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 ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS  ______________________ ______________________ Economia Aplicada  Prof. Dom ingo Zurró n Ócio Janeiro, 2011 Este material é de uso exclusivo e interno da FGV-EAESP. EA0068LI- C  

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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULODA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

 ___________________________________________________________________________________ 

Economia Aplicada

 Prof. Domingo Zurrón Ócio

Janeiro, 2011

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I - COTABILIDADE ACIOAL

A Contabilidade acional é um sistema de estatísticas econômicas cujo objetivo é medir a atividade econômica de um país em determinado período, normalmente um ano. Ométodo contábil utilizado pode ser o Sistema de Contas Nacionais ou a Matriz de Insumo-Produto. O objetivo é medir o valor total de todos os bens e serviços produzidos no país no período. Como se trata do fluxo da produção dos bens e serviços finais, a Contabilidade Nacional não leva em consideração os estoques e os agregados monetários. A moeda éapenas a unidade-padrão de medida que permite a agregação do valor dos diferentes bense serviços.

O desenvolvimento das técnicas de medida da atividade econômica e as informaçõesdisponibilizadas pela CN são fundamentais para a tomada de decisão das empresas e para

o planejamento do setor público. A metodologia deste sistema supõe a adoção de algumasconvenções úteis como, por exemplo: a classificação dos agentes econômicos, a definiçãodos bens econômicos, dos fatores de produção, etc.

1 – AGETES E BES ECOÔMICOS.

Os Agentes Econômicos são os sujeitos da atividade econômica que produzem econsomem os bens econômicos e, por convenção, são classificados em quatro categorias:Famílias, Empresas, Governo e o Resto do Mundo.

As Familias são as unidades que detém a propriedade dos fatores de produção, capital (K)e trabalho (L), cujos serviços fornecem às empresas recebendo em troca a remuneração pelo uso dos fatores. As Empresas são as unidades produtoras de bens e serviços. Por hipótese, só as empresas, onde se inclui a administração indireta, realizam a produção. OGoverno inclui apenas as instâncias típicas de governo da administração direta, federal,estadual e municipal, que prestam serviços gratuitos, sem valor de mercado. Finalmente, oResto do Mundo inclui os agentes econômicos não residentes no país que realizamtransações econômicas com os residentes: famílias, empresas e governo.

Os bens e serviços são classificados em Bens Finais e Bens Intermediários dependendode sua utilização. Serão considerados intermediários aqueles bens que no decorrer do

 período ainda sofrerão transformações no processo de produção, dando origem a outros bens. Fazem parte do consumo intermediário as matérias primas, os componentes e demaisinsumos da produção. Os bens finais são aqueles que não sofrerão nenhuma transformaçãono período e já estão disponíveis para sua utilização final, seja para o consumo (bens deconsumo) ou para investimento (bens de capital). Obviamente, o cálculo da produção total,o Produto Agregado, leva em conta apenas os bens e serviços finais produzidos no período.

Por sua vez, os bens finais podem ser classificados em Bens de Consumo e Bens deCapital. Os primeiros são adquiridos pelas famílias e governo, e supostamente se exauremno ato da aquisição, inclusive quando se trata dos bens de consumo durável. Os segundos

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são os que se destinam à produção de outros bens, exaurindo-se ao longo dos vários períodos que compõem sua vida útil, por exemplo, máquinas e equipamentos, instalações,etc. Os bens de capital são comprados pelas empresas e setor público com a finalidade de

aumentar a capacidade produtiva de bens e serviços. O setor externo adquire tanto bens deconsumo como de capital.

A atividade econômica do país pode ser mensurada desde três pontos de vistaindependentes e complementares, ou seja, pela ótica do Produto, da Renda ou da DespesaAgregados.

2 - O PRODUTO.

O Produto Agregado da economia é a somatória do valor, em unidades monetárias, de

todos os bens e serviços  finais produzidos no país no período, normalmente um ano. Produto Agregado = ∑ Pi Qi, onde “i” representa cada um dos bens e serviços finais.

Dada a dificuldade para identificar quando um determinado bem é final ou intermediário,o cálculo do Produto é feito pela agregação de valor no transcurso do processo de produção nas empresas, ou seja, pela soma do Valor Adicionado. O conceito de Valor Bruto da Produção servirá como ponto de partida para a compreensão da metodologia decálculo.

Valor Bruto da Produção (VBP): é o valor de toda a produção de bens e serviçosrealizada pelas empresas no período. Corresponde ao custo total (CT) de todos os bens e

serviços produzidos mais o lucro total gerado pelas empresas no período. Ou seja:

VBP = CT + L = Ci + D + W + J + A + L

O Custo Total (CT) inclui: o consumo intermediário (Ci), que são as compras de bens eserviços intermediários feitas entre as empresas; a Depreciação (D), que corresponde à parcela do valor do estoque de bens de capital consumida no processo de produção eincorporada ao valor do produto final; as despesas com mão-de-obra (W); o pagamento dealuguéis (A) e dos juros (J) que representam custos de produção para as empresas, por exemplo, os juros dos empréstimos para capital de giro.

Com tudo, este agregado não reflete a produção efetiva do período porque contem duplacontagem correspondente à inclusão dos bens intermediários. Portanto, subtraindo do VBPo Consumo Intermediário (Ci) se obtém o Valor Adicionado Bruto (VAB).

VAB = VBP - Ci = D + W + J + A + L.

O Valor Adicionado Bruto, gerado no período pelas empresas de cada setor da economia,corresponde ao valor da produção de todos os bens e serviços finais, ou Produto InternoBruto “a custo de fatores”. O VAB é obtido pela somatória da remuneração dos fatoresde produção utilizados no processo no período, incluída a Depreciação. Ou seja:

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VAB = PIB cf = D + W + J + A + L

A Depreciação é uma estimativa da parcela do valor dos bens de capital consumida no

 processo de produção a cada período e contabilizada como custo. Trata-se de um valor  produzido em períodos anteriores e que agora é incorporado no preço dos bens produzidos, mas que não faz parte da produção do período. Como não supõe saída decaixa é fonte importante de recursos para o financiamento da reposição dos bens decapital.

O Valor Adicionado Líquido (VAL) é calculado subtraindo  do VAB a depreciação erepresenta a remuneração dos proprietários dos fatores de produção sob a forma de:salários; juros; alugueis e lucros. Esta remuneração dos fatores é denominada de RendaInterna Líquida (RIL). Ou seja:

VAL = PILcf = W + J + A + L = RIL

Da mesma forma, o Produto Agregado pode também ser contabilizado em termos líquidos,subtraindo do PIB a Depreciação. PILcf = PIBcf – D. De onde:

PILcf = W + J +A + L.

Este é o agregado básico da Contabilidade Nacional representando a riqueza líquida produzida no país no período.

3 - A REDA.

A produção de bens e serviços exige a utilização de fatores produtivos, capital e trabalho,e a Renda é a remuneração destes fatores. Ou seja, a Renda gerada no período é o fluxodas remunerações dos fatores de produção recebidos pelas famílias sob a forma desalários, lucros e dividendos, juros e aluguéis. Portanto, a Renda Interna gerada no país no período corresponde ao Valor Adicionado Líquido da economia no período. Os saláriosremuneram o trabalho, os juros o capital financeiro, os lucros o risco dos empresários e osalugueis o capital físico.

A renda que será apropriada no período pelos residentes no país não é necessariamente a

totalidade da renda que foi gerada internamente, pois existe um fluxo líquido de renda, naforma de juros e lucros, recebida do exterior e enviada para o exterior. Este fluxo seorigina do fato de existirem empresas estrangeiras produzindo no país, que remetem a seus proprietários no exterior uma parcela da renda gerada internamente, assim como deempresas nacionais atuando no exterior que também remeterão lucros e juros, no caso de bancos, a seus acionistas no Brasil. O resultado líquido é um fluxo de renda líquidarecebida ou enviada para o exterior, que da origem ao conceito de Renda Nacional.

Renda acional (R): é a renda líquida apropriada pelos proprietários de fatores de produção residentes no país. È a renda retida no país, e corresponde ao conceito deProduto Nacional Líquido a custo de fatores, PNLcf.

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R = PL cf = PILcf + / - Re (Renda Líquida recebida ou enviada para o exterior) .

4 - A DESPESA.

A Despesa, ou demanda final, é o montante dos gastos realizados no período pelos agenteseconômicos na aquisição de bens e serviços disponíveis para utilização final. Esteagregado mede a atividade econômica pela ótica do dispêndio final. De acordo com odestino, os bens e serviços finais serão adquiridos por: a) as famílias, quando compram bens de consumo (C); b) as empresas, quando compram bens de capital para ampliação docapital físico, e o que denominamos de investimento (I); c) o governo, quando realizadespesas de consumo ou investimento (G), e, finalmente, d) o setor externo, através dasexportações (X). Resumindo:

AGETE AQUISIÇÃO de bens finais DEMADA

Famílias Bens de Consumo Consumo...........(C)Empresas Bens de Capital Investimento .....(I)Governo Bens de Consumo e de Capital Gasto Público....(G)Resto do Mundo Bens de Consumo e de Capital Exportações.......(X)

Despesa Agregada:  DA = C + I + G + X 

5 – FLUXO CIRCULAR DE REDA: A identidade Produto, Renda, Despesa.

A operação de uma economia extremamente simplificada, sem governo e resto do mundo, pode ser representada pelo esquema a seguir.

FLUXO REAL

SERVIÇOS DOSFLUXO MOETARIO

As unidades produtivas (empresas) ao adquirir os serviços dos fatores das unidadesfamiliares e utilizá-los na produção de bens e serviços dão origem a dois fluxosequivalentes: o “fluxo real”  de quantidades físicas de bens e serviços, constituindo oPRODUTO AGREGADO, composto neste caso, por apenas bens de consumo, e o “fluxo

FATORES DE PRODU ÃO 

REMUNERA ÃO DOS FATORES Renda  

EMPRESAS(Produção) FAMÍLIAS(Consumo) 

BENS DE CONSUMO Oferta  

DESPESAS DE CONSUMO Demanda  

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monetário”  de pagamentos feitos aos fatores de produção, sob a forma de salários, lucros, juros e aluguéis, que é a RENDA AGREGADA, que quando utilizada na compra do produto, gera a DESPESA AGREGADA.

Com base nos fluxos acima que, para simplificar, supõem que a renda foi totalmente gastana aquisição de bens de consumo, pode-se estabelecer a identidade básica do equilíbriomacroeconômico: PRODUTO = REDA = DESPESA, o que permite mensurar aatividade econômica a partir de qualquer um destes três agregados.

6 – O SETOR PÚBLICO 

O Setor Público inclui as instâncias da administração direta (união, estados, municípios eautarquis) com funções típicas de governo, que produzem os “bens públicos” ofertados de

forma gratuita, e cujos custos são cobertos por dotação orçamentária. O governo interferena economia de várias formas. Afeta a Demanda Agregada do período mediante aaquisição de bens e serviços finais, tanto para consumo como para ampliação da infra-estrutura de serviços; modifica os preços finais dos bens, pela inclusão dos impostosindiretos, Ti, e dos subsídios, Sb, e a distribuição da renda através da cobrança de ImpostosDiretos, Td , e o pagamento de Transferências, Tr .

Os impostos indiretos são aqueles que incidem sobre os preços (IPI, ICMS, ISS, etc.), e ossubsídios são pagamentos do governo às empresas com o objetivo de reduzir os preços dealguns bens ou serviços específicos, por exemplo, transporte coletivo, alimentação básica,etc. Sua inclusão na Contabilidade Nacional da origem à classificação do Produto

Agregado segundo o conceito “a preços de mercado  (pm)”, no lugar do “a  custo de fatores (cf)”. Portanto, adicionando ao PIBcf o total dos impostos indiretos e subtraindo ossubsídios se obtém o valor do Produto Agregado a preços de mercado. Ou seja:

PIBcf + (Ti – Sb) = PIBpm

O governo interfere na distribuição de renda através dos Impostos Diretos, aqueles queincidem sobre a renda e patrimônio de pessoas físicas e jurídicas (IRPF, IRPJ, IPTU, etc.),e das Transferências, sob a forma de pagamentos às famílias nos programas de previdênciae assistência, por exemplo, aposentadorias e pensões, bolsa-família, seguro desemprego,auxílios sociais, etc. O pagamento dos juros da dívida pública também é uma

transferência. Na sigla Tg , estão incluídas outras receitas do governo, tais como: alugueis pagos ao governo; participações do Tesouro Nacional nos lucros de empresas; ascontribuições para a previdência, etc.

Com base nestes conceitos é possível definir a Renda Pessoal (Rp) como a parcela daRenda Nacional recebida pelos proprietários dos fatores de produção mais asTransferências, deduzida a parcela das outras receitas do governo e o montante dos lucrosretidos pelas empresas, Lr . Portanto:

Rp = R + Tr - (Tg + Lr)

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Finalmente, a Renda Pessoal Disponível (Rpd) corresponde à Renda Pessoal após adedução dos impostos diretos, Rpd = Rp – Td, e representa o montante a disposição dasfamílias para os gastos de consumo, Cf , ou para poupança, Sf .

7 – O RESTO DO MUDO

Definimos o Resto do Mundo como sendo o conjunto dos agentes “não residentes” no paísque realizam transações econômicas com os residentes. Classificamos estas transações emduas categorias, uma englobando bens e serviços, e outra a remuneração de fatores de produção. A primeira corresponde às “exportações líquidas não fatores”, ou seja, ao saldode exportações e importações de mercadorias (X-M), incluindo as receitas e despesas comos fretes e seguros correspondentes, denominados de serviços de não-fatores. É o saldo daBalança Comercial no conceito CIF (custo, seguro e frete). A segunda categoria é o saldo

da Renda Líquida (Re) recebida ou enviada para o exterior, pois uma parcela da RendaInterna, gerada no país, pertence a pessoas residentes no exterior, por exemplo: o lucro dasempresas estrangeiras; os aluguéis dos imóveis de propriedade de não-residentes; os jurosdos empréstimos externos; os royalties pelo uso de patentes de empresas estrangeiras, etc.Da mesma forma há também receitas de lucros, juros e aluguéis gerados no exterior por empresas nacionais, que serão enviados para seus proprietários no país. Assim, a RendaLíquida (Re) enviada ao exterior, ou recebida do exterior, deverá ser deduzida, ouadicionada, ao Produto Interno Líquido para obtenção do Produto Nacional Liquido. PNL= PIL +/- Re. Podemos dizer que o PIL é o valor gerado no país, enquanto o PNLcorresponde ao valor retido no país. A Renda Líquida enviada ou recebida do exterior échamada também de serviço de fatores. Anteriormente já tínhamos visto como a adição da

renda líquida enviada ou recebida do exterior à Renda Interna Líquida resultava noconceito de Renda Nacional.

Ao incluir o setor externo na CN, as importações, M, fazem parte da Oferta Agregada, e asexportações, X, da Demanda Agregada, e o equilíbrio macroeconômico, entre AO e DA,será expresso por: Y + M = C + I + G + X. A expressão , Y = C + I + G + X – M édenominada de  Identidade da Renda, onde Y é a Renda Interna, ou Oferta Interna, e otermo C + I + G + X – M, é a Demanda Agregada (DA) de uma economia aberta. Estaidentidade contábil se transformará numa equação macroeconômica fundamental aoconsiderar a relação de causalidade entre a variável dependente, Y, e as independentes quedeterminam o total da DA.

8 – POUPAÇA e IVESTIMETO. (O equilíbrio macroeconômico numaeconomia simplificada) 

A poupança é a parcela da renda das famílias que não é utilizada na aquisição de bens deconsumo, constituindo-se num excedente de renda, Sf = Rpd – C. Já o Investimento é ogasto das empresas na aquisição de bens de capital no período.

 No caso de uma economia simples, sem governo e resto do mundo, se a totalidade da poupança familiar for canalizada para as empresas, através dos intermediários financeiros,

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e utilizada integralmente na compra dos bens de capital, toda a renda será absorvida naaquisição de todos os bens e serviços finais produzidos, tanto os de consumo como os decapital, e haverá equilíbrio macroeconômico. Resumindo:

Y = C + S; Renda Total = Consumo + PoupançaDA = C + I; Despesa Agregada = Consumo + Investimento

 Nesta economia simplificada, S = I é a condição do equilíbrio macroeconômico, quandoOA = DA, significando que toda a renda foi gasta, ou de outra forma, que toda a produçãodo exercício foi absorvida ou comprada.

Quando I < S, os gastos de investimento são insuficientes para absorver a poupança, e oexcesso de poupança, em relação ao gasto corrente, significa que parte da produção nãofoi vendida. Neste caso dizemos que a DA é insuficiente para absorver a AO. Se I > S,

ocorrerá o contrário, um excesso de investimento em relação à poupança, com a DA >OA. Em ambos os casos a economia estará em desequilíbrio.

Para o fechamento contábil das Contas Nacionais a CN considera a acumulação deestoques, VE > 0, um “investimento não planejado”, como se a empresa comprasse seus próprios estoques.

9 - IDETIDADES BÁSICAS DA COTABILIDADE ACIOAL

Já estudamos a condição de equilíbrio macroeconômico numa economia muito

simplificada, com apenas famílias e empresas. Consideremos agora a economia comfamílias, empresas e governo, mas ainda sem setor externo. Neste caso as famíliasutilizarão a renda para comprar bens de consumo e para pagar impostos, e o excedenteserá necessariamente poupado, de onde: Y = C + T + S. Ao mesmo tempo, o setor públicoabsorverá uma parcela da produção ao realizar o Gasto Público (G) adquirindo bens eserviços finais. O equilíbrio entre AO e DA será dada por: C + S + T = C + I + G. Deonde: S + T = I + G é a condição de equilíbrio macroeconômico desta economia. Assim,quando ocorre déficit público, (G – T) > 0, ou G > T, deverá existir superávit, S - I > 0, ouS > I, no setor privado, de modo a prover o financiamento adequado.

A economia está em equilíbrio quando toda a renda é gasta, ou seja, quando AO = DA. De

onde: C + I + G + X – M = C + T + X. Portanto, I + G + X = S + T + M representa a condição de equilíbrio da economia completa.

 Nesta condição: I = S + (T – G) + (M – X). O investimento total iguala a poupança total,que corresponde à soma das poupanças interna (privada e do governo) mais a poupançaexterna, que corresponde ao Déficit do Balanço de Pagamentos em Conta Corrente.

 Na forma (X – M) = (S – I) + (T – G), a identidade mostra a relação entre um déficitexterno, X < M, e o déficit interno correspondente, seja no setor privado, S < I, ou no setor  público, T < G, ou em ambos. Se (I + G) > (S + T), o excesso de gastos internos além de

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seu financiamento, será equivalente ao déficit externo. O contrário se aplica no caso desuperávit.

A identidade: PRODUTO = REDA = DESPESA. (PIB = RIB = DIB)

ALTERATIVAS PARA O CÁLCULO DA REDA / PRODUTO

ÓTICA DA REDA  ÓTICA DO PRODUTO  ÓTICA DO DISPÊDIO 

W + L + J + A VALC + I + G + (X – M)

+ D+ (Ti − Sb)

+ D+ (Ti − Sb)

RIB(RENDA INTERNA

BRUTA)

PIB pm(PRODUTO INTERNO

BRUTO)

DIB(DESPESA INTERNA

BRUTA)

Resumo das identidades contábeis básicas:

Identidade da Renda:.......................................... Y = Cf + Cg + I + VE + (X - M)Investimento Líquido:..........................................IB + VE - D = Sf + Sg + SeTransações Correntes com o Resto do Mundo:.. X + Se = M + ReConta Corrente do Governo:...............................Cg + Sb + Tr + Jrdp + Sg = Ti + Td + Tg

10 – Bibliografia.

SANDOVAL de Vasconcellos, M.A. Economia. Micro e Macro. Ed. Atlas, S.P, 2000.MONTORO FILHO, André. F. Contabilidade Social. Uma Introdução à Macroeconomia.Ed. Atlas. S. P, 1992PAULANI, Leda M. e M. Braga. A ova Contabilidade Social, Ed. Saraiva, S. P, 2000

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11 - Exercícios.

1. Calcule o VAB e VAL de uma empresa com os dados a seguir:

Vendas Totais ............................. 100Compra de matérias primas ......... 30Compra de serviços de terceiros ....10Depreciação .................................. 10Pagamento de salários .................. 30

“ de juros.......................5“ de aluguéis ................5

[Resposta: VAB = 60, VAL = 50]

2. Dados em bilhões de reais:

Salários pagos às famílias (W) 300Juros, alugueis e lucros brutos (J + A +L) 450Depreciação de ativos fixos (D) 25Impostos indiretos (Ti) 100Impostos diretos (Td) 88Subsídios do governo a empresas privadas (Sb) 10Outras receitas correntes do governo (Tg) 20Renda enviada ao exterior (- Re) 7Renda recebida do exterior (+ Re) 2

Pagamentos de aposentadoria (Tr) 40

e sabendo-se que os valores dos salários, juros, alugueis e lucros são brutos, no sentido deque ainda não foram descontados os impostos diretos, a depreciação e a renda enviada aoexterior, e não incluída a renda recebida do exterior, pede-se:

a)  A Renda Interna Bruta a custo de fatores (RIBcf). b)  A Renda Interna Líquida a custo de fatores (RILcf).c)  A Renda Nacional Líquida a custo de fatores (RNLcf).d)  O Produto Nacional Bruto a preços de mercado (PNBpm).e)  O Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm).

f)  O índice de carga Tributária Bruta.g)  O índice de carga tributária Líquida.

( fonte: Vsconcellos, M. A. Economia:micro e macro.  Ed. Atlas, São Paulo, 2001)

[Respostas: a) 750; b) 725; c) 720; d) 835; e) 840; f) 22,38%; g) 16,43%.]

3 - Para uma economia fechada e com governo, são dados, em unidades monetárias, osvalores das seguintes transações econômicas.

Valor Bruto da Produção ..........................................2000Transações Intermediárias da Produção......................800

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Investimento Bruto.................................................... 190Variação de Estoques (positiva)................................. 10Consumo do Governo................................................. 180

Impostos Indiretos.......................................................120Subsídios........................................................................10Remuneração do Trabalho......................................... .500Outras Remunerações de Fatores de Produção...........470

Com base nessas informações calcular: a) O Produto Interno Bruto(pm), b) o consumo dasfamílias, c) a depreciação do capital, d) o Produto Interno Líquido(cf) e, e) o investimentolíquido.(Fonte: ROSSETI/FIORAVATE. Livro de exercícios. Ed. Atlas)

[respostas: a)1200; b)820; c)120; d)970; e)70]

4 - Dados, em bilhões de reais:

salários pagos ás famílias. W...................................300 juros, aluguéis e lucros líquidos pagos. (J+A+L)....425depreciação de ativos fixos. D...................................25impostos indiretos. Ti...............................................100impostos diretos. Td...................................................88subsídios do governo. Sb...........................................10outras receitas do governo. Tg...................................20renda enviada ao exterior.............................................7renda recebida do exterior............................................2

 pagamentos de aposentadoria. Tr...............................40

Calcular:a)  a renda interna bruta a custo de fatores b)  a renda interna líquida a custo de fatoresc)  a renda nacionald)  o PIBpme)  o PNBpmf)  a renda pessoal disponível(Fonte: M.S. VASCOCELLOS. Economia, micro e macro. Ed. Atlas.SP)

[rrespostas: a)750; b)725; c)720; d)840; e)835; f)652]

5 - Para uma economia fechada e com governo, são dados, em unidades monetárias, osvalores das seguintes transações econômicas.

Valor Bruto da Produção ..........................................2000Transações Intermediárias da Produção.............. . ...800Investimento Bruto............................................ ..... 190

Variação de Estoques (positiva)................................. 10Consumo do Governo................................................. 180Impostos Indiretos.......................................................120Subsídios........................................................................10

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Remuneração do Trabalho......................................... .500Outras Remunerações de Fatores de Produção..... .. ..470

Com base nessas informações calcular: a) O Produto Interno Bruto(pm), b) o consumo dasfamílias, c) a depreciação do capital, d) o Produto Interno Líquido(cf) e, e) o investimentolíquido.

(Fonte: ROSSETI/FIORAVATE. Livro de exercícios. Ed. Atlas).

[respostas: a)1200; b)820; c)120; d)970; e)70]

6 - Conhecem-se os seguintes dados das Contas nacionais:

Produto Interno Líquido a preços de mercado : 5.000Impostos Indiretos:................................................750

Subsídios:............................................................. 200Depreciação do capital fixo: ................................ 350Renda Líquida enviada para o exterior: ..................60

Calcule o Produto Nacional Bruto a custo de fatores.(Fonte: Introdução à Economia. VICECOTI, Ed. Frase).

[resposta:PBcf = 4740] 

7 - Para um país, são conhecidos os seguintes dados , em bilhões de reais.:

Produto Nacional Bruto a custo de fatores.......................200

Impostos indiretos...............................................................10Subsídios...............................................................................5Renda Líquida enviada ao exterior.......................................3

Determinar o valor do Produto Interno Bruto a preços de mercado.(Fonte: Benevides Pinho, Diva (org.) Manual de Economia. Saraiva.SP.2003)

8 - Numa determinada Economia, o Produto Interno Bruto a preços de mercado é de 390unidades monetárias. Sabendo-se que:

Renda líquida enviada ao exterior..........50

Impostos Indiretos..................................80Subsídios................................................20Depreciação............................................80

Calcule o Produto Nacional Líquido a custo de fatores.( Resposta: PLcf = 200)

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12 - Índices de preços. 

O valor nominal ou monetário de um determinado bem, serviço ou parcela de renda, é o

denominado ao preço de mercado, ou preço corrente, de cada instante, enquanto que ovalor real leva em conta os preços de uma determinada data que serve de base. Não fariasentido comparar, a preços correntes, o PIB do ano com o de dez anos atrás. Obviamente,só podem ser comparados valores que estejam denominados na mesma base temporal.Para comparar valores de períodos distintos há que retirar o efeito produzido pela variaçãodos preços no período considerado, ou seja, temos que deflacionar o valor mais recente e,desta forma, considerar o valor real do PIB, por exemplo, nas duas datas.

A transformação de valores nominais em valores reais é feita mediante a eliminação davariação de preços do período, a inflação, utilizando um índice de preços como deflator .Portanto, os índices de preços, ou números índice, medem a variação dos preços no tempo

de um conjunto heterogêneo de bens, permitindo a conversão de quaisquer valoresnominais para uma base de preços comum.

Para construir um índice de preços é necessário escolher a amostra representativa do tipode preço cuja variação se deseja medir, é a denominada cesta de produtos. A seguir é feitaa ponderação de cada item da amostra, de acordo com sua importância relativa. Depoisvem o levantamento periódico dos preços dos itens da cesta nas datas e lugaresdeterminados. Finalmente, o cálculo estatístico da média ponderada da variação dos preçosdos itens pesquisados. Um método bastante usado é o de Laspeyres. Ip = Σ  (Pi Qo) / Σ  (Po Qo),

sendo: i = 1, 2, 3...n, os itens da amostra;  Pi, os preços do período determinado; Po e Qo,os preços e quantidades da data base.

Índices de Preços mais utilizados: 

IGP-DI - FGV: Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (FGV), calculado desde1947. É composto pela média ponderada do IPA(60%), IPC-BR(30%) e INCC (10%).IGP-M - FGV: Índice Geral de Preços de Mercado calculado pela FGV desde 1989. Usa amesma metodologia do IGP-DI abrangendo o período entre os dias 21 do mês presente e20 do seguinte. Está orientado para a comunidade financeira.IPA-FGV: Índice de Preços por Atacado (FGV). Mede a variação de preços no atacado.

IPC-FIPE: Índice de Preços ao Consumidor quadrissemanal do Município de São Paulo,da FIPE-USP. Início em 1939. Inclui famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos.INPC-IBGE: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Restrito (IBGE). Média de 11regiões metropolitanas. Inclui famílias com rendimentos de 1 a 6 salários mínimos.IPCA- IBGE: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Calculado desde 1980, ésemelhante ao INPC, porém, tem ponderação diferente e inclui famílias entre 1 e 40salários mínimos.IPC- BR- IBGE : Índice de Preços ao Consumidor para classes de renda entre 1 e 33salários mínimos.

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II – MODELO KEYESIAO SIMPLES DE DETERMIAÇÃO DA REDA.

A obra de John Maynard Keynes,  A Teoria Geral do Emprego do Juro e do Dinheiro,

 publicada em 1936, pode ser considerada a marco inicial da macroeconomia moderna. Acrise dos anos trinta (1929-31) mostrou a inadequação da economia clássica para entender as causas do desemprego e propor soluções. Em síntese, a nova macroeconomiakeynesiana considerava que a demanda determinava a produção e o emprego, e defendia aintervenção do Estado através da política econômica.

1.- Elementos básicos do modelo keynesiano.

 A Teoria Geral é um livro de economia aplicada que explica as causas da grande crise eindica soluções. Para estimular a demanda agregada, Keynes propõe a ação direta dogoverno aumentando o gasto público, mesmo que isso implique em déficit no curto prazo,

até que a recuperação da confiança dos empresários seja capaz de sustentar o níveladequado do gasto privado. Propõe que a ação do Estado deva ser anticíclica, atuandosobre a demanda através da política fiscal e monetária, com o objetivo de manter o nívelde atividade o mais próximo possível do pleno emprego (Y pe), ou produto potencial (Yk ).

Em relação à moeda, considera sua oferta endógena, pois deve moldar-se ás necessidadesda produção, condicionadas pelo comportamento do setor real da economia. Ou seja, aquantidade de moeda, ou a “liquidez”, deverá ser a necessária a necessária para viabilizar a produção, portanto, a moeda influencia as variáveis reais, a produção e o emprego.

P DA’ Yk 

DA

P0 OA

Y0 Y pe Y

 N0

Desemprego Keynesiano N pe N = n(Y)

O gráfico acima sumariza, de forma simplificada, aspectos essenciais da macroeconomiade Keynes. Trata-se de um modelo de curto prazo, que supõe a existência de capacidade

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ociosa e preços fixos, e onde o emprego depende diretamente da renda, Y, determinada pelo montante da demanda agregada que, por sua vez, inclui as despesas de consumo, oinvestimento privado e o gasto público. A grande novidade do modelo está em demonstrar 

que a política econômica é eficiente, porque ao aumentar a demanda agregada, aumenta arenda e o nível de emprego, até a possível obtenção do pleno emprego, Y pe.

2.- A Demanda Agregada.

Para explicar as causas da Grande Depressão de 1929, Keynes rompe com a economiaclássica, e um dos aspectos revolucionários de sua teoria é a importância fundamental daDemanda. Keynes explica o comportamento da economia no curto prazo a partir dodesempenho dos diversos componentes da demanda agregada, resultante dos gastos do:consumo familiar; investimento privado; gasto público e o gasto líquido do setor externo.

Como o investimento é o componente mais instável, é o principal responsável pelasvariações da produção e do emprego. O equilíbrio macroeconômico será atingido quando ademanda agregada é a suficiente para absorver toda a produção e Y ≡ C + I + G + (X – M)representa a Identidade da Renda para uma economia completa.

3.- Consumo e Poupança.

O gasto em consumo das unidades familiares, o maior componente da demanda agregadae, supostamente, o mais estável, é proporcional á renda disponível, varia no mesmosentido da renda, mas numa proporção menor. Keynes denominou este comportamento de

lei psicológica fundamental e, como veremos, explica o comportamento do multiplicador dos gastos autônomos da demanda, tendo papel crucial no entendimento da dinâmica dosistema econômico.

Testes empíricos, como os realizados por Simon Kuznets, provam que a função consumo pode ser representada por uma função linear: C = Co + c Yd . Sendo: C , o montante dasdespesas de consumo das famílias no período; Co, o consumo autônomo independente darenda, por exemplo, o realizado utilizando renda acumulada no passado; Yd  a rendadisponível. O coeficiente “c”, denominado de Propensão Marginal a Consumir ( PmgC),mede a variação do consumo para cada variação da renda,  PmgC = ∆C/ ∆Y , e como avariação do consumo, para mais ou para menos, ocorre no mesmo sentido à da renda, masnuma proporção menor, temos que: 0 < c < 1.

A PmgC é um parâmetro de comportamento bastante estável, vinculado a fatores como adistribuição pessoal da renda e às expectativas em relação ao futuro, e cuja função consisteem determinar a parcela da renda disponível que será alocada ao consumo, enquanto aexcedente será poupada. A poupança é residual, e a Propensão Marginal a Poupar ( PmgS), s = S/Y = 1 – PmgC  = 1- c. Dado que S = Yd – C, e substituindo o consumo por seuvalor, a poupança será:  S = - Co + (1 – c) Yd. 

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A poupança não limita o investimento, ao contrário, resulta da renda gerada peloinvestimento que a precede. Como o investimento cria sua própria poupança, o limite deexpansão da economia é dado pelo estoque dos fatores de produção e sua produtividade.

Quando a demanda excede a capacidade de produção de pleno emprego, ou produto potencial, haverá elevação de preços. É o chamado Hiato Inflacionário.

Representação gráfica das funções Consumo e Poupança.

Para simplificar, consideremos que a demanda agregada seja composta por apenas asdespesas de consumo. Neste caso extremo o equilíbrio ocorre quando Y = C. A renda de étotalmente gasta pelas famílias na compra de bens de consumo e a poupança é nula. Paravalores da renda superiores à de equilíbrio, Ye, a poupança é positiva, e para os inferioresnegativa.

(DA) C

C = Co + c Y

Co S = - Co + (1-c) Y45° 

Ye Yd (renda disponível)- Co

4.- Determinação da Renda de Equilíbrio.

A determinação da renda, segundo Keynes, se fundamenta nos princípios da demandaefetiva e do multiplicador. Numa economia simplificada, sem governo e resto do mundo,operando abaixo de pleno emprego, a renda dependera apenas dos gastos em consumo einvestimento. Como o consumo é uma fração da renda corrente, caberá ao investimento,através do efeito cumulativo do multiplicador, a responsabilidade pela sua variação. A

economia estará em equilíbrio quando a OA = DA, ou seja, quando Y = C + I.

Substituindo C na identidade da renda e admitindo que o gasto de investimento dasempresas é um valor fixo para qualquer nível de renda, temos: Y = Co + cY + I . de onde:

( ) I C c

Y  +−

= 01

1; sendo: 1/(1- c) = k, o multiplicador de gastos.

Da equação acima se deduz que a renda de equilíbrio depende do consumo autônomo, doinvestimento e do multiplicador, e quanto maior a  PmgC , maior será o multiplicador.

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Portanto, a variação do investimento provoca uma variação da renda de equilíbrio k vezesmaior.  I k Y  ∆=∆  

Representação gráfica: 

C + I(DA) C, I C = Co + c Y

I

∆Y

C+I Co  S = - Co + (1-c) Y 

45° S

Ye Ye´ Y (AO)- Co 

Exercício:

Seja a função consumo: C = 20 + 0,8 Y, e o Investimento no período, I = 100 unidadesmonetárias.

Substituindo os valores de C e de I na equação acima temos: Ye = 600; C = 500; k = 5 eS = 100; Como S = I = 100, e DA = AO = 600, conclui-se que a renda é a de equilíbrio.Para valores da renda acima de 600, a DA > AO, ou S > I. Para valores inferiores ocorreráo contrário.

5.- O multiplicador.

O multiplicador pode ser definido matematicamente como o coeficiente que resulta doacréscimo da renda decorrente do aumento dos componentes autônomos da demanda

agregada, neste caso o Investimento, tal que:

 I 

Y k 

∆= .

Porque ocorre assim? Temos que cada gasto adicional na compra de bens de capital, ouinvestimento, representa de imediato um acréscimo equivalente na demanda, ∆I, e na produção e renda, quando os bens de capital são produzidos. Este é o aspecto estático doinvestimento. Ao mesmo tempo, os agentes que receberem esta nova renda utilizarão partedela, de acordo com sua propensão marginal a consumir, para aumentar novamente ademanda por bens de consumo, o que, num segundo momento, aumenta a renda, formandoa seqüência: c(c∆I); c[c(c∆I)];..., provocando o efeito dinâmico de expansão induzida denova demanda, nova produção e renda, num processo decrescente até atingir um novonível de renda de equilíbrio mais elevado. A soma destes acréscimos secundários de renda:

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∆I; c∆I; c2∆I; c3∆I; ..., forma uma progressão geométrica de razão 1/(1-c), cujo valor é

 I 

c

Y  ∆

=∆

1

1, sendo

c

=

1

1, o multiplicador keynesiano.

Como vimos, uma variação autônoma e continua nos gastos de investimento provoca umaumento “k” vezes maior na renda, tal que:  I k Y  ∆=∆ . Quanto maior a  PmgC , maior omultiplicador e seu efeito sobre a renda, porque maior será a parcela da nova renda queserá destinada ao consumo no período subseqüente. O efeito secundário na demandadecorrente da expansão inicial da renda é mais intenso.

6.- A Função Investimento.

Chamamos de Investimento, I, ao montante dos gastos realizados pelas empresas a cada período na aquisição de bens de capital. O investimento é um conceito fluxo e representa aampliação do estoque de capital e, portanto, da capacidade produtiva da economia. I/Y é ataxa de investimento, equivalente à parcela da produção de bens de capital na produçãototal. Dada a relevância do investimento no comportamento da renda, é importanteentender as razões que levam os empresários a aumentar a capacidade produtiva.

6.1- A decisão de Investir.

Segundo Keynes, a decisão de investimento depende da comparação entre a taxa deretorno esperada do bem de capital, que denomina de Eficiência Marginal do Capital

(EMK), com a taxa de juros que financia sua aquisição. Assim, quanto maior a taxa deretorno e menor a taxa de juros, maior será a predisposição dos empresários para realizar novos investimentos. Ou seja, I = f (EMK +, i -).

Uma primeira alternativa sobre a decisão de investimento consiste em confrontar a taxainterna de retorno do capital (r) com a taxa de juros (i). Esta taxa é aquela que iguala ofluxo dos rendimentos líquidos esperados (Ln) de uma unidade adicional de capital comseu custo de aquisição ou investimento, excluídas as despesas financeiras e a depreciação,tal que: I = L1/(1+r) + L2/(1+r)2 + .... Ln/(1+r)n. Se r > i o investimento pode ser realizado.

Outro método, útil e muito usado, compara o valor presente do fluxo dos rendimentoslíquidos esperados durante a vida útil do novo bem de capital, excluída a depreciação,(R n), o que Keynes denomina de preço de demanda do bem de capital , com o seu custo deaquisição, ou  preço de oferta do bem de capital (I). De onde: VPL = R 1/(1+i) + R 2/(1+i)2 +...R n/(1+i)n. Se VPL > I, o investimento é rentável.

A decisão de investimento se fundamenta na estimativa de cada empresário sobre osrendimentos futuros do capital, que podem concretizar-se ou não. Como o futuro é“incerto”, porque seus eventos não são passíveis de cálculo probabilístico, Keynes concluique esta decisão ocorre necessariamente num ambiente de “incerteza”, o que responde pelo comportamento intrinsecamente instável do investimento. Assim, nas fases de

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otimismo empresarial o investimento se expande, ás vezes excessivamente, podendo atégerar “bolhas” especulativas, e quando o pessimismo domina o espírito dos homens denegócios ocorre o contrário, o investimento se retrai, podendo gerar recessões e crises

mais severas. Expansões e contrações da atividade econômica são uma experiênciahistórica recorrente de difícil compreensão e configuram o ciclo econômico.

7.- O Setor Público.

O setor público participa da atividade econômica ofertando gratuitamente os serviços públicos exclusivos de sua competência, como segurança nacional, ordenação jurídica,educação básica, assistência pública, etc., e adquirindo, com a dotação orçamentária, os bens e serviços, de consumo e de capital, necessários para o funcionamento daadministração pública e a ampliação do patrimônio do Estado.

O setor público executa a política fiscal ao arrecadar impostos, diretos e indiretos, e outrascontribuições, quando paga salários aos funcionários, transferências às famílias e subsídios para as empresas, e compra bens e serviços. Eventualmente tem superávit, o querepresenta uma poupança, e quando as despesas superam as receitas incorre em déficit,que deverá ser financiado pela emissão de títulos, aumentando a dívida pública.

7.1- Determinação da renda em uma economia fechada e com governo.

O gasto público, G, inclui as compras de bens e serviços da administração direta e aaquisição de bens de capital, ou investimento do governo, e que o montante de impostos é

fixo e independe da renda, tal que T = To. Para maior simplicidade, não levamos em contaas transferências, os impostos indiretos e os subsídios. Neste caso T Y Yd  −= . Adeterminação da renda de equilíbrio será dada por:

Y = Co + c( Y - To ) + I + G , de onde: ( ) Toc

cG I Co

cY 

−−++

−=

11

1.

Esta equação mostra claramente o efeito expansivo decorrente do gasto público, e o efeito

contrário provocado pela tributação. Como o multiplicador de gastos, c−11 , é maior do

que o de impostos, cc

−1 , pois 0 > c < 1, o gasto público financiado integralmente com

impostos resulta em aumento de renda. Da equação se deduz também que se a arrecadaçãotributária não se transforma integralmente em gasto público, haverá redução da renda, e se,ao contrário, o gasto público exceder a tributação, o efeito expansivo sobre a renda seráainda maior.

A renda será a de equilíbrio quando AO = DA, isto é, quando C + S + T = C + I + G, ouS + T = I + G. O primeiro termo representa o excesso de renda além do consumo e osegundo a sua utilização.

Exercício: 

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Seja: C = 20 + 0,8 Yd; I = 100; G = 80 e T = 80. Resolvendo a equação acima temos:Ye = 680 e C = 500. A Poupança, S = Yd – C = (Y – T) – C = 100. Portanto, a renda é ade equilíbrio porque satisfaz a condição: I + G = S + T; ou seja, 100 + 80 = 100 + 80.

7.2-Determinação da renda de equilíbrio com Imposto como proporção da renda.

Admitindo que o total de impostos diretos seja uma fração “t ” da renda, tal que: T = tY , arenda disponível será Yd = Y – T = Y – tY = (1 – t) Y , e o consumo será dado pela relação:C = Co + c(1-t) Y. 

Substituindo o consumo na identidade da renda de uma economia de três setores, comfamílias, empresas e governo, tal que Y = C + I + G, a renda de equilíbrio será dada por:

( )

( )G I C t c

Y  ++−−

= 011

1, sendo o multiplicador 

( )t c

k −−

=11

1.

Exercício:

Seja: C = 20 + 0,8 Yd; I = 100; G = 80 e t = 0,25. Neste caso a renda de equilíbrio será,Ye = 500; C = 320 e T = 125. A poupança: S = Yd – C = Y – T – C = 55. A condiçãode equilíbrio: I + G = S + T; substituindo: 100 + 80 = 55 + 125

Vemos que para o mesmo montante de Investimento e Gasto Público do exercício anterior a renda de equilíbrio é menor, de 680 para 500, devido ao aumento de impostos, de 80 para 125 unidades monetárias. Ou seja, como o governo arrecadou 125, reduzindo a renda

disponível, e gastou apenas 80, houve uma esterilização líquida de recursos e, portanto,redução da renda.

7.2- Teorema do Orçamento equilibrado.

Supondo que o total de impostos, To, seja fixo e independente da renda, e Yd = Y – To.Temos que: Y = Co + c(Y – To) + I + G, de onde:

( )G I cT C c

Y  ++−−

= 001

1; ou ( ) To

c

cG I Co

cY 

−−++

−=

11

1.

Esta equação mostra os impactos opostos do gasto público e dos impostos sobre a renda

através da operação dos respectivos multiplicadores. Como a soma do multiplicador dogasto público,

ck 

−=

1

1, e do multiplicador de impostos,

c

ck 

−−

=1

' , è igual a 1, o

acréscimo de gasto público financiado por igual montante de impostos, proporciona umaumento equivalente de renda, tal que: ∆G = ∆T = ∆Y . Ou seja, um aumento nos gastosdo governo financiado por aumento equivalente de impostos, eleva o nível de renda deequilíbrio no mesmo montante dos gastos e impostos. Este efeito é denominado deteorema do orçamento equilibrado.

A equação acima evidencia também os efeitos da política fiscal sobre a renda em outras possíveis circunstancias. Por exemplo, se a arrecadação tributária não se transforma em

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gasto público adicional, haverá redução da renda, e se o gasto público for financiado comemissão de dívida no lugar de impostos, o efeito expansivo será ainda maior.

Exemplo:

Seja a PmgC de 80% e os impostos um valor fixo. Neste caso, o multiplicador de gastosserá 5 e o de impostos 4. Um aumento igual de gastos e de impostos, de 10 unidadesmonetárias, proporcionará um aumento de renda no mesmo valor, pois:k ∆G – k’ ∆T = ∆Y ; 5 x 10 – 4 x 10 = 10; ∆Y = 10 

7.3 - Política fiscal e imposto direto como estabilizador automático.

A renda depende dos gastos privados em consumo e investimento e do gasto público,cujos efeitos são ampliados pelo multiplicador. Como o investimento privado é instável eas oscilações bruscas da renda indesejáveis, a teoria keynesiana utiliza a política fiscalcomo instrumento de estabilização anticíclica. Os governos podem por em pr políticasfiscais expansionistas, de aumento do gasto público e redução dos impostos, quando oobjetivo é aumentar o nível de atividade, ou o contrário, quando desejam frear a expansãoda economia.

Estabilizador automático da economia é qualquer instrumento capaz de reduzir aintensidade da variação da renda resultante de alterações na demanda agregada. Assim, osimpostos diretos, ao reduzir a renda disponível e diminuir o multiplicador de gastos, atuamcomo estabilizadores. Uma prática comum de política fiscal consiste em aumentar osimpostos toda vez que se deseja frear o crescimento da economia, e diminuí-los, quando aintenção é estimular o crescimento.

Com os dados do exemplo acima, uma redução do investimento autônomo de 100 para 50unidades monetárias, tudo o demais constante, reduziria a renda de equilíbrio de 500 para375 unidades monetárias, pois : 125)50(5,2' −=−=∆=∆ G K Y  .

Para evitar a redução da renda, o governo poderia compensar a queda do investimento privado aumentando o gasto público nas mesmas 50 unidades, numa típica ação de políticafiscal. A renda permanece no mesmo valor de 500, mas o superávit inicial do governo, queera de 45 unidades monetárias, se converte em déficit de 5. Outra alternativa poderia ser aredução da alíquota de impostos de 25% para 12,54%, o que elevaria o multiplicador de2,5 para 3,33.

Resumindo: manipulando gastos e impostos o governo pode influir na determinação darenda. A restrição prática da política fiscal está na inevitável rigidez institucional quelimita a ação do executivo. Por esta razão, no receituário keynesiano a preferência é pela política monetária, que é tida como mais rápida e eficiente.

8.- O Setor Externo.

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Ao incluir o gasto líquido do setor externo, (X - M), o modelo keynesiano está completo.As exportações, X, representam uma adição à demanda agregada e dependem da taxa decâmbio e do desempenho das economias do resto do mundo. As importações, M,dependem da taxa de câmbio e do nível de atividade interna da economia econômica. Por simplicidade, neste modelo consideramos as exportações um valor fixo, X = Xo, e asimportações uma fração da C = Co + c Y renda interna, M = mY, sendo, 0 < m < 1, a propensão marginal a importar. Nestas circunstancias, a renda está em equilíbrio quando: 

Y = C + I + G + (X - M); substituindo: Y = Co +c(1-t)Y +I + G + Xo – mY.

De onde: )()1(1

1 XoG I Co

mt cY  +++

+−−= ;

O multiplicador da economia aberta,mt c

k +−−

=)1(1

1´ , é inferior ao da economia

fechada, dado que o coeficiente m é positivo e as importações reduzem a renda.

Exemplo: 

Sejam as seguintes as relações que definem uma economia completa: C = 20 + 0,8 Yd; I = 100; G = 80;t = 0,25; Xo = 50 e M = 0,1 Y.

Substituindo os dados na equação acima temos que: Y = 500; k’= 2; M = 50; T = 125. A condição deequilíbrio, I + G + X = S + T + M é satisfeita, pois: 100 + 80 + 50 = 55 + 125 + 50.

9.- Bibliografia.

SANDOVAL de Vasconcellos, Marco A. Economia. Micro e Macro. Ed. Atlas, S.P. 2000.FROYEN, R. T. Macroeconomia. Ed. Saraiva, São Paulo, 1999.

10.- APÈDICE

I -O ORÇAMETO FISCAL DO GOVERO CETRAL

O orçamento do governo federal impacta significativamente a atividade econômica, pois:o gasto público faz parte da demanda agregada; a tributação altera a alocação da renda; oacúmulo de déficits gera dívida pública, cujo financiamento afeta os mercados de moeda ede ativos financeiros, etc. Este orçamento é composto pelas seguintes contas:

Receitas do Governo, T:

- Impostos (IR, IPI, II, IOF,...) e contribuições (COFINS, CSLL, CIDE,...)- Receitas da Previdência.- Receita de concessões, dividendos e outras receitas do governo.

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Despesas do Governo, G:

- Despesas correntes e de custeio: salários e encargos do funcionalismo público federal,compras de materiais e serviços, etc.- Benefícios da Previdência Social: aposentadorias e pensões.- Despesas da Assistência Social: bolsa família, salário desemprego, auxílio maternidade, bolsas de estudo, etc.- Despesas Vinculadas: transferências constitucionais a estados e municípios; FAT;sentenças judiciais; etc.- Despesas de capital: investimento na ampliação da infra-estrutura de bens públicos.

Conceitos de Déficit/ Superávit Público:

 Déficit Primário: G > T, quando as despesas correntes, de investimento, as vinculadas e da

assistência, mais os pagamentos dos benefícios da previdência, excedem a arrecadaçãotributária. Haverá superávit primário quando G < T. Este conceito não inclui as receitas edespesas financeiras.

 Déficit ominal : é o déficit primário acrescido das despesas com o pagamento dos jurosda dívida pública. Na ausência de receita deverá ser financiado mediante expansão dadívida pública mobiliária.

Resumindo: os Impostos Diretos (Td) são os que incidem sobre a renda ou patrimônio, por exemplo, o IRPF, IRPJ, contribuição sobre o lucro das empresas, propriedades rurais, etc.,Os Impostos Indiretos ( Ti) são os que incidem sobre os preços de venda, tais como: IPI,

Imposto sobre importações, etc. O setor público conta também com muitas outras receitas(Tg) como: a contribuição para o Sistema da Previdência, as provenientes das concessõesde serviços públicos, dividendos da União provenientes da participação do Tesouro Nacional no capital de empresas, receitas do Banco Central, além de taxas, multas, etc..

Uma parcela desta receita é devolvida sob a forma de Subsídios (Sb) e Transferências (Tr).Os subsídios são pagamentos do governo às empresas para redução dos preços de alguns produtos ou serviços essenciais, e as Transferências são os pagamentos do governo àsfamílias, tais como aposentadorias, pensões, programas sociais da assistência social, alémdos juros sobre a dívida pública detida por particulares, etc. As transferências, obviamente,aumentam a renda pessoal.

II - Dados das contas públicas:

Resultado Primário do Governo Central (% do PIB).

Ano: 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

1,78 2,46 2,14 2,27 2,40 1,25 2,80(fonte: Secretaria do Tesouro acional)

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Dívida Líquida do Setor Público/PIB. (saldo no final de cada mês):

Jan./2007.........:43,6 %Jan./2008.........:41,3 “Dez./2008........:36,0 “Dez./2009........:43,4 “Dez./2010........:40,4

Encargos da Divida Pública (juros) com proporção do PIB. 

2007...: 6,142006...: 8,542008...: 5,59 ou 162,3 bilhões de R$2009...:

2010...: 5,30

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III – ITRODUÇÃO À TEORIA MOETÁRIA

1. - A moeda. 

 Nas sociedades mais primitivas as trocas ocorriam diretamente entre os produtores, e estaforma de comercio é denominada de escambo. Com o avanço da divisão e especializaçãodo trabalho, as trocas se tornaram indiretas, intermediadas pela moeda, que é umamercadoria com propriedades específicas que garantem sua aceitação geral.Historicamente, coube ao ouro e, sobre tudo à prata, devidamente cunhados, desempenhar o papel de moeda-mercadoria, e quanto mais metal pudesse ser acumulado, maior a produção e comercialização de mercadorias e maior a riqueza do país. Esta visãomercantilista da natureza e funções da moeda tem prevalecido por séculos.

“As primeiras ‘moedas-mercadorias’ surgiram gradativamente de simples transações detroca, em que algumas mercadorias específicas apareciam como o equivalente maisconveniente e geralmente aceitável de todos os outros bens e serviços. A predominânciado ouro e da prata nesse papel durante muitos séculos, não foi por si mesma, pelo menosno início, produto de uma decisão racional de qualquer autoridade institucional, mas um subproduto evolucionário de escolhas individuais baseadas na propriedade desses metaisde desempenhar esse papel monetário, em virtude de seu valor intrínseco, durabilidade eassim por diante” (Triffin,1972)

 Nas economias monetizadas, que usam a moeda como meio de troca, mas ainda sem umsistema financeiro consolidado, a oferta da moeda-mercadoria era exógena, pois

 proveniente da produção e da oferta de ouro e prata, o que estabelecia um limite àexpansão da renda nominal, dependente da quantidade do meio circulante, a moedametálica ou a lastreada no metal. Já nas economias modernas, a oferta de crédito, oumoeda-crédito fiduciária, emitida pelos bancos é a característica essencial do sistemafinanceiro moderno, que permite disponibilizar no presente recursos acima da rendacorrente que só serão gerados posteriormente, o que prova: a influência da moeda sobre osetor real da economia; o papel relevante do sistema financeiro e a natureza endógena damoeda. È neste sentido que as economias modernas são economias monetárias e nãoapenas monetizadas. Ou seja, quando a oferta de crédito é suficientemente elástica paraatender as demandas do setor real, o sistema econômico se capacitaria para desenvolver  plenamente sua potencialidade, com o limite imposto pelo risco crescente de

inadimplência dos devedores do sistema financeiro.

 No decorrer do século XIX, as moedas-mercadoria foram sendo substituídas pelas moedasfiduciárias, para atender às necessidades da industrialização e expansão do comérciointernacional. A evolução do sistema monetário fiduciário, originalmente resultado dainiciativa de bancos privados, levou ao surgimento dos bancos centrais nacionais com afunção específica de regular a oferta de moeda, velar pela preservação de seu valor eestimular o crescimento econômico.

1.1- Funções da moeda.

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São três as funções da moeda: servir como intermediário de trocas; unidade de conta ereserva de valor. Qualquer ativo capaz de desempenhar satisfatoriamente estas funções pode ser considerado moeda. Como “Intermediário de Trocas”, ou meio de pagamento deaceitação geral, a moeda facilita as transações e possibilita a especialização e a divisão dotrabalho. Como “Unidade Padrão de Valor” permite o estabelecimento do sistema de preços para o conjunto da economia e a existência de registros contábeis, e como “Reservade Valor” garante a manutenção da riqueza financeira no tempo, pois sua posse da odireito a uma compra posterior. Tecnicamente, a característica básica da moeda é aLIQUIDEZ, ou seja, seu papel liberatório nos pagamentos.

1.2- Tipos de moeda.

A moeda existe sob a forma de moeda-metálica, moeda-papel e moeda escritural. Maisrecentemente, alguns ativos financeiros de alta liquidez passaram também a desempenhar 

o papel de moeda, e são denominados de quase-moeda.

Alguns metais, como o ouro e a prata, atendiam melhor às funções de moeda, e por muitosséculos conformaram os sistemas monetários conhecidos. Características físicasadequadas, como ser divisível, durável, fácil de transportar, difícil de falsificar e relativaescassez, atendiam perfeitamente seus requisitos funcionais. Porém, a dificuldade einsegurança de transporte e manuseio deram origem aos “certificados de depósito”emitidos pelas casas de custódia em valor equivalente ao do metal depositado,generalizando o uso do papel-moeda integralmente lastreado. Com o desenvolvimento daseconomias e do sistema financeiro moderno, os bancos passaram a fazer empréstimos emmontante superior aos depósitos, confiando que a totalidade dos mesmos não lhes seria

reclamada, graças a sua credibilidade junto ao público. Estava criada a moeda bancaria soba forma escritural ou moeda-crédito, totalmente fiduciária e contida nos registros dos bancos sob a forma de depósitos à vista.

1.3- Agregados monetários e não monetários.

A quantidade de moeda, ou Meios de Pagamento (MP), existente na economia é bemmaior do que o volume de papel-moeda e moeda metálica em poder do público. O M1,que é o agregado que rigorosamente representa a quantidade de moeda ou MP, inclui oPapel-Moeda em Poder do Público (PMPP) e os Depósitos à Vista (DV) nos bancoscomerciais. Tecnicamente, o M1 representa o total dos ativos de liquidez imediata do setor 

não bancário e que não rendem juros. Não obstante, o desenvolvimento do mercadofinanceiro brasileiro e a longa convivência com inflação muito elevada levaram a umextremo encurtamento do prazo de vencimento dos ativos financeiros não monetários,criando um conceito mais abrangente de moeda que inclui também os ativos financeiros dealtíssima liquidez capazes de substituí-la, denominados de quase-moeda. A classificaçãoatual dos Meios de Pagamento Ampliados estabelecida pelo Banco Central do Brasil é aseguinte:

M1 = Papel Moeda em Poder do Público (PMPP) + Depósitos à Vista (DV).

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M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias.

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas naSELIC.

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.

O agregado M1 representa os ativos monetários e é de responsabilidade do sistemamonetário composto pelo banco central e os bancos comerciais (bancos de depósito). Orestante dos ativos financeiros corresponde a “instrumentos” financeiros emitidos pelosintermediários não monetários, para a captação de recursos e formação da poupançafinanceira nacional. A evolução dos agregados monetários e não monetários reflete astendências dos diversos segmentos do mercado financeiro, o que é muito importante para

orientar as decisões de política monetária do banco central.

Outros conceitos importantes sobre os agregados monetários são:PME (Papel Moeda Emitido pelo Banco Central);PMC (Papel Moeda em Circulação) = PME – Caixa do Banco Central;BM (Base Monetária) = PMPP + total das reservas bancarias (R), compostas pelosdepósitos dos bancos no BACEN, compulsórios (r1) e voluntários (r2), mais os encaixesem moeda dos bancos comerciais (r3). Portanto, BM = PMPP + r1 +r2 + r3.

A BM, no conceito restrito, corresponde à criação primária de moeda pelo BACEN e écomposta pelo PMPP mais as reservas bancárias em moeda corrente, ou seja, é o PMC. No

sentido mais amplo inclui também títulos públicos de alta liquidez que os bancos podemutilizar para compor sua conta de reservas no BACEN.

Resumindo: do total de papel-moeda emitido pelo Banco Central, somente a parcela em poder do público não-bancário faz parte dos Meios de Pagamento no conceito M1. Odinheiro que fica no caixa do BCB e dos bancos comerciais faz parte das reservas dosistema monetário, mas não da LIQUIDEZ do setor privado.

1.4- Criação e destruição de moeda.

A criação e destruição de moeda, medida pelas variações no saldo dos Meios de

Pagamento no conceito M1, é uma prerrogativa do banco central e dos bancos comerciais,que por isso mesmo compõem o sistema monetário.

De uma forma geral, “sempre que o sistema monetário adquire ativos não monetários do público não-bancário em troca de moeda, há criação de moeda e aumento de liquidez”.Por exemplo, quando os bancos comerciais “descontam” duplicatas das empresas,compram moeda estrangeira dos exportadores, ou quando concedem empréstimos a seusclientes, o sistema bancário está comprando ativos não monetários do público não bancário (duplicatas, notas cambiais, títulos de dívida) em troca de depósitos à vista. Aoescriturar estes depósitos o banco cria moeda e expande a liquidez.

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 No sentido contrário, quando os agentes econômicos não bancários trocam moeda por ativos não monetários emitidos pelo sistema financeiro, ocorre destruição de moeda ouredução da liquidez, por exemplo, quando um correntista saca de sua conta corrente parafazer uma aplicação financeira de longo prazo. O mesmo se pode dizer quando pagamosnossos impostos recolhendo dinheiro na conta do Tesouro Nacional no BCB, ou quando osimportadores usam o dinheiro de suas contas correntes para comprar dólares.

È importante destacar que muitas operações corriqueiras não alteram a liquidez daeconomia, pois apenas transferem moeda entre os agentes, ou de uma forma de moeda para outra, por exemplo, de moeda escritural para manual.

2 - A Oferta de Moeda: Ms

A oferta de moeda, entendendo como tal a quantidade de moeda em poder do público maisos depósitos à vista nos bancos comerciais, depende da ação do banco central, que emite amoeda manual, e dos bancos comerciais, que emitem a moeda escritural. Juntos compõemo sistema monetário (bancário) e respondem pelo processo de criação e destruição deMeios de Pagamento. O M1 e a Base Monetária tem sido largamente utilizados comoindicadores e metas quantitativas do grau de liquidez da economia.

2.1 - A oferta de moeda através do Banco Central.

Os bancos centrais surgiram para prover liquidez em moeda fiduciária nacional aos setores público e privado, juntamente com as funções de compensação de ordens de pagamento e

reserva de valores. Como só eles podem fazer empréstimos em última instância, são o banco dos bancos, e esta é sua característica principal. Os bancos centrais evoluíramincorporando outras funções como: orientação e controle do crédito bancário; execução da política monetária; regulamentação e controle dos sistemas monetário e financeiro, etc.Como provedores de liquidez, foram historicamente os financiadores do desenvolvimentoeconômico, embora desde a década de 1980, a preocupação com o controle da inflação e preservação do valor da moeda, tenha-se difundido a conveniência de bancos centraisindependentes dos governos. De fato, muitos bancos centraisé dispõem de grandeautonomia para fixar as metas e os instrumentos da política econômica.

 No Brasil, os propósitos e instrumentos da autoridade monetária estão definidos na lei

4595 de dezembro de 1964 que criou o Banco Central. São eles: zelar pela adequadaliquidez da economia; manter as reservas internacionais do País em nível adequado;estimular a formação de poupança em níveis adequados às necessidades de investimentodo País; e zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do SistemaFinanceiro Nacional. (Fiocca, 2000).

As contas que compõem o balanço do Banco Central do Brasil (BCB), contidas no quadroabaixo, estão claramente associadas à suas funções de: banco emissor de papel-moeda; banqueiro dos bancos comerciais; banqueiro do governo (agente do Tesouro Nacional) edepositário da maior parte das reservas internacionais do país. Pela natureza de suas

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funções, o BC tem o poder fundamental de expandir ou contrair a quantidade de moeda ecrédito disponível na economia e a principal rubrica de seu passivo é a Base Monetária.

Por ser o banco emissor, deveria constar no passivo do BCB o saldo de papel-moedaemitido e no ativo a moeda em caixa, mas para efeito de escrituração, o ativo não registraa moeda em caixa e o passivo registra apenas a quantidade de papel-moeda em circulação,contido nas rubricas de PMPP e encaixes em moeda corrente nos bancos comerciais (r3). Na função de banqueiro do Tesouro, figuram no seu passivo os depósitos à ordem do TN eno ativo a carteira de títulos públicos federais. Como banqueiro dos bancos comerciais,tem no seu passivo os depósitos livres e compulsórios e no ativo os redescontos e outrosempréstimos. No papel de depositário das reservas internacionais do país o BCB registrano ativo o volume de reservas contabilizadas em moeda corrente.

BALACETE COSOLIDADO SITÉTICO DO BACO CETRAL

A T I V O  P A S S I V O

- Reservas Internacionais (operações cambiais)

- Carteira de Títulos Públicos Federais:

(operações de política monetária ou fiscal).- Empréstimos ao Setor Privado

- Empréstimos ao Setor Público

- Redescontos e outros empréstimos aos bancoscomerciais (compensação de cheques)

- Outras aplicações.

Passivo ão Monetário: - Depósitos do Tesouro Nacional- Depósitos à Prazo (*)

- Empréstimos Externos- Recursos Próprios:(capital + reservas – imobilizado)

- Saldo líquido das demais contas.

Passivo Monetário ou BaseMonetária (BM)

- Papel-moeda em poder do público- Reservas bancárias (R)

- dep. compulsórios no BC, (r1)- dep. voluntários no BC, (r2)- dep. em moeda corrente, (r3)(caixa dos bancos comerciais)

(*) emissão de títulos na função de bancocomercial

A principal função de qualquer banco central é prover liquidez e, como “emprestador” deúltima instancia, assegurar uma oferta de moeda suficientemente elástica para evitar ascrises de liquidez e o pânico bancário, a temida “crise sistêmica”. A este respeito éilustrativa a crítica de M. Friedman (1977, cap. 3) ao comportamento do FED (Sistema

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Federal de Reserva dos EUA) na crise de 1929, responsabilizando-o por ter falhado na suamissão fundamental de provedor de liquidez, o que resultou na falência generalizada dasinstituições bancarias americanas em 1931. Já na grande crise financeira de 2008/09 os bancos centrais saíram em socorro dos bancos de seus países.

Do quadro acima se deduz que uma variação nas operações ativas do Banco Central, nãocompensada por variação equivalente do passivo não-monetário, resultará em alteração daBase Monetária. Por exemplo: aumento das reservas cambiais; compra de títulos da dívida pública em poder do público em operações do open market ; expansão dos empréstimosaos bancos públicos e privados ou das operações de redesconto, etc., além doconcomitante acréscimo de recursos não-monetários do BCB, resultará em aumento daBase Monetária. Da mesma forma, a redução das operações ativas, além da equivalentediminuição do passivo não-monetário, provocará enxugamento da mesma.

A Base Monetária (BM) pode ser vista como uma conta residual, pois é o agregado querealiza o ajuste entre as aplicações de recursos, ou contas ativas do Banco Central, que temforte influencia sobre o setor real da economia, e a origem não monetária dos mesmos, ochamado passivo não monetário. Como tem estreita relação com o montante do créditoconcedido na economia, este agregado tem atraído a atenção do mercado financeiro comoindicador do comportamento da política monetária.

As variações da BM também são influenciadas por outras operações do BCB quecomplementam a política monetária, tais como: as operações do banco por conta e ordemdo Tesouro Nacional, como o recebimento de impostos e as liberações de recursos; asoperações de câmbio, que resultam na compra ou venda de divisas e alteram o saldo das

reservas internacionais do país; e a regulamentação e controle de crédito, através do qual oBanco Central estabelece normas e critérios para administrar o crédito de acordo comobjetivos específicos, por exemplo, para o sistema financeiro da habitação, crédito aoconsumidor, etc.

O BCB administra a “oferta de moeda”, ou a “liquidez” do sistema econômico, através detrês instrumentos específicos: a determinação das reservas compulsórias dos bancos; asoperações de mercado aberto e a administração da assistência financeira de liquidez,fixando a taxa, o volume e as condições do redesconto. Ao estabelecer o montante dodepósito compulsório o BCB afeta, como veremos, o multiplicador bancário, pois limita adisponibilidade de recursos para os empréstimos dos bancos comerciais. As operações de

open market  com títulos federais constituem o principal instrumento no Brasil para ocontrole da liquidez, e o Redesconto, ou Assistência Financeira de Liquidez, define a regrade financiamento dos bancos comerciais no Banco Central, além de cobrir os possíveisdesequilíbrios da compensação bancária.

2.2 - A oferta de moeda nos Bancos Comerciais: a “monetização” do crédito.  

Os bancos comerciais compõem junto com o banco central o sistema monetário(bancário), pois tem a capacidade de criar ou destruir meios de pagamento, afetando aliquidez da economia. A função primordial dos bancos comerciais consiste em receber depósitos à vista e conceder empréstimos de curto prazo em volume superior aos

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depósitos, no que se denomina “sistema de reserva fracionária”. Estes empréstimos sãocontabilizados como novos depósitos à vista nas contas correntes dos clientes, portanto, os bancos comerciais emitem depósitos (passivos) que são aceitos como meios de pagamento. Assim, ao multiplicar os depósitos, os bancos emitem moeda-crédito, criandoos meios de pagamento adequados para o financiamento das atividades econômicas nocurto prazo, especialmente o capital de giro das empresas e os gastos dos consumidores.

Administrando suas fontes de recursos e as aplicações dos mesmos, os bancos atendem àsolicitação de seus clientes concedendo crédito, que é sua função primordial, dentro doslimites de endividamento recomendados pela prudência ou ditados pelas autoridadesmonetárias, e assim dinamizam a economia. A oferta de crédito é essencial para aexpansão da atividade econômica e representa o adiantamento, na forma de capitalmonetário, de um valor que deverá ser criado no futuro.

Os bancos respondem à demanda por crédito aumentando os empréstimos (ativos), o queexige a captação de novos recursos (passivos) através da criação de produtos financeirosnão monetários como: letras de câmbio; certificados de depósito; desconto mercantil;debêntures; letras hipotecárias; bônus; cotas de fundos, etc. Os bancos não são apenasintermediários neutros, ao contrário, sua função é a de influenciar as condições definanciamento da economia, e a criação de moeda se torna endógena quando responde àsnecessidades da produção. Com tudo, caberá à autoridade monetária, responsável final pela saúde do sistema financeiro, estabelecer as normas para a atividade bancária e reduzir os riscos da operação, controlando cuidadosamente o volume e a qualidade dosempréstimos bancários.

O balancete a seguir resume a origem dos recursos dos bancos e suas aplicações.

BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DOS BANCOS COMERCIAIS

ATIVO PASSIVO 

Encaixes:  Recursos Monetários - Em moeda corrente - Depósitos à vista- Em depósitos no BACEN Recursos não Monetários 

-Voluntários - Depósitos à prazo

- Compulsórios - Empréstimos externos- Redesconto e outros recursos do BC.

Empréstimos ao setor público e privado - Demais contas:- pessoa física, jurídica, etc. (capital + reservas - imobilizado)

Títulos públicos e privados (carteira)

Além dos depósitos à vista e á prazo, os bancos dispõem de outras fontes de recursos,como os empréstimos que tomam junto ao banco central e no exterior, além de seu própriocapital. No ativo, representando as aplicações, figuram: o encaixe em moeda corrente para

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atender o eventual excesso de desembolsos sobre recebimentos, tanto nos caixas como nacompensação de cheques, e os depósitos no banco central na sua conta de reservas; osdiversos tipos de empréstimos e a carteira de títulos públicos e privados, que além de gerar rendimentos atende também o requisito legal de reservas. O lucro dos bancos resulta dodiferencial entre o custo de captação dos recursos do passivo e a rentabilidade dasoperações do ativo, além da receita proveniente das taxas cobradas pelos serviços.

2.2.1 - Os bancos criam moeda.

Os bancos comerciais criam moeda quando concedem empréstimos e os creditam comodepósitos à vista nas contas correntes de seus clientes. Desta forma, paradoxalmente, pode-se dizer que são os empréstimos que criam os depósitos.

Ao conceder empréstimos os bancos não entregam dinheiro vivo ao tomador, senão que

lhe escrituram um depósito em conta corrente no próprio banco, contabilizando,simultaneamente, o valor do empréstimo no ativo e do depósito no passivo. De fato, o banco usa os recursos de seu caixa para comprar um ativo, que é o empréstimo feito aocliente, e imediatamente o escritura no passivo como um novo depósito. Para todos osefeitos, o banco fez uma “promessa” de que o valor emprestado estará disponível no seucaixa, caso o cliente deseje retirá-lo.

Este novo depósito aumenta os recursos no passivo do banco, o que permitirá a concessãode outro empréstimo adicional e assim sucessivamente. A característica notável daoperação dos bancos, que da origem ao conceito de multiplicador bancário e explica aexpansão da oferta de moeda a partir da Base Monetária, é justamente a concessão de

empréstimos em montante superior aos depósitos originais dos correntistas. Resumindo:embora não possam emitir papel moeda, ou moeda manual, os bancos comerciais podemfazer promessas de pagamentos com base nos depósitos de seus correntistas, baseados naexperiência de que eles não costumam retirar seu dinheiro todos ao mesmo tempo, e nacredibilidade de que gozam junto ao público.

Para minimizar os riscos de falta de liquidez, seja por prudência ou por força dosregulamentos da autoridade monetária, os bancos mantém recursos em caixa e na suaconta de reservas no banco central, o que impõe um limite à capacidade de expansão dosempréstimos (apêndice I).

2.2.2 - O multiplicador de Meios de Pagamento. 

Como vimos, o banco central supre a diferença entre suas operações ativas e adisponibilidade de recursos não-monetários (passivo não monetário) aumentando a BaseMonetária com na nova emissão de moeda, o que aumentará os depósitos à vista permitindo aos bancos comerciais expandir os empréstimos. Ou seja, da ação conjunta do banco central e dos bancos comerciais resulta o acréscimo dos Meios de Pagamento comomúltiplo desta Base. Assim, chamamos de multiplicador monetário (m), à relação entre os

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Meios de Pagamento, no conceito mais restrito de liquidez, e a Base Monetária (B), tal

que:

 B

 M m = . 

2.2.3 - Derivação do multiplicador dos Meios de Pagamento.

Sejam os coeficientes de comportamento do público e dos bancos comerciais:

c = papel moeda em poder do público / meios de pagamento; (coeficiente de retenção demoeda do público).d = depósitos à vista nos bancos comerciais / meios de pagamento; (proporção dos meiosde pagamento recolhido aos bancos).r 1= depósitos (reservas) compulsórios dos bancos comerciais no BC / depósitos à vista dos bancos comerciais.r 2= depósitos (reservas) voluntários dos bancos comerciais no BC / depósitos à vista dos bancos comerciais.r 3= encaixe (reservas) em moeda corrente dos bancos comerciais / depósitos à vista dos bancos comerciais.R = encaixe total dos bancos comerciais / depósitos à vista dos bancos comerciais.

Portanto, c + d = 1, e r 1 + r 2 + r 3 = R 

“c” e “d” refletem o comportamento do público na distribuição do M1, entre moedamanual e depósitos à vista, r 1 é um dispositivo legal de controle do banco central sobre osMeios de Pagamento e r 2 e r 3 dizem respeito ao comportamento dos bancos em relação aorisco de liquidez.

Dados estes coeficientes cabe perguntar: quando o BC expande suas operações ativas provocando um aumento adicional da Base Monetária de ∆B, qual será o efeito sobre osMeios de Pagamento?

 Neste caso, após a emissão de moeda os bancos comerciais receberão a seguir depósitosno montante de d∆B, e dado seu comportamento frente ao risco, uma fração R dos novosdepósitos será guardada como encaixe, enquanto que o (1-R) restante será emprestadonovamente ao público, de modo que (1-R)d∆B corresponderá a uma expansão secundária

dos Meios de Pagamento, e assim sucessivamente. A expansão total dos Meios dePagamento será:

∆M = ∆B + (1-R) d∆B + (1-R)2 d2 ∆B + ...; sendo: 1/[1-d(1-R)] a razão da progressãogeométrica. De onde: ∆M = {1/[1-d(1-R)]}∆B ; ou ∆M = m ∆B, tal que:

( ) Rd m

−−=

11

1; assim: M = m.B; sendo: m+ = ƒ (d+ ; R -)

O multiplicador está positivamente correlacionado com a taxa dos depósitos à vistamantidos nos bancos comerciais e inversamente com a taxa de encaixe, dado que os

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acréscimos nos depósitos à vista permitem expandir os empréstimos e os encaixes oslimitam.

Seja: d = 60% e R = 40%. Neste caso, m = 1/[1- 0,6(1- 0,4)] = 1,563. Ou seja, para cadareal emitido e colocado em circulação haverá uma expansão nos meios de pagamento de56,3% desse valor.

3 – A Política Monetária: objetivos e instrumentos.

O Banco Central, que tem a função de controlar a liquidez da economia, executa a políticamonetária atuando no mercado de reservas bancárias, e assim ajusta no dia a dia aliquidez do sistema.

A conta “reservas, que representam a liquidez dos bancos, é a disponibilidade em moedacorrente que cada banco mantém no banco central para efetuar a liquidação das transaçõescom os outros bancos e com o banco central e receber os depósitos livres e compulsórios.O BACEN define o nível adequado de “reservas” que considera compatível com ovolume previsto das transações bancárias, a segurança das instituições e a estabilização dataxa de juros no mercado de moeda.

Os instrumentos para execução da política monetária no gerenciamento diário da liquidezsão: os recolhimentos compulsórios; as operações de redesconto e as operações demercado aberto.

3.1- Recolhimento Compulsório

O depósito compulsório corresponde a uma parcela da média dos saldos diários dosdepósitos a vista das instituições bancárias, recolhida ao Banco Central na forma de moedana sua conta de reservas bancárias. Tem por objetivo, garantir a segurança dos bancos,controlar a concessão de crédito e estabilizar a demanda dos bancos por reservas. Ocompulsório é também um instrumento de controle dos meios de pagamento, pois afetainversamente o multiplicador monetário, e a alíquota elevada é vista pelo mercado comouma forma de restrição ao crédito. Na prática, o BCB permite que parte do depósitocompulsório seja em títulos do Tesouro Nacional.

3.2- Redesconto

O Redesconto ou “empréstimo de liquidez” é um crédito na conta de reservas bancáriasque os bancos comerciais recebem do Banco Central para cobrir no curtíssimo prazosituações de iliquidez. Os bancos comerciais usam esta linha de crédito como alternativaaos recursos do mercado interbancário para recomposição das reservas e cobertura deeventuais déficits na compensação de cheques. Sua utilização como instrumento de política monetária depende do volume dos recursos disponíveis para “Assistência deLiquidez” e da taxa de juros que o BCB cobra.

3.3- Operações de Mercado Aberto

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 As operações de Mercado Aberto, conduzidas pelo BCB com a dupla finalidade deadministrar a liquidez do sistema bancário e fixar a taxa de juros no mercado de curtíssimo

 prazo, consistem na compra e venda de NBCs (Notas do Banco Central) e de títulos dadívida pública mobiliária federal da carteira do Banco, tais como: NTNs (Notas doTesouro Nacional); LTNs (Letras do TN) e LFTs (Letras Financeiras do TN). Pela rapideze o impacto sobre a liquidez geral, o “open market” é o principal instrumento da políticamonetária, pois atua diretamente sobre as reservas bancárias, e suas taxas de juros servemcomo referência para todo o sistema financeiro, especialmente para os empréstimos nomercado interbancário.

 Na sua função de provedor de liquidez e principal responsável pelo adequadofuncionamento do sistema financeiro, o Banco Central estima diariamente as necessidadesde liquidez no mercado interbancário, e com base nestas estimativas intervém no mercado

através de leilões de títulos e moeda, realizando a sintonia fina no ajuste da liquidez,enquanto persegue a manutenção da taxa básica de juros estabelecida como meta.

O Banco Central opera neste mercado através dos dealers, que é um grupo de instituiçõesfinanceiras, bancos comerciais e corretoras de valores independentes, que servem deintermediários entre o Banco e as demais instituições financeiras. Para as instituiçõesfinanceiras o “open” é o principal instrumento de ajuste de sua liquidez, enquanto que para as empresas representa uma alternativa de aplicação por prazos curtos dos saldos decaixa.

As operações do BCB, com títulos da dívida pública mobiliaria, podem ser também de

natureza fiscal, para prover financiamento ao TN, mediante a aquisição de títulos novos ourenegociação dos já existentes.

4 - A Demanda por Moeda. Md

A demanda por moeda corresponde à quantidade de recursos líquidos que os agenteseconômicos, pessoas, empresas e governo, desejam reter a cada instante para fazer frente àcompensação entre pagamentos e recebimentos, e até para precaver-se contra imprevistos.Keynes denominou esta motivação de demanda por moeda para transações e precaução, econsiderou que ambas dependem do nível de atividade econômica. Porém como explicar a

retenção de moeda, que é um ativo que não rende juros, além destes dois motivos básicos?

4.2- A teoria da Preferência pela Liquidez de Keynes.

Keynes desenvolveu a teoria da demanda por moeda a partir de dois conceitos inovadores,a “incerteza”, que afeta o comportamento futuro da economia e os preços dos ativos esuas respectivas taxas de juros, e a “preferência pela liquidez”. Assim, numa economiasujeita a incerteza, onde os riscos não podem ser estimados pelo cálculo probabilístico, osagentes econômicos valorizam a pose da liquidez, e só abrirão mão dela em troca de umaremuneração, que é a taxa de juros. Portanto, ativos com diferentes graus de liquidez

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deverão pagar prêmios inversamente proporcionais a seus prazos de maturidade, definindoo que o mercado conhece como a “curva de juros”.

Segundo Keynes, a retenção de moeda ocorre por três motivos: para atender às transaçõeseconômicas; precaver-se contra imprevistos e, finalmente, para especular. A demanda paratransações e precaução depende diretamente do nível de renda, enquanto que a retenção deliquidez para especulação está inversamente correlacionada com a taxa de juros. Portanto,a demanda real por moeda pode ser descrita pela equação: Md/p = f (Y+, i-)

A demanda de liquidez para especulação representa um significativo avanço em relação àteoria monetária tradicional. Se a moeda é um ativo que não rende juros e seuentesouramento tem um custo de oportunidade, por que retê-la além do estritamentenecessário? Pelas vantagens decorrentes da liquidez, é a resposta. Keynes introduz oconceito de especulação reconhecendo pela primeira vez outro atributo notável da moeda,

o de servir como reserva de valor, de modo que a conveniência de transformar moeda emtítulos, ou vice-versa, vai depender da expectativa do valor futuro dos mesmos.

A demanda especulativa de moeda (Me), que corresponde aos saldos de liquidez que osagentes mantém ociosos para aplicação futura no mercado financeiro, buscando ganhos decapital, dependerá do comportamento esperado da taxa de juros e de sua influencia sobre o preço dos ativos financeiros. Assim, se a perspectiva para o futuro próximo é dedesvalorização do valor presente dos títulos, o que significa elevação da taxa de juros,valerá a pena reter moeda, pois seu preço deve cair. Se a previsão é a oposta, devalorização dos ativos, dada a expectativa de redução da taxa de juros, o melhor a fazer étransformar a liquidez em títulos antes que o preço suba. Afinal, a atividade especulativa

tem sua razão de ser na expectativa de mudança dos valores patrimoniais, e se justifica pela suposição de que o especulador sabe mais do que o mercado e consegue antecipar ofuturo.

A grande novidade de Keynes, a respeito da moeda, foi reconhecer sua função comoreserva de valor, explícita no conceito de preferência pela liquidez, o que a torna um ativodesejável apesar da rentabilidade nula, pois no ambiente de incerteza, que caracteriza omercado de capitais, permite a obtenção de ganhos na atividade especulativa. Assim,entesourar moeda é perfeitamente racional quando se espera elevação da taxa de juros e acorrespondente queda no preço dos títulos. O gráfico a seguir representa a demandaespeculativa de moeda.

i %

Me

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5. – A determinação da Taxa de Juros.  

Para simplificar, podemos segmentar o mercado financeiro em duas partes, o de moeda e o

de fundos de empréstimo. No mercado monetário, o de curtíssimo prazo, a taxa de juros édeterminada pela interseção da oferta e demanda por moeda. A demanda pode ser representada de forma genérica pela equação, Md = k Yp + L(i), cujo primeiro termo dizrespeito à demanda de moeda para transações e precaução, que permanece constante nocurtíssimo prazo, pois depende da renda nominal, enquanto o segundo responde pelademanda especulativa e está inversamente correlacionado com a taxa de juros. Sendo, Mso a oferta real de moeda, constante e sob controle da autoridade monetária, e Md a demandatotal, o gráfico a) representa a determinação da taxa de juros no mercado de moeda. 

Utilizando a política monetária, por exemplo, através das operações de curto prazo comtítulos públicos, o banco central pode alterar a oferta de liquidez e influenciar a taxa básica

de juros que serve de referencia para o resto do mercado. Ao mesmo tempo, um acréscimoda renda, mantida a mesma liquidez, deslocara Md para a direita, fazendo com que a taxanominal de juros aumente.

a) mercado monetário (c.p.)

i Mso

io Md(Y1) 

Md(Y0) 

 Moeda

6. BIBLIOGRAFIA 

CARDIM de Carvalho, F.J. et alli. Economia Monetária e Financeira: Teoria e Política.Elsevier.Rio de Janeiro, 2000.

LOPES, Luiz M. e Marco A. S. de Vasconcellos (Org.).  Manual de Macroeconomia. Ed.Atlas. São Paulo, 1998.VASCONCELLOS, M. A.S.de. Economia: micro e macro. Ed. Atlas, São Paulo, 2001.

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APÈDICE

I. Exemplo de multiplicador bancário (CARDIM de C.2000, pg.260)

a) Constituição de um banco comercial:Ativo: Passivo:

Caixa................100 Patrimônio Líquido.....100TOTAL...........100 TOTAL......................100

 b) Uso do capital em caixa para fazer empréstimos: (não há exigência de reservas)Ativo: Passivo:

Caixa....................0 Patrimônio L.....100

 Empréstimos....100TOTAL............100 TOTAL............100

c) Supondo que o empréstimo de 100 seja mantido em depósito à vista em conta corrente,no banco ou no sistema bancário, significa que será contabilizado simultaneamente comodepósito no passivo do banco e como disponibilidade de caixa no ativo, ou seja:

Ativo: Passivo:Caixa...............100 Patrimônio L..100Empréstimos...100 Depósitos........100

TOTAL...........200 TOTAL...........200

d) Suponha, agora, que o banco deva manter reservas livres e compulsórias de 5% dosdepósitos respectivamente, portanto, sobrarão 90 para novos empréstimos.

Ativo: Passivo:Caixa (res. livres)..5 Patrimômio L...100Reservas comp......5 Depósitos.........100Empréstimos.....100 ovo Emprést.....90TOTAL ..........200 TOTAL............200

e) Novamente o novo empréstimo de 90 se transforma em novo depósito à vista no passivo e disponibilidade de caixa no ativo.

Ativo: Passivo:Caixa (res. livre)..95 Patrimônio L....100Reser. Comp.........5 Depósitos.........100Empréstimos.....100 Novo depósito...90 Novo emprést......90TOTAL..............290 TOTAL............290

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 f) Com depósitos totais de 190, o banco, ou sistema bancário em geral, deverá manter 5%de reservas livres e outro tanto de compulsórias, sobrando 81 para novos empréstimos, e

assim sucessivamente numa progressão geométrica de razão decrescente.

Ativo PassivoCaixa (res.livre)..9,5 Patrimônio L......100Reserv. Comp.....9,5 Depós. À vista....190Empréstimos......190Recursos para ovos emprést......81TOTAL..............290 TOTAL..............290

II. Dedução do Multiplicador através dos conceitos de Base Monetária e Meios dePagamento. 

B = Papel Moeda em Poder do Público + Encaixes dos bancos comerciais.B = PMPP + R B = cM + RdM; sendo, c = 1 - dB = (1 - d) M + RdM = M - dM + RdM

B = M - dM(1-R) = M[1-d (1-R)]; M = B / [1-d(1-R)];)1(1

1

 Rd m

−−=  

III. Oferta de crédito no sistema bancário do Brasil em relação ao PIB:1994  35.51995  35.91996  32.81997  31.51998  29.11999  28.12000  27.92001  26.82002  24.02003  25.82004  26.22005  29.42006  32.62007  35,02008  41,4 (Bcos. Priv. Nac.:17,7; Públicos:15,0; Estrangeiros: 8,7)2009  45,7 ( “ “ 18,8; “ 18,4; “ 8,5)2010

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Outros países: crédito doméstico ao setor privado, em % do PIB em 2008.Reino Unido 211,1

Espanha 201,4EUA 193,7Japão 163,5África do Sul 145,2Canadá 128,4Austrália 121,5Coréia do Sul 109,1China 108,6Cingapura 107,9Alemanha 107,8

França 107,8Chile 97,7Índia 51,4Rússia 41,0Argentina 13,7(Fonte: Banco Mundial)

Crédito bancário no Brasil: (Maio de 2010)Estoque de crédito (R$ Trilhão) 1,5

Percentual do PIB 45,3Taxa média de juros(% ao ano) 34,9 spread bancário(pontos percentuais) 23,9Inadimplência(%) 5,1Prazo médio (dias) 434(Fonte: BCB) 

Destino do crédito bancário no Brasil em R$ bilhões. (Maio de 2010)Governo Federal 34,0Governos Estad. e Municip. 27,7

Indústria 314,4Habitação 107,7Rural 117,1Comércio 147,3Pessoas físicas 493,2Outros serviços 259,9(Fonte: BCB)

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IV.- Taxa de juros: principais modalidades de crédito no Brasil. (Outubro de 2010)

Desconto de duplicatas 43,0 % a.a.

Capital de giro 30,6 “Conta garantida 91,1 “Taxa média pessoa jurídica 28,7 “

Cheque especial 163,6 “Crédito pessoal 43,6 “Aquisição de veículos 23,5 “Taxa média pessoa física 40,4 “

Taxa média geral 35,4 “

V.- SISTEMA FIACEIRO ACIOAL. (Fonte: VASCONCELLOS, M. A. Sandoval de. Economia: Micro e Macro. Ed. Atlas. São Paulo, 2001.)

1.- Segmentação do Sistema Financeiro.

a) mercado monetário: inclui as operações de curto e curtíssimo prazo para suprir asnecessidades de caixa dos agentes econômicos e dos intermediários financeiros.

b)  mercado de crédito: atende às necessidades de crédito de curto e médio prazo, principalmente o crédito ao consumidor e capital de giro das empresas.

c) mercado de capitais: inclui as instituições e os instrumentos para o financiamentodo longo prazo.

d)  mercado cambial: abrange a compra e venda de moeda estrangeira e adeterminação da taxa de câmbio.

2.- Sistema Financeiro acional.

2.1- Subsistema ormativo: Autoridades Monetárias e outros órgãos de regulação: 

- Conselho Monetário acional (CM): funções- autorização da emissão de papel-moeda;- aprovação do orçamento monetário elaborado pelo BCB;- fixação dos coeficientes de encaixe sobre os depósitos à vista e à prazo;

- regulamentação das operações de redesconto;- fixação das diretrizes para as operações do BCB com títulos públicos;- regulamentação da política cambial e das operações de câmbio.

- Banco Central do Brasil (BCB):- funções exclusivas de banco central e outras;- fiscalização das instituições financeiras e concessão de autorização para funcionamento;

- Comissão de Valores Mobiliários (CVM)- fiscaliza as Bolsas de Valores e a emissão de títulos ou valores mobiliários.

- Outros órgãos de regulação e fiscalização:

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- SUSEP: Superintendência de Seguros privados; - SPC: Secretaria de Previdência Complementar.

2.2- Subsistema de Intermediação Financeira:

 A - Intermediários Monetários:- Bancos Comerciais: captam depósitos à vista e à prazo e fazem empréstimos nocurto prazo.- Caixas Econômicas: instituições públicas com funções similares aos bancoscomerciais que operam também uma carteira imobiliária.

 B - Intermediários ão Monetários:- Bancos de Investimento: canalizam recursos para o financiamento de médio e

longo prazo das empresas, através de:

- financiamento de capital de giro às empresas;- repasse de empréstimos obtidos no exterior;- repasse de recursos de instituições públicas;- aquisição de ações, obrigações ou outros títulos mobiliários para investimento ou

revenda no mercado de capitais;- Bancos de Desenvolvimento: instituições públicas para financiamento de infra-estrutura: BNDES, Banco do Nordeste do Brasil, Banco da Amazônia, etc.- Sociedades de Crédito Imobiliário e Companhias Hipotecárias;- Associações de Poupança e Empréstimo.

C - Outros Intermediários Financeiros:

- Bolsas de Valores, Bolsas Mercantis e de Futuros;- Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários;- Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários;- Sociedades Corretoras de Câmbio;- Sociedades de Arrendamento Mercantil.

 D - Sistema de Previdência e Seguros:- Entidades Fechadas de Previdência Privada;- Entidades Abertas de Previdência Privada;- Sociedades Seguradoras;- Sociedades de Capitalização;

- Sociedades Administradoras de Seguro-Saúde;

 E - Administradoras de Recursos de terceiros:- Fundos Mútuos;- Fundos de Investimento;- Administradoras de Consórcio.

 F - Sistema de Liquidação e Custódia:- Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC);-Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP)

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IV.- TAXA DE CÂMBIO E REGIME CAMBIAL.

1.- Conceitos Básicos de Taxa de Câmbio:

A Taxa de Câmbio ominal  ( E ) é a quantidade de moeda estrangeira necessária paraadquirir a unidade da moeda nacional. No entanto, no Brasil é costume inverter estarelação e denominar a taxa de câmbio como a quantidade de moeda nacional necessária para adquirir a moeda estrangeira. Assim, dizemos que o dólar “fechou” a 2,00 reais. Ataxa de câmbio é a relação de troca entre duas moedas, e sua importância decorre do fatode ser um dos preços básicos da economia, pois intermédia, necessariamente, todas astransações comercias e financeiras com o resto do mundo. Apesar de sua relevância,diretamente proporcional ao grau de abertura de cada economia, a regra para determinaçãode seu valor “de equilíbrio” é basicamente empírica. A relação de troca entre as váriasmoedas, tendo como referência uma delas, que atua como moeda padrão ou moeda de

reserva, no presente o dólar dos EUA, compõe o sistema de paridades cambiais. Assim:1U$ = 2,00 R$ = 0,60 £ = 100 ¥ = 0,80 € = 500 pesos chilenos.

Em principio, seria de se esperar que a relação de troca entre duas moedas refletisse arelação de custos e preços das mercadorias em ambas as economias, de acordo Teoria da Paridade do Poder de Compra da Moeda ou  Lei do Preço Único. Como cestas de produtos equivalentes têm seus preços denominados na moeda de seus respectivos países,a relação entre estes preços definiria a relação nominal de troca entre as moedas, e as  taxasde câmbio teriam uma determinação clara e objetiva. Assim, tomando o exemplo criado pela The Economist , se o  Big Mac  pudesse representar adequadamente os preços daeconomia, custando 3,0 U$ nos Estados Unidos e 6,0 R$ no Brasil, a Taxa de Câmbio

 ominal entre dólar e real seria a relação entre estes valores, tal que: 1,0 U$ = 2,0 R$. Istoé, E = 2,0. Se o preço em reais do  Big Mac passasse para 9,0, a taxa de câmbio nominalseria maior, teria mudado para 3,0. Neste caso o real se desvalorizou, ou perdeu valor, poissão necessários mais reais para comprar o mesmo produto. Este é o sentido do conceitofundamental de “desvalorização cambial”.

Porém, a determinação da taxa de câmbio no mercado de divisas é muito mais complexa, ea lei do preço único tem pouca utilidade, pois é muito difícil definir cestas de mercadoriasrepresentativas e equivalentes que possam servir de referência para comparar a evoluçãodos preços em economias diferentes. Na realidade, a taxa de câmbio, que é o preço de umativo, como qualquer outro preço, depende da oferta e procura da moeda estrangeira,

 portanto, do comércio de mercadorias e serviços e do comportamento da conta de capitaldo balanço de pagamentos, especialmente do fluxo do “capital de risco”. Pode-seimaginar que em países excessivamente endividados, e com problemas crônicos deliquidez em moeda conversível, deva predominar a tendência para a desvalorizaçãocambial. Já em países superavitários e com excesso de liquidez, a tendência deverá ser aoposta. De qualquer forma, os fluxos internacionais de capitais de curto prazo e ascondições de financiamento dos passivos externos influenciam as taxas de câmbio.

 A Taxa de Câmbio Real , Er , corresponde à relação de preços entre o produto estrangeiro,convertido à moeda nacional pela taxa de câmbio nominal, e o do similar nacional.Portanto, mais do que a taxa de câmbio nominal é o valor relevante nas transações com o

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exterior.$

$

 R

 P 

 P  E  Er = ; sendo:  P U$, o preço do produto estrangeiro em dólares e  P  R$, o

 preço do similar nacional em reais. Como o produto  E.P U$ representa o preço do produtoestrangeiro em reais, a taxa de câmbio real é a relação entre o preço do produto estrangeiroe o nacional, ambos expressos na moeda local.

A trajetória da taxa de câmbio real no tempo é um excelente indicador do grau decompetitividade dos produtos nacionais frente aos similares do exterior. Se  E ⋅  P U$ = P  R$,tal que,  Er  = 1, a taxa de câmbio nominal é neutra para os efeitos do comérciointernacional. Porém, se E ⋅  P U$ > P  R$, e Er > 1, os produtos importados são mais caros emmoeda nacional do que os correspondentes nacionais. Neste caso, todo o mais constante, ataxa de câmbio nominal está desvalorizada, o que estimula as exportações, a tomada deempréstimos, o investimento externo direto, etc. E, ao contrário, quando  Er < 1, o câmbio

está valorizado, favorecendo as importações, os pagamentos de dívidas e as remessas dedivisas para o exterior.

O Valor de Er depende do câmbio nominal, E , e do nível de preços dos produtos nacionaise estrangeiros. Uma desvalorização da taxa de câmbio nominal modifica no mesmomontante a taxa real, desde que os preços internos e externos não variem. Se o aumentonominal de preços internos for acompanhado por idêntica desvalorização da taxa decâmbio nominal, o câmbio real também não se altera. Como no Brasil, pelo menos até oPlano Real (1994), os preços internos aumentavam muito mais do que os externos, ocâmbio nominal era periodicamente ajustado, ou seja, desvalorizado, para que a taxa decâmbio real não sofresse alterações significativas. Esta foi a justificativa da política de

mini-desvalorizações cambiais iniciada em 1968. Resumindo, para efeito do comérciointernacional e das condições de competitividade dos produtos nacionais, a trajetória notempo da taxa de câmbio real é muito importante. A taxa de câmbio nominal ligeiramentedesvalorizada é um instrumento eficiente para a manutenção da competitividade externa eo crescimento econômico.

 A Taxa de Câmbio de Equilíbrio é um conceito empírico e, num ambiente de liberdadecomercial e financeira, seria o preço da divisa capaz de manter o equilíbrio de longo prazodo balanço de pagamentos. Na realidade, as transações financeiras com o resto do mundotambém são influenciadas pelos estoques das dívidas acumuladas e dos investimentosexternos diretos, e no caso específico dos fluxos de capital de risco (capital especulativo),

 pelo diferencial entre as taxas de juros interna e internacional.

2.-  A Determinação da Taxa de Câmbio ominal. 

 Na ausência de intervenção do governo e de restrições á livre movimentação de capitais, ataxa de câmbio é determinada no mercado de câmbio pela oferta e procura de divisas. Estemercado é constituído pelo conjunto de instituições que comercializam as moedasconversíveis e os ativos financeiros nelas denominados, e cujas operações sãocontabilizadas no Balanço de Pagamentos. A conta de transações correntes inclui oresultado das operações comerciais com mercadorias e serviços, assim como o pagamento

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e recebimento de lucros, juros, serviços governamentais, outros serviços e as transaçõesunilaterais. Na conta de capitais estão registradas as operações de empréstimos efinanciamentos, os investimentos diretos, as amortizações dos empréstimos e as operações

de portfolio.

A oferta de divisas corresponde aos saldos ou créditos em moeda estrangeira provenientesdas exportações de bens e serviços, receitas de serviços de fatores, empréstimos externos,investimentos diretos do exterior, etc. Já a procura de divisas é a solicitação de moedaestrangeira para importar bens e serviços, fazer o pagamento de juros, remeter lucros edividendos, realizar investimentos no exterior, amortizar empréstimos, conceder empréstimos a residentes no exterior, etc.

Quando a demanda por moeda estrangeira aumenta, a curva de demanda por divisas, D, sedesloca para a direita e a taxa de câmbio nominal, E, “aumenta” (se desvaloriza), e mais

moeda nacional será necessária para comprar a divisa. Neste caso, a moeda nacional sedesvalorizou frente à moeda estrangeira. Quando a demanda por divisas diminui ocorre ocontrário. A desvalorização cambial interessa aos agentes que tem créditos a receber emmoeda estrangeira, como os exportadores, pois trocarão a divisa por uma quantidade maior de moeda local.

A oferta de moeda estrangeira aumenta quando aumentam as exportações, as vendas deserviços ao exterior, o investimento externo direto, o fluxo de entrada de capitalespeculativo, etc. Neste caso a curva de oferta de divisas, S, se desloca para a direita e ataxa de câmbio “cai” (se aprecia), a divisa se torna mais barata, pois menos reais compramo mesmo dólar, o que equivale a dizer que o real se valorizou. A apreciação cambial

interessa aos agentes que tem débitos em moeda estrangeira, por exemplo, osimportadores, as empresas que têm lucros a remeter, empréstimos a pagar, etc. O gráfico aseguir sumariza a determinação da taxa de câmbio nominal no mercado de divisas.

R$/1U$ (Taxa de Câmbio)

S S’

2,20 o BCB vende divisas (limite superior)

(Provável  banda larga de flutuação em 2009) 

1,70 o BCB compra divisas (limite inferior)

D’’D’

D

Qe Q’ Q” Quantidade de divisas (U$)

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 Como a taxa de câmbio é um preço básico extremamente importante, é conveniente queseja estável. Para tanto o Banco Central pode estabelecer informalmente uma faixa de

flutuação e atuar no mercado de divisas, comprando ou vendendo a quantidade necessáriade moeda estrangeira para sustentar os limites de flutuação dentro da banda cambial, o que poderá exigir considerável disponibilidade de reservas.

Em princípio, as taxas de câmbio deveriam refletir a estrutura de custos e preçoscompetitivos entre os países engajados no comércio internacional, promover o equilíbriosustentado dos balanços de pagamentos dos diversos países, e garantir a estrutura decomércio e finanças internacionais. Porém, não é isso o que normalmente ocorre, pois ainflação e os fluxos de capitais especulativos inviabilizam o princípio da Paridade doPoder de Compra da Moeda (PPCM) como referência do câmbio, e os preços das moedasse desvinculam dos “fundamentos” da economia, perdendo sua determinação objetiva. As

taxas de câmbio passam a ser influenciadas pelas expectativas sobre o comportamentofuturo do mercado financeiro e das taxas de juros (Blecker, 2005), e pelos estoques dedívidas, internas e externas, e suas possibilidades de financiamento.

3.- Tipos de Taxa de Câmbio: Regime Cambial. 

 Na vigência plena do padrão-ouro as moedas nacionais eram conversíveis numa relaçãooficial e estável com a moeda de reserva, o ouro e a prata, garantindo a permanência doregime de taxas de câmbio fixas. Quando finalmente, na segunda metade do século XIX,as moedas nacionais se tornaram parcialmente fiduciárias, a relação quantitativa das

mesmas com o ouro, que era o “ativo de reserva universal”, se enfraquece, ameaçando odireito legal à conversibilidade plena, o que torna o sistema de taxas de câmbio potencialmente instável. Com tudo, até 1914 predominava o convencimento de quegovernos e bancos centrais subordinariam qualquer objetivo nacional ao compromissocom o valor em ouro de suas moedas, e qualquer desequilíbrio nas contas externas seriaimediata e automaticamente compensado pelo movimento das reservas em metal.Eichengreen (2002).

O período entre guerras foi de grande instabilidade política e econômica. O descontrolemonetário decorrente do financiamento inflacionário da primeira guerra mundial pós umfim ao sistema monetário vigente, levou à hiperinflação, à instabilidade cambial, à redução

do comércio internacional e a várias tentativas de restauração do padrão ouro. Foi umtempo de crise. Desde os acordos de Bretton Woods (1945), que resultaram na criação deregras e instituições para garantir a estabilidade do sistema monetário, o equilíbrio dos balanços de pagamentos e a recuperação econômica, até o início dos anos setenta, oregime foi o de taxa de câmbio fixa, porém ajustável em banda estreita, que contou com oapoio decisivo de controles sobre os fluxos de capital. Desde a suspensão daconversibilidade do dólar em 1971, a progressiva mobilidade do capital financeiro e acrescente fragilidade da moeda americana como ativo de reserva tem provocado constanteinstabilidade e algumas crises profundas nos mercados de câmbio, inclusive da Europa eÁsia. De acordo com B. Eichengreen (2002), a crescente mobilidade do capital financeiro

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internacional aumenta a volatilidade dos mercados, o que é incompatível com aestabilidade do sistema monetário e o regime de taxas de câmbio fixas.

Basicamente, os regimes de câmbio são dois. O de taxa de câmbio fixa, quando aautoridade monetária acumula a moeda de reserva em quantidade suficiente para impor uma relação de troca fixa com a moeda nacional, e o regime de câmbio flexível ouflutuante, quando as autoridades não intervêm e o mercado de moedas flutua livremente.

3.1 Taxa de câmbio fixa.

 Neste regime a autoridade monetária estabelece a taxa de câmbio nominal,comprometendo-se a comprar e vender qualquer quantidade de divisas, a fim de manter a paridade estabelecida. Para tanto, deve ser capaz de cobrir qualquer déficit do Balanço dePagamentos vendendo divisas, e de financiar a compra de reservas provenientes de

qualquer superávit emitindo moeda nacional. A autoridade monetária se obriga a intervir no mercado de câmbio com a freqüência e a intensidade requeridas para manter a paridadeestabelecida.

3.1.1- Vantagens e restrições do câmbio fixo. 

Os benefícios são profundos e de três ordens. O primeiro, e fundamental, consiste emoferecer segurança e previsibilidade aos negócios que envolvem o comércio e as finançasinternacionais, e contribuem para o desenvolvimento econômico das nações. O segundodepende do grau do compromisso com a paridade cambial fixa, se esta for suficientementeforte não haverá razão para que a taxa de juros interna seja muito diferente da

internacional, pois não haverá motivos para esperar mudanças na política monetária.Finalmente, como a taxa nominal de câmbio é um dos preços básicos da economia,quando fixa, contribuirá para a estabilidade de preços.

O câmbio fixo tem profundas implicações macroeconômicas, e além das vantagens queacabamos de enunciar, acarreta também algumas desvantagens. Dado que impõe ao BancoCentral a obrigação de comprar ou vender qualquer quantidade de moeda estrangeira emtroca do equivalente em moeda nacional, acaba vinculando a oferta de moeda interna aocomportamento das reservas cambiais, o que na prática elimina a autonomia da autoridademonetária para definir e executar uma política monetária independente, que possa ser utilizada como instrumento para a expansão da renda e do emprego.

Ao mesmo tempo, as reservas em moeda conversível devem ser elevadas, o que poderárepresentar um custo considerável, especialmente quando provenientes de empréstimos decurto prazo, e na ocorrência de déficit em transações correntes, como não é possívelrecorrer à desvalorização do câmbio, a alternativa para equilibrar o desajuste externocostuma ser a recessão, o que contribui para aumentar as exportações enquanto reduz asimportações. É o conhecido ajuste “por baixo” abertamente utilizado no Brasil no iníciodos anos oitenta. Neste regime, a regra prática é, em termos reais, que a taxa de jurosinterna acompanhe a taxa de juros externa para evitar o movimento especulativo decapitais, o que acabaria provocando mudanças na taxa de câmbio.

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Resumindo: a manutenção do câmbio fixo exige que a política fiscal e monetária sesubordine a este objetivo maior, e eventuais desequilíbrios macroeconômicos, que possamalimentar a expectativa de desvalorização, tais como: déficit fiscal; desequilíbrios nas

contas externas; pressão inflacionaria; movimentos de capital especulativo, etc., devem ser evitados.

3.1.2 - Câmbio fixo e estabilização monetária na experiência brasileira recente.

A experiência confirma que o estabelecimento de uma âncora cambial contribui poderosamente para a estabilização das economias inflacionarias, na medida em querepresenta uma fortíssima restrição sobre a política monetária, reforçando a credibilidadedos planos de estabilização, como foi comprovado nos Planos Cruzado (1986) e Real(1994).

A experiência brasileira no período posterior ao plano Real mostra como é difícil manter ocâmbio fixo sob condições de desequilíbrio externo e alta mobilidade de capitais, e até que ponto as correções do valor da moeda foram traumáticas devido à quebra do compromissodas autoridades com a estabilidade de preços. A aplicação rigorosa deste regime exigegrandes ajustes no setor real da economia, que provocam recessão e desemprego,especialmente, quando o câmbio permanece artificialmente apreciado e a oferta dereservas cambiais é limitada. Ou seja, em economias com escassez crônica de liquidez emmoeda estrangeira e baixa credibilidade, a política de estabilização é especialmentedolorosa, a não ser que se possa contar com a ajuda externa na forma de empréstimos deemergência de parceiros ou de organismos multilaterais (FMI, etc.). Em economias demoedas fracas, conseqüentemente sujeitas a ataques especulativos, a adoção radical do

regime de câmbio fixo, por si só, tende a ser insuficiente e insustentável.

3.2. Taxa de câmbio flexível ou flutuante. 

Se os preços das moedas flutuam livremente sob condições similares às da concorrência perfeita, dizemos que o regime cambial é de flutuação limpa, e quando o mercado sofrealgum tipo de intervenção, com limites para a variação, mas sem perder as características básicas, temos a flutuação suja (dirty floating ).

 Neste regime, o ajuste do mercado de câmbio se da no preço da divisa e não na quantidadenegociada, de modo que o Banco Central não precisa manter grandes reservas em moeda

estrangeira, e o balanço de pagamentos está, por definição, sempre em equilíbrio. Por exemplo, quando um pais tem déficit em suas transações correntes com os demais países,o que significa que a demanda de moeda estrangeira supera a oferta, a moeda local sedesvaloriza, ou seja, a divisa fica mais cara, o que encarece as importações enquantoestimula as exportações. No caso de superavits ocorrerá o contrário. Este ajuste da taxa decâmbio tende a equilibrar automaticamente as contas externas, o que torna a políticamonetária independente do setor externo. Resumindo: como o mecanismo de preços, nestecaso a variação da taxa de câmbio, se encarrega de eliminar os excessos de oferta edemanda de divisas, as contas externas tenderão para o equilíbrio.

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 Na ocorrência de choques externos graves e fuga de capitais, quando aumenta a demanda por moeda estrangeira, o ajuste se fará nos preços, isto é, na taxa de câmbio que sofreraforte desvalorização, mas não nas quantidades, preservando o volume de reservas. Com a

desvalorização, os ativos em moeda nacional se tornam comparativamente mais baratos, oque estimula sua aquisição por residentes no exterior e a correspondente entrada decapitais externos, o que contribuirá para reverter a tendência para a desvalorização e ograu de desconfiança em relação à moeda local. Concluindo: o regime de câmbio flexíveltem seu próprio mecanismo de ajuste.

 Na prática, os mercados de câmbio, assim como muitos outros, não se comportam deacordo com as regras de concorrência perfeita, e o regime de câmbio flutuante tambémapresenta sérios inconvenientes. No mundo real, de moedas fortes e fracas, dadesregulamentação dos mercados financeiros e alta mobilidade dos capitais de riscoespeculativos (portfólio), as taxas de câmbio tem sido excessivamente voláteis, tornando

instáveis as transações internacionais com bens, serviços e capitais, o que tem levado osBancos Centrais a aumentar em muito suas reservas, para poder intervir nos mercados dedivisas operando no dirty floating , e outras instituições recorrem ao mercado futuro demoedas e de derivativos em busca de hedge, para proteger-se das oscilações cambiais, ouaté para especular com elas.

As causas que normalmente perturbam o regime de taxa de câmbio flexível, dificultandoseu suposto ajuste automático, não são essencialmente diferentes das que obstaculizam avigência do cambio fixo. A indisciplina fiscal ou monetária recorrente enfraquecequalquer moeda, que desta forma se torna alvo de possíveis ataques especulativos.Choques externos, suficientes para alterar os fluxos do comercio internacional, tendem a

 provocar desequilíbrios que requerem o realinhamento das moedas. Quando a integração ea cooperação internacional são fracas, o recurso a desvalorizações competitivas podedesembocar em conflitos comercias e até diplomáticos. Também não é desprezível o graude conflito decorrente das vantagens que os países emissores da moeda de reservacostumam auferir ao incorrer sistematicamente em déficits em conta corrente. Naatualidade, o déficit estrutural dos EUA e sua monumental dívida externa ameaçam o papel do dólar como moeda de reserva, a estabilidade do comércio internacional, o sistemade paridades cambiais e o valor dos ativos financeiros, denominados em dólares,transacionados no mercado financeiro internacional.

3.3- Taxa de câmbio fixa com banda de flutuação.

Uma alternativa pragmática entre ambos os regimes de câmbio, que procura maximizar asvantagens de cada um deles minimizando as desvantagens, e que de fato tem sido osistema de câmbio mais praticado desde a reestruturação da economia mundial após asegunda grande guerra, é a modalidade de taxa de câmbio flexível com banda estreita eflutuação negociada entre limites pré-estabelecidos. Para todos os efeitos, é um sistema decâmbio fixo concebido para ser flexibilizado de acordo com a conveniência, especialmentequando a banda de flutuação é rigorosa e bem limitada, como ocorria na vigência dosacordos de Bretton Woods. Neste caso, a autoridade monetária de cada país deviainterferir no mercado de câmbio, nas regras de comércio ou nos controles de capital,quando a paridade cambial extrapolava os limites de flutuação estabelecidos.

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 Um exemplo claro e recente desta política foi a intervenção do BCB vendendo dólares emoutubro de 2002, quando em pleno ataque especulativo contra o real a cotação da divisa

atingiu 3,99 R$, ou comprando, em dezembro de 2004, quando chegou a 2,69 R$. Já aaquisição de dólares pelo BCB e pelo Tesouro Nacional nos anos seguintes tem sidoinsuficiente para deter a apreciação do real. A continuidade até o presente da política de juros reais elevados nos dois períodos do governo Lula, junto com o desempenhofavorável da economia interna e externa, exceto no curto intervalo da crise financeirainternacional de 2008/2009, tem resultado em forte afluxo de divisas e conseqüenteapreciação da taxa de câmbio, que as repetidas intervenções do Banco Central, comprandodivisas, não têm conseguido reverter.

4.- Política monetária x política cambial: a relação entre as taxas de juros e de

câmbio.

Em mercados com plena conversibilidade, o livre fluxo de capitais provoca uma relaçãoinversa entre a variação da taxa de juros e a da taxa de câmbio, estabelecendo a relação dedependência entre política monetária e cambial. Por exemplo, uma política monetáriaexpansionista tende a reduzir a taxa real de juros interna em relação à externa, estimulandoa saída de capitais, o que aumenta a demanda por divisas, e a tendência paradesvalorização cambial. Se, ao contrário, a taxa de juros real interna se eleva acima da quevigora no mercado internacional, como resultado da contração monetária ou da demanda por recursos para, por exemplo, cobertura de déficits do Tesouro, pagamento de dívida pública, etc., haverá entrada de capital estrangeiro de curto prazo, e a oferta maior de

divisas levará à apreciação cambial.

De uma forma geral, a implementação de uma política monetária que resulte nosurgimento de um diferencial entre a taxa real de juros interna e externa, é uma boamedida da variação esperada da taxa de câmbio. Esta relação compensatória entre juros ecâmbio, que é bem conhecida nos mercados futuros, ocorre porque a partir das mudançasda política monetária, os especuladores do mercado de moedas antecipam as variações dastaxas de juros e o comportamento mais provável dos preços dos ativos financeiros.

Resumindo: as variações nas taxas de juros alteram o valor dos ativos financeiros, tanto osos denominados nas moedas locais como nas moedas de reserva, abrindo caminho para as

operações de arbitragem, que resultam na movimentação internacional de capitais que, por sua vez, alteram as taxas de câmbio. Da mesma forma, mudanças nos mercados de câmbio provocam transferências de capitais, porque representam alterações no valor das carteirasde ativos denominados nas diversas moedas, e desta forma induzem alterações na taxa de juros. Assim, a expectativa de desvalorização cambial provoca fuga de capitais, o queinfluencia as taxas de juros. Este foi o caso das crises financeiras no Leste Asiático (1997-98), Russia (1998), México (1995), e Argentina (2001). Em todos eles houvedesvalorização, elevação da taxa de juros interna e depreciação dos ativos financeirosdenominados na moeda local. No Brasil, as fugas de capitais, no final de 1998, início de1999 e, novamente, em meados de 2002, devido à iminente desvalorização do real,

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levaram o BCB a elevar drasticamente a taxa de juros interna, na desesperada tentativa deevitá-las.

5.- BIBLIOGRAFIA. 

EICHENGREEN, Barry. A Globalização do Capital: Uma História do Sistema Monetário Internacional. Editora 34, São Paulo, 2002LOPES, Luiz M. e Marcos S. de Vasconcellos (org).  Manual de Macroeconomia. Ed.Atlas. São Paulo. 1998TRIFFIN, Robert. O Sistema Monetário Internacional . Editora Expressão e Cultura. Riode Janeiro. 1972

6.- APEDICE.

Taxa de câmbio nominal: (Valor de venda do dólar comercial em Reais)

01/03/02 2,040 17/04/08 1,65501/04/02 2,304 15/08/08 1,55924/06/02 2,780 18/09/08 1,93031/07/02 3,470 02/10/08 2,02327/09/02 3,880 05/10/08 2,19810/10/02 3,990 07/10/08 2,31113/02/03 3,665 13/11/08 2,376

02/07/03 2,818 04/02/09 2,30812/01/04 2,790 02/03/09 2,44220/05/04 3,214 04/05/09 2,13017/11/04 2,786 01/06/09 1,95312/01/05 2.699 07/08/09 1,82226/04/05 2,536 09/03/10 1,78230/05/05 2,378 05/08/10 1,75430/09/05 2,213 30/09/10 1,69211/11/05 2,164 18/10/10 1,66614/02/06 2,138 05/01/11 1,67315/02/06 2,116

28/04/06 2,08818/07/06 2,19216/11/06 2,15307/02/07 2,08623/07/07 1,84215/02/08 1,74928/02/08 1,669

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VI.- BALAÇO DE PAGAMETOS E COTAS EXTERAS.

1.- Balanço de Pagamentos.

O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações realizadas entreresidentes no país: pessoas; empresas e governo, e residentes no resto do mundo. Èelaborado pelo banco central e mede o fluxo anual de entradas e saídas de moedaestrangeira conversível no país. As operações que resultam na entrada de divisas (receitas)são registradas a crédito e as que resultam em saídas (despesas) a débito.

Estrutura do balanço de pagamentos.

O balanço de pagamentos se compõe de duas partes principais, as transações correntes,

que incluem as contas de mercadorias, serviços e donativos, e a conta de capital, composta pelas contas de investimentos diretos, empréstimos em moeda e financiamentos,amortizações e o fluxo de capitais de curto prazo, denominado também de investimento de“ portfolio”.

a) Balança Comercial: inclui as exportações e importações de mercadorias a preços FOB(free on board). As exportações representam receitas em divisas, ou moeda estrangeiraconversível, e as importações, despesas em moeda conversível. O resultado líquido da balança de mercadorias depende de vários fatores, entre os principais: o grau de aberturaou de dependência externa da economia; as relações de troca u nível de preços relativos; ataxa de câmbio real; o nível de produção e renda do país e do resto do mundo, etc. Quando

a economia nacional está em expansão as importações aumentam, e as exportações tendema diminuir. A expansão econômica do resto do mundo, assim como a desvalorização damoeda nacional, afetam positivamente as exportações. Quanto mais caros os produtos queo país exporta em relação aos que importa, isto é, quanto mais favoráveis as relações detroca, maiores serão os saldos da balança comercial. Quanto maior a integração comercialdo país com as demais economias, maior o grau de abertura da economia, ou seja, maior será a participação do comércio internacional em relação ao PIB.

b) Balança de serviços: esta conta registra o saldo líquido de receitas e despesas, ouentrada e saída de divisas, que resultam da comercialização dos chamados bens“invisíveis” e do movimento dos rendimentos do capital, inclui as seguintes contas:

- serviços de não fatores: fretes e seguros internacionais de mercadorias- viagens internacionais (saldo do turismo internacional)- serviços do capital ou serviços de fatores : remessas líquidas de juros e lucros.- serviços governamentais.- diversos: royalties, patentes, assistência técnica, alugueis, comissões, etc.

c) Transferências Unilaterais (donativos): engloba as doações, que são operaçõesvoluntárias e sem contrapartida, entre entidades públicas ou privadas sediadas no país e noexterior. Por exemplo, donativos de instituições filantrópicas ou remessas de emigrantes.

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d) Saldo de transações Correntes (a+b+c): é o primeiro grande resultado do Balanço dePagamentos, que apura o saldo líquido das contas de mercadorias e serviços, aremuneração líquida do serviço de fatores, das representações diplomáticas e as

transferências unilaterais. Este saldo afeta diretamente a Renda Nacional, e quando énegativo representa contabilmente o montante de poupança externa canalizada para o país, pois deverá ser financiado com a entrada de capital do exterior. Indica, também, o grau dedependência em relação ao fluxo de capital estrangeiro. Se o saldo em TransaçõesCorrentes for positivo, ocorrerá uma saída líquida de capitais, ou déficit na conta decapitais, para que as contas externas se mantenham em equilíbrio no longo prazo. Nestecaso o país estará financiando os déficits de outros países.

e) Balança de Capitais: registra o fluxo dos capitais autônomos que entram e saem do país no período, agrupados nas seguintes contas:

- investimento direto líquido: representa o capital de não residentes aplicado no país, menos o de residentes aplicado no resto do mundo. Inclui, também, os re-investimentos das empresas estrangeiras estabelecidas no país.

- empréstimos em moeda e financiamento de importações, tanto os recebidos deinstituições no exterior como os concedidos a residentes em outros países.

- pagamento líquido de amortizações dos empréstimos e financiamentos.- saldo do fluxo de capitais de curto prazo ou aplicações de  portfolio no mercado

financeiro.

f) SALDO do Balanço de Pagamentos (d+e): é o saldo da conta de Transações Correntes(TC) e da Balança de Capitais (BC). Superávit se for positivo ou déficit quando negativo.

Este resultado condiciona o sentido das chamadas transações compensatórias, que devemaplicar o superávit ou cobrir o déficit.

Transações Compensatórias: incluem, variação das reservas internacionais, operações deregularização e atrasos comerciais.

As transações com o exterior, tanto comerciais como financeiras, que resultam dasdecisões voluntárias dos agentes econômicos, são denominadas de “transaçõesautônomas”. Como na maioria das vezes não se compensam entre si, dando origem adéficits ou superávits no balanço de pagamentos, surge a necessidade de financiar ouutilizar os saldos através de Transações Oficiais de Financiamento ou “Transações

Compensatórias”, executadas pela autoridade monetária. Assim, um déficit poderá ser coberto pela contratação de novos empréstimos ou mediante a redução das reservasinternacionais, que são os saldos em moeda estrangeira conversível e de ouro monetário, adisposição da autoridade monetária ou tesouro nacional. Na ocorrência de superávit, asautoridades poderão optar pela redução da dívida externa ou pelo aumento das reservas do país. Outra forma de financiar déficits externos é recorrer aos empréstimos de instituiçõesmultilaterais como o FMI, nas chamadas “operações de regularização”, ou incorrer ematrasos de obrigações.

2.- Contas Externas do Brasil.

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BALANÇO DE PAGAMENTOS: CONTAS SELECIONADAS

 ANO   Balança  Balança  Pagam.  Remessa  Trans.   Amorti-   Invest.  Emprés. Comerc. Serviços De juros de

lucrosCorrent. zações diretos Financ.

1990  10.753  -15.369  -9.748  -1.592  -3.782  -8.665  281  5.009 

1991 10.579 -13.542 -8.621 -665 -1.407 -7.830 104 6.492

1992 15.308 -11.131 -7.253 -574 6.450 -8.572 1580 9.3091993 12.938 -15.362 -8.280 -1.831 -637 -9.692 714 13.1701994 10.460 -14.743 -6.338 -2.483 -1.689 -50.411 1.972 52.893

1995 -3.158 -18.594 -8.158 -2.590 -17.972 -11.023 4.313 14.7361996 -5.554 -21.707 -9.840 -2.373 -24.347 -14.271 9.976 26.4141997 -8.357 -26.897 -10.391 -5.597 -33.054 -28.701 17.085 30.5861998 -6.474 -28.798 -11.948 -7.181 -33.611 -33.587 25.897 61.9841999 -1.261 -25.829 -15.237 -4.099 -25.062 -51.905 29.987 44.2642000 -697 -25.706 -15.088 -3.589 -24.608 -34.690 30.563 42.4942001 2.640 -27.496 -14.881 -4.691 -23.217 -35.200 22.600 52.8002002 13.126 -23.273 -13.130 -5.162 -7.757 -31.100 16.566 30.100

2003 24.830 -23.640 -13.020 -5.640 4.051 -27.200 10.144 22.8002004 33.693 -25.293 -13.364 -7.338 11.669 -42.000 18.166 20.5002005

2006

44.757

46.077

-34.115

-36.858

-13.496

-11.297

-12.686

-16.354

14.199

13.528

-33.000

-29.592

15.066

18.782

22.743

19.03620072008200920102011

40.04024.96724.615

-40.570-57.234-52.945

-7.122- 7.232- 9.069

-21.236-33.875-25.218

3.555-28.192- 24.334

------

34.58545.05825.949

31.6838.143

17.241

Prof. Domingo Zurrón Ocio

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54

 Resumo do Balanço de Pagamentos do Brasil: 1985 a 2010. (milhões de US$)

AnoBalança Comercial Balança de Serviços

Balança:Transaç.Correntes

Balança de CapitaisSaldo doBalançode Pgtos. 

Export. Import. SaldoDespesasc/juros Saldo

Empréstimoe Financ.

Amorti-zações Saldo

87 26.224 15.051 11.203 -9.319 -12.678 -1.436 11.935* -13.503* - 746 -2.987

89 34.383 18.263 16.120 -10.937 -15.331 1.033 29.612* -33.985* -3.648 -3.391

90 31.414 20.661 10.753 -10.026 -15.369 -3.782 3.124 -8.665 -4.715 -8.825

91 31.620 21.041 10.579 -8.621 -13.542 -1.407 2.990 -7.830 -4.148 -4.679

92 35.862 20.554 15.308 -7.323 -11.131 6.450 30.434 -8.572 25.271 30.028

93 38.704 25.695 13.009 -8.453 -15.362 -637 13.519 -9.692 9.903 8.404

94 43.545 33.079 10.466 -8.338 -14.743 -1.689 55.741 -50.411 14.249 12.939

95 46.506 49.663 -3.158 -8.158 -18.594 -17.972 17.570 -11.023 29.359 13.430

96 47.747 53.286 -5.539 -9.840 -21.707 -24.347 27.104 -14.271 32.148 8.774

97 52.990 61.347 -8.357 -10.391 -26.897 -33.054 47.166 -28.701 25.864 -7.865

98 51.120 57.594 -ó.484 -11.948 -28.798 -33.611 61.984 -33.587 25.641 -7.970

99 48.011 49.272 -1.261 -15.237 -25.829 -25.062 44.264 -49.120 17.240 - 7.822

00 55.086 55.783 -697 -15.088 -25.706 -25.051 42.494 -34.690 22.346 -2.2262

01 58.223 55.583 -697 -14.881 -27.496 -23.217 52.800 -35.200 26.890 3.307

02 60.361 47.235 -697 -13.130 -23.273 -7.757 30.100 -31.100 12.003 302

03 73.085 48.254 24.830 -13.020 -23.640 4.051 22.800 -27.200 5.543 8.496

04 96.474 62.768 33.705 -13.364 -25.293 11.669 20.500 -42.000 - 7.310 2.244

05

06

116.913

137.471

72.428

91.394

44.485

46.077

-13.496

-11.297

-34.115

-36.852

14.199

13.528

2.743

19.036

-33.000

-29.592

-9.464

17.277

4.319

30.569

07

08

09

10

11

12

160.651

197.942

152.252

120.612

172.975

127.637

40.040

24.967

24.615

-7.122

-7.232

- 9.069

-40.570

-57.234

-52.945

3.555

-28.192

-24.334

31.683

8.148

17.241

---

---

---

88.935

29.352

70.551

87.484

2.969

46651

FONTE: CONJUNTURA ECONÔMICA - F GV(*) Renegociação de atrasados da divida externa. 

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55

 Dívida Externa, Serviço da Dívida Externa e Capacidade de Pagamento.

(Milhões de US$)

AnoDívidaBruta

ReservasInternacionais

Dívidalíquida

Serviço daDívida

Serviço daDívida/Exp.

DívidaLiq/Exp.

6 mesesLibor 

%

12 mesesPrime rate

%

85 95.857 11.608 84.249 18.150 0.71 3.29 8.00 9.50

87 107.514 7.458 100.056 22.612 0.86 3.82 7.50 8.75

89 99.285 9.679 89.606 24.182 0.70 2.60 8.50 10.50

90 96.546 9.973 86.573 16.682 0.53 2.76 8.35 10.00

91 92.996 9.406 83.590 16.451 0.52 2.64 6.21 8.50

92 110.835 23.754 87.081 15.895 0.44 2.25 4.07 6.25

93 114.240 32.211 82.059 18.145 0.47 2.12 3.41 6.00

94 119.668 38.806 80.862 56.749 1.30 1.86 6.76 8.50

95 129.313 51.840 77.473 19.181 0.41 1.67 5.99 8.81

96 142.148 60.110 82.038 24.111 0.50 1.72 5.53 8.25

97 163.283 52.173 111.110 39.092 0.74 2.10 5.74 8.46

98 219.999 44.556 165.902 45.535 0.89 3.24 5.47 8.38

99 211.442 36.342 175.100 67.070 1.40 3.65 5.49 8.0000 231.526 33.011 198.515 49.778 0.90 3.60 6.63 9.19

01 209.903 35.866 174.037 50.081 0.86 3.00 3.72 6.70

02 210.711 37.823 172.888 44.230 0.73 2.86 1.90 4.70

03 214.899 49.296 165.603 40.220 0.55 2.27 1.25 4.13

04 201.374 52.935 148.439 55.364 0.57 1.54 1.73 4.29

05

06

0708

09

10

11

169.450

168.868

193.219198.340

202.930

53.799

85.839

180.334206.806

239.054

116.651

65.816

17.362--

--

46.496

40.889

----

--

0.39

0.30

----

--

0.99

0.47

0.11--

--

3.69

5.20

5.023.05

1.17

6.06

7.80

8.084.88

3.25

FONTE: CONJUNTURA ECONÔMICA – FGV

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56

 

BALAÇO DEPAGAMETOS(Padrão simplificado)(Milhões de US$)

1.- Balanço Comercial

(+) Exportaçoes(FOB)(-) Importações (FOB)

2. Balanço de Serviços líquido

Viagens Internac. (Turismo)TransportesSeguros

Rendas do Capital:- Juros Líquidos- Lucros e Dividendos- Diversos

Receitas/Despesas do governo

3.Transferências Unilaterais

4. Balança TransaçõesCorrentes: (1+2+3)

5. Balanço de Capitais

Invest. Líq. Estrangeiro DiretoEmpréstimos e FinanciamentosAmortizaçoesInvestimento em Portfólio

6. (4+5) SALDO

7. Transações CompensatóriasVariação das reservasOperações de regularizaçãoAtrasados

2003

24.830

73.08548.254

(23.640)

218(1.746)

(436)

(13.020)(5.640)(3.016)

(151)

2.867

4.051 

5.543

10.14422.800

(27.200)5.122

8.496

2004

33.705

96.47462.768

(25.293)

351(2.081)

(544)

(13.364)(7.338)(2.137)

(180)

3.268

11.669

(7.310)

18.16620.500

(42.000)(3.996) 

2.244

2005

44.484

116.91372.428

(34.115)

(858)(1.790)

(568)

(13.496)(12.686)(3.964)

(753)

3.558

14.199

(9.464)

15.06622.773

(33.000)6.655

4.319

2006

46.077

137.47691.394

(36.852)

(1.448)(2.881)

(430)

(11.267)(16.354)(4.902)

(450)

4.306

13.528

17.277

18.78219.036

(29.592)9.051

30.569

2007

40.028

160.649120.621

(40.570)

(3.258)(3.811)(766)

(7.122)(21.236)

(1.531)

4.086

3.555

88.935 

34.61631.683

(25.000)48.104

87.484

2008

24.967

197.942172.975

(57.234)

(5.172)(4.994)

(857)

(7.232)(33.875)

- - -

(1.116)

4.188

(28.300)

29.352

45.0588.143

(23.000)(767)

2.969

2009

24.615 

152.252127.637

(52.945) 

(5.594)(3.925)(1.442)

(9.069)(25.218)

- - -

(1.454)

3.263

(24.334)

70.551

25.94917.241

(19.000)46.159

46.651

Fonte: Conjuntura Econômica-FGV

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57

V – A MICROECOOMIA.

A microeconomia é a parte da economia que estuda o comportamento dos agenteseconômicos, consumidores e produtores, guiados pelo princípio da maximização. Supõeque os consumidores visam maximizar a utilidade que pode ser obtida de seus orçamentos,que são limitados, enquanto que as empresas objetivam maximizar os lucros, e conclui queos agentes são racionais porque sempre atuam de forma a maximizar estes objetivos.

A microeconomia aborda as decisões de consumo das pessoas, as de produção dasempresas, a determinação dos preços e das quantidades do que é produzido e vendido,assim como a alocação dos recursos ou fatores de produção. O comportamento dosagentes se materializa na operação dos mercados.

1. O “Mercado” como instituição. 

Historicamente o termo mercado indicava o espaço físico das trocas. De uma forma maisampla e figurada, entendemos por “mercado” a instituição que regula e ordena a atividadeeconômica nas sociedades capitalistas, tendo por base a propriedade privada e o sistema jurídico que lhe dá suporte legal e regulamenta os contratos. Acreditamos que a troca livree justa de mercadorias permite que os agentes econômicos, pessoas e empresas, guiados pelas escolhas racionais, de acordo com seus interesses individuais, maximizem suautilidade individual. Quando o mercado opera na condição ideal de concorrência perfeita, possibilita que estes agentes aloquem de forma eficiente e racional os recursos disponíveis

de capital, trabalho, tecnologia, etc., enquanto se apropriam dos resultados de forma justae eqüitativa, o que contribui para a obtenção do bem estar coletivo. Ou seja, o corretofuncionamento dos mercados tem o poder de alocar de forma impessoal e eficiente osrecursos para determinar: o que e como produzir; quando e onde produzir, etc., atendendode forma ideal as necessidades e preferências da sociedade.

Para Adam Smith (séc.XVIII) o mercado seria a “Mão Invisível” que determina os preçose as quantidades das mercadorias que serão produzidas e consumidas numa sociedade livree competitiva, de acordo com as funções de oferta e procura de cada bem econômico.

1.1- A demanda (procura) e a teoria do consumidor.

A demanda individual por uma determinada mercadoria relaciona a quantidade deunidades que o consumidor pode e está disposto a adquirir a cada preço, tudo o maisconstante: a restrição orçamentária; as preferências por outros bens; os demais preços, etc.A demanda por um bem depende da utilidade que subjetivamente lhe é atribuída, erepresenta a satisfação que o consumidor obtém ao usufruir esse bem.

Já a utilidade marginal é a medida da satisfação proporcionada pelo consumo da unidadeadicional, e como é decrescente, à medida que aumenta o consumo do bem, o consumidor somente estará disposto a adquirir quantidades adicionais do bem a preços cada vez

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menores. Assim, a curva de demanda é inclinada para baixo, da esquerda para a direita,quando o preço é representando no eixo das ordenadas e as quantidades no das abscissas.

 p

qd = a - bp

qd

A teoria da demanda se fundamenta: no  principio da utilidade; na existência de restriçãoorçamentária; na possibilidade de escolha racional e no acesso a todas as informaçõesrelevantes. Embora a compreensão da curva de demanda seja bastante intuitiva, oseconomistas desenvolveram uma complexa teoria do consumidor cujos elementos básicossão o axioma da utilidade marginal decrescente, o comportamento racional do consumidor e a possibilidade de escolha livre.

O formato da função de demanda de um bem econômico depende do comportamentosubjetivo do consumidor, de acordo com a utilidade marginal que lhe atribui, e aagregação das inúmeras demandas individuais desse determinado bem resulta na suademanda de mercado. Ou seja, a curva de demanda total de uma mercadoria é a somatória

das demandas individuais.

Exemplo: seja a escala a seguir a representação da demanda por um determinado bemeconômico (linear para maior simplicidade):

Preço (R$): 1 2 3 4 5Quantidade (unid.): 50 45 40 35 30(fonte:Vasconcellos M.A. Economia:micro e macro. Ed. Atlas,São Paulo,2001)

A função de demanda do tipo, bpaqd  −= , será neste caso:  pqd  555 −=  

È importante ressaltar que a variação do preço de um determinado bem econômico provoca deslocamentos ao longo da curva de demanda, enquanto que alterações nasdemais condições de mercado, tais como: renda pessoal; condições de crédito; preçosrelativos; gostos e preferências dos consumidores; preços de bens substitutos oucomplementares, etc., deslocam a própria função de demanda. Assim, um aumento darenda disponível deslocará para a direita a curva de demanda, significando que osconsumidores compram quantidades maiores do produto aos mesmos preços.

1.2- A oferta.

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A função de oferta relaciona as quantidades de um determinado bem que uma dadaempresa está disposta e pode oferecer a cada nível de preços, todo o mais constante. Dadaa relativa escassez dos fatores de produção, capital e trabalho, o custo de aquisição de

quantidades adicionais de fatores deverá ser crescente, isto é, seu custo marginal écrescente, de modo que a curva de oferta, que depende do custo marginal, é“positivamente” inclinada, ou ascendente de esquerda para direita quando se representamos preços no eixo das ordenas e as quantidades no das abscissas. Resumindo: a função deoferta padrão depende do custo de produção, e seu formato deriva especificamente docomportamento crescente do custo marginal. Da agregação das funções de ofertaindividuais das empresas que produzem o mesmo bem econômico resulta sua função deoferta no mercado.

 pqs = a + bp

qs

Exemplo: admitindo que os dados abaixo representem as quantidades de um bem queserão produzidas e ofertadas a cada nível de preço (linear para maior simplicidade):

Preço (R$): 1 2 3 4 5Quantidade (unid.): 30 35 40 45 50(fonte: Vasconcellos M. A. Economia: micro e macro. Ed. Atlas, São Paulo, 2001)

A função de oferta do tipo: bpaq s += , será dado por:  pq s 525 +=  

1.3- O equilíbrio de curto prazo.

Conhecidas as curvas da oferta e da demanda de um determinado bem econômico, aquantidade comercializada no mercado, e seu respectivo preço, serão determinadas no

 ponto de interseção de ambas as funções. As funções de demanda e de oferta determinamque o equilíbrio de mercado de curto prazo ocorrerá ao preço de 3 R$ e 40 unidadescomercializadas. Para preços superiores ao de equilíbrio a oferta excederá a demanda, provocando a redução do preço. Quando inferior, será a demanda quem supera a oferta e o preço tenderá a elevar-se. Portanto, preservadas as condições da concorrência, haveráconvergência para o equilíbrio entre a oferta e a procura. O gráfico abaixo ilustra oequilíbrio de mercado.

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60

 

Podem ocorrer situações extremas como as representadas nos gráficos (A) e (B), a seguir. No primeiro, a oferta é infinitamente elástica e determina o preço, enquanto que ademanda define as quantidades. Esta configuração tende a ocorrer em mercadosoligopolizados, onde as empresas operam com excesso de capacidade planejada, fixam o preço e produzem de acordo com a demanda. No segundo, a oferta é fixa, inelástica a preços, e a demanda determina o preço, por exemplo, ingressos para um espetáculo.

(A) (B) 

 p pS

P`

 p S  pD´

D D’ D

q q

1.4- O conceito de Elasticidade-preço da demanda.

O conceito de elasticidade-preço da demanda é de grande importância para as empresas,na formulação da estratégia de vendas e política de preços, pois indica a reação dosconsumidores às possíveis variações de preços. A elasticidade-preço da demanda é avariação percentual da quantidade demandada para cada variação de uma unidade percentual do preço. Este conceito, que mede a sensibilidade da demanda á variação do preço, informa como a mudança de preços pode afetar as receitas da empresa.

Elasticidade-preço da demanda:Q

 p

 p

Q

 p p

QQ

 p

Q Epd  ∆

∆=

∆∆

=∆∆

=/

/

%

 

0

1

2

3

4

5

6

30 35 40 45 50

Q

PQd

Qs

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61

Quando a demanda é continua a elasticidade no ponto é dada por:q

 p

 p

q Epd 

δ  

δ  −=  

Como preços e quantidades variam em sentidos opostos, o cociente é necessariamentenegativo, de modo que o coeficiente de elasticidade deve ser expresso no seu valor absoluto. Assim, quando [ d  Ep > 1], significa que a demanda do bem é elástica, ou seja,

especialmente sensível ao comportamento do preço, pois as variações do mesmo provocam alterações proporcionalmente maiores nas quantidades demandadas. Aocontrário, quando [ d  Ep < 1] a demanda é inelástica, e a variação nas quantidades

demandadas é proporcionalmente menor do que a variação do preço. Quando preços equantidades variam, em sentidos opostos, mas com a mesma intensidade, dizemos que aelasticidade é unitária.

Com os dados da tabela acima, quando o preço do produto muda:

a) de 4 para 3 R$: 57,035

4

1

5=

 

  

 =d  Ep  

 b) de 3 para 2 R$ : 375,040

3

1

5=

 

  

 =d  Ep  

O conceito de elasticidade no ponto só é válido para variações de preço muito pequenas, para alterações maiores o conceito adequado é o de elasticidade no arco, que toma como

 ponto de referencia o valor médio de preços e quantidades, antes e depois da variação.

De forma similar, a elasticidade da oferta é o coeficiente que mede a variação proporcionalna quantidade ofertada para cada variação de uma unidade percentual no preço. Já aelasticidade renda da demanda será o valor do coeficiente que mede a variação dasquantidades demandadas para a variação de 1% na renda do consumidor.

1.5- Receita marginal e elasticidade.

A variação da receita total da empresa (RT = p x q) depende da receita marginal, que é areceita proveniente da última unidade vendida, que por sua vez depende da elasticidade de

sua curva de demanda. É possível demonstrar (vide apêndice) que: ( )d  Ep p Rmg  11−= ,assim, quando 1=d  Ep , elasticidade unitária, a receita marginal é nula e a receita total

(RT) não se altera quando o preço muda, pois nesse ponto da curva de demanda, preços equantidades variam na mesma proporção em sentidos opostos. Quando 1>d  Ep , o

acréscimo percentual da quantidade demandada supera a redução percentual do preço, areceita marginal é positiva e a receita total aumenta quando o preço diminui. Quando aelasticidade-preço da demanda é inferior a um, a receita marginal é negativa. Neste caso aredução dos preços acarreta diminuição de receita total. Resumindo:

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[ d  Ep > 1], demanda relativamente elástica e Rmg > 0; quando o preço cai a RT aumenta.

[ d  Ep < 1], demanda relativamente inelástica e Rmg < 0; “ “ “ diminui.

[ Epd = 1], Rmg = 0; a variação do preço não altera a Receita Total.

 No exemplo acima, como a elasticidade da demanda é menor do que um, conclui-se que aredução do preço resulta em redução da receita total. Ou seja, a demanda é relativamenteinelástica e, do ponto de vista da empresa, não vale a pena reduzir o preço.

2.- A Teoria da Firma.

 Na teoria microeconômica a “teoria da firma” aborda a função de produção  padrão e aestrutura de custos correspondente. Sob condições de concorrência, a curva de oferta de

um bem qualquer deriva necessariamente de sua função de produção específica, querepresenta a relação entre a quantidade dos insumos exigidos no processo de produção e aquantidade de produto obtido. Supondo, para simplificar, que o resultado da produção éum único produto, e que o processo de produção é o mais eficiente possível. A função de produção da firma representativa pode ser definida genericamente por: ( )n x x x f q ,..., 21= ;

onde “q” é a quantidade produzida, “x” os fatores de produção e “f” o processo de produção mais eficiente. Sua formulação mais simples inclui apenas dois insumos, capital( K ) e trabalho ( L), e pode ser definida genericamente por: Q = g(K,L). Como no curto prazo as quantidades de capital, insumos e tecnologia permanecem constantes, enquanto ofator trabalho varia, a formulação final da função de produção de curto prazo é dada por:Q=f(L), sendo f’ > 0 e f”< 0. Ou seja, inicialmente a função têm rendimentos crescentes e

 posteriormente decrescentes, o que, como veremos, define o formato padrão em U daestrutura de custos da firma representativa.

O custo do produto para a empresa é o conjunto de despesas realizadas para obter a produção. O Custo Total, CT , tem dois componentes, o Custo Fixo, CF , que engloba asdespesas fixas que independem da quantidade produzida, por exemplo: a depreciação doequipamento; os seguros; juros de empréstimos; remuneração de diretores; alugueis eoutras despesas gerais da administração, e o Custo Variável   (CV), composto pelasdespesas diretamente alocáveis à produção, como mão-de-obra direta, matérias primas,energia, etc. O Custo Médio (CMe) é o custo por unidade de produto, CMe = CT/Q, e pode ser decomposto em Custo Variável   Medio, CVMe = CV/Q, e Custo Fixo Médio,

CFMe = CF/Q. O Custo Marginal (CMg) é o aumento do custo total devido ao aumentode uma unidade a mais de produto, e depende do custo variável: Cmg = ∆ CV/ ∆Q.

2.1- A lei dos rendimentos marginais decrescentes e as curvas de custo padrão.

Esta lei, que é essencial na concepção neoclássica da teoria da produção, diz respeito àsvariações na quantidade produzida para cada incremento adicional na quantidade do fator variável. Afirma que quando a empresa aumenta a quantidade do fator variável, permanecendo constante a quantidade do fator fixo, a produtividade marginal do fator variável aumenta no início e a partir de certo ponto começa a decrescer até tornar-seeventualmente negativa.

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Ou seja, dada a função de produção de curto prazo, onde o trabalho ( L) é o fator variável, a produtividade marginal,  PmgL = ∆Q/ ∆ L, acabara sendo decrescente. Esta premissafundamenta o principio do custo marginal crescente e a configuração positivamenteinclinada da curva de oferta padrão.

Como no curto prazo o único fator variável no processo de produção é o trabalho,contratado ao salário de mercado, w, que permanece constante, o custo marginal será oacréscimo do custo variável decorrente do aumento de uma unidade de produto. Assim:Cmg = ∆CV/ ∆Q = w ∆ L / ∆Q. Como  PmgL = ∆Q/ ∆ L, então: Cmg = w / PmgL. Quando a  PMgL se torna decrescente o Cmg será crescente.

Concluindo: o custo marginal de um determinado bem corresponde ao preço do insumovariável dividido pelo valor do produto marginal produzido. Como o preço do insumo éconstante, o custo de produção depende da produtividade do fator variável, o trabalho, quesendo decrescente faz com que o custo marginal seja crescente, o que dá o formato dafunção de oferta do produto em questão, crescente á medida que a produção aumenta.

O formato padrão das curvas de custo no curto prazo deriva da função de produção, ecomo a curva de oferta corresponde ao trecho da curva de custo marginal acima do custovariável médio, conclui-se que a curva de oferta depende da função de produção. Assim,feita a escolha do processo produtivo e da tecnologia empregada, que definem ascaracterísticas da função de produção de um determinado bem, teremos sua estrutura decustos e a curva de oferta correspondente. A tabela e os gráficos que se seguem ilustram aestrutura de custos e função de oferta da firma padrão.

2.2- Exemplo de modelo padrão de custos e sua representação gráfica.

Qte. CF CV CT Cmg Cme CVMe CFMe

0 35 0 35 - - - -

1 35 24 59 24 59 24 35,0

2 35 40 75 16 38 20 17,5

3 35 60 95 20 32 20 11,6

4 35 85 120 25 30 21 8,7

5 35 115 150 30 30 23 7,0

6 35 155 190 40 32 26 5,8

7 35 210 245 55 35 30 5,0

(Fonte: Wonnacott, Crusius. Economia. McGraw-Hill, São Paulo,1989)

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2.3- A Curva de Oferta.

A função de oferta relaciona a quantidade de um determinado bem econômico que a firmaestá disposta a ofertar a cada nível de preços. Como o custo marginal é crescente à medidaque a produção aumenta, a curva de oferta será também positivamente inclinada. Assim,quantidades adicionais, por terem custos maiores, serão ofertadas a preços mais elevados.A empresa encerrará a produção sempre que o preço de mercado seja inferior ao custovariável médio. Acima deste ponto, embora operando com prejuízo, a empresa “amortiza”o custo fixo, e quando o preço supera o custo médio total, CMeT, começa a ter lucro.Resumindo: a curva de oferta do produto corresponde ao trecho do seu custo marginal acima do custo variável médio.

Custo de Produção Padrão

0

50

100

150

200

250

0 1 2 3 4 5 6 7Unidades

      R      $

CF

CV

CT

Custo por Unidade

0

10

20

30

40

50

60

0 1 2 3 4 5 6 7

Unidades

      R      $

Cmg

Cme

CVMe

CFMe

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 2.4- Maximização do lucro e tamanho ótimo da firma.

A economia neoclássica supõe que o objetivo da empresa é maximizar lucros,independentemente do mercado onde atua, e para tanto terá que resolver a questãofundamental de definir seu tamanho ótimo, ou produção ótima. A regra que define oequilíbrio microeconômico e o tamanho ideal da empresa afirma que o lucro total émáximo no nível de produção em que a Receita Marginal iguala o Custo Marginal, ouseja, quando Rmg = Cmg . (demonstração no apêndice)

3.- Estruturas de mercado.

 Neste item consideraremos as formas básicas de estruturação dos mercados, de acordo

com suas características fundamentais. A maioria das empresas fazem parte de mercadosde concorrência imperfeita, complexos e com maior ou menor grau de competição,enquanto que as formas mais simples e opostas, de concorrência perfeita e o monopólio,são bem menos freqüentes.

3.1- Concorrência perfeita.

Um mercado é de concorrência perfeita quando se cumprem as seguintes condições: hámuitos compradores e muitos vendedores, e cada um deles é pequeno o suficiente para nãoter o poder de influenciar o mercado; há liberdade total de entrada e saída do mercado, istoé, os custos de abrir e fechar a empresa são muito baixos; o produto é homogêneo, e de

 preferência perecível; as informações, sobre as condições do mercado, som completas eestão absolutamente disponíveis. Nestas condições, o preço é determinado pelo mercado eas firmas são apenas tomadoras de preço ( price takers). A produção e distribuição defrutas e legumes pode ser um bom exemplo deste mercado. Os gráficos a seguir refletem adeterminação de preços e quantidades em mercados de concorrência perfeita:

 Equilíbrio competitivo de curto prazo: do mercado e da firma.

mercado firma

 p pS=ΣCmg i

Po Demanda, Ep = ∞ 

D=Σd i 

Qo Q q

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  Equilíbrio da firma:

curto prazo longo prazo p p

CmgCme Cmg

 po Cmelucro extraordinário p = Rme = Rmg

Cme po

qo q qo q

A existência de lucro no curto prazo, quando p > Cme, levará à entrada de novas firmas nomercado deslocando a oferta para a direita e reduzindo o preço até o ponto em que o preçode mercado seja equivalente ao custo médio mínimo da firma, tal que: p = Cmg = Cme.

A análise microeconômica “marginalista”, que supõe axiomaticamente condições deconcorrência perfeita, fundamenta o comportamento da demanda no princípio daigualdade entre preço e utilidade marginal (Umg), e o da oferta na equivalência entre preço e custo marginal. Do ponto de vista ideológico o sistema é justo e eficiente, pois oconsumidor paga apenas o correspondente ao valor adquirido, já que o preço é a medida

da utilidade que atribuí ao bem, e o preço cobrado equivale ao custo médio mínimo.3.2- Monopólio.

É a condição de mercado oposta à concorrência perfeita, onde existe apenas uma únicaempresa ofertando o produto para muitos compradores. A firma monopolista é o mercado, pois dita o preço e a quantidade ofertada. Mesmo assim, a decisão de preço e quantidade aser produzida, dado que visa maximizar o lucro, dependerá do formato das curvas de custoe de demanda de seu produto, e será determinada no nível de produção em que o customarginal seja equivalente à receita marginal.

PCmg

Po CMe

CMeRme = Demanda

Rmg

Qo Q

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 Obviamente, a vantagem do monopolista está na exclusividade de seu produto, o que tornasua demanda inelástica a preço. Quanto mais inelástica maior será o grau de monopólio e

o preço que o monopolista pode praticar e, ao contrário, quanto mais elástica a demanda,devido, por exemplo, à existência de melhores substitutos do produto, mais caracterizadaestará a condição de concorrência monopolística, e menor será o preço.

Exceto nos casos de monopólio natural, esta forma de mercado é bastante rara. O maisfreqüente é que algumas poucas empresas ocupem um determinado mercado. Omonopólio tende a evoluir para situações de maior competitividade, como a competiçãomonopolista ou para o oligopólio. No primeiro caso há muitos produtores de produtosdiferenciados, o que é mais comum no comércio varejista, nos serviços pessoais, etc.. Nooligopólio há poucos produtores de bens homogêneos ou diferenciados, como por exemplo, no setor automobilístico, farmacêutico, hoteleira, etc.

Como o monopólio tende a ser muito lucrativo, outras empresas tentarão entrar nomercado, porém existem barreiras de entrada, por exemplo: restrições legais ao ingressodecorrentes de posse de lavra; marcas registradas e patentes; concessões de serviços públicos, etc. Outro tipo de barreira de natureza econômica é a exigência técnica detamanho mínimo considerável para a produção eficiente, como é o caso da industriasiderúrgica, de energia, etc. Existem também barreiras informais, como a possívelintimidação comercial ou financeira das empresas já instaladas, etc.

Em algumas atividades, denominadas de monopólio natural , a concorrência é impossíveldevido à inviabilidade econômica de coexistência de mais de uma empresa na mesma

atividade no mesmo local. Isto é freqüente, por exemplo, nos serviços públicos, como produção e distribuição de água, de eletricidade, limpeza pública, transporte coletivo,rodovias, etc. Nestes casos o poder público costuma fazer a “concessão” para exploraçãoda atividade, que passa a ser regulada por contratos.

3.3- Oligopólio.

É, sob suas diferentes formas, a estrutura de mercado mais freqüente e complexa.Caracteriza-se pela existência de poucos produtores com poder de fixar os preços,comercializando produtos com altas elasticidades cruzadas, isto é, bons substitutos entresi. Industria de transporte, automobilística, farmacêutica, química, alimentos, serviços

hospitalares, intermediação financeira, comércio atacadista, etc., são bons exemplos destaestrutura de mercado, onde os preços são relativamente rígidos, apesar das variações doscustos, e as decisões estratégicas de uma empresa são fortemente influenciadas pelas açõese decisões dos concorrentes.

 Nos setores oligopolizados, embora possa existir algum tipo de cooperação, na maioria dasvezes as empresas interagem de forma competitiva, e as ações de cada uma delas afetamas estratégias das demais. A inovação tecnológica, de produto ou de processo, permite quea empresa inovadora possa usufruir a vantagem do monopólio, protegida pelo direito de propriedade ou por outras barreiras como o tamanho ótimo, etc. Em mercados maismaduros e competitivos é freqüente observar sua consolidação, através de fusões e

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incorporações que resultam em menor número de empresas, embora de maior porte, emenor grau de competitividade. Este tipo de mercado é tão complexo e diversificado quenão existe nenhuma teoria geral que possa defini-lo satisfatoriamente, apenas modelos de

situações oligopolisticas específicas.

O “princípio do custo total” ou de “mark up” é uma boa aproximação para explicar aformação dos preços estabelecidos com base no custo primário, ao qual é acrescida umamargem suficiente para cobrir os custos fixos e gerar lucros. No modelo de AlfredEichner, que é aplicado a oligopólios onde há uma empresa líder, os preços são dados pela

relação:CTI  PCU 

CLCF CVMe p

×+

+= , onde: CL é o corporate levy (margem desejada ou

 planejada pela empresa),  e o denominador é o produto do Percentual de CapacidadeUtilizada vezes a Capacidade Técnica Instalada. Obviamente a CTI é fixa e o PCU variade acordo com as estimativas de comportamento do mercado no período. O CL deve ser osuficiente para gerar a parcela de recursos próprios necessária para financiar oinvestimento previsto para o período de planejamento. Neste modelo a remuneração dosacionistas é fixa e faz parte do custo fixo.

A Teoria dos Jogos desenvolve modelos que visam prever o comportamento das empresas perante as possíveis ações e reações de seus concorrentes. Por sua vez, a teoria daOrganização Industrial oferece valiosas análises sobre a organização e comportamento dasgrandes empresas, de acordo com seus múltiplos objetivos e as diversas situações dosmercados. Concorrência perfeita e monopólio são formas estilizadas e fáceis decaracterizar, porem, pouco representativas. A complexidade do oligopólio transcende oescopo deste breve resumo.

4.- Bibliografia

EICHNER. The Megacorp and Oligopoly. Microfundations of Macro Dynamics.Cambridge University press.1976.PINDYCK, R.S. & Daniel L.R. Microeconomia. Makron Books. São Paulo.1991.VASCONCELOS, M. A. Economia: micro e macro. Ed. Atlas. São Paulo. 2001

APEDICE

1. Receita marginal e Elasticidade-preço da demanda.

 Rmg=RT/Q = dRT/dq = d(pq)/dq = p´q + q´p = dp/dq · q + dq/dq · p = p + q(dp/dq).

Multiplicando e dividindo por  p o segundo elemento, temos:

 Rmg = p + q(dp/dq)· p/p = p + q/p (dp/dq)p ;

dado que: [Epd  ] = (dq/dp)· p/q; 1/Epd = - q/p (dp/dq);

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  Rmg = p (1 – 1/Epd  )

2.- Principio do Custo Marginal Crescente, ou da curva de oferta positivamente inclinada.

Tomando uma variação infinitesimal na curva de produção:

;),(

q

   K  f 

q

cCmg 

∂∂

=∂∂

= para  K  constante: Pmg 

w

  q

w

q

  wCmg  =

∂∂=

∂∂

=/

 

Da mesma forma, admitindo, de acordo com a lei dos rendimentos decrescentes dotrabalho, que a produtividade marginal do fator variável,  Pmg, é decrescente, o custo

marginal, Cmg  será crescente quando a produção e o trabalho aumentam. O fator capital permanece constante.

Cmg = CT/q = w/q = w/(q/); Cmg = w/Pmg ;

3.- Determinação de preço de monopólio em função do custo marginal e elasticidade.

(p - Cmg)/p = 1/Ep ; p – Cmg = p(1/Ep) ; p(1 - 1/Ep) = Cmg ; p = Cmg/(1 – 1/Ep)

assim, quando  Ep →∞ , 1/ Ep→0, e  p→Cmg 

4.- Regra de maximização do lucro.

Sendo o Lucro Total equivalente à Receita Total menos o Custo Total, ou LT = RT – CT , ederivando em relação à quantidade, temos que: δ  (LT)/q = δ  (RT)/q - δ  (CT)/q. Igualando a primeira derivada a zero, conclui-se que: δ  (RT)/q = δ  (CT)/q, ou Rmg = Cmg .