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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ORIENTADOR: MARCELO SALDANHA ALUNO: JOSE GIRAZOLO ZAPPA FILHO EDUCAÇÃO: UM PROCESSO SOCIAL Junho/2010

EDUCAÇÃO: UM PROCESSO SOCIAL - AVM - Pós-Graduação ... · Este estudo se desenvolverá a partir de um enfoque teórico acerca dos conceitos de educação, sociologia, interação

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ORIENTADOR: MARCELO SALDANHA ALUNO: JOSE GIRAZOLO ZAPPA FILHO

EDUCAÇÃO: UM PROCESSO SOCIAL

Junho/2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR EDUCAÇÃO: UM PROCESSO SOCIAL ALUNO: JOSE GIRAZOLO ZAPPA FILHO

Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve reflexão acerca da relação

entre os processos sociais e a educação, contribuindo para uma melhor

compreensão do processo ensino-aprendizagem e permitindo um olhar mais

crítico acerca da influência das questões sociais no fenômeno educacional.

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RESUMO

A educação é uma prática existente desde os primórdios da humanidade

e pode ser estudada a partir de diferentes perspectivas, dentre elas a

sociológica, que ressalta o papel da educação na difusão e elaboração da

cultura e do papel do sujeito social neste processo. Alguns conceitos

fundamentais da ciência sociológica, tais como interação social, contato,

cooperação, competição, conflito, acomodação e assimilação facilitam e

colaboram no entendimento da educação enquanto prática social. Assim a

partir de uma visão sociológica é possível estudar a educação e compreender a

importância para o professor do entendimento acerca da relevância dos

fenômenos sociológicos para a apreensão do fenômeno educacional,

aprimorando, assim, sua prática docente.

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SUMÁRIO Introdução ....................................................................................................... 5 Capítulo 1 ....................................................................................................... 7

1.1 Origens da educação ocidental ...................................................... 7

1.2 Educação intencional X educação não-intencional ........................ 10

1.3 Origens do pensamento sociológico ............................................. 15

Capítulo 2 ....................................................................................................... 17

2.1 Interação Social ............................................................................ 17

2.2 Processos Sociais .......................................................................... 18

2.2.1.Contato Social ............................................................................. 19

2.2.2 Comunicação .............................................................................. 22

2.2.3 Cooperação – Competição – Conflito ......................................... 23

2.2.3.1 Tipos de cooperação ............................................................... 23

2.2.3.2 Tipos de Competição ............................................................... 23

2.2.3.3 Tipos de conflito ...................................................................... 24

2.2.4 Formas de Acomodação ............................................................. 26

2.2.5 Assimilação ................................................................................ 27

Capítulo 3 ....................................................................................................... 30

Educação enquanto prática social ....................................................... 30

3.1 Durkheim e o fato social ................................................................ 35

3.2 Marx e a Educação ........................................................................ 37

Conclusão ....................................................................................................... 40

Bibliografia ...................................................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

A educação é uma prática humana existente desde o surgimento da

própria espécie e que contribui para a construção do sujeito social. Este fato

pode ser evidenciado quando lembramos a importância do processo

educacional para a difusão da cultura, que pode ser considerada uma das mais

importantes, senão a principal forma de diferenciação do homem dos demais

animais.

Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve reflexão acerca da

relação entre os processos sociais e a educação, contribuindo para uma

melhor compreensão do processo ensino-aprendizagem e permitindo um olhar

mais crítico acerca da influência das questões sociais no fenômeno

educacional.

As reflexões realizadas neste trabalho se mostram pertinentes, haja vista

o atual cenário brasileiro, onde a educação é constantemente discutida como

principal forma de combate às desigualdades sociais e como geradora de

crescimento e fortalecimento do país. Ressaltamos ainda, que é por meio da

educação, seja formal, informal ou não formal (Libâneo, 2002, p. 86) que um

povo se apropria de sua cultura constituindo uma nação.

Mas para que se tenha uma idéia mais precisa da importância de

considerar o aspecto sociológico no fenômeno educacional, destaca-se três

aspectos: a) a natureza sociológica do fenômeno educacional; b) as relações

dos processos educacionais com os demais processos sociais; c) as diferenças

culturais que existem entre os diferentes povos e que influenciam o tipo de

educação existente em cada sociedade e em cada época.

Este estudo se desenvolverá a partir de um enfoque teórico acerca dos

conceitos de educação, sociologia, interação social e processos sociais e terá

como fonte de informações a pesquisa bibliográfica. Será apresentada a idéia

de Educação enquanto prática social que ocorre nos diferentes locais e

situações do cotidiano de uma sociedade. Assim, o conceito de educação

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abordado neste trabalho não se restringirá a período e espaço geográfico

específicos, uma vez que o processo educacional é inerente ao “ser homem” e

ao ato de fazer parte de uma determinada sociedade.

A educação está diretamente ligada aos meios de produção, valores,

crenças, formas de transmissão de conhecimentos e habilidades, enfim à

cultura de uma determinada sociedade. “A educação pode existir livre e, entre

todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum,

como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem,

como trabalho ou como vida.” Brandão (2003, p. 10):

Vale ressaltar que a idéia para o desenvolvimento do trabalho surgiu da

observação dos diferentes comportamentos sociais apresentados pelos

educandos e da pressuposição de que tais comportamentos devam ter sua

explicação nas ciências humanas. Sabe-se que a educação é um fenômeno de

natureza pluridimensional (Libâneo, 2002), ou seja, é influenciada e estudada

por diferentes áreas do conhecimento tais como a psicologia, a antropologia, a

filosofia, a história e a sociologia dentre outras. Embora se saiba que as

diferentes áreas do conhecimento dialogam e se interrelacionam para a

explicação do fenômeno educacional, este estudo pretende se desenvolver a

partir de uma visão cultura e sociológica.

O trabalho será desenvolvido em três capítulos, onde se buscará

esclarecer os principais conceitos apresentados ao longo da reflexão e

estabelecer uma relação de interdependência entre os assuntos abordados, de

modo a confirmar a hipótese de que o conhecimento dos principais processos

sociais é de relevância para a compreensão da educação.

O primeiro capítulo apresentará uma reflexão acerca dos conceitos de

educação e de sociologia. O segundo capítulo retomará a discussão sobre o

conceito de sociologia e abordará alguns conceitos presentes nesta ciência,

cujo entendimento será fundamental para a compreensão dos principais

processos sociais. No terceiro e último capítulo será discutido o fenômeno

educacional enquanto processo social.

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CAPÍTULO 1

1.1 Origens da educação ocidental

Uma das visões mais antigas de educação da qual se tem notícia é a da

educação grega. Os gregos começaram a ser perguntar o significado de

homem. Duas importantes cidades rivais formulavam suas respostas: Esparta e

Atenas. Para Esparta o significado de homem estava vinculado à forma física -

devia ser forte e desenvolvido. Predominava a ginástica e a educação moral.

Para Atenas o homem deveria estar preparado para o exercício da política da

luta por sua liberdade e para isso deveria ser racional, falar bem, defender seus

direitos, saber argumentar e ser, antes de tudo, um orador.

A primeira educação em Atenas e Esparta era praticada entre todos, no

cotidiano e na convivência entre os indivíduos. Somente quando a riqueza da

cidade criou a divisão social entre livres e escravos, nobres e plebeus é que a

educação foi dirigida. Vale ressaltar que nos primeiros séculos ainda não havia

a escola. O processo educacional ocorria nas relações familiares, na

convivência entre jovens, de acordo com suas faixas etárias ou entre grupos de

meninos e um educador. O saber transferido por meio da educação envolvia

trocas interpessoais, de relações físicas e simbolicamente afetivas.

Para os Gregos:

A educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisórios onde isto pode acontecer. Portanto, é a comunidade quem responde pelo trabalho de fazer com que tudo o que pode ser vivido e aprendido da cultura seja ensinado com a vida – e também com a aula – ao educando. (Brandão, 2033, p. 47)

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Os ideais de educação eram reservados apenas aos homens livres, o

que significava não ter preocupações materiais ou com o comércio e a guerra,

que eram atividades exercidas pelas classes inferiores.

Assim, a Grécia formulou a idéia de educação integral – a paidéia – que

consistia na integração entre a cultura da sociedade e a criação individual.

Já a educação romana, voltada para a elite, privilegiava o humanismo,

ou seja, aquela cultura geral que transcende os interesses sociais e locais

(Gadotti, 2006, p. 42).

Na época áurea do Império Romano havia um sistema de educação

dividido em três níveis: a) as escolas do ludi-magister, que ministravam a

educação elementar; b) as escolas do gramático, que correspondiam ao atual

ensino secundário; c) os estabelecimentos de educação superior, que

iniciavam com a retórica, seguidos pelo ensino do Direito e da Filosofia.

O nobre romano deveria estudar a agricultura, a guerra e a política,

enquanto os escravos aprendiam as artes e ofícios nas casas onde eram

servos.

Com o desenvolvimento de algumas classes como os comerciantes, os

pequenos artesãos e uma pequena classe de burocratas, o Império

necessitava de escolas que preparassem administradores e pela primeira vez

na história, o Estado se ocupa diretamente do processo educacional, que

passou a privilegiar o ensino de direitos e deveres.

Dentre as várias contribuições deixadas pelo Império Romano pode-se

destacar o cristianismo, uma vez que sua influência foi fundamental para o

desenvolvimento da patrística, que ocorreu do século I ao VII depois de Cristo,

conciliando a fé cristã com as doutrinas greco-romanas e promovendo a

difusão das escolas catequéticas por todo o Império.

Com a decadência do Império Romano e as invasões dos bárbaros a

cultura greco-romana sofreu alguns limites e foi submetida à ideologia da

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Igreja. Assim a educação do período medieval foi influenciada pelos grandes

acontecimentos religiosos da época.

A partir do século IV, o Império adotou o cristianismo como religião

oficial e fez, pela primeira vez, a escola tornar-se o “aparelho ideológico do

Estado”. (Gadotti, p. 52)

Surge uma nova visão do mundo e da vida. As culturas precedentes,

baseadas no heroísmo, no aristocratismo, na vida terrena foram substituídas

pela visão da Igreja, do poder divino.

Com o advento do Renascentismo o pensamento pedagógico se

caracterizou por uma revalorização da cultura greco-romana, o que a tornou

mais voltada para as questões práticas e às grandes descobertas do período,

tais como o estudo de anatomia, da bússola possibilitando as grandes

navegações do século XIV e à invenção da imprensa.

Outro importante fator que influenciou na educação foi a Reforma

Protestante, cuja principal conseqüência foi a transferência da escola para o

controle do Estado, nos países protestantes. Mas vale ressaltar que não se

tratava de uma escola laica, pública, obrigatória, universal e gratuita, e sim de

uma escola pública religiosa, cuja base era formada pela religião, o canto e a

língua pátria.

Para se contrapor à Reforma Protestante a Igreja Católica, dentre outras

providências, criou a Companhia de Jesus, que foi um movimento educacional

dirigido por jesuítas que tinha como principal atribuição converter os hereges.

Seu conteúdo compreendia a formação em latim e grego, e filosofia e em

teologia. Seu método era predominantemente verbal. A educação jesuítica

priorizou a educação do homem burguês. Os jesuítas exerceram grande

influência na vida social a política. Eram contrários ao espírito crítico,

privilegiavam o dogma, a conservação da tradição e a educação mais científica

e moral que humanista. A leitura dos clássicos, não era realizada sem prévio

expurgo das partes nocivas à fé e aos bons costumes.

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A educação jesuítica previa o controle dos movimentos corporais, que

iam desde posição correta das mãos até a forma de levantar os olhos, a fim de

evitar qualquer forma de independência pessoal. Embora desprezassem a

educação popular, por força da necessidade de converter os povos do novo

mundo, os jesuítas foram obrigados a atuar nos países colonizados na

formação burguesa dos dirigentes e na formação catequética das populações

indígenas. Para estes últimos predominava o ensino dos princípios da religião

cristã e da servidão.

Por meio deste breve relato, que identificou a origem dos principais

movimentos educacionais que influenciaram a educação no ocidente, foi

possível verificar a importância da educação como forma de perpetuação e

aprimoramentos de práticas sociais e como aparelho ideológico de controle

social.

1.2 Educação intencional X educação não-intencional

Ressalta-se que embora ao longo dos séculos tenha existido uma

preocupação com a institucionalização da educação, ela não ocorre

exclusivamente nos espaços institucionalizados, uma vez que é um fenômeno

difuso na sociedade e que se está submetido a ela na rua, em casa, na igreja,

nos locais de trabalho, nos espaços públicos e privados. Para vivermos em

sociedade, para ensinar e aprender, misturamos nossa vida cotidiana com ela.

Segundo Brandão (2003), a educação, seja formal ou informal, é um

fenômeno dependente do meio no qual se desenvolve e por isso não existe

uma única forma ou modelo de educação e tão pouco a escola é o único local

onde ela ocorre.

A educação é uma criação cultural, como tantas invenções de um grupo

social. É de fundamental importância no processo de divisão social do trabalho,

pois é através dela que se determina que tipo de saber será ministrado e quem

será o objeto deste ensino. A educação como processo universal, de acordo

com sua finalidade, forma tanto dirigentes, quanto classe dominada; tanto

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educa para a formação de indivíduos crítico-reflexivos quanto para a formação

de sujeitos alheios às questões políticas, econômicas e sociais de seu entorno;

existe tanto institucionalizada com métodos e currículos quanto difundidas no

seio da sociedade da qual emerge. Ela é poderoso instrumento capaz de

moldar os indivíduos de uma sociedade, não apenas por meios das escolas,

mas principalmente por ser uma prática social presente na vida cotidiana, que

contribui para a difusão dos valores de um determinado grupo.

Segundo Tura (2002, p. 51)

Os fins da educação variam com os estados sociais, com as diversas espécies de sociedade, com os diferentes tempos e situações históricas. Eles estão diretamente relacionados com as necessidades sociais de um tempo e lugar. (...) Os fins da educação, então, estão fortemente relacionados com a manutenção do que é comum à coletividade e com a constituição de mecanismos que possibilitem garantir a continuidade societária e a manutenção de estruturas sociais que representem as formas de assegurar as condições sociais de existência da própria sociedade.

Segundo Brandão (2003, p. 73) a educação é uma prática social cuja

finalidade é desenvolver no sujeito a capacidade de aprender entres pos

diferentes tipos de saberes existentes em uma determinada cultura, para a

formação de tipos de sujeito, de acordo com as necessidades e exigências de

sua sociedade, em um momento da história, em um determinado contexto. A

estrutura social está fundada sobre códigos sociais de interação entre seus

membros e entre estes e os de outras sociedades. A educação é o resultado

da consciência viva de uma norma que rege uma comunidade humana, seja

uma família, uma classe profissional, ou um grupo qualquer de indivíduos com

objetivos em comum.

Como outras práticas sociais a educação atua diretamente na vida e no

crescimento da sociedade no desenvolvimento das suas forças produtivas e no

desenvolvimento de seus valore culturais. Vale ressaltar que o surgimento de

tipos de educação e a sua evolução dependem da presença de fatores sociais

determinantes e do desenvolvimento deles e de suas transformações. A forma

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como os homens se organizam para produzir os bens com o qual reproduzem

a vida, a ordem social que constroem para conviver e o modo como tipos de

sujeitos ocupam diferentes posições sociais determinam o conjunto de idéias e

normas com que uma determinada sociedade rege sua vida. Determinam,

ainda, a forma e a finalidade para as quais um tipo de educação é pensada e

praticada.

Tura (2002) nos mostra a visão durkheimiana acerca do processo

educacional. Para este sociólogo a educação é um fato social - enquanto forma

fixa ou não de agir, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção

exterior – que não única e universal ou apropriada indistintamente a todos os

indivíduos. Observa-se ao longo da história que a educação tem variado com o

tempo e o meio. Assim torna-se impossível analisar o processo educacional

como ideal abstrato e único, dirigido a uma natureza humana predeterminada.

De acordo com Durkheim o ser humano se constitui progressivamente

no interior de organizações sociais e povos da mesma espécie possuem

sistemas de educação comparáveis.

De acordo com Durkheim (Apud Gadotti 2006, p. 115) a existência da

sociedade depende de que haja uma homogeneidade entre seus membros e

cabe à educação perpetuar e reforçar esta homogeneidade, fixando na criança

certas semelhanças essenciais, fundamentais para a vida coletiva. Por outro

lado, sem um mínimo de diversificação toda cooperação seria impossível e a

educação assegura a persistência desta diversidade necessária, diversificando-

se ela própria e permitindo as especializações. A educação é para a sociedade

um meio através do qual ela prepara, nas crianças, as condições essenciais da

própria existência.

Libâneo (2002), classifica a educação em duas modalidades: a)

educação não-intencional, também chamada educação informal ou paralela; b)

educação intencional, que se divide em educação não-formal e formal.

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A educação somente pode ser compreendida como produto do

desenvolvimento social, determinada pelas relações sociais vigentes em cada

sociedade, sendo, portanto dependente dos interesses e práticas de classe, de

tal maneira que a transformação da educação se constitui em um processo

relacionado à transformação das relações sociais.

Por meio desta concepção é possível verificar a distinção entre

educação intencional e não-intencional. Em um sentido mais amplo, a

educação abrange as influências do meio natural e social que interferem no

desenvolvimento do indivíduo em sua relação ativa com o meio social. fatores

naturais como o clima, a paisagem, os fatos físicos e biológicos exercem ação

educativa. Da mesma forma o meio social, político e cultural envolvem tanto

mais processos educativos quanto mais a sociedade se desenvolve. Os

costumes, os valores, a religião, as idéias, a organização social, as leis, o

sistema de governo, os meios de produção, os movimentos sociais, as formas

de comunicação social são mecanismos que operam e condicionam a prática

educativa. Apesar do grande poder destas influências, em sua maioria, elas

não ocorrem de forma intencional, sistemático ou planejado. Elas agem

efetivamente na formação do sujeito social - seus valores, hábitos, crenças e

costumes – porém, de forma dispersa, difusa com caráter informal. Isso não

significa que os efeitos educativos destas práticas devam ser negados , mesmo

porque deve-se a muitos destes fatores e influências não-intencionais o

processo de socialização.

Cabe, entretanto, ressaltar que o processo de socialização não se

identifica com o processo educativo, especialmente quando este assume

formas intencionais e sistemáticas. A educação intencional surgiu com o

desenvolvimento da sociedade como conseqüência do processo histórico

evolutivo da vida social e cultura, da modernização das instituições, do

progresso técnico científico e da maior participação dos indivíduos nas

questões que envolvem a coletividade.

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Assim, embora se reconheça a importância da educação informal,não se

pode ignorar que uma sociedade para se manter viva e se desenvolver têm

necessidade inelutável de processos educacionais intencionais, cujos objetivos

impliquem questões sociopolíticas, conteúdos, metodologias, lugares e

condições específicas, principalmente para permitir aos indivíduos a

participação consciente, ativa e crítica na vida social global.

A educação formal seria aquela estruturada, organizada, planejada,

sistemática. Nessa perspectiva a educação escolar convencional é tipicamente

formal. Entretanto, isto não significa que não haja educação formal em outros

tipos de educação intencional. Assim, entende-se que onde haja ensino há

educação formal. Podemos destacar como educação formal a educação de

adultos, sindical, profissional, desde que estejam presentes a intencionalidade,

a sistematicidade e condições previamente preparadas, ainda que estes

processos educativos sejam realizados fora do espaço escolar.

Já outro tipo de educação intencional, mas que considera-se como não-

formal, são aquelas atividades com caráter de intencionalidade, porém com

baixo grau de estruturação e sistematização, implicando relações de ensino-

aprendizagem não formalizadas.Podemos citar como exemplos de educação

não-formal os movimentos sociais organizados na cidade e no campo, os

trabalho comunitários, os meios de comunicação, museus, cinemas, praças,

áreas de recreação, teatros, dentre outros.

Verifica-se que a prática educacional perpassa toda a sociedade, desde

que a divisão social do trabalho estabeleceu a divisão social de classes e que

encontramos na educação greco-romana e na influência da ideologia cristã os

primórdios da educação ocidental. Ficou estabelecido também, que a educação

existe tanto institucionalizada – sistematizada, estruturada e com metodologias

próprias – quanto difusa nas práticas sociais – informal e não formal.

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Esta reflexão foi importante para a compreensão do papel do processo

educacional na sociedade e de sua relação com os processos sociais e a

interação social.

1.3 Origens do pensamento sociológico

Ressaltemos que, de acordo com Kruppa (1994) a sociologia tem como

objetivo o estudo da sociedade, ou seja da forma pela qual os homens vivem

em grupo, das relações que estabelecem e das conseqüências destas

relações. E a educação é um dos temas centrais da Sociologia, visto que

entende-se por educação o resultado e a condição das relações entre os

homens.

Desde de tempos muito remotos a relação entre os homens e a

constituição dos grupos em que eles se integram, ou seja, as sociedades, vêm

sendo encaradas sob a forma de preceitos religiosos, de legislações e de

teorias de direito. Pensadores helênicos, dando-se destaque para Platão e

Aristóteles foram os primeiros a tratar de tais problemas de forma sistemática e

destacada da religião, mas não independente dos regimes políticos e

econômicos.

Na Idade Média Européia, as especulações relativas aos grupos sociais

foram fortemente influenciadas pela religião. O cristianismo traçara diretrizes e

normas aos quais deveriam obedecer o comportamento dos homens em seu

relacionamento. Não havia nestas recomendações preocupação alguma com

critérios científicos. No século XIII, Santo Tomás de Aquino embora decidido a

não se afastar da orientação cristã, retoma os processos e as idéias de

Aristóteles para manifestar-se sobre as relações de interação entre os

indivíduos.

Durante a Renascença, com o desenvolvimento do capitalismo

comercial, multiplicaram-se os tratados de economia em que eram abordados

vários aspectos dos problemas sociais.

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No Renascimento, devemos destacar dois autores cujas inovações

foram fundamentais para o desenvolvimento do pensamento científico: Bacon,

que preconizava a observação da natureza, o uso da experimentação e

principalmente do raciocino indutivo; e Descartes, cujo método cartesiano,

influenciou as Ciências Sociais e as doutrinas políticas por meio de seu

racionalismo.

No século XVIII aparecem obras de grande valor no campo da política,

economia e sociologia. O Contrato social, de Jean Jacques Rousseau teve

influência decisiva na revolução democrática e, conseqüentemente, na história

das instituições; sua principal importância encontra-se na apresentação de uma

teoria para fundamentar a legitimidade do poder político.

Para ilustrarmos como Rosseau entendia as relações entre os homens,

destacamos abaixo pequena passagem de sua obra “Contrato Social ou

princípios do direito político”.

(...) Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Contudo, este direito não vem da natureza, portanto está fundamentado em convenções. (...) A mais antiga de todas as sociedades e a única natural é a da família. Assim mesmo, os filhos só continuam ligados ao pai enquanto precisam dele para se manter. Tão logo cesse essa necessidade, a ligação natural desaparece. (...) Se continuarem a permanecer unidos já não será naturalmente, mas voluntariamente, e a própria família só se mantém por convenção. (Piozzi, 2002, p. 59)

Deste período em diante, sempre sob a inspiração de problemas

oriundos da evolução econômica, multiplicaram-se as chamadas doutrinas

socialistas, cujos precursores, tentando atenuar as injustiças presentes na

distribuição de riquezas e na exploração dos trabalhadores, criticavam a

situação existente e pregavam novas e mais eqüitativas relações entre os

homens.

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CAPÍTULO 2

2.1 Interação Social

Pela própria etimologia da palavra, interação social significa interação

entre indivíduos em um grupo social. Onde ocorre uma ação recíproca de

idéias, sentimentos ou atos entre pessoas ou grupos.

A interação implica na modificação do comportamento das pessoas ou

grupos que dela participam. Pode-se dizer que toda a vida social tem por base

a interação. É ela a responsável pelo processo de socialização do ser humano

e também pela formação da personalidade.

Os processos de adaptação do homem têm sido estudados de várias maneiras. O biólogo limita o significado do termo àquelas mudanças autoplásticas da estrutura corpórea que, segundo se presume, acontecem para acomodar o organismo ao seu ambiente físico. (...) No entanto, passou a ser considerada mais importante a adaptação do homem ao seu ambiente humano, isto é, os ajustamentos de conduta que têm de fazer às condições impostas pela vida social, isto já de acordo com o pensamento do século passado. (Cardoso, 1973)

Pode-se citar alguns exemplos de interação social, tais como: a relação

aluno-professor, o casamento, as relações estabelecidas dentro de uma

escola, a relação médico-paciente. É importante ressaltar que todos os

envolvidos são agentes e pacientes no processo de interação social.

A interação pode ocorrer tanto em relação ao tempo, quanto em relação

ao espaço.

Em relação ao tempo: Interagimos com o passado quando estudamos

história, os pensadores gregos, por exemplo; com o presente nos contatos

imediatos e atuais e com o futuro quando os cientistas prevêem a cura de

alguma doença ou os meteorologistas prevêem o tempo.

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Em relação ao espaço: A interação ocorre em presença e envolvimento

direto dos indivíduos, como um aperto de mãos, e à distância, quando

utilizamos a Internet ou o telefone, por exemplo. A interação em presença é

sempre não seletiva, pois nem sempre podemos selecionar as pessoas com

tem teremos contato ao longo do dia. Já a interação à distância tem um grau de

seletividade maior, visto que podemos, muitas vezes desligar o telefone ou

desconectar da Internet.

2.2 Processos Sociais

É possível por meio da análise de alguns processos sociais estabelecer

os aspectos dinâmicos das relações sociais que contribuem para a

compreensão da educação enquanto processo social. (Lakatos, 1999)

Ø O contato social é um aspecto primário e fundamental, do qual

dependem os outros processo ou relações sociais.

Ø A comunicação, cuja função principal seria a de diminuir a

distância. Ela consiste na transmissão de idéias, de sentimentos

de indivíduo para indivíduo. A comunicação pode ser realizada

por meio da linguagem escrita ou falada, de símbolos e sinais.

Nem sempre a comunicação se processa através da linguagem,

muitas vezes um olhar, uma atitude, um sinal ou um gesto é

suficiente para estabelecer a comunicação entre duas pessoas. A

comunicação pode não se estabelecer caso os interlocutores não

disponham do mesmo código.

Ø A cooperação é um requisito indispensável para a manutenção e

continuidade das relações educacionais estabelecidas no âmbito

dos grupos sociais.

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Ø A competição e o conflito são fatores dissociativos que colaboram

para o desenvolvimento dos processos educacionais no seio de

um determinado grupo social ou entre diferentes sociedades.

Ø A adaptação, a acomodação e a assimilação são fatores

associativos que sucessivamente propiciam certo grau de adesão

e conformidade às normas estabelecidas, a diminuição dos

conflitos e integração sociocultural entre indivíduos e grupos em

uma sociedade.

A noção prévia destes processos, os quais serão chamados de

primários, irá contribuir para a compreensão de que a educação também é um

processo social que poderíamos classificar arbitrariamente como secundário.

2.2.1.Contato Social

Segundo Lakatos (1999, p. 85) através das relações sociais os

indivíduos podem aproximar-se – associação – ou afastar-se – dissociação – e

esta dinâmica de interação entre os sujeitos é chamada de processo social.

Segundo Cardoso (1973, p. 137), “Os contatos podem ser fenômenos

físicos, psíquicos ou psicofísicos (...)” , constituindo objeto de investigação da

psicologia, especialmente da psicologia social. Entretanto os contatos podem

ser tornar objeto de estudo para os sociólogos quando encarados como elos de

ligação entre a condição sociologicamente relevante de solidão, isolamento e

processos de associação.

Do contato dependerão todos os outros processos ou relações sociais.

Assim, podemos inferir que o contato é a primeira etapa da interação. Os

contatos podem ocorrer tanto em relação aos meios físicos quanto em relação

a situações imateriais, como idéias, valores e atitudes.

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Os contatos físicos são assim denominados porque são fundamentados

em percepções sensitivas, as quais podem ser atribuídas significados

específicos, através dos sentidos da visão, olfato, audição e tato, tais como um

aperto de mãos, um sinal com a cabeça, um assobio, um piscar de olhos.

Assim, verifica-se que a interpretação dos significados do contato social

é aspecto relevante nas relações educativas presentes na sociedade.

De acordo com Lakatos (1999) os contatos podem ser classificados em:

Ø contatos diretos que ocorrem por meio da percepção física, como

por exemplo uma aula presencial, onde professor e aluno têm

uma interação face a face e contatos indiretos que ocorrem

através de intermediários ou de meios técnicos de comunicação,

como a educação à distância.

Ø contatos voluntários, os quais são provenientes de comum acordo

entre os participantes, de forma espontânea, sem coação, como

ocorre, por exemplo neste curso de pós-graduação. Contatos

involuntários que derivam da imposição de uma das partes sobre

a outra, que pode ser geralmente verificado nos primeiros

contatos da criança com a escola.

Ø contatos com o passado, o qual tem por finalidade a transmissão

da herança social e cultura através do estudo histórico. A

educação é processo social que utiliza como um de seus

principais métodos o contato com o passado, pois o processo

educacional é uma forma organizada de transmissão do

conhecimento adquirido e acumulado pelas gerações anteriores.

Pode-se destacar também o contato com o presente, como os

que ocorrem na relação imediata entre aluno e professor, onde

este pode avaliar, por meio das atitudes e habilidades dos

educandos sua prática pedagógica.

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Ø contatos primários, classificados como pessoais, emocionais,

íntimos e espontâneos, onde os indivíduos tendem a compartilhar

suas experiências particulares gerando uma identificação

imediata entre os participantes, por exemplo, a família, os amigos

e a relação aluno-professor. Há também os contatos secundários,

que são formais, impessoais, racionais, calculados e geralmente

superficiais, tais como o contato entre cobrador de ônibus e o

passageiro.

Ø contatos de “nosso grupo” (Lakatos, 1999, p. 86), os quais são

fundamentados no etnocentrismo, com a supervalorização da

cultura e dos costumes próprios e os contatos com o “grupo

alheio”, cuja cultura e costumes são menosprezados. Os

membros do “nosso grupo” são conscientes e geralmente sentem-

se envaidecidos por suas característica em relação às

características do “grupo alheio” . Pode-se citar como por

exemplo a distinção existente nas relações escravocratas, a

supervalorização, predominante por muito tempo, da cultura

européia frente à cultura africana, bem como os conflitos

religiosos existentes nos países mulçumanos.

Ø contatos categóricos que resultam da classificação que é feita de

uma pessoa desconhecida, com base me sua aparência física,

cor da pela, profissão, de acordo com o valor atribuída a ela pelo

“nosso grupo”. “O estranho é prontamente classificado ou lhe é

atribuído um estereótipo próprio de um padrão pluralista usual.

Sua filiação social a uma classe, a um grupo racial ou cultural (...)”

(Cardoso, 1973, p. 144). Esse tipo de classificação facilita nossos

contatos com estranhos, na medida em que permite que

assumamos atitudes específicas em relação a eles, em função de

determinada categoria. Contatos simpatéticos que são baseados

em qualidades manifestadas pelo indivíduos e não em

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características de categoria, por exemplo o contato aluno-

professor e entre familiares.

Deve-se ressaltar que os contatos entre os indivíduos são

indiscutivelmente os únicos que afetam o comportamento “inter-humanos”.

(Cardoso, 1973, p. 141)

2.2.2 Comunicação

A comunicação é fundamental para o homem, enquanto ser social, e

também para o desenvolvimento da cultura. À medida em que as sociedades

se desenvolvem e se tornam complexas, novos meios de comunicação são

desenvolvidos, causando impacto imediato na educação.

Podemos destacar alguns tipos de comunicação:

a) meios não vocais, como expressões e trações fisionômicos de alegria,

tristeza, desagrado, raiva. Pode-se citar também as expressões corporais como

a postura, o jeito de andar, os movimentos das mãos.

b) meios vocais, que ocorrem por meio da linguagem, ou seja , da

atribuição de significados a um conjunto de sons articulados.

c) comunicação simbólica, que por sua natureza, evocam, perpetuam ou

substituem num determinado contexto algo ausente, como por exemplo uma

bandeira ou uma placa.

Assim, pode verificar que todos esses processos sociais estão presentes

na prática educacional, seja ela formal ou informal. O próximo capítulo fará

uma abordagem mais direta da educação, enquanto processo social, tendo em

vista os conceitos discutidos neste capítulo e no capítulo anterior.

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2.2.3 Cooperação – Competição – Conflito

2.2.3.1 Tipos de cooperação

A cooperação é um tipo específico de processo social em que dois ou

mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para a execução de um

determinado objetivo. Vários são o motivos que podem levar os indivíduos e os

grupos à cooperação. “Resumindo, podemos dizer que a cooperação é a

solidariedade em ação” (Lakatos, 1999, p. 88)

De acordo com Lakatos (1999) a cooperação pode ser temporária ou

contínua e direta ou indireta. Na cooperação temporária os indivíduos reúnem-

se para a realização de uma tarefa durante um determinado período e na

cooperação contínua, como o próprio nome informa ocorre entre indivíduos

durante um período longo ou contínuo. Já na cooperação direta os indivíduos

ou grupos realizam, em conjunto, atividades semelhantes, cujo objetivo é a

consecução de um objetivo comum. Na cooperação indireta, ocorre a

realização de trabalhos diferente e a cooperação surge porque nenhum

indivíduo é auto-suficiente, como por exemplo as diferentes profissões.

2.2.3.2 Tipos de Competição

De acordo com Lakatos (1999) em todas as sociedades existem

diferenças de capacidades e de desejos entre seus componentes e para a

satisfação de suas necessidades e aspirações, os indivíduos e os grupos

competem entre si.

Como exemplos de competição podem ser citados os esforços com o

objetivo de adquirir êxito nos estudos, na vida econômica, em relação à

posição na sociedade, na competência profissional, artística, intelectual e

esportiva. Assim, as formas de empenho em progredir e obter uma situação

satisfatória, seja quanto ao bem-estar próprio, seja quanto à opinião de outras

pessoas, podem ou não ter como objetivo implícito suplantar um outro indivíduo

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ou grupo e quando existe esta intenção bem definida de suplantar o outro, por

meio principalmente, de atitudes hostis percebemos o conflito.

2.2.3.3 Tipos de conflito

Quando um indivíduo se interpõe no caminho da satisfação ou dos

desejos de outro, surgem os choques, no sentido de uma das partes eliminar

os obstáculos levantados pelo outro, dando início a uma luta pessoal. Cada um

dos envolvidos tem consciência de que para alcançar os próprios objetivos,

precisa fazer com que o outro não atinja os seus. Então surge a hostilidade. A

esse tipo de luta, consciente e pessoal, dá-se o nome de conflito, cuja

conceituação mais aceita é a de contenda entre indivíduos ou grupos, em que

cada qual dos contendores almeja uma solução que exclui a desejada pelo

adversário.

De acordo com Lakatos (1999) o conflito Pode apresentar diversas

formas:

a) rivalidade: que compreende ciúme e antagonismo, como por exemplo duas moças que desejam conquistar o mesmo rapaz;

b) debate: controvérsia acerca de opiniões, crenças e idéias diferentes entre indivíduos ou grupos, como por exemplo o debate acerca de algum assunto polêmico;

c) discussão: é o debate mais acalorado, com troca de ofensas verbais, tais como a altercação entre torcedores de times rivais;

d) litígio: demanda judicial entre partes opostas, como por exemplo separação de um casal que não chegou a um acordo amigável;

e) contenda: briga entre indivíduos ou grupos, como a briga entre vizinhos que não se entendem;

f) guerras: luta armada entre partidos ou nações, como as guerras mundiais.

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Ainda de acordo com Lakatos (1999) devido à sua importância para a

vida social, deve-se atribuir aos conflitos algumas conseqüências que

contribuem de forma decisiva para a configuração da ordem mundial

estabelecida, como por exemplo:

Ø divisão social do trabalho;

Ø desenvolvimento de uma ordem econômica;

Ø divisão do espaço social;

Ø distribuição geográfica dos povos;

Ø regime político estabelecido;

2.2.4 Adaptação – Acomodação – Assimilação

2.2.4.1 Níveis de Adaptação

A adaptação do sujeito ao meio social ocorre principalmente em três

níveis:

a) biológico e psicomotor: o indivíduo desenvolve certas necessidades

fisiológicas, gostos e atitudes corporais através do conhecimento de seu

organismo neurofisiológico, e de seu aparelho sensitivo-motor. Desta forma

pode-se distinguir um brasileiro de um espanhol por seus hábitos alimentares,

gestos e atitudes ou modos de comportamento. Tanto o corpo quanto as

preferências do sujeitos sofrem uma socialização que tende a adaptá-los a um

determinado ambiente sociocultural.

b) nível efetivo: neste nível, pode-se verificar, por exemplo, a

modificação quanto as sentimentos entre pessoas que se casam, se em

tempos anteriores o casamento era predominantemente motivado por fatores

estranhos a um sentimento de carinho, amor e respeito, nos dias atuais, tendo

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em vista as mudanças na sociedades estes sentimento, de modo geral, são

considerados como preponderantes para a união entre duas pessoas.

c) nível de pensamento: quando as faculdades intelectuais se

desenvolvem através da incorporação dos elementos da cultura, levando o

sujeito a adaptar-se às crenças, hábitos, valores presentes em seu meio sócio-

cultural.

É relevante pontuar que a adaptação social de um indivíduo ao grupo

não significa necessariamente rigidez absoluta, mas supõe certa margem de

liberdade e autonomia, que o meio, geralmente, concede. Essa autonomia ou

liberdade varia de sociedade para sociedade, exigindo em algumas uma

conformidade e adequação mais completa e restrita aos valores sociais

estabelecidos.

2.2.4 Formas de Acomodação

A acomodação é um processo social, cujo objetivo é o diminuir o conflito

entre indivíduos ou grupos, ou seja é um ajustamento formal e externo,

aparecendo apenas nos aspectos externos do comportamento, sendo nula ou

insignificante a mudança interna do indivíduo. Esta forma de viver é uma

espécie de arranjo temporário, que possibilita a convivência entre elementos e

grupos antagônicos e a restauração do equilíbrio afetado pelo conflito. A

rivalidade é temporariamente regulada e desaparece como ação manifesta,

embora possa permanecer latente. A acomodação pode ser muito duradoura e

aparentemente permanente, como no caso das castas, ou transitória, como a

existente entre as classes em uma sociedade qualquer.

De acordo com Lakatos (1999) a acomodação pode se apresentar de

diversas formas, tais como:

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a) coerção: com utilização de ameaças ou uso de força, quando as

partes envolvidas têm poderes desiguais e o mais forte domina o mais fraco,

como por exemplo a escravidão;

b) compromisso: as partes, em conflito, possuem poderes iguais e

chegam a acomodação por meio de concessões mútuas. Esse tipo de

acomodação é comum nas disputas parlamentares e econômicas;

c) arbitragem: a acomodação é obtida por meio da atuação de um

terceiro, que funciona como arbitro ou mediador, como por exemplo as disputas

trabalhistas;

d) tolerância: constitui um grau mínimo de acomodação, pois é uma

forma de impedir o conflito manifesto, como por exemplo podemos citar as

divergências entre países com ideologias opostas, visando a uma cooperação

e uma convivência para não chegar ao estado de beligerância. As divergências

originadas quando interesses vitais para a sobrevivência dos grupos envolvidos

está em risco, geralmente não podem ser resolvidas, pois são inconciliáveis e

não fazem concessões. Assim a melhor possibilidade de evitar a coerção

reside na tolerância, como ocorre entre diferentes grupos religiosos em alguns

países.

conciliação: é uma forma consciente de acomodação que envolve

mudança de sentimento com a diminuição da hostilidade, gerando a

harmonização entre os antagonistas, por exemplo, o respeito mútuo e a

amizade que se pode desenvolver entre cientistas que elaboram e defendem

teorias opostas sobre o mesmo tema.

2.2.5 Assimilação

É um processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes

aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradições, sentimentos e

atitudes da outra parte. É um indício de integração sociocultural e ocorre

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principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes, onde os

indivíduos assimilam-se entre si, partilham sua experiência e sua história e

participam de uma vida cultural em comum.

De acordo com Lakatos(1999) alguns fatores influenciam no processo de

assimilação, tais como:

a) contatos primários: o processo de assimilação ocorre naturalmente

quando é possível contatos primários, como por exemplo a amizade. Quando

os contatos são indiretos e superficiais, ou seja secundários,é mais provável

que ocorra a acomodação ao invés da assimilação;

b) linguagem: uma linguagem comum ou muito semelhante colabora na

rapidez da assimilação, já que é fundamental para manter os contatos

primários e também para a comunicação. Vale ressaltar que é através dela que

as atitudes, valores e sentimentos podem ser compartilhados e assimilados;

c) ausência de caracteres físicos distintivos: o processo de assimilação é

facilitado quando os indivíduos se assemelham fisicamente entre si, em

qualquer característica física que os aponte imediatamente como pertencentes

ao “grupo alheio”;

d) número e concentração de indivíduos: quando imigrantes se

estabelecem, em grande número, em determinada região, sua assimilação ao

hábitos da nova região é mais difícil em virtude de que no convívio entre si,

mantêm vivos sua língua, tradições e padrões culturais. Ao contrário, quando

se estabelecem em número reduzido, a convivência com o grupo local torna-se

maior, facilitando o processo de assimilação;

e) prestígio da cultura: à medida que imigrantes se estabelecem em

determinado país, cujos elementos culturais são vistos como importantes por

este grupo, o processo de assimilação ocorre mais rapidamente.

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Como verificamos os processos sociais primários são divididos em cinco

categorias; quais sejam o contato social; a comunicação; a cooperação; a

competição e conflito e a adaptação; a acomodação e a assimilação. Muitos

autores defendem outros tipos de processos que chamaremos de secundários,

como por exemplo a religião, a família, as organizações sindicais, as

instituições políticas, as instituições econômicas e as instituições relacionadas

ao processo educacional, seja ele formal ou informal.

Se analisarmos cada uma dessas instituições, verificaremos que em

todas podemos encontrar os processos sociais primários. Assim, na educação

por exemplo, o contato é fundamental para que o processo educacional tenha

início. A linguagem, que permite a comunicação permite a transferência dos

saberes entre as gerações. A cooperação permite que se estabeleça entre

educando e educador e entre os próprios educando permite que o processo

educativo se estabeleça, pois como é defendido pelos construtivistas, a

educação é uma influência recíproca entre o educando e o meio. A competição

e o conflito estabelecem desejo sadio, quando moderado, de sempre quere

aprender novas coisas e suplantar conhecimentos já estabelecidos, afinal é

assim que a pesquisa científica e tecnológica se desenvolve. A adaptação, a

acomodação e a assimilação por si só constituem-se me foram de

aprendizagem, visto que dependem da aquisição de novos saberes.

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CAPÍTULO 3

Educação enquanto prática social

Este capítulo pretende situar o papel da educação enquanto processo

social à luz dos conceitos de educação e interação social, discutidos nos

capítulos anteriores e trazer a visão do processo educacional segundo Karl

Marx e Émile Durkheim.

De acordo com Kruppa (1994), a educação escolar distingui-se da

educação informal por ser uma instituição organizada dentro de determinadas

normas e padrões que acabam dando forma específica às ações que

acontecem em seu âmbito. A escola tem horários, estabelece critérios para a

classificação dos alunos, tem profissionais de diferentes áreas executando

papéis específicos, possui um sistema de avaliação e deve cumprir uma

missão que é a de transmitir e criar conhecimentos. Assim, uma diferença

fundamental entre o conhecimento escolar e aquele produzido no dia a dia está

nas condições e especificidade em que o conhecimento escolar e desenvolvido

e transmitido.

Alguns autores como Kruppa (1994) defendem que o processo educativo

busca tornar o sujeito um membro da sociedade e a este processo dá-se o

nome de socialização. Assim, de acordo com esta autora a socialização e por

conseqüência a educação dependem da capacidade que os indivíduos têm de

se influenciarem mutuamente, modificando seus comportamentos no processo

de interação social. “Em outra palavras, é a capacidade de os homens

reagirem, de serem capazes de atuar junto a outros homens, aprendendo e

ensinando, que torna possível a educação” (Kruppa, 1994, p. 23)

Na socialização estão em processo contínuo de interação o indivíduo e

a sociedade, onde aquele mesmo tempo e que se aproxima da conduta do

grupo em que vive incorporando determinados padrões sociais, age também

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sobre o grupo, com a possibilidade de criar novos padrões e hábitos que

podem ser incorporados pelo grupo.

É intensa a influência dos padrões sociais na vida dos homens. Esses

padrões chegam a influenciar nos processos fisiológicos do organismo, na

percepção do eu, do outro e do mundo. Podemos constatar, pó exemplo, que

funções vitais como a alimentação e o sono estão sujeitas a determinações

socialmente impostas. Temos fome e sono em horários previamente

determinados, aos quais nosso organismo se adapta. Assim, podemos dizer

que até mesmo algumas funções vitais de nosso organismo passam por um

processo de aprendizagem, que é socialmente imposto.

O homem, ao contrário dos outros animais, não nasce com suas

capacidades desenvolvidas. É ao longo de sua existência, por meio das

relações que estabelece com os outros homens, no processo de socialização

que ele se desenvolve. Um dos motivos pelos quais isso ocorre é que o homem

possui a capacidade de aprender e ensinar ao longo de sua vida, assimilando,

mas também produzindo e modificando os conhecimentos e a cultura vigentes.

O processo educativo está diretamente ligado a esta capacidade. É a arte do

processo de socialização que humaniza o homem, isto e, que propicia o

desenvolvimento de suas capacidades.

E embora a educação ocorra em todas as sociedades não se apresenta

nelas uma forma única. Assim, o que há são educações porquê as

experiências de vida dos homens, suas necessidades e condições de trabalho

são diferentes.

Segundo, Azevedo (1954), a educação quer se processe de forma difusa

quer se realize através de instituições formais é sempre uma ação exercida

pela gerações adultas sobre as gerações jovens, a fim de moldá-las à cultura

existente, ou seja é a transmissão das tradições materiais e espirituais de uma

geração a outra numa determinada sociedade. É um fato eminentemente social

cuja essência sociológica ressalta de não poder ser explicada ou compreendida

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senão dentro da organização social e de não apenas apresentar condições

sociais, mas de ser de natureza, de origem e de finalidades sociais.

Toda educação, entendida enquanto fenômeno social, se repete no

tempo e no espaço e ocorre consoante a evolução histórica e social que a

enquadra e condiciona. Os sistemas de educação determinados pelas

estruturas sociais não podem ser considerados fora desta condição.

Certamente cada sociedade, seja qual for o tipo e a complexidade de sua

organização, rudimentar ou altamente evoluída, age sobre os indivíduos para

moldá-los à sua imagem, marcá-los mais ou menos conscientemente com o

seu caráter e tornando-os semelhantes, assegurar a sua coesão interna, a

continuidade do grupo como tal e o seu crescimento. Todas as sociedades

fazem grandes esforços nesses sentido e, em todas elas, esse fenômeno que

consiste na transmissão pelas gerações adultas de seus tipos de cultura e

modos de vida, às gerações que vão surgindo se realiza. As instituições

escolares variam de acordo com as variações das instituições sociais e, não é

possível compreender um sistema social pedagógico senão à luz do sistema

social geral, sendo preciso sempre relacionar as instituições educacionais às

formas e aos quadros da estrutura social que as determinam e que,

transformando-se, como conseqüência, as fazem variar.

É importante notar que não são apenas as instituições educacionais que

variam de uma sociedade para outra ou no interior de uma mesma sociedade

de um tempo para outro, mas também os ideais morais, sociais, políticos,

econômicos, dentre outros, que se transmite por esse processo social que

denominamos educação.

Não se trata aqui de formar, por meio da educação, o indivíduo abstrato,

e sim o homem e o cidadão para certa época e para certo meio, ou seja, de

torná-lo, de acordo com o período histórico, ao tipo atual e ideal de homem

civilizado. (Azevedo, 1954)

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Para os animais tudo é obra da hereditariedade e dos instintos, não

sendo nenhuma de sua características, ainda que gregárias, adquiridas por

meio da socialização. A hereditariedade transmite mecanismos instintivos que

asseguram a vida orgânica e, nos animais que vivem em sociedade, uma vida

social muitíssimo simples; mas não chega a transmitir as aptidões que supõe a

vida social e que são complexas demais para poderem materializar-se sob a

forma de predisposições orgânicas. A linguagem verbal, a habilidade em

fabricar ferramentas e a capacidade de organização social, e a capacidade de

ensinar e aprender são características fundamentais que diferenciam os

homens dos outros animais.

Se o comportamento gregário dos animais é preestabelecido por

hereditariedade e, em conseqüência, determinado por impulsos da natureza

instintiva e não por tendências adquiridas, o comportamento humano obedece

a poucos instintos e se baseia mais na cultura e na transmissão de saberes

específicos, possibilitados por meio da educação.

As normas fixas, às quais obedecem os animais gregários para viverem

em conjunto, estão predeterminadas na sua constituição orgânica e são

transmitidas de geração em geração por meio da hereditariedade biológica,

enquanto as normas que regem a vida dos grupos humanos são transmitidas

por via social , externa. A língua, a moral, a religião, as ciências, tudo aquilo

que compõe a cultura de um grupo é produto social e possibilita a formação do

ser social.

Segundo Azevedo (1954), o indivíduo, objeto da educação, não é o

indivíduo isolado ou distinto dos outros, mas os indivíduos me um determinado

grupo: uma geração específica ou mais particularmente e a nova geração. Do

ponto de vista da sociologia, uma geração é um conjunto de indivíduos que

possuem certas características redutíveis a um fator me comum – a idade, um

segmento ou uma camada social, isto é, uma figura de caráter coletivo. Cada

sociedade apresenta três gerações sucessivas e distintas que se distribuem em

períodos aproximados de 25 a 30 anos e que, embora constituam um conjunto,

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se diferenciam por certos traços e caracteres relacionados à forma de pensar,

sentir e agir.

Em todos os tipos de sociedade, seja primitiva ou civilizada, encontra-se

um conjunto de idéias, sentimentos, hábitos e práticas, e, portanto de uma

determinada concepção de vida, que essas sociedades procuram realizar. Em

face de uma nova geração a ser formada, a sociedade se comporta de maneira

igual, para todas as épocas: buscam por todas as formas assimilá-la, adaptá-la

ao seu meio social, transmitindo-lhe as aquisições de cultura, em todas as suas

modalidades, acumuladas pelas gerações anteriores. Assim, as sociedades

sobrevivem e mantêm-se pela transmissão desse patrimônio que,

constantemente enriquecido e modificado, se transfere de uma geração a

outra, por um conjunto de influências assistemáticas e informais ou

sistemáticas e formais que se exercem sobre os indivíduos envolvendo-os.

Podem variar e efetivamente variam, de acordo com as diferentes

sociedades, e de uma época para outra, no interior do mesmo grupo, os

valores e as representações que constituem o conteúdo dessa transmissão, os

tipos de agentes sociais e as instituições por meio das quais ocorre essa

transmissão. E o processo que assegura a continuidade e o desenvolvimento

da sociedade, pela transmissão do patrimônio social, é a educação.

À medida que se tornam mais complexos os sistemas de organização

social e econômica e se eleva o grupo na escala cultural, cresce

proporcionalmente a distância social entre as gerações mais novas e as mais

antigas e, em conseqüência aumenta a complexidade de importância os

processos de transmissão de cultura de uma geração a outra. Assim, pode-se

dizer que a pressão exercida pela divisão social do trabalho e a especialização

das funções, de um lado, e o desenvolvimento em qualidade e quantidade da

riqueza cultural, de outro, propiciaram o surgimento das instituições

educacionais e o prolongamento do período de formação do indivíduo.

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No estudo dos fenômenos educacionais é preciso ter sempre em vista,

como idéia norteadora, a noção da pluralidade e da variedade dos agentes, dos

meios e das instituições onde o processo educacional pode ocorrer. Essa

diversidade e multiplicidade de forças e de meios variam segundo a riqueza de

cultura, o grau de civilização, a maior ou menor condensação de massa social,

as formas políticas que reveste e o grau de concentração das forças

governamentais ou políticas. A transmissão, por meio da escrita dos diversos

meios de mídia, multiplicam as possibilidades e as perspectivas de ação sobre

as gerações jovens. Todos os meios de transmissão de que dispõem as

sociedades são aplicados para possibilitar a socialização do sujeito.

A educação em seu processo evolutivo passa certamente de uma forma

difusa (nas sociedades primitivas, por exemplo) para uma forma mais

organizada, sistematizada e individualista, mas nunca poderá atingir, pelas

suas instituições, (educação sistemática) tão grande amplitude e tão alto grau

de condensação que chegue a apagar as múltiplas influências das gerações

adultas, no seu conjunto. Essa idéia de um conjunto, exercendo influência no

processo educativo, nos leva a estabelecer as suas relações com outros

fenômenos da vida social e também nos dá uma compreensão mais ampla

desses fatos, nos permitindo destacar em cada grupo social a variedade das

instituições encarregadas da educação, a diversidade do seu funcionamento e

o seu papel no conjunto dos sistemas doméstico, religioso, político e

econômico. (Azevedo, 1954)

3.1 Durkheim e o fato social

Em 1858, ano de nascimento de Émile Durkeim - um dos fundadores da

sociologia como campo de estudo específico - o mundo encontrava-se imerso

em intensa agitação, pois mudanças significativas ocorriam na estrutura do

pensamento. Os temas discutidos na época giravam em torno de liberdade, do

progresso e do homem e eram resultados de diversos movimentos que

eclodiam na Europa desde o século XVIII (Iluminismo, Liberalismo, Revolução

Industrial, Revoluções liberais, surgimento de idéias socialistas) e que estavam

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estreitamente ligados ao sistema capitalista de produção. Embora o foco dos

estudos de Durkheim seja a questão social, não podemos nos esquecer que o

modo de produção de uma determinada sociedade irá exercer uma influência

fundamental no desenvolvimento da mesma. Baseado neste fato o teórico

observou que o capitalismo promovia uma exaltação ao individualismo em

detrimento da coletividade e vislumbrou na educação uma forma de

restabelecer os laços sociais, pois segundo ele eram esses laços que

mantinham a sociedade coesa.

Para ele a educação é uma prática social, na qual a origem e o destino

são a sociedade. Os diferentes segmentos sociais estabelecem ao longo de

sua história e de suas relações sociais o tipo de educação de que necessitam

(por exemplo: a classe social baixa geralmente tem acesso a um tipo de ensino

que não lhe permite formar uma consciência reflexiva, enquanto a classe mais

alta sabe que para se manter no poder torna-se imprescindível a ela uma

formação crítica e reflexiva). E dentro desta ótica o processo educativo seria

uma ferramenta na busca de consenso entre estes segmentos e que tem como

objetivo a construção do significado de nacionalidade.

Nas sociedades modernas, o esforço de alcançar o consenso tornou-se progressivamente um objetivo maior da educação, posto que a heterogeneidade crescente da vida social e da divisão do trabalho vão particularizando muito as relações sociais. ( Sociologia para Educadores, p. 51)

Durkheim entendia que estas diferenças sociais eram inevitáveis e

necessárias, mas que apesar disso a sociedade possuía uma base comum de

idéias, sentimentos e práticas e era função da educação difundir essas

concepções comuns.

"A educação é uma prática social cujo fim é o desenvolvimento no indivíduo de diferentes tipos de saber existentes em uma cultura, para a formação de tipos de sujeito com as necessidades e exigências de sua sociedade, em um momento da história de seu próprio desenvolvimento."( Brandão, 2003, p. 73)

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A educação é um subsistema que está interligado a outros fatos sociais

(outros subsistemas), cooperando desta forma para o funcionamento

harmônico de um organismo maior - a sociedade. Vale ressaltar que um fato

social se traduz em algo que é externo ao indivíduo, que normatiza suas

formas de agir e que exerce sobre ele uma coerção. Assim para Émile

Durkheim a educação por apresentar estas características possibilitaria o

estreitamento das relações sociais que culminariam em um consenso da

sociedade.

Para concluir vale ressaltar que de acordo com a visão Durkheimiana o

indivíduo perde um pouco de sua autonomia (o indivíduo deixa de ser um ser

psicológico apenas) e se torna parte de algo maior que é a Nação (o indivíduo

se torna um ser social) e se este indivíduo se negar a seguir estas normas,

estabelecidas pelo coletivo, será visto como possuidor de um comportamento

desviante.

3.2 Marx e a Educação

A educação para Marx era o elemento desencadiador de uma ruptura no

modo de produção capitalista e apesar dele sido influenciado pelas mesmas

conjunturas motivadoras da teoria de Durkheim, ele se deteve na análise das

bases econômicas da sociedade, ou seja, ele procurou estudar de que forma

se davam as relações no sistema capitalista e qual seria o papel da educação

neste contexto.

Marx ao estudar a instituições econômicas capitalistas compreendeu que

o capitalismo se baseia na exploração do trabalho pelos donos dos meios de

produção. Assim sendo o indivíduo que não possui estes meios tem que

vender sua força de trabalho.

Compreendendo que o trabalhador, apesar de fundamental no processo

capitalista era visto como mero instrumento (como parte mecânica do processo

de produção), despossuidor de capacidade criativa e reflexiva, Marx propõe a

busca da conscientização por parte destes trabalhadores como forma de

romper com esta relação de poder.

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Caberia à educação a função de conscientizar estes homens, na medida

que ela tem o papel de despertar uma capacidade crítica e reflexiva nos

indivíduos. Mas Marx não desconhecia que o processo educativo era

proveniente desta sociedade capitalista e portanto subordinada aos seus

interesses. Esta questão de conscientização da massa por parte da educação

era um propósito muito complexo, uma vez que cabia ao Estado esta

responsabilidade e, no entanto ele próprio estava diretamente subordinado ao

capital.

E foi por se dedicar a esta conscientização do proletariado, que além de

filósofo do trabalho foi considerado o filósofo dos trabalhadores. O teórico

defendia a idéia de que somente a educação aliada a práxis - "(...) a práxis não

é toda e qualquer atividade prática: é a atividade de quem faz escolhas

conscientes e para isso necessita de teoria" (Sociologia para educadores, p.15)

- poderia romper com este modelo de organização da sociedade. Marx

entendia também que a educação sozinha não poderia promover esta

transformação profunda nas bases da sociedade -uma vez que ela é parte de

um sistema maior e está interligada a outras atividades que juntas produzem o

conceito de sociedade - mas considerava fundamental seu papel neste

processo, uma vez que vai depender dela formar cidadãos ou vassalos.

Desta forma podemos verificar que de acordo com o filósofo a educação

é vista como atividade essencial à construção da sociedade e que o papel do

professor, levando-se em consideração as limitações que o sistema também

lhe impõe, é o transmitir além de conhecimentos, convicções. E isso nos leva a

concluir que cabe à educação além de afirmar valores, também suscitar

questionamentos.

É interessante ressaltar que Durkheim embora defendesse a educação

como coibidor moral, não a negou como forma de conscientização e que Marx

apesar de defendê-la como formadora de sujeitos reflexivos e críticos, não lhe

negou o caráter unificador.

Pode-se acrescentar que Durkheim ao invés de propor uma mudança na

estrutura econômica vigente ele propôs uma adaptação da sociedade ao

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sistema. Já Marx interessado nos problemas que o capitalismo gerava para a

classe trabalhadora resolveu combate-lo em sua base de sustentação – a mão

de obra.

Outro fato observado é que Durkheim iniciou seus trabalhos quando

Marx já estava envolvido com as questões sociais e provavelmente teve

acesso aos seus estudos. Desta forma pode-se dizer que por ter percebido que

o processo educativo como formador de sujeitos críticos, reflexivos e

moralmente educados é um processo que ocorre de forma gradual, Dukheim

acreditou no poder de coersão que a educação, enquanto fato social, poderia

exercer e vislumbrou nela uma solução mais imediata para os problemas

relacionados ao enfraquecimento dos laços sociais.

É interessante observar que embora os estudos de Durkheim e Marx

tenham focos diferentes eles se complementam, na medida em que o

consenso social é ditado pela forma de produção, através da qual se estrutura

uma sociedade, ou seja, o modelo econômico vigente em uma dada sociedade

dita as regras de convívio e como serão estabelecidas as relações de poder

nesta organização. E neste contexto cabe à educação, como difusora de idéia

básicas comuns e propiciadora de uma formação crítico-reflexiva, esclarecer

aos indivíduos suas funções enquanto membros desta sociedade.

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CONCLUSÃO

Ao longo do trabalho verificou-se que a educação é uma prática social e

que está difusa na sociedade acontecendo tanto de maneira formal quanto

informal e segundo as características sociais do meio onde ocorre.

O objetivo deste trabalho foi fazer uma reflexão acerca da relação entre

os processos sociais e a educação a fim de propiciar uma melhor compreensão

do processo ensino-aprendizagem e permitindo um olhar mais crítico acerca da

influência das questões sociais no fenômeno educacional. Objetivo que se

acredita ter atingido.

A análise do tema proposto foi realizada a partir da seguinte divisão

didática: a) o conceito de educação, amplamente discutido no primeiro capítulo;

b) a discussão acerca dos principais processos sociais presentes nos estudos

sociológicos, onde foram apresentados os conceitos de interação social,

contato, cooperação, competição, conflito, acomodação e assimilação,

presente no segundo capítulo; c) no terceiro e último capítulo buscou-se um

enfoque na estreita relação entre os fenômenos educacionais e sociológicos,

onde se buscou situar o papel da educação enquanto processo social à luz dos

conceitos de educação e interação social e também a visão do processo

educacional segundo Karl Marx e Émile Durkheim, cujas teorias muito

contribuíram para a compreensão dos fenômenos sociológicos, dentre eles a

educação.

Ao fim do trabalho arrisca-se a afirmar que embora várias ciências

colaborem na explicação da educação, a sociologia é uma das ciências que

melhor compreende e explica o fenômeno educacional, por considerá-lo em um

contexto social e cultural, onde o aprendizado não depende apenas de

aspectos psicológicos, mas também das diversas variáveis presentes no meio.

É assim que o educando deve ser compreendido, como um sujeito que

está inserido em um contexto cultural, influenciando e sendo influenciado por

este meio e cabe ao professor estar sempre atento para este fato, a fim de que

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considere em sua prática docente os aspectos sociológicos da educação, ou

melhor, que considere a educação um fenômeno fundamentalmente social,

uma vez que ele surge para formar cidadãos, segundo as necessidades e

paradigmas de uma dada sociedade.

Tendo em vista o exposto, acredita-se que este trabalho tenha atingido

seu objetivo, pois evidenciou o processo educacional enquanto fenômeno

social possibilitando, a partir deste curso de especialização, uma visão mais

crítica acerca da educação e do papel do professor.

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