Dissertação Patricia R de O Francelino

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS LABORATRIO DE MATERIAIS AVANADOS BASE DE CIMENTO

    USP EESC SET LMABC

    PATRCIA ROCHA DE OLIVEIRA FRANCELINO

    SUBSDIOS PARA PROJETO E EXECUO DE REVESTIMENTOS EM GRANILITE

    So Carlos

    2012

  • PATRCIA ROCHA DE OLIVEIRA FRANCELINO

    SUBSDIOS PARA PROJETO E EXECUO DE REVESTIMENTOS EM GRANILITE

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    rea de concentrao:

    Engenharia de Estruturas

    Orientador:

    Prof. Dr. Jefferson B. L. Liborio

    So Carlos

    2012

  • Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Tratamento da Informao do Servio de Biblioteca EESC/USP

    Francelino, Patrcia Rocha de Oliveira

    F815s Subsdios para projeto e execuo de revestimentos em granilite. / Patrcia Rocha de Oliveira Francelino ; orientador Jefferson Benedicto Libardi Liborio. So Carlos, 2012.

    Dissertao (Mestrado - Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil e rea de Concentrao em Estruturas)-- Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, 2012.

  • AGRADECIMENTOS

    Esta Dissertao um presente para mim e para todos que contriburam de forma direta ou indireta para que esta pudesse se realizar. O caminho foi rduo mas imensamente prazeroso, um paradoxo, que me levou a descobrir como se vive a Cincia.

    Com muita alegria agradeo de forma especial aos meus parceiros nessa caminhada.

    Agradeo a Deus, meu melhor amigo, que sempre esteve a meu lado, me dando fora e iluminando-me.

    Agradeo a meu orientador, Prof. Dr. Jefferson Benedicto Libardi Liborio, por todo ensinamento, pelo apoio e pela forma segura com que me orientou. Agradeo principalmente por ter me mostrado que faz parte do aprendizado a passagem por crivos e que aps estes h o retorno, o conhecimento.

    Agradeo a meu esposo, Leandro, por todo amor, compreenso e pacincia. Agradeo tambm pelas conversas sobre os princpios de Engenharia, granilites e tantas outras observaes.

    Agradeo a meus pais, Ruth Helena e Joo Carlos, pelo amor e educao que me deram, por tantos sacrifcios pelos quais passaram para que eu pudesse ter a formao que hoje tenho, como pessoa e como profissional. Estas pessoas se doaram para que eu fosse o que hoje sou, me ensinaram o respeito e a honestidade.

    Agradeo aos companheiros de Laboratrio, Jorge e Wilson, por todos os momentos de descontrao e pelo auxlio que me deram.

    Agradeo ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico) pela bolsa de mestrado concedida.

    Enfim, agradeo a todos que me auxiliaram nesta caminhada e que se alegram com minhas conquistas.

  • RESUMO

    FRANCELINO, P. R. O. Subsdios para projeto e execuo de revestimentos em granilite. Dissertao (Mestrado) Departamento de Estruturas, Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos - SP, 2012.

    Esta Dissertao apresenta um estudo sobre os revestimentos em granilite levando-

    se em considerao as caractersticas do material, de seus materiais constituintes e

    os processos de produo e execuo desse revestimento. Ressalta patologias

    recorrentes nesse tipo de revestimento, em especial fissuraes e desplacamentos.

    Para estudar a problemtica da fissurao e encontrar uma alternativa para que no

    ocorra, foram produzidos trs modelos em granilite com caractersticas distintas, que

    visaram avaliar o comportamento de granilites com e sem solidarizao. Para o

    estudo do sistema solidarizado foram executados: um quadro de 16 m2 e quatro

    quadros de 2,25 m2 moldados sobre argamassa comumente utilizada como

    regularizao de revestimentos. Para a dessolidarizao foi utilizada argamassa

    mista de cimento e cal com baixo mdulo de elasticidade e baixa resistncia

    mecnica, servindo como camada de regularizao. Os quadros solidarizados

    apresentaram fissuras de maneira generalizada e demonstraram que os granilites

    em sistemas solidarizados fissuram com a fissurao do material a ele monolitizado.

    Para o quadro dessolidarizado, de 16 m2, o sistema se mostrou eficaz para a no

    ocorrncia de fissuras, apresentando resultados positivos.

    Palavras-chave: Granilite. Revestimento. Solidarizao. Dessolidarizao. Concreto.

  • ii

  • iii

    ABSTRACT

    FRANCELINO, P. R. O. Contribution for the design and execution of terrazzo

    flooring. Dissertation (Master Degree) Departamento de Estruturas, Escola de

    Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos - SP, 2012.

    This dissertation presents the terrazzo flooring considering the characteristics of the

    material, constituent materials and the process of production and execution of this

    covering. Emphasize the recurring pathologies of this type of covering, especially

    cracking and caused by deficient adherence at the interface zone. To study the

    problem of cracking and find an alternative that does not occur, it was produced three

    models in terrazzo with distinct characteristics, that aimed to evaluate the behavior of

    solidarized and dessolidarized terrazzo. For the study of this monolithic system it was

    executed: a board of 16 m2 and four boards of 2,25 m2 casted over a mortar

    commonly used as covering regularization. These boards presented cracks in a

    generalized way and showed that terrazzo in the monolithic systems open cracks

    with the material that is monolithically attached to them. For the non-monolithic

    board, of 16 m2, the system was effective for the absence of cracks, showing positive

    results. For the non-monolithic system it was used a mixed mortar of cement and

    lime with low elasticity modulus and low mechanical resistance, serving as a layer of

    regulation.

    Keywords: Terrazzo. Flooring. Monolithic. Non-monolithic. Concrete.

  • iv

  • v

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Utilizao de revestimentos em granilite. (a) granilite em cassino; (b)

    granilite em hospital; (c) granilite em aeroporto; (d) granilite em restaurante. Fonte:

    NTMA (2011). .............................................................................................................. 2

    Figura 2 - Quadros em granilite fissurados. ................................................................. 4

    Figura 3 - Graus de hidratao e de porosidade capilar em pastas de cimento. Fonte:

    MEHTA & MONTEIRO (2008). .................................................................................. 16

    Figura 4 - Quatro fases slidas presentes na pasta de cimento Portland. Fonte:

    MELO & LIBORIO (2000). ......................................................................................... 18

    Figura 5 - Agregados para granilite. (a) granitinas Branco Nacional; (b) granitinas

    Cinza Paran; (c) granitinas Amarelo Dourado. Fonte: MINASIT (2011). ................. 20

    Figura 6 - Dopagem de agregados para aumentar a aderncia e propiciar seu

    reforo. Fonte: LIBORIO (2004). ............................................................................... 23

    Figura 7 - Distribuio contnua de agregados e influncia na produo de concretos.

    Fonte: PEREIRA & LIBORIO (2010). ........................................................................ 25

    Figura 8 - Minitronco de cone. Fonte: CASTRO & LIBORIO (2007). ......................... 29

    Figura 9 - Ensaio de miniabatimento de tronco de cone. Fonte: CASTRO & LIBORIO

    (2007). ....................................................................................................................... 29

    Figura 10 - Juntas plsticas. Fonte: AURAPLAST (2012). ........................................ 37

    Figura 11 - Posio de alvio de tenses em argamassas. Fonte: BORTOLUZZO &

    LIBORIO (2000). ....................................................................................................... 37

    Figura 12 - Juntas de dilatao atuando como delimitadoras de reas. Fonte: NTMA

    (2011). ....................................................................................................................... 38

    Figura 13 - Granilite fissurado - Terminal Rodovirio. (a) fissuras por retrao

    plstica; (b) fissuras por movimentao trmica. ...................................................... 39

    Figura 14 - Fissuras em granilite - Aeroporto. (a) fissura atravessando quadros de

    1,5 m x 1,5 m; (b) vrios reparos em um quadro. ...................................................... 40

    Figura 15 - Detalhe de substrato e granilite fissurados. Fonte: LIBORIO (2009). ..... 41

    Figura 16 - Revestimentos em granilite com desplacamentos - IQSC. ..................... 41

    Figura 17 - Fissuras por retrao plstica. Fonte: MEHTA & MONTEIRO (2008). .... 44

    Figura 18 - Fissuras por retrao. Fonte: SOUZA & RIPPER (1998). ....................... 45

  • vi

    Figura 19 - Fissurao por retrao com direo preferencial. Fonte: MONTOYA et

    al. (2001). .................................................................................................................. 45

    Figura 20 - Retrao em concretos curados e no curados. Fonte: CNOVAS

    (1988). ...................................................................................................................... 46

    Figura 21 - Fissurao por efeito de segregao. Fonte: CNOVAS (1988). ........... 47

    Figura 22 - Fissurao por excesso de agregado grado. Fonte: CNOVAS (1988).

    .................................................................................................................................. 47

    Figura 23 - Fissuras por movimentao de formas. Fonte: SOUZA & RIPPER (1998).

    .................................................................................................................................. 48

    Figura 24 - Carbonatao atingindo a armadura. Fonte: SOUZA & RIPPER (1998).49

    Figura 25 - Fissuras por reaes lcali-agregado. .................................................... 50

    Figura 26 - Fissura de retrao por secagem a longo prazo. ................................... 51

    Figura 27 - Fissura por movimentao trmica. ........................................................ 52

    Figura 28 - Efeito das variaes de temperatura superior e inferior em pea de

    concreto. ................................................................................................................... 52

    Figura 29 - Exemplo de posicionamento inadequado de quadro de granilite sobre

    base com junta de dilatao. .................................................................................... 53

    Figura 30 - Sequncia do mecanismo de fissurao em revestimento solidarizado. 55

    Figura 31 - Reao tendncia de retrao em placa de concreto. Fonte: OLIVEIRA

    & PINHEIRO (2000). ................................................................................................. 55

    Figura 32 - Revestimento em granilite dessolidarizado. ........................................... 56

    Figura 33 - Ensaio de reteno de gua. Fonte: DAS CHAGAS, BEZERRA & BAUER

    (2009). ...................................................................................................................... 58

    Figura 34 - Consistncias das argamassas. (a) consistncia seca; (b) consistncia

    plstica; (c) consistncia fluida. Fonte: adaptado de CARASEK (2007). .................. 59

    Figura 35 - Empacotamento das granilhas G1 e G2. ................................................ 64

    Figura 36 - Regularizao no Quadro III. .................................................................. 68

    Figura 37 - Regularizao do Quadro II com argamassa mista. ............................... 68

    Figura 38 - Finalizao da regularizao no Quadro II. ............................................ 69

    Figura 39 - Delimitao das reas dos revestimentos. ............................................. 69

    Figura 40 - Assentamento das juntas de dilatao. (a) assentamento de juntas; (b)

    detalhe de encontro de juntas em V; (c) encontro de juntas em T; (d) encontro de

    juntas em X; (e) Quadro III com as juntas de dilatao delimitando as reas do

    revestimento. ............................................................................................................ 70

  • vii

    Figura 41 - Moldagem do Quadro I com granilite. ..................................................... 71

    Figura 42 - Aspergimento de gua sobre o granilite fresco. ...................................... 71

    Figura 43 - Acabamento do granilite com desempenadeira de ao. ......................... 72

    Figura 44 - Quadros moldados com granilite (estado fresco). ................................... 72

    Figura 45 - Polimento do revestimento. (a) politriz com diamantes soldados em

    placas de encaixe; (b) politriz com pedras de esmeril de grana 60; (c) segundo

    polimento no Quadro I. .............................................................................................. 73

    Figura 46 - Lavagem do revestimento aps os primeiros polimentos com politriz. ... 74

    Figura 47 - Polimento de canto com lixadeira lixa n 24. ........................................ 74

    Figura 48 - Calafetagem do revestimento. (a) espalhamento com rodo; (b)

    espalhamento com desempenadeira de ao. ............................................................ 75

    Figura 49 - Detalhe de cantos do revestimento em granilite aps polimento com

    lixadeira lixa n 60. ................................................................................................. 76

    Figura 50 - Segundo dia de polimentos polimento com politriz. (a) politriz com

    pedra de esmeril de grana 120; (b) polimento com pedra de esmeril de grana 120. 77

    Figura 51 - Lavagem do Quadro III aps o ltimo polimento. .................................... 77

    Figura 52 - Procedimento de aplicao do selador e da cera no revestimento em

    granilite. ..................................................................................................................... 78

    Figura 53 - Revestimento em granilite finalizado. (a) modelos em granilite; (b) detalhe

    do revestimento em granilite. .................................................................................... 78

    Figura 54 - Eixos com pontos e quadros de leitura de deformaes. ........................ 79

    Figura 55 - Quadro III (4) instrumentado para leitura de deformaes. ..................... 80

    Figura 56 - Leitura de deformao com Tensotast. ................................................... 81

    Figura 57 - Primeiro registro de fissuras no Quadro I 8 dias de idade.................... 82

    Figura 58 - Evoluo das fissuras no Quadro I decorrido um ms do surgimento da

    primeira fissura. ......................................................................................................... 82

    Figura 59 - Quadro I com as marcaes dos pontos de leitura de abertura de fissura.

    .................................................................................................................................. 83

    Figura 60 - Detalhe dos pontos 2, 3 e 4 e do fissurmetro. ....................................... 83

    Figura 61 - Quadro I fissurado e com desplacamento em relao base do conjunto

    granilite e argamassa de regularizao. .................................................................... 84

    Figura 62 - Placa do Quadro I sendo erguida. (a) placa sendo erguida com ps de

    cabra; (b) detalhe do erguimento da placa. ............................................................... 85

    Figura 63 - Placa do Quadro I sendo retirada. .......................................................... 85

  • viii

    Figura 64 - Microfissura no Quadro II. ...................................................................... 86

    Figura 65 - Fissuras observadas no Quadro III (3). (a) aps algumas horas

    execuo da regularizao; (b) prolongamento no granilite; (c) posicionamento do

    quadro....................................................................................................................... 87

    Figura 66 - Evoluo de fissuras no Quadro III (1). (a) granilite com 13 dias de idade;

    (b) granilite com 14 dias de idade; (c) posicionamento do quadro. ........................... 88

    Figura 67 - Fissura no Quadro III (4). (a) viso geral do quadro; (b) detalhe da

    fissura; (c) posicionamento do quadro. ..................................................................... 89

    Figura 68 - Quadro III granilite aos 29 dias de idade. (a) Quadro III (3); (b)

    posicionamento do Quadro III (3); (c) Quadro III (2); (d) posicionamento do Quadro III

    (2). ............................................................................................................................ 90

    Figura 69 - Quadro III. (a) Quadro III aos 16 dias de idade; (b) Quadro III aos 45 dias

    de idade. ................................................................................................................... 91

    Figura 70 - Quadro II submetido a carregamento. .................................................... 92

    Figura 71 - Testes Arranques no Quadro II. (a) 1 teste; (b) 2 teste. .................... 93

    Figura 72 - Marcaes para extrao de testemunhos. (a) Quadro I; (b) Quadro III. 94

    Figura 73 - Pontos de extrao de testemunhos no Quadro II. ................................ 95

    Figura 74 - Extrao de testemunhos. (a) perfuratriz com broca de 100 mm de

    dimetro; (b) perfurao para extrao de testemunho; (c) retirada de testemunho do

    modelo; (d) testemunho extrado do Quadro III. ....................................................... 96

    Figura 75 - Corte em testemunho para retirada da camada asfltica. ...................... 98

    Figura 76 - Sequncia para transformao de forma de topo de testemunho. (a)

    marcao de limites de corte; (b) primeiro corte; (c) penltimo corte; (d) cubo obtido

    atravs de cortes no topo do testemunho. ................................................................ 98

    Figura 77 - Testemunhos cbicos. (a) testemunho cbico Quadro I; (b) testemunho

    cbico em ensaio de mdulo de elasticidade Quadro II......................................... 99

    Figura 78 Deformaes no Quadro III (4). (a) leituras realizadas s 8 h; (b) leituras

    realizadas s 14 h. .................................................................................................. 103

    Figura 79 Posicionamento dos pontos de anlise de abertura de fissuras. ......... 105

    Figura 80 Monitoramento de fissuras (pontos de 1 a 5). ...................................... 106

    Figura 81 Monitoramento de fissuras (pontos de 6 a 10). .................................... 106

    Figura 82 - Ponto 1. (a) Ponto 1 aps extrao de testemunho; (b) testemunho 1; (c)

    faces adjacentes do testemunho 1; (d) posicionamento dos pontos de extrao de

    testemunhos do Quadro I. ...................................................................................... 107

  • ix

    Figura 83 - Ponto 7. (a) Ponto 7 aps extrao de testemunho; (b) testemunho 7; (c)

    faces adjacentes do testemunho 7; (d) posicionamento dos pontos de extrao de

    testemunhos do Quadro I. ....................................................................................... 108

    Figura 84 - Testemunhos ntegros do Quadro II. (a) testemunho 1 e 2 do Quadro II;

    (b) pontos de extrao de testemunhos do Quadro II. ............................................ 110

    Figura 85 - Ponto 6 do Quadro II. (a) ponto 6 fissurado; (b) fissura no testemunho

    relativo ao ponto 6. .................................................................................................. 111

    Figura 86 - Ponto 7 do Quadro II. (a) Ponto 7 fissurado ( esquerda) e detalhe do

    testemunho 7 ( direita); (b) testemunho 7 do Quadro II. ........................................ 112

    Figura 87 Testemunho 8 do Quadro II. (a) detalhe do testemunho 8 do Quadro II

    com microfissura; (b) testemunho 8 do Quadro II. .................................................. 113

    Figura 88 - Ponto 24. (a) marcao do ponto 24; (b) fissura no ponto 24; (c) fissura

    no testemunho 24; (d) pontos de extrao de testemunhos do Quadro III. ............. 115

    Figura 89 - Comparao do Quadro II antes e aps o carregamento. (a) Quadro II

    antes do carregamento; (b) Quadro II depois do carregamento. ............................. 116

    Figura 90 Ensaio de arranque no Quadro II. (a) detalhe de duas marcaes de

    ensaios consecutivos; (b) detalhe da marcao feita por um pneu no revestimento.

    ................................................................................................................................ 117

  • x

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Compostos principais do cimento Portland. Fonte: NEVILLE (1997). ........ 8

    Tabela 2 - Propriedades dos quatro compostos principais do cimento. Fonte:

    LIBORIO (1999) apud FAGURY & LIBORIO (2002). ................................................ 10

    Tabela 3 - Resistncia compresso de rochas americanas geralmente usadas

    como agregados de concreto. Fonte: NEVILLE (1997). ............................................ 22

    Tabela 4 - Coeficientes de dilatao trmica linear de algumas rochas e minerais

    mais usuais. Fonte: COUTINHO (1988). ................................................................... 23

    Tabela 5 - Influncia da granulometria das areias em propriedades das argamassas.

    Fonte: GUIMARES (2002). ..................................................................................... 24

    Tabela 6 - Exemplo de tabela para ensaio de empacotamento de agregados.......... 26

    Tabela 7 - Deformaes no concreto em funo do tipo de exposio e condies de

    carregamento. Fonte: MELO NETO & CINCOTTO (2008). ....................................... 42

    Tabela 8 - Requisitos qumicos para as cales. Fonte: ABNT NBR 7175 (2003). ....... 60

    Tabela 9 - Argamassa de dessolidarizao. .............................................................. 66

    Tabela 10 - Resistncias compresso de corpos de prova moldados e

    testemunhos extrados dos quadros em granilite. ................................................... 101

    Tabela 11 Mdulos de elasticidade do granilite e da argamassa mista................ 102

    Tabela 12 Dados climticos referentes aos dias de avaliao de aberturas de

    fissuras no Quadro I. ............................................................................................... 106

    Tabela 13 - Espessuras da argamassa mista nos testemunhos extrados do Quadro

    II. ............................................................................................................................. 114

    Tabela 14 - Caractersticas fsicas das granilhas. ................................................... 133

    Tabela 15 - Composio granulomtrica das granilhas. ......................................... 133

    Tabela 16 - Caracterizao dos cimentos utilizados na produo do granilite. ....... 134

    Tabela 17 - Caractersticas fsicas da areia utilizada na produo da argamassa

    mista. ....................................................................................................................... 134

    Tabela 18 - Composio granulomtrica da areia utilizada na produo da

    argamassa mista. .................................................................................................... 134

  • xii

    Tabela 19 - Caracterizao do cimento utilizado na produo da argamassa mista.

    ................................................................................................................................ 135

    Tabela 20 - Ensaios de resistncia compresso do cimento CP V ARI RS ABNT

    NBR 7215:1996. ..................................................................................................... 135

    Tabela 21 Caracterizao da cal hidratada utilizada na produo da argamassa

    mista. ...................................................................................................................... 135

    Tabela 22 - Traos de argamassas mistas estudados 1:1 (cimento:cal). ............ 135

    Tabela 23 - Traos de argamassas mistas estudados 1:0,5 (cimento:cal). ......... 136

    Tabela 24 - Resistncias compresso, em MPa, dos corpos de prova moldados

    nos dias das execues da argamassa mista e do granilite. .................................. 136

    Tabela 25 - Resistncias compresso de testemunhos extrados do Quadro I

    granilite. .................................................................................................................. 137

    Tabela 26 - Resistncias compresso e mdulos de elasticidade de testemunhos

    extrados do Quadro II argamassa mista. ............................................................ 137

    Tabela 27 - Registros de temperaturas................................................................... 151

    Tabela 28 Registros de umidades relativas do ar. ............................................... 153

    Tabela 29 - Datas de eventos relativos aos modelos. ............................................ 154

  • xiii

    LISTA DE SMBOLOS E ABREVIATURAS

    a/c gua/cimento

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABNT NBR Norma Brasileira aprovada pela ABNT

    Al - alumnio

    Al2O3 A xido de alumnio

    BC baixo calor de hidratao

    C2S silicato diclcico (belita)

    C3S silicato triclcico (alita)

    C3A aluminato triclcico

    C4AF ferroaluminato tetraclcico

    C4A3H18 monossulfato hidratado C6A3H32 trissulfato hidratado Ca(OH)2 hidrxido de clcio (portlandita)

    CaCO3 - carbonato de clcio

    CaO C xido de clcio

    CaSO4 anidrita

    CaSO4.H2O hemidrato

    CaSO4.2H2O gesso

    CH I cal hidratada do tipo I

    CH II cal hidratado do tipo II

  • xiv

    CH III cal hidratada do tipo III

    CO2 dixido de carbono

    CP I cimento Portland comum sem adio

    CP I S cimento Portland comum com adio

    CP II E cimento Portland composto com escria

    CP II F cimento Portland composto com fler

    CP II Z cimento Portland composto com pozolana

    CP III cimento Portland de alto-forno

    CP IV cimento Portland pozolnico

    CP V ARI cimento Portland de alta resistncia inicial

    CPB cimento Portland branco

    C-S-H silicato de clcio hidratado

    fc,cil resistncia compresso do cilindro

    fc,cub resistncia compresso do cubo

    Fe - ferro

    Fe2O3 F ferroaluminato tetraclcico

    IQSC Instituto de Qumica de So Carlos

    K - potssio

    K2O xido de potssio

    Mg - magnsio

    MgO magnsia

    Na - sdio

    Na2O xido de sdio

  • xv

    RS resistente a sulfatos

    S - enxofre

    Si - silcio

    SiO2 S dixido de silcio

    SO3 anidrido sulfrico

    TiO2 dixido de titnio

    UR umidade relativa do ar

  • xvi

  • xvii

    SUMRIO

    RESUMO...................................................................................................................... I

    ABSTRACT................................................................................................................ III

    LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. V

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XI

    LISTA DE SMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................... XIII

    SUMRIO .............................................................................................................. XVII

    1 INTRODUO .................................................................................................. 1

    1.1 Justificativa e importncia do trabalho................................................................... 3

    1.2 Objetivos do trabalho............................................................................................. 4

    1.3 Mtodo da pesquisa .............................................................................................. 5

    1.4 Estrutura da Dissertao ....................................................................................... 6

    2 REVESTIMENTOS EM GRANILITE ................................................................. 7

    2.1 Materiais constituintes ........................................................................................... 7

    2.1.1 Cimentos Portland .............................................................................................. 8

    2.1.1.1 Hidratao do cimento Portland .................................................................... 13

    2.1.2 Agregados ........................................................................................................ 19

    2.1.2.1 Empacotamento de agregados...................................................................... 24

    2.1.3 Aditivos superplastificantes .............................................................................. 27

  • xviii

    2.1.4 Adies ............................................................................................................ 30

    2.1.5 Pigmentos ........................................................................................................ 31

    2.1.6 gua ................................................................................................................ 32

    2.2 Cura .................................................................................................................... 34

    2.3 Dimenses dos revestimentos em granilite ........................................................ 36

    2.3.1 Juntas de dilatao .......................................................................................... 36

    3 FISSURAS EM REVESTIMENTOS EM GRANILITE ..................................... 39

    3.1 Processos de fissurao ..................................................................................... 43

    3.2 Solidarizao ...................................................................................................... 54

    3.3 Dessolidarizao................................................................................................. 56

    3.3.1 Argamassas mistas .......................................................................................... 57

    3.3.1.1 Cal hidratada................................................................................................. 60

    4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .............................................................. 61

    4.1 Procedimentos preliminares execuo dos quadros ........................................ 63

    4.1.1 Dosagem do granilite ....................................................................................... 63

    4.1.2 Dosagem da argamassa mista ........................................................................ 65

    4.2 Execuo dos revestimentos em granilite ........................................................... 66

    4.3 Instrumentao dos modelos .............................................................................. 79

    4.4 Monitoramento do Quadro I ................................................................................ 81

    4.5 Monitoramento do Quadro II ............................................................................... 85

    4.6 Monitoramento do Quadro III .............................................................................. 86

  • xix

    4.7 Ensaios de carregamento e arranques................................................................ 91

    4.8 Extrao de testemunhos .................................................................................... 93

    4.8.1 Seleo e anlise dos testemunhos ................................................................. 96

    4.8.2 Ensaios mecnicos........................................................................................... 97

    4.9 Ensaios mecnicos em corpos de prova ........................................................... 100

    5 RESULTADOS E ANLISES ....................................................................... 101

    5.1 Ensaios mecnicos............................................................................................ 101

    5.2 Deformaes ..................................................................................................... 103

    5.3 Fissuras ............................................................................................................. 105

    5.3.1 Quadro I ......................................................................................................... 105

    5.3.2 Quadro II ........................................................................................................ 109

    5.3.3 Quadro III ....................................................................................................... 114

    5.4 Carregamento e arranque ................................................................................. 116

    6 CONCLUSES ............................................................................................. 119

    6.1 Sugestes para pesquisas futuras .................................................................... 123

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 125

    APNDICES ........................................................................................................... 133

    A.1 Caracterizao dos materiais ............................................................................ 133

    A.2 Valores individuais obtidos nos ensaios mecnicos.......................................... 136

    A.3 Deformaes nos quadros I, II e III ................................................................... 137

    A.4 Datas relevantes em relao aos modelos ....................................................... 154

  • xx

  • 1 INTRODUO

    O granilite um revestimento de concreto frequentemente utilizado em locais

    onde h fluxo intenso de pessoas, como hospitais, escolas e aeroportos. Os tipos

    mais comuns de utilizao so em revestimentos de pisos, escadas e paredes. Tem

    alta durabilidade se projetado e executado de maneira criteriosa, considerando-se o

    sistema que compe com o substrato, e possibilita diversas variaes estticas.

    Nos granilites (conhecidos tambm como marmorites) os agregados mais

    utilizados so o granito e o mrmore. Os agregados, alm de contriburem para a

    resistncia mecnica, devem ser adequados para o projeto esttico proposto, no que

    diz respeito a cores e formas.

    O granilite no normalizado pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    (ABNT) e, assim, a tcnica de sua execuo, diretrizes e restries no so

    parametrizadas e dependem muito mais do bom senso de quem executa. No

    existem padres que determinem a produo e a execuo, sendo amplas as

    possibilidades de materiais e mtodos que podem ser empregados. Podem ser

    utilizados quaisquer tipos de cimentos ( comum o emprego de cimentos brancos),

    desde que se considerem os efeitos resultantes da hidratao do cimento, e

    agregados, alm da possibilidade do uso de superplastificantes e corantes.

    H dois tipos de acabamentos para o granilite: polido e no polido (com

    superfcie irregular). O no polido chamado de rstico ou fulget, no qual as

    granilhas sobressalentes tornam o plano do revestimento irregular. O outro polido

    e tem o acabamento liso, o que geralmente feito com politriz. Alguns tipos de

    revestimentos em granilite so apresentados na Figura 1.

  • 2

    Figura 1 - Utilizao de revestimentos em granilite. (a) granilite em cassino; (b) granilite em

    hospital; (c) granilite em aeroporto; (d) granilite em restaurante. Fonte: NTMA (2011).

    O granilite pode ser moldado in loco ou pr-moldado, tem dimenses que

    variam em mdia de 1 m a 4 m, com espessuras de 5 mm a 20 mm. Para delimitar

    as reas so utilizadas juntas de dilatao que, geralmente, so plsticas ou

    metlicas. So geralmente monolticos, executados em uma nica camada, e

    aderidos diretamente ao substrato, comumente de alto mdulo de elasticidade,

    assim como o prprio revestimento.

    A ocorrncia de fissuras nesse tipo de revestimento frequente e alm de

    descaracterizar a continuidade, geralmente formada nos quadros, pode levar

    deteriorao do revestimento. As fissuras podem ocorrer por diversas razes como,

    por exemplo, retrao plstica e movimentao trmica, as quais podem ser

    isoladas ou combinadas.

  • 3

    Pode-se evitar o surgimento de patologias em revestimentos em granilite com

    o emprego de projeto e execuo adequados, sendo que para que isso ocorra

    necessrio que sejam conhecidas todas as variveis envolvidas nesses processos.

    Com isso, evita-se tambm o desconforto para o usurio, despesas extras para uma

    tentativa de recuperao ou at mesmo a inutilizao do revestimento.

    Conhecer e especificar corretamente os materiais adequados a cada tipo de

    obra, assim como o projeto que deve ser implementado para que no ocorram

    deficincias futuras, imprescindvel para se obter um revestimento com alta

    durabilidade e com baixa necessidade de manuteno.

    1.1 Justificativa e importncia do trabalho

    A falta de especificaes tcnicas baseadas em trabalhos cientficos que

    possam nortear a execuo de revestimentos em granilite um problema. Observa-

    se uma repetio de erros pelo emprego de mtodos que se baseiam no empirismo.

    Tais procedimentos geram dvidas quanto eficincia do sistema construdo pela

    possibilidade de surgimento de patologias que prejudicam a durabilidade e,

    consequentemente, a qualidade do revestimento.

    Os revestimentos em granilite sofrem variaes volumtricas e dimensionais

    ao longo do tempo, fatores que devem ser considerados no projeto de execuo.

    Deve-se compreender que o granilite no um material que pode ser analisado

    isoladamente, pois sempre interage com o substrato a ele monolitizado. A no

    observncia dessa interao responsvel pelo alto ndice de patologias (fissuras e

    desplacamentos) em revestimentos em granilite.

    O surgimento de fissuras em granilites recorrente em vrios mtodos de

    execuo e os tornam mais susceptveis ao de agentes agressivos,

    prejudicando-os quanto durabilidade, alm de descaracterizar os revestimentos

    quanto configurao atribuda pelas juntas de dilatao, como ilustrado na Figura

    2.

  • 4

    Figura 2 - Quadros em granilite fissurados.

    Reparos, como o preenchimento de fissuras, dificilmente reproduzem

    tonalidades idnticas s originais e o revestimento, neste aspecto, sofre danos

    permanentes.

    O estudo do sistema granilite/substrato imprescindvel para que sejam

    encontradas alternativas de execuo que viabilizem a produo de revestimentos

    com desempenho satisfatrio ao usurio. Da mesma forma, deve-se empregar os

    conhecimentos relativos tecnologia dos concretos para que sejam produzidos

    granilites economicamente mais viveis e com caractersticas como durabilidade e

    resistncia mecnica melhoradas.

    1.2 Objetivos do trabalho

    O objetivo geral desta Dissertao foi criar subsdios para o projeto e a

    execuo de revestimentos em granilite. De maneira especfica os objetivos foram:

    a) Estudar os principais materiais constituintes dos granilites;

    b) Recomendar materiais e tcnicas de composio de agregados;

  • 5

    c) Apresentar os processos de produo e execuo de revestimentos em

    granilite;

    d) Estudar o comportamento dos painis em granilite com as seguintes

    variaes:

    - ligao em substrato sem dessolidarizao, em painel de 16m2 (4 m x 4

    m);

    - ligao em substrato sem dessolidarizao, mas com junta de dilatao

    em panos de 1,5 m x 1,5 m (painel de 9 m2);

    - aplicao de painel de 16 m2 (4 m x 4 m) em substrato que dessolidarize

    da base (argamassa mista de cimento e cal em espessura de 30 mm, de

    baixo mdulo de elasticidade).

    1.3 Mtodo da pesquisa

    Esta Dissertao se desenvolve a partir de uma ampla pesquisa bibliogrfica

    sobre os materiais constituintes dos granilites, considerando-se a ampla

    possibilidade de variaes de dosagens. Como alternativa para melhorar o

    desempenho dos granilites empregada a tcnica de empacotamento de

    agregados.

    Para a correta avaliao dos tipos de fissuras que ocorrem em revestimentos

    em granilite so apresentadas, atravs de referncias relativas a concretos, diversas

    causas de fissurao.

    Foi feito o monitoramento dos modelos de revestimentos em granilite

    desenvolvidos e a partir desse acompanhamento foram mapeadas fissuras e

    escolhidos pontos para anlises de fissurao e caractersticas dos materiais.

    Recomendaes relativas a dimensionamento e tcnicas de execuo em

    revestimento em granilite foram feitas a partir de anlises de ensaios mecnicos

    (resistncia compresso e mdulo de elasticidade) e de anlises visuais

    (monitoramento dos quadros).

  • 6

    1.4 Estrutura da Dissertao

    No Captulo 1, Introduo, feita a apresentao do tema e de forma sucinta

    exposta a problemtica da fissurao em revestimentos em granilite. Neste mesmo

    captulo so expostos a justificativa e a importncia do trabalho, os objetivos e os

    mtodos da pesquisa.

    No Captulo 2, Revestimentos em granilite, definido esse tipo de

    revestimento e so abordados tpicos relevantes caracterizao dos materiais

    constituintes e a dosagem, assim como a execuo. Os tipos de cura e a

    importncia desse procedimento, para que sejam evitadas fissuraes nos

    concretos, tambm so destacadas neste captulo.

    No Captulo 3 explicada a problemtica da fissurao em revestimentos em

    granilite. Alguns tipos de fissuras tpicas em concretos so comentados, assim como

    a relao da formao dessas fissuras com a solidarizao do granilite ao substrato.

    O sistema dessolidarizado proposto e o material de dessolidarizao (argamassa

    mista) tem suas propriedades analisadas.

    No Captulo 4, Procedimento experimental, so detalhados os procedimentos

    realizados no desenvolvimento da pesquisa. Ensaios preliminares execuo dos

    revestimentos, posteriores execuo e o monitoramento das fissuras so

    apresentados.

    No Captulo 5, Anlise dos resultados, so feitas as anlises dos ensaios

    realizados assim como da ocorrncia de fissuras nos revestimentos. So descritas

    as causas das fissuras encontradas e os procedimentos necessrios para a

    execuo de revestimentos em granilite.

    No Captulo 6, Concluso, so apresentadas as concluses encontradas a

    partir dos ensaios e anlises realizados nesta pesquisa.

    Aps a srie de captulos so citadas as referncias bibliogrficas utilizadas

    na produo do texto, em Referncias bibliogrficas, e informaes relevantes ao

    entendimento dos procedimentos experimentais, em Apndices.

  • 2 REVESTIMENTOS EM GRANILITE

    O granilite um microconcreto e, portanto, foi utilizada a literatura referente

    aos concretos e relevante ao tema deste trabalho. Referncias sobre os materiais

    constituintes como agregados, cimentos, adies, aditivos e gua de amassamento,

    assim como tcnicas de dosagem utilizadas em concretos so abordadas.

    Tambm so tratados a utilizao das juntas de dilatao e os procedimentos

    de cura, que so imprescindveis na produo de granilites durveis. Os

    procedimentos de execuo do revestimento so descritos no captulo seguinte, pois

    so partes experimentais desta Dissertao.

    2.1 Materiais constituintes

    Os granilites so revestimentos em concreto e, portanto, os materiais bsicos

    que os compe so cimento, agregados e gua. Para melhorar caractersticas como,

    por exemplo, resistncia mecnica e durabilidade podem ser utilizados aditivos e

    adies. A escolha dos materiais deve considerar as condies ambientais e as

    solicitaes s quais o granilite ser exposto.

    No existem especificaes para a escolha dos materiais, porm devem ser

    conhecidas suas caractersticas e a interao entre eles. Conhecer essas

    propriedades contribui para a obteno de granilites economicamente mais viveis e

    com melhores desempenhos.

  • 8

    2.1.1 Cimentos Portland

    O cimento Portland um ligante hidrulico composto basicamente por

    clnquer e pode ter em sua composio adies minerais, como, por exemplo, o

    sulfato de clcio. O sulfato de clcio alm de controlar a pega do cimento

    (retardando a hidratao do C3A), favorece o ganho de resistncia inicial, pois

    acelera a hidratao do C3S (MELO; LIBORIO, 2000).

    O clnquer o produto resultante da mistura de matrias-primas como

    calcrios e argilas, que so modas e depois queimadas em forno rotativo a

    temperaturas em torno de 1450C (NEVILLE, 1997). A matria-prima para a

    formao do clnquer, na maioria das vezes, obtida atravs de composies entre

    diferentes tipos de rochas, por no se encontrar facilmente um tipo de rocha com as

    quantidades necessrias dos principais xidos do clnquer (KIHARA; CENTURIONE,

    2005).

    Alm do sulfato de clcio outros materiais podem ser adicionados ao clnquer

    durante o processo de produo do cimento como, por exemplo, a escria de alto

    forno, materiais pozolnicos e o fler calcrio. O clnquer tem em sua composio

    cerca de 67% de CaO, 22% de SiO2, 5% de Al2O3, 3% de Fe2O3 e 3% de outros

    componentes; possui quatro fases principais que so alita, belita, aluminato e fase

    ferrita (TAYLOR, 1990).

    Os quatro compostos considerados os principais constituintes dos cimentos Portland esto descritos na Tabela 1. A representao simplificada da seguinte forma: CaO = C, SiO2 = S, Al2O3 = A e Fe2O3 = F.

    Tabela 1 - Compostos principais do cimento Portland. Fonte: NEVILLE (1997). Nome do composto Composio em xidos Abreviao

    Silicato triclcico 3CaO.SiO2 C3S

    Silicato diclcico 2CaO.SiO2 C2S

    Aluminato triclcico 3CaO.Al2O3 C3A

    Ferroaluminato tetraclcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF

  • 9

    H no cimento componentes com menores propores que so chamados de

    componentes secundrios, so eles: K2O (xido de potssio), Na2O (xido de sdio),

    MgO (magnsia), SO3 (anidrido sulfrico) e TiO2 (dixido de titnio). Deve-se dar a

    devida importncia a esses compostos, pois apesar de se apresentarem em

    pequenas quantidades, podem interferir significativamente nas propriedades dos

    concretos. Um exemplo a reao lcali-agregado que pode ser desencadeada pela

    reao dos lcalis K2O e o Na2O em contato com agregados reativos, na presena

    de umidade.

    Os compostos do clnquer contm impurezas oriundas do processo de

    fabricao do cimento Portland. Nas formas impuras o C3S e o C2S so

    denominados de alita e belita, respectivamente, e podem conter ons como o Mg, Al,

    Fe, K, Na e S; o C3A e C4AF contm impurezas como Mg, Na, K e Si (MELO;

    LIBORIO, 2000).

    A alita pode compor cerca de 50% a 70% do cimento Portland e o

    constituinte mais importante para o ganho de resistncia at a idade de 28 dias

    (TAYLOR, 1990). O C3S tem alto calor de hidratao e deve ser limitado em 35%

    quando o cimento for utilizado para concretos massa, sendo prefervel, nestes

    casos, a utilizao de cimentos com maiores teores de C2S (MONTOYA et al.,

    2001).

    A belita pode representar de 15% a 30% da composio do clnquer do

    cimento Portland e sua contribuio para a resistncia mecnica mais significativa

    em idades mais avanadas (TAYLOR, 1990). O C2S tem menor calor de hidratao

    que os outros compostos principais do cimento (C3S, C3A e C4AF) e cimentos com

    maiores teores desse composto tm maior resistncia a sulfatos, sendo que tem

    estabilidade qumica superior ao C3S (MONTOYA et al., 2001).

    O aluminato triclcico (C3A) pode representar de 5% a 10% do clnquer do

    cimento Portland, reage rapidamente com a gua e, portanto, importante que seja

    inserido um agente controlador de pega ao cimento (TAYLOR, 1990). Para evitar a

    pega instantnea adicionado sulfato de clcio, que pode ser nas formas de gesso

    (CaSO42H2O), hemidrato (CaSO4H2O) ou anidrita (CaSO4).

    Se a quantidade de gesso transformada em hemidrato (CaSO4H2O),

    durante a moagem final do cimento Portland e em temperaturas superiores a 110C,

    for elevada ocorre a falsa pega (ATCIN, 2000).

  • 10

    O ferroaluminato tetraclcico (C4AF) pode compor de 5% a 15% do clnquer

    do cimento Portland, tem pequeno calor de hidratao, pega rpida e alta resistncia

    a meios agressivos (MONTOYA et al., 2001). Na produo de cimentos brancos

    necessrio limitar o seu uso para que se garanta alto grau de brancura (MONTOYA

    et al., 2001).

    Na Tabela 2 feita a relao, de forma simplificada, entre os principais

    componentes do cimento Portland e algumas de suas propriedades.

    Tabela 2 - Propriedades dos quatro compostos principais do cimento. Fonte: LIBORIO (1999) apud FAGURY & LIBORIO (2002).

    Propriedades C3S C2S C3A C4AF

    Resistncia em pequenas idades

    Boa Fraca Boa Fraca

    Resistncia em idades posteriores

    Boa Boa Fraca Fraca

    Velocidade de reao com a gua (hidratao)

    Mdia Lenta Rpida Rpida

    Quantidade de calor gerado na hidratao

    Mdia Pequena Grande Mdia

    Resistncia a guas agressivas

    Mdia Boa Fraca Fraca

    O clnquer pode conter elementos que em determinadas propores so

    prejudiciais maior estabilidade dos compostos do cimento Portland. Podem ser

    formados por falhas no processo produtivo ou provenientes de impurezas de rochas

    utilizadas como matrias-primas.

    A escolha do cimento deve considerar a importncia da compatibilidade com

    o aditivo. Os teores de C3A, C4AF, CaSO4 e a presena de materiais carbonticos

    podem interferir na defloculao do cimento e na ao dos aditivos (SILVA;

    LIBORIO, 2000).

    So vrios os tipos de cimentos existentes no mercado brasileiro e

    importante que sejam conhecidas suas caractersticas e possveis aplicaes. So

    diferenciados por propriedades como finura, composio e adies que podem

    restringir sua utilizao em determinados meios.

  • 11

    O cimento Portland branco (CPB), regulamentado pela ABNT NBR

    12989:1993, classificado em estrutural, encontrado com classes de resistncia de

    25 MPa, 32 MPa ou 40 MPa, e no estrutural. Deve-se ter pelo menos 78% de

    brancura para o estrutural e 82% para o no-estrutural. Para que sejam garantidos

    esses teores de brancura devem ser limitados os teores dos xidos de ferro e

    mangans. Para o xido de ferro os teores, em massa, devem ser inferiores a 0,4 %

    (BENSTED, 2004).

    Para a produo de cimentos Portland brancos o controle tecnolgico deve ter

    maior rigor para que no ocorram contaminaes com xidos de ferro, mangans e

    titnio, que podem alterar a cor do cimento (SALVADOR FILHO; LIBORIO, 2007).

    Esse tipo de cimento no deve conter C4AF e para que sejam atingidos altos teores

    de brancura devem ser controlados tambm os teores de TiO2, SiO2 e Al2O3

    (SALVADOR FILHO; LIBORIO, 2007).

    O cimento Portland comum (CP I e CP I-S), ABNT NBR 5732:1991, pode ser

    sem adio (CP I) ou com adio (CP I S). Ambos so enquadrados nas classes

    de resistncia de 25 MPa, 32 MPa ou 40 MPa. So utilizados em obras em geral,

    que no requeiram resistncia a sulfatos ou a guas subterrneas.

    So normalizados pela ABNT NBR 11578:1991 trs tipos de cimentos

    Portland compostos (CP II - E, CP II - Z e CP II F). Diferem entre si principalmente

    pela presena de escria granulada de alto-forno (CP II E), material pozolnico

    (CP II Z), e pela obrigatoriedade da presena de material carbontico (CP II F).

    Possuem menor calor de hidratao do que o cimento comum, o que proporciona a

    aplicao em obras de maiores dimenses. Tm resistncia ao ataque por sulfatos:

    CP II E e CP II Z.

    O cimento Portland de alto-forno (CP III), ABNT NBR 5735:1991, contm

    escria granulada de alto-forno em proporo que pode variar de 35% a 70% em

    relao massa de aglomerante. Tem bom desempenho em relao a ao de

    sulfatos, maior resistncia compresso em idades avanadas e calor de hidratao

    moderado.

    No cimento Portland pozolnico (CP IV), ABNT NBR 5736:1991, o material

    pozolnico representa de 15% a 50% da massa do cimento. resistente a meios

    agressivos, com baixa liberao de calor e resulta em uma pasta pouco permevel.

  • 12

    O cimento Portland de alta resistncia inicial (CP V ARI), ABNT NBR

    5733:1991, deve ter resistncia compresso igual ou superior a 34 MPa aos 7 dias

    de idade. Muito utilizado em peas pr-moldadas e em obras em que seja

    necessrio alcanar altas resistncias nas primeiras idades. Tem maior calor de

    hidratao por ter maior finura e maior quantidade de alita.

    Apesar de, em norma, a ABNT fazer distines entre os seguintes cimentos, o

    cimento Portland de Alta Resistncia Inicial uma variao do cimento Portland

    Comum (SALVADOR FILHO; LIBORIO, 2007). O primeiro tem maior quantidade de

    C3S, obtida por diferentes quantidades de calcrio e argila utilizadas na produo do

    clnquer, e por processo de moagem se torna mais fino, caractersticas que

    conferem diferenas entre esses dois tipos de cimento (SALVADOR FILHO;

    LIBORIO, 2007).

    Os cimentos Portland resistentes a sulfatos (RS), conforme a ABNT NBR

    5737:1992, devem se enquadrar em alguns dos requisitos: qualquer tipo de cimento

    que comprovadamente seja resistente a sulfatos; no superem em 8% o teor de C3A

    do clnquer e 5% de adies carbonticas, em massa; se CP III, o teor de escria de

    alto-forno granulada deve estar compreendido entre 60% e 70%, em massa; se CP

    V, o teor de material pozolnico deve ser de 25% a 40% em massa. Nesse tipo de

    cimento o ganho de resistncia mais lento e para melhorar essa caracterstica

    alguns fabricantes aumentam, no processo de moagem, a finura do cimento

    (BENSTED, 2004).

    De acordo com a ABNT NBR 13116:1994 os cimentos Portland de baixo calor

    de hidratao (BC) podem ser do tipo CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V, desde que o

    calor desenvolvido na hidratao do cimento no supere aos 3 e 7 dias,

    respectivamente, 260 J.g-1 e 300 J.g-1. Esse tipo de cimento indicado para

    estruturas em concretos massa, como barragens, nas quais importante que o calor

    de hidratao seja moderado, evitando-se, desse modo, a ocorrncia de fissuras.

  • 13

    2.1.1.1 Hidratao do cimento Portland

    As reaes de hidratao dos compostos do cimento Portland comeam a

    ocorrer quando o cimento entra em contato com a gua. Essas reaes so

    exotrmicas e possvel avaliar a velocidade da hidratao atravs da velocidade

    de desprendimento de calor (NEVILLE, 1997).

    O mecanismo da hidratao pode ser subdividido em dissoluo-precipitao

    e topoqumico ou hidratao no estado slido. O mecanismo de dissoluo-

    precipitao ocorre nas fases iniciais e corresponde a cerca 30% da hidratao, com

    durao de 3 horas a 24 horas (MELO; LIBORIO, 2000). Com o endurecimento do

    concreto as reaes de hidratao ocorrem por mecanismo topoqumico, e o

    cimento anidro hidratado por difuso inica (MELO; LIBORIO, 2000).

    O desenvolvimento da hidratao varia com o tipo de cimento e as reaes

    dos compostos no ocorrem isoladamente. Na hidratao do cimento Portland,

    apesar de ocorrerem reaes simultneas, as velocidades de hidratao no so as

    mesmas devido constituio dos compostos anidros ser diversificada (KIHARA;

    CENTURIONE, 2005).

    COUTINHO (1988) descreve as reaes de hidratao dos principais

    compostos do cimento:

    C3S reage com a gua e libera hidrxido de clcio, ficando uma parte

    em soluo, outra parte cristaliza e a perda de clcio pelo silicato

    origina o C-S-H;

    C2S ao reagir com a gua tambm libera hidrxido de clcio, em

    menor quantidade que o C3S, transformando-se em outro silicato de

    clcio hidratado mais estvel;

    C3A quando em solues muito concentradas de hidrxido de clcio

    fixa esse composto e se transforma em aluminato tetraclcico

    hidratado;

    C4AF a reao com a gua libera aluminato triclcico e ferrato monoclcico, que posteriormente reage com o hidrxido de clcio e se transforma em ferrato triclcico.

    O composto do cimento que geralmente tem a maior reatividade o C3A,

    seguido pelos compostos C3S, C4AF e C2S, em ordem decrescente de reatividade

  • 14

    (MELO; LIBORIO, 2000). Ao modificar as caractersticas desses compostos

    possvel alterar as propriedades do cimento como, por exemplo, a resistncia

    mecnica, que para as primeiras idades maior em cimentos com quantidades

    elevadas de C3S e C3A e menor em cimentos com altas propores de C2S

    (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

    As reaes que ocorrem nos compostos do cimento so dependentes da

    composio qumica e de propriedades tanto do material, como finura e a

    quantidade de gua adicionada mistura, como de fatores externos, como

    temperatura ambiente e tipo de cura (KIHARA; CENTURIONE, 2005).

    Para SILVA & LIBORIO (2000) a alta concentrao de aluminatos de clcio,

    sulfatos e lcalis na fase lquida acelerada pelo fato de alguns compostos terem

    alta solubilidade. Os mesmos autores ressaltam que determinadas propriedades

    como finura e composio do cimento, assim como a temperatura, exercem

    influncia sobre a hidratao do cimento Portland. Mas, apesar de a finura do

    cimento Portland estar relacionada velocidade de hidratao, este fator no

    influencia na resistncia final do cimento completamente hidratado (KIHARA;

    CENTURIONE, 2005).

    Na hidratao do cimento os espaos ocupados pela gua e pelo cimento so

    gradativamente ocupados pelos produtos de hidratao, o que torna a hidratao

    cada vez mais lenta devido formao de produtos slidos que dificultam o

    transporte de gua no sistema. Como os produtos da hidratao no preenchem

    todos os espaos existentes na pasta de cimento so formados vazios capilares.

    Essa porosidade pode variar com o grau de hidratao e com a relao a/c

    empregada, ocorrendo com diferentes dimenses e volume de poros.

    Na Figura 3 o Caso A ilustra a evoluo, em uma pasta com relao a/c igual

    a 0,63, do grau de hidratao dos compostos anidros em relao s porcentagens

    de poros capilares, produtos anidros hidratados e cimento no hidratado. No tempo

    zero o grau de hidratao tambm zero e 66% da pasta ocupada por vazios

    capilares. Em 7 dias diminui a quantidade de poros capilares, equivalendo a 50% do

    volume total da pasta. Aos 28 dias a quantidade de cimento no hidratado j bem

    menor em relao aos tempos zero e 7 dias. Em 28 dias o grau de hidratao atinge

    75% e cresce a quantidade de produtos de hidratao em detrimento da diminuio

    dos poros capilares e dos produtos no hidratados. Aps 1 ano a pasta est

    completamente hidratada mas apesar disso o volume que os poros capilares

  • 15

    ocupam ainda alto, 33%. Portanto, fica evidente que apesar da gua de

    amassamento adicionada hidratar completamente a pasta no final da anlise a alta

    relao a/c gerou um concreto bastante poroso.

    O Caso B da Figura 3 compara quatro pastas completamente hidratadas, que

    tm decrescentes relaes a/c, com a porcentagem de poros capilares que cada

    uma ocupou no volume total da pasta. Fica evidente que apesar de todas as pastas

    terem os compostos anidros totalmente hidratados elas se diferenciam pelo volume

    que os poros capilares ocupam em cada uma delas. A pasta na qual a relao a/c

    0,7 tem o maior volume de poros capilares, 37%. As pastas com relaes a/c de 0,6

    e 0,5 tm 30% e 22% de poros capilares, respectivamente. A pasta com menor

    volume de poros capilares a com relao a/c igual a 0,4, 11%. Fazendo uma

    relao entre esses teores de gua, a gua necessria hidratao do cimento

    anidro e o volume de poros ao final da hidratao possvel concluir que a pasta

    poderia ser completamente hidratada com uma relao a/c inferior a 0,4 e isso

    ocorrendo praticamente no haveria poros capilares na composio final.

  • 16

    Figura 3 - Graus de hidratao e de porosidade capilar em pastas de cimento. Fonte: MEHTA & MONTEIRO (2008).

    A distribuio de tamanhos dos poros mais significativa do que a

    porosidade total capilar, e tais poros podem ter tamanhos que variam de 10 nm a 50

    nm para pastas de cimento bem hidratadas e com baixa relao gua/cimento e de

    3 m a 5 m para pastas com uma alta relao a/c (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Os produtos de hidratao esto diretamente ligados resistncia, e tal fator

    dependente da forma e ligao entre eles e segundo AITCN (2000) essa

    propriedade diretamente proporcional densidade e diminui com o aumento da

    cristalinidade nos produtos de hidratao.

    As fases de hidratao do cimento Portland podem ser divididas em Estgio 1

    Reao inicial (pr-induo), Estgio 2 Perodo de induo, Estgio 3 - Perodo

  • 17

    de acelerao, Estgio 4 Perodo de desacelerao e Estgio 5 Perodo de

    reao lenta e contnua (difuso).

    A pr-induo uma reao exotrmica que ocorre nos primeiros 5 minutos

    de hidratao do cimento, na qual so formados os primeiros silicatos de clcio

    hidratados (COUTINHO, 1988). gerado pequeno calor de hidratao durante este

    perodo.

    No perodo de induo, que tambm chamado de perodo de dormncia h

    menos liberao de calor e as reaes so mais lentas, ocorrendo no perodo de 40

    minutos a 3 horas. Nesse perodo h formao de C-S-H, podem tambm ser

    formados etringita e aluminato de clcio hidratado (ATICIN, 2000).

    No perodo de acelerao, que dura de 4 horas a 8 horas, a velocidade de

    hidratao rpida e os produtos da hidratao do cimento so formados em

    grande quantidade, gerando alto calor de hidratao (MELO; LIBORIO, 2000).

    H diminuio na velocidade de reao no perodo de desacelerao, que

    pode ter durao de at 24 horas e nesse perodo o mecanismo de hidratao que

    era de dissoluo-precipitao passa a ser o de difuso inica, o que gera menos

    liberao de calor, porm, continuam a ser formados os produtos da hidratao e

    organizada a microestrutura (SILVA; LIBORIO, 2000; MELO; LIBORIO, 2000).

    O ltimo perodo de hidratao pode durar anos e denominado de perodo

    de reao lenta e contnua (difuso). Ocorre com baixa liberao de calor e a

    formao dos produtos de hidratao progressivamente diminuda.

    A hidratao dos compostos do cimento pode cessar por motivos como:

    indisponibilidade de gua para reagir, no existirem mais compostos anidros a

    serem hidratados ou quando h barreiras que impeam a gua de se deslocar at os

    elementos no hidratados (AITCN, 2000).

    O silicato de clcio hidratado (C-S-H) um dos produtos da hidratao do

    cimento Portland, sendo fundamental para a resistncia mecnica dos concretos e

    argamassas. Pode-se obter concretos com quantidades elevadas de C-S-H com a

    utilizao de baixas relaes a/c, que sejam suficientes para hidratar o cimento e

    no prejudiquem a reologia do concreto fresco (ATCIN, 2000). O silicato de clcio

  • 18

    hidratado o composto que compe em maior proporo a pasta de cimento

    hidratado, chegando a cerca de 60%, como visto na Figura 4.

    O hidrxido de clcio (Ca(OH)2), portlandita, tem menor contribuio para o

    ganho de resistncia mecnica e quando em grandes quantidades, prejudicial

    resistncia qumica a solues cidas (MELO; LIBORIO, 2000).

    De 15% a 20% do volume de slidos na pasta de cimento preenchido com

    os sulfoaluminatos de clcio. Ocorrem nas formas de trissulfato hidratado

    (C6A3H32), tambm denominado de etringita, e monossulfato hidratado (C4A3H18), que um composto formado pela eventual transformao da etringita e que torna o

    concreto menos resistente a sulfatos (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

    Na pasta de cimento junto com os produtos de hidratao podem ser

    encontrados gros de clnquer no hidratado. A quantidade desses gros vai

    depender da granulometria do cimento e do grau de hidratao (MELO; LIBORIO,

    2000).

    Figura 4 - Quatro fases slidas presentes na pasta de cimento Portland. Fonte: MELO & LIBORIO (2000).

    A finura e a distribuio granulomtrica so caractersticas que esto

    diretamente relacionadas velocidade de hidratao dos cimentos. Cimentos mais

  • 19

    finos, como os de alta resistncia inicial, tm maiores resistncias nas primeiras

    idades. Quanto mais ampla for a distribuio granulomtrica dos gros de cimento

    menos gua ser necessria para conferir trabalhabilidade pasta de cimento

    (KIHARA; CENTURIONE, 2005).

    2.1.2 Agregados

    Denomina-se granilha ou granitina os agregados para granilite que so,

    geralmente, mrmores ou granitos. Utiliza-se, tambm, basalto, calcrio e quartzo,

    sendo que GUIMARES et al. (2007) afirmam que agregados de qualquer natureza

    mineralgica podem ser utilizados desde que tenham os requisitos necessrios de

    um agregado para concreto.

    Por ser um material de revestimento no qual os agregados alm de

    contriburem para a resistncia tm funo decorativa, deve-se ter uma seleo por

    granulometria criteriosa, para que haja a maior uniformidade possvel. Falhas como

    misturas com agregados de tonalidades diferentes pr-determinada provavelmente

    ficaro aparentes, prejudicando a proposta visual do granilite.

    Alguns tipos de granilhas com diferentes granulometrias so mostrados na

    Figura 5.

  • 20

    Figura 5 - Agregados para granilite. (a) granitinas Branco Nacional; (b) granitinas Cinza Paran; (c) granitinas Amarelo Dourado. Fonte: MINASIT (2011).

    A ABNT NBR 7211:2009 estabelece os requisitos para os agregados grados

    e midos para concretos de cimento Portland, devendo ser segundo esta norma:

    [...] compostos por gros minerais duros, compactos, estveis, durveis e limpos, e no devem conter substncias de natureza e em quantidade que possam afetar a hidratao e o endurecimento do cimento, a proteo da armadura contra corroso, a durabilidade ou, quando for requerido, o aspecto visual externo do concreto.

    De modo generalizado, pode-se dizer que as rochas gneas e metamrficas

    podem ser utilizadas para a produo de agregados para concreto, e que as rochas

    que tm menor desempenho como agregados so as sedimentares (SBRIGHI

    NETO, 2005). Agregados como granitos e basaltos (provenientes de rochas gneas),

    gnaisse e quartzo (provenientes de rochas metamrficas) e arenitos e argilitos

    (provenientes de rochas sedimentares) so exemplos de agregados para concreto

    (SBRIGHI NETO, 2005).

  • 21

    Do ponto de vista estrutural importante conhecer a natureza e a forma dos

    agregados, que interfere no comportamento do concreto principalmente no estado

    fresco. A utilizao de agregados com formas diferentes pode significar a

    necessidade de alterao de um trao, assim, se verifica como essa caracterstica

    influencia na reologia dos concretos. Tambm h outras caractersticas dos

    agregados que interferem nas propriedades dos concretos como: sanidade,

    resistncia mecnica, massa especfica e compacidade entre os gros.

    Agregados que possuem superfcies mais lisas e arredondas proporcionam

    melhor trabalhabilidade do que aqueles que tm formas angulosas, alongadas e com

    superfcie spera (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Apesar de a esfericidade contribuir

    para a trabalhabilidade a aderncia entre os agregados e a pasta de cimento

    fundamental para o ganho de resistncia nos concreto e uma alta regularidade de

    superfcie, principalmente em agregados grados, pode ser prejudicial (SBRIGHI

    NETO, 2005).

    Alm da aspereza necessria para que haja satisfatria aderncia entre o

    agregado e a pasta necessrio que o agregado tenha uma boa resistncia

    mecnica para que essas caractersticas aliadas resultem na produo de concretos

    com melhores resistncias (NEVILLE, 1997). Portanto, a textura do agregado por si

    s no pode caracterizar acrscimos ou perdas de resistncia nos concretos.

    Agregados de maiores dimenses, com formas chatas e alongadas

    favorecem o surgimento da exsudao interna, que pode enfraquecer a interface

    pasta/agregado pela formao de um filme de gua sob a superfcie inferior do

    agregado (MELO; LIBORIO, 2000). Esse enfraquecimento da zona de transio

    pode favorecer o surgimento de microfissuras nessa regio.

    A resistncia mecnica uma caracterstica importante para a escolha de um

    agregado e assim como vasta a variedade de agregados, a faixa de valores de

    resistncia tambm ampla. NEVILLE (1997) indica valores de resistncia mecnica

    para agregados em torno de 200 MPa, porm, cita que muitos agregados com

    resistncias prximas a 80 MPa tambm so adequados para a produo de

    concretos. Para COUTINHO (1988) os valores mnimos de resistncia que um

    agregado para concreto pode apresentar devem ser de 60 MPa a 70 MPa.

  • 22

    NEVILLE (1997) apresenta uma tabela, transcrita a seguir de forma parcial,

    com os valores mdios de resistncia compresso de alguns minerais e rochas,

    tendo entre eles agregados bastante utilizados como agregados para granilite como

    o granito, o calcrio, o mrmore e o quartzito.

    Tabela 3 - Resistncia compresso de rochas americanas geralmente usadas como agregados de concreto. Fonte: NEVILLE (1997).

    Quando os agregados disponveis no tm resistncias suficientes ou quando

    tm superfcies muito lisas pode ser feita a dopagem dos agregados para melhorar

    essas caractersticas. Nesta tcnica os agregados so revestidos (em lavagem) por

    solues que podem ter baixas relaes a/c ou que contenham slica ativa, por

    exemplo (LIBORIO, 2004). A Figura 6 ilustra o emprego da tcnica de dopagem, em

    um dos casos melhorando a aderncia e no outro reforando o agregado, alm de

    tambm garantir a aderncia (LIBORIO, 2004).

    Mineral

    Resistncia

    compresso

    Mdia (MPa)

    Granito 181

    Calcrio 159

    Arenito 131

    Mrmore 117

    Quartzito 252

    Gnaise 147

    Xisto 170

  • 23

    Figura 6 - Dopagem de agregados para aumentar a aderncia e propiciar seu reforo. Fonte: LIBORIO (2004).

    As propriedades dos agregados e as caractersticas dos concretos frescos e

    endurecidos esto diretamente ligadas, visto que a granulometria interfere na

    relao a/c, que por sua vez um fator que est diretamente ligado resistncia

    compresso (BAUER, 1995). Isso ocorre em virtude do aumento da porosidade do

    concreto que, alm de interferir nas resistncias trao e compresso, pode

    tornar o sistema mais susceptvel ao ataque qumico.

    Podem ocorrer rupturas nos concretos por diferenas entre os coeficientes de

    dilatao trmica da pasta de cimento e do agregado, sobretudo quando o agregado

    tem maiores dimenses, quando a temperatura est fora do intervalo de 4C a 60C

    e os coeficientes tm uma diferena maior que 5 x 10-6 C-1 (COUTINHO, 1988). Na

    Tabela 4 h valores de coeficientes de dilatao trmica para alguns agregados

    mais usuais.

    Tabela 4 - Coeficientes de dilatao trmica linear de algumas rochas e minerais mais usuais. Fonte: COUTINHO (1988).

    Rochas Coeficiente de dilatao

    trmica, 10-6 C-1

    Granitos 1,8 a 11,9

    Basaltos 3,6 a 9,7

    Quartzitos 7,4 a 13,1

    Mrmores 1,1 a 16

  • 24

    A Tabela 5, extrada de GUIMARES (2002), faz um resumo de algumas propriedades que podem ser alteradas nas argamassas em decorrncia de determinadas caractersticas da areia.

    Tabela 5 - Influncia da granulometria das areias em propriedades das argamassas. Fonte: GUIMARES (2002).

    Propriedades

    Caractersticas da areia

    Quanto menor o mdulo de finura

    Quanto mais descontnua for a

    granulometria

    Quanto maior o teor de gros

    angulosos Trabalhabilidade Melhor Pior Pior Reteno de gua

    Melhor Varivel Melhor

    Elasticidade Pior Pior Pior Retrao na secagem

    Aumenta Aumenta Varivel

    Porosidade Varivel Aumenta Varivel Aderncia Pior Pior Melhor Resist. Mecnicas Varivel Pior Varivel Impermeabilidade Pior Pior Varivel

    2.1.2.1 Empacotamento de agregados

    Utilizar agregados com granulometrias contnuas favorece a trabalhabilidade

    e possibilita menor consumo de cimento. Esse tipo de configurao possvel com o

    empacotamento de agregados, tcnica que consiste em combinar agregados de

    diferentes granulometrias de forma que se encontre a porcentagem ideal de cada

    um deles na mistura, para que o conjunto tenha a maior compacidade possvel.

    McGeary (1961) apud PANDOLFELLI et al. (2000, p. 119) faz a seguinte

    definio para o estudo do empacotamento de partculas:

    O problema da correta seleo da proporo e do tamanho adequado dos materiais particulados, de forma que os vazios maiores sejam preenchidos com partculas menores, cujos vazios sero novamente preenchidos com partculas ainda menores e assim sucessivamente.

  • 25

    Essa prtica possibilita a reduo do consumo de cimento no concreto pelo

    preenchimento de espaos, antes ocupados pela pasta de cimento, por agregados

    complementares.

    Para um concreto com relao a/c de 0,5 que aps o empacotamento reduziu

    de 30% para 25% o volume de pasta, o consumo de cimento cai cerca de 60 kg/m3

    (PEREIRA; LIBORIO, 2010). Essa reduo traz benefcios econmicos, diminui o

    calor de hidratao do concreto, reduzindo a ocorrncia de retrao e

    consequentemente, o surgimento de fissuras, alm de contribuir com a diminuio

    da emisso de CO2 para o meio ambiente, durante a produo do cimento.

    Compor os concretos com a maior quantidade possvel de agregados

    utilizando a tcnica de empacotamento, geralmente, atribui benefcios como maiores

    estabilidades qumica e trmica, alm de maior desempenho mecnico (PEREIRA;

    LIBORIO, 2010). H excees, como a utilizao de agregados altamente porosos

    ou que possam desencadear patologias (PEREIRA; LIBORIO, 2010).

    Na Figura 7 so mostradas duas regies, uma ocupada por agregados e a

    outra por materiais finos.

    Figura 7 - Distribuio contnua de agregados e influncia na produo de concretos. Fonte: PEREIRA & LIBORIO (2010).

  • 26

    A densidade do empacotamento influenciada pela forma dos agregados,

    que quanto mais se afastam da esfericidade, pelo contato de superfcies irregulares,

    e quanto menores forem, por terem maior rea superficial especfica, menor a

    densidade do empacotamento. Quando se tem um sistema de partculas

    monodispersas e esfricas a adio de partculas tambm esfricas de menores

    tamanhos em quantidades adequadas pode gerar um preenchimento de

    praticamente todo o vazio do sistema inicial (REBMANN; LIBORIO, 2011).

    Pode-se obter a maior compacidade entre agregados de maneira prtica

    como mostrado na Tabela 6, na qual foi utilizada uma quantidade de agregado que

    fosse superior ao preenchimento de um balde de 3 litros, utilizado para comportar os

    agregados durante o ensaio de massa unitria compactada.

    Tabela 6 - Exemplo de tabela para ensaio de empacotamento de agregados.

    A1/A2

    (%)

    A1

    (Kg)

    A2

    (Kg)

    A2+

    (Kg) L1 L2 L3 M.L. M.U.C I.V M.E

    100/0 5 0 0

    90/10 5 0,556 0,556

    80/20 5 1,25 0,694

    70/30 5 2,143 0,893

    60/40 5 3,333 1,190

    50/50 5 5 1,667

    40/60 5 7,5 2,500

    30/70 5 11,667 4,167

    20/80 5 20 8,333

    10/90 5 45 25,000

    0/100 0 5 0

    Sendo:

    A1/A2 (%): porcentagem do agregado A1/porcentagem do agregado

    A2;

    A1 (Kg): quantidade do agregado A1 em Kg;

  • 27

    A2 (Kg): quantidade do agregado A2 em Kg;

    A2+(Kg): acrscimo do agregado A2 em Kg;

    L1, L2 e L3: leituras das massas que preenchem o recipiente de

    ensaio, aps compactao feita em trs camadas e com 25 golpes em

    cada camada;

    M.L.: mdia das leituras L1, L2 e L3;

    M.U.C: massa unitria compactada, que ; I.V.: ndice de vazios, que ; M.E.: massa especfica da composio.

    2.1.3 Aditivos superplastificantes

    Os aditivos superplastificantes so bastante utilizados na produo de

    concretos, principalmente quando estes so de alta resistncia ou de alto

    desempenho. Esse tipo de adio contribui para a reduo na relao a/c e melhora

    a resistncia mecnica, pois sem a presena de gua excedente necessria

    hidratao a porosidade do sistema reduzida, alm de serem favorecias as

    propriedades reolgicas sem que haja prejuzo hidratao do cimento. Sua

    proporo na mistura pode ser otimizada atravs de ensaios rpidos e de simples

    execuo, o que garante que no haja desperdcio em relao dosagem.

    Os aditivos superplastificantes tm vantagens em relao aos aditivos

    plastificantes pois, enquanto o primeiro tipo de redutor de gua reduz a relao a/c

    em torno de 30% o segundo costuma resultar no mximo em uma reduo de 15%

    da relao a/c (MONTOYA et al, 2001). Os superplastificantes, quando comparados

    com aditivos redutores de gua convencionais, reduzem a gua de amassamento

    em at quatro vezes, e essa reduo normalmente acompanhada do aumento das

    resistncias compresso e flexo (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

  • 28

    A adio de superplastificantes melhora a disperso das partculas de

    cimento, aumenta a velocidade de hidratao do concreto, resultando em maiores

    resistncias nos primeiros dias, mesmo quando comparadas com concretos com as

    mesmas relaes gua/cimento (MEHTA; MONTEIRO, 2008). O uso desse tipo de

    aditivo permite diminuir a quantidade de cimento no concreto o que proporciona uma

    diminuio no calor de hidratao e na ocorrncia de retrao no concreto

    (MONTOYA et al., 2001).

    Por terem composies variadas necessrio que seja verificada a

    compatibilidade e a eficincia do superplastificante em relao ao cimento que ser

    utilizado. A dosagem desse tipo de aditivo pode variar significativamente quando

    utilizado em diferentes tipos de cimento, sendo que a quantidade geralmente

    necessria varia entre 0,5% e 1,5%, em relao massa de cimento. A finura do

    cimento influencia na quantidade necessria de superplastificante e se observa que

    cimentos mais finos requerem teores maiores de superplastificante para se obter

    uma determinada trabalhabilidade (AITCN, 2000).

    O teor ideal do aditivo (ponto de saturao) pode ser encontrado pelo ensaio

    de miniabatimento, proposto por KANTRO (1980) apud BUCHER (1988) apud

    CASTRO & LIBORIO (2007), que um procedimento simples que requer pouca

    quantidade de material. Atravs deste procedimento pode ser traada uma curva de

    espalhamento da pasta de cimento fazendo-se repeties do ensaio de

    miniabatimento para sucessivas adies de superplastificante, dessa forma

    possvel obter o teor de aditivo que proporcione o maior espalhamento pasta. Este

    ensaio pode ser reproduzido para diferentes tempos de mistura para que seja

    avaliada a eficincia do aditivo com o tempo.

    O minitronco de cone utilizado no ensaio tem as dimenses ilustradas na

    Figura 8 e a sequncia do mtodo, Figura 9, a descrita a seguir:

    1) escolher uma superfcie lisa e plana para executar o ensaio;

    2) lubrificar a superffie e o minitronco de cone;

    3) fazer uma pasta de cimento com um teor incial de superplastificante;

    4) colocar o minitronco de cone sobre a superfcie plana, mold-lo com a

    pasta at o limite do molde;

  • 29

    5) retirar o molde lentamente e na vertical;

    6) medir o dimetro do espalhamento em trs dimenses;

    7) repetir o procedimento para pastas com teores crescentes de

    superplastificantes at que possa ser encontrado o ponto de saturao,

    ponto a partir do qual o acrscimo de superplastificante no tem efeito

    significativo no espalhamento da pasta.

    Figura 8 - Minitronco de cone. Fonte: CASTRO & LIBORIO (2007).

    Figura 9 - Ensaio de miniabatimento de tronco de cone. Fonte: CASTRO & LIBORIO (2007).

    Para se obter eficincia mxima do superplastificante fundamental que

    sejam conhecidas as variantes que podem alterar a interao entre o cimento e o

  • 30

    aditivo. Deve-se entender que a ao dos superplastificantes se modifica quando se

    muda o tipo de cimento, o procedimento de mistura, o transporte e os fatores

    climticos (CASTRO; LIBORIO, 2007). Deve-se considerar que h interao entre

    todos os materiais que compe o concreto e segregao ou pega retardada, por

    exemplo, devem ser considerados nos ajustes de dosagem do superplastificante

    (REBMAN; LIBORIO, 2010).

    2.1.4 Adies

    As adies minerais podem melhorar a resistncia e a durabilidade dos

    concretos e a escolha da incluso desses materiais deve levar em considerao a

    finalidade ao qual se destina. Podem ter efeitos qumicos, como a formao de

    silicato de clcio hidratado (C-S-H), e fsicos, como o refinamento dos poros e a

    melhoria da zona de transio.

    Segundo DAL MOLIN (2005) as adies minerais podem ser classificadas em

    material pozolnico, material cimentante e fler. So materiais que podem ser

    utilizados como adio ou substituio parte do cimento. Cada tipo de adio tem

    caractersticas especficas, podendo-se fazer uso de mais de um tipo de adio em

    uma mesma dosagem. Para compensar as diferentes reatividades dos materiais

    cimentcios podem ser feitas combinaes entre materiais de alta reatividade com

    materiais de menor reatividade, como no caso de se utilizar slica ativa com escria

    de alto-forno (AITCN, 2000).

    A obteno de concretos mais durveis um dos motivos da crescente

    utilizao de adies minerais, assim como os fatores econmicos e ambientais

    (CASTRO; LIBORIO, 2007).

    Os materiais pozolnicos podem ser de origem natural ou artificial, sendo que

    os materiais pozolnicos artificiais so subdivididos pela ABNT NBR 12653:1992 em

    argilas calcinadas, cinzas volantes e outros materiais. A mesma norma define os

    materiais pozolnicos como:

  • 31

    Materiais silicosos ou silicoaluminosos que, por si ss, possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente divididos e na presena da gua, reagem com o hidrxido de clcio temperatura ambiente para formar compostos com propriedades aglomerantes.

    A slica ativa considerada uma superpozolana e quando adicionada ao

    concreto resulta em alteraes fsicas e qumicas (FAGURY; LIBORIO, 2002). Tem

    efeito fler, contribuindo para uma maior coeso e compacidade, e reage com o

    hidrxido de clcio formando silicato de clcio hidratado, o que contribui para a

    resistncia mecnica do concreto (FAGURY; LIBORIO, 2002). As dimenses das

    partculas de slica ativa variam de cerca de 0,1 m a 2 m, o que representa

    dimenses mdias 100 vezes menores que as dos gros de cimento, e favorecem a

    reduo das exsudaes interna e externa (ATCIN, 2000).

    A adio de metacaulim tambm proporciona benefcios aos concretos e

    argamassas, pois melhora as caractersticas mecnicas e a durabilidade atravs do

    refinamento dos poros. Essa adio tem efeito fler ou microfler devido ao tamanho

    de suas partculas, que so bem menores que as do cimento, e assim como a slica

    ativa, aumenta a demanda de gua na mistura.

    As dimenses das partculas do fler so prximas as do cimento Portland.

    Esse tipo de adio tem efeitos fsicos que melhoram a trabalhabilidade, evitam a

    exsudao e a fissurao, alm de efeitos qumicos que podem ativar a hidratao

    do cimento, como nucleador (NEVILLE, 1997).

    2.1.5 Pigmentos

    A escolha da utilizao de revestimentos em granilite fortemente

    influenciada pelas inmeras possibilidades estticas que o material pode apresentar.

    Alm das escolhas de agregados com diferentes cores e granulometrias para atribuir

    configuraes visuais variadas, a pasta de cimento pode ser pigmentada para diferir

    das cores comumente atribudas pelos cimentos (cinza ou branco).

  • 32

    As mais diversas tonalidades podem ser atribudas a concretos se forem

    empregados pigmentos na dosagem. Com relao aos pigmentos, para que possam

    ser utilizados sem que prejudiquem as propriedades qumicas e fsicas dos

    concretos, devem ser estveis em relao aos demais compostos.

    Podem ser utilizados pigmentos base de xido de ferro, tanto naturais como

    sintticos, na produo de corantes. Os naturais tm geralmente baixo poder de

    pigmentao, pois possuem baixos teores de xido de ferro, e os sintticos vem em

    substituio a esses por possurem caractersticas como maiores possibilidades de

    tons e intensidades (SALVADOR FILHO; LIBORIO, 2007). Segundo SALVADOR

    FILHO & LIBORIO (2007) dentre os corantes esto os:

    xidos de ferro naturais:

    - hematitas (vermelho);

    - limonitas (amarelos);

    - magnetitas (pretos).

    xidos de ferro sintticos:

    - amarelos (do "creme" ao amarelo);

    - pretos (do cinza claro a tons de carvo);

    - vermelhos (do amarelado at tons azulados).

    A utilizao de quantidades elevadas de corante pode resultar na

    necessidade de maior relao a/c para ser mantida a trabalhabilidade do concreto, o

    que contribui para o aumento da porosidade e para a consequente diminuio da

    resistncia mecnica (SALVADOR FILHO; LIBORIO, 2007).

    2.1.6 gua

    A gua adicionada na produo do concreto, gua de amassamento, tem a

    funo de promover a hidratao dos compostos do cimento Portland e favorece as

    caractersticas reolgicas necessrias a um concreto com suficiente

    trabalhabilidade. Est presente sob diversas formas durante toda vida do concr