Upload
doankhue
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDUC
CAMPUS DE CAICÓ
MARIA ROZIVANIA JALES DE ANDRADE
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de
Jardim de Piranhas-RN
CAICÓ-RN
2016
MARIA ROZIVANIA JALES DE ANDRADE
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de Jardim de
Piranhas-RN
Monografia apresentada ao curso de pedagogia
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN, como requisito parcial à conclusão de
curso.
Orientador: Me. Djanni Martinho dos Santos
Sobrinho.
Caicó / RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Andrade, Maria Rozivania Jales de.
Educação no Campo: retrospectiva histórica no
município de Jardim de Piranhas-RN / Maria Rozivania
Jales de Andrade. - Caicó: UFRN, 2016.
50f: il.
Orientador: Ms. Djanní Martinho dos Santos Sobrinho.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ensino Superior do Seridó.
Departamento de Educação.
1. Educação Rural. 2. Evasão. 3. Prática Pedagógica.
I.Santos Sobrinho, Djanní Martinho dos. II. Título.
RN/UF/BS-Caicó CDU 37.035
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de Jardim de
Piranhas-RN
Aprovada em ___/___/___
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________
Prof. Me. Djanni Martinho dos Santos Sobrinho – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CERES-DGC)
________________________________________________ Profª Dr. Christianne Medeiros Cavalcante - Examinadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CERES-DEDUC)
_______________________________________________ Prof. Ma. Suenyra Nobrega Soares - Examinadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CERES- DEDUC)
Dedico este trabalho a minha filha, a minha
mãe, meu pai e meu esposo, que nunca
mediram esforços e sempre batalharam para
que eu não desistisse dos meus sonhos.
Dedico também a minha tia Helena (in
memoriam), que sempre me apoiou bastante
até o ultimo dia de sua vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me dado forças durante essa
grande caminhada. Em seguida, a minha família, que sempre esteve ao meu lado,
dando todo o apoio necessário e não deixando que eu desistisse de prosseguir, por
mais difícil que fosse. A minha filha, presente divino, pois é por ela que sigo sempre
em frente.
Não poderia deixar de agradecer às professoras que participaram da
entrevista, contribuindo gradativamente para a realização deste trabalho. São elas:
Ivoneide dos Santos Bezerra; Maria de Fátima F. de Medeiros; Lúcia Medeiros Mariz
e Ivonete dos Santos Rezende, as quais me receberam muito bem, disponibilizando
alguns minutos do seu tempo. Quero agradecer também a pessoa de Maria José
Saraiva, que disponibilizou todos os dados necessários sobre as escolas rurais, bem
como, a diretora do Centro Municipal de Ensino Rural, Inédia Aurilene Dutra de
Araújo.
Agradeço ao meu orientador, Djanni, que me atendeu sempre, estando
presente quando precisei, participando ativamente da construção deste trabalho.
As minhas amigas e colegas de turma, em especial, Adriana, minha amiga e
comadre, que alegrou os nossos dias na faculdade, bem como, Joedna, Cinthia,
Vitória, Francineide, Patrícia e Solange, as quais levarei sempre em meu coração,
pois criamos laços puros e verdadeiros. Também a amiga Ana Paula, a quem eu
recorri, algumas vezes, e sem problema me ajudou.
Por fim agradecer a todos que direta ou indiretamente me apoiaram no
desenvolvimento deste trabalho.
“A educação é um processo social, é
desenvolvimento. Não é a preparação para a
vida, é a própria vida”.
John Dewey
RESUMO
A educação no campo nada mais foi do que a expansão da escola urbana, quanto
aos currículos, aos professores e a supervisão, dando oportunidade às crianças e
jovens que residem na zona rural de receber uma educação de qualidade na sua
área de pertencimento. A presente pesquisa monográfica tem como tema,
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de Jardim de
Piranhas-RN e objetiva conhecer a realidade dessas escolas, compreendendo os
avanços na educação rural e os métodos utilizados para diminuir a evasão e
beneficiar os estudantes dessa área. Outro ponto debatido é conhecer o perfil dos
educadores que atuam na zona rural, buscando descobrir através dos seus relatos,
sua prática pedagógica. Para isso, utilizamos como metodologia a pesquisa
documental. Ela é de cunho qualitativo, fazendo uso de entrevista, através da qual,
constatamos algumas dificuldades enfrentadas pelas entrevistadas, durante sua
trajetória pedagógica. Os estudos realizados em várias fontes possibilitaram
entender como se desenvolveram as politicas de educação, principalmente, para a
escola rural. Para compreender melhor o assunto e aprimorar o trabalho, contamos
com a colaboração de autores como: Leite (1999), Barreiro (2010), Paiva (1987),
Vicente (2011), dentre outros. Ficou nítido que as escolas rurais avançaram
bastante, principalmente depois da criação do Centro de Ensino Rural professora
Maria Edite Batista, pois as educadoras passaram a ter um apoio pedagógico e
quanto à estrutura, passaram a ter energia elétrica, uma zeladora e água encanada,
algo que não existia antes de sua fundação.
Palavras - Chave: Educação Rural. Evasão. Prática Pedagógica.
ABSTRACT
Education in the field was nothing more than the expansion of urban schools, the
curricula, teachers and supervision. Giving opportunity children and young people
living in rural areas to receive a quality education in their belonging area. This
monographic research is subject EDUCATION IN THE FIELD: historical retrospective
in the municipality of Piranhas-RN Garden, aims to know the reality of these schools,
including advances in rural education and the methods used to decrease evasion
and benefit the students of this area. Another point discussed is to know the profile of
the educators who work in the countryside, looking out through their accounts, their
practice. To use this as a methodology document research. It is a qualitative
approach, using interviews; we found some difficulties faced by them during their
educational trajectory. Studies in various sources enabled understand how
developed the education policies, especially for the rural school. To better
understand the subject and improve the work, we rely on the collaboration of authors
such as: Milk (1999), Barreiro (2010), Paiva (1987), Vicente (2011), among others. It
was clear that rural schools advanced significantly, especially after the creation of the
Rural Education Center teacher Maria Edite Batista, as educators now have a
pedagogical support and on the structure, now have electricity, one caretaker and
running water, something that did not exist before its foundation.
Key words: Rural Education. Evasion. Teaching Practice.
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Figura 1: Unidade de Ensino Francisco Brás ................................................................................. 22
Figura 2: Unidade de Ensino José Calixto de Medeiros ................................................................. 23
Figura 3: Unidade de Ensino Antônio Amâncio da Silva ................................................................ 23
Figura 4: Centro Municipal de Ensino Rural de Jardim de Piranhas-RN .......................................... 30
Figura 5: aula de Língua Portuguesa (formando textos) ................................................................ 41
Figura 6: confecção de livros ....................................................................................................... 43
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: As escolas rurais do município de Jardim de Piranhas-RN ............................................ 21
Quadro 2: Nº de matriculas, aprovações e reprovações no período de 2002-2014 das escolas rurais
do município de Jardim de Piranhas-RN ...................................................................................... 31
Quadro 3: Nº de matriculas, evasão e transferência das escolas rurais de Jardim de Piranhas no
período entre 2000-2015. ........................................................................................................... 32
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 14
Capitulo I – Educação rural .......................................................................................................... 16
1.1 Trajetória histórica da educação rural no Brasil .................................................................. 16
1.2 A realidade das escolas rurais de Jardim de Piranhas- RN ................................................... 19
Capítulo II – Evasão escolar no meio rural.................................................................................... 25
2.1 Causas e consequências da evasão escolar no Brasil ........................................................... 25
2.2 A evasão escolar nas escolas rurais de Jardim de Piranhas-RN ............................................ 29
Capítulo III – Práticas Pedagógicas: o saber docente e a sua formação .......................................... 35
3.1 Concepções sobre prática pedagógica ................................................................................ 35
3.2 Conhecendo os sujeitos da nossa pesquisa ......................................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 45
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 47
APÊNDICE A- Roteiro da entrevista realizada com a coordenadora das escolas rurais.....................50
APÊNDICE B- Roteiro da entrevista realizada com as professoras das escolas rurais.......................51
14
INTRODUÇÃO
Na atualidade, o Brasil evidencia transformações significativas no âmbito da
educação. É sabido que essas transformações também afetaram a zona rural.
Assim, a escola rural surge com o papel fundamental de desenvolver este espaço.
O tema situa-se na área das ciências humanas. A escolha se deu por uma
inquietação em descobrir as mudanças ocorridas na educação no campo, dando
ênfase as escolas do munícipio de Jardim de Piranhas, localizado no interior do Rio
Grande do Norte.
A pesquisa teve como objetivo primordial conhecer a realidade dessas
escolas fazendo uma retrospectiva histórica. Além disso, buscamos também
compreender a educação rural no Brasil, identificar os motivos da evasão escolar e
entender como se dá a prática-pedagógica do professor em sala de aula.
Foi necessário o levantamento de dados através de entrevista com a
coordenadora das escolas rurais e algumas professoras do município citado. Isso
nos permitiu lançar o olhar para a prática desses profissionais em sala de aula,
através dos seus relatos e identificarmos os recursos didáticos e pedagógicos que
eles recebem do governo e como os mesmos fazem uso desses materiais.
. Utilizamos também a pesquisa bibliográfica e documental para responder a
essas inquietações. A pesquisa foi realizada em três escolas rurais do município de
Jardim de Piranhas-RN, sendo uma pesquisa qualitativa que teve grande relevância
para entender o contexto das escolas rurais e como acontece a educação no campo,
além de entender a educação como um processo que enriquece o ser humano,
mostrando a importância do meio rural.
Para a realização do mesmo, foram coletadas informações no Centro
Municipal de Educação Rural Professora Maria Edite Batista, tais como nº de
escolas rurais, nº de matrículas, nº de aprovados, reprovados e evadidos entre os
anos de 2000 a 2015.
A escola rural vem enfrentando alguns desafios, dentre os quais, podemos
citar a falta de estrutura adequada para o desenvolvimento de atividades externas, a
evasão escolar provocada pela migração do campo para cidade e por fim, os
avanços tecnológicos que chegam primeiro às cidades e, lentamente, estão
chegando às escolas rurais.
15
Para alcançar os objetivos aqui propostos, o trabalho está organizado em três
capítulos. O primeiro capítulo tem como titulo: A educação rural, subdivididos em
dois tópicos- Trajetória Histórica da Educação Rural no Brasil, ele caracteriza o meio
rural, fazendo um recorte histórico na escola rural desde a república até a
atualidade; e A realidade das escolas rurais de Jardim de Piranhas- RN, nesse
tópico mostrará a realidade das escolas, para isso foi feito um levantamento de
todas as escolas e a caracterização daquelas onde a pesquisa foi realizada.
O segundo capítulo intitulado Evasão escolar no meio rural, é distribuído em
dois tópicos, o primeiro diz respeito a causas e consequências da evasão escolar no
Brasil, pois o mesmo faz uma caracterização geral acerca da evasão escolar no
país, mostrando a importância do planejamento e da prática reflexiva, como uns dos
métodos para diminuir o índice de evadidos. O segundo tópico, A evasão escolar
nas escolas rurais de Jardim de Piranhas-RN, irá mostrar a evasão escolar nas
escolas rurais do município de Jardim de Piranhas-RN, analisando-as desde o ano
2000 até 2015, identificando se o índice de evadidos diminuiu durante esses anos,
mostrando os avanços na educação, e as medidas tomadas pelo o poder politico
para tentar solucionar este problema.
O terceiro capítulo Práticas Pedagógicas: o saber docente e a sua formação,
trata das concepções sobre prática pedagógica, busca compreender o que é a
pratica pedagógica e o que ela envolve; e Conhecendo os sujeitos da nossa
pesquisa, nesse tópico falaremos dos professores entrevistados, bem como da sua
pratica pedagógica. E por fim, as considerações finais.
16
Capítulo I – Educação rural
O referido capítulo visa caracterizar o meio rural, apresentando a escola rural,
numa perspectiva histórica. Baseando-se em diversos autores discutiremos sobre o
que caracteriza o espaço rural desde a República até a atualidade. Mostraremos
também a realidade das escolas rurais no município de Jardim de Piranhas-RN,
fazendo o levantamento de todas as escolas e caracterizando as que farão parte da
pesquisa.
1.1 Trajetória histórica da educação rural no Brasil
O meio rural, em alguns casos, está associado ao natural, ou seja, o homem
está em contato direto com o meio ambiente, é o que ocorre, por exemplo, quando é
o período de colheita e de plantação. No entanto, percebe-se que embora o trabalho
efetivado pelo homem rural seja realizado, com base nos valores já embutidos no
meio em que vive, essas formas de trabalho já estão se modificando. Uma dessas
mudanças são as inovações tecnológicas que surgem para adotar novas técnicas no
meio tradicional onde poderão acelerar novas formas de desenvolvimento rural.
Ao longo dos séculos, o significado do ensino no meio rural vem alternando-
se entre conceitos positivos e negativos que determinaram o contraponto entre a
valorização ou a depreciação desse espaço. O campo era considerado como o lugar
do atraso, do inculto, hoje ele tem um novo modelo pedagógico, permitindo que os
alunos residentes nessas áreas tenham um ensino de qualidade, sem precisar
deslocar-se para a cidade. Para compreender e entender esses conceitos faz-se
necessário um resgate histórico da educação rural no Brasil. A educação dirigida à
população rural brasileira passou por um conturbado processo histórico, econômico
e social.
Para Leite (1999, p.14),
A educação rural no Brasil, por motivos socioculturais, sempre foi relegada a planos inferiores tendo por retaguarda ideológica o elitismo acentuado do processo educacional aqui instalado pelos jesuítas e a interpretação político-ideológica da oligarquia agrária, conhecida popularmente na expressão: “gente da roça não carece de estudos. Isso é coisa de gente da cidade”.
17
Assim, criou-se um imaginário de que, para viver na roça, não havia a
necessidade de ampliar os conhecimentos socializados pela escola. Nesse tempo, a
formação escolar já era ofertada às elites brasileiras. Fica nítido que história,
crenças, valores e experiências de homens e mulheres foram ignorados e
submetidos aos padrões de uma cultura elitista, que julgavam os camponeses como
uma parte excluída da sociedade.
O desenvolvimento da Educação rural1 reflete as necessidades que foram
surgindo em decorrência da própria população que ocupa esse espaço nos diversos
municípios do Brasil. Entre os períodos de 1930 e 1945, vários órgãos relacionados
à educação foram criados, e, eventualmente, iriam mudar a história da Educação
brasileira. Segundo Barreiro (2010), em 1938, o Decreto nº 580 criou o Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), "[...] com o objetivo de promover estudos
e centralizar informações acerca da educação nacional." (PAIVA, 1987, p.138).
Competia ao Inep financiar a construção de escolas destinadas ao ensino elementar,
conceder bolsas de estudos para o aperfeiçoamento de pessoal técnico relacionado
ao ensino primário.
Em Novembro de 1945, surgiu a UNESCO, que via na educação uma saída
para combater a pobreza, pois esta era capaz de elevar os níveis de condições de
vida das pessoas. Ela estimulava a realização de programas nacionais de educação
de adultos analfabetos. O seu empenho, não se restringiu somente à transmissão de
técnicas elementares da leitura e da escrita. Ela adotou como estratégia educacional
a Educação de Base, conhecida também como Educação Fundamental2. Outro
órgão criado, nos anos de 1950, foi o Fundo nacional do ensino primário (FNEP),
destinado a incentivar a difusão do ensino elementar.
Foi durante o Governo de Vargas (1951-1954), que a questão social passou a
compor o próprio plano de desenvolvimento, tendo como objetivo primordial
solucionar as demandas sociais por saúde, alimentação, transporte, dentre outros. O
1 Segundo Ribeiro (2012), a educação rural forma o trabalhador para o capital e deste para si, na
condição de classe, aceitando os modelos externos educacionais.
2 A Educação Fundamental foi proposta e patrocinada pela Unesco, enquanto a Educação de Base
tem origem predominante francesa, com vínculos cristãos. No Brasil e, em particular, em relação à
Campanha nacional de educação rural, a orientação pedagógica combinou essas duas formas de
educação, associada ao desenvolvimento de comunidade. Tal associação atende aos interesses de
governantes no sentido de manter sob o controle a organização popular desses grupos. (BRANDÃO,
1980, p.5).
18
governo também promoveu a capacitação da agricultura apoiada na modernização
da produção rural, criando o Serviço social rural (SSR). Ele tinha como missão
promover o "[...] bem-estar social e melhoria do padrão de vida dos habitantes da
zona rural [...] (CALAZANS et al., 1979, p.31).
Em 1952, foi criada a Campanha nacional de educação rural (CNER) que
definia a Educação Fundamental como um processo de mudança cultural, um
reagente poderoso capaz de arrancar a inércia e da rotina populações inteiras. Essa
educação seria eficiente em função da "força renovadora de costumes, de práticas,
de padrão de vida, que vem das próprias forças que sempre existem em estado
latente em todas as comunidades, forças essas que se exploram com recursos
científicos de que se dispõe". (RCNER, 1954, v.1, p.11).
Foi no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), que surgiram vários
programas de educação de jovens e adultos, com destaque para o meio rural. Para
a política educacional, em 1956, esteve em discussão o projeto de Lei das Diretrizes
e Bases da Educação (LDB), iniciado em 1947 e aprovado somente em 1961. Em
1960, inicia-se uma mobilização da sociedade civil, momento em que os movimentos
de educação de adultos enfatizam a importância da difusão da cultura popular.
Diante de toda essa mobilização, surge o Movimento de Educação de Base (MEB),
que teve à frente o grande educador Paulo Freire.
O aumento da migração campo/cidade passou a constituir-se em
desequilíbrio, por causa do esvaziamento rural, causando uma grande concentração
populacional nas cidades. O motivo principal para este acontecimento é a não
qualificação profissional da população rural que chega às áreas citadinas. Diante
disso, a educação rural passou a ser vista como possibilidade de valorização de vida
no campo para minimizar o processo de migração.
É notável que a cidade mesmo com suas dificuldades, como, violência,
favelas, ainda é uma grande atração para a modernidade, por garantir o acesso a
uma vida facilitada pelos serviços de saúde, educação e transporte. Na busca de
uma vida melhor, com maiores oportunidades de emprego, as pessoas veem na
migração a solução para seus problemas. Nesse contexto, a educação no campo3
3 As diretrizes curriculares nacionais para a educação básica traz que educação no campo é uma
modalidade da educação que ocorre em espaços denominados rurais. Diz respeito a todo espaço
educativo que se dá em espaços da floresta, agropecuária, das minas e da agricultura e ultrapassa,
chegando também aos espaços pesqueiros, a população ribeirinha, caiçara e extrativista.
19
surge como uma esperança.
De acordo com as Diretrizes curriculares nacionais da educação básica:
No que diz respeito ao direito à educação obrigatória a ser oferecida às populações rurais, a Câmara de Educação Básica manifestou-se pela Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002, que, ao tratar das Diretrizes Operacionais da Educação nas Escolas do Campo refere-se à construção de uma política específica e a necessidade de atender à diversidade das populações que residem no meio rural, de acordo com suas realidades [...]. As mesmas diretrizes pronunciam-se, expressamente, sobre a responsabilidade do poder público, dentro dos princípios do regime de colaboração, em proporcionar a Educação Infantil e o Ensino Fundamental nas comunidades rurais e dedicar especial atenção às condições de acesso ao Ensino Médio e à Educação Profissional de nível técnico. BRASIL (2013, p. 292).
Segundo Vicente (2011, p. 71), o governo criou programas para ajudar a
educação no campo brasileira, alguns deles são: o PRONERA, o PROCAMPO, e a
escola ativa4. No início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram aprovada as
Diretrizes operacionais. Durante os oito anos de mandato defendeu a escola rural,
dizendo que a mesma precisa possuir um calendário diferenciado, que o ensino
básico precisa ser ofertado lá onde o sujeito vive e mora. A educação rural é
chamada para se ajustar às políticas educacionais estabelecidas pelo projeto do
estado, entretanto, ainda há uma grande diferença na forma como as populações do
campo e da cidade são tratadas. Enquanto o setor urbano é tido como moderno e
desenvolvido, o setor rural ainda sofre com alguns problemas, dentre eles, a falta de
estrutura.
Nos últimos dez anos, foram fechados 32,5 mil unidades de ensino no
campo, de acordo com o levantamento da folha, com base em dados do senso
escolar. Tudo isso se faz pensar sobre o que ocorre nessas escolas. Portanto, faz-
se necessário conhecer a realidade dessas instituições e saber quais programas
elas possuem.
1.2 A realidade das escolas rurais de Jardim de Piranhas- RN
4 Programa criado pelo governo, ele é baseada na pedagogia ativa, onde os alunos são o centro do
processo educacional.
20
Quando se lança o olhar para a história, percebe-se que, por muito tempo, a
escola situada no meio rural foi repleta de limitações e de improvisos, fato que fez
com que essa instituição fosse considerada por muitos como um mero local de
alfabetização. De acordo com os dados levantados pelo Censo Escolar de 2002, a
rede de ensino da educação básica da área rural corresponde a 107.432
estabelecimentos, que representam 50% das escolas do país.
O modelo com o qual os professores têm que lidar com alunos de diferentes
faixas etárias prevalece até os dias atuais. É uma realidade viva que sobrevive ao
tempo. Por isso não deve ser negada, mas, sim, contar com as dignas condições
físicas infraestruturas e de formação de seus professores, para o seu pleno
funcionamento. Nessa perspectiva, (FURTADO, 2004, p.61), diz:
No que se refere ao tipo de organização dessas escolas, o Censo Escolar 2002 mostrou que 64% daquelas que oferecem o ensino fundamental de 1ª a 4ª série tem, exclusivamente, turmas multisseriadas. Essas escolas atendem 1.751.201 alunos no Brasil, resultando em turmas com, aproximadamente, 27 alunos, que são atendidos, como já citados, por um único professor que ministra o conteúdo relativo às quatro séries iniciais do ensino fundamental. No Nordeste, as escolas multisseriadas atendem a 1.027.935 alunos, num total de 34.477 estabelecimentos, o que perfaz uma média de mais de 29 alunos por turma.
Além da estrutura física um pouco defasada, carregam como estigma o
elevado índice de evasão escolar. A verdade é que a maioria dos problemas
enfrentados por elas, não são de hoje, mas remetem a uma política educacional que
as relegaram ao segundo plano.
Diante desse cenário, esta investigação busca conhecer a realidade das
escolas rurais de Jardim de Piranhas- RN, bem como, o percurso percorrido pelos
educadores dessas instituições. Conhecer e aprender com as experiências
adquiridas ao longo da vida profissional. Como sabemos a formação é contínua, e
mostra-se como um processo que revela elementos da experiência.
Foi feita uma pesquisa para descobrir as mudanças ocorridas nessas escolas.
O município dispõe de 14 escolas rurais dispostas no quadro 1, abaixo:
21
Quadro 1: As Escolas Rurais do município de Jardim de Piranhas-RN
Escola Ano de Criação Comunidade
Unidade de Ensino José Calixto de Medeiros
1969
Sítio Timbaubinha
Unidade de Ensino Pedro Alexandrino de Medeiros
1974 Sítio Cruz
Unidade de Ensino Elpídio Olegário dos Santos
1980 Sítio Catingueira
Unidade de Ensino Francisco Brás
1969 Sítio Piedade
Unidade de Ensino Manoel Florêncio Maia
1980 Sítio São Francisco
Unidade de Ensino Manoel Simplício Irmão
1981 Sítio Batalha
Unidade de Ensino Manoel Calixto Batista
1968 Sítio Juazeiro
Unidade de Ensino Manoel Félix Marinho
1970 Sítio Assembleia
Unidade de Ensino Antônio Amâncio da Silva
1980 Sítio Barra de Baixo
Unidade de Ensino Maria Donina Maia
1960 Sítio Panorama
Unidade de Ensino Antônio Augusto da S. Freire.
1972 Sítio Lagoa Rachada
Unidade de Ensino Joaquim Justino P. da Silva.
1976 Sítio Flores
Unidade de Ensino Tomás Pereira da Silva
1973 Sítio Cais
Unidade de Ensino Sebastião Pereira da Silva
1987 Sítio Santana
Fonte: Centro Municipal de Educação Rural Prof.ª Maria Edite Batista, 2016.
Mesmo sendo identificadas 14 unidades, optamos em desenvolver a pesquisa
em três, isso para que fosse feito uma análise mais aprofundada dessas escolas,
conhecendo o contexto onde estão inseridas. Outro motivo é o distanciamento delas
do perímetro urbano, então seria difícil ter acesso a todas elas, durante o
desenvolvimento do trabalho.
A primeira é a Unidade de Ensino Francisco Brás (figura 1), localizada no
Sítio Piedade, construída no ano de 1969, na administração do prefeito Geoci Vale
de Freitas. A escola recebeu esse nome em homenagem ao sobrinho do dono do
terreno, pela razão dele ter sido morto ao lado da escola. Antes de a escola ser
construída, as crianças da comunidade estudavam na casa do Sr. Francisco Brás,
depois na residência de Florêncio Maia que pagava a um professor para dar aulas a
seus filhos.
22
Figura 1: Unidade de Ensino Francisco Brás
Fonte: Arquivo pessoal da professora (Ivoneide dos Santos Rezende)
A unidade começou a funcionar somente em 1972, com a Prof.ª Maria
Azevedo, com aproximadamente 35 alunos matriculados. Em 1983, Maria Ivonete da
Silva Régis que foi aluna da referida escola deu continuidade ao ensino com o que
ela aprendeu. Em 2009, passou a atender a alunos da Educação de Jovens e
Adultos (EJA). A partir de 2011, foi adotada a metodologia da Escola ativa. No ano
de 2012, ela tinha 19 alunos divididos no ensino infantil, no 1º segmento e do 1º e 2º
anos do Ensino Fundamental. Hoje a escola possui 16 alunos matriculados, sendo
11 no Ensino infantil e 05 no Ensino Fundamental. Nesse mesmo ano, a escola
beneficiava os alunos das comunidades Piedade, Caldeirão, Ferreiro, e
comunidades vizinhas. A professora tem formação em Pedagogia.
A segunda é a Unidade de Ensino José Calixto de Medeiros (figura 2),
localizada na comunidade Timbaubinha. A escola surgiu pelo fato da comunidade
ser bastante povoada no ano de 1969. Teresa, uma das primeiras professoras, dava
aulas em sua própria residência. Nesse mesmo ano, ela começou a ensinar na
Escola. Em 1999, ela passou por restauração, durante a gestão do Prefeito José
Henrique de Araújo. Em 2012, a unidade de ensino contava com a seguinte
estrutura: 02 salas de aulas, 01 cozinha, 02 banheiros e 01 pequeno corredor. Hoje,
ela continua com a mesma estrutura. No início, não existia merendeira e a comida
era feita pela Prof.ª Ana Maria, hoje, aposentada. Atualmente, a escola tem 25
alunos matriculados, sendo 03 no Ensino Infantil e 22 no Ensino Fundamental.
23
Figura 2: Unidade de Ensino José Calixto de Medeiros
Fonte: arquivo pessoal da autora (2016)
A terceira é a Unidade de Ensino Antônio Amâncio da Silva (figura 3),
localizada na comunidade Barra de Baixo. A mesma foi construída no ano de 1980,
na administração do prefeito José Henrique de Araújo. O nome da escola foi
homenagem a um dos pioneiros da comunidade. O terreno da escola foi doado pelo
marido da neta de Antônio Amâncio.
Figura 3: Unidade de Ensino Antônio Amâncio da Silva
Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2016.
24
No primeiro ano de funcionamento, a escola teve um grande número de
alunos matriculados, divididos em séries da 1ª a 4ª. A primeira professora foi Cinézia
de Medeiros. Depois dela vieram diversas professoras, mas, infelizmente, a escola
acabou sendo fechada, pois não existia quem assumisse as salas de aulas. No ano
de 1989, Lúcia de Medeiros Mariz recebeu o convite da pessoa de Josidete Maia,
para reabrir a escola e assumir a função de docente. No início, ela não quis aceitar,
pois estudava em Jardim de Piranhas e seria difícil conciliar o trabalho e o estudo.
Segundo uma das professoras entrevistadas, naquele tempo não era fácil
ensinar na Zona Rural, pois havia muitos empecilhos, dentre eles, podemos
destacar a falta de merenda escolar e também de funcionários. Todas as tarefas
tinham que ser realizadas pela professora, até mesma a água para o consumo e
demais atividades.
25
Capítulo II – Evasão escolar no meio rural
Este capítulo será dividido em dois tópicos: o primeiro fará uma
caracterização geral acerca da evasão escolar no Brasil, bem como, a importância
do planejamento e da prática reflexiva, como uns dos métodos para diminuir o índice
de evadidos. O segundo tópico enfocará a evasão escolar nas escolas rurais do
município de Jardim de Piranhas-RN, desde o ano 2000 até 2015, mostrando os
avanços na educação, e as medidas tomadas pelo poder politico para tentar
solucionar este problema.
2.1 Causas e consequências da evasão escolar no Brasil
A evasão escolar ocorre quando o aluno deixa de frequentar, ou seja,
abandona a escola. Os índices de evadidos vêm aumentando com o tempo, mas
sabemos que não é de hoje, pois no Brasil é um problema antigo. Segundo Freitag
(1980, p.61):
Dos 1000 alunos iniciais de 1960, somente 56 conseguiram alcançar o primeiro ano universitário em 1973. Isso significa taxas de evasão 44% no ano primário, 22% no segundo, 17% no terceiro. A elas se associam taxas de reprovação que entre 1967 e 1971 oscilavam em torno de 63,5%.
Com isso, fica nítida que a evasão escolar no Brasil é uma questão que tem
raízes históricas, e que, infelizmente, resiste até os dias atuais.
Muitos são os motivos da evasão escolar, dentre eles estão a necessidade de
trabalho do aluno para ajudar os pais, as condições de acesso e transporte, as quais
são precárias, e também, o abandono da escola por considerarem que a formação
que recebem não se dá de forma significativa para eles.
Não sabemos de quem é a culpa. Para Ferreira (2011, p. 2), as causas estão
interligadas a quatro segmentos. O primeiro é a escola, que, muitas vezes, não
cativa o aluno. Para reverter esse problema, acreditamos que é preciso professores
dinâmicos, responsáveis, criativos e que sejam capazes de inovar e transformar sua
sala de aula em um lugar atrativo e estimulador. O segundo é o aluno, que em
alguns casos, é desinteressado e indisciplinado. Os jovens acabam sendo
desmotivados pela baixa qualidade do ensino e muitos desistem dos estudos sem
26
completar o curso secundário. O terceiro diz respeito ao desinteresse dos pais
sobre o destino dos seus filhos. E por fim, o problema social, pois na busca por
emprego, o aluno, às vezes, não pode trabalhar em horário contrário à aula.
Muitos autores apontam que as crianças e as famílias são responsáveis pelo
fracasso escolar, diferentemente deles Fukui (apud BRANDÃO et al., 1983, p.38)
ressalta a responsabilidade da escola, afirmando que "a evasão e repetência longe
está de ser fruto de características individuais dos alunos e suas famílias. Ao
contrário, refletem a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros
destes diferentes segmentos da sociedade".
Segundo Almeida (1996), a evasão escolar é um problema que atinge todo o
Brasil, principalmente as famílias menos favorecidas, que, muitas vezes, não tem
condições de manterem seus filhos na escola. O mesmo autor comenta que o
programa Bolsa Escola5 surge como uma alternativa para diminuir essa evasão.
As vantagens do programa são evidentes. Nas cidades onde o programa é implantado, a escola transforma-se no centro da vida comunitária, envolvendo as famílias no desempenho escolar de seus filhos. A Bolsa-Escola reduz as desigualdades sociais, por meio da transferência direta de renda para setores excluídos da sociedade; aumenta o consumo da população carente; e, talvez o mais importante, atua como ação preventiva ao desvio precoce de crianças e jovens para o mercado de trabalho, contribuindo para ampliar a consciência de cidadania das populações que vivem a apartação social (ALMEIDA, 1996, p. 02).
Glewwe e Kassouf (2008) examinaram o impacto da Bolsa Família sobre o
progresso das crianças na escola. Oito anos de dados extraídos do censo escolar
(1998-2005) apontam que o programa reduziu as taxas de abandono escolar em
cerca de 0,5 ponto percentual, no caso de crianças do 1º ao 5º, e cerca de 0,4 ponto
percentual, no caso de crianças do 6º ao 9º.
De acordo com tais resultados, fica nítido que o programa Bolsa Família,
atrelado à obrigatoriedade de matrícula na escola, é efetivo, pelo menos para
aumentar o número de matrículas e reduzir o abandono escolar.
5 Programa que começou na década de 1990 com iniciativas anteriores de outras denominações e
expandiu-se a partir de 2002 sob o formato atual, prevê pagamentos mensais, em dinheiro, para
famílias pobres se seus filhos (com idades entre 6 e 15 anos) estiverem matriculados na escola.
27
Outro programa criado pelo Governo Federal, em 2007, é o “caminho da
escola6”. Chegar à sala de aula não é tarefa fácil em algumas regiões brasileiras,
principalmente, na zona rural. Isso contribui muito para a desistência dos alunos.
Apenas no período entre 2011 e 2013, o governo disponibilizou transporte escolar
para quase dois milhões de crianças, dentre eles, ônibus, bicicletas e lanchas para
as crianças ribeirinhas. Os ônibus foram desenvolvidos, especialmente, para o
projeto, desenhados para circular em estradas de terra, capazes de enfrentar as
condições mais difíceis, como por exemplo, os atoleiros e buracos durante o período
de chuvas.
A evasão escolar não afeta somente o meio rural, mas também, os grandes
centros urbanos. Conhecendo as principais causas do afastamento dos alunos da
escola, fica nítido que algumas medidas precisam ser tomadas para amenizar os
problemas do abandono escolar. Deve-se cuidar e motivar o interesse pelo estudo.
É válido dizer que a evasão está relacionada não apenas à escola, mas também à
família, às políticas de governo e ao próprio aluno.
A evasão escolar é um assunto bastante discutido por professores e demais
profissionais da educação, como, diretores, coordenadores e secretários, mas o que
ocorre muitas vezes é a busca por culpados de tal fracasso.
A problemática da evasão escolar deve ser vista sob vários ângulos, tais
como.
sobre o aprendizado... sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço publico, sobre a igualdade das chances, sobre os recursos que o país deve investir em seu sistema educativo, sobre a crise, sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade de amanha, sobre as formas de cidadania. (CHARLOT, 2000. p. 18).
Diante desta perspectiva, fica nítido que a evasão escolar precisa ser avaliada
por várias vertentes que apontem diversas causas e possíveis soluções.
O professor tem em mãos uma ferramenta importantíssima, para despertar o
interesse do educando, planejar uma aula dinâmica, estimulando a curiosidade, em
alguns casos pode impedir dele evadir-se. Para Freire (2006, p.22) “[...] ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
6 O programa amplia e renova a frota de veículos escolares, garantindo transporte gratuito e
de qualidade para os estudantes das redes estaduais e municipais de Educação Básica
(creches, pré-escolas e ensino médio).
28
construção”. Tardif, em sua obra, Saberes docentes e formação profissional
apresenta quatro saberes docentes necessários: saberes da formação profissional;
saberes da disciplina; saberes curriculares; e saberes experienciais. Sobre a
importância da pessoa do professor, ele enfatiza:
Ainda hoje, na maioria dos países, embora os professores ocupem a posição mais importante entre os agentes escolares, embora o papel deles seja tão importante quanto o da comunidade científica, no que se referem ao aspecto sociocultural, eles se encontram, com muita frequência, em último lugar na longa sequência dos mecanismos de decisão e das estruturas de poder que regem a vida escolar. Em suma, seu poder, não somente na vida dos estabelecimentos escolares, mas na organização e no desenvolvimento de seu próprio trabalho, é realmente muito reduzido. Entretanto, se quisermos que os professores sejam sujeitos do conhecimento, precisaremos dar-lhes tempo e espaço para que possam agir como atores autônomos de suas próprias práticas e como sujeitos competentes de sua própria profissão. (TARDIF, 2002, p. 243).
Educar não é tarefa fácil, exige muita dedicação e esforço, bem como, muitas
exigências. Para abraçar essa missão de educador, é preciso estar realmente
disposto a doar-se como pessoa responsável pela formação do outro, pois não há
educação sem doação, sem amor, tudo isso faz parte da formação do educador.
O professor é uma peça fundamental no processo de ensino-aprendizagem,
pois através da reflexão podem surgir ações significativas que proporcionem aos
estudantes avançarem em seu processo de aquisição do conhecimento. Sobre a
prática reflexiva, Perrenoud (2002, p. 43), afirma:
Sem dúvida, cada pessoa reflete de modo espontâneo sobre sua prática; porém, se esse questionamento não for metódico nem regular, não vai conduzir necessariamente a tomadas de consciência nem a mudanças. Todo professor iniciante reflete para garantir sua sobrevivência. Um ‘professor reflexivo’ não para de refletir a partir do momento em que consegue sobreviver na sala de aula, no momento em que consegue entender melhor sua tarefa e em que sua angústia diminui. Ele continua progredindo em sua profissão mesmo quando não passa por dificuldades e nem por situações de crise, por prazer ou porque não o pode evitar, pois a reflexão transformou-se em uma forma de identidade e de satisfação profissionais. Ele conquista métodos e ferramentas conceituais baseados em diversos saberes e , se for possível, conquista-os mediante interação com outros profissionais. Essa reflexão constrói novos conhecimentos, os quais, com certeza, são reinvestidos na ação. Um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu no período de formação inicial, nem ao que descobriu em seus primeiros anos de prática. Ele reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências
29
e seus saberes. Ele ingressa em um ciclo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua própria prática, seja consigo mesmo, seja com uma equipe pedagógica.
O professor reflexivo está sempre em busca de formas para envolver o aluno
de maneira atrativa, para que o educando não se sinta enfadonho e acabe
abandonando a escola.
A aprendizagem é contínua. É preciso estar à procura de novos
conhecimentos, registrar as aulas, avaliar as conquistas e derrotas, em busca de um
ensino de qualidade. Outro ponto importante e indispensável são os encontros sob a
direção de uma coordenadora, para discutirem sobre os registros realizados pelos
docentes.
2.2 A evasão escolar nas escolas rurais de Jardim de Piranhas-RN
A educação, na zona rural no município de Jardim de Piranhas-RN, vem se
transformando com o passar dos anos, depois da criação do Centro Municipal de
Educação Rural7 (figura 4). As professoras passaram a ter um apoio pedagógico,
pois segundo as educadoras entrevistadas, elas se sentem mais seguras, pois tem
planejamento quinzenal que é conduzido pelas coordenadoras, trabalhando,
especificamente, com os educadores do campo. Conta também com a participação
da diretora para discutir e encaminhar medidas administrativas.
7 Em 1999, a Secretaria Municipal de Educação percebeu que seria necessário organizar melhor as
escolas do campo nos aspectos administrativo-pedagógicas. Nesse sentido, seguindo as orientações da SECD, organizam-se as escolas em torno de um centro, uma vez que a falta de um quadro de administradores-diretores e coordenadores pedagógicos- dificultava o trabalho pedagógico. (AZEVEDO, 2006, p. 110)
30
Figura 4: Centro Municipal de Ensino Rural de Jardim de Piranhas-RN
FONTE: Arquivo pessoal da autora, 2016.
As entrevistadas também contaram que antes do Centro, as escolas
funcionavam em situações precárias, não havia energia elétrica, nem abastecimento
de água e merenda escolar. Não existia um Projeto Politico Pedagógico (PPP)
específico para elas, nem eram disponibilizados materiais escolares para os alunos
e nem didático-pedagógico, para os professores. Após o centro, passou-se a
distribuir este tipo de material e as escolas passaram a possuir um PPP próprio.
Mas alguns problemas ainda persistem com a migração do campo para a
cidade. As escolas sofrem com a falta de alunos, isso acaba ocasionando o
fechamento de unidades de ensino. Em 2006, o município contava com 19
unidades. Hoje, o município possui apenas 14 em funcionamento. Outro ponto
negativo é a diminuição de matrículas, como podemos observar no quadro 2, a
seguir:
31
Quadro 2: Nº de matrículas, aprovações e reprovações no período de 2002-2014 das escolas rurais do município de Jardim de Piranhas-RN
ANO MATRÍCULA APROVAÇÃO REPROVAÇÃO
2002
399 192 140
2003
322 174 100
2004
327 141 102
2005
333 168 100
2006
386 240 87
2007
403 305 17
2008
365 293 33
2009
284 218 61
2010
381 293 45
2011
387 305 44
2012
363 269 51
2013
430 229 61
2014
203 173 29
Fonte: Centro Municipal de Educação Rural Prof.ª Maria Edite Batista (2016) *Não estão inclusos abandono e transferências.
Como podemos observar, atualmente, as escolas têm um índice menor de
matrículas, se comparado com os anos anteriores. Segundo o quadro, em 2002, os
indicadores de reprovação eram muito altos. Diante disso, o município de Jardim de
Piranhas-RN enquadrou-se no Programa de melhoria da educação do Município,
coordenado pelo o CENPEC8, para tentar amenizar essa situação.
As estruturas das escolas rurais também são arcaicas, comparando com as
escolas urbanas, pois as salas permanecem as mesmas desde sua criação, faltando
espaços para as crianças brincarem e merendarem. Mesmo com toda esta
precariedade, a escola no campo não desaparece, uma vez que resiste ao descaso
do poder político. Ademais, o acompanhamento das escolas urbanas é mais direto,
pois o coordenador está presente, diariamente, o que não acontece no campo.
8 Centro de estudos e pesquisas em educação, cultura e ação comunitária.
32
Atualmente, o município de Jardim de Piranhas vem conseguindo diminuir a
evasão escolar na zona rural, mesmo tendo um número menor de matrículas, haja
vista que que é notável a permanência desses durante o ano letivo, com presenças
constantes. Como podemos observar no quadro 3.
Quadro 3: Número de matriculas, evasão e transferência das escolas rurais de Jardim de Piranhas no período entre 2000-2015.
ANO MATRÍCULA EVASÃO TRANSFERÊNCIA
2000 507 54 64
2001 441 35 35
2002 399 22 43
2003 322 20 28
2004 285 31 11
2005 333 34 31
2006 386 40 45
2007 403 50 49
2008 365 24 30
2009 284 11 26
2010 381 20 49
2011 387 22 36
2012 363 37 31
2013 430 27 27
2014 203 4 29
2015 273 4 21
FONTE: Centro Municipal de Educação Rural Prof.ª Maria Edite Batista, 2016.
Como se podem observar, os índices de evasão diminuíram bastante nos
últimos anos. Segundo Azevedo (2006, p.11), em entrevista com professoras da
zona rural de Jardim de Piranhas “identificamos também que outro problema é a
distância entre a residência dos alunos e a escola, e como as crianças ainda são
pequenas, nem sempre estão dispostas a caminhar por distâncias maiores”. Uma
das medidas utilizadas para solucionar este problema foi conseguir através do
programa “Caminhos da Escola”, ônibus escolares para alunos da educação básica
que residem na zona rural, visando renovar a frota, dando segurança ao transporte
de estudantes.
33
Outra medida tomada pelo prefeito foi conseguir através da Secretaria
Municipal de Educação os primeiros 64 microcomputadores para estudantes da
zona rural, dentro do Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) 9.
Inicialmente, foram atendidas as escolas: Elpídio Olegário dos Santos, no sítio
Catingueira, Sebastião Pereira, no sítio Santana, Antônio Augusto, no sítio Lagoa
Rachada, Manoel Félix Marinho, no sítio Assembleia e Manoel Florêncio Maia no
sítio São Francisco. A secretária de educação disse que a iniciativa de inclusão
digital será estendida para outras unidades do campo. Estamos na era digital, então
esta iniciativa rompe com o mecanicismo e ajuda a abrir espaço para novas práticas
que possibilitam a aprendizagem e constroem novos conhecimentos.
Sabe-se que em todos os segmentos da sociedade moderna, as tecnologias
são indispensáveis, a educação não poderia deixar de fazer uso de um instrumento
tão valioso, como o computador.
Para Lévy (2002. meio eletrônico):
Devido ao fato de que essas tecnologias intelectuais, sobretudo as memórias dinâmicas, são objetivadas em documentos numéricos (digitais) ou em softwares disponíveis em rede (ou de fácil reprodução e transferência), elas podem ser partilhadas entre um grande número de indivíduos, incrementando, assim, o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos. O saber-fluxo, o saber-transação de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do problema da educação e da formação. O que deve ser aprendido não pode mais ser planejado, nem precisamente definido de maneira antecipada. Os percursos e os perfis de competência são, todos eles, singulares e está cada vez menos possível canalizar-se em programas ou currículos que sejam válidos para todo o mundo. Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos.
As TIC surgem como uma forma para permear e socializar a construção do
saber e a aquisição do conhecimento, mas elas têm seu lado preocupante em
relação ao processo de leitura e escrita. Cabe à escola ter o conhecimento de como
utilizar tais ferramentas para fortalecer a aprendizagem dos alunos. Para o campo é
um avanço, principalmente, para aqueles que não têm acesso à internet
diariamente, pois eles vão aprendendo a manusear o computador, ao mesmo tempo
que podem fazer pesquisas individuais ou em grupos, fortalecendo a relação entre
9 Programa que tem como objetivo atender escolas rurais com ações em quatro eixos: gestão e
práticas pedagógicas; formação de professores; educação de jovens e adultos; e educação profissional e tecnológica.
34
os educandos.
35
Capítulo III – Práticas Pedagógicas: o saber docente e a sua
formação
Neste capitulo apresentamos diferentes concepções acerca das práticas
docentes, compreendendo o que é, e o que a mesma envolve. Além disso,
caracterizaremos os sujeitos da nossa pesquisa, analisando suas práticas
cotidianas.
3.1 Concepções sobre prática pedagógica
Sabemos da importância da prática pedagógica do professor no processo de
ensino aprendizagem dos alunos. A maneira como ele expõe os conteúdos não deve
ser somente para preencher algo vazio, mas para valorizar os conceitos
pedagógicos, possibilitando que o educando construa significados e elabore seus
próprios conceitos.
A primeira e fundamental função do educador é contribuir na formação dos
seus alunos e prepará-los para vida futura, proporcionando a eles o ensino
necessário para eles desenvolverem suas competências e habilidades.
Contudo, inicialmente, faz-se necessário compreendermos o conceito de
prática pedagógica. Assim Caldeira e Zaidan (2010, p. 21) mencionam que:
A Prática Pedagógica é entendida como uma prática social complexa acontece em diferentes espaço/tempos da escola, no cotidiano de professores e alunos nela envolvidos e, de modo especial, na sala de aula, mediada pela interação professor--aluno-conhecimento. Nela estão imbricados, simultaneamente, elementos particulares e gerais. Os aspectos particulares dizem respeito: ao docente - sua experiência, sua corporeidade, sua formação, condições de trabalho e escolhas profissionais; aos demais profissionais da escola – suas experiências e formação e, também, suas ações segundo o posto profissional que ocupam; ao discente - sua idade, corporeidade e sua condição sociocultural; ao currículo; ao projeto político-pedagógico da escola; ao espaço escolar – suas condições materiais e organização; à comunidade em que a escola se insere e às condições locais.
Diante disso, fica claro que devem ser consideradas as relações e as
especificidades dos conhecimentos e dos sujeitos nos processos de ensino e de
36
aprendizagem. Para os autores citados, o conceito de prática pedagógica utilizada
ultrapassa o esquema que articula três elementos que constituem a mesma
(conhecimento, professor e aluno).
O professor não é constituído apenas de saberes acadêmicos e pedagógicos,
mas também de elementos, que vão desde a experiência pessoal, concepções,
dentre outros, até os conhecimentos sociais e culturais. Nessas situações, o
professor é o agente transformador, tanto da sua prática, como também, da prática
escolar.
Fanfani (2007, p. 106) afirma:
Para compreender a lógica da prática pedagógica que se manifesta nesse complexo micromundo das inter-relações sociais que é a aula escolar, não basta tomar em conta as características e propriedades físicas dos atores (sua idade, gênero, níveis de escolaridade, condições de vida, etc.), as quais podem se medir como qualquer outro objeto do mundo físico, mas também é preciso tomar em conta suas qualidades simbólicas, que funcionam como propriedades diversas (por exemplo, as que distinguem um professor considerado ‘exigente’ de um professor ‘permissivo’) segundo as percepções dos alunos.
A prática pedagógica do professor se faz por meio da sua formação
acadêmica, de seus saberes e de suas experiências profissionais. O resultado
determinante é a relação que o educador estabelece entre suas bagagens
intelectuais com a realidade do dia-a-dia em sala de aula. Ela envolve algumas
variáveis que irão determinar as atitudes do educador. Caldeira e Zaidan (2010, p.
21) falam de alguns elementos que influenciam as práticas pedagógicas dos
professores, são eles: “sua experiência, sua corporeidade, sua formação, condições
de trabalho e escolhas profissionais”.
O professor está em contínuo processo de aprendizagem. Cabe a ele
adequar sua prática de acordo com a realidade da sua sala de aula. A educação
brasileira tem passado por uma verdadeira revolução e o educador precisa se
adequar a esta nova realidade, adaptando as suas práticas pedagógicas para o
novo aluno.
A expansão da educação básica realizada dessa forma sobrecarregará em grande medida os professores. Essas reformas acabarão por determinar uma reestruturação do trabalho docente, resultante da combinação de diferentes fatores que se farão
37
presentes na gestão e na organização do trabalho escolar, tendo como corolário maior responsabilização dos professores e maior envolvimento da comunidade. (OLIVEIRA, 2004, p. 1.131).
Dessa forma, o trabalho docente vai muito além da sua formação. Ele precisa
repensar e flexibilizar suas ações diariamente. A mesma autora ainda afirma que:
A constatação de que as mudanças mais recentes na organização escolar apontam para uma maior flexibilidade, tanto nas estruturas curriculares quanto nos processos de avaliação, corrobora a ideia de que estamos diante de novos padrões de organização também do trabalho escolar, exigentes de novo perfil de trabalhadores docentes. Ocorre, porém, que esses novos modelos de organização escolar expressam muito mais um discurso sobre a prática do que a própria realidade, melhor dizendo, a distância entre o que é propugnado nos programas de reforma educacional e o que é de fato implementado nas escolas apresenta uma grande defasagem. Daí a importância de se chegar até o chão da escola para compreender as mudanças que de fato ocorrem no cotidiano docente. (OLIVEIRA, 2004, p. 1.139).
De acordo com o que foi destacado, fica claro que existe muito discurso sobre
as mudanças necessárias para a escola, mas há pouca ligação com a realidade
escolar.
É fundamental que o professor, em sua prática, considere a relação entre ele
e a instituição na qual trabalha. Quando o educador coloca seus pés no chão da
escola, ele deve levar em consideração as condições da mesma, compreendendo o
seu projeto politico pedagógico, bem como, as condições de materialidade e
espaços físicos. Isso se faz necessário, pois mesmo ele sendo o dirigente da sua
prática pedagógica, sua autonomia sempre deve ser relativizada.
Para ter uma boa prática pedagógica, o educador não pode abrir mão de um
bom planejamento. É preciso pensar no que vai fazer e o como fazer. O plano de
disciplina é um instrumento indispensável, nele deve conter a sistematização, ou
seja, a ação concreta do professor, os conhecimentos e os conteúdos que serão
desenvolvidos, os objetivos, bem como as técnicas e procedimentos de ensino.
Assim, o planejamento precisa ser bem elaborado e estruturado, pois desta
forma irá facilitar a aprendizagem do aluno e ação do professor, como também irá
desencadear novas aprendizagens. Antes de colocar em prática, é necessário
refletir se o mesmo é útil e significativo, já que ele precisa atender às necessidades
reais dos alunos.
38
O bom trabalho é um trabalho que faz bem, isto é, que fazemos bem, de uma perspectiva técnica e política, e que se faz bem para nós e para aqueles com os quais trabalhamos, do ponto de vista estético e, principalmente, ético. Fazemos bem quando ensinamos o que é necessário ensinar, quando temos consciência do significado de nosso ensinamento no contexto social, quando procuramos conhecer aqueles com quem estamos envolvidos no processo, quando procuramos promover a construção da cidadania. Rios (2008, p.89)
Para que esse bom trabalho seja efetivado com êxito, é necessário um bom
planejamento, pois a aula não se faz somente com o professor, mas um conjunto
que inclui também os alunos, os conteúdos, o material didático, os recursos
tecnológicos, dentre outros.
3.2 Conhecendo os sujeitos da nossa pesquisa
É importante conhecer como os docentes refletem suas vivências em sala de
aula, pois ser professor é uma tarefa que requer muita dedicação, conhecendo a si
mesmo e o lugar a qual pertence. Para Zabala (1998, p.28) “é preciso insistir que
tudo quando fazemos em aula, por menos que seja, incide em maior ou menor grau
na formação de nossos alunos”, visto que a formação não é só vista como do
professor, mas também do aluno, pois sabemos que o trabalho realizado pelo
docente é válido para esses sujeitos.
O professor deve compreender que alfabetizar não é apenas ensinar a
decodificar códigos. É importante que haja relação entre o ensinado e o vivido. O
aluno precisa ser valorizado, ouvido. Silva (1991, p.74) afirma que:
O trabalho do professor se realiza na prática e não na pesquisa; portanto, ele deve observar e atender a evolução da criança, e não detectar através de ‘testes’, qual o nível de conceitualização em que ela se encontra. É possível fazer isso naturalmente através das propostas de classe. Entretanto, é fundamental que ele saiba quais os objetivos que norteiam a elaboração das atividades propostas aos alunos.
Sendo assim, o professor deve conscientizar-se da sua importância no
processo de alfabetização dos alunos, detectando através de testes a fase de
desenvolvimento de cada um.
39
Nesse contexto, desenvolvemos a pesquisa com quatro professoras que
atuam na zona rural de Jardim de piranhas-RN, com o intuito de entender e
conhecer um pouco da sua prática docente. Duas delas são formadas no curso de
Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; as
outras duas tem o magistério. Cada professor tem sua maneira de planejar e
executar suas aulas, assim como cada aluno tem sua maneira de fazer parte delas.
A primeira entrevistada foi a professora Lúcia, ela leciona na Unidade de
Ensino Antônio Amâncio da Silva. A mesma tem 29 anos de trabalho, todos na
mesma escola. Ela relata as dificuldades encontradas pelo caminho, muitas delas
por parte da gestão. Os materiais para trabalhar eram comprados por ela (papel,
álcool e giz). Outro problema enfrentado foi quando, certa vez, retiraram todas as
carteiras e quadro da sala para levarem para o estado da Paraíba, mas mesmo com
isso ela não desistiu e continuou lecionando, com todos os alunos sentados no chão.
Atualmente, ela não sofre mais com esse tipo de empecilho, pois segunda a
mesma está muito satisfeita com a atual administração, já que tudo se tornou mais
fácil, pelo fato da equipe pedagógica ser eficiente.
A segunda professora entrevistada é a Ivonete. Ela iniciou no ano de 1998,
quando fez o concurso público em Jardim de Piranhas-RN e foi aprovada, sendo
enquadrada como professora efetiva no quadro de funcionários municipais. Assim já
faz treze anos que ela leciona, sendo doze deles na Unidade de Ensino Antônio
Amâncio da Silva.
Ivonete relata que no início sentiu muita dificuldade porque foi lecionar em
uma turma multisseriada, e que, além de não ter experiência, não havia apoio
pedagógico que a orientasse, por esse motivo teve que procurar ajuda em outras
escolas, com professores e supervisores, para planejar suas aulas. Mas depois de
seis meses chegou à cidade um curso de capacitação para professores, o qual foi
de grande serventia para a melhoria da prática pedagógica da mesma.
Segundo a professora, diante das dificuldades existentes, o município
selecionou profissionais para atuarem como apoio pedagógico para as instituições
de ensino da zona rural, as quais deram grande suporte, orientando para
desenvolver melhor sua prática docente. Uma dessas dificuldades era quanto à
disponibilidade de materiais didáticos, os quais se teve que adquirir com recursos
próprios para poder trabalhar. Mas, atualmente, este problema não existe mais, pois
começaram a chegar recursos do governo federal para a compra desses materiais
40
didáticos e de expediente, além de outros bens de consumo necessários ao
funcionamento da escola. Esses benefícios permitiram realizar várias atividades
didáticas.
Um ponto positivo citado pela entrevistada foi a implantação do programa
Escola Ativa, pois ele trouxe qualidade para o desempenho escolar nas turmas
multisseriadas das escolas no campo, com ações de apoio ao sistema municipal de
ensino, disponibilizando diversos recursos pedagógico e de gestão. Assim como a
professora Lúcia, Ivonete também fala que os governantes estão dando mais
importância e atenção à educação, mesmo tendo a consciência de que precisa
melhorar cada vez mais.
A terceira professora entrevistada é Ivoneide, a mesma leciona na Unidade de
Ensino Francisco Brás, há três anos. É formada em pedagogia pela a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Ela relata que não enfrenta dificuldades com os alunos, consegue executar
suas aulas tranquilamente. Sua turma é composta por uns 12 alunos, tem pouca
evasão escolar, os alunos são bastantes assíduos, assim como os pais.
Ela comenta que a escola não passou por reformas, mas que a implantação
do programa da Escola Ativa ajudou bastante na sua prática pedagógica, pois os
alunos gostam muito de ouvir historinhas e de manusear os livros.
A quarta entrevistada é a professora Maria de Fátima, ela leciona na Unidade
de Ensino José Calixto de Medeiros há nove anos, é formada em Pedagogia pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A mesma elencou alguns pontos positivos que contribuíram bastante para
aprendizagem dos alunos, dentre eles, estão a chegada da tecnologia, de muitos
livros infantis, bem como, material de jogos matemáticos. Como ponto negativo, ela
ressaltou a falta de espaço físico, pois até mesmo o lanche é realizado em sala de
aula, já que a escola não tem um refeitório, nem pátio para elas brincarem. Ela
enfrenta algumas dificuldades com os alunos, com relação à falta de ajuda dos pais
nas tarefas de casa das crianças.
A educadora falou que aprecia muito ensinar na zona rural e que até já
recebeu convite para trabalhar na cidade, mas optou por ficar onde estava. Disse
que gosta muito de seus alunos, e como a escola fica próxima à área urbana, ela
tem mais facilidade de acesso. Ela chega à escola de 6h30min e fica esperando os
41
alunos chegarem, pois têm crianças de outras comunidades vizinhas e a aula só se
inicia às 7h.
Quanto às praticas pedagógicas utilizadas em sala de aula, a professora
Lúcia trabalha bastante com textos, alguns já prontos, outros ela vai formando junto
com os próprios alunos (figura 5). Ela utiliza o quadro para revisar com os alunos
maiores e escreve para que eles transcrevam para o caderno. Já os menores ela
escreve no caderno a tarefa e explica o conteúdo que será trabalhado, bem como, o
alfabeto e os números que ficam expostos na parede da sala de aula. Tem também
a hora da história, momento em que os alunos manuseiam os livros com muito
cuidado, sabem ouvir e alguns até recontam para toda a turma.
Figura 5: aula de Língua Portuguesa (formando textos)
Fonte: Arquivo pessoal da professora, 2015.
Nessa aula, a professora utilizou uma fábula, com várias tirinhas recortadas.
Ela distribuiu entre os alunos, pedindo que eles lessem, para, depois montarem a
fábula em um papel madeira. Segundo ela, esse tipo de atividade é comum e ajuda
bastante, pois as crianças vão assimilando e compreendendo a sequência lógica do
texto.
Percebe-se que ela busca sempre inovar, despertando o interesse do aluno,
mas sua aula não deixa de ser um pouco tradicional, muito embora na medida certa.
42
Temos diversas maneiras de explorar o método pedagógico. Carbonell (2002, p.72-
73) afirma que:
A colaboração e cooperação, a investigação do meio e o trabalho de campo, a investigação-ação, o método cientifico, o construtivismo, os enfoques globalizados, o diálogo, a formulação e resolução de problemas relevantes, os grupos de discussão e reflexão, a narração de histórias cativantes ou a avaliação continua são metodologias de claro conteúdo inovador utilizadas em muitas escolas. Mas não se devem rechaçar outras fórmulas tradicionais, como a aula magistral bem dada, a leitura silenciosa e outras. A chave está em saber com que finalidade é utilizada, com que frequência e em que contexto; e, naturalmente, sua qualidade é básica, assim como o respeito aos outros métodos mencionados.
Assim, percebe-se que o método inovador abre espaço para a criança
participar das aulas e o professor deixa de ser o centro das atenções, mas não
podemos abrir mão de algumas fórmulas tradicionais, uma vez que elas são muito
válidas se soubermos utilizá-las.
A prática pedagógica da professora Ivonete também está voltada para o
aluno, assim como a primeira professora, ela utiliza bastante o quadro negro para
copiar as tarefas. Como os alunos já são maiores, todos conseguem acompanhar e
retirar do quadro. Ela sempre ouve o que os alunos têm a dizer, respeitando os seus
conhecimentos prévios.
É importante trabalhar os conteúdos de maneira que envolva os alunos, bem
como, considerar os conhecimentos que os mesmos trazem em sua bagagem.
Muitos dados comprovam que a aprendizagem melhora quando os professores dão atenção ao conhecimento e às crenças trazidas pelos alunos para a sala de aula, quando utilizam esse conhecimento como ponto de partida para a nova instrução e quando monitoram as mudanças de concepções dos alunos, à medida que a instrução evolui. (BRANSFORD; COCKING, 2007, p. 29).
Com isso, percebemos que o educador deve inserir novos conhecimentos,
unindo aqueles que eles já têm, mas essa junção precisa ser realizada de forma
significativa para o educando.
Quanto à sua prática pedagógica, a professora Ivoneide faz uso de diversos
recursos, dentre eles, textos, músicas e busca sempre inovar. Tem também a hora
da história, quando ela trabalha o livro, mostrando a capa e conversando com eles,
43
questionando sobre o seu entendimento. Os alunos confeccionam o seu próprio livro
(figura 6). Faz uso de atividades de recorte e colagem, sempre atenta àquelas
crianças menores, que, às vezes, precisam de seu auxílio. Podemos perceber que a
professora faz uso da pedagogia inovadora, pois segundo Carbonell (2002), a
pedagogia inovadora é aquela mais racional, a qual dá espaço aos alunos para
falarem e participarem ativamente do seu processo de ensino-aprendizagem.
Figura 6: Confecção de livros
Fonte: Arquivo pessoal da professora, 2016.
Depois da contação da história, a professora solicitou que os alunos criassem
o seu próprio livro, então, foi utilizada uma sequência didática, a qual ela trabalhou
quase um mês. Mas no final o resultado foi gratificante.
Sobre a prática da professora Fátima, ela faz uso de vários recursos também,
como textos, jogos e outros. Deixa as crianças manusearem os livros e os jogos.
Sua aula está centrada no aluno, realizam atividades de recorte e colagem, pinturas
livres e programadas, dependendo do conteúdo trabalhado em sala de aula. Ela
também explora os espaços externos da escola, porém é pouco restrito, devido ao
sol escaldante e acesso de vários carros que passam muito próximo da escola.
Para Wallon (apud HORN, 2004, p. 18) a criança aprende em contato com o
meio, uma vez que o grupo social é indispensável para criança, com isso o professor
precisa organizar sua prática cotidiana junto aos alunos, pois elas necessitam de
44
espaços para despertar a criatividade. Essas atividades de interatividade precisam
ser programadas e provedoras de desenvolvimento.
Observando os relatos das educadoras, percebemos que desafios e
dificuldades sempre irão existir, seja onde for, seja qual for a profissão, mas elas são
guerreiras que, apesar de todas as dificuldades apresentadas por elas mesmas, não
desistem e que pensam sempre na aprendizagem dos seus alunos. Todas elas
moram na zona urbana e algumas percorrem longas distâncias todos os dias, para
levar o conhecimento a essas crianças. É importante lembrar que
A formação assume uma posição de “inacabamento” vinculada à história de vida dos sujeitos em permanente processo de formação, que proporciona a preparação profissional. O processo de formação é multifacetado, plural, tem início e nunca tem fim. É inconcluso e autoformativo. (VEIGA, 2008, p.15).
O professor deve estar sempre à procura de novas aprendizagens, visto que
ele passa por um processo de descobertas e redescobertas, e de uma permanente
busca.
45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado foi de grande relevância para conhecermos como se
dá a educação no âmbito rural no município de Jardim de Piranhas-RN. Outro
aspecto debatido é a superação de dificuldades como a evasão escolar, como uma
condição necessária para a melhoria do ensino e implicação de políticas públicas, e
outras propostas para adequação das necessidades no campo.
No que concerne à pesquisa, através da análise das entrevistas, podemos
identificar um pouco da prática pedagógica das professoras entrevistadas. Isso
possibilitou entender que o professor precisa estar refletindo, diariamente, sobre sua
prática docente, sobre o seu processo de formação, sobre os conhecimentos
adquiridos e as aprendizagens como um elemento para melhoria da mesma.
Com relação às escolas rurais de Jardim de Piranhas, é preciso olhar para o
passado e detectar as mudanças ocorridas. Elas avançaram bastante, antes
funcionavam em situações bastante precárias, não tinham energia elétrica, nem
abastecimento de água, muito menos uma pessoa responsável pela higienização e
refeições dos alunos, no ambiente escolar. Este problema já foi solucionado, pois,
atualmente, apesar de pequenas, possuem energia, água e merendeira.
Quanto à formação dos professores, era defasada, pois muitos não tinham
nem o nível médio completo. Bastava saber ler e escrever para assumir uma sala de
aula, mas isso também foi solucionado, pois todos possuem uma formação.
Além disso, os professores passaram a ter um apoio pedagógico, como
também passou a se exigir uma formação mínima para a docência. Outro benefício
garantido foi o auxílio transporte para os educadores que lecionavam na zona rural e
moravam na cidade. Isso ajudou bastante, pois segundo uma professora
entrevistada, no início de sua docência, ganhava pouco e ficava somente com dez
reais, pois mais da metade do seu salário ía para o pagamento do frete de um carro,
para poder lecionar todos os dias.
É importante ressaltar que o trabalho do educador é árduo e cansativo, mas
não devemos desistir, precisamos lutar por uma educação de qualidade, garantindo
os direitos das crianças e jovens que residem na zona rural, para que esses não
precisem sair do seu lugar de pertencimento, para estudar em outros lugares.
É nítida que a valorização dos profissionais da profissão é algo fundamental
para garantia da qualidade de ensino. Para que essa conquista seja consumada é
46
preciso se garantir melhores condições de trabalho, uma formação inicial e
continuada desses profissionais, remuneração digna, ingresso via concurso público,
planos de carreira, dentre outros.
Para a conclusão desse trabalho, fizeram-se necessárias muitas visitas ao
Centro de Ensino Rural, para a coleta de dados. Algumas horas de dedicação
também foram necessárias para olharmos e analisarmos alguns documentos, os
quais enriqueceram ainda mais essa pesquisa.
47
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.A. Programa Bolsa Escola. São Paulo: Instituto Polis Dicas Nº 75, 1996. Disponível em: <http://www.polis.org.br/publicacoes/download/arquivos/Dicas75.pdf> Acesso em: 23.03.2016.
AZEVEDO, M. A. de. Descompassos nas politicas educacionais: a reorganização da educação rural em Jardim de Piranhas/RN (1999-2006). Dissertação de mestrado em Educação. UFRN. Natal. 2006.
BARREIRO, A. M. de F.. Politica de Educação no campo: para além da alfabetização (1952-1963). São Paulo: cultura acadêmica, 2010.
BRANDÃO, C.R. Da educação fundamental ao fundamental da educação. Caderno do Cedes, São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, ano I, v. 1, p. 5-35, 1980.
BRANDÃO, Z. et al. O estado da arte da pesquisa sobre evasão e repetência no ensino de 1º grau no Brasil. In Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 64, nº 147, maio/agosto 1983, p. 38-69.
BRANSFORD, J. D.; COCKING, R. R. (Orgs.). Aprendizagem: da especulação a ciência. In: Como as pessoas aprendem: cérebro mente experiência e escola. São Paulo: SENAC São Paulo, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.562p. ______. Ministério da Educação. REVISTA DA CAMPANHA NACIONAL DA EDUCAÇÃO RURAL. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, v. 1, Jul. 1954.
CALAZANS, M. J. C. et al. Estudo retrospectivo da educação rural no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1979.
CALDEIRA, A. M. S.; ZAIDAN, S. Prática pedagógica. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. C.; VIEIRA L. M. F. (Org.). Dicionário: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: GESTRADO/FaE/UFMG, 2010. v. 1.
CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Trad. MURAD, F. de. Porto Alegre: Artmed , 2002. 120 p.
CHARLOT, B.. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
FANFANI, E. T.. La escuela y la cuestión social: ensayos de sociología de la educación. Buenos Aires: Siglo XXI, 2007.
48
FERREIRA, L. A. M. Evasão Escolar. Disponível em: <http://www.abmp.org.br/textos/159.html> Acesso em 13/13/2016. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 33. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
FREITAG, B. Escola, Estado e Sociedade. 4. ed., São Paulo: Moraes, 1980.
FURTADO, E. D. P. O estado da arte da educação rural no Brasil. Fortaleza: FAO/UNESCO, 2004.
GLEWWE, P., KASSOUF, A.L. The Impact of the bolsa escola/familia conditional cash transfer program on enrollment, drop out rates and grade promotion in Brazil. Working Papers 08_16, Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, 2008.
HORN, M. G. de S.. Sabores, cores, sons, aromas: a construção do espaço na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LEITE, S. C. Escola rural: urbanização e políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1999.
LÈVY, P. Educação e cybercultura. A nova relação com o saber. Disponível em www.sescsp.com.br/sesc/hotsites/pierre_levy/downloadaberto_educaecyber.doc, aces- sado em 14/03/2016.
MARSIGLIA, A. C. G. A Prática pedagógica histórico-crítica na educação infantil e ensino fundamental. São Paulo: Autores Associados, 2011. 167 p. (Educação Contemporânea).
MENESES, J. D. A problemática da evasão escolar e as dificuldades da escolarização. Disponível em: http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a-problematica-da-evasao escolar... da-escolarizacao-2761092.html. Acesso em: 23.03.2016.
OLIVEIRA, D. A reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educ.
Soc., Campinas, v. 25, n. 89, p. 1.127-1.144, set./dez. 2004.
PAIVA, V. P.. Educação popular e educação de adultos. 4. ed. São Paulo. Loyola, 1987.
PERRENOUD, P. A Prática reflexiva no ofício de professor: Profissionalização e Razão Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002. 232 p.
RIBEIRO, M. Educação Rural. In: CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B,; VALENTEJANO, P.; FRIGOTTO, G. (orgs). Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro, São Paulo: escola politécnica de saúde Joaquin Venâncio, Expressão Popular, 2012. RIOS, T. A dimensão ética da aula ou o que nós fazemos com eles. In: VEIGA, I. P. A. (Org.). Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas: Papirus, 2008.
49
SILVA, M. A. S. S. Construindo a leitura e a escrita: reflexões sobre uma prática alternativa em alfabetização. 3. ed. São Paulo. Ática, 1991. TARDIF, M.. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
VEIGA, I.P. A.. Docência como atividade profissional. In: VEIGA, I. P. A.; d’AVILA, C. (Orgs.). Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas, SP: Papirus, 2008. p.13-21.
VICENTE, G. F. O MSN e a luta por politicas de educação e por escola do campo. In: BATISTA, M. S. X. (org). MOVIMENTOS SOCIAIS, ESTADO E POLITICAS PUBLICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: pesquisas e práticas educativas. João Pessoa, PB: Editora universitária da UFPB, 2011. p. 67- 72. ZABALA, A. A Prática educativa como ensinar. Tradução de Ernadi F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artemed, 1998.
50
APÊNDICE A- Roteiro da entrevista realizada com a coordenadora das escolas
rurais
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de Jardim de
Piranhas-RN
1- De quantas escolas rurais o município de Jardim de Piranhas-RN dispõe?
2- Quantas escolas rurais foram fechadas desde 2000 até a atualidade?
3- Quais as causas que levaram ao seu fechamento?
4- Quais dificuldades essas escolas ainda enfrentam?
51
APÊNDICE B- Roteiro da entrevista realizada com as professoras rurais
EDUCAÇÃO NO CAMPO: retrospectiva histórica no município de Jardim de
Piranhas-RN
1- Nome completo? Formação?
2- Quantos anos atuam na zona rural?
3- Quais dificuldades enfrentaram durante o tempo em que lecionam na zona
rural?
4- Quais pontos positivos elencariam?
5- Qual o perfil dos alunos que frequentam essas escolas?