Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    1/97

    FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDOPrograma de Ps-Graduao em Administrao Profissional

    Carina Coelho Ribeiro

    PLANEJAMENTO ESTRATGICO:

    Anlise da experincia de implementao em indstria

    de mdio porte de Minas Gerais

    PEDRO LEOPOLDO, MG2012

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    2/97

    Carina Coelho Ribeiro

    PLANEJAMENTO ESTRATGICO:

    Anlise da experincia de implementao em indstria

    de mdio porte de Minas Gerais

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao das Faculdades Integradas dePedro Leopoldo como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Administrao.

    Linha de Pesquisa: Inovao e Competitividaderea de concentrao: Competitividade eMarketing

    Orientador: Prof. Dr. Mauro Calixta Tavares

    Pedro Leopoldo, MG2012

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    3/97

    658.4012 RIBEIRO, Carina Coelho

    R484p Planejamento estratgico: anlise da experincia de

    2012 implementao em indstria de mdio porte de Minas

    Gerais .- Pedro Leopoldo: FPL , 2012.

    96p.

    Dissertao: Mestrado Profissional em Administrao.

    Orientador: Prof. Dr. Mauro Calixta Tavares.

    1. Planejamento Estratgico. 2. Implementao.

    3. Estratgia.

    Ficha Catalogrfica elaborada por Maria Luiza Diniz Ferreira CRB6-1590

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    4/97

    AGRADECIMENTOS

    A todos aqueles que contriburam direta ou indiretamente para a realizao deste

    trabalho, os meus sinceros agradecimentos.

    Em especial agradeo:

    Ao Prof. Dr. Mauro Calixta, pela orientao competente, paciente, presente eessencial;

    Diretoria da ALUM, pelo contato e abertura na empresa;

    amiga Soninha, companheira dos bons, maus e desesperados momentos;

    amiga Celma Christina pelo incentivo e confiana;

    meu amigo e amor, pelo apoio na construo do trabalho, e minha filha querida

    pelas horas ausentes.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    5/97

    RESUMO

    Mercado globalizado, reequilbrio das foras econmicas mundiais e abundncia eacessibilidade da informao so caractersticas do cenrio macroeconmico atual,um ambiente de intensa concorrncia tambm para as organizaes brasileiras. Nopresente trabalho o objetivo foi analisar a experincia de uma indstria deembalagens de alumnio situada em Contagem/MG no que tange aos fatoresintervenientes no processo de implementao do seu Planejamento Estratgico apartir da viso dos seus gestores. Foi realizada pesquisa de natureza exploratria eabordagem qualitativa, envolvendo entrevistas com os gestores e a diretora dareferida empresa. Observou-se que a motivao do Planejamento Estratgico naempresa foi a busca de melhoria da gesto bem como o desenvolvimento do foco nolongo prazo e no enfrentamento da competitividade. O Planejamento Estratgico

    adotado na empresa envolveu a formulao das diretrizes da empresa, a elaboraoda SWOT, traduzida pelas foras, fraquezas, ameaas e oportunidades, obenchmarking, a formulao de metas at 2015 e os acordos de desempenho,etapas comuns s discutidas pelos autores citados no referencial terico do estudo.Constatou-se que os principais fatores que afetaram a implementao do PE daempresa foram ausncia de participao, envolvimento, comprometimento,capacitao dos funcionrios, bem como resistncia s mudanas e comunicaodeficiente. Adicionalmente, a empresa adotou iniciativas visando atenuar asresistncias dos funcionrios, que afetavam a execuo do planejamento.Constatou-se que a empresa ainda no havia implantado seu departamento derecursos humanos com vistas ao provimento de pessoal, treinamento, avaliao,recompensas, estrutura e a implementao de comunicao adequada, fato que semostrou impactante na conduo do processo. Entre as limitaes do presenteestudo, destaca-se que ele se baseou apenas em indstria de alumnio da cidade deContagem e somente pela tica dos seus gestores e diretora, limitando acapacidade de generalizao. Alm disto, em seu PE a empresa no considerou apossibilidade de aceite ou de eventuais resistncias s novas estratgias que seriamimplementadas em seu planejamento. Este foi, na viso da autora, o maiordificultador na implementao. Assim, pesquisas futuras devem visualizar como foi aabordagem de planejamentos estratgicos com relao ao patrimnio humano esuas adequaes s mudanas planejadas.

    Palavras-Chave: Planejamento Estratgico. Implementao do PlanejamentoEstratgico. Recursos Humanos.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    6/97

    ABSTRACT

    Globalized market, rebalancing of global economic forces and abundance andaccessibility of information are current macroeconomic scenario features, anenvironment of intense competition for the Brazilian organizations. In the presenttext, the objective was to analyze the experience of an industry of aluminumpackaging based in Contagem/MG with respect to the intervening factors in theprocess of implementation of its strategic planning from their managers' point-of-view. It was held an exploratory nature and qualitative approach research, involvinginterviews with the company's managers and the director. It was observed that themotivation of strategic planning in the enterprise was the search for improvedmanagement as well as the focus on long-term development and on competitivenessconfrontation. The strategic plan (PE) adopted in the company involved the

    formulation of company guidelines, the preparation of the SWOT, translated bystrengths, weaknesses, threats and opportunities, the benchmarking, the formulationof goals until 2015 and the performance agreements, common steps to discussed byauthors cited in the theoretical framework of the study. One had noted that the mainfactors which affected the implementation of PE were the absence of participation,involvement, commitment, training of employees, as well as resistance to changesand poor communication. Additionally, the company has adopted initiatives aimed atalleviating the resistance of employees, which affected the implementation ofplanning. It was found that the company had not yet deployed its human resourcesdepartment with a view to the provision of personnel, their training, evaluation,rewards, structure and the implementation of proper communication, a fact thatproved impactful in driving the process. Among the limitations of this study, one hadnoted that it had relied only on aluminum industry of Contagem city and count only bytheir managers and director optical, limiting the ability of generalization. In its PE, theorganization had not considered the possibility of acceptance or any resistance tonew strategies which would be implemented in its planning. This was, in the authorpoint-of-view, the most complicated factor in the implementation. Thus, futureresearch should show how was the strategic planning approach in relation to humanheritage and its adaptations to the planned changes.

    Keywords: Strategic Planning. Strategic planning implementation. HumanResources.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    7/97

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ALUM Nome fictcio da empresa analisadaMERCOSUL Mercado Comum do SulPE Planejamento EstratgicoPVC Cloreto de polivinil (Polyvinyl chloride)RH Recursos HumanosSWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats (Foras,

    Fraquezas, Oportunidades e Ameaas)

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    8/97

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Processo de Planejamento Estratgico .................................................... 22Figura 2 Esquema do pensamento estratgico ...................................................... 24Figura 3 Etapas do processo de gesto estratgica .............................................. 29Figura 4 As quatro barreiras organizacionais execuo da estratgia ................ 32Figura 5 Rede escalar de objetivos e estratgias ................................................... 35Figura 6 Etapas do planejamento estratgico da ALUM ........................................ 70

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    9/97

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Importantes consideraes para anlise dos fatores externos einternos ................................................................................................ 27

    Quadro 2 - Os quatro passos para a visualizao da estratgia ............................ 33Quadro 3 Dimenses do comprometimento organizacional ................................. 42Quadro 4 - Gerenciamento versus liderana .......................................................... 48Quadro 5 - Categorias de trabalhador comprometido ............................................ 50Quadro 6 Fatores organizacionais que contribuem para o comprometimento ..... 51Quadro 7 O papel das conquistas em curto prazo ............................................... 54Quadro 8 Elementos-chave para a comunicao eficiente .................................. 56

    Quadro 9 - Objetivos / Metas at 2015 ................................................................... 71Quadro 10 - Principais Resultados da Pesquisa ...................................................... 85

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    10/97

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Caractersticas dos respondentes da entrevista ...................................... 63

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    11/97

    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................. 11

    2 REFERENCIAL TERICO........................................................................... 172.1 Conceitos e importncia de um planejamento estratgico ........................... 172.2 O processo de formulao de estratgias na viso dos autores .................. 212.3 Consideraes sobre a implementao do planejamento estratgico .......... 322.4 Dificuldades relacionadas implementao do planejamento estratgico ... 362.4.1 Falta de participao e envolvimento........................................................... 382.4.2 Falta de comprometimento........................................................................... 392.4.3 Resistncia s mudanas............................................................................. 43

    2.4.4 Deficincias, rudos ou bloqueios no processo de comunicao.................. 45

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS..................................................... 583.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................... 583.2 Mtodo de pesquisa ..................................................................................... 593.3 Unidade de anlise ....................................................................................... 593.4 Unidades de observao .............................................................................. 603.5 Procedimentos de coleta de dados............................................................... 603.6 Tratamento e anlise dos dados .................................................................. 61

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS............................ 634.1 Antecedentes para implantao do planejamento estratgico na empresa .. 634.2 Etapas do Planejamento Estratgico desenvolvidas pela empresa ALUM ... 68

    5 CONSIDERAES FINAIS, IMPLICAES, LIMITAES ESUGESTES PARA FUTURAS PESQUISAS............................................ 86

    5.1 Consideraes finais .................................................................................... 865.2 Implicaes da pesquisa .............................................................................. 875.3 Limitaes da Pesquisa ................................................................................ 88

    REFERNCIAS......................................................................................................... 90

    APNDICE- Roteiro das Entrevistas ........................................................................ 96

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    12/97

    1 INTRODUO

    A contnua busca das organizaes em se tornarem mais atrativas em seus

    mercados, estabelecendo objetivos e polticas e desenvolvendo aes que as

    possibilitem conhecerem-se melhor e ao ambiente de negcios no qual atuam,

    motiva a evoluo observvel na estratgia empresarial ao longo do tempo.

    O advento dos modelos de planejamento estratgico, observado principalmente a

    partir da dcada de 1970, acarretou sua gradual adoo pelas organizaes, em

    detrimento dos modelos eminentemente quantitativos do perodo do ps-guerra.

    Houve preponderncia quanto definio de objetivos e estratgias, avaliaocrtica de foras e fraquezas das organizaes, bem como a anlise de

    oportunidades e ameaas frente ao mercado.

    Nesse sentido, pode-se dizer que o Japo do ps-guerra foi um exemplo de

    planejamentos estratgicos. Sua expanso foi impulsionada pelo investimento da

    indstria privada em novas fbricas e equipamentos por meio do 'sistema de

    produo prioritria' para o carvo e o ao, tornando as indstrias japonesas mais

    competitivas no mercado mundial (PYLE, 2007). Nos anos 1980, o Japo superouos EUA como lder no setor bancrio, tecnolgico e de manufaturas e assumiu nova

    fase de poltica externa, diferenciando-se por um posicionamento mais afirmativo e

    um aumento de sua independncia em vrias questes.Entre abril de 1986 e maro

    de 1991, o Japo tornou-se a maior nao credora mundial e seus investimentos

    externos somaram US$227,2 bilhes. Indstrias japonesas foram criadas na

    Amrica do Norte, Europa e outras partes da sia (MICHIE; SMITH, 1995).

    Essa adaptao da organizao ao ambiente, definida por Morgan (1996) como

    'teoria da contingncia', fundamenta-se no entendimento de que no h nada

    absoluto nas organizaes representado pela relao se... ento, em oposio s

    teorias anteriores, do tipo causa... efeito. Esse enfoque revolucionrio, que

    remonta aos anos de 1970, influenciou decisivamente as ideias de estratgia,

    momento em que se passou a considerar que o sucesso ocorreria quando a

    empresa ajustasse sua estratgia e sua potencialidade interna turbulncia do

    ambiente externo. Desde ento, o planejamento estratgico passou a condicionar a

    seleo de modelos e ferramentas de anlise ao estudo prvio do ambiente de

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    13/97

    negcios e no somente da estrutura organizacional, para ento definir uma

    estratgia coerente com as potencialidades da organizao e as restries e

    condicionantes impostas pelo mercado.

    Desde ento, as metodologias clssicas de planejamento estratgico passaram a

    ser largamente utilizadas como multiplicadoras de competncias. Internamente, as

    escolhas administrativas, coletivas e negociadas, a priorizao de objetivos, as

    estratgias e a formulao e implantao de planos de ao constituram-se em

    metas comuns a todos os membros da organizao, desde os acionistas, passando

    pelo grupo gestor at o cho de fbrica.

    Alm disso, diante de forte concorrncia, do mercado instvel e da necessidade demaximizar os lucros, os gestores esto sempre na busca de ferramentas que lhes

    proporcionem otimizao de seus recursos e melhor aproveitamento de

    oportunidades de crescimento de suas empresas (ATAMANCZUK; KOVALESKI,

    2006).

    Entende-se que a administrao estratgica no seja um ponto de chegada, mas um

    processo dependente de um planejamento adequado e que envolve todos os

    aspectos da empresa: fsicos, culturais, aspectos internos e ambientais. Esses

    fatores so considerados dentro de metodologias que oferecem um passo-a-passo,

    com delimitao de critrios de anlise para tomada de decises.

    As empresas de todos os portes esforam-se para sobreviver no mercado e muitas

    delas no conseguem analisar corretamente seu ambiente interno e externo e

    tambm no do muita importncia ao estudo que mostra o grau de atratividade

    existente no setor em que se encontram. Pela experincia profissional da autora,

    tem-se percebido que os gestores procuram encontrar alternativas estratgicas para

    solucionar problemas da melhor forma possvel, mas, ao mesmo tempo, sabe-se que

    no necessrias ferramentas de planejamento eficientes que viabilizem a

    consecuo desses objetivos.

    A situao vivida atualmente por todas as empresas a comprovao que a

    globalizao no uma questo apenas para empresas de grande porte, a crise

    financeira global iniciada em 2007 e com seu pice no segundo semestre de 2008provocou uma turbulncia em toda a economia mundial. Isso remete as empresas a

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    14/97

    um grande questionamento, pois no possvel prever todas as mudanas no

    mercado (principalmente no mbito global), mas possvel planejar e controlar,

    manter o foco nos objetivos da empresa.

    Segundo Oliveira (2010b), o planejamento corresponde ao estabelecimento de um

    conjunto de providncias a serem tomadas para a situao em que o futuro tende a

    ser diferente do passado ou do presente.

    Apesar de j estar ntido o caminho percorrido em torno das fases de formulao da

    administrao estratgica, necessrio evidenciar que nem tudo simples na

    elaborao de um planejamento estratgico. preciso compreender que, antes de

    mais nada, a administrao estratgica atua sobre ou sofre a influncia da culturaempresarial, envolvendo mudanas profundas que contribuem para certos efeitos

    negativos, como a extino de determinadas empresas. O desejo de modernizar as

    empresas conduz adoo de processos de gesto que ainda no tiveram tempo

    de aplicao e experimentao administrativa.

    preciso, pois, no descuidar-se dos obstculos oferecidos implementao do

    planejamento estratgico, inclusive porque ele poder provocar conflito de

    mentalidades, entre o hoje e o amanh, como tambm representa uma transio

    entre duas vises de mundo, que vo afetar evidentemente as ideologias

    administrativas e as crenas dos seus executores.

    Sendo assim, justifica-se a preocupao com a implementao do planejamento

    estratgico que, segundo Certo (2003), uma parte importante da administrao

    estratgica e frequentemente negligenciada. Kaplan e Norton (1997) estimam que

    70% das estratgias falham por terem sido mal concebidas ou por serem estratgias

    erradas, mas por terem sido mal executadas. Para Hrebiniak (2008), embora a

    execuo seja essencial para o sucesso estratgico, fazer a estratgia funcionar

    constitui um grande desafio. Uma srie de fatores habituais que inclui polticas,

    inrcias e resistncia a mudanas pode dificultar o sucesso da execuo.

    Dado o acima exposto, proporcionando uma viso ampla do tema, pode ser

    estabelecida a pergunta que norteou o desenvolvimento da pesquisa:

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    15/97

    Tomando-se como base uma indstria de alumnio de mdio porte, quais fatores

    interferiram negativa ou positivamente na implementao do planejamento

    estratgico sob a tica dos seus gestores?

    Cabe informar que a empresa sob anlise foi fundada em 1986 por dois

    empreendedores que, ao longo do tempo, conseguiram fazer dela uma organizao

    de sucesso no setor de embalagens de alumnio. Entretanto, a velocidade das

    mudanas, as exigncias dos clientes, o alto nvel de complexidade no ambiente de

    trabalho e a necessidade de compatibilizar desempenho com objetivos

    organizacionais levaram-na a realinhar suas prticas de gesto e suas estratgias,

    exigindo tambm dos trabalhadores competncias que vo alm da simples

    execuo de tarefas.

    Nesse sentido, Rocha (2001) afirma que a nova realidade, caracterizada pela alta

    competitividade, impulsionada principalmente pelo fenmeno da globalizao,

    passou a apontar para o desenvolvimento e utilizao de novos modelos de gesto

    visando o cliente, a competitividade e o mercado.

    O marco terico deste trabalho se situa em 2000 por meio de entendimentos de

    Kotter (2000), Tavares (2000), Mintzberg e Quinn (2001), Kaplan e Norton (2001),

    Kim e Mauborgne (2005), Hrebiniak (2008), Certo e Peter (2010) e Oliveira

    (2010a;b). Esse marco foi importante porque representa, para a autora, a poca em

    que foram analisadas, com maior nfase, as novas realidades das empresas,

    intensamente submetidas ao aumento da competitividade e envolvidas com muitos

    desenvolvimentos tecnolgicos e, por consequncia, com novas abordagens e

    experincias sobre estratgias organizacionais.

    A autora atuou no Planejamento Estratgico de uma indstria mineira de mdio

    porte, doravante denominada ficticiamente ALUM, e enfrentou muitas dificuldades, o

    que a motivou a desenvolver este estudo.

    Tavares (2000) observa que cada estratgia implica qualificaes e exigncias

    diferentes para seu sucesso, e este resulta das diferenas do modelo

    organizacional, dos padres diversos de investimentos e dos tipos diferentes de

    lideranas e culturas de aprendizagem. Para que os esforos resultantes deestratgias sejam bem-sucedidos, precisam ser consistentes com a natureza das

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    16/97

    mudanas ocorridas no ambiente. Na viso de Montenegro (1988), planejar

    estrategicamente significa analisar as estruturas (empresarial, gerencial e

    informacional) de modo a adequ-las aos desafios do cenrio a ser buscado.

    Esta pesquisa pode trazer como resultado informaes sobre como uma empresa do

    ramo de alumnio elaborou suas estratgias corporativas, quais aspectos foram mais

    relevantes na criao das suas vantagens competitivas e quais suas dificuldades na

    implementao de seu planejamento.

    A relevncia acadmica se refere ao fato de que, na viso terica, apesar das

    inmeras contribuies de autores, muitos questionamentos existem sobre qual

    seria um modelo de planejamento estratgico que leve a implementaes commenor nmero de fatores dificultadores e com maior ndices de sucesso.

    Como pouco se estudou sobre esse assunto em territrio brasileiro, este estudo

    pretende preencher parte dessa lacuna. Kaplan e Norton (2001) citam pesquisas

    mostrando que a capacidade de executar a estratgia mais importante do que sua

    qualidade em si, e que apenas 10% das estratgias implementadas so executadas

    com xito, concluindo que o verdadeiro problema no a m estratgia e sim a m

    execuo.

    Para a empresa estudada, esta pesquisa pode trazer-lhe maior conhecimento sobre

    os ajustes de implementao de suas estratgias e auxili-la na identificao de

    oportunidades de melhorias, uma vez que, como organizao que atua em setores

    competitivos, apenas sobrevive quando compete com excelncia.

    Definiu-se como objetivo geral avaliar a experincia de uma indstria mineira de

    mdio porte no que tange aos fatores que interferiram de maneira negativa naimplementao do seu Planejamento Estratgico.

    Para essa consecuo, tornou-se necessrio:

    Apresentar os antecedentes da organizao que orientou a elaborao de seu

    planejamento estratgico;

    Descrever as etapas do processo do PE adotado pela empresa;

    Levantar as dificuldades da empresa na implementao do seu Planejamento

    Estratgico;

    Analisar como a empresa tem lidado com as dificuldades.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    17/97

    A estrutura do trabalho foi estabelecida em cinco captulos: O primeiro fornece uma

    viso geral do tema, objetivos e a justificativa para seu desenvolvimento.

    O segundo captulo o Referencial Terico, que se concentra no estudo sobre oPlanejamento Estratgico, os principais conceitos, importncia, etapas do processo

    de elaborao e as dificuldades relacionadas implementao de um Planejamento

    Estratgico.

    O terceiro captulo apresenta o percurso metodolgico utilizado para responder ao

    problema de pesquisa e atingir os objetivos.

    No captulo quatro feita a apresentao dos resultados das entrevistas e

    demonstrada a forma como se desenvolveu o processo de Planejamento Estratgico

    (PE) na prtica. Em seguida apresentada a discusso dos resultados luz da

    teoria desenvolvida no segundo captulo.

    O quinto captulo apresenta as consideraes finais, implicaes, limitaes e

    sugestes para futuras pesquisas.

    As referncias e o Apndice A (roteiro da entrevista) finalizam o trabalho.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    18/97

    2 REFERENCIAL TERICO

    Este captulo apresenta os entendimentos da literatura sobre conceitos eimportncia de um planejamento estratgico, o processo de formulaes

    estratgicas, consideraes sobre a implementao de um planejamento

    estratgico, as dificuldades a ele relacionadas e os modos de como lidar com as

    dificuldades encontradas.

    Pode-se dizer que o curso da histria delineou muitas variaes nas caractersticas

    sociais, nas vises do sentido da vida e nos estilos e filosofias nacionais de

    organizao e administrao (MORGAN, 1996), o que talvez tenha interferido nos

    conflitos da implementao do Planejamento Estratgico em empresas. Neste

    referencial terico a autora se voltou especialmente para os posicionamentos dos

    seguintes autores: Kotter (2000), Tavares (2000), Kim e Mauborgne (2005),

    Hrebiniak (2008), Certo e Peter (2010) e Oliveira (2010a;b).

    Para Fishmann (1991) a implementao inerente administrao, pois se constitui

    uma etapa na qual se d ou no a converso do planejado em realidade. Como tal,

    apresenta-se usualmente como um momento de tenso, uma vez que em geral as

    aspiraes suplantam as capacidades e disponibilidades de recursos. Essa tenso

    torna-se maior sempre que as aspiraes, traduzidas em planos, voltam-se para a

    introduo de inovaes que representam mudanas organizacionais relevantes.

    2.1 Conceitos e importncia de um planejamento estratgico

    Cronologicamente, o planejamento estratgico tem sido considerado de maneiras

    diversas. Na dcada de 1960, como a determinao das metas e dos objetivos

    bsicos de longo prazo de uma empresa e a adoo de cursos de ao e a alocao

    dos recursos necessrios para realizar essas metas (CHANDLER, 1962, p.13). Uma

    dcada adiante, como um padro de objetivos, propsitos ou metas e as principais

    polticas e planos para alcanar essas metas, formuladas de forma a definir em que

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    19/97

    negcio a empresa atua ou deveria atuar, e o tipo de empresa que ela deveria ser

    (ANDREWS, 1971; 2001).

    Esclarecendo esses parmetros considerados por Andrews, Steiner (1979) afirmouser ele um processo estabelecido em cinco dimenses: (1) assunto abordado

    (relacionado a departamentos da empresa); (2) elementos (propsitos, objetivos,

    estratgias, polticas, normas, procedimentos, oramentos); (3) tempo (curto, mdio

    ou em longo prazo); (4) unidades de negcio; e (5) caractersticas (complexidade e

    qualidade relacionadas a planejamento estratgico ou ttico, pblico ou

    confidencial). Contudo, esse processo de cinco dimenses ainda no refletia todos

    os parmetros necessrios, pois as etapas no poderiam ser efetivamente

    delineadas.

    Na dcada de 1980, o planejamento estratgico era entendido como o que

    determinava o contexto referencial para as atividades de negcios de uma empresa

    e estabelecia as diretrizes para coordenar essas atividades, de forma que a empresa

    pudesse lidar com o ambiente externo mutante e exercer influncia sobre ele. A

    estratgia articulava o ambiente preferido da empresa e o tipo de organizao que

    ela estava lutando para ser (ITAMI; ROEHL, 1987). Na dcada seguinte e de formacomplementar, Nakagawa (1995) o conceituou como um processo lgico e

    sistemtico com objetivos futuros e com tomadas de deciso no presente, iniciado

    com a avaliao da situao da empresa e comparando com seus resultados do

    passado.

    Visualizando o ambiente, Day e Reibstein (1999, p.59) definiram o planejamento

    estratgico como a busca de vantagem competitiva sobre os concorrentes, foco

    similar ao de Tavares (2000, p.147), para quem esse um processo de formulaoe implementao de estratgias para aproveitar as oportunidades e neutralizar as

    ameaas ambientais.

    Voltando-se para o interior da organizao, em sua obra 'O processo da estratgia',

    Mintzberg e Quinn (2001, p.21) o conceituaram como uma sequncia passo-a-

    passo das aes necessrias para atingir os principais objetivos, expressando como

    esses sero alcanados dentro dos limites impostos pelas polticas,

    complementados por Hunger e Wheelen (2002): plano mestre abrangente que

    estabelece como a empresa ir alcanar sua misso e seus objetivos.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    20/97

    J Oliveira (2010b), associando os ambientes externo e interno, considera o

    planejamento estratgico a melhor forma que a direo da empresa utiliza para

    interagir com os fatores externos. Estes so considerados no controlveis,

    demandam prazo de atuao mais longo, amplo, com riscos maiores, atividades

    mais finalsticas e com flexibilidade menor, bem diferente quando comparado aos

    tipos de planejamentos ttico e operacional. Segundo o autor, os elementos

    necessrios para se realizar o planejamento estratgico so: diagnstico estratgico,

    misso da empresa, instrumentos prescritivos e quantitativos, controle e avaliao.

    Como bem afirmam Mintzberg e Quinn (2001, p.xii), no existe um melhor caminho

    para a criao de uma estratgia como tambm inexiste um melhor caminho para o

    direcionamento das organizaes, porque formas bem diferentes funcionam em

    contextos particulares. Nesse sentido, o perigo real reside no uso de solues

    acomodadas para uma realidade em nuances, no na abertura de perspectivas para

    interpretaes diferentes.

    Corroborando esse entendimento, Carlomagno e Bruhn (2005, p.3) afirmam que

    para sobreviver e crescer, as organizaes devem ser diferentes e dinmicas,

    proverem novos valores ao mercado por meio da criao e utilizao de novasideias que alterem o padro das expectativas. A estratgia muito importante [...],

    deve originar-se no interior das organizaes, reunindo criadores e

    implementadores.

    A literatura eventualmente apresenta captulos separados para formulao e

    implementao de estratgias, como se esta se seguisse quela em uma seqncia

    lgica e pr-estabelecida, fundamentada em estruturas organizacionais e sistemas

    de controle. Entretanto, alguns autores defendem que elas estejam interligadascomo processos interativos complexos em que polticas, valores, cultura

    organizacional e estilos de administrao determinam ou impem determinadas

    aes estratgicas com a finalidade de influenciar os resultados.

    Nesse sentido, cabe retomar entendimentos de Morgan (1996, p.13) quanto

    interpretao de que as organizaes constituem "organismos vivos, crebros,

    culturas, sistemas polticos, prises psquicas, fluxos e transformaes e [...]

    instrumentos de dominao".

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    21/97

    Pode-se afirmar que um planejamento estratgico, quando bem utilizado,

    proporciona uma srie de vantagens para a empresa como um todo.

    Embora possa parecer bvia e alguns possam entender a lista abaixo como extensa,merecendo ser resumida, Oliveira (2010b) a considera de relevncia, pois fornece

    um cenrio completo de resultados: (a) identifica reas que exigem decises e

    garante que a devida ateno lhes seja dispensada, tendo em vista os resultados

    esperados; (b) estabelece um fluxo mais rgido de informaes importantes para os

    tomadores de decises e que sejam as mais adequadas para o processo estratgico

    da empresa; (c) facilita a mudana organizacional durante a execuo dos planos

    estabelecidos, sendo que isso ocorre por meio de uma comunicao aprimorada e

    adequada; (d) procura o envolvimento de vrios profissionais da empresa para com

    os objetivos, desafios e metas por meio do direcionamento de esforos; (e) facilita e

    agiliza o processo de tomada de decises; (f) facilita a alocao dos recursos da

    empresa; (g) possibilita maior consenso, compromisso e consistncia entre os

    profissionais da empresa; (h) cria alternativas administrativas; (i) possibilita o

    comportamento sinrgico das vrias unidades organizacionais da empresa; (j)

    possibilita empresa manter maior interao com o ambiente; (k) incentiva e facilita

    a funo de direo na empresa; (l) transforma as organizaes reativas em

    organizaes proativas e, em situaes otimizadas, em organizaes interativas; (m)

    facilita e desenvolve um processo descentralizado de deciso na empresa; (n) cria

    situaes em que os executivos se sentem obrigados a se afastar das atividades

    rotineiras; (o) Incentiva a utilizao de modelos organizacionais adequados aos

    diversos contextos ambientais atuais e futuros; (p) orienta o desenvolvimento dos

    planejamentos tticos e operacionais; e (q) fortalece e agiliza o processo

    oramentrio.

    Conceituados os termos utilizados no estudo, identificada a importncia da

    estratgia e a de um planejamento estratgico, o prximo item aborda os processos

    de formulao de estratgia na viso deMintzberg e Quinn (2001), Kaplan e Norton

    (2001), Oliveira (2010a;b), Certo e Peter (2010) e Tavares (2000).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    22/97

    2.2 O processo de formulao de estratgias na viso dos autores

    H trs dcadas, Quinn (1980) j conceituava o que deveria se constituir um

    planejamento estratgico por meio dos seguintes termos: estratgia, objetivos ou

    metas, polticas, programas, tticas e planos operacionais:

    Estratgia plano ou padro que integra as principais polticas, objetivos, metas e

    aes da organizao, que, bem elaborada, pode assegurar a melhor alocao de

    recursos em antecipao aos movimentos dos concorrentes;

    Objetivos ou Metas resultados a serem alcanados em determinado perodo de

    tempo; Polticas decises contingenciais que reduzem os conflitos na definio dos

    objetivos;

    Programas seqncia de passos das aes necessrias para alcanar os

    objetivos;

    Tticas planos que funcionam no mdio prazo, permitindo realinhamentos para

    imediata obteno de objetivos limitados;

    Planos operacionais desdobramentos das tticas e com foco na tarefa ouatividade, alm de ocorrer em curto prazo.

    Conforme Mintzberg et al. (2000), h diferentes vises de estratgia, mas podem ser

    encontradas reas gerais de concordncia entre prtica e teoria, tais como (a) a

    estratgia diz respeito tanto organizao como ao ambiente; (b) a essncia da

    estratgia complexa; (c) a estratgia afeta o bem-estar da organizao; (d) envolve

    questes tanto de contedo como de processo; (e) as estratgias existem em

    diferentes nveis; e (f) envolve vrios processos de pensamento. Assim sendo, suadisciplina , tambm, um campo amplo e complexo, conforme abaixo:

    A formao da estratgia um desgnio arbitrrio, uma viso intuitiva e umaprendizado intuitivo. Ela envolve transformao e tambm perpetuao.Deve envolver cognio individual e integrao social, cooperao e conflito.Ela tem de incluir anlise antes e programao depois, bem comonegociao durante; e isso precisa ser em resposta quele que pode ser umambiente exigente (MINTZBERG et al., 2000, p. 274).

    Na dcada de 1970 os professores Kenneth Andrews e Roland Christensen, da

    Harvard Business School, desenvolveram um processo de avaliao dos ambientes

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    23/97

    interno e externo que denominaram anlise SWOT1, amplamente utilizado desde

    ento (FIG.1). Entretanto, Tarapanoff (2001, p.209) afirma que essa ideia da anlise

    SWOT j era utilizada h mais de dois mil anos e cita um conselho de Sun Tzu em

    500 a.C: "Concentre-se nos pontos fortes, reconhea as fraquezas, agarre as

    oportunidades e proteja-se contra as ameaas".

    Figura 1 Processo de Planejamento Estratgico

    Fonte: MINTZBERG et al., 2000.

    Para Mintzberg et al. (2000), o processo do planejamento estratgico similar ao de

    Tavares (2000), Kaplan e Norton (2001), Oliveira (2010a;b), Certo e Peter (2010),

    mas incluem a responsabilidade social. Para os autores, fatores externos s

    empresas passaram a influenciar a definio de padres e prticas de atuao

    organizacional e esse ambiente dinmico criou novas exigncias s empresas,

    fazendo com que se modificassem objetivos, propsitos e mtodos organizacionais,

    1 Acrnimo de Foras (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) eAmeaas (Threats).

    Avaliao externa Avaliao externa

    Ameaas e oportunidades

    no ambiente

    Foras e fraquezas da

    organizao

    Fatores-chavede sucesso

    Competnciasdistintivas

    Criao daestratgia

    Responsabilidade Social Valores gerenciais

    Implementao da estratgia

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    24/97

    tornando-os mais consistentes com as expectativas da sociedade. Essas

    transformaes comearam a apontar para estratgias que visariam manter um

    dilogo constante e transparente com a sociedade, de modo a garantir a

    legitimidade, o crescimento e a sustentabilidade organizacional.

    O processo de planejamento estratgico, na viso de Oliveira (2010a), pode ser

    iniciado pela definio da viso da empresa, que corresponde aos limites que os

    principais responsveis conseguem enxergar dentro de um perodo de tempo mais

    longo e uma abordagem mais ampla. Nesta etapa, podem ser identificadas as

    expectativas dos acionistas, conselheiros e executivos, porque a viso delineia o

    planejamento estratgico a ser desenvolvido e implementado. Em seguida, so

    estabelecidos os valores que representam, principalmente, os princpios e as

    questes ticas que a empresa deve respeitar e consolidar ao longo do tempo e que

    tenham forte influncia no modelo de gesto organizacional. Complementarmente, e

    a mais importante, a identificao da missoda empresa, sua razo de ser, que

    define seu posicionamento estratgico (OLIVEIRA, 2010a).

    Alm do acima exposto, Oliveira (2010a, p.69) afirma que nenhum planejamento

    estratgico ou nenhuma administrao estratgica ter sustentao se os executivosresponsveis pelas macrodecises organizacionais no tiverem um pensamento

    estratgico e uma noo exata do diagnstico da empresa quanto anlise de seus

    ambientes externo e interno (anlise SWOT) que segundo o autor, os pontos fortes

    e fracos compe a anlise interna da empresa, enquanto as oportunidades

    ameaas compe a anlise externa.

    Esse tipo de raciocnio estratgico pressupe um sexto sentido por parte de alguns

    executivos, o que os diferencia de outros, gerando decises mais acertadas. Nessesentido, um benchmarking ajuda a redirecionar o foco do planejamento estratgico

    para a criao de valor, melhorando, assim, a qualidade das projees. Para Oliveira

    (2010b), o benchmarking um processo que permite analisar outras empresas do

    mercado, incluindo o aprendizado que estas empresas fazem de melhor. Ou seja,

    esta ferramenta centra-se na procura de pontos de referncia que visam adaptar as

    melhores prticas do processo mentalidade e cultura da organizao.

    As empresas devem consolidar todas as partes do processo de planejamento

    estratgico, pois a falta de qualquer uma delas pode criar determinados problemas

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    25/97

    no processo de mudana planejada para a nova situao. Assim, se faltar a viso, a

    empresa est em uma situao confusa; se faltarem valores e polticas, pode estar

    em uma situao corruptvel; se faltar misso ou estratgia, est numa situao

    dispersa; se faltar acompanhamento e avaliao, est em uma situao de dvida; e

    se faltar objetivo, est sem foco (OLIVEIRA, 2010a).

    O pensamento estratgico adquirido ao longo do tempo, sempre com a viso

    aberta e abrangente da empresa e de seu ambiente, com o apoio de uma equipe

    eficiente e eficaz, de uma estrutura organizacional bem delineada e de um sistema

    de informaes adequado. Para ter validade, o pensamento estratgico deve ter

    como sustentao um processo estruturado e anteriormente implementado (FIG.2).

    Identificao Estruturaoda questo da questoestratgica estratgica

    Controle e DecomposioAvaliao da questo

    Estratgica

    Aoestratgica Anlise da

    questoestratgica

    Decisoestratgica

    Formulao deReestruturao estratgiasda questo alternativasestratgica

    Figura 2 Esquema do pensamento estratgicoFonte: OLIVEIRA, 2010a, p.91.

    Assim, conforme a Figura 2, o esquema do pensamento estratgico pautado pelas

    seguintes fases:

    FASE I Identificao da questo estratgica: neste momento, estando ligado s

    coisas que esto acontecendo, o executivo identifica determinada

    situao, aspecto ou evento que a empresa deve considerar ou, pelo

    menos, analisar sua validade;

    FASE V

    FASE IX

    FASE VI

    FASE IV

    FASE VIII

    FASE III

    FASE VII

    FASE I FASE II

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    26/97

    FASE II Estruturao da questo estratgica: este aspecto corresponde a fazer

    o enquadramento e a interligao rpida e simplificada com fatores e

    subfatores anteriormente identificados e estudados nas anlises interna

    e externa da empresa;

    FASE III Decomposio da questo estratgica: corresponde a uma anlise

    sistmica e global sobre a questo estratgica identificada, inclusive

    para que o executivo possa avaliar o nvel de conhecimento que a

    empresa tem sobre o assunto;

    FASE IV Anlise da questo estratgica: este momento corresponde,

    normalmente, a uma anlise interativa que considera os aspectos

    externos da empresa que esto correlacionados questo estratgicaconsiderada, bem como identificao de existncia de sinergias com

    outras questes estratgicas anteriormente identificadas, ou mesmo

    questes potenciais quanto ocorrncia;

    FASE V Formulao de estratgias e de suas alternativas: o executivo formula o

    mximo possvel de estratgias ou aes que a empresa poder

    operacionalizar, incluindo as situaes alternativas com suas

    vantagens, desvantagens e momentos de passagens entre alternativas(de uma para outra), tudo isso visando otimizar a operacionalizao da

    questo estratgica identificada;

    FASE VI Reestruturao da questo estratgica: neste momento, o executivo

    adapta uma anlise de viabilidade mercadolgica, econmica,

    financeira, tcnica e operacional de forma resumida, considerando as

    diversas formulaes estratgicas estabelecidas;

    FASE VII Deciso estratgica: com base em todo o processo anteriormenterealizado, o executivo decide ou prope para deciso final pela alta

    administrao da empresa a deciso mais adequada para a questo

    estratgica considerada;

    FASE VIII Ao estratgica: este aspecto corresponde operacionalizao da

    deciso estratgica adotada;

    FASE IX Controle e avaliao: corresponde realizao, de preferncia de

    autocontrole da deciso estratgica adotada (OLIVEIRA, 2010a, p.91-

    92).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    27/97

    Na definio da formulao estratgica, Oliveira (2010b) inicia pelo estabelecimento

    dos tipos de filosofias de planejamento estratgico (de satisfao, otimizao ou

    adaptao) e subdivide os tipos de planejamento em estratgico, ttico e

    operacional, entendendo a organizao como um sistema. Quanto postura

    estratgica da empresa, o autor enfatiza a necessidade das sinergias que ocorrem

    nas formas administrativa, mercadolgica, operacional, nos investimentos, de

    flexibilidade e de risco. Quanto aos objetivos e desafios empresariais, o autor sugere

    um processo de estabelecimento de objetivos e desafios, sua quantificao, a

    necessidade de sua renovao peridica, a divulgao formalizada e o teste de

    validade e de contedo desses parmetros, considerando o lucro como um objetivo.

    De maneira geral, observa-se que realidade empresarial constitui-se por intensas

    mudanas gerenciais, oriundas das variaes mercadolgicas nessa realidade. Isto

    posto, necessrio que as empresas busquem ferramentas capazes de auxili-las

    em busca de melhores prticas. Diante disto, Oliveira (2010 a) cita que o

    benchmarkingpode ser compreendido como um processo empresarial que objetiva

    comparar a empresa s referncias do setor. Logo, esta ferramenta busca identificar

    as prticas de sucesso utilizadas nas organizaes lderes do setor para que as

    mesmas sejam imitadas pelas empresas seguidoras.

    Na perspectiva de Certo e Peter (2010), as informaes necessrias para que se

    inicie o processo de formulao de estratgias provm da anlise do ambiente. Os

    autores sugerem duas abordagens: a anlise de questes crticas e a anlise dos

    fatores externos e internos (anlise SWOT).

    A primeira fornece tanto a estrutura necessria para o estudo da situao atual da

    organizao como propicia a formulao estratgica por meio de respostas a quatroquestes bsicas:

    Quais so os propsitos e os objetivos da organizao?

    Para onde a empresa est indo no momento?

    Quais os fatores ambientais crticos na atualidade?

    O que pode ser feito para que os objetivos organizacionais sejam alcanados

    de maneira mais efetiva no futuro?

    A anlise dos fatores externos e internos fundamental para o mapeamento de uma

    empresa, e suas consideraes so demonstradas no Quadro 1.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    28/97

    Quadro 1 Importantes consideraes para anlise dos fatores externos e internosANLISE EXTERNA

    Oportunidades Riscos

    Entrar em novos mercados ou segmentos? Aumentar a linha de produtos? Diversidade de produtos relacionados? Incluir produtos complementares? Integrao vertical? Crescente presso competitiva? Capacidade de mudar para melhor o grupo

    estratgico? Convivncia com empresas rivais? Crescimento de mercado mais rpido? Outros?

    Provvel entrada de novos concorrentes? Aumento das vendas de produtossubstitutos?

    Crescimento mais lento do mercado? Poltica governamental restritiva? Vulnerabilidade recesso e aos ciclos do

    negcio? Crescente poder de barganha dos clientes

    ou fornecedores? Mudanas de necessidades e gostos dos

    compradores? Mudana demogrfica relevante? Outros?

    ANLISE INTERNA

    Pontos fortes Pontos fracos

    Uma fonte de competncia distintiva? Recursos financeiros adequados? Boa habilidade competitiva? Atitude positiva dos compradores? Lder reconhecido no mercado? Estratgias de reas funcionais? Economias de escala em crescimento? Isolado da forte presso de concorrentes?

    Dono da tecnologia? Vantagens de custo? Vantagens competitivas? Capacidade de inovao de produtos? Administrao competente? Outros?

    Direo estratgica pouco clara? Posio competitiva desvantajosa? Instalaes obsoletas? Lucratividade baixa em virtude de ...? Falta de talento e profundidade

    administrativa? Falta de experincia ou competncias-chave

    bem concebidas? Controles ruins na implementao da

    estratgia? Contaminao por problemas operacionais

    internos?

    Vulnervel a presses da concorrncia? Atraso em relao a pesquisa e

    desenvolvimento? Linha muito limitada de produtos? Imagem fraca no mercado? Desvantagens competitivas? Experincia de marketing abaixo da mdia? Incapaz de financiar as mudanas

    necessrias na estratgia? Outros?Fonte: CERTO; PETER, 2010, p.77.

    Existe parcial consenso entre Tavares (2000), Kaplan e Norton (2001), Oliveira(2010a;b), Certo e Peter (2010) de que as organizaes devem se preocupar em ter

    metodologias para a formulao e implementao de suas estratgias, alinhamento

    eficaz em seus processos estratgicos, contar com o envolvimento e o patrocnio da

    diretoria, buscar sempre adequar-se realidade e cultura da empresa, como

    tambm ter estruturado um processo de identificao de necessidades, com ou sem

    ajuda externa de uma consultoria.

    Afirma-se que o consenso parcial pelos seguintes motivos: Kaplan e Morton (2001)

    afirmam que 70% das estratgias falham por terem sido mal concebidas, pois

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    29/97

    eventualmente organizaes estabelecem objetivos intangveis, de difcil

    mensurao ou no promovem uma cultura de medio, alm de contarem com

    poucas informaes para a definio de metas em longo prazo. Oliveira (2010a;b)

    afirma que as causas de falhas se referem inadequao no controle e avaliao,

    da desconsiderao da relao custos versus benefcios e da interao inadequada

    com os funcionrios, que incluem a falta de participao e envolvimento, a falta de

    comprometimento e a falta de conhecimento. Para Tavares (2000), as dificuldades

    se encontram na ausncia de capacitao, na resistncia s mudanas e nas

    deficincias, rudos ou bloqueios no processo de comunicao. J Certo e Peter

    (2010) relevam a falta de talento e profundidade administrativa, falta de experincia

    ou competncias-chave mal concebidas, alm de experincia de marketing abaixoda mdia.

    Internamente, as organizaes devem poder contar com equipes competentes e

    competitivas, registrar nveis adequados de simplicidade, formalidade nos processos

    e flexibilidade nas tomadas de deciso, e contar com lderes em todos os setores.

    Sua interao com o mercado e os fatores externos deve fluir compatvel e

    adequadamente aos fatores internos, que incluem tcnicas estratgicas e

    interligao a todos os sistemas administrativos. A diretoria deve incentivar

    propostas inovadoras que digam respeito viso de futuro. Como o mercado

    dinmico e a competitividade exige ateno constante, deve existir um sistema

    estruturado de acompanhamento, avaliao e aprimoramento de resultados. Para

    isto, a equipe deve estar alinhada e capacitada para alavancar os resultados

    organizacionais.

    Tavares (2000) tambm destaca no que se refere a planejamentos estratgicos. Emsua opinio, o processo para a elaborao e implementao da gesto estratgica

    implica, necessariamente, a delimitao do negcio, a formulao da viso, da

    misso e o inventrio das competncias distintivas.

    Um processo de gesto estratgica complexo porque segue as caractersticas

    prprias de cada organizao: sua natureza, porte, estilo de gesto, cultura e o

    clima, fatores que certamente influenciaro a maneira como esse tipo de atividade

    ser desenvolvido. Contudo, de maneira geral, suas etapas seguem a mesmasequncia, como demonstrado na Figura 3:

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    30/97

    Figura 3 Etapas do processo de gesto estratgicaFonte: TAVARES, 2000, p.156.

    Os diagnsticos estratgicos externos e o interno (anlise SWOT) levam

    construo de cenrios ideais para uma organizao. O diagnstico estratgico

    externo corresponde anlise de diferentes dimenses do ambiente que influenciam

    as organizaes, e estuda as dimenses setoriais e competitivas (TAVARES, 2000).

    Quando so comparados os esquemas de Tavares (2000) e Oliveira (2010a), pode

    ser percebido o mesmo foco, mesmo que com outras palavras. Enquanto Tavares

    sugere anlise macroambiental, do ambiente competitivo, dos tipos de

    relacionamentos do ambiente e do ambiente interno, Oliveira sugere identificar a

    questo estratgica, estrutur-la, decomp-la e analis-la. Tavares interliga suas

    anlises ao negcio, viso, misso e competncias distintivas, alm dos valores epolticas para ento sugerir a formulao e implementao das estratgias, a

    definio de objetivos e a elaborao do oramento. Oliveira vai direto formulao

    de estratgias e de suas alternativas, reestruturao da questo estratgica

    (adaptando uma anlise de viabilidade mercadolgica, econmica, financeira,

    tcnica e operacional de forma resumida e considerando as diversas formulaes

    estratgicas estabelecidas, deciso estratgica e consequente ao. Ambos os

    autores interligam todo o processo e finalizam com a avaliao e controle. Tavares

    complementa a anlise com consideraes sobre gerenciamento e

    responsabilidades.

    Anlisemacroambiental

    Anlise do ambientecompetitivo e dos

    tipos derelacionamentos no

    ambiente

    Anlise do ambienteinterno

    NegcioViso

    MissoCompetncias

    distintivas

    ValoresPolticas

    Avaliao e controle

    Gerenciamento eresponsabilidades

    Formulao eimplementao de

    estratgias

    Definio deobjetivos

    Elaborao dooramento

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    31/97

    Em suas consideraes fora de seus esquemas, Tavares (2000) e Oliveira (2010a)

    afirmam que inicialmente a organizao deve estabelecer seu conceito de estratgia

    e a visualizar no contexto de seus negcios. A partir de ento, analisa seu

    macroambiente, seus relacionamentos e o ambiente competitivo. Internamente,

    reavalia seus princpios, crenas e doutrinas, valores e filosofias, fundamentando-os

    em normas organizacionais e estabelecendo suas polticas, tendo a tica como

    parmetro principal. Ao definir seu escopo competitivo, a empresa delineia suas

    estratgias competitivas e genricas (liderana de custo, diferenciao, enfoque e a

    sustentabilidade das estratgias). Para isto, estabelece as condies para a

    obteno de custo e diferenciao, como sugerido por Porter (2004)2,o que resulta

    em um processo de gesto estratgica. Internamente, em face de suaspotencialidades e necessidades de longevidade, a empresa define qual a estratgia

    interna que mais se adapte a seu momento: de sobrevivncia, crescimento,

    manuteno ou desenvolvimento.

    Para Tavares (2000, p.355), a estratgia precisa ser articulada em termos de

    possveis mudanas nos processos, nas pessoas e nos recursos que demandar.

    Assim, alguns cuidados devem ser tomados no sentido de aumentar suas chances

    de xito.

    Quando se implementa uma estratgia, inicia-se um momento decisivo no processo

    decisrio, pois resulta da disposio do alto comando em tomar decises crticas de

    todo o processo desenvolvido. Abrange trs dimenses:

    (1) a coordenao e integrao dos esforos entre as reas que precisam

    trabalhar juntas para implement-la; a vantagem competitiva sustentvel apenas

    ser obtida por meio da concentrao e integrao do esforo de todas as reasenvolvidas;

    2Conforme Porter (2004, p.37-40), a liderana de custoexige a construo agressiva de instalaesem escala eficiente, uma perseguio vigorosa de redues de custo pela experincia, um controlergido do custo e das despesas gerais, a no permisso da formao de contas marginais dosclientes e a minimizao do custo em algumas reas, como assistncia, fora de vendas epublicidade. A diferenciao uma estratgia vivel para obter retornos acima da mdia em umaindstria porque ela cria uma posio defensvel para enfrentar as cinco foras atuantes sobre aorganizao: o poder de barganha dos clientes, de fornecedores, a ameaa de substitutos, de novos

    concorrentes e a rivalidade dos concorrentes usuais, embora de um modo diferente do que naliderana de custo. A diferenciao proporciona isolamento contra a rivalidade competitiva devido lealdade dos consumidores quanto marca e consequente menor sensibilidade ao preo, dentreoutros parmetros.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    32/97

    (2) o comprometimento dos indivduos e grupos para realiz-la; todos os

    envolvidos precisam se comprometer com o que for estabelecido;

    (3) a competncia tcnica e gerencial para equacionar e resolver problemas e

    coordenar a implementao das solues. A primeira diz respeito ao inventrio e

    disponibilidade do capital intelectual e dos recursos tcnicos e financeiros

    disponveis, enquanto a segunda sua articulao (TAVARES, 2000).

    Ainda conforme Tavares (2000), as decises estratgicas dos executivos devem

    visualizar a construo do futuro estabelecido pela viso a partir da explorao do

    presente, ou seja, estabelecer os fundamentos para o sucesso de amanh e, ao

    mesmo, tempo, competir com vantagem no mercado atual. O desafio para atender

    s demandas do momento e os requerimentos para o futuro encontra-se no corao

    da gesto estratgica e baseada na anlise SWOT pelas seguintes razes:

    1. O ambiente em que a organizao estar atuando no futuro ser diferente do

    de hoje, que ser direcionado pelas mudanas de hbitos dos consumidores,

    mudanas tecnolgicas, regulamentatrias, competitivas, de novos produtos,

    entre outras, que continuamente estaro ocorrendo;

    2. O sucesso futuro da organizao depende da maneira como percebe essas

    mudanas e empreende mudanas para atend-las; algumas podem ocorrer

    incrementalmente, e outras de forma inovadora; e

    3. A organizao precisa estabelecer um elo entre a concepo da estratgia e

    sua implementao para que seja bem-sucedida (TAVARES, 2000).

    Nesse sentido, pode-se remeter a Kim e Mauborgne (2005) e sua estratgia do

    oceano azul, que desafia as empresas a transpor as barreiras do oceano vermelho

    da competio mediante a criao de espaos de mercado inexplorados. Destaforma, a estratgia do oceano azul se concentra em aumentar a demanda e em

    romper as fronteiras da competio.

    Em relao aos recursos que podem ser utilizados na conduo das mudanas

    organizacionais, cabe ressaltar uma tcnica denominada benchmarking, uma

    ferramenta que possibilita que a empresa verifique e compare as melhores prticas

    ou prticas inovadoras de seus concorrentes. Contudo, para que essas prticas

    possam ser transferidas, h necessidade de que haja existncia de similaridade

    entre algumas caractersticas dos aspectos envolvidos (TAVARES, 2010).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    33/97

    Resumindo os entendimentos citados e comparando as metodologias, percebe-se

    que todas elas seguem aproximadamente uma mesma lgica de construo,

    partindo do estabelecimento dos objetivos da organizao, anlise do ambiente e,

    ento, da formulao de como alcanar os objetivos.

    Os quatro autores (MINTZBERG et al 2000; TAVARES 2000; OLIVEIRA 2010a,

    2010b; CERTO; PETER, 2010) concordam que o processo de elaborao do

    Planejamento Estratgico deve contar com pessoal de todos os nveis e que a busca

    pela manuteno do consenso entre todos os nveis e as diferentes reas devem ser

    constantes e intensivas.

    2.3 Consideraes sobre a implementao do planejamento estratgico

    Uma vez desenvolvida a estratgia, as empresas devem converter o pensamento

    em ao. Em outras palavras, qualquer estratgia impe o desafio da execuo

    (KIM; MAUBORGNE, 2005, p.145), e quatro so as barreiras no mbito interno(FIG.4).

    Figura 4 As quatro barreiras organizacionais execuo da estratgiaFonte: KIM; MAUBORGNE, 2005, p.148.

    Barreira cognitiva

    Organizao amarrada aostatus quo

    Barreira dos recursos

    Recursos limitados

    Barreira poltica

    Oposio por parte degrandes interesses no-

    declarados

    Barreira motivacional

    Pessoal desmotivado

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    34/97

    A barreira cognitiva diz respeito ao processo de despertar nos empregados a

    necessidade de mudana de atitudes e comportamentos. A dos recursos implica que

    toda mudana estrutural gera custos e, eventualmente, uma empresa pode noestar disposta a investir. A terceira barreira complexa, porque qualquer mudana

    implica resistncias naturais, h necessidade de ruptura com o passado e a

    motivao do corpo laboral deve ser feita rapidamente, uma vez que o tempo

    tambm gera custos. A ltima barreira a poltica organizacional, que geralmente

    sofre inmeras resistncias.

    Para alcanar esse resultado com eficcia, as empresas

    [...] devem abandonar a sabedoria convencional referente realizao damudana; esta aponta que, quanto maior a mudana, maiores os recursos etempo necessrios para obter os resultados. O segredo virar a sabedoriaconvencional de cabea para baixo, por meio do que chamamos lideranado ponto de desequilbrio (tipping point leadership) (KIM; MAUBORGNE,2005, p.146).

    Essa liderana no ponto de desequilbrio cria condies para a superao desses

    quatro obstculos, ao mesmo tempo em que se conquista o comprometimento dos

    empregados em relao ruptura necessria do status quo.

    No mbito externo, Kim e Mauborgne (2005) sugerem visualizar a estratgia por

    meio de quatro passos (QUADRO 2):

    Quadro 2 - Os quatro passos para a visualizao da estratgia

    1. Despertar visual 2. Explorao visual3. Feira de estratgiavisual

    4. Comunicaovisual

    Compare suaempresa com osconcorrentes,desenhando amatriz de avaliaode valor situaovigente.

    Identifique onde suaestratgia deve seralterada.

    Saia a campo paraexplorar fronteirasque levam criaode oceanos azuis.

    Observe asvantagensdiferenciadoras deprodutos e serviosalternativos.

    Veja quais fatoresdevem sereliminados, criadosou alterados.

    Desenhe sua futuramatriz com base eminsightsresultantesde observaes decampo.

    Receba feedbacksobre a matriz deavaliao de valorde alternativasoriundo de clientes,clientes deconcorrentes e no-clientes.

    Use o feedback naconstruo damelhor estratgiapara o futuro.

    Distribua seusperfis estratgicosiniciais e finais emuma nica pginapara fcilcomparao.

    Apoie apenas osprojetos einiciativas quepermitam suaempresa fechar aslacunas naimplementao danova estratgia.

    Fonte: KIM; MAUBORGNE, 2005, p.84.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    35/97

    Na perspectiva de Oliveira (2010a), a qualidade da implementao das estratgias

    o resultado de trs pontos:

    1. Qualidade na formulao das estratgias, inclusive as alternativas;

    2. Qualidade na escolha das estratgias bsicas; e

    3. Qualidade decisria e administrativa da equipe que catalisa e coordena a

    implementao das estratgias.

    Hrebiniak (2008) lembra que a literatura est plena de tcnicas sobre planejamentos

    e formulaes estratgicas, mas restrita no que se refere sua implementao.

    Por este motivo, o autor afirma que o problema de pobres performances no est no

    planejamento (amplamente pesquisado), mas em sua execuo, ou seja, as

    estratgias no so implementadas com eficcia e sucesso porque fazer a

    estratgia funcionar mais difcil que planej-la.

    Na opinio de Kaplan e Norton (2001), a formulao da estratgia consiste em

    considerar temas estratgicos que refletem a viso dos executivos quanto ao que

    deve ser feito internamente para a obteno de resultados estratgicos. Na viso

    dos autores, os processos internos se refletem no ambiente externo.

    Para Oliveira (2010a), tem sido comum a alta direo das empresas jogar a culpa

    na qualidade da formulao e na escolha das estratgias bsicas quando elas no

    proporcionam os resultados desejados, mas o problema est, quase sempre, na

    qualidade decisria e administrativa da equipe que catalisa e coordena a

    implementao das estratgias, e isso se deve ao fato de que o mais importante o

    movimento que a organizao pretende e precisa fazer para alcanar os objetivos

    estabelecidos. A boa estratgia define o foco de atuao e apresenta uma proposta

    de valor, mas para propiciar seu rpido desenvolvimento, essa caractersticademanda o pleno entendimento por todos os profissionais envolvidos.

    No ambiente externo, algumas consideraes so importantes para a chamada

    administrao estratgica, que significa

    [...] uma administrao moderna que, de forma estruturada, sistmica eintuitiva, consolida um conjunto de princpios, normas e funes paraalavancar, harmoniosamente, todo o processo de planejamento da situao

    futura desejada da empresa, e seu posterior controle perante os fatoresambientais, bem como a organizao e direo dos recursos empresariaisde forma otimizada com a realidade ambiental, sustentada pelamaximizao das relaes interpessoais (OLIVEIRA, 2010a, p.86).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    36/97

    A gesto estratgica envolve um ajustamento interativo da anlise SWOT entre as

    mudanas dos fatores ambientais e nos fatores internos da empresa. Esse processo

    deve procurar a otimizao dos resultados organizacionais, principalmente os de

    mdio e longo prazos, tais como a satisfao crescente dos clientes e a acumulao

    gradativa do lucro qualitativo, ou seja, a realizao pessoal e profissionais dos

    funcionrios e colaboradores.

    Assim, pode-se dizer que a administrao estratgica composta, alm do

    planejamento, tambm pela estruturao organizacional, pelo processo diretivo, pelo

    sistema de avaliao e acompanhamento, bem como pela efetivao da mudana

    planejada na empresa.

    Com o intuito de interligar as estratgias com a estrutura organizacional, os objetivos

    e estratgias podem ser distribudos pela estrutura hierrquica da empresa de

    acordo com as reas funcionais, atividades ou equipes de trabalho, ou mesmo por

    processos previamente estabelecidos em uma rede escalar de objetivos e

    estratgias, como demonstra a Figura 5.

    OBJETIVOS FUNCIONAISESTRATGIAS FUNCIONAIS

    MARKETING PRODUO FINANAS RECURSOSHUMANOS

    Figura 5 Rede escalar de objetivos e estratgiasFonte: OLIVEIRA, 2010a, p.88.

    Segundo Oliveira (2010a), a interligao da estratgia com os objetivos deve ocorrer

    em dois momentos: com relao ao sistema de controle, avaliao e

    VIS O E VALORES

    ANLISEEXTERNA

    OBJETIVOS DA EMPRESA

    MISS O

    ANLISEINTERNA

    PROPSITOSPOSTURA

    ESTRATGICA

    ESTRAT GIAS DA EMPRESA

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    37/97

    acompanhamento ela deve ocorrer em tempo real. Quanto sua interligao com o

    processo de mudana planejada ou de desenvolvimento organizacional, o processo

    deve ser realizado em mdio ou em longo prazo com o intuito de que o nvel de

    resistncia das pessoas seja baixo.

    Em outras palavras, fazer o plano funcionar um desafio ainda maior do que criar o

    plano (HREBINIAK, 2008, p.11), tema do prximo item. Talvez isto se deva ao fato

    de que a

    Como a execuo um processo e no o resultado de uma deciso ou ao

    isolada, mas o resultado de uma srie de aes e decises integradas ao longo do

    tempo (HREBINIAK, 2008, p.11), fazer o plano funcionar um desafio ainda maiordo que cri-lo. O prximo item trata deste aspecto.

    2.4 Dificuldades relacionadas implementao do planejamento estratgico

    Mesmo com todas as consideraes, formulaes estratgicas, anlises epossibilidades, alguns problemas podem ser identificados no momento da

    implementao de um planejamento estratgico.

    Embora possa haver na realidade uma separao entre as tarefas de planejamento

    e execuo, as duas apresentam grande interdependncia. O planejamento afeta a

    execuo que, por sua vez, afeta as mudanas na estratgia e no planejamento ao

    longo do tempo. Na opinio de Hrebiniak (2008, p.31), a execuo da estratgia est

    relacionada no apenas s questes de por que, mas tambm de como. Gerentesso remunerados por agir e tambm por saber, e isto implica a restrio da ao

    em qualquer abordagem para a execuo de estratgias. Geralmente, gerentes

    desejam um roteiro de ao, tipo diga-nos o que fazer, quando e em qual

    sequncia. E sem um guia ou modelo, os esforos simplesmente no ocorrem em

    uma maneira lgica, e difcil desenvolver um plano de execuo.

    Conforme Tavares (2000), tornar clara uma estratgia apenas um dos passos

    necessrios a uma gesto estratgica bem-sucedida, porque sua implementao

    corresponde a um momento importante no processo decisrio. Resulta da

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    38/97

    disposio da alta administrao em tomar decises crticas como sntese de todo o

    processo desenvolvido, como (1) a coordenao e integrao dos esforos entre as

    reas que precisam trabalhar juntas para implementar a estratgia, (2) o

    comprometimento dos indivduos e grupos para realizar a estratgia e (3) a

    competncia tcnica e gerencial para equacionar, resolver problemas e coordenar a

    implementao das solues. A primeira deciso diz respeito ao inventrio e

    disponibilidade do capital intelectual e dos recursos tcnicos e financeiros que

    podem ser utilizados, enquanto a segunda se refere sua articulao. A terceira se

    refere qualidade da gesto.

    Ainda segundo Tavares (2000), pode acontecer a possibilidade de a implementaode estratgias poder dispensar arranjos especiais ou de aparato formal nos

    seguintes casos: momentos de procura maior que oferta, inexistncia ou incipincia

    de concorrncia, mudanas ambientais lentas, ausncia de possibilidade de

    mudana nos produtos da empresa e da concorrncia, forte regulamentao e

    interferncia governamental. Contudo, essas situaes geralmente so temporrias,

    o que demanda um estado de alerta constante por parte dos executivos. Assim, a

    organizao deve aprimorar e manter um perfeito funcionamento de seu sistema de

    informaes gerenciais e um adequado fluxo de comunicao.

    Na opinio de Oliveira (2010b), as principais causas de dificuldades so algumas

    confuses constatadas no mercado sobre o prprio conceito de planejamento

    estratgico: em primeiro lugar, um planejamento estratgico no um instrumento

    administrativo para resolver todos os problemas de uma empresa, mas um efetivo

    conjunto de tcnicas e anlises, como j abordado e, em segundo lugar, esse

    planejamento estratgico deve ser adequadamente utilizado pela empresa. Se umbom planejamento no for feito, ocorrem falhas durante a implementao. No que

    tange s pessoas, o autor afirma que a interao inadequada da alta administrao

    junto aos funcionrios resulta em 'falta de participao e envolvimento' e em 'falta de

    comprometimento'.

    Alm desses dois focos, foram considerados outros entendidos como relevantes a

    este estudo 'resistncia s mudanas e deficincias' e 'rudos ou bloqueios no

    processo de comunicao', discutidos especialmente por Kotter (2000), Tavares

    (2000), Kim e Mauborgne (2005), Seiffert e Costa (2007) e Hrebiniak (2008).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    39/97

    Para Hrebiniak (2008, p.11), as pessoas promovem as principais dificuldades na

    execuo de uma estratgia, e quanto maior for o nmero de pessoas envolvidas

    maior ser o desafio que a execuo apresentar, porque

    [...] alm de ser realizada em perodos maiores de tempo, a implementaoda estratgia sempre envolve mais pessoas do que sua formulao, e issotraz problemas adicionais. A comunicao dentro da organizao ou entrediferentes funes torna-se um verdadeiro desafio. Ter certeza de que osincentivos em toda a organizao representam um suporte para os esforosde execuo da estratgia torna-se uma necessidade e, potencialmente, umproblema. Vincular os objetivos estratgicos com os objetivos epreocupaes dirias da equipe de trabalho em diferentes nveis e locais daorganizao torna-se uma tarefa legtima, porm desafiadora.

    Assim, se o discurso das organizaes privilegia o patrimnio humano, ento as

    prticas disseminadas devem atender a esse requisito. Pode-se dizer que muitas

    organizaes visualizam os empregados apenas como peas do processo e no

    como partes integrantes e participativas, desvalorizando-os ao oferecerem

    remuneraes abaixo de suas expectativas e necessidades, alm de tratamento

    inadequado (CARNEIRO, 2010).

    Os prximos subitens deste captulo tm como objetivo esclarecer os principais

    fatores que podem afetar a implementao de um planejamento estratgico e asmedidas que podem ser adotadas, e isso se dar especialmente na viso de Kotter

    (2000), Tavares (2000), Kim e Mauborgne (2005), Seiffert e Costa (2007) e

    Hrebiniak (2008).

    2.4.1 Falta de participao e envolvimento

    Para Tavares (2010), o envolvimento representa a identificao das pessoas com a

    proposta. Pateman (1992) classifica o exerccio participativo dos trabalhadores em

    trs categorias: pseudoparticipao, participao parcial e participao plena. As

    estratgias utilizadas apenas para persuadi-los a aceitar as decises j tomadas

    pelas chefias so consideradas como pseudoparticipao. A participao parcial

    refere-se a um processo no qual o trabalhador pode influenciar na tomada de

    decises, mas a deciso final no lhe pertence. A existncia de grupos de

    trabalhadores autorregulados, capazes de tomar suas prprias decises,

    corresponderia participao plena.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    40/97

    J para Lima e Albano (2002) participao e envolvimento significam o conjunto de

    preceitos, polticas administrativas, valores e crenas que do forma ao modo

    especial e nico de como as pessoas agem e interagem dentro de uma organizao.

    Consequentemente, colaboram para o estabelecimento de uma cultura e um clima

    organizacional adequado em benefcio da produtividade e alcance dos objetivos

    Da mesma forma entendem Oliveira e Superti (2002), de que a participao nos

    diversos nveis de deciso contribui para a qualidade das decises e da

    administrao, tambm para satisfao e a motivao das pessoas.

    Para Tavares (2000), o aprimoramento da deciso participativa contribui para

    aumentar a competitividade da organizao, pois essa forma de gesto consiste emcompartilhar as decises que afetam o conjunto da empresa.

    A administrao participativa representa um abandono da viso mecanicista da

    organizao no que diz respeito aos recursos humanos, que deixam de ser

    considerados recursos e passam a ser designados como pessoas que necessitam

    de motivao para responder aos anseios organizacionais (OLIVEIRA, 2010b).

    Deste modo, somente podem chamar de colaboradores (ao invs de funcionrios)as organizaes que buscam entender os anseios, as necessidades e as

    motivaes dos seus funcionrios, para que estes venham a desempenhar um novo

    papel, observado atravs do prisma de colaboradores ou parceiros de negcios

    (ZAPERLON, 2006).

    2.4.2 Falta de comprometimento

    Para Oliveira (2010b, p.315), comprometimento representa o processo interativo em

    que se consolida a responsabilidade isolada ou solidria pelos resultados

    esperados. J para Tavares (2010), o comprometimento refere-se ao

    estabelecimento e cumprimento de compromissos em relao ao que se prope

    realizar. Pode-se inferir, ento, que a ausncia do comprometimento interfere no

    atendimento aos objetivos estratgicos.

    O termo comprometimento largamente usado de modo popular quando

    [...] algum se refere ao relacionamento de uma pessoa com outra, com umgrupo ou organizao. Na lngua portuguesa, a palavra expressa uma ao

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    41/97

    ou ato de comprometer-(se), sendo que o prprio ato de comprometerrevela a idia de obrigar-se por compromisso (ZANELLI, 2004, p.313).

    O comprometimento pode ser considerado como proveniente de um contrato

    psicolgico, implcito e no formal celebrado entre organizao e empregados, quese refere s percepes de promessas de direitos e obrigaes de cada uma das

    partes.

    Baa et al. (2005) detalham os problemas que a falta de comprometimento das

    pessoas gera nas organizaes:

    (1) pouco engajamento com as atividades, ou seja, os integrantes no se entregam,

    executando apenas as funes necessrias e requisitadas;

    (2) alta rotatividade, porque integrantes no comprometidos com as atividades

    aceitam trocar seu emprego por qualquer proposta que seja mais atraente,

    mesmo que somente sob o ponto de vista financeiro;

    (3) falta de empenho diante de problemas, os integrantes no se empenham para

    resolv-los porque no se sentem parte do grupo e no se vem na obrigao

    de ajudar a empresa a se recuperar;

    (4) falta de inovao. Integrantes com baixo nvel de comprometimento no

    apresentam grandes inovaes ou diferenas porque no se envolvem com ogrupo e no agregam valor atravs de sugestes, ideias e dedicao, gerando

    maior risco de reclamaes e desentendimentos;

    (5) Baixa produo. Integrantes no comprometidos no permitem que o grupo

    trabalhe em seu nvel timo de produo; sem comprometimento, os integrantes

    no buscam se aperfeioar ou se desenvolver nas atividades em que atuam; e

    (6) Falta de responsabilidade. A falta de comprometimento dos integrantes gera

    uma fuga pela responsabilidade, ou seja, eles buscam assumir o mnimo deresponsabilidades sobre as questes do grupo.

    Ter colaboradores comprometidos tornou-se pea fundamental para as

    organizaes que pretendem se manter competitivas. De acordo com Senge (1998,

    p.246), o comprometimento pressupe um sentimento total de responsabilidade na

    transformao das metas e objetivos em realidade, pois uma organizao e o seu

    quadro de funcionrios formam um vnculo estreito. De um lado, a organizao

    fornece suporte financeiro e psicolgico para seu quadro de funcionrios, alm de

    oferecer oportunidades de progresso profissional. Por outro, o sucesso de uma

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    42/97

    organizao depende fortemente do comprometimento e da participao dos

    empregados (LIOU, 2008).

    Como o papel das pessoas nas organizaes importante, a posio de sucesso oufracasso de um empreendimento caracterizada pela maneira como os indivduos

    conduzem as atividades e processos. Dessa forma, sendo os indivduos elementos

    to importantes de uma empresa, a gesto dessas pessoas tornou-se requisito

    absolutamente necessrio.

    No entanto, por mais bvio que possa parecer, muitas organizaes ainda

    desprezam o fator humano em sua administrao. Infelizmente, Carneiro (2010)

    percebe que grande parte das corporaes lida de maneira bastante precria comos recursos humanos, desconhecendo suas necessidades e expectativas e

    negligenciando o real valor dos seus profissionais.

    Dentre as possibilidades de vnculos na gesto estratgica de pessoas, o contrato

    psicolgico encontra-se imbricado na dinmica das organizaes ocupadas em

    estreitar as relaes do indivduo com o ambiente de trabalho. Esse considerado o

    elemento que liga empregado-organizao de tal forma que, quando violado, os

    empregados podem apresentar queda em seu comprometimento com os objetivos

    da organizao (LEITE; ALBUQUERQUE, 2011).

    Na reviso da literatura, percebendo-se que o comprometimento organizacional

    visualizado em diversos aspectos, optou-se pelo modelo de Zanelli et al. (2004) por

    atender melhor aos propsitos das presente dissertao (QUADRO 3).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    43/97

    Quadro 3 Dimenses do comprometimento organizacionalBases e

    Dimenses docomprometimento

    Causas Consequncias

    Afetivo

    Caractersticas pessoais

    Caracterstica do cargo Percepo de competnciaspessoais Escopo do trabalho Percepo do lder Oportunidades de crescimento nacarreira Progresso profissional Sistema justo de promoo

    Melhor desempenho Maior esforo no trabalho Menor rotatividade Menos falta Menos atrasos

    Calculativo

    Inexistncia de ofertas atrativas denovo emprego Tempo de trabalho na empresa Esforos investidos no trabalho Vantagens econmicas no atualemprego

    Baixa motivao Baixo desempenho Menor rotatividade Moderada satisfao no trabalho

    Moderado envolvimento com o trabalho Moderado comprometimento afetivo Moderado comprometimento normativo

    Normativo Socializao cultural Socializao organizacional

    Maior satisfao no trabalho Maior comprometimento afetivo Mais comportamentos de cidadaniaorganizacional Menor inteno de sair da empresa

    Fonte: ZANELLI et al.,2004.

    No modelo desenvolvido por Zanelli et al (2004) apresentado no Quadro 5, as

    diferentes basesno podem ser confundidas com tiposde comprometimento, pois

    as bases so, na realidade, dimensesde comprometimento que esto presentes

    em qualquer vnculo com fora diferenciada. Assim,

    [...] a base do vnculo afetivo destaca a natureza emocional que pode unirindivduo e organizao em funo do atendimento de expectativas enecessidades pessoais. expressa por intermdio de sentimentos degostar e desejar se esforar em prol da organizao. A base do vnculo denatureza instrumental enfatiza uma avaliao dos custos associados a saire, portanto, envolve um clculo de perdas e ganhos nas trocas que oindivduo faz com a organizao. A base do vnculo normativo refere-se

    introjeo, por parte do indivduo, de valores e padres culturais daorganizao ensejando o sentimento de obrigao por contribuir para amesma (BAA et al., 2005, p.1).

    Existe uma crena consistente de que o comprometimento apresenta relevncia

    considervel tanto para as empresas quanto para os empregados. Na concepo de

    Mowday (1998), o comprometimento com o trabalho e com a organizao pode ser

    visualizado pelos empregados como uma relao bastante positiva que permite

    agregar, potencialmente, um significado maior para a vida (por exemplo, aumentar a

    percepo da autoestima e do prprio valor do indivduo).

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    44/97

    A maioria dos estudos sobre comprometimento organizacional concentra-se no

    comprometimento afetivo, o que parece indicar que esse componente corresponde

    quele que apresenta os consequentes mais favorveis para as organizaes

    sendo, por sua vez, o comprometimento mais desejvel. Existe uma relao positiva

    entre o desenvolvimento do comprometimento afetivo por parte dos empregados e a

    extenso em que eles acreditam que as organizaes lhes oferecem o devido

    suporte, expresso em aes como tratamento adequado, valorizao de suas

    contribuies e preocupao com seu bem-estar. Um ambiente organizacional de

    ateno e suporte est positivamente relacionado ao comprometimento afetivo

    (MOHAMED et al., 2006).

    2.4.3 Resistncia s mudanas

    Segundo Hernandez e Caldas (2001), a expresso resistncia mudana

    creditada a Kurt Lewin (1947), para quem as organizaes poderiam ser

    consideradas processos em equilbrio quase-estacionrio, ou seja, uma organizao

    seria um sistema sujeito a um conjunto de foras opostas, mas de mesma

    intensidade, que manteria o sistema em equilbrio ao longo do tempo. Esses

    processos no estariam em equilbrio constante, mas mostrariam flutuaes em umdeterminado nvel. As mudanas ocorreriam quando uma das foras superasse a

    antagnica em intensidade, deslocando o equilbrio para um novo patamar. Assim, a

    resistncia mudana seria o resultado da tendncia de um indivduo ou de um

    grupo a se opor s foras sociais que objetivariam conduzir o sistema para um novo

    patamar de equilbrio.

    Tavares (2010) ressalta que a resistncia s mudanas se d tanto em nvel

    individual quanto grupal. No nvel individual as resistncias passivas manifestam-sena reteno de informaes, no no comparecimento a reunies e na no adoo de

    novas normas. J as resistncias ativas incluem a oposio ou antagonismo

    declarados s novas propostas. As resistncias no nvel grupal se retratam como

    feudos, igrejinhas e panelasque so constitudos por pessoas que compartilham

    algum tipo de interesse em comum. um dos mecanismos de autoproteo e

    autopreservao utilizados ou manifestados para conotar o status distinto em

    relao aos outros grupos ou pessoas da organizao.

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    45/97

    Kotter e Schlesinger (2000) mencionam que os motivos mais frequentes que levam

    as pessoas a resistirem s mudanas so o interesse prprio e limitado (o desejo de

    no perder algo de valor); desentendimento e falta de confiana (compreenso

    errnea da mudana e suas implicaes); avaliaes diferentes (ou a crena de que

    a mudana no faz sentido para a empresa); e baixa tolerncia mudana.

    Nesse sentido, Oliveira (2010b) corrobora as afirmativas, quando destaca como

    razes das resistncias ao processo de mudanas o fato de (a) as pessoas afetadas

    sentirem que vo perder alguma coisa que no gostariam de perder; b) a relao

    custo versus benefcios ser negativa, ou seja, as pessoas afetadas consideram que

    vo ter mais resultados negativos do que positivos com a mudana; (c) a falta de

    confiana entre o agente da mudana e as pessoas afetadas pela mudana e d) a

    efetiva ou suposta falta de capacidade em operacionalizar as novas atividades e

    comportamentos que a mudana vai exigir das pessoas afetadas.

    Conforme Kotter (2000), o maior equvoco que executivos cometem ao tentar mudar

    as empresas mergulhar no planejamento sem estabelecer um senso de urgncia

    nos gerentes e funcionrios, traduzida pelo exame do mercado e das realidades dos

    concorrentes, alm da identificao e discusso das crises, crises potenciais ouoportunidades fundamentais.

    Dependendo do grau em que ocorre e como administrada, a resistncia tambm

    pode provocar a deteriorao das relaes interpessoais, afetar o moral das

    pessoas, ter implicaes no clima organizacional e comprometer o processo

    (TAVARES, 2010). Porm, o autor lembra que em meio a essa situao hostil ou de

    resistncias, podem surgir ou florescer boas idias e alertas que em outras

    situaes no aflorariam.

    Corroborando esta ideia,mas por outro ngulo, Robbins (2003, p.455) destaca que a

    resistncia pode ser positiva, pois estabelece "certo grau de estabilidade e

    previsibilidade no interior das organizaes", mas pode ser negativa no sentido de

    impedir a adaptao ao progresso.

    Os fatores descritos acima no esgotam o rol de resistncias ao processo da

    implementao da estratgia. Cabe ressaltar existirem outras restries humanasque afetam seu processo, dentre as quais a memria em curto prazo, que limita o

  • 7/24/2019 Dissertacao Carina Coelho Ribeiro 2012

    46/97

    nmero de alternativas que poderiam ser teis ao processo; a limitao na

    habilidade de processar um grande nmero de informaes e a faixa etria dos

    participantes. Geralmente, as pessoas mais jovens so mais abertas s mudanas,

    mas tambm menos diretivas, ou seja, preferem trabalhos que apresentem muitas

    alternativas, no apresentem lgica e racionalidade e no demandem rpida deciso

    (ROBBINS, 2003). As pessoas mais maduras tendem a ser mais conservadoras,

    analticas, deter maior parcela de poder e ser menos propensas a risco (TAVARES,

    2010).

    2.4.4 Deficincias, rudos ou bloqueios no processo de comunicao

    Quando a comunicao no flui em uma organizao, o processo decisrio e seuclima ficam afetados. Por consequncia, inicia-se uma rede informal de

    comunicao que raramente supre as deficincias porque rene informaes

    distorcidas e tendenciosas.

    De acordo com Carvalho e Serafim (1995, p.82), o rudo identificado na

    comunicao humana como

    [...] o conjunto de barreiras, obstculos, acrscimos, erros e distores queprejudicam a compreenso da mensagem em seu fluxo: emissor x receptore vice-versa. Isto significa que nem sempre aquilo que o emissor desejainformar precisamente aquilo que o receptor decifra e compreende.

    Para