DIREITOS FUNDAMENTAIS EM PERSPECTIVA: COLETÂNEA DE ARTIGOS (V. 3)

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    Direitos Fundamentais em

    Perspectiva: Coletnea de Artigos

    (volume 03)

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    Constituio nas Ruas

    Coletnea de Resumos Expandidos v. 01.

    Capa: Cndido Portinari, Meninos na Gangorra (1960). Coleo

    Particular.

    ISBN:

    Comisso Cientfica

    Tau Lima Verdan Rangel

    Editorao, padronizao e formatao de texto

    Tau Lima Verdan Rangel

    Contedo, citaes e referncias bibliogrficas

    Os autores

    de inteira responsabilidade dos autores os conceitos

    aqui apresentados. Reproduo dos textos autorizada

    mediante citao da fonte.

    Tau Lima Verdan Rangel

    (Organizador)

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    Direitos Fundamentais em Perspectiva:

    Coletnea de Artigos v. 3.

    Capa:Cndido Portinari, Meninos na Gangorra (1960). Coleo

    Particular.

    ISBN: 978-1535004213

    Comisso Cientfica

    Tau Lima Verdan Rangel

    Editorao, padronizao e formatao de texto

    Tau Lima Verdan Rangel

    Contedo, citaes e referncias bibliogrficas

    Os autores

    de inteira responsabilidade dos autores os conceitos

    aqui apresentados. Reproduo dos textos autorizada

    mediante citao da fonte.

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    APRESENTAO

    O Projeto Direitos Fundamentais em

    Perspectiva substancializa uma proposta apresentada pelo

    Professor Tau Lima Verdan Rangel. O escopo principal do

    projeto supramencionado despertar nos discentes do

    Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do

    Esprito Santo (Multivix) Unidade de Cachoeiro de

    Itapemirim-ES uma viso reflexiva e crtica sobre o

    universo jurdico. Trata-se de uma abordagem de temas

    tradicionais e contemporneos do Direito, tal como suasimplicaes e desdobramentos em uma realidade concreta,

    dialogando as disposies tericas com pesquisa emprica,

    elementos indissociveis para a construo e

    amadurecimento do conhecimento.

    Com o ttulo Direitos Fundamentais em

    Perspectiva: Coletnea de Artigos, o compndio busca

    colocar trazer uma anlise sobre a temtica dos direitos

    fundamentais, promovendo uma leitura renovada e

    interdisciplinar. Para tanto, a proposta pauta-se na

    conjugao de diversos segmentos do conhecimento e a

    utilizao de mecanismos de ensinagem que dialoguemcontedo terico com habilidades prtica em contedos

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    jurdicos, despertando e aprimorando habilidades

    imprescindveis aos Operadores do Direito.

    Por fim, os artigos foram selecionados a partir

    da produo de atividade acadmica confeccionada pelos

    discentes, em sede de disciplina de Direito Constitucional I.

    O leitor poder observar que os temas so heterogneos,

    abarcando realidades locais e peculiares do entorno daInstituio de Ensino Superior, tal como questes mais

    abrangentes. Trata-se da materializao do diferencial do

    Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do

    Esprito Santo (Multivix) Unidade de Cachoeiro de

    Itapemirim-ES, ao formar Bacharis em Direito capazes de

    atuar com o plural e diversificado conhecimento inerente ao

    Direito, sem olvidar da realidade regional, dotadas de

    peculiaridades e aspectos diferenciadores que vindicam

    uma tica especfica.

    Boa leitura!

    Tau Lima Verdan RangelProfessor de Direito Constitucional I

    Doutorando em Sociologia e Direito (PPGSD-UFF)Mestre em Cincias Jurdicas e Sociais (PPGSD-UFF)

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    N D I C E

    A condecorao da fundamentalidade do

    direito do consumidor: a vulnerabilidade

    como princpio determinante............................... 07

    Patrimnio Cultural Brasileiro: Praa

    Jernimo Monteiro, seus bens tombados,

    histrico e contemporaneidade........................... 40

    O tombamento e a interveno do Estado napropriedade privada em prol da preservao

    do patrimnio cultural........................................... 75

    O princpio da presuno de inocncia diante

    da alterao do pensamento jurisprudencialdo STF........................................................................ 109

    Crimes contra a liberdade sexual: Estupro....... 135

    O aborto visto de dois lados, a liberdade dagenitora versus a preservao da vida............... 161

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    A CONDECORAO DA FUNDAMENTALIDADE

    DO DIREITO DO CONSUMIDOR: A

    VULNERABILIDADE COMO PRINCPIO

    DETERMINANTE

    Ana Carolina Fraga Nunes1

    Beatriz Perciano Varela2

    Kemelly de Souza Rosa3

    Resumo:O presente tem como escopo a anlise da importnciado direito do consumidor como garantia fundamental, hajavista a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor deprodutos e servios, tal situao ocorre como corolrio doafastamento daqueles com o processo produtivo industrial quedetermina aspectos indispensveis referentes qualidade, durabilidade, s caracterscas verossmeis do produto, o quepode ser omitido pelo produtor e detentor destas informaes.

    Assim, d-se a necessidade de proteger aquele que revela-sefrgil nesta relao e a Constituio Federal de 1988 no seomitiu esta realidade, mas de forma imperativa declarou odireito do consumidor como fundamental para a ordem social ede interesse pblico, garantia esta que acarretou a criao deum arcabouo dogmtico prprio visto a grante relevncia doequilbrio entre as partes nas relaes de consumo.

    Palavras-chave:Direito do Consumidor. Direito Fundamental.Vulnerabilidade.

    Abstract: This article aims to analyze the importance ofconsumer law as a fundamental guarantee, in view of the

    1 Acadmica do Terceiro Perodo do Curso de Direito da Faculdade

    MultivixCachoeiro de ItapemirimES.2 Acadmica do Terceiro Perodo do Curso de Direito da FaculdadeMultivixCachoeiro de ItapemirimES.3 Acadmica do Terceiro Perodo do Curso de Direito da FaculdadeMultivixCachoeiro de ItapemirimES.

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    vulnerable consumer on the products and services offered by

    the provider. This happens as a result of the customer'sabsence for the industrial production process that determinesessential characteristics in terms of quality, durability, theapparent characteristics of the product, which can be hiddenby the producer and owner of this information. So give up theneed to protect that which is fragile in this regard and the1988 Federal Constitution does not omitted to this fact, butsaid that the consumer's right is fundamental to the socialorder and to the public interest, this guarantee allowed the

    creation of a structure of its own laws, in view of the balancebetween the parties in the relations of consumption.

    Keywords: Consumer Law. Fundamental Right. Vulnerability.

    Sumrio: 1 Breve Painel quanto ao Histrico do Direito doConsumidor; 2 A Defesa do Consumidor como Ordem Pblica eInteresse SocialPrincpio do Protecionismo (art. 1 da Lei n.8.078/90); 3 O Reconhecimento da Vulnerabilidade enquanto

    Princpio Fundamentado do Direito do Consumidor:Delimitao do Conceito e Estabelecimento dosCaractersticos; 4 Ponderaes Finais.

    1 BREVE PAINEL QUANTO AO HISTRICO DO

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    A substituio do trabalho manual pela

    produo em srie da revoluo industrial no sculo

    XVIII, afastou os consumidores de seus

    fornecedores, visto que na Antiguidade, a figura do

    produtor e vendedor final estavam na mesma

    pessoa, podendo assim resolver problemas

    espordicos de forma mais acessvel. Nesse

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    diapaso, insta gizar que com o aumento da

    produo, as vantagens para a economia e para o

    fornecedor despontaram, como corolrio da

    diminuio dos custos da produo e um horizonte

    mais alargado de pessoas alcanadas (NUNES,

    2011, p.41). No entanto, como supracitado, as

    consequncias no foram somente positivas, uma

    vez que as relaes consumeristas ficaram cada vez

    mais labirnticas frente aos numerosos

    procedimentos e etapas de fabricao e

    comercializao das mercadorias tornando

    paulatinamente mais longnquo o elo com o

    consumidor, o que aponta Bitencourt (2004, p.248)

    o expressivo desenvolvimento das tcnicas

    empregadas substituiu o relacionamento mais

    prximo, onde o consumidor conhecia o

    fabricante/fornecedor e poderia resolver os

    eventuais problemas de forma mais simples.

    Outrossim, relevante rememorar que a

    intensa propagao e disseminao de novos

    produtos atravs de diversos instrumentos

    publicitrios, alastram-se no corpo social, no qual, a

    persuaso do consumidor para a obteno do item

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    era mais importante que a qualidade verossmil do

    mesmo, o que fomentou significativo aumento nas

    demandas, todavia, em grande parte das vezes, o

    consumidor no contava com informaes acerca da

    qualidade da mercadoria em que adquira,

    acarretando sua fragilidade mediante ao elo de

    comercializao. Neste prisma, conforme o mercado

    produtivo apresentava constante progresso como

    resultado do surgimento de tecnologias e

    telecomunicaes, o consumidor, por sua vez,

    manifestou necessidades no que tange a sua

    participao e comunicao com o ponto de partida

    originrio do produto, isto , a fabricao, se

    obrigando a adaptar-se ao atual modelo

    consumerista que se delineava.

    Com isto, desenvolve-se em vrios pases

    grupos de defesa do consumidor, sendo o principal

    deles o Estados Unidos, pois foi atravs deste que o

    direito do consumidor ganhou fora. Nesta senda,

    Nunes (2011, p.40) enuncia que foi ali que o

    verdadeiro movimento consumerista comeou na

    prtica, principalmente com o surgimento das

    associaes dos consumidores com Ralf Nader, que

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    atuou como um dos primeiros advogados a

    militarem pelo direito dos consumidores, criando

    polmicas ao criticar o mercado produtivo do pas e

    a forma como o consumidor era tratado at ento.

    Essas cooperaes eclodem aps o discurso do

    Presidente Jhon F Kennedy, em 15 de Maro de

    1962, onde descrevia garantias que considerava

    direitos do consumidor e declarava a importncia

    deste para o mercado, destacando similarmente a

    pouca relevncia que lhes era concedida, isto , a

    desproporcionalidade entre a importncia do

    consumidor para o mercado e a pouco interesse dos

    fabricantes nos mesmo. Tal declarao

    considerada o marco do direito do consumidor, haja

    vista que partir deste momento, inicia-se um

    processo de evoluo gradativo e notrio para a

    construo de um equilbrio nas relaes de

    consumo.

    O Brasil, conquanto, ab initio, recorria ao

    Cdigo Civil de 1916, percorrendo um sculo inteiro

    empregando as leis do referido sistema jurdico s

    relaes de consumo, o que de forma majoritria

    ocasionava falhas. No entanto, esta realidade foi

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    metamorfoseada com a promulgao da

    Constituio Federal de 1988, na qual esto

    vinculados os princpios norteadores da Lei n. 8078

    de 11 de setembro de 1990 que dispe sobre a

    proteo do consumidor, fazendo-se necessrio

    explan-los antes de analisar o arcabouo dogmtico

    do referido dispositivo. Como j conhecido, a Carta

    Maior a lei mxima de um Estado, ramificando-se

    para as demais leis inferiores, direcionando e

    controlando a atuao do Executivo, Legislativo e

    judicirio, tendo carter imperativo, sendo macio

    axioma estruturante do Sistema Jurdico Brasileiro,

    principalmente no que tange a insero do texto

    legal, genrico e abstrato a realidade do corpo social

    (VERDAN, 2014, s.p.) .

    Entendendo o mrito da Constituio Cidad,

    de suma valia o estudo desta, mesmo que de

    maneira breve, neste compndio, analisar-se- as

    premissas que a orientam, seus fundamentos e as

    disposies sobre o Direito do consumidor. Como

    espeque para melhor compreenso do objeto a ser

    abordado, cuida articular acerca do conceito

    epistemolgico de princpios, considerando serem

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    eles os grmens de todo ordenamento brasileiro,

    isto , verdadeiras flmulas que conduzem e

    estruturam todo sistema jurdico e que precisam ser

    obedecidos e esto intrinsecamente ligados

    interpretao do prprio arcabouo dogmtico da

    Constituio e partindo deles todas as demais

    normas infraconstitucionais. Neste sentido, Rizzatto

    Nunes (2011, p. 47) ensina que o princpio jurdico

    pode ser tanto implcito quanto explcito, abraando

    todo o sistema jurdico e que por isso, influencia na

    compreenso e aplicao das normas que esto

    vinculadas a eles, assim, todo interprete tem como

    norte os princpios estruturantes para que no haja

    atrito quanto a aplicao das normas no caso

    concreto, nota-se, portanto, a tamanha importncia

    dos princpios constitucionais, sendo eles superiores

    ainda a norma constitucional, pois aqueles

    direcionam e orientam na interpretao destas. So

    eles que ligam o ordenamento jurdico aos desejos

    da sociedade, contendo os valores fundamentais

    para o efetivo funcionamento do sistema jurdico.

    Elucidado isto, os princpios constitucionais que

    traam diretamente do Direito do Consumidor, so

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    os inciso XXXII do art. 5 da Constituio Federal de

    1988 e art.170, inciso V, desta feita, buscar-se-

    discorrer sobre cada um desses individualmente.

    O artigo 5, Dos Direitos e Das Garantias

    Fundamentais, inciso XXXII da Constituio traz a

    seguinte redao O Estado promover, na forma da

    lei, a defesa do consumidor. Ao dispor sobre a

    matria, a Constituio Cidad transforma o direito

    do consumidor em direito fundamental,

    reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor nas

    relaes de consumo e ordenando que o Estado

    proteja a parte mais frgil em legislao

    infraconstitucional com a finalidade de alcanar o

    equilbrio nas relaes de consumo. A compreenso

    desta norma fica mais clara ao fazer remisso ao

    princpio da isonomia que declara art. 5, caput

    todos so iguais perante a lei, sem distino de

    qualquer natureza, e se assim deve ser, o

    consumidor se torna hipossuficiente em relao ao

    fornecedor uma vez que o mesmo no participa das

    fases de produo e na maioria das vezes no

    conhecedor de informaes substancias sobre o

    produto ou servio. Prevendo isto, a Constituio

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    Federal classifica e reconhece a vulnerabilidade do

    consumidor, buscando a isonomia material entre as

    partes envolvidas nas relaes comerciais.

    Alm deste importantssimo axioma, pode-se

    relacionar tambm o Direito do Consumidor ao

    Princpio da Dignidade da Pessoa Humana, to

    importante quanto aquele, que versado no art. 1,

    III da Carta Magna, in verbis:

    Art. 1 A Repblica Federativa doBrasil, formada pela unioindissolvel dos Estados e Municpios

    e do Distrito Federal, constitui-se emEstado Democrtico de Direitoe e temcomo fundamentos:Ia soberania;IIa cidadania; III a dignidade dapessoa humana (BRASIL, 1988).

    Este princpio auxilia na compreenso de

    todos os demais direitos e garantias fundamentaisque o sistema jurdico impe, subentendendo-se que

    dignidade da pessoa a garantia do mnimo para

    sobrevivncia digna, isto , um direito fundamental

    que visa no somente fornecer condies para que o

    indivduo tenha a vida garantida, mas a dignidadeem todas as suas variedades e nuances que tenham

    como corolrio uma vida saudvel, no se atendo ao

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    sentido vital, mas ao social, coletivo, dentre outros

    (WEBER, 2013, s.p), o que demonstra a grande

    abrangncia deste fundamento, abarcando inclusive

    a igualdade desejada nas relaes consumeristas.

    Sob esta tica, a violao deste princpio ainda

    visvel quando se trata de consumo, uma vez que o

    fornecedor vale-se da vulnerabilidade do

    consumidor para dissuadir vantagens para si,

    vista disso, as normas da Lei n. 8.078 de 11 de

    setembro de 1990, buscam o equilbrio e a

    proporcionalidade nos elos consumeristas, a fim de

    que o princpio fundamental da dignidade da pessoa

    humana seja efetivado.

    Ainda a respeito da temtica discorrida

    acima, o art. 170 da Constituio Federal de 1988,

    devota-se, da mesma forma, defesa do consumidor

    como segurana para a Ordem Econmica do pas, o

    que pode ser analisado na composio do referido

    artigo: A ordem econmica, fundada na valorizao

    do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por

    fim assegurar a todos existncia digna, conforme os

    ditames da justia social, observando os seguintes

    princpios: (...) V defesa do consumidor, este

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    estrutura-se por meio do princpio da justia,

    identificado no art. 3 da Constituio Federal de

    1988, nestes termos, Constituem objetivos

    fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I

    construir uma sociedade livre, justa e solidria; II

    garantir o desenvolvimento social; (...). Neste

    sentido, Nunes (2011, p. 69) assevera que

    A justia soma-se ao princpio daintangibilidade da dignidade humana,como fundamento de todas as normas

    jurdicas, na medida em que qualquerpretenso jurdica deve ter como base

    uma oderm justa. (NUNES, 2011, p.69).

    Faz-se importante citar tambm o que trata o

    art.48 do Ato das disposies transitrias

    enunciando que O congresso Nacional, dentro de

    cento e vinte dias da promulgao da Constituio,

    elaborar o Cdigo de Defesa do Consumidor,

    demonstrando a urgncia quanto positivao

    desta garantia, observando a carncia do

    consumidor e tambm da economia nacional de uma

    legislao especfica. Percebe-se, assim, que os

    fundamentos do Direito do Consumidor partem de

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    grandes princpios constitucionais, que, como os

    demais, so o alicerce de todo o sistema jurdico, o

    que no diferente com o direito do consumidor que

    tem fundamental participao na concretizao

    destes desgnios na realidade social, posto que

    possui funo de promover a igualdade material, o

    equilbrio, a justia, dentre outros objetivos que

    permeiam todo o arcabouo dogmtico da Lei.

    8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor). Atravs

    destes fundamentos, o referido regulamento criado

    incorporando outros princpios especficos, sendo os

    principais, que portam do dever de guiar todo o

    cdigo, o princpio do protecionismo e o princpio da

    vulnerabilidade do consumidor.

    2 A DEFESA DO CONSUMIDOR COMO ORDEM

    PBLICA E INTERESSE SOCIAL PRINCPIO

    DO PROTECIONISMO (art. 1 da Lei n. 8.078/90)

    Prefacialmente, importante frisar o carter

    protecionista do Cdigo de defesa do consumidor

    (CDC) j em seu primeiro artigo que, na ntegra,

    firma o seguinte: O presente cdigo estabelece

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    normas de proteo e defesa do consumidor, de

    ordem pblica e interesse social (...) (BRASIL,

    1990). Nesta esteira, Rizzatto Nunes (2011, p.173)

    assevera que este o motivo pelo qual se d a

    existncia do CDC, visando a proteo dos

    consumidores nas relaes de consumo, para que a

    economia atinja sua finalidade. A redao do 1

    artigo do cdigo de defesa do consumidor liga-se

    intrinsecamente aos direitos sociais constitucionais

    do indivduo, como o direito sade e a

    alimentao; so situaes em que h ao direta do

    Estado atravs da Lei n.8.078/90 para suprir a

    necessidade do consumidor, l-se cidado de

    direitos.

    O artigo 6, inciso VIII do Cdigo de defesa do

    consumidor, traz tambm como direito bsico do

    consumidor a facilitao da defesa de seus direitos

    (...), ou seja, como forma de preservao da

    proteo do consumidor, do interesse social e da

    ordem pblica, a observao do referido arcabouo

    dogmtico dever ser feita de forma que facilite o

    acesso do consumidor a efetivao de seus direitos.

    Neste prisma, v.g, tem-se a deciso do Tribunal de

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    Justia do Rio Grande do Sul, onde a mesma foi

    baseada neste axioma, pautado no interesse social e

    na ordem pblica, uma vez que a eleio do foro visa

    facilitar a defesa dos direitos do consumidor ao

    tornar mais prximo seu acesso ao Poder Judicirio.

    Ementa:AGRAVO DEINSTRUMENTO. DECISOMONOCRTICA. ALIENAOFIDUCIRIA. AO REVISIONALDE CONTRATO. COMPETNCIATERRITORIAL. CDIGO DEDEFESA DO CONSUMIDOR.DOMICLIO DO CONSUMIDOR.NORMAS DE PROTEO EDEFESA DO CONSUMIDOR SODE ORDEM PBLICA EINTERESSE SOCIAL. ARTIGO6, VIII, DO CDC. COMPETNCIA

    ABSOLUTA. POSSIBILIDADE DECONHECIMENTO DE OFCIO OU

    ARGUIDA PELAS PARTES EMQUALQUER TEMPO E GRAU DEJURISDIO, NO ESTANDOSUJEITA PRECLUSO - ART. 113DO CPC. PRECEDENTE DOSUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIA. NEGADO SEGUIMENTO

    AO AGRAVO, COM FUNDAMENTONO ART. 557, CAPUT, DO CPC.(Agravo de Instrumento N70068195957, Dcima TerceiraCmara Cvel, Tribunal de Justia doRS, Relator: Angela Terezinha deOliveira Brito, Julgado em19/02/2016)

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    E, tendo tal questo devidamenteassentada, de se considerar o quedispe o artigo 1 do Cdigo de Defesado Consumidor no sentido de que asnormas de proteo e defesa doconsumidor so de ordem pblica einteresse social, ou seja, soinderrogveis pela vontade daspartes. Assim, a partir da incidncia

    das normas de ordem pblica einteresse social previstas no Cdigode Defesa do Consumidor, h de seatentar para redefinio dacompetncia territorial em setratando de relao de consumo. Oartigo 6, VIII, do CDC, que definecomo direito bsico do consumidor afacilitao da defesa de seus direitos,

    deu a partida para a mudana decompreenso da competnciaterritorial nas relaesconsumeristas, resultando noentendimento de que se trata decompetncia absoluta. E, em setratando de competncia absoluta,dentro do campo processual, no possvel a derrogao pelas partes. O

    juiz deve conhecer de ofcio ou aspartes argirem, em qualquer tempoe grau de jurisdio, no estandosujeita precluso art. 113 doCPC(equivale ao art.64/NCPC).(Agravo de Instrumento N70068195957, Dcima TerceiraCmara Cvel, Tribunal de Justia doRS, Relator: Angela Terezinha de

    Oliveira Brito, Julgado em19/02/2016).

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    Deste modo, o cdigo em tema tem sua

    principal finalidade proteger o consumidor de

    possveis insatisfaes nos vnculos de consumo, e

    as consequncias destas garantias no se do

    somente para o indivduo protegido, e sim para toda

    sociedade e economia do Estado, preservando a

    ordem economia e o interesse social. A defesa destes

    direitos se d por consequncia de outro princpio

    importantssimo que o axioma sustentador CDC, o

    princpio da vulnerabilidade do consumidor, e que

    se estudar adiante, isto , todos os princpios do

    CDC so decorrentes naturalmente do principio do

    protecionismo, que surgiu para amparar o

    vulnervel negocial da sociedade de consumo de

    massa (TARTUCE, 2012, p.21). Esta carncia de

    proteo advm da prpria sociedade e, apesar da

    inquietao e esforo do Ente Estatal em atender a

    tais necessidades e alcanar a igualdade entre as

    partes da relao de consumo, em dias atuais ainda

    comum aborrecimentos de cidados oriundos de

    uma relao de consumo. A ttulo de exemplo, em

    uma pesquisa com perspectiva regional em

    Cachoeiro de Itapemirm - ES, com o alcance de 100

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    23

    (cem) consumidores, tendo como finalidade aferir

    sobre as condies dos elos consumeristas,

    identificou-se que, mesmo com a preocupao do

    Estado em garantir a proteo do consumidor em

    relao s vantagens que o mercado oferece ao

    fornecedor, a problemtica persiste.

    Grfico 01. Comparativo entre entrevistados quetiveram ou no algum problema referente relaode consumo nos ltimos cinco anos.

    Fonte: FRAGA; ROSA, 2016.

    Grfico 02. Comparativo entre entrevistados queanalisam ou no contratos antes de celebr-los.

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    Fonte: FRAGA; ROSA, 2016.

    Grfico 03. Comparativo entre consumidores que acham ouno que as informaes contidas nos produtos para deix-loscientes da qualidade do produto que esto adquirindo.

    Fonte: FRAGA; ROSA, 2016.

    Observa-se que, apesar da grande proteo

    que cerca as relaes de consumo, 62% dos

    entrevistados na pesquisa regional em Cachoeiro de

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    Itapemirim-ES j tiveram problemas nas relaes

    de consumo e, mesmo assim a maior parte deles

    (79,9%) confiam na boa f do fornecedor ou produtor

    para celebrarem negcios, deixando de analisar o

    contedo dos contratos, alm de que 76,9% dos

    mesmos compram o produto sem que suas dvidas

    sejam supridas, no estando seguros portanto da

    qualidade e outros aspectos do objeto que esto

    adquirindo. Com efeito, grande parte da populao

    consumerista ainda encontra barreiras ao realizar o

    negcio, por tal motivo a garantia positiva do

    Estado para obstucularizar as aes de m-f dos

    produtores, fornecedores, vendedores e todos aquele

    que participa da cadeia de produo to

    importante. A proteo do consumidor est

    relacionada com os principais princpios para o

    desenvolvimento nacional, o mercado e a economia

    dependem do equilbrio entre as partes atuantes

    nessas relaes para que haja progresso e por isso o

    princpio do protecionismo a raiz que desencadeia

    os outros sustentculos dos direitos do consumidor

    para que a finalidade do interesse pblico e da

    ordem social venham se sobrepor ao desejo de

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    retirar vantagem ilcita daquele que, de forma

    comprovada, mais vulnervel e hipossuficiente.

    3 O RECONHECIMENTO DA VULNE-

    RABILIDADE ENQUANTO PRINCPIO

    FUNDAMENTADOR DO DIREITO DO CONSU-

    MIDOR: DELIMITAO DO CONCEITO E

    ESTABELECIMENTO DOS CARACTERSTICOS

    Como sabido, o anteparo do consumidor est

    aprazado pela Constituio de 1988, pela qual, de

    forma notria, o alteia a condio de direito

    fundamental e preceito a ser acatado no tocante ao

    equilbrio da disposio econmica. Consoante

    artigo 5 da Redao Constitucional, ao precisar que

    o Regime Estatal possui a incumbncia de fazer

    prosperar a proteo do consumidor, assevera que

    essa tutela destinada ao indivduo enquanto

    garantia substancial, bem como assentiu a

    fragilidade do consumidor no vnculo de consumo.

    Nesta perspectiva, Cludia Lima Marques (2014, p.

    87) conceitua que vulnerabilidade retrata uma

    situao permanente ou provisria, individual ou

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    coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de

    direitos, desequilibrando a relao de consumo. Em

    distintas palavras, vulnerabilidade configura o

    cenrio em que um dos relacionados integra a

    extremidade mais acometvel.

    A contempornea Legislao defensora foi

    proposta, precisamente, com sustentculo nos juzos

    de vulnerabilidade do consumidor, sendo este,

    inclusive, a parte mais frgil da relao de consumo,

    dado que o consumidor se subordina ao predomnio

    daquele que se apodera dos recursos produtivos a

    fim de atender suas carncias de consumo. Dessa

    forma, o cidado subjuga-se s circunstncias que

    lhe so determinadas na esfera consumista, razo

    pela qual a vulnerabilidade suprime o axioma de

    igualdade entre os sujeitos envolvidos, isto , se

    uma das partes vulnervel, h uma

    desproporcionalidade entre os polos, e propriamente

    por influncia da disparidade que o acometvel

    preservado. Isto se relaciona com a materializao

    do princpio constitucional da equidade, por meio do

    qual os iguais sero tratados semelhantemente, e

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    desigualmente os desiguais, conforme se

    desigualam.

    Nessa senda, Cludia Lima Marques (2002,

    p. 370-373) enuncia a respeito da subsistncia de

    trs linhagens de vulnerabilidades, quais sejam, a

    jurdica ou cientfica, na qual h a escassez de

    entendimento jurdico, econmico e, inclusive,

    contbil. A segunda categoria a tcnica, em que o

    consumidor no possui conhecimentos especficos

    acerca do produto que est adquirindo, tornando-se

    ainda mais propenso a ser ludibriado. Outrossim, a

    terceira espcie de vulnerabilidade titulada de

    socioeconmica ou ftica e diz respeito aos vnculos

    entre o fornecedor que detm o monoplio, ftico ou

    jurdico, e o consumidor que, por sua vez, na

    maioria das circunstncias, est submetido

    imposio do seu poderio, em virtude de sua

    conjuntura exclusiva nas relaes contratuais.

    Na esteira do artigo 2 do Cdigo de Defesa ao

    Consumidor, o consumidor tratado como pessoa

    fsica ou jurdica que obtm ou utiliza produto ou

    servio como recebedor final. Desta forma, resta,

    ainda, ressaltar que o parecer basilar da

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    vulnerabilidade jurdica est atrelado ao

    consumidor sem vinculaes profissionais, bem

    como ao consumidor enquanto pessoal natural. No

    que tange vulnerabilidade tcnica, h que se

    ponderar que prevista, em regra, para o

    consumidor sem responsabilidade de cunho

    profissional, do jeito que capaz de expandir-se,

    incomumente, ao profissional, destinatrio final

    ftico ou socioeconmico do servio ou produto.

    Ademais, ao lado disso, a vulnerabilidade ftica

    consiste em um cenrio de favorecimento do

    consumidor sem capacitao profissional, assim,

    nesse nterim, esta perspectiva no logra xito no

    que versa acerca do consumidor profissional e do

    consumidor pessoa jurdica.

    Com efeito, a doutrina tem entendido que a

    pessoa jurdica poder ser contemplada pela

    proteo das normas postas no Cdigo de Defesa do

    Consumidor, mesmo que no seja a destinatria

    final, consumidora ou no, a seguir o caso concreto,

    sendo, ento, necessrio que haja a comprovao da

    existncia ou no da vulnerabilidade. Destarte, no

    domnio do Superior Tribunal de Justia a

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    verificao tem ocorrido em cada situao, afora de

    antemo reconhecida em inmeras ocasies o estado

    vulnervel da pessoa jurdica para implicaes das

    diretrizes defensoras. Contudo, o parecer da

    Ministra Nancy Andrighi converge na direo em

    que a vulnerabilidade pode ser pressuposta ainda

    que se refira a pessoa jurdica, conforme se extrai:

    [...] que a presuno devulnerabilidade doconsumidor pessoa jurdica no inconcilivel com a teoria finalista;ao contrrio, harmoniza-se com a sua

    mitigao, na forma que vem sendoreiteradamente aplicada por esteSTJ: prevalece a regra geral de que acaracterizao da condio deconsumidor exige destinaofinal ftica e econmica do bem ouservio, conforme doutrina finalista,mas a presuno de vulnerabilidadedo consumidor d margem

    incidncia excepcional do CDCs atividades empresariais, que ssero privadas da proteo da leiconsumerista quando comprovada,pelo fornecedor, a novulnerabilidade do consumidorpessoa jurdica. (STJ, RecursoOrdinrio em Mandado de Segurana27.512/BA, Rel. Min. Nancy

    Andrighi, 3 Turma, j. 20.08.2009).

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    31

    Importante realar que a doutrina finalista

    trata acerca da dependncia da ratificao da

    vulnerabilidade, portanto no este o caso

    verificado. O que a Ministra apregoa no um

    finalismo atenuado, mas uma vertente

    maximalista mitigada, ao designar uma hiptese

    alusiva de relao de consumo, em que presumido

    que a pessoa encontra-se em um estado de

    vulnerabilidade, at que o contrrio seja

    comprovado. Para que no ocorra a generalizao

    da presuno da vulnerabilidade a toda e qualquer

    pessoa (jurdica ou fsica) e, consequentemente

    venha a ferir o princpio da igualdade, faz-se

    necessrio estimar se realmente h ou no a

    condio vulnervel, por meio da anlise do caso

    tangvel pelo magistrado. A mitigao do finalismo

    representa um progresso em proveito de um

    preceito justo e da incidncia da equidade no plano

    concreto, porm estender a suspeita da

    vulnerabilidade de forma descomedida gera um

    contexto extremista incabvel. Isto posto, a

    conjectura de vulnerabilidade da qual usufrui o

    consumidor pessoa natural no se aplica ao

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    consumidor pessoa jurdica, havendo a

    possibilidade, todavia, de corroborar a ocorrncia

    da vulnerabilidade para que seja empregado o

    Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Tem-se as seguintes pontuaes: todo

    consumidor sempre vulnervel, partindo da

    premissa que a vulnerabilidade se relaciona a um

    estado do cidado, caracterizando o tpico cenrio

    de riscos; a pessoa fsica que adquire ou utiliza

    produto ou servio presumida como destinatria

    final, sendo consumidora, por conseguinte

    vulnervel; a pessoa jurdica que adquire ou utiliza

    produto ou servio, poder ser considerada

    destinatria final, a sujeitar-se ao caso palpvel,

    para averiguao da relao de consumo, por meio

    da teoria finalista; ainda que a pessoa jurdica no

    seja verificada enquanto destinatria final, no

    constituindo-se consumidora do bem ou servio, o

    Cdigo de Defesa do Consumidor conseguir ser

    cabvel, isso se restar comprovada a condio de

    vulnervel, consoante o finalismo aprofundado.

    Fundamental se faz expor a necessidade da

    diferenciao dos conceitos condizentes

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    vulnerabilidade e hipossuficincia, uma vez que

    no h que confundir tais concepes. Todo

    consumidor vulnervel, contudo nem sempre

    hipossuficiente. Isso em razo do conceito de

    hipossuficincia abarcar, alm do conceito de

    pobreza, nas situaes de permisso dos benefcios

    da justia gratuita, a apreciao mais vasta nas

    relaes de consumo em cada caso, no passo em que

    se torna essencial a anlise da discrepncia

    frente de uma conjuno de insipincia. A

    vulnerabilidade pode ser notada na circunstncia

    de pessoa natural, conseguindo ser, igualmente,

    presumida na situao legtima em que se trate de

    pessoa jurdica. J a hipossuficincia extrada

    caso a caso.

    Prefacialmente, como eixo norteador da

    definio de hipossuficincia tem-se o uso da Lei n.

    1.060/50 que estabelece normas para a concesso de

    assistncia judiciria aos necessitados, pela qual o

    Direito Brasileiro estabeleceu um significativo

    estmulo de sobrepujamento desse bice,

    assegurando aos hipossuficientes cabal ingresso

    aos rgos competentes ao julgamento por

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    34

    intermdio da desincumbncia do pagamento das

    custas processuais. Dessa forma, no cabido que

    uma dogmtica desse porte fique alheia ao cerne

    da Lei n. 13.105/2015, justamente para escopos de

    suma sistemtica do contedo. O Cdigo de

    Processo Civil passou a amparar a demanda da

    concesso da gratuidade de justia, mais

    precisamente em seus artigos 98 a 102. oportuno,

    ainda, memorar que a Lei n. 1.060/50 no foi

    integralmente nulificada. Segundo acena a Lei n.

    13.105/2015 em seu artigo 1.072, III, encontram-se

    revogados os arts. 2, 3, 4, 6, 7, 11, 12 e 17 da

    Lei n 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.

    4 PONDERAES FINAIS

    Diante do quadro gizado, h, sem sombra de

    dvidas, a nfase que confere o palco de um cenrio

    abalizado pelo Direito do Consumidor, no qual

    incide mormente em situaes corriqueiras e, por

    vezes, inovadoras, atravs dos aspectos abarcados

    por esta esfera de mbito econmico, judicial e

    pblico, o que possibilitou a ascenso e

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    reconhecimento da defesa dos seus direitos como

    direito fundamental, conferindo-lhe, ainda, a

    posio de princpio fundamentador e responsvel

    pela estruturao da prpria dogmtica, tendo em

    vista sua incidncia na esfera econmica. Desta

    forma, os consumidores esto no estado de titulares

    de direitos pautados na Carta Magna, diante das

    modificaes trazidas pela Lei Constitucional,

    harmonizado com o objetivo de validar as

    mediaes do Estado e tutelar os dispositivos

    previstos na Constituio de 1988.

    Nesta trilha, o Cdigo de Defesa do

    Consumidor face ao princpio do protecionismo,

    como medida de ordem pblica e interesse social,

    evidencia que suas deliberaes no podem ser

    suprimidas por acordo entre as partes, por tratar-

    se de um ncleo sensvel, frente vulnerabilidade

    do consumidor. Entrementes, o contexto em dialogo

    prev que a proteo imposta pelo diploma

    referenciado deve ser relatado pelo juiz, com a

    finalidade de propor maior segurana ao polo mais

    vulnervel, em razo de apresentar em seu texto

    um aglomerado de preceitos incumbidos de

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    promover mtodos de respaldo e sustentculo ao

    consumidor que incide nas relaes de consumo.

    Derradeiramente, diante do exposto,

    possvel averiguar que a construo do cenrio de

    conquistas do consumidor foi resultado de uma

    longa jornada de embates e pretenses da

    sociedade, concebendo fidedigna evoluo e

    progresso das prerrogativas e direitos

    constitucionais. Torna-se justificvel pontuar que a

    idealizao dos proveitos esto envoltos por valores

    e princpios prprios de estipulado segmento de

    indivduos, enquanto homogeneidade social, no

    mais florescendo a respeito de uma compreenso de

    individualismo ou singularidade do gnero

    humano. Decerto, o vu protecionista cinge os

    anseios do consumidor, propiciado pela redao

    constitucional, o que possibilitou a concretude da

    preservao dos seus direitos.

    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Joo Batista de. Manual de direito doconsumidor. So Paulo: Saraiva, 2003.

  • 7/25/2019 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM PERSPECTIVA: COLETNEA DE ARTIGOS (V. 3)

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    37

    BITENCOURT, Jos Ozrio de Souza. O princpio

    da vulnerabilidade: fundamento da proteojurdica do consumidor. Revista da EMERJ, Rio deJaneiro, v.7, n.25, 2004, p. 248-265. Disponvel em:. Acesso em 20 mar.2016.

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    ________.Lei n. 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.Estabelece normas para a concesso de assistncia

    judiciria aos necessitados. Disponvel em:. Acesso em 20 jun.

    2016.

    ________.Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990.Estabelece normas de proteo e defesa doconsumidor. Disponvel em:. Acesso em 26 mar.2016.

    ________.Lei n. 13.105, de 16 de maro de 2015.Cdigo de Processo Civil. Disponvel em:. Acesso em 20 jun.2016.

    ________. Superior Tribunal de Justia. Disponvelem: . Acesso em 20 jun. 2016.

    ________. Tribunal de Justia do Rio Grande do sul.Agravo de instrumento n. 70068195957. Agravante:

  • 7/25/2019 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM PERSPECTIVA: COLETNEA DE ARTIGOS (V. 3)

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    38

    Edinelson Bettim da Rosa. Agravado: Banco GMAC

    S/A. Relator: Angela Terezinha de Oliveira Brito.Jurisprudncia, Porto Alegre, 19 fev. 2016.Disponvel em: . Acesso em20 mar. 2016.

    MARQUES, Cludia Lima et al. Manual de direitodo consumidor 6 ed. rev., amp. e atual. So Paulo.Editora Revista dos Tribunais, 2014.

    MARQUES, Cludia Lima. Contratos no Cdigo deDefesa do Consumidor: O novo regime das relaes

    contratuais, 4 ed. So Paulo: Editora Revista dosTribunais, 2002.

    NUNES, Luis Antnio Rizzatto. Curso de direito do

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    RANGEL, Tau Lima Verdan. No abusividade napublicidade: vulnerabilidade e proteo doconsumidor. Revista Jus Navegandi, Teresina, ano19, n.3901, 7 mar. 2014. Disponvel em:. Acesso em 20mar. 2016.

    TARTUCE, Flvio; NEVES, Daniel AmorimAssumpo. Manual de direito do consumidor:direito material e processual. So Paulo: Mtodo,2012.

    WEBER, Thadeu. A ideia de um mnimo

    existencial de J. Rawls.Kriterion [online], v. 54,

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    39

    pid=S0100-512X2013000100011>. Acesso em 02

    jun. 2016.

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    40

    PATRIMONIO CULTURAL BRASILEIRO: PRAA

    JERONIMO MONTEIRO, SEUS BENS

    TOMBADOS, HISTRICO E

    COMTEMPORANIEDADE.

    Viviane Fidelis4

    Bruna Torezani5

    Daniele Silveira6

    Resumo: O presente artigo tem o objetivo de abordar aimportncia da Praa Jernimo Monteiro, para a atualidade epara a historia da cidade de Cachoeiro de Itapemirim ES,explanando noes bsicas sobre o Patrimnio culturalBrasileiro, sua importncia e a forma que ele afeta a vida decada indivduo, com as lembranas que proporciona, com os

    sentimentos que trs a tona, a maneira que atinge aidentidade local e ainda de que forma esse bem vem sendoprotegido pela legislao. Esclarecer da mesma forma oinstituto do tombamento e a atual realidade jurdica e socialda praa e dos bens nela inseridos.

    Palavras-chaves: Praa Jernimo Monteiro. Cachoeiro deItapemirim. Patrimnio Cultural.

    Abstract: This article aims to address the importance ofSquare Jeronimo Monteiro, for the present and the history ofthe city Cachoeiro de Itapemirim - ES , explaining the basicsof the cultural heritage Brazilian, its importance and how itaffects the life of every individual, with the memories itprovides, with the feelings behind the light, the way that

    4 Graduando no curso de Direito, Faculdade Multivix. Email:

    [email protected] Graduando no curso de Direito, Faculdade Multivix. Email:[email protected] Graduando no curso de Direito, Faculdade Multivix. Email:[email protected]

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    reaches the local identity and yet how well this has been

    protected by law. Clarifying the way the registration of theinstitute and the current legal and social reality of the squareand the goods inserted in it.

    Keywords: Jernimo Monteiro Square. Cachoeiro deItapemirim. Cultural Heritage.

    1 INTRODUO

    A Praa Jernimo Monteiro, ganha o status

    de bem cultural por conta da memria coletiva que

    carrega, e dos significados que tem, tanto para

    cidade, quanto para a populao. Esse texto trata de

    sua importncia para a identidade do povo de

    Cachoeiro de Itapemirim, e das implicaes desse

    bem no meio jurdico j que a Carta Magna do

    Estado brasileiro estabelece a importncia da

    cultura para a formao intelectual dos indivduos.

    Um bem cultural carrega consigo muito

    mais que simplesmente beleza, um modelo de

    arquitetura ou a demonstrao de um modo de viver

    de uma sociedade em certo espao no tempo, carrega

    consigo historias individuais, de cada individuo que

    ali viveu algo ou presenciou certo acontecimento,

    lembranas, sentimentos.

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    Ao se contemplar um espao de

    relevncia histrica, esseespao evoca lembranas de umpassado que, mesmo remoto, capaz de produzir sentimentose sensaes que parecem fazerreviver momentos e fatos alivividos que fundamentam eexplicam a realidade presente.Essa memria pode serdespertada atravs de lugares eedificaes, e de monumentosque, em sua materialidade, socapazes de fazer rememorar aforma de vida daqueles que nopassado deles se utilizaram.

    Cada edificao, portanto,carrega em si no apenas omaterial de que composto,mas toda uma gama designificados e vivncias aliexperimentados (TOMAZ, s.d,s.p).

    Michael Pollak, citado por Paulo Cesar

    Tomaz (s.d., s.p.), diz que a memria coletiva de um

    grupo contribui para manter a coeso dos grupos e

    das instituies que compe uma sociedade, para

    definir seu lugar respectivo, sua

    complementaridade. Entende-se que um

    determinado lugar histrico, como a prpria Praa

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    43

    Jernimo Monteiro responsvel por manter a

    unio social e fazer com que a cidade de Cachoeiro

    de Itapemirim, se entenda como tal, e seus

    indivduos de certa forma reconheam-se entre si.

    Da mesma forma que o Rio De Janeiro

    famoso pela Lapa, Cachoeiro de Itapemirim, a

    medida de suas propores reconhecido por sua

    principal praa, j que a mesma, como vai ser visto

    a seguir, abrigou e abriga instituies de grande

    reconhecimento e importncia, exposies de

    diversos gneros, alm de ser tambm um local de

    protestos e manifestaes como as que ocorreram

    em junho de 2013, ficando mais do que constatado

    portanto, a importncia desse local para o

    cachoeirense, assim como a Praa do Papa, em

    Vitoria - ES um importante lugar de reivindicao

    de direitos. Alm disso, mister destacar a

    relevncia da praa para a juventude da cidade, que

    diariamente se encontra no local, principalmente

    para atividades esportivas como skatee afins.

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    2 O PATRIMNIO CULTURAL

    A cultura, a historia, a arquitetura ou

    qualquer outra forma de produo humana, ou

    peculiaridade ambiental deve ser preservada e

    perpetuada a fim de que a humanidade tenha

    conscincia de si e do meio que est inserida, paraque esta entenda o presente, embasada no passado

    e nas experincias cultivada at ali. Vale

    inicialmente ressaltar, que o patrimnio cultural

    brasileiro, no deve ser entendido apenas como

    grandes formaes naturais, monumentos deedificao ou documentos de importncia

    inestimvel, mas com uma abrangncia muito

    maior. O Guia de Preservao do Patrimnio

    Cultural (ESPIRITO SANTO, s.d, s.p) define que

    patrimnio cultural um produto coletivo,formado pelo conjunto das realizaes de uma

    sociedade e que vem sendo construdo ao longo de

    sua histria. A Constituio da Republica

    Federativa Do Brasil, em seu artigo 216 dispe

    sobre o Patrimnio Cultural:

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    Art. 216. Constituem patrimnio

    cultural brasileiro os bens denatureza material e imaterial,tomados individualmente ou emconjunto, portadores de referncia identidade, ao, memriados diferentes grupos formadoresda sociedade brasileira, nos quaisse incluem: I- as formas de

    expresso; II- os modos de criar,fazer e viver; III- as criaescientficas, artsticas etecnolgicas; IV- as obras, objetos,documentos, edificaes e demaisespaos destinados smanifestaes artstico-culturais;V- os conjuntos urbanos e stios devalor histrico, paisagstico,artstico, arqueolgico,paleontolgico, ecolgico ecientfico (BRASIL, 1988).

    Os patrimnios culturais podem ser divididos

    em patrimnios materiais e patrimnios imateriais.

    Os patrimnios materiais so aqueles existentes

    graas produo humana em determinado espao

    de tempo da historia, eles se subdividem em bens

    moveis quadros, documentos, utilitrios de uso

    cotidiano, objetos em geral; e os bens imveis que

    compreendem edificaes, mas no s estas, mas

    sim todo seu entorno para que possam ser vistas e

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    apreciadas. O que inerente ao patrimnio material

    que este tangvel, podem ser visto fisicamente,

    tocado. importante destacar esse ponto para que

    se possa diferenci-los dos bens imateriais, que por

    sua vez compreendem toda produo humana,

    cultural de um determinado povo, todo saber, todo

    fazer, toda manifestao, dana, musica,

    interpretao, tudo que pode ser apreciado, mas que

    no se pode tocar, vale apenas senti-los e desfrut-

    los, so momentos, historias, tradies como afirma

    o Guia de Preservao do Patrimnio Cultural

    (ESPIRITO SANTO, s.d, s.p).

    A existncia na prpria Constituio, de um

    capitulo especifico voltado para a educao, para a

    cultura e para o desporto, torna-a uma das mais

    avanadas do

    mundo nesse aspecto. No que por apenas existir na

    constituio o bem j seja de imediato preservado,

    mas uma forte bandeira levantada a favor do

    patrimnio cultural impedindo que outros

    interesses se sobreponham.

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    A simples definio, no corpo da

    Constituio, do que deve serentendido por patrimnio cultural,possui grande importncia naproteo desse patrimnio, poisimpede que tal definio sejaalterada por normahierarquicamente inferior, o quedeixaria tal patrimnio exposto a

    eventuais interesses conflitantesque poderiam prevalecer nodecorrer do processo legislativoordinrio, tendo em vista que aalterao de uma normainfraconstitucional segue umprocesso bem mais simples do queseria necessrio para amodificao do texto elaboradopela Assemblia NacionalConstituinte (BOGO, 2016, s.p).

    Cabe ao Estado e a sociedade a

    responsabilidade de salvaguardar, os bens

    culturais, atravs de instrumentos Administrativos

    e Judiciais, que compreende este ultimo a Ao Civil

    Publica e a Ao Popular (FERREIRA, s.d., s.p.). O

    pargrafo 1 do artigo 216 estabelece alguns

    dispositivos para a proteo do patrimnio cultural

    brasileiro como tambm os responsveis por sua

    preservao:

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    1 - O Poder Pblico, com a

    colaborao da comunidade,promover e proteger opatrimnio cultural brasileiro,por meio de inventrios,registros, vigilncia,tombamento e desapropriao,e de outras formas deacautelamento e preservao(BRASIL, 1988).

    A finalidade de garantir e proteger o

    Patrimnio cultural Brasileiro vai sendo reafirmada

    ao longo de todo processo legislativo ordinrio

    Constituio Federal, como, por exemplo, noDecreto-Lei n 25, de 30 de novembro de 1937 (Lei

    Do Tombamento), na Constituio do Estado do

    Esprito Santo e, inclusive, na Lei Municipal N

    5.890, 1937 (PDM).

    Cabe ao Poder Pblico seu entendimentocomo grande responsvel por incentivar, fomentar,

    gerar oportunidades, financiar e apoiar os agentes,

    instituies, comunidades que tm o enfoque na

    proteo desses bens. Os pargrafos 2 e 3 do artigo

    216 da Constituio Federal cuidam para que oconhecimento sobre esses bens protegidos, a histria

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    que carregam, assim como as praticas, costumes e

    manifestao sejam difundidos e incentivados.

    2 Cabem administraopblica, na forma da lei, a gestoda documentao governamental eas providncias para franquear

    sua consulta a quantos delanecessitem. 3 A lei estabelecer incentivospara a produo e o conhecimentode bens e valores culturais(BRASIL, 1988).

    Nesse ponto fica clara a preocupao do

    constituinte de que as novas geraes conheam

    esses bens, a histria de seus ancestrais e sejam

    inseridas a essas prticas culturais para que as

    mesmas sejam assim respeitadas, preservadas e

    perpetuadas. Esse aspecto do artigo importante de

    ser percebido pois tem o intuito de colocar em

    pratica o verdadeiro sentido para o qual se preserva

    algo, para que as novas geraes tenham

    conhecimento do mesmo, e reconheam a identidade

    de seu povo ali.

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    3 TOMBAMENTO

    A palavra tombamento tem origem

    portuguesa, e significa fazer o registro de algo de

    valor para a comunidade, em livros especficos, num

    rgo de Estado que cumpra tal funo. Atualmente

    o tombamento um ato administrativo feito com a

    devida aplicao da Decreto Lei n 25 de 30 de

    novembro de 1937 que organiza a proteo do

    patrimnio histrico e artstico nacional com o

    objetivo de resguardar bens de valor histrico,

    cultural, arquitetnico e ambiental, para que no

    sejam destrudos ou descaracterizados (ESPRITO

    SANTO, s.d) assim como a devida aplicao da

    Constituio da Republica Federativa do Brasil que

    versa sobre o patrimnio cultural brasileiro j

    supracitada.

    Os tombamentos podem serclassificados quanto amanifestao de vontade ouquanto a eficcia do ato. No

    primeiro caso, os tombamentospodem ser voluntrios oucompulsrios. O tombamentovoluntrio aquele em que o

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    proprietrio do bem a ser tombado

    se dirige ao rgo competente eprovoca o tombamento de livre eespontnea vontade ou ainda,quando notificado do tombamento,concorda sem se opor ao ato detombamento. O tombamentocompulsrio acontece quando orgo competente d incio

    ao processo de tombamento,notificando o proprietrio que,inconformado, procura,administrativamente oujudicialmente, opor-se aotombamento. Os tombamentospodero ser, quanto a eficcia doato, provisrios ou definitivos. Osprimeiros o so quando nofindou-se o processo detombamento, no obstante seusefeitos j se produzamprovisoriamente. O segundo tipo o tombamento fruto de ato perfeitoe acabado, do qual no cabe maisqualquer discusso. (OLMO, 2000,s.p).

    Segundo Meirelles, apud Rodrigues Junior

    (2015, s.p), o tombamento a declarao, pelo

    Poder Pblico, da importncia histrica, artstica,

    paisagstica, turstica, cultural ou cientfica de

    coisas ou localidades que, por essa razo, devem ser

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    preservados, de acordo com registro em livro

    prprio. Cabe ressaltar, portanto, que:

    [...] o tombamento pode seraplicado aos bens mveis eimveis, pblicos ou privados, decaracterstica cultural ou

    ambiental. Todos os bens quepossurem referncia identidade,ao e memria dos diferentesgrupos formadores da sociedadebrasileira podero ser tombados.De acordo com a ConstituioFederal, no apenas os bensdotados de monumentalidade ouexcepcionalidade podero sertombados. Entre os bens passveisde tombamento, figuram cidades,praas, ruas, edifcios, obras dearte, mveis, livros, fotografias,florestas (RODRIGUES JUNIOR,2015, s.p).

    Os entes responsveis pelo tombamentopodem ser a Unio atravs do Instituto do

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, pode

    ainda ser realizado pelo Governo Estadual atravs

    de sua secretaria da cultura, pelas administraes

    municipais que tiverem lei especifica que versesobre, ou ainda em mbito mundial atravs do

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    reconhecimento como patrimnio da humanidade

    pelo ICOMOS/UNESCO. (ESPRITO SANTO, s.d).

    Os bens tombados permanecemsob domnio e posse dosparticulares, mas sua utilizaopassa a ser limitada e

    condicionada, podendo serimpostas, ainda, servides elimitaes satlites aos imveis davizinhana, quando se tratar debem imvel tombado e fornecessrio assegurar a proteo doque se denomina de seu entorno(MOREIRA NETO, 2014, p.512).

    Ou seja, cabe dizer sobre a confuso por

    muitos feita, que o tombamento no um

    instrumento que procura vedar o exerccio da

    propriedade do bem, mas tem nica e

    exclusivamente o intuito de preservar a referncia

    que o bem evoca por suas caractersticas

    histricas, artsticas e culturais, e, portanto,

    regular o uso deste, para que suas caractersticas

    protegidas sejam mantidas. O tombamento pode

    ter tambm o intuito de proteo e defesa de uma

    comunidade contra o excesso de demanda do

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    capital ou das presses demogrficas sofridas por

    uma regio.

    4 HISTORICO DA PRAA JERNIMO

    MONTEIRO

    A Praa Jernimo Monteiro, marcante

    smbolo da identidade do cachoeirense abriga dois

    monumentos tombados, em razo de seus valores

    histrico, cultural e arquitetnico, o Palcio

    Bernardino Monteiro e o Chafariz que se localiza ao

    lado. O Palcio, obra rica em detalhes, atualmente

    abriga a sede da prefeitura de Cachoeiro de

    Itapemirim, mas tambm j foi sede de outras

    instituies, como a escola Bernardino Monteiro,

    motivo pelo qual o prdio foi inaugurado em 1912,

    no governo de Jernimo Monteiro. (CACHOEIRO

    DE ITAPEMIRIM, s.d).

    O USO DO PRDIO DA ESCOLA- Na realidade, palcio palavraque inventaram quando o Prefeito

    Valado tomou posse no segundomandato, tirando do Bernardino ameno para o qual ele prdio

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    foi criado. Foi criado para ser

    Escola e no Palcio. (Essesequestro da memria coletiva, apartir da mudana do nome deEscola para Palcio, estmatando a identidade da Escola eda percepo da sociedade sobreela).O ENSINO - O ensino, como era

    escola de ponta naquela poca,acredito fosse da melhorqualidade, certamente o era comrelao s outras escolas dacidade, construdas anteriormente.Mas dessa matria no tenhocincia, exceto informaes gerais.Sugiro a leitura do recente livro daProf. Lidiane Picoli, que tem comottulo O Grupo EscolarBernardino Monteiro (pode serencontrado na Secretaria deCultura, no Palcio, bem comodo Relatrio de 1918 (cinco anosaps a fundao da Escola), doProfessor Domingos Ubaldo LopesRibeiro, o qual possodisponibilizar cpia.QUEM (CLASSE SOCIAL)FREQUENTAVA A ESCOLA -Acredito que a escola tinha maisalunos de (usando terminologiaatual) classe mdia e alta do quede classes abaixo dessas duas, masa classe pobre a frequentava, sim.

    Tanto que, em relatrio de 1918, oento Diretor da Escola, ProfessorDomingos Ubaldo, criticava

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    fortemente noticia que se

    espalhara, de que os pobres no opodem frequentar porque se exigecalado. Mais frente, norelatrio, diz o ProfessorDomingos Ubaldo que, emprincpio um mal no exigircalado, depois de relatar que asmesmas notcias justificam-se (na

    opinio dos noticiantes), que taltese prejudicial casa deeducao que dirijo, ou seja, queos alunos pobres procuram outrasescolas porque estas no exigemcalado. (Estou dizendo etranscrevendo o episdio dosalunos calados, sob o ponto devista pessoal de que, poca,quem calava sapatos era declasse mais abastada, ao contrriodos menos abastados, quefrequentariam o Bernardinodescalos). Kleber Massena, quenasceu em 1908, e estudou noBernardino nos primeiros anos daescola, deu depoimento muitoimportante, de que os pobrestambm estudavam l, com certadificuldade, mas estudavam depoimento ao jornalista LuzimarNogueira Dias, em 1985.(MANSUR, 2016, s.p)

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    Foto 1 - Escola Bernadino Monteiro

    Fonte: Jornal Fato

    Foto 2Ponto de nibus em frente ao Belas Artes

    Fonte: Acervo Jornal Sete dias, 1950

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    Foto 3 - Praa Jernimo Monteiro em sua poca

    mais bonita com arvores frondosas, cinema central eo vai e vem dos namorados.

    Fonte: Acervo Jornal Sete dias

    Foto 4Praa Jernimo Monteiro, anos 80

    Fonte: Acervo Flecha Branca, 1980

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    Foto 5 Praa Jernimo Monteiro com seus encantos, vendo-

    se ao fundo o prdio Gil Moreira, famlia Vilas e RestauranteBelas Artes

    Fonte: Acervo Jornal Sete Dias, 1947.

    Foto 6Praa Jernimo Monteiro com o antigo pontos de taxise os bares Vitoria e Madureira. Naquele tempo, os nibus daviao Itapemirim mantinham o embarque de seuspassageiros no local onde , hoje, o Edifcio Primus

    Fonte: Acervo Flecha Branca, 1958

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    O imvel patrimnio histrico, tombado pelo

    Conselho Estadual de Cultura no dia 06 de agosto

    de 1985. O prdio hoje conta com espaos culturais

    de relevante importncia para a cidade como a sala

    Levino Fanzeres disponibilizada para exposies

    artsticas, cientficas, culturais, lanamentos de

    livros e outros eventos e ainda a Sala dos prefeitos

    que expe fotos de todos os prefeitos que

    administraram a cidade, desde 1914. Um acervo de

    incomensurvel importncia dentro do contexto

    histrico-cultural do municpio, fonte de pesquisa

    para estudantes, educadores e afins, desenvolvido

    dentro do projeto Resgate e Registro, da atual

    administrao. (CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM,

    s.d, s.p).

    Tenho notado certo resgate daPraa Jernimo Monteiro, paraeventos culturais, no tantoquanto gostaria, mas alguma coisatem sim e est aumentando (aindaque no na rapidez que se faznecessria).Toda cidade deinterior, principalmente cidade deinterior, funciona e vive a partirde seu Centro; quando nadaporque nele que se comeam (e

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    permanecem) tradies e cultura

    locais. O abandono do centrosignifica abandono dos valoreslocais essenciais que devem serpreservados (MANSUR, 2016, s.p).

    Alm do palcio, h ainda a presena do

    Chafariz, que infelizmente a anos est desativado,

    tendo seu funcionamento restrito na realidade ate a

    dcada de 80, depois disso, no se sabe o motivo,

    mas no funcionou de forma contnua mais. O

    presente monumento agora se resume a um buraco

    no cho, depois de inmeras reformas, inclusive at

    j foi enterrado a pedido da prefeitura, para que ali

    fosse feito um prespio de natal, a alguns anos

    (LOUZADA, s.d).

    Foto 7 Chafariz da Praa Jernimo Monteiro em

    funcionamento

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    Fonte: Prefeitura De Cachoeiro de Itapemirim, 2014

    Foto 8Chafariz da Praa Jernimo Monteiro desativado

    Fonte: Tripadivisor Brasil

    [...] seja do ponto de vistaturstico, seja do ponto de vistacultural e de patrimnio imaterialcidade que se esquece de seupatrimnio histrico, como, deuma forma ou de outra esses doispatrimnios e outros foram

    esquecidos... no s mereceesquecimento, como seresquecida (MANSUR, 2016. s.p).

    Apesar do total descaso com uma construo

    que ajuda a contar a histria do municpio, a praa

    segue bonita e inspiradora, com a presena de

    bustos de personalidades famosas, suas palmeiras

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    imperiais e a cotidiana presena de feiras de

    artesanato local (LOUZADA, s.d).

    5 CONTEMPORANEIDADE DA PRAA

    JERONIMO MONTEIRO

    grande e forte a presena do publico jovem

    na praa, com atividades esportivas como corrida,

    skates e afins, e com atividades artsticas como

    teatros e a cantada de natal que acontece todos os

    anos na cidade, aos quais a histrica praa serve de

    palco. Alm disso, mister destacar que

    recentemente a festa da cidade voltou a acontecer

    na prpria praa, alm de ser o local principal de

    protestos e reivindicaes dos moradores do

    municpio.

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    Foto 10De acordo com a organizao, cerca de 3 mil pessoas

    foram as ruas de Cachoeiro para protestas contra o PT e ogoverno Dilma

    Fonte: Folha Vitoria, 2016

    Foto 11 - Revezamento da Tocha Olmpica em Cachoeiro adcima quarta cidade a receber no Brasil e a primeira do ES

    Fonte: Leandro Martins, 2016

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    Foto 12Pea de teatro na Praa Jernimo Monteiro

    Fonte: CIA Encena, 2014

    Como j supracitado apesar das inmeras

    atividades que acontecem no local diariamente tem-

    se um verdadeiro abandono por parte do poder

    publico quanto aos bens daquele local, exemplo

    claro disso o chafariz que segue desativado, semcontar com o incentivo muito pequeno da prefeitura

    a essas atividades dirias que mantm viva a

    memria e a importncia do local, principalmente

    para os jovens, que tanto precisam reconhecer o

    patrimnio de sua cidade. Obviamente que h simum incentivo, financeiro e estrutural, toda via este

    pequeno. Reconhecer a verdadeira importncia da

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    praa na vida dos indivduos que a frequentam e

    investir forte, em esporte, cultura e nas atividades

    didticas da praa essencial.

    Foto 13Feira de Artesanato na Praa Jernimo Monteiro

    Fonte: ALVES, 2016

    Alm disso, importante ainda incentivar

    cada vez mais a frequentao diria de outros

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    pblicos no local, alm dos jovens, como ao os

    idosos, para que haja recuperao os sentimentos

    saudosistas do local. Atualmente ocorre na praa

    feirinhas de artesanato, que so muito positivas e

    que atraem muito esse publico, alm de valorizar o

    artesanato local.

    6 CONSIDERAOES FINAIS

    Atravs deste artigo pode-se perceber o valor

    do patrimnio cultural e a influencia significativa

    que este exerce na vida daqueles que o frequentam,

    o apreciam e por muitas vezes dependem. A

    relevncia da praa Jeronimo Monteiro transcende

    o limite de bem cultural, tombado e importante para

    a histria de seu povo, hoje ela toma novo status e

    passa a ser importante no presente da vida de

    muitos indivduos, indivduos estes que dependem

    dela para propagar sua arte, j que esta serve de

    feira para os arteso, de palco para o teatro, de

    pista para os skatistas e corredores, e

    principalmente local pelo qual o povo se faz ser

    escutado atravs de seus protestos.

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    mister ainda destacar a importncia que a

    praa tem no resgate da memria do cachoeirense,

    para que esse se reconhea como tal, e tenha

    orgulho da terra ao qual se origina. Esse aspecto

    imprescindvel para alavancar um processo de

    aumento da autoestima da populao, j que

    culturalmente o braseiro tende a valorizar aquilo

    que de fora, que lhe estranho, e esquece-se de

    olhar para sua prpria essncia e enxergar nela

    caractersticas que devem ser valorizadas e

    reconhecidas, para que assim se aprecie o que

    realmente tem valor, alm de todas as imposies

    da mdia que muito influencia nesse processo de

    baixa autoestima e de descaso com os bens que

    verdadeiramente pertencem ao povo.

    7 REFERNCIAS

    ALVES, Sirlei. Artes Mara Dorigheto, com Artes eartesanato em cabaas e sementes, 2016. Disponvelem:

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    Yn8Sc2FG1WTT8cEu9Iy5JKqofaTcACXzM1HVKahoPUvDzOF-cWMEzDlU4NaeoKtH88tTUgb7hkFo22jgRj7xJlfm

    YK75ODSMD6LWYgynvwJvftoKCOikA&theater>.Acesso em: 16 jun. 2016

    BOGO, Lucimar Hofmann. A importncia daconstitucionalizao do meio ambiente para aefetividade da proteo do patrimnio cultural. JusNavigandi, [s.l], jan. 2016. Disponvel em:.

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    MARTINS, Leandro. Revezamento da TochaOlmpica emCachoeiro

    a dcima quarta cidade a

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    yJ5gwPgNg57e7xdEpPXwLvzZsTSHhR_5gsu72adL

    uPNwvfsN-5DuoQpbNlJ4hjInOjyyk-wokCv50DMbMt_Gm_nVsZ-VeHpvYgzDs0ZO7aAib0wcwyoOy9xdt-8CvMM8CTBbdYH0h-4BYLZY3vCX0Gk1NH4wFA8JwrsQ8vQ6DWFRgTKMOuJa52TedSexJcU5iObp4f2QFPIDtzHhVVQFpy2VGMubs-PcZ1mSYvJ48GUc3pUKgugGq4Ei6pRmJSIWh9SfSPXHI13KA&theater>. Acesso em: 16 jun. 2016.

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    O TOMBAMENTO E A INTERVENO DO

    ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA EM PROL

    DA PRESERVAO DO PATRIMNIO

    CULTURAL.

    Bianca Gatinho Ruas7Gabriel Ayres Polonini8

    Lucas Fernandes Hemerly.9

    Resumo: O presente artigo tem por escopo examinar otombamento e a interveno do estado na propriedade privadaem prol da preservao do patrimnio cultural, tendo apropriedade privada no mais absoluta. Seu uso no podeopor-se aos interesses gerais, mesmo no pas como o Brasil emque a constituio assegura o incorruptvel dos direitosrespectivos vida, liberdade, segurana e propriedade,

    sendo condicionada a uma funo social. E na Constituio, notvel a preocupao dos constituintes no patrimnio culturalno pas, por esse motivo constituram os bens de naturezamaterial e imaterial, tomados em conjunto ouindividualmente, portando de referncia identidade, ao, memria dos vrios grupos que se formaram da sociedadebrasileira. De acordo com o Artigo 23, inciso III da CF, incluientre as funes de competncia comum da Unio, aosEstados, E ao distrito Federal a competncia concorrente paraestabelecer a proteo ao patrimnio histrico, cultural, osmonumentos, as paisagens naturais e os stios arqueolgicos, oque significa que a Unio se limita a estabelecer normasgerais, seguindo os Estados a sua completa competncia.

    7Aluna do 3 perodo do Curso de Direito da Multivix - Unidade deCachoeiro de Itapemirim-ES. E-mail: [email protected] do 3 perodo do Curso de Direito da Multivix - Unidade de

    Cachoeiro de Itapemirim-ES. E-mail:[email protected] Aluno do 3 perodo do Curso de Direito da Multivix - Unidade deCachoeiro de Itapemirim-ES. E-mail: [email protected]

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    Tendo como espcies de tombamento o voluntario fica sendo se

    o respetivo proprietrio pedir o tombamento ou se oproprietrio vier a aprovar por escrito notificao de que sedeixou o meio administrativo para o proprietrio pedir otombamento sendo que no mostra antecipadamentevisualizar esse instituto jurdico como desnaturado dapropriedade. E o tombamento compulsrio pode ocorrer sobreduas espcies, a primeira, o proprietrio notificado e deixa deacertar por escrito ou no discute no prazo de 15 dias, sendoassim se forma o tombamento compulsrio.

    Palavras-chave: Tombamento. Propriedade privada.Voluntario. Compulsrio.

    1 CONSIDERAES INICIAIS

    Na Constituio de 1988, os constituintes

    notaram uma preocupao relacionada ao

    patrimnio cultural do pas, com isso cabendo a

    Unio, os Estados, ao Distrito Federal e aos

    Municpios proteger os Documentos, as obras e

    outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os

    monumentos, as paisagens naturais notveis e os

    stios Arqueolgicos, como est descrito no Art 23

    III, sendo bens que constituem o patrimnio

    cultural brasileiro.

    A propriedade privada no mais absoluta.

    Seu uso no pode opor-se aos interesses gerais,

    mesmo no pas como o Brasil em que a constituio

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    assegura o incorruptvel dos direitos respectivos

    vida, liberdade, segurana e propriedade,

    sendo condicionada a uma funo social.

    Tendo vrios meios em que podem ser

    utilizados pelo Estado para intervir na propriedade

    privada, dependendo ao que se diz respeito

    quantidade e ao regime legal respectivo,

    estabelecido pelo ordenamento jurdico. Esses meios

    so, limitaes administrativas, a ocupao

    temporria, a servido administrativa, na qual se

    encaixa o tombamento, o parcelamento e a

    edificao compulsrios, que no retiram o domnio

    da interveno na propriedade privada. A requisio

    e a desapropriao, que uma hora retira e a outra

    no retira o domnio, so vistas como meios radicais

    para obter a propriedade particular, sendo esses

    meios a limitao administrativa, ocupao

    temporria, servido administrativa, tombamento e

    registro, parcelamento e edificao compulsrios e

    pr fim a requisio.

    O tombamento pode ser tanto um bem

    mvel quanto imvel dotado de nome prprio,

    estabelecida sempre que o Poder Pblico deseja

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    preservar certo bem, pblico ou privado, em relao

    ao seu valor histrico, cultural, artstico, turstico e

    paisagstico. Certos autores no consideram o

    Tombamento como uma natureza de servido.

    Mesmo sendo forte o argumento no impressiona,

    pois, o elemento dominante tanto pode ser um

    prdio como um servio pblico, sendo isso uma

    medida em que cabe ao Estado garantir que todos

    tenhamos direitos culturais.

    O tombamento sempre considerado uma

    restrio parcial, sendo assim no impede ao

    particular o exerccio do direito ao seu domnio

    inerente, por esse motivo no se d, em regra, o

    direito de indenizao, para ter uma compensao

    pecuniria, ento o proprietrio por conta disso

    dever demonstrar que sofreu alguns prejuzos em

    decorrncia do tombamento, sendo feito isso para

    proteger o bem, o Poder Pblico teve que impor uma

    restrio total, de uma maneira que impea o

    proprietrio de exercer todos os poderes ao domnio,

    para desapropriar o bem e no efetuar o

    tombamento, uma vez que essa restrio passiva.

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    Contudo o tombamento pode ser, quanto

    Constituio ou procedimento, de oficio, voluntario

    ou at mesmo compulsrio; quanto eficcia que

    pode ser provisrio ou definitivo; quanto aos

    destinatrios podendo ser geral ou individual. De

    acordo com o Decreto-lei n 25/37, o tombamento

    distingue-se conforme atinja os bens pblicos ou

    particulares, quando refletido sobre os bens

    pblicos, tendo o tombamento de oficio, que se

    processa conforme a simples notificao entidade

    a quem pertence, esta entidade sendo a Unio, o

    Estado ou Municpio, sob cuja a guarda estiver a

    coisa tombada.

    O tombamento compulsrio, iniciado pelo

    Poder Pblico, mesmo sendo contra a vontade do

    proprietrio. J o tombamento provisrio, que

    ocorre com o proprietrio se notificando, que produz

    os mesmos efeitos que o definitivo, excerto quanto

    transcrio do registro de imveis, sendo exigido

    somente pelo tombamento definitivo. Porem a outra

    classificao de tombamento, sendo elas quanto aos

    destinatrios, considerando o individual, atinge um

    bem determinado, e o outro o geral, que acerta

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    todos os bens citados em um bairro ou em uma

    cidade.

    O tombamento poder atingir bens

    pertencentes a pessoa pblica ou a pessoa privada, o

    mesmo sendo pessoa fsica ou pessoa jurdica. Sendo

    que no primeiro caso o tombamento comunicado,

    ou seja, entidade a quem pertencer ou que esteja

    com a guarda da coisa tombada, com fins de

    produzir os necessrios efeitos. (Artigo 5). Porm o

    Decreto-lei no prev o recurso contra o ato

    administrativo que determina o tombamento. No

    utilizando a nomenclatura tombamento

    compulsrio e voluntario, sendo de qualquer modo

    empregada para as pessoas privadas, que se deve

    admitir que a entidade que foi atingida pelo

    tombamento possa responder perante o Instituto do

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Seria til

    se as razoes focem expostas a contraria, para que

    tambm possa ter interesse no acaso divergente na

    prpria administrao Pblica, expressamente

    conhecidos e devidamente ponderado. Tratando do

    bem da pessoa privada dividindo o tombamento em

    voluntario e compulsrio.

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    O tombamento considerado um meio de

    procedimento, ou seja, de uma sucesso dos atos

    preparatrios at o ato final que a inscrio do

    bem no livro do tombo, ento esse procedimento

    pode variar conforme a modalidade de tombamento,

    isso sendo qualquer das modalidades, tem que

    existir a manifestao do rgo tcnico que no

    mbito federal o Instituto do Patrimnio Histrico

    e Artsitico Nacional.

    Sendo assim no nos parece procedentes a

    crtica, tendo em vista que o dispositivo s ir

    autorizar o cancelamento por motivos de interesse

    pblico, o que requer a motivao, perante o

    judicirio, por parte do Presidente da Repblica.

    Sendo verdade que a proteo do patrimnio

    cultural dever do Estado precisamente pelo seu

    interesse pblico, no sendo menos verdade que

    esse interesse pode, em determinado momento,

    conflitar com os demais, tendo relevantes e

    merecedores de proteo, sendo que um deles ter

    que ser sacrificado para que o critrio da autoridade

    a quem a lei confundiu com o poder de deciso.

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    2 INTERVENO DO ESTADO NA

    PROPRIEDADE: O INTERESSE PBLICO EM

    DETRIMENTO DO INTERESSE PRIVADO

    A propriedade privada no mais absoluta.

    Seu uso no pode opor-se aos interesses gerais,

    mesmo no pas como o Brasil em que a constituio

    assegura o incorruptvel dos direitos respectivos

    vida, liberdade, segurana e propriedade,

    sendo condicionada a uma funo social.

    Aquela propriedade privada, sendo contra

    todos e contra o prprio Estado, no existe mais, e

    para o bem comum o estado pode intervir, valendo-

    se dos institutos da limitao administrativa, da

    servido administrativa em que se inclui o

    tombamento, de uma ocupao temporria, da

    requisio, da desapropriao, do parcelamento e

    edificao compulsria. A interveno na

    propriedade privada conceituada como sendo toda

    a ao em que o Estado, compulsoriamente,

    restringe ou retira direitos dominiais do

    proprietrio. (GASPARINI, 2012, p. 886).

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    A vrios meios em que podem ser utilizados

    pelo Estado para intervir na propriedade privada,

    dependendo ao que se diz respeito quantidade e ao

    regime legal respectivo, estabelecido pelo

    ordenamento jurdico. Esses meios so, limitaes

    administrativas, a ocupao temporria, a servido

    administrativa, na qual se encaixa o tombamento, o

    parcelamento e a edificao compulsrios, que no

    retiram o domnio da interveno na propriedade

    privada. A requisio e a desapropriao, que uma

    hora retira e a outra no retira o domnio, so vistas

    como meios radicais para obter a propriedade

    particular, sendo esses meios a limitao

    administrativa, ocupao temporria, servido

    administrativa, tombamento e registro,

    parcelamento e edificao compulsrios e pr fim a

    requisio.

    A limitao administrativa uma

    interveno na propriedade. conhecida como nada

    imposio do Estado, de carter geral, que

    condiciona direitos dominiais do proprietrio,

    independentemente de qualquer indenizao.

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    As limitaes administrativas

    precedem de ordem pblica (noadmitindo acertos ou composies dosseus respectivos contedos) que seconcretizam sob as trs modalidadesseguintes: positiva, negativa epermissivas. Sendo a primeiraadministrado-proprietrio obrigadoa fazer o que o exige a administraopblica. (GASPARINI, 2012, p. 887).

    Essas espcies de limitaes administrativas

    so exemplos a obrigao de construir muro no

    alinhamento ( o lim