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Direitos dos animais e erros dos humanos Há limites para o modo como os seres humanos podem tratar legitimamente os animais não-humanos? Ou podemos tratá-los de qualquer maneira que nos agrade? Se há limites, quais são eles? São suficientemente fortes, como algumas pessoas supõem, para nos levarem a ser vegetarianos e a diminuir, se não mesmo eliminar, o nosso uso de animais não-humanos em experiências "científicas" pensadas para nos beneficiar? Para avaliar completamente esta questão, vou contrastá-la com duas questões diferentes: há limites para o modo como podemos tratar legitimamente as pedras? E: há limites para o modo como podemos tratar legitimamente outros seres humanos? A resposta à primeira questão é, presumivelmente, "Não". Bem, isso não está muito certo. Há alguns limites para o que podemos legitimamente fazer com ou às pedras. Se a Paula tem uma pedra de estimação, então a Susana não pode justificadamente tirá-la da Paula ou esmagá-la com uma marreta. Afinal de contas, é a pedra da Paula. Ou, se há uma pedra de beleza invulgar ou que seja de interesse especial para os humanos, como o "Velho Homem de Hoy" ou o Monte Rushmore, seria inapropriado, e provavelmente imoral, se eu a destruísse, vandalizasse ou se tirasse uma das suas partes para usar na minha catapulta. Porém, estes limites surgem não de alguma preocupação directa pelas pedras; em vez disso, são impostos devido aos interesses e direitos de outros humanos. A Susana não pode levar a pedra da Paula pela mesma razão que não pode levar a borracha da Paula: é da Paula e a Paula tem direito às coisas que são suas. E ninguém pode destruir ou vandalizar objectos de grande beleza natural porque, ao fazê-lo, está a prejudicar indirectamente os interesses que os outros humanos têm nesses objectos. Então, há limites para o que podemos legitimamente fazer a objectos inanimados, mas, sejam quais forem esses limites, surgem de uma preocupação humana.[1 ] Não é assim com o tratamento que destinamos aos outros humanos. Supomos que é inapropriado tratar um ser humano de qualquer maneira que nos apeteça. Eu não posso roubar outro humano; isso seria rapto. Nem posso esmagar alguém com uma marreta; isso seria, dependendo do resultado, assalto, tentativa de homicídio, ou homicídio. E a razão pela qual eu não posso fazer estas coisas não tem nada a ver com o que terceiros querem ou não. Tem a ver com o interesse e desejos da pessoa particular em causa. É errado da parte da Susana agredir a Paula, não porque outras pessoas gostem da Paula ou porque outras pessoas ficariam ofendidas, mas porque a Paula é uma pessoa. Ponto final. Assim, há uma diferença fundamental entre aqueles objectos que podemos tratar como nos apetecer (excepto quando estivermos limitados pelos interesses de outros humanos) e aqueles que não podemos. As pedras vulgares enquadram-se no primeiro domínio; os humanos enquadram-se no último. E os animais não-humanos? Enquadram-se no primeiro ou no segundo domínio? Ou algures no meio? Há razões para crer que muitos animais, e certamente os animais superiores, são mais parecidos com os humanos do que são parecidos com pedras. Assim, temos razões para crer que há limites para o modo como os podemos tratar legitimamente, independentemente das nossas vontades e desejos particulares. Ou pelo menos é isso que defenderei. Por agora, destacarei simplesmente que estas são crenças que a maior parte de nós já tem. Isto é, a maior parte de nós presume que é ilegítimo tratar animais apenas como nos apetece. Por exemplo, a maior parte de nós pensa que é errado matar arbitrariamente um mamífero superior. Suponha-se que descobrimos que algum membro da nossa comunidade, digamos o João, tem o hábito de apanhar cães ou gatos abandonados e

Direitos Dos Animais e Erros Dos Humanos

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Hugo LaFollette

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  • Direitos dos animais e erros dos humanos

    H limites para o modo como os seres humanos podem tratar legitimamente os animais no-humanos? Ou podemos trat-los de qualquer maneira que nos agrade? Se h limites, quais so eles? So suficientemente fortes, como algumas pessoas supem, para nos levarem a ser vegetarianos e a diminuir, se no mesmo eliminar, o nosso uso de animais no-humanos em experincias "cientficas" pensadas para nos beneficiar? Para avaliar completamente esta questo, vou contrast-la com duas questes diferentes: h limites para o modo como podemos tratar legitimamente as pedras? E: h limites para o modo como podemos tratar legitimamente outros seres humanos? A resposta primeira questo , presumivelmente, "No". Bem, isso no est muito certo. H alguns limites para o que podemos legitimamente fazer com ou s pedras. Se a Paula tem uma pedra de estimao, ento a Susana no pode justificadamente tir-la da Paula ou esmag-la com uma marreta. Afinal de contas, a pedra da Paula. Ou, se h uma pedra de beleza invulgar ou que seja de interesse especial para os humanos, como o "Velho Homem de Hoy" ou o Monte Rushmore, seria inapropriado, e provavelmente imoral, se eu a destrusse, vandalizasse ou se tirasse uma das suas partes para usar na minha catapulta. Porm, estes limites surgem no de alguma preocupao directa pelas pedras; em vez disso, so impostos devido aos interesses e direitos de outros humanos. A Susana no pode levar a pedra da Paula pela mesma razo que no pode levar a borracha da Paula: da Paula e a Paula tem direito s coisas que so suas. E ningum pode destruir ou vandalizar objectos de grande beleza natural porque, ao faz-lo, est a prejudicar indirectamente os interesses que os outros humanos tm nesses objectos. Ento, h limites para o que podemos legitimamente fazer a objectos inanimados, mas, sejam quais forem esses limites, surgem de uma preocupao humana.[1] No assim com o tratamento que destinamos aos outros humanos. Supomos que inapropriado tratar um ser humano de qualquer maneira que nos apetea. Eu no posso roubar outro humano; isso seria rapto. Nem posso esmagar algum com uma marreta; isso seria, dependendo do resultado, assalto, tentativa de homicdio, ou homicdio. E a razo pela qual eu no posso fazer estas coisas no tem nada a ver com o que terceiros querem ou no. Tem a ver com o interesse e desejos da pessoa particular em causa. errado da parte da Susana agredir a Paula, no porque outras pessoas gostem da Paula ou porque outras pessoas ficariam ofendidas, mas porque a Paula uma pessoa. Ponto final. Assim, h uma diferena fundamental entre aqueles objectos que podemos tratar como nos apetecer (excepto quando estivermos limitados pelos interesses de outros humanos) e aqueles que no podemos. As pedras vulgares enquadram-se no primeiro domnio; os humanos enquadram-se no ltimo. E os animais no-humanos? Enquadram-se no primeiro ou no segundo domnio? Ou algures no meio? H razes para crer que muitos animais, e certamente os animais superiores, so mais parecidos com os humanos do que so parecidos com pedras. Assim, temos razes para crer que h limites para o modo como os podemos tratar legitimamente, independentemente das nossas vontades e desejos particulares. Ou pelo menos isso que defenderei. Por agora, destacarei simplesmente que estas so crenas que a maior parte de ns j tem. Isto , a maior parte de ns presume que ilegtimo tratar animais apenas como nos apetece. Por exemplo, a maior parte de ns pensa que errado matar arbitrariamente um mamfero superior. Suponha-se que descobrimos que algum membro da nossa comunidade, digamos o Joo, tem o hbito de apanhar ces ou gatos abandonados e

  • decapit-los com a sua guilhotina caseira[2], ou tomamos conhecimento que ele inventou uma mquina que os esquarteja. Ele usa estas mquinas porque se diverte com a dor dos animais, porque delira ao ver sangue; ou talvez ele seja um cientista que quer estudar a reaco deles ao stress.Neste caso, ns conclumos prontamente que o Joo imoral. No quereramos que ele fosse nosso Presidente, ou amigo, ou vizinho, ou genro. Resumidamente, todos ns parecemos concordar que h limites para o modo como podemos tratar legitimamente os animais no-humanos e que estes limites surgem devido natureza dos animais, no apenas devido aos desejos de outros humanos de verem os animais a ser bem tratados. Isto , esses actos so errados no apenas porque outros humanos se incomodam com eles. Pensaramos que seriam igualmente errados se fossem praticados secretamente de modo a que mais ningum da comunidade soubesse deles. Pensamos que so errados devido ao que acontece ao animal. Por outro lado, estamos integrados numa cultura que usa arrogantemente animais para a alimentao, para o vesturio, para a pesquisa no desenvolvimento de novos medicamentos, e para determinar a segurana de produtos de higiene domstica. E muitas destas utilizaes requerem a inflico de uma grande quantidade de dor a animais. Os registos de tais utilizaes so prontamente disponibilizados em vrios jornais acadmicos, e objecto de crnicas de numerosos escritores deste tpico (Ryder, 1975; Singer, 1978; Mason and Singer, 1980). Mas, para o leitor que possa no estar familiarizado com estes registos, descreverei brevemente duas maneiras em que usamos animais e que lhes infligem uma quantidade substancial de dor. Os animais que so criados para a alimentao so obviamente criados com o objectivo claro de gerarem lucro para o produtor. Nada de surpreendente. Mas as implicaes disto so directa e obviamente prejudiciais para os animais. O produtor tem duas maneiras pelas quais pode aumentar o seu lucro. Uma aumentar os preos dos bens que comercializa, a outra gastar menos na produo desses bens. Uma vez que h um limite para o valor que as pessoas pagaro pela carne, h uma presso financeira considervel para reduzir as despesas de produo da carne. Isto leva compreensivelmente sobrepopulao nas exploraes pecurias; afinal de contas, quantos mais animais um produtor conseguir encaixar num espao menor, menos custar a produzir carne. E h presses semelhantes para limitar o movimento dos animais. Quanto menos os animais se mexerem, menos comem, diminuindo assim a despesa do produtor. Por exemplo, os produtores que criam galinhas tendem a p-las em gaiolas do tipo "bateria". Oito a dez galinhas so comummente mantidas num espao mais pequeno do que uma pgina de jornal. Incapazes de andarem de forma minimamente livre ou mesmo de abrir as suas asas, muito menos de criar um ninho, os animais tornam-se agressivos e atacam-se entre si (Rachels, 1977). As pessoas comuns parecem igualmente pouco ou nada familiarizadas com o uso extensivo de animais em experincias laboratoriais. Muitas destas experincias so apenas moderadamente significativas[3]; muitas delas envolvem uma dor prolongada para os animais. Por exemplo, N. J. Carlson administrou choques elctricos de alta voltagem a dezasseis ces e descobriu que o "grupo de alta voltagem" ficava "ansioso" mais depressa. Ou o caso de investigadores no Texas que construram um pisto pneumtico para fazer com que uma bigorna batesse contra os crnios de treze macacos. Quando isso no produzia imediatamente concusses, os investigadores aumentavam a fora do pisto at que produzisse problemas cardacos, hemorragias e leses cerebrais (Ryder, 1976). Ou ainda o caso de investigadores em Harvard que puseram ratos bebs com ratos adultos esfomeados. Os adultos comeram os bebs. A concluso dos

  • investigadores: a fome um mbil importante nos animais. (Isso, claro, algo que aprendemos com surpresa; nunca saberamos deste facto de outro modo.)

    As Opes

    Como dividimos a nossa absoluta repulsa pelo nosso hipottico Joo e a sua guilhotina de animais, e a nossa aceitao bastante indiferente do tratamento dos animais nas exploraes pecurias e nos laboratrios cientficos e comerciais? No imediatamente claro que possamos fazer essa diviso. O que claro, parece, que temos trs opes, trs crenas alternativas sobre o tratamento que dedicamos aos animais. Estas so: 1) Se ficamos indignados com o tratamento do Joo aos animais abandonados, estamos simplesmente a ser inapropriada ou excessivamente sensveis ou compassivos. No devemos sentir averso por matar, torturar ou usar animais de qualquer modo que nos apetea, a no ser, como evidente, que o animal seja propriedade de algum, isto , seu animal de companhia. 2) H razes pelas quais ns devemos tratar os animais no-humanos melhor do que tratamos as pedras; ainda assim, h tambm razes pelas quais podemos usar os animais no-humanos de maneiras segundo as quais nunca poderamos usar legitimamente humanos. 3) Ns devemos tratar os animais no-humanos de maneira mais semelhante ao modo como tratamos presentemente os humanos. Muitas das nossas maneiras aceites de tratar os animais so, de facto, moralmente condenveis. A primeira posio, parece, completamente indefensvel. Nenhuma pessoa razovel, penso eu, est disposta a adoptar uma posio que defende que torturar animais por divertimento completamente aceitvel; ningum est disposto a dizer que o Joo um membro bem integrado na sociedade. Esta crena, parece, virtualmente inabalvel. A maior parte dos leitores entendeu perfeitamente o que eu queria dizer quando descrevi o comportamento do Joo como "tortura". Mas esta afirmao seria um absurdo se pensssemos que no h limites morais para o modo como podemos tratar os animais.[4] Ento, ficamos com as duas ltimas opes. E, evidente, aquela que escolhermos ter um impacto crucial nas vidas dos humanos e dos outros animais. Um esclarecimento necessrio: dizer que os animais devem ser tratados de maneira mais semelhante ao modo como tratamos os humanos no o mesmo que dizer que eles devem ser tratados exactamente como os humanos. Por exemplo, ns no precisamos de considerar a hiptese de dar aos animais o direito de voto, o direito de liberdade religiosa, ou o direito de liberdade de expresso. Tanto quanto possa saber, a maior parte dos animais no tem as capacidades necessrias para exercer estes direitos. Contudo, o mesmo verdade em relao a crianas muito novas e a adultos com srios casos de deficincia mental. por isso que tambm no tm estes direitos: no tm as capacidades requeridas para tal. Ainda assim, o mero facto de que o direito de voto no concedido a alguns humanos adultos no significa que seja legtimo com-los ao almoo ou testar champ nos seus olhos. Ento, por que razo poderemos assumir que o para com os animais?

    Porque que os animais no devem sofrer desnecessariamente

    At agora tenho tentado identificar as nossas profundas crenas sobre as restries relativas ao tratamento correcto dos animais. Agora altura de tentar oferecer uma defesa positiva do nosso entendimento comum, uma defesa que ter implicaes ainda mais radicais do que possamos ter suposto. Isto , quero argumentar a favor da opo 3)

  • acima referida; quero argumentar que h limites rigorosos sobre o que moralmente permissvel fazer aos animais. Mais especificamente, pretendo argumentar que todos ns devemos tornar-nos vegetarianos e que devemos reduzir drasticamente, se no mesmo eliminar, o nosso uso de animais nos laboratrios. Embora haja numerosos argumentos que podem ser apresentados em defesa desta posio, eu quero defender uma afirmao em particular: que ns devemos no infligir dor desnecessria a animais. Antes de continuar, devo esclarecer o que quero dizer com "dor desnecessria". O ponto pode ser estabelecido mais claramente atravs de uma analogia. Comparem-se os seguintes casos: 1) eu espeto o brao da minha filha com uma agulha sem ter uma razo aparente para o fazer (embora no precisemos de assumir que eu retiro da qualquer prazer sdico); 2) eu sou um mdico e vacino-a contra a tifide. O que que diferencia estes casos? Em ambos os casos eu espeto o brao da minha filha; em ambos os casos (presumamos) eu inflijo-lhe uma quantidade similar de dor. Todavia, consideramos que o ltimo no apenas justificvel, mas possivelmente obrigatrio; consideramos o primeiro caso sdico. Porqu? Porque consiste na inflico de dor desnecessria. A minha filha no beneficia de todo com o que lhe fao. Assim, a dor desnecessria aquela que infligida num ser senciente (fsica e psiquicamente sensvel) quando no tal no acontece para o bem desse ser em particular. Esta ltima seria uma dor necessria, porque seria aquela dor que esse ser sofreria para seu prprio bem. H duas premissas principais no meu argumento. A primeira a afirmao factual de que os animais sentem, de facto, dor. A segunda a afirmao de que o potencial sofrimento de um animal limita fortemente aquilo que lhe podemos justificadamente fazer, restringindo o modo como podemos us-lo legitimamente.

    Que os animais sentem dor

    Que os animais sentem dor parece relativamente incontestvel. uma crena que todos partilhamos. Como fiz notar anteriormente, nem faria sentido falar em "torturar" um animal se assumssemos que ele no capaz de sentir dor. Nem poderamos entender a repulsa pelo uso dos animais abandonados da parte do Joo a no ser que pensssemos que os animais sofriam nas suas mos. Se o Joo apanhasse latas abandonadas e as cortasse aos pedaos com a sua guilhotina, ns poderamos pensar que o Joo seria extremamente esquisito, mas no imoral. Mas mais pode ser dito. Ns temos mais do que provas comportamentais adequadas de que os animais sentem dor e de que podem sofrer. A maior parte de ns viu um co que tenha sido atropelado por um carro, embora no tenha morrido imediatamente. O co tem convulses, sangra e gane. De forma menos dramtica, a maior parte de ns, num qualquer momento, j pisou a cauda de um gato ou a pata de um co e testemunhou a reaco do animal. A reaco, surpreendentemente, como a nossa prpria reaco em casos similares. Se algum pisa a minha mo, provavelmente eu gritarei e tentarei mex-la. Mas no precisamos de fazer depender o nosso ponto nas provas comportamentais, embora me parea realmente que isso mais do que suficiente. Devemos tambm notar que ns partilhamos estruturas anatmicas importantes com animais superiores. O sistema nervoso central de um ser humano impressionantemente semelhante ao de um chimpanz, co, porco, e mesmo ao de um rato. Isto no o mesmo que dizer que os crebros so exactamente iguais; no o so. O crtex cerebral nos seres humanos est mais desenvolvido do que na maior parte dos mamferos (embora no evidentemente

  • quando comparado com um golfinho ou um grande primata); mas o crtex a localizao nas nossas "funes cerebrais superiores" - por exemplo, onde se encontra o pensamento, o discurso, etc.. Contudo, as reas do crebro identificadas neurofisiologicamente como os "centros de dor" so virtualmente idnticas entre animais humanos e no-humanos. De acordo com a biologia evolutiva, isto exactamente o que ns devemos esperar. Os centros de dor funcionaram bem ao aumentar a sobrevivncia de espcies menores, pelo que foram alterados apenas ligeiramente em estgios evolutivos que se sucederam. As funes cerebrais superiores, no entanto, conduzem sobrevivncia e, assim, levaram a avanos mais dramticos no desenvolvimento cerebral. Considerando tudo isto, parece inegvel que muitos animais sentem dor.

    Que eles sentem dor moralmente relevante

    "E depois?", algum poder perguntar. "Mesmo que os animais sintam realmente dor, porque que dever isso limitar ou, pelo menos, restringir seriamente o tratamento que lhes destinamos? Porque que no podemos continuar a us-los para os nossos fins, sejam eles quais forem?". Coloquemos a questo ao contrrio por um momento, e perguntemos: por que razo pensamos que devemos poder us-los para os nossos fins, considerando que eles sofrem? Afinal de contas, ns estamos firmemente opostos inflico desnecessria de dor a seres humanos. Se os animais tambm sentem dor, porque que no devemos ter a mesma relutncia em infligir-lhes dor desnecessria? Um princpio fundamental da tica que devemos tratar casos iguais de forma igual. Isto , ns devemos tratar dois casos igualmente, a no ser que haja alguma razo geral e relevante que justifique a diferena no tratamento. Assim, dois estudantes que tm um desempenho igualmente bom numa aula devem ter os mesmos resultados na avaliao; dois que tenham um desempenho bastante diferente devem receber diferentes resultados na avaliao. Pelo mesmo princpio, se dois seres sentem dor e se imprprio infligir dor desnecessria a um deles, seria igualmente imprprio infligir dor desnecessria ao outro. Mas o argumento progrediu demasiado depressa. Este argumento funciona apenas se a razo pela qual errado infligir dor desnecessria num ser que ele sente dor. Se houvesse outra razo que pudesse diferenciar animais humanos de no-humanos, ento no seramos capazes de inferir que ilegtimo infligir dor desnecessria em animais. Assim, se algum pretende demonstrar que no errado infligir dor desnecessria em animais, ento tem que identificar alguma diferena relevante entre animais humanos e no-humanos, alguma diferena que justifique esta diferena de tratamento. E, claro, isto justamente o que a maior parte dos defensores do modo como tratamos presentemente os animais esto inclinados a fazer. Embora as pessoas tenham outrora visto os animais como seres no-sencientes, como meros autmatos, isso j no acontece. A crena de que os animais so incapazes de sentir dor no defensvel luz de todas as provas comportamentais e cientficas. Portanto, o passo comum encontrar alguma outra diferena que se pense distinguir significativamente os humanos dos animais. A mais frequentemente citada e promissora candidata a racionalidade ou a conscincia de si como um ser contnuo. Os humanos, diz-se, podem raciocinar e pensar; os animais (presume-se) no podem. Mais ainda, a capacidade de raciocnio reflecte-se na capacidade do humano de se ver a si mesmo como um ser contnuo, como um ser que tem um passado e que ter um futuro.

  • Concedamos por um momento que os humanos so racionais e que os animais no; que os humanos tm uma conscincia de si como seres com uma existncia contnua e que os animais no. Porque que isso haveria de fazer diferena? Ou, mais precisamente, porque que haveria de fazer tanta diferena como faz? Ser que o facto de ns sermos racionais legitima o nosso uso de animais no-racionais de qualquer maneira que nos apetea? Parece que no. Certamente no legitima o tratamento abusivo de outros humanos. Alguns seres humanos tm srios atrasos mentais ou esto em comas irreversveis, e assim so to racionais como os animais. Contudo, pensamos que seria inapropriado usar estes humanos quer para determinar os efeitos do amonaco na pele, quer para grelh-los para o jantar. Assumimos que faz-lo iria violar os seus direitos. Ento porque que no devemos ficar igualmente relutantes quanto a usar animais desta maneira? (Se achar a sugesto de usar humanos destas maneiras repugnante, pergunte-se: porque que to fcil usar animais destas maneiras?) Ento, a racionalidade no parece ser o fundamento do que h de errado em infligir dor desnecessria em humanos. Ainda mais, podemos imaginar uma situao aparentemente anloga, embora contrastante. Suponha que uma raa de extra-terrestres especiais vinha terra, extra-terrestres cuja inteligncia fosse amplamente superior nossa. Suponhamos que eles eram mais inteligentes em relao a ns do que ns somos em relao aos outros mamferos. Se isso acontecesse (embora suponhamos que isso no acontecer), poderiam estes extra-terrestres justificadamente grelhar-nos em churrascos ou usar-nos para testar um novo produto de limpeza para a sua nave espacial? Certamente, pensaria (e esperaria) que no. Se eles no poderiam justificadamente faz-lo, parece que temos que concluir que a inteligncia e a racionalidade no justificam a nossa convico de que errado infligir dor desnecessria em humanos. Finalmente, podemos notar que as caractersticas em causa esto mais propriamente ligadas a outros direitos que no sejam o direito de no sofrer dor desnecessria. A racionalidade est mais ligada ao direito de voto, de liberdade de expresso, etc., enquanto a capacidade que um ser tem de ser consciente de si como tendo uma existncia contnua parece mais intimamente ligada ao direito vida. (Afinal de contas, a morte no temida por um ser que no tem conscincia de si como existindo no futuro.) Inversamente, o direito a no sofrer dor desnecessria parece ligado a apenas uma caracterstica, nomeadamente a capacidade de sentir dor. Se os humanos no tivessem nenhum centro de dor, se no experienciassem dor, ento no teriam o direito de no sofrer dor desnecessria, independentemente de quo inteligentes ou racionais fossem. Consequentemente, parece que moralmente inaceitvel infligir dor desnecessria em animais.

    Objeces minha perspectiva

    O sofrimento dos animais no desnecessrio

    Algum poderia conceder tudo isto que estabeleci, e ainda assim afirmar que a nossa utilizao de animais aceitvel, uma vez que o sofrimento dos animais no verdadeiramente desnecessrio. Afinal de contas, a maior parte dos humanos come animais e portanto consegue alimentar-se a partir deles; a experimentao animal uma parte significativa e vital da nossa tentativa de descobrir curas para doenas humanas devastadoras e de proteger os humanos da introduo de produtos comerciais possivelmente perigosos.

  • Sem dvida que a utilizao de animais destas maneiras beneficia por vezes os humanos. Mas ser genuinamente necessria? No evidente que assim seja. Por exemplo, embora a maior parte dos humanos adquira alguns nutrientes importantes ao comer animais, h alternativas mais adequadas. Nunca preciso comer carne para se ser muito saudvel. De facto, as dietas vegetarianas podem ser extremamente benficas; aqueles que tm dietas vegetarianas, por exemplo, tm menos incidncia de determinadas formas de cancro. Assim, a razo fundamental pela qual as pessoas so carnvoras em vez de vegetarianas que estas preferem (ou pensam que preferem) a textura da carne em detrimento das alternativas.[5] Mas certamente satisfazer o palato de certa maneira no uma razo suficiente para infligir uma dor significativa a animais. Reportando-me a um caso referido anterior: o Joo pode retirar um prazer enorme da tortura de animais abandonados, mas isso no justifica que eles os torture. Certamente, tambm muitas experincias em animais so desnecessrias. A experincia pode no ter sentido ou ser continuamente duplicada. Muitas experincias so, sem dvida, meramente motivadas pelo desejo de serem novamente publicadas (se forem acadmicas) ou para comercializarem a 97. marca de pasta de dentes. Mais ainda, muitos crticos afirmaram que a larga maioria de experincias podem ser feitas to bem, se no melhor, usando simulaes por computador e culturas de clulas (Pratt, 1980). Penso que os crticos esto obviamente certos ao dizerem que muitas das experincias so totalmente desnecessrias, pelo que pura e simplesmente no devem ser feitas, ou que o seu objectivo previsto pode ser razoavelmente atingido de uma forma alternativa que seja fazvel. Ainda assim, talvez haja alguns produtos que s podem ser conseguidos, ou pelo menos conseguidos rapidamente, pelo uso da experimentao animal. Mas porque que devemos supor que isso justifica a inflico de uma dor enorme nos animais? Parece pelo menos igualmente plausvel assumir que h alguns ganhos cientficos que podem ser atingidos apenas atravs de pesquisas em seres humanos. De facto, essa exactamente a afirmao que os Nazis fizeram quando realizaram as suas "experincias cientficas" nos seus prisioneiros Judeus. Contudo, presumivelmente ns pensamos que tais experincias so moralmente questionveis, independentemente do bem que possa vir (ou que tenha vindo) delas. Os humanos simplesmente no devem ser usados dessa maneira. Mas ento porqu supor que os animais podem s-lo? Parece que enfrentamos o seguinte dilema: ou os animais de laboratrio so ou no suficientemente iguais a ns de modo a que as pesquisas neles possam ser generalizadas para seres humanos. Se eles no so suficientemente iguais a ns para permitir generalizar as descobertas experimentais aos humanos, ento as experincias no fazem aquilo para que servem, e, assim, no tm sentido. Por outro lado, se os animais so suficientemente iguais a ns para permitir generalizar as descobertas aos humanos, ento eles so suficientemente iguais a ns, de modo que devemos presumir que tais experincias so imorais. Portanto, em qualquer caso, a experimentao inaceitvel. Concordo que esta concluso parece demasiado forte. Todos ns vemos os benefcios que podem resultar de certas formas de investigao mdica. Pode at ser que algumas formas limitadas de investigao possam ser justificadas, embora eu suspeite que no podem. Em todo o caso, se essa investigao pudesse ser justificada, isso no enfraqueceria de modo nenhum o facto de que a maioria das investigaes laboratoriais com animais no podem s-lo.

    A sencincia no suficiente

  • Alguns comentadores, e mais destacadamente R. G. Frey (1980), argumentaram que, embora os animais sejam sencientes, no so sapientes, isto , no podem raciocinar. Assim, afirma ele (para recuperar o argumento anterior), ns podemos us-los para os nossos prprios fins. Anteriormente, tentei defender que os animais no precisam de ser sapientes para merecerem o nosso respeito. O simples facto de que eles podem sentir dor sustenta a afirmao de que errado infligir-lhes dor desnecessria. Agora quero contrariar o argumento de Frey, segundo o qual os animais no so racionais. Ele argumenta que os animais no podem raciocinar. Qualquer comportamento animal que parece racional, afirma ele, meramente instintivo. Para ser racional, um ser precisa de ter crenas e ns no temos razes para supor que os animais tm crenas. Porqu? Porque eles no tm o uso genuno da linguagem. Nem so capazes de mentir ou de afirmar deliberadamente algo de falso. A afirmao de que estes animais no tm linguagem ou pensamento parece altamente questionvel. Uma srie de estudos com chimpanzs e macacos mostrou que eles tm a capacidade de aprender linguagem gestual (Gardner and Gardner, 1969). Uma vez que tenham dominado a linguagem, eles comunicam com os outros humanos; soube-se que alguns ensinaram a linguagem gestual aos outros primatas. Frey, contudo, afirma que este comportamento apenas mimetismo ou uma resposta a estmulos. Isso parece errado, pois vrios animais mostraram combinar palavras de maneiras que nunca tinham aprendido, em suma, criando novas palavras. Mais ainda, h pelo menos um caso registado de um babuno que mentiu. E alguns investigadores afirmaram que os golfinhos so capazes de aprender a sintaxe (regras de gramtica), bem como o significado de certas palavras (Griffin, 1976). Dado que tais experincias so razoavelmente novas e so promissoras, devemos concluir com Griffin que os animais, mesmo os que esto consideravelmente mais abaixo na cadeia evolutiva, podem ser capazes de pelo menos terem um pensamento rudimentar.

    E se crissemos os animais humanamente?

    Algum poderia opor-se minha perspectiva da seguinte maneira: eu tenho defendido que ns devemos no infligir dor nos animais. Mas, e se ns os crissemos humanamente e os matssemos rapidamente (e, assim, de forma relativamente indolor)? Daria o meu argumento alguma razo para supor que comer animais nestas condies seria errado? Se no, com que base poderia algum opor-se plausivelmente a comer carne nestas condies? Esta uma questo terica interessante. Mas antes de tentar responder-lhe, devo deixar claro que a resposta no tem qualquer influncia sobre como devemos actuar na situao presente. Como fiz notar antes, h fortes questes econmicas que tornam a criao humana de animais altamente improvvel. Consequentemente, provvel que ns nunca tenhamos que decidir se devemos comer animais criados humanamente. Assim, mesmo que fosse moralmente permissvel comer carne nestas circunstncias imaginrias, continuaria a ser inaceitvel comermos carne nas circunstncias actuais (embora, claro, nada disto invalide o trabalho para conseguir mtodos mais humanos de criar os animais na pecuria). Em segundo lugar, se, ao contrrio de todas as expectativas razoveis, comessemos a criar humanamente animais na pecuria, a carne resultante seria to cara que o consumo ficaria fortemente limitado. Assim, uma vez mais, provvel que poucos de ns se deparassem com um verdadeiro dilema sobre comer animais criados humanamente.

  • Mas suponhamos, contrariamente realidade, que poderamos obter carne de animais que sofressem apenas ligeiramente (porque a carne teria um preo razovel). Seria, ento, moralmente permissvel com-los? Aqui a resposta, parece, mais complicada. Tenho estado primeiramente preocupado em mostrar que o tratamento presente que dedicamos aos animais moralmente indefensvel, uma vez que a prtica da pecuria intensiva lhes causa uma dor significativa e desnecessria. Assim, a relevncia do meu argumento para este caso hipottico no bvia. Escolhi usar o argumento que usei porque era simples, embora convincente. Isto , parece virtualmente inquestionvel que errado infligir dor desnecessria em seres sencientes, e que as nossas prticas presentes causam, de facto, esse tipo de dor aos animais. Mais ainda, uma vez que a nossa nica opo genuna entre comer animais criados de forma no humana ou tornar-nos vegetarianos, ento este argumento mais do que suficiente para os fins em causa. Todavia, parece realmente apropriado no fim deste artigo entrar em ousadas conjecturas especulativas. A minha perspectiva, de algum modo tentadora, a seguinte: o argumento da dor necessria ajuda-nos a aperceber-nos de que h limites morais sobre como devemos usar legitimamente os animais. Mais ainda, estes limites surgem devido aos interesses dos animais em si mesmos, e no devido a nenhum interesse parasitrio que os humanos tenham neles. Mas isso significa dizer que os animais so, em pelo menos algum sentido significativo, fins em si mesmos, coisas que no podem ser legitimamente usadas meramente como meios para fins humanos. Se, contudo, o facto de serem fins em si mesmos faz com que seja ilegtimo infligir neles dor para satisfazer o nosso palato, parece que tambm talvez no seja razovel matar animais para estimular o nosso palato - mesmo que eles tenham sido criados humanamente. Reconheo que esta resposta no ser inteiramente convincente. Isso no surpreendente. Eu no estou sequer inteiramente convencido da sua fora. Em todo o caso, parece uma extenso plausvel do argumento anterior. E, mesmo que no seja totalmente adequado, estou inclinado a adoptar um princpio de precauo aqui: melhor abstermo-nos de cometer aces que podem ser seriamente imorais (mesmo que no estejamos certos de que o so) se os ganhos potenciais da aco questionvel so mnimos; termos o palato estimulado de determinada forma parece ser claramente um ganho mnimo. Mais ainda, uma vez que a escolha moral que realmente enfrentamos no como agiramos neste caso hipottico, mas como devemos agir no mundo real, ento esta admisso no minimamente prejudicial para o argumento apresentado aqui.

    Concluso

    Compreendo que a afirmao de que h limites morais significativos para o modo como podemos legitimamente tratar os animais ope-se bastante atitude para com eles que nos foi legada, pois, enquanto a maior parte das pessoas pensa que errado ou pelo menos de mau gosto torturar animais, a maioria geralmente assume que os animais esto aqui para nossa utilizao. Nesse ponto, a minha perspectiva um afastamento radical da nossa herana cultural. Mas, luz dos argumentos apresentados, um afastamento com mrito. No sei exactamente at onde leva esta perspectiva. No sei se toda a experimentao animal injustificada, no sei exactamente como lidar com algumas pragas, o que fazer com o gado actualmente existente, etc.. Mas o facto de que nem todos os pormenores esto pensados no pode ser considerado contra a afirmao de que a nossa perspectiva presente moralmente inaceitvel.

  • Quando as mulheres comearam a exercer presso a favor do direito de voto ou da igualdade de direitos em geral, no sabiam exactamente onde que as suas reivindicaes nos levariam. E ainda no sabem; nem eu. Mas estou bastante confiante de que uma mudana para melhor, muito embora os pormenores especficos das mudanas s se venham a revelar com o tempo. E o mesmo verdade sobre o tratamento que destinamos aos animais. Talvez um dia as nossas crianas olharo para a gerao presente e questionar-se-o sobre como que ns alguma vez acreditmos que era tolervel tratar os animais da maneira que os tratamos. Eu espero sinceramente que sim.

    Referncias

    Frey, R.G., Interests and Rights, Oxford, The Clarendon Press, 1980. Gardner, B.T. and Gardner, R.A., "Teaching Sign Language to a Chimpanzee", Science, 165: 664-72, 1969. Griffin, D.G., The Question of Animal Awareness: The Evolutionary Continuity of Mental Experience, New York, The Rockefeller University Press, 1976. Mason J. and Singer, Peter, Animal Factories, New York, Crown Publishers, 1980. Pratt, D., Alternatives to Pain in Experimentation on Animals, New York: Argus Archives, 1980. Ryder, Richard, "Experiments on Animals", in Animal Rights and Moral Obligation, ed. T. Regan and P. Singer, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, Inc., 1976. Ryder, Richard, Victims of Science: The Use of Animals in Research, London, Davis-Poynter, 1975. Rachels, James, "Vegetarianism and the "Other Weight Problem"", in World Hunger and Moral Obligation, ed. W. Aiken and H. LaFollette, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, Inc., 1977. Singer, Peter, Animal Liberation, New York, Avon Books, 1978.

    Hugo LaFollette East Tennessee State University

    Traduo de Miguel Moutinho Sociedade tica de Defesa dos Animais

    [1] Na verdade, penso que a situao bastante mais complexa do que sugeri. H muito a dizer a favor da afirmao de que h limites para o que os humanos podem legitimamente fazer a objectos inanimados, e que esses limites no acabam nos interesses dos humanos neles. Mas essa posio reconhecidamente controversa. Mais ainda, eu posso defender o ponto que pretendo defender sobre os animais sem abord-la. Ento, pelo menos para j, farei como se as nicas restries para o nosso comportamento relativamente aos objectos inanimados derivem dos interesses humanos. Outros ensastas discutiro sem dvida as preocupaes ambientais mais abrangentes nos seus ensaios. [2] Este exemplo no , como pode ter suposto ou esperado, uma mera pea de fico. Alguns cientistas investigadores compram guilhotinas em miniatura feitas especialmente para decapitar ratos de laboratrio. Anncios destes instrumentos aparecem frequentemente nas pginas de jornais de medicina veterinria. [3] O Professor Harry Harlow, cuja investigao em bebs macacos conhecida em todo o mundo, disse que "a maior parte das experincias no valem a pena ser feitas e as

  • informaes obtidas no so dignas de publicao", in Journal of Comparative and Physiological Psychology (1962). [4] Deixarei agora de referir "animais no-humanos" e, daqui em diante, referir-me-ei a eles simplesmente como "animais". A expresso mais longa, embora seja mais precisa, simplesmente demasiado pesada. [5] Digo "penso que eles preferem" porque j vi muitas pessoas que descobriram, depois de eliminarem ou mesmo reduzirem o consumo de carne, que as suas dietas so mais variadas e saborosas do que quando eram carnvoros.

    N. Dower (org.), Ethics and the Environment, Gower Press, 1989, pp. 79-90.