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A LEI DO MAIS FRACO Abril | 2011 |S2 |D3 |S4 |T5 |Q6 |Q7 |S8 Ano II R$ 2,50 70 André T. Susin/O Caxiense O assédio moral motivou a abertura de 267 processos na Justiça do Trabalho de Caxias do Sul no ano passado. Nos três primeiros meses de 2011, já são 87, uma média 30% superior. Na prefeitura, os servidores reivindicam a criação de uma lei específica para combater os abusos Entrevista com Fuck Yeah , a coluna antissocial Noveletto fala de Copa, Gauchão e Clube dos 13 Zé do Rio, o crítico do “Estado Merdocrático” Caxias, acampamento de ciganos O setor de serviços puxou a retração da economia caxiense Roberto HUNOFF Renato HENRICHS Em maio, dom Paulo Moretto faz aniversário – e deixa de ser bispo de Caxias

Edição 70

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O assédio moral motivou a abertura de 267 processos na Justiça do Trabalho de Caxias do Sul no ano passado. Nos três primeiros meses de 2011, já são 87, uma média 30% superior. Na prefeitura, os servidores reivindicam a criação de uma lei específica para combater os abusos

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A LEI DO MAIS FRACO

Abril | 2011|S2 |D3 |S4 |T5 |Q6 |Q7 |S8

Ano ii

R$ 2,50

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O assédio moral motivou a abertura de 267 processos na Justiça do Trabalho de Caxias do Sul no ano passado. Nos três primeiros meses de 2011, já são 87, uma média 30% superior. Na prefeitura, os servidores reivindicam a criação de uma lei específica para combater os abusos

Entrevista comFuck Yeah,

a colunaantissocial

Noveletto fala de Copa,

Gauchão eClube dos 13

Zé do Rio,o crítico

do “EstadoMerdocrático”

Caxias, acampamento de ciganos

O setor de serviços puxou a retração

da economia caxiense

Roberto HuNOFF

RenatoHENRICHS

Em maio, dom Paulo Moretto faz

aniversário – e deixa de serbispo de Caxias

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2 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Setor de serviços pesou na retração da economia caxiense

O Caxiense Entrevista | 5Francisco Noveletto fala de Gauchão, de Clube dos 13 e das chances de Caxias na Copa 2014

Assédio moral | 7O preocupante expediente das perseguições e da tortura psicológica no trabalho

Ciganos | 10Os mistérios de quem está nacidade, de passagem e invisível

Artes | 12impressionismo sem pincéis

Perfil | 13O Zé que veio do Rio para se tornar personagem folclórico em Caxias

Boa Gente | 16Moda, literatura e escultura; as melhores galeterias de Caxias

O Caxiense Entrevista | 17Em voo rasante por nossas páginas, Fuck Yeah Coluna Social, um dos sites mais badalados da terrinha, diz que só quer fazer humor

Guia de Cultura | 18Lição de vida em Biutiful eapós a morte em As mães de Chico Xavier

Dupla CA-Ju | 21A reação do Ju e o presente de aniversário do Caxias

Guia de Esportes | 22Copa de equitação, estreia no rugby e as emoções do Gauchão

Renato Henrichs | 23A hora compulsória de dom Paulo Moretto passar o cargo

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita LossCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

@mfurlann Show de bola a capa dessa semana do @ocaxiense #edição69

@elianefronza Queria morar em Caxias pra ler algo de qualidade como @ocaxiense. Conteúdo bom e muita criatividade nas capas. #edição69

@maureolon Parabéns pelo material e pela co-bertura do jogo de ontem. O vídeo é de arre-piar. #juventude3x2grêmio

@dbiano Seria uma boa um app do @ocaxien-se para Android também! Vi o do iPad, fi cou muito bom! #ocaxiensenoiPad

@graziandreatta Olha só, Caxias agora tem até super-heróis! Uma fofura a Turminha da Soa-ma no @ocaxiense deste fi nal de semana. Ado-rei! #turminhadasoama

@mc_jao81 Tudo isso por causa da dedicação e do bom trabalho do jornal... vão crescer muito ainda! #4milamigosnofacebook

Ótima essa matéria, parabéns!Rony Rodrigues Lemos

A BATINA CONTRA O CASAMENTO

Março | 2011|S26 |D27 |S28 |T29 |Q30 |Q31 |S1º

Ano ii

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Caxienses que deixaram de ser padres para constituir família continuam próximos à Igreja, mas gostariam que ela mudasse e lhes permitisse

voltar a exercer o sacerdócio. O bispo da cidade defende o contrário: os seminaristas devem ser cada vez mais preparados para o celibato

Victor Hugo,

um artistaentre mulheres

e melancias

Ana Corso

quer investigar a habitação

Os casais da Festa

da Uva

O Juventude, para variar,

tenta se reorganizar

DuplaCA-JU

O troca-troca das empresas

nos cargos de gestão

Roberto HUNOFF

Projeto contra pardais no RS |Se o Alceu Barbosa Velho conseguir a aprovação desta lei pode

se canditdatar a governador. Os gaúchos têm ódio dos pardais. Alexander Bedin

Enquanto fi ca tentando ganhar votos com projetos de se-gundo plano, o Brasil fi ca a ver navios em outras áreas. Vamos rever nossos princípios.

Patrícia Tcacenco

isso aí, Alceu. Estou cansado de sustentar corruptos e blogs de cantoras aposentadas.

Rogerio Mazzuchini

Agradecemos | À chihuahua Filó, ao pastor alemão Zion (ambos na capa) e aos seus respectivos donos, Camila Venturini e Rodrigo Lunardi; ao Dogville Hotel e Adestramento (Traves-são Victor Emanuel, Linha 40, fones 3224-2601/9977-3135); à yorkshire Luma, ao pastor belga Bernardo e aos seus respectivos donos, Célia Cunha e Gabriela Bettiato; e aos veterinários Débo-ra Lima Seidel e Fernando Luis Seidel, da Veterinária Bicharada (Rua Demétrio Moreira da Luz, 1.251, bairro Juventude, fone 3229-4845/9128-0044). Nenhum animal foi maltratado na pro-dução desta capa.

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www.ocaxiense.com.br 32 a 8 de abril de 2011 O Caxiense

A chance de Caxias voltar a conviver com uma paralisação na rede municipal de saúde é de 90%. A previsão é do presidente do Sindicato dos Médicos, Marlo-nei Silveira dos Santos, que recon-quistou, no Tribunal de Justiça do Estado, o direito da categoria a fazer greve – o que estava proi-bido por decisão em primeira instância, a pedido da prefeitura. Como um acordo é algo difícil de se imaginar no momento – os médicos, que ganham R$ 2,1 mil por 20 horas semanais, pedem R$ 8,5 mil, mais plano de carreira –, a população pode se preparar: a nova greve é anunciada para o dia 11 de abril. Não bastasse isso, a prefeitura ainda tem a questão dos relógios-ponto para resolver, uma vez que parte dos médicos assumidamente descumpre seu horário nos postos de saúde.

Com dois promotores, o Mi-nistério Público de Caxias do Sul quer saber mais sobre como foi liberada pela prefeitura a obra do Residencial Puerto Vallarta, vizi-nha ao aeroporto, que foi embar-gada a pedido do Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) por ameaçar o tráfego aéreo. Ale-xandre Porto França abriu inqué-

Entusiastas das mídias digitais, especialmente, já estão comemo-rando a realização da TEDx em Caxias do Sul, anunciada para o final do ano. A versão local do Technology Entertainment De-sign, evento hoje disputadíssimo, iniciado na Califórnia em 1984 – onde teve entre seus palestrantes Bill Gates e Al Gore –, ainda não tem data confirmada, mas deve ocorrer entre outubro e dezem-bro.

Os convidados a falar no TEDx têm entre cinco e 15 minutos para apresentar “ideias que valem a pena serem espalhadas”. Embo-ra a característica marcante seja a tecnologia, áreas diversas são abordadas, de ecologia a política. No Brasil, cidades como São Pau-lo, Rio de Janeiro e Porto Alegre já tiveram suas edições.

A conclusão geral do fórum or-ganizado pela Câmara de indús-tria, Comércio e Serviços (CiC) de Caxias do Sul para debater as oportunidades com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi de que, em termos de estrutura, a cidade está bem pre-parada para ser um Centro de Treinamento de Seleções – e, con-sequentemente, atrair milhares de turistas. A segunda constatação é de que ainda falta contagiar a população com a candidatura de Caxias a campo base da Copa e começar a preparar os recursos humanos para atender a demanda pretendida. Um passo importan-te já foi dado: o ex-atacante Wa-shington, ídolo grená, foi nome-ado embaixador da candidatura.

“Não temos dúvida nenhuma que com a tua imagem vamos sen-sibilizar toda a região Nordeste do Estado para a importância de tor-nar Caxias um campo base”, disse o presidente da CiC, Milton Cor-latti, ao convidá-lo publicamente. “Eu já me senti lisonjeado com o convite para falar aqui e se tornou algo muito maior. É a realização de um sonho. Estou à disposição”, anunciou Washington.

A primeira transmissão a cores da televisão brasileira, evento que a Festa da Uva teve a honra de se-diar em 19 de fevereiro de 1972, será mesmo a principal inspiração para o evento de 2012. O tema da próxima da festa será “Uva, Cor, Ação! A safra da vida na magia das cores”. Com o tema, a Festa da Uva ganha impulso para sua organiza-ção e divulgação. O próximo passo é a eleição da rainha e das prince-sas, marcada para 3 de setembro – as inscrições, aliás, abrem segunda (4). A Festa da Uva ocorrerá de 16 de fevereiro a 4 de março de 2012.

Médicos retomam direito à greve

MP investiga obra do Residencial Puerto Vallarta

Disputado evento tecnológico em Caxias

Washington é embaixadorde Caxias para a Copa 2014

Guiovane Maria (PT) tem seu mandato confirmado

Festa da uva vai comemorar1ª transmissão a cores

SEGuNDA | 28.mar

TERÇA | 29.mar

QuINTA | 31.mar

SEXTA | 1º.abr

QuARTA | 30.mar

A Semanaeditada por Felipe Boff | [email protected]

Mai

con

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“Uva, Cor, Ação! A safra da vida na magia das cores” será o tema da próxima Festa da Uva

Depois de ter sua posse ques-

rito civil público sobre o caso, e a promotora Janaina De Carli dos Santos solicitou informações ao Município. Na próxima terça-feira (5), a construtora Globo En-gecon deve apresentar um novo projeto, com adaptações, para dar continuidade à obra. A polêmica do Residencial Puerto Vallarta re-sultou na saída de Francisco Rech (PP) do cargo de diretor geral da Secretaria de Obras, ao se revelar que ele é sócio da itaperu, uma das imobiliárias que comerciali-zam o empreendimento – finan-ciado, aliás, pelo Minha Casa Mi-nha Vida.

tionada pela Justiça Eleitoral, que apontou-o como inelegível em função de uma condenação por obstrução à justiça em 2006 – já cumprida –, Guiovane Maria (PT) teve seu mandato confirmado pela Câmara. O presidente do Legisla-tivo, Marcos Daneluz (PT), apu-rou que o juiz eleitoral baseara-se numa lei que foi alterada pela Lei do Ficha Limpa. Com a mudança, crimes de menos potencial ofen-sivo não impedem a posse do po-lítico. Essa interpretação acabou sendo reconhecida pelo próprio juiz. Guiovane assumiu a vaga de Clauri Flores (PT), morto em aci-dente de trânsito no dia 7 de fe-vereiro, uma semana após tomar posse – em função da eleição de Assis Melo (PC do B) para a Câ-mara Federal.

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4 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Roberto [email protected]

A economia de Caxias do Sul recuou 2,4% em fevereiro na com-paração com janeiro, mas manteve ritmo crescente de 13,1% em rela-ção ao mesmo mês do ano passado. No ano o acumulado é de 17,3% e, em 12 meses, de 21,1%. A retração de fevereiro decorre do resultado negativo do segmento de serviços, na ordem de 16,8% sobre janeiro. Já indústria e comércio apresenta-ram altas de 4,4% e 1,4%, respecti-

vamente. Em 12 meses a indústria cresce 30%; o comércio, 5,6%; e os serviços, 13,7%. Na indústria cha-ma a atenção o incremento das ho-ras trabalhadas e da massa salarial, comprovando que o setor tem uma forte carteira de pedidos. Tanto é que o índice de utilização da ca-pacidade instalada subiu um pon-to, para 79%, resultado obtido em agosto de 2010 e abaixo dos 80% de dezembro.

O ritmo da atividade econômi-ca, que favorece a arrecadação de tributos pela prefeitura, está pre-judicando a realização de obras públicas pleiteadas pela comuni-dade. O secretário de Recursos Humanos e Logística do Muni-cípio, Edson Mano, confirma a falta de empresas interessadas na prestação de serviços, principal-mente para os de valores menores, até R$ 100 mil. De acordo com o secretário, vários processos licita-tórios estão atrasados em função da dificuldade de contratação.

O representante da Agência Na-cional de Aviação Civil (Anac) na Região Sul, Henrique Helms, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (4) da CiC de Caxias do Sul. Também coorde-nador da Gerência de Vigilância de Operações da Aviação Geral em Porto Alegre, ele apresentará a empresa e as atribuições da Uni-dade Regional de Porto Alegre.

A Dolaimes Comunicação e Eventos lançou o curso in com-pany internacional Negociação e Pensamento Crítico. O públi-co-alvo é formado por dirigentes empresariais e profissionais respon-sáveis pelas decisões estratégicas.

A Construesse entregou o con-domínio luxuoso Felice Residencial. O prédio possui 18 apartamentos, sendo dois duplex, distribuídos em nove andares, com área privativa de 200 m². Em 22 anos de atividades a construtora já entregou mais de 250 mil m² de área construída.

A Unylaser indústria Metalúr-gica, de Caxias do Sul, projeta ex-pansão de 50% de seus negócios em 2011 e, para os dois exercícios seguintes, média de 30% anuais, dobrando, assim, os números re-gistrados em 2010, que foi de recu-peração expressiva. integrante do Grupo PCP Participações, a uni-dade tem um dos maiores centros de corte térmico e processamento de metais do Sul do Brasil, com ca-pacidade para manufaturar até 25

mil toneladas de peças de aço ao ano. De acordo com o diretor do grupo, Humberto Cervelin, está em andamento projeto de expansão na estrutura fabril da Unylaser para elevar este volume em 30%.

Com foco comercial destacado nos setores agrícola, rodoviário, na-val, de guindastes, de silos metáli-cos, filtragem e exaustão, a unidade responde por perto de 20% do fa-turamento do grupo, que foi de R$ 100 milhões no ano passado.

A Keko Acessórios, que na sexta-feira (1º) completou seus 25 anos de fundação, iniciou o processo de transferência de sua planta fabril de Caxias do Sul para Flores da Cunha, onde ergue moderna fábrica de 20,5 mil m² para centralizar todas as suas atividades e estar em condições de atender seu crescimento.

A organização, fundada por Henri Mantovani e pelos filhos Leandro e Juliano em 1986, é atualmente líder brasileira em personalização de veículos e atua em 21 países. A comemoração dos 25 anos ocorreu na nova sede reunindo a diretoria e os 410 funcionários. Foi também o momento de lançamento do selo comemorativo de aniversário.

A Marelli Ambientes Racionais completa 28 anos neste sábado (2). A fabricante de móveis para escritórios celebrou a data com seus 200 funcio-nários e 20 alunos do Projeto Pescar na sexta-feira (1º). Comandada por Rudimar Borelli, Daniel Mazzocchi e Francisco dos Santos, a organi-zação alcançou no ano passado a marca histórica de R$ 100 milhões em faturamento. Para consolidar o objetivo de crescer 10% em 2011 a empresa abrirá mais lojas, lançará produtos e ampliará a produtividade fabril com a expansão da fábrica e melhoria da logística de distribuição.

Economia de Caxias do SulMês atual/Mês anteriorAcumulado no anoAcumulado em 12 meses

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O secretário municipal da Agri-cultura de Caxias do Sul, Nestor Pistorello, foi mantido na presi-dência da Adcointer/Serra. A as-sembleia de representantes dos 11 municípios que participam do con-

sórcio também aprovou as contas do exercício 2010 e o aumento de capital para viabilizar a pavimenta-ção do estacionamento dos produ-tores na Ceasa.

A RGE, concessionária dos servi-ços de energia elétrica em Caxias do Sul, investiu R$ 15 milhões no ano passado na melhoria e ampliação da rede de distribuição na cidade. O valor é 25% superior aos R$ 12 milhões de 2009. Uma das ações prioritárias é a substituição dos postes de madeira por outros de concreto. Em Caxias do Sul é feita a troca anual de 20 mil unidades.

A TAM Viagens programou para terça-feira (5) a inauguração de loja no San Pelegrino Shopping Mall. A operação será comandada pela empresária Katiúcia Pezzi Corlatti, que transferirá a loja da Rua Os 18 do Forte para o shopping. Será a primeira franquia da TAM Viagens em um shopping do Rio Grande do Sul, onde os clientes poderão adquirir pacotes e passagens aére-as também de outras companhias que integram a Star Alliance.

A JAC Motors Hefei, que será oficialmente inaugurada em 27 de abril, vendeu 10 unidades do J3 desde o lançamento da marca no Brasil no dia 18 de março. Mantida esta média, a expectativa de comer-cialização será superada, seguindo o que ocorre no Brasil. De acordo com a diretora Fabiana Restelatto Tadielo, a meta é a venda média de 20 a 25 unidades ao mês. No País as 46 revendas já comercializaram mais de 1 mil veículos da marca chinesa. A concessionária local, que terá perto de 2 mil m², é resultado de investimento de R$ 2 milhões. Até a inauguração, a apresentação e vendas do veículo estão concen-tradas no Shopping iguatemi.

Faltam empreiteiras

Faturamento em dobro

De mudança

Expansão

Agricultura

Mais energia

Franquia

Vendas aceleradas

TíMIDARETRAÇãO

Curtas

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por Camila Cardoso [email protected]

meu negócio é vender CD. No fu-tebol estou enganando muito bem vocês. Sei que a bola é redonda e nada mais, mas está dando certo”, brinca o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Fran-cisco Noveletto, e também pro-prietário da rede Multisom, no início de sua participação no fó-rum que debateu oportunidades da Copa do Mundo, que ocorreu terça-feira (29) na CiC Caxias. Em seguida, conversou com O Caxiense sobre o Mundial, a re-gionalização das competições na-cionais e anunciou que em 2012 o Gauchão se estenderá até agosto.

Por que Caxias deve ser campo base da Copa de 2014?

Eu vejo com bons olhos que

Caxias seja a sede de alguma se-leção, porque é um lugar muito bem localizado, próximo de Porto Alegre, a uma hora de voo de São Paulo. Também tem boa estrutu-ra, incluindo a dos dois times de futebol. Não tem por que Caxias ficar de fora. O lado bom é que se a cidade não for campo base, tudo que foi feito de investimentos será aproveitado. O mínimo que pode acontecer é ficar tudo como está.

Para o Estado, quais os pontos críticos a resolver?

Todos, praticamente não se co-meçou nada ainda. Mas acho que o ponto fundamental que nós pre-cisamos melhorar antes de tornar sede é o Aeroporto Salgado Filho. Hoje ele não tem condições para abranger os voos que já existem, mesmo sem Copa do Mundo. Com a proximidade da Copa, já

começaram voos internacionais, como um direto para a Europa, sem precisar fazer escala em São Paulo. Tem também quatro voos por semana Porto Alegre-Nova iorque e Miami, via Pana-má, um voo direto para o Peru. Mas não tenho dúvida de que no momento certo essa situação acabará se resolven-do.

O Internacional to-mou a decisão acer-tada ao escolher uma empresa para o financiamento da reforma do estádio para a Copa do Mundo?

Eu sou conselheiro do interna-cional. Na última reunião do con-selho foi aprovada a parceria com

essa empresa. Estava havendo uma certa divisão dentro do clu-be entre optar por uma parceria e fazer com recurso próprio, mas

a Fifa exige um aval bancário. Eu era contra, mas não ti-vemos outra saída a não ser votar na dita parceria. No mo-mento que assinar essa empresa, den-tro de um ano, um ano e meio, o Beira Rio estará comple-tamente reformado. Depois dessa deci-são do conselho do internacional, eu

não tenho mais dúvida de que a Copa vai ser realizada no Beira Rio.

Há riscos de superfaturamento

O Caxiense entrevista

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“O lado bom é que se a cidade não for campo base, tudo que foi feito de investimentos será aproveitado. O mínimo que pode acontecer é ficar tudo como está”

“Se ficar naquela ‘não vamos fazer porque vão roubar’, voltamos à idade da pedra”, diz Noveletto sobre possibilidade de superfaturamento de obras para a Copa

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www.ocaxiense.com.br 52 a 8 de abril de 2011 O Caxiense

“Não tem por queCaxias fiCar de fora”

Francisco Noveletto, da FGF, vê urgência na melhoria da infraestrutura do Estado para receber a Copa do Mundo e aposta em Caxias

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das obras da Copa?O povo não pode ficar preocu-

pado porque vão superfaturar, ou roubar, tem autoridades compe-tentes, o Ministério Público, Tri-bunal de Contas, sei lá eu quem para fiscalizar isso. Se ficar na-quela “não vamos fazer porque vão roubar”, voltamos à idade da pedra. Eu acho que pessoas inteli-gentes não podem pensar dessa ma-neira. Nós temos que pensar no pro-gresso do país que virá com a Copa. No momento que findar uma Copa do Mundo, mis-ter Blatter (Joseph Blatter, presidente da Fifa) não vai pôr todas as coisas que foram feitas nas costas e levar embora para a Suíça. Novas avenidas, novos ae-roportos, novas linhas de metrô, novos hospitais, que funcionarão para a Copa, esses benefícios to-dos ficam para serem usados pe-las comunidades.

A fórmula do Gauchão está con-solidada após 2 anos?

Está sim. Tem ainda uma certa dúvida sobre cada turno, se classi-fica quatro ou classifica dois. Mas num grupo onde são oito jogos, se classificar só dois, uma equipe perde três ou quatro jogos e aca-bou o campeonato. Assim não, oportunizando que de oito jogos saia quatro equipes, as chances vão até a última rodada. No pri-meiro turno, com essa forma de classificar quatro de 16, na última rodada só tinham duas equipes que não estavam fazendo mais nada. As outras 14 disputavam uma vaga na última rodada. En-tão isso oportuniza que você fi-que vivo e trabalhe até as últimas. Caso contrário, como principal-mente muitos jornalistas que-rem, ao invés de classificar qua-tro, classificar dois, na metade de cada turno a metade das equipes já está fora, jogando pra cumprir tabela. Um detalhe que para o ano que vem deve mudar é terminar

o Campeonato Gaúcho em agos-to. O que que vai ficar fazendo o Juventude e o Caxias até agosto, quando inicia a série D e a série C? O time já pode se planejar me-lhor, contratar o jogador para o Gauchão e para a Série C ou D. E não fazer uma equipe ficar 90 dias parada, para depois começar a outra competição.

Como acabar com a hegemonia da dupla Gre-Nal no campeo-nato?

Ano após ano, as equipes estão se for-talecendo. Antiga-mente, o narrador não precisava nem anotar os nomes, porque ele conhe-cia cada jogador, era sempre um rodízio

dos mesmos nos times. Hoje, o repasse financeiro da Federação oportuniza que eles façam gran-des contratações no Brasil inteiro. Qualquer clube do interior tem condições de buscar um jogador em qualquer lugar do país, ou até repatriar alguns. Nós temos 120 jogadores no Gauchão que esta-vam fora do país. Uma vez, difi-cilmente um clube que jogava o Gauchão podia buscar jogador no Uruguai, na Argentina, no Para-guai. Hoje já são 15 atletas. E as equipes do interior se incluem nisso. Só em Caxias tem cinco ou seis estrangeiros. Esses são sinais que os times estão mudan-do, estão buscando caras novas, para tentar se equivaler ao Grê-mio e internacional. E isso tem acontecido. Olha o Grêmio, le-vou o maior sufoco para ganhar do Caxias, no detalhe aos 50 do segundo tempo. Acabou a mo-leza, é igual para igual. Até pou-co tempo, dupla Gre-Nal jogava Gauchão na base do menosprezo. Hoje não, até pelo repasse finan-ceiro, eles encaram com serieda-de. Passou a ser um bom negócio jogar o Campeonato Gaúcho. Se você levar em conta que são três meses de futebol e se você pegar a copa de Grêmio e internacional, é maior do que o campeonato na-

cional repassa em nove meses.

Os patrocínios para o Gauchão devem ser ampliados nos próxi-mos campeonatos?

A gente está saindo na frente, é o primeiro campeonato regio-nal que tem uma marca. Para se ter uma ideia, na hora que saiu na mídia o nome do campeonato Gauchão Coca-cola, três grandes empresas entraram em contato com interesse em patrocinar o próximo ano. Até 2012 é com a Coca-cola, mas já fizeram reserva para 2013 em diante.

O que deveria mudar no calen-dário do futebol brasileiro?

Eu venho junto à CBF (Con-federação Brasileira de Futebol) tentando mudar algumas coisas. Por exemplo, a série C, que são quatro grupos de cinco times. Eu tentei por diversas vezes unificar em dois grupos de 10. Seria me-lhor para um Caxias, por exem-plo, se preparar para jogar nove jogos em casa e nove fora, formar uma grande equipe para jogar 18 jogos, do que formar uma grande equipe para jogar oito jogos. Só que nós vivemos em um país com dimensões continentais. O retor-no que me deram foi o seguinte: aqui na Região Sul até Minas Ge-rais se arruma dez times, e dá 1,5 mil quilômetros de dis-tância. Mas lá para cima, uma equipe do Acre para jogar em Fortaleza não tem um voo direto, tem que vir a Brasí-lia para depois voltar a Fortaleza, e isso dá 8 mil quilômetros. isso inviabiliza, tor-na muito caro. infe-lizmente não conse-guiram patrocinador para pagar toda essa despesa, então continua quatro grupos de cinco.

Há alternativa para a regionali-zação? No ano passado, Caxias e Juventude jogaram no grupo mais forte por causa do fator lo-cal.

isso ocorre para minimizar pre-ço, não tem jeito. Porque se você fizer uma divisão, tem times que não tem como jogar, porque tem que viajar para o Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas. A verba que a CBF tem para patrocínio é pequena, então ela tem que enxu-gar, regionalizando. Eu sei que é ruim. Nós tivemos no ano passa-do Brasil-PE, Juventude, Caxias, Chapecó e Criciúma no mesmo grupo. No meu ponto de vista, eram as cinco equipes mais fortes da série C, que acabaram se co-mendo aqui, enquanto passaram umas equipes do Norte e Nor-deste. Mas, infelizmente, vivemos num país que é um continente de tão grande. Fica difícil fazer dife-rente.

Com o racha no Clube dos 13, os clubes devem negociar seus direitos de transmissão ou uma instituição deve interceder por todos?

Dessa maneira alguns clubes acabam ganhando vantagem, ne-gociando melhor, um Flamengo, um Corinthians, por exemplo. Eu lamento esse racha justo no mo-mento que nós acertamos o ca-lendário. Antes se recebia o calen-dário em outubro sabendo o que haveria no próximo ano, as TVs

fechadas já vendiam pacotes com data certa. E agora, como vai ser? Como se vende pacotes? Tu não sabe se um ne-gociou com a Glo-bo, ou com a CBF, pelo Clube dos 13, e isso é prejudicial. Pode um jogo não sair porque os times podem não cair no mesmo grupo. No momento em que

estava tudo acertadinho, aconte-ce esse racha. isso só vem a tirar o brilho dos campeonatos nacio-nais que estavam tão bem pla-nejados, como sempre se quis e como sempre se pediu. Quando nós chegamos no topo da organi-zação, aconteceu esse racha e isso não vem a somar, só atrapalha.

“Tu não sabe se um negociou com a Globo ou com a CBF, pelo Clube dos 13. Pode um jogo não sair porque os times podem não cair no mesmo grupo”

“Acabou a moleza, é igual para igual. Até pouco tempo, dupla Gre-Nal jogava Gauchão na base do menosprezo. Hoje não, eles encaram com seriedade”

6 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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por JosÉ eduardo [email protected]

inha família é quem sofre mais com isso”, relata um fiscal de trânsito, servidor municipal con-cursado da prefeitura de Caxias do Sul desde 2003. A aflição da esposa provém, conforme o tra-balhador, do assédio moral que ele alega ter sofrido de seus su-periores durante os últimos anos. A história desse servidor, que ti-rou diversas licenças de saúde e dispendeu parte do salário para a compra de remédios e calman-tes, remonta à troca do governo municipal. O fiscal relata que, por defender abertamente suas opini-ões políticas e ser filiado ao Par-tido dos Trabalhadores (PT), foi deixado de lado do quadro fun-cional na Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade e pas-sou a desenvolver sozinho, e sem os equipamentos necessários, as tarefas cotidianas. “Conheci vá-rios locais de Caxias quando es-tava sendo perseguido. Passei 15 dias em Forqueta, dois meses em Galópolis, 50 dias em Ana Rech. isso sozinho, a pé, sem viatura nem rádio, nem nada. Muitos di-ziam: ‘isso é para tu repensares teus atos’.” Após a intervenção do sindicato, o fiscal diz que voltou a ter condições de trabalho, mas

por medo de sofrer novas repre-sálias prefere se manter anônimo.

Para tentar evitar que casos se-melhantes ocorram, o Sindicato dos Servidores Municipais de Ca-xias do Sul (Sindiserv) iniciou a campanha de negociação de 2011 levando como principal bandei-ra o combate ao assédio moral. “Debatemos o tema desde 2007. Todos os anos colocamos ele na pauta para a criação de uma lei municipal. Vamos agora para o quarto ano seguido. O governo nega a existência dessa prática, mas o assédio tem acontecido. As vítimas vão até o sindicato. É difícil de provar, por isso precisa-mos de uma lei municipal urgen-temente. É importante a categoria se instrumentalizar com ferra-mentas para se proteger”, afirma o presidente do sindicato, João Dorlan.

Casos de assédio moral – é importante ressaltar – não são ex-clusividade da administração atu-al. Tanto que o movimento para a criação de uma lei municipal teve seu primeiro ato em 2001. O en-tão vereador Alceu Barbosa Ve-lho (PDT) – depois vice-prefeito e hoje deputado estadual – proto-colou um projeto de lei que apli-cava penalidades administrativas aos servidores que praticassem

assédio moral contra colegas de trabalho. As punições compre-endiam a aplicação compulsória de um curso de aprimoramento profissional, a suspensão e, em úl-timo caso, a demissão. O texto foi aprovado por unanimidade pelos vereadores, em 2003, mas acabou vetado pelo prefeito Pepe Vargas (PT), sob a justificativa consti-tucional de que caberia somente ao Poder Executivo legislar sobre regime jurídico, provimento de cargos, empregos e funções dos ser-vidores munici-pais. “A ideia sur-giu quando uma amiga leu a res-peito de um pro-jeto semelhante em Minas Gerais. Havia muita recla-mação de pessoas que não estavam em partido A ou B e sofriam assédio na administra-ção. Então pensei que poderia ser aplicado em Caxias do Sul. O ob-jetivo era coibir a violência entre os servidores”, recorda Alceu.

Em 2010, a vereadora Denise Pessôa (PT) ingressou com um projeto semelhante, reabrindo o debate sobre o tema na Câma-ra. A proposta recebeu o parecer

de inconstitucionalidade da Co-missão de Constituição e Justiça, pelo mesmo motivo que levou Pepe Vargas a vetar o projeto de Alceu. Denise diz que os vereado-res podem derrubar o parecer da comissão, e aí “a aprovação da lei dependerá somente da prefeitura”. A vereadora explica que o projeto foi elaborado em parceria com o Sindiserv e levou em considera-ção as ocorrências apresentadas

ao sindicato. “Essa demanda surgiu a partir dos servidores públicos. Eles traziam supostos casos de as-sédio moral. Me basei pouco no projeto do Alceu porque ele era bem sintético. Ten-tamos classificar me-lhor para depois ser regulamentado.”

A definição de as-sédio moral está pre-sente no artigo 1° do

projeto, que o define como proce-dimento repetitivo que implique em violação da dignidade ou que, por qualquer forma, sujeite o ser-vidor municipal a condições de trabalho humilhantes ou degra-dantes. As penas administrativas para o assediador incluem adver-tência escrita, suspensão, destitui-ção de função gratificada e demis-

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e“Havia muita reclamação de pessoas que não estavam em partido A ou B e sofriam assédio na administração”, conta Alceu

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quaNdo o traBalHo Vira CastiGo

Na Justiça, primeiros meses de 2011 já indicam alta de 30% nos casos de assédio moral. No Município, servidores querem lei específica para se proteger desse tipo de abuso

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são, dependendo do caso. A juíza da 2ª Vara do Trabalho

de São Leopoldo, Antônia Mara Vieira Loguercio, que palestrou na abertura do 2° Congresso do Sin-diserv, no último dia 25, diz que todo c o m p o r t a m e n t o abusivo frequente é considerado as-sédio moral. “Essa é uma caracterís-tica de condições hierárquicas onde as chefias não têm poder de demissão e são escolhidas por questões de amizade. Os chefes tornam-se autoritários e arbitrá-rios. Trabalhadores são humi-lhados publicamente com tarefas inúteis ou escondidos em um canto”, analisa Antônia.

Foi mais ou menos isso que o agente administrativo José Ad-nil Antunes de Vargas, 51 anos, diz ter sofrido. Em 2007 o servi-dor concursado ingressou no se-tor de Fiscalização de Transporte Coletivo. Entre suas funções, Var-gas era encarregado de vistoriar todos os ônibus da Viação Santa Tereza (Visate). Essa tarefa era feita nas madrugadas, período em que os veículos não estavam rodando. “Eu ficava das 23h até as 4h. ia praticamente todos os dias no período da revisão e ganhava só o salário normal”, relata, acres-centando que a carga horária de trabalho normal era cumprida

durante o dia. Mas Vargas não se preocupava com o trabalho extra. Ele conta que também era comum ser acionado por mora-

dores que alegavam que os táxis-lotação não faziam o iti-nerário no horário correto. Vargas diz que saía durante a madrugada, às vezes 5h, 6h, para verifi-car pontos de ôni-bus. “Não cobrava gasolina, somente o meu horário traba-lhado. Eu ia porque queria. Tu achas que

alguém que faz isso não cumpre o seu dever para ser tachado de va-gabundo?”, indaga.

Esta foi, segundo ele, a justifi-cativa dos colegas para sua desti-tuição do cargo quando retornou de férias no início de 2009. “Di-ziam que eu era vagabundo, que não trabalhava. A minha chefe na época disse que eu não poderia mais trabalhar, que meu concurso era de agente administrativo. Daí uma pessoa foi nomeada pela Se-cretaria de Saúde e minha chefe a trouxe para ocupar o meu lugar”, afirma. Ao chegar das férias, Var-gas sustenta ter sido deixado sem atividade, sem local de trabalho. Sequer tinha uma cadeira. Segun-do ele, por cerca de dois meses teve que bater o ponto e ficar pre-ambulando pelos corredores ou sentado na escadaria. “Uma das piores coisas é chegar no trabalho e não ter o que fazer. Tomar água

e ficar circulando. Talvez tenha sido uma retaliação política. Ape-sar de não dizerem, todo mundo sabia da minha opção política. Não sei qual é a culpa do secretá-rio (na época, Vinicius Ribeiro, do PDT, que hoje reassumiu o cargo de vereador). Sempre solicitei a ele que tomasse uma decisão.”

A solução, conforme Vargas, veio com o Diretor de Transpor-tes, Osvaldo Della Giustina. O agente conseguiu o serviço de se-cretário do gabinete de Osvaldo quando um estagiário desocupou o cargo. “Tenho de agradecer a ele. Caso não tivesse ocorrido isso, talvez eu estaria sentado no corredor até hoje. É o próprio fun-cionário quem tem de achar onde trabalhar. Eu me dou bem com alguns secretários, por amizade e tal, mas é complicado tu teres de correr atrás”, avalia. informado sobre o episódio pelo jornal, o ex-secretário Vinicius Ribeiro disse que não se recordava do caso e iria conferir nos registros da se-cretaria. Mas des-tacou: “Não se deve confundir assédio moral com ação ad-ministrativa”.

O caso de Vargas foi resolvido, mas não houve julga-mentos nem punições aos supos-tos culpados. Se o servidor qui-sesse entrar com representação legal, teria de apresentar provas

do assédio sofrido. E a prova mais substancial são os depoimentos. Essa é a dificuldade, conforme a assessora jurídica do Sindiserv, Monica Pellenz, de dar prossegui-mento ao processo. “Eu tive pou-ca procura no ano passado, so-mente dois ou três funcionários. O problema são as provas. Nin-guém se dispõe a testemunhar. Atualmente não tenho processo em andamento. Podemos utilizar gravações e documentos, mas o testemunho é a prova principal no assédio”, explica. A dificuldade decorre da estabilidade garantida através de concurso público, de forma que denunciante e assedia-dor permanecem lado a lado após o processo, podendo assim haver retaliações.

Na iniciativa privada, Moni-ca diz que a situação é diferente. “Não há uma lei específica. Uti-lizamos o Código Civil e a CLT

(Consolidação das Leis do Trabalho) e temos conseguido indenizações em va-lores”, ressalta a ad-vogada. Ela destaca dois casos em que venceu em primeira instância – atual-mente, estão sob re-curso encaminhado pelos réus. No pri-meiro, o assediado realizava serviços

administrativos em uma empre-sa e, por punição, foi colocado a trabalhar embaixo da escada. Suas tarefas foram inferiorizadas:

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“Uma das piores coisas é chegar no trabalho e não ter o que fazer,ficar circulando. Talvez tenha sido uma retaliação política”, diz Vargas

“Eu tive pouca procura no ano passado. O problema são as provas. Ninguém se dispõe a testemunhar”, conta a advogada do Sindiserv

Vargas afirma que, ao voltar de férias, não tinha mais nem cadeira para sentar, e ficou cerca de dois meses sem receber tarefas

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ele passou a abrir e fechar portas, além de varrer o chão. No outro processo, a empresa determinou o número de vezes e a duração do tempo em que os funcionários poderiam utilizar o banheiro. Es-tes são apenas dois das centenas de casos que tramitam anual-mente na Justiça do Trabalho em Caxias. Somente no ano de 2010 foram instaurados 267 casos de assédio moral – média de 22,25 por mês –, além de outros 854 que podem estar relacionados em áreas afins, como assédio sexual, atos discriminatórios e descon-figuração de justa causa no Foro Trabalhista da cidade. No início deste ano, os números já indicam crescimento. Foram registrados 87 processos de assédio moral nos três primeiros meses, uma média de 29, ou 30,3% maior em relação ao mesmo período de 2010.

Em compensação, no Ministé-rio Público Estadual não há regis-tro de casos de assédio moral. A promotora Sílvia Regina Becker explica que o MP não tem previ-são legal para instaurar as ações judiciais. A única alternativa seria tratar o assédio moral como um processo criminal. Mas para isso, conta a promotora, seria neces-sário provar o constrangimento sofrido pela vítima, e desta forma trabalhar individualmente caso a caso. “O assédio pode instigar o

suicídio, que é um caso criminal”, avalia.

Osório, Santa Maria, Gra-vataí, Bagé e Capão da Canoa que já possuem legislação específica para o assédio moral no funciona-lismo municipal. A cidade de Osório foi uma das pioneiras a lutar por esse direito do servidor público. Desde 2001 vigora a lei que pune com advertências, sus-pensão e exclusão do quadro os fun-cionários que forem julgados culpados pela prática do assé-dio moral. O prefei-to Romildo Bolzan Júnior (PDT) explica que o processo é realizado por uma Comissão de Sindicân-cia Permanente. O curioso é que nos seis anos em que Bolzan está à frente da prefeitura apenas um caso foi instaurado, e no fim não ficou caracterizado o assédio.

Em Gravataí, que aprovou a lei em 2003, a situação é diferen-te. A coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Vera Quintana, conta que o núme-ro de casos de assédio diminuiu conforme as penas começaram a ser aplicadas. “Houve inclusive demissão de funcionários”, relata,

sem revelar números. Vera reco-menda a todos os servidores de lá que se sentirem lesados que pro-curem a Secretaria de Adminis-tração e protocolem um processo. Mas, segundo ela, o fator que vem realmente ajudando a pacificar

o relacionamento entre funcionários municipais é o pro-grama Escola de Gestão. Desde 2009, todos os servidores obrigatoriamente têm de fazer o curso, que capacita para o trabalho em equipe. Em 2010, o progra-ma foi estendido aos estagiários.

Em Caxias, mesmo sem a lei específica sobre assédio moral, o secretário de Recursos Humanos e Logística, Edson Mano, diz que existem ferramentas para que o servidor possa sair de uma si-tuação de constrangimento. Ele aconselha, em primeiro lugar, que o funcionário contate o secretário da sua pasta para tentar resolver o problema, da mesma forma como fez José de Vargas – embora sem êxito. Em última instância, o ser-vidor deve buscar o setor de RH e solicitar o remanejamento para outra área. Mano acrescenta que a Secretaria disponibiliza psicó-

logos e assistentes sociais para prestar acompanhamento ao fun-cionário que se sentir lesado. “A Secretaria de Recursos Humanos está aqui para atender todos os servidores e tentar fazer o melhor. Acredito que até hoje não deixa-mos nenhum caso pendente.”

O secretário entende que não é preciso criar uma lei sobre o assé-dio moral no funcionalismo mu-nicipal. O primeiro argumento é que a administração será sempre ré no processo entre dois servido-res. O segundo é que já existem meios para o trabalhador resolver a questão. E, por fim, nas próprias palavras de Mano, “o município jamais vai reconhecer prática do assédio”. “É preciso ter provas tes-temunhais, gravações de vídeos, documentos. Entendemos que não é necessário, como já disse-mos no ano passado. Podem exis-tir casos? Claro que podem. So-mos um município com sete mil servidores”, justifica.

Com o caso praticamente en-cerrado, Mano deixa apenas uma brecha de esperança aos servido-res que lutam ao lado do Sindi-serv e da Câmara de Vereadores para a instituição da lei. “Se o prefeito vetar é porque terá um vício de origem ou dificuldade de aplicação. Nós analisaremos toda proposta e veremos o impacto que causará ao município.”

“Podem existir casos? Claro que podem. Somos um município com sete mil servidores”, justifica o secretário Edson Mano

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por ValquÍria [email protected]

oça linda, vem cá, vamos ler a sorte”, diz uma cigana que está de pé no meio da praça Dante Alighieri, enquanto me pega pela mão. Já fazia alguns minutos que eu as observava. Unhas e cabelos compridos, roupas muito colori-das, virando-se de um lado para o outro tentando convencer os passantes apressados a parar e conversar com elas. “Senta ali na frente da vó”, diz a cigana, apon-tando para uma outra mais velha, de cabelos brancos e olhos verdes claros. Sento no chão na fren-te dela, que me olha fixamente e pergunta se eu estou lá de cora-ção aberto. Repondo que sim. Ela pergunta meu nome, e, depois de ouvi-lo, diz que Valquíria é o mesmo nome de sua neta. “Tu vai ter uma vida muito longa”, diz ela, segurando minha mão, olhar fixo no meu rosto. A cigana me olha com pesar. Diz que vê amores infelizes no meu passado. Per-gunta minha profissão. Digo que sou jornalista e ela diz que tenho muita sorte – mas que também estou rodeada de muita inveja. Depois disso, ela tira de uma bol-sa uma oração a Santa Sara e me pede para ler o texto em voz alta. “Agora faz o teu pedido”, diz ela. Diante da surpresa, fico em si-

lêncio. Não sei o que pedir, nem se devo pedir em voz alta. im-paciente, ela responde por mim: “Ser feliz e ser amada?”. “É isso o que todos pedem?”, pergunto. Ela não responde. “Agora tu pode contribuir com a vó. Pode ser R$ 100, R$ 50, ou o que tu tiver de trocado aí. Com o que tu puder me ajudar.” Nesse momento ex-plico o que estou fazendo lá, que há alguns dias estou pesquisando sobre os ciganos para escrever uma matéria – cuido bem as pala-vras, já esperando um afastamen-to da cigana ao ouvir que quero entrevistá-la. Surpreendendo-me, ela reage bem, dizendo que pode dar entrevista, mas em um outro momento. Ao levantar, pergunto sobre Santa Sara. “É a nossa san-ta”, diz, colocando na minha mão três pedrinhas coloridas. “E isso como se chama?”. A cigana incli-na a cabeça e faz cara de resposta óbvia: “Cristais”.

Volto para conversar com as ciganas algumas horas depois e elas já não estão na praça. Encon-tro-as na Júlio de Castilhos, atrás do shopping Prataviera. “Bom, o que que tu quer saber?”, pergun-ta a mesma cigana que conversei antes. “Somos povo do Oriente, andamos para lá e para cá”, inicia ela, que não quis dizer o nome. “Ficamos, 10, 15, 20 dias em cada

cidade. Vamos para outros esta-dos também. Chegamos na ci-dade e passamos um tempo ali.” “Como andarilhas”, completa a outra cigana, que escutava a con-versa. Elas contam que o grupo mora em um acampamento, onde todos dormem no chão, “em tape-tes ou colchão de penas”. Tomam banho com baldes ou canecas. Mesmo vivendo juntos, cada fa-mília tem sua barra-ca e “cada um man-da na sua família e decide quando vai sair da cidade”. “E vocês gostam dessa vida de se mudar toda hora?”. “Gos-teeeeemo”, garante a cigana, sorrindo. “É muito bom.”

Em alguns mo-mentos, as duas trocam palavras em outra língua. “É um dialeto montenegrino”, explica ela. “Pas-sa de pai para filho. Nosso filhos, quando vão para o colégio, já sa-bem a nossa língua e a de vocês”, diz, afirmando que mesmo com um modo de vida tão diferen-te, o grupo possui documentos, como identidade e CPF. “Somos brasileiros também.” Ela conta que elas se sustentam com o di-nheiro que recebem lendo a sorte nas ruas. “Falamos a verdade das

pessoas. Só nos dá dinheiro quem quer.” Apenas as mulheres leem as mãos, e isso é um dom que vem de berço, de acordo com a ciga-na. “Lemos as linhas das mãos, a linha dos olhos, da testa”, expli-ca. Por isso, ela olhava para meu rosto enquanto falava da minha sorte. “Quando a pessoa é since-ra sabemos pelos olhos”, comple-ta. A renda dos maridos é maior,

já que eles vendem colchas, tapetes, frigideiras e tachos, tudo feito artesanal-mente.

Elas dizem que todas as ciganas que estão ali – eram 13, naquela tarde de terça (29) – são mães e filhas. “Nos-sas filhas gostam muito de dançar. Gostam de vestir-se

bonito e dançar na lua cheia. Por-que traz amor, paz, alegria e feli-cidade”, explica. As maiores co-memorações são nos casamentos – que ocorrem apenas no verão. “São três dias de festa. Muito cho-pp, galinha, ovelha, vaca”, afirma a cigana, que é católica. “Vamos na igreja e todas as nossas crian-ças são batizadas.” As ciganas explicam que não acreditam em vida após a morte: “Só acontece a morte. A vontade do ‘véio’”, apon-

Mitos e mistérios gitanos

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“Somos brasileiros também”, diz a cigana, ao explicar que eles possuem documentos como identidade e CPF

“Falamos a verdade das pessoas”, garante a cigana que lê mãos, dom exclusivo das mulheres

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JoGados À sorteEles vivem em acampamentos, leem a sorte, possuem três nomes e acreditam em espíritos. Os ciganos, que até hoje ocupam as ruas de

Caxias, continuam não sendo aceitos pela sociedade

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ta para o céu. “Só o dia de amanhã que acontece.” Mas elas acreditam em espíritos. “A gente recebe espí-ritos. Bons e maus, depende. To-dos os ciganos recebem”.

Ao final da conversa, elas me dão um aviso: “Se colocar coisa ruim do povo cigano no jornal...”, dizem, sem completar a ameaça. Arrisco pedindo se podemos fa-zer uma foto para a matéria. A cigana que conversava comigo muda imediatamente de fisiono-mia. “Não. Foto não. Se sair no jornal qualquer foto vamos saber que foi tu. E praga de cigano é for-te. Se sair, tu vai perder esse teu emprego.” Mesmo assim, elas se despedem dizendo repetidas ve-zes: “Boa sorte”.

“Muitos gajões (não-ciga-nos) não sabem que a vida de ci-gano é uma vida dura. Os ciganos cozinham de cócoras; lavam rou-pas da mesma maneira; a cama

de um cigano é um tapete; ali, na barraca fechada, pais e filhos dor-mem no chão, todos juntos. Eles seguem outra doutrina de vida: o sol, a lua e a chuva fazem parte da sua família. Quando chegam a algum lugar e montam suas bar-racas, vêm sempre os gajões tirá-los dali, presos a preconceitos que os antepassados transmitem de geração a geração. Até os dias de hoje, as sociedades não percebe-ram que o verdadeiro cigano não faz mal a ninguém, não quer suas terras; quer apenas fazer pousa-da por algum tempo.” O trecho foi extraído do livro Mistérios do Povo Cigano, escrito por Ana Cigana Natasha e Edileuza da Cigana Nazira, um dos livros que está na sala de ensaio da es-cola de dança Maria Gitana. O espaço recebe quem se interessa pela cultura cigana – assunto que fascina as quatro proprietárias da escola, Daniela Lima, Elisiana dos Passos, Luceli Pasinato e Márcia

Padilha. A escola foi vencedora do Bento em Dança no ano pas-sado. Daniela, conhecida como Nani Cigana, conheceu a dança há nove anos e até hoje não sabe explicar bem o que sentiu – só sabe que sentiu com intensidade. “A música deles é de alma, vem do âmago. Eu choro, às vezes, porque é forte demais. Aqui na escola é normal ver pessoas dançando e chorando”, conta. “Qualquer coi-sa da cultura cigana mexe com o interior. Tem pessoas que quando se deparam com isso dão no pé. Outras que não querem mais sair.”

A cultura cigana nada tem a ver com religião, conforme Nani, e isso é um preconceito que impe-de que muitos se aproximem do assunto. “Falta conhecimento da cultura. Os ciganos não têm uma religião. Eles têm formas de cultu-ar, têm modo de crer próprio. Eles são um povo muito ligado aos ele-mentos da natureza. E é isso é a

religião deles”, diz Nani, citando um lema dos ciganos: “O céu é meu teto, a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião”. Os ciganos podem ir para várias crenças – assim com as ciganas que estão no centro de Caxias são católicas, sabe-se de muitos livros ciganos psicografados, o que pro-va que alguns são espíritas. É geral entre os ciganos do mundo todo, porém, o culto a Santa Sara – há um templo para a santa, de cabe-los e rosto morenos, na França.

Muitas tradições milena-res ainda são mantidas entre os povos ciganos – que se dividem em clãs. “Eles são conhecidos pelo sobrenome, que distingue de onde vieram. Todos tratam-se como irmãos de caminhada, já que existem ciganos em todas as partes do mundo”, diz a professo-ra de dança cigana e pesquisadora Sayonara Linhares. Até hoje, mui-tos clãs cultuam hábitos como os

casamentos arranjados e a exigên-cia da virgindade da noiva – que deve ser comprovada no lençol. “A cultura cigana é muito rígida. A hierarquia nos clãs é muito pa-triarcal, embora nenhum homem decida nada sem passar pela ci-gana mais velha. E existe um tribunal, apenas de homens, onde eles decidem as coisas importan-tes”, conta Sayonara. Os ciganos dão mui-to valor à família. “Eles nunca aban-donam seus velhos, cuidam deles muito bem e os escutam sempre”, conta Nani. “Essa cultura é um exemplo de vida”, afirma Elisiana. Existe nos clãs um cigano chefe, mas Sayonara diz que não se sabe como esse cigano é escolhido. “Tem coisas que eles não abrem

para nós, gajões. Muito rituais morrem com eles.”

Todos os ciganos ainda acam-pam. Os mais abonados, segun-do a pesquisadora, mesmo pos-suindo casas próprias, montam barracas nos pátios. “Só ciganos muito pobres apenas acampam. Às vezes, dentro de um mesmo acampamento, se vê uma barra-ca bem limpa e rica, e uma outra totalmente imunda e miserável. Tem os pobres que acampam, veem a sorte e vendem artigos para viver, e os que já estão bem de vida mas continuam fazendo isso para manter as tradições”, completa Nani, dizendo que em Bento Gonçalves existe a maior comunidade cigana do Rio Gran-de do Sul. “Lá eles são ricos, mui-to ricos.”

Os ciganos possuem três nomes. Quando um bebê mama pela primeira vez, a mãe sussurra ao ouvido dele um nome secre-

to que ninguém mais conhecerá. “Esse nome será dito a Deus pela mãe, apenas em caso de algum problema sério de saúde”, expli-ca Sayonara. O segundo nome é para ser usado no clã, e o tercei-ro, no mundo dos gajões. “E eles

dão um banho de-pois do nascimen-to, com as joias da família na água, de-sejando que ele não passe dificuldade”, diz a pesquisadora. Quem nasce cigano, para sempre será cigano, segundo ela. Só sairá do clã se cometer uma in-fração considerada grave pelo tribunal:

como matar ou roubar. “Se um cigano sai para casar com alguém de fora, não pode mais voltar para o clã”, diz Nani.

Não há muitos registros escritos

sobre os ciganos, já que a história deles é passada oralmente. Sabe-se que os ciganos chegaram no Bra-sil por volta de 1574, expulsos da Europa pela igreja católica. Antes disso, não é possível precisar qual é o país de origem– muitos histo-riadores defendem que é a Índia. De lá até hoje, o que não mudou foi o preconceito sofrido por esse povo, que por ser nômade nunca foi bem aceito pelo resto da socie-dade. Durante o holocausto, eles foram, inclusive, um dos grupos perseguidos pelos nazistas. “Da mesma forma que eles são dis-criminados, eles aprenderam a se defender, por isso eles não são muito abertos”, afirma Sayonara. Num trecho da oração da padro-eira dos ciganos, que é distribuí-do na rua para os gajões, fica claro que o povo cigano ainda busca ser aceito com suas diferenças: “Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano, abençoe a todos nós, que somos filhos do mesmo Deus.”

“A música deles é de alma, vem do âmago. Eu choro, às vezes, porque é forte demais”, conta Nani, que dá aula de dança cigana

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Cultura cigana atrai gajões, não-ciganos, que chegam a chorar durante aulas na escola de dança Maria Gitana

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Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TiF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

12 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Figuras humanas são o tema da exposição de Artur, que es-treia no dia 13, no Catna Café, com Curadoria de Mona Car-valho. O aspecto impressionista dos 10 acrílicos sobre tela que integram a exposição se dá pela maneira peculiar que o artista utiliza para compor a obra, uma técnica comum para detalhes em vários estilos de pintura, mas não para preencher a tela inteira: Artur não usa pincéis, somente espátulas.

Artur Canali Volpato| Músico de Jazz |

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por roBiN [email protected]

m uma casa branca de dois pavi-mentos, incrustada em um bar-ranco, a porta da garagem está riscada de giz: Grupo Aprendizes Mecânica Espacial – Teatro Game. Bandeiras coloridas, como aque-las das festas de São João, estão penduradas entre a moradia e um poste. Zé Luiz, como é conhecido na vizinhança onde mora há 30 anos, está na sala, em uma mesa com apenas uma cadeira. Pen-dendo do teto de pé direito alto, gravetos de cedro pintados for-mam móbiles. No chão, há mais gravetos, alguns ainda por pintar. Em frente à mesa, a parede branca virou um painel, onde o que mais chama a atenção é um círculo co-lorido com as cores do fluxo de energia da acupuntura.

José de Oliveira Luiz amarra a barba branca como uma trança. Os cabelos do homem de 72 anos – “setentinha sensual e generoso”, como se descreve –, ainda ne-gros, também estão amarrados. No meio de qualquer conversa

com ele, surgem sem aviso um poema ou uma explicação de por que o senso comum está errado. As explanações podem começar com etimologia e terminar com neologismos. Ele as torna pública com frequência. Um dos funda-dores do Partido dos Trabalha-dores (PT) na cidade, hoje não mais filiado, Zé Luiz – ou Zé do Rio, como é mais conhecido – é figurinha fácil em audiências pú-blicas e manifestações. Conheci-do no meio cultural, terá sua vida transformada em documentário produzido pela Spaghetti Filmes, por sua contribuição ao teatro ca-xiense. Também é escritor, pintor e já foi fotógrafo, vendedor...

“Fui bem amado, bem concebi-do, bem parido e muito bem nu-trido”, diz com frequência quando fala sobre si mesmo. A voz grave e os gestos teatrais costumam expressar outras figuras de lin-guagem, especialmente no final das frases: “sabecomé?”, “hum, hum?”. Baixinho, não tem mais de 1,65 metro, começou a fazer teatro em outra Caxias, a Duque de Caxias (RJ). Como o apelido

sugere, nasceu na capital carioca, em 1938. É primogênito de uma família de nove irmãos, somente ele e um irmão frutos do primeiro casamento da mãe – o pai faleceu quando Zé tinha três anos.

A lábia que tornou Zé do Rio folclórico em palestras, quan-do invariavelmente pede o microfone para fazer sua in-tervenção, ajudou-o nos primeiros empregos. “Depois do Ginásio, caí no mundo. Fui came-lô, verdureiro... Fui para Petrópolis e, quando voltei para o Rio, morei com um tio e fui trabalhar em uma cartonagem com facão, fazendo corte e diagramação.” A retórica se sobrepôs ao ofício repetitivo: depois de cinco meses na gráfica, o tio convidou o então desempre-gado para trabalhar como vende-dor. Ele tinha tarefas de ocasião – vendia brinquedos no Natal, flores no dia de Finados. Na épo-

ca, a moda era ter em casa pintos de raça. Em um dia, ele ganhou o equivalente ao salário de meio mês gritando “Olha o pinto de raça!!!”.

Zé do Rio acredita em um impulso interior, algo que o move

em direção ao seu destino. Depois das idas e vindas como vendedor, trabalhou como cobrador de um jornal e encon-trou dificuldades em cobrar um fotó-grafo, “sabecomé?”. “‘Volta na semana que vem’, ele pedia. Eu voltava e ele não tinha dinheiro. Eu disse: ‘Olha, cara, você deve estar pas-

sando por uma grande dificulda-de. Eu acho que eu posso te ajudar. Se você quiser, eu venho trabalhar contigo, só preciso dormir aqui também’. Com ele, eu aprendi a fotografar, revelar, copiar, hum?”, levanta as sobrancelhas. Ele tinha 17 anos. Chegou a se mudar para

Memória de artista

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e“O morto se vai, e os vivos do morto? Ora, os vivos do morto vão mantê-lo vivo enquanto forem vivos”, diz Zé, viúvo duas vezes

Zé do Rio ajudou a fundar o PT, mas saiu do partido. Chamaram-lhe para se candidatar a vereador, mas ele só concorreria se fosse ao Senado

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ZÉ, do rio a Caxias

José de Oliveira Luiz, o Zé do Rio, já fez de quase tudo na vida, mas hoje é lembrado pela verborragia que exibe nos palcos e nos púlpitos, improvisados ou não

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São Paulo para trabalhar com fo-tografia. Então, aos 19 anos, de-cidiu servir à Aeronáutica. “Meu velho trabalhou na Panair do Bra-sil e eu tinha feito concurso para a escola de cadetes quando termi-nei o ginásio, mas não passei. Aí, para liquidar esse assunto, resolvi me alistar.” Zé serviu um ano a mais do que o necessário.

É do “velho” do Zé que vem o sobreno-me português, Luiz. Lembra daquele ne-gócio de impulso interior? Durante muito tempo, o Zé sabia pouco sobre o pai. Apesar de a mãe, Esther, ter dito várias vezes para que ele procurasse saber de qual parte de Portugal o pai, Ma-noel, partiu para o Brasil (aos 13 anos), só aos 48 anos, e já moran-do em Caxias do Sul, Zé foi des-cobrir. Tudo por causa daquela mania de dupla cidadania, como diz o Zé. Acontece que ele desco-briu que as duas bisavós se cha-mavam Ana, uma era Ana Maria e a outra Ana da Conceição. É o nome da primeira filha do se-gundo casamento de Zé do Rio. “Quando minha mulher saiu da maternidade, disse que o nome da criança seria Ana Luiza, e nun-ca tínhamos discutido esse. Deve ter sido as minhas avós lá no ou-

vido dela: zum, zum, zum.”Quando saiu da Aeronáu-

tica, virou vendedor de livros e, depois, sócio de editora. Foi aí que ele conheceu Caxias, naque-las andanças de porta em porta de escola. “Na época só tinha mulher

dando aula. Digo que eu era cheio de vitaminas A, A, B, D – Afagos, Aplausos, Brados e Dinheiro, muito dinheiro.” A brincadeira lucra-tiva acabou com a ditadura militar, quando proibiram vendedores em co-légios. “Até hoje eles têm horror a ven-dedor. Agora, no

intervalo, aquelas salas de pro-fessores viram um bazar (risos).” Quando parou de viajar e vendeu as editoras que teve, foi trabalhar para a Abril em São Paulo. Aos 32 anos, conheceu a maconha. “Foi um desvelamento”, considera. Antes disso, diz que nem bebia. “Aí eu disse: ‘vou mergulhar nes-sa pesquisa.’” A “investigação” o levou duas vezes ao hospital e já dura 40 anos. Zé descreve o efei-to da droga como um catalisador, que o permite enxergar o que as outras pessoas, focadas em onde querem chegar, não conseguem. “O que mais tem é gente torpe no combate aos entorpecentes. Agora virou tudo meio samba do

crioulo doido. O Brahma (deus hindu) foi engarrafado e é servido como loura gelada, Jesus Cristo é transformado em pão e vinho. E chegamos ao crack, que é a simul-taneidade, a instantaneidade, o super-homem, a super-mulher, o Superhist (o remédio para gripe), o super-tudo! Essa sociedade não faz mais nada do que estimular o uso do crack. O que acaba incen-tivando o culto à autoridade, olhe para cima, olhe para cima!”

A voz dele se abranda, mas ainda tem tom teatral ao falar da primeira mulher, Camila. Zé conta que foi paixão à primei-ra vista. Apresentados por uma moça que o viu recitar poemas enquanto tentava juntar mais um pouco de “vitami-na D”, Zé e Camila se conheceram em julho, ficaram noi-vos em dezembro e casaram no dia 6 de maio – por incrível que pareça, na igre-ja. Hoje, ele culpa a igreja até pelo pa-ternalismo do Es-tado. Mas, voltan-do a Camila, moça “bela, inteligente, culta”: eles tiveram um casal de filhos, Fernanda e Guilherme. O filho e a mulher faleceram – Gui-lherme aos 18 anos, de choque anafilático. “A morte da minha mulher foi o abalo, eu fui para o

fundo do poço. Despenquei, meu mundo caiu. Fiquei despojado de tudo. Não tinha condição de cui-dar de ninguém, porque eu me entreguei. Tenho um amigo que diz que nós temos que aprender a olhar longe e observar. Aí, eu passei tranquilo pelas quatro in-ternações”, relata, lembrando suas passagens por clínicas psiquiátri-cas. Mas as internações, no Rio e em São Paulo, no início dos anos 70, terminaram por aposentá-lo por invalidez. No ano passado, Zé do Rio ficou viúvo novamente com a morte da segunda esposa, Luiza Ferreira, com quem teve Ana. “O morto se vai, e os vivos do morto? Ora, os vivos do morto vão mantê-lo vivo enquanto fo-

rem vivos. É como uma pessoa que está viajando. As ima-gens que ele tinha de ti já levou, mas as que você tinha deles ficam contigo.”

Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1984. Zé tinha passado boa parte da noite anterior ouvindo rádio. Acorda cedo

e liga no Repórter Esso. Getúlio Vargas tinha se suicidado. Zé pega três morteiros de três tiros que ti-nham sobrado da sua festa de ani-versário de 16 anos de alguns dias antes. Solta os três e grita: “Eu vou

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“Cada vila deveria ter seu louco oficial. Porque ele é quem garante a sanidade dos demais moradores”, diz Zé do Rio

“O Zé do Rio jáé um personagem da cidade no meio cultural, artístico, político. Sempre teve esse papel de contestador”,analisa Germano

1. Zé do Rio com os pais, Manoel e Esther, em foto

de lambe-lambe no passeio público no Rio de Janeiro; 2. O carioca como modelo de uma campanha para

joalheria; 3. Já em Caxias do Sul, onde se integraria à vida artística, social e política da cidade; 4. No dia de seu primeiro casa-

mento, com Camila

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ser presidente do Brasil!”. “Tudo é, quando você admite a possibi-lidade de ser e as coisas se inse-rem no nosso DNA dependendo da intensidade que você mergu-lha naquele querer”, filosofa. Em São Paulo, quando vendia livros, Zé recebeu um convite do PTB para ser candidato a vereador em uma cidade do ABC paulista. “Eu disse: ‘Agradeço a sua oferta, mas se o senhor estiver precisando de um prefeito, estou disposto a fi-car aqui.’” Recentemente, conta que lhe perguntaram se queria ser candidato a vereador pelo PT em Caxias. “Disse que queria ser candidato ao Senado”, conta. Zé é um dos fundadores do partido na cidade, mas já não é mais filiado. Papo vai, papo vem, ele reclama de não ter sido chamado para ne-nhum cargo quando os compa-nheiros finalmente conquistaram a prefeitura.

Vitor Hugo Gomes, advogado petista que coordenou a campa-nha de Tarso Genro em Caxias, conhece Zé do Rio há mais de 20 anos. “Eu era do PCB e já o co-nhecia. Ele é uma atração à parte nos nossos eventos.” Vitor diz não saber por que Zé do Rio não foi chamado para o governo ou a ra-zão pela qual deixou de ser filiado – o próprio Zé não discute a ques-tão. “Estava contemplado dentro do partido e ainda hoje é muito bem visto. Sempre uma figura contestadora e irreverente”, diz o amigo. Rodrigo Beltrão, vereador que propôs o Título de Cidadão Caxiense que o Zé do Rio recebeu no ano passado, não levou a sério a ideia da candidatura a senador. “Acho que foi mais para forçar o debate.”

Sério mesmo Zé do Rio fala quando lembra da ditadura mi-litar, sabecomé? Ele nunca pegou em armas, mas diz que sua fa-mília foi perseguida. Conta que a casa dele em São Paulo chegou a ser invadida por policiais que buscavam uma cunhada. “Eu sou um intelectual, cara! Eles esta-vam matando pessoas, cara! Não precisava estar envolvido. Agora, entre ser um herói morto ou um maluco vivo, eu prefiro ser um maluco vivo. Mas quem é que está dizendo que você é maluco, lou-co? Pela minha experiência, cada vila, cada aldeia, deveria ter o seu louco oficial. Porque ele é quem garante a sanidade dos demais moradores da vila, ou seja, dos vilões”, despeja Zé do Rio, em um discurso meio autoexplicativo.

um dia, Zé do Rio teve uma iluminação, um insight. Sabeco-moé aquele pensamento que vem de manhã e você diz “Taí, é isso que eu tenho que fazer”? Um dia, Zé acordou e pensou que tinha que fazer tudo que precisava ser feito até os 33 anos. “Místico, ra-cionalista-cristão e toda essa his-tória.” O fato é que ele acabou fa-zendo muita coisa antes de chegar à idade em que Cristo foi crucifi-cado. Entre as viagens, a família, as “vitaminas” e a maconha, che-gou a ser sócio de quatro editoras: Concórdia, Marambaia, Moder-no Educador e Educador Con-temporâneo, respectivamente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Quando mudou-se para Caxias, em 1975, veio decidido que iria ser pago para pensar. Já tinha se aposentado como funcionário da

Abril depois de ficar algum tem-po em auxílio-doença. Por aqui, conseguiu alguma “vitamina A” com a pintura, teatro e declama-ção de poesias. O documentário sobre sua vida, que começou a ser filmado, é prova disso. Ger-mano Weirich, sócio da livraria Do Arco da Velha, foi um dos idealiza-dores. “O Zé do Rio já é um personagem da cidade no meio cultural, artístico, político... Sempre teve esse papel de contestador. As pes-soas acham que ele é alguém que quer jogar água e areia, mas é uma dialética. Sempre tem que ter uma voz do contra.”

Também foi em Caxias que Zé do Rio lançou seus próprios li-vros: Memória de gari (1976); De como Cuca Fundida, Tempero e Condimento saudaram o povo, pediram passagem e apresenta-ram Cuca Fresca ou Memória de Gari (1979); e Cuca fresca & Memória de Gari (2003). Para divulgar os “Memória de Gari”, Zé pichava o título do livro em muros da cidade. “Falam dos pi-chadores anônimos, e os gradua-dos? Esses caras que botam essas coisas horrendas na frente dos prédios (outdoors)? A nossa so-ciedade continua reverenciando uma santíssima trindade: a toga, que incrimina e julga, a farda, que executa e elimina, e a batina, que sataniza e demoniza.”

Zé do Rio acha que vivemos hoje no que chama de Estado Merdocrático de Direita. Um Es-

tado Merdocrático em que, en-quanto derrubaram o Muro de Berlim, subiram grades em Ca-xias do Sul – ele se orgulha de se não ter grade na frente de casa, mas tem alarme na sala.

O Grupo Aprendizes Mecânica Espacial – Teatro Game, que ele

anuncia na porta da garagem, é formado por uma pessoa só, o próprio Zé do Rio, que assim explica a origem do nome: “Teatro é uma equa-ção de movimen-to, espaço e tempo. Criei o termo quan-to terminei o curso de iniciação ao te-atro no Rio de Ja-neiro em 1974, mas

nunca registrei. Especialmente depois daquela história do nu no teatro”. A “história do nu” teria acontecido em 1975. Durante um curso dramático em Caxias, Zé do Rio provocou escândalo ao tirar a roupa – ele garante que ficou só de ceroulas. “Quem não quisesse ver, que fechasse os olhos. Esse pessoal é muito ingrato, dei 500 horas de curso de graça”, reclama, comentando a reação negativa.

E aqueles galhos coloridos pen-durados no teto e espalhados pelo chão? Deverão ser expostos na escadaria da Câmara. Zé do Rio está começando ou terminando de montar a obra? “Nunca tem começo, cara! É continuação! Contínua, ação. Não existe nem princípio nem fim. Essa ideia de princípio e fim, é como a reta, que não existe no infinito. É uma in-venção humana. A coisa não tem nem princípio nem fim.”

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“A sociedade continua reverenciando uma santíssima trindade: a toga, a farda e a batina”,discursa Zé do Rio

1. O título de Cidadão Caxiense, recebido no ano passado; 2. Descansando (ou meditando) em Botafogo, em 1974, onde estudava teatro; 3. O início/fim (?) do móbile que adornará a escada

da Câmara; 4. Irreverente, Zé do Rio se descreve como um “setentinha sensual e generoso”

1. 3. 4.

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por PAuLA SPERB e MARCELO ARAMISColaborou Carol De Barba

A editora caxiense Modelo de Nuvem lançou na última sexta (1º), em Porto Alegre, o livro Conver-sas Apócrifas com Enrique Vila-Matas, de Kelvin Falcão Klein, que desde criança vive principalmente na capital gaúcha, onde concluiu seu mestrado em Literatura Com-parada na UFRGS. A dissertação também trata do escritor espanhol Vila-Matas, mas o livro não é uma adaptação de seu estudo. São en-saios, devaneios e interpretações de Kelvin desvendando Enrique. Há também uma entrevista com Rita Malú, amiga de Vila-Matas. Mesmo sabendo o real nome de Rita, Kelvin mantém esse segredo e outros tantos. Há muito a ser de-cifrado. Kelvin pretende entregar o livro pessoalmente a Enrique Vi-la-Matas no próximo mês, em São Paulo, e, esperamos, lançar o livro também em Caxias do Sul.

Foi por querer que suas tatuagens ganhassem vida na pele das pessoas que Ale Amorim desenvolveu, em 19 anos de trabalho, tanta habilidade com o uso da luz e sombra. Mas as tatuagens que parecem sair do corpo não foram suficientes para o ideal 3D do tatuador. Como escultor, há quatro anos, Ale estreia na Galeria do Ordovás com a exposição Sculp-tura, série que também deu origem ao livro homônimo, aprovado pelo Financiarte. Finalmente tridimensionais, as vivas figuras de Ale, que iro-nicamente representam a estética da morte, não se resumem às estrutu-ras comuns das esculturas. Ocas, como devem ser as peças de cerâmica, possuem no interior outras peças tão complexas quanto a parte externa. Ale investe no novo e surpreendente talento sem abandonar as tatua-gens. Agora, algumas delas viram esculturas antes de passar para a pele.

Na teoria, Enilda é a secretária da direção e dos coordenadores dos cursos do Campus 8. Na prática, ela é a mãezona da Cidade das Artes. Apesar do sobrenome de grife (que Dolce&Gabbana, que nada!), há 9 anos, quando foi convidada para trabalhar na UCS, ela não imaginava que fosse se identificar tanto com o povo esquisito das proximidades do Samuara. “Foi tudo uma surpresa. Me apaixonei pelos cursos, pelas pessoas, colegas, alu-nos, professores. Adorei”, conta. Além de gostar do trabalho, buscar se aperfeiçoar sempre e dar conta de alunos e professores que vivem inventando moda, Enilda não dá ponto sem nó. “Por aqui tem que ser flexível, organizado, persistente, bem-humora-do e comunicativo.”

Alessandro

Enilda

Kelvin

Amorim

Falcão Klein

Gabana

Di Paolo | Para encerrar o trio de galeterias nas duas primeiras quadras da Dezoito do Forte, o sa-bor do galeto, das polentas e queijos fritos do Di Paolo também pode ser desfrutado em outros en-dereços no Shopping iguatemi Caxias e Shopping San Pelegrino.

Brasile | Dizem que o tempero do galeto é o mesmo do Alvorada, mas tem um gostinho diferen-te. Diversos aperitivos são servidos antes dos pra-tos principais. As massas são variadas com rodízio de com tortéis e também diferentes molhos.

Zanotto | A maionese tem um toque especial com pepino, diferente das demais galeterias. O galeto também leva o mesmo tempero do Alvo-rada e Brasile, segredo da família Zanotto. Para acompanhar o radicci, porção extra de bacon e muito queijo parmesão à disposição.

Do Lago | Ao lado do Zoológico da UCS, com vista para o lago como diz o nome, a gale-teria é referência para famílias que querem unir o tradicional almoço dominical ao passeio em meio aos animais.

Alvorada | Há mais de 50 anos é refe-rência com o melhor galeto da cidade, que tem um tempero especial. O que poderia ser apenas acompanhamento vira atrativo: o radicci é delicioso. A massa, de apenas um tipo, é tão gostosa que não exige variedade. E a maionese de frango exige repetição.

Gastronomia | Galeterias

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O Caxiense entrevista

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“o oBJetiVoNão É difamar”

Autor (ou autora) do site que parodia um colunista social – despertando tanto risos quanto críticas – afirma que só quer fazer humor

Edital de Citação - Execução5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 (Trinta) dias. Natureza: Execução de Titulo Extrajudicial Processo: 010/1.08.0032431-8 (CNJ:.032431115.2008.8.21.0010). Exequente: JK Pneus Ltda. Ex-ecutado: De Zorzi Forest Trading Comercial Internacional Ltda. Objeto: CITAÇÃO de De Zorzi Forest Trading Comercial Internacional Ltda., para que no prazo legal de TRÊS dias, efetue o pagamento do débito no valor de R$ 1.862,98 em data de 10.10.2008, que deverá ser devidamente atualizado, e demais cominações legais. Poderá oferecer embargos à ex-ecução, querendo, no prazo legal de QUINZE DIAS, independentemente de seguro o Juízo pela penhora. Fica, ainda, ciente de que no prazo de embargos, reconhecendo o citando o crédito do exequente e comprovando o deposito de, no mínimo, 30% do valor exequendo, inclusive as custas judiciais e a verba honorária estipulada, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o saldo restante em ate SEIS parcelas mensais, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, sob pena, em não o fazendo, serem-lhes penhorados tantos bens quantos bastem para garantir a execução.

Caxias do Sul, 27 de janeiro de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas - Escriva. JUIZ: Zenaide Pozenato Menegat.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

por Carol de [email protected]

orque a sociedade caxiense mere-ce uma legenda a sua altura!”, diz o slogan do site Fuck Yeah Coluna Social, que está causando polê-mica não só entre a alta socieda-de caxiense, mas especialmente entre aqueles que, como diz o(a) anônimo(a) responsável pelo site, não são habitués das páginas da coluna social mais tradicional de Caxias. A paródia não só cria no-vas legendas como faz fotomonta-gens, vídeos e piadinhas – engra-çadas para alguns, maldosas para outros – com as fotos publicadas na coluna de João Pulita, do jor-nal Pioneiro. Nas baladas, é co-mum ouvir grupinhos tentando adivinhar quem seria o autor dos comentários. Há pessoas, inclu-sive, que ao saber que sairão na coluna social já ficam apreensivas com o que o site dirá sobre elas. Com exclusividade, porém sem revelar sua identidade secreta – que não foi descoberta pelo jornal –, o Fuck Yeah concedeu a O Ca-xiense uma entrevista por e-mail.

Qual é o objetivo o site?O objetivo maior do site é fazer

humor. É um teste diário de cria-tividade. Além disso, é interessan-te que as pessoas saibam rir de si mesmas antes de mais nada.

Como surgiu a ideia de criá-lo?Acredita-se que todo mundo

que mora em Caxias já abriu a página da coluna social alguma vez e fez algum comentário sobre as fotos que estavam lá. Então, por que não fazer isso com bom humor, com uma legenda engra-çada? Afinal, sem desmerecer o trabalho do colunista, são duas páginas centrais de um jornal co-mentando sobre acontecimentos que, na opinião do Fuck Yeah, não fazem a mínima diferença no dia a dia das pessoas. Não seria bem mais legal você abrir a página central do jornal mais lido da Ser-ra Gaúcha e se deparar com acon-

tecimentos e eventos culturais, re-leases de filmes e discos, sugestões de livros ao invés de notas sobre viagens de famílias tradicionais para sei lá onde?

A que você atribui a grande au-diência do site?

Existem vários tipos de pesso-as que acessam o site. Tem quem curta as brincadeiras feitas com os “memes” (conteúdos, persona-gens ou expressões populares na web) conhecidos de internet (al-guns até bastante antigos, para quem está mais habituado com esse mundo virtual) e com as referências cotidianas. Tem tam-bém quem está lá porque quer ver fulano ou ciclano por motivos diversos. isso, de certa forma, en-tristece o Fuck Yeah, visto que o objetivo não é difamar ninguém, ainda mais quando não se conhe-ce boa parte das pessoas que estão lá. inclusive é surpreendente as diferentes interpretações das pes-soas sobre os comentários. Assim, o sucesso do site talvez se deva ao fato de as pessoas interpretarem de diferentes formas as legendas, além do fato de nunca terem fei-to algo assim em Caxias do Sul até então. Por aí já é comum sites que fazem humor com fotografias dando sua própria interpretação e fazendo humor. Por que não poderíamos (Caxias) ter o nosso também? Outro ponto importan-te para o sucesso é o anominato que, por ora, será mantido. isso faz com que cada um tenha sua própria imagem de quem é/são o Fuck Yeah. Enquanto uns acredi-tam que é homem, outros acham que é mulher, ou mesmo uma úni-ca pessoa ou até um grupo. Esse é o barato do negócio! Enquanto para alguns o Fuck Yeah paga de herói, para outros é o anti-herói ou mesmo vilão.

Qual sua profissão?É engraçado ver as pessoas es-

peculando a profissão do Fuck Yeah. A maioria prefere acreditar que seja um publicitário, visto que

a profissão deste parece estar rela-cionada a fazer graça e montagens no Photoshop. O Fuck Yeah pode ser qualquer coisa: desde um mé-dico até um garoto de 14 anos.

Se tivesse que dizer qual a pro-fissão do Fuck Yeah, diria que é internauta. Qualquer um com um pouco de humor e conhecimento do que rola no mundo virtual po-deria ser o Fuck Yeah. Qualquer um dos 893 seguidores (até quin-ta-feira, 31) do Twitter poderia ser o responsável por este.

O site é feito por uma pessoa ou tem colaboradores?

Apenas uma certeza: o Fuck Yeah não tem uma rede de relaciona-mentos gigantesca. Quem sabe um dia...

O fato de conhecer ou não as pessoas que aparecem no site influencia teus comentários?

De forma alguma. Óbvio que a piada é diferente quando é uma figura públi-ca, como um político ou um em-presário conhecido, por exemplo, pelo contexto e pelo que repre-sentam de fato pra cidade. Mas é o contexto da foto que interessa ao FYCS.

Por que o site não é aberto a co-mentários dos leitores?

O Twitter é a ferramenta de comunicação com quem acessa e curte (ou não) o site. Se os co-mentários fossem abertos, prova-velmente iria dar confusão, visto que as pessoas teriam a liberdade de atacar e até mesmo ofender as pessoas das fotos, o que não é o objetivo. Não é fofoca o que está sendo feito aqui. As respostas da-das acima refletem bem isso. O FYCS hoje tem 144 seguidores no Tumblr (base do site, que fun-ciona também como rede social) e uma média atual de 2.000 acessos únicos diários. Alguns inclusive

aderiram ao Tumblr depois que surgiu o Fuck Yeah.

Já recebeu (ou ouviu) reclama-ções a respeito do site? Se sim, de que tipo, e como reage a elas?

No início houve algumas, pou-quíssimas, via Twitter. inclusive a jornalista (que assina esta entre-vista) reclamou há certo tempo sobre a qualidade do conteúdo, referindo-se ao humor. E humor é aquela coisa, há quem goste do Jim Carrey, há quem ache que ele faça caretas demais. O que real-mente entristece são as pessoas que falam e parecem desejar que processos aconteçam e dê confu-

são no final da his-tória. Como já foi dito, o objetivo é divertir de maneira saudável. O Tumblr está sendo revisto e logo todas as fotos ou terão os créditos dos fotógrafos, ou o link para o site de origem, como al-gumas já têm. Não é objetivo tirar o mérito do local de

origem. Tanto que se estes sites verificarem a origem de tráfego, notarão que um bom número de acessos provêm do Fuck Yeah.

O que o autor da coluna social que você parodia deve achar so-bre o seu site?

Pergunte a ele. (O Caxiense tentou contato com João Pulita, mas foi informado de que o colu-nista está em férias fora do país).

Ao escolher fotos e escrever seus comentários sobre elas, você pensa em como poderão se sen-tir as pessoas retratadas?

Olha, não existe centroavante bom que tenha dó do zagueiro. Você precisa driblar ele pra fazer o gol. Se alguém se sentir ofendido ou algo do gênero existe o canal direto no Twitter, onde as pessoas poderão falar com o Fuck Yeah a respeito e chegar numa solução.

“Olha, não existe centroavante bom que tenha dó do zagueiro. Você precisa driblar ele pra fazer o gol”

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l Esposa de Mentirinha | Comédia romântica. 18h50 e 21h20 (leg.) | Iguatemi

O filme da linda Jennifer Anis-ton e do comediante Adam San-dler continua liderando as bilhe-terias nacionais. Para conquistar uma gostosa, um médico con-vence a assistente a fingir ser sua ex-mulher. Dirigido por Dennis Dugan. Com (uma pontinha de) Nicole Kidman. 12 anos. 110min..

l Gnomeu e Julieta | Anima-ção. 13h40 (dub. 3D). | Iguatemi

Não convém mudar a sinopse

18 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

[email protected] Carol De Barba |

Guia de Cultura

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CINEMA

Em Mães de Chico Xavier, mulheres procuram consolo no dom do médium

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Recomenda

Recomenda

original: a maior e mais famo-sa história de amor de todos os tempos estrelando… Anões de Jardim?! Ah, sim, embalados pe-las inesquecíveis músicas de El-ton John (que vem ao Brasil para o Rock in Rio (?!)). Dirigido por Kelly Asbury (Shrek 2). Vozes de Daniel Oliveira, Vanessa Giáco-mo e ingrid Guimarães. Livre. 84 min..

l Rango | Animação. 14h (dub.). | Iguatemi

Já vale só pelas primeiras cenas, em que o camaleão solitário tem como amigos um peixe-relógio laranja e uma Barbie decapitada. Como se não bastasse, o filme é um western de animação. É li-vre, mas ultra recomendado para adultos. 107min..

l Sexo sem compromisso | Comédia romântica. 14h15, 16h45 e 19h (leg.) | Iguatemi

Falta compromisso, sal e açú-car nesse longa em que Natalie Portman e Ashton Kutcher inter-pretam dois amigos que resolvem transar acabam bagunçando os sentimentos. Dirigido por ivan Reitman. Com Kevin Kline e Cary Elwes. 12 anos. 108 min..

l Zé Colmeia – o filme | Ani-mação. 16h (dub.) | UCS

O urso mais querido da Hanna Barbera e seu amigo Catatau se unem ao guarda Smith e à cine-asta Rachel para salvar o parque Jellystone, que só traz prejuízos e corre o risco de ser fechado pelo prefeito Brown. Dirigido por Eric Brevig. Livre. 80 min..

l 4º Mississippi In Concert | Segunda(04), 20h30 |

A atração principal do evento é o gaitista americano Kim Wil-

son (Fabulous Thunderbirds), acompanhado pelo guitarrista Billy Flynn. O show de abertura é do Ale Ravanello Blues Combo.Teatro do OrdovásR$ 16 e R$ 8 (estudante e sênior) | Luiz Antunes, 312 | 3028-6149

l Cartolas| Sábado (08), 23hA banda que já passou de re-

velação para quase unanimidade no cenário indie sobe ao palco do Vagão para mostrar que o rock está no sangue dos gaúchos.Vagão BarR$ 12 (com nome na lista até a meia-noite) e R$ 15 | Estação Fér-rea | 3223-0007 |

TAMBÉM TOCANDO – Sá-bado(02): Blueslave. 21h. Za-rabatana. 3228-9046. | Deejays Convidados. Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. Move. 3214-1805 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Fúlvio Motta Trio + A4. Pop rock. 23h30. Bukus Anexo. 3285-3987 | DJ Gui Oliveira. Eletrôni-ca. 22h. The King Pub. 3021-7973 | Izzi e Louise. Rock nacional e in-ternacional. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Long Play + DJ Eddy. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Navy Blue. Rock. 23h. Le-eds. 3238-6068 | Sábado under-

ground: Kuria. Tributo a Deep Purple. Vagão Classic. 3223-0616 | Old is cool. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Pátria e Querência. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | RS Samba. 00h. Boteco 13. 3221-4513 | Sa-turday Havana. Eletrônica. 23h. Havana. 3224-6619 | The Electro-freaks. Greek Van Peixe e Ampex. Rock. Vagão Bar. 23h. 3223-0007 | The Headcutters. Blues. Mis-sissippi. 3028-6149 | Domin-go(03): Domingueira Zarabata-na. Set com Djs. 17h. Zarabatana. 3228-9046 | DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Pago-de Júnior. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Segunda(04): The Headcutters. Blues. Mississippi. 3028-6149 | Terça(05): Branco no Preto. Som Brasil. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Happy Hour DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Vagão para elas. Elas não pagam. 21h30. Vagão Classic. 3223-0616 | Quarta(06): Clas-sic Gamer. Vagão Classic. 3223-0616 | DJ Gui Oliveira + Combo Stella. 18h. The King. 3021-7973 | Maurício e Daniel. Tradiciona-lista. 22h. Paiol. 3213-1774 | The Blugs. Rock. Mississippi. 3028-6149 | Toco e Buja Acústico. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta(07): Alan e Alessandro + DJ Eddy. Sertanejo universitá-

www.ocaxiense.com.br 192 a 8 de abril de 2011 O Caxiense

Javier Barden não faturou o Oscar, mas levou a Palma de Ouro do Festival de Cannes pela sua atuação em Biutiful

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MÚSICA

INGRESSOS - iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sê-nior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia en-trada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (in-teira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sê-nior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Pa-nazzolo. 3901-1316.

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Recomenda

Recomenda

rio. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | João Chagas Leite + Grupo Macuco. Tradi-cionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Motinados. Rock nacional e in-ternacional. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta-feira do Beijo. Va-gão Classic. 3223-0616 | Xandra Joplin. Rock Clássico. Mississippi. 3028-6149 | Sexta(08): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Folha Seca. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | DJ Gui Oliveira. 18h. The King. 3021-7973 | Hardrockers. Rock clássico. Mississippi. 3028-6149 | Quarteto Paiol. Tradicionalis-ta. 22h. Paiol. 3213-1774 | Volux. Rock nacional e internacional. 22h. Bier Haus. 3221-6769

l Radicci Acústico | Sába-do(02) e domingo(03), 20h30

A Jaquirana Air, patrocinado-ra oficial do gringo, informa: as palhaçadas de Radicci já foram vistas por mais de 76 pessoas em Faxinal dos Pelúcios, Juá, Alziro

Ramos, Silveira, Lajeado Grande e Cazuza Ferreira.Teatro São CarlosR$ 20 (antecipado) e R$ 25 (na hora), estudantes e sênior R$ 10 | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387 |

l A Gangorra Teatral | Do-mingo (03), sessões às 16h, 17h e 18h

Era para ter sido dia 27 mas, como choveu, o espetáculo foi transferido para este domingo (3). Para comemorar o Dia inter-nacional do Teatro, artistas farão intervenções artísticas na Praça Dante Alighieri, durante 25 mi-nutos. Na plateia, os transeuntes, que estão convocados a partici-

par.Praça Dante AlighieriEntrada franca

l InPé | Quinta (07), 22h |O primeiro espetáculo do inPe-

ça, o Show de improvisos, foi vis-to por mais de 7,5 mil pessoas, em 50 apresentações. Esgotada a primeira proposta, o grupo pa-rou para preparar seu novo tra-balho de stand up comedy, com os atores Erick Oliveira, Jonatas dos Reis e Natália Soldera. Novo formato, novas piadas. A ideia é fazer rir com “um poutpourri de coisas”, brinca Jonatas.LeedsR$ 5 | Os 18 do Forte, 214 | 3238-6068

l Memórias de uma Soltei-rona | Sábado(09) e domin-go(10), às 20h |

Zica Stockmans interpreta uma quarentona independente, ven-dedora de mão cheia, que tem um entrave na sua vida: as pen-dências espirituais com Tia Gér-debra, uma freira que a mantém eternamente virgem. A comédia, recomendada para maiores de 12 anos, promete um final que não é

tão óbvio, mas é obviamente feliz. Os ingressos já estão a venda na Escola Tem Gente Teatrando e li-vraria Do Arco Da Velha.Teatro São CarlosR$ 15 (antecipados), R$ 20 (na hora) e R$ 10 (estudante e sênior) | 3221-3130

l Notações Pictóricas | De segunda (21) a sexta, das 8h30 às 18h e no sábado, das 10h às 16h |

Fernanda Gassen é autora da série fotográfica Agenciamentos de Visita para Estudos de Compo-sição – cena de gênero, e Mariana

Silva da série Tableaux. Ambas tecem aproximações pela via da pintura, transformando visão da casa como apenas cenário para gestos banais e corriqueiros. Galeria MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1333 | 3221-3697

l Corpo Humano, Máquina Mutante | De segunda a quinta (31), das 8h às 18h |

A mostra da artista Juliana Da-rol retrata as mudanças sofridas pelo corpo humano, por doen-ças degenerativas ou por vonta-de própria do individuo, como cirurgias estéticas. Juliana utiliza técnica mista, e elementos como barro, arame e sucata de aço.Câmara de VereadoresEntrada franca | Alfredo Chaves, 1323 | 3213-1600

l Sculptura | De terça a sexta, das 9h às 19h, sábados e domin-gos, das 15h às 19h |

A exposição marca a estreia do tatuador Ale Amorin como escul-tor, modesto como aprendiz e ta-lentoso como os mestres. São ros-tos, caveiras e membros corroídos pela morte e esculpidos engenho-

samente em cerâmica.Galeria do OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Acervo de gravuras do im-pressor Amaro Albuquerque | De segunda a sexta, das 8h às 22h30 |

Seu Amaro é funcionário do Campus 8 e trabalha há 30 anos “fazendo a parte técnica” das gra-vuras, como diz. Para a exposição selecionou os melhores trabalhos de grandes artistas, ex-alunos e professores do Campus 8, que fa-zem parte história da gravura em Caxias.Hall do Campus 8

Entrada franca | RS 122, Km 69 | 3289-9000

l Aromas, texturas e cores | De segunda a sábado, das 10h às 19h30, domingo, das 16h às 19h |

A mostra de Leonor de Alen-castro Guimarães Aguzzoli re-úne trabalhos na técnica da encáustica, que utiliza cera de abelha como tinta. Ou seja, os obras envolvem o espectador não só pela visão, mas também pelo olfato e pelo tato. A curado-ria é de Mona Carvalho.Catna CaféEntrada franda | Júlio, 2854 | 3212-7348 |

l KIT de Sobrevivência | Até domingo (03), das 15h às 19h |

A mostra traz fotografias, por Frank Jeske, e experimentações visuais, por Jorge Soledar, do projeto sobreViVENTES, coor-denado por Daggi Dornelles e executado no ano passado. Após a abertura, às 20h30, na Sala de Teatro do Centro de Cultura, será apresentado a versão cênica do projeto, na Sala de Teatro.Galeria do OrdovásEntrada Franca | Luiz Antu-nes,312 | 3901-1316

l O Caxiense 1 ano | De se-gunda à sexta, das 9h às 21h |

A mostra reúne 12 capas se-lecionadas, com as principais manchetes e os assuntos mais importantes das 53 edições de jornalismo inteligente impressas durante o Ano 1. Em cada tela, le-gendas contextualizam as repor-tagens e contam os bastidores da produção. Faculdade dos ImigrantesSinimbu, 1670 | 3028-7007 |

AINDA EM EXPOSIÇãO – A arte está em esconder a arte. Ar-tes Karem Sartor dos Santos. Sá-bado (02) das 8h30 às 12h30. Far-mácia do ipam. 3222-9270

20 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Cartolas, destaque na cena indie rock, tocam no Vagão; O gaitista americano Kim Wilson (centro) é atração principal do Mississipi In Concert

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TEATRO

EXPOSIÇÕES

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Há muito tempo o Estádio Al-fredo Jaconi não era inundado por uma onda de ânimo e felicidade. Duas vitórias consecutivas no Gau-chão, nas circunstâncias em que ocorreram, foram as responsáveis por manter ou até fazer com que os papos mais céticos olhassem o gru-po treinado por Picoli com outros olhos. Os sete jogos sem vencer fo-ram parcialmente esquecidos. Mas por qual motivo os resultados posi-tivos retornaram à casa da papada? Talvez o estilo militar de Picoli?

Sim, Edemar Antônio Picoli, que não gosta de ter o nome completo citado, serviu dois anos ao Exérci-to Brasileiro. Entrou como soldado na Bateria de Comando e Serviços (BCS) do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) em 1991. No ano seguinte se formou cabo e teve passagem pelo Pelotão de Opera-ções Especiais (Pelopes) da mesma unidade. “Tenho conseguido pas-sar o que quero para os meninos. De maneira direta eu tento mostrar as coisas, e eles me dão respaldo. A vida militar tem me ajudado nisso: futebol é comando. Sei o que posso falar com cada jogador”, opina o re-cruta Picoli.

A goleada por 5 a 0 no fraco inter de Santa Maria serviu para ajeitar algumas coisas no Juventude, de-pois da dispensa de dois jogadores – o zagueiro Édson Borges e o vo-lante Tiago Silva – e do afastamen-to de Anderson Pico (que foi rein-tegrado ao grupo na quinta, dia 31

de março). Um dia antes, marcado por muita expectativa, o Ju, com um jogador a menos e Julio Madu-reira arrastando a perna direita em campo, conseguiu vencer o Grêmio por 3 a 2, de virada. O terceiro gol foi marcado aos 44 minutos da eta-pa final. O meia Ramiro, 17 anos, desferiu um chutaço de fora da área que nem o goleiro Victor, que havia retornado da Seleção Brasileira, viu a bola.

Natural de Gramado, Ramiro Moschen Benetti veio para a base do Juventude em 2005. No ano pas-sado, foi reserva na Copa São Paulo e na Copa BH, ambas na catego-ria júnior, e campeão gaúcho sub-20, ao lado do goleiro Follmann, do lateral Alex Telles, do zagueiro Bressan, do volante Fabrício e do meia Morais, entre outros. “Fiquei muito contente com o primeiro gol num jogo profissional”, resumiu o jogador, que logo após a partida concedeu muitas entrevistas, não esqueceu de citar o grupo e estava ansioso para sair para jantar com a família. O encontro ocorreu em uma pizzaria, e também serviu para comemorar o aniversário de 46 anos da mãe, Marina Moschen. Antes de deixar a sala de impren-sa do Jaconi, e encerrado o assédio dos jornalistas, Ramiro largou a bolsa do clube no chão para receber um forte abraço da irmã Manuela, 10 anos. Em Caxias do Sul Ramiro, mora com uma tia, mas é no Jaconi que ele se sente em casa.

Depois dos tropeços no início do segundo turno do Gauchão, o Juventude precisava conquistar pontos nos três jogos que teria em casa. Venceu duas partidas e vai com tudo para o último confronto da fase classificatória da Taça Far-roupilha no Jaconi neste domingo, às 18h30, contra o rebaixado Porto Alegre. O Ju tem 8 pontos e é 4º no grupo 2. Na última rodada, no dia 10 de abril, enfrentará o Veranópolis no Estádio Antônio David Farina – onde provavelmen-te fará o confronto direto por uma vaga nas quartas de final. O VEC é 5º com os mesmos 8 pontos.

Orkut, Facebook e Twitter tornaram-se aliados de parte dos torcedores da dupla CA-JU. Por meio das redes sociais eles tro-cam informações sobre jogos e compartilham opiniões sobre o desempenho do time e dos joga-dores. No lado grená, surgiram as primeiras contestações ao treinador do Caxias, Luiz Carlos Ferreira. Um grupo de torcedores inclusive conversou pessoalmente com o treinador que comandou o Caxias em cinco jogos e tem duas vitórias, dois empates e uma derrota (5 a 2 para o São José). A torcida deve concordar que este segundo turno está sendo mais difícil para o time. Com 5 pontos no Estadual, a equipe está em 6º lugar na chave 1, com 6 pontos. O líder é o inter, com 9 pontos. Tudo será decidido na última rodada neste grupo em que todos os oito clubes têm chance de classificação.

Leandro Damião (inter) e Ran-gel (Lajeadense) são os artilheiros do Gauchão, com 11 gols cada. O papo Julio Madureira e o grená Lima estão logo atrás – cada um balançou as redes adversárias 10 vezes. A lista do Juventude tem ainda Cristiano (três), Jardel e Zulu (dois) e Bruno Salvador, Ramiro e ismael Espiga (um cada). No Caxias, itaqui fez três; Éver-ton, Waldison e Balthazar dois cada; e Édson Rocha, Edu Silva, Gerley, Pedro Henrique e Rodri-go Paulista marcaram um cada.

O melhor ataque da competição, faltando duas rodadas para o final da fase classificatória, é do Grê-mio, que anotou 36 gols (São José fez 28 e, Cruzeiro, 27). O Ju apa-rece na lista de melhor defesa, em terceiro lugar (levou 17 gols) – em primeiro está o Novo Hamburgo (oito gols sofridos) e, em segundo, o inter (13). A pior defesa até agora é a do inter-SM, que levou 38 gols.

O Caxias se classificou para as oitavas de final da Copa do Bra-sil sem jogar a segunda partida contra o Botafogo da Paraíba. No primeiro jogo, no dia 16 de março, em João Pessoa, o time grená venceu por 1 a 0. O Bota-fogo escalou irregularmente o atacante Edmundo e foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). No dia 29 o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio, informou o can-celamento do jogo de volta agen-dado para 6 de abril, no Estádio Centenário. O adversário grená na próxima fase será o Coritiba-PR, que venceu o x Altético-GO com o placar acumulado de 5 a 2.

O Caxias irá comemorar seus 76 anos com um jantar no salão da Paróquia imaculada Conceição (Capuchinhos) no dia 8 de abril (sexta-feira). Comida típica italia-na, música, sorteio de brindes e a presença de atletas são os atrativos da festa. O momento especial da noite será a homenagem para o ex-jogador Washington Cerqueira, o Coração Valente, formado na base grená. ingressos (R$ 25 para sócios, R$ 30 não sócios e R$ 15 crianças entre cinco e 10 anos) po-dem ser adquiridos na Sala de Só-cios e na loja Espaço Grená, junto ao Estádio Centenário. Fundado em 10 de abril de 1935 como Grê-mio Esportivo Flamengo, o Caxias recebeu o atual nome em 1975.

Se quiser se classificar às quar-tas de final do segundo turno do Estadual, o Caxias precisa vencer os dois jogos que restam. Só assim não dependerá de resultados pa-ralelos. Se vencer uma e empatar a outra partida, ainda terá chance, porém, como 3º ou 4º, descartan-do a possibilidade de jogar diante da sua torcida na fase eliminató-ria. O primeiro desafio será às 16h deste domingo, no Estádio Colos-so da Lagoa, em Erechim, contra o Ypiranga. Se perder, o time grená apenas cumprirá tabela na últi-ma rodada – no dia 10 recebe o São Luiz, às 16h, no Centenário.

Sequência Redes sociais

Numerologia

Copa do Brasil

76 anos

Dependência

ÂNIMO RENOVADO EM BuSCA DACLASSIFICAÇãO

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por FABIANO PROVIN

www.ocaxiense.com.br 212 a 8 de abril de 2011 O Caxiense

Online | Ouça as opiniões de Fa-biano Provin no podcast da dupla CA-JU: www.ocaxiense.com.br

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Recomenda

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l Ypiranga x Caxias | Do-mingo, 16h |

A equipe grená, que no últi-mo jogo empatou em 0 a 0 com o Novo Hamburgo, ocupa a sexta posição na chave 1. Com 6 pon-tos, está ao lado do São Luiz e do próprio Novo Hamburgo. Restan-do apenas duas rodadas para o término da fase de grupos da Taça Farroupilha, o time comandado por Luiz Carlos Ferreira precisa de resultados positivos para se-guir na competição. A equipe de Erechim ocupa a última posição na chave 1, com quatro pontos. Para a partida, o Caxias deverá começar com Matheus; Alisson, Édson Rocha, Marcelo Ramos e Gerley; Marcos Rogério, itaqui, Edenílson e Pedro Henrique; Éverton e Lima.Colosso da LagoaR$ 10 (geral) e R$ 30 (cadeiras). Mulheres e estudantes portando documentação, R$ 5. Crianças menores de 12 anos não pagam entrada | Av. 7 de Setembro, 1.932, Erechim

l Juventude x Porto Alegre | Domingo, 18h30 |

Após a heroica vitória por 3 a 2 sobre o Grêmio, o alviverde volta a jogar em casa contra um time da Capital. O Porto Alegre ocupa a última posição na chave 2 e tam-

bém na classificação geral. A vitó-ria é fundamental para o Ju enca-minhar a classificação às quartas de final. Com 8 pontos, o time de Picoli está na 4ª colocação. A provável escalação é Jonatas; Cel-sinho (Anderson Pico), Bressan, Fred e Alex Teles; Umberto, Jar-del, Jander e Cristiano; Madureira (Ramiro) e ZulúAlfredo JaconiR$ 20 e R$ 10 (idosos e estudantes portando documentação) | Hércu-les Galló, 1.547, Centro

l 1ª Etapa da Copa Gerdau | Sábado e domingo, a partir das 9h30 |

Cerca de 80 dos melhores cava-leiros e amazonas do Estado irão disputar a etapa promovida pela Hípica da Serra. Os dois dias de competição contarão com 12 pro-vas em seis níveis: com obstáculos de 60cm e 80cm, para iniciantes,

e 1m, 1,10m, 1,20m e 1,30m, para as demais categorias.Jóquei Clube Pérola das Colô-niasEntrada: 1kg de alimento | RS-122, km 67, Forqueta

l Serra x San Diego | Sábado, 15h |

O Campeonato Gaúcho inicia neste sábado e os rapazes do Serra já entrarão em campo. Às 14h está programado um amistoso entre as equipes femininas do Serra e do San Diego na modalidade Seven, enquanto os atletas do masculino se aquecem. Logo em seguida, o jogo principal. As duas partidas ocorrem no campo da Escola da Natureza. A competição reúne seis equipes em uma única chave: Novo Hamburgo, San Diego, An-tiqua, Farrapos, Charrua e Serra. Escola da NaturezaEntrada gratuita | Quinto Slomp, s/n°, Forqueta

l Taça Brasil Correios Sub-15 | De segunda a domingo (10), 15h, 16h, 17h e 18h |

Recreio da Juventude e Top Sport representarão o Rio Grande do Sul na competição que reúne

times de oito estados. Ao todo, 10 equipes divididas em dois grupos disputam quatro vagas para as fi-nais. Confira a programação dos jogos das equipes caxienses na primeira fase:Segunda, 17h: Top Sport x Ui-rapuru | 18h: RJ x Colégio Mó-dulo | Terça, 17h: Top Sport x Paysandu | 18h: RJ x Dom Bosco | Quinta, 17h: Top Sport x Su-mov | 18h: RJ x Palmeiras | Sex-ta, 17h: Top Sport x Casa de Es-paña | 18h: RJ x Santa Cruz Recreio da JuventudeEntrada gratuita | Atílio Andrea-zza, 3.525

l 4ª Rústica Solidária | Do-mingo, 9h e 9h30 |

Com sol ou chuva, cerca de 600 pessoas deverão participar da prova que tem a finalidade de arrecadar recursos para entidades beneficentes. A rústica contará com três modalidades: caminha-da (3km), corrida (5,7km) e cor-rida de longa distância (7km). As inscrições podem ser feitas na Unisinos, Paquetá Esportes, Fáti-ma Saúde e Academia Base 1 até sábado. A largada e a chegada se-rão em frente ao La Barra.Estação FérreaInscrição: R$ 70 | Coronel Flores, 810, no bairro São Pelegrino

22 2 a 8 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Guia de Esportespor José Eduardo Coutelle | [email protected]

RÚSTICA

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Técnico Picoli comanda o Juventude, embalado pela virada sobre o Grêmio no meio da semana, contra o Porto Alegre

Online | Acompanhe a trans-missão do jogo ao vivo em www.ocaxiense.com.br, com vídeo da torcida, comentários em áudio de Fabiano Provin, narração minuto a minuto e scout do jogo (chutes a gol, faltas e escanteios) em tempo real.

Vídeo | Assista a imagens exclu-sivas da vitória do Juventude so-bre o Grêmio, no meio da semana, em www.ocaxiense.com.br

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Renato [email protected]

Reunião da última quinta-feira (31) do Conselho Diretor da Fun-dação Universidade de Caxias do Sul contou ainda com a pre-sença de ildoíno Pauletto como representante do governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Não tem sido exatamente fácil para o governador Tarso Genro administrar os interesses exis-tentes nos meios petistas locais para a indicação do substituto de Pauletto, nomeado pela ex-governadora Yeda Crusius.

Arquiteto, cenógrafo, designer, ar-tista plástico... são algumas das mui-tas qualificações de Gringo Cardia, nascido Vladimir Cardia em Uru-guaiana (RS), mas cujo apelido dado pela família se tornou nome próprio na cidade de adoção, Rio de Janeiro.

Curioso é também que a irmã e sócia, Regina, recebeu do mano o apelido de Gringa. E assim, Gringo e Gringa Cardia – donos da Me-sosfera Produções Artísticas, que assina projetos que vão de cenários e concepção de shows como os de Maria Bethânia e Cirque Du Soleil, passando por exposições e museo-grafia, como o do Museu da Cruz Vermelha na Suíça – estiveram na terra de outros gringos na quinta e sexta-feira (31). A dupla veio a convite da Secretaria Municipal da Cultura para conhecer, estudar e aprofundar temática vinculada à história e à memória de Caxias do Sul para projetos a médio e longo prazo. Vem coisa boa aí.

Quem quiser conhecer a fa-ceta artística do delegado da Polícia Federal em Caxias do Sul, Noerci Melo, deve acessar o site www.noercimelo.com.br.

Autor de dois CDs, o delegado apresenta um surpreendente trabalho musical.

A reforma administrativa, de-fendida por muitos integrantes do governo Sartori, continua fora da agenda (ou das preocupações) do prefeito.

Ao que tudo indica, o prefeito José ivo Sartori não quer dar con-teúdo eleitoral a qualquer modifi-

cação que se faça necessária no pri-meiro escalão.

Aliás, eleição também é tabu na prefeitura. Oficialmente, o discur-so adotado diz que o momento é de manutenção da unidade. Sucessão municipal ficaria apenas para de-pois da Festa da Uva 2012.

Site do jornalista Miron Neto, de Gramado, especula a respeito da de-cisão que o governador Tarso Genro (PT) vai anunciar no final de maio. Segundo Miron, tendo por base um “atento observador de mapas”, Tarso anunciará o novo Aeropor-to Regional da Serra no distrito de Vila Oliva, na divisa de entre Caxias do Sul e Gramado, com ares de uma decisão salomônica:

“Senão vejamos: Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa e Farrou-pilha defendiam a localização em Monte Bérico. Canela, São Francis-co de Paula e Cambará lutam por um aeroporto no Saiqui. O governo se inclina pela Vila Oliva, bem no meio de Monte Bérico e Saiqui...”

O representante da Agência Na-cional de Aviação Civil (Anac) na Região Sul, que atua como coor-denador da Gerência de Vigilância de Operações da Aviação Geral em Porto Alegre, Henrique Hel-ms, será o palestrante da reunião-almoço da Câmara de indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CiC) desta segunda-feira.

O convite a Henrique Helms não tem vinculação com a escolha do local do novo aeroporto na Serra Gaúcha. O coordenador apenas vai apresentar a agência nacional e as atribuições da Unidade Re-gional de Porto Alegre, guiado pelo tema Anac – filosofia e polí-tica de segurança operacional.

A anunciada presença do ex-golei-ro Danrlei (foto abaixo), hoje depu-tado federal pelo PTB, na reunião-almoço da CiC, nesta segunda-feira (4), não causa surpresa. Ele só vem agradecer os votos conquistados em Caxias do Sul na eleição passada.

Danrlei foi o sétimo candidato mais votado na cidade para uma vaga na Câmara dos Deputados. Fez 5.116 votos, atrás apenas de Gilberto Pepe Vargas, Assis Melo, Mauro Pereira, Kalil Sehbe Neto, Ruy Pauletti e Manuela D’Avila.

O deputado vem a Caxias a convite do presidente municipal do PTB, Adiló Didomenico.

Conselheiro do Estado Visita às bases

Projetos futuros

Sobre aeroportos

Músico Noerci

Só depois da Festa

Decisão salomônica

Dom Paulo Moretto (foto) com-pletará 75 anos no próximo 26 de maio, dia consagrado a Nossa Se-nhora de Caravaggio. Na prática, a data significa o encerramento ofi-cial de seu trabalho pastoral à frente da Diocese de Caxias do Sul.

A substituição pelo bispo coadju-

tor dom Alessandro Ruffinoni não será imediata. O Papa Bento XVi terá que aceitar antes a renúncia (compulsória) de Moretto, o que deverá demorar alguns dias – em-bora muita gente aposte na data de 31 de maio para a oficialização do ato.

MuDANÇA NA DIOCESE

www.ocaxiense.com.br 232 a 8 de abril de 2011 O Caxiense

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Não é o ‘pelado’ que vai para a Copa, é o comerciário, o industrial, que

aproveita para unir o útil ao agradável

Presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF),Francisco Noveletto, enfatizando os ganhos econômi-cos que Caxias poderá ter como campo base da Copa 2014

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