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Renato Henrichs entrevista o prefeito José Ivo Sartori | Roberto Hunoff analisa a desaceleração da inflação | Desventuras do Homem Vulcão | Costumes do vendedor de chapéus | Ambientes de trabalho alternativos VAI VIRAR ENERGIA Como Caxias do Sul planeja lucrar (financeiramente e ambientalmente) com aquilo que joga fora Caxias do Sul, janeiro de 2010 | Ano I, Edição 5 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S2 |D3 |S4 |T5 |Q6 |Q7 |S8 GLÓRIA GRENÁ Dez anos depois, a história do maior título do Caxias recontada em detalhes Maicon Damasceno/O Caxiense

Edição 5

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Como Caxias do Sul planeja lucrar (financeiramente e ambientalmente) com aquilo que joga fora

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Page 1: Edição 5

Renato Henrichs entrevista o prefeito José Ivo Sartori | Roberto Hunoff analisa a desaceleração da inflação | Desventuras do Homem Vulcão | Costumes do vendedor de chapéus | Ambientes de trabalho alternativos

VAI VIRARENERGIAComo Caxias do Sul planeja lucrar (financeiramente e ambientalmente) com aquilo que joga fora

Caxias do Sul, janeiro de 2010 | Ano I, Edição 5 | R$ 2,50Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

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GLÓRIA GRENÁ

Dez anos depois, a história do maior

título do Caxias recontada em detalhes

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GLÓRIA GRENÁ

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Inflação termina 2009 em desaceleração em Caxias

Vanguarda ambiental | 5Como o nosso lixo irá gerar energia, adubo e, consequentemente, econo-mia

Modas e costumes | 8A longa trajetória do vendedor de chapéus

Local de trabalho | 10Quando o escritório tradicional deixa de ser o endereço profissional

Aventuras circenses | 12O dia em que o público não aplaudiu o engolidor de fogo

Guia de Cultura | 14Lula no shopping, blues na estação e circo na perimetral

Artes | 16Imagens nos outdoors, pinceladas na memória e uma garota em busca de traços

Guia de Esportes | 17Vôlei, futebol e esportes náuticos dão a largada de 2010

Emoções grenás | 18Washington passa por Caxias e pensa no retorno ao Centenário

Ambições alviverdes | 21Juniores vão a SP inspirados por um craque do passado

Renato Henrichs | 23José Ivo Sartori fala de contas, planos e equívocos

VíDEOS(Acompanhe vídeos, áudio e fotos em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

FOTOS

MAPA

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

@leandroucs @ocaxiense Adoro as suas postagens aqui no Twitter! Me informo muito por aqui. Continuem assim!Leandro Magalhães às 11h28 de 28 de dezembro

ORKUT

Era o que faltava em Caxias do Sul. Um jornal que nas matéria do esporte tivesse apenas a dupla CA-JU. Vocês estão de parabéns! Sem contar as matérias com links para áudios e fotos!

Daniel Dalsoto, 29 de dezembro

PLURK(Acompanhe em www.plurk.com/ocaxiense)

Vocês estão de parabéns pela iniciativa, é muito saber das novida-des em primeira mão.

Vera Lucia Mariani da Silva, às 16h de 29 de dezembro

E-MAIL(Escreva para [email protected])

Gostariamos de parabenizar toda a equipe do jornal O Caxiense pela matéria realizada sobre o Encanto de Natal de Ana Rech. O con-teúdo das entrevistas foi pontual e todos os quesitos abordados foram de muita pertinência, tornando a matéria bastante esclarecedora.

Exemplos como o de vossos profissionais engrandecem o jornalis-mo em nosso Estado e em nossa cidade.

Nei Alexandre Rech, Bairro Ana Rech

Erramos | A fotografia sobre asfaltamento no interior (Onde vamos inves-tir em 2010) publicada na página 5 da última edição é de Cristofer Giacomet, e não de Luiz Chaves.

www.OCAXIENSE.com.br

l A terra tremeu novamente em Caxias do Sul. Cachor-ros latiram, janelas abriram e as pessoas ficaram assustadas com o tremor e barulhos. Assista a um mini documentário de 7min20s com depoimento de quatro moradores do bairro Jardim América.

l O Hospital Pompéia será ampliado. A nova estrutura abri-gará o PET-CT, q e tem a função de função de mapear o corpo com maior precisão visual. São dois vídeos, o primeiro mostra a ampliação do Hospital e o segundo o funcionamento do aparelho.

O Caxias venceu o Santa Cruz no Estádio dos Plátanos em um dia de muito calor. Veja as imagens da equipe grená em campo.

O Litoral Norte recebe os caxienses que procuram um refúgio no feriado de Ano Novo. Confira no mapa as praias e as condições de banho.

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andre-atta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita. Comercial: Leandro TrintinagliaAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

2 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .2 a 8 de janeiro de 2010O Caxiense

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w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 32 a 8 de janeiro de 2010 O Caxiense

A SemAnAAbalos apavoraram o bairro Jardim América; cooperativas vitivinícolas tiveram boas e más notícias

SEGUNDA | 28 de dezembro

QUINTA | 31 de dezembro

SEXTA | 1° de janeiro

Comércio

Vitivinicultura

Tremores

Finanças

Contas

Conselho Tutelar

Ensino

Casas Bahia encerra ativi-dades no Estado

União de 5 cooperativas investirá R$ 30 milhões

Terra voltou a tremer

Cooperativa Forqueta tenta recuperar prédio

Câmara devolve quase R$ 4 milhões à prefeitura

Candidatos devem frequen-tar curso preparatório

Pedágios não serão reajustados

As cinco lojas da rede Casas Bahia que ainda funcionavam no Rio Grande do Sul foram fechadas no feriado de Natal. Dentre elas a localizada na Avenida Júlio de Cas-tilhos, 1906, no Centro, em Caxias do Sul, que determinou a demissão de 62 trabalhadores. No Estado todo são perto de 250 dispensas.

A decisão do fechamento das lojas é atribuída à lavratura pela Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul de 45 autos de infração no valor total de apro-ximadamente R$ 52 milhões.

A gerência local da Casas Bahia agendou para a primeira semana de janeiro, junto ao Sindicato dos Comerciários, as homologações de 32 demissões do seu quadro de 62 funcionários. Este grupo tem mais de um ano de carteira assinada.

Cinco organizações formarão a Central Cooperativa Nova Aliança. Serão investidos R$ 30 milhões na construção de nova planta de vinifi-cação na cidade de Flores da Cunha.

O empreendimento, que deve ser consolidado no início de 2011 terá capacidade de processamento de até 30 milhões de quilos de uvas, que serão transformados em su-cos, espumantes e vinhos finos.

A terra voltou a tremer forte no bairro Jardim América. A primei-ra série de tremores ocorreu às 5h, mas não foi tão forte. Às 9h ocorreu novo e mais forte tremor de ter-ra, seguido de três mais fracos.

Conforme o chefe do Observató-rio de Sismologia da Universidade da Universidade de Brasília (UNB), George Sand França, não há motivo para preocupação e os equipamentos do Observatório não registraram nenhum abalo em Caxias do Sul. O tenente-coronel Francisco Barden da Rosa, presidente da Comissão Municipal de Defesa Civil e coman-dante do 5º Comando Regional de Bombeiros, assegura que a comu-nidade não está correndo risco.

A Cooperativa Vitivinícola For-queta espera ver encaminhada nos primeiros dias de janeiro uma solução para sua delicada situa-ção financeira, que lhe custou, em dezembro, a perda de seu prédio em dois leilões. O problema resume-se, em essência, a um passivo fiscal e tributário com os governos da União e do Estado. O imóvel fica no dis-trito de Forqueta e o prédio em que

Edio Elói Frizzo apresentou a prestação de contas de 2009 da Câmara de Vereadores. De acor-do com as contas do Legislativo, a receita projetada para 2009 foi de R$19.764.010, sendo que os repasses realizados pelo executivo foram de R$ 18.719.217, até o mês de novem-bro. O depósito do valor referente ao último mês do ano fica nos cofres públicos. Isso porque os recursos não utilizados pela Câmara chegaram ao valor de R$ 4.400.927,55, mas, por conta do duodécimo de dezembro, o cheque entregue à prefeitura na quarta-feira foi de R$ 3.394.513,02.

entre janeiro e fevereiro. Os recur-sos são provenientes do Projeto Amigos do Pompéia, que viabilizou a obra de 191,69m², totalizando um investimento de R$ 366.280,00.

Os candidatos a conselheiros tutelares para 2010 deverão pas-sar por um curso preparatório. A medida é uma decisão do Conselho Municipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente (Comdica). O curso está marcado para ocorrer entre 18 e 19 de janeiro, na UCS. O investimento é de R$194,00.

Um impasse entre governo esta-dual e federal fez com que o índice de reajuste dos pedágios concedidos, que normalmente começa a valer no primeiro dia do ano, ainda não esteja decidido. As quatro praças de pedágio da Serra – São Marcos, Vila Cristina, Flores da Cunha e Farrou-pilha – manterão o preço estipulado no dia 1º de janeiro de 2009. Veículos de passeio continuam pagando R$ 6. O único que sofreu reajuste foi o de Gramado (1,49%), por ser forma-do apenas por rodovias estaduais.

QUARTA| 30 de dezembro

TERÇA | 29 de dezembro

InfraestruturaHospital Pompéia será am-pliado

O Hospital Pompéia está em obras. Uma nova ala está em construção com espaço para abrigar o PET-CT, sigla em inglês para Tomografia por Emissão de Pósitrons e Tomografia Computadorizada. A ampliação do Pompéia, iniciada em setembro, terá sua primeira fase completada

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As cooperativas Aliança e São Vic-tor, de Caxias do Sul; Linha Jacinto, de Farroupilha; e São Pedro e Santo Antônio, de Flores da Cunha, querem garantir sobrevivência e ganhar maior presença no mercado de vinhos.

Gigante do varejo no país, a Casas Bahia fechou suas cinco lojas no Estado, entre elas a da Avenida Júlio de Castilhos, no Centro

é feita a vinificação também abriga um museu, aberto ao público, com documentos e objetos que resgatam a história da imigração italiana.

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A Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, espera que 37 mil pessoas visitem a região no período de janeiro a março para colher uvas, degustar vinhos e participar de eventos típicos para celebrar a nova safra. A expectativa de crescimento de 15% so-bre as 32 mil pessoas recebidas no primeiro trimestre de 2009 se baseia no movimento registrado no inverno deste ano.

Expansão turística

Roberto [email protected] | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff

Em 2004, quando chegou com grande alarde ao Rio Grande do Sul, a Casas Bahia abriu 29 lojas em 19 municípios e prometeu revolucionar o comércio gaúcho. Ficou na promessa como tantas outras que quiseram impor seu estilo de vendas ao consumidor do Rio Grande do Sul. Por aqui é preciso mais do que apenas preço. É necessário atendimento de qua-lidade. O resultado foi a demissão de 250 comerciários no Estado, dos quais 62 em Caxias do Sul. A rede ainda mantinha cinco lojas em atividade no estado.

Com o objetivo de motivar os consumido-res a comprarem nos primeiros meses do ano, entidades do comércio de Caxias do Sul e do Estado lançam a campanha Verão Premiado. A apresentação da campanha desenvolvida pela Câmara dos Dirigentes Lojistas local e Federação Estadual, com patrocínio da Prefeitura de Caxias do Sul, será na terça-feira, 5, às 9h30. Estrutu-ração e metas serão expostas pelo presidente da CDL Caxias, Luiz Antônio Kuyava, e pelo diretor de economia e estatística da entidade e represen-tante da FCDL-RS, Miguel Fortes.

Prêmios para motivarA Federação Estadual estima a participação

de 45 mil lojistas de cerca de 300 municípios na campanha que se estenderá de 5 de janeiro a 10 de março de 2010. Até o ano passado, a iniciativa em Caxias do Sul limitava-se ao mês de feve-reiro. O presidente da entidade, Vítor Augusto Koch, projeta que a campanha movimentará R$ 600 milhões, gerando R$ 120 milhões de ICMS. Serão distribuídos aos lojista 12 milhões de cupons, por meio dos quais os consumidores concorrerão a mais de 150 prêmios, incluindo automóveis, motos e TVs, entre outros produtos.

O ano de 2009 fechou com chave de ouro para os supermercadistas gaúchos. Os dados preliminares liberados pela Associação Gaú-cha de Supermercados (AGAS) mostram que os supermercados do Estado obtiveram acréscimo de 10% nas vendas de Ano-Novo na comparação com o mesmo perío-do de 2008. Aliado ao crescimento de 9% registrado no desempenho no Natal, o fim de ano de 2009 é um dos mais positivos para o setor na década. Ao contrário do período pré-natalino, quando a área de não-alimentos, como eletroeletrônicos, brinquedos e têxteis, impulsionou o crescimen-to das vendas, os produtos que puxaram os bons resultados no Ano-Novo foram, pela ordem, cervejas, refrigerante, espumantes, carnes suínas e lentilha. Destaque para a expansão de 30% nas vendas do espumante moscatel nacional. O presidente Antônio Cesa Longo estima que dezembro represente incremento de R$ 320 milhões às vendas do setor no Estado. Com base no desempenho de dezembro, o crescimento do setor supermer-cadista no Estado deverá ser de 5% em 2009, sendo que 23% dos supermercados gaúchos deverão ampliar o número de lojas em 2010. Para atender a demanda do Natal e Final de Ano os supermer-cados contrataram 2 mil pessoas.

O Índice de Preços ao Consumi-dor (IPC) de Caxias do Sul encerra 2009 em processo inflacionário de-sacelerado. É o que revela o índice de difusão do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES) da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Quanto mais elevado o índice, mais acele-

rada está a inflação. Em dezembro foi apurado o menor índice do ano, na casa de 36,3%. O mais elevado foi registrado em março, 46,5%. O índice é o percentual dos subi-tens que compõem o estudo que sofreram aumento de preço num determinado mês na comparação com o imediatamente anterior.

Estímulo às Compras Riso solto

O Governo do Estado estima que a receita do ICMS de de-zembro alcance R$ 1,425 bilhão, superando a projeção inicial de R$ 1,383 bilhão. Será a única vez no ano que o Estado terá receitas mensais maiores de ICMS do que as previstas no Orçamento. Com esse resultado, o ICMS total arre-cadado no ano será pouco superior a R$ 15 bilhões, apenas 5% abaixo da previsão orçamentária de R$ 15,8 bilhões, mas praticamente nos mesmos patamares da arrecadação de 2008. Sinal de que houve choro exagerado no decorrer do ano.

A Keko, fabricante caxiense de acessórios para veículos utilitários, será a fornecedora oficial de capotas marítimas da nova Saveiro da Volkswa-gen. O processo foi aprovado diretamente na sede da montadora na Alemanha, gerando ampliação de 12% no faturamento da empresa caxiense. O fornecimento das capotas para a linha de montagem da VW se inicia em janeiro, gerando a contratação imediata de 20 pessoas para essa área. Em 2010 o quadro da Keko terá acréscimo de 30 pessoas, totalizando 430 funcio-nários. O incremento dá continuidade ao projeto de crescimento da Keko e faz parte do chamado “Plano 100”, como a empresa trata internamente sua intenção de chegar a um faturamento de R$ 100 milhões em 2010, registrando crescimento de 41% sobre 2009.

O governo do Rio Grande do Sul estimou para dezembro receita líquida disponível de R$ 1,499 bilhão, descontados os valores que precisam ser repassados aos municípios. Já as despesas che-garão a R$ 1,890 bilhão, gerando déficit mensal de R$ 391 milhões. Segundo a Secretaria da Fazenda do Estado isto deve-se, principalmente, às despesas do pessoal em função do pagamento do 13° salário.

As Empresas Randon colocaram no ar o portal corporativo www.randon.com.br com informações de suas sete organizações. O portal tem links que direcionam aos sites de cada uma das empresas. As práticas corporativas relativas à sustentabilidade são apresentadas nas áreas social, ambiental e negócios, inclusive com link próprio para o Instituto Elisabetha Randon, criado com o objetivo de desenvolver ações de responsabilidade social para a comunidade. O portal conta ainda com espaço para publicações, relação com investidores, sala de imprensa e hotsite para o Memorial Randon, onde há toda a trajetória da empresa ao longo dos 60 anos de existência.

Arrecadação em alta

Força do consumidor

Carteira ampliada

Déficit mensal

Comunicação qualificada

Inflação contida

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Acima da médiaO IPC de Caxias do Sul fechou em

5,19%. Na comparação com o ano passado, 7,90%, recuou quase três pontos percentuais, mas acima dos 4,47% de 2006. E ficou acima dos demais indicadores inflacionários do País. No acumulado de 12 me-ses, sem incluir dezembro, o mais próximo ao IPC foi o IPCA, medi-do pelo IBGE, que soma 4,22%. Já o IGP-DI, da Fundação Getúlio Var-gas, teve recuo de 1,76% no mes-mo período. O IPC da Fipe atin-giu 3,64% e o IPC, do IEPE, 3,65%.

Vilões dos caxiensesOs itens que fazem parte do grupo

de consumo saúde e higiene pessoal foram os responsáveis pela elevação do custo de vida do caxiense. Es-tes produtos tiveram reajustes, no ano, de 19,67%. Muito perto esti-veram os itens que integram a cesta da educação, leitura e recreação com 16,18%. A situação foi compensa-da pela redução de 1,34% nos pre-ços dos produtos alimentícios. O aumento do vestuário foi de 6,01%; transportes, 5,47%; despesas di-versas, 2,64%; e habitação, 1,97%.

Por conta da queda nos preços dos alimentos, a Cesta de Produtos Bási-cos do caxiense apresentou variação de apenas 2,02% em 2009. Em valores absolutos foi preciso desembolsar R$ 491,86 em dezembro, menos de R$ 10 do necessário no mesmo mês de 2008.

Pelo estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS, os pro-dutos alimentares tiveram declínio de 0,02% na composição da cesta básica, enquanto os não-alimentares aumen-taram 10,81%, pressionados pelos cigarros, com 36% de reajuste.

Alimentos mais baratos

Índice de difusão do IPC (em %)Fonte: Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS

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Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

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por GRAZIELA [email protected]

uem visita ou simplesmente observa uma imagem do aterro santiário de São Giácomo não consegue ter ideia do que ele guarda. O lugar é bonito. Fica em uma área de 12 hectares com colinas cobertas de grama e cercada por árvores. E é aparentemente tão agradável que atrai até quero-queros para fazer seus ninhos. Seria a paisa-gem perfeita se esses montes não tives-sem origem em pilhas e pilhas de lixo enterrado. Na verdade, 1,5 milhão de toneladas de lixo.

É difícil até encontrar um compara-tivo para se tentar vizualisar toda essa quantidade. Afinal, são 1,5 bilhão de quilos. Talvez ajude dizer que é todo o resíduo orgânico e uma parte do se-letivo descartados em Caxias do Sul desde 1989 e levados diariamente para o mesmo lugar. Em alguns pontos, a camada de lixo chega a ter 60 metros de profundidade.

Tanta matéria orgânica em decom-posicão produz uma infinidade de gases, sendo que o principal deles é o metano, um dos mais nocivos à cama-da de ozônio. Para tentar minimizar os prejuízos ambientais, esse material é queimado assim que entra em conta-to com o ar, em aproximadamente 70 chaminés instaladas em toda a exten-são do aterro. Claro que queimar não é a melhor solução, porque gera gás carbônico, mas ele é 21 vezes menos prejudicial do que o metano.

A boa notícia é que esse aterro deve ser encerrado no primeiro trimestre de 2010, quando entrará em funcio-namento a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) Rincão das Flores, situada quase na divisa com São Fran-cisco de Paula, a quatro quilômetros do presídio regional. Nesse novo local também haverá resíduos e produção de gás. A diferença é que lá o lixo ga-nhará uma utilidade: será usado para gerar energia elétrica.

A novidade vai colocar Caxias na vanguarda das cidades com iniciativas benéficas ao meio ambiente e pode, também, se transformar em receita ao município. Toda a energia gerada – ainda não há como quantificá-la – será disponibilizada para as operadoras de eletricidade, que precisarão pagar para usar esse recurso.

Fazer o lixo virar energia e lançá-la na rede elétrica pode parecer complicado para um leigo entender e até acreditar – soa quase uma das in-venções do professor Pardal –, mas é tudo “muito simples” para o geólogo Nerio Jorge Susin, diretor-geral da Se-cretaria Municipal do Meio Ambien-te (Semma) e coordenador do projeto do novo aterro. Ele explica que a CTR Rincão das Flores já foi planejada para extrair do lixo seu potencial energé-tico, reduzindo os danos ambientais causados pelos resíduos e dando uma utilidade a eles. E garante: “Não é nada tão absurdo que Caxias não possa fa-zer. E Caxias vai fazer”.

Simplificadamente, o gás será ex-traído por meio de chaminés, seme-lhantes às que existem hoje em São Giácomo. Elas devem ser instaladas entre os resíduos com distâncias de

Fontes alternativas

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Rafael Navajas informa que São Giácomo tem 1,5 milhão de toneladas de lixo

LIXO,UMA MONTANHA

Projetos em andamento irão transformar aterros caxienses em usinas elétricas, gerando renda e, o que é mais importante, benefícios ambientais

DE ENERGIA

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aproximadamente 25 metros uma da outra. Como os gases produzidos du-rante a decomposição do lixo são mais leves que o ar, eles subirão por essas chaminés. Mas, em vez de queimados, como ocorre hoje, se-rão conduzidos, atra-vés de canalizações, para uma estação onde serão usados na gera-ção de eletricidade.

Claro que no meio desse caminho entre os resíduos e o gerador de energia ocorrerão processos tecnológi-cos e sofisticados para colocar os gases na temperatura adequa-da, medir suas quan-tidades e purificá-los – este último, um processo que consiste em retirar da composição elementos corrosivos, como o enxofre, que poderia danificar os motores. “Já existe tecnologia para fazer tudo isso sem complicações, e o município está preparado desde a fase de planejamento do novo aterro, quando foi decidido que ele teria tec-nologia para produzir eletricidade.”

E não será pouca energia. Ca-xias produz atualmente 340 toneladas de lixo orgânico por dia. Isso equiva-le a aproximadamente 50 caminhões de coleta lotados. Em um ano, tempo aproximado para o lixo começar a li-berar os gases resultantes da decom-posição, será possível produzir com a ajuda desses resíduos, segundo cálcu-los da Semma, 1 Megawatt (MW) de energia. A expectativa é de que esse número possa triplicar em três anos, quando a produção poderá atingir a mesma marca de uma Pequena Cen-tral Hidrelétrica, que tem sido um dos principais recursos de geração elétri-ca. É suficiente para abastecer cerca de 9 mil moradias, conforme estimativas da Semma.

Susin explica que, para essa geração, ainda será necessário instalar equipa-

mentos que não fazem parte das obras da Central de Tratamento de Resídu-os. Mas, como o projeto original já foi concebido para produzir eletricidade, o geólogo acredita que o custo não

será muito elevado. “Não tenho como te dizer quanto vai cus-tar porque é necessário fazer alguns estudos e desenvolver proje-tos. Mas como o novo aterro já foi construí-do para gerar energia, acredito que com pou-co mais de R$ 500 mil já seja possível colocar em funcionamento o projeto energético.”

O geólogo acrescenta ainda que, além da eletricidade, a cen-tral de Rincão das Flores irá produzir adubo orgânico. Uma estação de com-postagem converterá parte dos resídu-os, que poderão ser usados em proje-tos municipais ou até comercializados para a indústria. “Está tudo preparado para que o municipio tenha condições de o mais breve possível estar produ-zindo adubo e energia.”

Como o aterro será administra-

do pela Codeca, a companhia incluiu no seu planejamento estratégico para 2010 a realização de um estudo para definir a melhor maneira de colocar o projeto em prática. Rafael Navajas, engenheiro civil da empresa, espera que até o final do ano se chegue à con-clusão sobre qual deve ser a melhor maneira de aproveitar os resíduos de-positados na CTR.

Navajas explica que o objetivo prin-cipal de tudo isso é aproveitar ao má-ximo o lixo causando o menor dano possível ao meio ambiente. Medidas como a compostagem e a geração de energia são apenas integrantes de um plano maior para reduzir o volume de descarte que acaba sendo enterrado sem utilidade alguma.

No novo aterro o lixo deve passar

por uma triagem prévia em vez de ser simplesmente aterrado. 20% devem ser encaminhados às associações de recicladores; 50% devem ser aprovei-tados na geração de energia e com-postagem e apenas 30% serão aterra-dos. “Nós vamos separar os resíduos conforme o aproveitamento que eles podem ter. Hoje, a estimativa é de que 20% do total do peso do lixo que vai para o aterro de São Giácomo seja re-ciclável ou reaproveitável, mas acaba sendo aterrado junto com o resto. Em Rincão das Flores, esse material será separado e encaminhado para as cen-trais de recicladores.”

Com a redução na quantidade de orgânico inutilizável, a vida útil do aterro, hoje estimada em 50 anos, triplicaria. “Com isso, não se resolve totalmente os problemas ambientais causados pelo lixo, mas se reduz bas-tante.”

Nem todos esses custos estão pre-vistos no Orçamento do Município para 2010. Mas Navajas informa que há financiamentos e interesse tanto no setor público quanto nas instituições priva-das de se apoiar essas iniciativas. “Já nos in-formamos e sabemos que há dinheiro para isso. Não se vê muitos projetos sendo coloca-dos em prática porque faltam iniciativas das prefeituras. E esse não é o caso de Caxias.”

Par a lel a men te

ao projeto de Rin-cão das Flores, a prefeitura e a Codeca também trabalham na possibilidade de gerar energia elétrica no aterro de São Giácomo. Estudos apontam que a produção de gás nesses locais atinge seu pico um ano após o encerramento das atividades, o que irá acontecer no primeiro trimestre de 2011.

Esse potencial foi atestado em Ca-xias pela United States Environmen-

tal Protection Agency, que fez um estudo no aterro sanitário em 2007 e entregou o documento com as conclu-sões da pesquisa à prefeitura no ano seguinte. Conforme o relatório dessa insituição, o gás liberado pela decom-posição dos resíduos lá poderia gerar pelo menos 1 MW de energia. E no próprio documento produzido pelo órgão é considerada a possibilidade de que o rendimento seja maior, já que o estudo é “teórico e conservador”.

Ainda segundo esse relatório, a implantação de um sistema de apro-veitamento energético seria econo-micamente viável, pois sustentaria a produção de eletricidade por pelo me-nos 14 anos. Depois desse período, a produção passaria a cair até se tornar inviável.

A Codeca, no entanto, aposta que o potencial seja bem maior do que esse. Afinal, as cerca de 70 chaminés que liberam os gases decorrentes da de-composição ficam acesas 12 horas por dia – são acionadas, aproximadamen-te, 35 em cada turno. Por causa dessa

certeza, foi firmada uma parceria com a Eletrobrás, a maior companhia do setor de energia elétrica da América Latina, con-trolada pelo governo brasileiro.

O diretor-presidente da Codeca, Adiló An-gelo Didomenico, re-vela que as tratativas com a Eletrobrás co-meçaram a ser feitas ainda em 2006, foram

interrompidas em 2008 devido a pro-blemas internos da companhia ocorri-dos no Rio Grande do Sul, mas reto-madas no início de 2009. Desde então, funcionários da Eletrobrás se reúnem com o pessoal da empresa caxiense e fazem visitas técnicas a São Giácomo.

Adiló explica que a Eletrobrás tem interesse na energia gerada em São Giácomo por se tratar de um projeto

Central deTratamento de Resíduos Rincão das Floresdeve produzir,em um ano de funcionamento, 1 Megawatt de energia

“Não se vê muitos projetos sendo colocados em prática porque faltam iniciativas das prefeituras. E esse não é o caso de Caxias”, diz Navajas

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Cerca de 70 chaminés realizam a queima de gases produzidos pela decomposição dos resíduos

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de fonte alternativa de energia. Essa é uma das diretrizes do governo federal na tentativa de reduzir a dependência brasileira das termelétricas, devido ao alto grau de poluição que causam. “Eles precisam de energia alternativa e aqui em Caxias nós te-mos uma riqueza que poderia ser utilizada, mas está sendo quei-mada.”

A Eletrobrás contra-tou a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para fazer um estu-do de campo, já que a pesquisa do instituto norte-amercano é teó-rica. O objetivo é saber exatamente quanto gás é liberado em São Gi-ácomo e quanta energia isso deve ge-rar. “Tem muito lixo enterrado lá. Nós estamos apostando em uma produção energética maior do que aponta o estu-do que temos hoje e por uns 20 anos, pelo menos”, acrescenta Adiló.

Ainda não está definido quem irá financiar a implantação da usina de conversão do gás em eletricidade nem como será paga a manutenção. Mas o diretor da Codeca espera que a Eletro-brás banque todo o projeto, ou pelo menos a maior parte dele, e depois ainda divida os resultados da venda de energia com o município. “Acho justo, porque eles precisam de energia e nós temos a fonte”, argumenta.

Não há prazo para a implantação desse projeto. Mas Didomenico espera que até o final de 2010 já esteja defi-nido, pelo menos, como será feito o aproveitamento do gás produzido no aterro sanitário atual. Depois disso, ele

acredita que será mais fácil conseguir parcerias para implementar também o projeto de Rincão das Flores, que será muito mais simples, porque o local já foi concebido para gerar energia.

O diretor-presi-

dente da Codeca fala com orgulho desses dois projetos e, prin-cipalmente, do novo aterro, que foi desen-volvido exclusivamente por técnicos da prefei-tura e deve servir de modelo para o país. “Esse aterro novo vai ter estação de compos-tagem, tratamento dos gases, dos efluentes, ge-ração de energia. Não

sei se existe outro igual no Brasil.” E é nisso que ele aposta para fazer com que o lixo gerado em Caxias deixe de ser apenas uma despesa e uma preocu-pação para se transformar também em fonte de renda.

O diretor administrativo e finan-ceiro da Codeca, José Luiz Zechin, informa que o lixo custa hoje ao mu-nicípio cerca de R$ 2,81 milhões por mês, divididos entre a manutenção de São Giácomo, a coleta dos resíduos, a varrição e a capina. Em contraparti-da, a taxa de lixo, cobrada junto com o IPTU, consegue cobrir apenas metade desse custo.

A Codeca não espera conseguir arrecadar com a geração de energia dinheiro suficiente para abater todos os gastos gerados pelos resíduos. Mas Adiló Didomenico acredita em um rendimento suficiente para ajudar o município a modernizar seus sistemas

de recolhimento e destinação do lixo. “Nós não vamos ceder essa energia de graça. Iremos cobrar por ela. E, além disso, no momento em que estivermos produzindo eletricidade de fontes al-ternativas, Caxias estará habilitada para receber créditos de carbono, que costumam render um bom dinheiro a quem tem projetos importantes, como esse nosso, na área ambiental”, aposta.

Em uma visita técnica realiza-

da à Europa na metade de novembro, Didomenico, o engenheiro Rafael Na-vajas, o geólogo Nerio Susin e outros dois diretores da Codeca puderam conhecer de perto projetos inovado-res na área de destinação de resíduos e analisar quais das iniciativas pode-riam ser implantadas em Caxias.

Algumas delas, como a triagem do lixo antes de ser disposto no aterro, que é feita na Alemanha, já entrará em funcionamento na central de Rincão das Flores. Outras jamais poderiam ser aplica-das aqui devido ao alto custo que teriam. “A Comunidade Europeia tem uma legislação única para os resíduos, que eu consi-dero a mais avançada do mundo. Mas eles têm muito dinheiro. Trouxemos muito material para analisar e acredi-to que poderemos aproveitar algo”, diz Didomenico.

Navajas visitou uma planta de pro-dução de eletricidade e compostagem com resíduos orgânicos que usa um sistema de biodigestão, que acelera a

decomposição do lixo para gerar ener-gia. Mas isso custaria 100 milhões de euros.

Nerio Susin se impressionou com os métodos de incineração usados pelos europeus, que são obrigados a queimar o lixo por não possuírem áreas dispo-níveis para a construção de aterros, muito menos nas dimensões dos de Caxias – São Giácomo tem 12 hectares e Rincão das Flores terá mais de 250 hectares entre o aterro propriamente dito e a área de preservação. Mas esses sistemas de incineração custam apro-ximadamente 600 milhões de euros.

Aplicar isso aqui seria quase im-possível. Levando em conta que os recursos destinados a investimentos no Orçamento de Caxias do Sul para

2010 serão de R$ 128 milhões, seriam neces-sários dois anos para construir uma planta de biodigestão e no mí-nimo mais dez para o sistema de incineração. E isso se a prefeitura não investisse em mais nada.

Didomenico acredita que, no futuro, todos precisarão incinerar o lixo, inclusive Caxias do Sul. Mas estima

também que isso ainda está muito longe de acontecer. Até lá, talvez a ci-dade já tenha descoberto outras alter-nativas, além da geração de energia, capazes de transformar o lixo em algo tão rentável ao ponto de permitir que se implante aqui projetos e tecnologias que hoje podem ser vistas apenas de longe, como privilégios de primeiro mundo.

“Aqui em Caxias nós temos uma riqueza que poderia ser utilizada, mas está sendo queimada”,diz Adiló, da Codeca

Codeca firmou parceria com a Eletrobrás para que gás gerado em São Giácomopossa garantir energia por pelo menos 20 anos

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Por dia, Caxias produz 340 toneladas de lixo orgânico,o equivalente a 50 caminhões de coleta lotados

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por GRAZIELA [email protected]

á 20 anos, quando o empresário Nel-son Mario Rech Filho, 55 anos, decidiu transferir o escritório da empresa para a casa dele, o motivo era econômico. A moradia era grande e o terreno era espaçoso, o que facilitaria a mudança e reduziria os custos com telefone, se-gurança e deslocamento, por exemplo.

Assim, o escritório da Pratamil Aná-lise e Beneficiamento de Prata come-çou a funcionar em uma pequena peça da ampla residência. E a extração da prata passou a ser realizada no pátio, que também tinha lugar suficiente para o estacionamento dos carros da família e do caminhão da empresa.

Os filhos do empresário foram cres-cendo e se incorporando ao negócio que é conduzido por Rech com a ajuda da mulher, Guiomar Bam-pi Rech, 54 anos, e dos filhos Nelson, 27 anos, e Giovana, 19 anos. Cada um foi encontrando seu espaço na peça usa-da como escritório e o local, que poderia ter sido temporário, aca-bou se tranformando em sede definitiva. Mas ninguém achou ruim. Pelo contrário.

A empresa tem horário para começar a funcionar, às 8h45min, que é quando chega o único funcionário que não é de casa. Se um dos membros da famí-lia estiver acordado para abrir a porta ou atender o telefone já é suficiente. “A gente procura respeitar o horário por-que tem trabalho para ser feito. Mas se alguém quiser ficar um pouco mais na cama, não tem problema, nos reveza-mos”, revela Guiomar.

Esse não é o único conforto de quem trabalha a 10 passos da cozinha e tem o privilégio de poder passar o dia de abrigo ou de chinelo, sem se preocu-par com a impressão que isso causaria aos colegas de trabalho. “Nós ficamos muito à vontade mesmo”, diverte-se Giovana.

Se eles voltariam a separar casa e empresa? Dificilmente, responde Rech. Ele lembra que, além de continuar sendo uma alternativa econômica, essa unificação moradia-escritório é prática e todo mundo já se acostu-mou com a rotina. “Por estarmos em casa não precisamos nos preocupar com segurança, pois sempre tem al-

guém por perto. Não precisamos nos deslocar todos os dias para trabalhar. Podemos viajar tranquilos. É muito prático e confortável”, revela Rech.

Praticidade também foi um dos motivos que levaram a representante comercial Suelen Griebeler, 27 anos, a optar por não alugar uma sala para trabalhar. Como tudo o que ela preci-sa é um celular e um notebook, optou por não ter uma sede fixa. Há 12 anos, faz negócios assim: sem escritório, sem burocracia e, de preferência, na mesa de um café. “Tem uma frase que diz que negócios entre pessoas jurídicas são feitos por pessoas físicas. Por isso, priorizo ambientes agradáveis para fa-zer isso.”

E foi em um desses lugares, entre um cliente e outro, que ela recebeu a

reportagem, em uma mesa situada entre a janela e a estante de uma livraria-café. Sem chefe por perto, secre-tária ou o barulho de computadores e tele-fones tocando, Suelen conversou tranquila-mente enquanto bebia um café e acessava a in-ternet. “Viu por que eu não tenho escritório? Bem melhor trabalhar assim.”

Suelen é representante de uma em-presa que oferece infraestrutura para a instalação de redes de computadores, e nunca teve escritório. Sempre resolveu tudo em cafés ou restaurantes. “Eu pro-curo tirar o cliente do ambiente dele e levá-lo para um lugar mais neutro e agradável, que tenha rede de internet sem fio. Isso facilita o relacionamento, que é muito importante hoje em dia.”

A representante garante que a fór-mula que escolheu para trabalhar é boa tanto para ela quanto para seus clientes, que podem negociar mais à vontade longe das formalidades e bu-rocracias das corporações. “A minha primeira conversa é normalmente dentro da empresa. Depois, eu procuro transferir a negociação para um café. E a diferença nos clientes é visível. Faz bem para eles sair daquele ambiente corporativo, mais pesado”.

Suelen diz que trabalhar assim abre sua mente, porque a coloca em contato com diversas outras pessoas de interes-ses e ideias diferentes. “Muito negócios surgiram de conversas informais em cafés onde eu estava trabalhando. Isso

Ambientes de trabalho

“Se alguém quiser ficar um pouco mais na cama, não tem problema, nos revezamos”, conta Guiomar

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Para cortar custos, empresas encontram al-ternativas em salas alugadas por hora, cafés ou mesmo em casa

A representante Suelen negocia em cafés e restaurantes: “facilita o relacionamento”

ADEUS,ESCRITÓRIO

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jamais aconteceria se estivesse tranca-da dentro de um escritório. Acho que nunca mais conseguirei trabalhar as-sim”.

E ela não é a única a pensar dessa maneira. A mobilidade da inter-net e a dinamização do mundo corpo-rativo têm derrubado barreiras e também as paredes. O número de profissionais que deci-diram abolir os escritó-rios cresceu tanto que os empresários Gabriel Roberto Paniz, 31 anos, e Luciano Dossin, 32 anos, abriram um ne-gócio para atender jus-tamente essas pessoas. Eles trouxeram para Caxias um tipo de ser-viço cada vez mais uti-lizado em capitais como Porto Alegre e São Paulo: os escritórios virtuais.

Na verdade, eles não são tão virtuais assim, porque existem fisicamente. Os escritórios ficam normalmente em um prédio onde há diversas salas com me-sas, cadeiras, armários, linhas telefôni-cas independentes e rede de internet, além de salas de reuniões e de treina-mento com projetor e serviço de café. A diferença é que esses espaços não pertencem às pessoas que os utilizam, mas sim a uma empresa que os aluga por hora, por dia ou por mês, depen-dendo da necessidade do inquilino.

O aluguel tanto pode custar R$ 20, que é o valor para ocupar uma sala simples durante uma hora, quanto R$ 2,5 mil, que seria o gasto com o uso dos diferentes serviços e espaços dis-

ponibilizados durante um mês. “Eu costumo comparar a estrutura que a gente oferece à de um flat. Ele parece uma casa, mas tem toda a estrutura e os serviços de um hotel, e a despesa vai depender do tempo que a pessoa permanecer no lugar e do que ela irá consumir nele”, explica Dossin.

No escritório virtual, o locatário não preci-sa se preocupar com móveis, secretária ou telefone. A empresa que oferece o servi-ço disponibiliza tudo isso. E o usuário paga a conta depois con-forme os serviços que utilizou. “No momento que aluga o escritório virtual, a pessoa recebe uma linha telefônica exclusiva para utilizar

enquanto estiver aqui. Quando a linha dela tocar, a telefonista da nossa em-presa atenderá a ligação como se fosse da empresa de quem alugou o escritó-rio. Se o cliente quiser, não precisa di-zer que o escritório é virtual”, esclarece Paniz.

Quem já utiliza esse tipo de

serviço aprova a alternativa. É o caso da empresária Ariane Tanise Marchi. Ela tem uma agência de promoção de eventos e merchandising cuja sede é um escritório virtual de Porto Alegre. Quando precisa fazer treinamento e contratação de pessoal em Caxias, a empresária aluga estruturas semelhan-tes aqui.

Um dos trabalhos da empresa de Ariane é contratar e treinar pessoas

para trabalhar como demonstradoras em supermercados – aqueles profissio-nais que explicam o funcionamento de algum produto ou servem amostras de alimentos e bebidas. Antes dos escri-tórios virtuais, quando precisava fazer seleção de pessoal fora da Capital, era obrigada a desenvolver a atividade em shoppings ou hotéis. “Nos shoppings não era muito adequado e nos hotéis era caro. O custo chegava a ser 30% maior do que o preço cobrado em um escritório virtual, onde há todo o con-forto e infraestrutura necessários.”

Ariane, que realiza esse trabalho há oito anos, conta que já teve escritório próprio. Há três anos adotou o servi-ço de salas virtuais, e não se arrepen-de. Seus gastos caíram quase pela metade e o número de clientes dobrou. “A imagem da minha empresa melho-rou, porque, embora seja pequena, ela está bem localizada, possui móveis novos e uma estrutura ampla e mo-derna, o que causa uma boa impressão a quem procura meus serviços. E meu custo é 40% me-nor do que antes”.

Como cortar custos é preocu-pação de toda empresa, abolir os es-critórios se transformou em tendência, que conquista cada vez mais profissio-nais. A administradora e consultora para o Sebrae na área financeira Maria Cristina de Lima Frosi, 34 anos, in-forma que é cada vez maior o núme-ro de companhias e profissionais que

adotam essa alternativa. Ela mesma não possui escritório. “Eu atendo os clientes na empresa deles ou, quando eles fazem questão de mais sigilo, em um espaço dentro do Sebrae. Se eu não tivesse essa opção, poderia alugar um escritório virtual. Mas não manteria uma sala alugada, pois o custo fixo se-ria muito alto.”

Maria Cristina lembra que no mun-do inteiro as empresas, inclusive as grandes corporações, estão buscando meios para reduzir seus custos. E abrir mão de uma sede fixa tem se tornado uma alternativa cada vez mais vanta-josa, principalmente para os empre-endedores que estão iniciando uma vida profissional. “Manter uma sala

comercial, com todos aqueles gastos, como aluguel e telefone, não sai por menos de R$ 1 mil. Esse custo poderia ser aplicado em estraté-gias e projetos visando o desenvolvimento da empresa.”

A consultora acredi-ta, inclusive, que essa tendência, mais do que uma alternativa para empresários que desejam reduzir seus

custos, é uma oportunidade para em-preender. “Quem está querendo abrir seu próprio negócio e ainda não sabe o quê pode estudar a possibilidade de montar um condomínio de escritórios virtuais”, aconselha. E para aqueles profissionais que poderiam abrir mão do escritório mas ainda têm dúvidas sobre suas vantagens, a consultora dá o incentivo: “Eu recomendo”.

“A diferença nos clientes é visível. Faz bem para eles sair daquele ambiente corporativo”,diz Suelen “A imagem da

minha empresa melhorou. E meu custo é 40% menor do que antes”,calcula Ariane, com sede em um escritório virtual

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Por economia, a família Rech transferiu a sede da empresa para casa; No escritório virtual, a telefonista atende as ligações como se estivesse na empresa do locatário

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por VALQUÍRIA [email protected]

ra quarta-feira de primavera em Ca-xias do Sul. O espetáculo das 21h do Circo Koslov se encaminhava para a apresentação de um dos seus melho-res números. O público não era gran-de, mas aguardava ansiosamente pela promessa de ver o Homem Vulcão. O homem que colocaria fogo na própria pele e depois cuspiria um enorme jato de chamas.

Vestindo calça justa branca, botas e colete prateado, o Homem Vulcão su-biu no palco carregando dois bastões. Começou fazendo ágeis malabarismos. Depois passou o fogo dos bastões na pele. A plateia, já animada, se empol-gava cada vez mais.

Até que chegou o momento final, aquele que costumava arrancar mais aplausos do público. Naquela noite de espetáculo, porém, ninguém aplau-diu. Ninguém tampou-co achou graça. Na hora em que o Homem Vulcão colocou o líqui-do na boca e cuspiu, ao invés de as chamas se dissiparem, elas au-mentaram. E cobriram, por alguns segundos – que para quem assistia pareceram horas –, o rosto do Homem Vulcão.

No dia 21 de dezembro, 13 dias de-pois do acidente – provocado pelo uso de um produto químico errado – e duas sessões de laser já feitas para tirar as profundas queimaduras do rosto, Rodrigo Vox, o Homem Vulcão, fez 24 anos. Ele sabia que aquele não era um aniversário comum. Naquele dia, co-memorou a sorte que teve.

Sendo filho de um artista, Ro-drigo, natural de Campinas (SP), nas-ceu e cresceu dentro de circos. Junto com as emocionantes apresentações, viveu situações em que ocorreu sério risco de morte. Certa ocasião, quando integrava o circo do Beto Carrero, caiu de uma altura de 30 metros. Fraturou os dois cotovelos. Anos mais tarde, foi atacado por um enraivecido babuíno. Por causa dele, leva até hoje uma gran-de cicatriz embaixo do braço direito. Rodrigo não deixa que a história do acidente com o animal seja contada em detalhes, só acrescenta que “os ba-buínos não prestam. São piores que os

leões”. No dia seguinte ao acidente com

fogo, Rodrigo não quis dar entrevista, alegando que a energia do circo não combinava com desgraça. Só falou so-bre o ocorrido duas semanas depois, quando já estava com o rosto quase curado das queimaduras e pronto para encarar os palcos novamente. Falou tranquilamente sobre a performance mal sucedida, só não disse, nem sob muita insistência, qual o produto quí-mico usado – para não dar chance para que alguém tente, corajosa e leviana-mente, imitá-lo em casa.

Há 15 anos Rodrigo faz malabaris-mos com fogo, e até então nunca havia se acidentado. Mas sabia exatamente o que fazer caso isso acontecesse. E foi, de fato, a preparação de anos de cir-co que o salvou. Para impedir que as

chamas fossem inala-das, imediatamente ao perceber que o número tinha dado errado ele prendeu a respiração. Depois, com o pró-prio colete, conseguiu apagar as chamas que consumiam seu rosto e pescoço.

Há quem ache, de certa forma, até irôni-co. O caso do engolidor de fogo que se quei-mou. Foi algo realmen-

te inesperado, que Rodrigo não chama-ria de acidente de trabalho. “Não, nem pensar. Isso nunca havia acontecido. Foi só um engano. As letras do produto trocado eram menores do que letras da Bíblia”, diz, com sotaque carregado no “R”, típico do interior paulista.

Por recomendações médicas, du-rante duas semanas inteiras o Homem Vulcão teve que trocar o picadeiro pe-los bastidores. Não pôde nem pensar em chegar perto do fogo por causa do calor. Mesmo assim, não ficou parado. Com uma máscara, para não contami-nar a pele e agravar as lesões, Rodrigo passou os espetáculos fotografando pessoas que assistiam ao circo. Impri-mia as fotos em tamanho 3x4 e trans-formava-as num chaveiro de plástico, com a foto de um dos palhaços mais conhecidos do Koslov, o palhaço Dica, no verso.

Só Rodrigo, o palhaço Dica e

o palhaço Cheiroso é que não são da família Signorelli, que administra o Circo Koslov. Mas, segundo Rodrigo, é como se fossem. “Não é de sangue,

Artes populares

Ao perceber que as labaredas aumentavam ao invés de se dissipar, Rodrigo prendeu a respiração

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Numa noite de circo em Caxias, o número do engolidor de fogo deu errado. Em vez de aplausos, houve pavor na plateia

Rodrigo: “me sinto mais confortável a 30 metros de altura do que no solo”

O DIA EM QUE O

FOGO TRAIU OHOMEM VULCãO

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mas é de criação. Quando eu me aci-dentei, quem me levou para o hospital e quem tomou conta de mim depois foram eles.”

Geralmente, a trupe passa apenas uma semana em cada cidade. Em Ca-xias, ficou todo o mês de dezembro e permanecerá até segunda-feira, dia 4, por causa do final do ano, época de baixo público e de descanso para os artistas.

Quando não está nas funções de técnico de som e iluminação, acroba-ta em tecido ou trapezista em balanço, Rodrigo treina as crianças do Koslov. Nas horas livres, descansa ou sai para passear. Em Caxias só saiu para ir ao Centro fazer compras e para ir ao ci-nema. Foi assistir ao filme Avatar, no Shopping Iguatemi.

Toda segunda-feira os artistas têm folga. E é nessas folgas, emendadas a um ou outro fim de semana, que Ro-drigo consegue ir a Campinas ver a filha de três anos, Kyara. “Estou só es-perando ela fazer quatro anos para que comece a fazer parte do circo também. Se não for por mim, vai ser pelo avô dela, que também trabalha com isso”,

explica. Kyara foi o único motivo for-te o suficiente para afastá-lo do circo. Nem o casamento, que já terminou, fez isso. Durante quase três anos Rodrigo ficou longe das performances para po-der cuidar da filha pe-quena.

No momento, a casa provisória de Rodrigo tem sido uma barraca abrigada debaixo da abafada lona amarela e vermelha do Koslov, que já ostenta alguns buracos pelo longo tempo na estrada. O trailer em que ele cos-tumava morar está no conserto. “As pessoas acham que vida de cir-co é que nem de cigano. Mas não é não. É como a dos outros, mas nossa casa é sobre rodas”, diz Rodrigo, que já teve a chance de conhecer 18 países por cau-sa do trabalho.

Além da emoção das chamas, ele também ama a adrenalina das apresen-tações que envolvem altura. Conta ter voado de um trapézio a outro pela pri-

meira vez aos sete anos de idade. “Des-de então me sinto mais confortável a 30 metros de altura do que no solo.”

Fascinado também por fotografia e música, Rodrigo faz trabalhos even-

tuais como DJ. Mas não se imagina fora do circo. “É uma coisa que só quem nasceu aqui para entender.” O maior desafio, segundo ele, é driblar a falta de incentivo do governo para esse velho ramo do entretenimento po-pular. “Gastam milhões para o Cirque du Soleil vir ao Brasil ao invés de investir no trabalho nacional”, reclama o ar-

tista.

O Koslov ainda vai ficar sem o bravo Homem Vulcão por mais alguns dias. Tudo depende do fim das sessões a laser e da autorização do médico. Se dependesse de Rodrigo, isso aconte-ceria o quanto antes. Ele diz não estar nem um pouco inseguro para voltar a

manusear o fogo. O sentimento é exa-tamente o oposto, e a ansiedade de vol-tar a apresentar o número aumenta a cada dia. “O melhor do artista do circo é a persistência. Por mais que exista o medo, não dá para desistir. Nasci, cres-ci e vou morrer fazendo isso. O circo é a minha vida”, resume.

Mais ainda do que a superação, quando se pergunta a um apaixona-do por circo o melhor de ser artista, ele responde sem pensar duas vezes: poder ver a satisfação do seu público. Rodrigo não é exigente, diz que não é preciso nem plateia lotada. “Olhar uma criança que está lá, triste na sua cadeira, e saber que um minuto da vida dela ficou mais feliz por causa do circo é com certeza o melhor do nosso tra-balho.”

No circo, supera-se um desafio a cada dia. Prova disso é que o rosto de Rodrigo, que todo mundo imaginava que nunca voltaria ao aspecto normal, hoje quase não tem marcas das quei-maduras. Se ficar algum resquício, se-rão pequenas cicatrizes. Uma história a mais para, no futuro, poder contar a Kyara.

“O melhor do artista do circo é a persistência. Por mais que exista o medo não, dá para desistir”, diz o Homem Vulcão

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Por ordens médicas, o artista teve de se afastar temporariamente do malabarismo com bastões em chamas

José Ary Flach, Leiloeiro Oficial, matrícula nº146/98, autorizado pelo(a) Exmo(a). Sr(a). Juiz(a) de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de Caxias do Sul-RS, venderá em Leilão Público, nas datas, hora e local, como acima, o bem penhorado nos autos do Processo nº 010/1.05.0007583-5 Execução de Título Extrajudicial, que Banco Itaú S A. move contra Marco Antonio Tubbs Lucena, Gilberto Muterle e Jussara Elvira Grillo de Lucena e chama interessados à arrematação - em 1º Leilão pelo valor da avaliação ou superior e, em 2º Leilão, poderá ser por valor inferior - desde que não vil - (art.686 Vl do CPC) – compreendendo: Um automóvel, marca VW/SANTANA GLS, placas IBD-6086, cor azul, ano e modelo 1988/1989, chassi n°9BWZZZ32ZJP241720, Renavam 431963886, a gasolina. Possui: alarme, vi-dros elétricos, 04 portas, direção hidráulica, ar condicionado. Encontra-se em bom estado de conservação. Avaliado em R$7.401,00(sete mil quatrocentos e um reais). Conforme folha 120 e 135 do processo. Localização do bem: Rua Campos Junior, 1036 – Bairro Rio Branco, N/C. Detran: não consta valor pendente. Por este edital ficam, desde já, intimadas as partes, caso isto não seja possível por Oficial de Justiça, conforme Provimento 04/2002 da Corregedoria Geral de Justiça. A comissão do leiloeiro ficará a cargo do arrematante. Maiores informações pelos telefones: (54) 32011191 e 99772466 ou Internet: www.leiloeiroflach.com.br - e-mail: [email protected]. Caxias do Sul, 26 de novembro de 2009. Escrivã – Dra.Rosane Zattera Freitas - Juiza de Direito – Dra. Zenaide Pozenato Menegat.

EDITAL de 1º e 2º LEILÕES e INTIMAÇÃO Dias:1º em 15.01.2010 e 2º em 25.01.2010 às 16:15horas

Local: Átrio do FÓRUM Cível de Caxias do Sul –RS.

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l DJ Mono | Pop. Quarta, dia 6, e quinta, dia 7, 23h |

O DJ caxiense apresenta um set com músicas dançantes, com sucessos do pop rock, da black music, da soul music e do rhythm and blues, entre outros.Bier HausR$ 5 | Tronca, 3.068, Rio Branco | 3221-6769 | www.bierhausbar.com.br | 120 pessoas

l Blues Beers | Blues. Quinta, dia 7, 22h |

Banda caxiense traz o blues em suas mais variadas vertentes, das mais tradicionais às mais contemporâneas, tocando covers de clássicos e também apresentando músicas próprias.Mississippi Delta Blues BarR$ 8 (feminino) e R$ 10 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l Havana 40° | Música eletrônica. Quinta, dia 7, 23h |

Para comemorar a chegada do verão, a festa tem line up do DJ argentino Federico Barco, nascido

em La Plata, Buenos Aires, que hoje faz parte da cena eletrônica de Porto Alegre. É residente do Spin Club, mas toca também em outras festas na capital gaúcha, como Fulltronic, Motomix e Touch, e em casas como a E357, de São Leopoldo, e Venue, de Novo Hamburgo. A festa continua com os DJs Alibu, Thobias Wolff e Flá Scola.Havana CaféR$ 20, com nome na lista R$ 10 (feminino) e R$ 30, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 145, São Pelegrino | 3215-6619 | www.havanacafe.com.br

l Ale Ravanello Blues Combo | Blues. Sexta, dia 8, 22h30 |

O baixista caxiense e sua banda apresentam sucessos do blues.Mississippi Delta Blues BarR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l DJs Thobias Wolff e Alibu | Música eletrônica. Sexta, dia 8, 23h |

Os DJs agitam a noite do bar com

sucessos eletrônicos emprestados das pistas de dança.Bier HausR$ 5 | Tronca, 3.068, Rio Branco | 3221-6769 | www.bierhausbar.com.br | 120 pessoas

l Flashback | Pop. Sexta, dia 8, 23h30 |

Banda vem direto de Porto Alegre para animar a noite caxiense com sucessos das décadas de 70, 80 e 90.Portal Bowling – MartcenterR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | www.portalbowling.com.br | 1.000 pessoas

l Circo Koslov | Sábado, às 17h, 19h e 21h, e domingo, às 15h, 17h, 19h e 21h |

Um dos circos mais tradicionais do país apresenta números de palhaços, malabaristas, mágicos e o ousado Globo da Morte. O Koslov é uma atração itinerante com mais de 130

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NATAL

MÚSICAl Flávio Ozelame Trio | Blues. Terça, dia 5, 22h |

O trio toca sucessos do blues e do rock na primeira festa de 2010 do bar blueseiro.Mississippi Delta Blues BarR$ 8 (feminino) e R$ 10 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l Rafa Schuler | Blues. Quarta, dia 6, 22h |

O guitarrista caxiense faz show com covers do blues e do rock inter-nacional. Rafa é compositor, arran-jador, cantor, guitarrista e produtor. Começou a tocar piano aos seis anos, aos 11 ganhou o primeiro violão e aos 13, a primeira guitarra. Ganhou uma bolsa de estudos para a Los Angeles Music Academy, onde se formou em 1999.Mississippi Delta Blues BarR$ 8 (feminino) e R$ 10 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

O desconhecido Rui Ricardo Diaz interpreta Luiz Inácio da Silva quando este desponta para a fama em Lula, O Filho do Brasil

Lula no cinema, espetáculo no circo e blues embalando a primeira semana de 2010 [email protected]

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anos de viagens Brasil afora, difun-dindo e divulgando a cultura do circo por onde passa.R$ 10, com convite R$ 5 | Avenida Rubem Bento Alves, em frente ao restaurante Gianella

l Coletividade | De segunda a quinta, das 8h30 às 18h |

A mostra reúne trabalhos de quatro artistas jovens, de Porto Alegre e São Paulo, com identidade bem marcada e linguagem específica, com produções que refletem a arte plástica contem-porânea. Um deles é Kone, pertencen-te a um grupo de grafiteiros da capital gaúcha, que demonstra a vontade de tirar o grafite da rua e mostrar toda sua dimensão artística. Carlo Vidor é fotógrafo com inspirações surrea-listas, como o pintor René Magritte, e traz um universo onírico em suas obras. Carla Barth é ilustradora, com trabalho reconhecido internacional-mente. Ela expõe pinturas com toque lúdico, lembrando desenhos infantis, mas que agregam filosofia, cores e movimentos das crianças. Mário Níveo, que trabalha com colagem e acrílico sobre tela, apresenta uma obra mais nervosa, que traduz o caos urbano e o dia-a-dia frenético e febril das grandes cidades. A exposição encerra na quinta-feira, dia 7.Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim - Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e LimaEntrada franca | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697

l 2012 | Aventura. De sábado a quin-ta, 18h25 e 21h25|

Escritor frustrado, que trabalha como motorista de limusine, tenta reaproximar a família ao saber que uma catástrofe iminente irá destruir a Terra. A mensagem apocalíptica é espalhada por um radialista de uma estação pirata, baseada no calendá-rio dos maias, que termina em 21 de dezembro de 2012. Com John Cusack,

Danny Glover e Woody Harrelson. Dirigido por Robert Emmerich. Cen-sura 12 anos, 161 minutos, dublado.Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias Segunda e quarta-feira (exceto feria-dos): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos).Terça-feira: R$ 6,50 (promocional)Sexta-feira, sábado, domingo e feria-dos: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos).RST 453 nº 2780 - Distrito Industrial | 3209-5910

l Alvin e os Esquilos 2 | Comé-dia. De sábado a quinta, 13h30 |

O trio de esquilos Alvin, Simon e Theodore participa de um concurso de bandas para salvar a escola de mú-sica com o dinheiro do prêmio, mas um dos concorrentes é um grupo for-mado por três esquilas, as Chipettes. Dirigido por Tim Hill. Pré-estreia. Censura livre, 94 minutos, dublado.Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi Caxias

l Alvin e os Esquilos 2 | Comé-dia. De sábado a quinta, 16h20 |Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Caxias

l Atividade Paranormal | Terror. De sábado a quinta, 16h30 e 20h30 |

Casal de jovens, ao se mudar para uma nova casa, passa por experiên-cias paranormais inexplicáveis, que se manifestam especialmente à noite. O rapaz decide instalar uma câmera de vídeo no quarto para documentar as estranhas manifestações. Dirigido por Oren Peli. Censura 14 anos, 87 minutos, legendado.Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias

l Avatar | Ficção científica. De sá-bado a quinta, 15h20, 18h30 e 21h40 |

Ex-fuzileiro naval é enviado ao planeta Pandora, onde encontra uma raça humanóide chamada Na’Vi. A

missão dele é impedir que os Na’Vi atrapalhem a extração de minerais, mas o confronto com os alienígenas fica em segundo plano depois que um deles salva sua vida. Dirigido por Ja-mes Cameron. Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado.Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi Caxias

l Avatar | Ficção científica. De sá-bado a quinta, 13h20, 18h20 e 21h30 |

Classificação 12 anos, 166 minutos, dublado.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi Caxias

l Elsa e Fred – Um amor de paixão | Drama. Quinta, dia 7, 15h |

Filme argentino retrata a mudança na vida do aposentado Fred, viúvo recentemente, com a chegada da nova vizinha, Elsa, uma louca senhora que adora contar mentiras e exagerar nas histórias. O sério Fred se encanta pela vivacidade de Elsa e acaba saindo de sua rotina pacata para descobrir, finalmente, o que é ser feliz. Com Manuel Alexandre e China Zorrilla. Dirigido por Marcos Carnevale. A exibição faz parte do projeto Matinê às 3. Censura 14 anos, legendado, 108 minutos.Sala de Cinema Ulysses GeremiaEntrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo telefone 3901.1312, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares

l Encontro de Casais | Comédia. De sábado a quinta, 13h10, 18h15 e 22h15 |

Como tentativa de salvar o casa-mento, um casal vai para um resort em uma ilha tropical para participar de terapia de casais. Como forma de ganhar um desconto, eles convi-dam mais três casais de amigos, que pensam que só vão curtir o que a ilha oferece, mas ao chegar lá percebem que também precisarão partipar da terapia. Dirigido por Peter Billings-ley. Censura 14 anos, 114 minutos, legendado.

Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias

l Lula, o Filho do Brasil | Drama. De sábado a quinta, 14h10, 16h50, 19h20 e 21h50 |

Baseado no livro homônimo de Denise Paraná, o filme retrata a his-tória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desde o nascimento no sertão pernambucano, passando pela infância na cidade portuária de Santos, em São Paulo, até o auge da atuação no movimento sindical, nos anos 80. Dirigido por Fábio Barreto, conta com a atuação de Glória Pires como Dona Lindu (mãe de Lula), Cleo Pires como a primeira mulher de Lula, Lurdes, e Juliana Baroni como a hoje primeira-dama Marisa Letícia. Censura 12 anos, 130 minutos.Pepsi GNC 2 - Shopping Iguatemi Caxias

l Sempre ao seu lado | Drama. De sábado a quinta, 14h, 16h, 18h, 20h e 22h |

O cão abandonado Hachiko, da raça akita, é encontrado por professor universitário em uma estação de trem no Japão. Inspirado na história real de um cachorro que acompanhava seu dono até o ponto de embarque e aguardava sua volta, todos os dias, e que virou símbolo de lealdade para o povo japonês. Com Richard Gere. Di-rigido por Lasse Hallström. Censura livre, 88 minutos, legendado.Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias

l Xuxa e o Mistério da Feiuri-nha | Infantil. De sábado a quinta, 13h, 14h50 e 16h40 |

A princesa Feiurinha desaparece e Chapeuzinho Vermelho pede ajuda a todas as princesas famosas dos contos de fada, como Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel e Cinderela para encontrá-la. Para isso, até o mundo real é convocado. Baseado na obra infanto-juvenil de Pedro Ban-deira. Com Xuxa, Sasha, Angélica e Hebe Camargo. Dirigido por Tizuka Yamasaki. Censura livre, 82 minutos.Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias

EXPOSIÇÕES

CINEMA

Rafa Schuler toca quarta, dia 6, no Mississippi; Mário Níveo expõe até quinta, dia 7, na Galeria Municipal

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Artes

por CAMILA ALEXANDRINI

e possuísse barba longa, feia, suja, suja. Se aquela garota de traços ofus-cantes e ameaçadores possuísse um pouco do horror de ver. Ver o que eu, atônito, não vejo nas máscaras flutu-antes que passam.

Se ela possuísse a dor de existir in-flamada como a minha, o querer lon-gínquo, as feições enormes, a cólera insuportável de um andarilho apáti-co – eu não poderia falar dela.

O rosto de pele macia e rosada, resisti em tocá-lo. Se, por enquanto viver, ela possuísse as maçãs podres, as roupas amareladas, o instante per-plexo entre chatices e crendices, mas não! Ouvi-a. Ingeri-a. Tive vontade de arrotar as suas palavras travadas em minha garganta. Palavras de al-guém demasiado concentrado nas coisas que faz. Se ela fosse ao menos frágil, se não fosse tanto a dúvida do ser. Se procurasse a sua identidade como qualquer – que não acredita em destino. “Se a felicidade não fos-se tão clandestina para ela” (Clarice Lispector).

A garota de passos firmes, mas de

tênis de pano, sabe pouco. Sabe e vê o claro. É estranho viver para ela. Sabe o que acha que sabe. Sabe o que acha ser verdade. Sabe o que a satisfaz para acreditar que sabe. E isso é horrível. As suas verdades acumulam-se. Não se contenta com parcelas do pouco. Um pouco de doçura, um pouco de crueldade nas suas convicções céti-cas sobre o amor. No entanto, algu-ma coisa sabe e grita para que todos conheçam a sua descoberta – tão inovadora para ela, naquele momen-to. Ela foge das teorias panfletárias, não gosta de slogans.

As perguntas a corroem e uma borboleta de asas escuras, símbolo de sua inconstância e metamorfose, morre a cada dia dentro dela. Ela é um tanto quanto podre por dentro, mas é muito pouco. O pouco que to-dos têm. Pouco para poder odiá-la durante um pequeno devaneio.

Preenche-se de segurança a cada momento, mas não sabe quem é. Aquela garota de formações vulnerá-veis não confessa que por muitas ho-ras isso é cômodo. Ela é uma estrela de mil pontas, sem brilho, sem céu, mas com mil facetas incógnitas.

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À PROCURADE TRAÇOS

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Retratos fora do lugarDeslocamentos de um Real.O Simbólico reinaas imagens proliferamnos outdoorsque a cidade teima em celebrar.Semio-criação.O logos da representação,criada,re-criada,substancializada.Sim, pode comer,beber,pegar,apertar.O sentimento, agora, é palpável.O Imaginário deliraO consumo imperaE a saudade surge a toda hora.Retrôs,híbridos,coisas não-inventadascopiadas no face-a-face.As máscaras caem.“Onde foram parar?”

Contemporâneopor GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

Antônio Giacomin | Nosso Museu |

A observação atenta do artista plástico capta detalhes da cidade que se transforma. Antônio Giacomin apreende a essência antes em um croqui e depois em aquarela sobre papel. No museu, a memória de Caxias do Sul é preservada, objetos de outro tempo, menos fugaz. Na rua, a vida é corrida e conturbada.

16 2 a 8 de janeiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 172 a 8 de janeiro de 2010 O Caxiense

l Superliga de Vôlei | terça, dia 5, às 20h |

Depois da curta folga de fim de ano, o Fátima/Medquímica/UCS/SPFC re-toma os treinamentos neste sábado, dia 2, buscando se preparar para o jogo de terça-feira, contra o Álvares, de Vitória (ES), em casa. O líbero Jair, que sofreu uma entorse no tornozelo, poderá ser substituído por Cássio.

Enquanto o time caxiense tenta manter a sequência de vitórias, a equi-pe de Espírito Santo ocupa a lanterna do campeonato, com seis jogos e seis derrotas. A próxima partida comple-tará a 8ª rodada da Superliga. Apesar de o Álvares ainda não ter vencido, o auxiliar técnico Luiz André Port diz que o adversário tem atletas de qua-lidade e deve proporcionar um con-fronto difícil. “Fizemos dois amistosos no início da temporada. Ganhamos um e perdemos outro. O campeonato é muito disputado, e não dá para levar em consideração a posição da tabela”, avalia. Caso vença, a equipe de Caxias chegará aos 11 pontos, empatando com Montes Claros, Santo André e Vôlei Futuro.

No último jogo, em 22 de dezembro, o time do Fátima/Medquímica/UCS/

SPFC venceu o Volta Redonda (RJ) por três sets a um. “O jogo foi difícil e ven-cemos nos detalhes”, lembra Port.

Nas partidas anteriores, a equipe local, treinada por Jorginho Schmidt, superou o Funvic/Uptime, de Cuia-bá, Mato Grosso, o UPIS/Brasília, do Distrito Federal, e o Brasil Vôlei Clu-be, de São Bernardo do Campo, São Paulo. No ano passado, o time gaúcho terminou a Superliga em 8º lugar. A melhor colocação já alcançada foi 7º, três anos atrás. Ginásio Poliesportivo da UCSR$ 4 (funcionários da UCS e estudan-tes em geral, mediante identificação) e R$ 8 (público em geral) | Francisco Ge-túlio Vargas, s/n, Vila Olímpica UCS, Petrópolis |

l Caxias X Santa Cruz | sábado, dia 9, às 17h |

Depois de vencer o primeiro teste, fora de casa, o Caxias se prepara para receber o Santa Cruz no Centenário no próximo sábado, dia 9, pelo segun-do jogo-treino. A equipe do técnico Julinho Camargo enfrentou o Santa Cruz na última quarta-feira, dia 30, no Estádio dos Plátanos, em Santa Cruz do Sul. Ganhou por 1 a 0, com

gol do atacante Cristian Borja. Em sua primeira partida como trei-

nador do Caxias, Julinho testou todos os reforços em condições de jogo. O Caxias saiu com Fernando Wellington (substituindo o goleiro titular, Ricar-do, com luxação de um dedo da mão esquerda); Alisson, Anderson Bill, Ca-çapa e Ismael; Marcos Rogério, Itaqui, Edenílson e Aloísio; Lê e Cristian Bor-ja. Formaram o banco de reservas o goleiro Sidivan, os laterais Alexandre Bindé e Fabinho, os zagueiros Tiago Saleti e Rafael Dias, o volante Mika, os meias Guilherme e Rodrigo Antô-nio e os atacantes Mauro Silva e Tiago Adan.

“A cada semana o trabalho tem me-lhorado. No meio de janeiro vamos ter uma cara de equipe”, projeta Julinho Camargo.

Após o confronto de sábado, o Ca-xias só voltará a campo na estreia no Gauchão, no dia 16 de janeiro, no Centenário, diante do Inter-SM.Estádio Francisco Stedile (Centená-rio)Entrada gratuita | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano |

l Colônia de Férias do Caxias

Navegar | segunda, dia 11 |A partir de segunda-feira, as vagas

restantes do projeto Colônia de Férias do Caxias Navegar poderão ser pre-enchidas diretamente na Secretaria Municipal de Educação (Rua Antônio Prado, 339, Centro, fone 3218-6092). As atividades começam na semana seguinte, no dia 11, no Complexo Dal Bó. O programa é direcionado aos alu-nos de escolas públicas, que tiveram prioridade no preenchimento das va-gas iniciais. As demais estarão abertas a toda a comunidade.

Além dos esportes náuticos, como canoagem, remo e vela, a parceria en-tre as secretarias de Educação, Esporte e Lazer e Turismo oferecerá passeios pelo interior do município. Confor-me o secretário municipal de Esporte e Lazer, Felipe Gremelmaier, a meta é atender crianças cujos pais não po-deriam pagar uma colônia de férias particular. O programa substitui, no verão, o Caxias Navegar, projeto que oferece aulas de esportes náuticos no turno inverso ao dos colégio. Seu obje-tivo é promover a melhoria do desem-penho escolar, oferecer uma forma de lazer e proporcionar uma vida melhor por meio do esporte. Complexo Dal BóRepresa São Miguel, bairro Fátima, em Caxias do Sul |

Ano começa com vôlei na UCS, jogo-treino no Centenário e colônia de férias na represa

Fátima/Medquímica/UCS/SPFC quer manter sequência de vitórias contra o Álvares na terça, dia 5; Caxias recebe o Santa Cruz no dia 9

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FUTEBOL

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por MARCELO [email protected]

quase gol, a bola raspando junto à tra-ve, o montinho artilheiro que trai o goleiro, tudo isso e muito mais, pode achar a desculpa que quiser, é o re-sumo da derrota. O quase nunca é, e nunca será, sinônimo de vencer. O quase é o primo pobre e feio da derro-ta. E aí vem todo aquele trololó de “se eu tivesse feito isso, se tivesse corrido mais, se... se... se...” para tentar justi-ficar o injustificável. Calar-se e voltar a trabalhar é o melhor remédio para curar a ressaca de uma derrocada.

É o que fez o Caxias na virada de 1999 para 2000. O Caxias quase subira para a Série B. Na última partida, con-tra o Serra, o centroavante Adão quase fez um gol nos acréscimos. Na primei-ra, no Centenário, vitória do Caxias. Na segunda, no Espírito Santo, vitória do Serra. E na terceira e derradeira, também fora, empate sem gols e classi-ficação do Serra ao quadrangular que definiria os dois times que chegariam à B.

“No vestiário tava todo mundo

chorando”, emociona-se o então pre-sidente do Caxias, Nelson D’Arrigo, 52 anos. “Lembro como se fosse hoje, o meu filho, o Daniel, agarrado nas minhas pernas chorando sem parar. Me arrepio de falar disso. Aí o nosso camisa 5, o Ivair, disse assim pra mim: ‘Presidente, dessa vez não deu não. Mas no ano que vem vai dar’. Foi f*** aquilo.”

“Lembro do presidente D’Arrigo consolando o filho”, recorda Adenor Bacchi, o Tite, 48 anos. “P*** q** p****, não era possível aquilo. O time jogando o que jogou naquela temporada. Fizemos uma Sul-Minas brilhante, ganhamos do Internacional de 2 a 0, na estreia do Paulo Autuori e com o Dunga em campo. O Inter não chutou uma bola contra nós. Foi uma desgraça aquele time não ter chegado ao quadrangular final da série C”, ava-lia Tite.

“Estava um clima pesado na volta do Espírito Santo. Estávamos no ônibus e eu pensava: ‘Esse grupo tem de per-manecer junto’. Me emociono de falar disso, me arrepio todo de lembrar da-quele momento. No ônibus falávamos

muito sobre isso, a equipe queria per-manecer unida, era o sentimento de todos”, relata Tite. Hoje, distante qua-se 10 anos do mais importante título do Caxias, é fácil dizer que manter o mesmo time, equipe técnica e direto-ria foi a melhor escolha. Mas é preciso imaginar o clima de cobrança da tor-cida, imprensa e um número incontá-vel de invejosos e corneteiros.

Para entender o tamanho da pres-são, é preciso reconstituir o ano de 1999. Neste ano o Juventude da Era das Vacas Gordas, herança da Parmalat, conquistava a Copa do Brasil, diante do Botafogo, fazendo silenciar o Ma-racanã lotado de alvinegros. Imagine, então, como era triste e chato para todos no Caxias (do porteiro do Cen-tenário ao presidente) ter de aguentar o constrangimento da própria torcida pelo insucesso na Série C e ainda a go-zação dos papos, que esfregavam seu sucesso na cara dos grenás.

Se no Juventude parecia jorrar dinheiro das torneiras, no Caxias ha-via minguados recursos e uma disputa interna velada, mas barulhenta. No Centenário, de um lado da mesa sen-

tavam-se os que apontavam com des-prezo as causas do fracasso; do outro, os que tentavam gritar mais alto para fazer valer a persistência, na crença de que dias melhores viriam. “Nós éramos meia dúzia de gatos pingados trabalhando pra c******”, lembra Mar-cus Vinicius Caberlon, 54 anos, dire-tor de futebol do Caxias na gestão de D’Arrigo.

“Dois fatores foram determinantes para a conquista do título de 2000”, revela Gilmar Dal Pozzo, 40 anos, en-tão goleiro do Caxias, hoje treinador do Veranópolis. “Primeiro foi a ma-nutenção do técnico e do elenco de 1999, mesmo com o insucesso na Sé-rie C. E segundo, a diretoria comprou uma briga com a imprensa e a torcida, pra nos bancar e bancar o treinador. Mas aí, quando tinha salário atrasado, a gente ajudou o clube e bancou sem reclamar. Fomos campeões com três meses de salário atrasado. Nenhum jogador, se não fosse identificado com o clube, iria ser campeão desse jeito”, orgulha-se Gilmar.

A diretoria do Caxias, naquele período, tentava não deixar o assunto

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Abatido por um duro golpe em 1999, o Caxias reuniu forças e no ano seguinte deu a volta por cima, conquis-tando o Campeonato Gaúcho

O ex-presidente D’Arrigo, com a taça de 2000, recusara a presidência seis anos antes ao ouvir, dentro do clube, que não deveria pensar em ser campeão

DEZ ANOSDE UM ANO INESQUECÍVEL

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vazar. Afinal de contas, é vergonhoso não conseguir honrar com suas obri-gações. No entanto, e é bom esse dis-tanciamento, a cobrança talvez fosse ainda mais intensa, pelo menos por parte da imprensa, porque o Juven-tude não tinha esse problema. Parecia que o Caxias tinha virado um primo ainda mais pobre do que já era.

“A gente podia de-morar, mas pagava”, reconhece D’Arrigo. “O Tite fazia a parte dele e segurava o time no vestiário, mas aí às vezes ele aparecia e di-zia ‘pô, presidente, não tô mais conseguindo segurar, tem de liberar pelo menos um pagamento’. Então eu dizia: ‘querem receber no domingo, então façam o resultado na quarta-fei-ra’. Então a gente arrumava o dinheiro e pagava”, revela D’Arrigo. Uma passa-gem contada pelo próprio Tite reitera seu comprometimento e identificação com o clube desde que decidiu aban-donar o posto de comentarista espor-tivo da Rádio Caxias, em 1998, para voltar a ser treinador no Centenário.

“Por causa de maus resultados na primeira fase do campeonato gaúcho eu tava balançando, na época até o Seu Ênio Costamilan saiu. Então o presi-dente, o D’Arrigo, me olhou e disse: ‘eu não entendo muito de futebol, mas sei que o nosso time é bom. Se entra-mos nessa m**** juntos, vamos sair juntos dessa m****’. Não é pra se doar? Quando o cara usa ‘nós’ é porque ele se compromete”, ensina Tite, emocio-nado.

“Tá sendo legal esse papo aqui. Porque desde o dia 21 de junho de 2000 que não nos reuníamos pra falar dessas histórias. É claro que a gente comemorou, tomou champanhe, saiu pra jantar. Mas não sentamos mais pra lembrar do que passamos pra ga-nhar esse título”, agradece D’Arrigo, referindo-se ao encontro promovido por O Caxiense entre o ex-presidente e

seus dois fiéis escudeiros daquele ano, Marcus Vinicius Caberlon e Zoilo Flo-ro Simionato (ex-diretor financeiro), 43 anos.

“Quando saí, deixei 800 sócios e um monte de corneteiro”, diverte-se

D’Arrigo. “O futebol aproxima, mas o resul-tado afasta. E se eu não tivesse sido campeão talvez não tivesse tan-ta gente que não gosta de mim lá dentro do Caxias”, avalia. Nel-son D’Arrigo foi vice-presidente na gestão de 1994 a 1996, quando o presidente era Marcos Guerra. “Em 1994, o Nelson foi convidado pra ser o presidente

do Caxias. Aí o Nelson olhou para os conselheiros do Caxias e perguntou: ‘O que é que eu preciso fazer pra ser campeão?’. Tu te lembra?” pergunta Caberlon, desviando o olhar do re-pórter e fitando D’Arrigo. “Lembro”, responde D’Arrigo, sorrindo. E Ca-berlon prossegue, entusiasmado: “E aí, um cara que tem 30 anos de Caxias, um cara conhecido lá, respondeu que o Nelson tinha de esquecer essa ideia de ser campeão. Aí o Nelson disse pra eles: ‘Então não quero ser presidente’”, diverte-se Caberlon. Três anos depois, Nelson D’Arrigo assumiu como pre-sidente do Caxias, e seguiu até 2000.

“Demoraram cinco anos pra pintar no muro do estádio ‘Caxias Campeão Gaúcho’. Falam muito do Seu Francisco Stedile, mas esse cara aqui”, diz Caberlon, apontando para D’Arrigo, “fez tanto para o Caxias quanto o Seu Stedile. Só que não é re-conhecido”.

“Tenho uma gratidão pelo D’Arrigo e o Caxias tem de ser grato a ele e a todas as pessoas que trabalharam com ele. Foi muito bonito ser campeão no Caxias. Foi uma lição de vida pessoal e profissional”, avalia Tite.

O técnico lembra de outro episódio que o tocou no aspecto pessoal. “Está-vamos indo pra final contra o Grêmio

e fizemos um churrasco. O Seu Ênio Costamilan disse pra mim: ‘Tite, fui no médico e ele me disse que estou com um problema e tenho de me ope-rar. Disse pro médico não me operar porque não quero morrer antes de ver meu Caxias campeão’.”

Antes ainda de falar sobre as finais contra o Grêmio megamilionário da ISL, é preciso falar mais do malfadado quase. O Caxias, entre 1999 e o início de 2000, quase assinou também con-tratos milionários. “O primeiro foi o banco Bozano, Simonsen”, conta Zoi-lo. “Chegaram a montar uma direto-ria no clube, e para isso tivemos de nos afastar, dizendo que iam investir milhões e, claro, que iam pagar tudo o que eu já tinha investido no clube”, lembra D’Arrigo.

Como o Bozano não conseguiu le-vantar por si um centavo, queria mor-der os empresários locais. Aí, D’Arrigo bateu forte na mesa e não permitiu. Voltaria a ser o presidente, mas desta vez com uma conta ainda maior para pagar, porque o banco já havia feito contratações de jogadores. “Voltei e botei mais um monte de dinheiro”, dá risada, hoje, D’Arrigo. “É, mas saiu com o título”, aplaude Caberlon.

O outro quase negócio foi com o Roma, da Itália. “Fizemos um con-trato com o Roma e, quando chegou na hora de assinar, nos tiraram da diretoria e montaram um con-selho paralelo”, conta, D’Arrigo. “Montamos todo um projeto que foi aceito pelo pessoal do Roma, mas quando chegou na hora de as-sinarmos o contrato, o Caxias nos tirou de camp”, esclarece Zoilo.

“É claro que o Roma deu pra trás, né? Deve ter pensando, ‘não va-mos assinar com o Caxias, porque esse clube é uma bagunça’. Como é que iam confiar desse jeito?”, questiona, indignado, D’Arrigo. A solução, por mais que retumbasse forte no caixa da Intral, empresa da família D’Arrigo,

era colocar a mão no bolso e pagar a reestruturação do Caxias. Também é preciso reconhecer as valorosas con-tribuições que vinham de toda parte, de empresários a torcedores ilustres, como o cartunista Carlos Henrique Iotti. “Uma vez recebi meu pagamento num envelope que tinha vários che-ques, e um deles era do Iotti”, revela Tite.

Imagine todos esses elementos extra-campo somados ao altíssimo poder de fogo de Juventude, Grêmio e Internacional. Difícil era encontrar, antes de iniciar o Campeonato Gaú-cho de 2000, alguém que apostasse no Caxias. Enquanto o trio privilegiado (Ju, Grêmio e Inter) esperava para en-trar na segunda fase da competição, o Caxias precisou passar por uma se-letiva. Não foi fácil, e a instabilidade financeira afetava o time.

“Na fase classificatória viemos jogar em Veranópolis. E tinha toda aquela história de salário atrasado, eu já ti-nha duas filhas, e conta de luz e água pra pagar. Eu vim jogar meio desmoti-vado, vim a meio pau. Tomamos 4 a 2 e eu fui muito mal na partida. No dia seguinte, o Tite nos reuniu no vestiá-rio e o primeiro em quem ele deu mi-jada fui eu. E olha que o Tite é padri-nho do meu casamento. Ele me disse

que, se não estivesse satisfeito, eu que pe-gasse as minhas coisas e fosse embora”, relata Gilmar, goleiro vice-campeão em 1990 e campeão em 2000.

“O Tite é elegan-te pra falar. Já eu sou mais ignorante, mas aquele dia o Tite veio pra dentro de mim. Fiquei revoltado, che-guei em casa e disse pra minha esposa: ‘Ó,

Cláudia, o homem ficou louco’. Mas como comandante ele tinha de fazer isso. E aquele foi o nosso ponto de arrancada. No dia seguinte fomos jo-gar contra o Avaí e ganhamos de 2 a 1. Teve um pênalti a favor do Caxias

“Fomos campeões com três meses de salário atrasado”, conta o ex-goleiroGilmar Dal Pozzo

“Deixei 800 sócios e um monte de corneteiro. O futebol aproxima, mas o resultado afasta”,diz D’Arrigo

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O ex-presidente D’Arrigo, com a taça de 2000, recusara a presidência seis anos antes ao ouvir, dentro do clube, que não deveria pensar em ser campeão

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no final do jogo e o Tite me mandou bater. Fiz o gol da vitória e nos classifi-camos para a próxima fase da Copa do Brasil”, conclui Gilmar, citando a du-pla jornada do Caxias, que naquela altura dis-putava a seletiva para o Campeonato Gaúcho e a Copa do Brasil.

“Vou te contar uma coisa. Teve um Ca-Ju, não lembro bem se em 1999 ou 2000, acho que em 2000, em que um grupo de conselheiros desceu no vestiário pra nos oferecer premiação extra caso a gente vencesse a partida. Coisa normal no futebol. Mas olha só a reação do grupo”, faz suspense Tite. “O Maurício (meio-campo) pediu a palavra e disse assim: ‘agradecemos o incentivo, mas queremos pedir uma coisa a mais de vocês. Queremos que vocês ajudem a direção e o presiden-te a conseguir recursos pra pagar os nossos salários. Queremos que vocês se empenhem pra que o clube possa prosperar e sanar as dívidas. E, por isso, abrimos mão do prêmio’. E nin-guém contestou. Quando ele terminou de falar, eu disse pra mim mesmo: ‘que grupo especial é esse’”, emociona-se Tite.

Com um conjunto de atletas que não pensava apenas na bola, nem só em dinheiro, mas sobretudo na união do clube, era difícil mesmo o Caxias não ganhar o campeonato. “Naquele ano o Caxias só não venceu o XV de Campo Bom. Porque naquela fórmu-la, que acho a melhor, de todos contra

todos, em turno e returno, o Caxias jogou com todo mundo. É um título incontestável”, vibra Caberlon.

Zinho, meio-campo do Grêmio, ga-nhava um salário de R$ 200 mil, mais do que a folha de pagamento in-teira do Caxias. Além dele, o tricolor da ca-pital tinha o argenti-no Amato, o prodígio Ronaldinho Gaúcho, o guerreiro Roger e um sem fim de nomes de peso. Mas foi o poder de fogo do Caxias que começou a ser notado no Estado. “Não vou ser pretensioso, mas

o meio-campo com Ivair, Titi, Mau-rício e Gil Baiano, além de eficiente, era muito bonito de ver jogar. Eles criaram ao longo do campeonato um nível de entrosamento maravilhoso”, recorda Tite.

O Caxias já havia vencido o primeiro turno do campeonato em cima do Grêmio, em pleno Estádio Olímpico, por 2 a 1. “Os jogadores me entregaram a camisa do Gil Baiano, suja de sangue e assinada por todos, na pizzaria Paparella, quando fomos co-memorar o título do primeiro turno”, recorda D’Arrigo. E novamente o Ca-xias iria enfrentar o poderoso Grêmio na finalíssima.

No primeiro jogo, no Centenário, dia 14 de junho, o esquadrão grená atropelou o tricololor: 3 a 0. “Foi uma vitória ao natural”, sintetiza Paulo Turra, capitão do Caxias Campeão Gaúcho em 2000. Não há nenhum tom de soberba nessa declaração. No final

do primeiro tempo de um jogo em que só o Caxias atacava, Gil Baiano voou pra cabecear um cruzamento de Jajá e abriu o placar. O quase começava a ser deixado no passado.

No segundo tempo, o Caxias man-teve o Grêmio acuado. O juiz marcou uma falta na quina da grande área. Ivair tomou distância e, quem sabe lembrando do que dissera a D’Arrigo no Espírito Santo, chutou forte. Sílvio, reserva de Danrlei, não segurou o ti-rombaço. Encerrando a fatura – para alívio tricolor, porque poderia ter sido muito mais –, Márcio dominou um cruzamento toscamente desviado pela defesa gremista, ajeitou com tran-quilidade e chutou forte, de perna es-querda. No placar do Centenário e da história do futebol gaúcho, Caxias 3 x 0 Grêmio.

O último confronto entre Grêmio e Caxias, marcado para o do-mingo, dia 18 de junho, no Olímpico, foi encarado pelo trico-lor como um Kosovo, numa analogia idiota à disputa sangrenta na Iugoslávia. “Lembro que o D’Arrigo puxou pra ele aquele conver-sa de Kosovo e disse: ‘a coisa vai ser decidida dentro do campo, va-mos pra lá pra ser cam-peões’”, conta Tite.

A direção do Grêmio conseguiu cancelar o jogo de domingo, por causa das chuvas. “Eles fecharam a drenagem do Olímpico”, atesta Ca-berlon. “A primeira coisa que fiz ao chegar no estádio foi ver o campo su-

plementar, e como lá não havia poça d’água... não precisa dizer mais nada”, corrobora Tite.

Depois de muitas farpas trocadas nos bastidores, o jogo foi transferido para o dia 21 de junho de 2000, uma noite de quarta-feira gelada que os corações grenás tornaram tão quente quanto uma tarde de verão. “Fizemos um baita jogo, bom pra c******, emo-cionante. Não queria perder aquele jogo. Marcaram um pênalti esdrúxulo no final. Aí o Gilmar defendeu e foi consagrado, uma bênção. E na sequ-ência o Jairo Santos deu um bago pra longe, então o Simon apitou o fim do jogo e invadimos o campo”, relata Tite.

“Eu tive certeza e convicção de que pegaria o pênalti. Eu sempre estudo muito o adversário e estava estudan-do o Ronaldinho. Quando ele botou a bola no lugar, vi a postura e sabia onde ia bater. A relação do pênalti que pe-guei é como a da conquista do título. Nos preparamos pra conquistá-lo. As

coisas não acontecem por acaso”, ensina Gil-mar, responsável por segurar o 0 a 0.

Os mais de 30 mil torcedores gremistas que foram ao Olímpico assistiram de camarote à queda do milionário Grêmio diante do mo-desto Caxias. Era a ve-lha e conhecida dispu-ta entre Davi e Golias. Os sinais estavam sen-do apresentados a todo

instante, coube ao Grêmio ignorá-los e pagar por isso. E coube ao Caxias tra-balhar e honrar as cores grená, branco e azul, mesmo com salários atrasados.

“O meio-campo com Ivair, Titi, Maurício e Gil Baiano, era muito bonito de ver jogar”,recorda o técnico Tite

“A relação do pênalti que peguei é como a da conquista do título. Nos preparamos pra conquistá-lo”,compara Gilmar

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O centroavante Jajá escapa da marcação na batalha final contra o Grêmio, em Porto Alegre

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por FABIANO [email protected]

m 1994, o Juventude participou pela primeira vez da Copa São Paulo de Fu-tebol Júnior. A competição, que come-çou a ser disputada em 1969 somente com equipes paulistas, é considerada a porta de entrada para a categoria profissional. O alviverde terminou o torneio em 5º lugar, feito considerado inédito para um time estreante, e re-velou uma série de jogadores que, no final daquele mesmo ano, ajudaram o clube a conquistar a Série B do Cam-peonato Brasileiro. O volante Lauro, o lateral Itaqui e o zagueiro Baggio, en-tre outros, estavam no time.

O goleiro Humberto, que hoje é preparador de goleiros dos juniores e que viajou com o grupo no dia 1º de janeiro para Mogi Guaçu, cidade-sede do Grupo J, do qual faz parte o Juven-

tude, também jogou a copa em 1994. “O Guarani-SP foi campeão naquele ano, e tinha como destaques os ata-cantes Luisão e Amoroso e o goleiro Pitarelli”, relembra Humberto. O Ju estreia na edição 2010 no domingo, dia 3 de janeiro, contra o Juventus-SP.

Naquela primeira experiência de 1994, a campanha alviverde na pri-meira fase teve vitórias sobre o Cru-zeiro (1 a 0), sobre o Atlético-GO (3 a 2) e sobre o Corinthians (2 a 1). Na segunda fase, com dois empates e uma vitória (0 a 0 com Juventus, 1 a 1 com Nacional-SP e 1 a 0 sobre o Grêmio), o Ju passou para as quartas-de-final. Acabou eliminado pelo Guarani nos pênaltis por 3 a 2 (empate sem gols no tempo normal). Hoje, o ex-goleiro de 37 anos comemora o fato de poder participar novamente da competição, desta vez do lado de fora do gramado. Agora, pretende passar sua experiên-

cia para os colegas de posição e demais jogadores.

Humberto Alencar da Fontoura Flores atuou como atleta por 10 anos no Juventude, de 1992 até 2002, e encerrou a carreira no Caxias, em 2007. Sua primeira ex-periência como treina-dor de goleiros, duran-te um ano, foi no clube em que se aposentou. Depois de passar seis meses no Veranópo-lis, foi contratado pelo Juventude, trabalhou na Copa RS e emen-dou a preparação dos juniores, iniciada no dia 20 de novembro. “Atualmente, a formação dos jovens jogadores de futebol necessita de cuidados. Atle-tas com experiência, acredito, podem

passar tranquilidade para os rapa-zes. Principalmente para os goleiros”, opina Humberto, ao lado das jovens promessas do Ju para esta posição:

Ismael Basso e Jakson Follmann, ambos com 17 anos.

A experiência a que Humberto se re-fere serviria para os jovens terem noção do que pode aconte-cer durante um jogo. “Quando atuei na base não existia treinador de goleiros. Hoje, não vale só o treino. Uma boa conversa ajuda

muito”, pondera, com o olhar fixo no treinamento. Para ele, as condições de preparação dos atletas evoluíram muito na última década, bem como as

Apostas alviverdes

“Hoje, não vale só o treino. Uma boa conversa ajuda muito”,diz o preparador de goleiros Humberto

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Juniores participam, a partir deste domingo, da 41ª Copa São Paulo, porta de entrada para o futebol profissional

Preparação física e tática da gurizada começou no final de novembro, no Centro de Formação de Atletas e Cidadãos do clube

O FUTURO PASSAPELOS PÉS DELES

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cobranças. “Em 1991, esperávamos até os 22 anos para sermos promovidos para o profissional. Agora, com 16 ou 17 anos de idade isso já acontece. Bas-ta ver o caso do Zezinho, que pratica-mente nem jogou pelos juniores – saiu direto dos juvenis para os profissio-nais”, exemplifica ele, o único ao lado do volante Lauro a ter conquistado a Série B de 1994, o Gauchão de 1998 e a Copa do Brasil de 1999.

Os integrantes da comissão técni-ca do Ju lembram que o nível de exi-gência dos jovens, principalmente na Copa SP, é estressante. Por isso, quem estiver melhor preparado vai para o jogo. “Sempre digo a eles: tem mais va-lor o jogador limitado e inteligente do que o craque burro”, sorri Humberto. Na primeira fase serão três partidas. “Já avisei o Ismael e o Follmann: se perdermos a primeira, podemos ar-rumar as malas. O nível de competi-tividade é muito alto. Quando joguei em 1994, fui o goleiro menos vazado, ao lado do Nilson, do Vitória. Quan-do retornei para Caxias do Sul, assinei meu primeiro contrato. Este torneio serve para revelar jogadores”, contex-tualiza o ex-goleiro. Humberto cita jogadores que estão no atual grupo principal do Ju – alguns deles jogaram a Copa São Paulo 2009 – e que devem ser aproveitados pelo novo técnico Osmar Loss: o goleiro Carlão, os zagueiros Douglas e Jorge Felipe, os vo-lantes Gustavo e Tiago Renz, o meia Zezinho, o atacante Diego Rosa e o lateral direito Jack-son.

O caxiense Ismael e Follmann, de Alecrim (fronteira noroeste do Estado), garantem que entenderam o recado do treinador. “É o primeiro torneio do ano. Todo mundo estará de olho. E como a direção anunciou que aposta-rá nas categorias de base, nada melhor do que mostrar do que somos capazes. Logo ali na frente pode aparecer uma oportunidade no grupo principal”, anima-se Ismael, que está no Ju há cinco anos e mora com a família no distrito de Mato Perso, em Flores da Cunha.

Follmann, há um ano no alviverde, concorda com o colega, e acrescenta: “Precisamos ficar concentrados. No meu caso, acompanho pela televisão e pela internet o que posso dos outros times. Como a pressão é grande, o apoio da família, mesmo a distância, é fundamental”. Os parentes do goleiro de origem alemã moram em Boa Vista do Buricá, cidade distante 95 quilô-metros de Alecrim.

Para comandar os juniores na Copa SP de 2010 a direção do Ju que ficou no clube até quinta-feira, dia 31 de dezembro, apostou no currículo de Carlos Eduardo de Moraes, 34 anos. O treinador atuou 10 anos no Inter, com passagens pelas categorias juve-nil, infantil e juniores (como auxiliar). “Em 2008 decidi que daria um novo rumo em minha carreira. Analisei o mercado, fiz estágios e surgiu a opor-tunidade no Ju. Assumi o juvenil em

março e tivemos uma ótima campa-nha. No Estadual, foram 30 jogos de invencibilidade”, lembra. O time foi eliminado pelo Grêmio na semifinal. Em novembro, Moraes assumiu os ju-niores. “Vamos viajar com um grupo de 20 atletas. Trabalhamos com 27, mesclando nascidos em 1991 e 1992. Nosso objetivo é variar experiência, qualidade e força, pois a competição é psicologicamente pesada (de quatro times em cada chave, passa apenas um para a próxima fase) e, ao mesmo tempo, uma vitrine”, considera o trei-nador. Para ele, “é preciso exigir disci-plina, mas com argumento, para lidar com a garotada”.

Questionado sobre quem seria um destaque do grupo, o comandante, enquanto aguardava o aquecimento dos atletas num dos campos do Cen-tro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC) do Juventude, preferiu se es-quivar: “Sobre isso prefiro blindá-los, deixando-os mais concentrados, sem criar falsa expectativa”. Aliado a isso, Moraes acredita que a criação de um ambiente favorável de trabalho é capaz de proporcionar, gradativamente, o destaque de todo o grupo. “Trabalhar as categorias de base é o momento. Os clubes de futebol do país que deixaram de apostar na garotada estão voltando

a investir nesse seg-mento”, analisa. Antes de encerrar a entrevis-ta, Moraes pediu um instante para reunir os jogadores no centro do campo de treinamento e distribuir os coletes. A fisionomia de ansie-dade era nítida no rosto dos adolescentes, que aguardavam a defini-ção do time titular.

A competição em São Paulo será realizada até 25 de ja-neiro, oito dias após o início do Cam-peonato Gaúcho, reunindo cerca de 2 mil atletas. O Juventude terá como adversários na primeira fase o Vila Nova, de Goiás, o XV de Piracicaba e o Juventus, ambos de São Paulo. Con-forme o regulamento, os times jogam em turno único dentro dos próprios grupos. Os campeões das 23 chaves e os nove melhores segundos coloca-dos se classificam para a segunda fase, que passa a ser disputada no sistema de mata-mata até a final. A compe-tição ganhou destaque nacional em 1972, quando o Inter revelou um dos maiores craques do futebol brasileiro: Paulo Roberto Falcão. Desde então, a Copinha, como também é chamado o torneio, ficou reconhecida pelo poten-cial de apresentar jovens craques ao país e ao Exterior.

O novo presidente alviverde, Milton Scola, já anunciou que a aposta para esta temporada que se inicia com o caixa negativo será nas categorias de base. Ou seja, a Copa São Paulo de 2010, além de vitrine para olheiros e empresários do mundo da bola, será uma ótima oportunidade para os ga-rotos do técnico Moraes e do prepara-dor de goleiros Humberto provarem que merecem uma chance no grupo profissional. E quem sabe a história de 1994 não se repete?

“Sempre digo a eles: tem mais valor o jogador limitado e inteligente do que o craque burro”, ensina o ex-goleiro

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Ismael Basso (D) e Jakson Follmann (E) treinaram sob orientação de Humberto

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Renato [email protected] | www.ocaxiense.com.br/renato-henrichs

Nem fui citado nas investigações, a não ser pela imprensa

Deputado federal Ruy Pauletti (PSDB), magoado com a inclusão de seu nome do caso da farra das passagens aéreas, um dos

escândalos do ano na Câmara

No primeiro ano do segundo mandato, o chefe do Executivo começa a colher os frutos de um trabalho que privilegia a infraestrutura

perguntas paraJosé Ivo Sartori

A vereadora Geni Peteffi pode em-bolar o meio de campo na eleição de 2012. Ela diz que é candidata à prefei-tura pelo PMDB. Questionada sobre um acordo de seu partido com o PDT, possivelmente para fechar questão em torno do atual vice-prefeito, Alceu Barbosa Velho, como candidato dos partidos do Executivo, a líder do go-verno Sartori na Câmara pergunta:

“Que acordo? Se alguém me mos-trar algum compromisso assinado, eu desisto da minha ideia. Mas só assim”.

Duas grandes operadoras turísticas comercializam pacotes para a Festa da Uva 2010: a TAM Viagens e a CVC. Elas concentram as vendas, mas não estão sozinhas no propósito de trazer visitan-tes para o evento caxiense. Boa parte dos ingressos para o corso alegórico foi reservada por pequenas empresas da Grande Porto Alegre, de Santa Catarina e do Paraná.

Um senão na divulgação da festa: quem ligava esta semana para o 0800-541-1875 ouvia sempre a mesma gra-vação: “Neste momento, todas as linhas do serviço solicitado encontram-se ocupadas. Por favor, chame novamente daqui a alguns minutos”.

Os programadores do setor erram ao interromper atividades na última semana do ano, por entenderem que o público não está interessado em eventos culturais ou que metade da cidade transfere-se para o Litoral Norte. Fica muita gente por aqui, como comprovam os cinemas abertos e o movimento dos restaurantes que permaneceram atendendo entre o Natal e o Ano Novo.

Barbosa Velho é alvo de críticas por sua disposição em concorrer à Assembleia Legislativa este ano. Os contrários a essa pré-candidatura acham que Alceu vai bater de frente com dois obstáculos (ou desconten-tar duas vertentes): a candidatura de Vinicius Ribeiro a deputado estadual e a tentativa de Maria Helena Sartori (PMDB), esposa do prefeito, buscar outra vez um lugar na Assembleia.

No PMDB, há um outro impasse ainda não admitido publicamente: as dificuldades do vereador Mauro Pe-reira para aprovar suas contas da cam-panha passada. Muitos peemedebistas temem que, no meio da disputa para a Câmara Federal, Mauro sofra alguma penalidade. O caso está no TSE.

O próprio Mauro desdenha o caso, que, segundo ele, está sendo superva-lorizado por colegas de partido que não querem a sua candidatura:

“Isso é coisa de mercadoria ruim que temos no PMDB”, avalia.

Apresentado esta semana, o ba-lanço da Câmara de Vereadores em 2009 – primeiro ano da 15ª Legisla-tura – mostra números positivos. Na avaliação do agora ex-presidente Édio Elói Frizzo (PSB), há muito um grupo de parlamentares não produzia tanto. Frizzo destaca o salto de qualidade no trabalho das comissões, permanentes e especiais, as 320 reuniões realizadas, os 1.432 pedidos de providências, as 799 indicações, os 666 requerimentos e os 343 projetos de lei apresentados ou discutidos.

Em 2008, foram 208 projetos apre-sentados. Em 2005, primeiro ano da legislatura anterior, foram 267.

A devolução de um cheque no valor de mais de R$ 3,3 milhões à prefeitura (recur-sos do orçamento do Legislativo que não foram utilizados no exercício de 2009) mos-tra não só as boas relações entre Câmara de Vereadores e prefeitura de Caxias, mas também, e principalmente, o cuidado com a economia de recursos públicos.

A Câmara abriu mão de utilizar todos os 6% da receita líquida do município porque foi previdente e soube economizar.

“Essa devolução significa que poupamos recursos que agora podem ser revertidos em obras à população”, afirmou o ex-presidente Elói Frizzo ao entregar o cheque a Sartori,

na quarta-feira (na foto, da esquerda para a direita, Frizzo, Sartori, o novo presidente da Câmara, Moisés Paese, e o secretário de Gestão e Finanças, Carlos Búrigo).

Em tempo: a devolução total de recursos foi de R$ 4,4 milhões, já que a parcela de R$ 1 milhão, referente ao mês de dezembro, não chegou a ser efetuada.

A troca de gentilezas continuou com Sartori, que viu o gesto da Câmara como exemplo a outras instituições públicas:

“Junto com o valor em si, estão contem-plados outros valores que a nossa política brasileira precisa. Quem agradece é a popu-lação de Caxias do Sul.”

Outros dados que indicam uma Câmara diferenciada, em que pese seus problemas, referem-se às medidas de transparência e controle de gastos. Os critérios para participação em eventos são cada vez mais rígidos. Acabou-se (ao menos em 2009) o tempo em que vereadores iam aos mais diferentes eventos em cidades turísticas, sem im-portância para o trabalho legislativo.

Com a criação do Portal da Transpa-rência, as contas da Casa agora podem ser acompanhadas pela internet (www.camaracaxias.rs.gov.br). E a implantação do programa de qualidade e produti-vidade garante um serviço melhor ao contribuinte caxiense.

Geni candidataClima de festa

Alternativas

Frentes contrárias

Mercadoria ruim

Salto de qualidade

Poupança

Transparência

Que avaliação o senhor faz de 2009?Foi um ano difícil. Em primeiro lu-

gar, tivemos que mudar a imagem de que o segundo mandato seria pior que o primeiro. Tivemos que redobrar nossos esforços e acho que fomos felizes. O resultado está aí, nas ruas. As medidas tomadas em função da cri-se financeira, ainda no iní-cio do ano, ajustaram nosso trabalho. Ainda em janeiro contingenciamos o orçamen-to do município em 20%. O orçamento de 2010 resul-ta dessas dificuldades, mas conseguimos melhorar nossa capacidade de investimentos. Tivemos que mudar o perfil de muitas obras, in-clusive para dar condições de garantir a contrapartida de compromissos de financiamentos. De qualquer forma, fo-mos grandes geradores de emprego ao abrirmos a cidade com obras como as estações de tratamento, os intercepto-res. Só no mês de dezembro, entre paga-mentos de 13º, adiantamento de férias e salários, foram quase R$ 40 milhões na rua. E isso também ajuda a dar uma di-nâmica no comércio, além da segurança que proporciona à comunidade interna, aos servidores municipais.

Ao mesmo tempo que houve essas di-ficuldades, o governo teve maior visibi-lidade com essas obras que estão sendo realizadas. Isso não é uma contradição?

A visibilidade já vinha de 2008. Mas agora as coisas se tornaram mais claras. Talvez a cidade tenha ficado muito tem-po sem um arsenal de obras tão amplas,

tão importantes como estamos fazen-do – e o caxiense vê isso. Estamos com uma equipe integrada, unida, pronta para trabalhar ainda melhor. Para 2010, já temos programada a primeira etapa

do asfaltamento do interior, entre outras coisas, como a continuidade de todo o complexo Marrecas. O se-gundo mandato nos ensi-nou a perceber equívocos que fizemos de início. Essa é a vantagem da experiên-cia que fomos adquirindo em cinco anos.

Que equívocos foram es-ses?

Não dá para resolver tudo de uma hora para outra. Tem que se ter plane-jamento, elencar prioridades e, a partir dessas prioridades, partir para o traba-lho. Hoje, em função das obras que es-tão sendo feitas, começamos a perceber que falta alguma coisa em termos de manutenção. Então, estamos prepa-rando o terreno. Depois que concluir-mos todo esse trabalho de abertura de infraestrutura de esgoto, por exemplo, vamos refazer todas as vias da cidade, mas isso vai até 2012. Estamos bem. Só não dá para cair na euforia. Não fizemos assim quando o cenário econômico era favorável e também não fizemos quan-do enfrentamos problemas. E nem fare-mos agora, com a retomada do desen-volvimento, com a situação econômica brasileira encaminhada. Não podemos perder o controle e a serenidade. Nunca se sabe o que vai acontecer num mundo globalizado como o de hoje.

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Menu de notíciasÉ simples encontrar as notícias de diferentes assuntos no site do jornal O Caxiense. O menu horizontal facilita a navegação e a visualiza-ção das editorias. Assim, basta um clique para acessar as colunas de Renato Henrichs e Roberto Hunoff ou matérias do Caxias e do Juventu-de, por exemplo.

DestaquesO Caxiense seleciona as notí-cias mais importantes da cidade, destacando-as com grandes fotos. As manchete é atualizada diversas vezes ao dia.

Redes sociaisO Caxiense também dá notícias em 140 caracteres. O Twitter do jornal,

além de reunir seus seguidores, é fonte de informação no ritmo ágil

da internet. www.twitter.com/ocaxiense

VídeosSão cerca de 21 milhões de bra-sileiros que acessam o YouTube

mensalmente para assistir vídeos de diversos assuntos. O Caxiense

também está neste popular canal de vídeos.

www.youtube.com/ocaxiense

FotosA fotografia digital mudou o modo

como as pessoas registram seu dia a dia. O jornalismo também foi

afetado por essa revolução digital. Imagens podem ser publicadas

quase que simultaneamente aos fatos. É isso que o Caxiense oferece

no Flickr. www.flickr.com/photos/ocaxiense/

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