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Trabalho criativo da autoria da turma de 7º ano da Secção Portuguesa do LI (2009-2010)
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NKUMA E CHEM-CHEM
de Luísa Coelho (2009)
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do texto narrativo aotexto dramático
Os alunos do 7º ano da Secção Portuguesa do Liceu Internacional, depois de lerem o conto de Luísa Coelho, alteraram-lhe o género… o que a seguir se apresenta é um trabalho coletivo realizado na sala de aula. Exigiu que se interpretasse o texto narrativo e que se preenchessem lacunas. Eis o resultado do nosso trabalho. Falta levá-lo à cena… se houver candidatos, não hesitem! Digam-nos só se conseguiram montar um lindo espetáculo!
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Personagens:Nkuma
Chem-Chem
Mãe de Nkuma (Domingas /Minguitas)
Tribo
Diaby
Tio do Nkuma
Papagaio
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Ato 1
Cena 1Nkuma é filho de um pastor da região do Namíbe. Encontra-se diante da tribu, ao lado do
morro de salalé, na Bibala. Bibala fica encostada à Serra da Chela. Nkuma usa um pano
curto na parte da frente e outro na parte de trás. Atados à cintura, tapam-lhe apenas os
quadris, deixando o peito, as costas e as pernas destapadas. Está descalço. Anda vestido de
pastor e tem uma zagaia para caçar pássaros, macacos e, mais tarde até, quem sabe, cobras
e javalis. Ao peito tem pendurado dois finos colares de missangas que a tia Eufrazina lhe
ofereceu.
Nkuma
Olha, Tio, já estou grande como o morro de salalé.
Tio
Sim, estou a ver isso. Agora que tens seis anos, dou-te esta cabrinha branquinha.
Nkuma
Oh, que linda! E que pinta castanha tão gira na testa! Obrigado Tio. (virando-se para a
cabrinha) Minha cabrinha, vou chamar-te Chem-Chem. Basta olhar-te para ver que vens da
terra de Chem-Chem de onde vinha o Destino-albino!
Chem-Chem
Méééééééééééé, tens razão.
Nkuma
(olhando-a com atenção)
Vem Chem-Chem. Vou mostrar-te o caminho da água.
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Tio
Tens razão! Com a chegada da tua cabrinha já podes ser pastor. Vai procurar a água!
Chem-Chem
Nkuma, por que é que me vais mostrar o caminho da água?
Nkuma
Chem-Chem, aqui chove pouco. Não há água junto do kimbo, temos de ir à procura dela para
dar de beber ao gado. A última vez que choveu foi quando eu nasci. Todos os anos os meus
irmãos têm de ir cada vez mais longe à procura da água.
Chem-Chem
E tu também queres ir à procura da água?
Nkuma
Sim, quero muito ir procurar essa fingida da água e viver muitas aventuras como os meus
irmãos.
Chem-Chem
E se não a encontrares fazes o quê?
Nkuma
Eu? Não vou encontrar a água? Tás tolinha ou quê? Claro que vou descobrir onde ela está!
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Cena 2Na manhã seguinte, a mãe de Nkuma, Domingas, vai ter com o filho que ainda mal acordou.
Domingas
Nkuma, a água acorda cedo. Vai buscá-la antes que fique mais pesada com os incómodos do
dia.
Nkuma
Vem, Chem-Chem, antes que faça muito calor, vamos à chipaca. Mas antes de sairmos vou
encher a minha barriguinha. Se os meus irmãos não tiverem comido as bananas todas, como já
uma!
Chem-Chem
O que é uma chipaca?
Nkuma
A chipaca é um lugar mágico onde a água fica prisioneira quando chove. (diz isto e pega
numa bacia de plástico amarela, dirigi-se à chipaca com a cabrinha, saboreando a mão
cheia de ginguba)
Chem-Chem
O que estás a comer?
Nkuma
Uma mão cheia de ginguba porque os meus irmãos já tinham comido todas as bananas.
(chegados à chipaca, depois de caminhar pelas terras de poeira laranja, diz a Chem-Chem)
Estou tão cansado! Isto de andar sem nonkakos é difícil... preferia quando andava às costas da
minha mãe, desde que o Muxima nasceu fui promovido ao lugar do chão. Não tem muita
graça!
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Chem-Chem
Mas é assim tão horrível? Pensei que gostavas de estar comigo...
Nkuma
Claro que gosto de estar contigo! Sobretudo porque agora posso ir pastorear o gado com os
meus irmãos. Mas também me canso. Sabes que às vezes temos de andar 5 quilómetros. É
muito cansativo! (nesse momento, ouve-se um barulho que perturba Chem-Chem)
Chem-Chem
Que barulho é este?
Nkuma
É o comboio, Chem-Chem. Olha bem para o que te digo. Não deves entrar para dentro da
carruagem do comboio. Nunca! Todos os que ali entraram, nunca mais voltaram. Eu não te
posso ir buscar porque este caminho-de-ferro, que não é feito de terra, não termina nunca. O
caminho de terra tem volta, porque guarda a marca dos nossos próprios passos. O caminho do
comboio não sabe voltar. É só de ir.
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Ato 2
Cena 1Nkuma e Chem-Chem bebem e lavam-se na chipaca quando vêem chegar um menino de bata
branca, daqueles que andavam na escola. Saem da água e escondem-se entre a vegetação
que rodeia a chipaca.
Chem-Chem
(arregalando os olhos)
Ena! O que é isto? Por que é que ele tem uma bata branca?
Nkuma
Fala baixo! Ele tem uma bata branca porque anda no escola.
Chem-Chem
O que é o escola?
Nkuma
Não sei bem, o que sei é que vejo uns meninos de bata branca, com as tranças penteadas,
calçados com nonkakos, um saco de plástico na mão, e ainda levam cadeiras de plástico
coloridas. Eu vejo os meninos, de manhã cedo, à espera do kota. Umas vezes ele vem outras
vezes não.
Chem-Chem
O que levam eles no saco?
Nkuma
Sei lá! Talvez água. Se calhar já descobriram onde se esconde a água!
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Chem-Chem
E tu? Não vais no escola?
Nkuma
Não.
Chem-Chem
Porquê?
Nkuma
Porque a minha mãe diz que não serve de nada ir no escola. No escola não se aprende quando
é que temos de partir com o gado... quando vaca vai parir... onde se encontra a água... Escola
só serve para quem não tem fome d’água.
Chem-Chem
Eu nunca vi meninos de bata branca no kimbo...
Nkuma
É normal, ninguém do nosso kimbo anda na escola!
Chem-Chem
Tens pena?
Nkuma
Não, por que é que eu ia ter pena? Não tem lá o que eu preciso!
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Cena 2
Diaby chega à chipaca vestido com uma bata branca. Tem cerca de 6 anos. Vem sozinho e
assobia. Pousa o saquinho de plástico branco na terra empoeirada, despe a bata e os calções
que traz por baixo, tira as chinelas e entra na água. Nkuma e Chem-Chem espreitam através
da vegetação, riem-se dos esforços que Diaby faz para fingir que se aguenta ao cimo da água
sem afundar. Até os pássaros que estão pousados nas árvores abrem os bicos de espanto com
tanto alvoroço.
Papagaio
Voar é que é difícil, agora nadar...
Diaby
Socorro... Socorro... aqui a água é mais alta e mais velha do que eu! Acudam!
Chem-Chem
(lambendo o braço de Nkuma)
Olha, Nkuma, o menino da bata branca desapareceu. Transformou-se em bolhinhas de ar...
Nkuma
Parece que não consegue respirar debaixo de água, como nós! Vem Chem-Chem! É hora de
ajudar. Debaixo de água fica complicado respirar, só peixe sabe a receita. Vamos pegar numa
pau comprido e tentar ajudá-lo. (Chem-Chem ficou correndo em volta das pernas de Nkuma
dando-lhe marradinhas para o encorajar).
Nkuma
Os verdadeiros amigos são assim, não fogem a esconder-se na floresta, não! (acariciando o
pescoço de Chem-Chem). Olha, Chem-Chem, o menino já está agarrado ao pau, agora é só
puxarmos para terra o menino. Evitámos juntos o pior! Ufa!
Um pouco mais tarde...
A cabeça de Diaby descansa nos joelhos e a sua respiração é apressada. Assustado com o ter
estado prestes a afogar-se, não consegue dizer uma palavra.
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Nkuma
São horas de partir, Chem-Chem, Vamos? (nesse momento, Diaby levanta-se, calça os
chinelos, veste os calções e a bata por cima, acasalando os botões)
Chem-Chem
Olha, o que ele está a fazer!?
Nkuma
(arregalando os olhos)
Uauuuuuuuuuuuuuu! O que estás a fazer?
Diaby, fazendo gestos, mostra ao Nkuma que está a abotoar a bata. Depois levanta o saco de
plástico branco do chão e abre-o. De dentro, tira um livro e estende-o a Nkuma. Era um
presente. Mas o Nkuma não reage logo…
Chem-Chem
Nkuma, pega nisso, não vês que é para ti? (esticando o focinho agarra no livro com a boca.
Mal pega no livro, Diaby vai-se embora. O seu saco de plástico branco estava mais leve, mas
Diaby estava mais rico e isso vê-se na sua cara. Aprendera o poder da água e o
conhecimento e a coragem de Nkuma.
Nkuma
Chem-Chem, que vais tu agora fazer com isso? Julgas que é para comer, claro. Não pensas em
outra coisa. Não sabes descascar isso, é? Vem cá. Vou ajudar-te. (senta-se ao lado de Chem-
Chem e começa a folhear o livro) Que bonito! Tantas imagens! (Chem-Chem observa
atentamente o amigo e o livro)
Chem-Chem
Então? Podemos comer isso? (aproxima o seu focinho do livro)
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Nkuma
Este coiso não se come, mesmo se parece apetitoso. É para olhar! Tem aqui uns pauzinhos
pretos encostados uns aos outros... Não percebo nada! (fica nisto muito tempo, até ao
anoitecer; a cabrinha acaba por adormecer)
Nkuma
(falando baixinho para si mesmo)
Agora já achei onde se esconde a água. Ela é uma fingida e anda a divertir-se por aí enquanto
nós a procuramos.
Cena 3
Nkuma chega ao kimbo de noite. Dirige-se à cubata onde está a mãe.
Nkuma
(anuncia perante o olhar admirado da mãe)
Quero ir no escola. Quero aprender a ler. Quero ter um saco de plástico branco. Descobri que
lá dentro está guardado o segredo da água.
Domingas
Perdeste o cabeça? Ir no escola não serve pra nada. Além disso, onde está o lenha? Vai
dormir! Esquece o escola!
FIM
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Trabalho criativodesenvolvido no âmbito do projeto colaborativo etwinning VOOS EM LP,
http://www.nonio.uminho.pt/vooslp/
IC
4 de Junho de 2010