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Aula 01 Professor Gaspar Site: Ranking Político Indicação de Livros: Obra Clássica: Hely Lopes Meirelles Doutrina Moderna: Maria Sylvia Zanella Di Pietro Intermediárias: Diógenes Gasparini, Celso Bastos, José Afonso da Silva (Direito Constitucional Positivo), Odete Medauar e Bandeira de Melo. [email protected] Introdução: Vivemos em um Estado de Direito, uma sociedade organizada por regras. São elementos do Estado, o território geográfico, o povo e um ordenamento jurídico que o organize. Mas o ED não é só organizado por regras, estas precisam ter efetividade, ser respeitadas, senão de nada adianta. Temos normas no Brasil, mas ninguém respeita e não há fiscalização. O Brasil em todo território nacional é um ED, mas o ED não é respeitado em todo o território. Ex: Favelas, que possuem um regramento interno que não é o nosso. Regras : são normas de conduta. + Conduta : ação, fazer algo. = no ED, o regramento rege nossa conduta. Princípio da legalidade. Tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer é regrado pela lei. A lei regula a sua ação, só o que você faz. A omissão a lei não regula, como regra. Claro que existem as exceções no Direito. A regra é o que se segue, a lógica, o caminho reto. A exceção é o que esta na contra mão de direção, só ocorre quando a lei a determina expressamente.

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Estudo de Direito Adminisitrativo

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Aula 01

Professor GasparSite: Ranking Político

Indicação de Livros:Obra Clássica: Hely Lopes MeirellesDoutrina Moderna: Maria Sylvia Zanella Di PietroIntermediárias: Diógenes Gasparini, Celso Bastos, José Afonso da Silva (Direito Constitucional Positivo), Odete Medauar e Bandeira de Melo.

[email protected]

Introdução: Vivemos em um Estado de Direito, uma sociedade organizada por regras. São elementos do Estado, o território geográfico, o povo e um ordenamento jurídico que o organize. Mas o ED não é só organizado por regras, estas precisam ter efetividade, ser respeitadas, senão de nada adianta. Temos normas no Brasil, mas ninguém respeita e não há fiscalização. O Brasil em todo território nacional é um ED, mas o ED não é respeitado em todo o território. Ex: Favelas, que possuem um regramento interno que não é o nosso.

Regras: são normas de conduta.

+

Conduta : ação, fazer algo.

=

no ED, o regramento rege nossa conduta. Princípio da legalidade. Tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer é regrado pela lei. A lei regula a sua ação, só o que você faz. A omissão a lei não regula, como regra. Claro que existem as exceções no Direito. A regra é o que se segue, a lógica, o caminho reto. A exceção é o que esta na contra mão de direção, só ocorre quando a lei a determina expressamente.

Exceção: Se a lei disser com bom senso é a regra, se for algo em sentido contrário, estaremos na exceção. Como interpretar a exceção? 1º. A exceção é sempre contrária a uma regra, portanto a exceção tem que estar regulada especificadamente pela lei. A sua interpretação é restrita, só vale para aquele caso, não para os demais, a regra vale pra todos os casos. Não precisa fundamentar a regra, só a exceção. 2º. A interpretação será feita restritivamente, só vale expressamente para aquele caso que a lei está dizendo. Já a interpretação, em relação à regra é ampliativa.

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Nós temos omissões sendo reguladas pela lei, como exceção. Ex: omissão de socorro. A lei lhe obriga a fazer algo.

O efeito da revelia no CPC, significa que se você não reagiu, aceitou aquilo como verdadeiro, porque o processo precisa caminhar, mas quem cala não consente, é uma omissão que em algumas situações a lei obriga a pessoa a se manifestar, caso contrário a pune.

Exceção no direito administrativo : No adm, cabe mandado de segurança também pela omissão do Estado, que a constituição regula nas garantias fundamentais. MS garante direito líquido e certo contra abuso de autoridade. Direito garantido na CF que esta sendo usurpado por uma autoridade. A lei garante esse MS todas as vezes que um direito seja abusado por alguém. o MS na CF ele não cabe só na ação de um excesso de poder pela autoridade, ele cabe também na omissão do servidor público. O servidor público, tem a obrigação de servir o público, quando ele não o faz, ele esta abusando de seu poder, ai cabe MS.

Resumo : Em algumas situações a lei obriga a omissão, mas como ela é a exceção, ela deve estar expressa na lei e só vale para aquele caso específico. A interpretação é restritiva, só vale para aquele caso específico.

As regras regulam nossa conduta, para que o povo possa viver bem. Ordenamento jurídico, significa que o regramento está em ordem. Que tem uma relação do maior pro menor, a CF > EC > leis complementares etc.

Objetivo da Adm Pública : bem comum. Todo ato realizado pelo estado tem uma finalidade última: bem comum. Tudo que o estado fizer, através de seus servidores, tem o objetivo do bem comum. Se não o atingir, tem-se o desvio de finalidade, e isto é crime. Punido na LIA. Probus significa honesto. O desonesto na adm pública, é criminoso. Retardar um procedimento adm, omitir, ou fazer muito mais rápido que o normal, pra ajudar ou punir alguém, é desvio de finalidade, o CP. Regula como fato típico.

Crime : todo ato persegue o bem comum, quando ele beneficia/ prejudica o bem de um só , o bem comum fica de lado, configurando crime, e este ato pode ser anulado.

Desvio de finalidade X abuso de autoridade:

- desvio de finalidade: o servidor faz tudo o que a lei pede, e o ato aparenta estar formalmente perfeito, não aparenta irregularidade. É mais difícil de descobrir, o processo é perfeito, mas a finalidade esta errada. Ele não busca o fim social, mas individual. eu só vejo lá no final o desvio. Ex: processo de licitação que formalmente é perfeito, mas o preço é exorbitante. Não houve o benefício do bem comum. O procedimento esta perfeito, mas a finalidade é que se encontra errada.

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Só se questiona se alguém propor algo através da ACP, MS ou ação anulatória. Se todo mundo ficar quieto, nada ocorre, porque, formalmente ele é perfeito.

- abuso de autoridade: está ligado com competência, e ocorre quando há excesso. É o que não pode ser feito, mas se faz. Tecnicamente, é o que extrapola da sua esfera de atribuição. Quando vc tem um cargo público, a lei diz o que pode ser feito, e o servidor só pode fazer aquilo, se exceder, é abuso. A atribuição legal está ligada com a competência, que é a atribuição legal da lei e específica para o exercício de um cargo. Abuso também é previsto no CP, Lei de Abuso de Autoridade. Ex: O Maluf, quando prefeito, obrigou o uso do cinto de segurança, quando ainda não era proibido. Cinto de segurança atinge finalidade social, tanto é que depois tornou-se obrigatório para todo o território nacional. Mas ele errou, porque trânsito é matéria privativa da União. Ele como prefeito não tinha esta competência. Ex2: policial que chega batendo em alguém sem motivo. Ex2: plaquinha do 331 CP.

DIFERENÇA ENTRE MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO POPULAR: no MS eu fui a vítima diretamente. Eu participo do procedimento. Na AP vc não esta participando do processo, mas vê algo errado, então vc entra com AP, na AP vc só sente o prejuízo indiretamente. Todos sofrem o prejuízo por via indireta. Ex: desvio de dinheiro público ou prejuízo a patrimônio público.

obs .: MS ou writ ou mandamus.

Mandado : ordem judicial

Mandato : outorga de poderes, procuração.

Cidadão para o direito adm : para propor Ação Popular tem que ser cidadão, mas para o ADM só é cidadão quem:

1. É nacional: Tem que juntar na AP seu RG. O naturalizado pode.

2. Está no pleno gozo dos direitos políticos: Se tiver seus direitos suspensos, não é cidadão. EX. ficha suja.

ESTADO:

Derivado do latim status (estado, posição, ordem). No sentido de Direito Público, Estado é o agrupamento de indivíduos, estabelecidos ou fixados em um território determinado e submetidos à autoridade de um poder público soberano, que lhe dá autoridade orgânica. O poder soberano do Estado emana da vontade do povo que o organizou. É também a organização política de uma nação ou de um povo.

Povo é a existência de um agrupamento humano ou de indivíduos.

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Nação indica o agrupamento, quando se mostra unido por uma afinidade de tradição, idioma, costumes e religião, fundado na consciência de uma nacionalidade.

SOCIEDADE

É o meio em que os indivíduos fatalmente vivem. E pode ter sentido equivalente a nação ou a estado, desde que se encontre em qualquer espécie de agrupamento ou associação, seja juridicamente ou politicamente organizada.

Segundo a base de sua organização política, o Estado pode ser simples ou composto, unitário, federado ou confederado.

Em relação à sua soberania: soberano, semi soberano e vassalo.

Segundo a forma de governo adotado, diz-se republicano, monárquico, aristocrático e democrático.

Relembrando...Coisa pública – pertence ao povo. Aquele que administra, o faz por outorga de poderes emanada pelo povo. Os órgãos públicos são pessoas jurídicas de direito público, e respondem pelos seus atos. O administrador é mero representante, de modo que quem realiza os atos é o órgão, isso nos relembra o princípio da impessoalidade, os atos não se ligam aos administradores. Isso também está ligado ao administrador que deve tratar de forma igual os seus administrados. Assim, o Chefe do Estado age de forma a ser o Próprio Estado. Nada deve lembrar a pessoa física do gestor.

PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O DIREITO ADMINISTRATIVO:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA e, também, ao seguinte:

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar

1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE RESTRITA:

Este princípio, que nasceu com o Estado de Direito e é essencial para a configuração do regime jurídico-administrativo, significa que a vontade da Administração Pública é a definida pela lei e dela deve decorrer, ou seja, na relação administrativa, temos uma relação de submissão do Estado em relação à lei, constituindo-se, portanto em uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais,

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posto que a lei os define e estabelece os limites de atuação do Estado que objetivem restringir o exercício dos referidos direitos em prol da sociedade.

Hely Lopes Meirelles, em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, define: “A legalidade, como principio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.”

2. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE:A administração dever servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidárias. O mérito dos atos administrativos pertence à Administração e não às autoridades que os executam, conforme o par. 1º do art. 37 da CF.

3. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA:

Trata-se não da moral comum, mas da moral administrativa, ou ética profissional, que consiste no conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.

4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:Os atos públicos devem ter divulgação oficial, como requisito de sua eficácia, salvo exceções legais.

5. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA:O princípio da eficiência determina que a Adm. Deve agir de modo rápido e preciso, para produzir resultados que satisfaçam as necessidades da população.

Atos administrativos:

A administração pratica atos administrativos e jurídicos, pois tem personalidade jurídica. Fato Jurídico é todo acontecimento, natural ou humano suscetível de produzir efeitos jurídicos. Este se divide em ato jurídico e ato ilícito. Os atos jurídicos se dividem ainda em atos administrativos, entre outros. Por sua vez, o ato administrativo também se subdivide; entre outros, podemos levantar o ato judicial. Para caracterização do ato é necessário de objeto lícito e possível.

O ato administrativo tem duas peculiaridades: 1. O sujeito que pratica é a Administração Pública; 2. O ato é Unilateral (é de cima para baixo), ou seja, há uma prevalência do poder Estatal.

Contudo, vale lembrar que a Administração também pode realizar outros atos, que não os atos administrativos (serão atos DA administração). Ver Maria Silvia, pág. 192/193.

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Requisitos do ato administrativo: competência, objeto, motivo, finalidade e forma. Não atendendo esses requisitos, o ato pode ser anulado.

Elementos Essenciais: Competência: (quem?) atribuição em lei do agente público – atribuição legal. Vale a

regra da capacidade do C.C. no exercício da competência. Pessoas públicas jurídicas (CF), Órgãos e agentes públicos (LEI). Regras da competência: a) decorre da lei; b) é inderrogável: interesse público; c) não pode ser delegada/avocada.

Forma: (como?) exteriorização do ato. Pode ser vinculado ou discricionário, porém sempre previsto em lei. Duplo aspecto: restrito: visão isolada de um só ato e amplo: ato no procedimento. Forma escrita.

Objeto: (o que?) conteúdo, deve ser lícito, moral, determinado ou determinável. “Efeito imediato” produzido. Lícito, possível, certo (definido quanto destinatário, efeitos, tempo e lugar) e moral.

Motivo: (por quê?) razões, pressupostos, fundamentos da prática do ato. Podem ser fáticos: elementos de fato ou jurídico legais: fundamentos legais. Motivação: exposição/ comprovação dos motivos (declaração, registro) das razões fáticas e jurídicas da prática do ato administrativo. “Pressupostos” de fato e jurídico.

Finalidade: (para que?) objetivo, fim. Sempre atender ao interesse público. “Resultado” que a A.P. quer alcançar.

(fundamentos jurídicos – os fatos, fundamentos legais – a lei).

Aula 02

ATOS ADMINISTRATIVOS

Atributos:

A Presunção de Legitimidade

1. Presuntio: fato que não precisa ser provado por força de Lei (dá força de lei verdadeira). Divide-se em:a. Juris Tantum – presunção relativab. Juris et Juris – Presunção Absoluta (não comporta questionamento)

2. Fictio: uma regra jurídica legal. Inovação, criação de uma lei.

Di Pietro, subdivide este atributo em presunção de veracidade e de legitimidade. Segundo ela, a presunção de LEGALIDADE diz respeito à conformidade do ato com a lei; em decorrência desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei. A presunção de VERACIDADE diz respeito aos fatos, em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração.

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Assim ocorre com relação às certidões, atestados, declarações, informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública.

Efeitos:1. Eficácia enquanto não questionada: o ato administrativo, enquanto não decretada sua

invalidade, produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, devendo ser cumprido. Para suspender a eficácia do ato administrativo, o interessado pode ir a juízo ou usar de recursos administrativos, desde que estes tenham efeito suspensivo;

2. Inversão do ônus da prova (quem questiona faz a prova): segundo Di Pietro, a presunção de veracidade inverte o ônus da prova; é errado afirmar que a presunção de legitimidade produz esse efeito, uma vez que, quando se trata de confronto entre o ato e a lei, não há matéria de fato a ser produzida; neste caso, o efeito é apenas o anterior, ou seja, o juiz só apreciará a nulidade se arguida pela parte.

Poder Executivo Revogação: retirada do ato – discricionário conforme conveniência e oportunidade retira o ato. Efeito ex nunc.Poder Judiciário Anulação – ato viciado – vício interno se houver nulidade e o judiciário for provocado, deverá anular o ato. Efeito ex tunc.

B Auto-executoriedade

Pode ser auto-executada. Consiste a autoexecutoriedade é um atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.Segundo Di Pietro, a autoexecutoriedade não existe, também, em todos os atos administrativos; ela só é possível:

a. Quando expressamente prevista em lei. Em matéria de contrato, por exemplo, a Administração Pública dispõe de várias medidas autoexecutórias, como a retenção de caução, etc...

b. Quando se trata de medida urgente que, caso não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público; isto também acontece no âmbito da polícia administrativa, podendo-se citar, como exemplo, a demolição de prédio que ameaça a ruir, o internamento de pessoa contagiosa, etc...

O que é importante ressaltar é o fato de que, em ambas as hipóteses, a Administração pode autoexecutar as suas decisões, com meios coercitivos próprios, sem necessitar do Poder Judiciário.

C - IMPERATIVIDADE:

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É o atributo do ato que impõe a coercibilidade para seu cumprimento. Trata-se de força impositiva própria do poder público, que obriga o particular ao fiel atendimento, sob pena de sujeitar-se à execução forçada pela Administração.

Espécies do Ato Administrativo:a. Atos Administrativos normativos: explicitação da lei, ou suprindo uma omissão da Lei.

O decreto é um ato privativo do chefe do executivo, decreto regulamentar.b. Atos Administrativos ordinatórios: Ordenar, colocar em ordem a administração. Ex.:

Ofício ou Resolução;c. Atos Administrativos negociais: possui autorização anterior ao contrato. Essa

autorização é nomeada conforme vulto do contrato: grande > concessão; média > permissão. Contrato.

d. Atos Administrativos enunciativos: enunciado sem força vinculante da administração, ele informa situação procedimental, mas não se vincula. Certidões, atestados, etc.

e. Atos Administrativos punitivos: transmitem decisão, pode ser interno (demissões, suspensões, advertências) ou externo (multas, p.ex.).

N ORMATIVO

O RDINATÓRIO

N EGOCIAIS

E NUNCIATIVOS

P UNITIVOS

Aula 03

Classificação dos Poderes Administrativos

Vinculado: atrelado na lei, respeitando os requisitos de validade do ato; não é poder, é Vinculação. É um mero dever de observar os estritos limites da lei. A Lei detalha, esmiúça todos os aspectos da atuação administrativa tais como, p. ex., o momento, a forma, o elemento subjetivo (quem deverá atuar? para quem a atuação é dirigida?), objeto, etc. Não deixando ao administrador público NENHUM espaço de escolha, de opção, de aferição do interesse público a não ser o cumprimento da lei em seus próprios termos.

Não é um poder. É, em verdade, um dever (restrição) de agir, não uma possibilidade. A Administração Pública se sujeita totalmente à lei. A lei prevê todos os detalhes para a prática do ato administrativo. Esta não deixa espaço ou opções para a Administração Pública.

Discricionário: conveniência, oportunidade, conteúdo (critério subjetivo). Não há necessidade de motivação, mas precisa ser competente, respeitar a forma legal;

A discricionariedade é uma incidência da lei em que é conferida à Administração Pública uma margem de escolha, de opções, mas todas elas previstas na lei, sob pena de cometimento da arbitrariedade. Normalmente, a discricionariedade se expressa pelas expressões

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plurissignificativas (“conceitos jurídicos determinados”), p. ex. calamidade pública, perigo iminente, risco à saúde, boa-fé, moral ilibada, notório saber jurídico.

Poder Regulamentar: É o que têm os chefes do executivo para regulamentar a lei por decreto.Hierárquico: função/ poder típico do Poder Executivo;

Todas as atividades pressupõem hierarquia, relações de subordinação. (do superior ao inferior = delegação, do inferior para o superior = avocação). Decorre deste, que tenhamos a possibilidade do superior exercer sobre o outro, o poder disciplinar, impondo sanções/ penalidades, etc., na hipótese de não cumprimento de determinadas regras. Ex. aferição do desempenho do funcionário público na função.

Referente à distribuição de atribuições nos diferentes níveis. No seu contexto estabelecem-se relações de subordinação e coordenação. Delegação, avocação e revisão: decorrem de sua existência.

Disciplinar: Poder Disciplinar relacionado Poder Hierárquico. Manifestações: aplicação de penalidades disciplinares, fiscalização dos atos do subordinado etc.

MS – Liquido e CertoCabe quando há cerceamento de defesa;

Ampla Defesa: se utiliza de todos os meios previstos.Contraditório: Prazo para contestar

Aula 04

PODER DE POLÍCIAAtividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do

interesse público.

Esse interesse público diz respeito aos mais variados setores da sociedade, tais como segurança, moral, saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural, propriedade. Daí a divisão da polícia administrativa em vários ramos: polícia de segurança, das florestas, das águas, de trânsito, sanitária, etc. (Pietro, 2011)

A atividade da A.P. que pode ser expressa por meio de atos normativos ou concretos, fundamentada em sua supremacia geral e na forma da lei, que delimita, condiciona, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, adequando-se aos interesses da coletividade pode ser denominada consoante a doutrina do Direito como: Resp: Poder de Polícia art. (78 CTN).

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do

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Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá à Administração posição de supremacia sobre os administrados (Pietro,2011).

O poder ser polícia reparte-se entre Legislativo e Executivo. Tomando-se como pressuposto o princípio da legalidade, que impede a Administração impor obrigações ou proibições senão em virtude de lei, é evidente que, quando se diz que o poder de polícia é a faculdade de limitar o exercício de direitos individuais, está-se pressupondo que essa limitação seja prevista em lei(Pietro, 2011).

Ato do securitário de segurança Pública, regulando o trânsito de carro no centro de SP, em dia de comércio popular, naquele local, é o ato pelo qual a A.P. manifesta seu poder de Polícia. O poder de polícia é discricionário (conveniência, oportunidade e conteúdo) – modo de escolha subjetivo. Costuma-se apontar como atributos do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade, além do fato de corresponder a uma atividade negativa. Pode-se atualmente acrescentar outra característica, que é a indelegabilidade do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado.

LIMITES

Como todo ato administrativo, a medida de polícia, ainda que seja discricionária, sempre esbarra em algumas limitações impostas pela lei, quanto à competência e à forma, aos fins e mesmo em relação aos motivos ou ao objeto; quanto aos dois últimos, ainda que administração disponha de certa dose de discricionariedade, esta deve ser exercida nos limites traçados pela lei.

Quanto aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido para atender ao interesse público. Se o seu fundamento é precisamente o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, o exercício desse poder perderá a sua justificativa quando utilizado para beneficiar ou prejudicar pessoas determinadas; a autoridade que se afastar da finalidade pública incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa.

A competência e o procedimento devem observar também as normas legais pertinentes.

Quanto ao objeto, ou seja, quanto ao meio de ação, a autoridade sofre limitações, mesmo quando a lei lhe dê várias alternativas possíveis. Tem aqui aplicação um princípio de direito administrativo, a saber, o da proporcionalidade dos meios aos fins; isto equivale a dizer que o poder de polícia não deve ir além do necessário para a satisfação do interesse público que visa proteger; a sua finalidade não é destruir os direito individuais, mas, ao contrário, assegurar o seu exercício, condicionando-o ao bem estar social.

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Competência se houver excesso abuso de autoridade Finalidade se houver desvio Desvio do poder improbidade administrativa. Forma geralmente escrita

Meios de atuação: a. Atos normativos em geral, a saber: pela lei, criam-se as limitações administrativas ao

exercício dos direitos e das atividades individuais, estabelecendo-se normas gerais e abstratas.

b. Atos administrativos e operações materiais de aplicação da lei ao caso concreto, compreendendo medidas preventivas (fiscalização, vistoria, ordem, notificação, autorização, licença), com o objetivo de adequar o comportamento individual à lei, e medidas repressivas (dissolução de reunião, interdição de atividade, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoa com doença contagiosa), com a finalidade de coagir o infrator a cumprir a lei.

São atributos do poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.Classificação:

Precário: não é previsto na legislação (ato discricionário, concedido por liberalidade do agente público). Exemplo: alvará, autorização de uso.Definitivo: direito previsto na legislação (ato vinculado). Definitivo. Alvará: espécie de Ato Administrativo = instrumento de vinculação da autorização (vide Hely). Exemplo: habilitação.

Aula 06

COMPETÊNCIA PARA EXERCER O PODER DE POLICIA

Regra: que tem poder para legislar pode policiar, conforme atribuição legal:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:XI - trânsito e transporte;Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.Art. 30. Compete aos Municípios:I - legislar sobre assuntos de interesse local;Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (exclui-se os municípios. Vide §§1º ao 4º)Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

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ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

Cabe ao Estado prestar serviços públicos. E ao se falar em administração direta e indireta fala-se em serviço público prestado pelo Estado. O serviço prestado pela administração, ainda que através de órgãos internos (desconcentração), será chamado de administração DIRETA. A administração INDIRETA (descentralizada) é realizada por terceiros, pessoas jurídicas de direito privado.

A finalidade da estatal era, e ainda é, criar empregos e realizar atividades ainda não desenvolvidas no mercado. E também cuidavam dos assuntos relacionados à segurança nacional (ex. Petrobrás). Vide também: decreto 200/67.

Aula 07

EMPRESA ESTATAL

Com a expressão empresa estatal ou governamental designamos todas as entidades, civis ou comerciais, de que o Estado tenha o controle acionário, abrangendo a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras empresas que não tenham essa natureza e às quais a Constituição faz referência (Pietro, 2011). A exploração econômica é regra que seja feita pelos cidadãos, e o artigo 173, CF, especifica os únicos dois casos que poderá ocorrer pelo Estado.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Por exceção:Imperativos da Segurança NacionalRelevante interesse público

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:

A Estatal pertence ao povo, de forma que este, de forma indireta que deve estabelece-la, como também seu estatuto.Estatuto:

Fruto da criação da Lei: Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista e Subsidiária.

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I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

Possuirá fim socialHá dois tipos de controles: Interno pelo Estado, e Externo Sociedade (representado pelo Legislativo, através do Tribunal de Contas, arts. 71 e 72, CF).

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete.Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Sujeição ao Direito Privado. Porém seguem algumas regras de direito privado, como por exemplo, a Licitações, Concurso Público, etc. Vide §2º.

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;

Normas de Direito Público (Licitação e LIMPE). Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Peculiaridades das Empresas Públicas:Capital 100% governamental;Pode ser criada em qualquer tipo societário;Forma de criação: autorizada pela lei (art. 37, XIX, CF);Regime Jurídico de direito privado. Pode ter seus bens penhorados. Não poderá falir;Responsabilidade Subsidiária do Estado;

Peculiaridades das Empresas de Economia Mista:Constituída com dinheiro público e privado;Constituição sob forma das S/A. Lei 6.404/1976, art. 235, regula as empresas de economia mista;O Estado possui o controle acionário;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

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V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

Aula 08

Minha NamoradaVinicius de Moraes

Se você quer ser minha namoradaAi que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue ninguém mais pode ser

Você tem que me fazerUm juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas histórias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem ninguém saber porque

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

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obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte.

FUNDAÇÕES

A fundação constitui-se de um patrimônio personalizado destinado a um fim. Ou afetado a um fim. Afetação: gravame sobre um imóvel que o torna inalienável. Dotação: destinação específica....pode-se definir a fundação instituída pelo poder público como o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito publico ou privado, e destinado, por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com capacidade de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da Lei (Pietro,2011).

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Características:a. Dotação patrimonial, que pode ser inteiramente do poder público ou semi-pública e

semiprivada;b. Personalidade jurídica, pública ou privada, atribuída por lei;c. Desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social; com isto fica presente

a ideia de descentralização de uma atividade estatal e também a de que a fundação é a forma adequada para o desempenho de funções de ordem social, como saúde, educação, cultura, meio ambiente, assistência e tantas outras; isto precisamente pelo fato de ela objetivar fins que beneficiam terceiros estranhos à entidade;

d. Capacidade de autoadministração; ee. Sujeição ao controle administrativo ou tutela por parte da Administração Direta, nos

limites estabelecidos em lei.

Observação: mesmo quando o Estado institui fundação com personalidade jurídica privada, ela nunca se sujeita inteiramente a esse ramo do direito (Pietro, 2011).

AUTARQUIA

Ente da administração com uma prestação de serviço público específico determinada por lei. Os bens das autarquias não podem ser penhorados. Segundo o Decreto-Lei 200, em seu art. 5º:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que

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requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

São características das autarquias:Criação por leiPersonalidade jurídica públicaCapacidade de autoadministraçãoEspecialização dos fins ou atividadesSujeição a controle ou tutela

1. Natureza Jurídica: Direito Público;2. Autonomia: Somente administrativa, e não possui autonomia política e suas diretrizes

são transmitidas por um secretário ou ministro;3. Serviço Público: Específico, determinado por lei;4. Servidores próprios: servidores autárquicos;5. Patrimônio: próprio;6. Bens Públicos: por isso não podem ser penhorados, a execução é feita por meio de

precatórios;

Aula 09

ENTIDADES PARAESTATAIS:

Contratos de Gestão:

Durante a década de 90, por enfrentar uma séria crise econômica, o Poder Público se viu obrigado a encontrar meios para reduzir os gastos públicos, sem, contudo, deixar a população à mercê dos serviços sociais fundamentais que lhes são constitucionalmente assegurados, como saúde, educação e assistência social.

Nessa feita, com o escopo de se desincumbir da obrigação constitucional de prestar diretamente tais serviços á população, e diminuir o dispêndio de receitas, o Poder Público, a partir da reforma constitucional operada pela Emenda Constitucional n°19/98, e pela regulamentação por intermédio de leis ordinárias, engendrou meios para transmitir sua incumbência às entidades privadas sem fins lucrativos, denominadas genericamente de órgãos do “terceiro setor”. Deste modo, legitimou-se a delegação para referidas entidades, da obrigação estatal de prestar serviços sociais, mediante o recebimento de uma série de benefícios e incentivos por parte do Poder Público.

Uma das principais medidas utilizadas pelo Poder Público para transferir a execução de serviços públicos a entidades privadas é o contrato de gestão, instituído pela Lei n°9.637/98, que visa a “instituir parceria entre o poder público e uma organização não governamental

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qualificada pelo poder público, sob certas condições, para prestar atividade de interesse público mediante variadas formas de fomento pelo Estado”, conforme ensina Maria Sylvia Zanella DI PIETRO.1

O contrato de gestão, ora em comento, é celebrado entre o Poder Público e as organizações sociais, entidades privadas sem fins lucrativos cuja qualificação lhes é atribuída por ato estatal, nos termos do disposto na referida Lei.

Uma vez celebrado o contrato de gestão, as organizações sociais assumem a incumbência de prestar serviços de interesse social nas áreas do ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde2, em substituição à atuação estatal. Além disso, referidas entidades possuem ilimitada autonomia gerencial, administrativa e financeira na gestão dos recursos e bens públicos recebidos para a execução do contrato, não obstante a Lei estabeleça o dever de prestação de contas e sujeição ao poder de fiscalização estatal.

Por conta dos benefícios considerados excessivos e atípicos concedidos às organizações sociais por intermédio do contrato de gestão, tem-se discutido a constitucionalidade de diversas disposições da Lei n°9.637/98, isso porque, conforme defende grande número de juristas, as vantagens auferidas pelas entidades privadas através do mencionado contrato e a liberalidade na utilização dos recursos auferidos contrariam frontalmente princípios da Administração Pública como a impessoalidade, moralidade e eficiência, princípios esses cuja observância não pode ser afastada, haja vista, principalmente, a utilização de receitas e bens públicos na consecução dos serviços.

Afora a discussão doutrinária sobre o tema, tramita perante o Supremo Tribunal Federal Ação Direta de Inconstitucionalidade onde se busca o reconhecimento da inaplicabilidade de vários dispositivos da Lei em análise.

Em face disso, em complemento aos estudos já desenvolvidos sobre o assunto ora exposto, a presente pesquisa analisa a constitucionalidade da autonomia gerencial, administrativa e financeira e demais benefícios concedidos às organizações sociais pelo Poder Público, por meio do contrato de gestão estabelecido pela lei n°9.637/98, à luz dos princípios da Administração Pública, a fim de se estabelecer novos apontamentos sobre a matéria, bem como corroborar as alegações aduzidas por juristas da área do Direito Administrativo.

Partindo-se de tais premissas, a presente pesquisa disserta acerca da crise de Estado vivenciada pelo país na década de 90, com especial destaque aos fundamentos que embasaram a promulgação da Lei n°9.637/98. Também aborda de forma mais detalhada as organizações sociais e o contrato de gestão, e a divergência doutrinária com relação ao regime jurídico que lhes sejam aplicáveis.

Adentrando com mais profundidade no problema proposto, o trabalho aborda as teses dos principais juristas a respeito da legalidade (ou ilegalidade) da delegação dos serviços sociais ás organizações sociais por intermédio do contrato de gestão, da exigibilidade de prévio processo

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licitatório para a qualificação de entidades como organizações sociais, para a celebração de contratos de gestão e para a contratação com particulares, na execução do contrato de gestão pelas organizações sociais, bem como o controle exercido pelo Poder Público sobre a execução dos contratos de gestão.

Na sequência, a pesquisa trata de temas referentes à execução do contrato de gestão, especialmente a discussão a respeito da legalidade ou não da cessão de pessoal do quadro de servidores estatais para a prestação de serviços junto às organizações sociais, a alegada inefetividade e altos custos dos contratos de gestão, e a transformação de fundações públicas em organizações sociais. Por fim, a pesquisa apresenta um breve resumo das ponderações engendradas na Ação Direta de Inconstitucionalidade n°1.923, na qual se busca o reconhecimento da inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei n°9.637/98.

Em suma, a presente pesquisa objetiva a confrontação de pensamentos da doutrina especializada, a fim de traçar o entendimento que possa ser considerado de maior razoabilidade sobre o assunto em cotejo, para assim servir de parâmetro para a legislação que vem sendo produzida sobre a matéria nas esferas estadual e municipal.

CONCLUSÃO

O contrato de gestão, previsto pela Lei n°9.637/98, celebrado entre as organizações sociais e entidades do Poder Público, fora instituído com a finalidade de garantir a adequada prestação dos serviços públicos de ordem social, sem causar ao orçamento público grande desfalque.Pela mencionada Lei, as entidades do terceiro setor são incumbidas de desempenhar os serviços sociais, em especial nas áreas de saúde e educação, em substituição ao Estado, proporcionando à população maior eficiência e qualidade nos serviços prestados. Para tanto, as entidades são beneficiadas com recursos e bens públicos, bem como a cessão de pessoal para o trabalho a ser desempenhado.

No entanto, conforme se demonstrou no presente trabalho, a Lei n°9.637/98 possui várias falhas, ao estabelecer condições demasiadamente benévolas às organizações sociais, condições essas que muitas vezes acabam por contrariar o regime jurídico administrativo imperante na prestação de serviços públicos.

Além disso, a Lei ora tratada dispensa uma série de exigências constitucionais à prestação de serviços sociais por parte das entidades do terceiro setor, o que vem oportunizando severas críticas da doutrina e até mesmo a discussão sobre a constitucionalidade da Lei perante o Supremo Tribunal Federal.

Diante de tais circunstâncias, a presente pesquisa buscou expor o ponto de vista dos principais doutrinadores que se debruçam sobre o assunto, e, ao coligir suas ideias, pôde-se reconhecer que a Lei n°9.637/98 de fato apresenta diversos lapsos, pois, em que pese o entendimento defendido, contrário ou favorável à atuação das organizações sociais na execução do contrato

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de gestão, todos os juristas são unânimes em afirmar que tal diploma legal possui sérias imperfeições.

Nesse passo, Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, contrária à execução de serviços públicos por meio de contratos de gestão, defende que “são inegáveis o conteúdo de imoralidade contido na lei, os riscos para o patrimônio público e para os direitos do cidadão”,137 opinião essa partilhada por diversos outros juristas, dentre eles Celso Antônio Bandeira de MELLO, o qual sustenta a “flagrante inconstitucionalidade de que padece tal diploma”. 138

Por outro lado, na defesa da atuação das organizações sociais no cenário das atividades públicas de grande relevância, FREITAS reconhece a existência de grande número de falhas na Lei n°9.637/98 contudo, sustenta que “tais desalinhos não são de porte se tornarem paralisantes e, nos limites propostos, são sobrepujáveis, em larga medida, pelos benefícios do florescimento deste instituto (organizações sociais)”.139

Igualmente, na defesa da atuação das organizações sociais na prestação dos serviços de interesse da coletividade, e corroborando o entendimento que defende a observância das regras de Direito Público, OLIVEIRA assim assevera:

As ações públicas atualmente devem estar voltadas a produzir maiores e melhores resultados; devem estar calcadas no critério da eficiência administrativa e, por isso, dependendo da área em que devam ser desenvolvidas e das necessidades que devam satisfazer, uma sinergia mais acentuada entre o público e o privado pode revelar-se a melhor opção a ser encabeçada pelo Poder Público. Nesse sentido, justificar-se-ia a aproximação mais intensa entre as esferas pública e privada, desde que ocorram a partir de bases jurídico-normativas transparentes, com respeito a observância dos princípios e das regras de direito público, aplicáveis a tais hipóteses.140

Em suma, não se pode olvidar que a Lei n°9.637/98 apresenta imperfeições que muito comprometem a sua aplicação. Dessa forma, e considerando-se que, conforme mencionado, há uma forte tendência de os governos estaduais e municipais acolherem o modelo proposto na Lei, com o estabelecimento do contrato de gestão com organizações sociais para a prestação dos serviços sociais, se faz imprescindível a correção das falhas existentes, para que a ideia proposta no mencionado ordenamento jurídico seja reproduzida em conformidade com as disposições legais.

contrária á atuação das organizações sociais na prestação de serviços de interesse público, que “não há como imaginar virtudes e defeitos do Estado sem que ele seja inserido como um dos

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elementos da sociedade civil, bem como não é possível ignorar que o Estado interfere de forma decisiva nos rumos da realidade social”.141 Dessa forma, infere-se que o Estado não se pode fazer substituir por completo pelas organizações sociais nos serviços desempenhados por estas, devendo, sim, haver um complemento, pelas entidades do terceiro setor, das atividades de cunho social prestadas pelo Estado, visando à concessão de serviços de qualidade e efetividade á população.

1. BREVE HISTÓRICO

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello o termo Entidades Paraestatais foi empregado pela primeira vez na Itália, em 1924. O objetivo era alcançar um meio termo entre as pessoas públicas e privadas, por não se tratar de nenhuma das duas especificadamente. Posteriormente, ainda, na Itália, essa designação, tratava de autarquias de base fundacional.

No Brasil o vocábulo era utilizado para indicar de uma forma geral toda a Administração Pública Indireta. Após o decreto-lei n.200 de 25 de fevereiro de 1967, tornou-se uma conceituação imprecisa que muda de doutrinador para doutrinador.

2. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO

A expressão abrange pessoas privadas que colaboram com o Estado desempenhando atividade não lucrativa e à qual o Poder Público dispensa especial proteção , colocando a serviço delas manifestações de seu poder de império, como o tributário, por exemplo. Não Abrange as sociedades de economia mista e as empresas públicas; trata-se de pessoas privadas que exercem função típica (embora não exclusiva do Estado).

3. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE MARÇAL JUSTEN FILHO

Entidade paraestatal ou serviço social autônomo é uma pessoa jurídica de direito privado criada por lei, atuando sem submissão à Administração Pública, promover o atendimento de necessidades assistenciais e educacionais de certas atividades ou categorias profissionais que arcam com sua manutenção mediante contribuições compulsórias.

4. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE HELY LOPES MEIRELLES

São pessoas jurídicas de direito público, cuja criação é autorizada por lei específica (CF, art. 37, XIX e XX), com patrimônio público ou misto, para realização de atividades, obras ou serviços de interesse coletivo, sob normas e controle do estado. Não se confundem com as autarquias nem com as fundações públicas, e também não se identificam com as entidades estatais. Responde por seus débitos, exercem direitos e contraem obrigações, são autônomas.

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Hely Lopes Meirelles acredita que o paraestatal é gênero, e, diferente de Celso Antonio Bandeira de Mello, do qual são espécies distintas as empresas públicas, sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos, as duas primeiras compondo a administração indireta e a última, a categoria dos entes da cooperação.

5. CARACTERÍSTICAS

É mais fácil visualizar as diferenças entre os doutrinadores do que as semelhanças, porém vê-se em todos, por obvio, tratar-se de uma pessoa jurídica de direito privado e criada por lei.

Sua etimologia indica que as entidades paraestatais são entes paralelos ao estado, encontrando-se ao lado da Administração Pública para exercer atividades de interesse daquele.

Não são submissas à administração pública, seu patrimônio pode ser público ou misto e se de interesse coletivo podem ser fomentadas pelo Estado.

Segundo Hely Lopes Meirelles :

“as entidades estatais prestam-se a executar atividades impróprias do poder público, mas de utilidade pública, de interesse da coletividade e, por isso, fomentadas pelo estado, assim, sendo seus dirigentes sujeitos ao mandado de segurança e ação popular.”

Elas voltam-se às necessidades Coletivas normalmente relacionadas, segundo Marçal Justen Filho com questões assistenciais, educacionais ou categorias profissionais. Não se confundem com as autarquias nem com as fundações públicas.

Apesar de se tratar de pessoa jurídica de direito privado, devem ser impostas algumas regras de direito público. “Graças à natureza supra-individual dos interesses atendidos e o cunho tributário dos recursos envolvidos, estão sujeitas à fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na legislação de cada uma” [1].

As entidades paraestatais estão localizadas no terceiro setor porque não se tratam do estado e nem de atividade privada lucrativa, tratam-se de atividades de interesse coletivo protegendo os valores da ordem pública.

Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam de doutrinador para doutrinador. Hely Lopes Meirelles acredita que elas se dividem em empresas públicas, sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos, diferente de Celso Antônio Bandeira de Mello que diz serem as pessoas privadas que exercem função típica (não exclusiva do Estado), como as de amparo aos hipo-suficientes, de assistência social, de formação profissional.

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Para Marçal Justen Filho elas são sinônimos de serviço social autônomo voltadas à satisfação de necessidades coletivas e supra-individuais, relacionadas com questões assistenciais e educacionais.

Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na categoria de entidades paraestatais, por serem pessoas privadas que atuam em colaboração com o Estado, "desempenhando atividade não lucrativa e às quais o Poder Público dispensa especial proteção", recebendo, para isso, dotação orçamentária por parte do Estado.

Possui como objeto a formação de instituições empresariais tendo na maioria das vezes em seu bojo a contribuição com o interesse coletivo, sendo a sua atuação materialmente administrativa não governamental. Hely Lopes Meirelles diz ser normalmente seu objeto:

“a execução de uma atividade econômica empresarial, podendo ser também uma atividade não econômica de interesse coletivo ou, mesmo, um serviço público ou de utilidade pública delegado pelo Estado. No primeiro caso a entidade paraestatal há que revestir a forma de empresa pública ou sociedade de economia mista, devendo operar sob as mesmas normas e condições das empresas particulares congêneres , para não lhes fazer concorrência, como dispõe expressamente a CF; nos outros casos o estado é livre para escolher a forma e estrutura da entidade e operá-la como lhe convier, porque em tais hipóteses não está intervindo no domínio econômico reservado à iniciativa privada. O patrimônio dessas entidades pode ser constituído com recursos particulares ou contribuição pública, ou por ambas as formas conjugadas. Tais empreendimentos, quando de natureza empresarial, admitem lucros e devem mesmo produzi-los, para desenvolvimento da instrução e atrativo do capital privado.”

6. RELAÇÕES COM TERCEIROS

As Entidades Paraestatais estão sujeitas a licitação, seguindo a lei 8.666/83, para compras, obras, alienações e serviços no geral, segundo o artigo 17 da referida lei. Quando imóveis dependerão de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência. Sendo apenas dispensada a licitação nos seguintes casos:

“a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo; c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo (Incluída pela Lei n. 8.883, de 1994) ; f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especificamente criados para esse fim (Incluída pela Lei n. 8.883, de 1994); g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei n. 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição (Incluído pela Lei n. 11.196, de 2005).”

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Também dependerão de avaliação prévia e de licitação os moveis, sendo esta dispensada segundo os termos da lei nos seguintes casos:

“a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. “

Podendo também ter regulamentos próprios para licitar, mas com observância da lei. Devendo ser aprovados pela autoridade superior e obedecer ao princípio da publicidade.

7. REGIME INTERNO

Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. Têm que ser contratados através de “concurso público de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão” [2].

A administração varia segundo a modalidade, civil ou comercial, que a lei determinar. Seus dirigentes são estabelecidos na forma da lei ou do estatuto. Podendo ser unipessoal ou colegiada. Eles estão sujeitos a mandado de segurança e ação popular.

8. RELAÇÕES COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

Criadas por lei e de Competência comum das pessoas políticas. (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Possuem autonomia administrativa e financeira não dependendo do Estado e nem tendo submissão a ele, tendo fiscalização do controle/tutela por ter valor relevante social.

São Fomentadas, se de Interesse Coletivo pelo Estado, mediante contrato gestão. Pode ter seu capital público ou misto. O fomento pode ser em forma de subvenção, financiamento, favores fiscais objetivando uma repercussão coletiva e desapropriação.

Extintas por lei porque ninguém pode gerir os destinos de uma entidade criada em função do interesse coletivo.

CONCLUSÃO

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As Entidades Paraestatais possuem uma conceituação bastante confusa em que seus doutrinadores entram, em diversas matérias, em contradição uns com os outros.

Celso Antonio Bandeira de Mello acredita que não se tratam as sociedades de economia mista e as empresas públicas de paraestatais, Sendo acompanhado por Marçal Justen Filho que acredita serem apenas entidades paraestatais os serviços sociais autônomos. Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes Meirelles acredita que as empresas públicas e as sociedades de economia mista se tratam sim de paraestatais junto com os serviços sociais autônomos.

Hely Lopes Meirelles diz que as entidades paraestatais podem ser lucrativas por serem empresariais. Já Ana Patrícia Aguiar, Celso Antonio Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho discordam dizendo que elas devem ser não lucrativas.

São Fomentados pelo Estado, através de contrato social, quando são de interesse coletivo. Não se submetem ao Estado porque são autônomos financeiramente e administrativamente, porém por terem relevância social e se tratar de capital público, integral ou misto, sofrem fiscalização do controle/tutela, para não fugirem dos seus fins.

Tem como objetivo a formação de instituições que contribuam com os interesses sociais através da realização de atividades, obras ou serviços.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUILAR, Ana Patrícia. Contratos de gestão . Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 491, 10 nov. 2004. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id= 5913 . Acesso em: 22 abr. 2006.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 1994.

JUSTEN FILHO , Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª edição, São Paulo,1997.

() MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª edição, São Paulo,1997.

[1] JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:Saraiva, 2005.

TERCEIRO SETOR

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o

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chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público.

Os principais personagens do terceiro setor são:

Fundações

São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo tempo executam projetos próprios.

Temos poucas fundações no Brasil. Depois de 5 anos, o GIFE - Grupo de Instituições, Fundações e Empresas - com heroico esforço, conseguiu 66 fundações como parceiras. No entanto, muitas fundações no Brasil têm pouca atuação na área social.Nos Estados Unidos já existem 40.000 fundações, sendo que a 10º colocada tem 10 bilhões de dólares de patrimônio. Nossa maior fundação tem 1 bilhão.

Devido à inflação, seqüestros de dinheiro e congelamentos, a maioria de nossas fundações não tem fundos. Vivem de doações anuais das empresas que as constituíram. Em épocas de recessão, estas doações minguam, justamente quando os problemas sociais aumentam.

www.filantropia.org

O conceito de fundação é, justamente, o de acumular fundos nos anos bons para poder usá-los nos anos ruins. A Fundação Bradesco é um dos raros exemplos de fundação com fundos.

Tamanho

O terceiro setor possui 12 milhões de pessoas, entre gestores, voluntários, doadores e beneficiados de entidades beneficentes, além dos 45 milhões de jovens que vêem como sua missão ajudar o terceiro setor.

Uma pesquisa feita por nós revelou alguns números das 400 maiores entidades do Brasil no ano de 2000. Segundo esta pesquisa, o dispêndio social das 400 maiores entidades foi de R$ 1.971.000,00. Ao todo, elas possuem 86.894 funcionários, 400.933 voluntários. Entidades Beneficentes São as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua, drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissionalizam; doam sangue, merenda, livros, sopão; atendem suicidas às quatro horas da manhã; dão suporte aos desamparados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a violência; promovem os direitos humanos e a cidadania; reabilitam vítimas de poliomelite; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem tudo.

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São publicados números que vão desde 14.000 a 220.000 entidades existentes no Brasil, o que inclui escolas, associações de bairro e clubes sociais. Nosso estudo sobre as entidades que participaram do Guia da Filantropia, revela que as 400 Maiores Entidades representaram, praticamente, 90% da atividade do setor em 2001.

Fundos Comunitários

Community Chests são muito comuns nos Estados Unidos. Em vez de cada empresa doar para uma entidade, todas as empresas doam para um Fundo Comunitário, sendo que os empresários avaliam, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinheiro. Um dos poucos fundos existente no Brasil, com resultados comprovados, é a FEAC, de Campinas.

Entidades Sem Fins Lucrativos

Infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas ou atendem os interesses dos próprios usuários. Um clube esportivo, por exemplo, é sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus respectivos sócios. Muitas escolas, universidades e hospitais eram no passado, sem fins lucrativos, somente no nome. Por isto, estes números chegam a 220.000.

O importante é diferenciar uma associação de bairro ou um clube que ajuda os próprios associados de uma entidade beneficente, que ajuda os carentes do bairro.ONGs Organizações Não Governamentais

Nem toda entidade beneficente ajuda prestando serviços a pessoas diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo pressão sobre nossos deputados, está ajudando indiretamente todas as mulheres. Nos Estados Unidos, esta categoria é chamada também de Advocacy Groups, isto é, organizações que lutam por uma causa. Lá, como aqui, elas são muito poderosas politicamente.

Empresas com Responsabilidade Social

A Responsabilidade Social, no fundo, é sempre do indivíduo, nunca de uma empresa jurídica, nem de um Estado impessoal. Caso contrário, as pessoas repassariam as suas responsabilidades às empresas e ao governo, ao invés de assumirem para si. Mesmo conscientes disso, vivem reclamando que os "outros" não resolvem os problemas sociais do Brasil.Porém, algumas empresas vão além da sua verdadeira responsabilidade principal, que é fazer produtos seguros, acessíveis, produzidos sem danos ambientais, e de estimular seus funcionários a serem mais responsáveis. O Instituto Ethos - organização sem fins lucrativos criado para promover a responsabilidade social nas empresas - foi um dos pioneiros nesta área.

Empresas Doadoras

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Uma pesquisa feita por nós revela que das 500 maiores empresas brasileiras, somente 100 são consideradas parceiras do terceiro setor. Das 250 empresas multinacionais que têm negócios no Brasil, somente 20 são admiradas. A maioria das empresas consideradas parceiras são pequenas e médias e são relativamente desconhecidas pelo grande público.

Elite Filantrópica

Ao contrário de Ted Turner, Bill Gates e dos 54 bilionários que o Brasil possui, somente 2 são considerados bons parceiros do terceiro setor (Jorge Paulo Lehman e a família Ermírio de Moraes). A maioria dos doadores pessoas físicas são da classe média. Esta tendência continua na classe mais pobre. Quanto mais pobre, maior a porcentagem da renda doada como solidariedade.Pessoas Físicas

No mundo inteiro, as empresas contribuem somente com 10% da verba filantrópica global, enquanto as pessoas físicas, notadamente da classe média, doam os 90% restantes. No Brasil, a nossa classe média doa, em média, 23 reais por ano, menos que 28% do total das doações. As fundações doam 40%, o governo repassa 26% e o resto vem de bingos beneficentes, leilões e eventos. Imprensa

Até 1995, a pouca cobertura que a Imprensa fazia sobre o terceiro setor era, normalmente, negativa. Com a descoberta de que a maioria das entidades é séria e, portanto, faz bom trabalhos, este setor ganhou respeitabilidade. Com isso, quadruplicou a centimetragem de notícias sobre o terceiro setor. A missão agora é transformar este novo interesse em cobertura constante.

Empresas Juniores Sociais

Nossas universidades pouco fizeram para o social, apesar de serem públicas. É raro encontrar um professor universitário assessorando uma ONG com seus conhecimentos. Nos últimos anos, os alunos criaram Empresas Juniores Sociais, nas quais os alunos das escolas de Administração ajudam entidades. Algumas das mais atuantes são a FEA-Júnior da USP, a Júnior Pública da FGV, e os ex-alunos do MBA da USP.

Regras básicas a serem observadas pela Administração Pública na contratação de Oscip- Organização Social de Interesse Social e Organização Social

AMANDA POLIANA FERREIRA NUNES, Brasileira, casada, advogada. Formada pela UNIMONTES – Universidade Estadual de Montes Claros, especialista em Direito

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Público e Ciências Criminas pelas Universidades: ARANGUERA- UNIDERP e pela UCAM – Universidade Cândido Mendes

1. Introdução

Após a reforma Constitucional capitaneada pela Emenda Constitucional n. 19, de 04 de junho de 1998, houve a criação de diversos institutos singulares até então existentes no direito público brasileiro.

A principal modificação da reforma foi quanto os princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio da atividade pública.

Após esse fato, muito se evoluiu no processo de desestatização dos serviços públicos, que na década de noventa lançou o Programa Nacional de Desestatização instituído pela Lei n. 8.031∕90, que posteriormente foi revogada pela Lei n. 9.491∕97.

O objetivo de tudo isso era para reposicionar e reordenar as atividades e responsabilidades do Estado na economia, transferindo à iniciativa privada atividades que supostamente eram “indevidamente exploradas pelo setor público", (art. 1º, I, da Lei nº 8.031/90), possibilitando que a Administração Pública pudesse se concentrar em atividades que fossem essencialmente fundamentais a presença do Estado em vistas das prioridades nacionais.

Nesse mesmo sentido, como entidades paralelas ao Estado podem ser incluídas, os serviços sociais autônomos, as entidades de apoio (em especial fundações, associações e cooperativas), as chamadas organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público.

Surgiram muitas formas de transferência de serviços e atividades publicas que pode-se aqui citar as associações, as Ongs, o Sesi, o Senac, o Sest, os consórcios de cooperação entre entes públicos, as Oscips, as OS´s, as PPP- Parceria Público Privada, os contratos de Concessão, dentre outros.

É verdade que todas essas entidades poderiam ser incluídas no conceito de serviço sociais autônomos; no entanto, não existe unidade terminológica para enquadramento dessas entidades.

De fato, os teóricos da Reforma do Estado incluem essas entidades no que denominam de terceiro setor, assim entendido aquele que é composto por entidades da sociedade civil de fins públicos e não lucrativos. Esse terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o Estado, e o segundo setor, que é o mercado.

Usando a terminologia de Celso Antônio Bandeira de Mello1, essas entidades são chamadas de entidades paraestatais, para abranger pessoas privadas

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que colaboram com o Estado desempenhando atividades não lucrativas e às quais o Poder Púbico dispensa especial proteção, como imunidades tributárias e descontos nos recolhimentos previdenciários, desde que estas desenvolvam atividades típicas do Estado, no amparo aos hipossuficientes, na assistência social, na formação profissional, na assistência a saúde, no desenvolvimento da cultura, na proteção do meio ambiente, dentre outros.

Feitos esses esclarecimentos, a partir desse momento, haverá um direcionamento desse trabalho para o estudo da forma de contratação das OSCIPs, e OS´s.

2. As Organizações Sociais – conceito e características

Organização Social é a “qualificação jurídica dada a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de particulares, e que recebe delegação do Poder Público, mediante contrato de gestão, para desempenhar serviço publico de natureza social”2, conceito da doutrinadora Maria Sylvia Zanella de Pietro.

Isso porque, segundo a ilustre doutrinadora, nenhuma entidade nasce com o nome de organização social, já que é preciso que uma associação ou fundação criada por um particular, e totalmente regularizada possa se habilitar junto a administração publica para que receba a qualificação desejada.

É preciso lembrar que as Organizações Sociais têm seu lugar no bojo do processo que se convencionou chamar de "reforma do Estado", cujo impulso maior se deu a partir da aprovação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), elaborado pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), criado quase que exclusivamente para efetivar a reforma administrativa pretendida pelo Governo Federal.

Destaca-se que um dos pontos estratégicos deste plano foi a aprovação do "Programa Nacional de Publicização", aprovado pela Lei 9.637, de 15 de Maio de 1998. Esta lei autoriza o Poder Executivo a transferir a execução de serviços públicos e gestão de bens e pessoal públicos, a entidades especialmente qualificadas, quais sejam, as Organizações Sociais.

Segundo o ilustre administrativista Hely Lopes Meireles, "o objetivo declarado pelos autores da reforma administrativa com a criação da figura das organizações sociais, foi encontrar um instrumento que permitisse a transferência para elas de certas atividades exercidas pelo Poder Público e que melhor o seriam pelo setor privado, sem necessidade de concessão ou permissão. Trata-se de uma nova forma de parceria, com a valorização do chamado terceiro setor, ou seja, serviços de interesse público, mas que não necessitam ser prestados pelos órgãos e entidades governamentais".4

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2.1. Do contrato de gestão

Como visto acima, as Organizações Sociais (OS) foram criadas para que pudessem absorver as atividades publicizáveis mediante qualificação específica, mediante contrato de gestão, que é o instrumento que regulará as ações das OS.

Após a qualificação como Organização Social, a entidade estará habilitada a receber recursos financeiros e a administrar bens e equipamentos do Estado. Em contrapartida, ela se obrigará a celebrar um contrato de gestão, por meio do qual serão acordadas metas de desempenho que assegurem a qualidade e a efetividade dos serviços prestados ao público.

É preciso lembrar ainda, que há uma fuga do regime jurídico de direito publico, já que a organização social irá absorver toda a atividade exercida pelo ente estatal, e passará a utilizar o patrimônio publico e os servidores públicos do ente publico que automaticamente será extinto.

Assim, as principais criticas em relação a essa pessoa jurídica e seu contrato de gestão, está no fato de que ocorre uma simbiose, em que a Organização Social se acopla ao ente público, se apossa de seu patrimônio (corpo) e de seu pessoal (quem atua em nome do estado), recebe os recursos que seriam destinadas a esse órgão, e não possui a obrigação legal de se submeter a todas as regras de Direito público.

Alem disso, na condição de entidades de direito privado, as Organizações Sociais tenderão a assimilar características de gestão cada vez mais próximas das praticadas no setor privado, o que deverá representar, entre outras vantagens: a contratação de pessoal nas condições de mercado; a adoção de normas próprias para compras e contratos; e ampla flexibilidade na execução do seu orçamento.

De modo que, não se pode dizer que o modelo proposto para as Organizações Sociais são um simples convênio de transferência de recursos. Principalmente porque os contratos e vinculações mútuas serão mais profundos e permanentes, porque as dotações destinadas a essas instituições integrarão o Orçamento da União, cabendo às mesmas um papel central na implementação das políticas sociais do Estado.

Por outro lado, os defensores desse modelo de gestão acreditam que a desvinculação administrativa em relação ao Estado não deve ser confundida com uma privatização de entidades da administração pública, já que as Organizações Sociais não serão negócio privado, mas instituições públicas que atuam fora da Administração Pública para melhor se aproximarem das suas clientelas, aprimorando seus serviços e utilizando com mais responsabilidade e economicidade os recursos públicos.

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E que a implantação das Organizações Sociais supostamente ensejaria uma verdadeira revolução na gestão da prestação de serviços na área social, já que trata-se de um novo modelo de gestão, onde o Estado busca à redução de sua dimensão enquanto máquina administrativa, alcançando, entretanto, maior eficácia na sua atuação.

3. As OSCIP´s – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

No tocante às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público — OSCIPs, trata-se também de qualificação jurídica dada a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado e fiscalizados pelo Poder Público, mediante vinculo jurídico instituído por meio de termo de parceria, regulamentadas, no plano federal pela Lei n. 9.790/99.

Assim como as OSs as OSCIPs somente se qualificarão como tais uma vez atendidos os requisitos constantes em lei, e, ainda, se não se enquadrarem em quaisquer das atividades previstas no art. 3º da Lei n. 9.790/99, devendo, também, ter sempre como propósito a prestação de uma série de serviços sociais e/ou a promoção de direitos sociais.

A diferença entre o que o ocorre na qualificação das organizações sociais, e na qualificação das OSCIPs está no fato de que estas não são discriminatórias, devendo atender a uma série de requisitos formais que estão dispostos na lei.

Segue abaixo a descrição do doutrinador Paulo Modesto sobre as semelhanças entre os dois institutos: 5

A semelhança do novo título com o modelo normativo das organizações sociais é indiscutível. Primeiro, a idéia comum de concessão de uma sobre- qualificação (nova qualificação jurídica para pessoas jurídicas privadas sem fins lucrativos). Segundo, a restrição expressa à distribuição pela entidade de lucros ou resultados, ostensiva ou disfarçada (através, por exemplo, de pagamento de salários acima do mercado). Terceiro, a identificação de áreas sociais de atuação das entidades como requisito de qualificação. Quarto, a exigência de existência de um conselho de fiscalização dos administradores da entidade (Conselho de Administração nas organizações sociais, Conselho fiscal ou órgão equivalente na proposta do novo título). Quinto, o detalhamento de exigências estatutárias para que a entidade possa ser qualificada. Sexto, a exigência de publicidade de vários documentos da entidade e a previsão

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de realização de auditorias externas independentes. Sétimo, a criação de um instrumento específico destinado a formação de um vínculo de parceria e cooperação das entidades qualificadas com o Poder Público (contrato de gestão, nas Organizações Sociais; termo de parceria, nas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Oitavo, a possibilidade de remuneração dos diretores da entidade que respondam pela gestão executiva, observado valores praticados pelo mercado (remuneração vedada pela legislação de utilidade pública). Nono, a previsão expressa de um processo de desqualificação e de sanções e responsabilidades sobre os dirigentes da entidade em caso de fraude ou atuação ilícita. 

Inobstante hajam muitas semelhanças entre os dois intitutos, preciso ainda lembrar que as organizações de interesse social – OSCIP possuem inovações não previstas nas organizações sociais, que são firmadas pelo termo de parceria, desenvolvidas abaixo.

 3.1. Do contrato de parceriaO Termo de Parceria para os defensores desse modelo de

contratação com o Poder Público, constitui uma das principais inovações apresentadas pela Lei do Terceiro Setor, já que possibilita a realização de novas parcerias entre o administração e as entidades qualificadas como OSCIPs, sem a necessidade de se realizar convênios, ou licitação.

Como a escolha da OSCIP para a celebração de Termo de Parceria pelo órgão estatal será realizada através de concurso de projetos. O edital do concurso deverá conter informações básicas sobre condições, forma de apresentação de propostas, prazos, julgamento, critérios de seleção e valores a serem desembolsados.

Segundo a Lei n. 9.790/99, o julgamento dos projetos inscritos será realizado por uma Comissão designada pelo órgão estatal, composta por um membro do Poder Executivo, um especialista no tema do concurso e um membro do conselho de políticas públicas, sendo que, compete a Comissão avaliar o conjunto das propostas, objetivando a escolha do projeto que apresente um cronograma adequado para a efetiva realização das atividades sociais.

Após a escolha do projeto apropriado para a atividade social almejada, e assinado o contrato, será iniciado a execução do repasse de verbas públicas à OSCIP, que deverá ser liberado conforme cronograma previsto no Termo de Parceria. De acordo com o artigo 15 do Decreto 3.100/99, que prevê a liberação dos valores em parcelas, condicionando-as à comprovação do cumprimento das metas para o período anterior à última liberação.

O repasse dos recursos de origem estatal será acompanhado pelo Conselho de Políticas Públicas que fiscalizará previamente a

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forma de aplicação desses recursos. Em seguida, após o término da execução da parceria, o Conselho analisará os resultados obtidos, com base no desempenho do programa do trabalho estabelecido, elaborando o relatório conclusivo sobre o cumprimento das metas e o alcance dos resultados do Termo. O relatório será encaminhado ao órgão estatal parceiro conforme dispõe o artigo 11 da Lei 9.790/99.

Ao se criar essa possibilidade de contratação por meio do termo de parceira com as Oscips, o legislador objetivou possibilitar a administração pública uma forma de modernizar, de aprender com o melhor do setor privado para melhor servir a população.

De modo que, não há a extinção da pessoa administrativa, há sim uma parceria, que consiste em um acordo de vontades, em que os partícipes objetivam a um fim de interesse comum, cada qual colabora de uma forma, podendo se por meio de recursos humanos, materiais, financeiros, expertise gerencial, sendo que a o Poder Público repassa a entidade privada os recursos públicos, que não tem natureza de preço, e sim, mantem seu caráter de recurso publico que deverá ser usado na execução ou prestação dos serviços, já que a Oscip tem o dever legal de prestar contas de todo valor recebido.

Objetiva-se portanto com a celebração do Termo de Parceria promover uma reciclagem no ente público, imprimindo expertise, eficiência, e agilidade na prestação do serviço, para que ao final do período da parceria, o ente publico possa prestar um melhor serviço a população.

Caso as parcerias celebradas pelo Poder Público com as Oscips cumpram essa finalidade, é visível o avanço na prestação do serviço publico, contudo, não raras vezes depara-se com Termos de Parcerias ineficientes, realizados sem um cronograma especifico de modernização, e que é usado tão somente para que os gestores possam violar a forma de contratação da administração, que é por meio de concurso publico e de licitação.

3. Da forma de contratação das Organizações Sociais e Organizações de Interesse Social pela Administração Pública

É sabido que a regra para contratação desses entes com a Administração Pública deve ser feita por meio de licitação, de acordo com a Lei 8.666- 93.

Contudo, especialmente em relação as Organizações Sociais e as OSCIPs, o legislador excepcionou a necessidade de licitar, no artigo 24, inciso XII da Lei 8666-93, com o escopo de facilitar a contratação destas no auxilio ao Poder Público. Paralelo a isso o Decreto 3.100/99, em seu artigo 23, trouxe a forma de contratação por meio de concurso de projetos.

Partindo destas premissas legais, cabe fazer uma breve análise com relação a doutrina circundante ao tema, é preciso esclarecer que o preço deva ser sempre compatível com a realidade do mercado. Já que o objetivo maior da lei ao excepcionar a licitação, é para atender um fim social e não econômico.

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Partindo destas premissas legais, cabe fazer uma breve análise com relação a doutrina circundante ao tema, tendo em vista buscar maiores esclarecimentos sobre a aplicabilidade dos dispositivos apontados.

Vejamos então o que diz Marçal Justein Filho6 descreve em sua obra:

Permite-se a contratação direta com entidades particulares nacionais dedicadas a atividades de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, científico ou tecnológico.(...)       O objeto social da instituição deverá abranger pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, científico ou tecnológico. Esses conceitos deverão ser interpretados de modo amplo, o que não elimina uma delimitação segundo a concepção adotada e prevalente no momento em que ocorrera contratação. A exigência de 'inquestionável reputação ético-profissional' tem de ser enfocada com cautela. Deve ser inquestionável a capacitação para o desempenho da atividade objetivada. Exigem-se as virtudes éticas relacionadas direta e necessariamente com o perfeito cumprimento do contrato. Disputas ou questionamentos sobre outras questões são secundárias e não se admite um policiamento ideológico ou político sobre o contratado. Não é possível impugnar a contratação pelo simples fundamento da discordância com a ideologia adotada pelos sujeitos envolvidos na instituição.(...)O dispositivo abrange contratações que não se orientam diretamente pelo princípio da vantajosidade. Mas a contratação não poderá ofender o princípio da isonomia. Existindo diversas instituições em situação semelhante, caberá a licitação para selecionar  aquela que apresente melhor proposta - ainda que essa proposta deva ser avaliada segundo critérios diversos do "menor preço". A opção por uma determinada linha de pesquisa deverá ser justificada por critérios científicos. Esse postulado não se altera ainda quando caracterizada a inviabilidade da competição (o que subordina a hipótese à regra do Art. 25 da Lei 8666/93) 

Assim, verifica-se que o posicionamento do autor em referência converge no sentido de que a dispensa da licitação para

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entidades que exerçam a filantropia em prol do interesse Público deve (i) observar a finalidade da Entidade Pública (pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso) e (ii) observar o notório reconhecimento (especialização) da entidade face ao serviço licitado.

No entanto, quando houver a possibilidade de competição de projetos estatuída no art. 23 do Dec. 3.100/99, observa-se que o mesmo constitui apenas “possibilidade”, sendo mera expectativa, não havendo, por conseqüência, obrigatoriedade formal de realização de concurso.

Porém, caso a Administração entenda como viável a realização de concurso, deverá utilizar como fonte subsidiária a Lei 8.666/93, quando a Lei 9.790/99 e seu Dec. regulamentador (Dec. 3.100/99) não disciplinarem norma em contrário.

 2.4. Da posição do Tribunal de Contas de Minas GeraisInobstante ao permissivo legal, e a posição favorável da doutrina, o TCE-MG

tem se posicionado de modo diverso em relação à forma de contratação das Oscips e OSs pelos entes públicos, conforme se pode observar nas Consultas n. 716.238 e 719.436, de relatoria do eminente Conselheiro Antônio Carlos Andrada; 793.773 e 732.243, relator eminente Conselheiro Eduardo Carone Costa; e 683.832, relator eminente Conselheiro Moura e Castro.

Com relação à forma licitatória para escolha da Oscip, o egrégio Plenário desse Tribunal, recentemente, concluiu, por unanimidade, na Consulta n. 716.238, publicada na Revista do TCEMG, v. 70, março/ 2009, p. 137-163, de relatoria do Conselheiro Antônio Carlos Andrada:

Contudo, como pressupostos à assinatura deste termo de parceria, a matéria deverá estar devidamente regulamentada em âmbito municipal. Além disso, em não se configurando as hipóteses de dispensa ou inexigibilidade, nos termos da Lei n. 8.666/93, há que se realizar licitação para contratação com tais entidades, sob pena de mal-ferimento dos princípios que regem a Administração Pública.

Reafirma-se, desse modo, que a contratação de Oscip e Organização Social por ente público somente seria possível se prevista no âmbito de legislação municipal ou estadual e que seria obrigatória licitação para escolha da entidade parceira, se for viável a competição. Caso contrário, deverá ser formalizado procedimento administrativo de dispensa ou de inexigibilidade de licitação.

O TCEMG mantêm esse posicionamento mais fechado a fim de os administradores públicos mantenham a observância dos

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princípios básicos do Direito Administrativo sobre os processos de contratação da administração, já que no geral a dispensa é utilizada quando não há desembolso de recursos públicos, e tambem quando a legislação municipal ou estadual prevê as condições da contratação, que no geral se efetiva por meio de concurso.

4. Conclusão

Feitas essas considerações, conclui-se que é possível firmar termo de parceria com OSCIP, e contrato de Gestão com Organização Social desde que haja um projeto próprio e especifico para o desenvolvimento da atividade, e desde que haja legislação especifica nos entes da Federação celebrantes.

Contudo, é preciso esclarecer que deve-se levar em conta as hipóteses legais de dispensa nos termos da Lei n. 8.666/93. Em não se configurando as hipóteses de dispensa, há que se realizar licitação para contratação com tais entidades, sob pena de malferir os princípios que regem a administração pública.

Destaca-se ainda que os entes fiscalizatórios, dentre ele os Tribunais de Contas de todo país tem adotado uma postura rígida em relação a essas dispensas realizada com as OSCIPs e as Organizações Sociais, em razão do grande número de escândalos envolvendo essas entidade, que tem sido utilizadas para propósitos escusos, diferentes daqueles que motivaram sua criação.

Infelizmente essas entidades tem servido para desviar recursos públicos, ao contratarem com o Poder Público projetos que não saem do papel, e não atendem a população, além ser usada como uma opção para que os agentes políticos possam administrar seus cabides de emprego.

Tais ações geram prejuízos irrecuperáveis para a população, que perde a oportunidade de usufruir do serviço e do recurso público destinado atendê-los.

Assim, cumpre ao órgão estatal parceiro verificar e deter consigo documentação, em geral, que ateste a regularidade do procedimento de qualificação da OSCIP e Organizações Sociais se foram atendidos todos os requisitos constantes em lei para obtenção do título; o procedimento de seleção destas, independentemente de ter se dado por meio de licitação, inexigibilidade ou dispensa, desde que regularmente formalizados. Sendo que a formalização do termo de parceria e do contrato de gestão deverá ser feita com o respectivo plano de trabalho, que deverá conter as ações claras do ente privado, e o cronograma de desembolso de valores, vinculado a execução dos serviços, após previa avaliação.

Montes Claros, 14 de junho de 2011.

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Referências

1.DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20a Edição. São Paulo. Editora Atlas S.A.- 2007, pag. 457.2. Idem, pag. 461.3.Parcerias na Administração Pública. Concessão, Permissão, Franquia, Terceirização e outras Formas. 4ª ed. ver. ampl. São Paulo: Atlas, 2002.4.MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo Brasileiro. 14ª ed. ref.ampl. atual. São Paulo: Malheiros, 2002.pag. 675.5. Parcerias na Administração Pública. Concessão, Permissão, Franquia, Terceirização e outras Formas. 4ª ed. ver. ampl. São Paulo: Atlas, 2002.

Soneto de fidelidadeVinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure

AGENTES PÚBLICOSAgente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da

Administração Indireta

Agentes políticosEm uma pirâmide, os agentes políticos estariam no topo, sendo eles a grande autoridade. Possuem poder de direção e mando. Estão na cúpula do Estado. As suas atribuições estão na Lei Maior (CF). Possuem foro privilegiado. Tem regimentos próprios. Não são estatutários (não são funcionários públicos em sentido estrito). Há garantias próprias em razão do cargo.

No Executivo: Chefe do Estado: Presidente/ Governadores/ Prefeitos No Judiciário: Ministros dos Tribunais, Juízes, MP No Legislativo: Parlamentares em geral (vereadores, etc.)

Agentes administrativos

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São aqueles que executam as ordens dos agentes políticos. Possuem, na pirâmide uma relação de hierarquia. São funcionários públicos em sentido estrito. São estatutários. Servidores autárquicos e dirigentes de órgãos da administração indireta.

Agentes honoríficos ou por colaboraçãoSão conhecidos como agentes por colaboração ou agentes colaboradores. São formados por cidadãos – civismo, patriotismo, encargo social (múnus público). Em razão do cargo, são funcionários públicos (somente nas obrigações, e não nos direitos), praticando assim, crimes próprios de servidores. Não exercem o cargo habitualmente, e sim transitoriamente. São eles os mesários, jurados, etc. Não são remunerados, podem, eventualmente receber ajuda de custo.

Aula 10

OAB. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público que possuem capacidade exclusivamente administrativa. A respeito das autarquias, pode-se afirmar que:

a) Somente a lei tem o condão de criá-las. Todavia, podem estas ser extintas por meio de norma hierarquicamente inferior àquela que as criou, ou até mesmo, por meio de ato administrativo emanado de autoridade competente.

b) Sua responsabilidade confunde-se com a responsabilidade do Estado, de forma que quaisquer pleitos administrativos ou judiciais decorrentes de atos que a princípio lhes sejam imputáveis, deverão ser propostos tão somente em face do Estado.

c) Os atos delas emanados revestem-se da presunção de legitimidade, exigibilidade, nos mesmos termos dos atos administrativos dotados destes atributos.

d) Não estão sujeitas a controle exercido pelo Estado (Executivo), tão-somente se sujeitando ao controle exercido pelos Tribunais de Contas, órgãos auxiliares competentes para julgar as contas dos administradores autárquicos.

Os jurados, os membros de mesas apuradoras de votos à época de eleições e os indivíduos recrutados para o serviço militar obrigatório podem ser denominados apropriadamente:

a) Agentes públicosb) Servidores Públicosc) Particulares em colaboração com a administraçãod) Servidores públicos temporários

Agentes delegadosSão agentes particulares que recebem autorização para prestarem serviço ao Estado. O meio pelo qual virá a autorização dependerá do vulto da transação. O serviço é prestado por conta e risco destes, porém, podem cobrar tarifas. São os casos de pedágios, empresas de ônibus, vans escolares.

Para efeitos penais (CP. Art. 327), são considerados funcionários públicos:

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Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

São, portanto, em sentido amplo, funcionários públicos: agentes políticos, agentes administrativos (autarquias – funcionário públicos em sentido estrito), agentes honoríficos ou colaboradores e os agentes delegados.

ATENÇÃO!A expressão “servidor público” é empregada ora em sentido amplo, para designar todas as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício, ora em sentido menos amplo, que exclui os que prestam serviços à entidades com personalidade jurídica de direito privado.

INVESTIDURA

É a relação entre o servidor e o cargo público. Se é a primeira, é chamada originária, e as demais serão derivadas. Investidura (preposição in e verbo vestire, "vestir", de vestis, "manto") significa a instalação formal de alguém (herdeiro, candidato eleito) em um cargo público formalmente dando-lhe uma "insígnia".

Investiduras:1. Originária2. Derivada3. Política4. Administrativa5. Vitalícia

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6. Efetiva7. Em comissão

Aula 11

INVESTIDURA

1. Originária: é a primeira vinculação do agente ao Estado.2. Derivada: se baseia em anterior vinculação. Ex.: promoção, transferência,

reintegração, remoção etc.3. Vitalícia: Caráter perpétuo (art. 95, I/ 128, §5º, I, a/ 73, §3º - CF).4. Efetiva: presunção de definitivo (art. 41 – CF).5. Em comissão: natureza transitória, exonerável “ad nutum”. (art. 37, V CF)

Vitalícia:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;Art. 128. O Ministério Público abrange:§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:I - as seguintes garantias:a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;art. 73- § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.

Efetiva:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

Cargo Público:

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Conceito: É o lugar instituído na organização do serviço público, com denominação própria, atribuições, responsabilidades específicas e estipêndio correspondente.

Conceito de Odete Medauar: Cargo Público é o conjunto de atribuições e responsabilidades, criado por lei em número determinado, com nome certo e remuneração especificada por meio de símbolos numéricos e ou alfabéticos. O ato administrativo que atribui a uma pessoa exercício inicial de um cargo é a nomeação. Faz a distinção com função pública. São exercidas por pessoas que não ocupam cargos, pois somente detêm funções. Ex. contratados por tempo determinado nos termos do art. 37, IX, da CF. Também, as funções gratificadas, funções de carreira docente e funções de chefia acadêmica em faculdades e universidades públicas.

Emprego Público: Nos Estados e Municípios que não adotaram regime jurídico único estatutário, os celetistas da Adm. Direta e Indireta detêm emprego público. No âmbito federal, a Lei 9962/2000, disciplina o regime de emprego público do pessoal da Adm. Direta, das autarquias e fundações, sob o regime da CLT e legislação trabalhista correlata.

As Constituições vêm atribuindo aos Chefes do Executivo iniciativa privativa nas leis que disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos (salvo as universidades) conf. Art. 61, par. 1º., II, a, CF.

Acesso: São acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos legais, assim como aos estrangeiros na forma da Lei. A Emenda Constitucional 11, de 30.04.96, acrescentou no art. 207, a faculdade às universidades e às instituições de pesquisa científica e tecnológica a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da Lei.

A obrigatoriedade do prévio concurso público também se estende a funções ou empregos públicos, salvo o cargo em comissão. (37, II CF).

Alguns órgãos e entes administrativos passaram a denominar processo seletivo público os certames para contratar pela CLT ou para outro tipo de contrato, reservando a locução concurso público para os cargos de provimento efetivo. O caput do art. 41 usa o termo “efetivo” e usa o termo “nomeados”, típicos do desempenho do cargo de provimento efetivo, pois inexistem contratos efetivos e inexiste nomeação em vínculo contratual.

Há controvérsia no limite de idade, isso porque o inc. XXX, do art. 7º. Da CF, aplicável aos servidores públicos por força do 39, par. 3º., veda diferença de critério de admissão por motivo de idade. Porém a E.C. 19/98, acrescentou que a lei pode estabelecer requisitos diferenciados de admissão. Nos termos da Súmula 683, do STF, “o limite de idade para a inscrição em concurso público se legitima em face do art. 7º., XXX da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.”

Exame Psicotécnico: A Súmula 686 do STF, entende: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.”

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Direito à nomeação: Reconhece-se ao candidato aprovado em concurso público e classificado em posição dentro do número de vagas postas em concurso, o direito à nomeação. O STF, no RE 598099/MS, j. 10.8.2011, rel. Min. Gilmar Mendes, reconheceu, por unanimidade, o direito do concursando aprovado à nomeação, criando um dever de nomeação imposto ao poder público.

A Odete também faz distinção entre efetividade e estabilidade.

Efetividade é modo de preenchimento do cargo, ligado à possibilidade de permanência. A efetividade propicia a aquisição da estabilidade ordinária, após 3 anos de exercício.

A estabilidade, por sua vez, expressa o direito ao cargo pelo modo como poderá ser perdido.

Ela ainda informa que além dos casos previstos no par. 4º. do art. 37 para perda do cargo, existem mais dois casos: 1. Para possibilitar que as despesas com pessoal não excedam limites estabelecidos em lei complementar; 2. Por força do par. 6º. Do art. 198, acrescentado pela E.C. 51/2006, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou agente de combate às endemias poderá perder o cargo por descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei.

NEPOTISMO: A Súmula Vinculante 13, do STF, editada em 2008, veda o chamado NEPOTISMO, no teor seguinte: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Adm. Públ. Direta e indireta em qualquer dos Poderes, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a C.F.”

O STF, na ADIn 3602/GO, pub. DJe 07.6.2011, rel. Ministro Joaquim Barbosa, declarou “inconstitucional a criação de cargos em comissão que não possuam caráter de assessoramento, chefia ou direção e que não demandem relação de confiança entre o servidor nomeado e o seu superior, tais como os cargos de Perito Médico-Psiquiátrico, Repórter Fotográfico, Perito, Psicólogo, Enfermeiro e Motorista de Representação.”

Investidura a Termo: Há um número pequeno de cargos ocupados por mandato, com duração previamente fixada, que só poderá ser cassado por razões de suma gravidade. Ex. cargos de reitor e diretor em universidades públicas.

Vacância: é a situação do cargo que está sem ocupante. Pode ocorrer:1.Por exoneração: servidor que pediu o desligamento.2.Exoneração “ex officio”: desligado do cargo em comissão.3.Demissão: servidor punido com a perda do cargo.4.Readaptação: passou a exercer outro cargo ante limitações.Também ocorre por aposentadoria ou morte do servidor, e por acesso ou promoção.

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A criação e extinção de cargos do Executivo dependem de lei de iniciativa privativa do chefe desse poder nas três esferas.

Acessibilidade: art. 37, I Concurso Público: art. 37, III.

Nomeação: é o ato de provimento do cargo que se completa com a posse e o exercício. A investidura do servidor no cargo ocorre com a posse.

Paridade de Vencimentos

A remuneração de qualquer servidor público não poderá exceder o subsídio mensal dos ministros do STF. (ver art. 37, par. 12).

Acumulação de cargos: 37, XVI.

A exoneração não é penalidade. É simples dispensa do servidor. A demissão constitui-se em pena adm. ao servidor que cometa infração disciplinar. Disponibilidade remunerada: art. 41, par. 3º.

Reintegração é o retorno do servidor ao mesmo cargo de que fora demitido, com o pagamento integral e vantagens do tempo em que esteve afastado, uma vez reconhecida a ilegalidade da demissão em decisão judicial. Aproveitamento: é o retorno obrigatório, à atividade, de servidor em disponibilidade.

Reversão: é o retorno à atividade do servidor aposentado por invalidez, quando, por junta médica oficial, forem declarados insubsistentes os motivos da aposentadoria. Também, para ser aplicada, de imediato, pena de demissão.

Regime celetista: Tendo em vista que o empregador é o ente estatal, alguns preceitos são estendidos. Limite de remuneração (37, XI); proibição de acumulação remunerada de outro emprego, função ou cargo (37, XVII); possibilidade de sofrer sanções por improbidade administrativa (37, par. 4º. E Lei 8429/92, art. 1º.).

Distinção entre vencimento e subsídio:

Denomina-se vencimento, a retribuição, em dinheiro, pelo exercício de cargo ou função pública.Subsídio: Deve ser fixado em parcela única, conf. 39, par. 4º., vedado o acréscimo de qualquer gratificação adicional, abono, prêmio ou verba de representação. Devem receber subsídio os seguintes agentes públicos: a) membros de Poder (parlamentares, magistrados e chefes de executivo); b) Ministros de Estado; c) Secretários; d) Ministros do TC.; e) integrantes do MP.

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Aposentadoria: art. 40, par. 1º., I a III e 37, par. 11, XI.

Deveres e responsabilidade dos servidores:

1. De lealdade para a entidade vinculante; 2. De obediência às leis superiores; 3. De conduta ética (honestidade, moralidade, eficiência etc.)

Infrações cometidas por servidores: Responsabilidade Administrativa: Resulta da violação de normas internas.

1. Responsabilidade Civil: Obrigação imposta ao servidor de reparar o dano causado à Adm.

2. Responsabilidade Criminal: Resulta de crimes funcionais definidos em lei.

Lei 8.112 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.

A Lei 8.112 é o ato normativo ordinário que regulamenta o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da Administração Pública Federal, direta e indireta, tanto do executivo, como do legislativo e do judiciário.

Inicialmente, a Lei 8.112 é exclusiva apenas no âmbito da administração federal, não sendo aplicada aos servidores públicos civis dos estados, municípios e do Distrito Federal. Porém, se assim desejarem, como é o caso do DF, é possível estender o regime próprio dos servidores da administração federal aos servidores da administração estadual/distrital, se assim permitir seus respectivos poderes legislativos, adaptando a norma conforme suas peculiaridades.

Tampouco a Lei 8.112 é aplicada aos militares, que possuem regime próprio dos militares.

A norma é divida em 9 Títulos, conforme abaixo, porém os 6 primeiros são os mais relevantes, e necessitam de análise detalhada:

1. Das Disposições Preliminares;2. Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição;3. Dos Direitos e Vantagens;4. Do Regime Disciplinar;5. Do Processo Administrativo Disciplinar;6. Da Seguridade Social do Servidor;7. Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público8. Das Disposições Gerais

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9. Das Disposições Transitórias e Finais

Título I - Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

A Constituição Federal, nos seus artigos 37 a 41, regula a administração pública federal. A Lei 8.112 regula os direitos, deveres e obrigações dos servidores públicos federais, em harmonia com as normas da constituição. Esse artigo determina a quem a lei é direcionada: integrantes da administração direta e indireta dos órgãos pertencentes à União.

Administração direta abrange os órgãos diretamente subordinados aos órgãos da União: no executivo, são as instituições subordinadas à Presidência da Republica, como os ministérios e outros que possuem o status de ministério;

Administração indireta abrange os órgãos vinculados às entidades pertencentes à administração direta, que apenas exercem controle finalístico das atividades desses órgãos. A administração indireta engloba as seguintes pessoas com personalidades jurídicas próprias: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista; entretanto, a Lei 8.112 alcança apenas às autarquias e às fundações públicas de direito público. As empresas públicas e sociedades de economia mista sãos regidas pela CLT (e seus funcionários são chamados de "celetistas").

Autarquias em regime especial são uma espécie de autarquia que, por terem celebrado um contrato de gestão, possuem autonomia maior que as demais autarquias, por isso possuem uma denominação própria.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.

Conforme explicado pela própria legislação, o cargo é preenchido por um servidor. Um cargo público possui sua existência independentemente da existência da pessoa física que o ocupa, os ocupantes podem preencher ou tornar vago o cargo sucetivamente com o passar do tempo, que a existência do cargo não se altera, pois a sua criação veio de lei e somente lei pode extingui-lo, ou decreto se o cargo estiver vago.

Os cargos públicos podem ser providos por pessoas físicas sob duas formas: em caráter efetivo ou em comissão.

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Provimento em cargo de caráter efetivo ocorre por meio de diversas formas de provimento permitidas por esta lei e pela própria constituição, sendo importante destacar que somente por meio de aprovação em concurso público que o servidor pode ter o seu primeiro acesso a um cargo público de caráter efetivo.

Provimento em cargo em comissão ocorre quando uma autoridade competente nomea uma pessoa para exercer uma função de confiança na administração pública, sem a necessidade de concurso público, podendo ser exonerado a qualquer tempo por vontade da autoridade que o nomeou.

Os cargos públicos são acessíveis a todos os brasileiros, ou seja, aos brasileiros natos ou naturalizados. As vedações aos brasileiros naturalizados são restritas e expressas na Constituição, em nenhum outro ato normativo é possível estabelecer vedações ao brasileiro naturalizado ao provimento à cargos públicos. Os estrangeiros também podem assumir cargo público, porém apenas quando a lei permitir.

Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Esse artigo cria, como regra, a proibição de trabalho gratuito na administração pública. A exceção ocorre em casos como os mesários de uma eleição, em que uma pessoa, temporariamente, na qualidade de agente honorífico, exerce atividade para a administração pública sem direito à remuneração por esse trabalho.

Título II - Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição

Esse título regula as formas de prover ou torna vago um cargo público; da remoção do servidor com o seu cargo para outras localidade; a redistribuição do cargo com o seu servidor para outros órgãos e, por fim, a atuação de servidor como substituto de chefia ou autoridade.

Os dois primeiros capítulos tratam especificamente do relacionamento das pessoas físicas com os cargos criados por lei. Perceba que se um ocupante de uma cargo morrer, tornará esse cargo vago (ou seja, ocorrerá uma vacância) e não existirá um titular para desenvolver as atribuições do cargo, entretanto, o cargo não deixará de existir, pois poderá ser posteriormente ocupado por outra pessoa, que desenvolverá as mesmas atribuições que a primeira, pois a existência do cargo é independente da pessoa que o ocupa.

O capítulo três trata da remoção e da redistribuição, que não são formas de provimento de cargo público, apesar de ser comum confundirem uns com os outros, trata apenas da mudança de sede do servidor dentro do mesmo órgão, ou seja, sem a mudança do cargo (no caso da remoção), e da mudança do servidor para outro cargo como consequência do deslocamento do próprio cargo (no caso da redistribuição); mas acima de tudo, não ocorre em nenhum dos dois casos o provimento ou a vacância de cargo público.

O capítulo quatro regula brevemente o caso de o servidor público atuar como chefe substituto no departamento onde trabalha.

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Capítulo I - Do Provimento

Provimento em cargo público é quando uma pessoa física preenche o cargo, assumindo a responsabilidade de exercer as atribuições e atividades pertinentes ao cargo assumido.

Esse provimento ocorre em duas circunstâncias: 1) quando a pessoa física já possuía algum tipo de relação passada com a administração pública, ou 2) quando não havia nenhum relacionamento e a pessoa ingressa pela primeira vez no serviço público.

Chama-se esse provimento ocorrido por uma relação já existente com o serviço público de provimento derivado. Quando não existente uma relação anterior e a pessoa, por meio de concurso público, adquiri direito à posse do cargo público, chama-se de provimento originário.

Provimento originário é o caso mais comum de provimento e ocorre unicamente na nomeação decorrente de aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos. O concurso público é o diferencial nesse tipo de provimento, pois, mesmo que uma pessoa que já era servidora e possuía um cargo, seja nomeada em outro cargo por ter sido aprovada em concurso público, primeiro ela é exonerada do cargo antigo para depois ser nomeada no cargo novo; esse lapso de tempo descaracteriza um relacionamento preexistente para fins de nomeação, evidenciando a forma originária de provimento.

Provimento derivado é o caso mais amplo, pois são formas de provimento, sem concurso público, permitidas em diversas hipóteses definidas na lei e na constituição. A ausência do concurso público evidencia a forma derivada de provimento, pois deriva de algum outro relacionamento que um servidor já possuía com a administração, ou seja, são formas secundárias de acesso ao cargo público. Compõem o rol de provimentos derivados a promoção, a readaptação, a reversão, o aproveitamento, a reintegração e a recondução.

Seção I - Disposições Gerais

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo: I - a nacionalidade brasileira;

Entende-se por "nacionalidade brasileira" os brasileiros natos e os naturalizados, sendo que somente a Constituição pode definir o que é exclusivamente acessível para brasileiros natos, e inacessível a brasileiros naturalizados.

II - o gozo dos direitos políticos;

Não poderá assumir o cargo se a pessoa tiver perdido os seus direitos políticos, ou se eles estiverem suspensos, conforme os casos definidos no artigo 15 da Constituição. Portanto, não podem assumir cargos públicos:

o naturalizado que teve a naturalização cancelada por sentença judicial transitada em julgado;

o que estiver com incapacidade civil absoluta

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o que estiver com condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

o que se recusa a cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; o que for condenado por improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §

4º, da CF.

Lembre-se que no Brasil é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos definidos na Constituição.

III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;

IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;

V - a idade mínima de dezoito anos;

VI - aptidão física e mental.

§1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.

§2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

É lícita a exigência de sexo específicos para certos cargos que exigem vigor físico, como para a carreira policial, sendo afronta ao princípio da impessoalidade a diferenciação de sexo, ou a exigência de atributos físicos, se a natureza do cargo não a exigir.

A regra de até 20% das vagas para PNE (portador de necessidades especiais) é variável, pois é possível que seja reservada 5%, 10%, 15%, só não é permitido 0%, ou seja, nenhuma vaga, a não ser que o cargo seja incompatível para os PNEs devido a natureza das atribuições, por exigir pleno vigor físico para seu exercício, caso que poderá não ser oferecidas vagas para PNE.

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

Essa é uma exceção ao preenchimento de cargo público por estrangeiro. Sendo que a lei irá regulamentar essas exceções, que são extremamente restritivas.

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:

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I - nomeação;

II - promoção;

III - (Revogado)

IV - (Revogado)

V - readaptação;

VI - reversão;

VII - aproveitamento;

VIII - reintegração;

IX - recondução

Os dois casos revogados, nos incisos III e IV, sãos os casos de transferência e ascenção, declaradas inconstituicionais e posteriormente revogados por permitirem que servidores públicos sejam nomeados em cargos no qual não foram originalmente emposados, em claro desrespeito a exigência do concurso público.

Ascenção era o provimento de um cargo superior ao atualmente ocupado, ou seja, se havia um servidor nomeado a técnico era permitida sua nomeação para analista, sem necessidade de concurso público.

transferência era a nomeação em outro cargo de mesma denominação no quadro de pessoal de órgão diferente daquele que foi originalmente emposado, por exemplo, poderia um servidor agente administrativo ser transferido do quadro de pessoal do Ministério da Saúde para ser nomeado agente administrativo do quadro de pessoal da ANVISA, sem concurso público, onde os vencimentos são (bem) melhores.

Seção II - Da Nomeação

Art. 9o A nomeação far-se-á:

I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira;

II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos.

Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.

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A nomeação, como sendo a única forma de provimento originário, faz-se-a em caráter efetivo ou em comissão.

Em caráter efetivo: são os cargos necessariamento preecendidos de concurso público e que, após três anos, o seu ocupante poderá adquirir a estabilidade, se ainda não a houver.

Em comissão: são os chamados cargos de confiança, de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, portanto, não é necessário o concurso público, seus ocupantes não adquirem o direito à estabilidade (não importa o tempo de exercício), não possuem direito ao Regime Especial de Previdência Social, própria dos servidores públicos em cargo efetivo, além de diversas outras limitações impostas na lei.

Assumir um cargo interinamente significa exercer temporária e excionalmente a chefia de um departamento ou setor pelo motivo de ausência do titular e do substituto, até ser posteriormente definido um substituto e um titular oficial. Nesse caso, o interino acumula as atribuições do cargo que possui e do cargo que ocupa interinamente, podendo optar pela remuneração do cargo interino, se for mais vantajosa, mas jamais poderá acumular as remunerações (apesar de acumular as atribuições).'

Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

Aula 12

BENS PÚBLICOS

De acordo com o Código Civil:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.Art. 99. São bens públicos:I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

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III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

1. Conceito: “Conjunto de bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Autarquias e Fundações)”.

2. Não cabe usucapião em bens públicos.

3. Classificação: Art. 99 do CC, e se classifica segundo a sua destinação:

3.1. Bens de uso Comum: (Art.99,I,CC)3.2. Bens de uso especial: (Art.99,II,CC)3.3. Bens dominicais ou dominiais: (Art.99,III,CC)

Aula 13

BENS PÚBLICOS

1. Conceito: Conjunto de bens pertencentes a pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estado, Municípios, Autarquias e Fundações). Atenção: não cabe usucapião, nem penhorabilidade de bens públicos.

2. Classificação: Art. 99 do C.C., classifica segundo a sua destinação.a) Bens de uso comum;b) Bens de uso especial;c) Bens dominicais ou dominais.

Art. 99. São bens públicos:I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

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II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

Afetação gravame sobre o imóvel que o torna inalienável.

a. Bens de uso comum: São os de uso de todos indistintamente. Consideram-se bens de uso comum do povo aqueles que, por determinação legal ou por sua natureza, podem ser utilizados por todos em igualdade de condições, sem necessidade de consentimento individualizado por parte da Administração.

b. Bens de uso Especial: prestam-se a execução de serviços públicos destinados à fruição exclusiva (repartições públicas) ou à fruição geral (museus, parques). Bens de uso especial são todas as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administração Pública para realização de suas atividades e consecução de seus fins.

c. Bens dominicais: Constituem o patrimônio disponível do patrimônio público. Pertence ao Estado em sua qualidade de proprietário. Comportam uma função patrimonial ou financeira, porque se destinam a assegurar rendas ao Estado, em oposição aos demais bens públicos, que são afetados a uma destinação de interesse geral. Submetem-se a um regime jurídico de direito privado, pois a Administração Pública age, em relação a eles, como um proprietário privado. Hoje já se entende que a natureza desses bens não é exclusivamente patrimonial; a sua administração pode visar, paralelamente, a objetivos de interesse geral.

Aula 14

DEFESA DOS BENS PÚBLICOS

O poder público pode se valer dos meios de defesa do direito privado. Há decisões que reconhecem legítima a defesa autoexecutória da Administraçao em hipótese de esbulho.

Afetação:Exceção para os dominiais, todos os bens públicos possuem destinação específica. A afetação de bens de uso comum pode decorrer de fato natural (rios e mares) ou de imposição legal. A desafetação depende de lei.

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Regime Jurídico:Os bens públicos são gravados de inalienabilidade, imprescritibilidade (183, §3º e 191, §único), impenhorabilidade (art. 100, CF), e não oneração (não podem ser dados em garantia). A inalienabilidade é relativa (transferência de bens dominicais com lei autorizativa, avaliação prévia e licitação).

Perda e Confisco de bensO perdimento de bens é sanção prevista na CF, art. 5º, XLVI, “b”, na Lei n.º 8.429/92 (Improbidade administrativa art. 12, I) e no Código Penal (art. 91, II).Pelo ilícito penal, a reversão de bens dá-se em favor da União e pode incidir sobre os instrumentos ou produto do crime.

O confisco está previsto na CF (art. 243 e §único), cabível na hipótese de bem apreendido em decorrência de tráfico de drogas, revertendo-se o bem para instituições especializadas na recuperação de viciados. As glebas de terra onde haja cultivo ilegal, expropriadas, são revertidas para fins de pessoa jurídica lesada.

Alienação de bensDepende de autorização legislativa, avaliação prévia, e licitação na modalidade concorrência, para bens imóveis. Há necessidade de desafetação através de Lei para transferência patrimonial. Em relação aos bens móveis, a transação será realizada através de leilão.

Os bens dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta) ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão, etc.) (Pietro, 2011).

Com relação aos bens de uso comum e de uso especial, nenhuma lei estabelece a possibilidade de alienação; por estarem afetados a fins públicos, estão fora do comércio jurídico de direito privado, não podendo ser objeto de relações jurídicas regidas pelo Direito Civil, como compra e venda, doação, permuta, hipoteca, locação, comodato. Para serem alienados pelos métodos de direito privado, tem de ser previamente desafetados, ou seja, passar para a categoria de bens dominicais, pela perda de sua destinação pública (Pietro, 2011).

Aula 15

UTILIZAÇÃO DO BEM PÚBLICO

Classificação

a. Uso normal e anormal. Uso normal é o que se exerce de conformidade com a destinação principal do bem; e o uso anormal é o que atende a finalidades diversas ou acessórias, às vezes em contradição com aquela destinação. Se uma rua está aberta à circulação, tem uso comum normal; supondo-se que essa mesma rua seja utilizada, em

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período determinado, para realização de festejos, comemorações, desfiles, tem-se uso comum anormal, pois esses não sãos os fins a que normalmente se destinam tais bens.

b. Uso comum e privado. Uso comum é o que se exerce, em igualdade de condições, por todos os membros da coletividade. Uso privativo, que alguns denominam de uso especial, é o que a Administração Pública confere, mediante título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas determinadas, para que o exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público.

A outorga de uso privativo pode dar-se por meio dos institutos de direito público ou pela utilização de institutos jurídicos de direito privado.

a. Autorização de uso: É ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração consente que o particular se utilize do bem com exclusividade. É precário porque pode ser revogado a qualquer momento. A autorização pode ser simples (sem prazo) e qualificada (com prazo).

b. Permissão de uso: É ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público, para fins de interesse público.

c. Concessão de uso: É o contrato da administração pelo qual o Poder Público atribui a utilização exclusiva de bem público a particular para que o explore segundo sua destinação específica, ou seja, de acordo com a destinação do bem . A concessão é o instituto empregado, preferencialmente à permissão, nos casos em que a utilização do bem público objetiva o exercício de atividades de utilidade pública de maior vulto e, por isso mesmo, mais onerosas para o concessionário.

d. Concessão de direito real de uso: É o contrato pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público a particular para que dele se utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse social.

e. Cessão de uso: É a transferência gratuita de posse de um bem público de uma entidade ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas no respectivo termo, por tempo certo ou determinado.

ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS

A. TERRAS DEVOLUTAS

O termo significa terra devolvida, sem proprietário. Corresponde à área de terra cuja propriedade não é detida pelos particulares e nem utilizada pelo Poder Público. A regularização do domínio de terras devolutas é realizada com base na Lei 6383/76 (processo discriminatório).

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A CF. nos arts. 20 II e 26 IV, determina à União a propriedade das terras devolutas, indispensáveis à defesa de fronteiras, fortificações e construções militares, das vias federais e da preservação ambiental. As demais, não incluídas no rol, pertencem aos Estados.

Art. 20. São bens da União:II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

B. PLATAFORMA CONTINENTAL

Integra o patrimônio da União. Lei 8617/93. Compreende o leito das áreas submarinas até uma distância de 200 milhas marítimas. (20, V.).

Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.

C. TERRAS OCUPADAS PELOS ÍNDIOS

Pertencem à União e são inalienáveis e indisponíveis. A posse permanente pertence aos índios. (CF. 231, par. 2º.)

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

D. TERRENOS DE MARINHA

Pertencem à União. São 33 metros de terra para o Mar. Assegura a defesa nacional. Tem natureza de bens dominicais, uma vez que podem ser objeto de exploração pelo Poder Público, para obtenção de renda (Pietro, 2011).

Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da

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posição da linha do preamar-médio de 1831:a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.

2) O que é o laudêmio?

Laudêmio é uma taxa a ser paga à União quando de uma transação com escritura definitiva de compra e venda, em terrenos de marinha.

Nos termos do Decreto Lei nº 9.760/46, em seu art. 2º, são terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente para a parte da terra, da posição da linha do preamar médio do ano de 1831:

a) Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) Os que contornam as ilhas, situados em zonas onde se faça sentir a influência das marés;

Os possuidores de imóveis localizados em áreas de marinha dividem-se em dois tipos: OCUPANTES (tem apenas o direito de ocupação e são a maioria) e os FOREIROS (os que têm contratos de foro e possuem mais direitos que o ocupante, pois têm também o domínio útil) - estão incluídos nessas categorias os moradores da orla da praia de Santos e de outras cidades paulistas.

O comprador, ao adquirir um imóvel situado em terreno de marinha, além das precauções normais que deve tomar quando adquire um imóvel, deverá, também, verificar se o vendedor já está inscrito e, conseqüentemente, já tem o RIP (Registro Imobiliário Patrimonial) no Departamento do Patrimônio da União. Caso já tenha o RIP, verificar se as taxas de ocupação/foro estão em dia nos seus pagamentos. Caso o vendedor ainda não esteja inscrito, apesar de possuir escritura, o comprador deverá negociar em caso de uma possível diferença de laudêmio, a ser cobrada pela União.

Apesar de as pessoas confundirem os termos laudêmio, taxa de ocupação e taxa de foro, o laudêmio só interfere nas transações de compra e venda. Quanto às taxas de ocupação ou foro são pagas anualmente, com o condomínio.

Numa transação imobiliária, principalmente quando se tratar de propriedade situada em terreno da União, é sempre aconselhável, tanto para o vendedor como para o adquirente, procurar um advogado especializado, pelas características que envolvem a documentação pertinente.

Alertamos que os Cartórios de Notas e Registro de Imóveis, sob pena de responsabilidade dos seus respectivos titulares, não lavrarão nem registrarão escrituras relativas a bens imóveis de propriedade da União, ou que contenham, ainda que parcialmente, área de seu domínio, sem a certidão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) que declare ter o interessado recolhido o laudêmio devido e as demais obrigações junto a esse órgão.

Conforme publicado em Santos (SP), no jornal A TRIBUNA, de 19.09.2003, o juiz da 25ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, Djalma Moreira Gomes, numa decisão inédita, julgou procedente ação que declara que um edifício no bairro da Ponta da Praia não está em terreno da marinha. A sentença abre precedente para que os cerca de 10 mil proprietários de apartamentos da orla de Santos se enquadrem na mesma situação. A medida pode resultar na isenção da cobrança do laudêmio e demais taxas pagas pelos condôminos à União.

O magistrado enviou a sentença, para reexame em instância superior – no caso, o Tribunal Regional Federal. Esse procedimento é necessário quando a decisão é desfavorável à União, e pode resultar no cancelamento ou confirmação da sentença.

(Fonte: http://www.anibalimoveis.cim.br/laud.htm)

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Aula 16

DESAPROPRIAÇÃO

A desapropriação é uma forma originária de aquisição de propriedade. Isto implica aceitar: (a) A desapropriação não é por si só suficiente para instaurar a propriedade em favor do Poder Público;(b) O título jurídico do anterior proprietário há de certamente colocar óbice à expropriação;(c) Uma vez efetuada, os ônus reais que incidam sobre o imóvel extinguem-se desde logo;(d) Se ao desapropriar, o Poder Público indenizar pessoa errada, que não for legítimo proprietário, terá de promover outra desapropriação para adquirir o bem, invalidando a desapropriação anterior.

Conceito de desapropriaçãoSegundo Hely, é o procedimento através do qual, o poder público de forma unilateral e compulsória priva alguém de uma propriedade e a adquire para si. Resumindo, toma a propriedade.

Fundamento legalArt. 5º, XXIV, 182, §4º, III e 184, CF. Decreto-lei 3.365/1941 e 1.075/1970.

5º, XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Valor Justo! É o valor real e não venal (utilizado antes para pagamento).Deve se pago previamente à desapropriação.Deve ser pago em dinheiro, nunca em precatórios.

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com

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prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

CaracterísticaForma originária de aquisição da propriedade.

Aula 17