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1 PGMEC PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado MODELAGEM DE SISTEMAS DE TRANSPORTE DE GÁS NATURAL CONTEMPLANDO FALHAS DE EQUIPAMENTOS FRANCISCO GILBERTO ERTHAL RISI

Disserta o vers o final 2012-07-31 - UFF · FRANCISCO GILBERTO ERTHAL RISI MODELAGEM DE SISTEMAS DE TRANSPORTE DE GÁS NATURAL CONTEMPLANDO FALHAS DE EQUIPAMENTOS Dissertação apresentada

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1

PGMEC PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Dissertação de Mestrado

MODELAGEM DE SISTEMAS DE

TRANSPORTE DE GÁS NATURAL

CONTEMPLANDO FALHAS DE

EQUIPAMENTOS

FRANCISCO GILBERTO ERTHAL RISI

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ii

FRANCISCO GILBERTO ERTHAL RISI

MODELAGEM DE SISTEMAS DE TRANSPORTE DE

GÁS NATURAL CONTEMPLANDO FALHAS

DE EQUIPAMENTOS

Dissertação apresentada ao Programa Francisco Eduardo Saboya de Pós- Graduação em Engenharia Mecânica da UFF como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof. Felipe Bastos de Freitas Rachid (TEM/UFF)

Prof. José Henrique Carneiro de Araujo (TCC/UFF)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

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MODELAGEM DE SISTEMAS DE TRANSPORTE DE

GÁS NATURAL CONTEMPLANDO FALHAS

DE EQUIPAMENTOS

Dissertação para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Área de concentração: Termociências

Submetida à aprovação da Banca Examinadora formada pelos professores:

Prof. Felipe Bastos de Freitas Rachid (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense

(Orientador)

Prof. José Henrique Carneiro de Araujo (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense

(Co-orientador)

Prof. Leandro Alcoforado Sphaier (Ph.D.) Universidade Federal Fluminense

Prof. Sérgio Luiz Frey (D.Sc.) Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Dedico esta dissertação de mestrado

à minha esposa Vera e filhas

Carolina e Mariana

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v

Agradecimentos

À Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, pelas condições

propiciadas para a minha formação científica.

À Coordenação e professores do Programa de Pós-graduação de Engenharia

Mecânica pela oportunidade de aprendizado.

Aos professores e amigos, doutores Felipe Bastos de Freitas Rachid e José

Henrique Carneiro de Araújo, pelo estímulo, orientação e ensinamentos transmitidos.

À doutora e professora Denise Faertes, minha ex-chefe na Petrobras e amiga

há muitos anos, meu especial agradecimento pelo acolhimento como membro da sua

equipe de trabalho, e também pelo estímulo, orientação e ensinamentos transmitidos.

Aos demais colegas da Petrobras, Luciana Heil, Leonardo Saker, Flavia

Vieira, Charles Labrunie e Amanda Bouças pelo apoio e amizade que sempre me

dispensaram.

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vi

Sumário

Resumo.............................................................................................................................ix

Abstract ........................................................................................................................... xi

Lista de Figuras ............................................................................................................. xiii

Lista de Tabelas ............................................................................................................ xiv

Nomenclatura ................................................................................................................. xv

Capítulo 1 ......................................................................................................................... 1

Introdução ...................................................................................................................... 1

1.1 Objetivo e Motivação ............................................................................................ 1

1.2 Revisão bibliográfica ............................................................................................ 3

1.3 Organização do trabalho ..................................................................................... 11

Capítulo 2 ....................................................................................................................... 13

Falhas de componentes .................................................................................................13

2.1 Conceituação de falha ......................................................................................... 13

2.2 Modos de falha .................................................................................................... 15

2.2.1 Considerações gerais ...................................................................................... 15

2.2.2 Classes de severidade das falhas .................................................................... 16

2.2.3 Classes de equipamentos e fronteiras ............................................................. 17

2.2.4 Bancos de dados de falhas .............................................................................. 19

2.3 Parâmetros de falha ............................................................................................. 21

2.3.1 Taxa de falha .................................................................................................. 21

2.3.2 Tempo até a falha (TTF) ................................................................................ 24

2.3.3 Tempo médio até a falha (MTTF) .................................................................. 24

2.4 Confiabilidade de um componente ...................................................................... 25

2.4.1 Definições ....................................................................................................... 25

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2.4.2 Função Confiabilidade .................................................................................. 26

2.4.3 Componentes reparáveis - parâmetros de reparo .......................................... 29

2.4.4 Disponibilidade ............................................................................................. 31

Capítulo 3 ....................................................................................................................... 33

Modelagem dos eventos de falha ................................................................................. 33

3.1 Eventos de falha .................................................................................................. 33

3.2 Cenários de falha ................................................................................................. 35

3.3 Simulação das falhas ............................................................................................35

3.4 Seleção dos componentes sujeitos à falha ........................................................... 41

3.5 Valores de referência para λ e MTTR ................................................................. 41

3.5.1 Unidades de Processamento de Gás (UPGNs) ............................................... 42

3.5.2 Estações de Compressão ................................................................................ 44

3.5.3 Jazidas de gás ................................................................................................. 46

3.6 Premissas gerais do modelo de falhas ................................................................. 48

3.6.1 Abrangência dos eventos de falhas ................................................................ 48

3.6.2 Atributos dos parâmetros de falha e reparo ................................................... 48

3.6.3 Cronologia dos eventos de falha .................................................................... 50

Capítulo 4 ....................................................................................................................... 51

Modelagem matemática da rede de gás - fundamentos teóricos .................................. 51

4.1 Princípio físico .................................................................................................... 51

4.2 Classes dos componentes .................................................................................... 52

4.3 Condições adicionais ........................................................................................... 54

4.4 Natureza constitutiva do gás ............................................................................... 55

4.5 Condição inicial para os gasodutos ..................................................................... 56

4.6 Formulação matemática ...................................................................................... 58

4.7 Caracterização do problema de programação linear ........................................... 61

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viii

4.8 Programação linear – Fundamentos da metodologia SIMPLEX ....................... 63

Capítulo 5 ....................................................................................................................... 66

Exemplo de aplicação - simulação de caso .................................................................. 66

Capítulo 6 ...................................................................................................................... 74

Conclusões e Sugestões ................................................................................................ 74

Referências bibliográficas .............................................................................................. 78

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ix

Resumo

Redes de transporte de gás são conhecidas como um meio eficiente de conduzir

o gás por longas distâncias, dos poços de produção aos centros de consumo. Na medida

em que os mercados se expandem, novos poços entram em operação acarretando

modificações e crescimento da infra-estrutura de transporte. Para acomodar esses novos

cenários, um gerenciamento operacional de todo o sistema torna-se necessário, de forma

a assegurar o suprimento de gás a todos os mercados consumidores. Buscando dar a esta

questão um direcionamento simples e adequado, é aqui apresentado um modelo

matemático que tem por objetivo prever o quanto uma determinada rede existente é

capaz de atender a demanda de gás do mercado, levando em conta a ocorrência de

eventos de falhas aleatórias de seus principais componentes, tais como estações de

compressão, unidades de processamento de gás e poços de produção.

Ao invés de considerar o princípio da conservação da quantidade de movimento

linear, uma abordagem de programação linear é empregada para emular o movimento

do gás através da rede, maximizando um functional linear adequadamente postulado,

sujeito às restrições impostas pelo princípio da conservação da massa, pelas equações de

compatibilidade e limitações físicas dos componentes da rede, os quais formam o

conjunto de restrições em termos de igualdades e desigualdades lineares. Falhas

aleatórias são consideradas no modelo como restrições adicionais, e seu impacto no

sistema pode ser medido pelos volumes que deixaram de ser entregues devido às

mesmas.

Esta abordagem alternativa constitui-se em problema típico de programação

linear, simplificando consideravelmente a solução numérica do problema, ao mesmo

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x

tempo em que confere simplicidade, generalidade e robustez ao modelo. Assim, dada a

infraestrutura da rede de transporte, a capacidade das fontes de produção de gás, a

demanda de cada centro consumidor, as capacidades máximas dos componentes da

rede, bem como suas taxas de falha e tempos de reparo, cabe ao modelo fornecer a

evolução temporal da produção e consumo efetivos em toda a rede, verificando

automaticamente todas as restrições associadas. Aspectos importantes, tais como, o

empacotamento e desempacotamento do gás na rede são também considerados no

modelo, habilitando o mesmo como ferramenta auxiliar no gerenciamento operacional.

Um exemplo numérico é apresentado com o propósito de ilustrar a capacidade

do modelo de prever eventos importantes nas redes de transporte, tais como, situações

operacionais onde a produção de gás se torna inferior à capacidade máxima das jazidas,

situações de desabastecimento dos centros de consumo, efeitos do empacotamento e

desempacotamento do gás, efeitos das falhas aleatórias dos componentes sobre o

sistema e outras situações.

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Abstract

Gas transport networks are known as an efficient way of transporting gas

through long distances, from production wells to consumer centers. As the consumer

market begins to grow rapidly, new production wells come into operation. As a result,

an expressive increase in the gas network is experienced. To accommodate this new

scenario, complex operational management of the whole system is required in order to

ensure gas delivery to all markets. To properly address this problem in suitable and

simple way, it is presented here a mathematical modeling which aims to forecast the

capability of an existing gas network in attending the gas demand of whole market

taking into account random failures in components such as compressors, gas processing

units and wells.

Instead of considering the momentum conservation principle, a linear

programming approach is employed to emulate the gas motion through the network by

maximizing a linear functional suitably postulated, subjected to the restrictions imposed

by the mass conservation principle, along with compatibility conditions and some

physical limitations of the components of the network, which form the set of restrictions

in terms of linear equalities and inequalities. Random failures of components are

considered in this model as additional restrictions. Thus, by specifying the failure rate

and the mean time to repair, for each component, the impact of the failures are properly

accounted for in the simulation.

This alternative approach forms a typical problem of linear programming which

simplifies considerably the numerical solution of the problem, rendering a simple,

robust and quite general model. Thus, given the infrastructure of the network, the gas

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xii

production capacity, the gas demand of each consumer market, the maximum capacity

of each component, as well as its failure rate and mean time to repair, the model predicts

the temporal evolution of the effective production and consumption in the whole

network, verifying automatically all the associated constraints. Important features such

as packing and unpacking phenomena in the gas network are considered, enabling the

model as a promising tool in the task associated with operational management.

A numerical example is presented in order to illustrate the capability of the

modeling in properly predicting important events in natural gas networks, such as

operational situations in which the effective production becomes inferior to its

maximum capacity, gas shortages, the packing and unpacking effect in the gas pipeline,

the net effect of random fails of the components on the system response and others

situations.

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Lista de Figuras

Figura 2.1: Linha de processo com válvula de controle ............................................ 16

Figura 2.2: Fronteiras de compressores ...................................................................... 19

Figura 2.3: Curva de taxa de falha versus tempo ....................................................... 22

Figura 2.4: Curva típica de confiabilidade de um componente (λ= cte).................... 26

Figura 2.5: Distribuição exponencial (λ= cte) ........................................................... 29

Figura 3.1: Parâmetros de falha. TTF, TTR, CLF ..................................................... 34

Figura 3.2: Séries temporais de falhas aleatórias ...................................................... 35

Figura 3.3: Determinação dos tempos TTF do componente ..................................... 36

Figura 3.4: Impacto das falhas num sistema simplificado ......................................... 37

Figura 3.5: Configuração de uma rede hipotética de gás ...........................................38

Figura 3.6: Curvas de produção e consumo (sem falha) ............................................ 39

Figura 3.7: Curvas de produção e consumo com falha na Jazida (30%) ................... 39

Figura 3.8: Curvas de produção e consumo com falha na Jazida (50%) .................. 40

Figura 3.9: Cronologia das falhas ............................................................................. 50

Figura 5.1: Rede e componentes ............................................................................... 67

Figura 5.2: Tempos de falha dos componentes para um período de 30 dias ............. 68

Figura 5.3: Curvas de produção efetiva das jazidas J1 e J2 (sem falha) .................... 69

Figura 5.4: Curvas de demanda/consumo efetivo na cidade/indústria (sem falha) .... 69

Figura 5.5: Curvas de produção efetiva de gás nas Jazidas 1 e 2 (com falha) .......... 71

Figura 5.6: Curvas de demanda e consumo na cidade (com e sem falha) ................. 71

Figura 5.7: Curvas de demanda e consumo na indústria (com e sem falha) .............. 71

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Taxas de falha de válvula de controle ...................................................... 16

Tabela 2.2: Equipamentos rotativos - modos de falha ................................................. 18

Tabela 2.3: Dados de falha (formato OREDA) ........................................................... 20

Tabela 3.1: Dados dos componentes ............................................................................ 38

Tabela 3.2: Valores de λ e MTTR de UPGNs ............................................................. 43

Tabela 3.3: Dados da Estação de Compressão A ........................................................ 44

Tabela 3.4: Dados da Estação de Compressão B ........................................................ 45

Tabela 3.5: Dados das Jazidas de Gás .......................................................................... 46

Tabela 4.1: Classes dos componentes .......................................................................... 52

Tabela 4.2: Termos nulos da Eq. (4.1) por classe de componente ............................... 53

Tabela 5.1: Dados de entrada dos componentes no modelo ........................................ 73

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xv

Nomenclatura

TGNET Transient Gas Network

TARO Total Asset Review & Optimization

RAM Reliability, Availability and Maintainability

ABNT

ISO

OREDA

AICHE

IEEE

a

d

h

TTF

T

MTTF

MTTR

R(t)

λ(t)

f(t)

pdf

F(t)

cdf

UPGN

Ecomp

Jazida

A(t)

Ā(t)

)(nV

)(n

jS

Associação Brasileira de Normas Técnicas

International Standard Organization

Offshore Reliability Data

American Institute of Chemical Engineers

Institute of Electrical and Eletronics Engineers

ano

dia

hora

Tempo decorrido até a falha (Time to failure), d

Igual a TTF, d

Tempo médio até a falha (Mean time to failure), d

Tempo médio de reparo (Mean time to repair), d

Função confiabilidade

Taxa de falha, a-1 ou d-1

Função densidade de probabilidade de falha

Probability density function

Função distribuição acumulada de falha

Cumulative distribution function (igual a F(t))

Unidade de Processamento de Gás Natural

Estação de compressão

Poço de produção de gás natural

Função disponibilidade

Função indisponibilidade

Volume de gás dentro do enésimo componente no instante de tempo t,

Nm3 (normal metro cúbico)

Vazão mássica que sai do n-ésimo componente através da j-ésima saída

no instante de tempo t , Nm3/d

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)(niE

)(nC

)(nP

N

M

)(max nV

)(max nP )(max n

jS )(max n

iE )(max nQ

Z

SPC

R

refT

refp

MP

D

L

1p

2p

Vazão mássica que entra no n-ésimo componente através da i-ésima

entrada no instante de tempo t , Nm3/d

Taxa instantânea de consumo do n-ésimo componente no tempo t ,

Nm3/d

Taxa instantânea de produção do n-ésimo componente no tempo t ,

Nm3/d

Número total de componentes de uma rede de transporte de gás

Número de componentes da classe Transporte

Capacidade máxima de estocagem do componente n, Nm3/d

Taxa máxima de produção de gás do componente n, Nm3/d

Vazão máxima de saída nos componentes da classe transporte, Nm3/d

Vazão máxima de entrada nos componentes da classe transporte, Nm3/d

Máxima vazão mássica no duto, Nm3/d

Fator de compressibilidade do gás

Poder calorífero superior do gás, kcal/Nm3

Constante universal dos gases

Temperatura de referência (20 °C)

Pressão absoluta de referência (1 atm)

Pressão média absoluta dentro do gasoduto, kgf/cm2

Diâmetro interno do duto, polegadas

Comprimento do duto, km

Pressão absoluta na entrada do duto, kgf/cm2

Pressão absoluta na saída do duto, kgf/cm2

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Objetivo e Motivação

Redes de transporte de gás natural são cadeias complexas que incluem unidades

de produção, unidades de processamento, gasodutos, unidades de compressão e

instalações de entrega de gás (interfaces entre as redes de transporte e as redes de

distribuição de gás), com o fim de conduzir o gás por longas distâncias, dos poços de

produção até os mercados consumidores.

Na medida em que os mercados se expandem, novos poços entram em operação

acarretando modificações e crescimento da infra-estrutura de transporte. Para acomodar

esses novos cenários, um gerenciamento operacional de todo o sistema torna-se

necessário, de forma a assegurar o suprimento de gás a todos os mercados

consumidores.

Em sistemas complexos de transporte de gás a existência de modelos de

simulação confiáveis, e ao mesmo tempo simples, são cruciais para subsidiar tomadas

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2

de decisão, principalmente quando o objetivo é evitar períodos de desabastecimento e

situações críticas de baixo nível nos estoques.

O presente trabalho teve como base o modelo matemático publicado no

Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica - COBEM 2007 (Carneiro Araújo et al.,

2007), o qual foi desenvolvido com o fim de prever o comportamento das redes de

transporte de gás natural, desde os poços de produção até os mercados consumidores.

Buscou ampliar a abrangência do modelo existente, nele introduzindo parâmetros de

confiabilidade e eventos de falhas aleatórias dos componentes da rede, sem, no entanto,

alterar sua estrutura básica (Risi, F.G.E., Rachid, F.B.F., Araujo, J.H.C., CONEM

2010). Assim, uma vez definida a infra-estrutura física da rede de transporte, as vazões

de oferta e demanda de gás, as capacidades máximas dos componentes, as taxas de falha

e os tempos de reparo dos componentes, o modelo é capaz de fornecer a evolução

temporal das vazões de produção e consumo efetivos de gás, a variação temporal dos

estoques, os períodos de desabastecimento e o déficit de gás para cada consumidor,

levando em consideração a ocorrência de falhas aleatórias dos componentes da rede.

A inclusão de parâmetros de falha no modelo permite que os perfis das curvas de

produção e consumo de gás reflitam com mais realidade o comportamento da rede, pois

a ocorrência de falhas de componentes, além de ser um fenômeno inerente ao processo,

tem impacto significativo em toda a cadeia de suprimento.

A capacidade de previsão do modelo está fundamentada numa formulação

matemática consistente, a qual atende de forma satisfatória os requisitos de descrição

apropriada dos principais fenômenos físicos envolvidos, de utilização do menor número

possível de dados de entrada, além de dotação de boas propriedades matemáticas no que

concerne à solução (existência e unicidade). O atendimento a tais requisitos, aliado à

facilidade de utilização do modelo, permite que o mesmo possa ser aplicado como

ferramenta de apoio à tomada de decisão gerencial.

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Para ilustrar a aplicabilidade do modelo proposto e a importância das falhas de

componentes no comportamento das curvas de produção e consumo, é apresentado no

final da Dissertação um exemplo tipicamente presente nas redes de transporte de gás.

1.2 Revisão bibliográfica

Os modelos computacionais que simulam as condições de operação das redes de

transporte de gás natural vêm assumindo importância cada vez maior como ferramentas

de análise e planejamento. Dependendo do grau de complexidade do sistema em estudo

e do objetivo pretendido, a utilização desses modelos torna-se fundamental. As

metodologias aplicadas na modelagem dos sistemas de rede buscam tipicamente

encontrar uma condição operacional ‘ótima’. Isto pode ser uma tarefa desafiadora,

desde que um grande número de restrições (igualdades e desigualdades) tenha que ser

imposta. Duas abordagens são classicamente encontradas na modelagem computacional

das redes de transporte de gás: simulação numérica e otimização matemática (Tabkhi,

F., 2007).

A simulação numérica busca reproduzir o comportamento das redes para

condições especificadas das variáveis de controle e limites de contorno, sem, no

entanto, assegurar que os resultados encontrados são ‘ótimos’ sob o aspecto de

desempenho global do sistema. Devido à importância hoje atribuída ao aspecto

desempenho das redes, muita ênfase tem sido dada ao desenvolvimento de novas

abordagens de otimização, com aplicações direcionadas tanto para novos projetos como

para projetos existentes. Embora as metodologias de otimização normalmente adotem

simplificações nos modelos, elas podem fornecer ótimos resultados para objetivos

específicos.

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4

Os chamados modelos de rede configuram uma classe de modelos de simulação

muito aplicados ao estudo das redes de gás. Neles, as redes são representadas por nós

interligados por arcos. Os nós representam, tanto fontes de suprimento como pontos de

consumo, e os arcos os fluxos entre as fontes e os pontos de consumo. Em cada nó o

balanço de massa entre os fluxos de entrada e saída é equalizado. Esses modelos são

bastante utilizados nas abordagens de otimização e são fundamentados em técnicas de

programação linear e não linear, as quais buscam otimizar a alocação ‘ótima’ do gás.

Uma aplicação muito utilizada é a alocação ‘ótima’ em termos econômicos. Nesse caso,

uma função de custo é minimizada, considerando todas as condições contratuais

previstas para o transporte do gás, incluindo multas, tarifas e penalidades envolvidas.

Uma revisão bibliográfica foi realizada sobre o estado da arte das tecnologias

aplicadas na modelagem das redes de transporte e distribuição de gás natural. Os tópicos

a seguir referenciam alguns trabalhos publicados sobre o tema em periódicos científicos,

bem como alguns softwares de simulação muito utilizados atualmente.

� Metodologias de otimização aplicadas a redes de gás natural

Uma visão geral sobre a abordagem de otimização aplicada à indústria do gás é

apresentada no capítulo 3 da tese de doutorado “Dissertation for the degree of

Philosophie Doctor” (Sanchez, C. B., 2010). Segundo o autor, um considerável número

de modelos matemáticos já foram desenvolvidos com foco na otimização dos processos

de exploração, produção, processamento, tratamento, transporte e distribução do gás

natural, e milhões de dolares puderam ser economizados por meio da utilização de

metodologias de otimização, aplicadas na infraestrutura dos sistemas de transporte e no

planejamento e gerenciamento operacional dos mesmos. Na sua forma mais simples, a

metodologia de otimização busca minimizar, ou maximizar, uma função objetivo

(função de valor real com várias variáveis), a qual é sujeita a um conjunto de restrições

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representadas por um sistema de equações e inequações. A técnica utilizada para

resolver esse problema, seleciona sistematicamente as soluções que estão dentro do

conjunto das soluções viáveis e se situam próximas dos valores mínimos, ou máximos,

da função objetivo. A aplicação mais simples de otimização matemática é a

programação linear (PL), cuja característica básica é a linearidade da função objetivo e

das equações e inequações que representam as restrições. Caso a função objetivo, ou as

restrições, ou ambas, contenham termos não lineares, técnicas de programação não

linear (PNL) passam a ser requeridas. As técnicas de programação linear inteira mista

(PLIM) e de programação não linear inteira mista (PNLIM) aplicam-se aos problemas

contendo variáveis inteiras e contínuas.

� Modelo computacional MSGTL - Management System for Natural Gas

Transportation Logistic (Santos, S. P. et al., 2011):

Modelo voltado para a gestão da logística de sistemas de transporte de gás.

Objetivos principais: maximizar o suprimento de gás aos consumidores, mitigar riscos

de penalidades contratuais dos diversos agentes da cadeia de transporte, quantificar o

nível de disponibilidade e a capacidade de transporte de gás do sistema, otimizar a

alocação do gás disponível, e gerenciar situações contingenciais de transporte e

suprimento. A metodologia adotada na concepção do MSGTL inclui as seguintes

atividades:

1- Modelagem da rede de transporte de gás considerando os dados de entrada

da infra-estrutura física, perfis de elevação, equações de escoamento do gás,

temperatura e outros parâmetros;

2- Simulação de Monte Carlo para falhas de equipamentos: modelo estatístico

que considera os principais componentes da rede com as respectivas taxa de falha;

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6

3- Simulação termodinâmica utilizando o software Pipeline Studio: avalia o

comportamento operacional da rede sob diferentes cenários em regime permanente e

transiente, verificando a capacidade total de transporte do sistema. O simulador aplicado

utiliza os princípios da conservação da massa, da quantidade de movimento e energia;

4- Avaliação da disponibilidade do sistema: compara os resultados da

freqüência de falha (atividade 2) e a capacidade de transporte do sistema (atividade 3);

5- Estudo de viabilidade econômica considerando premissas econômicas como

taxa de retorno, ciclo de vida do projeto, perda de receita e penalidades contratuais;

6- Programação linear matemática: Uma função objetivo maximiza a alocação

do gás nos consumidores sob o ponto de vista do ‘ótimo econômico’, minimizando os

efeitos do desabastecimento por restrição da capacidade de transporte, levando em conta

o estoque de gás empacotado nos gasodutos (line pack), o balanço de oferta e demanda

de gás, preço do gás e penalidades por descumprimentos contratuais. O programa define

quais pontos são completamente atendidos e quais serão parcialmente atendidos, ou

mesmo cortados, de acordo com critérios de prioridade previamente estabelecidos.

7- Processamento das atividades anteriores no módulo integrador do modelo.

� Modelo integrado de otimização e planejamento do transporte e

distribuição de gás natural (Hamedi, M., et al., 2008):

Formulado como um problema de programação não linear inteira mista

(PNLIM), o modelo tem como objetivo a minimização dos custos envolvidos nos

principais processos da indústria de gás natural: exploração, produção, processamento,

transporte e distribuição. O processo de transporte (movimentação do gás desde os

poços de produção até as estações de entrega) está associado à movimentação de

grandes volumes de gás a altas pressões, contrariamente ao processo de distribuição

(movimentação do gás das estações de entrega aos consumidores finais), normalmente

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associado a vazões e pressões menores. A função objetivo desse modelo matemático

minimiza o somatório dos custos relativos às diversas etapas dos processos: extração,

produção, transporte do gás para as unidades de processamento; compressão e

transporte para os poços de injeção e estações de entrega de gás; estocagem;

distribuição para os consumidores individuais. A funcão objetivo também considera a

precificação do gás, tarifas e penalidades contratuais em geral. As equações e

inequações que compõem o conjunto de restrições impostas à função objetivo incluem

as limitações físicas dos componentes da rede incluindo suas capacidades máximas,

restrições impostas pelo balanço das vazões de entrada e saída em cada nó da

configuração da rede, condições de continuidade do escoamento do gás e restrições

relativas às variáveis binárias consideradas no modelo. A ocorrência de eventos de falha

dos componentes da rede de gás não é considerada no modelo.

� Modelo para gestão dos estoques de gás natural das redes de gasodutos

(Sanchez, C. B. et al., 2010).

Modelo de otimização com aplicação de programação não linear inteira mista

(PNLIM). Maximiza o fluxo do gás natural pela rede num dado horizonte de tempo,

levando em conta o fenômeno físico de compactação / descompactação do gás nos

gasodutos (line pack). O modelo parte da idéia de que os gasodutos não servem apenas

como elementos de ligação entre as fontes de produção e os mercados consumidores de

gás, mas funcionam também como reservatórios de armazenamento de estoques de

segurança. Devido à natureza compressível do gás, consideráveis reservas podem ser

armazenadas nos gasodutos, para subseqüente utilização nos períodos de alta demanda,

quando a mesma se torna superior à capacidade de oferta das fontes produtoras. Ou seja,

a compactação do gás otimiza o enchimento dos gasodutos quando existe excedente de

oferta de gás, ao mesmo tempo em que a descompactação otimiza o atendimento à

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demanda nos períodos de déficit da oferta. Asssim, a manutenção de uma quantidade

adequada de gás nos gasodutos, torna-se uma questão bastante relevante para o

transportador. Uma das premissas básicas consideradas no modelo é escoamento

isotérmico do gás em regime permanente (steady-state). Eventos operacionais como

paradas programadas para manutenção e inspeção são previstos no modelo. Entretanto,

eventos de falha dos componentes da rede não são considerados.

� Modelo para otimização “on line” de redes de gasodutos (Marqués, D. et

al., 1985).

O modelo propõe um algorítmo para otimização “on line” de redes de

transporte de gás natural utilizando programação quadrática. Tem como foco a

minimização da energia gasta na movimentação do gás realizada pelas estações de

compressão das redes. Segundo o autor, estas estações consomem quantidades

significativas de energia, e frequentemente utilizam políticas operacionais estabelecidas

por critérios de tentativa e erro, utilizando simuladores. Isto deve-se em grande parte à

complexidade do sistema, sua não linearidade operacional, e restrições operacionais

presentes no processo. A abordagem de otimização “on line” utiliza um simulador

dinâmico que prevê o comportamento da rede a partir de uma política operacional

estabelecida. Um otimizador de programação quadrática sucessiva computa a política

‘ótima’ dentre aquelas propostas.

� Softwares de simulação utilizados na modelagem de redes de gás natural

Existem hoje no mercado diversos softwares de simulação voltados para redes

de transporte em geral. Uma descrição sucinta de alguns desses softwares é apresentada

nos parágrafos a seguir tendo em vista estabelecer referências.

O software conhecido pelo nome genérico TGNET (Transient Gas Network),

representa uma família de softwares de simulação inteiramente voltados ao estudo do

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comportamento termo-fluido-dinâmico das redes de gás, tendo como fundamento os

princípios básicos da teoria da mecânica dos fluidos (conservação da massa, da

quantidade de movimento linear e da energia). Aplicações típicas desses softwares

incluem simulações de escoamento de gás em regime permanente e transiente,

dimensionamento de dutos, determinação de requisitos para sistemas de compressão,

análises de vazamento em gasodutos, simulação de cenários de transporte e suprimento

de gás. As simulações em regime transiente são extremamente úteis quando da análise

dos efeitos da falha de um componente sobre todo o sistema. Por exemplo, o efeito da

parada de produção de um poço de gás natural pode ser simulado atribuindo à vazão de

saída deste poço um valor igual a zero. A partir daí, o software fornece, numa base

temporal, os perfis de vazão e pressão dos pontos de consumo a jusante do poço,

levando em conta o empacotamento (line pack) do gás na rede. Os tempos de sobrevida

de abastecimento dos pontos de consumo supridos pelo poço podem dessa forma ser

determinados. Este tipo de simulação visa estritamente avaliar o impacto da falha de um

determinado componente sobre as variáveis de escoamento do gás no sistema,

principalmente a pressão e a vazão. A aplicação dos princípios da teoria da mecânica

dos fluidos requer, no entanto, que os softwares de simulação termo-fluido-dinâmicos

tenham um aporte significativo de dados de entrada, envolvendo um grande número de

cálculos para as variáveis do sistema (pressão, vazão, densidade e temperatura), e a

obtenção desses dados nem sempre é uma tarefa fácil e imediata.

O aplicativo conhecido pelo nome TARO (Total Asset Review & Optimization),

desenvolvido pela DNV - Det Norske Veritas, é também muito utilizado no estudo das

redes de transporte de gás, porém, foi desenvolvido para uma aplicação completamente

diferenciada do TGNET apresentado anteriormente. Trata-se de um software de

simulação, voltado para análises de confiabilidade, disponibilidade e mantenabilidade

(em inglês, RAM analysis - Reliability, Availability and Maintainability). Através da

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modelagem de confiabilidade, o software avalia o desempenho da rede de gás em

termos da eficiência no suprimento de gás aos consumidores. O TARO desenvolve

simulações com base em cenários probabilísticos de ciclos de vida da rede em análise.

Tais cenários representam sequências cronológicas de eventos que simulam, em tempo

real, o comportamento do sistema. Os eventos por sua vez, representam as ocorrências

na vida do sistema que afetam seu comportamento, podendo ser eventos programados

(ex.: manutenções preventivas), ou não programados (ex.: falhas aleatórias de

equipamentos). Como produto das simulações, o modelo fornece a eficiência produtiva

da rede (expressa pela razão entre o volume de gás efetivamente entregue aos

consumidores e o volume de gás que foi programado para ser entregue), e os

componentes da rede que mais contribuíram para a perda da eficiência. Tais resultados

permitem identificar ações de melhoria capazes de reduzir a perda da eficiência

produtiva do sistema. A partir daí, análises de sensibilidade podem ser realizadas para

simular os ganhos obtidos com a implementação das proposições de melhoria, bem

como análises do custo benefício dessas melhorias.

� Consideração geral sobre os modelos apresentados acima

Os modelos apresentados anteriormente representam o estado da arte na

modelagem das redes de transporte de gás. São robustos, utilizam tecnologias avançadas

e foram desenvolvidos para resolução de problemas complexos. Por isso, requerem um

aporte significativo de dados de entrada, ao mesmo tempo em que requerem

treinamento mais avançado para a utilização plena de todos os seus recursos.

Dependendo da complexidade e do tamanho da rede que está sendo modelada, os

tempos de simulação podem se alongar.

� Consideração geral sobre o modelo proposto no presente trabalho

O modelo aqui proposto tem o objetivo de prover subsídio à tomada de decisão

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gerencial na resolução de problemas de menor complexidade que os apresentados

anteriormente. Foi desenvolvido não para substituir os modelos anteriormente

abordados, mas visando atender outros atributos, tais como, facilidade de utilização,

necessidade de um pequeno aporte de dados de entrada, e simplicidade quanto aos

princípios aplicados, fundamentados na lei de conservação da massa e em técnicas de

programação linear para emular o movimento do gás através do sistema de transporte,

ao invés de empregar o princípio de conservação da quantidade de movimento linear.

Em adição, leva em conta a ocorrência de falhas aleatórias dos componentes da rede.

Dentro dessa abordagem o modelo maximiza um funcional linear

adequadamente postulado, de forma a representar os principais fenômenos físicos

(como o empacotamento e o desempacotamento dos dutos), submetido a um conjunto

de restrições que representam as limitações físicas e operacionais do sistema. O

princípio da conservação da massa aplicado a cada componente do sistema, aliado às

expressões que caracterizam a compatibilidade entre as ligações dos componentes, às

limitações físicas e operacionais do sistema, e aos eventos de falhas aleatórias dos

componentes, formam o conjunto de restrições, na forma de igualdades e desigualdades

lineares, às quais o funcional a ser maximizado deve satisfazer.

Uma vez especificadas as curvas de oferta e demanda de gás de uma dada rede

de transporte de gás, o modelo fornece o perfil das curvas de produção e consumo de

gás, permitindo daí, realizar previsões sobre a real capacidade desse sistema em atender

as demandas especificadas.

1.3 Organização do Trabalho

Este trabalho está organizado conforme descrito a seguir.

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O capítulo 1 é introdutório, descrevendo o objetivo e a motivação do trabalho,

bem como a revisão bibliográfica realizada.

O capítulo 2 apresenta a conceituação de falha de componentes e a definição

matemática dos principais parâmetros de falha utilizados.

O capítulo 3 discorre sobre os conceitos, premissas e critérios que serviram de

base para a modelagem das falhas.

O capítulo 4 descreve os aspectos teóricos que fundamentam a modelagem

matemática, incluindo a apresentação das equações derivadas do princípio físico da

conservação da massa e das condições de compatibilidade das interligações dos

elementos da rede. Apresenta também outras condições adicionais, como falhas

aleatórias de componentes, e as equações e inequações que compõem as restrições

físicas do sistema. A abordagem de otimização é apresentada como alternativa ao

princípio da conservação do momento linear, juntamente com a formulação matemática

do funcional linear a ser maximizado.

O capítulo 5 apresenta um exemplo de aplicação, através da simulação de

cenários operacionais típicos de redes de transporte de gás.

O capítulo 6 discorre sobre as conclusões do trabalho e sugestões para o

aprimoramento futuro do modelo.

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Capítulo 2

Falhas de Componentes

2.1 Conceituação de falha

Falhas são fenômenos inerentes a qualquer atividade humana. Podemos afirmar

que não existe componente inteiramente imune a falhas. O homem primitivo certamente

conviveu com esse tipo de evento já nos primeiros dispositivos que produziu,

provavelmente artefatos de caça e coleta. Ao longo de toda a trajetória do

desenvolvimento tecnológico, a tentativa de reduzir ou minimizar falhas sempre

representou um grande desafio, e ao mesmo tempo um caminho natural para o

aprendizado humano. Muito progresso foi alcançado no processo de entendimento dos

mecanismos de falha. Por outro lado, na medida em que as tecnologias evoluíram, os

mecanismos de falha se tornaram mais complexos.

As falhas apresentam-se quase sempre associadas à variabilidade intrínseca dos

materiais, processos, e fatores humanos. Daí sua natureza ser mais probabilística do que

determinista. Conforme mencionado em “Introduction to Reliability in Design” (Smith,

C. O., 1976), as falhas resultantes de interações de calor, campos elétricos e magnéticos,

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carregamentos estáticos, vibrações e muitas outras, são mais adequadamente descritas

quando traduzidas em termos probabilísticos. A análise probabilística de falhas é uma

das principais ocupações da engenharia de confiabilidade, sendo importante provedora

de subsídios para ações minimizadoras dos efeitos associados aos eventos de falha.

Neste trabalho, interessa-nos em particular estudar a influência das falhas

aleatórias no comportamento operacional das redes de transporte de gás natural, avaliar

seu impacto sobre as curvas de produção e consumo, bem como quantificar as perdas

associadas às falhas, traduzindo-as em termos de volumes de gás que deixaram de ser

produzidos ou entregues.

Num sentido geral, o termo ‘falha’ pode ser entendido como não conformidade

em relação a um critério de desempenho pré-estabelecido. A norma brasileira aplicável

à coleta e intercâmbio de dados de confiabilidade e manutenção de equipamentos da

indústria de petróleo e gás natural (ABNT NBR ISO 14224, 2011), define falha como o

término da capacidade de um item desempenhar sua função requerida. O termo

“componente” é aqui utilizado com grande abrangência, podendo significar uma

instalação inteira. Na prática, a falha de um item pode resultar na perda integral ou

parcial da função requerida do sistema, ou até mesmo em nenhuma perda dessa função,

caso exista redundância do item na instalação que assegure a continuidade operacional

do sistema após a falha. Por exemplo, numa estação de compressão com dois

compressores (A e B) em paralelo, com A operando e B em “stand-by”, a falha do

compressor A faz o compressor B entrar em operação. Nesse caso, apesar da falha do

componente A, a função requerida da estação de compressão foi preservada.

A definição da norma (ABNT NBR ISO 14224, 2011) remete ao conceito de

falha funcional, entendida como a incapacidade do componente desempenhar sua

função de acordo com um padrão de desempenho previamente determinado. Assim,

para caracterizar se um componente falhou ou não em serviço, é necessário que as suas

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funções tenham sido previamente definidas. Sendo a falha de um componente

caracterizada como um desvio em relação a um padrão de desempenho especificado,

qualquer alteração na especificação desse padrão implica na necessidade de reavaliar a

definição de falha funcional do componente.

2.2 Modos de falha

2.2.1 Considerações gerais

A classificação por “modos de falha” é uma prática bastante consolidada na

construção dos bancos de dados de falha. O modo de falha expressa o efeito pelo qual a

falha se manifesta. A apropriação criteriosa dos modos de falha tem importância

fundamental na avaliação quantitativa da confiabilidade de componentes e sistemas.

Usualmente as falhas são agrupadas em modos de falha considerados

probabilisticamente independentes entre si. Em termos matemáticos, significa dizer que

a probabilidade de ocorrência de uma falha do modo X não é influenciada pela

ocorrência de uma falha do modo Y e vice-versa. Atribuindo uma taxa de falha a cada

modo de falha, tem-se como decorrência da independência entre os modos de falha, que

a taxa de falha total de um componente é igual ao somatório das taxas de todos os

modos de falha desse componente, o que é matematicamente demonstrável (Lewis,

1994).

A Figura 2.1 representa uma linha de processo com uma válvula de controle VC1

cujas taxas de falha foram agrupadas por modo de falha, conforme mostrado na Tabela

2.1. De acordo com esta tabela os cinco modos de falha contribuem para um valor de

taxa de falha da válvula igual a 15 ocorrências em 10.000 horas operacionais (15/104h).

No entanto, a importância relativa dos modos de falha varia conforme a função sob

análise (Smith, D. J., 1997).

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Por exemplo, se a perda de suprimento na linha de processo LP é o foco

principal de atenção, o modo de falha relevante a ser considerado é “falha fecha” com 7

ocorrências/104h. Por outro lado, se o foco de atenção é evitar o risco de sobre-pressões

à jusante, o modo de falha relevante a ser considerado é “falha abre” com 3

ocorrências/104h. De um modo geral, considera-se para o cálculo da taxa de falha de um

componente, o somatório dos modos de falha que implicam em perda da função total ou

parcial desse componente.

Modo de falha Taxa de falha

(ocorrências /104h)

Falha fecha (FF) 7

Falha abre (FA) 3

Vazamento externo 2

Opera com atraso 2

Chave limite falha em operar 1

Total 15

Como veremos mais adiante, a confiabilidade é definida como uma função da

taxa de falha do componente. Esta por sua vez é o resultado do somatório das taxas de

falha atribuídas aos modos de falha desse componente.

2.2.2 Classes de severidade das falhas

Os modos de falha são comumente agrupados de acordo com a classe de

severidade da falha. Uma das mais reconhecidas publicações sobre dados de falha,

intitulada Offshore Reliability Data (OREDA), agrupa os modos de falha nas seguintes

classes de severidade:

Tabela 2.1 - Taxas de falha de válvula de controle

Figura 2.1 - Linha de processo com 1 válvula de controle

LP

VC1

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Falha crítica: falha que causa a cessação de uma ou mais funções fundamentais

do componente. Requer normalmente ação corretiva imediata, visando restituir a(s)

função(ões) requerida(s).

O modelo de falhas apresentado neste trabalho considera apenas esta classe de

severidade.

Falha degradada: falha que pode ser gradual, parcial, ou ambas, não cessando

de pronto as funções fundamentais requeridas do componente, podendo, no entanto,

comprometer ao longo do tempo uma ou mais dessas funções. Por exemplo, pequenas

variações nos parâmetros de saída de um componente (pressão, temperatura ...), tratadas

inicialmente como falhas degradadas, podem ao longo do tempo, se tornar críticas.

Dessa forma, as falhas degradadas normalmente não requerem ação corretiva imediata,

mas certamente ações corretivas programadas.

Falha incipiente: imperfeição no estado ou condição do componente, de modo

que possa vir a resultar numa falha degradada ou crítica, caso nenhuma ação corretiva

seja tomada.

2.2.3 Classes de equipamentos e fronteiras

Os bancos de dados de falha apresentam os modos de falha classificados por

grupos de equipamentos, normalmente em função do tipo, características comuns e grau

de importância. A norma que estabelece diretrizes aplicadas à coleta e intercâmbio de

dados de confiabilidade e manutenção nas áreas de petróleo, petroquímica e gás natural,

(ABNT NBR ISO 14224, 2011), agrupa os modos de falha por categorias de

equipamentos: rotativos, mecânicos, elétricos, controle e segurança, produção

submarina, completação e perfuração de poços. Como ilustração, a Tabela 2.2 reproduz

os modos de falha recomendados pela norma para a categoria de equipamentos

rotativos.

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Classe do Equipamento Modos de Falha

Mot

or a

co

mbu

stão

Com

pres

sor

Ger

ador

el

étric

o

Mot

or

elét

rico

Tur

bina

a

gás

Bom

ba

Tur

bina

a

vapo

r

Tur

bo

expa

nsor

Descrição Exemplos

Cód

igo

x x x x x x x x Falha na partida sob demanda

Não ocorre a partida sob demanda

FTS

x x x x Falha na parada sob demanda

Não ocorre a parada sob demanda

STP

x x x x x x x x Parada espúria Parada imprevista UST

x x x x x x x x Ruptura Emperramento BRD

x x x x x x x Saída alta Sobre-velocidade HIO

x x x x x x x x Saída baixa Sub-velocidade LOO

x x x x x x x Saída errática Oscilante, instável ERO

x x x Vazamento externo -combustível

Gás fornecido ELF

x x x x x Vazamento externo - fluido de processo

Óleo, gás, condensado, água ELP

x x x x x x x x Vazamento externo - fluido de utilidade

Lubrificante, água de resfriamento ELU

x x x x x x Vazamento interno Fluidos de processo ou utilidade

INL

x x x x x x x x Vibração Vibração anormal VIB

x x x x x x x x Ruído Ruído anormal NOI

x x x x x x x x Sobreaquecimento Partes de máquinas, exaustor, água de resfriamento

OHE

x x x x x x Entupido/obstruído Restrição (ões) fluxo PLU

x x x x x x x x Desvio de parâmetro

Excedendo os limites (ex. alarme alto/baixo)

PDE

x x x x x x x x Leitura anormal do instrumento

Alarme falso, indicação de falha no instrumento

AIR

x x x x x x x x Deficiência estrutural

Danos materiais (trincas, desgaste, fratura, corrosão)

STD

x x x x x x x x Problemas menores em serviço

Itens frouxos, descoloração, sujeira

SER

x x x x x x x x Outros Modos de falha não abrangidos acima OTH

x x x x x x x x Desconhecido Informação insuficiente

UNK

Tabela 2.2 - Equipamentos rotativos - modos de falha (classificação ABNT NBR ISO 14242:2011

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Com o objetivo de poder comparar os eventos de falha de equipamentos de

mesmo tipo, porém instalados em diferentes plantas de processo, foi criado o conceito

de fronteira, o qual define quais as partes associadas ao equipamento são consideradas

essenciais para a sua função. Dessa forma, com os modos de falha padronizados, é

possível comparar as taxas de falha dos equipamentos de mesmo tipo de diferentes

instalações.

A Figura 2.2 foi retirada da publicação Offshore Reliability Data (OREDA,

2002) e ilustra a linha de fronteira aplicada à classe de equipamento “compressores”,

com os subconjuntos que o compõem.

2.2.4 Bancos de dados de falha

A concepção de plantas industriais que sejam custo-eficientes vem merecendo

atenção cada vez maior. Dentro dessa ótica, a apropriação sistematizada das ocorrências

válvula de reciclo

Entrada de gás de

condicionamento

Condicionamento

entre estágios

Sistema

de partida

Sistema

motriz

Transmissor

de força Resfriador

Sistema de

lubrificação

Sistema de controle e

monitoração

Sistema de óleo de selagem

Miscelânea

Compressor

estagio 1

estagio 2

válvula de entrada

Figura 2.2 - Fronteira para compressores

Re

frig

era

nte

En

erg

ia

Inst

rum

enta

ção

re

mo

ta

En

erg

ia

Re

frig

era

nte

Fronteira

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20

de falha dos equipamentos, de acordo com padrões normativos internacionais, assume

maior significado. O histórico de falhas dos equipamentos representa importante

subsídio para o projeto e a análise do desempenho das plantas de processo.

Alguns anos de coleta e tratamento de dados de falha podem ser necessários até

que se obtenha um histórico de informações e dados capazes de permitir análises

estatísticas mais confiáveis sobre as falhas dos equipamentos. A sistematização das

atividades de coleta e tratamento de dados trás, portanto, resultados no longo prazo,

devendo ser planejada e executada de acordo com objetivos bem definidos. Dentro do

tratamento dos dados insere-se a identificação das causas das falhas e a análise dos

mecanismos das falhas. Ambas representam elementos chave para a melhoria dos

projetos e aumento da confiabilidade da planta. A Tabela 2.3 mostra, a título de

exemplo, o formato de apresentação (OREDA, 2002), dos dados históricos de falha

relativos a equipamentos rotativos.

Taxonomia nº

Item

Tempo de serviço agregado (106 horas) População Instalações

Tempo calendário Tempo operacional

Nº de demandas

Taxa de falha (por 106 horas) Reparo (hh) Modo de falha

nº de

falhas Infer. média Super. desvio padrão

n/k

Reparo ativo (hs)

mín médio máx

Crítico - -

Degradado - -

Incipiente - -

Esclarecimentos sobre alguns campos da Tabela 2.3 são dados a seguir:

Número de Taxonomia e Item: Identificação numérica do item baseada em uma

sistemática de classificação em grupos genéricos. A descrição do item obedece a uma

estrutura hierárquica pré-definida.

Tabela 2.3 - Dados de falha (formato conforme OREDA 2002)

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População: O número total de itens que formam a base para as estimativas.

Instalações: Número total de instalações levantadas para o item em questão.

Tempo agregado em serviço: Tempo agregado em serviço para a população total

do item considerado. O tempo calendário contabiliza o tempo corrido, enquanto o tempo

operacional contabiliza apenas o tempo efetivo em que o item permaneceu operante.

Número de falhas: número total de eventos de falha, distribuídos nas classes de

severidade, para cada sub-unidade e componente.

Taxa de falha média: estimativa da taxa de falha média relativa ao modo de

falha especificado.

Taxa de falha (inferior / superior): intervalo de 90% de incerteza.

n/k: número total de falhas dividido pelo tempo total em serviço, ou seja, a

estimativa da taxa de falha para uma amostra homogênea.

Tempo de reparo ativo: tempo efetivo de manutenção requerido para reparar e

retornar o item ao estado no qual ele esteja pronto para realizar suas funções.

Cabe destacar a existência de outros bancos de dados de falha de equipamentos

desenvolvidos por organismos de renome internacional, tais como: AICHE (American

Institute of Chemical Engineers) e IEEE (Institute of Electrical and Eletronics

Engineers).

2.3 Parâmetros de falha

2.3.1 Taxa de falha

A taxa de falha é um parâmetro clássico de confiabilidade, e é tradicionalmente

designada pela letra grega λ (lambda). A rigor, λ é uma função do tempo t , e tem a

seguinte definição matemática:

)|()( tTttTtPtxt >/∆+≤<=∆λ (2.1)

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22

onde T é o tempo decorrido entre a entrada em operação do componente e a ocorrência

da falha. O termo do lado direito da Eq. (2.1) representa a probabilidade de o

componente falhar no intervalo de tempo ),( ttt /∆+ , uma vez que ele estava funcionando

no tempo t .

Usualmente considera-se que λ é igual à freqüência média das falhas, ou o

número esperado de falhas por unidade de tempo. Com base em dados históricos de

falhas do componente, a freqüência média de falhas pode ser estimada dividindo-se o

número de falhas (k) observadas no período de tempo considerado, pelo tempo efetivo

de funcionamento (tempo operacional) do componente no mesmo período:

∑= iTk /λ̂ (2.2)

onde k é o número de falhas observadas e ∑ iT é o somatório dos tempos sucessivos

1T , 2T … ( 1T = tempo de operação até a primeira falha, 2T = tempo de operação pós 1ª

falha e até a segunda falha, e assim sucessivamente). Em outras palavras, ∑ iT

representa o tempo operacional efetivo do componente no período considerado.

Uma importante implicação em assumir um valor constante para a taxa de falha

é a consideração de que o componente se mantém como “novo” após reparo (“as good

as new”), e sujeito à ocorrência de falhas de natureza puramente aleatória,

independentemente da sua idade.

O parâmetro λ varia com a idade do componente segundo uma curva cujo perfil

aproxima-se do mostrado na Figura 2.3.

Taxa de falha λ (t)

t Figura 2.3 - Taxa de falha versus tempo

I II III

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Tipicamente a curva é dividida em três seções. A seção I, também conhecida

como “região de mortalidade infantil” ou “região de amaciamento”, tem um tempo

relativamente curto de duração e apresenta taxas de falha elevadas, porém decrescentes.

Nesta seção se concentram aquelas falhas normalmente associadas a defeitos de

material ou a processos de fabricação, construção ou montagem.

A seção II, comumente denominada “região de vida útil”, caracteriza-se por

apresentar taxas de falha aproximadamente constantes com o tempo. Durante este

período, as falhas ocorrem principalmente devido a fatores de natureza aleatória

relacionados à sobre-tensões, impactos, flutuações de temperatura, vibração etc ....

A seção III é também conhecida como “região de envelhecimento” e apresenta

taxas de falha crescentes com o tempo, associadas aos efeitos característicos de desgaste

oriundos de fatores como corrosão, fadiga, deformação e oxidação.

No modelo de taxa de falha constante (seção II da curva acima), todos os

eventos de falha têm natureza aleatória e a taxa de falha dos componentes independe da

sua idade. Tais premissas são bastante utilizadas na análise da confiabilidade de

sistemas operados em regime contínuo (Lewis, 1994), como é o caso das redes de

transporte de gás.

A aplicação do modelo de taxa de falha constante fornece, na grande maioria dos

casos, uma aproximação bastante satisfatória da confiabilidade dos componentes

avaliados, ao mesmo tempo em que representa uma considerável simplificação nas

equações de cálculo.

As razões que sustentam o modelo de taxa de falha constante são basicamente

duas. A primeira é que o período de “mortalidade infantil” (seção I da curva da Figura

2.3) tende a ser bastante reduzido, e muitas vezes até eliminado, por meio da aplicação

de procedimentos apropriados de controle de qualidade nas etapas de projeto,

fabricação, montagem e testes de desempenho dos componentes. Tais procedimentos

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permitem que a grande maioria dos defeitos característicos da “mortalidade infantil”

seja eliminada antes da disponibilização do produto para uso. A segunda razão é que as

técnicas de manutenção preventiva e preditiva modernas atuam no sentido de substituir

as partes onde os efeitos do desgaste se manifestam mais acentuadamente (seção III da

curva). Esta ação tem por fim evitar a entrada dos componentes na “região de

envelhecimento”, onde ocorre o crescimento acelerado da taxa de falha. Dessa forma o

componente mantém-se operando dentro da “região de vida útil” (seção II da curva).

Também no caso de sistemas com componentes sujeitos a estratégias de

manutenção corretiva, de substituição após a falha, a distribuição das falhas ao longo do

tempo é aleatória e o modelo de taxa de falha constante é também aplicável.

2.3.2 Tempo até a falha (TTF)

O TTF (time to failure), por vezes designado pela letra T , é uma variável

aleatória contínua, não negativa, que representa o tempo decorrido desde cada vez que o

componente entra em operação, até a ocorrência da próxima falha. Pode-se dizer que

esta variável representa o tempo de operação sem falha do componente, e define o exato

momento em que o evento de falha ocorre. No modelo de taxa de falha constante a variável

aleatória TTF ou T segue uma distribuição de probabilidade exponencial.

2.3.3 Tempo médio até a falha (MTTF)

O MTTF (mean time to failure) representa o valor médio dos TTFs do

componente. No modelo de taxa de falha constante o MTTF é igual ao inverso da taxa

de falha do componente.

λ/1=MTTF (2.3)

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2.4 Confiabilidade de um componente

2.4.1 Definições

A confiabilidade, tradicionalmente designada pela letraR (do inglês Reliability),

é definida como a probabilidade de um componente desempenhar adequadamente sua

função por um período de tempo especificado t , sob condições operacionais também

especificadas. Dito de outra forma, a confiabilidade expressa a probabilidade do

componente operar sem falhas no período de tempo t , dentro das condições

operacionais estabelecidas (Oliveira, L. F. S., 1987). Esta definição destaca dois

aspectos conceituais importantes: a natureza probabilística da confiabilidade e a sua

dependência temporal. Além disso, assume a premissa de que tanto os requisitos de

desempenho como as condições de operação do componente devem ser claramente

especificadas. Um mesmo componente pode ter valores distintos de confiabilidade,

dependendo do tempo de duração da missão para a qual se deseja avaliar sua

confiabilidade, e dos requisitos de desempenho e condições operacionais especificadas.

Sendo definida como uma probabilidade, a confiabilidade deve ser expressa

numericamente assumindo valores compreendidos entre zero (0) e um (1). Do ponto de

vista probabilístico, diz-se que o tempo de vida do componente é representado por uma

variável aleatória contínua T (tempo decorrido até a falha), e a probabilidade dele

operar sem falha por um intervalo de tempo t (sendo tT > ) expressa a confiabilidade

desse componente:

)()( tTPtR >= (2.4)

onde )(tR representa a probabilidade acumulada de o componente operar sem falha

desde 0=t até o instante de tempo t (tempo de missão do componente). A Figura 2.4

mostra uma curva típica da função confiabilidade )(tR para um componente com taxa

de falha λ constante.

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Três considerações básicas podem ser feitas sobre a função )(tR . A primeira é

que a confiabilidade no instante 0=t , representada por )0(R , é igual a 1. Isto significa

que no início de qualquer missão, é assumido que o componente está em condições

perfeitas de funcionamento. A segunda consideração é que a confiabilidade é uma

função decrescente com o tempo, pois quanto maior o tempo de missão maior a

probabilidade de ocorrência de falha, e, portanto, menor a confiabilidade. A terceira

consideração diz respeito ao comportamento assintótico de )(tR em relação ao eixo t , o

que é bastante intuitivo, pois para um tempo de missão muito longo, nenhum

componente funciona sem falhar uma única vez, e portanto, a confiabilidade tende para

zero, ou seja, 0)( =∞R .

A formulação matemática da função confiabilidade )(tR e a sua relação com as

funções )(tf - densidade de probabilidade de falha e )(tλ - taxa de falha, encontram-se

descritas a seguir.

2.4.2 Função confiabilidade

A confiabilidade pode ser expressa em termos da distribuição de probabilidades

da variável aleatória contínua T (ou TTF). Duas distribuições de probabilidade são

particularmente utilizadas: a função )(tf - densidade probabilidade de falha, também

R(t)

t (tempo de missão do componente)

(0,1)

Figura 2.4 - Curva típica da confiabilidade de um componente com λ constante

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conhecida por pdf (probability density function), e a função )(tF - distribuição

acumulada de falha, também conhecida por cdf (cumulative distribution function). A

função densidade de probabilidade de falha )(tf representa a probabilidade da falha

ocorrer entre os instantes de tempo t e tt ∆+ , e é assim expressa (Lewis,1994);

)()( ttTtPtxtf /∆+≤<=∆ (2.5)

sendo T o tempo decorrido até a falha.

A função distribuição acumulada de falha expressa a probabilidade de a falha ocorrer

num tempo inferior ou igual a t ;

)()( tTPtF ≤= (2.6)

A função )(tF é por definição a integral de )(tf para todo tT ≤ , ou seja;

∫=t

dttftF0

)()( (2.7)

Da Eq. (2.4) e (2.6) tem-se que; 1)()( =+ tFtR , logo;

∫∫∞

=−=−=t

t

dttfdttftFtR )()(1)(1)(0

(2.8)

Da Eq. (2.8) tira-se por diferenciação, )(tf em função da confiabilidade )(tR ;

dttdRtf /)()( −= (2.9)

O modo mais útil de expressar as funções )(tR e )(tf é em termos da taxa de

falha )(tλ . Fazendo tt ∆)(λ ser a probabilidade de o componente falhar em algum

instante de tempo ttT ∆+< , dado que o mesmo não falhou em tT = , e usando a

definição de probabilidade condicional (Montgomery, D. C., 2003), temos:

{ })(

)()()|()(

tTP

ttTtTPtTttTPtxt

>∆+<∩>=>/∆+<=∆λ (2.10)

O numerador à direita é um modo alternativo de escrever a função densidade de falha.

{ } ttfttTtPttTtTP ∆=∆+<<≡∆+<∩> )()()()( (2.11)

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Como )()( tRtTP => , segue que /))(()( ttftxt ∆=∆λ )(tR e então tem-se que;

)(

)()(

tR

tft =λ (2.12)

Substituindo a Eq. (2.9) na Eq. (2.12);

t

Rd

tRt

)(

)(

1)( −=λ (2.13)

Multiplicando por dt e integrando entre os limites zero (0) e um (1), e considerando que

1)0( =R , tem-se [ ]∫ =t

tRdtt0

'' )(ln)(λ . Exponenciando, obtém-se a expressão geral da

confiabilidade em função da taxa de falha;

−= ∫

t

dtttR0

'' )(exp)( λ (2.14)

Aplicando a Eq. (2.14) na Eq. (2.12) obtemos a expressão geral da função densidade de

probabilidade de falha )(tf em função da taxa de falha ;

−= ∫

t

dttttf0

'' )(exp)()( λλ (2.15)

Para sistemas que operam continuamente, como é o caso das redes de transporte

de gás natural, o modelo de taxa de falha constante leva a uma distribuição exponencial,

pois substituindo )(tλ por λ (constante) na Eq. (2.14) e na Eq. (2.15), temos;

tetR λ−=)( (2.16)

tetRtF λ−−=−= 1)(1)( (2.17)

tetf λλ −=)( (2.18)

As equações acima mostram que no modelo de taxa de falha constante a

distribuição de probabilidades das funções )(tf e )(tR é exponencial, conforme

ilustrado nos gráficos da Figura 2.5.

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O parâmetro tempo médio até a falha (MTTF) pode ser expresso em função da

confiabilidade )(tR . Sabendo que o tempo até a falha é uma variável aleatória contínua,

com função densidade de probabilidade )(tf , o valor médio ou valor esperado do tempo

médio até a falha (MTTF) é dado por (Lewis, 1994):

dttftMTTF ∫∞

=0

)( (2.19)

Substituindo o valor de )(tf da Eq. (2.9) e integrando por partes, chega-se a;

dttRMTTF ∫∞

=0

)( (2.20)

Para )(tλ constante, tem-se;

λλ 1

0

== ∫∞

− dteMTTF t (2.21)

2.4.3 Componentes reparáveis - parâmetros de reparo

O modelo de falhas aqui apresentado tem como premissa que todos os

componentes são reparáveis, ou seja, ao sofrerem uma transição do estado

“funcionando” para o estado “falho”, são submetidos a reparo ou substituição,

retornando ao estado “funcionando” tão logo concluído o reparo. Admite-se que, uma

vez reparado, é restituído ao componente a sua condição de funcionamento pleno (“as

good as new”). Assim, os componentes possuem apenas os estados “funcionando” e

“falho”, e chamamos de falha à transição do estado “funcionando” para o estado

Figura 2.5 - Distribuição exponencial (λ constante)

(0,1)

R(t)

t

λ (t)

t

f(t)

t

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“falho”. À transição no sentido inverso chamamos de reparo. Falha e reparo são então

transições aleatórias entre os estados “funcionando” e “falho”.

Da mesma forma como foi feito para a taxa de falha )(tλ , pode-se definir uma

taxa de reparo )(tµ para representar o número de transições de reparo por unidade de

tempo. No modelo foi assumido que == µµ )(t constante, caracterizando que a função

densidade probabilidade de reparo é uma distribuição exponencial.

Embora a distribuição exponencial possa não refletir com acurácia os detalhes da

distribuição, ela provê uma aproximação bem satisfatória na predição das

disponibilidades, pois estas tendem a depender mais do tempo médio de reparo MTTR

que dos detalhes da distribuição (Smith, C. O., 1976).

O tempo de reparo do componente, também conhecido como TTR, representa o

tempo contabilizado desde o instante da ocorrência da falha (transição do estado

“funcionando” para o estado “falho”) até o instante em que o mesmo retorna à condição

funcional original (transição do estado “falho” para o estado “funcional”). O TTR

define o tempo efetivo de duração do evento de falha. Em termos reais ele representa o

somatório de diversos tempos parciais, incluindo o tempo de logística de aquisição /

reposição de peças, tempo de mobilização da equipe de reparo, tempo de desmontagem

de peças, tempo de inspeção, tempo de execução do reparo propriamente dito, tempo de

montagem, tempo de testes finais de funcionamento, etc.

Da mesma forma que a confiabilidade )(tR foi definida como a probabilidade da

não ocorrência de falha até o instante t , sendo tetR λ−=)( para λ constante, pode-se

definir uma função análoga )(tG , representando a probabilidade da não conclusão do

reparo até o instante t , ou seja, a probabilidade de que um componente que falhou em

0=t , permaneça no estado falho até o instante t , sendo tetG µ−=)( para cte=µ

(Oliveira, L. F. Seixas, 1987).

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Por similaridade as funções )(tR e )(tG têm expressões análogas envolvendo

respectivamente a taxa de falha e a taxa de reparo.

Assim, da mesma forma que no modelo de taxa de falha constante o MTTF é

igual a λ1

, o parâmetro MTTR - tempo médio de reparo (do inglês “mean time to

repair”), é igual ao inverso da taxa de reparo do componente, ou seja;.

µ1=MTTR (2.22)

2.4.4 Disponibilidade

A disponibilidade instantânea, designada por )(tA , é a probabilidade de um

sistema, equipamento ou componente desempenhar sua função requerida sob condições

estabelecidas, num instante de tempo t , assumindo que os recursos externos requeridos

são providos (ABNT NBR ISO 14224, 2011). Para itens reparáveis, e considerando

apenas os parâmetros taxa de falha )(tλ e taxa de reparo )(tµ , a função disponibilidade

instantânea é igual a (ABNT NBR ISO 14224, 2011):

[ ]{ }ttA )(exp11)( µλµλ

λ +−−+

−= (2.23)

Quando t tende ao infinito, sendo λ e µ constantes, obtém-se o valor assintótico dado

pela Eq. (2.23), o qual representa a disponibilidade média;

µλµ+

=A (2.24)

Chamando a indisponibilidade de A temos: )/(1 µλλ +=−= AA

Da Eq. (2.22) temos que MTTR/1=µ , e daí )+1(/= λλ MTTRMTTRA ;

Normalmente, ocorre que 1<<λMTTR , pois tipicamente λ é da ordem de 10-3 a

10-5 ocorrências por ano e o tempo médio de reparo MTTR, para a maioria dos

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componentes, é da ordem de algumas horas. Nestas condições é bastante razoável a

aproximação feita a seguir:

MTTRλ=A (2.25)

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Capítulo 3

Modelagem dos eventos de falha

Os sub-itens a seguir descrevem os conceitos, premissas e critérios que serviram

de base para a modelagem dos eventos de falha.

3.1 Eventos de falha

Eventos de falha são tratados aqui como ocorrências de natureza aleatória,

distribuídas aleatoriamente no tempo conforme ilustrado na Figura 3.1. Eventos dessa

natureza são caracterizados como ocorrências não programadas, sendo analisados

exclusivamente por critérios probabilísticos. De modo contrário, os eventos

programados são planejados, e incluem as paradas para revisão geral das instalações e

equipamentos, bem como as paradas para inspeção e manutenção preventiva, ambas

normalmente previstas nos contratos de garantia dos fabricantes e fornecedores. O

modelo aqui apresentado contempla apenas os eventos de natureza aleatória (não

programados). Os parâmetros associados aos eventos de falha aqui considerados são a

taxa de falha λ , o tempo decorrido até a falha TTF (time to failure), e o tempo médio de

reparo MTTR (mean time to repair). Considerou-se também que as redes de transporte

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de gás natural se comportam como sistemas operando em regime contínuo, com as taxas

de ocorrência de falha dos componentes se mantendo constantes ao longo do tempo. Por

razões de simplificação do modelo, assumiu-se que componentes de uma mesma classe

têm valores iguais de taxa de falha , expressos em número de ocorrências por ano (a-1)

ou por dia (d-1), e valores de MTTR também iguais , expressos em dias.

Uma vez estabelecido o valor da taxa de falha de cada componente, a função

distribuição acumulada de probabilidade de falha )(tF de cada componente, fica

determinada pela expressão )(1)( tcomponente

componenteetFλ−−= conforme Eq. 2.17.

Invertendo-se a função e considerando λ constante, determinam-se os tempos de

ocorrência de falha (TTFs) de cada componente atribuindo-se na Eq. 2.17 valores

aleatórios de probabilidade à )(tF .

λ

))(1(/1(ln tFTTFt

−== (2.17)

O impacto dos eventos de falha nas curvas de produção e consumo de gás é

função da configuração de projeto dos componentes na rede. Configurações

contemplando redundância de componentes considerados críticos, reduz

significativamente o impacto das falhas no sistema. Um exemplo típico é a configuração

de compressores em paralelo, com um de reserva (em standby) pronto para operar

quando demandado. A Figura 3.1 ilustra o impacto dos parâmetros de falha na curva de

vazão de gás. A perda de capacidade de produção na falha (CLF - capacity loss at

failure) representa a queda de vazão (parcial ou total) ocorrida entre o instante da falha

e o instante em que o componente retorna a operar.

Per

fil d

e va

zão

TTF 1TTR 1

tempo Figura 3.1 - Parâmetros de falha TTF, TTR e CLF

TTF 2

TTR 2 TTF 3

TTR 3 TTF 4

CLF

tota

l

CLF

pa

rcia

l

CLF

tota

l

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3.2 Cenários de falha

Cenários de falha são representados no modelo como sequências cronológicas de

eventos de falha aleatória de componentes da rede, impactando o comportamento do

sistema num determinado período de tempo. Este período, chamado de ciclo de vida,

representa o tempo calendário da vida do sistema dentro do qual, são simuladas as

ocorrências de falha. Conforme já foi dito anteriormente, o modelo considera

unicamente os eventos relacionados às falhas de natureza aleatória. Eventos

programados, como as paradas para manutenção, inspeção e revisão geral de

componentes, não foram considerados.

Cada componente do sistema tem seu histórico de falhas definido pelos tempos

de ocorrência das falhas (TTF1, TTF2 ... ) e pelos tempos médios de reparo MTTR. A

Figura 3.2 ilustra interrupções nas curvas de vazão de três componentes distintos

causadas por falhas aleatórias.

3.3 Simulação das falhas

Os eventos de falha são definidos no modelo em termos de distribuições

probabilísticas representadas pelas curvas da função distribuição acumulada de falha

)(tF versus tempo, também conhecidas como curvas cdf (cumulative distribution

function). Uma vez conhecidas as taxas de falha λ dos componentes, as curvas cdf de

Figura 3.2 - Séries temporais de falhas aleatórias

componente 2

componente 1

componente 3

tempo

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cada componente do modelo são determinadas.

Em termos simplificados, o modelo usa uma técnica de amostragem aleatória

para determinar a ocorrência de falhas (não programadas) ao longo do tempo. Na

simulação do ciclo de vida do componente, um numero entre 0 e 1 (representando

probabilidades de ocorrência de falha) é gerado randomicamente, e daí aplicado na

equação cdf de cada componente (ver Figura 3.3). A partir daí, o modelo determina os

TTFs de cada componente, gerando uma listagem de eventos de falha na ordem

seqüencial dos seus respectivos tempos de ocorrência. A ocorrência do primeiro evento

de falha em um componente faz com que o modelo gere o próximo TTF desse

componente, e assim sucessivamente, até o encerramento do ciclo de vida (tempo de

simulação).

A Figura 3.4 a seguir ilustra a ocorrência dos eventos de falha em um sistema

simplificado composto por 3 elementos em série: uma fonte de produção P, uma válvula

V e uma estação de compressão EC. As linhas pontilhadas em azul mostram, numa base

temporal, as transições entre os estados “funcionando” e “em reparo” de cada

componente. Na figura, todos os eventos causaram perda total da função do

componente, implicando na interrupção do fluxo de gás durante todo o tempo de

permanência no estado “em reparo”. A linha em vermelho ilustra o impacto das falhas

Gerador de números aleatórios

(probabilidades)

TTF (em anos)

Figura 3.3 - Determinação dos tempos TTF do componente

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,4 0,8 1,2

curva cdf

0 1 0,82 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2

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dos componentes na curva de vazão do sistema simplificado.

De um modo geral, é de grande interesse no estudo das redes de gás, analisar o

impacto das falhas sobre as curvas de vazão de produção e consumo do sistema. As

simulações do modelo permitem identificar os períodos mais críticos para o suprimento

de gás nos pontos de consumo, bem como estimar o quanto o gás “empacotado” nos

gasodutos (line pack) pode contribuir para atenuar o impacto da redução da vazão de

gás, causado principalmente pela ocorrência de falhas dos componentes da rede. A

Figura. 3.5 ilustra um evento de falha, considerando uma rede simplificada de gás,

composta por uma jazida de gás (Jazida 1), uma estação de compressão (Ecomp 1) e

dois consumidores, (Cidade e Indústria), além dos dutos de interligação. No exemplo, o

período de tempo considerado é de 20 dias e o evento de falha se dá no componente

Jazida 1 dentro desse período.

EC

Figura 3.4 - Impacto das falhas num sistema simplificado

curva de vazão Q

EC Falhas na EC c/ perda total de vazão

P

Sistema simplificado

V

Válvula V Falha na válvula V com perda total de vazão

Fonte P

Falha na fonte P com perda total da função

nível 1 → “funcionando”

nível 0 → “em reparo”

nível 1 → “funcionando”

nível 0 → “em reparo”

nível 0 → “em reparo”

nível 1 → “funcionando”

tempo

vazão Q

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Os dados dos componentes encontram-se descritos na Tabela 3.1 abaixo:

Tabela 3.1 - Dados dos componentes

Jazida 1

Classe Produção

Capacidade máxima de produção 6,5 Mm3/dia

Ecomp 1

Classe Transporte

Capacidade máxima 7,0 Mm3/dia

Cidade

Classe Consumidor

Capacidade máxima de tancagem (CMT) 0 Mm3

Volume inicial 0 Mm3

Demanda máxima 5,0 Mm3

Industria Classe Consumidor

Capacidade máxima de tancagem (CMT) 0 Mm3

Volume inicial 0 Mm3

Demanda máxima 1,0 Mm3

A Figura 3.6 mostra as curvas de produção da Jazida 1 e as curvas de consumo

da Cidade e da Indústria, sem considerar a ocorrência de falhas. Até o 4º dia a Jazida 1

produziu um excedente acumulado de gás igual a 2 Mm3 (0,5 Mm3/dia x 4 dias),

armazenado nos dutos da rede como gás “empacotado” (line pack). Pode-se observar

que até o 20º dia a produção da Jazida 1 conseguiu atender, sem restrições, as demandas

médias da Cidade e da Indústria, respectivamente 5,0 e 1,0 Mm3/dia. No início do 5º

dia, com a pressão máxima de empacotamento atingida, a Jazida 1 reduz sua produção

de 6,5 para 6,0 Mm3/dia, o necessário para atender as duas demandas.

duto 1

Jazida 1 Ecomp 1

duto 2

Cidade

Industria

Figura 3.5 - Configuração de uma rede simplificada de gás

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39

Produção Jazida 1

Consumo Cidade 1

Consumo Industria 1

7,0

6,5

6,0

5,5

5,0

4,5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

Pro

duçã

o /

De

man

da /

Con

sum

o M

m3 /d

ia

0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Tempo (dias)

Figura 3.6 - Curvas de produção e consumo (sem falha)

A Figura 3.7 ilustra a ocorrência de um evento de falha na Jazida 1. A curva de

produção (em vermelho) mostra que o evento ocorreu no 11º dia, com duração de 1 dia,

resultando na queda de 33% na produção da Jazida, de 6,0 Mm3/dia para 4,0 Mm3/dia.

Produção Jazida 1

Consumo Cidade

Consumo Industria

7,0

6,5

6,0

5,5

5,0

4,5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

Pro

duçã

o /

De

man

da /

Con

sum

o (M

m3 /

dia

)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Tempo (dias)

Figura 3.7 - Curvas de produção e consumo com falha na Jazida 1

com redução de 33 % na produção do dia 11

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40

Observa-se que, apesar da falha, foi possível assegurar o atendimento às

demandas da Cidade e da Indústria no dia 11, devido ao volume reserva de 2,0 Mm3de

gás empacotado nos quatro primeiros dias igual ao déficit de oferta no dia 11.

A mesma falha é mostrada no exemplo da Figura 3.8 abaixo, diferenciando-se

quanto ao seu impacto na produção de gás. Neste caso, a produção da Jazida 1 caiu no

dia 11, de 6,0 para 3,0 Mm3/dia (queda de 50%). O gás empacotado no duto não foi

suficiente para continuar assegurando o suprimento das demandas dos dois

consumidores. Nesse dia a Indústria ficou desabastecida de gás por um período em

torno de 8 horas, e a Cidade sofreu, nesse mesmo período, uma redução no volume de

gás entregue igual a 2,0 Mm3. No dia 12, a Jazida 1 retorna à operação normal,

operando na sua capacidade máxima (6,5 Mm3/dia). Do dia 12 até o final do dia 15, um

volume excedente igual a 2,0 Mm3 de gás é empacotado no duto. Ao término do 15º dia

a pressão no duto alcança seu valor máximo e a Jazida 1 reduz a produção para 6,0

Mm3/dia, valor total demandado pelos dois consumidores.

Produção Jazida 1

Consumo Cidade 1

Consumo Industria 1

7,0

6,5

6,0

5,5

5,0

4,5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

Pro

duçã

o /

De

man

da /

Con

sum

o (

Mm

3 / d

ia)

0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Tempo (dias)

Figura 3.8 - Curvas de produção e consumo com falha na Jazida 1

(simulação de redução de 50 % na produção do dia 11)

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41

3.4 Seleção dos componentes sujeitos a falha

Existem hoje no mercado vários softwares especializados com diferentes

abordagens voltados para o tratamento de falhas de equipamentos. O modelo aqui

apresentado buscou simplificar este tratamento, primeiramente delimitando o universo

das falhas, restrigindo-as às unidades operacionais mais críticas das redes de gás, onde

as falhas têm maior impacto sobre a produção e consumo de todo o sistema. Estas

unidades foram tratadas no modelo como blocos fechados, sendo consideradas como

componentes únicos, sujeitos a eventos de falhas críticas e aleatórias. Foi assumido que

a ocorrência destas falhas sempre implica em restrição do fluxo de gás através do

componente que falhou, podendo ser uma restrição parcial ou total.

Assim, foram selecionadas três unidades típicas dos sistemas de transporte de

gás, consideradas vitais no que diz respeito à continuidade do suprimento de gás:

Unidades de Produção de Gás (Jazidas), Unidades de Processamento de Gás Natural

(UPGNs), e Estações de Compressão (Ecomps).

A proposta simplificadora de delimitar os eventos de falha às unidades

operacionais referenciadas acima, se deve principalmente ao foco de interesse do

modelo, que é o de simular as variações comportamentais mais importantes da rede,

num nível macro de visualização, de modo a poder servir prioritariamente como

ferramenta de apoio à tomada de decisão gerencial.

3.5 Valores de referência de λ e MTTR

Dados históricos sobre falhas de equipamentos são normalmente encontrados em

bancos de dados de falha de organismos internacionais, entre os quais se destacam o

OREDA (Offshore Reliability Data), UKOPA (United Kingdom Onshore Pipeline

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42

Operators Association), EGIG (European Gas Pipeline Incident Data Group), US

Military Handbook e outros.

Os valores de taxa de falha e tempo médio de reparo fornecidos por esses bancos

aplicam-se a equipamentos em geral, com fronteiras bem definidas conforme mostrado

na seção 2.2.3. Conforme mencionado na seção 3.4, os componentes que foram

selecionados e são sujeitos à falha no modelo aqui apresentado, ultrapassam em muito

as fronteiras dos equipamentos dos bancos de dados internacionais, pois referem-se à

unidades operacionais inteiras (UPGNs, Ecomps e Jazidas de Produção), para as quais

não existem disponibilizados dados de taxa de falha e tempo médio de reparo.

Para contornar esta dificuldade, optou-se por levantar junto a empresas da área

de produção, processamento e transporte de gás, valores empíricos de taxas de falha e

de tempos de reparo aplicáveis às unidades selecionadas, com base em dados

operacionais relatados. O objetivo pretendido não foi o de obter números precisos

desses parâmetros, mas valores condizentes com a realidade operacional dessas

unidades. Os resultados desse levantamento encontram-se descritos nas seções 3.5.1 a

3.5.3. Tendo em vista não ter sido autorizada a divulgação das fontes fornecedoras dos

dados, a procedência dos mesmos e o nome das unidades operacionais foram omitidos.

Os valores médios de λ e MTTR aqui adotados representam aproximações da

realidade, principalmente devido ao tamanho reduzido das amostras de dados obtidas.

No entanto, cabe ressaltar o objetivo maior aqui considerado, que é o de mostrar a

funcionalidade do mecanismo de simulação de falhas do modelo.

3.5.1 UPGNs - Unidades de Processamento de Gás Natural

São unidades responsáveis pelo tratamento do gás rico oriundo das fontes de

produção, e enquadramento do mesmo em conformidade com padrões especificados

pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). A Tabela 3.2 fornece valores de λ e MTTR

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43

referentes a 10 unidades de processamento de gás (UPGNs), com tempos de operação

variando entre 1 e 45 anos aproximadamente. Não foram contabilizadas aqui as paradas

programadas dessas unidades e nem as manutenções preventivas dos equipamentos,

sendo consideradas exclusivamente as falhas críticas de natureza aleatória que

implicaram em perda da função das unidades.

UPGNs λ (a-1) MTTR (h) A 16,63 2,93 B 10,43 3,02 C 24,56 7,03 D 7,00 11,44 E 2,80 40,83 F 2,39 64,39 G 25,35 9,05 H 5,71 27,33 I 14,86 11,72 J 5,71 28,24

Da Tabela 3.2 calculou-se a taxa de falha média e o tempo de reparo médio das

10 UPGNs. Os resultados encontrados, designados respectivamente por UPGNλ e

UPGNMTTR , foram utilizados como valores de referência para as UPGNs.

∑ 10/)71,5+86,14+71,5+35,25+39,2+80,2+00,7+56,24+43,10+63,16(=UPGNλ

5,11=UPGNλ a-1 (ocorrências /ano)

∑ 10/)24,28+72,11+33,27+05,9+39,64+83,40+44,11+03,7+02,3+93,2(=UPGNMTTR

hMTTRUPGN 6,20=

Aplicando-se os resultados de UPGNλ e UPGNMTTR na Eq. 2.25 temos;

Disponibilidade considerada compatível com a de unidades existentes.

Tabela 3.2 - Valores de λ e MTTR de UPGNs

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44

3.5.2 Estações de Compressão

As Tabelas 3.3 e 3.4 fornecem dados de taxas de falha classificados por modo de

falha, extraídos de duas Estações de Compressão, aqui denominadas Ecomp A e Ecomp

B. É usual que serviços contratados de compressão de gás natural atendam a um

requisito de disponibilidade mínima de 0,96. Contudo, na prática as estações de

compressão conseguem atingir uma disponibilidade mais elevada, chegando até 0,99.

Da mesma forma que para as UPGNs, foram consideradas exclusivamente as falhas

críticas de natureza aleatória que implicaram em perda funcional dessas unidades.

As taxas de falha das Ecomps A e B foram calculadas somando-se as taxas de

falha dos respectivos modos de falha. Assumiu-se um valor para taxa de falha de

Ecomps )( Ecompλ igual à média aritmética das taxas de falha das Ecomps A e B.

Para fins de modelagem foi considerada para as estações de compressão uma

disponibilidade igual a 0,99.

Modos de falha λ (a-1) MTTF (h)

Vazamento no manômetro do scraper 0,18 5,4

Parada de compressor 2,04 0,49

Falha do CLP 0,37 2,7

Erro de alinhamento 0,19 5,4

Vazamento na junta de vedação do flange 0,19 5,4

Problemas de instrumentação 0,19 5,4

Falta de energia elétrica 0,19 5,4

Presença de condensado 0,19 5,4

Falha do sistema de ar de instrumentos 0,19 5,4

Abertura indevida de válvula 0,19 5,4

Fechamento indevido da válvula 0,19 5,4

Outros 0,74 1,35

Eco

mp

A

∑ = 4,81

Tabela 3.3 - Dados da Ecomp A

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45

O valor de EcompMTTR foi estimado utilizando-se a Eq. 2.25 ( MTTRA λ= )

EcompEcompEcomp MTTRA λ=

Fazendo 01,099,01 =−=EcompA e 2,82

11,534,81 ≅+=Ecompλ ocorrências /ano;

Pela Eq. 2.25 temos que; 876028010== ),/,(A

MTTREcomp

Ecomp

Ecomp λ

h,MTTREcomp 710

2,8=Ecompλ a-1, e h,MTTREcomp 710= , foram utilizados no modelo como valores de

referência para Ecomps.

Modos de falha λ (a-1) MTTF (h)

Problemas de acoplamento entre motor e compressor

0,44 2,3

Aquecimento no compressor 0,87 1,15

Falha no sistema de lubrificação 1,74 0,57

Parada de compressor 1,74 0,57

Falha elétrica no compressor 0,44 2,3

Abertura indevida de válvula PSV 0,44 2,3

Alta pressão de água 0,44 2,3

Falha na partida do compressor 0,87 1,15

Variação rotação no compressor 0,44 2,3

Curto-circuito 0,44 2,3

Pane elétrica 0,22 4,6

Falha da polia do motor do compressor 0,44 2,3

Queima da bomba do sistema auxiliar do compressor

0,44 2,3

Falha do motor do compressor 0,87 1,15

Fechamento indevido da SDV (sucção compressor) 0,44 2,3

Falha de instrumentação 0,44 2,3

Obstrução de dreno do cilindro no compressor 0,44 2,3

Alta pressão na descarga do compressor 0,44 2,3

Eco

mp

B

∑= 11,53

Tabela 3.4 - Dados da Ecomp B

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46

3.5.3 Jazidas de Gás

A Tabela 3.5 apresenta dados de λ e MTTF reportados de 8 jazidas de

produção, classificados por modo de falha. Cada jazida foi tratada como um

componente único, incluindo as instalações de produção, compressores de exportação, e

outros. As taxas de falha de cada jazida foram calculadas somando-se as taxas de falha

dos respectivos modos de falha. A coluna da direita representa a redução percentual de

produção na Jazida devido a cada modo de falha.

Modo de Falha λ (a-1) MTTF (a) % Redução da produção

Jazida 1 Problema na Plataforma 0,80 1,25 2,40%

Problema na Plataforma 0,80 1,25 4,20%

∑ = 1,60 3,30% *

Jazida 2 Disponibilidade de Gás inferior à Prevista 0,44 2,25 2,70%

Parada do Compressor por excesso de Vibração 0,44 2,25 26,50%

Falta de Energia Elétrica 0,44 2,25 21,90%

Falta de Energia Elétrica 0,44 2,25 22,50%

Falha dos Compressores de Exportação 0,44 2,25 4,60%

Falha dos Compressores de Exportação 0,44 2,25 14,40%

∑ = 2,67 15,43% * Jazida 3 Redução da oferta 0,44 2,25 6,70% Queda de um raio 0,44 2,25 6,70% Redução na exportação (manutenção corretiva de compressores)

0,44 2,25 5,00%

Redução na oferta de gás 0,44 2,25 5,40% Intervenção em compressores 0,44 2,25 3,20% Redução na oferta 0,88 1,13 8,80% Redução na oferta 0,44 2,25 6,00% Redução na oferta 0,44 2,25 2,00% Disponibilidade de gás inferior a prevista 11,11 0,09 4,70% Disponibilidade de gás inferior a prevista 0,88 1,13 7,30% Oscilação no fornecimento de energia elétrica 0,44 2,25 4,70% Falta de energia elétrica 0,44 2,25 12,10% Oscilações na oferta de gás 0,44 2,25 19,70% Falta de Energia Elétrica 1,79 0,56 5,30% Falha nos Compressores de Exportação 5,00 0,2 9,80% ∑ = 24,11 6,49% *

Tabela 3.5 - Dados das Jazidas de gás

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47

Jazida 4 Restrição de vazão do poço p/ controle produção água 0,44 2,25 10,70% Disponibilidade de gás inferior a prevista 12,50 0,08 2,60% Oscilação na oferta de gás 0,44 2,25 2,80% Redução na oferta de gás 0,44 2,25 5,80% Redução na oferta de gás 0,44 2,25 20,90% Oscilação na oferta de gás 3,13 0,32 7,20% Redução na oferta de gás 0,44 2,25 18,40% Falha da válvula multivia 0,44 2,25 3,00% Disponibibilidade de gás inferior a prevista 2,63 0,38 5,80% Falha do compressor de exportação 0,44 2,25 4,50% Passagem de PIG no duto 0,88 1,13 5,80% ∑ = 22,25 4,67% * Jazida 5 Disponibilidade de gás inferior a prevista 5,26 0,19 7,30% Problema no sistema de energia do campo 0,44 2,25 2,70% Pig preso no duto 0,44 2,25 12,10% Fechamento do poço 0,44 2,25 11,90% ∑ = 6,60 7,62% * Jazida 6 Redução de produção 0,44 2,25 5,00% Oscilação na oferta de gás 0,44 2,25 18,30% Disponibilidade de gás inferior a prevista 3,13 0,32 3,40% ∑ = 4,01 5,23% *

Jazida 7

Falta de Energia Elétrica 0,44 2,25 11,60%

Disponibilidade de gás inferior a prevista 3,57 0,28 3,40%

∑ = 4,02 4,31% *

Jazida 8

Oferta de gás inferior a prevista 2,63 0,38 3,30%

Disponibilidade de gás inferior à prevista 2,22 0,45 7,40%

∑ = 4,85 5,16% *

* Valores médios de redução da produção por Jazida

Com base nos dados da Tabela 3.5 foi determinada uma taxa de falha média

(média aritmética), para o componente Jazida de Gás da classe produção:

88= ,Jazidaλ a-1 (ocorrências/ano)

Arbitrando uma disponibilidade média de 0,98 para as Jazidas temos que;

h,,

,AMTTR

Jazida

JazidaJazida 020≈8760

88

020==

λ

Continuação da Tabela 3.5

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3.6 Premissas gerais do modelo de falhas

Os subitens a seguir resumem as premissas básicas assumidas na modelagem das

falhas, bem como os principais requisitos relacionados aos parâmetros de falha.

3.6.1 Abrangência dos eventos de falhas

O modelo contempla a ocorrência de eventos de falha de natureza

exclusivamente aleatória, limitados às Unidades de Produção - Jazidas (classe

produção), Unidades de Processamento de Gás Natural - UPGNs (classe

processamento), e Unidades de Compressão - Ecomps (classe transporte). Cada uma

dessas unidades foi tratada no modelo como um componente (bloco único).

3.6.2 Atributos dos parâmetros de falha e reparo

Taxa de falha ( λ ): definida como sendo o número de ocorrências de falha por

unidade de tempo. É um dado de entrada do modelo, atribuído pelo usuário aos

componentes sujeitos à falha (Jazidas, UPGNs e Ecomps). Foi assumido que as taxas de

falha desses componentes são constantes e iguais aos valores dados abaixo. A unidade

do parâmetro λ utilizada no modelo está expressa em d-1 (ocorrências de falha por dia),

no formato real dupla precisão.

8,8=Jazidaλ ocorrências/ano = 024,0 d-1

5,11=UPGNλ ocorrências/ano = 032,0 d-1

2,8=Ecompλ ocorrências/ano = 022,0 d-1

Função F(t) ou cdf: função distribuição acumulada da probabilidade de falha

(cumulative distribution function), expressa pela Eq. 2.17 ( tetRtF λ−−=−= 1)(1)( ).

Conforme descrito na seção 2.4.2, a função )(tF define a curva de distribuição das

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probabilidades acumuladas de falha de cada componente. Com base nos valores de

referência assumidos na seção 3.5, aplica-se a Eq. 2.17 no modelo conforme a seguir ():

tJazida

JazidaetF λ−−= 1)(

tUPGN

UPGNetF λ−−= 1)(

tEcomp

UPGNetF λ−−= 1)(

MTTR: conforme definido na seção 2.4.3, o MTTR é o tempo médio de reparo

(mean time to repair) do componente. É um dado de entrada do modelo, atribuído pelo

usuário aos componentes sujeitos à falha (Jazidas, UPGNs e Ecomps). Foi assumido

que os tempos médios de reparo desses componentes são constantes e iguais aos valores

dados abaixo. A unidade do parâmetro MTTR utilizada no modelo é expressa em dias,

no formato real dupla precisão.

d,hMTTRJazida 8330=20=

d,h,MTTRUPGN 8580=620=

d,h,MTTREcomp 4460=710=

No modelo, a ocorrência de falhas nos componentes Jazidas, UPGNs e Ecomps

implica sempre em perda parcial ou total do fluxo de gás através dos mesmos,

requerendo ação de reparo imediata. No exato momento em que ocorre a falha em um

desses componentes, inicia-se a contagem do tempo de reparo cuja duração é igual ao

MTTR do componente.

TTF: conforme definido na seção 2.3.2, é o tempo decorrido até a falha do

componente (time to failure). Os TTFs de cada componente são gerados no modelo

durante o processo de simulação dos eventos de falha. O modelo utiliza a Eq. 2.7

( tetRtF λ−−=−= 1)(1)( ) para calcular os valores de t (TTF). Para isto, um gerador

aleatório atribui a )(tF valores aleatórios de probabilidade entre 0 e 1, distribuidos

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50

uniformemente. A ocorrência do evento de falha em um componente faz com que o

modelo gere o próximo TTF desse componente, e assim sucessivamente até o término

da simulação. A unidade do parâmetro TTF é expressa em dias, no formato real dupla

precisão.

CLF: perda de capacidade na falha (capacity loss at failure). Definido como o

percentual da vazão de gás (em relação à vazão máxima) que permanece escoando pelo

componente quando o mesmo encontra-se no estado “falho”. É um dado de entrada do

modelo atribuído pelo usuário.

3.6.3 Cronologia dos eventos de falha

Conforme já mencionado, o modelo determina randomicamente os TTFs de

todos os componentes, até o limite de tempo estabelecido pelo “tempo de simulação”.

Uma tabela é então gerada listando todos os TTFs, pela ordem de sua ocorrência,

indicando o seqüenciamento das falhas ao longo da simulação. No momento da falha de

um componente, inicia-se a contagem do tempo de reparo MTTR, e ao término do

mesmo inicia-se a contagem do próximo TTF desse componente. A figura 3.9 ilustra

uma simulação de eventos de falha em três componentes (A, B e C). Observa-se que

dentro do período de simulação previsto não ocorre falha no componente B.

Figura 3.9 - Cronologia das falhas

t MTTR1C

Componente C

TTF1C

t MTTR1B

Componente B

TTF1B

t MTTR1A MTTR2A

Componente A

TTF1A TTF2A

período de simulação

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51

Capítulo 4

Modelagem matemática da rede de gás -

fundamentos teóricos

Nas seções 4.1 a 4.6 a seguir são apresentadas as premissas físicas e matemáticas

contempladas no estudo “Modelling Gas Transmission Networks by Using Optimization

Techniques” (Carneiro Araújo et al., 2007), e que constituem o fundamento do modelo

aqui apresentado.

4.1 Princípio físico

O princípio físico básico utilizado no modelo para governar o movimento do gás

através da rede de transporte é o da conservação da massa, estabelecido para cada

componente, individualmente e para o sistema como um todo. Uma vez assegurado que

tal princípio é satisfeito para cada componente, ele passa a ser também satisfeito para

todo o sistema. Assim, aplicando o princípio da conservação da massa a um

componente n qualquer de uma rede de transporte de gás, consistindo de N

componentes, a equação geral em qualquer instante de tempo t é:

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52

Tabela 4.1 - Classes dos componentes

∑∑==

−=−+)()(

1

)()()(

1

)()( nn I

i

nnni

J

j

nj

n

CPEStd

Vdpara n =1, .... ,N (4.1)

na qual, )(nV representa a quantidade de gás, expressa em Nm3 (normal metro cúbico),

dentro do enésimo componente no instante de tempo t , )(njS representa a vazão mássica

que, no instante de tempo t , sai do n-ésimo componente através da j-ésima saída, )(niE

representa a vazão mássica que, no instante de tempo t , entra no n-ésimo componente

através da i-ésima entrada, )(nC representa a taxa instantânea de consumo do n-ésimo

componente no tempo t , e )(nP representa a taxa instantânea de produção do n-ésimo

componente no tempo t . Todas as variáveis da Eq. (4.1) são funções de t , a única

variável independente.

4.2 Classes dos componentes

Os componentes da rede de gás foram agrupados em cinco classes distintas:

Produção, Processamento, Estocagem, Transporte e Consumo. A Tabela 4.1 mostra os

principais componentes de cada classe.

Componente Classe

Jazida (Poço de Gás Natural) Produção

UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) Processamento

Reservatório, caverna Estocagem

Gasoduto, Estação de Compressão, derivações, junções Transporte

Ponto de Entrega (Ponto de redução de pressão e distribuição de gás aos consumidores: cidades, indústrias, UTE´s-usinas termoelétricas)

Consumo

Independentemente da classe a que pertence, cada componente da rede pode ser

fisicamente caracterizado por somente uma equação geral que expressa o princípio da

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conservação da massa Eq. (4.1). Alguns termos dessa equação se anulam em função da

classe a que o componente pertence. Por exemplo, se o componente pertence à classe

produção / processamento, então )()( ,...,10 nni IiE =∀≡ , e 0)( ≡nC . Da mesma forma,

para os componentes pertencentes à classe consumo tem-se )()( ,...,10 nnj JjS =∀≡ , e

0)( ≡nP . Se o componente é pertencente à classe de armazenamento ou transporte

temos 0)( ≡nP e 0)( ≡nC , ou 0)( ≡nP , respectivamente. Foi assumido que os

componentes da classe transporte podem tanto armazenar como também consumir gás.

Além disso, possuem uma única entrada e uma única saída. As junções e as derivações

constituem exceções a essa regra da classe transporte, justamente para permitir maior

flexibilidade na modelagem de redes de gasodutos, considerando ramais de dutos com

múltiplas entradas e saídas, dutos com diâmetros diferenciados e assim por diante. As

derivações têm 1 entrada e 2 saídas, com 0)( ≡nV , 0)( ≡nP , 0)( ≡nC , 1)( =nI e

2)( =nJ . Similarmente, as junções têm 2 entradas e 1 saída, com 0)( ≡nV , 0)( ≡nP ,

2)( =nI e 1)( =nJ . A Tabela 4.2 resume (por classe de componentes) os termos que se

anulam na Eq. (4.1), em função das características definidas para cada classe.

Classe Termos nulos

Produção 0)( ≡niE e 0)( ≡nC

Processamento 0)( ≡nP e 0)( ≡nC

Estocagem 0)( ≡nP e 0)( ≡nC

Transporte (gasodutos) 0)( ≡nP

Transporte (junções, derivações, estações de compressão) 0)( ≡nP e 0)( ≡nC

Consumo 0)( ≡njS e 0)( ≡nP

Tabela 4.2 - Termos nulos da eq. 4.1 (por classe de componente)

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4.3 Condições adicionais

As expressões a seguir representam condições adicionais a serem atendidas na

modelagem das redes de gás.

0)( ≥nV ; 0)( ≥njS ; 0)( ≥n

iE ; 0)( ≥nP ; 0)( ≥nC para n=1, .... ,N (4.2)

Para assegurar que o princípio da conservação da massa é satisfeito para todo o

sistema, foram impostas condições de compatibilidade entre os fluxos de massa na

entrada e saída dos componentes da classe transporte e os fluxos de massa dos

componentes a eles conectados. Assim, admitindo-se que existem M componentes da

classe transporte (com M < N), então haverá 2M equações de compatibilidade conforme

a seguir:

{ }{ }1∈21=0=-

1∈21=0=-)o()o(

i)m(

j

)o()o(j

)m(i

I,...,icom,jpara,ES

J,...,jcom,ipara,SE (4.3)

{ } moom ,M-N , ... 1, com ,M,...,1para ≠∈=

As variáveis da Eq. (4.1) são ainda submetidas, a cada instante de tempo, às

condições adicionais seguintes:

)(max)()()(max)()(max)()(max)()()(max)( ;;;; nnnE

ni

ni

nj

nj

nnnC

nn PPEESSVVCC ≤≤≤≤≤ ξξ (4.4)

N,...,1para =n

Os valores de )(max nC , )(max nV , )(max njS , )(max n

iE e )(max nP são, para um dado instante

de tempo, constantes positivas conhecidas representando os respectivos valores

máximos admissíveis de )(nC , )(nV , )(njS , )(n

iE e )(nP . Os parâmetros )n(Cξ e )(n

assumem os valores 1 ou zero e foram introduzidos na Eq. (4.4) para permitir a

simulação das falhas aleatórias. Dentro do intervalo de ocorrência da falha

)+,( )()()( nnn TTRTTFTTF , os parâmetros assumem o valor zero para simular a falha do

componente n. Fora desse intervalo assumem o valor 1.

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Fisicamente, os valores máximos admissíveis significam restrições operacionais

associadas a cada componente. Por exemplo, )(max nV representa a capacidade máxima

de estocagem do componente, )(max nP a taxa máxima de produção de gás (máxima

oferta), )(max nC a taxa máxima de consumo (máxima demanda), )(max njS e )(max n

iE as

vazões máximas nos componentes da classe transporte. Se o componente é um duto,

então )(max njS = )(max n

iE = )(max nQ , sendo )(max nQ a máxima vazão mássica no duto.

Condições iniciais são também requeridas com respeito às quantidades iniciais

de gás para cada variável )(nV no tempo 0=t , ou seja;

NnparatquandoVV nn ,...,1,0)(0

)( === (4.5)

Exceto para os gasodutos, a quantidade inicial de gás em cada componente do

sistema é um dado de entrada do modelo. A abordagem usada para estimar a quantidade

de gás num gasoduto, com base nas variáveis do processo, está descrita na seção 4.5.

4.4 Natureza constitutiva do gás

Os itens abaixo descrevem as premissas básicas assumidas na modelagem com

relação à natureza constitutiva do gás.

a) A densidade do gás relativa ao ar nas condições normais de temperatura e

pressão, para todo instante de tempo (incluindo a condição inicial para 0=t ) e em

todos os componentes, é igual a 0,725, o que equivale a admitir que o peso molecular é

constante e igual a 21.

b) O fator de compressibilidade do gás pode ser aproximado pela seguinte

expressão do CNGA - California Natural Gasoline Association (McAllister, 2005):

825,3

294125,1105170601

1:),(ˆ

T

pxTpZZ

+== (4.6)

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sendo T expresso em graus Kelvin ep (pressão manométrica) em kgf/cm2.

c) A temperatura do gás é assumida como sendo uniforme e constante, igual a

20 °C.

d) É assumido que o gás obedece à seguinte equação de estado:

TRZnVp = (4.7)

onde V representa o volume, n o número de moles e R a constante universal dos gases.

e) A unidade de massa adotada para todos os componentes é o normal metro

cúbico, Nm3, que é por definição, a massa de gás contida em 1m3 de gás, na

temperatura de referência =refT 20 °C, e na pressão absoluta de referência 1=refp atm.

f) O poder calorífico superior do gás (SPC ), é constante e igual a 9500

kcal/Nm3. De acordo com a classificação da ANP - Agência Nacional do Petróleo, foi

considerado um gás natural com SPC dentro do intervalo de 8800 a 10200 kcal/Nm3.

Além disso, foi assumido um poder calorífero superior igual a 90 % do SPC .

Com base nas premissas acima, pode ser verificado que o fator de

compressibilidade no estado de referência, )15,293,/0(ˆ 2 KTcmkgfpZZref === , obtido

da Eq. (4.6), é igual a 1. As premissas mencionadas permitem ainda estimar a

quantidade inicial de gás dentro do duto, ou seja, a sua condição inicial (ver seção

seguinte 4.5).

4.5 Condição inicial para gasodutos

Com base nas premissas assumidas na seção anterior, a quantidade de gás que

pode ser armazenada em um gasoduto de diâmetro interno D e comprimento L , pode

ser expressa pela equação abaixo:

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T

T

P

P

Z

ZVTPZVV ref

ref

M

M

refMM 0:),,(ˆ == (4.8)

onde ,4

2

0

LDV

π= e ),(ˆrefMM TPZZ = é o fator de compressibilidade para a pressão

média MP dentro do segmento de duto.

Em condições estáticas de operação (fluxo de gás através do componente igual a

zero), a pressão MP é a pressão absoluta uniforme dentro do gasoduto. Por outro lado,

em condições dinâmicas de operação, a pressão média MP dentro do gasoduto pode ser

estimada pela expressão a seguir (Mokhatab, 2006)[2]:

+−+=

21

21213

2

pp

ppppPM (4.9)

onde 1p e 2p representam as pressões absolutas na entrada e saída do segmento de

duto.

Conhecendo-se as dimensões geométricas do duto, a pressão na entrada, e a

vazão mássica Q , pode-se estimar a pressão de saída com base na fórmula de

Weymouth (Mokhatab, 2006)[2]:

[ ] 51,022

2151,0

8/3

453 ppL

DQ −= (4.10)

onde Q é dado em Nm3/dia, D é o diâmetro interno (em polegadas), L é o

comprimento do duto em km, 1p e 2p são as pressões absolutas (kgf/cm2) na entrada

e saída do segmento de duto.

Admitindo que Q , D , L e 1p são dados de entrada do modelo, pode-se estimar

2p aplicando a Eq. (4.10). A relação entre 1p e 2p é: 2p < 1p . Se 2p < 1p , então

significa que o segmento de duto opera dinamicamente. Se 1p = 2p , significa que o

segmento de duto opera em condições estáticas.

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Conhecendo 1p e 2p determina-se a pressão MP através da Eq. (4.9), e na

seqüência, o fator de compressibilidade ),(ˆrefMM TPZZ = através da Eq. (4.6).

Finalmente, com MP e MZ , pode-se determinar a quantidade inicial de gás no

segmento de duto ),,(ˆrefMM TPZVV = , aplicando-se a Eq. (4.8).

As quantidades mínimas e máximas de gás que podem ser armazenadas nos

segmentos de dutos, podem ser estimadas com base nas pressões operacionais mínima

mínp e máxima máxp . Estes dados são assumidos como dados de entrada do modelo para

cada segmento de duto.

Assim, a quantidade mínima de gás no segmento de duto é igual a

),,(ˆminmin

minrefM TpPZVV == , onde ),(ˆ

minmin refTpZZ = .

Analogamente, a quantidade máxima de gás no segmento de duto é igual a

),,(ˆrefmáxMmáx

máx TpPZVV == , onde ),(ˆrefmáxmáx TpZZ = .

4.6 Formulação matemática

O principal fundamento físico utilizado até agora para descrever as redes de

transporte de gás natural foi o princípio da conservação da massa. No entanto, tal

princípio por si só, não é suficiente para descrever inteiramente o movimento do gás

através da rede. Do ponto de vista mecânico, seria necessário considerar adicionalmente

o princípio da conservação do momentum para cada componente. Contudo, o uso deste

princípio, além de requerer uma grande quantidade de dados operacionais, que nem

sempre são de fácil acesso, também não é suficiente para descrever completamente o

“modus operandi” das redes de gás. Para superar esta dificuldade, o modelo apresentado

propõe uma alternativa simples para descrever a operação das redes, sem apelar para o

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princípio da conservação da quantidade de movimento linear. Nela, o movimento do gás

através do sistema é emulado maximizando-se uma função linear adequadamente

postulada e sujeita às restrições impostas pelo princípio da conservação da massa Eq..

(4.1), pelas condições adicionais Eq. (4.2), pelas expressões de compatibilidade Eq.

(4.3), pelas capacidades máximas efetivas Eq. (4.4), e pelas condições iniciais das Eqs.

(4.5) e (4.8).

Assim, de acordo com essa abordagem, o movimento do gás no sistema pode ser

descrito como um problema matemático de programação linear, onde um funcional

linear representando os principais fenômenos físicos envolvidos (como empacotamento

e desempacotamento de dutos e outros) é maximizado, e ao mesmo tempo submetido a

um conjunto de restrições que representam as limitações físicas do sistema.

Formalmente, considerando que )(max)(max)(max e, ni

nj

n ESV são quantidades

conhecidas e que )(max nC e )(max nP são prescritos para cada instante de tempo, para

n = 1, …, N, i = 1, …, )(nI e j = 1, …, )(nJ (quando pertinente), então o problema

matemático que descreve o movimento do gás no sistema em consideração consiste em

encontrar )(nV , )(njS , )(n

iE , )(nC e )(nP para n = 1,…, N, i = 1,…, )(nI e j = 1,…, )(nJ .

O sistema formado pelas Eqs. (4.1), Eq. (4.3) e Eq. (4.5) é indeterminado, uma

vez que apresenta mais incógnitas que equações. Para permitir que o problema de valor

inicial tenha uma solução consistente e representativa da condição operacional real da

rede de gás, torna-se necessário impor condições adicionais. Daí, um funcional linear de

algumas variáveis do problema foi adequadamente definido e maximizado.

O problema matemático fica então formulado do seguinte modo: dados )(max nC

e )(max nP para todo instante de tempo t , encontrar )(nV , )(njS , )(n

iE , )(nC e )(nP

para n = 1,…, N, i = 1,…, )(nI e j = 1,…, )(nJ , de modo a atender as expressões das

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Eqs. (4.1) e (4.5) e, ao mesmo tempo, maximizar a função linear f ( )(nV , )(njS , )(n

iE ,

)(nC e )(nP ).

A escolha da função f é crucial, tanto no sentido de assegurar a unicidade de

solução (se ela existe), como também no sentido de descrever de forma apropriada a

condição operacional da rede de gás. Tendo em vista esses objetivos, foi proposto, com

base nas informações práticas disponíveis em (Nayar, 2000), uma formulação para o

funcional linear conforme a seguir:

[ ]∑=

++=N

n

nnnp

nnc

nnni

nj

n VPpCpPCESVf1

)(2

)()()()()()()()()( :),,,,( (4.11)

sendo )(ncp e )(n

pp funções do tempo, com imagem dentro do intervalo real [1,10],

representando as prioridades associadas às variáveis )n(C e )n(P do componente n das

classes consumo e produção, respectivamente. O estabelecimento de tais prioridades

visa reproduzir com mais realidade situações operacionais frequentemente existentes,

onde a oferta suplanta a demanda ou vice versa.

Para atribuir um comportamento mais realístico ao modelo aqui apresentado, a

variável )(nV que representa a quantidade de gás armazenada dentro de um duto, foi

decomposta em duas parcelas distintas, ou seja; )(2

)(1

)( nnn VVV += , com

)(max)(1 2,00 nn VV ≤≤ e )(max)(

2min 8,00 nn VVV ≤≤< , sendo Vmin e )(max nV as

capacidades mínima e máxima de armazenamento de gás dentro do duto.

Para emular os efeitos de empacotamento e desempacotamento do gás no duto, a

variável )(2

nV foi incluída no funcional linear dado pela Eq. 4.11. Além do efeito

empacotamento / desempacotamento, essa estratégia implicitamente impõe uma pressão

média operacional em escoamento uniforme (steady-state) em torno de 80% da máxima

pressão operacional permissível no duto.

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4.7 Caracterização do problema de programação linear

Retomando o enunciado do problema matemático formulado na seção 4.6 temos:

“dados )(max nC e )(max nP para todo instante de tempo t , encontrar )(nV , )(njS , )(n

iE ,

)(nC e )(nP para n = 1,…, N, i = 1,…, )(nI e j = 1,…, )(nJ , de modo a atender as Eqs.

(4.1) a (4.5) e, ao mesmo tempo, maximizar a função linear f ( )(nV , )(njS , )(n

iE , )(nC ,

)(nP )”.

A formulação acima trata de um problema clássico de alocação de recursos,

onde a solução do mesmo está em encontrar valores para as variáveis que permitam

otimizar o escoamento de gás, dos campos de produção para os centros de consumo.

A abordagem de otimização dada ao problema, utilizando técnicas de

programação linear, impõe que o gás escoe através da rede sempre que houver

capacidade de produção disponível nos poços e existir demanda de gás nos centros de

consumo, sujeito, no entanto, ao conjunto de limitações impostas pelo princípio da

conservação da massa (Eq.4.1 e Eq.4.2), pelas expressões de compatibilidade entre os

componentes (Eq.4.3), pelas capacidades máximas dos componentes (Eq.4.4), pelas

condições iniciais estabelecidas pelas Eqs. 4.5 e 4.8, e ainda, pelos eventos de falha

aleatória dos componentes do sistema.

Nessas condições, a maximização da função objetivo, expressa pela Eq. (4.11),

implica na maximização do somatório das vazões de produção e consumo, o que faz

movimentar o gás do poço de produção para os pontos de consumo (em função das

condições de oferta e consumo existentes em cada instante de tempo).

O empacotamento e o desempacotamento do gás nos gasodutos também são

considerados na função objetivo através da inclusão da variável )(2

nV , conforme

mencionado na seção 4.6.

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A linearidade da função objetivo, bem como a linearidade das equações e

inequações que formam o conjunto das restrições do sistema, configuram um problema

típico de programação linear, sendo as variáveis de decisão )(nV , )(njS , )(n

iE , )(nC e )(nP

assumidas como variáveis contínuas.

A utilização da programação linear como ferramenta de otimização permite que

o problema de alocação do gás em sistemas mais complexos, com muitas variáveis de

decisão inter-relacionadas, seja focado em um objetivo único, traduzido por um

funcional linear. Essa abordagem confere à solução do problema uma simplificação

significativa.

As técnicas de programação linear permitem que o modelo de otimização emule

o movimento do gás no sistema. Da mesma forma que em outras metodologias de

análise quantitativa, a modelagem incorre sempre na adoção de algumas hipóteses

simplificadoras das condições reais do problema. Entretanto, torna-se essencial a

formulação criteriosa e adequada do funcional linear e das equações e inequações

lineares que representam as restrições do sistema.

Na formulação do funcional e das restrições do modelo buscou-se capturar os

elementos essenciais envolvidos no comportamento do gás nas redes de transporte.

Como exemplo, a consideração do fenômeno de empacotamento nos dutos (line pack) e

a simulação de ocorrências de falhas aleatórias em componentes, aproximam o modelo

das condições reais de operação das redes.

Concluindo, a utilização das técnicas de programação linear para emular o

movimento do gás natural em redes de transporte permite identificar gargalos

operacionais, otimizar a alocação do gás, e realizar prognósticos quanto à real

capacidade do sistema em atender às demandas previstas. Este subsídio pode ser vital,

tanto para antecipação de medidas que possam minimizar o impacto de

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desabastecimentos, como para a melhoria da logística de toda a cadeia de transporte do

gás natural.

4.8 Programação linear - Fundamentos da metodologia SIMPLEX

Esta seção descreve os fundamentos da metodologia aplicada no modelo para a

resolução do problema, caracterizado na seção 4.7, como um problema de programação

linear.

A metodologia, designada por SIMPLEX, é uma técnica de otimização

amplamente conhecida e utilizada em todo o mundo. Foi desenvolvida por George

Dantzig (1914-2005) e aplicada pela primeira vez durante a 2ª Guerra Mundial para

aumentar a efetividade do esforço de guerra, dados os limitados recursos existentes na

época em termos de mão de obra, máquinas e suprimentos em geral.

Esta técnica se aplica essencialmente a problemas de programação linear, razão

pela qual foi utilizada no modelo aqui apresentado.

O objetivo aqui não é descrever a metodologia em si, mas apontar os conceitos e

princípios gerais sobre os quais o método está fundamentado.

Um princípio básico matemático é que todo problema de programação linear

pode ser convertido para a forma padrão apresentada a seguir, expressa em notação

vetorial. Como o modelo apresentado trata de um problema de maximização, seu

enunciado pode ser descrito conforme abaixo (na forma vetorial):

0000≥≤ xbAx

xcT

easujeito

maximizar

onde xcT representa a função objetivo dada pela Eq. 4.11, e x representa as variáveis

)(nV , )(njS , )(n

iE , )(nC , )(nP do problema apresentadas na seção 4.7. As

expressões 0000≥≤ xbAx e traduzem o conjunto das restrições impostas à função

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objetivo, representadas pelo princípio da conservação da massa (Eq.4.1 e Eq.4.2), pelas

expressões de compatibilidade entre os componentes (Eq.4.3), pelas capacidades

máximas dos componentes (Eq.4.4), pelas condições iniciais estabelecidas pelas Eqs.

4.5 e 4.8, e ainda, pelos eventos de falha aleatória dos componentes do sistema.

O vetor coluna x tem dimensão n, o vetor linha Tc tem dimensão n, a matriz

A tem dimensão m x n, e o vetor coluna b tem dimensão m. As m linhas da matriz são

linearmente independentes, sendo que m < n significa que o sistema tem mais incógnitas

que equações.

Conceito de solução básica: dado o conjunto de m equações lineares com n

incógnitas, representado por bAx = , e considerando uma matriz B não singular m x m

formada a partir de A , onde todos os componentes de x não associados com as colunas

de B , são iguais a zero, então, a solução do conjunto de equações resultantes é chamada

de solução básica de bAx = .

Solução básica viável: vetor x que é uma solução básica de bAx = e satisfaz as

restrições 0000≥≤ xbAx e .

Solução básica viável ótima: vetor x que é uma solução básica viável de

bAx = , e confere valor máximo (ou mínimo) à função objetivo.

Convexidade do conjunto de soluções viáveis: o conjunto M das soluções

viáveis do problema de programação linear é um conjunto convexo, pois toda

combinação linear convexa de um par qualquer de pontos de M também pertence a M .

Ponto extremo: ponto x de um conjunto convexo M que não pode ser obtido

pela combinação linear convexa de nenhum par de pontos distintos de M .

Equivalência entre ponto extremo e solução básica viável: dado um poliedro

convexo K consistindo de todos os vetores x que satisfazem 0000≥≤ xbAx e , um vetor x

é um ponto extremo de K se e somente se x é uma solução básica viável.

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Teorema fundamental da programação linear: dado o problema de

programação linear “ xcTmaximizar sujeito a 0000≥≤ xbAx e ”, tem-se que:

Se existe uma solução viável, existe uma solução básica viável.

Se existe uma solução viável ótima, existe uma solução básica viável ótima.

O teorema demonstra que quando se busca a solução ótima para um problema de

programação linear é necessário considerar apenas as soluções viáveis básicas, isto é, a

busca pode ser restrita aos pontos extremos. O número de soluções básicas para um

problema de programação linear com n variáveis e m restrições é finito e no máximo

igual a )!(!/! mnmn − , que corresponde ao número de combinações nmC .

As três propriedades básicas da programação linear que norteiam a metodologia

SIMPLEX podem ser assim resumidas:

1) A solução ótima do problema de programação linear é sempre um ponto

extremo. Ou seja, a solução ótima pode ser procurada entre os vértices do poliedro

formado pelo conjunto das soluções viáveis.

2) Se a solução viável de um ponto extremo atribui um valor para a função

objetivo que é melhor ou igual aos valores atribuídos pelas soluções viáveis de pontos

extremos adjacentes, então ela é uma solução ótima.

3) Existe um número finito de soluções viáveis de pontos extremos. Esta

propriedade dá suporte ao método, que se concentra apenas na busca de soluções viáveis

dos pontos extremos.

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Capítulo 5

Exemplo de aplicação

(simulação de caso)

Para ilustrar a capacidade do modelo proposto de descrever com propriedade o

comportamento das redes de transporte de gás natural, levando em conta a ocorrência de

falhas aleatórias de componentes, um exemplo numérico é apresentado a seguir.

Exemplo numérico

Este exemplo tem como propósito ilustrar os seguintes aspectos operacionais

das redes:

a) Situações operacionais nas quais a produção efetiva de pelo menos um

componente da classe produção (jazida) se torna inferior à sua capacidade máxima.

b) Desabastecimento: situação na qual pelo menos um componente da classe

consumo é forçado a apresentar um consumo efetivo inferior à sua demanda.

c) Variação temporal do estoque de gás na rede quando a produção das jazidas

ultrapassa a demanda ou é menor que ela.

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d) Efeito do empacotamento/desempacotamento de gás no duto, enfatizando a

propriedade do mesmo operar como elemento regulador no suprimento de gás à rede.

e) Resposta do sistema aos eventos de falha aleatória dos componentes.

A rede simulada neste exemplo tem dezenove componentes e está representada

na Figura 5.1. O gás das jazidas J1 e J2 são transportados através dos gasodutos 1 e 2, os

quais se juntam antes da entrada no gasoduto 3. Após ser processado na unidade de

processamento de gás natural (UPGN), o gás é conduzido através dos gasodutos 4, 5, 6 e

7 para o mercado consumidor, constituído por uma indústria e uma cidade (ver Figura

5.1).

Para deslocar o gás através do sistema, cinco estações de compressão,

designadas por EC1, EC2, EC3, EC4 e EC5, foram estrategicamente posicionadas ao

longo da rede. Uma vez que neste cenário existem dois componentes da classe produção

(J1 e J2) e dois da classe consumo (Indústria e Cidade), foram atribuídas prioridades aos

mesmos, tendo em vista definir qual componente deve ter sua produção ou consumo

reduzido quando a produção total se tornar maior que o consumo total (ou o consumo

total se tornar maior que a capacidade total de produção de gás).

UPGN EC1

Duto1

Duto 2

J 1

junção

J 2

Duto 3

EC2 EC3 EC4

EC5

derivação

Duto 4 Duto 5

Duto 6

Duto 7

Cidade

Indústria

Figura 5.1 - Rede e componentes (Exemplo)

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Na presente simulação, prioridades 1=pp e 2=pp foram atribuídas às jazidas

J1 e J2, enquanto prioridades 1=cp e 2=cp à indústria e à cidade, respectivamente. As

jazidas, as estações de compressão e a unidade de processamento de gás natural são os

componentes sujeitos à ocorrência de falhas aleatórias no modelo. A Figura 5.2 ilustra as

falhas aleatórias desses componentes num período de simulação de 30 dias, mostrando o

instante de ocorrência de cada uma juntamente com o intervalo de duração (TTF, TTF +

MTTR). Pode-se observar que o componente EC4 não falhou durante este período e que

EC5 é o único componente a falhar duas vezes.

A capacidade máxima de produção das jazidas J1 e J2 são mantidas constantes e

iguais a 3,0 MNm3/dia e 2,0 MNm3/dia, respectivamente, durante o período de simulação

de 30 dias, conforme mostrado no gráfico da Figura 5.3. Por outro lado, as demandas de

gás da indústria e da cidade, variam no mesmo período. A demanda de gás da cidade é

igual a 3,5 MNm3/dia até o 5º dia, e a partir daí, aumenta linearmente para 4,0 MNm3/dia

até o 10º dia, e logo após, aumenta para 4,5 MNm3/dia no final do 12º dia. Do 12º dia até

o final do 17º dia ela permanece constante e igual a 4,5 MNm3/dia. Do 18º dia até o final

do 19º dia, a demanda é linearmente reduzida para 4,0 MNm3/dia, e daí, mantida

constante até o final do 30º dia, conforme ilustrado no gráfico da Figura 5.3.

dias

Figura 5.2 – Representação gráfica dos tempos de falha dos componentes da rede para um período de 30

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0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

0 5 10 15 20 25 30

dias

MN

m3

/ dia

Produção de gás na jazida J1Produção de gás na jazida J2

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

0 5 10 15 20 25 30

dias

MN

m3

/ dia

Demanda de gás na cidadeDemanda de gás na indústriaConsumo de gás na cidadeConsumo de gás na indústria

A Figura 5.3 mostra as curvas de produção efetiva das jazidas J1 e J2, enquanto

a Figura 5.4 mostra as curvas de demanda e consumo efetivos da indústria e da cidade.

Nas duas figuras não é considerada a ocorrência de falhas aleatórias.

Embora o consumo total na indústria e na cidade seja de 4,3 MNm3/dia nos

primeiros dois dias, a produção total das jazidas nesse período totaliza 5.0 MNm3/dia. O

Figura 5.4 - Curvas de demanda e consumo efetivo de gás na cidade e na indústria, sem levar em conta falhas randomicas

Figura 5.3 - Curvas de produção efetiva de gás das jazidas J1 e J2, sem levar em conta falhas randomicas

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excedente de 0,7 MNm3/dia é utilizado para empacotar os gasodutos da rede até o final

do 2º dia, quando então, a máxima pressão de operação dos gasodutos é alcançada e

nenhum gás adicional é armazenado dentro deles. A partir daí, até o final do 10º dia, a

produção total das jazidas se torna igual à demanda total da cidade e da indústria, mesmo

no período entre o 5º e o 10º dia, quando a demanda de gás da cidade cresce linearmente

até alcançar 4,0 MNm3/dia, conforme pode ser visto nos gráficos das Figuras 5.3 e 5.4.

Uma vez que a jazida J2 tem uma prioridade secundária em relação à J1, a

produção efetiva de J2 torna-se menor que a sua capacidade máxima (2,0 MNm3/dia) do

2º ao 10º dia. Do 10º ao 18º dia, a demanda total de gás torna-se maior que a produção

total (5,0 MNm3/dia), mas nenhum corte de gás é observado nos consumidores até o final

do 17º dia. Durante este período, os gasodutos são desempacotados e o gás armazenado

dentro deles é usado no atendimento à demanda total. No entanto, do dia 18º até o final

do 19º dia, sendo a produção total inferior ao consumo total, o gás armazenado nos

gasodutos não é suficiente para abastecer o mercado. Em razão disto, um

desabastecimento de gás neste período é observado na cidade (o consumo torna-se

inferior à demanda). O desabastecimento totalizou 1,0 MNm3, conforme pode ser

observado no gráfico da Figura 5.4. Observa-se também que não houve

desabastecimento na indústria, tendo em vista a prioridade mais alta a ela atribuída.

Para salientar os efeitos que as falhas dos components podem introduzir no

mercado consumidor e produtor da rede de gás, foram feitas novas simulações utilizando

os mesmos dados de entrada das simulações anteriores, mas desta vez, considerando a

ocorrência dos eventos de falha mostrados na Figura 5.2. A resposta do sistema, levando

em conta as falhas, está apresentada nas Figuras 5.5, 5.6 e 5.7. As produções efetivas das

jazidas J1 e J2 (com falha), estão mostradas na Figura 5.5, e as demandas e consumos

efetivos da indústria e da cidade (com e sem falha), nas Figuras 5.6 e 5.7.

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Figura 5.6 - Curvas de demanda e consumo na cidade (com e sem falha)

Figura 5.7 - Curvas de demanda e consumo na indústria (com e sem falha)

Figura 5.5 - Curvas de produção efetiva de gás nas Jazidas 1 e 2 levando em conta falhas randomicas.

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Apesar das falhas nas jazidas J1 e J2, pode ser observado no gráfico da Figura

5.5 que as falhas dos outros componentes, os quais estão localizados à jusante na rede,

têm um efeito propagador de volta, causando parada de produção nas jazidas. Esta

condição é atenuada sempre que o estoque de gás nos gasodutos decresce, isto é, a

pressão media nos gasodutos se torna abaixo da sua pressão máxima. Por outro lado,

pode ser observado nos gráficos das Figuras 5.6 e 5.7, que as falhas ocorridas nas

jazidas de produção não necessariamente implicam em escassez de gás no mercado

consumidor. Por exemplo, a falha ocorrida na Jazida J2 no intervalo de tempo [3,79;

4,62] dias, não impactou o mercado consumidor, como mostram as Figuras 5.6 e 5.7.

Em contraste com o que parece ser evidente, o impacto sobre o mercado

consumidor não pode ser previsto de uma forma direta. Apenas quatro de um total de

oito falhas ocorridas no período de 30 dias, causaram efetivamente desabastecimento na

cidade e na indústria, conforme pode ser observado nas Figuras 5.6 e 5.7. Os

desabastecimentos ocorridos foram devido às falhas das estações de compressão EC-1,

EC-2, EC-3, e UPGN. Contudo, o efeito combinado das falhas pode aumentar o

desabastecimento em cenários sucetíveis a esta ocorrência. Isto é o que acontece no

exemplo presente. O corte de 1,0 MNm3 de gás observado durante o 18º e o 20º dia na

simulação sem falhas, cresceu na simulação com falhas, para aproximadamente 4,0

MNm3 no período delimitado pelo intervalo [17,15; 20,0] dias.

No contexto do exemplo, o volume quatro vezes maior de gás que deixou de

ser entregue no intervalo [17,15; 20,0], devido à falha, é significativo, mostrando a

importância de se considerar os eventos de falha aleatória de componentes quando se

busca obter previsões mais acuradas.

O conjunto completo dos dados de entrada aplicados no modelo para todos os

componentes da rede da Figura 5.1 está apresentado na Tabela 5.1 a seguir.

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Tabela 5.1 - Dados de entrada

J1 ) 0( dias≥tPmáx 3.0 MNm3/dia , 1pp = Jazidas (J1, J2) J2 ) 0( dias≥tPmáx 2.0 MNm3/ dia, 2pp =

Pmáx 50000 kNm3/ dia

Cmáx 0 kNm3

Vmáx

0 kNm3

Unidade de Processamento de Gás Natural

(UPGN) j

máxS 20000 kNm3/ dia

Estações de Compressão (EC1, EC2, EC3, EC4,EC5)

Cmáx 0 MNm3

Vmáx 0 MNm3

)5( dias≤tCmáx 3.5 MNm3/dia

)10( dias=tCmáx 4.0 MNm3/ dia

)12( dias=tCmáx 4.5 MNm3/ dia

)17( dias=tCmáx 4.5 MNm3/ dia

)20( dias=tCmáx 4.0 MNm3/ dia

Cidade

( 2cp = )

)30( dias=tCmáx 4.0 MNm3/ dia

Vmáx 0 MNm3

)10( dias<tCmáx 0.8 MNm3/ dia Indústria ( 1cp = )

)10( dias≥tCmáx 1.0 MNm3/ dia

L 70 km D 8”

1p 80 kgf/cm2

Q 2.0 MNm3/ dia

mínp 20 kgf/cm2

máxp 100 kgf/cm2

Gasodutos (Duto 1, Duto 2)

jmáxS 4.0 MNm3/dia

L 100 km D 12”

1p 80 kgf/cm2

Q 3.5 MNm3/dia

minp 20 kgf/cm2

máxp 100 kgf/cm2

Gasoduto (Duto 3)

jmáxS 6.0 MNm3/dia

L 80 km D 12”

1p 80 kgf/cm2 Q 3.5 MNm3/dia

minp 20 kgf/cm2

máxp 100 kgf/cm2

Gasodutos (Duto 4, Duto 5, Duto 6)

jmáxS 6.0 MNm3/dia

L 50 km D 10”

1p 70 kgf/cm2 Q 2.0 MNm3/dia

minp 20 kgf/cm2

máxp 100 kgf/cm2

Gasoduto (Duto 7)

jmáxS 5.0 MNm3/dia

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Capítulo 6

Conclusões e Sugestões

Um modelo matemático que leva em conta falhas aleatórias de componentes

foi aqui apresentado para analisar o comportamento das redes de transporte de gás

natural. Uma vez definida a infraestrutura física da rede, as vazões de oferta e demanda

de gás, as capacidades máximas das instalações, as taxas de falha e os tempos de reparo

dos componentes da rede, o modelo é capaz de prever a evolução temporal das curvas

de produção e consumo de gás, bem como a ocorrência de períodos de

desabastecimento para os consumidores. Ao invés de considerar o princípio da

conservação da quantidade de movimento linear, uma abordagem de programação linear

é empregada para emular o movimento do gás através da rede, maximizando um

functional linear adequadamente postulado, sujeito às restrições impostas pelo princípio

da conservação da massa, pelas equações de compatibilidade e limitações físicas dos

componentes da rede, os quais formam o conjunto de restrições em termos de

igualdades e desigualdades lineares. Falhas aleatórias são consideradas no modelo como

restrições adicionais.

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O exemplo numérico apresentado, com e sem a ocorrência de falhas aleatórias,

mostra a relevância de se considerar tais eventos quando se busca previsões mais

acertadas sobre as condições reais de escoamento do gás, das jazidas de produção aos

centros de consumo.

No que diz respeito à consideração das falhas de componentes, muito pode ser

ainda introduzido no modelo apresentado, o que deve ser objeto de aprimoramentos

futuros. Algumas sugestões são propostas a seguir.

No modelo aqui apresentado, eventos de falha aleatória ficaram restritos a

componentes, aqui tratados como instalações, como as jazidas de produção de gás,

unidades de processamento e estações de compressão. A inclusão de eventos de falha

aleatória a equipamentos específicos (compressores, turbinas, válvulas e outros),

poderia ser também considerada no modelo, num nível adequado de detalhamento

alinhado com o objetivo maior, que é o de servir como ferramenta de apoio à tomada de

decisão. No caso de equipamentos, valores de taxa de falha poderiam ser também

obtidos diretamente de bancos de dados internacionais, quando da impossibilidade de

sua obtenção em unidades operacionais. Para os tempos de reparo deve-se

prioritariamente utilizar dados locais reportados pela unidade responsável.

Eventos de falha quase sempre implicam em perdas de suprimento de gás aos

consumidores. Os efeitos dessas perdas podem ser traduzidos em termos econômicos a

partir dos volumes de gás que deixaram de ser entregues aos consumidores devido às

falhas. Considerando o preço do gás por metro cúbico e os volumes que deixaram de ser

entregues devido às falhas, o modelo poderia ser aprimorado para fornecer o impacto

econômico das ocorrências de falha.

O conhecimento de quais componentes e equipamentos cujas falhas mais

contribuem para a redução do suprimento ou desabastecimento, pode subsidiar

proposições de melhoria para toda a cadeia de transporte de gás. Tais proposições

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podem abranger melhorias tanto na logística de transporte do gás como no aumento da

eficiência produtiva da rede, aqui entendida como a razão entre o volume programado a

ser entregue aos consumidores num determinado período de tempo (volume

demandado) e o volume que foi efetivamente entregue (volume suprido).

Uma aplicação valiosa do modelo seria na avaliação do impacto das

manutenções preventivas dos componentes da cadeia de transporte. É bastante

conhecido que as Paradas para manutenção preventiva dos equipamentos dos Poços de

Produção, UPGNs, Estações de Compressão e instalações em geral, têm grande impacto

na eficiênca produtiva das redes. A utilização das programações de manutenção

preventiva dos componentes como dados de entrada da modelagem, associadas às

ocorrências de falha aleatória poderia aproximar ainda mais o modelo das condições

operacionais reais, além de subsidiar proposições de programação mais otimizadas para

as manutenções preventivas de toda a cadeia de transporte.

Sistemas de transporte de gás natural dispõem obrigatoriamente de planos de

contingência para as situações de emergência operacional. Tais situações são

frequentemente provocadas por falhas de equipamentos. Em geral, os planos de

contingência tentam descrever, da melhor forma, as ocorrências de falha mais prováveis

e as ações mitigadoras a serem tomadas. Todas essas ocorrências de falhas mais

prováveis poderiam ser simuladas no modelo, o que permitiria subsidiar decisões

gerenciais para minimizar as perdas de eficiência produtiva.

Uma última proposição para aperfeiçoamento do modelo aqui proposto seria

efetuar um experimento com o objetivo de validar a técnica de programação linear

utilizada no modelo para emular o movimento do gás na rede de gasodutos. Aplicando

um método comparativo, o experimento poderia consistir na realização de duas

simulações independentes, uma no modelo proposto e outra num software termo-fluido-

hidráulico (como exemplo o TGNET), ambas utilizando a mesma configuração

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simplificada de rede (1 fonte de produção, 1 consumidor, e 1 duto de ligação). Os dados

de entrada também seriam os mesmos (vazões de oferta e demanda, e pressão de entrada

do duto). A validação se daria pela comparação dos tempos de compactação e

descompactação do gás no duto nas duas simulações.

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