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Victor Pelizaro de Souza Educação A base da produtividade da economia moderna São Paulo 2012

Educaçãosinop.unemat.br/site_antigo/prof/foto_p_downloads/fot_9982victob_p... brasileiro educado não aceita ser ... 13 2.2.5 O salário do professor ... 13 2.3 O impacto da educação

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Victor Pelizaro de Souza

Educação

A base da produtividade da economia moderna

São Paulo

2012

1

“A educação liberta, converte clientes

e dependentes em eleitores

conscientes e cidadãos exigentes, um

brasileiro educado não aceita ser

conduzido, mas conduzirá o seu

destino.”

(Alexandre Garcia)

2

Dedico este ensaio ao verdadeiro

educador brasileiro que realmente se

importa com o futuro da educação

nacional, cuja preocupação vai muito

além de apenas transmitir

conhecimento, tem o desejo e o

prazer de ensinar.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus familiares e amigos, principalmente a Rafael Anderson,

pelo apoio e ajuda na motivação para o tema. Agradeço a ajuda também do

professor João Henrique pela orientação ao longo do ensaio.

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RESUMO

Este ensaio tem como objetivo estabelecer a importância da educação na

economia brasileira. A educação brasileira sempre foi marcada e influenciada

pela economia, principalmente pelos interesses portugueses durante o período

colonial, com o passar dos anos a educação foi se transformando, mas sempre

à mercê das mudanças econômicas mundiais. Estatísticas mostram que o

ensino básico brasileiro conta com 50 milhões de estudantes, qualitativamente

o Brasil apresenta o 67º índice de desenvolvimento educacional mundial

(0,891) e ainda falta muito para alcançar um padrão desenvolvido de educação.

A economia influencia diretamente a educação, o caráter primário-exportador

do Brasil contribuiu para a defasagem no sistema educacional e na ampliação

das disparidades sociais. O Estado tem o papel de controlar as atividades

socioeconômicas, os investimentos sociais devem vir deste, inclusive na

educação, setor que apresenta grande retorno econômico direto e indireto

(valor intrínseco), o salário do professor tem que aumentar, e uma maior parte

do PIB deve ser investida nesse setor. Não se deve focar apenas no ensino

básico, mas também no profissionalizante e no tecnológico, já que estes

representam respectivamente geração de empregos e desenvolvimento de

tecnologias nacionais que impulsionam diretamente a economia brasileira.

Palavras-chave: desenvolvimento, educação, nacional.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7

2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................ 8

2.1 A educação brasileira ............................................................................ 8

2.1.1 Um breve histórico .......................................................................... 8

2.1.2 Estatísticas ................................................................................... 10

2.2 O impacto da economia na educação brasileira ................................. 11

2.2.1 A origem econômica dos gargalos educacionais .......................... 11

2.2.3 O Estado e a coordenação das atividades socioeconômicas ....... 12

2.2.4 O investimento estatal na educação ............................................. 13

2.2.5 O salário do professor .................................................................. 13

2.3 O impacto da educação na economia brasileira ................................. 15

2.3.1 A “tecnificação” ............................................................................. 15

2.3.2 O retorno econômico da educação ............................................... 15

2.3.3 O nível de educação e o salário ................................................... 16

2.3.4 A empregabilidade ........................................................................ 16

3 CONCLUSÃO ........................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 20

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Ensino Fundamental Matrícula e Concluintes ................................. 10

Figura 2 - Projeto de Lei Orçamentária para 2012 ........................................... 13

Figura 3 - Salário médio dos professores ......................................................... 14

Figura 4 - Relação salário X anos de estudo.................................................... 16

7

1 INTRODUÇÃO

Neste ensaio será apresentados os diversos aspectos educacionais

brasileiros e como estes se relacionam com a economia nacional, fazendo uma

análise sobre o histórico da educação no Brasil e apontando os fatos que

levaram ao atual panorama do ensino público do nosso país.

Ao longo do ensaio serão estabelecidas diversas relações entre os

impactos econômicos na educação e vice-versa, pautados em estudos de

grandes economistas e educadores brasileiros, apresentando o tema sob uma

perspectiva concisa, porém repleta de informações que reinteram os pontos

levantados pelo objetivo ensaio.

O ensaio também analisa o papel do Estado na coordenação das

atividades socioeconômicas e na importância da educação na formação de

novas tecnologias que engendram o desenvolvimento econômico nacional.

Além disso, faz-se uma análise relacionada à perspectiva das ofertas de

emprego e da incapacidade destas serem atendidas devido à defasagem do

sistema educacional brasileiro.

8

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A educação brasileira

2.1.1 Um breve histórico

A educação formal brasileira tem o seu início no século XVI, com a

chegada da Companhia de Jesus. Os jesuítas trouxeram métodos pedagógicos

que visavam cristianizar os indígenas, promovendo também o ensino de

diversas ciências. Estes métodos funcionaram durante 210 anos, de 1549 a

1759, quando Marquês de Pombal expulsou os jesuítas e provocou uma

grande transformação na educação brasileira com aspectos que ainda

perduram.

Com a chegada da Família Real em 1808, muita coisa se transformou,

foi nessa época que o Governo Português fundou a Real Academia Naval e a

Academia Militar Real, a Biblioteca Nacional, a Escola de Medicina da Bahia, e

a Escola de Medicina do Rio de Janeiro (Faculdade de Medicina da

Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Em 1824, dois anos após a Independência, é outorgada a primeira

Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a "instrução

primária é gratuita para todos os cidadãos", porém, em 1844 a rede de ensino

básico atendia apenas 2400 alunos. Até a Proclamação da República, em

1889, praticamente nada se fez de concreto pela educação brasileira. O caráter

primário-exportador do Brasil contribuiu diretamente com este descaso, já que

esta economia marcada por oligarquias favorecia apenas as camadas sociais

dominantes em detrimento dos mais desfavorecidos. Com o advento da

República, a situação permaneceu precária na educação, em 1900, o

analfabetismo era de 65%.

Após a 1ª Guerra Mundial, há um surto industrial, aumenta o operariado

entre imigrantes, a partir de 1930 a educação toma contornos de instituição, foi

no primeiro governo de Getúlio Vargas que foi criado o ministério da educação,

nessa época, por necessidade industrial, houve diversos investimentos no

ensino profissionalizante e na alfabetização em massa. Na década de 50, as

teorias educacionais de Jean-Piaget tomam espaço na educação brasileira.

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A partir da década de 60, uma série de debates educacionais parece dar

uma perspectiva positiva para a educação nacional, como a discussão da LDB

(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que apresentava um caráter

negativo perante as camadas populares, já que favorecia as instituições

particulares, enquanto havia pouca atenção para a rede oficial de ensino. O

debate em relação à LDB girava em torno de manifestações culturais

populares, como o Movimento Popular da Cultura de Pernambuco, liderado por

Paulo Freire, que difundia a cultura regional e proporcionava a alfabetização.

Esse movimento teve repercussão nacional, e levou em 1962 a criação do

Plano Nacional de Educação e Alfabetização, baseado no método educacional

de Paulo Freire. Esse movimento democrático da educação seria sufocado dois

anos mais tarde com o início do Regime Militar (1964-85), sob o pretexto que

essas propostas eram “agitadoras”.

No Regime Militar, as atividades intelectuais eram reprimidas, foi nesse

período que houve a reforma universitária e o aumento para oito anos do

ensino fundamental obrigatório. O vestibular no estilo classificatório surgiu

nesse período, e também havia uma lei que autorizava a expulsão de alunos

ou corpo docente por atos considerados subversivos.

Com o fim do Regime Militar, educadores de diversas áreas do

conhecimento passaram a discutir o ensino de uma forma mais ampla e

democrática. Com a promulgação da nova constituição em 1988, nasce a

última versão da LDB, baseada no princípio do direito universal da educação

para todos. Ela traz como uma de suas principais características o ensino

fundamental obrigatório gratuito, a gestão democrática do ensino público, e

progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares,

ela é aprovada em 1996.

Segundo a análise de Arnaldo Jabor, comentarista da Rede Globo, a má

educação brasileira tem a sua explicação no interesse português em manter o

povo alienado e dependente, incapaz de construir a sua autonomia. O Brasil

sofre até hoje com a falta de investimentos na educação. Os investimentos

nessa área são mínimos, seguindo uma média de 2% do PIB (Produto Interno

Bruto), entre 1930 e 2000, o que seria a causa das falhas e deficiências que

ocorrem hoje na educação brasileira.

10

2.1.2 Estatísticas

Segundo o INEP 2011, o Brasil conta com cerca de 51 milhões de

estudantes matriculados no ensino básico, a região sudeste concentra 20

milhões destes, o IBGE identifica como as principais metas para a educação o

aumento da taxa de alfabetização, o crescimento do índice de alunos que se

matriculam nas escolas e faculdades, o aumento do número de alunos que

completam o curso nos níveis fundamental, médio e superior; a criação de mais

escolas de ensino fundamental, médio e superior; queda nos índices de evasão

escolar e menos repetência.

Figura 1 – Ensino Fundamental Matrícula e Concluintes

O Brasil é 67º, numa lista de 127 países, no Índice de Educação

Mundial, este índice leva em conta taxa de alfabetização de adultos (com

ponderação de dois-terços) e a taxa de escolarização combinada do primário,

secundário e terciário bruto. A Austrália, Finlândia, Dinamarca e Nova Zelândia

lideram a lista com o índice de 0,993; já o Brasil apresenta 0,891.

No Ensino Médio brasileiro, aproximadamente 33% dos professores não

têm cursos superiores complementares e 47% não têm sequer uma formação

adequada. Isso seria uma explicação para que, em exames internacionais de

educação, o Brasil tenha ficado nas últimas posições (atrás de vários países da

América Latina, como Chile, Uruguai e México).

11

2.2 O impacto da economia na educação brasileira

O desenvolvimento da economia brasileira tem relação direta com a

formação do nosso falho sistema educacional. Por muitos séculos o Brasil vivia

a mercê de Portugal, o caráter de colônia não possibilitou um desenvolvimento

intelectual significante, já que nesta época os investimentos estavam

exclusivamente voltados para a lavoura e para o tráfico de escravos, negócio

extremamente lucrativo para a Coroa Portuguesa. Quando o Brasil consolidou

sua independência, o seu caráter primário-exportador reforçou as mazelas

educacionais, e por muito tempo não houve qualquer investimento educacional

que visasse o desenvolvimento de tecnologias, as poucas faculdades que aqui

já haviam eram relacionadas com a área de humanidades e biológicas. As

transformações educacionais brasileiras ocorrem apenas quando houve uma

necessidade diferenciada de formação de mão de obra, nesses casos prioriza-

se o ensino técnico, como ocorreu nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino

Kubistchek. A educação brasileira está à mercê das transformações

econômicas mundiais, representada por uma volatilidade incrível, que

impossibilita a determinação de padrões estáveis para educação que incentive

a formação básica para o acesso digno ao ensino superior.

2.2.1 O sistema econômico e os gargalos educacionais

A educação brasileira apresenta diversos problemas que tem sua origem

em diversos pontos. A maneira que se deu o desenvolvimento econômico

brasileiro se relaciona diretamente com os gargalos que constituem este setor.

A tipologia do desenvolvimento econômico brasileiro corrobora com os atuais

problemas, principalmente no que se diz respeito ao modo que se deu a

acumulação do excedente em nosso país, que proporcionou o

subdesenvolvimento e grandes disparidades sociais provenientes do mesmo. A

estratificação social proporcionada pela concentração de renda na mão de

poucos engendrou um processo educacional que desfavorece as camadas

básicas da sociedade.

No livro “Cuidado, Escola!”, Paulo Freire faz uma análise educacional

interessantíssima, onde ressalta a importância do sistema educacional arcaico

na constituição do sistema capitalista, onde a escola tem o papel de reforçar as

12

desigualdades e refrear a mobilidade social vertical, ampliando assim as

disparidades sociais e reforçando as estruturas de poder. Paulo Freire ressalta

que o educador representa um papel fundamental no processo educativo, o

professor a partir de sua personalidade, atitude, da relação que mantêm com

os alunos e seu modo de interpretar as normas da instituição tem influência

direta sobre os alunos. Portanto, é imprescindível que o professor seja

valorizado, recebendo um salário digno e de acordo com a responsabilidade

que lhe é conferida. Nesta mesma obra ele ressalta que antes do período

medieval a educação não era um produto exclusivo da escola, e culpa os

educadores por boa parte do desmantelamento da situação educacional. Deve-

se levar em consideração que o livro foi escrito na década de 80, diversas

mudanças ocorreram desde então, mas a essência das análises prevalece e

continua sendo extremamente pertinente no panorama atual.

2.2.3 O Estado e a coordenação das atividades socioeconômicas

Historicamente, nas diversas constituições já promulgadas e outorgadas

por nosso país, encontram-se artigos que defendem o papel do Estado na

garantia das condições socioeconômicas, os investimentos sociais são de

extrema importância no desenvolvimento de um país. Economicamente nota-se

que os investimentos em políticas sociais representam um ótimo retorno,

segundo uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) , a

cada um real gasto em políticas sociais tem o retorno de R$1,35. O Estado

também tem papel preponderante na orientação da inovação técnica, controle

da criação de emprego, manipulação do nível geral de preços.

Portanto, o papel do Estado na coordenação das atividades

socioeconômicas é fundamental para a garantia do desenvolvimento nacional,

devemos ter um Estado que saiba investir corretamente nos segmentos sociais

a fim de obter resultados socioeconômicos positivos. Quando se trata de

educação isto fica ainda mais evidente, cabe à máquina governamental investir

na formação de professores e no pagamento de salários maiores, que

correspondam com a verdadeira importância do professor em nossa sociedade.

13

2.2.4 O investimento estatal na educação

Analisando o Projeto de Lei Orçamentária para 2012 percebe-se que os

investimentos para a educação permanecem limitadíssimos, a soma da

porcentagem dos investimentos feitos para educação, cultura, ciência e

tecnologia não alcança nem 5%. A amortização da dívida do Governo Federal

representa um gasto altíssimo que impossibilita o investimento em setores que

representam maior retorno socioeconômico, como a educação. A Finlândia,

país líder do ranking da educação mundial, dá prioridade à educação e destina

a ela 13% do PIB. O ensino em todos os níveis e o material escolar são pagos

pelo setor público. O salário inicial do professor é de 1.800 euros e pode

chegar a 5.000, e todos têm mestrado.

Figura 2 - Projeto de Lei Orçamentária para 2012

2.2.5 O salário do professor

Segundo estudo da OIT em parceria com a UNESCO, o professor

brasileiro, em início de carreira, recebe em média menos de cinco mil dólares

por ano. Na Alemanha, um professor com a mesma experiência ganha, em

média, trinta mil dólares por ano. O professor brasileiro com mais de 15 anos

14

de experiência ganha dez mil dólares por ano, enquanto em Portugal o

profissional com a mesma experiência ganha cinco vezes mais.

Esses baixos salários fazem com que poucos jovens sigam esta carreira,

sem contar que professores com alto nível educacional deixam a profissão na

procura de melhores salários.

No Brasil, apenas 21,6% dos professores primários possuem diploma

universitário, enquanto no Chile são 94%. Segundo a OIT e a Unesco o Brasil é

um dos países com mais alunos por sala de aula, em média há mais de 29

alunos por professor no Brasil, na Dinamarca a relação é de um para dez.

No Brasil, o salário médio do professor de ensino fundamental em início

de carreira é o terceiro mais baixo do mundo, dentre 38 países desenvolvidos e

em desenvolvimento.

É claro que não é necessário apenas salário, é preciso também um

plano de carreira para o docente, formação, boas condições de trabalho.

Infelizmente ao analisarmos a “evolução” do salário dos professores não

enxergamos uma perspectiva animadora, esse estudo feito pelo PNAD, indica

que em comparação ao ano de 1998 os professores com nível superior, de 18

a 65 anos, que trabalham entre 10 e 72 horas por mês recebem em média 156

reais a menos.

Figura 3 - Salário médio dos professores

15

2.3 O impacto da educação na economia brasileira

2.3.1 A “tecnificação”

O ensino técnico representa no panorama atual uma oportunidade

latente para o desenvolvimento da produtividade social e consequentemente da

economia nacional, já que este engendra o progresso técnico-científico, é

nesse aspecto que entra a importância dos tecnopolos. O tecnopolo é um

centro tecnológico que reúne diversas atividades de desenvolvimento e

pesquisa em áreas de alta tecnologia, como empresas, institutos, centros de

pesquisa e universidades. Os tecnopolos representam nesta terceira revolução

industrial o maior combustível para o desenvolvimento econômico. A

Revolução tecnocientífica foi a grande impulsora dos tecnopolos, durante a

Guerra Fria, quando houve grandes investimentos em pesquisas e tecnologia,

por conta do antagonismo entre capitalismo e socialismo.

Os principais tecnopolos mundiais são o Vale do Silício (Parque

Tecnológico de Stanford, no estado da Califórnia, ao sul de São Francisco, que

concentra a maior produção e o maior investimento mundial na indústria da

informática); Tsukuba e Kansai (Japão); Taedok (Coréia do Sul); Paris

(França); Munique (Alemanha); Cambridge (Reino Unido); Bangalore (Índia).

No Brasil há tecnopolos localizados no interior de São Paulo, como em

Campinas (microeletrônica, computação, software e telecomunicações), São

Carlos, São José dos Campos (Aeronáutica), estes representam grande

importância para economia brasileira, já que desenvolvem uma série de

tecnologias nacionais que apresentam grande valor comercial internacional. É

necessário que os investimentos na educação de alta tecnologia sejam

ampliados favorecendo assim o progresso técnico-científico nacional.

2.3.2 O retorno econômico da educação

O investimento feito na educação é extremamente rentável, a cada R$1

representado pelo gasto social na educação, obtém-se R$1,85 de retorno,

enquanto o mesmo investimento em commodities representaria um retorno de

apenas R$1,40. Esta pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada), leva em consideração os custos da educação: livros

didáticos, salários dos professores, entre outros; e analisa os impactos

16

econômicos diretos, desconsiderando o valor intrínseco da educação,

representado pelo desenvolvimento intelectual dos educados.

2.3.3 O nível de educação e o salário

Esse estudo mostra a relação entre o salário e os anos de estudo, fica

claro que quanto mais anos estudados maior o salário ganho, dessa forma

nota-se o papel da educação no desenvolvimento econômico, já que quanto

maior o poder aquisitivo da população maior a quantidade financeira

movimentada por ela. A partir desse gráfico podemos perceber que aqueles

que estudam 18 anos apresentam um salário seis vezes maior do que quem

estuda oito anos.

Figura 4 - Relação salário X anos de estudo

2.3.4 A empregabilidade

Com o crescimento econômico brasileiro, notam-se em diversas grandes

cidades que a oferta de emprego é maior do que a quantidade de mão de obra

qualificada para o mesmo, nota-se então um déficit educacional gigantesco. A

falta de mão de obra qualificada representa é o principal empecilho para a

produção nacional. Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria)

apontou que a falta de mão de obra qualificada afeta 69% das empresas desse

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setor no país. Para mais da metade (52%) das empresas consultadas no

levantamento, a má qualidade da educação básica é uma das principais

dificuldades para qualificar esses funcionários. É lamentável esse aspecto

econômico brasileiro, em que somos incapazes de suprir as vagas por falta de

qualificação do trabalhador, este dado é apenas um reflexo da má educação

brasileira, onde são dadas concessões para as classes mais desfavorecidas

acessar o ensino superior sem que haja concomitantemente um investimento

adequado no ensino básico.

18

3 CONCLUSÃO

O caráter de país subdesenvolvido do Brasil deve-se muito as pessoas

que foram responsáveis pelo desenvolvimento do mesmo, por muitas vezes, e

até hoje, os interesses individuais foram colocados à frente dos interesses

coletivos. Felizmente a educação tem o poder de transformar as pessoas, a

educação liberta, transforma, possibilita diminuir as disparidades sociais,

possibilita o crescimento econômico, porém isso só ocorre quando a

universalização da mesma é uma realidade. Por muitos anos a educação era

exclusividade das camadas mais favorecidas economicamente, o que propiciou

a estratificação social, que compromete o desenvolvimento econômico.

O papel do Estado perante a sociedade é de coordenação das

atividades socioeconômicas, deve garantir direitos iguais, portanto, o acesso à

educação deve ser universalizado. O investimento educacional não diz respeito

apenas à infraestrutura, pelo contrário, o professor é peça fundamental no

processo e deve ser valorizado, é inadmissível que o Brasil invista apenas

3,18% de seu PIB na educação, é preciso muito mais, a Finlândia destina 13%

e apresenta o melhor índice educacional mundial, ela valoriza os seus

educadores, tanto que o salário de seus professores é de cerca de cinco mil

reais por mês.

Além do ensino básico, é preciso investir no ensino profissionalizante,

afinal ele é capaz de suprir as vagas em aberto nos mais diversos setores da

economia brasileira. É preciso também investir nos tecnopolos, neles

desenvolve-se tecnologia de ponta, ligadas aos setores de informática,

biotecnologia , telecomunicações , aeroespacial , energético , que estão bem

distantes das indústrias comuns da “periferia” do capitalismo, isso diferencia o

país que os possuir no comércio internacional.

Ao analisar os componentes educacionais que influem na economia, é

possível perceber a importância que esses apresentam no desenvolvimento

econômico de qualquer país, segundo Paulo Freire, a educação liberta, esta

frase possui uma representatividade interessante, pois ao mesmo tempo em

que se refere à libertação individual do ser, ela também pode ser analisada de

um ponto de vista macro, onde a educação tem a capacidade de libertar e

transformar uma sociedade. Em primeiro lugar, a educação tem como objetivo

19

formar cidadãos, e estes são peças imprescindíveis para um país. Pessoas

capazes de exercer a ética e a cidadania representam um passo muito grande

frente ao desenvolvimento nacional, afinal um país é feito pela sua população,

portanto é impossível mudar o país sem que se mudem as pessoas.

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