Economia e Mercado II

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ECONOMIA E MERCADO

Unidade II3 DEMANDA, OFERTA, EQUILBRIO DE MERCADO, TEORIA DA PRODUO E TEORIA DOS CUSTOS Como vimos no mdulo I, a microeconomia ou teoria dos preos analisa como consumidores e empresas interagem no mercado, e como essa interao determina o preo e a quantidade de um bem especfico. 28

A microeconomia preocupa-se, ento, com a formao dos preos de bens e servios e de fatores de produo em mercados especcos, por meio do estudo do funcionamento da oferta e da demanda na formao do preo no mercado da interao entre consumidores e produtores obtm-se preos e quantidades produzidas num dado mercado.Lembrete Microeconomia o ramo da economia que estuda o comportamento de cada molcula econmica do sistema, por meio de preos e quantidades relativas. Para exemplicar, pode-se citar a anlise do funcionamento de empresas.

Saiba mais Para aprofundamento do assunto, solicita-se a leitura do livro indicado a seguir: WESSELS, W. Microeconomia: teoria e aplicaes. 2 ed. So Paulo: Saraiva, 2010. Para analisar o comportamento da demanda e da oferta, partiremos de alguns pressupostos bsicos estabelecidos pela microeconomia.

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Unidade II

Lembrete

Coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): essa forma auxilia na anlise microeconmica, pois poderemos manter uma varivel congelada no tempo e no espao enquanto trabalhamos as demais.Primeiro, para analisar um mercado especco, a microeconomia parte da hiptese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante). Ao adotar essa hiptese, pode-se estudar um mercado especco selecionando apenas as variveis, cuja inuncia sobre consumidores e produtores desejamos analisar nesse mercado, independentemente da inuncia de outros fatores ou de outros mercados. Por exemplo: se queremos avaliar o efeito do preo sobre a demanda, supomos a renda constante (mesmo sabendo que a renda tambm afeta a demanda de um bem), e se queremos analisar o efeito da renda sobre a demanda, considera-se o preo constante (coeteris paribus). Outra hiptese importante aquela que supe que os indivduos atuam como agentes econmicos e so guiados pelo princpio da racionalidade.Segundo esse princpio, empresrios esto sempre em busca de maximizar lucros condicionados pelos custos de produo, consumidores procuram maximizar sua utilidade, trabalhadores procuram maximizar seu lazer e assim por diante.29

Logo, os consumidores so aqueles que se dirigem ao mercado para obter um conjunto de bens e servios com o objetivo de maximizar sua satisfao (utilidade). A rma corresponde combinao organizada feita pelo empresrio de fatores de produo (capital, trabalho, recursos naturais e tecnologia) para produzir o mximo possvel ao menor custo. Busca-se a maximizao da produo e a minimizao de custos nas empresas. Uma empresa escolhe o que e quanto produzir em funo dos preos e das preferncias dos consumidores, j que o empresrio produz um bem para vender no mercado. A teoria microeconmica procura, portanto, explicar como se determinam os preos dos bens e servios e dos fatores de produo, procurando responder a questes como: por que quando o preo de uma mercadoria aumenta, a sua procura dever cair, consideradas as demais variveis constantes? O livre jogo da oferta e demanda o elemento fundamental para o funcionamento da economia de mercado, pois da interao entre consumidores e produtores que obtemos preos e quantidades de equilbrio. Portanto, faz-se necessrio analisar os mecanismos de demanda e oferta de bens e servios individuais em um mercado competitivo, com um grande nmero de produtores e consumidores, para compreender como so ento estabelecidos os preos dos produtos e as quantidades produzidas.29

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ECONOMIA E MERCADO3.1 A demanda

As mercadorias so demandadas porque seu consumo proporciona algum prazer ou a satisfao de alguma necessidade dos consumidores, ou seja, um bem possui demanda porque possui utilidade esta a capacidade que possuem os bens econmicos de satisfazerem s necessidades humanas. Segundo a teoria do valor-utilidade, o valor de um bem formado pela satisfao que proporciona ao consumidor, e no pelo custo do trabalho embutido nesse bem. Logo, o valor de um bem se forma por sua demanda.Lembrete A lei geral da demanda diz: quando o preo de uma mercadoria aumenta, a quantidade consumida desta diminui, mas quando seu preo diminui, a sua quantidade aumenta.A demanda a quantidade de uma mercadoria ou servio que os consumidores desejam adquirir em um determinado perodo de tempo.30

Isso vai depender signicativamente do preo dessa mercadoria ou desse servio.Quanto menor o preo de um bem, maior ser a quantidade demandada; quanto maior o preo, menor a quantidade que cada um estar disposto a comprar.31

Alm do preo, existem, para cada indivduo, diversas variveis que condicionam suas escolhas enquanto consumidores, como sua renda, o preo dos outros bens relacionados, seus gostos e preferncias. Para analisar a inuncia de cada uma dessas variveis sobre a deciso dos consumidores, preciso nos valer da hiptese coeteris paribus e avaliar o impacto de cada uma separadamente. A curva de demanda do mercado indica a relao entre as quantidades de um bem ou servio que todos os consumidores estariam dispostos a adquirir a diferentes preos, mantendo constantes outros fatores, como gosto, renda e preo de bens relacionados. H uma relao inversa entre a quantidade demandada e o preo do bem; o restante permanece constante. Essa a lei geral da demanda. Vamos considerar um mercado de bananas, com muitos compradores e vendedores, cujo controle sobre o preo nenhum dos agentes econmicos possui. O quadro a seguir representa a relao existente entre os preos de venda das bananas e a quantidade em quilos demandada pelos consumidores por semana.30 31

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Unidade II2) Quantidade Q demanda (milhares de quilos de banana por semana) 50 100 200 400

1) Preo P (R$ por quilo) A B C D R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00

Quadro 4 Relao de oferta de bananas

Assim, se o preo da banana for R$ 10,00, sero demandados 50 kg na semana; se o preo for R$ 8,00, sero demandados 100 kg de bananas na semana.O quadro anterior mostra que, quanto maior o preo de um bem, menor a quantidade desse bem que os consumidores estaro dispostos a adquirir. Por outro lado, quanto menor o preo, maior quantidade do bem ser demandada.32

Outra forma de apresentar essas diversas alternativas pela curva de demanda. Utilizamos, ento, um grco com dois eixos, colocando no eixo vertical os vrios preos P e no horizontal as quantidades demandadas Q.Lembrete A equao algbrica da demanda pode ser denida da seguinte forma: Qx= f (px, ps, pc, Y, G)Para cada preo, h certa quantidade de bananas que os indivduos esto dispostos a comprar. A curva de demanda tem inclinao negativa, ou seja, decrescente, uma vez que os indivduos compram mais medida que o preo se reduz.33

Curva de demanda12,00 10,00 8,00 Preo P 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 300 400 500 Quantidade Q Figura 6 Curva de demanda de bananas32 33

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ECONOMIA E MERCADOA reduo das quantidades demandadas de bananas decorrente do aumento dos preos pode ser explicada por duas razes. Ou os consumidores passam a substituir as bananas por outros bens, como mas ou mames, cujos preos permanecero constantes, ou os outros consumidores deixam de consumir as bananas porque o aumento dos preos ocasionou um encarecimento relativo dessa fruta em comparao a outros bens e uma reduo do poder aquisitivo de sua renda, que permanece constante. A reduo do poder aquisitivo de sua renda far com que o consumidor reduza sua demanda de todos os bens, em particular a demanda de bananas. Em termo algbrico, a funo demanda ou a equao da demanda a expresso da relao entre a quantidade demandada e o preo de um bem, ou seja: a quantidade demandada Q uma funo do preo P, isto , depende do preo: Qd = f(P) Em que: Qd = quantidade demandada de um bem ou servio em determinado perodo de tempo. P = preo do bem ou servio. Como j destacado, a demanda de um bem ou servio no condicionada apenas por seu preo. A renda dos consumidores, o preo de bens substitutos (bem similar que satisfaa mesma necessidade), o preo dos bens complementares e as preferncias dos consumidores tambm afetam signicativamente a demanda dos consumidores. A relao da renda dos consumidores com a demanda de um produto vai determinar a classicao desse produto como bem normal, bem inferior ou bem de consumo saciado. Quando a demanda de um bem aumenta com o aumento da renda dos consumidores, esse bem um bem normal. Se, por outro lado, o aumento da renda dos consumidores provocar a reduo da demanda de um bem, tem-se um bem inferior (o consumo de carne de segunda reduzido com o aumento da renda).Existem ainda os bens de consumo saciados, cuja demanda no inuenciada pela renda dos consumidores (arroz, feijo, farinha, sal, entre outros).34

Se a demanda de um bem aumenta em consequncia do aumento dos preos de outro bem, arma-se que este um bem substituto ou concorrente, pois h uma relao direta entre o preo de um bem e a quantidade de outro (carne e frango, por exemplo).Quando, por outro lado, a demanda de um bem se reduz pelo aumento do preo de outro bem, denotando a existncia de uma relao inversa entre o preo de um e a quantidade demandada do outro, eles so chamados bens complementares (carros e gasolina, por exemplo).3534 35

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Unidade IIBens complementares so, portanto, bens consumidos conjuntamente. Para inuenciar os hbitos e preferncias dos consumidores, as empresas investem pesado em publicidade e propaganda, tentando interferir nessas preferncias com o objetivo de elevar a procura de certos bens ou servios.Lembrete A demanda por determinado bem ser inuenciada por alguns fatores (coeteris paribus) o preo desse bem, a renda do consumidor, o preo dos bens substitutos, o preo dos bens complementares e os hbitos e gostos dos consumidores. 3.1.1 Elementos que deslocam a curva de demanda Alguns dos fatores que inuenciam a demanda podem ser responsveis por um deslocamento da curva de demanda. Uma variao positiva nos gostos ou preferncias de um consumidor por certo produto indica que mais unidades do produto sero demandadas a cada preo. A demanda aumenta e a curva desloca-se para a direita. Uma variao desfavorvel desloca a curva da demanda para a esquerda. A introduo de um produto novo tambm altera a demanda, deslocando a curva de demanda para a esquerda. Um aumento no nmero de consumidores em um mercado tambm provoca um deslocamento positivo da curva de demanda, j que provoca um aumento na procura. Da mesma forma, como vimos anteriormente, para bens normais, quando a renda aumenta, a demanda tambm aumenta, provocando um deslocamento da curva de demanda para a direita, isto : coeteris paribus; aos mesmos preos, o consumidor est disposto a adquirir maiores quantidades do produto com a elevao de sua renda. As expectativas dos consumidores quanto aos preos dos produtos, disponibilidade dos produtos e sua renda no futuro podem tambm deslocar a demanda. Expectativas de elevao de preos no futuro podem induzir o consumidor a comprar mais agora para evitar os aumentos esperados de preos, aumentando a demanda hoje e deslocando a curva de demanda para a direita. Assim, preciso ter em mente a diferena entre demanda e quantidade demandada.A demanda toda a curva que relaciona os possveis preos a quantidades determinadas. A quantidade demandada refere-se a um ponto especco da curva de demanda, relacionando um preo a uma quantidade.3636

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ECONOMIA E MERCADO3.2 A oferta

Enquanto a demanda reete uma relao que descreve o comportamento de consumidores, a oferta exprime o comportamento dos produtores, mostrando o quanto esses empresrios esto dispostos a vender a um determinado preo. Assim, as diferentes quantidades que os produtores desejam vender no mercado em determinado perodo de tempo constituem a oferta.Vrios so os fatores que condicionam a oferta: o preo do produto a ser ofertado, os preos dos fatores de produo, a tecnologia e as preferncias do produtor. Se apenas o preo do bem ofertado varia, permanecendo os demais fatores constantes (coeteris paribus), obteremos a relao entre o preo de um bem, por exemplo, bananas, e a quantidade destas que um agricultor deseja oferecer por preo e por unidade de tempo.37

Lembrete A lei geral da oferta diz: quando o preo de uma mercadoria aumenta, a quantidade ofertada desta aumenta, mas quando seu preo diminui, a sua quantidade diminui. Os preos altos estimulam os vendedores a produzir e vender mais. Portanto, quanto mais elevado o preo, maior a quantidade ofertada.A funo oferta mostra a relao direta entre quantidade ofertada e nvel de preos (coeteris paribus). Tem-se a lei geral da oferta.38

Dado um exemplo ctcio e um mercado produtor de bananas, obtm-se as seguintes quantidades ofertadas e seus respectivos preos:1) Preo P (R$ por quilo) A B C D R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 2) Quantidade Q demandada (milhares de quilos de banana por semana) 260 240 200 150

Quadro 5 Relao de oferta de bananas

Como podemos observar, ao aumentar o preo das bananas, a quantidade ofertada tambm aumenta, numa relao direta. Isso ocorre porque um aumento do preo no mercado estimula as empresas a37 38

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Unidade IIproduzirem mais, aumentando suas receitas, porque h um aumento nos custos de produo e a empresa precisar aumentar seus preos para manter o mesmo nvel de produto.Lembrete A equao algbrica da oferta pode ser denida da seguinte forma: Qx = f (px, pi, pz, T).Assim, a curva de oferta de mercado exprime a relao entre a quantidade de uma mercadoria oferecida por todos os produtores e seu preo com todos os outros fatores (tecnologia, preo dos fatores produtivos, preferncias dos empresrios, entre outros) permanecendo constantes.39

Matematicamente, a funo de oferta pode ser expressa da seguinte maneira: Qo = f (P) Em que: Qo = quantidade ofertada de um bem ou servio em determinado perodo. P = preo do bem ou servio ofertado. Como j destacado, a oferta de um bem ou servio condicionada por outros fatores alm de seu preo. Se h um aumento nos custos dos fatores de produo, poder haver (coeteris paribus) uma reduo na oferta do produto. Por outro lado, se h avano tecnolgico, com consequncias sobre a produtividade, haver elevao na oferta, o restante permanecendo constante. Se aumenta o nmero de empresas ofertantes no mercado, a oferta do bem ou servio tambm dever aumentar. Curva de oferta12,00 10,00 Preo P 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 Quantidade Q 300

Figura 7 - Curva de oferta de bananas39

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ECONOMIA E MERCADO3.2.1 Elementos que deslocam a curva de oferta Assim como alguns fatores podem modicar a demanda, fazendo com que a curva de demanda se desloque para a direita ou para a esquerda, os fatores que condicionam a oferta de mercado tambm podem afetar a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, conforme se eleve ou se reduza a oferta de bens.Lembrete Os fatores que inuenciam a oferta de um bem so: preo do prprio bem, preo de insumos produtivos, tecnologia e preo de outros bens (coeteris paribus). Os preos dos fatores de produo utilizados no processo produtivo ajudam a determinar os custos de produo das rmas. Fatores de produo com preos altos signicam maiores custos e menores lucros, o que diminui o incentivo que as rmas tm em ofertar esse produto. A oferta se reduz e a curva de oferta desloca-se para a esquerda. O desenvolvimento tecnolgico proporciona um uso mais eciente dos fatores de produo, possibilitando que as mesmas unidades de produto sejam produzidas com uma quantidade menor de recursos produtivos. Isso possibilita a reduo de custos e o aumento da produo, elevando a oferta e provocando o deslocamento da curva de oferta para a direita. As rmas consideram a maioria dos impostos como custos, portanto um aumento nos impostos sobre as vendas ou sobre a propriedade elevar os custos de produo e reduzir a oferta, fazendo a curva de oferta deslocar-se para a esquerda. Em compensao, os subsdios reduzem os custos de produo e podem aumentar a quantidade ofertada, deslocando a curva de oferta para a direita. Alm disso, o aumento no nmero de produtores no mercado far elevar a oferta do produto nesse mercado, provocando tambm o deslocamento da curva de oferta. A expectativa quanto ao preo futuro de um produto poder tambm afetar a disposio atual do produtor em ofertar esse produto, ocasionando o deslocamento da curva de oferta de mercado. Quanto demanda, preciso fazer a diferena entre oferta e quantidade ofertada.A oferta diz respeito a toda a curva de oferta, enquanto que a quantidade ofertada diz respeito a um ponto especco da curva de oferta.40 3.3 O equilbrio de mercado

Como vimos, as quantidades demandadas no mercado variam inversamente aos preos, e as quantidades ofertadas variam diretamente com os preos.40

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Unidade IIA curva de demanda reete os planos de consumo dos consumidores de um dado mercado, ao passo que a curva de oferta reete os planos de oferta dos produtores de um mercado especco. Para compreender como se compatibilizam os desejos de consumidores e produtores, preciso confrontar as curvas de oferta e demanda. S ento possvel avaliar como ocorre a interao entre oferta e demanda na determinao de preos e quantidades de equilbrio em um dado mercado, para que tanto consumidores quanto produtores acabem por maximizar sua satisfao.(1) Preo (R$ por banana) R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 (2) Quantidade demandada (milhares de quilos por semana) 50 100 200 400 (3) Quantidade ofertada (milhares de quilos por semana) 260 240 200 150 (4) Excedente (+) ou escassez (-) Excesso de oferta Excesso de oferta Equilbrio Escassez de oferta (5) Presso sobre o preo Queda Queda Estvel Alta

Quadro 6 O confronto oferta e demanda

No ponto de interseco das curvas de demanda e oferta (E), tanto consumidores quanto produtores realizam suas aspiraes. O ponto em que coincidem os planos dos produtores e consumidores o chamado ponto de equilbrio, em que se igualam as quantidades ofertadas e as quantidades demandadas e obtm-se, portanto, o preo de equilbrio de mercado. Equilbrio da oferta da demanda12,00 10,00 8,00 Preo P 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 300 400 500 Quantidade Q Figura 8 Equilbrio de mercado

Se o preo for maior que o preo de equilbrio, a quantidade ofertada maior que a demanda; haver, portanto, um excesso de produo e um acmulo de estoques. Consequentemente, a competio entre 44

ECONOMIA E MERCADOos produtores car mais acirrada, o que levar a uma reduo dos preos, at que atinjam novamente o nvel de equilbrio de mercado. Se o preo for inferior ao preo de equilbrio, a quantidade ofertada ser menor que a demanda e haver uma escassez de produto. Agora, teremos o acirramento da competio entre os consumidores, dado que a demanda ser maior que a oferta. Isso far com que os preos elevem-se, at que se chegue novamente aos preos de equilbrio. Num mercado competitivo, com um grande nmero de produtores e consumidores, a competio faz com que o mercado tenha uma tendncia natural para chegar a um equilbrio estacionrio. Essa a essncia do funcionamento do mecanismo de oferta e demanda num mercado livre e concorrencial. Para que o equilbrio seja atingido, no poder haver interferncia nem do Estado, nem de oligoplios, pois eles impediriam o ajuste natural dos preos ao sabor das foras de mercado. preciso ter em mente que os mesmos fatores que deslocam as curvas de demanda e oferta podem afetar o equilbrio do mercado, elevando ou reduzindo preos e quantidades de equilbrio.3.4 Teoria da produo

Numa economia de mercado, consumidores e empresas representam, respectivamente, as unidades do setor de consumo e de produo, que se inter-relacionam por meio do sistema de preos do mercado. No mdulo anterior, trabalhamos o funcionamento do mercado, levando-se em conta uma oferta de mercado dada, positivamente inclinada, reetindo o comportamento de rmas tpicas, as quais, no nosso exemplo, ofertavam bananas. A empresa ou rma a unidade econmica de produo, responsvel pela combinao entre os recursos produtivos para produzir bens e servios a serem ofertados para venda no mercado. uma unidade de produo que atua racionalmente, em busca de maximizar seus resultados. As empresas, portanto, produzem bens ou servios que vo ser demandados pelos consumidores durante o processo de satisfao de suas necessidades. Mas, para produzir esses bens, as rmas dependem da disponibilidade dos recursos produtivos, de sua combinao, de seus preos, entre outros. Os fatores (recursos) de produo ou insumos so os bens ou servios passveis de serem transformados no processo produtivo. Agora, estudaremos como se forma a oferta a partir do comportamento da empresa, com uma tecnologia dada e uma estrutura de custos dos diferentes recursos produtivos utilizados no processo de produo. A principal atividade da empresa a produo e, como j destacamos, seguindo o princpio da racionalidade, seu principal objetivo a maximizao de lucros. 45

Unidade IIO lucro de uma rma a diferena entre as receitas e os custos num dado perodo. Nesse sentido, a rma dever ajustar os fatores de produo que emprega trabalho, recursos naturais, tecnologia, capacidade empresarial e capital , para minimizar custos e maximizar os lucros da quantidade a ser ofertada no mercado. Assim, dados os preos dos insumos, a empresa dever escolher as quantidades de cada um deles para obter o produto nal na qualidade e quantidade desejadas pelos consumidores no mercado. Essa escolha depender do preo dos insumos, da tecnologia empregada e dos gostos dos consumidores. Estudaremos, portanto, a teoria da rma, ramo da economia que trabalha com a determinao das variveis econmicas mais importantes para as empresas privadas, como preo, produo e crescimento. Ela se divide em teoria da produo e teoria dos custos, para entendermos o que h por trs da curva de oferta de mercado. A teoria da produo trabalha a relao tcnica entre as quantidades fsicas produzidas (outputs) e as quantidades de fatores de produo (insumos inputs) utilizadas durante o processo produtivo. A teoria dos custos, por sua vez, relaciona a quantidade fsica dos produtos com os preos desses insumos e a produtividade deles condicionada tecnologia empregada. A tecnologia pode ser entendida como o estado de conhecimentos tcnicos da sociedade em determinado momento. No caso da empresa, a tecnologia representada pela funo de produo. 3.4.1 A produo A produo o processo em que a rma combina e transforma os recursos de produo em produtos ou servios para a venda no mercado. As diferentes combinaes desses insumos na produo dos bens e servios vo denir os diversos mtodos de produo. Mediante o fator de produo utilizado em maior quantidade, teremos distintos mtodos de produo. Assim, podemos ter uma produo intensiva, que utiliza mais mo de obra em relao aos outros fatores de produo, ou uma produo capital-intensiva que utiliza mais capital em relao aos outros insumos, ou, ainda, a produo poder ser terra-intensiva, e assim por diante. Os mtodos de produo so as diferentes combinaes dos fatores de produo a um dado nvel tecnolgico. A escolha das diferentes combinaes entre os fatores de produo estar condicionada sua ecincia.Quando um mtodo de produo utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente de produto, temos ecincia tcnica ou tecnolgica.41

Quando, por outro lado, utilizamos um mtodo de produo cujos custos de produo so menores em relao a outros mtodos, temos a ecincia econmica.41

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Lembrete Ecincia tcnica: processo que alcana a melhor quantidade de produto com a menor quantidade de insumos ou fatores de produo. Ecincia econmica: busca do processo que apresenta o menor custo de produo. Logo: Ecincia tcnica: o mtodo de produo que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade fsica de fatores de produo. Ecincia econmica: o mtodo de produo que permite produzir uma mesma quantidade de produto a um menor custo de produo. 3.4.2 A funo de produo A quantidade de fatores de produo utilizada pelo produtor vai variar de acordo com suas decises de o qu, como e quanto produzir, as quais dependem dos sinais vindos dos consumidores, o que resulta numa variao correspondente nas quantidades produzidas do produto.A funo de produo a relao entre a quantidade de produto, a qual pode ser obtida com determinada quantidade de fatores de produo num dado perodo de tempo.42

preciso ressaltar que essa denio de funo de produo admite sempre o pressuposto de que o produtor est utilizando a combinao mais eciente dos recursos de produo e, portanto, est produzindo a maior quantidade possvel do produto. Temos a mxima produo possvel, a dados nveis de trabalho, tecnologia, capital, recursos naturais e capacidade empresarial. Se ocorrer um avano tcnico, haver uma mudana na funo de produo, pois obteremos uma quantidade maior de produtos com a mesma quantidade de fatores de produo. importante no confundirmos os conceitos de funo oferta e funo de produo. A funo de produo um conceito fsico ou tecnolgico e se refere s quantidades fsicas de produto e de recursos produtivos, ao passo que a funo oferta um conceito econmico, pois depende dos preos dos fatores de produo.42

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Unidade IIAssim, temos que: quantidade de produto = f (quantidade de fatores) Se partirmos da hiptese de que essa rma trabalha com inmeros fatores de produo, representados por X1, X2, X3, [...], Xn, teremos a seguinte representao matemtica da funo de produo dessa empresa: q = f (X1, X2, X3, ..., Xn) Em que: q: quantidade produzida do bem ou servio, num dado perodo de tempo. X1, X2, X3, [...], Xn: quantidades dos fatores de produo utilizados. f: indica que q depende das quantidades de insumos utilizados. Por outro lado, se para facilitar a compreenso supormos que a produo da empresa citada depende apenas da quantidade de mo de obra utilizada e da quantidade de capital, teremos a seguinte funo de produo: q = f (L,K) Em que: L: quantidade de mo de obra. K: quantidade de capital. Para q > 0, L > 0 e k > 0. preciso lembrar que se mantm a suposio de ecincia tcnica a mxima produo possvel a dados nveis de mo de obra e capital. Se ocorrer alguma alterao no nvel de tecnologia dado, a composio da funo de produo tambm se alterar.3.5 Anlise de curto prazo

Se retomarmos o exemplo da funo de produo exposto anteriormente, em que a quantidade produzida condicionada pelas quantidades de capital e trabalho utilizadas, teremos: q = f (L, K)

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ECONOMIA E MERCADOEm que: q: quantidade produzida. L: quantidade de mo de obra (insumo varivel). K: quantidade de capital (insumo xo).Ao considerar o fator capital xo e o fator trabalho varivel, a quantidade produzida ter sua variao dependendo apenas da variao da quantidade utilizada do insumo varivel, associada contribuio constante do insumo xo, em cada combinao de fatores utilizados.43

Nesse caso, a mo de obra o fator varivel, e a funo de produo poder ser expressa como: q = f (L) Outros conceitos importantes para a anlise da teoria da produo so os de produto total, produto mdio (ou produtividade mdia) e produtividade marginal dos fatores de produo.O produto total a quantidade de produto que se obtm ao utilizar o insumo varivel, mantendo-se xa a quantidade dos demais insumos. O produto mdio ou produtividade mdia do fator o quociente entre as variaes do produto total e as variaes da quantidade utilizada do insumo. Logo, a produtividade mdia representa a variao do produto total quando se verica a variao no fator de produo analisado.44

Em termos esquemticos, temos: 1. Produtividade mdia da mo de obra: PmeL = produtototal quantidade.trabalho

2. Produtividade mdia do capital: PmeK = produtototal quantidade.capital

A produtividade marginal dos fatores a variao do produto, dada uma variao de uma unidade na quantidade do fator produo, num determinado perodo de tempo.43 44

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Unidade IIAssim, temos: 3. Produtividade marginal da mo de obra: PmgL = produto de mo de obra

4. Produtividade marginal do capital: PmgK = produto de capitalLembrete Curto prazo, em economia, denido quando um fator de produo varivel. J o longo prazo quando todos os fatores de produo so variveis. 3.5.1 A lei dos rendimentos decrescentesUm conceito importante na anlise da teoria da produo a lei dos rendimentos decrescentes, que descreve o comportamento da taxa de variao da produo quando apenas um insumo varia, e todos os demais permanecem constantes. Ao aumentar a produo de acordo com sua funo de produo, em uma empresa que possui apenas um insumo varivel (todos os outros considerados insumos xos), as propores de combinaes entre os insumos se alteram.45

Essa alterao est condicionada pela lei dos rendimentos decrescentes ou lei da produtividade marginal decrescente quanto maior o emprego de alguns fatores de produo em um setor, deixando os demais constantes, menores sero os acrscimos no produto total. Portanto, ao se elevar a quantidade do insumo varivel, mantendo xas as quantidades dos outros insumos, a produo inicialmente aumentar a taxas crescentes.Depois de certo volume do insumo varivel utilizado, continuar a crescer, mas a taxas decrescentes (com acrscimos cada vez menores).46

Caso se amplie ainda a quantidade do fator varivel utilizada, a produo total atingir um mximo, a partir do qual se reduzir.45 46

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ECONOMIA E MERCADOPara ilustrarmos os conceitos at agora desenvolvidos, vamos supor uma empresa que trabalhe com dois fatores de produo: mo de obra (varivel) e capital (xo).Podemos vericar que, se as vrias combinaes de mo de obra forem utilizadas para produzir os, e se a quantidade de capital permanecer constante, os aumentos da produo iro depender do aumento da mo de obra utilizada na produo de os.47

Assim, a produo de os aumentar at certo ponto e depois decrescer. Observemos as diferentes propores e seus impactos na produo, no produto mdio e na produtividade marginal no quadro a seguir.Capital (K) 10 10 10 10 10 10 10 10 10 Mo de obra (L) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Produto total 0 3 8 12 15 17 17 16 13 Quadro 7 Produtividade mdia da mo de obra (PMe = PT/L) 3 4 4 3,75 3,4 2,8 2,3 1,6 Produtividade marginal da mo de obra (PMg=PT/L) 3 5 4 3 2 0 -1 -3

Ao observar o quadro 7, tem-se, a princpio, que os acrscimos na utilizao da mo de obra (insumo varivel) provocam incrementos na produo. A partir da segunda unidade de mo de obra acrescida no processo produtivo, aparecem os rendimentos decrescentes, observados numa produtividade marginal decrescente. O produto total mximo atingido utilizando-se seis unidades de mo de obra, em que a produtividade marginal da mo de obra igual a zero. Esse o ponto mximo do produto total, a produtividade marginal negativa: acrscimos de mo de obra resultam numa diminuio do produto total em consequncia da lei dos rendimentos decrescentes. A curva do produto total evolui inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes, at atingir seu ponto mximo, para, em seguida, decrescer.As curvas de produtividade mdia e de produtividade marginal so construdas a partir da curva do produto total. preciso ter em mente que a lei dos rendimentos decrescentes um fenmeno de curto prazo, j que pelo menos um insumo permanece xo.4847 48

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Unidade II3.6 Anlise de longo prazo

Quando a demanda por um produto crescente, a rma desejar ampliar sua produo. A princpio, o produtor pode responder a esse aumento na demanda, ampliando a jornada de trabalho de sua mo de obra ou ampliando o nmero de trabalhadores em sua empresa. No entanto, sabe-se que o aumento do nmero de trabalhadores tem um limite a partir do qual seu efeito torna-se negativo sobre a produo total. Se a presso do mercado se estender, ser necessrio que a rma altere as quantidades dos fatores de produo anteriormente mantidos xos, para fazer frente necessidade de ampliao da produo. Isso ocorre porque o empresrio racional no ir permitir que seu produto marginal seja negativo, o que ocasionaria uma reduo no produto total, e no o aumento desejado. Assim, em longo prazo, as empresas podero alterar as quantidades de qualquer um dos insumos empregados na produo. Na anlise de longo prazo, portanto, todos os fatores de produo variam, inclusive o tamanho da empresa. Se considerarmos a participao de apenas dois fatores de produo, conforme zemos na anlise de curto prazo, teremos a seguinte funo de produo: q = f (L,K) A possibilidade da variao de todos os fatores de produo em longo prazo cria, como j destacamos, a possibilidade de ampliao do tamanho da rma, o que acarretar efeitos sobre o produto total. So os chamados rendimentos ou economias de escala (escala o tamanho da empresa mediada por sua produo).Os rendimentos de escala expressam a reao da quantidade produzida a uma variao na quantidade utilizada de todos os insumos, quando a empresa aumenta de tamanho, ou seja, quando todos os fatores variam simultaneamente na mesma direo.49 Existem os rendimentos crescentes de escala (ou economias de escala), os quais ocorrem quando a variao na quantidade produzida mais que proporcional variao da quantidade utilizada de insumos produtivos.50

Assim, se dobrarmos a quantidade utilizada de todos os fatores, obteremos mais do que o dobro do produto total. Eles podem ocorrer porque um aumento na escala produtiva proporciona uma especializao maior do trabalho ou porque existem indivisibilidades entre os fatores de produo.49 50

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ECONOMIA E MERCADOOs rendimentos constantes de escala ocorrem quando a quantidade utilizada de insumos e o produto total variam na mesma proporo. Ao dobrarmos a quantidade utilizada dos recursos produtivos, obteremos o dobro da quantidade produzida. As deseconomias de escala ou rendimentos decrescentes de escala resultam de uma variao do produto total menos do que proporcional variao na utilizao dos insumos. Se utilizarmos o dobro da quantidade de fatores de produo, o produto total ter um crescimento de apenas 50%. Nesse caso, podemos armar que houve uma queda na produtividade dos fatores.3.7 Teoria dos custos

Como j destacado, os produtores so indivduos racionais e, como tais, iro buscar maximizar seus resultados ao realizarem suas atividades produtivas. Nesse sentido, a empresa procurar sempre utilizar certa combinao de fatores para obter a mxima produo possvel. No entanto, os recursos produtivos so bens econmicos, isto : para a rma utiliz-los, precisa pagar um preo por eles. Assim, para levar a cabo a produo, a empresa incorre em uma srie de custos. Praticamente todas as decises da rma vo gerar um custo, j que, ao escolher determinada combinao de fatores de produo, omitiro muitos outros recursos produtivos e porque deniro qual volume de produo cada empresa ir lanar no mercado.A quantidade utilizada de cada fator de produo, multiplicada por seu preo respectivo, representa a despesa total que a rma dever realizar para poder colocar o processo produtivo em movimento. Essa dita despesa denominada custo total de produo. Assim, para obter resultados satisfatrios e alcanar o chamado equilbrio da rma, a empresa dever buscar ou a maximizao da produo a um determinado custo total, ou minimizar o custo total para certo nvel de produo.51

Uma vez que se conhea o valor dos insumos, possvel denir um ponto ideal para o custo total de produo a cada volume de produo. 3.7.1 Os custos de produo em curto prazo Os custos totais Como j visto, os fatores de produo podem ser xos (a quantidade no se altera para elevar ou reduzir o volume produzido no curto prazo) ou variveis (a quantidade varia para fazer frente s alteraes na demanda em curto prazo).51

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Unidade IIConsequentemente, o custo total de produo, conforme vericado, denido como o total das despesas realizadas pela rma com a utilizao da combinao mais econmica dos fatores.52

Ele pode ser dividido em dois tipos de custos: Os custos variveis, determinados pelo valor dos insumos variveis, que dependem da quantidade empregada desses fatores, portanto, dependem do volume da produo. So gastos com folha de pagamento, pagamentos de matrias-primas, entre outros. Os custos xos, que independem do nvel de produo e representam as despesas com os fatores xos de produo, so as despesas com aluguis, depreciao, entre outros. Os custos totais so determinados pela soma entre os custos variveis e os custos xos. Custo Total (CT): CVT + CFT Em que: CT: custo total no curto prazo. CVT: custo varivel total. CFT: custo xo total. A anlise dos custos obedece mesma lgica da teoria da produo, sendo, portanto, dividida em curto e longo prazo.Os custos totais de curto prazo so compostos por parcelas de custos xos e variveis, j que, no curto prazo, a funo de produo admite a existncia de pelo menos um fator de produo xo.53

Os custos totais de longo prazo so formados exclusivamente por custos variveis, j que, em longo prazo, inexistem insumos xos. Em curto prazo, partimos do pressuposto de que uma rma realize a sua produo utilizando fatores xos e variveis, e partindo da hiptese da existncia de apenas um fator xo, capital, e um fator varivel, mo de obra, a produo dessa empresa ir aumentar ou diminuir a partir da variao do uso de mo de obra. Logo, em curto prazo, o custo xo total permanece inalterado, e o custo total de curto prazo ir depender exclusivamente de variaes no custo varivel total, que depende da quantidade produzida.52 53

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ECONOMIA E MERCADODessa forma, a funo de produo dessa empresa em curto prazo poder ser assim representada: q = f (X1, X2) Em que: q: quantidade produzida. X1: fator varivel de produo. X2: fator xo de produo.Como vimos, o custo total da produo dado pelo total das despesas realizadas com a utilizao da combinao mais econmica dos fatores de produo.54

Esse custo total , por sua vez, formado pelas despesas com os fatores variveis e com os fatores xos. No nosso exemplo, temos um fator xo e um fator varivel. Se representarmos os preos desses fatores de produo como P1 e P2, poderemos representar o custo xo total e o custo varivel total em funo dos preos dos insumos. O custo xo total determinado pelo montante total de despesas realizadas com o fator xo, expresso pela quantidade utilizada desses fatores multiplicada por seu preo respectivo. Matematicamente, teremos: CFT = P2 X2 A quantidade utilizada dos insumos variveis multiplicada por seu preo nos dar o custo varivel total, determinado pelo montante total realizado com o fator varivel. Teremos, ento: CVT = P1X1 A equao do custo total de curto prazo ento dada por: CT = P1X1 + P2 X2 Dessa maneira, o custo xo total no se altera, e o custo varivel total poder aumentar ou diminuir em funo da maior ou menor utilizao do insumo X1, considerando os preos dos insumos inalterados (coeteris paribus).54

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Unidade IIOs custos mdios e marginais Os custos mdios so os custos totais por unidade de produto, obtidos pela relao entre o custo total e a quantidade produzida. chamado tambm de custo unitrio. CTMe = Em que: CT: custo total. q: quantidade total produzida. O custo varivel mdio dado pela relao entre o custo varivel total e a quantidade produzida. Assim, temos: CVMe = Em que: CVT: custo varivel mdio. q: quantidade produzida. O custo xo mdio dado pelo quociente entre o custo xo total e a quantidade produzida. Temos, portanto: CFMe = Em que: CFT: custo xo total. q: quantidade produzida. Os custos mdios em curto prazo so representados por uma curva em formato de U, que, inicialmente, conforme aumenta o volume de produo, decresce, at alcanar um ponto de custo mnimo, aps o qual cresce novamente. Inicialmente, os custos mdios so declinantes porque existe um volume relativamente grande de equipamento de capital (insumo xo) para pouca mo de obra. Assim, at determinado nvel de produo, vantagem para a rma absorver mais trabalhadores, com o mesmo volume de capital empregado, e aumentar a produo, pois o custo mdio declinante. 56 CFT q CVT q CT q

ECONOMIA E MERCADOMas, medida que se vai aumentando a produo, alcana-se um ponto de saturao da utilizao do capital e a elevao das quantidades de insumo varivel; no caso da mo de obra, isso no ocasionar aumentos proporcionais da produo. o ponto em que os custos mdios comeam a se elevar. Esse comportamento das curvas de custo mdio anlogo ao das curvas de custo total. Ora, se o custo varivel total a despesa diretamente relacionada com o andamento da produo, o custo varivel total ir se elevar medida que a produo cresce, conforme visto. No entanto, o custo varivel mdio, a princpio, decrescente, e s depois de atingir o mnimo, a certo nvel de produo, torna-se crescente. Isso ocorre porque o custo varivel total, quando a empresa trabalha com capacidade ociosa (muito capital e pouca mo de obra), cresce proporcionalmente menos do que a produo, fazendo com que os custos mdios decresam.Aps certo nvel de produto, os custos totais passam a crescer proporcionalmente mais que o aumento da produo, e os custos mdios passam a ser crescentes.55

Como o custo xo total constante para todos os nveis de produo, o custo xo mdio ser decrescente medida que a produo aumenta, tendendo a zero. O custo marginal representa o custo de produzir uma unidade extra do produto; logo, dado pela relao entre a variao do custo total e a variao da quantidade produzida. CMg = Em que: CT: variao do custo total. q: variao da quantidade produzida.Como o custo xo total permanece constante, em curto prazo, o custo marginal determinado apenas pela variao do custo varivel total.56

CT q

Assim, arma-se que os custos marginais no so inuenciados pelos custos xos. 3.7.2 Custos em longo prazo Em curto prazo, a rma busca a maximizao de seus lucros com as estruturas fsicas de que dispe, e se v diante de determinados custos xos expressos na dimenso dada dessa rma. Em longo prazo, a rma normalmente planeja novos investimentos, de forma a modicar a utilizao e a combinao de todos os fatores de produo, alterando, assim, o seu potencial produtivo. Isso 55 56

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Unidade IIpossvel porque, em longo prazo, todos os fatores de produo so variveis, possibilitando a ampliao da capacidade de produo e a dimenso da empresa. Como no existem insumos xos em longo prazo, no faz sentido a distino entre custos xos e variveis. No existem, portanto, custos xos: todos os custos so variveis. Desaparecem as curvas de custo xo total e custo xo mdio, e destaca-se a curva de custo mdio de longo prazo. O longo prazo um horizonte de planejamento, cujos investimentos os empresrios podem escolher e planejar, com uma gama de situaes de curto prazo, com diferentes escalas de produo disponveis, para que escolham a que leve otimizao de seus resultados. O objetivo de custo de longo prazo de uma rma ajustar a sua escala de produo para ter um tamanho satisfatrio, isto , deve haver um nvel de produo desejado ao custo mais baixo possvel. O produtor, at fazer uma escolha de investimento, encontra-se numa situao de longo prazo, podendo decidir por qualquer uma das alternativas. Uma vez que decida por um investimento, uma nova capacidade de produo tenha sido instalada e os ajustes tenham sido feitos na produo, ele ter uma nova estrutura produtiva, em que alguns tipos e quantidades de insumos sero considerados xos. A rma passa, ento, a operar novamente em curto prazo, com uma dada estrutura de custos xos. Um agente econmico, portanto, opera em curto prazo e planeja em longo prazo. 3.7.3 Custos de produo: viso econmica x viso contbil-nanceira Enquanto contadores e administradores concentram sua preocupao no detalhamento de uma empresa especca, os economistas procuram fazer uma anlise mais genrica, olhar no apenas a situao interna de uma empresa especca, mas tambm o ambiente externo das empresas e suas possveis interaes no mercado, tanto com consumidores quanto com outros produtores e com a sociedade em geral. Existem alguns conceitos principais que ressaltam essas diferenas na teoria microeconmica. Os principais so os conceitos de custos de oportunidade e custos contbeis; externalidades; e custos e despesas. importante destacar que a anlise de custos feita pela teoria econmica considera no apenas os chamados custos contbeis, mas tambm os custos de oportunidade. Os custos contbeis so aqueles que envolvem dispndio monetrio, so custos explcitos, isto : so gastos incorridos explicitamente em custos do trabalho de produo, pagamentos de partes componentes adquiridas de fornecedores, salrios de administradores, juros, gastos de propaganda, variaes de depreciao, entre outros. J os custos de oportunidade so aqueles que no envolvem desembolso monetrio, so custos implcitos e se referem ao ganho ou retorno que os produtores esto sacricando ao optar por uma 58

ECONOMIA E MERCADOdeterminada combinao de fatores de produo ou determinado investimento, em detrimento de qualquer alternativa tambm lucrativa. Por exemplo, se a empresa possui capital em caixa, o custo de oportunidade o que a empresa poderia auferir se estivesse aplicando esse capital, que agora est em caixa, no mercado nanceiro. Para expressar verdadeiramente a escassez relativa do fator de produo utilizado, as curvas de custos das rmas devem considerar os custos de oportunidade.As externalidades ou economias externas tanto podem ser as alteraes de custos e benefcios para a sociedade, resultantes das atividades produtivas das rmas, como tambm as alteraes dos custos e receitas das rmas, resultantes de fatores externos a ela. Diz-se que a externalidade positiva quando uma unidade econmica cria benefcios para outras, sem receber para isso.57

Diz-se que negativa quando uma unidade econmica cria custos para outras, sem que para isso tenha incorrido em nenhum pagamento. Na contabilidade feita a distino entre custos e despesas. Os custos so gastos associados ao processo de fabricao dos produtos; as despesas so gastos associados ao exerccio social e alocadas para o resultado geral do perodo (despesas nanceiras, comerciais e administrativas). Os manuais de teoria microeconmica geralmente no fazem essa distino, e subentende-se que o conceito de custo xo dever englobar as despesas nanceiras, comerciais e administrativas, assim como os gastos no processo produtivo em si.4 ESTRUTURAS DE MERCADO

Vimos anteriormente que podemos analisar os fatores que determinam a oferta e a demanda de bens e servios. Na anlise da determinao dos preos no mercado, constatamos que o preo e a quantidade de equilbrio seria resultado automtico da ao da oferta e da demanda. No entanto, preciso destacar que, na anlise do equilbrio de mercado, partimos da hiptese de que existiam muitos produtores e consumidores, nenhum deles teria o poder de inuenciar os preos e as quantidades de equilbrio e no haveria a interferncia nem do governo nem de oligoplios nesse mercado. Implicitamente, supunha-se uma estrutura especca de mercado: a de concorrncia perfeita. Contudo, preciso ter em mente que interagem oferta e demanda de modo que apresentam resultados muito diferentes em cada mercado, pois cada uma tem caractersticas especcas, como: o tipo de produto; as condies tecnolgicas; o nmero de empresas que compem esse mercado,57

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Unidade IIdenindo a concorrncia; o acesso informao; a existncia ou no de barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. As estruturas de mercado so, portanto, modelos que captam aspectos de como os mercados esto organizados, destacando alguns aspectos essenciais da interao entre oferta e demanda. No entanto, esses mercados esto organizados seguindo o princpio da racionalidade e da busca de otimizao de resultados por parte dos produtores. O critrio geralmente utilizado para classicar os diferentes tipos de mercados aquele que se refere ao nmero de agentes econmicos que dele participam. A concorrncia, que a forma de organizar os mercados ao determinar os preos e as quantidades de equilbrio, est pautada primordialmente nesse critrio. A concorrncia que se estabelece entre um grande nmero de produtores (concorrncia perfeita) ser diferente daquela em um mercado com um nmero limitado de vendedores (oligoplio). Se a concorrncia inexiste, o mercado ser controlado por um s produtor (monoplio). Assim, as principais estruturas de mercado so concorrncia perfeita, monoplio, concorrncia monopolstica (ou imperfeita) e oligoplio. Esses quatro modelos de mercado diferem quanto ao nmero de rmas na indstria, quanto produo de um produto padronizado ou tentativa de diferenciar seus produtos das demais rmas e quanto facilidade ou diculdade que outras rmas enfrentam para entrar na indstria. Na microeconomia tradicional, para todas essas estruturas de mercado, parte-se do pressuposto de que o objetivo principal das rmas a maximizao dos lucros, em curto ou longo prazo. O lucro total dado pela diferena entre as receitas de vendas da empresa e seus custos totais de produo. Para maximizar o lucro, a rma dever escolher o volume de produto, para que a diferena entre a receita total de venda e o custo total de produo seja a maior possvel. LT = RT CT Em que: LT: lucro total. RT: receita total de vendas. CT: custo total de produo. A empresa maximizar seu lucro com um nvel de produo em que receita marginal seja igual ao custo marginal. Logo, a receita adicional para produzir uma unidade do produto igual ao custo adicional para elevar essa produo em uma unidade. 60

ECONOMIA E MERCADOTemos, ento: RMg = CMg ou RT CT = q q Se uma empresa aumenta a produo, e a receita adicional (RMg) for maior que o custo adicional (CMg), o lucro estar aumentando e a rma ainda no ter atingido o equilbrio.Nesse caso, o produtor desejar elevar a produo, porque cada unidade adicional fabricada aumenta os seus lucros, j que sua receita marginal maior que seu custo marginal. Se, por outro lado, temos um nvel de produo cuja receita marginal for menor que o custo marginal, a cada unidade adicional que o produtor deixa de produzir, seus lucros aumentam e o empresrio ter interesse em reduzir a produo. 58

Tambm nesse caso a rma no ter alcanado o equilbrio. Este se dar apenas no nvel de produo em que a receita marginal igual ao custo marginal, pois assim o lucro ser mximo.4.1 A concorrncia perfeita A concorrncia perfeita ou pura caracteriza-se pela existncia de um grande nmero de produtores (firmas), de tal maneira que uma empresa isoladamente no consiga interferir nos nveis de oferta do mercado, e no tenha, portanto, poder para determinar os preos de equilbrio. 59

Nesse mercado, a interao entre oferta e demanda que determina o preo. Ento, as principais hipteses do modelo de concorrncia perfeita so as que seguem: Mercado atomizado: existe um nmero elevado de ofertantes e demandantes, como tomos. Desse modo, cada agente isolado exercer pouca inuncia sobre o mercado como um todo, sem afetar a determinao de preos. Logo, se um produtor individual elevar ou diminuir a quantidade produzida, isso no inuir sobre o preo de mercado do bem que produz. Produto homogneo (ou padronizado): supe-se que todas as rmas oferecem um produto semelhante; no existem diferenas de embalagem nem de qualidade entre os produtos nesse tipo de mercado. Assim, se o preo cobrado for o mesmo para todas as rmas, os consumidores sero indiferentes em relao ao produtor de quem compraro a mercadoria desejada. Nessa estrutura mercadolgica, os produtores no fazem nenhum tipo de diferenciao entre produtos nem tentam adotar outras formas de concorrncia extrapreo.58 59

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Unidade II Tomadores de preo ou price-takers: como as rmas no exercem controle signicativo sobre o preo do produto, o produtor individual em concorrncia pura um tomador de preo, j que a rma no pode inuenciar o preo de mercado, apenas ajustar-se a ele. Isso ocorre porque, em concorrncia perfeita, cada rma produz uma frao to pequena da produo total que aumentar ou diminuir sua produo no acarretar um impacto signicativo sobre a oferta total nem sobre o preo de equilbrio. Transparncia do mercado: todos os que participam do mercado, tanto consumidores quanto produtores, tm amplo acesso s informaes relevantes e amplo conhecimento das condies gerais em que opera o mercado, sem incorrer em custos. Logo, todos os agentes econmicos conhecem preos, qualidade, custos, receitas, lucros, entre outros. Livre entrada e sada: novas rmas podem entrar e sair das indstrias em concorrncia perfeita. No existem obstculos signicativos (legais, nanceiros, tecnolgicos, entre outros) que probam novas rmas de produzirem e venderem sua produo em qualquer mercado competitivo. O mercado sem barreiras entrada e sada tanto de vendedores como de compradores. Mobilidade de bens: existe uma completa mobilidade de produtos entre regies, o que implica a inexistncia de custos de transporte. No se considera a localizao espacial de produtores e consumidores. Um consumidor de Fortaleza paga igual a um de Sobral pelo mesmo produto. No existem externalidades: no h inuncias de fatores externos nos custos das rmas e na satisfao dos consumidores, ou seja, nenhuma rma inui no custo das outras e nenhum consumidor inui no consumo dos outros. Concorrncia perfeita no mercado de insumos: todas as rmas apresentam a mesma estrutura de custos, e os preos dos insumos so dados. Como podemos observar, o mercado em concorrncia perfeita representa uma estrutura ideal de mercado, sem barreiras e sem interferncias, o que no corresponde realidade cotidiana da economia. No entanto, essa estrutura ideal serve como referncia para a construo de modelos que estejam mais prximos da realidade. Apenas o mercado de produtos agropecurios poderia ser um exemplo que se aproxima do modelo de concorrncia perfeita. Nesse mercado, como vimos, o preo de equilbrio determinado pela interao entre a oferta e a demanda do produto no mercado. A um dado preo, as rmas decidem qual a quantidade que iro ofertar. Assim, cada rma aceitar o preo como um dado xo, sobre o qual no se pode inuir. A partir do preo de equilbrio, cada empresa individual produzir a quantidade que indica sua curva de oferta para dado preo, a qual ser condicionada por seus custos de produo. A curva de demanda de uma rma em concorrncia perfeita ser uma reta, porque, como a rma tomadora de preos, sem como alterar isoladamente o preo ou praticar um preo superior ao estabelecido no mercado (ao preo estabelecido pelo mercado), ela poder vender o quanto puder, estando limitada apenas por seu tamanho e estrutura de custos. 62

ECONOMIA E MERCADOSe a empresa quiser vender a um preo mais alto, no conseguir, pois os produtos so homogneos e os consumidores iro demandar das outras rmas que vendem o mesmo produto mais barato (preo de mercado). Por outro lado, a rma no ir praticar preos abaixo do preo de mercado, porque a esse preo ela vende o quanto quer, no fazendo sentido vender mais barato. Em concorrncia perfeita no existem lucros extraordinrios (receitas so maiores que os custos) em longo prazo, mas apenas os lucros normais, cuja receita total se iguala ao custo total. Ora, se nesse mercado existe ampla transparncia de informaes e inexistem barreiras entrada, no momento em que se estabelecerem lucros extraordinrios, novas rmas sero atradas para o mercado. Com o aumento no nmero de rmas, haver uma elevao na oferta, o que far com que os preos se reduzam, diminuindo-se, assim, os lucros extras, at que se alcance novamente o lucro normal. Novas empresas deixam de ser atradas para esse mercado que alcana novamente o equilbrio com lucros normais.4.2 Monoplio

O monoplio se caracteriza pela existncia de uma nica rma dominando inteiramente a oferta do produto daquele mercado, para o qual no existem substitutos prximos. Assim, no monoplio existe apenas um ofertante, que, ao contrrio do que ocorre na concorrncia perfeita, tem plena capacidade de determinar o preo. No h concorrncia e os consumidores so obrigados a aceitar as condies impostas pelo produtor, sob pena de no poderem mais consumir o produto. Assim, podemos elencar as principais caractersticas do monoplio: Um nico vendedor: apenas uma rma realiza toda a produo ou ofertante de um servio. Ausncia de substitutos prximos: no existem bens ou substitutos prximos; do ponto de vista do comprador, no existem alternativas possveis. Formador de preo: a rma exerce um controle signicativo sobre o preo porque controla toda a quantidade ofertada. Existncia de barreiras entrada: um monopolista puro no tem concorrente, pois existem barreiras (econmicas, tecnolgicas, legais, entre outras) que impedem que outras rmas potencialmente competidoras ingressem nesse mercado. Concorrncia extrapreo: o monopolista no precisa se distinguir nem fazer propaganda, j que no existem substitutos prximos para seu produto. Concorrncia entre consumidores: existe um nmero grande de consumidores que concorrem no mercado para consumir a quantidade ofertada pelo produtor. 63

Unidade IIA determinao de preos e quantidades de equilbrio no so denidas pela interao entre oferta e demanda. Na verdade, o empresrio monopolista desempenha um papel determinante no processo de xao de preo de mercado, pois tem a capacidade de decidir seu valor. O monopolista s oferta uma determinada quantidade de produtos se puder estabelecer um determinado preo. Embora a firma no esteja sujeita aos preos de mercado, no poder aument-los indefinidamente, pois isso implicar uma reduo na demanda dos consumidores. O monopolista um agente econmico racional, e, como tal, deseja otimizar seus resultados. Ele busca, ento, maximizar seus lucros, e ir ajustar seu nvel de produo at o ponto em que a receita marginal igual ao custo marginal. Assim, enquanto o aumento da receita total for maior que o aumento no custo total, o monopolista dever aumentar a sua produo, pois seu lucro estar aumentando. O ponto de lucro mximo exatamente em que RMg = CMg. O volume de produto que a rma levar ao mercado ser denido nesse ponto. Essa quantidade dever ser substituda na curva de demanda, para que se estabelea o preo de mercado. Existem vrios fatores que inuenciam no surgimento de um monoplio, como a existncia de controle das fontes de suprimento de matrias-primas para a produo do produto; a existncia de patentes, que conferem ao seu detentor a exclusividade na produo de certos produtos, at que a patente caia em domnio pblico; o controle estatal da oferta de determinados servios concedidos a determinadas empresas concessionrias privadas ou mistas, estabelecendo o monoplio; a exigncia de elevado volume de capital e alta capacitao tecnolgica para produzir certos produtos; e a existncia de um monoplio natural. O monoplio natural ocorre quando as caractersticas do mercado exigem a instalao de grandes plantas industriais, com economias de escala e custos unitrios reduzidos, tornando difcil uma empresa conseguir oferecer o produto a um preo equivalente rma monopolista j instalada. No monoplio natural, os custos mdios diminuem medida que aumenta a quantidade produzida do bem. Como a estrutura de mercado monopolista pressupe uma nica rma responsvel pela oferta do produto, o monoplio s se mantm se essa rma conseguir impedir a entrada de outras rmas no mercado. O preo de equilbrio do monoplio ser maior que o do mercado em concorrncia perfeita, e o nvel de produo, inferior. Assim, a rma monopolista auferir lucros mais elevados que em concorrncia perfeita, os consumidores iro pagar um preo superior e a oferta ser menor. No monoplio existem lucros extraordinrios, tanto a curto quanto em longo prazo, pois h barreiras entrada de novas rmas, conservando a posio privilegiada da rma monopolista. 64

ECONOMIA E MERCADO4.3 Oligoplio

Em um mercado oligopolista, existe um nmero pequeno de rmas, diante de uma grande quantidade de consumidores, de tal sorte que os produtores podem exercer certo tipo de controle sobre o preo.O oligoplio se caracteriza, portanto, pela existncia de um nmero reduzido de produtores e vendedores, produzindo bens substitutos prximos entre si, e pelo poder das firmas de fixar os preos de venda nos seus termos.60

Num mercado oligopolizado, assim como no monoplio, existem barreiras entrada de novas rmas no setor, e essas barreiras podem ser causadas pela existncia de proteo a patentes, controle de matrias-primas-chave, tradio e oligoplio puro ou natural. Alguns produtos, por razes tecnolgicas, s podem ser produzidos por grandes plantas industriais, e, nesses mercados, normalmente se instala um pequeno nmero de rmas (automveis, extrao de petrleo). Essa estrutura de mercado pode se dar de duas formas: um mercado com um pequeno nmero de empresas no setor, como a indstria automobilstica; ou um mercado em que um pequeno nmero de rmas domina um setor, no qual existem muitas empresas, como a indstria de bebidas, por exemplo. H, nesse mercado, uma interdependncia mtua entre as empresas, porque as aes de um produtor afetam sobremaneira os demais. Se uma rma reduz seu preo, pode ocasionar a reduo das vendas das outras rmas. Nesse sentido, as empresas passam a denir suas decises de produo, levando em conta tanto as estimativas de demanda quanto as aes das rmas rivais nesse oligoplio. As decises de preo, de produo e de propaganda so tomadas levando-se em conta as reaes de seus rivais. Assim, as empresas oligopolistas tanto podem concorrer entre si, por meio de uma guerra de preos ou de promoes, quanto podem formar cartis, em que produtores de um setor iro determinar a poltica para todas as rmas do cartel. Uma vez estabelecido um cartel, os preos e a repartio do mercado entre as rmas passam a ser xados entre empresas que dele fazem parte. Mas preciso ter em mente que, em geral, as rmas oligopolistas discutem suas estruturas de custos. Quando todas as empresas de um oligoplio possuem a mesma participao no mercado, elas podem agir como um bloco monopolista, xando um preo comum e mantendo a diviso equivalente do mercado. Isso ocorre quando h um funcionamento perfeito do cartel.60

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Unidade IIEm geral, o oligoplio possui uma rma que domina o mercado e inmeras pequenas rmas concorrem pela fatia restante. A rma dominante tanto pode ter os custos mais baixos, quanto ser a maior rma do mercado. A entrada limitada, e a rma dominante no se preocupa se as rmas menores vo assumir uma parte signicativa desse mercado. O modelo de liderana de preos consiste na empresa dominante determinar o preo de modo a maximizar o lucro, respeitando a estrutura de custos das outras empresas e levando em conta o efeito de seu preo sobre a oferta de inmeras empresas menores, diferente do monoplio, porque controla apenas uma fatia do mercado. As empresas-satlite seguem as regras estabelecidas pelas empresas lderes. O oligoplio pode oferecer produtos substitutos perfeitos entre si; tem-se o oligoplio com produtos homogneos ou oligoplio puro (indstria de cimento). O oligoplio diferenciado constitui-se de um grupo de empresas produzindo ou vendendo produtos ligeiramente diferentes em sua composio de apresentao ao pblico consumidor (indstria automobilstica). Existem dois modelos principais de oligoplio, que se diferenciam quanto aos objetivos da empresa oligopolista: o modelo clssico de oligoplio e o modelo de mark-up. O modelo clssico de oligoplio aquele preconizado pela teoria marginalista, em que o objetivo da empresa a maximizao dos lucros pela igualdade entre receita marginal e custo marginal: (RMg = CMg). As empresas nesse tipo de oligoplio so interdependentes; logo, a deciso de uma rma inui no comportamento econmico das demais. Nos modelos de mark-up, o objetivo da rma a maximizao do mark-up (diferena entre a receita de vendas e os custos diretos de produo). Se o preo determinado pela rma, sem levar em conta a demanda, a poltica de preos dessa empresa se fundamenta em seus custos. Ento, o preo cobrado pela empresa nesse modelo calculado da seguinte forma: p = (1 + m).C Em que: p: preo do produto. C: custo unitrio ou custo varivel mdio. m: taxa de mark-up (porcentagem sobre os custos diretos): deve cobrir os custos xos, os custos diretos e a margem de rentabilidade desejada pela empresa. A denio do mark-up depende do grau de monoplio do setor, isto , da capacidade das rmas de impedir a entrada de concorrncia nesse mercado. Alm disso, preciso ter em mente que as empresas 66

ECONOMIA E MERCADOdenem seus preos baseadas em seus custos e, portanto, no so interdependentes, no sofrendo inuncia do comportamento das concorrentes.4.4 Concorrncia monopolista ou imperfeita Tal como a concorrncia perfeita, a concorrncia monopolista uma estrutura de mercado que se caracteriza pela existncia de um grande nmero de empresas. A principal diferena entre um mercado em concorrncia monopolista e concorrncia perfeita que o primeiro se refere a produtos diferenciados, enquanto o segundo diz respeito a produtos homogneos.61

Cada empresa possui uma pequena porcentagem do mercado total, de tal sorte que cada rma tem um controle apenas limitado sobre o preo de mercado. O fato de existir um nmero relativamente grande de empresas impede a ao de uma rma ou de um grupo de rmas para restringir a produo e xar preos. Como existem muitas empresas nesse mercado, no existe interdependncia perceptvel entre elas. Cada empresa estabelece a prpria poltica de preos sem levar em conta as possveis reaes das empresas rivais. Outra caracterstica fundamental da concorrncia monopolista que as empresas possuem segmentos de mercado e produtos diferenciados, seja pelos atributos do produto, servio ao cliente, seja pela localizao e facilidade de acesso, servios ps-venda, entre outros. Como existe a diferenciao dos produtos, cada empresa tem certo poder sobre os preos, mas esse poder limitado, j que existem produtos substitutos prximos no mercado, o qual competitivo, porm, cada produtor possui certo poder monopolista sobre o preo de seu produto. A demanda , portanto, negativamente inclinada.4.5 O grau de concentrao econmica

Para avaliar o grau de concentrao econmica no mercado, utiliza-se normalmente a proporo do valor do faturamento das quatro maiores empresas de cada setor de atividade sobre o total faturado no setor. Quanto mais prximo de 100%, maior o grau de concentrao do ramo de atividade analisado. Assim, as quatro maiores rmas do setor abarcam quase a totalidade do faturamento. Por outro lado, quanto mais prximo de 0%, menor o grau de concorrncia do setor. Portanto: Mercado: o lugar onde convergem a procura e a oferta de um bem e onde se determina o preo pelo qual esse ser vendido e sua respectiva quantidade.61

Disponvel em: .

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Unidade IIPreo de equilbrio ou preo de mercado: aquele que iguala a oferta procura, ou seja, o preo pelo qual os bens sero vendidos. Importncia do mercado no sistema econmico: o mercado, por meio do sistema de preos, aloca os escassos recursos para produzir certa quantidade de bens e de servios, que correspondem a um nvel de satisfao das necessidades das pessoas, o nvel ou padro de vida.

Saiba mais Para saber mais sobre o assunto leia: ROTH, J. L. Custo Brasil. Por que no crescemos como outros pases. 1. ed., So Paulo: Editora Saraiva, 2006.

Resumo Como objetivos especcos, nesta unidade, espera-se que voc tenha adquirido conhecimento sobre a utilizao das teorias de demanda e oferta, entendido a importncia do equilbrio de mercado, a utilizao dos conceitos de produo e custos e os modelos e aspectos das estruturas de mercados. Exerccios Questo 1. (Adaptada do ENADE 2009 Economia) A elasticidade-preo62 da demanda captura a resposta da demanda de um determinado bem ou servio s variaes em seu preo. A elasticidade tende a ser maior: A) para carnes em geral do que para carne de frango. B) para colgios privados do ensino mdio do que para escolas privadas de lngua estrangeira. C) para gasolina no curto prazo do que para gasolina no longo prazo. D) para ingressos para partidas de futebol do que para ingressos para partidas de basquete, no Brasil.A elasticidade-preo , em ltima anlise, o entendimento de como demanda ou oferta reagem variao do preo da mercadoria; assim, uma demanda ou oferta so consideradas elsticas quando uma variao pequena no preo da mercadoria leva a uma variao substancial, respectivamente, na quantidade demandada ou ofertada.62

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ECONOMIA E MERCADOE) para os produtos do setor de bebidas do que para os produtos de higiene pessoal. Resposta correta: alternativa E. Anlise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justicativa: carnes em geral formam um grupo que inclui carnes de elasticidade-preo de demanda mais inelstica do que carne de frango, por exemplo, carne bovina de segunda. B) Alternativa incorreta. Justicativa: o ensino mdio um bem mais necessrio por ser mais fundamental do que o conhecimento de lngua estrangeira, o qual, por sua vez, um bem mais desejvel, anal, tende a ser um valioso diferencial ao agente, em especial, em economias abertas. Portanto, dada essa relao entre mais fundamental (ensino mdio) e mais desejvel (lngua estrangeira), a demanda do ensino mdio menos elstica do que a demanda por ensino de lngua estrangeira. C) Alternativa incorreta. Justicativa: a demanda por gasolina no curto prazo um bem mais necessrio do que no longo prazo, pois no curto prazo h menor capacidade de substituio da gasolina do que, provavelmente, se espera existir (pelo desenvolvimento de alternativas) no longo prazo. Portanto, dada essa relao entre a condio de menos substituvel no curto prazo e sua expectativa de mais substituvel no longo, a demanda por gasolina mais inelstica no curto prazo do que no longo prazo. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o futebol, na sociedade brasileira, menos dispensvel ao lazer do que o basquete, afinal, todos sabem que o brasileiro tpico no vive sem futebol e, portanto, pagaria qualquer preo para ir deciso do campeonato para ver seu time. J no podemos dizer o mesmo do basquete aqui no Brasil. Portanto, o basquete tem demanda mais elstica por ingressos do que o futebol. E) Alternativa correta. Justicativa: a higiene pessoal um bem necessrio no limite do indispensvel. Portanto, os produtos desse setor apresentam demanda menos elstica que no setor de bebidas que so desejveis, contudo, no so to necessrias. Questo 2. (Adaptada de ENADE 2009 Economia) Com respeito ao monoplio, considere as armativas: 69

Unidade III. Existe um incentivo para o monopolista realizar discriminao de preos. II. Se o monopolista puder cobrar preos diferentes em dois mercados distintos, ele cobrar um preo mais baixo no mercado com demanda menos elstica, ou inelstica.63 III. O preo de equilbrio do monoplio ser menor que o do mercado em concorrncia perfeita, e o nvel de produo, superior. IV. Para denir o volume ideal de produo, o monopolista o aumentar, at que se iguale a receita marginal e o custo marginal, assim, o seu lucro estar aumentando. Esto corretas somente as armativas: A) I, II e IV. B) I e IV. C) II, III e IV. D) I, III e IV. E) II e III. Resoluo desta questo na Plataforma.Demanda ou oferta so consideradas inelsticas quando uma variao substancial no preo da mercadoria leva a uma variao menos substancial, respectivamente, na quantidade demandada ou ofertada.63

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