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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO AGROINDUSTRIAL– ROTEIRO DE ESTUDOS Profª Magda Aparecida Nogueira Alegre – ES 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO

AGROINDUSTRIAL–

ROTEIRO DE ESTUDOS

Profª Magda Aparecida Nogueira

Alegre – ES

2011

SUMÁRIO

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA .............................................................. 1

1.1. O estudo da economia – Definição .......................................................................... 1

1.2. Problema econômico fundamental .......................................................................... 1

1.3. A curva de possibilidades de produção (CPP) ........................................................ 2

1.4. Custo de oportunidade ............................................................................................. 4

1.5. Os fatores de produção ............................................................................................ 4

1.6. Mercado ................................................................................................................... 4

1.7. Microeconomia x Macroeconomia .......................................................................... 5

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS ............................ 6

2.1. A demanda ............................................................................................................... 6

2.1.1. Conceito ......................................................................................................... 6

2.1.2. Exceções à lei da procura .............................................................................. 7

2.1.3. Curva de demanda do mercado ..................................................................... 7

2.2. A oferta .................................................................................................................... 8

2.3. O equilíbrio de mercado na concorrência perfeita .................................................. 9

2.3.1. Conceito ......................................................................................................... 9

2.3.2. Tratamento matemático.................................................................................. 10

2.4. Mudança no preço de equilíbrio de mercado em virtude de deslocamentos das

curvas de oferta e procura ....................................................................................... 11

2.4.1. Deslocamentos das curvas de demanda ......................................................... 11

2.4.1.1. Mudança na renda dos consumidores .............................................. 11

2.4.1.2 Mudanças nos preços de outros bens (Pz) ........................................ 13

2.4.2. Deslocamentos da curva de oferta ................................................................. 14

2.5. Elasticidade .............................................................................................................. 14

2.5.1. Definição ....................................................................................................... 14

2.5.2. Elasticidade-preço da demanda (EPD) .......................................................... 14

2.5.2.1. Coeficiente de EPD .......................................................................... 15

2.5.2.2. Distribuição do coeficiente de EPD ao longo da curva de demanda 16

2.5.2.3. Fatores que influenciam a EPD ....................................................... 17

2.5.2.4. Relação entre a EPD e a receita total (RT) do produtor .................. 18

2.5.2.5. Casos especiais de demanda linear .................................................. 19

2.6. Elasticidade-renda da procura (ER) ......................................................................... 19

2.7. Elasticidade-cruzada da procura (ECP) ................................................................... 21

2.8. Elasticidade-preço da oferta (EPO) ......................................................................... 22

UNIDADE 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO .............................................................. 23

3.1. Introdução ................................................................................................................ 23

3.2. Estruturas de mercado dos bens e serviços .............................................................. 23

3.2.1. Concorrência Pura ou Perfeita ....................................................................... 23

3.2.2. Monopólio ..................................................................................................... 24

3.2.3. Oligopólio ...................................................................................................... 26

3.2.4. Concorrência monopolística .......................................................................... 27

3.3. Estruturas de mercado dos fatores de produção ...................................................... 29

3.3.1. Concorrência Perfeita .................................................................................... 29

3.3.2. Monopsônio ................................................................................................... 29

3.3.3. Oligopsônio ................................................................................................... 30

Anexo da Unidade IV – Cartilha do CADE .......................................................................... 30

UNIDADE 4 – TEORIA FIRMA: TEORIA DA PRODUÇÃO E TEORIA DOS

CUSTOS .................................................................................................. 37

4.1. Teoria da produção .................................................................................................. 37

4.2. Maximização do lucro – a partir da função de produção ........................................ 44

4.3. Teoria dos custos ..................................................................................................... 48

4.4. Maximização do lucro – a partir da função de custos ............................................. 54

UNIDADE 5 – TÓPICOS DE MACROECONOMIA ...................................................... 62

5.1. Microeconomia e macroeconomia .......................................................................... 62

5.2. A medida do produto ............................................................................................... 63

5.3. Noções do crescimento e desenvolvimento econômico .......................................... 66

5.4. Desemprego ............................................................................................................. 69

5.5. Inflação e nível geral de preços ............................................................................... 70

5.5.1. Perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas ........................ 72

5.5.2. Desorganização do mercado de capitais e aumento da procura por ativos 72

reais ...............................................................................................................

5.5.3. Dificuldades para o financiamento do setor público ..................................... 73

5.5.4. A indexação ................................................................................................... 74

5.6. Índices de preços ..................................................................................................... 74

5.6.1. Índice de preços ao consumidor (IPC) .......................................................... 76

5.6.2. Mudança de base ........................................................................................... 77

5.7. Tópicos sobre inflação ............................................................................................. 78

5.7.1. Inflação de demanda ...................................................................................... 79

5.7.1.1. Causas do aumento da demanda agregada ....................................... 80

5.7.1.2. Meios de se combater a inflação de demanda .................................. 80

Anexo da Unidade VI – A ilusão do crescimento ................................................................. 81

UNIDADE 6: AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ................ 84

6.1. Perfil do setor rural ................................................................................................. 84

6.1.1. Conceito, composição e medida .................................................................... 84

6.1.2. Determinantes da produção rural .................................................................. 85

6.1.3. Peculiaridades do setor rural e suas conseqüências econômicas ................... 86

6.1.3.1. Dispersão do espaço rural ................................................................ 86

6.1.3.2. Descontinuidade do fluxo de produção ........................................... 86

6.1.3.3. Duração do ciclo produtivo .............................................................. 87

6.1.3.4. Perecibilidade dos produtos ............................................................. 87

6.1.3.5. Especificidade biotecnológica ......................................................... 87

6.1.3.6. Risco bioclimático ........................................................................... 88

6.1.4. Como conviver com baixo retorno e alto risco ............................................. 88

6.2. Teorias de desenvolvimento agrícola ...................................................................... 89

6.2.1. Modelos de exploração de recursos ............................................................... 89

6.2.2. Modelo de conservação ................................................................................. 90

6.2.3. Modelo de localização ................................................................................... 91

6.2.4. Modelo de difusão ......................................................................................... 91

6.2.5. Modelo de insumos modernos ....................................................................... 92

6.3. O papel da agricultura no desenvolvimento econômico .......................................... 92

6.3.1. Fornecimento de alimentos .......................................................................... 92

6.3.2. Transferência de capital ................................................................................. 93

6.3.3. Liberação da mão-de-obra .......................................................................... 94

6.3.4. Geração de divisas ......................................................................................... 94

6.3.5. Demanda de produtos industrializados .......................................................... 95

UNIDADE 7 – INTRODUÇÃO AOS MERCADOS DE FUTUROS E DE OPÕES ..... 96

7.1. Introdução ............................................................................................................... 96

7.2. Tipos de contrato ..................................................................................................... 96

7.2.1. Contrato à vista .............................................................................................. 96

7.2.2. Contrato a termo ............................................................................................ 97

7.2.3. Contratos de opções ....................................................................................... 97

7.2.4. Contratos futuros ........................................................................................... 98

7.2.4.1. Liquidação do contrato ..................................................................... 98

7.3. Bolsas ...................................................................................................................... 98

7.4. Participantes ............................................................................................................ 99

7.4.1. Corretor ......................................................................................................... 99

7.4.2. Hedger ........................................................................................................... 99

7.4.3. Especulador ................................................................................................... 99

7.5. Aspectos operacionais ............................................................................................. 100

7.6. Hedge ....................................................................................................................... 101

7.6.1. Hedge de compra............................................................................................ 101

7.6.2. Hedge de venda ............................................................................................. 102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 103

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

1

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

1.1. O estudo da economia – Definição

Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e

serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.

Em outras palavras, a economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a

sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços com a

finalidade de satisfazer às necessidades humanas infinitas.

Assim, pode-se dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da

escassez, ou seja, como economizar recursos.

A escassez surge em virtude da restrição física de recursos e das necessidades humanas

ilimitadas. Essas últimas decorrem do crescimento populacional que renova as necessidades

básicas; do contínuo desejo de elevação do padrão de vida (status social); e da evolução

tecnológica que faz com que surjam novas necessidades.

1.2. Problema econômico fundamental

Como visto no subitem anterior, a economia estuda a relação que os homens têm entre si

na produção dos bens e serviços necessários à satisfação dos desejos e aspirações da sociedade.

O problema surge porque as necessidades humanas são infinitas ou ilimitadas e os recursos

produtivos (ou fatores de produção) que a sociedade conta para efetuara fabricação de bens e

serviços são finitos ou limitados. Isto leva à seguinte proposição:

Por mais rica que a sociedade seja (por mais recursos produtivos de que disponha), os

fatores de produção serão sempre escassos para efetivar a fabricação de todos os bens e serviços

que ela deseja.

Por isso, torna-se necessário fazer escolhas sobre o que e quanto, como e para quem

produzir.

O que e quanto produzir – a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo

ou bens de capital.

Como produzir – essa decisão depende da disponibilidade de recursos de cada país,

que deve decidir se serão utilizados métodos de produção capital-intensivos, mão-de-obra

intensivos ou terra intensivos.

Para quem produzir – a sociedade deve decidir quais os setores serão beneficiados na

distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou

indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região norte ou sul?

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

2

1.3. A curva de possibilidades de produção (CPP)

A CPP é um recurso utilizado para ilustrar o problema de escassez. Façamos uma

simplificação da realidade, para entendermos o conceito:

Suponhamos que uma empresa possua:

10 máquinas

40 trabalhadores

E que possua apenas 2 produtos na linha de fabricação:

Cadeira Alfa

Cadeira Beta

Suponhamos também que, por um determinado prazo de tempo:

A empresa não possa comprar mais máquinas;

A empresa não possa contratar mais trabalhadores;

Não haja nenhuma inovação tecnológica;

somente 2 produtos são passíveis de fabricação.

O diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsável pelo departamento de

produção um levantamento de quais são as possibilidade de produção da empresa utilizando-se

plenamente e da forma mais eficiente possível todos os fatores de produção da empresa.

O engenheiro fez então o seguinte levantamento:

Cadeira Alfa Cadeira Beta

20 0

18 1

15 2

11 3

6 4

0 5

Se todos os recursos produtivos da fábrica fossem utilizados somente para a produção da

cadeira Alfa, obter-se-iam 20 unidades da mesma.

Caso se desejasse produzir 1 unidade de Beta, recursos produtivos alocados na fabricação

da cadeira Alfa deveriam ser deslocados para Beta e haveria uma perda de 2 unidades de Alfa.

Aumentos sucessivos na produção de Beta levariam a reduções também sucessivas na

fabricação de Alfa até atingir-se um outro ponto limite: caso todos os fatores fossem utilizados

na produção de Beta, obter-se-iam 5 unidades deste tipo de cadeira.

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

3

Assim, o seguinte gráfico pode ser montado1:

Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfico da CPP:

1) A produção de Beta é mais difícil que a de Alfa pois a produção máxima possível de

Beta é de 5 unidades e a de Alfa é de 20.

2) Os pontos da CPP expressam a quantidade máxima possível da produção de um dos

bens, dada a produção do outro. Assim, se for produzida 11 unidades de Alfa só se

pode produzir 3 unidades de Beta.

3) Um ponto dentro da curva significa uma produção abaixo ou aquém das possibilidades

de produção. Se a empresa produzir 6 unidades de Alfa e 3 de Beta, ela pode aumentar

Alfa ou Beta sem diminuir a produção do outro bem.

4) Um ponto fora da curva significa uma produção acima ou além das possibilidades da

empresa. Por exemplo, 11 de Alfa e 4 de Beta. Esse ponto só poderia ser atingido se:

(a) houvesse aumento na quantidade dos fatores de produção, (b) houvesse uma

inovação tecnológica. No entanto, ambas foram supostas constantes.

5) Resumindo: aumentos na produção de um bem, se a empresa estiver trabalhando em

pontos situados na CPP, só poderão ser efetuados à custa de decréscimos na produção

do outro.

Esse exemplo pode ser aplicado à sociedade, sendo que, essa, para obter mais de um bem

A, precisa sacrificar a produção do bem B.

1 O gráfico não está em escala, o que não interfere, no entendimento.

6 11 15 18 20 A

B 5

4 3 2

1

0

(6,4)

(11,3)

(15,2)

(18,1)

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

4

1.4. Custo de oportunidade

O custo total de qualquer escolha que fazemos é tudo aquilo que precisamos abrir mão

quando praticamos um ato. Esse custo é chamado de custo de oportunidade do ato, porque

abrimos mão da oportunidade de fazer outras coisas.

Assim, o custo de oportunidade de qualquer escolha é o valor da melhor alternativa

sacrificada quando da prática de um ato. Em outras palavras, o custo de oportunidade é o valor

econômico da melhor alternativa sacrificada ao se optar pela produção de um determinado bem

ou serviço.

Considerando o exemplo do subitem anterior, tem-se que o custo de oportunidade é a

quantidade perdida do bem Alfa que a sociedade precisa incorrer para aumentar a produção de

Beta. Da mesma forma o custo de oportunidade de se produzir uma unidade a mais de Beta é o

que se tem que deixar de produzir de Alfa.

1.5. Os fatores de produção

Os fatores de produção são classificados, pela maioria dos economistas, em 3 categorias:

1) Recursos naturais ou insumos – se incorporam no produto. Ex.: madeira, aço,

etc.

2) Mão-de-obra ou trabalho

3) Capital ou fatores de produção – são utilizados na produção do produto, mas

não se incorporam ao produto. Ex.: máquinas, ferramentas, etc.

1.6. Mercado

Um mercado são unidade econômicas individuais composta por compradores e

vendedores, ou seja, é um grupo de compradores e vendedores que têm potencial para negociar.

Os economistas vêem a economia como um conjunto de mercados, sendo que, há o

mercado de laranjas, de automóveis, de móveis, de madeira etc.

No passado o mercado era o local onde haviam trocas de produtos (escambo). Hoje –

principalmente com o advento da internet –, não há necessidade de local físico para que as trocas

ocorram e nem que compradores e vendedores se conheçam pessoalmente.

Em se tratando dos compradores e vendedores, esses podem ser

1) Famílias ou pessoas – compram produtos e vendem o trabalho

2) Firmas – compram serviços, insumos, máquinas e vendem produtos

3) Órgão do governo – compram serviços, insumos, máquinas e vendem saúde,

educação etc.

UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA

5

Os mercados podem ser de dois tipos básicos: mercados de competição perfeita e

mercados de competição imperfeita

Mercados de competição perfeita (ou mercados competitivos) – são aqueles em que os

compradores ou vendedores individuais têm de aceitar o preço como dado. (Há muitos

compradores e vendedores de pequeno porte e o produto é padronizado). Exemplo típico:

produtos agrícolas.

Mercados de competição imperfeita – compradores ou vendedores individuais têm

alguma influência sobre o preço do produto. Na unidade 3, veremos com mais detalhe os tipos de

mercado que se enquadram nessa classificação.

1.7. Microeconomia x Macroeconomia

Microeconomia – é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de

um determinado produto ou grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e

vendedores de tais bens, tais como mercado de automóveis, de produtos agrícolas, etc.

Ex.: mercado de automóveis, mercado de carros populares, mercado de computadores,

mercado de palmtops, preço de livros, geração de empregos no setor atacadista, etc.

Macroeconomia – é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia

como um todo, procurando identificar e medir as variáveis que determinam o volume da

produção total, o nível de emprego e o nível geral de preços do sistema econômico, bem como a

inserção do mesmo na economia mundial.

Ex.:PIB, nível geral de preços, inflação, taxa de desemprego

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

6

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

O modelo de oferta e demanda foi criado para explicar como os preços são determinados

em mercados perfeitamente competitivos. No entanto, para a maioria dos mercados, ela dá uma

boa indicação do que está acontecendo.

2.1. A demanda

2.1.1. Conceito

A demanda de um determinado bem é dada pela quantidade de bem que os compradores

desejam adquirir num determinado período de tempo. Ela será representada pelo símbolo DX.

A demanda do bem x depende de uma série de fatores, dos quais, os economistas

consideram como os mais relevantes:

O preço do bem x (Px);

A renda do consumidor (Y);

O preço de outros bens (Pz);

Os hábitos e gostos dos consumidores (H).

Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bom de x pela seguinte expressão:

Dx = f(Px, Y, Pz, H, etc.)

em que a letra f significa que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis

variáveis.

A demanda do bem x é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas

essas variáveis.

Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem x se o

preço do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a

demanda permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja atribuível

exclusivamente a variação de preço.

Nesse caso, podemos reescrever a demanda do bem x como sendo apenas a função do

preço de x, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado:

Dx = f (Px)

A esta relação denominaremos de função da demanda do bem de x e à sua representação

gráfica será chamada de curva de demanda do bem x.

Supondo-se que o bem x seja perfeitamente divisível, sua curva de demanda

provavelmente assumirá o formato a seguir:

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

7

Matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função inversa ou

decrescente do seu preço.

Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada

do bem x varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da

demanda em função de dois efeitos:

a) Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos reais,

mais pobre e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem x

diminuir.

b) Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, o

consumidor procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço diminuir, o

consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição do consumo dos bens

sucedâneos.

2.1.2. Exceções à lei da procura

Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen.

Os bens de Giffen são bens de pequenos valor, porém de grande importância no

orçamento dos consumidores de baixa renda. Ex.: pão, arroz e farinha.

Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóia,

tapeçarias e automóveis de luxo.

Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação

positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita.

2.1.3. Curva de demanda do mercado

Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também

para o mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta de agregação das

curvas individuais.

Preço do bem x ($)

100 120 Quantidade procurada

10

8 0

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

8

Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores (A e B), Ter-se-

ia:

Consumidor A Consumidor B Mercado

2.2. A oferta

Q quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no

mercado constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada

por diversas variáveis, entre elas:

a) o preço do bem x (Px);

b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi);

c) tecnologia (T);

d) preço de outros bens (Pz).

Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte função:

Ox = f (Px . Pi . T . Pz . etc.)

OBS.: etc. = refere-se a outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta.

Assumindo-se a hipótese do caeteris paribus2:

Ox = f (Px)

Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representação gráfica,

mostrada a seguir, é denominada de curva do bem x.

2 A expressão caeteris paribus significa tudo mais constante. Nesse caso, quer dizer que, tudo o que não for preço de

X, é considerado constante.

Px

20 40 Qx

10

8 0

Px

15 28 Qx

10

8 0

Px

35 68 Qx

10

8 0

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

9

A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que,

quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado.

A oferta do bem x é portanto, uma função direta ou crescente do preço.

2.3. O equilíbrio de mercado na concorrência perfeita

2.3.1. Conceito

A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de equilíbrio no

mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o preço que iguala as

quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal

modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. Veja o gráfico a seguir:

O gráfico apresenta as curvas de demanda e oferta do bem x e sua interação no mercado.

O preço e a quantidade de equilíbrio somente serão alterados no mercado se ocorrer um

deslocamento das curvas de oferta e procura.

Preço do bem x ($)

100 120 Quantidade ofertada

10 8 0

Px

20 14

10

40 60 100 150 170 Qx

Demanda Oferta

Excedente

Escassez

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

10

No exemplo acima tem-se que o equilíbrio de mercado se dá ao preço de $14,00. Nesse

ponto as quantidades ofertadas e demandadas são iguais, sendo essas de 100 unidades.

Nota-se que quando o preço sobe acima do preço de equilíbrio, passa a haver excedente

de produto no mercado, ou seja, a oferta passa a ser maior que a demanda. Para que o excedente

cesse, o preço deve reduzir voltando ao equilíbrio ou pelo menos tendendo a ele.

Já para preços abaixo do preço de equilíbrio tem-se escassez de produto, devido a

demanda ser maior oferta. Para que a escassez cesse é necessário que o preço suba tendendo

assim ao equilíbrio.

2.3.2. Tratamento matemático

Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, estas também

podem ser expressas linearmente.

QDx = 280 – 4Px (demanda)

QOx = – 20 + 2Px (oferta)

Px QDx = 280 – 4Px QOx = – 20 + 2Px

30 280 – (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 40

40 280 – (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 60

50 280 – (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 80

60 280 – (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100

Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de equilíbrio é $50.

Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar-se as quantidades demandadas

e ofertadas (já que o preço de equilíbrio iguala as duas quantidades).

280 - 4Px = 20 + 2Px

300 = 6Px

Px = 300/6

Px = 50

Para encontrar a quantidade de equilíbrio basta

substituir o preço encontrado ao lado em uma

das duas funções:

Qx = – 20 + 2Px

Qx = – 20 + 2 (50)

Qx = 80

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

11

2.4. Mudança no preço de equilíbrio de mercado em virtude de

deslocamentos das curvas de oferta e procura

2.4.1. Deslocamentos das curvas de demanda

A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas

variáveis que supusemos constantes quando traçamos a curva mudar de valor. Ela se deslocará

para a direita da posição original quando a mudança do valor da variável antes suposta constante

contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda da posição original quando contribuir para

diminuir a demanda.

2.4.1.1. Mudança na renda dos consumidores

Bens normais

Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se

eleva.

Suponha-se que um determinado nível de renda dos consumidores, a curva de demanda

do bem x apresente os seguintes pares e quantidades procuradas:

Px QPx

10 100

11 90

12 81

13 76

O gráfico seria o seguinte:

Px Demanda 13 12

11 10 76 81 90 100 Qx

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

12

Caso a renda dos consumidores se eleve, provavelmente eles aumentarão também as

quantidades demandadas do bem x de tal forma que, para os possíveis níveis de preços:

R = 1.000 R = 1.200

Px QPx QP’x

10 100 110

11 90 100

12 81 90

13 76 81

Com esse aumento na renda a curva de demanda desloca-se para a direita, passando a ser

D’x, conforme a seguir:

Bens inferiores

Bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor

aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre.

Se o bem x for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores reduz a sua

demanda, a curva desloca-se para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem,

conforme o gráfico a seguir.

Dx D’x

76 81 90 100 110 Ox

Px

13

12

11

10

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

13

Fazendo a análise passo-a-passo tem-se que um aumento na renda leva a demanda de um

bem inferior a se deslocar para a esquerda. Quando isso ocorre, a demanda passa a ser Q2, isto é,

menor que a oferta que permanece Q1, havendo assim, excesso de produto no mercado. Para que

o excedente seja escoado o preço cai até atingir o novo equilíbrio P2. Dessa forma passa-se a ter

uma nova quantidade de equilíbrio Q3, menor que a anterior.

2.4.1.2 Mudanças nos preços de outros bens (Pz)

Um determinado bem Z pode Ter as seguintes relações com o bem x:

a) Z é um bem de consumo independente de x;

b) Z é substituto de x;

c) Z é complementar de x.

Bens substitutos

São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui o consumo do outro. A

substituição não precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores quantidades de manteiga

implicar um certa redução do seu consumo de margarina.

Bens complementares

São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea. Da mesma forma que

a substituibilidade, a complementaridade não precisa ser total, ou seja, o consumo de um

implicar necessariamente no consumo do outro, bastando que o consumo de ambos seja

associado de alguma forma. Exemplo: pão e manteiga.

Px

Q2 Q3 Q1

P2

P1

D

D’

O

Qx

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

14

2.4.2. Deslocamentos da curva de oferta

A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas

variáveis que foram supostas constantes ao se traçar a curva mudar de valor. Se a mudança do

valor da variável aumentar a oferta, ela se deslocará para a direita e de diminuir, para à esquerda

da posição original.

2.5. Elasticidade

2.5.1. Definição

Na teoria econômica, o termo elasticidade significa sensibilidade. Dessa forma, ao se

dizer que a demanda do bem x é elástica em relação a seu preço significa dizer que os

consumidores do bem x são sensíveis a alterações em seu preço. Assim, caso este aumente, os

consumidores diminuirão de forma significativa o seu consumo. Ex.: carne, roupa e carro.

Já quando se afirma que a demanda do bem é inelástica, quer-se dizer que os

consumidores desse bem mudarão muito pouco a sua quantidade procurada, mesmo que o preço

se eleve substancialmente. Ex.: arroz e sal.

Nesta unidade serão estudados quatro conceitos de elasticidade:

a) Elasticidade-preço da demanda;

b) Elasticidade-renda da demanda;

c) Elasticidade-cruzada da demanda; e

d) Elasticidade-preço da oferta.

2.5.2. Elasticidade-preço da demanda (EPD)

A EPD indica a mudança percentual na quantidade demandada em resposta à mudança

percentual nos preços.

Para entender o conceito, suponha o seguinte comportamento da demanda de dois bens A

e B:

Demanda de A Demanda de B

PA QA PB QB

1º Momento 10 100 20 80

2º Momento 12 60 24 76

Observe que ambos os produtos, A e B, tiveram seus preços majorados em 20%. No

entanto, o comportamento da quantidade demandada foi diferente:

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

15

QA diminuiu 40%

QB diminuiu 5%

Isso significa que:

A demanda de A é elástica, isto é, sensível a variações de preços; e

A demanda de B é inelástica, isto é, pouco sensível a variações de preços.

2.5.2.1. Coeficiente de EPD

O coeficiente de EPD é uma medida numérica da sensibilidade da demanda em relação

ao preço, sendo definido por:

preçodopercentualiaçãovardemandadaquantidadedapercentualiaçãovarEPD = (1)

EPD = QP

PQ

PP

QQ

PP

QQ

×∆∆

=∆

×∆

=∆

(2)

Sabendo que PQ

∆∆

é a derivada de Q com relação a P, ou seja, PQ

∂∂

, a EPD, também pode

ser definida como:

EPD = QP

PQ

×∂∂

(3)

Assim, no exemplo anterior, tem-se:

Bem A: Bem B:

EPD = 2%20%40

−=−

EPD = 25,0%20%5

−=−

Isso significa para o bem A que possui EPD = − 2, que o aumento de 1% no preço do

produto A, leva a uma redução de 2% na demanda desse produto.

No caso do bem B, a interpretação do coeficiente seria: o aumento de 1% no produto B,

leva a uma redução3 de 0,25% na demanda desse produto.

Dessa forma, tem-se que , se o valor absoluto4 de EPD for:

3 Sabe-se que o aumento de preço leva a uma redução na demanda, devido ao sinal negativo do coeficiente de EPD, indicando a relação inversa entre preço e demanda.

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

16

a) > 1 [ demanda elástica quanto à preço;

b) < 1 [ demanda inelástica quanto à preço; e

c) = 1 [ demanda unitária quanto à preço.

2.5.2.2. Distribuição do coeficiente de EPD ao longo da curva de

demanda

Se, ao invés de uma tabela, tivermos uma função de demanda, também é possível

encontrar a EPD, utilizando a fórmula (3). Assim, consideremos a seguinte equação:

Qx = 600 – 5Px

Que graficamente seria:

Para encontrar a EPD, em cada um dos pontos A, B e C, basta aplicar a fórmula (3),

como veremos a seguir.

Ponto A : EPD = QP

PQ

×∂∂

= 150450

150905 −=×− = − 3 ⇒ -3⇒ 3 [ EPD >1

[ demanda elástica quanto à preço.

Ponto B : EPD = QP

PQ

×∂∂

= 300300

300605 −=×− = − 1 ⇒ -1⇒ 1 [ EPD =1

[ demanda unitária quanto à preço.

4 Para determinar qual a elasticidade de um determinado produto, deve-se usar o valor absoluto do coeficiente, ou seja, o módulo dele. Dessa forma, o sinal negativo deve ser desconsiderado na hora de avaliar se o coeficiente é >, < ou = a -1.

C

0 150 300 400 600 Q

A

B

R$

120

90

60

40

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

17

Ponto C : EPD = QP

PQ

×∂∂

= 400200

400405 −=×− = − 0,5 ⇒ -0,5⇒ 0,5 [ EPD <1

[ demanda inelástica quanto à preço.

A cada preço a EPD terá um valor diferente, sendo que à medida que o preço se eleva, a

EPD também aumenta.

Quando se diz que a elasticidade-preço da demanda é unitária, quer-se evidenciar que

uma mudança de 1% no preço desta mercadoria gera uma variação de sentido inverso e

magnitude igual na sua quantidade demandada. Se a demanda é inelástica, tem-se que, frente a

uma determinada variação nos preços, a quantidade demandada caminha em sentido contrário, e

o impacto se dá em menor proporção. Se a demanda é elástica, por sua vez, uma variação de 1%

no preço dessa mercadoria gera uma queda superior a esse percentual na sua quantidade

demandada.

2.5.2.3. Fatores que influenciam a EPD

1) Quanto maior o grau de utilidade do produto para o consumidor, menos elástica será

sua demanda.

Ex.: Inelástico [ arroz, leite, ração etc.

Elástico [ carne de 1ª, pizza, vinho etc.

2) Quanto menos substitutos tiver o bem, menos elástica será sua demanda.

Ex.: idem ao anterior.

3) Quanto menor o preço do bem x e, portanto, seu peso no orçamento do consumidor,

menos elástica será sua demanda.

Ex.: idem ao anterior.

EPD = 1

EPD < 1

EPD = 0Q

EPD = ∞

EPD > 1

P

Ponto médio

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

18

4) Quanto maior o período de tempo em consideração mais elástico será o produto.

Assim, o produto será mais elástico no longo prazo do que no curto prazo, devido a

defasagens de respostas dos consumidores às variações de preço.

5) Quanto maior o grau de saturação do mercado de um produto maior a sua elasticidade.

Ex.: geladeira, fogão etc.

6) Quanto maior a proporção da renda gasta com o produto, maior a elasticidade.

2.5.2.4. Relação entre a EPD e a receita total (RT) do produtor.

A RT dos produtores corresponde ao seu faturamento, isto é, da multiplicação das

quantidades vendidas do bem x pelo seu preço de venda.

Vale lembrar que:

O valor da venda pelo produtor = valor da compra pelo consumidor

RT do produtor = dispêndio total (DT) do consumidor

a) Demanda elástica

Aumento no preço [ Redução da RT [ Redução do DT

Redução no preço [ Aumento da RT [ Aumento do DT

Exemplo:

PA QA RT = DT

10 100 10 × 100 = 1.000

12 60 12 × 60 = 720

(((12 − 10)/10)×100) = 20% (((60 − 100)/100)×100) = 40%

Note que:

O preço aumenta em 20%, mas a quantidade diminui em 40%. Assim, a RT diminui de

1.000 para 720, ou seja, o produtor tem uma redução de 280 em sua RT, quando eleva o preço do

produto (elástico) em 20%.

b) Demanda inelástica

Aumento no preço [ Aumento da RT [ Aumento do DT

Redução no preço [ Redução da RT [ Redução do DT

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

19

D

D P

Q

P

Q

P

Q

Exemplo:

PB QB RT = DT

20 80 20 × 80 = 1.600

24 76 24 × 76 = 1.824

(((24 − 20)/20)×100) = 20% (((76 − 80)/80)×100) = 5%

Note que:

O preço aumenta em 20%, mas a quantidade diminui em apenas 5%. Assim, a RT

aumenta de 1.600 para 1.824, ou seja, o produtor tem um aumento de 224 em sua RT, quando

eleva o preço do produto (inelástico) em 20%.

c) Demanda unitária

Com o aumento ou redução do preço, a RT e o DT, permanecem o mesmo. Sintetizando:

P aumenta P diminui

Bem elástico RT diminui RT aumenta

Bem inelástico RT aumenta RT diminui

Bem com elasticidade constante RT se mantém RT se mantém

2.5.2.5. Casos especiais de demanda linear

Demanda anelástica Demanda infinitamente elástica

2.6. Elasticidade-renda da procura (ER)

A ER mede a sensibilidade da demanda do bem x em relação a variações na renda (R) do

consumidor.

ER = consumidordorendadapercentualiaçãovar

procuradaquantidadedapercentualiaçãovar

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

20

ER = QR

RQ

RR

QQ

RR

QQ

×∆∆

=∆

×∆

=∆

Sabendo que RQ

∆∆

é a derivada de Q com relação a R, ou seja, RQ

∂∂

, a ER, também pode

ser definida como:

ER = QR

RQ

×∂∂

Supondo:

Quantidade demandada Bens R = 1.000 R = 1.300

A 40 36 B 50 60 C 60 78 D 20 30

1) ER (Bem A) = P

PQQ

∆×

∆ = 33,0

31

%30%10

3,01,0

100030040

4

100010001300

40)4036(

=−=−

=−

=

=−

A quantidade do Bem A diminui quando a renda aumenta. Nesse caso tem-se um

bem inferior, que possui coeficiente de elasticidade negativo refletindo a relação inversa

ente quantidade e renda. Como o coeficiente ER é menor que um tem-se também um

produto inelástico a renda.

2) ER (Bem B) = P

PQQ

∆×

∆ = 67,0

%30%20

3,02,0

10003005010

100010001300

50)5060(

====−

O coeficiente de ER do bem B, é positivo, significando que esse é um bem

normal; e é também menor que um indicando que B tem demanda inelástica quanto à

renda.

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

21

3) ER (Bem C) = P

PQQ

∆×

∆ = 1

%30%30

3,03,0

10003006018

100010001300

60)6078(

====−

O bem C apresenta ER unitária.

4) ER (Bem D) = P

PQQ

∆×

∆ = 67,1

%30%50

3,05,0

10003002010

100010001300

20)2030(

====−

Como a ER do bem D é maior que um, sua demanda é elástica em relação à variação da renda.

Tipo de bem Valor relativo da ECP Valor absoluto da ECP

Normal > 0 > 1 [ elástica < 1 [ inelástica

= 1 [ unitária Inferior < 0

2.7. Elasticidade-cruzada da procura (ECP)

A ECP mede a sensibilidade da demanda do bem x a variações nos preços de outros bens

(PZ). Assim, o coeficiente da ECP pode ser encontrado da seguinte forma:

ECP = zbemdopreçodopercentualiaçãovar

xbemdoprocuradaquantidadedapercentualiaçãovar

ER = QP

PQ

PP

QQ

PR

QQ

z

zz

z

z

×∆∆

=∆

×∆

=∆

Sabendo que zP

Q∆∆

é a derivada de Q com relação a Pz, ou seja, zP

Q∂∂

, a ECP, também

pode ser definida como:

ECP = QP

PQ z

∂∂

UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

22

De acordo com o valor do coeficiente, tem-se que x e z, podem ser complementares,

substitutos ou independentes, conforme o quadro abaixo:

Relação entre x e z Valor relativo da ECP Valor absoluto da ECP

Substitutos > 0 > 1 [ elástica

< 1 [ inelástica

= 1 [ unitária Complementares < 0

Consumo independente = 0 ____________

2.8. Elasticidade-preço da oferta (EPO)

Mede a sensibilidade da oferta a variações no preço do bem x.

EPO = xbemdopreçodopercentualiaçãovar

xbemdoofertadaquantidadedapercentualiaçãovar

EPO = QP

PQ

PP

QQ

PP

QQ

×∆∆

=∆

×∆

=∆

Sabendo que PQ

∆∆

é a derivada de Q com relação a P, ou seja, PQ

∂∂

, a EPO, também pode

ser definida como:

EPO = QP

PQ

×∂∂

Assim, quando a oferta é linear, a elasticidade é constante ao longo da curva, como

abaixo:

Dessa forma, tem-se que , se o valor absoluto

da EPO for:

a) > 1 [ oferta elástica quanto à preço;

b) < 1 [ oferta inelástica quanto à preço; e

c) = 1 [ oferta unitária quanto à preço.

EPO > 1

EPO = 1

EPO < 1

Q

P

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

23

UNIDADE 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO

3.1. Introdução

Nas aulas anteriores foi visto, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e

serviços, e como são determinados os preços. Supondo sem interferências, o mercado

automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura

específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.

As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão

organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da

demanda, baseando-se em características observadas em mercados existentes. Em todas as

estruturas clássicas os agentes são maximizadores de lucro. Assim sendo, as estruturas de

mercado dos bens e serviços, podem ser classificadas em:

1. Concorrência Pura ou Perfeita

2. Monopólio

3. Oligopólio

4. Concorrência monopolística

Já as estruturas de mercado dos fatores de produção são classificadas como:

1. Concorrência Perfeita

2. Monopsônio

3. Oligopsônio

3.2. Estruturas de mercado dos bens e serviços

3.2.1. Concorrência Pura ou Perfeita

Estrutura que tem por objetivo descrever o funcionamento equilibrado, ou ideal, servindo

com base para o estudo de outras estruturas. Apesar de ser teórico, o estudo da concorrência

perfeita é importante pelas inúmeras conseqüências derivadas de suas hipóteses, que

condicionam o comportamento dos agentes econômicos em diferentes mercados. As hipóteses do

modelo são:

a) Atomização: mercado com infinitos vendedores e compradores, de forma que um agente

isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é um dado

fixado para empresas e consumidores. A expressão de cada um é insignificante.

b) Homogeneidade: todas as firmas oferecem um produto semelhante, homogêneo. Nenhuma

empresa pode diferenciar o produto. Os produtos são substitutos perfeitos.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

24

c) Mobilidade: cada agente comprador e vendedor atua independente de todos os demais. A

mobilidade é livre e não há quaisquer acordos entre os que participam do no mercado.

d) Permeabilidade: não há quaisquer barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam ou

querem atuar no mercado. Barreiras técnicas, financeiras, legais, emocionais ou de qualquer

outra ordem não existem. Quando a rentabilidade de uma indústria está alta no curto prazo,

novas empresas ingressarão e o lucro assume o seu nível normal no longo prazo.

e) Preço limite: nenhum vendedor de produto pode praticar preços acima daquele que está

estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das forças de oferta e procura. Em

contrapartida, nenhum comprador pode impor um preço abaixo do de equilíbrio, sendo que o

preço limite é dado pelo mercado.

f) Extra-preço: não há qualquer eficácia em formas de concorrência fundamentadas em

mecanismos extra-preço. A oferta de quaisquer vantagens adicionais, associáveis ao produto ou

fator, não faz qualquer sentido. Essa característica é subproduto da homogeneidade.

g) Transparência: por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há qualquer agente

que possua informações privilegiadas ou diferentes daquelas que todos detêm. As informações

que possam influenciar o mercado são perfeitamente acessíveis a todos.

3.2.2. Monopólio

O monopólio situa-se em outro extremo. O setor é constituído de uma única firma,

porque existe um único produtor que realiza toda a produção, isto é, situação em que uma

empresa domina sozinha a produção ou comércio de uma matéria-prima, produto ou serviço e

que, por isso, pode estabelecer o preço à vontade. Nessa estrutura de mercado há:

a) Unicidade: há apenas um vendedor, dominando inteiramente a oferta. Sob monopólio, os

conceitos de empresa e de atividade sobrepõem-se. A indústria monopolista é constituída por

uma única firma ou empresa.

b) Insubstituibilidade: o produto da empresa monopolista não tem substitutos próprios. A

necessidade a ser atendida não tem como ser igualmente satisfeita por qualquer similar ou

sucedâneo.

c) Barreira: a entrada de um novo concorrente no mercado monopolista é, no limite, impossível.

As barreiras podem ser:

c.1) Naturais: ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige a instalação

de grandes plantas industriais, exigindo um elevado montante de investimento. A empresa

monopolística já está estabelecida em grandes dimensões e tem condições de operar

normalmente com economias de escala e custos unitários bastantes baixos, possibilitando à

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

25

empresa cobrar preços baixos por seu produto, o que acaba praticamente inviabilizando a

entrada de novos concorrentes. Esse é denominado de monopólio puro ou natural

c.2) Patentes : Toda Patente é uma forma de Monopólio, enquanto a patente não cai em

domínio público, a empresa monopolista é a única que detém a tecnologia apropriada para

produzir aquele determinado bem.

c.3) Controle de matérias-primas chaves: Exemplo: o controle das minas de bauxita pelas

empresas produtoras de alumínio.

c.4) Monopólio estatal ou institucional: protegido pela legislação, normalmente em setores

estratégicos ou de infra-estrutura.

De uma maneira geral, a regulação é aplicada ao monopólio natural e a

desregulamentação é aplicada em monopólios artificiais, tornando-se competitivo.

Diferentemente da concorrência perfeita, como existem barreiras à entrada de novas empresas,

os lucros extraordinários devem persistir também a longo prazo em mercados monopolizados.

d) Extra-preço: devido a seu pleno domínio sobre o mercado, os monopólios dificilmente

recorrem às formas convencionais de mecanismos extra-preço, para estimular ou desestimular

comportamentos de compradores.

e) Opacidade: os monopólios são, por definição, opacos. O acesso a informações sobre fontes

supridoras, processos de produção, níveis de oferta e resultados alcançados dificilmente são

abertos e transparentes. A empresa monopolista caracteriza-se por ser impenetrável.

f) Poder: a expressão poder de monopólio é empregada para caracterizar a situação privilegiada

em que se encontra o monopolista, quanto às duas importantes variáveis do mercado: preço e

quantidade.

A firma tem uma forte(total) influência sobre os preços do produto, sendo que nessa

estrutura, a curva de demanda da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um

todo. O monopolista estabelece o preço de venda do produto sobre a curva de demanda (portanto

não há curva de oferta), sendo que, ele pode discriminar preços e usar o poder de monopólio.

Discriminar preços é cobrar preços diferentes de diferentes classes de compradores, por

um produto idêntico, ou então, cobrar o mesmo preço por produto que têm custos marginais

diferentes.

Poder de monopólio é quando um produtor, ao trabalhar com capacidade ociosa coloca

no mercado um volume menor de produção, cobrando preços superiores àqueles que seriam

praticados se o mercado fosse competitivo.

Quando a indústria se monopoliza, o preço de venda será maior que o preço de mercado

em concorrência perfeita, e o nível de produção inferior. Os consumidores sairão perdendo, pois

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

26

terão que pagar um preço superior para obter o produto, que será oferecido em quantidade

inferior. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou

simplesmente deixam de consumir o produto.

Muitas Legislações proíbem a existência de monopólio, permitindo apenas para aqueles

segmentos de mercado onde, para o perfeito funcionamento deveria existir apenas uma empresa,

são os chamados monopólios institucionais ou estatais considerados estratégicos ou de segurança

nacional (energia, comunicação, petróleo). Para detalhes sobre a legislação consultar CADE

(2006).

3.2.3. Oligopólio

Estrutura de mercado caracterizada pela existência de um reduzido número de empresas

dominando o mercado e produzindo produtos que são substitutos próximos entre si. Para

acontecer o oligopólio são necessários os seguintes elementos:

a) Número de firmas: pode caracterizar-se por haver um pequeno número de empresas

(indústria automobilística), ou então um grande número de empresas, mas poucas dominando o

mercado, (indústria de bebidas).

b) Grau de diferenciação do produto: o oligopólio pode oferecer produtos homogêneos

(indústria do cimento, aço), ou produtos diferenciados (indústria automobilística). Como ambos

os tipos de produtos, homogêneos e diferenciados, são substitutos próximos entre si, as firmas

oligopolistas concorrem com base na qualidade, design do produto, serviço ao cliente,

propaganda etc.

c) Barreiras: nessa estrutura há presença de barreira para entrada de novas firmas, que é

exercida com o controle de matérias-primas, registro de patentes, tradição, padrão tecnológico,

custo fixo elevado etc.

d) Poder: no oligopólio as firmas têm uma considerável influência sobre os preços dos produtos

no mercado. No entanto, as decisões sobre o preço e a produção de equilíbrio são

interdependentes, porque a decisão de um vendedor influi no comportamento econômico dos

outros vendedores, sendo essa uma das características básicas do oligopólio: a interdependência

mútua. Dado que as empresas determinam seus preços com base nas estimativas de suas funções

de demanda, levando em consideração a reação de seus rivais, o normal será uma elevada dose

de incerteza. Assim, as empresas podem agir da seguinte forma:

d.1.) Adivinhar as ações dos rivais;

d.2.) Competir somente na base da publicidade;

d.3.) Formar um cartel.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

27

O cartel é um acordo entre empresas visando a fixação de preços e eventualmente, fatias

de mercado, anulando assim a evolução dos preços pela lei da oferta e procura. Dessa forma, em

vez de competir, as empresas podem buscar cooperar e repartir o mercado. Dois tipos de cartel

podem ser formados: o cartel perfeito e o cartel imperfeito.

d.3.1) Cartel perfeito: nada mais é do que oligopolistas, reconhecendo a interdependência

que têm entre si, procuram se unir e maximizar o lucro do cartel. A solução a que se chega é a de

monopólio puro. De maneira geral, os cartéis são instáveis. Considerando que em geral operam

com uma certa capacidade ociosa, o incentivo para que individualmente os membros tentem

burlar os demais é grande, sendo que cada membro do cartel tem, incentivos para abaixar os

preços e vender mais do que sua quota. O atrito entre os interesses coletivos do cartel e os

individuais de seus integrantes freqüentemente acaba em "guerra de preços", nas quais cada

empresa procura aumentar sua participação no mercado. Ex: empresas aéreas, OPEP etc.

d.3.2.) Cartel imperfeito: é uma coalizão imperfeita, onde as empresas de um setor

oligopolista decidem tacitamente (isto é, não é necessário um acordo formal) estabelecer o

mesmo preço, aceitando a liderança de uma empresa da indústria. A líder (empresa que fixa o

preço) pode tanto ser a firma de custo mais baixo, como também a maior firma do mercado. A

firma líder fixa o preço e é seguida pelas demais. Todas maximizam o lucro reconhecendo a

interdependência que têm entre si. Na hipótese da firma líder ser a de custo mais baixo, entra em

consideração a regulamentação anti-monopólio (ela é obrigada a descartar a possibilidade de

práticas predatórias de preço que levem seu concorrente à bancarrota).

3.2.4. Concorrência monopolística

Embora apresente, como na concorrência perfeita, uma estrutura de mercado em que

existe um número elevado de empresas, a concorrência monopolística caracteriza-se pelo fato de

que as empresas produzem produtos diferenciados, embora substitutos próximos. Por exemplo,

diferentes marcas de sabonete, refrigerante, sabão em pó etc. Trata-se, assim, de uma estrutura

mais próxima da realidade que a concorrência perfeita.

A diferenciação de produtos pode dar-se por características físicas (composição química,

potência etc.), pela embalagem, ou pelo esquema de promoção de vendas (propaganda,

atendimento, brindes etc.);

Nesta estrutura, cada empresa tem certo poder sobre a fixação de preços, no entanto a

existência de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para fugirem de

aumentos de preços.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

28

Da mesma forma que na concorrência perfeita, prevalece a suposição de que não existem

barreiras para a entrada de novas firmas no mercado. As principais características desta estrutura

de mercado são:

a) Competitividade: é elevado o numero de concorrentes, com capacidade de competição

relativamente próximas.

b) Diferenciação: o produto de cada concorrente apresenta particularidades capazes de distingui-

lo dos demais e de criar um mercado próprio para ele.

c) Substituibilidade: embora cada concorrente tenha um produto diferenciado os produtos de

todos os concorrentes substituem-se entre si. Obviamente, a substituição não é perfeita, mas é

possível, conhecida e de fácil acesso.

d) Preço-prêmio: a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende do grau de

diferenciação percebido pelo comprador. A diferenciação quando percebida e aceita, pode dar

origem a um preço-prêmio, gerando resultados favoráveis e estimuladores.

e) Barreiras: as barreiras à entrada em mercados monopolisticamente competitivos tendem a ser

baixas. Há relativa facilidade para ingresso de novas empresas no mercado. Quando a

rentabilidade de uma indústria está alta no curto prazo, novas empresas ingressarão e o lucro

assume o seu nível normal no longo prazo.

f) Poder: cada empresa tem um certo poder sobre os preços, dado que os produtos são

diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência. No

entanto, a margem de manobra dos preços não é muito ampla, uma vez que existem produtos

substitutos no mercado.

RESUMO – Principais características das estruturas básicas de mercado

Característica Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência

Monopolista

1. Nº de empresas Muito grande Só há uma empresa Pequeno Grande

2. Produto Homogêneo Não há substitutos

próximos

Homogêneo ou

diferenciado Diferenciado

3. Preços

Não há possibilidade de

manobras pelas

empresas

As empresas têm

grande poder para

manter preços

relativamente elevados

Embora dificultado

pela interdependência

entre as empresas, estas

tendem a formar cartéis

Pouca margem de

manobra, devido à

existência de

substitutos próximo.

4. Extra-preço Não é possível, nem

seria eficaz.

A empresa geralmente

recorre a campanhas

institucionais

É intensa, sobretudo

quando há

diferenciação do

produto

É intensa

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

29

5. Barreiras Não há barreiras Barreiras de acesso a

novas empresas

Barreiras de acesso a

novas empresas Não há barreiras

Exemplos Produtos agrícolas em

geral Petróleo, Energia Automóveis Creme dental, shampoo

Fonte: ROSSETTI, 2000.

3.3. Estruturas de mercado dos fatores de produção

Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de

fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também apresenta diferentes

estruturas, as quais são resumidas a seguir:

3.3.1. Concorrência Perfeita

Existe uma oferta abundante do fator de produção (ex.: mão-de-obra não especializada), o

que torna o preço desse fator constante. No caso da economia moçambicana onde há elevado

índice de desemprego os salários são pressionados para baixo acarretando sérias distorções

sociais.

3.3.2. Monopsônio

Estrutura de mercado caracterizada pela existência de um único comprador que domina o

mercado. É um a estrutura que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. É o caso,

por exemplo, da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser única,

torna-se demandante exclusiva da mão-de-obra local e das cidades próximas, fixando os salários

em patamares baixos. Portanto, ou os trabalhadores empregam-se no monopsônio, ou precisam

trabalhar em outra localidade. Há também situações em que ocorre o monopólio bilateral.

Monopólio bilateral: ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção,

defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Nessa estrutura defrontam-se um

monopolista e um monopsonista. Tipicamente, o monopolista deseja vender uma certa

quantidade de produto por um preço, e o monopsonista pretende obter a mesma quantidade por

um preço diferente daquele oferecido pelo monopolista. Como ambas as posições são

conflitantes, somente a negociação recíproca permite a definição do preço.

Exemplo: A Bom-Bril compra um tipo de aço que apenas a Siderúrgica Belgo Mineira

produz. O preço de mercado dependerá do poder de barganha de cada uma. Outro exemplo é,

numa cidade relativamente isolada, existe apenas uma fábrica, que se defronta com um único

sindicato de trabalhadores.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

30

3.3.3. Oligopsônio

Existem poucos compradores que dominam o mercado. Ex.: Indústria de laticínios.

Anexo da Unidade IV5 – Cartilha do CADE

ABUSOS DE MERCADO AÇÕES DO GOVERNO

Criado em 1962 pela Lei nº 4.137, o CADE – Conselho Administrativo de Direito Econômico, é

uma autarquia ligada ao Ministério da Justiça, que tem por objetivo julgar processos relativos a

abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações

de monopólio. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos

consumidores em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados o

CADE manda desfazer o negócio entre as partes.

APRESENTAÇÃO

O objetivo deste trabalho é difundir e consolidar a cultura da defesa da concorrência no Brasil.

Para tanto é dirigido à empresários, instituições financeiras, trabalhadores, sindicatos

empresariais, aos cidadãos, e a sociedade como um todo. O Conselho Administrativo de Defesa

Econômica - CADE tem como função primordial promover a concorrência no mercado

brasileiro.

Assim, deve zelar pela aplicação dos princípios constitucionais e da Lei nº 8.884/94 que dispõe

sobre a prevenção e repressão às infrações à ordem econômica.

A IMPORTÂNCIA DA CONCORRÊNCIA

É essencial a presença da concorrência no contexto de uma economia de mercado, posto que a

mesma possibilita um aumento na variedade e na qualidade de produtos, e ainda corrobora para a

diminuição dos preços dos mesmos. É a concorrência, o fator determinante para que os preços

exprimam a relação de equilíbrio entre a oferta e a procura.

Para que se obtenha os benefícios derivados da concorrência, é necessário que as empresas

invistam em tecnologia, bem como realizem um estudo de mercado com o intuito de conhecer e

atender as expectativas e desejos dos consumidores.

5 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA – CADE. Cartilha do CADE. Disponível em: <

http://www.cade.gov.br/publicacoes/cartilhaport.asp>. Acesso em: 23 set. 2006.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

31

Poderíamos dizer que a concorrência é um instrumento existente em benefício dos cidadãos, vez

que são estes os consumidores finais dos produtos e que experimentam as melhorias decorrentes

das circunstâncias concorrenciais.

Além de conferir benefícios aos consumidores, a disputa entre as empresas ocasionada pelo

ambiente concorrencial propicia que a economia brasileira entre com uma melhor estrutura no

mercado externo.

A LEI DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA

A Lei 8.884/94 prevê a atuação do CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica,

autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça; da SDE - Secretaria de Direito Econômico,

ligada ao Ministério da Justiça e da SEAE - Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada

ao Ministério da Fazenda, que no exercício de suas respectivas funções, respeitam o seguinte

trâmite:

As denúncias de práticas infrativas à ordem econômica, deverão ser encaminhadas à SDE, que

dará início as averiguações preliminares ou, se houver condições, a um procedimento

administrativo, procedimento este que tem por objetivo a produção de provas através da

obtenção de documentos, da realização de pesquisas e da descrição dos fatos narrados. Na

hipótese de se fazer necessário o estudo das implicações econômicas de tal denúncia, o processo

deverá ser remetido para a SEAE que emitirá seu parecer.

Finda toda a fase inquisitória acima exposta, cabe ao CADE, com base nos elementos apurados,

julgar a ocorrência sob análise, declarando a mesma abusiva ou não face aos princípios

constitucionais reguladores da ordem econômica, máxime insculpidos na Lei 8 .884/94, tomando

então as providências cabíveis para coibí-la ou repará-la na hipótese da mesma consistir numa

infração.

O CADE - CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA

O CADE foi criado em 1962, e até o fim do regime parlamentar, consistia em um órgão

vinculado à Presidência do Conselho de Ministros, passando, então, mais tarde, a ser vinculado

ao Ministério da Justiça.

Apesar da política brasileira de defesa da concorrência existir desde os anos 30, a atuação do

CADE, bem como dos demais órgãos que o auxiliavam nas suas funções, pouco era difundida e

conhecida, tendo em vista que a economia era fortemente monitorada e fechada, sofrendo rígido

controle de preços, fato este que não acarretava grande demanda de trabalho.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

32

A partir dos anos 90, graças a estabilização da moeda, a privatização, a abertura da economia

nacional e o crescente fenômeno da globalização, tornou-se vital o desenvolvimento de uma

política de defesa da concorrência para atender a nova realidade do mercado.

O aprimoramento da aludida política se deu sobretudo com o surgimento da Lei 8.884/94, que

estabeleceu o CADE como uma autarquia federal, ampliou os seus poderes, definindo com maior

precisão, as práticas consideradas ofensivas à concorrência.

O CADE tem como atribuições essenciais assim, orientar, fiscalizar e estudar o abuso do poder

econômico, exercendo papel tutelador de apuração e repressão do mesmo quando verificado.

O conselho é composto por um presidente, seis conselheiros e um procurador-geral, que exercem

um mandato estabelecido em lei, fato este que garante autonomia para os exercício das funções.

O PAPEL DO CADE PARA O BRASIL NO CONTEXTO ATUAL

Poderíamos apontar como principais fatores que contribuíram para dar uma maior importância

ao CADE: a abertura da economia, a privatização e a desregulamentação, bem como a

estabilização dos preços.

Tais circunstâncias ensejaram uma atuação estatal menos preocupada em investir diretamente na

produção, mas por conseguinte, mais determinada em coordenar e estimular a economia de

mercado.

A globalização da economia também corrobora para um maior impulsionamento dos trabalhos

do CADE, pois ela exige grande competitividade e produtividade por parte das empresas

instaladas no Brasil.

Diante de tais fatos, imprescindível se revela a existência de um órgão com as atribuições

acumuladas pelo CADE, zelando a harmonia da ordem econômica no país.

O CADE tem a missão de agente modernizador e defensor da concorrência dentro de um Estado

regulador moderno, pró-mercado, de modo a influenciar no dia-a-dia do cidadão, a partir do

estímulo da concorrência no setor de serviços e produtos oferecidos à sociedade.

Resta claro assim, que inúmeros direitos do consumidor acabam, necessariamente, aliando-se as

metas a serem tuteladas pelo CADE.

PRÁTICAS QUE PODEM SER CONSIDERADAS ABUSIVAS

O QUE O ABUSO DO PODER ECONÔMICO?

O abuso do poder econômico ocorre toda a vez que uma empresa se aproveita de sua condição de

superioridade econômica para prejudicar a concorrência, inibir o funcionamento do mercado ou

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

33

ainda, aumentar arbitrariamente seus lucros. Em outras palavras, poderíamos dizer que o agente

abusivo faz mau uso ou o uso ilegítimo do poder que detém no mercado.

Este abuso não se dá a partir de práticas específicas, mas sim, quando o detentor de substancial

parcela do mercado age em desconformidade com os seus fins, desvirtuando, ultrapassando as

fronteiras da razoabilidade.

Por prejudicar a ordem econômica e os consumidores, o abuso não encontra qualquer amparo

legal, até porque é ato praticado com exercício irregular do direito de livre iniciativa e de

propriedade.

NO ÂMBITO DOS ACORDOS VERTICAIS OU HORIZONTAIS, PODEM SER

DESTACADAS AS SEGUINTES PRÁTICAS:

Formação de Cartel: As empresas nem sempre apreciam o jogo da livre concorrência. Elas

preferem, às vezes, cooperar entre si, combinando preços, restringindo a variedade de produtos e

dividindo os mercados para manter suas receitas sempre estáveis.

Para o consumidor e para outras empresas isto significa ter que pagar um preço muito maior se

comparado ao valor que o produto realmente custa e ainda ter o seu leque de opções de compra

diminuído.

Para a fiel configuração desta infração, se faz mister que haja efetivo acordo entre os agentes

envolvidos, pois pode ocorrer que diversas empresas, praticantes da mesma atividade econômica,

venham a utilizar-se de preços semelhantes sem que tenha ocorrido qualquer ajuste prévio,

cessando, assim, a idéia de abusividade.

Venda Casada: Consiste na prática de subordinar a venda de um bem ou serviço à aquisição de

outro.

O praticante da venda casada produz barreiras à entrada de concorrentes potenciais no mercado

ou empecilhos à expansão dos concorrentes já presentes.

A subordinação proporcionada pela venda casada, gera uma restrição de liberdade de comprar e

vender por pressão, por coação, sem que haja qualquer benefício para o consumidor na aquisição

vinculada.

Sistemas Seletivos de Distribuição: São restrições impostas, injustificadamente, pelo fabricante

ao distribuidor, utilizadas de forma a discriminar distribuidores, vendedores e consumidores, que

acabam por ser prejudiciais à livre concorrência.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

34

As restrições apenas são justificáveis se apresentarem o escopo de manter um padrão eficiente de

distribuição, oferecerem serviços de manutenção e garantias ao consumidor.

A legislação antitruste reprimirá o agente sempre que o mesmo, sem motivação plausível,

impedir o acesso do consumidor a uma determinada mercadoria.

Preços Predatórios: Muitas vezes, as empresas se utilizam da estratégia de baixar

propositadamente os preços de seus produtos a valores inferiores ao seu preço de custo,

esperando, com isso, que os concorrentes desistam do mercado daquele setor.

No início, o consumidor pode até ficar satisfeito em poder adquirir o produto a preço baixo, mas,

posteriormente, se verá prejudicado pela falta de concorrência entre os fabricantes, fato este que

afastará os benefícios inerentes à concorrência já analisados neste trabalho.

Os exemplos de infrações supra elencadas, bem como outras, podem ser denunciadas por

qualquer pessoa ou empresa que se sinta prejudicada, aos órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa

da Concorrência.

OS ATOS DE CONCENTRAÇÃO –

Fusões, aquisições, incorporações e joint ventures são típicos atos de concentração. Eles fazem

parte do processo natural do desenvolvimento de uma economia de mercado e em si não

configuram práticas abusivas.

Tais atos buscam geralmente, aumentar a eficiência de uma empresa através, por exemplo, da

diminuição de custos. Porém estas operações podem, ao mesmo tempo, resultar em restrições à

concorrência ensejando assim sua apreciação pelo CADE.

O CADE aprovará o ato se o mesmo proporcionar de fato, o aumento da produtividade, a

melhoria da qualidade de bens e serviços ou ainda o desenvolvimento tecnológico e econômico.

Na hipótese contrária, isto é, se o CADE apurar resultados lesivos à concorrência, o órgão

poderá aplicar multas ou obrigar as empresas envolvidas a desfazerem a operação.

Em suma, as principais razões que levam o Estado ao controle dos aludidos atos empresariais,

são as seguintes:

a) as concentrações tornam a estrutura do mercado menos competitiva, o que, por si só, tende a

desencorajar a entrada de novos concorrentes; além disso, as empresas, depois de se associarem,

se tiverem adquirido suficiente poder econômico, podem aumentar os preços no mercado;

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

35

b) as concentrações de empresas e a conseqüente concentração de poder econômico, aumentam

as oportunidades para um comportamento menos competitivo na medida em que a concentração

tende a diminuir o número de concorrentes no mercado;

c) as concentrações produzem eficiências desejáveis e indesejáveis, por isso é necessário saber

distinguir umas das outras, bem como quais são aquelas que surgem a curto, médio e a longo

prazo.

COMO PROCEDER EM CASOS DE ATOS DE CONCENTRAÇÃO –

De acordo com a Lei 8.884/94, as operações de fusão, aquisição ou joint venture deverão ser

impreterivelmente apreciadas pelo Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência quando uma

das empresas participantes detiver 20% ou mais de mercado relevante, ou que tenha obtido

(isoladamente ou o grupo ao qual pertença) faturamento igual ou superior à R$ 400 milhões

anuais.

As partes envolvidas nos atos de concentração, deverão apresentá-los para exame à SDE, que

tomará as providências cabíveis para conhecimento da SEAE e posterior julgamento do CADE.

Tal apresentação deverá ser realizada previamente, ou em até 15 dias úteis após o momento que

a operação passa a ter efeitos jurídicos no mundo fático, sob pena de multa pecuniária em valor

não inferior à 60 mil UFIR e não superior à 6 milhões de UFIR.

O TRÂMITE DOS PROCESSOS DE CONDUTA PELO CADE –

A SDE, anteriormente a instauração do processo administrativo, realiza averiguações

preliminares com o escopo de apurar a existência de infrações contra a ordem econômica, a

partir dos fatos apresentados na Representação.

Diante do resultado deste trabalho, a Secretaria decidirá pelo arquivamento do feito por falta de

indícios ensejadores de desrespeito à concorrência, hipótese em que, ainda assim, deverá recorrer

de ofício da sua decisão para o CADE, ou, em caso contrário , visualizando práticas infrativas,

dará início ao processo administrativo.

Quando o referido processo chega ao CADE, será sorteado o nome de um Conselheiro que

passará a ser o Relator da demanda. Este remeterá os autos à Procuradoria do órgão, que emitirá

o seu parecer sobre o assunto, devolvendo os autos ao Conselheiro-Relator, para elaboração de

um relatório e o voto.

Findo este procedimento, o processo entrará em pauta para julgamento a ser realizado por todos

os Conselheiros e o Presidente do órgão.

UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO

36

Quanto a participação da SEAE durante o processo administrativo, este órgão é oficiado logo na

oportunidade da instauração do mesmo para que emita parecer sobre matéria de sua

especialidade, relacionada com o caso em questão.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

37

UNIDADE 4 – TEORIA FIRMA: TEORIA DA PRODUÇÃO E TEORIA

DOS CUSTOS

4.1. Teoria da produção

A teoria da produção analisa a relação existente entre os recursos produtivos de uma

firma e a quantidade de bens e serviços que ela consegue produzir por período de tempo, para

dada tecnologia.

Essa relação pode ser representada por uma tabela, um gráfico ou uma função

matemática.

Matematicamente ela pode ser expressa através da seguinte equação:

Y = f (X1, X2, ..., Xn)

em que:

X1, X2, ..., Xn = representam as quantidades dos vários tipos de insumo utilizados

Y = representa a quantidade de produto obtida a partir desses insumos, por período de tempo.

As relações de insumo-produto dependem em parte das quantidades de recursos

empregados e, em parte, da forma pela qual esses insumos são combinados (tecnologia de

produção empregada pela firma).

Na abordagem inicial considerar-se-á apenas um insumo variável e seu efeito na

produção. Essa é a mais simples relação e recebe o nome de fator-produto. Pode-se

simplesmente, expressar essa função de produção como:

Y = f (X1)

Considere que a firma possui duas formas tecnologicamente factíveis de combinar os

insumos:

Produção (Q) (Unidades)

Insumo (Xa) (Unidades) Tecnologia A Tecnologia B

50 5.000 6.000

100 10.000 12.000

150 15.000 18.000

Uma firma pode alterar seu volume de produção variando:

{ a quantidade de insumos empregada;

{ a tecnologia de produção;

{ ambas as ações.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

38

Assim, na fórmula matemática da função de produção:

Y = f (Xa, Xb, ..., Xn)

Y, deve ser interpretado como o maior valor possível que pode ser obtido a partir da

tecnologia empregada pela firma.

Uma função de produção com apenas um insumo variável é apresentada na Tabela 1:

Essa função hipotética descreve a resposta de ganho de peso de terneiro (1) face a diferentes

níveis de ração consumidas (2).

Tabela 1 – Resposta do ganho de peso de terneiro a diferentes níveis de ração consumida

X1 – Consumo de ração (kg) (1)

Y – Ganho de peso de terneiro (kg) (2)

0 0 1 29 2 70 3 117 4 164 5 205 6 234 7 245 8 232 9 189

Como dito, uma função de produção pode também ser descrita em termos de uma função

matemática. A equação (1) expressa matematicamente, a função de produção apresentada na

Tabela 1: 32921 XXXY −+= (1)

em que Y é o peso total de terneiro (kg); e X1 é a quantidade de ração consumida (Kg).

A equação (1) estimada possui algumas vantagens em reação a função tabular visualizada

na Tabela 1, em que os dados apresentados são discretos, enquanto que na equação (1) tem-se

uma função contínua.

Por ser uma função contínua, a resposta do ganho de peso de terneiro a dado nível de

ração é facilmente obtida a partir da equação (1). Se a quantidade de ração a ser utilizada é 3,0

Kg, um valor não presente na Tabela 1, então o ganho de peso de terneiro é 117 g.

Utilizando-se, entretanto, a Tabela 1 essa mesma informação poderia ser obtida pela

interpolação dos valores conhecidos. Se 3,5 Kg de ração produz 140,88 g de terneiro e 4,5 Kg de

ração produz 185,63 g de terneiro, 3,0 Kg de ração irá produzir (140,88 + 185,63)/2 = 163,26 g

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

39

de terneiro. Os valores obtidos por meio da interpolação não são necessariamente iguais àqueles

estimados a partir da equação (1).

Produtividade dos fatores

Do produto físico total (PFT), que vem a ser produção (Y), duas importantes relações

podem ser derivadas, o produto físico médio (PFMe) e o produto físico marginal (PFMg).

O produto físico médio do insumo variável é apresentado na coluna (6) da Tabela 2, e é

obtido dividindo-se a quantidade de bens produzida pela quantidade de insumo variável

empregada:

varvarvar X

YXPFTPMe ==

Portanto, se 32921 XXXY −+= , em que X representa o número de unidades do insumo

variável, a expressão para PMevar torna-se:

2var

32

var XX921PMeX

XX9X21PMe −+=⇒−+

=

De forma similar, o produto médio do insumo fixo6 [apresentado na coluna (7) da Tabela

2] é definido como a quantidade de produto dividida pelo número de unidades disponíveis de

insumo fixo:

fixofixofixo X

YXPFTPMe ==

Dado que 32921 XXXY −+= e que existem 2 unidades de insumos fixos, PMefixo

pode ser calculado da seguinte forma:

2XX9X21PMe

32

fixo−+

=

A variação exata na quantidade produzida, associada ao uso de uma ou mais unidades

adicionais de insumo fixo, é conhecido como produto marginal (PMg) do insumo variável.

A variação na quantidade produzida por período de tempo resultante da variação de 1

unidade na quantidade do insumo utilizada por período de tempo é definida como produto

marginal discreto. No exemplo, da Tabela 2, os valores do produto marginal discreto são

mostrados na coluna (4); verifique que os números da coluna (4) são derivados subtraindo-se

6 O PFMefixo é menos calculado. Quando for dito PFMe, esse estará se referindo ao PFMe do insumo variável.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

40

cada par sucessivo de números da coluna (3). Alternativamente, o produto marginal pode ser

calculado a partir da primeira derivada da equação que expressa a relação matemática entre o

fluxo de produção e o fluxo de insumos variáveis. Portanto, se a relação entre a quantidade

produzida (Y) e a quantidade utilizada do insumo variável (X) for dada pela seguinte equação: 32921 XXXY −+=

então o produto marginal do insumo variável é dado pela seguinte equação:

111 XY

XY

XPFTPMg

∂∂

=∆∆

=∆

∆=

2X3X1821PMg −+=

Este conceito de produto marginal é denominado produto marginal contínuo para se

distinguir do produto marginal discreto. O produto marginal contínuo representa a taxa de

variação na produção total resultante da variação na utilização do insumo variável por período de

tempo, e pode ser calculado substituindo-se a variável X pelos números 0, 1, 2, 3, ..., 9 na

equação apresentada na coluna (5) da Tabela 2. Em termos matemáticos, o produto marginal só

faz sentido para aqueles insumos cuja quantidade pode ser variada; portanto, não existe algo

como produto marginal dos insumos fixos, uma vez que os insumos fixos, por definição, não

podem variar no curto prazo.

41

Tabela 2 – Dados de uma hipotética função de produção de curto prazo

1 2 3 4 5 6 7

Insumo fixo

Insumo variável

Quantidade produzida (Y)

PMg discreto (var.)

PMg contínuo (var.)

XYPMg

∂∂

=

PMe (var.)

varXYPMe =

PMe (fixo)

fixoXYPMe =

32921 XXXY −+= 1

1

−−

=nn

nnn XX

YYPMg 231821 XXPMg −+= 2

var XX921PMe −+= 2921 32 XXXPMe fixo

−+=

2 0,00 0,00 2 1,50 48,38 32,25 41,25 32,25 24,19 2 2,50 93,13 44,75 47,25 37,25 46,56 2 3,50 140,88 47,75 47,25 40,25 70,44 2 4,50 185,63 44,75 41,25 41,25 92,81 2 5,50 221,38 35,75 29,25 40,25 110,69 2 6,50 242,13 20,75 11,25 37,25 121,06

2 7,50 241,88 -0,25 -12,75 32,25 120,94 2 8,50 214,63 -27,25 -42,75 25,25 107,31 2 9,50 154,38 -60,25 -78,75 16,25 77,19

2 10,50 55,13 -99,25 -120,75 5,25 27,56

Fonte: THOMPSON JR. e FORMBY, 2003.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

42

Lei dos rendimentos decrescentes

Observa-se pela Tabela 1, que doses progressivamente maiores de insumo são

combinados com uma dada quantidade de insumos fixos, então a quantidade produzida

inicialmente aumenta muito rápido, depois aumenta mais devagar, alcançando um ponto

máximo, e começa a declinar.

A forma da curvatura da função de produção neoclássica demonstra a lei dos rendimentos

decrescentes. Essa lei estabelece que, à medida que se empregam mais quantidades de um

insumo variável, enquanto a de outros insumos permanece constante, a produção total aumenta,

em princípio, a taxas crescentes, depois a taxa constante, em seguida a taxas decrescentes, atinge

um máximo e finalmente decresce. A função de produção exibindo os retornos, crescentes,

constantes e decrescentes é ilustrada na Tabela 1. Essa tabela apresenta a resposta do ganho de

peso do terneiro a diferentes níveis de ração.

Retornos crescentes ocorrem quando o acréscimo na produção, resultante da adição do

fator variável, é maior do que o provocado pelo emprego da unidade anterior, conforme a seguir:

Figura 1 – Retornos crescentes

Os retornos constantes ocorrem quando cada unidade adicional do fator variável

aplicada aos fatores fixos aumenta a produção em iguais quantidades.

Figura 2 – Retornos constantes

X1

Y

Y

X1

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

43

Os retornos decrescentes ocorrem quando cada unidade adicional do fator variável

aumenta menos a produção total do que a unidade anterior.

Figura 3 – Retornos decrescentes

A lei dos rendimentos pode também ser descrita em termos do produto físico marginal,

dado que esse é a taxa de crescimento do PFT. O PFMg cresce, atinge um máximo,

posteriormente decresce, anula-se, e, finalmente, torna-se negativo, conforme pode ser

visualizado na Figura 4.

Figura 4 – Função de produção, PFMe e PFMg.

Y

X1

I II III

PFMe

PFMg X1

X1

PFMe

PFMg

PFT

PFT

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

44

Do produto físico total, produto físico médio e produto físico marginal, pode-se definir os

três estágios de produção, os quais estão demonstrados na Figura 4.

O 1 ° estágio de produção corresponde àquele em que o PFMe é sempre crescente. Neste

estágio, o PFMg é sempre maior que o PFMe e ambos são positivos. O PFT também apresenta-

se crescente. Esse estágio é denominado estágio irracional da produção, porque os insumos são

alocados ineficientemente. Um produtor racional jamais operaria nesse estágio de produção,

porque ele estaria limitando o uso do insumo variável, dado que maior produtividade média

poderia ser obtida pelo maior uso desse insumo.

O limite entre o 1 ° e o 2° estágio ocorre no ponto onde o produto físico médio atinge o

máximo. Nesse ponto, o PFMe máximo iguala-se ao PFMg.

O 3 ° estágio é caracterizado por apresentar um produto PFT decrescente, PFMg negativo

e PFMe também decrescente. Esse estágio é denominado irracional da produção, visto que o

emprego de unidades adicionais do insumo variável resultaria na redução do PFT. Tais

acréscimos contribuem para o crescimento do custo e redução da receita.

No 2° estágio de produção, o PFMe é decrescente, assim como o PFMg, mas o PFMg

ainda é positivo. O PFMe apresenta-se sempre maior que o PFMg. O 2° estágio é o racional da

produção.

O limite entre o 2° e o 3° estágio ocorre no ponto onde o PFT é máximo e.

conseqüentemente, a PFMg é igual a zero.

Na Tabela 2, o limite entre o 1 ° e o 2° estágio de produção encontra-se em 4,5 Kg de

ração. Já o limite entre o 2° e o 3° estágio está entre 6,5 e 7,5 Kg de ração. Nesse intervalo, no

nível de ração que a produtividade marginal da ração é de zero, tem-se a máxima produção

física.

4.2. Maximização do lucro – a partir da função de produção

A pressuposição básica é que o objetivo econômico da firma é a maximização do lucro ou

da receita líquida.

Na determinação do nível de insumo variável que maximiza lucro, o uso da análise

marginal é o mais apropriado. Essa análise é utilizada para comparar o custo do insumo variável

com a receita do produto.

Um insumo variável deve ser adicionado ao processo produtivo até o ponto onde a

mudança na renda, devido ao uso da última unidade do insumo, for maior ou igual à mudança no

custo resultante da última unidade empregada desse insumo. Se a última unidade do insumo

empregada aumentar mais a receita do que o custo, mais insumo deve ser utilizado. Entretanto,

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

45

se a última unidade de insumo usado aumentar mais o custo do que a receita, menor quantidade

desse insumo deve ser utilizada. Resumindo, um insumo variável deve ser empregado até o

ponto onde o valor adicional do produto for maior ou igual ao total adicional do custo do

insumo, isto é, no ponto onde o PFMg do insumo vezes o preço do produto for maior ou igual ao

preço do insumo. De outra forma, desde que o valor do produto marginal (VPMg) do insumo

variável for maior ou igual ao preço do insumo.

A derivação matemática dessa regra de decisão é apresentada a seguir:

MAX π = RT – CT

Lucro (π) é dado pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Na

determinação do lucro é necessário, portanto, conhecer a receita e o custo. Os preços dos

insumos de produção e a tecnologia constituem-se os determinantes básicos do custo. Uma vez

estabelecida a tecnologia, o total de cada insumo necessário para produzir qualquer nível de

produto pode ser determinado.

O custo total é dado pela soma dos custos variável e fixo.

KPXCT X +×=11

Em que:

X1 – é a quantidade do insumo variável usado na produção;

PX1 – o preço do insumo;

K – custo dos insumos fixos.

A receita total é obtida pelo produto da quantidade total vendida e preço de venda.

YPYRT ×=

em que:

Y – quantidade vendida do produto; e

PY – preço de venda.

Para maximizar lucro (a partir da função de produção) tem-se que diferenciá-lo com

relação ao insumo variável X1 e igualar a zero. Assumindo que os preços do produto (PY) e

insumo (PXl) sejam constantes, obtém-se:

∂π = 0 _ )KPX(PY XY +×−×=11π

011

11

11111

1 =∂∂

−×∂∂

−×∂

∂−×

∂∂

+×∂∂

=∂∂

XKP

XXX

XP

PXYY

XP

X XX

YYπ

Assumindo PXl, PY e K constantes, tem-se que:

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

46

0111

1 =∂∂

∂∂

XKe

XP

,XP XY

então:

01

1

1

11=×

∂∂

−×∂∂

=∂∂

XY PXXP

XY

01

11=−×

∂∂

=∂∂

XY PPXY

_ 01

1=−×

∂∂

XY PPXY

como 11

XPMgXY

=∂∂

então:

011

=−× XYX PPPMg _ 11 XYX PPPMg =×

Sendo _ YXX PPMgVPMg ×=11

Então _ 11 XX PVPMg =

Em que VPMgX1 é o valor do produto marginal de X1, e corresponde a multiplicação do

PMg pelo preço de Y (PY).

Dos dados contidos na Tabela 2, é possível determinar o peso ótimo de abate de terneiro.

Para tanto, é necessário introduzir o preço do terneiro e o preço da ração. Com a ração custando

R$2,00 por kg e o terneiro R$15,00 por kg, o peso ótimo de abate de terneiro seria de 245,0 kg, e

a quantidade de ração consumida seria de 6,99 kg.

A quantidade ótima econômica de ração a ser consumida é determinada pela expressão:

VPMgX1= PXl ou PY × PMgX1= PX.

Na tabela 3, o VPMg correspondente ao uso de ração, 6,99 é igual ao preço do fator,

R$2,00. Por conseguinte, pode-se definir que o consumo ótimo de ração é de 6,99 kg.

Utilizando a função de produção (1), que representa a resposta do ganho de peso de

terneiro a diferentes níveis de ração, com base no preço do terneiro (R$15,00/kg) e da ração

(R$2,00/kg), pode-se calcular o nível exato de ração que maximiza o lucro. 31

211 921 XXXY −+=

11

XY PXYP =

∂∂

×

211

131821

1XX

XYPMg X −+=

∂∂

=

00231821015 2 ,)XX(, =−+×

045270313 211 =+− XX

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

47

X1 = 6,99 _ nível de ração que maximiza o lucro.

Tabela 3 – Ganho de peso, consumo de ração, produto físico marginal, preço do terneiro, valor

do produto marginal e preço do fator. 31

211 921 XXXY −+=

Insumo variável

(kg ração)

Quantidade produzida

(kg terneiro)

PMg contínuo PY PX VPMg RT CT Lucro

1,00 29,00 36,00 15,00 2,00 540,00 435,00 2,00 433,00 1,50 48,38 41,25 15,00 2,00 618,75 725,63 3,00 722,63 2,00 70,00 45,00 15,00 2,00 675,00 1.050,00 4,00 1.046,00 2,50 93,13 47,25 15,00 2,00 708,75 1.396,88 5,00 1.391,88 3,00 117,00 48,00 15,00 2,00 720,00 1.755,00 6,00 1.749,00 3,50 140,88 47,25 15,00 2,00 708,75 2.113,13 7,00 2.106,13 4,00 164,00 45,00 15,00 2,00 675,00 2.460,00 8,00 2.452,00 4,50 185,63 41,25 15,00 2,00 618,75 2.784,38 9,00 2.775,38 5,00 205,00 36,00 15,00 2,00 540,00 3.075,00 10,00 3.065,00 5,50 221,38 29,25 15,00 2,00 438,75 3.320,63 11,00 3.309,63 6,00 234,00 21,00 15,00 2,00 315,00 3.510,00 12,00 3.498,00 6,50 242,13 11,25 15,00 2,00 168,75 3.631,88 13,00 3.618,88 6,99 245,00 0,13 15,00 2,00 2,00 3.674,99 13,99 3.661,01 7,00 245,00 0,00 15,00 2,00 0,00 3.675,00 14,00 3.661,00 7,50 241,88 -12,75 15,00 2,00 -191,25 3.628,13 15,00 3.613,13

8,00 232,00 -27,00 15,00 2,00 -405,00 3.480,00 16,00 3.464,00

O nível de ração que maximiza a produção física é dado pela expressão:

01

1=

∂∂

=XYPMg X

031821 211

1=−+=

∂∂ XXXY

X1 = 7,00 _ nível de ração que maximiza a produção física.

Quando se utilizam insumos não-livres, isto é, que possuem preços, o nível de insumo

que maximiza lucro é sempre menor que o nível de insumo que maximiza a produção física.

Assim, pode-se também definir a função de produção da firma em termos de quantidade

mínima de insumos que deve ser utilizada para produzir determinado nível de produção.

Qualquer que seja a abordagem, a função de produção de uma firma define os limites das

possibilidades técnicas de produção à sua disposição.

Enquanto a firma estiver utilizando a tecnologia de produção mais eficiente à disposição

no mercado, a quantidade de bens que ela consegue produzir depende:

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

48

a) das quantidades dos diversos recursos produtivos empregados no processo de

produção;

b) da eficiência com a qual se utilizam esses recursos produtivos.

4.3. Teoria dos custos

Existem três conceitos importantes para a análise da estrutura de custo de curto prazo da

firma: o custo fixo total, o custo variável total e o custo total.

Os insumos fixos de uma firma dão origem aos custos fixos, uma quantia que depende da

quantidade de cada um dos vários insumos fixos, e dos respectivos preços pagos por eles. O

custo fixo é constante, pois eles continuam sendo incorridos mesmo que a produção seja nula.

Da mesma forma, os insumos variáveis correspondem aos custos variáveis. Como no

curto prazo uma firma pode modificar a quantidade produzida comprando mais ou menos

unidades de insumos variáveis, os custos variáveis dependem e variam com a quantidade de

produto e os preços pagos por cada fator variável.

O custo total de uma quantidade produzida (no curto prazo) é a soma do custo fixo total

com o custo variável total:

CVTCFTCT +=

Com o nível de produto 0, o custo variável total é zero, e o custo total é igual ao custo

fixo total. Logo que o produto aumenta acima de zero no curto prazo, alguns insumos variáveis

precisam ser usados, custos variáveis são incorridos, e o custo total é a soma dos gastos fixos e

variáveis.

Assim, conforme observado na Figura 5 tem-se que:

{ O CFT é paralelo ao eixo X porque independe do nível de produção;

{ O CVT depende do nível de produção, cresce com o aumento da quantidade

produzida.

{ O CT é paralelo à curva de CVT, e são separados por uma distância equivalente ao

CFT.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

49

0

100

200

300

400

500

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Produto (Ud/ano)

Cus

tos

(R$/

ano)

CT CF CV

Figura 5 – Função de custos total (CT), fixo (CF) e variável (CV).

Existem quatro conceitos principais derivados dos custos discutidos anteriormente: custo

fixo médio (CFMe), custo variável médio (CVMe), custo total médio (CTMe) e custo marginal

(CMg).

O custo fixo médio é definido como o custo fixo total dividido pelas unidades de produto:

YCFTCFMe =

O custo variável médio é o custo variável total dividido pelo número correspondente de

unidades do produto:

YCVTCVMe =

O custo total médio é definido como o custo total dividido pelas unidades de produto

correspondentes:

CVMeCFMeY

CVTY

CFTY

CVTCFTY

CTCTMe +=+=+

==

Por fim, o custo marginal é a variação no custo total associada à variação na quantidade

de produto por unidade de tempo. De acordo com os conceitos marginais precedentes, faz-se a

distinção entre o custo marginal discreto e o custo marginal contínuo. O custo marginal discreto

é a variação no custo total atribuída à variação de 1 unidade na quantidade de produto. Por

exemplo, o custo marginal da 500º unidade de produto pode ser calculado achando a diferença

entre o custo total de 499 unidades de produto e o custo total de 500 unidades de produto. Assim,

o aumento no custo total de produção de uma unidade adicional do produto é igual ao custo

marginal de cada unidade. Assim:

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

50

1

1

−−

=∆

∆=

nn

nnn YY

CTCTY

CTCMg

O custo marginal contínuo é a taxa de variação no custo total à medida que varia a

quantidade de produto, e pode ser calculado a partir da primeira derivada da função de custo

total. Logo,

YCTCMg∂

∂=

Entretanto, como todas as variações no custo total relacionadas ao produto são atribuíveis

unicamente a variações no custo variável total, o custo marginal contínuo pode ser calculado da

primeira derivada da função CVT:

YCVTCMg∂

∂=

E, o custo marginal discreto é dado por:

1

1

−−

=∆

∆=

nn

nnn YY

CVTCVTY

CVTCMg

Um exemplo da função de custos pode ser visualizado na Tabela 4.

5

1

Tabela 4 – Dados de uma hipotética função de custos de curto prazo

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)

Quantidade produzida Custo fixo Custo

variável Custo Total CMg discreto CMg contínuo CTMe CFMe CVMe

Y CF CV CT = 1500 + 3Y+ Y2

1

1

−−

=nn

nnn YY

CTCTCMg CMg = 3+2Y

YYYCTMe

231500 ++= Y

CFMe 1500=

YYYCVMe

23 +=

0 1500 0 1500 0 5 1500 40 1540 8 3 308 300 8

10 1500 130 1630 18 13 163 150 13 15 1500 270 1770 28 23 118 100 18 20 1500 460 1960 38 33 98 75 23 25 1500 700 2200 48 43 88 60 28 30 1500 990 2490 58 53 83 50 33 35 1500 1330 2830 68 63 81 43 38 40 1500 1720 3220 78 73 81 38 43 45 1500 2160 3660 88 83 81 33 48

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

52

A Figura 6, apresenta as curvas de custo fixo médio, custo variável médio, custo total

médio e custo marginal.

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Custo (R$/ano)

Prod

uto

(Ud/

ano)

CMg CTMe CVMe CFMe

Figura 6 – Curvas de custos médios e custo marginal

A curva de custo fixo médio inclina-se para baixo e para a direita em toda a sua extensão

não interceptando o eixo horizontal ou o vertical. É uma hipérbole retangular.

A curva de custo variável médio, geralmente tem a forma de “U”. Inicialmente, apresenta

uma inclinação descendente e depois passa a ter uma inclinação ascendente. O mesmo formato é

observado nas curvas de custo total médio e, vale ressaltar, tal forma depende da eficiência com

que ambos os recursos, fixos e variáveis, são utilizados.

Geralmente, a curva de custo marginal também apresenta uma forma “U”, conseqüência

do formato da curva de custo total.

As formas das curvas de custo marginal e custo variável médio estão estritamente

relacionadas com a função de produção. A inter-relação das curvas de custo marginal e produto

físico marginal, custo variável médio e produto físico médio é mostrada na Figura 7.

Matematicamente, as relações entre as curvas explicitadas anteriormente são:

1111 Px

YX

YPxXCVMe ×=

×=

sendo PFMeYXPFMe

XY 11

1=⇒= então,

11 Px

PFMeCVMe ×=

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

53

Analogamente, para o custo marginal:

1111 Px

YX

YPxX

YCTCMg ×

∆∆

=∆×∆

=∆

∆=

sendo PMgY

XPMgXY 11

1=

∆∆

⇒=∆∆ então,

11 Px

PMgCMg ×=

Deve-se notar que o produto físico médio se eleva a um máximo e depois diminui, e que

o custo variável médio reduz a um mínimo e depois se eleva; o produto marginal eleva-se para

um máximo, e continua a decrescer, enquanto o custo marginal baixa, atinge um mínimo, depois

sobe, interceptando o custo variável médio em seu ponto de mínimo, continuando a crescer

depois.

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

0 29 70 117 164 205 234 245 232

X1/X2,...,Xn

PFMe PFMa

PFMe PFMa

-0,050,100,150,200,250,300,350,400,450,50

0 29 70 117 164 205 234 245 232

X1/X2,...,Xn

CMa CMe

CMa CMe

Figura 7 – Relação entre as curvas PFMe e CVMe, e PFMa e CMa7.

7 Alguns autores, abreviam custo marginal como CMa, e outros como CMg.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

54

4.4. Maximização do lucro – a partir da função de custos

Uma vez que o lucro corresponde à diferença entre receita total e custo total, para que

possamos descobrir o nível de produção capaz de maximizar lucros de uma empresa, devemos

analisar sua receita. Essa receita é igual ao preço do produto, P, multiplicado pelo número de

unidades vendidas:

R = P × q

O custo da produção, C, também depende do nível de produção. O lucro da empresa é a

diferença entre receita e custo:

π (q) = R (q) – C (q)

Figura 8 – Maximização de lucros a curto prazo

Fonte: PINDYCK e RUBINFELD.

Para poder maximizar lucros, a empresa opta pelo nível de produção para o qual a

diferença entre receita e custo seja máxima..

De acordo com esse princípio, ilustrado na Figura 8, uma empresa escolhe o nível de

produção q*, de forma que maximize o lucro (π), que corresponde à diferença AB entre a receita,

R, e o custo, C. Nesse nível de produção, a receita marginal (a inclinação da curva de receita) é

igual ao custo marginal (a inclinação da curva de custo).

A curva da receita, R(q), é uma linha curva, que reflete o fato de que a empresa só

consegue vender um nível maior de produto reduzindo o preço. A inclinação dessa curva é a

Custo, Receita,

Lucro (R$/ano)

C(q)

R(q)

π(q) Produção (unidades/ano) q* q0

A

B)

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

55

receita marginal (RMg), a qual mostra em quanto varia a receita quando o nível produção

aumenta em uma unidade.

Também é mostrada aí a curva de custo total, C(q). A inclinação dessa curva, que mede o

custo adicional da produção de uma unidade a mais de produto, é o custo marginal (CMg) da

empresa. Notemos que o custo total, C(q), é positivo quando o produto é zero, porque há custos

fixos no curto prazo.

Para a empresa ilustrada na Figura 8, o lucro é negativo em níveis baixos de produção,

pois a receita é insuficiente para cobrir os custos fixos e variáveis. À medida que o nível de

produção aumenta, a receita aumenta mais rapidamente do que o custo e o lucro inevitavelmente

se torna positivo. O lucro continua a crescer até que o nível de produção chegue a q* unidades.

Nesse ponto, a receita marginal e o custo marginal são iguais, e a distância vertical entre a receita

e o custo, AB, atinge seu comprimento máximo. O produto q* é o nível que torna o lucro

máximo. Notemos que para níveis de produto acima de q* o custo cresce mais rapidamente do

que a receita, isto é, a receita marginal torna-se menor do que o custo marginal. Assim, o lucro

torna-se menor do que o máximo possível quando o produto cresce além de q*.

A regra de que o lucro é maximizado quando a receita marginal é igual ao custo marginal

é válida para todas as empresas, sejam competitivas ou não. Essa importante regra pode também

ser deduzida algebricamente. O lucro, {π = R – C}, é maximizado no ponto em que um

incremento adicional no nível de produção mantém o lucro inalterado, isto é, {Δπ/Δq = 0}.

00 =∆∆

−∆∆

∆∆

−∆∆

=∆∆

=∆∆

qC

qRentão

qC

qR

qse

qππ

Dessa forma qC

qR

∆∆

=∆∆

ΔR/Δq é a receita marginal, RMg, e ΔC/Δq é o custo marginal, CMg. Dessa forma

podemos concluir que o lucro é maximizado quando:

RMg(q) = CMg(q)

Demanda e receita marginal para empresas competitivas

Devido ao fato de cada empresa de um setor competitivo vender apenas uma pequena

fração das vendas ocorridas no setor, a quantidade que a empresa decidir vender não terá

impacto sobre o preço de mercado do produto. O preço de mercado é determinado pelas curvas

da demanda e da oferta do setor. Portanto, a empresa competitiva é uma aceitadora de preços.

Lembremo-nos aqui de que a aceitação de preços é uma suposição fundamental da competição

total. A empresa que aceita preços sabe que sua decisão de produção não terá impacto sobre o

preço do produto. Por exemplo, quando um fazendeiro está decidindo em quantos hectares

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

56

plantará milho em um determinado ano, ele segue o preço de mercado do milho – por exemplo,

$18 por saca. Tal preço não será afetado por sua decisão sobre a quantidade de hectares em que

plantará.

Freqüentemente estaremos interessados em fazer distinção entre as curvas da demanda de

mercado e as curvas da demanda com as quais uma determinada empresa se defronta. Neste

capítulo indicaremos a produção e a demanda do mercado letras maiúsculas (Q e D), sendo que a

produção e a demanda da empresa serão indicadas por letras minúsculas (q e d).

Como aceita preços, a curva da demanda, d, com que se defronta uma determinada

empresa competitiva é representada por uma linha horizontal. Na Figura 9 (a), a curva demanda

do fazendeiro corresponde a um preço de $18 por saca de milho. O eixo horizontal mede a

quantidade de milho que o fazendeiro pode vender; o eixo vertical mede o preço.

Figura 9 – Curva da demanda com a qual se defronta uma empresa competitiva.

Uma empresa competitiva fornece apenas uma pequena parte da produção total de todas

as empresas de um setor. Portanto, para a empresa, o preço do produto é dado pelo mercado, e

ela escolhe seu nível de produção assumindo que o preço de mercado não será afetado por sua

escolha. Em (a), a curva da demanda com a qual a empresa se defronta é perfeitamente elástica,

mesmo que a curva da demanda de mercado em (b) apresente inclinação descendente.

Compare a curva da demanda com a qual se defronta a empresa (neste caso, o

fazendeiro), na Figura 9 (a), com a curva da demanda do mercado D, na Figura 9 (b). A curva da

demanda de mercado mostra a quantidade de milho que todos os consumidores adquirirão a cada

possível preço. A curva da demanda tem inclinação descendente, pois os consumidores adquirem

mais milho quando os preços são menores. A curva da demanda com a qual a empresa se

Preço ($ por saca)

Produção (saca)

100

200

18

Preço ($ por saca)

Produção (milhões de sacas)

100

200

18

EMPRESA (a)

SETOR (b)

d

D

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

57

defronta, entretanto, é horizontal, porque as vendas da empresa não têm nenhum impacto sobre o

preço de mercado. Suponhamos que a empresa tenha elevado suas vendas de 100 para 200 sacas

de milho. Isso não teria praticamente nenhum impacto no mercado, pois a produção do setor é de

100 milhões de sacas. O preço é determinado pela interação entre todas as empresas e todos os

consumidores do mercado, e não pela decisão de produção de uma única empresa.

Quando uma determinada empresa se defronta com uma curva da demanda horizontal, ela

pode vender uma unidade adicional de produto sem que o preço sofra redução.

Conseqüentemente, a receita total aumenta em uma quantidade igual ao preço: uma saca de

milho vendida por $18 gera uma receita adicional de $18. Assim, a receita -marginal é constante

em $18. Ao mesmo tempo, a receita média recebida pela empresa é também de $18, pois cada

saca de milho produzida será vendida por $18. Portanto, a curva de demanda, d, com que se

defronta uma determinada empresa em um mercado competitivo é, ao mesmo tempo, suas curvas

de receita média e da receita marginal. Ao longo dessa curva da demanda, a receita marginal e o

preço são iguais.

Maximização de lucros por empresas competitivas

Como a curva da demanda com a qual uma empresa competitiva se defronta vem a ser

horizontal, de tal modo que RMg = P , a regra geral para maximização de lucros pode ser

simplificada. A abordagem marginal para o lucro define que uma firma deve tomar qualquer

ação que adicione mais à sua receita que ao seu custo. Assim, a empresa competitiva deve

escolher seu nível de produção de tal forma que seu custo marginal seja igual ao preço:

CMg (q) = RMg = P

Observe que essa é uma regra para a determinação do nível de produção, não do preço,

pois as empresas competitivas seguem o preço fixado pelo mercado.

Escolha do nível da produção a curto prazo

Quanto uma empresa deve produzir a curto prazo quando o tamanho de sua fábrica

permanece inalterado? Nesta seção, mostraremos de que maneira uma empresa pode utilizar

informações sobre a receita e o custo para decidir sobre o nível de produção capaz de maximizar

seus lucros.

Maximização de lucros a curto prazo por uma empresa competitiva

A curto prazo, uma empresa opera com uma quantidade fixa de capital e deve escolher os

níveis de seus insumos variáveis (trabalho e matéria-prima) para poder maximiza seus lucros. A

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

58

Figura 10 apresenta a decisão da empresa a curto prazo. As curvas da receita média e da receita

marginal são desenhadas como linhas horizontais no nível de preço igual a $40. Nessa figura,

desenhamos a curva de custo total médio (CTMe), a curva de custo variável médio, CVMe, e a

curva de custo marginal, CMg, para que possamos visualizar mais facilmente o lucro da

empresa.

Figura 10 – Uma empresa competitiva que gera lucro positivo.

A Figura 10 demonstra que no curto prazo, a empresa maximiza seus lucros por meio da

escolha de um nível de produção q*, no qual seu custo marginal, CMg, é igual ao preço, P (ou

receita marginal, RMg), do produto. O lucro da empresa é medido pelo retângulo ABCD.

Qualquer nível de produção inferior, q1, ou qualquer nível superior, q2, resultará em lucro menor.

O lucro é maximizado no ponto A, correspondendo ao nível de produção q* = 8 e preço

de $40, pois a receita marginal é igual ao custo marginal nesse ponto. Para melhor entender, note

que, em um nível de produção mais baixo, digamos q1 = 7, a receita marginal é maior do que o

custo marginal, portanto o lucro poderia ser aumentado por meio de uma elevação da produção.

A área sombreada entre q1 = 7 e q* mostra o lucro perdido associado ao nível de produção q1.

Em um nível de produção mais elevado, digamos q2, o custo marginal é maior do que a receita

marginal; sendo assim, uma redução no nível de produção poupa um custo que exceda a redução

na receita. A área sombreada entre q* e q2 = 9 mostra o lucro perdido associado ao nível de

produção q2.

Lucro perdido devido a q1 < q*

Lucro perdido devido a q2 > q*

CTMe

CVMe

A

B C

D

CMg

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 q0 q1 q* q2 Produção

60

50

40

30

20

10

0

Preço ($ por

unidade)

RMe = RMg = P

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

59

As curvas RMg e CMg cruzam-se nos níveis de produção q0 e q*. Entretanto, no ponto q0

o lucro claramente não é maximizado. Um aumento na produção além de q0 resulta em um

aumento no lucro, pois o custo marginal está muito abaixo da receita marginal. Podemos

estabelecer a condição de maximização de lucro da seguinte forma: a receita marginal deve ser

igual ao custo marginal em um ponto no qual a curva de custo marginal esteja subindo. Essa

conclusão é muito importante porque se aplica às decisões de produção das empresas em

mercados totalmente competitivos ou não. Podemos reescrevê-la da seguinte forma:

Regra do Produto: se uma empresa está produzindo, ela deve fazê-lo em um nível em

que a receita marginal seja igual ao custo marginal.

Lucratividade a curto prazo da empresa competitiva

A Figura 11 também apresenta o lucro de uma empresa competitiva a curto prazo. A

distância AB é a diferença entre preço e custo médio no nível de produção q*, que é o lucro

médio por unidade de produto. O segmento BC mede o número total de unidades produzidas. Por

conseguinte, o retângulo ABCD representa o lucro total da empresa.

FIGURA 11 – Uma empresa competitiva que tem prejuízos

Uma empresa nem sempre necessita obter lucros a curto prazo, como mostra a Figura 11.

A principal diferença entre essa ilustração e a Figura 10 é o custo fixo mais elevado da produção.

Isso ocasiona uma elevação no custo total médio, porém não modifica as curvas de custo

variável médio e de custo marginal. No nível de produção q*, que maximiza lucros, o preço, P, é

inferior ao custo médio, de tal forma que o segmento AB mede o prejuízo médio associado a

CTMe

CVMe

A

B

CMg

q* Produção

C

D

F

Preço ($ por

unidade de produção)

P = RMg

E

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

60

esse nível de produção. Da mesma forma, o retângulo ABCD agora mede o prejuízo total da

empresa.

Uma pergunta: por que uma empresa que sofre prejuízos não abandona totalmente o

setor? A empresa pode operar com prejuízos no curto prazo, pois espera ter lucros no futuro,

quando o preço de seu produto aumentar ou então quando seus custos de produção caírem. De

fato, a empresa tem duas escolhas no curto prazo: ela pode produzir somente algumas unidades

de produto ou pode interromper totalmente sua produção por um certo tempo. Ela deve comparar

a lucratividade das duas alternativas, escolhendo a mais lucrativa (ou a que apresentar menores

prejuízos).

Outra pergunta: uma firma deve produzir e sofrer uma perda? a resposta é sim, se a firma

perdesse ainda mais ao parar de produzir e fechar sua operação. Lembre-se de que, no curto

prazo, uma firma deve continuar a pagar seu custo fixo total (CFT), independentemente de qual

nível de produto ela produz – mesmo que não produza. Se a firma fechar, ela terá, portanto, uma

perda igual ao seu CFT, já que não obterá nenhuma receita. Mas se produzindo alguma

mercadoria a firma puder reduzir sua perda para alguma coisa menor que o CFT, ela deve ficar

aberta e continuar produzindo.

Suponhamos, então, que o preço seja menor do que o custo médio total, tal como ocorre

na Figura 11. Se continuar a produzir, a empresa minimizará suas perdas no nível de produção

q*. Notemos que na Figura 11 em face da presença de custos fixos, o custo variável médio é

menor do que o custo total médio.

Assim, uma empresa competitiva deve fechar se o preço de mercado é menor do que o

custo total médio, CTMe, caso não possua custos irreversíveis8 que amortize e trate como fixos.

Se considerarmos que todos os custos fixos são também irreversíveis, ela deve produzir no curto

prazo, desde que o preço seja maior do que o custo variável médio. Quando não há custos

irreversíveis, o custo total médio da empresa é igual a seu custo médio. Nesse caso, a empresa

deve fechar quando o preço de venda de seu produto é menor do que o custo total médio no nível

de produção que maximiza seu lucro.

Suponhamos, em vez disso, que a empresa tenha um custo irreversível significativo que

ela esteja tratando como um custo fixo corrente e amortizando. Nesse caso, o retângulo CBEF na

Figura 11 representa um componente do custo total que não pode ser evitado mesmo que a

empresa venha a fechar (notemos que, nesse caso, o investimento de capital não terá valor

8 os custos irreversíveis são os gastos feitos e que não podem ser facilmente recuperados. Um exemplo seria uma benfeitoria ou uma máquina específica para certa atividade.

UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA

61

algum). Nessas condições, o custo variável médio da empresa é agora a medida apropriada do

custo econômico de produção médio. Portanto, a empresa deve permanecer no negócio enquanto

o preço de seu produto for maior do que o custo variável médio no nível de produção que

maximiza seu lucro. Notemos que, em ambos os casos, se a empresa tem ou não custos

irreversíveis, há uma única regra a ser aplicada:

Para entender mais claramente a decisão de fechar, vamos pensar nos custos variáveis

totais (CVT) da firma. Os gerentes das firmas geralmente chamam o CVT de custo operacional

efetivo da firma, já que esta paga esses custos variáveis quando continua a operar. Se uma firma,

ao ficar aberta, consegue obter receita mais que suficiente para cobrir seus custos operacionais

efetivos, ela está fazendo um lucro operacional (RT > CVT). Ela não deve fechar, pois seu lucro

operacional pode ser utilizado para ajudar a pagar seus custos fixos. Se a firma, porém, não pode

nem mesmo cobrir seu custo operacional ao ficar aberta, isto é, se ela sofre uma perda

operacional (RT < CVT), ela deve, definitivamente, fechar. Continuar a operar apenas adiciona

mais perda à firma, aumentando acima dos custos fixos a perda total. Isso sugere a seguinte

diretriz – chamada regra do fechamento – para uma firma com perda:

Regra de Fechamento: no curto prazo, a firma deve continuar a produzir se a RT

exceder o total dos custos variáveis; caso contrário, deve fechar.

Assim, considerando Q* o nível de produção no qual RMg = CMg, no curto prazo:

Se RT > CVT em Q*, a firma deve continuar produzindo

Se RT < CVT em Q*, a firma deve fechar,

Se RT = CVT em Q*, a firma deve ser indiferente entre fechar e continuar produzindo.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

62

UNIDADE 5 – TÓPICOS DE MACROECONOMIA

5.1. Microeconomia e macroeconomia

Antes de se falar de avaliação macroeconômica, é necessário, naturalmente, ter uma

compreensão do significado da macroeconomia e em que, essencialmente, ela difere da

microeconomia. Quanto às diferenças dos objetos de estudo entre ambas, pode-se dizer

sucintamente que, enquanto a primeira se ocupa do funcionamento do sistema econômico como

um todo, a segunda se ocupa do comportamento de suas partes constitutivas. Nesse sentido,

microeconomia é o ramo da Ciência Econômica que visa: 1) explicar o comportamento das

unidades que compõem o sistema econômico, a saber, os indivíduos e, ou, famílias e firmas; e 2)

explicar como que da interação do comportamento dessas unidades determinam-se variáveis

como os níveis de produção, oferta e preços dos bens e serviços que são transacionados nos

diversos mercados do sistema econômico. Assim, a microeconomia é, ao mesmo tempo, uma

teoria do comportamento individual, ou seja, uma teoria que visa explicar como consumidores ou

firmas se comportam visando tirar o máximo proveito de recursos escassos para atingir objetivos

ilimitados, num contexto de liberdade de escolha, e, ao mesmo tempo, uma teoria do mercado,

ou seja, uma teoria que visa explicar porque a oferta de determinados bens são maiores do que

outros, porque uns bens “valem” mais do que outros, porque umas indústrias são mais

concentradas do que outras e assim por diante.

A Macroeconomia, em contraste, ocupa-se do comportamento do sistema econômico

como um todo. Um sistema econômico pode ser delimitado de diferentes maneiras, conforme se

considere distintas fronteiras geo-políticas, como um município, uma microrregião, um estado

etc., sendo que, usualmente considera-se o espaço delimitado pelas fronteiras nacionais como o

foco mais relevante para o estudo macroeconômico. Por isso, o estudo da macroeconomia

costuma referir-se ao comportamento do sistema econômico nacional. Nesse sentido, seus

grandes objetivos envolvem investigar os fatores determinantes do desempenho econômico das

nações, ou dos grandes agregados, como os que, no jargão dos economistas, costumam ser

chamados o PIB, o PNB, a renda nacional, o consumo nacional, o valor das exportações e

importações etc., bem como investigar relações de causa e efeito entre esses grandes agregados e

outras variáveis que são índices representativos do comportamento geral dos preços de bens e

serviços, emprego, salários, preços de ativos nacionais e estrangeiros, taxas de juros etc. Por

enfocar essas variáveis que têm mais a ver com o bem estar geral dos habitantes e as condições

gerais dos negócios, as questões macroeconômicas costumam despertar maior interesse público,

estando assim mais próxima do que se costuma chamar de uma disciplina de economia política,

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

63

do que a microeconomia, que é principalmente uma disciplina técnica.

5.2. A medida do produto

A avaliação do desempenho produtivo de um sistema econômico complexo requer uma

medida do produto agregado que possa ser comparada de um período a outro. Dois são os

indicadores mais utilizados para medir o produto, quais sejam:

PIB – Produto Interno Bruto − refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços

finais produzidos dentro do território econômico de um país, independentemente da

nacionalidade dos proprietários das unidades produtivas desses bens e serviços. Exclui as

transações intermediárias, para que não exista dupla contagem do valo total do PIB.

PNB – Produto Nacional Bruto − é o valor agregado de todos bens e serviços resultante

da mobilização de recursos nacionais (pertencentes a residentes no país, independente do

território econômico em que estes recursos foram produzidos). Os rendimentos recebidos em

decorrência de investimentos no exterior são agregados ao PNB.

Uma vez que o produto é constituído de uma enorme coleção de bens e serviços

heterogêneos, cujas quantidades não podem ser simplesmente somadas para chegar-se a um total

representativo, o processo de agregação deve ser algo mais sutil do que a simples adição

aritmética. Obviamente, listar as quantidades de todos os bens e serviços produzidos num

determinado ano e comparar com outra lista das quantidades produzidas num outro ano qualquer

não parece um procedimento razoável, uma vez que por esse meio seria muito difícil avaliar em

que ano o desempenho produtivo foi maior, ou seria mesmo impossível, caso as produções

específicas não tivessem evoluído de maneira uniforme.

Fica claro, portanto, que o processo de agregação necessariamente requer algum

denominador comum para os diversos bens e serviços envolvidos. Em economia, tal

denominador comum pode ser obtido usando-se o valor de cada bem ou serviço como fator de

ponderação.

Na economia moderna, o dinheiro funciona como meio de troca conveniente e

numerário do sistema de preços, exercendo o papel de uma espécie de “régua” para medir

valores. Dessa forma, pode-se dizer que o produto agregado do sistema econômico englobando n

bens e serviços produzidos num determinado período, avaliados monetariamente, resultará num

número Y, tal que:

jn

1jjnn2211 qpqpqpqpY ∑

==+⋅⋅⋅++= (1)

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

64

em que pj e qj designam, respectivamente, os preços monetários e as quantidades produzidas de

cada bem ou serviço. Como exemplo, suponha que na economia haja a produção de apenas

quatro maças e três laranjas.

Pmaçã= R$ 0,50 e Plaranja = R$ 1,00

PIB = Pmaçã X Qmaçã + Plaranja X Qlaranja

PIB = (0,50 X 4) + (1,00 X 3) _ PIB = R$ 5,00

A equação (1) parece indicar que o procedimento para avaliar o produto agregado de um

sistema econômico é muito simples. Entretanto, pelo menos três considerações devem ser feitas

para mostrar que não é bem assim:

1) Todos os bens e serviços que passam pelo mercado estão, de fato, sujeitos à

mensuração em valor monetário, já que são comprados e vendidos em dinheiro. Dessa forma, o

produto agregado pode ser computado pelo total das vendas realizadas em dinheiro ou, da

mesma forma, pelo total das compras, já que, num mesmo período, os totais devem ser,

necessariamente, iguais. Entretanto, o total das vendas ou das compras realizadas não pode ser

aferido com precisão, porque muitas atividades não são registradas, como as que envolvem

produção de subsistência e aquelas que são proibidas, como a prostituição e o narcotráfico, por

exemplo.

2) A avaliação, por meio do cômputo indiscriminado de compras ou vendas, pode levar

a uma séria superestimativa do valor do produto agregado, que será tanto maior quanto mais

desconcentrado verticalmente for o sistema produtivo. Com efeito, quando existem empresas que

produzem e vendem matérias-primas ou bens intermediários, como peças e componentes para

outras empresas, estas vendas intermediárias devem ser descontadas, caso contrário darão

margem a um erro do tipo dupla contagem. Por exemplo, no total da venda de automóveis já está

incluída a venda de pneus da indústria pneumática para a indústria automobilística. Dessa forma,

a soma da venda total de automóveis e da venda total de pneus redundará em dupla contagem.

Uma maneira de evitar esse problema consiste em considerar apenas o valor das vendas de bens

finais e desconsiderar as vendas intermediárias.

Mesmo que as indústrias fossem plenamente integradas verticalmente, tal que a

indústria automobilística, por exemplo, como todas as demais que vendem seu produto aos

usuários finais, fosse auto-suficiente a ponto de produzir todos os componentes do automóvel,

sem comprar nada de outras indústrias, o problema da dupla contagem subsistiria em decorrência

das inevitáveis relações intersetoriais básicas, isto é, relações entre os três chamados setores

produtivos básicos da economia: agricultura (setor primário), indústria (setor secundário) e

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

65

comércio e prestação de serviços (setor terciário).

Assim, buscando evitar a dupla contagem (que uma mesma mercadoria seja incluída

mais de uma vez no cálculo), o cálculo do produto deve ser feito utilizando-se apenas o valor

adicionado, o qual é obtido descontando-se do total da produção em cada atividade o valor

correspondente às matérias-primas utilizadas no processo produtivo. Um exemplo é dado a

seguir, em que o produto é de R$10,00.

Setor produtor de trigo Valor das vendas ..................................................... R$2,00 Custo dos produtos intermediários .......................... R$0,00 Valor adicionado ..................................................... R$2,00

Setor produtor de farinha de trigo Valor das vendas ..................................................... R$4,00 Custo dos produtos intermediários .......................... R$2,00 Valor adicionado ..................................................... R$2,00

Venda de Pão no atacado Valor das vendas ..................................................... R$8,00 Custo dos produtos intermediários .......................... R$4,00 Valor adicionado ..................................................... R$4,00

Venda de Pão no varejo Valor das vendas ..................................................... R$10,00 Custo dos produtos intermediários .......................... R$8,00 Valor adicionado ..................................................... R$2,00

3) A medida monetária não é confiável. Com a inflação, qualquer que seja sua causa, os

preços, em geral, crescem artificialmente, isto é, independentes de quaisquer mudanças na

qualidade dos bens e serviços cujos valores eles representam. Assim, na presença de um

processo inflacionário, medir o produto monetariamente é como medir o comprimento físico de

um objeto qualquer com uma régua que estica nas mãos, não permitindo certeza de sua real

dimensão. Portanto, para obter medidas mais fidedignas da evolução real do desempenho

produtivo de dado sistema econômico, entre intervalos distintos de tempo, deve-se usar algum

procedimento que, de alguma forma, elimine o viés inflacionário. O meio mais simples de fazer

isso é avaliar as quantidades de bens e serviços produzidos em diferentes períodos, usando o

mesmo conjunto de preços. Assim, o cálculo do PIB real, ou seja, a avaliação do produto a

preços constantes, pode ser realizado usando-se índices de preços apropriados, conforme será

indicado mais à frente.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

66

5.3. Noções do crescimento e desenvolvimento econômico

O tema desenvolvimento econômico emergiu somente no século XX, pois até então o

objetivo daqueles que governavam era aumentar o poder econômico e militar do país. Raramente

havia a preocupação com a melhoria das condições de vida do povo, apesar do analfabetismo

generalizado, dos surtos de fome e dos altos níveis de mortalidade, muitas vezes causados por

epidemias provocadas por falta de higiene.

Não existe, entretanto, uma definição universalmente aceita de desenvolvimento. Uma

primeira corrente de economistas, de inspiração mais teórica, considera crescimento como

sinônimo de desenvolvimento. Para esses economistas, o crescimento econômico é distribuído

entre os proprietários dos fatores de produção, promovendo automaticamente a melhoria dos

padrões de vida e o desenvolvimento econômico. Já uma segunda corrente, voltada para a

realidade empírica, entende que o crescimento é condição indispensável para o desenvolvimento,

mas não é condição suficiente.

A partir dos anos de 1930, quando a questão do desenvolvimento ficou mais evidente,

os países pobres passaram a ser caracterizados como subdesenvolvidos por apresentarem

crescimento econômico insuficiente e instável, alto grau de analfabetismo, elevadas taxas de

natalidade e de mortalidade infantil, predominância da agricultura como atividade principal,

insuficiência de capital e de certos recursos naturais, diminuto mercado interno, baixa

produtividade, instabilidade política etc.

Dessa forma, enquanto para alguns economistas, um país é subdesenvolvido porque

cresce menos do que os desenvolvidos − embora apresente recursos ociosos, como terra e mão-

de-obra − a experiência tem demonstrado que o desenvolvimento econômico não pode ser

confundido com crescimento, porque os frutos dessa expansão nem sempre beneficiam a

economia como um todo e o conjunto da população. Mesmo que a economia cresça a taxas

relativamente elevadas, o desemprego pode não estar diminuindo na rapidez necessária, tendo

em vista a tendência contemporânea de robotização e de informatização do processo produtivo.

Além disso, o que se verifica é que existe uma tendência de formação de oligopólio, ou

seja, um mercado formado por poucas empresas ofertando um dado produto no mercado, e essa

estrutura tende a tornar a renda mais concentrada nas mão dos donos do capital, ao invés de uma

distribuição mais equilibrada entre empresários e a massa operária. Assim, o crescimento

econômico, ou seja, o acréscimo de renda gerado na economia seria distribuído de forma

desigual, aumentando a concentração de renda, o que é um conceito contrário ao de

desenvolvimento.

Assim, de forma sucinta, pode-se definir crescimento e desenvolvimento econômico

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

67

como a seguir:

Crescimento econômico – compreende a expansão do produto real da economia, durante

certo período de tempo, sem implicar em mudanças estruturais e em distribuição de renda.

Desenvolvimento econômico – é um conceito mais amplo, pois implica em aumento do

produto real per capita, com mudanças de estrutura, com crescimento da participação do produto

industrial no produto total, e melhoria dos indicadores sociais e da distribuição de renda (redução

da mortalidade infantil, do analfabetismo, queda no número de pobres na população total etc).

Uma definição completa de desenvolvimento envolve, além da melhoria de indicadores

econômicos e sociais, a questão da preservação do meio ambiente. Com o tempo, o crescimento

econômico tende a esgotar os recursos produtivos escassos, através de sua utilização

indiscriminada. Por exemplo, o crescimento econômico acelerado pode provocar o

desmantelamento de florestas, a exaustão de reservas minerais e a extinção de certas espécies de

peixes. A atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de terras onde haviam florestas. A

urbanização explosiva resultante tem provocado o esgotamento das fontes de água potável. A

atividade produtiva pode também poluir os mananciais de água, infestar o ar atmosférico,

interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que afeta a saúde da população. Em

outras palavras deve ocorrer também o desenvolvimento sustentável, através da preservação do

meio ambiente, sobretudo dos recursos naturais não-renováveis.

Nesse sentido, desenvolvimento caracteriza-se pela transformação de uma economia

arcaica em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do

conjunto da população.

O Desenvolvimento econômico define-se também pela existência de um crescimento

econômico contínuo, em ritmo superior ao crescimento demográfico, envolvendo mudanças

estruturais e melhorias de indicadores econômicos e sociais. Compreende um fenômeno de longo

prazo, implicando o fortalecimento da economia nacional e a elevação da produtividade. No

entanto, o crescimento econômico precisa ser superior ao crescimento demográfico para garantir

o nível de emprego e arrecadação pública, a fim de permitir ao governo realizar gastos sociais e

atender prioritariamente às pessoas carentes.

Um indicador de desenvolvimento é a renda per capita. Entretanto, esta por si só, não

indica desenvolvimento, seja porque pode estar havendo uma concentração de renda no topo da

pirâmide social, ou porque os demais indicadores de desenvolvimento não sofreram alteração

positiva. Assim, a questão é saber como a renda se distribui entre as pessoas e se as razões de seu

crescimento se devem à construção de habitações populares, ou de equipamentos militares, ao

aumento do número de horas de trabalho ou à maior produtividade.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

68

A importância da produtividade enquanto fator de desenvolvimento, é que, com maior

produtividade as empresas podem tornar-se mais eficientes, aumentando seus lucros, o que

permite o pagamento de maiores salários aos trabalhadores.

Em relação à população o simples aumento da renda não indica, necessariamente, se ela

se encontra melhor ou pior em termos de saúde, educação, segurança e conforto.

Um bom exemplo disso é o que ocorre hoje no Brasil. A imprensa apresenta,

constantemente, que vem ocorrendo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, do

valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional.

Entretanto, o crescimento do PIB oculta a destruição da natureza – base da economia e da

própria vida humana – escondendo ainda uma crise na estrutura social do país. Com isso, pode-

se dizer que o crescimento pode conter em seu bojo sintomas de problemas sociais. Do PIB,

fazem parte, o faturamento da indústria de proteção e segurança, conseqüência da criminalidade;

o faturamento das companhias de seguro, conseqüência dos assaltos. Quanto aos recursos

naturais, quanto mais degradados eles forem, maior será o PIB. Dessa forma, por trás do

crescimento econômico da economia podem estar ocorrendo outros efeitos perversos, tais como:

a) Transferência do excedente de renda para outros países, reduzindo a capacidade de importar e

de realizar investimentos. Isto pode ocorrer através da remessa de lucros ao exterior, para os

acionistas das empresas de capital estrangeiro instaladas no Brasil;

b) Apropriação de parcela crescente desses excedentes por poucas pessoas no próprio país,

aumentando a concentração de renda e de riqueza. Os lucros concentrados nas mão de uma

elite dominante, e que apoiada por uma estrutura de mercado muitas vezes oligopolizada,

retém para si um lucro maior do que o considerado justo;

c) Salários básicos extremamente baixos limitando o crescimento dos setores que produzem

alimentos e outros bens de consumo mais popular;

d) Empresas tradicionais não conseguem desenvolver-se pelo pouco dinamismo do setor no

mercado interno; e

e) Dificuldades para a implantação de atividades interligadas às empresas que mais crescem,

exportadoras ou de mercado interno.

O subdesenvolvimento ocorre justamente quando ocorre uma insuficiência do

crescimento econômico em relação ao crescimento demográfico, por sua intermitência (não-

continuidade) e pela concentração de renda e riqueza.

O subdesenvolvimento caracteriza-se, em geral, por:

a) crescimento econômico sistematicamente inferior ao crescimento demográfico;

b) empobrecimento da população, instabilidade e dependência dos países desenvolvidos;

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

69

c) Baixo consumo de calorias per capita;

d) Baixa produção de alimentos per capita;

e) Baixa esperança de vida ao nascer;

f) Alta taxa de natalidade e de mortalidade infantil;

g) Elevado analfabetismo, criminalidade e desemprego; e

h) Lento crescimento do emprego.

Este último, gera uma ampla economia informal, formada por vendedores ambulantes e

biscateiros, que praticamente não pagam impostos e não contribuem para a previdência social.

Por conseguinte, gera-se um círculo vicioso com gastos públicos insuficiente na área social, o

que piora os indicadores sociais, implicando em limitações para o desenvolvimento do país.

5.4. Desemprego

Um importante aspecto do desempenho do sistema econômico tem a ver com a geração

de empregos. Naturalmente, essa capacidade é um dos principais objetos de interesse público e,

por extensão, dos responsáveis pela formulação das políticas econômicas.

A cada mês estatísticas de desemprego são elaboradas e divulgadas por diferentes

agências. Os métodos de apuração podem variar de agência para agência, mas o fato é que, a

parte das diferenças metodológicas, o objetivo é o mesmo, qual seja, fornecer estimativas da taxa

de desemprego, o indicador geral do grau de ocupação da força de trabalho.

A força de trabalho é definida pela soma dos trabalhadores empregados e não

empregados, e a taxa de desemprego é, por definição, a porcentagem da força de trabalho que

está desempregada.

O que, no sentido macroeconômico, costuma-se definir como pleno emprego da força de

trabalho, não deve ser entendido como uma situação na qual toda a força de trabalho está cem

por cento empregada. Na realidade, haverá sempre uma taxa de desemprego positiva mesmo

quando as condições de emprego forem excepcionalmente favoráveis. O que define uma situação

de equilíbrio desejável no mercado de trabalho, na verdade, é uma situação na qual a procura de

emprego é igual a oferta de vagas. Entretanto, mesmo que isso esteja ocorrendo, a apuração

estatística sempre indicará um certo contingente de pessoas que estarão desempregadas

temporariamente, como os jovens recém ingressos na força de trabalho, os trabalhadores que

foram recentemente demitidos de seus empregos anteriores e ainda não tiveram tempo de

encontrar outra colocação e, enfim, todos aqueles que estão em transição entre um emprego e

outro.

Uma das razões para o desemprego é o tempo que se leva para ajustar trabalhadores e

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

70

empregos. O modelo de equilíbrio do mercado de trabalho agregado supõe que todos os

trabalhadores e todos os empregos são iguais e, portanto, que todos os trabalhadores são

igualmente aptos para todos os empregos. Se isso fosse verdade e o mercado de trabalho

estivesse em equilíbrio, a perda de um emprego não causaria desemprego – um trabalhador

demitido encontraria imediatamente um emprego ao salário de mercado.

Contudo, os trabalhadores têm diferentes preferências e habilidades e os empregos têm

atributos diferenciados. É necessário considerar, ainda, que o fluxo de informações relativas a

vagas e a candidatos é imperfeito, e que a mobilidade geográfica dos trabalhadores não é

instantânea. A busca de um emprego adequado exige tempo e esforço. De fato, como os

diferentes postos de trabalho exigem qualificações diferentes, e pagam salários diferentes, os

desempregados nem sempre aceitam a primeira oportunidade oferecida. O desemprego gerado

pelo intervalo necessário à compatibilização de trabalhadores e empregos é chamado

desemprego friccional.

A existência de desemprego friccional é também agravada por políticas públicas de

amparo ao trabalhador, que garantem àquele que perde seu emprego, uma remuneração por

determinado período de tempo, que é o caso do seguro desemprego.

Ao reduzir as dificuldades econômicas do desempregado, o seguro-desemprego aumenta

o desemprego friccional e a taxa natural de desemprego.

O seguro-desemprego pode ainda tornar os empregadores menos relutantes em dispensar

mão-de-obra.

5.5. Inflação e nível geral de preços

A inflação é definida como sendo uma alta persistente e generalizada dos preços da

economia.

A alta de preços deve ser persistente. Assim, uma economia que apresente num

determinado semestre um crescimento de preços da ordem de 4% e que, no semestre seguinte,

apresente uma queda de preços (deflação) da ordem de 2% não pode ser caracterizada como uma

economia inflacionária.

A alta de preços deve ser generalizada, ou seja, todos os produtos da economia devem

sofrer acréscimo em seus preços. Se apenas alguns dos bens e serviços produzidos na economia

apresentam elevações de preços, enquanto outros apresentam redução, este fenômeno pode

decorrer simplesmente do mecanismo de ajuste dos respectivos mercados em virtude de

alterações da demanda ou da oferta.

Como o nível geral de preços (P) reflete as flutuações de todos os bens e serviços

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

71

produzidos pela economia, a inflação também pode ser definida como sendo uma elevação

persistente do nível geral de preços ao longo do tempo.

A inflação é o crescimento dos preços. A taxa de inflação mede o ritmo desse

crescimento. Assim, considere o exemplo da tabela a seguir:

Meses Nível geral de preços (Jan = 100) Taxa de inflação

Jan 100 -

Fev 102 2,0%

Mar 105 2,9%

Abr 110 4,8%

Maio 114 3,6%

Jun 116 1,8%

Jul 115 - 1,0%

A taxa de inflação foi crescente de fevereiro a abril (2% em fevereiro; 2,9% em março;

4,8% em abril) e decrescente em maio e junho (3,6% e 1,8%, respectivamente). Em julho, a taxa

foi negativa (- 1%).

Note que, em maio e junho, houve inflação, pois os preços da economia aumentaram.

Entretanto, o ritmo de crescimento dos preços foi decrescente. Quando a taxa de inflação é

decrescente, diz-se que está ocorrendo uma desinflação.

Em junho, os preços diminuíram. Nesse caso, diz-se que ocorreu deflação. A deflação é

uma queda do nível geral de preços da economia. De forma mais completa tem-se:

DEFLAÇÃO. Queda persistente do nível geral de preços, o oposto da inflação. Caracteriza-se

pela baixa oferta de moeda em relação à oferta de bens e serviços ou pela queda na demanda

agregada (associada, por exemplo, a um maior índice de poupança). Esse excesso de oferta de

bens − ou carência de demanda − aumenta o índice de capacidade ociosa na economia e causa

um acirramento da concorrência entre os produtos, que disputam os poucos consumidores

disponíveis, o que leva a uma rápida queda nos preços. Cai o investimento e, conseqüentemente,

há queda no produto real e aumento no desemprego. A deflação, assim, pode acabar provocando

depressão (como a que ocorreu em 1929-1933 nos Estados Unidos). Normalmente, combate-se a

deflação por meio de um aumento nos gastos públicos e um maior grau de endividamento

público, como forma de aumentar a demanda agregada.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

72

DESINFLAÇÃO. Remoção de pressões inflacionárias da economia, visando manter o valor da

unidade monetária. A desinflação é obtida por meio da restrição direta da expansão do consumo,

pelo controle das vendas a prazo, pelo superávit orçamentário, pela elevação da taxa de juros,

pela restrição do crédito e por outras medidas que exerçam controle sobre os gastos custeados

por empréstimos. Essas medidas não pretendem reverter o processo inflacionário provocando

súbitas baixas de preços, fazendo perder quem se beneficiava com a inflação e ganhar quem

perdia com ela. Visam simplesmente corrigir e limitar os aspectos prejudiciais da inflação em

termos macroeconômicos. Existem pelo menos duas dificuldades operacionais para a

implantação de políticas desinflacionárias: durante determinado tempo, essas medidas tendem a

reduzir a quantidade de empregos a um nível muito abaixo do politicamente aceitável; além

disso, quando as medidas desinflacionárias adotadas pelo governo são muito violentas, podem

provocar a deflação. A necessidade de medidas desinflacionarias pode ser atenuada, sob o ângulo

da oferta, na proporção em que a produtividade da economia aumenta. Por outro lado, a redução

da procura monetária total é conseqüência do aumento nas poupanças privadas, do aumento

relativo da tributação em comparação com os gastos governamentais, de medidas específicas

visando a reduzir os gastos em consumo e em investimento, e da redução das despesas

governamentais para que se situem em nível abaixo ao da arrecadação.

Os governos contemporâneos colocam a redução da taxa de inflação entre as principais

metas de sua política econômica. Isto ocorre porque a inflação provoca um grande aumento de

distorções na economia de mercado, que são expostas a seguir:

5.5.1. Perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas

Os assalariados que não sofrem reajustes nominais em seus vencimentos perderão com a

inflação, pois a elevação continuada dos preços reduzirá paulatinamente seu salário real, ou seja,

a quantidade de bens e serviços que eles podem adquirir com seus salários.

No caso dos empresários, que podem reajustar os preços de venda de seus produtos e,

conseqüentemente, seus lucros, têm melhores condições de se proteger deste efeito danoso da

inflação.

5.5.2. Desorganização do mercado de capitais e aumento da procura

por ativos reais

O mercado de capitais é formado por toda a rede de Bolsas de Valores e instituições

financeiras (bancos, companhias de investimento e de seguro) que operam com a compra e venda

de papéis (ações e títulos da dívida em geral) a longo prazo. Tem a função de canalizar as

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

73

poupanças da sociedade para o comércio, a indústria, para outras atividades econômicas e para o

próprio governo. Distingui-se do mercado monetário, que movimenta recursos a curto prazo,

embora tenham muitas instituições em comum. Os países capitalistas mais desenvolvidos

possuem mercados de capitais fortes e dinâmicos. A fraqueza desses mercados nos países

subdesenvolvidos dificulta a formação de poupança, constitui um sério obstáculo ao

desenvolvimento e obriga esses países a recorrer a mercados de capitais internacionais, sediados

nas potências centrais.

O mercado de intermediação financeira fica seriamente abalado com inflações

prolongadas, devido à profunda diferença que passa a existir entre as taxas nominais e reais de

juros, fato que inclusive pode comprometer a restituição do principal emprestado.

Suponhamos, por exemplo, que uma determinada pessoa empreste a outra, no prazo de

um ano, a importância de R$ 10.000,00 cobrando uma taxa de juros de 10% a.a. Isto implica

dizer que, no final do ano, o credor receberá do devedor R$ 11.000,00, correspondentes a R$

10.000,00 de restituição do principal, mais os juros de R$ 1.000,00. Ocorrendo, entretanto, uma

inflação de mais de 10% ao ano, o credor não conseguirá nem reaver o principal emprestado. Por

exemplo, se a inflação for de 15%, o valor do principal, corrigido em termos de poder aquisitivo

da moeda, que deveria ser entregue ao credor seria de:

R$ 10.000,00 + 15% x R$ 10.000,00 = R$ 15.000,00

que é superior aos R$ 11.000,00 que ele efetivamente receberá a título de amortização do

empréstimo e de juros.

A existência da inflação, como é fácil de perceber, torna muito difícil a operação do

mercado de capitais, uma vez que praticamente inviabiliza financiamentos de médio e longo

prazos. Isto reduz drasticamente o valor dos investimentos privados e compromete o crescimento

de longo prazo da economia.

Por outro lado, a tendência dos poupadores é a de fazerem aplicações em ativos reais

(ativos tangíveis com valor intrínseco), tais como ouro e imóveis, na tentativa de proteger o seu

patrimônio contra a desvalorização da moeda.

5.5.3. Dificuldades para o financiamento do setor público

O Setor Público da economia tem receitas tributárias como principal fonte de

financiamento de seus gastos. Normalmente, como existe um intervalo de tempo entre a

ocorrência do fato gerador do imposto e o seu recolhimento ao Poder Público pelo contribuinte, a

receita dos tributos diminui bastante em termos reais. Esta erosão da receita tributária é

denominada de Efeito Tanzi (em homenagem ao economista Vito Tanzi, que foi o primeiro a

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

74

chamar a atenção para esse fenômeno) e contribui para que surjam déficits orçamentários quando

a inflação é crônica.

Ao mesmo tempo, o Governo tem dificuldades de obter financiamento para seu déficit,

uma vez que os poupadores não comprarão títulos da dívida pública em virtude do juro nominal

desses papéis ser inferior à taxa de inflação do período, conforme analisado no subitem 3.3.1.2.

Isto faz com que o Governo tenha que recorrer à emissão de papel-moeda para financiar seu

déficit, o que realimenta a inflação.

Por outro lado, a inflação permite ao Governo a arrecadação do chamado imposto inflacionário, que será tratado em um tópico subseqüente.

5.5.4. A indexação

Em economias com altas taxas de inflação que tendem a permanecer no tempo (inflação

crônica), a desorganização total da economia é impedida pela adoção da indexação das rendas e

dos ativos da economia.

A indexação consiste em se corrigir as rendas recebidas pelos agentes econômicos e o

valor dos ativos de sua propriedade com base na variação de um índice de preços que reflita a

taxa de inflação no período de tempo entre os reajustes.

Desse modo, os salários dos trabalhadores, os aluguéis de imóveis, a taxa de câmbio da

economia, o capital emprestado pelo poupador, os títulos da dívida pública emitidos pelo

governo, entre outros, são reajustados periodicamente com base na inflação passada.

A indexação atenua bastante as distorções da inflação sobre o sistema econômico, porém,

apresenta a desvantagem de perpetuá-la, pois os agentes econômicos sempre tenderão a reajustar

os rendimentos pela inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro.

5.6. Índices de preços

Em um mercado onde há a ocorrência de inflação, a moeda se desvaloriza ocorrendo uma

perda do poder aquisitivo. Devido a isso, é necessária a conversão de valores correntes (ou

nominais) em valores constantes (valor real). Esse processo, denominado de deflação consiste

em eliminar o efeito da variação dos preços nos valores correntes e nominais, isto é, em corrigir

o efeito dessa perda de valor do dinheiro ao longo do tempo. De modo geral, os valores reais são

obtidos deflacionando os valores da produção a preços correntes, por meio de um índice geral de

preços.

Para melhor entender a importância dos índices de preços, serão analisados alguns

conceitos importantes:

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

75

Valor nominal − valor de face ou “extrínseco” de uma moeda, ou o valor de uma mercadoria

expressa no valor de face de uma moeda cujo valor se altera pela inflação. Valor de emissão de

um título, em geral inscrito no próprio título.

Valor real. É o valor de um produto, descontada a inflação existente durante determinado

período. Ou seja, é o valor deflacionado de um produto.

Deflacionar. Ato de comparar um preço corrente específico com a inflação média existente

numa economia em determinado período, mediante um índice de inflação (IGP; IPC etc.)

denominado deflator. Por exemplo, para calcular a evolução do salário real, é necessário

deflacionar o salário nominal por meio de um deflator que reflita a evolução dos preços dos

produtos adquiridos pelos assalariados de forma habitual, como é o INPC (IBGE). Assim,

considerando que, entre julho de 1994 e julho de 1997, o salário mínimo nominal cresceu 71,4%,

enquanto o INPC (IBGE) aumentou 57,2%, o que resultou num aumento de 9,3% no salário

mínimo real entre as duas datas.

Correção monetária. Mecanismo financeiro criado em 1964 pelo governo Castelo Branco.

Consiste na aplicação de um índice oficial para o reajustamento periódico do valor nominal de

títulos de dívida pública (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) e privados (letras de

câmbio, depósitos a prazo fixo e depósitos de poupança), ativos financeiros institucionais

(FGTS, PIS, Pasep), créditos fiscais e ativos patrimoniais das empresas. Os índices de correção

monetária são calculados de acordo com a taxa oficial de inflação, tendo por objetivo compensar

a desvalorização da moeda.

Deflator. Índice de correção das flutuações monetárias utilizado para determinar o preço real dos

produtos. O deflator é calculado a partir do valor do volume de bens e serviços, a preços

constantes produzidos durante um período (um mês, um ano): essa é a referência inalterável,

utilizada então como divisor para o valor do volume de bens e serviços produzidos em qualquer

outro período. O quociente da divisão será o deflator, que mostrará a variação do poder

aquisitivo da moeda. Os preços corrigidos por esse deflator crescerão em valor absoluto, mas

permanecerão com valores reais comparáveis.

Juro nominal − é o juro correspondente a um empréstimo ou financiamento, incluindo a

correção monetária do montante emprestado. Quando a inflação é zero, inexistindo correção

monetária, o juro nominal é equivalente ao juro real.

Juro real − é o juro cobrado sobre um empréstimo ou financiamento, sem contar a correção

monetária do montante emprestado.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

76

5.6.1. Índice de preços ao consumidor (IPC)

O índice de preços é a medida dos preços de uma cesta de produtos e serviços pagos por

um consumidor padrão. Se o custo de vida sobe, uma família gasta mais dinheiro para manter o

mesmo padrão de vida. Assim, o IPC é utilizado para medir o aumento do custo de vida em um

determinado período comparando-o com o custo de vida em diferentes épocas.

O índice de preços é uma medida do nível de preços, sendo utilizado para:

{ Traçar mudanças no custo de vida do consumidor;

{ Ajustar contratos;

{ Permitir a comparação de preços ao longo do tempo.

Apesar de os índices de preços darem uma boa estimativa da inflação, eles sobrestimam a

inflação devido alguns fatores:

{ Viés de substituição [ o IPC usa pesos fixos e portanto não reflete a habilidade

dos consumidores de substituir os bens mais caros relativamente.

{ Introdução de novos bens [ a introdução de novos bens torna o consumidor

melhor e aumenta o valor real despendido. Mas isto pode não reduzir o IPC, por

ele usar pesos fixos.

{ Mudanças não-medidas na qualidade [ aumento na qualidade dos bens aumenta

o poder aquisitivo e o bem-estar e não é mensurado.

Os seguintes fatores devem ser considerados no cálculo do índice de preços:

a) Variação de preços no período:

{ Escolha do período no qual os preços devem ser coletados

{ Escolha dos produtos que devem constar da amostra

b) Peso de cada bem:

{ Classes de renda a serem abrangidas

{ Época de pesquisa básica do padrão de consumo.

De modo resumido, o cálculo de um índice de preços se dá da seguinte forma:

{ Fixar uma cesta de produtos e serviços;

{ Pesquisar os preços dos itens da cesta;

{ Calcular o custo da cesta em cada período;

{ Escolher um ano-base, e calcular o índice;

{ Calcular a inflação − ou deflação − do período.

Um índice de preços é obtido dividindo-se o valor monetário de um conjunto de bens e

serviços em um período de tempo, por seu valor monetário em um determinado período base,

multiplicando, ao final, o resultado por cem.

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

77

100baseanonoprodutodoCusto

XperíodonoprodutodoCustoIPC ×−

=

Exemplo 1:

Ano Valor da cesta (R$)

2000 ............................. 119,60

1999 ............................... 96,47

10047,9660,119IPC ×= [ IPC = 123,98

Dessa forma, obteve-se o IPC para o ano de 2000 com base em 1999, no valor de 123,98.

Exemplo 2: Se um indivíduo em 2000 quer calcular sua renda por hora trabalhada em R$

constantes de 1999, dividirá a renda nominal pelo IPC correspondente a 2000 (base: 1999 =

100).

Renda em 2000 = $40,00

IPC 2000,1999 = 123,98

Valor Real a preços de 1999 = =×10098,123

40 R$32,26

Isso quer dizer que R$40,00 a preços de 1999 são R$32,26, ou seja, esse é o valor descontada a

inflação.

5.6.2. Mudança de base

Muitas vezes para fins de comparação, é necessário mudar o período-base. Para isso, o

método aproximado mais simples consiste em dividir todos os números-índices correspondentes

ao período-base antigo pelo número índice correspondente à nova base, conforme exemplo

abaixo:

Ano Produção Ano-base 1985 Ano-base 1986

1985 100 83 1986 120 100 1987 90 75 1988 125 104

Para passar o ano-base para 1986, usa-se a seguinte regra:

basenovaaseráqueanodoíndice100anterioríndice ×

83120

100100=

× 100

120100120

75120

10090=

× 104

120100125

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

78

5.7. Tópicos sobre inflação

A teoria distingue basicamente dois tipos de inflação: a inflação de demanda e a inflação

de custos.

Para entendermos a diferença entre os dois tipos de inflação, recorreremos aos gráficos

abaixo, onde estão demonstradas as funções da demanda e da oferta agregadas:

A função de Demanda Agregada9 (DA) representa a relação inversa que existe entre Y, o

nível do Produto Real, e P, o nível geral de preços da economia. Esta função é obtida a partir das

equações do modelo keynesiano generalizado, relaxando-se a hipótese de que o nível geral de

preços da economia seja constante.

A função de Oferta Agregada (OA) representa a relação direta existente entre P e Y. Ela é

traçada a partir da suposição, utilizada na teoria da produção, de que o custo marginal da

produção é crescente. Quando a economia atinge o produto de pleno-emprego (YPE), a Oferta

Agregada torna-se absolutamente inelástica em relação aos preços, em função da impossibilidade

física de se aumentar a produção.

A economia estará em equilíbrio na intersecção entre as curvas de demanda e oferta

agregadas. No gráfico abaixo, representaremos o equilíbrio correspondente ao nível de renda de

pleno emprego (YPE): 9 Composição da DA – DA = Consumo + Investimento + Gasto do governo + Exportações - Importações

Y

P OA

Y

P

DA

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

79

Dentro das suposições do modelo keynesiano, o equilíbrio também poderá se dar em um

nível de renda abaixo do pleno emprego:

5.7.1. Inflação de demanda

A inflação de demanda é causada por um aumento da Demanda Agregada, que é

representada no gráfico por um deslocamento desta função para a direita de sua posição original:

Se partirmos da posição original de equilíbrio representada pela intersecção de DA1 com

AO (PE = P1 e YE = Y1), verificamos que deslocamentos sucessivos da Demanda Agregada para

DA2, DA3 e DA4 implicam na elevação do nível geral de preços de P1 para P2, P3 e P4.

Note que até Y3, o aumento da Demanda Agregada provoca aumentos simultâneos de P e

Y. A partir do equilíbrio de peno emprego (YPE = YE), o deslocamento de DA provoca apenas

elevação em P.

Y YPE

P

DA

OA

P

Y

P

DA

YPE

OA

P

YE

Y

P

DA2

Y3 = YPE

OA

P1

Y1

P3

P4

P2

Y2

DA1

DA3

DA4

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

80

5.7.1.1. Causas do aumento da demanda agregada

A demanda agregada se eleva, caeteris paribus, em função de:

a) aumento dos investimentos;

b) aumento dos gastos do governo;

c) aumento das exportações;

d) redução dos tributos;

e) redução das importações; e

f) aumento da oferta de moeda.

Todos estes fatores concorrem para o deslocamento da curva de Demanda Agregada para

a direita de sua posição original.

5.7.1.2. Meios de se combater a inflação de demanda

A inflação de demanda deve ser combatida por políticas monetária e fiscal restritivas, que

venham a reduzir a demanda agregada.

Os economistas monetaristas julgam mais adequado utilizar a política monetária para

diminuir a Demanda Agregada.

Os economistas keynesianos preferem enfatizar a utilização da política fiscal.

O que são as políticas fiscais?

Estas dizem respeito ao manejo dos orçamentos do governo, tanto do lado dos dispêndios

quanto do lado as receitas.

Do lado dos dispêndios tem-se:

a) os dispêndios do governo, de consumo e de investimento, são dois importantes

componentes da procura agregada;

b) os dispêndios com transferências incorporam-se à renda disponível das unidades

familiares, aumentando sua capacidade efetiva de dispêndio, ou de poupança; e

c) os subsídios modificam os preços de produtos finais, interferindo indiretamente nos

níveis efetivos de dispêndio dos agentes privados.

Do lado das receitas tem-se:

a) Tributos diretos, que incidem diretamente sobre a riqueza ou renda do contribuinte,

tais como IPVA, IR e ITR; e

b) Tributos indiretos, decorrentes da produção e comercialização (geralmente incidem

sobre vendas, importação e produção).

O que são as políticas monetárias?

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

81

O instrumento básico é o controle da oferta de moeda, que define a liquidez da economia

como um todo, atuando sobre a taxa de juros. O controle da moeda é complementado pelo

contingenciamento das operações de crédito, que também exerce efeito sobre a liquidez e os

juros.

São assim os instrumentos monetários:

– O controle de moeda

a) composição da base monetária, a qual seria composta da moeda em circulação, dos

depósitos à vista junto à autoridade monetária (depósito compulsório mais o depósito

do público no Banco do Brasil). Esta é a base monetária restrita. No caso da base

monetária ampliada, acrescenta-se às componentes citadas, os títulos do Banco

Central e do Tesouro Nacional; e

b) regulação da liquidez real.

– O controle do crédito

a) destinado ao consumo;

b) destinado ao investimento;

c) destinado às transações externas; e

d) redução dos prazos de pagamento dos empréstimos.

Anexo da Unidade VI10 – A ilusão do crescimento

Os jornais noticiam com destaque a previsão do ministro Kandir segundo a qual a taxa de

crescimento do PIB do Brasil deve alcançar 5% em 1997. Espanta o grau de mistificação usado

pelos formuladores da política econômica, ao induzir a população a acreditar na solução de seus

problemas, a partir de um indicador estatístico manipulado. Questionamos as premissas desse

indicador e postulamos que os principais indicadores que instruem a política econômica são

obsoletos, exigindo uma redefinição urgente. A doutrina convencional afirma que o crescimento

da taxa do PIB (Produto Interno Bruto) seria sinônimo de progresso e bem estar. A realidade

contradiz o discurso otimista do governo e da academia. O PIB reflete somente uma parcela da

realidade, distorcida pelos economistas – a parte envolvida em transações monetárias. Funções

econômicas desenvolvidas nos lares e atividades de voluntários acabam sendo ignoradas e

excluídas da contabilidade. Em conseqüência, a taxa do PIB não somente oculta a crise da

10 RATTNER, Henrique. Folha de São Paulo, abril de 1997. Henrique Rattner, 72, é professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e diretor do Programa Lead

(Liderança para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável).

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

82

estrutura social, mas também a destruição do habitat natural – base da economia e da própria

vida humana. Paradoxalmente, efeitos desastrosos são contabilizados como ganhos econômicos.

Crescimento pode conter em seu bojo os sintomas de anemia social.

A onda de crimes nas áreas metropolitanas impulsiona uma próspera indústria de

proteção e segurança, que fatura bilhões. Seqüestros e assaltos a bancos atuam como poderosos

estimulantes dos negócios das companhias de seguros, aumentando o PIB. Algo semelhante

ocorre com o ecossistema natural. Quanto mais degradados são os recursos naturais, maior o

crescimento do PIB, contrariando princípios básicos da contabilidade, ao considerar o produto da

depredação como renda corrente. O caso da poluição ilustra ainda melhor essa contradição,

aparecendo duas vezes como ganho: primeiro, quando produzida pelas siderúrgicas ou

petroquímicas e, novamente, quando se gasta fortunas para limpar os dejetos tóxicos. Outros

custos da degradação ambiental, como gastos com médicos e medicamentos, também aparecem

como crescimento do PIB. A contabilidade do PIB ignora a distribuição de renda, ao apresentar

os lucros enormes auferidos no topo da pirâmide social como ganhos coletivos. Tempo de lazer e

de convívio com a família são considerados como a água e o ar, sem valor monetário. O excesso

de consumo de alimentos e os tratamentos por dietas, cirurgias plásticas, cardiovasculares etc.

são outros exemplos da contabilidade no mínimo bizarra, sem falar dos bilhões gastos com

tranqüilizantes e tratamento psicológicos. Seria demais exigir do governo que explicite melhor a

qualidade do crescimento, seus custos e retornos, ou seja, “crescimento de quê e para quem?”...

O mito do PIB melhor pode ser observado nos países em desenvolvimento, assim definidos com

base no próprio PIB. A industrialização do “milagre” brasileiro desarticulou as economias rural e

doméstica, resultando em migrações, empobrecimento e sofrimentos de vários contingentes

populacionais. Estudo do World Resource Institute, de Washington, sobre o crescimento

“milagroso” da Indonésia, revelou seu caráter ilusório e depredador. Devastando florestas,

exaurindo solos e riquezas minerais não-renováveis, alimentou o “boom” de crescimento,

gerando fortunas bilionárias e miséria de milhões, simultaneamente. Os cálculos do instituto

demonstram, considerando-se as perdas irreversíveis de recursos naturais, taxas de crescimento

bem inferiores às oficiais. Outro paradoxo decorrente da globalização embaralha ainda mais o

indicador do PIB. Antes, os ganhos das corporações transnacionais eram contabilizados pelo

país-sede da empresa, para onde os lucros iam retornar. Na contabilidade atual, os lucros são

atribuídos ao país da localização das minas ou fábricas, embora não permaneçam lá. Oculta-se,

assim, um fato básico: as empresas dos países ricos exploram e expatriam os recursos dos

pobres, chamando isto de “desenvolvimento”. Como medir ou avaliar o “progresso” de uma

sociedade? Até organizações multilaterais (BM, BID, Unesco) passaram, nos últimos anos, a

UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA

83

introduzir critérios sociais e qualitativos para avaliar os avanços em direção à sustentabilidade.

Seria demais esperar de nossos ministros que considerem a economia como meio apenas para

objetivos e valores mais substantivos?

Ao avaliar o estado da nação, devemos considerar a economia, além da produção e

consumo de bens e serviços, como atividade destinada a resgatar o sentido do trabalho e da vida,

refletindo o grau de cooperação e solidariedade alcançado pelos membros da sociedade. Nesse

sentido, muito mais do que números abstratos e manipulados, os cuidados e o desvelo com que o

coletivo se dedica aos mais fracos, aos deserdados e discriminados – eis os verdadeiros

indicadores do progresso humano rumo à sociedade sustentável.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

84

UNIDADE 6: AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

6.1. Perfil do setor rural

À produção rural se apóiam outras atividades como:

• Transporte • Limpeza • Industrialização

• Armazenamento • Beneficiamento • Comércio

• Conservação • Pasteurização • Etc.

Dentro os bens produzidos destacam-se:

• Alimentos • Fibras • Cera • Fumo • Combustível

• Bebidas • Têxteis • Papel • Tinta • Condimentos

• Madeira • Couro • Borracha • Remédio • Perfumes etc.

6.1.1. Conceito, composição e medida

Produzir significa, em termo econômicos, transformar bens e serviços em produtos finais.

Assim, a produção rural é a transformação de bens e serviços em produtos de origem animal ou

vegetal.

A produção animal abrange desde a criação de abelhas, rãs, camarões, bicho-da-seda até

a criação de gado.

Já a produção vegetal abrange três segmentos básicos: extrativismo vegetal, silvicultura e

agricultura.

Carnaúba, babaçu, juta, seringueira e outras compõem o extrativismo vegetal. Já

eucalipto, pinheiro e outras árvores compõem a silvicultura. Contudo, esses dois segmentos

dependem se a planta é nativa ou cultivada, o que confere, para fins de classificação, a sua

denominação.

A agricultura é no caso do Brasil o segmento mais importante dentro da produção

vegetal, estando nela incluídas culturas permanentes e temporárias.

Para se mensurar a produção rural, utilizam-se termos relativos a quantidades físicas

como toneladas, sacas, arrobas, litros, caixas, dúzias etc. Cruzando-se esses dados com outros

como área e recursos utilizados é possível calcular a produtividade de cada tipo de exploração.

Se além disso for necessário examinar o setor rural como um todo, isto é, todas as

atividades será necessário uniformizar essas quantidades heterogêneas numa unidade comum,

multiplicando-as por seus respectivos preços.

A análise dos dados referentes a atividades do setor rural, deve, entretanto, ser cuidadosa,

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

85

pois diferentemente de outros setores, o ciclo de produção ocorre de forma diferenciada entre os

produtos.

Alguns produtos como os hortigranjeiros, embora sejam obtidos praticamente todos os

meses, a intensidade de produção é variável sendo reduzida na entressafra. Além disso, o ciclo

de produção desses bens é variável variando de semanas – caso de algumas hortaliças – a anos –

caso de carne bovina.

As lavouras temporárias ou anuais, são plantadas e colhidas apenas uma vez durante o

ano. Esse ano, denominado de ano agrícola, qual varia entre culturas e regiões, e, embora seja

um intervalo de doze meses, raramente coincide com o ano civil. Assim, um ano agrícola deve

incluir as fases de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita e comercialização. Os

períodos fora da época da colheita são chamados de período de entressafra, no qual a oferta do

produto diminui acentuadamente.

Destaca-se que culturas que, como o feijão, possuem duas safras – o das águas e o das

secas, conforme época de plantio – são tratadas como duas culturas diferentes uma vez que são

plantadas e colhidas uma única vez durante o ano-agrícola correspondente.

As lavouras perenes ou permanentes, também possuem períodos de safra e entressafra. A

diferença é que essas, antes de começar a produzir passam por um estágio de crescimento de

alguns anos, período no qual a produção é nula. No entanto, a partir do momento em que a

produção inicia, essa ocorre por várias safras – anos – sem a necessidade de replantio, até que a

produtividade atinja níveis economicamente baixos sendo necessário seu replantio.

6.1.2. Determinantes da produção rural

A produção agropecuária depende de três meios: ar, água e solo. Sendo assim, o clima, a

umidade relativa do ar, os ventos, a temperatura, a intensidade e a duração dos raios solares são

fundamentais para uma produção bem sucedida. Esses são fatores que devem ser providos da

natureza, pois quando supridos artificialmente possuem custo elevado.

Já a adubação química, os tratos culturais, as sementes melhoradas, os pesticidas

químicos, dentro outros podem ser produzidos e, ou, adquiridos pelo homem com um custo mais

baixo.

Além desses, outros fatores são de extrema importância na produção como o capital e a

mão-de-obra, sem os quais não é possível produzir de forma eficiente.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

86

6.1.3. Peculiaridades do setor rural e suas conseqüências econômicas

Embora alguns fatores biológicos e químicos naturais possam ser compensados por

outros artificiais, as adversidades de relevo e clima conferem características ao setor rural que o

distingue dos demais setores econômicos.

Assim, ao tomar suas decisões, o produtor leva em conta todas essas peculiaridades, de

forma a incorrer no menor risco possível.

6.1.3.1. Dispersão do espaço rural

A atividade rural se apresenta geograficamente dispersa, devido a desigual qualidade das

terras, do relevo e do clima, e a distância dos centros consumidores e processadores. Devido a

essa dispersão o produtor pode vir a enfrentar alguns problemas como:

• Aquisição de bens e fatores de produção dificultada

• Custos de transporte elevado

• Dificuldade de acesso ao crédito

• Falta de opções para vender excedentes

• Redução da margem de lucro

• Maior poder de monopólio dos setores a montante e a jusante

À medida que a atividade rural se afasta de centros urbanos, as opções para vender

excedentes e o número de intermediários diminuem, sendo que os poucos agentes existentes se

posicionam como monopolistas ou monopsonistas, tendo o produtor menor poder de barganha.

Esses são no entanto o elo entre o produtor e os centros urbanos tendo o produtor somente eles

para negociar.

Um outro fator relacionado à localização, está no fato de muitos produtos serem

volumosos e necessitarem viajar longas distâncias até atingirem o mercado consumidor ou de

processamento. Como para produtos agrícolas idênticos o preço é único quanto maior a distância

a ser percorrida menores serão os ganhos efetivos do produtor, devido ao custo de transporte.

6.1.3.2. Descontinuidade do fluxo de produção

Outra característica da produção rural é a sazonalidade ou estacionalidade, de forma que

as atividades rurais tornam-se descontínuas e concentradas em certas épocas do ano. Devido a

isso, os produtores necessitam quase ao mesmo tempo adquirir insumos e contratar

trabalhadores, o que eleva o custo de produção. Já a descontinuidade do fluxo de produção leva à

ociosidade temporárias de terras e capital tornando a recuperação do capital empatado mais

lenta.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

87

A sazonalidade também torna a época de colheita desfavorável à venda de produtos. Se

for considerado que a demanda por produtos rurais é geralmente inelástica com relação a preços,

os produtores que não têm condições de armazenar seus excedentes ou necessitam vendê-los

para saldar dívidas no período de colheita, em que o preço é baixo podem ter dificuldades se

considerar que a receita obtida deve ser mantida até a safra seguinte.

6.1.3.3. Duração do ciclo produtivo

Devido à especificidade biológica do setor rural, a duração do ciclo produtivo é bastante

rígida, sendo que, o ciclo pode ser retardado ou acelerado dentre de limites muito estreitos, não

podendo jamais ser interrompido e reiniciado posteriormente.

Esse fator dificulta o rápido ajustamento da oferta às alterações de mercado, além do mais

quanto maior for o ciclo produtivo, maior será o custo dos recursos empregados e mais longo o

tempo para que eles possam ser recuperados.

Somando-se a isso, tem-se que culturas como as perenes que tem alto investimento

inicial, não produzem normalmente no primeiro ano e têm produção por vários anos, envolvem

grandes riscos, pois a decisão de plantio tem reflexos a longo prazo podendo ser

economicamente inviável alterá-la, mesmo que o mercado indique outra cultura como mais

vantajosa.

6.1.3.4. Perecibilidade dos produtos

Os produtos agrícolas possuem sua produção concentrada em curto espaço de tempo e o

consumo é distribuído de modo mais ou menos uniforme ao longo do ano havendo necessidade

de armazenamento por vários meses.

O produtor encontra aí um paradoxo pois se é necessário armazenar o produto para

esperar preço melhores, quanto maior o tempo de armazenamento, maiores os riscos de

deterioração e maiores os custos de conservação.

Assim, o produtor deve saber o que é mais viável em termos econômicos para aquele

produto e naquele momento, se a venda ou o armazenamento.

6.1.3.5. Especificidade biotecnológica

Outro traço do setor rural é a especificidade de certa cultura, a qual somente pode ser

produzida com o mesmo retorno em regiões que possuírem condições semelhantes àquelas para

as quais uma variedade, por exemplo, foi criada.

Devido a isso o progresso agrícola é muitas vezes dificultado devido pela impossibilidade

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

88

de um país ou região se beneficiar de tecnologias desenvolvidas em lugares com condições

diferentes das suas.

6.1.3.6. Risco bioclimático

Embora alguns métodos modernos – a irrigação é um exemplo – possam reduzir a

possibilidade de fatores adversos de baixo risco e de certo modo previsíveis, sobre o setor rural,

não conseguem neutralizar os grandes riscos decorrentes dos possíveis efeitos de estiagem

prolongada, chuva excessiva ou ataque de pragas.

Esses e outros fenômenos aleatórios fogem à previsão e ao controle do homem podendo

comprometer, de forma irreversível, o esforço e o investimento de meses.

Esse risco acaba por ser um desestímulo à utilização de técnicas mais aprimoradas e

dispendiosas, frente às incertezas de uma colheita que pode ser baixa ou não ocorrer.

6.1.4. Como conviver com baixo retorno e alto risco

As peculiaridades inerentes à agricultura tendem a reduzir o retorno econômico das

atividades rurais pois contribuem para reduzir preços de vendas e as receitas, para elevar os

custos e para tornar mais demorada a recuperação dos investimentos feitos.

Dessa forma, devido aos fatores bioclimáticos pode-se concluir que a atividade rural

tende a propiciar baixo retorno e elevado risco comparativamente a outras atividades. Assim, se

o baixo retorno impede o produtor de adotar tecnologias mais avançadas, o risco elevado

desestimula-o de colocá-las em prática.

Diante desse cenário vem a seguinte questão: se do ponto vista econômico uma atividade

só é atrativa se maiores riscos forem compensados com maior rentabilidade, porque o setor rural

não é abandonado? Uma das respostas é que a baixa rentabilidade não ocorre de forma

generalizada, havendo situações em que as peculiaridades discutidas anteriormente ocorrem com

menor intensidade ou são atenuadas através de maior controle e organização do setor produtivo.

Assim, a compra de insumos e a venda de produtos através de cooperativas tornam a

comercialização mais regular e eficiente propiciando maiores ganhos aos produtores atendidos.

O emprego de irrigação e a utilização de variedades precoces ou tardias, melhor

adaptadas à região de cultivo reduzem os pequenos riscos de produção.

A diversificação de lavouras e criações e o plantio de culturas em períodos diferenciados

reduzem a ociosidade da terra, capital e mão-de-obra, encurtando o período de recuperação dos

investimentos e reduzindo a sazonalidade do emprego da mão-de-obra.

Muitos produtores, no entanto, permanecem no campo, pois não possuem alternativas de

vida fora do setor rural, sendo a necessidade de prover os sustento da família e o apego à terra

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

89

maiores que a busca do lucro.

Somando-se a isso o fato de o produtor ser dono da terra utilizada e utilizar mão-de-obra

familiar dificulta a distinção entre lucro e receita, pois o não desembolso de recursos para a

contratação de trabalhadores e compra de insumos tornam as receitas auferidas como se fossem

lucros.

6.2. Teorias de desenvolvimento agrícola

Apesar de o crescimento agrícola ser um passo fundamental para a industrialização e o

crescimento econômico de um país, ele foi por muito tempo ignorado pela maioria dos

economistas de desenvolvimento.

A idéia de que a agricultura, em sociedades pré-modernas ou tradicionais seja estática,

precisa ser abandonada. O problema do desenvolvimento agrícola está em acelerar a taxa de

crescimento da produção e produtividade agrícolas, de modo a acompanhar o crescimento de

outros setores de uma economia em desenvolvimento.

Várias foram as teorias que tentaram explicar a dinâmica do crescimento agrícola. Todos

os modelos concordavam que o problema de desenvolvimento agrícola seria solucionado

aumentando a taxa de crescimento da produção e produtividade agrícolas. Cada modelo mostrou

a solução para o problema. Cada modelo evoluía, alguns desprezando modelos anteriores, outros

concordando com quase todos.

Todos os modelos possuíam falhas e, todo modelo seguinte tentava resolver a falha do

modelo anterior. Assim tentava-se chegar a uma teoria que tentasse resolver todos os problemas

e que não deixasse nenhuma dúvida sem ser respondida. Nesta seção, serão vistas cinco

abordagens gerais sobre o desenvolvimento agrícola.

6.2.1. Modelos de exploração de recursos

Esta primeira busca mostrar que a expansão nas áreas de lavoura ou pastagem representa

a principal fonte de crescimento agrícola.

O segundo conjunto de trabalhos, denominado excedente exportável foi desenvolvido por

Hla Myint, um economista da Birmânia, cujos objetivos era explicar o rápido crescimento da

produção e das exportações dos camponeses de arroz na Birmânia e na Tailândia, durante a

segunda metade do século XIX. Seus resultados mostraram que os excedente de terra e a

capacidade de trabalho permitiam aos camponeses expandir a produção rapidamente estimulados

por novos mercados abertos, devido aos baixos custo de transporte provocados pela abertura do

canal de Suez e pelo desenvolvimento da navegação a vapor.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

90

Apesar de no passado, os modelos das matérias-primas e excedente exportável terem sido

uma importante fonte de desenvolvimento agrícola e econômico, restam hoje poucas áreas no

mundo, onde o desenvolvimento através do modelo de exploração de recursos, continuará sendo

uma eficiente fonte de crescimento.

Os cientistas articuladores das teorias sobre matéria-prima e excedente exportável se

preocupavam em como conseguir aproveitar recursos naturais subutilizados para gerar

crescimento na produção agrícola, sempre se defrontando com os limites de crescimento

apontados pelo modelo clássico de desenvolvimento econômico.

Para um crescimento a longo prazo são necessários maiores investimentos no

desenvolvimento de infra-estrutura da terra e da água, na capacidade da indústria produtora de

insumos modernos e no capital humano e pesquisa tecnológico.

6.2.2. Modelo de conservação

O modelo de conservação do desenvolvimento agrícola evoluiu através dos progressos

nas técnicas de lavoura e zootecnia, associados à revolução agrícola inglesa e aos conceitos de

esgotamento do solo. Essa teoria foi reforçada pelo conceito de retornos decrescentes para mão-

de-obra e capital aplicados à terra, na escola clássica.

O sistema de rotação de culturas de Norfolk envolve o uso mais intensivo de novas

culturas forrageiras e de adubação verde e um aumento na utilização de adubos de origem

animal. Os progressos tecnológicos foram acompanhados pela consolidação e fechamento das

propriedades com cercas e investimentos no desenvolvimento das terras. O efeito foi um

aumento na produção agrícola total e por hectare.

Várias teorias foram desenvolvidas como a doutrina sobre o esgotamento do solo que diz

que todo sistema permanente deve restituir os minerais ao solo que foram retirados pela cultura.

Essa doutrina foi ampliada por Justus von Liebig que inclui a conservação do conteúdo mineral

do solo.

Os clássicos e mesmo os seus críticos concordavam de que a agricultura é um sistema

fechado, de modo que o fornecimento de insumos para produção agrícola vem do próprio setor.

Na metade dos anos 50 foi possível testar a doutrina da escassez de recursos com mais

rigor, denominadas por versão forte e fraca. O teste de escassez forte baseia-se na noção clássica

de que, à medida que a qualidade da terra produtiva diminui, são necessárias doses cada vez

maiores de trabalho e de capital para produzir um unidade de produção extrativa. O teste de

escassez fraca considera que um aumento (declínio) no preço do produto extrativo em relação ao

nível geral do preço indica aumento (diminuição) na escassez.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

91

6.2.3. Modelo de localização

O modelo de localização objetivava explicar variações geográficas na localização e na

intensidade da produção agrícola, numa economia a caminho da industrialização

Johann Heinrich von Thünen mostrou como a urbanização determina a localização da

produção agrícola e influencia as técnicas e a intensidade de exploração.

Theodore W. Schultz, formulou a “hipótese do impacto urbano-industrial”. Essa teoria

dizia que os mercados de fatores e de produtos funcionam mais eficientemente em áreas de

desenvolvimento urbano-industrial rápido, do que onde o setor urbano ainda não se

industrializou.

Katzman realizou estudos em Goiás e encontrou em seus resultados que os municípios

localizados mais perto do mercado caracterizam-se por preços de produtos, valores de terras e

taxas de utilização de terras mais elevados.

Políticas de desenvolvimento, baseadas no modelo do impacto urbano-industrial são mais

significativas em países desenvolvidos do que em países pobres menos desenvolvidos.

6.2.4. Modelo de difusão

Uma das principais fontes de crescimento da produtividade na agricultura tem sido a

difusão de melhores práticas de exploração e de melhores variedades de culturas e de raças de

animais.

Uma abordagem dizia que o desenvolvimento agrícola viria com a descoberta de

variedades mais produtivas. Outra abordagem mostrava que o caminho para o desenvolvimento

agrícola, realizava-se através da difusão de técnicas e de uma maior constância de produção entre

os produtores individuais e entre regiões.

Pesquisadores ficaram impressionados com o número de inovações feitas pelos

fazendeiros e viram que suas experiências forneciam melhores resultados do que as das

pesquisas feitas nas estações experimentais. Acredita-se que mesmo em nações agrícolas mais

desenvolvidas, a contribuição dos experimentos feitos pelos fazendeiros foi mais significativo

dos que as pesquisas realizadas pelas estações experimentais (pelo menos até a metade deste

século). Isto levou a dar uma maior atenção à análise econômica das inovações dos agricultores.

As limitações do modelo de difusão se deram porque os programas de assistência técnica

e de desenvolvimento comunitário foram incapazes de modernizar fazendas tradicionais ou

acelerar as taxas de crescimento do produto agrícola.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

92

6.2.5. Modelo de insumos modernos

Nos anos 60, analisou-se o modelo de difusão tomando-se consciência de que a

tecnologia é específica quanto ao local e que não são na maioria das vezes transferíveis de países

desenvolvidos para países menos desenvolvidos. Evidenciou-se também que os ganhos em

produtividade, devidos à realocação de recursos são limitados.

O modelo de insumos modernos baseia-se na opinião de Schultz, que diz que a chave

para transformar um setor agrícola tradicional numa fonte produtiva de crescimento econômico é

o investimento, para tornar os insumos modernos disponíveis aos agricultores em países pobres.

A aceitação desse modelo deve-se ao sucesso do desenvolvimento de variedades de cereais de

alta produtividade que respondiam à aplicação de insumos industriais e ao uso mais eficiente do

solo e água. Assim a difusão entre os agricultores foi rápida e o impacto na produção foi

excelente a ponto de ser chamado de “revolução verde”. Entretanto esse modelo ainda continua

incompleto como teoria de desenvolvimento agrícola.

6.3. O papel da agricultura no desenvolvimento econômico

Devido a alguns fatores ocorreu um certo desprezo pela agricultura. A ideologia dizia que

um país tinha que se industrializar para obter independência.

O modelo de desenvolvimento, segundo Raul Prebisch, era o de industrialização por

substituição das importações. A agricultura foi – e ainda é– para o processo de desenvolvimento

econômico, uma importante fonte de recursos, sendo que ela exerceu cinco papéis específicos.

6.3.1. Fornecimento de alimentos

O primeiro papel, fornecer alimentos à população, é a principal tarefa a contribuir com o

setor industrial.

Os alimentos desempenham um importante papel como bem salarial. Em baixos níveis de

renda de 50 a 60% dos gastos são com alimentação, assim, se os alimentos são baratos, os

salários podem ser mantidos baixos e dessa forma a expansão do setor não-agrícola será mais

fácil. De outra forma, se os preços dos alimentos sobem, os salários tenderão a subir e a

expansão do setor não-agrícola será freada.

Se a demanda sobrepujar a oferta, haverá um aumento nos preços dos alimentos e

conseqüentemente um incremento nos distúrbios urbanos sendo necessário um aumento nas

taxas salariais o que seria um impasse à expansão do setor não-agrícola.

Se a demanda e a oferta expandem-se em taxas iguais, a tendência dos preços será

constante. Apesar de essa ser uma condição mínima para o desenvolvimento, a agricultura ainda

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

93

não estará contribuindo com o seu papel.

Caso a oferta sobrepuje a demanda, o preço dos alimentos estará caindo. Dessa forma,

mesmo que os salários nominais se mantenham constantes, o trabalhador obterá um acréscimo

em seu salário real e, mesmo que seus salários nominais fossem reduzidos, ainda assim seu

salário real poderia aumentar, caso a queda do preço dos alimentos seja grande. Assim a

expansão industrial não será freada devido ao setor assalariado e sua expansão será mais fácil.

A elasticidade-renda dos produtos agrícolas é maior nos países em desenvolvimento,

visto que a maioria da população gasta uma maior parte de sua renda com alimentos. Entretanto

na época em que os países agora desenvolvidos se encontravam em crescimento a demanda de

alimentos era muito menor que agora, devido ao crescimento demográfico que vem ocorrendo

(3% ou mais em muitos países). Entretanto as rendas per capita estão crescendo e, a estes

acréscimos estão inclusos os 3% de crescimento demográfico, exigindo acréscimos de 4 a 5%

por ano para a produção de alimentos.

Uma grande vantagem de desenvolver o setor agrícola é que os frutos de

desenvolvimento são distribuídos a favor dos pobres e não dos ricos. Se o salário nominal

permanece constante e os preços dos alimentos caem, então tem-se um aumento na renda real.

Como os pobres gastam maior parte de sua renda em alimentos em relação aos ricos, então os

pobres são proporcionalmente mais beneficiados que os ricos.

6.3.2. Transferência de capital

Um outro papel desempenhado pelo setor agrícola e que ocorreu em quase todos os

países, com exceção daqueles com grandes jazidas minerais, foi o financiamento do

desenvolvimento para implantação da infra-estrutura básica do setor não-agrícola através do

mecanismo de transferência de capital do setor agrícola para o industrial.

No Brasil uma boa parte do capital veio do setor cafeeiro, o qual foi conseguido através

de confisco, taxa cambial e política comercial (externa). O Brasil aplicou impostos explícitos

sobre a agricultura, taxas cambiais múltiplas e restrições sobre exportações agrícolas e para o

setor industrial aplicou tarifas protetoras. Essas medidas desfavoreceram as relações de troca a

favor da indústria e em desfavor do setor agrícola. Também houve transferência de capital

privado através do sistema bancário e de investimentos feitos pelos agricultores no setor não-

agrícola, o que foi muito importante no caso dos produtores de café. Outros países, como Japão,

aplicaram ainda o imposto territorial que era empregado na industrialização.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

94

6.3.3. Liberação da mão-de-obra

O terceiro papel, não menos importante que o anterior, seria como fornecedor de trabalho

para o setor industrial.

À medida que o setor não-agrícola se expande, a agricultura de subsistência torna-se

muito pouco importante dando lugar para os ganhos em produtividade, visto que um grande

número de pessoas que trabalhavam no campo são transferidas para o setor não-agrícola.

Considerando-se que o país não promoveu nenhuma política de imigração, toda a mão-

de-obra para o setor não-agrícola veio da agricultura. Dessa forma a produtividade do setor

agrícola teve que ser cada vez maior, pois um pequeno número de pessoas que permaneceram no

campo tiveram que alimentar um número de pessoas cada vez maior do setor não-agrícola. Esse

aumento da produtividade se deu com a utilização de máquinas e equipamentos poupadores de

mão-de-obra.

Em uma época a agricultura possuía excedentes de população e trabalho e a

industrialização daria a essa gente empregos mais produtivos. No entanto, o que ocorreu é que a

mecanização agrícola foi – e ainda é – muita intensa, liberando um número excessivo de

trabalhadores, os quais por sua vez com baixo nível educacional, dificilmente capazes de serem

adequadamente treinados e aproveitados no setor industrial.

O que se vê agora é que a expansão da indústria não foi suficiente para toda essa gente –

grande parte mão-de-obra pouco qualificada – e que o desemprego é problema em muitos países

em desenvolvimento.

6.3.4. Geração de divisas

A maioria dos países necessitam recorrer às importações para suprir-se de produtos que

não são produzidos suficientemente internamente. Como as importações exigem disponibilidade

de moedas aceitas internacionalmente – denominadas divisas estrangeiras ou reservas cambiais –

o país deve obtê-las via exportações ou endividamento externo.

Assim, como quarto papel tem-se que, em muitos países, a agricultura é a principal fonte

de receita cambial (o que não se restringe apenas a países de baixa renda) e, em muitos a

vantagem comparativa está na agricultura, visto que eles não têm a possibilidade de competir

com outros setores.

Sendo assim, a exportação de reduzido número de produtos agrícolas, pode tornar a

economia e a geração de divisas muito vulneráveis às flutuações nos preços internacionais.

Devido a isso, a diversificação das exportações em novos produtos e mercados pode contribuir

para atenuar esse risco.

UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

95

6.3.5. Demanda de produtos industrializados

E finalmente o quinto papel seria um mercado de produtos para o setor não-agrícola.

O Brasil se voltou ao fortalecimento da agricultura visto sua tamanha importância graças

ao grande número de pessoas trabalhando em seu meio, sendo assim um potencial mercado de

bens do setor industrial e, se fosse desenvolvido um mercado interno adequado, seria possível

obter economia de escala em alguns setores da indústria, o que seria muito interessante.

O setor rural contribui para a expansão do mercado interno consumindo produtos finas e

serviços do setor industrial; utilizando tratores, fertilizantes e defensivos gerados pelos setor

industrial; e produzindo alimentos e matéria-prima a preços baixos para atender à demanda dos

consumidores urbanos.

O que não pode ser explicado facilmente é o conflito entre o papel da agricultura como

mercado para o setor não-agrícola e o seu papel como fornecedor de capital. Se todo o excedente

agrícola é retirado para o setor não-agrícola não resta muito para um mercado potencial.

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

96

UNIDADE 7 – INTRODUÇÃO AOS MERCADOS DE FUTUROS E DE OPÕES

7.1. Introdução

São características da produção agrícola os riscos e as incertezas inerentes à produção e à

comercialização. Nessa última, um dos fatores que mais pesa é o preço de mercado. Isso ocorre

devido ao grande número de produtores, à homogeneidade dos produtos transacionados, e à

susceptibilidade aos fatores climáticos. Devido a isso, produtores rurais, empresas processadoras

e intermediários têm necessidade de buscar mecanismos que visem evitar preços indesejáveis.

Uma das opções é a comercialização nos mercados futuros, os quais vêm se destacando como

mecanismo de segurança quanto à oscilações de preços dos produtos comercializados.

Essa alternativa, tem, no entanto, sido pouco utilizada pelo setor agrícola brasileiro

devido ao pouco conhecimento dos empresários agrícolas, principalmente os pequenos. Nesse

sentido, esse material visa contribuir para o entendimento dos princípios e da operacionalização

do mercado futuro, para que possa despertar no leitor a necessidade de maior conhecimento e a

possibilidade de utilização desse como mecanismos de comercialização.

A comercialização em mercados futuros trata-se, essencialmente, da comercialização de

contratos, os quais podem ser contratos futuros, a termo, de opções ou de swaps. Os três

primeiros serão aqui abordados por serem os mais utilizados no agronegócio, sendo

caracterizados no capítulo um; o segundo capítulo irá abordar as diferentes formas de contratos

de compra e venda; o terceiro capítulo irá apresentar as características das bolsas; o capítulo

quatro irá descrever as funções e objetivos dos diversos tipos de participantes do mercado futuro;

e por último, o capítulo cinco irá tratar do hedge e as operações por ele feitas.

7.2. Tipos de contrato

Nas bolsas de mercadorias, não são os produtos em si que são comercializados. Vendem-

se e compram-se contratos de entrega desses produtos. Os principais tipos de contratos utilizados

nas negociações, seja a futuro ou não, são: à vista, a termo, de opções e à futuro. Esses contratos

são explicitados à seguir.

7.2.1. Contrato à vista

{ Mercados de pronta entrega

{ Entrega e pagamento _ imediatamente após a negociação

{ Não tem a ver com as negociações a futuro

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

97

7.2.2. Contrato a termo

{ Preço, espécie e quantidade _ definidos na celebração do contrato

{ Entrega _ momento no futuro

{ Garantia _ pagamento antecipado de parte do preço (comprador)

{ Depósito do bem ou evidência de sua propriedade (vendedor)

{ Quantidade e época de entrega _ definidas em comum acordo

{ Podem ocorrer tanto em bolsa como em balcão

{ São liquidados por entrega da mercadoria

7.2.3. Contratos de opções

{ Opção de venda e opção de compra

{ Cumprimento obrigatório para o lançador

{ Facultativo para o comprador

{ Para exercer sua posição _ necessidade de pagamento de prêmio ao lançador

{ Opção de venda _ direito de vender ao lançador

{ Opção de compra _ direito de vender ao lançador

{ Não precisam desembolsar margens de garantia nem ajustes diários

{ 4 tipos de participantes:

ü Compradores de opções de compra

ü Vendedores de opções de compra

ü Compradores de opções de venda

ü Vendedores de opções de venda

Exemplo:

{ Um agricultor _ lança contratos de opção de compra de soja, para novembro por US$

12/saca

{ Uma agroindústria _ compra esses contratos podendo exercer sua posição: comprar soja

| Uma agroindústria _ lança contratos de opção de venda de soja, para outubro por US$

10/saca

| Um agricultor _ compra esses contratos podendo exercer sua posição: vender soja

ü Comprador de contratos _ pode ampliar seu ganho _ deixando de exercer a opção

ü Vendedor de contratos _ alternativa de financiamento _ prêmio recebido

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

98

7.2.4. Contratos futuros

{ Mais padronizados _ padronização do produto a ser comercializado

{ Mais facilmente transferíveis

{ Objetivo _ estabelecer todas as condições da transação menos sua cotação

{ Vendedor e comprador _ obrigação de cumprir o contrato ou sair por diferença

{ Cotações _ determinadas por livre negociação entre compradores e vendedores

{ Dependem da oferta e da demanda de contratos

{ Decorrem das expectativas quanto às condições de oferta e demanda na época de entrega

do produto

{ Estão sujeitas a: previsões de safras, boatos acerca de problemas climáticos, incertezas

políticas, etc.

{ Tudo o que afeta os preços no mercado físico também deve afetar as cotações no mercado

futuro.

7.2.4.1. Liquidação do contrato:

Forma de

Liquidação Procedimento

Entrega física Entregar quantidade especificada, do produto definido, na data e

em um dos pontos especificados no contrato.

Diferença Comprar mesma quantidade dos mesmos contratos (mesmo

vencimento) que vendeu, e vice-versa.

Financeira Pagar (se vendeu) ou receber (se comprou) contratos com base na

média do índice nos últimos dias antes da entrega.

Exemplo de liquidação por diferença

{ Pecuarista vende em maio 100 contratos de boi gordo para entrega em setembro

{ Em julho vende seus bois no mercado físico

{ Para sair _ compra 100 contratos para entrega de bois em setembro

7.3. Bolsas

{ Locais onde são centralizadas as operações de troca entre vendedor e comprador

{ Facilitar encontro dos vendedores e compradores

{ Associações privadas sem fins lucrativos

{ Formadas por membros (corretoras)

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

99

{ Não vendem e nem compram nada

{ Estabelecem regras a serem seguidas pelos participantes – cláusulas dos contratos

{ Divulgar os resultados de cada operação

{ Garantir o cumprimento dos contratos

{ Disciplinar o quadro de corretores

7.4. Participantes

{ Qualquer indivíduo ou empresa, desde que previamente cadastrado

{ Podem ser _ hedgers ou especuladores, além dos corretores

7.4.1. Corretor

{ Intermedia as operações de compra e venda

7.4.2. Hedger

{ Utiliza a bolsa como forma de obter garantia para suas operações no mercado físico

{ Pode liquidar por entrega ou diferença

{ Tendem a participar dos mercados dos produtos por eles comercializados a físico

{ Buscam proteção contra o risco

7.4.3. Especulador

{ Participa visando apenas o lucro

{ Nunca liqüida sua posição por entrega

{ Tendem a operar em uma maior gama de mercados, escolhendo-os conforme o lucro

esperado.

{ São responsáveis pela liquidez do mercado

{ Assumem o risco evitado pelos hedgers

{ Tipos de especuladores:

ü Day traders (ou scalpers)

ü Tomadores de posição

ü Spreaders

ü Arbitradores

i) Day traders

{ Comercializam com freqüência bastante elevada

{ Buscam ganhos com pequenas variações de preços durante o pregão

ii) Tomadores de posição

{ Comercializam menos freqüentemente

{ Suas decisões se baseiam em experiências de longo prazo

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

100

iii) Spreader

{ Busca ganhos quando a margem entre contratos de vencimentos distintos é

excessivamente alta ou reduzida

{ Compra contratos com vencimento em um período

{ Vende contratos com vencimento em outro período

iv) Arbitrador

{ Explora distorções nas diferentes bolsas

{ Vende contratos em uma bolsa enquanto compra em outras

7.5. Aspectos operacionais

{ Pagar comissões de corretagem

{ Depósitos de garantia _ aproximadamente 10 a 20% do valor total dos contratos

{ Alavancagem _ é possível negociar utilizando apenas pequena fração do volume

negociado

{ Ajuste diário _ débitos e créditos a cada dia após o fechamento da bolsa

ü Não afetam o resultado final

ü Objetivo _ não deixar um valor muito elevado de ajuste para o dia em que o agente

sair do mercado

EXEMPLO 1 – Cotação à vista para entrega em julho de 1991 de fios de algodão na Bolsa de

Nova Iorque e exemplo de operações

Data Cotação

(cents/lb)

Ajuste Diário

(cents/lb)

Ajuste Total

(US$/10

contratos)

Operação

(Contratos de 1.000 lb)

17/05 91,67 – – Vendeu 10 contratos

20/05 93,50 –1,83 –183

21/05 93,85 –0,35 –35

22/05 92,63 1,22 122

23/05 90,13 2,50 250

24/05 89,30 0,83 83 Comprou 10 contratos e

saiu do mercado

Fonte: MARQUES e AGUIAR (1993).

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

101

Cálculos:

10.000 x 0,9167 = 9.167,00

10.000 x 0,8930 = 8.930,00

Lucro _ 9.167 – 8.930 = 237,00

Ajuste: –183 – 35 + 122 + 250 + 83 = 237,00

{ Posição em aberto _ quando um agente liqüida sua posição por diferença _ sai do

mercado _ deixa de fazer parte das posições em aberto

{ Volume de comércio _ mede o número total de transações ocorridas durante um período

de tempo

EXEMPLO:

Dia Operação Volume do dia Posições em aberto

1 A vende 5 para B 5 5

2 C vende 10 para D

E vende 5 para F 15 20

3 F vende 5 para A 5 15

7.6. Hedge

{ Proteção

{ Executar um hedge _ utilizar simultaneamente os mercados físico e futuro

{ Fazer operações opostas nos mercados físico e futuro – comprar em um mercado e vender

no outro

{ Princípio _ preços no mercado físico futuro tendem a seguir no mesmo sentido

{ A perda em um mercado pode ser compensada com o ganho no outro

Exemplo:

{ Geada na Flórida _ ò produção de laranja

{ ñcotação do suco concentrado congelado de laranja na Bolsa de Nova Iorque

{ ñpreço de laranja no mercado físico americano e brasileiro

7.6.1. Hedge de compra

{ Proteção contra aumento de preço

{ Feito por quem não tem o produto mas deseja adquiri-lo no futuro

{ Feito por exportadores, indústrias processadoras, atacadistas

{ Inicialmente _ Compra-se contratos para entrega futura

UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES

102

Vende-se (se for o caso) produto no mercado físico

{ Encerramento _ Vende-se contratos no mercado futuro

Compra-se produto no mercado físico.

ü Decisão quanto ao hedge depende principalmente de: Base e Custo de

carregamento.

7.6.2. Hedge de venda

{ Proteção contra queda de preço

{ Comumente feito por produtores e armazenadores

{ Inicialmente _ Vende-se contratos futuros

Compra-se produto (ou produzi-lo) no mercado físico

{ Encerramento _ Compra-se contratos futuros

Vende-se no mercado físico

Exemplo:

O produtor de petróleo negociou com a refinaria para vender 1 milhão de barris _ Preço (spot)

de 15 de agosto

Vendeu 1.000 contratos futuros de petróleo para agosto _ preço de $18,75/barril

SITUAÇÃO 1 –- Preço de $17,50

Recebe $17,50 no mercado físico _ perde (18,75 – 17,50) 1,25

Compra (paga) $17,50 no mercado futuro _ ganha (17,50 – 18,75) 1,25

SITUAÇÃO 2 –- Preço de $19,50

Recebe $19,50 no mercado físico _ ganha (19,50 – 18,75) 0,75

Compra (paga) $19,50 no mercado futuro _ perde (19,50 – 18,75) 0,75

Fazendo o hedge ele garante o preço de $18,75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACCARINI, JOSÉ HONÓRIO. Economia rural e desenvolvimento: reflexões sobre o caso

brasileiro. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. 224p.

ANTONIK, L.R.; VEIGA, D.R.C. Taxas de inflação e índices de preços, uma abordagem

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http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/iniciacaoCientífica/iniciacao_10.pdf>. Acesso

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Disponível em: < http://www.cade.gov.br/publicacoes/cartilhaport.asp>. Acesso em: 23 set.

2006.

GOMES, M.F.M.; SILVA, J.M.A. da. Economia aplicada ao agronegócio. Viçosa:

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