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Técnico Judiciário – Área Administrativa Direito Processual do Trabalho – Parte 1 Prof. Fidel Ribeiro

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Técnico Judiciário – Área Administrativa

Direito Processual do Trabalho – Parte 1

Prof. Fidel Ribeiro

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Direito Processual do Trabalho

Professor Fidel Ribeiro

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Edital

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO: Fontes de Direito Processual do Trabalho. Da Justiça do Trabalho: organização e competência (EC 45/2004). Das Varas do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho: jurisdição e competência. Do Tribunal Superior do Trabalho: competência e composição. Dos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho: das secretarias das Varas do Trabalho e dos distribuidores. Do processo judiciário do trabalho: princípios específicos do processo do trabalho. Aplicação subsidiária e supletiva do CPC ao processo do trabalho. Audiência trabalhista: da instrução e julgamento; provas testemunhais, documentais e periciais. Do procedimento ordinário e procedimento sumaríssimo. Dos recursos no processo do trabalho: espécies e prazos. Execução: iniciativa da execução; execução provisória; execução contra a fazenda pública; execução contra a massa falida. Citação; depósito da condenação e da nomeação de bens; mandado e penhora; bens penhoráveis e impenhoráveis. Embargos à execução; impugnação à sentença; embargos de terceiro. Praça e leilão; arrematação; remição; custas na execução. Do Processo Judicial Eletrônico: peculiaridades, características e prazos; normas aplicáveis ao processo judicial eletrônico. Súmulas da Jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho sobre Direito Processual do Trabalho.

BANCA: FCC

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Carta aos alunos

Prezados,

  Com imensa satisfação e carinho, preparei-lhes o presente material, totalmente de acordo com a Reforma Trabalhista de 2017 e com o Código de Processo Civil de 2015. Bem como, com os entendimentos atuais da jurisprudência e o que deverá ser alterado com força nas modifica-ções legislativas recentes.

  Espero que façam bom uso do material, que dediquem-se e assistam as aulas. Alias, espe-cialmente a aula de PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO. Pois, inegavelmente trata-se da aula mais importante por duas razões: (I) – as bancas cobram questões sobre princípios com frequência, além de que tal frequência deve aumentar em razão da incerteza jurisprudencial trazida pelas reformas, o que faz com que pontos mais seguros, como princípios, possam ser cobrados com maior tranquilidade e consequentemente intensidade nas provas; (II) – ao estu-darmos princípios, adquirimos uma visão ampla sobre o processo do trabalho em geral, além de que aproveitei para ensinar aos senhores todas as informações possíveis da reforma em termos processuais na aula de princípios. Portanto, irão adquirir não somente o conhecimento dos princípios propriamente ditos, mas do processo do trabalho como um todo, bem como irão conhecer detalhes sobre as reformas da CLT, tudo, numa simples aula de princípios. Assim sen-do, embora pensem que possam já conhecer os princípios aplicáveis ao processo do trabalho, garanto-lhes, a mais importante aula é esta.

  Um abraço a todos e bons estudos. Vem comigo e te prepara para vencer.

Fidel

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Direito Processual do Trabalho

PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO

→ PRINCÍPIOS, o que são?

De acordo com o doutrinador Renato Saraiva:

“Princípios são proposições genéricas, abstratas, que fundamentam e inspiram o legislador na elobaração da norma.

Os princípios também atuam como fonte integradora da norma, suprindo as omissões e lacunas do ordenamento jurídico.

Exercem ainda, os princípios, importante função, atuando como instrumento orientador na interpretação de determinada norma pelo operador do direito.

Os princípios, portanto, desempenham uma tríplice função: informativa, normativa e interpretativa.”

PRINCÍPIO DA INÉRCIA (princípio dispositivo)

Impede que o juiz instaure o processo “de ofício”.

O artigo 2º do Novo Código de Processo Civil, assim prevê:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

A partir do princípio do dispositivo ou inércia, o processo não pode ser instaurado de ofício pelo juiz, apenas a parte interessada pode dar início ao processo.

Quebra-se a inércia com o exercício do direito de ação.

A peça que dá início ao processo chama-se PETIÇÃO INICIAL. Ou, o processo pode iniciar-se por reclamação verbal, que será reduzida a termo, fato conhecido como jus postulandi, característica dos processos trabalhistas.

PRINCÍPIO INQUISITIVO

Trata-se de princípio que opõe-se ao princípio da inércia. É comum a expressão “o princípio inquisitivo é a exceção do princípio dispositivo”.

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A partir do princípio inquisitivo, a atuação do Juiz pode dar-se ex offício, sem necessidade de requerimento das partes. O tema teve alteração na reforma trabalhista introduzida pela LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Até a reforma, o processo de execução iniciava-se DE OFÍCIO, não necessitando atuação das partes, sempre. A partir da reforma em questão, o início da execução de ofício passou a ser exceção, cabível apenas quando as partes não estiverem representadas por advogado.

→ REDAÇÃO ANTERIOR

Art. 878. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.

Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

→ REDAÇÃO APÓS REFORMA

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.

Parágrafo único. (Revogado).” (NR)

ATENÇÃO: PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ – INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO ATUAL

Por muito tempo discutiu-se acerca da aplicabilidade ou não do princípio do juiz natural no processo do trabalho. A previsão encontrava-se no artigo 132 do Código de Processo Civil antigo, revogado pela sua versão 2015. Tinha a seguinte redação:

(REVOGADO) Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. (Redação dada pela Lei nº 8.637, de 31.3.1993)

(REVOGADO) Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. (Incluído pela Lei nº 8.637, de 31.3.1993)

O Código de Processo Civil 2015 deixou de conter a referida previsão do princípio da identidade física do juiz, pois tem como uma das metas principais entregar à sociedade uma prestação jurisdicional célere. Portanto, o referido artigo do CPC revogado é totalmente incompatível com a sistemática atual. Na mesma linha, também inaplicável ao processo do trabalho em razão dos mesmos argumentos. Em recente julgado (Processo 0010882-02.2015.5.03.0094 RO), o TRT da 3ª Região assim entendeu:

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“Sabe-se que o processo laboral é orientado pelos princípios da celeridade e economia processual, permitindo a rapidez na tramitação do processo – o que é indispensável quando a controvérsia envolve créditos cuja natureza é eminentemente alimentar”

Dentre as razões, o Relator fundamentou com base no artigo 652 da CLT sua decisão, que prevê a competência para julgamento dos feitos às Juntas de Conciliação e Julgamento (atualmente Varas do Trabalho).

PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

O objetivo do princípio da concentração dos atos processuais é claro: celeridade na prestação jurisdicional. Embora, nem sempre seja respeitado pelos juízes.

Dispõe a CLT:

Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

No rito SUMARÍSSIMO, a previsão legal é expressa para a realização de AUDIÊNCIA UNA.

Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

PRINCÍPIO DA ORALIDADE

O princípio da oralidade consiste na realização dos atos, todos quanto possíveis, de verbal, oral, pelas partes, procuradores e juízes.

Inclusive, a própria reclamação trabalhista pode ser ajuizada de forma oral, conforme redação do Art. 840, da CLT original, cujo caput foi mantido pela reforma de 2017.

ART. 840, CLT: A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

São exemplos de atos a serem produzidos de forma oral:

• leitura da reclamação (847, CLT); • oferecimento de defesa em 20 minutos (847, CLT); • tentativas de conciliação (846 e 850, CLT); • interrogatório das partes (art. 848, CLT); • oitiva das testemunhas (848, p. 2º , CLT); • razões finais em 10 minutos (850, CLT); • protesto em audiência (Art. 795, CLT – As nulidades não serão declaradas senão mediante

provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos).

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Como exceção ao princípio da oralidade, a Reforma criou parágrafo único ao artigo 847, onde consagrou a possibilidade, amplamente aceita na prática há longa data, da apresentação de defesa escrita, antes da audiência, atenta ao sistema atual do PJe.

Art. 847. CLT – Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Parágrafo Único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.

PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

Dá-se o nome de decisão interlocutória a aquela que não possui caráter terminativo, isto é, não põe fim ao processo. Nos processos trabalhistas, não há possibilidade, em regra, de recurso imediato de tais decisões, como por exemplo, da decisão que indefere uma oitiva de testemunha.

Súmula nº 214 do TST

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) – Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Art. 893, § 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.

Art. 799. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)

§ 1º As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)

§ 2º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)

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NOVIDADE REFORMA TRABALHISTA:

Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica

‘Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil.

§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:

I – na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação;

II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo;

III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal.

§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).’

CPC, Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE OU IMEDIAÇÃO

Permite o contato imediato do Juiz para com as partes e as provas a serem produzidas.

Art. 820. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiri-das, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.

PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

A Constituição Federal, no art. 5º , LV, assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

Previsto no Art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que estabelece que:

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“Toda pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, de ser ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e obrigações, ou para o exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal.”

Para o exercício livre e imparcial dos juízes, estes possuem as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. (Art. 95, CF)

PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL

Princípio constitucional aplicável, também, ao processo do trabalho, previsto no artigo 5º, XXXVII e LIII, que preveem, respectivamente, que:

• “não haverá juízo ou tribunal de exceção”; • “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.

PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES

Princípio constitucional expresso no art. 93, IX da CF, com redação dada pela Emenda Constitucional 45 de 2004, que prevê:

“todos os julgamentos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”

PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

O processo do trabalho tem como um dos seus mais explorados princípios a conciliação.

Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.

(...)

§ 3º É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

Embora o processo do trabalho preze verdadeiramente pela conciliação, tanto que os juízes em dois momentos (início e término da audiência) são obrigados à tentativa de conciliar, os acordos quando obtidos não necessariamente deverão ser homologados pelo Juiz, que deverá analisar sua eventual prejudicialidade ao trabalhador, com força no “princípio da proteção”. Vide, súmula 418 do TST:

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Súmula nº 418 do TST

MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) – Res. 217/2017 – DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017

A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

NOVIDADE REFORMA TRABALHISTA:

DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

PARA HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL

‘Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.

§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.

§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.’

O ACORDO EXTRAJUDICIAL NÃO PREJUDICA O DIREITO DO TRABALHADOR AO RECEBIMENTO EM TEMPO DAS VERBAS RESCISÓRIAS, SOB PENA DE MULTA NO VALOR DE 01 SALÁRIO DO TRABALHADOR

‘Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no § 6º do art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8º art. 477 desta Consolidação.’

PRAZO PARA ANÁLISE DO ACORDO: 15 DIAS AUDIÊNCIA: FACULDADE DO JUIZ

‘Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença.’

SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL

‘Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.

Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.’”

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PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI

A partir do princípio do JUS POSTULANDI as partes podem litigar pessoalmente, sem a presença de advogado. Previsão legal do princípio:

CLT, Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

Em sentido contrário, a Constituição Federal de 1988, quando promulgada, parecia querer barrar a aplicação de tal dispositivo, porém, prevalece o entendimento que não fere a indispensabilidade do advogado à justiça, assim como ocorre nos Juizados Especiais Cíveis, por exemplo.

CF, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Embora ainda vigente o jus postulandi, este encontra na complexidade de alguns atos, bem como no princípio da proteção, algumas restrições. Como exemplo, a hipótese inserida pela Reforma/17 da CLT de homologação de acordo extrajudicial, onde a presença do advogado é indispensável para evitar que o empregado seja “passado para trás”. Outros exemplos podem ser percebidos pela súmula 425 do TST:

Súmula nº 425 do TST

JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010

O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Decorre da Constituição, em seu art. 5º , inciso LIV:

“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Não trata-se de uma garantia constitucional expressa. Porém, é extraído a partir de uma análise sistemática da CF. A partir do referido princípio, garante-se às partes o direito de recorrerem à instância superior por razões de legalidade e de mérito, objetivando uma reforma da decisão ou sua anulação.

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O princípio do duplo grau de jurisdição por falta de base constitucional inequívoca, comporta exceções, como por exemplo, nos chamados “dissídios de alçada” (demandas submetidas à Justiça do Trabalho que não excedem dois salários mínimos). Não comportam qualquer recurso, salvo se envolver matéria constitucional.

PRINCÍPIO DA BOA FÉ E LEALDADE PROCESSUAL

As partes possuem o que chama-se de dever de probidade, devendo procederem com boa fé e lealdade.

Antes da reforma, aplicavam-se as disposições do diploma processual civil ao caso. Agora, a partir da reforma de 2017 passamos a ter a previsão específica na CLT, veja-se:

NOVIDADE REFORMA TRABALHISTA

Seção IV-ADa Responsabilidade por Dano Processual

‘Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente.’

‘Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II – alterar a verdade dos fatos;

III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI – provocar incidente manifestamente infundado;

VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.’

‘Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

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§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.’

‘Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.

Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos.’”

Veja-se que a partir da novidade, a testemunha pode ser punida com multa por litigância de má-fé. E de mera testemunha, passará à condição de “executada” nos mesmos autos.

PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE

A partir do princípio da eventualidade, as partes devem alegar, desde o início, todas suas pretensões, tanto reclamações, como de defesa, sob pena de preclusão. O amparo legal de tal princípio encontra-se nas normas processuais civis, dentre elas, cita-se:

CPC, Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO

Preclusão é o nome dado à perda do direito de praticar determinado ato em razão de não tê-lo feito em momento oportuno. Os processos são organizados em “fases”, sendo estas sucessivas. Encerrada uma destas, resta preclusa a oportunidade de prática de qualquer ato nela contida.

CLT, Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.

CLT, Art. 879. § 1º-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 2000)

TEXTO ANTERIOR À REFORMA:

§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. (Incluído pela Lei nº 8.432, 11.6.1992)

NOVIDADE REFORMA TRABALHISTA: (nova redação ao p. 2º do art. 879)

§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

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Ainda, quanto ao princípio da preclusão, cabível o estudo do CPC:

CPC, Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa.

Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.

PRECLUSÃO LÓGICA E PRECLUSÃO CONSUMATIVA

Há, também, a conhecida PRECLUSÃO LÓGICA, que configura-se com a realização de ato incompatível com o ato subsequente, uma espécie de contradição. Exemplificando:

Imagine-se um reclamante que ao receber sentença de parcial procedência da ação, peticione nos autos informando que concorda com a decisão; logo após, peticione novamente, dentro do prazo recursal, interpondo Recurso Ordinário. O segundo ato, embora dentro do prazo recursal, é incompatível com o anteriormente realizado.

O Código de Processo Civil, assim prevê:

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer.

Ainda, há o que chamamos de PRECLUSÃO CONSUMATIVA. Esta, que ocorre quando um ato é realizado, de forma válida, dentro do prazo legal, fazendo extinguir-se a possibilidade de praticá-lo novamente, em razão de ter consumado-se.

Imagine-se que a parte interponha Recurso Ordinário com suas razões no primeiro dia do prazo. Dias, após, interponha novamente o mesmo Recurso, sob fundamentos distintos. O segundo recurso não será conhecido, visto que a possibilidade de recorrer consumou-se com a interposição do primeiro.

CUIDADO: PRECLUSÃO NÃO É SINÔNIMO DE PEREMPÇÃO

Perempção é o nome dado à perda pela parte do direito de praticar determinado ato processual ou de prosseguir com o processo em razão da inércia. Uma espécie de “punição”.

CLT, Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.

Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.

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PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA

Vigora, como regra, o princípio da impugnação especificada, pelo qual o reclamado é obrigado a manifestar-se de forma específica sobre os fatos narrados na petição inicial, não admitindo-se a defesa por “negativa geral”.

CPC, Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: (…)

Todavia, a ausência de defesa específica quanto às pretensões do Autor não importam na certeza de condenação ao Reclamado. Inclusive, a revelia, em determinadas situações será relativizada, conforme redação dos novo parágrafo 4º do Art. 844 da CLT.

Art. 844. O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência.

§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável.

§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de nova demanda.

§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:

I – havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;

II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;

IV – as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.

§ 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.”(NR)

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

Tanto o Direito do Trabalho como o Processo do Trabalho possuem o princípio da proteção como importante instrumento a diminuir as desigualdades dentre as partes.

“Tratar os iguais de modo igual, os desiguais de modo desigual”.

São exemplos do princípio da proteção:

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• art. 844 da CLT, que prevê arquivamento da reclamatória em caso de ausência do Reclamante, mas se ausente o Reclamado haverá revelia.

• inversão do ônus da prova e existência de presunções favoráveis ao trabalhador. • jus postulandi. • gratuidade processual. • depósito recursal. • maior poder do juiz na direção do processo, na fase de conhecimento e execuçao. • competência territorial em razão do local da prestação dos serviços.

NOVIDADES DA REFORMA TRABALHISTA REFERENTES AO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

“Art. 818. O ônus da prova incumbe:

I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante.

§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.

§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.” (NR)

ALTERAÇÕES COM RELAÇÃO AO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

“Art. 790. ……..

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.” (NR)

“Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.

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§ 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

§ 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.

§ 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias.

§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.” (NR)

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria.

§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I – o grau de zelo do profissional;

II – o lugar de prestação do serviço;

III – a natureza e a importância da causa;

IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.”

PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL

Deriva do princípio de direito material denominado “princípio da primazia da realidade”.

Encontra previsão legal na CLT:

Art. 765. Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

Cabível estudar-se, também, a Súmula 74 do TST, alterada por força do CPC 2015.

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Súmula nº 74 do TST

CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016

I – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74 – RA 69/1978, DJ 26.09.1978)

II – A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 – art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 da SBDI-1 – inserida em 08.11.2000)

III – A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.

Bem como, é válido o conhecimento do texto do CPC 2015:

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS OU DA FINALIDADE

A partir do princípio da instrumentalidade das formas, impera-se a validade dos atos, embora praticados de forma diversa da previsão legal, desde que não tragam prejuízo às partes e atinjam sua finalidade. Por esta razão, também é conhecido como princípio da finalidade.

CPC, Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

Em observância ao princípio em comento, o TST sumulou:

Súmula nº 427 do TST

INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO DIVERSO DAQUELE EXPRESSAMENTE INDICADO. NULIDADE (editada em decorrência do julgamento do processo TST-IUJERR 5400-31.2004.5.09.0017) – Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

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Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO

De acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 5º , XXXV:

“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Assim sendo, não pode a Lei ou autoridade negar ou impossibilitar o acesso do trabalhador ao Poder Judiciário. Bem como, da mesma forma não pode impedir o acesso do empregador, também, caso este deseje ingressar com ação trabalhista, de igual modo pode fazê-lo na Justiça do Trabalho.

Todavia, as alterações introduzidas pela reforma trabalhista de 2017 acabam por, em algumas situações, dificultar o acesso à jurisdição, na medida em que limitam os efeitos do benefício da Justiça Gratuita.

Além da possível onerosidade que dificulta o acesso à Justiça pela incerteza quanto à onerosidade futura, novos artigos foram inseridos, autorizando “quitação anual com eficácia liberatória”(responsável por dar quitação das verbas, o que impediria ou dificultaria eventual cobrança judicial posterior) e “cláusula compromissária de arbitragem”(onde as partes escolhem um “árbitro”, sem relação com o Judiciário para a solução de conflitos, fato que era incompatível com aos dissídios individuais, cujo entendimento era pacífico no TST.

Para melhor compreensão, transcreve-se artigos da CLT pós reforma:

NOVOS ARTIGOS INTRODUZIDOS PELA REFORMA

“Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996.”

“Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria.

Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas.”

Sobre eficácia liberatória, súmula 330 do TST:

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Súmula nº 330 do TST

QUITAÇÃO. VALIDADE (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas.

I – A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo.

II – Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação.

Ainda sobre inafastabilidade da jurisdição, a CLT prevê a obrigatoriedade de submissão dos feitos trabalhistas à Comissão de Conciliação Prévia, considerada inconstitucional pelo STF, porém sem decisão de mérito definitiva até o presente momento.

Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

ADINS 2139 e 2160 → decisão liminar de inconstitucionalidade do referido artigo.

PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA

A partir do princípio da normatização coletiva, a Justiça do Trabalho tem competência para exercer o chamado “PODER NORMATIVO”, em função atípica à sua essência. Visto que os três poderes têm suas funções típicas. No caso do Judiciário, bastante lógico que sua função típica é jurisdicional, isto é, “julgar”. Pelo artigo 114 da Constituição, passa a ter força, também, para decidir novas condições de trabalho para categorias que submetem-se ao dissídio coletivo de natureza econômica.

CF, Art. 114, § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO

Permite que o juiz, nos casos especificamente previstos em lei, condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial. Isto é, conceder “a mais” do que o Reclamante pleiteou. Exemplos:

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Art. 137. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

§ 1º Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

§ 2º A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento". (Redação dada pela Lei nº 10.272, de 5.9.2001)

Art. 496. Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.

Ainda, pertinente o conhecimento da súmula 211 do TST:

Súmula nº 211 do TST

JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.

PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DA LIDE

Em aparente oposição ao princípio da extrapetição, o princípio da estabilidade visa garantir a inalterabilidade da lide, mantendo-se esta, nos limites previamente definidos. Sua previsão decorre do diploma processual civil vigente:

Art. 329. O autor poderá:

I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu;

II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.

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PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS

A partir deste princípio, é vedado ao Tribunal, no julgamento do recurso, proferir acórdão que reforme “para pior” a decisão para o recorrente, salvo se a parte contrária também houver recorrido.

CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.