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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA NEUROCIÊNCIA E UM OLHAR EDUCACIONAL Por: Jaqueline de Cássia Costa Evangelista de Araújo Orientador Profª. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E UM OLHAR EDUCACIONAL

Por: Jaqueline de Cássia Costa Evangelista de Araújo

Orientador

Profª. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E UM OLHAR EDUCACIONAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Jaqueline de Cássia Costa Evangelista de Araújo

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AGRADECIMENTOS

...Aos meus queridos pais e amigos, ao meu marido, pelo

apoio, atenção e carinho, aos meus filhos que ficaram

sem a minha presença as segundas feiras; a minha

orientadora Marta Relvas e a todos que contribuíram para

o meu crescimento e aprimoramento.

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DEDICATÓRIA

Aos meus alunos, que me incentivaram com a sua busca

pelo saber; a minha orientadora, dedicada e atenciosa,

Marta Relvas; aos meus familiares e amigos, por

entenderem a minha ausência.

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METODOLOGIA

Foi adotado um método de pesquisa bibliográfica no sentido de

buscar através dos livros de RELVAS, RAMALHO, KANDEL, GAZZANIGA E

OLIVEIRA, visando filtrar os dados relevantes alcançando um enfoque teórico

para fundamentar o objetivo de investigação do tema abordado na monografia.

A metodologia teve caráter de pesquisa investigativa, haja vista a

necessidade de aprofundar o assunto, buscando nos estudos de casos,

referências bibliográficas, revistas e documentos, um melhor entendimento

extraído sobre o tema, afim de, ampliar o conhecimento.

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo, evidenciar a contribuição da

Neurociência e a aprendizagem; bem como o papel do professor como agente

transformador. O intuito é o de viabilizar uma oportunidade para a reflexão de

educadores, acerca da importância da emoção, motivação, atenção, memória e

plasticidade cerebral na aprendizagem e a contribuição da neurociência, com

um novo olhar educacional, para esse processo. Conclui-se que as razões para

este trabalho de pesquisa, e para que o professor construa a sua prática

pedagógica utilizando os benefícios das informações neurociêntíficas na

aprendizagem.

PALAVRAS CHAVE: aprendizagem, neurociência, professor,

plasticidade cerebral.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O CÉREBRO NA APRENDIZAGEM 9

CAPÍTULO II

A NEUROCIÊNCIA NA PARÁTICA EDUCATIVA 17

CAPÍTULO III

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER 26

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

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INTRODUÇÃO

A aprendizagem tem um papel muito importante no meio social, pois

é por meio dela que as crianças, jovens e adultos, tem contato com o mundo

que os cercam, criando relacionamentos, levantando questões e descobrindo

soluções.

“... Ninguém aprende algo se não estiver motivado para aprender. É preciso criar sintonia entre o cérebro de quem ensina e o cérebro de quem aprende...” CÉSAR BINI (2014).

Educar é uma tarefa complexa e que requer de seus educadores,

dentre os diversos fatores, a competência e a dedicação. O maior desafio, no

entanto, é planejar uma educação capaz de preparar o educando para essas

transformações. A neurociência irá contribuir para a ação pedagógica por

compreender as estruturas e o funcionamento do Sistema Nervoso Central.

Conhecer as conexões neurais é imprescindível para que sejam

elaboradas atividades, que desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e

cognitivas. É de suma importância que os profissionais envolvidos na educação

compreendam que a ação comportamental de seu educando é fruto de uma

atividade cerebral dinâmica.

A neurociência e a pedagogia juntas oferecem uma inovadora

parceria, respeitando as especificidades de cada ciência, elas se completam ao

conduzir este aluno a um novo sistema, através do qual biologicamente se

constrói a fonte de novas conexões neurais.

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CAPÍTULO I

O CÉREBRO NA APRENDIZAGEM

O homem deve saber que de nenhum outro lugar, mas do encéfalo, vêm à alegria, o prazer, o riso e a diversão, o pensar, o ressentimento, o desânimo e a lamentação. É por isso, de uma maneira especial, que adquirimos sabedoria e conhecimento, e enxergamos e ouvimos e sabemos o que é justo e injusto, o que é bom e o que é ruim, o que é doce o que é amargo... e pelos mesmos órgão, tornamo-nos loucos e delirantes, e medo e terrores nos assombram. Todas estas coisas suportamos do encéfalo quando não está sadio... Neste sentindo sou da opinião de que o encéfalo exerce o maior poder sobre o homem. RELVAS, 2011.

Segundo RELVAS, o aprender o cérebro entra em atividade e ocorre

uma série de mudanças físicas e químicas. Para compreender o seu

funcionamento é importante conhecermos sua estrutura e alguns fatores

ambientais que influenciam o seu desenvolvimento. Os neurocientistas

estudam a anatomia, a fisiologia, a química e a biologia molecular do sistema

nervoso enfocando seu interesse na atividade cerebral relacionada com o

comportamento e a aprendizagem.

O professor precisa ser um bom observador. Seu olhar sobre o educando é indispensável para compreender sua timidez e dificuldades na hora de aprender. RELVAS, 2014

Segundo Gómez, o sistema nervoso é dividido em duas partes:

sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. O sistema nervoso

central é formado pelo cérebro, cerebelo e a medula espinhal. O cérebro está

localizado no final da coluna vertebral. Representa somente 2% do peso total

do corpo, no entanto consome quase 20% das nossas calorias. Tudo que

fazemos durante o dia, caminhar, correr, saltar, pensar, até respirar, ouvir e

ver, são atividades que exigem energia. Nosso cérebro depende de uma dieta

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balanceada para realizar as suas funções; necessidade de oxigênio, água,

glicose e complemento de vitaminas e minerais. A boa alimentação ajuda para

que sejam produzidas mudanças físicas químicas necessárias para o

funcionamento do cérebro de forma otimizada. Uma dieta desequilibrada pode

produzir sintomas negativos. Já o cerebelo encontra-se abaixo do lobo occipital

e tem como funções manter o equilíbrio do corpo, a coordenação dos

movimentos. Serve de conexão entre a medula e o cérebro. Existe uma nova

evidência de que o cerebelo desempenha uma função importante no processo

cognitivo, coordenando nossos pensamentos, emoções, sentimentos e

memória.

Na medula espinhal é formada por células nervosas. Conecta-se

com o cerebelo e transmite mensagens do cérebro ao corpo e do corpo para o

cérebro. Está protegida pela coluna vertebral, formada por anéis ósseos que

giram uns sobre os outros permitindo certa mobilidade. A medula espinhal é

dividida em quatro partes, dependendo da sua localização: cervical, torácica,

lombar e sacral. O sistema nervoso periférico é composto por axônios longos e

dendritos; abrange todas as partes do sistema nervoso, com exceção do

cérebro e da medula espinhal.

Se olhar o cérebro por dentro, pode-se localizar algumas partes

importantes, dente elas, temos o bulbo raquidiano, é a parte mais antiga do

cérebro. Este órgão conecta a coluna vertebral ao cérebro e controla certas

funções corporais críticas como os batimentos do coração, a respiração, a

temperatura, a homeostase e a digestão. O sistema límbico está localizado

sobre o bulbo raquidiano e quase todas as estruturas estão duplicadas nos dois

hemisférios do cérebro. Este sistema controla diversas funções, entre as quais:

a alimentação, a geração de emoção e a reprodução, entre outras. Para a

aprendizagem e a memória deve-se mencionar a importância de quatro outras

estruturas do sistema límbico:

O tálamo é o principal receptor de toda a informação sensorial com

exceção do olfato. Esse último é enviado para outras partes do cérebro para

um processamento adicional. O hipotálamo é uma glândula que faz parte do

diencéfalo e está localizado abaixo do tálamo. É considerado o centro

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integrador do sistema nervoso vegetativo ou autônomo, dentro do sistema

nervoso central. Ele desempenha um importante papel em algumas funções

psíquicas e psicomotoras.

Já o hipocampo, que está próximo da base da área límbica,

desempenha um papel principal na aprendizagem: transforma a informação a

partir da memória e por meio de sinais elétricos a envia às regiões de

armazenamento de longo prazo; esse processo pode levar dias ou meses. O

hipocampo revisa constantemente a informação relacionada com a memória de

curto prazo e a compara com as lembranças das experiências armazenadas.

Este processo é fundamental para a formação do sentido da informação.

A amígdala, que está colada a uma extremidade do hipocampo,

desempenha um papel muito importante nas emoções, especialmente no

medo. Existe a possibilidade, embora ainda não esteja provado, de que a

amígdala armazene o componente emocional das lembranças, enquanto que

os componentes cognitivos são armazenados em outro lado.

Para Gómez cérebro é composto por quase um trilhão de células: as

gliais que são todas as células não neurais do sistema; essas células atuam

como filtros para evitar que substâncias daninhas entrem nos neurônios. Tem

também as células nervosas ou neurônios são o principal componente do

cérebro. O funcionamento do cérebro depende do fluxo de informação através

de elaborados circuitos que consistem em redes de neurônios. Os neurônios

tem uma membrana excitável que os rodeia e permite a comunicação entre

essas células diferentemente de outras que não possuem essa membrana. A

conexão que existe entre uma célula e outra, por onde viajam as mensagens

por meio de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, é chamada

sinapse. Desse modo a informação é transmitida de uma célula para outra. As

sinapses ocorrem principalmente entre o axônio de uma célula e o dendrito de

outra; no entanto, também podem ocorrer entre axônio e axônio ou entre

dendrito e dendrito, ou em certos casos entre axônio e corpo da célula. A célula

nervosa recebe a informação de outra célula nervosa ou de órgão sensoriais e

projeta essa informação para outros neurônios. Esses neurônios projetam essa

mensagem para as partes do corpo que integram com o ambiente, por

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exemplo, os músculos. No cérebro existem aproximadamente 100 bilhões de

neurônios. Cada neurônio pode ter entre 1.000 e 10.000 ramificações

dendríticas. As sinapses podem ser: químicas, quando um neurônio se

comunica com outro por meio de uma substância química, um

neurotransmissor; elétricas, quando duas membranas se encontram coladas e

a informação passa diretamente. Na sinapse mista, que é química e elétrica, os

neurônios podem comunicar-se das duas formas descritas anteriormente.

Embora sejam raros é importante mencioná-los. Um neurotransmissor é uma

substância química que carrega mensagens entre diferentes células. Estas

substâncias são necessárias não somente para as funções do cérebro e do

corpo, mas também a falta ou excesso delas pode produzir problemas de

comportamento. Entre os neurotransmissores mais comuns podemos citar:

acetilcolina (ACT), dopamina (DA), endorfina, trifosfato de adenosina (ATP),

serotonina, entre outros.

Com certeza, algum dia todos esses processos de construção de memória e personalidade poderão ser descritos genética, química, eletro fisiologicamente pela Neurociência – mas serão compreendidos? O que conhecemos sobre a memória humana ao saber como determinadas moléculas interagem?” KANDEL, 2012.

Segundo GÓMEZ, a formação dos neurônios começa no embrião

durante a gestação. Aos quatro meses de gestação já se formaram

aproximadamente 200 bilhões de neurônios. Quase a metade desses

neurônios serão eliminados, num breve lapso de tempo por não conseguirem

estabelecer uma conexão com outros neurônios. Após o nascimento, o cérebro

ganha mais ou menos dois terços do peso que terá o cérebro adulto. O cérebro

de um recém-nascido estabelece milhões de conexões á medida que a criança

vai assimilando seu entorno. Quanto mais estimulante for o entorno, maior o

número de sinapses que serão estabelecidas e, portanto, a aprendizagem

ocorrerá mais facilmente e será mais significativa. O sistema nervoso

estabelece um grande número de conexões. Com a experiência são

selecionadas as conexões apropriadas e eliminadas as que não são

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convenientes; as que permanecem constituem as bases sensórias e talvez

cognitivas das futuras fases do desenvolvimento. O restante das conexões

sinápticas, surgem depois do nascimento.

As mudanças que ocorrem no cérebro com a formação de novas

sinapses ou as modificações de algumas existentes, ajudam as células a se

tornarem mais poderosas e eficientes. A aprendizagem realiza novos padrões

de organização no cérebro e isso foi confirmado por meio de testes

eletrofisiológico da atividade das células nervosas.

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1.1 O Papel da Emoção na Aprendizagem

A emoção sempre considerada irracional, na verdade, é produto da lógica do mesmo cérebro que pensa racionalmente. (RELVAS)

Segundo RELVAS, não só habilidade matemática, mas também

leituras e escritas promovem a plenitude do desenvolvimento humano para

avida. É preciso aprender habilidades sociais e emocionais para enfrentar o

mundo globalizado. A escola é uma dos espaços para se despertar essas

relações, que não se torne mais uma proposta , mas que realmente aconteça

na Educação Brasileira a inclusão no currículo escolar sobre os estudos de

Habilidades Sociais e Emocionais.

Para RELVAS, a ciência admite a existência de dois cérebros,

divididos pela diferença de suas funções ligadas às regiões que as operam. As

emoções humanas são uma fonte valiosa de informações que ajudam a tomar

decisões, estas são o resultado não só da razão mas também da junção de

ambas, associadas a outra competências emocionais que podem levar ao

sucesso na construção das relações no trabalho, tais como: Tolerância e

ambuiguidade – é habilidade para lidar com o inesperado; compostura – essa

competência tem a ver com a capacidade de compreender frustações;

autoconfiança – é a capacidade de confiar em si mesmo e de resolver

determinadas responsabilidades; empatia habilidade para ler nas entrelinhas e

trabalhar com as emoções, os sentimentos e as motivações dos outros;

energia- é capacidade de manter o foco e o compromisso durante um

determinado tempo e diante de coisas difíceis; humildade- é a capacidade de

adaptação de cada um; criatividade- é a criação de novas soluções para velhos

problemas; planejamento – é a prioridade nas ações.

Segundo a autora, um dos mais fascinantes temas da ciência é

como surgiu à inteligência ao longo da evolução dos grandes primatas aos

hominídeos chegando até o ser humano. A inteligência é um tema fascinante

porque nos dá a chave para o tesouro do entendimento sobre nós mesmos e

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como a seleção natural pôde produzir tamanha maravilha como o cérebro

humano e sua capacidade em tempo tão curto. Também é uma explanação

sobre a natureza da nossa singularidade no reino animal e por que nós somos

assim hoje.

(...) alguns dos pesquisadores mais notáveis declararam, na década de 1970, que as emoções abalam as funções cognitivas. Entre os psicólogos cognitivos, a visão mais benevolente sobre as emoções era a de que elas são uma espécie de “interrupção”: ocorre para que o organismo preste atenção em alguma informação fundamental e altere seu comportamento. De acordo com esse ponto de vista, sentimos medo ao defrontarmos uma cobra porque essa emoção faz com que nos concentremos na ameaça para fugirmos o mais rápido possível. Sentimos tristeza quando alguém que amamos se machuca porque isso nos leva a interromper o que estamos fazendo e a cuidar das necessidades da pessoa. Ficamos com raiva quando alguém nos insulta porque esse sentimento nos leva a nos concentrar no inimigo e as nos defender. Esse ponto de vista contrapunha as emoções à cognição, caracterizando-as como uma forma perturbadora, ainda que ocasionalmente útil”. Davidson, Richard.

Segundo WALLON, aprender está relacionado, dentre outras coisas,

a um clima emocional em que ocorre a aprendizagem. Portanto, a qualidade da

relação e a temperatura emocional as mediações da aprendizagem são de

enorme importância. No entanto, precisamos esclarecer que as emoções são

as manifestações do campo afetivo de uma pessoa. Em verdade cada vez que

um aprendiz expressa seu estado emocional, ou se emociona em seu percurso

de aprendizagem, está manifestando seu campo afetivo. Afetividade, é o termo

utilizado para identificar um domínio funcional abrangente e se manifesta de

diferentes formas: desde as primeiras, basicamente orgânicas, como as

manifestações iniciais de tonalidades afetivas, até as mais elaboradas como as

emoções, os sentimentos e as paixões. As emoções são as manifestações da

afetividade e a expressão dos sentimentos. Tem caráter de visibilidade e é por

meio delas que os educadores podem conseguir pistas do que está

acontecendo com seus alunos: respiração, agitação, expressão faciais, olhares

etc. Sua grande função é mobilizar o outro e garantir atenção e cuidados. Para

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Wallon, a afetividade tem um papel imprescindível no processo de

desenvolvimento da personalidade e se constitui sob a alternância dos

domínios funcionais: orgânico e social, que por sua vez é dependente da ação

dentre eles. Estabelece uma relação recíproca que impede tipo de

determinismo no desenvolvimento humano. Quando a criança vai crescendo é

transformada pelas circunstancias sociais, causando uma evolução progressiva

da afetividade, cujas manifestações vão se distanciando da base orgânica

tornando-se cada vez mais relacionadas ao social. Conceitualmente, a

afetividade deve ser diferenciada do sentimento, da a paixão, da emoção, que

são de suas manifestações.

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CAPÍTULO II

A NEUROCIÊNCIA NA PRÁTICA EDUCATIVA

Segundo GAZZANIGA, é na escola que há um vínculo integrativo da

sociedade, cuja principal forma de ação, é sobre o indivíduo em seu

desenvolvimento global, direta e abrangente, visando à maior possibilidade de

renovação e liberdade. Prestar atenção, compreender, aceitar, reter, transferir

e agir são alguns dos componentes principais da aprendizagem. A

Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam de entender a aprendizagem,

mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por meio de experimentos

comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância magnética e

de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante o seu

funcionamento. A psicologia, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os

significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os

indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido. As duas

áreas permitem entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança.

Ela é um ser em que esses fatores são indissociáveis. Por isso, não pode ser

vista por um único viés. Com base em evidências neurocientíficas, que há uma

correlação entre um ambiente rico e o aumento das sinapses. Mas quem define

o que é um estimulante para cada tipo de aprendizado? Quais devem ser as

intervenções para intensificar o efeito do meio? Como o aluno irá reagir? A

Neurociência não fornece estratégias de ensino. Isso é assunto da Pedagogia,

por meio das didáticas.

(...) as funções executivas estão diretamente relacionadas com o Córtex Pré-Frontal. O ato motor está intimamente ligado ao desenvolvimento cognitivo. Cada troca e experiência com o meio favorece este ato”. GAZZANIGA (2006).

Para GAZZANIGA, a estrutura educacional de hoje foi criada no fim

do século IX. É preciso fazer um esforço para trazer ao campo pedagógico as

inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos na área da

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ciência e da sociedade. Ao professor, cabe se alimentar das informações que

surgem, buscando fontes seguras, e não acreditar em fórmulas para a sala de

aula, criadas sem embasamento científico. A neurociência mostra que o

desenvolvimento do cérebro decorre da integração entre corpo e o meio social.

O educador precisa potencializar essa interação por parte das crianças. Assim

o indivíduo se constitui como tal, não apenas pela maturação orgânica, mas

também pela internalização de um patrimônio material simbólico.

(...) as funções psíquicas humanas estão intimamente articuladas ao aprendizado, à apropriação do legado cultural de seu grupo por mediação da linguagem”. WYGOTSKY (1896-1934).

Segundo WIGOTSKY, a escola desempenhará bem o seu papel

quando for capaz de ampliar e desafiar a criança à construção de novos

conhecimentos, incidindo, para tanto, nas zonas de desenvolvimento potencial

ou proximal (momento em que a aprendizagem ainda não se consolidou e

exige a intervenção de outro indivíduo no processo de aprender) e a real

(capacidade de desempenhar tarefas sem a necessidade de outro indivíduo, ou

seja, a aprendizagem consolida) de cada educando. A escola, portanto, precisa

ser capaz de desenvolver em seus estudantes capacidades intelectuais que lhe

permitam assimilar plenamente os conhecimentos acumulados. Portanto, para

o teórico, a aprendizagem está atrelada ao desenvolvimento orgânico e

psíquico.

O pensamento da criança se forma totalmente desvinculado do processo escolar, ou seja, o desenvolvimento se dá em etapas e com a maturação das funções cognitivas, antes mesmo de a criança extrair da escola certos hábitos, conhecimentos e informações, não havendo, portanto, uma mão dupla entre essa maturação do desenvolvimento e a aprendizagem, ou seja, se aprende mesmo sem ir para a escola. JEAN PIAGET (1896 – 1980).

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Para PIAGET, a influência de um ambiente rico em estímulo

favorece o aumento do peso e da espessura do córtex cerebral, então, em

contrapartida, a escola deve ser a fonte geradora de estímulos. Por meio da

aprendizagem, o indivíduo constrói e desenvolve os comportamentos que são

necessários para sua sobrevivência, pois não há realizações ou práticas

humanas que não resultem do aprendizado.

(...) o que hoje a Neurociência defende sobre o processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por diferentes caminhos. Os avanços das metodologias de pesquisas e da tecnologia permitiu que novos estudos se tornassem possíveis”. IWASZKO.

Para Ramalho, este ato é responsável por uma aprendizagem

saudável – o vínculo entre mãe e bebê – e este vínculo favorece ainda a

maturação das Funções Executivas, que são um conjunto de capacidades que

possibilitam o desempenho de ações voluntárias com objetivos e metas. Elas

são muito importantes diante de novas situações para o indivíduo, ou ainda

daquelas que exigem, com rapidez, o ajuste ou a flexibilidade do

comportamento diante das demandas do ambiente. Elas ainda regulam e

direcionam diversas habilidades intelectuais, emocionais e sociais e, ainda

oferece condição para que as ações direcionadas sejam realizadas com

sucesso. Definir aprendizagem como aquisição de conhecimento ou

especialização; faz ignorar todo processo oculto existente no ato de aprender,

que é uma mudança permanente de comportamento, resultado de exposição

às condições do meio ambiente; ou ainda, um processo evolutivo e constante,

que implica uma sequência de modificações observáveis e reais no

comportamento do indivíduo, de forma global (físico e biológico), e do meio que

o rodeia, onde esse processo se traduz pelo aparecimento de formas

realmente novas compromissadas com o comportamento. A aprendizagem

apresenta pontos comuns e com significados intrínsecos – convergem para o

fato de que tudo aquilo que se sabe, o homem deve aprender.

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Os bebês nascem com a capacidade sensorial básica que se desenvolve durante a infância. Já nos primeiros dias, aprendem a reconhecer o rosto de suas mães, prestam atenção mais e há indicações de que reconhecem a voz da mãe já ao nascer, por se habituarem a este som ainda na fase uterina. Assim, é nesta relação de afeto e de estímulo que se viabiliza a organização das redes neurais e adequação das futuras ações. Ações estas que serão favorecidas pela intenção com o cuidador e com o meio em que o ser humano está inserido. RAMALHO, 2015.

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2.1 Aprendizagem Perpassa Pelos Canais Sensoriais

O pesquisador defende que a pessoa é resultado da integração entre afetividade , cognição e movimento. O que é conquistado em um desses conjuntos interfere nos demais. O afetivo, por meio de emoções, sentimentos e paixões, sinaliza como o mundo inteiro e externo nos afeta. Para WALLON, que estudou a afetividade geneticamente, os acontecimentos à nossa volta estimulam tanto os movimentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no desenvolvimento. AUSUBEL, pag 51, julho 2012. Revista Nova Escola

Segundo AUSUBEL, a atenção é fundamental para a percepção e

para a aprendizagem. Pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram

que o sistema nervoso central só processa aquilo a que está atento. Um grupo

de pessoas passou por um teste que avaliava o desenvolvimento da habilidade

de leitura de palavras espelhadas. Uma parte delas treinou escrever, de

maneira imaginário, palavras invertidas. Outra pôde ler termos desse tipo.

Depois, ambas conseguiram ler com rapidez palavras espelhadas criadas pelos

pesquisadores. Um terceiro grupo , enquanto treinava a leitura e a escrita de

termos espelhados, realizou outra tarefa de memorização visual. Tanto a

memorização quanto a aquisição da habilidade de leitura invertida ficaram

prejudicadas. Assim, comprovaram que, se o desvio de atenção é significativo,

a aquisição de habilidade e a memorização sofrem prejuízo.

Para o AUTOR, a falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou

de desinteresse por parte da criança. Ela pode ser decorrente de um meio

desestimulante ou de situações inadequadas à aprendizagem. O professor

deve focar a interação entre ele, o saber e o aluno, refletindo sobre as

atividades propostas e modificando-as se necessário.

Só reconhecemos nos fenômenos que acontecem a nossa volta aquilo que o nosso conhecimento prévio nos permite

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perceber. Não hesitamos, por exemplo, em interromper uma atividade quando sentimos um cheiro de fumaça no ambiente”. AUSUBEL, revista Nova escola- julho/2012.

Para AUSEBEL, a mente é seletiva. Estudos comprovam que no

cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o

sujeito é afetado positivamente por algo , a região responsável pelos centros de

prazer produz uma substância chamada dopamina. A ativação desses centros

gera bem estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento

dela em relação ao objetivo que afetou. Tarefas muito difíceis, desmotivam e

deixam o cérebro frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa. Por

isso são abandonadas, o que ocorrem com as fáceis.

A motivação é a procura por respostas quando a pessoa está diante de uma situação que ainda não consegue resolver. A aprendizagem ocorre na relação entre o que ele sabe e o que o meio físico e social oferece. Sem desafios , não há por que buscar soluções. Por outro lado, se a questão for distante do que se sabe, não são possíveis novas sínteses”. PIAGET, revista Nova escola- julho/2012.

Segundo PIAGET, a escola deve ser um espaço que motive e não

somente que se ocupe em transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o

professor precisa propor atividades que os alunos tenham condições de

realizar e que despertem a curiosidade deles e os faça avançar. É necessário

leva-los a enfrentar desafios, a fazer perguntas e procura respostas. A ativação

de circuitos ou redes neurais se dá em sua maior parte por associação: uma

rede é ativada por outra e assim sucessivamente. Quanto mais frequentemente

isso acontece, mas estáveis e fortes se tornam as conexões sinápticas e mais

fácil, é a recuperação da memória. Isso se dá por repetição da informação ou,

de forma mais eficaz, pela associação do novo dado com conhecimentos já

desenvolvidos. O cérebro pode decorar uma informação, mas o registro se

tornará mais forte se criar ativamente vínculos e relações daquele conteúdo

com o que já está armazenado em arquivo de conhecimentos.

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Aprendemos com base no que já sabemos. É preciso diferenciar memória de aprendizagem significativa. A primeira é a capacidade de lembrar algo. Já a segunda envolve usar o saber prévio em novas situações – um processo pessoal e intencional de construção de significados com base na relação com o meio (social e físico)”. AUSEBEL/Revista Nova Escola, Julho 2012, pag.55.

Para AUSEBEL, aprender não é só memorizar informações. É

preciso saber relacioná-las, ressignifica-las e refletir sobre elas. É tarefa do

professor, então, apresentar bons pontos de ancoragem, para que os

conteúdos sejam aprendidos e fiquem na memória, e dar condições para que o

aluno construa sentido sobre o que está vendo em sala.

O professor ao observar as emoções dos estudantes, pode ter pistas

de como o meio escolar os afeta: se está instigado emocionalmente ou

causando apatia por ser desestimulante. Dessa forma, consegue reverter um

quadro negativo, que não favorece a aprendizagem.

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2.2 Estágios da Aprendizagem

... Em minhas observações, pesquisa e vivencia como professora, ao longo destes 30 anos, entendi que o cérebro não é um sistema fechado, mas um sistema aberto de possibilidades... RELVAS

Para RELVAS, o cérebro funciona de forma autônoma,

neurovegetativa ou pelos atos conscientes, independentemente de ser homem

ou mulher. Este sistema pode funcionar sozinho, com dois ou mais sistemas

funcionando de maneira integrada (todos os sistemas funcionando ao mesmo

tempo). O cérebro tem suas características inerentes à sua funcionalidade

(masculina ou feminina). O sistema podem apresentar distúrbios neurogênicos,

tanto no cérebro masculino quanto no feminino do tipo: auditivo, visual e tátil. A

Neurobiologia cognitiva explica que comportamento de meninos e meninas,

perpassam pela bioquímica cerebral e pelas sinapses neurais, além das

questões afetivas e emocionais. Dessa maneira o olhar do professor em sala

de aula precisa ser direcionada na pluralidade e na singularidade, ou seja, o

professor precisa entender que cada estudante é único, e que mesmo seu

tempo de aprendizagem é diferente, tanto na elaboração quanto na

compreensão das informações que passam pelos sentidos biológicos e

chegam até o cérebro.

(...) Penso que o professor por medidas preventivas precisa conhecer o funcionamento cerebral, podendo até ressignificar suas práticas pedagógicas, adotando uma didática que atinja a forma cognitiva, sensório motora de cada gênero. RELVAS

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Para RELVAS, os humanos aprendem por vias sensitivas, tais como:

A Sensação, que é o nível primitivo de comportamento, referindo unicamente à

ativação de estruturas sensoriais. É a partir das sensações pelas quais o

indivíduo pode perceber o mundo que o cerca. A Percepção, constitui-se na

tomada de consciência relativa a sensação em progresso. A eficiência da

percepção depende de que o aparato neurológico seja capaz de converter,

adequadamente, as sensações em impulsos elétricos. Apesar de ser

comportamento neurologicamente superior à sensação, do ponto de vista

psicológico, é ainda extremamente rudimentar. No entanto, é baseado na

percepção que o indivíduo irá formar imagens. A Formação de Imagem, refere-

se a sensação ou a informações já recebidas. Está relacionada aos processos

de memória, já que corresponde a um registro de aspectos das experiências

vividas, ainda que elas não se associem palavras (aspectos não verbais). As

imagens formadas não se restringem apenas ao nível visual; são registros de

percepções oriundas de quaisquer dos órgãos dos sentidos, como, por

exemplo, o ruído de um carro na estrada, o aroma de perfume...

A Simbolização, é a habilidade descrita como exclusiva da espécie

humana e que corresponde a capacidade de representar uma experiência de

forma verbal ou não verbal. A Conceituação, é o complexo processo mental

que envolve capacidades de abstração, classificação e categorização.

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CAPÍTULO III

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER

Segundo RELVAS, a aprendizagem é uma função integrativa, na

qual se relacionam o corpo, a psique e a mente para que o indivíduo possa

apropriar-se da realidade de uma forma particular. Levando em consideração

este fato, entende-se que o ser humano faz, sente e pensa. Por isso, é

importante não somente focalizar as funções cerebrais e sua relação com os

processos cognitivos, mas também entender que cada indivíduo terá sua forma

particular de processamento de informação, que não depende somente do

cerebral, mas também está arraigado no psíquico. A estrutura psíquica é aquilo

que habitualmente chamamos de afetividade. Para poder entender o complexo

processo que entra em jogo na aprendizagem, é importante mencionar o caso

dos meninos lobo. Por diferentes circunstâncias eles cresceram à margem da

sociedade moderna. Eles foram encontrados em florestas, vivendo sozinhos,

selvagens e afastados da civilização. Psicologicamente permaneciam em um

nível sub-humano. Foram realizados muitos estudos com esses meninos. Por

meio de exames post mortem foi constatado que a base anatômica cerebral

permanecia intacta e normal. No entanto , neles não haviam sido formados os

complexos sistemas cerebrais funcionais, ou dito de outra forma , as estruturas

neuropsicológicas que constituem a base das funções cognitivas, ou seja , da

linguagem, gnosias, praxias, atenção, etc, que formam a base do psiquismo

humano. Estes meninos não haviam adquirido, e tão pouco puderam adquirir

depois, uma série de funções humanas como andar ereto ou utilizar a

linguagem oral. No entanto, sabiam correr de quatro muito mais rapidamente

que seus contemporâneos e podiam reconhecer pelo olfato o que podiam ou

não comer. Havia desenvolvido exclusivamente as funções cujos circuitos

tinham sido mantidos durante seus primeiros anos de vida. Vemos, pois, que

embora possuíssem a base morfológica cerebral, não tiveram a possibilidade

de que esta se desenvolvesse com base na organização e reorganização

funcional em virtude da aprendizagem prática e linguística que foram

adquirindo durante a vida.

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Para RELVAS, desenvolvimento cognitivo é entendido então como

um processo que permanentemente se transforma, como resultado de

contínuas reestruturações que ocorrem nas diversas interações que a pessoa

estabelece. Existem momentos chaves nos quais a estimulação permite que

algumas funções apareçam e se desenvolvam.

...Nada somos além de memória em nossa mente. Quando acordamos pela amanhã, fazemos uma rápida revisão da nossa historia de vida para saber quem somos e onde estamos nesta caminhada. Neste ponto uma boa memória é primordial, pois é apenas isto que difere eu de você: nossas lembranças! Portanto, uma boa memória é essencial para uma boa perspectiva individual dos erros e certos para um planejamento de metas eficiente. OLIVEIRA, 2012, pág 9.

Segundo OLIVEIRA, as dificuldades para se concentrar em um

material didático estão aumentando a cada dia: muitas distrações, problemas

da vida atual, envolvimentos emocionais, muito trabalho e pouco tempo

disponível. Desta forma é necessário qualificar o período de estudos para que

possamos ter o melhor rendimento possível com aproveitamento máximo de

tudo que foi lido. Reter mais conteúdo torna-se, portanto, a meta que

desejamos alcançar. Para que isso seja possível, são necessários uma rotina

de procedimentos, um protocolo a ser seguido e treino, muito treino com parte

essencial neste processo: o cérebro. As recentes descobertas

comportamentais, as técnicas de memorização, a auto- hipnose com recurso

de potencialização e a novíssima neuróbica, tornam-se imprescindíveis para

quem deseja crescer com a capacidade ampliada da mente.

Para OLIVEIRA, o corpo está preparado para certas produções

internas em resposta ao que se passa no ambiente ou como ele é interpretado

por nós. Alguns destes processos já têm nenhuma utilidade nos dias atuais,

mas continuam operando em sua rotina de proteção para a manutenção da

espécie. O resultado disso é que, muitas vezes, uma reação emocional

desnecessária e que acaba atrapalhando o desenrolar de alguma atividade.

Um exemplo, é o filme de ação. No filme mostra situações de perigo, e o corpo

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reage, produzindo adrenalina, mesmo sabendo que se trata de uma projeção,

de montagens computadorizadas em uma história de ficção. O consciente está

pleno de conhecimento que aquilo não existe de fato, mas o corpo reage

mesmo assim. A produção endócrina, em vista do perigo apresentado, irá durar

algum tempo, e o resultado é uma excitação, com aumento na circulação

sanguínea, na pressão arterial, e a pessoa está ali sentada sem fazer nada.

Não corre para fugir da ameaça nem ataca para se defender. O que ocorre

com toda essa alteração interna? Para onde vai todo este estímulo?

O autor OLIVEIRA, sugere algumas técnicas antigas que possuem

vários modelos que podem se encaixar no canal sensorial preferencial:

Auto- hipnose: Os estados alterados de consciência permite muitas coisas, As

apresentadas neste livro, mais de dez, podem ser feitas por qualquer pessoa

sem risco nenhum para o leitor. São práticas que facilmente podem ser

introduzidas no seu dia a dia de estudos sem alterar muito a dinâmica já

estabelecida. O ganho em foco de atenção e a manutenção do estado de

equilíbrio emocional são percebidos imediatamente. Esta é a grande vantagem

de auto- hipnose, o efeito da maioria das técnicas é imediato.

Neuróbica: é a ginastica e a aeróbica para os neurônios, uma nova forma

dinâmica de exercícios para o cérebro projetado, essencialmente, para deixa-lo

mais ágil e saudável. Estes exercícios acabam criando novos e diferentes

padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso

dia a dia é ocupado por rotinas comuns, que apesar de terem a vantagem de

reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso. Limitam o cérebro.

Essa repetição dos padrões atrofia nossa forma de pensar não apenas em seu

formato psicológico, mas, de fato, já está provado cientificamente que reduz

nossas ligações sinápticas, limitando nossa velocidade de raciocínio.

A capacidade mental só aumenta quando é colocada em prova, e é isto que a

Neuróbica faz: leva o cérebro ao máximo de suas potencialidades. Novas

conexões sinápticas vão surgir do uso de experiências fora da rotina, usando a

visão, o olfato, tato, paladar e audição. Assim, o mundo se abre com as

percepções mais apuradas. Não há limite de idade para praticar os exercícios

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da neuróbica. Uma pessoa que tem a Neuróbica como prática diária é igual a

um atleta que se prepara na academia para ter seu corpo sempre em forma.

Quanto mais exercícios fizer, maior resultado terá.

Exemplo de uma prática neuróbica: pela manhã, ao acordar, coloque algum

perfume mesmo antes de escovar os dentes ou tomar banho. Usamos perfume

para que outras pessoas sintam o cheiro agradável. O perfume estará sendo

colocado para a própria pessoa aprecie o aroma. O olfato é o mais poderoso

dos sentidos, pois está mais perto do cérebro e é responsável por ativar tantas

nuances comportamentais, como desejo sexual, sabor dos alimentos, aversão

e nojo.

O pressuposto psicológico mais importante na teoria externa é o de que o organismo é basicamente sensível às contingências de recompensas provenientes do exterior e, além disso, de que a maior parte dos comportamentos humanos pode ser explicado através da observação dos condicionalismo do meio em que o indivíduo está inserido”. GAZZANIGA, 1991, p. 224

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3.1 Plasticidade Neural e as Mudanças Funcionais no Cérebro

...a ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações também em outras áreas, pois o cérebro não funciona como região isolada. Isso ocorre em virtude da existência de um grande número de vias de associação, precisamente organizadas, atuando nas duas direções. Estas vias podem ser muito curtas, ligando áreas vizinhas que trafegam de um lado para o outro, sem sair da substância cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e trafegam pela substãncia branca para conectar um giro a outro, ou um lobo a outro, dentro do mesmo hemisfério cerebral. São as conexões intra- hemisféricas. Por último, existem feixes comissurais que conduzem a atividade de um hemisfério para outro, sendo o corpo caloso o mais importante deles. RELVAS, 2011, p. 35

Para RELVAS, aprender não é só memorizar informações. É preciso

saber relacioná-las, ressignificá-las e refletir sobre elas. É tarefa do professor,

então, apresentar bons pontos de ancoragem, para que os conteúdos sejam

aprendidos e fiquem na memória, e dar condições para que o aluno construa

sentido sobre o que está vendo em sala. A plasticidade cerebral é a

denominação das capacidades adaptativas do sistema nervoso cerebral, ou

seja, é a sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e

funcionamento. É a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em

funções das experiências do sujeito, reformulando as sua s conexões em

virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. Há alguns anos,

admitia-se que o tecido cerebral não tinha a capacidade regenerativa e que o

cérebro era definido geneticamente, ou seja, possuía um programa genético

fixo. No entanto, não era possível explicar o fato de pacientes com lesões

severas obterem, com técnicas de terapia, a recuperação da função. Porém , o

aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que é muito mais maleável

do que até então se imaginava, modificando-se dos comportamentos. A relação

que o ser humano estabelece com o meio produz grandes modificações no seu

cérebro, permitindo uma constante adaptação e aprendizagem ao longo de

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toda a vida. Assim, o processo de plasticidade cerebral torna o ser humano

mais eficaz.

Para RELVAS, a plasticidade cerebral explica o fato de certas

regiões do cérebro poderem substituir as funções afetadas por lesões

cerebrais. Como tal, uma função perdida devido a uma lesão cerebral pode der

recuperada por uma área vizinha da zona lesionada. Contudo, a recuperação

de certas funções depende de alguns fatores, como a idade do indivíduo, a

área da lesão, o tempo de exposição aos danos, a natureza da lesão, a

quantidade de tecidos afetados, os mecanismos de reorganização cerebral

envolvidos, assim como outros fatores ambientais e psicossociais. A

plasticidade é minimizar ou reverter uma adaptação funcional/ estrutural do

sistema nervoso central. A aprendizagem é uma plasticidade. Quando se

escuta uma notícia ou se lê um jornal, executando atividades que modificam o

nosso cérebro. Ao assimilarmos um novo conceito, é porque houve

modificação em algum nível sináptico ou estrutural. É uma aprendizagem que

exercitamos no dia a dia, um milissegundo atrás é diferente do momento atual.

É um processo bastante amplo, que envolve diversos aspectos, principalmente

na área de formação de novas sinapses, novos contatos e de novos neurônios.

Segundo RELVAS, a plasticidade cerebral não é apenas relevante

em caso de lesões cerebrais, uma vez que ela está continuamente ativa,

modificando o cérebro a cada momento. Os mecanismos por meio dos quais

ocorrem os fenômenos de plasticidade cerebral podem incluir modificações

neuroquímicas, sinápticas, do receptor neuronal, da membrana e ainda

modificações de outras estruturas neurais. Este fato é mais bem compreendido

por meio do conhecimento dos neurônios, da natureza das suas conexões

sinápticas e da organização das áreas cerebrais. A cada nova experiência do

indivíduo, portanto, redes de neurônios são rearranjados, outras tantas

sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente

tornando possíveis.

... o cérebro tem uma propriedade chamada neuroplasticidade, que é a capacidade de modificar de forma considerável sua

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estrutura e seus padrões de atividade, não só na infância , mas também durante a vida adulta. DAVDSON, 2013, pág. 8.

Segundo DAVDSON, a interferência do ambiente no sistema

nervoso causa mudanças anatômicas e funcionais no cérebro. Assim, a

quantidade de neurônios e as conexões entre eles (sinapses) mudam

dependendo das experiências pelas quais se passa. Nos anos 1980, um

estudo pioneiro do neurocientista norte-americano Michael Merzenich, da

Universidade da Califórnia, nos estados Unidos, demonstrou que o cérebro de

macaco adultos se modificava depois da amputação de um dos dedos da mão.

A perda do membro provocava atrofia dos neurônios da mão. A perda do

membro provocava atrofia dos neurônios da região responsável pelo controle

motor do dedo amputado. Porém ele observou também que essa área acabava

sendo ocupada pelos neurônios responsáveis pelo movimento do dedo ao lado.

Para o AUTOR, essa mudança pode resultar das experiências que

temos e também da atividade mental puramente interna, ou seja, de nossos

pensamentos. Considere, por exemplo, as experiências de vida: o cérebro de

uma pessoa cega de nascença que aprendeu braile tem um aumento

mensurável no tamanho e na atividade de áreas do córtex motor e do córtex

somatossensorial que controla o movimento e recebem sensações táteis dos

dedos usados para ler. Ainda mais impressionante é o fato de que o córtex

visual – que supostamente está estruturado para processar sinais dos olhos e

transfomá-los em imagens visuais – passa por uma mudança de carreia

radical, assumindo a função de processar as sensações dos dedos em vez de

estímulos enviados pelos olhos. O cérebro também pode mudar em resposta a

mensagens geradas internamente, ou seja, aos nossos pensamentos

intenções. Essas mudanças podem aumentar ou diminuir a área cortical

dedicada a função específicas. Por exemplo, quando atletas treinam

mentalmente, concentrando-se na sequência precisa de movimentos

necessários para executar, um duplo mortal carpado, as regiões do córtex

motor que controlam os músculos necessários para esse movimento se

expandem. Da mesma forma, o pensamento, por si só, pode aumentar ou

diminuir a atividade de circuitos cerebrais específicos ligados a doenças

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psicológicas; é o caso da terapia cognitivo- comportamental, que consegue

diminuir a hiperatividade no “circuito da preocupação” responsável pelo

transtorno obsessivo-compulsivo. Utilizando apenas a atividade mental, ela

própria um produto do cérebro, conseguindo modificar intencionalmente nosso

cérebro.

Segundo MANERA, a plasticidade é a capacidade que o nosso

cérebro tem de se adapatar a novas situações mesmo após grandes acidentes,

o cérebro se reinventa . Ela é importante para o funcionamento dos neurônios

no cérebro. Nos bebês, o cérebro conta com grande plasticidade, pois muitas

terminações nervosas ainda não aconteceram entre os dois hemisférios. O

nosso cérebro realiza diversas funções incríveis, como controlar a temperatura

do corpo, a pressão arterial, o coração e a respiração, aceita milhões de

informações que o os sentidos enviam, controla os movimentos do andar, falar,

ficar de pé e sentar, além de fazer pensar, sonhar, raciocinar, sentir...

Para MANERA, o cérebro é composto por aproximadamente 100

bilhões de céluls nervosas chamadas de neurônios, os quais tem a função de

juntar e transmitir sinais eletroquímicos como se fossem fios e possuem como

estrutura três partes básicas: o corpo celular que contém todos os

componentes necessários da célula, como o núcleo que contém DNA, retículo,

endoplasmático e ribossomos para construir proteínas e mitocôndrias para

produzir energia; o Axônio que é a parte longa como cabo, responsável por

transportar a mensagem eletroquímica (impulso nervoso) , pela extensão da

célula e dependendo do tipo do neurônio, os axônios podem ser cobertos por

uma fina camada de Mielina,

“Para o estímulo provocar certa resposta, é necessário que o indivíduo e seu organismo sejam capazes de fornecê-las. Por isso, não basta ter um meio provocativo se a pessoa não participar dele ou, como complementaria o teórico, se ela for incapaz de se sensibilizar com os estímulos oferecidos e reagir a eles. A aprendizagem, portanto, não é a mesma para todos, e também difere de acordo com os níveis de desenvolvimento de cada um, pois há domínio exigido para que seja possível construir determinados conhecimentos.” PIAGET.

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CONCLUSÃO

Desde o princípio da vida o bebê está aprendendo. Em seu cérebro,

trilhões de neurônios estão esperando para serem conectados. Algumas

dessas conexões foram realizadas pelos genes durante a fertilização: nos

circuitos que controlam a respiração e batimentos cardíacos, nos que regulam

a temperatura ou produzem os reflexos. Porém, um grande número de

neurônios está pronto, são puros e seu potencial é infinito. Alguns dias estão

conectados para realizar um cálculo matemático ou, talvez, para escrever uma

poesia.

A Aprendizagem é uma função integrativa, na qual se relacionam o

corpo, a psique e a mente para que o indivíduo possa apropriar-se da realidade

de uma forma particular. Levando em consideração este fato, entendemos que

o ser humano faz, sente e pensa. Por isso, é importante não somente

focalizarmos as funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos,

mas também entender que cada indivíduo terá a sua forma particular de

processamento de informação, que não depende somente do cerebral, mas

também está ligado no psíquico. A estrutura psíquica é aquilo que

habitualmente chamamos de emoção.

Para pode entender o complexo processo que entra em jogo na

aprendizagem, pode-se usar como ilustração o caso dos Meninos Lobo. Por

diferentes circunstâncias eles cresceram à margem da sociedade moderna.

Eles foram encontrados em floresta, vivendo sozinhos, selvagens e afastados

da civilização. Psicologicamente permaneciam em um nível sub-humano.

Foram realizados muitos estudos com esses meninos. Por meio de exames

post mortem foi constatado que a base anatômica cerebral permanecia intacta

e normal.

O desenvolvimento cognitivo é entendido, como um processo que

permanentemente se transforma como resultado de contínuas re estruturas

que ocorrem nas diversas interações que a pessoa estabelece. Existem

momentos chaves nos quais a estimulação permite que algumas funções

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apareçam e se desenvolvam. Mesmo no caso do cérebro funcionar

perfeitamente,

Conhecer as conexões neurais é imprescindível para que sejam

elaboradas atividades, que desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e

cognitivas. É de suma importância que os profissionais envolvidos na educação

compreendam que a ação comportamental de seu educando é fruto de uma

atividade cerebral dinâmica.

Educar é uma tarefa complexa e que requer de seus educadores,

dentre os diversos fatores, a competência e a dedicação. O maior desafio, no

entanto, é planejar uma educação capaz de preparar o educando para essas

transformações. A neurociência irá contribuir para a ação pedagógica por

compreender as estruturas e o funcionamento do Sistema Nervoso Central.

O homem quando nasce descobre um mundo que já tem uma

organização, normas sociais e uma história. A presença dos outros seres

humanos ao seu redor permite-lhe algumas manifestações simbólicas como a

linguagem e o pensamento. Por meio da constante inter-relação com o mundo

o indivíduo continua construindo sua aprendizagem e isso envolve uma

atividade funcional com sentido e organização.

A neurociência e a pedagogia juntas oferecem uma inovadora

parceria, respeitando as especificidades de cada ciência, elas se completam ao

conduzir este aluno a um novo sistema, através do qual biologicamente se

constrói a fonte de novas conexões neurais.

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BIBLIOGRAFIA

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Wak Editora, 2012.

RELVAS, Marta Pires. Sob o Comando do Cérebro: entenda como a

Nurociência está no seu dia a dia. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.

Transtornos de Aprendizagem. Ed. Cultural, S.A, Edição 2014

FREITAS, Nilson Guedes. Pedagogia do Amor: caminho da libertação na

relação professor aluno.

Nova escola: neurociência, como ela ajuda a entender a aprendizagem. Edição

2012, 106 páginas.

RAMALHO, Danielle Manera. Psicopedagogia e Neurociência:

Neuropsicopedagogia e Neuropsicologia na prática clínica. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2015.

LAWRENCE, c. Katz, e MANNING RUBIN, Mantenha o seu cérebro vivo.

Editora Sextante.

RICHARD J. Davidson e SHARON, Begley. O Estilo Emocional do Cérebro.

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GAZZANIGA, Michael S. Neurociência Cognitiva: a Biologia da mente. Porto

Alegre: Artmed, 2005.

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RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: as

múltiplas eficiências para uma Educação Inclusiva. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2007.

OLIVEIRA, Pires. Ativando o cérebro para provas e concursos: 100 técnicas

para melhorar seu desempenho. Rio de Janeiro: Wak editora, 2012.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9 O CÉREBRO NA APRENDIZAGEM 9

1.1 O Papel da Emoção na Aprendizagem 14

CAPÍTULO II 17 A NEUROCIÊNCIA NA PARÁTICA EDUCATIVA 17

2.1 Aprendizagem Perpassa Pelos Canais Sensoriais 21

2.2 Estágios da Aprendizagem 24

CAPÍTULO III 26 CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER 26

3.1 Plasticidade Neural e as Mudanças Funcionais no Cérebro 30

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 36 ÍNDICE 38 FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

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