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A doença falciforme é uma das
doenças hereditárias mais comuns no
mundo. É causada por uma mutação no
gene que produz a hemoglobina A,
originando outra mutante denominada
hemoglobina S, que é uma herança
recessiva. Existem outras hemoglobinas
mutantes, como C, D, E etc., que em par
com a S constituem-se num grupo
denominado de doença falciforme:
anemia falciforme (SS), as doenças SC,
SD, SE e outras mais raras. Apesar das
particularidades que distinguem as
doenças falciformes e de graus variados
de grav idade, todas e las têm
manifestações clínicas e hematológicas
semelhantes.
Entre as doenças falciformes, a
de maior significado clínico é a anemia
falciforme determinada pela presença
da Hb S em homozigose (HbSS), ou
seja, a criança recebe de cada um dos
pais um gene para hemoglobina S. A
presença de apenas um gene para
hemoglobina S combinado com outro
gene para hemoglobina A resulta em um
padrão genético AS (heterozigose), que
não produz manifestações da doença,
sendo esta pessoa identificada como
“portadora do traço falciforme”.
Essa mutação teve origem no
continente africano e pode ser
encontrada em várias populações de
diversas partes do mundo. Apresenta
altas incidências na África, Arábia
Saudita e Índia. No Brasil, devido ao
grande contingente da população
africana desenraizada de seus países
para o trabalho escravo, a doença
falciforme faz parte de um grupo de
doenças e agravos relevantes que
afetam a população negra. Por essa
razão, essa doença foi incluída nas
ações da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da População Negra e
nos artigos 187/188 da Portaria GM/MS
nº 2.048, de 3 de setembro de 2009, que
regulamenta o SUS.
As pessoas com doença
falciforme apresentam anemia crônica e
episódios de dor severa, decorrentes do
processo de vaso oclusão causado pela
forma de foice que as hemácias
a s s u m e m , e m s i t u a ç õ e s q u e
denominamos crise, impedindo que elas
circulem adequadamente, podendo
haver interrupção de fluxo sanguíneo e
morte de tecidos e órgãos. A
vulnerabilidade a infecções, o sequestro
esplênico, a síndrome torácica aguda e
o pr iapismo são a lgumas das
intercorrências frequentes nessas
pessoas.
O diagnóstico precoce realizado
na triagem neonatal (teste do pezinho)
está normatizado no Programa Nacional
de Triagem Neonatal (artigos 322/331
da Portaria GM/MS nº 2.048), possui
metodologia específica e é fundamental
para a identificação, quantificação e
acompanhamento dos casos, bem como
para o planejamento e organização da
rede de atenção integral e promoção dos
objetivos da Política Nacional de
Atenção Integral às Pessoas com
Doença Falciforme: “Mudar a história
natural dessa doença no Brasil,
p romovendo l ongev idade com
qualidade de vida, orientando as
pessoas com traço e informando a
58In
form
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aINFORME DA ATENÇÃO
BÁSICA N.º 58
Ano X, maio / junho de 2010 ISSN 1806-1192
DOENÇA FALCIFORME NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)
58
Info
rme
da
Ate
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o B
ásic
a
população em geral”.
O teste do pezinho deve ser
realizado na Unidade Básica de Saúde
mais próxima do local onde a criança
mora, na primeira semana de vida,
juntamente com as vacinas BCG e
hepatite B. Uma vez confirmado o
diagnóstico para doença falciforme, as
crianças devem ser encaminhadas a um
serviço de referência, onde serão
cadastradas e iniciarão a assistência
e s p e c i a l i z a d a c o m o m é d i c o
hematologista, mas deverão continuar
s e n d o a c o m p a n h a d a s p e l o s
p r o f i s s i o n a i s d a A t e n ç ã o
Primária/Saúde da Família para
receberem os demais cuidados
preconizados para toda a população.
A atenção na APS se inicia nos
primeiros meses de vida da criança,
assim como para as demais, pois devem
receber o acompanhamento e cuidados
para aleitamento materno, crescimento
e desenvolvimento, introdução de
alimentos, cuidados de higiene, saúde
oral, orientação genética sobre a
doença, além de oferecer o diagnóstico
aos familiares mais diretos, como o pai,
mãe e irmãos/irmãs. À medida que
cresce, a criança e sua família devem
ser preparadas para o autocuidado de
forma qualificada e humanizada.
Os exames complementares,
quando necessários, as imunizações
básicas e especiais, assim como a
prescrição e a dispensação de
medicamentos (tais como: ácido fólico,
penici l ina ou outro ant ibiót ico,
analgésicos, ant i - inf lamatór ios),
deverão ser realizados ou indicados
pelas equipes de Atenção Primária.
To d a s e s s a s a ç õ e s e s t ã o
regulamentadas e pormenorizadas em
protocolos clínicos padronizados pelo Ministério da Saúde. Até o quinto ano de vida, período de maior ocorrência de óbitos e complicações graves, os cuidados profiláticos representam a essência do tratamento.
O s r e t o r n o s a o s e r v i ç o especializado deverão ser definidos pelo próprio serviço que faz esse acompanhamento ou pelos profissionais da Atenção Primária sempre que estes acharem adequado.
Todas as crianças acima de quatro meses de idade e os adultos que não fizeram o teste poderão ser diagnosticados pelo exame eletroforese de hemoglobina usual. Nascem no Brasil, em média, 3.000 crianças com doença falciforme por ano. A incidência está em torno de 1:1.000 com doença e 1:35 com traço falciforme.
As evidências apontam que as ações desenvolvidas pelos profissionais das equipes de Saúde da Família têm repercutido na melhoria de diversos indicadores de saúde, em especial no aumento da expectativa de vida para as pessoas com doença falciforme e na redução da mortalidade na primeira infância, cuja taxa chega a 80% quando não cuidadas e quando acompanhadas essas taxas podem ser reduzidas em torno de 1,8%.
O Ministério da Saúde vem trabalhando na capacitação dos trabalhadores do SUS com o objetivo de prestar assistência de qualidade em doença falciforme. A produção de manuais, protocolos, inclusão de novos procedimentos na Tabela Unificada do SUS, realização de eventos, oficinas e seminários têm sido o foco principal das atividades desenvolvidas por este Ministério.
ElaboraçãoMinistério da SaúdeSecretaria de Atenção à SaúdeDepartamento de Atenção Básica
Jornalista responsável:Alisson Fabiano Sbrana - Mtb 40691
Diagramação:Tiago Grandi
Tiragem46.000 exemplaresInformaçõesSAF Sul, Quadra 2, lotes 5/6, Bloco II, subsoloCEP: 70.070-600 - Brasília-DFTels: (61) 3306 8044 / 3306 8095Fax: (61) 3306 8028Homepage: http://www.saude.gov.br/dab
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