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Apresentação Esta publicação é fruto do programa “Finanças Comportamentais”, promovido pelo SerasaConsumidor em parceria com a Associação Viver Bem, com o objetivo de orientar consumidores na negociação de dívidas em feirões e evitar reincidências. Aqui estão consolidados os conhecimentos e aprendizados gerados durante a iniciativa, realizada entre setembro e novembro de 2015, envolvendo palestras e orientações práticas prestadas por profissionais especializados em conciliação. Com este documento, pretendemos estimular um maior número de pessoas a refletirem sobre a maneira como têm usado o dinheiro e o crédito, favorecendo uma vida mais saudável e produtiva. Leia e compartilhe essas informações com seus familiares, vizinhos e amigos. CAPÍTULO 1 Como controlar o impulso na hora de comprar? E-BOOK COMO SE PREPARAR PARA A NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS Dalva está dentro da loja decidida a trocar o celular. Já escolheu o modelo, um smartphone bacana. Pesquisou o preço e as opções de financiamento e viu que a parcela não é tão alta assim. No entanto, ela tem outras dívidas que já enfrenta dificuldades para pagar. Em tempo, pergunta-se: Dalva, você precisa de um novo celular? Salva pelo gongo interno, ela sai da loja e decide pensar um pouco mais, afinal, possui um aparelho não tão moderno, mas que funciona bem. O problema é que nem sempre as coisas acontecem assim. É muito comum, nesta situação, as pessoas fazerem a compra e depois se verem às voltas com dívidas difíceis de arcar.

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ApresentaçãoEsta publicação é fruto do programa “Finanças Comportamentais”, promovido pelo SerasaConsumidor em parceria com a Associação Viver Bem, com o objetivo de orientar consumidores na negociação de dívidas em feirões e evitar reincidências.

Aqui estão consolidados os conhecimentos e aprendizados gerados durante a iniciativa, realizada entre setembro e novembro de 2015, envolvendo palestras e orientações práticas prestadas por profissionais especializados em conciliação.

Com este documento, pretendemos estimular um maior número de pessoas a refletirem sobre a maneira como têm usado o dinheiro e o crédito, favorecendo uma vida mais saudável e produtiva. Leia e compartilhe essas informações com seus familiares, vizinhos e amigos.

CAPÍTULO 1Como controlar o impulso na hora de comprar?

E-BOOK COMO SE PREPARAR PARA A NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS

Dalva está dentro da loja decidida a trocar o celular. Já escolheu o modelo, um smartphone bacana. Pesquisou o preço e as opções de financiamento e viu que a parcela não é tão alta assim. No entanto, ela tem outras dívidas que já enfrenta dificuldades para pagar. Em tempo, pergunta-se:

Dalva, você precisa de um novo celular?

Salva pelo gongo interno, ela sai da loja e decide pensar um pouco mais, afinal, possui um aparelho não tão moderno, mas que funciona bem. O problema é que nem sempre as coisas acontecem assim. É muito comum, nesta situação, as pessoas fazerem a compra e depois se verem às voltas com dívidas difíceis de arcar.

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Mas por que é tão difícil controlar o impulso de querer algo e ir correndo comprar, sem levar em conta a dor de cabeça que terá na hora de pagar? Quem explica e traz uma série de dicas para não cair nessa armadi-lha é a psicóloga Tatiana Filomensky, presidente da Associação Viver Bem e coordenadora do atendimento a compradores compulsivos do Programa de Ambulatorial dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP.

De fato, adquirimos bens e serviços para ter contentamento, distração, bem-estar, satisfação, realizar um desejo e, às vezes, suprir uma necessidade. E, no mundo em que vivemos, a busca da felicidade tem sido vinculada à condição econômica e ao consumo. A fórmula é mais ou menos assim:

Na roda do consumo, o prazer gerado pela aquisição de um bem ou serviço é passageiro. Sempre haverá um novo produto, um novo modelo, um restaurante mais atrativo. Nesse emaranhado, acabam sendo colocadas em um único saco, com a mesma importância, coisas que necessitamos e coisas que desejamos.

A pergunta que vale ouro: preciso ou quero?

Aqui, propomos que você realize um pequeno exercício. Faça uma pausa de alguns minutos para refletir:

Ascensãosocial

Realizaçãopessoal

Capacidade decomprar

Felicidade

No dia a dia, somos expostos a uma quantidade gigantesca de informações - na novela, na internet, no celular , que geram o desejo de ter aquele brinquedo, aquela TV, aquela viagem de férias. Somos bombardeados por estímulos que nos instigam a consumir mais e mais. Mas o que buscamos realmente, quando vamos comprar, é o sentimento de felicidade , resume Tatiana.

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Pense nos momentos mais felizes da sua vida. O que te fez sentir aquela felicidade e realização pessoal?

Aqueles momentos estavam relacionados unicamente a dinheiro, a objetos que você queria possuir?

Na última compra, quanto tempo durou a alegria após ter comprado algo que você queria tanto?

Há outros meios de alcançar realização pessoal e felicidade?

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A dica é separar o joio do trigo, montando duas listas distintas: Uma com o que você precisa

(alimento, roupa, transporte, por exemplo) e vai concen-trar seu esforço para suprir.

Outra com o que você quer (um carro, um telefone novo etc.), e irá se planejar para realizar.

Definir prioridades é um caminho para evitar o consumo excessivo e desnecessário. Ele leva ao endividamento, prejudicando a saúde, o relacionamento familiar e outros aspectos da vida, e impede que os sonhos se tornem realidade. Isso aconteceu com a dona Cleusa de Jesus. Conheça a sua história.

Há uma série de fatores que estimulam as pessoas a comprarem mesmo quando não têm condições de pagar. Veja cinco dicas para reconhecer (e fugir) de situações que tiram suas finanças do controle.

Truques do cérebro para “enganar” as contas

Parcelamento: “engana” o cérebro, criando a ilusão de que custa pouco. Considere o valor total, incluindo os juros. E, antes de decidir, some todos os parcelamentos contratados para saber o quanto eles comprometem sua renda mensal.

Compre agora e pague depois: truque para distanciar a compra do pagamento, ou seja, antecipar a alegria de possuir um item e retardar o sofrimento de pagar por ele.

Promoções: confira se o preço está mesmo mais baixo e só leve o que precisar.

Mania de colecionar: desde crianças, somos estimulados a colecionar bonecas, carrinhos e outros. Avalie se você precisa mesmo daquele colar, relógio ou sapato ou é só mais um item para sua coleção.

Crédito fácil: se você está endividado e não encontra restrições para contratar, desconfie. Possivelmente, irá pagar juros maiores. Pense duas vezes antes de contratar o empréstimo consignado, que é descontado do salário.

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Como você notou, há uma série de fatores que induzem à compra por impulso, uma das principais causas do endividamento. Você estará comprando por impulso se:

O que você pode fazer para evitar:

Dicas para evitar a compra por impulso

Muitas vezes, as pessoas vão às compras em busca de uma recompensa. Mas pense: você merece mais uma dívida? Merece perder o sono, ficar deprimido ou sujar seu nome por causa dela? Fazer as perguntas certas é um passo para a mudança de comportamento.

Não há uma fórmula pronta para sair do endividamento; cada pessoa precisa encontrar a sua maneira e definir suas prioridades. Mas há algumas medidas básicas que podem ajudar qualquer um a ter uma vida financeira mais tranquila e organizada. Veja, a seguir, as principais delas:

Eu mereço?

Levar uma quantidade exagerada, maior que a necessária ou programada.

Não pesquisar antes o preço e as condições de pagamento.

Não negociar.

Não tiver coragem de dizer “não” ao vendedor.

Decidir rápido, sem pensar nas consequências.

Não avaliar concretamente se poderá pagar.

Tenha consciência do que te faz cair nas “armadilhas de consumo” (hábitos e itens que mais gosta de comprar, por exemplo) e fuja delas

Antes de qualquer compra, pergunte-se: “Eu realmente preciso disso?”.

Reserve previamente um valor do orçamento para gastar com itens de desejo.

Prefira pagar em dinheiro, em vez de usar cheque ou cartão de crédito.

Guarde todos os cupons fiscais e, no final do dia, anote tudo o que gastou. É o melhor jeito de conhecer suas despesas variáveis.

Conheça seu padrão de vida e viva de acordo com ele.

Planeje sua ascensão econômica e social por meio do estudo, do trabalho e da criação novas fontes de renda.

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Anote seus gastos. Muitas pessoas têm receio de listar as despesas porque, ao fazer isso, a limitação financeira torna-se mais evidente e concreta. Mas anotar tudo é uma atitude extremamente benéfica. Não faça as contas de cabeça. Use uma caderneta ou uma planilha e liste as despesas fixas (aluguel, telefone, escola etc.), as variáveis (que cada pessoa da família costuma fazer) e todas as prestações.

Histórias de consumidores

Faça o orçamento doméstico. Ele ajuda a conhecer bem a situação e, assim, definir um plano para pôr a vida em ordem e buscar o equilíbrio financeiro. Confira o passo a passo na Cartilha do Orçamento do Serasa Consumidor.

Cultive bons hábitos. Saia de casa apenas com o dinheiro contado, evite ir ao shopping para “passear”, dê uma pausa no uso do cartão de crédito, pesquise preços, reduza ou elimine gastos supérfluos do dia a dia.

Planeje a saída do endividamento. Faça uma lista de todas as dívidas que possui, defina aquelas que você irá pagar primeiro e negocie com os credores uma forma de quitar. Para isso, o Serasa Consumidor coloca à sua disposição a ferramenta Limpa Nome Online.

Quando a negociação não for possível - no caso das dívidas estarem muito elevadas por causa dos juros, por exemplo - procure um ambiente neutro para fazer a conciliação.

Tenha sempre uma meta ou um plano de vida para realizar. Afinal, quando você sabe aonde quer chegar fica mais fácil passar pelos seis passos anteriores. Elisa de Carvalho já definiu a sua prioridade: limpar o nome. Conheça a história dela.

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Um basta às dívidas

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Cleusa de Jesus, 56 anos, sempre quis voltar a estudar. Com os filhos já crescidos, ela decidiu fazer faculdade de biblioteconomia. Fez quatro anos de curso, mas não conseguiu concluir. Uma série de dívidas que possuía tirava a tranquilidade que ela precisava para estudar. Também por conta do endividamento, chegou uma hora em que não conseguia mais pagar a mensalidade da faculdade e, por isso, teve que abandonar o tão sonhado curso.

Há cinco anos ela trava uma batalha cotidiana com o endividamento. “Já fiz acordo, paguei, mas depois me endividei de novo”, conta. Cleusa trabalha como auxiliar de laboratório na área de saúde, em São Paulo (SP), e afirma que já deixou escapar várias oportunidades de realização pessoal por falta de organização financeira.

Ela se inscreveu para participar do programa de Finanças Comportamentais e, ao final do primeiro encontro, estava cheia de esperanças. “Eu me identifiquei com várias situações. Muitas vezes, compro coisas por achar que eu mereço. Mas, pensando bem, comprar para quê? Saio daqui fortalecida para vencer isso”.

Elisa de Carvalho, 43 anos, passou por situações difíceis. Perdeu uma filha, vítima de câncer, e teve problemas de saúde. Há seis anos foi afastada do trabalho, após realizar uma cirurgia de coluna. Auxiliar de enfermagem, ela tinha dois empregos e, com a licença médica, deixou de receber o benefício de um deles.

Além de ter sua renda reduzida à metade, Elisa é arrimo de família. Mora em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, com o marido, um dos filhos, de 16 anos, e cuida da neta, de 5 anos. Com as confusões da vida, ela acabou contraindo dívidas que não tem conseguido quitar.

Ao buscar apoio no programa de Finanças Comportamentais do Serasa, Elisa traçou, para si, duas metas: limpar seu nome e nunca mais ficar endividada. No primeiro encontro do programa, ela identificou alguns objetivos nos quais pretende se concentrar: calcular tudo o que deve, definir o que pagar primeiro e preparar-se para negociar com os credores. “Meu sonho é acertar minha vida financeira para sobrar algum dinheiro. Quero reformar minha casa”.

Nome limpo e reforma da casa