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por Henrique José de Souza

EDITORIAL - eubiose.org.br¢ranâ Online 19.pdf · Vol. 11, 179. No vol.1, pág. 144 ... Embora que não haja necessidade de crer na inspiração verbal da Doutrina Secreta manifesta-se

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porHenrique José de Souza

EDITORIAL

Mudanças globais, mudanças climáticas, mudanças de gênero, são temas apropriados para caracterizar a transição dos séculos vinte para vinte e um. Tornaram-se disciplinas acadêmicas e assuntos em alta na mídia noticiosa e na mídia científica quanto a investigações sobre causas e efeitos, avaliações sobre impactos, vulnerabilidades e resiliências acerca das mudanças globais. São temas vastos em abrangência e classificados como multi e transdisciplinares(1) pelas academias contemporâneas. Assim ressurgiu a ênfase por ADAPTAÇÂO (2), no século vinte e um devido à irreversibilidade destas mudanças no contexto global, considerando que estão posicionadas como resultado dos períodos ou eras industrial (3), e pós-industrial (4) sobre a qual se estabeleceu um período de meio século de guerra fria baseada num pseudo domínio militar e civil das tecnologias nucleares, a qual redundou na sociedade da informação e do conhecimento (5). Atualmente continuam testes com mísseis e ameaças de escaramuças nucleares num teatro tétrico e aberrante de egos imperiais diabólicos. A “Sociedade do Conhecimento”, exige intensa e qualificada capacitação quanto à adaptação do homem ao novo paradigma de sociedade, dentre as quais a de se conectar em rede global de computadores e as pertinentes ao domínio de softwares para que possa sobreviver em rede, mesmo que como vítima de inúmeras contradições e equívocos embutidos naquela concepção de que a tecnologia da informação traria um mundo de progresso e desenvolvimento sem par na história recente, e o arremessou numa corrida armamentista e espacial tresloucada, cuja ficção foi iniciada no século vinte dentro dos institutos e agências espaciais do mundo moderno. Por não haver um conhecimento completo e de longo termo acerca dos efeitos e muito menos das causas das mudanças climáticas por parte das ciências atuais e dos atores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (6) e, por não haver entendimentos globais sobre uma agenda de relações internacionais para uma nova Ordem Mundial que possa gerar sustentabilidade generalizada no Planeta, há um chamamento radical por ADAPTAÇÂO às mudanças climáticas intensas, extremas e rápidas. A compreensão para esta realidade está expressa em diversos excertos de sabedoria eubiótica, dentre os quais cito:

“Transformar-se ou morrer é um dilema iniludível”, (7)

que vai muito além das condicionantes ambientais, sociais e políticas do nosso tempo, porém atinge nossa consciência e realidade, posicionando um alerta de nova era, novo século pertinente a novo ciclo evolucional. A transformação mencionada é essencialmente MENTAL-ESPIRITUALISTA, que requer superação aos atavismos religiosos, culturais e emocionais ligados à cultura materialista do globalismo competitivo entre nações e seus blocos econômicos, que ao final ergueram impérios de guerra e domínio continentais, e se acercaram de colonizar planetas do sistema solar e extra-solar por entenderem que o planeta Terra já está esgotado em seus recursos naturais e com uma sobre-população estimada em 9 bilhões de seres até 2050.

Esta edição está dedicada à nova visão de ciência conforme: “Filosofias, ciências e religiões, valem por aquilo em que nos fizeram mais úteis à Fraternidade Humana”; e, traz elementos para reflexão e crítica da ciência no novo século, assim como para a cultura de Adaptação e Transformação no Brasil, fundamentada na Sabedoria Eubiótica:“O Brasil participa das influências cíclicas terrestres, embora resguardado por uma pretendida situação privilegiada. Este privilégio não existe. Admitindo-se mesmo, por hipótese, a sua existência, ele só servirá para pôr em evidência, a precocidade dos seus erros e dos seus vícios, que, como nação nova, imita inconscientemente das mais velhas e decrépitas. A sua grandeza é apenas física, material, oriunda da extensão e uberdade do seu território e das riquezas incalculáveis que ele encerra. A discordância aparente entre a exuberância vital deste país e a fraqueza da raça que o habita, não significa que esta seja indigna da casual oferta, mas que a obrigatoriedade em praticar as virtudes relativas ao seu merecimento é a única condição de posse, imposta previamente, ao povo assim favorecido.” (Prof. HJS. Mensagem ao povo brasileiro. Dhâranâ Ano V – edição 18 - dezembro de 2017 a março de 2018, pág.05.)

(1) http://www.gthidro.ufsc.br/arquivos/CARTA-DA-TRANSDISCIPLINARIDADE.pdf(2) Adaptação se refere aos esforços da humanidade para sobrevivência e evolução segundo macro-condicionantes globais, regionais e locais impostas pelo clima, geografia, conjunturas político-econômicas e sociais, meio ambiente e disponibilidades de recursos naturais da biodiversidade.(3) https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_industrial(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_pós-industrial(5) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_do_conhecimento#Adaptação_do_homem_a_um_novo_paradigma_de_sociedade (6) https://pt.wikipedia.org/wiki/Painel_Intergovernamental_sobre_Mudanças_Climaticas(7) Pequeno Oráculo. Prof. Henrique José de Souza

REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSEAno Vl - Número 19: maio a agosto de 2018

Sumário5Teosofia e Ciênciapor Henrique José de Souza

6ATUALIDADE HUMANA

10EXCERTOS DE SABEDORIA EUBIÓTICA

15OBSERVANDO O CLIMA,MUDANÇAS CLIMÁTICAS EADAPTAÇÕES NO SÉCULO XXIPOR RONALDO LYRIO BORGO

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O Ocidente se acha atualmente muito mais inclinado às teorias materiais do universo, do que ao ser publicada em 1889, pela primeira vez, a “Doutrina Secreta”. Sir James Jeans em The Mysterious Universe, novembro de 1930, diz: “Tais conceitos reduzem o universo inteiro a um mundo de luz, potencial ou existente”... (pág. 77). Todo ele parece assemelhar-se mais a um grande pensamento do que a uma grande máquina. A mente já não nos aparece como um acidental intruso no reino material. Começamos a compreender que seria preferível saudá-la (a Mente) como criadora e governadora desse mesmo reino: não nossas mentes individuais, mas aquela Mente em que os átomos, com os quais as nossas foram formadas, existem como pensamentos. E mais adiante, à pág. 149: ...“Descobrimos que o universo demonstra, evidentemente, um desígnio ou poder governante, que tem algo de comum com as nossas próprias mentes individuais.” Compare-se tais ideias com o que expunha, quarenta anos atrás, H. P. B. na Doutrina Secreta: ...“o mineral, que em si mesmo é luz cristalizada e imetalizada.” Vol. 11, 179. No vol.1, pág. 144: ...“As ideias existentes no Pensamento Divino são impressas na Substância Cósmica como Leis da Natureza”. Embora que não haja necessidade de crer na inspiração verbal da Doutrina Secreta manifesta-se claramente que, quem quer que fosse, a houvesse escrito, Mestre ou discípulo, o fato é que, se empregou naquela ocasião um esforço para serem descritos certos processos na natureza. Os moderno filósofos, cientistas e psicólogos procuram descrever a mesma realidade, sendo dever para o estudante teósofo, adotar a mesma atitude para ambas as partes. Algo parecido com o que acabamos de transcrever do News & Notes, reproduzimos do sábio alemão Prof. Einstein. Em uma de suas recentes declarações afirmou que o universo não descansa em leis de energia ou de matéria, mas, de inteligência. O que equivale, em dizer que, o universo não é matéria nem energia, e sim, inteligência. Tal pensamento foi expresso há milênios pelos sábios da Índia, ao dizerem que “O universo é um pensamento de Deus”. E pelos Iniciados de todas as épocas, que “O Universo é todo Akasha, vibração, palavra, luz, uma manifestação de Deus”...

Artigo original publicado em: Dhâranâ nº 84

Abril a Junho de 1935ANO X

Redator: Henrique José de Souza

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Para onde quer que volvamos o olhar, observamos que o atual estado de coisas na humanidade, é o seguinte: encontra-se ela esmagada sob o peso do mais angustioso sofrimento, agravado por ver e sentir o erro de que foi vítima a respeito do passado, quando sua visão simples lhe proporcionava, pelo menos, a consoladora esperança de uma felicidade celestial, embora “depois da morte”, como prêmio de “boa conduta”, segundo os preceitos de sua fé. Atualmente, em troca, a progressiva intensidade da “vulgarização científica” solapou a sua fé, tornando-a cada vez mais cética, destruindo-lhe paulatinamente a confiança em si mesma, individual e coletivamente. O “conhecimento” acadêmico, superficial e frio, só lhe serviu para ver o mal em tudo e em todos, ocasionando-lhe a deprimente ideia de que tudo na vida, e a própria vida, nada mais é do que um jogo fatal do cego “destino”, sem fim algum, nem superior propósito, e que a consciência não passa de uma “função” do corpo. Morto este, chega o fim do homem, e com isso, a destruição da individualidade pensante. Portanto, esta vida “pessoal” é o princípio, o meio e o fim da existência. O homem que aqui e agora não pudesse gozar, jamais o lograria; de modo que, deveria tratar de o fazer o mais que pudesse agora e, em caso contrário, tanto pior para ele.

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Relaxada, assim, a noção da “Moral”, destruída toda norma de Ética, abandonando o homem a sua miséria e pequenez ao cego destino – segundo lhe ensina a “ciência” e corrobora a aparente observação sensorial e sua “experiência” externa, é – de certo modo – natural que se afunde na corrupção e que trate de tirar o melhor proveito das circunstâncias que, para o gozo imediato se lhe apresentem, ou conseguir os meios que lho proporcionem. Que importância pode ter o atirar-se à louca e desenfreada carreira para satisfazer – como, onde e quando possa, conforme a sua capacidade – suas paixões inferiores (“únicas” que sente direta e imediatamente e que acredita constituir a sua essência), aumentadas por essa vulgarização? É natural que, nesse estado, despreze toda opinião que lhe aconselhe a mudança de conduta; considerando-a pueril sentimentalismo, quando não a qualifica de hipócrita. Nada o induz a restringir suas paixões, vítima como é, dos seus sentidos! Tudo, em troca, o compele a uma crescente exacerbação passional, enquanto que o poder de sua vontade construtiva, seu caráter e sua inteligência, se vão debilitando e destruindo, devido ao seu mau uso. Nesse estado, o homem carece do Verdadeiro Conhecimento(1), porquanto, aquela referida vulgarização destruiu nele a fé. Logo, sua conduta é lógica em seu modo de ver, o que não obsta que, em certos momentos (especialmente nos indivíduos mais adiantados) torturado pelo desespero angustioso de sua mente, renegue o seu mais nobre poder, que é o Pensamento, como se fora este uma cruel e fatídica maldição e chegue até a invejar aos demais a sua inferior condição. Penoso é tal estado de transição do reino anterior ao verdadeiramente humano, quando a “razão” começa a despertá-lo. É mui lentamente que o vai deixando para se ir elevando gradualmente, para o excelso estado de consciência, inerente à sua essencial e indestrutível divindade interna. Neste estado de transição, se acha a maioria da presente humanidade e, por isso mesmo, no momento atual, caracterizado pelo sofrimento, tanto individual como coletivo. Porém, já começa a despontar a aurora de uma nova e renovada humanidade, precisamente em nosso meio, neste bendito continente, cujos países são um vasto crisol múltiplo dessa nova e mais ditosa humanidade. Nenhuma felicidade pode ser alcançada sem dor, mas em troca, nenhuma dor fica sem compensação. Tal é a Lei. Esta lei de Causalidade e único “luzeiro” capaz de iluminar as trevas do sofrimento, se o homem se deixar guiar por ele. A Verdadeira Razão, isto é, o são e reto discernimento à luz dessa Lei, lhe fará ver o mundo das causas e a suprema Harmonia que rege a manifestação da vida – não o cego acaso – e levarão ao seu coração o bálsamo do consolo, originado, não em dogmática superstição, mas na verdade Suprema. Não há efeito sem causa, nem causa sem efeito. No Universo não existe o acaso, salvo como uma fácil e cômoda “explicação” de nossa ignorância de certas leis e causas.

A “vida-consciência” humana jamais cessa nem pode cessar, pois, se o pudesse, jamais existiria. Contrariamente, todas as leis da lógica seriam uma aberração. Que é a mesma “vida” humana, externa e sensorial, a única que o homem sente? Nada mais do que um “mistério”, entre outros dois mistérios chamados “nascimento” e “morte”. Donde procede, que é e para que é, pois, a consciência? Que origem e razão tem essa íntima noção de nossa indestrutibilidade? O fato é que, a vida jamais cessa e cada causador goza ou sofre a reação de seu pensamento, desejo e ato, segundo sua índole e nele se fecha o ciclo causal que ele mesmo abre. Se sabe e compreende a tremenda Responsabilidade na elaboração de sua felicidade ou desgraça e de sua participação na dos demais (2), poderá mitigar seu atual sofrimento e preparar um futuro mais ditoso para si. A vida é indestrutível; o homem é uma expressão evolutiva da indivisivelmente Una Consciência do Ser. Essa Consciência indivisa, expressa ou manifestada nas formas (3), é que dá origem à “vida” que observamos onde quer que se seja. O “homem” é um “raio” da Indivisivelmente Una Consciência, por assim dizer; sua consciência individual jamais cessa, desde que está indissoluvelmente unida à Consciência Una, Absoluta. Logo, a vida não pode ter motivos opostos e finalidades contraditórias nem se reger pela arbitrariedade ou pelo acaso. Toda a Vida Universal está regida pela suprema Lei da Harmonia, como é necessário que o seja, em vista da Unidade de origem e do propósito. Porém, sendo pseudo infinita a Manifestação e, portanto, as “condições” da “expressão” da vida, cada grupo de especiais condições (graus, etapas, reinos, etc.), está regido por uma série de sub-leis que relacionam esse grupo aos demais, harmonizando-os em seus processos e atuações com os demais grupos, servindo assim à comum finalidade do Universo. Transformar a Consciência “latente” em “Ativa”, tanto vale dizer, desenvolver Inteligência e Poder. Portanto, embora que em seu processo evolutivo incidam os estados de consciência no homem, esta permanece indestrutível. Neste fato se baseia a doutrina da Justiça que exige que todo aquele que perturbe a Harmonia deve repará-la ou restabelecê-la, à sua própria custa. Só sendo indestrutível o homem (como Consciência) pode cumprir-se a inflexível Lei. E ela não pode ser enganada com dádivas, nem sub-rogada por substituição alguma ou enganada com orações. “Colherás aquilo que tenhas semeado”, diz a Lei. Ai dos negligentes, que se abandonam à indiferença e vão para o embotamento! Eles rompem a Suprema Finalidade, recusando-lhe o seu concurso e com eles a Lei será necessariamente cruel, desde que eles mesmos elaboram essa crueldade. Enterram nesciamente o mais precioso “talento que possuem, o tesouro mais excelso: o pensamento discernitivo, isto é, a razão harmonizadora e construtiva. Entretanto, nesse triste caso se encontra a maioria da nossa humanidade, que se empenha em “volver” ao estado anterior, da triste animalidade, entregue ao instinto, porém,

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sequer, com a vantagem de não utilizar as faculdades superiores – de que carecem os animais – para pervertê-lo e depravá-lo, como faz o homem, especialmente o “civilizado”. Essa tendência retrógrada indica certas forças atávicas, que o homem deve vencer e transformar na presente etapa, antes de poder passar ao nível superior imediato. Nossa época requer com urgência imperiosa uma modificação fundamental da educação, que deve ser enobrecida e orientada mais para o indivíduo permanente, em vez de converter o homem em uma fera erudita, provida de elementos intelectuais para fazer mal aos seus semelhantes. O “conhecimento” inferior, essa pedante erudição superficial dos “cascos” exteriores dos fenômenos que envolvem a vida humana, é um verdadeiro açoite dantesco de nosso tempo “das luzes”. É ainda mais nocivo para o progresso humano do que a simples e ingênua fé dos tempos passados. Os céticos que produzem como frutos naturais, esses cultores do egoísmo inferior exclusivista, tão apaixonado como estéril, causam a si mesmos – embora sem o saber – um terrível dano– como aos demais, ao encerrarem-se na crosta de sua vaidade pessoal – única razão – do seu despeito e indiferentismo para com o sofrimento de seu irmão humano. O afã de torpe satisfação, sempre mais difícil, de suas paixões (chama-as “necessidades” depois de havê-las criado por artifício) depressa os faz, enclausurar-se nessa crosta que acaba por torná-los impermeáveis a tudo o que é nobre e a toda luz interna. Em nossa humanidade atual predominam estas vítimas do “atavismo”, vulgo “cordas” e “práticos”, pessoas estas êmulas de Sancho Pança com todos os vícios deste (aumentados), porém sem nenhuma de suas qualidades. Ou são verdugos de seus irmãos, a quem querem impor a “felicidade”, ou simplesmente, um rebanho de covardes resignados. Para tais gentes, que é a imensa maioria, há um só fator de progresso capaz de fazê-las sair do marasmo

ou de sua crosta de vaidade. Este fator se chama Dor em alguma ou várias de suas modalidades. A dor os compele ao avanço para a auto-realização progressiva da própria natureza superior. Reação natural e necessária de causas já amadurecidas, individuais e coletivas, a dor serve ao homem de alavanca elevadora para a sua própria e verdadeira essência, isto é, para a sua própria AUTO-REALIZAÇÃO. O iniciado apóstolo do Cristianismo escreveu em uma de suas epístolas... “deuses sois”. Verdadeiramente, é a realização da própria divindade interna, para o que nos impele a dor, se soubermos tirar proveito do ensinamento que ela nos oferece. A dor que satura toda manifestação não é no fundo outra coisa, senão, o agente educativo do nosso próprio ser e o meio pelo qual nos orientamos para a verdadeira FELICIDADE. Resultado de nossos erros, reação natural e necessária de causas geradas anteriormente, tanto na ordem pessoal como coletiva, a dor é precisamente um dos nossos melhores mestres de positiva humanidade. Talvez por conhecer nossos mais remotos passados esta verdade, é que se popularizou tanto a velha sentença de que “a letra com sangue entra”. E é com sangue de nosso coração que aprendemos a discernir entre o verdadeiro e o falso, entre o real e o ilusório, entre o fugaz e o permanente. E nada há mais permanente que a nossa indestrutível essência divina, a VIDA UNA imperecível, o EU (Sou), isto é, o que os antigos designaram sintética e alegoricamente com a palavra “THEOS”, que a nossa erudita e néscia humanidade depravou em seu sentido e em sua forma, elaborando um “deus” com a agravante de fazê-lo “pessoal”, grosseiro arremedo das mais vergonhosas misérias humanas, das quais o fez depositário e árbitro caprichoso. E como se isso fosse pouco, um clero interesseiro fabricou uma série de dogmas sob sua invocação, com os quais pretende que o homem está submetido à caprichosa arbitrariedade desse “deus”. Não temos por que discutir aos “cristãos” o seu “deus” – torpe adaptação do Jehovah judeu. Não é semelhante divindade, nem semelhante deus o que pode inspirar a um homem capaz, qualquer sentimento nobre nem orientá-lo para os superiores níveis de sua própria natureza, pelo caminho do voluntário esforço para eles. A NOVA HUMANIDADE que assoma neste Continente, estará livre, assim o esperamos, de semelhante tara, de fabricação espúria, imbuída nas massas da presente humanidade, através dos séculos de tirania eclesiástica, exercida em um mundo de animalização do homem pelas “classes seletas” em seu exclusivo proveito.

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Neste artigo vimos a ação que a Dor exerce a respeito do indivíduo. Em um próximo artigo analisaremos sua influência no aspecto coletivo. Em resumo, podemos dizer com o inspirado Gotama: “A supressão da Dor é a razão do esforço inteligente”. Essa é a verdadeira missão da “evolução”, enquanto que a “ciência” só nos proporciona novas dores ou novas formas da dor, quando não resulta verdadeiramente assassina e destruidora; por isso mesmo, “criadora” de novas “necessidades” e de novos obstáculos. Em troca de um aeroplano, nos ata à localidade mais do que a antiga dificuldade de comunicações; em lugar de uma máquina multiplicadora de trabalho, cria a fome das massas, etc. Isto veremos num próximo artigo.ARAUTON

(1) O das supremas Causas de que é ele mesmo o gerador, se bem que “agora” o ignore. – Nota do autor.(2) Pois constitui parte indissoluvelmente solidária com toda a humanidade e demais formas em que se manifesta a Universal Vida-Consciência. – Nota do autor.(3) A soma total do seu pensamento concebendo a si mesma como “existindo”, isto é, como sendo “algo”, logo é distinta de si mesma. Tal Consciência, cuja natureza é o ato inteligente, “Eu (sou)”, em um simples instante sem sucessão de tempo, um simples ponto sem espaço, é necessariamente o “Absoluto”, pois é incondicionado e ilimitado enquanto que condiciona o limita seu próprio Ser; logo, tudo quanto pode existir, isto é, o “Relativo”, é simplesmente o resultado de “Sua Ideação”. – Nota do autor.

O presente artigo foi escrito especialmente para DHÂRANÂ. Seu autor preferiu conservar o anonimato. Versão para o português por TAG. (Nota do Redator); Artigo original publicado em Dhâranâ nº 7 5 e 76 – Janeiro a Junho de 1933 – ANO VIII. Redator: Henrique José de Souza

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I- Cenários e Atualidades Está em curso uma odisseia romanesca nos palcos da ONU para controlar o clima da Terra, com Convenções de interesse em torno de uma nova ordem mundial, planejada pelos impérios do globalismo, baseada em economias de baixa emissão de gás carbonico e em sistemas tecnológicos não emissores de gases de efeito estufa. A tal Odisseia lançou uma corrida de “Salva Planeta” no séc. XXI que surgiu do Acordo Climático de Copenhagem/Dinamarca (dezembro de 2009) para intensificar a promoção do paradigma da Economia de baixo carbono globalizada - Low Carbon Economy , nas energias limpas ou CO2 clean, com ênfase nas tecnologias nucleares de última geração, e nas renováveis: solar, eólica, hidrogênio, maremotrizes, hidrelétricas e biomassas. Os representantes do status quo das ciências oficiais e dos governos, o IPCC, através de custosas e melodramáticas batalhas diplomáticas em torno do controle do clima que atravessaram o século XX p/ o XXI, afirmam categoricamente que as causas do aquecimento global estão nas atividades humanas. Estas causas tem sido questionadas desde o século XX, perpassando a Convenção do Clima de Copenhagem - dez. 2009 , a Convenção de Paris – 2015, Convenção de Fiji-Bonn –2017, até os dias atuais . Com o objetivo, a longo prazo, de manter a temperatura média global inferior que 2°C acima dos níveis pré-industriais, foi assinado o protocolo da UNFCCC de Paris, em dezembro de 2015, onde os governos de 195 países chegaram a um acordo histórico no sentido de reduzir emissões de gases estufa implementando economias de baixo carbono até 2050. Os países membros signatários pretendem fortalecer seus níveis de resiliência frente aos impactos das alterações climáticas fornecendo USD$ 100 bilhões por ano para a adaptação dos países em desenvolvimento até 2025. Este acordo foi ratificado por vários países e pelo Brasil em outubro de 2016, embora o maior emissor, os Estados Unidos da América, com o seu novo governo e regime a partir de janeiro de 2017, não garantiu a sua participação no esforço global, colocando em cheque, pela sua importância geopolítica e econômica, a vontade expressa de outras Nações, desenvolvidas e em desenvolvimento. Causas do Aquecimento Global no séc.XX estão relacionadas com os testes nucleares e seus impérios de guerras. Do extenso manancial de ciências Eubióticas acerca do Clima e das Mudanças Globais que vêm ocorrendo desde o século XX, com ênfase na segunda metade que se abrigou sobre a era pós-industrial, sobre a qual aconteceu a corrida armamentista mundial que derivou na 2a. guerra mundial e resultou na sociedade do pós-guerra, citamos: “O degelo dos polos e consequente compressão equatorial, por essa mesma razão, ou seja, a da GUERRA*, concorre, por sua vez, para as perturbações climatéricas, barométricas, etc .que estamos presenciando, já há tempo, como sejam, por exemplo: a do avanço de dois e mais meses

de uma estação para outra, muitas vezes, o verão se confundindo com o inverno e vice versa, as repetidas inundações por toda a parte do globo, inclusive no Brasil.” (Prof. Henrique José de Souza, Comentários do Livro “O Rei do Mundo”- Capítulo II - Dhâranâ– abr/jun de 1945 – pág. 7 e 8.) O que está na base dos sistemas de produção e consumo do mundo moderno, que se traduzem em atividades humanas, ou de desenvolvimento das sociedades humanas, que impactam brutalmente o clima do planeta? As tecnologias de guerras e seus sistemas, e sobre isto os representantes do Status Quo se calam nas Convenções do Clima Global. Há evidências muito claras de causas do aquecimento registrado na última metade do séc. XX, e sobre as variações climáticas repentinas, além de uma série de constatações sobre efeitos desastrosos em cascata que estão mudando as características da atmosfera e da biosfera (oceanos e continentes) do planeta, relatados por agências e institutos de ciência mundo afora. Tais evidências são encontradas na comparação de registros de milhares de testes nucleares realizados pelas potências bélicas entre 1945 e 1998 , ou segunda metade do século XX, que convergem com o gráfico de subida da temperatura média global de aprox. 0.7 graus centígrados no período. Sabe-se que explosões atômicas elevam extraordinariamente as temperaturas atmosféricas na ordem de dezenas de milhares de graus Celsius em grandes raios de destruição. Porém a corrida nuclear não cessou de lá para cá. É notável que o registro de subida de temperatura média global do planeta se deu entre 1975 e 2000, após um período de máxima atividade de testes nucleares em função da guerra fria entre os impérios do ocidente e oriente entre 1951 a 1990.

“Desde o primeiro ensaio nuclear em 1945 até ao último teste realizado pelo Paquistão em 1998, nunca houve um período de mais de 22 meses sem qualquer teste nuclear. Assim, o período de junho de 1998 até ao momento actual tem sido, de longe, o maior período desde 1945 sem testes nucleares declarados. O tratado sobre a proibição total de testes nucleares, adotado pela ONU em 10 de setembro de 1996, colocaria, teoricamente, ponto final à lista de 2.047 testes nucleares contabilizados no mundo desde 1945.Antes que a Coreia do Norte realizasse nesta segunda-feira seu primeiro teste atômico, as sete potências nucleares do mundo procederam 2.047 testes nucleares desde a explosão da primeira bomba atômica no deserto do Novo México, Estados Unidos, em 16 de julho de 1945.” (PARIS, 9 Out (AFP)) - Estados Unidos: 1050 testes (envolvendo 1125 engenhos), a maior parte deles na área de testes de Nevada e na zona de testes do Pacífico nas Ilhas Marshall, com dez outros testes levados a cabo em vários pontos dos Estados Unidos, incluindo Alasca, Colorado, Mississippi, e Novo México. - União Soviética: entre 715 e 969 ensaios, a maioria na área de testes da Sibéria e Nova Zembla, e mais alguns em vários pontos da Rússia, Cazaquistão, Turquemenistão e Ucrânia. - França: 210 testes, a maior parte deles realizados em Reggane e Ekker, na Algéria, e Fangataufa e Moruroa, Polinésia Francesa. - Reino Unido: 45 ensaios, 21 em território australiano, incluindo 9 no continente (Austrália do Sul, em Maralinga e Emu Field), e muitos outros em território dos Estados Unidos, como parte da colaboração com este último. - China: 45 testes (23 atmosféricos e 22 subterrâneos, todos conduzidos na Base de testes de Lop Nur, em Malan, Xinjiang) - Índia: 5 ou 6 testes, em Pokhran. - Paquistão: entre 3 e 6 testes, em Chagai Hills.

Áreas de explosões nucleares no GloboWikipédia

A Adaptação ao Clima requer uma Nova Ordem Mundial As maiores preocupações entre “gregos e troianos do clima” do século XXI é a de que é necessário adaptar os países para os efeitos e impactos de eventos climáticos severos que já estão ocorrendo em escala global. Neste consenso de adaptação estão envolvidos diversos agentes e formadores de opinião que pretendem com inovação tecnológica, mitigar CO2 e deter a escalada de desastres climáticos. Os países pobres são destacados obviamente como os mais vulneráveis, e, parece evidente que os ricos querem disparar uma corrida baseada em “transferência de tecnologia” para promover adaptação, o que lhes promoveria fartos lucros e dividendos e a manutenção de seus impérios.

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Adaptação requer mudança radical de paradigmas, senão em todas as ciências, daí o imenso desafio para a humanidade do presente ciclo no contexto de novo milênio para encontrar a tão propalada sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável. Ademais, requer quebra de paradigmas nas ciências e tecnologias do nosso tempo , o que posiciona o maior dos maiores desafios para as academias, centros de pesquisa e investigação, órgãos de governo e ong´s, sociedade civil e corporações.

Proposta para uma concertação entre o IPCC e Ñ-IPCC à favor de Nova Ordem Mundial I.1-Fundamentar um Pacto Global de Adaptação às Mudanças Climáticas dentro de Nova Ordem Mundial baseada na Paz e desarmamento nuclear, na diversidade cultural, religiosa e racial das nações, e na Unidade de Ações junto a ONU para cumprimento dos Objetivos do Milênio, no médio prazo 2017-2030. I.2- Implementar este Pacto Global baseado num Contrato Social Planetário, em torno de novos paradigmas das Ciências como a Economia Ecológica , Conservação da biodiversidade, na Cultura da Paz, Solidariedade e Cooperação Internacional entre nações, assim como em Energias Renováveis, tecnologias limpas e não destruidoras do meio ambiente. A Concertação da UNFCCC a favor da Evolução da Humanidade pode abrir as vias para uma Nova Ordem Mundial centrada na Cooperação solidária, Ciência e Adaptação ao Clima, ainda no séc.XXI e vias para uma Ordem Mundial Sinárquica, como base sólida para a solução de todos os problemas políticos e sociais, que se acumularam através das guerras por eras, de que é vítima a própria humanidade (*).

(*) Sinarquia é um sistema filosófico-politico de uma sociedade Perfeita governada por Sábios e não por uma classe politica corruptivel como a que conhecemos atualmente. A visão dessa Sociedade futura foi desenvolvida por Saint-Yves d’Alveydre, figura impar considerado um dos luminares da Teosofia, aclamado pelos Rosa-crucianos, um grande mestre proeminente na história do Ocultismo na França no século XIX.(https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinarquia) A Sinarquia como modelo de governo Espiritualista e Humanista, submete o Poder de Estado à Autoridade da Ciência-Sabedoria.

Observando Mudanças Climáticas, Desastres e Adaptação no século XXI a fim de subsidiar a construção de políticas públicas sócio-ambientais no Brasil.

I) Introdução A necessidade de adaptação às mudanças climáticas globais e aos extremos do tempo e clima lançou as ciências de risco de desastres numa verdadeira corrida internacional de médio prazo 2015-2030 em torno do framework de Sendai para a redução de riscos de desastres , para sustentar e manter conquistas econômicas e sociais, assim como os domínios nacionais e regionais. [16,19,20,21]. É importante lembrar que esse tipo de framework sempre recomenda políticas e ações dos países signatários para a implementação de planos nacionais de adaptação, com foco local.

II) Acerca das Mudanças Climáticas Há várias divergências teóricas e de interesses entre as diferentes correntes das Ciências Naturais e da Terra sobre as verdadeiras causas das mudanças climáticas e conexões com os extremos do tempo e clima. Os representantes das Ciências do Clima estão divididos, entre os aliados do Painel Internacional do Mudanças do Clima (IPCC), de um lado, e os representantes do segmento de Ciência Natural e da Terra (os “céticos” não alinhados com o Aquecimento Global do IPCC). O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) define a mudança climática como: “Uma mudança no estado do clima que pode ser identificada (por exemplo, usando testes estatísticos) por mudanças na média e/ou na variabilidade de suas propriedades, e que persiste por um período prolongado, normalmente décadas ou mais. As alterações climáticas podem ser devidas a processos internos naturais ou forçamentos externos, ou a alterações antropogénicas persistentes na composição da atmosfera ou no uso da terra”. [24] Os cientistas aliados do IPCC sustentam a tese das mudanças climáticas antropogênicas baseadas na emissão de gases de efeito estufa, com ênfase no CO2, com o planeta refém do “aquecimento global” antropogênico acima de 2 graus centígrados. Construiram um “estado da arte” para as ciências do clima baseado na “atribuição de eventos” sobre as mudanças climáticas, que interligam fortemente as variações nos fenômenos extremos hidro-climato-meteorológicos ao alto risco de desastres.[22,23] De outro lado, os representantes do segmento de Ciência Natural e da Terra (os “céticos” não alinhados com o Aquecimento Global do IPCC) defendem a tese de que não há aquecimento global e que as mudanças climáticas não são antropogênicas, e sim naturais, processando-se em ciclos temporais, e provavelmente derivadas dos ciclos solares associados a variação de concentração de incidência de raios cósmicos na atmosfera, e dos movimentos e forças astronômicas que atuam sobre a Terra [25,26,27,30]. O segmento também busca suporte numa grande diversidade de pesquisa em riscos de desastres baseados em tópicos de ciências sobre os fenômenos naturais geológicos como sismos (earthquakes) [28,29], vulcões e tectônica continental; nas ciências espacial,

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astronomia e meteorologia, como: a dinâmica do circuito elétrico entre o Sol e Terra (the Sun-Earth eletric coupling) [30], as variações dos ciclos solares, das explosões solares com ejeção de grandes volumes de plasma (coronal mass ejection) sobre a ionosfera, acarretando mudanças de estado na magnetosfera da Terra e na eletro-hidrodinâmica atmosférica, influenciando o clima espacial (the space weather)[25,26,27], a maior ou menor concentração de chuvas de meteoros na atmosfera terrestre, que direta ou indiretamente influenciam a dinâmica climática do planeta [1]. Com o objetivo, a longo prazo, de manter a temperatura média global inferior a 2°C acima dos níveis pré–industriais, foi assinado o protocolo de Paris da UNFCCC, em dezembro de 2015, onde os governos de 195 países chegaram a um acordo histórico no sentido de reduzir emissões de gases estufa implementando economias de baixo carbono até 2050. Os países membros signatários pretendem fortalecer seus níveis de resiliência frente aos impactos das alterações climáticas fornecendo USD$ 100 bilhões por ano para a adaptação dos países em desenvolvimento até 2025[14]. Este acordo foi ratificado por vários países, e pelo Brasil em outubro de 2016.

III – Acerca da Adaptação A adaptação às mudanças climáticas está no cerne de todos os processos civilizatórios da humanidade que têm registro na história mundial, com acúmulo de experiências e saberes arcaicos e modernos, e muitas vezes intuitivos. Um legado das gerações às seguintes, acerca da criação de resiliências para reduzir impactos de desastres relacionados às vulnerabilidades ambientais, sociais e culturais, e visando alcançar certo grau de sustentabilidade. Tornou-se um paradigma do conhecimento humano, baseado em ciências, técnicas, tecnologias e inovações convergentes e aplicadas, conforme a melhor retórica enunciada pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) no início do século XXI . Citamos: “El aprendizaje adaptativo proviene del hacer, y hay que aprender las lecciones de las prácticas más exitosas y mejores que ya han sido implementadas. Es poco probable que la adaptación surja de una planificación a priori. La adaptación requerirá de continuos ajustes de las prácticas del manejo de riesgos para resolver los cambiantes peligros climáticos y condiciones de vulnerabilidad.” A visão modernista de Adaptação com foco na redução de vulnerabilidades busca promover capacitação para geração de resiliências sócio-econômicas, culturais e ambientais a nível local e regional. A ênfase reside nas iniciativas de parcerias público-privadas para empreendedorismo inovador em Adaptação [14], e na corrida das corporações multinacionais de seguro em caso de desastres para geração de resiliência em infraestruturas produtivas, em resposta aos impactos climáticos atuais ou esperados [2].

A geração de resiliências para adaptação tornou-se um paradigma, e agrega complexidades com a necessidade de convergir todas as ciências, humanas e sociais, exatas e naturais, engenharias e técnicas, saberes e práticas de coexistência e sobrevivência para promover redução de risco de desastres em nível local. Requer alto grau de investimentos em infraestruturas tecnológicas civis e redes de comunicação emergenciais para suporte à gestão de desastres. Mas passa também pelo aproveitamento de soluções das comunidades tradicionais, aquelas que são mais adequadas a determinados ambientes, e que fazem uso de técnicas permaculturais. Como exemplo: lagos comunicantes e reservatórios dágua, as bio-construções habitacionais, a agricultura orgânica, agro-florestas, e incluindo as técnicas de manejo florestal para conservação e preservação, recuperação ecológica de terras degradadas e reflorestamento. Mais além a visão de geração de resiliencias atinge complexidade maior porque a Governança geral sob pressões e choques disruptivos tornou-se normalidade em todo o mundo. Está além do poder de qualquer estado individual enfrentar os desafios demográficos, climáticos, ambientais ou migratórios atuais, bem como as consequências imprevisíveis de choques econômicos, conflitos e extremismo violento. Uma escalada de esforços em P&D e implementação de ações programáticas em C&T para subsidiar e prover os países membros da ONU e sociedades tradicionais com plataformas de conhecimento, planos de Estado e redes de desenvolvimento de estratégias para Adaptação às Mudanças Climáticas tomou conta do cenário global na primeira década do séc. XXI [17,18,19...]. A propósito, o PNUD opera programas promovendo adaptação a eventos climáticos extremos em comunidades em todo o mundo. Liderou os esforços da ONU em adaptação, com uma carteira de projetos da ordem $ 1,3 bilhão em 140 países em 2014, e seguindo uma lógica descrita como: “El manejo integrado del riesgo climático podría proporcionar un marco que permita a La comunidad de desastre pasar más allá del todavía dominante enfoque sobre La preparación y respuesta, y a La comunidad de adaptación al cambio climático pasar más Allá del diseño de estrategias hipotéticas futuras de adaptación. Si se quiere proteger y avanzar en el desarrollo de países afectados por riesgos climáticos, será necesario promover un enfoque integrado de manejo del riesgo climático, que se desarrolle a partir de las propuestas exitosas dirigidas por La comunidad de manejo del riesgo de desastres” . As políticas e linhas de ação diante das mudanças climáticas têm se concentrado fortemente nas atividades de mitigação dos gases de efeito estufa que encontram mais eco e tem ressonância nos países desenvolvidos, conforme fica claro nos documentos da COP (Conferência da Partes) de Paris de dezembro de 2015. A Adaptação toca mais de perto aos países em desenvolvimento que exigem soluções locais para problemas locais, muitas vezes,

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muito particulares de uma determinada região do planeta, e afetados de maneira diversa por distintos tipos de desastres. Por isso, a adaptação conta mais com a implementação de programas de geração de resiliências regionais, estaduais, municipais e locais, atuando sobre o quadro das vulnerabilidades climático/ambientais, e na prevenção de riscos de desastres naturais, com consideráveis esforços de investimentos em infraestruturas tecnológicas de alerta antecipado com referência na observação/monitoramento ambiental e na pesquisa sobre os fenômenos naturais. III - A Escalada de Desastres e a Adaptação A crescente escalada de desastres tendo como consequência imediata perdas e danos, e a corrida para a redução de desastres demandam novos paradigmas de adaptação no século XXI baseados nas Ciências de Riscos e na Gestão de Riscos de Desastres [1,3,9]. O crescimento expressivo de desastres (refa. Figura 01) tem desafiado a retórica política e sociológica fundada no paradigma acadêmico do desenvolvimento sustentável e da globalização dos mercados estabelecidos nos anos pós-guerra fria. Assim, torna-se essencial a inserção da adaptação às mudanças climáticas associada à gestão e redução de desastres, na construção de novos modelos socio-econômicos na atualidade da sociedade do conhecimento. Tais desafios se apresentam a governos, blocos econômicos e blocos políticos de Nações, em torno da procura por soluções a problemas que não podem mais ser ignorados, e que têm na geração de resiliências para a adaptação, uma saída em busca austera para a sustentabilidade [16].

Fig. 01 - Perda econômicas em 2016. 10 maiores catástrofes. www.aonbenfield.com/catastrophein-sight

Estes desafios tem levado especialistas a discutir o assunto de maneira mais sistemática e global, em fóruns internacionais promovidos pela Organização das Nações Unidas. A propósito, um manancial de conhecimentos, saberes e experiências mundiais fundamentaram o “Hyogo Framework for Action” da “Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas” (UNISDR) a partir de 2005. Atualmente, esta estratégia está incorporada aos programas e projetos nacionais na linha da Prevenção/Redução de riscos climáticos para Adaptação às mudanças climáticas. Contudo, ainda são incipientes os esforços de cooperação Norte-Sul e Sul-Sul para superar etapas e avançar com estratégias regionais para a Adaptação, principalmente no âmbito da ALC (América Latina e Caribe), bem como a cooperação com as demais redes internacionais da EU, dos USA e da Ásia-Pacífico. O estudo de caso “Integração da Redução de Risco e Adapatação às Mudanças de Clima pra o Desenvolvimento Sustentável” publicada no Policy Brief for Asian Regional Plan em Novembro de 2016, reafirma a necessidade de uma ligação

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robusta e clara entre as políticas governamentais de redução de desastres e de adaptação às mudanças climáticas, contando com a colaboração do governo e de organizações não governamentais. Esta é a estratégia utilizada por instituições internacionais ao assistir países com grande risco de desastres naturais, e cujas ações são inclusive educativas, como a criação de estudos ambientais que incorporem módulos de mudanças climáticas e de gestão de desastres, o que influencia positivamente o aumento da resiliência de populações vulneráveis. É fato confirmado pela multidisciplinaridade da ciência de riscos de desastres naturais e da transdisciplinaridade aplicada à redução de riscos de desastres, o crescente número de desastres naturais e de fenômenos extremos de tempo e clima no início do século XXI. Quadros atualizados sobre os desastres de origem antrópica e natural e vítimas, no período de observação de 45 anos (1970 a 2015) está mostrado nas fig. 02 e 03.

Figura 02: Desastres Antropogênicos e Catástrofes Naturais [2]

Fig.03: Número de Vítimas de Desastres Naturais e Antropogênicos[2]

Relatórios e estudos [2,5,17,18] mostram que a maioria dos desastres tem origem hidrometeorológica e climática, com distribuição geográfica exibida na Fig. 04.

Figura 04: Número de desastres hidrometeorológicos e climáticos nos países de 1995 a 2015 [18]

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O Brasil ocupa o primeiro lugar na América do Sul em ocorrências de desastres de origem hidrometeorológica e climatológica, e a segunda posição no ranking global nos últimos 20 anos [18]. Iniciativas governamentais no Brasil que consideram apenas as mudanças climáticas de origem antrópica, como o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, não respondem satisfatoriamente aos desafios trazidos pelos desastres. Os desastres naturais hidrometeorológicos e climáticos resultam em enchentes e inundações, deslizamento de terra e soterramento; e destruição do patrimônio público e privado, gerando impacto muito visível e de fácil constatação. Ademais, afetam a economia, principalmente de países com agricultura a céu aberto tendo principal item de sua balança de exportação (agronegócio) commodities agrícolas, como o Brasil, além de provocarem perdas humanas irreparáveis. Dados quantificados e mostrados na Fig.05 mostram o Brasil com 51 milhões de habitantes atingidos dentre os dez países mais afetados com impactos de desastres hidrometeorológicos e climatológicos no período de 1995 a 2015.

Fig. 05: Dez Países mais afetados por desastres Hidro-climato-

meteorológicos.[18]

IV- Recomendações ao Governo Federal Levando-se em consideração as dimensões continentais do Brasil e as complexidades e diferenças sócio-econômicas, culturais e ambientais das cinco regiões administrativas do Brasil: Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, torna-se necessário construir uma Política de Estado para Adaptação às Mudanças Climáticas integrada com Redução de Riscos de desastres, com visão de médio termo (2017 a 2030), além do plano de governo denominado Plano Nacional de Adaptação 2016 (PNA), elaborado como instrumento orientador em diretrizes gerais sobre estratégias setoriais de curto prazo [12]. Uma Política nacional deverá consolidar as contribuições e estratégicas regionais abrangentes sobre as realidades regionais (estaduais, municipais e locais), refletindo o conhecimento e a experiência já alcançados na implementação de diversas iniciativas de tripla hélice: governo, corporações públicas e privadas, e organizações da sociedade civil, além das visões futuras, quanto à adaptação aos cenários de médio termo regionais e locais de mudanças climáticas.

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V- Referências

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[2]Swiss Re sigma No 1/2016. Catastrophes in 2015: global overview. Published by:Swiss Re Ltd Economic Research & Consulting P.O. Box 8022 Zurich Switzerland. 2016 Swiss Re. All rights reserved.

[3] NASA 2014. Climate Risk Management Plan: Managing Climate Risks & Adapting to a Changing Climate. National Aeronautics and Space Administration, 2014.

[4] ASUNCION DECLARATION. “GUIDELINES TOWARDS A REGIONAL ACTION PLAN FOR THE IMPLEMENTATION OF THE SENDAI FRAMEWORK 2015-2030”. PRIMERA REUNIÓN MINISTERIAL Y DE AUTORIDADES DE ALTO NIVEL SOBRE LA IMPLEMENTACIÓN DEL MARCO DE SENDAI PARA LA REDUCCIÓN DEL RIESGO DE DESASTRES 2015-2030 EN LAS AMÉRICAS .Asunción, Paraguay 9 de junio de 2016.

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[6] Borgo R.L. 2015. Toward a twenty-one century integrated technological framework to support disaster management and reduction in the Latin America and Caribbean LAC region. TERCEIRO INCLUÍDO ISSN 2237-079X NUPEAT–IESA–UFG, v.4, n.2, Jul./Dez., 2014, p. 209-218, Artigo 77. DOI: 10.5216/teri.v4i2.35277

[7] FEMA. Federal Insurance and Mitigation Administration FY 2016 Pre-Disaster Mitigation (PDM) Grant Program. http://www.fema.gov/hazard-mitigation-assistance.

[8] Borgo R. L. 2013. About the extreme climate changes adaptation and disaster risks management and reduction in the Latin America and Caribbean region. TERCEIRO INCLUÍDO ISSN 2237-079X NUPEAT–IESA–UFG, v.3, n.1, Jan./Jun., 2013, p. 37–46, Artigo 36. DOI: 10.5216/teri.v3i1.27319

[9] - Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015-2030. Third UNISDR World Conference in Sendai, Japan, on March 18, 2015. United Nations Office for Disaster Risk Reduction. W

[10] Cohen-Shacham, E., Walters, G., Janzen, C. and Maginnis, S. (eds.) (2016).Nature-based Solutions to address global societal challenges. Gland,Switzerland: IUCN. xiii + 97pp.ISBN: 978-2-8317-1812-5 DOI: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.CH.2016.13.en

[11] Borgo R. L. 2015. About South-South International Scientific and Technological Cooperation to enhance UNASUR and CELAC Disaster Risks Management and Reduction strategies. A Proposal plan for South America and Asia-Pacific Regions. https://www.researchgate.net/publication/285548368, DOI: 10.5216/teri.v5i2.38773

[12] Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Volume I: Estratégia Geral .Grupo Executivo do Comitê Interministerial de Mudança do Clima – GEx-CIM Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2015. Versão Consulta Pública. Sumário Executivo. [13] The World Bank. 2016 Emerging Trends in Mainstreaming Climate Resilience in Large Scale, Multi-sector Infrastructure PPPs. A GLOBAL KNOWLEDGE PRODUCT. International Bank for Reconstruction and Development. 1818 H Street NW, Washington, DC 20433; Internet: www.worldbank.org

[14] Maia, Alexandre Gori et al, 2016. PROADAPTA SERTÃO: BUILDING CLIMATE RESILIENT FARMERS IN THE BRAZILIAN SERTÃO. Impacto da mudança climática na agropecuária familiar do semiárido baiano e análise de seus determinantes. Relatório Final, Abril 2016. Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental, IE/UNICAMP. Projeto Parceria ONG REDEH & BID. 2016.

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[15] BRICS STI Framework Programme Coordinated call for BRICS multilateral projects – Pilot call 2016. Http://www.dst.gov.in/.../Final%20BRICS%20STI%20CALL%202016.pdf

[16] Borgo. R. L. 2016. About Disaster Risk Governance in the Americas and the Sendai DRR Framework 2015-2030. Technical Report • DOI: 10.13140/RG.2.1.3507.8644https://www.researchgate.net/publication/304627188_About_Disaster_Risk_Governance_in_the_Americas_and_the_Sendai_DRR_Framework_2015-2030

[17] The World Risk Report 2016. Alliance Development Works and United Nations University – Institute for Environment and Human Security (UNU-EHS). Universität Stuttgart, Institut für Raumordnung und Entwicklungsplanung (IREUS). ISBN 978-3-946785-02-6.

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[19] Climate Change Adaptation Plan. Framework for Climate Change Adaptation (Appendix of 2014 Agency Sustainability Plan). U.S. Department of State 2014.

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[22] Herring, S. C., A. Hoell, M. P. Hoerling, J. P. Kossin, C. J. Schreck III, and P. A. Stott, Eds., 2016: Explaining Extreme Events of 2015 from a Climate Perspective. Bull. Amer. Meteor. Soc., 97 (12), S1–S145.

[23] World Meteorological Organization, 2016 . (Un)Natural Disasters: Communicating Linkages Between Extreme Events and Climate Change. The journal of the World MeteorologicalOrganization. Volume 65 (2) - 2016

[24] Climate Change Adaptation Planning for Cusco, Peru. Climate Change Adaptation Planning in Latin American and Caribbean Cities. A report submitted by ICF GHK in association with King’s College London and Grupo Laera .June 2012.

[25] NASA Science news. Lightningposition in storm may circle strongest updrafts.https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/1999/essd11jun99_1

[26] Andy Hall. “Nature’s Electrode”; https://www.youtube.com/watch?v=wtpzK...

[27]Andy Hall. Extreme Earthly Weather in an Electric Universe; htttps://www.youtube.com/watch?v=4PvoIi_4JiU

[28] Carlos A. Vargas, Emanuel D. Kästle. Does the sun trigger earthquakes? Department of Geophysics, National University of Colombia, Bogotá, Colômbia. Vol.4, Special Issue, 595-600 (2012) Natural Science http://dx.doi.org/10.4236/ns.2012.428079

[29] KAHB LLC. Does the Sun Trigger Large Earthquakes?Potential Correlation Between +M8 Earthquakes and Solar Polar Fields. https://docs.google.com/document/d/13m-9vVVnwFOvSO1g9X4239hlJrRuemdBzBVBSQo8lAc/edit

[30] UCAR Center for Science Education. Frontiers of Earth System Dynamics. Earth’s Global Electric Circuit. Teacher’s Guide. Frontiers of Earth System Dynamics. SciEd.ucar.Edu. 2012 University Corporation for Atmospheric Research

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