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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MOTIVAÇÃO – FERRAMENTA PARA O AUMENTO DA
PRODUTIVIDADE
Anelise Soutto Lima
ORIENTADOR:
Prof. Paulo José
Rio de Janeiro
2018
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Gestão de Pessoas.
Por: Anelise Soutto Lima
MOTIVAÇÃO – FERRAMENTA PARA O AUMENTO DA
PRODUTIVIDADE
Rio de Janeiro
2018
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me guiou e me
deu forças pra chegar até aqui, à minha mãe que me
ensinou a importância de muitas coisas da vida e me
apoiou em todas as fases desse processo, aos meus
amigos e parentes, e não poderia deixar de fora
meus professores que sem eles eu não conseguiria
nem escrever meu nome.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar aos profissionais de
gestão de pessoas a importância de manter a motivação dos seus funcionários
para que a organização consiga atingir seus objetivos e metas, transformando-
a em uma grande ferramenta para o sucesso da empresa, além de possibilitar
a melhor compreensão do que é a motivação. Aprender os fatores que
determinam a motivação positiva dentro da organização. Apresentar
estratégias para se motivar uma equipe com a finalidade no aumento da
produtividade. Mostrar os riscos corridos por uma organização que não valorize
a importância da motivação de sua equipe. Ela é uma excelente ferramenta
para o aumento da produtividade, levando em consideração que o capital
humano é o recurso mais importante de uma organização, e é ele que
transforma sua vontade pessoal em vontade comum, e para assim gerar o
resultado almejado.
6
METODOLOGIA
Para a elaboração desse trabalho será utilizado como fonte para a
coleta de dados, uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos e revistas
publicados em até 10 anos.
Inicialmente será relatada, com base nos grandes teóricos da área, a
importante necessidade de compreender, de forma clara e objetiva, o que é a
motivação e a importância da mesma para o mundo corporativo e seus
resultados.
Após esse primeiro momento de contato com o objetivo do estudo,
será apresentado os fatores que determinam uma motivação positiva dentro da
organização juntamente com as estratégias a serem abordadas para se motivar
uma equipe com a finalidade no aumento da produtividade segundo os
estudiosos em questão.
Num terceiro momento, serão relatados os riscos para uma
organização que busca crescer com o aumento de sua produtividade e seus
resultados, trabalhando com uma equipe desmotivada e com baixa
performance.
E para conclusão deste trabalho será relatado que após a análise de
todos os pontos citados e de todo estudo feito, foi possível concluir a
importância da motivação e identificar que ela pode ser uma excelente
ferramenta para o aumento da produtividade.
A fundamentação teórica construída foi com base nos autores Luís
Cesar de Araújo e Adriana Amadeu Garcia – Gestão de Pessoas: Estratégias e
Integração Organizacional, BERGAMINI – Motivação nas Organizações,
LACOMBE – Recursos Humanos Princípios e Tendências, e CHIAVENATO –
Gerenciando com as Pessoas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 08
CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO ....................................................................................................10
1.1. Conceituação .............................................................................................11 1.2. Teorias Motivacionais................................................................................ 13
1.2.1. Teoria de Maslow ....................................................................................14 1.2.2. Teoria de Herzberg - Teoria dos dois fatores .........................................17 1.2.3. Teoria X e Y - Douglas McGregor............................................................18
1.3. Conclusão da análise das Teorias Motivacionais...................................... 20 CAPÍTULO II
MOTIVAÇÃO: A FERRAMENTA DO SUCESSO ORGANIZACIONAL ............22 2.1. Motivação no Trabalho...............................................................................23
2.2. A importância da motivação para o desempenho dos colaboradores........24 2.3. Estratégias Motivacionais...........................................................................25
2.3.1. Gestão de QVT .......................................................................................26 2.3.2. Sistema de Pagamento e Recompensa .................................................28 2.3.3. Plano de Carreira ....................................................................................31
2.3.4. Endomarketing.........................................................................................31 2.3.5. Gestão de Desempenho e Avaliação .....................................................33 CAPÍTULO III
RISCOS DE UMA EQUIPE DESMOTIVADA....................................................34
3.1. Absenteísmo...............................................................................................35 3.2. Rotatividade................................................................................................37
3.3. Estresse e Burnout.....................................................................................38 CONCLUSÃO................................................................................................... .41
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................43 ÍNDICE...............................................................................................................47
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende abordar de forma clara e objetiva a
motivação dentro das organizações, trazendo novos conceitos de qualidade
para os colaboradores e para empresa. E para o trabalho é um ponto
importante que interfere no processo de relações humanas, produtivas e
qualidade de vida. Por ser o fator responsável pelo grau de intensidade,
engajamento e persistência dos esforços para o alcance das metas, a
motivação vem ganhando grande destaque e se tornou fundamental para as
organizações.
O grande objetivo dos líderes da atualidade é administrar pessoas e
mantê-las motivadas com a finalidade de atingir as metas e estratégias da
organização. Hoje em dia, não adianta você ter uma grande empresa, com
altos investimentos, produtos de qualidade, excelente infraestrutura, tecnologia
de ponta se sua equipe está desmotivada, se seus colaboradores não estão
indo de acordo com as estratégias e objetivos da empresa.
Identificar meios para manter seus colaboradores motivados a
realizar suas tarefas com engajamento é o mesmo que buscar a qualidade do
trabalho, o lucro almejado e o sucesso da organização. Com isso, a empresa
se renova e desenvolve pessoas motivando-as frente aos desafios do mercado
de trabalho garantindo um clima organizacional favorável e melhor
desempenho profissional.
O estudo pretende demonstrar a relação existente entre a
motivação e o índice de produtividade de uma organização, mostrando a
importância da mesma para o aumento dos resultados através de estratégias
que intensificam a motivação das equipes, além de apresentar os riscos que
uma equipe desmotivada pode trazer para a empresa como um todo.
Então, com base nas referências bibliográficas estudadas para
elaboração deste trabalho, será apresentado de forma clara, como, nos dias de
hoje, uma organização pode se preparar para obter o maior e melhor índice de
9
desempenho das suas equipes e assim transformar a motivação em uma
ferramenta estratégica para o alcance dos resultados e metas.
10
CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO
A motivação é o resultado da interação entre o indivíduo e a situação
em qual ele se encontra, sem esquecer que ela se difere de pessoa por
pessoa, dependendo de diversos fatores, ela está ligada diretamente aos
desejos, necessidade e vontades de cada um.
É ela quem faz com que o indivíduo possa iniciar, direcionar e
manter comportamentos e ações relacionados ao cumprimento de seus
objetivos, dando o melhor de si para conquistar o que almeja. A motivação
pode ser de dentro para fora, vindo de uma força interior ou pode vir de fora
para dentro, quando um ambiente ou situação influência sua ação.
Hoje esse tema está sendo tratado com muito cuidado e atenção
pelas organizações, já que ela exerce um papel fundamental dentro da mesma,
para o alcance do tão buscado sucesso. Um dos grandes desafios de uma
empresa hoje é manter sua equipe motivada, um líder deve, constantemente,
motivar sua equipe para que consigam alcançar as metas e os resultados que
a organização espera e busca, como o aumento da produtividade e em
consequência disso o aumento dos lucros.
A motivação é um ponto muito importante a ser tratado,
principalmente pelo fato dos funcionários serem o ponto de partida para o
sucesso de uma organização, são eles que fazem acontecer o resultado.
Hoje a gestão de pessoas deve ter bastante interesse no capital
humano, as empresas devem apostar nessa ferramenta para potencializar seus
resultados, por isso a importância de encontrar formas de motivá-los em seu
ambiente de trabalho e transformar essa ferramenta em estratégias para que a
organização aumente sua produtividade e atinja suas metas.
11
1.1. Conceituação
Por muitos anos sendo estudada e analisada de forma minuciosa, foi
refletido que a motivação traz consigo um fator de grande importância e
relevância, pois ela quem alimenta o processo do comportamento humano e
suas ações para alcançar o objetivo individual ou do grupo. Com isso, nos faz
refletir o que nos leva a fazer uma coisa ou outra, o que fazer para que
pessoas com diferentes necessidades e desejos, se sintam motivadas para
fazer algo para atingir um objetivo em comum, já que a motivação é algo
individual, cada um se motiva de maneiras diferentes, levando em
consideração as particularidades de cada um, o que nos faz crer como esse
estudo é extremamente importante e merece ser compreendido.
Abaixo serão apresentadas teorias de diversos estudiosos do
assunto, com seus pontos de vista sobre o conceito da palavra Motivação e o
que ela envolve dentro do ambiente organizacional.
Segundo Maximiano (2007) a palavra Motivação deriva do latim
motivos, movere, que significa “mover”. É, então, aquilo que é suscetível de
mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um
comportamento orientado.
“Motivação é aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada
forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão, a um comportamento
específico, podendo este impulso à ação ser provocado por um estímulo
externo [...] ou também ser gerado internamente nos processos mentais do
indivíduo.” (CHIAVENATO, 1999).
"Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir com
algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período de execução da
tarefa, auxiliado por fatores externos, mas principalmente pelos internos. O
sentir-se bem num ambiente holístico, ambientar pessoas e manter-se em paz
e harmonia, com a soma dos diversos papéis que encaramos neste teatro da
vida chamado "sociedade", resulta em uma parcialidade única e que requer
cuidados e atenção." (KLAVA, 2010).
12
Segundo Greenberg apud Bergamini (2008) define a motivação
como o processo que desperta, dirige e mantém um comportamento que se
orienta para um determinado objetivo.
Para Spector (2010, p.284), a motivação é descrita como um estado
interior que leva a pessoa a adotar determinado tipo de comportamento na
consecução de seus objetivos, já para Morin (2009, p.96) “a motivação é um
processo psicofisiológico que depende das atividades do sistema nervoso tanto
quanto das atividades cognitivas.”. Dessa forma, pode-se ter a motivação como
um conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma
direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade
individual.
Na visão de ARAUJO e GARCIA (2010, p. 117) motivação é: “de
forma simples, pode-se dizer que é o resultado da satisfação das necessidades
e anseios de cada pessoa. Portanto, ela é intrínseca ao ser humano, o que
gera uma dificuldade ainda maior para o gestor, pois, como controlá-la, se é
intrínseca?”.
Segundo Salgado (2005) a motivação é a disposição de demonstrar
um nível constante e elevado de esforço rumo a metas organizacionais,
condicionada pela habilidade do esforço de satisfazer alguma necessidade
individual.
A motivação é o que conduz uma pessoa a exercer determinada
atitude ou conduta e, diante de uma determinada situação, ter uma iniciativa ou
ação (ENGELMANN, 2010). Para Viana e Viana (2012) há uma grande
dificuldade em obter uma conclusão especifica, pois são várias as tentativas de
conceituação sobre significado de motivação. A motivação é um processo que
se motifica ao longo do tempo, estimulado por uma energia interior para
pessoas buscarem o que desejam (ARNT, 2010).
Diante a tantas definições e conceitos sobre o que é motivação, é
possível entender o quão importante é o tema e o quanto é preciso estudar e
analisar os diversos casos e teorias. Com isso no próximo tópico será
13
abordado as teorias desenvolvidas por grandes pensadores e estudiosos,
buscando sempre entender melhor essa subjetividade da motivação pessoal
dentro das organizações para ajudar aos lideres a desenhar estratégias
eficientes para lidar com seu pessoal.
1.2. Teorias Motivacionais
De acordo com pensamentos de alguns filósofos da antiguidade,
como Sócrates, Platão e Aristóteles, as teorias hedonistas têm como base a
valorização da vontade indo em direção da satisfação almejada, essas teorias
acreditam que o comportamento humano está orientado especialmente no
sentido da busca do prazer e, consequentemente, evitar a dor ou o sofrimento.
Essa teoria, não teve muito apoio dos psicólogos, e foi alterada após
estudos experimentais de um representante hedonista chamado McClellan,
onde, a partir de relatos subjetivos, para obter maiores informações de como
funciona a dinâmica motivacional, afirma que o fato de ser, a motivação, um
conjunto de expectativas desenvolvidas ao longo da vida de cada um e que
tem por finalidade antecipar reações emocionais, sendo elas positivas ou
negativas. Com isso todas aquelas expectativas de prazer serão procuradas,
ao passo que as que possuem a conotação de dor ou desprazer, deverão ser
evitadas.
Em meados do século XX foram iniciados estudos e pesquisas sobre
as teorias motivacionais e até hoje ainda tem estudiosos que complementam
tais teorias e definições buscando entender o grau de motivação das pessoas e
os fatores que as levam a tomarem determinadas ações e atitudes.
A base geral para o desenvolvimento dessas teorias, de acordo com
filósofos gregos que acreditavam que as atitudes para o comportamento
humano tinham ligação com a realização de alguma coisa que lhe dava prazer,
é considerar como fator de estímulo para suas ações, o ganho material –
financeiro, reconhecimento social – relações interpessoais e realização pessoal
– status.
14
As teorias motivacionais são utilizadas por diversas áreas como
ferramentas para compreender, prever e influenciar as atitudes das pessoas.
No âmbito organizacional não é diferente, a gestão empresarial, também utiliza
desses estudos para atrair talentos, estimular a alta produtividade e garantir a
satisfação dos atuais colaboradores com o objetivo de retê-los.
Muitas dessas teorias foram desenvolvidas para estudar as
necessidades internas que influenciam o comportamento humano. Maslow,
Herzberg, McGregor são alguns desses grandes teóricos e seus estudos são
base para muita análise e desenvolvimento de estratégias organizacionais.
1.2.1. Teoria de Maslow
Desenvolvida pelo psicólogo americano Abraham Maslow, essa
teoria trata-se de como a necessidade humana, por mais básica que seja, pode
influenciar na sua motivação e gerar outras novas necessidades e assim por
diante. Em formato de pirâmide, os níveis das necessidades humanas são
apresentados de forma hierárquica para se alcançar a realização pessoal e
profissional de cada um.
Tendo a teoria de Maslow como uma das teorias da motivação
humana mais importante, ele afirma que as necessidades humanas se
encontram apresentadas em uma hierarquia de valores que se escalam da
seguinte forma:
Na base estão as necessidades fisiológicas, que são as
necessidades básicas para qualquer pessoa, sendo questão de sobrevivência
do ser humano, como alimentação, moradia, sono. Por ser uma coisa tão
mecânica, não conseguimos ver o quanto essa necessidade é importante e nos
motiva a querermos se movimentar para atendê-la, buscando melhorias na
qualidade de vida, trabalhando para aumentar ganhos financeiros e poder
morar melhor, se alimentar melhor e dormir melhor.
Acima desta se apresenta a necessidade de segurança, que se
apresenta como a necessidade de se sentir seguro em relação ao emprego, a
15
residência, família, saúde. Uma vez que nos sentimos confortáveis com essa
segurança nos motivamos a seguir nosso dia a dia sabendo que nossa família
está segura, nosso emprego está estável, sem preocupações para produzir
mais tanto na vida pessoal quanto profissional.
Essas duas escalas da pirâmide são entendidas como necessidades
primárias, onde segundo Maslow é primordial que essas primárias sejam
supridas antes de se chegar às demais. Para ele, enquanto a pessoa não
satisfazer essas necessidades básicas, ela não consegue seguir adiante.
Seguindo a teoria, chegamos as necessidades secundárias que se
apresenta como as necessidades sociais constituindo-se como a necessidade
de participação, de aceitação de um grupo, de troca de amizade, afeto e
suporte familiar. Para satisfazermos essa necessidade contamos com a ajuda
de outras pessoas, como por exemplo, uma relação saudável com familiares,
amigos e colegas de trabalho, e até mesmo um relacionamento amoroso nos
ajuda a satisfazer essa necessidade social.
Temos a necessidade de estima que é mais intrínseca, precisamos
sentir no intimo, trata-se das conquistas individuais, autoconfiança e
autoestima. É a necessidade de se sentir reconhecido tanto pelo grupo que
está inserido como no âmbito profissional, e até mesmo o auto reconhecimento
onde você se encontra mais seguro para exercer suas atividades, pois
reconhece sua competência e habilidade para tal, com isso tal realização faz
que você siga em diante na escala de Maslow e chegue ao topo desta
hierarquia.
No topo da pirâmide se encontra a última camada dessa escala,
denominada como necessidades de auto realização, essas se apresentam
como necessidades mais altas do ser humano, onde ele dá o seu melhor, onde
estão superando seus desafios, possibilitando independência, autonomia e
crescimento pessoal e profissional. E assim se faz a estrutura hierárquica da
Pirâmide de Maslow.
16
Figura 1: A Hierarquia das necessidades segundo Maslow.
Fonte: CHIANENATO (2004)
MAXIMIANO (2005, p. 269) sobre a visão de Maslow:
“essa visão a respeito da motivação bastante positiva. De
acordo com essa teoria de Maslow, as pessoas estão em
processo de desenvolvimento contínuo. As pessoas
tendem a progredir ao longo das necessidades, buscando
atender uma após outra, e orientando-se para a auto
realização”.
Nota-se que, segundo a teoria desenvolvida por Maslow, o
comportamento humano está ligado a uma escala de fatores com base nas
necessidades humanas, entendendo-se que a pessoa só se sentirá motivada
quando supridas as suas necessidades básicas, sendo essas as que estão na
base da pirâmide, as necessidades fisiológicas e de segurança, e somente
seria possível fazer com que a pessoa tivesse uma necessidade nova quando
a mesma atingisse a satisfação da anterior e assim por diante.
17
Com isso fica entendido que a partir do momento em que a pessoa
satisfaz uma necessidade, surge logo outra no lugar, fazendo com que sempre
se busque formas de supri-las e você fique em constante movimento, pois
sempre se está em busca de crescimento e melhoria contínua.
1.2.2. Teoria de Herzberg – Teoria dos dois fatores
Em 1960, Frederick Herzberg desenvolveu uma teoria com foco nas
questões para a satisfação. A ideia de Herzberg era identificar os fatores que
causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de
trabalho. Para isso, questionou os entrevistados sobre o que os agradava e os
desagradava nas empresas em que trabalhavam.
Após sua pesquisa, Herzberg separou os dados obtidos em dois
fatores que segundo ele são os responsáveis pela satisfação e motivação para
o comportamento das pessoas no mundo corporativo, são eles: os
motivacionais (que geravam satisfação) e os higiênicos (que geravam
insatisfação). Ao contrário da teoria de Maslow, que estudou a satisfação das
necessidades das pessoas em diversas áreas da sua vida, Herzberg resolveu
analisar o comportamento e a motivação das pessoas no ambiente
organizacional.
São fatores motivacionais os que se referem a sua motivação
interna, que têm relação com o colaborador e sua motivação em seu cargo em
si e nas atividades que ele exerce, como sentimentos de realização pessoal,
reconhecimento do trabalho feito, crescimento profissional, capacidade de
resolver os desafios, tomada de decisão e autodesenvolvimento.
Esses fatores espelham a satisfação e o aumento da produtividade,
porém, se não estiverem presentes, não quer dizer que o colaborador ficará
totalmente insatisfeito, somente deixará de causar a satisfação.
Já os fatores higiênicos estão ligados à conduta da empresa e ao
ambiente que o rodeia, como o salário, clima, política, oportunidades de
crescimento, a relação dos superiores com seus funcionários e benefícios da
18
empresa, porém, quando ausentes, estes sim causam insatisfação, mas
quando presentes, apesar de satisfatórios, não necessariamente causam a
motivação.
Herzberg disse “… Fatores de higiene operam independentemente
dos fatores de motivação. Um indivíduo pode ser altamente motivado em seu
trabalho e estar insatisfeito com seu ambiente de trabalho”.
Mediante a isso, a teoria de Herzberg mostra como um funcionário
pode ser impactado dentro da empresa e o que causa satisfação e motivação
para o mesmo.
Os líderes, gestores e o RH de uma organização precisam estar
sempre ligados nesses fatores, já que eles são determinantes para a retenção
dos talentos da empresa, pois na ausência desses fatores, o resultado pode
gerar insatisfação e desmotivação com o trabalho levando a perda de
excelentes colaboradores.
Com isso conclui-se que o profissional se mantem ativo, produtivo,
engajado e motivado dentro do ambiente organizacional, quando influenciado
por esses dois fatores, além de tudo percebeu-se o quanto foram as
contribuições desta teoria para o desenvolvimento dos processos de gestão de
pessoas e empresarial, levando em consideração grandes melhorias atuais que
foram embasadas para o tratamento oferecido aos colaboradores e ao
ambiente organizacional.
1.2.3. Teoria X e Y – Douglas McGregor
No final da década de 1960, um professor americano chamado
Douglas McGregor desenvolveu uma teoria que analisa a relação entre as
empresas e seus colaboradores, denominada Teoria X e Y, ela cita que
existem dois perfis opostos de comportamento e personalidade do indivíduo no
ambiente organizacional.
McGregor alia a motivação à atividade de liderança, a forma como
os líderes enxergam os colaboradores, podendo ser uma visão real ou não, e
19
cita duas visões diferentes do indivíduo, uma visão negativa/pessimista (teoria
X) e a outra uma visão positiva/otimista (teoria Y).
A teoria X cita que o indivíduo tem uma repulsa em relação às
responsabilidades com as tarefas de trabalho, precisando sempre receber
ordem do seu superior, ser orientado e controlado, e junto disso os superiores,
para conseguir mais empenho de sua equipe, precisam que essas ordens
venham seguidas de punições, recompensas (monetárias ou não), elogios,
entre outros.
De acordo com McGregor, as pressuposições da teoria X são que as
pessoas além de serem preguiçosas e indolentes, evitam o trabalho, fogem da
responsabilidade, a fim de se sentirem mais seguras, precisam ser controladas
e dirigidas, são ingênuas e sem iniciativa.
Os indivíduos que se classificam pela teoria X, buscam no trabalho a
segurança em manter um padrão para a sociedade em relação ao seu salário e
trabalho. Normalmente não buscam mudanças e novos desafios ou
oportunidades, se sentem confortável e tem medo do novo, tanto relacionado a
troca de cargo como sistemas e processos de trabalho.
Em suma, quem se encontra enquadrado nesta teoria tende a se
manter estacionado em sua carreira profissional por longos anos, sem
perspectiva de crescimento e muito menos ambição profissional.
Já na teoria Y, a análise é o oposto da outra. Esta cita que o
indivíduo se sente confortável no trabalho, se sente bem, explora a criatividade
e dá o seu melhor, exigindo da empresa que puxe e sugue todo seu potencial,
buscando mais desafios e autonomia nas demandas de trabalho.
Esta teoria cita que os indivíduos são vistos como seres
responsáveis, altamente competentes, criativos que valorizam o trabalho e o
fazem com prazer, considerando que o desgaste da função faz parte do dia a
dia, como qualquer outro trabalho, fazendo com que ele administre sua
motivação e vontade para atingir os objetivos propostos.
20
De acordo com McGregor, as pressuposições da teoria Y são que as
pessoas gostam de ter o que fazer além de serem esforçadas, o trabalho é
uma atividade tão natural como brincar ou descansar, as pessoas procuram e
aceitam responsabilidades e desafios, podem ser automotivadas e
autodirigidas, são criativas e competentes.
Os indivíduos que se classificam pela teoria Y tendem a ser pessoas
que buscam maiores responsabilidades, se comprometem com o trabalho,
oferecem conceitos e ideias novas, são proativas e estimulam o crescimento
profissional mostrando satisfação, além de se preocupar em entender suas
necessidades e também as da empresa. Logo, há o desenvolvimento e
crescimento pessoal e profissional.
Mediante a análise desse estudo, podemos entender que na teoria X
quanto menos esforço o indivíduo faz mais ele se sentirá motivado, precisando
de acompanhamento direto de seus superiores. Enquanto na teoria Y, o
indivíduo se sente mais motivado quando faz o seu máximo de esforço,
buscando maior responsabilidade, frequente participação nas tomadas de
decisão referente ao seu trabalho, sem necessidade de acompanhamento
integral de seus superiores.
1.3. Conclusão da análise das Teorias Motivacionais
Atualmente, é possível vermos claramente o poder da motivação
para o comportamento e desenvolvimento do ser humano, tanto no âmbito
pessoal quanto no profissional.
E após essa análise do conceito de motivação e todas as teorias
desenvolvidas por grandes estudiosos para que pudéssemos entendê-la,
podemos afirmar o quanto esse tema ainda se encontra presente em nosso dia
a dia, e conseguimos identificar como esse entendimento é importante para se
desenvolver uma equipe de alta performance, e mesmo que a motivação seja
uma coisa individual de cada um, conseguimos elaborar estratégias para que a
mesma seja comum ao objetivo de uma organização.
21
Além disso, é possível citar que a ideia da motivação no ambiente de
trabalho e do desenvolvimento de estratégias motivacionais, não está
relacionado somente para o aumento da produtividade, mas sim em manter o
colaborador motivado de forma que induza a ele a se destacar num mercado
cada vez mais competitivo, superando os desafios diários.
22
CAPÍTULO II
MOTIVAÇÃO: A FERRAMENTA DO SUCESSO
ORGANIZACIONAL
Hoje em dia, pode-se afirmar que o líder “chefe”, que apenas manda
sua equipe fazer e fica esperando que o resultado seja alcançado, somente
delegando, está ultrapassado. Hoje o líder de uma equipe tem que estar junto
com eles, engajado, por dentro de tudo que acontece ao seu redor para que a
qualquer momento seja solicitado sua atuação, sendo exemplo e admirado.
O desempenho de uma equipe está principalmente ligado ao nível
de motivação dela em relação as suas atividades diárias, por isso é muito
importante que diariamente o líder busque estratégias motivacionais para
manter o bom desempenho e gerar o constante crescimento da organização.
Uma equipe desmotivada, que não tem o reconhecimento esperado,
além da frustração pessoal de cada um, refletirá diretamente ao seu
rendimento profissional, deixando de dar o melhor, de fazer aquele ‘a mais’ tão
almejado pelos seus lideres, e consequentemente a organização como um todo
se sentirá impactada quando seus resultados caírem, quando a taxa de turn
over aumentar e os prejuízos começarem a aparecer.
Diante das frequentes alterações nos ambientes organizacionais,
percebe-se que as empresas possuem uma nova visão em relação aos
funcionários, elas não o veem apenas como máquinas e despesas, elas
conseguem vê-los como pessoas com ideais e desejos e buscam atender suas
necessidades, tentam entender o que pode ser oferecido como incentivo,
reconhecimento e benefício a fim de manter os profissionais de alto
desempenho para assim obter maior comprometimento e produtividade
garantindo o sucesso da organização além de ter um diferencial competitivo em
relação aos seus concorrentes.
23
Como hoje em dia as empresas estão buscando um novo conceito
onde não vejam os funcionários como máquinas e sim como capital humano
que devem ser valorizados e reconhecidos pelo seu trabalho, gerando a
motivação dos mesmos, será abordado nesse estudo a grande importância da
motivação e utiliza-la como uma excelente ferramenta para aumentar a
produtividade e consequentemente os resultados e os lucros da organização e
assim gerar uma vantagem competitiva aos seus concorrentes.
2.1. Motivação no Trabalho
Primeiramente para ter a motivação no trabalho a pessoa precisa
estar disposta e interessada no que ela irá executar, ela necessita buscar
algum engajamento ou estímulo para que se tenha uma disposição favorável
para o desenvolvimento do objetivo comum.
É fundamental nessa busca para o entendimento de como funciona
a motivação humana dentro das organizações, que seja abrangido todos os
fatores que englobam diversas situações organizacionais para assim permitir a
configuração real das ações motivacionais. E isso é o que muitos estudiosos
vêm buscando há muitos anos e cada vez se encontram mais teorias e mais
estratégias para seu entendimento e aplicações.
Para Chiavenato (2004), a motivação está ligada ao entendimento
do comportamento humano, quando o ser humano sente uma necessidade
qualquer ocorre um desequilíbrio em nosso organismo, esse desequilíbrio
causa uma tensão, desconforto e até uma insatisfação interna, mediante a isso
o indivíduo busca formas de equilíbrio através de um comportamento ou uma
ação que faça com que o organismo se sinta confortável. Se essa ação trouxer
um resultado positivo, o indivíduo se sente satisfeito e seu estado de equilíbrio
volta ao normal, ou seja, necessidade satisfeita. Caso contrário, surge a
frustração e o organismo segue buscando formas de aliviar essa tensão, seja
ela por meios psicológicos, tendo comportamentos agressivos, tensão
emocional, indiferença, entre outros, ou até mesmo por meios fisiológicos, que
se depara com perda de sono, problemas cardíacos, digestivos, estresse, etc.
24
Acontece também de não haver nem a satisfação e nem a frustração
mediante essa necessidade, simplesmente surge outra necessidade mais
intensa que o faz deixar essa de lado para dedicar toda essa energia na
seguinte. O que, segundo Chiavenato, entende-se que o comportamento
humano está orientado pelas diferentes necessidades à medida que vão
surgindo novas, sendo um processo de busca de solução de problemas e
satisfação interior.
De acordo com Maximiano (2007), para ter a motivação no trabalho,
deve haver uma relação entre os motivos internos de cada pessoa com os
estímulos externos do ambiente ou situação. Os motivos internos são os
estímulos interiores de cada um, como cultura, interesse, valores, objetivos e
necessidades, já os motivos externos são os que a situação ou ambiente
disponibiliza para que a pessoa possa se sentir comprometida com algo, como
reconhecimento, recompensa, entre outros. Ambos os motivos, internos e
externos, se ajustam para que o desempenho seja positivo.
2.2. A importância da motivação para o desempenho dos
colaboradores
Ao estudar as teorias motivacionais, percebe-se que todas confluem
para um fim em comum: manter os funcionários motivados para que possam
atingir os resultados esperados pela organização. Ou seja, o desempenho da
força de trabalho está intrinsecamente conectado com qualquer
empreendimento de campanhas motivacionais. Esta visão que identifica a
motivação como sendo uma força de influência direta e imediata sobre o
desempenho não é uma inovação na literatura científica. Como colocado por
Delgado (2011, p. 23), nos primórdios da constituição da Administração como
ciência,
Mayo concluiu que o desempenho das pessoas depende muito menos dos métodos de trabalho do que dos factores emocionais ou comportamentais, contrariando assim a visão da
25
administração científica de Taylor. Esse estudo ficou conhecido como "Efeito Hawthorne". (DELGADO, 2011, p. 23).
Assim, ao se debruçar sobre a questão da motivação - sobre os
seus mecanismos internos, as diversas forças que agem sobre a psicologia dos
funcionários e as estruturas que permitem a criação de ambientes propícios
para a motivação - adentra-se também em questionamentos a respeito das
forças que promovem nas pessoas a entrega de bons resultados. Em outras
palavras, estudar a motivação é também estudar a produção de bons
desempenhos pela força de trabalho na qual a motivação é desenvolvida.
Assim, extrai-se deste desdobramento lógico a importância crucial de estudar-
se a motivação como disciplina científica em qualquer grade de formação de
um Administrador. Afinal, como colocado por Vilela (2010), "uma vez que o
desempenho das pessoas depende de sua motivação e o desempenho da
organização depende do desempenho das pessoas, a compreensão desse
processo é de extrema importância na administração das organizações".
Ao constatar-se a relação direta entre a motivação de equipes
profissionais e o seu desempenho, resta investigar por quais meios pode-se
utilizar estratégias motivacionais com o fim de estimular o desempenho no
trabalho.
2.3. Estratégias Motivacionais
Existem diversas estratégias e técnicas que pretendem aumentar o
nível da motivação dos funcionários e, consequentemente, gerar benefícios
para as partes interessadas, em parte sob a forma de produtividade. Assim, é
importante delinear algumas ações que podem ser tomadas por parte dos
gestores na busca por criar um ambiente ao mesmo tempo saudável e
motivador para os colaboradores. Elas são expostas a seguir.
26
2.3.1. Gestão de QVT
Estabelecer programas voltados para a manutenção e melhoria da
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma estratégia amplamente utilizada
pelas empresas na busca pela criação de valor para os seus próprios
colaboradores. A qualidade de vida no ambiente de trabalho configura-se como
um dos mais recentes desafios para a administração atual. Esta qualidade
pode afetar a vida dos indivíduos e, por conseguinte, os resultados das
organizações de uma forma direta. Ribeiro e Santana (2015, p. 78) colocam
que:
A qualidade de vida no trabalho (QVT) é um assunto que vem se destacando cada vez mais no mundo dos negócios. Trata-se de um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador durante o desenvolvimento de suas atividades no ambiente de trabalho. Tendo como aspecto principal, o fato de que a motivação das pessoas no trabalho está inteiramente ligada à sua satisfação com a empresa.
Deste modo, o trabalhador que possui uma qualidade de vida
insatisfatória, “tem o trabalho como o único ou maior meio para obter a
satisfação de muitas de suas necessidades, principalmente, as sociais” (ibid.).
Assim, é notável o peso que o trabalho exerce sobre a vida pessoal e
profissional dos indivíduos.
Conforme afirmam Ribeiro e Santana (2015, p. 76) representam
fatores fundamentais para a Qualidade de Vida no Trabalho a escolha da
profissão, características culturais, valores herdados, infraestrutura familiar e
relações interpessoais. Além disso, os autores explicam que o conceito de
Qualidade de Vida (QVT) perpassa diferentes dimensões do trabalho, como o
aspecto físico, ambiental e psicológico. O estudioso Walton construiu um
modelo quantitativo e qualitativo que pretende elencar as diversas dimensões
da qualidade de vida no trabalho segundo os critérios e indicadores:
27
Quadro 1: Critérios e Indicadores de QVT
Fonte: CARVALHO et al. (2013).
Para Carvalho et al. (2013, p. 21) é possível observar, em seu
trabalho, que a “abordagem da qualidade de vida nas organizações mostra-se
emergente e de grande importância na atualidade corporativa”. Ademais, os
autores foram capazes de verificar, também, que existe uma relação direta
entre a motivação dos colaboradores e a qualidade de vida e satisfação com o
trabalho. (CARVALHO et al., 2013, p. 21).
Em termos mais práticos, Ribeiro e Santana (2015, p. 94) elencam
alguns pontos ou aspectos do ambiente organizacional que podem ser
reformulados para alcançar uma equipe mais motivada. Dentre eles, pode-se
citar a questão da autonomia dos funcionários. Nesta visão, os colaboradores
mais integrados nos processos decisórios em suas atividades têm mais
motivação e sentimento de participação. Assim, reformular processos para que
28
a autonomia dentro dos departamentos seja mais pulverizada é uma estratégia
para conseguir funcionários mais eficientes, dedicados e consequentemente
mais produtivos. Assim, a comunicação é uma ferramenta fundamental na
busca pela mudança nas organizações. No contexto da autonomia e da
liderança, o primeiro passo para delegar mais autoridade e responsabilidades
para os funcionários é pela abertura do diálogo entre os gestores e os demais
colaboradores. Assim, construindo uma cultura de diálogo os diversos agentes
em um projeto podem estabelecer relações fundamentadas em divisão de
responsabilidades e não no medo.
2.3.2. Sistema de Pagamento e Recompensa
Um Sistema de Pagamento e Recompensa (SPR) é uma maneira de
motivar os funcionários a empreenderem esforços no sentido de alcançar os
objetivos da organização. De maneira complementar, também desenvolve-se
um maior comprometimento pessoal com a empresa, que então torna-se um
lugar desejável para se trabalhar, em função da boa remuneração e das boas
condições do ambiente de trabalho.
Assim, coloca-se o Sistema de Pagamento e Recompensa (SPR)
como um dos mais importantes sistemas da Gestão de Pessoas para alavancar
a satisfação dos funcionários e, portanto, a qualidade de vida dos mesmos.
Neste sentido, Silva (2013, p. 5) afirma que o SPR “é atualmente um dos
elementos mais importantes das organizações”, salientando que este
gerenciamento de recompensa “direciona e motiva o trabalho e a contribuição
das pessoas”. Nesse sentido, é importante reconhecer o papel da motivação
dos funcionários na produtividade e no sentimento de satisfação no trabalho.
Assim, entende-se que, com um SPR que recompense de maneira satisfatória
os funcionários, o nível de felicidade dos mesmos aumentará como
consequência direta, estabelecendo um clima organizacional propício para o
bom desenvolvimento de suas atividades.
No entanto, é importante salientar que as recompensas contempladas pelo
SPR não são somente financeiras, mas também podem ser visualizadas sob a
29
forma de benefícios (por exemplo: seguros, planos de previdência e assistência
em outros serviços como educação, transporte, etc.) ou sob formas mais
intangíveis como um bom plano de carreira, autonomia no trabalho, segurança,
etc.
Para estabelecer um bom SPR, é preciso que a gestão (em conjunto
com os setores financeiro e de contabilidade) estabeleça critérios mensuráveis
de desempenho que vão nortear o que a organização espera de seus
funcionários. Com a manutenção, por parte dos mesmos, de bons níveis de
produtividade, os resultados são recompensados de diversas formas. Como
colocado por Atkinson et al. (2000, p. 723), “quando uma empresa decide
recompensar o desempenho, isso leva o contador gerencial a projetar sistemas
de mensuração de desempenho necessários”. O autor ainda distingue os tipos
de recompensas entre as recompensas intrínsecas e as recompensas
extrínsecas. As recompensas intrínsecas são as que se integram na própria
formulação do quadro de funções dos funcionários. É uma maneira de
recompensar o funcionário através de uma alocação mais benéfica de suas
atribuições e responsabilidades, tornando a sua jornada mais prazerosa e
menos dificultosa. No caso das recompensas extrínsecas, elas são
reconhecimentos que se dão fora das atividades corriqueiras do funcionário, e
assumem a forma de privilégios, dinheiro ou promoções. Assim, o funcionário
tem o seu esforço reconhecido pelos gestores e pela organização. Câmara
(2000, p.162), a respeito desta última categoria de recompensas, estabelece
que elas “têm que se assentar num contrato psicológico de desempenho,
estabelecido entre a empresa e o trabalhador, podendo tornar-se ineficazes e
atingir os resultados contrários”.
Chiavenato, por sua vez, diferencia as recompensas entre as
financeiras e as não-financeiras. As financeiras se referem ao desempenho
pessoal e individual do funcionário, e podem assumir a forma de comissões,
aumentos de salário, prêmios e bônus que a empresa paga ao colaborador em
específico. As recompensas não-financeiras, por sua vez, englobam o
desempenho de uma equipe de maneira mais global, e constituem as
condições gerais de trabalho que são oferecidas aos funcionários. Nesta
30
categoria podem entrar até mesmo o próprio sistema de remuneração, as
oportunidades de crescimento, o plano de carreira, a estabilidade do emprego
e a QVT. A seguir, pode-se visualizar um esquema criado por Chiavenato
(1999) acerca das recompensas organizacionais:
Figura 2: Recompensas Organizacionais
Fonte: CHIAVENATO (1999).
Assim, pode-se enquadrar um SPR como uma das estratégias mais
efetivas, uma vez que o incentivo financeiro é uma questão central para a
totalidade dos colaboradores. Ao estabelecer regras e parâmetros claros de
desempenho e produtividade, o funcionário consegue visualizar de maneira
direta como o seu desempenho pode ser traduzido em recompensas
financeiras (ou mesmo de outras ordens, como tempo de lazer ou benefícios
práticos para a sua vida profissional), estimulando comportamentos pró-ativos
e eficazes.
31
2.3.3. Plano de Carreira
O plano de carreira é uma estruturação sistemática que informa ao
funcionário quais são os requisitos e competências esperados pela empresa
para que ele possa ascender em cargos. Assim, esta formulação tangível
nivela os níveis de expectativa entre os empregadores e os empregados,
estabelecendo para além de quaisquer dúvidas quais são os padrões
comportamentais, hábitos profissionais e nível de desempenho que se esperam
dos funcionários para uma gestão mais eficiente de suas carreiras. Como
colocado por Oliveira (2009, p. 08):
São várias as finalidades de um plano de carreira; entretanto, neste momento o importante é focar as principais, para facilitar o seu desenvolvimento, são elas: Dar foco de direcionamento profissional para as pessoas; Facilitar a interligação entre conhecimentos diversos; Facilitar se necessário, a alteração do rumo profissional; Dar mais segurança para as pessoas e por último Propiciar amplo debate da vida profissional das pessoas.” (OLIVEIRA, 2009, p. 8).
A finalidade do plano de carreira é fornecer um guia norteador para a
vida profissional dos colaboradores. Desta forma, eles podem conhecer
claramente quais são as metas e objetivos esperados pela empresa, e podem
moldar sua atuação na empresa de acordo com esta expectativa. Com isto, o
funcionário motiva-se a perseguir novas oportunidades de carreira dentro da
empresa, tornando-o parte de um processo de evolução que beneficiará tanto o
colaborador quanto a empresa.
2.3.4. Endomarketing
Para motivar as pessoas, em muitos casos, é dado um benefício
financeiro, porém, precisa-se também considerar as condições laborais, o
comprometimento com os objetivos, a abertura para novas ideias, e como
esses fatores internos podem interferir de maneira indireta o cliente final.
32
Assim, surge o marketing interno, ou Endomarketing, “uma
ferramenta de gestão que auxilia as organizações a aprimorar sua maneira de
se comunicar com seus colaboradores, a fim de fazer com que eles “vistam a
camisa” da empresa” (FILHO et al., 2013, p.1)
Como colocado por Alves (2012, p.4), o endomarketing é a “área dos
gerentes de recursos humanos que têm responsabilidade em desenvolver
políticas de RH consistentes”, políticas essas que incluam o “recrutamento,
seleção e treinamento, além de avaliação, remuneração e reconhecimento”.
Deste modo, todos dentro da organização são motivados, incluindo tanto os
gerentes, como os funcionários.
Brum (1998, p.36) coloca que o principal objetivo do endomarketing
“é fazer com que todos os funcionários tenham uma visão compartilhada sobre
o negócio da empresa, incluindo itens como gestão, metas, resultados,
produtos, serviços e mercados nos quais atua”. Assim, ficando claro para todos
dentro da empresa a missão e os princípios da mesma.
Oliveira (2005, p.5) pontua que “o conceito de endomarketing surge
da necessidade de alinhar-se a comunicação externa da organização aos
comportamentos de seus empregados”. Deste modo, houve uma adaptação
dos conceitos do exomarketing, o marketing externo, para ser utilizado com o
público interno da organização.
Filho et al. (2013, p.2) afirma que o endomarketing “pode influenciar
de maneira positiva sobre problemas”, tais problemas como: rotatividade de
pessoal, baixa produtividade, problemas de relacionamentos, ou outras
atividades que afetem a qualidade e o serviço. Deste modo, o marketing interno
gera competitividade e uma maior produtividade, favorecendo a empresa no
mercado competitivo global.
Por sua vez, o endomarketing deve ser um processo contínuo, onde
Rais e Klatt (2015, p.23) colocam que “são ações específicas com o objetivo de
melhorar a qualidade dos meios e dos meios de comunicação utilizadas pela
empresa”. Pois, a comunicação, como colocado, é um instrumento estratégico,
33
e “funcionários satisfeitos, motivados, envolvidos terão desempenho melhor
frente a seus clientes externos, atingindo a excelência no marketing de
relacionamento, que se firma tanto com relações externas como internas”.
Por fim, o endomarketing quando implementado, contribui com a
interação entre os colaboradores e clientes, integrando toda a organização, nos
diversos níveis e cargos, faz com que, além da competitividade no mercado
global seja efetiva, o atendimento e a satisfação do cliente consiga ser atingida.
2.3.5. Gestão de Desempenho e Avaliação
O subsistema de Gestão de Desempenho e Avaliação (GDA) é
utilizado, pelas organizações, como forma de mensurar e gerir o desempenho
dos funcionários para que se possa atestar e promover o desenvolvimento dos
mesmos dentro da organização. É importante na medida em que permite
analisar, por meios de indicadores e dados concretos, o aproveitamento dos
funcionários em face às tarefas que estão executando. Assim, como colocam
Cruz et al (2014, p. 4), isto permite à organização “notar o desenvolvimento dos
indivíduos no seu ambiente de trabalho, analisando o que pode ser melhorado
na execução das tarefas”, revelando um elo próximo com o subsistema de
T&S. De maneira complementar, Silva (2014, p. 20) postula que:
[...] um sistema de avaliação de desempenho, quando bem implementado e cautelosamente cuidado pode constituir um valor acrescentado para a empresa e para o desenvolvimento dos indivíduos que lá trabalham. [...]. Por este mesmo motivo, considera-se que deve ser importante que a empresa consiga transmitir de forma eficaz e segura a sua mensagem, assim como os desafios que coloca aos colaboradores, através de uma linguagem comum e transparente, e pelo estabelecimento de objetivos e metas.
Assim, é importante que a gestão coloque em pauta parâmetros
quantificáveis segundo os quais os funcionários serão avaliados. Novamente, a
necessidade da comunicação interna adquire uma importância central, na
medida em que permite estabelecer “as regras do jogo” entre os gestores e a
sua equipe, sem espaço para equívocos ou mal-entendidos.
34
CAPÍTULO III
RISCOS DE UMA EQUIPE DESMOTIVADA
Ao estudar o comportamento humano e suas reações psicológicas
às frustrações relacionadas ao trabalho, não se pode deixar de salientar a
importância do eixo motivação-desmotivação como fator determinante do
desempenho individual e da criação do clima organizacional. Como colocado
por Tavares (2004), “essa dimensão tem, também, o poder de influenciar,
negativamente, atitudes e respostas comportamentais dos indivíduos em
praticamente todas as suas situações de vida”.
O autor ainda salienta que, quando um colaborador permanece por
um período prolongado em um estado de desmotivação, pode desenvolver
comportamentos patológicos, caracterizados pela apatia e frustração. É
necessário reconhecer, também, que a auto-imagem do indivíduo é
profundamente modulada pela sua atuação profissional e seu desempenho nas
atividades que lhe são propostas. Desta forma, um colaborador pode adentrar
períodos de pouca produtividade que causam desmotivação em um ciclo que
se retroalimenta e do qual precisa de ajuda médica para sair. Como colocado
por Tavares (2004),
Infelizmente, o que prevalece hoje, ainda, é o gerenciamento neutralizador que dá espaço para que a desmotivação surja em alto grau. Mas, esse quadro está mudando rapidamente. As empresas que enxergarem isso mais depressa vão sobreviver. As outras não vão segurar nem funcionários nem clientes.
Assim, fazer com que as empresas voltem a compreender as
necessidades e expectativas dos funcionários em uma dimensão humanizada é
crucial para evitar os riscos descritos no presente capítulo que são
desdobramentos de estados desmotivados. O ambiente de trabalho deve
considerar não apenas o ser humano em suas dimensões laborais e
financeiras, mas também os impactos psicológicos causados pelas políticas
exercidas e o equilíbrio entre as demandas impostas aos funcionários e uma
preocupação sistemática com sua saúde mental. O mau ajustamento do
35
funcionário às demandas do trabalho pode gerar desmotivação e mazelas mais
graves, representando um tema de extrema importância no cenário de gestão
de pessoas contemporâneo. Como colocado por Tavares (2004), “as atividades
de trabalho representam fonte e oportunidade quase exclusiva com as quais
cada um conta para atender não somente às expectativas mais concretas,
como também, aquelas menos palpáveis que são as necessidades
psicológicas.” Com isso, resta analisar alguns dos perigos e riscos advindos de
um estado de desmotivação no ambiente de trabalho.
3.1. Absenteísmo
De um ponto de vista exclusivamente mecanicista e financista, o
absenteísmo produz resultados muito ruins no ambiente de trabalho, em
especial aniquilação da produtividade e a geração de custos extra
orçamentários. No entanto, ao analisar o problema do absenteísmo sob o
prisma de uma gestão de pessoas humanista, levantam-se questões acerca da
própria natureza do trabalho desenvolvido e da necessidade de realizar
investimentos para que o problema seja prevenido. Como colocado por Flores
et al (2016),
Os “custos” sociais e econômicos decorrentes do fenômeno do absenteísmo justificam sólidos investimentos na direção de diagnosticar com precisão as condições de trabalho que estão favorecendo sua presença. Entretanto, são poucos os exemplos na literatura que revelam estratégias de ação das organizações no que tange a identificar suas causas e consequências nos ambientes de trabalho.
As causas do absenteísmo podem estar relacionadas com diversos
fatores, como o clima organizacional, a qualidade da comunicação na empresa,
o sistema de recompensa e a simples falta de motivação. Além disso,
identificar as causas em cenários específicos pode oferecer insights a respeito
dos contextos de trabalho, oferecendo caminhos para estabelecer processos
preventivos e práticas mais saudáveis de trabalho. Como colocado por Flores
et al (2016), muitas vezes as causas do absenteísmo “não estão no próprio
trabalhador, mas sim nas condições objetivas do trabalho, na gerência
deficiente”, entre outras possíveis causas, relacionadas na tabela:
36
Absenteísmo Fatores e Causas
Voluntário Ausências ao trabalho por razões particulares não
justificadas por doenças
DoençasInclui as ausências por doenças ou procedimentos
médicos;
Por Patologia
Profissional
Ausências por acidentes de trabalho ou patologias
ocupacionais;
LegalFaltas amparadas por lei (exemplo: gestação, doação de
sangue, etc)
Compulsório
Impedimento ao trabalho devido à suspensão imposta pelo
patrão, por pressãio ou outro impedimento que não permita
ao trabalho chegar ao trabalho
Quadro 2: Causas do Absenteísmo.
Fonte: Adaptado de FLORES et al (2016).
Assim, investimentos direcionados para aumentar a qualidade de
vida e a satisfação dos trabalhadores pode trazer retorno financeiro sob a
forma de eliminar os custos do absenteísmo e retornos intangíveis na medida
em que permite florescer um clima organizacional mais saudável e agradável.
Deste modo, dentre as estratégias possíveis para eliminar ou reduzir o
absenteísmo, pode-se elencar:
Incentivo e favorecimento da participação de trabalhadores em decisões importantes para as relações de trabalho; Ações que minimizem o desequilíbrio da relação trabalho-família; gestão contínua do clima organizacional; Atenção aos fatores psicossociais relacionados ao trabalho, com oferecimento de maior suporte organizacional para questões decorrentes; Implantação de políticas adequadas de remuneração, reconhecimento e recompensa pelo trabalho; Oferecimento de processos de desenvolvimento pessoal e profissional sob a forma de treinamentos e programas de educação continuada; desenvolvimento de programas de gestão de desempenho adequado e justo, bem como programas de progressão funcional (planos de carreira); Implementação de programas de inclusão e respeito à diversidade nos ambientes de trabalho; Monitoramento do estresse ocupacional e desenvolvimento de práticas de atenção à saúde e segurança dos trabalhadores, dentre outros.(FLORES et al, 2016).
Por fim, vale mencionar que, embora o absenteísmo esteja muitas
vezes ligado à desmotivação e frustração no trabalho, cada caso deve ser
37
analisado individualmente para descobrir as suas verdadeiras causas, uma vez
que podem estar relacionados a outros tipos de problemas mais graves.
3.2. Rotatividade
Assim como o absenteísmo, a rotatividade também pode ser tomada
como um indicador de problemas estruturais da maneira como a organização
articula as funções de seus funcionários. Embora a rotatividade seja um
fenômeno considerado comum até certo ponto, quando o índice de rotatividade
cresce, pode gerar inúmeros problemas para as organizações.
A lógica é de que as pessoas que estão contentes e satisfeitas com
o trabalho se esforçam por manter-se empregadas e, quando ocorre um
episódio de abandono de função, o funcionário está fugindo de algo que lhe
desagrada profundamente. A seguir, pode-se estudar uma tabela de
Magalhães (2016) que elenca as causas mais frequentes da rotatividade e as
soluções predominantes:
Quadro 3: Causas da Rotatividade.
Fonte: Magalhães (2016).
Além de culminar em custos para demitir o funcionário regularmente,
também incorre em custos de treinamento e seleção. Para diminuir o índice de
rotatividade, além das reformas no ambiente organizacional já mencionadas,
38
salienta-se também a possibilidade de investimentos na parte de recrutamento
e seleção e de acompanhamento dos funcionários para que as causas da
desmotivação sejam discernidas em estágio primitivo e o desligamento não
seja levado a cabo.
3.3. Estresse e Burnout
O stress organizacional pode ser conceituado como fricções entre o
indivíduo e o seu trabalho, que acabam por desviá-lo de seu comportamento
normal, gerando desvios físicos, psicológicos e comportamentais no ambiente
de trabalho. A autora Costa (2016) salienta, a esse respeito, que, na medida
em que o indivíduo internaliza questões importantes e não se manifesta a
respeito de seus problemas, este pode apresentar mudanças comportamentais
e em sua personalidade, gerando sintomas como irritabilidade, desânimo e
tristeza, bem como isolamento e queda na autoestima.
Esta descrição, observada sob a ótica de Ferreira e Ramos, constitui
um exemplo de stress organizacional de origem interna, onde o indivíduo
estabelece pressões e exigências sobre si próprio, causando frustração e
culpa. Ademais, os autores colocam que é possível salientar sintomas que, de
maneira geral, indicam um estado de estresse, tais como: um humor
depressivo e irritadiço, alta pressão sanguínea, ingestão desregrada de álcool
ou tabaco, bem como a presença de doenças cardíacas.
Caso tal fenômeno ocorra com frequência, o indivíduo pode
apresentar hipertensão, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares,
úlceras gástricas e infecções respiratórias. “O estado de estresse prolongado
passa a influir no desempenho do trabalho, reduzindo a produtividade e a
qualidade, podendo também aumentar os riscos de acidentes, absenteísmos e
a rotatividade dos trabalhadores”.
As causas do estresse são variadas, onde, as exigências físicas e
mentais dentro do mundo laboral podem provocar o mesmo nos indivíduos.
39
“Uma das maiores causas do estresse no trabalho é a pressão para manter um
certo ritmo de produção” (ibid.).
O estresse também está presente no trabalhador que atua no
atendimento a pessoas de uma fila ou quando se tem prazos curtos para a
entrega de um trabalho, além de conflitos organizacionais internos,
responsabilidades atribuídas e outras fontes de insatisfação do trabalho. Assim,
como colocam Ferreira e Ramos (2014), é importante salientar que as
consequências organizacionais no caso de trabalhadores estressados são
igualmente negativas, podendo levar até ao aumento do número de acidentes
de trabalho. No entanto, salientam que, “apesar do reconhecimento
generalizado do impacto negativo do stress nos indivíduos e nas organizações,
não tem havido esforço no sentido de procurar perceber e reduzir as causas do
stress”.
A síndrome de Burnout, de acordo com Santiago, Romanin e Simon
(2010, p.58), teve seus estudos iniciados por Herbert J. Freudenberger, um
psicanalista americano que, nos anos 1970, utilizou tal termo para “se referir ao
esgotamento físico e mental e aos transtornos comportamentais de
profissionais da área de saúde”.
Os autores salientam que há uma vasta gama de definições dentro
da psicologia e psicanálise para a Síndrome de Burnout, “entre as quais:
síndrome do “queimar-se” pelo trabalho, em que se observa a perda (d)a
esperança pelo trabalho e(m) que qualquer esforço destinado a fazer bem as
coisas é pouco menos que inútil.” (ibid.).
No Brasil, tal síndrome é reconhecida pela lei n° 3048/99 como a
Síndrome de Esgotamento Profissional, sendo assim, é uma doença do
trabalho, caracterizando-se pela sensação da pessoa estar acabada. Os
autores ressaltam que deve-se diferenciar estresse de Burnout, onde, o último
corresponde a um estresse crônico, afetando profissionais da área da saúde,
assistenciais, da segurança e professores, geralmente (ibid.).
Segundo o Ministério da Saúde (2001, p.191), burnout seria uma:
40
Resposta ao estresse laboral crônico, de outras formas de resposta ao estresse. A síndrome de burn-out envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, aos clientes, a organização e ao trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. O quadro tradicional de estresse não envolve tais atitudes e condutas, sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não de modo direto na sua relação com o trabalho. Pode estar associada a uma suscetibilidade aumentada para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas (para obtenção de alívio) e para o suicídio.
Assim, é uma experiência subjetiva que engloba sentimentos e
atitudes, causando alterações psicofisicológicas nocivas aos portadores, visto
que afetam sua qualidade de vida e interferem nas realizações pessoais e
profissionais (AREIAS e COMANDULE, 2004).
A Síndrome de Burnout pode ser vista como um processo
multidimensional, contendo três componentes associados: exaustão emocional
(desgaste do vínculo afetivo, onde o profissional não consegue dar mais de si),
diminuição da sensação de realização pessoal ou baixo envolvimento pessoal
(a pessoa deixa de investir afetivamente em seu trabalho e tende a se avaliar
negativamente, seu trabalho começa a perder seu sentido) e
despersonalização (contato frio e impessoal para com o receptor do trabalho, o
sentimento de que se está lidando com um ser humano se perde, é como se
lidasse com uma coisa) (SANTIAGO, ROMANIN e SIMON, 2010).
Por fim, o trabalho deixa de ser fonte de prazer e realização pessoal,
promovendo saúde e bem estar para as pessoas, e se torna uma fonte de
adoecimento mental e físico, alavancando o desgaste da subjetividade, levando
ao estresse, e esse, evoluindo para uma síndrome mais aguda.
41
CONCLUSÃO
Após a realização do presente trabalho, foi possível conceituar de
maneira robusta e profunda aspectos fundamentais da motivação e sua
inequívoca relação com a produtividade.
Definir a motivação, suas causas e a complexa rede de mecanismos
subjacentes a ela é tarefa que permanece em pauta na academia e na
literatura especializada. No entanto, pode-se afirmar sem equívoco que a
integração da questão da motivação no vocabulário corrente das organizações
é fundamental para humanizar as relações de trabalho e abordar o trabalhador
de uma maneira mais totalizante e integrada.
Após o enquadramento da motivação como um fator fundamental na
busca pela produtividade, foi possível delinear algumas estratégias utilizadas
nas empresas para operar melhorias no ambiente organizacional de forma a
beneficiar os funcionários e manter níveis de motivação elevados. Foi possível
perceber que todas elas encontram uma base em comum que é a reforma das
relações de autoridade e comunicação dentro das empresas com o objetivo de
tornar o funcionário uma parte mais ativa do processo decisório e mais
consciente da própria importância para os processos que lhe são atribuídos.
Além disso, outra questão de grande importância na busca pela motivação no
trabalho é o desenvolvimento de um clima organizacional satisfatório e
prazeroso, partindo do pressuposto de que a vida e a saúde psíquica dos
funcionários é uma questão crucial para a organização como um todo. Por fim,
foram analisados também os perigos associados com a permanência de
funcionários em um estado mental desmotivado e as consequências que isso
traz para a organização, seja do ponto de vista financeiro ou do ponto de vista
da gestão de pessoas. Ficou claro que a desmotivação deve ser evitada desde
a sua gênese para que não se desenvolva e se transforme em problemas que
vão gerar mazelas tanto para os trabalhadores como para as empresas. Assim,
conclui-se o presente estudo, com o apontamento de que a questão da
motivação torna-se cada vez mais importante na medida em que o mercado
43
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO...........................................................................................02
AGRADECIMENTOS........................................................................................03 DEDICATÓRIA..................................................................................................04 RESUMO...........................................................................................................05
METODOLOGIA................................................................................................06 SUMÁRIO..........................................................................................................07
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 08 CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO ....................................................................................................10 1.1. Conceituação .............................................................................................11
1.2. Teorias Motivacionais................................................................................ 13 1.2.1. Teoria de Maslow ....................................................................................14 1.2.2. Teoria de Herzberg - Teoria dos dois fatores .........................................17
1.2.3. Teoria X e Y - Douglas McGregor............................................................18 1.3. Conclusão da análise das Teorias Motivacionais...................................... 20
CAPÍTULO II
MOTIVAÇÃO: A FERRAMENTA DO SUCESSO ORGANIZACIONAL ............22
2.1. Motivação no Trabalho...............................................................................23 2.2. A importância da motivação para o desempenho dos colaboradores........24
2.3. Estratégias Motivacionais...........................................................................25 2.3.1. Gestão de QVT .......................................................................................26 2.3.2. Sistema de Pagamento e Recompensa .................................................28
2.3.3. Plano de Carreira ....................................................................................31 2.3.4. Endomarketing.........................................................................................31
2.3.5. Gestão de Desempenho e Avaliação .....................................................33 CAPÍTULO III
RISCOS DE UMA EQUIPE DESMOTIVADA....................................................34 3.1. Absenteísmo...............................................................................................35
3.2. Rotatividade................................................................................................37 3.3. Estresse e Burnout.....................................................................................38
CONCLUSÃO...................................................................................................41 BIBLIOGRAFIA................................................................................................43