53
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Centro Regional – Porto Faculdade de Direito DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA Apontamentos das Aulas Docente: Sofia Pais Ano Lectivo: 2005/2006 Direito da União Europeia – Apontamentos das Aulas Marcos no Processo de Integração Europeia MARCOS NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEIA 1950: A Declaração de Schuman. A declaração apresenta o projecto de Schuman e Jean Monnet no sentido de criar uma organização europeia que procederia ao controlo da produção franco-alemã do carvão e do aço. Esta declaração aparece no contexto do pós-guerra da II Guerra Mundial, quando existia o receio de a Alemanha constituir um perigo para a paz. 1951: Tratado de Paris (CECA). Originado pela Declaração de Schuman, o Tratado de Paris é assinado e entra em vigor em 1952, instituindo a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. 1956: A Comissão Spaak. A comissão Spaak visa aprofundar a construção europeia e apresenta um relatório em 1956 que serve de fundamento a dois novos tratados. 1957: Tratados de Roma (CEE e CEEA). Assinados em 1957, entram em vigor em 1958 e criam duas novas comunidades – Comunidade Económica Europeia (que em 1992/93 adopta a designação de CE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica. _ Tratados sectoriais: dirigem-se a um sector específico (CECA e CEEA). _ Tratados gerais: abrangem a generalidade dos sectores (CE).

DIREITON COMUNITARIO.docx

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESACentro Regional PortoFaculdade de DireitoDIREITO DA UNIO EUROPEIAApontamentos das AulasDocente: Sofia PaisAno Lectivo: 2005/2006Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasMarcos no Processo de Integrao EuropeiaMARCOS NO PROCESSO DE INTEGRAO EUROPEIA1950: A Declarao de Schuman. A declarao apresenta o projecto de Schuman e Jean Monnet nosentido de criar uma organizao europeia que procederia ao controlo da produo franco-alem docarvo e do ao. Esta declarao aparece no contexto do ps-guerra da II Guerra Mundial, quandoexistia o receio de a Alemanha constituir um perigo para a paz.1951: Tratado de Paris (CECA). Originado pela Declarao de Schuman, o Tratado de Paris assinado e entra em vigor em 1952, instituindo a Comunidade Europeia do Carvo e do Ao.1956: A Comisso Spaak. A comisso Spaak visa aprofundar a construo europeia e apresenta umrelatrio em 1956 que serve de fundamento a dois novos tratados.1957: Tratados de Roma (CEE e CEEA). Assinados em 1957, entram em vigor em 1958 e criamduas novas comunidades Comunidade Econmica Europeia (que em 1992/93 adopta a designaode CE) e a Comunidade Europeia da Energia Atmica._ Tratados sectoriais: dirigem-se a um sector especfico (CECA e CEEA)._ Tratados gerais: abrangem a generalidade dos sectores (CE)._ Tratado regra: as matrias so reguladas de forma detalhada (CECA)._ Tratado quadro: fixa orientaes gerais, que so depois desenvolvidas pelas vrias instituiescomunitrias.Dcada de 70:- as Comunidades passam a ter recursos prprios (at a as verbas provinham dos EM)- Foi criado o TC (Tribunal de Contas)1986: Acto nico Europeu. Assinado em 1986, entra em vigor em 1987. este acto introduzalteraes aos Tratados anteriores, chegando a fundir-se com eles. O que traz de novo?2. Duas polticas comunitrias novas: poltica do ambiente e poltica da investigao edesenvolvimento tecnolgico.3. Rev a criao do TPI (Tribunal de Primeira Instncia)4. Aparecem referncias ao Conselho Europeu1992: Tratado de Maastricht (UE). Assinado em 1992, entra em vigor em 1993. Com este tratadonasce a UE, que no tem personalidade jurdica nem instituies novas, constituindo, sobretudo, umcompromisso poltico. Por isso, precisa de se apoiar nas Comunidades Europeias.PILARES DA UEI Pilar: Comunidades EuropeiasEste pilar constitudo segundo um modelo de integrao, ou seja, os Estados transferem o podersoberano para as Comunidades Europeias e so criadas instituies comunitrias que manifestam umavontade comunitria, sendo as decises adoptadas por maioria.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasMarcos no Processo de Integrao EuropeiaII Pilar: PESC (Poltica Externa e de Segurana Comum)III Pilar: COPOJUPInicialmente, para a cooperao no domnio da justia e assuntos internos, criou-se a CJAI. Noentanto, esta instituio era demasiado extensa e, por isso, foi reduzida ao domnio penal, adoptando adesignao de COPOJUP (cooperao policial e judiciria no domnio penal).O Tratado da UE introduz alteraes ao Tratado da Comunidade Europeia em dois domnios:1. Acrescenta um novo captulo a cidadania europeia2. Introduz a integrao diferenciada semelhante aos conceitos de cooperao reforada,Europa a duas velocidades e Europa de geometria varivel. Estes conceitos significam que oprocesso de construo europeia no igual para todos os Estados e no tem e ser realizadosimultaneamente por todos (ex: Euro).1997: Tratado de Amesterdo. Assinado em 1997, entra em vigor em 1999. com este tratado surgemduas novidades:1. Desenvolvimento das cooperaes reforadas2. A Conveno Schengen foi introduzida no quadro institucional europeu. Comeou por seruma conveno internacional celebrada margem do processo comunitrio que pretendiapermitir a livre circulao de pessoas (e, mais tarde, de certos bens) nas fronteiras terrestres,areas e martimas. Excepcionalmente permitido aos Estados repor as fronteiras (ex:Euro04).2001: Tratado de Nice. Assinado em 2001, entrou em vigor em 2003. visava preparar oalargamento da UE, introduzido alteraes s instituies comunitrias:1. Tribunais Comunitrios: criao de cmaras jurisdicionais (tribunais inferiores).2. O Parlamento Europeu: torna-se um recorrente privilegiado.3. Conselho da UE: a grande parte das decises eram adoptadas por maioria qualificada. Apartir do Tratado de Nice, certas matrias s so adoptadas por maioria qualificada se estafor igual ou superior a 62% da populao europeia.4. Comisso: at Nice havia 20 comissrios (um por Estado e os cinco grandes Estados Alemanha, Espanha, Frana, Itlia e Reino Unido tinham direito a um segundocomissrio). Com o Tratado de Nice, at 2014 h 25 comissrios (um por cada EM) e aps2014 o nmero de comissrios ser reduzido e ser instituda a rotao entre os EM.2004: Assinatura da Constituio Europeia. Prev-se a sua entrada em vigor para 2007. AConstituio Europeia um tratado comunitrio e, como tal, tem de ser ratificada para entrar emvigor. A ratificao pode ser feita por aprovao pelo Parlamento ou por referendo.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasMarcos no Processo de Integrao EuropeiaQUAIS OS ESTADOS QUE FAZEM PARTE DA UE?1951/58: Frana, Alemanha, Itlia, Luxemburgo, Holanda e Blgica.1972/73: Reino Unido, Dinamarca, Irlanda.1979/81: Grcia.1985/86: Portugal, Espanha.1994/95: Finlndia, Sucia, ustria.1/Maio/2004: Estnia, Letnia, Litunia, Chipre, Malta, Polnia, Repblica Checa, Eslovquia,Eslovnia, Hungria._ Prev-se a entrada, em 2007, da Bulgria e da Romnia e, sem data para aderir UE, esto aTurquia e a Crocia.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio EuropeiaINSTITUIES DAS COMUNIDADES EUROPEIAS E DA UNIO EUROPEIAInstituies comunitrias: so os rgos comunitrios mais importantes. Desempenham um papelfundamental na aplicao e concretizao do Direito Comunitrio.Inicialmente, cada Comunidade tinha as suas prprias instituies. S a partir de 1965, com o Tratadode Bruxelas (tratado de fuso), passamos a ter uma nica Comisso para as trs Comunidades, assimcomo um Conselho, um Tribunal e uma Assembleia (actualmente designada por Parlamento Europeu).O CONSELHO EUROPEU 3 e 4 TUEO Conselho Europeu dar Unio os impulsos necessrios ao seu desenvolvimento e definir asrespectivas orientaes polticas geraisTratado da Unio Europeia, artigo 4Sede: BruxelasOrigem:- Conferncias diplomticas que reuniam Chefes de Estado ou de Governo de carcter noperidico, realizadas margem do processo comunitrio.- 1974: os Chefes de Estado ou de Governo dos ento nove EM decidem instituir, comcarcter permanente, o Conselho Europeu.- Com o AUE passou a ter fundamento jurdico dentro das Comunidades- A sua definio foi precisada no Tratado de Maastricht, artigo 4Composio: Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros e Presidente da Comisso,assistidos pelos Ministros dos Negcios Estrangeiros e por um membro da Comisso.Funcionamento:- Rene-se, pelo menos, duas vezes ao ano- A Presidncia do Conselho Europeu cabe ao mesmo Estado-membro que ocupa aPresidncia do Conselho da Unio Europeia- O Presidente pode convocar reunies extraordinrias- O Presidente orienta os trabalhos do Conselho Europeu- O Presidente porta-voz dos Estados-membrosCompetncias:- Define as orientaes para a construo europeia- Delibera sobre assuntos que dependem da UE- Exprime a posio comum em assuntos de relaes externasConcluso: O Conselho actua, no quadro comunitrio, como: meio de concertao poltica, rgo dedeciso e instncia de apelo.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio EuropeiaO CONSELHO DA UNIO EUROPEIA1 202 e ss. TCESede: Bruxelas (mas realiza as reunies no Luxemburgo nos meses de Abril, Junho e Outubro)Origem: o actual Conselho resulta da fuso do Conselho da CE e do Conselho da CEEA,realizada pelo Tratado de Bruxelas, em 1965.Composio: um representante de cada EM, que o ministro responsvel pela pasta cujo assunto objecto de discusso.Funcionamento:- A Presidncia exercida rotativamente por cada um dos EM durante 6 meses- auxiliado por um Secretariado-Geral, constitudo por vrias direces-gerais- auxiliado pelo COREPER (prepara e estuda os assuntos)- Rege-se pelos princpios:_ Da auto-organizao: regimento interno_ Do funcionamento colegial: as decises so tomadas colectivamente- Rene-se por convocao do Presidente- Submete as propostas da Comisso ao estudo do COREPER- A regra supletiva da deliberao do Conselho a da maioria simplesCompetncias:- Coordenao: centro de concertao de interesses nacionais:_ Revises dos Tratados_ Admisso de novos EM_ Constatao da violao dos princpios fundamentais da UE e respectivasano- Deciso:_ Raramente decide sem proposta da Comisso_ o rgo legislativo por excelncia- Execuo: raramente so exercidos pelo Conselho, uma vez que atribui Comisso estacompetncia.A COMISSO EUROPEIA 211 TCESede: Bruxelas1 Natureza hbrida: (1) intergovernamental, pois representa os interesses dos vrios EM, deliberando porunanimidade e (2) comunitria, pois visa prosseguir o interesse comunitrio, deliberando por maioria qualificada.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio EuropeiaOrigem:- Alta Autoridade da CECA.- os Tratados de Roma criam uma comisso para a CEE e outra para a CEEA, que, seunem aquando do Tratado de fuso- Tratado de Maastricht transforma-a numa Instituio da Unio Europeia, atribuindo-lhea funo de guardi dos Tratados.Composio: 25 membros, um de cada EM.Mandato: 5 anosFuncionamento:- Papel relevante do Presidente:_ Define as linhas de actuao_ Decide a organizao interna_ Distribui, entre os comissrios, as responsabilidades da Comisso_ responsvel pela aco dos comissrios no exerccio das suas funes:o Pode nomear um ou mais Vice-Presidentes para o coadjuvaro Qualquer comissrio deve apresentar a sua demisso se o Presidentelho pedir- Cessao de funes dos comissrios:_ Individualo Substituies por morte ou expirao de mandatoo Demisso voluntriao Demisso compulsiva:_ Sano do TJ_ A pedido do Presidente_ Colectiva (moo de censura do PE)- Rege-se pelos princpios:_ Da auto-organizao: regimento interno_ Do funcionamento colegial: as decises so tomadas colectivamente- Estrutura hierrquica:_ (1) Presidente_ (2) Direces geraisCompetncias:- Deciso- Execuo- Controlo- Poltica externa- Iniciativa e consultaO PARLAMENTO EUROPEU 190 TCESede: EstrasburgoOrigem:Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio Europeia- Tratado de Paris: Assembleia Comum- Tratados de Roma: Assembleia- 1962: auto-designou-se Parlamento EuropeuComposio:- Representantes de todos os EM, eleitos por sufrgio directo e universal- No pode exceder os 732 deputados (organizados por grupos polticos)Mandato: 5 anosFuncionamento:- Sesso anual (contnua); pode reunir-se em sesso extraordinria- Eleio da Presidncia e da Mesa do Parlamento- A Comisso pode assistir a todas as sesses e deve responder a todas as perguntas do PECompetncias:- Controlo poltico da Comisso:_ Nascimento: designa os comissrios_ Vida: interroga a Comisso e esta obrigada a apresentar-lhe relatrios_ Extino: moo de censura- Consultiva:_ Pareceres_ Pareceres favorveis- Fiscalizao da aplicao do Dto. Comunitrio: Comisses de Inqurito- Legislativa: sistema de cooperao e co-deciso com o Conselho:_ Consulta o PE sobre todas as propostas da Comisso particularmente relevantes_ Processo de concertao relativo adopo de actos comunitrios de alcancegeral, susceptveis de consequncias financeiras significativas- Oramental: tem participao na aprovao do Oramento ComunitrioO PROVEDOR DE JUSTIA 195 TCEAps cada eleio do PE, este elege pelo perodo da legislatura um Provedor de Justia, quepode ser reconduzido (mas s pode ser demitido do seu mandato pelo TJ (195/2 TCE)).O Provedor de Justia exerce as suas funes com total independncia. Compete-lhe receberas queixas apresentadas por qualquer cidado da UE, ou outra pessoa domiciliada num dos EM,respeitantes a casos de m administrao na actuao das Instituies ou Organismos Comunitrios(com excepo do TJ e do TPI). Prosseguir, ento, aos inquritos que julgue justificados e, casoverifique a veracidade da queixa, apresentar ao Instituto o assunto e este, no prazo de trs meses,produzir as suas razes. Ento o Provedor de Justia enviar um relatrio ao PE e a esse Instituto,devendo informar o queixoso do resultado do inqurito realizado. As queixas cuja veracidade no secomprove sero arquivadas.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio EuropeiaO TRIBUNAL DE JUSTIA 220-223 TCESede: LuxemburgoOrigem:- Criao das comunidades -> direito novo e autnomo:_ Direito comunitrio originrio: proveniente dos Tratados_ Direito comunitrio derivado: proveniente das normas emanadas dasInstituies Comunitrias- Necessidade de interpretao e aplicao uniformeComposio: 25 juzes, um de cada EMMandato: 6 anosFuncionamento:- Intervm a requerimento de qualquer das partes- Rene em seco ou em plenrio- As suas decises so adoptadas por maioria2 -> no existe voto vencido, porque:_ No Dto. Com. a jurisprudncia fonte de Dto. (unidade e coerncia)_ Independncia dos juzes (so designados pelos EM)- auxiliado:_ Por um Secretariado_ Por 8 advogados-gerais: membros independentes do Tribunal, cuja funo apresentarem uma soluo jurdica para os casos em questo, que publicadaaps o acrdo do Tribunal (no vinculam o TJ)Competncias:- Consultiva: pareceres sobre Tratados Internacionais- Cooperao judiciria: reenvio prejudicial- Contenciosa: decide aces e recursos:_ Aco por incumprimento (226 TCE)3:o Objecto: aco/omisso do EM que viola o Dto. Com.o Legitimidade activa: Comisso (226TCE); EM (227TCE)o Legitimidade passiva: EM que viola o Dto. Com._ Recurso de anulao (230TCE):o Objecto: acto comunitrio ilegal de uma Instituio Comunitriao Legitimidade activa: restantes Instituies, EM, particulares4o Legitimidade passiva: a Instituio que adopta o acto ilegal_ Aco por omissoo Objecto: omisso ilegal por parte de uma Instituio Comunitriao Legitimidade activa: restantes Instituies, EM, particulares3o Legitimidade passiva: a Instituio que omissiva2 Embora aparea soba capa da unanimidade3 No pode ser intentada contra uma empresa, uma vez que esta no tem legitimidade passiva.4 Os particulares devem interpor o recurso no TPIDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio Europeia_ Clusula compromissria (239TCE): vrios EM atribuem ao TJ competnciapara decidir os litgios entre esses Estados, que envolvam a aplicao do Dto.Comunitrio._ Aplicao de sanes (228TCE): o TJ tem competncia para aplicar sanesaos EM que no cumpram os seus acrdos (sano pecuniria compulsria)TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTNCIA 224-225 TCESede: LuxemburgoOrigem:- 1988, visava auxiliar o TJ e proteger os particulares.- Inicialmente s resolvia questes ligadas concorrncia e aos funcionrios comunitrios- Actualmente tem competncia jurdica e decide qualquer aco/recurso interposto porum particular.Composio: 25 juzes, um de cada EMMandato: 6 anosFuncionamento:- Em seco ou em plenrio- Do TPI h recurso para o TJCompetncias: artigo 225TCECMARAS JURISDICIONAIS T. NiceOrigem:- Necessidade de aliviar o TPI de uma parte do trabalho- Criadas pelo ConselhoComposio: estabelecida pelo Conselho.Mandato: 6 anosFuncionamento:- Conforme ao regulamento do processo, elaborado pelas prprias CJ de acordo com o TJe aprovado pelo Conselho.- Pode ter recurso para o TPI para o TJ (excepcionalmente)Competncias: estabelecidas pelo ConselhoNOTA: A nica CJ que existe actualmente o Tribunal da Funo Pblica da UE, composto por 7juizes, com um mandato de 6 anos. As suas funes abrangem apenas os funcionrios pblicos.TRIBUNAL DE CONTAS 246 TCESede: LuxemburgoOrigem:Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasInstituies das Comunidades Europeias e da Unio Europeia- Criado em 1975- No resolve litgios -> no uma verdadeira instncia jurisdicionalComposio: 25 membros, um de cada EMMandato: 6 anosFuncionamento: seco ou plenrioCompetncias:- Fiscalizar as contas e a totalidade das despesas e receitas das Comunidades- Fiscalizar a boa administrao financeiraNota: principais crticas dirigidas ao TC:_ Fiscalizao pouco eficaz, pois realizada a posteriori_ No tem competncia para aplicar sanes_ Utiliza sondagens para proceder fiscalizao -> insegurana e incerteza jurdicaTRIBUNAIS NACIONAIS_ Grande parte do Dto. Comunitrio aplicada por eles_ No existe relao hierrquica entre os Tribunais Nacionais e os Tribunais Comunitrios1. A nica relao que um Tribunal Nacional pode estabelecer com um TribunalComunitrio atravs do reenvio prejudicial.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasProcedimentos de Deciso na Comunidade EuropeiaPROCEDIMENTOS DE DECISO NA COMUNIDADE EUROPEIAPROCEDIMENTO DE PARECER FAVORVEL 7 e 49 TUE_ No h nenhuma norma nos Tratados que explique este processo_ Refere-se sempre ao parecer do PE_ O parecer favorvel do PE tem dois planos:o Se o parecer favorvel no for dado, o acto no pode ser adoptado (a ausncia doparecer favorvel corresponde ao direito de veto)o O parecer favorvel pode ser dado e, ainda assim, a deciso no ser adoptada, porque ainstituio j no tem qualquer interesse nessa decisoPROCEDIMENTO DE CONSULTA/COMUM_ No h nenhuma regra que o indique, mas o artigo 250 pode ser um ponto de partida_ At entrada em vigor do Tratado da UE este era o procedimento regra_ Tem 3 momentos:o Proposta da Comissoo Parecer do PE (tambm podem ser consultados outros rgos)o Deciso do Conselho:_ Maioria simples_ Maioria qualificada5 (232 votos) - critrios de atribuio dos votos:- Situao geogrfica- Populao- Contribuio para a integrao europeia_ UnanimidadeNOTAS_ Se faltar o parecer do PE e mesmo assim o acto for adoptado pelo Conselho um acto nulo, o queconstitui a forma mais grave de invalidade, logo, no produz efeitos. Neste caso, o acto pode serobjecto de um recurso de anulao [230TCE]_ O acto adoptado pelo Conselho tem de ser fundamentado [253TCE] e publicado no JOCE[254TCE]_ utilizado nos seguintes casos:o Cidadania [22TCE]o Agricultura [37TCE]o Livre prestao de servios [52TCE]o Concorrncia [83,89TCE]o Fiscal [93TCE]5 Portugal: 12; Alemanha: 29; Malta: 3; por vezes pedida uma dupla m.q.: 232 votos que correspondam a 62% pop.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasProcedimentos de Deciso na Comunidade Europeiao Aproximao de legislao [94TCE]o Poltica monetria [107TCE]o Poltica de emprego [128,130TCE]o Poltica comercial comum [133TCE]o Clusula de poderes necessrios [308TCE]PROCEDIMENTO INTERNACIONAL_ Est previsto no artigo 300TCE_ Tem 5 fases:o Comea com uma recomendao da Comisso ao Conselho para abertura de negociaes comvista celebrao de uma Conveno Internacional. Ainda nesta fase, o Conselho autoriza aabertura das negociaes.o As negociaes so desenvolvidas pela Comisso e, eventualmente, pelos Estados-membros.o O PE d o seu parecer. Por vezes, o parecer do PE tem de ser um parecer favorvel [300/3TCE]o O TJ d o seu parecer, apreciando a compatibilidade dos Acordos com os Tratados [300/6TCE].o Assinatura do Acordo pelo Conselho.PROCEDIMENTO DE CO-DECISO_ Est previsto no artigo 251TCE_ Surge a partir do TUE_ D-se entre o PE e o Conselho_ utilizado nos seguintes casos:o Livre circulao de trabalhadores [42TCE]o Direito de estabelecimento [44TCE]o Aproximao de legislao [95TCE]o Educao e formao profissional [149TCE]o Cultura [151TCE]o Sade pblica [152TCE]o Coeso econmica e social [162TCE]o Ambiente [175TCE]Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasProcedimentos de Deciso na Comunidade Europeia1 fase2 fase3 faseProposta da Css ao PE e ao Conselho Parecer do PEO Conselho adopta, por maioria qualificada, uma posio comumA posio comum do Conselho transmitida ao PE, que plenamente informado das razes quelevaram o Conselho a adopt-la e bem assim da posio da ComissoNo prazo de 3 meses aps a transmisso da posio comum do Conselho, o PE podeAprovar a posiocomum do Conselho ouno se pronunciar sobreelaIndicar, por maioria absoluta dos seusmembros, que tenciona rejeitar a posiocomum e informa imediatamente oConselho da sua intenoPropor emendas posiocomum do Conselho,enviando o texto alterado aoConselho e Css.O Conselho adopta oacto em causa, de acordocom a sua posiocomumO Conselho pode convocar uma reuniodo Comit de Conciliao paraesclarecer a sua posioO PE pode, por maioriaabsoluta dos seusmembros, confirmar arejeio da posiocomum do Conselho. Oacto no adoptado.O PE pode, por maioria dos seusmembros, propor emendas posiocomum do Conselho, enviando o textoalterado ao Conselho e Css.A Comisso dar parecersobre as emendaspropostas pelo PEO Conselho pode, no prazo de 3 meses aps a recepo das propostas de emendas do PEDeliberando por maioriaqualificada em relao semendas a que a Css. tenhadado parecer favorvel e porunanimidade em relao semendas a que a Css. tenhadado parecer negativo,aprovar todas as emendaspropostas pelo PE,modificando nessaconformidade a sua posiocomum e adoptando o acto emcausaNo adoptar o acto em causa. Neste caso:O Presidente do Conselho, de acordo com o Presidente do PE, convocasem demora o Comit de ConciliaoO Comit, com a participao da Comisso, que toma todas as iniciativasnecessrias para aproximar os pontos de vista, tenta chegar a acordo sobreuma proposta comum, deliberando por maioria qualificada dos membros doConselho ou dos seus representantes e por maioria dos representantes doParlamento Europeu. No prazo de 6 meses, o Comit pode:No aprovar Aprovar um projecto comum um projecto comumConsidera-se que o acto proposto no foi adoptado. No entanto:O Conselho pode, por maioriaqualificada, conformar a posio comuma que havia chegado antes do incio doprocesso de conciliao, eventualmentecorrigido em consonncia com emendaspropostas pelo PE, e decorrido o prazode 6 semanas, adoptar o acto emquesto Mas:Nesse prazo de 6 semanas,o PE pode, deliberando pormaioria absoluta, rejeitar otexto do Conselho,impedindo assim que o actoseja adoptado.O PE e o Conselho disporode um prazo de 6 semanaspara adoptar ao acto em causa por maioria dos votosexpressos no PE e por maioriaqualificada no ConselhoSe uma das Instituies noaprovar o acto proposto,considera-se que este no foiadoptadoDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasProcedimentos de Deciso na Unio EuropeiaPROCEDIMENTOS DE DECISO NA UNIO EUROPEIANA PESC1. Proposta (da Comisso, EM ou Presidncia do Conselho) ao Conselho 22 TUE2. Parecer do PE 21 TUE3. Deciso do Conselho:a. 23/1 TUE actos principais (exigem unanimidade), referem-se a estratgias comuns.b. 23/2 TUE actos secundrios (exigem maioria qualificada), fundam-se nos actosprincipais.NOTAS:_ A unanimidade exigida para a adopo de actos principais compatvel com a absteno, desde queesta no ultrapasse 1/3. A esta absteno chama-se absteno construtiva. S existe na PESC econsiste na declarao do EM que se abstm em:- considerar a deciso do Conselho vinculativa- no aplicar a deciso no seu territrio- assegurar que no vai colocar em causa a deciso adoptada tomando medidas nacionaiscontrrias deciso do Conselho.Vantagens e desvantagens da absteno construtiva:- a deciso adoptada- a coerncia da UE afectada- a deciso menos eficaz (porque no adoptada por todos os EM)_ Quanto aos actos secundrios, adoptados por maioria qualificada, os EM podem impedir a suavotao invocando interesses fundamentais de poltica nacional. A nica soluo o recurso aoConselho Europeu, onde o assunto debatido e votado por unanimidade. O processo pelo qual seimpede a votao com argumentos de poltica nacional chama-se travo de emergncia._ Celebrao de Convenes no seio da PESC 24NA COPOJUP1. Proposta (da Comisso ou EM) ao Conselho 34 TUE2. Parecer do PE 39 TUE3. Deciso do Conselho 34 TUE (ver tambm 35)Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasProcedimentos de Deciso na Unio EuropeiaPROCEDIMENTO DE COOPERAO REFORADA 43 e ss., 27-A e ss., 40 e ss. TUE, 11 ess. TCEO procedimento de cooperao reforada refere-se possibilidade de alguns EM, preenchidosdeterminados requisitos previstos nos Tratados, e, se essa for a sua vontade, poderem avanar no processode integrao europeia.Os cinco requisitos necessrios so:1. Tenha por objecto favorecer a realizao dos objectivos da Unio e da Comunidade, preservar eservir os seus interesses e reforar o processo de integrao (43 -a)2. Respeite os referidos Tratados [da UE e CE] e o quadro institucional nico da UE (43-b)3. Envolva, pelo menos 8 EM (43-g)4. Esteja aberta a todos os EM, nos termos do artigo 43-B (43-g)5. As cooperaes reforadas s podem ser iniciadas como ltimo recurso, quando se estabelecer noConselho que os seus objectivos no podem ser atingidos, num prazo razovel, atravs da aplicaodas disposies pertinentes dos Tratados.Processo 40A:1. O Estado apresenta o pedido Comisso.2. A Comisso, ou o EM, apresentam a proposta ao Conselho.3. O PE consultado e d o seu parecer.4. Deciso do Conselho.Mtodo de resoluo de casos prticos:1. Identificao do artigo do procedimento2. Designao doutrinal para o processo3. Anlise de todos os passos do processo: no ficar a meio mesmo que em algum momento se verifiqueum vcio no processo.4. Identificar cada Instituio que intervm no processo e qual a competncia que est em causa.Dicas para saber que tipo de procedimento adoptar:_ Se o caso prtico referir a celebrao de uma conveno internacional art. 200 TUE aplica-se oprocedimento internacional._ Se o caso prtico referir a adeso de um novo EM ou a sano por violao do art. 6 TUE, aplica-seo procedimento do parecer favorvel._ Sempre que aparea a expresso parecer favorvel, aplica-se o procedimento do parecer favorvel.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Reenvio Prejudicial_ O processo de co-deciso aplica-se quando a norma faz uma remisso expressa para o art 251._ O procedimento de consulta aplica-se quando a norma indica a obrigatoriedade da existncia de umaproposta, parecer e deciso.RGOS DA UNIO ECONMICA E MONETRIABCE e SEBC 105-107 TCEo Competncias:_ 105/1 manuteno da estabilidade dos preos_ 105/2 atribuies do SEBS_ 106/1 BCE: emisso de notas de bancoComit 114 TCERGOS COMPLEMENTARESComit econmico e social 257 TCEComit das Regies 263 TCEBEI 266 TCE: composto por EM, financia os projectos previstos nos art. 267 a-cProvedor de Justia 195 TCEFSE 146 TCE: oportunidades de emprego; melhoria da qualidade de vida dos trabalhadoresFEDER 160-161 TCE: harmonizar o desenvolvimento das vrias regies da ComunidadeEUROPOL e EUROJUST 29 TUE: composio e competncias de cada um dos rgos.O REENVIO PREJUDICIALO reenvio prejudicial surge porque os tribunais aplicam o Direito Comunitrio e no h qualquer relaoentre os tribunais comunitrios e os tribunais nacionais, o que poderia originar decises diferentes nostribunais dos vrios EM. A soluo encontrada pelo legislador comunitrio foi criar o mecanismo doreenvio prejudicial.Nota: h trs casos de reenvio prejudicial, mas ns s estudamos o previsto no art. 234.Objectivos do reenvio prejudicial:- Proteger os particulares- Garantir a boa administrao da justia- Garantir a uniformidade na aplicao do Direito ComunitrioSujeitos do reenvio prejudicial:- Quem recebe questes de Direito Comunitrio? O TJ e, em alguns casos excepcionais, o TPI(225 TCE).Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Reenvio Prejudicial- Quem pode reenviar? Os rgos jurisdicionais nacionais. Este conceito comunitrio e vemfixado no acrdo DORSCH. Os requisitos de um O.J.N. so:1. ter origem legal2. ter carcter permanente3. ser independente e imparcial4. a sua jurisdio deve ser obrigatria (no pode ser afastada pelas partes)5. aplica decises em Direito.Estes cinco requisitos so obrigatrios e cumulativos. Para alm deles existe uma outra caracterstica,apontada tambm pelo acrdo DORSCH:6. observar o princpio do contraditrio (tm de ser ouvidas ambas as partes).Exemplos de rgos jurisdicionais nacionais que no so tribunais: Servios de Imigrao Ingleses eComisses Finlandesas de Agricultura.Objectos do reenvio prejudicial:- Questes sobre a interpretao do Direito Comunitrio (podem ser tanto de direito derivadocomo de direito originrio)- Questes sobre a validade do Direito Comunitrio (neste caso, s se refere a normas de direitoderivado).Modalidades de recurso:- Facultativo: a regra. O rgo jurisdicional nacional s reenvia se quiser, ou seja, se tiverdvidas sobre a norma de Direito Comunitrio e se o esclarecimento dessas dvidas for relevantepara resolver o litgio em causa.- Obrigatrio: 2 casos:_ Art. 234 TCE: quando no possvel recurso do rgo jurisdicional nacional noDireito interno, aquele obrigado a reenviar a questo para o TJ.1. O Prof. Mota de Campos defende que s os tribunais de instncia superior estoobrigados ao reenvio. Considera que os inferiores no esto, mesmo quando no hajarecurso da sua deciso, pois esto a decidir bagatelas jurdicas.2. Casos que seguem a posio do TJ (que a posio da cadeira), segundo a qual, seno existir recurso de uma deciso num tribunal nacional, seja ele de instncia superiorou no, o reenvio sempre obrigatrio.NOTA: na resoluo de um caso jurdico devemos sempre expor as duas posies eoptar por uma delas._ FOTOFROST: segundo este acrdo, o reenvio obrigatrio quando o tribunalnacional tem dvidas quanto validade do Direito Comunitrio e se inclina para a suainvalidade. Justificao:1. necessrio o reenvio para garantir a uniformidade na aplicao do DireitoDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Reenvio Prejudicial2. est de acordo com a coerncia do sistema, uma vez que s o TJ tem competnciapara apreciar da validade do Direito Comunitrio os tribunais nacionais no tmtal competncia.Crtica ao Fotofrost: o TJ est a onerar os tribunais nacionais, uma vez que lhes d maistrabalho. Este nus no tem qualquer apoio no texto do artigo 234. Apesar disto, oFotofrost a jurisprudncia que se aplica at hoje.Dispensa da Obrigao do ReenvioGeralmente, existe dispensa da obrigao do reenvio prejudicial obrigatrio nos termos do art.234 TCE, porm, tambm vm fixadas no acrdo CILFIT trs situaes:1. se no for pertinente, ou seja, se a dvida no relevante para a resoluo do litgio2. se houver um acrdo interpretativo anterior do TJ, pois considera-se que a dvida j estesclarecida.3. teoria do acto claro: invoca-se quando a norma clara, no suscitando dvidas. Esta teoria alvo deuma crtica: d grande margem de liberdade aos tribunais, que pode originar situaes divergentes.Para superar esta crtica, o TJ aconselha os tribunais a aplicar esta soluo com cuidado, tendo emconsiderao as caractersticas do direito comunitrio e o risco de decises divergentes._ Sanes impostas ao OJN pelo incumprimento do reenvio prejudicial: o EM responde pelos tribunaisnacionais, logo, se h incumprimento, este imputado ao EM, que fica sujeito a uma aco porincumprimento, nos termos do artigo 226 TCE._ Efeitos do acrdo do TJ relativo questo reenviada:- Interpretao: vincula o tribunal nacional que reenviou a questo e todos os outros tribunais, deacordo com a jurisprudncia CILFIT.- Validade:o Se o TJ considerar o acto comunitrio invlido, vincula os tribunais nacionais e obriga ainstituio autora do acto a alter-lo, ou seja, deste acrdo nasce uma obrigao.o Quando o TJ considera um acto vlido, f-lo com base num certo fundamento, o quesignifica que pode voltar a apreciar esse mesmo acto, com base num fundamentodiferente.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito ComunitrioAS FONTES DO DIREITO COMUNITRIOA classificao tradicional das fontes de Direito Comunitrio divide-o em DireitoComunitrio Originrio (ou primrio) e Direito Comunitrio Derivado.Direito Originrio: normas dos Tratados originrios e dos Tratados que alteraram os Tratadosoriginrios.Direito Derivado: actos adoptados pelas Instituies Comunitrias.DIREITO ORIGINRIO1. Consequncias da noo de Direito Originrio:1. Nos Tratados esto as competncias das Instituies Comunitrias2. As normas dos Tratados so hierarquicamente superiores ao Direito Derivado3. O Direito Derivado funde-se com o Direito Originrio, logo, tem de estar de acordo com este,ou seja, o Direito Originrio um parmetro de validade do Direito Derivado.A INTEGRAO DE LACUNAS 4 SOLUES:1. ANALOGIA: os vrios Tratados comunitrios visam os mesmos interesses e objectivos aintegrao europeia logo, h uma unidade de sentido nos Tratados. Assim, quando existe umalacuna num Tratado, aplica-se analogicamente a norma de outro Tratado.Nota: contra esta soluo invoca-se a autonomia e o princpio da independncia dos Tratados, quevm fixados nos artigos 47 TUE e 305 TCE.2. PRINCPIO DAS COMPETNCIAS IMPLCITAS: este princpio um desvio do princpio dascompetncias atribudas, que a regra e vem fixado nos artigos 5 e 7 TCE. O princpio dascompetncias implcitas um princpio de DIPblico e diz-nos que os rgos e instituies tmtodas as competncias necessrias realizao das suas finalidades, quer essas competnciassejam explcitas, quer estejam implcitas nos Tratados. Este princpio foi reconhecido pelo TJ, em1971, no acrdo AETR.3. CLUSULA DOS PODERES NECESSRIOS: segundo esta clusula, quando for necessriauma aco comunitria e ela no estiver prevista no Tratado, o Conselho pode adoptar a acoseguindo o procedimento de consulta (308 TCE).Nota: a crtica feita a esta soluo a de o Conselho a utilizar para proceder a revises informaisdo Tratado. Da que o TJ tenha fixado dois limites aplicao do artigo 308 TCE:- S pode ser aplicado se for respeitado o acervo comunitrio (todo o Dto comunitrio).Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito Comunitrio- No pode ser utilizado para ser dado um salto qualitativo no processo de integrao europeia.Para tal, o artigo indicado o 48 TUE.4. REVISO FORMAL DOS TRATADOS: este um processo moroso porque necessria aratificao por parte de todos os pases da UE para que ele se verifique. Por isso, s utilizado emcaso de alteraes profundas dos Tratados. Discute-se se os Tratados podem ser alterados atravsde mecanismos tradicionais de DIPblico, i.e., atravs da celebrao de tratados internacionais,ou seja, fora do contexto do artigo 48. Relativamente a esta questo existe uma diviso doutrinal:1. Prof. Mota de Campos (e esta cadeira) defende que os Tratados comunitrios podem seralterados sem o mecanismo do artigo 48.2. Alguma parte da doutrina defende que os Tratados s podem ser alterados no mbito doartigo 48.RELAO ENTRE OS TRATADOS COMUNITRIOS E OS TRATADOSINTERNACIONAIS em caso de conflito, qual deve prevalecer?1. Entre EM: os tratados internacionais entre EM no podem violar o Direito Comunitrio, i.e., osEM mo podem celebrar tratados contrrios ao direito comunitrio, nos termos do artigo 10TCE.2. Entre EM e terceiros Estados: duas situaes:a. Em relao aos tratados posteriores, ou seja, aqueles que entraram em vigor depois dosTratados Comunitrios, aplica-se o disposto no artigo 10 TCE.b. Relativamente aos tratados anteriores, ou seja, aqueles que entraram em vigor antes dostratados comunitrios, h que realizar uma adaptao dos tratados, atravs de umarenegociao dos mesmos, de forma a serem eliminadas todas as incompatibilidades. Setal no for possvel, deve proceder-se extino do contrato, nos termos no art. 307/2TCE.DIREITO DERIVADOO Direito derivado traduz-se nos actos adoptados pelas Instituies comunitrias: Comisso,Conselho e PE. Fundam-se nos Tratados e devem respeit-los.NO MBITO DAS COMUNIDADES EUROPEIASExistem 5 actos tpicos, que vm referidos no artigo 249 TCE: regulamentos, directivas, decises,recomendaes e pareceres. Os 3 primeiros so vinculativos e os 2 ltimos, geralmente, no o so. Osactos comunitrios vinculativos tm ainda de ser fundamentais, nos termos do artigo 253 TCE e tmde ser publicados ou notificados (254 TCE).Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito ComunitrioREGULAMENTOS 249/2 TCE._ So actos adoptados pelas Instituies comunitrias, que visam a uniformizao das legislaesnacionais, isto , pretendem consagrar o mesmo regime em todos os EM._ So sempre publicados no JOUE (no podem ser publicados no DR)_ Caractersticas:1. Tm carcter geral, o que significa que visam situaes abstractas e destinatriosindeterminados. Correspondem figura da nossa lei.2. So obrigatrios em todos os seus elementos, ou seja, os EM no os podem alterarnem aplicar de forma diferenciada ou selectiva no seu ordenamento jurdico. Devemainda ser aplicados simultaneamente nos vrios EM de forma uniforme.3. So directamente aplicveis, i.e., no precisam de um acto interno de recepo noordenamento nacional, verificados os seguintes passos:_ So adoptados pela Instituio competente_ Respeitam o Direito comunitrio_ So fundamentados (253 TCE)_ So publicados (254 TCE) e decorrida a vacatio legis entram em vigor._ Classificao:1. Regulamentos de base: adoptados pelo Conselho, no exerccio de uma competncialegislativa e fundamentados nos Tratados.2. Regulamentos de execuo: adoptados pela Comisso, no exerccio de uma competnciaexecutiva e baseados nos regulamentos de base.DIRECTIVAS COMUNITRIAS_ No h paralelo no plano nacional relativamente s directivas so actos sui generis. O objectivoda Instituio que adopta a directiva harmonizar as legislaes nacionais. Assim, as directivascomunitrias surgem em domnios nos quais os EM mantm a sua competncia legislativa._ As directivas comunitrias dirigem-se apenas aos EM. Os particulares nunca podem serdestinatrios de directivas comunitrias, o que no quer dizer que no usufruam dos direitos nelasconsignados._ As directivas comunitrias fixam o alcance geral e obrigatrio a alcanar pelos EM e deixamlhesliberdade quanto forma e quanto aos meios de alcanarem esses objectivos. Esta noo vemfixada no artigo 234.Nota: h certas directivas que escapam noo supra referida. So as directivas detalhadas, queficam os meios que os EM devem utilizar para alcanar o objectivo da directiva e, assim,eliminam a liberdade dos EM._ As directivas comunitrias tm de ser sempre transpostas para o ordenamento nacional. Oacrdo COMISSO/ITLIA diz-nos qual a forma de transposio actos internos, aos quaisDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito Comunitrioseja garantida a devida publicidade e que respeitem a segurana jurdica. Segundo o TJ, osregulamentos podem ser utilizados para transpor as directivas, mas as circulares no. No Direitoportugus, a soluo est no art. 12 CRP, que estabelece que as directivas s podem sertranspostas por L ou DL; critica-se esta soluo, pois considera-se que certas directivas queregulam assuntos menores no justificam que a sua transposio se efectue por L ou DL._ So publicadas em JOUE quando adoptadas pelo processo de co-deciso ou quando se dirijam atodos os EM. Nos restantes casos so notificadas._ Consequncias para a no transposio das directivas pelos EM no prazo estabelecido:1. no plano comunitrio, desencadeia-se uma aco por incumprimento no TJ (226 TCE).2. no plano nacional, os particulares que foram lesados pela no transposio da directivapodem pr uma aco no tribunal nacional contra o EM e pedir uma indemnizao(acrdo FRANCOVICH)3. no plano nacional, em particular lesado pela no transposio da directiva pode, seestiver em causa uma directiva detalhada, interpor uma aco num tribunal nacional einvocar o regime da directiva contra o EM. Esta possibilidade designada por efeitodirecto vertical das directivas.DECISES COMUNITRIAS_ Correspondem figura nacional do acto administrativo_ Visam situaes concretas e destinatrios individualizados._ Os seus destinatrios podem ser EM ou particulares._ Tal como os regulamentos, no podem ser transpostas._ As decises mais significativas so as adoptadas pela Comisso no seio da concorrncia edirigidas s empresas (81, 82 TCE)_ So publicadas quando adoptadas pelo processo de co-deciso. Nos restantes casos sonotificadas aos EM pelos seus representantes permanentes na Comunidade e aos particulares porcorreio registado.RECOMENDAES_ So sugestes que as Instituies comunitrias dirigem aos EM, no sentido de adoptarem certasmedidas._ H recomendaes que interpretam normas comunitrias._ No so vinculativas, mas o Tribunal j afirmou que devem ser consideradas pelas autoridadesnacionais, ou seja, no so irrelevantes.PARECERESDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito Comunitrio_ So opinies das instituies e rgos comunitrios sobre os mais variados assuntos_ Geralmente, so pedidos e proferidos ao longo dum processo de deciso_ So tidos como actos internos e preparatrios, logo, no podem ser objecto de um recurso deanulao._ Em princpio, no so vinculativos. No entanto, h certos pareceres que tm de ser considerados os pareceres favorveis.Nota: o perodo de vacatio legis de 20 dias (254 TCE).NO MBITO DA UNIO EUROPEIAPESC h trs actos a definir:1. Estratgia comum: vem referida no artigo 13 TUE e um acto adoptado pelo Conselho Europeu.Fixa os princpios gerais a seguir pelos EM em determinadas matrias.2. Posio comum: vem referida no artigo 15 TUE e um acto adoptado pelo CUE. Nela sofixados os princpios gerais a seguir pelos EM em determinadas matrias.3. Aco comum: vem referida no artigo 14 TUE e um acto adoptado pelo CUE. Alm dadeclarao de princpios, envolve uma aco concreta.COPOJUP1. Deciso-quadro: definida no artigo 34 TUE, corresponde figura da directiva do artigo 249TCE, com a diferena fundamental de que no produz efeitos directos.FONTES EXTERNAS CONVENCIONAISConvenes internacionaisTratados InternacionaisNota: quando celebrados no seio da comunidade, aplica-se o 300 TCE, quando realizados entre EM,aplica-se o 10 ou o 347 TCE.FONTES AUXILIARES DE DIREITO: JURISPRUDNCIA E DOUTRINAA nica doutrina comunitria relevante so as concluses do advogado-geral.A Jurisprudncia fonte de Direito porque os acrdos do TJ interpretam o Direito comunitrio,fixam o seu alcance e estabelecem princpios fundamentais do ordenamento jurdico comunitrio,como sejam o princpio do primado e o princpio do efeito directo.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasAs Fontes do Direito ComunitrioFONTES ESPONTNEAS DE DIREITO: COSTUME E PRINCPIOS GERAIS DE DIREITOO costume tem pouca relevncia no Direito comunitrio. O nico que tinha algum interesse, masque desapareceu com o Tratado de Nice, era o de os grandes EM terem direito a 2 comissrios.Os princpios gerais de Direito tm muito pouca importncia a nvel comunitrio. Com efeito, hprincpios especficos de Direito Comunitrio, como a coeso, a solidariedade e a igualdade detratamento. Os princpios gerais de Direito esto relacionados com o Princpio da Dignidade daPessoa Humana e sobrepem-se ao prprio Direito originrio. Na prtica, no surgem conflitosentre o Direito originrio e os princpios gerais de Direito porque os Tratados tendem a respeitlos.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasPrincpios Fundamentais de Direito ComunitrioPRINCPIOS FUNDAMENTAIS DO ORDENAMENTO JURDICO COMUNITRIOPRINCPIO DA EFECTIVIDADEO princpio da efectividade visa garantir a eficcia (o efeito til) do Direito Comunitrio. Para tal,divide-se em vrios sub-princpios.I. PRINCPIO DO PRIMADOO primado uma criao da jurisprudncia do TJ (acrdo COSTA/ENEL eSIMMENTHAL) e no vem fixado nos Tratados, mas quando a Constituio Europeia entrarem vigor vir fixado no artigo 10.O princpio do primado defende que o Direito comunitrio prevalece sobre o Direitonacional. Deste princpio advm duas consequncias:o Imediata: os tribunais no podem aplicar a norma nacional contrria ao Direitocomunitrio.o Mediata: o legislador deve revogar a norma nacional contrria ao Direitocomunitrio.Justificao 3 argumentos:o necessrio para garantir a eficcia do Direito comunitrio.o necessrio para garantir a uniformidade na aplicao do Direito comunitrio.o Os EM, ao aderirem aos Tratados, aceitaram criar uma ordem jurdica nova, comdireitos e obrigaes para os Estados e para os particulares e, como tal, soobrigados a respeitar essa mesma ordem jurdica.Alcance do Primado 2 planos:o Relao entre Direito comunitrio e legislao nacional ordinria: pacfica asoluo de que o Direito comunitrio prevalece sobre a legislao nacional.o Relao entre o Direito comunitrio e as Constituies nacionais: partida existiropoucos (ou nenhuns, na prtica) conflitos neste plano, uma vez que os EM, aoaderirem Unio, alteram as suas Constituies, de forma a serem compatveis comos Tratados; alm disso, os objectivos das Constituies nacionais e dos Tratadoscomunitrios so os mesmos a garantia dos princpios fundamentais de Direito quese relacionam com o Princpio da Dignidade da Pessoa Humana. Ainda assim, nahiptese de surgirem tais conflitos, podem ser apontadas 3 solues:_ Solues legislativas: o caso da Constituio dos Pases Baixos queafirma que todo o Direito comunitrio prevalece sobre o Direito nacional._ Jurisprudncia do TJ: existindo um conflito entre a lei comunitria e a leinacional (incluindo a lei constitucional), deve ser resolvido pelo prprioTJ._ Doutrina: na doutrina portuguesa, as posies divergem:Prof. Jorge Miranda defende que, em caso de conflito, prevalece alei constitucional. Para tal invoca normas da CRP e afirma que aDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasPrincpios Fundamentais de Direito Comunitriocontradio deve ser fiscalizada e resolvida pelo TribunalConstitucional.Prof. Fausto Quadros (tal como Mota de Campos e a posio destacadeira) defende que, apesar de alguns obstculos prticos, amelhor soluo a de defender o primado do Direito comunitriosobre o Direito nacional.II. PRINCPIO DO EFEITO DIRECTOO princpio do efeito directo diferente do princpio da aplicabilidade directa. Esta uma caracterstica dos regulamentos, enquanto aquele um princpio de Direito comunitriocriado pelo TJ.Ateno: o Manual de Direito Comunitrio do Prof. Mota de Campos utiliza os doisconceitos indiscriminadamente.O princpio do efeito directo foi pela primeira vez afirmado em 1962 no acrdo VANGEND & LOOS. Nele o TJ deu a noo de Efeito Direito Vertical: a norma pode serinvocada num tribunal nacional contra o Estado. O objectivo deste princpio , por um lado,proteger os particulares e, por outro, garantir a eficcia do Direito comunitrio. Para umanorma comunitria ter efeitos directos precisa de dois requisitos:o Ser clara e precisa, ou seja, atribuir claramente direitos aos particulares.o Ser incondicional, isto , no precisar de medidas de execuo nacionais oucomunitrias.O TJ, mais tarde, veio afirmar que as normas comunitrias tm um efeito horizontal: anorma comunitria pode ser invocada num tribunal nacional por um particular contra outroparticular.Nota: no possvel o efeito directo invertido: um Estado no pode invocar a normacomunitria num tribunal nacional contra um particular (porque o objectivo do efeito directo proteger os particulares).As normas dos Tratados, Regulamentos ou Decises podem ter efeitos directos verticais ouhorizontais, consoante a norma em causa.Quanto s directivas, s produzem efeitos directos verticais, de acordo com OS acrdosVAN DUYN e RATTI. O princpio do efeito directo vertical das directivas visto pelo TJcomo uma forma de sancionar os EM. Podem produzir efeitos directos verticais cumpridos 3requisitos:o Termo do prazo para a transposio da directiva sem que o Estado a tenhatransposto.o A directiva ser clara, no sentido em que atribui direitos aos particulares.o A directiva ser incondicional, i.e., no necessitar de medidas de execuo. o casodas directivas detalhadas, que eliminam a liberdade dos EM quanto aos meios detransposio.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasPrincpios Fundamentais de Direito ComunitrioMesmo as directivas que tm efeitos directos precisam ser transpostas para o Estado,porque o efeito directo vertical das directivas uma garantia mnima concedida aosparticulares. S com a transposio da directiva que os particulares ficam realmenteprotegidos. Esta soluo resulta do acrdo COMISSO/BLGICA.NOTAS SOBRE O EFEITO DIRECTO NAS DIRECTIVAS_ De acordo com o acrdo MARSHALL, o TJ recusou o efeito directo horizontal s directivasinvocando trs argumentos:- As directivas tm como destinatrios os EM e no os particulares.- Nem todas as directivas so publicadas; algumas so apenas notificadas, pelo que no hforma de os particulares conhecerem as obrigaes que delas resultam.- Reconhecendo o efeito directo horizontal s directivas desaparece diferena entre estas eos regulamentos._ A favor do efeito directo horizontal argumenta-se que:- necessrio para a eficcia das directivas e, logo, para a proteco dos particulares.- H uma discriminao entre os trabalhadores do sector pblico e os do sector privado,pois aqueles podem invocar o efeito directo vertical da directiva e estes no._ Apesar destes argumentos, o TJ continua a recusar o efeito horizontal das directivas e a construiroutros princpios para a proteco dos particulares:- Alargar o conceito de Estado (acrdo FOSTER): ampliao os casos em que podeser invocado o efeito directo vertical das directivas. Abrange o poder executivo,legislativo, judicial e as empresas pblicas.- Princpio da interpretao conforme (acrdo VAN COLSON KAMEN eMARLEASING): a lei nacional deve ser interpretada de acordo com o contedo efinalidades da directiva comunitria. Este princpio foi ampliado e diz-nos que alegislao nacional em geral deve ser interpretada como direito comunitrio em geral (eno s as directivas). H 3 limites a este princpio:_ No se pode aplicar se no existir uma lei nacional que possa ser interpretada deacordo com a lei comunitria (se faltar lei nacional no se aplica)._ Tem que respeitar o princpio da segurana jurdica_ S pode ser aplicado se a lei nacional permitir vrias interpretaes. Se a leinacional for claramente contrria lei comunitria, no podemos aplicar esteprincpio (aplica-se antes o princpio do primado).- Responsabilidade patrimonial do Estado: este tipo de responsabilidade foi enunciadaem trs acrdos FRANCOVICH, DILLENKOFER e KBLER._ FRANCOVICH: TJ fixou o princpio de que h responsabilidade patrimonialdo Estado por violao do Direito Comunitrio verificados os seguintesrequisitos:1. a directiva comunitria violada pelo Estado confere direitos aosparticularesDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasPrincpios Fundamentais de Direito Comunitrio2. os direitos dos particulares so identificados com base no texto da directiva3. existncia de um nexo de causalidade entre a violao e os prejuzossofridos pelos particulares._ Estes requisitos vo ser alterados nos acrdos DILLENKOFER e KBLER.Actualmente, de acordo com o acrdos KBLER, h responsabilidade doEstado verificados os seguintes requisitos:1. o Estado viola uma norma comunitria que confere direitos aosparticulares (ateno: este requisito mais amplo do que o anterior, porque a violao por qualquer norma comunitria e no apenas das directivas).2. necessrio que a violao seja suficientemente caracterizada, isto , queseja uma violao grave, manifesta e que constitua um erro indesculpvelpor parte do Estado. Este conceito tinha sido utilizado pela jurisprudnciaem relao responsabilidade da violao do direito comunitrio pelascomunidades europeias. O tribunal, depois, aplicou este conceito responsabilidade dos EM.3. existncia de um nexo de causalidade entre a violao e os prejuzossofridos pelos particulares.NOTAS:_ os 4 princpios primado, efeito directo, interpretao conforme e responsabilidade patrimonialdo Estado encontram-se no artigo 10 TCE e regulam as relaes entre o ordenamentocomunitrio e o regulamento nacional._ Acrdo KBLER: o TJ diz expressamente que quando um tribunal nacional viola o Direitocomunitrio e causa prejuzos aos particulares, o Estado pode ser responsabilizado.III. PRINCPIO DA AUTONOMIADiz-nos que o Direito comunitrio autnomo em relao ao Direito nacional e ao Direitointernacional, quanto s suas fontes e quanto aos princpios que regem a sua aplicao.IV. PRINCPIO DA COMUNIDADE DE DIREITO 6 TUEDiz-nos que a actuao dos rgos e das instituies comunitrias deve respeitar o Direitocomunitrio e que essa actuao ser fiscalizada pelos tribunais comunitrios.V. PRINCPIO DA TRANSPARNCIA 1 TUE E 255 TCEDiz-nos que os actos comunitrios adoptados pelas instituies devem ser adoptados deforma prxima dos cidados e estes devem poder solicitar os documentos que conduziram adopo dos actos comunitrios.H 3 limites a este princpio:1. pode ser limitado por razes de interesse pblico, v.g., garantir a segurana dos EM.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasPrincpios Fundamentais de Direito Comunitrio2. pode ser limitado por razes de ordem privada, v.g., proteger os segredos comerciais dasempresas.3. pode ser limitado para garantir a eficcia e celeridade do processo de decisocomunitrio.VI. PRINCPIO DAS COMPETNCIAS ATRIBUDAS 5/1 E 7 TCE1. Diz-nos que os rgos e as instituies comunitrias tm, para a sua actuao, as competnciasque os Tratados lhes atribuem.VII. PRINCPIO DO EQUILBRIO INSTITUCIONALO princpio do equilbrio institucional diz-nos que cada instituio deve respeitar as suascompetncias e as competncias das outras instituies. D uma viso dinmica dascompetncias que foram fixadas nos Tratados.VIII. PRINCPIO DA SUBSIDARIEDADE 5/2 TCES se aplica no domnio das competncias concorrentes entre a Comunidade e os Estados e diznosque a Comunidade s intervm se os Estados no conseguirem realizar adequadamenteos objectivos fixados.IX. PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE 5/3 TCEDiz-nos que os rgos e as instituies comunitrias, para realizarem os objectivoscomunitrios, devem utilizar os meios necessrios e adequados e ainda os meios menosrestritivos.O MERCADO INTERNOO mercado interno (ou comum) um dos objectivos da CE desde 1957, portanto, desde oTratado de Roma. Caracteriza-se por ser o mercado onde garantida a livre circulao de factoresprodutivos (mercadorias, servios, trabalho e capital). Estas 4 liberdades, que so designadasliberdades clssicas, esto consignadas no Tratado de Roma. Actualmente fala-se ainda na livrecirculao de pessoas, que constitui uma liberdade mais ampla do que a livre circulao detrabalhadores.I. A LIVRE CIRCULAO DE PESSOASA livre circulao de pessoas foi desenvolvida com o Acervo de Shengen e com aCidadania Europeia.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Mercado InternoO Acervo de ShengenO Acervo de Shengen abrange um acordo e uma conveno e foi introduzido no quadroinstitucional da UE a partir do Tratado de Amesterdo de 1997-99. Tem os seguintes objectivos:1. garantir a livre circulao de pessoas nesses Estados, suprimindo os controlos nas fronteirasterrestres, areas e martimas e estabelecendo uma fronteira comum com terceiros Estados.2. harmonizar as condies de entrada, vistos e pedidos de asilo.3. fazer a diviso os passageiros, conforme pertenam, ou no, ao espao Shengen.4. conceder aos Estados o direito de perseguio no territrio de outros EM.5. criar um sistema de extradio mais rpido.O Acordo de Shengen criou tambm o SIS (Sistema de Informao Shengen), que consistenum conjunto de dados informatizados relativos identidade de certas pessoas ou s qualidade decertos objectos, geralmente objectos e pessoas desaparecidos. A estes dados tm acesso osrepresentantes da polcia, da justia e da diplomacia.O espao Shengen foi estendido a 2 Estados que no pertencem UE Islndia e Noruega.Note-se ainda que a Sua tambm integra algumas medidas do Acervo de Shengen, mas no todas.A Cidadania da Unio art 17 e ss. TCEA livre circulao de pessoas foi desenvolvida com o captulo da Cidadania Europeia noTratado de Roma. A cidadania europeia complementar da nacional e no a substitui. cidadoeuropeu qualquer indivduo com nacionalidade de um dos 25 EM.O art. 18 do TCE o nico que levanta dvidas doutrinais no captulo da cidadaniaeuropeia, relativamente ao direito de residncia. Com efeito, discute-se se o direito de residnciadeve ser um direito concedido automaticamente a qualquer cidado europeu ou se deve depender daverificao de certas condies, fixadas no Direito derivado. Parte da doutrina portuguesa ecomunitria defende que o direito de residncia deveria ser automtico, ou seja, qualquer nacional deum EM poderia, se quisesse, residir noutro EM, mesmo sem ter recursos prprios e mesmo que noquisesse exercer uma actividade econmica. Outra parte da doutrina portuguesa e comunitria defendeque o direito de residncia depende da verificao de 2 condies estabelecidas no Direito derivado:1. o indivduo deve ter um seguro de sade2. o indivduo deve ter recursos prprios ou suficientes.Estas condies visam poupar encargos aos EM de acolhimento, por isso, so exigidasapenas quando o indivduo no quer exercer nenhuma actividade econmica no EM de acolhimento.A Cidadania da Unio confere:- direito de circular e permanecer- direito de voto e elegibilidade nas eleies municipais e europeias- proteco diplomtica e consularDireito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Mercado Interno- direito de petio ao PE- direito de queixa ao Provedor de JustiaII. A LIVRE CIRCULAO DE TRABALHADORES art. 35 e ss. TCE1. Destinatrios:a. Nacionais dos EMb. Assalariados (trabalhadores por conta de outrm)Nota: uma condio essencial a transposio de fronteira, ou seja, necessrio que otrabalhador v para outro EM.2. Beneficirios:a. Trabalhadores: o conceito comunitrio e dado no acrdo LAWRIE-BLUM, segundoo qual trabalhador aquele que (1) desenvolver uma actividade econmica, (2) por contade outrm e (3) mediante remunerao.b. Trabalho: o conceito comunitrio e dado no acrdo LEVIN, segundo o qual otrabalho tem de ser real e efectivo, podendo ser a tempo parcial e podendo a elecorresponder uma remunerao inferior ao salrio mnimo. Ficam excludos os trabalhosmarginais ou acessrios, no sentido em que so insignificantes e tambm os trabalhosque visam a reintegrao social (dos presos, dos toxicodependentes).c. Familiares: os familiares dos trabalhadores no tm que ter nacionalidade de nenhumdos EM e esto regulados no Regulamento 1612, art 10, cujo objectivo oreagrupamento familiar. Por familiar entende-se cnjuge, descendentes, ascendentes eunidos de facto.d. Casos especiais: aqueles em que o legislador atribui direitos semelhantes aos dotrabalhador comunitrio. o caso dos reformados, dos estudantes e dos que procuramemprego (pelo prazo de 3 meses).3. Contedo:a. Direito de circular: entrar e sair de qualquer EM mediante apresentao de BI oupassaporte e sem necessidade de obteno de um visto.b. Direito de residncia: necessrio um carto de residncia concedido pelas autoridadesnacionais por perodos de 5 anos, que pode ser renovado. Geralmente, concedidomediante apresentao de BI e de carta da entidade patronal.c. Direito de acesso ao trabalho noutro EM nas mesmas condies que os nacionais,nomeadamente atravs do direito ao exerccio do trabalho noutro EM com as mesmascondies de remunerao e horrio de trabalho dos nacionais desse EM.d. Direito Segurana Social: h 4 princpios:1. Igualdade de tratamento para os trabalhadores comunitrios e nacionais mesmas prestaes de SS.2. Totalizao: os descontos realizados pelo trabalhador comunitrio nos vriosEM tm que ser somado e contabilizados.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Mercado Interno3. Pro-ratizao: a SS de cada EM paga as prestaes sociais de formaproporcional, em funo dos descontos efectuados nesse EM.4. domiclio: os pagamentos so efectuados ao EM domiclio (Estado deresidncia do trabalhador.4. Restries livre circulao de trabalhadores:a. A LCT no se aplica a situaes internas (em contacto apenas com um ordenamentojurdico), logo, o trabalhador nacional no pode invocar uma norma de Direitocomunitrio quando esta for mais favorvel do que a norma nacional e surgem casos dediscriminao inversa (contra o trabalhador nacional). A nica soluo ser o legisladornacional adoptar medidas nacionais e proteger o trabalhador nacional)b. A LCT no se aplica a nacionais de terceiros Estados.c. Os Estados podem restringir a LCT invocando a necessidade de conhecimentoslingusticos para o exerccio de certas actividades (v.g. a docncia) art 3 Regulamento1612.d. Os Estados podem reservar aos seus nacionais os empregos na Administrao Pblica.Trata-se de um conceito comunitrio e no nacional. O TJ, no acrdo LAWRIE-BLUMdesse que so empregos da AP aqueles que participem no exerccio de poderes pblicose visam realizar objectivos gerais do Estado ou das colectividades pblicas. A Comisso,na Comunicao de 88, referiu os seguintes exemplos: polcia, diplomacia, forasarmadas, justia, Ministrios do Estado, Governos Locais, bancos centrais.e. Razes de ordem, segurana e sade pblica. Vm referidas no artigo 31/3 e foramdesenvolvidas na Directiva de 2004/38.III. O DIREITO DE ESTABELECIMENTO artigo 43 TCE1. Visa apenas actividades econmicas independentes.2. Abrange pessoas singulares (cidados UE) e pessoas colectivas que no tenham um fimdesinteressado (as sociedades podem invocar este direito; as associaes e fundaes no). Associedades podem invocar este direito mediante 3 requisitos:a. Serem constitudas de acordo com a legislao de um EM artigo 48b. Terem a sua sede social num dos EM artigo 48c. Terem um vnculo econmico com a UE, i.e., tm de realizar uma actividade econmicanum dos EM fixado pelo CUE3. No caso das pessoas colectivas, podemos falar ainda em estabelecimento principal e secundrio:a. Principal: quando criada uma nova empresa na UE, que se designa por empresa-me.b. Secundria: so casos em que j existe uma empresa-me na UE e criada uma filial ousucursal noutro EM.4. Aplica-se mutatis mutandis o mesmo que aplicado na LCT.5. Restries: artigo 45 e 46 - tambm se aplica o mesmo relativamente LCT.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasO Mercado Interno6. Reconhecimento de diplomas: tem interesse no direito de estabelecimento, mas tambm no queconcerne LCT. H uma srie de actividades que s podem ser exercidas se o trabalhador possuirum diploma que seja reconhecido pelo EM de acolhimento. Inicialmente, o Conselho reconheciaos diplomas de certas profisses especficas, atravs de Directivas sectoriais; o caso dosdiplomas de Enfermagem, Medicina, Farmacologia, Veterinria e Arquitectura.No final da dcada de 80, o Conselho adoptou 2 directivas de alcance geral a Directiva 89/48,que se refere a diplomas que correspondem a cursos de ensino superior com a durao mnima de3 anos e Directiva 92/51, que corresponde a diplomas relativos a cursos com a durao mnima de1 ano. Estas 2 directivas dizem-nos que o EM de acolhimento deve ter em conta o diplomaemitido pelo EM de origem e no pode exigir ao trabalhador que repita o curso no EM deacolhimento. Todavia, se os cursos forem diferentes nos 2 EM em termos de durao ou quantos matrias leccionadas, o EM de acolhimento pode exigir um exame ou um estgio.IV. A LIVRE PRESTAO DE SERVIOS art 49 TCE (e 55 faz uma remisso para o direito deestabelecimento)1. A LPS residual e subsidiria em relao ao direito de estabelecimento. H dois critrios dedistino entre uma e outra:a. O direito de estabelecimento corresponde ao exerccio duma actividade econmicaindependente de forma duradoura e estvel, enquanto na LPS existe o exerccio de umaactividade econmica independente de forma temporria e no estvel.b. Relativamente ao direito de estabelecimento, a pessoa que o invoca desloca-se para outroEM, ao passo que na LPS, a transposio da fronteira pode ser realizada pelo servio,pelo prestador do servio ou pelo destinatrio do servio.2. O conceito de servio est fixado no artigo 50 TCE e um conceito amplo abrange actividadescomerciais, industriais, artesanais e profisses liberais. O TJ acrescentou ainda os seguintesexemplos: o turismo e as viagens de negcio ou de estudo.Direito da Unio Europeia Apontamentos das AulasA Carta dos Direitos Fundamentais da UE | A Constituio EuropeiaA CARTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UEA carta dos direitos fundamentais da UE foi adoptada a 7 de Dezembro de 2000. tem comodestinatrios os EM e as Instituies Comunitrias. constituda por 7 captulos:I. Dignidade da Pessoa Humana (direito vida, integridade...)II. Liberdades (direito de constituir famlia, liberdade de pensamento...)III. Igualdade (igualdade entre homens e mulheres, direito diversidade cultural, religiosa elingustica...)IV. Solidariedade (direito de acesso aos servios de emprego, proibio do trabalho infantil eproteco dos jovens no trabalho...)V. Cidadania (direitos do cidado europeu)VI. Justia (direito aco e a um tribunal imparcial...)VII. Disposies GeraisQuanto ao valor da Carta, h quem entenda que a Carta um acto poltico e h quemdefenda que um acto jurdico, mas todos esto de acordo quanto ao facto de a Carta no servinculativa. Todavia, como o texto foi includo na Constituio Europeia, quando esta entrar em vigor,os Direitos nela contidos passaro a existir com fora jurdica.A CONSTITUIO EUROPEIA O QUE TRAZ DE NOVO?1. A Constituio Europeia procede fuso dos Tratados, ou seja, aparece um nico texto.2. Desaparecem as Comunidades Europeias, pois so absorvidas pela UE, que adquire personalidadejurdica.3. criada a figura do Ministro dos Negcios Estrangeiros da UE, que passar a representar apoltica externa da Unio.4. O processo de co-deciso passar a representar 95% dos processos. Actualmente representaapenas 30%.5. Somente 2/3 dos EM tero direito a um comissrio. O sistema ser rotativo.6. Se os cidados quiserem pedir Comisso uma proposta legislativa sobre um certo tema, sprecisam reunir um milho de assinaturas.FIM