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EquipE Técnica
Fisioterapeuta do Centro de Medicina Preventiva da
Unidade Jardins e mestre na área de Psicobiologia.
Elis Forgerini, e Felipe Oda são jornalistas, especialistas em comunicação
digital do Einstein e responsáveis pela produção, edição e revisão da
série Mexa-se.
Carolina Vicaria R. D’Aurea
É educador físico / fisioterapeuta do Centro de Medicina
Preventiva do Einstein - Unidade Jardins e autor do
livro “Manual de Atividades Físicas para a Prevenção de
Doenças” da editora Elsevier - Campus.
Marcio Marega
EquipE EdiTorial
dEscansE E acordE rEnovado!
O sono é um estado funcional, reversível e
cíclico do nosso organismo, caracterizado,
por exemplo, pela imobilidade relativa e o
aumento de respostas aos estímulos externos
– variações biológicas acompanhadas por
uma modificação da atividade mental.
Os primeiros estudos sobre o sono foram
registrados por volta de 1000 a.C. Porém,
mesmo com amplo conhecimento sobre
ele, ainda não somos capazes de responder
precisamente a sua função.
Fisiologicamente, todos nós precisamos dormir
algumas horas por dia. E não é a quantidade, mas
a qualidade do sono associada à necessidade
individual que determina a função desse estado.
Dessa forma, nem pense em fazer atividade
física sem um período de descanso. Exercite-
se bastante, mas lembre-se: os momentos
de repouso devem ser respeitados!
Vamos lá, mexa-se!
Marcio Marega
dEscansE E acordE rEnovado! índice
O tempo ideal de sono diário
O sono e seus tipos
Qualidade X quantidade de sono
Dormir bem emagrece
Faça a higiene do sono
Dormir mal pode causar acidentes
Os principais distúrbios do sono
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o sono E sEus Tipos
Sabemos que dormir é uma ação responsável pela restauração, física e mental, de inúmeras
funções no organismo. O sono é constituído por duas importantes fases:
• Não-REM
Dividida em três estágios: N1, N2 e N3, sendo o último
o estágio do sono profundo (chamado de sono de ondas
lentas, período em que ocorre a restauração física e
a liberação de hormônios como o GH – hormônio de
crescimento).
• REM (rapid eyes moviment)
Conhecido como “sono dos sonhos”. É a fase com
restauração das atividades cognitivas.
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o TEmpo idEal dE sono diário
Qual o tempo ideal de sono? Oito horas por dia é o que mais ouvimos, certo? A afirmação, porém,
é um mito, pois a quantidade ideal de horas de sono é uma variação individual. Algumas pessoas,
conhecidas como “curto dormidores”, precisam de aproximadamente seis horas de sono por
noite. Já os “longo dormidores” têm a necessidade mínima de nove horas, e os “indiferentes”, que
são a maioria da população, dormem em média de sete a oito horas por dia.
Resumindo, o ideal é dormir a quantidade necessária para o seu organismo. Vale lembrar,
no entanto, que na maioria dos casos a nossa sociedade nos obriga a dormir menos do que
gostaríamos. E, dessa forma, passamos a viver constantemente privados de sono.
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Já ressaltamos que a quantidade de horas
dormidas é fundamental para alcançarmos o
bem-estar físico e mental - e que a qualidade do
sono é mais importante do que a quantidade.
O prejuízo na qualidade do sono pode levar a
danos nas funções cognitivas, como a redução
do tempo de reação, atenção, déficit de
memória, aumento da irritabilidade, alterações
metabólicas, endócrinas e cardiovasculares,
como desenvolvimento de hipertensão arterial
e diabetes.
Prejuízos que geralmente ocorrem por conta
de dois fatores: restrição e fragmentação do
sono. Além deles, outro ponto que deve ser
considerado é a presença de algum distúrbio
do sono, como apneia, insônia, bruxismo
ou movimentos periódicos de pernas que,
por interferirem na qualidade do sono,
podem comprometer o desempenho social,
acadêmico e esportivo, prejudicando até na
recuperação de um atleta.
qualidadE X quanTidadE dE sono
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dormir mal podE causar acidEnTEs
Acordar com a sensação de que o corpo está descansado é um sinal positivo de que o seu sono foi
restaurador. O humor também é um alerta importante. Se alguém te der bom dia e você pensar:
“bom dia só se for para você”, talvez aquelas horinhas de sono não tenham sido suficientes para
reparar as energias que foram gastas no dia anterior.
A sociedade nos impõe uma restrição do tempo de sono. Diariamente somos privados de dormir
a quantidade de horas ideal para o nosso organismo descansar e o resultado disso pode ser visto
na produtividade, desempenho e na capacidade de aprendizado. Alterações no padrão de sono
podem afetar qualquer profissão, mas vale lembrar que algumas que trabalham com a saúde e a
segurança podem gerar consequências bastante sérias.
A pior delas, certamente, são os graves acidentes gerados pelo excesso de sono ou fadiga,
consequência de extensas jornadas de trabalho, sem o descanso adequado. Um fato que marcou
a história e demonstra bem essa situação ocorreu em 2009, nos Estados Unidos, com a queda de
um avião que matou 50 pessoas em uma área residencial. A investigação apontou que a provável
causa do desastre foi a fadiga dos pilotos, pois os registros de voo mostraram que eles haviam
trabalhado por horas sem interrupções.
Casos mais antigos e conhecidos, como o de Chernobyl, na atual Ucrânia (explosão do reator
nuclear que ocorreu em 26 de abril de 1986 e ocasionou mais de duas mil mortes) foi provocado
por erros humanos na madrugada e é considerado um acidente relacionado à fadiga dos
trabalhadores. O mais grave de todo esse contexto é que a sonolência, em comparação com o
uso de álcool e outras drogas, é considerada a maior causa identificável e evitável de acidentes
de trabalho.
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Alguns estudos sugerem que o sono pode influenciar no balanço energético existente entre
gasto e consumo de calorias, levando ao ganho de peso. O mecanismo responsável por regular
essa influência não está totalmente claro, mas o consenso é que um sono de má qualidade ou curta
duração pode influenciar no apetite, sensação de saciedade e qualidade da ingestão alimentar.
Dois mecanismos podem agir diretamente nesse processo: a curta duração do sono pode
reduzir a função da leptina, hormônio que regula a saciedade, e aumentar o hormônio grelina,
responsável por estimular o apetite. O resultado dessas alterações leva ao aumento da fome e
da necessidade de consumir alimentos.
E o problema não para por aí! Além de aumentar o apetite, a restrição de sono interfere na seleção
dos alimentos, aumentando a preferência pelos mais calóricos. Segundo um estudo realizado
pelo grupo da pesquisadora dra. Eve Van Cauter, expert na área, o apetite dos voluntários por
carboidratos, como doces, biscoitos e salgados, aumentou de 33% para 45%, sendo que o mesmo
não aconteceu em relação a vontade por frutas, vegetais ou alimentos ricos em proteínas.
O quadro é alarmante, pois as pessoas com problemas de sono, além de sofrerem alterações
hormonais, predispondo ao aumento no consumo alimentar, tendem a preferir alimentos de
pobre composição nutricional. Resumindo, quem quiser controlar o peso corporal e evitar a
obesidade não deve apenas cuidar da alimentação e praticar atividade física. Também é preciso
adotar atitudes para uma boa noite de sono.
dormir bEm EmagrEcE
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Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)
Atualmente, quando ouvimos alguém roncando alto, a primeira coisa que pensamos é: “como
esse barulho é irritante”, principalmente se vier do quarto ao lado ou, ainda pior, da mesma cama.
Porém, muito mais que um incômodo, o som pode ser um importante sinal de que a pessoa sofre
de apneia.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é um distúrbio caracterizado por episódios
recorrentes de obstrução da via aérea superior durante o sono. Ela ocorre de maneira contínua
e está relacionada ao esforço respiratório aumentado, que gera limitação, redução (hipopnéia)
ou cessação completa (apneia) do fluxo de ar. Geralmente isso ocorre com microdespertares,
provocando fragmentação do sono e levando a uma situação bastante comum e um dos principais
sintomas da SAOS: a sonolência excessiva diurna.
A síndrome é considerada um grave problema de saúde pública, já que é uma doença crônica,
progressiva, incapacitante e com altas taxas de morbidade e mortalidade cardiovascular. Ela
costuma afetar mais os homens obesos e de idade avançada.
As consequências a longo prazo são cada vez mais alarmantes. O principal risco para os apneicos
é a associação com problemas cardiovasculares, como a hipertensão arterial, arritmias, doença
coronariana, insuficiência cardíaca, AVC, infarto agudo do miocárdio e morte súbita, além do
desenvolvimento da síndrome metabólica.
Caso esteja com alguns dos sinais, o ideal é procurar um médico. Os tratamentos para a apneia
são variados, mas o fundamental é lembrar que muitas terapias apresentam ótimos resultados,
principalmente em relação à diminuição dos riscos e das consequências cardiovasculares.
Por fim, previna-se: adote um estilo de vida saudável, pratique atividade física regular,
mantenha uma dieta equilibrada e durma bem.
os principais disTúrbios do sono
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Insônia
Distúrbio caracterizado pela dificuldade em iniciar ou manter o sono por conta do despertar
precoce (acordar antes do horário e não conseguir voltar a dormir) e pela presença de sono não
restaurador, ou seja, insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar durante
o dia, com o comprometimento das atividades diurnas.
A insônia se manifesta frequentemente em mulheres, idosos, trabalhadores em turno e pacientes
com problemas psiquiátricos.
A terapia mais utilizada para o tratamento é a com remédios. Até a década de 90 os mais
utilizados eram os chamados benzodiazepínicos, porém apresentavam muito efeitos colaterais,
sendo capazes de produzir tolerância e até dependência química. Atualmente, os hipnóticos e
os sedativos são prescritos, pois eles alteram menos a estrutura do sono e, geralmente, são bem
toleradas pelos pacientes.
Neste caso, o exercício físico regular também é uma boa dica para a melhora da qualidade do sono.
Diversos estudos descrevem que pessoas fisicamente ativas têm menos queixas relacionadas ao
sono, apresentam melhor qualidade quando dormem, além de redução da sonolência e da fadiga
diurna.
os principais disTúrbios do sono
Ainda não há um consenso sobre qual
o melhor tipo de exercício e nem a
padronização de intensidade e tempo
para “combater” a insônia. As evidências
demonstram que a prática regular
pode melhorar o tempo total de sono,
auxiliar na sua indução e manutenção e,
principalmente, proporcionar um sono
mais restaurador, tanto da parte física
como cognitiva das pessoas.
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Para uma noite de sono mais tranquila, procure seguir algumas dicas de “higiene do sono”:
Faça a higiEnE do sono
1. Mantenha com regularidade os horários
para dormir e acordar, inclusive nos finais de
semana. Evite oscilações maiores do que 2
horas para mais ou para menos;
3. Evite assistir TV no quarto, pois é uma
fonte de estímulos que pode aumentar o
alerta pré-sono;
2. Vá para cama somente quando estiver
com sono. Não a utilize para outras atividades
como ler, trabalhar ou estudar;
4. Evite cochilos longos (superior a 30
minutos) ou frequentes ao longo do dia;
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5. Cuide e prepare o ambiente para dormir,
controlando a luminosidade e os ruídos;
7. Procure relaxar a mente antes de se
deitar. Uma boa tática para isso é fazer alguns
exercícios de alongamento que auxiliarão
nesse relaxamento;
9. Não fique “rolando na cama” caso acorde
durante a noite. Levante e retorne quando se
sentir novamente sonolento;
6. Evite ingerir bebidas estimulantes como
chás, café e refrigerantes próximo ao horário
de dormir;
8. Pratique exercícios físicos regularmente,
mas evite realizá-los muito próximo ao
horário de dormir. Para algumas pessoas
poderá prejudicar o início do sono;
10. Nunca utilize medicação para dormir
sem a orientação de um médico.
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