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8/20/2019 Direito Internacional Penalj http://slidepdf.com/reader/full/direito-internacional-penalj 1/77 DIREITO INTERNACIONAL PENAL O advento do direito internacional penal constitui um dos mais relevantes desenvolvimentos do direito internacional na actualidade. o Por um lado, ele pretende dar mais um passo decisivo no sentido da protecção internacional dos direitos humanos. o Por outro, ele visa consolidar a responsabilidade individual no plano jurídico-internacional, nos seus aspectos substantivos e processuais. o Por ambas as vias, ele representa a afrmação da personalidade jurídica internacional do indivíduo e corrobora a sua compreensão como unidade primária e sujeito por excelência deste ramo do direito. l!m disso, ele afrma a prima"ia do direito internacional e a aplicabilidade directa de al#umas das suas normas aos indivíduos. responsabilidade criminal internacional decorre da prática de actos $ue a comunidade internacional como um todo $ualifca de crimes internacionais. o Para al#uns, ela constitui uma modalidade de ultima ratio de protecção dos direitos humanos. o Para outros, %oi o processo de radicação dos direitos humanos na consciência jurídica internacional $ue criou a comunidade de valores $ue torna possível a subsistência da jurisdição penal internacional. o Outros ainda, sublinham $ue o direito internacional penal tradu" o %alhanço dos mecanismos do direito internacional clássico &por exemplo, as contra-medidas ou as sanç'es econ(micas) na prevenção de atrocidades. Paralelamente * consolidação do direito internacional penal caminha o desenvolvimento da  jurisdição penal internacional, ambos acompanhando a mudança de paradi#ma+ em causa um movimento de transição #radual, ainda $ue com sobressaltos, de um direito internacional orientado para a promoção e protecção da soberania dos stados, para um outro, orientado para a promoção e protecção dos direitos dos indivíduos. ssociada a esta transição sur#e a ideia de $ue a de%esa dos direitos humanos re$uer um maior recurso * coerção centrali"ada como mecanismo de e%ectivação das obri#aç'es internacionais. internacionali"ação da jurisdição criminal representa um passo da maior importncia na superação da concepção tradicional e na le#itimação do direito internacional dos direitos humanos. soberania estadual não pode ser invocada como justifcação da impunidade de condutas $ue a comunidade internacional $ualifca de crimes contra a humanidade no seu todo. despeito do ine#ável m!rito substantivo desta ideia, as difculdades $ue rodeiam todo este processo são enormes.

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DIREITO INTERNACIONAL PENAL

O advento do direito internacional penal constitui um dos mais relevantes desenvolvimentos dodireito internacional na actualidade.

o Por um lado, ele pretende dar mais um passo decisivo no sentido da protecção

internacional dos direitos humanos.

o Por outro, ele visa consolidar a responsabilidade individual no plano jurídico-internacional,nos seus aspectos substantivos e processuais.

o Por ambas as vias, ele representa a afrmação da personalidade jurídica internacional doindivíduo e corrobora a sua compreensão como unidade primária e sujeito por excelência desteramo do direito. l!m disso, ele afrma a prima"ia do direito internacional e a aplicabilidadedirecta de al#umas das suas normas aos indivíduos.

responsabilidade criminal internacional decorre da prática de actos $ue a comunidadeinternacional como um todo $ualifca de crimes internacionais.

o Para al#uns, ela constitui uma modalidade de ultima ratio de protecção dos direitos humanos.

o Para outros, %oi o processo de radicação dos direitos humanos na consciência jurídicainternacional $ue criou a comunidade de valores $ue torna possível a subsistência da jurisdiçãopenal internacional.

o Outros ainda, sublinham $ue o direito internacional penal tradu" o %alhanço dosmecanismos do direito internacional clássico &por exemplo, as contra-medidas ou as sanç'esecon(micas) na prevenção de atrocidades.

Paralelamente * consolidação do direito internacional penal caminha o desenvolvimento da jurisdição penal internacional, ambos acompanhando a mudança de paradi#ma+ em causa ummovimento de transição #radual, ainda $ue com sobressaltos, de um direito internacionalorientado para a promoção e protecção da soberania dos stados, para um outro, orientado paraa promoção e protecção dos direitos dos indivíduos. ssociada a esta transição sur#e a ideia de$ue a de%esa dos direitos humanos re$uer um maior recurso * coerção centrali"ada comomecanismo de e%ectivação das obri#aç'es internacionais.

internacionali"ação da jurisdição criminal representa um passo da maior importncia nasuperação da concepção tradicional e na le#itimação do direito internacional dos direitoshumanos.

soberania estadual não pode ser invocada como justifcação da impunidade de condutas $ue acomunidade internacional $ualifca de crimes contra a humanidade no seu todo.

despeito do ine#ável m!rito substantivo desta ideia, as difculdades $ue rodeiam todo esteprocesso são enormes.

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m todo o caso, um eventual %racasso da jurisdição internacional ! visto por al#uns autores comopodendo

comprometer decisivamente o desenvolvimento da prima"ia do direito internacional dos direitosdo homem a nível internacional e radicar ainda mais a cultura de impunidade.

Desenvolvimento Histórico--- ……………………………….. De Nuremberg !enebr

o $uadro dos desenvolvimentos mais recentes em mat!ria de justiça penal internacional,cumpre, o termo da /e#unda 0uerra 1undial assume um marco importante.

t! a$ui, o des%asamento entre o direito substantivo e os meios adjectivos para a sua reali"açãoera por mais evidente 2 situação $ue as 3onvenç'es de 0enebra sobre con4itos armados de 5678e de 59:9 e as 3onvenç'es de ;aia sobre a conduta na #uerra de 5699 e 59<= não conse#uiramcolmatar.

>este modo, o direito humanitário inte#rava um conjunto laudat(rio de %(rmulas proclamat(riascom valor mais simb(lico do $ue real.

O positivismo, $ue marcava o direito internacional nesta altura, constituía um %orte obstáculo *e%ectivação dos princípios de respeito pelos direitos humanos, %a"endo eri#ir uma concepçãose#undo a $ual o direito internacional ! uma realidade puramente interestadual, resultante daactuação e%ectiva dos stados, praticamente os ?nicos sujeitos de direito internacional 2 estadode coisas este $ue terá provavelmente contribuído para a #enerali"ação de um sentimento deimpunidade $ue muitos responsabili"am pelas atrocidades cometidas no con4ito $ue assolou auropa de 59@9 a 598A.

B precisamente no rescaldo deste con4ito $ue se deve assinalar a importncia assumida pelo Cribunal de urember#a, de 5987, criado pelo acordo dos aliados em Dondres, de 598A.

o estatuto deste tribunal estabelecia-se a sua competência para jul#ar os crimes contra a pa"&violação do ius ad bellum), os crimes de #uerra &violação do ius in bellum) e os crimes contra ahumanidade &#enocídio, escravatura, assassinato, etc.).

Eefra-se $ue, mais do $ue pelo processo judicial propriamente dito, obviamente com %alhassi#nifcativas, este tribunal destacou-se acima de tudo pelo simbolismo !tico-jurídico com $ueprocurou encerrar uma das etapas mais ne#ras da hist(ria da humanidade.

contribuição deste tribunal para a jurisdição penal internacional contempornea assenta noreconhecimento da validade universal dos princípios de responsabilidade internacional $ue lhesubja"em, por um lado, e, por outro lado, no reconhecimento das limitaç'es estruturais eprocedimentais $ue condicionaram a sua actuação.

 Cratava-se, desde lo#o, de uma justiça dos vencedores, politicamente motivada, o $ue permitiasuscitar al#umas reservas relativamente *s suas pretens'es de objectividade e imparcialidade.

Para al#uns tamb!m não era sustentável o %acto de os jul#amentos aplicarem leis penaisretroactivamente 2 ar#umento especialmente d!bil se, ao inv!s da alusão * lei positiva, seatender * lei moral, inscrita na consciência de todos os homens.

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cresce $ue os jul#amentos tiveram lu#ar ao mesmo tempo $ue se i#noraram os crimescometidos pelos aliados.

m todo o caso, mais do $ue as debilidades estruturais, em boa medida devidas ao carácterexperimental e precursor do tribunal de urember#a, devem relevar-se os princípios substantivos$ue estiveram na base do seu estabelecimento.

sedimentação de uma justiça penal internacional s( viria a read$uirir centralidade nos debates jurídico- internacionais com o fm da #uerra fra, com a pro#ressiva #enerali"ação dasdemocracias liberais e com o recrudescimento dos con4itos !tnico-reli#iosos $ue a ordem#eopolítica da$uele clima de #uerra havia conse#uido conter.

F#ualmente importante %oi o papel desempenhado pelo direito internacional dos direitos humanos,pela proli%eração das O0Gs de nature"a humanitária, pela consolidação de uma opinião p?blica

mundial e pelo incremento da cooperação policial e judiciária entre os stados 2 aspectos estes$ue têm contribuído para minar e subverter o paradi#ma jusinternacional dominante, em termos$ue con%erem actualidade re%orçada ao ideal Hantiano da edifcação de uma r!publica mundial deindivíduos livres e i#uais, em $ue o stado e o direito internacional desempenham uma %unçãomeramente instrumental.

A e"#eri$nci %os Tribunis % &oc

jurisdição penal internacional conheceu um importante ponto de vira#em no estabelecimentodos tribunais penais ad hoc para a ex-Iu#oslávia em 599@ &sediado em ;aia) e para o Euanda em5998 &sediado na Can"nia), com a competência para punir a violação #rave do direitointernacional dos direitos do homem.

 Crata-se de (r#ãos subsidiários da OJ, criados ao abri#o do cap. KFF e do art. :9.L da 3arta, comas características típicas de um (r#ão jurisdicional, na medida em $ue são independentes $uantoao %uncionamento, embora dependentes $uanto * sua subsistência.

Os mesmos baseiam a sua actuação nos princípios do duplo #rau de jurisdição, da exclusão dapena de morte e da preclusão dos jul#amentos * revelia $uando a ausência tradu"a o nãoreconhecimento da jurisdição obri#at(ria.

a or#ani"ação e no %uncionamento destes tribunais, o princípio non bis in idem ocupa um lu#arde desta$ue, con%ormando a subsidiariedade $ue caracteri"a a actividade da jurisdiçãointernacional.

 Cendo havido jul#amento nacional, os tribunais da OJ apenas intervêm+

5) /e o crime %or caracteri"ado crime comum pela jurisdição nacionalM

:) /e a jurisdição nacional não %or imparcial nem independenteM

@) /e o procedimento nacional pretendeu %urtar o ar#uido * responsabilidade internacionalM

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8) /e o crime não %oi objecto de um procedimento dili#ente. stabelece-se ainda um dever decooperação dos stados com estes (r#ãos jurisdicionais.

Os tribunais penais ad hoc %oram concebidos como instituiç'es dotadas de poderes jurisdicionais

limitados. Jm dos seus aspectos mais positivos consiste no %acto de procurarem institucionali"are processuali"ar a aplicação do princípio da responsabilidade criminal internacional, dessa %ormaestreitando o %osso existente entre o direito substantivo e o direito adjectivo, o direito nos livros eo direito em acção.

Eefra-se, por fm, o modo como têm permitido a articulação de uma concepção de justiçacriminal internacional em torno de valores substantivos %undamentais, contribuindo para a suaradicação na consciência !tico-jurídica planetária como parmetro de toda a normatividadeinternacional.

pesar de tudo, o seu carácter ad hoc, a sua jurisdição limitada e a sua precaridade institucionallevaram * conclusão de $ue se impunha uma jurisdição permanente, capa" de interpretar eaplicar o direito penal internacional de %orma consistente e uni%orme, de modo a evitar aincerte"a e a indeterminação neste domínio tão delicado.

Os tribunis #enis n'o governmentis

Fmporta ainda salientar a experiência da criação de tribunais penais internacionais de nature"anão #overnamental.

mbora a sua le#itimidade e e%ectividade sejam $uestionadas, entende-se $ue possa dar umcontributo interessante para a estrutura e o desenvolvimento do direito internacional.

>esde lo#o, exprimindo a tendência actual de aumentar a participação da sociedade civil nasrelaç'es internacionais.

l!m disso, o %acto de as suas decis'es se basearem no direito internacional e na suainterpretação mediante opini'es de juristas altamente $ualifcados, %a"em com $ue os seuspronunciamentos possam ser considerados doutrina relevante e %onte auxiliar de direitointernacional.

O Tribunl Penl Interncionl

Por comparação com a jurisdição ad hoc, a criação de uma jurisdição penal permanente tem

importantes vanta#ens, como sejam a economia de custos de instalação, a estabilidadeinstitucional e a le#itimidade acrescida $ue decorre de uma maior #arantia de imparcialidade,i#ualdade e uni%ormidade na aplicação do direito.

a #!nese do CPF, cumpre destacar o importante papel desenvolvido pela 3omissão de >ireitoFnternacional das aç'es Jnidas, a $uem coube apresentar um projecto de tribunal e impulsionaro debate em torno do mesmo, num processo $ue culminou na entrada em vi#or do statuto deEoma, em :<<:.

stá-se perante a criação de direito internacional de proporç'es hist(ricas. le actuali"a oprojecto #rociano do direito internacional como direito da pa" e da #uerra, nada deixando %ora dasua intencionalidade normativa.

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 Crata-se de uma instituição permanente, de ori#em convencional, inte#rante do sistema dasaç'es Jnidas, com sede em ;aia, dotada de personalidade jurídica internacional e decapacidade jurídica internacional %uncionalmente ade$uada.

mbora tenha sido criado por tratado, a amplitude da sua missão e do respectivoreconhecimento internacional, parecem indiciar a afrmação do CPF como entidade dotada dee%ectividade jurídica- internacional er#a omnes.

Fmporta sublinhar $ue o CPF coexiste com o CFI e $ue a responsabilidade internacional dosindivíduos por crimes contra a humanidade, de tipo sancionat(rio, coexiste com aresponsabilidade internacional dos stados pelos mesmos actos, de nature"a compensat(ria. mtodo o caso, o CPF torna necessária e desaconselhável a criação de novos tribunais penais ad hocpelo 3/ da OJ.

Ob(ectivos %o TPI

Os objectivos do tribunal prendem-se com a preservação da pa" e da se#urança da comunidadeinternacional, com o combate ao clima de Nterror, tortura e tirania $ue tem penetrado na ordeminternacional, %eito da detenção de dissidentes, dos desaparecimentos %orçados, da tortura, dasexecuç'es extrajudiciais, da escravatura, do #enocídio e dos crimes de #uerra.

Pela positiva, visa-se a protecção dos direitos humanos, a afrmação da justiça na ordeminternacional e o combate * cultura de impunidade dos crimes internacionais.

jurisdição penal internacional ! parte do movimento mais vasto de limitação das imunidadesdos stados e de afrmação da jurisdição universal sobre crimes internacionais.

ntende-se hoje, depois do caso Pinochet, $ue os crimes internacionais cometidos por ordem dasmais altas f#uras do stado não podem fcar a coberto da imunidade ratione personae, válidadurante o exercício do car#o, e ratione materiae, aplicável depois do seu abandono.

>o mesmo modo, sustenta-se $ue a le#islação nacional deve %avorecer a responsabili"açãoe%ectiva pela prática destes crimes e não difculta-la.

m todo o caso, a existência do CPF pretende ser uma alternativa aos riscos, no plano daindependência, da imparcialidade, da certe"a jurídica e do respeito pelas #arantias processuais,associados * #enerali"ação da jurisdição universal no domínio dos crimes internacionais.

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jurisdição do CPF passa tamb!m pelo exercício de uma peda#o#ia político-moral do respeitopelos direitos %undamentais, pelo stado de direito e pelos valores democráticos, dandoconcreti"ação * chamada Ncultura moral #lobali"ada.

m ?ltima análise, a jurisdição penal internacional tem como objectivo %avorecer a reconciliaçãonacional e a pa" entre os povos, tendo por base a reprovação colectiva dos crimes cometidos.

Para al!m destes objectivos #erais, uma doutrina in4uente considera $ue o CPF pode constituir uminstrumento importante na luta contra o terrorismo.

Os atentados de 55 de /etembro de :<<5 são um exemplo de crimes contra a humanidade eteriam cabido na jurisdição do CPF se este se encontrasse a operar a essa data. $uestão !controvertida.

Com#lementri%%e e subsi%irie%%e

O CPF pretende pr termo *$uelas situaç'es em $ue os autores morais e materiais dos crimescontra a humanidade permanecem impunes por omissão do poder judicial dos stados a $uepertencem. ste ponto ! %undamental na compreensão dos princípios da complementaridade e dasubsidiariedade $ue con%ormam a or#ani"ação e o %uncionamento do CPF, reservando um lu#arcentral para os tribunais nacionais na aplicação do direito internacional penal.

Por estes motivos, tudo indica $ue a %unção punitiva do CPF tenderá a ser, em termos práticos,mar#inal.

>este modo fca salva#uardada a soberania dos stados, ao mesmo tempo $ue se cria um

incentivo para $ue estes criminali"em e punam as condutas tipifcadas como crimesinternacionais.

o mesmo tempo, não existe uma reserva de jurisdição internacional em mat!ria de certoscrimes internacionais.

Jma das premissas %undamentais em $ue assenta o CPF ! a da jurisdição universal em mat!ria decrimes internacionais, premissa $ue se mani%esta tamb!m no dever de os stados exercerem arespectiva jurisdição penal sobre os responsáveis por crimes internacionais, considerando-se $ueisso decorre do costume internacional.

intervenção em primeira linha dos tribunais nacionais ! considerada a via mais ade$uada e

desejável para a prossecução penal dos crimes internacionais.

3ontudo, a fm de preencher um eventual va"io de jurisdição internacional, ao CPF ! atribuídacompetência relativamente aos crimes internacionais mais #raves, intervindo de %ormacomplementar em %ace das jurisdiç'es nacionais.

Fsso si#nifca $ue o CPF não ! visto como instncia hierar$uicamente superior aos tribunaisnacionais. l!m disso, interv!m a título subsidiário, de ultima ratio, nos casos em $ue a jurisdiçãonacional não esteja em condiç'es de asse#urar uma investi#ação e um jul#amento $ue cumpramos devidos re$uisitos, tendo como re%erente os princípios de due process internacionalmentereconhecidos.

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ssim sucederá, nomeadamente, $uando exista %alta de vontade, incapacidade de a#ir oucolapso das instituiç'es, podendo nestes casos o tribunal impor ofciosamente a sua jurisdiçãoaos stados, decidindo contra a posição por eles adoptada &arts. 5.L, 5:.L, [email protected], 5A.L e 5=.L a :<.Ldo CPF).

O exercício deste poder por parte do CPF está na ori#em da desconfança em relação a este (r#ão$ue se sente nal#uns $uadrantes movidos pela de%esa dos redutos tradicionais da soberaniaestadual.

m todo o caso, os stados têm ao seu dispor um conjunto de mecanismos $ue lhes permitemasse#urar os seus direitos de jurisdição. B o caso+

5) >a in%ormação, diri#ida ao CPF, de $ue se está a proceder, a um in$u!rito sobre nacionaisseus ou outras pessoas sob a sua jurisdição &art. 56.LQ: do CPF)M

:) >o recurso, para o juí"o de recursos, da decisão pro%erida por um juí"o de instrução &art.56.LQ8 do CPF) e @) da impu#nação da jurisdição do CPF e da admissibilidade de um caso &arts.5=.L e 59.L do CPF). O problema ! $ue a decisão cabe, em ?ltima análise, ao CPF $ue %uncionacomo uma super instncia de recurso.

Ou seja, o CPF começa por confar o processo * jurisdição nacional, mas reserva-se o direito deintervir se, $uando e como achar ade$uado.

ste %acto tem levado al#uma doutrina a duvidar da existência de uma verdadeira

complementaridade do CPF e a alertar para o risco de este se trans%ormar numa instncia denature"a supranacional.

Para corri#ir esta %alha sustenta-se $ue, no mínimo, a apreciação da actuação estadual levada acabo pelo CPF tenha $ue basear-se na detenção de situaç'es extremas de erro evidente naapreciação dos %actos e aplicação do direito ou de %alhas #raves e intoleráveis na tramitação doprocesso nos tribunais estaduais, devendo de%erir-se para a jurisdição nacional sempre $ue estacondu"a as investi#aç'es de boa %!.

O ob(ecto % (uris%i)'o %o TPI

jurisdição começa por defnir-se ratione materiae, fcando circunscrita aos crimes mais #raves&art. A.L do CPF), como+

0enocídio &art. 7.L do CPF)

3rimes contra a humanidade &art. =.L do etpi)

3rimes de #uerra &art. 6.L do etpi)

3rimes de a#ressão &este ainda não defnido).

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Kale a pena uma leitura atenta das condutas especifcadas, na medida em $ue elas mani%estamum tipo de criminalidade %eito de atrocidades inima#ináveis, $ue nada tem $ue ver com os crimesde delito comum. ssim se compreende a sua imprescritibilidade &art. :9.L do CPF).

l#uma doutrina aponta, por!m, a ambi#uidade desta tipifcação, na medida em $ue nem semprea$ueles $ue executam os crimes no terreno são os mesmos $ue os concebem e planifcam e $uelhes atribuem as características $ue %a"em deles crimes internacionais &sistematicidade, lar#aescalaR).

l!m disso, a jurisdição do CPF ! delimitada ratione temporis, aplicando-se o princípio danão retroactividade das normas $uer em #eral, $uer $uanto a cada stado parte &art. 55.L do CF).

Sinalmente, a jurisdição ! limitada ratione personae, estendendo-se, em princípio, apenas aosstados parte do statuto, $uer se trate de stados em cujo territ(rio, embarcação ou aeronave

%oram cometidos crimes e ou de stados da nacionalidade do ar#uido &art. 5:.L do CPF).

Sa"-se a$ui uso dos tradicionais princípios da territorialidade e da nacionalidade. ote-se $ue aresponsabilidade criminal internacional ! individual, pelo $ue os stados propriamente ditosnão respondem criminalmente. O CPF ! competente para jul#ar apenas pessoas sin#ulares &arts.:A.L a :6.L do CPF).

Os *ns %s #ens interncionis

O %uncionamento do CPF aponta para uma transposição sui #eneris dos princípios de direito penal

para a ordem internacional, nomeadamente dos relativos *s %unç'es clássicas do direito penalnos domínios da retribuição, reprovação, prevenção #eral, prevenção especial de ressociali"açãoe incapacitação.

o entanto, a jurisdição internacional preocupa-se com a prossecução de outras fnalidades, $uetranscendem os fns das penas mas $ue assumem um relevo central nas relaç'es internacionais.

B o caso da justiça transicional e restaurativa de reconciliação nacional, da peda#o#ia moral e jurídica, da preservação da verdade dos re#istos historio#ráfcos e da reafrmação e restauraçãopsicol(#ica das vítimas e dos seus %amiliares.

ão ! %ácil harmoni"ar todas estas fnalidades.

5. Primeiro por$ue o CPF difcilmente poderá ser considerado um tribunal penal análo#o aos dedireito interno, do ponto de vista estrutural e %uncional, %acto $ue pode justifcar especifcidadesprocessuais di%erentes das admitidas nos jul#amentos de crimes de delitos comum.

:. >epois por$ue a multiplicidade das %unç'es políticas, jurídicas e morais $ue pretende servirpode

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Com#osi)'o e %ministr)'o

os termos do respectivo statuto, o CPF ! composto pela Presidência, três secç'esrespectivamente de recursos, de jul#amento em 5.T instncia e de instrução, o 0abinete doProcurador e a /ecretaria &art. @8.L).

O CPF ! composto por 56 juí"es &arts. @A.L e @7.L), os $uais exercem as suas %unç'es de %ormaindependente &art. 8<.L), de acordo com uma re#ra de exclusividade, admitindo-se, ou o aumentodo n?mero de juí"es, ou a adopção de um re#ime de tempo parcial para os juí"es $ue nãointe#rem a presidência, em %unção do volume de trabalho &arts. @A.LQ@ e @7.LQ:).

Os juí"es, propostos pelos stados partes, são eleitos de entre pessoas com elevada idoneidademoral, imparcialidade e inte#ridade, com um conjunto preciso de competências e $ualidadesnecessárias para trabalharem no direito internacional penal num ambiente internacional &[email protected]@).

ão poderá haver dois juí"es da mesma nacionalidade, pretendendo-se, al!m do mais, obter umaalar#ada representatividade #eo#ráfca, jurídica e em %unção do #!nero &art. @7.LQ=Q6).

Os juí"es são eleitos pela ssembleia dos stados partes por escrutínio secreto e maioria de doisterços &art. @7.LQ7) 2 aspecto da maior importncia para asse#urar a le#itimidade, credibilidade eimparcialidade do CPF.

O Presidente e os Kice-Presidentes são eleitos, por três anos, por maioria absoluta dos juí"es &[email protected]).

O 0abinete do Procurador, presidido por este, tem como %unção exercer a acção penal junta do CPF, de acordo com o princípio acusat(rio, devendo %a"ê-lo de %orma aut(noma relativamente aotribunal e com total independência relativamente a $ual$uer entidade externa.

O procurador e os procuradores adjuntos, com $ualidades e competências em tudo análo#as *sdos juí"es, terão nacionalidades di%erentes, desempenhando os seus car#os em re#ime dededicação exclusiva &art. 8:.L).

/ecretaria ! o (r#ão responsável pelos aspectos não judiciais da administração e do%uncionamento do CPF &art. [email protected]).

O #rocesso #ernte o TPI

O impulso processual ocorre com a den?ncia de crimes ao procurador ou ao juí"o de instrução.

sta pode ser apresentada por um stado parte ou pelo 3/, devendo proceder * indicação detodas as circunstncias relevantes &arts. [email protected] e 58.L do CPF).

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B i#ualmente possível a investi#ação moto proprio pelo procurador, a partir de notícias $ueche#uem ao seu conhecimento &art. 5A.L do CPF).

/e assim o entender, este pode solicitar mais in%ormaç'es junto dos stados, da OJ ou deO0Gs &art. 5A.LQ: do CPF).

/e#ue-se a or#ani"ação de um in$u!rito com depoimentos escritos e orais.

autori"ação para abrir um in$u!rito e proceder *s necessárias investi#aç'es deve ser solicitadaao juí"o de instrução. ste aspecto visa a%astar os peri#os de politi"ação ao juí"o de instrução.

s vítimas podem diri#ir representaç'es ao juí"o de instrução, cabendo a este decidirliminarmente sobre a admissibilidade do caso.

o caso de recusa, o procurador sempre pode renovar o pedido desde $ue tra#a novas provas.

B i#ualmente possível o adiamento da investi#ação pelo 3/, ao abri#o do 3apítulo KFF da 3arta daOJ, solução $ue pode ser especialmente oportuna $uando haja riscos #raves de o processocolocar em causa a pa" e a se#urança internacionais.

m todo o caso, cabe salientar $ue s( por si nenhum membro permanente do 3/ pode adiar oususpender uma investi#ação %a"endo uso do seu direito de veto &art. 5A.L do CPF).

decisão de inadmissibilidade deverá ser pro%erida, ainda $ue passível de recurso, se o casoestiver a ser devidamente investi#ado e prosse#uido pelo stado, se o stado $ue investi#oudevidamente tiver decidido não acusar, se o sujeito em causa já tiver sido jul#ado, por %orça doprincípio ne bis in idem &art. :<.L do CPF), ou se o caso não %or sufcientemente #rave.

ote-se $ue a expressão devidamente e a interpretação $ue lhe deve ser dada decorrem dare%erência $ue o CPF %a" * noção de processo e$uitativo &due process), compreendendonaturalmente as #arantias de objectividade, boa %!, ade$uação temporal, independência,imparcialidade, re#ularidade institucional e disponibilidade de meios materiais e humanos &art.5=.L do CPF).

B sempre dada aos stados a possibilidade de pre%erirem no exercício dos seus poderes de jurisdição e de impu#narem a jurisdição do CPF, embora, este acabe por pro%erir a decisão

defnitiva &arts. 56.L e 59.L do CPF).

Princ+#ios e grntis #rocessuis

  Codo o processo encontra-se con%ormado pelos princípios #erais de direito criminal, como osnullum crimen sine le#em, nulla poena sine le#em, nulla poena sine crimen e o da nãoretroactividade ratione personae &arts. ::.L a :8.L do CPF).

F#ualmente relevantes são os direitos $ue o ar#uido pode invocar durante a apreciação daacusação &art. 7=.L do CPF). Prevê-se ainda a protecção de in%ormaç'es ou documentos

disponibili"ados por terceiros, incluindo O0Gs &art. [email protected] do CPF).

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Kale inteiramente a ideia de responsabilidade criminal individual, verifcada com base nascate#orias da do#mática penal da autoria ou co-autoria material ou moral, cumplicidade etentativa, bem como na análise da mens rea do a#ressor por dolo directo, necessário ou eventualou ainda na verifcação de ne#li#ência simples ou #rosseira.

inda di#nas de nota são a exclusão da jurisdição sobre menores de 56 anos e a irrelevncia docar#o ou posto ofcial &art. @@.L do CPF).

/ão i#ualmente atendíveis as causas subjectivas e objectivas de exclusão da responsabilidadecriminal &insanidade, le#ítima de%esa, estado de necessidade, %orça maior), bem como o erro de%acto ou de direito &arts. @<.L a @:.L do CPF).

O in,urito e instru)'o

Jm dos problemas institucionais $ue o CPF teve $ue resolver di" respeito * desvanta#em relativaem $ue o mesmo se encontra relativamente aos tribunais nacionais, $ue podem contar com

autoridades judiciárias e policiais bem estruturadas e or#ani"adas para a investi#ação, jul#amento e punição dos crimes.

O in$u!rito compreendendo a investi#ação da verdade dos %actos tendo em vista a acusação, o jul#amento e a condenação dos responsáveis por crimes internacionais, ! um instrumento%undamental da justiça penal internacional &arts. [email protected] e ss do CPF) 2 da sua efcácia depende, emboa medida, a viabilidade e credibilidade desta ?ltima.

 O mesmo se di#a da instrução. >urante o processo de in$u!rito e investi#ação vi#ora o princípiodo se#redo de justiça, o $ual tem como %undamentos a protecção de pessoas, a preservação dosmeios de prova e a salva#uarda da efcácia da investi#ação.

o procurador ! con%erido o poder de citação, de proceder * recolha e exame das provas, desolicitação da cooperação dos stados e de re$uerimento de mandatos de detenção, dotados dee%eito directo, e notifcaç'es para comparência ao CPF &arts. AA.L, A=.L, A6.L e A9.L do CPF).

>o mesmo modo, permite-se $ue o mesmo reali"e operaç'es de investi#ação on site nãocompuls(rias, no territ(rio de um stado $ue tenha solicitado auxílio, sem a presença dasrespectivas autoridades &art. 99.LQ8 do CPF), cabendo ao procurador poderes si#nifcativos nocaso de stados %alhados ou desa#re#ados &art. A=.LQ@Qd) do CPF).

stabelece-se um dever de cooperação dos stados partes &arts. A8.L e [email protected] do CPF),%undamental para o sucesso do in$u!rito e da instrução, podendo a sua %alta repercutir-se na

acusação e na de%esa, a%ectando os direitos de i#ualdade de armas e jul#amento justo.

O dever de cooperação em mat!ria de entre#a de um ar#uido ou de auxílio ! limitado,nomeadamente $uando o stado re$uerido deva actuar contra obri#aç'es internacionais $ue hajaassumido &art. 96.L do CPF).

>urante o in$u!rito ! particularmente importante o conjunto de #arantias de processo e$uitativo&due process) colocadas * disponibilidade do ar#uido &art. AA.L do CPF). ste disp'e do direito decontestar o mandato de captura na instncia internacional &Ee#ra 55=.LQ@ das Ee#ras de Processoe Prova), de não ser obri#ado a incriminar-se, nem ser objecto de coerção, tortura ou tratamentosde#radantes.

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O mesmo tem ainda o direito de ser interro#ado em lín#ua acessível ou mediante tradutor, denão ser detido arbitrariamente, de ser in%ormado das acusaç'es de $ue ! alvo, de permanecerem silêncio, sem presunção de culpa.

ssiste-lhe ainda o direito ao patrocínio judiciário da pr(pria escolha e ao patrocínio ofcioso.

>epois do in$u!rito se#ue-se a abertura da instrução, podendo o ar#uido re$uerer para a#uardaro jul#amento em liberdade &art. 7<.L do CPF).

esta %ase, a acusação deve ser apreciada e confrmada pelo juí"o de instrução, sendoreconhecido ao ar#uido um direito de audiência e de contestação, de acordo com os princípios docontradit(rio, da i#ualdade de armas e de i#ualdade de tratamento das partes &arts. 7<.L e 75.Ldo CPF).

Kalem a$ui inteiramente os princípios de jul#amento justo &%air trial) e processo e$uitativo &dueprocess), com implicaç'es, nomeadamente, no tempo e nas condiç'es materiais para apreparação e apresentação da de%esa.

O (ulgmento

O jul#amento obedece aos princípios da justiça e imparcialidade, da presencialidade, da boaadministração da justiça, da publicidade e da presunção da inocência &arts. [email protected] e 77.L do CPF).>e acordo com este princípio, o (nus da prova cabe ao procurador.

os termos do statuto, o procurador tem $ue produ"ir uma prova para al!m de $ual$uer d?vidara"oável &art. 77.LQ@ do CPF).

/ublinhe-se ainda a proibição de reversão do (nus da prova, juntamente com os princípios do

respeito pelos direitos do ar#uido e da protecção das vítimas e das suas %amílias, atrav!s dacriação de um Crust Sund para o seu apoio &art. =9.L do CPF). F#ualmente consa#rado está oprincípio do duplo #rau de jurisdição.

O direito aplicável no jul#amento encontra-se contido no CPF, lementos dos 3rimes e nasEe#ras de Procedimento e Prova, embora tamb!m se possa recorrer aos princípios de direitointernacional #eral e de direito dos con4itos armados &art. :5.L do CPF).

F#ualmente atendíveis são os princípios #erais do direito interno do stado em $ue os crimes%oram cometidos, bem como os precedentes judiciais.

A %ecis'o e o recurso

prolação da decisão tem como re$uisitos essenciais o dever de o tribunal proceder ao exame detoda a prova apresentada, e apenas dela, e de #arantir a con#ruência entre os %actos e a decisão&art. =8.L do CPF). sta pode ser tirada por unanimidade, pre%erencialmente, ou por maioria &art.=8.LQ8 do CPF).

inda $ue se tenha estabelecido o carácter secreto das deliberaç'es, a decisão em si mesmadeve ser %undamentada, sendo ainda admissíveis declaraç'es de voto &art. =8.LQ8QA do CPF).

>eve salientar-se, neste contexto, o princípio da publicidade e presencialidade da leitura da

sentença. >a decisão cabe recurso para o juí"o de se#unda instncia.

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O procurador pode recorrer com base em vício processual, erro de %acto ou de direito, ao passo$ue o condenado, para al!m destes motivos, pode recorrer por $ual$uer outros susceptível dea%ectar a e$uidade ou a re#ularidade do processo ou da sentença.

Sundamento de recurso ! tamb!m a desproporção entre a pena e o crime, por excesso ou porde%eito, a interpor por ambos &art. 65.LQ5Q: do CPF).

a pendência do recurso, e para e%eitos da sua eventual colocação em liberdade, o tribunal deveponderar os direitos do ar#uido com os dados %ácticos &ex.+ risco de %u#a) e os interessessubstantivos &ex.+ #ravidade do crime) e processuais &ex.+ probabilidade de procedência dorecurso) em presença &art. =A.L do CPF). O recurso ! ainda admissível de outras decis'esprocessualmente relevantes, cabendo ao tribunal decidir sobre o seu e%eito suspensivo oumeramente devolutivo &art. 6:.L do CPF).

>i#na de nota ! a possibilidade de ulterior revisão da sentença condenat(ria ou da pena,nomeadamente no caso de descoberta de novos elementos de prova, da %alsidade dos elementosde prova com base nos $uais o ar#uido %oi condenado ou de incumprimento reprovável dos

deveres profssionais por parte dos juí"es $ue produ"iram a sentença &art. =A.L do CPF).

As #ens

decisão do CPF pretende ter os se#uintes e%eitos+ a indemni"ação e reabilitação das vítimas e aafrmação da di#nidade dos seus direitos violados &art. =A.L do CPF), por um lado, e acondenação e punição do in%ractor, por outro &art. =A.L do CPF).

Para este e%eito determina-se um dever de colaboração dos stados na execução das penas &art.67.L do CPF).

sentença deve ter como crit!rio de #raduação a #ravidade da o%ensa cometida, a%erida, emconcreto, por re%erência aos bens e valores violados, ao dano causado, ao risco criado e *culpabilidade do a#ressor, e, em abstracto, * relevncia e * $ualifcação le#al dos elementosconstitutivos da o%ensa. >esse modo, combina-se a necessária atenção ao caso concreto, com adevida consistência e uni%ormidade de decisão.

aplicação de uma pena branda * prática de crimes contra a humanidade, para al!m de poderser lida como um insulto *s vítimas e uma desconsideração intolerável dos seus direitos%undamentais, %rustraria os objectivos !tico-retributivos, expressivos e preventivos do direito

penal internacional.

o entanto, al#uns consideram desumanas penas de prisão de :A a @< anos, o $ue parececontribuir para a #enerali"ação de simpatia para com o a#ressor, i#norando as vítimas.

m sentido contrário, a #ravidade dos ilícitos e o aumento da esperança de vida, apontam nosentido da elevação dos limites superiores da moldura penal. Cendo em vista as disparidades dere#ime e sensibilidade penal dos di%erentes stados partes, a solução perflhada pelo CPF %oi umade compromisso.

s penas consistem, em primeira linha, na prisão at! @< anos, embora esteja ainda prevista apossibilidade de prisão perp!tua, tendo em conta as circunstncias objectivas e subjectivas do

crime e do ar#uido &arts. ==.L e =6.L do CPF). stá ainda prevista a aplicação de penas de multa&art. ==.LQ: do CPF).

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/ublinhe-se $ue ! admitido o recurso extraordinário de revisão da sentença condenat(ria ou dapena no caso de descoberta de novos elementos de prova de $ue não se dispunha a$uando do jul#amento, por ra"'es não imputáveis ao re$uerente, desde $ue sufcientemente importantespara alterarem o veredicto do tribunal, bem como da %alsidade de provas ou da existência deconduta reprovável por parte dos juí"es &art. 68.L do CPF).

As limit)es % (uris%i)'o #enl interncionl

mbora os objectivos subjacentes ao estabelecimento de uma jurisdição criminal internacionalsejam altamente merit(rios e em plena sintonia com a matri" liberal dos direitos humanos, dademocracia e do stado de direito, devem ser consideradas, de %orma realista, as suas limitaç'es.

1esmo descontando os riscos de emer#ência de uma Ntirania dos juí"es #lobali"ada, há $ue terem conta o peri#o real de a jurisdição penal internacional vir a %rustrar as expectativas $ue nelasão depositadas.

Instrumentli/)'o #ol+tic

sua íntima dependência da política internacional, visível em aspectos tão diversos como adecisão de denunciar ou investi#ar crimes, a detenção e extradição de suspeitos, o fnanciamentoou a recolha de provas, torna o CPF particularmente vulnerável a press'es políticas de toda aesp!cie, o $ue pode seriamente minar a sua credibilidade junto da opinião p?blica mundial.

Nture/ trns#essol %os crimes

Uuando se trata de violaç'es massivas de direitos %undamentais, a responsabilidade individualpode não ser sufciente para dar conta da dimensão moral e jurídica das atrocidades cometidas.

a verdade, a mesma deixa de %ora a actuação colectiva em nome de uma ideolo#ia &ex.+nacionalismo), a manipulação psicol(#ica das massas, a cumplicidade social com os crimespraticados, a aprovação tácita internacional $ue eventualmente se verif$ue, a existência deestruturas sist!micas $ue encorajam a violência, a opressão e a discriminação e a perversidade$ue permeia as instituiç'es, bem como os procedimentos políticos e jurídicos dentro dos stadosenvolvidos na prática desses crimes. note-se $ue os crimes internacionais a$ui em causa são%re$uentemente praticados mediante o uso do poder estadual. prevenção de actos deexcepcional crueldade s( pode ser conse#uida depois de desmanteladas essas ideolo#ias,estruturas, instituiç'es e práticas, aspecto $ue a responsabilidade individual tende a ne#li#enciar.

Por outro lado, a criminali"ação de um indivíduo em posição de elevada responsabilidade podecomprometer processos democráticos de re%orma política e estabili"ação social.

E"clus'o %s #essos colectivs

responsabilidade individual deixou de %ora a responsabilidade penal das pessoas colectivas,contexto no $ual pontifcam as empresas transnacionais, com capacidade material-%áctica decausarem #ravas violaç'es dos direitos humanos, por si s( ou em colaboração com os stados.

>aí $ue subsista ainda uma importante lacuna no direito da responsabilidade internacional.

Des%e,u)'o o combte o terrorismo

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Jma das debilidades $ue ultimamente mais se tem apontado * jurisdição penal internacionalprende-se com a sua desade$uação * actual realidade de combate ao terrorismo.

Os principais problemas re%eridos prendem-se com as difculdades na determinação precisa doscrimes incluídos na jurisdição do CPF, a desade$uação de conceitos chave * nova realidade doterrorismo #lobal, a %alta de objectividade nos crit!rios de selecção de juí"es e procurador, asinsufcientes #arantias de imparcialidade, re#ularidade e i#ualdade, a íntima relação entre odireito probat(rio e o se#redo de stado e a se#urança nacional, etc. F#ualmente relevante ! o%acto de muitos ata$ues terroristas serem levados a cabo por suicidas, esva"iando de sentido ostradicionais fns das penas.

ade$uação do CPF ao combate ao terrorismo ! assim comprometida, desde lo#o por$ueobri#aria a uma alteração do respectivo statuto &art. 5:5.L do CPF), de modo a possibilitar ainscrição de certas %ormas de terrorismo na sua jurisdiçãoM e depois por um %acto externo, asaber, a não ratifcação do statuto de Eoma pelos stados Jnidos.

Di0+cil como%)'o %e meios lterntivos

l#uns autores alertam para a necessidade de explorar outras vias de prevenção e repressão doscrimes internacionais, dando como exemplos o recurso a acç'es militares com o apoio dasaç'es Jnidas, a promessa de auxílio econ(mico e ajuda humanitária, a amnistia, aprossecução penal nacional, o estabelecimento de comiss'es de verdade e reconciliação, aden?ncia p?blica, a reali"ação de investi#aç'es independentes, a revisão dos textoshistorio#ráfcos, o isolamento político e econ(mico, a aplicação de sanç'es pecuniárias, aresponsabilidade civil internacional, a constituição de tribunais penais não #overnamentais, etc.

O problema ! $ue estas consideraç'es parecem desajustadas num momento em $ue o CPF já seencontra em %uncionamento.

Pois, para al#uns, trata-se ali não de meios complementares, mas sim de verdadeiras alternativasao CPF, difcilmente compatíveis com a sua existência e actividade.

m todo o caso, o problema das alternativas permanece actual, na medida em $ue a justiça penals( por si difcilmente dará resposta *s $uest'es políticas, ideol(#icas, econ(micas, reli#iosas,sociais e culturais susceptíveis de #erar mais violência no %uturo.

Des*os % (usti) trnsicionl e resturtiv

 Camb!m actual ! a problemática da reali"ação da justiça em contextos de transição de re#imespolíticos, em $ue se pretende, a um tempo, a con%rontação dos responsáveis de re#imesrepressivos com os seus crimes e a reconciliação nacional e a restauração dos laços sociais$uebrados pela violação de direitos humanos e a prática de crimes contra a humanidade.

al#uns casos, a punição dos culpados de crimes contra a humanidade pode revelar-sefnanceira, institucional, processual e socialmente impraticável, dado o elevado n?mero deresponsáveis, e politicamente desaconselhável, em virtude do seu potencial %racturante edesestabili"ador.

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este mbito ! controversa a $uestão de saber se e em $ue circunstncias ! admissível renunciar* prossecução penal internacional de atrocidades cometidas &justiça transicional) e optar poroutros meios alternativos, como os re%eridos no ponto anterior, tendo em vista a pacifcação deum stado dilacerado pela #uerra &justiça restaurativa).

$uestão da justiça transicional e restaurativa tem sido resolvida em muitos contextos, medianteo estabelecimento de 3omiss'es de Kerdade e Eeconciliação &ex.+ r#entina, Volívia, 3hile,J#anda, W%rica do /ul, Cimor Deste), em #eral dotadas de poderes soberanos de investi#ação,citação, interro#ação, re#isto hist(rico, protecção de testemunhas, acusação e amnistia.

m causa está a necessidade de encontrar um e$uilíbrio ra"oável entre a justiça, a verdade e apa", ao mesmo tempo $ue se analisa os problemas a partir de uma perspectiva hist(rica esist!mica.

um n?mero si#nifcativo de casos, esse e$uilíbrio tem sido procurado atrav!s da articulação daprossecução penal, para os casos mais #raves, com a procura da verdade, do arrependimento, doperdão e da reconciliação.

A rti*c)'o #ortugues %o TPI

>e um modo #eral, a ratifcação de uma convenção internacional como a $ue institui o CPFconstitui uma boa oportunidade para os stados reavaliarem o modo como compreendem a suapr(pria soberania, da $ual o ius puniendi constitui um elemento %undamental &embora nem todosse tenham mostrado capa"es de abdicar desse poder).

Pouco a pouco, a estadualidade soberana do direito internacional cede perante ainstrumentali"ação do stado ao serviço de fnalidades superiores da comunidade internacional,em $ue a protecção dos direitos humanos ocupa um lu#ar central. Portu#al não %u#iu * re#ra.

o meio de um intenso debate, o stado portu#uês, com o apoio da revisão constitucional de:<<5 &arts. =.LQ= e @@.LQ8QA da 3EP), acabou por aprovar e ratifcar o statuto de Eoma do CribunalPenal Fnternacional 2 pese embora a %orte discussão $ue, por altura da ratifcação, se anunciou,centrada em torno do %acto de o CPF prever a aplicação da prisão perp!tua, a par da obri#açãodos stados subscritores de colaborarem com o CPF, nomeadamente em sede de extradição.

ão sendo permitidas $uais$uer reservas, Portu#al optou pela f#ura da declaração interpretativa,com o prop(sito de salva#uardar a tradição humanista desenvolvida no mbito do direito penalnacional.

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DIREITO INTERNACIONAL ECON12ICO

 Crcteri/)'o e %e*ni)'o

Jm importante sector das relaç'es internacionais e do direito internacional di" respeito *srelaç'es econ(micas internacionais e * sua disciplina jurídica.

re#ulação interna da economia, baseada nos princípios tradicionais da soberania e daterritorialidade ! cada ve" mais posta em causa pelas exi#ências da disciplina jurídicainternacional da actividade econ(mica mundial, caracteri"ada pela cooperação, inte#ração einterdependência.

sta problemática tem justifcado a autonomi"ação de um ramo específco dentro do direitointernacional #eral, $ue en#loba o conjunto de mat!rias em $ue estão presentes as dimens'es jurídica, internacional e econ(mica e $ue se ocupa da disciplina jurídica internacional dasactividades fnanceira, industrial e comercial, desenvolvidas * escala mundial. F#ualmenterelevantes são os domínios do investimento e do desenvolvimento econ(mico e social.

um domínio em $ue as distinç'es entre nacional e internacional se esbatem si#nifcativamente,o direito internacional econ(mico alicerça-se nos princípios e nas noç'es %undamentais do direitointernacional #eral, como sejam a i#ualdade soberana dos stados, a interdependência e acooperação internacional, a nacionalidade, a territorialidade, a ponderação entre interessesnacionais e internacionais, o respeito pelos direitos humanos e a resolução pacífca de con4itos.

ão %a" sentido considerar os vários problemas de direito internacional * mar#em das relaç'esecon(micas internacionais, %ruto da interdependência econ(mica $ue hoje se verifca nasrelaç'es entre os stados, $ue condiciona as suas possibilidades de promoção dos direitos

humanos, de desenvolvimento político, social e econ(mico e de sobrevivência.

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Fmporta ter presente $ue a 3arta da OJ, a >J>; e a 3>; são praticamente contemporneas *celebração dos acordos de Vretton Xoods e do 0CC. prossecução de objectivos econ(micosnão pode ser dissociada, no direito internacional, da promoção de valores não econ(micos,devendo ser a%erida tendo por medida o direito internacional dos direitos humanos.

!overn)'o globl3 economi e %esenvolvimento sustent%o

#lobali"ação econ(mica %avorece a efciência na a%ectação dos recursos e o aumento daspossibilidades de acesso a di%erentes bens e serviços.

o mesmo tempo $ue %acilita a mobilidade, a troca de ideias e o acesso * in%ormação.

Por esse motivo se %ala num direito * #lobali"ação.

o entanto, a mesma pode ter e%eitos prejudiciais, nos planos social e ambiental, ao mesmotempo $ue diminui a capacidade dos stados para lidar com os problemas daí resultantes.

o $uadro actual de %orte independência dos stados, a re#ulação das relaç'es econ(micasinternacionais levanta al#umas $uest'es cruciais no plano da chamada #overnação #lobal.

B esse o sentido do direito internacional da re#ulação, o $ual tem vindo a sublinhar a necessidadede con%ormar as OFGs de #overnação #lobal com base nos princípios da subordinação ao direito,da transparência, da responsabilidade, do controlo independente, da participação democrática,do respeito pelos direitos humanos e da protecção do ambiente.

/( assim elas podem aspirar, de %orma consistente, a promover os valores e os princípios $uere#em o direito internacional * escala #lobal. stes são pr!-re$uisitos da prosperidade econ(micae do desenvolvimento sustentado.

O 4istem %e 5retton 6oo%s

 Conte"to &istórico-económico

o /e#unda 0uerra 1undial ainda decorria $uando, em 5988, um conjunto de stadosliderados pelas potências ocidentais e pela E?ssia, ne#ociavam já os acordos de Vretton Xoods.

o 3om a #rande depressão ainda presente na mem(ria de todos, era então evidente ainsufciência do mercado e dos #overnos nacionais para #arantir o %uncionamento da economia e

a necessidade de criar instncias re#uladoras * escala #lobal.

o stava aberto o processo de institucionali"ação das relaç'es econ(micas internacionaisatrav!s da criação de or#ani"aç'es internacionais.

o a se$uência dos cordos de Vretton Xoods %oram criadas duas instituiç'es universais denature"a especiali"ada+ o Sundo 1onetário Fnternacional &S1F) e o Vanco 1undial &V1).3onsiderou-se i#ualmente a necessidade de criar uma terceira entidade dotada de competênciapara re#ular o com!rcio mundial, a Or#ani"ação Fnternacional de 3om!rcio, mas $ue se %rustrou.sse objectivo viria a ser parcialmente reali"ado al#uns anos mais tarde atrav!s do 0CC e, cinco

d!cadas depois, de %orma mais plena por via da Or#ani"ação 1undial de 3om!rcio &O13).

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7u%ro institucionl

o O sistema de Vretton Xoods assenta, desde o início, na complementaridade das %unç'es do V1e do S1F.

o ambos cabe a #estão do sistema fnanceiro internacional, de acordo com uma l(#icaclaramente %uncionalista, pretensamente especiali"ada, t!cnica e não-política.

o Y primeira instituição move-se por preocupaç'es econ(micas estruturais, ao passo $ue ase#unda orienta a sua actuação por preocupaç'es fnanceiras conjunturais. a prática, adistinção entre a$ueles dois or#anismos especiali"ados das aç'es Jnidas tem vindo a esbater-se, observando-se uma tendência para a interpenetração e duplicação de %unç'es.

o O V1 e o S1F são $ualifcados, ao menos no plano te(rico, como or#ani"aç'esinternacionais independentes, não se lhes exi#indo se$uer uma vinculação absoluta pelasdecis'es do 3/ da OJ, no mbito do 3apítulo KFF da 3arta das aç'es Jnidas, mas apenas $ue

as tomem na devida consideração.

5nco 2un%il

Esttuto (ur+%ico3 orgni/)'o e ob(ectivos

reconstrução da uropa devastada pela #uerra e a promoção do pro#resso nas re#i'essubdesenvolvidas, muitas delas na altura sob o domínio colonial, eram vistas em Vretton Xoodscomo uma responsabilidade das potências ocidentais.

este sentido, o V1, com sede em Xashin#ton >.3., veio desempenhar um importante papel nombito da ajuda e das políticas de desenvolvimento econ(mico estrutural.

 Crata-se de uma OF dotada de personalidade jurídica internacional, com vocação para a #arantia eo %ornecimento de cr!dito a taxas de juro redu"ida para projectos específcos de construçãode in%raestruturas nos países em vias de desenvolvimento.

>o ponto de vista or#ani"at(rio, o V1 assenta numa assembleia de representantes de stados

membros dotados de um direito de voto ponderado com base nas contribuiç'es de cada stadopara o banco.

0radualmente, o V1 tem vindo a deslocar a sua atenção dos projectos específcos para ospressupostos do desenvolvimento econ(mico estrutural e a criação de políticas macroecon(micase fnanceiras consistentes.

este momento, ele ! a mais autori"ada instituição de apoio a projectos de desenvolvimento, emáreas como a elaboração de propostas de re%orma fscalM a promoção do investimento directoestran#eiro com fns produtivosM o fnanciamento ao sector privado, mediante #arantias

#overnamentais, etc.

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o lon#o dos anos, o 0rupo do Vanco 1undial tornou-se num verdadeiro cluster institucional, $ueinclui um conjunto de or#ani"aç'es com personalidade jurídica internacional aut(noma. cresce$ue al#uns bancos re#ionais operam em associação ao V1.

3umpre ainda re%erir as potenciais situaç'es de risco de descoordenação e duplicação de es%orçosentre o V1 e o Pro#rama de >esenvolvimento da OJ.

Trns#r$nci e res#onsbili%%e

O V1 tem sido al#o ao lon#o dos anos de duras críticas ao seu %uncionamento. s mesmasprendem- se, essencialmente, com a desconsideração do impacto das suas decis'es de cr!dito aprojectos específcos na protecção do meio ambiente e na promoção dos direitos civis e políticos,dos direitos econ(micos, sociais e culturais e dos direitos de autodeterminação de minorias!tnicas, juntamente com o modo como, inadvertidamente, esta OF tem contribuído para ale#itimação de #overnos autoritários e corruptos.

>o mesmo modo, tem sido observado $ue al#uns pro#ramas de ajustamento estruturalrecomendados pelo V1, por de%enderem a privati"ação de serviços p?blicos essenciais, têm sidoresponsáveis por a#ravamentos si#nifcativos da condição de vida das populaç'es, tradu"indo-se na violação de direitos.

ori#em do problema reside, provavelmente, no %acto de o cordo do Vanco 1undial proibirexpressamente a tomada de consideração de %actores políticos e não econ(micos nas decis'es decr!dito &art. FFF &A) b) do V1).

>o mesmo modo, e ainda $ue o V1 se autocompreenda como instrumento de promoção dosdireitos sociais * escala #lobal, críticas não têm %altado * opacidade do seu %uncionamento comoobstando * re%orma da #overnação #lobal e * universali"ação dos direitos humanos.

mbora o V1 mostre ainda hoje relutncia em reconhecer a sua responsabilidade por violaç'es#raves de direitos humanos e standards ambientais, %oram introdu"idas al#umas re%ormas, entreas $uais+

5. promoção de pro#ramas de consolidação da estrutura econ(mica e social dos países em viasde desenvolvimento, nomeadamente na educação, nutrição, sa?de e cuidados materno-in%atisM

:. incentivo ao crescimento do sector privado, atrav!s de uma colaboração mais estreita comas instituiç'es fnanceiras locais para a promoção da criação de empresas e da prestação deserviços de consultoriaM

@. elaboração de estudos de apoio a uma re%orma fscal dos stados menos desenvolvidos $ue%avoreça o crescimento econ(micoM

8. a luta contra a corrupção e pela transparência e responsabilidade fnanceiras e a adopção depro#ramas de estabilidade em situaç'es de p(s-con4itualidade, atrav!s da reparação dein%raestruturas, do apoio * recuperação econ(mica e * reinte#ração de populaç'es deslocadas.

O Pinel %e Ins#ec)'o %o 52

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Jm dos principais mecanismos atrav!s dos $uais se procurou corri#ir os de%eitos or#ani"at(rios,estruturais e %uncionais do V1 acima apontados, consistiu na criação em 599@ de um painel deinspecção para supervisionar a implementação dos pro#ramas do V1 no terreno.

 Crata-se de um (r#ão permanente, $uase independente, $ue tem como %unção receber $ueixasdas populaç'es locais, particularmente das mais vulneráveis, a%ectadas por projectos fnanciadospelo V1. Jma ve" recebidas as $ueixas, as mesmas são remetidas para apreciação econtestação, ao mais alto nível do V1.

O painel %unciona como instncia $uase jurisdicional a título subsidiário e tem competência parainvesti#ar e apreciar, de %orma independente, as acç'es e omiss'es do V1 num determinadoprojecto, #eradoras de danos aos direitos humanos e ao ambiente. Jm outro aspecto interessante! o %acto de este (r#ão estar aberto * apreciação de ale#aç'es amicus curiae.

>este modo, o painel constitui um meio de participação dos indivíduos. 1ais do $ue com basenum sistema jurisdicional hard de decisão, execução da decisão e controlo da execução dadecisão, o %uncionamento do painel assenta num sistema so%t de %ormulação de recomendaç'es e

colaboração com os directores do V1.

O ine#ável prestí#io internacional dos membros do painel de inspecção, embora nem sempretenha #arantido o sucesso da sua intervenção, tem contribuído para a sua credibilidade.

8un%o 2onet9rio Interncionl

Nture/ (ur+%ic e esttuto interncionl

um contexto de depressão econ(mica e caos monetário e fnanceiro #enerali"ado, a#ravadopelo con4ito mundial, era mani%esta a necessidade de subordinar este delicado domínio da vidaecon(mica dos stados ao direito internacional e a uma autoridade internacional de supervisão.

O S1F, sediado em Xashin#ton >.3., constitui presentemente uma a#ência especiali"ada da OJ,com personalidade jurídica internacional e #o"ando de imunidades e privil!#ios %uncionalmente

ade$uados.

O seu papel central na dinmica fnanceira internacional desde 598A ! por demais conhecido.

Ob(ectivos 0un%mentis

O S1F %oi criado com o fm de evitar a ocorrência de uma nova depressão #lobal e o re#resso auma situação de anar$uia fnanceira como a dos anos trinta do s!culo ZZ.

O padrão ouro havia entrado em colapso com o advento da Primeira 0uerra 1undial, tendo dado

lu#ar ao caos na utili"ação pelos stados das moedas nos pa#amentos internacionais.

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Ora, os dois objectivos fnanceiros do S1F no plano internacional consistem na liberali"ação dospa#amentos e na estabilidade monetária.

F#ualmente importante ! a ên%ase na estabilidade dos cmbios e no e$uilíbrio da balança depa#amentos, condiç'es %undamentais para o investimento, o crescimento econ(mico e oaumento das trocas comerciais entre stados. Pois $ue, num mundo economicamenteinterdependente, os stados estão mais vulneráveis e a instabilidade fnanceira num delas podeter conse$uências * escala re#ional e #lobal.

O S1F tem a incumbência de asse#urar o %uncionamento estável, mas ajustável, do sistema decmbios.

O arti#o F do cordo Eelativo ao S1F consa#ra como seus objectivos principais a promoção dacooperação econ(mica, a %acilitação da expansão e do crescimento e$uilibrado do com!rciointernacional e a promoção da estabilidade de cmbios, acompanhados da instituição de umsistema multilateral de pa#amentos para as transacç'es correntes.

Para a reali"ação destes objectivos os stados membros assumem determinadas obri#aç'es#erais de política econ(mica e cambial, estando ainda previsto o %uncionamento de um sistema,estável mas ajustável, de paridades cambiais &art. FK do S1F).

ste sistema, assente na fxação de uma paridade ofcial das moedas relativamente ao d(lar,%uncionou at! 59=5, data em $ue os J deixaram de asse#urar a convertibilidade da sua moedae abriram as portas ao sistema de taxas de cmbio 4utuantes controladas.

norma do arti#o F do S1F ! deliberadamente complexa.

a verdade, aí ! %eita uma re%erência ao %omento e manutenção de elevados níveis de empre#o ede rendimento real e ao desenvolvimento de recursos produtivos.

este sentido, o S1F tem alar#ado a sua actividade * recomendação de re%ormas estruturais nosplanos econ(mico, fnanceiro e fscal.

Paralelamente, sublinha-se no S1F a disponibili"ação temporária dos recursos do S1F aosmembros, mediante #arantias ade$uadas, e a necessidade de redu"ir a duração e o #rau dedese$uilíbrio das balanças de pa#amentos internacionais dos membros.

Com#osi)'o e orgni/)'o

ctualmente, o S1F assume um alcance #lobal. sua estrutura or#ani"at(ria compreende umassembleia de 0overnadores, um >irect(rio xecutivo e um >irector 0eral e Pessoal &art. ZFF doS1F). O S1F estabelece uma reserva absoluta de competências da 0, admitindo-se adele#ação no > de todos os poderes da$uela não incluídos na$uela reserva. 0 ! um (r#ãocom competência residual, cabendo-lhe o exercício de todos os poderes não especifcados &art.ZFFQ: do S1F). Iá o > ! o responsável pela #estão das operaç'es #erais do Sundo, %a"endo aponte entre os políticos e os burocratas.

0raças ao sistema de $uotas &art. ZFFFQ@ do S1F), o S1F ! diri#ido pelos stados maisdesenvolvidos, o $ue, apesar das críticas, tem #arantido uma maior efciência no seu%uncionamento.

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4istem %e ,uots e 8un%o

operação do S1F assenta num sistema de $uotas fxadas para cada membro, expressas emdireitos de sa$ue especiais &art. FFFQ5 do S1F). ste sistema baseia-se no chamado Plano Xhite,

nos termos do $ual cada membro daria uma contribuição em ouro e na sua moeda, para um%uturo comum. O S1F admite a substituição de moeda por títulos &art. FFFQ8 do S1F).

subscrição de cada membro será i#ual * sua $uota, estabelecida no anexo do S1F para osmembros ori#inários e determinada pela 0 para os demais, devendo a mesma ser inte#ralmentepa#a ao Sundo &art. FFFQ5 do S1F).

s $uotas são objecto de revisão e ajustamento peri(dicos, carecendo $ual$uer alteração de umamaioria de 6A[ dos votos e do consentimento dos titulares &art. FFFQ: do S1F). $ualidade demembro do S1F implica a perda de al#uma soberania monetária, na medida em $ue a

possibilidade de desvalori"ar ou revalori"ar a moeda depende do consentimento destaor#ani"ação.

>o mesmo modo, a necessária colaboração e actuação concertada entre os vários membros doSundo contribui para a harmoni"ação das políticas monetárias e para a estabili"ação cambial.

partir do %undo comum o S1F %a" empr!stimos a curto e m!dio pra"o para ajudar os stadoscom difculdades na sua balança de pa#amentos. stes tratam com o Sundo principalmenteatrav!s do respectivo Cesouro ou do Vanco 3entral &art. KQ5 do S1F). O Sundo pode prestarserviços fnanceiros e t!cnicos aos membros, desde $ue compatíveis com os seus objectivos &art.KQFFQb) do S1F).

2ecnismos %e interven)'o

Os arti#os do S1F pretendem estabelecer o $uadro normativo da actuação de correcção dasdistorç'es do %uncionamento do sistema monetário internacional. Para al!m de políticas decr!dito, o mesmo cobre a prestação de assistência t!cnica especiali"ada nos domínios jurídico,econ(mico, fnanceiro e fscal.

Trnc&e reserv

    Jm dos objectivos essenciais do S1F consiste, desde a sua criação, na disponibili"ação decr!dito temporário para %a"er %ace a d!fces conjunturais da balança de pa#amentos, emcon%ormidade com as disposiç'es do S1F.

  principal vanta#em consiste na obtenção de li$uide" para en%rentar problemas %inanceiros,   

sem $ue

o stado membro tenha $ue fnanciar-se internamente em termos $ue comprometam a suaestrutura econ(mica

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    ste mecanismo concede aos stados membros a possibilidade de terem acesso * reservade tranches do S1F, sem $ue este possa levantar objecç'es, ou a uma $uantia $ue não exceda:<<[ da respectiva $uota &art. KQ@Qc) do S1F). dmite-se o a%astamento destes limites emsituaç'es excepcionais &art. KQ8 do S1F).

  Por esta via, e contra um dep(sito do mesmo valor, um membro pode re$uerer acesso *   

moeda de outros membros ou a >/Gs.

  tranche reserva pode ainda ser utili"ada para %a"er %ace a trans%erências de capitais &art.   

KFQ: do S1F).

    O stado obri#a-se juridicamente a recomprar a moeda depositada num pra"odeterminado &art. KQ= do S1F), sob pena de incorrer em sanç'es &art. ZZKOQ:Qa) do S1F).

8cili%%es %e cr%ito

    Por via dos cordos /tand-b\ um stado cujas necessidades de moeda estan#eiraperdurem mesmo depois de es#otadas as tranches da reserva do S1F, pode obter um acesso%aseado a novas tranches mediante a subscrição de uma 3arta de Fntenç'es.

    m princípio, trata-se de %a"er %ace a necessidades de li$uide" de curto pra"o, emboratenham vindo a ser operados ajustamentos tendo em conta a diversidade de situaç'es possíveis,nem todas de nature"a conjuntural. ssim, existem hoje di%erentes mecanismos de concessão decr!dito, calibrados em %unção das circunstncias.

    Jma ve" obtido o consentimento do stado, o cordo /tand-b\ ! aprovado pelaadministração do S1F.

 Crata-se, para al#uns, de um importante exemplo de uma convenção internacionalcelebrada entre um stado e uma OF, embora em ri#or o seu estatuto permaneça controverso.

    Para outros, as 3artas de Fntenç'es não constituem um tratado internacional juridicamente vinculativo, visto $ue o incumprimento implica apenas a suspensão do acesso aocr!dito.

    3erto ! $ue atrav!s delas, o stado dá o seu consentimento * observncia de

determinados crit!rios macroecon(micos de execução, $ue condicionam o acesso ao cr!dito.

    a prática, o conte?do da 3arta de Fntenç'es ! objecto de ne#ociação. Por ve"esexi#e-se o preenchimento de outro documento de en$uadramento político &Polic\Srame]orH Paper), mencionando um conjunto mais vasto de re%ormas a empreender, nos planosfnanceiro, econ(mico, jurídico e institucional.

    O %undamento da condicionalidade reside no art. KQ@Qa) do S1F, $ue con%ere ao %undo apossibilidade de estabelecer salva#uardas ade$uadas ao uso temporário dos seus recursos.

    os termos do re#ime em vi#or, o cumprimento dos crit!rios de execução deve serreportado ao S1F atrav!s de relat(rios peri(dicos.

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    stes crit!rios têm #eralmente uma %orte componente anti-in4acionária e de retracçãoecon(mica, envolvendo normalmente a redução drástica da despesa p?blica, a privati"ação deempresas p?blicas, a liberali"ação dos despedimentos e dos preços de produtos específcos, oaumento das taxas de juro, o a#ravamento dos impostos, a substituição das importaç'es e alimitação do cr!dito interno e externo.

    mbora as condiç'es impostas não sejam juridicamente vinculativas, os stados tendem aobservá-las para #arantirem acesso ao cr!dito no %uturo.

    isso se consubstancia a tão controversa condicionalidade do S1F. sta %oi ori#inariamenteconcebidacomo meio ade$uado e necessário para #arantir a tomada de medidas para a correcçãodo d!fce da balança de pa#amentos e para a adopção de políticas de crescimento econ(micosustentado.

    condicionalidade temporal visa, al!m do mais, #arantir de %orma ade$uada o usotemporário dos recursos do %undo e asse#urar a disponibilidade de li$uide" pelo S1F e arespectiva circulação.

    >o mesmo modo, a imposição de condiç'es pode ter o objectivo merit(rio de aumentar aefciência, combater a corrupção e redu"ir o peso do stado na economia.

     Codavia, a condicionalidade tem sido duramente criticada na se$uência dos sucessivos%alhanços das políticas do S1F.

 s principais críticas diri#idas * condicionalidade prendem-se, essencialmente, com+   

5) O $uestionável m!rito econ(mico da imposição de condiç'es excessivamente retraccionáriasM

:) ausência de um padrão absoluto para as condiç'es do S1FM

@) excessiva ên%ase na correcção abrupta da balança de pa#amentos, como #arantia doprincípio do uso temporário dos recursos do Sundo, descurando outras fnalidades %undamentaisdo S1F, como sejam o desenvolvimento dos recursos produtivos e o crescimento econ(micoM

8) insensibilidade relativamente a $uest'es de oportunidade e se$uência das medidas dere%orma econ(micaM

A) presença de sinais de %avoritismo #eopolíticoM

7) desconsideração das variáveis políticas e sociaisM

=) excessiva dependência de pro#n(sticos cada ve" mais di%íceis de %a"er num contexto deincerte"aM

6) O completo desrespeito pelos direitos econ(micos, sociais e culturais, resultando emcon4itualidade e instabilidade política, social e econ(micaM

9) incapacidade de condicionar o modo como outros recursos %un#íveis são aplicadosM

5<) O carácter intrusivo, arbitrário e desproporcional de determinadas condiç'es, cujo ?nicoe%eito ! a perpetuação de um controlo do S1F sobre os stados devedores. Ou seja, acondicionalidade teve %re$uentemente elevados custos políticos e sociais e bene%ícios

econ(micos muito redu"idos.

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    m todo o caso, difcilmente se poderá pr em causa toda e $ual$uer condicionalidade nosfnanciamentos do S1F, podendo $uando muito %a"er sentido a introdução de modifcaç'es.

    este domínio, as re%ormas mais si#nifcativas a $ue o S1F tem vindo a proceder prendem-se com a subordinação dos procedimentos de decisão a crit!rios de transparência,nomeadamente tornando p?blicas as 3artas de Fntenç'es subscritas pelos stados e todos osdocumentos em $ue se especif$uem as medidas de política econ(mica preconi"adas pelo S1F.

    l!m disso, tem-se chamado a atenção para a importncia $ue a condicionalidade podeassumir no combate * corrupção e * má #overnação nos stados $ue recorrem ao S1F.

    >o mesmo modo, o Sundo tem procurado envolver-se mais directamente em pro#ramas decombate * pobre"a em colaboração estreita com o V1, com especial relevo para a promoção docrescimento econ(mico, da melhoria das políticas sociais e da redução do endividamento dosstados.

  F#ualmente importante ! o objectivo de %ortalecer a comunicação com o sector privado dos   

stados sujeitos * condicionalidade para melhor %a"er %ace a uma eventual situação de criseecon(mica.

Direitos %e 4,ue Es#eciis

    primeira emenda ao cordo Eelativo ao S1F, de 5979, veio criar os chamados >/Gs&arts. ZK ss do S1F), uma unidade de conta artifcial, inicialmente indexada ao ouro e mais tardea um cava" de 57 moedas.

  ssim se pretendeu pr cobro a uma excessiva dependência do d(lar e da libra como   

instrumentos de pa#amento internacional $ue criava um peri#o de d!fce cr(nico da balança depa#amentos dos J e da 0rã-Vretanha e de instabilidade fnanceira no caso de uma crise de

confança nestas moedas. trav!s do mecanismo dos >/Gs, o S1F pode emitir a Nsua moeda,por decisão de 6A[ dos votos da sua administração, em ordem a %a"er %ace a necessidadesinternacionais de li$uide" de lon#o pra"o &art. ZFZ do S1F).

  Jma ve" emitidos, os >/Gs são a%ectados de %orma incondicional aos stados membros, na   

proporção das respectivas $uotas, $ue deles %a"em uso apenas em caso de necessidade. >estemodo, os stados ad$uirem um meio de pa#amento internacional, sem dependerem do recurso *moeda de outro stado.

  Codavia, cumpre re%erir $ue as necessidades de li$uide" internacional nunca che#aram a   

 justifcar um maior recurso aos >/Gs. doutrina nota $ue eles têm sido aceites como meio depa#amento mesmo em contextos externos ao S1F. al#uns visionários vêem a$ui o embrião de

uma moeda ?nica mundial.

Avli)'o Cr+tic

>esde há muito $ue o sistema de Vretton Xoods tem sido alvo de duras críticas, com especialrelevo para o S1F.

Eecordem-se as defciências or#ani"at(rias e procedimentais do S1F incompatíveis com osvalores da participação democrática, da transparência, da livre discussão interna, $ue devemre#er as instituiç'es de #overnação #lobal.

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 Camb!m %oi re%erido o abandono do le#ado He\nesiano $ue esteve na base do sistema e aadesão incondicional e acrítica a um %undamentalismo de mercado.

F#ualmente relevante ! a vinculação estrita do S1F a um modelo dar]iniano de concorrênciaecon(mica, em $ue s( as empresas consideradas %ortes e aptas podem sobreviver.

l#uma doutrina alerta ainda para a dis%unção sist!mica $ue decorre do %acto de a#ências li#adas* %amília das aç'es Jnidas não terem minimamente em consideração os direitos econ(micos,sociais e culturais consa#rados em convenç'es internacionais celebradas sob a sua !#ide.

Para corri#ir estes de%eitos têm sido %eitas al#umas importantes propostas de nature"aor#ani"at(ria e substantiva. Ioseph /ti#li" preconi"a uma trans%ormação estrutural do S1F e doV1 $ue torne as instituiç'es plenamente representativas, democráticas, participadas,transparentes e abertas.

l!m disso, recomenda a adopção de políticas econ(micas e monetárias $ue combinem, de %orma4exível e #radualista, o e$uilíbrio orçamental, a estabilidade monetária, o crescimento econ(micoe a criação de empre#o, dando atenção *s condiç'es políticas, sociais e culturais dos di%erentesstados.

re%orma das instituiç'es de Vretton Xoods pode ter #randes implicaç'es ao nível da soberaniaecon(mica dos stados, atenuando a separação entre direito econ(mico e fnanceiro interno einternacional e entre estes e o direito internacional #eral.

necessidade de uma maior democraticidade interna do V1 e do S1F e de uma mais afnadasensibilidade * realidade concreta do desenvolvimento econ(mico e social e da protecção dosdireitos humanos no seio dos stados, não deixará de ter como conse$uência uma maiorpreocupação, por parte dessas instituiç'es, com o modo como os stados defnem as suasprioridades e condu"em a sua política econ(mica e fnanceira.

  Comrcio interncionl - Consi%er)es geris              

O direito do com!rcio internacional, uma parte inte#rante do direito internacional econ(mico,constitui um ponto de observação das relaç'es internacionais particularmente interessante. Porum lado, ele dá conta de uma dimensão hoje incontornável, $ue consiste no %acto de $ue acomunidade internacional ! caracteri"ada por um incontável n?mero de indivíduos e empresas$ue estabelecem entre si uma densa teia de relaç'es econ(micas e sociais.

Por outro lado, tem-se presente o modo como os stados %a"em uso das respectivas prerro#ativas

normativas e do seu estatuto jurídico internacional de independência e i#ualdade soberana paratutelar os interesses econ(micos privados dos seus cidadãos, com especial relevo para a$uelesdotados de uma maior capacidade de in4uenciarem o processo político.

tributação das importaç'es, atrav!s de pautas aduaneiras, ou imposição de restriç'es$uantitativas &$uotas) ou $ualitativas *s mesmas, a par da subvenção *s exportaç'es,constituem os principais mecanismos atrav!s dos $uais os stados procuram %avorecer osa#entes econ(micos $ue desenvolvem a sua actividade no seu territ(rio.

>e %acto, a participação dos stados nas relaç'es internacionais !, acima de tudo, %unção da sua

realidade política interna.

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o entanto, ! um %acto $ue da$ui decorrem importantes conse$uências no plano econ(mico esocial * escala #lobal, em virtude das enormes disparidades existentes entre os vários stados,*s $uais o direito internacional não pode permanecer alheio.

O acesso aos mercados internacionais !, para os stados menos desenvolvidos, uma condiçãoessencial de crescimento econ(mico e $uebra do ciclo vicioso de pobre"a e dependência.

>aí $ue a promoção da liberdade do com!rcio não possa desvincular-se de preocupaç'es dee$uidade a nível #lobal.

 Cradicionalmente, as $uest'es comerciais eram resolvidas de %orma bilateral, com base emtratados de ami"ade, com!rcio e nave#ação.

 Codavia, os modernos desenvolvimentos no sector fnanceiro, tecnol(#ico, dos transportese das comunicaç'es vieram aumentar exponencialmente a interdependência dos stados.

ssim se compreende $ue a política comercial internacional tenha procurado obter, de %orma#radual, a consa#ração jurídica de uma open door polic\, assente na diminuição das restriç'es aocom!rcio.

 Cem-se entendido $ue o com!rcio internacional ! indispensável * promoção da prosperidadeecon(mica e social e assume um ine#ável relevo político e cultural interno e internacional,en$uanto %actor de emancipação e aproximação dos povos.

/ubjacente a este entendimento, encontra-se a premissa, plenamente aceite pelo 0CC, nostermos da $ual a redução das barreiras comerciais permite a redução de outras barreiras

políticas, sociais e culturais $ue separam os povos.

B esta visão humanamente positiva e construtiva do com!rcio internacional $ue leva * valoraçãodo papel do 0CC e da O13. Fsto, para não %alar das or#ani"aç'es $ue, a nível re#ional, procurampromover o livre com!rcio.

! esta visão do com!rcio mundial $ue condu" al#uns autores * sua temati"ação no $uadro deum constitucionalismo jusinternacional #lobal, não estritamente econ(mico.

Y medida $ue se liberali"am as trocas, os e%eitos da concorrência econ(mica internacional podem

ser devastadores.

>aí $ue o com!rcio internacional não possa ser apenas %unção de objectivos econ(micos,devendo ser temati"ado * lu" de um en$uadramento não econ(mico mais vasto, sensível *snecessidades #lobais de justiça social e desenvolvimento.

O !ATT - Origem &istóric

necessidade de recolocar o com!rcio internacional sobre novas bases $ue possibilitassem aliberali"ação do com!rcio e dos investimentos levou * emer#ência do cordo 0eral sobre Cari%as e

3om!rcio. ste %oi ne#ociado em 598= e aplicado provisoriamente em 5986, antecipando acriação da Or#ani"ação Fnternacional de 3om!rcio 2 a $ual, sem o apoio do 3on#resso dos

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stados Jnidos, não che#ou a ser instituída, subsistindo o 0CC, a título provis(rio at! *emer#ência da O13, em 599A.

O 0CC %oi sendo enri$uecido atrav!s de sucessivas rondas ne#ociais 2 de entre as $uais a Eondado Jru#uai

&5967-5968) %oi sem d?vida a mais relevante 2 dando ori#em a um verdadeiro sistemamultilateral de com!rcio, o $ual tem conhecido um sucessivo alar#amento dos seus domínios.

ctualmente distin#ue-se entre o 0CC de 598=, de alcance mais restrito, e os acordos da Eondado Jru#uai, onde si incluem, principalmente, o 0CC de 5998 e os acordos sobre prestação deserviços e propriedade intelectual. o entanto, os acordos 0CC %ormam um s( bloco, com oprimeiro a inte#rar o se#undo.

o !ATT %e :;<=

Ob(ectivos 0un%mentis

intenção %undamental do 0CC consiste na redução de barreiras ao com!rcio entre stados, nopressuposto de $ue isso resultará na redução de outras barreiras entre os povos e na elevaçãodos níveis de vida e desenvolvimento pro#ressivo das economias das partes contratantes &art.ZZZKFQ5Qa) do 0CC).

esse sentido, tratava-se de normas $ue têm como principais destinatários os stados, $ue nãoas empresas privadas, visando disciplinar o exercício da respectiva %unção re#ulat(ria, mas $uetêm objectivos mais vastos, de alcance internacional.

O 0CC está na ori#em do $ue representa actualmente um dos ramos mais dinmicos e sensíveisdo direito internacional p?blico contemporneo.

base do sistema 0CCQO13 continua a ser o chamado 0CC de 598=, subsistindo como padrãobásico para a conduta comercial entre os stados no mbito da troca de mercadorias. ste entrouem vi#o em 598=, sendo um tratado semi-aberto 2 ao $ue Portu#al acedeu em 597:, pela via doarti#o ZZZFFF.

Fmporta tamb!m salientar $ue a 3omunidade uropeia, no exercício das suas competências emmat!ria comercial, participa no 0CC na posição jurídica dos seus stados membros.

Os primeiros arti#os do 0CC consa#ram os princípios básicos $ue devem re#er o com!rciointernacional, alicerçados nos valores de i#ualdade, reciprocidade e m?tua vanta#em 2 como oprincípio do tratamento di%erenciado mais %avorável dos países de desenvolvimento, o princípiodo con#elamento dos direitos aduaneiros e o princípio do tratamento nacional.

O acordo 0CC prevê ainda importantes restriç'es a estas normas primárias, como a cláusula desalva#uarda permitindo a imposição temporária de restriç'es *s importaç'es $ue causemprejuí"os s!rios aos produtos nacionais &art. ZFZ do 0CC), ou as normas em mat!ria de protecçãoda vida humana, animal e ve#etal, da protecção da propriedade intelectual ou de preservaçãodos recursos nacionais 2 subjacente * $ual está a reali"ação de uma %unção social e ambiental porparte do direito do com!rcio mundial.

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Eefra-se apenas $ue o 0CC admite a criação de uni'es aduaneiras e "onas de com!rcio livre, namedida em $ue as mesmas não contrariem os objectivos #lobais de liberali"ação comercial.

A Ron% %e >rugui

o Os objectivos %undamentais desta ronda de ne#ociaç'es comerciais multilaterais %oram

afrmados em 5967, consistindo, %undamentalmente, no apro%undamento do processoliberali"ador do com!rcio mundial e ordem * sua expansão, no re%orço do papel do 0CC tendocomo pano de %undo o aper%eiçoamento do sistema comercial multilateral e no aumento dacapacidade de adaptação do 0CC * evolução econ(mica internacional.

O !ATT %e :;;<

O 0CC de 5998 mant!m em vi#or o 0CC de 598=, com al#umas alteraç'es eesclarecimentos interpretativos. >esde lo#o, são %eitas al#umas substituiç'es terminol(#icas emvirtude da criação da O13.

O sentido e o alcance exacto do sistema 0CCQO13 permanece controvertido na doutrina e na

 jurisprudência. l#uns olham para ele como uma parte da constituição econ(mica #lobal.

Outros, mais modestamente, encaram-no como um conjunto de tratados-lei, visando estabelecerobri#aç'es jurídicas inte#rais, sufcientemente precisas para vincularem todos os stados partes.Sinalmente, uma outra perspectiva vê o sistema como um conjunto de tratados-contrato,ne#ociados de acordo com os princípios da reciprocidade e m?tua vanta#em, em $ue se visaasse#urar, a todo o tempo, o justo e$uilíbrio dos interesses em presença.

Jma outra $uestão controvertida di" respeito * relação entre os três pilares 0CCQ0C/QCEFP/,ne#ociados ao lon#o de d!cadas por f#uras com concepç'es muito di%erentes. Ora, ela não !expressamente resolvida, o $ue pode suscitar difculdades práticas.

Acor%o !AT4

Jm aspecto muito importante da ronda do Jru#uai consistiu na #enerali"ação do princípio daliberali"ação pro#ressiva, para al!m das trocas de mercadores, *s prestaç'es de serviços atrav!sda celebração do cordo 0eral sobre o 3om!rcio de /erviços &0C/), $ue entrou em vi#or em599A. >este modo, a cooperação comercial multilateral estendeu-se a um conjunto muitosi#nifcativo de actividades de ne#(cios no sector terciário.

;oje, o 0C/ reveste-se de um enorme si#nifcado, no actual contexto de aumento daimportncia do com!rcio de serviços para o crescimento e desenvolvimento da economiamundial.

Pense-se nos serviços fnanceiros, se#uros, construção, tecnolo#ias de in%ormação, turismo,transporte e comunicaç'es.

Acor%o TRIP4

Jm terceiro aspecto coberto pelas ne#ociaç'es do Jru#uai di" respeito * protecção dapropriedade intelectual no contexto da #lobali"ação. O relevo econ(mico e social #lobal destaproblemática prende-se com o %acto de os produtos com incorporação intensiva de propriedadeintelectual serem predominantemente produ"idos nos países desenvolvidos e, em maior medida,

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contra%eitos, sem sanç'es ade$uadas, nos stados em vias de desenvolvimento, com todosos prejuí"os daí decorrentes.

 Cendo em vista resolver estes e outros problemas, %oi celebrado um cordo sobre os spectos dos

>ireitos de Propriedade Fntelectual Eelacionados com o 3om!rcio &CEFP/), cujo objectivo consisteem estabelecer, no plano internacional, um standard mínimo ra"oável de protecção dapropriedade intelectual. Por um lado, incentivando a criação intelectual e artística &direitos deautor e conexos) e a invenção &direito das patentes).

Por outro, evitando $ue em nome dessa protecção se criem novos obstáculos ao com!rciole#ítimo, limitando os direitos exclusivos. Pretende, assim, e$uilibrar interesses diver#entes.

O acordo CEFP/ não tem sido isento de controv!rsias, notando-se em vários domínios uma certatensão entre os representantes do sector empresarial e da sociedade civil, com importantes

re%racç'es econ(micas e sociais. Y lu" destes con4itos, tende a #enerali"ar-se a ideia de $ue oacordo CEFP/ terá sido ne#ociado precipitadamente.

o A Orgni/)'o 2un%il %o Comrcio - Esttuto e orgni/)'o

a se$uência das sucessivas rondas de ne#ociaç'es do 0CC, com especial relevo para a Eondado Jru#uai, %oi criada, pelo acordo de 1arra$uexe de 5998, a O13, com sede em 0enebra, na/uiça.

sua criação representa um salto $ualitativo no direito internacional econ(mico, na medida em

$ue se eleva os es%orços de cooperação comercial multilateral a um nível mais elevado deinstitucionali"ação e juridici"ação.

O13 ! um sujeito de direito internacional dotado de personalidade jurídica e privil!#ios eimunidades %uncionais.

ntre os seus objectivos contam-se a melhoria dos padr'es de vida, o desenvolvimentoecon(mico e o aproveitamento efciente dos recursos, dando-se particular relevo ao empre#o, aoaumento do rendimento real e da procura e%ectiva e * produtividade. F#ualmente di#nos de notasão o desenvolvimento sustentável e a assistência aos países em vias de desenvolvimento, osmais vulneráveis na economia #lobal.

o mesmo tempo, a O13 pretende %ornecer o en$uadramento normativo-institucional para ane#ociação de acordos multilaterais de com!rcio, #arantir e administrar a sua aplicação,constituir um %(rum de discussão do com!rcio internacional e supervisionar as políticascomerciais nacionais.

O seu papel preponderante e central levam al#uns a adscrever-lhe uma supranacionalidade%uncional, salientando o mbito alar#ado do seu escopo e o carácter inte#rador das suas normas.

Estrutur e 0uncionmento

estrutura da O13 assenta, em primeira linha, na 3on%erência 1inisterial, no 3onselho 0eral eno /ecretariado. Y primeira compete o exercício das %unç'es da O13, desi#nadamente de todas

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as $uest'es abran#idas pelos acordos comerciais multilaterais, se nesse sentido %or solicitada porum membro. O se#undo desempenha, entre outras, as %unç'es de (r#ão de resolução de lití#ios ede exame das políticas comerciais.

a 3on%erência 1inisterial e no 3onselho 0eral, cada membro tem um voto. s decis'es serãooptadas

por maioria dos votos expressos. a prática, procura adoptar-se o princípio da decisão porconsenso, embora se admita a submissão das $uest'es a votação. insistência dos stadosmembros no princípio da unanimidade e do veto ! vista como um contraponto cosmopolítico *tendência para a juridici"ação do com!rcio internacional $ue se verifca no domínio da resoluçãode lití#ios, asse#urando o necessário e$uilíbrio, no seio da O13, entre política e direito.

O >irector-0eral e o pessoal do /ecretariado têm o estatuto de %uncionários internacionais e a suaactividade assume um carácter exclusivamente internacional, independente de $ual$uer 0overnoou autoridade estranha * O13.

>esta$ue ainda para a instituição de conselhos &aos $uais cabe supervisionar os acordoscomerciais multilaterais $ue f#uram no nexo 5T, o cordo 0C/ e o cordo CEFP/) e para acriação de comit!s especiali"ados &a $uem comete a verifcação da actuação dos membros docordo O13 e de supervisão das medidas por eles adoptadas de %orma a #arantir a suacon%ormidade com a$uele tratado).

o modo de %uncionamento da O13 têm sido apontadas defciências em tudo idênticas *s do V1e do S1F, como sejam a %alta de transparência dos processos de criação e aplicação de normas eimpermeabili"ação perante a opinião p?blica mundial e as O0Gs relevantes.

O sistem %e resolu)'o %e %is#uts     5reves nots &istórics

O 0CC de 598= tem uma lon#a tradição na resolução de disputas comerciais, assentandoinicialmente num sistema de consultas entre as partes contratantes para a apreciação eresolução ne#ociada ou mediada de con4itos, o $ual viria a evoluir para um modelo de resoluçãode con4itos compuls(rio, juridifcado e processuali"ado.

o entanto, tamb!m assim ele não %uncionou de %orma satis%at(ria.

     O mecnismo % O2C

Jma das mais importantes %unç'es levadas a cabo pela O13 consiste na resolução pacífca delití#ios comerciais. Crata-se a$ui de um importante mecanismo, na medida em $ue as disputassão encaminhadas para o sistema de resolução da O13 em moldes juridifcados.

stá-se tamb!m a$ui perante um dos mais si#nifcativos desenvolvimentos do direitointernacional, não isento de controv!rsia.

esta mat!ria, a O13 procura edifcar sobre os princípios e as soluç'es dos arti#os ZZFF e ZZFFF do0CC, tendo por fm %a"er imperar uma aborda#em jurídica, baseada na prima"ia do direito,assente na correcta e pronta interpretação e aplicação de acordos e compromissos e na procurade soluç'es e$uilibradas, satis%at(rias e mutuamente aceitáveis e vantajosas, de %orma a evitar$ue as disputas extravasem para os planos político e militar.

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O sistema de resolução de lití#ios da O13 ! considerado um elemento %ulcral da se#urança eprevisibilidade do sistema multilateral de com!rcio.

doutrina tende a minimi"ar os riscos de con4ito jurisprudencial entre este sistema e o CFI, namedida em $ue a$uele opera num subsistema muito especiali"ado do direito internacional.

  Ob(ecto                

O sistema de resolução de lití#ios da O13 tem uma nature"a compuls(ria e unifcada,abran#endo os acordos celebrados sob a !#ide da O13. Os tratados 0CCQO13, a despeito da suaunidade normativa, compreendem vários instrumentos jurídicos, em muitos casos comcalendari"aç'es específcas para cada stado em mat!ria de implementação.

cresce $ue neste mbito do direito do com!rcio internacional se colocam $uest'es de #randedifculdade, nomeadamente $uando as normas destes acordos entram em colisão umas com asoutras. O com!rcio mundial ! indissociável dos direitos humanos, da protecção do ambiente ou

da delimitação de %ronteiras, o $ue aumenta exponencialmente o risco de con4itos entre normasconvencionais na resolução de lití#ios na O13, de muito di%ícil solução, na medida em $ue se estáperante #rande"as incomensuráveis entre si.

  O 1rg'o %e Resolu)'o %e Lit+gios              

O OED tem como %unção aplicar as normas do 1ED e as disposiç'es de consulta e resolução delití#ios previstas nos acordos abran#idos. Pretende-se $ue a permanência e re#ularidade da suaactuação sejam #eradoras das necessárias previsibilidade, se#urança e confança no mbito docom!rcio internacional, e clarif$uem o $uadro normativo relevante, de %orma a evitar %uturoscon4itos. ntre outras coisas, compete-lhe criar pain!is $ue o assistam na reali"ação das suas

%unç'es e adoptar os respectivos relat(rios, bem como fscali"ar a execução das pr(prias decis'ese recomendaç'es.

3abe-lhe i#ualmente adoptar os Eelat(rios do ^r#ão de Eecurso. O OED deve in%ormar osconselhos e comit!s pertinentes da O13 sobre o andamento dos lití#ios relevantes

  Proce%imento              

O objectivo do procedimento de resolução de con4itos ! obter uma solução positiva para o lití#io,privile#iando a ne#ociação de boa %! e o acordo m?tuo. F#ualmente importante ! a supressão dasmedidas cujo m!rito ! $uestionado &art. @.LQ= do 1ED). O processo inicia-se com a apresentaçãode uma $ueixa. Cêm le#itimidade processual activa os stados-membros, embora a mesma possa

ser reconhecida * 3omunidade uropeia e a territ(rios delimitados.

Por via de re#ra, $uem ale#a uma in%racção deve ale#ar as provas correspondentes, de acordocom o princípio #eral de $ue $uem %a" uma $ual$uer afrmação processual deve corroborá-la./empre $ue se verif$ue uma violação das obri#aç'es previstas nos acordos abran#idos, a acção! considerada como um caso de anulação ou prejuí"o, havendo lu#ar a reparação &art. @.LQ6 do1ED). ste aspecto ! importante na medida em $ue se presume $ue a existência de um e%eitone#ativo num stado parte tem por base a violação de obri#aç'es, cabendo o (nus da provadessa correlação, não a $uem ale#a o prejuí"o, mas ao stado contra o $ual ! apresentada a$ueixa.

Consults

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    s consultas &art. 8.L do 1ED) são pedidas pelo stado $ue se $ueixa de um prejuí"o evisam possibilitar a discussão do problema com o stado ale#adamente responsável pelo mesmo.Os pedidos são notifcados * OED e aos conselhos e comit!s relevantes. Codos os stados partesdevem estar receptivos a entrar prontamente em consultas $uando são solicitados para isso,devendo pautar-se pelo princípio da boa %!, no sentido da obtenção de uma solução satis%at(ria

da $uestão. s consultas são confdenciais, não prejudicando os direitos das partes nas %asesprocessuais subse$uentes. xistem casos ur#entes, em $ue são encurtados os pra"os pertinentese acelerado o processo. B admitida a participação no processo de stados $ue, não sendodirectamente partes no lití#io, ale#uem ter um interesse comercial no mesmo.

5ons o0+cios3 me%i)'o e concili)'o

    Os bons o%ícios, a mediação e a conciliação &art. A.L do 1ED) são processos voluntários econsensuais de resolução de lití#ios, $ue podem ser desencadeados e extintos a $ual$uermomento pelas partes. stas t!cnicas pretendem miti#ar a nature"a essencialmente jurídica e

 jurisdicional destes mecanismos de resolução de disputas, dando al#uma mar#em de manobra *diplomacia. Y semelhança das consultas, os mesmos estão sujeitos aos princípios da boa %! e daconfdencialidade. 3om o acordo das partes, estes processos podem prosse#uir paralelamente ao%uncionamento de um painel. O director #eral da O13 encontra-se disponível para, a todo otempo, o%erecer os seus bons o%ícios, intervir como mediador ou %acilitar a conciliação entre aspartes na disputa.

Pinis 

    Os pain!is &art. 5:.L do 1ED) visam assistir o OED no desempenho das suas atribuiç'es,

cabendo-lhes analisar objectivamente as $uest'es $ue lhes %orem colocadas e desse modopreparar as recomendaç'es e decis'es do OED.

  constituição de um painel pode ser pedida pela parte $ueixosa se um stado parte se recusa   

a entrar em consultas, se as consultas não produ"em e%eitos no pra"o de 7< dias desde arecepção do respectivo pedido, ou se os procedimentos voluntários de resolução de lití#iosche#arem ao seu termo &art. 8.LQ@Q= e A.LQ@ do 1ED). $uele pra"o temporal pretende tamb!m#arantir um tempo ade$uado para se conse#uir resolver um lití#io, embora não impeça ambas aspartes de acordarem mais cedo a constituição de um painel &art. A.LQA do 1ED).

  O pedido ! %ormulado por escrito, de modo especi%icado e %undamentado, e ! diri#ido ao OED   

$ue deve dili#enciar no sentido da rápida criação do painel, tendo em conta a vontade da parte

$ueixosa &art. 7.LQ5Q: do 1ED).

    O princípio da economia processual mani%esta-se no caso em $ue hajam vários pedidosrelativamente a uma mesma $uestão, em $ue se prevê a possibilidade de constituição de um?nico painel, devendo optar-se por essa solução sempre $ue seja viável, salva#uardando sempreos direitos de todas as partes envolvidas &art. 9.LQ5Q: do 1ED). O OED pode recusar a criação deum painel, mas deve %a"ê-lo por unanimidade &art. 7.LQ5 do 1ED).

  Os pain!is são compostos por @ ou A pessoas, $uali%icadas e independentes, seleccionadas   

pelo /ecretariado e propostas *s partes a partir de uma lista indicativa elaborada com base emcrit!rios como a %ormação, a experiência na mat!ria do 0CC e os conhecimentos científcos e

t!cnicos demonstrados &art. 6.L do 1ED).

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  O procedimento nos pain!is está sujeito aos princípios da ade$uação %ormal e temporal da   

tramitação, do contradit(rio e da economia e efcácia processual &art. 5:.L do 1ED).

    Os pain!is têm direito de recolher in%ormaç'es e conselhos t!cnicos e solicitar parecerespericiais e científcos junto de $ual$uer indivíduo ou or#anismo, devendo notifcar o stadomembro em cuja jurisdição pretende obter in%ormaç'es. &art. [email protected] do 1ED).

    Os pain!is desempenham uma importante %unção de harmoni"ação e concordncia práticaentre os interesses nacionais e os objectivos de aplicação uni%orme das normas 0CCQO13.

Decis'o

  s deliberaç'es dos pain!is são con%idenciais, abertas *s partes e contradit(rias &art. 58.L do   

1ED).

    Os pain!is procurarão encontrar uma solução mutuamente aceitável para as partes, casoem $ue o relat(rio se limitará a descrever brevemente o caso e a relatar a solução $ue %oiadoptada &art. 5:.LQ= do 1ED).

    ão tendo sido alcançada uma solução mutuamente satis%at(ria, o painel reporta porescrito as suas conclus'es sobre as $uest'es de direito &a adscrição de e%eitos jurídicos a umadeterminada realidade %actual) e de %acto &a determinação da realidade dos actos e eventos domundo externo) ao OED e %ormula recomendaç'es %undamentadas &art. 5:.LQ= do 1ED).

    O projecto de relat(rio ! aberto * discussão e *s observaç'es das partes, na chamada %aseinterm!dia de revisão, se#uindo-se a apresentação do relat(rio fnal &art. 5A.L do 1ED).

  /( depois da análise do relat(rio pelos membros, ! $ue este será submetido * apreciação do   

OED, $ue o analisa num procedimento aberto * participação das partes. Fsto, sem prejuí"o derecurso para o ^r#ão de Eecurso. decisão fnal caberá ao OED, tradu"indo-se na adopção porconsenso do relat(rio ou na rejeição &art. 57.L do 1ED).

Recurso 

    o ^r#ão de Eecurso, criado pelo OED, compete apreciar os recursos interpostos dadecisão proposta pelo painel, limitado a $uest'es de direito, cabendo-lhe fxar os trmites dorespectivo processo em consulta com o Presidente do OED e o >irector 0eral &art. 5=.LQ5Q7Q9 do

1ED). doutrina sublinha as suas características acentuadamente jurisdicionais, pr(ximas deum tribunal superior com competência especiali"ada.

  le#itimidade processual activa para recorrer de um relat(rio de um painel está circunscrita   

*s partes no lití#io, com exclusão de terceiros, embora estes, se tiverem ale#ado um interessesubstancial, possam apresentar observaç'es junto do OE.

    O recurso limita-se *s $uest'es de direito re%eridas no relat(rio do painel e *sinterpretaç'es jurídicas aí desenvolvidas.

    O processo de recurso obedece a re$uisitos temporalmente ade$uados, se#uindo umatramitação marcada pela confdencialidade.

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    s decis'es de recurso podem consistir na ratifcação, alteração ou revo#ação dasconclus'es jurídicas do painel, devendo, em re#ra, ser adoptadas pelo OED e aceitesincondicionalmente pelas partes em lití#io.

  O OED pode recusar a decisão do OE, mas apenas por consenso. sta re#ra do consenso   

ne#ativo pretende impedir $ue uma das partes blo$ueie o processo de decisão.

    $ui reside uma di%erença %undamental relativamente ao sistema do 0CC de 598=, com asua exi#ência de consenso positivo. s decis'es do OE têm e%eitos inter partes, embora acabempor extravasar o caso concreto, na medida em $ue constituem %onte auxiliar de direitointernacional na resolução de casos subse$uentes.

    actividade do OE tem sido ensombrada por críticas, $uer dos de%ensores do mercadolivre, $uer dos $ue se op'em * #lobali"ação.

  o entanto, deve ser salientado o papel $ue uma instncia internacional independente pode   

ter na protecção do com!rcio internacional contra os #rupos de interesses especiais $ue nele semovimentam. F#ualmente criticada tem sido a aceitação pelo OE de cartas amicus curiae,apresentadas por particulares, com base em consideraç'es #erais de direitos humanos eparticipação democrática, * mar#em de $ual$uer previsão normativa nesse sentido.

    m %ace do carácter contratual dos tratados 0CCQO13, o OE deve adoptar uma met(dicade tipo textualista, ori#inalista e interpretativista, abstendo-se de criar novas obri#aç'es jurídicaspara al!m das $ue nele se encontram expressamente previstas.

E"ecu)'o % %ecis'o

s decis'es dos pain!is e do OE dependem da adopção %ormal pelo OED, embora, na prática, asmesmas assumam uma nature"a materialmente jurisdicional. s decis'es do OED sãoexecut(rias, não estando dependentes do pr!vio assentimento da 3on%erência 1inisterial, comosucedia no sistema 0CC, retirando assim ao stado prevaricador a possibilidade de vetar assanç'es $ue contra si tenham sido impostas. Fsto, sem prejuí"o da possibilidade de a$uelas seremsuperadas por uma interpretação autêntica das normas da O13, hip(tese $ue a doutrinaconsidera pouco provável.

O carácter imediatamente vinculativo das decis'es do OED aconselha uma especial prudência econtenção na interpretação de normas ambí#uas ou imprecisas, de %orma a não perturbar o

consenso e os compromissos existentes. viabilidade do sistema de resolução de lití#ios da O13depende, acima de tudo, da consistência e previsibilidade das decis'es e do pronto e ade$uadocumprimento das mesmas pelos stados.

Para al!m de se fxar um pra"o para essa adopção, estabelece-se um mecanismo de fscali"açãoda execução das recomendaç'es e decis'es. O mesmo tem de ir mani%estando as suas intenç'esem mat!ria de cumprimento da decisão, devendo, posteriormente, ir dando conta dos pro#ressosreali"ados. o entanto, não existe um (r#ão $ue #aranta a execução coerciva da decisão. o casode incumprimento, prevê-se a possibilidade de adopção, por parte do stado lesado, de medidasde compensação e de suspensão de concess'es, como %orma de sanção ou retaliação.

ste mecanismo, considerado de ultima ratio, tem sido empre#ue nal#uns casos, embora lhe seja

apontada a susceptibilidade para distorcer ainda mais o com!rcio internacional. >aí $ue se

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advo#uem outras alternativas, como os pa#amentos pecuniários ou o aumento das concess'escomerciais.

A Ron% %e Do&

 m :<<5, em >oha, no Uatar, teve lu#ar a FK 3on%erência 1inisterial. Soi então aprovada uma

declaração em $ue, ao mesmo tempo $ue se reafrma o compromisso com os princípios da O13 ea confança nos e%eitos sociais e econ(micos positivos do com!rcio internacional, ! recomendadaa abertura de uma nova ronda de ne#ociaç'es abran#endo o apro%undamento dos tratados já emvi#or e o alar#amento da liberali"ação comercial a novos sectores. F#ualmente sublinhada ! anecessidade de uma estreita cooperação entre a O13 e instituiç'es como o S1F ou o V1. Por!m,as ne#ociaç'es conheceram momentos atribulados, pondo em causa as possibilidades deapro%undamento.

Os %ireitos &umnos e o !ATT?O2C

O mercado concorrencial libre de distorç'es procura o e$uilíbrio e a concordncia prática entreinteresses de produtores e consumidores. O objectivo da liberdade econ(mica consiste em%acilitar a poupança, o investimento, a divisão do trabalho e a a$uisição e alienação de bens eserviços, de modo a possibilitar o completo desenvolvimento da personalidade e a promoção dosinteresses individuais e colectivos.

esta ambiência, a relação entre os direitos humanos e o com!rcio internacional ! perturbada porum complexo ciclo vicioso. Por um lado, a pobre"a dos indivíduos e dos stados impede oexercício e a protecção de direitos humanos.

Por outro lado, o não exercício e a %alta de protecção dos direitos humanos constitui um %actor de

permanência da pobre"a. tentativa de romper este ciclo $ue, de uma %orma ou de outra, vem condu"indo a defciências#raves na e%ectivação dos direitos humanos, ! tida como um dos maiores desafos $ue a O13en%renta.

/e ! certo $ue a maioria dos seus membros subscreveu os Pactos Fnternacionais da OJ sobredireitos humanos, tamb!m o ! $ue estes instrumentos se mostram incapa"es de #arantir umaprotecção ade$uada. um contexto em $ue a #lobali"ação da economia p'e em evidência asdesi#ualdades $ue caracteri"am as relaç'es econ(micas na actualidade, a credibilidadeinternacional da O13 depende lar#amente da sua capacidade de, a par da racionalidade eefciência econ(micas, reali"ar valores não econ(micos, como a le#itimidade democrática, a

 justiça social, os direitos humanos e a protecção do ambiente.

Os direitos humanos não são expressamente re%eridos no sistema do 0CCQO13, embora possamser incorporados em al#umas das suas disposiç'es. Jm dos problemas $ue a introdução datemática dos direitos humanos na re#ulação internacional do com!rcio mundial suscita di"respeito ao peri#o de a mesma ser utili"ada para justifcar %ormas proibidas de proteccionismo,tanto pelos países desenvolvidos &pelo risco de se restrin#ir a importação de produtos dos paísessubdesenvolvidos ale#ando o incumprimento de standards laborais mínimos, etc.), como pelosem vias de desenvolvimento &pelo risco de invocação abusiva da necessidade de prote#er aprodução local para restrin#ir as importaç'es de países desenvolvidos).

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 >TILI@ABO DO4 E4PAO4 INTERNACIONAI4

     Consi%er)es geris - Os es#)os subtr+%os soberni est%ul

    Jm dos aspectos de especial interesse para a comunidade internacional #lobalmenteconsiderada di" respeito aos desafos colocados pela #estão colectiva dos espaços subtraídos *

soberania estadual.

    Sala-se, evidentemente, de espaços como o alto mar e %undos marinhos, o espaço a!reointernacional, o espaço extra-atmos%!rico e a ntártida.

    Jma das $uest'es $ue imediatamente se suscita prende-se com a necessidade dearticulação dos mesmos com outros espaços, recondu"íveis * soberania estadual, como o marterritorial e á#uas interiores, a plata%orma continental, a "ona contí#ua, a "ona econ(micaexclusiva e o espaço a!reo nacional.

  O direito internacional clássico sur#e especialmente apetrechado para a resolução dos   

problemas $ue se colocam nesta sede.

    o entanto, os desenvolvimentos mais recentes apontam para a emer#ência dare#ulamentação internacional da utili"ação destes espaços, com particular incidência emdomínios como os transportes e comunicaç'es.

    necessidade desta re#ulamentação %undamenta-se pela necessidade de resolvercon4itos de interesses, de al#uma complexidade, nomeadamente entre a protecção do ambientee a actividade piscat(ria, entre esta e a nave#ação internacional, entre utili"aç'es civis eutili"aç'es militares dos espaços e entre a exploração da plata%orma continental e colocação decondutas e cabos submarinos.

    ste campo problemático ! particularmente ilustrativo das alteraç'es paradi#máticas a$ue se assiste no direito internacional contemporneo, na medida em $ue nele a4ora umparadi#ma re#ulat(rio orientado para a comunidade e não para os stados.

  Tenttivs %e com#reens'o conce#tul              

o Don#o vai o tempo em $ue a doutrina do direito internacional olhava para os espaçossubtraídos * soberania estadual a partir da cate#oria jusprivatística de res nullius.>i%erentemente, o en$uadramento %undamental $ue tem servido de base * conceptuali"ação da#estão dos espaços internacionais tem sido dado, desde a d!cada de 6< do s!culo ZZ, pela noçãoor#ani"adora de desenvolvimento sustentado. partir dela, a doutrina tem procuradodesenvolver al#uns modelos te(ricos para conceptuali"ar os espaços internacionais.

o Jm dos modelos avançados ! o da teoria do domínio p?blico internacional, o $ual sublinhaa a%ectação internacional dos espaços a usos de interesse comum, mas $ue não tem tidoacolhimento na jurisprudência internacional.

o Jm outro modelo avançado pela doutrina ! o $ue parte da noção de interesse dahumanidade no seu todo, o $ual tem a sue %avor o %acto de se tratar de uma %(rmula comconsa#ração em textos jurídicos internacionais, ao mesmo tempo $ue pressup'e um princípio deutili"ação pacífca.

o Jm outro ainda arranca da ideia de patrim(nio comum da humanidade, ao pretendercon%ormar positivamente o estatuto dos espaços internacionais, assim precludindo a sua

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apropriação unilateral 2 mas, apesar das virtualidades do seu conte?do, ainda ! cedo para seconsiderar $ue se trata de uma noção de ius co#ens.

     A emerg$nci % govern)'o globl

o Fndependentemente da doutrina $ue venha a prevalecer, certo ! $ue neste domínio setorna cada ve" mais %re$uente a re%erência a al#umas entidades jurídico-internacionais com%unç'es de re#ulação e supervisão, realidade $ue exprime a$uilo $ue a doutrina temcaracteri"ado como a emer#ência da #lobal #overnance. ssim ! em virtude da nature"a de bemp?blico dos espaços internacionais e das conse$uências daí resultantes. a medida em $ue adevida preservação destes espaços pode ser usu%ruída de %orma indivisível por todos, sem$ual$uer exclusão, existe um %orte incentivo, por parte de cada stado, no sentido de minimi"ar asua contribuição para esse objectivo e de maximi"ar a contribuição dos outros.

o Fsso resulta do %acto de $ue a preservação dos espaços internacionais ! conse#uida a umcusto fxo, independentemente do n?mero de stados $ue dela venha a usu%ruir. ste %en(meno,com especial relevncia no direito internacional do ambiente, está na base da tendência actualde criação de entidades re#uladoras * escala #lobal, *s $uais caberia a %unção de %a"er aplicar asnormas internacionais relevantes, contrariando as press'es dos stados e dos #rupos deinteresses internacionais &ex.+ aviação civil, petrolí%eras, armadores).

o Codavia, existe uma outra tendência, al#o contradit(ria com a primeira, no sentido de umentendimento minimalista do papel da$uelas entidades re#uladoras. >isso ! revelador o recursoa tratados internacionais de en$uadramento, limitados ao estabelecimento de princípios #erais,bem como de normas de so%t la], redu"indo o campo de manobra da re#ulação internacional.

sta orientação %avorece a utili"ação dos preços como mecanismos de incentivo, juntamente coma criação e livre transacção de direitos.

o #overnação #lobal passa tamb!m pela actuação concertada e colaborante entre asentidades jurídico- internacionais e as autoridades de direito interno, e entre estas e os váriosactores sociais. m muitos aspectos, o desenvolvimento da #overnance b\ net]orHobri#a * reconceptuali"ação e ao 8A redimensionamento da noção de soberaniaestadual, pois $ue, com esta ideia de N#overnação se pretende tradu"ir a erosão das barreirastradicionais.

o terminar, um dos maiores e mais di%íceis desafos da #overnação #lobal consiste naprotecção dos interesses da comunidade internacional no seu todo.

     O regime %os es#)os interncionis

O lto mr

o O mar defne-se #eralmente como o conjunto dos espaços de á#ua sal#ada emcomunicação livre e natural. O alto mar propriamente dito ! delimitado a partir da consideraçãode todas as partes do mar não incluídas na "ona econ(mica exclusiva, no mar territorial, nas

á#uas interiores ou nas á#uas ar$uipelá#icas &art. 67.L da 3>1).

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o ote-se, por!m, $ue certos mares %echados têm re#imes pr(prios, $ue vão desde aconsideração como á#uas interiores at! a re#imes internacionais sui #eneris na $ualidade deNmar privado &arts. 5::.L e 5:@.L, da 3>1).

o o $ue di" respeito ao mar internacional propriamente dito, a sua disciplina jurídicacaracteri"a-se hoje pelo princípio da utili"ação para fns pacífcos, pela proibição de apropriaçãoestadual e pela #arantia de uma liberdade internacionalmente re#ulada &arts. 66.L e 69.L da3>1).

o Desenvolvimento &istórico %o regime (ur+%ico

O re#ime jurídico-internacional do alto mar durante a vi#ência do modelo de Keste%ália assentou,#lobalmente, na prevalência do princípio da liberdade dos mares de%endida por ;u#o 0r(cio, em57<9, $ue compreende o alto mar como res communis omnium. isto consistia a doutrina do

mare liberum, %ormulada em oposição * tese sustentada pelas Fnter 3oaetera, do Papa lexandreKF &589@), e acolhida pelo Cratado de Cordesilhas, celebrado entre Portu#al e spanha, $ueassentava na pretensão de um direito divino de utili"ação do mar insusceptível de $ual$uercontestação.

abertura dos mares %oi uma das pedras de to$ue da reconceptuali"ação das relaç'esinternacionais n se$uência da Ee%orma Protestante e da superação do ideal teol(#ico-político daEespublica 3hristiana. s potências protestantes recusavam, liminarmente, $ual$uer repartiçãodas terras e dos mares operada pelo /umo Pontífce.

cresce $ue a doutrina do mare liberum %oi i#ualmente mobili"ada contra a tese do Oceanus

britanicus sustentada por Iohn /elden em 57@A, %avorecendo as pretens'es do monarca in#lês3arlos F.

o entanto, apesar de sustentada em ideais universalistas e racionalistas de direito natural, averdade ! $ue, na prática, a doutrina do mare liberum %avorecia as aspiraç'es de um conjuntorestrito de potências navais europeias. mesma consolidou-se como princípio de direitoconsuetudinário, tendo obtido concreti"ação pro#ressiva atrav!s de convenç'es internacionais,devendo salientar-se a 3onvenção de 0enebra de 59A6 e a 3onvenção de 1onte#o Va\ de 596:.

emer#ência do direito convencional não eliminou a permanência do direito consuetudinárioneste domínio, verifcando-se actualmente a coexistência dos dois tipos de re#imes.

O re#ime actual do direito do mar assenta na distinção entre mar territorial e alto mar,consolidada a partir do s!c. ZKFFF com o prop(sito %undamentante de proceder * harmoni"ação deinteresses entre stados costeiros e potências navais, desi#nadamente na conservação eexploração dos recursos o_shore, na #arantia da se#urança externa e na protecção do ambiente,e entre estes stados e a necessária preservação de bens %undamentais da comunidadeinternacional no seu todo.

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esta lu", embora o mare liberum continue a ser o princípio %undamental neste domínio, omesmo está lon#e de ser acolhido de %orma irrestrita e incondicional. ;á hoje a plena consciênciade $ue tal solução 87 acabaria por %a"er dele um princípio meramente %ormal, ao serviço daspotências navais e %avorável * adopção de comportamentos abusivos &ex.+ pirataria, sobre-pesca,tráfco de pessoas). >e resto, isso seria mais do $ue problemático no contexto do actual

desenvolvimento tecnol(#ico $ue %avorece a exploração massiva dos recursos marinhos e apoluição do ambiente.

o actual re#ime, o princípio do mare liberum sur#e necessariamente reconceptuali"ado de %ormaa possibilitar a democrati"ação do direito do mar. ote-se $ue a liberdade dos mares sempreso%reu al#umas compress'es com a demarcação de "onas reservadas, como sucedeu,nomeadamente, com as "onas aduaneiras da lei seca, as "onas de se#urança durante con4itosarmados, as "onas de controlo, as "onas de manobras militares e as "onas de ensaios de armasnucleares.

;oje, as principais linhas de orientação do re#ime jurídico do mar movimentam-se no sentido deuma repartição nacionalista dos oceanos, do re%orço da posição dos stados costeiros, dainternacionali"ação do leito e do subsolo do alto mar e da afrmação dos espaços internacionaiscomo patrim(nio comum da humanidade. F#ualmente di#na de nota ! a prima"ia concedida aodever de cooperação internacional entre os stados.

o As liber%%es %o lto mr

Os aspectos mais importantes do re#ime jurídico do alto mar consistem num conjunto deliberdades %undamentais $ue lhe andam associadas. s mesmas encontram-se hoje disciplinadas,nos seus aspectos %undamentais, na 3>1 &arts. 67.L e ss). ntende-se $ue o seu exercício devesubordinar-se aos princípios da i#ualdade soberana dos stados e do respeito, em termosra"oáveis, pelos interesses dos stados.

Liber%%e %e nveg)'o

    liberdade de nave#ação apresenta um carácter universal, aplicando-se a todos osstados, costeiros ou sem litoral, e a todas as embarcaç'es ou navios &art. 9<.L 3>1). la implicauma tare%a #lobal de planifcação da radionave#ação marítima, levada a cabo sob a !#ide daJnião Fnternacional das Celecomunicaç'es.

  liberdade de nave#ação tradu"-se na ausência de título $ue le#itime a intercepção por um   

stado de um navio com o pavilhão de outro stado %ora do mar territorial e da "ona econ(micaexclusiva, salvo em caso de #uerra. >i%erentemente, um navio sem pavilhão pode ser abordadoem alto mar. >o mesmo modo, ela re$uer a adopção, por parte dos stados, de medidas $ue%acilitem o trá%e#o marítimo.

    >o re#ime internacional do direito do mar resultam, para os stados, deveres em mat!riade re#isto, jurisdição, #arantia da se#urança &art. 98.L da 3>1), bem como o dever deprocederem * defnição de re#ras de atribuição de um pavilhão, assentes num crit!rio deconexão e%ectiva, ou vínculo substancial, da embarcação com o stado da nacionalidade &arts.95.L e 9:.L da 3>1).

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  $ui se encerra uma proibição de pavilh'es de conveniência, a $ual está lon#e de ter e%eitos   

práticos. Prevê-se um estatuto especial para os navios arvorando a bandeira das aç'es Jnidasou das suas a#ências especiali"adas e da #ência Fnternacional da ner#ia t(mica &art. [email protected] da3>1).

  >eve sublinhar-se, neste contexto, o princípio da subordinação dos navios * jurisdição   

exclusiva de um stado, a $uem cabe a aplicação das normas de direito interno e internacionalrelevantes, e a imunidade absoluta dos vasos de #uerra e dos navios de stado, mais uma dasprerro#ativas da soberania estadual &arts. 9A.L e 97.L da 3>1).

Liber%%e %e #esc

Uuanto * liberdade de pesca &arts. 6=.LQ5Qe) e 557.Lss da 3>1), o seu relevo econ(mico vital paraos di%erentes stados ! evidente. o entanto, tamb!m se compreende $ue a mesma surja hojesi#nifcativamente limitada pela necessidade de cooperação internacional na preservação dasesp!cies e da obtenção do máximo rendimento sustentado das populaç'es piscícolas, de acordocom os princípios da precaução e da ordenação. Para al!m da f#ura da ` &arts. A7.LQ5 e 75.Lssda 3>1), a liberdade de pesca encontra-se hoje subordinada ao interesse objectivo deconservação e #estão dos recursos vivos do alto mar, com particular relevo para os esto$uesmi#rat(rios.

>a$ui resulta, por um lado, o dever estadual de repressão de condutas predat(rias pelos seusnacionais, e, por outro, o dever de coordenação internacional na conservação dos recursos vivos&arts. 55=.L e 556.L da 3>1).

Liber%%e %e instl)'o %e cbos e %uctosEelativamente * liberdade de instalação de cabos de telecomunicaç'es e ductos nos domínios dotransporte de petr(leo e #ás natural, o seu re#ime jurídico encontra-se presentemente previstona 3>1 &arts. 6=.LQ5Qc) e 55:.L da 3>1). í se procedeu * consolidação do re#ime existente, nosdomínios convencional e consuetudinário.

>eve notar-se a sua aplicação por analo#ia aos t?neis submarinos. os stados incumbe arepressão de actos de vandalismo, ao mesmo tempo $ue sobre eles impende o dever de punirestes actos atrav!s do direito interno. 3ompete-lhes ainda preservar os cabos e ductos jáexistentes e não impedir a sua reparação &arts. [email protected] e =9.LQA da 3>1).

Liber%%e %e investig)'o cient+*c

ntre as liberdades do alto mar consta ainda a liberdade de investi#ação científca &art. 6=.LQ5Q%)da 3>1). Crata-se de uma liberdade $ue assiste a todos os stados, independentemente da suasituação #eo#ráfca, bem como *s or#ani"aç'es internacionais, com competências neste domínio&art. :@6.Lss da 3>1). 3>1 considera $ue a investi#ação científca deve ser promovida e%acilitada pelos actores internacionais relevantes. mesma deve ser harmoni"ada com os direitose deveres dos stados consa#rados na 3>1, não podendo ser injustifcadamente restrin#idapelos direitos do stado costeiro sobre a plata%orma continental &art. =6.L da 3>1).

investi#ação científca deve ser pacífca, cientifcamente apropriada e le#ítima, não intrusivanas utili"aç'es le#ítimas do alto mar e ami#a da preservação do ambiente marinho, não podendo

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constituir %undamento de $ual$uer reivindicação sobre $ual$uer parte do meio marinho ou dosseus recursos &art. :8<.L da 3>1).

Liber%%e %e sobrevoo

Jma outra liberdade do alto mar ! a liberdade de sobrevoo &art. 6=.LQ5Qb)), a $ual re4ecte umprincípio %undamental de re#ulação da nave#ação a!rea. m ri#or, trata-se de uma actividade$ue não implica a utili"ação do alto mar.

Restri)es s liber%%es %e lto mr

s liberdades do alto mar estão sujeitas a várias restriç'es, cuja e%ectivação se encontra li#adaao reconhecimento de um conjunto de competências estaduais extraterritoriais no alto mar. smesmas prendem-se com a necessidade de combater a utili"ação deste espaço para a reali"açãode actos ilícitos, como o tráfco de escravos ou a pirataria &arts. 5<5.L ss 3>1).

este domínio, os stados são chamados a actuar como a#entes ao serviço da comunidadeinternacional no seu todo, sendo-lhes #arantidos vários direitos extraterritoriais de intervenção.

B o $ue sucede, nomeadamente, com os direitos de reconhecimento e de visita por vaso de#uerra, e de perse#uição a $uente &art. 555.L 3>1), no caso de suspeita de tráfco de escravos ede pirataria ou de suspeita ou verifcação de comportamentos ilícitos. F#ualmente di#nos de notasão os direitos de repressão de crimes contra o ambiente e de emiss'es piratas de rádio etelevisão, bem como de or#ani"ação de exercícios aeronavais em alto mar.

o A Orgni/)'o 2r+tim Interncionl

o utili"ação dos espaços internacionais ! cada ve" mais objecto de uma #estãointernacionali"ada. esta linha, a re#ulação da utili"ação do mar internacional encontra-sedependente da O1C, uma a#ência das aç'es Jnidas, criada em 5986 e cujas %unç'es consistemno apoio t!cnico e na cooperação com o desenvolvimento de standards de nave#ação ese#urança. 3ompete-lhe i#ualmente proceder * supervisão e coordenação da nave#ação e docom!rcio marítimos, bem como * supervisão da implementação da 1EPOD.

  A 9re              

o Delimit)'o e regime (ur+%ico

o área compreende o leito do mar, os %undos marinhos e o seu subsolo, para al!m doslimites da jurisdição nacional &arts. 5.L e 5@@.Lss da 3>1).

o Ou seja, a sua delimitação considera o %undo dos mares e dos oceanos, para al!m dolimite da plata%orma continental. Os instrumentos normativos $ue defnem a sua disciplina jurídica são a 3>1, como premissa maior da $ual se encontra a $ualifcação da área e dos seusrecursos como patrim(nio comum da humanidade &art. [email protected] da 3>1).

o >a$ui resultam importantes corolários, como a subtracção * soberania estadual, aproibição de apropriação territorial, a protecção da vida humana, a protecção do ambiente e a

utili"ação em bene%ício da humanidade.

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o ssa utili"ação deve subordinar-se a crit!rios de interesse #eral e de promoção emanutenção da pa", da justiça, da se#urança, do desenvolvimento econ(mico e social, dacooperação internacional e da compreensão m?tua &arts. 5@=.Lss, 58<.Lss e 5A<-Lss da 3>1).

o disciplina jurídica deste espaço passa ainda pela sua #estão internacionali"ada einstitucionali"ada, com vista a uma maior efcácia e coordenação nos domínios da protecção dosrecursos e do ambiente.

o ssim, a actividade na área, compreendendo todas as actividades de exploração eaproveitamento dos seus recursos, encontra-se subordinada a importantes limitaç'es.

o 3>1 prevê ainda uma obri#ação estadual de controlo das actividades na áreadesenvolvidas pelos seus nacionais, extensivo, com as devidas adaptaç'es, *s or#ani"aç'esinternacionais, cujo incumprimento resulta em responsabilidade internacional por danos daí resultantes &art. [email protected] da 3>1).

o A Autori%%e Interncionl %os 8un%os 2rin&os

o Y utoridade, criada pela 3>1 e composta por todos os stados partes, cabe elaborar asnormas, re#ulamentos e procedimentos de exploração dos recursos e fscali"ar o seucumprimento, bem como emitir as necessárias autori"aç'es, actuando para esse e%eito em nomeda humanidade &art. 5A7.L ss da 3>1).

o estes termos, existe a possibilidade de a ssembleia da utoridade solicitar parecer *3mara de 3ontrov!rsias dos Sundos 1arinhos do Cribunal Fnternacional do >ireito do 1ar sobre$uest'es ou propostas $ue suscitem problemas de con%ormidade com as disposiç'es da 3>1 &art.5A9.LQ5< da 3>1).

o >eve sublinhar-se a importncia dos valores da imparcialidade e não discriminação naactuação da utoridade, decorrente do princípio da i#ualdade soberana dos stados em $ue amesma se baseia, bem como do patrim(nio comum da humanidade ao serviço do $ual ela seencontra &art. 5A:.L da 3>1).

     O es#)o reo interncionl

    Jm outro espaço subtraído * soberania estadual ! o espaço a!reo internacional.

    sua delimitação ! %eita por oposição ao espaço a!reo nacional, en$uanto coluna de ar

sobrejacente aoterrit(rio, *s á#uas interiores e ao mar territorial.

    Ou seja, o espaço a!reo internacional sobreja" ao mar nacional.

    encontra-se limitado superiormente pelo espaço exterior ou extra-atmos%!rico.

    O princípio %undamental neste domínio ! a liberdade de nave#ação a!rea, na medida em$ue se trata de um espaço subtraído * jurisdição de $ual$uer stado &art. 6=.L da 3>1).

    o entanto, verifcam-se bastantes condicionamentos e restriç'es a este princípio, de iuree de %acto. /ublinhe-se, desde já, $ue a doutrina tende a a%astar a existência de um direito de hotpursuit, em termos semelhantes ao alto mar, embora o mesmo possa ser considerado, em

situaç'es extremas, desde $ue salva#uardada a se#urança da nave#ação a!rea. Por outro lado, a

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reali"ação de exercícios militares ! admitida desde $ue observe o disposto da 3onvenção de3hica#o, de %orma a salva#uardar a %uncionalidade dos chamados serviços de trá%e#o a!reo.

    sua disciplina jurídica tem como um dos principais instrumentos normativos a3onvenção de 3hica#o, de 5988, cujo mbito de aplicação compreende a nave#ação a!rea decarácter civil, ou seja, não estadual &art. @.L da 3onvenção).

    ote-se $ue, mais do $ue com a re#ulação das condiç'es de utili"ação de um espaço, a3onvenção preocupa-se, essencialmente, com a re#ulação da actividade de nave#ação a!rea,tendo em vista a sua %uncionalidade &ex.+ com a disciplina do sobrevoo do espaço a!reo dosstados contratantes e a utili"ação dos respectivos aeroportos, da nacionalidade das aeronaves,com a %acilitação %ormal e burocrática da nave#ação a!rea, com as condiç'es t!cnicas dasaeronaves ou com a normali"ação dos standards internacionais). m todo o caso, a mesma temsubjacente o respeito pelo princípio da liberdade de nave#ação a!rea, embora com restriç'es econdicionamentos.

     O es#)o e"tr-tmos0rico

    O espaço extra-atmos%!rico ! hoje um importante domínio do direito internacional,estando na base de um dos mais recentes ramos do direito internacional+ o direito do espaço.;istoricamente, o mesmo começou por colocar problemas jurídicos na se$uência doaper%eiçoamento dos mísseis intercontinentais, por altura da /e#unda 0uerra 1undial. oentanto, os eventos realmente decisivos no processo de desenvolvimento do direito espacialprendem-se com o lançamento do /at!lite /putniH, em 59A= &JE//), com o lançamento dosat!lite de comunicaç'es FCD/C F, em 5978, e com o sucesso do projecto polo 55, em 5979,de colocação do homem na Dua. /ur#ia assim um novo espaço internacional carecido dere#ulamentação jurídica, abran#endo o espaço exterior, incluindo a lua e outros corpos celestes.

  O mesmo coloca, desde lo#o, problemas nos domínios da pa" e se#urança   

internacionais, das comunicaç'es internacionais, da exploração científca e da responsabilidadepor danos causados por, ou a, en#enhos espaciais.

o Delimit)'o

o $uestão da delimitação exacta do espaço exterior continua em aberto. l#uns$uestionam a sua necessidade, desde lo#o por$ue não existem $ueixas de violação de espaçoa!reo por causa do lançamento de en#enhos espaciais e depois por$ue uma tal defnição seriaarbitrária e destituída de sentido prático, na medida em $ue os sat!lites se encontram colocadosmuito para al!m da altura máxima a $ue a #eneralidade das aeronaves pode viajar. m sentido

oposto, outros sustentam a necessidade de uma defnição, em virtude dos recentesdesenvolvimentos das tecnolo#ias aeroespaciais, $ue permitirão a breve trecho uma maiorutili"ação do espaço exterior pela aviação comercial. cresce $ue tal defnição ! importante para#arantir a de%esa da soberania e estabelecer o alcance da jurisdição interna.

o existir uma defnição, tornar-se-ia necessário estabelecer os respectivos crit!rios. Jmapossibilidade seria a adopção de um crit!rio científco &o conceito de atmos%era, a sustentação davida humana, a substituição das %orças dinmicas pelas %orças centrí%u#as), outra seria a adopçãode um crit!rio %uncional &como a altura máxima do trá%e#o a!reo, a altura mínima da (rbita deum sat!lite, a capacidadede controlo estadual e%ectivo do espaço exterior).

o As#ectos essenciis %o regime (ur+%ico

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o o essencial, os princípios $ue con%ormam positivamente este domínio do direitointernacional consistem na afrmação do espaço como res communis omnium, ou seja, na suaconsideração como patrim(nio comum da humanidade. >a$ui resultam os corolários da utili"açãome bene%ício de todos os stados, independentemente do seu #rau de desenvolvimento, daproibição de apropriação territorial, da liberdade de exploração e utili"ação e da proibição de

colocação de armas de destruição massiva &ver sobretudo arts. 5.L e @.L do Cratado do spaçoxterior). O en$uadramento normativo do espaço extra- atmos%!rico ! %ornecido por um conjuntode cinco instrumentos convencionais aprovados sob a !#ide da OJ.

o >e salientar, desde lo#o, o Cratado do spaço xterior, de 597=, instrumento normativo domaior relevo na identifcação dos princípios e re#ras de direito consuetudinário aplicáveis aosstados não partes. Jm se#undo instrumento ! o chamado cordo de uxílio, tendo em vista adisciplina jurídica do dever de auxílio a astronautas em difculdade em virtude de acidente ouaterra#em de emer#ência. Jm terceiro ! a 3onvenção da Eesponsabilidade Fnternacional por>anos 3ausados por Objectos spaciais, pela $ual se cria a responsabilidade objectiva do stado$ue procede ao lançamento dos objectos espaciais pelos danos por estes causados no territ(riode outro stado ou numa aeronave, a $ual coexiste com a tradicional responsabilidade subjectiva,

por culpa, por danos causados a en#enhos espaciais. Jm $uarto consiste na 3onvenção sobre oEe#isto de Objectos Dançados para o spaço xterior, atrav!s da $ual se cria um sistema dere#isto centrali"ado na OJ para en#enhos espaciais. Por ?ltimo, a 3onvenção sobre asctividades dos stados na Dua e outros 3orpos 3elestes, aplicando aos corpos celestes osprincípios #erais constantes do tratado sobre o espaço exterior.

o As comunic)es vi stlite

o Jm dos aspectos mais importantes da disciplina jurídica do espaço extra-atmos%!ricoprende-se com as comunicaç'es internacionais via sat!lite. >omínio este particularmenterelevante do ponto de vista da #arantia dos direitos de liberdade de expressão, in%ormação ecomunicação nos ordenamentos jurídicos internos, problema indissociável das suas re%racç'esinternacionais. isto acresce a tendência no sentido da criação de uma es%era p?blica mundial,re%orçada pela vocação internacional das características t!cnicas e estruturais dos meios decomunicação. ssim, neste domínio, os princípios %undamentais são os da #arantia do livre 4uxode in%ormaç'es e da livre utili"ação do espaço. Pode di"er-se $ue se trata a$ui de princípios #eraisde direito internacional, $ue estruturam o ius communicationis * escala #lobal.

o s novas tecnolo#ias de comunicação trans%ronteiriça colocam novos desafos * territorialidadeda

soberania, na medida em $ue retiram aos stados a possibilidade de controlar toda a in%ormaçãode procedência externa disponível no seu territ(rio, com inevitáveis re4exos na identidadecultural da comunidade, bem como a massa de in%ormaç'es sobre os seus assuntos internosdisponível junto da opinião p?blica mundial.

o >eve i#ualmente sublinhar-se $ue tamb!m a$ui se colocam importantes $uest'es dee$uidade e justiça comunicativa, as $uais se prendem com a i#ualdade no acesso *s %re$uênciase posiç'es orbitais e a utili"ação e$uitativa da (rbita #eoestacionária &isto %oi particularmenteevidente, em termos práticos, no caso do con4ito entre os estados e$uatoriais e as potênciasespaciais).

o Jma outra $uestão prende-se com o acesso *s redes internacionais de comunicação, no

$uadro das modernas orientaç'es no sentido da provisão de redes abertas de comunicação, de

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%orma a superar o abismo di#ital $ue separa os stados desenvolvidos e em vias dedesenvolvimento.

o En,u%rmento institucionl

o >o ponto de vista institucional e re#ulat(rio, merecem re%erência al#umas das principaisor#ani"aç'es internacionais envolvidas na disciplina jurídica do espaço extra-atmos%!rico. >evesalientar-se, para começar, $ue a pr(pria OJ, atrav!s dos seus principais (r#ãos &o 3omit! paraa Jtili"ação Pacífca do spaço xtra-tmos%!rico, a Jnião Fnternacional das Celecomunicaç'es, aJ/3O e FCD/C e con#!neres), tem contribuído para o desenvolvimento dos princípios%undamentais $ue re#em o direito do espaço.

     A Ant9rti%

    Jm ?ltimo espaço internacional ! a ntártida. Crata-se de um territ(rio situado no Polo /ul,#eralmente re%erido como um continente coberto de #elo e isolado. O seu re#ime jurídico,assenta, basicamente, no Cratado da ntártida, de 59A9, e num acervo de convenç'esinternacionais sobre a protecção do ambiente, a exploração e #estão participada. Os seusprincípios %undamentais consistem no con#elamento das pretens'es territoriais sobre a ntártida,na desmilitari"ação e desnucleari"ação do territ(rio, na protecção dos recursos vivos e doambiente e na consideração dos direitos e interesses dos stados.

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RE4PON4A5ILIDADE INTERNACIONAL

     Origem e senti%o

  Antece%entes &istóricos              

  Uuando se olha para os antecedentes hist(ricos da responsabilidade internacional, a doutrina   

costuma apontar a existência de uma prática milenar de exi#ência de compensaç'es aosvencedores pelos vencidos. Jm outro a4oramento da responsabilidade internacional mani%esta-senos ensinamentos de ;u#o 0r(cio sobre a compensação devida no caso de #uerras injustas. odireito convencional a emer#ência da responsabilidade dos stados ! um dado relativamenterecente, sur#indo o Cratado de Ia\, de 5=98, entre os stados Jnidos e o Eeino Jnido como umadas primeiras re%erências no sur#imento de um contencioso de responsabilidade internacional.

  Codavia, o desenvolvimento da responsabilidade internacional sentiu, desde cedo, o e%eito   

inibidor do tradicional princípio da exaustão dos meios processuais de direito interno. o mesmotempo, a prevalência do costume no direito da responsabilidade internacional ! sintomática deum problema institucional $ue o vem a4i#indo+ a inexistência de um mecanismo centrali"ado dee%ectivação coerciva.

      4enti%o mteril % res#onsbili%%e

  responsabilidade internacional dos stados começa por ser um correlato da soberania   

internacional e da capacidade jurídica internacional, aumentando na proporção directa daautonomia e capacidade volitiva do sujeito $ue se considere. l!m disso, ! uma #arantia dale#alidade internacional, na medida em $ue pretende afrmar $ue a a#ressão de bensinternacionalmente prote#idos, da comunidade internacional e dos vários sujeitos de direito

internacional, não ! uma opção nem um meio alternativo. >o mesmo modo, ! um corolário dai#ualdade soberana dos stados, daí $ue os mais %ortes não possam a#redir os mais %racos, nemter relativamente a eles uma atitude instrumental e pra#mática. assenta ainda no princípio dareciprocidade de direitos e deveres entre os stados.

  responsabilidade ! uma decorrência das relaç'es sim!tricas de reconhecimento &;abermas).   

     Nots conceituis

  responsabilidade internacional, apesar de ter nas relaç'es entre stados um dos seus   

domínios %undamentais, vai hoje muito para al!m dele. a verdade, tamb!m a$ui se %a"em sentiras pro%undas trans%ormaç'es $ue o direito internacional tem so%rido.

  Podem incorrer em responsabilidade internacional $uais$uer sujeitos de direito internacional,   

por danos causados a $ual$uer sujeito de direito internacional ou * comunidade internacional#lobalmente considerada.

  O direito internacional da responsabilidade está ainda lon#e do nível de elaboração alcançado   

pelo seu con#!nere de direito interno. a prática, a e%ectivação da responsabilidade internacionalencontra-se intimamente relacionada com a problemática da jurisdição e da le#itimidadeprocessual activa e passiva no mbito das instncias judiciais internacionais.

      A res#onsbili%%e interncionl %os Est%os     Os contornos %outrinis %o #roblem 

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  xiste consenso $uanto * existência de um princípio da responsabilidade estadual por actos   

ilícitos internacionais. >esde 59A7, altura em $ue se começou a considerar o problema, $ue a3omissão de >ireito Fnternacional da OJ &3>F) tem baseado os seus trabalhos nessa premissa%undamental. 3om o tempo, a discussão tem-se deparado com difculdades si#nifcativas, já $uenão ! ainda consensual se, e em $ue medida, os stados devem responder civil ou

criminalmente, e at! $ue ponto ! $ue a nature"a da sua responsabilidade deve condicionar a$ualifcação das in%racç'es $ue lhe dão lu#ar.

  Ee%ira-se $ue a 3>F, depois de uma intensa discussão, optou por uma das orientaç'es $ue então   

se di#ladiavam, combinando a responsabilidade civil e criminal, baseada na distinção entrecrimes internacionais e delitos internacionais. 1as cumpre mencionar as demais, já $ue o seuinteresse doutrinal permanece para al!m da pre%erência da 3>F por uma delas.

o Tese % res#onsbili%%e sui generis

o Os autores desta tese op'em-se * noção de Ncrimes internacionais, aplicada aos stados,associando-a sim * responsabilidade dos indivíduos. a mesma linha, entendem $ue acondenação de um stado por condutas criminosas corresponderia, para al!m daresponsabili"ação dos titulares dos mais elevados car#os estaduais, a uma punição colectiva atodo o povo, acabando por impor um esti#ma a várias #eraç'es. ssim, para os de%ensores desteentendimento, em ve" de se pretender transpor para este domínio as cate#orias de direitointerno de responsabilidade civil e criminal, dever-se-ia conf#urar a responsabilidadeinternacional dos stados como responsabilidade sui #eneris.

o Tese %os il+citos e"ce#cionlmente grves

o Para os cultores da se#unda tese, verifca-se a existência de uma distinção $ualitativaentre Ncrimes e Ndelitos, a partir do carácter %undamental de determinados bens nocontexto da comunidade internacional, embora considerem $ua a mesma não temnecessariamente $ue ser expressa atrav!s da palavra crime, podendo ser utili"ada umaexpressão e$uivalente, como a de Nactos ilícitos excepcionalmente #raves. sta posição teriaa vanta#em de assinalar a #ravidade da violação de al#umas obri#aç'es internacionais, sem cairno erro de con%undir a responsabilidade individual com a responsabilidade estadual.

o Tese %os crimes %e Est%o

o Jm outro entendimento parte do princípio de $ue a cate#oria dos Nactos ilícitos

excepcionalmente #raves não passa de uma eti$ueta nova para a cate#oria dos Ncrimesinternacionais. l!m disso, su#erir $ue s( al#uns actos ilícitos internacionais ! $ue sãoexcepcionalmente #raves, poderia triviali"ar toda a normatividade internacional. Ora, se assim !,então ! mais transparente a utili"ação da cate#oria Ncrimes internacionais, podendoalternativamente optar-se pela expressão Ncrimes de stado. sta teria a vanta#em de conteruma %orte car#a moral e simb(lica, ao mesmo tempo $ue não tem $ual$uer paralelo no direitopenal dos vários ordenamentos jurídicos, sendo por isso menos susceptível de #erarcon%us'es e ambi#uidades.

o Tese %os crimes e %elitos

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o Jma $uarta tese apoia a utili"ação das cate#orias de Ncrime e Ndelito, considerando $uea apontada distinção $ualitativa entre as di%erentes violaç'es de obri#ação internacional justifcaplenamente a utili"ação da primeira expressão, particularmente para condutas violentas $uesuscitem a reprovação da opinião p?blica mundial, sendo certo $ue a mesma ! utili"ada noutrosdocumentos internacionais como o CPF, sendo tamb!m empre#ue no direito interno dos vários

países para criminali"ar condutas de relevo jurídico-internacional. l!m disso, certas condutas$ualifcadas pelo direito internacional como crimes contra a humanidade, crimes de #uerra ecrimes contra a pa", transcendem lar#amente a vontade dos indivíduos de $ue os cometem,tendo por detrás uma orientação política estadual, pelo $ue seria il(#ico redu"i-los * expressãode meros crimes individuais, prescindindo da responsabili"ação dos stados.

o ssim sendo, a aplicação do conceito de Ncrime alar#ada aos actos dos stados pode serlevada a cabo, at! pela sua %orça simb(lica e dissuasora, pela via da responsabilidade objectiva,sem $ue isso si#nif$ue $ue a$ueles sejam sujeitos *s mesmas sanç'es $ue os indivíduos.

o l!m do mais, verifca-se $ue, para al!m de uma presença incipiente no direitointernacional, a mesma parece vir a ad$uirir a aceitação da doutrina e da opinião p?blicainternacional, constituindo a sua eliminação um claro retrocesso. Uuando muito, o re#ime daresponsabilidade %alha por não levar sufcientemente lon#e a distinção entre as conse$uências jurídicas dos Ncrimes e dos Ndelitos.

o Por fm, acrescente-se $ue, de acordo com esta tese, a existirem, os crimes do stado,para al!m da eventual criação de (r#ãos e procedimentos para a investi#ação da sua prática,devem atrair a si um imponente dispositivo sancionat(rio.

     O regime % res#onsbili%%e %os Est%os

  ote-se $ue o projecto de arti#os da 3>F sobre responsabilidade por actos ilícitos internacionais   

2 entendidos como violação de uma obri#ação jurídico-internacional imputável a um stado 2,aprovado em :<<5 e no $ual estava em discussão a escolha de uma das várias teses, a%astou anoção de responsabilidade criminal dos stados, limitando o seu alcance * responsabilidadeinternacional dos stados, mani%estando ainda o paradi#ma clássico do modelo de Keste%áliaassente nas relaç'es paritárias entre stados.

  O projecto não constitui ainda direito convencional, tendo sido %acultado aos stados, para   

apreciação, pela 0 da OJ &Eesolução n.L A7Q6@, de :<<5). 3ontudo, na medida em $uerepresenta o resultado de um processo de intensas discuss'es envolvendo os diversos stados ea 3>F, ele !, mesmo nesta %ase, um importante indicador do sentido atribuído aos princípios#erais de direito internacional e da evolução do direito consuetudinário relevante neste domínio.3abe-lhe o m!rito de clarifcar, or#ani"ar e unifcar o pensamento jurídico nesta mat!ria e deade$uar a responsabilidade dos stados ao actual estado de desenvolvimento do direitointernacional.

o Im#utbili%%e %os Est%os

o Jm dos problemas com $ue inicialmente se depara a doutrina da responsabilidadeinternacional di" respeito * atribuição ou imputação de uma conduta a um stado. os termos do

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projecto da 3>F, a imputabilidade de um acto ilícito internacional ao stado verifca-se $uandoeste %oi praticado por um dos (r#ãos do stado, a $ual$uer nível de autoridade ou por uma$ual$uer entidade a $uem tenham sido le#almente atribuídas prerro#ativas de direito p?blico,desde $ue no exercício das mesmas. B i#ualmente imputável a um stado um acto praticado porum (r#ão de outro stado, mas por este colocado ao seu serviço.

o imputação do acto ilícito ao stado verifca-se mesmo ultra vires, isto !, $uando %oremexcedidos os seus poderes de autoridade ou desrespeitadas as suas instruç'es pelos %uncionáriose a#entes estaduais, na medida em $ue se presume subsistir a possibilidade de controlo de %actopor parte do stado. F#ualmente susceptíveis de imputação a um stado para e%eitos deresponsabilidade são as condutas de indivíduos ou #rupos por ele treinados, e$uipados, armados,fnanciados ou apoiados para a reali"ação de actividades militares e para-militares contra outrostado. O mesmo se di#a de acç'es reali"adas no exercício de poderes p?blicos em substituiçãoou na %alta do stado, o $ue se justifca pela necessidade de asse#urar a continuidade e are#ularidade da interacção estadual. Por fm, são-lhe tamb!m imputáveis as condutas $ue elevenha a reconhecer como suas. al#uns casos, pode verifcar- se a co-responsabili"ação de outrostado, $ue, plenamente in%ormado das circunstncias, preste assistência ou auxílio, ou assuma

uma posição de direcção e controlo, na prática de um acto ilícito.

o ormalmente, o nexo de imputação ! dado pela culpa do a#ente. Uuando não seja clara adeterminação dos elementos subjectivos relevantes, a imputação poderá depender daexistência de um acto intencional imputável a um determinado (r#ão estadual ou de uma %alhano serviço. o direito internacional, torna-se particularmente di%ícil %a"er a prova dos elementossubjectivos e %uncionais da ne#li#ência, pelo $ue o acento t(nico reside na imputação a umstado de uma conduta intencional ou peri#osa, violadora de uma obri#ação internacional.

o F#ualmente importantes são as situaç'es em $ue a violação de uma obri#ação internacional !objectivamente imputável ao stado, independentemente de se verifcar $ual$uer culpa

subjectiva ou %alha de serviço. Crata-se a$ui da chamada responsabilidade objectiva &strictliabilit\), #eralmente associada a actividades peri#osas, #eradoras de risco.

o Ora, como se viu, toda a responsabilidade internacional ! caracteri"ada pela secundari"açãodos elementos subjectivos relativos * culpa do a#ente. doutrina nota um pro#resso recenteneste domínio, no sentido de alar#ar a imputação de actos privados aos stados, $uando osmesmos sejam praticados com a cumplicidade re#ulat(ria destes.

o iol)'o %e um obrig)'o interncionl

o Fmporta a#ora analisar a $uestão da imputação de uma conduta a um stado, do ponto devista da sua con%ormidade com as obri#aç'es internacionalmente estabelecidas para com um oumais stadosM ou para com a comunidade internacional no seu todo.

o o primeiro caso, está-se perante obri#aç'es normalmente assentes em relaç'esbaseadas em princípios de reciprocidade ou interdependência. s mesmas podem ser obri#aç'esinter partes, $uando resultantes de um tratado bilateral ou multilateral restrito, e er#a omnes,$uando di"em respeito * protecção de um interesse colectivo defnido por stados partes numtratado multilateral aberto.

o o se#undo caso, trata-se de obri#aç'es inte#rais er#a omnes, $ue denotam oreconhecimento de $ue já não se está apenas perante uma comunidade assente nas relaç'es

entre stados, mas sim perante um interesse p?blico comunitário internacional, abran#endo

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muitos outros sujeitos e actores para al!m deles. Crata-se a$ui de um conceito muito pr(ximo dosde ius co#ens e crime internacional, embora não totalmente coincidente.

o Fmporta ainda sublinhar a parametricidade do direito internacional neste domínio, sendoinadmissível a invocação de disposiç'es de direito interno para a%astar a responsabilidadeinternacional. Eefra-se $ue as obri#aç'es internacionais podem emer#ir de $ual$uer %onte dedireito internacional.

o violação de uma obri#ação internacional releva independentemente da existência de umdano. Por exemplo, a violação sistemática do espaço a!reo de um stado pode não causar$ual$uer dano, embora seja acionável junto do CFI tendo em vista a obtenção junto deste (r#ão judicial de uma declaração expressa da ocorrência da violação da inte#ridade territorial do stadolesado e uma afrmação dos deveres de cessação da conduta ilícita e de prestação de #arantiasde não repetição. m causa está a dimensão inibit(ria da responsabilidade. B claro $ue acondenação no pa#amento de uma compensação pressup'e a existência de um dano, materialou moral, e de um nexo de causalidade ade$uada entre a violação da obri#ação internacional e odano. não verifcação de $ual$uer destes pressupostos ! sufciente para excluir $ual$uer

responsabilidade de nature"a reparat(ria, embora não para retirar sentido ?til * acção.

o O re#ime da responsabilidade internacional do >E/ deixa de %ora a $uestão daresponsabilidade internacional dos stados por actos ilícitos, objectiva &sem culpa) ou subjectiva&com culpa). mesma ! rele#ada para re#imes convencionais específcos.

iol)'o sim#les

O %actor decisivo na activação deste instituto jurídico-internacional ! a violação de uma obri#açãode direito internacional em termos $ue provocam dano a bens dos stados e da comunidade

internacional prote#idos pelo direito internacional. >esde lo#o re%ere-se a existência deobri#aç'es de adopção de uma determinada conduta, $ue pode ser uma acção &ex.+ %a"er, dar,vi#iar, prote#er, re#ular) ou uma omissão &abstenção, manutenção do status $uo, recusa de jurisdição).

3omo bem se compreende, existem violaç'es mais ou menos #raves de obri#aç'es jurídicasinternacionais. s menos #raves são por uns $ualifcadas por Ndelitos internacionais.

o entanto, os dra%t articles %alam apenas em violação de obri#aç'es internacionais ou, se sepre%erir, em violaç'es simples.

iol)'o grve

3>F recusou a terminolo#ia de Ncrimes internacionais ou Ncrimes de stado no domínio daresponsabilidade internacional dos stados. 1esmo a expressão Nilícito excepcionalmente #rave%oi a%astada. >i%erentemente, %ala-se apenas em violaç'es #raves de obri#aç'es internacionais&serious breach). #ravidade da violação depende, a um tempo, da %undamentalidade da normaviolada e da #ravidade da conduta do stado in%ractor. ssim, são consideradas violaç'es #ravesas violaç'es de normas perempt(rias ou imperativas de direito internacional &ius co#ens) de%orma #rosseira e sistemática &art. 8<.L do >E/). Uuando se verifca este tipo de violaç'es dodireito internacional, existem deveres específcos dos stados no sentido de cooperarem na suacessação e de não reconhecerem $ual$uer e%eito jurídico a uma situação dessa %orma criada nemprestarem $ual$uer auxílio ou assistência na manutenção dessa situação &art. 85.L do >E/).

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o Ti#ologi %os ctos il+citos interncionis

o Jm acto de um stado constitui uma violação de uma obri#ação internacional $uando, nomomento em $ue ! praticado, não está em con%ormidade com o $ue deste ! exi#ido por essa

obri#ação, independentemente da sua ori#em e carácter &arts. 5:.L e [email protected] do >E/).

o Para saber se um acro violou uma obri#ação internacional pr!-existente ! necessárioprecisar o momento exacto em $ue %oi praticado. /e o acto ! instantneo, mesmo $ue os seuse%eitos se prolon#uem no tempo, considera-se relevante o momento da sua prática. /e o acto !contínuo, considera-se ilícito se e en$uanto o mesmo, em $ual$uer momento da sua prática,entrou em contradição com uma obri#ação internacional.

o Cuss %e e"clus'o % ilicitu%e

o O regime % res#onsbili%%e interncionl %mite um con(unto %e cl9usuls %ee"clus'o %e ilicitu%e.

le#itimidade e a e%ectividade das obri#aç'es internacionais dependem, em boa medida, de osstados não se poderem desvincular das mesmas por ra"'es meramente triviais, nem seremobri#ados ao seu cumprimento a $ual$uer preço. 1as admite-se $ue existam ra"'es ponderosas$ue possam justifcar o a%astamento das obri#aç'es internacionais.

o ssim, a ilicitude internacional de um acto pode ser excluída de várias maneiras. invocação das causas de exclusão não a%asta o dever de observncia das obri#aç'esinternacionais, se e na medida em $ue essas causas deixem de se verifcar, nem prejudica odever estadual de reparação de danos &art. :=.L do >E/). o entanto, a mesma precludecomportamentos retaliat(rios por parte do stado lesado.

Consentimento ou neglig$nci %o les%o

>esde lo#o, constitui causa de exclusão da ilicitude o consentimento do lesado, expresso outácito, desde $ue o acto em causa se mantenha dentro dos limites desse consentimento. doutrina entende $ue deve tratar-se de um consentimento validamente expresso &livre eesclarecido) e $ue não pode cobrir a violação de normas imperativas de direito internacional. Oconsentimento a uma lesão dependerá, normalmente, da expectativa de um bene%ício superior oui#ual. par do consentimento, previsto pela 3>F, a doutrina tende a averi#uar em $ue medida !$ue a actuação ne#li#ente do lesado contribuiu para o dano, ou em $ue medida ! $ue o lesadonão miti#ou os danos $uando podia tê-lo %eito.

Leg+tim %e0es

>o mesmo relevo se reveste a le#ítima de%esa, desde $ue exercida nos termos da 3arta da OJ. inclusão desta cláusula ! inevitável numa ordem jurídica $ue não disp'e de mecanismosobri#at(rios e execut(rios para a resolução de con4itos entre stados de %orma imparcial eexpedita.

ilicitude ! i#ualmente excluída nos casos em $ue se trata de contra-medidas, ou represáliaspacífcas, adoptadas contra um acto ilícito de outro stado, desde $ue nos termos da disciplina

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 jurídica da responsabilidade dos stados &arts. :<.L a ::.L do >E/). Fsto inclui a possibilidade detomada de contra-medidas por outros stados $ue não o lesado &art. A8.L do >E/). Ora, estasolução justifca-se em virtude da inexistência de um monop(lio internacional de coerçãole#ítima, constituindo as contra-medidas um meio necessário para obri#ar um stado * cessaçãode uma conduta ilícita &art. 89.LQ5 do >E/). Crata-se de um meio imper%eito, já $ue depende de

uma apreciação parcial e a $uente dos %actos e da %orça política, econ(mica e militar relativa dolesado e do in%ractor, tendo tamb!m o peri#o de desencadear a escalada do con4ito.

s contra-medidas podem tradu"ir-se no não cumprimento de uma ou mais obri#aç'es $ue li#amo stado lesado ao stado in%ractor, tendo como objectivo essencial pressionar o se#undo acumprir as suas obri#aç'es 2 nunca podendo pr em causa a retoma do pretendido cumprimento,de acordo com o princípio da reversibilidade &art. 89.LQ:Q@ do >E/)

O recurso a contra-medidas encontra-se sujeito a determinados limites. >esde lo#o, existemdeveres pr!vios de notifcação do stado in%ractor para o cumprimento das suas obri#aç'es, denotifcação da intenção de recorrer a contra-medidas e de solicitação de uma ne#ociação pr!via,nos termos das normas da 3arta da OJ em mat!ria de resolução pacífca de con4itos

internacionais.

ão haverá lu#ar a contra-medidas se o dano cessou ou se o lití#io se encontra pendente num(r#ão jurisdicional com competência para pro%erir decis'es juridicamente vinculativas &arts. A:.Le [email protected] do >E/). Para al!m disso, as contra-medidas encontram-se sujeitas ao princípio daproporcionalidade, ao respeito dos direitos de terceiros stados e ao princípio da resoluçãopacífca dos lití#ios &arts. A<.L e A5.L do >E/).

o mesmo tempo, a sua limitação ! crucial para a%astar a acusação de $ue o re#ime daresponsabilidade internacional %avorece os stados mais poderosos. existem al#umas medidascujo recurso está totalmente vedado. B o $ue sucede com a ameaça do uso da %orça, contra odispostona 3arta da OJ, a coerção política e econ(mica excessiva, a violação das imunidadesestaduais, diplomáticas e consulares e a violação dos direitos %undamentais básicos, de normasde nature"a humanitária e de normas imperativas de direito internacional.

8or) mior

B ainda considerada causa de exclusão da ilicitude de um acto descon%orme com o direitointernacional o %acto de a sua prática ter sido imposta por %orça maior, em termos imprevistos eincontroláveis, inimputável ao stado ou decorrente de um risco por ele assumido. estes casos,

a impossibilidade de controlo de %acto, por parte do stado lesante, ! considerada decisiva.

Perturb)'o

perturbação exclui i#ualmente a ilicitude de um acto, $uando não se vislumbra $ual$uer meiora"oável para salvar a vida do seu autor ou de pessoas sob o seu cuidado, desde $ue aperturbação não resulte da conduta estadual nem crie um peri#o comparável ou maior. ponderação ! %eita de acordo com o princípio da proporcionalidade em sentido amplo ou daproibição do excesso.

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Est%o %e necessi%%e

 Camb!m a existência de estado de necessidade pode ser invocada como causa de exclusão deilicitude de um acto, desde $ue a sua prática 5) tenha sido o ?nico meio para a salva#uarda deum interesse estadual essencial contra um peri#o #rave e iminente ou uma lesão enorme, :) nãoponha em causa interesses essenciais dos stados destinatários da obri#ação ou da comunidadeinternacional. >o mesmo modo, importa $ue @) não se tenha precludido, por via convencional, ainvocação do estado de necessidade e $ue 8) para este não tenha contribuído a conduta dostado $ue a invoca &arts. :@.L a :A.L do >E/). Uuem invoca o estado de necessidade tem o(nus de provar os respectivos pressupostos.

l#umas das %ormulaç'es podem ser controversas, o $ue difculta a operacionalidade práticadesta f#ura. inda assim, o estado de necessidade pode ter especial relevncia em situaç'es decalamidade natural, de con4ito armado ou de onerosidade.

o A invoc)'o % res#onsbili%%e interncionl

Est%o les%o e legitimi%%e universl

Outro ponto importante passa por saber $uem tem le#itimidade processual activa paradesencadear uma acção de responsabilidade internacional. O stado lesado ! o titular dosdireitos de reparação, indemni"ação e satis%ação, correspectivos dos deveres do stado $ueincorre em responsabilidade internacional. /ob este ponto de vista, o stado lesado ! odestinatário directo da obri#ação violada por um acto ilícito de outro stado &art. 8:.L do >E/).

Para al!m do stado lesado, refra-se a possibilidade de alar#amento da le#itimidade processualpara accionar a responsabilidade internacional a stados não lesados, no sentido estrito dotermo. Por um lado, sustenta-se $ue #o"a dessa le#itimidade o stado parte de um tratadomultilateral, desde $ue a obri#ação violada tenha sido expressamente estabelecida para prote#erinteresses colectivos &art. 86.LQ5Qa) do >E/) 2 pense-se, por exemplo, na violação de tratadosre#ionais de se#urança, de protecção dos direitos humanos ou de protecção do ambiente. omesmo sucede $uando a obri#ação internacional violada tenha em vista a protecção dosinteresses da comunidade internacional no seu todo &art. 86.LQ5Qb) do >E/).

3onsa#ra-se a$ui uma esp!cie de universali"ação da le#itimidade processual activa, aspecto $uepode abrir as portas a ulterior alar#amento desta le#itimidade a OFGs e a O0Gs.

Parece poder %alar-se, neste contexto, numa distinção tendencial entre stados lesados e nãolesados.

 Codavia, nal#uns casos a distinção acaba por não ser nítida. ssim, su#ere-se $ue se devaconsiderar stado lesado &lato sensu) a$uele $ue veja violado um direito resultante do costumeinternacional ou a$uele $ue so%ra as conse$uências de um acto #ravemente violador dos direitoshumanos.

isto acresce o entendimento de $ue $ual$uer stado pode reclamar a $ualidade de stadolesado desde $ue o acto ilícito constitua um crime internacional, ou, na terminolo#ia adoptada nombito da responsabilidade internacional, uma violação #rave de uma obri#ação internacional emordem * protecção de um bem essencial da comunidade internacional no seu todo.

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Actores n'o governmentis

mbora o >E/ tenha directamente em vista as $uest'es de responsabilidade nas relaç'es entrestados, a proli%eração de novos sujeitos internacionais coloca a $uestão da e%ectivação daresponsabilidade internacional dos stados por OFGs, O0Gs, empresas transnacionais, indivíduos,etc., com especial incidência em áreas como os direitos humanos, o ambiente, os contratos deinvestimento e as operaç'es militares privadas.

o O conte%o % res#onsbili%%e interncionl

o O direito internacional pretende estruturar-se de %orma a tornar claro $ue a violação deobri#aç'es internacionais não constitui o curso de acção mais racional do ponto de vista dosinteresses dos stados. Jm stado $ue viola as suas obri#aç'es internacionais primárias incorreem novos deveres, de nature"a secundária, para al!m de continuar subordinado ao deverprimário de cumprimento dessas obri#aç'es.

o O $ue se compreende+ o objectivo ?ltimo no direito internacional ! $ue todos os sujeitosde direito internacional cumpram as suas obri#aç'es primárias, sem $ue nenhum deles tenha $ueser chamado * responsabilidade.

Dever %e cum#rimento % obrig)'o interncionl

O direito da responsabilidade internacional pretende, acima de tudo, #arantir a consolidação deuma comunidade internacional de direito. ssim, o %acto de um stado incorrer emresponsabilidade internacional por violação de uma obri#ação internacional não prejudica apermanência do dever de a cumprir &art. :9.L do >E/). Por outras palavras, o stado deve, aomesmo tempo $ue assume a responsabilidade pelos danos causados pela sua violação de umaobri#ação internacional, adoptar um comportamento con%orme a essa obri#ação. Fsto si#nifca$ue não existe uma e$uivalência moral ou normativa entre o dever de cumprir uma obri#açãointernacional e o dever de reparar os danos causados pelo incumprimento dessa obri#ação. ãose trata, pois, de meios alternativos, i#ualmente le#ítimos, entre os $uais o stado possa optarpara atin#ir os fns $ue se têm em vista.

s obri#aç'es decorrentes das normas internacionais constituem obri#aç'es primárias, ao passo$ue as obri#aç'es decorrentes da responsabilidade pela sua violação conf#uram obri#aç'essecundárias. cresce $ue o cumprimento das obri#aç'es primárias ! judicialmente exe$uível,ra"ão pela $ual o direito da responsabilidade pretende ser essencialmente um instrumento de

#arantia da le#alidade internacional, precludindo a sua livre violação. >a$ui decorre $ue se umstado se encontra a violar uma obri#ação internacional, ele deve cessar imediatamente essecomportamento. >o mesmo modo, ele deve %ornecer #arantias de $ue o acto ilícito não serepetirá &art. @<.L do >E/).m causa estão, neste contexto, as dimens'es inibit(ria e normativada responsabilidade internacional, atrav!s das $uais se visa #arantir a observncia total epermanente das obri#aç'es internacionais.

O stado lesado, uma ve" estabelecido um caso prima %acie junto da instncia jurisdicionalcompetente, pode re$uerer a adopção de medidas provis(rias de nature"a cautelar, em ordem *cessão da conduta ilícita. ão está excluída a procedência de outras conse$uências determinadaspor instrumentos específcos. F#ualmente di#na de nota ! a possibilidade de aplicação, neste

contexto, dos princípios de direito consuetudinário internacional e dos princípios da 3arta dasaç'es Jnidas sobre manutenção da pa" e da se#urança internacionais.

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Dever %e re#r)'o

responsabilidade internacional dos stados tem preponderantemente um objectivo reparat(rioou compensat(rio. 3>F parece ter $uerido a%astar um entendimento punitivo da

responsabilidade internacional, procurando acima de tudo remediar a situação do lesado deacordo com o princípio da reparação inte#ral.

O stado $ue incorre em responsabilidade tem o dever de reparar completamente os danos,materiais ou morais, causados pelo seu acto ilícito. Fsto, sem prejuí"o da consideração docontributo $ue o stado lesado tenha dado para o dano verifcado &art. @9.L do >E/).

reparação deve ser levada a cabo atrav!s da restituição, da indemni"ação ou compensação eda satis%ação &arts. @5.L e @8.L do >E/).

Restitui)'o nturl              

restituição de $ue se %ala neste domínio ! a chamada restitutio in inte#rum, consistindo narestituição em esp!cie. Crata-se da obri#ação de proceder * restauração da situação actualhipot!tica, ou seja, da situação $ue actualmente existiria na hip(tese de não se ter produ"ido oacto ilícito.

restituição s( ! exi#ível dentro dos limites das possibilidades materiais e do princípio daproporcionalidade. doutrina sublinha ainda a necessidade de salva#uardar a independência e aestabilidade do stado in%ractor, en$uanto dimensão essencial da i#ualdade soberana dos

stados e da manutenção da ordem internacional.

In%emni/)'o #or e,uivlente              

a medida em $ue não tenha sido possível reparar os danos causados pelo acto ilícito atrav!s darestituição natural, haverá lu#ar ao pa#amento de uma indemni"ação pecuniária pore$uivalente. /obre esta mat!ria, a doutrina divide-se, discutindo se a indemni"ação deve ser+

5) e$uivalente aos danos causados,

:) e$uivalente aos bene%ícios obtidos pelo stado lesante

@) superior a esses bene%ícios.

Para o primeiro entendimento, a indemni"ação deverá cobrir todos os danos fnanceiramente$uantifcáveis, incluindo, tanto os danos emer#entes, como os lucros cessantes &loss o% profts),na medida em $ue estes tenham sido devidamente determinados &art. @7.L do >E/). compensação fnanceira poderá ainda cobrir os danos morais, apesar de os mesmos não seremfnanceiramente mensuráveis, $uanto mais não seja em casos particularmente #raves. Poderáainda ser exi#ível o pa#amento de juros compensat(rios ou de mora &art. @6.L do >E/).

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Para a se#unda posição, nal#uns casos a e$uidade poderá recomendar a consideração, nadeterminação do montante da indemni"ação, não apenas o prop(sito de anular o dano causado,mas tamb!m o de anular o bene%ício material $ue o in%ractor possa ter retirado da sua condutailícita. Fsto, de acordo com o princípio #eral do direito nos termos do $ual nin#u!m pode retirar$uais$uer bene%ícios da sua pr(pria torpe"a.

 Iá a terceira concepção sustenta a necessidade de o direito da responsabilidade impor ao stadolesante custos superiores aos bene%ícios $ue ele retira da violação de obri#aç'es internacionais,de %orma a desincentivar essa violação. este caso, a indemni"ação teria uma fnalidadesancionat(ria, para al!m da intenção compensat(ria.

par desta problemática, a doutrina entende $ue o dever de indemni"ação, embora visando aplena compensação dos danos causados e, eventualmente, a anulação dos bene%ícios au%eridos,deve ser ponderado de %orma ra"oável e proporcional com o prop(sito de salva#uardar os meiosde subsistência dos habitantes do stado in%ractor e o crescimento econ(mico.

4tis0)'o morl              

Para al!m do dever de reparação material, os stados $ue incorrem em responsabilidadeinternacional encontram-se obri#ados a dar uma satis%ação pelos danos causados, na medida em$ue os mesmos não possam ser devidamente reparados atrav!s da restituição e da indemni"ação&art. @=.LQ5 do >E/).

satis%ação tem como fnalidade essencial anular o bene%ício moral $ue o stado in%ractor

possa ter retirado da sua conduta ilícita e restaurar a di#nidade soberana e o sentimento derespeito pr(prio do stado lesado. satis%ação pode consistir no reconhecimento da violação da

obri#ação internacional, num pedido de desculpas %ormal ou numa outra modalidade apropriada&art. @=.LQ: do >E/). satis%ação moral deve ser ade$uada * #ravidade do dano, bem como *atitude de dolo ou ne#li#ência do a#ente &art. @=.LQ@ do >E/).

Uuando se trata de dar uma satis%ação moral, pode ser decisivo o exercício da acção disciplinar

ou criminal contra os indivíduos directamente responsáveis bem como a prestação de#arantias de não repetição da conduta ilícita. o mesmo tempo $ue visa a restauração dadi#nidade do stado lesado, a satis%ação moral deve salva#uardar a di#nidade do stado in%ractor&art. @=.LQ@ do >E/).

o A e0ectiv)'o % res#onsbili%%e interncionl

o intenção de accionar a responsabilidade internacional deve ser comunicada pelo stadolesado &lato sensu) ao stado in%ractor. $uele deve especifcar a conduta $ue consideranecessária * cessação da violação da obri#ação internacional, bem como a %orma de reparação$ue se lhe af#ura ade$uada &art. [email protected] do >E/). activação da responsabilidade internacionaldeverá obedecer *s re#ras relativas * nacionalidade da pretensão, bem como ao princípio daexaustão dos meios de direito interno, se e na medida em $ue %orem pertinentes &art. 88.L do>E/).

o instncia normal para a e%ectivação da responsabilidade internacional ! o CFI, embora

outras instncias jurisdicionais possam ser especialmente competentes. Ora, uma ve"estabelecida a competência do CFI, torna-se relevante a $uestão de saber se o stado lesado

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renunciou validamente ao seu direito de acionar a responsabilidade ou a$uiesceu na suacaducidade &art. 8A.L do >E/). o caso de existirem vários stados lesados pelo mesmo acto, osmesmos podem acionar a responsabilidade internacional separadamente &art. 87.L do >E/). ocaso de existirem vários stados in%ractores, a responsabilidade internacional pode ser invocadacontra cada um deles ou todos, sem $ue o stado lesado tenha direito a uma reparação maior do

$ue o dano e%ectivamente so%rido &art. 8=.L do >E/). invocação da responsabilidadeinternacional pode ser acompanhada do pedido de cessação da conduta ilícita e de #arantias denão repetição, consistindo no pedido de uma reparação a %avor do stado lesado ou dosbenefciários da obri#ação violada &art. 86.LQ: do >E/).

o Cradicionalmente, a e%ectivação da responsabilidade internacional encontra-se associada * jurisdição de tribunais internacionais, seja do CFI, seja de tribunais internacionais de direitoshumanos ou de tribunais arbitrais. 3ontudo, * medida $ue o direito internacional se afrma comodireito da comunidade internacional no seu todo e se esbate a distinção entre o direitointernacional e o direito interno, e * medida $ue os stados considerem o direito internacionalimediatamente aplicável na sua ordem jurídica interna, torna-se cada ve" mais plausível $ue umstado, #rupo ou indivíduo lesado demande o stado lesante nos tribunais deste ?ltimo, com o

fm de e%ectivar a responsabilidade internacional. Fsto, naturalmente, se este assim consentir nostermos do seu direito interno.

o 1ais %re$uentemente parece discernir-se uma tendência no sentido de os tribunaisnacionais serem cada ve" mais instncias normais de interpretação e aplicação do direitointernacional.

  A res#onsbili%%e interncionl %s OIFs              

Jm tema de relevo crescente no mbito da responsabilidade internacional prende-se com

a responsabilidade das OFGs. seu %avor, ar#umenta-se com a sua autonomia de acção e a suacapacidade para assumir, e violar, obri#aç'es internacionais. 3ontra, mas em termos d!beis,sublinha-se $ue as mesmas se encontram limitadas pelos tratados $ue as instituíram.

 Cradicionalmente, a doutrina vinha chamando a atenção para a necessidade de dar maior clare"ae consistência a temas controversos como a imputação dos actos *s OFGs, a articulação da suaresponsabilidade internacional com a dos stados membros, o e%ectivação da suaresponsabilidade internacional diante de tribunais nacionais e internacionais, a resolução delití#ios $ue as envolvam, etc. stas e outras $uest'es ainda em aberto colocavam em evidência anecessidade de se avançar no sentido da criação de um re#ime jurídico #eral sobre esta mat!ria.

o projecto de arti#os da 3>F sobre esta mat!ria &>EFO), de :<<A, lançam-se as bases para oestabelecimento da responsabilidade das OFGs por actos ilícitos * %ace do direito internacional,bem como da responsabilidade dos stados por actos ilícitos praticados por uma OF, nos casos em$ue a mesma possa existir. Camb!m não fca precludida a eventual co-responsabili"ação de umaOF, juntamente com um stado, por actos ilícitos praticados em colaboração.

/ob este t(pico, a doutrina sublinha a importncia de os tratados constitutivos tornaremtransparente o re#ime da sua responsabilidade, em ordem a salva#uardar a se#urança jurídica, aprevisibilidade e a protecção da confança nas relaç'es internacionais.

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RE4OL>BO DO4 CON8LITO4 INTERNACIONAI4

       Resolu)'o #c+*c %os lit+gios

O recurso * %orça como meio primário de resolução de disputas ! a ne#ação da normatividade e aafrmação da lei do mais %orte. >aí $ue o princípio da resolução pacífca dos lití#ios seja hoje umdos pilares do direito internacional contemporneo e cuja consa#ração tem como causa pr(ximaos es%orços de sensibili"ação de muitos, no pressuposto de $ue a pa" ! mais barata, mais efca" emais desejável do $ue a #uerra.

O princípio da resolução pacífca de lití#ios decorre assim da proibição do recurso * %orça comoprerro#ativa da soberania dos stados e como meio normal de resolução de con4itos, dedu"indo-se da ideia de direito em si mesma.

Ora, o seu sentido e alcance pode ser captado mediante di%erentes perspectivas, visandofnalidades tão diversas como a protecção dos direitos humanos, a #arantia do princípio da boa %!nas relaç'es internacionais, a afrmação da i#ualdade soberana dos stados por parte deterceiros, salvo se se tratar da prestação de auxílio na procura de soluç'es pacífcas. cresce $ueeste princípio tem uma nature"a jurídica imperativa, tendo como corolários a proibição de recurso* %orça e * a#ressão, o dever de procura de uma solução rápida, pacífca, justa e de boa %! e orespeito pela autonomia estadual na escolha de meios de resolução pacífca.

O direito internacional tem procurado avançar na densifcação dos meios de resolução pacífca delití#ios.

ssim sucedeu, desde lo#o, na 3onvenção de ;aia para a Eesolução Pacífca dos 3on4itos, de59<=. >o mesmo modo deve salientar-se os arti#os :.LQ@ e @@.L da 3arta das aç'es Jnidas. Porsua ve", a 3>1, nos termos dos seus arts :=9.Lss e :67.Lss, ao mesmo tempo $ue reafrma odever de resolução pacífca, acolhe um princípio de livre escolha nos meios de resolução decon4itos por parte dos stados partes, propondo em se#uida o empre#o da ne#ociação ou daconciliação, re%orçadas pela escolha de uma das várias %ormas de jurisdição obri#at(ria, junto do Cribunal Fnternacional do >ireito do 1ar, do CFI e dos dois tribunais arbitrais &art. :6=.L da 3>1).

este prop(sito, devem ser sublinhados dois aspectos. m primeiro lu#ar, insiste-se hoje nanecessidade de desenvolver mecanismos de prevenção dos con4itos internacionais e não apenasna resolução dos mesmos. m se#undo lu#ar, a obri#ação de resolução pacífca dos lití#ios, adespeito da sua nature"a imperativa, ! considerada como uma obri#ação de meios, ou seja, de

adopção de determinada conduta, e não como obri#ação de resultado.

  2eios %e resolu)'o #c+0ic %e lit+gios              

     Lit+gios interncionis

    Os lití#ios internacionais, tamb!m desi#nados por disputas, consistem em diver#ências oupolari"aç'es de interesses, pretens'es ou perspectivas de direito, de %acto ou de orientaçãopolítica, susceptíveis de ameaçar a cooperação, a pa" e a se#urança internacionais. Fsso abran#e,nomeadamente, $uest'es de nature"a territorial, militar, econ(mica, ambiental, etc.

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  doutrina distin#ue entre lití#ios justiciáveis e lití#ios não justiciáveis. Y primeira cate#oria   

subsumem- se as disputas passíveis de uma solução jurídico-normativa 2 assim sucedendo$uando se está perante disputas sobre $uest'es de direito, em $ue se trata de determinar aexistência de uma norma de direito internacional, de decidir da aplicabilidade de uma norma oude esclarecer interpretativamente o sentido de uma normaM e ainda de $uest'es de %acto,

devendo salientar-se a sua importncia na resolução de con4itos internacionais. Iá a se#undacate#oria compreende os con4itos de nature"a político-diplomática.

  Fmporta ainda ter em conta $ue os lití#ios internacionais podem ser bilaterais e multilaterais, e   

$ue podem ter como partes outros sujeitos de direito internacional para al!m dos stados.

       Clssi*c)'o %os meios %e resolu)'o %e lit+gios

    doutrina não deixa de assinalar a nature"a indeterminada e meramente tendencial dacaracteri"ação jurídica dos meios de resolução pacífca dos lití#ios internacionais, tendo em contaa coloração política e diplomática $ue os mesmos assumem. l!m disso, deve sublinhar-se aextrema liberdade dos stados na con%ormação dos mecanismos $ue consideram ade$uados a

despolari"ar as tens'es internacionais e a resolver os di%erendos em $ue a$ueles estãoenvolvidos.

  inda assim, têm sido avançados al#uns crit!rios de classi%icação dos meios de resolução de   

disputas $ue or#ani"am e %acilitam a sua apreensão.

    >e acordo com o crit!rio dos participantes no procedimento de resolução de lití#ios, devedi%erenciar-se entre os casos em $ue participam apenas as partes envolvidas na controv!rsia,como ocorre na ne#ociação, e a$ueles em $ue se verifca a participação de terceiros, comosucede com os bons o%ícios ou a mediação.

  >o ponto de vista da nature"a dos meios utili"ados distin#ue-se entre meios político-   

diplomáticos, ou não jurisdicionais, em $ue se encontram a ne#ociação ou a conciliação, e meios jurisdicionais, $ue compreendem a arbitra#em e a jurisdição internacional nas suas diversasmani%estaç'es. O recurso aos meios jurisdicionais limita-se aos con4itos de nature"a jurídica eestá dependente da verifcação, in casu, dos pressupostos processuais respeitantes *le#itimidade processual activa e passiva para recorrer *s vias jurisdicionais.

  crescente-se $ue na utili"ação internacional dos meios de resolução de lití#ios tem   

prima"ia ane#ociação directa, embora se observe o recurso %re$uente e indi%erenciado *combinação de vários meios.

     2eios n'o (uris%icionis

     Negoci)'o

    >esde há muito $ue se entende $ue a ne#ociação ! a base da diplomacia &Eichelieu),extravasando lar#amente a problemática da resolução de lití#ios, ao mesmo tempo $ue assumeum relevo estruturante da cooperação internacional e da criação de direito internacional, nosmais variados sectores. 1esmo $uando são adoptados outros mecanismos de resolução delití#ios, a ne#ociação tende a permanecer para resolver $uest'es instrumentais.

    o mbito da resolução pacífca de lití#ios, a ne#ociação caracteri"a-se por envolverapenas as partes directamente envolvidas na controv!rsia. stas podem ser stados, OFGs,

movimentos de libertação, etc. ne#ociação tem normalmente uma nature"a diplomática,devendo salientar-se, como dimens'es essenciais, a sua 4exibilidade e adaptabilidade aos

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vários tipos de lití#ios, a subordinação ao princípio da consensualidade e a abertura aconsideraç'es de e$uidade e oportunidade, não estritamente jurídicas.

    doutrina sublinha a importncia do princípio da boa %! em todas as %ases da ne#ociação,devendo o mesmo mani%estar-se na lealdade e na protecção da confança, na ade$uaçãotemporal da ne#ociação, na correcção procedimental e substantiva, no respeito peloconsentimento e pela liberdade de aceitação da solução alcançada. ne#ociação consiste,essencialmente, num apelo * racionalidade das partes em con%ronto, e *s suas $ualidades moraisde tacto, civilidade, persistência e boa vontade. Pela %orma como afrma a i#ualdade soberanados stados e o respeito devido aos di%erentes sujeitos de direito internacional, este meioassume a prima"ia nas relaç'es internacionais. le ! particularmente ?til na %ase pr!-contenciosade um di%erendo, como meio de prevenir a entrada numa %ase contenciosa, sendo imperativoantes da adopção de contra-medidas, sem prejuí"o da adopção de medidas provis(rias, denature"a cautelar.

  5ons o0+cios e me%i)'o              

    Os bons o%ícios consistem na intervenção de um terceiro, $uer seja um stado, uma OF,uma O0, uma personalidade de m!rito internacionalmente reconhecido ou mesmo umaconfssão ou comunidade reli#iosa.

    O objectivo primordial dos bons o%ícioes ! o estabelecimento ou restabelecimentode contactos recíprocos entre as partes no lití#io. Pretende-se, em primeira linha, resolver osproblemas de comunicação $ue impedem a ne#ociação, o $ue por ve"es passa peloencaminhamento das propostas e contra-propostas %ormuladas pelas partes em lití#io.

  ste mecanismo tem utilidade nos mais diversos domínios do direito internacional.   

    >i%erentemente, a mediação apresenta um maior #rau de %ormali"ação. Camb!m a$ui severifca a intervenção de um terceiro &stado, OF, indivíduo), embora se espere do mediador aintrodução de racionalidade e clare"a na ne#ociação, pelo $ue al#uma doutrina desi#na amediação de ne#ociação assistida. m muitos casos o mediador procede * apresentação de umaproposta de solução *s partes, cabendo-lhe tentar lo#rar um acordo com base nas respostasobtidas pela sua proposta. mediação ! especialmente relevante no caso de impasse ne#ocial. Osucesso da mediação depende, em boa parte, da observncia dos princípios da boa %!, dalealdade, da justiça e da imparcialidade. iniciativa da mediação tanto pode partir das partes nolití#io ou de um terceiro. ntre al#uns mediadores $ue mais notoriedade ad$uiriram nos ?ltimostempos deve salientar-se o /ecretário 0eral da OJ. >o ponto de vista da utili"ação $ue tem sidodada a estes meios de resolução pacífca de lití#ios, deve sublinhar-se a %re$uente combinação deambos os procedimentos num s(. >o mesmo modo, há $ue salientar $ue a mediação podeconstituir uma %orma de arbitra#em política, em %unção da autoridade moral e política domediador.

  In,urito              

    l#uns lití#ios internacionais têm um %orte componente %áctico, isto !, desenvolvem-se apartir e em torno de $uest'es de %acto. >aí a importncia do in$u!rito de resolução de lití#ios,cuja fnalidade consiste, precisamente, na determinação de %actos controversos &%act fndin#), na

esperança de $ue isso torne mais %ácil aplicar o direito. Cendo sido notada a insufciência dosin$u!ritos operados a nível nacional, a utili"ação do in$u!rito internacional ! particularmente

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ade$uada * fscali"ação do cumprimento de obri#aç'es internacionais, * verifcação daocorrência dos pressupostos de %acto de uma norma de direito internacional e ao esclarecimentopreciso das circunstncias $ue deram ori#em a um determinado lití#io internacional. inda assim,al#uns autores notam a utili"ação limitada $ue se %a" desta f#ura, justamente em virtude de nadeterminação dos %actos decorrer em muitos casos uma dada solução jurídica, $ue uma das

partes pretende a%astar.    ote-se, por!m, $ue a despeito de ser mencionado no art. @@.L da 3arta da OJ, al#uma

doutrina sustenta $ue o in$u!rito s( difcilmente será recondu"ível * cate#oria dos meios deresolução pacífca de lití#ios, já $ue se trata, em ri#or, de um mecanismo instrumental ao sucessodos meios de resolução propriamente ditos. Por!m, esta $uestão não parece ser credora dedebate, dado o papel essencial $ue o apuramento dos %actos tem na resolução pacífca de lití#ios.Y semelhança do $ue sucede com a ne#ociação, tamb!m o in$u!rito nem sempre sur#e nocontexto de uma disputa. O in$u!rito pode ser levado a cabo por um relator especial, por umacomissão de in$u!rito ou por um vasto conjunto de inspectores devidamente credenciados para oe%eito.

pure"a dos princípios recomenda $ue $uem procede ao in$u!rito não seja a mesma entidade$ue prop'e os termos da resolução de um determinado lití#io. o entanto, no direito internacionalesta separação ! meramente tendencial.

    Uual$uer $ue seja o m!todo, os princípios $ue devem con%ormar a sua reali"açãoconsistem na objectividade e na imparcialidade. primeira tradu"-se na procura e na descriçãoexacta da verdade material dos %actos. Por seu lado, a se#unda implica a procura dos %actosrelevantes do ponto de vista de todas as partes do lití#io e não de al#umas delas.

      Concili)'o

    conciliação assenta na submissão das posiç'es em con%ronto a uma comissãoespecialmente $ualifcada, tendo em vista o esclarecimento da $uestão a partir dos vários pontosde vista.

    Jtili"a-se já um procedimento relativamente %ormali"ado e a investi#ação e análise detodos os %actos considerados relevantes. comissão de conciliação procede * elaboração de umrelat(rio com propostas de solução não vinculativas, podendo i#ualmente %ormularrecomendaç'es, em %ace das posiç'es das partes perante essas propostas. ão ! tomada$ual$uer decisão. s partes são livres para con%ormarem autonomamente a conciliação, defnindo

os termos da sua intervenção e escolhendo os conciliadores, devendo em todo o caso respeitardeterminados princípios básicos de due process. s 3onvenç'es de Kiena sobre direito dostratados e sobre sucessão de stados exemplifcam a previsão da conciliação como meio deresolução pacífca de con4itos. O mesmo sucede com a 3>1, prevendo-se mesmo situaç'es derecurso obri#at(rio * conciliação, verifcados determinados pressupostos &art. :9=.LQ5Q@Qb) da3>1). Iá no $uadro da O13, a conciliação ! sempre uma possibilidade em aberto na resolução delití#ios.

    conciliação não obedece a um re#ime jurídico unitário. o entanto, tendo em vista tornarmais expedito o recurso a este meio de resolução de lití#ios, a OJ tem procurado estruturar umprocedimento #en!rico de conciliação.

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    conciliação deve obedecer aos princípios da boa %!, da justiça procedimental esubstantiva e da celeridade procedimental, devendo a duração do procedimento ser ade$uada eproporcional * complexidade do con4ito. o caso de se tratar de uma comissão de conciliação, amesma deve desenvolver a sua actividade em condiç'es $ue lhe #arantam autonomiaprocedimental. decisão fnal sobre o conte?do das propostas ou recomendaç'es de resolução

do lití#io será tomada por maioria, devendo sublinhar-se o carácter não vinculativo da decisãoconciliat(ria. efcácia deste mecanismo aumenta $uando existe um compromisso de posteriorrecurso * jurisdição internacional, #raças * chamda liti#ation aversion. >e resto, a conciliaçãotem sido utili"ada para evitar a subordinação * jurisdição internacional. B $ue a mesma tem umaestrutura procedimental mais pr(xima do processo jurisdicional, embora retenha a autonomia daspartes na aceitação da solução proposta. conciliação tem revelado uma si#nifcativaadaptabilidade a di%erentes tipos de controv!rsias, devendo ser levada cabo sempre $ue asne#ociaç'es se mostrem inconclusivas.

  2eios (uris%icionis              

O direito internacional tem vindo a conhecer um #rande desenvolvimento dos meios de resoluçãode lití#ios de nature"a $uase-jurisdicional e jurisdicional, assistindo-se ao crescimentoexponencial das instncias arbitrais e jurisdicionais, subsumíveis * cate#oria #en!rica dos meios jurisdicionais de resolução de con4itos. Para al#uns, isso ! um sinal de maturidade do direitointernacional, na medida em $ue permite um maior #rau de e%ectivação. Para outros, existe operi#o de uma judiciali"ação excessiva das relaç'es internacionais e da %ra#mentação do direitointernacional em termos $ue o tornem in#erível. Outros ainda alertam para o peri#o de umN#overno #lobal de juí"es, contra as aspiraç'es le#ítimas de auto#overno dos stados.

Jma coisa ! certa. proli%eração de tribunais tem andado em paralelo com o aumentosi#nifcativo de lití#ios internacionais. inda assim, por!m, o recurso aos meios jurisdicionais !relativamente raro, sendo a lar#a maioria das disputas internacionais resolvidas atrav!s dosmeios não jurisdicionais.

O CFI tem %uncionado como uma esp!cie de tribunal comum mundial para os lití#ios entrestados. par dele têm vindo a sur#ir outras instncias jurisdicionais, de carácter re#ional ouuniversal, com competência especiali"ada em determinadas mat!rias e admitindo um le$ue maisvasto de sujeitos processuais.

cresce $ue a proli%eração de tribunais internacionais tem acompanhado a especiali"ação dodireito internacional em di%erentes ramos.

mesma pode ser vista como o resultado natural de um mais elevado #rau de maturidade destedireito, associada a uma procura de novos meios para asse#urar a respectiva e%ectividade de%orma independente e imparcial.

F#ualmente relevante ! a conscienciali"ação de $ue a protecção dos direitos humanos e a tutelade bens jurídicos %undamentais da comunidade internacional não podem fcar * mercê dasrelaç'es de poder e %orça, da soberania popular nacional incontrolada ou dos #rupos deinteresses políticos e econ(micos especiais.

>o mesmo modo, eles criam novos espaços de experimentação e concreti"ação do direitointernacional.

criação de vários tribunais tem sido justifcada com base em ra"'es da mais diversa ordem, $uepodem passar por um interesse na confdencialidade do processo, por um maior controlo da

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composição do tribunal, pela especiali"ação em ra"ão da mat!ria, por uma maior 4exibilidade emtermos de le#itimidade processual activa e por uma maior sensibilidade aos condicionalismosre#ionais.

ste %en(meno justifca a autonomi"ação de uma disciplina de direito internacional judiciário,abran#endo a arbitra#em internacional e a jurisdição internacional stricto sensu. Jm dos traçosessenciais da jurisdição internacional em sentido amplo consiste na subordinação ao princípio dasubsidiariedade, por %orma a permitir a exaustão dos rem!dios locais.

Outra característica da jurisdição internacional reside no %acto de as suas decis'es não serem,salvo raras excepç'es, objecto de controlo por parte de $ual$uer entidade externa, nacional ouinternacional. Fsto si#nifca $ue a jurisdição internacional tem o (nus a#ravado de #erar uma %orteconvicção de autoridade e le#itimidade das suas decis'es, devendo dar especial atenção *#arantia de imparcialidade, ao apuramento exaustivo dos %actos relevantes, * observnciari#orosa das normas processuais, * correcta interpretação das normas, * $ualidade jurídico-normativa das decis'es, * ret(rica ar#umentativa de %undamentação, * criação de uma jurisdição uni%orme e * alocação efciente, pelos di%erentes processos, dos recursos humanos,

materiais e temporais. a jurisdição internacional coexistem pacifcamente a arbitra#em e a jurisdição propriamente dita, estabelecendo entre si relaç'es de cooperação jurisprudencial e dein4uência recíproca.

     Arbitrgem

    >i%erentemente do $ue ocorre com os meios de resolução pacífca de con4itos, aarbitra#em condu" * defnição jurídica da solução de uma controv!rsia. Crata-se de ummecanismo jurisdicional ou $uase- jurisdicional. arbitra#em deve ser adoptada $uando aconciliação %alhar, embora não exista nenhuma norma de direito internacional nesse sentido.

Sre$uentemente, a arbitra#em ! estabelecida como o meio imediato de resolução de con4itos,com base na observação de $ue tendendo as partes num con4ito a recorrer * arbitra#em no fmde uma #uerra, ! mais racional recorrer a ela prontamente. experiência parece demonstrar $ue$uando existe uma vontade s(lida, por parte de ambas as partes, de resolver um dado con4ito,torna-se mais %ácil encontrar uma solução pacífca.

  O recurso a este meio de resolução de con%litos depende do acordo bilateral das partes em   

con4ito, $ue pode ser ex ante ou ex post, consoante seja anterior ou posterior * emer#ência dolití#io. o primeiro caso, ele exprime-se #eralmente atrav!s de uma cláusula constante de umtratado, da previsão de um mecanismo específco de arbitra#em ou por via de um tratadobilateral ou multilateral sobre arbitra#em. o se#undo caso, trata-se da celebração de um acordo

arbitral posterior ao sur#imento de um con4ito, se#uido de um compromisso arbitral. este?ltimo, as partes de um con4ito defnem os termos da arbitra#em, as respectivas re#ras deor#ani"ação e processo, o objecto de co#nição e os e%eitos da decisão.

Not &istóric

    arbitra#em %oi o primeiro meio $uase jurisdicional de resolução de con4itos. O adventoda prática arbitral moderna encontra-se associado ao Cratado de Ia\, de 5=98, entre os rec!mindependentes J e a 0rã-Vretanha, e cujas comiss'es arbitrais eram or#anicamenteindependentes e imparciais, ao mesmo tempo $ue obedeciam a re#ras e procedimentos de

 jul#amento e decisão bastante elaborados. 1erece i#ualmente re%erência a arbitra#emempreendida por uma comissão arbitral conjunta, no caso labama 3laims, em 56=5, tamb!m

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entre a$ueles dos stados, e no $ual %oi evidente o modo como a arbitra#em conse#uiu umasolução honrosa para ambas as partes, evitando a #uerra.

  arbitra#em viu o seu estatuto internacional re%orçado a partir das 3on%erências de Pa" de   

;aia, de 569= e 59<=, atrav!s da criação do Cribunal Permanente de rbitra#em &CP),considerado na altura um tributo ao trabalho precursor de 0r(cio. a 3arta da OJ, o arti#o @@.Lconsa#ra a arbitra#em como um dos meios de resolução pacífca de con4itos.

    ctualmente existem de"enas de tribunais arbitrais e outros (r#ãos ou comiss'es com%unç'es de resolução pacífca de con4itos, tradu"indo o alar#amento do direito internacional aosmais variados domínios e a extensão do seu mbito de aplicação a actores não estaduais.

o Crcteri/)'o % rbitrgem

o arbitra#em constitui um importante mecanismo de jurisdição internacional. o presente,a mesma constitui um instrumento de acesso * jurisdição internacional por parte da$ueles

sujeitos de direito internacional desprovidos de le#itimidade processual activa para interporemacç'es diante de tribunais internacionais. a verdade, a arbitra#em ! %re$uentemente utili"ada,no mbito do direito internacional, para resolver controv!rsias envolvendo stados e empresasprivadas ou s( empresas privadas.

o 1uitos stados, têm le#islação %acilitando o recurso * arbitra#em, tanto no plano interno,como no plano internacional. Iuntamente com os tribunais internacionais, a arbitra#em temcontribuído para a expansão do corpus do direito internacional. m Portu#al, a arbitra#eminternacional levada a cabo no territ(rio nacional tem em vista dirimir con4itos deinteresses no mbito do com!rcio internacional, podendo as partes escolher o direito aplicávele admitir o jul#amento ex ae$uo er bono ou * composição ami#ável 2 sendo $ue, em princípio, o

laudo arbitral não ! recorrível.

o 3omo principais vanta#ens da arbitra#em, a doutrina aponta a sua efcácia conclusiva, omaior controlo do processo $ue con%ere *s partes, a menor %ormali"ação e liti#iosidade e aconfdencialidade. 3omo desvanta#ens apontam-se a lentidão, nos casos em $ue não são fxadasre#ras processuais, a %alta de autoridade típica de um tribunal e os custos para as partes, já $ue,em muitos casos, sobre elas impende o dever de suportar todos os custos administrativos e deremunerar os árbitros.

o Alguns mecnismos %e rbitrgem

o arbitra#em sur#e como meio de resolução pacífca de controv!rsias, previsto na 3artada OJ. o entanto, cumpre salientar $ue ela ! hoje utili"ada para resolver lití#ios econtrov!rsias, muito para al!m da intenção de prevenir ameaças * pa" e * se#urançainternacionais. l!m do mais, ela ! um meio expedito e efciente de normali"ação e estabili"açãoda interacção humana.

Arbitrgem no TPA

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arbitra#em no CP, com sede em ;aia 2 $ue em ri#or não ! nem tribunal, nem permanente 2,continua a representar uma parte substancial da arbitra#em internacional, embora tenha havidouma redução substancial do n?mero de arbitra#ens entre stados nas ?ltimas d!cadas. O n?merode stados $ue ratifcaram as convenç'es de ;aia estabelecendo o CP tem aumentadosi#nifcativamente nos ?ltimos anos.

Jm desenvolvimento recente na actividade arbitral do CP consiste no crescimento do n?mero deprocessos de massa &mass claims).

Arbitrgem nos contrtos %e investimento

Jm domínio particularmente problemático, na ordem internacional, di" respeito aos acordosbilaterais de investimento &VFCGs), verifcando-se uma tendência clara no sentido da suainternacionali"ação.

este domínio verifca-se um conjunto variado de soluç'es. >esde lo#o, existe a possibilidade de

constituição de comiss'es e tribunais arbitrais ad hoc. Camb!m uma especial re%erência merece a3onvenção para a Eesolução de >isputas de Fnvestimento entre stados e acionais de Outrosstados, de 597A.

Arbitrgem no %ireito %o mr

O direito do mar atribui um #rande relevo * arbitra#em internacional. l#uma doutrina sustenta$ue se trata de um modo de resolução de con4itos especialmente ade$uado a esta mat!ria,sublinhando a sua maior competência t!cnica, 4exibilidade e celeridade.

>eve notar-se $ue a 3>1 presume a aceitação da arbitra#em por parte dos stados partesenvolvidos numa controv!rsia $ue não hajam declarado expressamente a aceitação de uma%orma de jurisdição obri#at(ria &art. :6=.LQ@ da 3>1). O nexo KFF da 3>1 articula umprocedimento arbitral assente, em re#ra, na desi#nação de A árbitros &5 por cada parte e @ poracordo de ambas), a partir da lista elaborada pelo /0 da OJ. O laudo arbitral, devidamente%undamentado, ! defnitivo e inapelável.

Para al!m disso, no caso de controv!rsias acerca da interpretação e execução de contratosenvolvendo o aproveitamento dos recursos dos %undos marinhos &[email protected] da 3>1), a 3onvençãoprevê a submissão a uma arbitra#em comercial obri#at(ria, salvo acordo em contrário das partes, junto de um tribunal arbitral comercial &art. 566.LQ:Qa) da 3>1).

ste tipo de arbitra#em inscreve-se numa orientação, sustentada por boa parte da doutrina, devalori"ação da arbitra#em especial, vocacionada para procedimentos específcos em domínioscomo a nave#ação, as pescas, a poluição, a investi#ação científca, etc.

Arbitrgem comercil interncionl

a linha do acervo de normas $ue tradicionalmente re#ula as relaç'es comerciais privadastransnacionais, desenvolveu-se uma robusta prática arbitral de resolução de con4itos entrecomerciantes. 3omissão da OJ sobre o >ireito 3omercial Fnternacional &J3FCED), elaborou

um documento desi#nado por 1odelo de Ee#ras de rbitra#em para os contratos internacionais,representando o padrão básico de procedural due process neste domínio.

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sua importncia extravasa o direito comercial, já $ue as mesmas são mobili"adas a títulosupletivo.

Arbitrgem sobre recursos nturis e mbiente

O CP admite petiç'es de indivíduos e entidades não #overnamentais para arbitrar $uest'esrelativas * violação de normas de direito dos recursos naturais e ambiente ao abri#o das Ee#rasSacultativas de rbitra#em em >isputas Eelacionadas com Eecursos aturais e ou mbiente. Omodelo arbitral adoptado ! o das re#ras J3FCED.

A #ro#ost % CDI % ON>

3>F da OJ tem tido um importante papel no desenvolvimento da arbitra#em internacional,propondo um padrão de arbitra#em #eralmente válido para os con4itos internacionais, o $ual tem

por base a constituição de um tribunal arbitral composto por A membros, sendo $ue cada stadoou OF parte no con4ito desi#na um, sendo os restantes desi#nados por comum acordo. a %alta deacordo, a desi#nação caberá ao Presidente do CFI. ste modelo, há muito testado no direitointerno e internacional, revela-se ade$uado para um conjunto amplo e diversifcado decontrov!rsias.

Arbitrgem no seio % C4CE

m 599:, os stados participantes na 3on%erência sobre /e#urança e 3ooperação na uropacelebraram entre si, a 3onvenção sobre 3onciliação e rbitra#em, tendo em vista a promoção da

=< resolução de con4itos entre eles, nos termos do disposto nos arts. :.LQ@ e @@.L da 3arta daOJ. í se prevê a criação de um Cribunal de 3onciliação e rbitra#em.

o O 0uncionmento % rbitrgem

o arbitra#em tende a obedecer a um f#urino padrão, embora se admitam al#uns desviosnos processos de arbitra#em especifcamente previstos e re#ulados pelo direito internacionalespecial. análise dos di%erentes instrumentos internacionais permite identifcar um n?cleo duroor#ani"at(rio e procedimental de arbitra#em.

Princ+#ios 0un%mentis

arbitra#em deve con%ormar-se por diversos princípios %undamentais. ssim, por exemplo, amesma encontra-se submetida aos princípios da subordinação ao direito internacional, da boa %!e da justiça procedimental e substantiva. $ui encontram-se compreendidos os subprincípios docontradit(rio, do in$uisit(rio e dispositivo. Para al!m deles, vale o princípio da cooperação, $ue setradu" no dever de %ornecimento de todos os documentos, meios e in%ormaç'es, bem como deautori"ação da citação de testemunhas e peritos e de reali"ação de visitas aos locais relacionadoscom a controv!rsia.

O %uncionamento da arbitra#em obedece ainda ao princípio da autonomia procedimental,cabendo ao tribunal arbitral a aprovação das re#ras processuais. >o mesmo modo, importa re%erir$ue a delimitação do objecto da disputa ! %eita por comum acordo, sendo $ue daí depende afxação dos poderes de co#nição e decisão do tribunal arbitral. m caso al#um os mesmos

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podem ser ultrapassados pelo laudo arbitral. >eve salientar-se a possibilidade de determinaçãode medidas provis(rias de nature"a cautelar, tendo em vista a #arantia de sentido ?til do laudo.

Orgni/)'o e trmit)'o #rocessul

arbitra#em pode revestir di%erentes modalidades. Pode assentar num árbitro ?nico, num árbitro?nico assessorado por comissão arbitral, em comiss'es mistas presididas por um Nsuper árbitro,etc. Calve" mais %re$uente seja o recurso a tribunais arbitrais de @ a A elementos, desi#nadosparcialmente pelos sujeitos parte na disputa.

>e um modo #eral, o processo compreende duas %ases, de depoimentos escritos e orais. stes?ltimos pretendem satis%a"er os princípios do contradit(rio, da imediaticidade e da publicidade doprocesso. Particularmente relevante ! a #arantia da i#ualdade de armas das partes do processo. Bpossível o %uncionamento in absentia por parte do tribunal desde $ue tenha existido umassentimento válido * sua jurisdição.

Decis'o

>e um modo #eral, a decisão ! tomada por maioria. ormalmente, o carácter secreto dasdeliberaç'es ! compensado pela publicidade da leitura da sentença e pela admissibilidade dedeclaraç'es de voto. Por via de re#ra, a sentença tem %orça de caso jul#ado &res iudicata) e,havendo consentimento nesse sentido, vinculatividade inter partes.

ote-se, por!m, $ue as partes num procedimento arbitral det!m uma mar#em ra"oável decon%ormação do escopo, do alcance e dos e%eitos da decisão. O CFI pode ser chamado a confrmaras decis'es arbitrais, por iniciativa de $ual$uer das partes. s sentenças arbitrais devem serexecutadas de boa %!, havendo $ue sublinhar a responsabilidade internacional dos stados noscasos de inexecução.

3hama-se a atenção, no entanto, para a existência de uma 3onvenção das aç'es Jnidas sobre

o Eeconhecimento e xecução de Daudos rbitrais stran#eiros, de 59A6, em $ue se prevê apossibilidade de os stados recusarem a execução dos laudos arbitrais.

  Guris%i)'o interncionl              

  tentando a#ora na jurisdição internacional, o CPIF %oi a primeira instncia jurisdicional   

universal.

/e#uiu-se-lhe o CFI, com a criação das aç'es Jnidas. >e então para cá, tem-se vindo a ampliar oalcance da jurisdição internacional, a nível universal e re#ional. doutrina %ala hoje daemer#ência de uma comunidade #lobal de tribunais, incluindo não apenas as m?ltiplas instnciasinternacionais, arbitrais e jurisdicionais, mas tamb!m os tribunais nacionais, todos tendo emcomum o %acto de serem aplicadores autoconscientes do direito internacional. Eefra-se, de resto,$ue os tribunais nacionais aplicam com %re$uência crescente o direito internacional, podendo sercom propriedade desi#nados como tribunais internacionais em sentido amplo.

    O resultado daí decorrente ! a ampliação das possibilidades de cooperação e de con4ito,nomeadamente em sede de contradição de jul#ados, bem como a inerente necessidade de %a"eraplicar ao direito internacional institutos jusprocessuais como a litispendência e o caso jul#ado e

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estabelecer bases s(lidas para o relacionamento transjudicial, com base nos princípios docontrolo recíproco de poderes, do pluralismo, da diversidade e da autoridade persuasiva. B neste$uadro $ue se pode assistir * emer#ência de uma jurisprudência #lobal.

    Os práticos do direito internacional assinalam al#umas trans%ormaç'es estruturais naliti#ncia internacional $ue tornam mais premente o estudo do direito internacional substantivo eprocessual, tais como+

5) o aumento da %re$uência e escopo dos lití#ios internacionaisM

:) a nature"a policêntrica dos lití#ios modernos, muitas ve"es decorrendo diante de váriostribunais nacionais e internacionaisM

@) a intensidade %actual dos lití#iosM

8) o carácter ur#ente de muitos processos judiciaisM

A) a imprevisibilidade $ue ainda domina a liti#ncia internacionalM

7) a impossibilidade de #arantir a uni%ormi"ação de jurisprudência.

o Tribunl Interncionl %e Gusti)

o os termos do statuto do CFI, está-se a$ui perante o principal (r#ão jurisdicional da OJ.O mesmo ! %re$uentemente desi#nado por Ntribunal mundial, embora a proli%eração de tribunaisinternacionais sem $ual$uer subordinação hierár$uica ao CFI possa relativi"ar esse estatuto.

o Crata-se do herdeiro directo do CPIF, criado em 5959 pelo Cratado de Kersalhes da /> e$ue havia %uncionado at! 598<. sua jurisprudência, a despeito de circunscrita * resolução decasos concretos, tem, #raças ao seu m!rito e autoridade #ranjeada, contribuídodecisivamente para o desenvolvimento do direito internacional.

Esttuto %os (u+/es

O CFI ! composto por 5A juí"es, os $uais devem ser independentes, competentes e possuidores de

elevado carácter moral. eleição dos juí"es ! levada a cabo pela 0 e pelo 3/, a partir de umalista elaborada pelos representantes nacionais no CP. O seu mandato ! de 9 anos susceptível derenovação, caracteri"ando-se pela exclusividade e independência, #arantidos por um sistema deincompatibilidades e impedimentos.

O estatuto dos juí"es coloca-os numa posição de inamovibilidade, salvo decisão unnime dosoutros juí"es. Para o pleno exercício das suas %unç'es, os juí"es #o"am de privil!#ios diplomáticose imunidades. O seu estatuto remunerat(rio ! estabelecido pela 0, sendo insusceptível deredução durante o mandato e isento de impostos, o $ue abran#e o salário, as ajudas de custo e are%orma. >eve notar-se $ue estas notas têm o objectivo comum de possibilitar o exercícioindependente e imparcial das suas %unç'es. o entanto, al#uma doutrina nota $ue a eleição dos

 juí"es do CFI obedece por ve"es a complexas manobras de bastidores, sendo $ue, dado o elevado

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n?mero de stados representados na OJ, nem sempre têm sido eleitos juí"es de stados $ue seidentifcam plenamente com o ideário ori#inal da 3arta da OJ.

Orgni/)'o e com#et$nci

O tribunal %unciona em sessão permanente, sem prejuí"o das %!rias judiciais. Para operar emsessão plenária ! necessário um $u(rum de 9 juí"es. B possível o estabelecimento de secç'es, deacordo com a nature"a dos casos ou numa base ad hoc. F#ualmente prevista ! a %ormação deuma secção com A juí"es para resolução sumária de casos.

o CFI cabe a elaboração de re#ras de processo e escolha de assessores. competência do CFI di"respeito * resolução de con4itos de direito internacional, entre stados, $ue podem sersubscritores do statuto do CFI, ou outros, mediante re#ras a fxar pelo 3/, com re#ime especialde Ncustas judiciais. >e %ora fcam os lití#ios envolvendo as OFGs e as O0Gs.

 Guris%i)'o

determinação da jurisdição do CFI reveste-se de maior relevo para a le#itimação da %unção judicial, disso dependendo em #rande medida o acatamento das decis'es do tribunal sobre a$uestão de %undo.

O CFI tem competência limitada * resolução de lití#ios entre stados. Jma petição inicial%ormulada por uma entidade não estadual seria inde%erida liminarmente, nos termos dos [email protected] e @A.L do CFI.

Para al!m disso, a jurisdição do CFI encontra-se limitada pelo statuto e pelo consentimento dosstados. O CFI não pode decidir uma disputa entre stados sem o seu consentimento * sua jurisdição e para al!m dele, mesmo $ue esteja em causa a violação de ius co#ens ou deobri#aç'es er#a omnes.

O tribunal mostrou-se particularmente "eloso na de%esa deste princípio, evitando a sua violaçãocolateral, no caso Portu#al vs ustralia, em $ue se recusou a jul#ar entre os dois stados partesna disputa por$ue isso implicaria resolver a $uestão pr!via dos direitos da Fndon!sia sobre Cimor,sem $ue esta tenha consentido na sua jurisdição 2 num entendimento discutível, já $ue adoutrina da responsabilidade internacional dos stados sustenta $ue casa stado respondeindividualmente pela sua conduta, independentemente da cumplicidade de outros.

>e %acto, o CFI adoptou uma visão demasiadamente restrita da sua %unção de (r#ão judicialprincipal das aç'es Jnidas.

primeira %ase $ue o CFI imp'e a si pr(prio $uando con%rontado com um lití#io concreto prende-se com a determinação da existência, do escopo e do alcance do consentimento dos stados *sua jurisdição. B por isso importante atender a esta $uestão, nos termos dos arts. @A.LQ5Q: [email protected]: do CFI.

Por!m, o %acto de se ser parte do respectivo statuto não si#nifca uma imediata, automática e

plena aceitação da jurisdição do CFI. os termos do art. @7.LQ5 do CFI, esta vale apenas nos casosem $ue os stado hajam assinado um acordo remetendo para o CFI a resolução de um lití#io ou

sejam partes num tratado $ue preveja a jurisdição do CFI em con4itos dele emer#entes.F#ualmente relevante ! o art. @7.LQ: do CFI $ue prevê a subscrição de uma cláusula %acultativa de

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 jurisdição obri#at(ria. aceitação da jurisdição compuls(ria ! uma declação unilateral por partedos stados $ue deve ser depositada junto do /ecretariado 0eral da OJ. ela os stadosdeclaram $ue aceitam ser demandados por outros stados $ue tenham %eito a mesmadeclaração. sta declaração pode ser incondicional ou com condiç'es de reciprocidade,defnitiva ou temporária. Camb!m procedente ! a %ormulação de reservas * jurisdição obri#at(ria.

sta cláusula ! si#nifcativa, na medida em $ue os stados não têm possibilidade de saber, *partida, $uem e por $ue motivo contra eles virá interpor uma acção, embora possam invocar, a

título de excepção, as reservas * jurisdição do CFI $ue hajam %ormulado na sua declaração, bemcomo, com base no princípio da reciprocidade, as reservas * jurisdição obri#at(ria %ormuladaspelo stado demandante.

O CFI considera todos estes elementos na determinação da existência, do escopo e do alcance doconsentimento * sua jurisdição. O CFI tem sublinhado a sua competência exclusiva na decisãosobre o alcance da sua pr(pria jurisdição, interpretando as normas para esse e%eito pertinentes,dando desse modo corpo ao princípio da autodeterminação jurisprudencial. a prática, são

muitos os casos em $ue o CFI ! levado a declinar a sua jurisdição, ainda $ue recordando *s partesa obri#ação de resolverem pacifcamente os lití#ios entre elas. os termos do CFI, os stados sãolivres de, a todo o tempo, modifcar os termos da aceitação de jurisdição obri#at(ria do tribunalde ;aia bem como de a declinar.

Jma lar#a maioria de stados não subscreveu a cláusula %acultativa de jurisdição obri#at(ria.

Outros f"eram-no com reservas tão amplas $ue praticamente neutrali"am a aceitação de jurisdição obri#at(ria, %acto $ue, em virtude do princípio da reciprocidade, acaba por redu"irsubstancialmente os casos em $ue as decis'es do CFI têm %orça vinculativa. Outros ainda, como aSrança ou os J, renunciaram * jurisdição obri#at(ria do CFI, em resposta, respectivamente, aoscasos dos Cestes ucleares &59=8) e icara#ua &5968). os termos do art. 8<.L do CFI, e nos

termos das re#ras de procedimento adoptadas pelo tribunal, aos stados cabe indicar a nature"ada $uestão e esclarecer, de %orma tão especifcada $uanto possível, o título $ue suporta a jurisdição do CFI e os respectivos %undamentos jurídicos. ão havendo título defnido, amani%estação superveniente do consentimento dos stados pode suprir situaç'es de de%eito de jurisdição, mediante a doutrina do %orum proro#atum. 3omo se vê, em sede de jurisdição o CFIcontinua sintoni"ado com o paradi#ma clássico do direito internacional, edifcado em torno dasoberania estadual. Jma maior abertura, nomeadamente mediante protocolos adicionais, aliti#antes não estaduais seria bem vinda, * lu" do novo paradi#ma emer#ente.

Ob(ecto %o #rocesso

O objecto do processo ! constituído pela disputa envolvendo os stados, tal como a mesma !defnida pelos articulados. o entanto, o CFI tem entendido $ue a consideração de todos osaspectos de um dado lití#io pode implicar a aceitação de ale#aç'es das partes sobre %actossubse$uentes ao pedido inicial mas emer#entes directamente da $uestão $ue constituiu orespectivo objecto. Camb!m a estes %actos se estendem os poderes de co#nição do tribunal. doutrina observa $ue nal#uns casos, a simples enunciação do objecto do processo e dos objectoda discussão tem possibilitado a clarifcação do lití#io possibilitando a sua resolução diplomáticaante camera.

8uncionmento e #rocesso

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O CFI desenvolve a sua actividade subordinada ao princípio do in$uisit(rio, tradu"ido no poder deordenar in$u!ritos e investi#aç'es e de solicitar pareceres.

Jm elemento interessante ! a sua abertura a in%ormaç'es %ornecidas por cartas amicus curiae.

Jm outro elemento estruturante do processo ! o princípio do pedido.

petição e a notifcação de acordo por parte do demandado, e a sua contestação, defnem oselementos essenciais do objecto do processo e os poderes de co#nição do tribunal.

B admissível, nos termos do art. 85.L do CFI, o re$uerimento de providências cautelares, tendoem vista a conservação do sentido ?til da lide. Para determinar a sua competência para decretarestas providências, entende-se $ue o CFI necessita de estabelecer a sua jurisdição prima %aciesobre o m!rito da $uestão material controvertida.

representação das partes concreti"a-se atrav!s de a#entes com poderes para o e%eito e dopatrocínio de advo#ados dotados dos privil!#ios e imunidades necessários para o exercício dassuas %unç'es. >eve ainda salientar-se a possibilidade de intervenção de terceiros stados

a%ectados pela decisão.

O processo tem várias %ases. primeira desi#na-se %ase escrita e consiste na apresentação demem(rias e contra-mem(rias, respostas e documentos de apoio. B imperativo o %ornecimento dec(pia dos documentos * outra parte, tendo em vista #arantir o princípio do contradit(rio epermitir o exame cru"ado das provas. /e#ue-se a %ase oral do processo, a $ual compreende aaudição de testemunhas, peritos, a#entes, conselheiros, etc. sta ! re#ulada pelo princípio dapublicidade da audiência. Camb!m a$ui a #arantia de uma absoluta i#ualdade de armas ! umapreocupação várias ve"es afrmada pelo CFI. O princípio da boa %! mani%esta-se nesta %ase doprocesso exi#indo $ue as partes se abstenham de comportamentos $ue a#ravem o con4ito. >aobservncia das re#ras de tramitação e dos princípios processuais relevantes depende a

le#itimação da decisão.

Decis'o

tomada de decisão constitui a %unção primária e o objectivo ?ltimo de $ual$uer processo jurisdicional contencioso. sta tradu"-se na deliberação pelo CFI * porta %echada &in camera),embora com publicação dos %undamentos da decisão. decisão ! tomada por maioria dos juí"es,com voto de $ualidade do Presidente. deliberação em si mesma não ! objecto de publicação. decisão deve ser lida publicamente. dmitem-se declaraç'es de voto e votos de vencido. Os juí"es podem justifcar a sua concordncia com a decisão diver#indo dos %undamentos da maioria&concurrin# norms), bem como %undamentar a sua discordncia com a decisão em si mesma&dissentin# opinions). decisão produ" e%eitos inter partes e ! recorrível. o entanto, deve

assinalar-se a possibilidade de pedir a aclaração do sentido da decisão junto do pr(prio CFI. Bpossível re$uerer uma revisão extraordinária mediante a descoberta de %acto novo de relevodecisivo, $ue não era nem podia ser conhecido pelo Cribunal ou pelas partes ao tempo dadecisão, desde $ue pedida dentro de 7 meses depois da descoberta do re%erido %acto e de $uenão tenham passado mais de 5< anos desde a sentença cuja revisão ! pedida.

O %acto de a decisão do CFI ser executiva 2 no sentido de defnir obri#aç'es concretas para arespectiva execução 2 e defnitiva e obri#at(ria não si#nifca $ue a mesma seja execut(ria 2dotada dos meios coercivos para se %a"er executar. execução ! deixada *s partes, as $uaisassumem o compromisso de executar espontaneamente as decis'es do CFI, nos termos do art.

98.L da 3arta da OJ. não execução pode ser eventualmente contestada junto do 3/ da OJ, a$uem cabe tomar medidas ade$uadas, embora mesmo a$ui esteja dependente de um possível

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veto. Por ve"es as partes pretendem apenas uma defnição mais clara do direito internacional e averifcação da existência de uma violação direito internacional. Por ve"es trata-se apenas dele#itimar a adopção de contra-medidas. Os lití#ios decididos mediante jurisdição obri#at(ria do CFIcorrespondem a uma %racção muito limitada de toda a sua actividade jurisdicional.

/ublinhe-se, do mesmo modo, $ue as decis'es do CFI não constituem precedentes vinculativos&stare decisis) para o pr(prio tribunal, para outros tribunais ou para a comunidade internacionalno seu todo.

8un)'o consultiv %o TIG

O CFI pode ser chamado a elaborar pareceres sobre $uest'es de direito internacional &advisor\opinions). Crata-se de uma %unção secundária no mbito da actividade jurisdicional. O CFI temsustentado a existência de uma certa discricionariedade $uanto * admissão das $uest'es $ue lhesejam submetidas, em %unção da existência, ou não, de %undamentação empírica sufciente parale#itimar uma pron?ncia e de interesse no esclarecimento das $uest'es a ele submetidas. le#itimidade processual para proceder ao seu re$uerimento cabe a $ual$uer entidade autori"adade acordo com a 3arta da OJ, nos termos dos arts. 7A.L e 97.L deste instrumento. >e acordocom estas disposiç'es essa le#itimidade cabe * 0 e ao 3/ da OJ, bem como a (r#ãos ea#ências especiali"adas da OJ, desde $ue autori"adas pela 0 da OJ. Os stados não #o"amde le#itimidade processual activa para solicitar pareceres consultivos. 3omo se disse, o objectodos pareceres tem $ue ser uma $uestão de direito internacional. O re$uerimento obedece aoprincípio da especifcação, devendo conter a defnição precisa da $uestão e a junção de todos osdocumentos pertinentes. /obre o CFI impende o dever de notifcação de todos os interessados na$uestão. Camb!m a$ui são admitidas as chamadas ale#aç'es amicus curiae. O processocompreende uma %ase escrita eQou oral, encontrando-se sujeito aos princípio do in$uisit(rio e docontradit(rio.

l!m disso, o tribunal encoraja a aplicação política da sua opinião consultiva pela comunidadeinternacional, como se de uma decisão er#a omnes se tratasse. mbora este meio processual nãopretenda resolver, em termos defnitivos e juridicamente vinculativos, $ual$uer lití#io jurídico,deve salientar-se o contributo $ue os pareceres do CFI têm tido na orientação da actividade daOJ e no desenvolvimento do direito internacional.

o Tribunl Interncionl %e Direito %o 2r

Consi%er)es geris

O CF>1, sediado em ;ambur#o, ! uma das mais recentes instncias jurisdicionais internacionaisespeciali"adas. Soi criado pela 3>1, de 596:.

ste instrumento normativo dedica especial atenção * resolução de controv!rsias &nexo KF *3>1). criação de um tribunal com competências no mbito de direito do mar não se apresentouisenta de discussão. l#uns alertavam para o risco de o mesmo introdu"ir al#uma perturbação nodireito internacional, na medida em $ue o CFI tem #rande experiência em sede de direito do mar,sendo %re$uentemente chamado a dirimir disputas neste domínio, havendo o peri#o dediver#ências jurisprudenciais. Outros, por!m, acentuaram as virtualidades da criação de umanova instituição jurisdicional internacional no domínio do direito do mar, sem prejuí"o da

competência do CFI nesta mat!ria.

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m primeiro lu#ar, o CF>1 tem jurisdição sobre OFGs, indivíduos e pessoas colectivas, o $ueconstitui uma vanta#em assinalável $uando comparado com o CFI. m se#undo lu#ar, o CF>1 !uma instncia especiali"ada em direito do mar, especialmente vocacionado para a interpretaçãoe aplicação da 3>1. ote-se $ue esta convenção ! apenas uma parte do direito internacional $uedisciplina as actividades marinhas aplicáveis pelo CF>1, devendo ainda sublinhar-se o papel do

direito consuetudinário do mar, do direito do ambiente e mesmo das normas de direitos humanos.O CFI e o CF>1 constituem, a par de mecanismos arbitrais especiais, procedimentos compuls(riosalternativos conducentes a decis'es obri#at(rias, previstos na parte ZK, secção :, da 3>1.

Fmporta notar $ue esta secção ! aplicável em controv!rsias relativas * interpretação e aplicaçãoda 3>1 $uando esteja em causa, nomeadamente, o exercício de direitos soberanos de jurisdiçãopor um stado costeiro, pondo em causa as liberdades de nave#ação, sobrevoo, instalação deductos e violando normas de direito internacional e interno &art. :9=.L ss da 3>1). Osprocedimentos da secção : da parte ZK da 3>1 podem ser a%astados, dentro de certospressupostos, em $uest'es de mbito territorial, militar ou colocadas sob a autoridade do 3/ da

OJ &art. :96.L da 3>1).

Orgni/)'o e 0uncionmento

O CF>1 ! constituído por :5 membros independentes, de di%erentes stados, eleitos por 9 anos deacordo com os crit!rios de idoneidade moral e profssional e representatividade jurídica e

#eo#ráfca típicos na jurisdição internacional e no $uadro da OJ. autonomia, independência e imparcialidade dos juí"es ! #arantida atrav!s de normas sobreincompatibilidades, impedimentos, privil!#ios e imunidades &arts. :.L a 5<.L do CF>1). O CF>1pode constituir cmaras &secç'es) de @ ou mais juí"es, na medida em $ue considere necessáriopara a resolução de determinadas cate#orias de controv!rsias, devendo %a"ê-lo para umacontrov!rsia $ue lhe tenha sido submetida se as partes assim o solicitarem.

F#ualmente prevista está a constituição de uma cmara para decidir disputas em processosumário.

ctualmente existem duas cmaras permanentes, com competências especiali"adas nos

domínios das pescas e do ambiente marinho. o tribunal cabe aprovar o seu re#ulamento internoe adoptar normas sobre o exercício das suas %unç'es &art. 5A.LQ5Q:Q@ do CF>1).

 Iunto do CF>1 %unciona a 3mara de 3ontrov!rsias dos Sundos 1arinhos, dotada de competênciaespeciali"ada em controv!rsias respeitantes * Wrea, nos termos da parte ZF da 3>1, e de poderesde nature"a consultiva &arts. 56=.L ss e 595.L da 3>1). 33S1 ! composta por 55 dos juí"es dotribunal, escolhidos de entre eles de acordo com crit!rios de representatividade, admitindo-serecomendaç'es, nesta mat!ria por parte da utoridade &art. 567.Lss da 3>1 e art. @A.L dostatuto do CF>1).

 Guris%i)'o

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 Cêm acesso ao CF>1 todos os stados partes e a entidades deles distintas, nos termos da parte ZFda 3>1, respeitante ao aproveitamento dos recursos da Wrea &arts. 566.L, :6=.L, :66.LQ@, :9<.L,:9:.LQ: da 3>1M nexo KF, arts. :<.Lss e @5.Lss). ote-se $ue a pr(pria defnição de Nstadospartes, para este e%eito, ! entendida em sentido amplo, de %orma a compreender territ(riosdotados de soberania interna, ainda $ue não externa, e OFGs com capacidade de celebração de

tratados internacionais.dmite-se ainda o acesso a stados $ue não sejam partes na >1, desde $ue isso resulteexpressamente de um acordo especial. os casos em $ue um acordo atribua jurisdição ao CF>1re$uer-se o assentimento de todas as partes no lití#io. 3>1 prevê a possibilidade deintervenção do CF>1, a título residual, * mar#em do consentimento de ambas as partes no lití#io.ssim sucede no caso de apresamento de uma embarcação de outro stado &art. :9:.L da 3>1),nomeadamente por violação de re#ulamentos de pesca na ` &art. [email protected] da 3>1) ou sobrepoluição &arts. ::<.L e ::7.L da 3>1), verifcados os pressupostos estabelecidos &art. :9:.LQ5 da3>1).

jurisdição do CF>1 di" respeito *s controv!rsias e pedidos $ue lhe sejam submetidos em

con%ormidade com a 3>1, ou acordo nesse sentido, devendo o CF>1 aplicar esta convenção etodo o direito internacional $ue não seja incompatível com ela. dmite-se ainda a possibilidade deo tribunal decidir ex ae$uo et bono &art. :@.L do CF>1 e art. :[email protected] da 3>1). sta jurisdição temum alcance alar#ado, re4exo do elevado n?mero de subscritores da 3>1. a prática, o CF>1reali"a um vasto le$ue de tare%as $ue se prendem com a interpretação e aplicação do direito domar, convencional e consuetudinário, com a resolução de con4itos, com a orientação normativadas actividades marinhas, com a participação em procedimentos de ne#ociação assistida, etc.

sua actividade proporciona-lhe i#ualmente a possibilidade de %uncionar como um %orum p?blicode discussão das complexas $uest'es políticas e jurídicas relacionadas com o direito do mar. Otribunal não tem uma competência consultiva #en!rica para emitir pareceres jurídicos a pedidode determinadas OFGs, como sucede com o CFI.

Por sua ve", a jurisdição da 33S1 abran#e, principalmente, as controv!rsias re%eridas na parte ZFda 3>1 &arts. 56=.Lss da 3>1). ote-se $ue nas disputas a$ui em causa, as partes disp'em deal#uma 4exibilidade na escolha de outras instncias jurisdicionais, para al!m da 33S1. ostermos da 3>1, a 33S1 exerce tamb!m uma %unção consultiva, a pedido da ssembleia e do3onselho, podendo ser chamada a emitir pareceres com carácter de ur#ência sobre $uest'es jurídicas $ue se suscitem no mbito das suas actividades &art. 595.L da 3>1). ão se encontraprevisto nenhum sistema de reenvio prejudicial a partir dos tribunais nacionais.

Processo

O CF>1 serve di%erentes %unç'es e opera de acordo com vários re#imes processuais, cumprindoa$ui destacar al#uns aspectos. O tribunal deve defnir os trmites do processo. ste inicia-se coma submissão por escrito de uma $uestão ao CF>1, mediante acordo ou pedido, devendo emambos os casos indicar-se o objecto e os sujeitos do processo &art. :8.L do CF>1). O CF>1 podeinde%erir liminarmente o pedido se o considerar abusivo ou in%undado &art. :98.L da 3>1).dmite-se o recurso a peritos para a clarifcação de $uest'es científcas e t!cnicas $ue sesuscitem no processo, bem como a adopção de medidas provis(rias vinculativas apropriadas *de%esa dos direitos das partes ou do ambiente marinho, uma ve" estabelecida a jurisdição prima

%acie do tribunal &arts.:69.L e :9<.L da 3>1).

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xiste ainda lu#ar para a tutela ur#ente, de nature"a cautelar. ssim, no domínio das medidasprovis(rias, a >1 atribui ao CF>1 competência residual, mesmo $ue a $uestão principal venha arecair na jurisdição de outro tribunal &art. :9<.LQA da 3>1 e art. :A.L do statuto do CF>1). Parecenão se exi#ir a$ui a determinação da jurisdição prima %acie sobre a $uestão de %undo, comosucede no mbito do CFI. o $ue di" respeito * tramitação do processo principal, a %orma e os

pra"os para ale#aç'es de parte são defnidos pelo CF>1 &art. :=.L do CF>1). O processocompreende audiências diri#idas pelo presidente do tribunal, por via de re#ra, as $uais deverãoser p?blicas, a menos $ue as partes solicitem outra coisa &art. :7.L do CF>1). F#ualmenteprevista ! a intervenção de stados partes na 3>1, estranhos ao processo, $ue ale#uem ter uminteresse jurídico susceptível de ser a%ectado pela decisão de um processo em curso &art. @5.L doCF>1). tutela ur#ente opera ainda a título principal, na acção para a pronta liberação deembarcaç'es. 3om e%eito, o caso de apresentado indevido de embarcaç'es dá lu#ar a umprocesso ur#ente, com características de celeridade e prioridade, a ser decidido com base numcrit!rio de plausibilidade sufciente &art. 55:.L do CF>1).

Decis'o

decisão do CF>1 ! tomada por maioria, devendo ser devidamente %undamentada e lida emsessão p?blica, admitindo-se expressamente a existência de declaraç'es de voto &arts. :9.L e@<.L do CF>1). mesma ! defnitiva e vinculativa para todas as partes na controv!rsia,produ"indo e%eitos limitados ao caso concreto &inter partes), incluindo $ual$uer stadointerveniente do processo como terceiro &art. @5.L do CF>1). ão existe recurso para $ual$ueroutro tribunal, mas está prevista a possibilidade de o tribunal interpretar a sentença, a pedido daspartes, de %orma a esclarecer o seu conte?do &art. @@.L do CF>1).

o caso específco das decis'es em processos de apresamento, entende-se $ue as mesmasvinculam as autoridades do stado no mbito exclusivo da $uestão da libertação, embora nãovinculem os tribunais do stado costeiro em mat!rias de direito e de %acto relativamente a$ual$uer processo pendente &art. :9:.LQ@ da 3>1).

estes processos, o CF>1 pode analisar as $uest'es de %undo nos termos ade$uados enecessários * resolução da $uestão do apresamento, com a necessária contenção para nãoprejudicar a competência de outro tribunal internacional $ue venha a jul#ar a $uestão de %undo.Eelativamente *s decis'es da 33S1, prevê-se a executoriedade nos mesmos termos dassentenças ou dos despachos do supremo tribunal do stado parte em cujo territ(rio a execução%or re$uerida &art. @9.L do CF>1)