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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
A AÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Por: Edjane Cristiana dos Santos
Orientadora
Profª. Ms. Priscila Barcellos
Recife - PE
Junho/2006
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
A AÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Edjane Cristiana dos Santos
Trabalho monográfico apresentado como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Especialista em
Supervisão Escolar.
Recife - PE
Junho/2006
DEDICATÓRIA
A minha filha Ruth de 4 anos, por ter sido
tão sacrificada pelos momentos de
ausência enquanto estudava para a
conclusão deste trabalho, e ao meu bebê
Matheus, que embora ainda esteja dentro
do meu ventre, transmiti tanta alegria e
força a cada dia, que me faz perceber o
sentido da vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas oportunidades e conquistas concedidas e alcançadas
com sua benção.
Aos meus pais, pela formação dada, o meu eterno obrigada.
À minha família que está sempre ao meu lado, me apoiando, me
encorajando e em incentivaram para a conclusão deste curso.
À minha sogra D. Carminha, pela grande ajuda, por ter ficado com
minha filha para eu fazer o curso e pela conclusão deste trabalho.
À minha amiga Lucineide pelos momentos de estudos compartilhados.
À professora orientadora Priscila Barcellos que me deu muito apoio para
concretização deste trabalho.
RESUMO
A Supervisão Educacional ao longo de sua existência no contexto educacional
brasileiro vêm enfrentando problemas no desenvolvimento de sua práxis. Vale
ressaltar que a práxis do supervisor educacional comporta dimensões
reflexivas, organizativas e avaliativas. O supervisor deve ser participante, co-
elaborador do processo educativo juntamente com a equipe escolar, além de
mobilizador cultural e agente da cidadania dentro do ambiente escolar. Para
que se efetive uma ação supervisora transformadora na Educação Infantil, se
faz necessária uma análise da ação do supervisor no cotidiano escolar. A
prática do supervisor, em qualquer modalidade de ensino, inclusive na
Educação Infantil deve está voltada em “parceria”, num trabalho coletivo,
estimulando o grupo a avançar, superando obstáculos e desafios, visando
atingir os objetivos propostos pela escola. A ação do supervisor educacional
será verdadeiramente eficaz no ensino infantil, quando este profissional exerce
uma formação continuada, é ético, mantém alunos e professores unidos na
construção do conhecimento e envolve toda comunidade escolar. O presente
trabalho visou contribuir para uma ação supervisora que saia do sonho para
uma ação, num processo de superação contínua.
METODOLOGIA
A proposta desta monografia é possibilitar um repensar crítico da ação
do Supervisor Educacional na Educação Infantil frente à esta nova realidade
que se descortina a educação.
Para realizar este trabalho foi utilizado como referência diversos
materiais, entre eles diversas bibliografias ricas sobre o tema estudado,
acredita-se, que essa investigação não pára por aqui, mas abre possibilidades
de compreensão, ampliando mediante às transformações que ocorrem na
sociedade e que afetam a educação e por conseguinte a ação da Supervisão
Escolar.
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................... 08
Capítulo I
1. Supervisão Escolar.................................................................................... 10
1.1 Breve Histórico da Evolução da Supervisão Escolar no Brasil................ 11
1.2 Alguns Aspectos da Supervisão Escolar................................................. 16
1.2.1 – Características............................................................................ 16
1.2.2 – Princípios.................................................................................... 17
1.2.3 – Funções...................................................................................... 19
1.2.4 – Objetivos..................................................................................... 23
Capítulo II
2. Educação Infantil....................................................................................... 26
2.1 A nova LBD para a Educação Infantil...................................................... 29
Capítulo III
3. A ação do Supervisor Educacional na Educação Infantil.......................... 33
Considerações Finais.................................................................................... 40
Bibliografia Consultada.................................................................................. 42
Folha de Avaliação........................................................................................ 44
INTRODUÇÃO
A presente monografia tem por finalidade enfatizar: A ação do
Supervisor Educacional na Educação Infantil, apresentando, como questão
central; Que características deve ter o Supervisor Educacional na Educação
Infantil no momento, atual?
Diante da problemática educacional vivida pelos educadores no
presente momento, assume importância fundamental, constituindo não apenas
o ponto de partida, mas o constante referencial para a reflexão e ação do
supervisor escolar na Educação Infantil. Assim sendo, o objetivo desse
trabalho é investigar a ação do Supervisor Educacional no Ensino Infantil.
O contexto atual vem lançando à supervisão escolar enormes desafios,
os quais eles devem estar capacitados a responder se pretende que seu
trabalho com a Educação Infantil seja socialmente útil e não inócuo,
significativo e não destituído do sentido para os dias atuais.
Delinear o trajeto evolutivo percorrido pela supervisão escolar no Brasil,
desde o surgimento até o momento atual, faz-se fundamental na busca pelo
descobrir, entender e superar os novos desafios que surge para este
profissional no contexto histórico atual, de forma a possibilitar um repensar
crítico da função, dos princípios, das características e dos objetivos do
supervisor escolar neste novo século.
Assim sendo o primeiro capítulo refere-se à supervisão escolar, onde
apresentaremos o conceito de supervisão escolar, o breve histórico da
evolução da supervisão escolar no Brasil e alguns aspectos como:
características, princípios, funções e objetivos desse profissional.
O segundo capítulo aborda um pouco da história sobre a Educação
Infantil e a Nova LDB e a Educação Infantil.
O terceiro capítulo trata especificamente da ação do supervisor
educacional na Educacional, sua importância, sua atuação, e o supervisor e a
Educação Infantil.
Baseando no fato de que a Supervisão Escolar foi ressignificada
atualmente trazendo consigo exigências de renovação e ampliação no que
diz respeito as suas práticas no processo educativo, buscamos através dos
autores como Cury (1979), Ferreira (1999), Libâneo (1999), Nérici (1986),
Nogueira (1989), Peres (1977), Saviani (1981) e outros que são citados no
decorrer deste trabalho, fazendo uma abordagem reflexiva sobre a ação do
supervisor educacional na Educação Infantil.
CAPÍTULO I
1. Supervisão Escolar
Supervisão Escolar é expressão de “liderança educacional em ação”.
(SANTOS apud NÉRICI, 1986).
A Supervisão escolar visa à melhoria do processo ensino aprendizagem,
para o que tem de levar em conta a estrutura teórica, material e humana da
escola. Supervisão, etimologicamente, significa Visão sobre.
Logo, supervisão escolar significa visão sobre todo o processo
educativo, para que a escola possa alcançar os objetivos da educação e os
objetivos específicos da própria escola.
Segundo Burton e Brueckner, (apud NÉRICI, 1986) a supervisão escolar
consiste em “... um serviço técnico destinado fundamentalmente a estudar e
melhorar cooperativamente todos os fatores que influem no crescimento e
desenvolvimento do educando.”
Segundo os próprios Neagley e Evans (1986), “a moderna supervisão
escolar e, pois a ação positiva e democrática destinada a melhorar o ensino,
mediante a formação contínua de todos os interessados: educando, professor,
supervisor, administrador e pai, ou alguma outra pessoa interessada no
problema.”
Pode se dizer que supervisão escolar é o serviço de assesssoramento
de todas as atividades que tenham influência no processo ensino-
aprendizagem, visando ao seu melhor planejamento, coordenação e execução,
para que mais eficientemente seja atendidas as necessidades e apreciações
do educando e da comunidade, bem como plenamente sejam efetivadas os
objetivos gerais da educação e os objetivos da escola.
1.1 Breve Histórico da Evolução da Supervisão Escolar no
Brasil
Acompanhando a história verificamos que a supervisão tem procurado
congeminar com o desenvolvimento social da humanidade às condições
socioeconômicas e políticas vigentes que sempre estiveram ligadas à
educação. Contudo, ela sempre se portou na parte neutra reproduzindo os
anseios da burguesia e, a supervisão tem servido até os dias de hoje,
infelizmente, como agente propador de sua ideologia, ressaltando que a sua
maioria age inconscientemente.
Essa postura de supervisão deve ao direcionamento das questões
brasileiras no panorama mundial, conseqüência de suas vinculações com o
contexto internacional que tem haver com o contexto histórico, pois seu
surgimento no Brasil se deu em meio às resoluções acordadas com o governo
internacional após as guerras mundiais onde o Estados Unidos se propôs a
ajudar o Brasil na questão técnica assinando vários acordos: o primeiro acordo
“Acordo Geral de Cooperação Técnica” , foi assinado em 19 de dezembro de
1950 e o segundo “Acordo Especial de Serviços Técnicos”, em 30 de
novembro de 1953, ambos firmados pelo MEC, governo de Minas Gerais e
pelo diretor da United States Operation Mission to Brazil (USON-B), na época
Getúlio Vargas – Presidente da República do Brasil, não firmou o convênio e
só saiu no Diário Oficial da União, em 21 de janeiro de 1957 no governo do
Presidente Juscelino Kubistschek de Oliveira (NOGUEIRA, 1989).
Nesse cenário de acordos nasceu a Supervisão Escolar através da
criação do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar
– PABAEE, instalado em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1957. Esse
programa atuou de 1959 a 1964, com formação continuada para os
professores da rede primária assistidos por técnicos americanos, entre os
quais se inclui o currículo de supervisão. Conclui-se que quase todos os
professores agraciados com bolsas de estudos nos EEUU passaram a exercer
cargos relevantes nas Secretarias de Educação do país, daí entendemos que a
formação técnica do Supervisor, sua estrutura e serviços têm marcas da
influência americana (NOGUEIRA, 1989).
O país desde a Revolução de 30 vem direcionando uma ação
centralizadora em toda vida nacional tendo uma intervenção direta em todos os
aspectos e incondicionalmente na área educacional a partir do Decreto nº
19.402, de 14/11/1930 que tratou de reorganizar a estrutura do ensino no país.
A partir daí muitos decretos surgiram fixando plano de educação e
assegurando o governo no poder central assumindo outras funções
explicitadas na Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961.
De 1963 a 1970 através de cursos para treinamento de professores
para exercer cargo de supervisor os responsáveis teriam que manter uma rede
de supervisão, surgindo assim um sistema de supervisor escolar antes com
atribuição de inspetor desde a década de 30, como função especializada
dentro do aparelho educativo do Estado, como tarefa básica o
aperfeiçoamento do professor primário. A partir da década de 60, a educação
teve que ser revista, procurou adequar a nova situação especialmente após o
golpe de 64, através de novas reformas do ensino.
É nesse contexto que o Conselho Federal de Educação aprova o
Parecer nº 252 de 1969 que reformulou os Cursos de Pedagogia, até então os
cursos destina-se a formar pedagogo, os quais eram técnicos ou especialistas
em educação também chamados de Pedagogia Generalistas. Vale ressaltar
que foi através deste parecer que o Curso de Pedagogia foi organizado na
forma de habilitações, o qual tinha um núcleo comum centrado nas disciplinas
de fundamentos da educação e uma parte diversificada de acordo à
modalidade de habilitação específica retratando a conjuntura sócio-econômica
e política do país caracterizando desta forma em que contexto acontece o
processo educacional (FERREIRA, 1999).
Estando a educação à mercê do Capitalismo, consequentemente
reprodutora das relações de produções e para legitimar socialmente e garantir
a hegemonia, criou-se (o capitalismo) mecanismo para tal reprodução. A
educação exerce, portanto, a função técnica onde seu papel é capacitação e
instrumento de fermentação, pois ao mesmo tempo que ela se empenha na
transmissão do conhecimento, oportuniza reflexões, questionamentos sobre
tais relações (CURY, 1979).
Contudo, apesar da Supervisão ter sido rotulada de técnica, ela sempre
foi política, como advoga Saviani, (1981).
“Mesmo quando ela se apresenta com a roupagem da
técnica está cumprindo basicamente, uma função política,
porque sua ação implica num exercício de tomada de
decisões, embora essas sejam apenas ao nível da
execução da realidade. ( SAVIANI, 1981).
Todavia, hoje o discurso da supervisão tem sido em prol da definição
educativo-político, requerido pela própria categoria em vários encontro a nível
nacional, através dos ENSEs (Encontros Nacionais dos Supervisores em
Educação) remanescente das associações criadas a partir do fim da década
de 60, onde em 1979 a nomenclatura ” Supervisor Educacional, passou a usar,
definido por conseguinte a luta pelo regulamentação que foi uma das
contribuições da categoria.
No III ENSE, em 1980 foi escolhido como tema central “O supervisor –
Um Educador”. Têm perdurado os encontros em prol do supervisor educativo-
político e, acessando também a todos educadores como os estudantes de
Pedagogia (NOGUEIRA, 1989).
O IV ENSE retomou a ação da supervisão inserindo-se na práxis
educativa. O V ENSE, novamente centrou a temática no sujeito da ação do
supervisor. Do VI até o VII ENSE, o tema gerou na ação supervisora
propriamente dita.
Em todos esses anos em que se discutiu a função da supervisão
conclui-se que a questão política é fundamental em qualquer aspecto das
relações sociais e permeia todas as ações dos homens. O aprofundamento
das questões políticas tem contribuindo para formar a consciência política da
categoria.
Pode-se inferir que o supervisor se originou em decorrência
das transformações tecnologias e sociais do modo de produção capitalista. A
supervisão passou por diversas fases durante seu desenvolvimento.
Na primeira fase do seu desenvolvimento onde na escola brasileira
estava em evidência, a pedagogia tradicional, o supervisor atuava como
inspetor ou fiscalizava, o ensino era centralizado no professor e a função
primordial da escola era transmitir conhecimentos das disciplinas para a
formação geral do aluno. O professor tende a encaixar os alunos num modelo
idealizado de homem que nada tem haver com a vida presente e futura
(LIBÂNEO, 1999).
Desta forma, as atividades do supervisor era controlar as normas e
conteúdos das disciplinas pré-estabelecidas a fim de garantir o modelo imposto
na época pelo sistema educacional. Não havia espaço para idéias próprias o
ensino era separado da vida e a classe dominante não tenha interesse na
educação da sociedade.
Na segunda fase o supervisor realizava os seus trabalhos
assistencialmente tendo em vista o aumento de números de escolas e
professores, as escolas sofreram um certo abandono levando a supervisão,
diante dessas mudanças, a reagir procurando ficar mais perto do professor,
mudando seu conceito tornando-o mais eficiente. Cada inspetor passou, então,
a planejar e realizar cursos de atualização para os professores sob sua
responsabilidade (PERES, 1977).
Logo a supervisão ficou compreendida como orientação ao mesmo
tempo como imposição já que os estudos no sentido geral, não atendia às
perspectivas do professorado e ainda por cima era obrigatório, mas as idéias
de imposição sobrepujou como sinônimo de supervisão pois exigia o domínio
metodológico para o planejamento de ensino.
Havia em 1968, com a reforma do Ensino Superior através da Lei nº
5.540 um clima de autoritarismo desmobilizador. Existia muita insatisfação
naqueles que fazia a educação. As pessoas não mais aceitavam o pré-
estabelecido era mister que desaparecessem a diferença entre a teoria e a
prática. A supervisão começou a ser vista como treinamento e como guia, de
acordo com as necessidades das pessoas implicadas (PERES,1977).
A supervisão estava em uma nova fase: a de denúncia do Projeto
Político Pedagógico Burguês; resgate do educador supervisor; função
mobilizadora, que reconhece a escola como Lócus privilegiado da educação e
um crédito de confiança na competência técnica e política dos profissionais
que nela atuam.
1.2 Alguns aspectos da Supervisão Escolar
Baseado Nérici (1986), apresentaremos uma análise dos seguintes
aspectos da Supervisão Escolar: características, princípios, funções e
objetivos.
1.2.1 Características da supervisão Escolar
O trabalho da supervisão escolar, para efetivamente ser útil necessita
desenvolver-se não de maneira impositiva, mas de maneira democrática,
envolvendo todos os responsáveis pelo processo educativo.
As principais características da supervisão escolar, segundo Nérici
(1986) são:
1 - Cooperativa - Todos os implicados no processo educativo devem
oferecer sugestões e prestar serviços úteis à supervisão. O supervisor, os
professores, o pessoal administrativo, os pais e demais envolvidas no processo
precisam convencer-se de que são elementos úteis e indispensáveis para o
desenvolvimento da ação educativa da escola e que, isoladamente, por mais
bem intencionados que estejam, poucos resultando poderão obter.
2 - Integrada - todos os planos da escoa devem seguir uma orientação
unificada por uma mesma filosofia de educação, perseguindo, assim, os
mesmos objetivos.
3 – Científica – A supervisão deve ser estruturada reflexivamente e com
base em controle de funcionamento do processo ensino-aprendizagem, para
que os resultados ofereçam sugestões de reajustamento constante do mesmo,
a fim de torna-lo mais ajustado e eficiente.
4 – Flexível – A supervisão escolar não deve ser rígida e querer levar
adiante planejamento que na prática não revelem conseqüentes. A supervisão
escolar deve estar aberta às mudanças, a fim de ir-se adaptando às novas
exigências quanto à educação e a sociedade.
5 – Permanente – A ação da supervisão escolar, dever ser permanente
e não intermitente. Deve ser permanente, também, no sentido de estimular os
compromissos com o processo ensino-aprendizagem a um esforço de
constante atualização teórica e prática.
1.2.2 Princípios da Supervisão Escolar
A supervisão escolar deve seguir alguns princípios gerais, que orientam
os seus trabalhos, de maneira a terem unidade, objetividade e conseqüência.
Segundo Nérici (1986), os princípios mais relevantes são os seguintes:
1 – estruturar-se com base em uma filosofia de educação, que deve ser
esposada pelo sistema educativo a que a escola pertence.
2 – Atuar democraticamente, no sentido de que todos os participantes
do processo de ensino-aprendizagem tenham liberdade de opinião, sejam
respeitados em suas diferenças individuais e que sejam convencidos a agir
desta ou daquela maneira, e não obrigados a fazê-lo.
3 – Abranger a todos, isto é, que todos os envolvidos no processo
ensino-aprendizagem recebam orientação e assistência da supervisão, quer de
forma individual ou coletiva.
4 – Ser cooperativa, para que todos os responsáveis ou influenciadores
nos resultados do ensino-aprendizagem participem das preocupações da
supervisão e com ela cooperem para o bom andamento dos trabalhos.
5 – Ser construtiva, para que todos os envolvidos pela supervisão
possam ser o que são, orientados sim, para melhorarem a sua atuação,
quando necessário.
6 – Ser científica, para que se desenvolva a supervisão com base em
planejamentos e com avaliações constantes dos resultados de seus trabalhos
para que possa haver retificações ou modificações nos trabalhos, sempre que
necessárias.
7 – Ser objetiva – Aliás este princípio é complementação do anterior,
uma vez que todos os planos de trabalho devem derivar de uma realidade
educacional, para que não haja imposições de modelos que venham mais a
deformar do que auxiliar o processo ensino-aprendizagem.
8 – Ser permanente, isto é, deve a supervisão escolar atuar
continuamente e não só em alguns períodos da vida da escola. Sendo a
supervisão um processo permanente, aumentam as possibilidades de tornar o
seu funcionamento mais ajustado e eficiente.
9 – Ser espontânea, isto é, não imposta, mas deve agir sempre que
possível, da própria situação que reclame presença técnica, de acordo com as
necessidades da escola, de cada professor ou de grupo de professores, ou
melhor, de cada circunstância real da vida escolar que reclame a sua
presença.
10 – Ser imparcial, ressaltando méritos e tentando, sem alardes,
recuperar deficiências.
11 – Ser atuante, isto é, deve desenvolver-se mais através de ações do
que de palavras.
12 – Ser mais informal possível, a fim de fazer-se presente,
continuadamente e sem alardes, por todo o transcorrer da vida escolar.
1.2.3 Funções da Supervisão Escolar
As funções da supervisão são múltiplas, e significativas.
Diz Cuberly (In NÉRICI, 1986, p. 44) que “a função do supervisor é
diagnosticar a necessidade, oferecer sugestões e ajuda, e não observar com
espírito de crítica o que o professor faz ou deixa de fazer.”
O propósito da supervisão escolar deve ser construtivo. A esse respeito,
diz o mesmo autor: “Não é de crítica que o professor precisa, mas de
orientação e auxílio, pois a simples crítica produz efeitos negativos. O
propósito da supervisão é, também, estabelecer uma unidade de que em todas
elas a educação se processe da melhor maneira possível”.
Segundo Briggs e Justman (In NÉRICI, 1986), as funções da supervisão
escolar são:
“1 – Ajudar os professores a melhor compreenderem os
objetivos reais da educação e o papel especial da escola na
consecução dos mesmos.
2 – Auxiliar os professores a melhor compreenderem os
problemas e necessidades dos educandos e atender, na
medida do possível, a tais necessidades.
3 – Exercer liderança, de sentido democrático, sob estas
formas: promovendo o aperfeiçoamento profissional da escola
e de suas atividades; procurando relações de cooperação de
seu pessoal; estimulando o desenvolvimento dos professores
em exercício, e colocando a escola mais próxima da
comunidade.
4 – Estabelecer fortes laços morais entre os professores
quanto ao seu trabalho, de tal forma que operem em estreita e
esclarecida cooperação, para que os mesmos fins gerais sejam
atingidos.
5 – Identificar qual o tipo de trabalho mais adequado para cada
professor., distribuindo a cada um tarefas, mas de forma que
cada professor possa desenvolver suas capacidades em outras
promissoras.
6 – Ajudar os professores a adquirir maior competência
didática.
7 – Orientar os professores principiantes a se adaptarem à sua
profissão.
8 – Avaliar os resultados dos esforços de cada professor, em
termos do desenvolvimento dos alunos, segundo os objetivos
estabelecidos.
9 – Ajudar os professores a diagnosticar as dificuldades dos
alunos na aprendizagem e a elaborar planos de ensino para
superação das mesmas.
10 – Auxiliar e interpretar o programa de ensino para a
comunidade, de tal modo que o público possa compreender e
cooperar nos esforços da escola.
11 – Levar o público a participar dos problemas da escola e
recolher suas sugestões a esse respeito.
12 – Proteger o corpo docente contra exigências descabidas
de parte do público, quanto ao emprego de tempo e energia
dos professores.”
A respeito das funções da supervisão diz muito bem Peres (In NÉRICI,
1986).
“A supervisão tem como objetivo geral, dar condições para que os
objetivos da educação sejam atingidos. Envolve o aperfeiçoamento do
processo total ensino-aprendizagem, pois, até certo ponto há uma
interdependência dos dois aspectos.
Resumindo as funções que foram expressas, pode-se dizer, segundo
Nérici (1986), que direta e incisivamente, três são as funções básicas da
supervisão escolar, que podem ser assim explicitadas: função preventiva,
construtiva e criativa.
1 – Função Preventiva
A função preventiva consiste em procurar constatar possíveis falhas no
funcionamento pedagógico das escolas, a fim de preveni-las antes que
venham produzir resultados negativos. Assim, esta função visa antecipar-se,
quando necessário, em medidas corretivas que venham a evitar possíveis
falhas de ensino, prejudiciais à educação.
2 – Função Construtiva
A função construtiva tem por fim auxiliar o professor a superar suas
dificuldades ou deficiências de maneira positiva, cooperativa, não punitiva,
nem avaliadora. Representa um trabalho cooperativo, amigo, desinteressado,
de cooperação e apoio para com o professor. Procura levar o professor a ter
confiança em sim.
3 – Função Criativa
A função criativa visa estimular a iniciativa do professor, bem como a
constante melhoria da sua atuação magisterial. Procura orientar o professor a
buscar novos caminhos, a pesquisar e criar novos recursos de ensino, visando
sempre à melhoria no desempenho da docência. Visa, enfim, a um
crescimento profissional do professor.
1.2.4 Objetivos Gerais da Supervisão Escolar
De acordo com Nérici (1986), seguem à guisa de objetivos gerais da
Supervisão Escolar, algumas proposições e que não são mais do que uma
explicitação das funções da supervisão, anteriormente apresentadas. Os
objetivos que se seguem não são mais, pois, do que uma detalhação de
incumbências outorgadas à supervisão escolar, para que a educação, com
maiores probabilidades, possa alcançar os fins a que se propõe.
1 – Fazer com que os professores estejam conscientes do conceito de
educação, seus fins e objetivos, bem como estejam crentes dos procedimentos
didático-pedagógicos que possam conduzir à efetivação dos mesmos, no
comportamento de seus alunos, através de suas áreas ou disciplinas de
ensino.
2 – Estabelecer objetivos prioritários, de ação, viáveis, em função da
realidade do meio, de escola e dos alunos.
3 – precisar objetivos do grau de ensino da escola, em função do item
anterior.
4 – Incentivar trabalho cooperativo entre todos os componentes da
escola, com participação, sempre que possível e viável da família e da
comunidade em geral.
5 – Detectar e estimular características individuais positivas dos
componentes do corpo docente, estimulando a ação destes, por sua vez, para
fazerem o mesmo com relação aos seus alunos.
6 – Assistir os professores e, com mais ênfase, os que se iniciam no
estabelecimento.
7 – Cooperar com o corpo docente no desempenho de suas funções
quanto a planejamentos de ensino e execução dos mesmos, estimulando,
continuadamente, para avaliações que orientam possíveis e necessárias
tarefas de recuperação, sem que esta deve ser prioritária em sentido da
simultaneidade com o desenrolar do ano letivo.
8 – Promover, na medida do possível, mas continuamente, atividade de
aperfeiçoamento didático-pedagógico do professor.
9 – Cooperar com professores e Orientação Educacional, na superação
de problemas de disciplina, pois estes muito prejudicam a formação dos
alunos.
10 – Promover ação que vive ao bom relacionamento entre professores,
alunos, corpo, administrativo, família e comunidade.
11 – Estar atento às variáveis constatadas na vida do estabelecimento e
na realidade mesológica, a fim de as mesmas serem atendidas em função da
especificidade de cada uma, visando ao melhor desempenho possível da ação
escolar.
12 – Sensibilizar os professores para o respeito às diferenças individuais
de seus alunos, para que cada um possa explicitar da melhor maneira
possível, as suas virtualidades.
13 – Promover atividade de previsão de situações inéditas, para que a
escola não seja tomada de surpresa, se as mesmas se tornarem realidade.
14 – Cooperar para que os professores atinjam uma situação ideal de
ensino, capaz de promover situações de ensino-aprendizagem adequadas às
possibilidades dos alunos e às necessidades sociais.
15 – Apreciar o funcionamento da escola em todos os seus aspectos,
afim de serem pesquisadas formas de ação que a tornem cada vez mais ao
aluno e à comunidade.
16 – Promover estudos que melhor esclareçam o processo ensino-
aprendizagem, em cada área de ensino ou disciplina.
17 – Promover constante esforço de melhoria de currículos e
programas, afim de mais ajusta-los à realidade e necessidade do meio e do
educando.
CAPÍTULO II
2. A Educação Infantil
A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido da
forma crescente nas últimas décadas, acompanhado a intensificação da
urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças
na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais
consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva
demandas por uma educação institucional para criança de zero a seis anos.
Nas últimas décadas, os debates em nível nacional e internacional
apontam para a necessidade de que as instituições de educação infantil
incorporem de maneira integrada as funções de educar e cuidar, não mais
diferenciando nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam
com as crianças pequenas e/ou aqueles que trabalham com os maiores. As
novas funções para a educação infantil devem estar associadas a padrões de
qualidade. Essa qualidade advém de concepções e desenvolvimento que
considerem as crianças nos seus contextos sociais, ambientes, culturais e,
mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem
elementos relacionados às mais diversas linguagem e ao contato com os mais
variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma.
A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as
crianças que freqüentam indiscriminadamente elementos da cultura que
enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social.
Para entender a estrutura organizacional da Educação Infantil faz-se
necessário ter um conhecimento do significado histórico da vida infantil. Sabe-
se que nem sempre a criança foi reconhecida como ser social ou possuidora
da inteligência. Neste sentido, Sônia Kraner (l992) cita um estudo historiador
francês Philippe Ariés que relaciona mudanças de perceber a criança com as
“mudanças ocorridas nas formas de organização da sociedade”.
Uma rápida retrospectiva no âmbito destas mudanças permite-nos
regressar ao período feudal no qual, os registros da época apontam para o
desenvolvimento das necessidades básicas das crianças na primeira infância,
bem como ser responsabilidade da comunidade como um todo a tarefa de
criá-las e educá-las para a vida futura.
Com o advento da Revolução Industrial e as ascensões da burguesia,
novo modelo de família e sociedade viriam transformar os hábitos sociais
culturais e econômicos dos povos europeus. O trabalho antes artesanal,
criativo e coletivo transforma-se pela industrialização, num processo mecânico
e repetitivo de produção individualizada. Modificam-se também os critérios de
remuneração através do trabalho assalariado. A família, agora nuclear, passa
a assumir total responsabilidade pela criação e educação de suas crianças em
harmonia com princípios médico-higienista também valorizados nesta época.
Essa participação ativa das mulheres nos meios de produção trouxe a
necessidade de um local apropriado para a “guarda” das crianças durante a
jornada de trabalho de suas respectivas mães.
Instaurado o problema, e como solução pra a necessidade de
“substituição” das mães é no fim do século XVIII e início do século XIX iriam
surgir, como fruto das reivindicações populares, as primeiras creches que
serviriam de abrigo às crianças de zero a dois anos de idade. Nestas creches,
as crianças receberiam assim, os cuidados necessários ao bom
desenvolvimento da saúde física e mental em um ambiente adequado e
funcional, além de garantia de uma boa alimentação.
Vale observar que ao satisfazer as exigências da classe dominada, a
assistência á infância assume a função de manutenção de ordem social
vigente sendo este serviço oferecido tanto por instituições privadas (como no
caso das próprias indústrias que empregam as mães trabalhadoras) ou
filantrópicas. Neste sentido o principal objetivo parecia ser o de satisfazer as
exigências de uma determinada camada social visando exclusivamente ao seu
melhor desempenho no trabalho.
No Brasil, a instituição creche vivenciou basicamente o mesmo processo
histórico das creches européias surgindo inicialmente nas primeiras décadas
do século XX com caráter de abrigo para órfãos, e posteriormente, como local
para a guarda das crianças no horário de trabalho das suas mães.
A valorização da Educação infantil no mundo hoje é conseqüência de
um conjunto de fatores entre os quais podemos destacar “o avanço do
conhecimento científico sobre o desenvolvimento da criança, a participação
crescente da mulher na força de trabalho extra-domiciliar, a consciência social
sobre o significado da infância e o reconhecimento por parte da sociedade
sobre o direito da criança à educação, em seus primeiros anos de vida” (MEC,
1993).
2.1 A Nova LDB para a Educação Infantil
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9394 de 1996, faz
considerações significativas a respeito das normas de regimento para a
Educação Infantil. Dedicando o capítulo VIII especificamente à Educação
Infantil.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº
9.394/96, e a Educação Infantil.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, onde pela
primeira vez estabelece ou reconhece a Educação Infantil, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), elabora a luz da Carta Magna, estabelece
as normas e diretrizes para a Educação infantil nacional e nesse contexto
insere a Educação Infantil com primeira etapa da Educação Básica (Artigo 29).
Como vivemos num país onde são elaboradas inúmeras Leis que
dificilmente serão cumpridas, a Nova LDB conseguiu reunir dados específicos
para a educação brasileira num menor número de artigos possíveis,
compondo-se textualmente de “92 artigos ao todo”.
“(...) Deve-se isso a mão do senador Darcy Ribeiro que
foi muito mal interpretado como interventor por parte de
sua inter-relação no processo decisório do Senado
Federal... Nesse Sentido, ao lado dos ranços que a Lei
preserva, há os avanços incontestáveis que grande parte
beneficia a compreensão textual” (DEMO, 1997, p.10).
Como um dos ranços podemos citar, a sua situação econômica e social
encontrada no Brasil durante anos que sempre estiveram voltados para
privilegiar e atender as classes sociais dominantes. Como avanços, podemos
afirmar que para concretizarmos os nossos desejos já é alguma “coisa” temos
a Lei que dedica um capítulo exclusivo a Educação Infantil.
A Educação Infantil conquistou com a atual LDB como assegura:
“Artigo 29, que diz: “A Educação Infantil – primeira etapa
da Educação Básica – tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seus seis anos
de idade em seus aspectos físicos, psicológico,
intelectuais e sociais completando a ação da família e da
comunidade”.
Esse artigo representa um avanço importante pois torna-se legal a
responsabilidade de poder público com essa etapa da educação.
O texto da LDB, tendo em vista a organização da Educação Nacional
estabelecer eixos unificadores, prevê, um regime de colaboração, os sistemas
de ensino, Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal, da relevância a
participação das nossas escolas na colaboração na proposta pedagógico e
prescreve para ao União o papel de coordenador da política de educação para
o conjunto do país, há por tanto, uma descentralização de responsabilidade
que se entende até as escolas.
A Educação Infantil no Brasil passa a ser direito garantido pela
Legislação a partir da Constituição Federal 1988, conquista resultante do
embate social travado durante a Assembléia Nacional Constituinte.
“No entanto na Constituição ficava claro a insuficiente
atenção pedagógica, indefinição de competência dos
poderes executivos sobre sua oferta e nenhum
compromisso definido quanto à sua obrigatoriedade e
expansão” (JORGE JOSÉ, 1988).
Mas o Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, já avançava e
reforçava o direito da criança até 12 anos ao atendimento sócio educativo.
Embora apenas reproduza os dispositivos constitucionais sobre a
Educação Infantil, determina a criação de instrumentos que poderão influir
decisivamente no atendimento da criança através dos conselhos sobre o
direito da criança e do adolescente.
De acordo como Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996,
que define as competências dos poderes constitucionais elaborados para
regulamentar a oferta e a procura dos diversos níveis de ensino dentre os
quais a Educação Infantil que passa a ser responsabilidade do Poder
Executivo Municipal...
“Os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino
Fundamental e na Educação Infantil”. (Artigo II, V)
Com a promulgação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) de 1996, no título III, ao Direito à Educação e do Dever de
Educar.
Artigo 4º, inciso IV, está definido:
“O dever do Estado com a Educação escolar público será
efetivada mediante a garantia de atendimento gratuito em
creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos de
idade”.
Com a Nova LDB a Educação Infantil tem seu direito gratuidade
assegurado, bem com definida que sua responsabilidade institucional e do
Sistema Municipal de Ensino.
No capitulo III, seção II, a Nova LDB considera a Educação Infantil como
primeira etapa da Educação Básica, que tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade.
Mesmo sendo a Educação Infantil, a primeira etapa da Educação
Básica, com a municipalização, essa etapa passa a ser a segunda prioridade
dos municípios pois a primeira prioridade é o Ensino Fundamental, conforme
estabelecida em dispositivo constante na Lei,
A LDB em seu Artigo 9º inciso IV afirma que:
“A União incumbir-se-á de (...) estabelecer em
colaboração com o Estado, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a Educação
Infantil (...)”.
“Um marco inicial dos novos tempos foi a definição, pela LDB, de 1996
da Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica. Isso foi muito
importante, porque atribui caráter educativo definitivo à creche e pré-escola”,
(BEAUCHAMP, 2004, p.36).
CAPÍTULO III
3. A ação do Supervisor Educacional na
Educação Infantil
A Educação, assim como toda sociedade, atravessa um momento de
reformulação. O Supervisor Educacional, como um Especialista em Educação,
também para e reflete desde a sua ação, seu valor, até a sua formação. E
neste momento toda reflexão só trará contribuição para valorização da atuação
deste profissional da Educação, o Supervisor Educacional, possibilitando a
concretização de suas funções e a abertura de mais espaços para sua efetiva
presença na Educação Infantil.
O mundo contemporâneo não apenas apresenta-se como uma
sociedade pedagógica, como também pede ações melhor definidas,
implicando isto, numa capacitação teórica-prática e principalmente continuada,
tanto de supervisores quanto de professores, para que se alcance uma
melhoria na qualidade do ensino oferecido à comunidade.
Para Rangel (1997,p.147), “Supervisor é o que procura visão sobre , no
interesse da função coordenadora e articulada de ações é também quem
estimula oportunidades de discussão coletiva, crítica é contextualizada do
trabalho...”
O Supervisor Educacional vem assumindo, na Educação Infantil, um
papel importante que o caracteriza como elemento ativador no ensino,
devendo ser sua atuação consciente, crítica e criativa.
Portanto, acredita-se, que o papel do Supervisor Educacional não deve
se resumir em atividades técnicas, burocráticas, humanistas e políticas. O
trabalho deve ser de um profissional comprometido com a causa educacional.
É necessário que o supervisor tenha em mente o seu verdadeiro papel, sendo
um agente de mudanças, vencendo os desafios que surgem no seu dia a dia,
negando-se a reproduzir sem pensar, aceitar sem discutir e trabalhar sem
questionar.
È importante reforçar, que a supervisão educacional deve passar da
ação isolada à ação integrada com todos os membros da equipe e a
comunidade interessada.
A complexidade do trabalho pedagógico na Educação Infantil não
permite mais; que um profissional realize, por si só, o processo educacional. O
importante não é que o professor ou educador consiga fazer tudo, mas que
domine o objeto real de seu trabalho, compreendendo a articulação entre as
diversas atividades pedagógicas. Há de se ter ações do supervisor
educacional, no sentido de contribuir para a formação continuada do educador,
direcionando um trabalho teórico-prático para ele e para a criança.
Para o sucesso do trabalho do supervisor educacional na Educação
Infantil, é indispensável que este profissional seja capaz de manter um clima
de abertura e cordialidade no espaço escolar, fortalecendo o sentido grupal.
O supervisor educacional na Educação infantil tem que ter várias
parcerias no contesto escolar, com o propósito de mudanças necessárias para
o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico da escola. Essas parcerias se
traduzem em um processo formativo contínuo do mesmo modo que todos
trocam informações, vivências e ficam em um movimento que se formam e se
transformam.
Luck (l998) apresenta uma proposta de trabalho integrado, explicando
que a escola deve ser vista com uma visão sistêmica aberta, ou seja, local
onde há um grupo de mútua influência trabalhando com o fim na educação e
que para que haja um mínimo conflito entre os integrantes do processo, fator
comum causado pela divisão de tarefas, é essencial uma integração de todos
os participantes deste processo.
A autora comenta que os cursos de formação de professores se
preocupam mais com os conhecimentos das áreas, da prática e
procedimentos, do que com os conhecimentos dos processos de
desenvolvimento humano e de aprendizagem.
Piletti (l994) descreve que: “É praticamente impossível para o professor
realizar isoladamente seu trabalho educativo”. Com base nesta afirmação
vemos a necessidade e a significância do trabalho do supervisor junto aos
educadores da Educação infantil, não só para o bom andamento do ensino-
aprendizagem, mas para o desenvolvimento global das experiências
educativas em questão, e para a avaliação da mesma e das pessoas que
estão envolvidas no processo educativo.
O supervisor deverá atuar como mobilizador dos diferentes saberes dos
docentes da Educação Infantil e dessa forma estará estimulando a formação
continuada dos mesmos, promovendo o ensino.
Lopes (l981) dizia que: “É pelo diálogo que podemos chegar à
sociedade. Diálogo que exige reflexão, troca e contra argumentação”.
È com base nestas palavras que afirmo que a melhor forma do
supervisor atuar na escola do Ensino Infantil de fato, é através da
comunicação, ou seja da interação entre docentes e supervisão num ambiente
agradável e sério, onde ambas as partes estão de acordo e estritamente
voltadas ao processo educativo com o intuito de chegar a um único objetivo
que é a eficácia do processo educacional na Educação infantil.
Ripper (1997) ressalta que:
“O desafio de recriar o lugar do professor parra pelo de
redefinir o papel do supervisor como
instrumento/ferramenta pedagógica, a serviço da criação
de um ambiente que propicie a construção do
conhecimento e a atividade criatividade para o aluno e
professor” (RIPPER, 1997, p.51).
Isto significa dizer conforme explica Nérici (l986), para que o trabalho do
supervisor seja útil é necessário que este se desenvolva “não e maneira
impositiva, mas de maneira democrática, envolvendo todos os responsáveis
pelo processo educativo”.
A reflexão da ação do Supervisor na Educação infantil, sobre a escola,
os alunos, os professores e a sua prática é fundamental para o
aperfeiçoamento e, principalmente, a conscientização a respeito da
importância do seu trabalho.
Segundo Freire (l979):
“O desenvolvimento de uma consciência crítica que
permite ao homem transformar a realidade se faz cada
vez mais urgente... Não há transição que não implique
em um ponto de partida, um processo e um porto de
chegada. Toda amanhã se cria num ontem, através de
um hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no
passado e se corporifica no presente. Temos de saber o
que fomos e o que somos, para saber o que seremos”
(FREIRE, 1979, p.33).
Nos textos de Heloísa Luck (2003) esta nova dimensão da ação do
supervisor é bem apresentada, como pode-se comprovar no trecho a seguir:
“A eficácia da ação do supervisor escolar torna-se pois
diretamente ligada à sua habilidade em promover
mudanças de comportamento no professor” (LUCK,
2003, p.21).
O Supervisor Escolar, na verdade, é um especialista em refletir sobre o
trabalho em sala de aula, para tanto, seu papel é estudar e usar as teorias
para fundamentar ou fazer e o pensar dos docentes. Assim é necessário que o
Supervisor Educacional antecipe conhecimentos para o grupo e para atingir
esse objetivo, deve ler muito, ser apreciador das diferentes manifestações
culturais.
Nos dias atuais, o supervisor educacional participante é co-elaborador
do processo educativo junto com os mestres, mobilizador cultural e agente da
cidadania dentro da escola.
“O Supervisor não fiscaliza, não inspeciona, o supervisor
dirige o professor através de sua ação cooperativa. Ele se
insere no processo não por necessidade de fiscalizar, de
inspecionar. Mas como componente indispensável,
competente para acompanhar para ajudar” (SOARES,
1998, p.21).
Sendo assim, antes de tudo, o supervisor, dever buscar formar uma
equipe forte capaz de exercer a cooperação coletivamente, tudo isso requer
desse profissional muita persistência, transparência e humildade. No entanto, o
supervisor capaz de construir eficiente equipe de trabalho precisa conhecer o
que faz, amar o que faz e acreditar no que faz.
Por fim, percebe-se que a Supervisão Educacional é um processo
dinamizador do crescimento pessoal e profissional dos educadores, e
coordenador das atividades docentes. Sua função é de assegurar, coordenar,
acompanhar e avaliar as atividades de caráter técnico-pedagógico do processo
ensino aprendizagem na Educação Infantil, modalidade do ensino que estamos
enfatizando. Essa Supervisão é responsável pelo aperfeiçoamento contínuo de
todo processo ensino-aprendizagem, pela integração dos conteúdos
programáticos das diversas disciplinas, áreas de estudo e atividade, pelo
estudo de problemas de relacionamento professor-aluno, propondo soluções,
promovendo reuniões e entrevistas com os pais, visando à melhoria de
comportamento e de aprendizagem dos alunos, entre outras ações.
O supervisor educacional que precisamos para atuar na Educação
Infantil nos dias de hoje, é aquele profissional que seja capaz de repensar,
refletir, redefinir e assumir a tarefa em busca de um saber mais crítico, que
possibilite condições de desenvolver na criança o pensar, o sentir e o agir...
“Se não existe espaço, se as dificuldades são muitas
cabe a cada um, em seu nível, trabalhar e exercer o papel
de educador, não com um missionário ou exercendo um
sacerdócio, mas como um profissional realista e
consciente do seu papel, esclarecido quanto às limitações
e possibilidades que existem de se fazer educação hoje”
(MOURA, S.d., p. 8-13).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mudanças pelas quais passa a sociedade atual, desencadeiam
transformações no âmbito da educação, inclusive na Educação Infantil, e que
sem cerimônias avançam os muros da escola, transformando-a e a todos os
que dela participam, em especial o Supervisor Educacional. Surge daí a
necessidade de que se repense a atuação do supervisor escolar no Ensino
Infantil, em um mundo globalizado, em constante transformação. Esse
profissional, além de reconhecer as mudanças, deve ser capaz de refletir,
reagir e agir consciente da sua importância no contexto educacional brasileiro.
No processo contínuo de análise, reflexão e ação da própria prática
pedagógica, a ação do supervisor deverá criar espaços para a discussão
coletiva e a busca de cooperação mútua.
A superação da ação do supervisor educacional para uma educação
transformadora na Educação Infantil, exige atuação de um profissional
comprometido com sua tarefa. Esse compromisso exige responsabilidade,
formação continuada e competência.
Assim como toda mudança de prática é uma reprodução cultural,
esperamos que o atual supervisor educacional seja um elo de ligação de todos
os setores educacionais da escola de Ensino Infantil.
Finalizando, buscamos o entendimento sobre este “novo” paradigma
para o supervisor educacional que emerge em um contexto de transformações
que trazem em seu bojo ansiedade, tristezas, angústias, mas também
esperança e criatividade, na busca pela melhor maneira de atuar com
consciência, segurança e coragem para enfrentar o novo e transforma-lo.
O bom supervisor não é dono do saber, nem da verdade, mas sim o
que conduz e busca caminhos alternativos a tudo que está voltado para a
educação provocando avanços e sucessos ao ambiente escolar.
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DEMO, Pedro. A Nova LBD: Ranços e Avanços. Campinas: Papirus, 7ª ed.
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Brasília, 1997.
SAVIANI, Dermeval. Educação: Do senso comum à consciência filosófica.
Campinas: Autores Associados, 1981.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
AÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Autora: Edjane Cristiana dos Santos
Orientadora: Priscila Barcellos
Avaliador: ____________________________________________
Conceito: _____________________________________________
Data da Entrega: Junho/2006
Recife – PE
Junho/2006