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ederson-lopes
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Mesmo a obra "acabada", "fechada", é também aberta, na medida que serve a inúmeras interpretações. "Cada fruição é uma interpretação e uma execução, pois em cada fruição uma obra revive dentro de uma perspectiva original"
TituloOpera
do original em italianoAperta
Copyright Milano
by Casa Editrice
VALENTINO
BOMPIANI
& C.
A. abertiJra de Obra Aherta IntrodUfQo Introduriio
... .
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edirQo brasileira segunda ediriio
~A. poetica da obra aberta AnQlise da linguagem poetica Croce e ~eyDireitos em lingua portuguesa reservados EDITORA PERSPECTIVA S.A. Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 3025 01401 - Siio Paulo - SP - Brasil i;~~fones: 885-8388/885-6878
3767 68
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de ttes proposi96es 1. Propos~6es com fun~io referencial . . 2. Proposi~6escom fun~ sugestiva . . .
73 75 76
3. A sugestio orientada
. . ..
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estimulo estetico estetico e as duas "aberturas"
o valorI.
AbertP'a, informafiio, comunicQfiio A teoria da informacao Significado e informa~ao na mensagem poetica ..J
Do universo do "sinar' ao universo do "sentido" ...................: Discurso poetico e informa~ao Aplica~Oes ao dis~urso musical
110 121 125 127 13'0
II.
AIII .
informa~ao, a ordem e a desordem
Informa~ao e transa~ao psicol6gica .. Transa~ao e abertura Informa~ao e perce~ao ; . . . . . .
137 145 149 154 162 171 179
./. A obra aberta nos artes visuais A obra como metMora epistemol6gica Abertura e info~aoJ
Forma e abertura
Estruturas est6ticas da transmissio direta .. ()Liberdade dos eventos e determinismos do hAbito . ,Zen e Ocideme '.' .
180 191 203
Do modo de formar como engajamento para com a realidade . Entrevista com Umberto Eco (A ugusto de Campos) ; .
o pensamento de Umberto Eco caracteriza bastante bem 0 momento de desprovincianiza~ao da cultura italiana, e se tern configurado nestes Ultimos anos como a expressao do interlocutor talvez mais autorizado sem dl1vida aquele de maior capacidade formulativa e maior ressonancia - no sentido da retomada de um discurso cultural interrompido par mais de vinte anos de ditadura. Com exce~ao do caso especialissimo de Benedetto Croce, nao se teve na ItaIia, por urn tao longo perfodo, nenhum tra~o da batalha de ideias que animava proftcuamente 0 debate intelectual de muitos outros paises. Alem de bloquear 0 desenvolvimento da cultura, 0 fascismo conseguiu esterilizar, por absor~ao,
o que de mais vital se produzira nos anos que precederam imediatamente ao seu surgimento, Assistiu-se assim, entre outras coisas, a redu~ao a termos grotescamente nacionalistas de um movimento que se caracterizara, desde suas primeiras manifesta~es, por um insopitavel impulso supranacional e cosmopolita: 0 Futurismo, cuja violenta carga destrutiva foi encapsulada e transformada em instrumento exatamente por aquelas for~as contra as quais se tinha levantado. Com 0 que se verificou 0 absurdo do abandono oU deforma~ao de todas as inumeras instiga~oes de que fora rico 0 Futurismo, e isto justamente no pais que as vira eclodir. Entrementes, fora da ItaIia - e 0 Brasil e um dos mais notaveis exemplos deste processo - tais instiga~es eram recolhidas e frutificavam, influenciando profundamente inteiras culturas nacionais atraves de muitos contributos de alto nivel - aqui, nesta distante America, num Brasil asfixiado pelos Machado Penumbra, explodia a Semana de Arte Modema de 1922, com 0 seu mentor poetico, Oswald de Andrade, 0 antrop6fago. Hoje, com a nova gera~ao de intelectuais a qual pertence Umberto Bco, a Italia reata finalmente urn dialogo de nivel europeu e intemacional, e vai recuperando com rapidez 0 tempo perdido, trabalhando em diversas dire~oes, Uma das constantes dessa atividade e representada pela corajosa retomada de temas aparentemente exauridos, temas que sac repropostos a uma leitura nova, depois de terem sido objeto de uma recupera~ao crftica - uma quase restitui~ao a sua perdida virgindade. :e nesse sentido que Obra Aberta repropOe os conceitos de comunica~ao, informa~ao, abertura, aliena~ao e outros, e e a partir de tal empresa de recupera~ao que se iniciam e fund am as contribuies mais originais de Umberto Bco para a formula~ao de uma poetica sobre a abertura da obra. Dentro de urn campo de interesse claramente circunscrito - a poesia -, encontramos no Brasil certas postula~Oes anaIogas e mesmo anteriores. No ambito das pesquisas levadas a efeito pelo Movimento Concreto de Sao Paulo, e a fim de definir a problematica fundamental de urn trabalho poetico em curso, Haroldo de Campos publicava em 1955 0 artigo intitulado "A Obra
de Arte Aberta" 1. Nesse texto, 0 poeta paulista procurava delinear "0 campo vetorial da arte de nosso tempo", com base na conjun~ao de obras como Un Coup de Des de Mallarme, 0 Finnegans Wake de Ja~~s Joyce, os Cantos de Ezra Pound, os poemas eSpa~IaIS de e.e.cummings, a musica de Webem e sellS segUldores e os "mobiles" de Calder. A maneira de conclusao, 0 articulista se reportava a um dialogo entre Pierre Boulez e Decio Pignatari, durante 0 qual 0 compositor frances manifestara seu desinteresse por uma obra de arte "perfeita" "chissica". "tipo diamante", declarando-se por out;o lado a favor de um obra aberta, como urn barroeo rrwderno, mais apta a interpretar as necessidades de expressao e de comunica~ao da arte contemporanea. o conceito de abertura que nos prop5e Umberto Bco e de maior amplitude, na medida mesma em que e mais variado e diferenciado 0 campo de aplica~es por ele submetido a indaga~ao, ~lem, obviaJ?epte, da diversa possibilidade de desenvolvl1I~entodas ~delas que oferece urn livro em rela~ao a urn Simples artlg!? Fica evidente, no entanto, a coincidencia de alguns pontos de vistafundamentais : os concretistas, por exemplo, expressam 0 seu desinteresse por uma atividade poetica voltada para a cria~ao deobras de arte "tipo diamante" (esta posi~ao, alias, e bem caracterfstica da fase inicial, dita "organica" ou "fenomenologica", da poesia concreta brasileira); Umberto Eco recusa-se a exercitar 0 seu mister de crftico na analise de obras de arte como urn "cristal", ganhando ~ssim a excomunMo, em termos polidamente polemi.cos, de Claude Levi-Strauss, a luz da "ortodoxia" estruturalista. Eco, na realidade, sustenta urn "modelo teorico" de obra aberta, que nao reproduza uma presumida estrutura objetiva de certas obras, mas represente antes a estrutura de uma relllfiio fruitiva, isto independentemente da existencia pnitica, fatual, de obras caracterizaveis como "abertas". Ele nao nos oferece 0 "modelo" de um dado grupo de obras, mas sim de um gropo de relaroes de frui~ao entre estas e seus receptores. Trata-se(1) Agora na Teoria da Poesia Concreta, Slio Paulo, edil;OesInvenl;lio, 1965, pp. 28-31; veja-se tambem a elaboral