14
REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE Ano lV - Número 13 - fevereiro a maio de 2016 São Lourenço prepara-se para receber a 68ª Convenção Internacional da SBE nos dias 20 a 24 de fevereiro de 2016

REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE …¢ranâ Online 13.pdf · Indo, Casemira e Chandrabagha, aparecerão monarcas de mau espírito, gênio violento, mentirosos e perversos

Embed Size (px)

Citation preview

REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSEAno lV - Número 13 - fevereiro a maio de 2016

São Lourenço prepara-se para receber a 68ª Convenção Internacional da SBE nos dias 20 a 24 de fevereiro de 2016

EDITORIAL

É ensinada na quase totalidade das religiões e das escolas iniciáticas a prática da virtude como uma pré-condição para almejar o discipulado, este último aqui entendido como um envolvimento mais profundo com a instituição por parte do neófito, que possui no início da sua jornada apenas alguns laços de afinidade com as novas causas que irá abraçar. Praticar o bem é, portanto, a expressão primeira e última da virtude, e, também, condição essencial de pertencimento a uma instituição iniciática. A virtude do ponto de vista iniciático não é apenas um conceito, uma norma ética ou moral, mas uma prática cotidiana, vivenciada nos pequenos detalhes do dia a dia, que irá construir, tijolo após tijolo, uma vida plena de espiritualidade. É preciso então vivenciar os ensinamentos recebidos organizados de acordo com seu sistema de transmissão. Por um lado, temos então um acervo de conhecimentos, experiências coletivas, que são transmitidas geração após geração. Por outro, temos o chamado Deus Interior de cada um, que trabalha não no plano da coletividade, mas sim da individualidade. Ele é o grande processador de informações, transformando a cultura do bem, adquirida em atitudes individuais, singulares a cada neófito ou discípulo. Porém, o ser humano não é constituído apenas de uma propensão a fazer o bem, de uma tendência natural a praticar a virtude. Existe também no plano individual, no recôndito psíquico de cada um, as forças contrárias à virtude, em sua maioria originárias da letargia, do obscurantismo, do orgulho e da vaidade, que se transformam num grande peso cármico contrário à evolução humana, quer seja do ponto de vista coletivo, quer seja do ponto de vista individual. O caminho da virtude leva à santidade, à elevação espiritual, à transcendência. O seu contrário, o caminho do vício, leva à carnalidade, à mundanalidade, à materialidade. Estas grandes forças da obscuridade que habitam as regiões profundas do psiquismo humano, segundo os conhecimentos da Sabedoria Iniciática das Idades, que no presente ciclo histórico é representada pela Sociedade Brasileira de Eubiose, não devem ser reprimidas, recalcadas, sufocadas no mais recôndito de nossa alma. Ao serem tratadas dessa forma, ganham mais vigor e importância em nossas vidas. Que fazer então? Quais os caminhos eubióticos para essa questão tão essencial da existência humana? As forças da obscuridade devem ser enfrentadas num processo estruturado pelo amor universal, visando àsua transformação, sua redenção. Aos poucos, dia após dia, as tendências negativas vão se transformando em tendências positivas, eivadas de amor ao próximo, de fraternidade. As tendências, por sua vez, vão se transformando em atos concretos de virtude. Estes vão se organizando em uma malha cármica positiva, tecendo redes de um novo e radioso estado de consciência, levando o discípulo a perceber com mais clareza o plano divino e nele se integrando.

Sumário4) O FIM DE UM CICLOHenrique José de souza

“Quando ouvirdes rumores de guerra, não vos assusteis, porque é preciso que tudo

isso aconteça. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino. E haverá fome,

peste e terremotos em vários lugares; mas todas essas coisas são apenas o começo das

dores. E depois da aflição daqueles dias, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem.”

6) MEDITAÇÃO EUBIÓTICAAntônio Castaño Ferreira

“A meditação facilita ao homem descobrir por si mesmo o que de bom, de agradável,

de belo e de verdadeiro encerra o objeto meditado. Afasta da mente as ideias

desagradáveis e os sentimentos prejudiciais que insistem em penetrar o campo de sua

consciência, mesmo quando atingiu um grau elevado de evolução.”

8) O HOMEM E O COSMOS

Eliseu Mocitaíba da Costa

“Considerando que a ignorância gera mistérios, podemos afirmar que só há mistério

onde há falta de conhecimento, e conclusivamente: Não há mistério. O que há é

ignorância sobre as Leis da Natureza e do Universo, e que estas dormitam latentes

dentro de cada ser. Mas, então seriam ignorantes os homens?"

10) O JOGO DE XADREZ E O TABULEIRO DA VIDA

Francisco Feitosa

“O Xadrez representa, em si, o Jogo da Vida. A vida é um tabuleiro de xadrez, no

qual cada um de nossos atos é uma jogada. Se nossas jogadas são boas, inteligentes e

oportunas, o resultado será o êxito, saúde e longevidade. Caso contrário, se nossas

jogadas são feitas de má fé, com egoísmo e inoportunamente, o resultado será o

fracasso, a enfermidade e a morte."

12) O LÚDICO E O POÉTICO NA ESPIRITUALIDADE

Luís César de Souza

“A ruptura de padrões estéticos acontece quando o artista vai além, nem sempre

compreendido em seu tempo, provocando reações as mais diversas, até a escandalização.

Choque cultural provocado a fim de romper a linearidade do pensamento, emoção e

atitude humana."

4

TEXTO PUBLICADO ORIGINALMENTE NA DHÂRANÂ Nº 2 – JANEIRO A MARÇO DE 1952 – ANO XXVI

POR HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA

Como foram outrora destruídos os continentes lemuriano e atlante, o primeiro pelo fogo e o segundo pela água, de acordo com as tradições, como o foram também Sodoma e Gomorra, e como têm acontecido a muitas regiões do mundo, vítimas de seus crimes, assim também talvez mais de dois terços do globo estejam ameaçados agora de idêntico castigo. Não se trata de um fantasioso aviso para obrigar os homens a pautarem a vida pelos sãos princípios da espiritualidade, mas de um dever que nos cabe, nesta hora trágica que atravessa o mundo, de provar que “os tempos esperados já chegaram”. Não queremos nos referir ao “Juízo Final” de que fala a Bíblia, mas da passagem cíclica de uma civilização para outra, em que a escolha da semente se faz entre aqueles que permaneceram “fiéis à Lei que rege os destinos de homens e coisas”. Estamos, pois no começo do fim, para o início de outro começo. É, portanto a hora do julgamento. Haja vista, a promessa feita por Krishna ao seu discípulo Arjuna, e narrada na Bhagavad Gitâ: “Todas as vezes, ó filho de Bharata, que Dharma (a Lei justa) declina, e Adharma (o oposto) se levanta, eu me manifesto para salvação dos bons e destruição dos maus. Para restabelecimento da lei Eu nasço em cada yuga (idade, ciclo)”. Só não percebem tais coisas aqueles que têm “olhos para ver” e não veem, e “ouvidos para ouvir” e não ouvem... De fato, não lhes bastam as pragas, as epidemias, as guerras, as revoluções, os movimentos sísmicos, os diques que se rebentam provocando terríveis inundações... Até o colossal gigante de pedra, eternamente coberto de neve, que é o Everest, eleva-se de alguns metros, devido à dilatação da crosta terrestre naquela região, fenômeno produzido pelos fogos cósmicos em ebulição nas entranhas da Terra. Mas a que ponto são responsáveis, ainda por todas as catástrofes que ocorrem e as que se avizinham, as explosões das granadas e bombas, especialmente a denominada “atômica”, que em Hiroshima, por exemplo, semanas após o bombardeio, ainda produzia vitimas pela radiação subsequente? E a que ponto ainda responderão os vícios, os crimes e os horrores que fazem parte do lastro material do mundo? Por toda a parte a mesma desolação, o mesmo horror causado pelo afastamento da Lei, do Dharma, tendo os homens, preferido a senda do crime e da impudicícia.

Aqui mesmo no Rio, em Copacabana, onde o vício campeia sem que ninguém mais possa evitar sua espantosa proliferação, o mar ameaça invadir a cidade, tendo recentemente feito sérios estragos nas ruas e passeios. Acolá, a Pedra da Gávea, na frieza muda de seus traços, ocultando aos olhos profanos o mistério que traz no “vaso canópico” de suas entranhas... Mais uma vez se manifestam as três ameaçadoras palavras do Festim de Baltazar, Mane, Thecel, Phares (Pesado, Medido, Contado), no mais rigoroso de todos os julgamentos. De nada pode valer o Cristo de Pedra que ali se acha de braços abertos, pois, à entrada da barra, quem governa é o Pão de Açúcar, como se a rir estivesse de modo satânico. Segundo lendas árabes, seu nome era “Mano Satanaz” e tinha a propriedade de fazer soçobrar as embarcações que ousassem transpor a barra. Nesta hora de dores e angústias é oportuno lembrar as palavras de Cristo: “Quando ouvirdes rumores de guerra, não vos assusteis, porque é preciso que tudo isso aconteça. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino. E haverá fome, peste e terremotos em vários lugares; mas todas essas coisas são apenas o começo das dores. E depois da aflição daqueles dias, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem”. Mas também o Vishnu-Purana já previa há muitos séculos este terrível fim de ciclo. “Nos dias em que os mlechchas (estrangeiros) forem senhores das margens do Indo, Casemira e Chandrabagha, aparecerão monarcas de mau espírito, gênio violento, mentirosos e perversos (com vistas a Hitler, Mussolini, e outros...). Eles darão morte às mulheres, às crianças e aos próprios animais (foi o que se verificou nas duas guerras mundiais e é o que se está passando na atual guerra da Coreia). No entanto, seu poder será limitado (como o foi e será sempre o de todos que estiverem fora da Lei que a tudo e a todos rege). Suas vidas serão curtas (sem comentários), embora que seus desejos insaciáveis (!). Gente de vários países com eles se misturando, seguindo o seu exemplo (os “camisas de todas as cores”, e dos vários símbolos caóticos...).

Os puros serão desprezados. E com isso o povo perecerá, porque os mlechchas ou bárbaros estarão nos extremos (o nome o diz, “extremistas”), enquanto os verdadeiros ários estarão no centro (a Índia foi a verdadeira mãe da raça ária; donde o seu antigo nome de Aryavartha. Ao contrário do que muitos julgam, esse termo provém de Áries, o carneiro ou cordeiro, sob cujo signo Ram ou Rama deu entrada na planície do Eufrates na frente de seu povo). A riqueza e a piedade diminuirão cada vez mais até o mundo entrar em completa degradação e ruína (como agora se acha). Então, somente a fortuna dará valor aos homens (mesmo que, obtida de modo ilícito...). Ela será a única fonte de devoção. A paixão animal será o único laço de união entre os dois sexos (o desquite e o divórcio para quem tem caráter é remédio eficaz, mas para quem não o tem é veneno mortal). A falsidade, único meio de vencer as contendas (sem comentário). As mulheres não passarão de simples objeto de satisfação sexual (?...). A exterioridade, único sinal de distinção entre as camadas sociais (?...). A falta de honradez, o mais prático meio de se ganhar a vida (com vistas ao “câmbio negro” etc.). A debilidade trará consigo a dependência; a ameaça e a ostentação suplantarão a verdadeira sabedoria (?...). A mais desenfreada liberdade não permitirá outras aspirações mais dignas. A riqueza dará ao homem a reputação de puro e honesto (“quanto tens, quanto vales”...). O matrimônio não passará de simples negócio (não falemos nas dores e angústias que imperam em quase todos os lares). A razão estará sempre do lado do mais forte (tanto nos homens como nas nações). E o povo esmagado pelo peso de tão enorme, carga, começará a emigrar de um lado para outro. E, assim, na Idade Negra (que é aquela que estamos atravessando), a decadência moral, continuará a sua marcha, até que a raça humana se aproxime da sua completa extinção da Terra. Quando o fim de tal idade (ou ciclo) estiver próximo, aparecerá uma parte daquele Ser Divino, que existe em sua própria natureza espiritual, dotado das oito faculdades (os oito poderes do Yoga). Ele restabelecerá a justiça na Terra (e não nenhum Messias político) e as mentes dos que ficaram fieis à Lei, serão tão puras como o próprio cristal. Os homens assim transformados serão a semente de uma nova raça (Spes Messis In Semine), que seguirá as leis da Idade de Ouro ou da Pureza, a quem incumbirá transformar o mundo. Dois elevados seres (também chamados Gêmeos Espirituais, donde Castor e Pollux, Helios e Selene etc.) dois Deva-Pis, volverão à Terra, para felicidade daqueles que os acompanharem (como verdadeiros Manus ou guias da semente civilizadora). Para terminar, transcreveremos também a famosa profecia do Ser que o Oriente venera sob a denominação de Rei do Mundo, e feita há mais de meio século, no mosteiro de Narabanchi: “Cada vez mais os homens esquecerão as suas almas, preferindo ocupar-se de seus corpos”. A maior corrupção reinará sobre a terra. Os homens tornar-se-ão iguais aos animais ferozes, embebidos no sangue de seus irmãos. O “crescente” se aniquilará e seus adeptos ficarão na miséria e na guerra perpétua... Seus conquistadores serão iluminados pelo Sol, mas não se elevarão duas vezes; acontecerá a maior das desgraças, que culminará em injúrias e desmoralização perante os outros povos (sem comentários...). As coroas dos reis, grandes e pequenos, cairão: uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete... Haverá uma guerra terrível entre todas as nações (???). Os oceanos se tingirão com o sangue de irmãos contra irmãos.

A terra e o fundo dos mares ficarão cobertos de ossadas... Povos inteiros morrerão de fome, ou por moléstias desconhecidas (tais palavras se comentam por si mesmas), ou pela prática de crimes não previstos nos códigos com que se regem os homens (tal a sua monstruosidade, como vemos diariamente pela imprensa). E isto, por nunca terem sido vistos iguais na terra... As maiores e as mais belas cidades serão destruídas pelo fogo (ruínas, sempre ruínas... provocadas pelos bombardeios aéreos e dos canhões e metralhadoras, sem falar na bomba atômica). O pai se revoltará contra o filho, o irmão contra o irmão, a mãe contra a filha (tudo quanto estamos presenciando ultimamente). O vício, o crime, a destruição do corpo e da alma continuarão a sua rota fatal... As famílias serão divididas (???)... O amor e a fidelidade desaparecerão, porque a prostituição reinará até nos lugares sagrados (sim, até nas igrejas tem havido crimes, por questões sexuais...). Em dez mil homens, um só viverá, mesmo assim, louco e sem forças, não encontrando habitação nem alimento. Toda a Terra ficará deserta. Deus lhe voltará as costas. Sobre ela cairá o espesso véu da noite e da morte. Então, enviarei um povo agora desconhecido, que, com mão firme, arrancará as más ervas da loucura e do vício. E conduzirá aqueles que ficarem fiéis ao Espírito de Verdade, na batalha contra o mal. “Eles fundarão uma nova vida na Terra, purificada pela morte das Nações”. E depois de todos esses insofismáveis documentos, haverá alguém capaz de duvidar que estamos realmente no fim de um ciclo, e que, assistimos aos últimos estertores de uma civilização que agoniza? Entretanto, o fim desta época sombria significará também o alvorecer de uma nova e luminosa era, portadora de melhores dias para o mundo. Não frutificará então o esforço dos que procuraram pertencer à sua privilegiada semente?

J.H.S

5

Este texto consta do Boletim de Estudo nº 7 da Série Regular “A” do Curso por Correspondência da SBE.Pesquisado por Roberval Baptista Lobo

palavras para expressar ideias alcançadas através desse exercício espiritual. É o que acontece com grande número de pessoas já bastante evoluídas interiormente e que, por falta de “cultura” ou conhecimentos puramente formais, ficam na situação de não poderem transmitir o que sabem ou sentem. No mundo vulgar essas pessoas podem até passar por pouco inteligentes, na opinião dos que estão afastados da espiritualidade, mas para o aspirante à Iniciação, para o discípulo ou para o Teósofo, este fato não tem nenhuma importância, e pelo contrário, deve ser motivo de satisfação, porque significa que seu interior, que é eterno, está mais desenvolvido que o exterior, que é a sede dos conhecimentos formais, que se perdem por ocasião da morte. A meditação caracteriza-se pela atividade ou movimento mental através de um exame profundo e sério sobre qualquer assunto. Sua perfeita realização exige, além duma disposição franca sincera e verdadeira, uma atenção firme no objeto ou assunto que se tem em mente, pondo em uso as mais aguçadas faculdades intelectuais. É como se fizéssemos de nosso pensamento um punhal afiadíssimo, um bisturi que descama com toda facilidade, camada por camada, o assunto em questão. Como o fim imediato a que visamos não é o conhecimento da coisa meditada e, sim, a prática do mental, o desenvolvimento das faculdades do espírito, conclui-se que o resultado da meditação é proporcional à intensidade mental que pomos em função e aos pensamentos elevados que surgem, e não à maior ou menor vastidão dos dados objetivos de que dispomos para refletir. Como exemplo, suponhamos que duas pessoas a quem chamaremos de José e Antônio, resolvam efetuar uma meditação. José é professor, por exemplo, com muita cultura, e Antônio um modesto funcionário, que não teve oportunidade de adquirir cultura intelectual.

POR ANTÔNIO CASTAÑO FERREIRA

Abordaremos nesta oportunidade a Meditação Eubiótica, que não consiste em ficar em padmasana e ver imagens transitar sob sua apreciação. É um tipo de meditação que pode ser feita trabalhando, se exercitando, passeando, tomando condução na hora do rush, enfim, uma meditação que é moldada ao estilo de vida ocidental e não exige tempo de reclusão passiva para despertar o espírito, o Atman... O crédito ao texto deve ser dado ao V.I. CAF, Coluna J do Professor Henrique José de Souza. Ei-lo: “Consiste a meditação em se discorrer mentalmente sobre tudo que diz respeito a um certo problema, assunto ou objeto. Para maior clareza, exemplifiquemos: a meditação a respeito dum pedaço de madeira (ou sobre qualquer objeto) consistirá em mentalmente analisar todos os aspectos da existência, constituição, funções etc. da referida madeira, isto é, como se originou e cresceu, de que substância é constituída, suas utilidades ou usos, que fim poderá aguardá-la e em que se transformará, as leis naturais que agem sobre ela, enfim tudo que estiver dentro e fora do objeto e que possa manter alguma relação com ele. Aparentemente, pode parecer que o único objetivo da meditação seja conhecer a coisa meditada. Para nós, porém, que aspiramos ao desenvolvimento interior, este fim é secundário. Se nosso alvo fosse puramente o conhecimento das coisas exteriores, poderíamos usar o processo didático de aprendizagem, consultando enciclopédias, a internet ou manuais que nos esclareceriam os assuntos interessados. Mas não é “cultura” que visamos, quando nasce em nós um sentimento indefinível que nos faz procurar um Centro Iniciático, ou quando desperta em nós uma curiosidade estranha pelas coisas ocultas da Natureza, e ansiamos realizações de harmonia, de paz, de amor, dos mais nobres sentimentos espirituais para com os seres e as coisas. Visamos, como meio de alcançar esses ideais, o desabrochar de forças interiores que pressentimos existir dentro de nós. É a isto que nos leva a meditação racional, metódica e consciente. A realização desse processo de atividade mental desenvolve de uma maneira poderosa nossas percepções das coisas e das leis que as regem. Pode-se até chegar a resultados tais que deixemos de ter

6

Suponhamos que essas duas pessoas escolham para objeto de meditação um anel de ouro. Antônio põe em atividade todo seu entusiasmo, recorre a todos os conhecimentos que tem sobre o ouro, que são parcos: como se extrai da terra, o trabalho e luta dos garimpeiros ou mineiros, e como o joalheiro derrete o metal para dar-lhe forma de anel. Mas, com esses poucos elementos, mantém sua mente firmemente dirigida para o assunto, discorre tranquilamente sobre todas as fases da sua meditação, e só termina o exercício ao se esgotar o assunto. José, pelo contrário, conhece muito mais coisas sobre o ouro, sabe como a natureza o forma, como são constituídas suas moléculas e átomos, em que tipo de terreno se encontra, os diversos processos de sua extração e todas as suas particularidades, como chega às mãos do joalheiro, depois de passar por diversos intermediários que fazem o produto encarecer etc., e, com mais detalhes, o processo de se fabricar o anel. Mas o culto professor, em vez de discorrer sobre tudo que sabe sobre ouro e anel, por ter aprendido nos livros ou adquirido experiência própria sobre os assuntos que lhe dizem respeito, não põe em atividade todo poder de suas faculdades cognoscíveis, realizando uma meditação superficial, e de vez em quando um pensamento egoísta corta seu espírito, ao pensar como seria agradável para ele possuir muitos anéis de outro, pois os amigos ficariam com inveja etc.

Pois bem, embora José tenha mais conhecimentos, o resultado de sua meditação é muito inferior ao da de Antônio, porque suas faculdades não foram plenamente utilizadas e seu espírito foi entrecortado por pensamentos que prejudicam (principalmente por ocasião dos exercícios interiores) o desabrochar de seus poderes espirituais. Enquanto isso, Antônio tem maiores possibilidades de alcançar um estado superior de consciência, por ter manejado convenientemente o aparelho da mente. A meditação facilita ao homem descobrir por si mesmo o que de bom, de agradável, de belo e de verdadeiro encerra o objeto meditado. Afasta da mente as ideias desagradáveis e os sentimentos prejudiciais que insistem em penetrar o campo de sua consciência, mesmo quando atingiu um grau elevado de evolução. Os reiterados exercícios de meditação facultam um poder interior próprio das almas adiantadas, de tolerância, de compreensão, de paciência e de segurança. Por meio da meditação repetida podemos encontrar novos caminhos e soluções originais aos problemas que nos afligem, a nós e a nossos semelhantes. Nos estados mais adiantados da meditação, o espírito fica apto a dar ingresso às percepções intuitivas, de que falaremos futuramente, colocando-nos perto do Espírito Universal e em comunhão com o EU espiritual. A meditação nos ajudará também a separar nitidamente a consciência do eu das atividades do eu.”

7

“A meditação caracteriza-se pela atividade ou movimento mental através de um exame profundo e sério sobre qualquer assunto. Sua perfeita realização exige, além de uma disposição franca sincera e verdadeira, uma atenção firme no objeto ou assunto que se tem em mente, pondo em uso as mais aguçadas faculdades intelectuais”...Antônio Castaño Ferreira

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha vossa vã filosofia.” Shakespeare

O Som é a matéria-prima do Universo, já dizia o Evangelho de São João: “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. Nele estava a vida, e a Vida era a Luz dos homens”. “...e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, portanto a Essência Divina pelo Verbo, manifestou-se na face da Terra. “Deuses fomos e nos esquecemos disso”. Assim falou o iniciado cristão Santo Agostinho, apontando que a trajetória humana flui da inconsciência beatífica dos primeiros dias da Criação para a consciência deífica do “Sede Conosco”, quando o homem será uno com sua Consciência Superior, sua luz interior, atenta colaboradora. A mesma ideia encerra-se na feliz e incompreendida parábola do filho pródigo, que abandona sua casa para viver as experiências do mundo e, por fim, retorna ao lar, despojado da herança paterna (consciência instintiva), porém, maduro e reconhecido ao pai (consciência superior) que também o reconhece, acolhe e festeja. Para esse retorno à Unidade, o homem precisa despertar sucessivamente os princípios latentes em seu interior, enquanto exercita os já realizados. Ao todo são sete, como os alegóricos dias da Criação, pois o homem e o Universo são da mesma essência e evoluem concomitantes. Mistério...? Para quem não procura a verdade. Considerando que a ignorância gera mistérios, podemos afirmar que só há mistério onde há falta de conhecimento, e conclusivamente: Não há mistério. O que há é ignorância sobre as Leis da Natureza e do Universo, e que estas dormitam latentes dentro de cada ser.

Mas, então seriam ignorantes os homens? Diríamos que não, apenas vivem desatentos aos assuntos transcendentes ligados à Realidade da Criação, à Evolução da Humanidade e à Constituição Superior de cada pessoa. Ignoram que cada ser humano é um microcosmo, reflexo do macrocosmo e que todas as forças-energias cósmicas têm sua correspondência na tessitura do corpo de cada ser. Vivendo acossado por necessidades e impulsos que não entende, e por isso não controla, o ser humano tem vagado pela face do Planeta em lenta e penosa evolução. No entanto, ensina a Sabedoria Eterna, e garantem os místicos, sábios e iluminados de todas as épocas, que a Essência que habita em todos, paira acima de todas as circunstâncias humanas. E para muitos jaz ainda adormecida como resposta às fundamentais questões: “Quem somos? De onde viemos? Qual a nossa missão? Para onde vamos?” Como enigmas de uma Esfinge que habitasse as trevas da consciência humana, vigiando dia e noite os Portais da Eternidade, atenta ao passado e no que virá, àquelas cruciais questões, angustiam qualquer vivente, que encerram o drama e a grandeza da peregrinação humana. Como redentores da Humanidade, por tê-las resolvido, fizeram-se vários luminares; por aspirar resolvê-las, lavraram-se os sábios, os heróis e os santos; por tê-las pretendido dominá-las ou por desconsiderá-las (como se tal fosse possível...), forjaram-se os Césares de todas as épocas, algozes de si mesmos e dos demais; à parte, a massa dos pseudo-indiferentes, joguetes em geral, dos mais espertos ou mais egoístas que permanece dominada e alienada.

8

Acreditar que está em paz com sua consciência, distribuindo benfeitorias aqui e ali, não justifica apagar todo um passado mal resolvido. Não se pode chegar à Casa Paterna com bagagem mundana às costas. Considerando que alguns instrumentos necessitem de uma conexão em certa voltagem para funcionar, todos os homens que já conquistaram a força mental nesse nível sintonizam o conhecimento direto com os planos sutis da criação, pois seus instrumentos já estão nessa sintonia. Aquele que não estiver no mesmo diapasão ou na voltagem suficiente terá que se transformar, melhorar o seu estado de consciência, até entrar em sintonia: eis o Despertar da Consciência. Resta ao homem, conscientemente, integrar-se com o Todo, a fim de que haja equilíbrio entre seus três estados de consciência: a física, a psíquica ou emocional e a espiritual. Uma vez equilibradas, o homem será harmônico consigo mesmo, com o meio em que vive e com o Todo Universal, de cuja integração passará a tomar conhecimento diretamente, através de seus próprios meios, pois os mecanismos, digamos assim, existentes na tessitura humana começam a funcionar. Notamos que não há homens privilegiados. Nós é que fazemos, trabalhando nossas qualidades. Todos têm o mesmo potencial. Este, sim, em alguns já está desperto e em outros, ainda adormecido, truncado, entretanto em outros deformados por atos praticados por pura ignorância das Leis do Universo, e de como tais leis funcionam e operam inexoravelmente. É privilégio do Homem alinhar-se ao plano de eclíptica pessoal, que vale dizer: buscar o reencontro com a sua Natureza Superior, a começar pelo seu próprio íntimo até lograr dizer, consciente: “Eu e o Pai somos um só”.

“Considerando que a ignorância gera mistérios, podemos afirmar que só há mistério onde há falta de conhecimento, e conclusivamente: Não há mistério. O que há é ignorância sobre as Leis da Natureza e do Universo, e que estas dormitam latentes dentro de cada ser.Mas, então seriam ignorantes os homens?”

ELISEU MOCITAÍBA DA COSTA

9

Assim como as cartas, usadas nos jogos de baralho, têm relação com o Tarô, oriundo do livro do Mural, ligado à civilização atlante e recodificado por Hermés – o Trismegisto - o xadrez é um jogo, extremamente, esotérico com aspectos ocultos interessantíssimos, ao olhar de um Iniciado nos verdadeiros Mistérios. Como jogo, em si, não é necessário ser um Garry Kasparov para compreendê-lo, basta, simplesmente, saber que o tabuleiro, onde se joga, está dividido em 64 casas iguais, alternadamente em brancas e pretas, e aprender os movimentos de suas peças. Mas não queremos, aqui, ensinar a manipulação de peças ou “macetes” para vencer uma partida, e, sim, trazer uma abordagem esotérica, baseada em compilações, em especial no texto de Samael Aun Weor, sobre o assunto. O Xadrez representa, em si, o Jogo da Vida. A vida é um tabuleiro de xadrez, no qual cada um de nossos atos é uma jogada. Se nossas jogadas são boas, inteligentes e oportunas, o resultado será o êxito, saúde e longevidade. Caso contrário, se nossas jogadas são feitas de má fé, com egoísmo e inoportunamente, o resultado será o fracasso, a enfermidade e a morte. Se analisarmos, numericamente, a quantidade de casas num tabuleiro, encontraremos o número 64, que, para efeitos número-cabalísticos, dá-nos um total de 10, o qual representa a Lei da Recorrência, a Repetição, a Retribuição, a Roda do Sanshara, a Roda da Vida, as forças evolutivas. As 64 casas do tabuleiro do xadrez, poderemos relacioná-las aos 64 hexagramas do I Ching – O Livro das Mutações (Taoísmo). Esses hexagramas dividem-se em dois grupos: Yin e Yang (no xadrez, 32 brancas e 32 pretas). O nº 64 é o mesmo que 8² ou 8x8.

O nº 8 está ligado ao Arcano da Justiça, assim sendo, temos (8 x 8) a Justiça Divina e a justiça dos homens. Quando conseguirmos basear as ações da segunda na primeira, encontraremos o perfeito equilíbrio. A quantidade de casas brancas é de 32. O nº 32 é igual a 5 (3 + 2 = 5), ligado à Lei do Dharma. O nº 32, também, está ligado aos 32 Portais da Sabedoria, que, no corpo humano, estão expressos pelos dentes. Os 32 dentes estão na boca, de onde sai o som, a vibração, ligado ao chacra laríngeo, ao poder da criação do Verbo (Jesus afirmava que o mal não está no que entra e sim do que sai da boca do homem!). Esse mesmo número, na Caballah, relaciona-se às 10 Sephiroth da Árvore da Vida e seus 22 Caminhos da Sabedoria, os quais as interligam. Em linguagem mística da luz, quando nos iniciamos no tabuleiro da existência, somos recebidos pelas forças brancas, ou seja, os peões com suas forças brancas. Eles nos dão as boas-vindas, indicando que começamos a evoluir. Como nada na natureza está estático, poderá chegar o momento em que, por descuido, sejamos tomados pelas garras das forças involutivas. A quantidade de casas pretas, que, também, é de 32 (3 + 2 = 5), está ligada à lei do Karma. Na linguagem mística das trevas, as casas pretas são a decadência, a disfunção e a morte, formando a polaridade. A Guarda de Honra ao Santo Graal com seus 32 membros e os 32 Munis da Montanha Moreb. Os 32 Raios Primordiais e tantos cabalísticos significados para esse enigmático número 32, estão muito bem alegorizados em nossa Obra. 10

Quando enfocamos o jogo nos aspectos militares, sobretudo nas cortes medievais, vale ressaltar a existência, na Escócia, um dos refúgios dos Cavaleiros Templários, da Ordem Rosa Cruz Real, em 1593, formada por 32 cavaleiros da Ordem de Santo André do Cardo, fundada desde 1314, pelo rei Robert Bruce. Os peões simbolizam os soldados do Rei, que é a base dos planos para que avance. Seu movimento é, sempre, para frente e não pode recuar. Os oito peões são as oito Virtudes da Mãe Devi-Kundalini, que são: Compreensão, Vontade, Verbo, Reto pensar, Reto sentir, Reta maneira de ganhar a vida, que haja Paz e que haja Amor. As Torres simbolizam o estado de Alerta, Percepção e de Alerta Novidade, o Corpo Astral e o Mundo Mental, as Colunas, erguidas à entrada do Templo. Nos Grandes Mistérios, nas Iniciações realizadas nas Ordens de Construtores, davam ao neófito o Cinzel e o Maço, para que a fosse polindo, a coluna Branca e a Negra. Os Cimentos da Torre, na época medieval, eram de pedra, e quase todas as Torres estavam feitas desse material, símbolo resplandecente da Energia Sexual. Salvo os peões, que são obrigados, sempre, a andar para frente, as outras peças encontram-se entre as Torres, ou seja, entre colunas do Templo. O Cavalo é a única peça que dá saltos sobre as outras. Representa a Ousadia e o valor, para eliminar o Medo; seus movimentos descrevem o esquadro, tão importante nos estudos maçônicos. Simbolizam a força que se vai adquirindo através do trabalho, com a energia sexual transmutada, sublimada. Simbolizam, também, a Inteligência, a amizade e o triunfo. O Rei representa a Sabedoria, nosso Real Ser, a Estrela Interior, que sempre nos sorri. Rei e Rainha simbolizam o homem e a mulher, trabalhando na Grande Obra, para atingir o androginismo, a Parelha Manúsica, os Gêmeos Espirituais. Os Bispos são a Lança e a Gadanha, simbolizando, dessa maneira, a Mãe Divina, fabricando corpos e desintegrando defeitos. Alegorizavam as Lanças, a Urânia-Vênus dos Gregos. O Tabuleiro é o jogo da Vida e não sabemos se estamos jogando a última partida. Os Quadrados Pretos e Brancos. Positivo e negativo. O equilíbrio em tudo. O Pavimento em Mosaico e a dualidade. Dizia nosso Mestre: “O que mais desejava dos discípulos é que entendessem a lei da polaridade”. Todo o jogo do Xadrez consiste em colocar o Rei em uma situação tal, que não possa mover-se, quando se lhe dá a Morte, o xeque-mate. É sabido que, terminada uma partida de xadrez, pode-se iniciar mais uma vez, segundo os acordos dos jogadores, porém o Rei segue sendo o Rei e este não muda; assim é nosso Real Ser. É o que foi, o que é e o que será. Para os mesopotâmios, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do inverno, acreditavam que os monstros do caos se enfureciam e Marduk, o seu principal deus, precisava derrotá-los, para preservar a continuidade da vida na Terra. O festival de Ano Novo, que durava 12 dias, era realizado para ajudar Mardukem sua batalha. A tradição dizia que o rei devia morrer no fim do ano, para, ao lado de Marduk, ajudá-lo em sua luta. Deve-se notar que alguns valores, que temos dado às peças, não são os clássicos, senão esotéricos. A Rainha não poderia faltar no Tabuleiro da existência, e, no xadrez, é o elemento feminino, o princípio universal da vida, o qual resplandece em toda a Obra, o próprio Deus; o Rei, desdobrado em Mulher, o Eterno Amor, que flui e reflui em todo ser criado. Desde criança, pedimos suas ternuras, porque Ela é a outra metade de nosso Ser e vice-versa. Sem a Dama, a Rainha, em uma partida de xadrez, sentimo-nos sem o Poder Supremo, estamos perdidos. A liberdade de movimentos da Rainha, num tabuleiro de xadrez, é formidável. Os valores fundamentais do xadrez são o Tempo, ou seja, a Rapidez, para realizarmos, os planos, o espaço, o domínio do maior número de defeitos.

Se as jogadas no xadrez são bem-feitas e com força suficiente, se o desenvolvimento e as circunstâncias foram maravilhosos, o resultado será a Vitória. Na vida, o homem depara-se com inúmeros problemas; cada pessoa necessita saber como resolver cada um desses problemas. Inteligentemente, todo xadrezista sabe que a solução está no próprio problema. É mister que haja tranquilidade e equilíbrio perfeitos entre a Mente, a Emoção e o Centro Motor para encontrá-la. No mundo, existe uma enorme quantidade de pessoas a quem se proporcionaram elementos para triunfar na vida, porém carecem de hábitos e de capacidade para raciocinar, logicamente. Podemos assegurar que todos os seres humanos são como pedras de xadrez no Tabuleiro da Vida. Cada um de nós está, em todo momento, repetindo ações, movimentos de partidas anteriores, de vidas passadas. O somatório dessas ações, boas ou más, é o que vale, para que, quando iniciarmos uma nova partida, estejamos, de fato, mais bem preparados para vitória. Somos jogadores, até então, inconscientes, que não aprenderam a jogar inteligentemente. Os lances de nossas peças são nossas ações, que, ao final de cada jogo, ou de cada vida, serão pesadas, contadas e medidas, para que tenhamos, ou não, a oportunidade de iniciarmos um novo jogo, muito bem alegorizada no Julgamento do Tribunal de Osíris, na tradição egípcia. A criatura humana sem um Ensinamento Superior é como uma partida de xadrez sem peões, curtas de inteligência e com muitas limitações, ignorando que, dentro de si, as terríveis possibilidades devidamente desenvolvidas a levariam à Vitória Final. Os Excelsos Ensinamentos da Sabedoria Iniciática das Idades convidam-nos, mediante ao jogo-ciência, a vir a ser jogadores inteligentes e conscientes, fazendo-nos Homens Reais e Verdadeiros. O objetivo é, ao longo de cada partida, transformar vida-energia em vida-consciência, requisito fundamental para vencermos a Roda de Sanshara, a Roda da Vida. Com isso, passaremos a ser orientadores, e não mais jogadores inconscientes. E, assim, segue a humanidade, tropeçando, caindo e levantando, até que desperte e tome consciência do seu Deus Interior (Iniciação), para que, através de um Trabalho Interno, consiga cruzar o Tabuleiro da Vida (Pavimento Mosaico), realizando os Doze Trabalhos de Hércules, para que, de fato, possa encontrar seu Mestre Interno e, posteriormente, auferindo méritos, ascender ao Oriente, para receber de um Querubim a Espada Flamígera, símbolo do despertar de Kundalini, dos sete princípios evolucionais, fazendo-se Uno ao Pai. A prudência convida-nos a ficarmos por aqui!

11

Ludo, ludu, loto, lotto: Jogar, jogo, jocoso, brincar.

Poiésis, poesia: Criar, deleite estético, encantamento.

A criança aprende brincando, jogando, imaginando, criando. Noções cognitivas lhes são acrescentadas, ampliando seu universo. Uma boa aula não deixa de ser um manusear de dados, um jogo, um teatro, uma arte. Bem o sabem as professoras que lidam com os infantes. As cores, notas musicais, os números, as formas geométricas, a luz, a dança, as palavras poetizando cirandas, canções, jogos diversos, mais o material humano e sensibilidade do orientador com a turminha nos dão um conjunto de possibilidades, ampliando-se a todas as idades, psicopedagogia aliada às artes, sendo que hoje (Era de Aquarius) a criança já vem com um potencial maior de conhecimento, de bagagem psicomental. Genes evoluem... Então, no poema há um jogo, um brincar com as palavras, assim como a poesia existente na dança, na fotografia, imagens em movimento – cinema, em qualquer manifestação artística. Só que as palavras têm um dom peculiar de explicar o mundo e dar significado às coisas, nomeando-as, incluso àquilo que não existe ou é considerado lenda, folclore, fantasia, mitologia, milagre, do imaginário popular. Dá nova vida ao preexistente e propõe um futuro. Diz-se que os artistas são “antena da raça”, captando algo que ainda não foi colocado no seio social, dando-lhe uma forma acessível de compreensão ou interpretação. No incessante jogo social novas palavras surgem, outras imagens e ideias definem o imaginário e o real social, simbólica ou sinteticamente, signos diferenciados, alguns retirados do fundo do baú da alma (o criador busca à sua maneira o incognoscível, o mais profundo, a verdade, e para isso recria a si próprio procurando o abstrato, o indefinível, a beleza e a fealdade, com coragem de dizer ou mostrar o que não foi dito ou mostrado).

por Luís César de Souza

Alcança outras dimensões, e, se não há nada de novo sob o sol, há algo novo retirado do existente. O passado é retrabalhado, juntando-se aos insights poéticos. O espírito no ser humano necessita de poesia (criar, deleitar-se com a Natureza, apreciá-la, observar seus referenciais, “degustá-la”, pois é a própria linguagem divina bem próxima de nós), de lazer (jogar, brincar, divertir-se, deixar-se estar, espontaneidade). O esteta Oswald de Andrade, “antropófago cultural” (recriou a cultura europeia dominante no início do século passado, inserindo a brasilidade, a maneira de ser e falar de nosso povo), criou o poema-segundo:HumorAmor Rir de si, rir à vontade. O bardo santamarense Caetano, em toda sua obra move, remove palavras, cria outras, em especial no LP/CD Outras Palavras. Demasiado seria dizer que o poeta em seu ofício movimenta-se em meio às essências? Como querer quintessenciar? A ruptura de padrões estéticos acontece quando o artista vai além, nem sempre compreendido em seu tempo, provocando reações as mais diversas, até a escandalização. Choque cultural provocado a fim de romper a linearidade do pensamento, emoção e atitude humana. A arte como obra espiritual, o espírito como obra de arte. Se tudo é estético no que se vê da arte, nem tudo contém beleza ou soa bem aos ouvidos, até porque cada um possui suas preferências, sua maneira de ver o mundo.

12

Cabe o cuidado de não sobrevalorizar a forma (o belo) em detrimento do conteúdo (o bem), são dois lados da mesma moeda. Entre um e outro a análise, a crítica, a interpretação. É deixar o coração (o bom) levar-nos ao que nos agrada ou não. O título Vinde a Mim as Palavrinhas, do livro de poemas de Floriano Martins, criador da revista Arsenal de Cultura em Fortaleza, dá-nos uma pequena dimensão da mística dentro da arte e vice-versa. Grandes artistas voltaram-se para a espiritualidade: Fernando Pessoa, Wagner, Paganini, Leonardo da Vinci; entre nós um Gilberto Gil, Gismonti, Aleijadinho, Moreira Azevedo, são alguns exemplos. É que se trabalha numa instância de abstração, ligada ao sentimento de universalidade, à intuição. Manipula-se “alquimicamente” como que aromas, flores da alma (Psiké, Persona) e do espírito (Eros, Nous). E tudo passível de aprendizado, trocas, informações, parcerias, entrelaçamentos, jogos, brincadeiras da arte de viver. Para finalizar este pequeno ensaio nada melhor que as palavras do eubiósofo e educador soteropolitano H. J. Souza sobre a missão da arte:

“Até agora a arte possuía uma missão sublime. Hoje ela está centuplicada. Sua missão é divina. O artista deve ser um ativo colaborador da Divindade. Divindade, na acepção da palavra, ou seja, aquilo que há de vir. Seu trabalho há de ser efetivo, seus sonhos devem arrastar em seus passos a humanidade inteira, dirigindo-a pelo caminho da perfeição. Não se trata da simples carícia da ilusão dos sentidos, nem do recreio da mente, mas da completa transfiguração da alma.”.

13

Fundador: Henrique José de SouzaPresidente: Hélio Jefferson de Souza

1º Vice-Presidente: Jefferson Henrique de Souza2º Vice-Presidente: Selene Jefferson de Souza

www.eubiose.org.br

ExpedienteDiretor de Divulgação: Laudelino Santos Neto

Editor Geral: Leonardo Faria Jefferson de SouzaEditor de Texto: Laudelino Santos Neto

Consultora Editorial: Ana Maria Muniz de Vasconcellos CorrêaRevisores: Celso Martins e Marilene Melão Martins

Conselho Editorial: Alberto Vieira da Silva, Ana Maria Muniz de Vasconcellos Corrêa,Angelina Debesys, Celina Tomida, Dirceu Moreira, Eurênio de Oliveira Jr., Francisco

Feitosa da Fonseca, Laudelino Santos Neto (Presidente), Leonardo Faria Jefferson de Souza e Silvio Piantino.

Logo da Dhâranâ On-line: Marcio Pitel

Dhâranâ On-line - Revista de Ciência, Filosofia, Arte e Religiões Comparadas.É uma publicação quadrimestral,

Órgão oficial da Sociedade Brasileira de Eubiose - SBE.Editada pelo Conselho de Estudos e Publicações - Setor Editorial.

Ano IV – edição 13 – fevereiro a maio de 2016

O conteúdo dos artigos assinados é de total responsabilidade de seus autores. Não é permitida a reproduçãoparcial ou total do conteúdo desta publicação, em qualquer meio, sem a prévia autorização da SBE.

Os trabalhos para publicação deverão ser enviados para o e-mail:[email protected]