoritário, o STF já aplicou o hibridismo. Como visto, isso não será possível em

âmbito militar.

1.3. Inaplicabilidade de Leis Especiais

Assim como o CP comum, em regra, leis especiais também não se aplicam na

esfera militar. Há algumas discussões a respeito do tema, que serão tratadas no

decorrer da matéria. Só será possível essa aplicação diante de eventual lacuna no CPM.

O art. 290 do CPM, por exemplo, possui pena de reclusão de até cinco anos.

Nesse caso, como não está prevista a pena mínima no dispositivo, aplica-se a regra

geral, constante do art. 58, que prevê a pena mínima de um ano para a pena de

reclusão.

Tráfico, Posse ou Uso de Entorpecente ou Substância de Efeito Similar

Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente,

ter em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar,

ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou

que determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração

militar, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Mínimos e Máximos Genéricos

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o

mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

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O art. 290 contempla tanto o usuário quanto o traficante. Trata-se de previsão

mais benéfica para o traficante e mais gravosa para o usuário, em relação à lei comum.

Prevalecerá, de qualquer modo, a lei militar.

A DPU tem requerido a aplicação do art. 28 da lei 11.343/06 a esses casos, o

que é recusado pelo STF, entendendo-se que a condição de usuário de drogas é

incompatível com a hierarquia e a disciplina militar. Afirmou-se, ainda, pelo mesmo

fundamento, que não se aplica ao caso o princípio da insignificância.

O art. 290 do CPM, porém, não se aplica ao militar que usar drogas fora de

serviço. A esse serão aplicadas as regras do direito comum.

O art. 290 não incrimina a conduta de “estar sobre o efeito”; no caso de

embriaguez, por outro lado, se o militar se apresenta nessas condições, tal conduta

está prevista como infração. Nesse caso, não basta que o militar tenha bebido, sendo

necessário que esteja de fato embriagado.

Outra discussão recente envolveu militar flagrado com tolueno (“cola de

sapateiro”), substância que não está listada pela ANVISA. Para o militar, porém, essa

conduta configura crime do art. 290, pois esse não faz indicação a nenhum

complemento, fazendo referência a qualquer substância que gere dependência física

ou psíquica.

Quanto ao estupro na esfera militar, há a previsão do art. 232 do CPM.

Observe-se que a pena prevista, no caso, é muito mais branda que no direito penal

comum.

Estupro

Art. 232. Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave

ameaça:

Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da correspondente à violência.

Ademais, no CPM ainda há a previsão de atentado violento ao pudor, o que não

foi alterado pela lei 12.015/09.

Atentado Violento ao Pudor

Art. 233. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar,

a praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção

carnal:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo da correspondente à violência.

Em 2007, o STF decidiu que, mesmo em se tratando de crimes militares

impróprios, a diferença de tratamento em relação ao direito penal comum não revela

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inconstitucionalidade. O CPM não prevê privilégios, sendo inclusive, em determinados

casos, mais gravoso que a lei comum.

STF, HC 86459 - EMENTA: HABEAS CORPUS. RECLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DE

CRIME COMUM PARA CRIME MILITAR. AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DA LEI N°

8.072/90. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL.

LEGITIMIDADE DA DIFERENÇA DE TRATAMENTO. A diferença de tratamento legal

entre os crimes comuns e os crimes militares, mesmo em se tratando de crimes

militares impróprios, não revela inconstitucionalidade, pois o Código Penal Militar

não institui privilégios. Ao contrário, em muitos pontos, o tratamento dispensado

ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do Código Penal comum (RE

115.770/RJ). O que se pretende, neste habeas, é a aplicação do Código Penal

Militar apenas na parte que interessa ao paciente. Entretanto, isto representaria a

criação de uma norma híbrida, em parte composta pelo Código Penal Militar e, em

outra parte, pelo Código Penal comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da

reserva legal e o próprio princípio da separação de poderes. Ordem parcialmente

concedida, apenas para determinar que o juízo das execuções penais analise se o

paciente faz jus à progressão de regime prisional, tendo em vista a declaração de

inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n° 8.072/90 (HC 82.959/SP).

1.4. Ação Penal

Na esfera militar não vigora o princípio da disponibilidade, nem da

conveniência e oportunidade. Nesse âmbito, a ação penal é sempre pública e, em

regra, incondicionada. Em determinadas situações, a ação será condicionada à

requisição do Ministro da Defesa ou do Ministro da Justiça, quando se tratar de crimes

contra a segurança externa do país.

Naturalmente, por força constitucional, é sempre possível veicular a ação

privada subsidiária da pública.

1.5. Medidas de Segurança

Medidas de Segurança

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença,

prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

O art. 3º, embora preveja a aplicação da lei vigente ao tempo da sentença, deve

ser interpretado à luz do art. 5º, XL da CRFB. Por isso, a doutrina critica o dispositivo e

entende que não recepcionado pela CRFB.

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Assim, as medidas de segurança regem-se pela lei vigente à época do fato,

prevalecendo, entretanto, se diversa e benéfica, a lei vigente ao tempo da execução1.

1.6. Leis Temporárias e Excepcionais

Lei Excepcional ou Temporária

Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua

duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato

praticado durante sua vigência.

O art. 4º do CPM é idêntico ao art. 3º do CP, adotando-se o mesmo tratamento

desse. A lei penal temporária ou excepcional aplica-se com ultratividade gravosa, isto

é, ainda que já revogada.

1.7. Tempo do Crime

Tempo do Crime

Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda

que outro seja o do resultado.

O CPM adota a teoria da atividade, assim como o CP. Em relação ao crime

permanente ou continuado, nova lei que entre em vigor durante a sua consumação

será aplicada ao caso, ainda que mais grave.

O crime de deserção, conforme entendimento pacífico dos Tribunais

Superiores, é de natureza permanente. Assim, enquanto o desertor estiver ausente, o

delito estará se consumando. A grande maioria da doutrina também entende assim,

embora haja uma pequena divergência2.

Militar está sem comparecer há 15 dias e, no decorrer de sua ausência,

entra em vigor nova lei mais grave. Incide na hipótese a súmula 711 do STF

e a lei será aplicável ao caso.

STF, Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou a crime

permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da

permanência.

1 Contudo, se for cobrado o dispositivo em sua literalidade, aconselha-se marcar a questão como correta. 2 Tema cobrado na prova de analista do STM em 2011.

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A redução de prazos prescricionais para o menor de 21 e para o maior de 70

também está prevista no CPM. Esse, porém, prevê o requisito da idade, em ambos os

casos, ao tempo do crime.

Redução da Prescrição

Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando o criminoso

era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior de setenta.

Exemplo: marinheiro desertou com 19 anos e foi capturado com 21 anos

completos. A deserção é crime permanente e, desse modo, esse sujeito não se

aproveitará do redutor do prazo prescricional.

Assim, a prescrição não é reduzida quando a captura ou apresentação

voluntária ocorrem quando o indivíduo já está com 21 anos completos, visto que a

deserção é um crime permanente.

STF, Informativo 682 - Deserção e crime permanente

A natureza do crime de deserção, previsto no art. 187 do CPM, é permanente e o

marco prescricional inicia-se com a cessação da referida permanência, ou seja,

com a captura ou a apresentação voluntária do militar. Com base nesse

entendimento, a 2ª Turma denegou habeas corpus em que se pleiteava o

reconhecimento da prescrição por possuir o paciente menos de 21 anos quando se

afastara das fileiras do Exército. Consignou-se que o réu teria mais de 21 anos

quando se apresentara ao batalhão e, portanto, não haveria direito à redução do

prazo prescricional do art. 129 do CPM (“São reduzidos de metade os prazos da

prescrição, quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos

ou maior de setenta”). HC 112511/PE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.10.2012.

(HC-112511)

O professor Cláudio Amin sustenta que a deserção é crime instantâneo de

efeitos permanentes, posição que pode ser adotada em provas de Defensoria.

1.8. Lugar do Crime

Lugar do Crime

Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade

criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como

onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato

considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.

Quanto ao lugar do crime, o CPM difere do CP, pois adota uma teoria mista.

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Para o crime comissivo, o lugar do crime segue a teoria da ubiquidade, que

reconhece tanto o lugar da conduta quanto do resultado. Entretanto, quanto ao crime

omissivo, o CPM adota a teoria da atividade somente.

Militar oficial foi fazer um curso nos EUA e não quis voltar para o Brasil.

Trata-se de figura equiparada à deserção, prevista no art. 188 do CPM. O

lugar do crime será o Brasil, onde ele deveria ter praticado a ação exigida.

Trata-se de crime omissivo, em relação ao qual se adota a teoria da

atividade.

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar

em que deve permanecer, por mais de oito dias:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Casos Assimilados

Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de

trânsito ou férias;

II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias,

contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que

é declarado o estado de sítio ou de guerra;

III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;

IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou

simulando incapacidade.

A previsão do art. 8º objetiva evitar o bis in idem, diante da adoção da teoria da

ubiquidade em relação ao crime comissivo. A pena distinta imposta no estrangeiro

atenua a pena aqui aplicada ou é nela computada, quando idêntica.

Pena Cumprida no Estrangeiro

Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo

mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

O art. 136, por exemplo, traz um crime contra a segurança externa do país. Esse

delito é regido pela ubiquidade. Sendo condenado pela hostilidade no país estrangeiro,

isso irá atenuar a pena imposta no Brasil, se diversa, e, se idênticas, ocorrerá a

detração.

Hostilidade Contra País Estrangeiro

Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o

Brasil a perigo de guerra:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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Resultado Mais Grave

§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas, represália ou retorsão:

Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.

§ 2º Se resulta guerra:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

1.9. Aplicação da Lei no Espaço

Territorialidade, Extraterritorialidade

Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras

de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território

nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado

ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

O CPM adota a territorialidade e a extraterritorialidade irrestrita e

incondicionada como regra. A extraterritorialidade incondicionada se explica porque,

pela própria natureza das Forças Armadas, há o constante deslocamento de tropas.

2º Horário

1.9.1. Extraterritorialidade

Por vezes, não é de interesse do país onde ocorreu o fato punir determinada

conduta. De qualquer modo, será aplicada a lei brasileira. Por esse motivo, a

extraterritorialidade é sempre incondicionada, isto é, independe de quem é o autor, a

vítima, do local de ocorrência e, ainda, de prévio julgamento no estrangeiro.

Grupo de 20 militares das Forças Armadas brasileiras, em missão no Haiti,

cometeram diversos crimes militares com oficiais italianos e franceses.

Aplica-se a extraterritorialidade e os crimes serão julgados pela justiça

brasileira, independentemente de quem concorreu para o fato ou de quem

tenha sido a vítima.

1.9.2. Territorialidade

O Brasil adota a territorialidade temperada, pois irá observar tratados e

convenções internacionais firmados. Havendo um tratado, será ele aplicado ao caso.

O CPM define o território como o físico e o flutuante. Esse último está definido

no art. 7º, §1º.

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Art. 7º, Território Nacional por Extensão

§ 1º Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território

nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob

comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de

autoridade competente, ainda que de propriedade privada.

Ampliação a Aeronaves ou Navios Estrangeiros

§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de

aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração

militar, e o crime atente contra as instituições militares.

Conceito de Navio

§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação

sob comando militar.

O direito penal comum considera extensão do território nacional embarcações

e aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro. Para o direito militar, por

outro lado, considera-se extensão do território nacional aeronaves ou navios

brasileiros sob comando militar ou militarmente utilizados, ainda que de propriedade

privada.

Aplica-se, ainda, a lei penal militar brasileira, sem prejuízo da aplicação da lei

estrangeira, em crimes cometidos em embarcações e aeronaves estrangeiros, nos

casos do §2º: lugar sujeito a administração militar e crime que atenta contra as

instituições militares brasileiras.

Exemplo: navio russo está docado no arsenal de Marinha no Brasil para reparo.

Marinheiro russo, a bordo do navio, dispara contra militar brasileiro que estava

marchando em tropa. O crime atenta contra instituições militares brasileiras e está

sujeito à administração militar.

1.10. Aplicação quanto às Pessoas

Pessoa Considerada Militar

Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer

pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,

para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.

1.10.1. Pessoa Considerada Militar

Incorporado é aquele que presta serviço militar obrigatório. A primeira falha do

conceito é reconhecer como militar somente os incorporados.

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Posto é o oficial (tenente, capitão); já a graduação diz respeito às praças3, isto

é, quem não é oficial (soldado, cabo, sargento). Quanto à sujeição à disciplina militar,

todos os militares estão nessa condição. Ocorre que, anteriormente, existia a figura do

“assemelhado”, que era civil servidor público, lotado nas Forças Armadas, e que

também estava sujeito à disciplina militar. Essa figura, porém, não existe mais, pois

houve uma cisão completa nos regimes de militares e servidores.

Assemelhado

Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da

Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina

militar, em virtude de lei ou regulamento.

1.10.1.1. Insubmisso

Deve-se distinguir o refratário do insubmisso. Refratário é o jovem que

completa os requisitos para o serviço militar e deixa de se apresentar. Trata-se de

infração administrativa, não configurando crime.

Por outro lado, aquele que se apresenta e é convocado, mas não se apresenta

no dia da convocação, é o insubmisso. O crime de insubmissão é cometido pelo civil,

conforme o art. 183.

Insubmissão

Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo

que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de

incorporação:

Pena - impedimento, de três meses a um ano.

STM, Súmula nº 7 - Crime de Insubmissão - Caracterização - Conhecimento pelo

Conscrito da Data e Local de sua Apresentação para Incorporação - Confissão do

Indigitado - Quadro do Conjunto Probatório - O crime de insubmissão, capitulado

no art. 183 do CPM, caracteriza-se quando provado de maneira inconteste o

conhecimento pelo conscrito da data e local de sua apresentação para

incorporação, através de documento hábil constante dos autos. A confissão do

indigitado insubmisso deverá ser considerada no quadro do conjunto probatório.

A súmula 4 do STM, hoje cancelada, dizia que a confissão, por si só, era

suficiente para o reconhecimento do crime de insubmissão. A súmula 7 modificou esse

cenário, devendo a confissão ser considerada no quadro do conjunto probatório.

A inclusão no serviço é condição de procedibilidade para o início da ação penal.

3 A palavra é sempre utilizada no feminino.

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Direito e Processo Penal Militar Aula 1

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STM Súmula nº 8 - Desertor sem Estabilidade e Insubmisso - Apresentação

Voluntária ou Captura - Incapazes para o Serviço Militar em Inspeção de Saúde -

Isenção do Processo - Pronunciamento do Ministério Público - O desertor sem

estabilidade e o insubmisso que, por apresentação voluntária ou em razão de

captura, forem julgado em inspeção de saúde, para fins de reinclusão ou

incorporação, incapazes para o Serviço Militar, podem ser isentos do processo,

após o pronunciamento do representante do Ministério Público.

Quanto à deserção, a súmula 8 é complementada pela súmula 12 do STM, com

aplicação de maneira semelhante ao insubmisso.

STM Súmula nº 12 - Praça Com e Sem Estabilidade - Denúncia por Deserção -

Possibilidade - Status de Militar - Condição de Procedibilidade para a Persecutio

Criminis - A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter

readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio

criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de

procedibilidade é a reversão ao serviço ativo.

1.10.1.2. Definição Correta de Militar

Como visto, o conceito do art. 22 está incompleto por se tratar apenas dos

incorporados e se restringir às Forças Armadas. Desse modo, é necessário recorrer ao

estatuto dos militares.

Assim, os militares estão elencados no art. 3º da lei 6.880/80. Engloba, dentre

outros, aqueles de carreira, que é o voluntário, que faz concurso público, e adquire

estabilidade no serviço militar. O militar incorporado não adquire estabilidade, mas

fica somente um período, renovável, após o qual é dispensado.

Lei 6.880/80, Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua

destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria

e são denominados militares.

§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações:

a) na ativa:

I - os de carreira;

II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial,

durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante

as prorrogações daqueles prazos;

III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados,

reincluídos, designados ou mobilizados;

IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e

V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo

nas Forças Armadas.

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b) na inatividade:

I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e

percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço

na ativa, mediante convocação ou mobilização; e

II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores

estejam dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas

continuem a perceber remuneração da União.

lll - os da reserva remunerada, e, excepcionalmente, os reformados, executado

tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força Armada.

§ 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e

permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida.

O militar propriamente dito é o da ativa, mas há também os inativos. Militar

não se aposenta, ele fica em reserva remunerada e pode ser convocado para o serviço

ativo. Já o reformado é aquele que já atingiu a idade limite ou que não tem condições

de saúde para ser convocado; esse está permanentemente dispensando do serviço.

Reservados e reformados podem vir a ser contratados para prestar tarefas por

tempo certo (PTTC), sem a necessidade de prestação de concurso público. Esses

também são militares inativos.

1.10.1.3. Militares Estaduais e Competência

O estatuto dos militares não trata dos estaduais, que serão tratados em leis

próprias. O art. 42 da CRFB, porém, prevê uma base comum a todos.

CRFB, Art. 42 - Os membros da Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,

instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos

Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 1º - Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,

além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do Art. 14, § 8º; do Art. 40, §

9º; e do Art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as

matérias do Art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos

respectivos governadores.

§ 2º - Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos

Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal.

Há uma polêmica quanto ao tema. O STM, com a edição da EC 18/98, que

conferiu nova redação ao art. 42 da CRFB, considera que os militares dos Estados na

ativa devem receber o mesmo tratamento dos militares das Forças Armadas. A

discussão é relevante para fins de competência da Justiça Militar da União.

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Exemplo: assim, capitão da PM que agride capitão do Exército, em lugar sujeito

à administração militar, responderá perante a JMU, por se tratar de crime de militar

contra militar. O bem jurídico afetado não é estadual.

O STF, contudo, à época, decidiu que o art. 42 não autoriza ao intérprete

concluir pela equiparação. Na hipótese, militares conscritos do Exército agrediram

policial militar durante sua folga. Entendeu-se ser a competência da justiça comum,

pois a vítima não era militar e aqueles que praticaram o crime estavam de folga.

Ocorre que essa decisão é anterior à reforma de 98, após a qual houve uma

equiparação de tratamento. Hoje, aconselha-se a adoção da posição do STM.

O art. 124 da CRFB trata da competência da justiça militar. Já o art. 125, §4º

define que a justiça militar estadual só julga os militares dos Estados.

CRFB, Art. 124 - À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares

definidos em lei.

Parágrafo único - A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a

competência, da Justiça Militar.

Art. 125, § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares

dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos

disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,

cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos

oficiais e da graduação das praças.

Qualquer pessoa pode ser julgada pela justiça militar da União, pois a

competência definida no art. 124 é ratione materiae e ratione legis.

1.10.1.4. Estrangeiros

Militares estrangeiros, em comissão ou estágio nas Forças Armadas são

tratados como brasileiros.

CPM, Militares Estrangeiros

Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças

armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em

tratados ou convenções internacionais.

O art. 26 dispõe sobre quem será considerado nacional ou brasileiro. Esses

termos são considerados sinônimos na lei penal militar, englobando tanto brasileiros

natos quanto naturalizados.

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Referência a "Brasileiro" ou "Nacional"

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional",

compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.

Estrangeiros

Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros

os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.

2. Crime Militar

A doutrina classifica o crime militar em duas modalidades: os propriamente

militares e os impropriamente militares.

Crime propriamente militar é aquele cujo bem jurídico é exclusivo da vida

militar e estranho à vida civil, como é o caso do dever militar. Por conta dessa

característica, esse só pode ter como sujeito ativo militar da ativa. Além disso, só é

previsto na lei penal própria.

Já o crime impropriamente militar envolve bem jurídico comum a ambas as

esferas. Consequentemente, qualquer pessoa pode cometê-lo, embora o crime seja

considerado militar. Ademais, encontra previsão no CPM, mas há previsão idêntica ou

semelhante na lei comum.

Exemplo1: Furto é crime impropriamente militar. Se soldado furta fuzil do

quartel ou dinheiro do armário do colega, em ambos os casos o crime será militar.

Exemplo2: militar agride seu colega, praticando lesão corporal. Crime

impropriamente militar.

Exemplo3: após o falecimento de sua mãe, civil deixa de comunicar a instituição

e continua recebendo pensão militar que cabia a ela. O STM entende tratar-se de

crime militar impróprio, pois praticado contra o patrimônio sob administração militar.

Ocorre que o patrimônio pertence à União, havendo uma polêmica quanto ao tema.

Exemplo4: civil falsifica carteira de habilitação naval, emitida pela Marinha do

Brasil. Para o STF, esse é um crime comum, de competência de justiça federal, pois

essa conduta não visa atentar contra a prontidão, o bom funcionamento e as

operações militares. Para o STM, porém, o crime é militar.

Exemplo5: civil pixa o muro do quartel. Será crime militar se houver a intenção

de afetar as instituições militares; caso contrário, será crime ambiental.

Exemplo6: atropelamento de militar. A princípio, para o STF, será crime do CTB,

salvo se houver o dolo de atingir o militar em alguma circunstância que afete

instituições dessa natureza.